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PT RELATÓRIO ANUAL 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 RELATÓRIO ANUAL 2004 BANCO CENTRAL EUROPEU

RELATÓRIO ANUAL 2004 · 2005-04-26 · 3 NOTAS E MOEDAS 105 3.1 Circulação de notas e moedas 105 3.2 Contrafacção de notas e dissuasão da contrafacção 106 3.3 Emissão e produção

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PT

RELATÓR IO ANUAL 2004

2004 20042004200420042004200420042004200420042004

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RELATÓR IO ANUAL 2004

Em 2005, todas as publicações do BCE apresentam

um motivo retirado da

nota de €50.

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© Banco Central Europeu, 2005

MoradaKaiserstrasse 2960311 Frankfurt am Main, Alemanha

Endereço postalPostfach 16 03 1960066 Frankfurt am Main, Alemanha

Telefone+49 69 1344 0

Internethttp://www.ecb.int

Fax+49 69 1344 6000

Telex411 144 ecb d

Tradução elaborada pelo Banco dePortugal, com excepção da Secção4 do Capítulo 7 (Contas Anuais),efectuada pelo BCE.Todos os direitos reservados.A reprodução para fins pedagógicose não comerciais é permitida, desdeque a fonte esteja identificada.

Fotografias:Claudio HilsMartin JoppenStefan LaubConstantin MeyerMarcus ThelenParlamento Europeu

A data limite dos dados incluídosneste Relatório foi 25 de Fevereirode 2005.

ISSN 1561-4549 (impresso)ISSN 1725-292X (online)

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3BCE

Relatório Anual2004

Í N D I C EPREFÁCIO 12

CAPÍTULO 1EVOLUÇÃO ECONÓMICA E POLÍTICA MONETÁRIA

1 DECISÕES DE POLÍTICA MONETÁRIA 18

2 EVOLUÇÃO MONETÁRIA, FINANCEIRAE ECONÓMICA 222.1 Enquadramento macroeconómico

mundial 222.2 Evolução monetária e financeira 252.3 Evolução dos preços 482.4 Evolução do produto, procura e

mercado de trabalho 562.5 Evolução orçamental 662.6 Taxas de câmbio e evolução da

balança de pagamentos 74

3 EVOLUÇÃO ECONÓMICA E MONETÁRIANOS ESTADOS-MEMBROS DA UE NÃOPERTENCENTES À ÁREA DO EURO 79

CAPÍTULO 2OPERAÇÕES E ACTIVIDADES DOS BANCOSCENTRAIS

1 OPERAÇÕES DE POLÍTICA MONETÁRIA,OPERAÇÕES CAMBIAIS E ACTIVIDADESDE INVESTIMENTO 921.1 Operações de política monetária 921.2 Operações cambiais 981.3 Actividades de investimento 98

2 SISTEMAS DE PAGAMENTOS E DELIQUIDAÇÃO DE TÍTULOS 1002.1 O sistema TARGET 1002.2 TARGET2 1022.3 Utilização transfronteiras de

activos de garantia 103

3 NOTAS E MOEDAS 1053.1 Circulação de notas e moedas 1053.2 Contrafacção de notas e dissuasão

da contrafacção 1063.3 Emissão e produção de notas 108

4 ESTATÍSTICAS 1104.1 Novas melhorias no enquadramento

estatístico para a área do euro 1104.2 Estatísticas novas ou melhoradas 1114.3 Estatísticas das finanças públicas 112

5 ESTUDOS ECONÓMICOS 1135.1 Agenda dos estudos 1135.2 Redes de investigação 1145.3 Modelos macroeconométricos da

área do euro 115

6 OUTRAS ATRIBUIÇÕES E ACTIVIDADES 1176.1 Cumprimento das proibições de

financiamento monetário e deacesso privilegiado 117

6.2 Funções consultivas 1176.3 Administração das operações

activas e passivas da ComunidadeEuropeia 118

CAPÍTULO 3ESTABILIDADE E INTEGRAÇÃO FINANCEIRAS

1 ESTABILIDADE FINANCEIRA 1241.1 Acompanhamento da estabilidade

financeira 1241.2 Cooperação em situações de crise 127

2 REGULAMENTAÇÃO E SUPERVISÃOFINANCEIRAS 1282.1 Sector bancário 1282.2 Valores mobiliários 1282.3 Contabilidade 129

3 INTEGRAÇÃO FINANCEIRA 130

4 SUPERINTENDÊNCIA DEINFRA-ESTRUTURAS DE MERCADO 1354.1 Superintendência de infra-estruturas

e de sistemas de pagamentos deimportâncias avultadas em euros 135

4.2 Serviços de pagamentos de retalho 1374.3 Sistemas de compensação e de

liquidação de títulos 137

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4BCERelatório Anual2004

CAPÍTULO 4RELAÇÕES EUROPEIAS E INTERNACIONAIS

1 QUESTÕES EUROPEIAS 1461.1 Questões de política 1461.2 Questões institucionais 148

2 QUESTÕES INTERNACIONAIS 1502.1 Desenvolvimentos importantes

no sistema monetário e financeirointernacional 150

2.2 Cooperação com países fora da UE 153

CAPÍTULO 5RESPONSABILIZAÇÃO

1 RESPONSABILIZAÇÃO PERANTE OPÚBLICO EM GERAL E O PARLAMENTOEUROPEU 158

2 OPINIÕES DO BCE SOBRE QUESTÕESESPECÍFICAS ABORDADAS NAS REUNIÕESCOM O PARLAMENTO EUROPEU 159

CAPÍTULO 6COMUNICAÇÃO EXTERNA

1 POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO 164

2 ACTIVIDADES DE COMUNICAÇÃO 165

CAPÍTULO 7ALARGAMENTO DA UNIÃO EUROPEIA

1 ADESÃO BEM SUCEDIDA DE DEZ NOVOSESTADOS-MEMBROS 170

2 RELAÇÕES COM PAÍSES CANDIDATOSÀ UE 175

CAPÍTULO 8ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL,ORGANIZAÇÃO E CONTAS ANUAIS

1 ÓRGÃOS DE DECISÃO E GESTÃO DO BCE 1791.1 O Eurosistema e o Sistema Europeu

de Bancos Centrais 1791.2 O Conselho do BCE 1811.3 A Comissão Executiva 1841.4 O Conselho Geral 1861.5 Comités do Eurosistema/SEBC

e Comité de Orçamento 1871.6 Gestão 187

2 EVOLUÇÃO ORGANIZACIONAL 1902.1 Recursos humanos 1902.2 Novas instalações do BCE 191

3 DIÁLOGO SOCIAL DO SEBC 193

4 CONTAS ANUAIS DO BCE 195Relatório de gestão 196Balanço em 31 de Dezembro de 2004 200Conta de resultados do exercício findoem 31 de Dezembro de 2004 202Políticas contabilísticas 203Notas ao Balanço 207Notas à Conta de Resultados 215Nota sobre a distribuição das perdas 218Relatório de Auditoria 219

5 BALANÇO CONSOLIDADO DOEUROSISTEMA EM 31 DE DEZEMBRODE 2004 220

ANEXOS

INSTRUMENTOS JURÍDICOS ADOPTADOSPELO BCE 224

PARECERES ADOPTADOS PELO BCE 227

DOCUMENTOS PUBLICADOS PELOBANCO CENTRAL EUROPEU DESDEJANEIRO DE 2004 231

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5BCE

Relatório Anual2004

CRONOLOGIA DAS MEDIDAS DE POLÍTICAMONETÁRIA DO EUROSISTEMA 237

GLOSSÁRIO 239

LISTA DE CAIXAS1 Tendências do investimento financeiro

do sector não financeiro da área doeuro em 2004 28Quadro: Investimento financeiro

do sector não financeiroda área do euro 28

2 O que poderá acontecer com o excessode liquidez na área do euro? 31Gráfico: Apresentação esquemática

do modo como a liquidezexcedentária pode serutilizada 32

3 Tendências comuns da volatilidadeimplícita no mercado financeiro 37Gráfico A: Volatilidade implícita nos

mercados financeiros naárea do euro 37

Gráfico B: Volatilidade implícita nosmercado obrigacionistas ebolsistas na área do euro enos Estados Unidos 38

4 Foram as pequenas e médias empresassujeitas a condições de financiamentomenos favoráveis do que as grandesempresas na área do euro em 2004? 44Gráfico A: Alterações aos critérios de

concessão de créditoaplicados à aprovação deempréstimos ou linhas decrédito a sociedades nãofinanceiras 45

Gráfico B: Diferenciais de taxas dejuro de IFM entreempréstimos de pequena ede grande dimensão asociedades não financeiras 46

5 Preços do petróleo e economia da áreado euro 51Gráfico A: Preços do petróleo bruto

Brent 51

Quadro: Aumentos dos preços dopetróleo bruto Brent emperíodos específicos 52

Gráfico B: Preços do petróleo econtributo das componentesenergéticas para a inflaçãomedida pelo IHPC 52

Gráfico C: Preços do petróleo econtributo das componentesde transportes para a inflaçãomedida pelo IHPC 52

6 Progressos das reformas estruturaisnos mercados de trabalho e do produtona UE 58

7 Efeitos potenciais das alteraçõesdemográficas na área do euro 62Gráfico: Principais desenvolvimentos

demográficos na área doeuro 63

8 Evolução dos títulos de dívida dasadministrações públicas na área do euro 68Gráfico A: Saldo de títulos de dívida

pública da área do euro porpaís emitente em 2004 68

Quadro: Estrutura dos saldos detítulos de dívida emitidospor administrações públicasda área do euro 68

Gráfico B: Diferenciais das taxas derendibilidade das obrigaçõesde dívida pública de longoprazo face à Alemanha 69

Gráfico C: Variações dos ráciosrelativos da dívida emrelação ao PIB face àAlemanha e variações dosdiferenciais das taxas derendibilidade entre 2001e 2004 70

9 Política orçamental e estabilidademacroeconómica 72

10 Principais elementos do mecanismode taxas de câmbio II 84

11 Serviços de gestão de reservas doEurosistema 119

12 Rede de investigação sobre mercadosde capitais e integração financeira naEuropa 131

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6BCERelatório Anual2004

13 Integração financeira no mercado decrédito da área do euro 134

14 Padrões para a compensação eliquidação de valores mobiliários naUnião Europeia 139

15 A Declaração sobre a Missão doEurosistema 180

LISTA DE QUADROS1 Evolução dos preços 482 Indicadores de custos do trabalho 553 Composição do crescimento do PIB

real 574 Evolução do mercado de trabalho 615 Posições orçamentais na área do euro 666 Crescimento do PIB real nos Estados-

Membros da UE não pertencentes à áreado euro e na área do euro 79

7 Inflação medida pelo IHPC nos Estados--Membros da UE não pertencentes àárea do euro e na área do euro 80

8 Posições orçamentais nos Estados--Membros da UE não pertencentes àárea do euro e na área do euro 82

9 Balança de pagamentos dos Estados--Membros da UE não pertencentes àárea do euro e da área do euro 83

10 Evolução no MTC II 8511 Estratégias de política monetária

oficiais dos Estados-Membros da UEnão pertencentes à área do euro 87

12 Tráfego de pagamentos no TARGET 10113 Disponibilidade global do TARGET 10114 Distribuição de contrafacções por

denominação 10615 Distribuição da produção de notas de

euros em 2004 10816 Principais características da economia

da UE incluindo e excluindo os novosEstados-Membros 171

LISTA DE GRÁFICOS1 Taxas de juro do BCE e taxas do

mercado monetário 182 Principais desenvolvimentos nas

maiores economias industrializadas 223 Principais desenvolvimentos nos

mercados de matérias-primas 25

4 M3 e M3 corrigido do impactoestimado de ajustamentos de carteira 26

5 Contributos para o crescimentohomólogo do M3 27

6 Taxas de juro de curto prazo das IFMsobre depósitos 27

7 Movimentos no M3 e suascontrapartidas 29

8 Estimativas do desvio monetário 309 Taxas de juro de curto prazo e inclinação

da curva de rendimentos do mercadomonetário 34

10 Taxas de futuros da EURIBOR a trêsmeses e volatilidade implícita derivadadas opções de futuros da EURIBOR atrês meses 34

11 Taxas de rendibilidade das obrigaçõesde dívida pública de longo prazo 35

12 Taxas de rendibilidade reais dasobrigações de longo prazo e taxas deinflação implícitas na área do euro 36

13 Principais índices bolsistas 4014 Crescimento dos lucros empresariais

observados e previstos 4015 Dinamismo do mercado da habitação e

crédito à habitação nos países da áreado euro 41

16 Taxas de juro das IFM aplicadas aosempréstimos a famílias e a sociedadesnão financeiras 42

17 Rácio da dívida em relação ao PIB ecrescimento dos empréstimos a famílias 42

18 Indicadores de custos de financiamentocom base no mercado das sociedadesnão financeiras 43

19 Contributo para a taxa de crescimentohomóloga da dívida das sociedades nãofinanceiras 47

20 Indicadores de balanço para sociedadesnão financeiras 47

21 Desagregação da inflação medida peloIHPC: principais subcomponentes 49

22 Contributos das subcomponentes para ainflação medida pelo IHPC 49

23 Evolução dos preços dos edifíciosresidenciais na área do euro 55

24 Desagregação dos preços da produçãoindustrial 55

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7BCE

Relatório Anual2004

25 Remuneração por empregado, porsector 56

26 Contributos para o crescimentotrimestral do PIB real 56

27 Produtividade do trabalho 6228 Desemprego 6229 Taxas de câmbio efectivas nominais

e reais do euro 7630 Saldo da balança corrente e suas

componentes 7631 Saldo da balança financeira e suas

componentes 7732 Variações cambiais do euro face às

moedas da UE fora do MTC II 8633 Montantes de propostas e de colocação

em OPR semanais em 2004 9334 Factores de liquidez e evolução das

notas na área do euro em 2004 9435 Activos de garantia transaccionáveis

elegíveis 9636 Utilização de activos de garantia

transaccionáveis 9637 Valor total de notas em circulação

entre 2000 e 2004 10538 Número total de notas de euros em

circulação entre 2002 e 2004 10539 Número de notas de euros em

circulação entre 2002 e 2004 10640 Número de contrafacções de notas de

euros retiradas de circulação entre2002 e 2004 107

41 Série de Documentos de Trabalhodo BCE: Classificação do Journal ofEconomic Literature 114

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8BCERelatório Anual2004

A B R E V I AT U R A SPAÍSES

BE BélgicaCZ República ChecaDK DinamarcaDE AlemanhaEE EstóniaGR GréciaES EspanhaFR FrançaIE IrlandaIT ItáliaCY ChipreLV LetóniaLT LituâniaLU LuxemburgoHU HungriaMT MaltaNL Países BaixosAT ÁustriaPL PolóniaPT PortugalSI EslovéniaSK EslováquiaFI FinlândiaSE SuéciaUK Reino UnidoJP JapãoEUA Estados Unidos

OUTRAS

BCE Banco Central EuropeuBCN banco central nacionalBIS Bank for International

Settlements – Banco dePagamentos Internacionais

c.i.f. cost, insurance and freight atthe importer’s border

CUTIT Custos unitários do trabalho naindústria transformadora

ECU European Currency Unit(Unidade de Conta Europeia)

EEE Espaço Económico EuropeuEUR euroFMI Fundo Monetário Internacionalf.o.b. free on board at the exporter’s

borderIFM Instituição Financeira

MonetáriaIHPC Índice Harmonizado de Preços

no ConsumidorIME Instituto Monetário EuropeuIPC Índice de Preços no

ConsumidorIPP Índice de Preços no ProdutorMBP5 Manual da Balança de

Pagamentos do FMI (5.ª edição)OIT Organização Internacional do

TrabalhoPIB Produto Interno BrutoSEBC Sistema Europeu de Bancos

CentraisSEC 95 Sistema Europeu de Contas

1995TCE taxa de câmbio efectivaUE União EuropeiaUEM União Económica e Monetária

De acordo com a prática corrente naComunidade, os Estados-Membros da UE eos países aderentes encontram-se listados nopresente relatório segundo a ordemalfabética dos nomes dos países nas línguasnacionais.

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9BCE

Relatório Anual2004

Artista: Stephan JungTítulo: P.WP1, 2002Material: Óleo sobre tela, Formato: 230 × 265 cm 16

Artista: Isa DahlTítulo: “eben still”, 2004Material: Óleo sobre tela, Formato: Ø 190 cm 90

Artista: Jacob DahlgrenTítulo: Krakow, 2002Material: Copos de iogurte empilhados em alumínio, Formato: 184 × 148 × 10 cm 122

Artista: Ana Luísa RibeiroTítulo: Sem título, 2002Material: Óleo sobre tela, Formato: 150 × 230 cm 144

Artista: Xenia HausnerTítulo: Traumspiel, 2004Material: Cromolitografia sobre papel de fabrico manual (ed. 16/25),Formato: 96 × 129 cm 156

Artista: Philippe CognéeTítulo: Foule, Place St Pierre de Rome, Pâques, 1999Material: Encáustica sobre tela, Formato: 154 × 153 cm 162

Artista: Jan FabreTítulo: Sem título, 1987Material: Tinta esferográfica sobre papel, Formato: 200 × 158 cm 168

Artista: Reinhold A. GoellesTítulo: Sem títuloMaterial: Acrílico sobre tela, Formato: 152 × 100 cm 176

Desde 1998 que o BCE tem organizado uma série de exposições intituladas “Artecontemporânea dos Estados-Membros da União Europeia”. Cada exposição tem comoobjectivo proporcionar aos funcionários e visitantes do BCE uma visão aprofundada da artede um determinado país da UE. A arte contemporânea foi escolhida por reflectir o períodoem que a União Monetária se tornou uma realidade.

Algumas das obras de arte foram adquiridas para a colecção de arte do BCE, que seráalargada. As oito páginas que separam os capítulos do presente Relatório Anual mostramuma selecção de trabalhos desta colecção.

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PREFÁCIO

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12BCERelatório Anual2004

Numa retrospectiva dos acontecimentos do anopassado, o alargamento da UE, que teve lugarno dia 1 de Maio de 2004, destaca-se como umimportante feito histórico. Tinhamo-nospreparado para este alargamento com bastantetempo de antecedência nas nossas áreas decompetência, em particular através doenvolvimento, tão cedo quanto possível, dosnossos colegas governadores dos bancoscentrais dos dez novos Estados-Membros, naqualidade de observadores nas reuniões doConselho Geral; o sucesso deste alargamentotambém resultou dos intensos trabalhospreparatórios levados a cabo pelo BCE erespectivos funcionários. Além disso, abrimosos comités do Sistema Europeu de BancosCentrais (SEBC) a técnicos desses bancoscentrais, que também participaram naqualidade de observadores. A natureza rigorosae favorável destes preparativos permitiram aentrada harmoniosa destes países e bancoscentrais na UE e no SEBC. A primeira reuniãodo Conselho Geral realizada após oalargamento foi uma ocasião comovente paratodos nós, enquanto a primeira teleconferência

do Conselho Geral também constituiu ummarco significativo: conseguimos assegurar ofuncionamento perfeito da nossa nova rede decomunicações segura e demonstrar a nossacapacidade de realizar discussões efectivasatravés de teleconferência de um extremo aooutro da Europa.

Os dez novos Estados-Membros aderiram à UEsem uma cláusula de “opção de nãoparticipação”. Comprometeram-se, assim, aaderir, em última instância, à área do euro.Estamos todos de acordo que, em totalconformidade com os requisitos do Tratado, éda maior importância que haja a melhorpreparação possível para a adopção do euro,nomeadamente um nível elevado deconvergência sustentável de acordo com oscritérios de Maastricht.

Durante o ano 2004, três outras moedas, as daEstónia, Lituânia e Eslovénia, entraram nomecanismo de taxas de câmbio II (MTC II),anteriormente composto pela sua âncora, oeuro, e a coroa dinamarquesa. Os três novosparticipantes comprometeram-se a participarno MTC II de uma forma que assegurasse tantoo bom funcionamento do sistema, como omelhor contributo possível para a consecuçãode uma convergência sustentável.

***

Os membros da UE estão em processo deratificação do Tratado que estabelece umaConstituição para a Europa que foirecentemente assinado. A Constituição ilustrade forma poderosa a vontade da Europa deprosseguir o aprofundamento histórico daUnião, juntamente com o seu alargamento. OEurosistema, cujo objectivo primordial é aresponsabilidade pela apresentação daestabilidade de preços, está plenamenteconsciente do seu papel, confirmado pelaConstituição, no aprofundamento da UE. AConstituição também confirma todos oselementos essenciais do enquadramento depolítica da UEM, a nível quer do pilarmonetário, quer do pilar económico e

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13BCE

Relatório Anual2004

orçamental. O BCE aguarda com expectativa aratificação da Constituição.

2004 foi um ano de crescimento moderado naárea do euro, com o crescimento do PIB realpara o conjunto do ano a situar-se em 1.8%,face a 0.5% em 2003. O perfil de crescimentodo ano foi marcado por um primeiro semestrerelativamente dinâmico, seguido de umcrescimento lento no terceiro e quartotrimestres. Em termos gerais, confirmou-se odiagnóstico de uma recuperação gradual nocontexto de diversas incertezas a nível internoe internacional.

O Conselho do BCE manteve a taxa dasoperações principais de refinanciamento nonível excepcionalmente baixo de 2% ao longode 2004. Prosseguiu uma política monetáriacom o objectivo de preservar a estabilidade depreços numa conjuntura internacionalcomplexa marcada, em particular, poraumentos dos preços das matérias-primas e dopetróleo, episódios de volatilidade nosmercados bolsistas, a persistência dedesequilíbrios significativos a nível mundial ea contribuição significativa para o crescimentomundial proveniente do desenvolvimentomuito rápido de diversas economiasemergentes. Ao longo do ano, uma dasprincipais mensagens do Conselho do BCE foide vigilância relativamente aos riscosinflacionistas associados aos possíveis “efeitosde segunda ordem” de aumentos de salários ede preços após os saltos da inflação global queresultaram, em particular, dos choques sobre ospreços das matérias-primas e do petróleo.Mais, dado que os agentes económicos eparceiros sociais compreenderam claramente anossa mensagem, os efeitos de segunda ordemmantêm-se contidos.

Durante a primeira metade de 2004,observámos uma certa tendência ascendentenas estimativas de médio e longo prazo para asexpectativas de inflação, extraídas de váriosinquéritos e de obrigações indexadas. Estatendência adversa terminou em meados de2004, tendo começado a inverter-se durante a

segunda metade do ano. A expressão firme doConselho do BCE quanto à sua vigilânciadurante este período certamente contribuiupara a preservação de expectativas de inflaçãoancoradas, no geral, num nível em linha com anossa definição de estabilidade de preços:inferior a 2% e próximo de 2%.

Este ancorar das expectativas para a inflação amédio e longo prazo na área do euro, quereflecte a credibilidade do Conselho do BCE, éessencial. É esta credibilidade que permite aoBCE apresentar a estabilidade de preços, deacordo com o mandato que lhe foi atribuídopelo Tratado, mesmo em circunstânciasdifíceis, fornecendo aos agentes económicosuma referência clara no processo de fixação depreços e salários. Também permite que a áreado euro beneficie de uma conjuntura financeirafavorável ao crescimento e à criação deemprego, através de taxas de juro de médio elongo prazo do mercado historicamente baixas,que incorporam expectativas de inflação emlinha com a nossa definição de estabilidade depreços.

***

Uma boa política monetária é uma condiçãonecessária para o crescimento sustentável e acriação de emprego. Contudo, não é suficientepor si só. Terá de ser acompanhada por umapolítica orçamental sólida e um conjuntoapropriado de reformas estruturais.

É por esta razão que o Eurosistema tem sempreargumentado de forma tão veemente a favorda correcta aplicação do Pacto de Estabilidadee Crescimento, tendo consistentementeenfatizado a necessidade de total preservaçãoda integridade da vertente correctiva do Pacto,em particular da âncora nominal de 3% do PIBcomo limite para os défices orçamentais, bemcomo do próprio procedimento relativo aosdéfices excessivos.

É também por esta razão que o Eurosistemaapelou tão decididamente para que a área doeuro empreenda de forma resoluta a

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14BCERelatório Anual2004

implementação de reformas estruturais nosmercados de trabalho, na educação e formação,na investigação e desenvolvimento, nosmercados de bens e serviços, bem como nagestão da despesa da segurança social. Estasreformas são da maior importância para oaumento do potencial de crescimento daeconomia europeia, o fomento da criação deemprego e a redução significativa dodesemprego. Ao longo de 2004, o BCE apoiouas iniciativas da Comissão Europeia e doConselho da UE destinadas a relançar eacelerar a implementação das reformasestruturais consagradas na agenda de Lisboa.Também nos congratulámos pelas propostasincluídas no relatório do grupo de alto nívelpresidido por Wim Kok, publicado no final de2004, segundo as quais a agenda de Lisboadeveria incidir num número limitado de áreasprioritárias de apoio a um maior crescimento eemprego .

***

No que respeita à organização e funcionamentodo BCE, 2004 foi um ano de desafios para ainstituição. O BCE registou perdas líquidas novalor de €1 636 milhões, em comparação com€477 milhões em 2003. Estas perdas líquidasficaram a dever-se novamente à evolução dastaxas de câmbio que afectaram o valor, emeuros, das detenções do BCE denominadasem moeda estrangeira. Os nossos princípioscontabilísticos baseiam-se na máximaprudência. Por esta razão, estas perdascambiais não realizadas são tratadas comorealizadas e levadas à conta de resultados nofinal do exercício: em 2004, a apreciação doeuro resultou em perdas líquidas de reavaliaçãocambial de quase €2.1 mil milhões. Emcontraste, ganhos não realizados dereavaliações cambiais e de preços de mercadonão são reconhecidos como lucro, mastransferidos directamente para contas dereavaliação.

O rendimento regular do BCE resulta sobretudodos lucros de investimento da sua detenção deactivos de reserva e do respectivo capital

realizado de €4.1 mil milhões e de receitas dejuros da sua percentagem de 8% das notas deeuros em circulação. As receitas de juros em2004 foram novamente baixas, devido, emparticular, ao nível excepcionalmente baixodas taxas de juro, tendo a taxa das operaçõesprincipais de refinanciamento sido mantida em2% durante 2004. O BCE ganhou receitas dejuros líquidas num total de €690 milhões, emcomparação com €715 milhões em 2003. Oscustos administrativos do BCE relativos aremunerações e outros custos relacionados,rendas de instalações e bens e serviçosascenderam a €340 milhões. No final de 2004,o BCE tinha ao serviço 1 314 funcionários, facea 1 217 no ano anterior.

No ano passado concluiu-se o projecto BCE emMovimento, cujo objectivo era a melhoria daeficácia e eficiência do BCE, o fortalecimentoda gestão de recursos humanos e o reforço dosvalores de banca central entre todos osfuncionários. A maioria das medidas contidasno programa e aprovadas pela ComissãoExecutiva já foi concluída, enquanto algumasainda estão a ser implementadas. O BCE emMovimento foi um programa notável queajudou a melhorar a nossa cultura de trabalho ea consolidar o espírito de equipa no Banco.A Comissão Executiva está totalmenteempenhada na implementação do programa ena preservação do espírito do BCE emMovimento.

O ano 2004 foi marcado por dois outrosdesenvolvimentos importantes. Primeiro, aadopção dos valores básicos do BCE:competência, eficácia e eficiência, integri-dade, espírito de equipa, transparência eresponsabilização, e trabalho para a Europa.O segundo desenvolvimento principal foi adecisão de prosseguir um exercício deorçamentação de base zero. Desde a sua criaçãoem 1 de Junho de 1998, o BCE cresceu a umritmo rápido a fim de cumprir com êxito osdesafios históricos com que se deparou; tendoprovado a sua eficácia, o BCE sentiu que eraaltura de analisar com rigor a eficiência do seufuncionamento. A Comissão Executiva lançou,

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Relatório Anual2004

assim, em 2004 um exercício de orçamentaçãode base zero com vista a examinar todas asatribuições da instituição e a afectação depessoal relacionada. O projecto está em curso eestará concluído em meados de 2005.

***

A Comissão Executiva, o Conselho do BCE e oConselho Geral do BCE inspiram-se numespírito de equipa excepcional. Na área doeuro, o BCE e os 12 bancos centrais nacionaisconstituem uma única equipa, o Eurosistema.O ano de 2004 testemunhou a criação da“Declaração sobre a Missão do Eurosistema”(incluída na Caixa 15 do presente RelatórioAnual), declaração única para 13 instituições erespectivos funcionários em toda a área doeuro. Esta declaração ilustra de formaassinalável a nossa vontade colectiva de ummaior reforço da equipa do Eurosistema aoserviço da Europa e da sua moeda única. O BCEorgulha-se de estar na vanguarda desta equipasingular.

Frankfurt, Março de 2005

Jean-Claude Trichet

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ArtistaStephan JungTítuloP.WP1, 2002MaterialÓleo sobre telaFormato230 × 265 cm© VG Bild-Kunst, Bona 2005

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C A P Í T U L O 1

EVOLUÇÃOECONÓMICA E

POLÍTICAMONETÁRIA

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A recuperação da actividade económica na áreado euro, iniciada na segunda metade de 2003,continuou em 2004. A economia da área do euroregistou um fortalecimento no primeirosemestre do ano, beneficiando do fortecrescimento económico mundial. Na segundametade de 2004, a actividade económica na áreado euro enfraqueceu ligeiramente, em partedevido ao aumento dos preços do petróleo. Emtermos globais, o PIB real corrigido de dias úteiscresceu 1.8% em 2004, face a 0.5% em 2003 e0.9% em 2002.

Neste contexto de recuperação económicagradual, as pressões inflacionistas internassubjacentes mantiveram-se moderadas,beneficiando significativamente dos aumentosmoderados da remuneração do trabalho. Aligeira apreciação do euro em termos efectivosnominais também contribuiu para pressõesinflacionistas ligeiramente mais baixas.Contudo, em 2004, a inflação global foisignificativamente afectada por aumentos dospreços administrados e dos impostos indirectos

I DECISÕES DE POLÍTICA MONETÁRIAe, em especial na segunda metade do ano, pelosaumentos do preço do petróleo. Assim, emtermos globais, a inflação homóloga medidapelo IHPC situouse em 2.1% em 2004,mantendo-se inalterada face ao ano anterior.

Nesta conjuntura de pressões moderadas sobreos preços internos e de perspectivas positivaspara a estabilidade de preços a médio prazo, oConselho do BCE manteve inalteradas as taxasdirectoras do BCE ao longo de 2004 em níveishistoricamente baixos. A taxa mínima deproposta aplicável às operações principais derefinanciamento do Eurosistema foi mantida em2%, e as taxas da facilidade permanente dedepósito e da facilidade permanente de cedênciade liquidez foram mantidas em 1% e 3%,respectivamente (ver Gráfico 1).

Analisando com maior pormenor as decisões depolítica monetária, os dados relativos aosprimeiros meses de 2004 confirmaram acontinuação da recuperação gradual daeconomia, iniciada na segunda metade de 2003.

Grá f i co 1 Taxas de ju ro do BCE e taxas do mercado monetár io

(percentagens por ano; dados diários)

Fonte: BCE.Nota: A taxa das operações principais de ref inanciamento é a taxa aplicável a leilões de taxa f ixa para operações liquidadasantes de 28 de Junho de 2000. A par tir dessa data, a taxa reflecte a taxa mínima de proposta aplicável a leilões de taxavariável.

1999 2000 2001 2002 2003 20040.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

taxa da facilidade permanente de cedência de liquideztaxa da facilidade permanente de depósitotaxa mínima de proposta nas operações principais de refinanciamentoEURIBOR a três meses

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Relatório Anual2004

A nível externo, o crescimento das exportaçõesfoi dinâmico, para o que contribuiu o forte vigorda economia mundial. Para além disso, ascondições de financiamento muito favoráveis naárea do euro e as melhores perspectivasrelativamente aos lucros das empresas,reflectindo ajustamentos nos balanços,transmitiram um cenário positivo para oinvestimento. No que respeita ao consumoprivado, previa-se uma recuperação gradualcom base no aumento esperado do rendimentodisponível real e uma melhoria gradual nascondições do mercado de trabalho. Em relaçãoaos preços, a inflação medida pelo IHPC desceupara um valor inferior a 2% no início de 2004,devido, em grande parte, à redução das pressõesinflacionistas decorrentes da apreciação do euronos últimos meses de 2003 e a efeitos de baseresultantes dos fortes aumentos dos preços dosprodutos energéticos no início de 2003.

O crescimento homólogo do M3 no primeirotrimestre de 2004 continuou a tendênciadescendente iniciada no Verão de 2003.Esta situação reflectiu principalmente odesvanecimento de movimentos de carteiraanteriores, uma vez que os investidores alteraramgradualmente a estrutura das respectivascarteiras, privilegiando activos financeiros amais longo prazo e com maior risco fora do M3,após um período de preferência excepcional porliquidez associada à maior incerteza económica efinanceira observada entre 2001 e meados de2003. Não obstante a normalização observada nocrescimento do M3, a área do euro ficou com umnível significativamente mais elevado deliquidez do que o necessário para financiar umcrescimento económico não inflacionista.Embora tal tenha implicado que os riscosascendentes para a estabilidade de preços fossemcuidadosamente acompanhados, em termosgerais, o Conselho do BCE fez uma avaliaçãofavorável das perspectivas para a estabilidade depreços no primeiro trimestre de 2004.

A evolução económica no segundo trimestre de2004 sugeriu dois possíveis cenários opostos.Por um lado, os dados disponíveis apontavampara a continuação do crescimento robusto da

economia mundial e para uma conjuntura muitofavorável às exportações da área do euro. Poroutro lado, os preços do petróleo começaram aaumentar acentuadamente depois de Março de2004, criando gradualmente riscos descendentesmais fortes para a recuperação em curso. Emtermos globais, no decorrer do segundotrimestre, manteve-se o primeiro cenário e osindicadores económicos confirmaram cada vezmais que a recuperação estava a ganhardinamismo. De facto, no final do segundotrimestre, os dados divulgados indicavam que arecuperação económica observada na área doeuro no primeiro semestre de 2004 tinha sidomais acentuada do que inicialmente esperado,encorajando o optimismo acerca dasperspectivas de crescimento económico. O PIBreal cresceu, em média, 0.6% em termostrimestrais em cadeia no primeiro trimestre doano, ou seja, a taxa mais elevada na área do eurodesde o primeiro semestre de 2000. Odinamismo da recuperação reflectiu princi-palmente exportações mais fortes e, após umlongo período de estagnação, um fortalecimentoinicial do consumo privado. Face a este cenário,as projecções de Junho de 2004 elaboradas porespecialistas do Eurosistema indicavam que ocrescimento do PIB real da área do euro sesituaria entre 1.4% e 2.0%, em média, em 2004 eentre 1.7% e 2.7% em 2005. As previsõesefectuadas por organizações internacionais eprivadas estavam igualmente em linha com asexpectativas de um fortalecimento darecuperação económica na segunda metade de2004.

O aumento dos preços do petróleo exerceupressões ascendentes de curto prazoconsideráveis sobre os preços no consumidor eteve um efeito significativo sobre a inflação. Astaxas homólogas da inflação medida pelo IHPCvoltaram a aumentar no segundo trimestre de2004, em parte devido aos aumentos dos preçosadministrados e dos impostos indirectos.Contudo, quando avaliou as tendências dospreços a médio prazo, o Conselho do BCEconsiderou que as pressões inflacionistasprovavelmente se manteriam contidas, emparticular, dadas as condições moderadas no

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mercado de trabalho e a expectativa de que osaumentos salariais permaneceriam moderados,no contexto de uma melhoria apenas gradual nosmercados de trabalho e do ritmo gradual darecuperação económica. Esta opinião estava emconformidade com as projecções de Junho de2004 elaboradas por especialistas doEurosistema, segundo as quais a inflaçãohomóloga média medida pelo IHPC se deveriasituar entre 1.9% e 2.3% em 2004 e entre 1.1% e2.3% em 2005, sendo consistente com asprevisões de organizações internacionais eprivadas. Contudo, foram identificados algunsriscos ascendentes para estas projecções,resultantes da evolução do preço do petróleo, daincerteza em torno das alterações nos impostosindirectos e nos preços administrados e depotenciais efeitos de segunda ordem através docomportamento dos salários e da formação dospreços. Para além disso, as expectativas deinflação a médio e longo prazo nos mercadosfinanceiros aumentaram ligeiramente nesteperíodo.

A taxa de crescimento homóloga do M3, de ummodo geral, manteve a sua tendênciadescendente no segundo trimestre de 2004,reflectindo uma nova normalização docomportamento de carteira dos detentores demoeda. Não obstante, este processo denormalização progrediu muito lentamente e ocrescimento do M3 manteve-se relativamenteelevado, devido igualmente ao efeitoestimulante de taxas de juro baixas sobre aprocura de activos líquidos. Por conseguinte, oConselho do BCE continuou a manifestar a suapreocupação acerca da persistência de umelevado excesso de liquidez na área do euro, oqual, numa recuperação económica, pode levar apressões inflacionistas a médio prazo.

Embora o cenário principal de uma recuperaçãoem curso basicamente não se tenha alterado nosegundo semestre de 2004, tornou-se cada vezmais claro que a recuperação da actividade daárea do euro iria prosseguir a um ritmoligeiramente mais moderado do que esperado.Esta evolução resultou principalmente de umadesaceleração temporária do crescimento

económico mundial, de um novo aumentosubstancial dos preços do petróleo no terceirotrimestre e de uma apreciação acentuada do eurono quarto trimestre. Na verdade, ao longo dosegundo semestre do ano, os dados confirmaramque o impacto dos preços mais elevados dopetróleo tinha continuado a fazer-se sentir,atenuando o crescimento da procura quer dentroquer fora da área do euro. O crescimento do PIBreal na área do euro foi de apenas 0.2% emtermos trimestrais em cadeia no terceiro e quartotrimestres de 2004. As projecções elaboradaspor especialistas do Eurosistema, publicadas emDezembro de 2004, apontavam para umcrescimento do PIB real entre 1.4% e 2.4% em2005 e entre 1.7% e 2.7% em 2006. Para alémdisso, o Conselho do BCE salientou queexistiam riscos descendentes para estasprojecções, relacionados com uma evoluçãopotencialmente desfavorável do mercado dopetróleo.

No que respeita à evolução dos preços, nosegundo semestre de 2004, as taxas homólogasda inflação medida pelo IHPC continuaram asituar-se num valor ligeiramente superior a 2%,principalmente devido ao aumento dos preçosdo petróleo. Contudo, não existiam indicaçõesda formação de pressões inflacionistas internasmais fortes. Os aumentos salariais mantiveram--se moderados a partir do último trimestrede 2003, tendência que segundo as expectativasiria continuar, no contexto do crescimentomoderado em curso e do enfraquecimentocontínuo do mercado de trabalho. Nestecontexto, as projecções dos especialistas doEurosistema, publicadas em Dezembro de 2004,previram um crescimento homólogo do IHPCentre 1.5% e 2.5% em 2005 e entre 1.0% e 2.2%em 2006. Contudo, o saldo dos riscos para estasprojecções continuou a ser ascendente. Os riscosestavam relacionados principalmente com aevolução dos preços do petróleo, com aincerteza acerca de novos aumentos dosimpostos indirectos e dos preços administradose com potenciais efeitos de segunda ordem nocomportamento dos salários e da formação dospreços.

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Relatório Anual2004

Os referidos riscos foram também cada vez maisassinalados pela análise monetária do BCE. Nasegunda metade de 2004, o impacto ascendenteno crescimento do M3 – em especial, das suascomponentes mais líquidas – resultante dacontinuação de baixas taxas de juro acabou porprevalecer sobre o impacto descendente gradualresultante da normalização do comportamentode carteira. As baixas taxas de juro tambémvoltaram a impulsionar a procura de crédito porparte do sector privado. Em particular, a procurade empréstimos para compra de habitaçãoaumentou face a níveis já robustos, contribuindopara a forte dinâmica dos preços da habitação emvários países da área do euro. Neste contexto, oConselho do BCE salientou que a persistência deum elevado excesso de liquidez e o fortecrescimento do crédito eram considerados nãosó como riscos ascendentes para a estabilidadede preços mas também como possível fonte deaumentos insustentáveis nos preços dos activos,em especial nos mercados imobiliários. Noinício de 2005, este cenário basicamente não sealterou. O forte crescimento monetárioregistado a partir de meados de 2004 prosseguiu,sendo que a liquidez na área do euro continuou aser significativamente superior à necessáriapara financiar um crescimento não inflacionista.

De um modo geral, na segunda metade de 2004 eno início de 2005, o Conselho do BCE expressoude forma crescente a sua preocupação acerca daevolução desfavorável da inflação a curto prazo.Ao mesmo tempo, notou que não existiamindicações de formação de pressõesinflacionistas internas. Neste contexto, as taxasde juro directoras do BCE foram mantidas semalteração ao longo deste período. Contudo, oConselho do BCE salientou que a existência devários riscos ascendentes para a estabilidade depreços a médio prazo exigia uma vigilânciacontínua.

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2.1 ENQUADRAMENTO MACROECONÓMICOMUNDIAL

ECONOMIA MUNDIAL REGISTOU O CRESCIMENTOMAIS FORTE DURANTE MAIS DE DUAS DÉCADASEm 2004, a economia mundial expandiu-se àtaxa mais rápida registada desde 1976, com umcrescimento relativamente generalizado nasvárias regiões (ver Gráfico 2). O crescimentona região asiática foi particularmente robusto,com a economia chinesa a apresentar sinaisde sobreaquecimento. O forte crescimentoeconómico mundial foi apoiado por condiçõesde financiamento favoráveis e políticasmacroeconómicas estimulantes em muitospaíses, tendo sido acompanhado por umaexpansão robusta do comércio mundial, o qual,em 2004, atingiu o nível mais elevado registadodesde 2000.

A expansão da economia mundial foiespecialmente forte nos primeiros meses do ano,desacelerando posteriormente na maioria dospaíses. Este abrandamento reflectiu, em parte,uma normalização da forte dinâmica observadanos trimestres anteriores e o início de umaretirada gradual de estímulos de política. Oaumento significativo dos preços do petróleo,que atingiram um valor máximo em Outubro de2004, exerceu uma influência atenuanteadicional. A subida dos preços do petróleocontribuiu para um aumento moderado das taxasde inflação em muitos países, em grande partecomo resultado da evolução das componentesdos preços relacionados com a energia. Astendências de inflação subjacente mantiveram--se, no entanto, relativamente estáveis,sugerindo que os efeitos de segunda ordemforam relativamente bem contidos (verGráfico 2).

