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1 PROJETO BRASIL DAS ÁGUAS Sete Rios Brasília – DF 2007

Relatório final do sobre o Rio Ribeira

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PROJETO BRASIL DAS ÁGUAS Sete Rios

Brasília – DF 2007

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PROJETO BRASIL DAS ÁGUAS Sete Rios

Sumário

1. O PROJETO SETE RIOS

1.1. Apresentação..................................................................................................... 1.2. Objetivos..........................................................................................................

1.3. Área de Abrangência....................................................................................

1.4. Metodologia................................................................................................

1.5. Equipes........................................................................................................

2. EXPEDIÇÃO AO RIO RIBEIRA

2.1. Apresentação da Expedição........................................................................ 2.2. Caracterização do Rio Ribeira.................................................................... 2.3. Estratégia.....................................................................................................

2.4. Locais Visitados..........................................................................................

2.5. Diário de Campo.......................................................................................... 2.6. Questionários...............................................................................................

2.7. Análises das Amostras de Água................................................................... 2.8. Conclusões e Recomendações.....................................................................

2.9. Links Relacionados ao Tema Recursos Hídricos........................................

2.10. Contatos........................................................................................................

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1.1. Apresentação

Entre os anos de 2003 e 2005, o piloto Gérard Moss e a fotógrafa e escritora Margi Moss executaram a primeira fase do Projeto Brasil das Águas percorrendo todo o território brasileiro a bordo de um avião anfíbio, equipado com um moderno laboratório para pesquisas de água.

Foram selecionados e pesquisados cerca de 350 rios brasileiros com 1.161 pontos de coleta de água, que apresentaram um panorama da qualidade da água doce brasileira e com resultados que dão suporte à elaboração de um programa de preservação e de conscientização da situação dos principais rios brasileiros. Trata-se de um projeto de importância estratégica para o conhecimento dos recursos hídricos no Brasil, e os dados levantados são utilizados por pesquisadores e entidades como ANA, FEEMA, COPPE e os Comitês de Bacia, entre outros.

O Projeto Brasil das Águas, em sua segunda fase denominada “Sete Rios”, pretende aprofundar os trabalhos em sete rios especialmente escolhidos, e usufruindo do interesse despertado durante a primeira fase, conscientizar as populações ribeirinhas sobre as condições da água desses rios, mostrando os riscos e discutindo a melhor forma de preservação desta riqueza para o bem de todos. Iniciada em março de 2006, esta etapa tem a sua conclusão prevista para agosto de 2007, neste período realizando expedições que percorrerão cada um dos rios selecionados.

Meandro do Baixo Ribeira.

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1.2. Objetivos

O projeto Sete Rios é orientado para envolver as comunidades locais na conservação de seus rios, sugerindo algumas mudanças de hábito ou ações enérgicas que resultarão na melhora da qualidade de vida e ajudarão na preservação dos ecossistemas que fornecem a água. O objetivo é estimular a participação de todos – governos local, estadual e federal, usuários e cidadãos brasileiros de um modo geral no gerenciamento hídrico dos seus rios. Através das apresentações abertas ao público nas cidades ribeirinhas, com a projeção de imagens do rio em questão, o projeto abre o debate sobre uma variedade de assuntos ligados ao rio: ações de desmatamento que afetam os mananciais e as matas ciliares, instalação de aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto, controle das atividades de pesca, deslizamentos de encostas, assoreamentos, outorga para irrigação e impactos do turismo, entre outros.

Promovendo um canal de comunicação entre os participantes do projeto e os usuários do rio nas cidades visitadas, buscam-se a troca de experiências através das discussões e a divulgação de informações das iniciativas, dos problemas e das soluções encontradas para apoiar a elaboração de políticas de meio ambiente nas diversas localidades trabalhadas.

Moradora do quilombo Ivaporunduva.

Alto Ribeira, próximo à cidade de Ribeira.

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1.3. Área de Abrangência

No Projeto Brasil das Águas - Sete Rios, os rios foram selecionados em um workshop realizado em Brasília com a participação das mais diversas autoridades, cientistas e pesquisadores vinculados ao tema água. Os rios selecionados foram o Guaporé (MT e RO), o rio Verde (MT), o rio Araguaia (GO, MT, TO e PA), o rio Grande (BA), o rio Miranda (MS), o rio Ribeira (PR e SP) e o rio Ibicuí (RS), podendo ser identificados na ilustração abaixo.

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1.4. Metodologia

Inicialmente realiza-se um sobrevôo em toda a extensão de cada rio para captar imagens e constatar a condição da mata ciliar e os impactos sofridos na região. Também são feitos contatos iniciais com as prefeituras das maiores cidades.

Em seguida, na época determinada ideal para cada rio, membros da equipe percorrem de barco toda a extensão navegável, acompanhados por uma equipe de apoio a bordo de um veículo Land Rover, que reboca o barco pertencente ao projeto. Os integrantes observam e registram os impactos visíveis tanto na navegação, onde são feitas as coletas de amostras de água para posterior análise em laboratório, quanto no percurso terrestre.

Nas palestras realizadas nas cidades ribeirinhas, sempre que possível em praça pública, são projetadas num grande telão as imagens aéreas de toda a extensão do rio. A platéia muitas vezes se emociona ao ver a nascente ou a foz do seu rio, lugares desconhecidos por muitos. Logo, com o intuito de ressaltar a importância da participação da comunidade na preservação de seu rio, também são projetadas imagens de outros rios, como o Tietê, que tiveram algum dia suas águas limpas. Os debates que seguem à projeção das imagens oferecem uma oportunidade às pessoas para exporem suas preocupações e fazerem sugestões. As prefeituras locais, e especialmente as secretarias do Meio Ambiente, se tornam parceiros na mobilização para esses eventos, muitas vezes apoiados pela imprensa local.

A pedido dos professores de escola nas cidades ribeirinhas, as palestras estão disponibilizadas em PowerPoint no site do projeto, para uso em sala de aula.

A equipe também aplica um questionário aos ribeirinhos, com o objetivo de entender melhor sua relação para com o rio, e as necessidades sócio-ambientais de cada região.

Um relatório final com as informações coletadas sobre cada rio, contendo os resultados dos questionários e das análises das amostras, é encaminhado às prefeituras visitadas e órgãos e pessoas interessadas no intuito de compartilhar com as instituições a necessidade de cuidar do rio e tomar as medidas necessárias para minimizar os danos causados pela ação do homem em sua fonte de água.

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1.5. Equipes

Idealizador do Projeto Brasil das Águas, Gérard Moss é engenheiro mecânico, empresário, piloto privado e Mestre Arrais. Líder das expedições, pilota o avião anfíbio e conduz o barco*, também orientando as apresentações e debates. Como fotógrafa da expedição, Margi Moss é a responsável pela atualização do website e do diário de bordo além da coleta e processamento das amostras de água, participando junto a Gérard das apresentações à população.

Rejane Pieratti, Tiago Iatesta e Natalie Hoare fizeram parte da equipe de expedicionistas que acompanharam Gérard e Margi no rio Ribeira.

Na composição da equipe de pesquisadores, o Professor José Galizia Tundisi e o Doutor Donato Seiji Abe, do Instituto Internacional de Ecologia (IIE) de São Carlos - SP, são os responsáveis pela análise das concentrações de fósforo total, nitrogênio total, nitrogênio amoniacal e íons na água, classificando as amostras em um Índice de Estado Trófico (IET).

Analisam a biodiversidade do fitoplâncton a Doutora Maria do Socorro Rodrigues, do Departamento de Ecologia do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília, Iná de Souza Nogueira, Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo e Elizabeth Cristina Arantes de Oliveira, Mestre em Ecologia pela Universidade de Brasília.

A abundância celular do bacterioplâncton é analisada pelo Doutor Rodolfo Paranhos, do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

* O barco de alumínio da expedição, o modelo Marfim de 5 metros da Levefort, foi adaptado para obter uma autonomia de até 600 km em regime de navegação econômica. O projeto escolheu o motor de popa mais ecológico do mundo, o Evinrude E-TECH, de 50 hp. Além de usar até 75% menos óleo que os motores 2 tempos, o E-TEC emite um volume de monóxido de carbono de 30 a 50% menor que qualquer motor 4 tempos. O motor ganhou o Prêmio Clean Air Excellence, promovido pela Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental (EPA).

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RIO RIBEIRA DO IGUAPE (PR e SP)

Nos últimos quilômetros antes da foz, o Ribeira passa por uma região bem preservada.

Expedição Exploratória

Novembro de 2006

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SUMÁRIO EXECUTIVO

Rio Ribeira de Iguape – Paraná e São Paulo Nascente: Encontro dos rios Ribeirinha e Açungui, Cerro Azul (PR) e Rio Branco do Sul (PR), (S24°54.2 / W049°28.2). Foz: Oceano Atlântico, Barra do Ribeira (SP), (S24°38.5 / W047°23.5). Extensão: Aproximadamente 470 km. Região Hidrográfica: Atlântico Sudeste. Bacia do Ribeira: 24.980 km² (DAEE – SP). Biomas: Mata Atlântica e Restinga. População Total da Bacia: 480 mil habitantes. População dos municípios contíguos: Aproximadamente 183 mil habitantes (IBGE 2006). Municípios contíguos ao rio (12): PR (4) – Rio Branco do Sul, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Adrianópolis. SP (8) – Itapirapuã Paulista, Ribeira, Itaóca, Iporanga, Eldorado, Sete Barras, Registro, Iguape. Oportunidades: Desenvolvimento e turismo sustentáveis, ecoturismo (parques nacionais e estaduais, Lagamar), praias e cidades históricas. Ameaças: Possível construção de quatro hidrelétricas, desmatamento, assoreamento, baixo nível da água, pesca diminuída. Principais Preocupações da População: construção de hidrelétricas, sobrepesca, desmatamento e assoreamento, contaminação por chumbo e agrotóxicos. Resultados das análises das amostras: As amostras coletadas no rio Ribeira revelam um quadro preocupante, indicando um grau de impacto antrópico, que varia desde moderado no início a alto no final do rio. A única amostra com água oligotrófica (sem impacto) foi coletada no rio Juquiá. As análises de fitoplâncton indicaram a presença de cianofíceas, potencialmente tóxicas, desde o encontro do Ribeira com o Juquiá e até a foz.

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2.1. Apresentação da Expedição ao Rio Ribeira O rio Ribeira de Iguape foi o escolhido entre os rios localizados no sudeste do país justamente por estar em situação preocupante, tanto pela qualidade de suas águas e o desmatamento de suas margens como pelas condições de vida dos habitantes de seus vales e a possibilidade de estar ali construídas quatro hidrelétricas. A expedição pelo rio Ribeira foi realizada no início de novembro de 2006, começou na formação do rio, encontro dos rios Ribeirinha e Açungui, e passou por várias cidades dos Estados de São Paulo e Paraná. Como o Alto Ribeira é muito encachoeirado, já se sabia da dificuldade de navegar em boa parte do leito do rio. Porém, o nível da água na época da visitação ao Vale estava excepcionalmente baixo, com o resultado que, para decepção da equipe, somente foi possível navegar a partir de Registro até a foz. Esse fato, em si só, soa um alarme para um rio que, um século atrás, era uma hidrovia natural pela qual escoava toda a produção do vale. Enquanto no Alto e Médio Ribeira, com seus parques naturais e cavernas, a natureza oferece mil diversões, no Baixo Ribeira, cidades históricas e belas praias valorizam mais ainda os atrativos de todo o Vale.

Com esta expedição e o presente relatório, o projeto busca manter vivo o debate entre os atores que fazem parte da realidade do Ribeira de Iguape, mostrando os anseios dos moradores. Na esperança de abrir portas para mudanças e ações, vindas tanto da parte das autoridades municipais como das populações ribeirinhas, apresenta algumas sugestões que podem reduzir os impactos negativos e promover uma utilização sustentável do rio, beneficiando tanto o homem quanto a generosa natureza em seu entorno.

Neblina matinal no Ribeira, Registro (SP).

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2.2. Caracterização do Rio Ribeira de Iguape O Ribeira de Iguape é um rio de contrastes, formado no Estado do Paraná pela confluência dos rios paranaenses Ribeirinha e Açungui. Nasce a uma altitude de mais de 1.000 metros na Serra de Paranapiacaba, a menos de 100 km a noroeste da Região Metropolitana de Curitiba. É o principal rio da região, e possui uma extensão total de aproximadamente 470 km, sendo cerca de 120 km em terras paranaenses. Cortando as serras acidentadas, até próximo de Eldorado, o rio apresenta um desnível de mais de 900 metros em cerca de 290 km de extensão, e de 90 metros nos 90 km seguintes, restando na altura da cidade de Registro ainda a 70 km da foz, apenas 25 metros acima do nível do mar. Durante o seu curso superior, segue caudaloso entre montanhas em direção ao mar. Uma vez vencida a Serra do Mar, o rio cruza lentamente a planície costeira, desembocando no oceano Atlântico em Barra do Ribeira, próximo a Iguape (SP). Desde a conclusão do Canal do Valo Grande em 1855, parte de suas águas não seguem diretamente para o oceano, mas caem no Mar Pequeno ou de Iguape, compreendido entre o continente e a Ilha Comprida. O Ribeira de Iguape é o maior rio que passa por terras paulistas que ainda corre livre, sem barragens. Em suas margens, não se encontram somente parques e estações ecológicas, mas também vivem pequenos agricultores, quilombolas e comunidades indígenas. A preservação ambiental é a vocação natural do Vale do Ribeira, e é a razão pela qual tanto o governo quanto as organizações não-governamentais vêm apostando em projetos de desenvolvimento sustentável na região. A região abrange os maiores pedaços remanescentes da magnífica Mata Atlântica, que no passado, se estendia sobre quase todo o litoral brasileiro e cobria 20% do território nacional. Apesar de sua proximidade a duas das maiores capitais industrializadas do país, Curitiba e São Paulo, o Vale do Ribeira foi esquecido no tempo. A densidade populacional da região é baixa e a economia dos municípios é atrelada à agricultura familiar. A partir de 1960, a construção de estradas de asfalto facilitou a chegada à região, contribuindo para o desenvolvimento local. A duplicação da BR-116, ainda inacabada, pode ser considerada mais um passo para a integração do vale aos centros urbanos. Essa rodovia corta o vale na altura de Registro, facilitando o acesso tanto ao Baixo Ribeira, na planície costeira, como no Médio Ribeira, na região das cavernas.

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As áreas florestais da região vêm sendo desmatadas há décadas para a retirada de madeira, produção de carvão vegetal, formação de pastos e plantio de seringueiras, cacau e banana. A importância ecológica da bacia do rio Ribeira passou a ser reconhecida a partir da década de 60, e foram criadas diversas áreas de reserva e proteção ambiental, fundamentais na preservação da biodiversidade do local. Recentemente, há uma crescente pressão sobre as matas remanescentes fora dos parques para a plantação de pinus em grande escala. Atualmente paira no ar do vale uma polêmica sobre a construção da usina hidrelétrica de Tijuco Alto projetada no Alto Ribeira, e a possibilidade de instalar ainda mais três represas no trecho entre Ribeira e Eldorado. Há um excelente potencial turístico no Vale do Ribeira, com múltiplas atrações como bóia-cross, as cavernas na região do PETAR próxima de Iporanga, trekking, as belezas do Lagamar na costa, dentre outras. Procurado pelos adeptos dos esportes radicais, suas águas são perfeitas para a prática de rafting. Porém, o rio sofre degradação pelos impactos humanos e o desmatamento continua em ritmo acelerado. Em contraposição aos ricos patrimônios ambientais e culturais, a região possui os mais baixos indicadores sociais dos Estados de São Paulo e Paraná, incluindo os mais altos índices de mortalidade infantil e analfabetismo. Com uma população de aproximadamente 480 mil habitantes, o Vale do Ribeira necessita urgentemente de melhoras sociais e educacionais que abram as portas para um desenvolvimento sustentável, através da utilização racional de seu imenso potencial. Caso contrário, devido à falta de oportunidades, os municípios do vale podem continuar apresentando uma perda populacional crescente para outros centros urbanos, conforme informações do IBGE e IPARDES.

Iporanga, SP.

