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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Bacharelado em Ciência e Tecnologia FERNANDO SOUZA EVANGELISTA JOÃO VICTOR DA ROCHA PASQUALETO LARISSA DE FARO FARAH OSWALDO CEZAR DUARTE SILVA RODRIGO THIAGO PASSOS SILVA VICTOR VEQUETINI TEIXEIRA VITOR DE OLIVEIRA NEVES WILLIAN GONÇALVES MORAIS MODIFICAR PARA CRIAR, A NATUREZA DO PVA RETICULADO: o polímero como biotecnologia para o século XXI Santo André - SP 2010

Relatório - Proj. Final - BECN

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Page 1: Relatório - Proj. Final - BECN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

Bacharelado em Ciência e Tecnologia

FERNANDO SOUZA EVANGELISTA

JOÃO VICTOR DA ROCHA PASQUALETO

LARISSA DE FARO FARAH

OSWALDO CEZAR DUARTE SILVA

RODRIGO THIAGO PASSOS SILVA

VICTOR VEQUETINI TEIXEIRA

VITOR DE OLIVEIRA NEVES

WILLIAN GONÇALVES MORAIS

MODIFICAR PARA CRIAR, A NATUREZA DO PVA RETICULADO: o polímero

como biotecnologia para o século XXI

Santo André - SP

2010

Page 2: Relatório - Proj. Final - BECN

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FERNANDO SOUZA EVANGELISTA

JOÃO VICTOR DA ROCHA PASQUALETO

LARISSA DE FARO FARAH

OSWALDO CEZAR DUARTE SILVA

RODRIGO THIAGO PASSOS SILVA

VICTOR VEQUETINI TEIXEIRA

VITOR DE OLIVEIRA NEVES

WILLIAN GONÇALVES MORAIS

Turma B1 - Diurno

MODIFICAR PARA CRIAR, A NATUREZA DO PVA RETICULADO: o polímero

como biotecnologia para o século XXI

Relatório do projeto final, apresentado à

Universidade Federal do ABC, como parte dos

requisitos para aprovação na disciplina de

Bases Experimentais das Ciências Naturais do

Bacharelado em Ciência e Tecnologia,

orientado pela Profa. Dra. Christiane Ribeiro.

Santo André - SP

2010

Page 3: Relatório - Proj. Final - BECN

3

RESUMO

Os polímeros são macromoléculas compostas por monômeros em repetição, Estas estão

presentes em nosso cotidiano, como por exemplo, em plásticos, borrachas e afins. O

poli(álcool vinílico)(PVA) é uma espécie de polímero que é reticulado com íons de borato. O

PVA reticulado é hidrofílico, e pode ser útil na produção de hidrogéis, que são polímeros com

alta capacidade de absorção de água, esta aplicação é especialmente interessante no que tange

o assunto abordado neste projeto, que é o de biossensores e de sistemas de liberação

controlada de fármacos.No experimento era esperado verificar diferentes velocidades de

reticulação do PVA com diferentes concentrações e bórax, porém em todas as soluções de

boráx, a velocidade da reação foi quase instantânea. Foram realizados também testes quanto a

capacidade de sorção de água do PVA reticulado, onde foi descoberto que as características

deste mudam conforme sua retidão de água, seguindo uma tendência de conforme maior a

quantidade de água absorvida, maior o aspecto emborrachado e brilhoso do material. Conclui-

se que a reticulação do PVA é um processo simples e rápido, executado por meio de um

simples material – a cola branca – do qual resultou num hidrogel, que é um biomaterial com

vasta aplicabilidade.

Palavras-chave: reticulação. PVA. biomaterial

Page 4: Relatório - Proj. Final - BECN

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ABSTRACT

The polymers are macromolecules composed by monomers in repetition, these are daily

presents, as an example in plastics, rubbers and others. The poly(vinyl alcohol) (PVA) is a

kind of polymer that is reticulated with borate ions. The PVA reticulated is hydrophilic and

can be useful in the production of hydrogels, which are polymers with high capacity of water

sorption, this application is especially interesting in the subject of this project, that is bio

sensors and systems for controlled release of drugs. In the experiment was expected to verify

different PVA's speeds of reticulation for different concentrations of Borax, but in all borax

solutions the reaction was almost instantaneous. It was also executed tests about the capacity

of water sorption of the reticulated PVA, where was discovered that it's characteristics change

according to the rectitude of water, following a tendency that the greater the quantity of

absorbed water the greater the brightness and the rubberized aspect. The conclusion was that

the reticulation of PVA is a simple and quick process, executed by means of a simple material

– white glue – from which resulted an hydrogel, that is a biomaterial with wide applicability.

