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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO CARINE MOURA SANTOS RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFI CO: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA SALVADOR 2017

RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFI CO: ARQUIVO PÚBLICO DO … · A descrição da visita que será subdividida em 4 subtópicos: ... Por último teremos as considerações finais do trabalho,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

DEPARTAMENTO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO

CARINE MOURA SANTOS

RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFI CO: ARQUIVO PÚBLICO

DO ESTADO DA BAHIA

SALVADOR

2017

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CARINE MOURA SANTOS

RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFI CO: ARQUIVO PÚBLICO

DO ESTADO DA BAHIA

Relatório técnico-científico apresentado a

disciplina de Arquivística do Departamento

de Documentação e Informação – Instituto

de Ciência da Informação da Universidade

Federal da Bahia como requisito parcial

para obtenção de nota das III e IV

unidades.

Professora: Prof. Me. Leyde Klebia Rodrigues da Silva

SALVADOR

2017

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4

2 DESCRIÇÃO DA VISITA 5

2.1 A RECEPÇÃO; 5

2.2 A HISTÓRIA, OS SERVIÇOS E A ORGANIZAÇÃO DA

INSTITUIÇÃO; 6

2.3 O SETOR DE MICROFILMAGEM; 8

2.4 O SETOR DE PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E

RESTAURAÇÃO. 9

3 ANÁLISE COM BASE NAS UNIDADES III E IV 10

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 14

REFERÊNCIAS 15

APÊNDICES

APÊNDICE A – Arquivo Público do Estado da Bahia 16

APÊNDICE B – DOCUMENTOS COLONIAIS EM EXPOSIÇÃO 16

APÊNDICE C – OFÍCIO ULTRAMARINO DE 1761 17

APÊNDICE D – SETOR DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO 18

APÊNDICE E – CONSERVAÇÃO 18

APÊNDICE F – RESTAURAÇÃO 19

APÊNDICE G – OBRAS DE ARTE 19

APÊNDICE H – FICHA DE AVALIAÇÃO DO DOCUMENTO 20

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1 INTRODUÇÃO

Este relatório técnico-científico tem como objetivo geral descrever a visita ao Arquivo

Público do Estado da Bahia datado em 13 de julho de 2017, que está localizado na Baixa de

Quintas – Salvador (BA), juntamente com os assuntos abordados durante as unidades III e IV,

haja vista que se faz necessário perpetuar o saber e as experiências, pois conhecer é,

primeiramente, compartilhar.

Como objetivos específicos serão associados às percepções sobre o Arquivo Público do

Estado do observador com o saber científico ministrado nas aulas de Arquivística I. Os

principais assuntos expostos nas unidades III e IV foram: Gestão de Documentos, A Teoria das

Três Idades, Organização e Administração, Rotinas de Protocolo, Métodos Básicos e

Padronizados de Arquivamento, Avaliação de Documentos de Arquivos, Tabela de

Temporalidade, Arquivos Permanentes e Funções, Instrumentos de Pesquisa e Acessibilidade,

Preservação, Conservação e Restauração de Documentos, Planejamento e Projetos de Arquivos,

Arquivo e a Questão da Qualidade, Microfilmagem e Automação dos Arquivos.

O relatório tem como ideia central relatar e aliar os pontos da visita técnica, com o

conteúdo ora citado a fim de entender como o que estudamos em sala de aula se aplica no nosso

cotidiano e nas instituições que trabalham com arquivos, principalmente permanentes. Deve-se

considerar logo a princípio que o objetivo da visita foi integralmente cumprido, já que no

momento de cada explicação prestada, automaticamente era possível lembrar os debates em

sala. É importante ressaltar também que esta aula de campo foi proveitosa a todos, tendo em

vista que os alunos já tinham conhecimento prévio do que poderia encontrar naquele local,

mesmo fazendo parte de cursos com segmentos distintos da Arquivística ou Documentação.

