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PROJETO SEMEAR – DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇAO DE METODOLOGIA DE EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS RURAIS EM CINCO ESTADOS DO NORDESTE. Relatório do I Módulo do Curso de Gestão em Desenvolvimento Sustentável e Solidário com Elevação de Escolaridade ao Ensino Fundamental. Local: Centro Vocacionario– Vitória da Conquista- Bahia. Data: 04 a 07 de novembro de 2004

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio da Silva MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO Ricardo Berzoini SECRETÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO Remígio Todeschini DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE QUALIFICAÇÃO Antônio Almerico Biondi Lima COORDENADORA GERAL DE QUALIFICAÇÃO Eunice Léa de Moraes © copyright 2004 – Ministério e Trabalho e Emprego Secretaria de Políticas Públicas de Emprego – SPPE Departamento de Qualificação – DEQ Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 3º andar, Sala 300 CEP: 70059-900 – Brasília – DF Telefones: (61) 317-6239 / 317-6004 FAX: (61) 224-7593 E-mail: qualificaçã[email protected] Obs: Os textos não refletem necessariamente a posição do Ministério do Trabalho e Emprego

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SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO....................................................03

APRESENTAÇÃO......................................................................04

INTRODUÇÃO............................................................................05

• Aspectos teóricos, metodológico.......................................05

• Proposta político pedagógica............................................ 06

• Programa do curso ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,09 DESENVOLVIMENTO............................................................... 13 . CONSIDERAÇÕES ....................................................................23

ANEXOS ....................................................................................24

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. PROJETO DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIAS DE

EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS RURAIS EM CINCO ESTADOS DO

NORDESTE.

2. Órgão proponente:

FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

3. Órgão Concedente:

Ministério do Trabalho e Emprego/Secretaria de Políticas Publica de Emprego

4. Equipe de Coordenação Pedagógica:

Marize Souza Carvalho Ariedalva Lopes Ana Paula Ferreira

5. Assistente Local:

Vitoria Alves do Santos.

6. Coordenação Política : José Orlando Caldas Falcão Joeleno Monteiro Santos

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APRESENTAÇÃO

Este relatório consiste das atividades desenvolvidas no I Modulo do Curso “Gestão

em Desenvolvimento Sustentável e Solidário com Elevação de Escolaridade ao Ensino

Fundamental” para Jovens e Adultos do Meio Rural, realizado no período de 04 a 07 de

novembro de 2004 no Município de Vitória da Conquista. Atende educandos das

regiões Sudoeste, Serra geral, Oeste,Sul e extremo Sul da Bahia. Todas as atividades

foram desenvolvidas no Centro Vocacionário de Vitória da Conquista contando com a

presença de 30 educandos dos municípios de: Vitória da Conquista, Planalto, Cândido

Sales, Caraíbas, Caculé, Encruzilhada, Riacho Santana, Oliveira dos Brejinhos, Licínio de

Almeida, Guajeru, Caetanos, Ribeirão do Largo e Mortugaba.

A proposta de trabalho aqui esboçada, foi amplamente discutida pelo coletivo

pedagógico FASE/Projeto Semear e ampliada na oficina político-pedagógico de

formadores (FF) realizada em Salvador no período de 01 a 03 de novembro de 2004.

Para facilitar o monitoramento, apresentamos de forma esquemática as ações

realizadas no modulo I a partir da proposta político pedagógica e do programa de

atividades sugerida na oficina Político-Pedagogica. Entretanto, dada as especificidades

do “tempo político” e do “tempo pedagógico” ou seja, mobilização, articulação e convênio

entre os parceiros envolvidos no projeto FASE/Semear nesta região, foram feitas

algumas alterações na programação sem contudo alterar os objetivos e princípios

político pedagógico da proposta.

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II - INTRODUÇÃO a) Aspectos Teóricos, Metodológicos.

O Projeto Semear constitui um espaço de articulação e intervenção sobre

Educação do Campo e o esforço de possibilidades curriculares que dêem conta da

superação das problemáticas que acompanham a educação básica e a Educação

profissional. Propondo projetos abertos interdisciplinares, com objetivo de superar

questões como teoria/pratica, formação integral/profissional.

Decorre de um longo processo em que se inscrevem diversas experiências de

educação desde 1984, para fazer a escola do campo vincular-se às problemáticas

existentes da agricultura familiar, sustendo-se no conceito de “educação,

Desenvolvimento e profissionalização da agricultura familiar.

O grande desafio do Projeto Semear é fazer concretamente que as experiências

possam ser referencias ao desenvolvimento do conjunto da sociedade camponesa rural.

Por isso, propõe políticas publicas na possibilidade de alterações significativas dos

currículos de formação profissional cujas experiências estão sendo avaliadas pelos que

nela participam diretamente. Um elemento novo neste processo do Projeto Semear a

partir de 2001 é a elevação da escolaridade dos agricultores familiares.

Para efetivação da proposta, a FASE/Projeto Semear propõe um processo de

construção do conhecimento em rede, com um percurso formativo denominado de

Módulos (vinte quatro), Laboratórios de Desenvolvimento Metodológico (vinte e três),

Laboratórios de qualificação profissional (nove) e visitas de acompanhamento (vinte e

duas). Com processos continuo de ação teórica e prática na comunidade dos educandos

O Modulo, a experiência que ora descrevemos neste relatório, refere-se a uma

das etapas do ensino presencial para desenvolvimento dos eixos temáticos, identificados

através de diagnóstico da realidade. Neste espaço didático-pedagógico, educandos e

educadores trabalham com diferentes áreas do conhecimento em vista de soluções a

problemáticas concretas da agricultura familiar. È neste espaço-tempo da aula, onde são

dados os primeiros passos para articulação do percurso formativo entre educação,

desenvolvimento.

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Neste módulo tivemos como ponto de partida, do curso, (re)construir uma

Identidade Pessoal e Grupal, através da compreensão das dimensões da educação do

campo e da agricultura familiar na Bahia, suas problemáticas estabelecendo

compromissos e acordos para a continuidade do curso.

Todas as atividades foram desenvolvidas no Vocacionário de Vitória da Conquista

e além dos educandos tivemos a participação de diferentes parceiros da FASE/Projeto

Semear.

A equipe de coordenação política pedagógica do FASE/Projeto Semear trabalhou

de forma colegiada e atenta aos nexos entre eixo temático, formação política e ética do

desenvolvimento defendida pelo Projeto Semear.

No campo teórico-metodológico privilegiou-se teorias e formas de aprender de

visão mais critica e contextualizada. Teoria que estão no campo da educação popular e

da pedagogia histórico – critica. Assim pudemos trabalhar a realidade problematizando e

dialogado com diferentes conhecimentos. A aprendizagem deu-se de forma horizontal

com respeito ao tempo histórico e pedagógico de cada educando.

Na avaliação do processo constatamos que a educação demandada pelos

participantes do I modulo, não é qualquer educação. Mas uma educação que respeite os

contextos econômicos, culturais e sociais do educando e trabalhe na auto-estima dos

trabalhadores. A escolarização defendida deve preparar a todos para assumirem a

administração da sociedade com autonomia da agricultura familiar.

b) Proposta Político - Pedagógica Eixo Temático I: Identidades e Linguagens Módulo I - Identidade Pessoal e Grupal Tema gerador: Quem somos nós? DATA: 04 a 07 de novembro de 2004

LOCAL: Município de Vitória da Conquista - Bahia

PARTICIPANTES: Jovens e adultos de STR`s, Associações, Cooperativas etc.

OBS: 1o dia garantir a participação de todos os parceiros envolvidos.

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OBJETIVOS:

Geral • Dar início ao curso, (re)construindo uma Identidade Pessoal e Grupal, através da

compreensão das dimensões da agricultura na Bahia, da importância estratégica da

formação e estabelecendo compromissos e acordos para a continuidade do curso.

Específicos • Consolidar e dar visibilidade à parceria com a Prefeitura Municipal de Vitória da

Conquista;

• Debater o papel e as dimensões da agricultura, em particular a familiar, no Brasil e na

Bahia;

• Apresentar a discussão sobre o papel da educação do trabalhador e a especificidade

da educação rural e as características das experiências cutistas de formação do/a

trabalhador/a nas áreas rurais e sua vinculação com os princípios políticos e

metodológicos da educação popular e da Política Nacional de Formação da CUT;

• Apresentar o curso quanto à modalidade, à carga horária, estrutura, certificação,

financiamento, conteúdos e metodologia;

• Estabelecer compromissos e acordos quanto ao calendário, pontualidade,

participação e respeito mútuo;

• Estruturar os Grupos de Estudo e as Comissões de Trabalho;

• Definir os trabalhos não presenciais (visitas);

• Realizar diagnóstico de expectativas e demandas de conteúdos;

• Realizar diagnóstico dos saberes e habilidades relativos ao letramento, aos cálculos

matemáticos e conhecimentos gerais;

• (Re) criar os vínculos entre os participantes através do conhecimento da história de

cada um;

• Introduzir o debate sobre os principais indicadores demográficos e as desigualdades

no Brasil;

• Introduzir o debate sobre território e região, através do uso de mapas;

• Introduzir o debate sobre cultura, através da interpretação de textos

• Introduzir a discussão sobre o significado da agricultura familiar hoje;

• Trabalhar a leitura, interpretação e produção de textos;

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• Estabelecer as atividades do 1o Laboratório de Desenvolvimento Metodológico (inter -

módulo);

• Estabelecer as atividades da 1a oficina.

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c) Programa do curso Eixo Temático I: Identidades e Linguagens Módulo I – Identidade Pessoal e Grupal Tema gerador: Quem somos nós? 1º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Recursos Didáticos

>Abertura Política (acolhida, mística, composição da mesa); >Apresentação do Semear e do PROESQ >Intervalo >Debate e falas políticas

Data – show ou retro-projetor Papel metro, pincel atômico, fita adesiva, tarjetas

Almoço >Dinâmica de apresentação dos/as participantes; >Mesa Redonda “A Educação como estratégia de Desenvolvimento da Agricultura Familiar” > Debate > Intervalo >Exposição das características do Curso >Encerramento

Cada equipe de educadores/as escolhe a

sua;

Data – show ou retro-projetor

Noite : Momento para integração

entre os/as educandos/as e diálogos entre os/as

educadores/as e os/as participantes

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2º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Recursos Didáticos

>Dinâmica de aquecimento; > Apresentação da turma; > Levantamento de expectativas; >Acordo de convivência e formação das equipes de trabalho (socialização das fichas) > Intervalo >Sistematização do dia anterior > Diagnóstico sócio – econômico - cultural da turma

A ser definida pela equipe; Em duplas e localização no

mapa com alfinetes Escrever em Tarjetas

Cartazes

Formação de grupos aleatórios constantemente e

sistematização em cartazes (sexo, faixa etária, escolaridade,

ocupação, raça, etnia, estado civil, filhos, participação política e cultural, o que gosta e o que não

de fazer, etc.).

Papel metro, pincel atômico, fita adesiva, tarjetas, mapa da Bahia e alfinetes coloridos.

Almoço

>Dinâmica de animação >Diagnóstico individual de escolarização >Intervalo >Caracterização da AF nas regiões

A ser definida pela equipe Instrumento de diagnóstico –

entrevista individual

Divisão por regiões – trabalho em grupos – desenho das

regiões

Papel metro, pincel atômico, fita adesiva, tarjetas, mapas do Brasil e da Bahia, revistas, etc.

Noitel Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos entre os/as educadores/as e

os/as participantes

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3º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Recursos Didáticos

>Dinâmica de animação e memória do dia anterior; >Apresentação dos grupos; >Intervalo; >Sistematização das dimensões da AF

A ser definida pelo grupo

(produtiva, organizativa, política, cultura, tecnologia, meio

ambiente, gênero, políticas públicas, segurança alimentar,

trabalho infantil...); amarrar com os eixos temáticos.

Papel metro, pincel atômico, fita adesiva, tarjetas, mapa da Bahia, revistas, etc.

Almoço

>Dinâmica de animação; >Elaboração e apresentação de textos “Eu, agricultor/a familiar”; >Intervalo; >Sistematização por parte dos educadores/as

A ser definida pelo grupo Sensibilização com textos, fotos,

músicas... Escrita individual, socialização em

pequenos grupos e escolha de um, e depois leitura dos escolhidos em plenária.

Noite Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos

entre os/as educadores/as e os/as participantes

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4º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Recursos Didáticos > Dinâmica de animação; > Memória do dia anterior; >Aprofundar o percurso formativo e a estrutura do curso; > Intervalo; >Construção do instrumento para identificação dos grupos de produção (comunidades) partindo da diversidade da AF; > Construção da agenda das atividades por regiões (módulos, inter, visitas, laboratórios, intercâmbio técnico);

A ser definida pela equipe

Exposição

dialogada e debate em

plenária

Apresentação e debate

Trabalho em grupos

Papel metro, pincel atômico, ta fita adesiva, tarjetas,

Almoço

> Avaliação em encerramento; Trabalhos em grupos

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III - DESENVOLVIMENTO DATA: 04 .11. 2004

Atividade 1 - Mesa Institucional

Objetivos:

Institucionalização, apresentação do Projeto FASE/Semear em Vitória da

Conquista.

Compreensão da proposta político – pedagógica.

Procedimento:

A Mesa oficial de Abertura do Curso do Município de Vitória da Conquista no Estado da

Bahia foi antecedida de “Mística” – encenação da representação sobre a concepção de

educação e desenvolvimento para o campo, realizada por grupo de educandos e

lideranças sindicais de diferentes pólos.

Em seguida o coordenador político da FETRAF Joeleno.Monteiro Santos, saudou os

participantes e iniciou uma exposição sobre aspectos históricos, políticos e

metodológicos do Projeto Semear na Bahia referente ao anos de 1998 a 2004,

abordando os seguintes temas:

1. Objetivos gerais do Projeto Semear. Fixar e reestruturar as famílias no campo.

Desenvolver a agricultura familiar.

Resgatar o papel social da agricultura familiar.

Capacitação de dirigentes sindicais.

Resgate da auto-estima do trabalhador rural e como combate ao êxodo rural.

Reconhecimento da cultura e identidade camponesa

Educação como estratégia de resistência, símbolo para pensar o desenvolvimento

do campo.

2. O fortalecimento das parcerias entre Movimentos Sociais e Instituições públicas

como as Prefeituras Municipais e Ministério do Trabalho.

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3. A metodologia aplicada do curso de Elevação de Escolaridade no Município de

Alagoinhas, destacando “técnicas” que dialogaram com a realidade dos educandos

e com “experiências praticas na produção do trabalho”.

Em seguida a representante da Secretaria de Educação do município de Vitória da

Conquista, aApresentou dados da educação no município:

Situação de infra-estrutura escolar da zona rural.

O programa de alfabetização de Jovens e adultos

A relação da prefeitura com os movimentos sociais.

A proposta de educação no Projeto de disputa eleitoral pela prefeitura em

2004.

A gestão democrática do governo participativo de Vitória da Conquista.

Tivemos nesta mesa, intervenções de representantes das seguintes entidades:

Sindicato dos trabalhadores Rurais do Município de Vitória da Conquista - exaltou a

proposta do Projeto Semear, destacando sua perspectiva de formação política e

valorização do trabalho do campo e a importância do programa da Agricultura Familiar do

Governo Lula para combater a fome no país.

A secretária da Juventude da FETRAF, deu boas vindas aos novos alunos do projeto e

exortou a não desistirem da oportunidade de estudarem numa “escola diferente da

formal”. Testemunhou para o grupo sua passagem como aluno no projeto SEMEAR no

Município de Alagoinhas.

O Representante do Pólo Sindical de Vitória da Conquista – enfatizou o Projeto Semear,

como uma proposta importante de formação dos dirigentes sindicais e para o avanço da

luta, em como para o desenvolvimento da região.

Desfeita a mesa, a coordenação do Modulo apresentou a estrutura formativa do curso,

funcionamento e atividades pedagógicas: Módulos, laboratórios, intercambio técnicos,

Seminários Estaduais, oficinas e visitas.

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No decorrer do debate os participantes, mostraram-se bastante entusiasmados com a

proposta e puderam ampliar a compreensão do projeto pedagógico.

Fez-se uma dinâmica para reconhecimento dos participantes do Modulo, com objetivo de

mapear a identidade dos educandos.

Atividade 2 - Atividade - Acordo de convivência

Dinâmica de sensibilização: “Descobrindo a qualidade do outro”

Objetivos: fortalecimento grupal e quebra de preconceitos.

Compromisso firmado pelo coletivo:

a) respeito à opinião do outro; b) pontualidade; c) dialogo; d) participação integral nas

atividades e) ser amigo f) compartilhar conhecimento g) saber ouvir h) concentração.

A Educadora da turma fez algumas observações sobre a importância de um acordo de

convivência para o desenvolvimento do trabalho coletivo, porem alertou aos educandos

que a proposta de educação em rede, exige atitudes coletivas e uma participação efetiva

em todas as etapas do processo formativo para construção de novos conhecimentos.

DATA 05/ 11/ 2004 Memória do dia anterior

Atividade três: exposição

Objetivos:

Identificar nexos entre a educação do campo historicamente formulada pelos

movimentos sociais e a proposta do Projeto Semear

Estabelecer relações históricas entre educação e desenvolvimento para o

campo.

Procedimento: aula expositiva dialógica - A “educação como estratégia de

desenvolvimento familiar”

Para a educadora Marize Carvalho qualquer proposta de educação do campo, só pode

ser compreendida na totalidade das relações e da historia dos sujeitos do campo, do

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dialogo com as demandas e necessidades, bem como, com o projeto de sociedade dos

povos do campo. Fundamentou esta afirmativa com os seguintes pontos:

Identificação da luta por educação do campo inserida historicamente no rural

brasileiro pelos movimentos sociais organizados.

Os princípios políticos e pedagógicos da educação do campo defendidos pelo

Fórum Nacional e Estadual da educação do campo e pelo Projeto Semear.

A posição do Projeto Semear no Fórum – princípios diretrizes.

A necessidade de discutir o que é desenvolvimento para o campo no contexto do

capitalismo hoje.

As especificidades do Projeto Semear para o desenvolvimento sustentável e

solidário da Bahia/Nordeste.

Os desafios que estão colocados para a educação no campo brasileiro.

A luta da educação como direito de todos e dever do Estado.

Após a exposição, os presentes tiveram oportunidade de intervenções:

O coordenador político da FETRAF disse que escola precisa ser “ferramenta” de

resistência, e que a educação juntamente com cultura são “pilares para recuperar a

dignidade do trabalhador”.

A educadora Vitória, pontuou que “a proposta sendo voltada para o contexto da

agricultura familiar, se difere da escola formal urbana”.

O educando Severino complementou a colega afirmando que “a escola formal treina para

o mercado de trabalho, mas não existe emprego, desse modo à agricultura familiar

permitiria o sustento da família”.

Para o educando Balbino: a “política educativa” do Semear pode ajudar a fixar o homem

do campo.

O debate intensificou-se para criticas aos sindicatos e associações rurais, “voltados para

aposentadorias do trabalhador rural e para política partidária”. Alguns defenderam a

autonomia dos sindicatos frente a partidos e grupos locais, o que gerou um amplo debate

sobre o papel do sindicato no campo..

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Na analise dos discursos, podemos inferir o reconhecimento da educação por parte

destes trabalhadores, como uma possibilidade concreta de intervenção política na sua

realidade e uma alternativa para agricultura familiar.

Atividade 4: Caracterização da AF nas regiões.

Objetivo: Introduzir o debate sobre território e agricultura familiar através do uso de

mapas;

Procedimentos: Exposição dialógica Para o desenvolvimento desta atividade, a coordenadora fez uma sondagem sobre a

compreensão dos educandos sobre mapas. Foram estimulados a identificarem as

regiões geográficas do Brasil e seu município de origem no mapa da Bahia.

Identificada a origem de cada educando, foi solicitado formarem grupos de trabalho por

proximidade territorial. Constituem-se quatro equipes de trabalho com os seguintes

municípios: Grupo 1 – alunos agrupados em torno do município de Vitória da Conquista.

Grupo 2 – Alunos de origem dos municípios de Riacho de Santana, Oliveira dos Brejinhos

e Macaúbas. Grupo III - Serra Geral e Grupo IV – Região Sudoeste

A coordenadora solicitou que cada um apresentasse informações sobre o município de

origem, identificando aspectos, e dimensões da AF como: produção, vegetação

organização, política, cultura, tecnologia, meio ambiente, gênero, políticas públicas,

segurança alimentar, trabalho infantil.Etc.

Dessa discussão, deveriam elaborar um “um novo mapa” que pudesse conter elementos

comuns a todos da equipe.

O resultado do debate foi sistematizado em papel jornal e apresentado para o coletivo:

A educadora Ana Paula agrupou os elementos comuns de cada grupo nos seguintes

eixos temático:

PRODUÇÃO:

Mandioca, milho, feijão, café, hortaliça, batata, maracujá, milho, mandioca,

melancia, hortaliças, campineira, manga, umbu, cana -de –açúcar, mel.

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CRIAÇÃO:

Suínos bovinos, caprinos, ovinos, bovinos, suínos, galinha e criação de

abelhas, bovino, caprino, ovino, aves. .

PROBLEMAS:

No âmbito produtivo foram enumerados os seguintes problemas: faltam

incentivos à agricultura familiar, latifúndios, falta de conhecimento e

informação do pequeno produtor, falta de assistência técnica, falta de

investimento do poder público no pequeno produtor, dificuldade para acesso

ao crédito, falta de comercialização. Em relação aos problemas ambientais,

aparecem questões de desmatamento e poluição das águas,

OGANIZAÇÃO SOCIAL

O segmento com menor participação política na agricultura familiar, são as

mulheres seguida dos jovens e de entidades a igreja católica e pastorais.