A continuação do crescimento robusto nosEstados Unidos (comparativamente a alguns dosseus parceiros comerciais) contribuiu para umnovo aumento do défice da balança corrente dosEUA. Este facto, aliado às incertezas em tornodas perspectivas para a política orçamentaldo país, reacendeu as preocupações do mer-cado relativamente à sustentabilidade dos

2 EVOLUÇÃO MONETÁRIA, FINANCEIRAE ECONÓMICA

desequilíbrios a nível mundial. Reflectindo emparte estas preocupações, o dólar dos EUAregistou uma depreciação relativamentegeneralizada nos últimos meses do ano.

Nos Estados Unidos, o crescimento económicocontinuou a um ritmo geralmente vigoroso em2004, com o PIB real a aumentar 4.4% noconjunto do ano (de acordo com estimativas

Grá f i co 2 Pr inc ipa i s desenvo lv imentosnas ma iore s e conomias i ndus t r i a l i z adas

Fontes: Dados nacionais, BIS, Eurostat e cálculos doBCE.1) Os dados do Eurostat são utilizados para a área doeuro; para os Estados Unidos e Japão são utilizados dadosnacionais. Para todos os países, os valores do PIB foramcor rigidos de sazonalidade.

Taxas de inflação(taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

área do euroEstados UnidosJapão

Crescimento do produto 1)

(taxas de variação homólogas (%); dados trimestrais)

1999 2000 2001 2002 2003 2004-4

-2

0

2

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6

-4

-2

0

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1999 2000 2001 2002 2003 2004-2

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0

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preliminares). Esta expansão também se alargoumais, para incluir a melhoria há muito aguardadano mercado de trabalho. O crescimento do PIBreal foi apoiado pela continuação da robustez doconsumo das famílias e do investimentoempresarial (particularmente em equipamento esoftware), enquanto o comércio líquido deu umcontributo negativo para o crescimento.

O crescimento do consumo privado manteve-sesólido na maior parte do ano, reflectindo osefeitos continuados de políticas macro-económicas acomodatícias, uma fortesubida dos preços residenciais e uma melhoriasignificativa do emprego. Embora o crescimentodo emprego tenha aumentado após vários anosde fragilidade, as pressões ascendentes sobre ossalários mantiveram-se, no geral, contidas,sobretudo devido à manutenção de uma folga nomercado de trabalho. O crescimento moderadodos custos do trabalho, juntamente com ospreços elevados do petróleo, contribuiu pararestringir o crescimento subjacente dorendimento disponível real na segunda metadede 2004. Na ausência de um impulso pontual aorendimento proveniente de um elevadopagamento extraordinário de dividendos emDezembro, tal teria contribuído para umaredução ainda maior da taxa de poupança dosparticulares. Ao mesmo tempo, a dívida dasfamílias subiu para um nível historicamenteelevado em percentagem do rendimentodisponível em 2004.

O investimento empresarial registou umcrescimento vigoroso em 2004, dinamizado porum maior investimento em equipamento esoftware, numa conjuntura de condiçõesde financiamento favoráveis, incentivosorçamentais temporários e níveis baixos deexistências, acompanhados de uma forteprocura. Embora os preços mais elevados dopetróleo tenham contribuído para um aumentodo custo das matérias-primas, a rendibilidadedas empresas manteve-se forte. Em partereflectindo a melhoria no mercado de trabalho, ocrescimento da produtividade diminuiu durante2004, embora ainda tenha permanecidorelativamente forte no conjunto do ano.

O saldo das contas externas dos Estados Unidoscontinuou a deteriorar-se em 2004, com o déficecomercial e da balança corrente norte-americanaa aumentar para níveis historicamente elevadosem percentagem do PIB. Em termos reais, ocrescimento das importações continuou aultrapassar o das exportações, apesar dadepreciação acumulada do dólar dos EUA desdeo início de 2002, com a forte procura interna nosEstados Unidos a ultrapassar significativamentea dos principais parceiros comerciais. Odesequilíbrio relacionado entre poupança einvestimento internos reflectiu a continuação dapoupança negativa do sector público e uma taxade poupança dos particulares historicamentebaixa.

A inflação medida pelos preços no consumidorrecuperou em 2004, em grande medida emresposta a preços mais elevados da energia, como crescimento anual do IPC a situar-se em 3.3%no final do ano. A inflação excluindo produtosalimentares e produtos energéticos tambéminverteu a tendência descendente dos últimosanos, aumentando para 2.2%. Contudo, aspressões ascendentes sobre os preçosmantiveram-se relativamente moderadas devidoà absorção gradual do enfraquecimento domercado de trabalho, à continuação do fortecrescimento da produtividade e a umarepercussão apenas limitada da depreciação dodólar dos EUA nos preços no consumidor. Nestesentido, as medidas obtidas através deinquéritos e as medidas do mercado dasexpectativas de inflação a mais longo prazomantiveram-se contidas, apesar de uma subidamoderada nas últimas.

Após um período de taxas de juro historicamentebaixas, o Comité de Operações de MercadoAberto (FOMC) do Sistema da Reserva Federalaumentou o objectivo para a taxa dos fundosfederais em 125 pontos base em 2004. Esteaumento teve lugar em cinco etapas sucessivasde 25 pontos base com início em Junho de 2004,levando o objectivo para a taxa dos fundosfederais até 2.25% no final do ano (no início deFevereiro de 2005 atingiu 2.5%). Embora oFOMC tenha referido que a orientação

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acomodatícia da política poderia ser eliminada aum ritmo que se poderia medir com uma certaprobalidade, sublinhou que reagiria a alteraçõesnas perspectivas económicas como e quandonecessário de modo a cumprir a sua obrigação demanutenção da estabilidade de preços. No querespeita à política orçamental, o déficeorçamental do governo federal deteriorou-separa 3.6% do PIB no exercício de 2004, apesarda recuperação da actividade económica.

A recuperação económica no Japão perdeudinâmica no decurso de 2004. Após uma forteexpansão no primeiro trimestre do ano, aactividade económica desacelerou signifi-cativamente até ao final de 2004. Estadesaceleração da actividade económicareflectiu, em particular, a redução da despesapública e o enfraquecimento da procura internaprivada, bem como uma moderação da dinâmicadas exportações. Não obstante, em resultado deefeitos de base e do forte primeiro trimestre, em2004 o crescimento anual do PIB real subiu paraa taxa mais elevada registada desde 1996(2.6%). Observaram-se algumas melhoriasgraduais nas condições do mercado de trabalho.Entretanto, a restruturação dos balanços dasempresas, juntamente com esforços de reduçãode custos, contribuíram para uma forterecuperação do crescimento da rendibilidadeempresarial, enquanto o sector bancário reduziuo nível do crédito mal parado.

As preocupações acerca da deflação diminuíramligeiramente durante o ano, mas não sedissiparam totalmente. Os preços dos bensempresariais aumentaram, sobretudo em reflexode subidas nos preços das matérias-primas,enquanto os preços dos bens finais continuarama diminuir de forma moderada. A taxa devariação homóloga dos preços no consumidorpara o conjunto do ano situou-se em 0%, emcomparação com -0.3% em 2003. Em Outubro,sinais de desvanecimento das pressõesdeflacionistas levaram alguns membros doConselho de Política do Banco do Japão a preverum ligeiro aumento do IPC excluindo produtosalimentares frescos no exercício de 2005.Contudo, as pressões deflacionistas reapareceram

perto do final de 2004, em resultado da descidados preços dos serviços de utilidade públicaliberalizados. O Banco do Japão aumentou oobjectivo para o saldo das contas correntesdetidas no Banco para JPY 30-35 biliões emJaneiro de 2004. A orientação da políticamonetária manteve-se inalterada durante o restodo ano.

Sustentando o forte dinamismo do ano anterior,as economias da Ásia excluindo o Japãoregistaram outro ano de crescimento bastanterobusto em 2004, beneficiando, em particular,da forte procura externa, da recuperação daprocura interna e da forte expansão doinvestimento da China. A integração regional naÁsia fortaleceu-se, como indicado pelo rápidocrescimento do comércio intra-regional e dosfluxos de investimento. Não obstante, odinamismo do crescimento atenuou-se perto dofinal de 2004, num contexto de moderação daprocura externa e preços elevados do petróleo. Anível dos países, a economia chinesa continuou aregistar um forte crescimento, com alguns sinaisde sobreaquecimento no primeiro semestre doano. As medidas de política abrandaram odinamismo do investimento na segunda metadedo ano, mas não atenuaram a actividadeeconómica global. No conjunto do ano, o PIBchinês cresceu 9.5%.

Na América Latina, a situação económicaapresentou uma melhoria considerável, apoiadapela actividade de exportações e pela procurainterna. O crescimento no Brasil e no Méxicointensificou-se no decurso do ano, sustentadoprincipalmente pela robustez das exportações epelo reforço da actividade de investimento. NaArgentina, a recuperação da actividadeeconómica manteve-se forte, embora tenharegistado uma ligeira moderação no decurso doano.

FORTE AUMENTO DOS PREÇOS DASMATÉRIAS-PRIMAS EM 2004Os preços do petróleo aumentaram durante amaior parte do ano, num contexto deconsiderável volatilidade. O preço do petróleobruto Brent atingiu um pico de USD 51 no final

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25BCE

Relatório Anual2004

de Outubro, face a USD 30 no início do ano (verGráfico 3). No conjunto de 2004, o preço médiodo petróleo bruto Brent foi de USD 38, 33%acima da média de 2003. Em euros, o preço doBrent aumentou 20% ao longo do mesmoperíodo. Os principais factores subjacentes aoaumento dos preços do petróleo em 2004 foram arobustez da procura mundial de petróleo,preocupações de segurança relativamente aosfornecimentos de petróleo e um desajustamentoentre oferta e procura de diferentes qualidadesde petróleo.

A procura de petróleo subiu em flecha,particularmente na Ásia e na América do Norte,tendo continuado a exceder as expectativas aolongo de 2004, num contexto de crescimentoeconómico mundial robusto. De acordo com aAgência Internacional de Energia, a procuramundial de petróleo aumentou 3.4% em 2004, ataxa de crescimento mais elevada registada emquase três décadas.

No que respeita às condições de oferta, no iníciode 2004 os participantes no mercado esperavam– em reacção a declarações da Organização dosPaíses Exportadores de Petróleo (OPEP) –cortes iminentes na produção da OPEP, emboraestes não se tenham posteriormenteconcretizado. Ao invés, tanto os produtorespertencentes à OPEP como os não pertencentesaumentaram significativamente a produção depetróleo bruto em 2004. Com o aumento daoferta mundial de petróleo, a produçãodisponível e a capacidade de refinaçãodiminuíram consideravelmente, deixandoapenas uma margem muito limitada paraperturbações inesperadas no fornecimento depetróleo. Consequentemente, em 2004 os preçosdo petróleo tornaram-se bastante sensíveis aalterações imprevistas no equilíbrio entre ofertae procura, a percepções do mercadorelativamente à segurança dos fornecimentos depetróleo bruto e a preocupações quanto àadequação das existências de petróleo. Alémdisso, o rápido aumento da procura de produtospetrolíferos finais e os crescentes fornecimentosde petróleo bruto levaram a um desequilíbriode qualidade, resultando em prémios

historicamente elevados para petróleos brutosde elevada qualidade, como o Brent.

Os preços das matérias-primas não energéticas,com dinamismo desde o segundo semestre de2003, atingiram um pico no primeiro semestrede 2004 (ver Gráfico 3), devido à forterecuperação económica mundial. Os preçosglobais das matérias-primas não energéticasabrandaram ligeiramente na segunda metade de2004, com a queda dos preços dos produtosalimentares e das matérias-primas agrícolas faceaos picos atingidos no início do ano. Contudo, ospreços dos produtos metálicos continuaram asubir. Em termos de dólares dos EUA, os preçosglobais das matérias-primas não energéticasforam, em média, 22% mais elevados em 2004do que no ano anterior.

2.2 EVOLUÇÃO MONETÁRIA E FINANCEIRA

CRESCIMENTO DO M3 INFLUENCIADO POR DOISFACTORES OPOSTOSNo contexto da orientação da política monetáriae da evolução do mercado de capitais, adinâmica monetária em 2004 foi influenciadapor dois factores opostos: por um lado, o nívelbaixo das taxas de juro e, por outro lado, a

Grá f i co 3 Pr inc ipa i s desenvo lv imentosnos mercados de matér i a s -pr imas

Fontes: Bloomberg e HWWA.

T1 T2 T3 T4 T12004 2005

27

31

35

39

43

47

51

55

100

110

120

130

140

150

petróleo bruto Brent (USD/barril; escala da esquerda)matérias-primas não energéticas (USD; índice: 2000 = 100; escala da direita)

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26BCERelatório Anual2004

normalização do comportamento de afectaçãode carteira dos residentes na área do euro, nasequência da sua forte preferência por liquidezentre 2001 e meados de 2003. Na primeirametade de 2004, dominou o impacto moderadorsobre o crescimento do M3 da normalização docomportamento de afectação de carteira, e a taxade crescimento homóloga do M3 continuou oabrandamento iniciado no Verão de 2003,descendo para 5.3% em Junho de 2004. A taxa decrescimento homóloga do M3 voltou a fortale-cer-se na segunda metade de 2004, situando-seem 6.4% no final do ano, uma vez que o impactoestimulante do nível baixo das taxas de juro e osbaixos custos de oportunidade de detenção demoeda daí resultantes começaram a prevalecer,reforçados por uma nova descida das taxas dejuro de longo prazo. Ao mesmo tempo, adinâmica monetária em 2004 também reflectiu ofacto de o crescimento do produto ser mais fortedo que no ano anterior.

A normalização do comportamento de afectaçãode carteira observada em 2004 prosseguiuapenas lentamente. Embora a excepcionalincerteza económica e no mercado financeirodos anos anteriores tenha diminuído, a aversãoao risco, nomeadamente por parte das famíliasda área do euro, parece ter continuado acentuadaapós um período prolongado de perdas de capitalnos mercados bolsistas entre 2000 e meados de2003. Tal pode explicar a preferência porliquidez por parte dos investidores, que foisuperior ao considerado normal nesta fase dociclo económico. Para além disso, o impactoestimulante do nível baixo das taxas de jurosobre a detenção de moeda pode serparticularmente forte quando as taxas de jurosão muito baixas. Tal pode dever-se à existênciade custos de transacção associados a saídas deactivos líquidos, que podem baixar ainda maisos custos de oportunidade de detenção dessesactivos.

O predomínio crescente do nível baixo das taxasde juro na dinâmica do M3 pode ser ilustradocom a ajuda de uma medida do M3 corrigida doimpacto estimado das alterações de carteira queprivilegiaram o M31 durante o período de

excepcional incerteza no mercado financeiroentre 2001 e meados de 2003. Por construção,esta medida também não é afectada pelaposterior normalização do comportamento deafectação de carteira, devendo, assim, darindicações mais claras do efeito das taxas de jurodo que as séries oficiais do M3. Convémsalientar que a estimativa do crescimento do M3corrigida do impacto de alterações de carteiraestá rodeada de um grau considerável deincerteza, pelo que deve ser interpretada comcuidado. Nos últimos três trimestres de 2004 ataxa de crescimento do M3 oficial situou-seabaixo da taxa de crescimento homóloga da sériecorrigida do M3, sugerindo que a normalizaçãodo comportamento de afectação de carteira teveum impacto moderador. Contudo, o facto detanto a taxa de crescimento da série oficial doM3 como da série corrigida do M3 teremregistado um fortalecimento na segunda metadede 2004 pode indicar que a principal força

1 Para mais pormenores, ver Secção 4 do artigo intitulado“Análise monetária em tempo real”, na edição de Outubro de2004 do Boletim Mensal do BCE.

Grá f i co 4 M3 e M3 cor r i g ido do impactoes t imado de a ju s tamentos de ca r te i r a

(taxas de variação homólogas (%); dados corrigidos de efeitosde sazonalidade e de calendário)

Fonte: BCE.1) As estimativas da magnitude dos ajustamentos decar teira para o M3 são construídas utilizando aabordagem discutida na Secção 4 do ar tigo intitulado“Análise monetária em tempo real”, na edição de Outubrode 2004 do Boletim Mensal do BCE.

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

9.0

10.0

1999 2000 2001 2002 2003 20042.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

9.0

10.0

M3 oficialM3 corrigido do impacto estimado de ajustamentos de carteira 1)

valor de referência (41/2%)

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27BCE

Relatório Anual2004

impulsionadora da dinâmica do M3 tenha sidosobretudo o impacto estimulante associado aonível baixo das taxas de juro, e não anormalização do comportamento de afectaçãode carteira (ver Gráfico 4).

À semelhança de 2003, o principal contributopara o crescimento homólogo do M3 em 2004 foidado pelas componentes mais líquidas, ou seja,as contidas no agregado monetário estreito M1(ver Gráfico 5). Esse contributo resultou deaumentos substanciais na detenção quer demoeda em circulação quer de depósitosovernight. O crescimento da circulaçãomonetária reflectiu a continuação da forteprocura de notas de euros dentro e fora da áreado euro (ver também a Secção 3 do Capítulo 2sobre notas e moedas).

A taxa de crescimento dos depósitos overnightmanteve-se num nível bastante elevado em2004, suportada por custos de oportunidademais baixos de detenção desses depósitos. Astaxas de juro médias dos depósitos overnightdas famílias e das sociedades não financeiras

mantiveram-se praticamente inalteradas emrelação ao final de 2003, com níveis de 0.73% e0.90%, respectivamente, no final de 2004 (verGráfico 6). Esta situação reflectiu a evoluçãodas taxas de juro do mercado monetário em2004.

O contributo para o crescimento homólogo doM3 dos depósitos de curto prazo exceptodepósitos overnight foi de cerca de 1.1 pontospercentuais em 2004, ou seja, consi-deravelmente abaixo do valor registado em2003. Este contributo menor reflectiuprincipalmente a evolução dos depósitos decurto prazo (isto é, depósitos com prazoacordado até dois anos, inclusive), cuja taxa de

Grá f i co 6 Taxas de ju ro de cur to prazodas I FM sobre depós i to s

(percentagens por ano; taxas de novas operações; componderadores ajustados) 1)

Fonte: BCE.1) Para o período a partir de Dezembro de 2003, as taxasde juro das IFM com ponderadores ajustados sãocalculadas utilizando pesos dos países construídos apartir de uma média móvel de doze meses dos volumes denovas operações. Relativamente ao período anterior, deJaneiro a Novembro de 2003, as taxas de juro das IFMcom ponderadores ajustados são calculadas utilizandopesos dos países construídos a partir da média dosvolumes de novas operações em 2003. Para maisinformações, ver a caixa intitulada “Análise das taxas dejuro das IFM a nível da área do euro”, na edição de Agostode 2004 do Boletim Mensal do BCE.

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T42003 2004

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

depósitos overnight de famíliasdepósitos de famílias reembolsáveis com pré-aviso até três mesesdepósitos de famílias com prazo acordado até um anodepósitos overnight de sociedades não financeiras

Grá f i co 5 Cont r ibutos para oc re s c imento homó logo do M3

(em pontos percentuais; crescimento do M3 em percentagem;dados corrigidos de efeitos de sazonalidade e de calendário)

Fonte: BCE.

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

1999 2000 2001 2002 2003 2004-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

instrumentos negociáveisoutros depósitos de curto prazoM1M3

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28BCERelatório Anual2004

crescimento homóloga foi negativa, enquanto osdepósitos de poupança de curto prazo (isto é,depósitos reembolsáveis com pré-aviso até trêsmeses, inclusive) cresceram fortemente. Adiferente evolução destas duas subcomponentespode reflectir o facto de, em 2004, não existir a

típica vantagem remunerativa dos depósitos aprazo até um ano em relação aos depósitos depoupança (ver Gráfico 6). Numa tal situação, osdepósitos de poupança de curto prazo sãorelativamente atractivos, uma vez que têm umgrau mais elevado de liquidez.

Caixa 1

TENDÊNCIAS DO INVESTIMENTO FINANCEIRO DO SECTOR NÃO FINANCEIRO DA ÁREA DO EUROEM 2004

Nos três primeiros trimestres de 2004, a taxa de crescimento homóloga do investimentofinanceiro do sector não financeiro manteve-se praticamente inalterada em comparação com ataxa de crescimento média em 2003 (ver quadro). Esta estabilidade ocultou desenvolvimentosalgo heterogéneos nas várias categorias de investimento financeiro. Embora entre 2003 e 2004tenha havido uma recuperação da taxa de crescimento do investimento em títulos de dívida delongo prazo e acções cotadas, a taxa de crescimento do investimento em acções/unidades departicipação em fundos do mercado monetário desceu significativamente. Além disso, emborao investimento em acções e fundos associados a acções tenha crescido a um ritmo mais rápidoem 2004 do que em anos anteriores, as aquisições de obrigações e de fundos associados a

Saldo em percentagem Taxas de crescimento homólogas

dos activos 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2004 2004 2004financeiros 1) T1 T2 T3 T4

Investimento financeiro 100 5.6 6.5 4.6 3.8 4.4 4.3 4.6 4.5 .Numerário e depósitos 37.8 3.0 3.3 4.6 4.9 5.5 5.3 5.3 5.6 .Títulos excepto acções 12.2 8.0 9.0 8.1 0.7 -2.4 -0.6 3.7 3.2 .

dos quais: de curto prazo 1.2 2.8 29.8 4.9 -13.8 -16.1 -4.7 15.4 11.9 .dos quais: de longo prazo 11.0 4.4 6.4 8.6 2.7 -0.7 -0.2 2.6 2.4 .

Participações em fundos deinvestimento 11.9 2.3 6.3 6.0 4.6 6.9 4.6 2.3 1.3 .

das quais: participações emfundos de investimento, excluindoparticipações em fundos domercado monetário 9.2 4.7 7.1 4.1 3.4 6.5 5.2 2.4 1.6 .das quais: participações emfundos do mercado monetário 2.6 13.1 0.1 21.4 12.0 8.5 2.8 1.7 0.5 .

Acções cotadas 13.0 14.4 8.5 -0.9 -0.1 1.1 1.3 3.3 2.6 .Provisões técnicas de seguros 25.2 2.7 8.5 7.2 6.2 6.6 6.3 5.9 5.8 .

M3 2) 5.6 4.1 8.0 7.0 7.1 6.2 5.3 6.0 6.4

Ganhos e perdas anuais das detençõesde títulos pelo sector não financeiro(em percentagem do PIB) 10.7 -2.4 -9.1 -14.1 4.1 7.9 3.8 3.6 .

Fonte: BCE.Notas: Ver também a Secção 3.1 na secção “Estatísticas da área do euro” do Boletim Mensal do BCE. Dados homólogos em f im deperíodo.1) No f inal do terceiro trimestre de 2004. Os valores podem não corresponder à soma das parcelas devido a arredondamentos.2) Em fim de período. O agregado monetário M3 inclui instrumentos monetários detidos pelo sector não monetário da área do euro(isto é, o sector não f inanceiro e instituições f inanceiras não monetárias) em IFM e nas administrações centrais da área do euro.

I nves t imento f i nance i ro do sec tor não f i nance i ro da á rea do euro

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29BCE

Relatório Anual2004

Por último, o contributo dos instrumentosnegociáveis para a taxa de crescimentohomóloga do M3 diminuiu para 0.4 pontospercentuais em 2004, face a 1.2 pontospercentuais no ano anterior. Tal reflectiu, emparticular, uma forte queda da taxa decrescimento homóloga das acções/unidades departicipação em fundos do mercado monetário.Estes activos são frequentemente detidos pelasfamílias e pelas empresas como veículos depoupança seguros em ocasiões de incertezaeconómica e financeira, e o facto de o seucrescimento ter abrandado reflecte anormalização do comportamento de afectaçãode carteira por parte dos residentes na área doeuro em 2004 (ver também a Caixa 1, intitulada“Tendências do investimento financeiro dosector não financeiro da área do euro em 2004”).

CRESCIMENTO MAIS GENERALIZADO DO CRÉDITODAS IFM AO SECTOR PRIVADOA evolução das contrapartidas do M3 confirmoua influência dos dois factores opostos, jámencionados, na dinâmica monetária. Porum lado, o crescimento mais forte dasresponsabilidades a mais longo prazo das IFM e,na primeira metade do ano, os menores aumentosdas disponibilidades líquidas sobre o exteriorreflectiram o desaparecimento das alterações decarteira a favor do M3 ocorridas no passado. Poroutro lado, o crescimento mais forte dosempréstimos das IFM ao sector privado reflectiuo nível baixo prevalecente nas taxas de juro.

Na primeira metade de 2004, as saídas de capitalda área do euro mantiveram-se robustas,

enquanto as entradas de capital mais fracaslevaram a uma descida do fluxo anual dasdisponibilidades líquidas sobre o exterior dosector das IFM da área do euro (ver Gráfico 7).Essas saídas de capital resultaram da compra deactivos a não residentes na área do euro por partede residentes na área do euro – um dos aspectosda normalização do comportamento deafectação de carteira por parte dos residentes naárea do euro. Na medida em que essastransacções são liquidadas através do sector das

obrigações abrandaram ligeiramente. Em termos gerais, esta evolução voltou a confirmar anormalização gradual do comportamento de afectação de carteira dos residentes na área doeuro, à medida que recuperava a propensão ao investimento em activos de maior risco e a maislongo prazo dos agentes económicos.

As famílias continuaram a investir uma grande parte da sua poupança financeira em provisõesde seguros, embora a um ritmo ligeiramente mais lento do que em 2003. O elevado grau deinteresse nestes produtos tem-se mantido há vários anos. Provavelmente, reflecte poupançaspor motivos de precaução para a idade da reforma, numa sociedade em envelhecimento, epossivelmente também a preocupação dos agentes económicos acerca dos sistemas públicos depensões.

Grá f i co 7 Mov imentos no M3 e suascont rapa r t i da s

(fluxos anuais; fim de período; EUR mil milhões; dadoscorrigidos de efeitos de sazonalidade e de calendário)

Fonte: BCE.M3 = 1 + 2 + 3 - 4 + 5.

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

M3 Crédito aosector

privado (1)

Crédito àsadministrações

públicas (2)

Disponi- bilidades líquidas sobre o

exterior (3)

Responsa- bilidades

financeirasa mais longo

prazo(excluindocapital e

reservas) (4)

Outrascontrapartidas

(incluindocapital e

reservas) (5)

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

S2 2004S1 2004S2 2003S1 2003S2 2002

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30BCERelatório Anual2004

IFM da área do euro, as disponibilidadeslíquidas sobre o exterior do sector das IFM e osdepósitos de residentes na área do euroregistaram uma redução. No primeiro semestrede 2004, foi igualmente observada umaexpansão sustentada das responsabilidadesfinanceiras a mais longo prazo das IFM(excluindo capital e reservas), que foiconsistente com a normalização em curso docomportamento de afectação de carteira, umavez que os fundos foram canalizados de activosmonetários líquidos para instrumentos comprazos mais longos. Esta evolução dasdisponibilidades líquidas sobre o exterior e dasresponsabilidades financeiras a mais longoprazo consistiu essencialmente numacontinuação das tendências observadas nasegunda metade de 2003. Contudo, já noprimeiro semestre de 2004, o efeito atenuadordestes factores no crescimento do M3 foiparcialmente compensado pelo crescimentorobusto do crédito das IFM a residentes na áreado euro, numa conjuntura caracterizada pelonível baixo das taxas de juro e pela melhoria dascondições económicas.

No segundo semestre de 2004, a continuação dofortalecimento do crescimento do crédito dasIFM ao sector privado transformou essacontrapartida no principal factor impulsionadorda dinâmica do M3. Para além disso, odinamismo dos empréstimos das IFM ao sectorprivado tornou-se mais generalizado nosprincipais sectores não financeiros. A pressãoascendente sobre a dinâmica do M3 estevetambém associada à inversão da anteriortendência descendente do fluxo anual dasdisponibilidades líquidas sobre o exterior,inversão que resultou de entradas de capitalprovocadas por um interesse renovado emacções e obrigações da área do euro por parte denão residentes na área do euro, bem como deexpectativas de uma nova apreciação da taxa decâmbio do euro. O contributo médio dasdisponibilidades líquidas sobre o exterior para ocrescimento homólogo do M3 aumentou de 1.1pontos percentuais no segundo trimestre de 2004para 2.2 pontos percentuais no quarto trimestredo ano. Ao mesmo tempo, o crescimento das

responsabilidades financeiras a mais longoprazo das IFM (excluindo capital e reservas)voltou a fortalecer-se, apontando para anormalização em curso do comportamento deafectação de carteira por parte de residentes naárea do euro a favor de activos não monetários.

A LIQUIDEZ MANTEVE-SE AMPLAO vigor do dinamismo do M3 ao longo de 2004implicou um novo aumento das medidasdisponíveis do excesso de liquidez, o que denotaque a liquidez disponível na área do euro excedeo montante necessário para financiar umcrescimento não inflacionista (ver Gráfico 8). Aprimeira destas medidas é o desvio monetárionominal, definido como a diferença entre o

Grá f i co 8 E s t imat i va s do desv iomonetá r io 1 )

(em percentagem da medida relevante do stock de M3; dadoscorrigidos de efeitos de sazonalidade e de calendário;Dezembro de 1998 = 0)

Fonte: BCE.1) O desvio monetário nominal é def inido como adiferença entre o nível observado do M3 e o nível do M3que teria resultado do crescimento constante do M3 deacordo com o valor de referência de 4½%, tomandoDezembro de 1998 como o período de base. O desviomonetário real é def inido como a diferença entre o nívelobservado do M3 deflacionado pelo IHPC e o níveldeflacionado do M3 que teria resultado do crescimentoconstante do M3 nominal de acordo com o valor dereferência de 4½% e da inflação medida pelo IHPC emconformidade com a def inição de estabilidade de preçosdo BCE, tomando Dezembro de 1998 como o período debase.2) As estimativas da magnitude dos ajustamentos decar teira no M3 são construídas utilizando a abordagemdiscutida na Secção 4 do ar tigo intitulado “Análisemonetária em tempo real”, na edição de Outubro de 2004do Boletim Mensal do BCE.

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

1999 2000 2001 2002 2003 2004-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

desvio monetário nominal com base no M3 oficialdesvio monetário real com base no M3 oficialdesvio monetário real com base no M3 corrigido do impacto estimado de ajustamentos de carteira 2)

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31BCE

Relatório Anual2004

nível observado do M3 e o nível do M3 que teriaresultado do crescimento constante do M3 aoseu valor de referência de 4½%, considerandoDezembro de 1998 como período de base; asegunda é o desvio monetário real, que corrige odesvio monetário nominal do excesso deliquidez que foi absorvida pela evolução dospreços no passado (isto é, o desvio acumuladodas taxas de inflação em relação à definição deestabilidade de preços do BCE); e a terceira éuma medida alternativa do desvio monetárioreal, que é construída utilizando uma estimativado M3 corrigida das alterações de carteira.

Na avaliação destas medidas do excesso deliquidez, é de salientar que a escolha deDezembro de 1998 como período de base éarbitrária. Por conseguinte, os níveis dasmedidas devem ser interpretados com cuidado.Acresce que, como referido atrás, a estimativado M3 corrigida de alterações de carteira estárodeada de um grau considerável de incerteza2.Tendo estes pressupostos em mente, todas asestimativas do desvio monetário voltaram asubir na segunda metade de 2004, tendomostrado sinais de estabilização na primeirametade do ano. A grande diferença entre odesvio monetário real baseado na série oficial do

M3 e no M3 corrigido do impacto estimado dealterações de carteira indica que grande parte doexcesso de liquidez reflectiu anterioresalterações de carteira a favor do M3. Contudo, oGráfico 8 também mostra que a medida corrigidaaumentou significativamente desde meados de2003, indicando que o excesso de liquidez naárea do euro deixou, cada vez mais, de serapenas reflexo de alterações de carteira.

Estes níveis do excesso de liquidez sinalizamriscos para a estabilidade de preços a médioprazo. Se uma parte significativa deste excessode liquidez fosse transformada em saldos detransacções, em especial numa ocasião em que aconfiança e a actividade económica registassemum fortalecimento, tal poderia contribuir para oaparecimento de pressões inflacionistas (verCaixa 2, intitulada “O que poderá acontecercom o excesso de liquidez na área do euro?”).Para além disso, a ampla liquidez e o fortecrescimento do crédito podem tornar-se fonte defortes aumentos dos preços dos activos, emparticular, nos mercados da habitação.

2 Para mais pormenores, ver a Secção 4 do artigo intitulado“Análise monetária em tempo real”, na edição de Outubro de2004 do Boletim Mensal do BCE.

Caixa 2

O QUE PODERÁ ACONTECER COM O EXCESSO DE LIQUIDEZ NA ÁREA DO EURO?

O forte crescimento do M3 desde meados de 2001 levou a um aumento sustentado das medidasdo excesso de liquidez na área do euro, que atingiram máximos históricos. Tal implica queexistia substancialmente mais liquidez na área do euro em 2004 do que a necessária parafinanciar um crescimento económico não inflacionista. Contudo, os níveis destas medidasdevem ser interpretados com cuidado.

Na análise do que poderia acontecer com o excesso de liquidez, devem ser tidos em atenção osfactores responsáveis pela sua formação. Podem ser identificados dois grandes factores.Primeiro, o período prolongado de incerteza económica, financeira e geopolítica entre meadosde 2001 e meados de 2003 levou a uma preferência significativamente maior durante esteperíodo por instrumentos líquidos e seguros incluídos no M3. Segundo, o nível baixo das taxasde juro em todo o espectro de maturidades e os baixos custos de oportunidade de detenção deactivos líquidos que lhe estão associados contribuíram para a procura de moeda, em especial no

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32BCERelatório Anual2004

período mais recente. Com base nestes factores, a forte procura de instrumentos de curto prazoincluídos no M3 pode reflectir uma mistura de motivos essencialmente especulativos e deprecaução e não de motivos de transacção. Cada um destes motivos pode, por seu turno,implicar diferentes formas nas quais o excesso de liquidez pode ser utilizado no futuro e, porconseguinte, diferentes graus de risco para a estabilidade de preços (ver gráfico).

Apresentação e squemát i ca do modo como a l i qu idez excedentár i a pode se r u t i l i z ada

sem impacto directosignificativo sobre a inflação

medida pelo IHPC, mas risco deinflação dos preços dos activos

instrumentos de curto prazo incluídosno M3

quebra estrutural na procura de moeda

motivo especulativo

sem impacto directo sobrea inflação medida pelo IHPC

e sem inflação dos preçosdos activos

impacto directo positivosobre a inflação medida pelo IHPC,mas impacto directo reduzido sobre

a inflação dos preços dos activos

motivo de precaução motivo de transacção

despesa agregadaactivos de mais longo prazo

Uma das possibilidades de utilização do excesso de liquidez consiste no investimento pelosagentes económicos das detenções de liquidez em activos a mais longo prazo, títulos departicipação ou títulos de dívida, ou em imóveis, directa ou indirectamente através de fundosde investimento. Para conseguir uma redução agregada do excesso de liquidez, é necessárioque ou o sector das IFM residentes ou os agentes fora da área do euro actuem como contrapartesnestas transacções. Esta utilização do excesso de liquidez não terá impacto directo sobre ainflação medida pelo IHPC, mas o reajustamento das carteiras, em certas circunstâncias, podeter impacto sobre os preços dos activos, os quais, por sua vez, podem ter posteriormente efeitosindirectos sobre a inflação via efeitos riqueza.

Uma segunda possibilidade consiste no facto de o excesso de liquidez poder traduzir-se emsaldos de transacções. Esta situação tem maior probabilidade de acontecer quando a confiançaeconómica regista um fortalecimento. Como estes saldos são utilizados para aumentar aprocura de bens e serviços domésticos, tal pode reabsorver progressivamente as margensactuais de capacidade não utilizada. Se o forte crescimento do consumo continuar durante umperíodo suficientemente longo, a pressão sobre a capacidade de produção pode acabar porcolocar riscos à estabilidade de preços.

Por último, não é totalmente de excluir que a actual situação de excesso de liquidez reflicta, emparte, uma mudança permanente no comportamento da procura de moeda por parte dos agenteseconómicos, isto é, uma preferência por liquidez estruturalmente mais elevada e, porconseguinte, um aumento do nível desejado de detenção de moeda. Uma mudança permanentedeste tipo pode, por exemplo, dever-se à aversão ao risco estruturalmente mais elevada por

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33BCE

Relatório Anual2004

TAXAS DE JURO DO MERCADO MONETÁRIOMANTIVERAM-SE GERALMENTE ESTÁVEISEm 2004, o Conselho do BCE decidiu manterinalteradas as suas taxas de juro directoras. Emconsequência, as taxas de juro do mercadomonetário no prazo mais curto da curva derendimentos mantiveram-se geralmente estáveisao longo do ano.

As taxas de juro do mercado monetário nosprazos mais longos desceram significativamenteno primeiro trimestre de 2004, continuando atendência descendente observada desde meadosde Dezembro 2003 (ver Gráfico 9). No final deMarço de 2004, num contexto em que eraesperada uma nova descida das taxas de jurodirectoras do BCE, a inclinação da curva derendimentos do mercado monetário passou a sernegativa. De facto, a inclinação desta curva,medida pela diferença entre a EURIBOR a dozemeses e a um mês, atingiu o seu ponto mais baixoem 26 de Março de 2004, ou seja, -7 pontos base.

Contudo, entre Abril e Junho de 2004 foiobservada uma normalização da inclinação dacurva de rendimentos, com aumentossignificativos das taxas de juro nos prazos maislongos, enquanto as taxas de juro no prazo maiscurto da curva se mantiveram geralmenteestáveis. Posteriormente, as taxas de jurodo mercado monetário a mais longo prazomantiveram-se geralmente estáveis, flutuandonum intervalo muito estreito de cerca de 10pontos base. No final do ano, a EURIBOR a ummês e a doze meses situava-se em 2.12% e2.35%, respectivamente, ou seja, próximo dosníveis alcançados no final de 2003.

Nos dois primeiros meses de 2005, as taxasEURIBOR nos prazos mais longos mantiveram--se geralmente estáveis, uma vez que osparticipantes no mercado esperavam que astaxas de juro de curto prazo se mantivessemestáveis durante a maior parte de 2005, e osprémios de prazo mantiveram-se moderados.

parte das famílias no que respeita aos investimentos financeiros, após as perdas significativaspor elas incorridas nos mercados bolsistas entre 2000 e 2003. Na medida em que este factor temimportância, o excesso de liquidez na área do euro será menor do que o indicado pelas actuaismedidas e não terá um impacto inflacionista.

Na realidade, a situação é provavelmente uma combinação destas três possibilidades. Na actualconjuntura, é difícil determinar se houve ou não um aumento permanente das preferências porliquidez ao longo dos últimos anos. Ao mesmo tempo, a continuação da forte preferência porcompras de imóveis pode estar associada aos fortes aumentos dos preços dos imóveis. Paraalém disso, existe alguma evidência de que os agentes económicos reajustaram o seucomportamento de carteira investindo mais em activos financeiros de mais longo prazo. Numaanálise prospectiva, não é de excluir que parte do excesso de liquidez venha a ser utilizado emtransacções nominais mais elevadas, particularmente numa época de confiança económicamais forte, estando então associado a uma inflação mais elevada.

Portanto, de um modo geral, ainda que uma parte do excesso de liquidez reflicta uma maiorpreferência por liquidez por parte das famílias e empresas da área do euro, os níveis elevadosalcançados em 2004 continuam a constituir objecto de preocupação para o BCE, exigindovigilância. A fim de captar a importância empírica relativa dos possíveis cenários para autilização do excesso de liquidez e, por conseguinte, dos riscos para a estabilidade de preços amédio prazo, o BCE continuará a acompanhar de perto a evolução em todas as frentes, emparticular: a) a evidência de inversões de carteira e o risco do aparecimento de bolhas nospreços dos activos, b) a evidência de maior consumo do que o habitual e c) a evidência dequalquer variação estrutural na procura de moeda.

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34BCERelatório Anual2004

Em 24 de Fevereiro de 2005, a EURIBOR a ummês e a doze meses situava-se, respectivamente,em 2.10% e 2.34%.

Ao longo de 2004, as variações nas taxas de jurode curto prazo do mercado monetárioreflectiram-se geralmente na evolução das taxasEURIBOR a três meses implícitas nos contratosde futuros. A volatilidade da EURIBOR a trêsmeses implícita nas opções dos contratos defuturos diminuiu substancialmente ao longo doano, indicando que os participantes no mercadoviam pouca incerteza na trajectória futuraesperada para as taxas de juro de curto prazo (verGráfico 10).

TAXAS DE RENDIBILIDADE DAS OBRIGAÇÕES DEDÍVIDA PÚBLICA DE LONGO PRAZO DESCERAMSIGNIFICATIVAMENTE EM 2004No final de 2004, as taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública de longo prazo naárea do euro situavam-se em níveis muito baixosem termos históricos. Enquanto na primeira

metade do ano as taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública a dez anos da áreado euro registaram uma ligeira flutuação,mas não tiveram uma grande variação em termosglobais, na segunda metade de 2004 estastaxas mostraram uma tendência descendenteprolongada e, no final do ano, situavam-se em3.7%, ou seja, significativamente abaixo dosníveis prevalecentes no final de 2003 (verGráfico 11).

De um modo geral, estes movimentos nas taxasde rendibilidade das obrigações de longo prazoreflectiram principalmente a alteração dapercepção dos participantes no mercado acercade pressões inflacionistas e das perspectivas daeconomia da área do euro, as quais, por sua vez,estavam estreitamente relacionadas com asalterações nas perspectivas macroeconómicasmundiais ao longo do ano. As expectativas dosparticipantes no mercado quanto ao impacto doaumento dos preços do petróleo ao longo do anoinfluenciaram fortemente a percepção acerca

Grá f i co 9 Taxas de ju ro de cur to prazo einc l i nação da curva de rend imentos domercado monetár io(percentagens por ano; pontos percentuais; dados diários)

Fonte: Reuters.

T3 T4 T1 T2 T3 T4 T12003 2004

-0.2

1.5

1.8

2.1

2.4

2.7

3.0

0.0

0.2

0.4

0.6

EURIBOR a um mês (escala da esquerda)EURIBOR a doze meses (escala da esquerda)diferencial entre a EURIBOR a doze meses e a um mês (escala da direita)

Gráfico 10 Taxas de futuros da EURIBOR a trêsmeses e volatilidade implícita derivada dasopções de futuros da EURIBOR a três meses(percentagens por ano; pontos base; dados diários)

Fontes: Bloomberg, Reuters e cálculos do BCE.