Em suma, o trabalho será divido em 3 partes:

A descrição da visita que será subdividida em 4 subtópicos: A recepção; a história, os

serviços e a organização da instituição; o setor de microfilmagem e o setor de preservação,

conservação e restauração. Neste capítulo a visita será devidamente detalhada seguindo a

mesma linearidade em que fomos conduzidos no Arquivo Público da Bahia por Marilene e

outras funcionárias da Instituição, e relatadas as impressões pessoais que surgiram ao conhecer

cada setor. A segunda parte é composta pela análise com base nas unidades III e IV

concatenando os pontos e observações da visita técnica com o referencial teórico.

Por último teremos as considerações finais do trabalho, apresentando as conclusões

feitas durante o presente relatório.

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2 DESCRIÇÃO DA VISITA

A visita técnica foi feita ao Arquivo Público do Estado da Bahia gerida pela Fundação

Pedro Calmon que por sua vez é uma unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da

Bahia. A Fundação oferece divulgação e acesso aos documentos de natureza pública e privada

em todo suporte e formato. As principais instituições geridas por esta fundação são o Centro

de Memória da Bahia, Biblioteca Pública do Estado da Bahia, Diretoria de Bibliotecas

Públicas (DIBIP), Diretoria de Livro e da Leitura (DLL),Biblioteca Infantil Monteiro Lobato

e, obviamente, o Arquivo Público do Estado.

Este último é conhecido por ser o “guardião da memória” por gerir, preservar e

divulgar documentos dos gêneros textuais, iconográficos, cartográficos que foram

organicamente reunidos pela administração pública desde o século XVI. Além de um espaço

de memória e informação, é também um local da cidadania.

2.1 A RECEPÇÃO

A visita iniciou-se por volta das 14h do dia 13 de julho de 2017. Fomos recebidos por uma

das funcionárias que nos explicou como se daria a programação e esclareceu as curiosidades

iniciais dos alunos. Vários assuntos foram abordados, porém o que mais chamou a atenção de

todos foi a estrutura desgastada e danificada pelo tempo e ações naturais. Era comum notar

pontos de infiltração pelo prédio, mesmo com a reforma relativamente recente que tinha

ocorrido. Por ser um prédio tombado, a burocracia para promover reformas ou melhorias é

muito grande, além de que, pouca verba é dispensada para essas instituições, já que essas não

geram lucro financeiro aos governantes.

Fonte: Agência Folhapress

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A funcionária que nos recebeu ainda falou a respeito da luta constante para mudar o Arquivo

Público de local, haja vista as condições climáticas que não favorecem a conservação, no

entanto, como já foi dito, por se tratar de uma edificação centenária, na qual o Arquivo

localiza-se desde 1980, o processo para conquista de aprimoramentos e verbas são mais

complexos de serem conseguidos.

2.2 A HISTÓRIA, OS SERVIÇOS E A ORGANIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

A existência de um Arquivo Público é importante tanto para a sociedade quando para

o local no qual ele está inserido, pois o arquivo é a informação, a história e a memória de um

povo. Tendo este fato em vista, Dr. Manoel Victorino Pereira, o então governador do Estado

da Bahia, criou em 16 de janeiro de 1890 através de ato o Arquivo Público do Estado da

Bahia – APEB. Ao final do século XX, em 1980 o Arquivo Público instalou-se na Quinta,

onde é seu local atual.

Apesar da instalação do Arquivo Público nas Quintas há aproximadamente 40 anos, o

prédio já existia desde a época Colonial. Em 1552/53 Tomé de Souza doou as terras aos

Jesuítas, que de 1580 a 1759 utilizaram a construção como Casa de Repouso e Recreio. Neste

ínterim o local foi explorado pelos invasores holandeses, tornou-se lugar de recolhimento do

Padre Antônio Vieira, ocorrendo em 1759 a expulsão dos Jesuítas pelo Estado Português. Em

1787 A Quinta tornou-se um Hospital de Leprosos, e só em 1949 foi tombado pelo IPHAN

(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Apesar de o patrimônio ser tombado,

seguiu abandonado de 1950 até 1970 quando enfim, recuperada. Este breve contexto histórico

nos auxilia no entendimento do quanto esta construção é importante para a história do Estado

da Bahia, já que permanece disponível para acesso da sociedade, e conserva-se desde a

Colônia.

