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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO RELATÓRIO FINAL METODOLOGIA DO PROJETO I Turma 26 Grupo A Bernardo Castellini Bichucher 8586259 Emmanuel Gantois Longa Filho 7625625 Letícia Rubinstein Cavalcanti 8586270 Lucas Bitran Giestas 8583152 Marcela Tuboida Ponta 8585971 Marco Vítor de Brito Oliveira 8586284 Marina Borges Martins 8586304 Victor Ismail Miguel 8586408 Professores: Marcelo Massarani e Paulo Carlos Kaminski São Paulo 2015

Relatório final Modelagem Poli-USP

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Relatório da matéria de modelagem do terceiro ano da engenharia mecânica da Escola Politécnica da USP, desenvolvido no primeiro semestre de 2015 e referente ao tema de redução do consumo de água no banho.

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Page 1: Relatório final Modelagem Poli-USP

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

RELATÓRIO FINAL

METODOLOGIA DO PROJETO I

Turma 26 Grupo A

Bernardo Castellini Bichucher 8586259

Emmanuel Gantois Longa Filho 7625625

Letícia Rubinstein Cavalcanti 8586270

Lucas Bitran Giestas 8583152

Marcela Tuboida Ponta 8585971

Marco Vítor de Brito Oliveira 8586284

Marina Borges Martins 8586304

Victor Ismail Miguel 8586408

Professores: Marcelo Massarani e Paulo Carlos

Kaminski

São Paulo

2015

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Turma 26 Grupo A

RELATÓRIO DE ESTUDO DE VIABILIDADE

E PROJETO BÁSICO

Relatório do estudo de viabilidade

e projeto básico para a matéria de

Metodologia de projeto 1, código

PME 2320, do curso de engenharia

mecânica da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo

Professores: Marcelo Massarani e

Paulo Carlos Kaminski

São Paulo

2015

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Page 5: Relatório final Modelagem Poli-USP

Resumo

O presente relatório busca apresentar a metodologia empregada no

desenvolvimento do “Estudo de Viabilidade” e “Projeto Básico” de um sistema mecânico

para auxílio na redução do consumo de água. Em análise encontra-se um dispositivo

que reduz o desperdício de água ocorrente no início do aquecimento de chuveiros a

gás. No “Estudo de Viabilidade”, busca-se justificar a escolha do tema a partir da

identificação de que se trata de uma necessidade real, com um mercado promissor e

com propostas de soluções factíveis nas áreas técnica, ambiental, legal e econômica.

Dessa forma, foram registrados em cada etapa os métodos de pesquisa, análise e seus

respectivos resultados atingidos, em conformidade com a metodologia objeto do curso

PME 2320 (Metodologia do Projeto I) do curso de Engenharia Mecânica da Escola

Politécnica da USP.

Na segunda etapa do projeto, fazendo uso de um método de tomada de decisão,

uma das soluções factíveis é escolhida como a melhor e, a partir de então, análises

mais profundas são feitas a respeito da mesma. Nessas análises, os parâmetros do

produto são ajustados para alcançar-se uma otimização do mecanismo para que,

então, seja feito o primeiro protótipo do mesmo.

Palavras-chave: Água, desperdício, banho, chuveiro a gás, metodologia, viabilidade,

chuveiro híbrido, projeto.

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Abstract

This report aims at presenting the methodology used in the development of the

“Feasability Study” of a mechanical system used in aiding the reduction of water

consumption. In analysis is a device that reduces the waterwaste that occurs at the start

of heating process in gas-heated showers. In the “Feasability Study”,it issought to justify

the themechoice through the recognition that it is indeed a real need, with a promising

market and with feasible solutions in the technical, environmental, legal and economic

areas. Thus, in each step the research methods, analysis and its results were registered

in conformity with the object methodology of the course PME 2320 (Project

Methodology I).

In the second stage of the project , making use of a decision-making method ,

one of the feasible solutions is chosen as the best and deeper analyzes are made

regarding it . In these analyzes, the product parameters are adjusted to achieve an

optimization of themechanical system, aiming the first prototypeproduction.

Keywords: water, waste, bath, gas-heated shower, methodology, feasibility, hybrid

shower, project.

Page 7: Relatório final Modelagem Poli-USP

Lista de Gráficos

Gráfico 1 - Distribuição de consumo de água residencial no Brasil ................................ 16

Gráfico 2 - Distribuição de consumo de água residencial em São Paulo ....................... 17

Gráfico 3 - Frequência de tipos de chuveiro constatada pela pesquisa ......................... 21

Gráfico 4 – Renda dos entrevistados por tipo de chuveiro segundo a pesquisa ............ 22

Gráfico 5 - Relação entre a renda familiar e o tipo de chuveiro segundo a pesquisa ..... 23

Gráfico 6 - Frequência de tipos de chuveiro em indivíduos da classe A e B segundo a

pesquisa ......................................................................................................................... 24

Gráfico 7 - Tempo percebido para aquecimento por tipo de chuveiro segundo a

pesquisa ......................................................................................................................... 25

Gráfico 8 - Percepção de desperdício de água de acordo com o tipo de chuveiro

segundo a pesquisa ....................................................................................................... 26

Gráfico 9 - Tempo esperado de retorno de investimento segundo a pesquisa .............. 27

Gráfico 10 - Preocupação com a crise hídrica por tipo de chuveiro do usuário segundo a

pesquisa ......................................................................................................................... 28

Gráfico 11 - Preocupação com a falta de água por tipo de chuveiro do usuário segundo

a pesquisa ...................................................................................................................... 29

Gráfico 12 - Forma de cobrança de água para usuários de aquecedor a gás de acordo

com a pesquisa .............................................................................................................. 30

Gráfico 13 - Dificuldade de atingir a temperatura ideal do banho de acordo com o tipo

de chuveiro segundo a pesquisa .................................................................................... 31

Gráfico 14 - Pesos normalizados ................................................................................... 76

Gráfico 15 - Relação entre potência e vazão ................................................................. 85

Gráfico 16 - Temperatura de Saída vs Potência ............................................................ 86

Gráfico 17 - Temperatura vs Potência .......................................................................... 100

Gráfico 18 - Temperatura vs Fluxo ............................................................................... 102

Gráfico 19 - Temperatura vs Espiras ............................................................................ 104

Gráfico 20 - Propriedades do solenoide vs Temperatura ............................................. 105

Gráfico 21 - Tamanho vs Temperatura ........................................................................ 107

Gráfico 22 - Razão vs Temperatura ............................................................................. 108

Gráfico 23 - Variação da voltagem no sistema SCR .................................................... 113

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Page 9: Relatório final Modelagem Poli-USP

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Determinação do preço do produto ............................................................... 34

Tabela 2 - Índice de elaboração de alternativas utilizado ............................................... 45

Tabela 3 - Custo dos materiais ....................................................................................... 61

Tabela 4 - Funcionários necessários por etapa.............................................................. 62

Tabela 5 - Salário médio dos trabalhadores ................................................................... 63

Tabela 6 - Matriz para a avaliação comparativa entre os critérios ................................. 75

Tabela 7 - Escala de notas ............................................................................................. 75

Tabela 8 - Pesos normalizados ...................................................................................... 76

Tabela 9 - Escala dos critérios ....................................................................................... 77

Tabela 10 - Escala dos critérios ..................................................................................... 78

Tabela 11 - Escala dos critérios ..................................................................................... 78

Tabela 12 - Atribuição de notas para as soluções .......................................................... 79

Tabela 13 - Propriedades Físicas do PPR (Tigre SA, 2013) .......................................... 91

Tabela 14 - Dimensão do tubo de PPR, linha PN12 (Tigre SA, 2013) ........................... 92

Tabela 15- Tabela de Materiais ...................................................................................... 95

Tabela 16 - Tabela de parâmetros ................................................................................. 97

Tabela 17 - Temperaturas em função da a potência ...................................................... 99

Tabela 18 - Fluxos em função da Temperatura............................................................ 101

Tabela 19 - Número de espiras por temperatura.......................................................... 103

Tabela 20 - Propriedades do solenoide vs Temperatura .............................................. 105

Tabela 21 - Comprimento vs Temperatura ................................................................... 106

Tabela 22 - Diâmetro vs Temperatura ......................................................................... 108

Tabela 23 - Entradas e saídas de cada subsistema ..................................................... 115

Tabela 24 - Equações .................................................................................................. 125

Tabela 25 - Materiais utilizados no protótipo ................................................................ 135

Tabela 26 - Divisão de notas entre integrantes do grupo ............................................. 165

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Page 11: Relatório final Modelagem Poli-USP

Lista de Figuras

Figura 1 - Esboço da solução A ..................................................................................... 40

Figura 2 - Esboço da solução B ..................................................................................... 41

Figura 3 - Esboço da solução C ..................................................................................... 42

Figura 4 - Esboço da solução D ..................................................................................... 44

Figura 5-Water-recycling shower .................................................................................... 54

Figura 6 - Sanitationcompartment for recoveringtheheatfrom hot

wastewaterduringbathing ............................................................................................... 55

Figura 7 - Watersaving system ....................................................................................... 55

Figura 8 - Bath/shower water recycling system .............................................................. 56

Figura 9 - Hybrid Gas-Electric Hot Water Heater ........................................................... 57

Figura 10 - Esquematização da solução escolhida ........................................................ 80

Figura 11 - Separação da solução escolhida em sistemas críticos ................................ 81

Figura 12 - Entradas e Saídas do Sistema de Aquecimento .......................................... 82

Figura 13 - Renderização do modelo em CAD do tubo de PPR (90x180mm) ............... 92

Figura 14 - Modelo de solenoide com hélices internas. Embora comum, não utilizado

por dificuldade de processamento no software CFD. ..................................................... 93

Figura 15: Modelo de solenoide com hélices internas. Embora comum, não utilizado por

dificuldade de processamento no software CFD. ........................................................... 93

Figura 16: Solenoide de diâmetro pequeno e pequeno espaçamento ........................... 94

Figura 17: Renderização da montagem do sistema ....................................................... 96

Figura 18: Visualização do sistema no ambiente do software de CFD .......................... 96

Figura 19 - Gradiente de Temperatura a 0W. Escala de 20 a 21.3ºC ............................ 98

Figura 20 - Gradiente de Temperatura a 6000W. Escala de 20 a 50ºC ......................... 98

Figura 21: Gradiente de Temperatura a 9000W. Escala de 20 a 50ºC .......................... 99

Figura 22 - Entradas e saídas do sistema de controle ................................................. 109

Figura 23 - Funcionamento de um TRAIAC ................................................................. 111

Figura 24 - Divisão de sistemas ................................................................................... 115

Figura 25 - Sensor de temperatura que envia leitura via radio para unidade de controle

..................................................................................................................................... 116

Figura 26 - Esquema de blocos, pontos 3 e 4 sao sensores de temperatura e 8 é a

unidade de aquecimento. ............................................................................................. 117

Figura 27 - Imagens do CAD ........................................................................................ 118

Figura 28 - Adaptador "Macho" - Entrada Chuveiro ..................................................... 127

Figura 29: Adaptador "Femea" - Entrada Tubulação .................................................... 127

Figura 30 - Figura 30: Representação do Tubo ............................................................ 128

Figura 31: Montagem do tubo com o solenoide ........................................................... 128

Figura 32 - Montagem Final do Produto ....................................................................... 129

Figura 33 - Visualização do sistema montado no chuveiro .......................................... 129

Page 12: Relatório final Modelagem Poli-USP

Figura 34 - Zoom da ligação dos tubos........................................................................ 130

Figura 35: Vista que o usuário teria do sistema ........................................................... 130

Figura 36 - Design Thinking ......................................................................................... 132

Figura 37 - Esquema simplificado do protótipo ............................................................ 133

asldad

Page 13: Relatório final Modelagem Poli-USP

SUMÁRIO

1.Introdução ................................................................................................................... 13

2. Objetivo ...................................................................................................................... 14

3. Estudo de Viabilidade ................................................................................................. 15

3.1. Estabelecimento da necessidade ........................................................................ 15

3.2. Análise da pesquisa de mercado ......................................................................... 18

3.3. Determinação do mercado alvo .......................................................................... 32

3.4. Determinação do preço ........................................................................................ 33

3.5. Determinação da produção .................................................................................. 35

3.6. Especificação técnica da necessidade: ............................................................... 37

3.6.1. Método de formulação de características ...................................................... 37

3.6.2. Especificação técnica .................................................................................... 37

4. Desenvolvimento de alternativas ................................................................................ 39

4.1. Solução A: Saída do chuveiro com reservatório externo ..................................... 39

4.2. Solução B: reservatório proximal acoplado com mistura de água ....................... 40

4.3. Solução C: reservatório proximal com micro aquecimento constante ................. 42

4.4. Solução D: aquecimento elétrico de passagem .................................................. 43

5. Análises ...................................................................................................................... 45

5.1. Análise técnica ..................................................................................................... 45

5.1.1. Saída do chuveiro com reservatório externo ................................................. 45

5.1.2. Reservatório proximal acoplado com mistura de água .................................. 48

5.1.3. Reservatório proximal com micro aquecimento constante ............................ 50

5.1.4. Aquecimento elétrico de passagem .............................................................. 51

5.2. Análise Legal ....................................................................................................... 53

5.2.1. Patentes ........................................................................................................ 53

5.2.1.1. Water-recycling shower, US4893364 (A) ― 1990-01-16 ........................... 53

5.2.1.2. Sanitation compartment for recovering the heat from hot wastewater during

bathing, WO2013020191 (A1) ― 2013-02-14 ......................................................... 54

5.2.1.3. Water saving system, WO2013026116 (A1) ― 2013-02-28 ...................... 55

5.2.1.4. Bath/shower water recycling system, US5345625 (A) ― 1994-09-13 ........ 56

Page 14: Relatório final Modelagem Poli-USP

5.2.1.5. Hybrid gas-electric hot water heater, US2013266295 (A1) ― 2013-10-10 56

5.2.2. Comparação com as soluções propostas ..................................................... 57

5.2.2.1. Saída do chuveiro com reservatório externo ............................................. 57

5.2.2.2. Reservatório proximal acoplado com mistura de água .............................. 58

5.2.2.3. Reservatório proximal com micro aquecimento constante ........................ 58

5.2.2.4. Aquecimento elétrico de passagem ........................................................... 58

5.2.3. Normas ......................................................................................................... 58

5.2.3.1. ABNT NBR 5410:2004 .............................................................................. 59

5.2.3.2. NBR 13103 ................................................................................................ 59

5.2.3.3. NBR 7198/93 ............................................................................................. 59

5.3. Análise Econômica .............................................................................................. 60

5.3.1. Gastos com materiais ................................................................................... 60

5.3.2. Gastos com mão de obra: salários e encargos trabalhistas ......................... 62

5.3.3. Gastos com aluguel ...................................................................................... 63

5.3.4. Gastos com o processo de fabricação .......................................................... 64

5.3.5. Gastos com expedição ................................................................................. 65

5.3.6. Gastos com tributação .................................................................................. 65

5.3.7. Cálculo dos custos das alternativas .............................................................. 65

5.3.7.1. Saída do chuveiro com reservatório externo ............................................. 66

5.3.7.2. Reservatório proximal acoplado com mistura de água .............................. 66

5.3.7.3. Reservatório proximal com micro aquecimento constante ........................ 66

5.3.7.4. Aquecimento elétrico de passagem .......................................................... 67

5.3.8. Seleção das alternativas economicamente viáveis ....................................... 67

5.4. Análise Ambiental ................................................................................................ 67

5.4.1. Saída do chuveiro com reservatório externo ................................................ 69

5.4.2. Reservatório proximal acoplado com mistura de água ................................. 69

5.4.3. Reservatório proximal com micro aquecimento constante ........................... 69

5.3.4. Aquecimento elétrico de passagem .............................................................. 69

6. Projeto básico ............................................................................................................ 70

6.1. Escolha da melhor alternativa ................................................................................. 70

6.1.1. Matriz de decisão .......................................................................................... 70

Page 15: Relatório final Modelagem Poli-USP

6.1.1.1. Escolha dos critérios .................................................................................. 70

6.1.1.2. Peso dos critérios ....................................................................................... 74

6.1.1.3. Avaliação das soluções .............................................................................. 77

6.2. Análises de sensibilidade ..................................................................................... 80

6.2.1. Análise de sensibilidade de aquecimento ..................................................... 81

6.2.1.1. Modelo simbólico ........................................................................................ 83

6.2.1.2. Relação entre potência e vazão ................................................................. 85

6.2.1.3. Relação entre potência e temperatura de saída ........................................ 86

6.2.1.4. Análises restantes: Geometria da Solenoide e do Tubo ............................ 87

6.2.2. Simulação em software CFD ......................................................................... 90

6.2.2.1. Modelagem de testes ................................................................................ 91

6.2.2.2. Variação da Potência ................................................................................. 97

6.2.2.3. Variação do Fluxo .................................................................................... 101

6.2.2.4. Alteração do formato da resistência ......................................................... 103

6.2.2.5. Alteração do diâmetro do tubo ................................................................. 106

6.2.2. Análise de sensibilidade do controle ........................................................... 109

6.2.2.1. Sistema de controle .................................................................................. 109

6.2.2.2. Escolha do método e componentes de controle ...................................... 111

6.2.2.3. Corrente Alternada e o Algoritmo de controle .......................................... 112

6.2.2.4. Valor de temperatura ................................................................................ 114

6.3. Análise de Compatibilidade ............................................................................... 114

6.3.1. Compatibilidade Funcional .......................................................................... 115

6.3.2. Compatibilidade de Material ........................................................................ 117

6.3.3. Compatibilidade Dimensional ...................................................................... 118

6.4 Análise de estabilidade ....................................................................................... 118

6.4.1. Pressão excessiva em razão do fluxo de água na tubulação ...................... 119

6.4.2. Elevada variação repentina da voltagem .................................................... 120

6.4.3. Presença de bolhas de ar na tubulação ...................................................... 121

6.4.4. Presença de materiais sólidos, impurezas, na água ................................... 121

6.4.5. Evaporação da água devido à resistência ................................................... 122

6.4.6. Entrada de água muito fria ou muito quente ............................................... 123

Page 16: Relatório final Modelagem Poli-USP

6.4.7. Características físico-químicas do material utilizado na tubulação (PPR) . 123

6.5. Otimização ........................................................................................................ 124

6.6. Prototipagem ..................................................................................................... 131

6.6.1. Conceito ..................................................................................................... 131

6.6.2. Programa de desenvolvimento ................................................................... 133

6.6.2.1. Definição da função crítica....................................................................... 133

6.6.2.2. Modelos elaborados ................................................................................ 133

6.6.2.3. Materiais utilizados .................................................................................. 134

6.6.2.4. Testes ...................................................................................................... 135

6.6.2.5. Aprendizados ........................................................................................... 136

7. Conclusão ................................................................................................................ 137

8. Referências .............................................................................................................. 138

9. Anexos ..................................................................................................................... 145

9.1 Anexo 1: memorial de cálculo ............................................................................ 145

9.2. Anexo 2: pesquisa ­ aquecimento de chuveiros ................................................ 147

9.3. Anexo 3: testes de hipótese realizados ............................................................. 150

9.4. Anexo 4 ............................................................................................................. 158

9.5. Anexo 5: Código de uma placa dedicada .......................................................... 160

9.6. Anexo 6: divisões de nota do trabalho .............................................................. 165

Page 17: Relatório final Modelagem Poli-USP
Page 18: Relatório final Modelagem Poli-USP
Page 19: Relatório final Modelagem Poli-USP

13

1.Introdução

O projeto em questão busca soluções que reduzam o consumo de água em meio

a um período de forte estresse hídrico no estado de São Paulo. Iniciado em 2014, o

cenário de crise hídrica no estado mais populoso do Brasil está associado a um quadro

de seca, aliado a deficiências em infraestrutura e planejamento. Como consequência

desse cenário, foram implementadas políticas públicas como campanhas de

conscientização, bônus sobre conta de água, redução de pressão de abastecimento e

racionamentos, entre outras iniciativas de controle do consumo e oferta de água, afim

de se evitar o esgotamento de suas reservas.

Segundo Freitas e Santos (1999), dados da Organização Meteorológica Mundial

apontam que o consumo mundial de água aumentou mais de seis vezes em menos de

um século, mais do que o dobro das taxas de crescimento da população, e continuará a

crescer com a elevação do consumo nos setores agrícola, industrial e doméstico. Um

estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) realizado em 2010 apontava que, até o

fim do ano de 2015, 55% dos municípios brasileiros poderão ter abastecimento

deficitário decorrente de problemas com a oferta de água do manancial, em quantidade,

qualidade e/ou com a capacidade dos sistemas produtores (MARTINS, 2011). Tais

dados apontam para a necessidade de se empregar ações eficientes na gestão hídrica

e na criação de soluções que reduzam o consumo de água afim de se evitar um quadro

de estresse hídrico generalizado no futuro.

O Brasil é tido como um país rico em recursos hídricos, sendo detentor de 12% a

14% de toda água doce do mundo. No entanto, a distribuição das reservas de água não

segue a da população, como visto no estado de São Paulo, em que 1,6% da água do

país situa-se onde reside um quarto da população (SABESP, 2008). Tal disparidade se

acentua pelo fato de que a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) apresenta-se

como centro econômico, financeiro e técnico do país, resultando em uma alta demanda

per capita de água para manter a sua produtividade. De fato, o consumo per capta de

água na RMSP é de 175 litros, 27% superior ao visto na Alemanha, 9% superior ao

visto na França e 65 litros a mais do que o recomendado pela ONU (Folha de S. Paulo

12/08/14).

Page 20: Relatório final Modelagem Poli-USP

14

Segundo a Aliança pela Água de São Paulo, organização que reúne membros da

sociedade civil que visa contribuir para a questão hídrica no Estado, quatro fatores

principais ocasionaram na situação instalada em São Paulo: uso não racional da água;

desmatamento e poluição das áreas de mananciais; déficit de chuvas e falta de

transparência na gestão dos recursos hídricos. De fato, dados como o nível de água

que não gera receita no Estado apontam que 40% da água fornecida à rede de

abastecimento são perdidos via vazamentos ou, mesmo quando fornecidos aos

clientes, não estão sendo faturados (SABESP, 2009), demonstrando um quadro grave

de uso ineficiente da água. No âmbito de gestão das reservas de água, desde o

processo de renovação do contrato de outorga do Sistema Cantareira para a Sabesp,

em 2004, a necessidade de mais investimentos devido às projeções de demanda de

água para os anos seguintes era considerada uma contrapartida essencial

(Superinteressante, 2015). No entanto, dez anos depois, a conclusão insuficiente das

obras necessárias no manancial contribuiu para a situação de mal abastecimento no

estado.

Dado o cenário em questão, a busca por soluções depende do comprometimento

de cada parcela da sociedade, incluindo o poder público, empresas de saneamento,

industrias, comércio, agricultura e até as faixas residenciais. Nesse âmbito, a

engenharia se posta como uma ferramenta poderosa na produção de soluções e

inovações que auxiliem o uso racional da água. As soluções desenvolvidas no projeto a

seguir visam auxiliar a população na redução do consumo de água, provendo conforto e

a manutenção da qualidade de vida do meio social.

2. Objetivo

O objetivo do presente trabalho é apresentar o Estudo de Viabilidade e

Projeto Básico de um projeto de dispositivo mecânico que reduza o desperdício de

água no início do aquecimento em banhos com chuveiros a gás. Serão apresentados,

por conseguinte, as análises e dados que embasaram a tomada de decisões e o

conjunto de propostas de soluções viáveis técnica e economicamente. O trabalho se

restringirá a metodologia proposta no decorrer da disciplina Metodologia do Projeto I e

Page 21: Relatório final Modelagem Poli-USP

15

no livro “Desenvolvendo Produtos com Planejamento, Criatividade e Qualidade”

(KAMINSKI, 2000), tendo como norte a redução do consumo de água aliado a

manutenção da qualidade de vida do usuário.

3. Estudo de Viabilidade

3.1. Estabelecimento da necessidade

A questão do uso racional da água é recorrente na última década, havendo uma

percepção crescente para a causa desde a crise hídrica eclodida em 2014. Nesse

sentido, uma boa gestão de uso da água é necessária devido ao seu custo e

disponibilidade limitada. Com isso em vista, evitar o desperdício de água é não só uma

necessidade, como também um dever cultural do cidadão perante a sociedade e o meio

ambiente.

Diante desse cenário, tornou-se necessário escolher uma esfera econômica

sobre a qual o trabalho se debruçaria: agricultura, indústria, comércio ou residências.

Pela proximidade com a realidade dos integrantes do grupo e por contar com um

mercado amplo, diversificado e aberto a inovações, a esfera residencial foi escolhida

como foco do grupo.

Segundo relatório da Agência Nacional de Águas (ANA, 2012), o uso urbano de

água corresponde a cerca de 9% de toda água consumida no Brasil, estando atrás do

uso em irrigação (72%) e animal (11%), porém na frente da indústria (7%). Dentro

desse panorama, na região metropolitana de São Paulo, o consumo de água

residencial corresponde a 84,4% do consumo total urbano, incluindo o consumo em

pequenas indústrias (MARTINS, 2011). Desse modo, é de se considerar que, embora

não represente o consumo de maior peso para o país, o uso doméstico de água ainda

representa uma parcela significativa do balanço hídrico no país e sua redução é de

extrema importância na conservação dessa riqueza.

No âmbito residencial, os focos de desperdício de água estão distribuídos sobre

diversas subáreas, como na cozinha, na lavagem de carro e pisos, no vaso sanitário e

Page 22: Relatório final Modelagem Poli-USP

16

no chuveiro. O peso de cada uma dessas áreas varia conforme a condição

socioeconômica, cidade, número de moradores e outras particularidades da residência

analisada (MARTINS, 2011). A figura abaixo retrata a distribuição do consumo de água

no Brasil.

Gráfico 1 - Distribuição de consumo de água residencial no Brasil

Fonte:(CHAGURI JUNIOR, 2009)

Nota-se a predominância no cenário nacional do uso da bacia sanitária e do

chuveiro, respectivamente. No entanto, como o foco do projeto se restringirá ao estado

de São Paulo e a distribuição de consumo de água varia conforme condições

socioculturais e geográficos, um estudo especifico para a região torna-se relevante.

Sendo assim, o gráfico da distribuição de consumo para a cidade de São Paulo pode

ser visto no gráfico 2.