POLÍTICA PUBLICA.

Questão da falta de alimentos em quantidade e qualidade; a má qualidade

das estradas; Saúde – mínima e sem qualidade, educação de baixa

qualidade.

ESTRUTURA POLITICA

Política clientelista, populista atrelada às famílias de oligarquias tradicionais.

CULTURA

Festas juninas, micareta, padroeira, cantiga de reis, viola.

Os educandos processam de forma critica a ausência do Estado no campo –

conseqüências na visão destes, dos problemas da agricultura familiar bem como a pouca

informação/formação dos trabalhadores. Não há clareza das causas possíveis e

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determinantes, sociais políticos e culturais dos problemas elencados. Fato a ser

respondido pela metodologia no percurso pedagógico.

Atividade 5- Introdução à discussão sobre o significado da agricultura familiar;

Objetivo: Identificar a importância da agricultura familiar para o Brasil e Região Nordeste.

Procedimento: Exposição

De posse das informações socializadas a educadora desenhou para o coletivo diferentes

variáveis, comparando o Agronegócio x Agricultura Familiar. Dando a ultima a função

social de desenvolvimento do campo.

Regiões Estabelecimentos do

Agronegócio Estabelecimentos da Agricultura Familiar

Norte 97.536 446.177 Nordeste 485.561 2.312.678 Sudeste 447.932 546.046 Sul 279.715 918.827 Centro Oeste 152.012 115.325 Brasil 1.372.746 4.339.053

Regiões Agronegócio em hectares Agricultura Familiar em

hectares Norte 42.846.000 19.721.000 Nordeste 63.242.000 28.812.000 Sudeste 61.065.000 12.177.00 Sul 30.431.000 17.509.000 Centro Oeste 94.264.000 4.858.000 Brasil 291.848.000 83.077.000 Regiões Pessoal envolvido

Agronegócio Agricultura Familiar Norte 605.000 1.873.000 Nordeste 3.380.000 7.062.000 Sudeste 3.102.000 1.636.000 Sul 1.545.000 2.945.000 Centro Oeste 851.000 396.000 Brasil 9.482.000 13.913.000

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Produção Nacional da Agricultura Familiar

87% mandioca 54% pecuária de leite 40% aves e ovos 62% cebola 24% pecuária de corte 58% porcos 33% algodão 67% feijão 49% milho 32% soja 46% trigo 25% café 58% banana

Agricultura Familiar Agronegócio

Policultura (agricultura diversificada/ várias culturas) Produção para o autoconsumo,

para o mercado interno e exportação. Cultivo e criação onde predomina

as espécies nativas Apóia a organização dos

agricultores/ agricultura familiar Resistência na terra e convívio

Monocultura (plantio de uma única cultura) Preferencialmente para o exterior Pobreza de variedades/ erosão

genética Competitividade e eliminação de

empregos Êxodo rural e periferia urbana

inchada

A exposição despertou muita curiosidade no grupo, principalmente quanto o

potencial e importância da A.F para o Barsil.

Atividade 6 -: Português e Linguagem

Objetivos: conhecimentos gramaticais e uso de vocabulário

Procedimento : a educadora da turma a partir da produção das equipes,

trabalhou coletivamente com o grupo as correções das palavras que estavam em

exposição.

Atividade 7 - - Elaboração e apresentação de textos “Eu, agricultor/a familiar”

Objetivo : Identidade do agricultor familiar

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Procedimentos : Elaboração e construção e apresentação de textos individuais : “Eu,

agricultor/a familiar ; Sensibilização : Poesia Morte e Vida de Severino .

Esta atividade transcorreu de forma muito prazeirosa para os educandos ao

perceberem que tinham história de vida comum. Na produção das redações (Anexo),

pudemos constatar a trajetória de vida retratada em varias fases da vida e o orgulho de

serem agricultores. Nenhum aluno, identificou sua identidade pelo trabalho na produção.

Na avaliação do grupo, foi um momento importante de identificação e de

compartilhamento de experiências.

Atividade 8 – Diagnostico Sócio- econômico cultural –

Dinâmica integrativa para identificar o perfil da classe.

Atividade 9 - Diagnóstica de expectativas e demandas de conteúdos.

Objetivo: Realizar diagnóstico dos saberes e habilidades relativos ao letramento, aos

cálculos matemáticos e conhecimentos gerais;

Procedimento: Entrevista coletiva sobre conhecimento e experiência de leitura e escrita

Avaliação: Aplicação da entrevista coletiva no modulo II quando serão analisadas

concomitantemente com as entrevistas individuais dos educandos.

Atividade 10 - Diagnostico Individual de escolarização –

Aplicação de instrumentos situação escolar

DATA: 06. 11.2004

Atividade 11 - Exposição sobre o percurso formativo e a estrutura do curso.

Objetivos:

Identificação dos grupos de produção (comunidades).

Construção da agenda das atividades por regiões

Estabelecer as atividades do 1o Laboratório de desenvolvimento metodológico -

intermódulo

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Procedimento: Exposição sobre a estrutura e funcionamento do curso (módulos, inter,

visitas, laboratórios, intercâmbio técnico); e identificação dos grupos de produção

(comunidades) partindo da diversidade da AF.

Atividade 12 – Avaliação interativa

Foco da avaliação: Modulo I

Objetivo : Reflexões sobre os princípios, estratégias e a metodologia utilizada

Conclusões e recomendações.

Perguntas orientadoras:

• Como perceberam o Projeto? (conceitos, objetivos e a concepção do projeto)

• Como melhorar o processo de implementação?

Procedimento : Levantou-se com o coletivo de educadores e educandos, opiniões

sobre o Projeto e o Módulo I. Após o debate, foram sistematizadas e foram sugeridas

ações corretivas para equipe responsável do projeto.

1º. Problemas de comunicação/ divulgação/seleção

a. O convite para os educandos participarem do primeiro modulo que circulou

nos sindicatos, continha informações que não correspondia aos objetivos do curso.

b. Parte dos candidatos inscritos não atendiam os critério de participação do curso devido já terem concluído o ensino fundamental.

c. Seleção de educandos distantes até 800 km da região de realização do curso.

d. Ausência de educandos e dirigentes sindicais no modulo, em virtude do envolvimento em atividades políticas.

e. A possível derrota política da atual gestão em Vitória da Conquista, causou incertezas nos rumos e parceria do projeto.

Ação corretiva:

Resposta imediata e diária das mensagens recebidas por e-mail - delegar

responsável para tarefa.

Utilizar-se de todos os canais informativos da FETRAF e da ADS, como: jornais,

boletins, fax-fone, rádios sindicais para divulgação do projeto.

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Dar resposta aos inscritos que não atenderam aos critérios da seleção dos

educandos.

Agendar reunião com coordenação de EJA da Secretaria de educação Municipal

para esclarecimento da proposta e definição de contra-partida ao convenio.

Reunião da FETRAF com todos os sindicatos localizados nos municípios de

desenvolvimento do projeto.

2º. Problemas de ordem pedagogica

Dificuldade dos educandos para expor as causas possíveis e determinantes, sociais

políticos e culturais dos problemas da Agricultura Familiar da região.

Garantir que no avanço do percurso formativo o acordo de convivência caminhe para a

auto organização dos alunos para sua autonomia.

IV - CONSIDERAÇOES FINAIS

Podemos dizer que a formação no Modulo foi positiva. Os educandos perceberam a

importância do Projeto para Agricultura Familiar e assimilaram bem a proposta

metodológica. Articularam parcialmente os problemas da agricultura familiar com

diferentes áreas do conhecimento.

No processo do modulo I foi reavaliado o papel dos Sindicatos enquanto parceiros no

Projeto Semear. Os dados apresentados nos relatórios e presente nas falas dos

educandos trazem a necessidade de uma educação contextualizada que respeite as

especificidades e cultura do cidadão do campo. Desejam uma escolarização que os ajude

na construção de um projeto de educação do campo, que valorize o mundo do trabalho a

cultura e a pratica dos agricultores familiares.

Podemos constatar pelos discursos uma preocupação com a educação que ainda vem

sendo desenvolvida na maioria das escolas: abordagens tradicionais e deslocadas da

realidade. Muitas vezes, responsáveis pela desvalorização da cultura do homem do

campo.

PPRROOJJEETTOO SSEEMMEEAARR –– DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO EE VVAALLIIDDAAÇÇAAOO DDEE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

DDEE EEDDUUCCAAÇÇAAOO DDEE JJOOVVEENNSS EE AADDUULLTTOOSS RRUURRAAIISS EEMM CCIINNCCOO EESSTTAADDOOSS DDOO

NNOORRDDEESSTTEE..

RReellaattóórriioo ddoo IIII MMóódduulloo ddoo CCuurrssoo ddee GGeessttããoo eemm DDeesseennvvoollvviimmeennttoo SSuusstteennttáávveell ee SSoolliiddáárriioo ccoomm EElleevvaaççããoo ddee EEssccoollaarriiddaaddee aaoo EEnnssiinnoo

FFuunnddaammeennttaall.. LLooccaall:: CCeennttrroo VVooccaacciioonnaarriioo–– VViittóórriiaa ddaa CCoonnqquuiissttaa-- BBaahhiiaa..

DDaattaa:: 1188 aa 2211 ddee nnoovveemmbbrroo ddee 22000044

PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio da Silva

MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO Ricardo Berzoini SECRETÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO Remígio Todeschini DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE QUALIFICAÇÃO Antônio Almerico Biondi Lima COORDENADORA GERAL DE QUALIFICAÇÃO Eunice Léa de Moraes © copyright 2004 – Ministério e Trabalho e Emprego

Secretaria de Políticas Públicas de Emprego – SPPE Departamento de Qualificação – DEQ Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 3º andar, Sala 300 CEP: 70059-900 – Brasília – DF Telefones: (61) 317-6239 / 317-6004 FAX: (61) 224-7593

E-mail: qualificaçã[email protected]

2

SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO.............................................................................. 3

APRESENTAÇÃO................................................................................................ 4 INTRODUÇÃO

• Aspectos Teórico, metodológico................................................................ 5 • Proposta Político – Pedagógica.................................................................. 7 • Programa do curso...................................................................................... 9

DESENVOLVIMENTO........................................................................................ 12 RELATO DAS VISITAS DE ACOMPANHAMENTO AS COMUNIDADES ............. 20 AVALIAÇÃO INTERATIVA...................................................................................... 21 CONSIDERAÇOES FINAIS......................................................................................21 .. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 22 ANEXOS................................................................................................................................23

3

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. PROJETO DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIAS DE

EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS RURAIS EM CINCO ESTADOS DO

NORDESTE.

2. Órgão proponente:

FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

3. Órgão Concedente:

Ministério do Trabalho e Emprego/Secretaria de Políticas Publica de Emprego

4. Equipe de Coordenação Pedagógica:

Marize Souza Carvalho Maria Dalva Lopes Ana Paula Ferreira

5. Assistente Local:

Vitoria Alves do Santos.

6. Coordenação Política : José Orlando Caldas Falcão Joeleno Monteiro Santos

4

I - APRESENTAÇÃO

O presente relatório descreve o conjunto das atividades desenvolvidas no II

Modulo do Curso Elevação de Escolaridade ao Ensino Fundamental de Jovens e Adultos

do Meio Rural com Educação Profissional em Gestão e Desenvolvimento Sustentável e

Solidário, realizado no período 18 a 21 de novembro, no Município de Vitória da

Conquista/BA, contemplando educandos(as) das regiões de : Sudoeste, Serra geral e

Oeste. Todas as atividades foram desenvolvidas no Centro Vocacionário de Vitória da

Conquista contando com a presença de 30 educandos dos municípios de: Vitória da

Conquistav, Planalto, Cândido Sales, Caraíbas, Caculé, Encruzilhada, Riacho Santana,

Oliveira dos Brejinhos, Licínio de Almeida, Guajeru, Caetanos, Ribeirão do Largo e

Mortugaba.

Fundado nos princípios e objetivos da Fase/Projeto Semear, estamos construindo

na turma de Vitória da Conquista um espaço de articulação e intervenção sobre

Educação do Campo e possibilidades curriculares que dêem conta da superação das

problemáticas que acompanham a educação básica e a Educação de Jovens e Adultos.

Estamos experimentando e propondo, formação integral/profissional com objetivo de

colocar na agenda das políticas públicas o projeto de escolarização e o projeto histórico

dos agricultores familiares – trabalhadores do campo brasileiro.

Este é um grande desafio, que vem sendo proposto e decorre de um longo

processo em que se inscrevem diversos projetos e experiências de educação desde 1984

Estamos dando continuidade ao Eixo temático: “Identidades e Linguagens”

ampliando a identidade pessoal e grupal. O Tema gerador: Quem somos nós, deslocou-

se para analise da unidade produtiva dos educandos e suas concepções de mundo.

A equipe de coordenação política pedagógica da Fase/Projeto Semear trabalhou

de forma colegiada e atenta aos nexos e contradições entre a Realidade da Agricultura

familiar no Brasil e o Projeto dos Agricultores familiares. Reafirmando neste modulo, com

os educandos o conceito de agricultura familiar e de agricultores experimentadores.

5

II - INTRODUÇÃO

a) ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS.

No campo teórico-metodológico estamos dando seqüência as teorias e formas de

aprender dentro da perspectiva pedagógica, com referencia a dimensão da formação

humana e da cultura no processo histórico.

Os traços fundamentais da nossa proposta e a formação humana vinculada a uma

concepção de campo - vinculo entre o projeto educativo o projeto político e o projeto

social.

Na totalidade dos processos sociais, estamos construindo o debate entre a política

agrária e educação para efetivação de políticas públicas para o campo.

A visão de campo e educação do campo está sendo construída no Projeto Semear

e algumas questões já estão sendo incorporadas pelos educandos como: “educação do

campo” é incompatível com o modelo de agricultura capitalista”. E a educação do campo

vinculada com Agricultura familiar agroecológica proposta de um desenvolvimento

sustentável.

Neste aspecto o papel da escola deste curso será de fortalecer a agricultura

familiar, identificando as características da produção que devem ser preservadas e

aquelas que devem ser superadas na perspectiva de um outro projeto de

desenvolvimento.

Nosso objetivo formativo ajuda a construir a identidade do homem e da mulher do

campo para que se organizem e assumam a direção de seu destino aprendendo a

pensar seu trabalho sua produção seu lugar e pais . Educar neste Projeto é ajudar a

construir identidades e fortalecer coletividades fortes, para prática dos grandes valores

humanos: de justiça, igualdade, respeito e diversidade.

No percurso do Projeto Semear já delineamos forma (estrutura do curso) e

conteúdo (eixos temáticos). O grande desafio teórico-metodológico é construir

proposições explicativas e prepositivas que dêem conta de identificar :

a) Como se apreende a realidade, e se constrói conhecimentos científicos em EJA?

6

b) Como se aprende e como se ensina a tomar posição diante de problemas

(necessidades)?

c) Como se aprende e como se ensina a respeitar e reconstruir modos de vida e

valores humanistas?

d) Como avaliar numa perspectiva emancipatória?

e) Como trazer para pratica pedagógica, pressupostos teóricos que orientem o

projeto da classe trabalhadora/agricultores familiares?

São questões a serem respondidas e validadas ao longo do curso de Elevação de

Escolaridade. Isto porque, na avaliação do primeiro módulo, já constatamos que a

educação demandada pelos participantes, pelos educandos/as não é qualquer educação.

Mas, uma educação que respeite os contextos econômicos, culturais e sociais.Trabalhe

no resgate da auto-estima dos agricultores e responda as suas necessidades concretas.

A escolarização defendida pela Fase/Projeto Semear e por extensão neste curso, deverá

preparar a todos para assumir administração da sociedade, da agricultura familiar com

autonomia.

Desse modo, imprimimos neste módulo, uma prática pedagógica que incorporou o

conhecimento, as vivências e cultura dos agricultores. Privilegiamos dados da realidade

e problemas reais do contexto dos educandos, definindo com eles um novo conceito de

organização escolar.

Assim, o trato com o conhecimento das diferentes áreas, deu-se por um diálogo

integrado a partir da necessidade dos educandos com ênfase as suas expectativas e

dificuldades. Desde o início do projeto, pudemos constatar o interesse do grupo por uma

nova concepção de escola, vontade de leitura e escrita, necessidade de voltar a estudar.

Mas, simultaneamente, o desejo de uma escolarização diferenciada, que lhes garanta

qualidade de vida através de aquisição de novos conhecimentos, mesmo não

compreendendo ainda, o tipo de conhecimento necessário para o desenvolvimento da

agricultura familiar com uma outra base tecnológica.

7

b) PROPOSTA POLÍTICO - PEDAGÓGICA Eixo Temático I: Identidades e Linguagens Módulo II – Identidade Pessoal e Grupal Tema gerador: Quem somos nós Carga horária: 40 horas

Data : 18 a 21 de novembro de 2004.

Local: Município de Vitória da Conquista - Bahia

Participantes Jovens e adultos de STR`s, Associações, Cooperativas etc.

OBJETIVOS:

Geral • Dar prosseguimento (re)construindo uma Identidade Pessoal e Grupal, através da

compreensão das dimensões da agricultura na Bahia, da importância estratégica da

formação e estabelecendo compromissos e acordos para a continuidade do curso.

Específicos • Debater o papel e as dimensões da agricultura, em particular a familiar, no Brasil e na

Bahia;

• Apresentar a discussão sobre a educação do campo e do Projeto Semear integrada

a um projeto de desenvolvimento sócio econômico cultural e ambiental.

• Estabelecer compromissos e acordos quanto ao calendário, pontualidade,

participação e respeito mútuo;

• Estruturar os Grupos de Estudo e as Comissões de Trabalho;

• Redefinir os trabalhos não presenciais (visitas);

• Continuação do diagnóstico de expectativas e demandas de conteúdos;

• Continuação do diagnóstico dos saberes e habilidades relativos ao letramento, aos

cálculos matemáticos e conhecimentos gerais;

• (Re) criar os vínculos entre os participantes através do conhecimento da história de

cada um;

8

• Introduzir o debate sobre os conceitos da geografia para compreensão do “território”

da agricultura familiar.

• Introduzir o debate sobre território e região, através do uso de mapas;

• Continuação da discussão sobre o significado da agricultura familiar hoje;

• Introduzir o debate de agroecossistema.

• Trabalhar a leitura, interpretação e produção de textos;

• Estabelecer as atividades do 2o Laboratório de Desenvolvimento Metodológico (inter –

módulo);

• Estabelecer as atividades da visita

9

c) PROGRAMA DO CURSO

Eixo Temático I: Identidades e Linguagens

Módulo II – Identidade Pessoal e Grupal Tema gerador: Quem somos nós?

1º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Recursos Didáticos Acolhida, mística, apresentação dos participantes Re-apresentação do Semear e do PROESQ + estrutura do curso; Memória coletiva do módulo –I.(retrospectiva)

Definir dinâmica

Exposição Dialogada

Retro-projetor Papel metro, pincel atômico, fita adesiva, tarjetas.

Almoço Sistematização dos textos “Eu Agricultor / a”. Apresentação da trajetória de vida dos novos educandos A propriedade atual(individual) X A propriedade ideal(coletivo regional) Debate em plenária.,

Identificação das dimensões da AF e das histórias de vida;

sensibilização sobre o Trabalho para o exercício seguinte: desenho

da propriedade (individual); Apresentação e comentários de 5

desenhos; Desenhos em grupo

Papel metro, pincel atômico, fita adesiva, tarjetas, revistas.

Noite Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos

entre os/as educadores/as e os/as participantes

2º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Recursos Didáticos Dinâmica de aquecimento; Memória do dia anterior Sistematização dos trabalhos do dia anterior e conceitualização da AF X AP Intervalo

A ser definida pela equipe; Texto individual a partir do desenho

da Propriedade Ideal Exposição dialogada

papel metro, pincel.

10

Oficina de Português (professor/a convidado/a)

Produção de texto

Almoço

Dinâmica de animação Oficina de Geografia (professor/a convidado) Intervalo Continuação

A ser definida pela equipe Trabalho com mapas e

aproveitamento dos desenhos

Papel metro, pincel atômico, fita adesiva, tarjetas, mapas do Brasil e da Bahia, revistas, etc.

Noite Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos

entre os/as educadores/as e os/as participantes

3º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Recursos Didáticos Dinâmica de animação e memória do dia anterior; Sensibilização sobre Diagnóstico Rural Participativo: origem, características; objetivos, principais ferramentas; Intervalo Continuação da sensibilização e aplicação de 2 ferramentas

A ser definida pelo grupo

Aplicação de duas ferramentas em sala de aula: rotina diária e calendário sazonal

Papel metro, pincel atômico, fita adesiva, tarjetas, revistas, etc.

Almoço

Visita a uma comunidade Discussão sobre a visita

Aplicação da ferramenta “leitura de paisagem” em grupos (observação de solo, recursos hídricos, sub - sistemas produtivos: hortas, plantas medicinais, manejo da criação animal, etc )

Noite Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos

entre os/as educadores/as e os/as participantes

11

4º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Recursos Didáticos Dinâmica de animação; Memória do dia anterior; Aprofundar o percurso formativo e a estrutura do curso; Intervalo; Construção do instrumento para identificação dos grupos de produção (comunidades) partindo da diversidade da AF; Construção da agenda das atividades por regiões (módulos, inter, visitas, laboratórios, intercâmbio técnico);

A ser definida pela equipe

Exposição dialogada e debate em plenária

Apresentação e debate

Trabalho em grupo

Papel metro, pincel atômico, fita adesiva, tarjetas,

Almoço

Avaliação em encerramento; Trabalho em grupo

12

III - DESENVOLVIMENTO

ATIVIDADE 1 - REAFIRMAR A PROPOSTA DO PROJETO SEMEAR E

CONTEXTUALIZAR EDUCAÇÃO DO CAMPO.