Juntamente com o patrimônio, cresceu o acervo documental, pois, atualmente, o

Arquivo Público do Estado reúne documentos do período Colonial, Monárquico e

Republicano da Bahia. Alguns dos documentos importantes contidos no acervo são: a carta de

doação da Sesmaria da Ilha de Itaparica concedida por Thomé de Souza a D. Antonio de

Athayde em 1552; as Ordens Régias do século XVI ao XIX, coleção de Regimentos Reais do

século XVI ao XIX; emissões do Príncipe Regente Dom João (1808); e boletins e autos

processuais da Revolta de Búzios (1798).

A diversidade documental rendeu ao APEB o Diploma de Memória do Mundo pelo

Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco (MOWBrasil) em

2008 e 2010. Podemos encontrar também arquivos de cunho privado, jornais do século XIX e

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XX, documentos cartográficos e microfilmados, os quais são permitidos a reprodução

fotográfica sem flash, e digital. Alguns desses documentos são restritos devido ao precário

estado de conservação, levando em conta que em sua maioria tem como suporte o papel.

A instituição oferece diversos serviços como atendimento presencial com Sala de

Consulta de Manuscritos e Impressos, Consulta de Microfilmes e acesso à Biblioteca;

atendimento à distância fazendo levantamento preliminar do acervo; Emissão de Certidões

aos usuários que desejam comprovar direitos e esclarecer situações de exigências

administrativas ou judiciais; visitas guiadas para instituições de ensino fundamental, médio e

universitário; e assistência técnica aos órgãos da Administração Pública Direta e Indireta do

Poder Executivo do Estado da Bahia.

Quanto à organização do Arquivo Público do Estado da Bahia, este é gerido pela

Fundação Pedro Calmon, que por sua vez é vinculado à Secretaria de Cultura do Estado da

Bahia. Dentro do APEB há várias coordenações que cuidarão dos respectivos setores e

serviços disponíveis no arquivo. A Coordenação Operacional é responsável pelos setores de

Informática, Restauração e Conservação; a Coordenação Técnica cumpre o mesmo papel da

Coordenação de Pesquisa e Documentação, englobando a Biblioteca, Microfilmagem e Sala

de Consulta; a Coordenação de Arquivos Permanentes tem como classificação os documentos

por setores: Privado/Legislativo, Alfandegário, Colonial/Provincial, Republicano e Judiciário;

a Coordenação de Arquivos Intermediários possui acesso restrito aos pesquisadores, mas os

documentos não são de cunho sigiloso, e aqui é desenvolvida a atualização dos métodos

digitais de arquivamento; e por último a Coordenação de Arquivos Municipais.

Os métodos de arquivamento mais comuns são os numéricos, por data e por tipo. Não

há um modelo pré-estabelecido para os documentos, e sim, a escolha do método mais

adequado para arquivar cada gênero. Nestes setores, principalmente em Pesquisa e

Documentação que oferece consultas, existe uma busca pela implantação de um sistema

digital seguro para acesso de arquivos, já que, o manuseio pode afetar a vida útil do

documento. Era comum ver por todos os lados do Arquivo Público pessoas com máscaras e

luvas a fim de proteger os documentos de possíveis fungos. Porém, na maioria das vezes o

pesquisador que faz as consultas não tem o mesmo cuidado que os funcionários que cuidam

desses documentos diariamente. Foi pontuado, inclusive, que algumas consultas são

manuseadas pelo próprio funcionário a fim de não comprometer a estrutura de papéis já

fragilizados.

Durante a palestra ainda ouvimos a respeito da Cadeia de Custódia dos documentos

que seguia um sistema de Gestão e Disseminação. Também fomos informados do grande

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acervo do APEB, e a questão do fundo documental. Em relação à segurança dos documentos,

a maioria deles tem além do original uma cópia de consulta e uma cópia de segurança

guardada em locais diferentes. O pesquisador apenas pode consultar o original na falta das

duas cópias. Para realizar as consultas também há um processo de segurança. Cada indivíduo

pode consultas 25 documentos em sua visita, manuseando apenas 5 por vez, acompanhado de

um funcionário principalmente para que não haja desordenação dos acervos. As consultas

ocorrem neste caso das 08:30 às 11:00 e das 15:30 às 17:00.