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BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO RIBEIRA

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2.3. Estratégia O trabalho de observação e coleta de amostras cobriu toda a extensão do rio Ribeira, desde o seu início nos municípios de Cerro Azul (PR) e Rio Branco do Sul (PR), até a desembocadura no oceano, situada no município de Iguape (SP). A interação com o rio foi efetivada percorrendo primeiro por via aérea toda a sua extensão no início de outubro de 2006, captando as imagens e observando as condições ambientais das margens. Um mês mais tarde, a equipe voltou à região por via terrestre com o barco, quando foi feito um contato direto com a população e foram coletadas as amostras de água. Devido ao baixo nível da água, só foi possível navegar entre o encontro do Ribeira com o Juquiá e a foz. À noite, a equipe realizou as apresentações nas seguintes localidades: Ribeira (SP) com a participação de moradores de Adrianópolis (PR), Iporanga (SP), Eldorado (SP), Registro (SP) e Iguape (SP). Durante os debates, constatou-se que as principais reclamações dos moradores do vale com respeito ao presente e ao futuro do rio eram relativas ao desmatamento e assoreamento, à contaminação por chumbo e agrotóxicos, à falta de saneamento, à extração de areia e especialmente à construção de hidrelétricas.

Ao acompanhar o curso do Ribeira, a equipe aplicou o questionário em 90 entrevistados.

Conversa com Sr. Zé Rodrigues, líder quilombola.

Palestra em Ribeira (SP).

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Depoimentos de crianças de Itapirapuã Paulista.

Em maio de 2007, vários alunos da 7ª série A da Escola Estadual Profa. Maria Albuquerque Dias Baptista, de Itapirapuã Paulista, mandaram depoimentos para o site do Brasil das Águas. Demonstram a insatisfação com o tratamento dispensado pelos adultos ao seu rio, o Criminosas, que é um afluente do Ribeira. Seus comentários retratam a situação de boa parte do próprio Ribeira de Iguape e seus outros afluentes. Oi, meu nome é Leonardo, tenho apenas 12 anos.Eu queria falar do meu rio, ele se localiza no vale do ribeira, ele é afluente do Rio Ribeira, nós nos localizamos na divisa do estado de São Paulo com o Paraná. Nosso rio se chama Criminosas, mas é muito poluido, pois a sabesp joga esgoto no rio. Meu avô me contou que esse rio um dia já foi limpo e dava peixe de montão. Hoje as águas não chegam a incobrir os pés, e tem a mata ciliar que nem proteje o rio. Antes de desaguar no Rio Ribeira o nosso rio é ussado por várias pessoas da zona rural e comunidades ribeirinhas. O nosso rio recebeu esse nome porque, quando havia fartura em uma das cachoeiras morreu três pessoa. A nascente do rio fica no distrito Ribeirão da Várzea, e deságua no Bairro Beira da Ribeira, onde ele se encontra com o ribeira. O nosso rio é de grande importância porque fica perto da Mata Atlântica. Leonardo Almeida César e Silva Leonardo Almeida César e Silva Leonardo Almeida César e Silva Leonardo Almeida César e Silva

Sou felipe. o rio de nossa cidade esta aos trancos e barrancos cada vez mais seco. pense bem! aqui parece que munca ouviro falar de mata ciliar, águas que antigamente davam metros e metros,hoje em dia tem pedaços do rio que men emcobre a canela. se você parar para ver se tem peixe nesse rio só vé um tipo "peixe toroço" é porque a lago de esgoto da sabespe não esta funciomando. por mais que você fale tem pessoas que nadam nesse rio e estão se contaminando. nosso rio tem milhares de problemas que nos tentamos corrigir mas precisamos de sua ajuda para salvar nosso rio. tchau pense bem nisso e nos ajude. Felipe Almeida César Silva. Felipe Almeida César Silva. Felipe Almeida César Silva. Felipe Almeida César Silva.

Vou contar um pouco do meu rio.Meu rio esta passando por uma dificuldade muita poluição, pinos em volta do rio e esta secando. Muitas pessoas estão fazendo de tudo para conseguir limpa-lo,mas tem outras que não estão nem ai para o rio. O nome do rio da minha cidade é RIO Criminozas. Antigamente o rio era muito cheio e dava muito medo de passar pela ponte de tão cheio. O rio antigamente dava até pra tomar banho, agora não da mais. Hoje em dia o rio já está poluído e muitas pessoas estão ficando doentes por que continuão tomando banho. Janice Maria Janice Maria Janice Maria Janice Maria SSSSantos antos antos antos OOOOliveira liveira liveira liveira

O rio de minha cidade é muito poluido,e a mata ciliar ja não existe,pois a lagoa de tratamento que aqui existe,não esta em funcionamento.Então,todo o esgoto esta caindo dentro dele. Ao longo de seu percurso,muiutas pessoas utilizam sua agua:para beber,cozinhar,lavar roupa,tomar banho e etc...e por isso é que estou escrevendo para vocês,para que vocês me ajudem a "limpar o rio que corta a minha cidade. O rio leva esse nome devido a um acidente que aconteceu a muito tempo atras(pelo seu imenso volume de agua),depois desse acidente foi dado o nome de "Rio Criminosas". PS:espero que possam me ajudar!! "Tenho muito orgulho de morar onde eu moro.Eu não me importo se aqui é um lugar pequeno ou grande...Só sei que foi aqui que eu nasci e cresci"! Juliana Carolina dos Santos Amaral Juliana Carolina dos Santos Amaral Juliana Carolina dos Santos Amaral Juliana Carolina dos Santos Amaral

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2.4. Locais visitados

O curso do rio oficialmente reconhecido com o Ribeira de Iguape começa no encontro de seus formadores, os rios Ribeirinha e Açungui, no Paraná. Por terra, o local da formação do rio não é de fácil acesso, estando a 37 km de Cerro Azul por estrada de terra não sinalizada. Do ar, a região se assemelha a um pedaço de papel verde bem amassado. São centenas de morros que se estendem em todos os horizontes. A vasta maioria deles, na altura da formação do Ribeira, está seriamente desmatada. Portanto, mesmo nesse início do rio, as águas já descem barrentas, carregadas de toneladas de terra levadas ao rio pelas chuvas. A perda desse solo torna-se uma perda econômica. O leito do rio, bem encaixado, é cheio de pedras, o que poderia significar águas mais transparentes, não fosse o impacto ambiental do desmatamento nos morros íngremes. Qualquer rio é formado pela contribuição de inúmeros córregos e afluentes. A preservação do rio e a conservação da qualidade de suas águas dependem de todos esses mananciais, portanto a recuperação do Ribeira de Iguape exigirá uma imensa dedicação, envolvendo a educação ambiental de milhares de pequenos agricultores. Para tal, seria necessário um esforço determinado da parte das autoridades ambientais do Paraná.

“NASCENTE”

Serra de Paranapiacaba

Municípios de Cerro Azule Rio Branco do Sul – PR

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Localização Cerro Azul é uma das microrregiões do Paraná pertencente à mesorregião metropolitana de Curitiba. Localiza-se a 92 km da capital do Estado, contando atualmente com acesso asfaltado pela Rodovia dos Minérios. Economia local A atividade econômica de Cerro Azul baseia-se na criação de gado e no cultivo da laranja e da tangerina, além das lavouras de verduras, feijão e milho, formando assim aglomerações rurais com grande potencial a se desenvolver. O desempenho econômico está vinculado à proximidade das comunidades do Alto Vale do Ribeira a Curitiba. A manutenção das estradas vicinais é crucial para facilitar o escoamento da produção da região. A renda familiar ainda é baixa, o que resulta em bolsões de pobreza, tanto na área rural quanto na urbana. Saneamento e Lixo O abastecimento de água potável é feito por meio de captação no rio Três Barras. É tratada na estação local da Empresa de Saneamento do Paraná S.A. - SANEPAR, e distribuída para a comunidade. Não existe rede de esgoto, e todas as residências possuem fossas. O lixo doméstico é coletado diariamente e levado a um lixão próximo à cidade.

CERRO AZUL

População do Município: 16.559 habitantes (IBGE, 2006).

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Cultura e Turismo O turismo de aventura continua em expansão. Anteriormente, o acesso foi dificultado pela falta de estrada asfaltada desde Curitiba. Agora, a proximidade à capital deve abrir boas oportunidades, tanto para o turismo rural como no ramo de esportes radicais, onde o potencial é enorme. Empresas como a Praia Secreta, de Curitiba, oferecem passeios de caiaque, o rafting nas corredeiras, bóia-cross e outras modalidades. A construção da UHE de Tijuco Alto acabará com as corredeiras. Meio Ambiente A Mata Atlântica da Serra de Paranapiacaba, inclusive até as nascentes dos formadores do Ribeira, já foi bastante devastada. As faixas mínimas de mata ciliar também não foram respeitas. A proximidade das lavouras ao rio pode provocar a contaminação das águas pelo uso de agrotóxicos. Casas próximas ao rio tendem a despejar o esgoto diretamente nele. O município de Cerro Azul é composto essencialmente por pequenas propriedades rurais, que utilizam a terra para pastagem e plantação de cítricos. O rio é encaixado, sem planície aluvial, e as águas turvas indicam que muito material detrítico está chegando ao rio. No leito ativo, ocorrem muitas rochas, formando bonitos trechos de corredeiras. Foi feito um abaixo-assinado para apoiar a construção da barragem de Tijuco Alto, e aparentemente 80% dos moradores assinaram. Os que apóiam a construção afirmam que a barragem gerará empregos, atrairá turistas para a pesca (provavelmente de espécies introduzidas para esse fim, pois espécies de água corrida não se adaptam bem à água parada) e trará progresso para a cidade. O município passará a ganhar royalties pelas terras inundadas, outro motivo pelo qual os governos locais apóiam a construção. Vale lembrar que a cidade de Cerro Azul estaria à montante do lago da represa, mas o trecho do rio ao lado da cidade já terá águas altas e paradas. Pesca A atividade pesqueira é realizada somente pelos moradores, visando o consumo próprio. Eventualmente vendem o excedente da pesca. A fiscalização é ineficiente, já que aparentemente todos tomam ciência da visita dos fiscais com antecedência.

Ribeirinhos lavando roupa.

Crianças entre Cerro Azul e Ribeira.

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Localização O município de Ribeira situa-se na região do Alto Vale, a 340 km da capital paulista e a apenas 130 km de Curitiba. Cidade desenvolvida à margem esquerda do rio Ribeira, está localizada em uma pequena área de relevo num trecho íngreme do vale, e é ligada por uma ponte à cidade paranaense de Adrianópolis. Economia local A economia local baseia-se na agricultura familiar de feijão, milho, mandioca e cana de açúcar, atividade pecuarista de gado de leite e de corte, pequenas minerações e comércio varejista. Saneamento e Lixo O abastecimento de água da área urbana é realizado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP através de captação no próprio rio Ribeira. Na zona rural, o bairro Catas Altas e o bairro Saltinho são atendidos com água tratada, e os demais bairros do município captam água diretamente de nascentes. Cerca de 90% das residências são atendidas pela rede de esgoto, construída há 15 anos. A prefeitura solicitou recentemente o licenciamento ambiental para a construção de uma estação de tratamento de esgotos. Os recursos são oriundos da Caixa Econômica Federal via SABESP. Enquanto a ETE não é construída, as casas que estão à margem despejam o esgoto no rio. O lixo é recolhido diariamente na cidade e uma vez por semana na zona rural. É levado à um aterro licenciado e monitorado pela CETESB. O recurso para a construção do aterro foi aplicado 50% pela CETESB e 50% pela prefeitura. Segundo o prefeito, a fase mais difícil foi a do licenciamento para a instalação do mesmo.

RIBEIRA – SP

População do Município: 3.087 habitantes (IBGE, 2006).

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Cultura e Turismo A cidade é charmosa, histórica, com pequenas casas coloridas e uma antiga igreja. Recebe turistas principalmente na época do carnaval e festas religiosas (Festa de São João em 24 de junho, de São Pedro em 29 de junho, do Bom Jesus na primeira semana de agosto), no aniversário da cidade em 20 de outubro, na maratona e prova de mountain bike. A prefeitura está realizando um inventário dos pontos turísticos, visando criar um projeto para atrair mais visitantes. Já existem algumas atividades de turismo rural, turismo de aventura e ecoturismo, como canoagem, visita a cachoeiras, ilhas, cavernas e grutas, serras e propriedades rurais, que possuem engenhos artesanais de cana-de-açúcar movidos à tração animal. Meio Ambiente Nesse trecho, o rio Ribeira apresenta águas bastante agitadas e corre sobre substrato rochoso granítico, contendo muitos blocos que formam piscinas naturais e uma bonita paisagem. As margens do rio encontram-se bastante desmatadas e ocupadas por pastagens que avançam até o seu leito. Há áreas atingidas pelo assoreamento, devido à abertura de estradas rurais mal planejadas ao longo do rio. Também ocorre o desmatamento, para a criação de gado e lavouras, mesmo nas encostas mais íngremes. A prefeitura faz trabalhos de educação ambiental nas escolas e na zona rural, com o intuito de reduzir o desmatamento nas nascentes e córregos. Desde 1988, a Companhia Brasileira de Alumínio - CBA vem comprando muitas terras ao longo do rio, acima de Ribeira, onde pretende construir a barragem de Tijuco Alto. Enquanto isso não acontece, a vegetação dos antigos pastos está em plena recuperação. Alguns moradores disseram que cerca de 70% da comunidade é a favor da construção da barragem. A fiscalização no município é realizada pela polícia ambiental, e o IBAMA fiscaliza os licenciamentos ambientais para as atividades praticadas na região. Pesca A pesca é praticada somente pelos moradores ribeirinhos para consumo próprio.

Crianças na palestra em Ribeira. Ribeira vista da margem oposta.

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Localização A cidade fica a 130 km ao norte de Curitiba, à margem direita do rio Ribeira. O município faz divisa com o Estado de São Paulo. Economia local No passado, a economia municipal sustentava-se na exploração de recursos minerais, com a operação da empresa Plumbum na extração do chumbo. Atualmente, a economia da região baseia-se na atividade pecuarista, cultivo de pinus e agricultura familiar de feijão, milho, arroz e cana de açúcar. Entre os aposentados da cidade estão antigos lavradores, autônomos e funcionários públicos. Os aposentados são a maioria dos moradores, pois grande parte dos jovens deixa a cidade em busca de emprego. Saneamento e Lixo A água é captada de uma mina próxima à cidade e tratada em uma Estação de Tratamento de Água da SANEPAR. A cidade conta com uma rede de esgoto que atende 15% das residências, e as demais despejam o esgoto no rio ou utilizam fossas. Segundo o prefeito, um projeto para a implementação de fossas sépticas nas residências já foi apresentado à Fundação Nacional de Saúde - FUNASA. Na cidade, o lixo é recolhido diariamente e na zona rural a coleta acontece três vezes na semana. Cerca de uma tonelada de lixo é levada diariamente ao lixão a 12 km da cidade. Há um projeto para aterro sanitário, que será construído com recursos da prefeitura.

ADRIANÓPOLIS - PR

População do Município:

5.582 habitantes (IBGE, 2006).

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Cultura e Turismo A prefeitura está finalizando um projeto para resgate da cultura local, e assim estimular a presença dos jovens, bem como a vinda de turistas. O turismo ainda não está estruturado, mas já estão sendo preparados projetos de turismo rural e de aventura. Meio Ambiente A empresa francesa Plumbum, localizada a 13 km rio abaixo de Adrianópolis, foi fechada em 1996 devido à falência, mas os resíduos ainda estão expostos na região. Cerca de 80% da comunidade era a favor da presença da empresa, pela geração de empregos. Além disso, ainda haviam os royalties recebidos, cerca de R$ 88 mil reais por mês. Assim, a cidade foi um pólo de exploração mineral durante quase todo o século XX. Como os métodos de extração não previam a preservação ecológica e a proteção da população contra os resíduos minerais, hoje, mais de 10 anos após as minas terem sido fechadas, são comuns na região os casos de intoxicação por chumbo, principalmente em crianças. Entre 1998 e 2002 foram detectados 212 casos de meninos e meninas com menos de 14 anos intoxicados. Entre as conseqüências da exposição dos pequenos ao chumbo estão a dificuldade de aprendizagem, debilidade orgânica, tonturas e vômitos freqüentes. O desmatamento de matas nativas para o cultivo do pinus continua nos morros do Alto Ribeira, contribuindo para o assoreamento o rio. A comunidade relata que o desmatamento nas cabeceiras do rio para formação de pasto e a eliminação de mata ciliar ao longo do rio pioram ainda mais o assoreamento. O Instituto Ambiental do Paraná - IAP fiscaliza o desmatamento, mas não consegue atender toda a área de sua responsabilidade. A Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente está denunciando desmatamentos e elaborando projetos de replantio. Pesca A pesca é praticada somente pelos moradores para consumo próprio, não havendo atividade profissional. A fiscalização é feita pelo IAP e pela Polícia Florestal.

