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ELABORADOR Renato Nishida Assessor Técnico COORDENAÇÃO Dr. Marcelo Moreira dos Santos Promotor de Justiça MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAPÁ PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE CONFLITOS AGRÁRIOS HABITAÇÃO E URBANISMO RELATÓRIO TÉCNICO AMBIENTAL Relatório técnico sobre a avaliação de um possível dano ambiental ocorrido no Rio Amapazinho Município do Amapá - AP RELATÓRIO Nº Nº FOLHAS DATA DE EMISSÃO EMITIDO POR

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ELABORADOR Renato Nishida – Assessor Técnico

COORDENAÇÃO

Dr. Marcelo Moreira dos Santos – Promotor de Justiça

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAPÁ PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE CONFLITOS AGRÁRIOS HABITAÇÃO E URBANISMO

RELATÓRIO TÉCNICO

AMBIENTAL Relatório técnico sobre a avaliação de um possível dano ambiental ocorrido no Rio Amapazinho – Município do Amapá - AP

RELATÓRIO Nº

Nº FOLHAS

DATA DE EMISSÃO

EMITIDO POR

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“Todos têm direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (Art. 225, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988) APRESENTAÇÃO

O presente relatório foi pensado e elaborado pela Assessoria Técnica que dá apoio à Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Conflitos Agrários, Habitação e Urbanismo no Amapá – PRODEMAC, com o objetivo de trazer a problemática do “Rejeito da Atividade de Pescado”, numa perspectiva de atuação engajada deste Ministério Público.

Constatei que a coleta e destinação final dos resíduos sólidos no Município de Amapá - AP, mormente no interior, tem sido uma das principais preocupações das autoridades científicas ambientais, não só o descarte criminoso do pescado. Isto porque, não existe o depósito desses resíduos, na maioria das vezes; e quando realizado, é feito sem o devido cuidado com a área escolhida, trazendo, portanto, perigosas conseqüências ao Meio Ambiente e à saúde da população, como o descarte de carcaças e filetagem de peixes em áreas inapropriadas, conforme enfatiza a denúncia (Vide Termo de Declarações em anexo).

Outrossim, a falta de utilização de critérios na disposição final do Lixo tem sido causa de inúmeras circunstâncias negativas ao meio ambiente urbano e, por vias indiretas, ao ser humano. Tem-se como exemplo a provocação de doenças infecto-contagiosas, a proliferação de animais típicos desses ambientes, a contaminação de rios e lençóis freáticos, poluição do solo, como também a disseminação de doenças muitas vezes desconhecidas como alguns dos principais resultados da inexistência de uma política pública municipal voltada para esse tema.

Com efeito, a imensa quantidade de Lixo produzido nesta região atualmente, faz-se importante ressaltar a necessidade de o encararmos não apenas como “aquilo que ninguém quer”, mas também como algo que pode ser tratado, reciclado e gerar renda, minimizando, enfim, os impactos ao meio ambiente.

A grande questão a enfrentar é que a produção de resíduos é inerente à condição humana, produzindo-se, por indivíduo, centenas de quilos por ano, o que torna um problema de difícil resposta, exigindo reeducação e comprometimento do cidadão e entes públicos quanto a redução do consumo, coleta seletiva, tratamento e disposição final do Lixo. Assim, considerando a necessidade de enfrentamento da questão é que esquematizamos o presente Relatório Técnico Ambiental, no sentido de orientar e estimular nossos colegas Promotores de Justiça do Município de Amapá instaurar Inquéritos Civis sempre que se virem diante da realidade de poluição, degradação e afetação ao meio ambiente pelas atitudes criminosas de jogar restos de pescado em depósito de resíduos a céu aberto (ver imagens do local) - propriamente ditos e pelos aterros sanitários irregulares, que não possuem a manutenção adequada retornando ao estado de “lixão”.