A cada visitante é dado uma cópia da portaria Nº 191, de 31 de agosto de 2010 do

Diário Oficial com todas as disposições do que é permitido ou vedado aos usuários desde

comportamento até os trajes, a fim de manter a ordem e a segurança pelo viés legislativo no

Arquivo Público do Estado da Bahia.

2.3 O SETOR DE MICROFILMAGEM

O setor de microfilmagem foi o momento mais curto e mais interessante da visita.

Já tínhamos ouvido falar diversas vezes na sala sobre o aparelho de microfilme, mas vê-lo

pessoalmente e saber como funciona com detalhes foi uma experiência enriquecedora.

Assim como a professora Leyde Klebia já havia dito em sala de aula, nos foi reafirmado

no momento da visita, que os documentos microfilmados têm validade e autenticidade

previstas por lei (Lei nº 5.433, de 8 de maio de 1968/ Decreto nº 1.799, de 30 de janeiro

de 1996), diferentemente da digitalização. Embora seja um aparelho funcional e

facilitador, apresenta muitas desvantagens principalmente por ser um método caro e

limitado, o que impede, naturalmente, que as instituições invistam nesse tipo de máquina.

Os microfilmes podem ser apresentados em negativo e colorido, e permite que

poucas pessoas visualizem por vez devido a sua estrutura física. Alguns documentos são

microfilmados para que não se perca devido o seu precário estado de conservação, e

outros por conta da ausência do documento físico, que foi o exemplo do que tivemos

acesso na visita. Analisamos através do microfilme um arquivo histórico ultramarino, de

21 de setembro de 1761, acerca dos materiais necessários para a construção de uma nau na

Ribeira (Salvador-Bahia). Esse documento atualmente encontra-se em Portugal, mas

graças ao processo de microfilmagem e à senhora Marlene – que fazia leitura paleográfica

– foi possível ter acesso àquele documento e partilhar experiências e percepções no

decorrer da exposição.

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2.4 O SETOR DE PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO

Neste setor, primeiramente, são distribuídos informativos aos alunos explicando e

diferenciando os conceitos de conservação, preservação e restauração, tão comumente

confundidos. Desta maneira, fica mais fácil e claro tanto para o palestrante quanto para o

aluno, discorrer sobre os processos. Essa iniciativa, embora simples, é altamente relevante

para que o ouvinte não perpetue um conhecimento deturpado, por não saber diferenciar os

conceitos apresentados.

O processo mais utilizado para restauração de manuscritos é a reintegração com

celulose e água. Ao fazer uma restauração de obra de arte, o especialista pode fazer uma

inclusão artística, no entanto, no documento manuscrito isso não é possível por conta da

lógica de provabilidade. Foi frisado que essas intervenções devem ser feitas apenas por

especialistas que aplicarão as técnicas e cuidados necessários para a manutenção do

patrimônio.

Também nos foram dadas instruções de manuseio do documento a fim de não

implicar em sua rápida deterioração, e aumentar a durabilidade. São importantes medidas

como: cuidar e manter limpo o ambiente de guarda dos documentos; escolher locais que

não haja incidência de luz solar; evitar locais quentes e armazenamentos perto de fiações;

fazer sempre verificação dos documentos atentando para existência de fungos, mofo e

outros; evitar comer e beber enquanto manuseia documentos; lavar secar bem as mãos;

utilizar, sempre que possível, máscara e luva, entre outras recomendações que podem ser

aplicadas inclusive do dia-a-dia.

As obras e documentos do setor de preservação, conservação e restauração não

podiam ser tocados, mas nesta sala onde os documentos são tratados, havia uma parede

com azulejos de origem portuguesa, da época Colonial. Neste local funcionava e cozinha,

e nos foi permitido tocar nos objetos de maneira que, nos fez perceber que realmente o

próprio Arquivo Público do Estado era um arquivo imóvel, e um patrimônio com valor

histórico indiscutível, apesar do descaso que vem sofrendo.