T3 T4 T1 T2 T3 T4 T12003 2004

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

20.0

40.0

60.0

80.0

100.0

futuros da EURIBOR a três meses com vencimento em Dezembro de 2004 (escala da esquerda)futuros da EURIBOR a três meses com vencimento em Março de 2005 (escala da esquerda)volatilidade implícita com um prazo constante de seis meses até ao vencimento (escala da direita)

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35BCE

Relatório Anual2004

das pressões inflacionistas e da actividadeeconómica. Contudo, estas expectativasparecem ter variado ao longo do tempo emconsonância com o fluxo de divulgação dedados macroeconómicos. Na verdade, emborana Primavera os participantes no mercadoparecessem preocupados sobretudo com osefeitos inflacionistas do forte aumento dospreços do petróleo, na parte final do ano aspreocupações parecem ter-se centrado noimpacto do nível elevado dos preços do petróleona actividade económica.

No primeiro trimestre do ano, as taxas derendibilidade das obrigações de longo prazo naárea do euro diminuíram, reflectindomovimentos no mercado dos EUA, no contextode preocupações crescentes acerca dodinamismo da recuperação económica nosEstados Unidos. Apesar do fortalecimentogradual da actividade económica na área doeuro, as taxas de rendibilidade das obrigaçõesindexadas a longo prazo na área do euro tambémdesceram no primeiro trimestre do ano, em linhacom as taxas de rendibilidade comparáveis dosEUA, reflectindo o facto de as expectativas dosparticipantes no mercado acerca da actividadeeconómica mundial no futuro estarem

aparentemente fortemente influenciadas porpreocupações acerca da sustentabilidade darecuperação económica nos Estados Unidos.

A descida das taxas de rendibilidade dasobrigações de longo prazo no primeiro trimestredo ano foi rapidamente invertida a partir doinício de Abril. A subida posterior das taxas derendibilidade das obrigações de longo prazoparece ter sido influenciada por dois factoresprincipais. Primeiro, verificou-se umaconfiança crescente entre os participantes nomercado acerca da recuperação em curso na áreado euro, na ocasião igualmente suportada pormelhores perspectivas para a economia mundial.Segundo, os participantes no mercadoregistaram uma preocupação crescente acercado potencial impacto inflacionista do aumentodos preços do petróleo no contexto darecuperação económica mundial em curso. Defacto, na Primavera as taxas de rendibilidade dasobrigações de longo prazo e as taxas de inflaçãoimplícitas subiram, num quadro de novaspreocupações inflacionistas por parte dosinvestidores (ver Gráfico 12). Contudo, essaspreocupações foram muito menos acentuadas naárea do euro do que nos Estados Unidos, onde astaxas de rendibilidade das obrigações e as taxasde inflação implícitas registaram um aumentomais pronunciado.

Entre Abril e Junho de 2004, as expectativas deinflação dos participantes no mercado na área doeuro parecem ter aumentado mais nos horizontesmais curtos, enquanto as expectativas deinflação a mais longo prazo, medidas pelas taxasde inflação implícitas nos contratos a prazo,pareceram ligeiramente mais estáveis, emboratenham permanecido em níveis relativamenteelevados3. É provável que o aumento das taxasde inflação implícitas da área do euro reflicta,em parte, um prémio de risco de inflação maiselevado exigido pelos investidores, face à

Grá f i co 11 Taxas de rend ib i l i dade dasobr i gações de d í v ida púb l i ca de l ongopraz o 1 )

(percentagens por ano; dados diários)

Fontes: Reuters, Bloomberg e Thomson Financial Datastream.1) Obrigações a dez anos ou à maturidade disponível maispróxima das obrigações.2) A partir de 1 de Janeiro de 2001, os dados incluem a Grécia.

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

1999 2000 2001 2002 2003 20043.0

4.0

5.0

6.0

7.0

área do euro 2)

Estados Unidos

3 O Gráf ico 12 ilustra que, na Primavera de 2004, o aumento dataxa de inflação implícita à vista para 2012, que reflecte, entreoutros factores, as expectativas médias de inflação entre 2004 e2012, foi mais elevado do que o da taxa de inflação implícita delongo prazo, que reflecte as expectativas médias de inflaçãoentre 2008 e 2014. Tal sugere um aumento mais forte dasexpectativas de inflação em horizontes mais curtos.

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36BCERelatório Anual2004

incerteza acerca do impacto da evolução dospreços do petróleo. Informações adicionaisprovenientes de medidas de inquéritos sobre asexpectativas de inflação da área do euro – quenão mostraram um aumento das estimativaspontuais sobre as expectativas de inflação alongo prazo – revelaram-se consistentes comesta interpretação.

A evolução dos preços do petróleo continuou aexercer uma forte influência sobre as taxas derendibilidade das obrigações ao longo dosegundo semestre do ano. Contudo, nesteperíodo, os mercados parecem ter registadopreocupações crescentes acerca do impacto dospreços do petróleo sobre a actividade económicana área do euro e na economia mundial. Talreflectiu-se na descida gradual, observada apartir de meados de Junho, das taxas derendibilidade das obrigações nominais eindexadas a longo prazo, sugerindo que osmercados esperavam que o ritmo do crescimentoeconómico na área do euro diminuíssenovamente. A nova depreciação do dólar dos

EUA face ao euro, em particular ao longo doúltimo trimestre de 2004, parece ter contribuídoigualmente para a moderação da percepção dosparticipantes no mercado acerca dasperspectivas de crescimento a curto prazo daárea do euro. A descida das taxas derendibilidade das obrigações indexadas enominais a longo prazo na área do euro reflectiuigualmente revisões em baixa das expectativasdo mercado acerca do ritmo da restritividade dapolítica monetária no curto a médio prazo.

Em consequência desta evolução, as taxas derendibilidade nominais das obrigações de longoprazo na área do euro caíram significativamenteao longo de 2004, descendo cerca de 60 pontosbase, situando-se no final do ano em 3.7%, ouseja, um valor próximo dos seus mínimoshistóricos. O diferencial de taxa de juro face aosEstados Unidos manteve-se geralmente estáveldurante a maior parte do ano, reflectindovariações mais ou menos sincronizadas nasperspectivas macroeconómicas nas duaseconomias. Contudo, na parte final de 2004,verificou-se uma certa separação nosmovimentos das taxas de rendibilidade dasobrigações de longo prazo, quando o diferencialde taxa de juro entre as taxas de rendibilidadedas obrigações de dívida pública a dez anos dosEUA e da área do euro aumentou ligeiramente,atingindo um nível de quase 60 pontos base.

As taxas de inflação implícitas tambémregistaram uma ligeira moderação na segundametade de 2004. Não obstante, no final do anoas taxas de inflação implícitas a longo prazo naárea do euro permaneciam acima dos seusvalores médios desde o final de 2001, quandoforam emitidas pela primeira vez obrigaçõesindexadas ao IHPC da área do euro excluindo otabaco. No final do ano, a taxa de inflaçãoimplícita a dez anos situava-se num valorpróximo de 2.2%, ou seja, um aumento superiora 10 pontos base em relação a Dezembro de2003.

Uma nova redução da volatilidade implícita nomercado obrigacionista – que é uma medida quefornece evidência sobre a perspectiva do

Grá f i co 12 Taxas de rend ib i l i dade rea i sdas obr i gações de l ongo prazo e taxasde in f l a ção imp l í c i t a s na á rea do euro(percentagens por ano; dados diários)

Fontes: Reuters, Tesouro francês e cálculos do BCE.1) Calculada a partir das obrigações do Tesouro francêsindexadas ao IHPC da área do euro, excluindo o tabaco, comvencimento em 2012.2) Para mais pormenores sobre o cálculo, ver a Caixa 2 naedição de Fevereiro de 2002 do Boletim Mensal do BCE.3) Calculada a partir de obrigações indexadas na área do euro,com vencimento em 2008 e 2014, desde a emissão das últimas.

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

2002 2003 20040.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

taxa de rendibilidade das obrigações indexadas com vencimento em 2012 1)

taxa de inflação implícita a dez anos 2)

taxa de inflação de longo prazo implícita nos contratos a prazo 3)

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37BCE

Relatório Anual2004

mercado acerca dos intervalos dentro dos quaisas taxas de rendibilidade das obrigações deverãooscilar a curto prazo – foi também umacaracterística notória em 2004. De facto, osmovimentos posteriores na volatilidade

realizada confirmaram as expectativas domercado de menor volatilidade no mercadoobrigacionista (ver Caixa 3, intitulada“Tendências comuns da volatilidade implícitano mercado financeiro”).

Caixa 3

TENDÊNCIAS COMUNS DA VOLATILIDADE IMPLÍCITA NO MERCADO FINANCEIRO

Em 2004, registou-se uma acentuada descida global da volatilidade implícita em váriossegmentos do mercado financeiro da área do euro e em outras economias avançadas. Avolatilidade implícita – que é derivada dos preços das opções – é normalmente interpretadacomo uma medida da incerteza dos participantes no mercado acerca da evolução a curto prazonos diferentes mercados financeiros. Em 2004, existia alguma preocupação acerca dapossibilidade de os níveis relativamente baixos da volatilidade implícita não serem totalmentejustificados, na medida em que podiam estar a baixar devido a factores para além dasexpectativas dos participantes no mercado acerca da volatilidade realizada no futuro. Essapotencial “má avaliação” da volatilidade podia constituir, entre outros factores, um risco paraa estabilidade financeira. Se as instituições financeiras, por exemplo, respondem à menorvolatilidade aumentando em conformidade a sua exposição ao risco, podem incorrer em perdas

Grá f i co A Vo la t i l i dade imp l í c i t a nos mercados f i nance i ro s na á rea do euro

(percentagens por ano; dados mensais)

Fontes: Bloomberg e cálculos do BCE.1) Índice de volatilidade para o índice DAX alemão, medindo a volatilidade implícita para os 45 dias seguintes.2) Volatilidade implícita das opções de contratos de futuros sobre obrigações federais alemãs com 22 dias úteis até aovencimento.3) Volatilidade implícita das opções de contratos da taxa de câmbio USD/EUR com cerca de um mês até ao vencimento.

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60

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 20040

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20

mercado bolsista (escala da esquerda) 1)

mercado obrigacionista (escala da direita) 2)

mercado cambial (escala da direita) 3)

episódio LTCM

ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001

episódio WorldCom

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38BCERelatório Anual2004

1 Ver as caixas intituladas “Tendências recentes da volatilidade implícita no mercado bolsista” e “Tendências recentes da volatilidadeimplícita no mercado obrigacionista”, respectivamente, nas edições de Novembro e Dezembro de 2004 do Boletim Mensal do BCE.

avultadas nas suas carteiras de activos, se ocorrer uma correcção em alta da volatilidade. Deacordo com evidência empírica, não foi detectada uma má avaliação, e a redução davolatilidade implícita em vários mercados financeiros foi correctamente seguida por umamenor volatilidade realizada1. Por sua vez, a menor volatilidade realizada pode ser explicada,por exemplo, pelo processo de normalização em curso, especialmente nos mercados bolsistasmundiais, após anos de evolução excepcionalmente turbulenta.

O Gráfico A mostra a volatilidade implícita (i) no índice alemão DAX, medida pelo índice devolatilidade VDAX, (ii) nas obrigações de dívida pública de longo prazo, resultante dos preçosdas opções dos contratos de futuros alemães com 22 dias úteis até ao vencimento, e (iii) na taxade câmbio do euro face ao dólar dos EUA, resultante de opções sobre moeda estrangeira comcerca de um mês até ao vencimento. Uma vez que todas estas opções são do mesmo dia e têmsensivelmente o mesmo prazo até ao vencimento, a série da volatilidade implícita apresentadano gráfico mede a incerteza dos participantes no mercado nos três segmentos de mercado numhorizonte de curto prazo semelhante.

No passado, parece ter havido um grau muito baixo de co-movimento na volatilidade esperadaa curto prazo nos diferentes segmentos do mercado, excepto em períodos ocasionais deturbulência entre mercados, provavelmente desencadeados mais por choques comuns do quepor choques específicos de cada mercado. Mais recentemente, a redução da volatilidade nos

Grá f i co B Vo la t i l i dade imp l í c i t a nos mercado obr i gac ion i s ta s e bo l s i s ta s na á rea doeuro e nos E s tados Un idos(percentagens por ano; dados mensais)

Fontes: Bloomberg e cálculos do BCE.1) Índice de volatilidade para o índice DAX alemão, medindo a volatilidade implícita para os 45 dias seguintes.2) Índice de volatilidade para o índice S&P 500, medindo a volatilidade implícita para os 30 dias seguintes.3) Volatilidade implícita das opções de contratos de futuros do Tesouro norte-americano com 22 dias úteis até aovencimento.4) Volatilidade implícita das opções de contratos de futuros sobre obrigações federais alemãs com 22 dias úteis até aovencimento.

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1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 20042

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26

30

mercado bolsista da área do euro (escala da esquerda) 1)

mercado bolsista dos EUA (escala da esquerda) 2)

mercado obrigacionista dos EUA (escala da direita) 3)

mercado obrigacionista da área do euro (escala da direita) 4)

ataques terroristas em Madrid

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39BCE

Relatório Anual2004

No início de 2005, as taxas de rendibilidade dasobrigações de longo prazo nos mercadosmundiais continuaram a descer, recuperandoacentuadamente por volta de meados deFevereiro de 2005. Em consequência, em 24 deFevereiro, as taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública a dez anos quer naárea do euro quer nos Estados Unidos situavam--se em níveis semelhantes aos registados nofinal de 2004.

MERCADOS ACCIONISTAS DA ÁREA DO EUROCONTINUARAM A REGISTAR FORTES GANHOSEM 2004Em 2004, os preços das acções da área do eurocontinuaram a tendência ascendente observada apartir do início de 2003 (ver Gráfico 13). Oíndice Dow Jones EURO STOXX terminou oano com um ganho de cerca de 10% emcomparação com o final do ano anterior, ou seja,um aumento ligeiramente superior ao dosíndices Standard & Poor’s 500 e Nikkei 225.

Os aumentos globais dos preços das acções naárea do euro parecem ter reflectido vários

primeiros três trimestres de 2004 foi muito semelhante em todos os mercados. Na ausência deevidência de má avaliação da volatilidade, tal poderá sugerir confiança generalizada egradualmente crescente entre os participantes no mercado financeiro acerca de condições demercado mais tranquilas a curto prazo. Contudo, nos últimos meses de 2004, a forte diminuiçãoda volatilidade implícita na taxa de câmbio USD/EUR parou, no contexto de uma novaaceleração da fragilidade do dólar.

Actualmente, os mercados de capitais encontram-se fortemente integrados, existindo ligaçõesde volatilidade significativas, a nível internacional, em cada segmento do mercado. O Gráfico Bmostra a volatilidade implícita nos mercados bolsistas quer nos Estados Unidos quer na área doeuro, medida pelos índices VIX e VDAX, respectivamente, e a volatilidade implícita noscorrespondentes mercados de obrigações de longo prazo, derivada das opções sobre contratosde futuros alemães e dos EUA, respectivamente.

O gráfico ilustra claramente que existe um elevado grau de co-movimento na volatilidadeimplícita em ambas as classes de activos nos Estados Unidos e na área do euro. Para além disso,as ligações internacionais parecem ser ligeiramente mais fortes nos mercados accionistas doque nos mercados de obrigações de dívida pública de longo prazo. Ainda assim, os factoresespecíficos de cada país e do mercado podem desempenhar um papel dominante. Por exemplo,os ataques terroristas de 11 de Março de 2004, em Madrid, tiveram um impacto maior, se bemque temporário, na volatilidade esperada no mercado bolsista na área do euro do que nosEstados Unidos. O gráfico também ilustra que a descida global da volatilidade implícita nosúltimos anos não se restringiu à área do euro.

Em suma, as ligações dentro de certas classes de activos financeiros nas várias áreasgeográficas são muito fortes, em especial nos mercados accionistas. Embora a volatilidadeimplícita não tenda em geral a evoluir paralelamente em todos os segmentos de mercado emcircunstâncias normais, parece existir uma relação mais forte em períodos de turbulência. Orecente alinhamento da volatilidade implícita nas três classes de activos é digno de nota, umavez que não esteve relacionado com nenhuma turbulência financeira, reforçando uma antevisãogeneralizada por parte dos participantes no mercado de condições mais calmas no mercadofinanceiro no futuro próximo do que o esperado no início de 2004.

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factores, em particular a queda das taxas de jurode longo prazo e o forte crescimento nos lucrosobservados e nos pagamentos de dividendos (verGráfico 14).

A redução significativa da volatilidade nomercado bolsista, que sugeriu incertezareduzida entre os participantes no mercadoacerca das perspectivas sobre o mercadobolsista, parece ter também contribuídopositivamente para os ganhos nos preços dasacções ao longo do ano (ver também Caixa 3).Factores potencialmente negativos, tais como asperspectivas ligeiramente menos optimistasacerca do crescimento mundial, em resultado deaumentos do preço do petróleo, e –particularmente na parte final de 2004 – daevolução das taxas de câmbio, parecem ter tidoapenas um efeito atenuador sobre os preços dasacções.

No que respeita à desagregação sectorial, em2004 o aumento dos preços das acções da áreado euro foi generalizado. Dos dez sectoreseconómicos abrangidos pelo índice Dow JonesEURO STOXX, apenas um (tecnologia)registou preços das acções mais baixos no final

de 2004 do que no período homólogo do anoanterior. Os ganhos mais fortes foram registadosnos sectores dos cuidados de saúde e serviçosbásicos, embora o sector das telecomunicaçõestambém tenha recuperado em 2004. O sector dosprodutos energéticos também ultrapassou oíndice global, apoiado pelo facto de as suasreceitas estarem positivamente ligadas àevolução dos preços do petróleo. Este factortambém contribuiu para o comportamento dosector dos serviços básicos, uma vez que osdesvios da procura para fontes de energiaalternativas, tais como o gás natural, são comunsem períodos de preços do petróleo elevados.Pelo contrário, o sector do consumo foi maisfraco do que o índice global em 2004, quer paraos bens e serviços cíclicos quer para os nãocíclicos. Tal pode reflectir as preocupações dosinvestidores acerca do dinamismo da procurainterna na área do euro, e do consumo privadoem particular.

A tendência ascendente na evolução dos preçosmundiais das acções continuou nos primeirosdois meses de 2005. O índice Dow Jones EUROSTOXX ganhou mais de 3% entre o final de 2004e 24 de Fevereiro de 2005, tendo os índices

Grá f i co 13 Pr inc ipa i s í nd i ce s bo l s i s tas 1 )

(índice: 1 de Janeiro de 1999 = 100; dados diários)

Fontes: Reuters, Thomson Financial Datastream e cálculos doBCE.1) Índice Dow Jones EURO STOXX alargado para a áreado euro, Standard & Poor’s 500 para os Estados Unidos eNikkei 225 para o Japão. A partir de Janeiro de 2001, osdados da área do euro também incluem a Grécia.

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1999 2000 2001 2002 2003 200440.0

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área do euroEstados UnidosJapão

Grá f i co 14 Cre s c imento dos l u c rosempresa r i a i s obse rvados e prev i s to s

(taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

Fonte: Thomson Financial Datastream (estimativas de lucrosdos analistas do Institutional Brokers Estimate System,IBES).

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lucros observados por acçãolucros previstos a longo prazo por acção lucros previstos por acção (com doze meses de antecedência)

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Relatório Anual2004

Standard & Poor’s 500 e Nikkei 25 tambémregistado um ligeiro aumento no mesmoperíodo. Estes aumentos dos preços parecem tersido principalmente suportados pela fortemelhoria da rendibilidade das empresas.

FORTE PROCURA DE FINANCIAMENTO DASFAMÍLIASA procura de financiamento por parte do sectordas famílias foi forte em 2004, como reflectidopelo facto de a taxa de crescimento média anualdos empréstimos das IFM às famílias ter subidopara 7.8%. A dinâmica dos empréstimos àsfamílias em 2004 manteve a tendênciaascendente observada a partir do primeirotrimestre de 2002, tendo estado essencialmenterelacionada com o crescimento robusto dosempréstimos a longo prazo. Nos três primeirostrimestres de 2004, a taxa de crescimentohomóloga do total de empréstimos às famíliasfoi superior à dos empréstimos concedidos porIFM, apontando para a continuação da elevadataxa de crescimento dos empréstimosconcedidos por outras instituições financeiras(OIF) no contexto da titularização de hipotecasresidenciais em alguns países.

Os empréstimos de longo prazo das IFM àsfamílias consistiram sobretudo em empréstimospara aquisição de habitação. A forte dinâmicadesta componente foi apoiada pelo dinamismoda evolução dos preços da habitação em váriospaíses da área do euro e pela continuação docrescimento dos preços da habitação a uma taxahomóloga superior a 7% para o conjunto da áreado euro, no primeiro semestre de 2004. Osdados disponíveis sugerem que o crescimentodo endividamento das famílias para aquisição dehabitação permaneceu lento na maioria dospaíses com moderada evolução dos preços dahabitação, mas foi forte nos países em que ospreços da habitação subiram rapidamente (verGráfico 15). Em alguns países da área do euro, aevolução dos preços da habitação e dofinanciamento para aquisição de habitaçãopoderá ter também contribuído para apoiar ocrescimento do consumo. O aumento dos preçosda habitação criou maiores necessidades definanciamento, mas também poderá ter

melhorado o acesso das famílias ao crédito,aumentando o montante de garantias disponível.Ao mesmo tempo, o forte crescimento dosempréstimos para aquisição de habitação podepor si mesmo ter-se convertido numa fonte deaumentos dos preços da habitação.

Um factor subjacente ao forte crescimento dosempréstimos para aquisição de habitação foi obaixo custo de financiamento dos empréstimosà habitação, que desceu de novo em 2004 faceao nível prevalecente nos anos anteriores, quejá era baixo, aumentando a capacidade deaquisição de habitação. As taxas de juro das IFMdos novos empréstimos para aquisição dehabitação com fixação inicial de taxa entre 5 e 10anos registaram uma descida de 52 pontos baseno decurso do ano e situaram-se em 4.49% emDezembro de 2004 (ver Gráfico 16), reflectindoa evolução das taxas de juro de mercadocomparáveis das obrigações de dívida pública demédio prazo. A disponibilidade global definanciamento às famílias parece também termelhorado em 2004. Na verdade, os resultadosdo inquérito do Eurosistema aos bancos sobre omercado de crédito sugerem que os critériosaplicados à concessão de crédito pelos bancospara a aprovação de empréstimos para aquisiçãode habitação passaram a ser ligeiramente menosrestritivos nos últimos três trimestres de 2004.

Grá f i co 15 D inami smo do mercado dahab i tação e c réd i to à hab i tação nospa í se s da á rea do euro(crescimento homólogo médio entre 1998 e 2003;percentagens)

Fonte: Cálculos do BCE com base em dados das IFM paraempréstimos e nos dados nacionais mais recentesdisponíveis sobre os preços da habitação.

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eixo dos y: preços da habitaçãoeixo dos x: empréstimos para aquisição de habitação

DE AT

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LU GRFR

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42BCERelatório Anual2004

A taxa de crescimento homóloga do crédito aoconsumo também se fortaleceu em 2004, emboraa partir de um nível mais moderado, e com umdesfasamento face à evolução do crédito paraaquisição de habitação. Este fortalecimentopoderá reflectir a melhoria gradual do indicadorde confiança dos consumidores da ComissãoEuropeia, num contexto de taxas de jurorelativamente baixas dos empréstimos àsfamílias para consumo. Os resultados doinquérito do Eurosistema aos bancos sobre omercado de crédito também indicam que adisponibilidade do crédito ao consumo e outros

empréstimos melhorou, à medida que ascondições de crédito passaram a ser menosrestritivas no decurso de 2004.

AUMENTO DA DÍVIDA DAS FAMÍLIASO aumento do endividamento das famíliasresultou numa nova subida do rácio da dívidadas famílias em relação ao PIB (ver Gráfico 17),a qual reflecte sobretudo a mudança para umaconjuntura de estabilidade de preços e taxas dejuro mais baixas em vários países da área do euroapós a adopção do euro. De facto, o grau deesforço associado ao serviço da dívida (ou seja,o rácio dos pagamentos de juros e reembolsos docapital em relação ao rendimento disponível)permaneceu relativamente baixo em resultadodo nível reduzido das taxas de juro. O rácio dadívida em relação ao PIB das famílias da área doeuro também permaneceu baixo em relação, porexemplo, ao Reino Unido e aos Estados Unidos.No entanto, esta subida da dívida não deixa deimplicar risco, uma vez que fez aumentar aexposição das famílias a variações das taxas de

Grá f i co 16 Taxas de ju ro das I FMap l i cadas aos emprés t imos a f amí l i a se a soc i edades não f i nance i ra s(percentagens por ano; taxas de novas operações; excluindodescobertos bancários; com ponderadores ajustados 1))

Fonte: BCE.1) Para o período a partir de Dezembro de 2003, as taxas dejuro das IFM com ponderadores ajustados são calculadasutilizando pesos dos países construídos a partir de uma médiamóvel de doze meses dos volumes de novas operações.Relativamente ao período anterior, de Janeiro a Novembro de2003, as taxas de juro das IFM com ponderadores ajustadossão calculadas utilizando pesos dos países construídos a partirda média dos volumes de novas operações em 2003. Para maisinformações, ver a caixa intitulada “Análise das taxas de jurodas IFM a nível da área do euro”, na edição de Agosto de 2004do Boletim Mensal do BCE.

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 2003 2004

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empréstimos a famílias para consumo com taxa variável e fixação inicial de taxa até um anoempréstimos a famílias para aquisição de habitação com fixação inicial de taxa superior a cinco e inferior a dez anosempréstimos a sociedades não financeiras acima do valor de €1 milhão com taxa variável e fixação inicial de taxa até um anoempréstimos a sociedades não financeiras acima do valor de €1 milhão com fixação inicial de taxa superior a um e inferior a cinco anos

Grá f i co 17 Rác io da d í v ida em re l a çãoao P IB e c re s c imento dos emprés t imosa f amí l i a s(rácio da dívida em relação ao PIB e crescimento homólogoem percentagem; contributo para a taxa de crescimentohomóloga em pontos percentuais)

Fonte: BCE.Nota: O rácio da dívida em relação ao PIB é ligeiramente maisbaixo com base nas contas f inanceiras trimestrais do que combase nas contas f inanceiras anuais, principalmente devido aofacto de os empréstimos concedidos pelos sectores nãofinanceiros e bancos fora da área do euro não estaremincluídos.

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taxa de crescimento homóloga dos empréstimos (escala da direita)contributo dos empréstimos para aquisição de habitação (escala da direita)contributo do crédito ao consumo (escala da direita)contributo de outros empréstimos (escala da direita)rácio da dívida em relação ao PIB (escala da esquerda)

1999 2000 2001 2002 2003 2004

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juro, do rendimento e dos preços dos activos. Orisco de maior sensibilidade aplica-se, porexemplo, às famílias que, nas condições de taxasde juro historicamente baixas, financiaramhipotecas a taxas variáveis com pagamentos dejuros iniciais baixos. As estimativas destasensibilidade estão rodeadas de considerávelincerteza porque, por exemplo, a percentagemda dívida hipotecária existente exposta avariações das condições das taxas de juroprevalecentes depende das características doscontratos hipotecários subjacentes. Estascaracterísticas estão relacionadas com aestrutura do mercado hipotecário nacional,hábitos culturais e factores históricos, bemcomo com questões regulamentares eorçamentais, os quais variam substancialmentedentro da área do euro4.

BAIXO CUSTO DO FINANCIAMENTO EXTERNO DASSOCIEDADES NÃO FINANCEIRASAs condições de financiamento por dívida dassociedades não financeiras da área do europermaneceram bastante favoráveis no decursode 2004, como reflectido nas taxas de mercadodas obrigações de empresas e nas taxas de jurobancárias. As empresas usufruíram de custosreduzidos de financiamento por dívida e de umacesso, no geral, não condicionado a fontes definanciamento.

Relativamente ao financiamento sob a forma detítulos, as taxas de rendibilidade das obrigaçõesemitidas por sociedades não financeirassituaram-se em níveis historicamente baixostanto em termos nominais como reais (verGráfico 18). Ao mesmo tempo, as taxas derendibilidade reais dos dividendos (que podemser vistas como um indicador do custo real dofinanciamento através de acções), emboratenham permanecido num nível ligeiramenteacima da sua média histórica desde meados dadécada de 90, desceram face ao pico observadoem 2003.

O custo reduzido do financiamento através deobrigações é, em larga medida, umaconsequência dos níveis historicamente baixosdas taxas de juro ao longo do espectro de

maturidades, bem como um reflexo dapercepção dos investidores de perspectivaspositivas para o risco de crédito das empresas naárea do euro. Os diferenciais entre as obrigaçõesde empresas e as obrigações de dívida pública,em particular para as obrigações com notaçõesAA e BBB, diminuíram de novo em 2004, facea níveis já muito baixos. A diminuição dosdiferenciais pode ser explicada por factoresfundamentais, tais como a acentuada descida davolatilidade nos mercados financeiros (ver aCaixa 3 intitulada “Tendências comuns davolatilidade implícita no mercado financeiro”)

4 Para mais pormenores, ver a caixa intitulada “Característicasdos contratos hipotecários na área do euro” na edição deNovembro de 2004 do Boletim Mensal do BCE.

Grá f i co 18 Ind i cadores de cus tos def i nanc i amento com base no mercado dassoc i edades não f i nance i ra s(percentagens por ano)

Fontes: BCE, Thomson Financial Datastream, MerrillLynch e Consensus Economics Forecasts.1) As taxas de rendibilidade das obrigações de sociedades nãofinanceiras têm por base um índice compilado pela MerrillLynch referente a sociedades não f inanceiras comclassificação investment grade e um índice de elevadarendibilidade. Antes de Abril de 1998, apenas se encontramdisponíveis dados nacionais (Bélgica, França, Alemanha,Itália, Países Baixos e Espanha). As taxas de rendibilidade sãoagregadas utilizando pesos do PIB correspondentes à paridadedo poder de compra em 2001. As taxas de rendibilidadenominais são deflacionadas pelas expectativas de inflaçãomédias (publicadas pela Consensus Economics Forecasts) aolongo de um período equivalente à duração média dasobrigações de empresas.2) As taxas de rendibilidade dos dividendos são definidascomo os dividendos anuais, previstos pelos participantes nomercado, expressos em percentagem do preço das acções. Astaxas de rendibilidade nominais são deflacionadas pelo IHPC.

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taxas de rendibilidade reais de obrigações de empresas (escala da esquerda) 1)

taxas de rendibilidade reais dos dividendos (escala da direita) 2)

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e a melhoria da rendibilidade das empresas. Aomesmo tempo, num contexto de taxas de jurobaixas, não se pode excluir a possibilidade deuma acentuada procura de rendibilidade porparte dos investidores ter continuado adesempenhar um papel na queda das taxas derendibilidade das obrigações de empresas.

Relativamente aos custos de financiamentoassociados aos empréstimos de IFM, queconstituem a principal forma de financiamentopor dívida das sociedades não financeiras, astaxas de juro das IFM permaneceramglobalmente estáveis em 2004 (ver Gráfico 16),após as descidas registadas em 2002 e2003, tendo sido bastante baixas em termosglobais.

As empresas também poderão ter tido um acessomais facilitado ao crédito bancário em 2004. Osresultados do inquérito aos bancos sobre omercado de crédito realizado pelo Eurosistemaindicam uma diminuição gradual darestritividade líquida dos critérios aplicados àconcessão de empréstimos às empresas duranteo primeiro semestre de 2004, que resultou numabrandamento líquido da restritividade nosegundo semestre. Ao mesmo tempo, verificaram--se algumas diferenças entre grandes empresase pequenas e médias empresas em termos decustos de financiamento (ver a Caixa 4 intitulada“Foram as pequenas e médias empresas sujeitasa condições de financiamento menos favoráveisdo que as grandes empresas na área do euro em2004?”).

Caixa 4

FORAM AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS SUJEITAS A CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTOMENOS FAVORÁVEIS DO QUE AS GRANDES EMPRESAS NA ÁREA DO EURO EM 2004?

As pequenas e médias empresas (PME) podem, em geral, ser sujeitas a condições maisrestritivas, em termos de custos de financiamento e acesso a financiamento externo, do que asgrandes empresas. Em contraste com as empresas maiores, as PME normalmente nãoconseguem obter financiamento nos mercados de capitais e, portanto, têm de recorrerpredominantemente ao crédito bancário ou a tipos de financiamento externo mais onerosos(por exemplo, crédito comercial, leasing, factoring, etc.). Adicionalmente, é de esperar que asempresas de menor dimensão sejam, em média, mais prejudicadas por problemas relacionadoscom falta de informação dos potenciais credores quando tentam obter financiamento, pois sãomuitas vezes mais jovens e enfrentam requisitos de reporte menos rigorosos (ou seja, prestamdeclarações contabilísticas menos pormenorizadas, etc.). Além disso, as PME tendem a termenos garantias (por exemplo, activos fixos) para oferecer, as quais poderiam mitigar osproblemas de informação inadequada, do que as empresas maiores e mais estabelecidas.Consequentemente, os bancos podem muitas vezes aplicar critérios mais restritivos àconcessão de empréstimos às empresas menores e mais jovens, uma vez que tendem a ter menosinformação sobre essas empresas.

Além disso, as PME enfrentam muitas vezes custos de financiamento mais elevados (porexemplo, em termos de taxas de juro bancárias) do que as empresas maiores. As taxas de jurorelativamente mais elevadas dos empréstimos de pequena dimensão podem ser explicadas porvários factores. Por exemplo, poderão existir custos fixos de crédito que não sejamproporcionais à dimensão do empréstimo. As pequenas empresas também poderão representarmaiores riscos do que as empresas maiores e mais estabelecidas (embora os efeitos dediversificação para os bancos possam ser ainda maiores com respeito aos empréstimos àsPME). Adicionalmente, poderá haver falta de concorrência entre os mutuantes às PME,

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Relatório Anual2004

os quais poderão, assim, estar mais habilitados a “aprisionar” os respectivos mutuários depequena dimensão, aumentando desse modo os custos desses mutuários para mudar de banco.Além do mais, devido ao acesso relativamente restringido ao financiamento externo e aosrespectivos custos mais elevados, tradicionalmente as PME recorrem mais ao financiamentointerno, pelo que detêm, em média, mais activos líquidos nos seus balanços. Dado que adetenção de activos líquidos é onerosa, essa situação poderá representar um encargo adicionalpara as pequenas empresas1.

Neste contexto, recentemente tem vindo adar-se maior atenção às condições definanciamento das PME da área do euro. Oinquérito aos bancos sobre o mercado decrédito (bank lending survey (BLS)), que érealizado pelo Eurosistema quatro vezes porano, apresenta informação qualitativa sobreas condições de financiamento das PME e dasgrandes empresas. Em particular, o BLSapresenta as alterações dos critérios aplicadosà concessão de empréstimos a grandesempresas e a PME (ver Gráfico A). Desde oquarto trimestre de 2002, os critériosaplicados pelos bancos à concessão deempréstimos às PME e às grandes empresasseguiram um padrão globalmente similar dedescida gradual da restritividade líquida doscritérios aplicados à concessão de crédito. Noque se refere às grandes empresas, estescritérios, em média, tenderam a ter umarestritividade ligeiramente menor, tendomesmo sido aligeirados (em termos líquidos)a partir do segundo trimestre de 2004. Noquarto trimestre de 2004, a restritividadelíquida dos critérios aplicados à concessão de empréstimos às PME desceu relativamente mais,tendo abrandado pela primeira vez desde o início do BLS.

A introdução das novas estatísticas de taxas de juro das IFM (a partir de Janeiro de 2003)permite a comparação das taxas para empréstimos de diferentes dimensões (abaixo e acima dovalor de €1 milhão)2. Partindo do princípio que os empréstimos acima do valor de €1 milhão sãoconcedidos com maior frequência a grandes empresas, uma comparação das taxas de jurocobradas para empréstimos de diferentes dimensões poderá prestar alguma informação sobreos custos de financiamento das PME, em comparação com os das grandes empresas.Naturalmente, esta é necessariamente uma distinção grosseira. No período de Janeiro de 2003a Dezembro de 2004, o nível das taxas de juro para os empréstimos de pequena dimensão das

1 Para uma discussão mais pormenorizada do financiamento das PME na Europa, ver “Europe’s changing f inancial landscape: Thefinancing of small and medium-sized enterprises”, Documentos do BEI, vol. 8, n.º 2, 2003, e “SMEs and access to finance” daComissão Europeia, Observatório das PME Europeias, 2003, n.º 2.

2 Ver também a Caixa 13 intitulada “Integração f inanceira no mercado de crédito da área do euro” mais à frente neste relatório.

Gráfico A Alterações aos critérios de concessão decrédito aplicados à aprovação de empréstimos oulinhas de crédito a sociedades não financeiras(percentagens líquidas)

Fonte: BCE.Nota: As percentagens líquidas referem-se à diferençaentre a soma das percentagens de “passaram a serconsideravelmente mais restritivos” e “passaram a serligeiramente mais restritivos” e a soma das percentagensde “passaram a ser ligeiramente menos restritivos” e“passaram a ser consideravelmente menos restritivos”.

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PMEgrandes empresas

2002 2003 2004

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RECURSO LIMITADO AO FINANCIAMENTOEXTERNO DURANTE 2004Apesar de as condições de financiamentopermanecerem favoráveis, as sociedades nãofinanceiras tiveram um recurso limitado aofinanciamento externo em 2004. A taxa decrescimento homóloga do financiamento pordívida situou-se em 4.8% no final de 2004,ligeiramente mais elevada do que os 4.5%observados no final de 2003. No segundosemestre de 2004, subiu ligeiramente, sobretudodevido a um aumento do financiamento atravésde empréstimos (ver Gráfico 19). De facto, ataxa de crescimento homóloga dos empréstimos

de IFM a sociedades não financeiras subiu de3.5% no final de 2003 para 5.4% no final de2004. Ao mesmo tempo, a taxa de crescimentoda actividade de emissão líquida de títulos dedívida das sociedades não financeiras foiconsideravelmente mais baixa em 2004 do queno ano anterior, descendo de 10.5% no final de2003 para 2.4% no final de 2004.

O facto de os fluxos de financiamento pordívida, em termos globais, terem permanecidorelativamente moderados poderá estarrelacionado com vários factores. Em primeirolugar, a melhoria na rendibilidade das empresas,

IFM (medido pelas taxas de juro das IFM deempréstimos até ao valor de €1 milhão asociedades não financeiras) foi mais elevadoentre 0.4 e 1.8 pontos percentuais do que onível das taxas de juro dos empréstimos demaior dimensão das IFM (medido pelas taxasde juro das IFM dos empréstimos acimado valor de €1 milhão a sociedades nãofinanceiras) (ver Gráfico B). No geral,desde Janeiro de 2003, os diferenciais entreos empréstimos de pequena dimensão e osempréstimos de grande dimensão variaramapenas ligeiramente. Analisando maispormenorizadamente a evolução recente, em2004 o diferencial das taxas de juro dosempréstimos de pequena dimensão face àstaxas dos empréstimos de grande dimensãocom fixação inicial de taxa entre1 e 5 anos e às taxas desses empréstimos comfixação inicial de taxa superior a 5 anosdiminuiu ligeiramente (10 e 15 pontos base,respectivamente), enquanto permaneceupraticamente inalterado face às taxas de jurodos empréstimos a taxa variável e fixaçãoinicial de taxa até 1 ano.

É difícil tirar conclusões seguras com basenos dados disponíveis. Embora o custo de

financiamento das PME tenha permanecido relativamente elevado em comparação com asgrandes empresas, a evolução em 2004 foi semelhante para pequenas e grandes empresas. Aomesmo tempo, alguma evidência sugere que o acesso ao financiamento das PME melhorousignificativamente no mesmo período.

Gráfico B Diferenciais de taxas de juro de IFMentre empréstimos de pequena e de grandedimensão a sociedades não financeiras 1), 2)

(pontos percentuais; empréstimos para novas operações)

Fonte: BCE.1) Para o período a par tir de Dezembro de 2003, as taxasde juro das IFM com ponderadores ajustados sãocalculadas utilizando pesos dos países construídos apar tir de uma média móvel de doze meses dos volumes denovas operações. Relativamente ao período anterior, deJaneiro a Novembro de 2003, as taxas de juro das IFMcom ponderadores ajustados são calculadas utilizandopesos dos países construídos a partir da média dosvolumes de novas operações em 2003. Para maisinformações, ver a caixa intitulada “Análise das taxas dejuro das IFM a nível da área do euro”, na edição de Agostode 2004 do Boletim Mensal do BCE.2) Os empréstimos de pequena dimensão são empréstimosaté ao valor de €1 milhão e os empréstimos de grandedimensão são empréstimos acima do valor de €1 milhão.

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

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1.6

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2.0

2003 20040.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

fixação inicial de taxa superior a um e até cinco anosfixação inicial de taxa superior a cinco anostaxa variável e fixação inicial de taxa até um ano

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47BCE

Relatório Anual2004

pelo menos para as grandes empresas do índiceDow Jones EURO STOXX (ver Gráfico 14), aoimpulsionarem as poupanças internas, poderáter reforçado os incentivos às empresas parareduzir a respectiva dívida total. Em segundolugar, o crescimento relativamente lento dofinanciamento por dívida poderá tambémreflectir a natureza gradual da recuperaçãoeconómica em curso. A este respeito, asempresas parecem adoptar uma abordagemcautelosa de esperar para ver relativamente aofinanciamento de grandes investimentos decapital adicionais.

Em 2004, verificou-se também umabrandamento do financiamento indirecto dassociedades não financeiras através de empresasdo sector das sociedades financeiras nãomonetárias. Este sector inclui subsidiáriasfinanceiras de sociedades não financeiras,veículos de titularização e outras sociedadesque mobilizam capital em nome dos bancos.

A taxa de crescimento homóloga da emissãolíquida de títulos de dívida por sociedadesfinanceiras não monetárias desceu de 22.3% nofinal de 2003 para 13.2% no final de 2004. Nãoobstante, permaneceu forte em comparação coma actividade de emissão dos outros sectores.