Desta forma, procurei reunir no presente relatório alguns modelos de peças processuais, Legislação Federal e Estadual, além de Resoluções do CONAMA que possam

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auxiliar os Promotores de Justiça na atuação protetiva, fiscalizadora e corretivas do Ministério Público, pautada no artigo 129 da Constituição Federal de 1988. 1. PREFÁCIO

O movimento de sobe e desce das marés rege a vida no município de Amapá, que está situado ao leste do estado do Amapá. Na área do corredor de biodiversidade, que forma um mosaico de várias unidades de conservação. O rio Amapazinho corta a cidade de 9 mil habitantes. Aqui é preciso obedecer ao ritmo da natureza: esperar o rio subir, sob a influência do mar, para poder sair com os barcos.

Nos municípios que estão no corredor de biodiversidade do Amapá a expectativa é que os recursos naturais, que foram conservados, sejam usados para atrair o ecoturismo. A biodiversidade pode ser uma fonte de novas oportunidades.

Entre os cartões postais da cidade de Amapá está a variedade de paisagens: é uma área de transição de florestas, cerrados e mangues. Entrevista com João Cambraia de Castro - Secretario do Meio Ambiente - "O município de Amapá além da região de alagados que nós viemos, que é a margem do mar, nós temos também os nossos rios. Rios esses que são as veias, que saem do Tumucumaque, das montanhas do Tumucumaque e vão para o mar". A pesca artesanal é uma das principais atividades econômicas no município. São muitas espécies de peixes de rios, lagos e mar. Histórias de pescador não faltam por aqui.

Entrevista com Lucival Tavares Figueiredo – pescador - "Esse aqui nós trata ela por piracema. Mas o nome dela é peixe prata. Ela vive no lago, ela vive no rio. Desse tamanho ela vive nos lagos e as maiores vivem nos rios. Pode chegar até 100 kg, porque nós já peguemos, eu já peguei."

Devido a grande oferta de alimentos, o município de Amapá é um ponto de passagem de aves migratórias. A revoada de aves de diferentes espécies é um espetáculo bonito. Garças, marrecas e guarás.

A biodiversidade da região é ameaçada pelas queimadas e pela criação de búfalos – espécie exótica originária da Índia. O pisoteio dos animais prejudica o solo frágil e formam valas que afetam os lagos. A rica diversidade de espécies vegetais e animais fazem da cidade do Amapá uma candidata natural do roteiro de Turismo Ecológico no Estado.

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2. INTRODUÇÃO

Atendendo solicitação da Promotoria de Justiça de Amapá – MPEA, através do Mem° nº 123/2011 – PJA/MPEA, datado de 30 de novembro de 2011 encaminhado a esta Promotoria de Justiça do Meio Ambiente Conflitos Agrários Habitação e Urbanismo (PRODEMAC), tendo como peças de informação o Ofício No. 018/2011-SEMDAAMA, datado de 7 de outubro de 2011 emitido pelo Secretario Municipal de Desenvolvimento Agropecuário Abastecimento Meio Ambiente e Pesca; João Paulo Cambraia de Castro, e uma equipe da Secretaria Municipal de Vigilância Sanitária representada neste ato pelo Senhor Sidnan Gonçalves de Oliveira – Chefe da Vigilância Sanitária do Município do Amapá; eu, Renato Nishida – Assessor Técnico do Ministério Público lotado na PRODEMAC se deslocou até o Município de Amapá, no dia 9 de janeiro de 2012; afim de realizar avaliação de um possível dano ambiental ocorrido as margens do Rio Amapazinho no Município do Amapá através da realização de fiscalização e vistoria do local.

