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0 PROJECTO INTERREG III A - ANDALGHORT – “Produção integrada e protecção fitossanitária em culturas hortofrutícolas na Andaluzia e Algarve” COMPONENTE ORNAMENTAIS RELATÓRIO TÉCNICO DO ENSAIO DE “PRODUÇÃO INTEGRADA DE VERDES DE CORTE” Documento elaborado por: Isabel Monteiro Equipa técnica: Isabel Monteiro Margarida Costa Nídia Ramos Maria Mendes Patacão, Dezembro de 2008

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PROJECTO INTERREG III A - ANDALGHORT –

“Produção integrada e protecção fitossanitária em culturas hortofrutícolas na

Andaluzia e Algarve”

COMPONENTE ORNAMENTAIS

RELATÓRIO TÉCNICO DO ENSAIO DE “PRODUÇÃO

INTEGRADA DE VERDES DE CORTE”

Documento elaborado por: Isabel Monteiro

Equipa técnica:

Isabel Monteiro

Margarida Costa

Nídia Ramos

Maria Mendes

Patacão, Dezembro de 2008

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS ......................................................................... 2

2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 4

2.1. Local do ensaio ...................................................................................................... 4

2.2. Preparação do solo e fertilização de fundo.............................................................. 5

2.3. Plantação e desenho experimental .......................................................................... 6

2.4. Fertilização de cobertura ........................................................................................ 6

3. OBSERVAÇÕES E REGISTOS ............................................................................ 7

3.1. Colheita ................................................................................................................. 7

4. RESULTADOS ....................................................................................................... 7

4.1. Crescimento ........................................................................................................... 7

4.2. Produção ................................................................................................................ 9

4.3. Fitossanidade ....................................................................................................... 11

4.4. Análise................................................................................................................. 15

ANEXOS ................................................................................................................... 16

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1. INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS

O Algarve, dada a sua localização e diversidade geológica, possui uma flora espontânea

de variedade e riqueza únicas. O aproveitamento das espécies espontâneas da flora

algarvia poderá apresentar-se como uma opção válida, tanto pelas suas características

como pelos produtos que pode proporcionar, através da optimização das suas

potencialidades, até agora esquecidas ou ignoradas na quase totalidade, relativamente

aos quais o mercado não seja excedentário.

A utilização destas espécies como alternativa às exóticas tradicionalmente utilizadas na

construção de jardins e restauro de ecossistemas degradados reveste-se de grande

significado nos nossos dias, tendo como vantagens as suas reduzidas exigências

hídricas, a boa adaptabilidade às condições adversas do clima e do solo, à elevada

resistência a pragas e doenças e ao seu enquadramento na típica paisagem

mediterrânica. Além da utilização em jardinagem, algumas destas espécies têm interesse

como plantas envasadas (com ou sem flor, para interior e exterior), flores e folhagens

secas, revestimento de taludes, recuperação e valorização de linhas de água. Contudo o

aproveitamento das espécies autóctones não fica por aqui, pois algumas podem ser

aproveitadas como plantas aromáticas, medicinais e outras ainda como verdes de

acompanhamento em arranjos florais.

A grande utilização de algumas destas espécies e a colheita no seu habitat natural sem

regras, tem contribuído para a delapidação de um património genético que é de todos,

causando graves prejuízos ecológicos (degradação do coberto vegetal e aumento da

erosão). A preservação do meio ambiente é uma obrigação de todos nós, temos por isso

de tentar por todos os meios minimizar as agressões que lhe são feitas.

Foi pensando numa forma de diminuir o impacto da acção do homem sobre os

ecossistemas que surgiu a ideia de instalar um campo de produção/demonstração no

C.E.H.F.P. - DRAPALG com algumas das espécies mais utilizadas como verdes de

acompanhamento. Pretende-se com este campo estudar as técnicas culturais de modo a

optimizar o seu cultivo e a adaptá-las às exigências do mercado. A produção de

folhagem para corte de qualidade desincentivará a colheita de material selvagem, com

as consequentes vantagens para o ambiente e para a paisagem.