A taxa de crescimento homóloga da emissão deacções cotadas por sociedades não financeirasna área do euro situou-se em 0.9% no final de2004, praticamente inalterada face ao nívelmuito reduzido observado nos últimos doisanos. O reduzido recurso ao financiamentoatravés de acções resulta da procurarelativamente baixa de financiamento externo edo custo muito reduzido de outras fontes definanciamento. A reduzida emissão líquida deacções cotadas também reflecte, de algumaforma, alguns desenvolvimentos maisestruturais, tais como a retirada de acções dabolsa e operações de recompra, que sãoprincipalmente realizadas por empresas que

Grá f i co 20 Ind i cadores de ba l anço parasoc i edades não f i nance i ra s

(percentagens)

Fontes: BCE e Eurostat.Nota: Os valores relativos ao quarto trimestre de 2004foram estimados com base em transacções apresentadasnas estatísticas monetárias e bancárias e nas estatísticasde emissões de títulos. Os rácios da dívida sãoligeiramente mais baixos com base nas contas f inanceirastrimestrais do que com base nas contas f inanceirasanuais, sobretudo devido ao facto de os empréstimosconcedidos pelos sectores não f inanceiros e bancos forada área do euro não estarem incluídos.

rácio da dívida em relação ao excedente operacional bruto (escala da esquerda)rácio da dívida em relação ao PIB (escala da direita)

130

135

140

145

150

155

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165

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1999 2000 2001 2002 2003 200450

55

60

65

Grá f i co 19 Cont r ibuto para a taxa dec re s c imento homó loga da d í v ida dassoc i edades não f i nance i ra s(pontos percentuais)

Fonte: BCE.

títulos de dívidaempréstimos de IFM

0

2

4

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8

10

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14

0

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4

6

8

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1999 2000 2001 2002 2003 2004

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48BCERelatório Anual2004

geraram numerário suficiente para reinvestir nasua actividade e readquirir as suas acções.

As condições de financiamento favoráveisconduziram a uma melhoria das posições dobalanço das empresas em 2004 (ver Gráfico 20).Numa perspectiva histórica, os rácios da dívidadas empresas permaneceram num nívelrelativamente elevado. Contudo, em resultadoda descida geral das taxas de juro das IFM, estesnão resultaram em custos com o serviço dadívida muito mais elevados para as sociedadesnão financeiras nos últimos anos.

2.3 EVOLUÇÃO DOS PREÇOS

A inflação medida pelo IHPC global na área doeuro situou-se numa média de 2.1% em 2004,inalterada face ao ano anterior (ver Quadro 1).Os preços mais elevados do petróleo e novosaumentos dos impostos indirectos e dos preçosadministrados foram os principais factores queexerceram pressões ascendentes sobre os preços.Estes foram compensados por um novofortalecimento do euro, por condições moderadasda procura e pela descida substancial da taxa decrescimento homóloga dos preços dos produtos

2002 2003 2004 2003 2004 2004 2004 2004 2004 2005T4 T1 T2 T3 T4 Dez. Jan.

IHPC e suas componentesÍndice global 2.3 2.1 2.1 2.0 1.7 2.3 2.2 2.3 2.4 1.9

Produtos energéticos -0.6 3.0 4.5 1.6 -1.5 4.8 6.3 8.5 6.9 6.2Produtos alimentarestransformados 3.1 3.3 3.4 3.8 3.5 3.9 3.6 2.8 3.2 2.8Produtos alimentares nãotransformados 3.1 2.1 0.6 3.6 2.2 1.5 -0.3 -0.7 0.0 -0.6Produtos industriais nãoenergéticos 1.5 0.8 0.8 0.8 0.7 0.9 0.8 0.8 0.8 0.5Serviços 3.1 2.5 2.6 2.4 2.6 2.6 2.6 2.7 2.7 2.4

Outros indicadores de preçose de custosPreços da produção industrial 1) -0.1 1.4 2.3 1.0 0.2 2.0 3.1 3.8 3.5 .Preços do petróleo (EUR por barril) 2) 26.5 25.1 30.5 24.5 25.0 29.3 33.3 34.5 30.0 33.6Preços das matérias-primas 3) -0.9 -4.5 10.8 -1.2 9.8 20.9 11.9 1.3 -0.2 -1.9

Quadro 1 Evo lução dos preços

(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

Fontes: Eurostat, Thomson Financial Datastream e Instituto de Economia Internacional de Hamburgo.1) Excluindo a construção.2) Brent Blend (para entrega a um mês).3) Excluindo produtos energéticos; em EUR.

alimentares não transformados. No entanto,apesar do impacto ascendente considerável daevolução dos preços do petróleo sobre os preçosno consumidor da área do euro, houve poucaevidência de surgimento de pressões inflacionistassubjacentes mais fortes na economia da área doeuro. Os preços no produtor cresceram a umataxa média anual de 2.3% em 2004, face a 1.4% em2003, em larga medida devido a aumentos dospreços dos bens energéticos e dos bens intermédios.Contudo, registaram-se apenas sinais limitadosde uma transmissão significativa aos preçosnuma fase mais avançada da cadeia deprodução. De igual modo, os aumentos salariaispermaneceram contidos em 2004, no contexto deum crescimento e uma evolução do mercado detrabalho moderados.

Em Janeiro de 2005, a inflação medida peloIHPC global caiu para 1.9%, uma descida de 0.5pontos percentuais face a Dezembro de 2004.Esta descida foi generalizada nas componentesda inflação medida pelo IHPC e parcialmentemotivada por efeitos de base. Também reflectiuinfluências favoráveis adicionais da descida dataxa de crescimento homóloga dos preços dosprodutos energéticos, da queda dos preços dosprodutos alimentares não transformados e de

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49BCE

Relatório Anual2004

maiores descontos sazonais de vendas em algunspaíses da área do euro.

INFLAÇÃO GLOBAL AFECTADA PORCOMPONENTES VOLÁTEISAs componentes voláteis do IHPC, emparticular os preços dos produtos energéticos e,em menor grau, os preços dos produtosalimentares não transformados, explicam emlarga medida o padrão de evolução da inflaçãoglobal em 2004 (ver Gráfico 21).

Os preços do petróleo foram mais elevados doque o esperado em 2004. Em Dezembro, o preço

médio em euros de um barril de petróleo brutoBrent situava-se 25% acima da média registadaem Dezembro de 2003 (para mais pormenoressobre o impacto dos preços do petróleo naeconomia da área do euro, ver a Caixa 5). Istoexerce pressões ascendentes directassignificativas sobre os preços no consumidordos produtos energéticos na área do euro, queaumentaram, em média, 4.5% em 2004, face a3.0% em 2003. O seu contributo de 0.4 pontospercentuais para a taxa de inflação média anualem 2004 foi o mais elevado em quatro anos (verGráfico 22).

Grá f i co 22 Cont r ibutos dassubcomponentes para a in f l a ção med idape lo IHPC(contributos anuais em pontos percentuais; dados mensais)

Fonte: Eurostat.Nota: Devido a ar redondamentos, os contributos nãocorrespondem exactamente ao índice global.

T1 T2 T3 T42003 2004

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

serviçosprodutos industriais não energéticosprodutos alimentares transformadosprodutos alimentares não transformadosprodutos energéticosíndice global

Grá f i co 21 Desagregação da in f l a çãomed ida pe lo IHPC : p r inc ipa i ssubcomponente s(taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

Fonte: Eurostat.

1999 2000 2001 2002 2003 2004-2

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-6

-3

0

3

6

9

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15

18

IHPC global (escala da esquerda)produtos alimentares não transformados (escala da direita)produtos energéticos (escala da direita)

1999 2000 2001 2002 2003 2004-2

0

2

4

6

-2

0

2

4

6

IHPC global excl. produtos energéticos e produtos alimentares não transformadosprodutos alimentares transformadosprodutos industriais não energéticosserviços

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50BCERelatório Anual2004

Impulsionada por fortes efeitos de base nacomponente de produtos energéticos do IHPC, ainflação global desceu para cerca de 1.7% emtermos homólogos no primeiro trimestre de2004, tendo posteriormente começado a subir,em linha com aumentos inesperados dos preçosdos produtos energéticos, atingindo um valormáximo de 2.5% em Maio. Estas pressõesascendentes compensaram largamente oimpacto moderador dos preços dos produtosalimentares não transformados, cuja taxa decrescimento anual desceu de 2.1%, em média,em 2003 para 0.6% em 2004. No Verão e noOutono, os preços dos produtos alimentares nãotransformados, atenuados por condiçõesmeteorológicas favoráveis, exerceram umainfluência moderadora sobre a evolução doIHPC global. Contudo, a inflação medida peloIHPC manteve-se ligeiramente acima de 2% atéao final do ano.

Houve também outras fontes de pressõesinflacionistas externas que tiveram influênciaem 2004. Em particular, os preços das matérias--primas não petrolíferas aumentaram fortementeno primeiro semestre do ano, antes de registaremuma moderação. Contudo, a apreciaçãosignificativa do euro compensou, em parte, oimpacto inflacionista dos preços das matérias--primas petrolíferas e não petrolíferas.

As componentes remanescentes, menosvoláteis, do IHPC contribuíram para alguma

persistência da inflação global em 2004,nomeadamente devido à evolução dos impostosindirectos e dos preços administrados. Tal comoem 2003, foram introduzidos novos aumentosnos impostos sobre o tabaco em diversospaíses da área do euro, o que contribuiu parapressões ascendentes significativas sobre ospreços dos produtos alimentares transformados.Consequentemente, os preços destes produtoscresceram a uma média de 3.4% em 2004, o quecompara com 3.3% em 2003. A taxa de variaçãoanual dos preços dos produtos industriais nãoenergéticos situou-se em 0.8% em 2004,inalterada face a 2003. Aumentos dos preçosadministrados, em particular de bens de saúdee produtos farmacêuticos, impediram umadescida nesta componente. De igual modo, asmedidas governamentais que visaram ospreços administrados de cuidados de saúdedesencadearam aumentos substanciais dospreços dos serviços médicos, de medicinadentária e hospitalares. Estes explicaram oaumento do crescimento global dos preços dosserviços, de 2.5% em 2003 para 2.6% em 2004.O impacto ascendente dos preços dos produtosenergéticos sobre os custos dos transportestambém contribuiu, embora em menor grau, parao aumento dos preços dos serviços no seuconjunto. A Caixa 5 apresenta mais pormenoressobre o impacto da evolução dos preços dopetróleo na economia da área do euro.

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51BCE

Relatório Anual2004

Caixa 5

PREÇOS DO PETRÓLEO E ECONOMIA DA ÁREA DO EURO

A presente caixa descreve a evolução dos preços do petróleo em 2004 e o seu efeito naeconomia da área do euro. Em primeiro lugar, analisa o aumento dos preços do petróleo em2004 numa perspectiva histórica. Descreve depois os canais através dos quais os preços dopetróleo afectam a inflação e o crescimento do produto na área do euro. Por último, apresentauma quantificação provisória do impacto do aumento dos preços do petróleo, emborasublinhando que alguns efeitos não podem ser obtidos por modelos.

Evolução dos preços do petróleo numa perspectiva a mais longo prazo

Os preços do petróleo em dólares dos EUA aumentaram para níveis históricos em termosnominais durante 2004. Existem, contudo, diferenças importantes entre este aumento echoques petrolíferos anteriores. Primeiro, o aumento em 2004 foi consideravelmente menor doque os observados durante outros choques petrolíferos importantes (ver quadro). Em média, opreço do petróleo bruto Brent em 2004 foi 33% superior ao valor de 2003. Não obstante, emresultado da apreciação global do euro em relação ao dólar dos EUA, os preços do petróleo emeuros subiram 20% em 2004. Segundo, depois de considerada a inflação, isto é, em termosreais, os preços do petróleo foram significativamente mais baixos em 2004 do que duranteperíodos anteriores de preços elevados (ver Gráfico A). Terceiro, os factores que motivaram oaumento dos preços em 2004 também diferiram de choques petrolíferos anteriores. Aocontrário dos aumentos dos preços do petróleo de 1973, 1979, 1990 e 1999, causados sobretudopor perturbações consideráveis no fornecimento de petróleo, diversos factores tiveramimpacto nos preços do petróleo em 2004. Estes factores incluem a procura dinâmica de petróleoque ultrapassou as expectativas, a diminuição gradual da capacidade excedentária mundial e

Grá f i co A Preços do pet ró l eo bruto Brent

(por barril)

Fontes: FMI e cálculos do BCE.Nota: Os preços reais do petróleo permitem uma comparação do impacto da evolução dos preços do petróleo sobre o poderde compra ao longo do tempo. São calculados deflacionando os preços nominais do petróleo com o IHPC da área do euro,utilizando Dezembro de 2004 como base. Os dados relativos aos preços antes de 1990 referem-se aos dados do IPC nacional.

0

10

20

30

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70

80

0

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nominais em EURreais em EURnominais em USD

1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004

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52BCERelatório Anual2004

preocupações relativas à segurança dosfornecimentos provenientes de diversospaíses produtores de petróleo.

Transmissão de variações nos preços dopetróleo à inflação da área do euro

No que respeita ao impacto do aumento dospreços do petróleo nos preços da área do euro,é útil distinguir entre efeitos directos, indirectos e de segunda ordem1. Primeiro, os efeitosdirectos referem-se ao impacto de uma variação nos preços do petróleo sobre o IHPC globalatravés do seu efeito imediato sobre os preços no consumidor de produtos energéticos. Acomponente energética constitui 8% do IHPC global, estando fortemente correlacionada comos preços do petróleo em euros. O Gráfico B mostra a contribuição das rubricas relacionadascom o petróleo mais importantes da componente energética para a taxa de inflação homólogamedida pelo IHPC global, juntamente com a evolução dos preços do petróleo. Este gráficomostra que o efeito directo se concretiza no ano após o aumento dos preços do petróleo.

Segundo, os efeitos indirectos referem-se à possibilidade de, para além dos efeitos directos, umchoque petrolífero, ao aumentar os custos dos factores de produção energéticos, ter impactonos preços de outros bens e serviços, o que pode resultar num aumento mais geral dos preços,embora tal também dependa do grau em que as margens de lucro conseguem absorver os custosmais elevados. A título exemplificativo, o Gráfico C ilustra o efeito indirecto através dascomponentes do IHPC relacionadas com serviços de transportes. A contribuição destascomponentes para a inflação medida pelo IHPC global tende a aumentar com um certo

1973-1974 1978-1979 1999-2000 2003-2004

em USD 204 125 60 33em EUR 210 110 84 20

Aumentos dos preços do pet ró l eo brutoBrent em per íodos e spec í f i co s(variação em percentagem da média anual)

Fontes: FMI e cálculos do BCE.

1 Ver também o artigo intitulado “Os preços do petróleo e a economia da área do euro”, na edição de Novembro de 2004 do BoletimMensal do BCE e a caixa intitulada “Evolução recente dos preços do petróleo e o seu impacto sobre os preços na área do euro”, naedição de Julho de 2004 da mesma publicação.

Grá f i co B Preços do pet ró l eo econt r ibuto das componentes energét i ca spara a in f l a ção med ida pe lo IHPC(contributo em pontos percentuais, salvo indicação emcontrário)

-0.40

-0.20

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0.20

0.40

0.60

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1.00

1.20

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0

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40

60

80

100

combustíveis líquidos (escala da esquerda)energia térmica (escala da esquerda)lubrificantes (escala da esquerda)preço do petróleo em EUR (taxa de variação homóloga, escala da direita)

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Grá f i co C P reços do pet ró l eo e cont r ibutodas componente s de t ranspor te s para ain f l a ção med ida pe lo IHPC(contributo em pontos percentuais, salvo indicação emcontrário)

0.00

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-20

0

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40

60

80

100

transportes combinados de passageiros (escala da esquerda)transportes aéreos de passageiros (escala da esquerda)transportes rodoviários de passageiros (escala da esquerda)preço do petróleo em EUR (taxa de variação homóloga, escala da direita)

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fontes: Eurostat, Thomson Financial Datastream e cálculos do BCE.

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53BCE

Relatório Anual2004

desfasamento após aumentos dos preços do petróleo. Convém, no entanto, referir que outrosfactores tiveram igualmente impacto nestas componentes, enquanto outras componentes doIHPC também são afectadas indirectamente por variações nos preços do petróleo.

Por último, os efeitos de segunda ordem referem-se à possibilidade de, para além dos efeitosdirectos e indirectos acima referidos, um choque petrolífero ter um outro impacto sobre ainflação, dado que poderá originar maiores reivindicações salariais para compensar adiminuição do rendimento real. Estes efeitos de segunda ordem tendem a ocorrer com umdesfasamento. Tipicamente, para além das expectativas relativas à persistência do choque, aocorrência de efeitos de segunda ordem depende do facto de o contexto económico, emparticular a situação do mercado de trabalho, encorajar ou não maiores reivindicaçõessalariais. Em 2004, os efeitos de segunda ordem relacionados com o choque petrolíferopermaneceram contidos devido à posição cíclica da economia da área do euro e às condições domercado de trabalho. Uma indexação salarial menor do que nas décadas de 70 e 80 pode tertambém contribuído para a redução do papel desempenhado pela inflação no processo deformação salarial.

Transmissão de variações nos preços do petróleo ao crescimento do produto da área do euro

Existem essencialmente dois canais através dos quais os choques petrolíferos afectam aeconomia real. Primeiro, existe o canal do lado da oferta, pelo facto de o petróleo ser umimportante factor no processo de produção. Um aumento do preço do petróleo implica,particularmente a curto prazo, um aumento dos custos de produção, dadas as opções limitadasde substituição do petróleo por outras fontes de energia. O nível do produto pode cair emresultado do aumento dos preços do petróleo, o que pode também implicar uma menor procurade outros factores de produção, como o trabalho. Segundo, do lado da procura, um aumento dospreços do petróleo implica uma deterioração dos termos de troca das economias importadoraslíquidas de petróleo como a área do euro. A diminuição do rendimento real daí resultantetraduz-se numa menor procura interna, na medida em que não é compensada por uma reduçãoda poupança ou um aumento do endividamento. Muitos outros canais, mais difíceis de medir,transmitem os efeitos de um choque petrolífero através da confiança ou dos mercados bolsistas,por exemplo.

Quantificação, baseada em modelos, do impacto do aumento dos preços do petróleo

O impacto do aumento dos preços do petróleo observado ao longo do último ano na inflação ecrescimento do PIB real da área do euro pode ser aproximado utilizando diferentes modelos.Este tipo de estimações geralmente sugere que uma subida de 20% nos preços do petróleoaumenta a inflação da área do euro cerca de 0.2 pontos percentuais no primeiro ano, com umimpacto adicional de cerca de 0.1 pontos percentuais previsto para os dois anos seguintes.Relativamente ao crescimento do PIB real, o impacto estimado ascenderia a cerca de -0.1 a -0.3pontos percentuais no primeiro ano, apenas com um pequeno efeito no segundo e terceiro anos2.

No entanto, os resultados da simulação não deverão ser tomados ao valor facial. Por um lado,convém ter claramente em consideração diversas reservas, tais como a possível existência denão linearidades e assimetrias, e o facto de os modelos não incluírem todos os canais de

2 Para mais informações, ver também o artigo referido na nota 1.

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54BCERelatório Anual2004

PREÇOS DINÂMICOS DOS EDIFÍCIOSRESIDENCIAISOs preços dos edifícios residenciais da área doeuro, que não se encontram incluídos no IHPC,continuaram a subir fortemente em 2004,aumentando 6.9% na primeira metade de 2004,face ao período homólogo de 2003. Este valoroculta desenvolvimentos contrastantes nosvários países da área do euro, com aumentosde dois dígitos em Espanha, Irlanda, França eItália e uma pequena diminuição na Alemanha.Os dados disponíveis para a segunda metade de2004 sugerem a continuação de fortes aumentosdos preços, o que tornaria 2004 no quarto anoconsecutivo em que os preços dos edifíciosresidenciais aumentaram cerca de 6-7% (verGráfico 23). Contudo, este período de aumentossustentados e robustos ocorreu após um períodode aumentos relativamente modestos (inferioresa 3%) durante meados da década de 90.

PREÇOS NO PRODUTOR CRESCENTES NAS FASESINICIAIS DA CADEIA DE PRODUÇÃOA taxa de crescimento homóloga global dospreços da produção industrial na área do euro(excluindo construção) aumentou de forma

transmissão possíveis. Por outro lado, convém também referir que, numa perspectivaestrutural, diversos factores sugerem que a economia da área do euro se tornou mais resistentea choques petrolíferos nos últimos anos, resultando numa possível sobrestimação do impactopor parte das simulações de modelos. Acima de tudo, em comparação com a década de 70, aintensidade em petróleo da produção e a percentagem do consumo de petróleo no consumo totalde energia caíram significativamente na área do euro. Adicionalmente, os mercados detrabalho e do produto parecem ter-se tornado ligeiramente mais flexíveis, permitindo umareafectação mais regular e mais rápida de recursos, o que deverá reduzir o impacto de umchoque petrolífero sobre a economia. Além disso, a credibilidade e a reacção da políticamonetária desempenham um papel importante na determinação do impacto de aumentos dospreços do petróleo sobre a economia da área do euro, tornando incerta a quantificação do efeito.

Porém, são claramente necessárias novas reformas estruturais para aumentar a capacidade de aeconomia da área do euro se ajustar de forma mais regular e mais rápida a choques futuros. Emparticular, aumentar o grau de concorrência efectiva no sector energético da área do europoderia ser altamente benéfico, porque permitiria que preços mais elevados do petróleo fossemabsorvidos sem distorções significativas. Para este fim, não é aconselhável compensaraumentos dos preços do petróleo com medidas orçamentais, tais como cortes nos impostos,uma vez que tal poderia aumentar as distorções existentes na afectação de recursos, impedindoassim os agentes económicos de se ajustarem a um choque externo deste tipo.

constante no decurso de 2004 (ver Gráfico 24).O aumento ganhou dinamismo no segundotrimestre, tendo sido impulsionadoprincipalmente pelos preços dos produtosenergéticos e dos bens intermédios, em linhacom preços mais elevados das matérias-primaspetrolíferas e não petrolíferas, que exercempressões sobre os preços dos factores deprodução nas fases iniciais da cadeia deprodução. Em média, os preços dos bensintermédios aumentaram 3.5% em 2004, face a0.8% em 2003.

Registaram-se, porém, poucos sinais de umaacumulação de pressões significativas sobre ospreços nas fases mais avançadas da cadeia deprodução. Em média, os preços no produtor debens de consumo cresceram 1.3%, ainda abaixoda sua média histórica, mas acima do aumentomédio de 1.1% em 2003. Uma parte significativado aumento dos preços no produtor de bens deconsumo entre 2003 e 2004 resultou deaumentos dos impostos sobre o tabaco. De ummodo mais geral, dado que demora algum tempoaté que as pressões ascendentes dos preços dosfactores de produção se transmitam à cadeia de

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55BCE

Relatório Anual2004

produção, o efeito desfasado de aumentos dospreços das matérias-primas, já observado nasfases iniciais de produção, sobre os preços noprodutor de bens de consumo pode ter apenascomeçado a ganhar dinamismo no início de2005. Contudo, as condições moderadas daprocura podem impedir que as empresas façamrepercutir aumentos dos preços dos produtosenergéticos e dos bens intermédios.

EVOLUÇÃO MODERADA DOS CUSTOS DOTRABALHO EM 2004Os indicadores de custos do trabalho na áreado euro continuaram a abrandar em 2004, emcomparação com os últimos anos (ver Quadro 2).O crescimento das remunerações por empregadoregistou uma diminuição no primeiro semestrede 2004, com uma taxa de crescimentohomóloga média de 2.2%, face a 2.4% em 2003.

Grá f i co 23 Evo lução dos preços dosed i f í c i o s r e s idenc i a i s na á rea do euro

(taxas de variação homólogas (%); dados anuais)

1992 1994 1996 1998 2000 2002 20040

2

4

6

8

10

0

2

4

6

8

10

em termos nominais

Grá f i co 24 Desagregação dos preços daprodução indust r i a l

(taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

Fonte: Eurostat.

1999 2000 2001 2002 2003 2004-12

-8

-4

0

4

8

12

16

20

24

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

produtos energéticos (escala da esquerda)indústria excl. construção (escala da direita)bens intermédios (escala da direita)bens de investimento (escala da direita)bens de consumo (escala da direita)

2002 2003 2004 2003 2004 2004 2004 2004T4 T1 T2 T3 T4

Acordos salariais 2.7 2.4 2.2 2.2 2.3 2.3 2.0 2.2Custos horários totais do trabalho 3.7 2.8 . 2.3 2.8 2.2 1.9 .Rendimentos mensais brutos 3.0 2.6 . 2.5 2.6 2.5 2.3 .Remuneração por empregado 2.5 2.3 . 2.2 2.2 2.1 1.4 .Produtividade do trabalho 0.3 0.3 . 0.6 1.2 1.7 1.3 .Custos unitários do trabalho 2.2 2.0 . 1.5 1.0 0.4 0.1 .

Quadro 2 Ind i cadores de cus tos do t raba lho

(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

Fontes: Eurostat, dados nacionais e cálculos do BCE.

Fonte: Cálculos do BCE, com base em dados nacionaisnão harmonizados.Nota: Os dados de 2004 referem-se à primeira metade doano.

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56BCERelatório Anual2004

Esta diminuição foi generalizada nos principaissectores da economia (ver Gráfico 25), emboratenha sido ligeiramente mais forte nos serviçosrelacionados com o mercado. Os dadosdisponíveis sobre as remunerações porempregado no segundo semestre de 2004apontam para uma nova moderação docrescimento salarial, o que também é sugeridopor outros indicadores de custos do trabalho. Ataxa de crescimento anual dos acordos salariaissituou-se em 2.2% em 2004, face a 2.4% em2003. Observações preliminares dos acordos denegociação salarial assinados no período atéfinais de 2004 em diversos países da área do euronão sugeriram o surgimento de efeitos desegunda ordem dos preços mais elevados dopetróleo. A taxa de crescimento homóloga doscustos horários do trabalho também desceugradualmente ao longo de 2004, atingindo umamédia significativamente inferior à de 2003.Com o crescimento moderado em curso do PIBreal e pressões limitadas nos mercados detrabalho da área do euro, a evolução salarialpermaneceu moderada em 2004.

O crescimento moderado dos salários,juntamente com uma recuperação das taxas decrescimento da produtividade para uma média

Grá f i co 25 Remuneração por empregado ,por sec tor

(taxas de variação homólogas (%); dados trimestrais)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.

1999 2000 2001 2002 2003 20040.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

indústria excl. construçãoconstruçãoserviços

Grá f i co 26 Contr ibutos para oc re s c imento t r imes t ra l do P IB rea l

(contributos trimestrais em pontos percentuais; dadoscorrigidos de sazonalidade)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Variação em percentagem em comparação com o trimestreanterior.

PIB real 1)

procura interna finalexportações

2001 2002 2003 2004-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

de 1.4% nos três primeiros trimestres de 2004,resultaram numa diminuição significativa docrescimento dos custos unitários do trabalho.Estes custos cresceram a uma média de 0.5% nostrês primeiros trimestres de 2004, face a 2.0%em 2003.

2.4 EVOLUÇÃO DO PRODUTO, PROCURA EMERCADO DE TRABALHO

A RECUPERAÇÃO ECONÓMICA PROSSEGUIUEM 2004A recuperação da actividade económica na áreado euro, que teve início na segunda metade de2003, prosseguiu em 2004. O crescimentoglobal do PIB em 2004 situou-se em 1.8%, a taxamais elevada registada desde 2000, o que esteveem geral de acordo com as expectativas no finalde 2003. A recuperação foi conduzida pelodinamismo das exportações, que em 2004

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Relatório Anual2004

foram 5.6% mais elevadas do que em 2003. Aprocura interna, especialmente o investimento,foi também mais elevada. Porém, diversosdesenvolvimentos que não tinham sidototalmente previstos impediram que arecuperação se fortalecesse ao longo de 2004.Em particular, o crescimento numa basetrimestral em cadeia foi mais elevado naprimeira metade do ano do que na segundametade. Os preços do petróleo e a evoluçãocambial tiveram influência sobre o crescimento,e a melhoria apenas gradual das condições nomercado de trabalho e a baixa confiança dosconsumidores contribuíram para a fragilidadedo consumo privado.

Entre meados de 2003 e meados de 2004, arecuperação deveu-se em larga medida aocrescimento das exportações, enquanto ocontributo da procura interna final (ou seja,excluindo variações de existências) foi

relativamente modesto (ver Gráfico 26). Amoderação do crescimento trimestral em cadeiana segunda metade de 2004 foi em grande parte oresultado de uma descida acentuada docontributo do sector externo, apenasparcialmente compensada pela subida gradualdo crescimento da procura interna final. Ocontributo das existências foi relativamentesignificativo em alguns trimestres durante arecuperação, mas foi também volátil. Àexcepção das variações de existências, estesdesenvolvimentos são em larga medidaconsistentes com as características dasrecuperações observadas nas últimas décadas naárea do euro.

Do lado interno, o crescimento trimestral emcadeia do consumo privado foi, em média,relativamente fraco em 2004, reflectindo não sóa evolução moderada do mercado de trabalho,mas também a continuação da incerteza quanto à

Taxas homólogas 1) Taxas trimestrais 2)

2002 2003 2004 2003 2004 2004 2004 2004 2003 2004 2004 2004 2004T4 T1 T2 T3 T4 T4 T1 T2 T3 T4

Produto interno bruto real 0.9 0.5 1.8 0.8 1.6 2.2 1.9 1.6 0.4 0.7 0.5 0.2 0.2do qual:Procura interna 0.4 1.2 1.9 1.5 1.2 1.7 2.6 1.9 1.0 0.3 0.3 0.9 0.3

Consumo privado 0.7 1.0 1.1 0.6 1.2 1.2 0.9 1.3 0.0 0.8 0.0 0.1 0.5Consumo público 3.1 1.6 1.6 1.4 1.9 1.8 1.5 1.2 0.5 0.2 0.4 0.4 0.2Formação bruta de capital fixo -2.5 -0.6 1.7 0.2 1.2 1.9 2.1 1.6 1.1 -0.1 0.5 0.6 0.6Variações de existências 3), 4) -0.1 0.4 0.5 0.8 -0.1 0.2 1.3 0.5 0.7 -0.1 0.1 0.7 -0.1

Exportações líquidas 3) 0.5 -0.6 0.0 -0.6 0.4 0.6 -0.6 -0.3 -0.6 0.4 0.2 -0.7 -0.2Exportações 5) 1.9 0.2 5.6 0.2 3.6 7.2 5.6 6.0 0.1 1.4 2.7 1.3 0.5Importações 5) 0.5 2.0 5.9 2.0 2.8 6.0 7.8 7.1 1.7 0.4 2.4 3.1 1.0

Valor acrescentado bruto realdo qual:

Indústria excl. construção 0.4 0.2 2.2 0.9 1.3 3.6 2.6 1.2 0.8 0.8 1.1 -0.1 -0.6Construção -0.2 -1.5 0.8 -1.0 0.8 1.1 0.6 0.8 0.1 0.6 0.5 -0.7 0.3Serviços relacionadosexclusivamente como mercado 6) 1.0 0.9 1.9 0.9 1.5 2.4 1.8 2.0 0.1 0.8 0.8 0.2 0.3

Quadro 3 Compos i ção do c re s c imento do P IB rea l

(variações em percentagem, salvo indicação em contrário; dados corrigidos de sazonalidade)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Variação em percentagem face ao período homólogo do ano anterior.2) Variação em percentagem face ao trimestre anterior.3) Como contributo para o crescimento do PIB real; em pontos percentuais.4) Incluindo aquisições líquidas de cessões de objectos de valor.5) As exportações e as importações cobrem os bens e serviços e incluem o comércio intra-área do euro. Dado que o comércio intra-áreado euro não se compensa relativamente aos valores das importações e exportações utilizados nas contas nacionais, estes dados não sãototalmente comparáveis aos da balança de pagamentos.6) Inclui comércio, transportes, reparações, hotéis e restaurantes, comunicações, f inanças, serviços empresariais, imobiliários ealugueres.

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58BCERelatório Anual2004

Caixa 6

PROGRESSOS DAS REFORMAS ESTRUTURAIS NOS MERCADOS DE TRABALHO E DO PRODUTONA UE

As reformas estruturais nos mercados do produto e de trabalho são essenciais para melhorar opotencial de crescimento económico da Europa, facilitar o ajustamento e aumentar aresistência a choques. As medidas destinadas a aumentar a taxa de crescimento económicopotencial são ainda mais importantes face ao impacto descendente que o envelhecimento dapopulação irá provavelmente ter sobre a oferta de mão-de-obra no futuro. Em Março de 2000, oConselho Europeu de Lisboa introduziu uma agenda de reformas ambiciosa destinada a tornara UE na economia mais competitiva e dinâmica do mundo até 2010, tendo por base oconhecimento. O relatório de Novembro de 2004 apresentado pelo grupo de alto nívelpresidido por Wim Kok1 constitui o ponto de partida para a revisão intercalar desta estratégia.Em Fevereiro de 2005, o Relatório da Primavera apresentado pela Comissão Europeia aoConselho Europeu apelava para a necessidade de uma maior adopção nacional da estratégia deLisboa, a sua simplificação e uniformização, bem como uma maior incidência sobre ocrescimento e o emprego. A revisão intercalar da estratégia ficou concluída no ConselhoEuropeu de Março de 2005. Esta caixa apresenta uma breve análise dos progressos alcançadosna adopção da agenda de reformas da UE ao longo dos últimos anos e, em particular, em 2004.

A UE define prioridades dominantes em vários campos de política económica nas OrientaçõesGerais de Política Económica (OGPE). Estas prioridades constituem a base das recomendaçõesde política efectuadas a cada Estado-Membro da UE. Na área dos mercados de trabalho, asOGPE para o período de 2003-05, em conjunto com a actualização das OGPE realizada em2004 com o objectivo de incorporar os novos Estados-Membros, salientam a necessidade de:(i) melhorar a combinação dos efeitos de incentivo dos impostos e dos subsídios, de modo atornar compensador trabalhar, (ii) assegurar políticas activas no mercado de trabalhoeficientes, dirigidas aos grupos mais desfavorecidos, (iii) promover uma organização maisflexível do trabalho e analisar a legislação relativa aos contratos de trabalho, (iv) facilitar amobilidade geográfica e ocupacional e (v) assegurar que os sistemas de negociação salarialpermitem que os salários reflictam a produtividade.

Nos últimos anos, diversos países adoptaram reformas nos seus sistemas de tributação e debenefícios a fim de reduzir os custos de trabalho não salariais e encorajar a oferta de trabalho.As taxas dos impostos sobre o rendimento diminuíram nos escalões médio e inferior dorendimento, e as contribuições para a segurança social dos empregadores e empregados foramreduzidas, em especial para os indivíduos que auferem salários baixos. Além disso, foramrealizados progressos no que respeita ao aumento da taxa de participação dos indivíduos nasmargens do mercado de trabalho. Alguns Estados-Membros reforçaram o papel das agências deemprego temporário e flexibilizaram a legislação de protecção ao emprego no que se refere aoscontratos a prazo. Foi também alterada a regulamentação sobre os horários de trabalho,permitindo um cálculo mais flexível do horário de trabalho máximo permitido em toda a UE. Odireito ao trabalho a tempo parcial foi alargado em alguns países. Existem sinais de que asempresas têm uma maior flexibilidade na utilização dos recursos laborais, em resultado dereformas adoptadas no passado. Por exemplo, sinais recentes sugerem que o ajustamento dos

1 Para mais pormenores, ver Secção 1.1 do Capítulo 4.

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Relatório Anual2004

horários de trabalho desempenhou um papel mais importante na área do euro no abrandamentoregistado em 2001-03 do que em ciclos anteriores2.

A maioria dos Estados-Membros da UE introduziu novas reformas do mercado de trabalho em2004, incluindo a continuação da reforma dos sistemas de tributação do rendimento, arestruturação dos sistemas da segurança social e de subsídios e políticas destinadas a aumentara idade média de reforma. Porém, as reformas parecem ficar aquém do anunciado pelosgovernos. Foram realizados progressos limitados no sentido de atrair mais pessoas para omercado de trabalho, no investimento na acumulação de capital humano e no aumento daadaptabilidade quer dos trabalhadores quer das empresas a alterações nas condiçõesmacroeconómicas. As medidas destinadas a reduzir o desemprego de longa duração através daformação e que procuram aumentar a produtividade do trabalho através da evolução vocacionale profissional e da aprendizagem ao longo da vida continuam a ser áreas prioritárias dereforma. Além disso, são necessárias novas reformas para encorajar a mobilidade do trabalhoatravés da melhoria da transferibilidade das pensões e dos direitos a cuidados de saúde, assimcomo para permitir a diferenciação salarial de acordo com diferenças locais, regionais esectoriais da produtividade.

A agenda de reformas estruturais para os mercados do produto abrange uma vasta gama deáreas. Nomeadamente, as OGPE recomendam que os Estados-Membros promovam aconcorrência nos mercados de bens e serviços (i) transpondo mais rapidamente para alegislação nacional as directivas relativas ao mercado interno, (ii) dando maior abertura aoscontratos públicos, (iii) dando poderes e recursos adequados às autoridades reguladorase de concorrência e assegurando a sua independência, (iv) reduzindo a ajuda estatal e(v) encorajando a entrada no mercado e a concorrência efectiva nas indústrias de rede.

A percentagem de legislação da UE relativa ao mercado interno que os Estados-Membros aindanão tinham transposto para a respectiva legislação nacional (conhecida por “défice detransposição”) aumentou de novo. A Comissão Europeia tomou diversas medidas paramelhorar o funcionamento do mercado interno, em particular no sector dos serviços, ondeexistem ainda algumas barreiras significativas ao seu funcionamento. Muitas destas barreirasparecem dever-se a regulamentos nacionais, por exemplo encargos e procedimentosadministrativos para o estabelecimento de filiais em outros países da UE. No início de 2004, aspresidências irlandesa, holandesa, luxemburguesa e britânica acordaram uma iniciativaconjunta para dar prioridade a reformas regulamentares ao longo de 2004 e 2005 e desenvolveresforços no sentido de reduzir os encargos administrativos. Diversos países tomaram medidasdestinadas a melhorar a eficiência e a transparência dos procedimentos relativos aos contratospúblicos. Além disso, alguns países aumentaram os poderes e a independência das respectivasautoridades reguladoras e de concorrência. Acresce ainda que, nos últimos anos, a tendência deredução e redirecionamento da ajuda estatal para objectivos horizontais parece ter continuado,embora esta ainda desempenhe um papel importante em alguns sectores, como por exemplo, ostransportes. Os Estados-Membros continuaram a implementar reformas regulamentares nasindústrias de rede, embora a reforma da agenda regulamentar nesta área não tenha sido aindaconcluída. A concorrência efectiva em sectores anteriormente protegidos, tais como aelectricidade e o gás, deveria ainda ser aumentada.

2 Para mais pormenores, ver a caixa intitulada “Evolução do total de horas trabalhadas na área do euro” na edição de Outubro de 2004do Boletim Mensal do BCE.

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60BCERelatório Anual2004

adopção das reformas estruturais necessárias(ver a Caixa 6 para mais pormenores sobre osprogressos das reformas estruturais). É provávelque tal tenha influenciado a confiança dosconsumidores. A formação bruta de capital fixoaumentou significativamente ao longo de 2004,apesar do impacto negativo das descidasacentuadas do crescimento do investimento emconstrução na Alemanha na primeira metadedo ano e de quedas do investimento dasadministrações públicas na segunda metade.

O padrão de crescimento económico em 2004 foitambém influenciado por factores externosespecíficos, incluindo o preço do petróleo e aevolução da taxa de câmbio. O crescimento naárea do euro foi afectado não só pelo impactodirecto dos aumentos dos preços do petróleo,sob a forma de custos de produção mais elevadose de redução do poder de compra do rendimentodos consumidores, mas também indirectamentepelo impacto no enquadramento internacional.A forte expansão da actividade económicamundial observada no início de 2004 foiatenuada na segunda metade do ano, tendo sidoafectada, nomeadamente, pelos aumentos dospreços do petróleo registados a partir de meadosde 2004, o que contribuiu para a redução docrescimento da procura externa de exportaçõesda área do euro durante a segunda metade doano. Da mesma forma, a apreciação significativada taxa de câmbio do euro observada durante amaior parte de 2003, apesar de ter reduzido ocusto do petróleo para os importadores da áreado euro, teve também um efeito desfasadonegativo sobre a competitividade da área do eurono seu conjunto.

Numa perspectiva sectorial, o crescimento dovalor acrescentado tendeu a acompanhar a

evolução do produto real global ao longo dociclo. Em particular, o crescimento do valoracrescentado na indústria transformadora enos serviços puramente relacionados com omercado foi sustentado na primeira metade de2004, mas mais moderado na segunda metade. Omovimento cíclico da economia no ano passadoparece, portanto, ter sido principalmenteimpulsionado por perturbações agregadas e nãoespecíficas de determinado sector.

Diversas medidas de dispersão indicam que adivergência das taxas de crescimento do PIBreal entre os países da área do euro diminuiu em2004. Reflectindo em parte a recuperaçãoeconómica mundial, o crescimento médio anualdo PIB real aumentou em 2004 em todos ospaíses da área do euro face ao ano anterior,excepto na Grécia, onde, no entanto, se manteverelativamente forte.

MELHORIA DO MERCADO DE TRABALHO ECRESCIMENTO DA PRODUTIVIDADE EM 2004As condições do mercado de trabalho não sealteraram de forma significativa na área do euroem 2004, embora se possam detectar sinais deuma melhoria gradual. Depois de se ter mantidopraticamente inalterado em 2003, o empregoaumentou ao longo de 2004 (ver Quadro 4). Oaumento global, porém, foi moderado, o queesteve em parte de acordo com a respostadesfasada do emprego à actividade económica,mas reflectiu também a resistência invulgardo emprego (medido em termos de pessoasempregadas) durante o abrandamentoeconómico em 2001-2003, que reduziu anecessidade de contratação de pessoal nesta faseda recuperação. Enquanto a evolução do númerode pessoas empregadas se manteve rela-tivamente estável durante as recentes fases

Em suma, em 2004, foram realizados maiores progressos nas reformas estruturais, em especialnos mercados de trabalho, mas, no geral, o ritmo das reformas manteve-se decepcionante.Como resultado, muito provavelmente, a UE não conseguirá alcançar os objectivos de Lisboa,a menos que os Estados-Membros acelerem vigorosamente os respectivos esforços paraadoptar as reformas. Um novo dinamismo no processo de reforma estrutural não só aumentaráa eficiência económica geral e melhorará as perspectivas de crescimento a mais longo prazo,como também reforçará a base para uma recuperação económica sustentada.