Key words: reticulation, PVA, biomaterial.

Page 5: Relatório - Proj. Final - BECN

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Variação de forma assintótica das propriedades do polímero em função da

massa molar.......................................................................................................................... 7

Figura 1.2 – Hidrólise do bórax em meio aquoso................................................................ 9

Figura 1.3 – Estruturas do material nas suas várias formas................................................. 9

Figura1.4 – Reação de complexação do sistema PVA/Borato............................................. 10

Figura 4.1 – Consistência da solução de cola....................................................................... 13

Figura 4.2 – Mistura da solução de bórax com a solução de cola........................................ 14

Figura 5.1 – Material fixo no fundo do béquer.................................................................... 14

Figura 5.2 – Estado gelatinoso............................................................................................. 15

Figura 5.3 – Material após sua remoção da água................................................................. 16

Figura 5.5 - Demonstração da fratura frágil do material...................................................... 16

Figura 5.4 – Demonstração da elasticidade.......................................................................... 17

Figura 6.1 – Reação de reticulação do PVA........................................................................ 17

Page 6: Relatório - Proj. Final - BECN

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 7

1.1 Definição e histórico ......................................................................................................... 7

1.2 Os reagentes: PVA e bórax ............................................................................................... 8

1.3 Processos de transformação .............................................................................................. 9

1.4 Aplicações ....................................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 11

3 MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................................................. 12

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ................................................................................ 12

4.1 Preparação dos reagentes ................................................................................................ 12

4.2 Procedimentos para a reticulação do PVA ..................................................................... 13

5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 14

5.1 Solução de cola + solução de bórax I ............................................................................. 14

5.2 Solução de cola + solução de bórax II ............................................................................ 15

5.3 Solução de cola + solução de bórax III ........................................................................... 15

5.4 Teste da capacidade de retenção de água ........................................................................ 16

6 DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 17

7 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 18

8 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 19

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Definição e histórico

As ciências da natureza há muito tempo estudam os mais diversos fenômenos e

estruturas de vários elementos de nosso ambiente. No século passado cientistas começaram a

estudar os polímeros.

Um polímero1 é uma macromolécula composta por muitas (dezenas de milhares) de

unidades de repetição – os meros – unidas por ligação covalente. Podem ser divididos em três

grandes classes: plásticos, borrachas e fibras. As propriedades físicas dependem do

comprimento da molécula. Alterações no tamanho de uma molécula pequena provocam

grandes mudanças nas propriedades físicas. As mudanças tendem a ser atenuadas com o

aumento do tamanho da molécula (Figura 1.1). Nem todos os compostos de baixa massa

molar (monômero) geram polímeros, é preciso que eles se liguem entre si. A reação entre

monômeros é chamada de reação de polimerização. i, x

Figura 1.1 – Variação de forma assintótica das propriedades do polímero em função da massa molar

Fonte: Canevarolo, S. V. Jr., Ciência dos polímeros, 2ª ed. p. 21

No século XVI, portugueses e espanhóis tiveram contato com o produto extraído de

uma árvore americana, a Hevea brasiliensis (serigueira), e extraíram um produto que

apresentava elasticidade e flexibilidade, desconhecidos até então. Na Europa ganhou o nome

de borracha. Em 1912 foi obtido o primeiro polímero sintético, produzido por Leo Baekeland

(1863-1944), reagindo fenol e formaldeído, formando resina fenólica, também conhecida por

baquelite. i,ii

1 Do grego, poli (muitos) e mero (unidade de repartição).

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8

É interessante notar que esta classe de compostos exerceu e exerce profunda influência

em nossa civilização desde seus primórdios, uma vez que os compostos que regulam nosso

metabolismo e código genético são na maioria macromoléculas, e os polímeros estão entre os

mais antigos materiais trabalhados pelo homem, como madeira (celulose) para fabricação de

armas e moradias, cereais (amido) para alimentação, algodão (celulose) para vestimentas e

mais recentemente a borracha (poli-isopreno). iii

1.2 Os reagentes: PVA e bórax

Este trabalho aborda o processo de transformação empírico e didático envolvendo o

polímero poli(álcool vinilico) – PVA. O produto obtido e suas características e aplicações na

biotecnologia, por meio de reagentes de simples obtenção.