A reciclagem ajuda a limpar o rio. O leito do rio cheio de pedras.

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Localização Situa-se no coração da Mata Atlântica, junto às margens do rio Ribeira e na foz do ribeirão Iporanga, ainda em região montanhosa. O município localiza-se a 331 km de São Paulo e a 179 km de Curitiba, acessado por uma belíssima estrada descendo a serra desde Apiaí, ou por rodovia asfaltada passando por Registro e Eldorado. Economia local Trata-se de uma cidade com traços históricos que, no passado, teve em atividades como o garimpo de ouro a sua grande fonte de receita. Atualmente, a economia do município se restringe ao turismo, devido à proximidade ao Parque Estadual e Turístico do Alto Ribeira - PETAR, e às atividades correlatas, além das verbas transferidas pelos Governos Federal e Estadual. Há também a agricultura familiar para a extração de palmito, inclusive de plantio sustentável dentro da floresta. O município integra a Região Administrativa de Sorocaba. Uma análise das condições de vida de seus habitantes mostra que os responsáveis pelos domicílios auferiam, em média, R$330 ao mês, sendo que 81,1% ganhavam no máximo três salários mínimos. Saneamento e Lixo O lixo é coletado diariamente e levado à um lixão localizado a 2 km da cidade. A água é captada no rio Ribeirão e tratada em uma estação de tratamento de água da SABESP. Nos poucos bairros onde há rede de esgoto, os dejetos seguem para uma estação de tratamento de esgotos. Nos demais bairros, o esgoto segue diretamente para o rio. Poucas casas possuem fossas. No Bairro da Serra, a 18 km da cidade, existe um projeto em andamento para que sejam construídas fossas sépticas.

IPORANGA - SP

População do Município: 4.524 habitantes (IBGE, 2006).

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Cultura e Turismo A cultura local é rica em dança, como a de São Gonçalo, fandangos e tamancos. Há artesanato de cestaria, esteiras, trançado em taquara, taboa e cipó feito pelos moradores das comunidades rurais. As comidas típicas são o biju, virado de feijão, mingau de alho com ovo caipira e galinhada. Há sete comunidades quilombolas próximas, que vivem em condições precárias pela inexistência de saneamento, mas sobrevivem da caça, pesca e agricultura de subsistência. Os quilombolas vão para a cidade e fazem escambo, ou seja, trocam o que produzem. Iporanga é conhecida como a Capital das Grutas. Boa parte do fluxo de turismo no município se deve à proximidade de mais de 250 cavernas calcárias, gerando importante fonte de renda para a população local. Abrangidas pelo Parque Estadual e Turístico do Alto Ribeira – PETAR, as cavernas mais importantes são a de Santana, com infraestrutura turística, situada no Bairro da Serra, e a Casa de Pedra. No local, a arqueologia é bastante significativa. Encontra-se a maior quantidade de sítios tombados do Estado de São Paulo (158), que atraem turistas e pesquisadores. O município está localizado numa Área de Preservação Ambiental com uma enorme riqueza paisagista, biológica, geológica e história e, portanto, a vocação econômica natural é o turismo. As demais atividades econômicas tenderão a ser, cada vez mais, derivadas do desenvolvimento do turismo, inclusive a produção rural e industrial. Entre os atrativos está a Festa de Nossa Senhora do Livramento, que acontece entre os dias 31 de dezembro e 02 de janeiro, no Porto Ribeira. Há também a Festa da Padroeira de Santana, Festa do Divino Espírito Santo, Festa de São José, Festa de São Benedito, via Sacra (Quaresma) e a dança de São Gonçalo, que é uma festa ocasional, originada na época da escravatura, unindo a fé cristã e o misticismo africano com uma belíssima coreografia. O evento esportivo que se destaca é o Campeonato Brasileiro de Acquaride, no domingo de carnaval. O município tem procurado, também, desenvolver o artesanato, que é outra atividade diretamente ligada ao turismo, com auto-potencial. A cidade conta com a atuação de três ONGs: AMAIR – Associação dos Monitores Ambientais; ASA – Associação Serrana e Ambientalista e a GAPMA - Grupo de Ação e Preservação do Meio Ambiente. As ONGs implementarão a Agenda 21 local, junto à Secretaria de Meio Ambiente e Prefeitura. Meio Ambiente A cidade está dentro do PETAR, instituído em 1958 e considerado o parque mais antigo do Estado de São Paulo. Com uma área de 35.712 ha, protege um extraordinário patrimônio espeleológico que, associado aos sítios naturais paleontológicos, arqueológicos e históricos, compõe uma das mais ricas regiões ambientais e culturais inseridas no bioma da Mata Atlântica.

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Os atrativos incluem o rio Betari, as cavernas e as grutas, os rios e cachoeiras com piscinas naturais e locais para a prática de esportes aquáticos. Existem ainda eventos programados, como exposições temáticas, mostras de vídeo, palestras, reforço de sistema de informações e controle em dias de maior fluxo de visitantes. O Parque Estadual de Jacupiranga é uma das maiores extensões de Mata Atlântica do Estado de São Paulo, e também um dos maiores parques paulistas em extensão, com uma área aproximada de 150 mil hectares que abrangem parte dos municípios de Jacupiranga, Iporanga, Cajati, Eldorado Paulista, Barra do Turvo e Cananéia. Desta área, 124 mil hectares acham-se inseridos na área do parque. Esta unidade abriga vários conjuntos serranos como as serras do Guarau, Cadeado, Gigante, onde se localizam muitas cavernas e rios encachoeirados. Possui dois núcleos de estrutura: Caverna do Diabo e Cedro, apenas o primeiro aberto à visitação. Já o Parque Estadual Intervales é uma das mais belas reservas de Mata Atlântica do país, com 49 mil hectares, localizado a 270 km da São Paulo. Declarado como reserva da Biosfera pela UNESCO, está situado em cinco municípios: Ribeirão Grande, Guapiara, Iporanga, Eldorado Paulista e Sete Barras. Suas unidades vizinhas – PETAR, Parque Estadual Carlos Botelho e Estação Ecológica Xitué – formam uma área prioritária de Reserva de Mata Atlântica. Alguns moradores ribeirinhos extraem areia do rio para a venda. Ao não obedecer a legislação e normas afins, acabam por desbarrancar a margem do rio e contribuir para o assoreamento. Se algum dia for realizado o projeto antigo da Companhia Energética de São Paulo – CESP de construir a Usina de Batatal, alagaria importantes áreas como o Centro Histórico de Iporanga no processo de formação do lago. Pesca Os ribeirinhos pescam somente para o consumo próprio. Curimatã, aniam, bagre, traíra branca, mandi, robalo e carpa vieram de tanques de criação, levados pelas águas das enchentes. Hoje, criado um desequilíbrio entre as espécies nativas e as inseridas, o curimatã é predador do robalo, da tainha e piaba, todas espécies ameaçadas.

Natalie visitando uma caverna.

A Igreja Matriz de Iporanga.

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Localização Situada numa região mais plana do vale, ao sul do estado de São Paulo, a 242 km da capital e a 50 km de Registro, a cidade é acessado pelas rodovias SP-165 e SP-193. Localiza-se a 232 km de Curitiba. Economia local A economia se fundamenta na agricultura, com o plantio de banana, palmito, pupunha e maracujá. A região é grande produtora de banana, cultivada em quase todos os municípios ao redor, por grandes e pequenos produtores. No entanto, aos pequenos agricultores faltam opções que visem agregar valor ao produto bruto. O trabalho com os subprodutos da banana, que representaria uma possibilidade de aumento de renda, ainda é incipiente, pois o custo de produção é alto. O cultivo da pupunha e do maracujá são projetos da prefeitura voltados para a agricultura familiar. Nos distritos mais montanhosos, se torna difícil e onerosa a mecanização da agricultura, fazendo com que a mão-de-obra seja humana nas pequenas e médias propriedades. Saneamento e Lixo A água é captada no rio Ribeira, a 2 km acima da cidade e é tratada pela SABESP. A água é de boa qualidade e 100% da população urbana é atendida por essa rede. Cerca de 90% das residências são atendidas pela rede de esgoto, que é tratado na estação de tratamento da SABESP. O restante da população utiliza fossas. Algumas residências, principalmente as que estão na zona rural, despejam o esgoto diretamente no rio. O lixo é recolhido três vezes por semana e depositado em aterro controlado, porém sem manta e lagoas de decantação. A prefeitura já tem a licença para construção de um aterro sanitário, e busca recursos na Secretaria de Meio Ambiente do Estado.

ELDORADO – SP

População do Município: 14.883 habitantes (IBGE, 2006).

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Cultura e Turismo A expressão cultural mais forte é a dos remanescentes de quilombos. Percebe-se a cultura quilombola nos artesanatos de cipó e barro, nos bailes locais com apresentação da dança fandango e nas festas religiosas. O ecoturismo é a segunda atividade econômica do município, com passeios às cavernas do PETAR, trilhas interpretativas nas matas e o turismo de aventura, como o rapel e o boia-cross.

Meio Ambiente O maior impacto ambiental é o assoreamento causado pela eliminação das matas ciliares, devastadas para o plantio de banana e formação de pastos. A região entre Eldorado, Sete Barras e Registro é de várzeas, onde são plantados bananais até às margens do rio, inclusive com a utilização de agrotóxicos como o gramocil, gramoxone e randape. Óleo mineral misturado com “tuti” para controlar a cicatoca, praga que seca as folhas e diminui o tamanho das bananas, é pulverizado de avião nas plantações. Existem no município associações de moradores, de monitores ambientais e ONGs ambientalistas. O Grupo Pé no Mato desenvolve atividades de recuperação da mata ciliar, palestras e atividades esportivas de cunho ambiental. Outras ONGs atuam na região, com o é o caso do Instituto Socioambiental - ISA, que desenvolve atividades junto aos quilombos, e o Instituto Vidágua, que auxilia nos projetos de recuperação da mata ciliar. A Fundação SOS Mata Atlântica faz o monitoramento da qualidade da água com o projeto “Observando o Ribeira”. O Parque Estadual de Jacupiranga localiza-se a 40 km da cidade. À margem esquerda do rio está a APA da Serra do Mar, com 400 mil hectares de área demarcada. A CESP visava construir a Usina de Batatal a 30 km acima da cidade. Assim, não haveria alagamento na zona urbana, mas seriam alagadas áreas onde vivem agricultores e quilombolas, além de alguns sítios arqueológicos. Pesca Os moradores pescam para o consumo próprio e lazer. A atividade é fiscalizada pela polícia ambiental, que possui um posto de atendimento na cidade. A piscosidade do rio está diminuindo devido à introdução acidental de espécies exóticas há cerca de nove anos. Naquela época, existia muita piscicultura nas lagoas marginais. Com as enchentes, essas espécies de criadouro, predadores dos peixes nativos, chegaram ao rio. Não existem predadores para os mesmos dentro do rio.

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Localização A cidade de Registro está localizada na Região do Litoral Sul do Estado de São Paulo, a 185 km da capital. O município faz limite com Iguape, Juquiá, Jacupiranga, Sete Barras, Eldorado e Pariquera-Açu, e pode ser acessado facilmente pela BR 116 desde São Paulo e Curitiba. Economia local As bases da economia local são a agricultura, pecuária, a indústria de beneficiamento de alimentos e comércio. Registro é responsável por mais de 50% da produção de banana no Estado de São Paulo, sendo o Estado que mais produz o fruto. A cultura do chá-da-índia no Brasil concentra-se na região do Vale do Ribeira, principalmente nos municípios de Registro e Pariquera-Açu.

Um levantamento da Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada - CATI realizado em 1998 mostrava que Registro era o município que mais produzia arroz no Vale do Ribeira. Na pecuária, o novo destaque é para a bubalinocultura. A criação de búfalos tem se mostrado um negócio de sucesso na cidade.

Saneamento e Lixo De acordo com informações da Prefeitura, a cidade conta com praticamente todas as instalações abastecidas por água tratada, sendo considerada de boa qualidade. O município também busca recursos para aperfeiçoar o tratamento de esgotos a ser realizado, na tentativa de atendimento ao máximo de localidades possíveis. Recentemente foi inaugurada no bairro Arapongal uma nova estação de tratamento de esgotos, aumentando a porcentagem de casas atendidas no município. A prefeitura municipal possui negociações em andamento junto ao governo federal visando liberar cerca de R$ 200 mil reais para que o município de Registro efetue a aquisição de equipamentos e realize o tratamento de resíduos sólidos com a recuperação, cobertura e aterramento do aterro sanitário.

REGISTRO – SP

População do Município:57.299 habitantes (IBGE, 2006).

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Cultura e Turismo Registro surgiu como um pequeno povoado à margem do rio Ribeira no século XVI. Durante muitos anos, serviu de posto para um agente da Coroa portuguesa, que ali fiscalizava e cobrava o dízimo da produção de ouro de lavagem que descia o rio por barco, rumo a Iguape. Ainda que possuindo a única Casa da Moeda existente no Brasil na época, continuava sendo um povoado pertencente à Iguape. Quando o foco de atenção dos garimpeiros mudou para Minas Gerais, o lugar prosperou com o cultivo de arroz nas várzeas. A partir de 1913, com a chegada dos primeiros colonizadores japoneses, que construíram imensos galpões para o processamento de arroz, o local cresceu ainda mais. O município, que se emancipou em 1944, é considerado um roteiro cultural da colônia japonesa. No perímetro urbano, o turismo é feito em visitas à igreja, às praças, ao templo budista e ao bosque municipal. Recentemente, o Casarão do Porto, antigo conjunto de armazéns da empresa japonesa Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha (conhecido como a KKKK) foi transformado em centro cultural e abriga um museu sobre a história japonesa na cidade. Também há investimentos no turismo rural, no qual os visitantes podem se hospedar em fazendas e pousadas, além da Festa Agropecuária e Industrial, que ocorre todos os anos. Meio Ambiente Existem negociações em Brasília para a reativação do convênio para a finalização do Parque Beira Rio, solicitando a liberação de R$ 1.7 milhão de reais. O Parque Ecológico Municipal, que em breve poderá se tornar um ponto não só de lazer e atividades culturais, mas também um ponto turístico, pretende servir para pesquisas e estudos na área de botânica, zoologia e ecologia. A cidade possui uma associação de barcos e dragas que retiram areia do rio, atividade que pode contribuir para o processo de desbarrancamento e assoreamento, caso não obedeça aos métodos descritos na legislação aplicada a essa atividade. Pesca

Os antigos armazéns da KKKK.

O Baixo Ribeira é usado para a prática da pesca esportiva e passeios de barcos.Registro possui cerca de 100 pescadores, porém estão lotados na colônia de Iguape. Os mesmos podem pescar a quantidade que desejarem, desde que respeitem o tamanho mínimo permitido para o pescado.

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Localização Iguape se encontra a 200 km ao sul de São Paulo, próximo da desembocadura do rio Ribeira de Iguape, no distrito de Barra do Ribeira. O acesso é por estrada asfaltada desde Registro, a 74 km. Localizada atrás da restinga da Ilha Comprida, o acesso ao oceano é pelo Mar Pequeno. Economia local A base da economia é a agricultura, com o cultivo da banana, chuchu, maracujá e plantas ornamentais, além da criação de búfalos e a pesca. O turismo também complementa a geração de renda em Iguape, e cresce principalmente pela divulgação das atrações da região. Saneamento e Lixo A água é coletada no rio Ribeira e tratada por uma estação de tratamento da SABESP. Cerca de 80% das casas já são atendidas por uma rede de esgoto, que é tratado na ETE da SABESP. O restante das casas possui fossa ou despeja o esgoto diretamente no rio. O lixo é coletado diariamente e levado para um aterro controlado, a 20 km da cidade. Na zona rural, não existe coleta e o lixo é queimado. Cultura e Turismo A cidade, fundada em 1538, jogou um papel importante na história do Brasil. Tem traços históricos e culturais semelhantes aos da cidade de Parati, no Rio de Janeiro, um bem-sucedido destino turístico. O centro é muito bem preservado, com suas casas antigas, reformadas. A imponente Basílica do Senhor Bom Jesus de Iguape atrai todo ano cerca de 10 mil romeiros para Festa de Bom Jesus de Iguape.