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Relatório Anual2004

2002 2003 2004 2002 2002 2003 2003 2003 2003 2004 2004 2004 2004T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4

População activa 1.0 0.7 . 0.1 0.1 0.2 0.2 0.1 0.1 0.2 0.1 0.2 .

Emprego 0.6 0.2 . -0.0 0.0 0.0 0.1 0.0 -0.0 0.1 0.2 0.2 .Agricultura 1) -2.1 -2.5 . -0.8 -0.7 -0.9 -0.6 -0.1 -0.1 -0.4 0.1 -0.1 .Indústria 2) -1.2 -1.5 . -0.4 -0.5 -0.3 -0.3 -0.5 -0.5 -0.5 0.3 -0.2 .– excl. construção -1.3 -2.0 . -0.4 -0.6 -0.5 -0.5 -0.5 -0.7 -0.6 -0.0 -0.2 .– construção -0.7 -0.2 . -0.3 -0.1 0.1 0.4 -0.4 -0.0 -0.2 1.2 -0.1 .Serviços 3) 1.4 1.0 . 0.2 0.3 0.2 0.3 0.2 0.1 0.4 0.2 0.3 .

Taxas de desemprego 4)

Total 8.2 8.7 8.8 8.3 8.4 8.6 8.7 8.7 8.8 8.9 8.8 8.8 8.8Idade < a 25 anos 16.8 17.6 17.8 16.9 16.8 17.2 17.5 17.6 18.0 18.0 18.0 17.8 17.6Idade ≥ a 25 anos 7.0 7.4 7.6 7.1 7.2 7.4 7.4 7.5 7.5 7.6 7.6 7.6 7.6

Quadro 4 Evo lução do mercado de t raba lho

(variações em percentagem face ao período anterior; percentagens)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Inclui pescas, caça e silvicultura.2) Inclui indústria transformadora, construção, indústria mineira e extractiva e fornecimento de electricidade, gás e água.3) Exclui órgãos e organizações extraterritoriais.4) Percentagem da população activa, em conformidade com recomendações da OIT.

do ciclo, os sinais disponíveis indicam que oemprego em termos de horas trabalhadas foimais sensível ao ciclo económico. Isso sugereque durante o recente abrandamento e posteriorrecuperação as entidades patronais podem terdecidido ajustar o emprego mais em termos dehoras do que em termos de pessoas empregadas.

O emprego continuou a descer na indústria(excluindo a construção) durante o ano de 2004,embora em menor dimensão ao longo detrimestres sucessivos, tendo aumentadocontinuamente no sector dos serviços. Aprodutividade do trabalho continuou a recuperarde forma significativa em 2004 (em especialno sector industrial) (ver Gráfico 27). Ocrescimento da produtividade do trabalhotinha vindo a aumentar desde meados de 2003,reflectindo a habitual evolução cíclica daactividade e do emprego.

A taxa de desemprego na área do euro manteve--se praticamente estável em 8.8% em 2004 (verGráfico 28). Também não se verificaram

alterações significativas nas taxas dedesemprego por grupo etário e por sexo. Porém,o número de desempregados, depois de teraumentado acentuadamente em 2003, registouuma descida de cerca de 50 000 pessoas, emtermos globais, em 2004. Estes sinais demelhoria, embora modestos, estiveram deacordo com outras indicações de um ponto deviragem no mercado de trabalho. Estes incluema evolução do número de postos de trabalho porpreencher, que aumentou na segunda metade de2004, depois de ter descido continuamentedesde 2001.

A taxa de desemprego na maioria dos países daárea do euro manteve-se praticamenteinalterada, em média, entre 2003 e 2004, emboraos valores relativos ao desemprego registadosem alguns países tenham sido afectados, emcerta medida, por alterações estatísticas. Emgeral, o grau de dispersão das taxas dedesemprego entre os países da área do eurodesceu ligeiramente em 2004.

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62BCERelatório Anual2004

1 Os valores apresentados neste parágrafo e nos gráf icos referem-se às hipóteses de “variante média” relativas à fertilidade, quepodem ser consideradas as mais prováveis. Para mais informações, ver “World Population Prospects: The 2002 Revision”(Projecções da População Mundial: Revisão de 2002), Nações Unidas.

Caixa 7

EFEITOS POTENCIAIS DAS ALTERAÇÕES DEMOGRÁFICAS NA ÁREA DO EURO

A dinâmica demográfica recente e prevista na área do euro, bem como em muitos outros paísesindustrializados, é caracterizada pela diminuição do crescimento e envelhecimento gradual dapopulação. Esta evolução é o resultado de taxas de fertilidade baixas na maior parte dos paísesda área do euro e do aumento da esperança de vida. Embora todas as previsões demográficasestejam rodeadas de considerável incerteza, estes padrões parecem ser comuns à maioria,incluindo às do Eurostat e das Nações Unidas. Esta caixa apresenta algumas das principaisimplicações.

Alterações demográficas

De acordo com as projecções mais recentes disponíveis respeitantes aos países da área do euro(United Nations 2002 World Population Prospects (Projecções da População Mundial dasNações Unidas de 20021), as taxas totais de fertilidade na área do euro deverão manter-se

Grá f i co 28 Desemprego

(dados mensais; corrigidos de sazonalidade)

Fonte: Eurostat.Nota: Os dados referem-se ao Euro 12 (incluindo períodosanteriores a 2001).1) As variações homólogas não são corrigidas desazonalidade.

variação homóloga em milhões (escala da esquerda) 1)

percentagem da população activa (escala da direita)

1994 1996 1998 2000 2002 2004-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

7.5

8.0

8.5

9.0

9.5

10.0

10.5

11.0

11.5

Grá f i co 27 Produt i v idade do t raba lho

(taxas de variação homólogas (%))

Fonte: Eurostat.

1996 1998 2000 2002 2004-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

conjunto da economiaindústria excl. construção

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63BCE

Relatório Anual2004

abaixo do nível de substituição da população de cerca de duas crianças por mulher no períodoaté 2050. Ao mesmo tempo, a esperança média de vida deverá aumentar cinco anos entre 2005e 2050 (ver painel da esquerda no gráfico). A combinação destes dois efeitos implica umabrandamento da taxa de crescimento da população na área do euro e, a partir de cerca de 2015,uma descida da sua população total. Além disso, a proporção de pessoas mais velhas (comidade igual ou superior a 65 anos) na população deverá aumentar, e a proporção da populaçãoem idade activa (entre 15 e 64 anos) deverá diminuir (ver painel da direita no gráfico), primeirogradualmente e depois a uma taxa mais rápida a partir de cerca de 2015. Tal deverá implicar umaumento do rácio de dependência da terceira idade na área do euro (ou seja, o rácio dapopulação com idade igual ou superior a 65 anos em relação à população com idade entre 15 e64 anos) de cerca de 26% em 2005 para cerca de 30% em 2015 e para mais de 52% em 2050, umaumento total de cerca de 26 pontos percentuais ao longo do período de 2005 a 2050.

Implicações económicas

Esta alteração demográfica terá um efeito profundo sobre as economias da área do euro. Porexemplo, a composição da oferta de trabalho variará à medida que for aumentando a proporçãode trabalhadores mais velhos, podendo mesmo a oferta de trabalho diminuir se os trabalhadorescontinuarem a reformar-se cedo e se o número de novos trabalhadores a entrar no mercado detrabalho para os substituir for demasiado baixo. A diminuição prevista da população em idadeactiva deverá exercer pressões descendentes sobre a taxa de crescimento do produto potencialda área do euro, a não ser que possa ser compensada por maiores contributos de outros factoresde crescimento, tais como aumentos da participação no mercado de trabalho, da produtividadedo trabalho e/ou da utilização produtiva de outros recursos tais como o capital. Tem havidoalguma discussão quanto à dimensão em que a imigração poderá contribuir para aumentar aoferta de trabalho. A maioria dos estudos sugere que o papel da migração na abordagem dosdesafios populacionais da Europa deverá ser pequeno e temporário, sendo limitado pelonúmero de potenciais migrantes relativamente à dimensão do problema e por constrangimentospráticos e políticos.

Pr inc ipa i s desenvo lv imentos demográ f i co s na á rea do euro

Fontes: United Nations 2002 World Population Prospects (variante de fertilidade média) e cálculos do BCE.

-14.0

-10.0

-6.0

-2.0

2.0

6.0

10.0

1990-1995

1995-2000

2000-2005

2005-2010

2010-2015

2015-2020

2020-2025

2025-2030

2030-2035

2035-2040

2040-2045

2045-2050

62.0

66.0

70.0

74.0

78.0

82.0

86.0

taxa de crescimento da população (variação em percentagem; escala da esquerda)taxa de fertilidade total (escala da esquerda)esperança de vida (anos; escala da direita)

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 20500.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

70.0

80.0

% da população com idades entre 15 e 64 anos (escala da esquerda)% da população com idade igual a 65 anos e superior (escala da esquerda)rácio de dependência da terceira idade (escala da direita)

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64BCERelatório Anual2004

O financiamento dos sistemas da segurança social, e em particular dos sistemas de pensõespúblicos baseados no princípio da repartição, ficará também sujeito a pressões à medida queaumenta o rácio entre o número de pensionistas e o número de contribuintes para os sistemas depensões e de saúde. As despesas públicas relacionadas com a saúde e cuidados prolongadosdeverão aumentar com a continuação dos progressos nas tecnologias médicas e o aumento daprocura destes serviços com o número de pessoas idosas. A dimensão destes efeitos potenciaisdeverá ser substancial. As estimativas do Grupo de Trabalho do Envelhecimento da Populaçãodo Comité de Política Económica da Comissão Europeia sugerem despesas adicionais com aspensões entre 3% e 6% do PIB até 2050 na maioria dos países da área do euro. Um outroaumento da despesa de 2% a 4% do PIB poderá resultar dos crescentes custos com a saúde e oscuidados prolongados.

O envelhecimento da população deverá também induzir alterações na estrutura dos mercadosfinanceiros e na fixação de preços dos activos financeiros. Famílias de diferentes geraçõesdetêm tipicamente diferentes quantidades de activos financeiros e escolhem activos comdiferentes perfis de risco para as suas carteiras de investimento. Dado que a procura dehabitação a longo prazo depende, nomeadamente, do número de famílias numa economia, asalterações demográficas podem afectar também os preços do imobiliário. Além disso, asreformas das pensões, em particular uma mudança no sentido de mais financiamento privado,terão provavelmente um efeito significativo sobre os mercados financeiros, à medida queaumenta o papel dos investidores institucionais, tais como fundos de pensões e sociedades deseguros. A disponibilidade limitada de séries temporais longas de preços financeiros, osproblemas de medição e o facto de, tipicamente, apenas uma pequena fracção da populaçãodeter participações limitam a quantificação dos possíveis efeitos das alterações demográficassobre os mercados financeiros. Porém, as simulações realizadas utilizando modelos baseadosna teoria do “ciclo de vida” mostram que, em geral, o envelhecimento da população implicauma descida dos preços dos activos financeiros (acções e obrigações) e um aumento dosprémios das acções exigidos quando a actual população activa se reformar.

Necessidade de reformas abrangentes

A fim de fazer face a estes efeitos das alterações demográficas, os governos terão de adoptarreformas abrangentes. Estas reformas deverão abordar os problemas específicos dos sistemasde pensões e de saúde, reduzir a dívida pública global e reforçar as forças impulsionadoras docrescimento económico. Na UE, os governos acordaram uma estratégia tripartida, estabelecidapela primeira vez nas OGPE de 2001 e que engloba três objectivos principais: aumentar astaxas de emprego, reduzir a dívida pública e reformar os sistemas de pensões, incluindo atransição para uma maior aposta na capitalização.

Nos países da área do euro, verifica-se a necessidade urgente de aumentar a participação nomercado de trabalho e o emprego para todos os grupos da população em idade activa, emparticular aqueles, como os indivíduos de idade igual ou superior a 55 anos, entre os quais ataxa de participação é especialmente baixa. Um primeiro passo importante consiste em reduzirde novo os desincentivos ao trabalho que actualmente persistem em diversos mercados detrabalho da área do euro, devido à interacção de impostos e bonificações e à disponibilização deesquemas de reforma antecipada. Estes sistemas criam desincentivos, em particular para ossegundos titulares de rendimento, os trabalhadores com baixa remuneração, os trabalhadoresmais novos e mais idosos e as mulheres. As políticas para aumentar a participação feminina no

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Relatório Anual2004

mercado de trabalho devem permitir às mulheres combinar família e trabalho, aumentando aflexibilidade das horas de trabalho e melhorando os serviços de infantários e de cuidados aosidosos. Além disso, em alguns casos, poderá ser útil melhorar os incentivos à continuação dotrabalho numa fase mais tardia da vida, por exemplo através de políticas de saída gradual dasituação de emprego e uma maior disponibilização de postos de trabalho parcial ou temporáriopara os trabalhadores mais idosos. Contudo, deverão estar também disponíveis incentivossuficientes para que os empregadores possam contratar e/ou reter trabalhadores mais idosos.Além disso, diversos países terão necessidade de iniciar um processo de investimento emcapital humano e investigação e desenvolvimento, a fim de compensar os possíveis efeitos doenvelhecimento da população sobre o trabalho e a produtividade total dos factores.

A redução da dívida pública deverá contribuir para melhorar a sustentabilidade orçamental,tornando assim as finanças públicas menos vulneráveis ao impacto de alterações demográficas.Em particular, níveis inferiores de dívida dariam aos governos margem de manobra adicionalem épocas de maiores encargos orçamentais relacionados com o envelhecimento da população.Da mesma forma, menores despesas com juros da dívida pública libertariam recursosorçamentais e proporcionariam aos governos maior flexibilidade para fazer face a quaisquerdesenvolvimentos imprevistos. A este respeito, as disposções previstas no Pacto deEstabilidade e Crescimento, em particular os requisitos de que as finanças públicas semantenham próximo do equilíbrio ou excedentárias, estabelecem incentivos na direcção certapara que os governos se preparem para os encargos orçamentais relacionadas com oenvelhecimento da população.

A dimensão das pressões previstas sobre os sistemas de pensões sugere que deverão serseguidos dois conjuntos de estratégias na área da reforma das pensões. Em primeiro lugar, sãonecessários novos ajustamentos à estrutura de benefícios e contributos no contexto dos acordosde repartição existentes (reformas paramétricas). Estas incluem revisões das fórmulas dasbonificações e ajustamentos à indexação dos benefícios de pensões. Além disso, a maior partedos países terá de transitar para uma maior capitalização dos benefícios e a diversificação dosacordos de financiamento (reformas sistémicas). As pensões seriam financiadas, não atravésde transferências correntes dos rendimentos do trabalho, mas através de capital previamenteacumulado por meio de fundos de pensões. Assim, deveriam ser adoptadas políticas destinadasa facilitar o desenvolvimento de uma infraestrutura que permitisse que estes fundos afectassemeficientemente poupanças-reforma e gerissem os correspondentes riscos, salvaguardando ocarácter não especulativo das poupanças-reforma.

Em conclusão, as projecções da população sugerem que as alterações demográficas na área doeuro serão mais evidentes por volta de 2015, embora os desenvolvimentos ao nível de cada paísprossigam a ritmos diferentes e em vários países da área do euro a população total tenha jácomeçado a diminuir. Apesar de muitos países começarem a melhorar a compatibilidade deincentivos dos seus sistemas fiscais e de bonificações e a sustentabilidade das finançaspúblicas, são necessárias mais reformas abrangentes num futuro próximo. É necessária aadopção atempada de reformas abrangentes e compatíveis com os incentivos, tendo comoobjectivo a preparação para as alterações demográficas.

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66BCERelatório Anual2004

Excedente (+) / défice (-) das administrações públicas

2001 2002 2003 2004

Área do euro -1.8 -2.5 -2.8 -2.7Bélgica 0.4 0.1 0.4 0.1Alemanha -2.8 -3.7 -3.8 -3.7Grécia -4.1 -4.1 -5.2 -6.1Espanha -0.5 -0.3 0.3 -0.3França -1.6 -3.2 -4.2 -3.7Irlanda 0.9 -0.5 0.2 1.3Itália -3.0 -2.6 -2.9 -3.0Luxemburgo 6.2 2.3 0.5 -1.1Países Baixos -0.1 -1.9 -3.2 -2.5Áustria 0.3 -0.2 -1.1 -1.3Portugal -4.4 -2.7 -2.9 -2.9Finlândia 5.2 4.3 2.5 2.1

Dívida bruta das administrações públicas

2001 2002 2003 2004

Área do euro 69.6 69.5 70.8 71.3Bélgica 108.0 105.4 100.0 95.6Alemanha 59.4 60.9 64.2 66.0Grécia 114.8 112.2 109.3 110.5Espanha 57.8 55.0 51.4 48.9França 57.0 59.0 63.9 65.6Irlanda 35.8 32.6 32.0 29.9Itália 110.7 108.0 106.3 105.8Luxemburgo 7.2 7.5 7.1 7.5Países Baixos 52.9 52.6 54.3 55.7Áustria 67.1 66.7 65.4 65.2Portugal 55.9 58.5 60.1 61.9Finlândia 43.8 42.5 45.3 45.1

Quadro 5 Pos i ções o r çamenta i s na á rea do euro

(em percentagem do PIB)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.Nota: Os dados baseiam-se nas definições do procedimento relativo aos déf ices excessivos. Os saldos orçamentais excluem receitasda venda de licenças de UMTS.

2.5 EVOLUÇÃO ORÇAMENTAL

SALDOS ORÇAMENTAIS GLOBALMENTE ESTÁVEISEM 2004A evolução orçamental na área do euro não foisatisfatória em 2004. De acordo com os últimosdados disponibilizados pelo Eurostat, o déficeda área do euro manteve-se globalmente estávelem 2.7% do PIB (ver Quadro 5). A execuçãoorçamental em 2004 reflectiu um ligeiroabrandamento da restritividade orçamental,enquanto o impacto do ciclo económico foireduzido. A maior parte dos países da área doeuro não conseguiu cumprir os objectivosestabelecidos nos programas de estabilidadeactualizados do final de 2003 e do início de2004. Em média, a falha no cumprimento dosobjectivos atingiu 0.3 pontos percentuais do

PIB, principalmente devido ao não cumprimentode planos de consolidação estrutural ambiciosospor parte dos países com desequilíbriossubstanciais.

Vários países registaram rácios do déficeiguais ou acima do valor de referência de 3% doPIB, e quatro países (Alemanha, Grécia, Françae Países Baixos) registaram uma situaçãode défice excessivo. Pelo terceiro anoconsecutivo, os défices ultrapassaram por umamargem significativa 3% do PIB na Alemanha eFrança. Na sequência de revisões estatísticassignificativas, tornou-se evidente que, deacordo com a metodologia do SEC 95, a Gréciatinha registado défices acima do valor dereferência desde 1997; o seu défice para 2004situou-se em 6.1% do PIB. A Itália apresentou

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Relatório Anual2004

um défice de 3.0% do PIB. Portugal registou umdéfice ligeiramente abaixo de 3% do PIB, nãoobstante a contínua (embora decrescente)aplicação de medidas de política temporáriassignificativas.

A execução orçamental para o conjunto da áreado euro, quando medida pela variação do saldoprimário corrigido do ciclo de acordo com asestimativas da Comissão Europeia, reflectiuuma orientação orçamental ligeiramenteexpansionista. Com as despesas com jurospraticamente inalteradas, a deterioração dosaldo primário foi o principal factor na origemdeste resultado. O crescimento do PIB éestimado num valor em linha com o crescimentopotencial e, deste modo, a conjuntura económicadeverá ter tido muito pouco efeito sobre avariação da componente cíclica do orçamento,em média. A consolidação estrutural foiaplicada apenas em alguns casos. Os três paísescom as dívidas mais elevadas (Bélgica, Grécia eItália) continuaram a beneficiar de poupançasnas despesas com juros, com um efeito favorávelsobre as posições orçamentais globais, o que, emparte, compensou a deterioração dos saldosprimários nestes países.

A evolução orçamental reflecte o facto de, emmédia na área do euro, os cortes nos impostos e odesaparecimento gradual de medidas deajustamento temporárias terem sido financiadosde modo insuficiente por poupanças em despesaprimária. Os factores de redução da receitaincluíram reduções nos impostos directos e nascontribuições para a segurança social, bemcomo uma queda das receitas de capital devidoao desaparecimento gradual das medidastemporárias. Estes foram parcialmentecompensados por aumentos dos impostosindirectos. No lado da despesa, surgiram sinaisde alguma contenção (principalmente através doconsumo público e de benefícios sociais) nãoobstante o desaparecimento parcial de medidastemporárias. Embora tal reflicta uma inversão depolíticas de despesa mais laxistas nos últimosanos, não foi suficiente para compensartotalmente a descida da receita.

O rácio da dívida em relação ao PIB da área doeuro aumentou, pelo segundo ano consecutivo,para 71.3% em 2004. Este agravamento reflecteprincipalmente o nível reduzido (e decrescente)do rácio do excedente primário, o facto de ocrescimento económico se ter situado abaixo dataxa de juro implícita média paga sobre a dívidapública e, em alguns casos, discrepânciassignificativas entre a evolução do défice e dadívida – conhecidas por ajustamentos défice--dívida. Entre os sete países que apresentaramrácios da dívida acima de 60% do PIB, apenasa Bélgica registou uma descida significativado seu rácio da dívida, para um nível inferiora 100% do PIB, reflectindo resultadosorçamentais que se mantiveram próximo doequilíbrio. A Grécia e Itália continuaram aexibir rácios da dívida acima de 100% do PIB,com poucas alterações desde 2001. Alemanha,França, Áustria e Portugal apresentaram ráciosda dívida moderadamente acima do valor dereferência de 60% do PIB e em todos estespaíses à excepção da Áustria, o rácio aumentouem comparação com 2003. A contínuadeterioração dos saldos orçamentais e o aumentodo rácio da dívida em relação ao PIB tambémse reflectem no saldo de títulos de dívidapública (ver Caixa 8).

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68BCERelatório Anual2004

Caixa 8

EVOLUÇÃO DOS TÍTULOS DE DÍVIDA DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS NA ÁREA DO EURO

Num contexto de subida dos défices das administrações públicas na área do euro, o nível do saldode títulos de dívida das administrações públicas aumentou nos últimos anos. Esta evoluçãoreflectiu-se quer no aumento dos rácios da dívida em relação ao PIB, quer na subida das taxas decrescimento homólogas dos títulos de dívidaemitidos por administrações públicas na áreado euro – 5.0%, 5.5% e 5.4% no final de 2002,2003 e 2004, respectivamente (face a 3.3% nofinal de 2001)1.

Analisando o montante total do saldo dostítulos de dívida das administrações públicasno final de 2004, os principais intervenientesenvolvidos neste segmento dos mercados decapitais da área do euro são a Itália, Alemanhae França, com pesos a oscilarem entreaproximadamente 20% e 30% do total domercado (ver Gráfico A).

A evolução da estrutura do saldo de títulos dedívida das administrações públicas na área doeuro contém três características fundamentais.Em primeiro lugar, a dívida pública épredominantemente emitida pela administraçãocentral, que representou 94.3% do saldo de títulos de dívida em 2004, sendo que as outrasadministrações públicas foram responsáveis pelos restantes 5.7% (ver Quadro A). No entanto, o

1 As taxas de crescimento têm por base transacções f inanceiras e não são corrigidas de reclassif icações, reavaliações, variaçõescambiais e quaisquer outras variações que não sejam devidas a transacções. Para mais pormenores, ver a Nota técnica relativa àsSecções 4.3 e 4.4 da secção “Estatísticas da área do euro” do Boletim Mensal do BCE.

Es t rutura dos sa ldos de t í tu lo s de d í v ida emi t idos por admin i s t rações púb l i ca s daárea do euro(em percentagem do total dos títulos de dívida emitidos por administrações públicas; fim de período)

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Administração central 96.9 96.9 96.7 96.3 95.4 94.7 94.3Títulos de longo prazo 87.5 89.3 89.9 89.0 87.2 85.8 36.0Títulos de curto prazo 9.4 7.6 6.9 7.2 8.2 8.9 8.3

Outras administrações públicas 3.1 3.1 3.3 3.7 4.6 5.3 5.7Títulos de longo prazo 3.0 3.0 3.2 3.6 4.5 5.2 5.6Títulos de curto prazo 0.1 0.2 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1

Total das administrações públicasTítulos de longo prazo 90.5 92.3 93.0 92.6 91.7 91.1 91.6

a taxa fixa 75.4 79.3 81.2 82.5 82.1 82.2 82.9a taxa variável 12.3 10.5 10.0 8.7 8.0 7.5 7.6

Títulos de curto prazo 9.5 7.7 7.0 7.4 8.3 8.9 8.4Total das administrações públicasem EUR mil milhões 3 304.9 3 450.5 3 546.4 3 764.6 3 939.3 4 141.2 4 362.5

Fonte: BCE.

Grá f i co A Saldo de títulos de dívida públicada área do euro por país emitente em 2004

(percentagens; fim de período)

Fonte: BCE.

IT27.4

DE23.2

FR20.4

ES7.8

LU0.0

GR3.6

PT1.7AT

3.0

FI1.4 IE

0.7

NL4.9

BE5.9

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Relatório Anual2004

sector das outras administrações públicas tornou-se mais activo. A percentagem de títulos dedívida emitidos pela administração central tem vindo a descer continuamente desde 1998,enquanto a percentagem de títulos de dívida emitidos por outras administrações públicas quaseduplicou entre 1998 e 2004.

Em segundo lugar, no que respeita à desagregação dos títulos de dívida pública por prazo, adívida de longo prazo representou cerca de 91.6% do saldo de títulos de dívida no final de 2004.

Grá f i co B D i f e renc i a i s das taxas de rend ib i l i dade das obr i gações de d í v ida púb l i ca delongo prazo f a ce à A l emanha 1)

(pontos base; dados mensais)

Fontes: BIS e cálculos do BCE.1) As taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública de longo prazo referem-se a obrigações a dez anos ou àmaturidade disponível mais próxima das obrigações.

-10

0

10

20

30

40

50

1999 2000 2001 2002 2003 2004

1999 2000 2001 2002 2003 2004

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EspanhaItáliaPortugal

FrançaÁustria

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60

70

BélgicaIrlandaPaíses Baixos

GréciaFinlândia

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70BCERelatório Anual2004

O quadro mostra que a percentagem de dívida de curto prazo desceu entre 1998 e 2000 mas queposteriormente aumentou de novo.

Em terceiro lugar, o quadro também indica que a grande maioria dos títulos de dívida de longoprazo das administrações públicas são emitidos a taxa fixa. Ao longo do tempo, a importânciarelativa das emissões a taxa variável registou uma descida significativa, de 12.3% do total em1998 para 7.6% em 2004. Subjacente a esta evolução está a descida gradual observada no finalda década de 90 do prémio de prazo pago por alguns governos por títulos de longo prazo a taxafixa num contexto de estabilidade de preços. A Itália, onde a percentagem de títulos de dívida ataxa variável se situa em 20.7%, é o único país significativamente acima da média da área doeuro.

A descida dos prémios de risco reflectiu-se em custos mais favoráveis do financiamento pordívida nos últimos anos. Por exemplo, a taxa de rendibilidade média das obrigações de dívidapública a dez anos da área do euro desceu de uma média de 7% no período de 1994-98 para umamédia de 4.7% no período de 1999-2004. Porém, como o Gráfico B indica, existem diferençasentre as taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública nos países da área do euro, oque poderá reflectir diferenças no risco de crédito e de liquidez.

As taxas de rendibilidade das obrigações de longo prazo alemãs foram as mais baixas na área doeuro, essencialmente devido ao facto de asobrigações de dívida pública alemãs seremrelativamente líquidas. A vantagem definanciamento do governo alemão emcomparação com todos os outros governos daárea do euro em termos de pontos base estevenum intervalo de dois dígitos até ao início de2001. Desde então, os diferenciais entre astaxas de rendibilidade das obrigações dedívida pública a dez anos de outros países daárea do euro e as taxas de rendibilidade dasobrigações alemãs comparáveis reduziram-seconstantemente, registando um mínimo nofinal de 2003. As descidas mais significativasdos diferenciais das taxas de rendibilidadeforam registadas na Bélgica, Grécia, Itália,Portugal e Espanha. Um dos factoressubjacentes a esta convergência poderá tersido a evolução orçamental na Alemanha,onde, entre 2001 e 2004, o rácio da dívida emrelação ao PIB se deteriorou face ao de todosos outros países da área do euro com excepçãoda França.

Os dados disponíveis sugerem que os paísescujo rácio da dívida em relação ao PIBmelhorou face à Alemanha entre 2001 e 2004também registaram uma descida dos

Gráfico C Variações dos rácios relativos da dívida em relaçãoao PIB face à Alemanha 1) e variações dos diferenciais dastaxas de rendibilidade 2) entre 2001 e 2004(eixo dos x: em pontos percentuais; eixo dos y: em pontos base)

Fontes: Eurostat e BCE.1) Eixo dos x: diminuição do rácio relativo da dívida emrelação ao PIB face à Alemanha, isto é, da diferença entreo rácio da dívida em relação ao PIB da Alemanha e o deoutros países da área do euro, entre 2001 e 2004.2) Eixo dos y: descida dos diferenciais das taxas derendibilidade face às obrigações de dívida pública a dezanos alemãs entre Janeiro de 2001 e Dezembro de 2004.Nota: O gráf ico deverá ser interpretado da seguinteforma, utilizando a Bélgica como exemplo. O rácio dadívida em relação ao PIB na Bélgica foi de 108.0% em2001 e 95.6% em 2004, enquanto na Alemanha foi de59.4% em 2001 e 66.0% em 2004. Assim, a diferençaentre o rácio da dívida em relação ao PIB da Alemanha e oda Bélgica – um rácio relativo da dívida em relação aoPIB da Bélgica face à Alemanha – foi de 48.6% em 2001 e29.6% em 2004. Esta diferença diminuiu entre 2001 e2004 19.0 pontos percentuais – uma melhoria do ráciorelativo da dívida em relação ao PIB face à Alemanha –,como demonstrado no eixo dos x. Ao longo do mesmoperíodo, o diferencial entre as taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública belgas e alemãs desceu 28pontos base, como demonstrado no eixo dos y. A linharecta a cheio representa a recta de regressão ajustada.

0-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

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10

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30

35

40Grécia

França

Bélgica

EspanhaItália

Áustria

IrlandaFinlândia

Países Baixos

Portugal

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71BCE

Relatório Anual2004

PLANOS ORÇAMENTAIS PARA 2005A última actualização dos programas deestabilidade sugere que, não obstante algunsprogressos, os planos no sentido de solucionaro problema dos défices orçamentais sãoinsuficientes e que ainda não existem agendasabrangentes de reformas estruturais. Em 2005, odéfice médio para o conjunto da área do eurodeverá descer cerca de meio ponto percentual doPIB. Uma descida marginal da despesa comjuros e uma melhoria moderada do saldoprimário deverão contribuir para esta evolução.O crescimento económico deverá situar-sepróximo do potencial. Porém, cerca de metadedos países da área do euro, isto é, Alemanha,Grécia, França, Itália, Países Baixos e Portugal,deverão continuar a registar défices próximosde 3% do PIB ou equivalentes a este valor.Prevê-se que apenas alguns alcancem umaposição próxima do equilíbrio ou excedentária.O rácio da dívida em relação ao PIB deveráregistar uma descida de cerca de meio pontopercentual do PIB.

NECESSÁRIA CONSOLIDAÇÃO EM LINHA COMANTERIORES COMPROMISSOSAs finanças públicas enfrentam três grandesdesafios na área do euro. Em primeiro lugar,é necessária uma consolidação orçamentalsubstancial: a estabilidade macroeconómicadepende significativamente da sustentabilidadedas finanças públicas, que consiste na capacidadede um governo cumprir as suas obrigações (verCaixa 9). O cumprimento do quadro orçamentalda UE e a aplicação rigorosa das regras são

fundamentais uma vez que tal contribui paraa sustentabilidade das finanças públicasna UEM. Em particular, o limite do déficede 3% do PIB – se aplicado de forma credível –proporciona uma âncora para as expectativas dedisciplina orçamental e de evolução da dívidano futuro. Deste modo, constitui um sinalimportante de solidez orçamental para osmercados financeiros e o público.

O facto de o défice médio da área do euro sesituar próximo do valor de referência de 3% e devários países terem défices próximo ou acimadeste valor sublinha a necessidade urgente dereforçar a posição das finanças públicas. Amelhor conjuntura económica oferece uma boaoportunidade para acelerar o processo deconsolidação orçamental. Os dividendos decrescimento sob a forma de receitas maiselevadas do que o previsto devem ser aplicadosna redução de desequilíbrios orçamentais. Ospaíses com défices excessivos devem corrigiresta situação o mais rápido possível e respeitar osseus compromissos. Além disso, deve ser evitadaa repetição de défices excessivos. Também édesejável que os países da área do euro que nãotenham uma posição orçamental próximo doequilíbrio ou excedentária, mas que tambémnão se encontrem numa situação de déficeexcessivo, realizem progressos na consolidaçãoorçamental em linha com o acordo do Eurogrupode Outubro de 2002, segundo o qual os ráciosdo défice subjacente deverão diminuir pelomenos 0.5 pontos percentuais do PIB por ano.

diferenciais das taxas de rendibilidade de longo prazo face às obrigações de dívida públicaalemãs, como ilustrado pela relação positiva no Gráfico C. Embora outros factores,principalmente relacionados com a liquidez das obrigações, também possam ser relevantes, talpoderá ser interpretado como uma primeira indicação de que os investidores, em certa medida,tomam em consideração as posições orçamentais dos governos da área do euro aquando dafixação do preço das obrigações.

No geral, as recentes tendências na estrutura de financiamento público reflectem a vantagemmacroeconómica significativa que surgiu em conjunto com a adopção de políticas maisorientadas para a estabilidade ao longo da última década. O benefício mais visível para opúblico consiste na proporção significativamente mais baixa dos orçamentos públicosdispendida com o pagamento de juros.

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Caixa 9

POLÍTICA ORÇAMENTAL E ESTABILIDADE MACROECONÓMICA

A presente caixa discute as principais influências da política orçamental sobre a estabilidademacroeconómica e a evolução dos preços, bem como o modo como o quadro orçamental da UEreflecte estas influências.

As políticas orçamentais podem ter impacto sobre a conjuntura macroeconómica de curto prazoatravés de medidas discricionárias e dos estabilizadores automáticos. As medidasdiscricionárias, isto é, variações activas da receita pública ou da despesa pública, podem afectaro crescimento económico e os preços, através do seu efeito sobre a procura agregada e a ofertaagregada. Porém, à luz da experiência das últimas décadas, constata-se que a regularizaçãoorçamental discricionária, visando estabilizar a economia, se mostra frequentemente pró--cíclica. Além disso, a utilização assimétrica de medidas de regularização (principalmentedurante períodos de queda e, em menor medida, durante períodos de recuperação) conduziu adéfices orçamentais mais elevados ao longo do tempo. Por outro lado, o livre funcionamentodos estabilizadores automáticos pode ajudar a atenuar as flutuações económicas, através doimpacto estabilizador dos benefícios fiscais e subsídios de desemprego no rendimentodisponível das famílias. A sua natureza automática faz com que sejam atempados e maisprevisíveis, enquanto o seu funcionamento simétrico não afecta o nível da dívida pública aolongo de um ciclo económico.

No que se refere aos efeitos orçamentais a médio prazo, o estabelecimento de políticasorçamentais é particularmente importante para a sustentabilidade das finanças públicas e ocrescimento económico potencial. A sustentabilidade orçamental pode ser descrita como acapacidade de um governo cumprir as suas obrigações. O rácio da dívida pública em relação aoPIB dá indicações neste sentido, embora outros elementos, tais como os passivos eventuais eimplícitos das administrações públicas, também devam ser tomados em consideração. Asustentabilidade das finanças públicas tem um impacto positivo sobre a conjunturamacroeconómica, uma vez que os consumidores e as famílias não esperam grandes aumentosdos impostos nem dificuldades dos governos no cumprimento das suas obrigações. Destemodo, a confiança económica melhora, a tomada de decisões a longo prazo (por exemplo, parao investimento privado) torna-se mais fácil e as condições financeiras são mais favoráveis. Noque respeita ao crescimento económico potencial, as medidas orçamentais que melhoram a“qualidade” das finanças públicas podem ter um efeito benéfico sobre a taxa de crescimentoeconómico compatível com a estabilidade de preços. Por exemplo, a despesa pública em capitalfísico e humano poderá melhorar a qualidade dos factores de produção. Além disso, as taxasdos impostos têm impacto sobre os incentivos ao trabalho, à poupança, ao investimento e àinovação. Por sua vez, um maior crescimento suporta a sustentabilidade, dado que o serviço dadívida existente é satisfeito a partir de uma base económica mais alargada.

A definição de uma política orçamental de acordo com regras é, em geral, preferível a umaabordagem ad hoc. As regras podem desencorajar uma incidência indevida em ganhos de curtoprazo e uma desconsideração dos custos a mais longo prazo. Além disso, as regras podemancorar as expectativas, fornecendo assim linhas de orientação aos agentes económicos quantoà política orçamental no futuro, caso ocorram choques, e tornando deste modo mais fácil oplaneamento a mais longo prazo no sector privado. Obviamente, as regras devem ser

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Relatório Anual2004

respeitadas por forma a que estes benefícios se concretizem. As vantagens em seguir regras sãoainda maiores numa união monetária, como a UEM, onde as distorções dos incentivosorçamentais podem ser exacerbadas. Por exemplo, pode surgir um maior enviesamento dodéfice dado que, com uma moeda única e mercados financeiros mais integrados, o impacto deníveis mais elevados da dívida de um país sobre as taxas de juro é mais reduzido do queanteriormente. As regras orçamentais numa união monetária devem ser aplicáveis de mododirecto, dado que têm de ser aplicadas a todos os países-membros de modo uniforme por formaa assegurar a igualdade de tratamento. Um enquadramento orçamental transparente tambémaumenta a sensibilização dos mercados financeiros e do público em geral, e pode ajudar areforçar o cumprimento das regras.

O enquadramento de médio prazo, baseado em regras, adoptado na UEM toma em contaconsiderações relativas à estabilização de curto prazo e à sustentabilidade de longo prazo. Osvalores de referência para o défice orçamental e a dívida pública são formas de promover umcomportamento orçamental responsável. Uma posição orçamental de médio prazo próxima doequilíbrio ou excedentária contribui para a estabilização económica de curto prazo através dofuncionamento livre dos estabilizadores automáticos, evitando défices excessivos no futuro eassegurando a melhoria da sustentabilidade das finanças públicas ao induzir rácios de dívidapública mais reduzidos.

Na perspectiva de um banco central cujo objectivo primordial é a manutenção da estabilidadede preços, a análise de política orçamental foca o impacto das políticas orçamentais sobre ainflação e a estabilidade macroeconómica porque estas políticas fazem parte da conjuntura naqual a política monetária actua. Políticas orçamentais sólidas tornam mais fácil a políticamonetária ao criar um contexto de condições económicas estáveis, quer no curto quer no longoprazo.

REFORMAS ESTRUTURAIS PERMANECEMESSENCIAISUm segundo desafio para as finanças públicas daárea do euro consiste em integrar planos deconsolidação orçamental numa agenda dereformas estruturais que favorece ocrescimento, a competitividade e o emprego.Tal ajudaria também a colocar a evoluçãoorçamental numa situação sustentável,particularmente num contexto de aumentodo encargo orçamental relacionado com oenvelhecimento da população. Neste sentido,reformas da despesa são fundamentais, emborapossa ainda haver lugar para ganhos deeficiência no lado da receita. As reformasda despesa possibilitam a consolidaçãoorçamental, criam condições para novos cortesnos impostos e também podem tornar ossistemas de impostos/benefícios fiscais maisfavoráveis ao crescimento. No contexto de

determinados orçamentos de despesa, tambémdeve ser dada prioridade a investimentosprodutivos em infra-estruturas e capitalhumano.

ESTATÍSTICAS FIDEDIGNAS SUSTENTAM ACREDIBILIDADE DO QUADRO ORÇAMENTALEm terceiro lugar, a integridade das estatísticasdas finanças públicas é uma condição préviapara a credibilidade do quadro orçamental daUE. Revisões significativas de valores do déficepassados – como se pôde constatar, porexemplo, no caso da Grécia em 2004 –prejudicam claramente a confiança do público ea credibilidade de todo o quadro. Comprometema identificação rigorosa e atempada dedesequilíbrios e de necessidades de ajus-tamento, o que pode causar sérios atrasos naaplicação de medidas de política. Adicionandoincerteza ao controlo orçamental, reduzem o

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valor dos procedimentos de supervisãomultilateral e, deste modo, enfraquecem aeficácia da pressão pelos pares. Assim, é degrande importância que sejam tomadas medidasno sentido de assegurar a compilação fidedigna eo reporte atempado das estatísticas das finançaspúblicas. Todos os Estados-Membros devemrespeitar as normas de contabilidade europeiasquando procedem ao reporte das despesas e dasreceitas. Como foi referido pelo ConselhoECOFIN em 2 de Junho de 2004, as estatísticasorçamentais não devem ser vulneráveis a ciclospolíticos e eleitorais.

2.6 TAXAS DE CÂMBIO E EVOLUÇÃO DABALANÇA DE PAGAMENTOS

EURO CONTINUOU A FORTALECER NUM CENÁRIODE FRAGILIDADE GENERALIZADA DO DÓLARDOS EUANos mercados cambiais, os movimentos nasprincipais taxas de câmbio bilaterais do euroforam relativamente moderados nos primeirosnove meses de 2004, em particular secomparados com a acentuada apreciação do euronos dois anos anteriores. Posteriormente, o euroregistou uma forte apreciação, particularmenteface ao dólar dos EUA. No final de 2004, o eurosituava-se, em termos efectivos, num nívelligeiramente acima do registado no início doano, reflectindo a apreciação significativa destamoeda face ao dólar dos EUA, às moedasasiáticas ligadas ao dólar dos EUA e, em menorescala, ao iene japonês. Esta apreciação foiparcialmente contrabalançada pela depreciaçãodo euro face às moedas de alguns parceiroscomerciais da área do euro menos importantes(franco suíço, coroa norueguesa e won da Coreiado Sul), bem como às moedas de vários dosnovos Estados-Membros da UE.