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3 ANÁLISE COM BASE NAS UNIDADES III E IV

Consoante com os debates e textos científicos abordados em sala de aula, todos os

momentos da visita técnica tiveram base teórica e conciliaram-se com as expectativas acerca

da ideia de Arquivo que fomos construindo ao longo do semestre. Inicialmente, trataremos do

primeiro assunto explanado em classe na III unidade: Gestão de Documentos e a Teoria das

Três Idades. Analisar a visita ao APEB começando por este quesito é bastante pertinente, pois

“é a partir da gestão de documentos que podemos fazer um correto arquivamento.”

(FREIBERGER, 2012).

De acordo com o Artigo 3º da Lei nº 8.159/91, Gestão de Documentos de caracteriza

como um “conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção,

tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente ou intermediária, visando sua

eliminação ou recolhimento para guarda permanente”. Desse modo, podemos perceber a

Gestão Documental no Arquivo Público da Bahia desde a organização setorial estabelecida

pela instituição, dividida em coordenações com serviços centralizados, sendo que, cada

coordenação gerencia um setor específico com processos para os documentos, até a forma de

classificação que cada um terá de acordo com seu gênero e natureza.

“A classificação consiste em organizar os documentos produzidos e recebidos pela

organização no exercício de suas atividades, de forma a constituir-se em um referencial para a

sua recuperação” (ROSSEAU; COUTURE, 1998). No momento da recepção e registro do

acervo, este deve ser analisado para proceder-se com a organização da melhor forma possível,

facilitando a posterior localização e recuperação, como apresentado por Rosseau. Promover a

segurança do documento no momento da consulta dos pesquisadores, estabelecendo um limite

de documentos por pessoa, além de oferecer a cópia de consulta, salvaguardando a cópia de

segurança e o arquivo original, são técnicas de gestão.

Por se tratar de um Arquivo Público, somente são gerenciados arquivos da terceira

idade (permanentes) de valor secundário, aos quais já foram atribuídos valores histórico,

culturais, informativos e/ou probatórios, e já não servem mais à administração pública. Este é

o motivo pelo qual não trataremos acerca da Tabela de Temporalidade de Documentos (TTD),

pois embora cada instituição obedeça às referências de tempo de guarda estabelecidas pelas

legislações, esta se aplica apenas aos arquivos correntes e intermediários. No entanto, o APEB

elabora, ou auxilia na elaboração, e oficializa Tabelas de Temporalidade para outras

instituições (Secopa, Desenbahia, Universidade do Estado da Bahia). O arquivo é organizado

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pelos próprios funcionários, principalmente especialistas na área de Arquivologia e gerido

pela Fundação Pedro Calmon.

Quanto às rotinas de protocolo, percebemos que segue integralmente a mesma

estrutura apresentada em sala (recebimento, classificação, registro, movimentação1, controle

da tramitação), embora não tivéssemos mais detalhes sobre cada processo devido ao tempo da

visita. Também não tivemos acesso aos métodos de classificação do APEB, - embora os

Planos de Classificação de Documentos também sejam elaborados e oficializados por órgãos

e entidades da Administração Pública do Estado - entretanto, levamos em consideração

algumas classificações básicas sugeridas por Paes (2005): Alfabético, Geográfico, Numérico-

Simples, Numérico-Cronológico, e Ideográfico. Vale ressaltar que esses métodos de

classificação visam à organicidade do arquivo já existente, passando pela Comissão de

Avaliação de Documentos, composta por 52 Comissões nos órgãos e entidades da

Administração Pública Estadual, onde é reavaliado através de editais, a permanência ou não

de documentos que, com um tempo, são eliminados. Mesmo se tratando de um arquivo

permanente, a eliminação de alguns acervos é necessária para racionalização do espaço, ou

simplesmente pela degradação documental dada pelo tempo, que não foi cabível o método da

microfilmagem. Esta eliminação é devidamente formalizada, e deve ser feita de acordo com

os prazos estabelecidos na Tabela de Temporalidade aprovadas pelo Arquivo Público do

Estado da Bahia (APEB). É realizada então a avaliação documental, a identificação de

documentos que já não possuem mais valores informativos ou probatórios capazes de

justificar a preservação no arquivo e, enfim, publicados editais de Eliminação de Documentos,

aos quais podem ser acessados no site da Fundação Pedro Calmon.