IGUAPE – SP

População do Município: 28.782 habitantes (IBGE, 2006).

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Iguape é considerada a entrada principal ao Pólo Ecoturístico do Lagamar, projeto desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica para desenvolver alternativas econômicas sustentáveis para as populações dos municípios inseridos no Estuário Lagunar Iguape-Paranaguá. O potencial turístico da região é imenso, abrangendo uma rica variedade de interesses e opções para os visitantes, desde história, cultura, populações tradicionais e indígenas, meio ambiente bem preservado e belas praias até o turismo esportivo (montanhismo, canoagem, mergulho, caminhadas e esportes radicais). Atrai os adeptos à pesca esportiva durante a Festa do Robalo em novembro e a Festa da Tainha em julho. Há apresentações do fandango, com grupos folclóricos, artesanato de palha de bananeira e a venda das famosas panelas pretas (de barro). Meio Ambiente A localização privilegiada de Iguape, tão perto de várias áreas de proteção, amplia seus atrativos turísticos. Uma parte da zona rural do município está na APA Cananéia, Iguape e Peruíbe. Porém, não existe um plano de manejo da APA, e o conselho formado por sociedade civil, entidades públicas e de pesquisa, não consegue atuar por falta de diretrizes. A Estação Ecológica Juréia-Itatins, ao norte, ocupa uma área de 79 mil alqueires e é uma das 30 unidades de conservação que compõem as Reservas do Sudeste, declaradas Patrimônio Mundial pela UNESCO, que fazem parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. O Complexo Estuarino Lagunar de Iguape, Cananéia e Paranaguá é um importante ecossistema costeiro, reconhecido por cientistas como um dos mais produtivos do planeta, apresentando uma considerável reserva de mangue pouco degradada. No final de 1999, a região recebeu o título da UNESCO de Patrimônio Natural da Humanidade. As florestas de encostas e as matas da planície litorânea abrigam inúmeras espécies de animais, algumas ameaçadas de extinção, como o papagaio-da-cara-roxa. É neste cenário que se encontra a Estação Ecológica dos Chauás (ainda não aberta à visitação), antiga Reserva Estadual do 18º perímetro, localizada no município de Iguape. Com área de 2.699 hectares, é uma importante área de pesquisa sobre a caxeta, uma árvore de madeira leve utilizada na fabricação de lápis, que cresce nas margens do rio Momuna. As criações de búfalos na região podem se tornar um problema ambiental no que diz respeito à qualidade da água do rio, se não for criado diretrizes específicas para o manejo. Os animais, muitas vezes mantidos nas várzeas ou em campos às margens do rio, podem causar o desbarrancamento das encostas ao descerem para mergulhar no rio (hábito natural da espécie), além de poluir a água com seus dejetos.

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Pesca Na região é permitido pescar qualquer quantidade, desde que se respeite os limites de tamanho estabelecidos pela legislação. A Z-07 “Veiga Miranda”, colônia de pescadores instalada na cidade, possui cerca de 3.000 associados, que pescam tanto no rio quanto no mar. Dos 4.800 pescadores do município, de acordo com o Núcleo de Pesquisa de Cananéia, do Instituto de Pesca, aproximadamente 3.500 trabalham somente com a safra da manjuba, de outubro a março. A grande quantidade da espécie nesta época atrai até mesmo quem não sobrevive da pesca, mas busca na atividade aumentar a renda familiar. Com cinco anos de existência, a Cooperativa de Pescadores Artesanais do Bairro de Prainha de Iguape encontra-se com muitas dificuldades. Com capacidade para processar o produto de 30 pescadores, visando à fabricação de diversos produtos que utilizem o peixe como matéria-prima, até agora a Cooperativa só conseguiu comercializar o peixe "in natura".

A Basílica do Senhor Bom Jesus de Iguape.

Vista aérea do centro histórico de Iguape.

A foz do rio em Barra do Ribeira.

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2.5. Diário de Campo – Margi Moss

O Ribeiro de Iguape - um rio histórico que traça um caminho complicado entre a serra e o mar. Após a longa viagem de Brasília a Curitiba, partimos cedo no domingo rumo a Cerro Azul pela recém-asfaltada Rodovia dos Minérios, serpenteando por paisagens bucólicas – bolsões de mata e pequenos campos de agricultura familiar. Paisagens como essas na Serra do Mar perto do Rio de Janeiro atraem muitos visitantes da metrópole a cada fim de semana. Entre Curitiba e Cerro Azul, passamos apenas uma placa indicando um hotel-fazenda. A nova estrada asfaltada seguramente ajudará a atrair investimentos no turismo local. Cerro Azul é o centro de uma região produtora de laranjas, mas não conseguimos achar um lugar que vendia um suco! Apesar de estar a dois km das margens do Ribeira, os cidadãos não parecem ter uma relação muito íntima com o rio – tanto que boa parte da população não aparenta se importar com a possibilidade do rio caudaloso se transformar num lago parado. Cruzamos a ponte e pegamos a estrada de terra esburacada, que sobe pela margem esquerda até a chamada “nascente” do Ribeira, onde o rio é formado pelo encontro do Ribeirinha com o Açungui. Incluindo um desvio onde nos perdemos, foram 80 km ida e volta de Cerro Azul e já eram 4h da tarde quando retornamos à cidade. Tínhamos que estar em Ribeira (SP) às 20 h para a palestra na praça. Tempo de sobra, pensávamos. Segundo um morador a quem pedimos orientações sobre a estrada para Itapirapuã Paulista, seria fácil. "Porque subir a serra? Peguem logo a estrada que vai direto para Adrianópolis, beirando o rio. É perto... sei lá, uns 30 km," ele informou. Perfeito. Ingênuos, seguimos o Ribeira numa estrada de terra dentro do vale profundo. A cada lado, subiam as encostas íngremes da Serra de Paranapiacaba. Olhávamos para as montanhas intermináveis com suas mantas de florestas e pastos, cortadas por centenas de riachos de águas claras, e pesava no coração a possibilidade de tudo isso ir para água abaixo. Nas áreas mais planas, havia pequenas vilas e casas simples – a maioria de madeira – salpicadas entre campos bem verdes. Encontraríamos cenas como essas ao longo do vale até Eldorado, já na planície. Pode até ser que os moradores desses calmos vilarejos se encaixem no menor IDH da região – realmente suas moradias não demonstravam qualquer sinal de luxo – mas estariam melhores vivendo com um IDH mais alto na miséria e violência da periferia das grandes cidades? A viagem, estimada em uma hora, foi uma aflição. A estrada se transformou numa trilha passando dentro das plantações de pinus, escuras e sem vida. Estarmos perdidos numa paisagem sinistra dessas é deprimente e, sem podermos achar a saída, virou um pesadelo. Nas raras vezes que cruzamos com alguém e pedimos informações, a resposta sempre foi "Podem seguir, não tem erro..." Erro tinha. O rio já estava longe. Subíamos e descíamos trilhas poeirentas agora entre morros carecas, onde o pinus tinha sido cortado recentemente. No GPS, Adrianópolis estava sempre a 20 km, independentemente do rumo que seguíamos à procura de uma "estrada nova" para Rocha. Imaginávamos um caminho em boas condições. Era uma descida quase vertical que parecia ter sido feita por um trator na véspera. No fundo do vale, enfim, chegamos a Rocha: um punhado de casas paupérrimas, muitas delas abandonadas. Só a igreja ainda estava bem cuidada. Uma ponte, um campo de futebol, um bar e muita floresta.

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Já estava escurecendo e ainda faltavam 30 km! Mais tarde, me arrependi de ter passado batido por Rocha. Um lugar que pode sumir do mapa, junto com a floresta exuberante que ali veste o vale do chão até o alto das montanhas. O campo de futebol, a igrejinha, as casas e as árvores ficarão 100 metros abaixo da água se a barragem de Tijuco Alto for construída. Reencontramos o Ribeira num trecho do vale muito estreito. Que lugar espetacular! Se fosse a Costa Rica, turistas do mundo inteiro viriam até aqui. Nossa escolha é alagar essa preciosidade como se não tivesse valor, erguendo uma barragem de 142 metros de altura, equivalente a um arranha-céus de 47 andares? Resultado de decisões, com alto impacto local, tomadas em lugares distantes para beneficiar consumidores distantes. Enfim, chegamos a Ribeira às 20h em ponto. Na praça, a platéia nos esperava pacientemente. Às pressas, montamos o datashow e começamos a projetar as imagens na parede da Igreja Matriz quando começou a chover forte. Migramos todos para dentro da igreja, montamos o telão para terminar a projeção e realizamos o debate. Ribeira é uma cidade pequena, jeitosa, espremida numa estreita plataforma entre a serra íngreme e o acentuado barranco do rio que, ainda nesse trecho, corre por um leito pedregoso, ideal para esportes radicais. Para nosso barco, ainda não era apropriado. Antes de seguir até Iporanga por terra, visitamos Adrianópolis na margem paranaense. Dali, uma estrada de terra desce até Vila Mota, sede da falida mineradora Plumbum. Conversamos com alguns senhores, aposentados da mineradora, que não pareciam preocupados a respeito da contaminação por chumbo, ao contrário das populações que encontraríamos mais tarde, rio abaixo. Superficialmente, reina a maior paz naquele pedaço do vale. Mas nas instalações enferrujadas e abandonadas, onde restos de minério estão espalhados por todas as partes, na entrada da fábrica havia poças de água verde que, ao julgar pelas pegadas de gado na areia em volta, serviam de bebedouro para esses animais. Para chegar a Iporanga, tivemos que subir os 30 km de serra até Apiaí e de lá descer novamente outros 40 km por uma estrada que corta a Mata Atlântica do PETAR. A região é belíssima. Vez ou outra, abria um visual de tirar o fôlego para as montanhas cobertas de mata em todos os horizontes. Árvores centenárias, carregadas de bromélias e do canto de pássaros invisíveis, nos mostravam o caminho. O Bairro da Serra, 18 km antes de Iporanga, é uma comunidade pacata, com muitas pousadas e casas de família que hospedam turistas. Marcáramos encontro aqui com Natalie Hoare, jornalista da revista britânica Geographical Magazine. Ela veio acompanhar parte da expedição e aprender sobre o turismo sustentável na região. Ela visitara algumas cavernas do PETAR, um exemplo de como o turismo pode trazer renda para as comunidades. A Mata Atlântica nessa região é uma pérola exótica que tende a ser a cada vez mais procurada no futuro. À noite, em Iporanga, falamos aos alunos da escola municipal. Aqui, uma das cidades que seria parcialmente alagada se o projeto da CESP for em frente, a perspectiva da construção das barragens é bem diferente que em Cerro Azul. "As represas vão secar nosso rio?" uma aluna quis saber. Pergunta difícil de responder! Se algum dia forem feitas as quatro barragens, o Ribeira será transformado em uma série de lagos. Só ao alcançar a planície, o rio voltaria a correr.

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Habitada por povos indígenas há quatro mil anos, Iporanga se destaca na história brasileira desde o primeiro século da chegada dos portugueses. Parece que o primeiro branco alcançou estas paragens, em busca de ouro, menos de 60 anos após a chegada de Cabral nas praias da Bahia. Em 1576, já havia garimpeiros instalados na área. A Igreja Matriz, de 1821, é tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual e a cidade, cercada por montanhas, matas, cavernas e o belo rio, tem uma situação privilegiada. Apesar do Ribeira ser um rio de porte em Iporanga, segue sendo um caminho de pedras e tivemos que continuar acompanhando-o pela estrada. Cruzamos o rio numa balsa e, após 15 km de estrada de terra, chegamos ao quilombo Ivaporunduva. Um lugar simples e limpo, dominado pela igreja branca, onde havia várias casas ainda de taipa. Na praça, uma escola cheia de crianças exaltadas deu um tom de alegria. Conversamos com o líder comunitário, Zé Rodrigues, e outros moradores. Natalie entrevistou a vovó Benedita, uma doçura sorridente que criou nove filhos em sua pequena casa, hoje de alvenaria. Apesar da cidade estar numa ladeira bem acima do rio, já ocorreram enchentes violentas que carregaram moradias da vila e que até destruíram a casa dela. Num momento tão tranqüilo, parecia impossível a água subir tanto. Natalie perguntou o que na vida mais preocupava a dona Benedita. “Aqui é o céu e a glória,” ela respondeu. “A única coisa que me chateia são as vacas do meu vizinho. Elas comem meu milho. Já falei com ele muitas vezes, mas ele não dá jeito.” Estranhei essa manifestação de contentamento diante da possibilidade de alagamento que paira sobre o vale. Ao me despedir dela após meia-hora de conversa, toquei no assunto das barragens. Dona Benedita gelou. Levou a mão até o coração e pensei que ela literalmente estava tendo um ataque. Respirou fundo e, numa voz quase inaudível, disse, “Ai, moça, não posso nem ouvir falar disso, que eu passo mal. Essa é a minha terra, onde nasci. Não posso sair daqui, nunca. Só saio daqui de caixão.” Na balsa de volta, perguntamos a um agente de saúde o que achava das barragens. "Elas são boas para algumas pessoas e ruins para outras. Não vão mudar a minha vida. Mas se são ruins para alguns, tirando tudo o que eles têm, eu sou contra," respondeu, pragmático. Chegamos às áreas mais planas onde aparecem as plantações de banana, principal produto agrícola da região. Muitas das lavouras se estendem até a beira do rio, não deixando sequer um metro de mata protetora e facilitando a livre passagem para os agrotóxicos entrarem na água. Em Eldorado (outra cidade fundada como garimpo de ouro, como o nome sugere), também tivemos que desistir da navegação. Simplesmente não havia água suficiente no rio! Procuramos vários lugares para alcançar a água com o reboque. As rampas terminavam num barranco vertical de um metro. Decepcionados, continuamos de carro, acompanhando o rio e passando por infinitos hectares de bananeiras até chegar a Sete Barras (são sete barras de rio desde a foz até essa cidade). Ali de novo não houve jeito de descer a rampa, que despencava um metro e meio até o rio. “Em toda minha vida, nunca vi a água tão baixa!” declarou Sr. Zeca, morador da cidade há 40 anos. Será que há algo errado no reino da Dinamarca? Alguns alegam falta de chuvas, outros culpam o desmatamento. Outros ainda perguntam como será se as represas forem construídas e prenderem a água? O que vai sobrar para descer o rio? Não temos resposta para essas pessoas aflitas, mas temos a nítida impressão que está na hora de rever os cálculos que começaram a ser feitos 20 anos atrás, quando – segundo os moradores – o rio vivia mais cheio. Lá fomos nós de carro de novo, rumo a Registro.