Numa análise com maior pormenor, depois de aapreciação do euro ter estabilizado em Janeiro eFevereiro de 2004, esta moeda inverteu algunsdos seus ganhos anteriores num quadro demelhoria das perspectivas económicas mundiaise de mudança da percepção do mercado acercadas forças fundamentais que afectam as taxas de

câmbio. Nessa ocasião, observaram-se sinaiscrescentes de que a recuperação registava umfortalecimento nos Estados Unidos e no Japão,enquanto as perspectivas para a área do eurocontinuavam mais moderadas. Desta forma, aatenção do mercado desviou-se do grande epersistente défice da balança corrente dos EUApara expectativas de maiores lucros nos EstadosUnidos, suportando assim a moeda norte--americana. Entre Maio e meados de Outubro de2004, o euro fortaleceu-se ligeiramente, numcontexto de melhoria gradual das perspectivaspara a economia da área do euro, à medida quesurgiam sinais preliminares de que a expansãoeconómica se estava a alargar do sectorexportador para a procura interna. Ao mesmotempo, as preocupações do mercado acerca dasperspectivas de crescimento mundial – devidasprincipalmente à incerteza geopolítica e aosaumentos dos preços do petróleo – terão voltadoa exercer pressão descendente sobre o dólar dosEUA e o iene japonês. Os mercados financeirosjá contavam com as decisões do Comité deOperações de Mercado Aberto da ReservaFederal de aumentar as taxas de juro, pelo que aevolução da taxa de câmbio não foi afectada.Contudo, a partir de meados de Outubro, o euroregistou uma apreciação significativa face àmoeda norte-americana, bem como face a váriasmoedas asiáticas, dada a ligação formal ouinformal destas ao dólar. Tal ocorreu nocontexto de um enfraquecimento generalizadoda moeda norte-americana no último trimestrede 2004. Durante este trimestre, o dólar dosEUA alcançou valores mínimos de vários anosface ao euro, à libra esterlina e ao iene japonês.

No final de 2004, o euro situava-se em termosefectivos nominais – medido face às moedas dos23 principais parceiros comerciais da área doeuro – 2.3% acima do nível observado no iníciodo ano. Esta apreciação global em 2004 ocultamovimentos compensatórios na taxa de câmbiodo euro face a diversas moedas suas parceirasno índice da taxa de câmbio efectiva.Mais especificamente, o euro apreciou-seacentuadamente face ao dólar dos EUA e aorenminbi da China e dólar de Hong Kong, asduas últimas com uma ligação cambial à moeda

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Relatório Anual2004

norte-americana. Em 31 de Dezembro de 2004, oeuro situava-se em USD 1.36, ou seja, quase8.2% mais forte do que no início do ano. Duranteo mesmo período, o euro também se apreciouface ao iene japonês (3.7%) e, no final do ano,era cotado a JPY 139.7, implicando umaapreciação do iene japonês face ao dólar dosEUA superior a 4%. No final do ano, o euromantinha-se inalterado face à libra esterlina emGBP 0.71, ou seja, o nível registado em 2 deJaneiro de 2004.

Ao mesmo tempo, o euro depreciou-semoderadamente face ao franco suíço, à coroanorueguesa e, mais significativamente, ao wonda Coreia do Sul (6.3%). O euro tambémregistou uma depreciação face às moedas devários dos novos Estados-Membros da UE:coroa checa, forint húngaro, zloti polaco e coroaeslovaca (ver também Secção 3). A libra cipriotatambém registou uma ligeira apreciação,enquanto o lats letão, com uma ligação parcialao dólar dos EUA, registou uma depreciaçãoface ao euro. Contudo, a partir de 1 de Janeiro de2005, o lats passou a estar ligado ao euro a umataxa de LVL 0.702804, tendo passado a sertransaccionado a essa taxa. A lira maltesamanteve-se relativamente estável face ao euroem 2004, reflectindo o peso dominante do eurono cabaz de moedas subjacente à sua ligaçãocambial.

No MTC II, a coroa dinamarquesa foitransaccionada próximo da sua paridade central,enquanto as moedas que aderiram ao MTC II em28 de Junho de 2004 (coroa estoniana, litaslituana e tolar esloveno) foram transaccionadasnum intervalo muito estreito ou mantiveram-seinalteradas em relação à sua paridade centralface ao euro.

Nos dois primeiros meses de 2005, o euro recuouface à maior parte das principais moedas,nomeadamente face ao dólar dos EUA. Aevolução das taxas de câmbio do euro ao longodeste período foi afectada por sinais deactividade económica robusta nos EstadosUnidos, enquanto as preocupações do mercadoacerca do défice da balança corrente dos EUA

parecem ter diminuído ligeiramente. Em 24 deFevereiro de 2005, o euro situava-se em termosefectivos nominais cerca de 1.4% abaixo do seunível no início do ano. A depreciação reflectiuum enfraquecimento face ao dólar dos EUA, aorenminbi da China e, em menor escala, à libraesterlina, tendo todas estas moedas um pesorelativamente elevado no índice da taxa decâmbio ponderada pelo comércio do euro.

A taxa de câmbio efectiva real do euro – baseadaem índices de preços e de custos – tambémcontinuou a subir em 2004, em linha com oaumento da taxa de câmbio efectiva nominal(ver Gráfico 29). No quarto trimestre de 2004, osíndices da taxa de câmbio efectiva real do eurosituavam-se muito acima do seu nível noprimeiro trimestre de 1999, e as medidasbaseadas na evolução dos preços no consumidore no produtor também se situavam muitopróximo dos níveis máximos observados aolongo dos últimos dez anos.

EXCEDENTE DA BALANÇA CORRENTE AUMENTOULIGEIRAMENTE EM 2004O excedente da balança corrente da área do euroaumentou para €40.2 mil milhões em 2004 (ouseja, cerca de 0.5% do PIB), face a €22.2 milmilhões em 2003 (0.3% do PIB). Este aumentoresultou em larga medida de uma redução dos

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défices de rendimentos, em conjunto com umligeiro aumento do excedente de serviços (verGráfico 30). O excedente de bens manteve--se praticamente inalterado, uma vez que asexportações e as importações de bens, em termosde valor, tiveram um aumento semelhante.

Contudo, ao longo de 2004, o excedenteacumulado de doze meses da balança debens corrigido de sazonalidade registou doismovimentos significativos. No primeirosemestre do ano, verificou-se um aumento (de€106 mil milhões em Dezembro de 2003 para umvalor superior a €125 mil milhões em Junho de2004), devido em especial às fortes exportaçõesneste período. Porém, posteriormente verificou--se uma redução para um nível próximo doregistado no final de 2003, devido às fortesimportações registadas no segundo e terceirotrimestres de 2004 e à desaceleração dasexportações observada no segundo semestre doano. A redução do défice de rendimentosreflectiu principalmente um aumentosignificativo das receitas de rendimentos, que

cresceram muito mais rapidamente do que ospagamentos de rendimentos. O aumento dasreceitas de rendimentos parece dever-seprincipalmente à evolução favorável dosrendimentos de investimentos, reflectindo oforte crescimento da economia mundial, quemais do que compensou o impacto negativo doeuro mais valorizado (uma vez que umaapreciação do euro reduz o valor em euros doscréditos de rendimentos recebidos em moedasestrangeiras).

A evolução das exportações e das importaçõesde bens pode ser melhor compreendida atravésda desagregação dos valores em preços evolumes, com base nas estatísticas do comércioexterno do Eurostat (as estatísticas disponíveiscobrem o período até Outubro de 2004). Essadesagregação mostra que a forte subida do valordas exportações no primeiro semestre do anoficou a dever-se principalmente ao crescimentorobusto do volume das exportações, enquanto ospreços das exportações se mantiverammoderados. Assim, parece que o efeito negativo

Grá f i co 30 Sa ldo da ba l ança cor rente esuas componentes

(EUR mil milhões; dados corrigidos de sazonalidade)

Fonte: BCE.

-80

-40

0

40

80

120

160

-80

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0

40

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balançacorrente

bens serviços rendi-mentos

trans-ferênciascorrentes

200420032002

Grá f i co 29 Taxas de câmb io e f e c t i va snomina i s e r ea i s do euro 1 )

(dados mensais/trimestrais; índice: 1999 T1 = 100)

Fonte: BCE.1) Um movimento dos índices das TCE no sentidoascendente representa uma apreciação do euro. As últimasobservações dos dados mensais referem-se a Dezembro de2004. No caso da TCE real com base nos CUTIT, a últimaobservação refere-se ao terceiro trimestre de 2004,baseando-se parcialmente em estimativas.

1996 1998 2000 2002 200480

85

90

95

100

105

110

115

80

85

90

95

100

105

110

115

nominalreal, IPCreal, IPPreal, CUTIT

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Relatório Anual2004

da apreciação do euro nos volumes dasexportações da área do euro foi mais do quecompensado pelo forte crescimento da procuraexterna ao longo do primeiro semestre de 2004.Em termos de destino geográfico, o volumedas exportações para a Ásia e para os novosEstados-Membros da UE cresceu de formaparticularmente rápida ao longo desse período.Embora os preços das exportações tenhamregistado uma certa pressão ascendente,resultante dos preços mais elevados do petróleo,essa pressão pode ter sido, em parte,contrabalançada por algumas reduções nasmargens de lucro, uma vez que os exportadorestentavam compensar, em parte, a perda dacompetitividade dos preços resultante daapreciação do euro. A desaceleração dasexportações da área do euro no segundosemestre do ano parece resultar principalmentedas exportações mais fracas para a Ásia epara os novos Estados-Membros da UE,embora as exportações para os Estados Unidostambém tenham abrandado substancialmente. Oaumento do valor das importações de bens,observado no segundo e terceiro trimestres de2004, reflectiu aumentos quer dos preços querdos volumes. A maior parte da subida dospreços das importações resultou do preço maiselevado do petróleo. Uma parte do aumento dosvolumes das importações pode ser atribuída àrecuperação da procura interna da área do euro,em particular no que respeita às categorias dadespesa com elevado conteúdo importado.

ENTRADAS LÍQUIDAS DE INVESTIMENTO DIRECTOE DE CARTEIRA EM CONJUNTO EM 2004Na balança financeira, o investimento directo ede carteira em conjunto registou entradaslíquidas no valor de €18.3 mil milhões em 2004,o que compara com entradas líquidas no valor de€38.3 mil milhões em 2003. O nível mais baixodos fluxos financeiros líquidos para a área doeuro resultou principalmente do aumento dassaídas líquidas de investimento directo (verGráfico 31).

A evolução do investimento directo pode serprincipalmente atribuída à diminuição gradualdas entradas de investimento directo estrangeiro

na área do euro, devido basicamente ao facto deo investimento directo em participações nocapital de empresas da área do euro por parte denão residentes ter totalizado um terço doregistado no ano anterior. Esta redução foisuperior à do investimento directo noestrangeiro pela área do euro, sob a forma departicipações no capital de empresas, e podereflectir, em parte, perspectivas de crescimentomais fortes para a economia mundial em 2004em relação à área do euro.

O aumento das entradas líquidas de investimentode carteira resultou principalmente de umaumento nas compras líquidas de títulos departicipação no capital na área do euro por partede não residentes. Os dados de inquéritos aosmercados indicaram um recrudescimento dointeresse por títulos de participação no capitalda área do euro por parte de investidoresestrangeiros. O facto de os títulos de participaçãoda área do euro, em termos relativos, terem umpreço considerado atractivo, em conjunto comexpectativas de uma apreciação do euro ao

Grá f i co 31 Sa ldo da ba l ança f i nance i ra esuas componentes

(EUR mil milhões)

Fonte: BCE.

-80

-40

0

40

80

120

-80

-40

0

40

80

120

investimentodirectolíquido

investimentode carteiralíquido emtítulos de

participaçãono capital

investimentode carteiralíquido emtítulos de

dívida

investimentodirecto e

de carteiralíquidos,

em conjunto

200420032002

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78BCERelatório Anual2004

longo de 2004, também contribuíram para estaevolução.

Os fluxos transfronteiras de títulos de dívidativeram uma magnitude semelhante em 2003 e2004, totalizando cerca de €200 mil milhõestanto do lado do activo como do passivo. Do ladodo passivo, o nível baixo das taxas de juro decurto prazo da área do euro não encorajou oinvestimento estrangeiro em instrumentos domercado monetário da área do euro, tendo os nãoresidentes investido quase exclusivamente emobrigações e outros títulos de dívida da área doeuro em 2004. Do lado do activo, os investidoresda área do euro afectaram cerca de 75% dasua carteira internacional de títulos de dívidaa obrigações e outros títulos de dívida e 25%a instrumentos do mercado monetário. Emcomparação com 2003, os residentes na áreado euro atribuíram um peso menor, em 2004,às obrigações e outros títulos de dívidainternacionais. Tal pode ter estado associado àantecipação de eventuais perdas de capital, emresultado da expectativa de taxas de juro delongo prazo mais elevadas nos Estados Unidos.De facto, os fluxos de dívida da área do europara os Estados Unidos diminuíram de €75 mil

milhões em 2003 para €29 mil milhões nos trêsprimeiros trimestres de 2004.

Com base nos fluxos acumulados ao longo dostrês primeiros trimestres de 2004, a área doeuro registou saídas líquidas de investimentodirecto estrangeiro face à maioria dos seusparceiros comerciais, à excepção dos EstadosUnidos e da Suíça. O Reino Unido e os EstadosUnidos foram os principais destinatários doinvestimento directo da área do euro e osprincipais investidores na área do euro.

A desagregação geográfica do investimentode carteira mostra que o investimento de carteirada área do euro no estrangeiro, nos trêsprimeiros trimestres de 2004, se dirigiuprincipalmente ao Reino Unido e aos EstadosUnidos, tradicionalmente os principaisbeneficiários desta categoria de investimento.Os investidores da área do euro foramigualmente grandes compradores líquidos detítulos de participação no capital japoneses.A melhoria das perspectivas económicasno Japão, em especial no início de 2004, pareceter influenciado as decisões de investimentode carteira dos investidores da área do euro.

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Relatório Anual2004

2000 2001 2002 2003 2004 2004 2004 2004 2004T1 T2 T3 T4

República Checa 3.9 2.6 1.5 3.7 4.0 3.8 3.9 4.2 4.2Dinamarca 2.8 1.6 1.0 0.4 2.0 1.7 2.5 1.8 2.2Estónia 7.8 6.4 7.2 5.1 . 6.8 5.9 6.1 .Chipre 5.0 4.1 2.1 2.0 3.7 3.7 4.1 4.0 3.1Letónia 6.9 8.0 6.4 7.5 8.5 8.7 7.7 9.1 8.6Lituânia 3.9 6.4 6.8 9.7 6.7 7.1 7.3 5.8 6.7Hungria 5.2 3.8 3.5 3.0 4.0 4.3 4.2 3.7 3.8Malta 6.4 -1.7 2.2 -1.8 1.5 2.3 -0.5 1.9 2.3Polónia 4.0 1.0 1.4 3.8 5.3 6.9 6.1 4.8 3.9Eslovénia 3.9 2.7 3.3 2.5 4.6 4.1 4.9 5.0 4.3Eslováquia 2.0 3.8 4.6 4.5 5.5 5.4 5.5 5.3 5.8Suécia 4.3 1.0 2.0 1.5 3.5 3.4 4.0 3.7 2.8Reino Unido 3.9 2.3 1.8 2.2 3.1 2.8 3.5 3.1 2.9UE10 1) 4.2 2.7 2.6 3.9 4.8 5.4 5.1 4.6 4.3UE13 2) 3.9 2.2 1.9 2.3 3.3 3.2 3.7 3.3 3.0Área do euro 3.5 1.6 0.9 0.5 2.0 2.0 2.5 1.7 1.8

Quadro 6 Cre s c imento do P IB rea l nos E s tados -Membros da UE não per tencentes àá rea do euro e na á rea do euro(taxas de variação homólogas (%))

Fonte: Eurostat.Nota: Os valores trimestrais são corrigidos de sazonalidade para a República Checa e corrigidos de sazonalidade e de dias úteis parao Reino Unido.1) O agregado UE10 é composto pelos 10 novos Estados-Membros da UE.2) O agregado UE13 é composto pelos 13 Estados-Membros da UE não pertencentes à área do euro.

ACTIVIDADE ECONÓMICAO crescimento do PIB real nos Estados--Membros da UE não pertencentes à área do eurofoi relativamente forte em 2004 e ultrapassou,em geral, a média da área do euro (ver Quadro 6).O crescimento do produto registou o valor maiselevado nos Estados bálticos e na Polónia, ospaíses com o nível mais baixo do PIB per capitana UE. Na outra extremidade da escala, ocrescimento do produto registou o valor maisreduzido na Dinamarca e em Malta, embora ocrescimento do PIB real tenha começado arecuperar nestes países, face às taxas moderadasprevalecentes em 2003.

A procura interna deu o principal contributopara o crescimento do PIB real em 2004 emmuitos Estados-Membros da UE nãopertencentes à área do euro. Em particular, aformação bruta de capital fixo foi o principalimpulsionador do crescimento do produto. Acrescente confiança na indústria, um elevadograu de utilização do capital e melhoresperspectivas para a procura contribuíram para arecuperação do investimento em muitos dosnovos Estados-Membros, na Dinamarca e naSuécia. Em muitos dos novos Estados-Membros,

3 EVOLUÇÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA NOSESTADOS-MEMBROS DA UE NÃO PERTENCENTESÀ ÁREA DO EURO

particularmente nos Estados bálticos, a robustezda procura interna reflectiu também ocrescimento significativo do consumo privado,que foi apoiado por ganhos no rendimentodisponível real, associados a aumentos salariaisvigorosos e melhorias no mercado de trabalho.No Reino Unido, o crescimento do consumoprivado foi sustentado pelo forte desempenho domercado de trabalho e pelo crescimento dariqueza em habitação. Em diversos Estados--Membros da UE não pertencentes à área doeuro, especialmente nos Estados bálticos e naHungria, a despesa das famílias também foiapoiada pelo crescimento elevado, e em algunscasos crescente, do crédito ao sector privado.Além disso, na maioria dos novos Estados--Membros, expectativas de subidas dos preçosprovenientes de alterações na tributação e nospreços regulamentados, relacionadas com aadesão à UE, estimularam as despesas deconsumo na primeira metade de 2004. Porúltimo, em alguns países, a orientaçãoorçamental manteve-se relativamente laxista.

Relativamente à procura externa, o contributodas exportações líquidas para o crescimento doPIB real variou de modo significativo nos vários

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Estados-Membros da UE não pertencentes à áreado euro. Embora a procura externa tenhaapoiado significativamente o crescimento doproduto na Polónia e na Suécia, teve um efeitoretardante do crescimento na maioria dos novosEstados-Membros e no Reino Unido. Apesardisso, é importante notar que o crescimento dasexportações e das importações se manteverelativamente forte em 2004, especialmente nosnovos Estados-Membros. Em particular, osvolumes de transacções de bens e serviços foramincentivados pela remoção de barreiras aocomércio com a adesão à UE, por uma procuramais elevada dos países parceiros comerciais epor novos ganhos de produtividade.

Em resultado da recuperação da actividadeeconómica, de fluxos consideráveis deinvestimento directo estrangeiro que entraramnos últimos anos e das reformas estruturais emcurso, a situação do mercado de trabalhomelhorou gradualmente na maioria dos Estados--Membros da UE não pertencentes à área do euroao longo de 2004, particularmente nos Estadosbálticos. Contudo, o crescimento do empregotendeu a ser algo moderado na maioria dos novosEstados-Membros, devido a anteriores aumentosdos custos salariais em alguns países e a um

desequilíbrio estrutural de competências entre aoferta e a procura de emprego. Em vários países,especialmente na Polónia e na Eslováquia, astaxas de desemprego mantiveram-se muitoelevadas. No Reino Unido, o mercado detrabalho apresentou-se mais restritivo.

EVOLUÇÃO DOS PREÇOSA dinâmica dos preços nos Estados-Membros daUE não pertencentes à área do euro foi muitovariada em 2004. Dinamarca, Lituânia, Suécia eReino Unido registaram as mais baixas taxasanuais de inflação medida pelo IHPC, cerca de1%, ou seja, bastante abaixo da média da área doeuro. Na maioria dos novos Estados-Membros, ainflação foi superior à média da área do euro. NaLetónia, Hungria e Eslováquia, as taxas anuaisde inflação medida pelo IHPC foram quase otriplo da média da área do euro.

A maioria dos novos Estados-Membros registoutaxas de inflação medida pelo IHPC mais altasem 2004, face a 2003 (ver Quadro 7). A subidamais forte da inflação foi observada naRepública Checa, Letónia, Lituânia, Hungria ePolónia. Porém, em alguns Estados-Membros daUE não pertencentes à área do euro, as taxas deinflação médias desceram em 2004. As descidas

2000 2001 2002 2003 2004 2004 2004 2004 2004T1 T2 T3 T4

República Checa 3.9 4.5 1.4 -0.1 2.6 2.0 2.5 3.0 2.7Dinamarca 2.7 2.3 2.4 2.0 0.9 0.7 0.8 1.0 1.2Estónia 3.9 5.6 3.6 1.4 3.0 0.6 3.2 3.9 4.4Chipre 4.9 2.0 2.8 4.0 1.9 1.0 1.2 2.5 2.8Letónia 2.6 2.5 2.0 2.9 6.2 4.3 5.8 7.4 7.2Lituânia 0.9 1.3 0.4 -1.1 1.1 -1.1 0.5 2.3 3.0Hungria 10.0 9.1 5.2 4.7 6.8 6.8 7.4 7.0 5.9Malta 3.0 2.5 2.6 1.9 2.7 2.5 3.3 3.0 2.2Polónia 10.1 5.3 1.9 0.7 3.6 1.8 3.4 4.7 4.5Eslovénia 8.9 8.6 7.5 5.7 3.6 3.7 3.8 3.6 3.5Eslováquia 12.2 7.2 3.5 8.5 7.4 8.2 8.0 7.2 6.0Suécia 1.3 2.7 2.0 2.3 1.0 0.6 1.2 1.2 1.1Reino Unido 0.8 1.2 1.3 1.4 1.3 1.3 1.4 1.2 1.4UE10 1) 8.4 5.7 2.6 1.9 4.0 2.9 4.0 4.8 4.4UE13 2) 3.2 2.7 1.8 1.6 2.1 1.7 2.2 2.3 2.3Área do euro 2.1 2.4 2.3 2.1 2.1 1.7 2.3 2.3 2.3

Quadro 7 In f l a ção med ida pe lo IHPC nos E s tados -Membros da UE não per tencentes àá rea do euro e na á rea do euro(taxas de variação homólogas (%))

Fonte: Eurostat.1) O agregado UE10 é composto pelos 10 novos Estados-Membros da UE.2) O agregado UE13 é composto pelos 13 Estados-Membros da UE não pertencentes à área do euro.

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Relatório Anual2004

mais fortes foram registadas no Chipre e naEslovénia. Além disso, o padrão de evoluçãoda inflação durante 2004 variou consoante opaís. Em diversos países, a inflação subiuconsideravelmente na primeira metade de 2004,antes de estabilizar num nível mais elevado, oudiminuir gradualmente na segunda metade doano. No entanto, em alguns outros Estados--Membros, as taxas de inflação medida peloIHPC mantiveram-se globalmente estáveis emtodo o ano.

A evolução da inflação nos Estados-Membros daUE não pertencentes à área do euro foiimpulsionada principalmente por algunsfactores comuns, em particular o forte aumentodos preços do petróleo em 2004. Porém, oimpacto exacto deste factor sobre a inflaçãovariou consoante o país, em larga medidareflectindo diferenças nos padrões de consumo,estruturas de mercado e intensidade em energiada produção. Além disso, em alguns países atransmissão dos preços mais elevados dopetróleo à inflação poderá ainda não se terconcretizado na íntegra em 2004. Algumaspressões inflacionistas também resultaram doforte crescimento do PIB real na maioria dospaíses. Consequentemente, as pressões salariaiscomeçaram também a aumentar em diversospaíses.

Nos novos Estados-Membros, a adesão à UEcausou também algumas pressões inflacionistas.Os preços dos produtos alimentares aumentaramna maioria dos novos Estados-Membros noprimeiro semestre do ano, dado que estes paísesforam integrados na Política Agrícola Comum eforam removidas as barreiras remanescentes aocomércio sectorial. Dada a percentagemrelativamente elevada dos preços dos produtosalimentares nos seus cabazes de consumo doIHPC, tal teve um impacto notório na inflaçãomedida pelo IHPC na maioria dos novosEstados-Membros. Além disso, impostosindirectos e sobre o consumo foram aumentadosem alguns dos novos Estados-Membros, paragarantir um maior alinhamento desses impostoscom os prevalecentes na UE. A perspectiva deaumentos dos preços induzidos pelos impostos

após a adesão à UE conduziu a uma procura maiselevada no início de 2004, causando assim,também, uma inflação mais elevada. Na segundametade de 2004, porém, o impacto começougradualmente a inverter-se em diversos países.Além disso, em alguns dos novos Estados--Membros, os preços administrados foramsubstancialmente aumentados, com vista aconcluir o ajustamento de algumas empresasestatais no sentido de produzirem a níveis derecuperação de custos.

A evolução das taxas de câmbio efectivasnominais e a sua transmissão desfasada aospreços das importações também influenciaram aevolução da inflação em 2004. Em algunspaíses, em particular República Checa, Hungriae Eslováquia, a evolução da taxa de câmbioefectiva teve um impacto atenuante na inflação,enquanto noutros, como a Letónia, o impactocontribuiu para pressões inflacionistas. NaPolónia, o impacto desfasado da evoluçãocambial contribuiu, na primeira metade de 2004,para uma subida da inflação medida pelo IHPC,embora o seu impacto se tenha invertido nasegunda metade do ano.

POLÍTICAS ORÇAMENTAISTrês Estados-Membros da UE não pertencentesà área do euro (Estónia, Dinamarca e Suécia)registaram um excedente orçamental, e dez

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países registaram défices orçamentais em 2004.Como estabelecido nas decisões tomadas peloConselho ECOFIN em 5 de Julho de 2004,considerou-se que seis países (República Checa,Chipre, Hungria, Malta, Polónia e Eslováquia)se encontravam numa situação de déficeexcessivo. Em todos os casos, à excepção doChipre, as decisões do Conselho permitem acorrecção destes défices excessivos numenquadramento a médio prazo, dada a existênciade circunstâncias especiais, pelo facto de (i) odéfice público, aquando a adesão à UE, se situarsignificativamente acima do valor de referênciae (ii) na República Checa, Hungria, Polónia eEslováquia estar ainda em curso a mudançaestrutural para uma economia de mercadomoderna orientada para os serviços queacompanhou o processo de convergência real. OReino Unido registou um rácio do défice acimado valor de referência de 3% em 2003 e 2004.O número elevado de países ainda em situaçãode défice excessivo aponta para a necessidadecontinuada de um compromisso político maisforte de realização de reformas estruturais econsolidação orçamental.

Os saldos orçamentais públicos melhoraram emdez dos treze Estados-Membros da UE nãopertencentes à área do euro em 2004, tendo-sedeteriorado nos restantes três países (verQuadro 8). A melhoria pode ser explicadaprincipalmente por factores temporários, etambém pelo efeito positivo do ciclo económico.Na República Checa e em Malta, os paísesque registaram a maior melhoria no saldoorçamental, factores temporários tiveramefeitos consideráveis de aumento do défice em2003.

Em 2004, os rácios da dívida na maioria dosEstados-Membros da UE não pertencentes à áreado euro mantiveram-se claramente abaixo dorácio médio na área do euro. Os rácios desceramem seis dos treze Estados-Membros nãopertencentes à área do euro, em linha com osseus saldos orçamentais públicos melhorados.Nos restantes países, o aumento dos rácios dadívida foi reflexo de baixos rácios do excedenteprimário e ajustamentos défice-dívida queaumentaram a dívida, isto é, variações na dívidapública que não podem ser explicadas pelo

Excedente (+) / défice (-) das administrações públicas Dívida bruta das administrações públicas2001 2002 2003 2004 2001 2002 2003 2004

República Checa -6.2 -6.8 -11.7 -3.0 27.2 30.7 38.3 37.4Dinamarca 2.9 1.7 1.2 2.8 47.8 47.2 44.7 42.7Estónia 0.3 1.4 2.9 1.8 4.4 5.3 5.3 4.9Chipre -2.3 -4.5 -6.3 -4.5 61.9 65.2 69.8 71.9Letónia -2.1 -2.9 -1.5 -0.8 14.9 14.1 14.4 14.4Lituânia -2.0 -1.5 -1.9 -2.5 22.9 22.4 21.4 19.7Hungria -3.7 -8.5 -6.2 -4.7 52.2 55.5 56.9 57.6Malta -6.4 -5.9 -10.5 -5.2 62.4 62.7 71.8 75.0Polónia -3.9 -3.6 -4.5 -4.8 36.7 41.2 45.4 43.6Eslovénia -3.3 -2.4 -2.0 -1.9 28.1 29.5 29.4 29.4Eslováquia -6.0 -6.0 -3.7 -3.3 48.7 43.3 42.6 43.6Suécia 2.5 -0.3 0.2 1.4 54.3 52.4 52.0 51.2Reino Unido 1) 0.7 -1.7 -3.4 -3.2 38.8 38.3 39.7 41.6UE10 2) -4.2 -4.9 -5.7 -3.9 37.3 40.1 43.5 42.7UE13 3) 0.2 -1.9 -3.1 -2.4 40.9 40.9 42.1 42.9Área do euro -1.8 -2.5 -2.8 -2.7 69.6 69.5 70.8 71.3

Quadro 8 Pos i ções o r çamenta i s nos E s tados -Membros da UE não per tencentes à á reado euro e na á rea do euro(em percentagem do PIB)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.Nota: Os dados baseiam-se nas definições do procedimento relativo aos déf ices excessivos. Os saldos orçamentais excluem receitasda venda de licenças de UMTS.1) Estimativas do ano de calendário.2) O agregado UE10 é composto pelos 10 novos Estados-Membros da UE.3) O agregado UE13 é composto pelos 13 Estados-Membros da UE não pertencentes à área do euro.

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Relatório Anual2004

défice/excedente. Apenas Chipre e Maltacontinuaram a registar rácios da dívida acima dovalor de referência de 60% do PIB.

Na maioria dos países, a execução orçamentalem 2004 apresentou-se, em termos gerais, emlinha com os objectivos dos programas deconvergência apresentados em Maio de 2004, oumelhor do que os mesmos. Em diversos países, acobrança de receitas foi mais favorável do que oprevisto. Em termos gerais, a execução dadespesa seguiu de perto as trajectóriaspreestabelecidas. A Hungria apresentou sinaisde derrapagens significativas relativamente aosobjectivos dos programas de convergência deMaio de 2004. Além disso, alguns governos (porexemplo, na Estónia e Lituânia) utilizaram partedas suas receitas excedentárias em 2004 parafinanciar despesa adicional, ao invés demelhorar os saldos orçamentais.

EVOLUÇÃO DA BALANÇA DE PAGAMENTOSNo que respeita aos saldos das contas externas, aSuécia e a Dinamarca continuaram a apresentarexcedentes consideráveis da balança correnteem 2004, enquanto o Reino Unido e a maioriados novos Estados-Membros registaram déficesda balança corrente, que em alguns países foramamplos (ver Quadro 9). A única excepção foi a

Eslovénia, que tem um historial de posições dabalança corrente globalmente equilibradas. Emparticular, observaram-se défices amplos dabalança corrente – próximo ou acima de 10% doPIB – nos Estados bálticos e Hungria, enquantoa Eslováquia e a Polónia apresentaram déficesda balança corrente mais moderados, que secontraíram nos últimos dois anos, emcomparação com os dois anos anteriores.

Em muitos dos novos Estados-Membros, oaumento do défice da balança corrente em 2004esteve associado a um forte crescimento dasimportações, devido a uma procura internarobusta e a preços elevados do petróleo. Outrosfactores estruturais e temporários afectaramtambém a posição da balança corrente. A nívelestrutural, os défices da balança corrente sãouma característica normal das economias emprocesso de convergência como os novosEstados-Membros. Embora estes déficespossam assinalar problemas relativamente àsustentabilidade das posições externas, osdéfices da balança corrente em muitos dos novosEstados-Membros estiveram, de certa forma,ligados a um aumento do défice de rendimentosem reflexo de lucros relacionados com fluxospassados de investimento directo estrangeiro.Como factor transitório, os saldos da balança

Saldo da balança corrente e de capital Fluxos líquidos de investimentodirecto estrangeiro

2001 2002 2003 2004 1) 2001 2002 2003 2004 1)

República Checa -5.4 -5.7 -6.2 -6.1 9.0 11.2 2.6 2.4Dinamarca 3.1 2.1 3.3 2.8 -1.9 1.0 0.1 -0.6Estónia -5.6 -9.9 -12.7 -13.3 5.7 2.2 8.3 4.5Chipre -3.3 -4.5 -3.3 -4.8 7.3 5.7 3.7 4.6Letónia -7.2 -6.5 -7.6 -11.0 1.4 2.7 2.4 3.5Lituânia -4.7 -4.8 -6.5 -8.7 3.6 5.0 0.8 3.2Hungria -5.6 -6.9 -9.0 -8.8 6.9 4.2 0.8 3.3Malta -4.2 0.5 -5.6 -6.6 6.2 -10.3 5.7 7.3Polónia -2.8 -2.6 -2.2 -1.6 3.1 2.0 1.9 1.4Eslovénia 0.2 0.7 -1.0 -0.9 1.1 6.8 -0.5 -0.4Eslováquia -8.0 -7.6 -0.5 -2.6 7.4 16.5 2.2 3.3Suécia 4.3 5.3 6.4 7.8 2.5 0.4 -4.7 -1.7Reino Unido -2.2 -1.7 -1.6 -2.0 -0.3 -0.5 -2.5 0.4Área do euro -0.1 1.0 0.5 0.8 -1.7 0.0 0.0 -0.5

Quadro 9 Ba l ança de pagamentos dos E s tados -Membros da UE não per tencentes à á reado euro e da á rea do euro(em percentagem do PIB)

Fonte: BCE.1) Os valores de 2004 são uma média móvel de quatro trimestres do período entre o quarto trimestre de 2003 e o terceiro trimestre de2004, excepto para o Chipre, para o qual a média é a do período entre o terceiro trimestre de 2003 e o segundo trimestre de 2004.

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84BCERelatório Anual2004

corrente podem ter sido afectados pelo próprioprocesso de adesão à UE, por exemplo, comas empresas a aumentar os seus stocks emantecipação de tarifas mais elevadas.

Do lado do financiamento da balança depagamentos, as entradas líquidas deinvestimento directo estrangeiro recuperaramligeiramente na maioria dos novos Estados--Membros em 2004, tendo abrandado no anoanterior (ver Quadro 9). Entre estes países,apenas a Eslovénia registou saídas moderadasde investimento directo estrangeiro líquido em2004. No que respeita aos outros Estados--Membros da UE não pertencentes à área doeuro, a Dinamarca e a Suécia registaram saídaslíquidas de investimento directo estrangeirono mesmo período, enquanto no Reino Unidoo investimento directo estrangeiro líquido setornou positivo, depois de registar saídasmodestas nos anos anteriores. Em termos gerais,as entradas líquidas de investimento directoestrangeiro constituíram uma importantefonte de financiamento nos últimos anos paraalguns Estados-Membros não pertencentes à

área do euro, embora na maioria dos casosestas entradas não tenham sido suficientespara cobrir o défice da balança corrente. Asentradas líquidas de investimento de carteirae de “outro investimento” forneceramfinanciamento adicional. Consequentemente, oendividamento externo de alguns países tambémregistou um aumento.

MTC II E QUESTÕES RELACIONADAS COM TAXASDE CÂMBIOEm 28 de Junho de 2004, Estónia, Lituânia eEslovénia juntaram-se à Dinamarca comoparticipantes no MTC II. Entraram nomecanismo com uma banda de flutuação normalde ±15% em torno das suas taxas centrais emrelação ao euro, enquanto a Estónia e a Lituâniamantiveram os seus fundos de estabilizaçãocambial como compromisso unilateral. Paraassegurar a sua participação regular no MTC II,os países comprometeram-se firmemente atomar as medidas necessárias à preservaçãoda estabilidade macroeconómica e cambial. ACaixa 10 dá uma panorâmica das característicasdo MTC II.

Caixa 10

PRINCIPAIS ELEMENTOS DO MECANISMO DE TAXAS DE CÂMBIO II

Com a introdução do euro em 1 de Janeiro de 1999, o mecanismo de taxas de câmbio II (MTC II)substituiu o Sistema Monetário Europeu (e a respectiva componente do mecanismo de taxas decâmbio), que funcionava desde 1979. O MTC II consiste num acordo multilateral de taxas decâmbio fixas, mas ajustáveis, com taxas centrais bilaterais entre o euro e as moedasparticipantes e uma banda de flutuação normal de ±15% em torno dessas taxas centrais.

A participação no MTC II durante pelo menos dois anos sem tensões graves antes da análise daconvergência económica é um requisito para o cumprimento do critério relativo às taxas decâmbio dos critérios de convergência de Maastricht que terão de ser cumpridos para a adopçãodo euro. A justificação económica subjacente a este requisito prende-se com o facto de esteajudar os Estados-Membros fora da área do euro a orientar as suas políticas no sentido daestabilidade e reforça as perspectivas de concretização de uma convergência duradoura dosfundamentos económicos.

Isto reflecte a noção de que as condições e políticas económicas dos Estados-Membrosparticipantes deverão ser consistentes com a preservação das taxas centrais fixadas. Oobjectivo global deste processo é fomentar a estabilidade macroeconómica nos novos Estados--Membros da UE, dando, assim, o melhor contributo possível para o crescimento sustentável e

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Relatório Anual2004

A participação no MTC II não esteve associadaa tensões nos mercados cambiais de qualquerdos países participantes. As quatro moedas noMTC II têm sido continuamente transaccionadasàs suas taxas centrais ou próximo destas,enquanto os diferenciais de taxa de juro de curtoprazo face à área do euro foram pequenos namaioria dos países (ver Quadro 10). No contextoda entrada no MTC II, o Banka Slovenijeinterrompeu, de forma regular, a tendênciade depreciação gradual do tolar esloveno emrelação ao euro.

A maioria das moedas dos Estados-Membros daUE não pertencentes à área do euro registou umfortalecimento em relação ao euro em 2004, bemcomo uma apreciação acentuada numa baseponderada pelo comércio. O enfraquecimentodo euro foi particularmente acentuado emrelação às moedas de muitos dos novos Estados--Membros de maior dimensão da UE, numcontexto de perspectivas de crescimentorelativamente favoráveis para estes países (verGráfico 32). O zloti polaco registou a maiorapreciação em relação ao euro em 2004, seguido

a convergência real. Além disso, políticas macroeconómicas sólidas e taxas de câmbio estáveiscontribuem para um funcionamento regular do mercado interno.

De acordo com o Conselho do BCE, o mecanismo, bem como a orientação de políticanecessária para a participação, é concebido para ajudar os Estados-Membros fora da área doeuro nos seus esforços para a adopção do euro, ao mesmo tempo que lida com a complexarelação entre fundamentos económicos e estabilidade cambial1.

O mecanismo prevê um conjunto de instrumentos de política que podem ser combinados parafazer face a pressões do mercado: medidas de taxa de juro, flexibilidade da taxa de câmbiodentro da banda, intervenções e possíveis realinhamentos da taxa central.

Numa perspectiva operacional, as decisões relativas às taxas centrais e à banda de flutuaçãonormal são tomadas com o acordo mútuo dos ministros de cada país da área do euro, do BCE edos ministros e governadores dos bancos centrais dos Estados-Membros da UE nãopertencentes à área do euro participantes no mecanismo. O Conselho Geral é responsável peloacompanhamento do funcionamento do MTC II e serve de fórum para a cooperação monetária ecambial. Acompanha, de perto e numa base permanente, a sustentabilidade da taxa de câmbiobilateral entre cada moeda participante e o euro.

1 Ver também “Posição do Conselho do Banco Central Europeu sobre questões cambiais relativas aos países aderentes”, 18 deDezembro de 2003.

DKK EEK LTL SIT

Desvio máximo face à taxa central do MTC II 1)

(média móvel de dez dias de dados diários segundo a frequência da actividade)No sentido ascendente +0.5 0.0 0.0 0.0No sentido descendente 0.0 0.0 0.0 -0.2Diferencial de taxas de juro de curto prazo(dados mensais, média)Quarto trimestre de 2004 0.0 0.3 0.5 1.9

Quadro 10 Evo lução no MTC I I

(em pontos percentuais)

1) Para a Estónia, Lituânia e Eslovénia, o período de referência é de 28 de Junho de 2004 a 24 de Fevereiro de 2005. Para a Dinamarca,o período de referência é de 1 de Novembro de 2002 a 24 de Fevereiro de 2005.

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da coroa checa, da coroa eslovaca e do forinthúngaro. Em contraste, o lats letão, que em 2004esteve parcialmente ligado ao dólar dos EUAatravés do seu regime cambial, depreciou-seface ao euro. Desde o início de 2005, a Letóniaalterou a ligação cambial do lats do cabaz demoedas de direitos de saque especiais (DSE)para o euro, a LVL 0.702804 por euro. Desdeesta nova ligação, o lats flutuou dentro de umabanda estreita em torno da sua taxa de ligaçãocambial. A coroa sueca, a lira maltesa e a libracipriota apresentaram-se relativamente estáveisem relação ao euro. A libra esterlina registouuma ligeira apreciação face ao euro no início de2004, num contexto de perspectivas favoráveispara a economia do Reino Unido e de subida dastaxas de juro. Contudo, na segunda metade doano, depreciou-se em relação ao euro.

POLÍTICA MONETÁRIAO objectivo primordial da política monetáriaem todos os Estados-Membros da UE nãopertencentes à área do euro é a estabilidade depreços. As estratégias de política monetáriadiferem, em larga medida, de país para país, emreflexo da heterogeneidade entre estes, emtermos nominais, reais e estruturais (verQuadro 11). Durante 2004, os regimes depolítica monetária e cambiais nos Estados--Membros da UE não pertencentes à áreado euro mantiveram-se em larga medidainalterados, embora tenham sido efectuadosalguns aperfeiçoamentos aos enquadramentos

da política monetária de muitos países, a fim de aorientar mais no sentido da futura integraçãomonetária. Em particular, a Estónia, a Lituânia ea Eslovénia aderiram ao MTC II a 28 de Junho de2004. Além disso, na Letónia, o Latvijas Bankaprocedeu a uma nova ligação cambial do lats,dos DSE para o euro, em 1 de Janeiro de 2005.