Os arquivos permanentes são conhecidos pelo seu caráter definitivo e, embora

englobem arquivos históricos, é errôneo afirmar que eles já foram feitos com essa finalidade,

pois o produtor/entidade produtora não o gerou com esse objetivo. Tal fato remete-nos ao

princípio da proveniência, resgatando o elo produtor – documento produzido. Os arquivos,

em geral, são idealizados como um local de guarda de documentos, porém, suas funções estão

além do armazenamento. Sua disposição orgânica permite que a funcionalidade alcance a

preservação, gestão, facilitação do acesso, descrição e conservação documental.

Como já citado anteriormente, no início da visita, são distribuídos aos alunos

panfletos, catálogos e informativos que assumem o papel de instrumento de pesquisa e

1 Movimentação aqui entendida como as consultas e transferências para setores de microfilmagem ou

conservação, por exemplo.

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acessibilidade, facilitando o entendimento e complementando informações que não poderão

ser trazidas devido ao tempo limitado.

No tocante à preservação, conservação e restauração de documentos, soubemos

diferenciar cada um dos conceitos devido aos instrumentos de pesquisa que nos foi

disponibilizado. Ficou claro que a conservação caracteriza-se como intervenções diretas na

estrutura física do documento a fim de retardar as ações do tempo e ambiente. Às vezes são

necessárias ações corretivas. A preservação é ter consciência de cuidado e salvaguarda.

Restauração é a intervenção física direta a fim de reparar ou recuperar o valor do documento

histórico. Conhecer os métodos de restauração – embora não termos participado das práticas

de restauração – nos deu uma ideia mais concreta do que estudamos em sala de aula acerca

dos reparos, higienização, cuidados, armazenamento e outros métodos referentes ao restauro.

Infelizmente, no Arquivo Público do Estado da Bahia, ainda que não dispusesse de

tecnologia de ponta, a influência das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) a

começar pela disseminação informacional a respeito do Arquivo Público e de outras

instituições a que está vinculado. É possível, por exemplo, na página da Fundação Pedro

Calmon (www.fpc.ba.gov.br) visualizar os projetos e instituições ligadas à fundação, o

histórico do APEB, suas exposições, legislação, projetos, serviços, publicações, localização e

gestão de documentos. Também tem agendas culturais, relação com redes sociais e outras

informações que, há alguns anos, não era possível encontrar com tanta facilidade.

A Gestão da Qualidade aplica-se principalmente em conjunto com a gestão de

documentos e a preservação deles. Identificar, avaliar, e discutir sobre melhorias é uma

maneira de aplicar a gestão da qualidade aos processos inerentes ao arquivo. Devido ao fundo

do Arquivo Público do Estado, uma estratégia válida é, sempre que possível, reavaliar os

métodos de classificação a fim de aperfeiçoar constantemente a busca pelos documentos.

Em relação à Microfilmagem, este é um processo que abarca dos conceitos

imprescindíveis ao arquivo: A avaliação, conservação e eliminação documental. Embora seja

um procedimento dispendioso, não há como ignorar a legitimidade dos documentos

microfilmados e a otimização espacial que promove. O espaço físico é reduzido em até 98%,

o que realmente eficaz haja vista que a massa documental é um dos maiores obstáculos para a

gestão. Além disso, a microfilmagem possibilita a segurança e a permuta de informações,

como o exemplo citado acerca do documento compartilhado com Portugal, na descrição da

visita, a aquisição de coleções raras ou não mais existentes devido à perda do documento

original, e racionalização da informação.