O poli(álcool vinilico), também conhecido por álcool polivinilico e cuja fórmula

estrutural é [CH2CHOH]n, é um polímero hidrofílico, devido aos grupos hidroxila em sua

estrutura, capaz de formar complexos por meio da transferência de cargas com ânions. Ele foi

descoberto na Alemanha por. Fritz Klatte (1880-1934) em 1912. Possui propriedades únicas

tais como alta solubilidade em água e a capacidade de formar géis por condensação. Tais géis

constituem uma barreira física ideal para o aprisionamento de enzimas. O álcool vinílico é um

composto instável que se rearranja espontaneamente em acetaldeido. Portanto, o álcool

polivinilico não pode também ser diretamente preparado. Primeiramente deve-se polimerizar

o acetato de vinila em poli(acetato de vinila). O mesmo é então hidrolisado em poli(álcool

vinílico). iv,v, ix, x

As colas líquidas brancas (cola tenaz ou cola escolar) e as colas amarelas (para

madeira) são constituídas basicamente de poli(álcool vinílico). vi

O Bórax (Na2B4O7·10H2O), também conhecido como borato de sódio ou tetraborato

de sódio é um composto importante do boro. Sofre hidrólise em meio aquoso, liberando íons

borato (Figura 1.2). É utilizado na produção tecidos e madeiras à prova de fogo, vidro e

bactericidas caseiros. iv, vii

Page 9: Relatório - Proj. Final - BECN

9

Figura 1.2 – Hidrólise do bórax em meio aquoso

Fonte: Expósito, I. E., Modelos moleculares e experimentação em química: as forças do mundo invisível - SBQ

– 25ª Reunião Anual xi

1.3 Processos de transformação

Reticulação é um método físico-químico de transformação de polímeros. Ocorre para

manter duas ou mais cadeias poliméricas unidas por meio da criação de uma ponte de átomos

entre elas, ligados por ligação covalente. Ela evita deformação permanente e confere

características borrachosas ao material (comparativo das estruturas na figura 1.3). i

Figura 1.3 – Estruturas do material nas suas várias formas. (A) Linear (B) Ramificada (C) Reticulada (D)

Endurecida

Fonte: Materiais de Construção Mecânica I – Cap. 1. p.32 xii

A reticulação é um método de produção dos hidrogéis, que são polímeros com elevada

capacidade de absorção de água. Quando um hidrogel é submerso em água, as moléculas de

água juntam-se à matriz do polímero, causando seu enchimento. Representam um estado

intermediário entre o estado sólido e o líquido, entretanto, são considerados sólidos elásticos.

Para a obtenção de hidrogéis de PVA um íon muito interessante é o íon borato.

Acredita-se que o mecanismo da reação de complexação do íon borato com o PVA seja a

complexação di-diol, formada por duas unidades de diol e um íon borato. Por protólise os

Page 10: Relatório - Proj. Final - BECN

10

ânions boratos são convertidos em , que podem então reagir com o PVA, formando um

gel termo-reversível. O mecanismo de complexação do sistema PVA/borato pode ser dividido

em duas reações, como é descrito na figura 1.4.

Figura 1.4 – Reação de complexação do sistema PVA/Borato

Autor: Martins, M. Biossensores de colesterol. p. 30

Sol-gel é um processo para produzir sensores para aplicações analíticas. Consiste

numa rota de síntese de materiais onde num determinado momento ocorre uma transição de

um sistema líquido sol para um líquido gel. Sol é um termo usado para definir uma dispersão

coloidal estável num fluído, e gel é um sistema formado pela estrutura rígida de partículas

coloidais ou de cadeias poliméricas.