Iniciamos o módulo II, retomando a exposição sobre a história da Fase/Projeto

Semear, princípios e metodologia e as propostas de qualificação da Agricultura familiar

realizadas de 1998 a 2001. A partir deste último, o Projeto Semear introduziu o debate

de educação integrada através da implantação da proposta de Elevação da Escolaridade

de jovens e adultos na educação do campo.

Ao longo da sua história, a Fase/Projeto Semear, como demais organizações

representativas de movimentos sociais organizados do meio rural, está a exigir a

construção de escolas do campo com um projeto político–pedagógico vinculado às

causas, aos desafios, aos sonhos, à história e à cultura do povo trabalhador do campo.

Neste espaço, esboça-se um projeto de educação que venha contribuir para a

compreensão da realidade, e que leve em conta a superação do modelo modernizante e

desigual.

As bases desse outro projeto de desenvolvimento do campo, e de uma outra

educação, dar-se-ão pelo levantamento de alternativas ao modelo dominante e uma

política do Estado para solucionar a questão agrária, ou seja, a reforma agrária massiva,

necessária para eliminação do latifúndio e ou exploração dos complexos “agroindustriais

modernos” e a substituição do padrão produtivo agrário capitalista por um modelo

agrícola que garanta desenvolvimento econômico político e cultural para toda a

população do campo e beneficie a população urbana.

A expressão “Por uma educação do campo” diz respeito à luta popular pela

ampliação, acesso, permanência e direito à escola pública e pela construção de uma

escola que esteja no campo, mas que também seja do campo; incorporando outras

práticas educativas dos diferentes grupos que vivem no e do campo: Trabalhadores

assalariados, agricultores familiares quilombolas, assentados, roceiros, meeiros,

rendeiros, bóias-fria, ribeirinhos, camponeses, arrendatários, etc.

Na luta por uma educação diferenciada, movimenta-se projetos diversos de

escolarização de diferentes movimentos. A proposta do Projeto Semear se delineia como

13

uma proposta de educação do campo para trabalhadores da agricultores familiares da

FETRAF/BA que tem como objetivo conquistas de políticas públicas, traduzidas e

impulsionada na luta pela democratização do acesso à terra e da democratização da

educação escolar, como direito de todos e dever do Estado.

Portanto o Curso de Gestão em Desenvolvimento Sustentável e Solidário com

Elevação de Escolaridade ao Ensino Fundamental de Jovens e Adultos do Meio Rural ,

além de garantir o direito ‘a formação básica, tem uma intencionalidade político

pedagógica de ação em comunidades.

ATIVIDADE 2 - RESGATE DO I MÓDULO Procedimento : Sistematização do texto Eu Agricultor elaborado no primeiro módulo, para identificação e perfil dos educandos/as

Como vimos, os 30 agricultores desta turma, são oriundos de diferentes municípios

da Bahia. São, no conjunto agricultores/as familiares que tem como unidade de produção

a propriedade familiar. Estão em geral vinculados a uma associação e ou/sindicato rural. Cinqüenta por cento dos educandos são dirigentes sindicais. Identificam-se enquanto

agricultores familiares, com trajetória de vidas bem semelhantes de expropriação e

exclusão social. No conjunto já vivenciaram o êxodo rural, de forma pessoal ou no núcleo

familiar.

Como traço marcante dos discursos, apareceram as dificuldades entre a

agricultura familiar e os órgãos oficiais bem como, uma desvalorização social do “eu

agricultor”.

Do ponto de vista político governamental, nutrem muita esperança no governo

Lula, como sendo o mais favorável para o desenvolvimento da agricultura familiar.

Na medida que avançamos para o espaço da unidade produtiva, a ênfase recai na

dificuldade de assistência técnica e no acesso aos créditos, bem como, a falta de

informação e escolarização dos agricultores.

Quanto aos desejos de aprendizagens é destacado pelos educandos : o desejo

de escrever textos com coerência e coesão observando os elementos básicos que os

compõe; escrever atas e relatórios com segurança; ler rápido compreendo a mensagem

14

do texto; realizar com segurança operações com números grandes e/ou números

decimais; adquirir informações que auxiliam na melhoria da condição de trabalho.

O desenvolvimento dessas habilidades supõe para equipe pedagógica, uma prática que

objetive promover no alunado a capacidade de leitores críticos, conhecedores de sua

realidade e dos conhecimentos culturalmente elaborados pela humanidade. Ao mesmo

tempo desenvolver habilidades que os qualifique para uma pratica de emancipação

social, política e econômica.

ATIVIDADE 3 - FORMAÇÃO DAS EQUIPES DE TRABALHO (ANIMAÇÃO; MEMÓRIA/

RELATÓRIO; ORGANIZAÇÃO; AVALIAÇÃO) E REAVALIAÇÃO E REAFIRMAÇÃO DO

ACORDO DE CONVIVÊNCIA.

ORGANIZAÇÃO - Balbino, Manuel Ferreira Zildete, Mamedio. ANIMAÇÃO - Lucas, Odair Manuel, Afonso Luciene MEMÓRIA /RELATÓRIO - Paulino, Adevair, João Lelis, Darci, Maria AVALIAÇÃO – Anscário, Afonso, Aloísio, João Gonçalves, Toni ATIVIDADE 4 - OFICINA : QUAL O CAMPO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO EM VITÓRIA DA CONQUISTA? Procedimento : A partir dos conhecimentos dos alunos e de interpretação de dados

oficiais sobre a região, elaboramos um painel didático caracterizando o campo da

produção.

Sistematização : AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIÃO CARACTERIZA-SE:

Produção diversificada. Pouco renda. Produção desigual. Áreas com monoculturas. Grande concentração de minifúndios. Sem assistência técnica. Êxodo rural .

15

Número elevado de parceria. Uso intensivo de agrotóxicos em algumas áreas. Compra da produção por atravessadores. Influência na produção dos grandes produtores.

Categorias camponesas existente: Trabalhador rural, Agricultor, Lavrador, Parceiros, Assentados, Arrendatários Meeiros.

Módulo regional : De 35 a 50 hc

AGRICULTURA PATRONAL

grande concentração de latifúndios e de terras. agricultura empresarial e de agronegócio. Monocultura e exportação de café. uso intensivo de tecnologias. Uso de produtos químicos. Pouca mão de obra empregada.

AGRICULTURA QUE QUEREMOS

- Agricultura diversificada, agroecológica - Qualidade do produto; - Organização dos produtores; - Seguro agrícola - Trabalho familiar - Quatro módulos para cada agricultor - Assegure índices de desenvolvimento

Para o fechamento desta oficina o educador fez uma exposição sobre as

características da Agricultura familiar na Bahia segundo dados IBGE e MDA, destacando

aspectos da população,, rendimento dos agricultores, numero de estabelecimentos

rurais familiares, ocupação, produção, acesso a credito, receita, ampliando o

conhecimento do I modulo.

ATIVIDADE 5 - INTRODUÇAO AO DRPA - DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO

EM AGROECOSSISTEMAS

16

Procedimento : Para introdução do conhecimento sobre DRPA - Diagnóstico

Rápido participativo em Agroecossistemas e para preparação da primeira visita de

campo orientada, os alunos foram sensibilizados pela exposição do filme “O Narrador

de Javé “, o qual suscitou o debate em torno da importância da pesquisa e do registro

dos fatos para um acompanhamento melhor da unidade de produção e de

conhecimento da comunidade.

Esta atividade introduziu o conhecimento da realidade da unidade familiar pelos

agricultores familiares de forma autônoma, através de instrumentos pedagógicos de

mobilização e de participação. O instrumento pedagógico proposto neste modulo foi o DRPA – Diagnóstico

Rápido participativo em Agroecossistemas, que tem como princípio o conhecimento da

realidade por aproximações sucessivas. É o início de um processo contínuo que parte de

um diagnóstico mais geral e conforme a necessidade, aprofunda-se com diagnósticos

mais específicos e com o próprio processo de intervenção. De maneira dinâmica permite

aos educandos/agricultores/as, instrutores técnicos e comunidade, compreenderem

melhor a dinâmica dos sistemas produtivos e identificarem seus limites e potencialidades,

subsídios para o planejamento de intervenção.

Isto porque o DRPA, adaptado à natureza da intervenção e à lógica camponesa,

constrói conhecimento significativos para o planejamento, identificação e avaliação do

agroecossistema e de elementos para a ação que promova sua sustentabilidade.

Com uma metodologia simplificada que pode ser facilmente absorvida pelo

agricultor/a;, este juntamente com as organizações locais passa a ser o agente de

produção de conhecimento e transformação da realidade.

ATIVIDADE 6 – VISITA DE CAMPO Local : Sitio São Sebastião Proprietário : Ninhas e Dona Dora Modulo: 23 hectares

A visita de campo a propriedade do Agricultor Ninhas, contou com as orientações

do coordenador político do Projeto Semear e da FETRAF e das instruções e assessoria

técnica da agrônoma da Fase/Projeto Semear. Durante a visita, os alunos eram

17

instruídos para a observação do espaço conforme técnicas do DRPA. No primeiro

momento da observação utilizou-se a técnica da caminhada transversal. Foi solicitado

aos alunos observarem e registrarem aspectos como: solo, plantas, pragas, manejo,

criação, mão- de -obra, relações de trabalho, índice pluviométrico etc.

Os educandos observaram que a unidade de produção visitada é manejada

ecologicamente e se destaca das demais da região. A mão de obra, exclusivamente

familiar, é envolvida com uma diversidade de atividades, tais como: cultivo de espécies

frutíferas, essências florestais, horta, pequenas criações, roça consorciada de milho e

feijão etc. Fazem uso de esterco de animais do próprio estabelecimento, não fazem uso

de queimadas, não utilizam adubo químico, e utilizam venenos somente para matar

formigas (não utilizam em nenhuma cultura).

A visita de campo prosseguiu com aplicação de entrevista coletiva ao proprietário,

o qual completou as informações e dúvidas levantadas pelos alunos.

Na avaliação do grupo a visita foi muito importante, destacaram em suas falas que

se impressionaram com a “forma natural que a propriedade é trabalhada por toda a

família”. Isto aponta que a visita sensibilizou para alguns elementos da Agroecologia.

Também houve destaque em suas falas para a capacidade de Sr. Ninhas de fazer

experimentos em sua unidade de produção. Isto nos permitiu introduzir o conceito de

“agricultor experimentador”, o qual pesquisa/busca informações sobre técnicas, manejos,

formas de trabalhar na terra através de vias diferentes como reuniões, leituras, encontros,

visitas, entre outras. Combinando novos conhecimentos com conhecimentos que já

tinham, reinventam maneiras de trabalho adaptados a sua realidade.

ATIVIDADE 7 - CARACTERIZANDO A UNIDADE PRODUTIVA DA AGRICULTURA FAMILIAR : PROPRIEDADE REAL x PROPRIEDADE IDEAL Procedimento: Primeiro momento:

1. Cada educando/a de forma livre fez o desenho representando sua unidade produtiva caracterizando-a

2. Exposição individual dos desenhos com destaques para aspectos ambientais 3. Produção de textos.

Segundo Momento: 1. Construção de painéis coletivos - Representação da “propriedade ideal”.

Identificando: meio ambiente, tecnologias, terra, trabalho .

18

2. Elaboração de painéis representando o que desejam para a agricultura familiar. 3. Exposição dos grupos. 4. Reflexão e debate.

Após a exposição individual da unidade de produção de cada um, a classe foi

dividida em três grandes grupos, com a tarefa de reproduzirem em painéis de forma

criativa uma representação de unidade enquanto agricultores familiares nos aspectos

sociais, políticos, econômicos, culturais e produtivo. O debate no grupo deveria identificar

e sistematizar as expectativas, sonhos e necessidades enquanto agricultores familiares

através da representação de unidade de produção familiar “ideal”.

Equipe 1

As potencialidades: energia elétrica, parabólica, área de lazer, residência confortável,

poço artesiano, curral, arado, bebedouro para animais de pequeno porte, água

encanada, trator, foice, machado, enxada.

Plantio diversificado: laranja, café, mandioca, abacaxi, cana-de-açúcar cultivados pela

família.

Área de pastagem, reserva florestal, estrada em bom estado de conservação para

escoamento da produção, escolas de qualidade no campo voltado para a realidade do

campo, incentivo para que o jovem permaneça no campo, acesso a crédito,

assessoria técnica, organização em associações ou cooperativas para

comercialização.

Equipe 2:

Casa, piscina, computador, telefone, caminhão. Horta, plantio diversificado com várias

cultura. Rio, reflorestamento, escolas no campo que trabalhem questões voltadas para o

campo preparando o educando/a para trabalhar em sua propriedade tornando-a

sustentável.

Equipe 3: Serra geral.

Casa com área para lazer. Piscicultura, reserva florestal, animais silvestres, diversificação

tendo em vista as diferenças regionais: mandioca, palma, milho, feijão, sorvo;

conhecimento do solo para ver que cultura é possível cultivar; espaço diferente para

19

criação de animais (caprinos, ovinos, suínos, galinha caipira, bovino); hortaliças;

fruticultura; organização para a comercialização.

Considerações:

O resultado desta dinâmica nos mostrou que persiste no campo uma concepção

da agricultura familiar do modelo ideologicamente imposto ao campo no processo da

Revolução Verde. Na apresentação dos painés encontramos o modelo e valores do

grande latifúndio representado por várias culturas, mas na lógica do manejo produtivo da

monocultura. Não existe um planejamento integrado de espécies. Não apresentam

estratégias de convívio da agricultura familiar em relação aos fatores ambientais.

A visão de desenvolvimento sustentável existe, mas de forma difusa e

fragmentada. Provavelmente conseqüência de processos formativos de base teórica

insuficiente.

Quanto ao processo organizativo, encontramos a agricultura familiar deslocada de

uma discussão regional e global. As problemáticas da agricultura familiar foram por eles

somente relacionadas “na visão de sua propriedade”, carências e necessidades estão

desvinculadas de processo organizacional, desse modo perde-se a visão de totalidade.

As estratégias para o “desenvolvimento da propriedade ideal” são colocados por

fatores externos, como a ausência do Estado na elaboração de políticas de escoamento

e credito e comercialização da produção. Apenas uma equipe na exposição mencionou

como estratégico criar um sistema de cooperativas para venda ordenada dos produtos

da agricultura familiar.

ATIVIDADE 8 – PORTUGUÊS E LINGUAGEM Produção de texto individual: “Propriedade ideal : Realidade e possibilidades” -

Após a exposição das equipes, foi solicitado de cada educando elaboração de um

texto dissertativo, sobre quais as possibilidades reais, e os limites para a propriedade

“ideal” pensada pelo seu grupo.

20

ATIVIDADE 9 – CIENCIAS HUMANAS AREA DO CONHECIMENTO : Geografiia.

Procedimento: Introdução as categorias da geografia a partir dos mapas das unidades de

produção elaboradas pelos alunos

O educador trabalhou conceitos como: espaço geográfico, paisagem, território, e

lugar relacionando a organização espacial e social. Aprofundou estes conceitos utilizando

os mapas da Bahia, do Brasil e os desenhos elaborados pelos educandos. A partir deles,

faz uma leitura da realidade e dos processos naturais sócias existente.

Destacou a importância da disciplina através da leitura coletiva do texto: “Por que

estudar Geografia”, identificando abrangência e importância dos conhecimentos básicos

da área para viver em sociedade e exercer cidadania. Destacou ainda a importância da

geografia critica para a formação de consciências em coletividades seja de um bairro, de

uma comunidade e para um país.

Em seguida fez uma oficina com uso de mapas para fixação das principais

categorias da geografia e para identificar o conhecimento que os educandos tinham

sobre a área.

IV - RELATO DAS VISITAS DE ACOMPANHAMENTO AS COMUNIDADES Procedimento : Orientação para iniciar as visitas as comunidades e formação das duplas Composição: SUB-REGIÕES COMUNIDADE

SUDOESTE Aluisio , Zildete Lagoa do Moreira Balbino Manoel Moutinho

Bouqueirão

Manoel F, e João Lelis Faz. Braga Adevair, Mamédio Boi Bravo Paulino, Manoel Estiva Afonso, Anscario Floresta Darci Associação Comunitária Gente que faz

SERRA GERAL Odair e Conceição Lagoa do Arroz Afonso e Maria Barrigudas Lucas e João Brejo

21

Luciene Alecrim Antonio Laranjão

No primeiro módulo havíamos orientado os educandos a fazerem uma discussão

nos seus sindicatos, associações para escolha das comunidades a serem visitadas. Dos

alunos presentes 23, haviam feito o debate e definindo a comunidade que agrupamos

nas seguintes sub-regiões conforme quadro acima. Os demais ainda estavam a definir

com suas entidades representativas a comunidade a ser visitada.

Distribuímos e explicamos o primeiro instrumento didático de orientações para as visitas.

V - AVALIAÇÃO INTERATIVA

Desde o inicio do projeto, a equipe pedagógico compreendeu que avaliação é um

processo, não é resultado. A avaliação é um movimento de ação-reflexão para

compreender a organização do trabalho pedagógico, a teoria do conhecimento e a

pratica. Um movimento permanente de analise das praticas vividas, buscando o

aperfeiçoamento do projeto político pedagógico.

Desse modo, neste modulo solicitamos aos educandos que escrevessem uma carta para

um colega da turma, relatando a experiência vivida no curso, mesmo que parcial e sobre

suas dificuldades.

VI - CONSIDERAÇOES FINAIS

A identidade individual e do grupo ficou evidente pela relação que os educandos –

agricultores familiares, estabelecem com a terra (espaço produtivo) e pelo trabalho

(familiar), que reproduzem relações sociais que caracterizam sua identidade e que

possibilita sua permanência na terra. Faz-se necessário discutir os espaços pra alem da

unidade produtiva familiar, ampliando suas visões para o projeto de desenvolvimento

sustentavél da agricultura familiar na totalidade das relações que a compõe.

Cabe a educação na perspectiva da formação humana emancipatória, romper com

paradigmas individualistas, ajudando-os a construírem valores solidários. Reforçar na

formação e na escolarização práticas pedagógicas capazes de ajudarem os educandos a

caminharem para construção da organização da agricultura familiar.

22

Para isso, introduziremos no próximo modulo um panorama do processo de

organização institucional dos movimentos sociais do campo no Brasil, identificando os

elementos históricos para compreensão do atual projeto político da agricultura familiar.

Faz-se necessário teorizar conceitos de agroecologia, agroecossistemas,

segurança alimentar através da combinação de discussões teóricas e práticas.

Por fim, este módulo nos revela a importância de (re)discutir o eixo

“desenvolvimento sustentável e solidário” na formação de formadores do Projeto Semear.

BIBLIOGRAFIA:

NIDELCOFF, Maria Tereza. A escola e compreensão da realidade. Ed.brasilense SP,1998. PENTEDO, H.D. Metodologia do Ensino de História e de Geografia Diagnóstico Rural Participativo – Texto base (anexo) Adaptado de diversas fontes.

PPRROOJJEETTOO SSEEMMEEAARR –– DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO EE VVAALLIIDDAAÇÇAAOO DDEE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

DDEE EEDDUUCCAAÇÇAAOO DDEE JJOOVVEENNSS EE AADDUULLTTOOSS RRUURRAAIISS EEMM CCIINNCCOO EESSTTAADDOOSS DDOO

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RReellaattóórriioo ddee QQuuaalliiffiiccaaççããoo TTééccnniiccaa ee PPrrooffiissssiioonnaall LLooccaall:: VViittóórriiaa ddaa CCoonnqquuiissttaa-- BBaahhiiaa..

DDaattaa:: 0066 aa 0077 ddee ddeezzeemmbbrroo ddee 22000044

1

PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio da Silva

MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO Ricardo Berzoini SECRETÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO Remígio Todeschini DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE QUALIFICAÇÃO Antônio Almerico Biondi Lima COORDENADORA GERAL DE QUALIFICAÇÃO Eunice Léa de Moraes © copyright 2004 – Ministério e Trabalho e Emprego

Secretaria de Políticas Públicas de Emprego – SPPE Departamento de Qualificação – DEQ Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 3º andar, Sala 300 CEP: 70059-900 – Brasília – DF Telefones: (61) 317-6239 / 317-6004 FAX: (61) 224-7593

E-mail: qualificaçã[email protected] Obs: Os textos não refletem necessariamente a posição do Ministério do Trabalho e Emprego

2

SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO....................................................03

INTRODUÇÃO............................................................................04

• Aspectos teóricos, metodológico.......................................04 • Proposta político pedagógica............................................ 04

• Programa do curso ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,05

DESENVOLVIMENTO............................................................... 05 AVALIAÇÃO E CONSIDERAÇÕES ...........................................22

ANEXOS ...................................................................................23

3

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. PROJETO DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIAS DE

EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS RURAIS EM CINCO ESTADOS DO

NORDESTE.

2. Órgão proponente:

FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

3. Órgão Concedente:

Ministério do Trabalho e Emprego/Secretaria de Políticas Publica de Emprego

4. Equipe de Coordenação Pedagógica:

Marize Souza Carvalho Ariedalva Lopes de Brito Ana Paula Ferreira

5. Assistente Local:

Vitoria Alves do Santos.

