ELABORADORES Renato Nishida – Biólogo e Assessor Técnico PRODEMAC SGT Francisco Michael de Brito Ribeiro – Geógrafo e Assessor Técnico PRODEMAC

COORDENAÇÃO

Dr. Marcelo Moreira dos Santos – Promotor de Justiça

RELATÓRIO TÉCNICO

AMBIENTAL Relatório Técnico sobre “A Avaliação das Obras de Manutenção da BR 156 – Trecho Sul (Macapá – Laranjal do Jarí/AP) e obtenção de informações quanto ao empreendimento”.

RELATÓRIO Nº

Nº FOLHAS

DATA DE EMISSÃO

EMITIDO POR

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAPÁ PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE CONFLITOS AGRÁRIOS HABITAÇÃO E URBANISMO

Macapá - AP

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

2

“Todos têm direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (Art. 225, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988).

PP Nº 080/2011/PRODEMAC – AP – TOMBO Nº 301/2011 Objeto: Obter informações quanto ao empreendimento da BR-156, Trecho Sul – Macapá/Laranjal do Jarí e veracidade das informações quanto ao estado de conservação da estrada. Local: Trecho Macapá/ Laranja do Jarí – AP. Solicitante: Promotoria de Justiça da Comarca de Laranjal do Jarí/Ministério Público do Estado do Amapá.

PARECER TÉCNICO INTRODUÇÃO Atendendo solicitação da Promotora de Justiça da Comarca de Laranjal do Jarí, a Dra. Fabia Nilci Santana de Souza; técnicos da Promotoria de Justiça, Meio Ambiente, Conflitos Agrários, Habitação e Urbanismo – PRODEMAC; foram designados a elaborar Parecer Técnico sobre o Empreendimento da BR-156 (Trecho Sul – Macapá/Laranjal do Jarí) com emissão de Relatório Técnico Ambiental, com intuito de instruir a senhora promotora de justiça nas análises das informações sobre as empresas concessionárias que realizam o trabalho de terraplanagem no trecho citado e as condições atuais da estrada que liga os municípios de Macapá e Laranjal do Jarí – AP, para a adoção de medidas que exijam a efetividade dos direitos ao desenvolvimento compatibilizado com o respeito ao meio ambiente.

Este parecer técnico tem como objetivo elaborar algumas considerações, que a nosso ver não foram devidamente abordadas no Procedimento Preparatório e que podem ser complementadas ou incluídas neste Relatório Final. APRESENTAÇÃO

O presente relatório foi pensado e elaborado pela Assessoria Técnica que dá apoio à Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Conflitos Agrários, Habitação e Urbanismo no Amapá – PRODEMAC, com o objetivo de trazer informações sobre a atual situação do empreendimento da BR-156 – Trecho Sul (Macapá/Laranjal do Jarí), bem como apresentar os nomes das empresas concessionárias que realizam o trabalho de manutenção e recuperação; numa perspectiva de atuação engajada deste Ministério Público Estadual.

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

3

Constatou-se que o problema ora apresentado decorre da atuação e execução de obras por 3 (três) empresas distintas. O Trecho (vide anexo I – imagem de satélite) está todo contratado através do Convênio Federal TC 276/2006. São quatro contratos divididos em lotes, assim distribuídos:

1- Lote 1A – Empresa L.B. Construções, trecho – Laranjal do Jarí/Água Branca; 2- Lote 1B – Empresa Millenium, trecho – Água Branca/Laranjal do Maracá; 3- Lote 1C – Empresa Etecon Ltda. trecho – Laranjal do Maracá/Vila Nova; 4- Lote 1D – Empresa L.B. Construções, trecho – Vila Nova/Entroncamento BR-210. Todas as informações constantes desse relatório foram obtidas em visita ao referido

local trecho a trecho e descrevem a atual situação do empreendimento. Igualmente, observamos que a falta de utilização de critérios para operar na manutenção da BR-156, mostra morosidade por parte das empresas contratadas, o que de certa forma trás consequências graves aos moradores locais e o trânsito em geral.

A grande questão a enfrentar é sem dúvida, onde a relação assimétrica entre os órgãos do Governo Federal, do Estadual, dos Municípios, as Empresas Contratadas, juntamente com população envolvida neste trecho, e que sem dúvida sofrem muitas vezes com o descaso do poder público. A massividade da forma lucrativa dos contratos mascarada por uma realidade de pobreza na região que muitas vezes grandes empresas não conseguem olhar por omissão ou por questões que julgam sem importância.