Page 23: Relatório final Modelagem Poli-USP

17

Gráfico 2 - Distribuição de consumo de água residencial em São Paulo

Fonte: (CHAGURI JUNIOR, 2009)

Nesse cenário, o uso do chuveiro representa o principal foco de consumo de

água residencial na cidade de São Paulo. A disparidade entre a distribuição do

município e do país pode ser explicada por diferenças dos aparelhos hidros sanitários

em relação ao volume de água consumido, do perfil do usuário, da geografia da região

e do sistema de aquecimento de água utilizados nas residências estudadas (CHAGURI

JUNIOR, 2009). Desse modo, a procura por uma solução que reduza o consumo de

água em chuveiros terá impacto direto sobre a quantidade de água consumida no nicho

residencial.

Diversas fontes de desperdício de água no banho foram elencadas buscando

uma otimização do consumo de água em chuveiros, como os períodos de

ensaboamento do usuário, vazamentos em canos e goteiras, deficiências no

aquecimento, não reutilização da água gasta, dentre outras possibilidades. Após

cuidadosa ponderação, optou-se por abordar como foco do trabalho a água

desperdiçada no início do banho de chuveiros a gás, perdida no intervalo de tempo em

que se espera que a água fria atinja sua temperatura ideal. A escolha desse problema

se justificou, em primeiro momento, pela percepção de que a espera referida se trata de

uma situação de desconforto para o usuário aliada ao desperdício de uma grande

quantidade de água. Sendo assim, supôs-se que haveria um desejo latente e uma

Page 24: Relatório final Modelagem Poli-USP

18

disposição por parte dos indivíduos detentores de chuveiros a gás em abraçar uma

solução que os desse conforto, ganhos ecológicos e econômicos. A validade dessa

suposição foi conferida por meio de um estudo de mercado, descrito na seção 3.2.

Em relação à análise da origem, constata-se que esta não é uma necessidade

declarada, mas real. Isso porque o cliente não afirma precisar do nosso produto

especificamente, mas de algo efetivo à economia de água.

Pela própria natureza do chuveiro a gás, o qual requer maior investimento para

instalação e utilização, os usuários que optam pela sua utilização têm como principal

objetivo obter maior conforto e prazer no banho. Sendo assim, o conforto do

consumidor é uma necessidade explícita a ser considerada, assim como a praticidade

do produto.

Além disso, é necessário que a solução seja financeiramente acessível ao

mercado consumidor alvo e apresente vantagens frente a outros produtos existentes no

mercado tanto na questão do preço, quanto no quesito de custos para o usuário, como

o consumo de energia e manutenção. No entanto, por ser uma solução que traz

benefícios ao meio ambiente, é sabido que há disposição do consumidor em pagar um

pouco mais caro pelo produto (LAGES, 2002), abrindo espaço para uma maior margem

de preço em relação ao estado atual do mercado.

Ainda referente ao mercado alvo prospectado, por conta de o dispositivo

planejado se tratar de uma inovação tecnológica, espera-se que este seja acessível e

de interesse às classes média e alta. No entanto, o alto nível de substituição de marcas

nesse mercado torna necessário que o produto execute sua função de modo eficiente e

confiável, de forma que os concorrentes não tenham a possibilidade imediata de lançar

uma versão melhorada.

3.2. Análise da pesquisa de mercado

A fim de se melhor traçar o perfil e as necessidades dos consumidores em

potencial do produto em questão, foi feita uma pesquisa de mercado por meio de

mídias sociais e em lojas de materiais de construção de grande porte localizadas na

cidade de São Paulo. A escolha dos locais de execução da pesquisa se dão pelos

Page 25: Relatório final Modelagem Poli-USP

19

seguintes motivos: no caso das mídias sociais, a facilidade de divulgação e coleta dos

dados e abrangência da amostra; no caso da loja de materiais, a possibilidade de

abordar um público focado em melhorias para casa e que se aproxime dos clientes em

potencial. A população da pesquisa se restringiu a residentes da Região Metropolitana

de São Paulo.

O questionário aplicado segue em anexo ao fim do projeto (ANEXO 2). A

metodologia aplicada segue a proposta por Chagas (2000) e Günther (1999), os quais

embasaram a formulação, formatação e sequenciamento das perguntas. Optou-se por

aplicar um questionário fechado, combinando variáveis quantitativas contínuas,

discretas e qualitativas ordinais. Conforme recomenda a bibliografia, fora também

realizado inicialmente um pré-teste da pesquisa, permitindo a sua correção e

aprimoramento.

A montagem de uma pesquisa quantitativa de mercado requer vasta capacidade

técnica e arcabouço estatístico para sua correta efetivação. As dificuldades em se

estabelecer uma amostragem representativa da população, em se formular perguntas

atendendo a critérios de objetividade e clareza e em se utilizar um campo apropriado de

aplicação do questionário certamente aumentarão a incerteza associada à pesquisa e

diminuirão o seu poder de retratar a realidade (CHAGAS, 2000). Desse modo, é de se

esperar que a pesquisa não represente de forma fiel a população dos usuários em

potencial do produto, mas, afim de se possibilitar a tomada de conclusões e decisões, a

representatividade será considerada próxima à real.

Os objetivos por trás da pesquisa de mercado são de responder às perguntas

enumeradas na lista que sucede.

● Perfil do usuário: Qual o perfil socioeconômico dos nossos usuários? A classe

social tem relação com o tipo de chuveiro do indivíduo? O perfil socioeconômico

escolhido previamente (classes média e alta) estão representadas na pesquisa

realizada?

● Características do chuveiro: Qual a forma de aquecimento da água na

residência? Como possuir um tipo de chuveiro diferente (exemplo: elétrico ou a

gás) influi na experiência do usuário no banho? Como é cobrada a conta de água

da residência?

Page 26: Relatório final Modelagem Poli-USP

20

● Aquecimento e Desperdício: O desperdício de água que ocorre no tempo de

aquecimento do chuveiro é considerado relevante pelos usuários? Quanto tempo

ele estimaria que demora para o aquecimento se estabelecer na sua forma

plena? Existe uma dificuldade em se manter a temperatura da água, uma vez ela

já atingida?

● Investimento e Retornos: Qual o tempo desejado de retorno do investimento? O

quão preocupado o usuário está com a crise hídrica?

A seguir, são expostos os principais resultados da pesquisa realizada, junto com

análises estatísticas que permitam tirar conclusões significativas sobre os dados

colhidos. Os softwares de tratamento de dados utilizados foram o Microsoft Excel e o

Minitab, o primeiro para simples análise de dados, o último para realização de testes de

hipótese. Os gráficos gerados por cada um dos softwares possuem formatação distinta,

o que resultará em uma variedade não intencional na aparência dos gráficos vistos a

seguir.

Um total de 108 pessoas responderam ao questionário. O indivíduo médio que

respondeu à pesquisa apresenta 23 anos de idade e renda familiar superior a dez

salários mínimos (Classes A e B). A maioria apresentou residência nas regiões Sul e

Oeste de São Paulo, sendo os cinco bairros mais comuns (totalizando 67% das

respostas), em ordem: Butantã, Pinheiros, Vila Mariana, Santo Amaro, Morumbi. Desse

modo, os principais reservatórios que atendem os inquiridos são o sistema Cantareira,

seguido da represa Guarapiranga.

Page 27: Relatório final Modelagem Poli-USP

21

Gráfico 3 - Frequência de tipos de chuveiro constatada pela pesquisa

Fonte: Próprio autor

O estudo da renda dos indivíduos está presente na Figura 4, que segue abaixo.

O gráfico escolhido para a análise foi o de colunas empilhadas. Esse método permite

uma avaliação tanto da distribuição de renda total dos usuários do estudo (comparação

da altura das colunas de cada faixa de renda), quanto da distribuição de cada tipo de

chuveiro dentro de uma faixa de renda (diferença na composição de cada coluna). A

análise da renda dos usuários permitiu determinar que a maioria dos entrevistados

(73,31%) pertencem às classes A e B (faixa de renda acima de 10 salários mínimos).

Além disso, torna-se visível que a maioria dos indivíduos de alta renda possuem

chuveiros a gás, enquanto o chuveiro elétrico predomina nas rendas mais baixas. Uma

análise comparativa mais aprofundada entre as rendas de usuários de chuveiros a gás

e elétrico será feita adiante no trabalho.

Page 28: Relatório final Modelagem Poli-USP

22

Gráfico 4 – Renda dos entrevistados por tipo de chuveiro segundo a pesquisa

Fonte: Próprio autor

Como o escopo do produto a ser desenvolvido foca nos usuários de sistemas de

aquecimento a gás, torna-se relevante um estudo mais aprofundado de suas respostas

e a comparação destas com as de pessoas detentoras de outros sistemas de

aquecimento. A base comparativa tomada será o chuveiro elétrico, que será

estabelecido como hipótese de modelo de baixo desperdício de água no tempo de

aquecimento. Analisando os indivíduos que afirmaram possuir chuveiro com sistema de

aquecimento a gás, algumas particularidades do usuário tornaram-se notáveis.

A primeira característica analisada foi a renda familiar. Por meio de um teste de

hipóteses t-Student de duas variáveis, comparou-se a renda familiar dos indivíduos

portadores de chuveiro elétrico versus o aquecedor a gás. O objetivo do teste é analisar

a faixa de renda dos usuários de chuveiro a gás e avaliar se essa pode ser considerada

superior à renda dos usuários de chuveiro elétrico. O memorial de cálculo dos testes de

hipóteses realizados e a fundamentação teórica deles seguem em anexo no relatório

(ANEXO 3).

2,9% 5,8%

22,1% 22,1%

4,8%

1,0%

1,0%

4,8%

12,5%

12,5%

10,6%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

2 a 4 4 a 10 10 a 20 acima de 20

Per

cen

tual

de

Res

po

stas

Faixa de Renda (em salários mínimos)

Renda dos entrevistados vs Tipo de Chuveiro

chuveiro elétrico

aquecedor solar

aquecedor híbrido (ex: elétrico + gás)

aquecedor a gás

Page 29: Relatório final Modelagem Poli-USP

23

Gráfico 5 - Relação entre a renda familiar e o tipo de chuveiro segundo a pesquisa

Fonte: Próprio autor

A pergunta realizada foi “A renda da sua família equivale a quantos salários

mínimos?”. Como o questionário apresentava faixas de renda, cada faixa foi

aproximada pelo seu ponto médio. A faixa máxima (acima de 20 salários mínimos) foi

estimada em 30 salários, baseando-se na pesquisa Datafolha (2013) que situa a

maioria dos indivíduos de classe A e B dentro da faixa de renda entre R$13.560 e

R$33.900. A renda média das famílias com aquecedor a gás foi de 19,75 (± 9,38)

salários mínimos, enquanto a de chuveiro elétrico foi de 15,02 (± 9,91). O teste

estatístico apresentou que, com intervalo de confiança de 95%, a renda das famílias

com aquecedor a gás pode ser considerada superior às de aquecimento elétrico.

Como a renda média dos indivíduos detentores de chuveiro a gás os situava

como pertencentes as classes A e B, torna-se interessante o estudo da distribuição dos

tipos de chuveiro especificamente para essa classe. Tal análise, presente na figura a

Page 30: Relatório final Modelagem Poli-USP

24

seguir, permite concluir que 60,3% dos indivíduos das classes A e B possuem chuveiro

a gás.

Gráfico 6 - Frequência de tipos de chuveiro em indivíduos da classe A e B segundo a pesquisa

Fonte: Próprio autor

A segunda comparação realizada foi referente ao tempo percebido de

aquecimento da água. Perguntou-se aos entrevistados sobre qual faixa de tempo eles

estimavam que levava para o chuveiro começar a fornecer água em temperatura

aquecida. Os resultados para o chuveiro a gás e elétrico podem ser comparados a

seguir.

Assim como no passo anterior, cada faixa de tempo foi aproximada pelo seu

ponto médio. O tempo médio com aquecedor a gás foi de 0,97 (± 0,97) minuto,

enquanto o de chuveiro elétrico foi de 0,30 (± 0,15). A grande dimensão do erro no

tempo estimado dos aquecedores a gás pode ser explicada pela diversidade de fatores

que provocam o atraso referido, como distância do banheiro ao aquecedor, modelo do

aquecedor e natureza da tubulação. Como cada residência possui suas próprias

60,3%

6,6% 1,3%

31,8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

aquecedor a gás aquecedor híbrido (ex:elétrico + gás)

aquecedor solar chuveiro elétrico

Pe

rce

ntu

al d

e R

esp

ost

as

Tipo de Chuveiro

Frequência de Tipos de Chuveiro em Indivíduos da Classe A e B

Page 31: Relatório final Modelagem Poli-USP

25

particularidades, era esperado uma grande variância entre as respostas dadas ao

chuveiro a gás. O baixo desvio e a brevidade no aquecimento identificados no chuveiro

elétrico corroboram a hipótese deste atuar como modelo satisfatório de esquentamento

ágil de água. Por fim, o teste t-Student confirmou que, com intervalo de confiança de

95%, o tempo percebido de aquecimento a gás pode ser considerada superior às de

aquecimento elétrico.

Gráfico 7 - Tempo percebido para aquecimento por tipo de chuveiro segundo a pesquisa

Fonte: Próprio autor

A próxima análise busca assessorar caso há uma percepção de desperdício

relevante de água no tempo que o chuveiro leva para. Diferentemente da pesquisa

sobre tempo de desperdício, a qual visava fornecer um dado quantitativo sobre a

natureza do problema (número de minutos e, por conseguinte, litros desaproveitados), a

da percepção de desperdício relevante tem como objetivo fornecer um dado qualitativo,

ou seja, se o usuário enxerga uma necessidade de redução daquele tempo. A

comparação entre os chuveiros elétricos e a gás pode ser vista a seguir.

Page 32: Relatório final Modelagem Poli-USP

26

Gráfico 8 - Percepção de desperdício de água de acordo com o tipo de chuveiro segundo a pesquisa

Fonte: Próprio autor

O teste foi feito a partir da pergunta “Você sente que há um desperdício

relevante de água no tempo que o chuveiro leva para aquecer? ”. A questão proposta

tem como respostas possíveis “Sim” e “Não”, apresentando-se como uma pergunta

binária e possibilitando a interpretação da resposta positiva como “1” e a negativa como

“0". A média de respostas que identificaram um desperdício relevante para o aquecedor

a gás foi de 78,9%, enquanto a mesma resposta para o chuveiro elétrico foi 34,1%. A

partir de um teste de hipóteses t-Student, com intervalo de confiança de 95%, a

hipótese de que a percepção de desperdício no aquecimento a gás é maior à

percepção no elétrico pode ser considerada verdadeira. Esse resultado indica que há

uma consciência por parte da população de que há um desperdício a ser evitado no

início do banho, contribuindo para a fundamentação da necessidade que deseja-se

avaliar.

Page 33: Relatório final Modelagem Poli-USP

27

O próximo passo é avaliar o tempo esperado de retorno do investimento dos respondentes. A pesquisa

foi feita apresentando diferentes faixas de tempo e perguntando em qual delas o indivíduo esperava obter

um retorno para o investimento feito no chuveiro, partindo do pressuposto de que a economia de água

levaria a ganhos econômicos. Como se almeja saber especificamente os resultados do chuveiro a gás,

focaremos nas respostas desse modal.

Gráfico 9 - Tempo esperado de retorno de investimento segundo a pesquisa

Fonte: Próprio autor

Uma análise inicial indica que aproximadamente 33% dos consumidores aceitam

aguardar mais de doze meses pelo retorno do seu investimento inicial, o que se

mostrou como a opção preferida pelos inquiridos. No entanto, buscando um resultado

que melhor embase a tomada de decisões, optou-se por determinar a faixa de tempo

acima da qual a maioria absoluta (50%) dos usuários aceita obter o retorno pelos seus

investimentos. Os resultados indicam que 63,1% dos entrevistados aceitam um produto

com retorno igual ou superior a nove meses. Como resultados estatísticos possuem um

alto nível de imprecisão, é realizado um teste estatístico para determinar se há

confiabilidade em afirmar que mais de 50% dos usuários aceitam um retorno acima de

5,3%

14,0%

17,5%

29,8%

33,3%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

3 meses 3 a 6 meses 6 a 9 meses 9 a 12 meses mais de 12 meses

Pe

rce

ntu

al d

e R

esp

ost

as

Faixas de Tempo de Retorno

Tempo Esperado de Retorno de Investimento (Aquecedor a Gás)

Page 34: Relatório final Modelagem Poli-USP

28

nove meses. O teste de hipótese de proporção (supondo uma amostra populacional

com distribuição próxima à de Bernoulli) indicou que a hipótese é válida com 95% de

confiança, sendo possível afirmar nesse nível de certeza que a proporção de pessoas

dispostas a esperar mais de nove meses é superior a 51,43%.

O resultado final da pesquisa de tempo esperado de retorno do investimento

indica que a maioria absoluta dos usuários espera um retorno financeiro dos seus

investimentos em um intervalo de tempo superior a nove meses, e que uma grande

porção dessa faixa de usuários também aceita em um intervalo de tempo superior a

doze meses. É importante frisar que essa análise foca no produto sob uma ótica

estritamente econômica, sendo que no decorrer do processo haverá outros retornos ao

usuário, como nos âmbitos ambiental e de conforto. A depender do enfoque dado na

venda do produto, é de se supor que há margem para flexibilização do tempo em que o

produto deva se pagar.

A próxima análise foi em relação a preocupação com a falta de água. Deseja-se

saber, inicialmente, a preocupação geral dos respondentes com a falta de água,

seguida de uma comparação para ver se há diferença estatística entre os usuários de

chuveiro a gás e elétrico.

Gráfico 10 - Preocupação com a crise hídrica por tipo de chuveiro do usuário segundo a pesquisa

Fonte: Próprio autor

Page 35: Relatório final Modelagem Poli-USP

29

O gráfico mostra a distribuição do nível de preocupação com a crise hídrica por

tipo de chuveiro por meio de barras empilhadas. A pergunta realizada no questionário

fora “De 1 a 5, o quanto você se preocupa com a escassez de água? ”, sendo que “1”

representava muito pouco preocupado e “5” representava muito preocupado. A média

do resultado ficou em “3,9”, o que se aproxima da moda de “4” e indica que há uma alta

preocupação entre os usuários com a possibilidade de escassez de água.

Gráfico 11 - Preocupação com a falta de água por tipo de chuveiro do usuário segundo a pesquisa

Fonte: Próprio Autor

A comparação entre os chuveiros elétrico e a gás demonstra que os usuários de

ambos sistemas de aquecimento possuem preocupação semelhante com a falta de

água. De fato, o chuveiro elétrico apontou um resultado médio de 3,8 (± 1,0), enquanto

o a gás apresentou nota 3,9 (± 1,1), diferença a qual foi considerada desprezível por

meio de um teste de hipótese t-Student com 95% de confiança. Sendo assim, é

Page 36: Relatório final Modelagem Poli-USP

30

possível concluir que o mercado apresenta uma preocupação alta para muito alta com

relação à possibilidade de desabastecimento de água.

A análise seguinte busca saber como é a forma de cobrança de água na

residência. O pagamento da conta de água em imóveis, principalmente em

apartamentos, segue duas lógicas possíveis: individual, em que o residente paga sua

própria conta de água; ou coletivo, em que a conta do edifício é rateada igualmente

entre os moradores e o pagamento já é incluso na taxa de condomínio,

independentemente do consumo individual. O modelo de cobrança individual predomina

em casas, enquanto o hidrômetro coletivo predomina em apartamentos, mas tem

apresentado uma tendência de migração para o individualizado por estimular maior

consumo de água diante de um cenário de crise hídrica (fonte: G1). O resultado da

pesquisa de forma de cobrança de água para os usuários de chuveiro a gás é visto a

seguir.

Gráfico 12 - Forma de cobrança de água para usuários de aquecedor a gás de acordo com a pesquisa

Fonte: Próprio autor

As respostas da pergunta indicam que a maioria dos usuários paga a conta de

água de forma coletiva, mas que uma parcela significativa também o faz de forma

individual. De fato, um teste de hipótese de proporção de uma amostra indica que, com

Page 37: Relatório final Modelagem Poli-USP

31

intervalo de confiança de 95%, é possível afirmar que entre 28% e 55% dos indivíduos

com chuveiro a gás possuem cobrança individual de água. Essa informação tem

impacto direto na população que o produto pode atingir, pois supõe-se que um

consumidor estará mais disposto a comprar um produto se isso produzir uma economia

direta na sua conta de água. Sendo assim, esse resultado será levado em conta na

hora de definição da fatia de mercado do produto e na hora de se estimar sua produção

mensal.

A última análise realizada se refere à dificuldade do usuário em fazer o ajuste

fino da temperatura da água. A pergunta realizada em questionário foi “Quão difícil é (1

a 5) atingir e manter a temperatura ideal da água no banho? ”, sendo o valor “1” tido

como muito fácil e “5” como muito difícil. A pergunta em questão teve como objetivo

determinar caso o produto deveria contar com a funcionalidade de ajuste da

temperatura da água durante o banho.

Gráfico 13 - Dificuldade de atingir a temperatura ideal do banho de acordo com o tipo de chuveiro

segundo a pesquisa

Fonte: Próprio autor

Page 38: Relatório final Modelagem Poli-USP

32

O resultado da análise indicou que ambos chuveiros a gás e elétrico

apresentaram nível fácil de dificuldade em se atingir e manter a temperatura ideal do

banho, com médias de 2,35 (± 1,0) e 2,25 (± 1,1), respectivamente. Um teste de

hipótese t-Student indiciou, com 95% de confiança, que não há diferença estatística

entre a dificuldade para os dois tipos de chuveiros. Sendo assim, os resultados indicam

que não há a necessidade de se incluir uma funcionalidade que realize um ajuste fino

da temperatura do banho.

Por fim, resume-se as principais conclusões sobre os usuários de chuveiro a gás

derivadas da pesquisa de mercado. Os usuários são em maioria pertencentes às

classes A e B, e possuem renda familiar superior ao chuveiro elétrico. O tempo

percebido de aquecimento da água é de 57 segundos, sendo considerado um

desperdício relevante pelos usuários e cuja percepção é superior à dos detentores de

chuveiro elétrico. O tempo esperado de retorno do investimento pela maioria absoluta

dos entrevistados é superior a nove meses. Há uma alta preocupação dos indivíduos

com a crise hídrica, além de ligeira predominância da cobrança coletiva da água e

dificuldade pequena em se manter a temperatura ideal no banho. Essas conclusões

serão utilizadas em todo o decorrer do trabalho e embasarão as decisões e escolhas

que estarão por vir.

3.3. Determinação do mercado alvo

A partir das conclusões obtidas através da pesquisa de mercado e da definição

da necessidade, tornou-se possível delinear o mercado alvo do produto a ser

desenvolvido.

A primeira característica do mercado vem do escopo do próprio produto: os

usuários dos produtos têm de possuir um sistema de aquecimento a gás para banho.

Da pesquisa de mercado, concluiu-se que os chuveiros aquecidos a gás são

predominantemente utilizados pelas classes A e B. Percebeu-se, também, que há

nesse grupo uma alta preocupação coma crise hídrica e uma alta percepção do

desperdício de água envolvido no aquecimento a gás. Para melhor aproveitar essa

Page 39: Relatório final Modelagem Poli-USP

33

preocupação, haverá como foco regiões em estresse hídrico, como as áreas

abastecidas pelo Sistema Cantareira e Alto Tietê.

Com os dados e estatísticas adquiridos nestas pesquisas, o projeto segue um

apelo mais ecológico e de consciência social. Vale observar que se delimitou uma

região de atuação (estado de São Paulo), para que se possa adentrar o mercado com

maior flexibilidade e atenção às necessidades da demanda.

Em suma, o mercado alvo foi definido como residentes do estado de São Paulo

de classes A e B que possuam chuveiros com sistema de aquecimento a gás,

preferencialmente residentes em áreas abastecidas pelo Sistema Cantareira e Alto

Tietê. O enfoque dado ao mercado dos benefícios trazidos pelo produto será, em ordem

de prioridade: ambiental, conforto e econômico.

3.4. Determinação do preço

Para determinar o valor pelo qual o produto deve ser vendido no mercado,

primeiramente foram pesquisados uma série de dados que seriam usados no cálculo,

conforme mostrado na tabela 1.

Utilizando o dado de que o consumo médio de água por dia per capita é de 200L,

e considerando que o consumo é maior entre as famílias de classe A e B, é possível

estimar que uma família de 4 pessoas dessa classe social consome mais de 20m³ de

água por mês. Portanto, o impacto da água economizada na conta paga pela família

será de R$7,00/m³.

Tomando o dado obtido pela pesquisa de mercado descrita na seção 3.2de que

o intervalo médio entre o acionamento do chuveiro e aquecimento da água é 57

segundos e sabendo que a vazão média de um chuveiro com aquecimento a gás é de

8,7 L/min, é possível determinar que o produto economizaria cerca de 8,3L de água por

banho. Considerando que os brasileiros tomam em média 2,8 banhos por dia, essa

economia equivale a 694 L de água por mês. Ainda, fazendo uso das tarifas de água e

esgoto da Sabesp no município de São Paulo e sabendo que além do consumo de

água também é cobrado o serviço de esgoto, representado por 80% ou 100% da água

Page 40: Relatório final Modelagem Poli-USP

34

consumida, dependendo da região de São Paulo, é possível afirmar que o dispositivo

geraria uma economia mensal de, ao menos, R$ 8,70 per capita.

Na pesquisa de mercado realizada, constatou-se que o mercado alvo aceita, em

sua maioria, um tempo de retorno superior a nove meses. No entanto, tomando-se

como

Tabela 1 - Determinação do preço do produto

Dado Valor

Preço do litro de água e

esgoto

11 a 20 m³: R$2,80/m³

21 a 50 m³: R$7,00/m³

Cobrança de Esgoto O serviço de esgotos é cobrado

aplicando-se o percentual de 80

ou 100%, dependendo da

região, proporcionalmente ao

valor da água

Vazão média de um chuveiro

com aquecimento a gás

8,7 L/min

Intervalo de tempo que

demora para aquecer a água

57 segundos

Média de banhos por dia 2,8 (no Brasil)

Consumo médio de água de

residentes de apartamentos

por dia per capta

200L

Fonte: Próprio autor

premissa que a venda do dispositivo não terá um apelo meramente econômico, mas

também pela consciência ecológica e pelo conforto do usuário, o tempo de retorno do

investimento estabelecido para o produto em questão foi de doze meses.