Para a realização da vistoria a equipe da PRODEMAC, contou com o apoio da Promotoria de Justiça de Amapá, na pessoa da Sra. Deizi; o qual nos deu suporte e disponibilizou infra-estrutura para elaboração do supra relatório técnico ambiental através da visitação das áreas atingidas, conforme especifica o relatório de 4 de novembro de 2011 realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

A Ficha de Atendimento nº 181/2011-PJA/MP - AP, registrada em 21/11/2011, Meio Ambiente trata de denúncia acerca de Rejeito da Atividade de Pescado realizada em frente à cidade de Amapá na rampa de embarque, no Cais de Amapá; onde a atual situação em que se encontra devido as condições precárias e de abandono além do descaso com a saúde pública e com o meio ambiente. A denúncia apurada versa sobre as atividades do atual mercado de peixe, onde os proprietários jogam carcaças e filetagem de peixes em locais não apropriados, não respeitando os avisos da prefeitura local e da vigilância sanitária, para jogar o lixo em locais adequados e apropriados. A visita ao local foi realizada por mim, Assessor Técnico da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente Conflitos Agrários Habitação e Urbanismo, que constatou irregularidades no local desrespeitando leis ambientais vigentes, leis estaduais e municipais. As áreas afetadas por tal procedimento comprometem a estética da cidade de Amapá, abolindo em definitivo qualquer possibilidade de turismo no local; o que de certa forma acarretaria em perdas não só econômicas para o município como também perdas do valor histórico que é proporcionado nas visitas de turistas. Neste local segundo constatei, está localizada a estátua de Francisco Xavier da Veiga Cabral, conhecido como Cabralzinho, considerado herói no Município e no Estado do Amapá por lutar contra a ganância dos franceses em terras brasileiras, protegendo o patrimônio histórico que proporcionará nesta época.

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Os terrenos que estão sendo afetados conduzem a orla do rio e vai até os limites do mercado de peixes, adentrando ao passeio público, prejudicando inclusive a passagem de transeuntes, em área denominada urbana.

Em 4 de novembro de 2011, atendendo uma solicitação de denúncias no local por munícipes, a Prefeitura do Município de Amapá através da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário, Abastecimento, Meio Ambiente e Pesca juntamente com a Secretaria de Vigilância Sanitária foram até o local e lavraram um relatório, que foi anexado ao Memo. Nº 123/2011 – PJA/MPEA e onde foi expedido Ofício nº 018/2011 – SEMDAAMA, encaminhado a PJA/MPEA solicitando solução do caso. A PJA/MPEA através do seu promotor Excelentíssimo Dr. Alexandre Flávio Medeiros Monteiro por sua vez encaminhou este MEMO. de Nº 123/2011 – PJA/MPEA, solicitando vistoria técnica e elaboração de Relatório Técnico Ambiental por esta Promotoria de Justiça de Meio Ambiente (PRODEMAC); a fim de melhor subsidiar a autuação da Promotoria de Justiça da Amapá – AP. 4. SITUAÇÃO DO LOCAL

O Município detém a responsabilidade pela coleta e destinação final dos resíduos urbanos, tais sejam aqueles decorrentes de residências ou qualquer outra atividade que gere resíduos com características domiciliares, bem assim os resíduos originados da limpeza pública urbana. A responsabilidade pela geração dos demais tipos de resíduos é do próprio gerador. Foi constatado que a área reclamada não possui local apropriado para despejo dos resíduos de pescado e afins, conforme imagens do local. Os moradores e pescadores reclamam que a prefeitura não disponibiliza locais apropriados para deposição destes resíduos e não fazer limpeza das vias públicas. 5. ANÁLISE DO LOCAL Diante da afirmação “Tudo que se joga no rio, corre para o mar”, é possível detectar que no local as populações ribeirinhas (muitos assentamentos ilegais), jogam objetos, os mais variados possíveis, de garrafas plásticas, sacos, dejetos, restos de tudo, ou praticamente tudo que não serve, no leito dos rios, com conseqüências desastrosas ao meio ambiente local e marinho, conforme imagens do local (Figs. 02, 03, 04 e 05) Os dejetos jogados nos rios orgânicos e inorgânicos podem contaminar a qualidade da água, com um aporte maior de coliformes fecais, tornado a água imprópria para consumo, como aumenta a quantidade de substâncias tóxicas (Ex. Cádmio, Lítio, chumbo, etc.), das pequenas pilhas de rádio e outros elementos altamente nocivos, à saúde dos peixes, e humanos. Portanto todos devem pensar antes de jogar qualquer coisa, nas águas próximas a sua comunidade.