No que respeita às decisões de políticamonetária em 2004 nos países com um objectivode taxa de câmbio, o Banco Central do Chipreaumentou a sua taxa de juro de política 100pontos base, para 5.5%, enviando assim um sinalde apoio à libra cipriota, num contexto derumores de desvalorização. Além disso, foramintroduzidas reservas mínimas obrigatóriasno valor de 2% para depósitos em moedaestrangeira. Na Letónia, o banco centralaumentou a sua principal taxa de política 100pontos base, para 4%. De modo a conter os riscosresultantes do elevado crescimento económico,do forte crescimento do crédito e do aumento dodéfice da balança corrente, decidiu tambémaumentar as reservas mínimas obrigatórias de3% para 4% e expandir a base para as reservasmínimas ao incluir as responsabilidades dosbancos para com bancos estrangeiros e bancoscentrais estrangeiros com prazo acordado oureembolsáveis com pré-aviso até dois anos.Em Malta, a taxa de juro oficial manteve-seinalterada em 3% ao longo de 2004.

Relativamente aos Estados-Membros da UEnão pertencentes à área do euro com umenquadramento de objectivos para a inflação emfuncionamento, a República Checa e a Polóniaaumentaram as taxas de juro em 2004, a fim deconter pressões inflacionistas e limitar possíveisefeitos de segunda ordem de taxas de inflaçãomais elevadas. Na República Checa, a principaltaxa de política foi aumentada 50 pontos basepara 2.5% – embora tenha sido reduzida para2.25% em Janeiro de 2005 – e na Polónia a taxaprincipal foi aumentada 125 pontos base para6.5%. No Reino Unido, a taxa dos acordos derecompra foi aumentada 100 pontos base para4.75%, sobretudo devido a piores perspectivaspara a inflação medida pelo IPC. Em contraste, aHungria, que segue um objectivo para a inflação

Fonte: BCE.Nota: Um valor positivo (negativo) representa umaapreciação (depreciação) do euro. As variações referem--se ao período entre 2 de Janeiro de 2004 e 24 deFevereiro de 2005.

Grá f i co 32 Var i a ções camb ia i s do euroface à s moedas da UE fo ra do MTC I I

(em percentagens)

5

0

-5

-10

-15

-20

5

0

-5

-10

-15

-20

0.3

-1.6

-16.2

-0.5

-7.8

3.7

-7.6

0.1

-8.0

CZK CYP LVL HUF MTL PLN SKK SEK GBP

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Relatório Anual2004

Estratégia de políticamonetária Moeda Características

República Checa Objectivo para a inflação Coroa checa Objectivo para a inflação: 2-4% no final de 2005,posteriormente 3% ± 1 ponto percentual (p.p.).Estratégia cambial: flutuação (controlada).

Dinamarca Objectivo cambial Coroa dinamarquesa Participa no MTC II com uma banda de flutuação de± 2.25% em torno da taxa central de DKK 7.46038 poreuro.

Estónia Objectivo cambial Coroa estoniana Participa no MTC II com uma banda de flutuação de± 15% em torno da taxa central de EEK 15.6466 poreuro. A Estónia mantém o seu fundo de estabilizaçãocambial como compromisso unilateral.

Chipre Objectivo cambial Libra cipriota Ligação cambial ao euro a CYP 0.5853 por euro, combandas de flutuação de ± 15%. A libra cipriota flutuoude facto num intervalo estreito.

Letónia Objectivo cambial Lats letão A partir de Fevereiro de 1994, ligação cambial aos DSE(peso do euro de 36.4%) com uma banda de flutuaçãode ± 1%. Desde 1 de Janeiro de 2005, ligação cambialao euro a LVL 0.702804 por euro com uma banda deflutuação de ± 1%.

Lituânia Objectivo cambial Litas lituana Participa no MTC II com uma banda de flutuação de± 15% em torno da taxa central de LTL 3.4528 poreuro. A Lituânia mantém o seu fundo de estabilizaçãocambial como compromisso unilateral.

Hungria Objectivo para a inflação Forint húngaro Objectivo cambial: ligação cambial ao euro aHUF 282.36 por euro, com uma banda de flutuação de± 15%. Objectivo para a inflação: 3.5% (± 1 p.p.) nofinal de 2004, 4% (± 1 p.p.) no final de 2005 e 3.5%(± 1 p.p.) no final de 2006.

Malta Objectivo cambial Lira maltesa Ligação cambial a um cabaz de moedas composto peloeuro (70%), a libra esterlina (20%) e o dólar dos EUA(10%). Sem margem de flutuação mas com umamargem de transacção de ± 0.25% para as operaçõescambiais.

Polónia Objectivo para a inflação Zloti polaco Objectivo para a inflação: 2.5% ± 1 p.p. (variaçãohomóloga do IPC) a partir de 2004. Taxa de câmbioflutuante.

Eslovénia Estratégia de dois pilares Tolar esloveno Participa no MTC II com uma banda de flutuação de

para o acompanhamento ± 15% em torno da taxa central de SIT 239.640 por euro.

dos indicadores monetários,

reais, externos e financeiros

das condições

macroeconómicas

Eslováquia Estabelecimento de Coroa eslovaca Objectivo para a inflação: objectivo para a inflação de

objectivos para a inflação curto prazo fixado em 3.5% (± 0.5 p.p.) no final de

em conjunto com uma 2005. O objectivo para a inflação para o período

flutuação controlada 1) 2006-2008 é fixado num valor inferior a 2.5% para ofinal de 2006 e inferior a 2% no final de 2007 e apósesta data. Estratégia cambial: flutuação controlada.

Suécia Objectivo para a inflação Coroa sueca Objectivo para a inflação: aumento de 2% do IPC comuma margem de tolerância de ± 1 p.p. Taxa de câmbioflutuante.

Reino Unido Objectivo para a inflação Libra esterlina Objectivo para a inflação: 2% medido pelo aumento de12 meses do IPC 2). No caso de um desvio superior a1 p.p., o Governador do Bank of England deverá redigiruma carta aberta ao Ministro das Finanças do ReinoUnido. Taxa de câmbio flutuante.

Quadro 11 Es t ra tég i a s de po l í t i c a monetár i a o f i c i a i s dos E s tados -Membros da UE nãoper tencente s à á rea do euro

Fonte: SEBC.1) A expressão oficial do Národná banka Slovenska é “estabelecimento de objectivos para a inflação nas condições do MTC II”.2) O IPC é idêntico ao IHPC.

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88BCERelatório Anual2004

em combinação com uma restrição cambial,reduziu as taxas de juro num total de 300 pontosbase para 9.5% em 2004, e de novo para 8.25%em Fevereiro de 2005. Os cortes graduais nastaxas de juro ao longo de 2004 inverteram oaumento pontual de 300 pontos base ocorrido emNovembro de 2003 após uma súbita deterioraçãoda confiança dos investidores. A inversão foipossibilitada pela atenuação das percepções derisco no curto prazo, por uma melhoria dasperspectivas de inflação e pela evoluçãorelativamente moderada do crescimento salarialdo sector privado. Na Eslováquia, as pressões deapreciação sobre a coroa foram a maiormotivação para uma redução da taxa de jurodirectora num total de 200 pontos base, para 4%.Na Suécia, as pressões inflacionistas limitadasapoiaram a redução de 75 pontos base das taxasde juro, para 2%.

EVOLUÇÃO FINANCEIRAEm 2004, a evolução das taxas de rendibilidadedas obrigações de longo prazo foi variada nosEstados-Membros da UE não pertencentes àárea do euro. As taxas de juro de longo prazo,medidas pela taxa de rendibilidade dasobrigações de dívida pública de referência a dezanos, aumentaram no Chipre, na RepúblicaCheca e na Polónia, embora tenham começadoa descer de novo em finais de 2004.Consequentemente, os diferenciais das taxas derendibilidade das obrigações face à área do euroaumentaram nestes países. Na Hungria, astaxas de rendibilidade das obrigações de longoprazo foram relativamente voláteis, com umatendência descendente na segunda metade de2004, enquanto na Letónia, Lituânia, Eslovéniae Eslováquia as taxas de juro de longo prazocontinuaram a descer no decurso de 2004,reduzindo o diferencial face à área do euro,em particular nos países participantes noMTC II. Em Malta, as taxas de juro de longoprazo apresentaram-se estáveis, enquanto naDinamarca, Suécia e Reino Unido seguiramtrajectórias paralelas às taxas na área do euro,como indicado por diferenciais estáveis dastaxas de rendibilidade das obrigações5.

Os mercados bolsistas nos Estados-Membros daUE não pertencentes à área do euro continuarama apresentar um desempenho favorável em 2004,com alguns dos índices bolsistas, em especialos da maioria dos novos Estados-Membros, aatingir máximos históricos e com aumentosanuais a oscilar entre 20% e 80%. Os mercadosbolsistas em todos os novos Estados--Membros, à excepção do Chipre, superaramconsideravelmente os preços das acções na áreado euro, medidos pelo índice Dow Jones EUROSTOXX. Os mercados bolsistas na Dinamarca,Suécia e Reino Unido continuaram a seguir, emtermos gerais, a evolução do índice Dow JonesEURO STOXX, com os dois primeiros paísesa superar ligeiramente o referencial da áreado euro e o último a ter um desempenholigeiramente aquém deste referencial.

5 A Estónia não possui um mercado desenvolvido de obrigaçõesde longo prazo denominadas em moeda nacional. Um indicadoraproximado para as taxas de juro de longo prazo na Estónia,desenvolvido em conjunto pela Comissão Europeia, o BCE e oEesti Pank e baseado numa média ponderada das taxas de juro denovos empréstimos às empresas denominados em moedanacional com prazos superiores a cinco anos, mostra umatendência descendente durante 2004.

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ArtistaIsa DahlTítulo“eben still”, 2004MaterialÓleo sobre telaFormatoØ 190 cm© VG Bild-Kunst, Bona 2005

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C A P Í T U L O 2

OPERAÇÕESE ACTIVIDADES

DOS BANCOSCENTRAIS

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92BCERelatório Anual2004

1.1 OPERAÇÕES DE POLÍTICA MONETÁRIA

A principal atribuição operacional doEurosistema consiste na execução da políticamonetária. O quadro operacional que oEurosistema estabeleceu para esse efeito écomposto por três categorias de instrumentos:operações de mercado aberto, facilidadespermanentes e sistema de reservas mínimas.Todas as operações de crédito realizadas peloEurosistema têm de ser cobertas por garantiasadequadas prestadas pelas contrapartes1. Em2004, o Eurosistema realizou progressosassinaláveis no sentido do estabelecimento deuma lista única de activos de garantia.

EXPERIÊNCIA INICIAL COM O NOVO QUADROPARA A EXECUÇÃO DA POLÍTICA MONETÁRIAO quadro operacional continuou a funcionar bemem 2004, proporcionando taxas de curto prazo domercado monetário estáveis e assinalandoclaramente a orientação da política monetária.Para melhorar a execução da política monetária,em 9 de Março de 2004 foram introduzidas duasalterações importantes ao quadro.

– O calendário dos períodos de manutenção dereservas foi ajustado, por forma a que estestenham sempre início no dia de liquidação daoperação principal de refinanciamento (OPR)que se segue à reunião do Conselho do BCEpara a qual está agendada a avaliação mensalda orientação da política monetária.Anteriormente, os períodos de manutençãode reservas tinham início no dia 24 de cadamês e termo no dia 23 do mês seguinte,independentemente do calendário dereuniões do Conselho do BCE. Comocomplemento desta redefinição do período demanutenção de reservas, as alterações àstaxas das facilidades permanentes são agora,em regra, introduzidas no primeiro dia donovo período de manutenção de reservas.Anteriormente, estas alterações entravam emvigor no dia subsequente à reunião doConselho do BCE.

– O prazo das OPR foi reduzido de duassemanas para uma semana. Em conjunto com

1 OPERAÇÕES DE POLÍTICA MONETÁRIA,OPERAÇÕES CAMBIAIS E ACTIVIDADES DEINVESTIMENTO

as alterações acima mencionadas, talsignifica que as OPR liquidadas num períodode manutenção de reservas já não transitampara o período de manutenção de reservassubsequente.

Estas alterações foram concebidas com o intuitode alinhar o período de manutenção de reservascom o ciclo de tomada de decisão das taxas dejuro, assegurando que, em regra, as alteraçõesdas taxas de juro directoras do BCE só entremem vigor no início do período de manutenção dereservas subsequente. Deste modo, o BCEpretende eliminar expectativas de variação dastaxas de juro directoras do BCE no decurso deum período de manutenção, estabilizando assimo comportamento de licitação dos participantesno mercado nas OPR. Anteriormente, essasexpectativas destabilizaram ocasionalmente alicitação das contrapartes nas OPR. Emparticular, quando existiam expectativas dereduções iminentes das taxas de juro, ascontrapartes licitavam menos liquidez do que oBCE pretendia colocar. Este fenómeno,conhecido por sublicitação, reflectia astentativas das contrapartes de cumprir asrespectivas reservas mínimas ao mínimo custopossível, ou seja, após a potencial redução dastaxas de juro.

Além disso, a comunicação com as contrapartesfoi melhorada. Nos dias do anúncio das OPR, oBCE continua a publicar a previsão dos factoresde liquidez autónomos que não estão sob ocontrolo directo da gestão de liquidez do BCE,tais como notas em circulação, depósitos doEstado e disponibilidades líquidas sobre oexterior. Adicionalmente, o BCE começoupublicar uma previsão actualizada no dia decolocação. Actualmente, o BCE tambémcomunica o montante de referência quer no diado anúncio quer no dia de colocação. O montantede referência é o montante de colocação quepermite ao conjunto do sistema bancário da área

1 Uma descrição pormenorizada do quadro operacional consta dapublicação do BCE intitulada “A execução da política monetáriana área do euro: Documentação geral sobre os instrumentos eprocedimentos de política monetária do Eurosistema”,Fevereiro de 2005.

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93BCE

Relatório Anual2004

do euro cumprir de forma regular as reservasmínimas, dada a previsão completa de liquidezdo Eurosistema, isto é, incluindo factoresautónomos e reservas excedentárias. Estamelhoria da comunicação torna explícito aomercado se as decisões de colocação do BCE nasOPR têm ou não por objectivo equilibrar ascondições de liquidez.

A implementação das alterações ao quadrodecorreu de forma regular. A redução do prazodas OPR de duas semanas para uma semana e aeliminação da sobreposição de operaçõesconduziram a uma duplicação imediata dadimensão de cada OPR. O comportamento delicitação das contrapartes adaptou-se rapidamenteao forte aumento do montante de colocaçãomédio, embora na terceira OPR com um prazo deuma semana, o montante total das propostastenha ficado aquém do montante de referênciapor €5 mil milhões. O montante total licitado nasOPR aumentou rapidamente a partir de entãopara níveis estáveis acima do montante decolocação, situando-se, em Novembro de 2004,num máximo histórico de cerca de €384 milmilhões (ver Gráfico 33). Em termos gerais, orácio dos montantes propostos/colocados, isto é,o rácio das propostas apresentadas em relação àspropostas satisfeitas, tem sido sólido, oscilandode forma quase consistente entre 1.20 e 1.50desde Março de 2004. A adaptação regular dosvolumes das propostas dos participantes nomercado também indica que o maior volume degarantias implicado pela redução do prazo dasOPR foi bem gerido pelas instituições decrédito.

Desde que as alterações ao quadro entraram emvigor, as flutuações de curto prazo no montantede colocação diminuíram. De Junho de 2000 aMarço de 2004, a variação média semanal dacolocação atingiu €33 mil milhões, tendo estevalor caído para €7 mil milhões no período entrea aplicação das alterações e Dezembro de 2004.Esta redução pode ser atribuída ao factode o prazo das OPR estar agora alinhadocom o horizonte temporal da liquidezprevista pelo BCE na respectiva colocação.Consequentemente, a redução da flutuação de

curto prazo do montante de colocação contribuiupara uma estabilização da licitação dasinstituições de crédito nas OPR.

Aproximadamente 2 100 instituições de créditona área do euro são elegíveis para participar nasOPR. O número médio de licitantes nas OPRaumentou de 266 em 2003 para 339 em 2004,invertendo assim a tendência decrescenteobservada desde 1999. No período de Março aDezembro de 2004, isto é, após a implementaçãodas alterações ao quadro, o número médio delicitantes atingiu 351. Este aumento terá ficadoessencialmente a dever-se à redução do prazodas OPR de duas semanas para uma semana, oque implica que os bancos necessitem agora deapresentar uma proposta todas as semanas e nãode duas em duas semanas para satisfazer as suasnecessidades de liquidez. No entanto, é possívelque a maior transparência e simplicidade donovo quadro tenha facilitado a preparação daspropostas pelas contrapartes e, por conseguinte,o aumento da participação nos leilões.

Em termos gerais, a volatilidade da EONIAdiminuiu em 2004. O desvio padrão dodiferencial entre a EONIA e a taxa mínima deproposta das OPR situou-se em 9 pontos base em2004, face a 16 pontos base em 2003 e 13 pontosbase em 2002. No entanto, tem-se verificado umasignificativa volatilidade do diferencial após aliquidação da última OPR de alguns períodos de

Grá f i co 33 Montante s de propos ta s e deco locação em OPR semana i s em 2004

(EUR mil milhões)

Fonte: BCE.

50

100

150

200

250

300

350

400

50

100

150

200

250

300

350

400

colocaçãopropostas

05Jan

04Fev

05Mar

04Abr

05Mai

03Jun

03Jul

02Ago

01Set

01Out

31Out

30Nov

30Dez

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94BCERelatório Anual2004

manutenção. Tal resulta do facto de a colocaçãoda última OPR se verificar agora normalmenteoito dias antes do fim do período de manutençãode reservas, enquanto anteriormente aocorrência da última colocação variava de mêspara mês, entre oito e dois dias antes do fim doperíodo de manutenção de reservas. Quantomais próxima a previsão subjacente está do fimdo período de manutenção de reservas, maisexacta é. Portanto, as alterações ao quadroconduziram a uma maior probabilidade deacumulação de desequilíbrios de liquidezsubstanciais após a colocação da última OPR deum período de manutenção de reservas e, assim,da taxa overnight se desviar da taxa mínima deproposta mais cedo e mais substancialmente doque no passado.

A melhoria da política de comunicação do BCEcontribui, em certa medida, para mitigar esterisco, pois torna um pouco mais fácil aosparticipantes no mercado detectarem umdeterminado desequilíbrio de liquidez desde aúltima colocação de OPR do período demanutenção. No entanto, surgiu algumaevidência, em particular durante o Outono de2004, de que a excessiva volatilidade da taxaovernight no fim do período de manutençãopode ter um efeito algo perturbador nofuncionamento regular do mercado monetário.Dado que o BCE visa estabelecer condições deliquidez neutras no mercado overnight, reagiu aesta evolução, conduzindo operações ocasionaisde regularização no último dia de cinco períodosde manutenção, tendo em vista compensardesequilíbrios de liquidez indesejáveisprevistos que resultaram sobretudo dealterações à previsão dos factores autónomos doEurosistema. Duas operações foram de absorçãode liquidez (11 de Maio e 7 Dezembro de 2004) etrês foram de cedência de liquidez(8 de Novembro de 2004, 18 de Janeiro e 7 deFevereiro de 2005). Estas operações tiveramsucesso na reposição de condições de liquidezneutras no final dos respectivos períodos demanutenção.

As alterações ao quadro operacional tambémtiveram implicações na condução das operações

Grá f i co 34 Fac tore s de l i qu idez eevo lução das notas na á rea do euro em2004(EUR mil milhões)

Fonte: BCE.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

défice de liquidezfactores autónomoscontas à ordemreservas mínimas

Factores de liquidez

100

150

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Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez400

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Notas

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95BCE

Relatório Anual2004

de refinanciamento de prazo alargado (ORPA).Para minimizar a perturbação do calendário dasORPA, foi interrompida a ligação técnica entreos períodos de manutenção e os dias decolocação das ORPA. A partir de 26 deFevereiro de 2004, as ORPA são normalmentecolocadas na última quarta-feira do mês (em vezde na primeira quarta-feira do período demanutenção). Em contraste com as OPR, asORPA – que têm uma frequência mensal e umprazo de normalmente três meses – não sãoutilizadas para assinalar a orientação de políticamonetária do Conselho do BCE, sendorealizadas como verdadeiros leilões de taxavariável com um volume de colocação pré--anunciado. Em média, em 2004, as ORPArepresentaram cerca de 23% do total da liquidez,em termos líquidos, cedida através de operaçõesde mercado aberto. Face às antecipadasnecessidades de liquidez mais elevadas dosistema bancário da área do euro, o volume decolocação das ORPA aumentou de €20 para€25 mil milhões em Janeiro de 2004 e de €25para €30 mil milhões em Janeiro de 2005.

EVOLUÇÃO DAS NECESSIDADES DE LIQUIDEZTendo em vista a preparação dos seus leilõessemanais, o BCE acompanha, numa base diária,as necessidades de liquidez do sistema bancárioda área do euro, as quais são definidas como asoma das reservas mínimas impostas aosbancos, das reservas excedentárias (fundosdetidos pelas instituições de crédito queultrapassam as reservas mínimas) e dos factoresautónomos. As necessidades de liquidez médiasdiárias do sistema bancário da área do euroatingiram €311.8 mil milhões em 2004,representando um aumento de 30% emcomparação com 2003, quando se situaramem €241.5 mil milhões (ver a parte superiordo Gráfico 34).

Durante 2004, os factores autónomos líquidoscontinuaram a crescer fortemente, com um valormédio de €174.2 mil milhões, em comparaçãocom €109.3 mil milhões em 2003. Esta acentuadasubida ficou a dever-se quase exclusivamente àcontinuação do forte crescimento de notas, queaumentou a uma taxa anual de quase 15% em

2004, atingindo um máximo histórico de €505mil milhões em 24 Dezembro de 2004 (ver aparte inferior do Gráfico 34).

As reservas mínimas que as instituições decrédito da área do euro têm de deter noEurosistema são calculadas aplicando o rácio dereserva de 2% à base de incidência dasinstituições de crédito. Em 2004, as reservasmínimas representavam 44% das necessidadesde liquidez totais do sistema bancário da área doeuro. O nível médio das reservas mínimasagregadas detidas pelas instituições de créditona área do euro aumentou de €130.9 mil milhõesem 2003 para €136.5 mil milhões em 2004, emlinha com a expansão da base de incidência. Asdetenções médias em conta corrente dasinstituições de crédito em excesso dasrespectivas reservas mínimas médias situaram-se em €0.6 mil milhões em 2004, oque compara com €0.7 mil milhões em 2003.

ACTIVOS ELEGÍVEIS PARA AS OPERAÇÕES DEPOLÍTICA MONETÁRIACom o objectivo de proteger o Eurosistema deincorrer em perdas, todas as operações decrédito do Eurosistema deverão ser devidamentegarantidas. O conjunto de activos aceites comogarantia é abrangente. A maior parcela éconstituída por instrumentos de dívidatransaccionáveis que preencham critérios deelegibilidade uniformes em toda a área do euro,sendo referidos como activos da “Lista 1”. A“Lista 2” é constituída por outros activos,transaccionáveis e não transaccionáveis, quetenham tido particular importância para osmercados financeiros e os sistemas bancáriosnacionais.

O valor médio dos activos de garantiatransaccionáveis elegíveis para as operações decrédito do Eurosistema situou-se em €7 700 milmilhões em 2004, o que compara com €7 100 milmilhões em 2003 (ver Gráfico 35). A maioria dosactivos transaccionáveis tomou a forma detítulos de dívida pública (54%) ou obrigaçõesgarantidas (ou seja, títulos do tipo Pfandbrief) enão garantidas emitidas por instituições decrédito (28%). Além disso, verificou-se um forte

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96BCERelatório Anual2004

Grá f i co 35 Ac t i vos de garant i at ransacc ionáve i s e l eg í ve i s

(montante nominal; EUR mil milhões)

Fonte: BCE.1) Os dados individuais para os instrumentos de dívidatitularizados estão apenas disponíveis a par tir de 2004;anteriormente, eram apresentados na rubrica “empresas”.2) Esta categoria inclui obrigações garantidas e nãogarantidas emitidas por instituições de crédito.

0

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1999 2000 2001 2002 2003 2004

administrações públicas obrigações bancárias não garantidasobrigações bancárias garantidasempresas

instrumentos de dívida titularizados 1)

outrosinstituições de crédito 2)

Grá f i co 36 Ut i l i z a ção de ac t i vos degarant i a t ransacc ionáve i s

(montante nominal; EUR mil milhões)

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1999 2000 2001 2002 2003 2004

administrações públicas obrigações bancárias não garantidasobrigações bancáriasgarantidas

empresasinstrumentos de dívida titularizados 1)

outros

crescimento dos instrumentos de dívidatitularizados, os quais representaram 5% dototal dos activos de garantia transaccionáveis nofinal de 2004. O valor médio dos activostransaccionáveis usados pelas contrapartescomo garantia nas operações de crédito doEurosistema situou-se em €787 mil milhões em2004, o que compara com €704 mil milhões em2003 (ver Gráfico 36). Relativamente aomontante elegível global, as emissões públicas eos títulos de empresas foram usados de formasubproporcional como garantia em operaçõesde crédito com o Eurosistema. Pelo contrário, asemissões de instituições de crédito e osinstrumentos de dívida titularizados foramusados de forma sobreproporcional. Parainformações sobre o uso dos activos elegíveisentre fronteiras nacionais, ver a Secção 2 dopresente capítulo.

PROGRESSOS REALIZADOS NO SENTIDO DE UMALISTA ÚNICA DE ACTIVOS DE GARANTIAO actual sistema de activos de garantia de duaslistas do Eurosistema contribuiu para ofuncionamento regular do quadro operacionaldo Eurosistema nos primeiros anos da suaexistência. No entanto, num contexto decrescente integração dos mercados financeirosna área do euro, a heterogeneidade dos activosincluídos nas Listas 2 dos diferentes BCN daárea do euro poderá comprometer as condiçõesde igualdade para as contrapartes e reduzir atransparência do quadro de activos de garantia.Além disso, verifica-se uma tendênciaascendente na procura de activos de garantia,devida, em larga medida, ao aumento do déficede liquidez do sector bancário no decurso de2004. A tendência dos mercados interbancáriosprivados para o crédito com garantia tambémaumentou as necessidades de activos de garantiadas contrapartes.

Fonte: BCE.1) Os dados individuais para os instrumentos de dívidatitularizados estão apenas disponíveis a partir de 2004;anteriormente, eram apresentados na rubrica “empresas”.

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97BCE

Relatório Anual2004

Para obviar estas questões, e tendo em conta osresultados de uma consulta pública, oEurosistema decidiu estabelecer ao longo dotempo uma lista única de activos de garantiaelegíveis para todas as operações de crédito doEurosistema. A referida lista única serágradualmente introduzida e irá substituir oactual sistema de duas listas. A primeira etapapara o estabelecimento da lista única terá inícioem 30 de Maio de 2005, sendo composta por trêselementos:

– A inclusão na Lista 1 de novos instrumentosque actualmente não são elegíveis,nomeadamente instrumentos de dívidadenominados em euros emitidos porentidades estabelecidas nos países do G10não pertencentes ao EEE (Estados Unidos,Canadá, Japão e Suíça).

– Os instrumentos de dívida que só são listadosou cotados em mercados não regulamentadostornar-se-ão ou permanecerão elegíveisse o respectivo mercado não regulamentadotiver sido positivamente avaliado peloEurosistema face aos três padrões desegurança, transparência e acessibilidade.Estes padrões foram introduzidos paraalargar o número de mercados aceitáveis,assegurando, ao mesmo tempo, a avaliaçãoregular e eficiente dos activos de garantia doEurosistema.

– Um número muito limitado de títulos dedívida transaccionáveis perderá o seuestatuto de elegibilidade e será eliminado aolongo do tempo. Adicionalmente, as acçõesforam retiradas da Lista 2.

Como segunda etapa no sentido de uma listaúnica de activos de garantia, o Conselho do BCEaprovou, em princípio, a inclusão na lista únicados empréstimos bancários de todos os países daárea do euro, bem como dos instrumentos dedívida não transaccionáveis garantidos porempréstimos hipotecários a particulares, osquais, actualmente, apenas incluem as notaspromissórias com garantia hipotecáriairlandesas. A principal razão para a aceitação deempréstimos bancários reside no facto de,apesar do crescente papel dos mercados decapitais, o sistema financeiro da área do eurocontinuar a basear-se, em larga medida, naintermediação bancária, e de os empréstimosbancários permanecerem a classe maisimportante de activos nos balanços dos bancos.Ao aceitar os empréstimos bancários comogarantia, o Eurosistema reafirma a suapreferência em assegurar o acesso alargado dascontrapartes às operações de política monetáriae de crédito intradiário.

QUESTÕES DE GESTÃO DE RISCOA gestão de risco no contexto das operaçõesde política do Eurosistema (ou seja, operaçõesde política monetária ou de crédito dos sistemasde pagamentos) incide sobretudo sobre orisco de crédito em que o Eurosistema incorrequando cede fundos dos bancos centrais a uma contraparte, apesar de também seremtomados em consideração outros tipos deriscos.

Em 2004, realizou-se uma análise exaustiva dainclusão dos empréstimos bancários na listaúnica de activos de garantia. Uma vez que osemitentes de empréstimos às empresas muitas

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98BCERelatório Anual2004

2 STRIP signif ica Separate Trading of Registered Interest andPrincipal, o que corresponde a um título criado pela separaçãodo capital da obrigação do pagamento de juros nas obrigaçõesde dívida pública dos EUA.

vezes não têm notação, terão de ser utilizadasfontes alternativas de avaliação da qualidade docrédito para os empréstimos bancários. Emboraos BCN que já aceitam empréstimos bancárioscomo activos de garantia da Lista 2 tenhamestabelecido sistemas de avaliação de créditointernos, terão de ser estabelecidas fontesadicionais de avaliação de crédito para osempréstimos bancários quando estes foremincluídos na lista única para o conjunto doEurosistema. A evolução e implementação deum quadro de avaliação de crédito consistentee eficiente do Eurosistema para activostransaccionáveis e, em particular, nãotransaccionáveis deverão constituir um desafioprimordial para os próximos anos.

1.2 OPERAÇÕES CAMBIAIS

Em 2004, o BCE não realizou qualquerintervenção no mercado cambial por motivosde política. As suas transacções cambiaisestiveram exclusivamente relacionadas com aactividade de investimento. Além disso, o BCEnão realizou qualquer operação cambial nasmoedas dos países que não pertencem à área doeuro participantes no MTC II.

O acordo permanente entre o BCE e o FMI parafacilitar o início das transacções de direitos desaque especiais (DSE) pelo FMI, em nome doBCE, com outros detentores de DSE, foiaccionado quatro vezes em 2004.

1.3 ACTIVIDADES DE INVESTIMENTO

GESTÃO DAS RESERVAS EXTERNASA carteira de activos de reserva externa do BCEé composta por contributos de reserva externados BCN da área do euro. O seu objectivoconsiste em financiar as operações do BCEno mercado cambial. Em particular, o BCEdetém a parte das reservas do Eurosistemaque pode ser utilizada directamente e semdemora para financiar intervenções cambiais,podendo exigir novas contribuições emactivos de reserva externa dos BCN no caso

de necessitar de reconstituir as respectivasdetenções esgotadas.

A carteira de activos de reserva externa do BCEconsiste essencialmente em dólares dos EUA,mas também inclui ienes japoneses, ouro e DSE.Em linha com o Acordo entre Bancos Centraissobre o Ouro, de 26 de Setembro de 1999,renovado em 8 de Março de 2004, as detençõesde ouro não foram geridas de forma activa em2004. O valor dos activos líquidos de reservaexterna do BCE desceu de €38.3 mil milhõespara €36.3 mil milhões durante 2004, devidosobretudo à depreciação do dólar dos EUA faceao euro.

Actualmente, cada BCN da área do euro gereuma parcela das carteiras de dólares dos EUA ede ienes do BCE. O Eurosistema analisou estaestrutura em 2004 com o objectivo de manter asua eficácia, em particular tendo em vista ofuturo alargamento da área do euro. O novosistema, que está actualmente em fase definalização, será implementado em 2006 eimplicará especialização entre os membros doEurosistema, em termos da moeda dedenominação das carteiras geridas, respeitandodevidamente o princípio da descentralização.

Durante 2004 iniciaram-se os trabalhos deexpansão do universo de investimento paraincluir swaps de taxas de juro, instrumentos comcobertura de riscos cambiais e STRIP dos EUA2.Adicionalmente, os modelos de previsãoquantitativa para as taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública aumentaram asofisticação da análise da evolução do mercado.Finalmente, foi concebido um exercício piloto,que deverá ter início em 2005, para um programaautomático de cedência de títulos na carteira dedólares dos EUA.

GESTÃO DOS FUNDOS PRÓPRIOSA carteira de fundos próprios do BCE consistena parcela realizada do capital subscrito e no

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Relatório Anual2004

fundo de reserva geral. A carteira tem porobjectivo funcionar como fundo de reserva doBCE para fazer face a perdas eventuais. A gestãodesta carteira tem por objectivo gerar receitasacima da taxa média das operações principais derefinanciamento do BCE a longo prazo. Em2004, as opções de investimento da carteira defundos próprios foram alargadas através daadição de títulos de rendimento fixodenominados em euros emitidos por alguns dosnovos Estados-Membros, algumas obrigaçõesemitidas por administrações regionais da área doeuro e mais obrigações com cobertura.

Em 2004, a carteira de fundos próprios do BCEregistou um aumento de €0.3 mil milhões,para €6.2 mil milhões. Em particular, a parcelade capital realizado aumentou €63.5 milhõesdevido ao alargamento da UE e a alterações natabela de repartição de capital do BCE.

QUESTÕES DE GESTÃO DE RISCOAquando da gestão das respectivas carteirasde investimento (reservas externas e fundospróprios), o BCE expõe-se a riscos financeiros.Para gerir estes riscos, o BCE define um quadroque reflecte as suas preferências em relaçãoaos riscos de crédito, de liquidez e de mercado.Este quadro é implementado, designadamente,através de um sistema de limites detalhado,através do qual o cumprimento é acompanhado everificado numa base diária. Tendo em vista ofuturo alargamento da área do euro, realizaram--se trabalhos em 2004 com o objectivo desimplificar o quadro de riscos de crédito e demercado.

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100BCERelatório Anual2004

2 SISTEMAS DE PAGAMENTOS E DE LIQUIDAÇÃODE TÍTULOS

O Eurosistema tem a atribuição estatutária depromover o funcionamento harmonioso dossistemas de pagamentos. O seu principalinstrumento para o desempenho desta atribuição– para além da função de superintendência – é aprestação de facilidades de pagamento e deliquidação de títulos. Para este efeito, oEurosistema criou, para os pagamentos deimportâncias avultadas em euros, o Sistema deTransferências Automáticas Transeuropeias deLiquidações pelos Valores Brutos em TempoReal, conhecido como TARGET. O TARGETfoi alvo de melhorias ao longo dos últimos anos,estando em curso os trabalhos para desenvolverum sistema de segunda geração, o TARGET2.Do lado da liquidação de títulos, o Eurosistema eo mercado oferecem diversos canais parafacilitar a utilização de activos de garantia entrefronteiras nacionais.

2.1 O SISTEMA TARGET

O sistema TARGET actual é um “sistema desistemas”, composto pelos sistemas depagamentos nacionais dos 15 países membros daUE na altura do lançamento do TARGET, omecanismo de pagamentos do BCE e ummecanismo de interligação que permite oprocessamento de pagamentos entre os sistemasligados. Em 2004, o TARGET deu novocontributo para a integração do mercadomonetário do euro e, dado que as operações decrédito do Eurosistema são processadas atravésdeste sistema, continuou a desempenhar umpapel importante na execução harmoniosa dapolítica monetária única. Devido ao seu serviçode liquidação em tempo real em moeda do bancocentral e à sua cobertura do mercado alargada, osistema TARGET atrai igualmente um grandenúmero de outros pagamentos.

O TARGET funcionou de forma harmoniosa ebem sucedida em 2004, continuando a suatendência de liquidação de um número crescentede pagamentos de importâncias avultadas emeuros, em linha com o objectivo de políticado Eurosistema de promover a liquidação emmoeda do banco central enquanto meio de

pagamento extraordinariamente seguro. Em2004, 88% do movimento total dos pagamentosde importâncias avultadas em euros foirealizado através do TARGET. O TARGET estádisponível para todas as transferências decrédito em euros entre bancos localizados emqualquer Estado-Membro cujo BCN estejadirecta ou indirectamente ligado ao TARGET.Este tipo de transferências pode ser efectuadoquer entre bancos no mesmo Estado-Membro(tráfego intra-Estados-Membros), quer entrebancos em diferentes Estados-Membros (tráfegointer-Estados-Membros). O último inquérito de2004 revelou que existiam 10 483 participantesno TARGET. Este valor é aproximadamenteo triplo do registado em 2002, reflectindosobretudo a introdução de uma novametodologia para a definição dos participantesno TARGET. No geral, através do TARGET eutilizando um Código de IdentificaçãoBancária, podem ser contactadas cerca de48 500 instituições, em particular sucursais departicipantes.

OPERAÇÕES NO TARGETEm 2004, foi processada uma média diária de267 234 pagamentos no TARGET, num valortotal de €1 714 mil milhões por dia. Emcomparação com 2003, isto representa umaumento de 2% em termos de volume e 4% emtermos de valor.

Do tráfego total do TARGET em 2004, o tráfegointer-Estados-Membros representou 33% emtermos de valor e 24% em termos de volume, emcomparação com 33% e 23%, respectivamente,em 2003. Desse tráfego do TARGET, 95% emtermos de valor e 49% em termos de volumeforam pagamentos interbancários, sendo oremanescente constituído por pagamentos declientes. O valor médio de um pagamentointerbancário inter-Estados-Membros foi de€17 milhões, e o valor médio de um pagamentode clientes inter-Estados-Membros foi de€0.8 milhões. O Quadro 12 fornece informaçõesadicionais sobre o tráfego de pagamentos.

Em 2004, a disponibilidade global do TARGET,ou seja, a forma como os participantes

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Relatório Anual2004

conseguiram utilizar o TARGET sem incidentesdurante o seu horário de funcionamento, atingiu99.81%. Em média, 95.87% dos pagamentosinter-Estados-Membros foram processados emcinco minutos. O Quadro 13 forneceinformações adicionais.

Ao longo de 2004, as alterações obrigatóriasnecessárias para a migração para o novo sistemade mensagens, o SWIFTNet FIN, continuou, etodas as componentes do TARGET migraramcom sucesso.

DISPOSIÇÕES PARA PAGAMENTOSSISTEMICAMENTE IMPORTANTES NO TARGETEm virtude do papel central do sistemaTARGET no mercado e da sua cobertura domercado alargada, torna-se essencial aofuncionamento fiável e regular do sistema umaprotecção adequada face a uma grande variedadede ameaças. É da maior relevância que ospagamentos sistemicamente importantes – ou

SLBTR 2004

MPBCE (BCE) 99.48

ELLIPS (BE) 99.88

KRONOS (DK) 99.85

RTGSplus (DE) 99.37

HERMES euro (GR) 99.80

SLBE (ES) 99.89

TBF (FR) 99.94

IRIS (IE) 99.59

BI-REL (IT) 99.91

LIPS-Gross (LU) 99.97

TOP (NL) 99.98

ARTIS (AT) 99.87

SPGT (PT) 99.86

BOF-RTGS (FI) 99.85

E-RIX (SE) 99.74

CHAPS Euro (UK) 99.95

Disponibilidade global do sistema 99.81

Fonte: BCE.

seja, os que poderão provocar um riscosistémico se não forem processados na datadevida – sejam efectuados sem demora, mesmoem circunstâncias anormais. O Eurosistemaestabeleceu medidas de contingência paraassegurar que estes pagamentos sejamprocessados de forma regular, mesmo emcaso de falha no TARGET. Em 2004, osbancos centrais efectuaram diversas simulações(que frequentemente envolveram bancoscomerciais), as quais comprovaram a eficáciadas medidas de contingência do TARGET econfirmaram que o Eurosistema tem boascondições para assegurar que os sistemas depagamentos e os mercados financeiros podemcontinuar a funcionar de forma regular emsituação de crise.

LIGAÇÃO AO TARGET PARA OS NOVOS ESTADOS--MEMBROS DA UEEm Outubro de 2002, o Conselho do BCEdecidiu que, após o alargamento da UE, oEurosistema faria a ligação dos sistemas deliquidação por bruto em tempo real (SLBTR)dos BCN dos novos Estados-Membros aoTARGET, mediante pedido dos mesmos. Dado

Quadro 13 D i spon ib i l i dade g loba l doTARGET(percentagens)

Volume (n.° de Variaçãotransacções) 2003 2004 (%)

GlobalTotal 66 608 000 69 213 486 4Média diária 261 208 267 234 2Intra-Estados--MembrosTotal 51 354 924 52 368 115 2Média diária 201 392 202 193 0Inter-Estados--MembrosTotal 15 253 076 16 845 371 10Média diária 59 816 65 040 9

Valor Variação(EUR mil milhões) 2003 2004 (%)

GlobalTotal 420 749 443 992 6Média diária 1 650 1 714 4Intra-Estados--MembrosTotal 283 871 297 856 5Média diária 1 113 1 150 3Inter-Estados--MembrosTotal 136 878 146 137 7Média diária 537 564 5

Fonte: BCE.1) 255 dias de funcionamento em 2003 e 259 dias defuncionamento em 2004.

Quadro 12 T rá f ego de pagamentos noTARGET 1 )

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102BCERelatório Anual2004

o limitado período de vida remanescente doactual sistema TARGET e de modo a pouparcustos, o Eurosistema desenvolveu alternativasà plena integração, as quais permitem a ligaçãodos SLBTR dos novos Estados-Membros aoactual sistema TARGET. Por exemplo, asolução prevista para o SORBNET-EURO, oSLBTR em euros do Narodowy Bank Polski,consiste numa ligação através de um BCN daactual área do euro. A ligação será fornecida em2005 através do Banca d’Italia.