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No âmbito do Projecto INTERREG III A – ANDALGHORT – Produção integrada e

protecção fitossanitária em culturas hortofrutícolas na Andaluzia e Algarve -

componente Ornamentais tem a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve

levado a cabo um ensaio para a produção integrada de verdes de corte (espécies da flora

autóctone) em duas situações sombra (50%) e ar livre.

Este ensaio tem como objectivos: afinar as técnicas de cultivo das espécies em estudo

nas duas situações e avaliar as principais pragas e doenças que as afectam.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. LOCAL DO ENSAIO

O ensaio está instalado em duas parcelas com uma área aproximada de 600m2

(15mx40m) no ar livre, folha II e na sombra, estufa 3, folha III do Centro de

Experimentação Hortofrutícola do Patacão (CEHFP) da DRAPALG (fig. 1). Cada

parcela representa uma modalidade, ar livre e sombra (50%), onde foram instaladas as

cinco espécies em estudo: Arbutus unedo (Medronheiro), Myrtus communis (Murta),

Pistacia lentiscus (Aroeira), Laurus nobilis (Loureiro) e Viburnum tinus (Folhado).

Em bordadura encontram-se plantadas as seguintes espécies:

Hypericum perforatum, Anigozanthus flavidus, Dodonea viscosa, Dodonea viscosa

atropurpurea, Phillyrea angustifolia, Melaleuca diosmifolia, Melaleuca nesophilla,

Euonymus japonicus, Eugenia myrtifolia, Cycas revoluta, Asparagus plumosus,

Aspidistra elatior, Rhumora adiantiformis e Buxus sempervirens.

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Fig. 1- Localização do ensaio do Andalghort – componente ornamentais.

2.2. PREPARAÇÃO DO SOLO E FERTILIZAÇÃO DE FUNDO

Em Agosto de 2006 cobriu-se o solo com plástico transparente para a solarização

durante o Verão (Fig. 2 e 3) e instalou-se um sistema de rega para manter o solo húmido

durante o processo.

Em Janeiro de 2007 foi feita uma lavoura, uma fertilização de fundo, uma frezagem e a

armação do terreno em camalhões com 1m de largura e separados 0.5m.

A adubação de fundo foi calculada com base nas análises de terra (Anexo I) das

amostras colhidas após a solarização. Esta adubação foi realizada a 15 de Janeiro de

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2007 tendo-se aplicado os seguintes fertilizantes em ambas as parcelas (sombra e ar

livre): Sulfato de Potássio 50% - 0,02kg/m2; Enxofre granulado 0,17kg/m2; Superfosfato

18% - 0,1kg/m2; Sulfato Amónio 20% - 0,006kg/m2 e Sulfato de Magnésio 16% -

0,005kg/m2

Foi instalado um sistema de rega gota a gota.

2.3. PLANTAÇÃO E DESENHO EXPERIMENTAL

A plantação iniciou-se a 23 de Janeiro de 2007, em linhas simples com o compasso de

1m (na linha) x 1,5m (entre linhas). Implantaram-se nas 2 modalidades, quatro

repetições, segundo um esquema de blocos casualizados, 10 plantas por bloco e por

espécie (croqui Anexo II).

2.4. FERTILIZAÇÃO DE COBERTURA

A fertilização de cobertura foi calculada com base nas recomendações de fertilização

para culturas ornamentais. Foi efectuada por fertirrega entre o dia 21 de Março e 30 de

Fig.2 – Solarização do ensaio na estufa 3

sombreamento.

Fig.3 – Solarização do ensaio no ar livre.

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Setembro, uma vez por semana, com aplicação, em ambas as situações (sombra e ar

livre), de 0,44g/m2 de Sulfato de Potássio 50%, 0,86g/m2 de Sulfato de Magnésio 16%,

0.002g/m2de Nitroamoniacal 26% e 0.0009g/m2 de Ácido Fosfórico.

3. OBSERVAÇÕES E REGISTOS

As observações mensais consistiram na avaliação do desenvolvimento das plantas

(altura das plantas, perímetro da copa, comprimento do rebento secundário, nº de nós do

rebento secundário e cor da folhagem) e no registo e identificação das pragas presentes

nas espécies em estudo.