Page 41: Relatório final Modelagem Poli-USP

35

Desse modo, multiplicando-se o retorno per capita mensal do produto pelo tempo

de retorno do investimento, obteve-se como preço o valor de R$105,00. Como estima-

se que o tempo de vida do produto (o qual será abordado na seção 3.4.) seja superior

ao tempo de retorno do investimento, é de se supor que, mesmo variando algumas das

premissas que embasaram a determinação do preço, a utilização do produto gerará um

lucro ao usuário ao longo de sua vida útil.

3.5. Determinação da produção

Segundo pesquisa da Faculdade Getúlio Vargas (NERI, 2010), as classes A e B

compõem 27,13% da população do município de São Paulo, cuja população total era de

11,32 milhões de habitantes em 2011. Baseando-se na pesquisa de mercado realizada

na seção 3.2, estima-se que 60,3% dessa parcela da população usa chuveiro com

aquecimento a gás. Dessa forma, podemos chegar ao mercado consumidor das

soluções propostas, composto de 1,86 milhão de pessoas.

Ao estipularmos uma meta de alcançar uma dada porcentagem do mercado com

o produto em desenvolvimento e tendo em posse a durabilidade pretendida para o

produto, é possível planejar sua produção mensal. Estabelecendo uma meta de

alcançar 10% do mercado e um produto de durabilidade de 8 anos, como exposto

abaixo, temos:

Usuários de chuveiro a gás da classe A e B em São Paulo: 0,2713 X 0,603 X 11,32

milhões = 1,86 milhão

Quantidade de clientes que queremos atingir: 0,1 X 1,86 milhão = 0,186 milhão

Como se quer saturar o mercado logo antes do começo da falha dos produtos,

determina-se quantas unidades devem ser produzidas por mês para que o mercado

seja saturado no tempo referente à durabilidade do produto:

8 anos = 96 meses

0,186 milhão / 96 meses = 19375 unidades/mês

Page 42: Relatório final Modelagem Poli-USP

36

Dessa forma, a produção dever ser aproximadamente 1900 unidades por mês.

Page 43: Relatório final Modelagem Poli-USP

37

3.6. Especificação técnica da necessidade:

3.6.1. Método de formulação de características

Entradas Desejáveis:

- Comando do usuário;

- Mínimo de energia para aquecimento d‟água.

Saídas Desejáveis:

- Água à temperatura e vazão ideais para o consumidor.

Entradas não-desejáveis:

- Comandos inadequados.

Saídas não-desejáveis:

- Ruído;

- Vibração;

- Choque elétrico;

- Vazamento;

- Superaquecimento;

- Água à temperatura inadequada.

3.6.2. Especificação técnica

Funcionais:

- Desempenho

- Potência instantânea máxima 1800W; (Memorial de Cálculo)

- Temperatura máxima de operação de 45°C (Respeitando a Norma ABNT

NBR 8130 - 2004, que indica que a temperatura da água de trabalho deve

ser no máximo 55°C acima da temperatura de entrada da água que

abastece o aquecedor); (memorial de cálculo)

- Economia mínima de 4L por banho.

Page 44: Relatório final Modelagem Poli-USP

38

- Conforto

- Precisão na regulagem da temperatura de 1º C;

- Vazão mínima do chuveiro de 8,7 L/min, pois essa é a vazão média atual

de chuveiros a gás, como será visto adiante e não é interessante diminuí-

la;

- Intervalo de tempo entre acionamento do chuveiro e início da saída de

água de no máximo duas vezes o intervalo de tempo que a água

demorava para esquentar antes da instalação do dispositivo.

- Segurança

- Baixo risco do dispositivo (ou parte dele) cair;

- Desligamento automático em caso de superaquecimento;

- Baixo risco de choque elétrico.

- Transporte:

- Dispositivo deve caber em uma embalagem retangular de 0,5 m³;

- Peso máximo de 6kg.

Operacionais:

- Voltagem: Operável sem eletricidade ou bivolt;

- Durabilidade: A vida útil dos componentes de no mínimo 8 (oito) anos;

- Confiabilidade: Como o equipamento trabalhará em um ambiente com uma certa

variação de temperatura diária e também com bastante umidade, é interessante

trabalhar com um coeficiente de segurança ao analisar a vida útil dos

componentes. Portanto, nenhuma falha que cesse a operação nos primeiros 3

(três) anos. Logo, o produto terá garantia de três anos.

Construtivas:

- Peso máximo: 5kg;

- Material: Policloreto de vinila (PVC), Policloreto de Vinila Clorado (CPVC) ou

Polipropileno Copolímero Random Tipo 3 (PPR);

- Dimensões máximas: 300 X 300 X 600mm.

Page 45: Relatório final Modelagem Poli-USP

39

4. Desenvolvimento de alternativas

Foram desenvolvidas oito soluções com o objetivo de evitar o desperdício de

água no início do banho devido à temperatura vigente. No entanto, metade das opções

foram descartadas em uma análise geral comparativa. Dessa forma, houve

aprofundamento analítico em quatro soluções, enquanto as outras quatro foram apenas

registradas no apêndice com suas devidas justificativas para descarte.

4.1. Solução A: Saída do chuveiro com reservatório externo

Descrição:

O mecanismo é instalado de forma que a partir da saída do chuveiro o fluxo de

água possa ser desviado até um reservatório localizado acima do vaso sanitário. Há

acoplado um sensor térmico antes da saída de água para o usuário, assim, enquanto a

agua não atingir uma temperatura desejável, uma válvula desvia o fluxo para o

reservatório e a saída do chuveiro permanece fechada. Dessa forma, quando a

temperatura necessária é atingida, o mecanismo é acionado: a saída para o

reservatório é fechada e a saída para o chuveiro é aberta.

Análise:

O vaso sanitário é abastecido pelo reservatório que tem duas entradas de água:

uma provinda do chuveiro e outra do encanamento comum da casa (será utilizado o

mesmo encanamento que antes abastecia diretamente o vaso sanitário). Esse

reservatório será grande o suficiente para armazenar a água que seria desperdiçada

por, no mínimo, 25 banhos e consequentemente será suficiente para fornecer água a

18 descargas. Sendo assim, além de o usuário iniciar seu banho na temperatura

desejada, não há o desperdício de água, uma vez que há reutilização por meio do vaso

Page 46: Relatório final Modelagem Poli-USP

40

sanitário, outro produto que demanda grande quantidade de água. No caso da água

economizada

Fonte: Próprio autor

no reservatório não ser suficiente para a descarga, o encanamento original será

utilizado para tal.

4.2. Solução B: reservatório proximal acoplado com mistura de água

Definição:

Antes da saída do chuveiro, um reservatório é acoplado à tubulação pré-

instalada da residência. Um sensor térmico mede a temperatura da água no

reservatório, de modo que, enquanto a água não atingir a temperatura ideal, a válvula

de saída do cano não liberará a saída do fluxo para o usuário, permitindo que a água

Figura 1 - Esboço da solução A

Page 47: Relatório final Modelagem Poli-USP

41

fria presente no cano se misture à quente que sairá do aquecedor. Quando a

temperatura da água for a ideal, a válvula abrirá e permitirá a saída para o usuário.

Análise:

Esta solução cumpre, de forma relativamente simples, o objetivo de não deixar

sair o fluxo de água antes da temperatura ideal ser atingida. No âmbito das

desvantagens, ressalta-se a utilização de um reservatório que contemple o acúmulo de

grande quantidade de água durante a troca de calor, um sensor térmico e uma válvula.

Dessa forma, estima-se que seja uma das soluções mais caras em termos de materiais

para produção. Por outro lado, há pouco gasto energético em geral e, por ser bastante

sintética, a probabilidade de ser falha é baixa levando em consideração que o cálculo

para o tamanho do reservatório seja bem estimado (incluindo o coeficiente de

segurança).

Figura 2 - Esboço da solução B

Fonte: Próprio autor

Page 48: Relatório final Modelagem Poli-USP

42

4.3. Solução C: reservatório proximal com micro aquecimento

constante

Definição:

Analogamente à solução (B), um reservatório é acoplado à tubulação anterior à

saída do chuveiro, de modo que uma válvula libere a água desse reservatório para o

usuário apenas quando esta estiver na temperatura requisitada. O que difere esta

solução é o implemento de uma pequena resistência ligada em tempo integral que

mantém certa quantidade de água aquecida. Quando o chuveiro é solicitado pelo

usuário, o reservatório começa a encher e há troca de calor até que, através de um

sensor térmico, a temperatura seja alcançada e a válvula aberta assim como na solução

(B).

Fonte: Próprio autor

Figura 3 - Esboço da solução C

Page 49: Relatório final Modelagem Poli-USP

43

Análise:

Devido à semelhança com a solução (B), a análise foi feita majoritariamente de

forma comparativa. A resistência garante que a temperatura da água parada no

reservatório seja relativamente alta, de forma que ao iniciar a mistura d‟água

(acionamento do chuveiro), a temperatura ideal seja atingida em um tempo menor. Isso

possibilitará maior conforto ao usuário e uso de um reservatório menor, ou seja, o peso

do dispositivo será diminuído. Além disso, há a possibilidade de o sensor térmico não

ser necessário, uma vez que sejam feitos cálculos termodinâmicos e eletrônicos a fim

de estimar o tempo necessário para a válvula ser aberta, sendo instalado no lugar um

temporizador. No entanto, há o risco de a resistência queimar sem a ciência do usuário

e causar danos, como o vazamento de água, apesar de ter sido considerada a

durabilidade das resistências em chuveiros elétricos. Quanto ao custo, deve-se fazer

um balanço levando em consideração a comparação entre o preço de um sensor

térmico e de um temporizador. Além disso, considerar que devido à resistência

acoplada há maior gasto energético e, através do preço dos materiais, contabilizar qual

a vantagem econômica real em se diminuir o tamanho do reservatório.

4.4. Solução D: aquecimento elétrico de passagem

Definição:

Anteriormente à saída do chuveiro, um aquecedor elétrico de passagem é acoplado à

tubulação. Dessa forma, uma resistência de alta potência provê o aquecimento

instantâneo da água sem a necessidade de um reservatório. Um sensor térmico mede a

temperatura da água na entrada vinda do aquecedor: caso a água não esteja aquecida

à temperatura estabelecida pelo usuário, o aquecedor se mantém em funcionamento.

Quando a temperatura for atingida, o sensor desliga o aquecedor elétrico e o banho

prossegue com o aquecimento exclusivamente a gás.

Page 50: Relatório final Modelagem Poli-USP

44

Figura 4 - Esboço da solução D

Fonte: Próprio autor

Análise:

Comparativamente, ao invés de reservatório e sistema de acionamento de

válvula, há nesse protótipo um aquecedor elétrico de passagem. Dessa forma, deve ser

feito um balanço ecológico e econômico a fim de analisar, dentre essas duas opções de

sistema, quais materiais e métodos de produção tem menor custo e são menos

prejudiciais ao meio ambiente. Quanto ao uso do aquecedor, foi considerado o gasto

energético mais elevado e a possibilidade de o sensor térmico falhar, resultando em

sobreaquecimento da tubulação, risco de danos e acidentes. Considerando risco e

custo, cogita-se a retirada do sensor térmico desse dispositivo. Analogamente à

solução (C), o sensor será substituído por um temporizador devido a cálculos

termodinâmicos e elétricos cujo resultado é o tempo necessário de funcionamento do

aquecedor para que a água atinja a temperatura requisitada pelo usuário. Ressalta-se,

assim como em (C), que esta substituição é cogitada apenas se o temporizador for mais

confiável e barato que o sensor térmico.

Page 51: Relatório final Modelagem Poli-USP

45

Tabela 2 - Índice de elaboração de alternativas utilizado

Funções Solução A Solução B Solução C Solução D

I -

Reservatório

1- Destino

da água

armazenada

Vaso

Sanitário

Chuveiro Chuveiro Não há

reservatório

2-

Localização

Externo Interno Interno Não há

reservatório

II - Aquecimento da água Não há

aqueciment

o

Por

mistura

com água

quente

vinda do

aquecedor

a gás

Por

resistência

elétrica

Por

resistência

elétrica

5. Análises

5.1. Análise técnica

A análise de aspectos técnicos se faz necessária para garantir a coerência física

das soluções levantadas e, ainda, analisar a escolha de materiais e métodos.

5.1.1. Saída do chuveiro com reservatório externo

Materiais:

O material escolhido para o reservatório de água fria e para os canos que levam

essa água da tubulação original do chuveiro para o reservatório é o PVC branco,

Page 52: Relatório final Modelagem Poli-USP

46

material usualmente empregado em tubulações de água fria. Esse material apresenta

uma boa durabilidade e um baixo preço, sendo assim o mais adequado.

Outra característica que torna esse material atrativo é sua grande presença no

mercado. Isso possibilita encontrar diversos comprimentos de tubulações à venda,

necessários na montagem do dispositivo que deve se adequar a banheiros residenciais

de diferentes dimensões. Facilmente, também são encontrados acessórios como as

válvulas necessárias para controle do fluxo entre chuveiro e reservatório e entre o

reservatório e a descarga.

Além do material que irá compor o reservatório, a solução utiliza um sensor de

temperatura e uma unidade processadora, o que controlará a abertura de válvulas

solenoide por meio de motor embutido

Para a válvula, foram consultados modelos no mercado que atendam às

necessidades dos dispositivos. Tais componentes são bem simples e facilmente

encontrados no mercado de construção. A primeira solução, em especial, precisa de

duas válvulas.

Em um primeiro momento, são levados em conta para análise os sensores e

motores mais comumente encontrados no mercado, como o sensor LM35 e uma válvula

solenoide U119. Quanto a unidade processadora, é necessário o desenvolvimento de

um circuito para a função de analisar os dados de temperatura de forma a acionar a

válvula no momento correto. Novamente, usando os modelos de processadores mais

comuns no mercado, optou-se por um modelo de Arduíno para realizar as análises

concernentes ao estudo de viabilidade. Vale a pena comentar que o produto final

deverá possuir um circuito específico para a função da análise de temperatura mais

barato do que a placa Arduíno.

Por último, são necessários alguns elementos de fixação, como cantoneiras,

parafusos e buchas. Todos esses elementos são facilmente encontrados à venda, a

baixo custo.

Page 53: Relatório final Modelagem Poli-USP

47

Exequibilidade física:

A preocupação no funcionamento deste produto pode ser subdivida em duas

áreas. A primeira baseada na energia necessária para transportar a água que está

chegando no chuveiro para o reservatório e a segunda com respeito ao controle das

válvulas presentes.

Em respeito à primeira preocupação, a equação de Bernoulli com perda de carga

distribuída, que é utilizada para escoamento permanente, em uma mesma linha de

corrente e para fluidos incompressíveis é dada por

onde P é a pressão, V a velocidade, ρ a massa específica, γ o peso específico, z a

altura do ponto e hl a perda de carga distribuída. Considerando que o local de

armazenamento da água é aproximadamente na mesma altura do chuveiro, pode-se

aproximar a variação da energia potencial a zero. Como o diâmetro do tubo é constante

e a água pode ser considerada como incompressível, a velocidade nos dois pontos

também seria a mesma, e a perda de carga para escoamentos turbulentos (memorial

de cálculo) édada por

,

onde l é o comprimento da tubulação, f é o fator de atrito, D o diâmetro do tubo e g a

gravidade. Assim, Bernoulli fica reduzida a

.

No caso limite em que P2 seja 0 (pressão relativa), teremos que

sendolmáx comprimento máximo permitido entre o chuveiro e o reservatório acima do

vaso sanitário. Para encontrar o valor de l, precisa-se ainda do fator de atrito f, que para

escoamentos turbulentos é dado pela equação Colebrook

onde ε/D é a rugosidade equivalente do material e Re é o número de Reynolds do

escoamento.

Page 54: Relatório final Modelagem Poli-USP

48

Substituindo para valores médios de uma distribuição de água residencial,

encontra-se um l suficientemente grande, o que garante com uma boa margem de

segurança, que a água chegue no local desejado(memorial de cálculo).

Com respeito ao controle das válvulas, elas são facilmente ajustadas com

transmissores localizados nos sensores de temperatura. Ao atingir a temperatura ideal,

eles enviam sinais que irão fechar a válvula de abastecimento do reservatório e liberar

a válvula regular do chuveiro, iniciando o banho. O oposto acontece quando a

temperatura da água for abaixo do escolhido.

5.1.2. Reservatório proximal acoplado com mistura de água

Materiais:

O material do reservatório em que corre a mistura de água precisa ser próprio

para comportar líquidos a temperaturas maiores, sem sofrer corrosão, decomposição ou

qualquer outro dano nessas condições. O Policloreto de Vinila Clorado (CPVC) é o

material aparentemente mais adequado, sendo amplamente usado em tubulações de

água quente. No entanto, essa categoria de plásticos tem sido cada vez mais criticada

pelo seu impacto ambiental e na saúde, tendo sido incentivado a sua substituição na

Europa e nos Estado Unidos [A]. Por isso, o material escolhido foi o Polipropileno

Copolímero Random (PPR), um plástico muito usado em tubulações de água quente e

com preço próximo ao CPVC.

Novamente são necessários os elementos de fixação e o sistema de abertura da

válvula (sensor térmico, válvula solenoide e unidade de processamento), além da

válvula em si.

Exequibilidade física:

A funcionalidade física desse mecanismo pode ser provada utilizando conceitos

de termodinâmica para a conservação da energia e da massa em volumes de controle.

A equação é dada por (Wylen, 2013)

Page 55: Relatório final Modelagem Poli-USP

49

onde o prefixo “e” indica as características da água que entram no volume de controle,

“s” das que saem, “1” é o estado inicial da água do reservatório antes do início do

processo e “2” seria o estado instantaneamente antes da abertura da válvula para

disponibilizá-la ao usuário. Além disso, u indica a energia interna, V a velocidade, gz a

energia potencial por unidade mássica, h a entalpia, Q o calor transferido no processo e

W o trabalho realizado ou recebido.

Considerando também que o volume de controle seja o reservatório, não haverá

trabalho entre o volume de controle e o meio, podemos aproximar o volume de controle

como adiabático e não há massa de água saindo (enquanto a válvula do banho estiver

fechada), mas apenas um fluxo de entrada, além de podermos desconsiderar a

variação da energia cinética e potencial no processo, a equação fica reduzida à

,

que seria o equacionamento do aquecimento. Caso queira trabalhar com os valores de

vazão, basta apenas derivar a equação em relação ao tempo e tomar cuidado com os

termos não variáveis. Reorganizando a equação e sabendo que m2=m1+me, podemos

encontrar o valor de me por

.

Sabe-se o valor de u2 (dado pela temperatura desejada pelo usuário), de u1 (dado pela

temperatura inicial da água, que seria no mínimo a ambiente) e de m1 (restante da água

que permaneceu no reservatório dos banhos anteriores). O valor de m1 será sempre o

mesmo independente de quantos banhos forem realizados, pois a pressão devido ao

volume de água que chega do aquecedor será, se desconsiderarmos a variação da

pressão devido à temperatura, também constante. Assim, para encontrar um me que

não ocupe todo o volume do reservatório disponível, precisamos apenas de uma

entalpia de entrada (relacionada com a temperatura) um pouco maior do que a energia

interna desejada. Por exemplo, caso o usuário deseje uma temperatura de saída de 40

℃, com um reservatório que já possua 10l de água a 20℃, é preciso 40l de água a 45℃ para

Page 56: Relatório final Modelagem Poli-USP

50

atingir o valor desejado, o que deixaria nosso reservatório (300 x 300 x 600 mm)máx com 4l de

volume vazio (memorial de cálculo). Um valor seguro, além de demonstrar que a

temperatura de entrada não precisa ser tão diferente da desejada. É possível trabalhar

com temperaturas de entrada ainda maiores e aumentar o volume vazio disponível, o

que é totalmente praticável.

A precisão da temperatura pode ser facilmente alcançada com sensores térmicos

disponíveis no mercado. É possível alcançar precisões de 0,1℃, menores do que o

próprio corpo humano é capaz de sentir.Sendo acionada, a válvula de abertura do fluxo de água

para o banho abrirá quando o sensor de temperatura enviar um impulso indicando o alcance da

temperatura desejável.

5.1.3. Reservatório proximal com micro aquecimento constante

Materiais:

O material do reservatório, pelos mesmos motivos mencionados para a solução

1.4.2, seria o PPR. O diferencial dessa solução é a presença de uma micro resistência

ligada continuamente para manter a água a uma temperatura mais próxima da ideal.

Essa resistência seria dimensionada para uma temperatura alguns graus acima da

ambiente, havendo diversas opções disponíveis no mercado a baixíssimo custo.

Além disso, também estão presentes os elementos de fixação, uma válvula e o

sistema de controle da válvula, composta de uma válvula solenoide, uma unidade

processadora e um sensor térmico.

Exequibilidade física:

Nessa solução, o equacionamento é muito semelhante ao realizado na solução

anterior, com apenas uma diferença: a presença de calor transferida do meio

(resistência) para a água, fazendo com que a equação já trabalhada no item 1.4.2 se

transforme em

,

e assim:

Page 57: Relatório final Modelagem Poli-USP

51

.

Devemos considerar a resistência fora do volume de controle. Como Q é positivo

quando transferido para o sistema, percebe-se que a água atingirá a temperatura

desejada mais rapidamente se comparada à solução acima, o que implica em ou um

maior volume vazio do reservatório (garantindo uma segurança para o volume máximo

do compartimento), ou até mesmo uma mesma temperatura entre a água que chega do

aquecedor e a desejada pelo o usuário. O ponto negativo é ressaltado na necessidade

de energia elétrica, implicando em um maior gasto econômico.

A potência que será fornecida para a água de forma contínua pela a resistência

pode ser calculada através da seguinte fórmula

para a qual P é a potência dada em Watts, U é a diferença de potencial entre os

terminais da resistência e i a corrente que passa através dela. A energia em Joules

pode ser obtida multiplicando essa potência pelo o intervalo de tempo de trabalho total.

Cálculos para confirmar a funcionalidade do dispositivo não são necessários,

pois o equacionamento já deixa evidente a operação.

5.1.4. Aquecimento elétrico de passagem

Materiais:

Os únicos materiais necessários para essa solução são a resistência de alta

potência, como as encontradas em chuveiros elétricos, junto de um sistema de controle

(composto pelo sensor de temperatura e uma unidade de processamento ligada à

resistência) e um pequeno conduto em que ela seja colocada. O conduto deve resistir

às condições de temperatura elevada da água, assim também é feito de PPR como na

solução anterior.

Page 58: Relatório final Modelagem Poli-USP

52

Exequibilidade física:

A ideia dessa solução se baseia na utilização do método de aquecimento do

chuveiro elétrico apenas para a água que já se encontra no cano a uma temperatura

indesejável antes do banho. Ela funcionará em duas etapas:

Na primeira, a água será aquecida à temperatura selecionada pelo o usuário de

forma quase instantânea através do efeito Joule entre a resistência e a água,

semelhante a um chuveiro elétrico. A resistência disponibilizará uma potência de valor

numérico igual a onde os significados de cada incógnita são os mesmos do

item 1.4.3. Sendo essa potência de valor extremamente elevado, o tempo de

aquecimento é bem pequeno, pois sabe-se que a energia necessária para aquecer um

certo volume de água pode ser dada pela multiplicação da potência pelo tempo

.

Considerando o volume de controle como a água que já se encontra na tubulação (com

a resistência fora desse volume de controle), regime permanente, apenas um fluxo de

entrada e outro de saída de massa, não havendo trabalho sendo realizado sobre ou

pelo volume de controle e desconsiderando as variações de energia potencial e

cinética, temos:

(Wylen, 2013)

onde a barra localizada nas incógnitas significa a derivada em relação ao tempo dos

valores. Os subscritos e significados de cada incógnita possuem as mesmas

referências das soluções anteriores. Pela conservação da vazão mássica, teremos

também que = = , logo:

,

o que nos dá o valor da temperatura (entalpia está diretamente relacionada ao valor da

temperatura da substância) de saída da água em função da potência da resistência

elétrica, da vazão mássica do chuveiro e da temperatura de entrada. Essa etapa da

solução, funcionará até he atingir o mesmo valor de hs. A partir do momento em que o

aquecedor a gás já está funcionando em sua operação nominal, a resistência não é

Page 59: Relatório final Modelagem Poli-USP

53

mais necessária e parte-se para a etapa dois, que é o funcionamento normal de um

chuveiro de aquecimento a gás.

Os cálculos para a conferência da funcionalidade do dispositivo não foram

realizados, pois as próprias equações são suficientes para essa confirmação.

5.2. Análise Legal

A análise legal consiste no estudo de normas às quais o produto deve obedecer

e patentes já existentes, com o intuito de evitar impedimentos legais ao lançamento do

produto e também analisar as tendências tecnológicas de produtos semelhantes àquele

que está sendo desenvolvido.

5.2.1. Patentes

Através da plataforma „Google Patents’, fez-se uma pesquisa usando busca por

palavras-chaves e também por classificação, uma vez que se sabia que as patentes

procuradas estariam na seção „F‟ (Engenharia Mecânica, Iluminação, Aquecimento,

Armas e Explosão). Foram encontradas as seguintes patentes relevantes ao

desenvolvimento do produto objeto desse estudo:

5.2.1.1. Water-recycling shower, US4893364 (A) ― 1990-01-16

Essa patente refere-se a um sistema de recirculação de água em chuveiros

através de um reservatório localizado juntamente ao ralo, embaixo do usuário. Quando

o usuário não está utilizando a água (no momento de se ensaboar, por exemplo) ele

aciona um comando e a água do reservatório é puxada até o chuveiro. Na hora de se

ensaboar, ele aciona o comando novamente, então o fluxo de água reutilizada cessa e

água limpa volta a correr pelo chuveiro. Esse projeto visa a economia de água em

aviões e barcos.

Page 60: Relatório final Modelagem Poli-USP

54

5.2.1.2. Sanitation compartment for recovering the heat from hot wastewater

during bathing, WO2013020191 (A1) ― 2013-02-14

A presente invenção tem por objeto um box sanitário capaz de pré-aquecer a

água limpa e fria oriunda da rede hidráulica, a ser utilizada no banho, sendo que para

isso faz uso do calor residual presente na água descartada.