A gelatinização pode também ocorrer pela interação entre longas cadeias

poliméricas.iv

1.4 Aplicações

Muitas idéias surgem utilizando processos de polimerização para a criação de

novos produtos com maior tecnologia, sobretudo buscando produtos que poluem menos e que

possam ser reaproveitados, este que é o ideal do século.

No Brasil já existe o projeto de produção de plástico biodegradável com a utilização

da cana de açúcar. Esse desenvolvimento teve início em 1992, com os estudos de fermentação

realizados pelo IPT2 objetivando a produção de um polímero biodegradável, o

polihidroxibutirato (PHB) e o seu co-polímero polihidroxibutirato/valerato (PHB-HV). O 2 Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

Page 11: Relatório - Proj. Final - BECN

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plástico biodegradável em questão é composto basicamente por carbono, oxigênio e

hidrogênio.

Inúmeros são os produtos obtidos a partir do poli(álcool vinílico) – objeto desde

estudo - podemos citar: fibras, mantas, membranas, filmes, fabricação de adesivos,

revestimento de papéis, estabilizantes para polimerizações, lentes de contato e componentes

artificiais do organismo. viii

Sobretudo, destacam-se entre as diversas aplicações do PVA no estado reticulado a

fabricação de hidrogéis, e por meio destes, a construção de sistemas de liberação de fármacos

e biossensores.

Os sistemas de liberação de fármacos liberam os fármacos em um ambiente específico

do organismo por determinado período de tempo. Aprimoram a segurança, a eficácia e a

confiabilidade da terapia com fármacos, pois a grande maioria dos fármacos é liberada logo

após a administração, causando rápida elevação do mesmo no organismo, para que depois

decline também rapidamente. O sistema é baseado em hidrogéis, que por sua natureza macia,

minimiza irritações mecânicas, evitando dores e infecções. v

Os biossensores para determinação de colesterol são ótimas alternativas comparando-

se com os meios tradicionais. Possuem alta estabilidade operacional, resposta rápida e baixo

custo. É sintetizado pelo método sol-gel. O método tradicional é baseado em

espectrofotometria na região dos UV/Vis3, que envolve procedimentos complicados e grande

quantidade de enzima. iv

Por estes e tantos outros exemplos, é de grande importância o estudo e a compreensão

do funcionamento das estruturas de polímeros, que podem e devem avançar muito mais, e

proporcionar novas alternativas de biotecnologias para o futuro.

2 OBJETIVOS

Compreender a importância, aplicabilidade e a química dos polímeros, suas reações e

estrutura, envolvendo a reticulação e a transição sol-gel. Verificar a reação do bórax com o

PVA e investigar propriedades físico-químicas de novos materiais formados com a reticulação

do poli(álcool vinilico). Avaliar propriedades que o tornam um potencial biomaterial.

3 UV/Vis – Espectroscopia de absorção na região do ultravioleta-visível

Page 12: Relatório - Proj. Final - BECN

12

3 MATERIAIS UTILIZADOS

Para a realização do experimento foram utilizados os seguintes materiais:

a) balança semi-analítica;

b) provetas de 50 mL e de 10 mL;

c) béqueres de 50 mL e 100 mL;

d) 37,5 mL de cola branca;

e) pipeta;

f) 7 g de bórax;

g) água milli-q4;

h) espátula;

i) bastão de vidro;

j) banho ultratermostático.

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1 Preparação dos reagentes

Inicialmente, foi realizada a preparação da solução aquosa de cola branca 60%. Para

atender às necessidades do experimento foram preparados, em um béquer de 100 mL, 62,5

mL de solução na proporção anteriormente citada, ou seja, 37,5 mL de cola diluída em 25 mL

de água. As medidas foram tomadas em provetas de 10 mL e 50 mL, respectivamente. (A

consistência é mostrada na figura 4.1)

4 Água milli-q – água deionizada que foi purificada por um sistema milli-q

Page 13: Relatório - Proj. Final - BECN

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Figura 4.1 – Consistência da solução de cola

Fonte: Autor

Posteriormente foram preparadas soluções de borato de sódio (bórax) e água em

diferentes concentrações.

