200
1 SEDE NACIONAL Rua Dona Brígida 299 Vila Marina São Paulo/ SP Fone: (+ 55 11) 3105-0884 / Fax: (+ 55 11) 3107-0538 [email protected] www.os.org.br RELATÓRIO GERAL LANXESS SÃO PAULO Dezembro de 2011

Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

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O presente relatório contém uma análise do comportamento sócio e trabalhista da Lanxess no Brasil ao estudar as relações e condições trabalhistas da empresa nas plantas localizadas em Cabo de Santo Agostinho/PE, Duque de Caxias/RJ, Triunfo/RS e Porto Feliz/SP. A pesquisa teve como foco as condições dos trabalhadores diretos e, também aborda o tratamento trabalhista dado pela Lanxess aos terceirizados.

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Page 1: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

1

SEDE NACIONAL Rua Dona Brígida 299

Vila Marina – São Paulo/ SP

Fone: (+ 55 11) 3105-0884 / Fax: (+ 55 11) 3107-0538

[email protected]

www.os.org.br

RELATÓRIO GERAL

LANXESS

SÃO PAULO

Dezembro de 2011

Page 2: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

2

DIRETORIA EXECUTIVA

CUT

Aparecido Donizeti da Silva

Vagner Freitas de Moraes

João Antônio

Valeir Ertle

CEDEC

Maria Inês Barreto

DIEESE

João Vicente Silva Cayres

Unitrabalho

Carlos Roberto Horta

CONSELHO DIRETOR

CUT

Aparecido Donizeti da Silva

ValeirErtle

Denise Motta Dau

Jacy Afonso de Melo

João Antônio Felício

Quintino Marques Severo

Rosane da Silva

Vagner Freitas de Moraes

DIEESE

João Vicente Silva Cayres

Mara Luzia Feltes

Unitrabalho

Francisco José Carvalho Mazzeu

Silvia Araújo

CEDEC

Maria Inês Barreto

TulloVigevani

COORDENAÇÃO TÉCNICA

Coordenação Institucional: Amarildo Dudu Bolito

Coordenação de Pesquisa: Lilian Arruda

EQUIPE TÉCNICA

Coordenação da Pesquisa: Daniela Sampaio de Carvalho

Pesquisadores do IOS: Ana Paula Viera, Felipe Saboya, Marina Martins Ferro, Marco

Magri, Rafaela Semíramis Suiron.

Page 3: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

3

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9

2. METODOLOGIA ........................................................................................................ 10

2.1. Negociações Preliminares sobre a Pesquisa ........................................................ 10

2.2. Procedimentos Metodológicos ............................................................................. 12

2.2. Plano Amostral .................................................................................................... 13

3. PERFIL GERAL DA EMPRESA ............................................................................... 16

3.1. Histórico .............................................................................................................. 16

3.2. Segmentos e Negócios ......................................................................................... 18

3.3. Desempenho Financeiro ...................................................................................... 19

3.4. Estrutura Organizacional ..................................................................................... 26

4. PERFIL DA EMPRESA NO BRASIL ........................................................................ 27

4.1. Histórico .............................................................................................................. 27

4.2. Desempenho Financeiro ...................................................................................... 30

4.3. Perspectivas Futuras do Mercado ........................................................................ 31

4.4. Negocios da Lanxess Brasil ................................................................................. 33

5. PROCESSO PRODUTIVO ......................................................................................... 34

5.1. Processo Produtivo nas Plantas de Elastômero ................................................... 34

5.2. Processo Produtivo de Pigmentos em Porto Feliz/SP .......................................... 40

6. RELAÇÕES & CONDIÇÕES TRABALHISTAS ..................................................... 45

6.1. Cabo de Santo Agostinho/PE ............................................................................... 45

6.1.1. Perfil da Unidade .................................................................................................... 45 6.1.2. Perfil dos Trabalhadores ......................................................................................... 47 6.1.3. Liberdade Sindical e Negociação Coletiva ............................................................. 54 6.1.4. Remuneração ........................................................................................................... 59 6.1.5. Promoção/Avaliação de Desempenho/Treinamento ............................................... 62 6.1.6. Jornada de Trabalho/Hora Extra ............................................................................. 68 6.1.7. Discriminação ......................................................................................................... 72 6.1.8. Saúde e Segurança no Trabalho .............................................................................. 75 6.1.9. Meio Ambiente ....................................................................................................... 96 6.1.10. Responsabilidade Social ....................................................................................... 99 6.1.11. Terceirização ......................................................................................................... 99 6.1.12. Refeição .............................................................................................................. 105 6.1.13. Reorganização/Reestruturação ............................................................................ 105

6.2. Duque de Caxias/RJ ........................................................................................... 108

6.2.1. Perfil da Unidade .................................................................................................. 108 6.2.2. Perfil dos Trabalhadores ....................................................................................... 108 6.2.3. Liberdade Sindical e Negociação Coletiva ........................................................... 110 6.2.4. Remuneração ......................................................................................................... 111 6.2.5. Promoção/Avaliação de Desempenho/Treinamento ............................................. 112 6.2.6. Jornada de Trabalho/Hora Extra ........................................................................... 113 6.2.7. Discriminação ....................................................................................................... 114

Page 4: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

4

6.2.8. Saúde e Segurança no Trabalho ............................................................................ 115 6.2.9. Meio ambiente ...................................................................................................... 118 6.2.10. Responsabilidade Social ..................................................................................... 118 6.2.11. Terceirização ....................................................................................................... 118 6.2.12. Reorganização/Reestruturação ............................................................................ 119

6.3. Triunfo/RS ......................................................................................................... 120

6.3.1. Perfil da Unidade .................................................................................................. 120 6.3.2. Perfil dos Trabalhadores ....................................................................................... 121 6.3.3. Liberdade Sindical e Negociação Coletiva ........................................................... 127 6.3.4. Remuneração ......................................................................................................... 130 6.3.5. Promoção/Avaliação de Desempenho/Treinamento ............................................. 131 6.3.6. Jornada de Trabalho/Hora Extra ........................................................................... 134 6.3.7. Discriminação ....................................................................................................... 139 6.3.8. Saúde e Segurança no Trabalho ............................................................................ 141 6.3.9. Meio Ambiente ..................................................................................................... 151 6.3.10. Responsabilidade Social ..................................................................................... 152 6.3.11. Terceirização ....................................................................................................... 152

6.4. Porto Feliz/SP .................................................................................................... 155

6.4.1. Perfil da Unidade .................................................................................................. 155 6.4.2. Perfil dos Trabalhadores ....................................................................................... 157 6.4.3. Liberdade Sindical e Negociação Coletiva ........................................................... 161 6.4.4. Promoção/Avaliação de Desempenho/Treinamento/Remuneração ...................... 163 6.4.5. Jornada de Trabalho/Hora Extra ........................................................................... 167 6.4.6. Discriminação ....................................................................................................... 170 6.4.7. Saúde e Segurança no Trabalho ............................................................................ 175 6.4.8. Meio Ambiente ..................................................................................................... 186 6.4.9. Terceirização ......................................................................................................... 188

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 193

Page 5: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

5

ÍNDICE TABELA

Tabela 01: Vendas Anuais (em milhões de euros) ......................................................... 20

Tabela 02: Vendas Regionais (em milhões de euros) ..................................................... 20

Tabela 03: Vendas e Lucros durante o Primeiro Trimestre de 2009 e 2010 .................. 24

Tabela04: Quadro Funcional da Unidade de Cabo de Santo Agostinho (% -

setembro/2010) ................................................................................................................ 47

Tabela 05:Número de Trabalhadores por Sexo/Gênero em Cabo de Santo Agostinho (%

- setembro/2010) .............................................................................................................. 49

Tabela 06: Número de Trabalhadores por Faixa Etária em Cabo de Santo Agostinho (%

- setembro 2010) .............................................................................................................. 50

Tabela 07: Principais Meios de Comunicação entre Sindicato e Trabalhador* ............. 57

Tabela 08: Momentos em que os Trabalhadores se sentem Constrangidos/

Intimidadospela Empresa por Assuntos Sindicais Cabo de Santo Agostinho (% -

setembro de 2010)* ......................................................................................................... 59

Tabela 09: Remuneração X Gênero em Cabo de Santo Agostinho(2010) ..................... 60

Tabela 10: Opinião dos Trabalhadores em Relação às Condições dos Locais de

Trabalho em Cabo de Santo Agostinho (% - setembro 2010) ......................................... 90

Tabela 11: Quadro Funcional da Unidade de Duque de Caxias (% - dezembro/2010)109

Tabela 12:Número de Trabalhadores por Sexo/Gênero em Duque de Caxias (%-

dezembro 2010) ............................................................................................................. 109

Tabela 13: Remuneração X Gênero em Duque de Caxias(2010)................................. 112

Tabela14: Principais Terceirizadas na Planta de Duque de Caxias .............................. 118

Tabela 15:Quadro Funcional dos Trabalhadores da Unidade de Triunfo (novembro

2010) .............................................................................................................................. 122

Tabela 16:Número de Trabalhadores por Sexo/Gênero em Triunfo (%-novembro 2010)123

Tabela 17: Número de Trabalhadores por Faixa Etária em Triunfo(% - novembro 2010)124

tabela 18: Número de Trabalhadores por Escolaridade em Triunfo (% - novembro 2010125

Tabela 19: Principais meios de comunicação entre sindicato e trabalhador Triunfo(% -

novembro 2010)* ........................................................................................................... 128

Tabela 20 :Momentos em que os trabalhadores se sentem constrangidos ou

intimidadospela empresa por assuntos sindicaisEmTriunfo(% - novembro 2010) ....... 129

Tabela 21: Remuneração X Gênero em Triunfo (2010) ............................................... 131

Tabela 22: Avaliação das condições do local de trabalho unidade Triunfo (% -

novembro de 2010) ........................................................................................................ 148

Tabela 23: Quadro De Trabalhadores da Unidade de Porto Feliz (% - Janeiro/2011) . 157

Tabela 24: Número de Trabalhadores Por Sexo/Gênero Porto Feliz (Janeiro/2011) ... 158

Tabela 25 :Porcentagem de Trabalhadores por Faixa Etária em Porto Feliz

(Janeiro/2011) ................................................................................................................ 159

Tabela 26:Razões pelas quais os trabalhadores se sentem constrangidos ou intimidados

referentes a assuntos sindicais pela empresa ................................................................. 163

Page 6: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

6

Tabela 27: Opinião dos Trabalhadores em Relação às Condições dos Locais de

Trabalho ......................................................................................................................... 182

INDICE DE FIGURA

Figura 01:Principal Rota Produtiva de Borrachas Sintéticas ......................................... 34

Figura 02:Estrutura Organizacional da planta e Cabo de Santo Agostinho/PE ............. 46

Figura 03: Estrutura Organizacional da planta de Triunfo ........................................... 121

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 01: Países nos quais a Lanxess está Presente .................................................... 16

Quadro 02: Unidades Produtivas da Rhein Chemie no Mundo ..................................... 17

Quadro 03: Segmentos por Unidades de Negócios da Lanxess ..................................... 18

Quadro 04: Localização da Produção dos Segmentos ................................................... 18

Quadro 05: Principais Empresas da Lanxess AG no Mundo ......................................... 27

Quadro 06: Principais Insumos Usados nas Plantas de Elastômero da Lanxess Brasil . 37

Quadro 07:Organização das Linhas de Produção de Elastômero da Lanxess Brasil ..... 39

Quadro 08: Principais Insumos da Planta de Porto Feliz ............................................... 41

Quadro 09: Especificações das Etapas do Processo Produtivo de Porto Feliz .............. 42

Quadro 10: Jornada de Trabalho na planta de Cabo de Santo Agostinho...................... 68

Quadro 11: Principais Terceirizadas na Planta de Cabo de Santo Agostinho ............. 100

Quadro 12: Relações e Condições de Trabalho das Empresas Terceirizadas - Comau e

Wilson Sons em Cabo de Santo Agostinho ................................................................... 103

Quadro 13: Jornada de Trabalho na planta de Duque de Caxias ................................. 114

Quadro 14: Descrição das Funções pelos Cargos Ocupados em Triunfo .................... 126

Quadro 15: Jornada de Trabalho na planta de Triunfo (novembro de 2010) ............... 135

Quadro 16: Principais Terceirizadas na planta de Triunfo .......................................... 153

Quadro 17: Relações e Condições de Trabalho da Empresa Terceirizada Comau em

Triunfo ........................................................................................................................... 154

Quadro 18: Jornada de Trabalho na planta de Porto Feliz (2010) ............................... 167

Quadro 19: Empresas Terceirizadas atuando na planta de Porto Feliz (janeiro de 2011)188

Quadro 20: Relações e Condições de Trabalho das Empresas Terceirizadas – Itaya e

Salmeron em Porto Feliz (Janeiro de 2011) .................................................................. 191

Quadro 21: Especificações das Etapas do Processo Produtivo do Elastômero nas

plantas da Lanxess Brasil .............................................................................................. 199

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Vendas da Lanxess Mundial por Segmento (% - 2009) .............................. 22

Gráfico 02: Número de Trabalhadores por Cor/Raça em Cabo de Santo Agostinho (% -

setembro/2010) ................................................................................................................ 51

Page 7: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

7

Gráfico 03: Número de Trabalhadores por Escolaridade em Cabo de Santo Agostinho

(% - setembro 2010) ........................................................................................................ 52

Gráfico 04: Número de Trabalhadores no Setor Administrativo e Produtivo por

Escolaridade em Cabo de Santo Agostinho (% - setembro 2010) ................................... 52

Gráfico 05:Número de Trabalhadores por Tempo de Casa (% - setembro 2010) ......... 53

Gráfico 06: Taxa de Sindicalização X Tempo de Casa .................................................. 55

Gráfico 07: Frequência dos Trabalhadores de Cabo de Santo Agostinho em

Assembleias/Reuniões Sindicais ..................................................................................... 58

Gráfico 08: Opinião dos Trabalhadores sobre a Qualidade das Oportunidades de

Promoção da Lanxess. ..................................................................................................... 64

Gráfico 09: Avaliação dos curso/treinamento (s) oferecido (s) pela Lanxess no local de

trabalho* .......................................................................................................................... 66

Gráfico 10:Horas Trabalhadas além da Jornada de Trabalho no mês anterior a pesquisa

(% - setembro de 2010)* ................................................................................................. 69

Gráfico 11: possibilidade de recusar realização de horas extras .................................. 70

Gráfico 12:Horas Trabalhadas além da jornada pagas/compensadas............................. 71

Gráfico 13: Entrevistados que já se sentiram ridicularizados/inferiorizados em Cabo de

Santo Agostinho (% - setembro 2010) ............................................................................ 75

Gráfico 14: Fatores relacionados ao trabalho dos entrevistados que afeta/afetou a saúde

dos mesmosem Cabo de Santo Agostinho (% - setembro 2010)* ................................... 76

Gráfico 15:Problemas relacionados a atividade de trabalho apresentados pelos

entrevistados após ter começado a trabalhar em Cabo de Santo Agostinho (% - setembro

2010)* .............................................................................................................................. 79

Gráfico 16: Trabalhadores que deixaram de revelar que estava passando mal/doente Por

medo de ser prejudicado pela empresa(% - setembro 2010) ........................................... 80

Gráfico 17: Trabalhadores que sofreram algum tipo de acidente no interior da empresa,

nos últimos três anos(% - setembro 2010) ...................................................................... 81

Gráfico 18: Percepção do trabalhador sobre o conhecimento em relação aos riscos de

doenças e de acidentes de trabalho dentro em Cabo de Santo Agostinho (% - setembro

2010) ................................................................................................................................ 86

Gráfico 19: Avaliação da Atuação da CIPA em Cabo de Santo Agostinho (% -

setembro 2010) ................................................................................................................ 88

Grafico 20: Opinião dos trabalhadores em relação a serem afetados pelos problemas

ambientais da empresa (% - setembro 2010) ................................................................... 98

Gráfico 21: Número de Trabalhadores por Cor/Raça em Triunfo (% - novembro 2010)124

Grafico 22:Porcentagem de Trabalhadores por Tempo de Casa (% - novembro 2010)127

Gráfico 23: Frequência dos Trabalhadores de Triunfo em Assembleias/Reuniões

Sindicais ........................................................................................................................ 129

Gráfico 24: Opinião dos trabalhadores sobre a qualidade das oportunidades de

promoção em Triunfo(% - novembro 2010).................................................................. 132

Gráfico 25: Avaliaçãodos curso/treinamento(s) oferecido(s) pela Lanxess no local de

trabalho em Triunfo(% - novembro 2010)* .................................................................. 134

Gráfico 26: Horas trabalhadas além da jornada de trabalho (no mês anterior a pesquisa

(% - novembro de 2010) * ............................................................................................. 136

Page 8: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

8

Gráfico 27:Trabalhadores que podem ou não recusar a realizar horas extras em Triunfo

(% - novembro 2010) ..................................................................................................... 137

Gráfico 28: Horas trabalhadas além da jornada como pagas/compensadas (% -

novembro 2010) ............................................................................................................. 138

Gráfico 29:Entrevistados que já se sentiram ridicularizados/inferiorizados em Triunfo

(% - novembro de 2010) ................................................................................................ 141

Gráfico 30: Fatores relacionados ao trabalho dos entrevistados que afetam/afetaram a

saúde dos mesmosem Triunfo (% - novembro de 2010) ............................................... 142

Gráfico 31:Problemas de saúderelacionados áatividade de trabalho apresentados pelos

entrevistados após ter começado a trabalhar em Triunfo (% - novembro de 2010)* .... 143

Gráfico 32: Trabalhadores que deixaram de revelar que estava passando mal/doente por

medo de ser prejudicado pela empresa (% - novembro de 2010) .................................. 144

Gráfico 33: Avaliação da atuação da CIPA em Triunfo(% - novembro de 2010) ....... 147

Gráfico 34: Opinião dos trabalhadores em relação a serem afetados pelos problemas

ambientais da empresa (% - novembro 2010) ............................................................... 152

Gráfico 35:Porcentagem de Trabalhadores por Cor/Raça em Porto Feliz (janeiro/2011)159

Gráfico 36: Porcentagem de trabalhadores por nível de escolaridade ......................... 160

Gráfico 37:Porcentagem de Trabalhadores por Tempo de Casa (janeiro/2011). ......... 161

Gráfico 38: Opinião dos Trabalhadores sobre a Qualidade das Oportunidades de

Promoção da Lanxess. ................................................................................................... 165

Gráfico 39:Avaliação do(s) proveito(s) do(s) curso/treinamento(s) oferecido(s) pela

Lanxess no local de trabalho* ....................................................................................... 166

Gráfico 40:Horas Trabalhadas além da Jornada de Trabalho (no mês anterior a

pesquisa)* ...................................................................................................................... 168

Gráfico 41: Trabalhadores que podem ou não recusar a realizar horas extras ............. 169

Gráfico 42:Horas Trabalhadas além da jornada Pagas/Compensadas ......................... 169

Gráfico 43: Porcentagem de Entrevistados que já se sentiram Ridicularizados/

Inferiorizados na planta ................................................................................................. 174

Gráfico 44: Fatores relacionados ao trabalho dos entrevistados que afeta/afetou a saúde

dos mesmos Porto Feliz (% - Janeiro 2011)* ................................................................ 175

Gráfico 45: Problemas relacionados atividade de trabalho apresentados pelos

entrevistados após ter começado a trabalhar na empresa* ............................................ 177

Gráfico 46: Avaliação da Atuação da CIPA em Porto Feliz ........................................ 181

Gráfico 47: a empresa causa algum dano ambiental .................................................... 187

Page 9: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

9

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório contém uma análise do comportamento sócio e

trabalhista da Lanxess no Brasil ao estudar as relações e condições trabalhistas da

empresa nas plantas localizadas em Cabo de Santo Agostinho/PE, Duque de Caxias/RJ,

Triunfo/RS e Porto Feliz/SP. A pesquisa teve como foco as condições dos trabalhadores

diretos e, também aborda o tratamento trabalhista dado pela Lanxess aos terceirizados.

O relatório apresenta informações detalhadas sobre o comportamento sócio e

trabalhista de cada uma das plantas pesquisadas e, procura fazer um comparativo do

comportamento da Lanxess nas distintas localidades em que atua.

No total a pesquisa durou cerca de oito meses contabilizando a pesquisa de

campo, análise dos dados e confecção do relatório. Envolveu sete pesquisadores, foram

realizadas mais de 116 entrevistas com trabalhadores diretos, quatro oficinas1 com

dirigentes sindicais, quatro oficinas com cipeiros e seis oficinas com trabalhadores

terceiros.

O relatório contou com o apoio ativo dos sindicatos que compõe a “Rede de

Representantes de Trabalhadores da Lanxess no Brasil”2 e da Confederação Nacional

dos Químicos (CNQ – CUT). O suporte financeiro foi de responsabilidade da DGB

(Confederação Alemã de Sindicatos). A Lanxess não participou da pesquisa apesar de

ter sido convidada.

1 Método de entrevista dinâmica que aborda um grupo de pessoas ao mesmo tempo. 2 Sindborracha de Pernambuco, Sindipolo de Triunfo, Sindicato dos Quimicos de Duque de Caxias, Sindicato dos

Trabalhadores das Indústrias de Abrasivos Químicos e Farmacêuticos de Salto e Região.

Page 10: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

10

2. METODOLOGIA

A presente pesquisa utilizou como base a metodologia do Instituto

Observatório Social para elaborar o que denominamos de Relatório Geral sobre o

comportamento sócio-trabalhista de uma empresa. É considerado o formato de pesquisa

mais amplo por conter um panorama histórico e econômico da empresa no mundo e

Brasil além de informações sobre as relações e condições trabalhistas da companhia.

As informações contidas no relatório são fundamentadas tanto em dados

secundários como em primários. Os dados secundários foram coletados em fontes

como: páginas na internet, jornais e revistas de grande circulação e em artigos e livros

relacionados ao tema. Os dados primários foram coletados: no site da Lanxess; em sites

dos sindicatos que representam os trabalhadores da empresa; em documentos cedidos

pelos sindicatos como convenções coletivas, acordos de PLR e de horas extras, CATs

(Comunicação de Acidente de Trabalho) e Homologações de Rescisão de Contrato de

Trabalho. Também, foram obtidas informações primárias em oficinas, entrevistas, na

aplicação de um questionário online com os dirigentes sindicais da Lanxess, entrevistas

com cipeiros e trabalhadores terceirizados além da aplicação de um questionário

fechado com trabalhadores da Lanxess mediante um plano amostral.

A equipe de pesquisa foi composta por uma coordenadora da pesquisa, três

pesquisadores e uma estagiária, além da supervisão geral do coordenador de pesquisas

do IOS.

2.1. NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES SOBRE A PESQUISA

O IOS teve a oportunidade de presenciar algumas reuniões da “Rede de

Representantes de Trabalhadores da Lanxess no Brasil” com representantes da empresa,

ocasiões nas quais aproveitamos para observar e coletar dados.

Ademais, em fevereiro de 2010, pesquisadores do IOS e alguns dirigentes

Page 11: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

11

sindicais do ramo químico se reuniram com um representante da Lanxess para negociar

a realização da presente pesquisa em conjunto com a empresa. Estiveram presentes

nessa reunião: Ludovico Andrea Martin, atual Diretor da Área de Recursos Humanos da

Lanxess no Brasil; Antenor Eiji Nakamura – Kazu, atual coordenador da Confederação

Nacional dos Químicos (CNQ – CUT); Geraldo Guimarães – dirigente sindical do

Sindicato dos Trabalhadores Químicos de São Paulo; Daniela Sampaio de Carvalho,

pesquisadora do IOS; Felipe Saboya, coordenador de pesquisa do IOS.

O processo de negociação teve continuidade em março de 2010, em Recife,

momento no qual o IOS apresentou com maior profundidade a proposta e a metodologia

da pesquisa. Porém, a gerência de Recursos Humanos da Lanxess argumentou que a

empresa não teria condições de financiar os custos da mesma, tendo em vista que outras

três pesquisas com os trabalhadores ocorreram num curto período de tempo, o que

poderia gerar um “desgaste” por terem que responder mais de uma pesquisa.

Em agosto de 2010, durante outra reunião da “Rede de Representantes de

Trabalhadores da Lanxess no Brasil” em São Paulo, o IOS apresentou uma nova

proposta para a realização da pesquisa em conjunto com a empresa, na qual o custo da

pesquisa seria financiado pela DGB (Central Sindical Alemã) e não mais pela Lanxess.

Estiveram presentes nessa reunião: Ludovico Andrea Martin, atual Diretor da Área de

Recursos Humanos da Lanxess no Brasil; Laurent Santos, gerente regional de Recursos

Humanos; Geomar, responsável pela folha de pagamento da Lanxess,; Antenor Eiji

Nakamura – Kazu, atual coordenador da Confederação Nacional dos Químicos (CNQ –

CUT) e os dirigentes sindicais da Lanxess no Brasil que compõe “Rede Nacional de

Trabalhadores da Lanxess”. Nessa reunião a gerência da Lanxess demonstrou

preocupação a respeito da relevância da pesquisa e as expectativas que seriam geradas

sem um plano de ação previamente idealizado após os resultados. O IOS ressaltou que a

pesquisa de comportamento sócio-trabalhista respalda o diálogo social uma vez que as

informações geradas permitem a negociação de um plano de melhoria das relações e

condições trabalhistas existentes. No final da reunião, a gerência local ficou de refletir e

Page 12: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

12

se posicionar definitivamente sobre o assunto no encontro seguinte da Rede.

Por fim, no final de agosto de 2010, em uma reunião da rede no Rio de

Janeiro a gerência local informou que não iria participar porque existiam outras

pesquisas em andamento dentro da Lanxess. Portanto, a empresa não poderia se

comprometer com mais uma pesquisa, pois isso geraria maiores expectativas nos

trabalhadores. Diante deste posicionamento, os sindicatos e o IOS informaram à

gerência local que a pesquisa ocorreria mesmo sem a participação da empresa.

Portanto, no presente relatório não consta a posição da empresa, já que seus

representantes não aceitaram participar do processo de pesquisa, o

2.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O procedimento da pesquisa teve o seguinte desenvolvimento, dividido em

três etapas:

Primeira Etapa – Preparação da Pesquisa e Coleta de Dados Secundários

Apresentação do projeto de pesquisa e negociação com as partes interessadas –

sindicato e empresa (2009/2010);

Elaboração do panorama histórico e perfil da empresa (em 2010);

Elaboração do material de pesquisa de campo (segundo semestre de 2010);

Aplicação do questionário online aplicado aos dirigentes sindicais que representam

os trabalhadores da Lanxess (primeiro semestre de 2010);

Elaboração do questionário aplicado aos trabalhadores da Lanxess (segundo

semestre de 2010);

Revisão e complementação dos roteiros padrões para entrevistas abertas aplicados

com Cipeiros, Terceiros e Dirigentes Sindicais (em agosto de 2010);

Inserção do questionário no gerenciador de pesquisa do IOS (em agosto de 2010);

Pré-teste do questionário com pesquisadores do IOS (agosto de 2010).

Page 13: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

13

Segunda Etapa – Pesquisa de Campo3:

Primeira pesquisa de campo, na unidade de elastômeros da Lanxess localizada em

Cabo de Santo Agostinho/PE (setembro de 2010);

Segunda pesquisa de Campo, na unidade de elastômeros da Lanxess localizada em

Triunfo/RS (novembro de 2010);

Terceira pesquisa de campo, na unidade de elastômeros da Lanxess localizada em

Duque de Caxias/RJ (dezembro de 2010);

Quarta pesquisa de campo, na unidade de pigmentos inorgânicos da Lanxess

localizada em Porto Feliz/SP (janeiro de 2010).

Terceira Etapa – Análise e Finalização da Pesquisa

Descrição e Análise dos dados e informações coletadas (janeiro, fevereiro e março

de 2011);

Elaboração do Relatório Preliminar (Agosto de 2011);

Elaboração do Relatório final (Agosto de 2011).

2.2. PLANO AMOSTRAL

A elaboração do plano amostral foi realizada a partir das listas de

contribuição sindical anual que foram fornecidas pelo sindicato. As listas contêm a

relação de trabalhadores da empresa. A planilha permitiu calcular amostras

aleatóriassimplese proporcionais às variáveis: Gênero, Setor e Função para um intervalo

3Pesquisa de campo consistiu em: realizar oficinas em profundidade com Dirigentes Sindicais; Cipeiros e

Trabalhadores terceiros – oficinas guiadas por um roteiro de questões abertas, tratando de temas de interesse da

pesquisa; aplicação de questionários junto aos trabalhadores, com base em amostras estatisticamente representativas

do universo dos funcionários da unidade pesquisada; coleta no local de documentos relevantes para a pesquisa.

Page 14: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

14

de confiança de 95% e margem de erro esperada de 10%.

Para a seleção dos entrevistados, foi feito um sorteio aleatório,

computadorizado, conforme a distribuição proporcional da amostra calculada. A

amostra foi probabilisticamente proporcional e contemplou:

Em Cabo de Santo Agostinho/PE um total de 53 trabalhadores para um total de 123

trabalhadores listados pelo sindicato como funcionários da unidade. Essas entrevistas

foram realizadas em setembro de 2010, nas casas dos trabalhadores, na sede do

sindicato e na sala de reunião do hotel. A margem de erro máxima estimada é de 5%.

Em Triunfo/RS um total de 18 trabalhadores foram entrevistados para um total de 62

listados pelo sindicato como funcionários da unidade. Essas entrevistas foram

realizadas em setembro de 2010, nas casas dos trabalhadores. A margem de erro

máxima estimada é de 5%.

Já nas plantas de Duque de Caxias/RJ e Porto Feliz a amostra

probabilisticamente proporcional não foi contemplada:

Em Duque de Caxias/RJ, 13 trabalhadores foram entrevistados para um total de

189 listados4no relatório de contribuição sindical disponibilizada pelo

SINDIQUIMICA de Duque de Caxias/RJ. Entrevistas efetuadas na sede do

Sindicato, em dezembro de 2010. A pesquisa de campo atingiu um universo inferior

ao da amostra em decorrência de dificuldades enfrentadas no decorrer da pesquisa de

campo. Por essa razão as análises e conclusões do presente relatório, a respeito do

comportamento sócio- trabalhista da planta, ficaram comprometidos na medida em

que os dados coletados durante a pesquisa foram insuficientes. Diante desta situação

4Fonte: Lanxess Brasil, Relatório de Contribuição Sindical4 de 2010 da planta Duque de Caxias/RJ, disponibilizado

pelo SINDQUIMICA de Duque de Caxias/RJ, em setembro de 2010. Elaboração: IOS

Page 15: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

15

adversa, a análise dos dados será predominantemente qualitativa baseada nos relatos

concedidos por dirigentes sindicais e trabalhadores durante a pesquisa de campo.

Em Porto Feliz/SP um total de 32 trabalhadores foram entrevistados para um

total de 219 listados pelo sindicato como funcionários da unidade. As entrevistas

foram realizadas nas casas dos trabalhadores em janeiro de 2011. A mostra não pode

ser atingida devido à dificuldade de logística e porque uma parte dos trabalhadores

ficaram receosos em participar da pesquisa.

Page 16: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

16

3. PERFIL GERAL DA EMPRESA

3.1. HISTÓRICO

A Lanxess é uma empresa do setor químico de origem alemã que detém

portfólio diversificado desde borracha para pneus e sandálias Havaianas, até corantes,

produtos para couro e pigmentos para maquiagem e materiais de construção. A empresa

está presente em diversos países e 46 municípios, com cerca 14.3005 trabalhadores

distribuídos mundialmente. A matriz da companhia se localiza em Leverkusen, na

Alemanha.

QUADRO 01: PAÍSES NOS QUAIS A LANXESS ESTÁ PRESENTE

Ásia Austrália, China, Índia, Indonésia, Japão, Coréia do Sul

Europa e África Alemanha, Áustria, Bélgica, França, Hungria, Itália, Polônia,

Rússia, Eslováquia, Espanha, Reino Unido, Suíça, África

América Brasil, Argentina, México, Canadá, EUA

A Lanxess também será instalada

em: Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Vietnã

Fonte: www.lanxess.com.br, acesso em setembro de 2010. Elaboração: IOS

Atualmente, a Lanxess é a maior produtora de borracha e polímeros da

América Latina e a quarta no mundo. É líder na produção de borracha de neodímio

polibutadieno de alta performance e de borracha de estireno butadieno em solução – que

oferecem as características de performance necessárias para produzir pneus mais

seguros e mais eficientes em termos de energia.

A história da Lanxess inicia-se, em 2003, quando a Bayer decidiu criar uma

nova empresa química a partir da junção entre os negócios da Bayer Chemicals com

cerca de um terço da Bayer Polymers6, gerando a Lanxess. A reestruturação foi fruto de

um rearranjo de ativos da Bayer, devido à baixa rentabilidade dessas unidades de

negócio7, para focar em mercados mais promissores do segmento químico: saúde,

5Site brasileiro da Lanxess, acessado em 07/08/2010. 6http://www.bayer.com.br/scripts/pages/pt/grupo_bayer/histria/index.php. 7http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/336_a+elasticidade+da+lanxess, acesso em 10/04/2010.

Page 17: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

17

defensivos agrícolas, biotecnologia e matérias de inovação. Dois anos após a criação da

Lanxess, em 2005, a empresa começou a funcionar mundialmente independente da

Bayer e logo se completou a separação dos ativos.

Os negócios da Lanxess se fundamentam no desenvolvimento, produção e

venda de especialidades químicas, plásticos, borracha e intermediários. Dentre os

destaques da companhia ressalta-se o fato da empresa ter sido a inventora da borracha

sintética, em 1909, quando ainda era Bayer. Atualmente, é uma das maiores empresas

produtoras de borracha do mundo, para alguns especialistas é um dos maiores exemplos

de sucesso de reorganização de negócios. No início das operações da Lanxess, há cinco

anos, a empresa faturava €5.4 bilhões no mundo, agora fatura €6.58 bilhões. Existiam

17 áreas de negócios pouco rentáveis, agora são 13 unidades extremamente rentáveis.

Também é de propriedade da Lanxess a subsidiária Rhein Chemie que

emprega cerca de 800 pessoas no mundo e, em 2009 alcançou vendas de €226 milhões.

Fundada em 1889, a sede é localizada em Mannheim na Alemanha, fabrica aditivos e

especialidades químicas para a produção de borracha, lubrificantes e plásticos. As

marcas mais conhecidas da subsidiáriasão: Rhenogran, Stabaxol e Additin.

QUADRO 02: UNIDADES PRODUTIVAS DA RHEIN CHEMIE NO MUNDO

Estado/Pais Estado/Pais

Antuérpia, Bélgica Madurai, Índia

Chardon / Ohio, EUA Qingdao, China

São Paulo, Brasil Toyohashi, Japão

Fonte: http://lanxess.com/en/investor-relations/investor-

ews/detail/17932/?tx_editfiltersystem_pi1%5Bnews_category%5D=32, disponível em 01/12/2011, acesso

em 15/03/2011.Elaboração:IOS

A Lanxess também se faz presente em outros países da América Latina além

do Brasil. Na Argentina, por exemplo, emprega atualmente cerca de 290 pessoas em

duas unidades localizadas na província de Buenos Aires, uma em Munro (sede local da

empresa) ea outra em Zaraté, local onde são produzidas substâncias químicasde

Page 18: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

18

tratamento de couro8.

3.2. SEGMENTOS E NEGÓCIOS

O portfólio de produção da Lanxess varia desde pigmentos orgânicos até

inorgânicos como plásticos de engenharia, químicos para borracha e borrachas

sintéticas, químicos funcionais, resinas para o tratamento de águas, etc. Para gerenciar o

portfólio a Lanxess organiza-se globalmente em três segmentos: Performance Polymers,

Performance Chemicals e Advanced Intermediates. Esses segmentos controlam 14

unidades de negócio, conforme indica o quadro 03 a seguir.

QUADRO 03: SEGMENTOS POR UNIDADES DE NEGÓCIOS DA LANXESS

Segmentos Performance Polymers Performance Chemicals Advanced

Intermediates

Unidades

Butyl Rubber

Performance Butadiene

Rubbers

Semi-Crystalline Products

Technical Rubber Products

Functional Chemicals

Inorganic Pigments

Ion Exchange Resins

Leather

Material Protection Products

Rhein Chemie

Rubber Chemicals

Basic Chemicals

Saltigo

Fonte: Site Brasileiro da Lanxess, acesso em setembro de 2010. Elaboração: IOS

As unidades de negócios da Lanxess estão espalhadas nos seguintes países,

conforme quadro 04a seguir:

QUADRO 04: LOCALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DOS SEGMENTOS

Segmentos Performance

Polymers Performance Chemicals

Advanced

Intermediates

Países

Alemanha, Bélgica,

França,Canadá, EUA,

Brasil, China

Alemanha, Bélgica, Reino

Unido, Itália, Espanha,

África do Sul, Estados

Unidos, Brasil, Argentina,

China, Índia, Japão,

Austrália

Alemanha, China,

Índia, Estados Unidos

Fonte: Site Internacional da Lanxess, acesso em setembro de 2010. Elaboração: IOS

O segmento de Performance Polymers concentra todos os negócios da

8http://lanxess.com/en/investor-relations/investor-

news/detail/17932/?tx_editfiltersystem_pi1%5Bnews_category%5D=32, disponível em 01/12/2011, acesso em

15/03/2011.

Page 19: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

19

Lanxess baseado em polímeros9. Negócios no qual a empresa detém uma larga

experiência com um portfólio de produtos inovadores de liderança internacional

incluindo a produção de borrachas sintéticas e plásticas direcionada, essencialmente,

para a indústria automotiva produzir pneus, pára-brisas,perfis e cabos10.

Dentro deste segmento situa-se a unidade de negócio Butyl Rubber que

fábrica as borrachas Butil e Halobutil. Ambas caracterizadas pela alta impermeabilidade

a gases e líquidos, particularidade que faz essas matérias-primas serem usadas na

indústria de revestimentos internos de pneus, câmaras e vedação de frascos

farmacêuticos e roupas protetoras. As marcas mais importantes desta unidade de

negócio são: Butil, Bromobutil e Chlorobutil.

O segmento de Performance Chemicals atua na área denominada de

químicas especiais produzindo basicamente corantes inorgânicos para plásticos11

.

Por fim, o segmento Advanced Intermediates combina os outros dois

segmentos da Lanxess ao fabricar intermediários químicos para o setor automobilístico,

agrícola, construção civil, tinta/pigmentos/corantes e biodisel.As marcas e os produtos

mais importantes deste segmento são: Clorobenzenos (clorotoluenos, cresóis,

nitrotoluenos e derivados); Aminas (benzilas, ácido fluorídrico e sulfúrico); Anidrido

pftálico e anidrido maléico; Trimetilolpropano e Hexanodiol; Baynox® e

Baynox®Plus12

.

3.3. DESEMPENHO FINANCEIRO

O desempenho financeiro da Lanxess sofreu abalos desde 2005, conforme

podemos verificar na tabela 01 a seguir, que aponta um decréscimo nas vendas anuais

da empresa de 2005 a 2009. Ou seja, a Lanxess no período pré-crise econômica, antes

9Polímerossão moléculas maiores, macromoléculas, que apresentam unidades que se repetem. A substância inicial é

chamada de monômero e sua repetição origina o polímero, que contém mais de 100 unidades. Dentre os polímeros

naturais mais conhecidos estão a borracha natural, amido, celulose e proteína. Os polímeros artificiais (obtidos em

laboratório) mais conhecidos são os plásticos, fibras e borrachas. 10 Site Internacional da Lanxess, acesso em setembro de 2010 11 Site Internacional da Lanxess, acesso em setembro de 2010 12 Site Internacional da Lanxess, acesso em setembro de 2010

Page 20: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

20

de 2008, já vinha sofrendo impactos conforme muitas outras empresas ao redor do

mundo. Especificamente no ano de2009, após a crise mundial, as vendas do grupo

caíram 23,1% em comparação a 2008. Os valores das vendas também passaram por um

declínio de 11,5%13.

TABELA 01: VENDAS ANUAIS (EM MILHÕES DE EUROS)

Ano 2005 2006 2007 2008 2009

Vendas 7, 150 6, 944 6, 608 6, 576 5, 057

Fonte: Annual Report da Lanxess de 2009.Elaboração: IOS

Entre 2005 a 2009, o resultado operacional do EBITDA também decresceu

em torno de 35,6%, atingindo €465 milhões de euros em 200914. No mesmo período o

lucro líquido da Lanxess caiu de €143 milhões para €40 milhões e, o lucro por ação foi

de 2,20 para 0,48 euros15.

No período da crise econômica, entre 2008 e 2009, destacou-se no

desempenho financeiro da Lanxess a maneira diferenciada que as vendas da empresa se

desenvolveram conforme cada região do planeta (tabela 02).

TABELA 02: VENDAS REGIONAIS (EM MILHÕES DE EUROS)

Mercados 2008 2009 Variação (%)

EUROPA (exceto Alemanha)* 2. 201 1, 557 29,3

Alemanha 1. 421 1, 063 25,2

América do Norte 1, 074 781 27,3

América Latina 724 515 28,9

Ásia- Pacífico 1, 156 1, 141 1,3

* Fonte: Annual Report da Lanxess de 2009 Elaboração: IOS

Na região denominada de EMEA (Europa, Oriente Médio e África, exceto a

Alemanha) as vendas de 2009 decaíram 29,3%, em relação a 2008. No mesmo período,

na Alemanha as vendas decresceram 25,2%. Já na América Latina as vendas caíram

28,9%. Seguindo uma tendência contrária as outras regiões a Lanxess apresentou na

13 Annual Report da Lanxess de 2009 - p.70 14 Annual Report da Lanxess de 2009 - p.71 15 Annual Report da Lanxess de 2009 - p.72

Page 21: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

21

Ásia-Pacíficoresultados financeiros mais estáveis em 2009, ao registrar uma queda de

apenas 1,3%nas vendas em relação 2008. Ao mesmo tempo, o faturamento na região

passou de 17,6% para 22,6% tornando-se o segundo mercado mais importante para a

empresa16..

O desempenho financeiro pífio da Lanxess, entre 2008 e 2009, resultou em

um impacto negativo nos segmentos. O Performance Polymers teve uma queda nas

vendas de 27,2%, o Advanced Intermediates teve um recuo nas vendas de 15,7%, já as

vendas do segmento Performance Chemicals decresceu 20,7%. Esses efeitos foram

ocasionados pela queda no volume de vendas devido à diminuição da demanda mundial

que provocou a diminuição dos preços dos produtos. (com exceção da Ásia- Pacífico,

especialmente a China, foi capaz de escapar dessa tendência no mercado de vendas)17.

As unidades Butyl Rubbere Performance Butadiene, atreladas a indústria de

pneus e pertencentes ao segmento de Performance Polymers, não foram tão afetadas

pelos baixos custos das matérias-primas. Já o segmento Performance Chemicalsapesar

de apresentar um declínio nas vendas manteve estável o preço das vendas com uma

pequena queda de 1,2%. É importante destacar que as unidades de negócios deste

segmento passaram nos últimos anos por retrações no volume das vendas,

principalmente as unidades relacionadas com as indústrias automotivas e afins, como as

unidades de negócios Rhein Chemie e Rubber Chemicals18.

Os negócios das unidades de agroquímica permaneceram estáveis ao longo dos anos.

Alguns dos fatores que contribuíram para tal desempenho foi o aumento da demanda

por insumos fungicidas. Já as vendas de insumos para indústria farmacêutica

retraíram19.

O gráfico 01, a seguir, demonstra a proporção de vendas dos segmentos da

Lanxess no total da empresa no final de 2009:

16 Annual Report da Lanxess de 2009 - p.73. 17 Annual Report da Lanxess de 2009 18 Annual Report da Lanxess de 2009 19 Annual Report da Lanxess de 2009

Page 22: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

22

GRÁFICO 01: VENDAS DA LANXESS MUNDIAL POR SEGMENTO (% - 2009)

Fonte: Annual Report da Lanxess de 2009Elaboração: IOS

O impacto da crise econômica mundial fez com que a partir de 2009 a

Lanxess adotasse uma estratégia para sair fortalecida. A estratégia consistiu em

concentrar esforços nos negócios situados nos países que compõe o BRIC (Brasil,

Rússia, Índia e China), principalmente na Índia e China20. Também procurou expandir a

produção através de investimentos nas áreas de pesquisa e infra-estrutura além de

efetuar aquisições pontuais nesses países, dentre as quais estão a Petroflex no Brasil, em

2008 – maior aquisição da companhia em um país isolado;a Gwalior Chemical

Industries Ltd, com sede em Mumbai (Índia), uma das principais fabricantes de

produtos a base de benzílico e fornecedora de cloretos de enxofre da Ásia, adquirida em

setembro de 2009; e a Jiangsu Polyols Chemical Co Ltd, empresa chinesa de médio

porte que produz polyol trimethylolpropane (TMP – utilizado na produção de

revestimentos, tintas e lubrificantes), localizada na China com sede em Liyang (Xangai)

21. Na Rússia, a Lanxess abriu recentemente um escritório de representação e vendas.

Após essas aquisições a empresa se ocupa agora em alinhar as produções, ajustar o

portfólio e efetuar modernizações do processo fabril das plantas adquiridas

20Fonte: Página corporativa da Lanxess -

http://lanxess.com/en/media/speeches/detail/1821/?tx_editfiltersystem_pi1[news_category]=29 acessado em: 19 de

Abril de 2010. 21 Annual Report 2009 - p.66

Page 23: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

23

recentemente.

Essas aquisições vêm ao encontro da estratégia da companhia de possuir uma

planta de determinado produto abastecendo cada região do mundo – nas Américas, na

Europa e na Ásia, incluindo a Austrália. Ou seja, suprir a demanda dos mercados locais,

regionais e, se ocorrer uma produção excedente de capacidade exportar. De acordo com

o diretor financeiro da Lanxess, Matthias Zachert, o foco atual das aquisições são

empresas de pequeno e médio porte na faixa de €100-400 milhões por transição para

fortalecer e complementar o portfólio22.

Paralelamente, introduziu após a crise de 2009 um programa de redução de

custos denominado de Challenge 09-12. Dentre as metas do programa estão reduções de

custos com mão-de-obra através da diminuição das horas de trabalho e, conseqüente

decréscimo na remuneração de seus funcionários (as medidas de redução parcial das

remunerações atingem todos os níveis de cargos, até mesmo os pertencentes ao

conselho de administração e gestão); gastos com matérias-primas, energia, serviços de

infra-estrutura e logística; e redução do acúmulo de estoques. O objetivo do programa

Chalenge é de cortar até 2012 os gastos globais da companhia com os custos em € 360

milhões. Apenas em 2009, no primeiro ano do programa, a Lanxess conseguiu reduzir

os custos em €30 milhões.