Assim, considerando a necessidade de enfrentamento da questão é que esquematizamos o presente Relatório Técnico Ambiental, no sentido de orientar e estimular os Promotores de Justiça do Município de Laranjal do Jarí e outros ao que couber, a instaurar Inquéritos Civis sempre que se virem diante da realidade de descumprimento contratual, poluição, degradação e afetação ao meio ambiente pelas atitudes criminosas e lesivas.

Desta forma, procuramos reunir no presente relatório algumas informações relevantes com relação ao fato, tanto em anexos documentais como em imagens do local. Algumas citações da Legislação Federal e Estadual, além de Resoluções do CONAMA que possam auxiliar os senhores Promotores de Justiça na atuação protetiva, fiscalizadora e corretivas do Ministério Público, pautada no artigo 129 da Constituição Federal de 1988. ANALISE

No Plano Plurianual Participativo (PPA), que ocorreu em julho de 2011 em Laranjal do Jarí, a população reclamou das condições de trafegabilidade da BR-156. A viagem de aproximadamente 280 quilômetros até Macapá demorava em média 8 horas, sem contar os prejuízos que os motoristas tinham cada vez que precisavam se deslocar entre as duas cidades.

Tal situação fez chegar até esta Promotoria de Justiça, o Memo. nº 016/2011 – 2ª PJLJ de 25 de agosto de 2011 das promotoras de justiça Dra. Fabia Nilci e Elissandra Toscano, solicitando apoio técnico para averiguar as pendências jurídicas e as reais condições dos trabalhos e obras de manutenção/terraplanagem realizados no trecho referente à BR-156 – Sul.

A realização desta inspeção e vistoria por parte da Assessoria Técnica da PRODEMAC ocorreu nos dias 23 a 25 de março em diligencia até o local. A análise da situação ocorreu de trecho a trecho da BR-156, onde dividimos as áreas de competência das empresas através de pontos aferidos pelo GPS.

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

4

Procuramos elencar todas as informações possíveis para elaboração deste relatório com dados relevantes ao trecho em questão. Depoimentos dos moradores e dos funcionários das empresas contratadas foram importantes para elaboração deste relatório. Segundo informações as obras de manutenção em alguns trechos pararam por conta das fortes chuvas no local, o que de certa forma faz sentido, porque não tem como passar as máquinas em locais mais críticos, Lote 1A – Empresa L.B. Construções – Laranjal do Jarí/Água Branca; como mostra as imagens do local. (Fotos 1 e 2). No trecho de responsabilidade da empresa Millenium -Lote 1B, nos deparamos com um grupo de funcionários que realizavam trabalho no local, inclusive com maquinário para terraplanagem, conforme (Foto 3 e 4).

Porém, não encontramos representantes das demais empresas contratadas para prestar esclarecimentos, o que evidenciou certo descaso com o problema.

Encontramos funcionários da Setrap que fazia um acampamento em um trecho da estrada para acompanhamento das obras, que segundo relato nos disse que agora a realidade é outra. A Secretaria de Estado dos Transportes (Setrap) está fazendo a conservação da rodovia, garantindo uma viagem rápida, podendo ser feita em até 3h30. No ramal, por exemplo, que antes, em virtude dos buracos, passava-se até 3 horas para percorrer 70 quilômetros, hoje o mesmo percurso demora somente 1 hora. Segundo a veracidade dos fatos esta declaração não é verdadeira, percorremos todo o trecho até a entrada da cidade de Laranjal do Jarí e constatamos que a parte mais crítica de toda a extensão da BR-156 Setor Sul, é justamente o ramal da cidade, com valas enormes e formação de poções que deixam muitos carros pequenos na mão. (Fotos 5 e 6).

Não existem grandes atrativos em Laranjal do Jarí, o município é carente de infraestrutura, serviços públicos adequação urbana e escassez de emprego e renda. Por outro lado, a atividade comercial de serviços oscila em pequenos e médios estabelecimentos diversificados, voltados ao consumo básico de produção no setor pesqueiro, pouco expressivo. A predominância é para pequenas cooperativas no ramo do pescado e produtos hortifruti que provém do município de Monte Dourado-PA. Há variedade de paisagens: é uma área de transição de florestas, cerrados e mangues.