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Registro surgiu como um pequeno povoado onde o ouro, que descia o rio de barco proveniente de Eldorado, Sete Barras e Iporanga, foi registrado (daí o nome) pelo agente português, para cobrança do dízimo, antes de seguir até o porto de Iguape. Acabado o ouro, a cidade tornou-se grande exportadora de arroz cultivado nas várzeas do rio. Em 1913, recebeu os primeiros colonos japoneses, que também passaram a cultivar o chá. Hoje, Registro vive da banana e é a cidade de mais fácil acesso de todo o vale. Pela BR-116, é quase eqüidistante de Curitiba e de São Paulo. Enfim, a lancha foi para a água! Uma densa neblina matinal escondia a outra margem do rio. Num cenário que aptamente lembrava uma aquarela japonesa, uma garça branca que pescava num banco de areia no meio do rio parecia um fantasma. De vez em quando, os raios do sol penetravam a neblina, iluminando uma casa, uma árvore, um barco. Subimos até o encontro do rio Juquiá com o Ribeira, levando junto o jovem pescador Alex como guia para evitar bater o barco nas pedras submersas. Alex estava assustado com o baixo nível da água. Ele se queixou das toneladas de agrotóxicos jogadas nas bananeiras que acabam contaminando as águas e repercutindo na pesca, e das dragas de areia que mexem com o fundo do rio, aumentando a turbidez. Na volta, deixamos Alex na marina de Registro e seguimos (Gérard, Natalie e eu) rumo à foz. O GPS marcava uma distância de 38 km até Iguape em linha reta, mas sabíamos que pelo rio talvez fosse o dobro. Na vasta planície, o rio forma dezenas de meandros fechados. A falta de mata ciliar era gritante. O rio corta fazendas de gado, lavouras de banana e arrozais. Certa hora, encontramos com uma manada de 200 búfalos tomando banho no rio. Era uma cena de safári africano, não fossem os animais de origem asiática. Conversamos com um grupo de pescadores de manjuba, uma espécie endêmica da região que sustenta centenas de famílias. A pequena manjuba é pescada com redes de malha fina dentro do rio, onde vem do oceano desovar. Um pescador espremeu um peixinho, mostrando os ovos alaranjados. Para subir o rio, as manjubas dependem de uma boa vazão de água doce na foz. Consideremos a situação da foz do Rio São Francisco. A força da água que sobra das múltiplas barragens é tão pífia que, em vez do rio entrar no mar, é o mar que entra no rio. No Ribeira, se essa vazão enfraquecer, será diferente? Estávamos chegando ao fim do rio. Para trás, a Serra do Mar surgia, encrespada, azul-escura, com sua mata intacta. Quem vê a mansa amplitude do rio nas suas últimas curvas não pensa no esforço que a água faz para chegar até ali, vinda dos pequenos córregos nas montanhas distantes. Para coletar uma mostra, entramos no Canal do Valo Grande, construído em 1855 por motivos econômicos para encurtar o caminho entre Registro e o porto marítimo de Iguape. Essa interferência antrópica na dinâmica do rio foi um tiro no próprio pé do escoamento da produção da região, sendo responsável pela eventual decadência econômica. O rio engrossou o canal, causou inúmeros danos ambientais, inclusive enchentes, e levou sedimentos e água doce ao Mar Pequeno, assoreando o porto marítimo e acabando com a pesca de camarão, por exemplo. Iguape, que no século XIX tinha importância igual ao Rio de Janeiro, entrou em declínio. Voltando ao leito principal do rio, seguimos até o balneário de Barra do Ribeira e, um pouco além, até a barra onde as ondas do mar batiam com força nas águas doces do rio. Dos sete rios foco do projeto, o Ribeira é o único que desemboca no mar.

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Tiago estava esperando com o carro, perto da balsa da Barra do Ribeira. Enfim, chegamos a Iguape – linda, limpa e bem cuidada. A praça florida, a basílica com suas duas torres, as casas coloridas e as ruas por onde ecoam os passos da história. Fundada em 1538, Iguape passou por altos e baixos. Foi pólo de exportação de ouro e, mais tarde, de arroz, além de um importante estaleiro que fornecia embarcações para outros centros importantes como Rio de Janeiro e Salvador. Hoje tem uma vocação promissora no turismo, com muitos prédios históricos, inclusive o que foi a primeira casa de fundição de ouro no Brasil . Talvez nenhuma outra região do Brasil possua uma riqueza tão abrangente e diversa de história, cultura e meio-ambiente como o Pólo Ecoturístico do Lagamar. Na extremidade sul do Mar Pequeno, formado pela Ilha Comprida, há outra cidade parecida, igualmente charmosa – Cananéia, portão de entrada para a Ilha do Cardoso. Protegida por vários parques, vive de seu enorme potencial turístico que combina as belezas naturais e a história. O Vale do Ribeira, que corta montanhas e planícies e passa por comunidades históricas, é belo, único e especial. Em vez do carimbo fatal “propício ao alagamento”, poderia ser transformado num “vale do Loire” brasileiro.

Bromélias na Mata Atlântica.

Dona Benedita, Ivaporunduva.

Begônias silvestres.

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2.6. Questionários

Como estratégia de pesquisa, complementando as conversas e as observações in loco, a equipe do projeto valeu-se de um questionário para colher e registrar os anseios, experiências e lições dos ribeirinhos e moradores, bem como aferir o nível de consciência ambiental, seus hábitos e atitudes com relação ao uso e a preservação da água, além dos impactos causados no rio pela atividade humana. Na pesquisa durante a expedição ao rio Ribeira, foram realizadas 90 entrevistas ao total.

Nota-se que apesar de um número relativamente pequeno de pessoas saberem onde começa o rio (29,2%) a grande maioria sabe onde ele acaba (77,1%).

99.0%

48.7%

62.5%

87.5%

65.6%

82.3%

31.3%

89.6%

0% 50% 100%

sabe de campanhas pela preservação domeio ambiente não conhece algum órgão responsávelpela preservação da água afirma que a água já foi mais limpa

acredita que a água do rio está suja

afirma que a pesca tem diminuídoconsideravelmente não tem conhecimento de pescapredatória usa o rio para o lazer

se preocupa com o meio ambiente

Origem da poluição do rio Ribeira, de acordo com a opinião dos ribeirinhos.

52%

26%

22%esgoto

agrotóxicos

desmatamento

A questão da construção de usinas hidrelétricas parece ser ainda bastante polêmica, já que as opiniões encontram-se muito divididas. De acordo com as entrevistas realizadas, 43,8% são favoráveis enquanto 52,1% são contrários.

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2.7. Análises das Amostras de Água Composição Química da Água Dentro da pesquisa de composição química da água, são analisadas as concentrações de fósforo total, nitrogênio total, nitrogênio amoniacal e íons presentes nas amostras, incluindo o nitrato e o nitrito. A partir da concentração de fósforo total, as amostras são classificadas como oligotrófica, mesotrófica, eutrófica ou hipereutrófica. Águas oligotróficas e mesotróficas ainda podem ser consideradas naturais, com teores baixos ou moderados de impacto, em níveis aceitáveis na maioria dos casos. Águas eutróficas indicam corpos de água com alta produtividade em relação às condições naturais, em geral afetados por atividades antrópicas, em que ocorrem alterações indesejáveis na qualidade. Águas hipereutróficas foram afetadas significativamente pelas elevadas concentrações de matéria orgânica e nutrientes, comprometendo seu uso e podendo resultar na mortandade dos animais aquáticos. O nitrogênio é um dos elementos mais importantes no metabolismo de ecossistemas aquáticos, pela sua participação na formação de proteínas. Dentre as diferentes formas presentes nos ambientes aquáticos, o nitrato e o nitrogênio amoniacal assumem grande importância. As principais fontes de nitrato no sistema aquático são os esgotos e a agricultura. O nitrogênio amoniacal entra no sistema aquático principalmente por meio de despejos de esgotos domésticos. Concentrações de nitrogênio amoniacal superiores a 250 mg/L são tóxicas para peixes e invertebrados em águas com pH superior a 9. Fitoplâncton A comunidade de algas é também conhecida como fitoplâncton. Esses organismos são microscópicos e possuem capacidade fotossintética, encontrando-se na base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos. Além disso, acredita-se que o fitoplâncton é responsável pela produção de 98% do oxigênio da atmosfera terrestre. O fitoplâncton também pode ser responsável por alguns problemas ecológicos quando se desenvolve demasiadamente: numa situação de excesso de nutrientes e de temperatura favorável, podem multiplicar-se rapidamente formando o que se costuma chamar "florescimento" ou bloom (palavra inglesa que é mais usada). Nesta situação, a água fica esverdeada, mas rapidamente, de um a dois dias, dependendo da temperatura, se torna acastanhada, quando o plâncton esgota os nutrientes e começa a morrer. A decomposição mais ou menos rápida dos organismos mortos pode levar ao esgotamento do oxigênio na água e, como conseqüência, à morte em massa de peixes e outros organismos. Esta situação pode ser natural, mas pode também ser devido à poluição causada pela descarga em excesso de nutrientes. Neste caso, diz-se que aquela massa de água se encontra eutrofizada. Em água doce, quando esta situação se torna crônica, a água pode ficar coberta por algas azuis que flutuam na sub-superfície da coluna d'água.

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Bacterioplâncton As bactérias são formas muito antigas de vida, e têm um papel importante para o equilíbrio do planeta, em especial nos ciclos de carbono, nitrogênio e enxofre. Uma gota de água pode conter mais que um milhão de células de bactérias ou “bacterioplâncton”, que são as bactérias que vivem flutuando na água. Ajudam na transformação e decomposição da matéria orgânica, pois são a base da cadeia alimentar para organismos maiores. Esta pesquisa visa determinar a quantidade de células do bacterioplâncton em amostras de 2 mL, e examinar sua correlação com o estado trófico da água.

Resultados de fósforo total, nitrogênio total, nitrogênio amoniacal e íons na água.

– Dr. Donato Seiji Abe, Instituto Internacional de Ecologia, São Carlos, SP.

O rio Ribeira de Iguape apresentou concentrações de fósforo total que variaram entre 26,6 a 239,0 µg-P L-1 desde a sua nascente até a foz. De uma forma geral, os valores observados entre a nascente e o ponto RIB-16, localizado a poucos quilômetros à jusante da cidade de Registro, estiveram na faixa de classificação mesotrófica (Figura 1), ou seja, o rio apresentou pouca variação de fósforo total ao longo do seu percurso e com características de um corpo de água com moderado grau de impacto antrópico. Uma exceção foi verificada no ponto RIB-07, localizado na cidade de Iporanga, cujo valor observado foi de 54,8 µg-P L-1, que corresponde ao estado eutrófico. Apesar de o município de Iporanga atender 89 % da coleta de esgotos domésticos, há, segundo a CETESB, uma carga poluidora remanescente de 31 kg de DBO por dia, cujo corpo receptor é o próprio Ribeira de Iguape (CETESB, 2005). Portanto, o valor elevado de fósforo total observado naquele ponto pode estar relacionado ao aporte remanescente de esgotos domésticos da área urbana. Nesse mesmo ponto foi observada a mais alta concentração de nitrogênio amoniacal e de nitrogênio total dentre as amostras analisadas (Figuras 2 e 3), o que confirma o aporte de esgotos domésticos. A partir do ponto RIB-17 (criação de búfalos), observou-se um aumento muito significativo de fósforo total, passando para o estado hipereutrófico (221,09 µg-P L-1). O mesmo estado trófico foi observado no ponto RIB-18, localizado no Valo Grande em Iguape (239,00 µg-P L-1), sendo que no ponto RIB-19, localizado na foz do rio, houve uma diminuição na concentração de fósforo total para 69,6 µg-P L-1, que corresponde ao estado eutrófico. Os valores muito elevados de fósforo total observados nesses pontos podem estar relacionados à criação de búfalos existente no entorno do ponto RIB-17, fato este observado durante a coleta. Tal atividade está possivelmente contribuindo para a eutrofização do rio, tanto em função dos dejetos produzidos pelos animais como pela ação do pisoteio nas margens, que promove o revolvimento dos sedimentos ricos em fósforo para a coluna de água. No ponto RIB-19, por outro lado, além da carga de fósforo proveniente do ponto RIB-17, localizado mais a montante, há o aporte de esgotos domésticos do município de Iguape, que possui uma carga poluidora remanescente de 596 kg de DBO por dia no rio Ribeira de Iguape (CETESB, 2005).

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Já no ponto RIB-19, localizado na foz, a diminuição da concentração de fósforo total está relacionado à mistura das águas do rio com a água costeira. A diminuição da concentração do ponto RIB-18 para a foz foi também verificada com relação ao nitrato (Figura 2) e ao nitrogênio total (Figura 3), o que caracteriza uma diluição desses compostos, visto que as águas marinhas, em geral, são caracterizadas por apresentar baixas concentrações de nutrientes nitrogenados. A mistura da água do rio com as águas costeiras pôde, também, ser confirmada pelos valores consideravelmente elevados de cloreto, brometo e sulfato observados nesse ponto (Figura 4). Tais íons estão sempre presentes em elevadas concentrações em águas marinhas. Portanto, os elevados valores de íons no ponto RIB-19 caracterizam uma água salobra, muito distinta daquelas observadas nos demais pontos do rio à montante.

Rio Ribeira de IguapeÍndice de Estado Trófico

0

50

100

150

200

250

RIB

-01

RIB

-02

RIB

-03

RIB

-04

RIB

-05

RIB

-06

RIB

-07

RIB

-08

RIB

-09

RIB

-10

RIB

-11

RIB

-12

RIB

-14

RIB

-15

RIB

-16

RIB

-17

RIB

-18

RIB

-19

Pontos

IET

(P)

P TOTALLimite oligotrófico-mesotrófico

Limite mesotrófico-eutróficoLimite eutrófico-hipereutrófico

Figura 1 - Concentração de fósforo total nas amostras de água coletadas ao longo do rio Ribeira de Iguape em novembro de 2006.

Rio Ribeira de Iguape

Nitrato, Nitrito e N Amoniacal

0

50

100

150

200

250

300

350

400

RIB

-01

RIB

-02

RIB

-03

RIB

-04

RIB

-05

RIB

-06

RIB

-07

RIB

-08

RIB

-09

RIB

-10

RIB

-11

RIB

-12

RIB

-14

RIB

-15

RIB

-16

RIB

-17

RIB

-18

RIB

-19

Pontos

Nitr

ato

e N

am

onia

c.(µ

g-n/

L)

N amoniacalNitratoNitrito

Figura 2 – Valores de nitrogênio amoniacal, nitrato e nitrito observados nas amostras coletadas ao longo do rio Ribeira de Iguape em novembro de 2006.

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Rio Ribeira de IguapeNitrogênio Total

0

100

200

300

400

500

600

700R

IB-0

1

RIB

-02

RIB

-03

RIB

-04

RIB

-05

RIB

-06

RIB

-07

RIB

-08

RIB

-09

RIB

-10

RIB

-11

RIB

-12

RIB

-14

RIB

-15

RIB

-16

RIB

-17

RIB

-18

RIB

-19

Pontos

Nitr

ato

e N

am

onia

c.(µ

g-n/

L)

Figura 3 – Valores de nitrogênio total observados nas amostras coletadas ao longo do rio Ribeira de Iguape em novembro de 2006.

Rio Ribeira de IguapeCloreto, Brometo e Sulfato (escala logarítmica)

0

1

10

100

1000

10000

RIB

-01

RIB

-02

RIB

-03

RIB

-04

RIB

-05

RIB

-06

RIB

-07

RIB

-08

RIB

-09

RIB

-10

RIB

-11

RIB

-12

RIB

-14

RIB

-15

RIB

-16

RIB

-17

RIB

-18

RIB

-19

Pontos

Cloreto (mg/L)

Brometo (µg/L)

Sulfato (mg-S/L)

Figura 4 – Concentrações de cloreto (em escala logarítmica) observadas nas amostras de água coletadas ao longo do rio Ribeira de Iguape em novembro de 2006. Referências Bibliográficas CETESB (2005). Relatório de Qualidade das Águas Interiores no Estado de São Paulo 2004. CETESB, São Paulo. http://www.cetesb.gov.br (acessado em 21/03/2005).

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Resultados das pesquisas de Fitoplâncton

– Dra. Maria do Socorro Rodrigues, Universidade de Brasília, Dra. Iná de Souza Nogueira e Elizabeth Cristina Arantes de Oliveira. As algas foram coletadas na superfície da água, fixadas com solução de lugol e analisadas ao microscópio óptico para identificação até nível de espécie, quando possível, com auxílio de literatura especializada. A determinação da densidade dos organismos fitoplanctônicos foi feita mediante o uso de microscópio invertido. As amostras foram coletadas em 19 pontos ao longo do Rio Ribeira do Iguape.

Foram inventariadas 71 espécies de algas distribuídas em cinco classes: Chlorophyceae (algas verdes), Zygnemaphyceae, Bacillariophyceae (diatomáceas), Cyanophyceae (algas azuis) e Crysophyceae (algas douradas) (Tabela 2, anexo). Houve predomínio das algas da classe Bacillariophyceae, com 50,7% de densidade relativa seguidas das Chlorophyceae (28,16%)(Figura 3). As classes Zygnemaphyceae e Crysophyceae foram menos representativas tanto em densidade quanto em riqueza (Figuras 1 e 2). As cianofíceas ocorreram mais nas regiões de curso médio e baixo, com marcada presença no ponto RIB 13 (Rio Juquiá - montante confluência Ribeira), considerado oligotrófico. Em média, o intervalo da densidade dos organismos fitoplanctônicos no Rio Ribeira esteve entre 100.000 e 600.00 indivíduos/ml. Isso se deve às características tróficas do Ribeira, classificado como mesotrófico, em função das atividades desenvolvidas na bacia hidrográfica, no caso, a expansão industrial, que pode estar contribuindo para alteração da comunidade fitoplanctônica. Com exceção dos pontos 17 (próximo à criação de búfalos) e 18 (Canal do Valo Grande), considerados como hipereutróficos, a densidade de algas não apresentou uma oscilação significativa entre os pontos analisados. De 19 pontos, dez apresentaram densidade acima de 300.000 indivíduos/ml.