Após a crise econômica a Lanxess passou a apresentar sinais de recuperação

consideráveis nos resultados financeiros (tabela 03, a seguir). As vendas totais do

primeiro trimestre de 2010 em comparação ao mesmo período de 2009aumentaram

53%. Neste mesmo período, o lucro líquido aumentou dez vezes saindo de €14 milhões

para €104 milhões. Reação condicionada pelo cenário econômico favorável da América

Latina e Ásia, bem como pelo aumento da demanda de borracha sintética em alguns

países dessas regiões23.A participação dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) nas

22 Fonte: www.lanxess.com.br acessado em 07/07/2010. 23http://lanxess.com.br/media-brazil/br-

press/detail/15504/?L=3&tx_editfiltersystem_pi1[matrix_country]=512&tx_editfiltersystem_pi1[news_date_start]=7.

2009&tx_editfiltersystem_pi1[news_date_end]=7.2010 acessado em 07/07/2010.

Page 24: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

24

vendas passou de 10% em 2005 para 24% em julho de 2010.

TABELA 03: VENDAS E LUCROS DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2009 E 2010

2009 2010

Vendas €1,08 Bilhões €1,61 Bilhões

Lucro Líquido €14 Milhões €104 Milhões

Fonte: Annual Report da Lanxess de 2009. Elaboração: IOS

A recuperação do primeiro trimestre de 2010 em relação a 2009 impactou os

segmentos de diferentes maneiras conforme descrito a seguir:

Performace Polymersteve uma elevação no valor do EBITDA de €8 milhões

para €144 milhões e, as vendas do segmentoaumentaram 85% comparando o primeiro

trimestre de 2010 com o de 2009,contabilizando um total nas vendas de €828 milhões

de euros. Desempenho positivo explicado pelo aumento da demanda em mercados

emergentes como China e Brasil24.

Performance Chemicals no respectivo período ampliou o EBITDA em 35%

ao apresentar um acréscimo de €78 milhões. As unidades de negócios que mais con-

tribuíram para essa forte melhoria no desempenho do segmento foram Inorganic

Pigments e RheinChemie, que se beneficiaram com as melhoras nos setores de

construção e automotivo, respectivamente25. Em conseqüência da forte demanda por

borrachas butílicas de alta qualidade, a Lanxess abriu, em 2010, em Cingapura uma

nova unidade para produzir este produto de 400 milhões de euros. A capacidade da

planta é de 100 mil toneladas por ano. O intuito é suprir o mercado em expansão da

Ásia. Além disso, a LANXESS está ampliando sua planta de borracha butílica em

escala mundial na Bélgica26.

Ademais, a empresa anunciou, recentemente, a criação de uma Joint Venture

com a empresa TSRC Taiwan Corp, para construir uma nova fábrica de borracha

24 http://lanxess.com.br/media-brazil/br-

press/detail/15504/?L=3&tx_editfiltersystem_pi1[matrix_country]=512&tx_editfiltersystem_pi1[news_date_start]=7.

2009&tx_editfiltersystem_pi1[news_date_end]=7.2010 , acessado em 07/07/2010. 25http://lanxess.com.br/media-brazil/br-

press/detail/15504/?L=3&tx_editfiltersystem_pi1[matrix_country]=512&tx_editfiltersystem_pi1[news_date_start]=7.

2009&tx_editfiltersystem_pi1[news_date_end]=7.2010 , acessado em 07/07/2010. 26 http://lanxess.com/uploads/tx_lxsmatrix/LANXESS_metaambiciosa.pdf

Page 25: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

25

nitrílica (NBR) em Nantong, na China, com um investimento de €36 milhões.

Advanced Intermediates no mesmo período apresentou decréscimo de 4% no

EBITDA devido à queda na demanda por produtos agroquímicos e farmacêuticos.

Entretanto, o segmento teve aumento no valor das vendas em torno de 24% graças a

aquisições dos ativos químicos da empresa indiana Gwalior e o desempenho positivo

das indústrias automobilísticas e de corantes e revestimentos27.

Por essa razão a empresa está ampliando a capacidade de produção da

matéria-prima do pneu verde (Nd-PBR - Neodímio- Polibutadieno), em unidades

localizadas na Alemanha, EUA e Brasil. Também há um estudo de viabilidade

econômica para a construção de uma nova planta de Nd-PBR na Ásia, com capacidade

de 100 mil a 150 mil toneladas métricas por ano.

Ademais, a Lanxess investe em plásticos de alta tecnologia, denominados de

Durethan e Pocan, que ajudam a fabricar carros mais leves e econômicos em termos de

combustível. Inclusive a crescente demanda por esses produtos motivou a empresa a

ampliar sua produção em Wuxi, na China, e a construir uma nova planta em Jhagadia,

na Índia.

Diante das estimativas de crescimento de indústrias tradicionalmente

consumidoras dos produtos fabricados pela Lanxess e pelo impulso das economias

emergentes, os executivos da empresa projetam números extremamente favoráveis para

os próximos anos. Apontam que os resultados da empresa cresçam cerca de 80% nos

próximos cinco anos e, o que o lucro28 saia do patamar dos €800 milhões estimados para

2010 e alcance €1,4 bilhão em 201529.

Ratificando o comprometimento estratégico da Lanxess em crescer nos países

do BRIC(Brasil, Rússia, Índia e China)30 no inicio de 2011, a empresa adquiriu a

holandesa DSM Elastômero, produtora de borracha sintética por 310 milhões de euros.

27 Annual Report da Lanxess de 2009 28 Antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida), excluindo-se os ganhos ou custos excepcionais, 29 http://www.valoronline.com.br/impresso/empresas/102/309478/lanxess-planeja-crescer-80-nos-proximos-cinco-

anos 30http://economia.ig.com.br/empresas/industria/lanxess+adquire+fabricante+rival+de+borracha+sintetica/n12378661

31663.html

Page 26: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

26

O negócio envolveu duas fábricas, uma delas localizada no pólo petroquímico de

Triunfo/RS que tem capacidade de 40 mil toneladas por ano e, a outra que fica na

Holandaem Sittard-Geleen com capacidade de 160 mil toneladas. A DSM emprega 420

trabalhadores, fatura 380 milhões de euros por ano com a marca do elastômero é Keltan.

A aquisiçãofortalece a posição da Lanxess de líder na produção mundial de borracha

sintética e amplia a presença da empresa no mercado brasileiro.

A última aquisição da Lanxess foi por meio da subsidiária Rhein Chemie no

inicio de 2011 ao comprar a empresa Argentina Darmex especializada na produção de

bladder (bexiga usada para pressionar a borracha contra o molde e dar o formato final

aos pneus). Compra que ampliou ainda mais a presença da empresa na América Latina.

A Darmex tem duas fábricas na Argentina (Burzaco e Merlo) e uma no Uruguai

(Colonia) que contam com um total de 200 funcionários. O valor da transação não foi

divulgado, mas sabe-se que as vendas da empresa atingiram US$ 30 milhões em 2010.

A Darmex exporta 40% dos produtos para o Brasil e, o restante é vendido para paises da

América do Sul e do Norte sendo o maior produtor mundial de bladder. A expectativa é

que o mercado já aquecido de bladder cresça aproximadamente 5%nos próximos 10

anos, impulsionado principalmente pelo aumento da demanda por carros dos países do

BRIC (Brasil, Rússia, China e Índia). Diante de um cenário promissor a Lanxess

anunciou que estuda instalar fábricas de bladder no Brasil31

.

3.4. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

No topo da hierarquia da estrutura gerencial da Lanxess encontra-se o diretor

geral da empresa, seguido pelos gerentes das unidades de negócios e por gerentes de

grupos funcionais que se reportam diretamente a diretoria geral. De forma que cada uma

das 13 unidades de negócio da empresa, conforme quadro 3, tem responsabilidades

sobre suas próprias operações a nível global. Assim, essas unidades são geridas de

31http://www.brasilalemanhanews.com.br/Noticia.aspx?id=1081, acesso em 15/03/2011

Page 27: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

27

maneira autônoma através de “curtas linhas de comunicação” com a diretoria geral. A

intenção é manter hierarquias planas que respondem com rapidez às mudanças do

mercado e as condições dos negócios.

A Lanxess AG é a holding da companhia. As principais empresas de

propriedade exclusiva da Lanxess AG, direta ou indiretamente, estão distribuídas

conforme quadro 05 a seguir32:

QUADRO 05: PRINCIPAIS EMPRESAS DA LANXESS AG NO MUNDO

Nome Local Produção/Vendas

Lanxess Deutschland GmbH Leverkusen - Alemanha Todos os segmentos

Lanxess Corporation Pittsburgh, Pennsylvania -

Estados Unidos Todos os segmentos

Lanxess Elastomèrs S.A.S Lillebonne - França Performance Polymers

Lanxess Holding Hispania Barcelona - Espanha Todos os segmentos

Lanxess Inc. Sarnia, Ontario – Canadá Performance Polymers

Lanxess Internacional S.A Granges-Paccot – Suíça Somente vendas de todos os

segmentos

Lanxess N.V. Antwerp – Bélgica Performance Polymers e

Performance Chemicals

Lanxess Rubber N.V. Zwijndrecht – Bélgica Performance Polymers

Lanxess Elastômeros do

Brasil S.A. Rio de Janeiro – Brasil Performance Polymers

Rhein Chemie Rheinau

GmbH Mannheim – Alemanha Performance Chemicals

Saltigo GmbH Leverkusen – Alemanha Advanced Intermediates

Fonte: Annual Report da Lanxess de 2009. Elaboração: IOS

4. PERFIL DA EMPRESA NO BRASIL

4.1. HISTÓRICO

A Lanxess opera no Brasil desde 2005, ano no qual a companhia foi criada

oficialmente, uma vez que determinados negócios reestruturadas pela Bayer para criar a

Lanxess já existiam no país, especificamente o de pigmentos. Produto fabricado na

unidade de Porto Feliz/SP, instalada em 1979, adquirida pela Bayer da antiga empresa

“Globo Tintas” em 1995.

32 Annual Report 2009- p.65

Page 28: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

28

Em 2007, a Lanxess adquiriu a estatal Petroflex passando a se chamar

Lanxess Elastômeros do Brasil S.A.. Tal aquisição ampliou consideravelmente os

negócios da empresa no país tornando-a uma das principais produtoras de borracha

sintética do Brasil. Ademais, inseriu a Lanxess na história da indústria petroquímica

brasileira uma vez que a biografia da Petroflex se confunde com o desenvolvimento e os

esforços do estado para alavancar essa indústria nacionalmente.

A Petroflex Indústria e Comércio S.A. originou-se em 1958 quando o

governo federal, presidido por Juscelino Kubstichek, decidiu construir a

FABOR(Fábrica de Borracha Sintética),em Duque de Caxias/RJ, com capacidade de

produção de 40 mil toneladas de borracha sintética (ou elastômeros), no intuito de suprir

a demanda do mercado interno por este produto. Em 1962, a FABOR entrou em

funcionamento como unidade operacional da Petrobrás e no ano de 1968foi incorporada

à Petroquisa (Petrobrás Química S.A.). Em 1977, as instalações da FABOR passam a

ser de responsabilidade da estatal Petroflex Indústria e Comércio S.A que produzia

naquele período apenas estireno, um dos componentes do elastômero, com capacidade

de 60 mil toneladas anuais. No ano de 1985, a Petroflex passa a operar em dois pólos

petroquímicos (após um investimento de grande proporção na companhia): um deles

localizado em Triunfo/RS e o outro em Duque de Caxias/RJ. Em 1992, a Petroflex é

privatizada no bojo de outras privatizações efetuadas pelo ex-presidente Fernando

Collor de Mello que implementou um plano neoliberal de desestatização nacional.

Após a privatização a empresa passou por uma reestruturação administrativa,

modernização tecnológica, enxugamento do quadro de pessoal e terceirização.

Em 1993, a Petroflex adquire o controle acionário da COPERBO

(Companhia Pernambucana de Borrachas) instalada em Cabo de Santo Agostinho/PE. O

processo de integração com a COPERBO finalizou em 1996. A partir deste momento a

Petroflex se consolida como uma empresa de porte internacional ao alcançar uma

capacidade produtiva instalada superior à demanda interna do país e deter três fábricas

bem distribuídas geograficamente, localizadas nos estados do Rio Grande do Sul, Rio

Page 29: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

29

de Janeiro e Pernambuco.

Assim, em 1997 é constituída a Petroflex Trading responsável pela

operacionalização e desenvolvimento das exportações da empresa para a América do

Sul. Ao mesmo tempo é implementando um processo de reestruturação, que dura até

2003, para iniciar a internacionalização da companhia culminando na instalação de três

escritórios comerciais no exterior: um em Montevidéu (Uruguai), o outro em Lisboa

(Portugal), e um em Roterdã (Holanda). Em 2004, também é aberto um escritório em

Hong Kong (China), para atendimento dos clientes da Ásia, Oriente Médio e Oceania.

Neste mesmo ano, a Petroflex chega a produzir mais de 70 tipos de elastômeros

(borrachas sintéticas) que servem desde matéria-prima para produção de pneus,

calçados, têxteis, salientes, produtos farmacêuticos e cirúrgicos, adesivos,

eletrodomésticos, eletroeletrônicos até como matéria-prima para brinquedos e gomas de

mascar. Em 2005, a Petroflex consolida-se como empresa internacionalizada ao iniciar a

operação de uma subsidiária em Delaware (EUA).

No final de 2006, com uma capacidade instalada de 410 mil toneladas anuais,

a Petroflex S.A. torna-se a maior produtora de elastômeros (borrachas sintéticas) da

América Latina e uma das cinco maiores do mundo. Produção que era destinada em

grande parte ao Brasil (67%) e o restante (33%) para mais de 50 países espalhados pelos

cinco continentes. Em 2006, as ações da Petroflex eram negociadas livremente na

Bovespa. Os maiores acionistas da Petroflex eram Suzano Petroquímica - com 20,12%

das ações; Braskem - 20,12%; Unipar - 10,06%. O restante das ações era de investidores

institucionais (geralmente, fundos de pensão), empregados e investidores privados

individuais.

Em 2007, a Lanxess adquiriu a estatal Petroflex passando a se chamar

Lanxess Elastômeros do Brasil S.A. Em 2008, o processo de aquisição da Petroflex é

concluído. A partir deste momento a Lanxess realiza uma série de medidas a fim

integrar suas atividades operacionais. Dentre essas medidas estão o lançamento de uma

nova marca para os produtos já existentes da Petroflex e reorganizaçãodas atividades

Page 30: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

30

operacionais de determinadas plantas. Em Duque de Caxias/RJ, é suspensaa produção

de polibutadieno líquido hidroxilado e em Triunfo/RSé suspensa a produção de

borracha nitrílica (passando a ser fabricada exclusivamente na unidade francesa da

Lanxess) para focar na produção de borracha,utilizada nas indústrias de pneus e

calçados.

Outras mudanças estruturais de cunho administrativo também foram feitas,

como a transferência do escritório da Petroflex para a fábrica de Duque de Caxias/RJ e a

assimilação do laboratório de pesquisa e desenvolvimento pelo marketing global da

empresa. Além disso, a companhia promoveu interrupção temporária da produção na

unidade fabril de Triunfo, por conta do controle de estoques33. Contabiliza-se que todas

as adequações operacionais citadas nos parágrafos acima custaram aproximadamente

R$ 60 milhões34.

4.2. DESEMPENHO FINANCEIRO

Nos últimos anos, principalmenteentre o final de 2008 até o término de 2009,

a Lanxess enfrentou um período de queda nas vendas de seu principal produto, a

borracha sintética, devido à crise mundial, o que impactou diretamente as unidades

brasileiras. Segundo a Lanxess35, de 2008 para 2009 as vendas no Brasil registraram um

decréscimo de R$600 milhões (saindo de R$1,6 bilhão, em 2008 para R$1 bilhão, em

2009). Esse fato pode ser explicado pela queda na demanda por parte das indústrias

consumidoras de borracha sintética e pelo baixo custo de matérias-primas. O lucro

líquido no Brasil também foi impactado pela crise fechando o ano de 2009 com um

prejuízo líquido de R$30,5 milhões. Diante da crise, a gestão local da Lanxess

implementou uma série de medidas como redução e contenção dos custos, das despesas,

dos investimentos e do capital de giro além de efetuar ajustes no uso da capacidade

33http://www.valoronline.com.br/?impresso/empresas/95/5262374/lanxess-conclui-integracao-da-petroflex-e-define-

planos&scrollX=0&scrollY=409&tamFonte= acessado em 13/07/2010. 34 Fonte: www.lanxess.com.br acessado em 13/03/2011 35 Relatório da administração da Lanxess 2009

Page 31: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

31

produtiva das unidades. Também ocorreu a demissão de 10% da força de trabalho

formal distribuídas entre as unidades de Duque de Caxias/RJ, Cabo de Santo

Agostinho/PE e Triunfo/RS e o corte de 350 funcionários terceirizados.

Já no primeiro trimestre de 2010, a Lanxess apresentou no Brasil um

crescimento no faturamento de 125% em relação ao mesmo período do ano anterior,

registrando um total de €139,7 milhões. Segundo o presidente da Lanxess no Brasil,

Marcelo Lacerda, a empresa tem crescido substancialmente no país, bem mais que o

PIB local, contabilizando uma média de 11% ao ano desde o início das operações no

Brasil, em 200536

. No mesmo período a América Latina duplicou as vendas, atingindo

€195 milhões. Atualmente, a região representa 12% das vendas mundiais da Lanxess.

4.3. PERSPECTIVAS FUTURAS DO MERCADO

As perspectivas futuras dos negócios da Lanxess na região da América Latina

e no Brasil são promissoras uma vez que os prognósticos para os mercados

consumidores da matéria-prima fabricada pela empresa são positivos.Por exemplo, para

o ano de 2011 o mercado automobilístico e o setor de construção civil37 apontam

crescimento de 5% e 7% respectivamente. Para se ter uma idéia, de 2001a 2010 os

fabricantes de automóveis investiram US$28 bilhões no Brasil. A expectativa é que

invistam outros US$ 29 bilhõesentre 2011 e 2016. Com uma classe média em

crescimento e uma proporção relativamente baixa de cerca de sete pessoas por carro –

comparado a 1,2 nos Estados Unidos – ainda há muito espaço para a indústria

automobilística crescer. Ao mesmo tempo, a ascensão da economia brasileira resultará

em investimentos pesados na área de infra-estrutura sem falar nos investimentos para a

realização da Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016. Todos esses projetos

necessitarão de matérias-primas à base de borracha sintética para vedação das

36 http://www.brasilalemanhanews.com.br/Noticia.aspx?id=107 37 O setor de construção civil é um importante mercado de borracha sintética para ter diversas utilidades como piso -

por produzir pouca fumaça em caso de incêndio; material de vedação para telhados de estádios que resiste à

intempérie e ao ozônio mesmo no caso de radiação solar intensa.

Page 32: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

32

tubulações, revestimento de cabos, telhados e janelas, etc.

Os prognósticos positivos refletiram no discurso, efetuado no final de 2010

pelo presidente da unidade mundial dos negócios de “Performance Butadiene de

Borracha” da Lanxess, Joachim Grub:

O Brasil é um mercado extremamente importante para a Lanxess por tratar-

se de um consumidor voraz de borracha de estireno polibutadieno (em

solução e emulsão) demandando anualmente 360 mil toneladas métricas

deste produto. Dos quais cerca de 80% são utilizados na indústria de pneu

novo e recauchutado38.

No último ano foi possível constatar que o consumo de borracha sintética já

vem acompanhando o crescimento econômico vivenciado atualmente pelo Brasil uma

vez que o primeiro trimestre de 2010 apresentou um aumento de 30% no consumo (285

mil toneladas) em comparação ao mesmo período de 2009.

As previsões para o mercado de elastômeros na América Latina também são

promissoras. Estima-se39 para os próximos quatro anos que o consumo total de borracha

sintética na região cresça anualmente 6,1% - sendo que apenas a borracha direcionada

para a fabricação de pneus cresceria 8,1% ao ano.

Em razão do cenário promissor a Lanxess investiu nas unidades

brasileiras,desde quando opera no Brasil, um total R$130 milhões visando à

modernização das operações. Outros R$67 milhões estão programados para 2011. Esse

aporte financeiro objetivou expandir a capacidade de produção da borracha que é

matéria prima do pneu verde40,

duplicando a produção de 20 mil para 40 mil toneladas

desde produto até o final de 2011 na unidade de Cabo de Santo Agostinho/PE. O aporte

específico na produção da borracha “verde” se deve à previsão de crescimento da

38 Uma especificidade do mercado de borracha brasileiro é importância da recauchutagem dos pneus. Para facilitar o

trabalho dos fornecedores nesta área a Lanxess introduziu uma mistura padrão de ESBR preta, que exige um

investimento menor na tecnologia da mistura das borrachas novas e usadas melhorando a qualidade do pneu

recauchutado. Fonte: www.lanxess.com.br acessado em 10/03/2011. 39 Estimativa do Grupo Internacional de Estudos da Borracha. 40 A borracha NdBR também produzida na: Alemanha, Estados Unidos e França é uma de alta performance em

termos de flexibilidade e a aderência dos pneus à estrada em baixas temperaturas e superfícies úmidas também

apresentam excelente resistência de rolagem, fornecendo segurança e economia de combustível.

Page 33: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

33

demanda de 10% anual41 para essa matéria prima.

4.4. NEGOCIOS DA LANXESS BRASIL

A atual estrutura organizacional da empresa está constituída da seguinte

forma42:

1. A sede principal localiza-se na cidade do Rio de Janeiro/RJ onde está

alocado o escritório da Presidência e do Conselho Administrativo além do principal

centro de planejamento, negócios e atendimento aos clientes nacionais e globais da

Lanxess no Brasil;

2. Um escritório sediado na cidade de São Paulo que cuida dos negócios e

clientes da América do Sul;

3. Três fábricas de elastômeros localizadas nos pólos Petroquímicos de:

Duque de Caxias (RJ); Triunfo (RS); e Cabo de Santo Agostinho (PE);

4. Uma fábrica de pigmentos localizada em Porto Feliz/SP;

5. Três subsidiárias da Petroflex Trading S.A. nas cidades de: Montevidéu

(Uruguai), Newark (EUA) e nas Ilhas Virgens (Caribe);

6. Um laboratório em São Leopoldo/RS;

7. Centros de armazenamento e distribuição localizados nas cidades de:

Cartagena (Colômbia); Livorno (Itália) e em Liden (EUA);

8. Escritórios para atendimento e prospecção de novos negócios na cidade de

Roterdã (Holanda) que atende a Europa e, em Hong Kong (China) para atender clientes

na Ásia, Oriente Médio e Oceania.

41 Estimativa baseada na tendência dos mercados Europeus, Estados Unidos e de outros países no qual os pneus terão

que ser rotulados para eficiência de combustível, aderência a superfícies úmidas e emissões de ruídos para ajudar os

consumidores a escolherem entre pneus tradicionais e aqueles que consumem um menor volume de combustível, os

denominados de pneus verdes. 42 Fonte: site brasileiro da Lanxess e informações coletada durante a pesquisa de campo

Page 34: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

34

5. PROCESSO PRODUTIVO

5.1. PROCESSO PRODUTIVO NAS PLANTAS DE ELASTÔMERO

A borracha sintética pode ser obtida de diversas formas, entretanto a maior

parte advém da rota apresentada na figura 01, a seguir43

.

FIGURA 01:PRINCIPAL ROTA PRODUTIVA DE BORRACHAS SINTÉTICAS

figura 1 acima é possível constatar que as matérias primas dos ela

Fonte:http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-da-borracha/historia-da-borracha.php,acesso

02/02/2011.Elaboração: IOS

Conforme aponta a figura acima às matérias-primas dos elastômeros são

monômeros (pequenas moléculas) de substâncias derivadas do refino do petróleo que ao

se ligarem com outros monômeros originam polímeros (macromoléculas). A fabricação

de elastômero pode utilizar três distintos métodos de produção:

Contínuo – processo produtivo de fluxo ininterrupto que fabrica volumes

43http://www.anp.gov.br/CapitalHumano/Arquivos/PRH28/Arthur-Calumby-de-Lima_PRH28_UFPE_G.pdf

Gás Natural

Nafta R

E

F

I

N

A

R

I

A

Butadieno

Estireno

Isopreno

Eteno

Propeno

Benzeno

Monômeros: Central

Petroquímica Sintéticas:

SBR

BR

NBR

IR

TR

EPR

CR

Latex

Borrachas Indústria

de Borracha

Sintética Petróleo

Natural

Page 35: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

35

maiores com uma variedade menor;

Batelada – fabricação em um sistema fechado e descontínuo que processa

pequenos volumes por vez;

Semi-Contínuo - processo produtivoem que asbateladas (fabricação em sistema

fechado) do mesmo produto são feitas uma após a outra. Ou uma parte do

processamento é feito através de batelada e a outra é feita de forma contínua.

E, para a polimerização dos monômeros é utilizado duas técnicas distintas:

Solução – consiste em dissolver o monômero em um solvente dentro de um

reator de agitação, com temperatura e pressão controladas, formando o “cemento” –

(polímero misturado com solvente) que tem a função de

catalisador.44Posteriormente, ocorre a evaporação do solvente obtendo o elastômero

seco;

Emulsão45

- o monômero é emulsionado geralmente em água com a adição de

um emulsificante (comumente um sabão ou “tensoativo”)46

.

Alguns elastômeros são produzidos somente através de polimerização

contínua em solução como é o caso do polibutadieno (BR 45). As etapas/áreas que

podem compor um processo produtivo de borracha sintética são:

Laboratório: Área em que as matérias-primas e os produtos fabricados são

analisados para manter o controle de qualidade da fábrica. No geral, procura-se

recolher amostras de todas as etapas da produção para analisar as especificações do

produto fabricado;

Setor de Utilidade: Local que recebe e armazena a matéria-prima além de tratar

44 Catalisador tem a função de acelerar o processo químico. 45Emulsão é a mistura entre dois líquidos imiscíveis. 46O sabão ou os tensoativos influenciamna superfície de contato entre os dois monomeros.

Page 36: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

36

a água e os dejetos da fábrica;

Purificação dos Reagentes: Fase na qual os insumos utilizados no decorrer do

processo produtivo são purificados;

Reação de Polimerização: área em que ocorre à polimerização dos monômeros.

A definição do monômero utilizado nessa fase depende das especificações da

borracha que se deseja produzir;

Recuperação: os monômeros que não reagiram são recuperados e direcionados

a etapa de purificação47;

Coagulação: adiciona-se água, ácido e coagulante aos polímeros e agita para

coagulá-lo e deixá-lo em suspensão na água formando o látex líquido (borracha

liquida);

Secagem: fase na qual se extraí grande parte da umidade presente no látex

através de peneiras, transportadoras com vapor quente, prensas, desintegradoras e

desumificadoras;

Acabamento: etapa final do processo no qual se resfria a borracha produzida,

pesa, ensaca e transporta ao estoque para a comercialização.

No quadro 06, a seguir constam os principais insumos utilizados na

fabricação de elastômeros nas unidades da Lanxess Brasil.

47 A constante reciclagem do monômero produz o denominado “butadieno reciclo” que serve fabricar a borracha de

qualidade inferior usada, por exemplo, em rodinhas de carrinho de mão.

Page 37: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

37

QUADRO 06: PRINCIPAIS INSUMOS USADOS NAS PLANTAS DE ELASTÔMERO DA LANXESS

BRASIL

Duque de Caxias Triunfo Cabo de Santo Agostinho

Principais

Insumos* Fornecedor

Principais

Insumos* Fornecedor

Principais

Insumos* Fornecedor

Butadieno Copersul e

Quattor Butadieno Braskem Butadieno Braskem

Estireno Lyondell Estireno Inova Estireno

EDN

Indústria de

Estireno do

Nordeste

Vapor -- Solventes**

Soda Caústica Braskem e Trikem Hexano

Oxigênio White Martins Nitrogênio White

Martins Ciclohexano

Ácido Graxo Braido Ácido graxo

(emulsificante) Importado Catalisador

Sabão Misto e

Resinoso Resitec N- Butil-Lítio

Amônia Quimitec Butadieno 1,3 e 1,2

Óleo Aromático REDUC

EDTA (Trilon B) BASF

* Outros vários insumos do processo produtivo são importados

** Solventes ajudam a conduzir o polímero de borracha no decorrer do processo produtivo, influência na

velocidade da reação e controla a temperatura.

Fonte: Pesquisa de Campo nas unidades da Lanxess no segundo semestre de 2010. Elaboração: IOS

É importante ressaltar que algumas das matérias-primas usadas na produção

da borracha sintética apresentam alto teor de periculosidade com risco de inflamação e

explosão, principalmente, quando concentradas e aquecidas. Outros insumos são

moderadamente tóxicos podendo provocar irritações na pele, nos olhos e nariz como o

butadieno 1.3.

Os processos produtivos das plantas de elastômero da Lanxess no Brasil

apresentam as seguintes características:

Triunfo/RS – Instalada em 1982 é a planta mais moderna das três. Por essa

razão, conta com um processo produtivo automatizado e um reduzido quadro de

funcionários. O processo é semi-contínuo e a polimerização dos monômeros é

efetuada com a técnica de emulsão. Tem três linhas de produção divididas em duas

estações. A estação 1 de utilidade, reação e recuperação alocadas nas áreas 11, 12,

Page 38: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

38

13, 21, 22, 23 e 24 e, a estação 2 de coagulação, secagem e acabamento alocada na

área 25. As linhas fabricam dois tipos de borracha. Antes da aquisição da Lanxess a

planta produzia em torno de 70 tipos de borracha. O decréscimo aumentou a

qualidade e a produtividade da unidade, segundo relato dos entrevistados durante a

pesquisa de campo. Assim como diminuiu a quantidade de trabalho em

determinados postos do setor produtivo por não ser mais necessário efetuar as

constantes desmontagens, limpezas e montagens da linha de produção (partidas e

paradas das linhas) quando é alterado o tipo de borracha fabricado.

Duque de Caxias/RJ - O processo produtivo da unidade possui 12 áreas com 25

equipamentos em sequência.Dentre essas áreas estão as: 16 - tratamento de água;

19 - tratamento de resíduos; 21 - armazenamento de butadieno e estireno; 22 –

bateladas; 23 e 24 restante da reação; 25 - mistura, coagulação, secagem e

estocagem; 27 – refrigeração da amônia; 60 – laboratório.Semelhante à planta de

Triunfo o processo é semi-contínuo e a polimerização dos monômeros é feita

através da técnica de emulsão. Entretanto, ao contrário das instalações de Triunfo, a

planta não é moderna e utiliza equipamentos considerados obsoletos pelos

entrevistados. Após a aquisição da Lanxess, a variedade de borracha fabricado na

unidade também diminuiu. Provocando decréscimo no tempo de trabalho gasto com

as partidas e paradas das linhas de produção, segundo relatos dos entrevistados.

Cabo de Santo Agostinho – A planta tem três linhas de produção duas de

processo produtivocontínuo e uma semi-contínuo. O método de polimerização

usado é o de solução permitindo a unidade fabricar elastômeros feitos apenas a

partir dessa técnica como é o caso da borracha conhecida pela sigla BR 45. O uso

da solução faz com que a planta diminua a quantidade de resíduos líquidos.

Semelhante a Duque de Caxias as instalações da unidade datam dos anos 1960 e

sofreram pouco investimento em modernização consistindo, portanto, em uma

planta com equipamentos e maquinários ultrapassados.

Page 39: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

39

Para operar as diversas áreas de uma linha de produção as plantas da Lanxess

contam com uma equipe de operadores organizada conforme a quadro 07 a seguir. QUADRO 07:ORGANIZAÇÃO DAS LINHAS DE PRODUÇÃO DE ELASTÔMERO DA LANXESS BRASIL

TRIUNFO DUQUE DE

CAXIAS CABO DE SANTO AGOSTINHO

Linhas de

Produção Três ------- -------

Grupos de

Operadores*

Cinco Grupos com 5 operadores cada (A,

B, C, D, E) ------- Cinco grupos com 18 operadores cada.

Líderes Inexiste uma líder responsável por turno ------- Cinco lideres, um por grupo. E, um líder interino.

Número de

operadores

por área

1 na Recuperação, 1 na Reação, 1 na

Batelada, 1 na Adição e Coagulação e, 1

no Secador e Acabamento -------

2 na Utilidade; 2 na Purificação; 2 na Reação,

Recuperação e Coagulação; 5 na Secagem e

Acabamento; 1 na Embalagem, 2 no Laboratório.

Função

Os operadores de Triunfo efetuam tanto

tarefas no painel como no campo: no

painel realizam a maioria das manobras

remotamente como abertura e fechamento

de válvulas; no campo acompanham o

processo produtivo, parada e partida de

área e condicionamento de equipamentos

para manutenção. Em situações de

anomalia se faz necessário manobras

manuais de abertura e fechamento de

válvulas.

-------

Operador de Painel: Acompanha o processo

produtivo a partir dos parâmetros de produção da

área na qual o operador é responsável; organiza

e direciona os operadores de campo

determinando as manobras que devem ser

realizadas (abrir ou fechar válvula aumentar

vazão ou diminuir vazão, etc); escreve boletins

diários de acompanhamento. Em casos de

obstrução da produção também realiza

manobras no campo.

Operador de Campo: Faz as partidas e paradas

da área na qual atua; faz alinhamento da

produção; através de manobras ajusta a

quantidade de vapor, de água, do teor do

solvente, do nível de nitrogênio, etc; limpa e

organiza o espaço de trabalho (desde o chão até

os equipamentos).

* Os grupos de operadores revezam o trabalho por turno

** O operador responsável pela reação cuida de quatro áreas: utilidade, ar, água, rejeito orgânico. E, o

operador da recuperação cuida de outras quatro áreas: recuperação, armazenagem e mistura dos

insumos, tocha de flyer (válvula de alívio de segurança em emergências) e do tanque de armazenagem

do GLP.

***Em todos os turnos são feitas leituras diárias pelos operadores, de painel e campo, que verifica

possíveis vazamentos e ruídos de bombas.

Fonte: Pesquisa de Campo em Triunfo/RS, Duque de Caxias/RJ e Cabo de Santo Agostinho/PE.

Elaboração: IOS

Na planta de Triunfo os operadores se autogerenciam por essa razão inexiste

líderes por turno (conforme aponta o quadro 07, acima), sendo função dos mesmos

solucionar boa parte dos problemas que ocorrem na produção. Seguindo as delimitações

de cada função, por exemplo, o operador 4 não pode realizar manobras elétricas por ser

uma atividade permitida apenas aos operadores 5. A supervisão ou o engenheiro de

produção só são requisitados em casos de problemas extremos, por exemplo, quando um

Page 40: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

40

equipamento quebra e a linha de produção para por mais de 1 hora. Nos casos em que a

produção pare por menos de 1 hora é gerado um relatório no final do dia, ocorrência que

segundo os relatos dos trabalhadores é de grande constrangimento. Ou seja, a falta de

uma chefia direta responsável pelos turnos gera uma cobrança a mais aos trabalhadores

da unidade. Ao contrário de Cabo de Santo Agostinho planta na qual os líderes são

responsáveis por coordenar o processo conforme o programa de produção previsto pela

Lanxess procurando sempre atingir a meta produtiva. O líder também define e aciona o

serviço de manutenção quando necessário e zela pela segurança dos funcionários faz

boletins de ocorrência, etc.

No período da pesquisa de campo as linhas de produção da planta de

Triunfo/RS estavam operando apenas 2/3 do mês. Na volta das paradas os operadores

precisam condicionar todos os equipamentos novamente para iniciar a produção

demandando tempo e trabalho extra. Determinados trabalhadores consideram que existe

falta de planejamento em relação às definições das paradas ao afirmarem que: “as

paradas são estranhas... porque não se produz durante 30 dias e para a produção por

outros 30 dias, diminuindo o custo de partir e desligar a fábrica de vinte em vinte dias”.

Percebe-se aqui que o trabalhador desconhece o motivo das paradas e sente fragilidade,

além de desconfiança, em relação ao vinculo empregatício com a Lanxess.

5.2. PROCESSO PRODUTIVO DE PIGMENTOS EM PORTO FELIZ/SP

Os pigmentos inorgânicos (amarelo, vermelho, marrom e preto) fabricados na

planta de Porto Feliz são à base de óxido de ferro advindo das sobras de estamparias de

autopeças de carro48. Essas sobras são compradas pela empresa Trufer49

que revende

para a Lanxess.

A princípio todos os tons dos pigmentos inorgânicos a base de óxido de ferro

48O ferro utilizado no processo produtivo do pigmento deve ser novo, pois contém baixo teor de manganês não

prejudicando a fabricação do produto. 49http://www.trufer.com.br/br/index.php?idx=2, acesso em 14/03/2011.

Page 41: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

41

são amarelos sofrendo modificação conforme as reações induzidas no decorrer do

processo produtivo.

QUADRO 08: PRINCIPAIS INSUMOS DA PLANTA DE PORTO FELIZ

Pigmentos Inorgânicos Pigmentos Orgânicos

Principais

Insumos Fornecedor

Principais

Insumos Fornecedor

Sucata Trufer Caulim Basf

Ácido sulfúrico ----- Cromita

Soda Caustica ----- Negro de Fumo ----

Água ----- Dolomita ----

Vapor ----- Tamol ----

Negro de Fumo ----- ----

Fonte:Pesquisa de Campo em Porto Feliz/SP em janeiro de 2011.Elaboração: IOS

As etapas/áreas que compõe o processo produtivo dos pigmentos a base de

óxido de ferro da unidade de Porto Feliz são:

COGEN (Cogeração de Energia): produz vapor e energia elétrica à base de

bagaço de cana-de-açúcar necessário ao funcionamento das caldeiras.

Tratamento da Água - A água é condutora de todo o processo produtivo da

fábrica que funciona em um circuito fechado. Retirada do Rio Tietê, localizado a

200 metros da planta. Uma estação trata a água e envia ao início do processo

produtivo, na área de reação, sendo aproveitada até estar saturada de sais. Neste

momento, é tratada novamente e devolvida ao rio, pois existe um limite de sais que

não pode ser ultrapassado impedindo que o pigmento contenha propriedades

corrosivas.

Reação: Primeiramente se produz uma mistura fria (espécie de “fermento” do

processo) que contém sucata, ácido sulfúrico, soda e água. Em seguida, esse

“fermento” é direcionado aos reatores e misturado com sucata e água. Insumos que

entram em contato com vapor quente e ar transformando-se em óxido de ferro. A

reação inicia a 65 graus e pode chegar a 80 graus, com duração de

aproximadamente 150 horas.

Toda vez que se inicia uma nova reação é necessário fazer a limpeza do reator

Page 42: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

42

tarefa que como veremos nos capítulos das relações e condições trabalhistas de

Porto Feliz, item 6.4, é apontada pelos entrevistados como a mais árdua da

planta,devido à exposição dos trabalhadores a altas temperaturas dos reatores. A

sucata utilizada nessa etapa é içada por uma única grua até os reatores (existem 35

reatores, alguns de madeira, outros de fibra com um volume de aproximadamente

240 mil litros cada).

Dornas (reservatório de fibras): Após a reação que produz o óxido de ferro

liquido direciona-se o mesmo para as dornas, depois o liquido é peneirado e

distribuído aos setores amarelo, vermelho, preto e marrom.

QUADRO 09: ESPECIFICAÇÕES DAS ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO DE PORTO FELIZ

Setor/Area/

Etapa Total de Operador Funcão

Todos os

Setores 1 Encarregado Responsável de todos os setores por turno

COGEN -

Cogeração de

Energia

2 Operadores por turno e 1

Operadores diretos da Lanxess são responsáveis por

monitorar a COGEN. Terceiros apoia os operadores

efetuando o trabalho mais manual.

Tratamento de

Água 1 Operador por turno

Tratamento da Água, Descarregamento do ácido, soda e

preparo da mistura fria

Preparação da

Sucata 3 Operadores por turno

Pega a sucata, engata o cabo da grua e controla a grua

remotamente.

Reação

4 Operadores por turno (um

Técnico 4, dois Técnicos 3

e um Técnico 2).

Os operadores 2 e 3 fazem as mesmas tarefas: lavagem

dos reatores, monitoramento da reação pelo computador e

no campo, acompanhamento da temperatura,

apontamento das horas das reações, coleta da amostra

para análise e recalque do material.

Operador 4 supervisiona internamente a vazão de ar e o

nível de água, faz relatórios, não lava os reatores, etc.

Em determinadas turmas ocorre revezamento nas tarefas,

ou seja, cada dia os operadores efetuam uma tarefa

diferente.

Setor Amarelo

1 líder por turno para o

setor, 12 Operadores por

turno (2 destes são

temporários50

)

Operador 4 coordena e permanece responsável pelos

turbos assim como o operador 3. Os outros operadores

exercem multifunções.

Setor Vermelho

Segunda a Sexta: 3

Operadores e 1 Temporário

(denominado de ajudante)

por turno.

Sábado, Domingo e

Feriados: 2 Operadores

(sem ajudante –

acumulando o trabalho para

este profissional na segunda

Operador do Forno (operador 3) : acompanha a produção

por monitores e câmeras e no campo acompanha o

despejo do material, peneiramento e limpeza do filtro.

Operador do Moinho:

Operador da Homogeneização (operador 2) : Acompanha

a homogeneização e supervisiona o trabalho do

temporário. Se for preciso ajuda o temporário ensacando

o produto.

50 Temporário com prazo determinado de 1 a seis meses.

Page 43: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

43

feira)

Setor Preto 6 Operadores por turno Operador 4: supervisiona a produção

Empacotamento

das Big Bags e

do Pó Xadrez

7 Operadores (4 mulheres e

3 homens) em horário

administrativo

Normalmente os temporários são contratos como diretos

primeiramente para atuar nesta etapa.

Laboratório de

Produção (LP)

1 Chefe no horário

administrativo, 2

Operadores por turno e 2

Operadores em horário

administrativo

As amostras são recebidas pelos operadores do

laboratório e analisadas. Todos os operadores possuem

curso técnico em química e as tarefas exercidas pelo

Técnico 1 e 2 são praticamente iguais.

Laboratório de

Controle de

Qualidade

1 Chefe da sessão

e 4 Operadores Analisa o produto final

Fonte: Pesquisa de Campo em Porto Feliz/SP em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Setor Amarelo: Primeiramente o líquido de óxido de ferro passa por prensas

hidráulicas (3 filtros prensas) que filtram o mesmo, retirando 45% de umidade. Em

seguida é direcionado para uma espécie de “turbo secador” (existem 3 turbos)

saindo com 1% de umidade, depois poderá seguir para diferentes tipos de moinho

dependendo da tonalidade da cor e da versão de pigmento amarelo que se pretende

produzir: pigmento destinado à construção civil ou para pigmentação de tintas.

Após a moagem a solução é homogeneizada em silos, armazenada e, por fim

ensacada.

Setor Vermelho: Óxido de ferro é filtrado diminuindo a umidade para 40%, em

seguida é calcinado51

em um forno (alimentado por cavaco de madeira) alterando a

cor da solução de amarelo para vermelho. Ao sair do forno o material que se

encontra em formato de pó granulado é moído, triturado e transformado em um pó

fino. Em seguida é homogeneizado, armazenado e ensacado.

Setor Preto: Mistura óxido de ferro em estado líquido com soda caustica em

seguida aquece a mistura alterando a cor de amarelo para preto. Depois é filtrado no

filtro prensa, secado em estufas, moído, homogeneizado e ensacado.

Empacotamento/ Ensacamento: Há duas formas de se ensacar os pigmentos

produzidos na planta: em grandes sacos de 20 kg (conhecido pelos operadores

como “big bags”) que são vendidos essencialmente ao exterior; ou em caixas

51 Calcinar consiste em submeter à solução a temperaturas elevadas para queima-la.

Page 44: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

44

menores de 500 e 200 gramas que são comercializadas no Brasil. O pó xadrez é

embalado mecanicamente em saquinhos plásticos que são conduzidos por uma

esteira e, empacotados com a ajuda dos operadores e máquinas em pequenos

cartuchos (ou caixinhas) para depois serem encaixados em caixas maiores que

contém dez cartuchos de 500g ou 20 cartuchos de 250g. A caixa de 5 kg segue para

a seladora, depois é retirada da esteira e colocada em uma palete. No setor das Big

Bags trabalha apenas operadores homens porque a empresa considera uma tarefa

mais pesada e, por essa razão inapropriada para o gênero feminino.

Laboratório: Existem alguns laboratórios dentro da planta:: laboratório de

produção (LP) - analisa a amostra das diversas etapas do processo produtivo;

laboratório de controle de qualidade (LCQ) - analisa o produto final; laboratório

de controle de processo (LCP).

Na planta de Porto Feliz/SP também produzido pigmentos orgânicos (Azul,

Verde e Preto), mas em volume bem menor do que o pigmento inorgânico que também

emprega uma quantidade pequena de trabalhadores. O pigmento orgânico é feito a partir

da homogeneização de uma a solução de caulim, água e dependendo da cor que será

produzida adiciona: cromita, dolomita, tamol ou negro fumo. Depois de formar uma

pasta homogênea a mistura é seca em estufas, moída e ensacada.

Também é produzido na unidade, dentro da subsidiária Rhein Chemie, uma

espécie de catalisador destinado ao processo produtivo da borracha que detém um alto

poder tóxico e cancerígeno. Infelizmente, poucas informações foram coletadas sobre o

processo produtivo da Rhein Chemie, mas segundo alguns relatos as mulheres são

proibidas de trabalhar neste na Rhein Chemie porque os insumos manejados podem

provocar aborto.

Page 45: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

45

6. RELAÇÕES & CONDIÇÕES TRABALHISTAS

6.1. CABO DE SANTO AGOSTINHO/PE

6.1.1. Perfil da Unidade

A unidade produz elastômeros sintéticos, principalmente, os do tipo BR que

utilizam como insumo o Butadieno (as versões produzidas são: BR 40, BR 45, BR 55 e

BR 70). A partir de 2011, a Lanxess pretende que a planta se torne a primeira da

América Latina a fabricar borracha verde (ND-PBR - borracha sintética de alta

performance). Mais de 85% da produção da unidade é destinada ao mercado brasileiro,

o restante é exportado para a América Latina e América do Norte.

O maior problema da fábrica é que suas instalações datam dos anos 1960 e,

sofreu poucos investimentos em modernização durante os anos subseqüentes. Por essa

razão, a planta encontra-se sucateada com equipamentos antigos e obsoletos que

necessitam de gastos altos para a manutenção.A falta de tecnologia faz com que o

serviço dos operadores de campo no setor produtivo seja quase todo manual no qualo

esforço físico e o contato com produtos químicos é constante.

Mesmo diante desta realidade precária, os dirigentes sindicais relataram que

Cabo de Santo Agostinho/PE recebe vultosos investimentos da Lanxess, por ser a única

planta brasileira que utiliza a técnica de solução permitindo produzir a borracha verde.

Relato ratificado pelo discurso do presidente mundial da Lanxess ao informar que a

unidade ocupa um lugar de importância no segmento Butadiene Rubber da empresa52.