Em entrevista com alguns moradores, o relato: -”O município de Laranjal do Jarí, além da região de alagados que nós vemos que estão as margens do Jarí, nós temos também as planícies alagadiças na entrada da cidade”. O governo do Estado do Amapá contratou os serviços de manutenção da BR-156 em 2010, porém sabe-se que estas obras tramitam pelo poder público desde 2006, com a TC 276/2006, através de um convenio firmado com o governo federal. No ano passado, as obras de manutenção começaram, e o governo do Estado do Amapá anuncia que a fase final desta obra em toda a sua extensão, deverá ser concluída até o final deste ano.

A área localiza-se em meio a Floresta Amazônica, maior floresta tropical do mundo, declarada patrimônio nacional pela Constituição Federal (art. 225), o que tornam mais complexas as negociações para instalação de quaisquer empreendimentos que provocam impactos ambientais e culturais. Adicionalmente, a fragilidade e rica biodiversidade de seus ecossistemas; seu peso no equilíbrio climático global; o fato de ter grande parte de seu território ocupado pela floresta tropical úmida, com interferência no ciclo hidrológico de parte considerável da América do Sul; e as intensas tensões sociais existentes na região, entre outros fatores, exigem precauções singulares para intervenções de alto potencial impactante na região. As terras municipais apresentam um revestimento florístico apresentado basicamente por florestas tropicais densas, observando-se a presença de capoeiras e/ou clareiras que

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

5

resultam quer das explorações agrícolas e pecuárias, quer das diversas formas de lareiras minerais que ocorrem na localidade nas circunvizinhanças.

CARACTERIZAÇÃO O trecho da BR-156 que vai de Laranjal do Jarí à Macapá foi dividido em lotes contratados por 03 (três) empresas distintas através de convênio do governo federal com anuência do governo estadual que executa o contrato através da Setrap. A manutenção e serviços de terraplanagem ficaram a cargo de: Lote 1A – Empresa L.B. Construções – Contrato nº 047/2010 – SETRAP Extensão de 61,32 km – Laranjal do Jarí/Água Branca. Lote 1B – Empresa Millenium – Contrato nº 053/2010 – SETRAP Extensão de 65,09 km – Água Branca/Laranjal do Maracá. Lote 1C – Empresa Etecon Ltda. – Contrato nº 050/2010 – SETRAP Extensão de 57,43 km – Laranjal do Maracá/Vila Nova. Lote 1D – Empresa L.B. Construções – Contrato nº 051/2010 – SETRAP Extensão de 58,61 km – Vila Nova/Entroncamento da BR – 210. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Através de contato telefônico do dia 22 de março de 2012 da promotora de justiça Dra. Fábia Nilci – PJLJ, que solicitou apoio técnico desta promotoria de justiça, para averiguar e obter informações que tratavam acerca do “Empreendimento da BR-156” trecho sul, para adoção de medidas que exijam a efetividade e cumprimento dos contratos.

Através de aparelho de GPS, foram aferidos os pontos de localização dos trechos em questão, mais a localização georreferênciada das 27 pontes que conduzem a BR-156, conforme listados no item de localização abaixo:

SITUAÇÃO DO LOCAL

O Governo Estadual do Amapá detém a responsabilidade pela fiscalização e anuência das obras em questão, o que nos remeteu a solicitar junto a Secretaria de Estado de Transportes (SETRAP), maiores informações a respeito dos contratos firmados e a atual situação de acompanhamento e fiscalização das obras de manutenção e serviços de terraplanagem da BR-156. Foi constatado no local que as áreas que compreendem os pontos críticos e de risco iminente de acidentes, não havia obras no local; uma das três empresas contratadas se pronunciou a respeito do caso. Destacamos que a Empresa ETECON LTDA. se pronunciou a respeito e que esta deveria estar realizando obras de manutenção nestes locais críticos, sob responsabilidade e anuência da SETRAP, que deveria estar fazendo as devidas fiscalizações e acompanhamentos. O que nos foi relatado em contato com um representante da ETECON LTDA. é que as obras pararam por conta das fortes chuvas na região, e que tão logo cessem deverão ser retomadas. Constatamos que o material ora depositado no referido trecho

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

6

é proveniente de mineral de classe II – Aterro (latossolo amarelo), que não é considerado de primeira categoria, que em contato com águas da chuva, torna a estrada escorregadia e propícia a acidentes. O material mais adequado seria o laterítico (piçarra).