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Fig. 02 Fig. 03

Fig. 04 Fig. 05

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados esperados pela vistoria e analise da área afetada, indicam que há negligência por parte da prefeitura local e de que os moradores não foram instruídos de como agir diante a situação. Não há parâmetros precisos para que se possa chegar a um consenso sobre a denúncia, pois, trata-se de um problema localizado entre munícipes e administração pública. As alterações observadas no local indicam uma provável contribuição antropogênica esteja ocorrendo nesta área e demais áreas observadas. Posso destacar ainda o comportamento dos munícipes com relação à atual administração pública, que mostra descaso com a população e principalmente com o meio ambiente.

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7. RECOMENDAÇÕES Diante dos fatos apresentados, das observações feitas no local e tendo em vista os resultados obtidos com a análise das áreas afetadas recomendo:

1. A Promotoria de Justiça de Amapá, a instaurar Inquérito Civil Público, para que se possam ter subsídios para uma possível instauração de Portaria e possível elaboração de um Termo de ajustamento de conduta (TAC).

2. Com relação a deposição de lixo e resíduos de pescado, recomendo a disponibilização de containeres nos locais da feira de peixes e local apropriados para deposição destes resíduos em áreas que não afetem a comunidade.

3. Sugiro que a Prefeitura realize um estudo de viabilidade em uma área para deposição destes dejetos, que de forma segura não acarrete problemas ambientais e de saúde pública.

8. O INQUÉRITO CIVIL

Previsto na Carta Magna e criado pela Lei 7347/85, o Inquérito Civil consiste num procedimento administrativo investigatório, de caráter inquisitivo, instaurado e presidido pelo Ministério Público. O Inquérito Civil é um instrumento de atuação exclusivo do Ministério Público, constituindo fase preparatória para a proposição de Ações Civis Públicas. Ele tem por finalidade colher elementos de convicção para que o MP possa identificar ou não a hipótese em que a lei exige a sua iniciativa, como para a propositura de Ação Civil pública, Termo de Ajustamento de Conduta, Recomendações, Audiências Públicas, Relatórios. Desta forma, chegando ao conhecimento do Promotor de Justiça a notícia da existência de um “lixão” para despejo e descarte de resíduos de pescado e outros materiais em sua área de atribuição, sugere-se a elaboração de portaria, devidamente numerada, relatando sumariamente o objeto da investigação, determinando a instauração de procedimento preparatório ou inquérito civil, com a expedição de ofícios e outras providências cabíveis.

É com esse entendimento que elaborei um fluxograma exemplificativo para a atuação dos colegas Promotores na instrução de procedimentos ministeriais, alusivos à matéria ora enfocada.

“Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público: III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos” (Constituição Federal).

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9. FLUXOGRAMA DE INSTRUÇÃO DE INQUÉRITO CIVIL SOBRE REJEITO DA ATIVIDADE DE PESCADO

- Recebimento da Representação:

a) Declarações – redução a termo

b) Petição

- Instauração “ex offício”

(Registro no livro tombo da

Promotoria/SIMP)

Cabendo a atuação Ministerial:

Instauração do Inquérito Civil por

Portaria (art. 9º da Lei 7.347/85 c/c

art. 81 e parágrafos da lei 11/96).