Segundo pronunciamento do Joerg Schneider (CEO da Lanxess Elastômeros

do Brasil – em 2010)53 encontra-se em curso dezesseis projetos de modernização da

planta de Cabo de Santo Agostinho/PE. Metade destes projetos visa aprimorar medidas

52 Fonte: http://lanxess.com/rubber-news/detail/16604/, acessado em 19/05/2011 53 Fonte: http://lanxess.com/rubber-news/detail/16604/, acessado em 19/05/2011

Page 46: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

46

de segurança e a outra metade procura diminuir os gargalos produtivos além de

aperfeiçoar os padrões ambientais da unidade. A expectativa da empresa é reduzir as

emissões de hidrocarboneto e ampliar, até 2013, a capacidade da produção de borracha

verde, em 30%.

Estrutura Organizacional da planta de Cabo de Santo Agostinho

FIGURA 02:ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA PLANTA E CABO DE SANTO AGOSTINHO/PE

Conforme aponta a estrutura organizacional da figura 02, acima,a planta de

Cabo de Santo Agostinho/PE conta com líderes de turno que são responsáveis por

coordenar o processo de produção procurando sempre atingir a meta produtiva; acionar

o serviço de manutenção; zelar pela segurança dos funcionários; escrever boletins de

ocorrência em casos de acidente de trabalho; liderar a brigada de incêndio em casos de

sinistro; fora do horário administrativo cuida de questões não rotineiras do

laboratório;se necessário define as escalas de hora extra; e, de forma indireta lideram o

trabalho dosterceiros, que atuam na área de manutenção e ensacamento, ao orientar a

chefia direta dos mesmos em relação ao trabalho que deve ser executado.

Há um coordenador da área de laboratório responsável por toda a gestão de

Rio de Janeiro GERÊNCIA LOCAL

SecretáriaGeral

RecursosHumanos Apoio Fiscal Logistica: Expedição Manutenção Coordenador de

Produção

SSMA

Chefe dos Lideres

Terceirizadas

de Manutenção

Líderes de Turno Tecs. Segurança Terceiros: Médico

e Enfermeira Laboratório: Controle

de Qualidade

Page 47: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

47

controle de qualidade da planta.No período da pesquisa, havia um operador 5 que estava

assumindo a função de líder interinamente, nos casos de férias ou folga dos lideres,

porém estava recebendo o salário normal de operador 5 como se não tivesse ocupando

esporadicamente a função de líder.

A manutenção propriamente dita da planta é efetuada por profissionais

terceirizados. Já o planejamento e o acompanhamento da manutenção das máquinas e

dos equipamentos são feitos por uma equipe do administrativo formada por dois

analistas de manutenção que fiscalizam os contratos das empresas terceiras (como o da

COMAL), planejam e programam as manutenções, controlam a execução dos serviços

no campo e coordenam uma equipe de dois planejadores e um programador da área.

Outro cargo existente na unidade é o de treinador operacional pleno

responsável pelos operadores recém-contratados da operação. Esse treinador acompanha

os “novatos” por dois a três meses para depois transferi-los ao setor produtivo.

6.1.2. Perfil dos Trabalhadores

O quadro funcional da unidade de Cabo de Santo Agostinho/PE é composto

por 123 trabalhadores diretos que atuam nos setor administrativo e produtivo, conforme

aponta a tabela 04, a seguir.

TABELA04: QUADRO FUNCIONAL DA UNIDADE DE CABO DE SANTO AGOSTINHO (% -

SETEMBRO/2010)

Área TrabalhadoresDiretos

Administração 34%

Produção 53%

Laboratório 12%

Total 100%

Fonte:Lanxess Brasil, Relatório de Contribuição Sindical54

de 2010 da planta de Cabo de Santo

Agostinho/PE, disponibilizado pelo SINDBORRACHA de Pernambuco, em setembro de

2010.Elaboração:IOS

54Segundo definição do MTE e conforme os artigos 578 a 591 da CLT, a contribuição sindical é compulsória e deve

ser recolhida anualmente por todos aqueles que participam de uma determinada categoria econômica ou profissional,

ou até mesmo de uma profissão liberal, independente da associação a um sindicato. Em 2009, a resolução

SRT/MTE/Nº 202/2009 definiu que as empresas são obrigadas a remeter à entidade sindical a relação nominal dos

trabalhadores contribuintes da contribuição sindical profissional.

Fonte:http://www.mte.gov.br/cont_sindical/default.asp, acessado em Março/2011.

Page 48: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

48

Além dos funcionários diretos, a unidade também conta com profissionais

terceirizados que, segundo o sindicato, são cerca de 400 profissionais atuando no setor

de serviços gerais, embalagem e na manutenção corretiva e preventiva da planta. Isto é,

existem quatro vezes mais trabalhadores terceiros do que próprios. Também há

diferenças cruciais entre as relações e condições de trabalho vivenciadas pelos

funcionários próprios em comparação com os terceiros (tema aprofundado no

item6.1.11).

Após a planta ser adquirida pela Lanxess, em 2008, 43 profissionais foram

desligados da empresa, sem justa causa e, conforme as rescisões contratuais de trabalho

homologadas pelo sindicato55. Em 2009, mais 43 trabalhadores foram desligados, todos

sem justa causa, constando apenas um contrato com prazo determinado e uma morte.

Em 2010, o número de rescisões contratuais diminuiu significativamente:13

trabalhadores foram desligados em justa causa, de acordo com informações do

sindicato. Assim, contabilizou-se um total de 103 trabalhadores desligados, entre 2008 a

2010, na planta de Cabo de Santo Agostinho/PE. Desligamentos que, dentre outras

razões, foram motivados pela reorganização da produção e, consequente diminuição de

postos de trabalho. Políticaimplementada após a Lanxess adquirir a unidade56 (tema

aprofundado no item 3.3. – Desempenho Financeiro, no qual é apresentado o

programamundial da Lanxess, Challenge 09-12, que prevê aredução de custos com

mão-de-obra).

Sexo / Gênero

Segundo a lista de contribuição sindical de 201057, na planta de Cabo de

55 Lista de Rescisão de Contrato de Trabalho, de 2008 a 2010, da planta de Cabo de Santo Agostinho/PE,

disponibilizado pelo SINDBORRACHA de Pernambuco, em setembro de 2010. 56 Lista de Rescisão de Contrato de Trabalho, de 2008 a 2010, da planta de Cabo de Santo Agostinho/PE,

disponibilizado pelo SINDBORRACHA de Pernambuco, em setembro de 2010. 57Fonte:Lanxess Brasil, Lista de Contribuição Sindical de 2010 da planta de Cabo de Santo Agostinho/PE,

disponibilizado pelo SINDBORRACHA de Pernambuco, em setembro de 2010.

Page 49: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

49

Santo Agostinho/PE, a maior parte dos trabalhadores que compõe o quadro de

funcionários, 92%, é do sexo masculino (tabela 05, a seguir). Ogênero masculino é

predominante tanto no setor administrativo quanto node produção e na área de

laboratório.

TABELA 05:NÚMERO DE TRABALHADORES POR SEXO/GÊNERO EM CABO DE SANTO

AGOSTINHO (% - SETEMBRO/2010)

Setor/Área

Sexo/Gênero

Feminino Masculino

Número % Número %

Administrativo 6 66% 35 30%

Produção 1 11% 66 57%

Laboratório 2 22% 13 11%

Total 9 8% 114 92%

Fonte:Lanxess Brasil, Lista de Contribuição Sindical de 2010 da planta de Cabo de Santo Agostinho/PE,

disponibilizado pelo SINDBORRACHA de Pernambuco, em setembro de 2010. Elaboração: IOS

A tabela 05 também indica que mais da metade dos homens, 57%, estão

alocados na área de produção. E, as mulheres ocupam cargos, essencialmente, no setor

administrativo com funções de técnica administrativa, técnica química e coordenadora

do setor de laboratório. Apenas uma mulher atua na área de produção ocupando o cargo

de “operador técnico 3”.

Segundo um estudo do DIEESE sobre a região metropolitana de Recife58

a

concentração das mulheres em cargos administrativos é resultado do aumento do nível

de escolaridade do sexo feminino. Realidade que levou as mulheres a ocupar cargos que

exigem maiores níveis de escolaridade.

Idade

De acordo com os dados obtidos na pesquisa amostral, a faixa etária dos

trabalhadores de Cabo de Santo Agostinho/PE, varia de 25 a 55 anos, conforme tabela

58Fonte:http://www.dieese.org.br/pedrecife/mulherrmr2011.pdf em 12/05/2011

Page 50: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

50

06, a seguir 59

.

TABELA 06: NÚMERO DE TRABALHADORES POR FAIXA ETÁRIA EM CABO DE SANTO

AGOSTINHO (% - SETEMBRO 2010)

Faixa Etária %

25 a 29 anos 17%

30 a 34 anos 7%

35 a 39 anos 11%

40 a 44 anos 19%

45 a 49 anos 26%

> de 50 anos 19%

Total 100,00%

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Constata-se que a planta apresenta 19% de participação da mão de obra com

mais de 50 anos.Segundo um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada) de 200960

, essa participação significativa se explica pelo aumento de 40% dos

indivíduos pertencentes a este grupo no total da população brasileira, entre os anos de

2001 e 2009.

Raça/Cor

A partir dos dados obtidos na pesquisa amostral do IOS, baseada nos critérios

de autoclassificação de cor/raça do IBGE,61

apurou-se que 64% e 30%dos entrevistados

se auto declaram negros (pretos e pardos)62

e brancos, respectivamente (gráfico 02)63.

59 Devido o universo reduzido da amostra de mulheres na pesquisa amostral, não foi possível analisar especificamente

a idade do gênero feminino. 60Fonte:http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/mercadodetrabalho/bmt45_03_nt01_umparnorama.pdf,

acessado em 21/03/2011. 61 Esse sistema de classificação de cor ou raça adotado pelas pesquisas domiciliares do IBGE, se consiste na escolha

pelo informante de uma entre as cinco opções: branca, preta, parda, amarela ou indígena.

Fonte:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=737, acessado em

24/03/2011. 62 Nos últimos anos, o IBGE, em suas análises de indicadores apenas socioeconômicos, vem agregando as categorias

pardas e pretas numa categoria única denominada “negros”. A explicação dada pelo IBGE para isso é que os

indicadores de condição de vida dos pardos e dos pretos são parecidos e que a origem da palavra "negro" faz com que

ela possa ser usada em outros contextos e não só quando se trata de

populações africanas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Pardos#Classifica.C3.A7.C3.B5es_do_IBGE em 13/05/2011

63Devido o universo reduzido da amostra de mulheres não foi possível analisar cor/raça versus gênero.

Page 51: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

51

GRÁFICO 02: NÚMERO DE TRABALHADORES POR COR/RAÇA EM CABO DE SANTO AGOSTINHO

(% - SETEMBRO/2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

De acordo com a Pesquisa Mensal de Empresa (PME) realizada pelo IBGE,

em 200664, a região metropolitana de Recife possuía 64% de população em idade ativa

representada por negros (pretos e pardos), quase a mesma porcentagem de negros

empregados pela Lanxess.

Escolaridade

De acordo com os dados obtidos na pesquisa amostral constatou-se que mais

da metade, 67%, do total de entrevistados possui o 2° grau completo e,cerca de um terço

dos trabalhadores, 32,6 %, já chegou a cursar o ensino superior (gráfico 03).

64Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=737, acesso em

08/06/2011.

30%

8%

58%

2% 2%

a) Branca

b) Preta

c) Parda

d) Amarela

vazio

Page 52: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

52

GRÁFICO 03: NÚMERO DE TRABALHADORES POR ESCOLARIDADE EM CABO DE SANTO

AGOSTINHO (% - SETEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Apuramos que dentre o universo reduzido de mulheres entrevistadas, 75%,

possuem ensino superior completo, enquanto entre os homens este índice é de 11,5%.

Também foi constatado que grande parte dos trabalhadores do setor

produtivo, 73%, cursou o ensino médio e, apenas 26% dos profissionais deste setor

cursou ensino superior (incompleto ou completo). Em contrapartida, 75% dos

trabalhadores do setor administrativo já cursaram, cursam ou concluíram a graduação.

GRÁFICO 04: NÚMERO DE TRABALHADORES NO SETOR ADMINISTRATIVO E PRODUTIVO POR

ESCOLARIDADE EM CABO DE SANTO AGOSTINHO (% - SETEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

25,00% 25,00%

12,50%

37,50%

73,81%

9,52% 9,52% 7,14%

f) Ensino Médio / 2º grau / colegial

completo

g) Superior / Graduação incompleto

h) Superior / Graduação cursando

i) Superior / Graduação completo

(vazio)

A%

P%

67,31%

11,54% 9,62% 11,54%

1,89%

f) Ensino Médio / 2º grau /

colegial completo

g) Superior / Graduação incompleto

h) Superior / Graduação cursando

i) Superior / Graduação completo

(vazio)

Page 53: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

53

Tempo de Emprego na Unidade

De acordo com os dados da amostra, a maioria dos profissionais da unidade

de Cabo de Santo Agostinho/PE, 62%, trabalha na empresa há mais de oito anos

(gráfico 05). Para os entrevistados isso ocorre porque há uma necessidade por parte da

empresa de manter trabalhadores com experiência para desempenhar manobras

operacionais especificas da planta ocasionando um índice baixo de rotatividade da mão

de obra.

GRÁFICO 05:NÚMERO DE TRABALHADORES POR TEMPO DE CASA (% - SETEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

E, 20,75% dos entrevistados têm entre 22 a 26 anos.Desta porcentagem 15%

atuam na empresa de 6 a 8 anos e outros e, 15%.Há também um número elevado de

trabalhadores com mais de um e até quatro anos de empresa, (15%), que representa a

inserção recente de trabalhadores na Lanxess65

.

Outro fator relevante são os índices consideráveis de trabalhadores compondo

65 Devido ao universo reduzido de mulheres na pesquisa amostral, não foi possível analisar o tempo de casa dos

trabalhadores por gênero.

1,89%

15,09%

20,75% 18,87%

7,55%

20,75%

15,09%

menos de 1 ano

Mais de 1 até 4 anos

Mais de 4 a 8 anos

Mais de 8 até 15 anos

Mais de 15 até 22 anos

Mais de 22 até 26 anos

Mais de 26 anos

%

Page 54: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

54

o quadro funcional: 15% em vias de se aposentar (com 24 a 26 anos de tempo de casa66)

e15% já aposentados. Porcentagens que podem indicar certa dependência da empresa

em relação aos operadores com experiência. Provavelmente percebendo isso a Lanxess,

quando adquiriu a unidade de Cabo, passou a recrutar e treinar novos operadores

conforme indica o índice de 17% de profissionais com menos de um ano até quatro anos

de casa. Estes trabalhadores, chamados de “novatos” pelos mais velhos, passaram a ser

incorporados ao quadro funcional da unidade a partir de 2008. E, a maioria destes

profissionais, 77%, é jovem com 25 a 29 anos (de acordo com a pesquisa amostral do

IOS).

6.1.3. Liberdade Sindical e Negociação Coletiva

O instrumento jurídico que regulamenta as relações de trabalho com os

empregados diretos da planta da Lanxess de Cabo de Santo Agostinho/PE é o Acordo

Coletivo de Trabalho (ACT). A data base da categoria é no 1º dia de setembro67. O piso

salarial é de R$1.186,7668, já com os adicionais inclusos69. Na última data-base,

anterior à pesquisa, os trabalhadores obtiveram 6% de reajuste sobre as remunerações

de até R$ 5.811,7770.

Os trabalhadores próprios da unidade são representados pelo

SINDBORRACHA de Pernambuco, sediado em Recife, que é filiado à Central Única

dos Trabalhadores (CUT). O sindicato representa apenas os funcionários diretos da

planta da Lanxess e, por essa razão todos os dirigentes sindicais são trabalhadores da

66 Os trabalhadores da indústria petroquímica podem solicitar aposentadoria especial, por trabalharem em ambientes

insalubres e periculosos de forma contínua (habitual e permanente). Assim, conforme o caso e atividade exercida

podem solicitar aposentadoria, aos 25 anos de trabalho e, em alguns casos excepcionais aos 20 ou 15 anos de

trabalho66. Ao mesmo tempo, a previdência social brasileira, solicita que o trabalhador comprove que além do tempo

de trabalho, ele também esteve exposto à agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes

prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício (15, 20 ou 25 anos).

67 Termo aditivo ao acordo coletivo de trabalho 2008/2010 firmado entre Petroflex Indústria e Comércio S.A. e o

Sindicato dos trabalhadores na indústria de artefatos de borracha no Estado de Pernambuco- PE 68Fonte: Oficina sindical aplicada pelo IOS em agosto de 2010. 69 Periculosidade, HRA (Hora Repouso Alimentação, Adicional de Turno. 70Fonte: vigente em 31 de agosto de 2009, que vigorou de 01 de setembro de 2009 até 31 de agosto de 2010.

Page 55: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

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empresa. Do total de dirigentes sindicais apenas um é liberado71.

Conforme dados do SINDBORRACHA, o índice de sindicalização da planta

é de 63%72

. Porcentagem alta para os padrões nacionais uma vez que a média nacional,

em 2008, encontrava-se na ordem de 18%73. Dentre os entrevistados pela pesquisa

amostral, o índice de sindicalização apurado foi de 87,5% no setor administrativo e, de

73% no setor produtivo.

A porcentagem alta de sindicalizados no setor administrativo, geralmente

incomum, pode ser explicada pelo fato da gerência da planta orientar os trabalhadores

deste setor, no período da Petroflex, a se filiarem ao sindicato74 para participarem de

reuniões e terem direito de voto em assembleias sindicais e, assim se posicionarem a

favor da empresa.

A taxa de sindicalização também é maior no universo de trabalhadores com

mais tempo de casa, contrapondo-se com o índice de sindicalização dos recém-

contratados (os novatos) que é 0%, conforme demonstra o gráfico 06 a seguir.

GRÁFICO 06: TAXA DE SINDICALIZAÇÃO X TEMPO DE CASA

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

71 Diretor sindical liberado é aquele dirigente liberado pela empresa para ficar a disposição do Sindicato continuando

a receber normalmente o salário. 72A pesquisa amostral efetuada pelo IOS, em setembro de 2010, apontou que dentre os trabalhadores entrevistados

75% eram sindicalizados. 73Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u400883.shtml acesso em 18/05/2010. 74Fonte: Relatos de dirigentes sindicais e de trabalhadores entrevistados

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Os resultados do gráfico 06, acima, explica-se pela política anti-

sindicalização da Lanxess de instruir os trabalhadores recém-contratados a não se

filiarem ao sindicato. De acordo com dirigentes sindicais e trabalhadores a Lanxess

contratou um especialista, em relações trabalhistas e sindicais, para ministrar uma

palestra durante um curso cedido aos recém-contratos antes destes ingressarem na

empresa. Palestra que abordou de forma negativa as atividades sindicais, além de

afirmar que os trabalhadores deveriam decidir se ficariam do lado da empresa ou do

sindicato. Um dos entrevistados contrato pela empresa há dois anos, relatou que a

palestra influenciou e coagiu os recém-contratados a não se filiarem. Outros

trabalhadores recém-contratados relataram ter medo de falar sobre assuntos sindicais

dentro da empresa, principalmente, em época de dissídio75 quando a gerência local

exerce maior pressão sobre os trabalhadores.

Os índices e os relatos acima apontam que a gerência da Lanxess de Cabo de

Santo Agostinho/PE prática uma clara violação a liberdade sindical contrariando um dos

direitos fundamentais do trabalho definido pela convenção 87 da OIT76 e, a legislação

trabalhista nacional ao intimidar os novos trabalhadores a não se filiarem através de

ameaças subjetivas e pressões indiretas.

Em busca de reverter à situação e o medo implantando nesses trabalhadores

recém-contratados os dirigentes sindicais estão efetuando uma ação de conscientização

sobre o papel do sindicato e a importância do mesmo. Desta forma, os sindicalistas

esperavam filiar todos estes trabalhadores até março de 2011. O intuito é filiar todos de

uma só vez para impedir possíveis represálias da empresa.

Segundo o sindicato, o acesso dos diretores sindicais às dependências da

planta é facilitado uma vez que a maioria deles não é liberada e, portanto continuam a

75 Dissídio consiste em um desacordo entre sindicato e empresa não resolvido por dialogo e, portanto julgado pela

justiça trabalhista. 76A Convenção 87 sobre liberdade sindical e proteção do direito de sindicalização (1948): estabelece que é direito de

todos os trabalhadores e empregadores de constituir organizações que considerem convenientes e de a elas se

afiliarem, sem prévia autorização, e dispõe sobre uma série de garantias para o livre funcionamento dessas

organizações, sem ingerência das autoridades públicas

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exercer suas tarefas rotineiramente dentro da unidade. Ademais, o sindicato entrega

normalmente o boletim, denominado de “Coesão”, na porta da fábrica e a empresa

disponibiliza um mural para afixar os informativos sindicais. A pesquisa amostral

apurou quais são as principais formas de comunicação entre sindicato e trabalhador

conforme aponta a tabela 07 a seguir:

TABELA 07: PRINCIPAIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO ENTRE SINDICATO E TRABALHADOR*

Adquirem informações sindicais por: Porcentagem

Lendo boletins, panfletos ou jornais do sindicato 96%

Assembleias/reuniões do sindicato 77%

Conversas com dirigentes sindicais 69%

Murais 16%

Conversas com colegas de trabalho 13%

Emails** 5%

*Instrumento de comunicação que passou a ser utilizado recentemente pelo sindicato de Pernambuco,

após a Lanxess restringir o acesso dos operadores à intranet77

.

**Os trabalhadores entrevistados puderam optar por todas as alternativas cabíveis

Obs: Cada entrevistado respondeu mais de uma questão

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

É importante frisar que apesar de uma parte relevante dos trabalhadores

apontarem as assembleias sindicais como uma das principais fontes de informação

sindical, alguns entrevistados ponderam que o SINDBORRACHA deveria efetuar mais

assembleias/reuniões para reforçar o diálogo; aumentar as informações repassadas e

melhorar tópicos de discussão entre sindicato e trabalhador.

As assembleias sindicais são realizadas pelo SINDBORRACHA na frente da

planta, já que a Lanxess não permite efetuar reuniões convocados pelo sindicato no

interior da unidade. Também são promovidas reuniões na sede do sindicato. Esse

cenário aponta um aspecto significativo da cultura empresarial brasileira ao considerar o

sindicato uma instituição que deve existir fora da fábrica, externamente às atividades

operacionais e administrativas da planta. Assim, poucos são os sindicatos que possuem

uma organização no local de trabalho, até mesmo porque a legislação brasileira não

77A intranet (rede de computadores privada) era um meio de comunicação que facilitava a difusão de informações

entre os profissionais da produção.

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prevê esse formato de organização.

De acordo com a pesquisa amostral, 45% dos trabalhadores comparecem as

assembleias/reuniões do sindicato frequentemente e, apenas uma pequena parcela dos

trabalhadores, 13%, nunca participou das assembleias. Porcentagens que demonstram

um comprometimento considerável dos trabalhadores em participar das reuniões e

discussões promovidas pelo sindicato (gráfico 07, a seguir).

GRÁFICO 07: FREQUÊNCIA DOS TRABALHADORES DE CABO DE SANTO AGOSTINHO EM

ASSEMBLEIAS/REUNIÕES SINDICAIS

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Porém, alguns trabalhadores do administrativo avaliaram que determinadas

posturas dos sindicalistas durante as assembleias são inadequadas. Para complementar

disseram que muitas vezes as assembleias são conduzidas com pouca democracia, na

medida em que os sindicalistas aceitam com dificuldade as opiniões divergentes,

existentes na base sindical. Neste sentido, estes funcionários acreditam que o sindicato

deveria reformular a postura de diálogo com os trabalhadores e a própria empresa.

A pesquisa amostral revelou que 49% dos entrevistados se sentem

constrangidos ou intimidados por assuntos sindicais dentro da empresa. Principalmente,

quando comentam sobre assuntos sindicais e conversam com dirigentes sindicais dentro

da empresa (conforme aponta a tabela 08 a seguir).

45%

40%

13%

2%

Sempre

As vezes

Nunca

Sem resposta

Page 59: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

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TABELA 08: MOMENTOS EM QUE OS TRABALHADORES SE SENTEM CONSTRANGIDOS/

INTIMIDADOSPELA EMPRESA POR ASSUNTOS SINDICAIS CABO DE SANTO AGOSTINHO (% -

SETEMBRO DE 2010)*

Momentos %

Comenta sobre assuntos sindicais dentro da empresa 32%

Conversa com dirigente sindical dentro da empresa 25%

Outros** (em períodos de dissídio) 2%

Lê o jornal/boletim do sindicato dentro da empresa 13%

Participa de atividades/assembleias sindicais 13%

Afirma ser sindicalizado 4%

***Não se sente constrangido 51%

*Os trabalhadores entrevistados puderam optar por todas as alternativas cabíveis

** Outros - Em momentos de dissídio, novatos que se sente constrangidos,

***100% dos trabalhadores do setor administrativo entrevistados escolheram essa opção, ou

seja, informaram que não se sentem constrangidos ou intimidados por assuntos síndicas

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Já todos os entrevistados do setor administrativo disseram não se sentir

constrangido ou intimidado por assuntos sindicais dentro da empresao quepode indicar

uma conduta distinta da gerência local, ao tratar de assuntos sindicais com os

trabalhadores do setor administrativo em comparação aos do setor produtivo. A suspeita

é corroborada pelo fato do setor de Recursos Humanos local convocar, em 2010, apenas

os funcionários do setor administrativo para uma reunião sobre o as negociação do ACT

(Acordo Coletivo de Trabalho), na qual esclareceu a pauta de reivindicação do sindicato

e a contrapartida da empresa. Essa reunião ocorreu paralelamente à realização de

assembleias, promovidas pelo sindicato, com todos os trabalhadores sobre a negociação

do ACT. Desta forma, fica clara a distinção de tratamento da empresa, além de indicar

uma tentativa de dividir a opinião dos trabalhadores do setor administrativo e produtivo

em relação à negociação do ACT.

6.1.4. Remuneração

O piso da categoria é de 485,36, porém a remuneração dos trabalhadores da

unidade de Cabo de Santo Agostinho/PE é composta de adicionais. Os profissionais do

setor administrativo ganham a periculosidade (correspondente a 30% do salário-base).

Page 60: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

60

Já os trabalhadores do setor produtivo recebem a periculosidade, 32,5% de HRA (Hora

de Repouso e Alimentação suprimida) e 26% por trabalhar em turnos noturnos.

Contabilizando os adicionais a menor remuneração paga na planta é de 1.186,76 e a

média salarial é de R$2.768,96, já com os adicionais tanto para a produção quanto para

o administrativo*78.

Desta forma, o menor salário pago pela Lanxess é duas vezes maior do que o

salário mínimo. Entretanto, é cerca de duas vezes menor do que o salário mínimo

estipulado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos) 2.194,76, em janeiro de 2011, para que um trabalhador comum e sua

família possam viver satisfatoriamente durante o mês79

.

Na tabela 09, a seguir, cruzamos a remuneração dos trabalhadores com o

gênero dos funcionários e, constatamos que no geral as mulheres recebem salários

inferiores ao dos homens na medida em que 66% das mulheres recebem até R$2.550,00

e 66% dos homens recebem mais de R$ 2.551,00.

TABELA 09: REMUNERAÇÃO X GÊNERO EM CABO DE SANTO AGOSTINHO(2010)

FAIXA SALARIAL80

SEXO

Feminino Masculino

% %

Até R$1.530 33% 2%

De R$ 1.531,00 a R$2.550,00 33% 16%

De R$ 2.551,00 a R$ 3.570,00 11% 53%

Mais de R$ 3.570 11% 13%

Ignorados 11% 16%

Total geral 100% 100%

Fonte:Lanxess Brasil, Lista de Contribuição Sindical de 2010 da planta de Cabo de Santo Agostinho/PE,

disponibilizado pelo SINDBORRACHA de Pernambuco, em setembro de 2010. Elaboração: IOS

Dentre as unidades na Lanxess no Brasil a de Cabo é a que oferece a pior

remuneração aos trabalhadores. Ainda assim, a empresa alega que o salário que eles

78Fonte: Adicionais de Turno, HRA e periculosidade. 79 O DIEESE calcula esse salário mínimo mensalmentepara avaliar qual seria a remuneração mínima para o cidadão

suprir suas necessidades como saúde, educação, transporte, previdência, lazer, moradia, alimentação e

higiene.Fonte:http://www.salariominimo.net/salario/salario-minimo/page/2/, acessado em 19/05/2011. 80As faixas salariais definidas pelo IOS na pesquisa foram as seguintes: a) até R$1.530,00; b) de R$ R$ 1.531,00 a R$

2.550,00; c) de R$ 2.551,00 a R$ 3.570,00;d) mais de R$ 3.500,0080. Calculadas com base no salário mínimo

referente ao mês de dezembro de 2010, segundo os dados da RAIS do Ministério do Trabalho e Emprego. As faixas

salarias foram divididas da seguinte maneira:a) até 3 salários mínimos.; b) de 3,01 a 5,00 salários mínimos, c) de 5,01

a 7,00 salários mínimos ; d) mais de 7 salários mínimos.

Page 61: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

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pagam aos trabalhadores de Cabo é semelhante à remuneração oferecida por outras

empresas do mesmo ramo na região. Entretanto, segundo relatos de dirigentes sindicais

e trabalhadores, a região metropolitana de Recife está vivenciando um crescimento

econômico, devido investimentos do governo federal, que acarretou no aumento da

oferta de empregos e dos salários. Esse “bum” econômico, em conjunto, com a

resistência da Lanxess em aumentar o salário faz com que os trabalhadores busquem

oportunidades de emprego em outras indústrias. Por exemplo, em 2010, diversos

funcionários (das áreas de engenharia, logística e manutenção) pediram demissão. O

caso mais emblemático foi o desligamento de quase toda a equipe responsável pela

saúde e segurança da unidade (engenheiro, técnico, médico, enfermeiro, etc), composta

por profissionais qualificados e experientes que pediram demissão para atuar em outra

industria com salarios e condições de trabalho melhores. Até o final da pesquisa de

campo efetuada pelo o IOS a Lanxess não tinha conseguido repor esse quadro de

profissionais.

Isonomia Salarial

Diversos dos entrevistados relataram que exercem a mesma função que

outros trabalhadores, porém recebem salários diferentes. Em decorrência de promoções

baseadas em critérios subjetivos como amizade com a chefia. Assim, há operadores de

nível 2recebendo a mesma remuneração de operadores de nível 3. Também existem

salários muito distintos entre si com funções extremamente parecidas. Desta forma,

podemos supor que a Lanxess viola o principio de isonomia salarial previsto na

legislação nacional81.

Além disso, segundo o sindicato, o critério de promoção por tempo de serviço

muitas vezes é ignorado pela gerência local. Assim, existem operadores com menos

tempo de empresa exercendo a mesma função que outra, com mais tempo, e ganhando

81O artigo 461 da legislação trabalhista nacional (CLT) prevê a isonomia salarial. Isonomia corresponderá igual

salário sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade,

sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade. Ressaltando que trabalho de igual valor é aquele feito com igual

produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2

(dois) anos. E, a lei não prevalece quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em

que as promoções deverão obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento.

Page 62: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

62

mais.

6.1.5. Promoção/Avaliação de Desempenho/Treinamento

No segundo semestre de 2010, a Lanxess modificou as nomenclaturas dos

cargos dos funcionários para se adequar as mesmas denominações usadas por outras

empresas do ramo82. A nova nomenclatura condensou funções de vários cargos

diferentes em poucos cargos provocando a homogeneização dos salários, sem atribuir

parâmetros para alcançar uma promoção. Na antiga definição de cargos havia 11 níveis

diferentes com uma distinção salarial entre os níveis de 4%. Agora há apenas cinco

níveis (Operador 1, 2, 3, 4 e 5). A pesquisa de campo constatou que boa parte dos

entrevistados se sentiu confusa e/ou desconfortável ao falar sobre o novo cargo que

ocupa. Por exemplo, verificamos que 52% dos entrevistados erraram ao dizer qual era o

nome do cargo que ocupava (misturando a nomenclatura atual com a anterior).

A pesquisa constatou que a Lanxess, simplesmente readequou os

trabalhadores dentro das novas denominações dos cargos conforme as funções e o

salário de cada um. Em seguida, profissionais da área de Recursos Humanos

apresentaram as mudanças ao descreveras funções e as faixas salariais dos novos cargos

e, enviou uma carta informando que a nomenclatura também seria alterada na carteira

de trabalho.

Porém, de acordo com os relatos, a Lanxess não deixou claro aos

funcionários do setor produtivo se a mudança tratava-se de um preâmbulo para

implementação de um Plano de Cargo e Salário ou de Carreira (PCS ou PCC). Plano

que estabeleceria critérios de ascensão hierárquica, aumento salarial, etc. Já segundo os

funcionários do setor administrativo a Lanxess esclareceu as modificações com maiores

82 As novas nomenclaturas adotadas pela empresa no setor produtivo e no laboratório são: Operador I, II, III, IV e V,

Líder de Turno e Técnico Químico I, II, III, IV e V. Antes de 2010, os cargos eram: Técnico de Sistema (TS),

Técnico de Sistema Industrial (TSI), Técnico de Sistema Especializado (TSE), Técnico de Sistema Sênior (TSS),

Analista Especializado I, II e III.

Page 63: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

63

detalhes. De qualquer forma, em nenhum dos casos a empresa apresentou por escrito

um PCS/PCC aos trabalhadores. Desta forma, a maioria dos entrevistados demonstrou

insatisfação e desapontamento com a mudança.

Apesar da falta de definição da Lanxess em torno do PCS/PCC, mais da

metade dos entrevistados da pesquisa amostral, 62%, responderam que a empresa possui

um PCS/PCC. Contudo, dentre os entrevistados que afirmaram existir um PCS/PCC,

19%, disseram que desconhecem o conteúdo do PCS/PCC. E, dentre os que disseram

conhecer, 43%,alguns relataram que não entendem como o PCS/PCC funciona na

prática. Ou seja, aparentemente existe um plano que ninguém sabe ao certo como

funciona conforme aponta o seguinte relato: “Eu trabalho há mais de dez anos na

empresa, já ouvi falar do Plano de Cargos e Salários inúmeras vezes, mas o plano

nunca funcionou na realidade83”.

De acordo com a pesquisa amostral os principais critérios de promoção

dentro da unidade são: demonstrar competência através de bom desempenho; formação

escolar e técnica; e experiência adquirida no trabalho. Entretanto, o critério subjetivo

“amizade com a chefia” foi apontado por 32% dos trabalhadores entrevistados como um

fator importante na hora de definir qual trabalhador será promovido. E, o critério anti-

sindical, “não participação em atividades do sindicato”, foi apontando por 33% dos

entrevistados. Os critérios “ser branco”, “ser mulher” e “ser negro” não foram

considerados por nenhum dos funcionários entrevistados.

A falta de especificidade do PCS e a subjetividade utilizada nos critérios de

promoção se refletem na avaliação de 41% e 40% dos trabalhadores que avaliaram as

oportunidades de promoção ruim e regular, respectivamente.

83 Entrevista com trabalhador da unidade de Cabo de Santo Agostinho/PE, em setembro de 2010.

Page 64: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

64

GRÁFICO 08: OPINIÃO DOS TRABALHADORES SOBRE A QUALIDADE DAS OPORTUNIDADES DE

PROMOÇÃO DA LANXESS.

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Os outros pontos salientados como insatisfatórios em relação à promoção

foram:

- A gerência local prefere selecionar profissionais de fora da unidade em vez

de procurar esses trabalhadores internamente e, assim incentivá-los nos estudos e

desenvolvimento profissional;

- As opções de promoção foram reduzidas em decorrência da reorganização

da produção e da aglutinação das funções em poucos cargos. No contexto atual, para

conseguir assumir um cargo hierarquicamente mais alto é necessário que algum

trabalhador se aposente ou morra.

Desta forma, verifica-se um descontentamento generalizado a respeito do

tema de ascensão hierárquica e promoção salarial dentro da unidade. Situação que está

levando muitos trabalhadores a buscarem oportunidades em outras empresas visto que o

mercado de trabalho na região metropolitana de Recife está aquecido e, portanto,

oferecendo bons postos de trabalho. E, vários dos recém-contratados entrevistados

informaram que pretendem juntar o dinheiro que recebem para estudar e, no futuro

mudar de emprego por não se sentirem estimulados a continuar na empresa devido à

falta de PCS/PCC e a baixa qualidade das relações e condições trabalhistas.

2%

17%

41%

40%

vazio

a) Boas

b) Regulares

c) Ruins

As oportunidades de promoção da Lanxess são:

Page 65: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

65

Para complementar as informações acima, sobre PCS/PCC e critérios de

promoção na unidade, apurou-se que 68% dos entrevistados são avaliados anualmente

no desempenho de suas funções pela chefia direta. Os critérios avaliados segundo os

entrevistados são: compromisso do trabalhador, desempenho, produtividade,

comunicação, atingir as metas de segurança, organização, operosidade (manter a área

funcionando sem parar), pró-atividade e ritmo de trabalho.

Apesar da existência dessa avaliação anual com critérios objetivos, 32% dos

entrevistados acreditam que o critério “amizade com a chefia” é relevante no momento

de decidir o profissional que receberá a promoção.

Além dessa avaliação anual, os trabalhadores informaram que a chefia direta

quando percebe algo errado chama a atenção do profissional. Porém, nunca faz um

elogio ou reconhecimento. Ou seja, os entrevistados se sentem pouco estimulados pela

Lanxess local.

Além das promoções e do PLR, (tema aprofundado no item 7.3 - PLR) há

Lanxess tem um programa mundial de bonificação conforme o desempenho do

trabalhador denominado de “Avaliação Individual de Desempenho” (IPP - Individual

PerformancePayment). De acordo com as entrevistas, uma comissão avaliadora decide

quais trabalhadores serão bonificados pelo IPP. Comissão composta pelo engenheiro da

produção, coordenador direto, supervisor, lideres, etc. Entretanto, não é de

conhecimento dos trabalhadores a forma como é feita essa avaliação, assim como os

critérios utilizados no julgamento. Ao mesmo tempo, a chefia instrui os trabalhadores

que recebem o IPP para não divulgar aos colegas de trabalho que receberam tal

premiação. A obscuridade em torno do IPP leva os entrevistados a afirmarem que a

comissão escolhe os bonificados a partir de critérios subjetivos de amizade e, por essa

razão não divulgam os nomes dos trabalhadores que receberam o abono.

Page 66: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

66

Treinamento

Uma parcela significativa dos trabalhadores entrevistados, 85%, informou

que já participou de cursos oferecidos pela empresa no próprio local de trabalho. Ao

serem questionados a respeito dos proveitos do(s) curso(s) responderam conforme

aponta o gráfico 09, a seguir.

GRÁFICO 09: AVALIAÇÃO DOS CURSO/TREINAMENTO (S) OFERECIDO (S) PELA LANXESS NO

LOCAL DE TRABALHO*

* Os entrevistados podiam selecionar todas as opções que se aplicassem

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração: IOS

A partir do gráfico 09, acima, concluímos que apenas 11% dos entrevistados

disseram que o curso contribuiu para a promoção.

Os dirigentes sindicais avaliam que os treinamentos oferecidos pela Lanxess

são insatisfatórios, por repassarem noções básicas de operação dos sistemas industriais,

sem um treinamento específico e aprofundado para cada uma das áreas. Ademais, a

planta não tem organização e planejamento adequado de treinamentos e, quando os

cursos são oferecidos o número de vagas é insuficiente para o total de trabalhadores

interessados.

Segundo os entrevistados, a Lanxess oferece suporte financeiro (bolsas) para

cursos de língua estrangeira, técnico e graduação desde que os mesmos tenham relação

com o trabalho efetuado dentro da unidade. Bolsas, que em grande parte dos casos, não

Page 67: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

67

atinge 100% do valor do curso.

O suporte é oferecido somente para determinados funcionários. Ou seja,

inexiste uma seleção aberta, com regras definidas, na qual todos os trabalhadores se

inscrevem e concorrem ao apoio financeiro. Ademais, a empresa não divulga quais são

os trabalhadores que recebem essas bolsas e, a maioria dos que recebem atuam no setor

administrativo ocupando cargos de nível hierárquico e de escolaridade mais alto. Já as

solicitações de bolsa feitas pelos operadores do setor de produção costumam ser

preteridas pela gerencia local.

Por fim, desde 2008, a Lanxess de Cabo de Santo Agostinho/PE em parceria

com o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) fornece um curso prévio

com duração de 1 ano direcionado a jovens, sem ou com pouco experiência de trabalho,

que desejam ingressar no setor de produção da empresa como operador. O curso serve

para formar um quadro de reservas em caso de aposentadorias, desligamentos,

demissões ou aumento da produção. Dos formandos da primeira turma, em 2008, a

Lanxess contratou 23 trabalhadores e da segunda, em 2009, foram contratados dois

trabalhadores. Os sindicalistas também argumentam que a qualidade do treinamento

oferecido pelo SENAI é ruim porque os recém-contratados, muitas vezes, apresentam

dúvidas fundamentais sobre o trabalho. Crítica complementada pelos próprios

ingressantes ao relatarem, durante entrevistas, que os professores do curso tinham pouca

capacitação e verificaram, após ingressarem na empresa, a pouca relação dos temas

tratados nas aulas com a prática da planta.

Apesar, desse déficit na capacitação os “novatos” iniciaram os trabalhos

acompanhando um profissional mais experiente, por um período de no máximo quinze

dias. Período considerado, pelos dirigentes sindicais e por outros entrevistados, como

insuficiente diante da má qualidade do curso e o volume de informação que o

profissional mais experiente deve repassar para recém-ingressante poder atuar

corretamente no setor de produção.

Os dirigentes sindicais acreditam que o quadro de reservas serve como

Page 68: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

68

pressão e intimidação aos trabalhadores na medida em que a empresa busca

transparecer, que existe uma facilidade em demitir e, conseguir repor rapidamente a

partir do quadro de reservas. Situação que gera certa insegurança e desconfiança em

relação à estabilidade no emprego, segundo alguns entrevistados.

Porém, segundos os trabalhadores entrevistados e os dirigentes sindicais a

Lanxess têm extrema dificuldade em substituir um profissional antigo da empresa, já

que esses trabalhadores têm experiência em uma atividade bem específica além de

conhecerem com precisão os meandros do local de trabalho.

6.1.6. Jornada de Trabalho/Hora Extra

Na planta de Cabo de Santo Agostinho/PE há duas jornadas de trabalho84uma

para o setor administrativo e outra para o setor produtivo, conforme aponta o quadro10

a seguir.

QUADRO 10: JORNADA DE TRABALHO NA PLANTA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO

Setor Jornada de Trabalho Funcionalidade Definido pela:

Administrativo 8 horas diárias

40 horas semanais

5 dias de trabalhado e 2 dias de

folga no fim de semana Legislação Trabalhista

Produção

8 horas diárias

Média de 36 horas

semanais85

Regime de turno ininterrupto de

revezamento (5 grupos).

6dias consecutivos de trabalho em

turnos* de revezamento com

alternância dos turnos a cada dois

dias – manhã, tarde e noite,

seguida por 4 dias de folga86

Acordo Coletivo

*Horários de início e término dos turnos: 6:00,14:00, 22:00.

Fonte: Acordo de Turno e Oficina com Sindicalistas. Elaboração: IOS

84 No Brasil a legislação trabalhista estabelece, salvo os casos especiais, que a jornada normal de trabalho é de 8

(oito) horas diárias e de 44 (quarenta e quatro) horas semanais. No caso de trabalhos em regime de turnos

ininterruptos de revezamento, a jornada máxima diária é de 6 horas, totalizando 36 horas semanais. Entretanto, nestes

casos acordos coletivos sobre turno podem alterar o número de horas diárias e de dias trabalhados. Além disso,

algumas categorias profissionais têm direito por lei à jornada de trabalho inferior às 44 horas, nos casos em que as

condições de trabalho sejam insalubres/periculosidade. 85 De acordo com o acordo e turno vigente a diferença de 2,4 horas por semana, entre a carga oficial de 36 horas por

semana prevista no acordo de turno e a carga média da tabela de revezamento que perfaz 33,6 horas por semana,

horas que deverão ser compensadas: com o não pagamento, como extraordinárias, das horas efetivamente trabalhadas

em 11 dias considerados feriados oficiais em cada ano. Ou, com o não pagamento, como extraordinárias, das horas

efetivamente trabalhadas em dias correspondentes a eventuais folgas concedidas por liberalidade da Lanxess, aos

empregados em regime administrativo. 86 Os trabalhadores do setor produtivo recebem um adicional de trabalho noturno de 26%.

Page 69: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

69

A jornada do setor produtivo foi estabelecida por acordo coletivo, conforme

exige a legislação nos casos do regime de turnos ininterruptos que alteram a jornada

máxima diária de 6 horas e/ou de 36 horas semanais.

Segundo o DIEESE87, o sistema de turnos ininterruptos de revezamento

adotado em Cabo de Santo Agostinho tornou-se uma das principais alternativas

propostas pelos trabalhadores visto que reduz para apenas dois dias consecutivos o

turno noturno, em cada ciclo de revezamento. Apesar de aumentar a troca do

revezamento de turno.

Outro ponto abordado na pesquisa amostral sobre jornada de trabalho são as

horas extras. Na planta de Cabo de Santo Agostinho/PE constatou-se que os

trabalhadores efetuam uma carga excepcional de horas extras uma vez que, 36% e 30%,

dos entrevistados afirmaram ter trabalhado entre 10 a 20 horas e 21 a 40 horas além da

jornada de trabalho, respectivamente, no mês anterior à realização da pesquisa (agosto

de 2010 - gráfico 10).

GRÁFICO 10:HORAS TRABALHADAS ALÉM DA JORNADA DE TRABALHO NO MÊS ANTERIOR A

PESQUISA (% - SETEMBRO DE 2010)*

*As horas trabalhadas inclui compensação de horas/banco de horas/horas extras

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

87Fonte: http://www.dieese.org.br/bol/lpr/lpago97.xml acessado em 17/12/2007.

8%

15%

36%

30%

11%

a) Até 4 horas

b) De 5 a 10 horas

c) De 10 a 20 horas

Page 70: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

70

A situação em torno da jornada de trabalho praticada na unidade torna-se

ainda mais complicada na medida em que 15 % dos entrevistados afirmaram que nunca

podem recusar a realizar as horas extraordinárias e, 60% disseram que nem sempre

podem recusar a realizar as horas extras, conforme o gráfico 11, a seguir.