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Figura 1. Densidade total (número de indivíduos/mL) de algas encontradas nas estações de coleta do Rio Ribeira, no mês de novembro de 2006.

Figura 2. Riqueza (número de táxons) observada nas estações de coleta do Rio Ribeira, no mês de novembro de 2006.

Rio Ribeira

0

5

10

15

20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Riqueza (n de espécies)

Chlorophyceae Bacillariophyceae Zygnemaphyceae

Cyanophyceae Crysophyceae

Rio Ribeira

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

12 13 14

15 16 17 18 19

Densidade (Ind/mL)

Chlorophyceae Bacillariophyceae Zygnemaphyceae Cyanophyceae Crysophyceae

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Rio Ribeira

28.16%

50.70%

7.04%

7.04%

1.40%

Chlorophyceae Bacillariophyceae Zygnemaphyceae

Cyanophyceae Crysophyceae

Figura 3. Densidade relativa das classes fitoplanctônicas observadas no Rio Ribeira, no mês de novembro de 2006. Os índices de diversidade (Tabela 1) calculados a partir da densidade numérica das algas foram predominantemente altos com variação entre 1,98 bits. Ind-1 (estação 14) e 2,77 bits.Ind-1 (estação 18). A eqüitabilidade variou de 0,87 a 0,97. A eqüitabilidade mais baixa foi encontrada não ponto RIB 07, classificado como eutrófico.

RI 01 RI 02 RI 03 RI 04 RI 05 RI 06 RI 07 RI 08 RI 09 RI 10 H' 2,62 2,46 2,37 2,29 2,39 2,52 2,36 2,33 2,44 2,53 J' 0,95 0,96 0,93 0,89 0,96 0,93 0,82 0,97 0,95 0,89

RI 11 RI 12 RI 13 RI 14 RI 15 RI 16 RI 17 RI 18 RI19

H' 2,70 2,49 2,55 1,98 2,15 2,42 2,61 2,77 2,25 J' 0,95 0,92 0,90 0,90 0,93 0,87 0,90 0,92 0,91

Tabela 1. Índice de diversidade de Shannon (H’) e equitabilidade (J’), da comunidade fitoplanctônica em amostras de água de diferentes pontos do Rio Ribeira do Iguape (novembro/2006).

No Rio Ribeira do Iguape, as cianofíceas ocorreram apenas nos trechos médio e baixo (entre RIB 13 e RIB 19, o encontro com o rio Juquiá e a foz, no total de oito pontos entre os 19 analisados nesse rio. Especial atenção deve ser dada para ocorrência dessa classe uma vez que essas algas são potenciais produtoras de toxinas. Os gestores públicos e a população devem fazer esforços para manter a integridade das águas dos rios, já que não foi observada a presença das cianobactérias nas regiões de nascente e partes do curso médio. Esta análise, no entanto, não leva em conta o aspecto sazonal, o que não descarta a presença ou ausência dessas algas em outras épocas do ano em diferentes trechos.

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Resultados das pesquisas de Bacterioplâncton

– Dr. Rodolfo Paranhos, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Nesta campanha os resultados já nos indicaram ambientes mais comprometidos que os observados ao longo do Rio Ribeira do Iguape. Nas 18 amostras de água coletadas pelo curso do rio em novembro de 2006, as bactérias variaram entre 533.000 e 1.414.000 de células por mililitro. As quantidades de bactérias observadas foram semelhantes às verificadas no Rio Grande, e como os valores não são elevados (pouco maiores que um milhão por mililitro) poderiam indicar águas menos poluídas. Porém os outros dados de qualidade de água indicam boa parte das amostras como eutrofizadas, e nesta campanha os números de bactérias não tiveram boa correlação com os resultados químicos. Mas nas amostras com os maiores valores de bactérias observamos uma maior proporção de células grandes e ativas, que pode indicar que existem nutrientes em abundância, e em geral está de acordo com a classificação de índice de estado trófico. Razões como o regime dos rios, sazonalidade, fatores climáticos locais podem explicar os valores aparentemente reduzidos. Mas cabe ressaltar que os resultados ora apresentados são ainda preliminares, e as análises nas amostras estarão sendo completadas nos próximos meses.

Amostra Local Bactérias # 1 Ponte próxima ao local da confluência dos formadores 1410000 # 2 Próximo à ponte de Cerro Azul 688000 # 3 Na cidade de Ribeira 1080000 # 4 Vila Mota 863000 # 5 Ribeira (Bairro Maritacas, montante da cidade) 916000 # 6 Montante Iporanga 859000 # 7 Iporanga 725000 # 8 Local da balsa para Maria Rosa 862000 # 9 Batatal 573000 # 10 Eldorado 746000 # 11 Votupoca, entre Eldorado/Sete Barras 798000 # 12 Sete Barras 1240000 # 13 Rio Juquiá (montante confluência Ribeira) 898000 # 14 Montante confluência Juquiá 687000 # 15 Registro 534000 # 16 Banco de areia, curva do rio 717000 # 17 Trecho amplo com floresta 645000 # 18 Canal do Valo Grande 738000 # 19 Foz, após Barra do Ribeira 596000

Resultados das análises de Bacterioplâncton.

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2.8. Conclusões e Recomendações A situação do rio Ribeira de Iguape não é motivo de festa. Apesar de sua localização privilegiada, cercada por áreas protegidas, é um rio que está sofrendo. O quadro clínico indicado pelos resultados das análises de água é preocupante. Pelo contrário, pede reflexão e ação imediatas. Os problemas são vários e variados. Além da possibilidade da perda de integridade do rio como um corpo, os impactos contínuos às matas ciliares e ao leito do rio, bem como às suas águas através de esgotos domésticos e contaminação por agrotóxicos, necessitam de uma atuação por parte das autoridades, no sentido de amenizar as repercussões. Torna-se necessário o início de um processo de recuperação das áreas impactadas, a tempo de que se possa interromper a degradação. São necessárias ações articuladas e planejadas, envolvendo representantes da sociedade civil e autoridades. A participação dos governos estaduais é imprescindível para legislar e fiscalizar comportamentos ao longo do rio. Em cada um dos Estados, fica clara a necessidade também da participação de voluntários locais e da mobilização das comunidades. Os governos municipais e as populações ribeirinhas – os principais usuários – têm o papel mais importante. São eles os principais beneficiários e são deles, portanto, que devem partir os principais esforços visando uma mudança de comportamento quando necessário. De alguma maneira, é necessário gerar entusiasmo entre os moradores, para que vejam que ações de preservação trazem claros benefícios, e que não sejam encaradas apenas como sacrifícios inúteis. Devido à proximidade das cidades ribeirinhas do Vale, torna-se prática a formação de consórcios para apresentar projetos compartilhados, como a instalação de aterros sanitários, por exemplo, ou investimentos na divulgação turística da região, para benefício mútuo. A seguir, encontram-se detalhados os principais problemas verificados e algumas recomendações ou soluções possíveis que, em alguns casos, foram concebidas pela equipe do projeto, ou apontadas pelas próprias comunidades ao longo do rio Ribeira.

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• Quanto ao Lixo e ao Saneamento

Sobre o destino dos esgotos, grande parte das moradias o lança em fossas, muito provavelmente de forma rudimentar. A precariedade das fossas utilizadas em algumas cidades reflete-se na poluição dos rios e lençol freático pela infiltração do material. É comum o esgoto ser jogado diretamente ao rio. Em Iguape, a cidade mais avançada nesse quesito, 80% das casas estão ligadas à rede de esgoto, que segue a uma estação de tratamento. Em Ribeira, a rede de esgoto alcança 90% das residências, mas é direcionada ao rio.

A maioria dos municípios conta com coleta regular de lixo nos perímetros urbanos e periódica na zona rural (semanal ou a cada duas semanas). Apenas uma das cidades ribeirinhas visitadas, Ribeira, possui aterro sanitário, e as demais depositam seu lixo em lixões a céu aberto. O vento espalha papéis e sacos plásticos na vegetação ao redor dos lixões, que exalam um mau cheiro indicativo da falta de sanidade. Sem uma manta protetora por baixo, o chorume escorre, infiltrando a terra e atingindo o lençol freático ou algum curso d’água nas proximidades.

Felizmente, vários municípios estão buscando recursos para a construção de aterros sanitários e estações de tratamento de esgotos.

Recomendações Ao percorrer o Vale do Ribeira, a equipe encontrou, em várias ocasiões, indivíduos que se empenham a coletar lixo para reciclagem, seja na beira do rio, da estrada ou indo até as casas dos agricultores para receber o material. A reciclagem tem beneficiado muitas famílias, trazendo uma fonte de renda e, ao recuperar resíduos sólidos que de outra forma permaneceriam durante décadas largados ao relento, proporcionam um meio ambiente mais limpo e saudável.

É necessário sempre inovar. Em Mato Grosso, "Vale Luz" é uma excelente iniciativa que troca latas de alumínio e garrafas PET por bônus descontados na fatura de energia elétrica. Em São Paulo, a CEMPRE é uma parceria entre grandes empresas comprometidas com a reciclagem (www.cempre.org.br).

As necessidades do Vale do Ribeira também são representadas nas questões referentes ao saneamento básico, principalmente no meio rural. Quanto ao tratamento de água, os domicílios com ligação de água de abastecimento público são atendidos com critérios de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

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Conforme podemos averiguar através das análises das amostras coletadas, a qualidade da água do Ribeira está bastante impactada pelo homem. O esgoto jogado sem tratamento no rio por uma cidade complica a vida das outras rio abaixo, encarecendo o tratamento para tornar aquela água propícia para distribuição, sem falar do risco sanitário para os que moram na beira do rio fora do âmbito urbano. Existem recursos disponíveis nas esferas municipais, estaduais e federais. Depende da determinação de cada prefeitura em buscar a orientação e os meios para realizar as melhorias necessárias, urgentes em todo o país, e que não devem vincular-se a interesses políticos ou momentâneos. 1 – Aterro Sanitário / Reciclagem de Lixo Para viabilizar novos empreendimentos, ou mesmo recuperar os atuais, os municípios enfrentam dificuldades de ordem técnica, operacional e financeira. A formalização de um convênio poderá ser solicitada pelos municípios relacionados no Anexo I do seguinte decreto estadual: � Decreto Nº 44.760, de 13 de março de 2000, que se refere a municípios paulistas integrantes do Vale do Ribeira. A solicitação de formalização deve ser dirigida ao Secretário de Estado do Meio Ambiente, e deve estar devidamente fundamentada, explicitando a necessidade do empreendimento e de recursos estaduais para sua implantação. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e a CETESB estabeleceram um Plano de Ação, no qual, considerando o porte dos municípios contemplados, a Implantação de Aterro Sanitário em Valas, recomendado para cidades de pequeno porte e sem condições financeiras para adotarem um tipo de solução mais sofisticado de disposição de seus resíduos sólidos, foi definida como a solução técnica mais adequada. Diferente de um simples lixão, trata-se de um buraco onde se deposita o lixo, que é coberto manualmente, com a ajuda de apenas um trator. A implantação desses aterros está a cargo da Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação Ambiental - CPLEA, conforme a Resolução SMA nº 24, de 23 de maio de 2003, e suas atribuições são acompanhar, fiscalizar, controlar e avaliar o desempenho do Projeto. Secretaria de Estado de Meio Ambiente Tel: (11) 3133-3000 FAX: (11) 3133-3402 - www.ambiente.sp.gov.br Atendimento a Emergências Químicas: (11) 3133-4000 Disque Meio Ambiente: 0800 011 3560

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Também para a construção de aterro sanitário, coleta e reciclagem de lixo para municípios que tenham de 30 a 250 mil habitantes, a prefeitura deve apresentar um projeto, conforme edital publicado no Diário Oficial e disponível apenas no site do Ministério do Meio Ambiente. As informações de como conseguir recursos são facilmente localizadas no link Fundo Nacional de Meio Ambiente - FNMA. Acesso: o acesso ao edital é feito através do Diário Oficial ou ainda no site do MMA. Todos os projetos são por demanda induzida. As informações não são de fácil acesso por prefeituras que não possuem computador conectado à internet. Repasse: o FNMA só consegue repassar o recurso para prefeituras que estão em situação regular junto ao Governo Federal. Continuidade: é recomendável que pelo menos parte dos profissionais que executarão o projeto sejam funcionários públicos do quadro permanente da prefeitura. Não podem ser pessoas que tenham cargos de confiança, comissões ou gratificações porque uma das exigências do projeto é a continuidade do mesmo. Caso contrário, a prefeitura terá que devolver o dinheiro investido com correção e juros. FNMA - Fundo Nacional de Meio Ambiente Tel: (61) 4009-9090 - www.mma.gov.br 2 – Água e Esgoto Segundo a respectiva área de projetos, se a SABESP tem a concessão de água e esgoto no município paulista, basta a prefeitura enviar um ofício com a solicitação. Inclusive, a Caixa Econômica Federal está financiando o projeto para a implementação de água e esgoto nos municípios de Itaóca, Ribeira e Barra do Chapéu. SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo Unidade de Negócios do Vale do Ribeira Tel: (13) 3821-3025 – www.sabesp.com.br No lado paranaense, os municípios devem buscar a orientação junto a SANEPAR, enviando solicitação para a realização de investimentos em projetos de água e esgoto. SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná Tel: (41) 3330-3023 - www.sanepar.pr.gov.br Para a construção de estação de tratamento de esgotos e estação de tratamento de água para cidades que tenham menos de 30 mil habitantes, acessando o site da Fundação Nacional de Saúde e clicando no link saneamento, é possível encontrar as informações necessárias. Existem arquivos para download, dentre eles o Projeto de Saneamento Ambiental em Regiões Metropolitanas, que é fruto da parceria entre o Ministério das Cidades e o Ministério da Saúde. FUNASA - Fundação Nacional de Saúde Tel: (61) 3314-6362 - www.funasa.gov.br Ministério das Cidades Tel: (61) 2108-1000 - www.cidades.gov.br

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• Quanto à poluição das águas pelos resíduos da mineração

Adrianópolis hospedou a Plumbum Mineradora por meio século, com pouco ou nenhum controle sobre a contaminação de seus moradores e do meio ambiente por chumbo. Embora as atividades de mineração e metalurgia tenham cessado em 1996, a população do Alto Ribeira ainda convivem com várias fontes de contaminação ambiental, em especial de chumbo, tipicamente originadas da atividade de extração, beneficiamento e refino. Apenas na década de 1990, a empresa construiu uma bacia de rejeitos a céu aberto, às margens do rio. Os resíduos dos últimos anos de funcionamento ficaram acumulados, formando montanhas onde as crianças brincavam. Em 2005, foram iniciadas as obras para a construção de um aterro para a retirada desses resíduos pela CBA, dona da área. A equipe do projeto assustou-se com a facilidade com que pessoas podem entrar nas instalações abandonadas, e também com a presença de animais que bebem água empoçada na entrada da fábrica. Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas revelou que mesmo após o fim da mineração, os níveis de chumbo permanecem muito altos. No solo ao redor da usina, que operou no beneficiamento e refino do minério produzido nas jazidas da região, foram encontradas altas concentrações. Uma pesquisa realizada com amostras de sangue de 295 crianças de 7 a 14 anos, que moram em localidades como Adrianópolis e Iporanga, constatou índices de chumbo acima do aceitável. Em Porto Novo, 4% das crianças apresentaram níveis acima do aceitável; em Iporanga, 10% das crianças e em Adrianópolis (PR), 12%. Já em Vila Mota, local da fábrica desativada, o índice sobe para 60%, algumas apresentando níveis muito altos. É importante observar que o chumbo possui uma residência média no sangue bastante curta, de poucas semanas, e que a sua presença em concentrações elevadas revela exposição recente, ou seja, as comunidades continuam convivendo com a contaminação, mesmo transcorrido tanto tempo desde o fechamento da indústria. Em Eldorado, adultos reclamavam do alto índice de casos de câncer na população, culpando a presença de chumbo nas águas há décadas.

No Vale do Ribeira, a contaminação por chumbo ocorre desde o início do século XX, mais notadamente entre 1920 e 1996, sem que o Estado tivesse tomado providências significativas para coibi-la. Os restos das minerações, que, além do chumbo, contêm metais pesados e outros elementos tóxicos, foram abandonados às margens do rio, expondo pessoas e animais à contaminação.

