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Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF) Relatório Municipal Estudo de Linha de Base Cabo de Santo Agostinho, PE Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Vanessa Andina Teixeira Setembro de 2006

Relatorio ELB Cabo de Santo Agostinho 04102006 · Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio

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Page 1: Relatorio ELB Cabo de Santo Agostinho 04102006 · Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio

Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas

Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem

CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família

(PROESF)

Relatório Municipal Estudo de Linha de Base

Cabo de Santo Agostinho, PE

Luiz Augusto Facchini

Roberto Xavier Piccini

Elaine Tomasi

Elaine Thumé

Denise Silva da Silveira

Vanessa Andina Teixeira

Setembro de 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Reitor: Antônio Cesar Gonçalves Borges Vice-Reitor: Telmo Pagana Xavier Pró-Reitor de Graduação: Luiz Fernando Minello Pró- Reitor de Extensão e Cultura: Vitor Hugo Manzke Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Alci Enimar Loeck Pró-Reitor Administrativo: Francisco Carlos Luzzardi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Elio Paulo Zonta Diretor da Faculdade de Medicina: Farid Iunan Butros Nader Diretor da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia: Emília Nalva Ferreira da Silva Chefe do Departamento de Medicina Social: Anaclaudia Gastal Fassa Chefe do Departamento de Enfermagem: Afra Suelene de Souza Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia: Aluisio J. D. Barros Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio Costa de Oliveira

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação

da Saúde da Família (PROESF): Relatório Municipal do Estudo

de Linha de Base de Cabo de Santo Agostinho – Lote 2 Nordeste

/ Luiz Augusto Facchini ... [et al.]. – Pelotas: Universidade

Federal de Pelotas, 2006.

108p. : il.

1. Saúde Pública – Brasil – Administração 2. Programa de Saúde da Família 3. Atenção Básica - Avaliação. I. Facchini, Luiz Augusto. II. Piccini, Roberto Xavier. III. Tomasi, Elaine. IV. Thumé, Elaine. V. Silveira, Denise Silva da. VI Teixeira, Vanessa Andina.

CDD 362.109

Maria de Fátima S. Maia CRB 10/134

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EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO

Coordenação Geral Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Organização do Relatório Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Maria de Fátima dos Santos Maia Alitéia Santiago Dilélio Vanessa Andina Teixeira Thiago Garcia Martins Turene Bastos Coordenação de Trabalho de Campo Fernando Vinholes Siqueira Coordenação de Processamento de Dados Denise Silva da Silveira Elaine Tomasi Coordenação Executiva Maria de Fátima dos Santos Maia Alessander Osório Mercedes Lucas Coordenação do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Rita Heck Vanda Maria da Rosa Jardim Equipe Técnica do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Vanda Maria da Rosa Jardim Emília Nalva Ferreira da Silva Valéria Christello Coimbra Michele Mandagará Oliveira Equipe de Apoio do Estudo Qualitativo Fernanda Barreto Mielke Sidnei Teixeira Junior Ana Paula Giacomelli Tavares Gimene Cardozo Braga Rebeca Castilhos Gabriel Pereira Apoio de Informática Alessander Osório Filipe da Silva Ribeiro

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Codificação de Dados Augusto Duarte Faria Desirée Fripp Luciane Scherer Pahim Maria Aparecida Rodrigues Turene Bastos Suelen dos Santos Saraiva Vanessa Andina Teixeira Suele Silva Danton Duro Filho Alitéia Santiago Dilélio Digitação Alisson Morales Ary Morales Neto Carla da Cruz Teles Daniel de Souza Pereira Emanuele Braga Fabiana de Souza Pereira Thiago Garcia Martins Controle de qualidade Vera Vieira Helena Souza van der Laan Susete Aschidamini Ferreira Supervisores do Trabalho de Campo Alitéia Santiago Dilélio Arilson da Rosa Catiúscia Souza Cleonice Valadão Danton Duro Filho Janaína dos Santos João Luis Rosado Michele Padilha Rodrigues Maria Márcia Ambrósio Patrícia Mendonça Raquel Barboza Sandra de Souza Silvia da Costa Suele Silva Vanessa Andina Teixeira Professores Colaboradores José Justino Faleiros Anaclaudia Gastal Fassa Fábio Lima Gabriela Lobata Helen Denise Gonçalves da Silva Alunos voluntários e bolsistas de Iniciação Científica dos Cursos de Medicina e Enfermagem da UFPel e de Psicologia da UCPel Clarissa de Souza Cardoso Emanuela Maria Dalvit Helena Souza van der Laan Inês Soria Alvaro Jeanine Porto Brondani Lorielle Soares Wachs Mariangela Uhlmann Soares

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Escrever é sempre ocultar algo de modo que possa ser descoberto.

Ítalo Calvino

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AGRADECIMENTOS

Este projeto é o resultado de um esforço coletivo de professores, técnicos e

alunos vinculados ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina, ao

Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, ao Centro de

Pesquisas Epidemiológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. A

equipe destaca o reconhecimento a esta parceria, fundamental para o êxito do Projeto.

Igualmente se externa a gratidão ao apoio e estímulo recebidos de um grande

número de pessoas que, em diferentes âmbitos, institucionais, administrativos e

acadêmicos, viabilizaram o desenvolvimento do Projeto. Agradecimentos especiais e

em particular são destinados a:

Antônio Cesar Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),

André Luiz Haack, ex-reitor da UFPel,

Francisco Luzzardi, pró-reitor de administração e sua equipe de trabalho,

Antonio Costa de Oliveira, presidente, José Carlos Fernandes Filho e Sérgio Luis

Ribeiro dos Santos, colegas do setor de administração da Fundação Delfim Mendes da

Silveira,

Anaclaudia Fassa, chefe, e colegas do Departamento de Medicina Social,

Emília Nalva Ferreira, diretora, e colegas da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Afra Suelene de Souza, chefe, e colegas do Departamento de Enfermagem,

Renato Moreira, Dalvina Bueno de Almeida, Luis Cleber Wilke, Jorge Augusto Rollo

Cardozo, Fabiane dos Santos Luiz, Odete Almeida, Vera Lucia Govea da Silveira e

demais funcionários da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Cesar Victora, diretor, e colegas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas,

Aluísio Barros, coordenador, e colegas do Programa de Pós-Graduação em

Epidemiologia,

Eronildo Felisberto, coordenador, e equipe da Coordenadoria de Avaliação e

Acompanhamento do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à

Saúde do Ministério da Saúde,

Maria do Carmo Leal, coordenadora, e colegas do Grupo de Acompanhamento do

Estudo de Linha de Base do PROESF, junto ao Ministério da Saúde.

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É digna de especial registro a gratidão à professora Emília Nalva Ferreira,

diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia e aos colegas do Departamento de

Enfermagem pelo acolhimento na área física que a equipe deste Projeto ocupa hoje

nesta Unidade de Ensino. A iniciativa da professora Emília e colegas oportunizou a

participação de sua unidade no cotidiano das inúmeras atividades técnicas e

administrativas de um Projeto de grande porte.

Externa-se ainda entusiásticos agradecimentos à gestão e coordenação de

atenção básica e de saúde da família do Município de Cabo de Santo Agostinho,

representantes do controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes

comunitários de saúde, população entrevistada e todos aqueles que participaram do

Projeto fornecendo informações e contribuindo para a realização do trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS .................................................................................................. 13 LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 15 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 17 RESUMO .................................................................................................................. 19 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................21 2 METODOLOGIA....................................................................................................23

2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) .............................................. 23 2.2 Amostra e Amostragem do ELB......................................................................... 25

2.2.1 Amostra de UBS........................................................................................... 25 2.2.2 Amostra de profissionais de saúde ................................................................ 25 2.2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS......................................... 25 2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS................................ 26

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária.. 26 2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias................................................. 29 2.5 Processamento dos Dados .................................................................................. 30

2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos ................................................... 31 2.5.2 Identificação e constituição dos lotes ............................................................ 31 2.5.3 Bancos de Dados Estruturados...................................................................... 32

2.6 Controle de Qualidade........................................................................................ 32 2.7 Análise dos Dados.............................................................................................. 33

3 RESULTADOS .......................................................................................................35 3.1 Contexto ............................................................................................................ 35

3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Cabo de Santo Agostinho......... 35 3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde........................................................ 36 3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde ............................................................... 36

3.1.3.1 Distribuição dos Profissionais por Modelo de Atenção e por Unidade Básica de Saúde........................................................................................... 36

3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Profissionais..................... 37 3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde ................... 37

3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde.......................... 37 3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde

........................................................................................................................ 38 3.1.5.1 Distribuição da População ...................................................................... 38 3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de

Abrangência das UBS.................................................................................. 38 3.2 Dimensão Político-Institucional.......................................................................... 40

3.2.1 Projeto de Governo....................................................................................... 41 3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e

Cobertura do Programa de Saúde da Família ............................................... 41 3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do

Sistema Municipal de Saúde ........................................................................ 43 3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação

do Programa de Saúde da Família................................................................ 43 3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da

Atenção Básica............................................................................................ 44 3.2.2 Capacidade de governo................................................................................. 44

3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde ................................................. 44

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3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da Família ........................................................................................................ 44

3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde............................. 45 3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde ........................ 45

3.2.3 Governabilidade ........................................................................................... 46 3.2.3.1 Despesas per capita com saúde ............................................................... 46 3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios.................................. 46 3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família........ 47 3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde .................................... 47

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção ................................................................ 48 3.3.1 Práticas de gestão da ABS ............................................................................ 48

3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à saúde ........................................................................................................... 49

3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda ...................................... 49 3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal ......................... 50 3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde .......................................................... 50

3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município................................................. 50 3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde............................................................ 50 3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF................................................. 55 3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde...................................................... 55 3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados ......................................................... 56 3.3.2.5 Adstrição da demanda............................................................................. 57 3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino ......................................................... 57 3.3.2.7 Assistência farmacêutica......................................................................... 57

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde...................................... 57 3.4 Dimensão do Cuidado Integral ........................................................................... 58

3.4.1 Estratégias de indução da integralidade......................................................... 58 3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral............................. 58 3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares................................................. 60 3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos........................................................... 61 3.4.1.4 Utilização de protocolos ......................................................................... 62 3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais.......................................... 64 3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados............................................................ 64 3.4.1.7 Acesso a publicações .............................................................................. 64

3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde............................................ 65 3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS ........................................... 65 3.4.2.2 A categoria processo de trabalho............................................................. 65 3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde ...................... 66 3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho ..................... 70

3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde ..................................................... 71 3.5.1 Desempenho do Município de Cabo de Santo Agostinho .............................. 71

3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde ................. 71 3.5.2 Desempenho da Atenção Básica à Saúde ...................................................... 74

3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS..................................................... 74 3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS................. 76

3.5.2.2.1 Crianças .................................................................................... 76 3.5.2.2.2 Mulheres ................................................................................... 82 3.5.2.2.3 Adultos ..................................................................................... 88 3.5.2.2.4 Idosos........................................................................................ 95

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4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM CABO DE SANTO AGOSTINHO.......................................................................................103 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................107

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LISTA DE SIGLAS

AB – Atenção Básica

ABS – Atenção Básica à Saúde

ACS – Agente Comunitário de Saúde

CID-10 – Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Revisão

CMS – Conselho Municipal de Saúde

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

DEGES / SEGETS – Departamento de Gestão da Educação em Saúde / Secretaria de

Gestão da Educação e Trabalho em Saúde

ELB – Estudo de Linha de Base

ESF – Equipe de Saúde da Família

GLAS – Grupo Local de Avaliação em Saúde

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

MS – Ministério da Saúde

PROESF – Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família

PSF – Programa de Saúde da Família

RH – Recursos Humanos

RM – Região Metropolitana

SF – Saúde da Família

SM – Salário Mínimo

SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica

SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

TC – Trabalho de Campo

UBS – Unidade Básica de Saúde

USF – Unidade de Saúde da Família

UERGS – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

UFPEL – Universidade Federal de Pelotas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Indicadores demográficos e socioeconômicos para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.35

Tabela 3.2 Distribuição da amostra dos profissionais de saúde por Unidade Básica de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.36

Tabela 3.3 Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.37

Tabela 3.4 Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF, UFPel, Lote 2 NE 2005. pág.38

Tabela 3.5 Cursos de capacitação realizados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.46

Tabela 3.6 Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Cabo de Santo Agostinho e para Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.47

Tabela 3.7 Área física das Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.51

Tabela 3.8 Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.52

Tabela 3.9 Equipamentos das Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.53

Tabela 3.10 Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.54

Tabela 3.11 Atividades para o cuidado integral realizadas nas Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.59

Tabela 3.12 Atividades de grupo nas Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.60

Tabela 3.13 Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.61

Tabela 3.14 Utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pelas UBS estudadas em Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.62

Tabela 3.15 Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.63

Tabela 3.16 Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.64

Tabela 3.17 Médias alcançadas em relação à satisfação dos profissionais de saúde em uma escala de 0 a 10 em Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.70

Tabela 3.18 Indicadores de desempenho do sistema de saúde de Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.71

Tabela 3.19 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.72

Tabela 3.20 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.72

Tabela 3.21 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.73

Tabela 3.22 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.74

Tabela 3.23 Participação dos profissionais no atendimento à demanda no município de Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 pág.75

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NE, 2005. Tabela 3.24 Condições de nascimento das crianças de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha

de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.76

Tabela 3.25 Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.77

Tabela 3.26 Características do estado vacinal das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.78

Tabela 3.27 Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.79

Tabela 3.28 Prevalência de pneumonia nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.80

Tabela 3.29 Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.80

Tabela 3.30 Características de saúde bucal das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.80

Tabela 3.31 Características do pré-natal das mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.82

Tabela 3.32 Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência, às mulheres de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.83

Tabela 3.33 Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.84

Tabela 3.34 Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág.85

Tabela 3.35 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.85

Tabela 3.36 Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.86

Tabela 3.37 Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.86

Tabela 3.38 Atividade física dos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.88

Tabela 3.39 Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.89

Tabela 3.40 Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.90

Tabela 3.41 Problemas de nervos nos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.91

Tabela 3.42 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.92

Tabela 3.43 Características de saúde bucal dos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.93

Tabela 3.44 Atividade física dos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.95

Tabela 3.45 Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.96

Tabela 3.46 Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.97

Tabela 3.47 Problemas de nervos nos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.98

Tabela 3.48 Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.99

Tabela 3.49 Características de saúde bucal dos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág.101

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APRESENTAÇÃO

O relatório apresenta os resultados do Estudo de Monitoramento e Avaliação do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) no município de

Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, incluído na amostra do Lote 2 Nordeste,

coordenado e financiado nacionalmente pelo Ministério da Saúde.

O ELB, através de uma abordagem epidemiológica, avaliou a atenção básica à

saúde em suas dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado

integral e desempenho do sistema.

Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB e descreve os achados

sobre a atenção básica estabelecendo uma avaliação do Estudo no Município de Cabo

de Santo Agostinho.

Outras informações sobre o ELB para o conjunto dos municípios do Lote 2 NE,

incluindo o Relatório Final, já aprovado pelo Ministério da Saúde, estão disponíveis na

página do Projeto na Internet: http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm.

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RESUMO

O Estudo de Monitoramento e Avaliação do PROESF no Lote 2 Nordeste, sob responsabilidade da Universidade Federal de Pelotas, foi iniciado em fevereiro de 2005, incluindo 20 municípios de mais de 100 mil habitantes dos estados de Alagoas1, Paraíba2, Pernambuco3, Piauí4 e Rio Grande do Norte5.

O Estudo de Linha de Base utilizou um delineamento transversal e incluiu a coleta de dados primários nos municípios. Em Cabo de Santo Agostinho o estudo foi realizado em quatro dias. O trabalho de campo abrangeu entrevista com o Presidente de Conselho Municipal de Saúde, o Secretário Municipal de Saúde e o Coordenador de Atenção Básica / PSF e a coleta de dados documentais. Em relação aos instrumentos do âmbito da UBS, a caracterização da estrutura alcançou os seis serviços amostrados. Também foram coletadas informações de 87 profissionais de saúde, o que corresponde a uma média de 15 profissionais por UBS. O somatório da avaliação da demanda de um dia típico de trabalho das UBS estudadas, totalizou 713 atendimentos, o que corresponde a uma média de 119 atendimentos por dia por UBS. Na amostra populacional, foram entrevistadas 108 crianças (100% do estimado); 100 mulheres (93% do estimado); 108 adultos (100% do esperado) e 108 idosos (100% do esperado). Na média foram aplicados 18 questionários em cada estrato da amostra populacional de cada UBS. O processamento e análise dos dados foram concluídos em dezembro de 2005. O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de questionários reduzidos alcançando cerca de 5% dos domicílios selecionados para a amostra populacional.

Os achados do Estudo demonstram que de modo geral, a situação socioeconômica de Cabo de Santo Agostinho é semelhante à do conjunto dos municípios do Lote. Em relação à atenção básica e ao PSF, o município tem uma importante experiência. A cobertura do PSF em 2005 foi de 79%, ocupando a segunda posição entre as coberturas de PSF no Lote 2 Nordeste. Com isto, o município superou a meta proposta pelo Ministério da Saúde de 60% para municípios de 100.000 até menos de 500.000 habitantes. No âmbito da gestão da Atenção Básica destaca-se os bons índices de capacitação dos profissionais e de prestação de atividades em cuidado integral. Os indicadores do Pacto da Atenção Básica de Cabo de Santo Agostinho variaram muito, sendo em sua maioria desfavoráveis ao município quando comparados ao estado e país. Entretanto, destacaram-se positivamente as consultas de pré-natal, de mortalidade infantil, de mortalidade por câncer de mama e de internação por cetoacidose e coma diabético. Sobre o desempenho da ABS local os destaques foram imunização infantil, prevenção do câncer de colo uterino, orientações de aleitamento materno durante a gestação, e opinião positiva sobre alguns dos atendimentos recebidos. De qualquer maneira, a adequação da estrutura da rede básica, da supervisão e da capacitação dos profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para o desenvolvimento do SUS e da saúde da população no município.

A complexidade do estudo e sua abrangência não impediram o cumprimento adequado do cronograma previsto. A qualidade da equipe técnica envolvida nas diversas atividades do estudo e a participação dos representantes do município devem ser destacadas como razões fundamentais para o bom andamento do Projeto. Este resultado também se deveu ao apoio recebido do Ministério da Saúde, com especial destaque para a Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde e o Grupo de Acompanhamento dos Estudos de Linha de Base.

1 Municípios de Alagoas: Arapiraca e Maceió. 2 Municípios da Paraíba: Campina Grande, João Pessoa e Santa Rita. 3 Municípios de Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Garanhuns, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife e Vitória de Santo Antão. 4 Municípios do Piauí: Parnaíba e Teresina. 5 Municípios do Rio Grande do Norte: Mossoró, Parnamirim e Natal.

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1 INTRODUÇÃO

O Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa em Avaliação da Atenção Básica

à Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Medicina Social, do Departamento

de Enfermagem e do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), está vinculado ao Componente 3 (Monitoramento e Avaliação) do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) do Ministério da

Saúde (MS), incluindo a totalidade dos 20 municípios dos estados de Alagoas, Paraíba,

Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte do Lote 2 Nordeste, contando com a

participação de gestores e de trabalhadores de saúde.