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Ainda não há legislação que atribua a mesma autenticidade aos arquivos digitais, que,

por sua vez, embora seja mais ágil do que a microfilmagem, é bem mais complexo. Não há

como discutir a eficiência da automação dos arquivos utilizando, por exemplo, a digitalização

ou GED’s (Gestão Eletrônica de Documentos), no entanto, flexionar cada documento aos

diversos formatos oferecidos pelo sistema, pode ocasionar o processo inverso do esperado, e

em lugar de gerirmos massa documental, teremos de gerir massa eletrônica, a qual é menos

segura e mais inflexível de lidar

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a visita ao Arquivo Público do Estado da Bahia, atrelado com os conceitos

ministrados e discutidos nas aulas de Arquivística, foi possível entender a lógica e a clara

diferença entre arquivos correntes, intermediários e permanentes, que corresponderão com o

dinamismo da instituição/órgão/entidade produtora. No APEB, por exemplo, os arquivos

permanentes são consultados diariamente por pesquisadores, o que o faz mais utilizado do que

um arquivo intermediário de uma empresa ou órgão público.

Em cada setor por que passávamos, desmistificávamos a noção deturpada de arquivo,

que antes deste semestre era seguramente confundido com massa documental acumulada ou

apenas um local para guarda de papéis velhos. Também pudemos repensar as concepções

equivocadas sobre documentos, que era facilmente restringido e generalizado a manuscrito,

entendendo depois que, como no caso do Arquivo Público, o próprio patrimônio pode ser um

documento.

E, finalmente, reafirmamos o conceito da não existência de arquivo morto, e a

relatividade do entendimento de documento velho, pois há documentos do século XVI que

seguem ‘vivos’ no arquivo, e documentos de 50 anos atrás que são considerados novos, em

relação à longa linha do tempo de história da Bahia e do Brasil. Se fosse possível resumir todo

o relatório em palavras-chaves, certamente todos os participantes da visita citariam:

reafirmação, enriquecimento intelectual, aprendizado, e conhecimento, pois independente das

distintas percepções geradas, o sentimento de apropriação do conhecimento foi unânime.

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REFERÊNCIAS

ABI. Associação Bahiana de Imprensa. Descaso com o arquivo público põe em risco a

memória da Bahia. [S.l.], 2013. Disponível em: < http://www.abi-bahia.org.br/descaso-com-

o-arquivo-publico-poe-em-risco-a-memoria-da-bahia/>. Acesso em: 27 ago. 2017

BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivística: objeto, princípios e rumos. São Paulo:

Associação dos Arquivistas de São Paulo, 2002.

CANADA. Arquivo Público. Departamento de Administração de Arquivos Correntes.

Arquivos correntes: organização e funcionamento. Trad. por Nilza Teixeira Soares. Rio de

Janeiro: Arquivo Nacional, 1975. 166p. (Publicações Técnicas, 35).

CONARQ. Conselho Nacional de Arquivos. Coletânea da Legislação Arquivística e

Correlata. Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacional.gov.

br/index.php/coletanea-da-legislacao-arquivistica-e-correlata>. Acesso em: 16 ago. 2017.

FPC. Fundação Pedro Calmon. Histórico do Arquivo Público do Estado da Bahia.

Salvador, [201-?]. Disponível em: <http://www.fpc.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.

php?conteudo=97>. Acesso em: 25 ago. 2017.

FREIBERGER, Zelia. Gestão de Documentos e Arquivística. Brasília: MEC/IFPR, 2012

PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. Rio de Janeiro: FGV, 1986. 162p.

ROUSSEAU, Jean-Yves; COUTURE, Carol. Os fundamentos da disciplina Arquivística.

Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1998.

16

APÊNDICE

APÊNDICE A – Arquivo Público do Estado da Bahia

APÊNDICE B – DOCUMENTOS COLONIAIS EM EXPOSIÇÃO

17

APÊNDICE C – OFÍCIO ULTRAMARINO DE 1761

18

APÊNDICE D – SETOR DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO

APÊNDICE E - CONSERVAÇÃO

19

APÊNDICE F - RESTAURAÇÃO

APÊNDICE G – OBRAS DE ARTE

20

APÊNDICE H – FICHA DE AVALIAÇÃO DO DOCUMENTO