Relatorio Energia eolica

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INTRODUOUm dos grandes tormentos do Mundo de hoje a questo relativa energia, o aproveitamento desta ainda no atingiu um nvel satisfatrio, visto que a imensa maioria da energia utilizada no planeta de origem no renovvel, seja de fonte mineral, atmica, trmica ou das guas. A energia pode ser utilizada de forma mais civilizada e menos dispendiosa, por meios de fontes renovveis como a energia elica, solar, das mars, geotrmica e de outras mais. Este trabalho tem como objetivo a anlise do aproveitamento da energia elica, que como todas as demais possui certas vantagens e desvantagens, o que a faz diferente no s um fato ou outro, o conjunto como um todo. Alm de esta ser uma fonte de energia renovvel, possui certa diferena em relao s demais, pode ser utilizada para o fornecimento de energia para pequenas populaes onde no h um acesso de energia direto e tambm no necessita de grandes investimentos. Esta ltima vantagem pode ser tirada proveito por pessoas que queiram montar um mdulo de energia prprio ao redor de suas casas no precisar se filiar as empresas, como no caso de fontes de energia onde h um enorme e dispendioso volume de energia. Mas claro tambm h desvantagens que devem ser levadas em conta, como o barulho provocado, que no muito elevado se o mdulo for freqentemente vistoriado, a rea ocupada que deve ser especfica (sem muitas elevaes e civilizaes por perto), e principalmente que hoje como esta tecnologia no ainda est totalmente desenvolvida o seu custo ainda um pouco elevado, de modo que muito difcil uma populao ter o seu prprio fornecimento de energia eltrica gerada por meios elicos e tambm que seu aproveitamento ainda no satisfatoriamente elevado, entretanto esses entraves podem ser superados com o desenvolvimento desta tecnologia.

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CAPTULO I HISTRICO DA ENERGIA ELICA NO MUNDOA converso da energia cintica dos ventos em energia mecnica vem sendo utilizada pela humanidade h mais de 3000 anos. Os moinhos de vento utilizados para moagem de gros e bombeamento de gua em atividades agrcolas foram s primeiras aplicaes da energia elica. O desenvolvimento da navegao e o perodo das grandes descobertas de novos continentes foram propiciados em grande parte pelo emprego da energia dos ventos. Uma aplicao que vem se tornando mais importante a cada dia o aproveitamento da energia elica como fonte alternativa de energia para produo de eletricidade. Em seu livro, Gasch e Twele detalham a evoluo da tecnologia da energia elica desde seu emprego em moinhos de vento a partir de 1700 a.C. ate os modernos aerogeradores de eletricidade. Estudos para converso da energia cintica dos ventos em eletricidade vm sendo desenvolvidos a cerca de 150 anos e, nos dias de hoje, a energia elica vem sendo apontada como a fonte de energia renovvel mais promissora para a produo de eletricidade, em curto prazo, considerando aspectos de segurana energtica, custo scio ambiental e viabilidade econmica. O grande desenvolvimento da aplicao da energia elica para gerao de eletricidade iniciou-se na Dinamarca em 1980 quando as primeiras turbinas foram fabricadas por pequenas companhias de equipamentos agrcolas. Estas turbinas possuam capacidade de gerao (30-55 kW) bastante reduzida quando comparada com valores atuais. Polticas internas favoreceram o crescimento do setor, de maneira que, atualmente, a Dinamarca o pas que apresenta a maior contribuio de energia elica em sua matriz energtica e o maior fabricante mundial de turbinas elicas. A evoluo da capacidade instalada de gerao elica de eletricidade no mundo e a evoluo tecnolgica dos aerogeradores entre 1980 e 2002 podem ser observadas nas Figs. 1a e 1b, respectivamente. Desde o incio da dcada de 1990 o setor de energia elica vem apresentando um crescimento acelerado em todo o mundo. A capacidade instalada total mundial de aerogeradores voltados produo de energia eltrica atingiu 74223 MW ao final de 2006, apresentando um crescimento de mais de 20% em relao a 2005. Segundo o Global Wind Energy Council, esse crescimento de capacidade instalada ao longo de 2006 representa o maior acrscimo observado ao longo de um ano. Ainda segundo o GWEC, o

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Brasil totalizou a insero de 208 MW ao longo de 2006, fechando o ano com 237 MW de capacidade instalada. Esse acrscimo deve-se em grande parte a instalao dos parques elicos de Osrio (RS) que totalizam 150 MW. Este complexo elico conta com 75 aerogeradores de 2 MW cada um, instalados em trs parques elicos, com capacidade de produzir 417 GWh por ano.