Figura 5-Water-recycling shower

Page 61: Relatório final Modelagem Poli-USP

55

Figura 6 - Sanitationcompartment for recoveringtheheatfrom hot wastewaterduringbathing

Figura 7 - Watersaving system

5.2.1.3. Water saving system, WO2013026116 (A1) ― 2013-02-28

Essa patente refere-se a um sistema de aquecimento central, compreendendo

um dispositivo termostato em comunicação com uma válvula de duas vias e um

conjunto de tubulação, o qual é adaptado para retornar à água cuja temperatura se

encontre abaixo da definida pelo usuário, levando-a para a origem do abastecimento.

Page 62: Relatório final Modelagem Poli-USP

56

5.2.1.4. Bath/shower water recycling system, US5345625 (A) ― 1994-09-13

Essa patente refere-se à invenção de um sistema que coleta água usada no

chuveiro e banheiro para usá-la no vaso sanitário, que por sua vez necessariamente

precisa ter um reservatório acoplado.

5.2.1.5. Hybrid gas-electric hot water heater, US2013266295 (A1) ― 2013-10-10

Chuveiro híbrido que utiliza aquecimento a gás e aquecimento elétrico.

Figura 8 - Bath/shower water recycling system

Page 63: Relatório final Modelagem Poli-USP

57

Figura 9 - Hybrid Gas-Electric Hot Water Heater

5.2.2. Comparação com as soluções propostas

5.2.2.1. Saída do chuveiro com reservatório externo

Essa solução se assemelha a patente (4), mas diferencia-se da mesma porque a

água coletada não é a utilizada no chuveiro, e sim a água que seria desperdiçada por

não estar na temperatura ideal. Do ponto de visto técnico, as duas invenções se

diferenciam pelo ponto de recolhimento da água: enquanto na patente o recolhimento

acontece no ralo, na solução proposta ele acontece no encanamento que antecede o

chuveiro.

Ainda, ela tem em comum com a patente (1) a existência de um reservatório

distal, isto é, distante do chuveiro.

Portanto, essa solução utilizará parte da tecnologia desenvolvida na patente (1) e

(4), mas isso não representa um impedimento legal para a sua venda.

Page 64: Relatório final Modelagem Poli-USP

58

5.2.2.2. Reservatório proximal acoplado com mistura de água

Essa solução mostra-se bastante original por não haver nenhuma patente com

muitas características em comum. A patente (3) é a que mais se assemelha por

apresentar um termostato ligado a um dispositivo mecânico, para que a água só seja

liberada quando estiver aquecida. Ainda assim, a solução se diferencia fortemente da

patente existente, pois a água não aquecida não retorna ao aquecedor e sim recebe

calor por mistura.

5.2.2.3. Reservatório proximal com micro aquecimento constante

Essa solução utiliza a tecnologia de um reservatório para o pré-aquecimento da

água utilizado na patente (2), mas o método de aquecimento difere entre as duas:

enquanto na solução ela é feita através de Efeito Joule, na patente é feita por

condução.

5.2.2.4. Aquecimento elétrico de passagem

A presença do termostato faz com que essa solução tenha um ponto em comum

com a patente (3), mas não há nenhuma outra semelhança entre as duas invenções. Já

com a patente (5), a solução tem em comum o fato de utilizar duas fontes de energia

para o aquecimento da água: fóssil (gás) e elétrica. Porém, como o Aquecedor Elétrico

de Passagem vai além e regula o uso das duas energias através das informações

obtidas do termostato, a existência da patente (5) não é um empecilho à sua fabricação.

5.2.3. Normas

Foram pesquisadas, no catálogo da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), as normas brasileiras que o produto em desenvolvimento deve cumprir.

Posteriormente, os critérios de cada norma foram analisados e comparados com as

Page 65: Relatório final Modelagem Poli-USP

59

definições de cada solução levantada. Por fim, concluiu-se que as quatro possibilidades

atendiam às normas relevantes e, portanto, eram viáveis do ponto de vista legal. São

elas:

5.2.3.1. ABNT NBR 5410:2004

Esta Norma estabelece as condições a que devem satisfazer as instalações

elétricas de baixa tensão, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o

funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens. Esta Norma aplica-

se aos circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a 1 000 V em

corrente alternada, com frequências inferiores a 400 Hz ou a 1 500 V em corrente

contínua.

5.2.3.2. NBR 13103

Estabelece os requisitos mínimos exigíveis para a instalação de aparelhos a gás

para uso residencial.

5.2.3.3. NBR 7198/93

Esta norma fixa as exigências técnicas mínimas quanto à higiene, à segurança, à

economia e ao conforto dos usuários, pelas quais devem ser projetadas e executadas

as instalações prediais de água quente.

Posteriormente, os critérios de cada norma foram analisados e comparados com as

definições de cada solução levantada. Por fim, concluiu-se que as quatro possibilidades

atendiam às normas relevantes e, portanto, eram viáveis do ponto de vista legal.

Page 66: Relatório final Modelagem Poli-USP

60

5.3. Análise Econômica

O custo de um produto engloba todos os gastos de seu processo produtivo,

desde a compra da matéria-prima ao transporte da mercadoria final. Para ser

economicamente viável, um produto deverá ter um custo menor do que seu preço,

criando a margem de lucro. A análise econômica lida com a investigação e

quantificação de todas as fontes de gastos, a fim de determinar o custo de produção de

uma unidade de cada alternativa. .

Foi feito um levantamento de custos a partir das seguintes fontes de gastos:

● Materiais;

● Mão-de-obra;

● Aluguel;

● Processo de Fabricação;

● Expedição;

● Tributação.

5.3.1. Gastos com materiais

Para criar uma estimativa do custo dos materiais em cada solução, foi feita uma

pesquisa pelos componentes encontrados em todas. Essa pesquisa levantou preços

encontrados em sítios de compra de atacado, procurando aproximar-se o máximo

possível da compra para produção em larga escala. Vale ressaltar que o custo final de

materiais certamente será menor do que o apresentado.

Compilados os preços e fontes de cada componente, temos:

Page 67: Relatório final Modelagem Poli-USP

61

Tabela 3 - Custo dos materiais

Material Preço Fonte

PVC R$ 2301,75 / ton. http://www.alibaba.com

PPR R$ 6682,50 / ton. http://portuguese.alibaba.com

Sensor de temperatura LM 35 R$ 5,50 http://www.webtronico.com

VálvulaSolenoide U119 R$ 6,39 http://pt.aliexpress.com

Arduíno (Placa) R$ 13,00 http://www.ebay.com

Cantoneira R$ 0,30 http://pt.aliexpress.com

Parafuso com Bucha R$ 0,03 http://pt.aliexpress.com

Micro Resistor R$ 0,01 http://pt.aliexpress.com

Resistor de Alta Voltagem R$ 20,00

Preço médio de resistências de

chuveiro de potência mais alta.

Estimativa feita após consulta em

sites de lojas de construtoras

como Leroy Merlin e Telhanorte

Para obter uma estimativa de custo quanto ao uso de material nas alternativas

que possuem reservatório, levantou-se dados da densidade do material, a espessura

das tubulações nas quais esses materiais são usados e utilizou-se o volume máximo

especificado como limitante do projeto na etapa de especificação técnica da

necessidade. O custo da fabricação desse reservatório é abordado na parte de gastos

com o processo de fabricação.

Reservatório de PVC: preço aproximado: R$ 7,15

Reservatório de PPR: preço aproximado: R$ 16,35

Os demais gastos com componentes são específicos da montagem de cada solução.

Page 68: Relatório final Modelagem Poli-USP

62

5.3.2. Gastos com mão de obra: salários e encargos trabalhistas

O primeiro passo para se obter uma estimativa do gasto com a mão-de-obra é

determinar uma estimativa do número de funcionários necessários para a empresa.

Como todas as soluções analisadas possuem características tecnológicas e materiais

semelhantes, é possível elaborar um processo produtivo simplificado em comum para

todas e usá-lo como base para determinar o número de funcionários. Tal processo

também auxiliará no momento de determinar os custos com uso das máquinas.

O processo está representado na tabela abaixo:

Tabela 4 - Funcionários necessários por etapa

Etapa Funcionários necessários

Transporte de matéria-prima para máquina de

injeção 1 meio oficial montador

Fabricação por injeção das peças de plástico 1 técnico de injeção

Transporte de peças para linha de montagem 1 meio oficial montador

Montagem 3 montadores

Embalagem 1 montador

Transporte dos produtos para o estoque 1 meio oficial montador

O processo de injeção foi escolhido por ser um dos mais comuns para os tipos

de plástico trabalhados, porém de forma alguma a escolha representa uma definição do

método de fabricação do produto. Tal definição não faz parte do estudo de viabilidade e

a escolha do método de injeção visa somente possibilitar uma estimativa de custo.

Além dos funcionários referentes ao processo produtivo, existem aqueles ligados

à administração da fábrica. Estima-se a necessidade de 2 secretárias e 1 gerente de

planejamento e controle de produção.

Page 69: Relatório final Modelagem Poli-USP

63

Com isso, torna-se possível estimar a necessidade de 11 funcionários. Os

valores dos salários de cada profissão da equipe estão compilados na tabela abaixo e

foram retirados do sítio da Catho, empresa especialista em análise do mercado de

trabalho. As denominações das profissões são as mesmas encontradas no sítio.

Tabela 5 - Salário médio dos trabalhadores

Profissão Salário Médio (R$)

Gerente de Planejamento e Controle de Produção 7.418,51

Secretária 1.344,27

Operador de Máquina Injetora 1.243,61

Montador 1.388,19

Meio Oficial Montador 1.060,55

Para calcular os encargos trabalhistas e sociais sobre esses funcionários, levou-

se em conta os custos ligados ao fator previdenciário, ao adicional de férias e ao 13º

salário de cada funcionário. Tal estimativa foi feita segundo o artigo do sítio Guia

Trabalhista e mostra que o custo criado pelos encargos é 33,77% do valor de cada

salário, por mês.

De posse dos valores dos salários, do custo mensal dos encargos trabalhistas e

sociais e do número de unidades produzidas por mês, encontra-se um gasto ligado à

mão-de-obra de R$ 14,14 por produto.

5.3.3. Gastos com aluguel

É necessário estimar uma área adequada para montar a fábrica, pensando na

disposição das bancadas de trabalho, no espaço ocupado pelas máquinas de

fabricação como a injetora de plástico, espaço adequado para movimentação dos

Page 70: Relatório final Modelagem Poli-USP

64

trabalhadores e espaço para os estoques de materiais e produtos, além da reserva de

certo espaço para a ala administrativa. Determina-se que um galpão de 250 m²

certamente abrigará todo o mobiliário, aparelhos e pessoas, sendo assim usado para

criar uma estimativa de custo de aluguel.

Segundo o sítio InfoMoney, em 2012 o valor do aluguel do metro quadrado de

galpões industriais em São Paulo era R$ 16,20. Usando esse dado como base para a

estimativa, o valor de gasto mensal com aluguel é de R$ 4.050,00. Dividindo esse valor

pela produção mensal, o gasto com aluguel acresce R$ 2,13 ao custo de uma unidade

do produto.

5.3.4. Gastos com o processo de fabricação

Para estabelecer todos os gastos relativos ao processo de fabricação, deve-se

considerar tanto uma estimativa do gasto energético das principais máquinas quanto do

gasto com iluminação e água da fábrica.

A principal máquina do processo é a que fabricará as peças de plástico. Reitera-

se que, para a análise de uma estimativa de custo é considerado que a fabricação

desses componentes se dá por injeção. Analisando vários modelos de máquinas

injetoras da marca Sicemar, retirando as informações técnicas do sítio da empresa,

nota-se que a potência média desse tipo de aparelho se encontra em torno de 20 KW.

Considerando que a máquina trabalhará 2 horas ao longo do dia e considerando 25

dias de trabalho mensais, tem-se um consumo próximo de 1000 KWh ao mês. Usando

a tarifa encontrada no sítio da Eletropaulo, esse consumo representa um gasto de

aproximadamente R$ 175,00.

Quanto aos gastos com iluminação e água, procurou-se estabelecer um paralelo

com empresas de atividade e porte semelhante. A plataforma Google Acadêmico foi

usada para levantar estudos de caso feitos em diversas empresas, procurando análises

de custo comparáveis às do projeto do dispositivo aquecedor de água. Chegou-se à

conclusão que o gasto com iluminação se encontrará em torno de R$ 40,00 ao mês e

da água em torno de R$25,00 ao mês.

Page 71: Relatório final Modelagem Poli-USP

65

Os fatores analisados são os principais criadores de custos no processo de

fabricação, sendo suficiente para obter uma estimativa adequada. Assim, o custo total

de produção é aproximadamente R$ 240,00, o que reflete em um custo de

aproximadamente R$ 0,13 por produto.

5.3.5. Gastos com expedição

Os custos da expedição do produto levam em conta principalmente o custo da

sua embalagem e o custo de transporte. Pesquisas feitas em sítios de venda de caixas

de papelão mostram que o preço do uso de uma embalagem de papelão, junto a outros

elementos como material isopor para proteção, não tem valor superior a R$ 2,00 por

unidade de produto.

Quanto ao frete, tomando o Correio Brasileiro como exemplo, um envio de uma

distância percorrida de 100 km de uma unidade do produto seria aproximadamente R$

2,00. Como o público alvo está na cidade de São Paulo, a distância indicada é mais do

que suficiente para representar a chegada do produto às lojas.

5.3.6. Gastos com tributação

Com a produção mensal e o preço do produto, podemos estimar o faturamento

anual da empresa em R$ 2.394.000,00. Tal valor permite a empresa se inserir no

regime do Simples Nacional. Esse regime, destinado a microempresas e empresas de

pequeno porte, permite o cálculo de todas as tributações por meio de uma alíquota

sobre o faturamento anual. O valor dessa alíquota varia com a faixa de faturamento em

que a empresa se encontra. Nesse caso, a alíquota em questão é 10,73% sobre o valor

do faturamento, o que reflete um custo de R$ 256.876,20 em impostos. Isso gera um

aumento de R$ 11,27 no custo por unidade do produto.

5.3.7. Cálculo dos custos das alternativas

Os custos de mão-de-obra, aluguel, produção, expedição e tributação são

comuns à todas as alternativas, visto que elas se assemelham muito em seu porte e

Page 72: Relatório final Modelagem Poli-USP

66

materiais usados. Dessa forma, os custos por unidade de produto, somados,

representam um custo básico para as alternativas, de valor R$ 31,67. A diferença dos

custos de cada alternativa está ligada aos materiais usados em cada uma. Assim, é

necessário analisar o custo de materiais caso a caso e adicioná-lo ao custo básico.

5.3.7.1. Saída do chuveiro com reservatório externo

Essa alternativa possui um reservatório de PVC, e conta com um sensor térmico

e duas válvulas solenoides ligadas a uma unidade de processamento, além de 4

cantoneiras e 16 conjuntos de parafusos e bucha. Dessa forma, o custo com os

materiais totaliza R$ 32,96. Ressalta-se que o custo dos canos PVC para criar a

conexão do chuveiro com a descarga não está incluso, sendo obrigação do consumidor

adquirir esses tubos de forma adequada para seu banheiro.

Com os gastos acima mencionados, o custo final é de R$ 64,63.

5.3.7.2. Reservatório proximal acoplado com mistura de água

Essa alternativa possui um reservatório de PPR e conta com um sensor térmico,

uma válvula solenoide ligada à unidade de processamento, além de 4 cantoneiras e 16

conjuntos de parafuso e bucha. Dessa forma, o custo com os materiais totaliza R$

42,92.

Com os gastos acima mencionados, o custo final é de R$ 75,88.

5.3.7.3. Reservatório proximal com micro aquecimento constante

Essa alternativa possui um reservatório de PPR, e conta com um sensor térmico,

uma válvula solenoide ligada à uma unidade de processamento e uma micro

resistência, além de 4 cantoneiras e 16 conjuntos de parafusos e bucha. Dessa forma,

o custo com os materiais totaliza R$ 42,93. Lembra-se que o uso do sistema de controle

é opcional, caso a resistência seja devidamente dimensionada. Assim, sem a utilização

de tal sistema, o custo com material seria de R$16,36.

Page 73: Relatório final Modelagem Poli-USP

67

Com os gastos acima mencionados, o custo final é de R$ 75,89 (ou R$ 49,32

sem o sistema de controle.

5.3.7.4. Aquecimento elétrico de passagem

Devido à ausência de um reservatório, os únicos materiais usados nessa solução

são a resistência de maior potência e o sistema de controle, composto do sensor

térmico e a unidade de processamento que controla o funcionamento da resistência.

Dessa forma, o custo com os materiais é R$ 38,50.

Com os gastos acima mencionados, o custo final é de R$ 71,46.

5.3.8. Seleção das alternativas economicamente viáveis

O valor do preço foi anteriormente determinado como R$ 105,00. Como custo

estimado para todas as soluções se encontra abaixo do valor do preço, determina-se

que todas são economicamente viáveis. A diferença se encontra somente na margem

de lucro gerada por cada alternativa.

5.4. Análise Ambiental

Nessa etapa, é feita a análise do impacto ambiental decorrente do produto no

mercado. Dessa forma, são levados em consideração tanto os materiais utilizados,

quanto os meios de produção e toda a vida útil do material até chegar no seu descarte.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Centro Internacional de Referência em

Reuso de Água (Cirra/Poli) da USP (Universidade de São Paulo), a vazão média de

água em chuveiros a gás de uso doméstico é de 8,7 litros por minuto, enquanto os

chuveiros elétricos e híbridos gastam em média 4,2 litros por minuto. Sob o ponto de

vista de consumo de água, portanto, verifica-se que o chuveiro elétrico é

ecologicamente superior ao chuveiro a gás.

Page 74: Relatório final Modelagem Poli-USP

68

O segundo âmbito de comparação entre os dois é o energético. Nesse quesito, o

chuveiro a gás possui tanto maior eficiência energética, menor consumo e fonte de

energia menos poluente (Cirra/Poli) em relação ao chuveiro elétrico. Essa diferença se

dá pelo fato de que o aquecimento via efeito Joule requer uma potência dissipada

superior à do calor gerado pela combustão do gás natural, resultando em maior gasto

de energia do chuveiro elétrico. Além disso, a depender da matriz energética do país,

os efeitos ambientais da utilização de energia elétrica podem ser ainda mais nocivos ao

ambiente, como visto em países que geram energia a partir da queima de carvão

mineral ou petróleo.

A análise do impacto ambiental de cada uma das soluções passa pelos materiais

empregados, peças utilizadas e no funcionamento da solução. Cada um desses

âmbitos definirá a pegada ecológica das soluções, determinando a sua viabilidade

ambiental.

Nas soluções B, C e D, a escolha da tubulação ficou entre dois modelos de alta

difusão no mercado: o PPR (Polipropileno Copolímero Random Tipo 3) e o CPVC

(policloreto de vinila clorado). Após análise técnica, econômica e ambiental, optou-se

pela utilização de tubos de PPR, uma vez que esse material tem se mostrado, ao longo

do tempo, uma alternativa viável ao uso do CPVC. Em termos ambientais, o CPVC

libera diversas substâncias tóxicas em sua produção e ao longo de seu ciclo de vida.

Além disso a produção de PPR requer menor gasto de energia e seus tubos possuem

maior facilidade de instalação, pois a junção de suas partes é feita por termofusão,

dispensando uso de soldas, colas, borrachas, adesivos e outros materiais tóxicos

agressivos ao meio ambiente. Além disso, a conexão uniforme entre tubos elimina

vazamentos, ocasionando em menor desperdício de água.

As soluções A, B e C apresentam sensores, válvulas solenoides e um micro

controlador Arduíno, resultando um impacto ambiental maior devido a produção desses

componentes. A solução D é a única que dispensa o uso de válvulas, possuindo uma

produção ecologicamente superior às restantes nesse âmbito.

A seguir, segue uma análise detalhada da viabilidade ambiental de cada uma

das soluções. Descreve-se em cada seção as vantagens e desvantagens ecológicas da

Page 75: Relatório final Modelagem Poli-USP

69

solução, permitindo uma avaliação da sua viabilidade e comparação com as demais

ideias.

5.4.1. Saída do chuveiro com reservatório externo

Nessa solução parte da tubulação utilizará o PVC. Apesar de popular, esse

material vem sendo substituído ao longo do tempo devido aos impactos ambientais

causados ao longo de sua vida útil e em sua produção, como poluição tóxica, metais

pesados e dioxinas, que se acumulam na cadeia alimentar e causam danos ao sistema

imunológico, reprodutivo e possuem potencial cancerígeno.

5.4.2. Reservatório proximal acoplado com mistura de água

Essa solução utilizará o PPR para transporte de água quente. Além disso, a

presença de um mecanismo de válvulas requer a produção de componentes que

possibilitem seu funcionamento, como o motores e placas de processamento. Cada

componente da válvula solenoide gera impactos ambientais adicionais na sua

produção, como metais pesados utilizados na composição de microchips e alto gasto

energético na construção de motores.

5.4.3. Reservatório proximal com micro aquecimento constante

O material utilizado pela tubulação, conforme explicado anteriormente, é o PPR.

Além disso, a solução apresenta válvulas solenoides, resistência e Arduíno, possuindo

também os problemas de fabricação e descarte citados anteriormente. Por conta da

introdução de uma resistência elétrica de baixa potência na solução, há um impacto

ambiental adicional devido ao consumo de energia elétrica no sistema.

5.3.4. Aquecimento elétrico de passagem

A presente solução dispensa a utilização de válvula solenoide, reduzindo o seu

impacto ambiental. A presença de sensores térmicos e placa micro controladora, além

de resistência elétrica de alta potência, acarretam em danos ambientais já discutidos

Page 76: Relatório final Modelagem Poli-USP

70

nos passos anteriores. Além disso o tubo utilizado pelos motivos anteriores continua

sendo o PPR.

6. Projeto básico

6.1. Escolha da melhor alternativa

6.1.1. Matriz de decisão

Para a escolha da solução final, foi usado o método AHP1 de análise e

comparação entre variadas opções. O Analytic Hierarchy Process (AHP) (SAATY, 1980)

é um método para auxiliar tomadas de decisões complexas. Mais do que somente

determinar qual a decisão correta, a AHP permite ao seu usuário a concepção da

justificativa das suas escolhas. O método é descrito abaixo, explicitando o processo de

escolha da melhor solução dentre aquelas geradas pelo estudo de viabilidade.

6.1.1.1. Escolha dos critérios

Primeiramente, em um processo de brainstorming, foram levantados diversos

critérios sob os quais poderiam ser avaliadas e comparadas às diferentes soluções.

Os critérios escolhidos pelo grupo seguem listados abaixo.

Custo: valor do custo de produção de um único dispositivo.

Facilidade de instalação: quanto é necessário intervir na estrutura do

banheiro do usuário para instalar o produto.

Tempo de aquecimento: intervalo de tempo entre o acionamento do

chuveiro e a saída de água na temperatura escolhida.

Eficiência energética: energia que o consumidor gastará com a utilização

do equipamento.

Page 77: Relatório final Modelagem Poli-USP

71

Estética: o quanto a instalação do dispositivo afeta a imagem do ambiente.

Simplicidade: quantidade de funções críticas que o dispositivo apresenta.

Segurança: risco de o dispositivo causar algum dano à integridade física

do usuário.

Durabilidade: intervalo de tempo até que um dos elementos do dispositivo

apresente falhas.

Custo de manutenção: em caso de necessidade de manutenção corretiva,

ou seja, o mecanismo apresentar falhas, quanto o consumidor terá que

gastar para consertá-lo.

Tamanho: dimensões previstas para o dispositivo.

Confiabilidade: capacidade de o mecanismo realizar sua função sem

falhas durante um determinado intervalo de tempo e sob condição

funcionamento.

Em seguida, cada um dos critérios foi estudado e pesquisado afim de melhor

embasar o estudo. Foi realizada também uma análise inicial sobre a lista de

critérios afim de se identificar aqueles que eram redundantes, ou seja, avaliavam

exatamente os mesmos atributos de outro critério existente. Porém, constatou-se

que não havia nenhum par de critérios correlacionados e, portanto, nenhum

atributo foi excluído por esse motivo.

Além disso, a análise dos critérios permitiu a constatação de que seria

inviável ou inútil utilizar três dos critérios levantados. Abaixo, seguem explicitados

os três critérios, juntamente com a justificativa do porquê eles foram descartados

da matriz de decisão.

Confiabilidade

Confiabilidade pode ser definida como a capacidade de um item realizar

uma função requerida durante um determinado período de tempo, submetido a

um determinado meio, em condições de projeto (Hoyland&Rausand, 1994).

Nesta definição, itens são componentes, subsistemas ou sistemas que

constituem um produto ou serviço. A função requerida pode ser uma função

Page 78: Relatório final Modelagem Poli-USP

72

única ou a combinação de funções necessárias para produzir um serviço

específico. Um item considerado confiável deve operar na aplicação para a qual

foi desenvolvido dentro de uma faixa especificada de eficiência e durante um

período de tempo determinado.

Para analisar a confiabilidade de um sistema, o analista deve deduzir um

modelo estocástico que descreva o sistema analisado e inclua a suas funções

essenciais. Existem diversas formas de analisar a confiabilidade de um produto

em desenvolvimento, como a função de risco, função confiabilidade e o tempo-

até-falha (Falcetta, 2000). Todas as formas citadas são baseadas em testes

físicos, em que o sistema é posto para funcionar por um intervalo de tempo

previsto e são medidos após o teste o número de falhas, por exemplo. A partir

dos resultados dos testes, são utilizados métodos estatísticos para se determinar

a confiabilidade do item em análise.

Pela literatura, observa-se que a confiabilidade é calculada principalmente

através de testes realizados com suas respectivas falhas computadas. Como as

soluções oriundas do Estudo de Viabilidade não foram prototipadas a ponto de

ser possível a realização desses ensaios, não seria possível quantificar e avaliar

a sua confiabilidade de maneira clara e objetiva. Portanto, apesar de o grupo

considerar a confiabilidade uma característica de grande valia na escolha do

produto, optou-se por retirá-la da Matriz de Decisão.

Custo de Manutenção

Manutenção é um processo que visa proporcionar um aumento do tempo

de utilização e maior rendimento de um equipamento. Seus principais resultados

são a garantia de condições seguras e estáveis de trabalho de um dispositivo e a

redução de custos com quebras e paradas.