A pesquisa através do Estudo de Linha de Base (ELB) incluiu quatro dimensões

orientadoras da avaliação da atenção básica: político-institucional, organizacional da

atenção, cuidado integral e desempenho do sistema de saúde (Ministério da Saúde,

2004). Através de abordagem epidemiológica se avaliou o quanto as exposições ao

PROESF e ao PSF afetam a variabilidade dos indicadores de cobertura, desempenho do

sistema de saúde e situação de saúde da população, estabelecendo uma referência para

avaliações e acompanhamentos futuros.

Os municípios estudados estão recebendo apoio à Conversão do Modelo de

Atenção Básica à Saúde, buscando estruturar a Estratégia Saúde da Família como porta

de entrada do SUS e viabilizar o acesso a outros níveis de complexidade, para assegurar

assistência integral aos usuários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Este processo foi

analisado como uma intervenção, cujos efeitos no presente podem ser observados em

municípios e população estratificados por estado da federação, porte populacional,

região metropolitana e modelo de atenção básica à saúde. Os efeitos históricos da

intervenção poderão ser observados em um segundo tempo, através da repetição do

estudo.

O ELB corresponde ao primeiro tempo de uma avaliação prospectiva sobre a

ABS e o PSF, mas também de uma análise da intervenção do PROESF na reorientação

do modelo de ABS.

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A epidemiologia foi o eixo que estruturou a abordagem do ELB, orientando a

articulação complexa entre as dimensões sob estudo e os níveis de análise empírica. As

dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e

desempenho do sistema foram tomadas como categorias abstratas da avaliação e

hierarquizaram conceitualmente as variáveis estudadas, enquanto os níveis de análise

hierarquizaram as variáveis, conforme sua operacionalização nas diversas fontes de

informação, primárias e secundárias, quantitativas e qualitativas, individuais e coletivas.

Este relatório apresenta a metodologia e os resultados do ELB no Município de

Cabo de Santo Agostinho, PE. A metodologia detalha as diversas etapas do estudo,

desde seu delineamento e o planejamento do trabalho de campo, até o processamento e

a análise dos dados.

Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB e descreve os achados

sobre a atenção básica no Município, contrastando com indicadores do Estado, do Lote

2 NE e do país.

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2 METODOLOGIA

2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB)

O delineamento é um meio de garantir relações válidas de causa e efeito entre as

variáveis em estudo (SUSSER, 1996). Os delineamentos ideais na avaliação de

programas ou serviços de saúde dependem da natureza dos programas e da precisão das

estimativas a serem obtidas. Estudos transversais são excelentes para avaliações de

adequação da cobertura ou qualidade de serviços, mas também podem ser utilizados em

avaliações de plausibilidade na comparação de modelos ou programas de saúde

(HABICHT, 1999, SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

Na área da saúde pública, estudos observacionais que testem a efetividade das

intervenções sob condições de rotina são mais adequados do que ensaios randomizados.

Para que seus resultados forneçam subsídios para as políticas de saúde, os estudos não

randomizados precisam ser alvo de tanta atenção quanto a que tem sido dedicada, nos

últimos anos, aos estudos randomizados (SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

A declaração TREND é uma iniciativa recente que busca contribuir para esse

fim, ao definir uma série de normas para o delineamento e divulgação de estudos

observacionais de avaliação de programas e serviços de saúde (DES JARLAIS, 2004).

O ELB segue os fundamentos dos estudos transversais, com grupos de

comparação, utilizando medidas com múltiplos níveis de agregação, em relação às

diferentes dimensões observadas (ROTHMAN, 1998). O estudo também pode ser

caracterizado como multicêntrico de efetividade e linha de base para determinar o

impacto do PROESF / PSF nos indicadores de desempenho do sistema de saúde e de

situação de saúde da população, incluindo todos os 20 municípios.

O delineamento do estudo procurou minimizar o viés de seleção incluindo a

totalidade dos municípios e amostras proporcionais de unidades básicas de saúde do

Lote 2 NE, juntamente com uma complexa estratificação de variáveis independentes

para o estabelecimento de comparações (DES JARLAIS, 2004; ROTHMAN, 1998).

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O delineamento transversal foi qualificado tanto através da estratificação das

UBS segundo o modelo de atenção (Tradicionais e PSF), quanto pela possibilidade de

controlar o efeito do PSF, estratificando suas UBS conforme o período de implantação,

anterior ou posterior a intervenção do PROESF. No caso de Cabo de Santo Agostinho

foram selecionadas duas UBS Tradicionais e quatro de PSF (duas UBS pré-PROESF e

duas pós-PROESF). A obtenção de informação estruturada para o âmbito da gestão, do

controle social, das unidades básicas de saúde, dos usuários e da população também

enriqueceram o delineamento do estudo, especialmente com a inclusão de questões

abertas que qualificaram as questões fechadas que predominam na abordagem

epidemiológica. A coleta de dados secundários de bases nacionais também foi outro

aspecto do delineamento do estudo que complementou a abordagem transversal do

objeto.

As variáveis selecionadas caracterizaram as dimensões político-institucional,

organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema.

A dimensão político-institucional examina principalmente os aspectos relativos à

gestão do SUS e da ABS. Seu âmbito é fundamentalmente o do agregado do município.

Neste âmbito, os modelos de atenção são caracterizados como políticas, ilustradas por

diferenças históricas e conjunturais na cobertura populacional.

A dimensão organizacional da atenção caracteriza aspectos da gestão da ABS e

do PSF, mas aproxima seu olhar da UBS e dos fluxos entre os níveis de atenção do

SUS. Neste âmbito, a dicotomia entre os modelos de ABS, tradicional e PSF, passa a se

materializar nas práticas de gestão e a oferta de serviços básicos e especializados. Este é

o âmbito do detalhamento e constituição das políticas de saúde e, particularmente, da

reorientação do modelo de atenção básica à saúde.

A dimensão do cuidado integral focaliza a UBS, suas práticas e recursos na

abordagem das necessidades de saúde da população. Examina as estratégias de indução

da integralidade e o processo de trabalho na ABS.

Por fim, a dimensão desempenho do sistema analisa a utilização dos serviços de

ABS e a situação de saúde da população, permitindo observar as diferenças tanto para

os agregados geopolíticos, quanto para os modelos de ABS.

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2.2 Amostra e Amostragem do ELB

O universo do estudo é constituído pelo município de Cabo de Santo Agostinho.

Neste universo foi realizada uma amostra estratificada por múltiplos estágios para

selecionar unidades básicas de saúde, profissionais de saúde, usuários e indivíduos

residentes na área de abrangência dos serviços (LEMESHOW, 1990; LEVY, 1980;

LWANGA, 1991).

2.2.1 Amostra de UBS

Tomando-se uma lista de UBS fornecida pelo município foram sorteadas

aleatoriamente 6 UBS, que orientaram a seleção das amostras de profissionais de saúde,

usuários e população da área de abrangência dos serviços. Foram incluídas duas UBS do

PSF pré-PROESF, duas do PSF pós-PROESF e duas UBS Tradicionais.

2.2.2 Amostra de profissionais de saúde

Em cada UBS se procurou entrevistar todos os trabalhadores de saúde em

atividade.

Foram incluídos tanto os profissionais de saúde de nível superior (médicos,

enfermeiros e outros de nível superior), quanto os profissionais de nível médio

(auxiliares de enfermagem, recepcionistas, ect) e os ACS.

2.2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS

Em relação a amostra de usuários, a estratégia amostral foi registrar todos os

atendimentos de um dia de trabalho em cada UBS selecionada, incluindo aqueles

realizados por ACS. A base de registro utilizada foi a Ficha de Atendimento

Ambulatorial (FAA) do SUS, documento utilizado cotidianamente nas UBS para efeitos

gerenciais e contábeis. Utilizou-se um formulário-espelho, que continha todas as

informações da FAA e facilitava a digitação eletrônica dos dados. As informações sobre

a avaliação da demanda estão mais detalhadas no item de instrumentos do estudo e na

seção de Resultados do ELB.

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2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS

A amostra populacional foi dividida em 4 grupos, crianças de um a três anos de

idade, mulheres que tiveram filhos nos últimos dois anos, adultos entre 30 e 64 anos de

idade e idosos a partir dos 65 anos de idade. Estes indivíduos foram localizados na área

de abrangência de cada uma das UBS, através de amostragem sistemática. Para compor

a amostra do Lote 2 NE, selecionou-se cerca de 2100 indivíduos em cada um dos

grupos, cujo tamanho era suficiente para examinar diferenças de 25 a 30% entre os

modelos de atenção das UBS (PSF x Tradicional), com um poder estatístico de 80% e

prevalências dos desfechos de no mínimo 25%. Estes parâmetros permitiram avaliar

diferenças na utilização de serviços de saúde, realização de procedimentos preventivos e

acompanhamento de atividades programáticas. Esta amostra foi dividida pelo número

de UBS selecionadas (120) resultando em um número de 18 entrevistas a serem

realizadas para cada grupo populacional da área de abrangência de cada uma delas.

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária

O trabalho de campo em Cabo de Santo Agostinho ocorreu nos dias 20 a 22 de

junho e 09 de agosto de 2005, tendo sido realizado por uma equipe de 14 supervisores

criteriosamente selecionados e capacitados para o desenvolvimento de cada uma das

etapas do trabalho de campo.

A pactuação de uma agenda de trabalho de campo com o Município foi uma das

estratégias utilizadas para operacionalizar o cronograma estabelecido. O apoio recebido

do gestor, coordenação de atenção básica e de saúde da família, representantes do

controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de

saúde e população entrevistada foram fundamentais para a realização do trabalho. A

capacitação e a motivação do grupo de supervisores também foram extremamente

relevantes para o sucesso deste trabalho.

Apresenta-se a seguir o detalhamento da logística no trabalho de campo para

cada um dos instrumentos utilizados na coleta de dados primários. Os instrumentos

estão disponíveis da página do PROESF-UFPEL na Internet e são de livre acesso –

http://www.epidemio-UFPel.org.br/proesf/index.htm

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a. Gestor e Coordenador de Atenção Básica e PSF

Os dados referentes ao gestor e coordenador foram coletados através de

questionário auto-aplicado destinado a registrar informações demográficas, de formação

profissional e experiência na gestão, além de caracterizar os aspectos político-

institucionais da ABS e do PSF no município. Depois de preenchidos, os instrumentos

foram enviados á coordenação do Projeto para revisão, codificação e digitação na sede

do estudo na cidade de Pelotas.

b. Entrevista com o Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Para a aplicação deste instrumento foi solicitado o agendamento prévio da

entrevista realizada por um supervisor do TC.

c. Processo de Trabalho

Este instrumento foi preenchido em reuniões nas unidades básicas amostradas,

após a convocação por parte dos coordenadores das UBS. Os trabalhadores presentes no

dia da reunião discutiam os aspectos da organização do trabalho, as atividades

realizadas, os responsáveis por sua realização, os instrumentos e insumos utilizados,

além de identificar os principais problemas do processo de trabalho e sugestões de

melhoria.

d. Estrutura da UBS

O instrumento para captar informações sobre a estrutura da UBS era

fundamentalmente fechado e poderia ser preenchido coletivamente em uma reunião de

equipe, ou por um responsável pela UBS, com o apoio de pessoas-chave nos diversos

setores. A tarefa foi realizada durante o TC na UBS. Enquanto realizavam o

levantamento de informações populacionais na área de abrangência, os supervisores

apoiaram o responsável na UBS pelo instrumento.

e. Equipe de saúde

O questionário individual auto-aplicado era dirigido a todos os trabalhadores

lotados na UBS, incluindo profissionais de nível superior, médio e ACS. As questões

eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas várias questões abertas

foram utilizadas para qualificar a informação quantitativa. O instrumento da equipe de

saúde foi distribuído pelos supervisores as UBS, juntamente com os demais

questionários. Durante o TC na UBS, os supervisores orientaram o preenchimento e

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motivaram os trabalhadores a participar do estudo. Depois de preenchidos, os

instrumentos foram recolhidos pelos supervisores e enviados para revisão, codificação e

digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas.

f. Demanda da UBS – PACOTAPS

Utilizando um formulário baseado na Ficha de Atendimento Ambulatorial

(FAA) do SUS, todos os atendimentos de um dia de trabalho na UBS foram registrados,

incluindo os agentes comunitários de saúde.

Estes formulários foram digitados no software PACOTAPS (TOMASI, 2003),

capaz de identificar a dimensão do acesso da população aos serviços, a qualidade do

registro das atividades, produzir análises sobre o perfil demográfico e epidemiológico

da demanda nas UBS.

O software é de fácil utilização por indivíduos sem conhecimentos prévios de

informática e epidemiologia e possibilita delinear com maior nitidez o perfil da

demanda, avaliar os serviços ao longo do tempo, comparar serviços entre si, em

momentos determinados, de acordo com as demandas do espaço de gestão. Permite

ainda, identificar com precisão e atualidade através de seus relatórios, informações

sobre o gênero, os grupos etários, os principais motivos de consulta, os medicamentos

mais prescritos, os exames mais solicitados e os encaminhamentos realizados.

O software foi distribuído ao município e os representantes das SMS e das UBS

foram capacitados para sua utilização na avaliação dos serviços básicos. Este aplicativo

também pode ser obtido na página do Projeto na Internet no endereço citado

anteriormente.

g. Amostra Populacional

Foram realizadas entrevistas individuais, domiciliares, com questionários

estruturados, abordando questões relevantes para o estudo em amostras independentes

de crianças, mulheres, adultos e idosos. As questões eram todas estruturadas e

predominantemente fechadas, mas também havia questões abertas para qualificar as

respostas fechadas. Para a caracterização socioeconômica das amostras, foram utilizadas

a renda per capita em salários mínimos e a classificação da ANEP / ABIPEME

(RUTTER, 1988), esta última composta de informações sobre a escolaridade do chefe

da família, da disponibilidade de empregada mensalista e sobre a posse de bens

eletrodomésticos.

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Para a aferição de alcoolismo (adultos), foi utilizado o teste CAGE (MASUR,

1983; SOINBELMAN, 1992), composto de quatro questões, sendo mais de duas

afirmativas um indicador de dependência de bebida alcoólica.

As entrevistas foram realizadas por supervisores selecionados e capacitados

especialmente para estas atividades pela equipe técnica do projeto. A amostra

populacional foi localizada na área de abrangência da UBS, que foi o ponto inicial para

a coleta de dados. Todos os domicílios do percurso seguido a partir da UBS até os

limites da área foram visitados em busca dos indivíduos elegíveis de acordo com o

grupo populacional.

A baixa densidade de indivíduos elegíveis em cada domicílio facilitou a

distribuição da amostra por toda a área de abrangência da UBS, minimizando as

possibilidades de viés de seleção ou efeito de cluster nas amostras (ROTHMAN, 1998).

Assim, se procedeu à inclusão consecutiva dos domicílios para a composição da

amostra.

Caso em um domicílio não residisse o indivíduo com as características

requeridas, passava-se ao seguinte, respeitando a orientação do deslocamento pela área

de abrangência. Nos domicílios selecionados, somente um indivíduo elegível (crianças,

mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos, adultos e idosos) foi convidado a

participar do estudo, explicando-se a sua finalidade e apresentando termo de

consentimento informado. Nos domicílios em que se encontraram duas crianças ou duas

mulheres elegíveis, a mais jovem foi entrevistada. Para os adultos e idosos esta regra se

inverteu, sendo elegível o mais velho.

2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias

Integrando o Estudo de Linha de Base do PROESF, foram sistematizados para o

município, o Estado, o Lote e o país, dois conjuntos de informações oriundas de bases

nacionais disponíveis (Ministério da Saúde, DATASUS, IBGE, etc.).

O primeiro conjunto diz respeito aos 34 indicadores do Pacto da Atenção Básica,

instrumento de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção básica por parte

do Ministério da Saúde (2003).

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O segundo conjunto de informações está baseado nos Indicadores de

Monitoramento da Expansão do PSF em Grandes Centros Urbanos, de Julho de

2002, trabalho coordenado pela Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (2002). Do total dos

indicadores propostos, foi selecionado para análise um conjunto que fornece

informações de acordo com três eixos:

1. Perfil epidemiológico e sócio-demográfico da população;

2. Financiamento da saúde, da atenção básica e do PSF;

3. Organização da assistência, do cuidado e desempenho do sistema.

2.5 Processamento dos Dados

A complexidade da avaliação da atenção básica no âmbito do PROESF requer

que o conhecimento produzido seja baseado em informações as mais fidedignas

possíveis. Até traduzir-se em informações, todos os dados coletados durante o trabalho

de campo são objeto de um conjunto de atividades, sistemática e rigorosamente

encadeadas. Estas atividades vão desde a recepção e classificação dos instrumentos até

as análises mais complexas e informativas.

Uma das peculiaridades do nosso estudo sobre a atenção básica no Brasil é a

extensa e variada gama de abordagens e instrumentos utilizados: dados quantitativos e

qualitativos, dados primários e secundários, dados com foco na gestão municipal da

saúde, dados com foco nas unidades básicas e dados com foco na população residente

na área de abrangência da UBS. Cada uma destas categorias se relaciona com as demais,

o que imprime um alto grau de complexidade a todas as tarefas de preparar estes dados

para análise.

As atividades relacionadas ao processamento dos dados oriundos dos diferentes

instrumentos do estudo estão descritas em ordem cronológica e seqüencial. Em seguida,

são apresentados os diferentes bancos de dados, agregados por tipos de instrumentos.

Estão disponibilizados na página do Projeto na Internet os materiais de apoio ao

processamento dos dados, especialmente construídos para o estudo.

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2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos

Os instrumentos completados no trabalho de campo entravam no processamento

por município, na mesma ordem da realização da coleta de dados. Uma vez “na bancada

de trabalho”, os diferentes instrumentos eram separados por tipo para identificação.

2.5.2 Identificação e constituição dos lotes

Nesta fase, o questionário recebia um identificador numérico único. Para os

questionários da população da área de abrangência da UBS e dos profissionais, o

identificador possuía sete algarismos: um para o Estado, dois para o município, dois

para a UBS e dois para o entrevistado. Para os questionários da estrutura e do processo

de trabalho na UBS, o identificador possuía cinco algarismos: um para o Estado, dois

para o município e dois para a UBS. Para os questionários do nível municipal, o

identificador era de três algarismos: um para o Estado e dois para o município. Para o

estudo de demanda, cujo instrumento é a “ficha-espelho” da Ficha de Atendimento

Ambulatorial, a identificação era dada pelo código da UBS junto ao Sistema de

Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA – SUS).

Para cada conjunto de instrumentos do mesmo tipo e da mesma UBS era

constituído um lote de questionários, obedecendo a uma numeração seqüencial utilizada

no formulário “capa de lote”. Neste formulário, eram registrados os números de

identificação de cada questionário do lote, além do município, UBS, total de

questionários, data e responsável pelo fechamento do lote.

Para cada município, foram sistematizados os totais de cada instrumento

efetivamente completados no trabalho de campo, excluídas as perdas e recusas. Estes

números eram registrados em uma planilha do processamento por município e UBS,

denominada “Listagem de Controle de Lote”. Esta rotina dava início ao processamento

propriamente dito, com a seguinte seqüência de tarefas para os questionários

populacionais e dos profissionais:

• codificação de questões fechadas

• tabulação de questões abertas

• codificação de questões abertas

• revisão final

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• digitação

A primeira folha de cada questionário recebia um carimbo com a seqüência de

tarefas acima citadas para registro de data e responsável.