GRÁFICO 11: POSSIBILIDADE DE RECUSAR REALIZAÇÃO DE HORAS EXTRAS

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

A dificuldade em recusar a realizar as horas extras ocorre essencialmente no

setor produtivo. Os operadores disseram que se sentem coagidos pela chefia para

executar horas extras. E, em caso de recusa a chefia demonstra insatisfação assinalando

indiretamente uma possível represália e consequente demissão. O clima em torno desse

tema é tão tenso que, segundo alguns entrevistados, até mesmo determinados colegas de

trabalho vêem com maus olhos os funcionários que se recusam a praticar as horas

extras. Há relatos da chefia direta responsável pela operação do turno ligar na casa do

funcionário, inclusive no meio da madrugada, para convocá-lo a realizar hora extra.

No setor administrativo os entrevistados disseram que raramente são

convocados para realizar horas de trabalho fora do expediente.

De acordo com a pesquisa de campo, o excesso de horas extraordinárias

praticadas na planta de Cabo de Santo Agostinho se deve a recente diminuição no

quadro de profissionais (explicitada no item 7.1 de reorganização/reestruturação) que

provoca falta de trabalhadores reservas em casos de imprevistos como doença,

60% 15%

25%

As vezes

Nunca

Sempre

Page 71: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

71

falecimento de familiares, quebra de algum equipamento, etc. Nestes patamares,

aLanxess está violando a legislação trabalhista nacional na medida em que a legislação

nacional prevê a ocorrência de horas extraordinárias, de no máximo 02h00 horas diárias

e 10 horas semanais88

,apenas em casos de necessidade imperiosa do serviço e, desde

que seja previamente acordado por escrito com empregado ou mediante acordo coletivo

(art. 59 da CLT).

A norma também estabelece ser legítima89

a recusa do trabalhador em

praticar as horas extras, salvo em caso de força maior ou dentro de limites estritos,

quando a necessidade de praticar horas extras for imperativa. Limites impostos pela

legislação tanto para garantir a segurança da planta como para evitar que os

funcionários sofram de sobrecarga física. Assim, ao violar a regra a Lanxess está

colocando seus trabalhadores em risco de acidente.

As horas extras são remuneradas como dobra de turno, acrescidas de

100%,independente do número de horas e do caráter da mesma (prorrogação,

antecipação, jornada normal prevista na escala de revezamento, etc).

GRÁFICO 12:HORAS TRABALHADAS ALÉM DA JORNADA PAGAS/COMPENSADAS

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

88 O pagamento dessas horas deve ser calculado com um adicional de 50% ou 100% sobre o valor normal da hora,

dependendo do dia da semana, ou com um percentual definido em acordo ou convenção. Essas horas também podem

ser compensadas através do mecanismo de banco de horas, que evita às empresas o pagamento dos adicionais de

horasextras e substitui por dias nos quais os funcionários não precisam trabalhar. A compensação dessas horas pode

ser feita em um período de um ano, desde que isto seja firmado em acordo coletivo de trabalho. 89 Para que o empregador possa legitimamente exigir trabalho em horas extras suplementares, deverá haver acordo

escrito entre as partes ou norma coletiva.

93%

2%

5% a) Remuneradas e pagas como horas-extras

b) Não remuneradas, mas compensadas pelo banco de horas

c) Não remuneradas e não compensadas pelo banco de horas

Page 72: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

72

No gráfico 12, acima, percebe-se que 5% dos entrevistados não são

remuneradas e nem compensadas pelas horas extras, por tratar-se de profissionais do

setor administrativo que ocupam cargos considerados de confiança. Portanto, esses

trabalhadores devem cumprir as tarefas designadas a eles independente de extrapolar ou

não a jornada de trabalho.

A Lanxess disponibiliza transporte extra (ônibus, van, taxi) que conduz o

trabalhador da sua casa até a empresa e, vice versa, quando este efetua hora extra.

6.1.7. Discriminação

De acordo com o item “6.1.2. Perfil dos Trabalhadores” da planta de Cabo de

Santo Agostinho/PE, as mulheres correspondem a 8% do quadro de funcionários da

unidade. Desta porcentagem apenas 10% está alocada no setor produtivo

(correspondendo a uma trabalhadora) e, somente uma funcionária ocupa cargo de

gerência90. Ademais, dentre as mulheres entrevistadas durante a pesquisa amostral todas

relataram que já se sentiram discriminadas por serem mulheres além de terem

presenciado casos de discriminação pelo mesmo motivo, provocado tanto por parte dos

colegas de trabalho quanto pela chefia direta.

Em relação ao tema racial a pesquisa amostral constatou que 67% dos

trabalhadores negros (pretos e pardos) estão alocados no setor de produção. E, dentre

estes apenas um ocupa cargo de líder de turno (o restante dos líderes, 90%, são

brancos). Ou seja, apesar dos negros comporem a maioria do quadro operacional da

fábrica estão alocados em cargos hierarquicamente mais baixos recebendo salários

inferiores.

As estatísticas acima ratificam os relatos dos entrevistados sobre a empresa

90Fonte: Lista de Contribuição de 2010, complementada por informações sobre os cargos e funções repassadas pelo

sindicato.

Page 73: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

73

não desenvolver qualquer tipo de atividade ou programa de igualdade de

oportunidades/ação afirmativa entre homens e mulheres, brancos e negros, tanto para a

ocupação de cargos como para a qualificação e ascensão profissional.

Uma parte considerável dos entrevistados, 34%, afirmou que se sente

prejudicado ou discriminado dentro da empresa. As razões dessa discriminação foram:

-30% por motivos de doença (relacionada ou não com a atividade

trabalhista);

-26% por participação sindical;

- 17%por recusarem a realizar horas extras;

- 26 % outros (cor/raça, participação política, ser mulher e orientação sexual).

A pesquisa amostral também apurou que, 57%, dos entrevistados já

presenciaram casos de discriminação com colegas de trabalho. Os principais motivos

apontados foram:

- 45% por participação sindical;

- 21% por recusar a realizar horas extras;

-14% por motivos de doença (relacionada ou não com a atividade

trabalhista);

- 19% outros (cor/raça, participação politica, ser mulher e orientação sexual).

As discriminações motivadas por participação sindical e recusa em realizar

horas extras são tratadas com maior profundidade nos itens 6.1.3 – liberdade sindical e

negociação coletiva e, 6.1.6 - jornada de trabalho/hora extra, respectivamente. Mas, os

dados acima apontam que por medo de sofrer discriminação e represálias os

trabalhadores temem participar de atividades sindicais e, também evitam conversar com

dirigentes sindicais no interior da planta. Assim, como a discriminação por recusar a

efetuar horas extras é uma prática comum na unidade.

Em relação à discriminação por motivos de doença os entrevistados disseram

que os funcionários enfermos são excluídos pela chefia e pelos próprios colegas de

trabalho. Relataram comentários da chefia direta como: “eu nunca fico doente e você

Page 74: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

74

fica doente sempre”(tema abordado com maior profundidade no item 6.1.8 - saúde e

segurança no trabalho).

Segundo alguns entrevistados, há lideres que cometem discriminação racial

dentro da planta, apesar de apenas 3% dos entrevistados terem afirmado que

presenciaram discriminação racial e, 1% informou que se sente discriminado por

cor/raça. A razão desta pequena porcentagem pode ser explicada pelos relatos dos

entrevistados de que os trabalhadores discriminados não comentam com os colegas e,

muito menos, denunciam o racismo sofrido.

Não houve relatos de pessoas que se sentiram discriminadas por orientação

sexual, mas alguns entrevistados informaram que sabiam de trabalhadores

homossexuais que escondiam a orientação sexual com medo de serem discriminados.

Não houve relatos de casos discriminatórios por motivos religiosos ou por ser homem.

Dentre os entrevistados, 13%, afirmaram que são mal tratados verbalmente

por funcionários da administração/chefia direta, porque estes profissionais se

consideram superiores (conforme aponta o gráfico 13, a seguir). Também houve relatos

de abusos de poder da chefia fazendo piadas, durante reuniões, em relação algum

funcionário presente no intuito de ridicularizá-lo diante dos colegas. Tanto o índice

quanto o relato são preocupantes visto que indica a existência um tratamento desigual e

discriminatório de acordo com os cargos e setores nos quais os trabalhadores estão

alocados.

Page 75: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

75

GRÁFICO 13: ENTREVISTADOS QUE JÁ SE SENTIRAM RIDICULARIZADOS/INFERIORIZADOS EM

CABO DE SANTO AGOSTINHO (% - SETEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Além dos dados estatísticos acima, houve relatos de que dois supervisores

locais da Lanxess da área administrativa praticam assédio moral com seus

subordinados, ao gritar e usar palavras de baixo calão. Um desses supervisores

costumava ir à área produtiva sem utilizar os EPIs adequados contrariando as normas de

segurança da empresa.

6.1.8. Saúde e Segurança no Trabalho

Os trabalhadores da planta de Cabo de Santo Agostinho/PE ao serem

questionados quais são os principais fatores, relacionados com as atividades laborais,

que afeta ou já afetou a saúde deles responderam conforme o gráfico 14, a seguir.

13%

76%

9%

2%

Sim

Não

Não Sei

Sem resposta

Page 76: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

76

GRÁFICO 14: FATORES RELACIONADOS AO TRABALHO DOS ENTREVISTADOS QUE

AFETA/AFETOU A SAÚDE DOS MESMOSEM CABO DE SANTO AGOSTINHO (% - SETEMBRO 2010)*

* Os entrevistados podiam selecionar todas as opções que se aplicassem, ** Equipamento de trabalho

inadequado (computador, mesa, cadeira, etc), *** Equipamentos Industriais, Máquinas e Ferramentas, ****

Posturas estáticas (mesma posição por um longo período)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

No gráfico 14, acima, constatamos que dentre os principais fatores

selecionados pelos entrevistados estão: ritmo de trabalho,pressão da chefia, aumento

da responsabilidade e metas elevadas. Escolhas justificadas, dentre outros motivos,

pela diminuição no quadro de funcionários da planta, após a mesma ter sido adquirida

pela Lanxess (tema aprofundado no item 7.1 de Reorganização/Reestruturação).

Decréscimo que sobrecarregou os trabalhadores que permaneceram na planta ao obrigá-

los a acumular funções, ampliar as tarefas executadas diariamente e, conseqüentemente

aumentando a carga de responsabilidade. O volume de trabalho exacerbado faz com

que, na maioria das vezes, as tarefas e procedimentos diários não sejam cumpridos por

completo. Provocando uma pressão continua da chefia e, logo um desgaste físico e

emocional dos operadores.

Outro fator apontado como prejudicial à saúde, por 54% dos entrevistados,

foi à existência de equipamentos de trabalho inadequados. Dentre os itens citados

estão: cadeiras quebradas, computadores mal posicionados e arcaicos, equipamentos

66%

54%

50%

49%

41%

33%

30%

30%

22%

5%

4%

3%

Ritmo de Trabalho

**Equipamento de trabalho inadequado …

***Equipamentos Industriais, Máquinas e …

Pressão da chefia

Aumento de responsabilidades

Metas elevadas

Repetição de ações ou movimentos

Rotatividade de turno

****Posturas estáticas (mesma posição por um …

Não, nenhum afetou minha saúde

Outra

Pressão dos colegas

Page 77: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

77

usados na área que são obsoletos e com tecnologia ultrapassada, parafusadeiras pesadas

(que são carregadas de um lado para outro da fábrica porque o uso da ferramenta é

divido entre os operadores da área uma vez que existem poucas parafusadeiras e, as

existentes estão em constante manutenção), falta de equipamentos de trabalho

padronizados (por exemplo, para retirar os polímeros que sobram no meio do processo

produtivo os operadores de campo cortam a borracha com uma espátula, que não é uma

ferramenta especifica para este serviço. Como fazem este trabalho de forma

inapropriada repetidamente sentem dores nas costas e fadiga).

Os dirigentes sindicais relataram que o sistema de rádio utilizado no setor

produtivo para se comunicar é péssimo emitindo um chiado extremamente alto o que

torna a comunicação por este meio muitas vezes inviável.

Um entrevistado relatou que a situação das ferramentas e equipamentos é tão

precária que a porta de ferro do QAD (túnel que transporta a borracha para secá-la) era

aberta com a ajuda de uma alça improvisada. Em uma ocasião recente, um trabalhador

escorregou ao colocar de volta a tampa com a ajuda da alça. O engenheiro de segurança

novo na empresa questionou porque a porta foi aberta apenas por um operador e, em

seguida alterou o procedimento de segurança determinando que a porta fosse aberta por

dois operadores. Entretanto, a determinação do procedimento é irrealizável visto que na

área trabalha apenas um operador e, o embalador que é funcionário terceirizado. Assim,

a porta continua sendo aberta por um operador, mas sem o auxilio da alça que tornava a

tarefa mais fácil e menos árdua.

Ademais, metade dos entrevistados, 50%, disseram que os equipamentos

indústrias (máquinas e ferramentas) são inadequados por serem obsoletos e a

manutenção dos mesmos é incorreta. Situação que ocasiona quebras frequentes dos

equipamentos e, ao mesmo tempo, aumenta a probabilidade de ocorrer acidentes de

trabalho. Como exemplo foi citado pelos dirigentes sindicais os compressores de gases

usados na fábrica são ultrapassados e oferecem muito mais riscos à segurança dos

trabalhadores em comparação aos compressores existentes no mercado.

Page 78: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

78

Os entrevistados também afirmaram que o almoxarifado da planta é

incompleto por não ter equipamentos de reposição suficiente no caso de quebrar algum

equipamento ou máquina. Por exemplo, caso um compressor de gás, filtro ou válvula

quebre não existe outro no mesmo formato para substituir. Desta maneira muitas vezes

a reposição é feita com equipamentos não padronizados. Às vezes se retira uma peça de

um lugar “menos” importante para ser usada em outro lugar.

Apesar desses problemas na manutenção os trabalhadores afirmaram que

Lanxess está se preocupando mais com esta área do que a Petroflex. Relataram que a

empresa instituiu uma equipe de inspeção sobre a NR-1391, para fazer levantamento e

planejamento de como está à situação dos equipamentos, como caldeiras e vasos de

pressão, organizando a realidade da fábrica e indicando os locais que precisam de

manutenção imediata.

Por fim, cerca de 30% dos entrevistados apontaram metas elevadas,

repetição de ações/movimentos e rotatividade de turno como fatores que também

afeta/já afetaram a saúde deles. Sobre o turno rotativo os trabalhadores disseram que o

mesmo prejudica o planejamento de exercícios físicos regulares e confunde o horário

biológico prejudicando o sono e as atividades rotineiras.

Mais da metade dos entrevistados, 68%, responderam que já haviam

apresentado algum problema de saúde relacionado à atividade de trabalho. O gráfico 15,

a seguir, aponta quais foram os problemas citados.

91NR-13 é a norma regulamentadora 13 do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, e tem como objetivo

condicionar inspeção de segurança e operação de vasos de pressão e caldeiras. Foi criada em 8 de junho de 1978,

sofrendo revisão em 8 de maio de 1984. (Alterado pela Portaria SIT n.º 57, de 19 de junho de 2008).

http://pt.wikipedia.org/wiki/NR-13 em 05/04/2011

Page 79: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

79

GRÁFICO 15:PROBLEMAS RELACIONADOS A ATIVIDADE DE TRABALHO APRESENTADOS PELOS

ENTREVISTADOS APÓS TER COMEÇADO A TRABALHAR EM CABO DE SANTO AGOSTINHO (% -

SETEMBRO 2010)*

* Os entrevistados podiam selecionar todas as opções que se aplicassem

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

O estresse segundo 51% dos entrevistados é continuo durante o expediente

em conseqüência da pressão da chefia, ritmo de trabalho intenso, acúmulo de trabalho,

constante quebra de equipamentos, medo de perder o emprego. Situação expressa na

fala dos trabalhadores que utilizam freqüentemente “palavrões” durante o expediente. O

problema de coluna, com 26%, é o segundo fator apresentado pelos trabalhadores.

Problema de saúde considerado comum na planta uma vez que os operadores utilizam

equipamentos inadequados e pesados. Além do espaço físico da planta exigir dos

operadores de campo longas caminhadas e a necessidade, freqüente, de subir e descer

escadas. Dentre os 15% que citaram lesão por esforços repetitivos (LER/DORT)

houve casos de relatos de inflamação na parte muscular do quadril. Os 9% dos

entrevistados que citaram problema desurdez afirmaram que testes de audiometria

constatou perda de parte da audição. Por fim, dentre os 11% dos trabalhadores que

afirmaram outros problemas de saúde relacionados à atividade de trabalho houve

relatos de aumento de peso, conjuntivite, labirintite, pressão alta, dores de cabeça e

gastrite.

51%

32%

26%

15%

15%

11%

11%

9%

7%

2%

2%

0%

Estresse

Não apresentou nenhum problema de saúde

Problemas de coluna

Lesão por esforços repetitivos (LER/ DORT)]

Alergias

Problemas respiratórios

Outros

Surdez

Depressão

Doenças de pele

Doenças do sangue

Câncer

Page 80: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

80

Dos 68% dos entrevistados que relataram já terem apresentado algum

problema de saúde relacionado à atividade de trabalho (como informado acima) 42% já

haviam sido afastados do trabalho por motivos de saúde. Dentre os motivos que

ocasionaram o afastamento estão: problemas na coluna (lombar, hérnia de disco, etc)

lesão no menisco do joelho, queimaduras, pressão alta, estresse, urticária e outros.

A pesquisa amostral constatou que 25% dos entrevistados já deixaram de

revelar que estavam passando mal por medo de sofrerem represálias da empresa caso

não trabalhassem. Houve casos de funcionários que foram trabalhar com dores no

apêndice e tiveram de ser encaminhados direto para o hospital. Também foi ralatado

casos de funcionários que foram trabalhar com licença médica, por medo de serem

demitidos. A não revelação acontece também porque no geral há muito trabalho para

fazer e, os funcionários não querem sobrecarregar ainda mais os colegas de trabalho.

Dados que sugerem uma planta produtiva caracterizada por uma rotina de medo, com

constante pressão da chefia e carência de diálogo entre trabalhadores e chefia.

GRÁFICO 16: TRABALHADORES QUE DEIXARAM DE REVELAR QUE ESTAVA PASSANDO

MAL/DOENTE POR MEDO DE SER PREJUDICADO PELA EMPRESA(% - SETEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Acidentes de Trabalho

Dentre os trabalhadores entrevistados, 19% disseram que já sofreram algum

tipo de acidente no interior da empresa nos últimos três anos, conforme aponta o gráfico

17 a seguir.

25%

75%

a) Sim

b) Não

Page 81: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

81

GRÁFICO 17: TRABALHADORES QUE SOFRERAM ALGUM TIPO DE ACIDENTE NO INTERIOR DA

EMPRESA, NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS(% - SETEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Destes entrevistados que responderam já ter sofrido algum tipo de acidente:

- 54% disseram que foi em consequência de cortes ou amputações

traumáticas e impactos relacionados à batidas/prensagens;

- 18% dos acidentados afirmaram que o ocorrido se deu através de quedas no

mesmo nível ou de níveis diferentes;

- 9% dos acidentes foi por exposição aguda/crônica a produtos químicos,

contato com superfície em temperatura extremas (frio ou quente) e exposição excessiva

a vibrações, raios ultravioleta, ultrassom ou outras radiações não ionizantes.

Não houve relatos de acidentes com amputação de membros ou partes do

corpo, intoxicação ou contaminação por produto químico. Entretanto, houve dois casos

recentes de acidentes graves. Um deles, em junho de 2010, foi provocado pela explosão

de um filtro que arremessou dois trabalhadores (um próprio e o outro terceiro) por cerca

de 2 metros e meio de distância. O funcionário próprio sofreu uma lesão na perna. Já o

terceirizado teve suas roupas queimadas pela explosão sofrendo lesões no pênis, no

testículo e nas mãos. O trabalhador terceiro, empregado da COMAU, estava de plantão

no momento do acidente quando foi requisitado para ajudar um operador da Lanxess a

trocar um filtro FG. Segundo relatos o acidente ocorreu porque alguns parafusos que

prendiam a tampa, que estourou, estavam faltando e outros remoídos. Esses parafusos se

81%

19%

Não

Sim

Page 82: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

82

encontravam nessas condições por falta de manutenção preventiva. Depois do acidente a

Lanxess passou a exigir melhor qualidade dos parafusos e trocá-los.

O outro acidente grave ocorreu em fevereiro de 2010 com um trabalhador

recém-contratado92 que teve o braço esmagado por uma prensa. Neste episódio, a

Lanxess promoveu um verdadeiro desrespeito ético com o trabalhador e violou a

legislação nacional ao obrigar o funcionário a continuar comparecendo na planta com

condições de saúde precária conforme aponta a descrição do episódio: No dia seguinte

do acidente, o trabalhador retornou as atividades normalmente, após o médico do

trabalho da empresa dar pontos no corte como se fosse um acidente comum, sem

recomendar exames para averiguar a possibilidade de problemas maiores. Após 15 dias

o braço permaneceu inchado e dolorido. Assim, o acidentado resolveu fazer ressonância

que diagnosticou a presença de fragmentos de metais no braço e nervos deslocados.

Mesmo nessas condições, a Lanxess obrigou o trabalhador a comparecer rotineiramente

na planta para não acusar acidente com afastamento. Meses seguintes o operador fez a

primeira cirurgia e descobriu que nunca mais teria os 100% dos movimentos do braço.

Após a cirurgia o médico da empresa cedeu 15 dias de afastamento e emitiu uma CAT

com código 3193

infringindo, claramente, as normas nacionais uma vez que o código 31

é para acidentes ou doenças não ocupacionais que ocorrem fora do ambiente de

trabalho. Posteriormente, o acidentado sofreu a segunda cirurgia na qual um médico de

fora da empresa emitiu CAT com código 9194

, encaminhando a mesma ao INSS e,

92 Contratado em 2008. 93O código 31é pago pela Previdência Social ao trabalhador que, por causa de doença ou acidente não motivado pelo

trabalho, fica afastado das atividades profissionais por mais de 15 dias consecutivos. Os primeiros 15 dias de

afastamento são pagos pela empresa. Do 16º dia em diante é o INSS que assume essa responsabilidade. O beneficio

31 exige carência (tempo mínimo de contribuição) para ser concedido e, o trabalhador pode ser demitido pela

empresa após o seu retorno ao trabalho. Deve-se ressaltar que a concessão indiscriminada do auxílio-doença comum

(B-31) pelo INSS, aumenta o déficit da instituição na medida em que o respectivo benefício não tem fonte de custeio,

diferente do B-91, que tem caixa próprio financiado pelo SAT, com desconto mensal incidente sobre a folha de

pagamento das empresas. Fonte:http://jus.uol.com.br/revista/texto/18965/acidentes-do-trabalho-repercussoes-

previdenciarias-e-trabalhistas/2, acesso em 16/05/2011. 94 O código 91 significa que o trabalhador ficou impedido de exercer suas atividades laborais, por mais de 15 dias

consecutivos, devido doença ocasionada pela atividade trabalhista que exerce ou em decorrência de acidente no

ambiente de trabalho. No caso dos trabalhadores com carteira assinada, os primeiros 15 dias são pagos pelo

empregador, e a Previdência Social passa a paga a partir do 16º dia de afastamento do trabalho com os recursos do

Seguro Acidente de Trabalho (fundo constituído pelo desconto mensal incidente sobre a folha de pagamento das

empresas). Ao mesmo tempo é assegurado pelo artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 o direito à estabilidade provisória por

período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. Fonte:

Page 83: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

83

cedendo 60 dias de afastamento ao trabalhador. Apenas, a partir desse momento o

operador passou a receber o salário pelo INSS. Entretanto, a Lanxess ainda não havia

alterado a placa dentro da planta que anuncia os dias de trabalho sem a ocorrência de

acidentes por afastamento.

Além de não assistir corretamente o trabalhador conforme determina a

legislação nacional (ao abrir CATs com código errado, não afastar o paciente, etc) a

gerência da Lanxess local procurou responsabilizar o acidentado pelos problemas de

saúde ao alegar que a segunda cirurgia no braço do acidentado ocorreu porque o mesmo

voltou a praticar musculação, contrariando as recomendações médicas. E, por essa razão

a empresa não estava arcando com as despesas do acidentado, com médico e transporte

às consultas. Alegação que foi desmentida pelo laudo de ressonância, apresentado pelo

acidentado, ao comprovar a necessidade da segunda cirurgia para retirar os resquícios

de fragmentos de metais da prensa que permaneciam no braço do trabalhador.

Provocando um fato vexatório para a Lanxess.

O fato relatado acima foi levado para uma reunião da “Rede de Trabalhadores

Sindicais da Lanxess” na qual um dos dirigentes de Recursos Humanos da empresa,

funcionário do corporativo da Lanxess no Brasil, também alegou que o “novo”

problema no braço do operador era consequência de exercícios físicos. Argumentação

que foi imediatamente desqualificada pelo representante do SINDBORRACHA de

Pernambuco presente na reunião. A ocorrência demonstra que o corporativo da empresa

no Brasil apenas replicou a versão contada pela gerência local de Cabo de Santo

Agostinho/PE sem previamente averiguar os fatos de forma precisa.

Por fim, a pesquisa amostral revelou que 87% dos trabalhadores ao

retornarem para o trabalho, após terem sofrido algum tipo de acidente, voltaram a

efetuar a mesma função que exerciam antes. Estes entrevistados afirmaram que não

sofreram discriminação ao retornarem ao trabalho e que não houve mudanças no seu

cotidiano. Por outro lado, dentre os 13% que não retornaram para a mesma função

http://jus.uol.com.br/revista/texto/18965/acidentes-do-trabalho-repercussoes-previdenciarias-e-trabalhistas/2, acesso

em 16/05/2011.

Page 84: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

84

houve relatos de que a empresa coagiu o trabalhador para aceitar as novas tarefas e

alguns foram ameaçados de demissão se recusassem.

CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)

Segundo os cipeiros e dirigentes sindicais entrevistados, a empresa emite

CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho) apenas para os acidentes que ocorrem com

afastamento. Em acidentes sem afastamento a empresa não emite CAT, por considerar

um “incidente”, violando a determinação da legislação nacional que a emissão de CAT

deve ocorrer para todos os acidentes de trabalho, no interior da planta, havendo ou não

afastamento95. A infração é comprovada pelo fato de 44% dos entrevistados, que

sofreram algum tipo de acidente no interior da planta nos últimos três anos, afirmarem

que a Lanxess não emitiu CAT.

Essa porcentagem alta da falta de emissão de CAT indica que a Lanxess pode

estar ocultando os acidentes de trabalho. E, mesmo quando se emite a CAT a empresa

não envia uma cópia ao sindicato, conforme determina a legislação nacional96

.

Ademais, é importante frisar a existência de casos graves de ocultamento de

acidentes de trabalho com afastamento para manter as estatísticas de segurança em um

nível adequado. Trabalhadores acidentados que deveriam ter sido afastados foram

obrigados a continuar indo na empresa, mesmo sem fazer nada, além de terem que usar

as próprias folgas para não contabilizar dias de afastamento. Como exemplo, podemos

citar que recentemente um trabalhador sofreu queimaduras nos pés, provocadas por

água quente, porém não foi afastado do serviço. A empresa obrigou o funcionário a se

recuperar em casa utilizando as folgas de turno que ele tinha, além de trocar turnos com

outros trabalhadores para o mesmo não solicitar afastamento do trabalho. Este operador

ao retornar ao trabalho não conseguia calçar as botas (EPI usado na fábrica) devido o

95 Fonte: http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/cat.htm, acesso em 14/05/2011. 96 Fonte: http://www.sindpd.org.br/conteudo.asp?id=50 acesso em 14/05/2011.

Page 85: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

85

inchaço dos pés provocado pelas queimaduras. Novamente para não conceder

afastamento à gerência decidiu alocar temporariamente o trabalhador no setor

administrativo e deslocar um carro que buscava e trazia o funcionário.

Muitas vezes o próprio médico da Lanxess constata diante da gravidade da

lesão que o trabalhador não pode fazer esforços físicos. Porém, para não configurar

acidente com afastamento, solicita que o profissional retorne ao trabalho encostando o

mesmo no setor administrativo até encontra-se em condições para atuar normalmente na

fábrica.

Treinamento de Saúde e Segurança

A maioria dos entrevistados, 96%, afirmaram que já receberam da empresa

treinamento sobre saúde e segurança. Também relataram que qualquer tipo de incidente

ou acidente de segurança deve ser registrado na intranet. Registro que circula por todas

as Lanxess do mundo. Diante desse procedimento de registro fica a dúvida se a matriz

da Lanxess na Alemanha sabe dos acidentes, assim como do ocultamento dos mesmos

nas estatísticas, mas não adota nenhuma providência. Ou se os acidentes não estão

sendo registrados na intranet, pela chefia local, de forma correta.

No gráfico 18 a seguir, constata-se que 30% dos entrevistados e 4% se

consideram pouco informado e nada informado pela empresa, respectivamente, sobre os

riscos de acidente e de doença.

Page 86: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

86

GRÁFICO 18: PERCEPÇÃO DO TRABALHADOR SOBRE O CONHECIMENTO EM RELAÇÃO AOS

RISCOS DE DOENÇAS E DE ACIDENTES DE TRABALHO DENTRO EM CABO DE SANTO

AGOSTINHO (% - SETEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Alguns operadores afirmaram que muitas vezes para saber com mais detalhes

os riscos dos produtos químicos que manuseiam e das máquinas que trabalham

precisam procurar as informações por conta própria. Os dirigentes sindicais afirmam

que os trabalhadores recebem apenas informações básicas sobre os riscos de acidente de

trabalho e que eles não sabem, por exemplo, com precisão os riscos que os produtos

químicos manuseados por eles podem provocar.

Segundo a opinião dos dirigentes sindicais a brigada de incêndio existente na

planta é insuficiente e capacitada por profissionais não competentes para a função.

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

Praticamente todos os trabalhadores informaram que é necessária a utilização

de algum equipamento de proteção individual (EPI). Entretanto, mais da metade dos

entrevistados, 53%, afirmou não ter sido consultado previamente sobre a escolha do

EPI. Ao serem questionados se o EPI era adequado à maioria, 86%, considerou que sim.

Porém, 22% dos trabalhadores afirmaram que a quantidade é insuficiente e 20%

acredita que incomoda muito. Dentre as reclamações estão:

- Qualidade da luva é duvidosa na medida em que rasga com facilidade;

66%

30%

4%

a) Bem informado(a) pela empresa

b) Pouco informado(a) pela empresa

c) Nada informado(a) pela empresa

Page 87: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

87

- Insatisfação em relação à eficiência da máscara de produtos químicos por

incomodar muito e não ser adequada para o manuseio do cloro.

- Muita burocracia para retirar um EPI do almoxarifado;

- Estoque nem sempre suficiente de alguns EPI (óculos de segurança e luvas).

O caso mais grave ocorreu no período em que a Lanxess mudou de fornecedor de

determinados EPIs (óculos, luva e farda - uniforme) atrasando o fornecimento dos

mesmos por aproximadamente três meses e meio. Neste período, os funcionários

tiveram que reaproveitar os EPIs, pedir luvas emprestadas aos funcionários terceirizados

e até mesmo trabalhar com a farda rasgada. Atualmente, de acordo com os

entrevistados, dificilmente falta EPI.

CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho)

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) da planta é composta

por doze membros dos quais seis são titulares e seis são suplentes. Dentre os seis

titulares três foram indicados pela empresa e três foram eleitos pelos trabalhadores,

conforme determina a NR 597. No momento da pesquisa de campo, em setembro de

2010,os trabalhadores relataram que as reuniões mensais da CIPAnão estavam

ocorrendo desde a saída, no início de 2010, de grande parte do quadro profissional

responsável pela segurança da unidade. Esses profissionais se desligaram da Lanxess

para trabalhar em outra empresa em busca de salários mais altos e melhores condições

de trabalho.

A maioria dos trabalhadores considera a atuação da CIPA regular, 47%, ou

ruim, 32%. Ou seja, 79% dos trabalhadores estão insatisfeitos com a atuação da CIPA

conforme aponta o gráfico 19 a seguir.

97Fonte:http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr5.htm acesso em 14/05/2011.

Page 88: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

88

GRÁFICO 19: AVALIAÇÃO DA ATUAÇÃO DA CIPA EM CABO DE SANTO AGOSTINHO (% -

SETEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

A elevada desaprovação em relação aos trabalhos da CIPA é justificada pelos

seguintes pontos salientados pelos entrevistados:

A CIPA costuma demorar em efetuar as avaliações;

As recomendações feitas pela CIPA dificilmente são colocadas em

prática/atendidas pela chefia;

Os cipeiros se sentem intimidados pela chefia e, conseqüentemente não

apontam todas as falhas e problemas que verificam;

A CIPA tem pouca autonomia, é dependente da estrutura de manutenção que

a empresa proporciona, atuando conforme o contexto e a permissão que é cedida

pela empresa;

Muitos dos cipeiros se elegem para o cargo porque estão com problemas na

empresa e assim conseguem estabilidade no emprego;

Há pouca integração entre os membros da CIPA, os funcionários e o

sindicato;

O presidente da CIPA e o suplente, que são indicados pela empresa, são

extremamente atarefados cedendo pouca atenção a CIPA.

A CIPA realiza poucas reuniões;

Os cipeiros apenas podem atuar durante o horário de expediente,

consequentemente tem as ações limitadas já que não podem se ausentar do posto

de trabalho;

Há pouca divulgação sobre as atividades da CIPA e os resultados;

A atuação da CIPA está se restringindo ao levantamento de problemas

6%

11%

47%

32%

4%

sem resposta

a) Boa

b) Regular

c) Ruim

d) Não tem conhecimento

Page 89: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

89

estruturais como a falta de lâmpada em determinadas áreas;

Apenas lembram-se da existência da CIPA durante a semana da SIPAT.

Segundo os entrevistados, partir da entrada da Lanxess no comando, a planta

de Cabo de Santo Agostinho/PE a CIPA passou a perder relevância e qualidade na

atuação. Por exemplo, no período da Petroflex a CIPA realizava um programa

educacional sobre saúde e segurança, atualmente isso não acontece mais. Ademais, o

tratamento cedido pela Lanxess a CIPA foi modificado também pela saída, em 2010, de

boa parte do quadro funcional responsável pela segurança da planta, que atuava na

empresa há mais de 15 anos. Assim, os projetos, ações e metas da área de segurança que

estavam em andamento ficaram paralisadas.

Para tentar melhorar as ações da CIPA a empresa disponibilizou um canal

eletrônico no qual é possível enviar emails aos membros da comissão cobrando ações e

resultados.

Por fim, os dirigentes sindicais afirmaram que na maioria das vezes eles

acabam substituindo a atuação da CIPA o que pode apontar um dos motivos dos

operadores desqualificarem a atuação da comissão.

Condições dos Locais de Trabalho

A pesquisa de campo avaliou determinadas condições no ambiente de

trabalho, conforme aponta a tabela 10, a seguir. Ruído e qualidade do ar obtiveram o

maior nível de insatisfação entre os trabalhadores ao serem avaliados como ruim por

49% e 36% dos entrevistados, respectivamente. Por sua vez, as condições relativas a

conforto e iluminação tiveram o maior índice de avaliação “regular”, 47% e 43%,

respectivamente. Também se apurou que nenhuma das condições foi avaliada por mais

de 49% dos entrevistados como “boa”, ou seja, no geral a situação no ambiente de

trabalho referente às condições examinadas são apontadas como regular ou ruim por

mais de 51% dos entrevistados.

Page 90: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

90

TABELA 10: OPINIÃO DOS TRABALHADORES EM RELAÇÃO ÀS CONDIÇÕES DOS LOCAIS DE

TRABALHO EM CABO DE SANTO AGOSTINHO (% - SETEMBRO 2010)

CONDIÇÕES DE TRABALHO EM

RELAÇÃO À: BOA REGULAR RUIM

Sem

Resposta

Temperatura 49% 26% 25%

Iluminação 40% 43% 17%

Ruído 17% 30% 49% 4%

Qualidade do ar 28% 36% 36%

Organização do espaço de trabalho 45% 36% 17% 2%

Limpeza 47% 34% 17% 2%

Conforto 30% 47% 17% 6%

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração:IOS

Os entrevistados explicaram as avaliações indicadas na tabela 10, conforme

as descrições a seguir:

Temperatura – O índice de 25% e 26% de avaliação ruim e regular,

respectivamente para essa condição é explicado pelo fato do setor produtivo ter um

ambiente de trabalho continuamente quente. Essa realidade se explica porque o processo

de fabricação da borracha ocorre em temperaturas elevadas, com equipamentos

(motores e bombas) exalando vapores constantemente. Para os operadores de campo a

realidade é ainda pior uma vez que as tarefas efetuadas por eles exigem um esforço

físico permanente (subir e descer escadas, andar de um lado para o outro da fábrica,

efetuar manobras, etc). Atividades que são realizadas ao ar livre, ou seja, estão expostos

a qualquer tipo de condição climática em local aberto (sol, chuva, frio, etc). Por esses

motivos os operadores de campo disseram que ficam durante o expediente com o corpo

inteiro suado e, algumas vezes a sensação de calor é insuportável.

Um dado preocupante relatado pelos entrevistados é que frequentemente a

temperatura dos equipamentos ultrapassa os 25 graus permitidos pelas normas de

segurança da planta. Situação que para automaticamente a produção, conserta-se o

problema e, retorna a operação.

Já o maior índice de avaliação “boa”, 49%, se explica pelo fato do setor

administrativo e dos operadores no painel atuarem em locais que existem ar

Page 91: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

91

condicionado. Portanto, constata-se uma enorme discrepância nas condições de

temperatura vivenciadas pelos trabalhadores do setor operacional (campo) em

comparação com os dos painéis ou do setor administrativo.

Os entrevistados acreditam que a sensação térmica poderia ser amenizada

com a instalação de ventiladores, exaustores mais potentes, além da substituição e

manutenção contínua dos aparelhos de ar condicionado, que quebram rotineiramente.

Iluminação– avaliada como regular e ruim por 60% dos entrevistados

a luminosidade da planta é um problema, essencialmente, em áreas do setor produtivo

que tem luz insuficiente para a realização de manobras. Ademais, as lâmpadas queimam

corriqueiramente devido à má qualidade da instalação elétrica da planta. Essa realidade

viola a legislação trabalhista nacional, especificamente a NR 17 (norma

regulamentadora 1798), que determina a existência de iluminação adequada, natural ou

artificial, apropriada à natureza das atividades em todos os locais de trabalho.

Segundo os entrevistados, diante da gravidade da situação, desde julho de

2010, a Lanxess vem efetuando manutenção e reparando determinados pontos de

instalações para amenizar o problema. Segundo os entrevistados, são Mmedidas

paliativas visto que o projeto de reestruturação de toda a instalação elétrica do site não

está pronto e nem ao menos tem previsão para ser iniciado.

Ruído – condição pior avaliada pelos entrevistados ao ser considerado

por 49% e 30% como ruim e regular, respectivamente. Segundo os trabalhadores, há

máquinas sucateadas e obsoletas que emitem um ruído excessivo no setor produtivo,

devido à falta de manutenção ou substituição. Também inexiste um isolamento acústico

para algumas máquinas. Somando-se a essa realidade tem os ruídos emitidos por

vazamento de ar comprimido, vapor, compressores, trocadores, agitadores, moinhos,

capelas, etc. Apesar dos trabalhadores usarem EPI auditivo o nível de ruído é tão alto

que segundo os relatos a proteção apenas ameniza o som.

Os operadores de campo afirmaram que as áreas mais críticas são a de reação

98Fonte: http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE52160012BE524821A13D0/nr_17.pdf em 08/04/2011

Page 92: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

92

e secagem visto que o ruído chega a extrapolar os 90 decibéis. Lembramos que a NR

1599 permite um limite de tolerância, contínua ou intermitente, para ruídos de 90

decibéis de no máximo 4 horas diárias, correspondendo a metade da jornada de trabalho

dos funcionários de Cabo.

Qualidade do Ar – avaliada por 62% dos entrevistados como ruim e

regular em conseqüência dos constantes vazamentos de gases, vapores, vapor da

empilhadeira, cheiro de produtos químicos (solventes e estireno, por exemplo), e da

poeira que se desprende da borracha. Alguns operadores chegaram a relatar que por

atuarem a muito tempo na fábrica perceberam diminuição na sensibilidade do olfato.

Assim, os trabalhadores entrevistados consideraram insuficientes os recentes

investimentos da Lanxess para melhorar a qualidade do ar. Acreditam que a planta

carece de manutenção preventiva100 dos equipamentos responsáveis por manter a

qualidade do ar e da instalação de aparelhos modernos de purificação de ar visto que os

existentes quebram constantemente. Além da troca de maquinas e equipamentos com

cinquenta anos de uso que estão obsoletos. Ademais, verifica-se a necessidade de

maiores cuidados no armazenamento dos produtos e da ampliação da quantidade de

exaustores existentes na planta, por exemplo, no laboratório local em que os operadores

estão em contato contínuo com amostras de produtos químicos e solventes.

Apesar dos relatos acima, um entrevistado do setor administrativo disse que

há um controle rotineiro na planta relativo a perdas do sistema produtivo, vazamentos,

emissões fugitivas, contaminações do ar, etc.

Organização do Espaço de Trabalho –foi avaliado como “regular” por

35% dos entrevistados e como bom por 45%. A distinção na ponderação se deve a

diferença de organização nas distintas áreas e setores da planta. Por exemplo, os

operadores de campo afirmaram que as áreas nas quais trabalham são desorganizadas, já

99Fonte:http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_15.pdf em 05/04/2011. 100A manutenção preventiva é uma manutenção programada conforme as periodicidades especificadas pelos

fabricantes de cada equipamento. No intuito de aproveitar ao máximo a vida útil de cada equipamento e deixa-lo em

perfeito estado produtivo.

Page 93: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

93

os operadores de painel e os trabalhadores do administrativo consideraram o espaço de

trabalho regular e bom.

Determinados entrevistados argumentaram que a planta necessita de um

projeto especifico para tratar do assunto e, solucionar questões como a falta de espaço

para organizar os equipamentos de forma adequada. Além disso, o setor produtivo

convive com a remoção freqüente de equipamentos e o “vai e vem” de empilhadeiras

devido às constantes manutenções corretivas. Para piorar a situação dentre as multi-

funções dos trabalhadores recai a responsabilidade de organizar o espaço trabalho.

Tarefa que segundo os entrevistados é quase impossível de ser realizada devido a falta

de tempo e recursos disponíveis.

Limpeza– mais da metade dos funcionários, 53%, acredita que a limpeza

da planta é regular/ruim. O índice se justifica por duas razões: primeiro os constantes

vazamentos de poeira de borracha e de outros produtos impossibilitam que o setor

produtivo encontre-se 100% limpo; segundo no setor produtivo os operadores tornaram-

se responsáveis pela limpeza do local de trabalho, após a Lanxess efetuar diminuição no

quadro de terceiros, o que acarretou no aumento das tarefas e diminuição na qualidade

da execução das mesmas (lembrando que a limpeza básica ainda é feita por uma

terceirizada). Assim, segundo os entrevistados é comum encontrar resíduos e recipientes

para regentes cheios e dispostos erroneamente.

No setor administrativo e no laboratório a limpeza é feita por terceiros.

Conforto no Local de Trabalho – 64% dos entrevistados avaliaram a

condição como regular e ruim por existência de móveis quebrados, piso que necessita de

reparos, espaço desorganizado e sem limpeza. Ademais, para os operadores de painel a

situação ergométrica referente à qualidade das cadeiras e da altura das bancadas é critica

gerando dores e desconforto contínuo. Esses relatos apontam que a ergonomia na planta

de Cabo de Santo Agostinho da Lanxess apresenta problemas podendo estar violando a

norma regulamentadora 17 (NR 17),na medida em que a NR determina mobiliários

Page 94: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

94

adaptados para trabalhos feitos sentado e em pé101. Assim escrivaninhas, painéis,

bancadas e mesas, devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura,

visualização e operação.

A realidade dos operadores de campo é ainda pior visto que esses

profissionais exercem grande parte do trabalho andando pela fábrica, subindo e

descendo escadas e, sujeitos ao frequente ruído das maquinas.

Manutenção

A manutenção da unidade de Cabo de Santo Agostinho/PE, assim como das

outras plantas da Lanxess, é efetuada por empresas terceirizadas que algumas vezes para

cortar custos contratam profissionais desqualificados. Por essa razão, os terceirizados

despreparados e sem conhecer a realidade da planta efetuam freqüentemente tarefas

erradas o que prejudica o trabalho dos próprios e, conseqüentemente, amplia a

possibilidade de ocorrer acidentes (segundo relatos do sindicato e de entrevistados). Por

exemplo, houve um caso de terceiro que pintou a haste de uma válvula emperrando a

abertura ou fechamento da mesma, por cerca de seis meses. A situação gera insegurança

nos operadores, devido os riscos que uma manutenção mal feita pode provocar.

Segundo entrevistas com terceirizados, antes da crise econômica de 2008 que

acarretou em demissões, existia uma equipe de manutenção voltada somente para

manutenção preventiva.

Os trabalhadores terceiros apontaram que o compressor, o BG, o colocador

de utilidade e o filtro são maquinas antigas que precisam de manutenção constante. As

caldeiras também se encontram em condições precárias.

101 Norma regulamentadora 17 (NR 17).Fonte:

http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE52160012BE524821A13D0/nr_17.pdf em 08/04/2011

Page 95: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

95

Quadro funcional responsável pela Saúde & Segurança

Como abordado em parágrafos anteriores, uma parte considerável do quadro

funcional responsável pela saúde e segurança da planta, de Cabo de Santo

Agostinho/PE, saiu da empresa. Dentre esses profissionais estavam o engenheiro de

segurança e seis técnicos de segurança alguns deles tinham mais de 15 anos de tempo de

serviço na planta. Para substituí-los a Lanxess teve de contratar novos profissionais,

porém demorou em contratar e quando fez contratou profissionais inexperientes. Por

esse motivo, segundo os dirigentes sindicais, atualmente é comum os operadores

saberem mais do que os inspetores de segurança.

Outro ponto preocupante é o número reduzido de inspetores de segurança na

unidade. Acarretando, por exemplo, há falta de um inspetor de segurança de plantão no

período de turno o que provoca insegurança nos operadores para a realização de certas

manobras. Tarefas que de acordo com os procedimentos de segurança da própria planta

exigem o acompanhamento de um inspetor. Assim, na falta deste profissional muitas

vezes os operadores realizam manobras contrariando o procedimento.

Os dirigentes sindicais informaram que a unidade deveria contar com a

presença de um médico do trabalho e de uma enfermeira 24 horas, conforme os

procedimentos de saúde e segurança. Porém, apenas no horário administrativo esses

profissionais estão presentes.

Os trabalhadores também criticaram o fato de não haver mais o procedimento

de manter de prontidão uma ambulância, com enfermeiro e um técnico de segurança,

nos momentos em que os operadores efetuam serviços em ambientes confinados (por

exemplo, dentro de um tanque), como ocorria no período da Petroflex.