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Recomendações Os moradores do Vale convivem com os passivos ambientais da mineração e encontram-se expostos a substâncias extremamente prejudiciais à saúde. É necessário assistência por parte das autoridades de saúde locais e estaduais, bem como pelos órgãos ambientais de São Paulo e Paraná. É moralmente inaceitável que essas populações, muitas delas sem ter se beneficiado da indústria, sejam abandonadas à sua própria sorte. É de grande importância a realização de estudos a respeito da contaminação especificamente da população adulta da região, que está exposta ao risco há muito mais tempo e habitava a área na época em que as mineradoras estavam em operação. Também é relevante levar esclarecimentos contínuos à população, através de debates ou pelos agentes de saúde, para que possam se prevenir ou procurar atenção médica ao perceber sintomas de contaminação. O fato de animais, como o gado, beberem água empoçada nas instalações da fábrica indica certa negligência, talvez por falta de informações por parte da população da própria Vila Mota perante o perigo dos resíduos de chumbo e outros metais pesados. É necessário maior rigor quanto ao isolamento da área. Um estudo sobre a contaminação humana e ambiental por chumbo em Adrianópolis foi realizado pela CPRM - Serviço Geológico do Brasil, e maiores informações sobre o estudo poderão ser obtidas através do link: http://www.cprm.gov.br/publique/media/Painel10.pdf

As poças onde o gado bebe água. A Plumbum vista do ar.

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• Quanto ao Desmatamento e ao Assoreamento A mata ciliar do Ribeira não escapou da destruição. Cidades e principalmente sistemas agricultáveis crescem em torno do rio. Neste panorama, enquadram-se várias propriedades no Baixo Ribeira situadas à margem do rio, onde a vegetação nativa foi retirada há muito tempo, por exemplo, cedendo espaço ao cultivo intensivo de banana. Na região dos formadores do Ribeira, o terreno montanhoso, outrora coberto de Mata Atlântica, hoje exibe encostas carecas, usados como pasto e que, devido à declividade do solo desprotegido, contribuem para o assoreamento do rio. Pinus As espécies do gênero pinus vêm sendo plantadas no Brasil há mais de um século, introduzida no passado para fins ornamentais. A partir de 1950, começou o cultivo em escala comercial, fornecendo a matéria-prima para as indústrias de madeira serrada e laminada, chapas, resina, celulose e papel. O manejo dessa monocultura vem possibilitando o abastecimento de madeira que, anteriormente, era suprido com a exploração do pinheiro brasileiro ou até das matas nativas. Trazido para nosso clima quente, o pinus se adaptou. Com mais sol, ele apressa a fotossíntese e cresce muito rápido. As empresas começaram a formar verdadeiros latifúndios com essas monoculturas, e os problemas começaram a se multiplicar. Onde cresce o pinus, nada mais cresce. Em seu habitat natural, no clima frio, há bactérias que fazem as folhas apodrecerem e virarem matéria orgânica. Devido a uma resina do pinus, as bactérias de nosso clima não trabalham no apodrecimento das folhas, que acabam formando um tapete sobre o solo, não deixando outras plantas nascerem. Em diversos lugares do Brasil, pequenos agricultores abandonaram o campo ao serem cercados e isolados por monoculturas de eucaliptos e pinus. Os olhos d’água, nascentes e poços secam, pois cada árvore retira cerca de 800 litros/mês de água do solo e torna-se prejudicial quando não manejada corretamente. Onde o chamado “deserto verde” avança, a biodiversidade é destruída e os solos deterioram, levando anos para se recuperar. Devido à demanda nacional e internacional para madeira e celulose, vastas áreas de pinus são plantadas todos os anos. Na região montanhosa do Alto Ribeira, as plantações são feitas em morros íngremes. Após o corte, o solo fica totalmente desprotegido durante algum tempo e, nesse período, as chuvas o carregam morro abaixo, assoreando os rios.

O processo de desmatamento sem planejamento resulta num conjunto de problemas ambientais, como a extinção de várias espécies da fauna e flora, mudanças climáticas locais, erosão dos solos e o assoreamento dos cursos d´água.

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Recomendações Em princípio, o cultivo de pinus estabeleceu-se como “aliado” dos ecossistemas florestais nativos, suprindo uma demanda cada vez maior. Porém, na prática, a Mata Atlântica virgem continua sendo derrubada para ceder lugar ao pinus (fato observado pela equipe do projeto), quando essa espécie poderia ser plantada em terras degradadas, abundantes na região. Urge a fiscalização rigorosa das áreas de risco, e uma determinação que regulamente a derrubada da mata virgem. É fácil perceber quando novas áreas de floresta estão preparadas para ceder lugar ao pinus. Deve-se regulamentar o espaçamento para o plantio, aumentando as distâncias que separam cada unidade plantada, permitindo a entrada da luz ao solo e o crescimento de plantas rasteiras que servem para fixar nitrogênio no solo. Ao cortar os pinus, o solo já terá a proteção dessas plantas. Também é necessário preocupar-se em monitorar o plantio, bem como preservar as áreas íngremes onde não há algum tipo de proteção natural. Caso haja plantação nesse tipo de terreno, resultará em erosão e perda de solo. O pinus lança milhões de sementes que, sem predador natural no Brasil, chegam a ter uma taxa de 90% de germinação. Facilmente transportadas pelo vento, as sementes podem nascer a quilômetros de distância da árvore-mãe, contaminando matas nativas e capazes, eventualmente, de extingui-las. Eis a importância de não permitir plantações de pinus perto de reservas e áreas de proteção. Informações sobre o cultivo adequado do pinus podem ser obtidas junto à EMBRAPA. http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pinus/CultivodoPinus/index.htm Informações básicas sobre as monoculturas de árvores e as indústrias de papel em: http://www.sof.org.br/marcha/paginas/publicacoes/cartilhaeucalipto.pdf A restauração das matas ciliares ao longo do Vale do Ribeira é de grande importância para a proteção dos recursos hídricos, e tem a vantagem de ajudar na conservação do bioma e da biodiversidade. Campanhas educativas nas escolas ajudarão a longo prazo, mas para dar início às ações imediatas, algum órgão poderá ser designado para ajudar os ribeirinhos, demarcando os limites da faixa obrigatória de mata ciliar. Se não houver verbas para mudas, a floresta pode se regenerar sozinha, que é a opção mais barata para recuperar uma mata ciliar. Ao plantar mudas, devem ser escolhidas espécies adaptadas ao local.

LARGURA MÍNIMA DA FAIXA DE MATA CILIAR

Nascentes Raio de 50 m Rios com menos de 10 m de largura 30 m em cada margem Rios com 10 a 50 m de largura 50 m em cada margem Rios com 50 a 200 m de largura 100 m em cada margem Rios com 200 a 600 m de largura 200 m em cada margem Rios com largura superior a 600 m 500 m em cada margem Represas e hidrelétricas 100 m ao redor do espelho d’água

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• Quanto à criação de búfalos

Em 1989, através da divisão regional do IZ - Instituto de Zootecnia no município de Registro, a Secretaria da Agricultura criou o Programa de Desenvolvimento da Bubalinocultura no Vale do Ribeira. Direcionado a proprietários de pequenas e médias áreas, o projeto cede 11 búfalos (dez fêmeas e um macho) a cada membro. No período de sete anos, o instituto recebe de volta 14 animais, repassados para outros criadores, e os proprietários gozam da produção e reprodução dos animais durante esse tempo. O objetivo do projeto é ajudar os produtores menores, com áreas de 100 hectares, em média, a iniciar a criação de búfalos, aumentando sua renda e fixando-os no campo.

Uma preocupação do projeto ao avistar uma grande manada dentro do rio, durante a navegação, é justamente sobre o impacto desses animais na qualidade da água. Vale ressaltar que a análise de uma amostra coletada no local indicou água hipereutrófica, ou seja, altamente impactada. As espécies de búfalo criadas no Brasil são chamadas de water buffalo em inglês, devido ao seu hábito de passar horas submersas na água. Aumentar cada vez mais a criação às margens do rio resultará em um impacto maior às águas, com possíveis seqüelas até na reprodução da manjuba.

Recomendações

Muitos dos candidatos ao Programa de Desenvolvimento da Bubalinocultura no Vale do Ribeira acabam não sendo atendidos, pois suas propriedades carecem de estrutura para receber os animais. A maioria ou não possui pasto suficiente ou não atende às exigências de qualidade de currais.

É freqüente encontrar propriedades com um número de animais maior do que sua capacidade suporte. A quantidade de animais por hectare varia conforme a localização da fazenda, fertilidade do solo, manejo da propriedade, etc. Se deve seguir a orientação de que cada animal necessita em média de um hectare de pasto, e o produtor tem que prever o rápido crescimento do rebanho. É indispensável haver um estudo e diretrizes ambientais para a criação desses rebanhos no Vale, visando à garantia da qualidade da água. Levando em conta a característica aquática do búfalo, o criador poderá formar nos campos poças para mergulho dos animais e instalar cercas evitando o acesso diretamente ao rio. Maiores informações quanto à criação de búfalos serão obtidas com o Instituto de Zootecnia de Registro - Tel. (013) 3975-9068, ou com a Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos - Tel. (011) 3263-4455 – www.bufalo.com.br

De origem asiática, mas há muitos anos criado na Ilha do Marajó, no Pará, o búfalo começou a ter destaque nos pastos e várzeas alagadas do Vale do Ribeira, atingindo nos anos 90 seu potencial de produção de leite e carne.

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• Quanto às bananeiras Emprega aproximadamente 65 mil pessoas, direta e indiretamente, e além da própria agricultura, envolve o comércio de defensivos e pelo menos 15 agronegócios que têm a banana como ingrediente principal. O cultivo enfrenta uma série de intempéries, como novas pragas, dificuldade na comercialização, poucos recursos para aplicar novas técnicas e a falta de conscientização e preservação do meio ambiente. Outra grande dificuldade enfrentada é a impossibilidade de assumir compromissos internacionais pela incerteza de garantir a entrega. Além das enchentes, que já destruíram bananais inteiros por inúmeras vezes, na época do inverno a friagem traz consigo o chilling da banana, que é uma perturbação fisiológica dos frutos que acontece em temperaturas abaixo de 12ºC. Recomendação Recomenda-se a estruturação de cooperativas ou associações de produtores para fortalecer seu poder de barganha na comercialização dos produtos, e auxiliá-los quanto às estratégias de armazenagem, transporte, exportação, marketing, etc. Também é de grande importância investir na aplicação de técnicas modernas de produção, e na utilização apenas de defensivos aprovados por lei e recomendados pelos países compradores de banana, visando à minimização dos impactos ambientais (de acordo com os pescadores, os agrotóxicos estão dizimando os estoques pesqueiros). Um fator que pode ter contribuído para o prejuízo provocado por enchentes é precisamente a eliminação da mata ciliar. A conservação de uma faixa dessa mata é lei, determinada pela largura do rio. A restauração da mata ciliar é urgente ao longo do rio. Além de proteger contra a força das águas na cheia, ajuda a filtrar os agrotóxicos e cria um refúgio para a fauna nativa. O método para recuperar a mata ciliar consiste na retirada parcial de bananeiras, abrindo clareiras para plantar mudas de espécies pioneiras (exigentes em sol, são chamadas de espécies primárias), e na utilização de parcelas do bananal para mudas de espécies secundárias na sombra, para replantio. Espera-se que, após cinco anos, a regeneração tenha adquirido um aspecto denso, com características de uma floresta. No decorrer do tempo, essas parcelas funcionariam como ilhas de diversidade, dando oportunidade para a recuperação da mata ciliar como um todo.

A bananicultura continua sendo o carro chefe da agricultura do Vale do Ribeira. Atualmente, a atividade ocupa mais de 41 mil hectares, é cultivada em 15 municípios do Vale e emprega cerca de 3.800 produtores. A produção média anual é de 25 toneladas de fruta por hectare, sendo 70% do tipo nanica e 30% do tipo prata.

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• Quanto ao Turismo

O Vale do Ribeira é conhecido como um dos locais preferidos para aqueles que querem contato com a natureza. A região abriga algumas das mais importantes reservas ecológicas do país. No litoral, encontramos um preservado conjunto arquitetônico e manifestações culturais de longa tradição.

A região possui características culturais representadas pela diversidade histórica e cultural de comunidades oriundas da cultura cabocla, caiçara ou quilombola. A cidade de Iguape, por exemplo, preserva sua arquitetura de época, e boa parte da cultura original dos índios da região ainda se mantém nos hábitos dos caiçaras, nas suas lendas, na linguagem, no artesanato. O local também oferece diversos pontos de interesse turístico: o Museu de Arte Sacra, o Museu Histórico e Arqueológico, a Trilha do Morro do Espia, trilhas, cachoeiras e praias.

O Pólo Ecoturístico de Lagamar, que compreende os municípios de Iguape, Ilha Comprida, Pariquera-Açu, Cananéia e Guaraqueçaba, é uma iniciativa que visa gerar renda para as comunidades locais. Com uma extensão de mais de 200 quilômetros, é considerado um santuário ambiental, devido à facilidade de procriação de diversas espécies. Trata-se de lagunas à beira-mar com vegetação de restinga e Mata Atlântica. A fauna e a flora são ricas e os mangues são um dos maiores viveiros de peixes do mundo.

É importante citar a diversidade de áreas de preservação demarcadas ao longo do Ribeira e região, que formam um grande trunfo para atrair turistas nacionais e internacionais. São elas: Parque Estadual Intervales; Parque Estadual Carlos Botelho; Estação Ecológica de Juréia-Itatins; Parque Estadual do Alto Ribeira – PETAR; APA Cananéia-Iguape-Peruíbe; Reserva Natural Salto Morato; Parque Nacional do Superagüi; APA Guaraqueçaba; Parque Estadual da Ilha do Cardoso; Parque Estadual Pariquera-Abaixo; Estação Ecológica de Chauás; Área de Proteção Ambiental da Ilha Comprida; e o Complexo Estuarino Lagunar de Iguape, Cananéia e Paranaguá.

Para saber mais sobre a Mata Atlântica, vale consultar os sites da SOS Mata Atlântica (www.sosmataatlantica.org.br) e da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (www.rbma.org.br).

O turismo no Vale do Ribeira está em desenvolvimento e possui um grande potencial para a exploração das modalidades ecológico e rural. Algumas atividades como turismo de aventura, canoagem, visitas a cachoeiras, cavernas, grutas, serras e propriedades rurais que possuem engenhos de cana-de-açúcar, são bastante procuradas na região, inclusive por turistas estrangeiros.

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A Agenda de Ecoturismo do Vale do Ribeira, importante iniciativa e estratégia de desenvolvimento sustentável regional, é uma forma de articulação visando o estudo, planejamento e fomento do Ecoturismo na região. Fazem parte dela secretarias do Governo Estadual e suas áreas técnicas, o CODIVAR, que é o consórcio que representa todos os municípios do Vale, e diversos segmentos da comunidade. Tendo como objetivo as ações concretas para o desenvolvimento sustentável da região, inserindo as comunidades locais no processo de implantação do ecoturismo e geração de renda para as mesmas, a agenda baseia-se nas seguintes linhas de ação: informação e divulgação, planejamento, capacitação, fomento e incentivo. Maiores informações em: www.cepam.sp.gov.br/ecoturismo/index3.htm

Alguns exemplos de atividades que podem ser praticadas são: espeleoturismo (visitas a cavernas e grutas); caminhadas; trekking; ciclismo; pesca; escaladas; vôos livres; cannoing; rafting. A Praia Secreta Expedições é uma empresa especializada em atividades de turismo de aventura no rio Ribeira. Mais detalhes podem ser obtidos no site www.praiasecreta.com.br.

Recomendações

Ajudado pelo clima, pela rica hidrografia e pelas áreas preservadas, o desenvolvimento do turismo na região é uma alternativa para seu crescimento sustentável, capaz de gerar renda para as populações e tornar-se um mecanismo de proteção e gestão dos seus recursos naturais.

É necessário que tanto as pessoas que se interessem em explorar o turismo como fonte de renda, quanto as pessoas que o praticam, busquem informações de como trabalhar de uma maneira sustentável, em sintonia com a preservação do meio ambiente da região. Em diversas partes do Brasil, municípios estão se unindo para a criação de consórcios para investir especialmente no turismo, visto que o turista vai naturalmente visitar mais do que uma única cidade da região. Como as belezas naturais estão distribuídas por vários municípios do vale, o ideal seria que os mesmos trabalhassem juntos para atraírem mais visitantes ao local. A Associação Brasileira das Empresas do Turismo de Aventura – ABETA auxilia e promove o profissionalismo e as melhores práticas de segurança e qualidade, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do Turismo de Aventura no Brasil, em parceria estreita com os diferentes atores da sociedade. Maiores informações no site www.abeta.com.br

É interessante sempre promover a ética e prática do Mínimo Impacto, pelo qual o turista minimiza os rastros de sua visita na paisagem. No site www.pegaleve.org.br, são encontradas informações importantes para a prática do turismo sem deixar vestígios ou conseqüências ao meio ambiente.