2.5.3 Bancos de Dados Estruturados

a. Questionários populacionais, estrutura de UBS e profissionais de saúde

Para os questionários populacionais (crianças, mulheres, adultos e idosos), da

estrutura da UBS e dos profissionais foram criados bancos de dados no EPI-INFO, que

permite validação da entrada de dados para amplitude e consistência das variáveis.

b. Demanda ambulatorial

As fichas-espelho do estudo de demanda foram inicialmente contadas e

revisadas. Para cada procedimento era identificado um código na Tabela de

Procedimentos do SIA-SUS e para cada diagnóstico era identificado um código na

Classificação Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID-10). Para facilitar o

trabalho de codificação, foram identificados os códigos de maior utilização, o mesmo

acontecendo com os códigos da CID-10 para os diagnósticos.

A seguir, as fichas-espelho eram digitadas no aplicativo PACOTAPS, uma

ferramenta desenvolvida pela equipe (TOMASI, 2003) para subsidiar o planejamento e

a avaliação de serviços básicos de saúde.

c. Processo de trabalho, Gestor Municipal, Coordenador da Atenção Básica

e Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Todas as questões abertas destes instrumentos foram digitadas em programa de

edição de textos para posterior análise.

Para as questões fechadas (pré-codificadas) foram criados bancos de dados no

EPI-INFO, a exemplo dos instrumentos populacionais, da estrutura da UBS e dos

profissionais de saúde.

2.6 Controle de Qualidade

O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de

questionários reduzidos para alcançar, no mínimo, 5% dos domicílios selecionados.

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33

Estes questionários eram compostos por perguntas-chave para identificar possíveis erros

ou respostas falsas. Para tanto, foi sorteado um questionário relativo a cada grupo

populacional investigado (criança, mulher, adulto e idoso) por Unidade Básica de

Saúde.

Para padronizar e qualificar a coleta dos dados do controle de qualidade, uma

pessoa especialmente treinada para este fim, realizou o contato telefônico. Não

existindo a possibilidade de contato telefônico com a pessoa sorteada, uma busca pelo

endereço ou pela respectiva UBS, era realizada na tentativa de localizar e coletar os

dados do entrevistado, não havendo, portanto, substituição para evitar possíveis viéses.

Para checagem imediata da consistência das informações, através de uma

planilha, algumas respostas referidas pelo entrevistado no contato feito pelo supervisor

eram comparadas com as repostas referidas no momento da aplicação do questionário

de controle de qualidade. Esta medida facilitava a detecção precoce de possíveis erros

na coleta dos dados e possibilitava a intervenção imediata junto ao supervisor do

trabalho de campo. A atividade de controle de qualidade era supervisionada diariamente

por um dos membros da equipe. Ao final, foi realizada a checagem da consistência das

informações através do índice de concordância de Kappa (LANDIS, 1977).

Os resultados do controle de qualidade para a totalidade dos municípios estão

disponíveis no Relatório Final do Lote 2 NE, na página do Projeto na Internet.

2.7 Análise dos Dados

Digitados no programa EPI-INFO 6.04b, os bancos de dados foram exportados

através do aplicativo STAT TRANSFER 5.0 para o pacote estatístico SPSS 10.0 para

Windows, utilizado para as análises. No caso de Cabo de Santo Agostinho, a estratégia

analítica foi descrever o perfil da atenção básica na amostra estudada, sem enfatizar

diferenças entre PSF e UBS Tradicional, em função dos pequenos números, que

distorcem as comparações. Em função disso, as comparações são feitas com os achados

do Lote, do Estado e do país. Os achados envolvendo comparações entre os modelos de

UBS fazem parte do Relatório Final do Lote 2 NE, disponível na página do Projeto na

Internet.

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34

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35

3 RESULTADOS

3.1 Contexto

3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Cabo de Santo Agostinho

Em 2000, Cabo de Santo Agostinho possuía 152.977 habitantes. Seu Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,707, semelhante ao do estado de PE e inferior

ao do Brasil. Também em relação a PE e Brasil, apresentava maior expectativa de vida e

maior cobertura de água encanada. Entretanto, o município tinha a maior taxa bruta de

natalidade, a menor proporção de idosos e a menor proporção de cobertura de esgoto,

sendo que a proporção de pobres era semelhante à do estado, mas superior à do país. Já

a proporção de menores de cinco anos foi similar tanto à de PE quanto ao da União e a

proporção de alfabetizados era maior em relação ao estado, mas inferior em comparação

ao país (Tabela 3.1).

Tabela 3.1 - Indicadores demográficos e socioeconômicos para Cabo de Santo Agostinho,

Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho PE Brasil

IDH-2000 0,707 0,705 0,766

Taxa bruta de natalidade 23,2 19,3 17,5

Expectativa de vida 69,0 67,3 68,6

% de menores de 5 anos 10,2 10,1 9,7

% de idosos 6,6 8,9 8,5

% de pobres 50,7 51,3 32,8

% de alfabetizados 76,6 72,9 83,3

% de água encanada 82,1 69 75,8

% de esgoto 24,6 32,4 44,4

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

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36

3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde

As UBS de Cabo de Santo Agostinho selecionadas para o estudo foram duas de

PSF pré-PROESF (Rosário, Suape), duas de PSF pós-PROESF (Loteamento Ilha,

Sapucaia) e duas de modelo Tradicional (CSU Roca, Manuel Gomes).

3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde

Durante a avaliação das seis UBS foram estudados 87 profissionais de saúde,

sendo 3 (4%) médicos, 6 (8%) enfermeiros, 10 (12%) auxiliares e técnicos de

enfermagem, 37 (46%) agentes comunitários de saúde, 20 (24%) outros profissionais

com nível médio e 5 (6%) outro profissional com curso superior. Para seis profissionais

esta informação havia sido ignorada.

3.1.3.1 Distribuição dos Profissionais por Modelo de Atenção e por Unidade Básica

de Saúde

Em relação ao modelo de atenção, 32 (37%) profissionais estavam vinculados à

UBS Tradicional e 55 (63%) a UBS do PSF, sendo 29 (33%) do PSF pré-PROESF e 26

(30%) do PSF pós-PROESF.

Tabela 3.2 - Distribuição da amostra dos profissionais de saúde por Unidade Básica de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2

NE, 2005.

N Profissionais (%) Unidade Básica

de Saúde Médicos Enfermeiros Outros de nível superior

Auxiliares e técnicos de

enfermagem ACS

Outros de nível

médio

CSU Roca 0 13 (2) 1 (6) 2 (13) 6 (36) 5 (31)

Loteamento Ilha 0 1 (8) 1 (8) 1 (8) 7 (54) 3 (23)

Manuel Gomes 0 0 0 3 (27) 0 8 (73)

Rosário 1 (7) 1 (7) 1 (7) 1 (7) 10 (67) 1 (7)

Sapucaia 1 (8) 1 (8) 1 (8) 1 (8) 7 (54) 2 (15)

Suape 1 (8) 1 (8) 1 (8) 2 (15) 7 (54) 1 (8)

Total 3 (4) 6 (7) 5 (6) 10 (12) 37 (46) 20 (25)

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37

3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Profissionais

A amostra foi formada por 78 (91%) profissionais do sexo feminino e 8 (9%) do

sexo masculino. A média de idade foi de 41 anos.

A renda bruta mensal referida pelos profissionais relaciona-se exclusivamente ao

emprego na UBS e foi classificada de acordo com a formação e nível de escolaridade.

Na Tabela 3.3 é possível observar que o padrão salarial em Cabo de Santo Agostinho foi

maior às médias de rendimento do Lote 2 NE para todos os profissionais de nível

superior, sendo inferior para os demais trabalhadores.

Tabela 3.3 - Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Profissionais Cabo de Santo Agostinho (R$) Lote 2 NE (R$)

Médicos 3.259,00 2.127,50

Enfermeiros 2.218,75 2.172,67

Demais profissionais de nível superior 1.571,81 1.529,37

Auxiliares e técnicos de enfermagem 348,70 554,33

Demais profissionais de nível médio 378,47 472,86

Agentes Comunitários de Saúde 213,17 383,88

3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde

3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde.

Para o estudo da demanda foram registrados 713 atendimentos realizados pelos

profissionais das UBS amostradas, em um dia de trabalho. Em relação ao modelo de

atenção, 107 (15%) atendimentos foram realizados na UBS Tradicional e 606 (85%) no

modelo PSF, sendo 325 (46%) provenientes do PSF pré-PROESF e 281 (39%) do PSF

pós-PROESF.

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Tabela 3.4 - Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Unidade Básica de Saúde N atendimentos (%)

CSU Roca 81 (11)

Loteamento Ilha 149 (21)

Manuel Gomes 26 (3)

Rosário 126 (18)

Sapucaia 132 (19)

Suape 199 (28)

Total 713 (100)

3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de

Saúde

3.1.5.1 Distribuição da População

As amostras populacionais selecionadas nas áreas de abrangência das UBS

totalizaram 108 crianças de um a três anos, 100 mulheres que tiveram filhos nos dois

últimos anos, 108 adultos entre 30 e 64 anos e 108 idosos com 65 anos e mais.

3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de

Abrangência das UBS

a. Condições de habitação

A presença de água encanada dentro de casa beneficiava a maioria dos

domicílios de idosos (94%) e de adultos (91%), enquanto existia em apenas 69% dos

domicílios de crianças e 64% de mulheres. A proporção de banheiro no domicílio foi de

59% para crianças , 64% para mulheres, 92% para os adultos e 91% para idosos.

Praticamente a totalidade dos domicílios de adultos (94%) e 100% dos de idosos

dispunha de recolhimento do lixo domiciliar por caminhão de serviço municipal,

estando este serviço disponível para 78% das mulheres e 83% das crianças. Residências

de tijolo com / sem reboco, mistas (madeira e tijolo) e com madeira regular foram

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consideradas adequadas, enquanto aquelas construídas de madeira irregular e papelão,

lata ou lona foram classificadas de inadequadas. A proporção de construção adequada

foi maior nas residências de adultos (99%) e idosos (97%) do que nas residências de

crianças (79%) e mulheres (77%).

A média de pessoas por domicílio de crianças foi de 4,6 (dp = 1,8), de mulheres

foi 5,1 (dp = 2,3). No caso dos adultos esta média foi 4,4 (dp = 2,2) e nos idosos 3,8 (dp

= 1,9). A concentração de sete ou mais pessoas por domicílio foi identificada em 13%

da amostra de crianças, 17% de mulheres, 14% de adultos e 10% de idosos. Foi

observado que 6% dos adultos e 7% dos idosos referiram morar sozinhos.

b. Perfil de Crianças e Mães

Na amostra de 108 crianças, 51% eram do sexo feminino e a idade média foi de

28,5 meses (dp = 11,1), variando de 12 a 47 meses. A proporção de crianças de cor não

branca foi de 65%.

As mães das crianças estudadas tinham idade média de 25,4 anos (dp = 5,2),

variando de 17 a 40 anos. Em relação à escolaridade das mães, 22% possuía o primeiro

grau completo e 54% o primeiro grau incompleto.

A renda média per capita foi de 0,2 salário mínimo (SM). Cerca de um quinto

(18%) destas mães e crianças estavam incluídas nos estratos B e C agregados, 38%

pertencia ao grupo D e 44% ao E.

c. Perfil das Mulheres

Na amostra de 100 mulheres, 27% eram brancas, com idade média de 24,1 anos

(dp = 5,5), variando de 16 a 40 anos. A proporção de menores de 20 anos foi de 25%.

Mais da metade das mulheres (60%) não havia completado o primeiro grau, 21%

possuía o 2º grau incompleto e 20% tinha o segundo grau completo e / ou mais.

A renda mensal média per capita era de 0,2 SM. Entre as mulheres 17% foi

classificada nos estratos B e C agregados, 23% no D e 60% no grupo E.

d. Perfil dos Adultos

Na amostra de 108 adultos, a idade média era de 46,3 anos (dp = 9,8), variando

de 30 a 64 anos. Deste total, 56% eram mulheres, 46% eram de cor branca e 74% eram

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casados ou viviam com companheiro. A grande maioria (83%) dos adultos sabia ler e

escrever e a renda média per capita dos adultos foi de 0,6 SM.

A distribuição por grupo social identificou 5% no estrato A / B agregados, 24%

no C, 37% no D e 34% no grupo E, mostrando uma grande concentração (71%) de

pessoas nos grupos menos privilegiados.

Mais de um terço dos adultos (36%) informou trabalho remunerado no último

mês, 60% como empregado, 38% como autônomo.

e. Perfil dos Idosos

Na amostra de 108 idosos em termos do perfil demográfico, a idade média foi de

74,3 anos (dp = 6,6), variando de 65 a 91 anos. Deste total, 61% eram mulheres, 45% de

cor branca, 43% casados ou viviam com companheiro e apenas 32% sabiam ler e

escrever, sendo que somente 5% possuíam no mínimo o primeiro grau completo.

A renda mensal média dos idosos foi de 0,6 SM. De acordo com a estratificação

social, 10% dos idosos estavam no grupo C, 39% no D e 51% no E. Os estratos D e E

reuniram 90% da amostra de idosos.

A maioria (68%) estava aposentada e a média de idade da aposentadoria foi de

61,3 anos (dp = 9,3) variando de 31 a 75 anos.

3.2 Dimensão Político-Institucional

A dimensão político-institucional reúne aspectos da conformação da atenção

básica à saúde, com ênfase no desenvolvimento da gestão municipal e na

descentralização do SUS. Buscando dar historicidade ao recorte temporal do estudo,

esta abordagem utilizou as categorias centrais do planejamento estratégico de Matus

(MATUS, 1997): projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade.

Planejar a ação política em uma perspectiva estratégica significa pensar um conjunto de

atividades, com metodologia, objetivos e metas definidos.

O Projeto de Governo caracteriza as bases materiais e históricas do SUS nos

municípios do Lote, com ênfase para a atenção básica à saúde. Os atributos que

qualificam um Projeto de Governo são os recursos disponíveis e passíveis de alcançar, o

conhecimento acumulado sobre o tema, o poder necessário para desencadear as ações

propostas, as chances de implantação e a possibilidade de sucesso. Estes atributos estão

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sintetizados no tipo de gestão municipal, índice de aprendizado institucional, adequação

institucional do sistema municipal de saúde, critérios na definição de áreas de

abrangência das UBS e na implantação do PSF, características do emprego e da

remuneração dos trabalhadores da atenção básica, capacidade instalada da rede básica e

processo de conversão do modelo da atenção básica através do PSF.

A Capacidade de Governo compreende o conhecimento institucional acumulado,

o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o Projeto de Governo e a

política setorial. Nesta categoria se identificam os recursos intelectuais mobilizados para

a condução da ABS nos municípios, como por exemplo, o perfil do Secretário, do

Coordenador da Atenção Básica ou do PSF, do Presidente do Conselho Municipal de

Saúde e dos Profissionais das UBS.

A Governabilidade descreve os fundamentos político-financeiros para efetivação

das políticas de ABS, ou seja, recursos e margem de manobra política que, articulados à

Capacidade de Governo, permitem transformar as intenções de um projeto em gestos ou

ações concretas. A Governabilidade reúne mecanismos e instrumentos de poder

(político, econômico) capazes de desencadear as decisões e os respectivos movimentos

necessários para que os objetivos e as metas sejam alcançados. Neste estudo foram

utilizados como indicadores de governabilidade as despesas per capita com saúde, o

financiamento da atenção básica nos municípios, o apoio a projetos de atenção básica à

saúde e de saúde da família e as características do Conselho Municipal de Saúde.

3.2.1 Projeto de Governo

3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura

do Programa de Saúde da Família

Cabo de Santo Agostinho encontra-se na modalidade de gestão plena da atenção

básica. Com o PSF implantado desde 1997, seu aprendizado institucional foi

considerado baixo pela avaliação do Ministério da Saúde realizada em 2000. A

cobertura de PSF passou de 13% em 1999 para 79% em 2005, com crescimento relativo

de 6,1 vezes no período (Figura 3.1). Com isto, o município superou a meta de 60%

proposta pelo Ministério da Saúde para cidades com porte populacional de 100.000 até

menos de 500.000 habitantes. Em 2005, Cabo de Santo Agostinho apresentava a

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12,6

56

80,2 7982,3

79,2

59,5

75,1

95,899 100 100

96,7

46,4

54,558,6 57,9

20,3

65,3 63,869,4 67

0,6

22,3 21,7

29,2

39,644,6

3,2

40

7,1

40,3

20

21

44,551

36,9

28,534,3

50,7

33,2

48,7

18,915,613,7

11,9

27,7

45,441

47,7

9,3

40,238,6

30,1

43,1

3,1

44,3

34,531,2 38,8

21,118,5

14,6

5,5

36,2

41,5

8,2

43,451,8

0

20

40

60

80

100

120

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Cabo de Santo Agostinho Camaragibe Caruaru

Garanhuns Jaboatão dos Guararapes Olinda

Paulista Petro lina Recife

Vitória de Santo Antão

PROESF

segunda maior cobertura populacional entre a totalidade dos municípios incluídos no

Lote 2 NE.

Figura 3.1 - Evolução da Cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) nos municípios de mais de 100.000 habitantes do estado de Pernambuco, do Lote 2 NE, de

1999 a 2005. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005.

De 2001 a 2004, o número de ESF instaladas no município manteve-se em 32,

representando cerca de 6% das ESF do PE6 e 3% da totalidade de equipes do Lote 2

Nordeste. Entretanto, esta composição praticamente atinge o número de ESF necessário

(33) para o tamanho da população.

O número total de UBS de Cabo de Santo Agostinho era de 34 em 2001,

passando para 37 em 2004. Ao considerar-se a população do município (152.977

habitantes) e a capacidade instalada da rede de UBS, cada unidade abrangeria, em

média, 4.134 habitantes, revelando assim uma situação de cobertura da atenção básica

onde já não há necessidade de novos serviços, salvo em situações muito especiais. É

importante ressaltar que aqui não estão sendo considerados aspectos como as condições

6 Neste caso considerou-se o número total de ESF dos municípios do PE incluídos no Lote 2 NE.

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de estrutura e disponibilidade de profissionais no atendimento da demanda nestas UBS;

as quais são apresentadas para as unidades selecionadas nos itens 3.1.3.1 e 3.3.2.1.

3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do

Sistema Municipal de Saúde

Na percepção do gestor municipal, em uma escala de avaliação de 0 a 10 para a

adequação dos Setores, o setor mais adequado foi o de Assistência Farmacêutica (10,0),

seguido do setor de Vigilância Sanitária (8,0); sendo o setor de Epidemiologia (6,0).

Apesar disto, o gestor não prestou avaliação para a adequação dos setores de Controle,

Avaliação, Auditoria e Regulação; Informações em Saúde; Atenção Básica à saúde;

PSF; Ações Programáticas de Saúde; Apoio Administrativo e Recursos Humanos.

Também não foi possível conhecer a opinião do gestor sobre qual modelo de atenção à

saúde considera mais adequado no atendimento das necessidades de saúde do

município.

3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação

do Programa de Saúde da Família

Na definição de áreas para implantação do PSF, o gestor considerou relevantes

os seguintes critérios investigados: carência de serviços de saúde, dificuldade de acesso,

risco epidemiológico, indicadores socioeconômicos desfavoráveis, decisão política e

existência anterior de PACS na área.

Na opinião do secretário, as razões para a expansão do PSF nos municípios

deveriam considerar o interesse político, as evidências de que o PSF melhora a saúde da

população, apoio da população, compatibilidade com o modelo de atenção

predominante no município, garantia de referências caso o PSF se expanda, expectativas

de receber novos recursos pela instância federal e estadual, além da disponibilidade de

profissionais.

