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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E CIÊNCIA DOS ALIMENTOS OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE DIFERENTES TIPOS DE CHÁ RELATÓRIO Santa Maria, RS, Brasil

Relatório Microscopia Chá (1) (1)

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RELATRIO MICROSCOPIA HISTOLOGIA.docx.docx

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIACENTRO DE CINCIAS RURAISDEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E CINCIA DOS ALIMENTOS

OBSERVAO MICROSCPICA DE DIFERENTES TIPOS DE CH

RELATRIO

Santa Maria, RS, Brasil2014

1. INTRODUO

O ch uma bebida preparada atravs da infuso de folhas, flores ou razes de plantas. Geralmente preparada com gua quente, e cada variedade adquire um sabor definido de acordo com o processamento utilizado, que pode ser com ou sem fermentao, tostado ou no, podendo ser adicionado de aroma e ou especiaria. (Azevedo et al., 2009)Com o grande avano dos produtos sintticos, a procura por novidades trouxe a revalorizao da natureza e, com ela, a procura por terapias a base de plantas medicinais. Esta tem sido amplamente divulgada, apresentando as plantas comomilagrosas, totalmente isentas de efeitos colaterais. Este fato, alm de reduzir riscos para a populao, representa uma grande facilidade para se produzir e vender produtos sem preocupao com a garantia da espcie e sua qualidade (Simes, 1989).O ch tradicionalmente usado nos seus pases de origem como uma bebida benfica sade em vrios aspectos. Recentemente, cientistas tm se dedicado aos estudos dos efeitos do ch sobre o organismo, bem como a conhecer melhor as substncias que promovem esses efeitos. Esse crescente interesse pela bebida deve-se a estudos que mostram a riqueza em uma substncia chamada flavonide e no benefcio por ela proporcionado quando do seu consumo. , no entanto, necessrio alguma precauo em relao a estas concluses, porque no existem praticamente resultados cientficos conclusivos. (Azevedo et al., 2009) Devido a grande procura pelo uso das plantas, torna-se imprescindvel a adoo de critrios rigorosos de produo. Esta preocupao clara nas determinaes da Secretaria de Vigilncia Sanitria do Ministrio da Sade, que tenta organizar a comercializao dos fitoterpicos. O presente trabalho tem como objetivo analisar microscopicamente as amostras de chs, avaliando a existncia de sujidades, materiais estranhos, bem como outras impurezas capazes de provocar alteraes do alimento.

2. MATERIAL E MTODOS

Para a determinao de sujidades, foram utilizados quatro tipos de ch. As embalagens das amostras foram abertas, em seguida colocadas em placas de Petri e analisados com o microscpio tipo estereoscpico.

3. RESULTADOS E DISCUSSES

Segundo a ANVISA, ch o produto constitudo de uma ou mais partes de espcie(s) vegetal(is) inteira(s), fragmentada(s) ou moda(s), com ou sem fermentao, tostada(s) ou no, constantes de Regulamento Tcnico de Espcies Vegetais para o Preparo de Chs. O produto pode ser adicionado de aroma e ou especiaria para conferir aroma e ou sabor. O Regulamento da Lei n 8.918 de 14 de julho de 1994, aprovado pelo Decreto n 2.314 de 04 de setembro de 1997, define que o ch pronto para o consumo a bebida obtida pela macerao, infuso ou percolao de folhas e brotos de vrias espcies de ch do gnero Thea (Theasinensis e outros) ou de folhas, hastes, pecolos e pednculos de erva-mate da espcie Ilexparaquariensis, ou de outros vegetais, podendo ser adicionados de outras substncias de origem vegetal e de acares.O ch deve ser preparado com folhas e brotos limpos, procedentes de espcimes vegetais genunos. No devem conter substncias estranhas sua constituio normal, nem elementos vegetais estranhos espcie. Deve estar isento de folhas previamente esgotadas. No pode ser colorido artificialmente.As espcies vegetais e as partes do vegetal permitidas para o preparo de chs esto estabelecidas na Resoluo RDC Anvisa n 267, de 22 de setembro de 2005. Na tabela 1 esto demonstrados os tipos de chs utilizados em aula para avaliao.A ausncia total de sujidades considerada rgida demais para a microscopia de produtos agrcolasin natura. OFOOD DEFECT ACTION LEVELS, doFoodandDrugAdministrationFDA, legislao que rege os produtos alimentcios americanos, diz ser impraticvel, do ponto de vista econmico, plantar, produzir e processar produtos vegetaisin natura, como no caso de chs e especiarias, totalmente isentos de quaisquer sujidades. O Ministrio da Sade est discutindo e reavaliando a legislao em vigor, no que diz respeito ausncia total de sujidades, adequando-a aos padres internacionais. Ressalta-se que os chs de hortel e cidreira so considerados como medicinais pois possuem a funo de expectorante, combate a gripe e a formao de gases, e de calmante, antiespasmdico, digestivo e analgsico, respectivamente.Ainda conforme o Regulamento, os resduos de defensivos agrcolas do mesmo somente podero resultar daqueles autorizados na cultura do vegetal utilizado, e correspondentes aos limites de tolerncia fixados pelo rgo competente do Ministrio da Sade. Alm disso, o ch no poder conter substncias minerais ou orgnicas txicas em quantidade perigosa para a sade humana. No ch de Baunilha foram identificadas corpos brancos, semelhante a larvas, podendo essas ser oriundas de insetos que possivelmente estavam na flor no momento da macerao. No sabendo que tipo de inseto esse, o risco de ser intoxicado por alguma toxina do animal pode ser considerado. Nos demais chs no foram encontrados sujidades fora do normal, alm de matrias que assemelhavam cascas de rvores e pequenos gravetos.