Por fim, verificou-se neste item que muitas vezes a gerência local de Cabo de

Santo Agostinho/PE prefere remediar as soluções dos problemas para diminuir os custos

em vez de resolver em definitivo os riscos e precariedades existentes na plante em

Page 96: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

96

relação à saúde e segurança do trabalhador. Apesar, da Lanxess anunciar no site da

empresa que a saúde e segurança de seus funcionários está em primeiro lugar102.

6.1.9. Meio Ambiente

Em Cabo de Santo Agostinho/PE, cerca de dois terços dos entrevistados,

74%, acreditamque a empresa cause algum tipo de dano ambiental. Dentre as

justificativas encontra-se a de que uma empresa química sempre causa algum tipo de

dano ao meio ambiente. Declaração preocupante uma vez que, desta forma, os

trabalhadores consideram que a poluição é um fato inerente à planta química e, portanto

corriqueira sendo impossível eliminá-la. Entretanto, como exemplo, os entrevistados

citaram alguns casos de danos ao meio ambiente sucedidos em Cabo recentemente:

- Muitas vezes, devido o volume alto da produção ou alguma falha no

sistema, a purga103

responsável pelo tratamento de água das caldeiras encaminha os

resíduos (soda cáustica, cloreto, silícica e outros) direto para o rio, sem a separação

prévia dos resíduos da água. Ao mesmo tempo, sempre uma parte dos resíduos acaba

sendo despejada no rio, devido à falta de capacidade da planta em conseguir coletar

tudo. Prejudicando as populações vizinhas e os ecossistemas ao redor;

- Há constantes vazamentos de produtos químicos (resíduos líquidos,

solventes, etc) em decorrência do sucateamento das instalações da planta (como bombas

de borracha e drenagem de filtro que vazam, junta de filtro que rompe, etc) e da falta de

uma manutenção corretiva. Assim, mesmo que a empresa tente controlar e corrigir não

conseguirá eliminar por completo o problema, caso não efetue investimentos

paramodernizar as instalações;

- Muitas vezes, os produtos químicos utilizados na fábrica são armazenados

102 Fonte: www.lanxess.com.br, acesso em 21/06/2011. 103 Purga = tem por objetivo a remoção de sólidos acumulados na recirculação da água em ebulição e é utilizada para

reduzir as impurezas da água. Fonte: www.esac.pt/rnabais/CALDEIRAS1/tratamento%20de%20água.ppt em

15/03/2011

Page 97: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

97

de forma incorreta, assim como ocorre emissões de gases fugitivos, devido o

manuseamento irregular de operadores mal preparados.

- O flare104

(sistema de segurança para aliviar os gases de industriais

petroquímicas, refinarias etc) que deve ser acionado apenas em situações de emergência

para queimar gases (impedindo a ocorrência de acidente105

) está sendo usado em Cabo,

muitas vezes, para queimar líquidos contaminados que deveriam ser desviados, tratados

e enviados a outro local;

- Emissão do excedente de hidrocarbonetos através do desvio do mesmo para

outra tocha, em vez de queimá-lo conforme o procedimento correto;

- Em 2010, houve vazamento de TBC (Terciário ButilCatecol106

) no qual a

comunidade ao redor imediatamente sentiu o cheiro e outros sintomas.

- Os funcionários terceirizados também relataram casos de vazamentos de

vazamentos de solventes e emissões de gases fugitivos como o hexano.

Os dirigentes sindicais confirmam os relatos acima dizendo que recebem

notícias constantes de infração aos procedimentos de segurança que provocam danos

ambientais como vazamento de produtos químicos e emissão de gases fugitivos. A

partir dos casos citados acima podemos supor que a empresa esteja infringindo a

determinação do Ministério do Trabalho107

de que os resíduos devem ser tratados e

retirados dos limites da indústria, para evitar riscos à saúde e segurança do trabalhador.

Apesar, desta realidade os entrevistados também informaram que a Lanxess

se preocupa mais com as questões ambientais do que a Petroflex. Desde que assumiu o

controle da empresa, tornou mais rígido o tratamento de efluente, o controle de emissão

atmosférica e o monitoramento de vazamentos. Ademais, instalou barreiras de

104 O flare evita que situações anormais dentro da fábrica ocorram, como equipamentos que ultrapassem os valores

máximos admissíveis de operação. 105Fonte: http://www.poloabc.com.br/noticias/npa26_10.asp em 16/03/2011 106Produto que serve para inibir a polimerização durante a armazenagem do produto. Fonte:

http://www.abmaco.org.br/download/proj_comite/fispqmon%C3%B4mero%20de%20estirenodow.pdf, acesso em

15/03/2011 107 De acordo com a Norma regulamentadora 25 (NR 25), a empresa tem que se utilizar de métodos e procedimentos

para eliminar os resíduos gasosos e é proibida sua liberação nos ambientes de trabalho, de acordo com os limites de

tolerância estabelecidos pela Norma Regulamentadora - NR 15. (125.001-9 / I4).

Page 98: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

98

contenção, coluna de destilação, mudanças no alinhamento das galerias e, instituiu

procedimentos padrões no intuito de inibir os danos ambientais. A Lanxess oferece um

número de telefone para a comunidade ao redor ligar caso verifique algum problema

ambiental causado pela planta.

Recentemente, sem a consulta prévia dos sindicatos e comunicação aos

trabalhadores a empresa cortou cerca de cinquenta árvores localizadas ao redor da

unidade. Ocorrência que, conforme apurou a pesquisa de campo, deixou muitos dos

trabalhadores tristes por considerarem aquelas arvores um patrimônio ambiental. O ato

gerou uma multa de desmatamento para a Lanxess. Possivelmente, segundo os

entrevistados, a empresa tenha feito a retirada das árvores para evitar a presença de

animais peçonhentos e melhora a visibilidade da fachada da planta.

Por fim, 13% e 49% dos entrevistados acreditam que os problemas

ambientais da unidade afetam a saúde deles um pouco e muito, respectivamente (gráfico

20, a seguir). Essas ponderações foram feitas, essencialmente, pelos operadores do setor

produtivo que estão expostos rotineiramente aos produtos químicos e gases. O alto

índice demonstra que a situação referente ao meio ambiente da planta é extremamente

preocupante.

GRAFICO 20: OPINIÃO DOS TRABALHADORES EM RELAÇÃO A SEREM AFETADOS PELOS

PROBLEMAS AMBIENTAIS DA EMPRESA (% - SETEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE em setembro de 2010.

Elaboração: IOS

13%

49%

21%

17%

Afeta Muito Afeta Pouco Não Afeta Nada Não Sei

Page 99: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

99

Os trabalhadores que acreditam não serem afetados pelos problemas

ambientais da empresa no geral atuam no setor administrativo.

6.1.10. Responsabilidade Social

A maioria dos entrevistados, 77%, afirmou nunca ter sido convidada pela

empresa para fazer algum tipo de trabalho voluntário. No geral, os entrevistados

desconhecem os programas que existentes da Lanxess em relação à responsabilidade

social. Alguns trabalhadores relataram que a empresa possui um programa de visita à

unidade para os familiares dos trabalhadores. E, existe um programa chamado “Portas

Abertas” no qual a comunidade, escolas e universidades podem visitar a fábrica.

Segundo os dirigentes sindicais, em 2010, a Lanxess contratou deficientes físicos

para cumprir com a cota que a legislação determina. A empresa não tem nenhuma politica

especifica e própria para esses profissionais, assim eles ocupam funções burocráticas e

auxiliares.

Por fim, para 81 % dos entrevistados respeitar os direitos fundamentais do

trabalho é uma característica forte de uma empresa socialmente responsável.

6.1.11. Terceirização

Há cerca de 400 terceirizados que atuam na unidade exercendo cargos nas

áreas de manutenção, embalagem e serviços gerais. Número que é quase quatro vezes a

quantidade de trabalhadores próprios. Os terceiros são contratados por empreiteiras que

costumam firmar um contrato com a Lanxess a partir de um processo de licitação.

No geral, os terceirizados são submetidos a relações e condições de trabalho

inferiores aos dos próprios. Recebem salários inferiores, exercem um ritmo de trabalho

mais intenso, acumulam funções devido à falta de pessoal, exercem esforço físico

elevado e tem responsabilidades exacerbadas. Ademais, sofrem discriminação por parte

Page 100: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

100

de alguns trabalhadores próprios da Lanxess que se consideram superiores. Os

trabalhadores destas empresas são representados por sindicatos diferentes e, distintos do

SINDBORRACHA.

No quadro 11 encontram-se as principais empresas terceirizadas contratadas

pela Lanxess em Cabo de Santo Agostinho/PE.

QUADRO 11: PRINCIPAIS TERCEIRIZADAS NA PLANTA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO

Terceirizada Serviço Prestado

COMAU108

Empresa de capital italiano, ramificação da Fiat, é responsável pela manutenção da

unidade. Os funcionários da COMAU ocupam cargos de: calderaria, mecânica,

elétrica, instrumentação e inspeção. Emprega um total de 45 profissionais

Wilson Sons

Empresa de transporte marítimo,responsável por funcionários que atuam no setor

de beneficiamento e, em outras áreas como expedição e carregamento da

mercadoria.

Montreal

Presta serviços de engenharia de manutenção pontuais dentro da planta

complementando o trabalho da Comau que tem o quadro reduzido e, portanto, não

consegue dar conta de toda a manutenção da planta.

Os trabalhadores da Montreal recebem mais do que os da COMAU. Por exemplo, o

piso salarial de caldeireiro da Montrel é de R$ 1.050, 00 já o da COMAU é de R$

785,00. Além disso, o soldador e os operadores elétricos da Montrea

l também recebem mais do que os trabalhadores que da COMAU que trabalham

diariamente dentro da planta.

Fonte: Pesquisa de Campo efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE, em novembro de 2010.

Elaboração: IOS

Os temas mais controversos relativos à terceirização na planta de Cabo são:

• Falta de parâmetros trabalhistas para a contração das empreiteiras–

A pesquisa apurou que a Lanxess não exige padrões trabalhistas das empreiteiras para

contratá-las.As licitações ficam a cargo de funcionários da Lanxess com a

responsabilidade de gerir contratos com as empresas terceiras. Alguns desses

profissionais são mais conscientes e exigem critérios como vale transporte integral,

cesta básica, periculosidade e plano de saúde. Outros gestores priorizam o menor custo

em vez de condições mínimas de trabalho.

Por essa razão, existe diferença entre as relações e condições de trabalho

108 Empresa de origem italiana com escritório brasileiro localizado na cidade de Betim/MG

Page 101: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

101

praticadas pelas empreiteiras que atuam na unidade. Por exemplo, as condições dos

terceiros, funcionários da empreiteira COMAU, são melhores do que a dos outros.

• Hora Extra - Na opinião de alguns trabalhadores próprios, os

terceirizados realizam horas extras em excesso. Houve um relato de agressão verbal por

parte de um supervisor porque um trabalhador não atendeu um chamado para a

realização de hora extra. Os terceiros também relataram que apesar de não poderem

ficar mais de doze horas na empresa, conforme a legislação trabalhista e as normas da

empresa determinam, às vezes são solicitados a passar crachá saindo da unidade e voltar

imediatamente ao trabalho para atuar mais quatro horas.

Para piorar a situação os terceirizados precisam cobrar, constantemente, a

chefia para receberem a remuneração pelas horas extras efetuadas.

• Horário da Refeição– Houve inúmeros relatos de insuficiência de

refeição para os trabalhadores terceirizados quando estes efetuam hora extra. A questão

é que a empresa GR, responsável pelas refeições dos funcionários da Lanxess em Cabo

de Santo Agostinho, solicita um aviso prévio especificando a quantidade de terceiros

que trabalharão no turno para servir as refeições. No entanto, as empresas terceirizadas

têm dificuldade de passar esse número, pois a Lanxess não tem programação de

manutenção.

• Discriminação - Os entrevistados durante a pesquisa de campo

afirmaram que os terceiros são discriminados pelos trabalhadores próprios. Há relatos

de supervisores que não cumprimentam os terceiros. Dessa forma, existe pouca

integração entre os trabalhadores próprios e terceiros. A própria Lanxess promove isso

uma vez que os eventos da empresa são voltados apenas para os trabalhadores diretos.

Por exemplo, em 2010, um evento de comemoração pela ampliação de uma área de

produção não contou com a presença dos trabalhadores terceirizados. Ao mesmo tempo,

o grêmio da empresa não pode ser utilizado pelos terceiros, apenas com autorização

prévia visto que é custeado pelos funcionários próprios.

Para melhorar a situação os dirigentes sindicais sugeriram uma política

Page 102: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

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corporativa da empresa de inclusão que busque agregar todos os profissionais que

atuam dentro da unidade.

Saúde e Segurança – Os terceirizados da Comau disseram que nenhum

dos técnicos de segurança da Lanxess ou cipeiro tem coragem de embargar algum tipo

de serviço. Segundo eles, quando tem que ser feito algum tipo de manutenção em

espaços confinados ou em grandes alturas, no qual às vezes o andaime está com a

montagem inadequada, com falta de qualidade ou quando os trabalhadores da Lanxess

percebem que não dá para fazer o serviço, estes normalmente se omitem para embargar

o serviços. Além disso, a equipe de segurança da Lanxess também se omite, na opinião

dos terceiros da Comau, em procedimentos de liberação de equipamentos. Um exemplo

disso é quando eles têm que abrir algum equipamento soltando gás, com máscara de

filtro, com perigo de explosão caso o equipamento solte alguma faísca. Caso os

terceiros se neguem a fazer algum tipo de serviço, alegando a falta de procedimentos

adequados, ele provavelmente será demitido no dia seguinte. Desta maneira, os

entrevistados afirmaram que muitas vezes os procedimentos corretos e ideais não são

seguidos e, normalmente, somente quando ocorre um acidente é que é exigido algum

tipo de procedimento.

No quadro 12 a seguir é apresentado com maior profundidade as relações e

condições trabalhistas das empresas terceiras, COMAU e Wilson Sons, que prestam

serviço dentro da unidade de Cabo de Santo Agostinho/PE.

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QUADRO12:RELAÇÕES E CONDIÇÕES DE TRABALHO DAS EMPRESAS TERCEIRIZADAS - COMAU E WILSON SONS EM CABO DE SANTO AGOSTINHO

TEMA EMPRESA

COMAU WILSON SONS

Contrato

com a

Lanxess

Negociado de dois em dois meses, o que deixa os terceirizados da COMAU inseguros

em relação à estabilidade no emprego. No período da Petroflex o contrato era negociado

bienalmente.

----------

Represent

ação

Sindical

Representados pelo SINTAP (Sindicato das Empresas Terceirizadas). Tentaram se filiar

ao sindicato dos metalúrgicos, mas a Lanxess não aceitou. Na prática consideram o

SINDBORRACHA como o sindicato que os representa, por ser a instituição que cobra as

ações da empresa.

Representados pelo Sindicato do Transporte. Gostariam de se filiar ao

SINDBORRACHA.

Pratica

Anti-

Sindical

---------- Evitam chegar perto de dirigentes sindicais ou manter qualquer tipo de relação com o

SINDBORRACHA dentro da fábrica.

ACT

(Acordo

Coletivo

de

Trabalho)

Sabem que existe um ACT, mas não tem acesso ao documento. Sabem que existe um ACT, mas não tem acesso ao documento.

Jornada

de

Trabalho

8 horas diárias e 44 horas semanais cumpridas no horário administrativo. Os trabalhadores que atuam na produção fazem turnos rotativos de 8 horas diárias,

sendo seis dias de trabalho direto e dois de folga.

Plantão

Efetuam 15 horas de plantão, período no qual o trabalhador fica disponível em casa para

trabalhar fora do horário administrativo, caso seja necessário algum tipo de manutenção

emergencial.

Hora

Extra

Valor adicional de 50% em dias úteis, sobre as duas primeiras horas extras, e de 100%

nos sábados, domingos e feriados

Ultimamente a quantidade de horas extras aumentou, em média realizam cerca de 20

horas extras mensais.

Efetuam constantemente horas extras, pois sempre adoece ou algum trabalhador

falta. Os terceiros da Wilson Sons denunciaram que às vezes não recebem por todas

as horas extras efetuadas e, quando são remunerados ocorre apenas dois meses

depois da hora extra ter sido realizada.

Adicionai

s

30% de Periculosidade, não recebem PLR e nem o complementar de 13° salário e de

férias. 30% de Periculosidade, PLR = R$350,00

Remunera

ção

Menor salário base é o do administrativo - R$800,00 periculosidade) e da calderaria –

entre R$ 785,00a R$ 860,00 e maior salario do instrumentista - R$ 1.500,00. Piso salarial de R$ 630,00. Maior salário R$ 900,00

PCC

(plano de

Cargos),

Inexiste na prática Inexiste

Discrimin

ação

Os terceiros da Comau se sentem discriminados pelos trabalhadores próprios. Por

exemplo, há casos de supervisores e coordenadores que não falam e nem cumprimentam

os empregados terceirizados. Os terceiros da COMAU disseram que a relação com o

fiscal de manutenção e o supervisor da Lanxess é muito ruim. Acreditam que os

Os trabalhadores da Wilson Sons disseram que se sentem discriminados por

determinados funcionários próprios tanto por operadores como por líderes, supervisores

e profissionais do administrativo. Segundo os terceirizados, somente o pessoal do

sindicato se aproxima para conversar com eles. Alguns chamam eles de “orelha seca”

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funcionários próprios da Lanxess não levam os problemas da manutenção para os

gerentes.

Saúde e

Seguranç

a

Consideram-se bem informados sobre os riscos de doenças e de acidentes de trabalho.

Recebem treinamentos sobre o tema. E disseram que a COMAU emite CAT para todos os

casos de acidente de trabalho.

Considera-se bem informados sobre tema.

Avaliação

sobre as

condições

do

Ambiente

de

Trabalho

Iluminação - caracterizaram como péssima principalmente a noite na área de

coagulação.

Ruído - caracterizaram como ruim na área de coagulação e ao dos secadores de

borracha.

Qualidade do ar – consideraram como regular mesmo após a diminuição de vazamentos

na planta uma vez que continuam sentido odores.

Ritmo de trabalho – é extremamente alto, pois houve desligamentos de trabalhadores

que não foram repostos. Situação que é agravada pela realidade da unidade com

equipamentos sucateados necessitando manutenção constante.

Temperatura - muito elevada, sentem calor e ficam suados e sujos de óleo e

borracha.

Ruído - em excesso mesmo utilizando de EPI auricular.

Ritmo de trabalho – intenso com metas elevadas.

Equipamentos de trabalho apontado como ruim. Por exemplo, cadeiras

desconfortáveis, computador lento e antigo, mesas baixas. A repetitividade de

movimentos também foi tida como constante, principalmente para o auxiliar de produção

que organiza os fardos.

O piso por onde passa a empilhadeira, na área de secagem, é cheio de buracos. Por

essa razão, os empilhadeiristas costumam se queixam de dores nas costas.

Acidente Um acidente relatado no capitulo 6.1.8 – Saúde e Segurança, no item - Acidentes de

Trabalho

Um acidente de trabalho grave, no qual um dos operadores terceirizados ficou preso

em uma corrente e ficou afastado por dois dias.

EPI Segundo relatos os EPIs utilizados pelos terceiros são idênticos aos dos trabalhadores

próprios da Lanxess. Relataram que às vezes falta EPI

Demissão

/Admissã

o

Em 2008, com o argumento da crise, foram demitidos cerca de 40 funcionários terceiros

da Comau. Antigamente, tinham cerca de cem pessoas fazendo o mesmo serviço que hoje

fazem em torno de quarenta e cinco pessoas. Por essa razão, o ritmo de trabalho

aumentou consideravelmente. O mesmo o supervisor é completamente sobrecarregado

precisa quebrar a cabeça para tirar um trabalhador de um lugar menos prioritário para

alocar em outra atividade.

Em decorrência do quadro enxuto os terceirizados disseram que é impossível cumprir

todas as metas solicitadas.

Em 2009, foram demitidos 4 funcionários do setor de secagema, 4 empilhadeiristas e

5 no setor de beneficiamento. Após a crise apenas os funcionários do setor de

beneficiamento foram repostos.

Por essa razão, o ritmo de trabalho aumentou para os empilhadeirista e para os

trabalhadores da área de secagem. Por exemplo, o apontador (encarregado da Wilson

Sons) só deveria ajudar o empilhador na hora da janta, porém o apontador ajuda o

empilhador o tempo todo para dar conta do trabalho. Na época da Petroflex, o trabalho

era mais tranquilo. Hoje, o operador sai da empilhadeira e não consegue nem se sentar

e só vai ao banheiro em último caso.

Extras

Há vários funcionários da COMAU saindo da empresa para buscar melhores

oportunidades, já que o salário oferecido pela COMAU é bem inferior ao de outras

empresas da região. Recentemente, dez trabalhadores se desligaram.

Os terceiros da Wilson Sons relataram que costumam realizar funções que não

poderiam ser feitas por eles. Por exemplo, mexer na embaladeira durante o período da

noite, quando o pessoal do administrativo não está presente.

Os terceiros da Wilson Sons tem dificuldade de compreender o contra cheque.

Também existe omissão por parte da Wilson Sons a respeito de informações sobre o

plano de saúde, pagamento das horas extras, etc.

Nos últimos dois meses, antes da pesquisa, não houve pagamento do HRA (Hora de

Repouso Alimentação)

Page 105: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

105

6.1.12. Refeição

A planta de Cabo de Santo Agostinho/PE tem um refeitório interno que

fornece alimentação aos trabalhadores próprios e terceiros nos horários de almoço, janta

e no período noturno, da mesma forma que ocorre em outras unidades da Laxess.

Entretanto, a pesquisa de campo apurou inúmeras reclamações relativas à qualidade da

alimentação servida no refeitório fora do horário administrativo, além de problemas

com o fornecimento da mesma aos terceirizados.

A má qualidade da refeição está relacionada, principalmente, com o

denominado pelos trabalhadores de “lanchinho” composto por frutas, sobremesa e suco,

servido aos operadores próprios e terceiros, que trabalham no horário de turno. O lanche

é considerado ínfimo e, muitas vezes, com qualidade duvidosa. Os sindicalistas

disseram que a empresa que presta serviço de alimentação para Lanxess é boa, na

medida em que serve boas refeições para outras empresas, mas que a qualidade da

alimentação depende do valor definido no contrato. Ou seja, depende do quanto a

Lanxess está disposta a investir na alimentação servida para os seus trabalhadores

Já o problema com o fornecimento da alimentação aos terceiros está

relacionado com a falta de planejamento da planta uma vez que quando os terceiros

precisam ficar além do expediente e, não avisam até um determinado horário o

refeitório, eles ficam sem se alimentar.

6.1.13. Reorganização/Reestruturação

Ao assumir o controle da Petroflex a Lanxess iniciou um processo de

reorganização do setor produtivo da planta de Cabo de Santo Agostinho que culminou

na diminuição do quadro de trabalhadores, conforme o quadro a seguir.

Page 106: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

106

Quadro:Reorganização por Setor Cabo de Santo Agostinho/PE

Utilidade Reação e Recuperação Coagulação, Secagem e

Acabamento Limpeza

Um posto de trabalho

foi eliminado no

setor. Antes atuavam

na área três

operadores (um

responsável pela

caldeira, um pela

água e outro pelo

painel).

Um posto de operador de

campo responsável

apenas pela área de

recuperação foi eliminado.

Assumiu as funções deste

posto o operador de painel

da área 400 que já era

responsável pela área de

reação.

Um posto de operador de

painel foi eliminado

alocando apenas dois

operadores para a função.

Também foi reduzido o

número de trabalhadores

terceirizados na área na

qual a borracha é

ensacada.

Quatro postos de

trabalho responsáveis

pela limpeza dos

equipamentos que

eram ocupados por

terceiros foram

extintos

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em setembro de 2010. Elaboração: IOS

A reorganização da planta iniciou em 2008 com a demissão de vinte

trabalhadores em sua maioria da produção. Esses trabalhadores, segundo os dirigentes

sindicais, foram mandados embora no turno do corujão, ou seja, na calada da noite. Para

demiti-los a Lanxess utilizou o argumento da crise econômica mundial que resultou na

paralisação de uma linha de produção devido a baixa demanda do mercado. Neste

momento a empresa informou que com o término da crise os postos de trabalho

cortados seriam repostos. Porém, meses depois a linha foi reativada e trabalhadores de

outros postos incorporaram as funções dos profissionais que foram demitidos. No inicio

de 2009, mais dez trabalhadores foram demitidos em consequencia da eliminação de

determinados postos.

Apesar da empresa ter reposto alguns quadros, no segundo semestre de 2009,

o número de admitidos foi inferior aos demitidos gerando acúmulo de funções em

determinadas áreas da produção.O SINDBORRACHA calcula que desde 2008 houve

um enxugamento de 17% do quadro de operadores e de 30% dos trabalhadores

terceirizados que atuavam na área de secagem e em outras áreas.

No geral, os trabalhadores entrevistados informaram que a reestruturação

aumentou consideravelmente o volume de trabalho. Por essa razão, passaram a executar

tarefas a partir de uma lista de prioridades e comumente não conseguem efetuar toda a

lista deixando de executar determinada tarefa para efetuar outra sendo corriqueiro

ocorrer de manobras e tarefas ficarem pendentes. A situação se torna pior quando um

Page 107: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

107

operador se retira para almoçar e somente um operador fica responsável por toda a área.

No setor de utilidade foi relatado pelos entrevistados que determinadas tarefas são

impossibilitadas de serem realizadas mesmo quando os dois operadores responsáveis

pela área estão presentes. Por exemplo, quando é necessário realizar duas manobras ao

mesmo tempo ou uma manobra localizada em um ponto distante. Tarefas que acabam

sendo adiada. Assim, os operadores priorizam o trabalho de acordo com as necessidades

momentâneas. Entretanto, algumas tarefas essenciais de prevenção de acidentes são

sempre prioritárias como monitoramento de equipamentos de risco e o controle da água

das caldeiras.

No setor de reação os operadores do painel de controle monitoram as três

linhas de produção atentamente sendo recomendado pela chefia da Lanxess que o

operador de painel nunca abandone o posto. Entretanto, ocorrem casos do operador de

painel necessitar deixar o posto para auxiliar o operador de campo ou quando ocorre um

problema que deve ser manualmente. Ausências que ocorrem em consequência da

reestruturação que reduziu o número de trabalhadores do setor. Na área de secagem e

acabamento o operador do painel precisa se ausentar do posto corriqueiramente,

segundo relatos isso acontece em consequência da redução do número de trabalhadores

na área.

Page 108: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

108

6.2. DUQUE DE CAXIAS/RJ

6.2.1. Perfil da Unidade

Hoje em dia a unidade de Duque de Caxias/RJproduz as seguintes borrachas:

Buna - 1712, Borracha branca - 1502, 1721, 1500, 1721 e, LM - 1712. No período da

Petroflex produzia-se uma diversidade bem maior de borracha fazendo com que os

operadores gastassem um tempo considerável na desmontagem, limpeza e montagem da

linha de produção toda vez que era fabricado um tipo de borracha diferente.

Segundo os relatos obtidos durante a pesquisa de campo a planta é antiga e

encontra-se sucateada. De acordo com o sindicato, o sucateamento da planta ocorre

desde a privatização da Petroflex, em 1992, com o Plano Nacional de Desestatização.

Nos primórdios essa planta se chamava Fabor (Fábrica de Borracha Sintética) depois foi

adquirida pela Petroquisa, em 1977 e, posteriormente incorporada pela Petroflex.

Atualmente, o setor de produção conta apenas com um líder de turno

responsável por toda a fábrica. Antes, havia um líder para cada área da produção.

6.2.2. Perfil dos Trabalhadores

O quadro funcional da unidade da Lanxess de Duque de Caxias/RJ é

composto por 189 funcionários109

alocados nos setores de administração e produção e

na área de laboratório, conforme aponta a tabela 11, a seguir. Percebe-se

109Fonte: Lanxess Brasil, Relatório de Contribuição Sindical109 de 2010 da planta Duque de Caxias/RJ,

disponibilizado pelo SINDQUIMICA de Duque de Caxias/RJ, em setembro de 2010. Elaboração: IOS

Page 109: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

109

TABELA 11: QUADRO FUNCIONAL DA UNIDADE DE DUQUE DE CAXIAS (% - DEZEMBRO/2010)

Área Trabalhadores Diretos

Administrativo 35%

Produção 63%

Laboratório 2%

Total 100%

Fonte:Lanxess Brasil, Relatório de Contribuição Sindical110

de 2010 da planta Duque de Caxias/RJ,

disponibilizado pelo SINDQUIMICA de Duque de Caxias/RJ, em setembro de 2010.Elaboração:IOS

Além dos funcionários diretos, a unidade conta com 300 profissionais

terceirizados atuando no setor de serviços gerais, embalagem e na manutenção corretiva

e preventiva da planta (tema aprofundado no item 6.2.11 – Terceirização).

Após a planta ter sido adquirida pela Lanxess, 12 profissionais foram

desligados da empresa, já em 2009 não houve demissões, conforme consta nas rescisões

de contrato111detrabalho, homologadas pelo sindicato entre 2008 e 2009.

Sexo/Gênero

A maioria do quadro funcional da Lanxessde Duque de Caxias/RJ é composta

por homens, 84%, predominância que ocorre tanto no setor administrativo como no

produtivo.

TABELA 12:NÚMERO DE TRABALHADORES POR SEXO/GÊNERO EM DUQUE DE CAXIAS (%-

DEZEMBRO 2010)

Área

Sexo/Gênero

Feminino Masculino

N % N %

Laboratório 0 0 4 3%

Administrativo 27 90% 39 24%

Produção 2 10% 117 73%

Fonte:Lanxess Brasil, Relatório de Contribuição Sindical112

de 2010 da planta Duque de Caxias/RJ,

disponibilizado pelo SINDQUIMICA de Duque de Caxias/RJ, em setembro de 2010. Elaboração: IOS

110Segundo definição do MTE e conforme os artigos 578 a 591 da CLT, a contribuição sindical é compulsória e deve

ser recolhida anualmente por todos aqueles que participam de uma determinada categoria econômica ou profissional,

ou até mesmo de uma profissão liberal, independente da associação a um sindicato. Em 2009, a resolução

SRT/MTE/Nº 202/2009 definiu que as empresas são obrigadas a remeter à entidade sindical a relação nominal dos

trabalhadores contribuintes da contribuição sindical profissional.

Fonte:http://www.mte.gov.br/cont_sindical/default.asp, acessado em Março/2011. 111 Rescisão de contrato é a forma de por fim ao contrato em razão de lesão contratual. Forma-se pelo

descumprimento das partes, recíproca ou não, sendo válidos os artigos 482 e 483 da CLT. Fonte:

http://www.professortrabalhista.adv.br/rescisao_de_contrato.html, acessado em 23/03/2011. 112Segundo definição do MTE e conforme os artigos 578 a 591 da CLT, a contribuição sindical é compulsória e deve

ser recolhida anualmente por todos aqueles que participam de uma determinada categoria econômica ou profissional,

Page 110: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

110

As mulheres se concentram no setor administrativo representando quase a

metade do quadro deste setor, 40%. Ocupam funções de auxiliar de escritório, assistente

social, técnica administrativa, técnica logística, técnica de informática, técnica de

recursos humanos, engenheira, etc. Somente 10% das mulheres estão alocadas na

produção.

Idade,Cor/ Raça, Escolaridade e Tempo no Emprego

Não foi possível auferir informações sobre esses temas por carência de dados

coletados durante a pesquisa amostral.

6.2.3. Liberdade Sindical e Negociação Coletiva

O instrumento jurídico que regulamenta as relações de trabalho com os

funcionários diretos da planta de Duque de Caxias/RJ é o Acordo Coletivo de Trabalho

(ACT). A data base da categoria é no 1º dia de setembro. O piso salarial é de R$

825,00113.

Os trabalhadores diretos da unidade de Duque de Caxias/RJ são

representados pelo SINDQUIMICA (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias

Petroquímicas de Duque de Caxias/RJ), filiado à Central Única dos Trabalhadores

(CUT).

Segundo informações do sindicato, o número de sindicalizados é de 127

trabalhadores representando um índice de sindicalização de 67%. Porcentagem alta

para os padrões nacionais uma vez que a média nacional, em 2008, encontrava-se na

ou até mesmo de uma profissão liberal, independente da associação a um sindicato. Em 2009, a resolução

SRT/MTE/Nº 202/2009 definiu que as empresas são obrigadas a remeter à entidade sindical a relação nominal dos

trabalhadores contribuintes da contribuição sindical profissional. Fonte:

http://www.mte.gov.br/cont_sindical/default.asp, acessado em Março/2011. 113 Acordo coletivo de 2010 com vigência por 2(dois) anos, a partir de 1º de setembro de 2010.

Page 111: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

111

ordem de 18%114.

Segundo os dirigentes sindicais entrevistados o acesso ao local de trabalho

para sindicalistas liberados ocorre somente com autorização prévia e finalidade

explicita. A Lanxess não permite a distribuição de material sindical como boletim e

jornal dentro da empresa e, inexistem espaços nos murais da planta para afixar

informativos sindicais. Em determinadas ocasiões à gerência local negocia algumas

concessões como dispor as urnas, no decorrer da eleição sindical, ao lado do cartão de

ponto. Apesar das dificuldades, os relatos obtidos no decorrer da pesquisa de campo

informaram que a presença dos trabalhadores nas assembleias promovidas pelo

sindicato é alta.

Conforme determinadas entrevistas existe uma discriminação da gerência

local com os dirigentes sindicais que trabalham na planta. Por exemplo, em 2008 um

dirigente foi punido após ser responsabilizado por um vazamento. Porém, antes do fato

em si ele já havia informado a chefia direta que o risco era eminente.

Os representantes sindicais disseram que a empresa não fornece informações

de natureza empresarial ao sindicato. Assim, dados a respeito das vendas, faturamento,

lucro, etc, são coletados em meios de comunicação diversos. .

6.2.4. Remuneração

A remuneração dos trabalhadores da unidade de Duque de Caxias/RJ é

composta de adicionais. Os profissionais do setor administrativo recebem 30% de

adicional periculosidade. Já os trabalhadores do setor produtivo recebem adicionais de

periculosidade, 30%, noturno, 26% e, hora repouso e alimentação, 32,5% -

porcentagens calculadas sobre o salário nominal. Assim, contabilizando os adicionais o

menor remuneração paga na planta é de R$ 1.500,00 e a média salarial é de R$

4.218,17.

114Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u400883.shtml acesso em 18/05/2010.

Page 112: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

112

Na tabela 13, a seguir, cruzamos a remuneração dos trabalhadores com o

gênero dos funcionários e, constatamos que no geral as mulheres recebem salários

inferiores ao dos homens na medida em que 48% das mulheres recebem até R$3.570,00

e 85% dos homens recebem mais do que R$ 3.570,00.

TABELA 13: REMUNERAÇÃO X GÊNERO EM DUQUE DE CAXIAS(2010)115

Faixa Salarial Sexo/Gênero

Feminino Masculino

Até R$1.530 0% 1%

De R$ 1.531,00 a R$2.550,00 17% 7%

De R$ 2.551,00 a R$ 3.570,00 31% 7%

Mais de R$ 3.570 52% 85%

Total 100% 100%

Fonte:Lanxess Brasil, Lista de Contribuição Sindical de 2010 da planta de Cabo de Santo Agostinho/PE,

disponibilizado pelo SINDBORRACHA de Pernambuco, em setembro de 2010. Elaboração: IOS.

6.2.5. Promoção/Avaliação de Desempenho/Treinamento

Como apresentando no item (6.1.5. Promoção/Avaliação de

Desempenho/Treinamento) a Lanxess alterou, em todas as unidades, as nomenclaturas

dos cargos dos funcionários para se adequar as mesmas denominações usadas por outras

empresas do ramo. Porém, segundo os relatos obtidos em Duque de Caxias/RJ a

mudança não foi acompanhada por uma implementação objetiva e concreta de um Plano

de Cargo e Salários/Carreira (PCS/PCC). Ademais, os critérios do pseudo PCS/PCC

existente na unidade não são conhecidos pelo corpo de funcionários, conforme sintetiza

o relato a seguir:“A empresa possui um PCS, mas que nunca foi mostrado por escrito”

Segundo as entrevistas para a promoção dos funcionários a Lanxess, em

Duque de Caxias/RJ, utiliza como principais critérios: amizade com a chefia, não

115As faixas salariais definidas pelo IOS na pesquisa foram as seguintes: a) até R$1.530,00; b) de R$ R$

1.531,00 a R$ 2.550,00; c) de R$ 2.551,00 a R$ 3.570,00;d) mais de R$ 3.500,00115. Calculadas com base no salário

mínimo referente ao mês de dezembro de 2010, segundo os dados da RAIS do Ministério do Trabalho e Emprego. As

faixas salarias foram divididas da seguinte maneira:a) até 3 salários mínimos.; b) de 3,01 a 5,00 salários mínimos, c)

de 5,01 a 7,00 salários mínimos ; d) mais de 7 salários mínimos

Page 113: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

113

participação em atividades do sindicato, competência através de bom desempenho;

formação escolar e técnica; e experiência adquirida no trabalho. Os dois primeiros

critérios são controversos uma vez que o primeiro é subjetivo e o segundo indica prática

anti-sindical da empresa.

Os entrevistados também informaram que estão insatisfeitos em relação às

oportunidades de promoção oferecidas pela Lanxess por não vislumbrarem perspectivas

e crescimento profissional interno.

Para complementar, os entrevistados informaram que o IPP (Individual

Performance Payment - Avaliação Individual de Desempenho), bonificação cedida pela

Lanxess não usa critérios objetivos, além do nome dos funcionários beneficiados não

ser divulgado pela empresa. Informaram que até mesmo os beneficiados pelo IPP

desconhecem quais critérios a Lanxess utilizou para escolhê-los.

Por fim, de acordo com o sindicato, a Lanxess está alocando trabalhadores

para exercer atividades de técnico químico ilegalmente. E empresa treina trabalhadores

para exercer funções de técnico em química, na área de tratamento de efluentes e

dejetos, que não tem certificado de Técnico em Química, emitido pelo Conselho

Regional de Química. A empresa justifica que estes trabalhadores estão apenas

exercendo atividades de controle, portanto não exigiria certificado, porém o sindicato

afirma ao contrário e, acionou o Ministério Público Federal para fiscalizar o problema.

6.2.6. Jornada de Trabalho/Hora Extra

Na planta de Duque de Caxias/RJ vigora duas jornadas de trabalho, uma para

o setor administrativo e outra para o setor produtivo, conforme aponta a tabela 13, a

seguir.

Page 114: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

114

QUADRO 13: JORNADA DE TRABALHO NA PLANTA DE DUQUE DE CAXIAS

Setor Jornada de Trabalho Funcionalidade Definido pela:

Administrativo 8 horas diárias

40 horas semanais

5 dias de trabalho e 2 dias de

folga (no sábado e domingo) Legislação Trabalhista

Produção

8 horas diárias

Média de 36 horas

semanais116

------- Acordo Coletivo de

Trabalho (ACT)

*Horários de início e término dos turnos: 6:00,14:00, 22:00.

Fonte: Acordo Coletivo de Trabalho, 2008/2010 e SINDQUIMICA de Duque de Caxias. Elaboração: IOS

A pesquisa de campo apurou que os trabalhadores exercem horas extras

freqüentemente, principalmente no setor produtivo. Já em determinadas áreas do setor

administrativo é vedada a realização de horas extras.

De acordo com os relatos, o excesso de horas extras no setor produtivo é

resultado do quadro enxuto de profissionais do setor. A situação fica clara nos casos em

que um trabalhador adoece e precisa ser substituído por outro. Houve relatos de

operadores precisarem cumprir 16 horas de trabalho continuo por falta de substituto.

6.2.7. Discriminação

Por parte do sindicato não há promoção de um movimento visando a atender

reivindicação específica das mulheres que trabalham na empresa, tendo em vista que a

grande parte delas não é sindicalizada.

Os relatos dos entrevistados indicam que pode existir discriminação em

relação: a visão política do trabalhador; participação ou contato com o sindicato; não ser

amigo do chefe, cor ou raça e hora extra. Como exemplo foi citado:

- Casos de dirigentes sindicais que nunca foram promovidos;

-Trabalhadores negros, aptos a mudar de cargo, que nunca foram

116 De acordo com o acordo e turno vigente a diferença de 2,4 horas por semana, entre a carga oficial de 36 horas por

semana prevista no acordo de turno e a carga média da tabela de revezamento que perfaz 33,6 horas por semana,

horas que deverão ser compensadas: com o não pagamento, como extraordinárias, das horas efetivamente trabalhadas

em 11 dias considerados feriados oficiais em cada ano. Ou, com o não pagamento, como extraordinárias, das horas

efetivamente trabalhadas em dias correspondentes a eventuais folgas concedidas por liberalidade da Lanxess, aos

empregados em regime administrativo.

Page 115: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

115

promovidos.

Não apareceram falas de discriminação por orientação sexual, doenças e

religião. O representante sindical também afirmou que não há casos registrados de

assédio sexual.

Sobre assédio moral houve um relato de um coordenador que eventualmente

chama a atenção dos trabalhadores na frente de todos na área produtiva.

6.2.8. Saúde e Segurança no Trabalho

Os relatos dos entrevistados apontaram que o ritmo de trabalho da planta é

intenso, com constante pressão da chefia para o cumprimento das metas. Realidade

agravada após a reestruturação da planta que desligou trabalhadores e reduziu postos de

trabalho ao acumular funções em um mesmo cargo. Segundo os dirigentes sindicais os

principais motivos de doença que afastam os trabalhadores são: problemas de coluna,

LER/DORT, doenças do sangue, depressão e estresse.

Uma questão critica na planta de Duque de Caxias/RJ é a existência de

trabalhadores com leucopenia117 (diminuição de glóbulos brancos do sangue). Doença

adquirida após o trabalhador, por exemplo, ficar exposto a gases de estireno,vinil

ciclohexeno, benzeno, etc. Os entrevistados disseram que atualmente, durante a

vulcanização da borracha,ainda há liberação de vinil ciclohexeno. A exposição contínua

pode gerar uma aplasia medular (leucemia).No ano passado, em 2009, um terceirizado

foi diagnosticado com a doença.

Para sanar o problema, os dirigentes sindicais informaram que a Lanxess

efetuou o levantamento dos trabalhadores com leucopenia e procurou eliminar todos os

pontos de vazamento de benzeno e vinil ciclohexeno. De acordo com os dirigentes

117 Existem diversos casos de leucopeniana diagnosticados no período da Petroflex. Por exemplo, um trabalhador foi

indenizado e recebe auxilio doença pelo INSS e o caso mais grave levou um trabalhador ao óbito.

Page 116: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

116

sindicais a Lanxess também precisa modernizar a tecnologia do processo de

vulcanização para resolver o problema.

O sindicato informou que tem acesso às informações sobre os acidentes de

trabalho e aos problemas de saúde que ocorrem com os trabalhadores dentro da

empresa. Em casos de acidente mais sério a empresa aciona o setor de Saúde do

Trabalhador do Ministério do Trabalho, bem como o PST (Programa de saúde do

trabalhador) do município, que é comprometido com o sindicato.

A Lanxess não se dispõe a discutir com o sindicato problemas e

reivindicações relacionadas à saúde e segurança no local de trabalho e costumam

terceirizar a elaboração dos planos de PPA (Plano de Prevenção de Acidentes) e

PCMSO (Programa de Controle de Medicina e Saúde Ocupacional).

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

O Equipamento de Proteção Individual (EPI) foi apontado como adequado

pelos entrevistados. Contudo, os dirigentes sindicais consideram que os EPIs nem

sempre são adequados e bem distribuídos entre os terceirizados.

CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho)

As entrevistas apontam que a CIPA é avaliada de forma negativa, justificada

pelos seguintes pontos:

- Enfrenta limitações para atuar dentro da unidade,pois não há “espaço”,

treinamento ou incentivo para o desenvolvimento do trabalho da comissão;

- A CIPA apresenta muitos projetos à direção da Lanxess, mas a empresa

raramente libera verba para realizá-los;

- Carece de autonomia para atuar.

Page 117: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

117

Condições dos Locais de Trabalho

A pesquisa de campo procurou avaliar determinadas condições de trabalho na

planta de Duque de Caxias/RJ. Neste sentido apurou-se que os trabalhadores

entrevistados consideram o ruído e a qualidade do ar da planta em condições

insatisfatórias. A seguir apresentam-se as descrições dos entrevistados para cada

condição avaliada:

Temperatura – faltam exaustores funcionando no setor produtivo. Os

operadoressofrem muito com calor, principalmente da área de secagem, devido o ar

quente vindo dos secadores das borrachas. Ao redor da bomba de pressão o calor é

insuportável.

Iluminação – existem painéis com déficit de iluminação. Muitas

lâmpadas queimam. Há locais que é necessário utilizar lanterna.

Uma questão preocupante é a falta de um gerador de energia em casos de

emergência. A falta de energia por um período longo poderia acarretar risco de acidente

industrial. Diante da gravidade da situação e da carência de respostas da Lanxess, o

sindicato pretende levar a questão para o Ministério Público do Trabalho.

Ruído - condição muitas vezes insuportável mesmo com o uso de

abafador.

Qualidade do Ar – avaliada como ruim pelos entrevistados devido os

vazamentos de vapores, mal funcionamento dos cinco exaustores existentes na planta,

mal funcionamento dos aparelhos de ar condicionado alocados nos painéis.

Limpeza e Conforto – Ascadeiras utilizadas no painel são velhas, não

possuem regulagem e quebram constantemente.

Por fim no acordo coletivo de Duque de Caxias/RJ há cláusulas sobre saúde e

segurança no local de trabalho, como por exemplo, uma que garante ao trabalhador

recusar a execução de uma tarefa caso verifique falta desegurança.

Page 118: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

118

6.2.9. Meio ambiente

Uma parte dos entrevistados, durante a pesquisa de campo, afirmou que a

empresa causa algum dano ambiental devido à existência de emissões fugitivas de

vapor, gás e amônia. Além disso, apontaram que as manutenções dos sistemas são

precárias e ocorrem trimestralmente, sendo que no período da Petroflex era semanal.

Também afirmaram que os tanques da planta funcionam no limite, não possuem bombas

automatizadas e, costumam transbordar.

6.2.10. Responsabilidade Social

Quase metade dos entrevistados, 38%, responderam que já foram convidados

pela empresa há fazer algum trabalho voluntário.

6.2.11. Terceirização

Os terceiros alocados na planta de Duque de Caxias/RJ da Lanxess, atuam na

manutenção predial e industrial, segurança, alimentação, limpeza, etc. Existem

aproximadamente 300 terceiros trabalhando na unidade, segundo o sindicato.

TABELA14: PRINCIPAIS TERCEIRIZADAS NA PLANTA DE DUQUE DE CAXIAS

Page 119: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

119

Terceirizada Serviço Prestado Total de

Trabalhadores

COMAU118

Manutenção dos Equipamentos e Maquinas do setor

produtivo 110

ISS Logística Limpeza, manutenção predial e manutenção industrial 5

RM ---- 30

Alimentação ----

GR Segurança 30

Top Service Responsável pela Limpeza - 30

Fonte: Pesquisa de Campo efetuada em Cabo de Santo Agostinho/PE, em novembro de 2010.