Figura 1 - (a) Evoluo da capacidade instalada de gerao elica de eletricidade no mundo e (b) Evoluo tecnolgica das turbinas elicas comerciais (D = dimetro, P = potencia, H = altura) entre 1980 e 2002.

CAPTULO II - O RECURSO ELICOA energia elica provm da radiao solar uma vez que os ventos so gerados pelo aquecimento no uniforme da superfcie terrestre. Uma estimativa da energia total disponvel dos ventos ao redor do planeta pode ser feita a partir da hiptese de que, aproximadamente, 2% da energia solar absorvida pela Terra convertida em energia cintica dos ventos. Este percentual, embora parea pequeno, representa centena de vezes potncia anual instalada nas centrais eltricas do mundo.

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Os ventos que sopram em escala global e aqueles que se manifestam em pequena escala so influenciados por diferentes aspectos, entre os quais se destacam a altura, a rugosidade, os obstculos e o relevo. A seguir sero descritos os mecanismos de gerao dos ventos e os principais fatores de influncia no regime dos ventos de uma regio. 2.1 MECANISMOS DE GERAO DOS VENTOS A energia elica pode ser considerada como uma das formas em que se manifesta a energia proveniente do Sol, isto porque os ventos so causados pelo aquecimento diferenciado da atmosfera. Essa no uniformidade no aquecimento da atmosfera deve ser creditada, entre outros fatores, orientao dos raios solares e aos movimentos da Terra. As regies tropicais, que recebem os raios solares quase que perpendicularmente, so mais aquecidas do que as regies polares. Conseqentemente, o ar quente que se encontra nas baixas altitudes das regies tropicais tende a subir, sendo substitudo por uma massa de ar mais frio que se desloca das regies polares. O deslocamento de massas de ar determina a formao dos ventos. A figura 2 apresenta esse mecanismo. Existem locais no globo terrestre nos quais os ventos jamais cessam de soprar, pois os mecanismos que os produzem (aquecimento no equador e resfriamento nos plos) esto sempre presentes na natureza. So chamados de ventos planetrios ou constantes, e podem ser classificados em: Alsios: ventos que sopram dos trpicos para o Equador, em baixas altitudes. Contra-Alsios: ventos que sopram do Equador para os plos, em altas altitudes. Ventos do Oeste: ventos que sopram dos trpicos para os plos. Polares: ventos frios que sopram dos plos para as zonas temperadas.

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Figura 2 - Formao dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar. (Fonte: CEPEL, 2001)

Tendo em vista que o eixo da Terra est inclinado de 23,5o em relao ao plano de sua rbita em torno do Sol, variaes sazonais na distribuio de radiao recebida na superfcie da Terra resultam em variaes sazonais na intensidade e durao dos ventos, em qualquer local da superfcie terrestre. Como resultado surge os ventos continentais ou peridicos e compreendem as mones e as brisas. As mones so ventos peridicos que mudam de direo a cada seis meses aproximadamente. Em geral, as mones sopram em determinada direo em uma estao do ano e em sentido contrrio em outra estao. Em funo das diferentes capacidades de refletir, absorver e emitir o calor recebido do Sol, inerentes cada tipo de superfcie (tais como mares e continentes), surgem as brisas que caracterizam-se por serem ventos peridicos que sopram do mar para o continente e viceversa. No perodo diurno, devido maior capacidade da terra de refletir os raios solares, a temperatura do ar aumenta e, como conseqncia, forma-se uma corrente de ar que sopra do mar para a terra (brisa martima). noite, a temperatura da terra cai mais rapidamente do que a temperatura da gua e, assim, ocorre a brisa terrestre que sopra da terra para o mar. Normalmente, a intensidade da brisa terrestre menor do que a da brisa martima devido menor diferena de temperatura que ocorre no perodo noturno. Sobreposto ao sistema de gerao dos ventos descrito acima, encontram-se os ventos locais, que so originados por outros mecanismos mais especficos. So ventos que sopram em determinadas regies e so resultantes das condies locais, que os tornam bastante individualizados. A mais conhecida manifestao local dos ventos observada nos vales e 10