O que nos compete esclarecer é que a fiscalização e vistoria das obras no local seriam de competência do governo estadual que fez a contratação das empresas. Julgamos necessárias algumas ações para que o parecer e este relatório pudessem contemplar todos os recursos e órgãos envolvidos. Os moradores reclamam que o poder público não disponibilizou informações mais contundentes de como as obras ocorreriam. Reclamam ainda da falta de apoio do governo estadual e prefeitura de Laranjal, nas questões sociais e de moradia, em todo o percurso da BR-156 Trecho Sul, encontramos pequenas comunidades cujos, moradores dependem da estrada para se locomoverem e que devido as dificuldades de transitar por ela, muitos ficam a deriva por não terem opção de ir as cidades para comprar mantimentos ou muitos vezes, ir ao médico ou ainda ir a busca de farmácias.

Ainda nos compete dizer que a situação das pontes em todo o trecho não é das melhores, ou seja, algumas sem manutenção com riscos de graves acidentes por quem transita por elas, e como se não bastasse não existe sinalização. Está previsto pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, Institui o Código de Trânsito Brasileiro e conforme Decreto nº 4.711, de 29 de maio de 2003, a responsabilidade dos órgãos públicos de manutenção e sinalização das estradas onde existem pontes.

LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO (Informações aferidas pelo GPS) Inicio do trabalho Saindo de Macapá: Dia 23/03/2012 às 07h51min. N 000 12’ 15,2” W 510 06’ 59,4” Chegando em Laranjal do Jarí: Dia 23/03/2012 às 15h26min. S 000 49’ 05,96” W 520 30’ 40,30” Distância terrestre percorrida de aprox. 174,40 Km. dos 242 Km. até o ramal da cidade. Trechos percorridos em Km.

Legenda: Ponto A – Entroncamento da BR-210 com a BR-156 Ponto B – Vila Nova Ponto C – Laranjal do Maracá Ponto D – Água Branca Ponto E – Laranjal do Jarí

Cidade ou Município Ponto A Ponto B Ponto C Ponto D Ponto E

Ponto A - 58,61 116,04 181,13 242,45 Ponto B 58,61 - 57,43 116,04 181,13 Ponto C 116,04 57,43 - 65,09 116,06 Ponto D 181,13 116,04 65,09 - 61,32 Ponto E 242,45 181,13 126,41 61,32 -

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

7

RESULTADOS E DISCUSSÕES Diante das discussões sobre o empreendimento, nós podemos ainda relatar que os impactos ambientais das obras de manutenção e serviços de terraplanagem realizados pelas empresas, ferem criminalmente Leis vigentes ambientais como: Lei 9.985/00 SNUC.

Art. 28. São proibidas, nas unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo com seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos. Art. 36. § 3º Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo.

Efetuou-se uma vistoria em toda a área do empreendimento, bem como nas adjacências do mesmo. As observações efetuadas foram de caráter geográfico, onde se procurou observar com todos os detalhes possíveis os aspectos relacionados à Geologia, Geomorfologia, solos, cobertura vegetal, recursos hídricos, processo de ocupação e evidências da degradação ambiental. RECOMENDAÇÕES Diante dos fatos apresentados, das observações feitas no local e tendo em vista os resultados obtidos com a análise das áreas afetadas recomendamos:

1. A Promotoria de Justiça de Laranjal do Jarí, através de seu promotor, a instaurar Inquérito Civil Público, para que se possam ter subsídios para uma possível instauração de Portaria e possível elaboração de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

2. Com relação à área afetada, recomendamos que a Promotoria de Justiça de Laranjal do Jarí solicite a SETRAP uma cópia dos contratos de prestação de serviço das empresas contratadas para emissão de relatório técnico circunstanciado para que seja elaborado um plano de controle sobre a área afetada.

3. Sugiro que se realize um estudo de viabilidade por parte dos órgãos ambientais estaduais e municipais, para adequar a manutenção da BR-156 em horários de menos trânsito, evitando desta forma que se comprometa as obras realizadas com o trânsito de veículos;

4. O maior agente causador dos danos é a chuva. Segundo relatório do Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis do IEPA (NHMET) para este ano de 2012 estão previstos altos índices pluviométricos na região, para tanto, deveria se prever através de um planejamento hidrológico dos últimos 20 anos pelo menos, os índices de precipitação das chuvas nas estações do ano de maior incidência. E o levantamento da porcentagem predominantemente nas épocas de maior e menos precipitação. Com isto se poderia prever antecipadamente através de projetos de execução de obras, como e quando deveriam ocorrer a manutenção e terraplanagem da BR-156 Trecho Sul.