Elaboração: IOS

Em linhas gerais os trabalhadores terceiros têm acordo coletivo próprio

específico com cada empresa responsável por contratá-los. A jornada de trabalho desses

trabalhadores é das 8 às 17h, de segunda a sexta. O piso salarial dos terceiros varia

muito, cada empresa contratada tem um acordo e piso específico. Ao menos os

trabalhadores contratados pela ISS recebem adicional de periculosidade, 30%.

Os trabalhadores terceiros entrevistados relataram que sentem um tratamento

diferenciado, um tanto discriminatório, para eles em comparação ao tratamento cedido

pela Lanxess aos funcionários próprios. Algumas vezes sentem que falta respeito dos

funcionários próprios ao tratarem os terceiros.

Em relação a atuação da CIPA, o entrevistado afirmou que a comissão

conversa com os terceirizados.

Atualmente, a Lanxess está respondendo a um processo como responsável

pela morte de um trabalhador terceirizado segundo as entrevistas.

6.2.12. Reorganização/Reestruturação

Segundo o representante sindical, nos últimos anos com a reestruturação,

ocorreram várias demissões na área administrativa e industrial da empresa, acarretando

acúmulo de trabalho e realização de horas extras. Segundo ele, o pagamento dos

118 Empresa de origem italiana com escritório brasileiro localizado na cidade de Betim/MG

Page 120: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

120

passivos trabalhistas gerados por essa situação e herdados da antiga Petroflex é adiado

através de contestação dos cálculos e laudos periciais.

6.3. TRIUNFO/RS

6.3.1. Perfil da Unidade

A planta de Triunfo/RS produz dois tipos de borracha, a partir do butadieno,

denominadas de Buna SE1502 e SE1507. Antes da aquisição da Lanxess a planta

produzia em torno de 70 tipos de borracha fazendo com que os antigos clientes da

Petroflex passassem a importar as borrachas que pararam de ser fabricadas no Brasil.

A unidade é praticamente toda automatizada sendo a mais moderna planta da

Lanxess no Brasil.

Page 121: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

121

FIGURA 03: ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA PLANTA DE TRIUNFO

* HSEQ – Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade.

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

Inexiste o cargo de líder de turno em Triunfo/RS assim as responsabilidades

dessa função são assumidas pelos próprios trabalhadores. O laboratório analisa duas

vezes por turno o material fabricado.

Inexiste uma manutenção presente no período noturno caso o serviço seja

necessário é acionado via telefone ou bip.

6.3.2.Perfil dos Trabalhadores119

O quadro funcional da unidade da Lanxess de Triunfo/RS é composto por 62

119Fonte: O perfil dos trabalhadores da Lanxess foi elaborado a partir da lista de contribuição sindical disponibilizada

pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Petroquímicas de Triunfo (SINDIPOLO), com sede em Porto Alegre,

bem como, pela pesquisa amostral realizada pelo IOS em novembro de 2010, com 18 trabalhadores.

Gererente Geral da Planta

SecretáriaGeral

Rio de Janeiro

Apoio

Operacional Engenharia Produção/

Manutenção

Operadores

Tecs.de

Segurança

Laboratório:

Controle de Qualidade

Manutenção

Industrial

Supervisor da

Reação/Acabamento

HSEQ

Planejamento/

Projetos Compras TI RH

Page 122: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

122

funcionários120

alocados no setor de administração e produção, conforme aponta a

tabela 15 a seguir.

TABELA 15:QUADRO FUNCIONAL DOS TRABALHADORES DA UNIDADE DE TRIUNFO (NOVEMBRO

2010)

Área Trabalhadores

Número %

Administrativo 17 38%

Produção 41 55%

Laboratório 4 7%

Total 62 100%

Fonte:Lanxess Brasil, Relatório de Contribuição Sindical121

de 2010 da planta de Triunfo/RS,

disponibilizado,em setembro de 2010, pelo SINDIPOLO. Elaboração:IOS

Além dos funcionários diretos, a unidade conta com profissionais

terceirizados que atuam no setor de serviços gerais, embalagem e na manutenção

corretiva e preventiva da planta (tema aprofundado no item 6.3.10 – Terceirização).

Entre 2008 e 2009, após a planta ter sido adquirida pela Lanxess, 14

profissionais foram desligados da empresa, conforme as rescisões de contrato de

trabalho homologadas pelo sindicato122

. Em 2008 foram quatro demissões, duas sem

justa causa e as demais por término de contrato por prazo determinado. Já em 2009, dez

operadores foram desligados sem justa causa sendo que oito destes foram em função da

reorganização da produção, segundo informações do sindicato (assunto que será

aprofundado no item 7.1 – Reorganização/Restruturação).

120Fonte: Lanxess Brasil, Lista de Contribuição Sindical de 2010 da unidade da Lanxess de Triunfo/RS,

disponibilizado pelo Sindicato dos trabalhadores nas indústrias petroquímicas de Triunfo/RS, em setembro de 2010. 121Segundo definição do MTE e conforme os artigos 578 a 591 da CLT, a contribuição sindical é compulsória e deve

ser recolhida anualmente por todos aqueles que participam de uma determinada categoria econômica ou profissional,

ou até mesmo de uma profissão liberal, independente da associação a um sindicato. Em 2009, a resolução

SRT/MTE/Nº 202/2009 definiu que as empresas são obrigadas a remeter à entidade sindical a relação nominal dos

trabalhadores contribuintes da contribuição sindical

profissional.Fonte:http://www.mte.gov.br/cont_sindical/default.asp, acessado em Março/2011 122 Rescisão de contrato é a forma de por fim ao contrato em razão de lesão contratual. Forma-se pelo

descumprimento das partes, recíproca ou não, sendo válidos os artigos 482 e 483 da CLT. Fonte:

http://www.professortrabalhista.adv.br/rescisao_de_contrato.html, acessado em 23/03/2011.Fonte: Sindicato dos

trabalhadores nas indústrias petroquímicas de Triunfo/RS. Homologação deRescisões de Contrato de trabalho, de

2008 a 2009, Porto Alegre.

Page 123: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

123

Sexo/Gênero

A maioria dos trabalhadores da unidade de Triunfo/RS são homens,

predominância que ocorre tanto no setor administrativo quanto no produtivo, conforme

aponta a tabela 16. Na unidade, como um todo, há 7 mulheres (11%) e 55 homens

(89%).

TABELA 16:NÚMERO DE TRABALHADORES POR SEXO/GÊNERO EM TRIUNFO (%-NOVEMBRO

2010)

Área

Sexo

Feminino Masculino

% N %

Administrativo 86% 6 20% 11

Produção 0% 0 75% 41

Laboratório 14% 1 5% 3

Total 11% 7 89% 55

Fonte:Lanxess Brasil, Relatório de Contribuição Sindical de 2010 da planta de Triunfo/RS,

disponibilizado,em setembro de 2010, pelo SINDIPOLO. Elaboração:IOS

E, 86% das mulheres estão alocadas no setor administrativo com funções de

secretária, expedição; compra e venda, recursos humanos, etc. Apenas uma mulher atua

fora do setor administrativo, mais especificamente, no laboratório.

Idade

De acordo com os dados obtidos na pesquisa amostral a faixa etária dos

trabalhadores varia dos 18 a 55 anos (tabela 17, a seguir). Mais da metade dos

trabalhadores, 67%,possuem mais de 45 anos. Essa concentração, segundo relatos dos

entrevistados, pode ser explicada pela realidade da indústria petroquímica que precisa

de profissionais com uma experiência de trabalho maior e, consequentemente, também

ocorre pouca rotatividade damão-de-obra.

Page 124: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

124

TABELA 17: NÚMERO DE TRABALHADORES POR FAIXA ETÁRIA EM TRIUNFO(% - NOVEMBRO

2010)

Faixa etária %

18 a 24 anos 6%

25 a 29 anos 17%

30 a 34 anos 0%

35 a 39 anos 6%

40 a 44 anos 0%

45 a 49 anos 39%

50 anos ou mais 32%

Total 100%

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

Raça/Cor

A partir dos dados obtidos na pesquisa amostral do IOS, baseada noscritérios

de autoclassificação de cor/raça do IBGE,123

constatou-se que na planta de Triunfo/RS

há predominância de trabalhadores brancos ao representarem 89% e os negros 11% do

total da amostra (gráfico 21). Os demais critérios de autoclassificação amarela, parda ou

indígena não foram apontados.

GRÁFICO 21: NÚMERO DE TRABALHADORES POR COR/RAÇA EM TRIUNFO (% - NOVEMBRO

2010124

)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

123 Esse sistema de classificação de cor ou raça adotado pelas pesquisas domiciliares do IBGE, se consiste na escolha

pelo informante de uma entre as cinco opções: branca, preta, parda, amarela ou indígena.

Fonte:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=737, acessado em

24/03/2011. 124Devido o universo reduzido da amostra de mulheres não foi possível analisar cor/raça versus gênero.

89%

11%

a) Branca

b) Preta

Page 125: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

125

Escolaridade

De acordo com os dados obtidos na pesquisa amostral constatou-se que 5,5%

dos profissionais entrevistados não têm o segundo grau completo e, em torno de 26%

dos entrevistados completou o nível superior (tabela 18, a seguir).

TABELA 18: NÚMERO DE TRABALHADORES POR ESCOLARIDADE EM TRIUNFO (% - NOVEMBRO

2010

Ensino Médio / 2º grau / colegial incompleto 5,50%

Ensino Médio / 2º grau / colegial completo 44%

Superior / Graduação incompleto 17%

Superior / Graduação cursando 5,50%

Superior / Graduação completo 17%

Mestrado / Doutorado / Pós-Graduação incompleto 5,50%

Mestrado / Doutorado / Pós-Graduação completo 5,50%

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010.

Elaboração:IOS

Todos os entrevistados do setor administrativo possuem nível superior/pós-

graduação, incompleto ou completo. Já a maioria dos entrevistados da produção, 64%,

cursou o segundo grau, incompleto e completo. Comparando com as outras unidades o

nível de escolaridade da planta de Triunfo/RS é um pouco superior, o que pode ser

consequência da realidade escolar da região e também do nível de automatização da

planta que necessita de profissionais mais especializados.

Função

De acordo com a pesquisa amostral realizada pelo IOS, as descrições das

funções segundo o cargo podem ser resumidas conforme o quadro14 a seguir.

Importante perceber que na unidade de Triunfo/RS inexiste o cargo de líder de turno,

assim parte das responsabilidades dessa função é efetuada pelos próprios trabalhadores

Page 126: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

126

pressionando e sobrecarregando os mesmo ao exigir deles uma função de extrema

relevância.

QUADRO 14: DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES PELOS CARGOS OCUPADOS EM TRIUNFO

Compras Engenheiro de Segurança Analista de Produção Pleno

- programação de insumos da

produção

- acompanhamento do estoque e

inventario

- controle e gestão das perdas e

ocorrências de acidentes de processo e

de lesão pessoal (envolve SSQM - HSQ)

- responsável pela SSMA dos terceiros

- de forma indireta elabora indicadores,

reuniões e treinamentos.

-planejamento das atividades

operacionais - - manutenção do

sistema de gestão, qualidade,

segurança e meio ambiente

- controle de processo e

planejamento de manutenção

Operador Técnico 4 Operador Técnico 5 Coordenador

- controle de processos

- manutenção de equipamentos

- controle de índices através da

análise de amostra

- leitura em painel dos processos

- leitura em campo dos

processos (coleta amostras e

acompanha níveis de produtos)

- secagem e embalamento de

fases

- controle de processo de

equipamentos e produto final

(área de acabamento)

- controle de qualidade

(secagem, prensagem e

embalagem)

-desentupimento e limpeza da

linha de produção

- atendimento ao cliente

- controle da área de reação e demais

áreas

- manobras manuais de butadieno

- recuperação de monômeros

- leitura em painel dos processos

- leitura em campo dos processos (coleta

amostras e acompanha níveis de

produtos)

- controle de vazões e temperatura

- manobras elétricas

- analise e controle de processos

químicos

- troca informações com os clientes de

acordo com as necessidades.

- analise das bateladas

- análise da borracha seca, látex.

-análise em laboratório dos processos

químicos

- fiscal de contrato de alguns

terceiros e parte da expedição

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

Tempo no emprego

Conforme aponta gráfico 22, a seguir,a maioria dos entrevistados, 89%,

trabalha há mais de seis anos na empresa.

Page 127: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

127

GRAFICO 22:PORCENTAGEM DE TRABALHADORES POR TEMPO DE CASA (% - NOVEMBRO 2010)

* NR – Sem Resposta.

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

O reduzido número de trabalhadores há menos de quatro anos, é indicativo da

baixa rotatividade existente na planta significando, segundo as opiniões dos

entrevistados, a necessidade por parte da Lanxess de manter profissionais com vasta

experiência para desempenhar manobras operacionais específicas da indústria

petroquímica.

Ressalta-se que 66% dos entrevistados com mais de seis anos de tempo de

casa trabalham na unidade de 20 a 25 anos e, portanto, em vias de se aposentar.

6.3.3. Liberdade Sindical e Negociação Coletiva

O instrumento jurídico que regulamenta as relações de trabalho com os

empregados diretos da planta da Lanxess de Triunfo/RS é o Acordo Coletivo de

Trabalho (ACT). A data base da categoria é no 1º dia de setembro125.

Os trabalhadores diretos da unidade de Triunfo/ RS, são representados pelo

SINDIPOLO (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas de

Triunfo/RS), sediado em Porto Alegre e, filiado à Central Única dos Trabalhadores

125 Fonte: Acordo coletivo de trabalho 2008/2010 firmado entre Petroflex Indústria e Comércio S.A. e o Sindicato das

indústrias químicas do estado do Rio Grande do Sul- RS

5,56%

88,89%

5,56%

Mais de 4 até 6 Mais de 6 NR

Page 128: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

128

(CUT). Segundo informações do sindicato, a taxa de sindicalização da unidade é de

40%, índice superior à média nacional que, em 2008, era de 18%126.Entretanto, houve

denúncias de que a empresa vem incentivando os trabalhadores,com menor tempo de

casa, a não se sindicalizarem, conforme aponta o relato a seguir de um entrevistado:“Na

situação atual nenhum dos trabalhadores mais novos se filiam ao sindicato. Eu gostaria

de ser filiado se todo mundo fosse... na atual conjuntura tenho medo de sofrer

retaliações”127

O acesso dos diretores sindicais às dependências da planta ocorre apenas com

autorização prévia. A Lanxess dificulta ao máximo qualquer atividade sindical dentro da

fábrica, assim a distribuição de informativos (boletins, panfletos, jornais) é feita na

portaria da fábrica ou no ônibus que transporta os trabalhadores à planta, pois não é

permitido disponibilizar esse tipo de material no interior fábrica. Na tabela 19 a seguir

constam as principais formas de comunicação entre sindicato e trabalhador.

TABELA 19: PRINCIPAIS MEIOS DE COMUNICAÇÃO ENTRE SINDICATO E TRABALHADOR

TRIUNFO(% - NOVEMBRO 2010)*

Adquirem informações sindicais por: Porcentagem Lendo boletins, panfletos ou jornais do sindicato 94%

Assembléias/reuniões do sindicato 11% Conversas com dirigentes sindicais 27%

Murais 0% Conversas com colegas de trabalho 38%

Emails + Blog 72% *Os trabalhadores entrevistados puderam optar por todas as alternativas cabíveis

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

Desta forma, as assembleias só podem ser realizadas na frente da fábrica. E,

como muitos dos entrevistados relataram os trabalhadores tem receio de participar das

assembleias por medo de retaliações da gerência local uma vez que a mesma frequenta

essas reuniões, conforme aponta a fala a seguir de um entrevistado“Nas assembleias, o

gerente da empresa sempre comparece e, isso causa uma pressão na hora de decidir as

coisas.”128

126Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u400883.shtml acesso em 18/05/2010. 127 Trabalhador da Lanxess, entrevista realizada em x/xx/2010

128 Trabalhador da Lanxess. Entrevista realizada em: x/xx/2010.

Page 129: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

129

Essa configuração pode explicar o índice baixo, 22%, de entrevistados que

disseram participar sempre das assembleias (gráfico 23).

GRÁFICO 23: FREQUÊNCIA DOS TRABALHADORES DE TRIUNFO EM ASSEMBLEIAS/REUNIÕES

SINDICAIS

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

A pesquisa amostral apurou que 39% dos entrevistados se sentem

constrangidos ou intimidados por assuntos sindicais dentro da empresa. Principalmente,

quando comentam sobre assuntos sindicais dentro da empresa e/ou participam de

atividades sindicais (tabela 20 a seguir).

TABELA 20 :MOMENTOS EM QUE OS TRABALHADORES SE SENTEM CONSTRANGIDOS OU

INTIMIDADOSPELA EMPRESA POR ASSUNTOS SINDICAISEMTRIUNFO(% - NOVEMBRO 2010)

Momentos* % Comenta sobre assuntos sindicais dentro da empresa 27% Participa de atividades/assembléias sindicais 22% Afirma ser sindicalizado 5% Conversa com dirigente sindical dentro da empresa 0% Lê o jornal/boletim do sindicato dentro da empresa 0% Não se sente constrangido 61% Outras opções (devido poucas pessoas participarem do sindicato) 0%

*Os trabalhadores entrevistados puderam optar por todas as alternativas cabíveis

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração: IOS

No campo “outras” razões de constrangimento alguns entrevistados

afirmaram que não falavam sobre assuntos sindicais na frente da chefia por medo de

Page 130: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

130

sofrer represálias, como pode ser visto na fala a seguir:“Depende com quem

conversasobre assuntos sindicais, na frente da chefia não falo sobre sindicalismo”. 129

Um trabalhador fez o seguinte comentário sobre o assunto:“Me sinto

constrangido em ler o boletim na área administrativa na qual trabalho, mas nos

setores produtivos não sinto isso”.130

Os relatos acima expressam uma conduta anti-sindical dentro da unidade uma

vez que esses constrangimentos e intimidações apontam uma violação a Convenção 87

da OITsobre liberdade sindicale proteção do direito de sindicalização de 1948, “que

estabelece o direitode todos os trabalhadores e empregadores de constituir organizações

que considerem convenientes e de a elas se afiliarem, sem prévia autorização, e dispõe

sobre uma série de garantias para o livre funcionamento dessas organizações, sem

ingerência das autoridades públicas”131

6.3.4. Remuneração

O piso salarial é de R$526,00132, sem adicionais inclusos. Porém, a

remuneração paga aos trabalhadores da Lanxess de Triunfo/RS é composto pelo salário-

base mais adicionais sendo que os trabalhadores do setor administrativo recebem o

adicional de periculosidade (correspondente a um adicional de 30% do salário-base). Já

os trabalhadores do setor produtivo recebem, além da periculosidade, 26 %de adicional

noturno e 32% de HRA (hora de repouso de alimentação). Contabilizando os adicionais

a menor remuneração paga na planta é de 1, 272133.

Na última data-base, anterior à pesquisa, os trabalhadores de Triunfo/RS

obtiveram 9% de reajuste sobre os salários vigentes em 31 de agosto de 2008.

129 Trabalhador da Lanxess: Entrevista realizada em XXX 130 Trabalhador da Lanxess. Entrevista realizada em XXXX

131 Fonte: http://www.oitbrasil.org.br/libsind_negcol.php, acessado em 08/04/2011. 132 Fonte: Acordo coletivo de trabalho 2008/2010 firmado entre Petroflex Indústria e Comércio S.A. e o Sindicato das

indústrias químicas do estado do Rio Grande do Sul- RS 133Fonte: Relatório de contribuição sindical do Sindicato dos trabalhadores nas indústrias petroquímicas de Triunfo –

RS.

Page 131: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

131

Na tabela 21 a seguir cruzamos a remuneração dos trabalhadores com o

gênero dos funcionários.

TABELA 21: REMUNERAÇÃO X GÊNERO EM TRIUNFO (2010)134

Faixa Salarial

Gênero

Feminino Masculino

Até R$1.530 0% 2%

De R$ 1.531,00 a R$2.550,00 29% 39%

De R$ 2.551,00 a R$ 3.570,00 43% 27%

Mais de R$ 3.570 14% 7%

Sem Resposta 14% 25%

Total 100% 100%

Fonte: Relatório de contribuição sindical do Sindicato dos trabalhadores nas indústrias petroquímicas de

Triunfo – RS Elaboração: IOS.

6.3.5. Promoção/Avaliação de Desempenho/Treinamento

Como apresentando no item (6.1.5. Promoção/Avaliação de

Desempenho/Treinamento) a Lanxess alterou, em todas as unidades, as nomenclaturas

dos cargos dos funcionários para se adequar as mesmas denominações usadas por outras

empresas do ramo. Modificação que aglutinou funções de diferentes cargos em poucos

cargos resultando na homogeneização de determinados salários e, também ocasionou

um nivelamento do salário dos trabalhadores mais antigos com os mais novos.

Conforme os relatos dos entrevistados, a mudança de denominação dos

cargos não foi acompanhada pela implementação objetiva e concreta de um Plano de

Cargo e Salários ou Carreira (PCS ou PCC).Para se ter uma idéia, apesar da grande

maioria dos entrevistados, 89%, considerar que a Lanxess possui um PCS e apenas,

16%, desconhecer o conteúdo, eles também afirmaram que o plano carece de critérios,

parâmetros e funcionalidade claros. O relato a seguir complementa essa

134 As faixas salariais foram calculadas com base no salário mínimo referente ao mês de dezembro de 2010, segundo

os dados da RAIS do Ministério do Trabalho e Emprego. A faixas salarias foram divididas da seguinte maneira: a)

até 3 salários mínimos.; b) de 3,01 a 5,00 salários mínimos, c) de 5,01 a 7,00 salários mínimos ; d) mais de 7 salários

mínimos.

Page 132: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

132

informação:“Existe um plano no papel, mas inexiste na prática, não sei o que tenho que

fazer para subir de nível, é muito subjetivo....”135.

Os principais critérios de promoção apontados pelos entrevistados foram:

- Amizade com a chefia, apontado por 27%, demonstrando o uso de critério

subjetivo para promoção;

- Não participar de atividades do sindicato, escolhido por 27%, indicando

prática anti-sindical da empresa (tema aprofundado no item 6.3.3. - Liberdade Sindical e

Negociação Coletiva).

Já os critérios “ser branco”, “ser mulher” e “ser negro” não foram

considerados por nenhum dos funcionários entrevistados.

Para complementar as perguntas anteriores, os entrevistados foram

questionados sobre a qualidade das oportunidades de promoção oferecidas pela

empresa, conforme o gráfico 24, a seguir.

GRÁFICO 24: OPINIÃO DOS TRABALHADORES SOBRE A QUALIDADE DAS OPORTUNIDADES DE

PROMOÇÃO EM TRIUNFO(% - NOVEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

Ao somarmos a opinião dos trabalhadores que consideraram as oportunidades

de promoção “ruins” e “regulares” constatamos que 83%dos entrevistados estão

insatisfeitos. Porcentagem que reflete a falta deperspectiva de ascensão profissional e da

135 Entrevista com trabalhador da unidade de Triunfo/RS, em novembro de 2010.

Page 133: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

133

especificidade do PCS, além da subjetividade utilizada nos critérios de

promoção.Segundo relatos, no setor produtivo é muito difícil ocorrer promoção vertical

(um operador 4 passar a ser operador 5), já a promoção horizontal (aumento salarial sem

alteração de cargo) pode ocorrer, porém sem regras e definições claras.

Os entrevistados também reclamaram que a empresa prefere selecionar

externamente novos profissionais para as vagas de: engenheiro de produção, engenheiro

de meio ambiente, etc, em vez de abrir, primeiramente, essas oportunidades para o

quadro interno de profissionais. Essa falta de reconhecimento provoca desmotivação e,

faz com que os trabalhadores procurem oportunidades em outras empresas.

Treinamento

Dentre os trabalhadores entrevistados, uma parcela significativa, 89%, já

participou de algum curso ou treinamento oferecido pela empresa no próprio local de

trabalho. E, conforme o gráfico 25, a seguir, 41% dos profissionais que já participaram

de algum treinamento avaliou que esses cursos apenas ampliaram os conhecimentos

sobre o trabalho que desempenham na empresa e nada mais (sem contribuir para

promoção) e somente 14% afirmou que contribui para ser promovido.

Page 134: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

134

GRÁFICO 25: AVALIAÇÃODOS CURSO/TREINAMENTO(S) OFERECIDO(S) PELA LANXESS NO

LOCAL DE TRABALHO EM TRIUNFO(% - NOVEMBRO 2010)*

* Os entrevistados podiam selecionar todas as opções que se aplicassem

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

Nota-se também no gráfico 26, acima,que uma parcela muito pequena dos

entrevistados, 24%, selecionou mais de uma opção de resposta. Esse quadro indica que

a empresa atinge um objetivo muito restrito ao fornecer a capacitação profissional aos

seus funcionários.

De acordo com os entrevistados, apesar da Lanxess oferecer suporte

financeiro para cursos extras, como por exemplo: curso de línguas, graduação,

especialização, etc. Os critérios para obter esse suporte vai de acordo com o interesse da

empresa e são subjetivos. No geral as bolsas são oferecidades, principalmente, para

trabalhadores do setor administrativo que ocupam funcções de engenheiro de produção,

logística, etc.

6.3.6. Jornada de Trabalho/Hora Extra

Na planta de Triunfo vigora duas jornadas de trabalho, uma para o setor

administrativo e outra para o setor produtivo, conforme aponta o quadro 15 a seguir.

Page 135: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

135

QUADRO 15: JORNADA DE TRABALHO NA PLANTA DE TRIUNFO (NOVEMBRO DE 2010)136

Setor Jornada de Trabalho Funcionalidade Definido

pela:

Administrativo

8 horas diárias

40 horas semanais

5 dias de trabalho e 2 dias de

folga no fim de semana

Legislação

Trabalhista

Produção

8 horas diárias

Média de 36 horas

semanais137

(de acordo com a

tabela de turno* em um ciclo

de 35 dias os trabalhadores

tem:

duas folgas de 1 dia e 2 dias

e, uma folga de 3 dias e 5

dias – contabilizando um total

de 14 dias de folga em 35 dias

trabalhados)

Regime de turno Ininterrupto de

revezamento (5 grupos).

Em um ciclo de 35 dias os

turnos podem ficar da seguinte

forma: trabalha 3 dias no horário

administrativo e folga 3 dias,

trabalha 3 dias no horário

intermediário (das 16:00 ao

00:00) e folga 2 dias, trabalha 4

dias no horário noturno e folga 2

dias, trabalha 4 dias no horário

administrativo e folga 1 dia,

trabalha 3 dias no horário

noturno e folga 5 dias e,

trabalha 4 dias no horário

intermediário e folga 1 dia.

Acordo

Coletivo138

*Horários de início e término dos turnos: 8:00,16:00, 00:00

Fonte: Acordo coletivo de trabalho 2008/2010. Petroflex Indústria e Comércio SA139

.

O outro ponto abordado na pesquisa amostral sobre jornada de trabalho são as

horas extras.Nesse quesito a pesquisa apurou que mais da metade dos entrevistados,

61%,realizaram de 5 a 20 horas além da jornada de trabalho contratada, no mês de

outubro de 2010, conforme o gráfico 26 a seguir.

136 De acordo com o sindicato da Lanxess de Triunfo, em assembleias realizadas nos dias 1 e 3 de dezembro do ano

passado, os turneiros aprovaram a manutenção das cláusulas presentes no Acordo coletivo de trabalho vigente de

2008 a 2010 que tratam das questões do turno que passarão a ser um acordo separado do acordo geral. 137 A diferença de 2,4 (dois inteiros e quatro décimos) horas/semana, entre a carga prevista no “caput” desta cláusula

e a carga médiada tabela de revezamento para 5 (cinco) grupos de turno, que perfaz, em média,33,6 (trinta e três

inteiros e seis décimos) horas/semana, aqui adotada meramentepara adequação da tabela de turno, no atendimento do

interesse daspartes signatárias, deverá ser compensada da seguinte maneira:com o não pagamento, como

extraordinárias, das horas efetivamente trabalhadasem 11 (onze) dias considerados feriados oficiais em cada ano;

- com o não pagamento, como extraordinárias, das horas efetivamente trabalhadasem dias correspondentes a

eventuais folgas concedidas, por liberalidadeda empresa acordante, aos empregados em regime administrativo. 138 Assim como descrito no item 6.1.6. Jornada de Trabalho/Hora Extra, a jornada do setor produtivo foi estabelecida

por acordo coletivo, conforme exige a legislação nos casos do regime de turnos ininterruptos que alteram a jornada

máxima diária de 6 horas e/ou de 36 horas semanais.

139 Segundo o dirigente sindical, o Sindipolo está sem um acordo assinado com a LANXESS, pois estão em

negociação (desde agosto do ano passado), mas a empresa não avança na proposta. O Ministério do Trabalho já foi

procurado para intermediação.

Page 136: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

136

GRÁFICO 26: HORAS TRABALHADAS ALÉM DA JORNADA DE TRABALHO (NO MÊS ANTERIOR A

PESQUISA (% - NOVEMBRO DE 2010) *

*As horas trabalhadas inclui compensação de horas/banco de horas/ horas extras

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

Salienta-se que os dados do gráfico 26, acima, apontam que a Lanxess vem

violando a legislação trabalhista nacional (artigo 59 da CLT) uma vez que a mesma

autoriza a realização máxima além da jornada, de 2 horas diárias/10 horas semanais140

,

apenas em casos de necessidade imprescindível do serviço e, desde que previamente

acordado por escrito com empregado ou mediante acordo coletivo.

A pesquisa de campo constatou que dificilmente é possível recusar a

realização de horas extras na unidade uma vez que 39% e 33% dos entrevistados

disseram nunca e nem sempre, respectivamente, podem rejeitar a realização dessas

horas(gráfico 28 a seguir). Essa dificuldade em recusar é conseqüência do quadro

enxuto de trabalhadores gerado após a reorganização da produção (tema aprofundado no

item 7.1 – Reorganização/Reestruturação)que provoca a falta de trabalhadores em casos

de afastamentos e/ou problemas na produção, obrigando algum trabalhador do turno

cumprir a tarefa do ausente141.Além desse fator muitas vezes a empresa solicita que o

140O pagamento dessas horas deve ser calculado com um adicional de 50% ou 100% sobre o valor normal da hora,

dependendo do dia da semana, ou com um percentual definido em acordo ou convenção. Essas horas também podem

ser compensadas através do mecanismo de banco de horas, que evita às empresas o pagamento dos adicionais de

horas-extras e substitui por dias nos quais os funcionários não precisam trabalhar. A compensação dessas horas pode

ser feita em um período de um ano, desde que isto seja firmado em acordo coletivo de trabalho.

141 No caso de um operador se ausentar , seu antecessor ou outro operador com função semelhante, tem que fazer

meia dobra (4 horas extras) para cobri-lo.

Page 137: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

137

trabalhador faça horas extraordinárias para ficar na empresa recebendo

cursos/treinamentos, como por exemplo, de incêndio e implantação de sistema de

gestão.

Fica a cargo do operador efetuar hora extra nos casos que considerar

necessário apoiar algum um colega de trabalho. Atividade que faz parte do

autogerenciamento dos trabalhadores e deve ser justificado em relatório.

Contudo, a legislação trabalhista nacional estabelece ser legítima142

a recusa,

salvo em caso de força maior ou dentro de limites estritos, quando a necessidade de

praticar hora extra é imprescindível.

GRÁFICO 27:TRABALHADORES QUE PODEM OU NÃO RECUSAR A REALIZAR HORAS EXTRAS EM

TRIUNFO (% - NOVEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

A maioria dos entrevistados disse que as horas excepcionais efetuadas são,

geralmente,remuneradas e não compensadas (gráfico 28 a seguir).

142 Para que o empregador possa legitimamente exigir trabalho em horas extras suplementares, deverá haver acordo

escrito entre as partes ou norma coletiva.

Page 138: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

138

GRÁFICO 28: HORAS TRABALHADAS ALÉM DA JORNADA COMO PAGAS/COMPENSADAS (% -

NOVEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

Entretanto, 11% dos trabalhadores que atuam no setor administrativo

responderam que as horas extras são compensadas pelo banco de horas, em vez de

remuneradas. Todos esses profissionais disseram que muitas vezes ficam até mais tarde

no trabalho ou levam excesso de trabalho para casa, porém não podem computar essas

horas como extraordinárias por ocuparem cargos considerados de confiança e, portanto,

terem autonomia na gerência do tempo de trabalho.

A respeito da jornada de trabalho o sindicato tem uma ação contra a Lanxess

local por descumprimento do acordo de redução do horário de repouso alimentação

(HRA). A situação é complexa, A situação é complexa, pois envolve uma cláusula que

vinha sendo praticada há muitos anos e atende os requisitos da portaria n° 42 de 2007

do MTE exceto a aprovação prevista do Superintendente Regional do Trabalho. Esta

cláusula previa a redução do intervalo para 45 minutos e, a utilização dos 15 minutos

para tirar folgas no decorrer do ano. A Lanxess unilateralmente decidiu voltar a fazer o

intervalo de uma hora sem discutir o assunto com o sindicato. Apenas informou que

estava se adequando a lei por ser o antigo procedimento ilegal. Assim, o sindicato move

uma ação cobrando as respectivas horas extras uma vez que a própria empresa disse que

era ilegal e, principalmente, porque não quis discutir alternativas.

Page 139: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

139

6.3.7. Discriminação

Conforme já esmiuçado no perfil geral da planta de Triunfo/RS, as mulheres

representam 11% do quadro de funcionários da unidade. E, somente uma dessas

profissionais está alocada no setor produtivo. Segundo o sindicato, em outras empresas

do polo petroquímico de Triunfo/RS há mulheres trabalhando na área operacional em

regime de turno, ainda que em minoria. Contudo,apesar de haver poucas mulheres na

produção é premeturo afirmar que a Lanxess tem uma política de contratação

discriminatória, pois a empresa efetuou poucas contratações desde que adquiriu a

unidade.

Porém, durante as entrevistas, houve relatos de ocorrer no local de trabalho

piadas em tom machista e pejorativas.

Sobre o tema racial, a pesquisa amostral apontou que o número de

entrevistados que se autoclassificaram como negros ou pardos é relativamente baixo,

11%.

Segundo as entrevistas, na unidade de Triunfo não há o desenvolvimento de

uma atividade ou programa de igualdade de oportunidades/ação afirmativa entre

homens e mulheres, brancos e negros, tanto para ocupação de cargos como para a

qualificação e ascensão profissional.

A pesquisa amostral apurou que quase um terço dos entrevistados, 27%,

relataram que já se sentiram discriminados dentro da empresa, pelos seguintes motivos:

- 40% por participação sindical

- 20% por motivo de doença (relacionada ou não com a atividade trabalhista)

- 20% caso se recusem a realizar horas extras

- 20% outros (cor/raça, participação política, ser mulher, e orientação sexual)

A pesquisa amostral também apurou que 78%, dos entrevistados já

presenciaram casos de discriminação com colegas de trabalho. Os principais motivos

apontados foram:

Page 140: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

140

- 44% por participação sindical

- 22% por motivo de doença (relacionada ou não com a atividade trabalhista);

- 5% por recusa a realizar horas extras;

- 5% outros (cor/raça, participação política, ser mulher, e orientação sexual).

As discriminações motivadas por participação sindical e recusa em realizar

horas extras são tratadas com maior profundidade nos itens 6.3.3 – liberdade sindical e

negociação coletiva e, 6.3.5 - jornada de trabalho/hora extra, respectivamente.Em

relação à discriminação por motivos de doença os entrevistados revelaram que os

colegas enfermos sofrem com a pressão da chefia para que voltem ao trabalho o mais

breve possível, justificado pelo quadro enxuto de funcionários na produção (conforme

descrito nos itens – 6.3.7 Saúde e Segurança e 7.1 Reorganização/ Reestruturação).

Um entrevistado relatou que já presenciou discriminação motivada por

orientação sexual através de piadas.Não houve relatos de discriminação racial, por

motivos religiosos ou por ser homem no interior da planta de Triunfo/RS.

Conforme aponta o gráfico 30, 11% dos entrevistados disseram que já foram

ridicularizados ou inferiorizados em frente aos seus pares de forma repetitiva que pode

ser configurado como assédio moral. Segundo os relatos, o assédio moral acontece entre

os cargos hierarquicamente mais elevados, sendo uma maneira de lidar com os

funcionários incorporados pela gerência. E, é uma forma dos diretores e supervisores

tratarem os operadores quando acontece alguma falha na produção. Existe até mesmo

uma sigla “JPM” (Justificavas Perpetuam a Mediocridade) direcionada aos operadores

nos casos de falha.

Page 141: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

141

GRÁFICO 29:ENTREVISTADOS QUE JÁ SE SENTIRAM RIDICULARIZADOS/INFERIORIZADOS EM

TRIUNFO (% - NOVEMBRO DE 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração:IOS

6.3.8. Saúde e Segurança no Trabalho

Os trabalhadores da planta de Triunfo/RS ao serem questionados quais são os

principais fatores, relacionados às atividades laborais, que afeta ou já afetou a saúde

deles responderam conforme o gráfico 30 a seguir.

Page 142: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

142

GRÁFICO 30: FATORES RELACIONADOS AO TRABALHO DOS ENTREVISTADOS QUE

AFETAM/AFETARAM A SAÚDE DOS MESMOSEM TRIUNFO (% - NOVEMBRO DE 2010)

* Os entrevistados podiam selecionar todas as opções que se aplicassem.

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em novembro de 2010. Elaboração: IOS

No gráfico 30, acima, constatamos que dentre os principais fatores

selecionados pelos entrevistados estão: ritmo de trabalho (72%), aumento de

responsabilidades (39%) e pressão da chefia (39%). Os quesitos anteriores se

relacionam entre si sendo resultado do quadro enxuto de trabalhadores atuando na

unidade (tema aprofundado no item 7.1. Reorganização/reestruturação) e do aumento da

produtividade. Apesar disso, alguns operadores disseram que o ritmo de trabalho em

determinados setores da produção diminuiu a partir da decisão da Lanxess de produzir

apenas dois tipos de borracha (Buna SE1502 e 1507). Além disso, os trabalhadores de

maneira geral não são tão expostos aos resíduos químicos e não precisam mais

manusear constantemente os hidrojatos (equipamentos utilizados para limpar as áreas, e

que podem causar lesões por corte). Já no setor administrativo os entrevistados foram

0%

6%

6%

11%

17%

17%

22%

22%

39%

39%

50%

72%

Pressão dos colegas

Nenhum fator afetou minha saúde

Outro (tempo de locomoção até o transporte)

Posturas Estáticas (mesma posição por um longo …

Metas Elevadas

Equipamento de Trabalho Inadequado …

Repetição de Ações ou Movimentos

Equipamentos Industriais, Máquinas e …

Pressão da Chefia

Aumento de Responsabilidades

Rotatividade de Turno

Ritmo de Trabalho

Page 143: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

143

unânimes em afirmar que o ritmo de trabalho aumentou após a Lanxess adquirir a

fábrica uma vez que a companhia exige mais trabalho burocrático do que antes, como o

preenchimento de fichas e relatórios e, a pressão da chefia neste setor também

aumentou.

Rotatividade de turno também foi um fator apontado por 50% dos

entrevistados como prejudicial à saúde, por ocasionar um desgaste físico e mental aos

trabalhadores.

Mais de dois terços dos entrevistados, 72%, responderam que já haviam

apresentado algum problema de saúde relacionado à atividade de trabalho. O gráfico 31,

a seguir, aponta quais foram os problemas citados.

GRÁFICO 31:PROBLEMAS DE SAÚDERELACIONADOS ÁATIVIDADE DE TRABALHO

APRESENTADOS PELOS ENTREVISTADOS APÓS TER COMEÇADO A TRABALHAR EM TRIUNFO

(% - NOVEMBRO DE 2010)*

* Os entrevistados podiam selecionar todas as opções que se aplicassem.

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em novembro de 2010. Elaboração: IOS

Estresse, um dos problemas mais citados, se deve ao ritmo elevado de

trabalho, pressão da chefia para o cumprimento das metas em conjunto com a

0%

6%

6%

11%

11%

17%

22%

39%

Outros Problemas (Respiratórios, Alergias, Cancêr e Doença do Sangue)

Doenças de Pele

Depressão

Problemas de Coluna

Surdez

Outros - pressão, insonia, gastrite, burocracia

Lesão por Esforços Repetitivos (LER/ DORT)

Estresse

Page 144: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

144

rotatividade de turno no caso dos trabalhadores que atuam no setor produtivo.

A pesquisa amostral constatou que 22% dos entrevistados já deixaram de

revelar que estavam passando mal por medo de sofrerem represarias da empresa caso

não trabalhassem (gráfico 32, a seguir).

GRÁFICO 32: TRABALHADORES QUE DEIXARAM DE REVELAR QUE ESTAVA PASSANDO

MAL/DOENTE POR MEDO DE SER PREJUDICADO PELA EMPRESA (% - NOVEMBRO DE 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em novembro de 2010. Elaboração: IOS

Os relatos confirmam que alguns trabalhadores, principalmente, os do setor

produtivo vão trabalhar mesmo adoentados (gripado, com dor, etc), por medo de

prejudicar o colega detrabalhoque precisará cobrir a falta fazendo hora extra uma vez

que o quadro da empresa é enxuto.

Acidentes de Trabalho

Segundo o sindicato os acidentes nos últimos anos foram reduzidos. Porém,

revelou que o sindicato não teve acesso às informações detalhadas sobre os casos de

acidentes de trabalho que ocorreram na unidade de Triunfo/RS nos últimos três anos.

22%

78% a) Sim

b) Não

Page 145: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

145

A pesquisa de campo apurou que nos últimos três anos a unidade contabilizou

apenas um acidente grave com trabalhador próprio e, seis acidentes envolvendo

trabalhadores terceiros. Dentro dos atuais procedimentos, em caso de acidente há uma

investigação sobre o mesmo e deve ser enviado um relatório para Alemanha

descrevendo a ocorrência. Segundo alguns entrevistados, a descrição contida neste

documento na maioria das vezes é minimizada por medo de sofrerem represalias da

Alemanha.

No acidente que envolveu um trabalhador direto, em 2011, o mesmo sofreu

queimadura em um dos dedos da mão no momento em que estava coletando amostras

para o laboratório. Segundo relatos, o acidente foi agravado porque o equipamento não

possuía parada de emergência acarretando em uma demora de três minutos até algum

operador chegar ao local e desligar o equipamento. No dia do acidente a ambulância que

fica no pólo petroquímico de Triunfo e, presta serviço para todas as empresas, não

estava disponível.

No dia seguinte ao acidente o operador retornou a fábrica rotineiramente

(exercendo funções que não precisasse da mão acidentada). A CAT foi emitida somente

15 dias depois do acidente.

Vinte dias após o acidente o operador fez uma cirurgia na qual precisou fazer

um enxerto no dedo. O médico cedeu 20 dias de licença médica, porém a gerência local

pressionou para que o acidentado fizesse a cirurgia nas férias e pediu que o cirurgião

alterasse a data do atestado para não configurar acidente como afastamento (o médico

recusou).

Após os 15 dias de afastamento a empresa ficou protelando o prazo para

entrar no INSS,período no qual pressionaram o acidentado para convencer o médico a

fazer um atestado com uma data irregular. Nesse ínterim o acidentado ficou esperando

cerca de três meses para a empresa dar entrada com a papelada no INSS e, assim

receber a remuneração via INSS.

Page 146: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

146

Para piorar a situação a gerência local colocou os colegas de trabalho do

acidentado contra ele, uma vez que os mesmos começaram a olhar feio para o

acidentando por ter afetado as férias deles e correu um boato que ele não estava

querendo voltar a trabalhar.

O sindicato interveio ao conversar diretamente com o corporativo da empresa

e, só assim, pediram desculpas e resolveram oferecer mais 15 dias de férias ao

trabalhador porque o mesmo tinha sido obrigado a retirar suas férias para fazer a

cirurgia. Parecendo que a visão corporativa é uma e a da gerência local é outra.

O acidentando relatou também que o médico da empresa só foi atender ele

depois de 20 dias do acidente.

CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)

Segundo o sindicato, a empresa não emite CAT para todos os acidentes que

acontecem no local de trabalho.

Treinamento de Saúde e Segurança

A pesquisa amostral revelou que todos os trabalhadores entrevistados

receberam treinamento específico sobre saúde e segurança no trabalho (SST). E, todos

se consideraram bem informados sobre os riscos de doenças e de acidentes de trabalho

dentro da empresa.

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

De acordo com a pesquisa amostral todos os operadores utilizam EPIs e 83%

dos entrevistados acreditam que os EPIs utilizados são adequados. Contudo, alguns

relatos apontaram que determinados EPIs poderiam melhorar, pois causam algum tipo

Page 147: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

147

de incômodo. Quando os entrevistados foram questionados se são consultados no

momento de escolher o EPI, a maioria dos trabalhadores disse que sim.

CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho)

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) da planta é composta

por seis membros. Segundo relatos é muito difícil ter uma reunião da CIPA em que

todos os membros compareçam, pois é difícil liberar os cipeiros que atuam em horário

de turno. Há casos em que as reuniões são feitas fora do horário de trabalho e a empresa

paga hora extra.

Mais da metade dos trabalhadores, 66%, avaliaram a atuação da CIPA como

boa (gráfico 33, a seguir). Pois, acreditam que a CIPA é ativa, participativa e presente.

Alguns entrevistados ressaltaram que a Lanxess vem dando respaldo para a CIPA

efetuar inspeções e colocar em prática o que o pessoal da área reivindica.

GRÁFICO 33: AVALIAÇÃO DA ATUAÇÃO DA CIPA EM TRIUNFO(% - NOVEMBRO DE 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração: IOS

Entretanto, o restante dos entrevistados, 33%, que avaliaram a atuação da

CIPA como regular e ruim disseram que: alguns membros participam da CIPA apenas

Page 148: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

148

para garantir a estabilidade no emprego; a Comissão é afastada dos trabalhadores; e a

CIPA deveria avaliar melhor as condições e riscos dos equipamentos maquinas que

necessitam serem trocados, pois os mesmos estão colocando em risco a segurança dos

trabalhadores.

Segundo entrevista com os membros da CIPA, em 2010 foi criado um

sistema especifico para gerenciamento das gestões da CIPA. Através dele há o

monitoramento por e-mail pelo CEO da companhia que acompanha desde as faltas nas

reuniões da CIPA, ligações da coordenadora de segurança do RJ de Duque de Caxias e

os motivos pelo quais há atrasos ou descumprimento de algumas demandas.