3.1. COLHEITA

O momento da colheita foi determinado pelo tamanho das hastes a colher e pela sua

consistência ou atempamento. Para que as hastes sejam comercializáveis o tamanho

mínimo estabelecido foi de 50 cm, uma vez que não existem normas de comercialização

específicas para as folhagens de acompanhamento, a equipa de trabalho estabeleceu o

tamanho mínimo bem como as diferentes classes (Extra, I e II). As hastes têm que ter

um endurecimento que garanta a durabilidade em jarra mínima de 1 semana, que é

exigida a uma boa folhagem de acompanhamento.

4. RESULTADOS

4.1. CRESCIMENTO

Laurus nobilis

Continuou a mostrar na segunda época um elevado crescimento das plantas, quer na

sombra quer ao ar livre, atingindo as primeiras, maiores valores para a altura, o que se

justifica por um maior estiolamento devido a uma menor intensidade luminosa. Por

outro lado, as plantas no ar livre apresentam um maior número de rebentos, embora de

tamanho mais reduzido, seguindo a mesma tendência da 1ª época.

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Pistacia lentiscus

As plantas apresentaram um desenvolvimento semelhante nas duas modalidades

(sombra e ar livre), sendo este reduzido comparativamente às outras espécies em estudo.

No entanto, podemos referir que as plantas no ar livre apresentam um número de

rebentos superior ao das plantas na sombra, o que lhes confere um maior grau de

compactação.

Arbutus unedo

Registou na 2ª época um crescimento superior na sombra que no ar livre, atingindo a

primeira modalidade valores para a altura superiores aos da 1ª época, o que é justificado

por um maior estiolamento das plantas devido a uma menor intensidade luminosa. Por

outro lado, esta espécie no ar livre apresentou um número de rebentos superior ao da 1ª

época e com um tamanho também ligeiramente superior.

Viburnum tinus

As plantas à sombra apresentaram um desenvolvimento mais horizontal com folíolos e

hastes maiores, as do ar livre mostraram um desenvolvimento mais erecto embora com

valores menores para a altura. No entanto, estas últimas têm maior número de rebentos e

consequentemente um maior grau de compactação.

Fig.4 - Estufa de sombra. Fig.5 - Ar livre.

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Myrtus communis

Relativamente às outras espécies em estudo, a Myrtus communis teve um crescimento

idêntico ao do Viburnum tinus mais horizontal, apresentando as plantas à sombra hastes

e folíolos maiores embora em ambos os casos (sombra e ar livre) com um aspecto

bastante ramificado e compacto.

4.2. PRODUÇÃO

Na primeira colheita, o Myrtus communis (Fig.6) apresentou-se como a espécie mais

produtiva, originando à sombra, hastes maioritariamente de I Categoria e no ar livre

hastes de II Categoria. Na sombra verificou-se a ocorrência de um ataque de cochonilha,

o que originou um elevado número de hastes incomercializáveis. No ar livre as hastes

incomercializáveis ficaram a dever-se ao seu reduzido tamanho (L<50cm). Na 2ª

colheita (Fig.7) continuou a mostrar-se como a espécie mais produtiva, apresentando à

sombra maior número de hastes de Categoria Extra (L > 1m) e no ar livre apenas hastes

de I Categoria e de Categoria Extra (L > 1m) embora em menor quantidade.

1ª Colheita

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Ar Livre Sombra Ar Livre Sombra Ar Livre Sombra Ar Livre Sombra Ar Livre Sombra

Arbutus unedo Laurus nobilis Viburnum tinus Myrtus communis Pistacia lentiscus

de H

as

tes C

olh

ida

s

Incomercializável

Categoria II

Categoria I

Categoria Extra

Fig.6. – Produção obtida na 1ª colheita

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DATA ESPÉCIE MOD INCOMERCIALIZAVEL CATEGORIA II CATEGORIA I CATEGORIA EXTRA