6. Coordenação Política : José Orlando Caldas Falcão Joeleno Monteiro Santos

4

II – INTRODUÇÃO

a) Aspectos Teóricos, Metodológicos

Em vista do acúmulo dos conhecimentos nos dois módulos e na perspectiva de

prosseguir na construção do nosso eixo principal: “Desenvolvimento da Agricultura familiar” o

laboratório de qualificação técnica e profissional foi estruturado, basicamente, com os

objetivos de provocar nos educandos a reflexão sobre a realidade de sua propriedade;

considerando sua produção, seus problemas, suas potencialidades e seus desafios e

também teve o objetivo de reforçar o conceito construído sobre a agricultura familiar na

perspectiva do desenvolvimento sustentável introduzindo o debate da agroecologia.

O laboratório foi realizado em campo, no sítio de Sr. Ninhas e Dona Dora no Município de

Vitória da Conquista, nos dias 06 e 07 de Dezembro de 2004, com a carga horária de 16

horas.

b) Proposta político pedagógica

A agroecologia é entendida como um enfoque científico destinado a apoiar a transição

dos atuais modelos de desenvolvimento rural e de agricultura convencionais para os estilos

de desenvolvimento rural e de agriculturas sustentáveis (Caporal 2002). A agroecologia

constitui um enfoque teórico e metodológico que, lançando mão de diversas disciplinas

científicas, pretende estudar a atividade agrária sob uma perspectiva ecológica. Sendo

assim, a Agroecologia, a partir de um enfoque sistêmico, adota o agroecossistema como

unidade de análise, tendo como propósito, em última instância, proporcionar as bases

científicas para apoiar o processo de transição do atual modelo de agricultura convencional

para estilos de agriculturas sustentáveis. Segundo Gliessman (2000), o enfoque

agroecológico pode ser definido como a aplicação dos princípios e conceitos da Ecologia no

manejo e desenho de “agroecossistemas sustentáveis” , num horizonte temporal, partindo do

conhecimento local que, integrando ao conhecimento científico, dará lugar à construção e

expansão de novos saberes socioambientais, alimentando assim, permanentemente, o

processo de transição agroecológica.

Nesta perspectiva, este laboratório ao levar a temática Agroecologia, buscou não

simplesmente levar em consideração técnicas de produção sem veneno, ou o manejo

ecológico do solo. Trouxe elementos sobre o surgimento da agricultura, o manejo na

agricultura convencional, a importância do planejamento da propriedade, a potencialidade e

limites dos agroecossistemas, buscando em todos os momentos respeitar e integrar novos

conhecimentos aos já possuídos pelos educandos. Para que esse processo tivesse um

5

maior êxito, aconteceu na unidade produtiva de um agricultor familiar, onde aconteceram

discussões teóricos e práticas.

A temática agroecologia é um dos pilares do curso, desta forma o laboratório não teve como

objetivo esgotar a temática, ela surgirá novamente no módulo 3 e em outros momentos do

percurso.

c) Programa do Laboratório Técnico Profissional

Tema/ conteúdo Metodologia

1. Memória (fazendo a ponte entre o módulo e o laboratório)

2. Histórico da Agricultura Discussão sobre Revolução Verde, formas tradicionais de produção, pacote tecnológico, transgênico

3. Equilíbrio do Meio Ambiente Tempestade de idéias Planejamento das visitas dos educadores Conhecendo a realidade da propriedade Conhecendo a relação com entidades e atores sociais locais

Caminhada Transversal com coleta de plantas/ divisão por grupos Questionário de planejamento da propriedade

Conhecendo o solo Discussão sobre origem, estrutura, a vida no solo, matéria orgânica, química do solo

Principais causas de degradação dos solos Tempestade de idéias Regeneração do solo Demonstrações :

Prática da bandeja Prática da garrafa Pet Compostagem Biofertilizante

III - DESENVOLVIMENTO

Um pouco de história sobre a agricultura

Antes da agricultura ser inventada as pessoas andavam de um lugar para outro atrás de

comida e segurança. Os homens andavam pescando e caçando e as mulheres colhendo

frutos. Nesse tempo as pessoas não tinham casa, nem segurança e era muito difícil e

perigoso buscar comida na mata. As pessoas não moravam o tempo todo em um único lugar,

elas passavam algum tempo no mesmo lugar, num acampamento e quando a comida

acabava, elas iam para outro canto e só voltavam para esse lugar muito tempo depois.

Quando voltavam as mulheres observavam que as sementes que caíram no chão, durante o

preparo dos alimentos, tinham germinado, crescido e começado a produzir frutos iguais aos

que existiam na mata. Foram desta forma, compreendendo que podiam escolher as

6

sementes que mais usavam na alimentação e semeá-las. Até que chegaram ao ponto de ter

como plantar e colher muitos tipos de frutos em vez de ir na mata para coletá-los. As

mulheres também descobriram que onde as cascas e os restos de frutas eram jogados,

cresciam mais plantas. Então começaram a jogar os restos nos pés de árvores que davam

frutos e nas suas plantações.

Do início da Agricultura para os nossos dias, o que mudou na forma de produção?

Foram apontados pelos participantes alguns pontos e houve a partir daí um debate:

Antigamente os agricultores tinham uma variedade grande de sementes, vários tipos

diferentes de feijão, milho e outras culturas. Produziam suas próprias sementes. Muitos

agricultores perderam estas sementes. Hoje grande parte dos agricultores compram as

sementes para plantio, e estas são as sementes comerciais. Como elas perdem o poder de

germinação entre as safras, os agricultores sempre ficam na dependência de comprar as

sementes.

O equilíbrio no Meio Ambiente era grande, por isso quase não existiam pragas e doenças.

Não se usava venenos e adubos químicos. Hoje a natureza está tão degradada, cada dia

que passa aumenta as pragas e doenças e a quantidade de químicos aplicados.

Neste momento o grupo foi dividido em três e orientado a fazer uma caminhada pelo sítio,

levando em consideração toda a discussão realizada até o momento sobre o meio ambiente.

Todos os grupos receberam orientações para observarem e coletarem amostras dos

diferentes solos encontrados durante a caminhada. Todos também receberam material de

coleta das plantas (papel cartão e contact) para a construção de um herbário. Foi dada a

orientação que ao coletarem as plantas também descrevessem seu uso.

Grupo 1 responsável pela coleta das ervas. (plantas de pequeno porte)

Grupo 2 responsável pela coleta das arbustivas. (plantas de médio porte)

Grupo 3 responsável pela coleta das árvores. (plantas de alto porte)

Grupo ervas:

Crista de galo – para tratamento de pessoas com diarréia, antiinflamatório;

Carrapicho de ovelha – conservação do solo;

Malva branca – quentura, alimento para animais;

Maracujá do mato – calmante;

Arrozinho – quentura;

Batata-doce – antiinflamatório, alimentação, dor de dente;

Cega –cega - contra verruga;

7

Carrapicho de agulha – quentura, hepatite, problema renal, antiinflamatório;

Hortelã – gripe, tosse;

Erva cidreira – calmante, gripe, dor de barriga, dor de cabeça;

Feijãozinho de pombas – alimentação de pombos;

Mastruz – verminose, antiinflamatório;

Abacaxi – digestivo, recuperação das vias urinarias;

Capim Açu – dor de barriga de cachorro.

Grupos arbustos:

Cana-de-açúcar - álcool, alimentação de animal, pressão alta, açúcar etc;

Caiçara – alimentação dos pássaros, dor de barriga, gripe;

Milho – alimentação humana e animal (óleo);

Andu – alimentação humana e animal, recupera o solo;

Água-de-colônia;

Pinhão roxo - olho gordo, ferimento;

Acerola – doce, suco e chá ricos em vitamina C;

Mamona – óleo, uso medicinal, porém é tóxico.

Araçá – alimentação.

Café – alimentação humana, controla o colesterol, minimiza o efeito do álcool;

Capim elefante – ração animal;

Romã – cicatrizante;

Maracujá – efeito calmante, suco;

Mandioca – alimentação humana e animal, tratamento de doenças nos ossos;

Palma – alimentação, tratamento de doenças nos rins.

Grupo árvore:

Quiabento – fazer cerca viva, alimentação para animais; Eucalipto – chá com as folhas para febre e para gripe, calmante, óleo para dor,

xarope, produtos de limpeza, carvão, papel, fabricação de móveis, material de

construção.(suga a água do solo); Jamelão – tratamento da diabete, colesterol, alimentação humana (suco, fruta); Pinho – fazer móveis; Pau ferro – chá para dor, fazer lenha, carro de boi; Monzê – para fazer lenha, cerca, morão, canoa, alimentação animal etc; Goiaba – suco, doce, chá para dor de barriga, limpeza dos dentes;

8

Discutindo sobre os solos

Analisando as diferentes amostras de solos coletadas pelos três grupos, iniciamos uma

discussão sobre Solos. Iniciamos este debate com a seguinte pergunta: O agricultor

normalmente cuida mais da planta ou do solo? Todos responderam que os agricultores

cuidam mais da planta e dão pouca importância ao solo.

Qual a origem do Solo?

Alguns podem pensar que o solo existe “desde a criação do mundo”. Mas não é bem assim.

O solo surgiu de uma transformação lenta. No início a superfície do nosso planeta Terra era

só pedra e rocha. Com a ação do vento, sol, chuva, a mudança entre frio e quente, a rocha

foi se quebrando em pedaços menores, depois virando areia e pó. Neste pó aparecem

animais e plantas, tão pequenos que não conseguimos enxergar, que ajudaram a

transformar o pó de pedras em terra boa, onde crescem as plantas. Essa transformação

acontece até hoje, mas não conseguimos ver porque é muito devagar. A natureza gasta de

400 a 1000 anos para transformar um centímetro de rocha em solo bom para plantar. A

formação de um palmo, cerca de 20 centímetros de solo demora 20.000 anos. Como a sua

transformação leva tanto tempo temos que cuidar bem do solo, pois uma vez degradado é

difícil de recuperá-lo.

Quais os elementos que dão estrutura ao solo?

Composição do solo em percentual de volume

23%

25%

45%

7%

ÁguaArMineraisMatéria Orgânica

A terra: Ela é composta por 3 substâncias : Areia (substância mais grossa do solo),

Argila (substância mais fina) e mais uma outra substância, que se chama silte (tamanho

intermediário).

9

Os grumos: A terra forma junto com os restos vegetais também chamados matéria

orgânica agregados, significa que quanto mais agregados, quanto mais grumoso é o solo,

tanto mais nutrientes ele tem e mais fértil ele é.

Os poros grandes: Nos grandes poros o solo armazena água, que é tão importante

para os microorganismos e para as plantas.

Os poros pequenos: Nos pequenos poros, o solo armazena o ar, que é tão importante

para os microorganismos e para as plantas.

Qual a importância de uma boa estrutura do solo?

Em um solo fofo, grumoso e úmido as plantas são mais produtivas, pois têm mais raízes e

nutrientes e as plantas se alimentam melhor.

Em um solo bem estruturado tem mais vida, grumos, água, ar e nutrientes. Ao contrário, do

solo compactado que tem pouco alimento, água e ar, consequentemente pouca vida.

Qual a vida que tem no solo?

Pequenos animais: centopéias, minhocas, larvas, ácaros, colêmbolas, formigas, moluscos,

nematóides etc.

Microorganismos: Protozoários, fungos e bactérias. Em uma colher de chá de terra encontra-

se cerca de 150 milhões de microorganismos.

Qual a importância da vida do solo?

A vida do solo é responsável pela decomposição dos restos vegetais e animais, devolvendo,

nutrientes à terra.

A vida do solo ajuda na formação de grumos do solo, deixando-o bem estruturado e fofo.

A vida do solo contribui no controle de pragas e doenças que vive no solo. Em um solo rico

em vida, os pequenos animais, fungos, bactérias e protozoários se controlam uns aos outros.

O que significa que em um solo rico em vida tem equilíbrio natural, com poucas doenças e

pragas.

Qual a importância da cobertura do solo?

A cobertura mantêm o solo frio, criando condições para que as plantas cresçam e os animais

e microorganismos vivam. Com temperatura alta os animais, que vivem no solo morrem e as

plantas não conseguem mais se alimentar e se desenvolver.

A cobertura evita a perda de água pelo calor e sol. Em um clima quente e seco a perda de

água por metro quadrado fica em torno de 8 litros por dia, podendo chegar até a 14 litros.

10

A cobertura fornece nutrientes às plantas. Depois da decomposição das plantas, todos os

nutrientes, que elas absorvem são devolvidos ao solo e se tornam alimentos para novas

plantas.

Quais as formas de cobertura que existem?

1. Cobertura viva: Ela pode ser a vegetação natural ou as plantas da adubação verde. O

controle da cobertura viva é feito por roçagem.

2. Cobertura seca ou morta: Ela é feita com palhas ou outros restos vegetais colocados nas

covas de frutíferas (plantas que produzem frutas) ou outras culturas (milho, feijão, pimentão,

etc).

Quais as características de um bom solo para a planta?

È muito importante entender que a terra onde a gente planta, o solo, não é um pedaço de

barro ou lama morta, mas sim a casa de muitos seres vivos.

É interessante observar no desenho acima a comparação entre dois solos. O primeiro é um

solo quase sem vida e matéria orgânica. Ele é compactado, as raízes não conseguem

penetrar livremente. Nele está plantado plantas da mesma família, está sem cobertura. A

água da chuva cai sobre ele e tem muita dificuldade de penetrar, escorre pelos lados,

levando embora uma quantidade razoável de solo. O segundo solo tem muitas raízes de

plantas de famílias diferentes, cobertura e têm seres vivos (minhocas, moluscos, centopéias,

colêmbolos e outros bichinhos menores como bactérias, fungos etc). Este solo é um solo

11

bom para lavoura, pois está com muitos seres vivos que fazem o solo rico e produtivo, com

muitas raízes e cobertura seca, terra fofa, cheio de poros por onde entram ar e água. È um

solo com matéria orgânica que alimenta a planta e evita que a terra seque rápido demais. È

importante entender que a matéria orgânica é formada através da decomposição de folhas,

insetos mortos, madeira e talos que caíram no chão.

O solo merece cuidados tais como: não queimar, não plantar morro abaixo, uso de cobertura

e composto orgânico, entre outros.

Após conversarmos sobre a importância do solo, fizemos duas práticas.

Usamos para a primeira prática duas bandejas/formas, na primeira bandeja colocamos um

solo sem matéria orgânica e nenhuma cobertura. Na segunda bandeja, colocamos um solo

com matéria orgânica e cobertura vegetal. Inclinamos as duas bandejas e com o uso de um

regador simularmos/imitarmos o efeito da chuva nos dois tipos de solos. Todos observaram

que houve uma grande perda de terra (levada pela água) no solo que estava sem cobertura.

Da mesma forma, todos observaram o quanto o solo com cobertura, ficou protegido, pois foi

perdido uma quantidade mínima de solo.

Para a segunda prática, utilizamos duas garrafas pet transparentes (garrafa plástica de

refrigerante) cortadas acima da metade. Na primeira garrafa colocamos solo com matéria

orgânica e bastante aerado (presença de ar). Na segunda garrafa colocamos solo sem

matéria orgânica, bastante compactado. Nesta prática também utilizamos o regador para

simular/imitar o efeito da chuva no solo. Todos puderam observar com bastante clareza o

efeito benéfico da presença da matéria orgânica no solo, pois a penetração da água no solo

com matéria orgânica é muito mais “tranqüila”. Ao passo que no solo compactado e sem

matéria orgânica a penetração da água foi muito reduzida.

Depois de realizada as duas experiências aconteceu um debate muito interessante, onde os

participantes de posse dos novos conhecimentos obtidos hoje, expuseram suas idéias,

opiniões e suas experiências próprias em seus solos.

Para propiciar um momento de estudo em grupo, distribuímos aos educandos um texto que

trás alguns elementos de como trabalhar de forma mais harmoniosa com a natureza e

algumas técnicas agroecológicas.

Cuidando da natureza

Para se trabalhar de forma mais harmoniosa com a natureza, é importante levar em

consideração as relações existentes dentro e fora da propriedade. Também é importante

12

conhecer e respeitar a diversidade existente na propriedade, considerando a lavoura e a

criação como elementos dentro da natureza, que não podem ser trabalhados isoladamente.

Precisa-se conhecer os elementos dessa diversidade para que se possa manejá-los

adequadamente, trabalhando a favor da natureza e não contra ela, como é feito na

agricultura convencional.

Trabalha-se a conservação do solo ao invés de destruí-lo com aerações e gradagens

sucessivas. Em vez de se eliminar, aprende-se a trabalhar a parceria entre as ervas e as

culturas, entre as criações e as lavouras.

Nesta lógica não se considera todos insetos como pragas, pois com plantas resistentes e

com equilíbrio entre as populações de insetos e seus predadores, eles não chegam a causar

danos econômicos nas culturas. Dentro desse mesmo princípio não se trata todas as

doenças com veneno, mas busca-se fortalecer a planta para que esta não se torne suscetível

ao ataque de doenças e de insetos.

Os fatores que afetam o equilíbrio e a resistência das plantas são: falta ou excesso de

umidade, aplicação de agrotóxico, adubação com adubo químico solúvel, solo sem proteção

etc.

Para manter a planta equilibrada é preciso que ela receba uma nutrição adequada, o que não

se consegue utilizando adubos químicos solúveis (NPK), devido a suas altas concentrações

e solubilidade que provocam absorção forçada pela planta e consequentemente criam

desequilíbrios na vida da planta. Estes desequilíbrios deixam a seiva rica em aminoácidos

livres, que é o alimento predileto dos parasitas.

Para uma nutrição adequada, é necessário que o solo seja fértil e biologicamente ativo, como

terra de mato que sustenta árvores gigantescas sem nunca ter sido adubada.

Solo fértil é solo vivo, com muita matéria orgânica e com diversas espécies vegetais, insetos

e microorganismos. Quanto mais matéria orgânica, mais vida tem o solo, melhor nutrida e

equilibrada é a planta que nele se desenvolve.

O agricultor deve conhecer cada vez mais os sinais da natureza. Ele deve saber que quando

aparecem muitos insetos, ou determinado tipo de erva nativa, é devido a algum tipo de

desequilíbrio ou alguma carência. Neste caso, o certo é corrigir o desequilíbrio, ao invés de

matar os insetos ou eliminar a erva, pois devemos eliminar a causa do problema e não

apenas suas conseqüências.

A terra se cobre daquilo que é melhor para ela: se tem samambaia é porque o solo é ácido;

guanxuma é porque o solo está compactado; o cabelo de porco indica exaustão de cálcio

etc. Isto tudo significa que, conhecendo estes e outros sinais da natureza, as práticas de

manejo utilizadas pelo agricultor virão em benefício da natureza e não contra ela.

13

Técnicas que não agridem a natureza

Adubação verde A adubação verde é o cultivo de plantas que estruturam o solo e o enriquecem com

nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e micronutrientes. As plantas de adubação verde

devem ser rústicas e bem adaptadas a cada região para que descompactem o solo com suas

raízes vigorosas e produzam grande volume de massa verde para melhorar a matéria

orgânica, a melhor fonte de nutrientes para a planta.

Adubação orgânica A adubação orgânica é feita através da utilização de vários tipos de resíduos, tais como:

esterco curtido, vermicomposto de minhocas, compostos fermentados, biofertilizantes

enriquecidos com micronutrientes e cobertura morta. Todos esses materiais são ricos em

organismos úteis, macro e micro nutrientes, antibióticos naturais e substâncias de

crescimento.

Adubação Mineral A adubação mineral é feita com adubos minerais naturais de sensibilidade lenta, tais como:

pó de rochas, restos de mineração, etc. Estes adubos fornecem nutrientes como cálcio,

fósforo, magnésio, potássio e outros, em doses moderadas, conforme as necessidades da

planta.

Não usar agrotóxicos Os agrotóxicos, além de contaminar as águas, envenenar os alimentos, matar os inimigos

naturais dos parasitas e contaminar quem os manuseia, desequilibram as plantas, tornando-

as mais suscetíveis.

É comum que logo depois de uma aplicação de agrotóxicos as plantas sofram ataques ainda

mais fortes, obrigando o agricultor a recorrer a venenos mais fortes ainda.

Não usar adubos químicos solúveis Este tipo de adubação é a causa de dois problemas sérios: a morte de microorganismos úteis

do solo e a absorção forçada pela plantas, pois estes sais, além de se solubilizarem na água

do solo, apresentam-se em altas concentrações. Este processo resulta em desequilíbrio

fisiológico da planta, deixando-a suscetível aos parasitas.

14

Usar defensivos naturais Defensivos naturais são produtos que estimulam o metabolismo das plantas quando

pulverizados sobre elas. Estes compostos, geralmente preparados pelo agricultor, não são

tóxicos e são de baixo custo. Como exemplos podemos citar: biofertilizantes enriquecidos,

água de verme composto, cinzas, soro de leite, enxofre, calda bordalesa, calda sulfocálcica,

etc.

Combinação e rotação de culturas Esta consiste em cultivar conjuntamente plantas de diferentes famílias, com diferentes

necessidades nutricionais e diferentes arquiteturas de raízes, que venham a se

complementarem. Como, por exemplo, o plantio conjunto de gramíneas (milhos) e

leguminosas (feijão). Também podem ser utilizadas plantas consideradas inços, pois elas

são bem adaptadas, retiram nutrientes de camadas profundas, colocando-os em

disponibilidade na superfície e produzem grande volume de biomassa.

Antes de implantar a cultura, estas plantas são incorporadas através de aração rasa para

que se decomponham e deixem os nutrientes disponíveis nas culturas. No caso dos

pomares, são deixadas na superfície e controladas com roçadas baixas. Como exemplo

podemos citar o caruru, o picão branco, o nabo, a samambaia etc.