montanhas. Durante o dia, o ar quente nas encostas da montanha se eleva e o ar mais frio desce sobre o vale para substituir o ar que subiu. No perodo noturno, a direo em que sopram os ventos novamente revertida, e o ar frio das montanhas desce e se acumula nos vales. 2.2 FATORES QUE INFLUENCIAM O REGIME DOS VENTOS O comportamento estatstico do vento ao longo do dia um fator que influenciado pela variao de velocidade do vento ao longo do tempo. As caractersticas topogrficas de uma regio tambm influenciam o comportamento dos ventos uma vez que, em uma determinada rea, podem ocorrer diferenas de velocidade, ocasionando a reduo ou acelerao na velocidade do vento. Alm das variaes topogrficas e de rugosidade do solo, a velocidade tambm varia seu comportamento com a altura. Tendo em vista que a velocidade do vento pode variar significativamente em curtas distncias (algumas centenas de metros), os procedimentos para avaliar o local, no qual se deseja instalar turbinas elicas, devem levar em considerao todos os parmetros regionais que influenciam nas condies do vento. Entre os principais fatores de influncia no regime dos ventos destacam-se: A variao da velocidade com a altura; A rugosidade do terreno, que caracterizada pela vegetao, utilizao da terra e construes; Presena de obstculos nas redondezas; Relevo que pode causar efeito de acelerao ou desacelerao no escoamento do ar. As informaes necessrias para o levantamento das condies regionais podem ser obtidas a partir de mapas topogrficos e de uma visita ao local de interesse para avaliar e modelar a rugosidade e os obstculos. O uso de imagens areas e dados de satlite tambm contribui para uma anlise mais acurada.

CAPTULO III - ENERGIA E POTENCIA EXTRAIDA DO VENTOA energia cintica de uma massa de ar m em movimento a uma velocidade v dada por:

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(3.1) Considerando a mesma massa de ar m em movimento a uma velocidade v, perpendicular a uma sesso transversal de um cilindro imaginrio, pode-se demonstrar que a potencia disponvel no vento que passa pela seo A, transversal ao fluxo de ar, dada por: (3.2) Onde: P = potncia do vento [W] p = massa especfica do ar [kg/m3] A = rea da seo transversal [m2] V = velocidade do vento [m/s] Ao reduzir a velocidade do deslocamento da massa de ar, a energia cintica do vento convertida em energia mecnica atravs da rotao das ps. A potncia disponvel no vento no pode ser totalmente aproveitada pelo aerogerador na converso de energia eltrica. Para levar em conta esta caracterstica fsica, introduzido um ndice denominado coeficiente de potncia cp, que pode ser definido como a frao da potncia elica disponvel que extrada pelas ps do rotor. Para determinar o valor mximo desta parcela de energia extrada do vento (cp mximo), o fsico alemo Albert Betz considerou um conjunto de ps em um tubo onde v1 representa a velocidade do vento na regio anterior s ps, v2 a velocidade do vento no nvel das ps e v3 a velocidade no vento aps deixar as ps, conforme apresentado na figura 3.

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Figura 3 Perdas de velocidade do vento na passagem por um conjunto de ps.

Como na figura 3, Betz assume um deslocamento homogneo do fluxo de ar a uma velocidade v1 que retardada pelo conjunto de ps, assumindo uma velocidade v3 a jusante das ps. Pela lei da continuidade, temos que: (3.3)