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Iniciativa do Instituto de Hospitalidade, em parceria com o Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável - CBTS, o Programa de Certificação em Turismo Sustentável – PCTS visa apoiar os empreendedores do turismo a responder aos novos desafios do setor de turismo, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país. Maiores detalhes no site: www.pcts.org.br

O Programa de Financiamento ao Turismo Sustentável tem com objetivo incentivar todos os bens e serviços necessários à implantação, ampliação e modernização de empreendimentos turísticos. As atividades financiadas são o Ecoturismo (Turismo Especializado) e Turismo Convencional, compreendendo eventos, aventura, pesca amadora e outros de caráter esportivo, profissional, bem estar, estudo, místico, cultural, rural, pesquisa e outros. Informações: http://www.basa.com.br/prodetur.htm

O turismo gera empregos em múltiplas áreas, desde o comércio dentro das cidades e a produção e venda de artesanato, até a formação de profissionais para trabalhar nos hotéis e pousadas, nos restaurantes, e como guias turísticos, barqueiros, etc. Se desenvolvido de forma sustentável, protegendo precisamente os atrativos que trazem os visitantes, a atividade aumentará a qualidade de vida dos moradores de toda a região.

O Pólo Ecoturístico do Lagamar.

Barcos em Cananéia.

Casas coloridas em Iguape.

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• Quanto à Pesca A manjuba procura a água doce para procriar, subindo o rio Ribeira em grandes cardumes. Portanto, é a vazão do rio que condiciona a sua subida para desovar. Qualquer represamento do fluxo do rio que possa diminuir a vazão tão crítica ao seu ciclo produtivo, especialmente se for comprovada uma tendência decrescente do nível da água do rio, causará um verdadeiro desastre ecológico e um grande problema sócio-econômico na região. A construção de um canal artificial, o Valo Grande, terminada em 1855, teve como objetivo encurtar o caminho ligando o rio Ribeira ao porto marítimo de Iguape, no Mar Pequeno. As águas do rio, encontrando um caminho mais curto, aumentaram a largura do canal ao longo do tempo, provocando assoreamento no delicado ecossistema do Complexo Estuarino Lagunar, bem como trazendo grande quantidade de água doce para dentro de um ambiente marinho, com graves repercussões na produção de espécies como camarões. Além disso, no decorrer dos anos, provocou enchentes e desmoronamentos, como a ocorrida no início de 2007, que acarretou na destruição de algumas casas. É interessante notar que o motivo da construção do Valo Grande, que era facilitar o transporte de carga vindo do Vale do Ribeira até o Porto Grande, acabou por prejudicar justamente o comércio que tanto queria ajudar. O porto encheu de sedimentos, impedindo o acesso dos navios marítimos. Tendo totalmente transformado o curso natural do rio, sobram até hoje os problemas sociais e ambientais. Aproximadamente 80% dos pescadores da região de Iguape trabalham para indústrias de pescado e utilizam material terceirizado, como o barco, motor e redes. Tanto esforço pesqueiro está ameaçando a manjuba de sobrepesca. A produção vem diminuindo cada safra. Outro fator que contribuiu para a sobrepesca foi o emprego da arte de pesca denominada corrico (uma rede é amarrada entre uma bóia e a canoa do pescador, que vem descendo o rio captando os peixes). Ao contrário da manjubeira, que precisa ser manejada por quatro pescadores, o corrico pode ser utilizado individualmente, mesmo por pessoas com pouca habilidade. Isso aumenta mais ainda a pressão sobre os estoques de manjuba.

Há muito tempo, o principal foco da pesca de subsistência do rio Ribeira de Iguape é a manjuba (anchoviella lepidentostole), um peixe de mar de apenas 15 centímetros, endêmico na região. Ocorre em quantidade comercial apenas em Iguape, mas foi encontrado ocasionalmente em um lugar na Bahia e em outro no Rio Grande do Sul.

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O Valo Grande, a Barra do Ribeira e a Barra do Icapara, por onde a manjuba entra no rio Ribeira, são áreas proibidas de pesca. Porém, não existe fiscalização, e a pesca prossegue até no período do defeso. Recomendações A primeira ação necessária é um estudo sério dos hábitos da manjuba, medindo os estoques da espécie e sua capacidade de procriação, levando em conta mudanças ambientais, para assim determinar os níveis de uma pesca sustentável. Só depois disso, seria possível estabelecer limites de pesca, tanto em termos da quantidade como na época mais apropriada, para proteger a espécie e permitir sua pesca por muitos anos. Sugere-se que a realização do manejo adaptativo da manjuba. Isso significa adotar práticas de conservação que considerem a relação entre o estoque de manjuba e as variáveis ambientais que incidem sobre ele. O mais importante é que esse manejo considere que o máximo que se pode capturar de manjuba sob condições ambientais favoráveis não pode ser mantido sob condições desfavoráveis. No caso da manjuba, o que se entende por condição favorável é a alta pluviosidade, que aumenta a vazão do rio. A aplicação do defeso, com rígida fiscalização, é uma alternativa capaz de reverter o quadro de exploração excessiva. Porém, levando em conta que a manjuba, quando pescada, está justamente subindo o rio para desovar, as cotas estabelecidas têm de ser muito bem estudadas, com a participação da Colônia dos Pescadores de Iguape. Também é preciso fazer um trabalho paralelo sobre a comercialização. A maior parte da produção de manjuba ainda é vendida "in natura", mas agregando valor ao produto, a atividade torna-se mais eficiente e ecologicamente correta. Na maioria das vezes, para obter maior lucro, o pescador aumenta a produção e, dessa forma, aumenta o esforço da pesca sobre a manjuba. Agregando valor, a princípio é possível pescar menos manjuba, valorizando-a no mercado.

Retirando manjuba da manjubeira.

O canal do Valo Grande, Iguape.

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• Quanto à construção de hidrelétricas

Ao procurar mais informações sobre as pretensões da ANEEL, não encontramos qualquer referência ou informação concreta sobre as três barragens da CESP. Apenas consta, com todos os estudos devidamente levados a cabo, a proposta da UHE de Tijuco Alto. Pretende ser uma usina particular, da CBA, visando o fornecimento de 128 MW de energia para seu complexo metalúrgico em Alumínio (SP). Formaria um lago com 71 km de extensão e cobriria uma área de 51,8 km², represado por uma barragem de 142 metros de altura. A instalação de uma UHE sempre traz conturbações, forçando pessoas a abandonarem terras que suas famílias habitam há décadas, ou mesmo há séculos. São obras que visam suprir demandas energéticas da sociedade, mas tanto aqui como no mundo todo, não deixam de ter pesados impactos sociais e ambientais. Os empregos gerados inicialmente são muitos, especialmente para mão de obra bruta e barata, mas as vagas vão esvaecendo com a usina terminada. A luta de alguns ribeirinhos contra a construção da usina de Tijuco Alto leva em consideração o fato que, em geral, o represamento de rios causa a acidificação da água, principalmente nas camadas mais profundas do reservatório, devido à decomposição da matéria orgânica existente na área de inundação. Isso levaria as partículas inativas de chumbo, existentes nos sedimentos no rio oriundos da atividade mineradora no Vale no passado, a se tornarem ativas devido à reação com a água acidificada. Também, o alagamento da região poderia causar a suspensão do chumbo depositado no leito do rio, e o arraste dos rejeitos que estão às margens para o leito, podendo elevar substancialmente o grau de contaminação na região. Recomendações

Nos Estados Unidos, ao reconhecer os impactos sociais, ambientais e econômicos de se construir grandes barragens, iniciou-se um processo de avaliação de como as barragens poderão ser evitadas, desativadas e até removidas.

Paira sobre o Vale do Ribeira a questão das barragens de usinas hidrelétricas. O Ribeira de Iguape é o único rio de porte que percorre terras paulistas ainda livre de represas. Além da UHE de Tijuco Alto, proposta da Companhia Brasileira de Alumínio – CBA entre as cidades de Ribeira (SP) e Cerro Azul (PR), havia, nos anos 70, também uma proposta da CESP para outras três barragens – Funil, Itaóca e Batatal.

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Uma maneira de evitar a construção de novas centrais hidrelétricas é melhorar a eficiência do sistema atual. Mais de 15% da energia gerada no Brasil está perdida antes de chegar ao consumidor. Existe uma grande oportunidade de modernizar o sistema para maximizar o aproveitamento de energia em usinas já existentes. Outros programas prioritários devem enfatizar uso de turbinas mais eficientes e modernização de equipamento em usinas com mais de 20 anos de operação.

Ao se planejar a construção de uma usina hidrelétrica, se deve considerar as opções de menor impacto ambiental e social, como áreas já devastadas pelo homem, ou mesmo rios já impactados por outras usinas, para evitar a destruição de novos rios e matas íntegras. O reuso da água na indústria possui grande valor econômico e ambiental. Já a adoção de medidas para reduzir o consumo de energia também pode resultar em corte de gastos na cadeia produtiva, atenuando a demanda e a conseqüente construção de novas fontes geradoras. O Vale do Ribeira, extremamente fértil, dotado de uma riqueza excepcional em termos históricos e ambientais, incluindo várias áreas merecedoras de destaque como Patrimônios da Humanidade, sem falar de sua fragilidade, é precisamente um caso que pede ser isento desse tipo de obra.

Vale do Ribeira, entre Cerro Azul e Ribeira.

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2.9. Links relacionados ao tema Recursos Hídricos • Comitê da Bacia Hidrográfica do Ribeira de Iguape e Litoral Sul Envolve 23 municípios, sendo eles: Apiaí, Barra do Chapéu, Barra do Turvo, Cananéia, Cajati, Eldorado, Iguape, Ilha Comprida, Iporanga, Itaoca, Itapirapuã Paulista, Itariri, Jacupiranga, Juquiá, Juquitiba, Miracatu, Pariquera-Açu, Pedro de Toledo, Registro, Ribeira, São Lourenço, Sete Barras, Tapiraí. Tel: (13)3821-3244 Fax: (13)3821-4730 E-mail: [email protected]

• Programa de Gestão de Recursos Hídricos, coordenado pela Agência Nacional de Águas, é um programa do Governo Federal que integra projetos e atividades objetivando a recuperação e preservação da qualidade e quantidade dos recursos hídricos das bacias hidrográficas. Agência Nacional de Águas – ANA TEL: (61) 2109-5400 - www.ana.gov.br

• DRS - Desenvolvimento Regional Sustentável, lançado pelo Banco do Brasil em 2003, busca incentivar a inclusão social, por meio da geração de trabalho e renda, democratizar o acesso ao crédito, impulsionar o associativismo e o cooperativismo, contribuir para a melhora dos indicadores de qualidade de vida e solidificar os negócios com micro e pequenos empreendedores rurais e urbanos, formais ou informais. Banco do Brasil Informações disponíveis no site: www.bb.com.br/appbb/portal/bb/drs/index.jsp

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2. 8. Contatos Relaciona-se a seguir as pessoas chave que direta ou indiretamente tiveram envolvimento com o projeto Brasil das Águas “Sete Rios”, na expedição ao rio Ribeira.

Região Nome Contato Cerro Azul - PR

Prefeitura Municipal

Tel: (41) 3662-1222 / Fax: (41) 3662-1222

Ribeira – SP

Jonas Dias Batista Prefeito Jair Leite Secretário Municipal de Meio Ambiente

Tel: (15) 3555-1149 / Fax: (41) 3555-1132 [email protected] Tel: (15) 9774-4419

Adrianópolis - PR

Osmar Maia Prefeito Elísio Avelar Sec. de Agricultura e Meio Ambiente

Tel: 41-36781282 / Fax: 41-36781319 Tel: (41) 3678-1220 [email protected]

Iporanga - SP

Ariovaldo da Silva Pereira Prefeito Shimi Chefe de Gabinete Evaniel Ciro dos Santos Secretário Municipal de Meio Ambiente

Tel: (015) 3556-1163 / (15) 9742-6218 [email protected]

Tel: (15) 9742-6214

Tel: (15) 9742-6225

Eldorado - SP

Eloi Fouquet Prefeito Rodrigo Aguiar Diretor de Meio Ambiente

Tel: (13) 3871-6100 / (13) 3871-1500 [email protected] Tel: (13) 3871-1208 [email protected]

Registro - SP

Clóvis Vieira Mendes Prefeito Regina Celli Chagas Tosta Chefe de Gabinete Cassiane Secretária de Cultura

Tel: (13) 3828-1000 [email protected] Tel: (13) 3822-4492 / (13) 9158-5075 [email protected]

Iguape - SP

Ariovaldo Trigo Teixeira Prefeito Hércules Negrão Diretor de Administração José Augusto Régio Costa – Diretor de Divisão de Agricultura e Pesca

Tel: (13) 3841-1626 [email protected] Tel: (13) 8114-9335 [email protected] Tel: (13) 3841-1809 / (13) 3841-3248 E-mail: [email protected]

Agradecimentos Além de agradecer a colaboração de todos os citados acima, o projeto gostaria de mencionar especialmente o apoio de Ariane Janer do Institude da Hospitalidade, Malu Ribeira da Rede das Águas, Daniel Spinelli da Praia Secreta, Bira da Pousada Tatu e Natalie Hoare. Todas as fotos foram tiradas pela equipe do projeto.

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Anexo 1. Tabela master com os dados obtidos das amostras coletadas.

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Anexo 2. Estudo das séries históricas da vazão do rio Ribeira

Código Nome da estação fluviométrica Área de drenagem (km2) 81107000 FOZ DO SÃO SEBASTIÃO 3198 81135000 CERRO AZUL 4570 81200000 CAPELA DE RIBEIRA 7252 81350000 IPORANGA 12450

Fonte: Agência Nacional de Águas

Dados referentes ao período de 01/01/1978 a 01/12/2005.

Estação 1 – Foz do São Sebastião

81107000

Vazões

0404030302020101000099999898979796969595949493939292919190908989888887878686858584848383828281818080797978

Vaz

ão (

m3/

s)

1300,0

1250,0

1200,0

1150,0

1100,0

1050,0

1000,0

950,0

900,0

850,0

800,0

750,0

700,0

650,0

600,0

550,0

500,0

450,0

400,0

350,0

300,0

250,0

200,0

150,0

100,0

50,0

Estação 2 – Cerro Azul

81135000

Vazões

0404030302020101000099999898979796969595949493939292919190908989888887878686858584848383828281818080797978

Vaz

ão (

m3/

s)

1850,01800,01750,01700,01650,01600,01550,01500,01450,01400,01350,01300,01250,01200,01150,01100,01050,01000,0950,0900,0850,0800,0750,0700,0650,0600,0550,0500,0450,0400,0350,0300,0250,0200,0150,0100,050,0

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Estação 3 – Capela de Ribeira

81200000

Vazões

0404030302020101000099999898979796969595949493939292919190908989888887878686858584848383828281818080797978

Vaz

ão (

m3/

s)

3100,0

3000,0

2900,0

2800,0

2700,0

2600,0

2500,0

2400,0

2300,0

2200,0

2100,0

2000,0

1900,0

1800,0

1700,0

1600,0

1500,0

1400,0

1300,0

1200,0

1100,0

1000,0

900,0

800,0

700,0

600,0

500,0

400,0

300,0

200,0

100,0

Estação 4 – Iporanga

81350000

Vazões

9695949392919089888786858483828180797877767574737271706968676665646362616059585756555453525150494847464544434241

Vaz

ão (

m3/

s)

3100,0

3000,0

2900,0

2800,0

2700,0

2600,0

2500,0

2400,0

2300,0

2200,0

2100,0

2000,0

1900,0

1800,0

1700,0

1600,0

1500,0

1400,0

1300,0

1200,0

1100,0

1000,0

900,0

800,0

700,0

600,0

500,0

400,0

300,0

200,0

100,0

Obs. Essas estações de medição da ANA estão localizadas no Alto Ribeira. No momento, não há estatísticas consistidas sobre a vazão do Baixo Ribeira.

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