Existem 3 tipos possíveis de manutenção: a corretiva, a preventiva e a

preditiva. A corretiva trata-se de uma manutenção não planejada de um

equipamento e tem como objetivo a localização, correção, reparação de quebras

ou defeitos. Nesse caso, os defeitos devem ter cessado ou diminuído a

capacidade do equipamento de exercer as funções para as quais foi projetado.

Page 79: Relatório final Modelagem Poli-USP

73

Essa modalidade de manutenção é a que apresenta maiores custos e é a de

mais difícil realização.

A manutenção preventiva é uma manutenção planejada que tem como

objetivo reparar, lubrificar, ajustar, recondicionar os equipamentos e é baseada

de acordo com o histórico de falhas de um determinado equipamento.

Finalizando, a preditiva é o acompanhamento periódico dos equipamentos,

baseado na análise de dados coletados através de monitoramento ou inspeções

em campo, indicando as condições reais de funcionamento dos equipamentos

com base em dados que informam o seu desgaste ou processo de degradação.

O tipo de manutenção mais adequada para o produto em

desenvolvimento nesse trabalho seria a manutenção corretiva, ou seja, aquela

que ocorrerá somente quando ocorre quebra do produto. Para realizar as

estimativas necessárias para comparar as alternativas na matriz de decisão sob

esse critério, a literatura dita que devem ser empregados estudos estatísticos

que analisem as falhas nos testes físicos do produto. Desse modo, mais uma

vez, a necessidade de se ter um produto já projetado inviabiliza a análise sob

esse critério, visto que não há dados disponíveis que embasem a tomada de

decisões.

Outro modo de se fazer uma estimativa dos custos de manutenção é

baseado na vida útil dos componentes que fazem parte do produto. No caso,

quanto menor a vida útil, maior seriam os custos de manutenção. Para os

componentes críticos encontrados em todos os produtos das soluções, o menor

valor encontrado para a vida útil seria da resistência de chuveiros elétricos, 5

anos (Walczak), seguido da resistência de aquecedores de água por

acumulação, 11 anos (Dif15), e chegando ao limite de 50 anos para o PVC. No

entanto, em muitos dos componentes pesquisados não havia dados confiáveis

sobre a vida útil das peças ou os valores obtidos não comportavam a vida útil

sob as condições de operação dos dispositivos, de tal forma que os dados

disponíveis não possibilitaram a análise objetiva das soluções sob a ótica da vida

útil. Sendo assim, optou-se por fim em excluir o critério “manutenção” da matriz

de decisão.

Page 80: Relatório final Modelagem Poli-USP

74

Durabilidade

A ideia inicial ao escolher o critério durabilidade era definir o tempo de vida do

produto, de forma a dar notas melhores para produtos que durassem mais tempo que

outros, levando em conta a manutenção deles. No entanto, foi levantado que no âmbito

da engenharia, o termo durabilidade está mais ligado à engenharia civil e à capacidade

de estruturas físicas de resistirem a diversos tipos de desgaste. Como exemplo de

aplicação desse critério, pode-se citar a classificação de estruturas de concreto quanto

a resistência a fatores ambientais, como humidade e variações periódicas de

temperatura.

Como se espera que a maioria das soluções apresentem durabilidade

semelhante, devido aos seus materiais e condições de uso, o critério foi eliminado.

6.1.1.2. Peso dos critérios

A matriz presente na tabela 6 (abaixo) foi preenchida avaliando comparativamente

os critérios da coluna e linha de cada célula. A escala usada para atribuição de notas

pode ser vista na tabela 6.

Page 81: Relatório final Modelagem Poli-USP

75

Tabela 6 - Matriz para a avaliação comparativa entre os critérios

Custo

Facilidade

de

instalação

Tempo de

aquecimento

Eficiência

energética Estética Simplicidade

Custo

Facilidade

de

instalação

Tempo de

aquecimento

Eficiência

energética

Estética

Simplicidade

Soma

Tabela 7 - Escala de notas

Nota

1 Critérios são igualmente importantes

2 Critério da linha é moderadamente mais importante que critério da

coluna

3 Critério da linha é mais importante que critério da coluna

4 Critério da linha é muito mais importante que critério da coluna

5 Critério da linha é extremamente mais importante que critério da

coluna

Após preenchida a matriz de critérios, o peso de cada critério foi calculado

e normalizado. O resultado pode ser visto na tabela 8.

Page 82: Relatório final Modelagem Poli-USP

76

Tabela 8 - Pesos normalizados

Critérios Pesos

normalizados

Custo 0,1489

Facilidade de

instalação

0,0792

Tempo de

aquecimento

0,0365

Eficiência

energética

0,0456

Estética 0,0615

Simplicidade 0,0419

Segurança 0,1930

Durabilidade 0,2255

Custo de

manutenção

0,1208

Tamanho 0,0470

Soma 1,0000

Gráfico 14 - Pesos normalizados

Custo

Facilidade deinstalação

Tempo deAquecimento

Eficiênciaenergética

Estética

Simplicidade

Segurança

Tamanho

Page 83: Relatório final Modelagem Poli-USP

77

6.1.1.3. Avaliação das soluções

Após a escolha dos critérios e a definição de seus pesos, foi feita uma escala de

notas para cada um deles, de modo a guiar a avaliação das soluções. As escalas são

mostradas e descritas abaixo.

Tabela 9 - Escala dos critérios

Nota

Custo de

fabricação

(reais)

Facilidade de instalação Tempo de aquecimento

(s)

1 Maior que

73,64

Requer fixação de um componente

na parede e instalação de

tubulação

Maior que 232

2 71,39 - 73,64

189 - 232

3 69,13 - 71,39 Requer fixação de um componente

na parede sem alterar tubulação 145 - 189

4 66,88 - 69,13

102 - 145

5 Menor que

66,88

É encaixável no sistema atual, não

demandando fixação ou alteração

adicional

Menor que 102

Page 84: Relatório final Modelagem Poli-USP

78

Tabela 10 - Escala dos critérios

Nota Eficiência energética

(potência [KW] gasta) Estética

1 Maior que 2,08 Impacto negativo sobre o ambiente e não dá para

fazer uma estética agradável

2 1,39 - 2,08 Impacto negativo sobre o ambiente atual mas dá

para fazer uma estética agradável

3 0,693 - 1,39 Impacto sobre o ambiente atual mas dá para fazer

uma estética agradável

4 0 - 0,693 Impacto mínimo sobre o ambiente atual e dá para

fazer uma estética pouco agradável

5 0 Impacto mínimo sobre o ambiente atual e dá para

fazer uma estética agradável

Tabela 11 - Escala dos critérios

Nota Simplicidade (número de funções

críticas) Segurança

Tamanho

(L)

1 Mais que cinco funções críticas Alto potencial de risco ao

usuário 43,2 - 54

2 Quatro funções críticas Médio potencial de risco ao

usuário 32,4 - 43,2

3 Três funções críticas Baixo potencial de risco ao

usuário 21,6 - 32,4

4 Duas funções críticas Muito baixo potencial de risco

ao usuário 10,8 - 21,6

5 Uma função crítica Nenhum potencial de risco ao

usuário 0 - 10,8

Em seguida, cada solução recebeu sua nota para cada critério, respeitando a

escala realizada. O resultado se encontra abaixo:

Page 85: Relatório final Modelagem Poli-USP

79

Tabela 12 - Atribuição de notas para as soluções

Solução A

(vaso

sanitário)

Solução B

(reservatório)

Solução C

(micro

resistência)

Solução D

(chuveiro

elétrico)

Pesos

normalizados

Custo 5 1 1 2 0,2296

Facilidade

de

instalação

1 3 3 5 0,1139

Tempo de

aquecimento 4 1 4 5 0,0574

Eficiência

energética 4 5 1 2 0,0721

Estética 1 3 3 5 0,0983

Simplicidade 2 4 4 4 0,0643

Segurança 4 4 3 4 0,2915

Tamanho 1 2 3 5 0,0729

Soma 3,2459 2,8530 2,5183 3,7390 1,0000

Como pode ser visto na tabela 12, a solução melhor avaliada foi a solução D, o

aquecedor elétrico de passagem. Conforme descrito no estudo de viabilidade, essa

solução consiste na instalação de uma resistência elétrica no chuveiro a gás, a qual

aqueceria a água de forma instantânea, assemelhando-se a um chuveiro híbrido. A

solução tem também a particularidade de regular a potência de aquecimento conforme

a água chega ao dispositivo em temperatura mais elevada, além de poder ser acoplada

a um chuveiro já existente, sem a necessidade de substituição do sistema atual.

Page 86: Relatório final Modelagem Poli-USP

80

6.2. Análises de sensibilidade

A análise de sensibilidade tem como objetivo fazer uma avaliação profunda do

funcionamento do produto afim de se descobrir e quantificar qual a influência que cada

componente tem sobre o seu desempenho. Sendo assim, procura-se avaliar como os

parâmetros que compõem cada subsistema do projeto afetam suas saídas, traçando

uma função que relacione a variação dessas duas grandezas.

A seguir, serão vistos os passos realizados na efetivação da análise de

sensibilidade. Em ordem, o produto será separado em subsistemas principais, os

parâmetros, entradas e saídas de cada sistema serão explicitados, serão realizadas

modelagens que aproximem a situação real por representações estudáveis e, por fim,

serão encontradas as funções que relacionem as variáveis e saídas dos sistemas. Ao

fim da análise, espera-se obter uma avaliação mais embasada acerca da

adequabilidade das soluções, realizar uma avaliação preliminar do desempenho e obter

um maior conhecimento sobre o produto.

A solução escolhida através da matriz de decisão tem duas principais

características: aquecimento instantâneo da água por meio de uma resistência elétrica

e modulação do aquecimento elétrico à medida que a água na entrada do produto

passa a chegar aquecida pelo sistema a gás. Sendo assim, podemos definir dois

principais sistemas críticos do produto: Aquecimento e Controle. A seguir, segue

esquematizado o produto e os seus subsistemas.

Figura 10 - Esquematização da solução escolhida

Page 87: Relatório final Modelagem Poli-USP

81

Figura 11 - Separação da solução escolhida em sistemas críticos

Conforme visto nas figuras, a principal característica do sistema de aquecimento

é receber uma vazão de água a uma determinada temperatura e aquecê-la através de

uma resistência elétrica à temperatura desejada para banho. O sistema de controle tem

como função averiguar a temperatura da água que chega ao produto e modular a

dissipação de calor na resistência de acordo com o que for medido, garantindo uma

maior eficiência energética e uniformidade da temperatura da água que saí pelo

chuveiro.

Nos passos que sucedem, cada sistema será analisado de forma separada, afim

de melhor explicitar suas propriedades e funcionamento.

6.2.1. Análise de sensibilidade de aquecimento

Conforme descrito anteriormente, a função principal do sistema de aquecimento

é promover uma elevação da temperatura da água que atravessa o conjunto. A seguir,

serão explicitadas as entradas e saídas do sistema.

Page 88: Relatório final Modelagem Poli-USP

82

Figura 12 - Entradas e Saídas do Sistema de Aquecimento

Entradas:

Vazão de água, em litros por minuto:

Temperatura de água, em graus Celsius, dependente da temperatura

ambiente e do tempo.

Potência da Resistência, em Watts, dependente de T1: W(T1)

Saídas:

Vazão de água, em litros por minuto:

Temperatura de água, em graus Celsius, dependente da temperatura

de entrada e das trocas de calor no tubo.

Uma vez descritas as entradas e saídas do sistema, busca-se agora definir os principais

parâmetros que o compõe. A definição dos parâmetros tem como objetivo elencar todos

fatores que, sujeitos a modificação, poderão alterar as saídas do sistema. Mais

especificamente, consideraremos somente a saída referente a temperatura da água,

pois não há nenhum fator que altere significativamente a vazão, além da análise desta

não ser o escopo do produto. Os parâmetros listados a seguir, portanto, compreendem

as variáveis cuja capacidade de alteração da temperatura de saída da água será

testada nos passos que seguem.

Potência dissipada pela resistência

Vazão de água pelo sistema

Page 89: Relatório final Modelagem Poli-USP

83

Geometria do Tubo: Diâmetro e Comprimento

Geometria da Resistencia: número de espiras, diâmetro, comprimento.

6.2.1.1. Modelo simbólico

Aplicando a primeira lei da termodinâmica e equação da continuidade no

seguinte volume de controle.

Equação da continuidade:

1ª Lei da Termodinâmica, supondo fluxo em regime permanente (em relação à

vazão) e desprezando as trocas de calor com o ambiente:

Em que W é a potência fornecida, é a vazão mássica e T2 e T1 as temperaturas de

saída e entrada, respectivamente. Assumindo a densidade da água como constante na

faixa de valores entre 10 e 40ºC e como sendo aproximadamente igual 1kg/l,

substituiremos na fórmula a vazão mássica por volumétrica (em litros/minuto).

Assim, obtém-se modelo matemático que relaciona a potência na resistência

com a vazão de entrada da agua e a diferença de temperatura proporcionada pelo

Page 90: Relatório final Modelagem Poli-USP

84

sistema. No entanto, vale frisar que esse modelo teórico possui uma série de limitações

e simplificações, como na dissipação de potência no solenoide e nas trocas de calor

com o ambiente, tendo como função embasar o estudo do mecanismo sob condições

ideais de operação do mecanismo. Desse modo, os valores e relações encontrados

através desse modelo serão tomados como teto de rendimento do dispositivo.

Para prosseguir nos cálculos a partir do modelo teórico, serão feitas as seguintes

suposições:

T1= 20°C (19.8°C Temperatura média anual de São Paulo)

T2 = 38°C (Temperatura de Conforto entre 36 e 40°C ° (Kieling 1996 in

Chaguri 2009)

C=4.2 kJ/kg*K

Vazão= 8.7 l/min=8.7kg/min

Como a temperatura de chegada da água no tubo (água fornecida pelo

aquecedor a gás) varia com o tempo, definiremos também a função que modele essa

variação. Fixaremos a temperatura inicial como igual à temperatura ambiente

(T1=20ºC), que a temperatura final é aproximadamente 40ºC e que demora, em média,

57 segundos para a água atingir esse valor (dados obtidos no estudo de viabilidade).

Aproximando a curva temperatura pelo tempo por uma exponencial (ou seja, a taxa de

crescimento da temperatura é maior no fim do que no fim início do banho) obtemos a

função que quantifica a temperatura de chegada da água pelo tempo. Vale ressaltar

que essa função só vale no período transiente, ou seja, uma vez atingidos os 40ºC, o

sistema entra em regime permanente em relação a temperatura, a qual se estabiliza

nesse valor.

Sendo assim, podemos adaptar a fórmula obtida na primeira lei para a seguinte.

Finalmente, podemos partir para obter as relações entre os fatores de par em

par, conforme será visto nos tópicos a seguir. A obtenção dessas relações será útil para

comparação dos valores teóricos com aqueles obtidos via análise em software,

conforme será explicado conforme será visto nos tópicos a seguir.

Page 91: Relatório final Modelagem Poli-USP

85

6.2.1.2. Relação entre potência e vazão

Nessa análise, deseja-se obter a relação entre potência dissipada pela

resistência elétrica e a vazão volumétrica do sistema para uma determinada diferença

de temperatura. Para isso, fixaremos T1=20ºC (ou seja, t=0), T2=38ºC e c=4.2 kJ/kg*K.

Substituindo os valores na equação, obtemos os seguintes dados.

W x Vazão – valores acima

10962 11718 12474 13230 13986 14742 15498 16254 17010 17766

Vp 8,7 9,3 9,9 10,5 11,1 11,7 12,3 12,9 13,5 14,1

W x Vazão – valores abaixo

W 10962 10206 9450 8694 7938 7182 6426 5670 4914 4158

Vp 8,7 8,1 7,5 6,9 6,3 5,7 5,1 4,5 3,9 3,3

Gráfico 15 - Relação entre potência e vazão

Desse modo, encontramos a relação .

W = 1260*Vp

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Po

tên

cia

(W)

Vazão (l/min)

Potência vs Vazão

Page 92: Relatório final Modelagem Poli-USP

86

6.2.1.3. Relação entre potência e temperatura de saída

Nessa análise, deseja-se obter a relação entre potência dissipada pela

resistência elétrica e a temperatura na saída do tubo para uma determinada

temperatura de entrada e fluxo de água. Para isso, fixaremos T1=20ºC (ou seja, t=0),

V=8,7 l/min e c=4.2 kJ/kg*K. Substituindo os valores na equação de potência e vazão,

obtemos os seguintes dados.

W x T2 – valores acima

W 10962 10353 9744 9135 8526 7917 7308

deltaT 18 17 16 15 14 13 12

T2 38 39 40 41 42 43 44

W x T2 – valores abaixo

W 10962 11571 12180 12789 13398 14007 14616

deltaT 18 19 20 21 22 23 24

T2 38 37 36 35 34 33 32

Gráfico 16 - Temperatura de Saída vs Potência

Desse modo, encontramos a relação T2 = 0,0016W+ 20.

T2 = 0,0016W+ 20

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Potência (W)

Temperatura de Saída vs Potência

Page 93: Relatório final Modelagem Poli-USP

87

6.2.1.4. Análises restantes: Geometria da Solenoide e do Tubo

O modelo descrito pela primeira lei não comporta a influência sobre o sistema de

dois parâmetros importantes: a geometria do solenoide e do tubo. Para que essas duas

variáveis sejam contabilizadas no modelo simbólico em questão, torna-se necessário

ampliá-lo afim de incluir a análise dos processos de transferência de calor no sistema.

Isso inclui tanto a capacidade de o solenoide efetivamente transferir calor ao fluido

quanto às perdas de energia por trocas com a parede do tubo. Ambos efeitos terão

como resultado uma diminuição dos valores preditos pela primeira lei, ocasionando,

portanto, em uma diminuição da eficiência do sistema. Chamando de Wperdido a

diferença entre o valor ideal e o ajustado ao novo modelo da potência útil, encontramos

o novo equacionamento do sistema de aquecimento.

Em ambos os casos, os materiais escolhidos e a geometria dos componentes

terão papel fundamental na eficiência do sistema. Como os materiais ou já foram

definidos com base no estudo de viabilidade (no caso do tubo) ou são padronizados no

mercado (no caso do solenoide), optou-se por analisar somente a geometria de ambos.

No caso do solenoide, a transformação de energia elétrica em térmica através do efeito

Joule terá como efeito imediato um aumento da temperatura do resistor. A diferença de

temperatura entre a espira e o fluido passante terá como consequência a realização de

trocas de calor entre ambos, aquecendo a água no tubo. No entanto, essas trocas de

calor não conseguem transferir integralmente a potência que chega no solenoide para o

líquido, sendo que parte da energia é retida na resistência, elevando a sua temperatura;

ou dissipada, por exemplo, por meio da emissão de energia eletromagnética. As perdas

por irradiação serão desprezadas nessa análise e nos focaremos na incapacidade do

solenoide transferir instantaneamente o trabalho elétrico que chega em energia térmica

para o líquido (como potência é a derivada no tempo do trabalho, um maior tempo para

transferir o mesmo trabalho resulta na diminuição da potência útil).

Page 94: Relatório final Modelagem Poli-USP

88

O equacionamento da análise teórica descrita anteriormente, será visto no que

sucede.

Potência elétrica que chega ao solenoide:

Resistencia:

Em que “L” é o comprimento total e “A” é a área da seção transversal do fio,

sendo diretamente relacionados a geometria do solenoide, enquanto “ ” é a

resistividade, a qual depende somente do material e da temperatura. A influência do

aumento temperatura sobre a resistência pode ser quantificado a partir do coeficiente

de temperatura α, a partir da equação descrita a seguir.

Substituindo a equação da resistência no da potência elétrica e substituindo os

valores da resistividade (1,12 Ωmm²/m) e do coeficiente de temperatura do material do

solenoide (0,00017ºC-1) (Serway, 1998) e para uma tensão nominal de 220 volts,

conseguimos isolar somente a influência da geometria da espira sobre a potência.

Essa equação fornece a potência dissipada em função do comprimento da espira

(em metros) e área da seção (em milímetros quadrados). No entanto, em razão de os

resistores para chuveiro a venda no mercado virem caracterizados não pela sua

resistência (em ohms), mas sim diretamente pela potência elétrica dissipada (em

Watts), essa análise não apresenta importância tão grande ao se pensar que a

resistência será comprada de um fornecedor já com sua potência especificada.

Corroborando essa linha de pensamento, optou-se anteriormente por definir a

entrada de energia no dispositivo como a potência elétrica em detrimento da corrente,

Page 95: Relatório final Modelagem Poli-USP

89

excluindo a necessidade de se avaliar a influência da geometria sobre a resistência

elétrica. Sendo assim, a análise da geometria do solenoide terá como objetivo principal

ver a influência desta sobre a dissipação de calor, visto a seguir.

O efeito Joule provocará uma alteração na temperatura do solenoide conforme a

equação.

Essa diferença de temperatura é o que levará as trocas de calor entre fluido e líquido.

Segundo Pereira (2010, p.277):

“A transferência de calor entre um sólido e um fluido é um

fenômeno bastante complexo, neste trabalho em questão envolve

os fenômenos de condução e convecção no fluído. Assim, para

descrever precisamente esta situação, precisam-se resolver

simultaneamente as equações de massa, quantidade de

movimento e energia no fluido. [...] Para a abordagem analítica

ressaltam-se alguns aspectos sobre escoamento e transferência

de calor. O modo de transferência por convecção abrange dois

mecanismos. Além da transferência de energia devido ao

movimento molecular aleatório (difusão), a energia também é

transferida através do movimento global, ou macroscópico, do

fluido [3] e [9]. Interessa-se especialmente pela transferência de

calor por convecção que ocorre no contato entre um fluido em

movimento e uma superfície, quando os dois se encontram em

temperaturas diferentes.”

Conforme descreve o autor, o cálculo das trocas de calor requer uma bagagem

teórica na área de transferência de calor que ultrapassam a capacidade técnica dos

integrantes do presente grupo. Em conversa com o Prof. Doutor Guenther Carlos

Krieger Filho, do Laboratório de Engenharia Térmica e Ambiental da Escola Politécnica

da USP, fora recomendado que o problema fosse tomado somente do ponto de vista da

convecção e simplificado para a lei de resfriamento de Newton.

Page 96: Relatório final Modelagem Poli-USP

90

Em que é a taxa de troca de calor (ou de fornecimento de potência), h é o

coeficiente individual de transporte de calor, A é a área de superfície do solenoide, Ts =

temperatura de superfície do solenoide e Tf = temperatura do ar circundante. Conforme

demonstra a equação, a dissipação de calor pode ser melhorada através do aumento

da área do dissipador ou do coeficiente individual de transporte de calor. No entanto,

esse coeficiente é obtido de forma empírica ou através de modelos teóricos específicos,

sendo dependente da geometria do dissipador, da orientação do dissipador e do fluxo

de fluido que o atravessa [Pomilio, 2013]. Sendo assim, a influência da geometria do

solenoide sobre a dissipação de potência, e, por conseguinte, sobre a temperatura de

saída da água não pode ser corretamente avaliada através do modelo teórico, optando-

se por avalia-la através do software de dinâmica computacional dos fluidos.

Por fim, a mesma lógica empregada para a dissipação de potência no solenoide pode

ser empregada para as trocas de calor entre o fluido e a parede, delegando-se a tarefa

de avaliar essa relação ao software CFD.

6.2.2. Simulação em software CFD

Afim de se obter resultados mais próximos à realidade, o sistema de

aquecimento de água foi modelado no software “Autodesk Inventor 2015” e

posteriormente analisado com o software de Dinâmica Computacional dos Fluidos

(CFD) “Autodesk Simulation CFD 2015”. A modelagem em CAD, nesse primeiro

momento, não teve como objetivo prover uma versão final do produto, mas sim realizar

uma aproximação do sistema de aquecimento afim de testar o seu funcionamento.

A metodologia de testes consiste em fixar todos os parâmetros de projeto com

exceção de um, o qual sofrerá variações em cada série de iterações. Em cada análise,

é visto como a variação imputada reflete sobre a temperatura de saída da água

(principal saída do sistema testado). A partir dessa relação, é traçada uma função que

quantifique a correspondência entre as duas variáveis, o que se configura como

Page 97: Relatório final Modelagem Poli-USP

91

objetivo primário da análise de sensibilidade. A seguir, serão descritos todos os passos

realizados para montagem dos testes e os resultados obtidos.

6.2.2.1. Modelagem de testes

O software “Autodesk Simulation CFD 2015” é um ambiente de análise de

elementos finitos para dinâmica computacional dos fluídos que, a partir de um modelo

de software CAD e uma série de definições sobre as condições iniciais do escoamento

e do sistema material, provê ao usuário uma simulação do fluxo e uma caracterização

de suas propriedades físicas, como temperatura, pressão, velocidades, tensões de

cisalhamento, trocas de calor e afins.

O modelo em CAD é composto de duas principais partes: um tubo de polipropileno

copolímero random tipo 3 (PPR) e uma resistência elétrica solenoide. Parte do desafio

de simular computacionalmente o dispositivo consiste no fato de que, a cada alteração

geométrica a ser testada, um modelo novo em CAD tem de ser refeito e testado. O

dimensionamento e características físicas do tubo de PPR foram extraídos do catálogo

da empresa Tigre(Tigre SA, 2013). Na tabela abaixo, seguem os dados utilizados para

a modelagem do tubo de PPR. Para dimensionamento do diâmetro e espessura do

tubo, foi utilizada como referência a linha PN12 de tubos da empresa Tigre.

Tabela 13 - Propriedades Físicas do PPR (Tigre SA, 2013)

Características Método de medição Unidades Valores

Densidade ISO 1133 g / cm³ 0,3

Ponto de fusão Método interno 0°C 136,5 - 142,5

Condutividade térmica a 23°C

DIN 8078 W/mk 0,23

Page 98: Relatório final Modelagem Poli-USP

92

Tabela 14 - Dimensão do tubo de PPR, linha PN12 (Tigre SA, 2013)

Diâmetro Externo (mm) Espessura

(mm)

20 1,9

25 2,3

32 3

40 3,7

50 4,6

63 5,8

75 6,9

90 8,2

Figura 13 - Renderização do modelo em CAD do tubo de PPR (90x180mm)

A modelagem da resistência elétrica teve como referência os modelos já

existentes no mercado de resistências elétricas para chuveiros elétricos. Essa peça

consiste em um solenoide feito de uma liga de níquel-cromo capaz de gerar energia

térmica a partir da elétrica por meio do efeito Joule. Uma pesquisa feita

presencialmente em loja de material de construção demonstrou a existência de uma

grande diversidade de formatos e potências de resistências elétricas no mercado.