A primeira solução de bórax é de diluição a 4% em água. Misturou-se num mesmo

béquer de 50 mL 1 g de bórax, pesado na balança semi-analítica e 25 mL de água, medidos na

proveta. Para ocorrer a diluição foi preciso agitar a solução com auxílio do bastão de vidro por

cerca de 5 min. Esta solução será, neste trabalho, chamada de solução de bórax I.

Na segunda, doravante chamada de solução de bórax II, dobrou-se a concentração

relativamente à primeira, foram utilizados 25 mL de água vertida em 2 g de bórax.

Procedimento análogo foi realizado na solução de bórax III, novamente dobrando a

concentração, utilizando 25 mL de água e 4 g de bórax. Nestas, para haver uma melhor

diluição foi necessário imergir parcialmente o béquer em água quente (não fervente) – no

banho ultratermostático - enquanto a solução era agitada. Esperou-se esfriar para ser utilizado.

Apesar do procedimento realizado, não foi possível diluir completamente a solução III,

sobrando partículas do borato de sódio visivelmente no fundo do béquer.

4.2 Procedimentos para a reticulação do PVA

Para análise da reticulação do poli(álcool vinílico) foram preparadas misturas da

solução de cola com a soluções de bórax, separadamente (figura 4.2).

A primeira mistura foi de 10 mL da solução de cola com 10 mL da solução de bórax I.

As outras duas foram análogas em quantidade, modificando apenas a solução de bórax,

utilizando, assim, a solução II e III.

Page 14: Relatório - Proj. Final - BECN

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Figura 4.2 – Mistura da solução de bórax com a solução de cola

Fonte: Autor

Imediatamente após cada mistura foram disparados cronômetros para verificar os

tempos de reação. E observou-se para se chegar aos resultados descritos na próxima seção.

5 RESULTADOS

5.1 Solução de cola + solução de bórax I

Imediatamente, com a adição da solução de bórax I na solução de cola a mistura ficou

mais consistente, causando certa resistência em realizar a movimentação com o bastão de

vidro. Foi mantida a movimentação até que se obtivesse uma mistura razoavelmente

homogênea, depois deste ponto foi colocada para observação.

Figura 5.1 – Material fixo no fundo do béquer

Fonte: Autores, 2010

Page 15: Relatório - Proj. Final - BECN

15

Gradativamente, nos primeiros 20 minutos, o material foi adquirindo consistência

gelatinosa mole (figura 5.2). Foi retirado o excesso de líquido, e após 15 minutos verificou-se

que o material continuava com aspecto gelatinoso, mas mais consistente que o anterior, e

preso no fundo do béquer, de modo que se este fosse colocado ao contrário, permaneceria no

fundo (figura 5.1).

5.2 Solução de cola + solução de bórax II

A reação, novamente, foi imediata logo após a mistura. A consistência mudou de

fluido newtoniano para algo mais consistente, de forma gelatinosa mole (figura 5.2). Houve a

mesma dificuldade em movimentar a mistura que no anterior. Após a obtenção de razoável

homogeneidade, foi iniciada a observação.

Figura 5.2 – Início da reticulação

Fonte: Autores, 2010

De forma gradual, nos primeiros 16 minutos, o material foi adquirindo aspecto mais

consistente. Retirou-se o excesso de líquido. 35 minutos posteriores à mistura, o material

fixou-se no fundo do béquer já com a maior consistência, a de gel.

5.3 Solução de cola + solução de bórax III

Nesta reação os resultados imediatos foram semelhantes aos anteriores.

Page 16: Relatório - Proj. Final - BECN

16

Após 9 minutos retirou-se o líquido em excesso. Mesmo com o passar de mais de uma

hora, a consistência gelatinosa foi mantida, não sendo convertida para um aspecto

emborrachado.

5.4 Teste da capacidade de retenção de água

A fim de investigar a capacidade de retenção de água do material obtido com as

misturas acima apresentadas, o material foi imerso em água. Tal procedimento foi realizado

com o material descrito na seção 5.1 depois de muito manuseado para que liberasse quase

totalmente o líquido de seu interior.