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

8

5. O trecho Sul da BR-156 que liga Macapá a Laranjal do Jarí em toda sua extensão é percorrida por 27 pontes distribuídas em seus respectivos lotes, o que de certa forma nos permite relatar e recomendar ações de fiscalização por parte da SETRAP, e de que algumas delas estão em péssimo estado de deterioração e de conservação (fotos 7 e 8), oferecendo risco iminente de queda por conta das fortes chuvas. Verificar o que contempla os contratos, se a manutenção de tais pontes é de responsabilidade destas empresas.

6. Recomendamos que se faça a utilização de materiais de terraceamento com inserção de cascalho nos pontos críticos e posterior compactação. O terraceamento é, reconhecidamente, a estrutura hidráulica mais eficaz para a segmentação de pendentes para se evitar as estradas escorregadias.

7. Combater à erosão se dá através da implantação de um eficiente sistema de drenagem, o qual deve evitar que as águas corram ou empocem sobre a pista e retirar o máximo possível da água da plataforma através de bacias, com canais de escoamento das águas pluviais.

8. As boas estradas permitem o tráfego a qualquer momento do dia e da noite, dão segurança aos usuários, reduzem o custo do transporte da produção, aumentam os lucros dos produtores e melhora a arrecadação das prefeituras.

Observação: De uma maneira geral, os assuntos aqui abordados limitam-se alguns tópicos e as informações neles contidas, não pretendem constituir-se em algo acabado, e desta forma, não se deseja limitar os trabalhos de manutenção em estradas desta natureza, as recomendações aqui expostas. IMAGENS DO LOCAL

(Foto 1 e 2) BR-156 – Trecho Laranjal do Jarí/Água Branca

As imagens (acima) da BR-156 trecho de Laranjal do Jarí até Água Branca de competência da empresa L.B.

Construções Ltda. O local mostra áreas de atolamento e degradação ao entorno da Mata de uma Unidade de

Conservação. As fortes chuvas na região e a formação dos atoleiros dificultam e não permitem a manutenção no

local.

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

9

(Foto 3 e 4) BR-156 – Trecho Água Branca/Laranjal do Jarí

Trecho de competência da empresa Milenium, funcionários trabalham no local, onde as condições da

estrada neste local são de boa trafegabilidade.

(Foto 5) – Planície alagada – Ramal da cidade de Laranjal do Jari.

(Foto 6) – Trecho de alagamento BR-156.

Alagamento da Planície de

inundação com o alto índice de

pluviométrico da região, área

tende a não suportar o volume

das chuvas neste ano.

Como não existe estudo

hidrológico na região afetada, as

consequências se as obras de

manutenção e terraplanagem da

BR-156 podem desencadear

problemas mais sérios nos

próximos meses com risco

iminente de acidentes graves

nas áreas limítrofes do

município de Laranjal do Jarí e

cidades vizinhas.

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

10

(Foto 7) Péssimo estado de conservação das pontes da BR-156. (Foto 8) Pontes sem identificação e sinalização.

LEGISLAÇÃO CORRELATA Constituição da República Federativa do Brasil Lei n° 6938/81 - Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n° 7347/95 – Lei da Ação Civil Pública. Lei n° 9605/98 – Lei de Crimes Ambientais. Lei n° 9795/99 - Política Nacional de Educação Ambiental. Lei n° 11.107/05 – Lei de Consórcios Públicos. Decreto 6.017/07 – Regulamentação da Lei de Consórcios Públicos. Lei n° 11.445/07 – Política Nacional de Saneamento Básico. REFERÊNCIA CONAMA. 2005. Resolução no 357/2005. Ministério do Meio Ambiente CONAMA. 2002. Resolução nº 308/2002. Ministério do Meio Ambiente

_____________________________________________ Renato Nishida

Biólogo – Assessor Técnico – PRODEMAC

_____________________________________________ SGT Francisco Michael de Brito Ribeiro

Geógrafo - Assessor Técnico – PRODEMAC

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, CONFLITOS AGRÁRIOS, HABITAÇÃO E URBANISMO

COMARCA DE MACAPÁ

ASSESSORIA TÉCNICA

11

ANEXO I – IMAGENS DE SATÉLITE