Sendo assim, foram modeladas uma variedade de resistências, as quais destoam entre

si pelo seu diâmetro, comprimento, número de voltas e presença ou não de hélices

Page 99: Relatório final Modelagem Poli-USP

93

internas. O modelo escolhido na maioria das iterações foi o de solenoide simples (sem

hélices internas), com grande número de voltas, comprimento grande e diâmetro

pequeno, permitindo uma grande versatilidade na instalação em tubos de diferentes

diâmetros e formatos. A seguir, estão dispostas alguns dos solenoides modelados.

Figura 14 - Modelo de solenoide com hélices internas. Embora comum, não utilizado por dificuldade de

processamento no software CFD.

Figura 15: Modelo de solenoide com hélices internas. Embora comum, não utilizado por dificuldade de

processamento no software CFD.

Page 100: Relatório final Modelagem Poli-USP

94

Figura 16: Solenoide de diâmetro pequeno e pequeno espaçamento

Quanto às propriedades físicas das resistências elétricas, sua composição

comumente é uma liga de Níquel-Cromo (15%-25%Cr, 19-80%Ni) (Maceti, Levada, &

Lautenschlegue, 2007). Na tabela abaixo, seguem as propriedades de ligas de Nicromo

dentro dessa faixa. Tomaremos como referência a Liga Níquel-Cromo 65/15, por se

postar em uma faixa intermediárias entre os valores expressos.

Page 101: Relatório final Modelagem Poli-USP

95

Tabela 15- Tabela de Materiais

Liga de Níquel-Cromo

Propriedades nominais NÍ-CRO 80/20 NÍ-CRO 65/15 NÍ-CRO 35/20

~ Cromo 20,00 16,00 19,50

~ Ferro - Restante Restante

~ Silício 1,20 1,2 2,00

~ Níquel Restante 58,00 35,50

Resistividade Elétrica - 20°C ohm.mm2/m 1,10 + 5% 1,12 + 5% 1,04 + 5%

Coeficiente de Expansão x 10/°C (20 A 100°C) 17,00 17,00 17,00

Condutibilidade Térmica a 20°C-Cal/Cm x Seg x °C 0,035 0,032 0,031

Calor Específico a 20°C-Cal/g x °C 0,11 0,11 0,12

Limite de Resistência a Tração (ø 0,813 mm) N/mm2 830 830 800

Ponto de Fusão Aproximado 1.400°C 1.390°C 1.390°C

A montagem das duas peças consiste em pôr a solenoide na parte central do

interior do tubo. Nesse primeiro momento, não foram projetados apoios para a

resistência nem os fios elétricos que sairão do tubo, afim de facilitar a montagem e

análise no software CFD. Assim, segue o modelo geral da montagem utilizada nas

análises, cuja geometria pode variar levemente a depender da análise feita.

Page 102: Relatório final Modelagem Poli-USP

96

Figura 17: Renderização da montagem do sistema

Figura 18: Visualização do sistema no ambiente do software de CFD

Page 103: Relatório final Modelagem Poli-USP

97

No ambiente do software CFD, o interior do tubo é preenchido por um volume

correspondente à água que atravessa a tubulação. Para se preparar a simulação, são

definidos os materiais de cada componente, a vazão e temperatura da água e a

potência de dissipação de calor na resistência. Definiremos como condição padrão do

experimento os parâmetros listados a seguir.

Tabela 16 - Tabela de parâmetros

Parâmetro Valor

Temperatura Ambiente 20ºC

Vazão volumétrica 8.7 l/min

Potência da Resistência 9000W

Pressão relativa na saída do tubo 0 psi

Temperatura de entrada de água do sistema

Em posse dessas condições, é possível iniciar as análises e comparar como

cada fator afeta a saída de água quente do sistema.

6.2.2.2. Variação da Potência

Conforme as condições iniciais expressas inicialmente, foram simulados os

escoamentos variando-se o valor da potência dissipada pela resistência elétrica. Foram

comparados os valores de 0 (resistência desligada), 1800, 6000 e 9000 Watts, cada um

deles para um tempo de funcionamento de 10 segundos do sistema. O tempo tomado

se justifica por ser considerado um intervalo de tempo suficiente para o sistema ser

acionado, entrar em funcionamento e poder ser analisado, sendo que na configuração

ideal a temperatura de saída de água já será alta o bastante para o usuário iniciar o

banho.

A seguir, serão vistos os principais resultados obtidos através da análise.

Page 104: Relatório final Modelagem Poli-USP

98

Figura 19 - Gradiente de Temperatura a 0W. Escala de 20 a 21.3ºC

Figura 20 - Gradiente de Temperatura a 6000W. Escala de 20 a 50ºC

Page 105: Relatório final Modelagem Poli-USP

99

Figura 21: Gradiente de Temperatura a 9000W. Escala de 20 a 50ºC

Tabela 17 - Temperaturas em função da a potência

Potência (W) 0 1800 6000 9000

Temperatura (ºC) 21,1 23,9 30,3 34,8

Page 106: Relatório final Modelagem Poli-USP

100

Gráfico 17 - Temperatura vs Potência

Da regressão linear obtida a partir dos dados experimentais (linha azul), obtemos

a função T = 0,0015W + 21,138. Comparando com o valor obtido através do modelo

simbólico, em vermelho, percebe-se que o modelo experimental se aproxima com

sucesso do valor predito, com diferenças representando as perdas de calor para o

ambiente e potência não transferida pela resistência. Tento incluir o valor da

temperatura e do tempo:

y = 0,0015x + 21,138

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

0 2000 4000 6000 8000 10000

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Potência (Watts)

Temperatura x Potência

Linear (CálculoCFD)

Linear (Teórico 1lei)

Page 107: Relatório final Modelagem Poli-USP

101

6.2.2.3. Variação do Fluxo

Conforme feito anteriormente, foram simulados os escoamentos variando-se o

valor do fluxo de água que atravessa a tubulação. Foram comparados os valores de 3,

8.7, 6 e 12 litros/minuto, cada um deles para um tempo de funcionamento de 5

segundos do sistema e potência de 9000W. O valor de 3 litros/minuto foi escolhido por

se aproximar do funcionamento de um chuveiro elétrico em baixa vazão, enquanto o

valor de 12 litros/minuto se aproxima de um chuveiro a gás em alta vazão.

O tempo de análise foi ampliado para 10 segundos, pois uma menor vazão

requer um maior tempo para se certificar que os resultados de temperatura medidos na

saída da tubulação são fiéis ao que se está aquecendo na resistência elétrica. Espera-

se, com esses valores, poder traçar como é a variação de temperatura na saída do

sistema provida por uma alteração no fluxo de líquido.

Tabela 18 - Fluxos em função da Temperatura

Fluxo (l/min) 3 6 8,7 12

Temperatura

(ºC)

54,76 41,61 36,46 33,55

Page 108: Relatório final Modelagem Poli-USP

102

Gráfico 18 - Temperatura vs Fluxo

Assim, obtém-se a relação:

Supondo que o comportamento da curva se repita de forma semelhante para

outros valores de W, será feita uma aproximação afim de incluí-lo nesse valor.

Comparando o valor obtido com o predito através do modelo simbólico, vê-se

que a curva obtida a partir da regressão dos pontos se aproximado esperado. Espera-

se que a diferença entre os valores se dê, novamente, por conta de perdas de calor e

diminuição do rendimento.

y = 80,361x-0,359

0

10

20

30

40

50

60

70

0 2 4 6 8 10 12 14

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Fluxo (litros/minuto)

Temperatura vs Fluxo

Cálculo CFD

Teórico 1 Lei

Potência(Cálculo CFD)

Potência(Teórico 1 Lei)

Page 109: Relatório final Modelagem Poli-USP

103

6.2.2.4. Alteração do formato da resistência

Deseja-se verificar como a geometria da resistência influi sobre os resultados.

Desse modo, serão testadas as variações dos seguintes parâmetros: número de

espiras, diâmetro da hélice e comprimento da hélice.

O primeiro a ser testado foi a variação do número de espiras. Foi utilizada como

base um solenoide de 40 milímetros de diâmetro e 50 milímetros de comprimento. A

partir dela, foram criados diversos modelos que diferiam entre si somente pelo número

de espiras. Cada modelo foi testado no software CFD por 15 segundos para uma vazão

de 8.7 litros/minuto e 9000 Watts de potência no solenoide. Os resultados estão

apresentados a seguir.

Tabela 19 - Número de espiras por temperatura

Comprimento

(mm)

Número de

Espiras

Espiras/Unidade de

Comprimento (espiras/mm)

Temperatura

(ºC)

50 7 0,14 37,1434

50 9 0,18 52,9229

50 11 0,22 53,0511

50 15 0,3 50,1593

50 22 0,44 41,2282

50 30 0,6 38,6557

Page 110: Relatório final Modelagem Poli-USP

104

Gráfico 19 - Temperatura vs Espiras

Os pontos traçados foram aproximados por uma curva polinomial de grau 4.

Optou-se por utilizar como parâmetro o número de espiras por unidade de comprimento

por tornar o resultado mais universal. Percebe-se, logo em primeira vista, que há um

ponto de máximo próximo a 0,2 espiras por unidade de comprimento. A partir desse

valor, o incremento na quantidade de espiras provoca uma diminuição da temperatura

na saída da água. Acredita-se que tal fenômeno ocorra por esse valor permitir melhor

superfície de troca de calor entre espira e fluído.

No entanto, uma análise mais profunda demonstrará um dado alarmante sobre a

análise. Comparando os valores previstos pela 1ª Lei da Termodinâmica, a temperatura

máxima permitida para essas condições seria de 38.8ºC. Olhando o resultado, vê-se

uma predominância de dados que ultrapassam esse valor limite. Novamente

conversando com o Prof. Dr. Guenther Krieger Filho, ele afirmou que tal fenômeno pode

ser resultante de uma falha do software em perceber que uma determinada geometria

do solenoide pode não ser fisicamente capaz de transferir a potência imputada ao

sistema. Desse modo, a análise perde a verossimilhança física e seus resultados não

podem ser tomados como representativos da realidade.

y = -12606x4 + 19917x3 - 11176x2 + 2579,6x - 154,18

0

10

20

30

40

50

60

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Espiras por unidade de comprimento (espiras/milímetro)

Temperatura vs Espiras por unidade de comprimento

Page 111: Relatório final Modelagem Poli-USP

105

O próximo passo é testar o diâmetro do solenoide. As condições de teste foram

as mesmas do caso anterior, com a particularidade de se escolher uma resistência de 7

espiras e variar o seu diâmetro para os testes. Afim de se obter um resultado

adimensionalizado, buscou-se obter a relação entre a temperatura de saída e a razão

entre os diâmetros do solenoide e do tubo. Para tanto, foi escolhido o tubo de 90

milímetros de diâmetro externo, o qual possui 76,3 milímetros de diâmetro interno. Os

resultados obtidos estão a seguir.

Tabela 20 - Propriedades do solenoide vs Temperatura

Diâmetro solenoide

(mm)

Razão diâmetro

solenoide/tubo Temperatura(ºC)

20 0,26 39,25

30 0,39 41,24

40 0,52 37,14

50 0,66 58,83

60 0,79 41,54

Gráfico 20 - Propriedades do solenoide vs Temperatura

y = -11814x4 + 24590x3 - 18239x2 + 5706,2x - 593,56

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Razão Diametro/Tubo

Temperatura x Razão Diametro Solenoide/Tubo

Page 112: Relatório final Modelagem Poli-USP

106

Foi realizada uma regressão polinomial de terceira ordem para aproximar os

pontos obtidos de uma função. Percebe-se, à primeira vista, que há um ponto de

máximo próximo a uma razão diametral de aproximadamente 0,7. A partir desse valor, o

aumento ou diminuição do diâmetro do solenoide provoca uma diminuição da

temperatura na saída da água. Acredita-se que tal fenômeno ocorra por esse valor

representar aquele que permite melhor volume de troca de calor entre espira e fluído.

No entanto, mais uma vez a análise apresenta valores que quebram a primeira lei.

Diante do exposto, optou-se por desconsiderar os resultados encontrados na

análise da geometria do solenoide, e não prosseguir nessa análise via software CFD. A

análise do software teve sim como valor demonstrar que há uma variação na

temperatura final a depender da geometria do resistor, mas não há confiabilidade em

afirmar que as relações encontradas representam a realidade.

6.2.2.5. Alteração do diâmetro do tubo

Deseja-se verificar como a geometria do tubo influi sobre os resultados. Desse

modo, serão testadas as variações dos seguintes parâmetros: diâmetro do tubo e

comprimento do tubo. Todos os testes a seguir foram rodados nas condições padrões

de experimento.

A variação do comprimento foi realizada a partir de três testes em iguais

condições de contorno com valores diferentes de comprimento do tubo. A solenoide foi

mantida na mesma posição em relação a face de entrada, sendo que a variação de

comprimento foi na face de saída. Os resultados seguem na tabela abaixo.

Tabela 21 - Comprimento vs Temperatura

Comprimento (mm) 180 120 90

Temperatura (ºC) 34,8 36,8 37,1

Page 113: Relatório final Modelagem Poli-USP

107

Gráfico 21 - Tamanho vs Temperatura

Os testes mostraram que, quanto maior o comprimento, menor a temperatura na

saída da água. No entanto, esse resultado é mais relacionado com a posição do

solenoide dentro do tubo do que com o comprimento em si, ou seja, quanto mais

próximo a saída da água está a resistência, menor vai ser a troca de calor do liquido

quente com o tubo e mais quente a água chegará ao usuário. Sendo assim, a

determinação do tamanho do tubo levará mais em conta as propriedades mecânicas do

material (se ele será capaz de se sustentar na parede) do que por especificações

termodinâmicas.

A última análise feita foi em relação ao diâmetro do tubo. Foram variados os

diâmetros do tubo para as condições padrões de testes e para um solenoide de 40mm

de diâmetro. Optou-se por na hora de calcular a relação entre diâmetro do tubo e

temperatura adimensionalizar esse valor pela relação diâmetro do solenoide dividido

pelo diâmetro interno do tubo. O resultado dos testes segue na tabela abaixo.

34,5

35

35,5

36

36,5

37

37,5

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Títu

lo d

o E

ixo

Título do Eixo

Tamanho do Tubo

Page 114: Relatório final Modelagem Poli-USP

108

Tabela 22 - Diâmetro vs Temperatura

Diâmetro Externo

(mm)

Diâmetro Interno

(mm)

Relação Diâmetro

Solenoide/Tubo

Temperatura de

Saída da Agua

(ºC)

60 43,6 0,917431 35,2

70 53,6 0,746269 35,5

90 73,6 0,543478 34,8

110 93,6 0,42735 33,8

Gráfico 22 - Razão vs Temperatura

O gráfico aponta para o fato de que há uma relação ideal entre diâmetro do tubo

e do solenoide, que se estaria por volta dos 0,7. No entanto, nota-se que para valores

entre 0,6 e 0,9 não houve uma variação tão significativa na temperatura (máximo 0,8

ºC), sendo a variação mais significativa quando passamos a ter um tubo de diâmetro

muito maior que a solenoide. Sendo assim, o aprendizado que se obtém da análise é

33,6

33,8

34

34,2

34,4

34,6

34,8

35

35,2

35,4

35,6

35,8

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Razão Diametro Solenoide/Tubo

Razão Diametro Solenoide/Tubo vs Temperatura

Page 115: Relatório final Modelagem Poli-USP

109

que a influência do diâmetro do tubo sobre a temperatura de saída da água é de uma

baixa ordem de grandeza, contanto que se atenha ao fato de que o diâmetro do

solenoide deve possuir uma área capaz de atender o fluxo passante.

6.2.2. Análise de sensibilidade do controle

6.2.2.1. Sistema de controle

O dispositivo precisa manter a temperatura da água em contato com o usuário

dentro de um valor aceitável para o banho, sendo o resistor do sistema de aquecimento

o responsável por aquecer rapidamente a água fria presente no encanamento no

momento de início do banho. No entanto, o aumento gradativo da temperatura de

entrada da água faz com que o resistor tenha que gradualmente operar à uma menor

potência para atingir a temperatura desejada, tornando-se necessário diminuir a

passagem de corrente pelo resistor. O objetivo do sistema de controle é garantir que o

aquecimento seja aquele necessário para manter a temperatura dentro de um intervalo

adequado para o banho, garantindo conforto e provendo maior eficiência energética ao

sistema.

Segue uma ilustração das entradas e saídas do sistema de controle.

Figura 22 - Entradas e saídas do sistema de controle

Page 116: Relatório final Modelagem Poli-USP

110

Como o modo de o gás aquecer a água depende da instalação de cada

residência, é inviável determinar uma curva de aquecimento da água em função do

tempo sem requerer a aproximações com alto nível de imprecisão. A variável a ser

usada como parâmetro para o algoritmo de controle será, portanto, a temperatura de

entrada da água no dispositivo. De posse desse dado, é possível determinar a potência

necessária para aquecer a água até a temperatura desejada ao passar pelo circuito

projetado.

A outra entrada do sistema relaciona-se à forma de operação do dispositivo, que

se assemelha à de um chuveiro elétrico. O sistema deverá funcionar com corrente

alternada, visto ser aquela comumente disponível nas residências. Tal requerimento se

torna um empecilho, já que os circuitos de sistemas de controle utilizam corrente

contínuas no seu funcionamento e o sistema escolhido para o produto final deverá se

adaptar a isso.

Quanto à modulação da corrente alternada, ela variará com o método de controle

escolhido, mas está diretamente ligada à potência. Ambas saídas do sistema serão

determinadas pelo algoritmo de controle, que tem como objetivo determinar a potência

necessária para aquecer a água.

Após o levantamento das entradas e saídas, é possível determinar os

parâmetros que determinam o funcionamento do sistema de controle e influenciam a

potência que o esse sistema fornece ao sistema de aquecimento, sua principal saída.

São eles:

Método e Componentes de Controle

Algoritmo de Controle

Corrente Alternada de entrada

Valor de Temperatura

A análise dos parâmetros procura demonstrar o efeito da variação de cada um

sobre a potência de saída.

Page 117: Relatório final Modelagem Poli-USP

111

6.2.2.2. Escolha do método e componentes de controle

Para a escolha do método de controle que seria utilizado no produto final,

levantou-se algumas possibilidades por meio de pesquisas e consultou-se um professor

do departamento de automação e controle da Escola Politécnica da USP. Apresentadas

as ideias, o professor recomendou que fosse escolhido o uso de um sistema conhecido

como triodo para corrente alternada (triode for alternate current – TRIAC). Esse sistema

é comumente utilizado para o controle de equipamentos que operam com corrente

alternada em altas voltagens.

Um TRIAC é composto pela associação de duas unidades de um componente

denominado diodo controlado de silício (Silicon-Controlled Rectifier – SCR). O SCR é

um diodo formado por 4 camadas de semicondutores devidamente dopadas, e tem a

função de permitir a passagem de corrente em um único sentido de forma controlada.

Esse componente normalmente opera em corrente contínua e para formar o TRIAC, as

duas unidades são montadas de forma anti-paralela, conforme esquematizado

simplificadamente abaixo. Essa configuração de diodos permite que o circuito opere em

corrente alternada.

Figura 23 - Funcionamento de um TRAIAC

A operação em corrente alternada é importante para garantir o funcionamento do

dispositivo e geração de potência, uma vez que é a fonte de energia disponível nas

Page 118: Relatório final Modelagem Poli-USP

112

residências. Os componentes escolhidos deverão também ser dimensionados para

operar na alta voltagem requerida pelo chuveiro.

Componentes acessórios, como disjuntores, podem ser adicionados para

garantir a segurança do usuário.

6.2.2.3. Corrente Alternada e o Algoritmo de controle

O algoritmo de controle tem o papel de, através das propriedades do sistema

TRIAC, regular a corrente que passará pelo dispositivo e assim regular a potência. O

sistema opera da seguinte maneira, ilustrado pela figura que segue:

A placa de controle pode ativar o TRIAC através de um pulso no portão GATE a

qualquer instante depois de um tempo t1 programável e o sistema é desativado sempre

que a corrente passa por zero. Ele pode ser reativado depois de um tempo t3, também

programável.

O valor da potência está diretamente ligado à tensão aplicada na resistência,

relação dada pela equação:

Assim, controlando a corrente que passa na resistência ao longo do tempo de

um período da sua função, é possível controlar a potência efetiva ao longo do dito

tempo. A frequência das redes residenciais é de 60 Hz, o que representa um período

extremamente pequeno, de tal forma que a mudança do valor de potência é

aproximadamente contínua.

Page 119: Relatório final Modelagem Poli-USP

113

Gráfico 23 - Variação da voltagem no sistema SCR

Esse sistema de controle foi recomendado pelo professor de automação e

controle consultado durante a etapa de pesquisa. Foi apontado que o equacionamento

do problema e a redação do código são possíveis com os conhecimentos de alunos de

graduação, mas levariam cerca de 20 dias para serem concretizados. Dentro da

realidade do projeto e da equipe, não houve tempo hábil para desenvolver essas

etapas, mas sua viabilidade foi conferida e existem exemplos de códigos para

aplicações semelhantes, como o para sistema Arduino em anexo.

Um equacionamento simplificado para a potência média de saída no espaço de

meio-período da função corrente está explicitado abaixo:

*(

) (

)+

Page 120: Relatório final Modelagem Poli-USP

114

6.2.2.4. Valor de temperatura

Usando o modelo termodinâmico adotado na análise de sensibilidade,

novamente ilustrado pela equação abaixo, temos a relação entre a potência necessária

para aquecer a água e a temperatura final:

O sistema de controle recebe a informação de temperatura a cada instante, a

partir da qual é possível calcular a potência necessária para aquecer a água. Essa

informação permite ao sistema, através do algoritmo, determinar o valor de corrente que

passará para a resistência e efetivamente aquecer a água.

Supondo que a potência elétrica recebida se transfira na forma integral para o

líquido, o equacionamento completo se torna então:

*(

) (

)+

Torna-se possível, através de métodos numéricos, encontrar o parâmetro de

controle a partir da temperatura lida pelo sensor. Desse modo, ficam determinadas

todas as relações entre as entradas e saídas do sistema de controle.

6.3. Análise de Compatibilidade

A análise de compatibilidade tem como objetivo garantir que o mecanismo

funcione de forma harmônica, permitindo que um subsistema não prejudique o

desempenho de outro a fim de não comprometer a ação total do mecanismo. A análise

de compatibilidade divide-se em três partes: funcional, material, dimensional. A seguir,

seguem a descrição de cada uma delas.

Page 121: Relatório final Modelagem Poli-USP

115

6.3.1. Compatibilidade Funcional Figura 24 - Divisão de sistemas

Tabela 23 - Entradas e saídas de cada subsistema

Ambos os sistemas que compõem o produto são mecanicamente simples, onde

apenas resistência, tubulação e controle de temperatura são necessários para fazer o

mecanismo desempenhar sua função do aquecimento de água. Desse modo, a sintonia

entre entradas e saídas garantem que os valores de saída do subsistema de

aquecimento sejam codificados pelo sistema de controle, tomando como exceção os

casos de baixa qualidade do sensor, controlador e da placa de processamento ou a

ocorrência de instabilidades.

A entrada de ambos subsistemas é água a temperatura T1. Conforme a temperatura

de entrada do sistema de aquecimento for atingindo a temperatura correta, o sistema

de controle enviará uma sinal que será tanto a saída do sistema de controle como a

segunda entrada do sistema de aquecimento, como especificado pela Tabela x. Dessa

Page 122: Relatório final Modelagem Poli-USP

116

maneira a saída do sistema de aquecimento será a temperatura desejada e a ordem

enviada do microcontrolador para a resistência será de diminuição de potência até que

ocorra o desligamento.

A fim de garantir o funcionamento do sistema de aquecimento por meio de

resistência, exemplificamos o mecanismo com algumas patentes que utilizam o mesmo

recurso.

WO 2012051691 A2 – Mostra a possibilidade de esquentar água quente por

meio de uma tubulação com resistência, e a possibilidade de otimizar os gastos de

energia que poderão ser estudados como uma forma de melhoria do projeto.

US 8,150,340 - Patente de unidade inteligente para chuveiro. Ponto interessante:

controle de temperatura realizado gradualmente, ao contrário do nosso, e transmissão

da medição para a unidade de controle via rádio.

Figura 25 - Sensor de temperatura que envia leitura via rádio para unidade de controle

US 8,629,378 - Patente de controlador de aquecimento. Verifica constantemente

as temperaturas do dispositivo aquecedor e do ambiente/corpo aquecido, armazenando

os dados e controlando a potência do aquecedor da forma mais eficiente. Demonstra

que é possível que haja um chuveiro onde a temperatura se mantenha constante

mesmo havendo mistura de aquecimento elétrico e a gás.

Page 123: Relatório final Modelagem Poli-USP

117

Figura 26 - Esquema de blocos, pontos 3 e 4 são sensores de temperatura e 8 é a unidade de

aquecimento.

6.3.2. Compatibilidade de Material

A resistência tradicional de níquel-cromo já encontrada no mercado é a melhor

escolha de material para esse fim. Além do Níquel e do Cromo serem substâncias

adicionas para a regeneração de um metal qualquer que esteja sofrendo corrosão, a

liga ainda possui elevado grau de condutividade térmica cumprindo bem seu papel. As

simulações da análise de sensibilidade seguiram o padrão do mercado e quando

comparado a outros materiais para constituir a resistência, essa ainda é a melhor

solução.

Quanto ao material do tubo, foi escolhido justamente o PPR por resistir a altas

temperaturas, assim como a facilidade de manuseio e o menor número de impactos

ambientais que o PVC, como foi descrito na análise ambiental do Estudo de Viabilidade.

Dessa forma o material atende ao requisito de transportar água a elevadas

temperaturas pela tubulação.

Page 124: Relatório final Modelagem Poli-USP

118

6.3.3. Compatibilidade Dimensional

As imagens a seguir ilustram o desenvolvimento do mecanismo em CAD.