Condições do Local de Trabalho

Na pesquisa amostral, os trabalhadores avaliaram determinadas condições no

local de trabalho conforme aponta a tabela 22, a seguir. As condições de ruído e

qualidade do ar foram as que mais apresentaram insatisfação entre os trabalhadores. Por

sua vez, as condições relativas à temperatura, iluminação e limpeza foram as mais bem

avaliadas.

TABELA 22: AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO LOCAL DE TRABALHO UNIDADE TRIUNFO (% -

NOVEMBRO DE 2010)

Condições do local de trabalho Boa Regular Ruim

Temperatura 72% 27% 0%

Iluminação 61% 27% 11%

Ruído 38% 33% 27%

Qualidade do ar (gases, vapores, poeira, fumaça, odores). 38% 44% 16%

Ordem/Organização do Espaço de Trabalho 72% 27% 0%

Limpeza 66% 33% 0%

Conforto 55% 34% 11%

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração: IOS

As avaliações indicadas na tabela 22 acima foram explicadas pelos

entrevistados conforme os parágrafos abaixo:

Page 149: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

149

Temperatura – a respectiva condição foi apontada como regular por 27%

dos entrevistados. No setor administrativo a temperatura é refrigerada assim como no

painel no setor produtivo, porém no campo os operadores sofrem com temperaturas

altas, devido o processo de produção da borracha;

Iluminação– no geral a qualidade da iluminação da planta é adequada

conforme apontou 61% dos entrevistados. Contudo, há diferença consideráveis de

iluminação dependendo da área em que se encontra e entre o campo e o painel. Isso faz

com que o operador quando sai do painel para efetuar alguma tarefa no campo demore

em se adaptar, o que pode ajudar a provocar algum acidente. Alguns operadores

disseram que a iluminação no campo é regular e muitas lâmpadas queimam pois ficam

expostas ao vapor. O processo de manutenção da iluminação é vagaroso. A Lanxess fez

investimentos para melhorar a situação, mas ainda existem problemas;

Ruído – Uma das condições piores avaliadas pelos trabalhadores,

essencialmente, do setor produtivo. Em algumas áreas deste setor existem máquinas,

motores e equipamentos antigos ruidosos que poderiam ser trocados para diminuir o

barulho. Por exemplo, os compressores das áreas 24, 15 e 14,equipamentos DU, DS,

ventiladores, o barulho da limpeza com ar na área de serviço e os ciclos da prensa. A

área de recuperação foi apontada como bem ruidosa. Os trabalhadores disseram que

mesmo com o uso do protetor auricular o ruído é alto e incomoda A situação poderia

melhorar com investimentos que procurassem confinar (enclausurar) determinados

equipamentos, isolamento acústico, instalar o isolamento duplo no painel de

acabamento (únicopainel do setor produtivo que não conta com este tipo de

isolamento);

Qualidade do ar (gases, vapores, poeira, fumaça, odores) –também está

entre as piores condições avaliadas pelos entrevistados. Houve relatos de que algumas

vezes os exaustores não funcionam, há excesso de vapores quentes e a secagem da

borracha emite fuligem e um cheiro na área de acabamento, há determinadas

ocorrências de emissões fugitivas na área de recuperação que precisam ser amenizadas.

Page 150: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

150

Às vezes é preciso usar máscara dentro do painel dependendo da direção do vento para

não inalar butadieno. As empilhadeiras soltam fuligem apesar de serem a gás. Apesar

desses problemas os entrevistados responderam que a Lanxess se preocupa com o tema,

essencialmente, com os vazamentos que podem ser nocivos ao meio ambiente. Mas

também disseram ser necessários mais investimentos nesse assunto para solucionar os

problemas levantados. Além dessas áreas, segundo a pesquisa de campo no laboratório

em que se analisam as amostras o sistema de exaustão é ruim fazendo com que os

trabalhadores inalem vapores das amostras. Realidade da qual a chefia está ciente e,

comprometeu-se em trocar exaustor, mas isso nunca é feito;

Ordem/Organização do espaço de trabalho - segundo relatos no geral

esse é um quesito bom para regular na Lanxess de Triunfo sem maiores observações

feitas pelos entrevistados;

Limpeza –Alguns trabalhadores, essencialmente, os operadores apontaram

a limpeza como regular porque é diante do material particulado é muito difícil manter o

setor produtivo continuamente limpo;

Conforto–Condição avaliada como regular e ruim por quase metade dos

entrevistados, 45%, principalmente devido a qualidade dos móveis, que são antigos e

não ergométricos, cadeiras e bancadasdesconfortáveis nos painéis e computadores

obsoletos e vagarosos.

Por fim, segundo o sindicato, os problemas e reivindicações relacionadas à

saúde e segurança no local de trabalho tanto dos trabalhadores próprios quanto dos

terceirizados, não são discutidas com o sindicato.

Manutenção

Segundo alguns trabalhadores terceiros há um rigor excessivo com o controle

dos gastos destinados a manutenção dos equipamentos. Muitas vezes somente é

autorizada a reposição de uma peça quando a falta da mesma pode acarretar a parada da

Page 151: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

151

produção. No final do mês é comum o almoxarifado alegar que a cota do mês já

estouroupara reposição de peças e, portanto o trabalhador da manutenção precisa

improvisar com os equipamentos que tem.

Entretanto, acontece com pouca frequência manutenção corretiva na unidade.

No geral, há tempo suficiente para a realização de manutençõespreventivas devido à

alternância de funcionamento das linhas de produção. Assim, enquanto uma linha fica

parada durante uma semana é realizado a manutenção dos equipamentos com calma.

Os terceiros entrevistados também sentem que atualmente a empresa tem uma

consciência ambiental maior. Porém, devido à contenção de despesas, quando ocorrem

problemas considerados “não relevantes” de vazamento pela Lanxess, segundo a

percepção dos entrevistados,a empresa procura adiar a solução. Por exemplo,

vazamento de vapor que consome um volume grande de água geralmente é adiado a

solução definitiva através por paliativas, como emendas e gambiarras.

6.3.9. Meio Ambiente

De acordo com a pesquisa amostral 78% dos entrevistados da planta de

Triunfo/RS acreditam que a empresa não causa danos ambientais. Os trabalhadores

também informaram que existe uma preocupação constante com o meio ambiente. Os

próprios trabalhadores assumem a responsabilidade e acabam adotando com seriedade

as medidas que ajudam a diminuir o impacto no meio ambiente através da diminuição

do consumo de água, destinação correta dos resíduos sólidos, reciclagem, etc.

Já para 22% dos entrevistados a empresa causa algum tipo de dano ambiental

ao afirmarem que, por exemplo, emissões fugitivas são inerentes ao processo de

produção de uma indústria petroquímica, mesmo com todas as precauções possíveis.

Metade dos entrevistados, 50%, acredita que os problemas ambientais

provocados pela empresa podem afetar um pouco a saúde deles.

Page 152: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

152

GRÁFICO 34: OPINIÃO DOS TRABALHADORES EM RELAÇÃO A SEREM AFETADOS PELOS

PROBLEMAS AMBIENTAIS DA EMPRESA (% - NOVEMBRO 2010)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração: IOS

6.3.10. Responsabilidade Social

A maioria dos entrevistados, 83%, relatou que nunca foi convidado pela

empresa para realizar trabalho social voluntário. Segundo um relato, em Triunfo houve

a implantação de um projeto especifico chamado Ingá voltado à preservação da mata

ciliar de rios da região143. Apenas 17% dos entrevistados afirmaram que foram

incentivados a fazer algum trabalho social voluntário pela atual gestão da empresa.

6.3.11. Terceirização

No quadro 16 encontram-se as principais empresas terceirizadas contratadas pela

Lanxess em Triunfo/RS. Somando todos os terceiros, há cerca de 70 atuando na

unidade. Ou seja, quantidade um pouco maior do que a de trabalhadores próprios.

143http://www.contadino.com.br/downloads/relatorios_anuais/Petroflex_2003.pdf, acessado em 26/04/2011.

Page 153: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

153

QUADRO 16: PRINCIPAIS TERCEIRIZADAS NA PLANTA DE TRIUNFO

Terceirizada Serviço Prestado

COMAU144

Responsável pela manutenção da unidade. Emprega no total 18 terceiros que

ocupam as funções de: técnico de segurança, mecânica, instrumentação, eletricista e

caldeiraria.A COMAU também atende às manutenções programadas.

Wilson Sons

Tem funcionários alocados na área de acabamento para ensacar o produto e

transportá-lo. Conta com cerca de 20 terceiros, dois trabalhadores por turno. Uma das

funções ocupadas é o de empilhadeirista.

Top Service Responsável pela segurança, limpeza e manutenção predial

Fonte: Pesquisa de Campo efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração: IOS

Existem outros tipos de contratação de serviços, como por exemplo, a

terceirizada responsável por fazer a limpeza da fábrica utilizando hidrojato. Serviço de

alta periculosidade e de custo elevado.

Dentre as empresas acima, a pesquisa apurou de forma mais aprofundada as

relações e condições trabalhistas pertinentes aos trabalhadores da COMAU conforme a

quadro 17 a seguir.

144 Empresa de origem italiana com escritório brasileiro localizado na cidade de Betim/MG

Page 154: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

154

QUADRO17:RELAÇÕES E CONDIÇÕES DE TRABALHO DA EMPRESA TERCEIRIZADA COMAU EM TRIUNFO

Contrato com a

Lanxess

Já as relações dos terceirizados da COMAU com a Lanxess é insegura uma vez que a empresa renova o contrato com a COMAU de dois em dois meses e, não mais

bienalmente como ocorria no período da Petroflex. Essa flexibilidade do contrato faz com que os terceiros sintam medo e temam pelo emprego.

Representação

Sindical

Sindicato dos Metalúrgicos e Construção Civil de Canoas/RS. Os terceiros ponderaram que, apesar do sindicato dos metalúrgicos ser atuante, o SINDIPOLO é mais

representativo e presente.

ACT (Acordo Coletivo

de Trabalho)

Acordo coletivo próprio firmado pelo sindicato dos metalúrgicos.

Na ultima data base foram obrigados a pagar um imposto sindical de 2% do salário base durante quatro meses.

Remuneração Data base em 1º de maio. O menor salário pago é R$1.500,00 - caldeiraria, o médio é de R$2.000,00 - mecânico) e, o maior salário é de R$2.500,00 - instrumentista.

Remuneração considerada boa quando comparada com as outras empresas terceirizadas do polo petroquímico de Triunfo/RS.

Adicionais Insalubridade

PLR

O último PLR foi de um salario base de R$1.500,00, pago em duas parcelas. Dentre as metas do PLR estão: ausência de acidente de trabalho; disponibilidade das

maquinas e dos equipamentos para produzir (assim cada parada da Lanxess é computada). De acordo com os terceirizados entrevistados os trabalhadores da COMAU

não tem acesso aos índices de lucro da empresa e as negociações do PLR são sempre difíceis feitas entre uma comissão eleita pelos trabalhadores e um representante

da COMAU.

Jornada de Trabalho 8 horas diárias cumpridas no horário administrativo.

Hora Extra/Plantão

Além da jornada de trabalho há um plantão, executado durante sete dias por mês, no qual o trabalhador fica disponível para se deslocar a fábrica caso seja necessário

efetuar manutenção de emergência. Esse plantão é remunerado como hora extra e, se o trabalhador é acionado recebe um valor adicional.

Os terceiros informaram que as horas extras diminuíram após a entrada da Lanxess.

PCC (plano de

Cargos), Inexiste

Discriminação Sem relatos

Saúde e Segurança Recebem treinamento de saúde e segurança e se consideram bem informados a respeito do tema. Todos os dias os terceiros da COMAU fazem um DDS (diálogo de

segurança) no qual leem textos sobre o tema.

Avaliação sobre as

condições do

Ambiente de

Trabalho

Reclamaram da temperatura excessiva em espaços confinados. Ruído em demasiado nas áreas 24 e 25, principalmente nesta última, onde se encontra os secadores

de borracha e muitos equipamentos amontoados

Acidente Em 2009 houve um caso em que um trabalhador sofreu queimaduras na virilha com vapor e permaneceu quatro meses afastado.

Demissão/

Admissão Não houve casos relevantes

Refeição

Os terceiros vão ao almoço 12h00 o pessoal da Lanxess vai 12h15 para evitar filas. A refeição do almoço é de boa qualidade. Já o lanche às vezes é ruim. Nunca falta

refeição para os terceiros, quando ficam além do horário normal a portaria é avisada e, informa o refeitório para preparar mais janta. Fora do almoço e da janta, os

terceiros precisam ligar para o refeitório e solicitar um lanche que costuma ficar pronto em 10 minutos.

Vários dos trabalhadores terceirizados da COMAU atuam na empresa há mais de dez anos. Segundo esses trabalhadores o quadro de profissionais do setor de

manutenção é pequeno. Por exemplo, existem apenas quatro mecânicos para toda a fábrica.

Fonte: Pesquisa de Campo efetuada em Triunfo/RS, em novembro de 2010. Elaboração: IOS

Page 155: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

155

6.4. PORTO FELIZ/SP

6.4.1. Perfil da Unidade

Como já foi descrito no item de produção a fábrica de Porto Feliz produz

pigmentos inorgânicos nas cores: amarelo; vermelho; marrom e preto e, pigmentos

orgânicos nas cores azul, verde e preto. Dentro da planta de Porto Feliz/SP também está

instalado uma subsidiária da Lanxess a Rhein Chemie, que produz aditivos para a

indústria de borracha.

A principal produção da unidade é pigmento amarelo a base do óxido de ferro

com uma capacidade produtiva de 36 mil toneladas por mês. Em segundo lugar vem a

produção de pigmento vermelho de 3 mil toneladas mensais. Já o volume de produção

mensal de pigmentos orgânicos é bem menor em torno de 50 toneladas por mês. Dentre

as principais marcas e produtos fabricados em Porto Feliz se encontram os pigmentos da

linha de Bayferrox e o pó Xadrez. Os Bayferrox são constituídos de materiais moídos

ou micronizados145 baseados no óxido de ferro.

Segundo o sindicao e o site da Lanxess a unidade de Porto Feliz recebe

atenção especial da Lanxess por tratar-se da única planta fora da Alemanha estruturada

para sintetizar em pigmento o óxido de ferro. Produto que apresenta uma grande

demanda no mercado mundial especialmente o Bayferrox micronizado direcionado ao

segmento de tintas imobiliárias. Cenário que confere a Porto Feliz um amplo potencial

de desenvolvimento local e exportador sendo considerada uma das principais plantas da

Lanxess do segmento “Inorganic Pigments”.

Na atualidade cerca de 60% da produção da planta é exportada para os EUA,

145 Micronizados da linha de baixa absorção de óleo e alta tecnologia.

Page 156: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

156

Europa e América Latina. O restante é comercializado localmente para fábricas de tinta

(30% a 35% do total da produção), plásticos (10% da produção), pigmentação de

massas de construção civil (rejunte, telhas, tijolos, piso, etc) e, para o varejo (a linha de

pó xadrez). Assim, a planta atende 90% da demanda nacional por pigmentos de óxidos

de ferro amarelo, vermelho e preto. E, importa em torno de 10% da demanda nacional

por preferência dos consumidores.

No inicio do controle da Bayer Porto Feliz recebeu investimentos na ordem

de US$10 milhões para a modernização das instalações. Em anos posteriores investiu-se

mais US$ 6,6 milhões, deste valor US$ 1,2 milhões foram para a conservação e

proteção do meio ambiente146. Atualmente, a Lanxess prevê novos investimentos para a

expansão do volume de produção de pigmentos à base de óxido de ferro,

No ano passado, 2010, inaugurou-se dentro na planta de Porto Feliz uma

usina de cogeração de energia elétrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar com

capacidade de 4,5MW. O aporte do investimento para a instalação da usina foi de

R$18,5 milhões, deste recurso 80% foram financiados pelo BNDES (Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social). O objetivo da usina é o uso de energia

renovável e diminuição das emissões de carbono (estimasse uma redução de 44 mil

toneladas por ano147). Para o conselho de administração da companhia148 a usina servirá

como modelo para outros empreendimentos de energia limpa da Lanxess ao redor do

mundo. Ao mesmo tempo enfatizam que o projeto caminha junto com os conceitos de

sustentabilidade ambiental e econômica implicando em ganhos de competitividade.

Argumento que será plenamente contestado nos capítulos de meio ambiente e

terceirização do presente relatório.

146 http://www.quimicaederivados.com.br/revista/qd453/atualidade4.html 147http://www.brasilalemanhanews.com.br/Noticia.aspx?id=107.

http://corporate.lanxess.com/media-brazil/br-press/detail/3955/, acessados em 18/07/2010. 148 http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=2859&id_pai=2&id_secao=5&id_tipo=3

Page 157: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

157

6.4.2. Perfil dos Trabalhadores

O quadro de trabalhadores da unidade de Porto Feliz é composto por 219

(duzentos e dezenove) funcionários, que atuam nas áreas de administração, produção,

serviços gerais, manutenção e embalagem, conforme descrito na tabela 23 abaixo:

TABELA 23: QUADRO DE TRABALHADORES DA UNIDADE DE PORTO FELIZ (% - JANEIRO/2011)

Área Trabalhadores

Diretos

Administração 14%

Produção 67%

Laboratório 4%

Serviços Gerais,

Manutenção e Embalagem 15%

Total 100%

Fonte: Lanxess Brasil, Relatório de Contribuição Sindical de 2010 da planta de Porto Feliz (SP),

disponibilizado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Abrasivos Químicos e Farmacêuticos

de Salto e RegiãoElaboração:IOS.

Além dos trabalhadores diretos, a unidade também conta com profissionais

terceirizados que contabilizam um total de aproximadamente 60 trabalhadores, atuando

no setor de serviços gerais, embalagem, na manutenção corretiva e preventiva da planta

e na usina de cogeração de energia. Também existem aproximadamente 15 funcionários

temporários atuando na unidade como ajudante de limpeza e no setor de ensaque. Estes

profissionais possuem contratos que são renovados de três meses em três meses. Ou

seja, a Lanxess costuma contratar os mesmos trabalhadores por um prolongado periodo

através de uma série de contratos temporáriossituação que infringe a legislação

trabalhista. Os dirigentes sindicais afirmam que em certos casos esses trabalhadores

temporários são contratados como trabalhadores próprios.

Há diferenças cruciais entre as relações e condições de trabalho vivenciadas

pelos funcionários próprios e temporários em comparação com os terceiros.

Page 158: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

158

Sexo / Gênero

Em Porto Feliz, segundo a lista de contribuição sindical de 2010149, a maior

parte dos trabalhadores que compõe o quadro de funcionários, 88%, é do sexo

masculino (conforme aponta a tabela 24 a seguir).

TABELA 24: NÚMERO DE TRABALHADORES POR SEXO/GÊNERO PORTO FELIZ (JANEIRO/2011)

Área

Sexo/Gênero

Feminino Masculino

Número % Número %

Administrativo 19 76 % 24 12%

Produção 4 16 % 164 85%

Laboratório 2 8 % 6 3 %

Total 25 12% 194 88%

Fonte: Lanxess Brasil, Lista de Contribuição Sindical de 2010 da planta de Porto Feliz (SP),

disponibilizado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Abrasivos Químicos e Farmacêuticos

de Salto e RegiãoElaboração:IOS.

Na tabela 2 acima também se constata que 76% das trabalhadoras da planta

de Porto Feliz ocupam cargos administrativos. Ao mesmo tempo, a grande maioria dos

homens, 85%, está alocada na área de produção.

Idade

De acordo com os dados obtidos na pesquisa amostral, a faixa etária dos

trabalhadores da unidade de Porto Feliz varia de 24 a 56 anos. Nota-se que a maioria

dos funcionários entrevistados concentra-se na faixa etária de 30 a 44 anos. O segundo

maior percentual atingido na amostra foi de 22% que corresponde aos trabalhadores

alocados na faixa etária de 45 a 49 anos, conforme aponta tabela 25 a seguir.

Page 159: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

159

TABELA 25 :PORCENTAGEM DE TRABALHADORES POR FAIXA ETÁRIA EM PORTO FELIZ

(JANEIRO/2011)

Faixa Etária %

24 a 29 anos 13%

30 a 34 anos 28%

35 a 39 anos 13%

40 a 44 anos 19%

45 a 49 anos 22%

> de 50 anos 6%

Total 100,00%

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração:IOS

Raça/Cor

O quesito cor/raça considerado neste item teve como base o critério de auto

classificação do entrevistado e os mesmos extratos de cor/raça utilizados pelo IBGE.

Neste formato de metodologia, verificamos que 75% dos trabalhadores entrevistados se

auto declararam brancos e 25% se auto declarou negro (pretos e pardos)150. Nenhuma

das mulheres entrevistadas se autodeclarou negra151.

GRÁFICO 35:PORCENTAGEM DE TRABALHADORES POR COR/RAÇA EM PORTO FELIZ

(JANEIRO/2011)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

150 Esse sistema de classificação de cor ou raça adotado pelas pesquisas domiciliares do IBGE, se consiste na escolha

pelo informante de uma entre as cinco opções: branca, preta, parda, amarela ou indígena. Fonte:

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=737, acessado em 24/03/2011.

Nos últimos anos, o IBGE, vem agregando as categorias pardos e pretos numa categoria única denominada "negros".

A explicação dada pelo IBGE para isso é que os indicadores de condição de vida dos pardos e dos pretos são

parecidos e que a origem da palavra "negro" faz com que ela possa ser usada em outros contextos e não só quando se

trata de populações africanas.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pardos em 03/02/2011 151 Em conseqüência do universo reduzido da amostra de mulheres abordadas na pesquisa, não foi possível analisar

especificamente a cor/raça do gênero feminino.

75%

6%

19%

Branca

Preta

Parda

Page 160: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

160

Quanto à distribuição de cargos por raça, verificamos que todos os

trabalhadores negros estão alocados no setor produtivo, ocupando cargos como

operador técnico 1, 2, 3 e 4, de maneira equilibrada. Ao mesmo tempo, a grande maioria

dos trabalhadores brancos, 66%, também ocupa cargos no setor produtivo. No entanto,

dentre os entrevistados, somente os funcionários brancos estão alocados no setor

administrativo e no laboratório.

Escolaridade

Na planta de Porto Feliz, a pesquisa amostral apontou que todos os

trabalhadores entrevistados concluíram ao menos o segundo grau e 13% deles possui

curso superior ou graduação completo. E, somente 3% dos entrevistados possui

mestrado/doutorado ou pós-graduação completo, conforme gráfico 36 a seguir.

GRÁFICO 36: PORCENTAGEM DE TRABALHADORES POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE

Fonte: Pesquisa Amostral IOS, janeiro de 2011. Elaboração: IOS

A pesquisa amostral também demonstrou que 83% dos trabalhadores da

produção têm ensino médio completo, enquanto a maioria dos trabalhadores do setor

administrativo, 62,5%, está cursando ou já cursou o ensino superior.

69 %

6 % 9 % 13 %

3 %

f) Ensino Médio /

2º grau / colegial

completo

g) Superior /

Graduação

incompleto

h) Superior /

Graduação

cursando

i) Superior /

Graduação

completo

l) Mestrado /

Doutorado / Pós-

Graduação

completo

Page 161: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

161

Tempo no emprego

A pesquisa amostral constatou que em Porto Feliz, a maior parte do quadro

funcional, 47%, trabalha de 13 a 20 anos na planta e, um número significativo de

funcionários, 22%, está na empresa de 7 a 12 anos, conforme gráfico 37 a seguir.

GRÁFICO 37:PORCENTAGEM DE TRABALHADORES POR TEMPO DE CASA (JANEIRO/2011).

Fonte: Pesquisa Amostral IOS, janeiro de 2011. Elaboração: IOS

6.4.3. Liberdade Sindical e Negociação Coletiva

Os trabalhadores diretos da unidade de Porto Feliz/SP são representados pelo

Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Abrasivos Químicos e Farmacêuticos de

Salto e Região, sediado na cidade de Salto, filiado à Força Sindical. A diretoria do

sindicato é composta por dois dirigentes sindicais e, apesar de nenhum deles ser

liberado para representar os trabalhadores da unidade os sindicalistas afirmaram que

possuem livre acesso aos locais de trabalho inclusive sem autorização prévia. Na

medida em que os dois dirigentes trabalham na unidade ocupando as funções de:

operador e técnico de laboratório e, portanto possuem acesso as dependências da

13 %

22 %

47 %

13 %

3 % 3 %

mais de 4 a 6 anos

de 7 a 12 anos de 13 a 20 anos

de 21 a 30 anos

mais de 30 anos

Não responderam

Page 162: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

162

fábrica. Também, relataram que possuem liberdade para distribuir os

informativos/boletins sindicaisaos trabalhadores e que utilizam o mural da empresa para

fixar informações.

A pesquisa apontou um índice de sindicalização alto tanto para os

trabalhadores do setor administrativo como para o setor produtivo ao indicar uma

porcentagem de sindicalização de 87% e 83% respectivamente.

Segundo a pesquisa, 96% dos entrevistados adquirem informações sindicais

lendo boletins, panfletos ou jornais do sindicato, 65% se informam conversando com

diretores do sindicato e 59% conversando com colegas de trabalho. Nenhum dos

entrevistados afirmou se informar das atividades do sindicato através de: meios de

comunicação no local de trabalho (murais e etc.); carro de som; conversando com

chefes; e gerentes no local de trabalho. Apenas 3 % dos entrevistados relatou que ficam

a par das informações sindicais através de assembleias e reuniões do sindicato.

Corroborando com essa informação a grande maioria, 78%, dos entrevistados afirmou

nunca participar de assembleias e 22% relatou participar de reuniões às vezes. Números

que indicam baixa participação e envolvimento dos trabalhadores da unidade de Porto

Feliz em questões relativas a assuntos sindicais.

Um fato que dificulta um envolvimento maior dos trabalhadores em reuniões

e em determinadas assembleias sindicais é a localidade do sindicato que é em Salto/SP,

cidade vizinha a Porto Feliz. Neste sentido, alguns trabalhadores afirmaram que quando

as reuniões ocorrem na porta da fábrica á participação deles é maior. Outros

trabalhadores afirmaram que não são informados de todas as reuniões do sindicato e

alguns disseram que só participam de votações em momentos decisivos, como no

período de mudança de carga horária.

A maioria dos entrevistados, 90%, não se sente constrangido ou intimidado

por conversar com dirigentes sindicais, ler o boletim ou jornal do sindicato ou quando

afirmam ser sindicalizados dentro da empresa, conforme tabela 25a seguir.

Page 163: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

163

TABELA 26:RAZÕES PELAS QUAIS OS TRABALHADORES SE SENTEM CONSTRANGIDOS OU

INTIMIDADOS REFERENTES A ASSUNTOS SINDICAIS PELA EMPRESA

Motivo* %

Conversa com dirigente sindical dentro da empresa -

Lê o jornal/ boletim do sindicato dentro da empresa -

Fala sobre assuntos sindicais dentro da empresa 5%

Participa de atividades/ assembleias sindicais 5%

Afirma ser sindicalizado -

Não me sinto constrangido ou intimidado por assuntos sindicais 90%

Fonte: Pesquisa Amostral IOS, janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Apesar das porcentagens acima, alguns entrevistados percebem que a

empresa indiretamente não aprova a participação dos trabalhadores em assembleias

sindicais.

Segundo os sindicalistas, a empresa somente permite que os trabalhadores

reúnam-se no interior da fábrica quando o assunto é de interesse da Lanxess.

6.4.4. Promoção/Avaliação de Desempenho/Treinamento/Remuneração

Mais da metade dos entrevistados 68%, respondeu que a Lanxess não possui

um PCS/PCC e, 7% não sabia dizer. Dentre os 25% dos entrevistados que afirmou

existir um PCC/PCS a maioria, 62%, disse não conhecer o conteúdo. E, os que disseram

conhecer seu conteúdo, 37%, relataram que não compreendiam como o programa

funciona na prática. Segundo alguns entrevistados o PCC existe, mas não é repassado

para os trabalhadores de “baixo” escalão. Outros entrevistados afirmaram que o

PCC/PCS é algo novo na empresa, pois a área de Recursos Humanos acaba de

apresenta-lo aos funcionários e, por isso os funcionários ainda não estão acostumados

com o Plano.

Já para os dirigentes sindicais a empresa não possui um Plano de Cargos e

Salários, mas existe uma avaliação de desempenho dos funcionários por parte da

empresa.

Page 164: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

164

De acordo com a pesquisa amostral os principais critérios de promoção

dentro da unidade são:

87% formação escolar e técnica;

84% demonstrar competência através de bom desempenho;

37% experiência adquirida no trabalho;

31% amizade com a chefia, critério subjetivo;

9% dedicação à empresa

6% “ser homem”;

3% disponibilidade de realização de horas extras

Os critérios “ser branco”, “ser mulher”, “ser negro” e “não participar das

atividades do sindicato” não foram considerados por nenhum dos funcionários

entrevistados.

Segundo os entrevistados, amizade com a chefia ajuda muito no momento

dos trabalhadores receberem promoção. Trabalhadores amigos da chefia que os

acompanham em programas sociais (churrasco, por exemplo), terão mais prioridade no

momento em que a empresa abrir vagas para promoção.

Com relação às oportunidades de promoção a opinião dos entrevistados ficou

dividida uma vez que metade dos entrevistados considerou como “boa” as

oportunidades de promoção, enquanto, 37,5% dos trabalhadores as consideraram como

“regulares” e 12,5% como “ruins” (gráfico 38). A falta de clareza do PCS/PCC e certa

subjetividade utilizada nos critérios de promoção pode ser um indicativo desta

disparidade de opinião entre os entrevistados.

Page 165: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

165

GRÁFICO 38: OPINIÃO DOS TRABALHADORES SOBRE A QUALIDADE DAS OPORTUNIDADES DE

PROMOÇÃO DA LANXESS.

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Para os entrevistados que consideraram como boa às oportunidades de

promoção da Lanxess, a empresa vem aumentando as possibilidades de crescimento dos

funcionários, inclusive abrindo vagas aos terceirizados. Além disso, afirmaram também

que a empresa incentiva os funcionários a estudar, promovendo, pagando ou ajudando

de alguma forma o trabalhador (fornecendo transporte, por exemplo). Já os que

apontaram como regular ou ruim a oportunidade de promoção acreditam que para subir

de cargo é preciso um trabalhador morrer ou se aposentar.

Por mais que exista certo descontentamento sobre a ascensão hierárquica e a

promoção salarial, a pesquisa amostral apontou que 93% dos entrevistados espera estar

trabalhando na empresa daqui a um ano uma vez que a Lanxess oferece o melhor salário

da região. E, por isso, as oportunidades que a Lanxess promove condizem com a

realidade local, segundo os entrevistados.

Para complementar as informações acima sobre PCS e critérios de promoção

na unidade percebemos que todos os trabalhadores entrevistados afirmaram serem

avaliados no desempenho de sua atividade. Os entrevistados relataram que a avaliação

acontece anualmente e é feita pelos superiores imediatos dos setores. A avaliação

contém critérios pessoais e profissionais como relacionamento interpessoal, iniciativa,

50,00%

37,50%

12,50%

Boas

Regulares

Ruins

As oportunidades de promoção da Lanxess são:

Page 166: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

166

responsabilidade, desenvoltura, desempenho, capacidade de solucionar problemas,

liderança, trabalho em grupo, conhecimento geral do trabalho e riscos de equipamentos

e segurança.

Treinamento

De acordo com a pesquisa amostral, todos os entrevistados participaram de

cursos oferecidos pela empresa no próprio local de trabalho. Ao serem questionados a

respeito dos proveitos do(s) curso(s) as respostas foram as apontadas pelo gráfico 39 a

seguir:

GRÁFICO 39:AVALIAÇÃO DO(S) PROVEITO(S) DO(S) CURSO/TREINAMENTO(S) OFERECIDO(S)

PELA LANXESS NO LOCAL DE TRABALHO*

* Os entrevistados podiam selecionar todas as opções que se aplicassem

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

De acordo com os dirigentes sindicais, a empresa não custeia cursos de

línguas ou faculdade.

Remuneração

De acordo com os dirigentes sindicais, os trabalhadores da planta de Porto

38%

28%

19%

9%

3% 3% Contribuiu p/ ser promovido + Ampliou seus conhecimentos sobre o trabalho que desempenha na empresa + Contribuiu p/ sua carreira profissional fora da empresa Ampliou seus conhecimentos sobre o trabalho que desempenha na empresa + Contribuiu p/ sua carreira profissional fora da empresa

Ampliou seus conhecimentos sobre o trabalho que desempenha na empresa

Contribuiu p/ você ser promovido + Ampliou seus conhecimentos sobre o trabalho que desempenha na empresa

Não acrescentou nada

Page 167: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

167

Feliz não recebem adicionais de insalubridade ou de periculosidade. O sindicato moveu

uma ação na justiça contra a empresa a respeito cobrando o adicional, porém a justiça

determinou que apenas os eletricistas da planta recebessem periculosidade.

6.4.5. Jornada de Trabalho/Hora Extra

Na planta de Porto Feliz há duas jornadas de trabalho152 de trabalho principais

uma para o setor administrativo e outra para o setor produtivo, conforme aponta o

quadro 18 a seguir.

QUADRO 18: JORNADA DE TRABALHO NA PLANTA DE PORTO FELIZ (2010)

Setor Jornada de Trabalho Funcionalidade Definido pela:

Administrativo 8 horas diárias

40 horas semanais

5 dias de trabalho e 2 dias de folga

no fim de semana

Legislação

Trabalhista

Produção –

Setor Amarelo

7 horas de trabalho por dia

(sendo 6 horas normais +

1 hora extra por dia)

Regime de turno ininterrupto de

revezamento = 6X2 6 dias de

trabalho e 2 dias de folgas, sendo

2 dias no turno da manhã, 2 dias a

tarde e 2 dias a noite)

Acordo Coletivo

Expedição 8 horas diárias

40 horas semanais

5 dias de trabalho e dois dias de

folga (no fim de semana) com três

turnos diferentes: das 7 às 15, das

15h às 23h e das 23h às 7h

Acordo Coletivo

Setor de

embalagem do

pó xadrez e

produção da

borracha

haichemem

8 horas diárias

40 horas semanais

(quando o volume de

produção aumenta

implementa-se um turma

extra que cumpre um turno

das 23h até às 7h

----- ----

Fonte: Acordo de Turno. Elaboração: IOS

A pesquisa amostral apontou que a maioria dos trabalhadores da planta de

Porto Feliz/SP não efetuam horas extras, uma vez que a maioria dos entrevistados, 81

%, afirmou não ter realizado horas extras no mês anterior a pesquisa (gráfico 40 a

seguir). Os dirigentes sindicais da planta de Porto Feliz também informou que a hora

152 No Brasil a legislação trabalhista estabelece, salvo os casos especiais, que a jornada normal de trabalho é de 8

(oito) horas diárias e de 44 (quarenta e quatro) horas semanais. No caso de trabalhos em regime de turnos

ininterruptos, a jornada máxima diária é de 6 horas, totalizando 36 horas semanais. Entretanto, nestes casos acordos

coletivos sobre turno podem alterar o número de horas diárias e de dias trabalhados. Além disso, algumas categorias

profissionais têm direito por lei à jornada de trabalho inferior às 44 horas, nos casos em que as condições de trabalho

sejam insalubres/periculosidade.

Page 168: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

168

extra não é uma prática normal da empresa e, a mesma costuma ocorrer apenas em

períodos de pico de produção.

GRÁFICO 40:HORAS TRABALHADAS ALÉM DA JORNADA DE TRABALHO (NO MÊS ANTERIOR A

PESQUISA)*

*As horas trabalhadas inclui compensação de horas/banco de horas/horas extras

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Os funcionários que realizam hora extra disseram fazer horas excedentes

quando há alguma parada de máquina que atrasa o serviço e, por essa razão ficam até

mais tarde na fábrica. Em média, estes funcionários trabalham no máximo um dia a

mais por mês.

Já os trabalhadores que ocupam cargos de confiança na Lanxess, como de

supervisão, por exemplo, não têm horário fixo para entrar e nem sair. Trabalham de

acordo com a atividade que deve ser feita. Alguns destes profissionais afirmaram que

nunca conseguem resgatar toda a sua compensação de horas e, normalmente, trabalham

muito mais do que às oito horas diárias, pois tem muita atividade para exercer e sempre

que saem da planta sentem que ainda está faltando algo a ser feito ou cumprido. Os

entrevistados relataram que fica a cargo de cada trabalhador decidir qual será a melhor

opção de compensar as horas extras.

A maioria dos entrevistados de Porto Feliz, 53%, afirmou durante a pesquisa

amostral que sempre tem a possibilidade de recusar a realização de horas extras,

conforme indica o gráfico 41 a seguir.

3%

13% 3%

81%

Até 4 horas

De 5 a 10 horas

De 10 a 20 horas

Não realizei horas extras

Page 169: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

169

GRÁFICO 41: TRABALHADORES QUE PODEM OU NÃO RECUSAR A REALIZAR HORAS EXTRAS

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

De acordo com a pesquisa amostral, as horas extras são remuneradas e pagas

como horas extras conforme o gráfico 42 a seguir.

GRÁFICO 42:HORAS TRABALHADAS ALÉM DA JORNADA PAGAS/COMPENSADAS

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Porém, conforme o gráfico 43 acima, 20% dos entrevistados afirmaram que

as horas extras não são remuneradas e nem compensadas pelo banco de horas,

provavelmente este percentual se refere aos profissionais do setor administrativo que

25%

19% 53%

3%

As vezes

Nunca

Sempre

(vazio)

60% 20%

20% Remuneradas e pagas como horas-extras

Não remuneradas, mas compensadas pelo banco de horas

Não remuneradas e não compensadas pelo banco de horas

Page 170: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

170

ocupam cargos considerados de confiança. Para a empresas esses trabalhadores devem

cumprir as tarefas designada a eles independente de extrapolar ou não a jornada de

trabalho.

6.4.6. Discriminação

De acordo com o Relatório de Contribuição Sindical de 2010 da planta de

Porto Feliz (SP)153 as mulheres correspondem a 12% do quadro de funcionários da

unidade. Desta porcentagem, apenas 16% delas estão alocadas no setor produtivo

(correspondendo a quatro trabalhadoras) e, duas trabalhadorasocupam cargos no

laboratório.

As mulheres alocadas na área administrativa ocupam funções de: analista e

gestora de HSEQ (saúde, segurança, meio ambiente e qualidade), assessora

administrativa, auxiliar administrativa, auxiliar de cozinha, cozinheira, líder de cozinha,

nutricionista, secretária e técnica administrativa. Na área de produção, as mulheres estão

alocadas nos cargos de embaladora, operadora e ajudante de produção. Por sua vez, no

setor do laboratório, as mulheres ocupam os cargos de analista química júnior e sênior.

A partir da distribuição dos cargos ocupados pelas mulheres foi possível perceber que

nenhuma delas ocupa cargos de chefia, a não ser a: líder da cozinha e a analista e

gestora do HSEQ.

Dentre as mulheres entrevistadas durante a pesquisa amostral metade delas

relatou que já se sentiram discriminadas por serem mulheres dentro da Lanxess, mas

afirmaram não ter presenciado casos de discriminação com outras mulheres.

Os dirigentes sindicais relataram que já houve casos de assédio sexual a

mulheres no local de trabalho e os mesmos foram relatados na SA 8000.

153 Relatório disponibilizado pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Abrasivos Químicos e Farmacêuticos

de Salto e Região

Page 171: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

171

A respeito do tema racial a pesquisa amostral constatou que todos os

trabalhadores negros entrevistados (pretos e pardos154) estão alocados no setor de

produção. Dentre os coordenadores e gerentes entrevistados todos eram brancos. Assim

é possível que os negros estejam alocados em cargos hierarquicamente mais baixos e

recebendo salários inferiores.

Dirigentes sindicais e trabalhadores relataram que a Lanxess de Porto Feliz

não desenvolve qualquer tipo de atividade ou programa de igualdade de

oportunidades/ação afirmativa entre homens e mulheres, brancos e negros, tanto para a

ocupação de cargos como para a qualificação e ascensão profissional.

A pesquisa amostral demonstrou que a grande maioria dos entrevistados,

78%, não se sente prejudicado/discriminado dentro da empresa. Dentre os que se sentem

discriminados, 22%, os motivos apontados foram155:

- 24% por motivos de doença (relacionada ou não com a atividade trabalhista,

junção de 18% de doença + 6% de doença no trabalho);

- 6% por ser mulher;

- 3% por participação sindical, 3% por religião e 3% por não ter amizade com

a chefia.

Segundo alguns relatos de entrevistados é comum a Lanxes deixar de “canto”

trabalhadores que estão impossibilitados de exercer as atividades normalmente por

motivos de doença. Houve relatos de trabalhadores com depressão e síndrome do pânico

que disseram terem sido discriminados pela chefia da empresa ao serem repreendidos

pelos chefia direta. Estes trabalhadores afirmaram que não tiveram coragem de procurar

154 Esse sistema de classificação de cor ou raça adotado pelas pesquisas domiciliares do IBGE, se consiste na escolha

pelo informante de uma entre as cinco opções: branca, preta, parda, amarela ou indígena. Fonte:

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=737, acessado em 24/03/2011.

Nos últimos anos, o IBGE, vem agregando as categorias pardos e pretos numa categoria única denominada "negros".

A explicação dada pelo IBGE para isso é que os indicadores de condição de vida dos pardos e dos pretos são

parecidos e que a origem da palavra "negro" faz com que ela possa ser usada em outros contextos e não só quando se

trata de populações africanas.

155 Não foram relatados casos de discriminação relativos a cor/raça, ser homem, participação política, orientação

sexual e por disponibilidade de realização de horas extras.

Page 172: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

172

ajuda junto à empresa, mas utilizaram o plano de saúde para procurar tratamento.

Também houve relatos de funcionários que tiveram de operar a coluna, joelho, etc

devido o esforço repetitivo no trabalho (subir escadas, carregar peso, etc), porém não

obtiveram nenhum tipo de apoio da empresa. Somente receberam ligações da chefia

direta perguntando quando retornariam ao trabalho.

Os trabalhadores que consideram existir discriminação por religião dentro da

empresa apontaram que o comportamento da chefia e dos colegas se altera quando o

trabalhador deixa de participar de eventos (como churrasco e tomar bebida alcoólica)

promovidos pela empresa. Neste sentido, relataram que ficam excluídos por conta de

seu comportamento diferenciado em função de sua religião e que as amizades ficam

diferentes, pois a tendência é de que as pessoas se afastem por causa disso.

Não ter vínculos de amizade com a chefia segundo 3 % dos entrevistados

acarreta a transferência de função periodicamente. Desta maneira, acreditam que os

funcionários mais introspectivos têm menos chance de serem promovidos, pois acham

que este critério é guiado por condições subjetivas. Desta forma, avaliaram que tem

funcionários que trabalham mais e não recebem promoção e, outros que não fazem tanto

e recebem promoção mais rapidamente.

A pesquisa amostral também coletou a percepção dos trabalhadores em

relação à discriminação com os colegas de trabalho. Neste sentido, 75%, afirmaram

nunca terem presenciado ou tido notícias de casos de discriminação dentro da

empresa.Dentre os 25% que disseram já ter presenciado casos de discriminação, os

motivos apontados foram156:

- 6 % por cor ou raça;

- 6 % religião e 6 % orientação sexual;

- 3 % participação sindical, 3 % doença e 3 % doença trabalhista.

156 Não houve relatos de trabalhadores que presenciaram casos de discriminação referentes à disponibilidade para

realização de horas extras, ser mulher, participação política e ser homem.

Page 173: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

173

É interessante notar que apesar de nenhum trabalhador entrevistado ter

afirmado que já se sentiu discriminado por motivos de cor/raça, 6% dos entrevistados

disseram que já presenciaram casos de discriminação por este mesmo motivo. Os relatos

apontam que os trabalhadores costumam fazer brincadeiras entre si e usar codinomes

para identificar pessoas negras. Além disso, houve relatos de trabalhadores que já

ouviram outros sendo chamados de “macaco” e que já ouviram mulheres sendo

chamadas de “neguinhas”.

Com relação às pessoas que disseram já ter presenciado discriminação por

religião, 6%, há relatos de funcionários comentarem que são discriminados por não

seguirem a religião católica. Os entrevistados afirmaram também que teve um caso de

um trabalhador adventista que não podia trabalhar aos sábados e teve problemas na

empresa por conta disso.

Os 6% dos entrevistados que afirmaram já terem presenciado casos de

discriminação motivado por orientação sexual relataram já terem presenciado casos de

trabalhadores brigarem entre si e um deles chamar o outro de “veado” na frente de

todos. Além disso, os entrevistados relataram que muita gente comenta sobre a

orientação sexual de outros pelas costas, fazendo piadas.

A pesquisa amostral demonstrou que a maioria dos trabalhadores, 84%

consideram que não foram ridicularizados ou inferiorizados em frente aos seus pares de

forma repetitiva dentro da unidade, conforme aponta o gráfico 43 a seguir:

Page 174: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

174

GRÁFICO 43: PORCENTAGEM DE ENTREVISTADOS QUE JÁ SE SENTIRAM RIDICULARIZADOS/

INFERIORIZADOS NA PLANTA

Fonte: Pesquisa Amostral realizada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Os 16% dos entrevistados que afirmaram já terem se sentido ridicularizado

ou inferiorizado dentro da planta relataram que os operadores costumam se chamar uns

aos outros por apelidos e fazem piadinhas uns com os outros, mas que nem todos levam

isso numa boa. Além disso, os operadores falaram que quando um trabalhador dá um

tropeço ou erra em algum sentido, ele fica marcado para sempre dentro da empresa.

Assim, afirmaram que mesmo se você cometeu um erro há dez anos, o funcionário

provavelmente irá carregar o peso disso para sempre entre a chefia e os colegas de

trabalho.

Os trabalhadores também afirmaram que já presenciaram colegas tentando

humilhar funcionários na frente dos outros. Houve relatos de casos em que um operador

começou a chamar o outro de vagabundo na frente dos outros.

Além disso, de acordo com alguns entrevistados algumas vezes acontece da

chefia direta chamar a atenção de algum funcionário, durante reuniões, de forma

humilhante na frente dos colegas de trabalho. Ao mesmo tempo alguns entrevistados

relataram que determinados líderes são grosseiros com os operadores e vários

funcionários reclamam disso. Há líderes que marcam determinados trabalhadores para

16%

84%

Sim

Não

Page 175: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

175

“pegar no pé” existindo diferença no tratamento oferecido pela chefia.

Os dirigentes sindicais afirmaram que não existe queixa, reclamação ou ação

judicial contra a empresa por discriminação em função de sexo, cor ou raça, ou outro

atributo pessoal dos funcionários. Por fim, os sindicalistas disseram que a empresa

desenvolve uma política de empregar deficientes físicos.

6.4.7. Saúde e Segurança no Trabalho

Quase metade dos trabalhadores da planta de Porto Feliz, 47%, responderam

que nenhum fator relacionado com as atividades laborais efetuadas na Lanxess afeta ou

já afetou a saúde, conforme aponta o gráfico 44 a seguir.