- Oficiar ao Município (Prefeito) buscando

informações a respeito da situação real da

colheita do lixo e deposição de resíduos de

pescado, para constatação de irregularidades +

Diligências;

- Requisição de documentos pertinentes (Oficiar

a Secretaria de Meio Ambiente competente /

CRA) solicitando eventual mapa da colheita de

lixo no Município e se existe licença para aterro;

- Verificar se a localização do aterro está em

conformidade com a legislação municipal

vigente, se existir;

- Requisição de perícia ao CRA para

comprovação do dano ambiental, se for o caso.

Audiência com o Prefeito, com a

finalidade de resolver o problema. Realização de Ajustamento de Conduta

a) Composição Cível: Restauração do

Ecossistema, treinamento ambiental da

comunidade, envio ao CSMP para

homologação.

Em caso de descumprimento das cláusulas

deve haver execução do TAC.

Não havendo realização do Ajuste Finalização de Procedimento

Ministerial:

Relatório Final

Ação Civil Pública Denúncia

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10. IMAGENS DO LOCAL

Áreas reclamadas conforme denúncia 182/2011 – PJA/MP-AP

As imagens do local reclamado mostram áreas de degradação ao entorno do Rio

Amapazinho (Cais), por conta do despejo criminoso de dejetos de peixes (carcaças e filetagem)

pelos pescadores e donos de mercado. O que além de trazer riscos à saúde dos munícipes, traz

uma imagem de abandono e desrespeito com a natureza. A área é tomada por forte odor

ocasionado pela decomposição orgânica dos restos de peixes que são jogados no local.

Outros problemas de visível impacto ambiental nessas áreas é a presença de lixo

depositado nas ruas e nos rios, assim como as condições precárias de saneamento com esgoto a

céu aberto. Cabe a Administração Pública toda a responsabilidade de arcar com os danos a

natureza e instruir os moradores e a colônia de pescadores a tomar consciência de tal ato.

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11. LEGISLAÇÃO CORRELATA Constituição da República Federativa do Brasil Lei n° 6938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n° 7347/95 – Lei da Ação Civil Pública. Lei n° 9605/98 – Lei de Crimes Ambientais. Lei n° 9795/99 - Política Nacional de Educação Ambiental. Lei n° 11.107/05 – Lei de Consórcios Públicos. Decreto 6.017/07 – Regulamentação da Lei de Consórcios Públicos. Lei n° 11.445/07 – Política Nacional de Saneamento Básico. 12. REFERÊNCIA CONAMA. 2005. Resolução no 357/2005. Ministério do Meio Ambiente CONAMA. 2002. Resolução nº 308/2002. Ministério do Meio Ambiente 13. JURISPRUDÊNCIA I. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. POLUIÇÃO

QUALIFICADA. ART. 54, §2º, V, DA LEI Nº 9.605/98. CRIME DE RESPONSABILIDADE

PRATICADO POR PREFEITO.

1. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO ACOLHIDA. O princípio do

contraditório e da ampla defesa vem esculpido no art. 5º, LV, da Constituição Federal, que estabelece

“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o

contraditório e ampla defesa, e com os meios e recursos a ela inerentes”.

Contudo, as vistorias realizadas, não tinham a natureza de processo judicial ou administrativo,

tampouco qualquer caráter acusatório contra a pessoa do réu. Tais vistorias tinham mero condão

investigatório, em conformidade com a competência funcional da instituição Ministério Público. A

acusação contra o réu somente sobreveio com o oferecimento da denúncia, quando então, no curso

do processo, foi oportunizado ao réu o contraditório e a mais ampla defesa.

2. POLUIÇÃO QUALIFICADA. PROVA SUFICIENTE A EMBASAR O DECRETO

CONDENATÓRIO.

O conjunto probatório traz a certeza da materialidade da poluição gerada, bem como sua

potencialidade lesiva à saúde humana. A autoria delitiva do réu é induvidosa, tendo em vista que

exercia o cargo de Prefeito Municipal de Amapá quando dos fatos narrados na denúncia, sendo o

responsável, como chefe do Poder Executivo Municipal pela administração do lixo municipal gerado

dentro do perímetro urbano do município.