Vale ressaltar que as medidas do CAD são suficientes para garantir a

compatibilidade dimensional entre os encaixes. Além disso o tamanho do

tubo será padrão ao dos encanamentos de São Paulo, sendo assim será

possível acoplar o mecanismo maior número possível de chuveiros.

Figura 27 - Imagens do CAD

6.4 Análise de estabilidade

A análise de estabilidade tem como função avaliar como o dispositivo responde a

entradas anormais e condições do meio ambiente. O desempenho de qualquer produto

é afetado por alterações nas suas variáveis de entrada e pelas condições do meio

ambiente. A fim de se evitar saídas indesejáveis ou quebra do dispositivo, o sistema

projetado deverá responder adequadamente a essas variações acidentais de modo a

voltar ao equilíbrio original. Para tanto, é necessário estabelecer faixas de valores para

as quais essas perturbações serão toleradas, de modo ao produto operar de forma

prevista e com segurança.

Page 125: Relatório final Modelagem Poli-USP

119

A instabilidade pode afetar o funcionamento de somente um dos subconjuntos ou

componentes do produto, ou pode estar relacionada a interação dos vários subsistemas

que compõem o produto. Ou seja, o objetivo da análise da análise de estabilidade é

estudar o sistema de modo a:

Certificar-se de que o sistema como um todo, assim como seus subconjuntos, é

intrinsecamente estável;

Determinar as faixas de instabilidade dentro do campo de variação dos

parâmetros do projeto de modo a poder evitá-las;

Avaliar os riscos e consequências das perturbações que podem causar

disfunções no produto.

A partir dessa linha de pensamento, seguem listadas as perturbações possíveis

para o produto em desenvolvimento.

6.4.1. Pressão excessiva em razão do fluxo de água na tubulação

Ao se estudar fenômenos de escoamento transitórios em condutos, deu-se principal

atenção ao “golpe de aríete”; uma onda ou pico de pressão causado quando um fluido

em movimento é forçado a parar ou mudar de direção repentinamente (variação brusca

de momento). O golpe de aríete ocorre geralmente quando uma válvula fecha

repentinamente na extremidade de saída de um sistema de condutos.

Durante o fenômeno do golpe de aríete, a pressão pode atingir níveis elevados, de

forma a causar sérios danos ao conduto e aos dispositivos sensíveis nele instalados,

como o sensor térmico do produto, por exemplo.

O primeiro passo para a solução deste problema é o desenvolvimento de cálculos

que descrevam a evolução da vazão e da pressão, durante a ocorrência do fenômeno,

ao longo de toda uma tubulação, de acordo com a variação do tempo, bem como a

indicação das pressões máximas e mínimas previsíveis, levando em conta os

componentes presentes no sistema, de modo a se determinar corretamente as classes

de pressão necessárias para a tubulação. Após esta modelagem do fenômeno, é

possível definir, para a tubulação em questão, quais os dispositivos de proteção mais

adequados.

Page 126: Relatório final Modelagem Poli-USP

120

Dentre os métodos mais recorrentes, pode-se citar a redução da velocidade do

líquido através do aumento do diâmetro do conduto, bem como a utilização de

cotovelos no lugar de tubos retos. Em geral, com relação à alteração da velocidade,

esta pode ser modificada em função da variação dos parâmetros que a influenciam,

vide

c: celeridade da onda de pressão (m/s);

D: diâmetro da tubulação (m);

e: espessura da tubulação (m);

k: coeficiente que leva em consideração o módulo de elasticidade do material.

Também é possível abordar o problema aumentando o tempo de fechamento das

válvulas de descarga ou instalando câmaras de ar comprimido que amorteçam o

impacto do golpe. Além disso, válvulas de ar são comumente utilizadas com o intuito de

alterar pressões em pontos críticos da tubulação.

6.4.2. Elevada variação repentina da voltagem

Deve ser levado em consideração o risco de choque elétrico; mesmo com a

instalação em ordem e o sistema aterrado, até os chuveiros elétricos que usam

resistências blindadas oferecem esse risco. Para analisar este problema, foi usado

como base, o funcionamento dos chuveiros híbridos. Dessa forma, foram estudados os

meios mais recorrentes para lidar com a possibilidade de choques elétricos. Essa

preocupação levou a ABNT a adotar os dispositivos de controle de fuga de corrente; de

modo que quando uma descarga se precipita no chuveiro, o dispositivo se encarrega de

acusar e desviar o excesso de carga do sistema, evitando o choque.

Page 127: Relatório final Modelagem Poli-USP

121

Este é o meio de controle mais comum, no entanto, também há a possibilidade de

variação eletrônica da resistência equivalente do chuveiro elétrico. A princípio uma ideia

inovadora, alterar a resistência do chuveiro sem chave mecânica e com variações

contínuas, permitindo a variação de potência sem ter de ajustar a quantidade de água.

Essa variação eletrônica da resistência é obtida com o uso de um gradador, um circuito

formado por dois tiristores conectados em antiparalelo ou um triac. Este último, por sua

vez, é um dispositivo formado por dois tiristores conectados em antiparalelo.

6.4.3. Presença de bolhas de ar na tubulação

Geralmente quando falta água por um período prolongado, ou o chuveiro fica sem

uso por algum tempo, formam-se bolhas de ar que bloqueiam a saída da água na

tubulação hidráulica.

Este fenômeno é chamado de cavitação, formação de bolhas de ar quando a

pressão absoluta em um determinado ponto se reduz aos valores abaixo de um certo

limite físico-químico da água, formando bolhas dentro da corrente de ar. Uma outra

fonte corrente de presença de ar na tubulação tem ocorrido com maior frequência nos

tempos atuais, decorrente do desabastecimento de água na cidade de São Paulo.

Analisando este problema em relação ao sistema do chuveiro elétrico, sabe-se que a

formação de bolhas de ar pode interromper o fluxo de água quente na tubulação

hidráulica de distribuição, na interligação do equipamento, no coletor e no reservatório

térmico, provocando queda no rendimento do sistema ou podendo até mesmo impedi-lo

de funcionar.

Uma boa solução, já popularmente adotada para tubulações de chuveiros elétricos, é

acoplar nos pontos mais altos e de inflexão da tubulação, válvulas conhecidas por

ventosas, que permitem a saída do ar, desde que a pressão na canalização seja maior

do que a pressão atmosférica.

6.4.4. Presença de materiais sólidos, impurezas, na água

Os equipamentos hidráulicos trabalham a elevados valores de pressões e

velocidades, sendo sistemas bastante sensíveis. Necessitam, portanto, de inspeção

contínua do desempenho e do estado de conservação, além de ser obrigatória a

limpeza. Portanto, para garantir uma boa instalação, inspeção e manutenção, é

Page 128: Relatório final Modelagem Poli-USP

122

necessário dar uma atenção especial à limpeza do equipamento e da área onde será

efetuada a instalação, isso reduz a possibilidade de contaminação ambiental,

eliminando as impurezas que penetrariam no sistema hidráulico.

A contaminação é o ponto crucial do depósito de impurezas. É comum que isto

ocorra durante os processos de fabricação dos componentes, a montagem do sistema,

o abastecimento, e, inclusive, durante a manutenção, devido à provável de gradação

dos componentes. Isso porque, a contaminação em sistemas hidráulicos causa, em

geral: desgastes, emperramentos e obstrução de orifícios. Com isso o sistema tem seu

desempenho prejudicado, perda de potência, operação irregular, queda de pressão,

vazamentos internos, elevação da temperatura, riscos de acidentes e até a degradação

dos componentes. Além disso, um contaminante circulando na tubulação resulta em

desgaste de um componente; que por sua vez gera novos contaminantes que,

provocam uma “reação em cadeia” na formação de novos pontos de contaminação no

circuito hidráulico.

O custo de não se atentar à limpeza e a contaminação do sistema hidráulico é muito

grande em termos de manutenção, substituição e reposição de componentes, tempo de

parada e perda de produção. Este problema é recorrente para toda a tubulação,

claramente, não apenas para nosso produto que será acoplado a ela, uma vez que a

obstrução de um trecho influenciaria no sistema todo.

6.4.5. Evaporação da água devido à resistência

Ao estudar o risco de evaporação d‟água na tubulação devido à resistência, foi

levado em consideração o chuveiro elétrico como modelo pré-existente para

comparação. Neste dispositivo há, basicamente, uma chave liga/desliga, um comutador

de temperatura e um pressostato. A função do pressostato é impedir que a resistência

fique funcionando sem fluxo de água, o que ocasionaria um sobreaquecimento que,

após a evaporação da água parada dentro do chuveiro, derreteria as partes plásticas e

fundiria a resistência.

Sendo assim, a evaporação da água deve ser evitada, uma vez que o eventual

derretimento da tubulação e/ou fundição da resistência, além de ser crucialmente

Page 129: Relatório final Modelagem Poli-USP

123

danosos para o produto, trazem riscos de segurança ao usuário. Dessa forma, o foi

analisado o uso de pressostato de dois contatos no produto desenvolvido pelo grupo.

6.4.6. Entrada de água muito fria ou muito quente

É notável, durante o uso cotidiano de chuveiros, que ao ligar o equipamento com o

comando de água quente, os primeiros fluxos d‟água que correm são de água fria, até

que esta esteja na temperatura quista pelo usuário; este foi o princípio utilizado para o

desenvolvimento do nosso produto inicialmente. No entanto, nota-se também que ao se

ligar o chuveiro em um intervalo de tempo pequeno após o uso deste por outro usuário;

fluxo d‟água demora menos tempo para atingir a temperatura desejada, uma vez que

começa a correr com uma temperatura maior do que de costume.

Isso é determinado pela potência da resistência do chuveiro. A resistência tem

capacidade de elevar a temperatura da água uma quantidade máxima de graus, ou

seja, se a água vem mais fria, sai mais fria, e se chega mais quente, também sai mais

quente, analogamente.

Dessa forma, concluiu-se que a melhor solução para tal seria focar no controle da

potência fornecida pela resistência; por isso o estudo minucioso feito na análise de

sensibilidade do controle. Em função desta variação de temperatura inicial,

primeiramente foi considerada a sensibilidade do sensor térmico, de forma a captar a

temperatura ótima, mesmo que esta ocorra em um pequeno intervalo de tempo.

6.4.7. Características físico-químicas do material utilizado na tubulação (PPR)

As características físico-químicas do material usado na tubulação, no caso PPR,

são outra função crítica do produto. Os Tubos e Conexões PPR-3 Nicoll são estimados

às instalações hidráulicas em edifícios, com três classes de pressão PN20 e PN25 para

temperatura até 80ºC e PN12,5 para temperatura até 20ºC. As vantagens e motivos

principais pelos quais escolhemos este material são:

Resistência à agressão de impurezas, suportando substâncias químicas com um

valor de PH entre 1 e 14, faixa consideravelmente ampla;

Resistência à água quente e à pressão da água;

Page 130: Relatório final Modelagem Poli-USP

124

Potabilidade da água transportada; a atoxicidade certificada da matéria-prima

Nicoll garante um alto nível de potabilidade.

Água quente em menos tempo; o PPR-3 é um excelente isolante térmico,

reduzindo a perda calórica da água transportada. Assim, economiza-se energia e

maximiza-se o conforto, evitando condensação nas paredes por onde a

tubulação está embutida.

Resistência ao impacto; a elasticidade do produto garante alta resistência ao

impacto, preservando as tubulações tanto no uso (golpe de aríete, comentado no

primeiro item da análise de estabilidade) como no transporte, armazenagem e

manuseio da tubulação;

Instalações mais silenciosas; a fonoabsorção e a elasticidade do PPR-3

diminuem consideravelmente a propagação dos ruídos e vibrações da passagem

da água e do ruído provocado pelo fenômeno do golpe de aríete;

Imune a correntes eletrolíticas; o PPR-3 não é um condutor elétrico, por isso não

é afetado pelo ataque das correntes galvânicas.

Mínima perda de carga; por terem paredes internas extremamente lisas,

proporcionam uma instalação sem necessidade de redução do diâmetro da

tubulação ao longo do tempo.

Alta resistência à baixas temperaturas; o sistema de termofusão é altamente

resistente aos esforços gerados pelo possível congelamento da água contida, no

caso de danos no sistema de proteção térmica.

6.5. Otimização

A otimização consiste no processo de definição, entre as várias configurações

possíveis do sistema, dos valores dos parâmetros que aproximem o sistema de uma

configuração ótima. A partir das relações descritas entre os parâmetros e as saídas dos

subsistemas do produto nas análises de sensibilidade e compatibilidade, torna-se

possível escolher os valores para os parâmetros que levem a uma maior eficiência no

aquecimento da água e seu controle. O processo de otimização será feito a partir de

testes e iterações sucessivas, tanto no protótipo quanto no modelo computacional.

Page 131: Relatório final Modelagem Poli-USP

125

Espera-se, de forma exaustiva e intuitiva, obter uma versão final do protótipo que

melhor se aproxime de uma condição ideal.

Dos modelos teóricos, tornou-se possível a conclusão de que os principais

parâmetros capazes de definir qual a temperatura de saída da água no tubo são a

vazão de água e a potência fornecida ao solenoide. Os parâmetros geométricos, no que

tange ao solenoide e ao tubo, têm a capacidade de diminuir as perdas do sistema e

aumentar a sua eficiência, aproximando-a dos valores teorizados pela primeira lei.

Os primeiros parâmetros de otimização escolhidos foram o binômio fluxo-

potência. Baseado no caso da primeira lei, estima-se que a relação entre o fluxo e a

potência para as condições desejadas do sistema seja aproximadamente

. Desse modo, torna-se claro que a cada 1 litro por minuto de vazão reduzida,

possibilita-se a redução de 1260 Watts. Baseado no fato de que um banho de chuveiro

elétrico possui uma vazão média de 3 a 4 litros por minuto, enquanto o chuveiro a gás

de 9 a 10, escolheremos um valor médio de 6litros/minuto de vazão. Estimando a

potência através das formulas encontradas na análise de sensibilidade no tempo t=0 e

temperatura ambiente 20ºC:

Tabela 24 - Equações

Equação Fórmula Potência (Watts)

1ª Lei

7560

Derivação da Variação de

Potência no CFD

8912

Derivação da Variação de

Fluxo no CFD

8650

Tirando a média dos três valores, a potência estimada para o sistema é de 8300

Watts. Arredondando, escolheremos uma potência na faixa de 8000 Watts como valor

para a potência no sistema.

Page 132: Relatório final Modelagem Poli-USP

126

Diante da dificuldade de mensurar os efeitos das alterações geométricas do

solenoide, tanto pela complexidade do modelo teórico quanto por incongruências no

resultado das análises computacionais, o método de otimização idealizado seria via

testes físicos com os solenoides já presentes no mercado. Por conta de os solenoides

já virem na hora da venda especificadas conforme sua faixa de potência, o modelo de

testes para otimização seria comprar solenoides de potência na faixa dos 8000 watts de

diferentes geometrias e testar a eficiência de cada uma delas. Por meio de um processo

de otimização formal, seria escolhido o modelo que melhor se adeque ao sistema. Visto

também que não há intenção de fabricação da própria do solenoide, esse modelo de

otimização tem a utilidade de permitir a escolha do modelo que será solicitado aos

fornecedores.

O comprimento do tubo ficou fixado em 90 milímetros, garantido um comprimento

longo o bastante para caber a solenoide e para ser manuseado pelo usuário com

facilidade, sem afetar o desempenho do produto final. A escolha do diâmetro do tubo foi

pautada em dois principais critérios. O primeiro deles foi feito a partir da análise de

sensibilidade, pautando uma geometria que fornecesse maior eficiência ao produto. O

segundo critério, de maior peso, foi a partir da compatibilidade entre a ligação do

sistema com a tubulação de água para chuveiro. Por conta de a maioria dos chuveiros

trabalharem com uma tubulação de ½‟‟(12,7 mm) de diâmetro nominal (próximo ao

diâmetro interno), procurou-se trabalhar com valores de diâmetro que estivessem

próximos a esse valor de saída. Sendo assim, o valor escolhido para o diâmetro

nominal do tubo foi de 1‟‟ (27,4 mm), o que equivale a um tubo de diâmetro externo de

32 milímetros.

Afim de se garantir a compatibilidade tubo-dispositivo e dispositivo-chuveiro, as

extremidades do mecanismo possuem em um lado uma entrada “fêmea” rosqueada de

½‟‟ (conexão chuveiro) e do outro uma entrada “macho” rosqueada de ½‟‟ (conexão

tubulação). A ideia é que esses dois adaptadores sejam também rosqueados ao tubo,

permitindo a sua substituição caso haja incompatibilidade da tubulação do cliente com o

valor esperado. Além do mais, na hora da venda o adaptador pode ser trocado por uma

saída de chuveiro, permitindo que o produto seja comercializado tanto como adaptador

Page 133: Relatório final Modelagem Poli-USP

127

de chuveiros a gás para o modelo híbrido quanto como um chuveiro híbrido na sua

completude.

Figura 28 - Adaptador "Macho" - Entrada Chuveiro

Figura 29: Adaptador "Fêmea" - Entrada Tubulação

Além dessas definições, optou-se por acoplar uma caixa externamente ao tubo

em que se localizaria o sistema de controle. As dimensões da caixa foram estimadas

em 20x20x10 milímetros, mas essas dimensões poderão ser melhor ajustadas quando

a circuitaria final do sistema de controle estiver pronta (em etapas mais posteriores do

desenvolvimento do produto) e já na sua forma mais compacta. Essa caixa ficaria na

superfície externa do cilindro, próxima a face saída de água do tubo (sem adaptadores).

A fiação para a solenoide sairia debaixo dessa caixa, a qual estaria vedada por meio de

processo de termofusão. Na face de saída também haverá um suporte para solenoide,

o qual possuirá dois terminais energizados que transferirão energia para a resistência.

Page 134: Relatório final Modelagem Poli-USP

128

A posição do suporte tem como função permitir a troca da resistência em caso de

queima. Abaixo, segue a visualização do tubo com a caixa e suporte do solenoide.

Figura 30 - Figura 30: Representação do Tubo

Figura 31: Montagem do tubo com o solenoide

Por fim, segue a montagem final do sistema e uma visualização dele acoplado a

um chuveiro.

Page 135: Relatório final Modelagem Poli-USP

129

Figura 32 - Montagem Final do Produto

Figura 33 - Visualização do sistema montado no chuveiro

Page 136: Relatório final Modelagem Poli-USP

130

Figura 34 - Zoom da ligação dos tubos

Figura 35: Vista que o usuário teria do sistema

Page 137: Relatório final Modelagem Poli-USP

131

6.6. Prototipagem

6.6.1. Conceito

Prototipagem é a prática de construir manifestações físicas ou virtuais de

conceitos, objetivando testar sua viabilidade e difundir ideias (GERBER, 2009).

Protótipos são representações concretas de partes ou da completude de um sistema

interativo. São artefatos tangíveis, não descrições abstratas que demandam

interpretação (BEAUDOUIN-LAFON, 2003). O objetivo por trás da prototipação, no caso

em questão, está relacionando principalmente a uma melhora no entendimento do

produto e na obtenção de dados mais confiáveis para embasar as análises feitas. Uma

simulação numérica, na maioria dos casos, não produz conteúdo com confiabilidade

satisfatória para que se desenvolva integralmente um produto a ponto de o colocar

mercado. Esses ensaios, sob condições bem controladas, irão verificar o funcionamento

adequado do produto e retificar as análises de sensibilidade, compatibilidade e

estabilidade e a otimização.

A prototipação consiste no desenvolvimento e o teste do produto propriamente

dito. Essa etapa da do projeto básico é de extrema importância, pois permite a geração

de novas informações que irão proporcionar um desenvolvimento e um

aperfeiçoamento do produto, além de indiciar possíveis fontes de falhas. Os desafios

em criar um modelo físico de um produto em desenvolvimento tornam necessários o

dispêndio de maior tempo e dinheiro, quando comparados aos modelos teóricos e

analíticos. Desse modo, suas etapas e testes devem ser cuidadosamente selecionados

para que não haja desperdícios e se obtenham resultados confiáveis.

Page 138: Relatório final Modelagem Poli-USP

132

Figura 36 - Design Thinking

Afim de auxiliar o processo de prototipagem, utilizamos como base de apoio a

metodologia do Design Thinking. O Design Thinking é uma metodologia de

desenvolvimento de produtos centrado em uma abordagem mais humana para a

inovação, pois integra a necessidade do usuário, as possibilidades de tecnologia e as

exigências para um negócio de sucesso (IDE15). Um dos grandes focos dessa

metodologia consiste na prototipação rápida e precoce, que significa na fabricação de

diversos protótipos em curtos intervalos de tempo para conhecer os seus defeitos

desde cedo, ao invés de uma análise mais profunda somente nos estágios finais do

projeto. A metodologia propõe, para os modelos físicos iniciais, que o desenvolvedor

foque na prototipagem de funções críticas ao invés da solução como um todo. Isso

garante agilidade na prototipagem e permite uma avaliação desde cedo da viabilidade

da solução em análise. No caso em questão, como se deseja prototipar um aquecedor

de passagem com aquecimento elétrico e com um controle eletrônico da temperatura, o

objetivo será testar as suas duas funções críticas ao invés de se preocupar com forma,

estética e quaisquer outros subsistemas da solução.

Page 139: Relatório final Modelagem Poli-USP

133

6.6.2. Programa de desenvolvimento

6.6.2.1. Definição da função crítica

Primeiramente, o grupo definiu as funções críticas mais significantes do produto

final para serem testadas no protótipo. Definiu-se, portanto, duas delas:

1) Aquecimento da água através do calor transferido pela resistência;

2) Controle do fornecimento da potência para a resistência, realizado através de

uma placa configurada e um TRIAC.

6.6.2.2. Modelos elaborados

Para se testar as funções citadas acima, foi definido um mecanismo que

facilitaria a prototipação rápida e que produziria resultados confiáveis para uma análise

posterior. Certas preocupações, como a que diz que a resistência deveria sempre estar

em total contato com a água, foram devidamente consideradas para a definição do

modelo que seria utilizado.

Com isso, chegou-se ao modelo de vasos comunicantes em “U”, conforme

esquematizado abaixo.

Figura 37 - Esquema simplificado do protótipo

Page 140: Relatório final Modelagem Poli-USP

134

No esquema, a entrada do fluxo de água ocorre através do tubo 1 e a saída

através do tubo 4. A resistência estaria na tubulação 2, garantindo que esteja sempre

imersa no fluxo de água, e o sensor de temperatura e seus respectivos controles de

preferência no início do canal 3. Portanto, a partir do momento que se libera o fluxo, é

possível medir a temperatura (através de um termômetro localizado no bocal final 4) da

água e verificar a função crítica 1 e, quando atingir a temperatura programada, checar

que ela não variará mais, confirmando a função crítica 2.

Com uma reunião realizada com Prof. Dr. Bruno Albertinni, foi constado que o

modelo elaborado anteriormente pelo grupo não seria de fácil fabricação e teste,

portanto foi considerada a sua dica de utilizar um contator que, ao invés de variar a

potência da resistência linearmente, faz com que ele não forneça voltagem à resistência

a partir de uma temperatura pré-programada, mas volte a fornecer caso a temperatura

atinja um valor inferior a essa. Por exemplo, caso se programe uma temperatura de

25°C para uma água que entra a 23°C, a resistência estará transferindo calor a uma

potência de valor único. Quando a água atinge esses 25°C, o contator desliga o

fornecimento de energia para a resistência, a qual desligará e só voltará a funcionar à

medida que a água atingir um valor de temperatura inferior ao estabelecido.

6.6.2.3. Materiais utilizados

A tabela abaixo indica os materiais utilizados para a fabricação do modelo

simplificado citado acima. Diante da dificuldade de encontrar os materiais conforme

especificados no estudo de viabilidade, algumas adaptações tiveram de ser feitas,

como a substituição do material do cano do PPR por PVC. Em outros casos, os

componentes escolhidos não puderam seguir à risca o especificado na parte de

otimização, mas as adaptações feitas buscaram sempre não descaracterizar o sistema

em questão.

Page 141: Relatório final Modelagem Poli-USP

135

Tabela 25 - Materiais utilizados no protótipo

Componente Material Função Sofreu Alteração?

Tubos PVC Transportar o

fluxo de água Sim, troca do material.

Conexões da

tubulação PVC

Conectar a

tubulação

nos ângulos

determinados

Sim, troca do material.

Resistência

Liga de

Níquel-

Cromo

Aquecer a

água

Sim. A potência calculada no

estudo de viabilidade mostrou-se

inviável para uma variação de

temperatura desejável

Componentes de

controle

"Estator e

termostato"

Medir a

temperatura

da água e

desligar a

resistência

Sim. Como citado acima, devido a

indicações do Professor

6.6.2.4. Testes

Parâmetros de segurança:

Preocupados com a segurança dos membros participantes nos testes físicos,

devido ao trabalho realizado com uma mistura de água e eletricidade, além da alta

amperagem correndo no dispositivo (cerca de 20 amperes), os testes foram realizados

focados apenas em um funcionamento qualitativo, e não quantitativo do produto. Isto é,

a potência do resistor foi reduzida, a voltagem entre os terminais do resistor também e

não houve um fluxo contínuo de água. Com isso, foi possível obter uma certificação

apenas do aumento da temperatura da água e do desligamento do fornecimento de

Page 142: Relatório final Modelagem Poli-USP

136

energia para o resistor através dos dispositivos de controle para uma dada temperatura

máxima estabelecida.

Resultados:

Os resultados obtidos foram satisfatórios no sentido qualitativo. Foi possível um

aumento da temperatura da água em aproximadamente 8°C e o controle realizou suas

atividades definidas no momento correto.

6.6.2.5. Aprendizados

Para o produto, esse protótipo proporcionou um conhecimento interessante

principalmente na área de segurança e na adaptação do dispositivo de controle. Para a

potência necessária anteriormente calculada, trabalha-se com uma amperagem alta e

por se tratar de um aquecimento de um fluxo permanente de água, o risco de choque

elétrico torna-se significativo.

Além disso, juntamente com o Prof. Dr. Bruno Albertinni, realizou-se

modificações na parte de controle do dispositivo devido à alta dificuldade na

programação e, também na prototipação, do dispositivo anteriormente citado no Estudo

de Viabilidade.