Como a reduo da presso do ar mnima, a densidade do ar pode ser considerada constante. A energia cintica extrada pelo aerogerador a diferena entre a energia cintica a montante e a energia cintica a jusante do conjunto de ps: (3.4) Neste ponto necessrio fazer duas consideraes extremas sobre a relao entre as velocidades v1 e v3: A velocidade do vento no alterada (v1 = v3) Neste caso nenhuma potncia extrada; A velocidade do vento reduzida a valor zero (v3 = 0) Neste caso o fluxo de massa de ar zero, o que significa tambm que nenhuma potncia seja retirada. A partir dessas duas consideraes extremas, a velocidade referente ao mximo de potncia extrada um valor entre v1 e v3. Este valor pode ser calculado se a velocidade no rotor v2 conhecida. A massa de ar dada por: (3.5) Pelo teorema de Rankine-Froude, pode-se assumir que a relao entre as velocidades v1, v2 e v3 dada por: (3.6) Se a massa de ar apresentada na equao 3.5 e a velocidade v2 apresentada na equao 3.6 forem inseridas na mesma equao 3.4, tem se:

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(3.7) Onde: Potncia do Vento

Coeficiente de Potncia cp

A figura 4 mostra as principais foras atuantes em uma p do aerogerador, assim como os ngulos de ataque () e de passo (). A fora de sustentao perpendicular ao fluxo do vento resultante visto pela p (Vres), resultado da subtrao vetorial da velocidade do vento incidente (Vw) com a velocidade tangencial da p do aerogerador (Vtan), conforme a equao (3.8). (3.8) A fora de arrasto produzida na mesma direo de Vres. A resultante das componentes da fora de sustentao e de arrasto na direo Vtan, produz o torque do aerogerador.

Figura 4 Principais foras atuantes em uma p de aerogerador

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(Fonte: Montezano, 2008)

A potncia mecnica extrada do vento pelo aerogerador depende de vrios fatores. Mas tratando-se de estudos eltricos, o modelo geralmente apresentado nas literaturas simplificado pelas equaes (3.9) e (3.10). (3.9) Com: (3.10)

CAPTULO IV - TIPOS DE AEROGERADORESRotores de Eixo Vertical Em geral, os rotores de eixo vertical tm a vantagem de no necessitarem de mecanismos de acompanhamento para variaes da direo do vento, o que reduz a complexidade do projeto e os esforos devido s foras de Coriolis. Os rotores de eixo vertical tambm podem ser movidos por foras de sustentao (lift) e por foras de arrasto (drag). Os principais tipos de rotores de eixo vertical so Darrieus, Savonius e turbinas com torre de vrtices. Os rotores do tipo Darrieus so movidos por foras de sustentao e constituem-se de lminas curvas (duas ou trs) de perfil aerodinmico, atadas pelas duas pontas ao eixo vertical.

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Fig.5-Exemplo da turbina idealizada por Darrieus

Rotores de Eixo Horizontal Os rotores de eixo horizontal so os mais comuns, e grande parte da experincia mundial est voltada para a sua utilizao. So movidos por foras aerodinmicas chamadas de foras de sustentao (lift) e foras de arrasto (drag). Um corpo que obstrui o movimento do vento sofre a ao de foras que atuam perpendicularmente ao escoamento (foras de sustentao) e de foras que atuam na direo do escoamento (foras de arrasto). Ambas so proporcionais ao quadrado da velocidade relativa do vento. Adicionalmente, as foras de sustentao dependem da geometria do corpo e do ngulo de ataque (formado entre a velocidade relativa do vento e o eixo do corpo). Os rotores que giram predominantemente sob o efeito de foras de sustentao permitem liberar muito mais potncia do que aqueles que giram sob efeito de foras de arrasto, para uma mesma velocidade de vento. Os rotores de eixo horizontal ao longo do vento (aerogeradores convencionais) so predominantemente movidos por foras de sustentao e devem possuir mecanismos capazes de permitir que o disco varrido pelas ps esteja sempre em posio perpendicular ao vento. Tais rotores podem ser constitudos de uma p e contrapeso, duas ps, trs ps ou mltiplas ps (multivane fans). Construtivamente, as ps podem ter as mais variadas formas e empregar os mais variados materiais. Em geral, utilizam-se ps rgidas de madeira, alumnio ou fibra de vidro reforada. Quanto posio do rotor em relao torre, o disco varrido pelas ps pode estar a jusante do vento (down wind) ou a montante do vento (up wind). No primeiro caso, a

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sombra da torre provoca vibraes nas ps. No segundo caso, a sombra das ps provoca esforos vibratrios na torre. Sistemas a montante do vento necessitam de mecanismos de orientao do rotor com o fluxo de vento, enquanto nos sistemas a jusante do vento, a orientao realiza-se automaticamente. Os rotores mais utilizados para gerao de energia eltrica so os de eixo horizontal do tipo hlice, normalmente compostos de 3 ps ou em alguns casos (velocidades mdias muito altas e possibilidade de gerao de maior rudo acstico) 1 ou 2 ps.