Tabela 1 - Espcies vegetais e partes do vegetal permitidas em ch pela legislao

Nome comum do chParte do vegetal utilizada

Baunilha / VanillaFrutos

Ch Preto/VerdeFolhas e talos

CidreiraFolhas e ramos

HortelFolhas e ramos

Devido s diferentes formas observadas e com base no conhecimento da literatura, foi possvel fazer a diferenciao dos chs. Sendo eles identificados da seguinte forma:

CH DE BAUNILHA/VANILLASegundo a legislao, o ch de baunilha pode apresentar pedaos do fruto junto s folhas de ch. Como pode ser visto na foto esquerda, foi observada a presena de uma substncia gelatinosa no identificada, que na observao assemelhava-se a larvas. Para uma anlise mais especfica, recomendado isolar a substncia e montar uma lmina e observar em microscpio ptico.CH DE CIDREIRASegundo a legislao, permitido neste ch a presena de folhas e ramos, porm na observao microscpica, foram identificados corpos estranhos semelhantes a insetos. CH VERDESegundo a legislao, no ch verde pode haver a presena de pedaos folhas e talos da planta. Na aula prtica de microscopia foi possvel observar que este ch est de acordo com a legislao vigente.

CH DE HORTELDe acordo com a legislao, a presena de folhas e ramos no ch de hortel aceitvel. Na observao microscpica foi possvel identificar que este ch est em acordo com a legislao vigente.

Hortel

3.1 NORMAS E DOCUMENTOS DE REFERNCIA Resoluo RDC n 277, de 22 de setembro de 2005 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria Regulamento Tcnico para caf, cevada, ch, erva-mate e produtos solveis; Resoluo RDC n 267, de 22 de setembro de 2005 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria Regulamento tcnico de espcies vegetais para o preparo de chs; Resoluo RDC n 219, de 22 de dezembro de 2006 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria Incluso do uso das espcies vegetais e parte(s) de espcies vegetais para o preparo de chs constante da Tabela 1 do Anexo desta Resoluo em complementao as espcies aprovadas pela Resoluo Anvisa RDC n 267, de 22 de setembro de 2005; Resoluo RDC n 175, de 08 de julho de 2003 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria Regulamento Tcnico de Avaliao de Matrias Macroscpicas e Microscpicas Prejudiciais Sade Humana em Alimentos Embalados; Resoluo RDC n 259, de 20 de setembro de 2002 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria - Regulamento Tcnico sobre Rotulagem de Alimentos Embalados; Resoluo RDC n. 12, de 02 de janeiro de 2001 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria - Aprova o Regulamento Tcnico sobre padres microbiolgicos para alimentos; Resoluo RDC n 181, de 03 de outubro de 2006 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria Prorroga o prazo para adequao Resoluo RDC n 165, de 08 de julho de 2003 at 31 de dezembro de 2006; Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, do Ministrio da Justia - Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor.

4. CONCLUSO

De acordo com os resultados encontrados, podemos concluir que a tendncia das marcas de chs comercializados no mercado nacional de atendimento s legislaes vigentes, pois apenas uma, dos 4 tipos de chs analisados, obteve amostra considerada no conforme. Foram identificados, principalmente, problemas de rotulagem, que incluem a no declarao ou a repetio de ingredientes, alegaes de propriedades teraputicas e medicinais, alm de um caso com presena de insetos que, apesar de no representarem risco sade, indicam condies higinicas no adequadas s boas prticas de fabricao.

5. REFERNCIAS

BRASIL.Regulamento da Lei n 8.918 de 14 de julho de 1994. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Disponvel em: www.anvisa.gov.br Acesso em 25/04/2014

BRASIL. Resoluo n 12 de 1978.Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Disponvel em: www.anvisa.gov.br Acesso em 26/04/2014BRASIL. RDC N 267, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Disponvel em: www.anvisa.gov.br Acesso em 26/04/2014

AZECEDO, J.; MADURO, R.; GOULART, J. Programa de anlise de protudos-Relatrio sobre anlise em chs. Instituto Nacional de Metrologia, Normalizo e Qualidade Industrial - INMETRO. Rio de Janeiro, 2009. Disponvel em: . Acesso em 26/04/2014

BRASIL. Ministrio da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria de Produo e Comercializao.Departemento de comercializao. Balana Comercial do Agronegcio. Braslia, DF. 200. 25p.

FONTES, E.A.F.; FONTES, P.R. Microscopia de Alimentos - Fundamentos Tericos.ViosaEditora UFV, 2005.

MENEZES JR., J. B. F. Investigaes sobre o exame microscpico de algumas substncias alimentcias. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 9:18-77, 1949.

SIMOES, C.M.O et al. Plantas Medicinais Populares do Rio Grande do Sul.Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1989.