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3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da

Atenção Básica

O ingresso por concurso público alcançou 4% dos trabalhadores da rede básica e

a forma de contratação predominante foi contrato temporário (78%) seguida de

estatutário (13%).

O vínculo de trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou

84% dos trabalhadores da atenção básica em Cabo de Santo Agostinho. Já o Plano de

Carreira, Cargos e Salários (PCCS) foi referido por apenas 10% dos profissionais

entrevistados.

O pagamento em dia do salário foi informado por 86% dos trabalhadores de

saúde e o pagamento de incentivos por 48%.

Fizeram referência ao trabalho atual como primeiro emprego 36% dos

entrevistados e a proporção de profissionais de saúde com outro emprego foi de 13%.

O tempo médio de trabalho na prefeitura local e na UBS atual foi,

respectivamente, 86,0 meses (dp = 87,3) e 51,2 meses (dp = 62,9) para os profissionais

entrevistados.

3.2.2 Capacidade de governo

3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde

O gestor municipal de saúde à época da coleta de dados era do sexo masculino,

médico, com idade de 50 anos e com curso de aperfeiçoamento em outras áreas. O

tempo de permanência no cargo atual foi de três meses. O secretário tinha experiência

profissional na Secretaria Municipal de Saúde, como dirigente saúde no setor privado e

como profissional liberal na área da saúde. Além disso, participava do Conselho

Municipal de Saúde.

3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da

Família

O coordenador da Atenção Básica à Saúde era do sexo feminino, enfermeira,

com idade de 51 anos. Possuía pós-graduação em enfermagem do trabalho e ocupava o

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cargo atual há dois meses, tendo experiência anterior como diretora de UBS ou hospital

público. Realizou cursos de aperfeiçoamento em Saúde Pública.

3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde

O presidente do CMS era do sexo masculino, tinha 60 anos de idade, havia

completado 9 anos de estudo. Profissionalmente era bombeiro e representava, no CMS o

movimento dos trabalhadores do estado. Atuava no cargo há um mês e participava do

CMS como conselheiro desde o ano de 2003. Não possuía experiência anterior de

coordenação de atividades coletivas.

3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde

As características de sexo, idade e renda dos 87 profissionais entrevistados nas

seis UBS de Cabo de Santo Agostinho estão apresentadas no item 3.1.3.2, que aborda o

perfil sócio-demográfico da amostra estudada. Na perspectiva da capacidade de

governo, estão enfatizados os aspectos relacionados à escolaridade, formação

profissional, especialização e capacitação dos profissionais, fundamentais para o

enfrentamento dos desafios cotidianos e estratégicos da ABS.

Em relação à escolaridade, 17% (n = 15) dos profissionais de saúde tinham nível

superior completo e 5% incompleto. Mais da metade (63%) havia concluído o ensino

médio, 5% ensino médio incompleto, 5% fundamental completo e 6% incompleto.

De um total de sete profissionais com especialização, seis haviam concluído

especialização na área de saúde pública, saúde coletiva, ou saúde da família.

A realização de cursos de capacitação foi pesquisada para a totalidade dos

trabalhadores da atenção básica da amostra. Comparando-se com o total do Lote 2 NE,

os profissionais de Cabo de Santo Agostinho referiram proporções superiores na

maioria dos cursos, com exceção de Introdutório ao PSF e SIAB em que os índices

foram inferiores; e AIDPI que foi semelhante (Tabela 3.5).

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Tabela 3.5 - Cursos de capacitação realizados pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,

PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Curso Cabo de Santo Agostinho (%)

Lote 2 NE (%)

Introdutório ao PSF 31 53

SIAB 36 39

Saúde da Criança 72 38

Saúde da Mulher 70 42

Saúde do Adulto 65 28

AIDPI 31 30

Diabetes 64 43

Hipertensão 68 45

DST / AIDS 73 55

Hanseníase 75 51

Imunizações 72 45

Tuberculose 73 53

3.2.3 Governabilidade

3.2.3.1 Despesas per capita com saúde

Para realizar as atividades do SUS a cada ano, Cabo de Santo Agostinho teve

uma despesa média em saúde de R$ 147,67 por habitante, acima da média dos

municípios do Lote (R$ 120,47).

3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios

Cerca da metade (48,9%) do PAB total do município estava vinculado às

transferências federais do incentivo PACS / PSF. O PAB Fixo de Cabo de Santo

Agostinho era de R$ 8,86 por habitante e 67,4% era a proporção de despesas com

recursos humanos em relação às despesas totais em saúde. Quase 17% dos recursos

próprios eram aplicados em saúde, de acordo com exigências da EC 29. A Tabela 3.6

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oferece uma comparação dos indicadores de financiamento da atenção básica à saúde no

município em relação à média dos municípios do Lote.

Tabela 3.6 - Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Cabo de Santo Agostinho e para Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2

NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho

Lote 2 NE

PAB Fixo (R$ / habitante) 8,86 9,71

% Despesas Recursos Humanos 67,4 53,1

% Transferências PSF / PACS no PAB total 48,9 40,5

% Recursos próprios aplicados em saúde (EC 29) 16,7 14,4

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família

O gestor de Cabo de Santo Agostinho não prestou avaliação sobre o apoio

recebido de parlamentares à política de saúde, nem sobre a contribuição das decisões do

CMS relativas ao PSF e à AB, tendo justificado ocupar o cargo há pouco tempo.

Na percepção do gestor, a adesão dos profissionais de saúde aos projetos de PSF

foi um pouco maior ( nota 7,0) em comparação à adesão aos projetos do modelo de

atenção básica tradicional (nota 6,0).

A satisfação dos profissionais das UBS estudadas com o vínculo de trabalho foi

de 37%.

3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde

O Presidente do CMS relatou que o CMS foi criado no ano de 1994, possuía

regimento interno e que a última atualização ocorreu em 2003.

O CMS era composto de 20 entidades, sendo 4 representantes da área

governamental, 1 de prestadores de serviços ao SUS privados ou conveniados sem fins

lucrativos, 5 dos profissionais de saúde e 10 da sociedade civil organizada.

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Foram destacados como principais temas das reuniões ordinárias a prestação de

contas da secretaria de saúde ao conselho; realização de concurso público; “Plano

plurianual”; planos de ação; Projeto “VER-SUS”; e apresentação do relatório de

fiscalização para a reforma de posto de saúde. Já as reuniões extraordinárias trataram do

PPI (Programa Pactuada Integrada) e da apresentação do relatório de gestão de acordo

com o modelo do estado.

O presidente informou que a Secretaria Municipal de Saúde, no período de 2001

a 2004, sempre buscou a aprovação do CMS para a implantação de políticas de saúde.

Durante este mesmo período haviam sido realizadas duas Conferências Municipais de

Saúde.

À época do estudo havia dois Conselhos Locais de Saúde implantados no

município e o relacionamento da Secretaria Municipal de Saúde com o CMS foi

identificado como razoável.

Sobre o apoio da SMS, o presidente informou que este era inexistente e que a

participação em eventos foi bastante prejudicada devido à ausência de transporte.

Acrescentou ainda que o CMS funcionava precariamente com linha telefônica restrita,

sem materiais como fax. Concluiu informando que o CMS não dispunha de infra-

estrutura.

A ocorrência de conflitos entre os representantes das diversas entidades e órgãos

do Conselho Municipal de Saúde acontecia em razão do pouco apoio dos conselheiros

na tarefa de fiscalizar a prestação de contas da SMS.

No período de 2001 a 2004, as capacitações municipais e estaduais para

conselheiros incluíram os temas “Como desempenhar o seu papel de controlador social”

e “Capacitação para compreender o orçamento público”.

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção

3.3.1 Práticas de gestão da ABS

Ao caracterizar as práticas de gestão foram identificados princípios, normas e

funções, procedimentos e recursos cuja finalidade é ordenar a estrutura e o

funcionamento da atenção básica à saúde. Muitos destes aspectos se confundem com as

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práticas de oferta de serviços, pois uma estratégia de gestão estabelecida pode implicar

em uma oferta de serviços ao público.

3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à

saúde

O gestor de Cabo de Santo Agostinho não prestou sua opinião sobre as ações

desenvolvidas pela gestão da Atenção Básica.

A disponibilidade de relatórios periódicos com indicadores selecionados para a

tomada de decisão eram produzidos no nível central, na maior parte de periodicidade

trimestral.

As atividades de supervisão do trabalho nas UBS foram referidas por 86% dos

trabalhadores de saúde entrevistados. Apenas 3% dos profissionais entrevistados

referiram uma periodicidade semanal da supervisão, enquanto 52% referiram

periodicidade indefinida.

3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda

De acordo com os dados fonte documental, o setor de Controle, Avaliação,

Auditoria e Regulação não estava constituído no município, cuja modalidade de gestão

era plena do sistema municipal de saúde.

A principal forma de acolhimento das reclamações dos usuários era a

disponibilidade do telefone da ouvidoria municipal.

Considerando os tipos de centrais implantadas para acolher e ordenar as

necessidades de saúde dos usuários, o município não dispunha de Central de Consultas

Especializadas e de Exames implantada, não havendo Central de Leitos ou SAMU.

Não havia informação sobre os recursos disponíveis na SMS para avaliação dos

serviços de saúde no município.

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3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal

Do ponto de vista da tecnologia da informação, nenhuma das UBS estudadas no

município dispunha de microcomputador, sendo que a UBS Manuel Gomes não prestou

essa informação.

No município, a proporção de UBS informatizadas alimentando o SIA-SUS se

manteve em 90% no período de 2001 até 2004. O percentual de UBS incluídas no

Sistema de Vigilância Epidemiológica neste mesmo período foi de 100%.

3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde

Em 2004, os sistemas de informação de base nacional estavam bastante inseridos

na rotina do município, responsável pelo gerenciamento e preenchimento regular do

SINASC, do SIM, do SINAN, do SISVAN e do SIAB.

De modo geral, a proporção de óbitos mal definidos no município foi baixa,

sendo de 4% em 2001 e diminuindo para 1% em 2004. A investigação destes óbitos foi

de 75% em 2001, tendo diminuído para 56% em 2004.

3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município

Este tópico descreve recursos e estratégias utilizados nos municípios para

oferecer os serviços básicos de saúde à população. Há uma ênfase importante na

estrutura das UBS. Também é abordada a disponibilidade de profissionais do PSF, na

perspectiva de avaliar o acesso da população ao novo modelo de atenção básica.

3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde

Entre as seis unidades estudadas, a UBS Manuel Gomes foi a única que não

prestou informações sobre quaisquer aspectos de sua estrutura. A área física das demais

UBS contemplava a maioria das dependências avaliadas. A UBS Sapucaia foi o único

serviço que informou inexistência de sala de esterilização e expurgo, mas, nestes casos

apenas três UBS prestaram esta informação (Tabela 3.7).

Nenhuma UBS prestou informação para consultórios com banheiro (Tabela 3.7).

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Tabela 3.7 -. Área física das Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Dependência CSU Roca

Loteamento Ilha

Manuel Gomes Rosário Sapucaia Suape

Recepção E E NR E E E

Sala de Espera E E NR E E E

Consultórios E E NR E E E

Consultórios com banheiro NR NR NR NR NR NR

Consultório Odontológico E E NR E E E

Sala de Vacinas E E NR E E NR

Cozinha NR E NR E E E

Sala de cuidados de enfermagem NR E NR E E E

Sala de Reuniões NR NR NR E E NR

Sala de Esterilização NR E NR E I NR

Farmácia E E NR E E E

Expurgo NR E NR E I NR

E – Existente; I – Inexistente; NR – Não Respondeu.

Como pode ser observado na Tabela 3.8, a maior parte das respostas indicou a

inadequação das dependências. A UBS Rosário foi o serviço que referiu o maior

número de dependências adequadas, sendo apenas duas (sala de espera e consultórios).

Ao contrário, a UBS Loteamento Ilha foi o serviço que informou a maior quantidade de

dependências inadequadas (n = 9). Não havia avaliação para consultórios com banheiro

(Tabela 3.8).

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Tabela 3.8 - Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Dependência CSU Roca

Loteamento Ilha

Manuel Gomes Rosário Sapucaia Suape

Recepção I A NR I I I Sala de Espera I I NR A I I Consultórios I I NR A I A Consultórios com banheiro NR NR NR NR NR NR

Consultório Odontológico I I NR I NR I

Sala de Vacinas I I NR I I NR Cozinha NR I NR I I I Sala de cuidados de enfermagem I I NR I I I

Sala de Reuniões NR NR NR I I NR Sala de Esterilização NR I NR NR I NR Farmácia I I NR I I I Expurgo NR I NR I I NR A –Adequado; I – Inadequado; NR – Não Respondeu.

Quanto à adequação da estrutura dos serviços para o atendimento de portadores

de deficiência, faltaram todas as informações para a UBS Manuel Gomes.

Entre as demais UBS amostradas, somente a UBS Sapucaia foi considerada

adequada do ponto de vista do acesso de pessoas portadoras de deficiência. Nesta

mesma unidade havia tapetes na sala de espera, sendo que nenhum serviço dispunha de

tapetes nas demais dependências.

Duas UBS (Rosário, Suape) referiram presença de degraus dificultando o

ingresso a deficientes. Por outro lado, apenas a UBS Sapucaia dispunha de rampas

alternativas para facilitar o acesso destas pessoas; e nas UBS Loteamento Ilha e

Sapucaia havia calçadas permitindo o deslocamento seguro de deficientes visuais,

cadeirantes e idosos. Sobre a existência de corrimãos nas escadas, apenas as UBS

Rosário e Suape prestaram informação, mencionado sua inexistência. Nenhuma UBS

referiu ter corrimão nos corredores ou rampas, sendo que no caso dos corredores havia

informação somente para a UBS Sapucaia. A inexistência de portas de banheiros que

possibilitassem o acesso de pessoas usuárias de cadeiras de rodas foi mencionada por

todas as unidades, assim como a falta de espaço de circulação interna. Nenhuma UBS

possuía cadeiras de rodas para pacientes com esta necessidade e apenas em duas (UBS

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Loteamento Ilha, Sapucaia) as cadeiras da sala de espera foram consideradas adequadas

para o local do atendimento.

Em relação aos equipamentos de trabalho, a maioria encontrava-se disponível e

em condições de uso. Oftalmoscópio, microscópio, lanterna, microcomputador e

impressora foram os equipamentos mais citados como impróprios para uso ou ausentes,

faltando em todas as UBS que prestaram esta informação (Tabela 3.9).

As UBS Rosário e Sapucaia foram os serviços que informaram possuir o maior

número de equipamentos em condições de uso (n = 25); enquanto a UBS CSU Roca foi

o serviço com maior carência (n = 11) – (Tabela 3.9).

Tabela 3.9 - Equipamentos das Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Equipamento CSU Roca

Loteamento Ilha

Manuel Gomes Rosário Sapucaia Suape

Balança Adulto P P NR P P P Balança Infantil I P NR P P P Termômetro P P NR P P P Cadeira odontológica P P NR P P P Nebulizador I P NR P P P Estetoscópio P P NR P P P Foco de luz P P NR P P P Geladeira exclusiva vacina P P NR P P P Mesa ginecológica P P NR P P P Centrífuga I I NR I I I Aparelho Fotopolimerizador P P NR P P P

Tensiômetro P P NR P P P Sonar I P NR P P P Mocho NR P NR P P P Estufa P P NR P P P Amalgamador P P NR P P P Compressor P P NR P P P Refletor P P NR P P P Instrumental exame clínico P P NR P P P Instrumental para procedimentos básicos P I NR P I P

Instrumental Dentística P P NR NR P P Equipo odontológico P P NR P P P Negatoscópio I I NR I P I Otoscópio I I NR I P P Oftalmoscópio I I NR I I I Unidade auxiliar P P NR NR I I Instrumental de urgências P P NR NR I P Espéculos vaginais P P NR P P P Glicosímetro I I NR NR P I Estetoscópio de Pinar P P NR P P P Microscópio I I NR I I I Lanterna I I NR I I I Microcomputador I I NR I I I Impressora I I NR I I I P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não Respondeu.

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Relato de suficiência no abastecimento de materiais e insumos foi referido para

algodão, seringa para vacinas e material para retirada de pontos em todas as unidades

que prestaram estas informações. Ao contrário, descartex foi o material citado como

insuficiente / inexistente pela totalidade dos serviços estudados. Novamente, não havia

quaisquer informações para a UBS Manuel Gomes (Tabela 3.10).

A UBS Sapucaia foi a unidade que informou maior número de materiais e

insumos em suficiência (n = 12), enquanto o maior número de avaliações negativas foi

informada pela UBS Loteamento Ilha (n = 10) - (Tabela 3.10).

Tabela 3.10 – Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Materiais e Insumos CSU Roca

Loteamento Ilha

Manuel Gomes Rosário Sapucaia Suape

Agulhas descartáveis S S NR S S I Esparadrapo S I NR S I I

Luvas esterilizadas S I NR S S S

Algodão S S NR S S S Gaze S I NR I I S

Luvas para procedimentos S I NR S S I

Álcool S I NR S S S

Seringa para vacinas S S NR S S S

Seringa para outras injeções I S NR S S S

Material para retirada de pontos S S NR S S S

Material para pequenas cirurgias I I NR I I S

Fio de sutura S S NR I I S Descartex I I NR I I I

Bloco de receituário I I NR S S I

Cartão da criança S S NR I S I Cartão da gestante I I NR I I S

Ficha de cadastramento SIAB I S NR S S S

Ficha de cadastramento domiciliar

I I NR I S I

S – Suficiente; I – Insuficiente ou inexistente; NR – Não Respondeu.

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3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF

Na análise da composição da Equipe de Saúde da Família (ESF) mínima, tomou-

se como referência a disponibilidade de médico, enfermeiro, auxiliares ou técnicos de

enfermagem e agentes comunitários. Sendo assim, as ESF estavam presentes em todas

as UBS do PSF estudadas em Cabo de Santo Agostinho (Rosário, Suape, Loteamento

Ilha e Sapucaia).

Os profissionais estavam distribuídos da seguinte maneira:

- UBS Loteamento Ilha: encontrava-se um médico, um enfermeiro, um auxiliar

de enfermagem, sete ACS e um odontólogo.

- UBS Rosário: dispunha de um médico, um enfermeiro, um auxiliar de

enfermagem, dez ACS e um odontólogo.

- UBS Sapucaia: dispunha de um médico, um enfermeiro, um auxiliar de

enfermagem, sete ACS e um odontólogo.

- UBS Suape: dispunha de um médico, um enfermeiro, um auxiliar de

enfermagem, sete ACS e um odontólogo.

O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) era realidade apenas

nas UBS PSF, sendo que a unidade Manuel Gomes não prestou esta informação.

3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde

Em relação ao tempo de funcionamento, a UBS Suape era a mais antiga, estando

em funcionamento há 33 anos; seguida da UBS CSU Roca que existia há 23 anos. Já a

UBS Rosário funcionava há 59 meses, a UBS Loteamento Ilha há 15 meses, e a, UBS

Sapucaia era a mais recente (14 meses). Não havia esta informação para a UBS Manuel

Gomes.