E na agricultura convencional?

Como o solo é tratado em uma agricultura convencional? Para melhor entender o que

acontece com o solo, com as plantas e com todo o meio ambiente na agricultura

convencional, destacaremos algumas características deste tipo de agricultura.

A)Monocultura

B)Adubos químicos

C)Transgênicos

D)Venenos

A)Monocultura - significa o plantio de uma cultura só. Normalmente, as monoculturas são

vistas em grandes extensões de terra.

O plantio em monocultura trás o aumento do ataque de pragas e doenças, além de

proporcionar o esgotamento do solo, pois cada planta tem exigências nutricionais

específicas. Significa que ela tira muito de certos nutrientes e menos de outros. Aos poucos

faltam nutrientes e a terra fica cansada.

B) Adubos químicos – todo mundo certamente já ouviu falar em adubos como o 4 -14 -8 , ou

o 30 – 30 – 30 , e outros mais. São fórmulas compostas por três substâncias químicas, NPK.

15

O primeiro é o N que significa Nitrogênio, o segundo é o P que significa Fósforo e o terceiro é

o K que significa Potássio. A adubação química trabalha basicamente com estes 3 nutrientes

(Nitrogênio, Fósforo e Potássio). Mas, as plantas precisam, além de nitrogênio, fósforo e

potássio, de outros nutrientes: cálcio, magnésio, enxofre, zinco, ferro, cobre, manganês,

cobalto, molibdênio, oxigênio, carbono, boro, hidrogênio e cloro.

Quais os problemas da adubação química?

Má nutrição e pouca resistência da planta;

Esgotamento dos nutrientes que os adubos químicos não fornecem, pois a planta tira-

os do solo;

Alto teor de sais nos adubos químicos causa salinização da terra.

C) Transgênicos

São plantas e animais geneticamente modificados nos laboratórios. Até hoje os efeitos que

estas modificações genéticas causam na natureza, nas plantas, ou na saúde dos animais e

nas pessoas não são muito bem pesquisados. As indústrias químicas dizem que estão

desenvolvendo os organismos transgênicos para acabar com a fome, mas a maioria das

culturas geneticamente modificadas são mais do interesse do latifundiário como soja

transgênica para ração de animais e exportação. Outra questão importante é que estas

sementes deixarão os agricultores cada vez mais dependentes das indústrias que as

produzem, porque elas não se multiplicam. Utilizando transgênico o agricultor não consegue

produzir sua própria semente, toda safra precisará comprá-la.

D)Venenos

O uso dos venenos, normalmente causam degradação do meio ambiente e intoxicação nas

pessoas que os aplicam. As pessoas podem apresentar vários sintomas: dor de cabeça, dor

de estômago, vômito, coceira na pele, ou até mesmo impotência sexual, insuficiência renal,

úlcera, câncer etc.

Alternativas para a Agricultura Familiar

Como poderemos trabalhar alternativas a toda essa forma de produção? Todos que estão

envolvidos neste projeto, FETRAF, FASE/Projeto SEMEAR e todos os Sindicatos envolvidos

acreditam na Produção Familiar Agroecológica.

A Agroecologia estuda as várias experiências desenvolvidas por todo o Brasil, por

agricultores familiares, em uma agricultura que respeite o Ser Humano e também o Meio

Ambiente.

16

A Produção Familiar Agroecológica é a

forma de agricultura de milhares de

agricultores familiares. Ela é diferente de

outras formas de agricultura, porque possui

algumas características e princípios

próprios:

• A capacidade inovadora da

agricultura familiar agroecológica

permite aumentar a produção,

diminuir os riscos das mudanças

climáticas, aumentar o abastecimento alimentar e a oferta de produtos para o mercado

por isso uma característica dessa agricultura é respeitar e valorizar os conhecimentos

dos agricultores.

• As soluções dos problemas são adaptadas às condições de cada agricultor, porque

ela considera que cada unidade familiar tem suas características próprias. Não é

possível que a mesma solução sirva para todos os agricultores.

• Na produção familiar agroecológica são envolvidas mulheres, homens e jovens,

criando oportunidades para a participação e valorização do papel de todas as pessoas

da família.

• Os produtores familiares socialmente organizados e com apoio adequado são capazes

de assumir a promoção do desenvolvimento rural e de formular políticas que o

favoreçam.

• Os pacotes tecnológicos produzidos por multinacionais (sementes, adubos, venenos),

que são difundidos, enfraquecem o equilíbrio da natureza. Por isso, os agricultores

agroecológicos resgatam e conservam sementes e plantas locais, que passam de pai

para filho, garantindo a sua autonomia e a biodiversidade local..

• Contribuem para um novo modelo de desenvolvimento, onde a cooperação entre as

pessoas é mais importante do que a competição.

• Na produção Familiar Agroecológica, a valorização da cultura local, é algo muito

importante. As pessoas têm hábitos, costumes e necessidades diferentes, e isso

precisa ser respeitado.

Sementes da paixão

Com o objetivo de fomentar práticas Agroecológicas neste momento assistiremos ao filme

Semente da Paixão, que conta a experiência de revalorização das variedades locais

17

tradicionalmente plantadas nos roçados, conhecidas localmente como as “Sementes da

Paixão”.

Resumo do filme:

Ter sementes de boa qualidade logo depois das chuvas é um indício de boa colheita. Para os

pequenos produtores do Nordeste brasileiro significa também liberdade e independência.

Para tanto, foram criados nos anos de 1970 os bancos de sementes.

Ao longo da nossa História, povos indígenas, ribeirinhos e agricultores desenvolveram

técnicas para melhorar e preservar as sementes. Mas todo o conhecimento tradicional

acumulado nunca foi considerado válido pelas políticas públicas. Parte desse saber

tradicional é mantido vivo no agreste da Paraíba, na região de Solânea, onde vivem Dona

Maria e Seu Edisio. Depois de passar por dificuldades financeiras, o casal resolveu criar um

banco familiar de sementes.

Seu Edisio conta que as sementes enviadas pelo Governo Federal chegam sempre

atrasadas. E quando chega o inverno, não dá mais para plantar. Daí a idéia de criar um

banco de sementes.

A técnica desenvolvida por Dona Maria e Seu Edisio começa com a seleção das sementes,

durante a primeira colheita. "Quando as primeiras vagens secam, eu apanho e faço a

separação para que não se misturem com as sementes da segunda leva", conta Dona Maria.

A agricultora criou um ritual para guardar as sementes. "Coloco a vagem para secar no

lajedo. Quando está bem sequinha trago para dentro de casa, deixo esfriar e coloco as

cinzas da fogueira de São João em volta delas, porque as cinzas são abençoadas. Faço isso

todos os anos".

Antônio Ferreira Lima, também agricultor e filho de Dona Maria, ergueu um silo (uma

construção cilíndrica e fechada para armazenar cereais) em sua propriedade. "Há muito

tempo eu venho acompanhando o trabalho da minha mãe. E vi que a sua preocupação é

certa. Resgatei sua sabedoria e ritual e vou repassá-los para os meus filhos e meus

vizinhos", conta.

Antônio faz parte do grupo que ensina os outros produtores a fazer silos que custam quase

metade do preço de mercado. Os agricultores recebem orientação da ONG ASPTA

(Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa) e do Pólo Sindical da

Borborema. "Além da preocupação quanto à conservação das sementes, estamos

preocupados com a biodiversidade que existe na nossa região", afirma.

Dona Maria já deixou de comer o feijão de sua lavoura só para guardar as sementes e

garantir o plantio do ano seguinte. Passou fome. Mas agora com o banco familiar as colheitas

18

se tornaram muito mais abundantes. Dona Maria é apenas uma entre centenas de outros

agricultores espalhados pelo Brasil que, com a sua simplicidade, ajudam a preservar as

sementes da biodiversidade brasileira.

Planejamento da propriedade

No módulo 2, uma questão colocada por alguns agricultores e acolhida por todos, é a

necessidade de melhor planejar a propriedade. Construímos um instrumental com o objetivo

de trabalhá-lo junto às famílias. Neste momento, o instrumental foi lido e discutido por todo o

grupo.

Diagnóstico da propriedade: conhecer para poder planejar

No diagnóstico da propriedade precisamos conhecer melhor, o mais detalhado possível,

quatro coisas importantes:

O que temos de recursos naturais (terra, vegetação nativa e água);

O que temos de coisas que fizemos (plantio, água, cercas, construções e criatórios);

O que conseguimos retirar de resultados na propriedade (lavouras e criatórios);

Qual a força de trabalho da família e como vive (quem trabalha na propriedade, rendas

de fora, moradia, alimentação, divisão de trabalho).

Para ficar mais fácil de fazer, vamos fazer um questionário com essas perguntas.

Questionário

Nome da propriedade: _____________________________________________________

Nome dos proprietários:

Tamanho da terra: __________________________

1. O que temos de recursos naturais.

Tipo de posse: própria ( ), arrendada ( ), familiares ( ) outra

__________________________

Quanto pode explorar da terra ________________

19

Qual o tipo de vegetação: caatinga ( ), área de capoeira ( ), áreas semi-desertas ( )

Fontes de água naturais: ______________________ Tamanho: _________

É permanente: sim ( ), não ( ) qualidade da

água______________________________________

2. O que temos de coisas que fizemos:

A) Plantação

O que temos plantado Quantos pés

de cada

Qual o

tamanho da

área

Quanto

produz

Onde estão

localizados

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

11.

12.

13.

B) Fontes de águas que fizemos

cisternas ( ) barreiros ( ) poços ( ) ( )açude ( )caxio/buraco na pedra

outros _________________________

C) Cercas:

Comprimento ____________________

De que material é feita _________________________

Onde estão localizadas _________________________

20

D) Construções :

Quais são Para que servem Como estão Qual o tamanho

E) Criatórios

Tipo Raça Idade Principais problemas

que fazem diminuir o

rendimento

3) O que conseguimos tirar de resultados da propriedade

A)Das Lavouras

Lavoura Que quantidade

é produzida

Quanto é

consumida

Quanto

vendemos

A que preço

B)Criatórios

Criatório Que quantidade

é produzida

Quanto é

consumida

Quanto

vendemos

A que preço

21

4) Qual a força de trabalho da família e como vivem?

A) Trabalho

Quem trabalha na propriedade Quando trabalha

Quem trabalha fora da propriedade Quanto ganha

B)Rendas de fora

Que outras rendas a família tem e qual o valor?

Renda Valor

C) Moradia

De que material é a casa ________________________________________________

Como é o saneamento básico_____________________________________________

Tem banheiro e sanitário ________________________________________________

D) Alimentação

Principais alimentos consumidos

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Quais são comprados

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

22

E) Divisão de trabalho

Qual a divisão de trabalho e responsabilidades entre os membros da família (homens,

mulheres, jovens e crianças).

III - Avaliação e Considerações

O conteúdo do laboratório foi avaliado de uma forma positiva pelos participantes, onde

destacam-se os seguintes depoimentos:

“Eu já fiz coisas erradas com o solo,mas hoje eu já não faço mais, porque tenho um pouco de

conhecimento que o solo merece mais carinho e respeito por ele. Este é o meu objetivo e

meu sonho.”

“ ... não queimar a terra, não plantar transgênico, guardar sementes em lugares fechados,

não sabia dessas coisas...”

“ A partir deste curso tenho descoberto a importância da Agricultura Familiar e aos poucos

estou entendendo o valor e capacidade que temos, mesmo morando numa região seca. Pois

descobri que a terra nos oferece tudo aquilo que precisamos. O que falta é nos conhecermos

melhor a terra e a natureza e aprender a lidar com ela. “

“ Quero levar estes conhecimentos para minha família e minha comunidade, para que juntos

possamos produzir e comercializar dentro do próprio município.”

‘’Eu com certeza quando chegar em casa, vou fazer muitas modificações. Por conta de tudo

isso que estou aprendendo. Com certeza vai mudar muito a minha vida, como a todos que

aqui se encontram.’’

Observamos que as questões trabalhadas no laboratório trouxeram para os educandos

uma nova visão da possibilidade de manejar suas propriedades. Porém pela importância

e complexidade da temática, iniciaremos o terceiro módulo recapitulando questões sobre

a Produção familiar agroecológica e ainda iremos novamente a campo para ampliarmos

a discussão sobre um manejo adequado e menos agressivo do que os métodos químicos.

23

PPRROOJJEETTOO SSEEMMEEAARR –– DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO EE VVAALLIIDDAAÇÇAAOO DDEE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

DDEE EEDDUUCCAAÇÇAAOO DDEE JJOOVVEENNSS EE AADDUULLTTOOSS RRUURRAAIISS EEMM CCIINNCCOO EESSTTAADDOOSS DDOO

NNOORRDDEESSTTEE..

RReellaattóórriioo ddoo IIVV MMóódduulloo ddoo CCuurrssoo ddee GGeessttããoo eemm DDeesseennvvoollvviimmeennttoo SSuusstteennttáávveell ee SSoolliiddáárriioo ccoomm EElleevvaaççããoo ddee EEssccoollaarriiddaaddee aaoo EEnnssiinnoo

FFuunnddaammeennttaall.. LLooccaall:: CCeennttrroo VVooccaacciioonnaarriioo–– VViittóórriiaa ddaa CCoonnqquuiissttaa-- BBaahhiiaa..

DDaattaa:: 2200 aa 2233 ddee jjaanneeiirroo ddee 22000055

PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio da Silva

MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO Ricardo Berzoini SECRETÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO Remígio Todeschini DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE QUALIFICAÇÃO Antônio Almerico Biondi Lima COORDENADORA GERAL DE QUALIFICAÇÃO Eunice Léa de Moraes © copyright 2004 – Ministério e Trabalho e Emprego

Secretaria de Políticas Públicas de Emprego – SPPE Departamento de Qualificação – DEQ Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 3º andar, Sala 300 CEP: 70059-900 – Brasília – DF Telefones: (61) 317-6239 / 317-6004 FAX: (61) 224-7593

E-mail: qualificaçã[email protected] Obs: Os textos não refletem necessariamente a posição do Ministério do Trabalho e Emprego

2

2

SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO....................................................03

INTRODUÇÃO............................................................................04

• Aspectos teóricos, metodológico.......................................04 • Proposta político pedagógica............................................ 05

• Programa do curso ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,09

DESENVOLVIMENTO................................................................ 08 RELATO DAS VISITAS DE ACOMPANHAMENTO ...................14 AVALIAÇÃO E CONSIDERAÇÕES ............................................17

ANEXOS ....................................................................................18

3

3

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. PROJETO DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIAS DE

EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS RURAIS EM CINCO ESTADOS DO

NORDESTE.

2. Órgão proponente:

FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

3. Órgão Concedente:

Ministério do Trabalho e Emprego/Secretaria de Políticas Publica de Emprego

4. Equipe de Coordenação Pedagógica:

Marize Souza Carvalho Ariedalva Lopes de Brito Ana Paula Ferreira

5. Assistente Local:

Vitoria Alves do Santos.

6. Coordenação Política : José Orlando Caldas Falcão Joeleno Monteiro Santos

4

4

II - INTRODUÇÃO a) Aspectos Teóricos, Metodológicos.

O compromisso com a construção de um projeto de escolarização que tenha por base a

afirmação da vida e da dignidade dos agricultores familiares é um dos princípios estruturadores da

proposta da Fase/Projeto Semear. Este principio vem exigindo um trabalho pedagógico

interdisciplinar que vise o processo de transição dos agricultores familiares para uma agricultura

ecológica. Tal postura política - metodológica implicou para a coordenação pedagógica desde o

segundo modulo, priorizar ações com os educandos(as) de modo a assumirem praticas de

agricultores “experimentadores”. Significou ainda, iniciar ações pedagógicas capazes de alterar a

matriz tecnológica utilizada na agricultura familiar da unidade produtiva, pela produção de

conhecimentos científicos conscientizadores expressos em novas praticas no manuseio do solo, no

plantio, colheita, beneficiamento e circulação dos produtos agrícolas com uma nova consciência

ecológica e de agricultura sustentável que preserve o meio ambiente e garanta a qualidade de vida.

Essa demanda trouxe para a organização do trabalho pedagógico a necessidade de introduzir

o eixo temático da “Organização da Agricultura Familiar” na perspectiva de provocar nos

educandos processos educativos participativos que envolvam a comunidade cooperativamente para

a solução dos problemas ambientais.

Neste modulo estamos aprofundando o estudo sobre a organização camponesa iniciada no

III modulo, mas também, trazendo as problemáticas que persistem no campo desde a década de 70

que exigem dos agricultores familiares novos conhecimentos com a terra, condição para

persistência e reprodução camponesa no Brasil e da melhoria das atuais condições de vida.

Ao ampliarmos o estudo da historia camponesa, íamos selecionarmos conteúdos

significativos e relevante de outras disciplinas, necessários para o domínio da agricultura familiar.

Ainda neste modulo inauguramos um espaço de leitura, com livros didáticos, revistas,

jornais, quadrinhos, materiais informativos os mais diversos, incentivando-os a manuseá-los e

apropria-se de outros conhecimentos, incentivando-os para postura da pesquisa na perspectiva de

torná-los bons leitores, da “palavra e do mundo”.

5

5

b) Proposta Político - Pedagógica Eixo Temático IV: Organização da Agricultura Familiar Tema gerador: Formação da Agricultura Familiar na Bahia Carga horária: 40 horas

Data: 20 a 23 de janeiro de 2005 Local: Município de Vitória da Conquista

Participantes: Jovens e adultos de STR`s, Associações, Cooperativas etc.

OBJETIVOS:

Geral Analisar o processo da formação da Organização da Agricultura familiar numa perspectiva

histórico - crítica identificando suas problemáticas.

Específicos

• Ampliar o estudo das organizações camponesas e as problemáticas da Agricultura familiar

iniciada na década de 1940 a 1970.

• Introdução ao estudo Segurança Alimentar e Revolução Verde, identificando as

conseqüências na agricultura familiar.

• Encaminhar uma visão diferenciada da historia priorizando as lutas sociais e a expressão

cultural dos diversos grupos sociais.

• Estudo da produção de texto para compreensão dos sentidos de um texto e da realidade.

• Conhecer tipologia de textos.

• Dialogar com os alunos suas produções de textos, para ampliar a visão da realidade e da

língua portuguesa.

• Superar a avaliação como momento de mera constatação, de modo a transformá-la num

momento de tomada de decisão e encaminhamento pedagógico.

6

6

c) Programa do curso 1º dia

Conteúdos Metodologia Recursos Didáticos • Objetivos do

Modulo. • Levantamento de

expectativas. • Avaliação do

Modulo –III.

Dinâmica de animação e integração dos educandos/as; Divisão de equipes de apoio; Levantamento de expectativas do moduloIV; Objetivos do Modulo IV; Avaliação Coletiva – (trabalho em grupos), recapitulação cronológica dos conteúdos do modulo III.

Pincel atômico, papel madeira, tarjetas.

• Almoço • As Lutas Fundiárias

do Brasil (continuação III modulo).

• Canudos; • Contestados; • Movimentos

Quilombolas.

• Movimentos Sociais do Campo;

• Organização dos Movimentos Sociais.

• Orientação sobre o

diagnóstico da propriedade

revisão dos conteúdos trabalhado no modulo III: Concentração fundiária - a exploração das terras no Brasil e Movimentos de Lutas pela posse da terra. Exposição, trabalho de grupo, debate Questão problematizadora: O que sabem das lutas dos Movimentos Sociais. De 1930 a 1970 . Aplicação de exercício em grupo Aula dialógica

Laminas para retro projetor, tarjetas, textos xerocados, pincel atômico,

papel madeira.

Retroprojetor Tarjetas

papel madeira, tarjetas, pincel atômico

• Noite Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos entre os/as educadores/as e os/as participantes

2º dia

Conteúdos Metodologia Recursos Didáticos • Mística coletiva.

• Segurança Alimentar

e Revolução Verde

• Conseqüências da Revolução Verde

Dinâmica – momento de reflexão sobre o que é produzido nas unidades de produção.

Exposição, Questão problematizadora, trabalho de grupo Encenação do cotidiano da agricultura familiar

Laminas, papel madeira, tarjetas, pincel atômico, revistas.

• Almoço • Práticas

agroecológicas

• Exibição do Vídeo: “Ao redor de casa”

• Revisão Banco de

Semente

Experimentos Vídeo –fórum Grupo de discursão

Laminas, papel madeira, tarjetas, pincel atômico, revistas

• Noite Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos entre os/as educadores/as e os/as participantes

7

7

3º dia

Conteúdos Metodologia Recurso Didáticos

• Língua portuguesa – tipologia de textos

Memória Coletiva; exposição oficina de produção e leitura de texto Dinâmica de animação;

tarjetas, papel metro, folha de oficio.

• Almoço • Agricultura Familiar

e seus tipos de organização;

• Cooperativas; Sindicatos;

• Grupos de Produção • Formulação do

conceito de Organização da agricultura familiar.

Construção de texto; Dinâmica da árvore do conceito Debate

tarjetas, papel metro, folha de oficio

• Noite cultural Jogos e brincadeiras regiões 4º dia

Conteúdos Metodologia Recurso Didáticos

• Relato oral das visitas às comunidades

• Avaliação da visitas

propriedade e visitas a comunidade.

.

Construção do mapa de visita avaliação interativa

tarjetas, papel metro, folha de oficio

• Almoço • Encaminhamentos:

próximas atividades; • Avaliação do modulo

Trabalho em grupos tarjetas, papel metro, folha de oficio

8

8

III - DESENVOLVIMENTO

Registrar e refletir sobre a pratica pedagógica, permite uma qualidade na direção da proposta

politico-pedagógica.Contribui ainda na formação do educador porque quando avalia a organização

do trabalho pedagógico traz as apreciações sobre o nível do conhecimento dos alunos.