GRÁFICO 44: FATORES RELACIONADOS AO TRABALHO DOS ENTREVISTADOS QUE

AFETA/AFETOU A SAÚDE DOS MESMOS PORTO FELIZ (% - JANEIRO 2011)*

* Os entrevistados podiam selecionar todas as opções que se aplicassem, ** Equipamento de trabalho

inadequado (computador, mesa, cadeira, etc), *** Equipamentos Industriais, Máquinas e Ferramentas, ****

Posturas estáticas (mesma posição por um longo período)

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Porém, de acordo com o gráfico 45 acima, também constatamos que os

principais fatores laborais que afeta ou já afetou a saúde de 53% dos entrevistados são:

9%

9%

13%

13%

16%

19%

25%

25%

25%

28%

47%

Pressão dos colegas

Equipamento de trabalho inadequado …

Posturas estáticas (mesma posição por um longo …

Equipamentos Industriais, Máquinas e Ferramentas

metas elevadas

Pressão da chefia

Ritmo de Trabalho

Aumento de responsabilidades

Repetição de ações ou movimentos

Rotatividade de turno

Não, nenhum afetou minha saúde

Page 176: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

176

- Rotatividade de turno e repetição de ações ou movimentos. A respeito

do turno alguns entrevistados afirmaram que preferem o turno de 5X2 ao invés do 6X2,

pois desta forma conseguem curtir o final de semana com a família e amigos. Neste

sentido, alguns trabalhadores não chegaram a afirmar que o turno de 6X2 afeta a saúde,

mas sim a vida social.

O setor amarelo foi apontado pelos entrevistados como o setor que mais exige

esforço físico devido à execução de movimentos repetitivos e do ritmo intenso de

trabalho. E, o setor de ensaque é considerado o mais cansativo, pois os movimentos

exigidos são extremamente repetitivos.

- Aumento de responsabilidades, ritmo de trabalho e pressão da chefia.

Fatores que, segundo os entrevistados, são decorrência da empresa ter crescido nos

últimos anos provocando um aumento nas responsabilidades sem contratar mão de obra

suficiente. Por sua vez, pressão da chefia e metas elevadas foram fatores considerados

por 19% e 16% dos entrevistados respectivamente pelo fato da Lanxess estimular os

trabalhadores a cumprirem uma produção mensal elevada. Além disso, os relatos

citaram que a má qualidade dos equipamentos é outro problema para conseguir atingir

as metas. Houve afirmações de trabalhadores dizendo que em alguns casos o

cronograma é estendido 15 dias do mês seguinte para atingir as metas do mês anterior.

Uma parcela considerável dos entrevistados, 37%, respondeu que já havia

apresentado algum problema de saúde relacionado à atividade de trabalho. O gráfico 45,

a seguir, aponta quais foram os problemas citados.

Page 177: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

177

GRÁFICO 45: PROBLEMAS RELACIONADOS ATIVIDADE DE TRABALHO APRESENTADOS PELOS

ENTREVISTADOS APÓS TER COMEÇADO A TRABALHAR NA EMPRESA*

* Os entrevistados podiam selecionar todas as opções que se aplicassem

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Segundo os entrevistados, 22% já sofreu lesão por esforços repetitivos

(LER/DORT) e também problemas de coluna após terem começado a trabalhar na

empresa. Os trabalhadores revelaram que por conta de movimentos repetitivos há

muitos casos na unidade da Lanxess de Porto Feliz de funcionários com problemas

de coluna, principalmente no setor de ensaque devido o tipo de esforço físico exigido

dos trabalhadores neste setor. Assim, dentre os trabalhadores que afirmaram já terem

sofrido problemas na coluna, foram relatados casos de lesões na coluna, hérnia de disco,

bico de papagaio e desvio na coluna.

Houve relato de casos de dois trabalhadores um deles com problema na

coluna e o outro com tendinite no cotovelo, por esforço repetitivo, que não conseguem

se recuperar completamente. Pois quando fazem o tratamento e retornam ao trabalho,

não tem tempo hábil e suficiente para recuperação da lesão e assim, relataram que o

problema sempre volta.

Outros 13% de trabalhadores relataram já terem sofrido estresse, apesar de

muitos trabalhadores acharem que o estresse é algo inerente à indústria química e

3%

3%

3%

6%

6%

13%

22%

22%

63%

Outros

Doenças do sangue

Depressão

Alergias

Surdez

Estresse

Problemas de coluna

Lesão por esforços repetitivos (LER/ DORT)

Não apresentou nenhum problema de saúde

Page 178: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

178

sempre presente no cotidiano. Os trabalhadores que afirmaram já terem apresentado

problemas relacionados à surdez (6%), revelaram que já tiveram perda auditiva

significativa e deficiência no ouvido. No entanto, não souberam afirmar com exatidão se

a atividade laboral dentro na planta da Lanxess foi à causadora deste problema.

Dentre os 37% dos entrevistados que relataram já terem apresentado algum

problema de saúde relacionado à atividade de trabalho (como informado acima) 19% já

haviam sido afastados do trabalho por motivos de saúde. Os motivos que

ocasionaram o afastamento foram:

- Problemas na coluna (lombar, hérnia de disco, protrusão óssea entre as

vértebras, desvio na coluna etc.), alergias (rinites e etc.), depressão, problemas no

joelho, labirintite e bursite. Com relação aos casos de coluna, há funcionários com

afastamento de quinze dias outros com até cinco meses. Estes entrevistados relataram

que já chegaram até mesmo a fazer aplicações a laser na coluna, sessões de fisioterapia

e em alguns casos, cirurgia. Segundo esses mesmos entrevistados, as maiores causas dos

problemas de coluna é a postura, os movimentos repetitivos e, o sobe e desce das

escadas existentes na fabrica (a fábrica possui várias escadas uma vez que a planta tem

níveis diferentes de altura) no qual estão expostos durante o expediente. É mais comum

aparecer problemas de saúde na coluna, joelho e ombro nos trabalhadores alocados no

setor amarelo e no setor de ensaque devido a realidade do ambiente e do trabalho em si.

Os trabalhadores afirmaram que os casos de alergias podem estar relacionados ao

contato constante com pó dentro da fábrica.

Dentre os trabalhadores que ficaram afastados por apresentarem algum

problema de saúde relacionado à atividade de trabalho, alguns afirmaram que foram

transferidos para outros setores, mas que dentro de seis meses retornaram para seu posto

original contrariando a ordem médica de não poderem exercer mais a mesma função. Os

entrevistados também afirmaram que os superiores nunca efetuaram ligações telefônicas

para saber se eles estavam bem ou não, mas pelo contrário ligavam no intuito de saber

quando retornariam ao trabalho. Além disso, de acordo com os relatos a chefia

Page 179: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

179

espalhava o boato de que estes trabalhadores tinham problemas físicos porque

praticavam esporte em excesso (como musculação e futebol).

A pesquisa amostral constatou que 22% dos entrevistados já deixaram de

revelar que estavam passando mal por medo de sofrerem represálias da empresa

caso não trabalhassem. A não revelação acontece também porque no geral há muito

trabalho para fazer e, os funcionários não se sentem a vontade em revelar para a chefia

que estão passando mal com medo de serem mal vistos.

Acidentes de Trabalho

Segundo os relatos dos entrevistados, a empresa faz questão de manter a taxa

de acidentes zerada para conseguir cumprir a norma SA 8000157. Assim, a maioria dos

entrevistados afirmou que a empresa divulga estar há mais de dois mil dias sem

qualquer ocorrência de acidente dentro da fábrica. Porém, segundo as entrevistas, pode

ser que já tenham ocorrido acidentes na fábrica nos últimos três anos, mas que foram

ocultados. Esta opinião é compartilhada pelos sindicalistas, pois estes afirmaram que

houve acidentes na fábrica com terceiros, por exemplo, mas que não foram divulgados

pela empresa.

CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)

Segundo os dirigentes sindicais entrevistados, a empresa não emite CAT

(Comunicado de acidente de Trabalho) para todos os acidentes que acontecem no local

de trabalho, independente de ter ocorrido afastamento do trabalho ou não. Segundos os

157 A SA 8000 é uma norma internacional de avaliação da responsabilidade social para empresas fornecedoras e

vendedoras, baseada em convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e em outras convenções das

Nações Unidas (ONU). Foi desenvolvida em outubro de 1997 pelo Órgão de Credenciamento do Conselho de

Prioridades Econômicas (CEPAA[1]), ligada a ONU, reunindo ONG, empresas e sindicatos[2]. A norma SA8000 traz

todos os requisitos e a metodologia de auditoria para uma correta avaliação das condições do local de trabalho. Estas

condições incluem trabalho infantil, trabalhos forçados, saúde e segurança no trabalho, liberdade de associação,

discriminação, práticas disciplinares, carga horária, benefícios e as responsabilidades da gerência em manter e

melhorar as condições do trabalho. A norma é considerada como a mais propícia para aplicação global de processos

de auditoria de locais de trabalho, e pode ser implementada em instalações de qualquer porte, região ou setor da

indústria. Em http://pt.wikipedia.org/wiki/SA_8000#Temas em 07/06/2011

Page 180: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

180

dirigentes, há casos de ocultamento de acidentes, principalmente, com empregados

terceirizados. Além disso, os dirigentes afirmaram que quando a empresa emite CAT, o

sindicato não recebe uma cópia.

Treinamento de Saúde e Segurança

A maioria dos entrevistados, 93%, afirmaram que já receberam da empresa

treinamento sobre saúde e segurança.

Embora, Alguns entrevistados tenham relatado que até pouco tempo atrás, os

trabalhadores da área da Rhein Chemie não eram informados por completo a respeito

dos riscos cancerígenos do material que manipulavam. A empresa somente passou a

informar os riscos reais e a providenciar os EPI’s adequados (mascara e macacão) para

área após o sindicato pressionar a empresa.

Equipamento de Proteção Individual (EPI)

Praticamente todos os trabalhadores informaram que é necessária a utilização

de algum equipamento de proteção individual (EPI), 90%. Entretanto, 28% dos

entrevistados, afirmou não ter sido consultado previamente sobre a escolha do EPI, no

entanto, acreditam que se tiverem problemas com o equipamento podem pedir para a

empresa mudar.

Ao serem questionados se o EPI era adequado à maioria dos entrevistados,

91%, considerou que sim. E, 13% dos trabalhadores afirmaram que o EPI incomoda

muito e 3% considerou que o tamanho não é apropriado. Dentre as reclamações estão:

- luvas com tamanho pequeno e máscara e óculos que incomoda muito.

CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho)

A maioria dos trabalhadores entrevistados, 78%, considerou a atuação da

Page 181: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

181

CIPA boa, e 22% considerou sua atuação como regular, conforme aponta o gráfico 46 a

seguir.

GRÁFICO 46: AVALIAÇÃO DA ATUAÇÃO DA CIPA EM PORTO FELIZ

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Os funcionários entrevistados que apontaram a atuação da CIPA como boa

consideram a comissão atuante. Além disso, afirmaram que a comissão cobra bastante à

empresa e, está normalmente acata as reivindicações. Porém, os entrevistados que

consideraram a atuação da CIPA como regular, 22%, disseram que nem todos os

membros da comissão trabalham com comprometimento. Eles também acreditam que a

atuação da comissão é limitada e que, muitas vezes, esta demora em tomar as medidas

de segurança adequadas. Para alguns trabalhadores a CIPA não tem força dentro da

empresa e, muitas vezes a opinião da CIPA não é colocada em prática pela Lanxess.

Os dirigentes sindicais da unidade de Porto Feliz avaliaram a atuação da

CIPA e a relação que o sindicato mantém com comissão como boa. Com relação a PPA

(Plano de Prevenção de Acidentes) e PCMSO (Programa de Controle de Medicina e

Saúde Ocupacional), os dirigentes afirmaram que a empresa os possui, mas que o

sindicato não participou da negociação destes planos. Além disso, relataram que a

empresa não se dispõe a discutir com o sindicato problemas e reivindicações,

relacionadas à saúde e segurança no local de trabalho, concernente, aos trabalhadores

terceirizados.

78%

22%

a) Boa

b) Regular

Page 182: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

182

Condições nos Local de Trabalho

A pesquisa de campo avaliou determinadas condições no ambiente de

trabalho da planta de Porto Feliz, conforme aponta a tabela 27 a seguir. Ruído,

Qualidade do Ar e Temperatura, obtiveram os maiores níveis de insatisfação.

TABELA 27: OPINIÃO DOS TRABALHADORES EM RELAÇÃO ÀS CONDIÇÕES DOS LOCAIS DE

TRABALHO

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Os entrevistados explicaram as avaliações indicadas na tabela 26 conforme as

descrições a seguir:

Temperatura – condição considerada por 41% dos trabalhadores como

regular e ruim, principalmente, para aqueles que atuam próximo aos reatores. Os

reatores são mantidos a temperaturas elevadíssimas, por essa razão os entrevistados

disseram que sentem muito calor, por exemplo, quando ficam muito próximo do reator

ou quando os lavam, pois ficam em ambiente confinado em altas temperaturas.

Acreditam que a Lanxess poderia melhorar essa situação com:

- EPIs mais adequados para enfrentar essas condições de alta temperatura;

- Setor de Produção mais arejado com um sistema de exaustão mais eficiente,

máquinas de ar condicionado que não quebram-se com frequência, altera-se o material

das telhas que hoje em dia é de zinco e não possui forro.

Recentemente, no inicio de 2011, a Lanxess comprou novos equipamentos

CONDIÇÕES DE TRABALHO EM

RELAÇÃO À:

BOA REGULAR RUIM

Temperatura 59% 28% 13%

Iluminação 91% 9% 0%

Ruído 47% 38% 13%

Qualidade do ar 53% 31% 16%

Organização do espaço de trabalho 78% 22% 0%

Limpeza 72% 25% 3%

Conforto 72% 22% 3%

Page 183: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

183

no sentido de melhorar a temperatura do ambiente, mas segundo os trabalhadores eles

não estão sendo considerados eficientes.

Além disso, afirmaram que no andar de cima, onde se localiza o almoxarifado

também tem telhas de zinco que esquentam o ambiente. Por sua vez, o setor amarelo, foi

dito como um setor bastante quente, pois este é fechado. O setor preto foi revelado

como menos quente que o amarelo, por ser um setor aberto. No entanto, é um setor

considerado quente também por conta das reações e estufas a que fica submetido e

também por possuir telhas de zinco.

Os entrevistados que consideraram a temperatura como boa (59%), na

maioria dos casos, ficam em salas com refrigeração e são do setor administrativo.

Iluminação - A iluminação foi o quesito com maior nível de satisfação, 91%,

entre os funcionários. Os trabalhadores afirmaram que é feito vistoria em todos os

setores e caso haja alguma falha na iluminação é corrigida quase prontamente. No

entanto, 9% dos funcionários que consideraram a iluminação regular relataram existir

alguns lugares, no setor produtivo, mal iluminado. Principalmente, os trabalhadores que

precisam entrar ou fazer limpeza nos reatores disseram que utilizam uma lâmpada de 12

volts insuficiente para a realização da tarefa.

Ruído - O ruído foi à condição de trabalho que atingiu o maior nível de

insatisfação entre os trabalhadores sendo que a maioria, 51%, considerou a condição

regular ou ruim. Os funcionários relataram que o barulho emitido pelas máquinas,

reatores, bombas, vapores da reação e caldeiras é muito alto. Embora, trabalhem com

abafador consideram que o barulho é excessivo e, às vezes se sentem transtornados

durante o expediente.

Citaram, especificamente, que o barulho do motor Raymond é demasiado e

lembraram que não este não se encontra enclausurado para amenizar o ruído como

ocorre, por exemplo, com os outros moinhos. Mesmo atuando dentro dos painéis os

trabalhadores o ruído é grande porque os painéis ficam bem próximos às máquinas e

Page 184: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

184

não há isolamento acústico efetivo.

Funcionários que ficam em setores próximos às áreas de produção e reação,

situados dentro de uma sala fechada, disseram que quando a porta ou janela abre é

possível escutar o barulho excessivo de determinadas áreas da produção.

Qualidade do ar - A qualidade do ar foi considerada como “regular” e

“ruim” por 47% dos trabalhadores entrevistados. Os entrevistados relataram que a

qualidade do ar fica ruim pela quantidade de gases, emissão de vapor, pó, gases,

fumaça, poeira metálica que se desprende das máquinas, reagentes de reação química e

tratamento de esgoto. Os entrevistados afirmaram que é impossível trabalhar sem

máscara e, que dependendo do setor convivem com uma névoa de pó.

Os funcionários que trabalham no setor preto relataram que conseguem sentir

o cheiro forte do tratamento de esgoto, pois ficam bem perto desta área. Assim, só seria

possível melhorar o cheiro deste local se levassem a estação de tratamento de esgoto

para outro lugar.

Organização do espaço de trabalho - Dentre as reclamações sobre a ordem

no espaço de trabalho está a falta de tempo para efetuar está tarefa uma vez que a rotina

diária é muito corrido e exige demais deles, para que possam deixar o ambiente

organizado a todo tempo. Desta forma, a organização é feita “na medida do possível”.

Limpeza - Os trabalhadores afirmaram que sempre há algum lugar sujo na

fábrica, mesmo que a empresa possua sistema de “despoeiramento”. Os entrevistados

informaram que são os próprios trabalhadores de cada turno que fica responsável pela

limpeza do setor. Por outro lado, a empresa possui trabalhadores terceirizados que

fazem a limpeza das salas e dos banheiros do pessoal administrativo.

Conforto - O conforto foi revelado pela pesquisa amostral, como “regular” e

“ruim”, por 35% dos entrevistados. Dentre as reclamações estão:

- cadeiras com regulagem ruim ,

- Subir e Descer escadas para determinados funcionários do setor produtivo é

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185

um ato cansativo.

- Limpeza de reatores que consiste ficar em um espaço confinado por um

certo período de tempo para executar a tarefa.

A tarefa destacada pelos trabalhadores como a mais complexa na planta em

relação à condição do ambiente de trabalho é a limpeza do reator. No total são limpos

cerca de quatro reatores por dia e a atividade em si demora aproximadamente uma hora.

A condição é ruim devido às altas temperaturas enfrentadas, o confinamento

da atividade, a iluminação deficitária, presença de fumaça e vapor e ruído forte devido

as bombas dos reatores e os vapores. Essa realidade ocorre, primeiramente, porque dos

35 reatores existentes apenas 13 deles já haviam sido trocados pela Lanxess para fibra o

restante, 17 eram de madeira. Material que amplia a temperatura interna dos reatores

durante a limpeza. Além disso, a tarefa é executada após os reatores serem resfriados

com água reaproveitada do processo produtivo do setor amarelo. Água que chega

quente do setor e, portanto não consegue resfriar adequadamente o reator.

O ideal segundo os entrevistados seria a utilização de equipamentos mais

eficientes que diminuísse a temperatura dentro do reator no momento da limpeza para

ao menos a 35 graus. Assim, como a agua de resfriamento deveria passar

Os entrevistados relataram que no período em que a caldeira da COGEN

estava sendo fabricada e montada ocorreram muitos acidentes envolvendo a empreiteira

IPAM, responsável naquele momento pela obra. Os acidentes que eles relataram

envolviam cortes e quedas de andaimes.

Por fim, os funcionários disseram que sempre fazem um check list mensal

sobre os problemas de iluminação, exaustão, ventilação, condições inseguras de

trabalho, máquinas defeituosas e etc., que são enviadas para a direção local da empresa

no intuito de melhorar as condições e solucionar os problemas.

Page 186: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

186

Manutenção

A manutenção da unidade de Porto Feliz, assim como das outras plantas da

Lanxess, é efetuada por empresas terceirizadas que muitas vezes para cortar custos

contratam profissionais com qualificação abaixo do necessário para a função. Por essa

razão, os terceirizados despreparados e sem conhecer a realidade da planta efetuam

frequentemente tarefas erradas o que prejudica o trabalho dos próprios e,

consequentemente amplia a possibilidade de ocorrer acidentes.

6.4.8. Meio Ambiente

A pesquisa amostral demonstrou que a maioria dos trabalhadores da planta de

Porto Feliz, 78%, acredita que a empresa não cause danos ao meio ambiente (gráfico

47).

Page 187: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

187

GRÁFICO 47: A EMPRESA CAUSA ALGUM DANO AMBIENTAL

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Os trabalhadores informaram que a empresa possui um projeto de reutilização

de águas no qual reduziu cerca de 40% do volume de água captadano rio Tiete.

Atualmente, a planta utiliza geração de energia elétrica à base de bagaço de cana. Os

funcionários acreditam que desde a época da Bayer a empresa sempre se esforçou para

não causar danos ao meio ambiente e percebem que a Lanxess tem trabalhado bastante

em cima desta questão. Afirmaram que a Lanxess tem um sistema de monitoramento e,

por essa razão raramente ocorrem problemas graves de impacto ao meio ambiente na

fábrica.

Os sindicalistas relataram que a empresa possui programas voltados para o

meio ambiente junto às comunidades dos arreadores, como a Semana do Meio

Ambiente e o Programa Semana das Águas. Por fim, o sindicato disse que não tem

noticias de que a empresa possa ter causado algum problema ambiental.

28%

72% Sim

Não

Page 188: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

188

6.4.9. Terceirização

Os terceiros da unidade de Porto Feliz atuam nas áreas de manutenção, elétrica,

mecânica, segurança e limpeza.Os terceiros também trabalham com o transporte e

abastecimento do bagaço da COGEN (usina de cogeração de energia). De acordo com

as normas da SA8000 os terceiros não podem responder para o pessoal da Lanxess,

porém de o sindicatoinformou que ainda há casos de terceiros trabalhando direto na

produção e acatam ordens de funcionários da Lanxess.

Os terceirizados são empregados pela: Rigava, Salmeron, Unitec, Modus

Engenharia e Itaya conforme aponta o quadro 19 a seguir.

QUADRO 19: EMPRESAS TERCEIRIZADAS ATUANDO NA PLANTA DE PORTO FELIZ (JANEIRO DE

2011)

Empreiteira Operação

Total de

Trabalhadores

dentro da Lan xess

de Porto Feliz/SP

Função

Rigava Manutenção elétrica industrial,

automação e instrumentação 25

Salmeron

Fornece cavacos, bagaço de

cana e maquinário para a

COGEN – Usina de

Cogeração de Energia da

planta

12

Atuam na área de

caldeiras como

maquinistas e ajudante

de turno.

Itaya Manutenção em máquinas,

motores e soldas 34

Soldadores, caldeireiro,

encanador, ajudante,

meio oficial de

mecânico, líder e

encarregado

Unitec

Conserta passarelas e

construí reatores para a

Lanxess

Modus Engenharia

presta serviços esporádicos

de fabricação de

equipamentos da parte de

mecânica e de caldeiraria

Fonte: Pesquisa Amostral efetuada em janeiro de 2011. Elaboração: IOS

Pontos destacados sobre as relações e condições de trabalho dos

terceirizados:

Page 189: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

189

Na Itaya - Atividades semelhantes ao dos próprios: segundo os

trabalhadores terceirizados da Itayá eles fazem as mesmas atividades que os

trabalhadores próprios da Lanxess na área de manutenção.

Na Salmeron – Saúde e Segurança: Os trabalhadores da Salmeron

entrevistados, que atuam na COGEN - Usina de Cogeração de Energia, disseram que o

trabalho que eles exercem na Lanxess é de extrema periculosidade. Eles ficam em

contato direto com inúmeras válvulas e máquinas também fazem o serviço mais

“pesado” do setor como vasculhar grelhados, posicionar carriolas, entrar em ambientes

confinados, etc. Neste sentido, disseram que não há uma roupa própria para este tipo de

serviço e que a Lanxess fornece uma roupa antichamas para eles, mas que a roupa faz

com que o calor se torne quase insuportável.

Segundo os trabalhadores da Salmeron a outra empreiteira contratada pela

Lanxess, a Rigava, oferece condições de trabalho melhor ao fornecer holerite e pagar

todos os adicionais (dissídio, noturno, feriado) para seus funcionários. Além disso, a

Rigava fornece um plano de saúde, seguro de vida. Por fim, os funcionários da

Salmeron disseram que a Rigava faz reuniões sobre saúde e segurança praticamente

todos os dias com seus funcionários e que a Salmeron não tem o mesmo procedimento.

E, apontam que precisam de muito mais treinamento para enfrentar as condições do

local de trabalho na Usina de Cogeração de Energia, que são perigosas. Também

relataram que a Rigava possui um representante próprio na Cipa, enquanto eles só

participam da Cipa na semana da Sipat.

Ressalta-se aqui que boa parte dos trabalhadores que atuam na Salmeron

atualmente foram obrigados a sair da Rigava para serem contratados pela Salmeron. Ou

seja, esses trabalhadores tiveram que aceitar relações e condições trabalhistas inferiores.

Acidente de Trabalho: Foi relatado pelos entrevistados que um funcionário

da Rigava havia machucado a mão e que um trabalhador da Salmeron havia queimado a

perna em um período próximo a pesquisa (janeiro de 2011). Os entrevistados disseram

que o funcionário que queimou a mão foi afastado e a empresa abriu CAT. No entanto,

Page 190: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

190

afirmaram não ter visto mais o mesmo na empresa após o acidente. Os entrevistados não

souberam dizer se ele foi demitido e disseram que não tiveram coragem de perguntar

para a chefia o ocorrido.

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191

QUADRO 20: RELAÇÕES E CONDIÇÕES DE TRABALHO DAS EMPRESAS TERCEIRIZADAS – ITAYA E SALMERON EM PORTO FELIZ (JANEIRO DE 2011)

TEMA

EMPRESA

ITAYA SALMERON

Representação Sindical

Sindicato da Construção Civil de Sorocaba. Os terceirizados entrevistados verificam no holerite que todo mês há um

desconto de uma contribuição confederativa que se enquadra como contribuição sindical, apesar de todos os entrevistados desconhecerem a qual

sindicato pertencem.

Não souberam dizer qual sindicato representa eles, mas sempre que precisam são atendidos pelo sindicato que representa os trabalhadores próprios da Lanxess.

Pratica Anti-Sindical Os entrevistados da Salmeron disseram temer procurar o sindicato e ser prejudicado ou

mandado embora

ACT (Acordo Coletivo de Trabalho)

Desconhecem se existe algum acordo coletivo específico para s trabalhadores da

Salmeron

Jornada de Trabalho Horário Administrativo (das 7hs às 17hs) Regime de Turno 6 X 2 (dois dias no turno da manhã, dois dias a tarde e dois dias a

noite). Em cada turno trabalham três funcionários

Plantão

Hora Extra Realizam entre 12 (doze) e 30 (trinta) horas extras por mês. Houve relatos de

trabalhadores que já chegaram a fazer 98 horas extras em um mês. Dificilmente realizam horas extras

Adicionais

Não recebem adicional de insalubridade, periculosidade e adicional noturno. Os entrevistados consideram que deveriam receber estes adicionais

porque o trabalho que exercem está ligado a atividade perigosa. Um soldador, por exemplo, exerce atividades de soldagem com eletrodos ou argônio (gás).

Além disso, realizam soldagem em estruturas, tanques, tubos e chapa.

Não recebem adicionais de periculosidade e outros benefícios

Remuneração Piso Salarial R$800,00. Salário médio em torno de R$ 1.500,00. Salário mais alto = R$ 1.900,00. Por outro lado, um funcionário próprio da Lanxess da área

de manutenção ganha em torno de R$ 2.800.

Piso salarial de R$ 648,00. O salário mais alto é o do maquinista cerca de R$ 1.000,00

PCC (plano de Cargos),

Não há nenhum Plano de Cargos e Carreira (PCC). Quem faz a avaliação e decide se um trabalhador terceirizado da Itayá pode ser promovido ou não,

segundo os entrevistados que atuam na Itaya, é o pessoal da Lanxess, através do encarregado.

Desconhecem se existe

Discriminação Segundo os trabalhadores da Itaya há discriminação dos trabalhadores próprios em relação aos funcionários terceiros. Os empregados diretos

Acreditam que sofrem discriminação no tratamento e no salário que recebem em comparação aos trabalhadores próprios da Lanxess. Para eles os próprios da

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192

muitas vezes tratam os terceirizados mal e parecem olhar para eles como se estivessem num patamar acima. Há chefes da Lanxess que não

cumprimentam e não olham na cara dos terceirizados. Também lembram que alguns terceirizados da Itaya tem que almoçar fora da fabrica da Lanxess e, os terceirizados da Itaya responsáveis pela manutenção não tomam café da manhã no mesmo local que os trabalhadores próprios da

Lanxess.

Lanxess veem os terceiros trabalhando muito e não os ajudam. Os entrevistados também apontaram que se sentem maltratado pelos chefes da Lanxess.

Saúde e Segurança No cotidiano os trabalhadores da Itaya recebem orientação do técnico de

segurança da Lanxess.

Segundo os entrevistados da Salmeron, o treinamento é insuficiente, principalmente para o pessoal que atua nas caldeiras. Para eles os próprios da Lanxess são bem mais

treinados e preparados do que os terceiros da Salmeron

Avaliação sobre as condições do Ambiente de

Trabalho

Temperatura regular, pois o espaço fica muito quente por causa das caldeiras e do vapor. Neste sentido, relataram que já solicitaram ventiladores e portas, mas não foram atendidos. Ruído ruim devido o barulho alto dos motores das

máquinas. Qualidade do ar ruim por conta do ambiente fechado e pela presença de muito pó no ambiente.

A temperatura do espaço de trabalho é ruim, pois os operadores trabalham do lado das caldeiras. Eles disseram que mesmo com a máscara e a roupa anti-chamaé difícil

aguentar o calor. O ruído é regular, pois o ruído da caldeira é excessivo. Qualidade do ar regular: ficam em contato com areia, pó, bagaço, cana e outros resíduos

CIPA Os terceiros da Itaya afirmaram que não há uma Cipa específica para os

empregados terceiros e nem para a Itayá.

EPI

EPI que os terceiros da Salmeron usa é diferente da dos próprios, pois é feita de outro material. Acreditam que a camisa do uniforme tinha que ser de manga comprida, pois no local onde trabalham tem muita areia e terra. Além disso, o uniforme da Lanxess é mais grosso. Apesar de utilizarem óculos de proteção de vista acreditam que o ideal era usar algum tipo de proteção facial completa, por exemplo, uma máscara,. Os entrevistados

revelaram que já chegaram a falar com o responsável pela segurança sobre este assunto, mas não obtiveram resposta.

Outros pontos Em dezembro de 2010 sete profissionais da Itayá e quatro da Rigava foram

contratados pela Lanxess.

Não recebem holerite. Os funcionários recebem um recibo de nota fiscal. A carteira de trabalho deles está assinada, mas não está descrito o serviço que eles prestam.

Outros pontos

Realizam seu trabalho de pé e andando pela fábrica fazendo manutenção. Segundo eles faltam ferramentas adequadas para fazer a

manutenção e, em alguns casos, acabam tendo que improvisar como utilizar ferramentas de fora e etc.

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193

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente relatório é fruto de uma pesquisa diferenciada do Instituto

Observatório Social uma vez que utiliza a metodologia de uma pesquisa completa do

instituto com entrevistas e oficinas de campo das mais diversas e amplas possíveis, no

intuito de abordar o comportamento sócio e trabalhista da Lanxess no Brasil, sem a

participação da empresa. Desta forma, todo o relatório é baseado em relatos e dados

repassados por trabalhadores próprios e terceiros, dirigentes sindicais e Cipeiros. Este

contexto de pesquisa trouxe outra perspectiva dos fatos e da própria análise das

informações coletadas em comparação com outras pesquisas já efetuadas pelo IOS.

Neste documento podemos perceber que a realidade do mercado de consumo

de borracha sintética para os próximos anos é de pleno crescimento, em consequência,

da demanda crescente pelo produto vinda dos países emergentes. Realidade que afeta

positivamente as unidades de elastômero da Lanxess ocasionando fortes investimentos

da empresa no Brasil e na América Latina para ampliar a produtividade. Apesar deste

aporte financeiro há muitos problemas nas plantas relativos à idade dos equipamentos e

máquinas obsoletas utilizados no processo produtivo. Como exemplo, temos a unidade

de Cabo Santo Agostinho inaugurada em 1960 que opera com inúmeros equipamentos

datados deste período e, atualmente encontram-se sucateados incidindo diretamente

sobre as condições de trabalho.

O processo produtivo da borracha é complexo e envolve várias fases, com

matérias-primas que apresentam alto teor de periculosidade com risco de inflamação e

explosão.

A respeito do comportamento social e trabalhista da Lanxess constatamos

que a empresa vem procurando abrir um diálogo mais amplo de negociação com os

dirigentes sindicais visto que vem sentando com a “Rede Brasileira de Trabalhadores da

Lanxess”. Contudo, há problemas e dificuldades consideráveis que merecem ser

Page 194: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

194

assinaladas.

A primeira delas está relacionada ao perfil dos empregados composto em

sua maioria pelo gênero masculino que no geral ocupam os postos de trabalho mais

altos e, as mulheres estão alocadas essencialmente no setor administrativo e no

laboratório. Desta forma, a empresa precisaria desenvolver um programa de igualdade

de oportunidades/ação afirmativa entre homens e mulherestanto para a ocupação de

cargos como para a qualificação e ascensão profissional.

Em relação às questões relativas à Liberdade Sindical e Negociação

Coletivaconstatou-se uma grave violação da Lanxess a convenção 87 da OIT158 e, a

legislação trabalhista nacional ao intimidar trabalhadores recém-contratados, na

planta de Cabo de Santo Agostinho/PE, a não se filiarem ao sindicato através de

ameaças subjetivas e pressões indiretas. Ao mesmo tempo, nas plantas de Duque de

Caxias/RJ e Triunfo/RS o acesso ao local de trabalho somente é liberado com

autorização prévia e finalidade explicita. E, a Lanxess não permite a distribuição de

material sindical como boletim e jornal dentro da empresa. Também inexistem espaços

nos murais da planta para afixar informativos sindicais. Além disso, a pesquisa

amostral apurou que a porcentagem de trabalhadores entrevistados que se sentem

constrangidos ou intimidados por assuntos sindicais dentro da empresa foi maior do que

39% nas unidades de Cabo de Santo Agostinho e Triunfo.

Uma questão polêmica apurada foi a recente modificação das

nomenclaturas dos cargos dos funcionários em todas as unidades da Lanxess, no

segundo semestre de 2010. No intuito de se adequar as mesmas denominações usadas

por outras empresas do ramo químico. Alteração que condensouas funções de vários

cargos diferentes em poucos cargos provocando a homogeneização dos salários, sem a

atribuição de parâmetros de promoção. Além disso, a alteração de nomenclatura não foi

158A Convenção 87 sobre liberdade sindical e proteção do direito de sindicalização (1948): estabelece que é direito

de todos os trabalhadores e empregadores de constituir organizações que considerem convenientes e de a elas se

afiliarem, sem prévia autorização, e dispõe sobre uma série de garantias para o livre funcionamento dessas

organizações, sem ingerência das autoridades públicas

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195

sucedida pela implementação de um Plano de Cargo e Salário ou de Carreira (PCS ou

PCC). Desta forma, a maioria dos trabalhadores entrevistados demonstrou insatisfação

e desapontamento com a mudança causando um descontentamento generalizado a

respeito do tema de ascensão hierárquica e promoção salarial dentro de todas as plantas

da Lanxess.

Também se constatou um excesso de horas extras praticadas pelos

trabalhadores de todas as plantas da Lanxess de elastômeros (Cabo de Santo

Agostinho/PE, Duque de Caxias/RJ e Triunfo/RS) violando a legislação trabalhista

nacional na medida em que as cargas excedentes chegaram, por exemplo, há atingir uma

média de 30 horas mensais em determinados casos de forma recorrente durante o ano.

Ao mesmo tempo, os trabalhadores do setor produtivo de Cabo de Santo Agostinho/PE

e Duque de Caxias/RJ tem dificuldade de recusar a realizar as horas extras sendo que

vários se sentem coagidos pela chefia para executa-las. Realidade que é consequência

do quadro de profissionais enxuto destas plantas gerado após a reorganização do setor

produtivo. Uma prática não muito incomum averiguada em ambas as plantas é um

operador trabalhar duas jornadas de trabalho seguidas para substituir um trabalhador

que adoeceu. Em Triunfo apurou-se que os trabalhadores do setor administrativo são os

que mais sofrem com a prática de horas excedentes. Nesta unidade as horas extras são

compensadas pelo banco de horas, em vez de remuneradas. Além disso, muitas vezes os

profissionais ficam até mais tarde no trabalho ou levam excesso de trabalho para casa,

porém não podem computar essas horas como extraordinárias por ocuparem cargos

considerados de confiança.

Fator preocupante foi que nas unidades de Cabo de Santo Agostinho/PE,

Triunfo/RS e Porto Feliz/SP o índice de entrevistados que disseram já terem sido

ridicularizados ou inferiorizados em frente dos seus pares de forma repetitiva

girou em torno de 11% a 16%. Houve relatos de superiores abusarem do poder

fazendo piadas, gritando e usando palavras de baixo calão. Em Triunfo existe até

mesmo uma sigla “JPM” (Justificavas Perpetuam a Mediocridade) direcionada aos

Page 196: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

196

operadores nos casos de falha. Tanto o índice quanto os relatos são preocupantes visto

que indica a existência um tratamento desigual e discriminatório de acordo com os

cargos e setores nos quais os trabalhadores estão alocados. Situação que demonstra a

necessidade da Lanxess implementar uma politica interna de conscientização das

lideranças locais para alterar o comportamento que pode estar indicando existência de

assédio moral.

A unidade de Porto Feliz/SPapresenta um cenário muito complicado em

relação ao tema de discriminação. Havendo relatos substanciais de discriminação por:

ser mulher, doença, religião, orientação sexual e racial. Já houve casos até mesmo de

um trabalhador chamou o outro de “macaco”. Nesse sentido, é seria importante que a

empresa promove politicas de conscientização interna dos seus funcionários.

Uma das questões mais polêmicas em todas as unidades da Lanxess é a

situação da Saúde e Segurança. Na maioria das plantas constata-se que a diminuição

do quadro de funcionários culminou no acumulo de funções em um mesmo cargo

provocando o aumento do ritmo de trabalho, pressão da chefia para cumprimento

das metas e aumento das responsabilidades. Situação demonstrada pelo fato de mais

de 47% dos entrevistados de Cabo de Santo Agostinho/PE, Triunfo/RS e Porto Feliz/SP

relataram já terem apresentado algum problema de saúde relacionado à atividade de

trabalho. Os trabalhadores do setor administrativo de Triunfo foram unânimes em

afirmar que o ritmo de trabalho aumentou após a Lanxess adquirir a fábrica uma vez

que a companhia exige mais trabalho burocrático sem ter aumentado o número de

funcionários. A realidade de determinadas plantas, como Cabo de Santo Agostinho/PE

e Duque de Caxias/RJ em relação aos equipamentos é grave, havendo relatos de

equipamentos indústrias obsoletos assim, como cadeiras e mesas sem princípios básicos

de ergonomia.

Em Cabo de Santo Agostinho/PE e Porto Feliz/SP apurou-se uma

porcentagem considerável de trabalhadores com problemas de coluna devido a

equipamentos inadequados e pesados, esforço físico e o sobe e desce de escada.

Page 197: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

197

Os dirigentes sindicais foram unanimes em afirmar que a empresa não emite

CAT para todos os acidentes que acontecem no local de trabalho. Em Cabo de Santo

Agostinho a empresa emite CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho) apenas para os

acidentes que ocorrem com afastamento violando a determinação da legislação nacional

que a emissão de CAT deve ocorrer para todos os acidentes de trabalho, no interior da

planta, havendo ou não afastamento159. As condições do ambiente de trabalho em todas

as unidades que obtiveram o maior grau de insatisfação pelos trabalhadores foram ruído

e a qualidade do ar sendo que ambas foram avaliadas como ruim e regular por mais de

40% dos entrevistados.

Ademais, é importante frisar a existência de casos graves de ocultamento de

acidentes de trabalho na planta de Cabo de Santo Agostinho/PE com afastamento para

manter as estatísticas de segurança em um nível adequado. Trabalhadores acidentados

que deveriam ter sido afastados foram obrigados a continuar indo na empresa, mesmo

sem fazer nada, além de terem que usar as próprias folgas para não contabilizar dias de

afastamento.

Para piorar o quadro da Saúde e Segurança das unidades da Lanxess teve

casos recentes de trabalhadores que sofreram acidente de trabalho e não foram

adequadamente assistidos pela empresa. Em um dos caos a gerência local da Lanxess

procurou responsabilizar o acidentado pelos problemas de saúde acarretados após o

acidente.

A manutenção das plantas da Lanxess é efetuada por empresas terceirizadas

que algumas vezes para cortar custos contratam profissionais desqualificados. Segundo

alguns trabalhadores terceiros há um rigor excessivo com o controle dos gastos

destinados a manutenção dos equipamentos. Muitas vezes somente é autorizada a

reposição de uma peça quando a falta da mesma pode acarretar a parada da produção.

Por fim, há um número relevante de trabalhadores terceirizados atuando nas

159 Fonte: http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/cat.htm, acesso em 14/05/2011.

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plantas da Lanxess exercendo funções nas áreas de manutenção, embalagem e serviços

gerais. Número que excede a quantidade de trabalhadores próprios. Os terceiros são

contratados por empreiteiras que costumam firmar um contrato com a Lanxess a partir

de um processo de licitação. No geral, os terceirizados são submetidos a relações e

condições de trabalho inferiores aos dos próprios, recebem salários inferiores, exercem

um ritmo de trabalho mais intenso, acumulam funções devido à falta de pessoal,

exercem esforço físico elevado e tem responsabilidades exacerbadas. Ademais, sofrem

discriminação por parte de alguns trabalhadores próprios da Lanxess que se

consideram superiores. Uma politica que melhoria as relações e condições de trabalho

enfrentada pelos terceirizados seria a implementação pela Lanxess de padrões mínimos,

para todas as plantas no Brasil, para os editais de contratação das empreiteiras que

fornecem mão de obra terceirizada.

Conclui-se que o comportamento sócio e trabalhista da Lanxess apresenta

problemas importantes que podem ser sanados a partir da boa vontade da empresa e

com um dialogo franco e aberto com os sindicatos.

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ANEXO - 01

QUADRO 21: ESPECIFICAÇÕES DAS ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO DO ELASTÔMERO NAS PLANTAS DA LANXESS BRASIL

Unidades

Áreas Triunfo Duque de Caxias Cabo de Santo Agostinho

Atributos da

Produção Semi-Contínuo a base do método de Emulsão IDEM - coluna da esquerda Contínuo a base do método de Solução

Laboratório Análise das matérias primas e de amostras de todas as etapas da produção IDEM - coluna da esquerda IDEM - coluna da esquerda

Utilidade Recebe e Armazena os insumos. Trata a água e os dejetos (áreas 11, 12,

13)

IDEM - coluna da esquerda

(áreas 11, 15, 16 e 19) IDEM - coluna da esquerda

Purificação Área 21: Purifica a matéria prima utilizada no processo produtivo IDEM - coluna da esquerda

Purifica os insumos usados durante o processo produtivo.

E, recupera-se o solvente utilizado na fase da reação ao

eliminar as impurezas através de decantação e destilação

em colunas. Em seguida, o solvente é misturado aos

monômeros purificados confeccionado o AMP

(Alimentação Mista Purificada – um reagente facilitador

da polimerização em conjunto com o catalisador)

Reação

Área 22: produz um agente “ativador” da reação misturando diversos

insumos com a técnica de bateladas. E, na área 23, o “ativador” é misturado

aos monômeros de Estireno e Butadieno. Adiciona-se o emulsificante

fabricando o látex líquido. Por fim, o látex é resfriado.

IDEM - coluna da esquerda

Porém, o látex produzido nessa fase

pode seguir para duas distintas áreas:

área 25 - se for para fabricar elastômero

sólido; área 29 – se for vendido na forma

de látex líquido ou como insumo de

borracha de chiclete fabricado na própria

área 29.

Os reatores (tanques) de mistura são alimentados com

AMP para iniciar a reação. E, os reatores são mantidos a

uma temperatura de 115 a 145ºC, pressurizados com

nitrogênio em um mínimo de 5,5 atm.

Recuperação

Área 24: os monômeros que não reagiram são recuperados em um processo

de pressão e vácuo retornando para o inicio da produção (cerca de 10% não

reage). Retornando para a área 21, local em que será purificado e

reaproveitado.

IDEM - coluna da esquerda IDEM - coluna da esquerda

Page 200: Relatório - Lanxess - Dezembro de 2011

200

Coagulação

Área 25: adiciona-se ácido sulfúrico, coagulante e água ao látex líquido. E,

acrescenta um anti-oxidante para prover maior durabilidade a borracha. Em

seguida, o látex passa por três tanques de mistura no qual é agitado e

coagulado. O elastômero coagulado fica suspenso na água e, depois é

peneirado.

IDEM – coluna da esquerda

*Maior parte do látex líquido produzido

na planta é processada na área 25.

IDEM – coluna da esquerda

Entretanto, a coagulação acontece em reatores de “flash”

suspendendo os polímeros na água e, liberando o

solvente em forma de vapor que condensa e retorna para

a purificação. Depois, adiciona-se água e dióxido de

carbono. E, a solução segue para tanques de

homogeneização.

Secagem

Na área 25 o látex coagulado segue para uma espécie de “calha” que moí e

torce a borracha para extrair o excesso de água. Posteriormente, uma

máquina desintegra a borracha em pequenos pedaços que são direcionados

a cinco esteiras de secagem. Esteiras que possuem um sistema de

ventilador, exaustor e queimador (abastecido com gás boliviano) para secar

a borracha formando uma espécie de manta. Depois a manta é cortada em

pedaços menores. Resfria-se a borracha. Por fim, a umidade da borracha

atinge no máximo 0,5%.

IDEM – coluna da esquerda

* Entretanto, a planta conta apenas com

duas esteiras de secagem.

O elastômero é transportado por uma espécie de túnel

secador de alta temperatura (que desintegra e prensa o

polímero) reduzindo o teor de umidade do elastômero

para 0,5%.

Acabamento

Pequenos grumos de borracha em formatos regulares são descarregados

em uma prensa formando fardos com peso de 35 kg. A embalagem dos

fardos é efetuada por um robô (sistema que segundo relatos não funciona

muito bem por travar constantemente necessitando que a embalagem seja

realizada manualmente).

IDEM – coluna da esquerda

* Porém, a embalagem dos fardos é feita

manualmente.

Resfria-se e prensado novamente. Em seguida, corta em

fardos de 35 quilos. Embala e ensacada manualmente

direcionando a produção ao estoque.

Manutenção

Operadores da Manutenção são terceiros. No período noturno esses

operadores são acionados via telefone ou bip. O planejamento e o

acompanhamento da manutenção são efetuados por uma equipe do

administrativo

Operadores da Manutenção são terceiros. Já o

planejamento e o acompanhamento são efetuados por

uma equipe do administrativo