A população adstrita foi de 5.452 pessoas na área da UBS Rosário, de 3.200 na

da UBS Sapucaia e 3.930 pessoas na da UBS Suape, não havendo esta informação para

as demais UBS (CSU Roca, Loteamento Ilha e Manuel Gomes). Todas as UBS

funcionavam em dois turnos de atendimento, faltando essa informação para a UBS

Manoel Gomes.

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A média de carga horária contratada e cumprida pelos profissionais de saúde foi

de 36 horas semanais.

A média diária de atendimentos médicos nas UBS estudadas foi de 28 pessoas.

Para os enfermeiros, a média foi de 25 atendimentos / dia, para os auxiliares e técnicos

de enfermagem foi de 47, para ACS 13, e para outros profissionais de nível médio e

superior foi de 103 e 18 pessoas, respectivamente.

3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados

O gestor referiu o acesso aos serviços do SUS através de diversas portas de

entrada preferencialmente as UBS, unidades PSF e ambulatórios de hospitais.

Foi referido um tempo de espera de 30 dias para consultas especializadas em

ginecologia, pediatra, cardiologia, nefrologia, gastroenterologia, cirurgia geral,

neurologia, angiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, fisioterapia, odontologia,

nutrição e psiquiatria.

O tempo de espera para a realização de exames de análises clínicas,

radioimuniensaio, radiologia, ultrassonografia geral, ECG, ecografia e ecocardiografia

foi de 20 dias. Não havia informação sobre o tempo de espera para os exames de

tomografia, ressonância magnética, hemodinâmica, hemodiálise, quimioterapia e

radioterapia.

A disponibilidade de consulta médica para a atenção especializada foi

investigada através da opinião da equipe de saúde, em instrumento coletivo sobre a

UBS. Foi percebida como suficiente por 20% dos profissionais para cardiologia e

neurologia; por 60% para dermatologia, ortopedia, otorrinolaringologista, pneumologia

e psiquiatria; por 80% para oftalmologia e pediatria ; e por 100% para ginecologia. A

disponibilidade de consultas em fisioterapia e nefrologia foi avaliada como insuficiente.

Entre as UBS estudadas, apenas a UBS Sapucaia considerou o acesso direto à

retaguarda em pronto-socorro e à internação hospitalar satisfatório, sendo insatisfatório

(Loteamento Ilha, Rosário e Suape) ou inexistente (CSU Roca) para as demais. A UBS

Manuel Gomes não prestou estas informações.

À época do estudo não havia no município estratégias de articulação das UBS

com serviços de maior complexidade ou de apoio diagnóstico.

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3.3.2.5 Adstrição da demanda

A existência de área geográfica definida e mapa foi verificada nas UBS

Loteamento Ilha, Rosário, Sapucaia e Suape. Considerando somente as UBS com PSF,

o cadastramento das famílias residentes na área geográfica já estava concluído em todas.

A participação da equipe em atividades na área de abrangência da UBS nos

últimos 12 meses foi de 60%.

3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino

Somente a UBS Sapucaia apresentavam vínculo com ensino Através do

PROFAE, na área da enfermagem.

3.3.2.7 Assistência farmacêutica

As informações de fonte documental mostraram que o município adota uma lista

básica de medicamentos para as UBS. Os medicamentos eram estocados em local

centralizado, com área física de dimensões suficientes e havia farmacêutico

administrando o local. Foi referido ainda que existiam condições de armazenamento

satisfatórias, como por exemplo, prateleiras e estrados para a acomodação dos

medicamentos e temperatura ambiente adequada para conservação. O controle do

estoque de medicamentos era informatizado e de modo geral os medicamentos eram

dispensados nas UBS.

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde

Devido ao seu pouco tempo no cargo, o gestor informou que não poderia

destacar experiências inovadoras e nem mesmo prestar avaliação sobre a adequação

destas experiências em Atenção Básica e PSF, no atendimento das necessidades de

saúde no município.

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3.4 Dimensão do Cuidado Integral

3.4.1 Estratégias de indução da integralidade

O direito universal à saúde da população brasileira define a integralidade como

um dos princípios constitucionais do SUS. Entretanto, a integralidade ainda não

assumiu a esperada relevância estratégica na organização e desenvolvimento das ações

de saúde. Alcançar a integralidade em saúde requer ações planejadas com esta

finalidade tanto no âmbito da UBS e em seu vínculo com a comunidade, quanto na

referência e contra-referência entre os níveis de atenção à saúde. Além disso,

compreende a articulação das práticas não apenas no âmbito setorial, mas também no

âmbito intersetorial (PINHEIRO, 2005). Neste estudo, a integralidade foi captada

através de alguns “proxis”, como, por exemplo, as práticas realizadas nas UBS, com

ênfase em ações programáticas a grupos prioritários, o acesso direto a exames

complementares, a disponibilidade de medicamentos, a utilização de protocolos, a

utilização de computadores pelos profissionais de saúde, a percepção dos profissionais

sobre a qualidade dos serviços prestados e o acesso a publicações do Ministério da

Saúde.

3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral

A investigação do conjunto de ações realizadas na UBS para o cuidado integral

envolveu o questionamento da realização das seguintes atividades: atendimento a

demanda sentida; atendimento odontológico a grupos prioritários; atendimento de pré-

natal; cuidado domiciliar e visita domiciliar; procedimentos de enfermagem;

diagnóstico e tratamento da hanseníase e da tuberculose; diagnóstico e tratamento da

hipertensão e do diabetes; glicemia capilar; atendimento a desnutrição e suplementação

alimentar; notificação compulsória de doenças; manejo de agravos mais prevalentes na

infância, planejamento familiar; pequenas cirurgias; prevenção do câncer de colo

uterino; promoção do aleitamento materno e promoção do crescimento e

desenvolvimento infantil. A UBS Manuel Gomes foi o único serviço que não prestou

quaisquer informações a este respeito.

Todas as demais UBS informaram prestar atendimento a demanda sentida, pré-

natal, diagnóstico e tratamento da hipertensão e diabetes, notificação compulsória de

doenças, planejamento familiar, prevenção do câncer de colo uterino, procedimentos de

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enfermagem, promoção do aleitamento materno e promoção do crescimento e

desenvolvimento infantil. Ao contrário, nenhuma UBS realizava pequenas cirurgias.

A UBS Sapucaia foi o serviço que informou prestar o maior número de

atividades para o cuidado integral (n = 18) e a UBS CSU Roca o menor número (n = 11)

- (Tabela 3.11).

Tabela 3.11 – Atividades para o cuidado integral realizadas nas Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Sto Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF–UFPel,

Lote 2 NE, 2005. Atividades para o Cuidado

Integral CSU Roca

Loteamento Ilha

Manuel Gomes Rosário Sapucaia Suape

Atendimento a demanda sentida R R NI R R R

Atendimento odontológico a grupos prioritários NR R NI R R R

Atendimento de pré-natal R R NI R R R

Cuidado domiciliar NR R NI R R R

Diagnóstico / Tratamento de hanseníase NR R NI R R R

Diagnóstico / Tratamento de hipertensão R R NI R R R

Diagnóstico / Tratamento de tuberculose NR R NI NR R R

Diagnóstico / Tratamento de diabetes R R NI R R R

Glicemia Capilar R NR NI NR R NR

Atendimento a desnutrição / suplementação alimentar NR R NI R R R

Atendimento aos agravos mais prevalentes na infância NR R NI R R R

Notificação compulsória de doenças R R NI R R R

Pequenas cirurgias NR NR NI NR NR NR

Planejamento familiar R R NI R R R

Prevenção do câncer de colo uterino R R NI R R R

Procedimentos de enfermagem R R NI R R R

Promoção ao aleitamento materno R R NI R R R

Promoção do crescimento / desenvolvimento infantil R R NI R R R

Visita Domiciliar NR R NI R R R R = Realiza; NR = Não realiza; NI = Não Informou.

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Entre as atividades de grupo, as UBS Loteamento Ilha e Sapucaia foram os

serviços que informaram prestar o maior número de atividades deste tipo (n = 6). Já a

UBS CSU Roca não realizava atividades em grupo. As atividades em grupo menos

referidas foram grupo de adolescentes e de portadores de sofrimento psíquico; enquanto

que grupo de hipertensos e diabéticos foram os mais citados (Tabela 3.12).

Tabela 3.12 – Atividades de grupo nas Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Sto Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Atividades para o Cuidado Integral

CSU Roca

Loteamento Ilha

Manuel Gomes

Rosário Sapucaia Suape

Atividades com grupos de usuários NR R NI R R R

Grupo de hipertensos NSA R NI R R R

Grupo de diabéticos NSA R NI R R R

Grupo de pré-natal NSA R NI NR R R

Grupo de idosos NSA R NI NR R NR

Grupo de adolescentes NSA NR NI NR NR NR

Grupo de portadores de sofrimento psíquico NSA NR NI NR NR NR

Grupo de puericultura NSA R NI NR R NR

R = Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou; NSA = Não Se Aplica.

3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares

O acesso direto a exames complementares utilizados rotineiramente na atividade

clínica peculiar à Atenção Básica foi investigado quanto à sua suficiência. Este acesso

foi julgado suficiente por 20% dos profissionais para ECG; por 40% para raio-x

simples, colposcopia e VDRL; por 60% para ácido úrico, ECU, ultrassonografia

obstétrica, creatinina / uréia, glicemia, hemograma, tipagem sangüínea, urocultura e

citopatologia do colo uterino; e por 80% para exame HIV e pesquisa de BAAR.

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3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos

Na investigação sobre a disponibilidade de medicamentos, a UBS Manuel

Gomes não prestou quaisquer informações a este respeito. Entre os demais serviços

estudados, a maioria dos medicamentos teve sua disponibilidade julgada satisfatória. As

UBS Sapucaia e Suape foram às unidades que informaram possuir o maior número de

medicamentos em suficiência (n = 19) e, as UBS Loteamento Ilha e Rosário foram as

mais carentes (faltando sete dos medicamentos investigados). Fenobarbital,

carbamazepina e penicilina benzatina 600.00 UI foram considerados insuficientes por

todos os serviços que prestaram esta informação (Tabela 3.13).

A dispensação das medicações desta lista básica era feita nas próprias UBS.

Tabela 3.13 – Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Medicamentos CSU ROCA

Loteamento Ilha

Manuel Gomes Rosário Sapucaia Suape

Fenobarbital I I NR I I I

Digoxina S S NR S S S Diclofenaco de Potássio S I NR S S S

Carbamazepina I I NR I I I Aminofilina S S NR S S S

Cimetidina S S NR S S S Metronidazol geléia S S NR S S S

Penicilina Benzatina 600.000 UI I I NR I I I

Penicilina Benzatina 1.200.000 UI I S NR I I S

Dexametasona pomada S S NR S S S

Metiformim I I NR I I S Ácido Acetil Salicílico S S NR S S S

Amoxicilina S S NR S S S Ampicilina S S NR S S S

Captopril S S NR S S S Anticoncpcional Oral (ACO) S S NR S S S

Furosemida S S NR S S S Glibenclamida S S NR S S S

Hidroclorotiazida S S NR S S S Metronidazol S I NR I S I

Sulfametoxazol + Trimetoprima S S NR S S S

Sulfametoxazol + Trimetoprima suspensão S S NR S S S

Nistatina creme vaginal I I NR I S I

Neomicina com Bacittracina S S NR S S S S = Suficiente; I = Insuficiente.

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3.4.1.4 Utilização de protocolos

A utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pela UBS investigada

através do instrumento coletivo da estrutura variou de 20% a 100% no município

dependendo do tipo de protocolo. A Tabela 3.14 descreve as prevalências de utilização

de protocolos, em Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE, em que as proporções

foram maiores no município apenas no caso dos protocolos de diagnóstico e tratamento

de hipertensão arterial e tuberculose, imunizações e planejamento familiar. Na maior

parte dos casos, os índices foram inferiores aos observados no Lote (Tabela 3.14).

Tabela 3.14 - Utilização de protocolos para as ações desenvolvidas pelas Unidades Básicas de Saúde estudadas em Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Ação programática Cabo de Santo Agostinho (%)

Lote 2 NE (%)

Cuidados de enfermagem 40 57

Cuidado domiciliar 20 39

Diagnóstico e tratamento do diabetes 80 78

Diagnóstico e tratamento da hanseníase 60 68

Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial 100 79

Diagnóstico e tratamento da tuberculose 80 76

Imunizações 100 93

Manejo da desnutrição e suplementação alimentar 20 36

Manejo dos agravos mais prevalentes na infância 40 53

Planejamento familiar 80 73

Pré-natal 80 86

Prevenção do câncer de colo uterino 80 80

Promoção crescimento e desenvolvimento infantil 40 69

Promoção do aleitamento materno 20 58

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Na Tabela 3.15 está apresentada a utilização de protocolos de acordo com cada

unidade estudada. Para este caso a UBS Manuel Gomes também não prestou

informações.

Entre os protocolos investigados, os mais utilizados foram os de imunização e

diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial. Os menos utilizados foram: cuidados

de enfermagem, cuidado domiciliar, manejo da desnutrição e suplementação alimentar e

promoção do aleitamento materno (Tabela 3.15).

A UBS Sapucaia foi o serviço que referiu utilizar o maior número de protocolos

investigados (n = 13) e a UBS Loteamento Ilha o serviço que utilizava o menor número

(n = 3).

Tabela 3.15 – Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Protocolos CSU ROCA

Loteamento Ilha

Manuel Gomes Rosário Sapucaia Suape

Cuidados de enfermagem U NU NR NU U NU

Cuidado domiciliar U NU NR NU NU NU

Diagnóstico e tratamento do diabetes U NU NR U U U

Diagnóstico e tratamento da hanseníase NU NU NR U U U

Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial U U NR U U U

Diagnóstico e tratamento da tuberculose NU U NR U U U

Imunizações U U NR U U U

Manejo da desnutrição e suplementação alimentar NU NU NR NU U NU

Manejo dos agravos mais prevalentes na infância NU NU NR U U NU

Planejamento familiar U NU NR U U U

Pré-natal U NU NR U U U

Prevenção do câncer de colo uterino U NU NR U U U

Promoção crescimento e desenvolvimento infantil U NU NR NU U NU

Promoção do aleitamento materno NU NU NR NU U NU

U = Utiliza; NU = Não Utiliza; NR = Não Respondeu.

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Através da informação prestada no instrumento de profissionais, os resultados

indicaram que 34% dos profissionais utilizavam pelo menos um tipo de protocolo em

suas atividades, com maior proporção de utilização na UBS Manuel Gomes (64%).

3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais

A utilização de computador em suas atividades foi referida por 23% dos

profissionais entrevistados, com menor proporção para a UBS Rosário (19%).

3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados

A opinião dos profissionais sobre a qualidade dos serviços prestados na UBS foi

boa ou muito boa para 100% dos entrevistados no município de Cabo de Santo

Agostinho.

3.4.1.7 Acesso a publicações

O acesso dos profissionais às publicações do Ministério da Saúde no município

de Cabo de Santo Agostinho foi maior em todas as publicações investigadas, quando

comparadas com o Lote 2 NE. O maior acesso (40%) foi observado para o Manual do

Agente Comunitário da Saúde (Tabela 3.16).

Tabela 3.16 - Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha

de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Acesso às publicações do MS Cabo de Santo Agostinho (%) Lote 2 NE (%)

Revista Brasileira Saúde da Família 18 6

Informes de Atenção Básica 38 31

Manual do SIAB 32 23

Manual do Agente Comunitário de Saúde 40 38

Avaliação Normativa do PSF no Brasil 10 8

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3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde

3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS

O objeto destes comentários foi o Processo de Trabalho em Atenção Básica à

Saúde, descrito através de um formulário semi-estruturado, preenchido por cinco

equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Cabo de Santo Agostinho. A equipe

da UBS Tradicional Manuel Gomes não respondeu este instrumento.

As doze variáveis abordadas como etapas componentes do Processo de Trabalho

em Atenção Básica à Saúde foram: planejamento, gestão e coordenação, recepção,

acolhimento, cuidado clínico, cuidado de enfermagem, cuidado odontológico, ações

programáticas, ações educativas, cuidados domiciliares, gestão da informação,

supervisão e suporte técnico e participação no Conselho Local de Saúde.

Os atributos propostos para caracterizar cada uma das variáveis foram: descrição

da atividade – o que é feito e como é feito?; quem faz?; que recursos são utilizados?;

dificuldades; sugestões e experiências inovadoras.

3.4.2.2 A categoria processo de trabalho

A universalização do direito à saúde, a descentralização da gestão e a atenção

básica à saúde distinguem positivamente o SUS, em comparação a outros sistemas de

saúde, incluindo aqueles já experimentados no Brasil (BRASIL, 1990).

Apesar disso, possivelmente em função de seu curto tempo de implantação e da

escassez de recursos materiais e humanos, o SUS ainda não dispõe de um processo de

trabalho em atenção básica à saúde plenamente formulado e operacionalmente efetivo.

Neste sentido, a descrição do processo de trabalho nas UBS estudadas pode representar

importante contribuição para a melhoria da ABS em Cabo de Santo Agostinho.

O processo de trabalho, enquanto categoria abstrata, permite compreender a

organização e a divisão das tarefas necessárias à transformação de um dado objeto de

trabalho em um produto desenvolvido, valorizado socialmente, tanto em seu valor de

uso, quanto em seu valor de troca (FACCHINI, 1986). Cada espaço concreto de

trabalho, cada unidade produtiva, conforma um processo de trabalho particular,

incomparável em suas nuances e características mais singulares. Mas cada processo de

trabalho também guarda as características essenciais do modo de produção em que está

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inserido e, de modo mais objetivo, de seu ramo de produção e da natureza da atividade

produtiva predominante (FACCHINI, 1986).

O uso da categoria processo de trabalho neste estudo, permitiu a análise

individualizada de cada UBS e a busca de regularidades, de semelhanças e de contrastes

entre as UBS de Cabo de Santo Agostinho. Nestas análises, além de perceber a

dinâmica da organização e divisão do trabalho em cada atividade, buscou-se identificar

o objeto de trabalho, os recursos disponíveis e os responsáveis por sua realização.

Problemas e sugestões para a melhoria das atividades também foram captados. Fruto do

processo de construção do SUS, o trabalho nas UBS Tradicionais é um simulacro

daquele realizado em hospitais e unidades ambulatoriais especializadas, sendo

fortemente centrado no médico e nas clínicas básicas, atendendo a demanda espontânea

de usuários. No PSF, o processo de trabalho pretende se distanciar do viés hospitalar e

da especialização, fortalecendo a participação da equipe de saúde e do médico “geral”

no atendimento integral das necessidades de saúde da população.

O processo de trabalho em ABS está essencialmente vinculado ao trabalho vivo,

à atividade, à qualidade técnico-científica do trabalhador, à sua motivação e

compromisso com o resultado de seu trabalho. Nas UBS, a tecnologia disponível tem

muita dificuldade em dinamizar o processo de trabalho, orientando a ação do

trabalhador. A escassez crônica de equipamentos, instrumentos e os mais variados

insumos, mesmo os mais básicos para o funcionamento de uma UBS, dificultam a

efetivação do processo de trabalho em ABS com um significado mais amplo que

extrapole a prática individual do trabalhador em relação a um usuário do serviço e

alcance o resultado do trabalho da equipe em relação à comunidade em que está

inserido.

3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde

O trabalho de Planejamento, de Gestão e de Coordenação . Estas atividades

conformaram uma tríade pouco estruturada do ponto de vista de rotinas e instrumentos

de trabalho. Houve referência ao planejamento realizado a partir do diagnóstico de

saúde da comunidade, com o acompanhamento do desempenho no alcance de metas dos

indicadores, realizada nas reuniões semanais da equipe ou com a coordenação do PSF.