Não é uma característica somente deste modulo, contudo ficamos mais atentos, pois estávamos

caminhando para o fechamento e validação da metodologia do Projeto Semear que iria ocorrer no

quinto modulo.

Iniciamos o módulo, resgatando com o grupo a “memória” do conhecimento apreendido,formando

as equipes de apoio pedagógico tais como: animação, organização, avaliação e memória. Foi

relembrando os assuntos tratados nas atividades dos módulos anteriores, intermodulos e

laboratórios. Este momento e também para o coletivo, um momento de fixação da aprendizagem e

mais ainda, uma intenção política de constituir um grupo-classe, auto-organizativo, capaz de

opinar, decidir, (re)avaliar, analisar, discutir suas questões, elaborar propostas, serem sujeitos no

processo juntamente com os educadores. O principio de que “as pessoas se educam em

coletividades fortes” somente terá sentido se realmente educandos e educadores comprometerem-

se com ações orientadas a promoção de uma educação libertadora e democrática

ATIVIDADE 1 Áreas de conhecimentos: Ciências humanas e Agrárias Tema 1 : O processo de ocupação do território e a lutas pela Reforma Agrária. Tema 2 : Segurança Alimentar e Revolução Verde

Neste modulo, demos continuidade ao trabalho iniciado no modulo III, o de identificar o

processo das lutas camponesas no Brasil relacionadas a questão agrária. Situamos nossa analise no

movimento histórico-social, a fim de compreendermos as lutas sociais a partir do inicio dos anos 30

até a década de 70, quando o modelo conservador e excludente aglutinou maior contradição e

desigualdade na cidade e no campo.

Vimos como o processo de institucionalização e organização camponesa já vinha

acontecendo desde os anos 40. Segundo Poli (1999), um importante processo de mobilização e de

resistência organizada camponesa, principalmente no Nordeste e Sul, efetivados pelas Ligas

Camponesas e Sindicatos Rurais, fundamentados por matrizes ideológicas do Partido Comunista

Brasileiro(PCB), pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) até os anos 60.

Durante a fase repressiva da ditadura militar (1964-1976), os movimentos recebem

influência maior da igreja católica do Brasil, impulsionada pelo Movimento de Educação de Base

9

9

(1961), criado pelo governo Federal e pela Conferência Episcopal Latino – Americana de Medellín

em (1968). A CNBB, investiu na criação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que se

difundiram rapidamente, tanto na área rural como na periferia das cidades como principal espaço

de tomada de consciência, de organização e apoio da luta contra a ditadura: pelas denúncias contra

expropriação, exploração e as violações dos direitos humanos, pelo apoio a setores sociais

oprimidos – operários e camponeses.

O golpe militar não só trouxe a “modernização conservadora” para o campo, como

violência, militarização, expansão dos conflitos e êxodo rural. Trazia também sua contradição: a

luta dos assalariados por melhores salários e a necessidade de alfabetizar os trabalhadores do

campo.

Neste embate histórico, vimos o crescimento da consciência política dos trabalhadores

organizados em torno de matrizes teóricas libertadoras e uma formação no campo de movimentos

de coletividades auto-organizadas.

Este processo foi intensificado nas décadas de 70 e 80, frente à proposta dos militares de

integração da agricultura camponesa ao capital industrial. A conhecida “modernização” levou para

o campo uma base tecnológica poupadoras de mão de obra, com uso intensivo de defensivos

agrícolas, mudanças nos padrões de produtividade, descapitalização das unidades produtivas e

aumento da concentração fundiária, resultando em maior expropriação e expulsão do homem do

campo.

Após esta exposição a instrutora e agrônoma da Fase/Projeto Semear problematizou com os

educandos a 2ª. Temática: Segurança Alimentar e Revolução Verde, identificando as

conseqüências na agricultura familiar.

Inicialmente identifica o conceito de Segurança Alimentar no contexto da primeira guerra

mundial (1918). Explica como a traumática experiência da guerra, vivenciada sobretudo na Europa,

trouxe a ideologia de dominação através do controle do fornecimento de alimentos.

Antecedentes históricos da Revolução Verde:

Esgotamento dos solos Incentivo a pesquisa de “sementes melhoradas” pelo governo Mexicano (1943) em parceria

com a Fundação Rockfeller, multinacional com sede nos Estados Unidos. Ideologia da Segurança Alimentar como questão de segurança nacional. Internacionalização da Revolução Verde através de duas dimensões: a infraestrutura de

produção, sobretudo em relação a sementes, venenos, adubos e equipamentos. E a segunda dimensão: o controle da articulação dos produtores, através da assistência técnica e orientação do crédito rural. Combate da Fome e desnutrição no mundo através do aumento da produção.

10

10

No Brasil a Revolução verde se fortaleceu principalmente a partir da década de 60, durante a ditadura militar. Quando o governo ofereceu verdadeiras fortunas liberadas em créditos para os agricultores mudarem a sua forma tradicional de fazer agricultura. Quem realmente aproveitou esses incentivos foram os grandes proprietários que já possuíam capital e ocupavam grandes áreas. Já os agricultores familiares ficaram longe desse processo, com difícil acesso ao crédito e dificuldade de viabilizar estas tecnologias em suas pequenas propriedades de forma competitiva com a agricultura patronal. Assim como em outros países, no Brasil, a Revolução Verde foi levada até os agricultores familiares por órgãos de assistência técnica e extensão oficial – Empresas Brasileiras e Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater e Emater). Sem levar em conta as necessidades e desejos dos agricultores. Conseqüências da Revolução Verde Esse pacote tecnológico trouxe uma série de conseqüências para os agricultores familiares, bem como a moradores dos Centros Urbanos e para o Meio Ambiente:

• Destruição das terras agricultáveis, devido ao uso inadequado de máquinas agrícolas; • Perda da fertilidade natural do solo; • Exploração de áreas de mata nativa para ampliação da fronteira agrícola, com a extinção de

várias espécies de plantas e animais; • Poluição da água, do solo, do ar, plantas, animais e do próprio homem pelo uso abusivo de

venenos e outros insumos químicos; • Aumento do número de pragas e doenças das plantas cultivadas; • Total recusa ao saber popular, gerando a perda da confiança dos agricultores em sua própria

capacidade e no valor de seus conhecimentos; • Diminuição do número de propriedades com mão de obra familiar nas comunidades rurais e

diminuição do número de famílias no meio rural; • Aumento do êxodo rural, provocando o inchamento das favelas e periferias dos centros

urbanos; • Dependência, por parte dos agricultores, de crédito e insumos vindos de fora da propriedade; • Alta incidência de envenenamento, mortes suicídios e casos de câncer no meio rural

provocados pelo uso de agrotóxicos; • Redução da qualidade nutricional dos alimentos e níveis intoleráveis de resíduos químicos

nos mesmos; • Incentivo ás monoculturas, eliminando-se em muitos casos, o hábito da produção de

subsistência; • Mudança no sistema produtivo, perdendo-se o conhecimento transmitido de pai para filho

durante várias gerações. Conclusão: A revolução Verde através do “pacote tecnológico” intensificou a pobreza, o desemprego, as questões ambientais a violência e conseqüentemente a fome. Nega o conhecimento dos agricultores e traz dependência tecnológica. Em seguida foi proposto a leitura do texto sobre a Revolução Verde, discutir para responder as questões: Quais as tecnologias da Revolução Verde que foram adotadas em nossas comunidades?

Muitas ou poucas famílias adotaram? Atualmente, as famílias estão aumentando ou diminuindo o uso destas tecnologias?

11

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Que efeitos tiveram nas nossas condições de vida e de trabalho? A renda das nossas famílias aumentou ou diminuiu? Por que? Os custos de produção aumentaram?

A diversidade de alimentos produzidos em nossa comunidade aumentou, diminuiu, ou não se alterou? Por que ?

A qualidade dos alimentos produzidos aumentou ou diminuiu ? Por que ? Em seguida, incentivamos fazerem a síntese do tema estudado através de dramatizações, com base na pergunta: Como vocês vivenciam a “Revolução Verde” na agricultura familiar hoje? Temas apresentado em plenário: O papel ideológico dos técnicos no campo. O êxodo rural. Problemas graves de saúde pelo uso abusivo de venenos; Endividamento das famílias com agencias financeiras; Desvalorização do conhecimento dos agricultores; Enfoque na crise ambiental. Corrupção e burocracia na concessão de credito agrícola Uso indiscriminado de herbicidas Baixo conhecimento para a produção

Em seguida incentivamos o dialogo a partir das questões levantadas, um novo debate, mais amplo

das idéias.

ATIVIDADE 2 -

Área do conhecimento: ciências agrárias:

Tema : composto orgânico

Esta atividade teve como objetivo especifico, aprofundar o conhecimento trabalho no laboratório de

sobre “ regeneração do solo”, através da atividade prática de revirar o composto orgânico realizado

pelos educandos, cumprindo o tempo de 30 dias do experimento. O cumprimento no prazo

estabelecido possibilitou pela observação a constatação de presença de organismos vivos no

composto.

ATIVIDADE 3

Técnica de Vídeo- forum :

Filme documentário : “Ao redor de casa”

Documenta a experiência das agricultoras do pólo sindical de Borborema na Paraíba.

Conta como fazem uso das plantas medicinais para aproveitamento da “faxina” – quintal, das

unidade familiares e o manejo adequado de recursos hídricos.

Após a apresentação do vídeo, a educadora solicitou que cada participante verbalizasse o que mais

lhe tenha chamado atenção.

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ATIVIDADE 4

Oficina : “ A importância da Organização Da Agricultura Familiar”

Áreas de conhecimento: Ciências humanas e Língua Portuguesa

Tema 1 : Identificar a maneira como o grupo entende” Organização da Agricultura Familiar”

Tema 2: Promover situações de leitura e escrita a partir deste eixo temático.

Procedimentos:

Primeiro : Estimulou-se em dupla a escreverem o que entendiam por Organização da agricultura

familiar e sua importância.

Segundo: elaboração de texto individual sobre o tema “ A importância da organização da

agricultura familiar”.

Terceiro: Incentivou-se cada educando a apresentar em plenária os principais pontos abordados na

sua síntese realizada na etapa anterior, abrindo, em seguida, para a dinâmica da “arvore”.

Esta dinâmica tem como objetivo identificar na raiz, princípios e diretrizes. No caule as ações

necessárias para os “frutos” e na da copa - conjunto de intenções sociais, econômicas políticas e

culturais que desejam para organização da agricultura familiar.

Síntese e posicionamentos:

Para os educandos, a organização da agricultura familiar acontecerá na medida que cobrarem dos

sindicatos maior organização, o que refletiria imediatamente no fortalecimento da FETRAF. Nesse

sentido, estas organizações teriam como função primeiramente garantir os diretos dos trabalhadores

do campo, organizando a base e a organização da agricultura familiar. No caso das associações,

teria como função principal, trabalhar com os agricultores familiares a melhoraria da qualidade dos

seus produtos para garantia do “bom preço ou preço justo”. .

Há preocupação com a continua saída do jovem do campo. Por isso acham importante a

organização da agricultura familiar fixar os mais jovens, provocar a “reforma agrária ecológica”,

organizar a produção, comercialização com garantia do credito.

Atividade 5

Exposição sobre o Projeto de escolarização e da pedagogia das Escolas Família Agrícola (EFA) e

visita área de produção existente na escola.

A escola funciona desde 1985, com o ensino de quinta a oitava série para filhos de agricultores.

Administrada pela associação de pais a escola trabalha com a pedagogia da alternância, que consiste

na permanência do aluno quinze dias na escola e quinze dias na comunidade de origem repassando

o conhecimento apreendido.

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È ligada a AECOFABA – Associação das Escolas e Comunidade das famílias agrícolas da Bahia

Procedimento: no dia seguinte a exposição, visitamos o espaço produtivo da Escola família

Agrícola de Vitória da Conquista. Esta ocorreu, com a presença, de um dos monitores, da escola e

dos educadores da Fase/Projeto Semear. Durante a caminhada, os participantes faziam perguntas

registros e observações. A visita foi muito esclarecedora, pois puderam constatar experimentos e

técnicas agroecológicas que estavam iniciando no Projeto Semear e já testadas pelos alunos do

ensino fundamental da escola EFA.

14

14

IV - RELATO DAS VISITAS DE ACOMPANHAMENTO AS COMUNIDADES

NOME MUNICÍPIO COMUNIDADE ATIVIDADES REALIZADAS N. DE

VISITAS

Balbino e Manoel Moutinho

Vitória da Conquista

Buqueirão • Discussão sobre o Projeto Semear

• Entrevista com os mais velhos da comunidade

• Um breve diagnóstico da comunidade sobre saúde, educação, crédito, política

OBS – Estão tendo o suporte do STR

3

Odair Guajeru Lagoa do Arroz • Discussão sobre o projeto • Levantamento das maiores

dificuldades da comunidade em relação à agricultura

OBS – sentiu o receio da comunidade levantar uma expectativa grande em relação ao seu trabalho, por isso na segunda visita foi acompanhado pelo presidente do STR

2

Maria, Afonso e Sebastião

Riacho de Santana

Barriguda • Repasse de algumas informações apreendidas nos módulos, por exemplo: transgênico, agricultura sem veneno.

• Prática do composto orgânico • Entrevista com algumas

pessoas sobre a criação da comunidade e cultura

• Aplicação do questionário de diagnóstico da comunidade

Obs- Estão tendo algumas dificuldades com a comunidade

2

NOME MUNICÍPIO COMUNIDADE ATIVIDADES REALIZADAS N. DE

VISITAS

Luciene e Dário

Caculé Alecrim • Apresentação do projeto e seu objetivo (“...desenvolver um projeto produtivo na comunidade, mas dependerá do andamento do trabalho...”)

• Levantamento de alguns dados da comunidade

2

Afonso e Anscário

Encruzilhada Floresta • Discussão sobre o surgimento da comunidade

• Levantamento sobre dificuldades da comunidade

1

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15

Edílson e Edílson

Encruzilhada Lagoa do Morro • Apresentação do Curso de Elevação de Escolaridade

• Visita a propriedade da pessoa mais idosa da comunidade

• Levantamento da realidade da Comunidade

1

Aluízio e Zildete

Cândido Sales

Lagoa do Moreira • Uma breve apresentação do curso com seu objetivo (“...fazer uma troca de experiência com a comunidade, repassando os conhecimentos adquiridos...”)

1

Darci Ribeirão do Largo

Associação Comunitária do Núcleo Rural Gente que faz de Ribeirão do Largo

• Apresentação do STR, do Projeto e do Curso

1

João Lelis e Manoel

Vitória da Conquista

Braga • Apresentação do projeto • Levantamento da estória

da comunidade e o que produzem

1

NOME MUNICÍPIO COMUNIDADE ATIVIDADES REALIZADAS N. DE

VISITAS

José Paulino

Oliveira dos Brejinhos

Fazenda Pé do Morro

• Apresentação do projeto • Levantamento da estória da

comunidade • Levantamento do que

produzem, sua realidade e seus desafios

2

Lucas e João

Licínio de Almeida

Brejo • Levantamento da estória da comunidade

Obs- a escola agrícola tem grande influência sobre a comunidade.

1

Mamédio e Advair

Cândido Sales Barro Vermelho • Apresentação do Curso de Elevação de Escolaridade

• Entrevista com a pessoa mais idosa da comunidade

2

Paulino e Adnilsa

Cândido Sales Papagaio • Apresentação do Curso de Elevação de Escolaridade

• Levantamento da realidade da comunidade

1

Antônio Mortugaba Laranjão • Uma breve apresentação do curso com seu objetivo (“...fazer uma troca de experiência com a comunidade...”)

1

16

16

Maria e Esdras

Cândido Sales Lagoa Nova • Apresentação do Curso de Elevação de Escolaridade

• Levantamento da realidade da comunidade

1

Para execução do quadro acima, solicitamos que as duplas apresentassem os aspectos mais

relevantes em relação visita, incentivando o dialogo com a plenária sobre a realidade encontrada.

O relato apresentado e um indicador que o objetivo das primeiras visitas estão sendo alcançados,

visto que os alunos fundamentaram suas ações nas comunidades. Há necessidade da equipe

pedagógica preparar um instrumento didático para a terceira visita.

17

17

V - AVALIAÇAO E CONSIDERAÇOES:

Uma lição que o módulo nos ofereceu, foi que os educandos desejam compreender melhor sua

história, e necessitam de conhecimentos científicos mais sistematizados para organizarem a

agricultura familiar. Para isso, a equipe pedagógica deverá avançar na elaboração de material

didático especifico para o grupo, e criar novos instrumentos para o monitoramento e

acompanhamento das aulas não presenciais.

Sintetizaram na avaliação, estarem vivenciando uma “nova escola”. Neste sentido, estão

mobilizados a aceitarem o desafio de mudança e valores , hábitos e costumes, pois o ato de estudar

exige postura crítica, exige disciplina intelectual que se ganha pela prática. E para muitos dos

nossos educandos a dificuldade começa porque não convivem com um ambiente letrado. Pensando

nisso, criamos a experiência do espaço de leitura funcionando paralelamente as atividades do

módulo, isto foi muito positivo e satisfatório para todos.Construir um ambiente letrado tornou-se

uma estratégia metodológica para ampliar a capacidade de apreender e compreender o mundo.

Como avaliação e também um momento de solidarizar avanços e problemas faremos aqui algumas

apreciações feitas pelos educandos e pela equipe pedagógica:

O conteúdo da área humanas deste módulo precisa ser devolvido para o grupo em forma de

texto, através de um estudo dirigido.

Diversificar a alimentação no módulo com produtos da agricultura familiar.

Ampliar o espaço de leitura com mais livros.

Envolver os educadores nos regionais nas atividades práticas dos módulos e de todo

planejamento.

Aprofundar na articulação permanente entre leitura, produção de textos, e analises

lingüística.

Enviar para laboratório de desenvolvimento metodológico um instrumento didático de

orientação para terceira visita de acompanhamento e para o intercambio técnico.

BIBLIOGRAFIA MOURA, Clovis. Sociologia Política da Guerra de Canudos (Da destruição do Belo Monte ao

Aparecimento do MST .Expressão Popular, São Paulo 2000.

POLI, Odilon . Movimentos Sociais. Grifoss, SC, 2000.

FERNANDES, Bernardo. A Formação do MST no Brasil.,Petrópolis, RJ ,2000.

STEDELI, João Pedro Stedeli. A questão Agrária no Brasil. Atual editora, 1997

18

18

PPRROOJJEETTOO SSEEMMEEAARR –– DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO EE VVAALLIIDDAAÇÇAAOO DDEE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

DDEE EEDDUUCCAAÇÇAAOO DDEE JJOOVVEENNSS EE AADDUULLTTOOSS RRUURRAAIISS EEMM CCIINNCCOO EESSTTAADDOOSS DDOO

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DDaattaa:: 1155 aa 1188 ddee ffeevveerreeiirroo ddee 22000055

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio da Silva

MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO Ricardo Berzoini SECRETÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO Remígio Todeschini DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE QUALIFICAÇÃO Antônio Almerico Biondi Lima COORDENADORA GERAL DE QUALIFICAÇÃO Eunice Léa de Moraes © copyright 2004 – Ministério e Trabalho e Emprego

Secretaria de Políticas Públicas de Emprego – SPPE Departamento de Qualificação – DEQ Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 3º andar, Sala 300 CEP: 70059-900 – Brasília – DF Telefones: (61) 317-6239 / 317-6004 FAX: (61) 224-7593

E-mail: qualificaçã[email protected] Obs: Os textos não refletem necessariamente a posição do Ministério do Trabalho e Emprego

2

SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO....................................................03

INTRODUÇÃO............................................................................04

• Aspectos teóricos, metodológico.......................................04 • Proposta político pedagógica............................................ 04

• Programa do curso ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,05

DESENVOLVIMENTO................................................................ 07 AVALIAÇÃO E CONSIDERAÇÕES ............................................14

ANEXOS ....................................................................................15

3

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. PROJETO DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIAS DE

EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS RURAIS EM CINCO ESTADOS DO

NORDESTE.

2. Órgão proponente:

FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

3. Órgão Concedente:

Ministério do Trabalho e Emprego/Secretaria de Políticas Publica de Emprego

4. Equipe de Coordenação Pedagógica:

Marize Souza Carvalho Ariedalva Lopes de Brito Ana Paula Ferreira

5. Assistente Local:

Vitoria Alves do Santos.

6. Coordenação Política : José Orlando Caldas Falcão Joeleno Monteiro Santos

4

II - INTRODUÇÃO a) Aspectos Teóricos, Metodológicos.

Este modulo finaliza de modo parcial a primeira etapa das atividades do Curso de

Gestão em Desenvolvimento Sustentável e Solidário com Elevação de Escolaridade ao

Ensino Fundamental de jovens e adultos do Meio Rural realizadas pela Fase/ Projeto

Semear em parceria com Ministério do trabalho. Cuja finalidade é trabalhar um processo

de escolarização onde se formem jovens e adultos para serem construtores ativos da

sociedade na qual vivem.

Descreve um conjunto de cinco oficinas realizadas com os educandos do regional

de Vitória da Conquista através de uma pratica educativa participativa e dialógica. Tem

como meta reafirmar o conceito de desenvolvimento defendido pela FETRAF e seu

significado para agricultura familiar bem como verificar o modo como está sendo

promovido, fomentado nas comunidades visitadas dos educandos.