Um outro aprendizado foi na parte de vedação, pois a necessidade de passar

fios elétricos através dos tubos mostrou-se como uma fonte de vazamentos que não

havia sido considerada no processo de desenvolvimento teórico do produto. Sendo

assim, foram pesquisados métodos de estanqueidade para o produto, chegando-se à

solução idealizada de utilização do processo de termofusão. A termofusão consiste no

aquecimento controlado do material que compõe o produto, o qual já é comumente

utilizado e consagrado na união de tubos de PPR.

Conclui-se, portanto, que apesar de divergências quantitativas terem ocorrido,

elas foram principalmente causadas a fim de que a integridade física dos membros

fosse preservada, sendo utilizada uma potência de, no mínimo 8 vezes mais baixa que

Page 143: Relatório final Modelagem Poli-USP

137

a planejada. Não obstantes, os aprendizados oriundos da prototipação se mostraram

úteis no correto entendimento e avaliação da viabilidade física da solução em questão.

7. Conclusão

Após a etapa de estabelecimento das necessidades e desenvolvimento de

ideias, foram fixadas soluções plausíveis para o problema proposto: evitar o desperdício

de água em chuveiros a gás. Afim de se escolher a melhor solução para o projeto, foi

esquematizada uma matriz de decisão. Dessa forma, dentre projetos previamente

avaliados, foi escolhido como projeto básico o aquecimento por resistor de passagem.

Em seguida, foram realizadas as análises de sensibilidade, estabilidade,

compatibilidade. Cada qual convergindo para a assegurar de que o projeto básico fosse

factível; cumprisse o objetivo de funcionamento de forma eficiente e segura. Ademais, a

metodologia de espiral de projeto foi alcançada, uma vez que ao se analisar um

subsistema crítico do produto, notaram-se falhas em definições prévias do produto, de

modo que revisões e redefinições em etapas anteriores foram necessárias.

Por fim, foi feita a prototipagem afim de se confirmar as análises teóricas. O

resultado foi próximo ao esperado: os subsistemas críticos analisados, sistema de

controle e aquecimento de água foram simuladas com êxito. Além disso, os resultados

do primeiro protótipo também se apresentaram como satisfatórios, uma vez que ele

permitiu um maior aprendizado sobre o produto e a análise da viabilidade física da

solução.

O próximo objetivo será, portanto, desenvolver um protótipo completo, não

apenas o teste de subsistemas críticos, de forma a poder ser, de fato, acoplado a um

chuveiro residencial. Dessa forma, o produto será otimizado, abrindo espaço para o

projeto executivo e inserção no mercado do produto no mercado.

Page 144: Relatório final Modelagem Poli-USP

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Page 151: Relatório final Modelagem Poli-USP

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9. Anexos

9.1 Anexo 1: memorial de cálculo

Para a potência máxima.

-Media de tempo para esquentar a água (no caso de chuveiro a gás) na pesquisa: 58,4s

-Desperdício por banho: 8,7L/min * 58,4seg

=0.02372 R$

-Preço energia Eletropaulo: 0.39682 r$/kwh

-Gasto de energia admissível (50% do que é poupado em reais): 0.02372/ (2*0,39682)

=0.02989 kWh

-Tempo de funcionamento: aproximadamente 1 minuto

-Potência instantânea máxima: 0,02989kWh * 60min

=1800 W

Reynolds do escoamento.

Re = ρVD/μ

V= Q/A = 4Q/(pi*D^2)

portanto Re = 4ρQ/(μ*pi*D)

Diâmetro médio = 0,032m, ro = 1000kg/m^3, Q= 8,7L/min, mi (viscosidade dinâmica) =

0,0009 Ns/m^2

Assim: Re = 6500 (turbulento)

L máx.

D = 0,032m

P1 =~ 345000Pa (pressão confortável de saída de agua, pesquisa)

f =~ 0,03472 (iteração de colebrook)

ro = 1000kg/m^3

V = 4Q/pi*D^2

Portanto Lmax =~ 19600m

Page 152: Relatório final Modelagem Poli-USP

146

Massa de entrada da solução B.

m1 = 10kg (estipulado)

u1 (temperatura de 20 graus) = 83,92kj/kg (van Wylen)

u2 (temperatura de 40 graus) = 167,53 kj/kg (van Wylen)

he (estipulando entrada de 45 graus) 188,42 (van Wylen)

me = 40kg

Temperatura de trabalho das especificações técnicas.

Não se deseja trabalhar com temperaturas que possam danificar o equipamento.

Temperatura limite: 100 graus Celsius (caso extremo)

Pela norma, a temperatura máxima deve ser, no caso limite, 55 graus a mais que a

temperatura de entrada da água no aquecedor.

Portanto, Temperatura de trabalho = 45 graus = 100- 55

Cálculo do custo de matéria-prima para fabricação dos reservatórios:

Para um reservatório com volume de 300 X 300 X 600 mm:

Reservatório de PVC:

Preço da resina: R$ 2.301,75 / tonelada

Densidade: 1,40g/cm³

Espessura dos tubos (em média): 2,5 mm

Preço aproximado: R$ 7,15

Reservatório de PPR:

Preço da resina: R$ 6.682,50 / tonelada

Densidade: 0,9 g/cm³

Espessura dos tubos (em média): 3,4 mm

Preço aproximado: R$ 16,35

Page 153: Relatório final Modelagem Poli-USP

147

Cálculo do custo de mão-de-obra com encargos por unidade produzida

=

9.2. Anexo 2: pesquisa ­ aquecimento de chuveiros

*Obrigatório

1. Qual o bairro em que você reside em São

Paulo? *

Ex: Butantã, Pinheiros, Itaim

2. Sua idade *

3. A renda da sua família equivale a quantos salários mínimos?

Atualmente um salário mínimo equivale a R$778,00

Marcar apenas um oval.

até 2

2 a 4

4 a 10

10 a 20

acima de 20

Page 154: Relatório final Modelagem Poli-USP

148

4. O chuveiro da sua casa utiliza qual tipo de aquecimento? * Marcar apenas um

oval.

aquecedor a gás

chuveiro elétrico

aquecedor solar

aquecedor híbrido (ex: elétrico + gás)

5. De onde provém o aquecimento do seu chuveiro? Marcar apenas um oval.

aquecedor individual (no seu apartamento/casa)

aquecedor coletivo (do prédio)

6. Você sente que há um desperdício relevante de água no tempo que o chuveiro

leva para aquecer? * Marcar apenas um oval.

Sim

Não

7. Quanto tempo você acha que demora (mais ou menos) para aquecer a água antes

do banho?

Marcar apenas um oval.

até 30 segundos

até 1 minuto

até 2 minutos

até 3 minutos

até 5 minutos

Page 155: Relatório final Modelagem Poli-USP

149

mais que 5 minutos

8. Quão difícil é (1 a 5) atingir e manter a temperatura ideal da água no banho?

Considere 1 muito fácil e 5 muito difícil.

Marcar apenas um oval.

1

2

3

4

5

9. Em quanto tempo você esperaria ter seu investimento compensado ao comprar um

chuveiro mais caro, mas que diminui sua conta de água mensal?

Seu investimento será compensado em economia de água (redução da conta de

água). Marcar apenas um oval.

em até 3 meses?

em 3 a 6 meses?

em 6 a 9 meses?

em 9 a 12 meses?

em mais de 12 meses?

Outro:

10. Como sua conta de água é cobrada? Marcar apenas um oval.

Individualmente (conta refere-se ao gasto do seu apartamento/casa)

Coletivo (o prédio paga uma única conta e ela é igualmente dividida na

cobrança de condomínio)

Page 156: Relatório final Modelagem Poli-USP

150

11. De 1 a 5, o quanto você se preocupa com a escassez de água?

Sendo 1 ­ Muito pouco preocupado; Indo até 5 . Muitopreocupado.

Marcar apenas um oval.

1

2

3

4

5

9.3. Anexo 3: testes de hipótese realizados

Os testes de hipótese foram feitos com auxílio do software Minitab 17. Os testes

foram executados com a intenção de validar resultados ou prover base estatística para

a realização de comparações e tomada de decisões.

Os principais testes resultados foram o teste t-Student para duas amostras e

teste de proporção com uma amostragem. Para a realização de ambos os testes,

supõe-se que a população do estudo (população real) apresenta uma distribuição

normal.

O teste t-Student de duas amostras é utilizado para comparar duas médias com

variância da população desconhecida. Para tanto, é utilizada uma variância

populacional supondo que estatística do teste passa a seguir uma distribuição t-Student

e visto se, dentro de um intervalo de confiança desejado, a diferença entre as duas

médias pode ser considerada maior, menor ou igual a zero (a depender do teste

executado). Comparando a diferença entre as duas médias com o valor obtido pela

distribuição t-Student dentro do intervalo de confiança, é possível aceitar ou refutar uma

hipótese acerca das duas amostras.

O teste de hipótese de proporção com uma amostra é realizado para comparar a

proporção de um resultado com um valor desejado. Para realizar a comparação, utiliza-

se a tabela z de distribuição normal para determinar um intervalo de confiança em que

uma proporção pode ser considerada igual a um valor definido. Caso a proporção

Page 157: Relatório final Modelagem Poli-USP

151

obtida pelo estudo estiver dentro do intervalo de confiança, a hipótese de igualdade

pode ser considerada verdadeira.

Os testes realizados e seus cálculos estão a seguir.

Teste t-Student Renda Familiar vs Tipo Chuveiro:

O chuveiro da suacasa utiliza N MeanStDev SE Mean

aquecedor a gás 55 19,75 9,38 1,3

chuveiro elétrico 42 15,02 9,91 1,5

Difference = μ (aquecedor a gás) - μ (chuveiro el trico)

Estimate for difference: 4,72

95% lower bound for difference: 1,42

Resultado: Você pode concluir que a média do aquecedor a gás é superior ao chuveiro

elétrico no nível de significância de 0,05.

Page 158: Relatório final Modelagem Poli-USP

152

Teste t-StudentTempo Aquecimentovs Tipo Chuveiro:

O chuveiro da suacasa utiliza N MeanStDev SE Mean

aquecedor a gás 57 1,32 1,16 0,15

chuveiro elétrico 43 0,547 0,147 0,022

Difference = μ (aquecedor a g s) - μ (chuveiro el trico)

Estimate for difference: 0,769

95% lower bound for difference: 0,511

Resultado: Você pode concluir que a média do aquecedor a gás é superior ao chuveiro

elétrico no nível de significância de 0,05.

Page 159: Relatório final Modelagem Poli-USP

153

Teste t-StudentPercepção de desperdíciovs Tipo Chuveiro:

O chuveiro da sua casa utiliza N MeanStDev SE Mean

aquecedor a gás 57 0,789 0,411 0,054

chuveiro elétrico 44 0,341 0,479 0,072

Difference = μ (aquecedor a g s) - μ (chuveiro el trico)

Estimate for difference: 0,4486

95% lower bound for difference: 0,2980

Resultado: Você pode concluir que a média do aquecedor a gás é superior ao chuveiro

elétrico no nível de significância de 0,05.

Page 160: Relatório final Modelagem Poli-USP

154

Teste t-StudentDificuldade de Atingir Temperatura Idealvs Tipo Chuveiro:

O chuveiro da sua casa utiliza N MeanStDev SE Mean

aquecedor a gás 57 2,35 1,04 0,14

chuveiro elétrico 44 2,25 1,06 0,16

Difference = μ (aquecedor a gás) - μ (chuveiro elétrico)

Estimate for difference: 0,101

95% lowerbound for difference: -0,250

Resultado: Não há evidência para concluir que a média do aquecedor a gás é superior

ao chuveiro elétrico no nível de significância de 0,05.

Page 161: Relatório final Modelagem Poli-USP

155

Teste t-StudentPreocupação com falta de águavs Tipo Chuveiro:

O chuveiro da sua casa utiliza N MeanStDev SE Mean

aquecedor a gás 57 3,86 1,06 0,14

chuveiro elétrico 44 3,818 0,947 0,14

Difference = μ (aquecedor a g s) - μ (chuveiro el trico)

Estimate for difference: 0,041

95% lower bound for difference: -0,291

Resultado: Não há evidência para concluir que a média do aquecedor a gás é superior

ao chuveiro elétrico no nível de significância de 0,05.

Page 162: Relatório final Modelagem Poli-USP

156

Teste de proporção de uma amostra: Forma de cobrança de água em usuários de

chuveiro a gás

Teste de p = 0,5 vs p ≠ 0,5

Evento testado = Cobrança Individual

Variable X N Sample p 95% CI P-Value

Cobrança Conta 51 107 0,476636 (0,379177; 0,575420) 0,699

Resultado: Com intervalo de confiança de 95%, a proporção de indivíduos com

cobrança individual vaira entre 37,9% e 57,5%.

59%

41%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Coletivo Individual

Per

cen

tual

das

Res

po

stas

Tipo de Cobrança de Água

Forma de cobrança de água para usuários de aquecedor a gás

Page 163: Relatório final Modelagem Poli-USP

157

Teste de proporção de uma amostra: Tempo de retorno superior a 9 meses

Teste de p = 0,5 vs p ≠ 0,5

Evento testado = Tempo de Retorno Superior a Nove Meses

Variable X N 90% CI 95% CI

Cobrança Conta 35 57 (0,5838; 0,8092) (0,5838; 1,0)

Resultado: Com intervalo de confiança de 95%, a proporção de indivíduos que aceita

um tempo de retorno superior a nova meses varia entre 58,38% e 100%.

Page 164: Relatório final Modelagem Poli-USP

158

9.4. Anexo 4

Soluções propostas descartadas:

E) Reservatório com Mistura de Água e Bomba para Fluxo em Tubulação Externa

Definição:

Em baixo do chuveiro haverá um reservatório onde cairá toda água do banho.

Numa tubulação externa acoplada em dois pontos opostos do reservatóro, a água irá

circular por meio de uma bomba que garantirá o fluxo sempre no mesmo sentido,

fazendo a água que passou pela tubulação voltar ao reservatório O sensor de

temperatura estará presente nessa tubulação. Quando a água estiver na temperatura

adequada, uma válvula fechará o fluxo no tubo e outra em seguida abrirá uma comporta

do reservatorio, permitindo uma vazão até o usuário contante assim como a do

chuveiro, para que a água acumulada não despejada de uma só vez.

Justificativa de descarte:

Essa proposta foi descartada, uma vez que o uso de bomba tornaria o produto

mais caro. Além disso, seria difícil definir uma vazão do reservatório constante, pois os

chuveiros de cada residência possuem vazões diferentes.

F) Saída do Cano com Reservatório Distal

Definição:

Na tubulação, uma válvula desvia o fluxo para um reservatório externo, distante

ao sistema do chuveiro. Um sensor térmico, acoplado à válvula, mede a temperatura da

água; uma vez atingida a temperatura ideal o fluxo é liberado para o usuário.

Page 165: Relatório final Modelagem Poli-USP

159

Justificativa de descarte:

Esta solução foi desconsiderada devido à localização e função do reservatório.

Primeiro foi feita a análise dimensional, de modo que, a área do banheiro, um dado

bastante variável, seria necessário para o cálculo de estruturação; onde acoplar este

reservatório distal. Além disso, não foi estipulado um destino para a água acumulada,

de forma que o usuário seria responsável por retirar esta água do reservatório e

reutilizá-la. Quanto a esta consideração, concluiu-se que não seria cômodo e atrativo

ao consumidor, além de existir a possibilidade de o usuário esquecer de esvaziar o

compartimento ou não se empenhar (por falta de tempo ou soluções) na devida

reutilização, e portanto, não evitar o desperdício d‟água, como foi proposto.

G) Reservatório Proximal com Desvio e Mistura de Água

Definição:

Anteriormente à saída do chuveiro, um reservatório é acoplado à tubulação como

desvio. Um sensor térmico mede a temperatura da água no cano, anteriormente ao

desvio para o reservatório. Enquanto a água não atingir a temperatura ideal, o fluxo é

desviado para dentro do reservatório, para que a água fria presente no cano se misture

à quente que sairá do aquecedor. Outro sensor dentro do reservatório medirá a

temperatura da água, e a liberará para o usuário quando atingir a desejada. Quando o

fluxo for liberado para o usuário, a válvula de desvio para o reservatório se fecha,

permitindo o fluxo normal pela tubulação.

Justificativa de descarte:

Comparativamente às demais soluções com reservatórios e sensores térmicos, o

principal motivo para descarte dessa solução é a sistematização de duas saídas d‟água

controladas por um sensor térmico cada. Apesar de ter um bom potencial de

funcionamento, seria diferente; desconfortável ao usuário. Além disso, o uso de dois

Page 166: Relatório final Modelagem Poli-USP

160

sensores traria custos adicionais e implicaria no aumento da possibilidade de falha do

dispositivo de modo geral.

H) Desvio para Recirculação de Água

Definição:

O chuveiro é solicitado pelo usuário e, portanto, a água começa a fluir no

encanamento do banheiro em direção à saída. Anteriormente à esta saída, há um

sensor térmico e um sistema de acionamento de válvula, para que caso a temperatura

não seja a ideal, a água seja desviada (válvula aberta). Sendo assim, quando a água

tiver atingido esta temperatura determinada, a válvula será fechada e o fluxo poderá

escorrer para fora do chuveiro. A função do desvio é a circulação d‟água de volta para o

encanamento do banheiro, de modo a gerar um ciclo de reutilização até que a válvula

seja fechada

Justificativa de descarte:

Como premissas do protótipo, foi determinado que não seria necessária reforma

ou instalação nos banheiros; o dispositivo deve ser um acessório acoplável ao sistema

de encanamento pré-existente nos banheiros de modo geral. Dessa forma, recircular a

água na tubulação implicaria em ir contra estas definições iniciais, que foram julgadas

como imutáveis para o desenvolvimento do projeto.

9.5. Anexo 5: Código de uma placa dedicada

/* Copyright 2011 Lex Talionis

This sketch uses a 'Random Phase' or 'Non Zero Crossing' SSR (Im using

the Omron G3MC-202PL DC5) to act as an A/C switch and an opto-isolataed

AC zero crossing dectector (the H11AA1) to give us a zero-crossing

reference. This allows the arduino to dim lights, change the temp of

heaters & speed control AC motors.

The software uses dual interrupts (both triggered by Timer1) to control

how much of the AC wave the load receives. The first interrupt,

Page 167: Relatório final Modelagem Poli-USP

161

zero_cross_detect(), is triggered by the Zero Cross detector on pin 3

(aka IRQ1). It resets Timer1's counter and attaches nowIsTheTime to a

new interrupt to be fired midway though the AC cycle. Control flows back

to the loop until we have waited the specified time. Then nowIsTheTime

pulses the AC_PIN high long enough for the SSR to open, and returns

control to the loop.

This program is free software: you can redistribute it and/or modify

it under the terms of the GNU General Public License as published by

the Free Software Foundation, either version 3 of the License, or

(at your option) any later version.

This program is distributed in the hope that it will be useful,

but WITHOUT ANY WARRANTY; without even the implied warranty of

MERCHANTABILITY or FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. See the

GNU General Public License for more details.

You should have received a copy of the GNU General Public License

along with this program. If not, see <http://www.gnu.org/licenses/>.

Based on:

AC Light Control by Ryan McLaughlin <[email protected]>

http://www.arduino.cc/cgi-bin/yabb2/YaBB.pl?num=1230333861

Thanks to http://www.andrewkilpatrick.org/blog/?page_id=445

and http://www.hoelscher-hi.de/hendrik/english/dimmer.htm

Circut Diagram and more information available at:

http://playground.arduino.cc/Code/ACPhaseControl

*/

#include <TimerOne.h> // Avaiable from http://playground.arduino.cc/Code/Timer1

#define FREQ 60 // 60Hz power in these parts

#define AC_PIN 9 // Output to Opto Triac

#define LED 13 // builtin LED for testing

#define VERBOSE 1 // can has talk back?

#define DEBUG_PIN 5 //scope this pin to measure the total time for the intrupt to run

int inc=1;

volatile byte state = 255; // controls what interrupt should be

//attached or detached while in the main loop

double wait = 3276700000; //find the squareroot of this in your spare time please

char cmd = 0; //Buffer for serial port commands

unsigned long int period = 1000000 / (2 * FREQ);//The Timerone PWM period in uS, 60Hz = 8333 uS

int hexValue = 0; // the value from serial a serial port(0-0xFFF)

unsigned int onTime = 0; // the calculated time the triac is conducting

unsigned int offTime = period-onTime; //the time to idle low on the AC_PIN

int hexInput(int len); //interprets a hex packet ":XXX" - len hex digits

void setup()

Page 168: Relatório final Modelagem Poli-USP

162

{

Serial.begin(115200); //start the serial port at 115200 baud we want

Serial.println("AC Motor Control v1"); //the max speed here so any

#ifdef VERBOSE //debugging output wont slow down our time sensitive interrupt

pinMode(DEBUG_PIN, OUTPUT);

digitalWrite(DEBUG_PIN, LOW);

Serial.println("----- VERBOSE -----"); // feeling talkative?

#endif

pinMode(AC_PIN, OUTPUT); // Set the Triac pin as output

pinMode(LED, OUTPUT);

attachInterrupt(1, zero_cross_detect, RISING); // Attach an Interupt to Pin 3 (interupt 1) for Zero Cross

Detection

Timer1.initialize(period);

// Timer1.disablePwm(9);

Timer1.disablePwm(10);

}

void zero_cross_detect() // function to be fired at the zero crossing. This function

{ // keeps the AC_PIN full on or full off if we are at max or min

Timer1.restart(); // or attaches nowIsTheTime to fire at the right time.

state=B00000011;

#ifdef VERBOSE

digitalWrite(DEBUG_PIN, HIGH);

#endif

if (offTime<=100) //if off time is very small

{

digitalWrite(AC_PIN, HIGH); //stay on all the time

state=0; // no update this period

#ifdef VERBOSE

//Serial.print("Full on\t");

#endif

}

else if (offTime>=8000) { //if offTime is large

digitalWrite(AC_PIN, LOW); //just stay off all the time

state=0; //no update this period

#ifdef VERBOSE

//Serial.print("Full off\t");

#endif

}

else //otherwise we want the motor at some middle setting

{

Timer1.attachInterrupt(nowIsTheTime,offTime);

}

#ifdef VERBOSE

digitalWrite(DEBUG_PIN, LOW);

#endif

} // End zero_cross_detect

void nowIsTheTime ()

{

#ifdef VERBOSE

digitalWrite(DEBUG_PIN, LOW);

#endif

if (state==1) //the interrupt has been engaged and we are in the dwell time....

{

digitalWrite(AC_PIN,HIGH);

Page 169: Relatório final Modelagem Poli-USP

163

wait = sqrt(wait); //delay wont work in an interrupt.

if (!wait) // this takes 80uS or so on a 16Mhz proc

{

wait = 3276700000;

}

digitalWrite(AC_PIN,LOW);

state = B00000010;

}

#ifdef VERBOSE

digitalWrite(DEBUG_PIN, LOW);

#endif

}

void loop() { // Non time sensitive tasks - read the serial port

/* offTime = offTime + inc; //walk up and down debug routine

if (offTime>=8100)

{

inc = -4;

}

else if (offTime<=500)

{

inc = 4;

}*/

hexValue = hexInput(3); // Read a 3 digit hex number off the serial

if (hexValue < 0) {

//no input, so do nothing

if(state==B00000011) //its before the turn on time

{

Timer1.attachInterrupt(nowIsTheTime,offTime);

state=B00000001; //when it is the time for nowIsTheTime the state will align with unity

}

else if(state==B00000010) //its after turn on time

{

Timer1.detachInterrupt();

attachInterrupt(1, zero_cross_detect, RISING);

state=B00000000;

}

} else {

onTime = map(hexValue, 0, 4095, 0, period); // re scale the value from hex to uSec

offTime = period - onTime; // off is the inverse of on, yay!

#ifdef VERBOSE

//Serial.print("In loop:\t");

//Serial.print("Input Val \t");

//Serial.print(hexValue);

//Serial.print("\tperiod:");

//Serial.print(period);

//Serial.print("\tonTime:");

//Serial.print(onTime);

Serial.print("\toffTime:");

Serial.println(offTime);

#endif

}

}

int hexInput(int len) { //serial device sends ":XXX" - three hex digits, repeating for ever

int val = -1;

Page 170: Relatório final Modelagem Poli-USP

164

if (Serial.available() > len) {

int count = 0; //when count gets to 8 we have a full packet

#ifdef VERBOSE

//Serial.println("");

//Serial.print("Input:");

#endif

val = 0;

while (count != 1<<len)

{

cmd = Serial.read();

switch ( ( ('0'<=cmd) && (cmd<='9') ) //1 if cmd is a ascii numeral

+ (2 * ( ('A'<=cmd) && (cmd<='F') ) ) //2 if cmd is A-F

+ (2 * ( ('a'<=cmd) && (cmd<='f') ) ) // or a-f

+ (4 * ( cmd==':' ) ) ) //4 if cmd is a colon - returns 0 for all other chars

{

case 1: //cmd is a numeral

{

Serial.print(cmd);

cmd -= '0';

count = count<<1; //double count

break;

}

case 2: //cmd is a letter

{

Serial.print(cmd);

cmd = (cmd - 'A') + 10;

count = count<<1; //doubble count

// after being turned on by a colon then doubbled len times count == 2^len or 1<<len

break;

}

case 4: //cmd is a colon - clear the accumulator

{

Serial.print(':');

val=0; //clear the accumulator

cmd=0;

count=1; //we can start counting now!

break;

}

case 0: //anything else

{

Serial.print('!', DEC);

val = -1; //Set the error condition

goto bailout; //if cmd isnt anything we want, dump the whole packet

}

}

val = (val*16) + cmd;

}

#ifdef VERBOSE

Serial.print("\tinput val:");

Serial.println(val);

#endif

}

bailout:

return val;

Page 171: Relatório final Modelagem Poli-USP

165

9.6. Anexo 6: divisões de nota do trabalho

Devido às diferenças de desempenho dos integrantes do grupo na elaboração do

trabalho, foi elaborada uma divisão de notas que reflita o empenho de cada integrante

do grupo na elaboração do relatório. Essa divisão está na tabela 26.

Tabela 26 - Divisão de notas entre integrantes do grupo

Integrante do Grupo Nota

Bernardo Bichucher +1

Emmanuel Gantois +1,5

Letícia Rubinstein 0

Lucas Giestas -2

Marcela da Ponta -0,5

Marco Vitor Oliveira +1

Marina Martins +1

Victor Miguel -2