L < 0.50 m

1ª Colheita Arbutus unedo Ar Livre MÉDIA 14,75 0,75 1,75 1,5

DP 2,99 0,66 1,91 0,85

Sombra MÉDIA 4 7,75 3,5 2,75

DP 3,08 5,21 0,87 1,79

Laurus nobilis Ar Livre MÉDIA 2 3,5 1,25 8,5

DP 1,29 2,18 0,52 1,80

Sombra MÉDIA 4,25 16,5 8,75 9

DP 2,77 4,50 3,19 2,24

Viburnum tinus Ar Livre MÉDIA 5,75 23,5 11,25 1,25

DP 2,79 8,38 4,02 0,52

Sombra MÉDIA 5,5 14,5 7,75 1,25

DP 1,12 4,56 3,34 0,52

Myrtus communis Ar Livre MÉDIA 10,25 30,25 21 4,5

DP 4,76 15,42 3,54 2,96

Sombra MÉDIA 11 15,5 31,75 10

DP 3,54 6,34 13,14 8,50

Pistacia lentiscus Ar Livre MÉDIA 7,75 3 2,5 0,25

DP 4,44 2,92 2,60 0,53

Sombra MÉDIA 0,25 2,25 1 0,5

DP 0,53 2,19 1,15 0,29

Tab.6 – Produção obtida na 1ª Colheita

Por outro lado, as espécies Pistacia lentiscus e Arbutus unedo, foram as menos

produtivas na 1ª colheita (Fig.6), devido ao seu desenvolvimento mais lento. Na 2ª

colheita (Fig.7) o Arbutus unedo teve um comportamento semelhante ao Laurus nobilis,

apresentando um número de hastes de Categoria Extra (L > 1m) semelhante em ambas

as modalidades.

Na sombra verificou-se a ocorrência de um ataque de traça-do-craveiro, que originou

um elevado número de hastes incomercializáveis no Arbutus unedo assim como no

Laurus nobilis.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Ar Livre Sombra Ar Livre Sombra Ar Livre Sombra Ar Livre Sombra Ar Livre Sombra

Arbutus unedo Laurus nobilis Viburnum tinus Myrtus communis Pistacia lentiscus

Nº de Hastes Colhidas

2ª Colheita

Incomercializável

Categoria II

Categoria I

Categoria Extra

Fig.7. – Produção obtida na 2ª colheita

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DATA ESPÉCIE MOD INCOMERCIALIZAVEL CATEGORIA II CATEGORIA I CATEGORIA EXTRA

L < 0.50 m

2ªColheita Arbutus unedo Ar Livre MÉDIA 2,75 11,5 4,5 9,5

DP 2,17 4,92 2,29 5,94

Sombra MÉDIA 28,75 22,75 7,25 8,25

DP 13,85 11,01 2,49 5,75

Laurus nobilis Ar Livre MÉDIA 0 6 11 7,5

DP 0,00 1,22 3,16 6,18

Sombra MÉDIA 27,5 16,5 15,5 8,25

DP 4,92 2,96 2,06 4,15

Viburnum tinus Ar Livre MÉDIA 0 0,5 16,75 3,25

DP 0,00 0,87 5,17 2,05

Sombra MÉDIA 29,5 40,5 52,25 28

DP 15,71 13,79 12,21 10,68

Myrtus communis Ar Livre MÉDIA 0 30,25 5 15

DP 0,00 15,42 3,67 13,86

Sombra MÉDIA 36 15,5 45,5 131,5

DP 14,23 6,71 5,32 23,38

Pistacia lentiscus Ar Livre MÉDIA 7,75 3 2,5 0,25

DP 4,44 2,92 2,60 0,53

Sombra MÉDIA 0,25 2,25 1 0,5

DP 0,53 2,19 1,15 0,29

Tab.7 – Produção obtida na 2ª Colheita

O Viburnum tinus apresentou uma produção média na 1ª colheita (Fig.6),

comparativamente às espécies anteriores, sendo as hastes maioritariamente de II

Categoria (0.50 < L < 0.75cm), cerca do dobro das de I Categoria (0.75 < L < 1m),

existindo apenas uma pequena quantidade de hastes de Categoria Extra (L > 1m). Na 2ª

colheita (Fig.7) a produção melhorou muito em quantidade e qualidade na modalidade

sombra, com hastes maioritariamente de Categoria Extra (L > 1m) e de I Categoria

(0.75 < L < 1m), contudo a ocorrência de um ataque de traça, originou também um

elevado número de hastes incomercializáveis.