As oficinas foram planejadas com o objetivo de capacitar os educandos a

vivenciarem a disciplina num processo mais participativo. Todas estão valorizando o

trabalho em sala de forma critica, possibilitando o estudo dos temas a partir do

conhecimento do aluno e o do confronto desses conhecimentos com os científicos,

possibilitando a formação do educando e o desenvolvimento da agricultura familiar.

b) Proposta Político - Pedagógica Eixo Temático V: Organização Da Agricultura Familiar Tema Gerador: O Que é Desenvolvimento Carga horária: 40 horas Data: 15 a 18 de fevereiro de 2005 Local: Município de Vitória da Conquista Participantes: Jovens e adultos de STR’s, Associações, Cooperativas, etc.

Objetivo Geral:

Alcançar uma compreensão comum sobre o significado de desenvolvimento e

sobre o modo como está sendo promovido, fomentado nas comunidades.

5

Objetivos Específicos:

• Introduzir o conhecimento das ciências naturais para fixação das práticas

agroecológicas;

• Aprofundamento do sistema de medidas para compreensão do espaço produtivo,

visando à organização da Agricultura familiar;

• Trabalhar na língua portuguesa os elementos da descrição para apreensão do

conceito de desenvolvimento;

• Orientar os educandos para o intercâmbio técnico.

c) Programa do curso 1º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Recursos didáticos Dinâmica de interação Acordo de convivência Memória Introdução ao conhecimento das ciências naturais

Dinâmica de animação e integração dos educandos/as; Divisão de equipes de apoio; Oficina participativa

Pincel atômico, papel madeira, tarjetas Laminas para retro projetor, tarjetas, textos xerocados, pincel atômico, papel madeira

Almoço; Continuidade da Introdução ao conhecimento das ciências naturais Diagnóstico de letramento e cálculo

Oficina participativa

Aplicação do questionário

Pincel atômico, papel madeira, tarjetas

Noite Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos entre os/as educadores/as e os/as participantes

2º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Material Didático Memória e mística Oficina de matemática

Oficina participativa Pincel atômico, papel madeira, tarjetas

Almoço Continuidade oficina matemática Continuidade do diagnóstico de letramento e cálculo

Continuação aplicação do questionário

Pincel atômico, papel madeira, tarjetas

Noite Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos entre os/as educadores/as e os/as participantes

6

3º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Material Didático Português: elementos da descrição Consenso sobre Desenvolvimento

Discussão sobre o que é descrição Descrição em grupo (uma foto para todos Dinâmica das imagens

Pincel atômico, papel madeira, tarjetas

Almoço Continuidade do Consenso sobre Desenvolvimento Apresentação das visitas feitas pelos educandos

Continuação da dinâmica das imagens Exposição das duplas

Pincel atômico, papel madeira, tarjetas

Noite Momento para integração entre os/as educandos/as e diálogos entre os/as educadores/as e os/as participantes

4º Dia

Tema / Conteúdo Metodologia Material Didático Orientação para o intercâmbio Reunir as duplas para

levantar as problemáticas da comunidade; (produção, organização e meio ambiente); Reunir por município para discutir as problemáticas do município; Juntar duplas por municípios próximos /região para construção da exposição do intercâmbio

Pincel atômico, papel madeira, tarjetas

Almoço Avaliação Texto individual dos

educandos “impacto do curso em suas vidas”

7

III - DESENVOLVIMENTO

ATIVIDADE 1

Oficina: Ciências Naturais

Justificativa: Nos Parâmetros Curriculares Nacionais o ensino dos conteúdos Ciências

foram integrados e organizados em três grandes blocos: Ambiente; Ser humano;

Recursos Tecnológicos.

Neste projeto estamos iniciando o estudo de Ciências pelo bloco Ambiental, frente a

necessidade provocada no desenvolvimento do Laboratório de Qualificação Profissional.

Objetivo: Discutir a relação do ser humano com o meio ambiente em que vive a partir do

estudo de solos.

1º. Momento

Problematização:

1. Levantamento dos conhecimentos que os alunos detinham sobre a temática solo.

2. Síntese das hipóteses apresentadas pelos educandos sobre o que é solo e de

como é formado.

3. Formação de pequenos grupos com distribuição de livros didáticos para pesquisa

do tema.

4. Orientação de estudo e de pesquisa.

2º. Momento

Sistematização:

Após a plenária, a professora fez uma sistematização, (re)significando os conhecimentos

dos alunos com o conhecimento científico.

ATIVIDADE 2 Oficina de matemática

Objetivo: sensibilizar os educandos sobre o uso da matemática no dia a dia, além de

trabalhar medidas agrárias.

8

Procedimento:

A metodologia utilizada para o desenvolvimento desta oficina é a denominada

metodologia da resolução de problemas cujas etapas estão sintetizadas abaixo.

1ª etapa - identificação dos principais dificuldades sobre medidas agrárias. Em seguida os

problemas são hierarquizados, priorizando-se os considerados mais gerais e importantes

segundo critérios do grupo.

2ª etapa – Reflexão dos possíveis fatores mais gerais determinantes históricos e

contextuais sobre medidas agrárias.

3ª. Elaboração de um novo nível de conhecimento através da Teorização dos mesmos.

4ª. etapa - Aplicação à realidade através de atividades.

ATIVIDADE 3 Oficina de Português

Objetivos :

Identificar os elementos da Descrição.

Destaque na importância da descrição na comunicação.

Sensibilização para “Dinâmica Consenso sobre Desenvolvimento”.

Procedimento:

Formaçao de equipes, para descreverem oralmente um dos companheiros, de

modo que o grupo conseguisse identificar o colega descrito. A partir de duas

imagens do cotidiano brasileiro o educador provocou o dialogo com base nas

perguntas: O que podem observar nesta imagens? Que sentimentos esta foto

provocaram em vocês?

Síntese:

Descrever é como fotografar com palavras consiste em retratar o objeto em todos os

seus detalhes, porém, será sempre fruto de um olhar pessoal, de uma análise individual.

Olhando para o mesmo objeto, fato, pessoa, figura ou imagem, cena etc, cada um terá

sempre impressões e dela fará descrições diferentes.

Ficou evidente que os olhares são diferentes, depende do processo de formação e de

socialização de cada pessoa. Na figura 1, por exemplo, para alguns/as educando/as a

9

casa teria sido abandonada para que seus membros pudessem trabalhar em outro local;

para outros, entretanto, a casa pertencia a um latifundiário que não morava na

propriedade.

ATIVIDADE 4 OFICINA : O que é Desenvolvimento? Objetivo: Construir um consenso sobre desenvolvimento. Justificativa: Frente aos desafios levantados no módulo III e IV, definimos trabalhar no módulo V, uma compreensão comum sobre o significado de desenvolvimento e sobre o modo como ele está sendo promovido e fomentado nas comunidades. Desenvolvimento da oficina 1º. Momento

o Para esta etapa o educador escolheu e distribui pela sala 70 imagens aleatórias contendo imagens do cotidiano e da vida no Brasil.

o Estimulou a organização de trios, e solicitou aos participantes observarem as imagens.

2º. Momento o Solicitou que o trio escolhesse duas fotos uma que representasse desenvolvimento

e uma o não desenvolvimento. o Depois pediu ao trio que fizesse um breve debate sobre as imagens escolhidas,

para posterior apresentação em plenário. Imagens escolhidas pelos grupos:

Desenvolvimento

Trabalhadores nas zonas urbana e rural; Reunião em uma associação; Indústria que exporta; Cisterna para captação de água de chuva; Monocultura do café; Postos de saúde, escolas e estradas; Escola com novas tecnologias.

Não desenvolvimento: Moradores de rua; Violência policial à cidadãos; Seca, animal morto, solo sem vida; Estrada esburacada; Criminalidade; Fila de desempregados; Guerra armada

10

3º Momento Constatamos haver uma dicotomia sobre a idéia de desenvolvimento. Como podemos

observar, ao mesmo tempo que apresentam uma imagem de uma reunião na associação

como sendo desenvolvimento, defendem a imagem de um grande latifúndio de café. Isto

está no imaginário e na representação do cotidiano do agricultor, que foi ideologicamente

induzido pelas elites dominantes a acreditarem no latifúndio como exemplo de sucesso e

produtividade, hoje traduzido no agronegócio. Esta visão distorcida de desenvolvimento

foi forjada por um conjunto de políticas desenvolvimentistas e estratégias no Brasil que

negam a agricultura familiar e o conhecimento camponês. Entre estas estratégias,

encontramos a extensão rural historicamente conservadora.

Já as imagens escolhidas do não-desenvolvimento, foram relacionadas as categorias

como pobreza, criminalidade, negação de direitos e desemprego, em geral o não

desenvolvimento esteve atrelado a indicadores sociais e políticos, demonstrando uma

visão critica, no entanto não conseguem estabelecer nexos e relações com o processo

de desenvolvimento do capitalismo no campo brasileiro, que é desigual e contraditório.

Desconhecem como se dá o processo de exploração no campo, onde o desenvolvimento

e o não desenvolvimento são partes opostas de uma mesma relação.

Neste momento, achamos importante fazer uma discussão sobre os modelos de

Desenvolvimento no Brasil, para em seguida propiciar uma maior reflexão sobre as

características do processo de desenvolvimento da agricultura familiar.

1500– 1950 - Modelo agroexportador: • Extrativismo; • Exploração dos recursos naturais e da mão de obra • 70% da população na área rural

1950 – 1980 - Modelo Desenvolvimentista

• Revolução Verde / modernização da agricultura: - Máquinas (trator, colheitadeira etc); - Insumos químicos; - Sementes híbridas; - Estado financeiro/ empréstimo; - Pesquisa, extensão e assistência técnica; - Crédito agrícola subsidiado.

• Capacitação de mão de obra; • Produtos para exportação; • Monocultura.

Desde 1980 – Modelo Neo Liberal:

• Diminuição do estado; • Liberdade para o mercado;

11

• Globalização da economia; • Produtividade; • Qualidade (marketing).

Conseqüência dos modelos:

• Êxodo rural; • 85% da população na área urbana; • Exclusão de 2/3 da população dos benefícios; • Desemprego; • Destruição ambiental (solo, água, floresta etc); • Dívida pública; • Destruição de comunidades; • Crescimento da economia sem desenvolvimento.

4º. Momento sistematização : Qual desenvolvimento queremos para agricultura familiar? Indagados sobre qual o desenvolvimento que acreditam ser melhor para a agricultura

familiar a educadora percebeu ainda dificuldades no conceito. Fazendo analogias

explicou que tal como o nascimento de um pinto, desenvolvimento é um processo

contínuo que mobiliza energias internas e externas. Uma comunidade, município ou país

só desenvolverá se for capaz de mobilizar as pessoas que moram, trabalham, sofrem,

andam, se multiplicam e sonham o seu futuro nesse lugar.

Incentiva o grupo a ler e analisar texto sobre desenvolvimento registrando as principais

idéias.

ATIVIDADE 5 Oficina : Orientação para o Intercâmbio Técnico: Objetivo: Reconstruir o conceito de cada um sobre as visitas e preparação e planejamento do intercambio técnico. 1º. Momento: debate levantando a compreensão dos educandos sobre os objetivos das visitas: síntese:

Conhecer a realidade das comunidades Crescimento humano Troca de experiências; Contribuir com a permanência da agricultura familiar no campo, através da

organização de sua produção; Conhecer o histórico da comunidade; Conhecer a capacidade dos agricultores; Levar alternativas; Realizar um trabalho de conscientização; Levar e trazer conhecimentos;

12

Contribuir na organização das comunidades; Captar informações e orientar para a melhoria da qualidade de vida; Capacitar pessoas nas comunidades para o trabalho com desenvolvimento

sustentável; Entender como vivem as comunidades, sua integração e envolvimento com

partidos políticos e outras organizações. Informar a comunidade sobre o curso de elevação de escolaridade, o projeto

Semear e a FETRAF. Quanto ao processo de visitas de acompanhamento, os educandos estão sendo

orientados a mapearem as comunidades visitas nos aspectos históricos, culturais,

políticos e geográficos, em vista do levantamento da realidade local para o projeto de

intervenção a ser discutido ao longo do curso. Para isso, estão sendo introduzido em

técnicas de pesquisa de campo (observação participativa, diagnósticos da realidade,

diários de campo) para conhecimento da realidade.

Entendemos que as visitas têm no fundo um pouco do objetivo levantado por cada

educando, mas não podemos perder de vista o de contribuir para formulação dos planos

de ação comunitário.

2º. Momento: Formamos os grupos e pedimos para que conversassem sobre o material

pesquisado dos municípios e comunidades visitadas.

Depois pedimos que preparassem suas apresentações para o intercâmbio técnico.

Fazer em dupla o levantamento das problemáticas da comunidade; (produção,

organização e meio ambiente)

Reunir por município para discutir as problemáticas do município

Juntar duplas por municípios próximos /região para construção da exposição do

intercâmbio

ATIVIDADE 6

Avaliação iterativa

Podemos inferir através da avaliação interativa realizada com os educandos que

estamos validando uma metodologia que se faz compreendida pelos agricultores

familiares conforme depoimentos abaixo:

“Estou otimista com este curso de elevação, pois estou certo que através dele

iremos reforçar o movimento sindical, as associações e assim poderemos fazer um

trabalho de Desenvolvimento para a Agricultura Familiar na Comunidade visitada e até

13

mesmo nos municípios”. Antonio Ribeiro, educando, agricultor familiar e Presidente STR

de Mortugaba.

“Com este curso pude aumentar o censo crítico, minha visão de projetos, facilitando o

entendimento de organização e a compreensão do verdadeiro papel na sociedade

enquanto cidadã, aumentando ainda mais a minha responsabilidade como dirigente

sindical”.

Luciene Ribeiro, educanda, agricultora familiar e Presidente do STR de Caculé.

“Me trouxe mais conhecimentos... Espero poder realizar um sonho que foi uma

oportunidade que eu não tive na minha juventude. Estou muito contente com este curso,

jamais esperei uma oportunidade destas...”.

João Gonçalves, educando com 54 anos, agricultor familiar, Presidente do STR de

Licínio de Almeida.

“O que está mudando? Uma nova forma de entender a agricultura, como preservar o meio

ambiente, preparar o solo... melhorando a convivência com o semi-árido”.

José Paulino de Oliveira, educando, agricultor familiar de Oliveira dos Brejinhos.

“As mudanças do Curso na minha vida? São tantas... Neste Curso estou aprendendo

sobre o processo de organização e levando isso para a comunidade que estamos

acompanhando . A minha grande impressão é que até o final do Curso nós estaremos

colhendo muitos frutos, ou seja, a minha comunidade estará bastante organizada”.

Darci Gama Dias, agricultora familiar de Ribeirão do Largo.

“Uma coisa que eu gostei muito neste Projeto é que aprendemos a teoria e a prática de

como melhorar nossas técnicas de plantio e ainda temos a oportunidade de trocarmos

experiências com outras famílias...”.

Esdras dos Santos Manso,, agricultor familiar de Vitória da Conquista.

14

IV - AVALIAÇAO E CONSIDERAÇOES

As oficina partiram do saberes dos alunos, e possibilitaram o confronto destes com o

conhecimento das diferentes áreas do conhecimentos. A metodologia permitiu aos

educandos fazerem inferências, elaborar conceitos parciais utilizando hipóteses

levantadas. Para os educandos foram produtivas e oportuna tendo atingido os objetivos.

Do ponto vista epistemológico devemos avaliar por exemplo que a oficina de ciências

naturais, apesar da experiência positiva da pesquisa, da formulação de hipóteses, a

educadora não conseguiu vivenciar o processo interdisciplinar no ensino de ciências com

o que eles haviam trabalhado sobre a temática solo no Laboratório de qualificação

profissional.

O mesmo aconteceu com a matemática, notamos que houve avanço na proposta,

contudo o professor sentiu muita dificuldades para identificar a proposta no contexto

social dos educandos, os problemas trabalhados foram superficiais.

Porém no conjunto as oficinas foram consideradas produtivas. A titulo de conclusão

alguns pontos devem ser considerados para equipe pedagógica introduzir na oficina de

formação dos formadores :

Formação capaz de desenvolvam métodos, estratégias e técnicas próprios de

investigação que permitam a reflexão e a intervenção, planejada e avaliada, no seu

contexto de dos educandos.

Considerar os dados da realidade.

Adequação do conteúdo as possibilidades sócio-cognitivas dos educandos.

Aprofundar-se no conhecimento das bases teóricas

Apresentarem planos de aulas antecipadamente a coordenação pedagógica para

apreciação da proposta.

Introduzir atividade praticas de ciências naturais e matemática

Por fim, não tínhamos como pretensão encerrar neste modulo, o debate do tema gerador

“desenvolvimento”, dada sua complexidade, este tema acompanha nosso complexo

temático, em todos os 24 módulos da proposta pedagógica deste curso, voltara a ser

discutindo nos próximos módulos, dentro de outros eixos temáticos, através de novas

ações pedagógicas.

PPRROOJJEETTOO SSEEMMEEAARR –– DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO EE VVAALLIIDDAAÇÇAAOO DDEE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

DDEE EEDDUUCCAAÇÇAAOO DDEE JJOOVVEENNSS EE AADDUULLTTOOSS RRUURRAAIISS EEMM CCIINNCCOO EESSTTAADDOOSS DDOO

NNOORRDDEESSTTEE..

RReellaattóórriioo ddoo IIIIII MMóódduulloo ddoo CCuurrssoo ddee GGeessttããoo eemm DDeesseennvvoollvviimmeennttoo SSuusstteennttáávveell ee SSoolliiddáárriioo ccoomm EElleevvaaççããoo ddee EEssccoollaarriiddaaddee aaoo EEnnssiinnoo

FFuunnddaammeennttaall.. LLooccaall:: SSTTRR ddee CCaaccuulléé –– CCaaccuulléé -- BBaahhiiaa..

DDaattaa:: 1166 aa 1199 ddee ddeezzeemmbbrroo ddee 22000044

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PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio da Silva

MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO Ricardo Berzoini SECRETÁRIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE EMPREGO Remígio Todeschini DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE QUALIFICAÇÃO Antônio Almerico Biondi Lima COORDENADORA GERAL DE QUALIFICAÇÃO Eunice Léa de Moraes © copyright 2004 – Ministério e Trabalho e Emprego

Secretaria de Políticas Públicas de Emprego – SPPE Departamento de Qualificação – DEQ Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 3º andar, Sala 300 CEP: 70059-900 – Brasília – DF Telefones: (61) 317-6239 / 317-6004 FAX: (61) 224-7593

E-mail: qualificaçã[email protected] Obs: Os textos não refletem necessariamente a posição do Ministério do Trabalho e Emprego

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SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO....................................................03

INTRODUÇÃO............................................................................04

• Aspectos teóricos, metodológico.......................................04

• Proposta político pedagógica............................................ 06 DESENVOLVIMENTO............................................................... 06 . CONSIDERAÇÕES ....................................................................15

ANEXOS ....................................................................................24

3

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. PROJETO DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIAS DE

EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS RURAIS EM CINCO ESTADOS DO

NORDESTE.

2. Órgão proponente:

FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

3. Órgão Concedente:

Ministério do Trabalho e Emprego/Secretaria de Políticas Publica de Emprego

4. Equipe de Coordenação Pedagógica:

Marize Souza Carvalho Ariedalva Lopes Ana Paula Ferreira

5. Assistente Local: Vitoria Alves do Santos.

6. Coordenação Política : José Orlando Caldas Falcão Joeleno Monteiro Santos

4

II - INTRODUÇAO : a) ASPECTOS TEÓRICOS, METODOLÓGICOS

Com este modulo estamos iniciando o estudo sobre o eixo temático organização

camponesa e as problemáticas que persistem no campo desde a década de 70 e que

exigem dos agricultores familiares novos conhecimentos com a terra, condição para

persistência e reprodução camponesa no Brasil e da melhoria das atuais condições de vida.

Ao Identificar os vínculos dos agricultores familiares com a Historia do país,

identificamos os nexos da questão agrária no conjunto das categorias camponesas entre

elas os agricultores familiares. Esta postura teórica deu inicio ao debate do movimento da

historia camponesa no país mediante um trabalho pedagógico interdisciplinar que visasse o

processo de transição dos agricultores familiares para uma agricultura ecológica sem perder

de vista a questão da terra e da reforma agrária.

Desse modo, a primeira questão teórica metodológica central neste modulo foi tratar a

historia a partir da lógica dialética, nos opondo a “velha historia” dos livros didáticos de

transmitir os “fatos e heróis” a partir da historiografia das elites dominantes. Queremos

discutir neste curso uma historia que faça menção a desigualdade, injustiças e conflitos

sociais nos diferentes período de formação do Brasil. E em segundo foi compreender o

movimento em torno da questão agrária hoje, articulado a políticas publicas e neste curso a

construção de um projeto de escolarização que tenha por base a afirmação da vida e da

dignidade dos agricultores familiares.

Isso significou introduzir já neste modulo, ações pedagógicas capazes de ir alterando

a matriz tecnológica utilizada pelos educandos nas suas unidades produtivas, pela produção

de conhecimentos científicos conscientizadores expressos por praticas ecológica. Ao tempo

faze-los compreender que estas praticas não deverão estar deslocadas do movimento

histórico camponês em defesa do meio ambiente da garantia da terra e da qualidade de vida.

5

b) PROPOSTA POLÍTICO - PEDAGÓGICA Eixo Temático: Organização da Agricultura familiar Módulo III DATA: 16 a 19 de dezembro de 2004 LOCAL: STR de Caculé.

PARTICIPANTES: Jovens e adultos de STR`s, Associações, Cooperativas etc.

OBJETIVOS:

Geral Analisar o processo da formação da Organização da Agricultura familiar numa perspectiva

histórico - critica identificando suas problemáticas.