Figura 7 - Aerogerador de eixo horizontal

4.1 COMPONEMTES DE UM AEROGERADOR DE EIXO HORIZONTAL As principais configuraes de um aerogerador de eixo horizontal podem ser vistas na figura 8. Estes aerogeradores so diferenciadas pelo tamanho e formato da nacele, pela presena ou no de uma caixa multiplicadora e pelo tipo de gerador utilizado (convencional ou multipolos). A seguir so apresentados os principais componentes do aerogerador que so de uma forma geral, a torre, a nacele e o rotor.

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Figura 8 - Componentes de um aerogerador de eixo horizontal

Nacele a carcaa montada sobre a torre, onde se situam o gerador, a caixa de engrenagens (quando utilizada), todo o sistema de controle, medio do vento e motores para rotao do sistema para o melhor posicionamento em relao ao vento. A figura 9 mostra os principais componentes instalados no nacele.

Figura 9 Vista do interior da nacele de uma turbina elica utilizando um gerador convencional

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Ps, cubo e eixo As ps so perfis aerodinmicos responsveis pela interao com o vento, convertendo parte de sua energia cintica em trabalho mecnico. Inicialmente fabricadas em alumnio, atualmente so fabricadas em fibras de vidro reforadas com epoxi. Nos aerogeradores que usam controle de velocidade por passo, a p dispe de rolamentos em sua base para que possa girar, modificando assim seu ngulo de ataque. As ps so fixadas atravs de flanges em uma estrutura metlica a frente do aerogerador denominada cubo. Esta estrutura construda em ao ou liga de alta resistncia. Para os aerogeradores que utilizem o controle de velocidade por passo, o cubo, alm de apresentar os rolamentos para fixao das ps, tambm acomoda os mecanismos e motores para o ajuste do ngulo de ataque de todas as ps. importante citar que por se tratar de uma pea mecnica de alta resistncia, o cubo montado de tal forma que, ao sair da fbrica, este se apresenta como pea nica e compacta viabilizando que, mesmo para os aerogeradores de grande porte, seu transporte seja feito sem a necessidade de montagens no local da instalao. O eixo o responsvel pelo acoplamento do cubo ao gerador, fazendo a transferncia da energia mecnica da turbina. construdo em ao ou liga metlica de alta resistncia. Transmisso e Caixa Multiplicadora A transmisso, que engloba a caixa multiplicadora, possui a finalidade de transmitir a energia mecnica entregue pelo eixo do rotor at o gerador. composta por eixos, mancais, engrenagens de transmisso e acoplamentos. A figura 14 apresenta a localizao da caixa multiplicadora dentro do sistema de gerao elica. O projeto tradicional de uma turbina elica consiste em colocar a caixa de transmisso mecnica entre o rotor e o gerador, de forma a adaptar a baixa velocidade do rotor velocidade de rotao mais elevada dos geradores convencionais. A velocidade angular dos rotores geralmente varia na faixa de 20 a 150rpm, devido s restries de velocidade na ponta da p (tip speed). Entretanto, geradores (sobretudo geradores sncronos) trabalham em rotaes muito mais elevadas (em geral, entre 1.200 a 1.800rpm), tornando necessria a instalao de um sistema de multiplicao entre os eixos.