4.3. FITOSSANIDADE

No decorrer do ensaio observou-se a ocorrência de diversas pragas, procedendo-se ao

seu registo, identificação e aplicação das medidas de luta mais adequadas ao seu

combate (Quadros 1 e 2).

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Quadro 1 – Ocorrência de pragas no ensaio de verdes de corte.

ESPÉCIE MODALIDADE PRAGA/DOENÇA Arbutus unedo Ar Livre/ Sombra Afídeos (Macrosipum euphorbiae)

Ar Livre/ Sombra Caracóis

Sombra Lagarta (Spodoptera littoralis)

Sombra Traça (Cacoecimorpha pronubana)

Viburnum tinus Ar Livre/ Sombra Afídeos (Aphis spiraecola)

Ar Livre/ Sombra Caracóis

Sombra Lagarta (Spodoptera littoralis)

Sombra Traça (Cacoecimorpha pronubana)

Pistacia lentiscus Ar Livre /Sombra Ácaros (Polyphagotarsonemus latus e

Tetranychus sp.)

Sombra Traça (Cacoecimorpha pronubana)

Myrtus communis Ar Livre/ Sombra Caracóis

Sombra Cochonilha (Saissetia coffeae)

Sombra Traça (Cacoecimorpha pronubana)

Laurus nobilis Sombra Lagarta (Spodoptera littoralis)

Sombra Traça (Cacoecimorpha pronubana)

A praga que mais estragos causou foi a traça-do-craveiro (Cacoecimorpha pronubana),

espécie extremamente polífaga (Fig. 8), tendo atacado todas as espécies em estudo na

modalidade sombra. Esta lagarta vive abrigada nos órgãos de que se alimenta (folhas

jovens) tecendo abundantes fios de seda com os quais une as folhas, entre as quais se

oculta e alimenta, provocando danos nas extremidades das hastes, o que as torna

incomercializáveis.

Fig 8 – Traça-do-craveiro (Cacoecimorpha pronubana) em Arbutus unedo.

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Os afídeos (Macrosipum euphorbiae)

e (Aphis spiraecola) afídeo-verde-

dos-citrinos provocaram deformações

nas folhas, essencialmente nas

espécies Arbutus unedo e Viburnum

tinus (Fig. 9) em ambas as situações

(ar livre e sombra). No entanto, os

danos na sombra foram mais graves,

pois potenciaram o aparecimento de

fumagina, que se caracteriza pela

presença de uma película negra que

cobre, total ou parcialmente, a zona

dorsal das folhas.

Fig.9 – Afídeo-verde-dos-citrinos em Viburnum tinus.

A presença dos ácaros

(Polyphagotarsonemus latus e

Tetranychus sp.) fez-se sentir na

Pistacia lentiscus (Fig.10) em ambas

as situações (ar livre e sombra). Estes

ácaros localizam-se na página inferior

das folhas jovens e ao alimentarem-

se, provocam o seu enrolamento, o

que torna incomercializáveis as

hastes.

Fig.10 – Ácaro-branco em Pistacia lentiscus.

A cochonilha-hemisférica (Saissetia coffeae) provocou essencialmente danos em Myrtus

communis (Fig. 11) no sombreamento, acompanhados pelo ataque de fumagina.

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Outra praga que causou bastantes

estragos nas espécies Arbutus unedo,

Laurus nobilis e Viburnum tinus, na

modalidade sombra foi a lagarta

Spodoptera littoralis (Fig.12). Esta

espécie, polífaga, ataca roendo os

folíolos, o que tornou algumas hastes

incomercializáveis.

Fig.12 – Lagarta da Spodoptera littoralis.

Os caracóis provocaram danos em Arbutus unedo, Myrtus communis e Viburnum tinus

em ambas as situações, sombra e ar livre.