Específicos

• Estudo das organizações camponesas e as problemáticas nos períodos: Colônia,

Império e República.

• Identificar os elementos políticos, sociais e econômicos da questão agrária.

• Sensibilizar os educandos em torno do debate da reforma agrária com a linguagem da

representação.

• Teorizar uma visão diferenciada da historia priorizando as lutas sociais e a expressão

cultural dos diversos grupos sociais.

• Estudo do processo de formação e da identidade camponesa.

• Introdução a questão agrária.

• Revisão do estudo de Laboratório

• Desenvolver exercícios práticos de técnicas agroecológicas

• Estudo de texto.

• Estudo da unidade produtiva através da matemática.

• Fazer avaliação interativa

6

III - DESENVOLVIMENTO

Iniciamos o modulo, resgatando com o grupo a “memória” do conhecimento apreendido e

formando as equipes de apoio pedagógico tais como: animação, organização, avaliação e

memória, relembrando os assuntos tratados nas atividades dos módulos I e II e no

Laboratório de Desenvolvimento Metodológico. Em seguida iniciamos o estudo de técnicas

agroecológicas na agricultura familiar. A temática Agroecologia foi abordada por uma visão

sistêmica, com um enfoque teórico e metodológico que, lançando mão de diversas

disciplinas, pretende estudar a atividade agrária sob uma perspectiva ecológica.

Pela importância e complexidade da temática, iniciamos o terceiro módulo recapitulando

com os educandos o que tínhamos estudado no laboratório e fomos a campo para

ampliarmos a discussão sobre um manejo mais adequado e menos agressivo do que os

métodos químicos. Em campo, os educandos fizeram duas práticas: calda sulfocálcica e o

composto orgânico.

ATIVIDADE 1.

Tema aula: PRODUÇÃO FAMILIAR AGROECOLÒGICA

Área do conhecimento: Ciências agrárias e Naturais.

Através de uma aula expositiva dialógica, todos os participantes colocaram o que entendiam

sobre a produção familiar agroecológicas e suas características, conforme síntese abaixo,

onde o círculo amarelo mostra o que é necessário para a produção. O círculo azul mostra as

características e os princípios dessa forma de produção; o círculo rosa mostra alguns tipos

de alimentos que são produzidos pela agricultura familiar agroecológica.

7

Agricultura Familiar

agroecológica

O QUE ENTRA? • Sementes locais

• Mão de obra familiar

• Pequenas extensões de terra• Conhecimento

tradicional

CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS

• Agricultura diversificada • Resgate e preser-vação de sementes locais• Mão de obra familiar • Distribuição de terra • Novos conhecimentos• Organização comunitária

PRODUTOS • Milho • Galinha de capoeira ou da terra • Feijão, andu, mangalô, fava, etc. • Verduras e frutas diversas • Inhame, quiçari • Produtos beneficiados: farinha de mandioca, beiju ou tapioca, geléias, doces, carne de sol, embutidos.

8

Esta sensibilização foi realizada para relembrar aos educandos os conceitos desenvolvidos

no laboratório. Ainda foram convidados a assistirem ao vídeo “Semente da Paixão”,

identificando os elementos de uma prática agroecológica . Em seguida o grupo deslocou-se

a unidade familiar produtiva do Sr. Edílson. Esta visita foi previamente acertada pelo

Sindicato Local. Neta propriedade, os educandos foram instruídos e orientados a fazerem

dois experimentos: a calda sulfocálcica e o composto orgânico.

Para o preparo da calda sulfocálcica a instrutora esclareceu que com a chegada do frio, as

pragas e os patógenos causadores de doenças, se preparam para atravessar o período

invernal nas formas de resistência, abrigados nas cascas do tronco e ramos das frutíferas,

para surgirem na primavera e causarem prejuízos da fase de brotação até a colheita. A calda

sulfocálcica, pela sua eficiente ação fungicida, acaricida e inseticida é considerada o melhor

produto para proceder à erradicação das pragas e patógenos hibernantes, pelo tratamento

de inverno.

Esclareceu ainda que a calda sulfocálcica é indicada para o controle de doenças, tais como:

ferrugem (alho, cebola e feijão), oídio, antracnose e mancha púrpura. E também indicada no

controle de insetos, tais como cochonilhas, tripés e ácaros. E também utilizada para limpeza

de troncos de fruteiras.

Após estas observações solicitou que anotassem a receita da Calda sulfocálcica e discutiu

sobre os tipos de produtos usado, a função e como procederem no preparo e aplicação. Na

elaboração da receita em campo, conforme foto anexa, a instrutora levantou outros

experimentos já desenvolvidos pelos educandos no combate das pragas. Identificou as

praticas que não agrediam o meio ambiente bem como as dificuldades dos educandos no

manejo das técnicas.

Ingredientes:

Os ingredientes utilizados no preparo da calda sulfocálcica e suas quantidades são 2 quilos

de enxofre, 1 quilo de cal virgem e 10 litros de água.

Como fazer?

- Coloque os 10 litros de água no vasilhame, ponha para ferver e misture a cal virgem;

- Quando começar a ferver vá despejando os 2 quilos de enxofre, sempre mexendo até que o

enxofre se misture com a água e com a cal, formando uma calda de cor amarela;

- Depois de feita a mistura, mantenha a calda fervendo por uma hora, sempre mexendo.

Importante

- Marque e mantenha o volume sempre em 10 litros, acrescentando água quente durante o

tempo que estiver fervendo.

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- Depois de ferver mais ou menos uma hora, a calda vai ficar grossa e com uma cor marrom

claro. È só deixar esfriar, coar e usar ou guardar.

Como guardar

Para guardá-la, deve-se usar baldes de plástico ou garrafões, bem tampados. Se os

vasilhames forem bem fechados, a calda continua com sua força toda por mais 4 meses.

Como aplicar

Usar de meio litro a 1 litro de calda pronta em 20 litros de água. Pulverizar dando intervalos

de 10 a 15 dias.

Observações

- Não se deve aplicar a calda sulfocálcica em plantas da família das curcubitácias (abóbora,

pepino, melancia, melão). Elas são muito sensíveis ao enxofre;

- Não aplique a calda sobre a florada, nem em dias muito ensolarados e abafados, pois o

calor pode queimar as plantas;

- Muito cuidado com os olhos, a calda sulfocálcica é cáustica e arde na pele e nos olhos;

- Excelente fungicida, também com propriedade inseticida e sarnicida, à base de enxofre em

pó e cal virgem.

O segundo experimento desenvolvido no campo foi o composto orgânico. A instrutora

esclareceu que existem várias formas de fazer compostos, no entanto, fariam o composto de

pilha. Observou que a maneira de faze-lo e material utilizado sempre dependerá da

disponibilidade do local.

Durante o experimento a instrutora ia orientando os educandos:

A pilha do composto tem que ter um tamanho que permita que a fermentação ocorra de

forma boa.

A primeira camada aplicada foi de palhas, a segunda de esterco e a terceira de cinza, como

poderiam ter usado pó de rocha ou farinha de osso. Orientou que o material de cada camada

tinha que ser r bem espalhado e molhado. Repetindo aplicação até a pilha chegar numa

altura de 1 metro e meio. Quando a pilha foi finalizada os educandos a cobrindo para

proteger da chuva, a instrutora observou a depender da região coloca-se com folhas de

banana, coqueiro ou outra folha disponível no local. Discutiu com o grupo o processo de

fermentação e o controle de umidade do processo, pois o composto não deveria ficar

molhado demais, pois esfriaria, nem tão pouco seco. Tanto em material seco, quanto

molhado demais não ocorre fermentação. Tem que ter um bom controle de umidade. Para

controlar a fermentação orientou verificarem a temperatura da pilha de composto utilizando

um vergalhão a temperatura para que ele se mantenha ideal seria entorno de 65 graus

(quando conseguimos segurar o vergalhão) entorno de 30 dias. A instrutora combinou com o

grupo voltar para revirar o composto ao fim dos 30 dias, para ser tombado camada por

10

camada, repetir todo o procedimento de molhagem e controle de temperatura por mais 30

dias. Ao final destes 60 dias o composto estará pronto para usar.

ATIVIDADE 2 - Avaliação da aprendizagem.

Após as práticas, pedimos aos educandos que relatassem sobre o conhecimento apreendido

no laboratório e deste módulo. Abaixo registramos alguns depoimentos. Em seguida foi

solicitado pela educadora da turma a produção de textos destes depoimentos.

Depoimentos:

“Eu através do que ouvi no vídeo e também na prática do composto. Eu pretendo colocar em

prática um pouco na minha pequena propriedade em hortaliças e laranja, banana, mamão,

manga, café e outras coisas mais do solo para que produza mais. Eu já fiz coisas erradas

com o solo,mas hoje eu já não faço mais, porque tenho um pouco de conhecimento que o

solo merece mais carinho e respeito por ele. Este é o meu objetivo e meu sonho”

João Gonçalves Santana

“Eu Edmundo fiquei muito entusiasmado com o que comecei a aprender, principalmente na

construção do composto e também no que assisti no vídeo passando boas experiências para

todos nós”. Edmundo Oliveira Soares

“Este curso tem um sentido muito importante para mim. Pois muitas coisas que eu pensava

não ter tanta utilidade. Mas, quando comecei a fazer parte destas reuniões, fiquei certa de

tanto conhecimento. Pois a gente tinha em mãos os utensílios e não sabia como usa-lo nos

cuidados da terra. Por exemplo, não queimar os capins,as folhas secas. O composto me

deixou muito atenta, pois é como se fosse a vitamina para as plantas, ou melhor, uma salada

de frutas. Como disse, uma transação de várias vitaminas juntas. Também a calda para

polvilhar as plantações para expurgar as pragas e quero aprender mais para utilizar em casa

e fazer junto com a minha comunidade e sobre a medicina através das plantas. Isto é muito

proveitoso na vida de todos nós”. Maria Lima dos Santos Manso

“Eu estou achando muito importante principalmente o composto que eu não sabia como

fazer. A calda também não sabia como fazer. Aprendi vou levar as receitas para casa.

Passar como fazer para as outras pessoas. O remédio de matar formigas, também aprendi

como fazer. A cuidar das plantas com mais carinho e mais ainda do solo. A adubação dessas

plantas. A convivência das plantas, uma com as outras é importante e também está junto

com todos vocês”. Alberto

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“A partir deste curso tenho descoberto a importância da Agricultura Familiar e aos poucos

estou entendendo o valor e capacidade que temos, mesmo morando numa região seca. Pois

descobri que a terra nos oferece tudo aquilo que precisamos. O que falta é nos conhecermos

melhor a terra e a natureza e aprender a lidar com ela” Luciene Ribeiro.

“A minha participação neste curso, tem como principal objetivo compreender qual o papel do

STR no processo de Desenvolvimento Sustentável e Solidário do Município de Cândido

Sales, tendo como eixo principal a Agricultura Familiar. O curso já me fez perceber a

necessidade de propor à diretoria do STR a criação de um grupo de trabalho com o objetivo

de Formar lideranças para representar o STR nos Conselhos de Políticas Públicas do

Município; Acompanhar os trabalhos dos Educandos nas comunidades adotadas; Criar

grupos de produção de acordo com o potencial de cada comunidade”;

Mobilizar os agricultores familiares para criação de cooperativas de produção e crédito;

Mobilizar novos parceiros “. Gilvan Coutinho”.

“A partir desse curso eu estou transformando a forma de trabalhar na agricultura familiar. Já

não queimava, mas a adubação era diferente. Agora já aprendi fazer o composto e vou

trabalhar fazendo a adubação orgânica que eu mesmo consegui aprender. Levarei para

minha comunidade, com este conhecimento vamos crescer mais a produção das lavouras e

plantas. O remédio para pulverizar eu já aprendi e vou pulverizar todas as lavouras, menos

as curcubitácias, que são abóbora, melão, maxixe, melancia.”. João Lelis

“O que eu aprendi também muito importante foi ajudar fazer o composto, pois não era do

meu conhecimento. E pretendo fazer vários compostos nas comunidades do meu município,

juntamente com os companheiros João Lelis, Manoel Moitinho, Edmundo e Vitória. E demais

companheiros para outras parcerias que podemos trocar mais experiências. E facilitar a vida

de nossos agricultores familiares. E também foi muito importante ajudar a preparar a calda

sulfocálcica com a cal e enxofre para o combate das pragas na lavoura”. Balbino Vieira

Santos.

“Quero trabalhar de agora em diante com agroecologia e diversificação. Quero conservar o

solo, não queimar as palhadas, as leiras, fazer composto orgânico, usar produtos inseticidas

naturais para combater fungos, doenças, insetos e pragas, não desmatar as nascentes,

preservar o meio ambiente. Quero plantar variedades de plantas e criar variedades de

animais(...). Quero passar o que aprendi para outras pessoas, tanto na família como nas

comunidades, principalmente na comunidade Laranjão, onde estou trabalhando. Quero

organizar, junto com as comunidades e sindicatos, para criar o banco de sementes e

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incentivar o uso dos remédios caseiros. Quero usar alimentos naturais produzidos na minha

propriedade”. Antônio Rocha

“(...). Uma ou duas coisas, que eu achei super importante foi a visita que fizemos ao sítio de

S. Edson e D. Maria na fazenda Apostema, (...). Veja só, lá aprendi coisas que eu nem

imaginava: composto que serve de adubo, uma calda sulfocálcica que serve para matar

pragas na lavoura” Manoel Moutinho

“(...) Mas aprendi que através de reuniões, parcerias e solidariedade, além de aumentar o

nosso conhecimento, temos a condição de melhorar a nossa vida, aumentando a nossa

produção e enriquecendo o solo, deixando ele mais fértil para as novas gerações. Paulino

Pereira de Oliveira”.

“As folhas (textos) e o relatório que levei para casa, foram uma abertura na minha memória.

O que é semente transgênica e calda sulfocálcica e os pontos que os companheiros falam.

Mamédio”.

“(...). Participar de encontros como este que estou participando, coisas que não praticava

correto em termo de fortalecer o solo. Hoje eu tenho aprendido graças a esse curso. Me

reabilitei como cuidar da terra para um bom plantio”. Dinho

“Para minha comunidade, a partir desta experiência vai ser muito importante para mim.

Melhorar a qualidade de vida da minha família, como também das famílias que eu

acompanho. Eu penso que só com esta realidade possamos ter um dia quem sabe um País

melhor. Aluísio”.

ATIVIDADE 3 - FORMAÇÃO DA IDENTIDADE CAMPONESA E A QUESTÃO AGRARIA.

Áreas de conhecimentos: Ciências humanas.

Tema 1 : O processo de formação da identidade camponesa.

Tema 2 : O processo de ocupação do território e a questão agrária

Tema 3 : Memória e estudo de um movimento social em defesa da terra.

Procedimento: Aula expositiva dialógica, trabalho de grupos, técnicas de vídeo-forum

dramatizações.

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Neste modulo, iniciamos o estudo do processo das lutas camponesas no Brasil

relacionadas a questão agrária. Situamos nossas analise no movimento histórico-social, a fim

de compreendermos as lutas sociais do período da Colonização a Republica.

No processo de formação da identidade camponesa e do processo de ocupação do

território brasileiro, identificamos as diferentes categorias camponesas existentes:

trabalhadores livres, sitiantes, pequenos proprietários agregados e escravos. Situamos que o

processo de formação do território brasileiro não pode ser desvinculado do processo das

lutas camponesas em defesa da terra. Expressa nos conflitos e das caracterizações da

relação entre dominantes e dominados nos diferentes períodos históricos do Brasil. Estes

antagonismos foram e são, até hoje, as expressões de ações de resistência camponesa nos

diferentes períodos, contra a concentração fundiária, exclusões, exploração, cativeiro,

expropriação e em defesa da conquista da terra e do trabalho.

A história do Brasil, neste 500 anos, é marcada por invasão do território, genocídio dos

povos indígenas e quilombolas ao mesmo tempo da concretização do “território capitalista”.

A partir dessa exposição dividimos os educandos em grupo para estudo dos textos.

Neste foi solicitado, a cada grupo, identificarem elementos da identidade camponesa nas

sociedades indígenas e quilombolas: Terra, trabalho e organização política e social.

Após a sistematização das equipes, o educador introduziu o estudo do Brasil republica.

Na exposição destacou que a implantação do regime republicano não modificou a situação

das famílias de trabalhadores do campo, que representavam naquela época mais de dois

terços da população nacional, segundo o historiador Chico Alencar em Historia da Sociedade

Brasileira (1996).

As grandes propriedades continuavam imperando tanto no litoral quanto no interior do país

(onde predominavam os latifúndios improdutivos) eram a razão principal da miséria e da

submissão da massa rural.

Segundo o censo realizado no inicio do século, havia em todo o território brasileiro 648.153

propriedades rurais. Destas, cerca de 45 constituiam-se de latifúndios de mais de mil

hectares, ocupando porem 60% da terra.

Necessidades mínimas, como: remuneração justa do trabalho, boa alimentação, estavam

longe de serem atendidas, o que gerava insegurança e insatisfação, além de poder resultar,

em certas condições, em fatores de revoltas violentas contra o poder oligárquico. Foi o que

ocorreu em diferentes regiões entre as ultimas décadas do império e as primeiras décadas

da República.

De posse dessas informações os educandos foram convidados a assistirem ao documentário

sobre a “Guerra de Canudos” do diretor Antonio Olavo, realizado em memorização aos cem

anos de Canudos.

Após a exibição fizemos a técnica de vídeo-fórum, pedindo estabelecessem relação com a

situação da agricultura familiar camponesa hoje. Foi surpreendente! Os educandos além de

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fazerem relação com a questão agrária hoje, nos aspectos políticos, sociais e econômicos,

estabeleceram relações de desejos e utopias entre canudos e a agricultura camponesa de

hoje como: defesa da cooperação e solidariedade, luta contra a explorarão e expropriação,

organização política, defesa da cultura e valores camponeses, direitos a comercialização e

religiosidade camponesa. Identificaram que no processo históricos muitos parentes tiveram

que deixar a terra da parentela em busca do direito a vida! Impressionaram-se com a

resistência Canudense vencendo tantas expedições, exemplo para agricultura familiar hoje

contra o agronegócio.

Após esse caloroso debate os educadores distribuíram síntese do texto: “Os discursos

ideológicos sobre Canudos” e orientaram que os mesmos fizessem uma representação do

período, enfocando a visão da igreja, dos latifundiários e do Estado para a destruição de

Canudos. A tarefa deveria envolver toda a classe. Para isso, dividimos o grupo em varias

equipes de trabalho: produção, roteiro, animação, cenário, figurinos, elencos, direção,

sonoplastia. A equipe de roteiro foi formada por um educando de cada grupo mais os

educadores.

Para produção foi estipulado um tempo de cinco horas e uma hora para apresentação. Na

encenação os alunos mostraram, muita criatividade no trabalho e integração, visão política e

o item mais destacado foi a religiosidade camponesa e exploração do trabalho no latifúndio.

ATIVIDADE 4 - Estudo da unidade produtiva a partir da matemática.

Objetivo: A partir do desenho da área da propriedade de cada aluno, identificar todos os

elementos matemáticos tais como: tamanho da área, quantidade de cultivos, quantidade de

criações etc.

Procedimentos: A partir de conversa informal a educadora, identificou com o grupo o

raciocínio lógico matemático realizado pelo agricultor na produção e manejo das culturas. Em

seguida, desenvolveu exercícios práticos envolvendo sistema de medidas com as quatro

operações.

ATIVIDADE 5 – ORIENTAÇÃO DE VISITAS.

A equipe pedagógica esclareceu e orientou o trabalho das visitas, para apresentação dos

relatórios no modulo IV.

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IV - CONSIDERAÇÕES:

Pela maioria das falas, a temática agroecologia representa um modo novo de observar o

agroecossistema e de manejá-lo, porém ao observar a facilidade com que apreenderam as

práticas realizadas, percebe-se que a temática não é inteiramente nova. Muitos princípios e

conceitos já são aplicados por eles na prática. No decorrer do percurso deveremos dar mais

subsídios teóricos a eles, porém deveremos também estimular a troca de experiência do que

já fazem em suas unidades de produção.

No estudo da formação do povo brasileiro, a maioria disse desconhecer o movimento de

resistência e indígena, quilombola e camponesa no país e o processo de organização e

intitucionalização dos agricultores familiares. Desse modo, iremos dar continuidade a este

processo até a década de 80.

A metodologia da linguagem teatral é muito rica e muito próxima destes agricultores, que

lidam diariamente com valores simbólicos e culturais de identidade camponesas muito

enraizados no trabalho e na terra. A experiência foi muito educativa e satisfatória tanto para

educandos como para educadores.

A equipe pedagógica detectou muita dificuldade no ensino e na aprendizagem da

matemática para a proposta metodológica do curso. Já havíamos identificado que a

matemática que interessa aos agricultores é aquela é realizada diariamente pelos

agricultores e precisa ser sistematizada na sala de aula, assim a equipe considerou a avaliar

o programa do curso como a substituição do educador de matemática.

Quanto às visitas havia muitas dúvidas na aplicação dos instrumentos e objetivos, muito

normal para estes agricultores que nunca vivenciaram a pratica da pesquisa no processo de

escolarização.

No conjunto é visível a apreensão do conhecimento, presente nos discursos dos educandos

como na mudança de atitudes.

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BIBLIOGRAFIA:

ALENCAR, Chico. História da Sociedade Brasileira. Livro Técnico, Rio Janeiro, 1996.

POLI, Odilon. Movimentos Sócias. Grifos, Santa Catarina,1999.

BENJAMIM, César. A questão agrária no Brasil. (texto xerox) julho de 2001.