Havia a participação de toda equipe, mas as enfermeiras coordenavam esta ação, cujos

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problemas iniciavam no registro dos dados, na falta de tempo e de prioridade da gestão

em trabalhar com a realidade de cada equipe. A sugestão foi a de realizar o perfil

epidemiológico da comunidade, dedicar mais tempo à atividade e investir na

capacitação dos trabalhadores. A UBS Roca (Tradicional) informou não realizar esta

atividade.

As atividades de Suporte Técnico e Supervisão eram realizadas através de

supervisores regionais que iam até à UBS (quinzenalmente) para repassar informações

internas e acompanhar o desenvolvimento do trabalho, mas de forma burocrática. Este

apoio também poderia ser feito através de telefone. O número excessivo de UBS para

cada supervisor não permitia uma dedicação devido à falta de tempo, este fato

prejudicava o suporte técnico. Na UBS Roca a supervisão era mensal. Sugeriram que

fosse diminuído o número de UBS por supervisor e fornecido auxílio para transporte.

A atividade de Gestão da Informação era realizada através do SIAB e do

preenchimento de inúmeras fichas (pré-natal, puericultura, de prevenção, notificações,

planejamento familiar, digitação em um terminal (TAS), fichas de

encaminhamentos,...). Estas fichas eram preenchidas diariamente e enviadas à SMS

mensalmente. A equipe da UBS Rosário referiu fazer um diagnóstico mensal para

identificar pontos de estrangulamento e revisar o processo de trabalho. De modo geral,

toda a equipe participava da produção de dados, mas as enfermeiras tinham uma

participação mais efetiva. A falta de tempo e a burocracia foram as principais

dificuldades referidas.

Em Cabo de Santo Agostinho, a Recepção estava sob responsabilidade dos

recepcionistas. Esta atividade incluía a escuta da necessidade, a localização do

prontuário, o encaminhamento para o atendimento, a marcação de exames e consultas

especializadas, a organização do arquivo e presta informações à população. Entre as

dificuldades destaca-se a impaciência dos usuários e a falta de compreensão sobre o

PSF, gerando atrito entre os recepcionistas e a população. As sugestões incluíram a

capacitação dos funcionários e o trabalho de sensibilização da comunidade para o

programa de saúde da família. Como experiência inovadora, foi citado o agendamento

de consultas para os especialistas, feita por telefone e a contratação de recepcionistas.

O Acolhimento foi caracterizado pelo atendimento feito pela recepção e com a

ajuda dos auxiliares de enfermagem, com forte conotação de triagem. Os profissionais

enfatizaram que o acolhimento inicia na recepção, com a escuta e o encaminhamento

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dos usuários para avaliação da enfermagem, de acordo com sua necessidade. Esta

atividade era realizada durante o período de atendimento da UBS e entre as dificuldades

enfrentadas observou-se a falta de compreensão dos usuários sobre a incapacidade da

equipe para solucionar os problemas, o baixo grau de instrução, a demanda excessiva e

a falta de tempo. Entre as sugestões foi destacada a necessidade de incluir assistentes

sociais e psicólogos na equipe e investir na orientação da população sobre o

funcionamento do PSF. A contratação de recepcionistas e a capacitação foram

consideradas experiências inovadoras.

O Cuidado Clínico foi caracterizado pelo atendimento de 20 a 30 usuários por

médico em um turno de quatro horas. A principal dificuldade enfrentada era o excesso

de demanda prejudicando a qualidade da assistência. O trabalho médico também era

prejudicado pela deficiência na contra-referência dos especialistas, a estrutura física

precária e falta de equipamento para atender urgência e emergência. O ensino também

foi criticado pela pouca visibilidade das universidades de trabalhar a saúde pública. Foi

sugerido a quebra do paradigma flexeneriano com mudanças na formação, diminuição

no número de famílias por equipe e das cotas de atendimento, além da construção de

unidades de pronto-atendimento para atender as emergências.

O Cuidado de Enfermagem era realizado em tempo integral e o número de

atendimentos variou entre 14 e 30 por turno de quatro horas no PSF e, de 7 a 10 na UBS

Tradicional. A enfermagem ocupou um papel articulador das ações da UBS. A

descrição dos cuidados de enfermagem retratou principalmente o trabalho dos auxiliares

de enfermagem e permitiu verificar a participação destes profissionais em atividades

administrativas e assistenciais. Além da realização dos procedimentos de enfermagem

(vacinação, verificação de pressão arterial, peso, curativos, nebulizações,...) a equipe

também auxiliava na recepção e no acolhimento. As dificuldades enfrentadas pela

equipe de enfermagem incluíram o excesso de demanda e de burocracia, o espaço físico

inadequado, a falta de transporte para as visitas domiciliares, a falta de material e

equipamentos e o acúmulo de atividades. Sugeriram a redução no número de famílias, a

diminuição da burocracia, a implantação dos protocolos de enfermagem, o suprimento

de recursos materiais e a disponibilidade de transporte.

O Cuidado Odontológico estava disponível em todas as UBS. Os odontólogos

atendiam em média, 10 pessoas por turno em quatro horas de trabalho e contavam com

o auxílio dos Auxiliares de Consultório Dentário (ACD) em apenas três das cinco UBS

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estudadas. Os ACD eram responsáveis por organizar a agenda, preencher a ficha clínica,

auxiliar o dentista, organizar o consultório e fazer a desinfecção dos equipamentos e

esterilização do instrumental. Havia o excesso de demanda, a falta de material educativo

e de suporte técnico além do local inseguro para o compressor (ao lado consultório). Foi

sugerido o aumento de equipes de saúde bucal e desta forma diminuiria o número de

famílias por profissional; a realização de estudo epidemiológico para avaliar o índice de

CPOD na comunidade e promover estratégias de planejamento e definição de grupos de

risco; o acesso à materiais educativos como cartazes, fitas e revistas; a contratação de

ACD para todas as UBS e garantir o suprimento de material.

As Ações Programáticas estavam vinculadas as UBS do PSF, com participação

de toda equipe e mediante agendamento. Tinham como público alvo prioritário às

mulheres (pré-natal, prevenção câncer ginecológico, planejamento familiar), às crianças

(puericultura) e os portadores de doenças crônicas (hipertensos e diabéticos). As

dificuldades enfrentadas foram díspares: tempo e motivação (UBS Loteamento Ilha);

pouco entendimento da comunidade sobre a filosofia do PSF (UBS Sapucaia); número

excessivo de famílias e da área, acesso dificultado para a comunidade do Engenho e

falta de transporte (UBS Rosário) e, atividade extra UBS solicitadas pela coordenação

(UBS Suape). Foi sugerida a divisão de equipe e a divulgação da filosofia do PSF à

comunidade.

No PSF, as Ações Educativas eram realizadas através de palestras e atividades

de grupo na UBS e junto às escolas ou comunidade, com a participação de toda equipe.

A sala de espera também era utilizada para palestras (UBS Suape). Na UBS Roca, era

realizada individualmente, durante o atendimento. O tempo dedicado à atividade era

diferente em cada uma das UBS estudadas. A falta de estrutura, de tempo e de material

didático dificultavam o trabalho. Outro ponto foi o despreparo dos profissionais para

realização de grupos, sendo sugerido o investimento na capacitação dos recursos

humanos e no suporte à atividade. Entre as experiências inovadoras citaram o grupo

“SART” porém, este ainda não estava fortalecido em todas as equipes.

O Cuidado Domiciliar era realizado por todas as equipes do PSF. As atividades

contemplavam ações curativas e preventivas, incluindo consultas à usuários

impossibilitados de locomoção, busca ativa de gestantes, crianças faltosas na

puericultura, investigação epidemiológica, acompanhamento de puérperas e

atendimento odontológico. O tempo dedicado variou de acordo com o profissional e a

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UBS, a maioria utilizava dois turnos semanais. As principais dificuldades eram: o

excesso de demanda, a falta de transporte e a grande distância até os domicílios. Foi

sugerida a disponibilidade de equipamentos de proteção (capa de chuva, botas,...),

transporte e a diminuição das atividades burocráticas.

O Conselho Local de Saúde não estava formado em nenhuma das UBS

estudadas.

3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho

O estudo adotou uma escala de adequação organizada de 0 a 10, a partir da qual

87 trabalhadores das UBS da amostra emitiram sua opinião em relação a algumas

variáveis componentes das condições de trabalho e do trabalho em equipe.

A observação das médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores

de Cabo de Santo Agostinho com cada uma das variáveis estudadas revelou que o maior

índice de satisfação foi referido para o preenchimento de formulários e relatórios e o

menor para estrutura física da unidade, à semelhança do ocorrido no Lote 2 NE (Tabela

3.17).

Tabela 3.17 - Médias alcançadas em relação à satisfação dos profissionais de saúde em uma escala de 0 a 10 em Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de

Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Satisfação com Cabo de Santo Agostinho Lote 2 NE

Trabalho em equipe 7,5 7,0

Reuniões de equipe 7,0 7,0

Preenchimento de formulários e relatórios 8,0 7,0

Demanda para atendimento individual a domicílio 7,2 7,0

Demanda para atendimento individual na unidade 7,1 6,0

Reuniões com a coordenação local da unidade 6,6 6,0

Reuniões com a comunidade 5,6 5,0

Estrutura física da unidade 5,6 5,0

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3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde

3.5.1 Desempenho do Município de Cabo de Santo Agostinho

3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde

As informações apresentadas abaixo (Tabela 3.18) se referem ao município de

Cabo de Santo Agostinho, à totalidade dos municípios de Pernambuco e ao Brasil.

Quando comparados ao estado e ao país, os indicadores favoráveis ao município

foram a maior proporção de recém-nascidos com quatro ou mais consultas pré-natal e

menor índice de mortalidade infantil. Em contraste, os indicadores desfavoráveis foram

o menor índice de consultas médicas básicas por habitante ao ano e maior proporção de

baixo peso ao nascer. Já a proporção de partos por cesariana foi maior em relação à PE,

mas menor em relação ao Brasil.

Tabela 3.18 - Indicadores de desempenho do sistema de saúde de para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE,

2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho PE Brasil

Consultas médicas básicas / hab / ano 1,3 1,4 1,4

% RN com 4 ou + consultas Pré-Natal 85,0 81,3 83,1

% de Baixo peso ao nascer 8,7 7,6 8,1

Mortalidade Infantil / 1.000 NV 16,7 25,9 19,3

MI Causas evitáveis --* --* --*

% Partos por cesariana 36,7 31,2 38,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível).

a. Crianças

Comparado com o Estado e a União, Cabo de Santo Agostinho apresentou

menor proporção de óbitos em menores de um ano por causas mal definidas e maior

taxa de internação por IRA em menores de cinco anos, sendo que a taxa de mortalidade

neonatal foi inferior à de PE e semelhante à do Brasil (Tabela 3.19).

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Tabela 3.19 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho PE Brasil

Número absoluto de óbitos de < de 1 ano 53 4.035 58.916

% de óbitos em < de 1 ano por causas mal definidas 1,9 16,5 8,8

Taxa de internação por IRA em < de 5 anos 33,3 24,2 26,4

Cobertura vacinal por tetravalente em < de 1 ano 100 22,7 21,5

Número absoluto de óbitos neonatais 39 2.332 38.679

Taxa de mortalidade infantil neonatal 12,3 14,9 12,6 Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002. b. Mulheres

Os indicadores do Pacto da Atenção Básica para a saúde da mulher favoráveis ao

município de Cabo de Santo Agostinho foram menor taxa de mortalidade por câncer de

mama e maior proporção de nascidos vivos de mães com sete ou mais consultas de pré-

natal. Ao contrário, desfavorável ao município a maior taxa de mortalidade por câncer

uterino. A razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa

etária foi a mesma observada em PE e no Brasil. Não estava disponível a taxa de

mortalidade materna (Tabela 3.20).

Tabela 3.20 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho PE Brasil

Taxa de mortalidade materna --* 44,2 52,7

Razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária 0,2 0,2 0,2

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de colo de útero 14,9 4,7 4,6

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de mama 7,5 8,7 10,2

% de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal 49,4 40,0 47,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível). c. Adultos e idosos: doenças crônicas

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Os indicadores do Pacto da Atenção Básica relativos às doenças crônicas foram

no geral desfavoráveis ao município quando comparados ao estado e ao país. Entre

estes, a maior taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC), a maior taxa de

mortalidade por doenças cerebrovasculares e a maior taxa de internação por

insuficiência cardíaca congestiva ( ICC). Somente a proporção de internação por

cetoacidose e coma diabético demonstrou-se favorável ao município, sendo menor em

comparação ao estado e ao país. Já a taxa de mortalidade por tuberculose foi menor em

relação à PE, mas maior à observada no Brasil (Tabela 3.21).

Tabela 3.21 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho PE Brasil

Taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) 50,8 27,6 32,7

Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares 153,0 151,0 137,9

Taxa de internação por insuficiência cardíaca congestiva ( ICC) 70,2 42,1 66,3

% de internação por cetoacidose e coma diabético 3,7 4,7 15,1

% de internação por diabetes mellitus 2,3 1,5 1,3

Taxa de mortalidade por tuberculose 3,8 5,0 3,0 Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

d. Saúde bucal

Entre os indicadores de saúde bucal, desfavorável à Cabo de Santo Agostinho

observou-se a menor cobertura de primeira consulta odontológica. Entretanto, os demais

indicadores variaram, sendo que a razão entre procedimentos odontológicos coletivos e

a população de 0 a 14 anos foi maior à de PE mas menor à do Brasil; e a proporção de

exodontias em relação às ações básicas individuais foi semelhante à do estado e superior

à do país (Tabela 3.22).

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Tabela 3.22 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal para Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF-

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho PE Brasil

Cobertura de primeira consulta odontológica 11,4 12,4 13,1

Razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos 0,12 0,07 0,20

% de exodontias em relação às ações básicas individuais 15,5 15,2 8,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

3.5.2 Desempenho da Atenção Básica à Saúde

3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS

a. Idade, sexo e escolaridade da demanda.

A demanda estudada era composta predominantemente por mulheres (73%) e

pessoas de cor não branca (71%). A predominância do gênero feminino na utilização

dos serviços se manifestou especialmente entre dos 15 e 64 anos de idade. Nas demais

faixas etárias, a demanda apresentou prevalência do gênero masculino. Entre os 15 e os

49 anos de idade observou-se a maior diferença neste sentido, pois o predomínio das

mulheres está muito vinculado à vida reprodutiva.

Do total, 19% da amostra ficou representada pelo grupo de menores de cinco

anos de idade. Desse grupo etário, mais da metade (56%) da carga de trabalho diário

esteve dirigida aos cuidados específicos do primeiro ano de vida (sendo 10% da

totalidade da amostra).

As crianças de cinco a 14 anos constituíram 6% da amostra. As mulheres de 15 a

49 anos de idade eram 46% e os homens nesta faixa etária representaram apenas 7%. A

demanda de 50 anos e mais correspondeu a 23%, sendo 14% de 50 a 64 anos e 9% de

65 anos e mais. Assim, a carga de trabalho com enfoque nos cuidados das necessidades

crônicas e degenerativas mais prevalentes na população adulta e idosa foi semelhante

àquela relacionada às crianças menores de cinco anos de idade.

Em relação à escolaridade, 11% eram analfabetos, 17% apenas alfabetizados,

25% cursaram o fundamental incompleto, 8% o fundamental completo, 7% ensino

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médio incompleto e 13% médio completo. Cerca de um quinto da amostra (19%)

encontrava-se fora da idade escolar.

b. Participação dos profissionais no atendimento à demanda

A Tabela 3.23 apresenta a distribuição dos atendimentos à demanda por

profissional de saúde nas seis UBS estudadas. Os enfermeiros realizaram 13% dos

atendimentos, os médicos 14%, os odontólogos 10%, os agentes comunitários de saúde

45% e os demais profissionais de nível superior e médio realizaram 3% e 15% dos

atendimentos, respectivamente.

Quando comparadas às proporções do Lote 2 NE, os índices foram no geral

semelhantes, havendo diferença apenas entre as proporções de atendimentos prestados

por profissionais de nível médio e ACS (Tabela 3.23).

Tabela 3.23 - Participação dos profissionais no atendimento à demanda no município de Cabo de Santo Agostinho e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote

2 NE, 2005.

Profissional Cabo de Santo Agostinho (%) Lote 2 NE (%)

Enfermeiros 13 11

Médicos 14 20

Odontólogos 10 8

Outros profissionais de nível superior 3 2

Nível Médio 15 29

ACS 45 30

c. Procedimentos realizados no atendimento à demanda

O atendimento básico de enfermagem representou 12% da demanda de

procedimentos, as consultas médicas 14%, as imunizações 6%, os atendimentos por

outros profissionais de nível superior 12%, os procedimentos preventivos em

odontologia 10%, as visitas domiciliares 45% e a coleta de material apenas 1%.

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76

3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS

3.5.2.2.1 Crianças

Condições do parto e peso ao nascer

O nascimento da maioria das crianças (98%; n = 106) ocorreu em ambiente

hospitalar. Quanto ao tipo de parto, 75% (n = 81) nasceu através de parto normal

(Tabela 3.24).

O peso médio dos recém-nascidos de Cabo de Santo Agostinho foi de 3.064

gramas, enquanto que a proporção de baixo peso ao nascer foi de 10% (n = 10) -

(Tabela 3.24).

Tabela 3.24 - Condições de nascimento das crianças de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho

% Parto hospitalar 98

% Parto normal 75

Média de peso ao nascer 3.064 g

% Baixo peso ao nascer 10

Puericultura

Em Cabo de Santo Agostinho, 88% (n = 94) das crianças possuíam cartão para

acompanhamento do peso. Foram pesadas e medidas na UBS de sua área de

abrangência 47% (n = 49) da amostra, sendo que 39% (n = 20) das mães informou que

era preciso marcar consulta para realizar a puericultura na UBS; 44% (n = 23) afirmou

haver um dia específico da semana para puericultura; e 42% (n = 22) ainda mencionou

que era necessário esperar na fila para realizar puericultura. Cerca de um quarto (23%, n

= 24) das mães havia pesado e medido a criança 12 vezes ou mais (Tabela 3.25).

Este acompanhamento foi realizado em outro local que não a UBS da área de

abrangência por 55% (n = 58) das crianças. Os motivos informados para não realizar a

puericultura na UBS de sua área de abrangência foram para 9% (n = 5) possuir

cobertura por plano/ convênio de saúde; para 47% (n = 26) não morar no bairro ou

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cidade; para 42% (n = 23) juízo insatisfatório sobre a UBS; e para apenas uma (2%)

problema de acesso geográfico (Tabela 3.25).

A opinião sobre a puericultura foi boa, muito boa ou ótima para 80% (n = 40)

das mães que vivenciaram esta situação. Quando estas mães foram estimuladas a

atribuir uma nota de zero a dez para avaliar a UBS de sua área de abrangência, a média

alcançada foi 8,2 (Tabela 3.25).

No momento das entrevistas 26% (n = 28) das crianças estavam sendo

amamentadas (Tabela 3.25).