Fig.11 – Planta de Myrtus communis atacada pela cochonilha-hemisférica (Saissetia

coffeae) e por fumagina.

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Quadro 2 – Tratamentos efectuados

PRAGA/DOENÇA TRATAMENTO (s.a.) Afídeos (Macrosipum euphorbiae) Imidaclopride

Lagarta (Spodoptera littoralis)

Caracóis

Abamectina

Isco (farelo + açúcar + metiocarbe)

Afídeos (Aphis spriraecola) Imidaclopride + Óleo de Verão

Traça (Cacoecimcimorpha pronubana) Imidaclopride + Óleo de Verão

Ácaros (Polyphagotarsonemus latus e

Tetranychus sp.)

Òleo de Verão

Abamectina

4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As espécies em estudo mostraram-se adaptadas às condições de produção, tendo em

ambas as situações ambientais (sombra e ar livre) aumentado a produção de hastes,

neste segundo ano de cultivo. Comportamento já esperado, dado que se trata de

espécies arbustivas de desenvolvimento relativamente lento, que ao longo do tempo,

maior nº de rebentos emitem e, consequentemente, maior nº de hastes vegetativas

produzem.

As colheitas deverão ser efectuadas de forma escalonada ao longo do ciclo vegetativo,

colhendo apenas as hastes, quando apresentem tamanho suficiente (neste projecto

considerou-se superior a 50cm) e um estádio de endurecimento adequado. Desta forma,

asseguraremos que as hastes têm uma maior longevidade em jarra e um maior valor

comercial, o que se irá repercutir na sua cotação comercial e no rendimento do

empresário agrícola.

A modalidade sombra produz hastes e folhas de tamanho maior mas apresentou muitos

problemas relacionados com o ataque de pragas, exigindo muitos tratamentos

fitossanitários, o que em termos económicos a torna menos rentável. Por outro lado, a

modalidade de ar livre apresenta hastes de menor dimensão, mas tem-se mostrado mais

resistente ao aparecimento de pragas, tornando-a a longo prazo, mais produtiva (maior

número de hastes comercializáveis). Esta modalidade apresenta as plantas com maior

rebentação, produzindo maior nº de hastes e mais endurecidas, melhorando a sua

qualidade e o seu período de vida pós-colheita.

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ANEXOS

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ANEXO I – ANÁLISES DE TERRA

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ANEXO II – CROQUI DO ENSAIO

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ANEXO III – FICHAS DE REGISTO

DATA DE OBSERVAÇÃO: ___________________________________

ESPÉCIE: ___________________________________________________________________________________________________________

SITUAÇÃO REPET. ALTURA

(cm)

PERIMETRO

(L X E)

Nº REB.

SEC.

COMPRIM.

REB. SEC.

Nº NÓS

REB.SEC.

COMPACT

(REDUZIDO;

MEDIO; ALTO)

COR

1

2

3

SOMBRA

4

1

2

3

AR LIVRE

4

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20

TABELA DE CORES

1

8 7 6 5

3 2

10 9

4

11 12

15 14 13 16

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ANEXO IV – FICHAS DE COLHEITA

ESPÉCIE : Myrtus communis e Pistacia lentiscus ___________________________________________________________________________

DATA DE COLHEITA ________________________________________________________________________________________________

SITUAÇÃO REPETIÇÃO INCOMERCIALIZAVEL

L < 50 CM

CAT. II

0.50 < L < 0. 60 m

CAT. I

0.60 < L < 0.75m

CAT. EXTRA

L > 0.75m

1

2

3

AR LIVRE

4

TOTAL

1

2

3

SOMBRA

4

TOTAL

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ESPÉCIES: Arbutus unedo, Viburnum tinus e Laurus nobilis___________________________________________________________________

DATA DE COLHEITA ________________________________________________________________________________________________

SITUAÇÃO REPETIÇÃO INCOMERCIALIZAVEL

L < 50 CM

CAT. II

0.50 < L < 0. 75 m

CAT. I

0.75 < L < 1m

CAT. EXTRA

L > 1m

1

2

3

AR LIVRE

4

TOTAL

1

2

3

SOMBRA

4

TOTAL