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Mais recentemente, alguns fabricantes desenvolveram com sucesso aerogeradores sem a caixa multiplicadora e abandonaram a forma tradicional de constru-los. Assim, ao invs de utilizar a caixa de engrenagens com alta relao de transmisso, necessria para alcanar a elevada rotao dos geradores, utiliza-se geradores multipolos de baixa velocidade e grandes dimenses. Os dois tipos de projetos possuem suas vantagens e desvantagens e a deciso em usar o multiplicador ou fabricar um aerogerador sem caixa de transmisso , antes de tudo, uma questo de filosofia do fabricante. Gerador A transformao da energia mecnica de rotao em energia eltrica atravs de equipamentos de converso eletro-mecnica um problema tecnologicamente dominado e, portanto, encontram-se vrios fabricantes de geradores disponveis no mercado. Entretanto, a integrao de geradores no sistema de converso elica constitui-se em um grande problema, que envolve principalmente: variaes na velocidade do vento (extensa faixa de rotaes por minuto para a gerao); variaes do torque de entrada (uma vez que variaes na velocidade do vento induzem variaes de potncia disponvel no eixo); exigncia de freqncia e tenso constante na energia final produzida; dificuldade de instalao, operao e manuteno devido ao isolamento geogrfico de tais sistemas, sobretudo em caso de pequena escala de produo (isto , necessitam ter alta confiabilidade). Atualmente, existem vrias alternativas de conjuntos moto-geradores, entre eles: geradores de corrente contnua, geradores sncronos, geradores assncronos, geradores de comutador de corrente alternada. Cada uma delas apresenta vantagens e desvantagens que devem ser analisadas com cuidado na sua incorporao ao sistema de converso de energia elica. Torre

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As torres so necessrias para sustentar e posicionar o rotor a uma altura conveniente para o seu funcionamento. um item estrutural de grande porte e de elevada contribuio no custo do sistema. Inicialmente, as turbinas utilizavam torres de metal treliado. Com o uso de geradores com potncias cada vez maiores, as naceles passaram a sustentar um peso muito elevado tanto do gerador quanto das ps. Desta forma, para dar maior mobilidade e segurana para sustentar toda a nacele em alturas cada vez maiores, tem-se utilizado torres de metal tubular ou de concreto que podem ser sustentadas ou no por cabos tensores.

CAPTULO V - APLICAES DOS SISTEMAS ELICOSUm sistema elico pode ser utilizado em trs aplicaes distintas:sistemas isolados, sistemas hbridos e sistemas interligados rede. Os sistemas obedecem a uma configurao bsica, necessitam de uma unidade de controle de potncia e, em determinados casos, de uma unidade de armazenamento.

Figura 10 - Consideraes sobre o tamanho dos aerogeradores e suas principais aplicaes

5.1 SISTEMAS ISOLADOS Os sistemas isolados, em geral, utilizam alguma forma de armazenamento de energia. Este armazenamento pode ser feito atravs de baterias, com o objetivo de utilizar aparelhos eltricos, ou na forma de energia gravitacional, com a finalidade de armazenar a gua bombeada em reservatrios para posterior utilizao. Alguns sistemas isolados no

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necessitam de armazenamento, como no caso dos sistemas para irrigao onde toda a gua bombeada diretamente consumida. Os sistemas que armazenam energia em baterias necessitam de um dispositivo para controlar a carga e a descarga da bateria. O controlador de carga tem como principal objetivo evitar danos bateria por sobrecarga ou descarga profunda. Para alimentao de equipamentos que operam com corrente alternada (CA) necessrio a utilizao de um inversor. Este dispositivo geralmente incorpora um seguidor do ponto de mxima potncia necessrio para otimizao da potncia produzida. Este sistema usado quando se deseja utilizar eletrodomsticos convencionais.

Figura 28 - Configurao de um sistema elico isolado

5.2 SISTEMAS HIBRIDOS Os sistemas hbridos so aqueles que, desconectados da rede convencional, apresentam vrias fontes de gerao de energia como, por exemplo, turbinas elicas, gerao diesel, mdulos fotovoltaicos, entre outras. A utilizao de vrias formas de gerao de energia eltrica aumenta a complexidade do sistema e exige a otimizao do uso de cada uma das fontes. Nesses casos, necessrio realizar um controle de todas as fontes para que haja mxima eficincia na entrega da energia para o usurio. Em geral, os sistemas hbridos so empregados em sistemas de mdio a grande porte destinado a atender um nmero maior de usurios. Por trabalhar com cargas em corrente 22

alternada, o sistema hbrido tambm necessita de um inversor. Devido grande complexidade de arranjos e multiplicidade de opes, a forma de otimizao do sistema torna-se um estudo particular a cada caso.