Tabela 3.25 - Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Características Cabo de Santo Agostinho

Tem cartão de peso (%) 88

Pesada e medida na UBS da área de abrangência (%) 47

Era preciso marcar consulta para puericultura na UBS (%) 39

Tinha dia específico da semana para puericultura (%) 44

Tinha que esperar na fila para puericultura (%) 42

Puericultura 12 vezes ou mais (%) 23

Puericultura em outro local que não a UBS da área (%) 55

Não realizou puericultura na UBS de sua área por juízo insatisfatório (%) 42

Opinião sobre puericultura foi boa, muito boa ou ótima (%) 80

Nota de zero a dez para avaliar a UBS 8,2

Crianças amamentadas (%) 26

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78

Imunizações

Na avaliação da cobertura vacinal utilizou-se informações disponíveis no cartão

da criança e, na sua ausência, informações fornecidas pela mãe ou responsável.

Conforme descrito no item anterior sobre puericultura, 12% (n = 13) das

crianças não possuíam cartão, ocasionando perda de informações a esse respeito. As

perdas também ocorreram quando a mãe não lembrava as vacinas recebidas pela

criança. Logo, a análise das imunizações mostrou cobertura de 85% de vacina contra

Poliomielite; de 77% para Sarampo; de 93% para Tuberculose; de 84% (n = 91) para

Hepatite B e de 84% (n = 91) para Difteria, Tétano e Coqueluche (DPT) + Haemophilus

influenzae tipo b + Tetravalente. Entretanto, faltaram informações sobre vacina Sabin

(15%, n = 16), Sarampo (15%, n = 16), BCG (7%, n = 8), Hepatite B (14%, n = 15) e

DPT+Hib+Tetravalente (12%, n = 13) - (Tabela 3.26).

Tabela 3.26 - Características do estado vacinal das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Cobertura vacinal Cabo de Santo Agostinho (%)

Sabin 85

Sarampo 77

Tuberculose 93

Hepatite B 84

DPT + Hib + Tetravalente 84

Consulta por Diarréia

Das 108 crianças estudadas, 38 (35%) haviam sofrido de diarréia no último mês,

das quais 18 (49%) consultaram por este motivo sendo sete (37%) na área de

abrangência. Das que consultaram na UBS de sua área, cinco (71%) receberam algum

tipo de orientação sobre prevenção e abordagem inicial da diarréia (cinco sobre soro

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79

caseiro, cinco sobre desidratação, duas sobre reidratação oral e duas sobre água de

arroz) - (Tabela 3.27).

Quando questionadas sobre o motivo ou justificativa para a criança não consultar

por diarréia na UBS da área, três (26%) mães informaram dificuldade/ demora em

conseguir o atendimento; duas (17%) levaram o filho diretamente ao hospital; outras

duas (17%) preferiam outro local; uma (8%) afirmou possuir plano de saúde; uma (8%)

não morava no bairro; uma (8%) disse que o problema havia ocorrido durante o fim-de-

semana; uma (8%) disse não conhecer o posto; e uma (8%) última justificou que o

médico nunca se encontrava na UBS (Tabela 3.27).

A ocorrência de hospitalização por diarréia no último ano foi informada por dez

(28%) crianças (Tabela 3.27).

Tabela 3.27 - Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base,

PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Diarréia no último mês 35

Consultou por diarréia 49

Maioria das consultas na UBS da área 37

Recebeu orientação sobre:

Soro caseiro

Prevenir desidratação

Reidratação oral

Água de arroz

100

71

40

40

Hospitalização por diarréia no último ano 28

Consulta por Pneumonia

Seis (6%) crianças haviam sofrido de pneumonia nos seis meses anteriores a

entrevista. Quatro (80%) destas consultaram por este problema, sendo que três (60%)

consultaram na UBS da área de abrangência. Duas (33%) foram hospitalizadas pelo

problema no último ano (Tabela 3.28).

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80

A justificativa fornecida pelas mães que não levaram o filho para consultar na

UBS da área, foram a preferência por outro local (50%, n = 1) e a ausência de pediatra

na UBS (50%, n = 1) - (Tabela 3.28)

Tabela 3.28 - Prevalência de pneumonia nos últimos seis meses e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de

Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Pneumonia nos últimos seis meses 6

Consultou por pneumonia 80

Maioria das consultas na UBS da área 60

Hospitalização por pneumonia no último ano 33

Consulta por outro motivo

Consulta na UBS da área de abrangência por outro motivo, exceto puericultura,

diarréia e pneumonia foi referida por 25% (n = 24) das crianças estudadas (Tabela

3.29).

Mais da metade (55%; n = 40) das mães que não consultaram por outros motivos

na UBS de abrangência justificaram que não achavam necessário consultar; 22% (n =

16) fazia juízo insatisfatório da UBS; 18% (n = 13) teve problema de acesso geográfico

e 6% (n = 4) possuía plano / convênio de saúde ou consultou particular (Tabela 3.29).

Tabela 3.29 - Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base,

PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Consultou na UBS da área por outros motivos 25

Não consultou na UBS da área por juízo insatisfatório 22

Saúde bucal

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81

Na amostra de Cabo de Santo Agostinho, a avaliação em saúde bucal apontou

que no grupo de crianças 87% (n = 94) das mães afirmaram realizar limpeza dos dentes

de seus filhos (Tabela 3.30).

As mães afirmaram que iniciaram a higiene bucal de seus filhos em média aos

11,6 (dp = 5,8) meses de idade, realizando a limpeza cerca de duas vezes ao dia (Tabela

3.30).

A limpeza dos dentes era feita com gaze por 4%(n = 3) das mães; 1% (n = 1)

informou utilizar cotonete; e a escovinha era utilizada por 96% (n = 89) das mães.

Apenas uma (1%) mãe referiu limpeza com outros recursos (como fralda, paninho e / ou

dedo). A maioria (95%; n = 88) afirmava fazer a higiene bucal de seus filhos utilizando

pasta de dentes (Tabela 3.30).

Dois terços da amostra (67%; n = 72) afirmou já ter recebido informação sobre a

importância de limpar ou escovar os dentes de seus filhos. Deste grupo, a maioria (37%,

n = 26) afirmou ter sido orientado por outro profissional da UBS que não agentes ou

dentista; 34%, n = 24) pelo dentista da UBS; 17% (n = 12) por ACS; 11% (n = 8) pela

escola; 9% (n = 6) por programa de rádio e/ ou tv; 4% (n = 3) pela família; 3% (n = 2)

pelo dentista privado; e apenas 1% (n = 1) por amigo. Para 13% (n = 8) a orientação foi

recebida através de outras formas.

Cerca de um terço (34%, n = 36) das crianças ainda usava de chupeta, e 59% (n

= 64) tomava mamadeira à noite, sendo a grande maioria (78%, n = 50) adoçada. Já

haviam batido e / ou quebrado algum dente 18% (n = 19) das crianças (Tabela 3.30).

Tabela 3.30 - Características de saúde bucal das crianças estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

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Indicador Cabo de Santo Agostinho

Realiza limpeza dos dentes (%) 87

Idade média de início da limpeza de dentes 11,6 meses

Escova 3 vezes ou mais ao dia (%) 43

Utilização de escova na higiene bucal (%) 96

Utilização de pasta de dentes na higiene bucal (%) 95

Recebeu alguma informação sobre importância de escovar / limpar os dentes do filho (%) 67

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência (%) 34

Criança usa chupeta (%) 34

Criança toma mamadeira à noite (%)

Mamadeira era adoçada (%)

59

78

Criança já bateu / quebrou algum dente (%) 18

3.5.2.2.2 Mulheres

Pré-natal

Praticamente a totalidade (99%, n = 99) das mulheres estudadas fizeram alguma

consulta de pré-natal na última gravidez. De modo geral, as mulheres referiram o início

do pré-natal do último filho em torno da 11ª semana de gestação, tendo sido realizado

na UBS da área de abrangência por 59% (n = 58). Dentre as mulheres que fizeram o

pré-natal fora da área da UBS, 36% (n = 15) justificou não morar na cidade ou bairro

durante a gestação; 27% (n = 11) referiu como motivo ter consultado por plano/

convênio de saúde ou particular; 22% (n = 9) fazia juízo insatisfatório da UBS da área e

15% possuía problema de acesso geográfico (Tabela 3.31).

Durante o pré-natal, a vacina contra o tétano deixou de ser aplicada em 23% (n =

5) das mulheres que efetivamente necessitavam, tendo sido realizada

desnecessariamente em 65% (n = 37) - (Tabela 3.31).

Dentre as mulheres que realizaram o pré-natal na UBS da área de abrangência,

93% (n = 53) expressou opinião positiva sobre o programa (Tabela 3.31).

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83

Tabela 3.31 - Características do pré-natal das mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho

Fez pré-natal na última gravidez (%) 99

Início do pré-natal (semana) 11ª. semana

Fez pré-natal na UBS da área (%) 59

Não fez pré-natal na área por juízo insatisfatório (%) 22

Deixou de fazer vacina antitetânica (%) 23

Fez antitetânica desnecessariamente (%) 65

Teve opinião positiva sobre o pré-natal (%) 93

Aleitamento materno

Entre as mulheres que realizaram pré-natal na UBS de abrangência (n = 58), a

informação sobre a importância de iniciar a amamentação na 1ª hora de vida da criança

alcançou 90% (n = 51) das mulheres entrevistadas. Já a escuta das preocupações ou

problemas com a amamentação e a orientação sobre dificuldades e problemas com a

amamentação foi referida por 84% (n = 48) das mulheres e, 61% (n = 35) mencionou ter

recebido apoio ou suporte para amamentar imediatamente após o parto através de

reuniões ou atividades em grupo (Tabela 3.32).

Tabela 3.32 - Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência, às mulheres de Cabo de Santo Agostinho. Estudo

de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Orientação sobre Aleitamento Materno Cabo de Santo Agostinho (%)

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84

Importância de amamentar na 1ª hora de vida 90

Vantagens da amamentação 97

Hábitos de amamentação 90

Importância de estimular a criança a sugar 91

Importância da continuidade da amamentação 77

Preocupações sobre amamentação ouvidas 84

Prejuízo da mamadeira 88

Prejuízo do bico/ chupeta 88

Orientação sobre dificuldades para amamentar 88

Orientações sobre posições para o aleitamento 88

Orientações sobre extração do leite 81

Apoio para amamentar por grupo pré-natal 49

Apoio para amamentar por grupo após o parto 61

Planejamento familiar

A utilização de algum método anticoncepcional foi uma realidade para 84% (n =

84) das mulheres da amostra. Destas, 51% (n = 43) fazia uso de anticoncepcional oral,

24% (n = 20) adotava o preservativo como método, 25% (n = 21) havia se submetido à

laqueadura tubária e apenas uma (1%) utilizava o DIU. O anticoncepcional oral/

injetável foi obtido na UBS por 71% (n = 32) das mulheres, sendo que 18% (n = 8)

delas o compraram (Tabela 3.33).

Tabela 3.33 - Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Utiliza algum método anticonceptivo 84

Utiliza ACO 51

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Utiliza preservativo 24

Fez laqueadura tubária 25

Utiliza DIU 1

Obtém ACO na UBS da área 71

Precisa comprar ACO 18

Atendimento ginecológico

No último ano, 26% realizaram consulta ginecológica na UBS da área de

abrangência (n = 26). A opinião de 89% (n = 23) destas mulheres sobre o atendimento

ginecológico na UBS foi positiva (Bom = 65%, n = 17; Muito bom = 16%, n = 4; Ótimo

= 8%, n = 2); e, ao se questionar sobre uma quantificação para esta avaliação em uma

escala de 0 a 10, a resposta atingiu o valor médio de 8,5. Na avaliação sobre o tempo de

espera para conseguir uma consulta, observou-se que 54% (n = 14) conseguiram

atendimento no mesmo dia e 35% (n = 9) na mesma semana (Tabela 3.34).

Tabela 3.34 - Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres

estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho

Consulta ginecológica na UBS da área no último ano (%) 26

Opinião positiva sobre atendimento (%) 89

Nota para atendimento 8,5

Consegue consulta para mesmo dia (%) 54

Consegue consulta para outro dia na mesma semana (%) 35

Prevenção do câncer ginecológico

O conhecimento sobre o exame para prevenção do câncer de colo uterino

alcançou 97% (n = 97) das mulheres, sendo que 86% (n = 83) já o havia realizado

alguma vez na vida. O exame de mamografia foi referido por 16% (n = 16) das

mulheres (Tabela 3.35).

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Tabela 3.35 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Conhece exame pré-câncer 97

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 86

Já fez pelo menos uma mamografia 16

Utilização da UBS da área por outros motivos

Entre as mulheres da amostra, 6% (n = 6) havia consultado na UBS da área por

outros motivos, diferentes daqueles incluídos nas ações programáticas de saúde da

mulher (ginecologia). Dentre as mulheres que não consultaram na UBS da área, 84% (n

= 79) referiu não necessitar da consulta (Tabela 3.36).

Tabela 3.36 - Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Consultou por outros motivos 6

Não consultou na UBS da área por não necessitar 84

Saúde bucal

Na amostra de Cabo de Santo Agostinho, a avaliação em saúde bucal apontou

que no grupo de mulheres, praticamente a totalidade (99%, n = 97) realizava limpeza

dos dentes. Destas, 52% (n = 50) afirmou escovar três vezes ou mais ao dia, 40% (n =

39) duas vezes ao dia e 8% (n = 8) uma vez ao dia (Tabela 3.37).

A limpeza era realizada com escova e pasta de dentes por todas (100%, n = 97)

e, menos da metade (44%; n = 43) das entrevistadas usava palito e / ou fio dental para

auxiliar a higiene (Tabela 3.37).

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Apenas 40% (n = 39) das mulheres estudadas referiu ter recebido orientação em

saúde bucal no último ano. Entre as que receberam orientação, a maioria (55%, n = 21)

respondeu ter recebido orientação do dentista da UBS; 18% (n = 7) de outro profissional

da UBS; 8% (n = 3) de programa de rádio ou tv; e 5% (n = 2) de familiar, dentista da

UBS, ACS ou escola. Um quarto (25%, n = 9) ainda mencionou ter recebido orientação

de outras formas.

No último ano, 37% (n = 36) das mulheres haviam feito revisão dos dentes; 35%

(n = 34) teve dor de dentes; 29% (n = 28) fez tratamento para cárie; 11% (n = 11) bateu

ou quebrou algum dente e 9% (n = 9) teve problemas na gengiva. Problemas dentários

impediram apenas uma (1%) das mulheres de ir ao trabalho (Tabela 3.37).

Nos últimos doze meses, 53% (n = 52) das mulheres havia buscado atendimento

odontológico no município. Dentre estas, a maioria (65%, n = 33) foi atendida em Posto

de Saúde e 35% (n = 18) em serviços privados. Quanto ao grau de satisfação com o

atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 9,0. Em Cabo de Santo

Agostinho, 90% (n = 46) das mulheres que receberam atendimento odontológico

disseram ter tido seu problema resolvido, sendo que seis (12%) necessitaram ser

encaminhadas a serviços especializados (Tabela 3.37).

Do município, 76% (n = 74) da amostra já havia realizado pelo menos uma

extração de dente. Destas, 16% (n = 12) havia extraído apenas um dente e 84% (n = 62)

mais de um dente.

O uso de prótese foi referido por 13% (n = 13) das mulheres da amostra. Uma

destas (8%) havia sido feita há menos de um ano; 62% (n = 8) entre um e cinco anos e

15% (n = 2) há mais de cinco anos; sendo que as demais (15%, n = 2) não se

recordavam (Tabela 3.37).

Com dificuldade para mastigar foram encontradas 15% (n = 15) das mulheres. A

ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 9% (n = 9), e o tempo

médio de duração da ferida foi de 2 meses.

Durante a última gestação nos dois anos anteriores à entrevista, 45% (n = 44)

das mulheres receberam orientação sobre saúde bucal. Dentre estas mães, 33% (n = 14)

através de dentista de UBS; 43% (n = 18) de outro profissional da UBS; 5% (n = 2) de

dentistas da rede privada ou ACS; 2% (n = 1) de programa de rádio ou tv; e 28% (n =

12) via outras formas de orientação.

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Tabela 3.37 - Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Realiza limpeza dos dentes 99

Escova 3 vezes ou mais ao dia 52

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100

Utilização de palito e/ ou fio dental na higiene bucal 44

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 40

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 55

Fez revisão dos dentes no último ano 37

Teve dor de dente no último ano 35

Bateu / quebrou algum dente no último ano 11

Teve problemas de gengiva no último ano 9

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

53

65

35

Já extraiu pelo menos um dente 76

Usa prótese 13

Recebeu orientação sobre saúde bucal durante gestação 45

3.5.2.2.3 Adultos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

alcançou 24% (n = 21) da amostra de adultos, sendo que 23% (n = 18) havia recebido

esta mesma recomendação na última consulta (Tabela 3.38).

Tabela 3.38 - Atividade física dos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

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89

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 24

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 23

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

O diagnóstico de HAS foi informado por 26% (n = 28) dos adultos com duração

média conhecida do problema de 6,4 anos. Destes, 36% (n = 10) consultou na UBS da

área nos últimos seis meses pelo problema, sendo que cada adulto com HAS referiu ter

consultado em média 3,2 vezes. As consultas foram agendadas em 90% (n = 8) das

situações na amostra do município, sendo que 20% (n = 2) conseguiu ser atendido no

mesmo dia, 40% (n = 4) na mesma semana e 40% (n = 4) teve que aguardar mais de

uma semana. O tempo decorrido desde a última consulta por HAS foi de 79,3 dias

(Tabela 3.39).

Em termos terapêuticos, 86% (n = 24) dos hipertensos utilizava medicamentos e

54% (n = 15) utilizava outras formas de tratamento, além daquelas preconizadas pelo

médico. A participação em atividades de grupos para hipertensos na UBS da área foi

informada por 23% (n = 6) e a hospitalização por HAS aconteceu nos últimos dois anos

para 21% (n = 6) da amostra (Tabela 3.39).

Tabela 3.39 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho

Prevalência de HAS (%) 26

Tempo médio de diagnóstico (anos) 6,4

Consulta por HAS na UBS da área (%) 36

Consulta agendada (%) 90

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90

Agendamento para o mesmo dia (%) 20

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 40

Agendamento para mais de uma semana (%) 40

Tempo desde a última consulta (dias) 79,3

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 86

Outras formas de tratamento (%) 54

Participação em grupos de HAS (%) 23

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 21

Diabetes Mellitus (DM)

O diagnóstico de Diabete foi informado por 7% (n = 7) dos adultos e o tempo de

conhecimento do diagnóstico foi de 7,9 anos. Destes, 50% (n = 3) consultou na UBS da

área de sua moradia nos últimos seis meses para a doença, sendo que somente um (33%)

conseguiu atendimento na mesma semana (Tabela 3.40).

O uso de medicação para o tratamento da doença foi referido por 86% (n = 6)

dos entrevistados; e 43% (n = 3) adotavam outras formas de tratamento além daquelas

preconizadas pelo médico. Apenas um (14%) havia participado de atividades de grupo

na UBS da área, não tendo sido referida a ocorrência de internação por DM nos últimos

dois anos (Tabela 3.40).

Tabela 3.40 - Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo

Agostinho

Prevalência de diabetes (%) 7

Tempo médio de diagnóstico (anos) 7,9

Consulta por diabetes na UBS da área (%) 50

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91

Consulta agendada (%) 100

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 33

Agendamento para mais de uma semana (%) 67

Tempo desde a última consulta (dias) 22,5

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 86

Outras formas de tratamento (%) 43

Participação em grupos de diabetes (%) 14

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) 0

Consulta por problemas psíquicos

“Problema de nervos” foi referido por 11% (n = 12) dos adultos estudados,

sendo a média de duração deste sofrimento de 14 anos. Entre estes, nenhum havia

consultado na UBS da área nos últimos seis meses (Tabela 3.41).