Figura 5.3 – Material após sua remoção da água

Fonte: Autores, 2010

Observou-se que o material, após sua remoção da água, aumentou consideravelmente

de tamanho, que estava úmido, com aspecto liso e levemente brilhante (figura 5.3). Com seu

manuseio excessivo o líquido foi liberado nas mãos e pôde ser constatada sua diminuição de

volume, brilho e aumento de sua rugosidade, além de tornar-se frágil. (figura 5.4).

Figura 5.4 – Demonstração da fratura frágil do material

Fonte: Autores, 2010

Foi verificado também o material quando úmido, mas não encharcado, apresenta certa

elasticidade, tendo comportamento elástico e plástico. (figura 5.5)

Page 17: Relatório - Proj. Final - BECN

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Figura 5.5 – Demonstração da elasticidade

Fonte: Autores, 2010

6 DISCUSSÃO

Nas reações descritas acima houve a reticulação do álcool polivinílico, isto é, houve

um equilíbrio dinâmico nas cadeias do PVA devido à mistura com o bórax. Quimicamente,

ocorre a hidrólise do bórax e meio aquoso (Figura 1.2), liberando íons borato em

posteriormente a reação destes íons com os íons hidroxila, dando origem a uma rede

polimérica de estrutura tridimensional (Figura 6.1). A transformação é explicitada pelas

mudanças físicas, sobretudo a mudança do estado de fluido newtoniano para consistência de

borracha.

Figura 6.1 – Reação de reticulação do PVA

Fonte: Autores, 2010

Os experimentos foram realizados utilizando diferentes concentrações de bórax para se

observar se haveriam resultados diferentes. Para as maiores concentrações de bórax esperava-

se diminuição no tempo de reação, porém isso não foi observado de modo significativo,

devido, possivelmente, ao tempo da reação já ter chegado ao mínimo possível.

Outra possibilidade para a insignificância dos tempos de reação é a deficiente diluição

do bórax em água. O uso do banho termoestático auxiliou a diluição no momento, entretanto,

elevou a temperatura das soluções de bórax. Para a realização do experimento em condições

isonômicas para as três concentrações devem ser vertidas na solução de cola à mesma

temperatura. Portanto, foi necessário esperar a solução de bórax esfriar a temperatura

Page 18: Relatório - Proj. Final - BECN

18

ambiente, durante esse tempo, as partículas de bórax voltaram se tornar visíveis no fundo do

béquer. Provavelmente esses fatores influenciaram no insucesso do procedimento descrito na

seção 5.3.

Não houve dificuldade de diluição da cola na água, pois o PVA possui em sua

estrutura muitos íons hidroxila, responsável pelas ligações de hidrogênio entre as moléculas

de água e o polímero. Em consequência dessas interações, a o PVA é solúvel em água.

A partir dos experimentos realizados notou-se que o PVA reticulado possui alta

capacidade de absorção de H2O (por pressão osmótica). A propriedade de retenção do PVA

reticulado está intimamente ligada às suas funções de biomaterial, tendo em vista que sua

grande capacidade de absorver e liberar líquidos dependendo da concentração deste no meio

(por exemplo, caso o material seja manipulado com as mãos secas, estas receberão a umidade

do polímero, processo semelhante ocorre no papel ou qualquer outro meio mais seco).

A reticulação, que provoca a formação de uma estrutura tridimensional, permite a

difusão livre de água através da rede polimérica sem dissolução, e aumentando a resistência

mecânica dos hidrogéis. v

Essa característica é coerente com o que se espera dos biossensores. Nestes, o PVA

reticulado absorve o componente que se tem interesse em quantificar – por exemplo, o

colesterol. Há um dispositivo que é composto por um transdutor com a capacidade de gerar

um sinal elétrico proporcional à concentração do colesterol. Esse sinal é amplificado,

processado e exibido em uma tela LCD, por exemplo. iv

Na utilização como dispositivo de liberação controlada de fármacos, o fármaco é

combinado com o material polimérico, chamado de carregador. Quando entra em contato com

fluidos biológicos o hidrogel incha e libera para o meio o fármaco. A liberação pode ser

controlada por fatores físico-químicos do organismo, como pH, temperatura e força iônica,

podendo ser constante ou cíclica por um longo período de tempo. v

7 CONCLUSÕES

A reticulação do PVA é muito simples de ser executada e de serem observadas as

reações que acontecem durante e depois da realização do experimento. A realização do

experimento não requer nenhum conhecimento ou materiais muito específicos. Os resultados

foram favoráveis, tanto experimentalmente, quanto de pesquisa, fornecendo conceitos mais

sólidos sobre polímeros de modo geral, mas especialmente, sobre reticulação e

aplicabilidades.