5.3 INTELIGADOS REDE Os sistemas interligados rede utilizam um grande nmero de aerogeradores e no necessitam de sistemas de armazenamento de energia, pois toda a gerao entregue diretamente rede eltrica. O total de potncia instalada no mundo de sistemas elicos interligados rede soma aproximadamente 120 GW.

5.4 SISTAMAS OFF-SHORE As instalaes off-shore representa a nova fronteira da utilizao da energia elica. Embora representem instalaes de maior custo de transporte, instalao e manuteno, as instalaes off-shore tm crescido a cada ano principalmente com o esgotamento de reas de grande potencial elico em terra. A indstria elica tem investido no desenvolvimento tecnolgico da adaptao das turbinas elicas convencionais para uso no mar. Alm do desenvolvimento tecnolgico, os projetos off-shore necessitam de estratgias especiais quanto ao tipo de transporte das mquinas, sua instalao e operao. Todo o projeto deve ser coordenado de forma a utilizarem os perodos onde as condies martimas propiciem um deslocamento e uma instalao com segurana. CONCLUSO A implantao do uso de energia elica depende unicamente do crescimento tecnolgico da humanidade com o objetivo de diminuir os custos relativos manuteno, diminuir o efeito sonoro e aumentar o rendimento das turbinas elicas.

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O rendimento, a manuteno e o efeito sonoro de uma turbina so dependentes do avano tecnolgico de outros setores da indstria. Como no caso da fabricao de materiais mais leves, baratos e resistentes e na produo de mquinas com maiores taxas de rendimento e aproveitamento de energia. Os custos relativos implantao de fontes de energia elica esto em um declnio gradativo, visto que um em curto espao de tempo podem ser implantadas em todas populaes de pequeno porte, suprindo as necessidades de condomnios e pequenos lugarejos onde a demanda de energia no seja muito acessvel. O aproveitamento da energia elica ser de vital importncia em um futuro prximo pois suprir as necessidades de populaes de pequeno porte, deixando a demanda maior de energia recair sobre as fontes convencionais de energia, pois como se sabe uma indstria necessita de uma demanda muito maior de energia que uma populao, entretanto espera-se que com o avano da tecnologia a implantao de fontes de energia alternativas ser suficiente para todas a demanda de energia do planeta. REFERNCIAS BEURSKENS, J.,2000, Going to sea Wind goes offshore, Renewable Energy World, v. 3, n. 1 pp. 19 29. BUNNEFILLE, R., 1974, French Cntribuition to Wind Power Development by EDF 1958 1966, Proceedings, Advanced Wind Energy Systems, Vol. 1 (publiched 1976), O.Ljungstrn, ed., Stochkholm: Swedish Board fo Technical Development and Swedish State Power Board, pp 1-17 to 1-22 apud DIVONE, 1994 Op. cit. CARVALHO, P. 2003. Gerao Elica. ISBN 85-7485-039-X. Imprensa Universitria, Fortaleza, CE. CEPEL, 2001. Atlas do Potencial Elico Brasileiro. Ed. CEPEL, Rio de Janeiro, RJ. CHESF-BRASCEP, 1987. Fontes Energticas Brasileiras, Inventrio/ Tecnologia. Energia Elica. V.1 De cata-ventos a aerogeradores: o uso do vento, Rio de Janeiro. CUSTDIO, R.S., 2002. Parmetros de Projeto de Fazendas Elicas e Aplicao Especfica no Rio Grande do Sul. Tese de Mestrado Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS Fac. de Engenharia, Programa de Ps Graduao em Engenharia Eltrica. 24

DIVONE, L.V.,1994, Evolution of Modern Wind Turbines. In Wind Turbine Technology Fundamental Concepts of Wind Turbine Engineering, SPERA, S.A, (ed), 1 ed. New York, ASME Press, pp 73-138. Dutra, R.M., 2001. Viabilidade Tcnico-Econmica da Energia Elica face ao Novo Marco Regulatrio do Setor Eltrico Brasileiro. Dissertao de M.Sc., Programa de Planejamento Energtico, COPPE/UFRJ , Rio de Janeiro, Brazil, 300 pp

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