Dos portadores deste tipo de problema, 42% (n = 5) mencionou a necessidade de

usar medicamento para o tratamento e 33% (n = 4) informou fazer uso de outras formas

de tratamento além da orientada pelo médico (Tabela 3.41).

Nenhum dos entrevistados havia participado de atividades de grupo na UBS para

portadores deste tipo de sofrimento ou hospitalizado por problemas psíquicos nos

últimos dois anos (Tabela 3.41).

Tabela 3.41 - Problemas de nervos nos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho

Prevalência de problema de nervos (%) 11

Tempo médio de diagnóstico (anos) 14

Consulta por problema de nervos na UBS da área (%) 0

Tempo desde a última consulta (dias) 0

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92

Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%) 42

Outras formas de tratamento (%) 33

Participação em grupos (%) 0

Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%)

0

Saúde da Mulher

Na amostra de adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho, 56% (n = 60)

eram mulheres, com idade média de 46,3 anos. Entre estas, 77% (n = 14) havia

consultado no último ano para problemas ginecológicos (Tabela 3.42).

Nos últimos três meses, 14% (n = 8) das mulheres haviam consultado na UBS da

área por motivo diferente do ginecológico, ocorrendo em média 1,0 consulta por mulher

(Tabela 3.42).

Três (5%) entrevistadas referiram história familiar de câncer de mama em irmã.

Somente duas (14%) mulheres que consultaram na UBS da área por problemas

ginecológicos no último ano tiveram as mamas examinadas na última consulta

ginecológica e, do total, 51% (n = 30) já havia realizado ao menos uma mamografia

durante a vida (Tabela 3.42).

A totalidade (n = 60) das mulheres conhecia o exame para prevenção do câncer

de colo uterino na amostra, sendo que 97% (n = 58) delas já o haviam realizado alguma

vez (Tabela 3.42).

Tabela 3.42 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Conhece exame pré-câncer 100

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 97

Já fez pelo menos uma mamografia 51

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93

Opinião sobre o atendimento na UBS

Na opinião dos adultos, em uma escala de zero a dez, a qualidade do

atendimento foi avaliada em 6,5.

Saúde Bucal

Na amostra de Cabo de Santo Agostinho, a avaliação em saúde bucal apontou

que no grupo dos adultos 96% (n = 104) realizava limpeza dos dentes. Destes, 49% (n =

51) afirmou escovar três vezes ou mais ao dia, 44% (n = 46) duas vezes ao dia e 7% (n

= 7) uma vez ao dia (Tabela 3.43).

Todos que realizavam limpeza dos dentes utilizavam escova e pasta de dentes, e

77% (n = 82) usava palito e/ ou fio dental para auxiliar a higiene (Tabela 3.43).

Cerca de um terço (32%, n = 34) dos entrevistados havia recebido orientação

sobre saúde bucal, dentre os quais a maioria (44%, n = 15) recebeu orientação de

programa de rádio ou tv; 21% (n = 7) do dentista privado; 12% (n = 4) do dentista da

UBS; 3% (n = 1) de amigos, de outro profissional da UBS ou da escola; e 9% (n = 3) de

ACS. Outras formas de orientação ainda foram referidas por 15% (n = 5) dos adultos

(Tabela 3.43).

No último ano, 22% (n = 24) dos adultos haviam feito revisão dos dentes; 19%

(n = 21) teve dor de dentes; 21% (n = 23) fez tratamento para cárie; 4% (n = 4) bateu ou

quebrou algum dente e 17% (n = 18) teve problemas na gengiva. Dois (2%)

entrevistados sofreram problema dentário que os impediram de ir ao trabalho (Tabela

3.43).

Nos últimos doze meses, 34% (n = 37) haviam sido atendidos por dentistas.

Dentre estes, 39% (n = 14) foram atendidos em Posto de Saúde e 61% (n = 22) em

serviços privados. Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os

dentistas obtiveram uma nota média de 8,6, sendo que 97% (n = 36) disseram ter tido

seu problema resolvido e 14% (n = 5) precisou ser encaminhado a serviços

especializados (Tabela 3.43).

Do município, 92% (n = 93) da amostra já havia realizado pelo menos uma

extração de dente, dos quais 7% (n = 7) havia extraído apenas um dente; 85% (n = 86)

mais de um dente e 8% (n = 8) todos os dentes (Tabela 3.43).

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94

O uso de prótese foi referido por 44% (n = 47) dos adultos da amostra. Apenas

cinco (11%) haviam sido feitas há menos de um ano; 28% (n = 13) entre um e cinco

anos e 55% (n = 26) há mais de cinco anos (Tabela 3.43).

Com dificuldade para mastigar foram encontrados 19% (n = 20) dos adultos. A

ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 14% (n = 15) dos

entrevistados e o tempo médio de duração da ferida foi de 4 meses.

Somente uma mulher (1%) entre os adultos entrevistados havia tido filho nos

últimos dois anos; tendo recebido orientação sobre saúde bucal durante a gestação de

outras fontes que não as provenientes de profissionais da UBS.

Tabela 3.43 - Características de saúde bucal dos adultos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Realiza limpeza dos dentes 96

Escova 3 vezes ou mais ao dia 49

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100

Utilização de palito e / ou fio dental na higiene bucal 77

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 32

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95

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 12

Fez revisão dos dentes no último ano 22

Teve dor de dente no último ano 19

Bateu / quebrou algum dente no último ano 4

Teve problemas de gengiva no último ano 17

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

34

39

61

Já extraiu pelo menos um dente 92

Usa prótese 44

3.5.2.2.4 Idosos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

alcançou 41% (n = 38) dos idosos, sendo que deste 25% (n = 24) referiram ter recebido

esta mesma recomendação na última consulta (Tabela 3.44).

Tabela 3.44 - Atividade física dos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 41

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 25

Hipertensão Arterial Sistêmica

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96

A prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica entre os idosos foi de 71% (n =

75), e o tempo médio que sabiam de sua hipertensão foi de 9,5 anos (Tabela 3.45).

A consulta por hipertensão na UBS da área foi referida por 31% (n = 23) dos

idosos, tendo sido agendadas para 67% (n = 14) dos hipertensos estudados. A consulta

ocorreu no mesmo dia em 35% (n = 7) dos casos, enquanto 40% (n = 8) recebeu

atendimento na semana em questão e 25% (n = 5) esperou mais de uma semana. O

tempo médio que decorreu da última consulta até a data da entrevista foi de 70,6

(Tabela 3.45).

O uso de medicamentos para o controle da pressão arterial era uma realidade

para 88% (n = 66) dos idosos hipertensos, sendo que outras formas de tratamento além

daquelas indicadas pelo médico foram adotadas por 55% (n = 41). Participar de

atividades de grupo dedicadas aos hipertensos na UBS foi uma afirmação de 25% desta

amostra (n = 19), e a hospitalização por hipertensão aconteceu para 16% (n = 12) dos

idosos (Tabela 3.45).

Tabela 3.45 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho

Prevalência de HAS (%) 71

Tempo médio de diagnóstico (anos) 9,5

Consulta por HAS na UBS da área (%) 31

Consulta agendada (%) 67

Agendamento para o mesmo dia (%) 35

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 40

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97

Agendamento para mais de uma semana (%) 25

Tempo desde a última consulta (dias) 70,6

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 88

Outras formas de tratamento (%) 55

Participação em grupos de HAS (%) 25

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 16

Diabetes Mellitus

O diagnóstico de diabete foi informado por 19% dos idosos (n = 20)

entrevistados, e o tempo médio que tinham conhecimento do diagnóstico foi de 7,4

anos. Dentre estes idosos, 35% (n = 7) haviam consultado por diabete na UBS da área,

sendo que em 57% (n = 4) dos casos a consulta foi agendada. Na metade dos casos

(50%, n = 3) a consulta ocorreu no mesmo dia da solicitação; em um (17%) caso o

atendimento foi prestado na mesma semana e em dois (33%) a consulta aconteceu

depois de oito dias ou mais. O tempo médio decorrente desde a última consulta foi de

96,6 dias (Tabela 3.46).

A necessidade de usar medicação para a doença foi informada por 65% (n = 13)

dos diabéticos e o uso de outras formas para o tratamento além das indicadas pelo

médico por 35% (n = 7) destes (Tabela 3.46).

A participação em atividade de grupo dirigida aos diabéticos foi informada por

apenas dois (10%) idosos entrevistados. Nenhum idoso referiu hospitalização por

diabete nos últimos dois anos (Tabela 3.46).

Tabela 3.46 - Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho

Prevalência de diabetes (%) 19

Tempo médio de diagnóstico (anos) 7,4

Consulta por diabetes na UBS da área (%) 35

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98

Consulta agendada (%) 57

Agendamento para o mesmo dia (%) 50

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 17

Agendamento para mais de uma semana (%) 33

Tempo desde a última consulta (dias) 96,6

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 65

Outras formas de tratamento (%) 35

Participação em grupos de diabetes (%) 10

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) 0

Problemas Psíquicos

A proporção de idosos que referiram problemas de nervos foi de 26% (n = 27) e

o tempo médio que sabiam ter problemas de nervos foi de 13,1 anos. A consulta por este

motivo foi realizada na UBS por 23% (n = 6) destes (Tabela 3.47).

Em 75% (n = 3) dos casos a consulta foi agendada, sendo que dois (50%) foram

atendidos no mesmo dia e outros dois (50%) tiveram sua consulta marcada para oito

dias ou mais. O tempo decorrente da última consulta em relação à data da entrevista foi

de 70,0 dias (Tabela 3.47).

O uso de medicamentos para problema de nervos foi referido por 74% (n = 20)

dos idosos, e outras formas de tratamento além da indicada pelo médico foram adotadas

por 33% (n = 9). Somente um (5%) idoso havia participado de atividade de grupo para

portador de sofrimento psíquico (PSP) na UBS e três (11%) haviam sido hospitalizados

nos últimos dois anos por este tipo de problema (Tabela 3.47).

Tabela 3.47 - Problemas de nervos nos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo

Agostinho

Prevalência de problema de nervos (%) 26

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99

Tempo médio de diagnóstico (anos) 13,1

Consulta por problema de nervos na UBS da área (%) 23

Consulta agendada (%) 75

Agendamento para o mesmo dia (%) 50

Agendamento para mais de uma semana (%) 50

Tempo desde a última consulta (dias) 70,0

Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%) 74

Outras formas de tratamento (%) 33

Participação em grupos (%) 5

Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%) 11

Cuidado domiciliar

A necessidade de cuidado domiciliar nos últimos três meses foi informada por

15% (n = 16) dos idosos amostrados no município. Utilizando uma escala de zero a dez,

a satisfação média com o cuidado recebido foi de 9,1. Da totalidade dos idosos, 28% (n

= 30) informou necessitar de cuidados domiciliares com regularidade (Tabela 3.48).

Tabela 3.48 - Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho

Cuidado domiciliar nos últimos três meses (%) 15

Necessidade de cuidado domiciliar com regularidade (%) 28

Satisfação com cuidado recebido (0 a 10) 9,1

Saúde Bucal

Na amostra de Cabo de Santo Agostinho, a avaliação em saúde bucal apontou

que no grupo dos idosos, 86% (n = 91) afirmou realizar limpeza dos dentes. Destes,

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100

17% (n = 15) informou escovar três vezes ou mais ao dia, 52% (n = 47) duas vezes ao

dia e 28% (n = 25) uma vez ao dia (Tabela 3.49).

A grande maioria (87%; n = 79) fazia a limpeza com escova e pasta de dentes e

28% (n = 29) usava palito e / ou fio dental para auxiliar a higiene (Tabela 3.49).

Referiram ter recebido orientação em saúde bucal no último ano 12% (n = 13)

dos idosos estudados, sendo que 39% (n = 5) referiu ter recebido orientação de

programa de rádio ou tv; 31% (n = 4) de dentista da UBS; 13% (n = 3) de dentista

privado; 15% (n = 2) de outro profissional da UBS; e 8% (n = 1) via outras formas de

orientação (Tabela 3.49).

No último ano, 7% (n = 7) dos idosos havia realizado revisão dos dentes; 7% (n

= 7) teve dor de dentes; 3% (n = 3) fez tratamento para cárie; e 8% (n = 8) mencionou

problemas na gengiva. Problemas dentários não impediram os idosos de realizar

atividades de trabalho e/ ou de lazer (Tabela 3.49).

Nos últimos doze meses apenas 10% (n = 11) dos idosos haviam sido atendidos

por dentistas. Dentre estes, 46% (n = 5) foi atendido em Posto de Saúde e 55% (n = 6)

em serviços privados. Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os

dentistas obtiveram uma nota média de 9,8. Todos (n = 11) que receberam atendimento

disseram ter tido seu problema resolvido e nenhum precisou ser encaminhado a serviços

especializados (Tabela 3.49).

Da amostra do município, 95% (n = 100) já havia realizado pelo menos uma

extração de dente. Destes, 54% (n = 54) já havia extraído mais de um dente e 46% (n =

46) todos os dentes (Tabela 3.49).

O uso de prótese foi referido por 52% (n = 55). Entre estes, apenas um (2%)

informou que sua prótese havia sido feita há menos de um ano; 18% (n = 10) entre um e

cinco anos e a grande maioria (78%, n = 43) já tinha mais de cinco anos (Tabela 3.49).

Com dificuldade para mastigar foram encontrados 36% (n = 38) dos idosos. A

ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 9% (n = 9) dos idosos

e o tempo médio de duração da ferida foi de 11,6 meses, sendo que em um (11%) a

ferida ainda o incomodava (Tabela 3.49).

Tabela 3.49 - Características de saúde bucal dos idosos estudados em Cabo de Santo Agostinho. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicadores Cabo de Santo Agostinho (%)

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101

Realiza limpeza dos dentes 86

Escova 3 vezes ou mais ao dia 17

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 87

Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 28

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 12

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 31

Fez revisão dos dentes no último ano 7

Teve dor de dente no último ano 7

Bateu / quebrou algum dente no último ano 0

Teve problemas de gengiva no último ano 8

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

10

46

55

Já extraiu pelo menos um dente 95

Usa prótese 52

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102

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103

4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM

CABO DE SANTO AGOSTINHO

O Estudo de Linha de Base representa um primeiro tempo na avaliação do

PROESF e foi delineado para avaliar o desempenho da atenção básica à saúde e do PSF

no conjunto do Lote 2 NE e não em cada município. Assim, conforme os pressupostos

metodológicos da epidemiologia, a amostra de seis unidades básicas de saúde estudadas

(4 do PSF e 2 Tradicionais) não é suficiente para a plena comparação do PSF com o

modelo Tradicional em Cabo de Santo Agostinho. As limitações ficam por conta da

amostra de profissionais de saúde e principalmente de população da área de abrangência

das UBS. Entretanto, nos demais aspectos há uma completa e detalhada avaliação,

como, por exemplo, na caracterização institucional do SUS, da atenção básica à saúde e

das unidades de saúde estudadas. Assim, como estudo de caso, o relatório oferece uma

boa aproximação do perfil da atenção básica à saúde no município.

A estratégia de organizar os achados de Cabo de Santo Agostinho nas mesmas

categorias do Relatório Final do PROESF (Facchini et al, 2006) permitiu a descrição

dos resultados locais, do Estado, dos municípios nordestinos estudados e do país. As

comparações significam apenas uma referência à disposição de gestores e profissionais

de saúde de Cabo de Santo Agostinho na identificação de avanços obtidos e de pontos

problemáticos da ABS local.

Em termos socioeconômicos e demográficos os indicadores descrevem uma

qualidade de vida intermediária em Cabo de Santo Agostinho, em comparação às

médias encontradas em Pernambuco e no Brasil. Entre os indicadores, destacaram-se

positivamente a maior expectativa de vida e cobertura de água encanada. Entretanto,

observou-se maior taxa bruta de natalidade, menor proporção de idosos e de cobertura

de esgoto, além de um índice de pobreza superior ao observado no Brasil.

Em comparação à média do Lote 2 Nordeste, a maioria dos indicadores de

financiamento do sistema de saúde municipal são favoráveis à Cabo de Santo

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104

Agostinho, destacando-se a proporção de recursos próprios aplicados em saúde, que

cumpre com as exigências da EC 29.

Com o PSF implantado desde 1997, e ainda com o advento do PROESF, o

município atingiu em 2005 a cobertura de 79% da população, superando a meta de 60%

proposta pelo Ministério da Saúde para cidades com porte populacional de 100.000 até

menos de 500.000 habitantes.

Logo, o PSF segue avançando enquanto estratégia de reorientação e

reorganização da ABS no município, em que o número de equipes de saúde da família

praticamente atinge o equivalente ao necessário para toda população de Cabo de Santo

Agostinho. Além disso, considerando-se a população do município (152.977

habitantes) e as 34 UBS implantadas, cada serviço abrangeria em média 4.134

habitantes, indicando que já não há a necessidade de implantar novos serviços. Assim, o

aspecto que se destaca é o da melhoria da estrutura física dos serviços, tanto do ponto de

vista da adequação das dependências quanto da disponibilidade de materiais e insumos.

No âmbito da gestão da ABS destacam-se os bons índices de capacitação dos

profissionais de saúde e de prestação de atividades para o cuidado integral, inclusive

com atividades em grupo. Apesar disto, se faz necessária a melhoria da estrutura da rede

básica, da supervisão e da educação permanente dos profissionais de saúde, além da

superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, para o

desenvolvimento do SUS e da saúde da população no município.

As relações de trabalho indicaram o predomínio de ingresso por contrato

temporário (78%), tornando o vínculo de trabalho tipicamente precário a realidade da

maioria dos entrevistados (84%). O acesso às publicações do MS foi alto em

comparação às proporções observadas no Lote 2 Nordeste. Apesar disto, este é um

aspecto que o município pode seguir investindo para qualificação da ABS, já que os

índices do Lote foram baixos.

Os indicadores de desempenho do sistema de saúde incluídos no Pacto da

Atenção Básica variaram bastante em Cabo de Santo Agostinho. Quando comparados

aos de Pernambuco e aos da União, o município obteve os melhores índices de

consultas pré-natal, de mortalidade infantil, de mortalidade por câncer de mama e de

internação por cetoacidose e coma diabético. Entretanto, os demais indicadores foram

no geral desfavoráveis ao município.

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O desempenho da ABS local para todos os grupos populacionais destacou-se em

relação às imunizações infantis; à prevenção do câncer de colo uterino; às orientações

de aleitamento materno fornecidas pela UBS da abrangência durante a gestação; e pela

opinião positiva sobre os atendimentos de puericultura, pré-natal, atendimento

ginecológico e cuidado domiciliar. Entretanto, a cobertura das UBS estudadas foi menos

efetiva em relação à cobertura da atenção a hipertensão, diabetes, problemas de nervos e

saúde bucal.

Em conclusão, a atenção básica em saúde em Cabo de Santo Agostinho

apresenta um bom desempenho geral em comparação a média do Lote, mas com um

importante potencial de superação dos problemas. Seus problemas são similares aos do

conjunto dos municípios avaliados e seus pontos fortes necessitam de consolidação, no

sentido de melhorar os benefícios à população local.

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