Page 19: Relatório - Proj. Final - BECN

19

A mudança imediata do fluido newtoniano para o gel depois de misturado bórax na

solução de cola, a elasticidade momentânea e o endurecimento após um tempo ilustram as

características do material.

O PVA reticulado, resultante deste experimento, tem muitas finalidades, podemos

destacar a fabricação de hidrogéis que tem sido estudado e sendo utilizado em sistemas de

liberação de fármacos e biossensores. A fabricação desse potencial biomaterial é pelo método

sol-gel, observado empiricamente.

Concluiu-se, por fim, que a reticulação do PVA possui potencial aplicação como

biomaterial e pode ser usado em processos de desenvolvimento de tecnologias, a fim de

favorecer a saúde humana.

8 REFERÊNCIAS

[i] CANEVAROLO, Sebastião V. Jr. Ciência dos Polímeros: um texto básico para

tecnólogos e engenheiros. 2 ed. rev. e aum. São Paulo: Artliber, 2006. p. 17-18, 21, 224.

[ii] MANO, Eloisa B., MENDES, Luís C. Introdução a polímeros. 2 ed. rev. e aum. São

Paulo: Edgard Blüncher, 2004. p.1-3,16, 50, 76, 160-161. ISBN 85-212-0247-4.

[iii] IPEF. Havea brasiliensis (seringueira). Disponível em: <http://www.ipef.br/

identificacao/hevea.brasiliensis.asp>. Acesso em: 25 jul. 2010.

[iv] MARINHO, Jean Richard Dasnoy. Macromoléculas e polímeros. Barueri: Manole, 2005

[v] MAYLER, Martins. Biossensores de colesterol baseados no sistema poli(álcool

vinilico)/Ftalocianina. 2006. p. 22-26, 28-31, 83-85. Dissertação (Mestrado em ciências em

materiais para engenharia) – Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2006. Disponível em:

<http://adm-net-a.unifei.edu.br/phl/pdf/0030621.pdf >. Acesso em: 25 jul. 2010.

[vi] RODRIGUES, Isadora R. Síntese e Caracterização de Redes Poliméricas à base de

Quitosana com PVP e PVA para aplicação na liberação controlada de fármacos. 2006. p.

1-7, 16-19. Dissertação (Mestrado em engenharia) – Escola de Engenharia, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. Disponível em:

<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/8349/

000574161.pdf?sequence=1>. Acesso em: 25 jul. 2010.

[vii] LABORDE, Hervé M. Polímeros de crescimento de cadeia. In:______. Química

Orgânica. p. 2. Disponível em: <http://www.labnov.pro.br/attachments/File/QuimicaDEE

Page 20: Relatório - Proj. Final - BECN

20

/Polimeros.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2010.

[viii] APHOX. Cola branca extra. Disponível em: <http://www.aphox.com.br/index.asp?

centro=produto.asp&produto=699>. Acesso em: 25 jul. 2010.

[ix] PEIXOTO, Eduardo M. A. Boro. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 4, mai. 1996.

Disponível em: < http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc04/elemento.pdf/>. Acesso em: 30.

jul.2010.

[x] EXPÓSITO, Mari I. QUEIROZ, Alvaro A. A. Modelos moleculares e experimentação em

química: as forças do mundo invisível. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE

QUÍMICA, 13.,2006, Campinas. Sociedade Brasileira de Química

[xi] Estrutura dos materiais.In:______.Materiais de construção mecânica I. p. 32

Disponível em: <http://willyank.sites.uol.com.br/DISCIPLINAS/CienciadosMateriais

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