RELAÇÕES COM UTILIZADORES DO TARGET EOPERADORES DE LIQUIDAÇÃO POR BRUTO EMTEMPO REAL DE OUTRAS ÁREAS MONETÁRIASO SEBC mantém relações estreitas com osutilizadores do TARGET, por forma a assegurarque as suas necessidades sejam tomadas emdevida consideração e recebam uma respostaadequada. Em 2004, tal como nos anosanteriores, realizaram-se reuniões regularesentre os 15 BCN ligados ao TARGET e osgrupos de utilizadores nacionais do TARGET.Adicionalmente, realizaram-se reuniõesconjuntas do Grupo de Trabalho para a Gestãodo TARGET do SEBC e do Grupo de Trabalhosobre o TARGET do sector bancário europeupara discutir questões operacionais doTARGET. Foram abordadas questões deestratégia no Grupo de Contacto sobre aEstratégia de Pagamentos em Euros, fórum emque estão representados os órgãos de gestão dosbancos comerciais e centrais.

O Eurosistema, como operador de um dosmaiores SLBTR do mundo, mantém contactosestreitos com os operadores dos SLBTR deoutras áreas monetárias. As crescentesinterrelações, como as originadas pelaLiquidação em Contínuo, criaram a necessidadede discussões conjuntas sobre questõesoperacionais.

2.2. TARGET2

Em Dezembro de 2004, o Conselho do BCEaceitou a oferta conjunta do Banca d’Italia, doDeutsche Bundesbank e do Banque de France

para construir a plataforma partilhável únicapara o TARGET2, desenvolvendo-a e gerindo-aem nome do Eurosistema. Esta decisão terácomo resultado uma reformulação significativada arquitectura TARGET, o qual, actualmente,consiste em SLBTR múltiplos interligados quesão mantidos pelos BCN e o BCE. O TARGET2oferecerá aos utilizadores do TARGET um nívelde serviço mais elevado e irá permitir economiasde escala.

Os principais trabalhos preparatórios levados acabo em 2004 para o TARGET2 envolveram odesenvolvimento das especificaçõesoperacionais. Este trabalho foi levado a cabo emcooperação estreita com os utilizadores doTARGET. As Especificações OperacionaisGerais (General Functional Specifications(GFS)) para o TARGET2, que foram aprovadaspelo Conselho do BCE em Julho de 2004,descrevem de modo geral as características efuncionalidades do sistema bem como a suaarquitectura de TI. O TARGET2 disponibilizaráfuncionalidades de gestão de liquidezabrangentes que permitirão às instituições decrédito controlar melhor a sua liquidez em euros.Por exemplo, um participante que utilize váriossistemas de pagamentos e de liquidação detítulos em moeda do banco central terá apossibilidade de liquidar todas essas posições apartir de uma única conta SLBTR no TARGET2.Além disso, para as contas SLBTR deinstituições de crédito da área do euro detidasem bancos centrais da área do euro, o TARGET2disponibilizará um mecanismo de agrupamentode liquidez intradiária. Tal permitirá aosparticipantes da área do euro no TARGET2agrupar contas SLBTR individuais detidas emdiferentes bancos centrais da área do euro eagrupar a liquidez intradiária disponível embenefício de todos os membros do grupo decontas. Para este fim, o Eurosistema está aenvidar esforços no sentido do estabelecimentode um quadro jurídico robusto, que é umacondição prévia para a disponibilização destafuncionalidade. O TARGET2 terá por base umconceito de continuidade operacional inovadorque permitirá lidar com situações de desastreregional de grande escala.

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Relatório Anual2004

Com base nas GFS, o Eurosistema está apreparar as Especificações OperacionaisPormenorizadas do Utilizador (User DetailedFunctional Specifications (UDFS)), quedescrevem as características e funcionalidadesdo TARGET2 com o nível de pormenornecessário para o arranque dos trabalhos dedesenvolvimento e implementação técnica. Àsemelhança das GFS, as UDFS foramintensamente discutidas com os utilizadores doTARGET. As UDFS deverão ser finalizadas emAbril de 2005.

O Eurosistema também está a desenvolver umsistema de fixação de preços dos serviços debase do TARGET2, o que irá eliminar as actuaisdiferenças de fixação de preços para astransacções domésticas e as transacçõestransfronteiras. Inclui uma opção que serádecidida pelo Conselho do BCE e que permitiriaaos participantes escolher entre o pagamento deum preço de transacção único ou de um preço detransacção mais baixo acrescido de uma taxaperiódica. Em 2005, serão definidos maispormenores do sistema de fixação de preços doTARGET2.

Uma outra área de trabalho importante em 2004foi o desenvolvimento da estrutura de gestãopara o TARGET2 e, com base nisto, umaorganização de projecto eficaz para as próximasfases do projecto (desenvolvimento, testes emigração). O Conselho do BCE aprovou regrasinternas relativas à gestão comum doTARGET2. Estas definem os papéis e asresponsabilidades no âmbito do projecto doTARGET2, respectivamente, do Conselho doBCE, do grupo completo de bancos centrais daárea do euro e dos três BCN que constroem eoperam o sistema. A estrutura de gestãoescolhida e a organização de projectoassegurarão a organização eficaz do trabalho dedesenvolvimento na fase de projecto e um níveladequado de envolvimento contínuo e controlopor parte de todos os bancos centrais da área doeuro após o lançamento do TARGET2.

O desenvolvimento de software e oestabelecimento da infra-estrutura de TI para o

TARGET2 serão levados a cabo em 2005. Oinício das primeiras actividades de teste com osbancos centrais está planeado para o início de2006. Os utilizadores do TARGET migrarãopara o TARGET2 em diferentes vagas e emdiferentes datas previamente definidas. Cadavaga consistirá num grupo de comunidadesbancárias nacionais e o processo de migraçãoentender-se-á por vários meses, durante os quaiscoexistirão as actuais componentes do TARGETe o novo sistema. A migração faseada seráorganizada de modo a minimizar o risco deprojecto. Outras considerações importantesquando forem tomadas decisões sobre oprocesso de migração concreto consistirão emminimizar potenciais problemas de transição ecustos para os bancos centrais e os utilizadoresdo TARGET. Prevê-se que o primeiro grupo depaíses migrará para o TARGET2 em 2 de Janeirode 2007. O Eurosistema prosseguirá a suacooperação estreita com a comunidade deutilizadores do TARGET durante todas as fasesdo projecto e apresentará relatórios regularessobre os progressos realizados.

2.3 UTILIZAÇÃO TRANSFRONTEIRAS DEACTIVOS DE GARANTIA

Os activos elegíveis podem ser utilizados entrefronteiras nacionais para garantir todos os tiposde operação de crédito do Eurosistema atravésdo modelo de banco central correspondente

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104BCERelatório Anual2004

(MBCC) ou através das ligações elegíveis entreos sistemas de liquidação de títulos (SLT)da UE. O MBCC é disponibilizado peloEurosistema, enquanto as ligações elegíveis sãouma solução conduzida pelo mercado.

O montante de activos de garantia transfronteirasdetidos pelo Eurosistema aumentou de €305 milmilhões em Dezembro de 2003 para €370 milmilhões em Dezembro de 2004. Em termosgerais, no final de 2004 os activos de garantiatransfronteiras representavam 43.89% do totaldos activos de garantia fornecidos aoEurosistema. Estes valores confirmam atendência observada em anos anteriores de umamaior integração dos mercados financeiros naárea do euro e a vontade crescente dascontrapartes de deterem nas suas carteirasactivos emitidos noutro país da área do euro.

O MODELO DE BANCO CENTRALCORRESPONDENTEO MBCC continuou a ser o principal canalpara a transferência de activos de garantiatransfronteiras, representando 35.37% dototal de activos de garantia fornecidos aoEurosistema em 2004. Os activos detidos emcustódia através do MBCC aumentaram de €259mil milhões no final de 2003 para €298 milmilhões no final de 2004.

No início de 2004, em resultado das melhoriasfeitas em 2003, os BCN tinham já atingido oobjectivo de efectuar procedimentos internos doMBCC no prazo de uma hora, desde queas contrapartes (e os respectivos bancosde custódia) apresentassem as respectivasinstruções correctamente. O Eurosistema está ainvestigar novas melhorias e alternativas para autilização eficiente e segura de activos degarantia transfronteiras.

Os bancos de custódia desempenhamfrequentemente um papel importante na cadeiade processamento de operações do MBCC, aoentregar os activos de garantia em nome dascontrapartes. Em Janeiro de 2004 foramimplementadas as “melhores práticas” para osbancos de custódia envolvidos nas operações

3 Standards for the use of EU securities settlement systems inESCB credit operations (“Padrões para a utilização de sistemasde liquidação de títulos da UE em operações de crédito doSEBC”), Janeiro de 1998.

do MBCC, estabelecidas pelas principaisassociações europeias do sector do crédito.O seu objectivo é a optimização da eficiênciado MBCC. Os esforços dos participantes nomercado na aplicação destas melhores práticastambém ajudaram os BCN a efectuarprocedimentos internos do MBCC no prazo deuma hora. Contudo, poderá ocorrer um desvioface a este referencial de uma hora emdeterminadas circunstâncias, por exemplo, emdias de grande tráfego.

LIGAÇÕES ELEGÍVEIS ENTRE SISTEMAS DELIQUIDAÇÃO DE TÍTULOSOs SLT podem estar ligados através de acordoscontratuais e operacionais para permitir atransferência transfronteiras de títulos elegíveisentre sistemas. Uma vez transferidos atravésdessas ligações para outro SLT, os títuloselegíveis podem ser utilizados através dosprocedimentos locais como qualquer activode garantia nacional. Actualmente, estãodisponíveis 59 ligações para as contrapartes, dasquais apenas um número limitado é activamenteutilizado em transferências relacionadas comoperações de crédito do Eurosistema. Alémdisso, estas ligações cobrem apenas parte daárea do euro. As ligações tornam-se elegíveispara operações de crédito do Eurosistema secumprirem os nove padrões de utilização doEurosistema3, os quais se centram nos requisitosdos bancos centrais nacionais na liquidação dassuas operações em SLT. O Eurosistema avaliaquaisquer novas ligações ou melhorias deligações elegíveis em relação a estes padrões.Em 2004, três ligações elegíveis existentesforam melhoradas e avaliadas positivamente.

Os activos de garantia detidos através dasligações aumentaram de €46 mil milhões emDezembro de 2003 para €72 mil milhões emDezembro de 2004, mas representaram apenas8.5% do total dos activos de garantia,transfronteiras e nacionais, detidos peloEurosistema.

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105BCE

Relatório Anual2004

3 NOTAS E MOEDAS

Grá f i co 37 Va lo r to ta l de notas emc i r cu l a ção ent re 2000 e 2004

(EUR mil milhões)

Fonte: BCE.

notas nacionaisnotas de euros

0

100

200

300

400

500

0

100

200

300

400

500

2000 2001 2002 2003 2004

Grá f i co 38 Número tota l de notas deeuros em c i r cu l a ção ent re 2002 e 2004

(mil milhões)

Fonte: BCE.

6

7

8

9

10

6

7

8

9

10

2002 2003 2004

3.1 CIRCULAÇÃO DE NOTAS E MOEDAS

PROCURA DE NOTAS E MOEDAS DE EUROSNo seguimento de uma taxa de crescimentoanual de 22% em 2003, o valor das notas deeuros em circulação aumentou 15.0% em 2004,de €436.1 para €501.3 mil milhões. O número denotas de euros em circulação aumentou 6.8%(o que compara com 10.1% em 2003), de9.0 para 9.7 mil milhões. O Gráfico 37 mostra aevolução das notas nacionais e das notas deeuros em circulação, em termos de valor, entre2000 e 2004. O Gráfico 38 ilustra a evolução donúmero de notas de euros em circulação desde asua introdução.

O valor das notas em circulação aumentou deforma mais acentuada do que o número desde atransição para o euro fiduciário, o que reflecte oaumento particularmente forte do número denotas de elevada denominação em circulação. OGráfico 39 mostra a evolução das notas de eurosem circulação, por denominação, entre 2002 e2004. O aumento mais forte da procura em 2004foi da nota de €500, 28.4%. A procura também semostrou bastante forte nas notas de €50 e €100,cujas taxas de crescimento da circulação sesituaram em 12.4% e 13.5%, respectivamente.

O crescimento global do número de notas de €5,€10, €20 e €200 em circulação tem sido bastantemoderado desde a introdução das notas em 2002,

embora a evolução possa variar entre países. Foiapenas durante picos sazonais que se registouum forte aumento da procura de notas de €10e €20, ou seja, as denominações que sãoutilizadas sobretudo para transacções diárias emnumerário. No caso da nota de €50, registou-seum crescimento relativamente elevado, bemcomo flutuações sazonais. Em contraste, acirculação das notas de €5 e €100 apresentouuma variação sazonal apenas moderada,enquanto a das notas de €200 e €500 não seguiuqualquer padrão sazonal. É claro que a procurapara efeitos de transacção na área do euro não ésuficiente para explicar a tendência ascendenteduradoura da procura destas denominações,devendo outros factores desempenhar tambémum papel. Um destes factores parece ser acrescente procura internacional de notas deeuros. Análises recentes sugerem que cerca de10% a 15% das notas em circulação são detidasfora da área do euro. Um outro factor tem aver com o entesouramento pelo público,parcialmente influenciado pelo nível baixo dastaxas de juro.

Durante 2004, o valor das moedas de euros emcirculação (isto é, a circulação líquida excluindoos stocks detidos pelos BCN) aumentou 9.1%,de €14.1 mil milhões para €15.3 mil milhões. Onúmero total de moedas de euros em circulaçãocresceu 14.8%, situando-se em 56.2 milmilhões. Tem-se verificado um crescimento

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106BCERelatório Anual2004

Grá f i co 39 Número de notas de euros em c i r cu l a ção ent re 2002 e 2004

(milhões)

EUR 500EUR 200EUR 100

0100200300400500600700800900

1 000

01002003004005006007008009001 000

2002 2003 2004 2002 2003 20040

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

3 500

0

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

3 500

EUR 50EUR 20EUR 10EUR 5

Fonte: BCE.

€5 €10 €20 €50

Percentagem 1 5 24 48

€100 €200 €500 Total

Percentagem 17 4 1 100

Quadro 14 D i s t r ibu i ção de cont ra f a cçõespor denominação

Fonte: Eurosistema.

estável do número de moedas de euros emcirculação desde o início de 2003, altura em queo volume retomou o nível inicial de 40.4 milmilhões de moedas emitidas na altura datransição para o euro.

PROCESSAMENTO DE NOTAS PELO EUROSISTEMAOs depósitos e levantamentos de notas de eurosforam bastante estáveis em todos os BCN da áreado euro desde o segundo trimestre de 2002.Flutuações nos depósitos e levantamentosmensais reflectem principalmente as variaçõessazonais habituais na procura de notas.

Os BCN da área do euro processaram um total de29.4 mil milhões de notas de euros em 2004, umvalor semelhante ao de 2003. Entre Janeiro eDezembro de 2004, foi emitido um total de 30.4mil milhões de notas e 29.7 mil milhões foramrecolhidas pelos BCN. A frequência de retornodas notas, medida como o rácio das notasdepositadas nos BCN em relação ao número denotas em circulação, manteve-se relativamenteestável desde 2002, e em 2004 situou-se emaproximadamente 3.4 vezes por ano. Em 2004,foram destruídos 3.8 mil milhões de notasimpróprias para circulação.

3.2 CONTRAFACÇÃO DE NOTAS E DISSUASÃODA CONTRAFACÇÃO

CONTRAFACÇÃO DE NOTAS DE EUROSTendo aumentado de forma constante em 2002 ena maior parte de 2003, a taxa de contrafacção denotas de euros é agora relativamente estável.Entre o último trimestre de 2003 e o final de2004 foram retiradas de circulação, em média,aproximadamente 50 000 contrafacções pormês, com as flutuações sazonais a coincidir comas das notas verdadeiras, por exemplo, duranteos períodos de férias. O número total decontrafacções recebidas pelos CentrosNacionais de Análise (CNA)4 em 2004 foi de594 000, o que representa um aumento de 7.8%face a 2003, valor substancialmente inferior àtaxa de crescimento observada um ano antes. OGráfico 40 mostra a tendência das contra-facções retiradas de circulação, com valores

4 Centros estabelecidos em cada Estado-Membro da UE, para aanálise inicial de contrafacções de notas de euros a nívelnacional.

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107BCE

Relatório Anual2004

Grá f i co 40 Número de cont ra f a c ções denotas de euros re t i r adas de c i r cu l a çãoent re 2002 e 2004(milhares)

Fonte: BCE.

0

50

100

150

200

250

300

350

0

50

100

150

200

250

300

350

2002/1 2002/2 2003/1 2003/2 2004/1 2004/2

recolhidos em intervalos semestrais desde olançamento das notas.

O Quadro 14 mostra que a nota de €50 continua aser o maior alvo dos contrafactores, emboradurante o ano tenham surgido alguns elementosque comprovam que o crime organizado visacada vez mais as notas de €100, €200 e €500.Nestas denominações, foi produzida umapequena quantidade de contrafacções melhoresdo que a média.

Em termos gerais, é evidente que o número decontrafacções (594 000 em 2004) é uma fracçãoínfima do número médio de notas verdadeirasem circulação (8.9 mil milhões em 2004). Opúblico pode continuar a ter confiança nasegurança do euro: esta continua a ser umamoeda bem protegida, em termos quer dasofisticação dos seus elementos de segurança,quer da eficácia das autoridades responsáveispela aplicação da lei a nível europeu e nacional.No entanto, o público deverá continuar atento. Oteste de “toque-aspecto-inclinação” continua aser suficiente para detectar contrafacções emquase todos os casos.

DISSUASÃO DA CONTRAFACÇÃOPara além da cooperação com os BCN, a Europole a Comissão Europeia (em particular com oOrganismo Europeu de Luta Antifraude,

OLAF), o BCE celebrou um acordo com aInterpol em 2004 relativo à protecção do euro eao combate à contrafacção. Foram estabelecidosoutros acordos de cooperação com os bancoscentrais de dois dos países vizinhos da UE(Ucrânia e Bulgária), estando previstos para ofuturo acordos semelhantes com outros países.O Eurosistema esteve activo na formação deprofissionais que lidam com numerário, querdentro quer fora da UE, no reconhecimento etratamento de contrafacções de notas. O Centrode Análise de Contrafacções do BCE e os CNAcolaboraram com a polícia no combate àcontrafacção, e os técnicos dos CNA forneceramàs autoridades judiciárias, quando solicitado,aconselhamento especializado e relatóriostécnicos.

O International Counterfeit Deterrence Centre(“Centro Internacional de Dissuasão deContrafacção”), a funcionar no BCE, continuoua avaliar novos equipamentos de reproduçãoe sistemas de dissuasão de contrafacção e aapoiar o Grupo de Dissuasão da Contrafacçãodos Bancos Centrais, uma iniciativa conjuntade 27 bancos centrais em todo o mundo.

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108BCERelatório Anual2004

Denominação Quantidade BCN responsáveis(milhões de notas) pela produção

€5 - -€10 378 DE, FR, GR, IE, AT€20 290 FR, PT€50 683 BE, DE, ES, IT, NL€100 124 IT, FI€200 - -€500 124 DE, LUTotal 1 599

Quadro 15 D i s t r ibu i ção da produção denotas de euros em 2004

Fonte: BCE.

3.3 EMISSÃO E PRODUÇÃO DE NOTAS

O PAPEL DO EUROSISTEMA NO CICLO DONUMERÁRIOEm Dezembro de 2004, o Conselho do BCEchegou a acordo sobre os princípios e objectivoscomuns no que diz respeito ao papel eresponsabilidades do Eurosistema no ciclo donumerário. A definição do seu papel eresponsabilidades contribuirá para o estabe-lecimento da Área Única de Pagamentos emEuros (ver Secção 3 do Capítulo 3). Fornecetambém um enquadramento fiável para osparceiros do Eurosistema no ciclo do numerário(ou seja, o sector bancário e as empresas detransporte de dinheiro). Em conformidade com oprincípio da descentralização, o Conselho doBCE não estabeleceu um sistema totalmenteharmonizado para os serviços em numerário daárea do euro. Embora seja necessária uma certaharmonização e normalização sob a orientaçãodo BCE, os BCN são responsáveis pelaimplementação a nível nacional, tendo emconsideração as respectivas conjunturaseconómicas e estruturas bancárias nacionais, arede existente de sucursais dos BCN e apercentagem relativa de pagamentos emnumerário e/ou acordos de longo prazo.

QUADRO PARA DETECÇÃO DE CONTRAFACÇÕES EESCOLHA DE NOTAS APTAS PARA CIRCULAÇÃOApós consultas ao sector bancário e às indústriasde transporte de dinheiro, em Dezembro de 2004o BCE adoptou um quadro para a detecção decontrafacções e a escolha de notas pelaqualidade (designada por “escolha de notasaptas para circulação”) por parte das instituiçõesde crédito e outros profissionais que lidam comnumerário. Os objectivos principais destequadro são implementar uma política comumpara o tratamento e processamento de notas porinstituições de crédito e outros profissionais quelidam com numerário e prestar-lhes assistênciano cumprimento das suas obrigações, nostermos do artigo 6.º do Regulamento (CE)n.° 1338/2001 do Conselho relativo à detecçãoe retirada de circulação de contrafacções denotas de euros. Os BCN aplicarão este quadrono âmbito da sua jurisdição o mais tardar até ao

final de 2006. Haverá um período de transição dedois anos, a terminar no máximo até ao final de2007, para a adaptação de procedimentos emáquinas existentes em funcionamento pelasinstituições de crédito e outros profissionais quelidam com numerário.

ACORDOS DE PRODUÇÃOFoi produzido um total de 1.6 mil milhões denotas em 2004, o que compara com 3.1 milmilhões em 2003. Esta redução significativa daprodução de 2004 ficou a dever-se sobretudo auma necessidade de substituição efectiva menordo que a esperada em 2003.

Desde 2002, a produção de notas de euros foiatribuída aos BCN, de acordo com um cenário deprodução descentralizado com acordos deprodução. Nos termos deste acordo, cada BCNda área do euro é responsável pela aquisição deuma determinada percentagem da produção totalde certas denominações. O Quadro 15 sintetiza adistribuição da produção de 2004.

Os acordos para os procedimentos para aaquisição de notas de euros no futuro encontram--se descritos na Orientação BCE/2004/18,adoptada pelo Conselho do BCE em Setembrode 2004. A Orientação estabelece umprocedimento único de concurso do Eurosistemapara a produção de notas de euros, que seráimplementado o mais tardar até 1 de Janeiro de2012. A implementação deste procedimento seráprecedida de um período de transição, dandoassim aos BCN e aos centros de impressão muito

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Relatório Anual2004

tempo para se prepararem para o novoprocedimento. Este período de transição nãoterá início antes de 1 de Janeiro de 2008, mas adata exacta de início – a decidir pelo Conselhodo BCE – depende da obtenção de uma massacrítica em termos quer do número de BCN queacordem em participar no procedimento únicode concurso do Eurosistema, quer do volumetotal de notas que será objecto de concurso.

A Orientação foi desenvolvida de acordo com oprincípio de uma economia de mercado aberto ede livre concorrência, incentivando a afectaçãoeficaz dos recursos, e em conformidade com alegislação da UE em matéria de concorrência.Em particular, os objectivos do procedimentosão assegurar igualdade de tratamento de todosos centros de impressão que desejem participarno procedimento único de concurso doEurosistema, bem como garantir a transparênciae a continuação de uma produção segura de notasde euros. As regras do concurso estabelecidas naOrientação aplicar-se-ão a toda a produção denotas do Eurosistema. Os BCN que dispõem doseu próprio centro de impressão ou que recorrema centros de impressão públicos podem decidirnão participar no procedimento único deconcurso do Eurosistema, continuando então aproduzir as notas de euros que lhescorrespondam nesses centros de impressão.

NOTAS DE DENOMINAÇÕES MUITO BAIXASEm resposta a sugestões de diversas fontes, oEurosistema analisou os potenciais aspectospositivos e negativos da introdução de notasde denominações muito baixas, por exemplo,€1 e/ou €2. Após aprofundada análise, oConselho do BCE decidiu em Novembro de2004 não rever a decisão tomada em 1998relativa às denominações das notas de euros e,consequentemente, não emitir notas de €1 e€2. Tendo avaliado todos os argumentosapresentados no debate, o Conselho do BCEconcluiu que, em termos globais, os aspectosnegativos da introdução de notas dedenominações muito baixas ultrapassavam osaspectos positivos. A procura insuficiente denotas de denominações muito baixas pelamaioria dos cidadãos da área do euro, o aumento

da ineficácia que a sua introdução implicariapara a maior parte dos terceiros afectados – porexemplo, o sector retalhista e a indústria devenda automática – e os elevados custos deimpressão e processamento contribuíram, emparticular, para esta decisão.

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110BCERelatório Anual2004

4 ESTATÍSTICASO BCE, coadjuvado pelos BCN, recolhe umamplo conjunto de estatísticas que permitemao SEBC cumprir as suas atribuições. Ainformação estatística necessária é recolhidatanto das autoridades nacionais competentescomo directamente dos agentes económicos. Em2004, tal como nos anos anteriores, adisponibilização de estatísticas decorreu semproblemas, enquanto se deu continuidade aoaperfeiçoamento do enquadramento estatísticoe se disponibilizaram novas estatísticas emconformidade com a estratégia de médio prazopara as estatísticas do BCE. O BCE organizoutambém a sua segunda conferência sobreestatísticas, que desta vez incidiu sobre arespectiva utilização para a formulação depolítica monetária e económica.

Subsistem algumas questões, relacionadassobretudo com a fiabilidade dos dados, na áreadas estatísticas das finanças públicas, as quaissão essenciais para a aplicação do Pacto deEstabilidade e Crescimento e a credibilidade dasupervisão orçamental. A Comissão Europeia(Eurostat), coadjuvada pelos institutosnacionais de estatística (INE) e os BCN, quandoaplicável, é responsável pela disponibilizaçãodessas estatísticas. O BCE utiliza intensi-vamente estatísticas económicas gerais, amaioria das quais é recolhida e compilada peloEurostat. A disponibilização destas estatísticaspara a área do euro registou novas melhorias emalgumas matérias, por exemplo no que se refereà actualidade dos dados trimestrais do PIB, àqualidade das estimativas provisórias do IHPC eà disponibilidade dos indicadores económicosde curto prazo. Tendo em conta a evolução nosúltimos anos, o BCE publicou, em Dezembro de2004, a sua análise dos requisitos na área dasestatísticas económicas gerais.

4.1 NOVAS MELHORIAS NO ENQUADRAMENTOESTATÍSTICO PARA A ÁREA DO EURO

Não obstante os progressos significativosrealizados até ao momento no âmbito doenquadramento estatístico e a boa qualidade dasestatísticas da área do euro em geral, continuam

a ser necessárias novas melhorias noenquadramento estatístico global para a área doeuro. A transformação económica em curso teráde ser acomodada de forma prospectiva e terãode ser preenchidas alguns lacunas estatísticasremanescentes identificadas pelos utilizadoresdentro e fora do BCE, quando tal for exequível.Durante 2004, o BCE encetou novos esforçospara a melhoria do enquadramento global.Devido aos longos períodos de temponecessários à execução dos projectosestatísticos, os resultados deverão surgir amédio prazo.

Um elemento importante do enquadramentoestatístico para a área do euro consiste naconcepção e compilação de um sistema decontas nacionais trimestrais por sectorinstitucional, que está a ser preparado peloEurosistema, em conjunto com o Eurostat e osINE. Os sectores abrangidos por este sistema decontas são as famílias, as sociedades nãofinanceiras, as instituições financeiras, asadministrações públicas e o resto do mundo.Estas estatísticas revelarão as interacções entreestes diferentes sectores e entre as transacçõesfinanceiras e não financeiras na economia. Umasérie temporal suficientemente longa dessascontas sectoriais, publicada pouco depois doperíodo de referência, possibilita acompanhar osimpulsos de política monetária do sectorfinanceiro ao sectores não financeiros da área doeuro e, adicionalmente, analisar melhor oimpacto dos choques económicos na área doeuro. Este tipo de série temporal tambémpermitirá efectuar um conjunto mais alargado deoutras análises. Vários indicadores principaisessenciais para a análise do ciclo económico epara as previsões estão também incorporadosnas contas nacionais trimestrais por sectorinstitucional.

A incorporação da Norma Internacional deContabilidade 39 (International AccountingStandard 39 (IAS 39)) relativa a instrumentosfinanceiros na legislação da UE, que requer orespectivo uso por todas as empresas cotadas embolsa a partir de 1 de Janeiro de 2005, tornounecessária a alteração do Regulamento relativo

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Relatório Anual2004

ao balanço consolidado do sector das IFM(BCE/2001/13), de modo a preservar abase conceptual das estatísticas monetárias.O Regulamento que introduz alterações(BCE/2004/21) entrou em vigor em 1 de Janeirode 2005 e assegura que, independentemente daforma específica da IAS 39 adoptada no final, asIFM continuem a reportar os montantes dosdepósitos e empréstimos ao valor nominal,quaisquer que sejam as alterações que possamvir a ser efectuadas ao quadro contabilísticolegal da UE após a referida data.

4.2 ESTATÍSTICAS NOVAS OU MELHORADAS

Durante 2004, o BCE iniciou a publicação dealgumas estatísticas novas relevantes para apolítica monetária e outras atribuições doSEBC, para a política económica em geral, paraos participantes no mercado e para o público emgeral.

Na Primavera de 2004, o BCE, em conjunto coma Comissão Europeia, divulgou pela primeiravez estatísticas mensais relativas às taxas dejuro de longo prazo para os dez novos Estados--Membros da UE, necessárias para avaliar orespectivo cumprimento do elevado grau deconvergência requerido para a entrada na UEM.Desde Junho de 2004, o BCE também publica,numa base mensal, a apresentação monetária dabalança de pagamentos da área do euro. Alémdisso, o BCE e o Eurostat publicaram umrelatório sobre investimento directo estrangeiro,o qual propõe métodos aperfeiçoados para acompilação dessas estatísticas. Estão agoradisponíveis dados trimestrais da balançacorrente da balança de pagamentos da área doeuro desde 1980. Relativamente às taxas decâmbio efectivas do euro, as ponderações docomércio utilizadas para o cálculo dos índicesforam actualizadas e a cobertura geográfica foimelhorada, tendo sido publicadas novas sériesdesde Setembro de 2004. As estatísticasrelativas aos fluxos e saldos das acções cotadasda área do euro são agora divulgadas numa basemensal. As novas estatísticas incluem emissões

brutas, reembolsos e saldos de todas as acçõescotadas emitidas pelos residentes na área doeuro.

No contexto do Plano de Acção relativo aosRequisitos Estatísticos da UEM do ConselhoECOFIN, o BCE disponibilizou em 2004 umconjunto abrangente de contas financeiras e nãofinanceiras trimestrais para o sector dasadministrações públicas. Foram já iniciados ostrabalhos no sentido da integração destasestatísticas nas contas nacionais trimestrais porsector institucional.

Em 2004, o BCE também melhorou o respectivoenquadramento jurídico para permitir apublicação de novas estatísticas no futuro.Procedeu-se à revisão da Orientação e daRecomendação do BCE relativas aos requisitosde reporte estatístico na área da balança depagamentos e das estatísticas da posição deinvestimento internacional e do formulário dasreservas internacionais. Em Janeiro de 2005,o BCE começou a publicar estatísticasaperfeiçoadas nesta área, incluindo umadesagregação geográfica. Além disso, publicounotas de orientação relativas às estatísticasdo balanço das IFM relacionadas com oalargamento da UE. As referidas notas deorientação têm por objectivo promover umacompreensão clara e consistente dos requisitos epadrões do Regulamento BCE/2003/10.

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112BCERelatório Anual2004

Em 2004, foram envidados esforços paramelhorar a disseminação e a acessibilidade dasestatísticas. Quer o Boletim Mensal do BCErestruturado, publicado pela primeira vez emJaneiro de 2004, quer a nova versão do site doBCE, que ficou acessível em Junho de 2004,incorporam secções estatísticas melhoradas.

4.3 ESTATÍSTICAS DAS FINANÇAS PÚBLICAS

No decurso de 2004, surgiram sériaspreocupações sobre a fiabilidade das estatísticaspara a supervisão orçamental ao abrigo doTratado e do Pacto de Estabilidade eCrescimento. O BCE apoiou totalmente adeclaração sobre bons padrões para asestatísticas proferida após a reunião informal doConselho ECOFIN em Scheveningen, em 11 deSetembro de 2004. Estes padrões deverãoreforçar a independência, integridade eresponsabilização dos INE. O BCE está atrabalhar em estreita colaboração com aComissão Europeia no que se refere a estamatéria, em particular através do Comité deEstatísticas Monetárias, Financeiras e deBalança de Pagamentos, que integra técnicos deestatísticas seniores do Eurostat, dos INE, dosBCN e do BCE. A implementação da Orientaçãodo BCE relativa às estatísticas das finançaspúblicas, adoptada pelo Conselho do BCE emFevereiro de 2005, melhorará a qualidade dosagregados das finanças públicas da área doeuro e constituirá um passo adicional noestabelecimento da qualidade e dos padrões paraum conjunto mais abrangente de dados dasfinanças públicas para a supervisão orçamental.

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113BCE

Relatório Anual2004

5 ESTUDOS ECONÓMICOS

5 M. Goodfriend, R. König e R. Repullo, “External evaluation ofthe economic research activities of the European CentralBank”, 2004.

O objectivo dos estudos económicos no BCEconsiste em fornecer uma base conceptual eempírica sólida para a formulação de política.Os estudos económicos a nível do Eurosistemacentram-se, portanto, no aprofundamento doconhecimento da forma como a economia daárea do euro funciona e na disponibilizaçãode análises, modelos e outras ferramentasrelevantes para a condução da política monetáriado BCE e o cumprimento de outras atribuiçõesdo Eurosistema.

Cinco anos após o seu estabelecimento, oBCE solicitou a três especialistas externosindependentes que avaliassem os estudoseconómicos elaborados pelo BCE face a padrõesacadémicos elevados e, ainda, em que medida osestudos efectuados desde 1998 contribuírampara a realização dos objectivos do BCE. Orelatório dos especialistas, disponível no site doBCE5, faz uma avaliação global positiva dosestudos realizados no BCE, em termos dequalidade científica e valor acrescentado,relevância para a condução da políticamonetária e outras atribuições e funções doBCE e influência na comunidade académica eoutras instituições decisoras de política. Talcomo solicitado nos termos de referência,os avaliadores fizeram também algumasrecomendações para melhorar os estudos.As recomendações abrangem cinco áreas:incentivos para os técnicos realizarem estudosde alta qualidade; gestão do capital humano alongo prazo; cobertura e coordenação dosestudos nas diferentes áreas de actividade doBCE; apoio à investigação e comunicação edisseminação dos estudos. Muitas das sugestõespara melhorar os estudos coincidiram com aavaliação do próprio BCE, tendo sido tomadasmedidas para a implementação destasmelhorias.

5.1 AGENDA DOS ESTUDOS

A agenda dos estudos em 2004 pode serdesagregada em seis áreas principais:macroeconomia e economia monetária;macroeconomia e finanças internacionais;

estabilidade financeira; integração financeira;modelos macroeconométricos da área do euro equestões económicas e estruturais gerais.Canalizaram-se também esforços consideráveispara o estudo do alargamento da área do euro edas economias dos novos Estados-Membros daUE. Neste contexto, efectuaram-se trabalhospreparatórios para o subsequente alargamentoda área do euro, em particular no que se refere àsferramentas analíticas usadas nas projecçõesmacroeconómicas.

A maioria dos resultados dos estudos realizadospelo BCE, ou com a sua colaboração, foramapresentados na série de Documentos deTrabalho do BCE e, em menor escala, na série deDocumentos Ocasionais do BCE, bem como emconferências e encontros de trabalho. Em 2004,foram publicados 126 Documentos de Trabalhodo BCE, o que compara com 97 em 2003. Umnúmero considerável de Documentos deTrabalho divulgados desde o lançamento dasérie em 1999, já foram, ou serão brevemente,publicados em revistas académicas (130)ou livros (30). Em virtude dos longosdesfasamentos na publicação resultantes doprocesso de análise pelos pares, prevê-se queesta parcela, já significativa, aumente em 2005.O Gráfico 41 ilustra a clara incidência emestudos relevantes em termos de política noBCE. Classifica os Documentos de Trabalho doBCE por áreas, utilizando os tipos declassificação do Journal of EconomicLiterature. A “macroeconomia e economiamonetária” é a área mais comum da série,seguida de “métodos matemáticos equantitativos”; “economia financeira” e“economia internacional”.

Ao longo de 2004, o BCE organizou diversasconferências e encontros de trabalho, como aterceira Conferência do BCE sobre BancaCentral subordinada ao tema “Os NovosEstados-Membros da UE: convergência eestabilidade”, que abrangeu três tópicosprincipais: transformação económica e

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114BCERelatório Anual2004

Grá f i co 41 Sé r i e de Documentos de T raba lho do BCE : C l a s s i f i c a ção do Journa l o fEconomic L i t e ra ture(percentagens)

Fonte: BCE.

20041999–2004

1 Métodos matemáticos e quantitativos2 Microeconomia3 Macroeconomia e economia monetária4 Economia internacional5 Economia financeira

0

10

20

30

40

50

0

10

20

30

40

50

6 Economia pública 7 Economia demográfica e do trabalho 8 Organização industrial 9 Desenvolvimento económico, mudança tecnológica e crescimento10 Outros

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

estrutural dos novos Estados-Membros da UE;ligações internacionais e desempenhomacroeconómico dos novos Estados-Membrosda UE; e ajustamento macroeconómico nessespaíses. Em conjunto com o BIS e os bancoscentrais do G10, o BCE lançou uma novapublicação intitulada “International Journal ofCentral Banking” (ver Capítulo 6).

5.2 REDES DE INVESTIGAÇÃO

Os estudos do BCE são muitas vezes realizadosno contexto de redes organizadas, as quaisconsistem em grupos de investigadoresconjuntamente envolvidos em projectosalargados, de múltiplas finalidades, e que podemintegrar economistas do BCE, dos BCN daárea do euro, de outros bancos centrais ede organizações de política, bem comoacadémicos. O BCE coordena e dá apoio a nívelda organização das referidas redes, querindividualmente quer em conjunto com outrasinstituições.

A Eurosystem Inflation Persistence Network(Rede sobre a Persistência da Inflação doEurosistema), que reúne investigadores de todosos bancos centrais do Eurosistema, foi criada em2003 para efeitos de análise da dinâmica dainflação na área do euro e nas economiasnacionais. Está a ser utilizado um conjuntoalargado de dados para estudar o fenómeno,incluindo dados individuais e sectoriaisrelativos aos preços no consumidor e noprodutor, taxas de inflação macroeconómicas eresultados de inquéritos; os resultados finais daanálise estão previstos para 2005. Em 2004,efectuou-se grande parte da análise empírica,tendo sido divulgado um subconjunto deresultados na série de Documentos de Trabalhodo BCE e recolhida a reacção da comunidadeacadémica. Foi ainda apresentada uma selecçãode resultados em vários encontros de trabalho econferências internacionais, incluindo umaconferência organizada pela rede e realizada noBCE em Dezembro de 2004. A informaçãorecolhida nestes eventos será utilizada na faseconclusiva da análise efectuada pela rede. Atéao momento, a rede constatou que os preços dosbens de consumo individual e dos serviços

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115BCE

Relatório Anual2004

variam com pouca frequência na área do euro,designadamente um vez por ano, em média.Quando se verificam ajustamentos dos preços,estes tendem a ser significativos e quaseequitativamente divididos entre aumentos edescidas de preços. A rigidez dos preços estámais generalizada no sector dos serviços do queno sector dos bens e, em termos médios, tende aser mais elevada na área do euro do que nosEstados Unidos. Além disso, as conclusões darede sugerem que a persistência da inflaçãopoderá depender dos regimes de inflação epolítica monetária existentes e que, tudo o restoconstante, tende a ser mais baixa quando estãobem enraizadas na economia expectativas deestabilidade de preços.

A Euro Area Business-Cycle Network (Redesobre o Ciclo Económico da Área do Euro),organizada em colaboração com o Centre forEconomic Policy Research (CEPR) (Centro deEstudos de Política Económica), proporcionaum fórum para o estudo do ciclo económico daárea do euro. Reúne investigadores dos meiosacadémicos, dos bancos centrais e de outrasinstituições de política. Em 2004, a redeorganizou a segunda acção de formação sobremodelos de factores e metodologias para aanálise do ciclo económico, patrocinada peloNationale Bank van België/Banque Nationalede Belgique e pela Universidade Bocconi.Foram ainda organizados dois encontros detrabalho, o primeiro sobre o ciclo económico nosnovos Estados-Membros e países aderentes,realizado no Oesterreichische Nationalbank, e osegundo sobre os recentes avanços nacombinação de previsões, realizado noNationale Bank van België/Banque Nationalede Belgique. Desde o início de 2004, uma partesubstancial dos trabalhos da rede tem sidocanalizada através de uma nova série deDocumentos de Discussão lançada em conjuntocom o CEPR.

A Research Network on Capital Markets andFinancial Integration in Europe (Rede deInvestigação sobre Mercados de Capitais eIntegração Financeira na Europa), lançada em2002 pelo BCE e o Center for Financial Studies

(CFS) (Centro de Estudos Financeiros), tem porobjectivo estimular os estudos relevantes emtermos de política sobre a integração dossistemas financeiros na Europa e respectivasligações internacionais. Em Maio de 2004, arede concluiu os seus primeiros dois anos detrabalho com um simpósio realizado emFrankfurt (ver Caixa 12). O BCE e o CFSdecidiram dar continuidade às actividades darede até 2007, adicionando três áreasprioritárias: (i) a relação entre integraçãofinanceira e estabilidade financeira, (ii) adesão àUE, desenvolvimento financeiro e integraçãofinanceira e (iii) modernização dos sistemasfinanceiros e crescimento económico na Europa.O programa de estudos da “LamfalussyFellowship”, estabelecido no contexto da rede,foi também alargado a estas áreas.

5.3 MODELOS MACROECONOMÉTRICOS DAÁREA DO EURO

O trabalho realizado na nova geração doModelo para Toda a Área (Area-Wide Model)do BCE constituiu uma evolução notável nocampo dos modelos macroeconométricos em2004. O modelo está a ser revisto em linhacom os últimos desenvolvimentos da teoriamacroeconómica e dos métodos de estimação.Em contraste com os modelos anteriores, a novageração de modelos macroeconométricos,conhecidos como modelos de equilíbrio geral

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116BCERelatório Anual2004

estocásticos dinâmicos, baseia-se muito maisem fundamentos microeconómicos. Com ocontributo dos estudos realizados no BCE, estessão agora suficientemente sofisticados paraserem utilizados no domínio de política6. Estão atornar-se, rapidamente, o padrão para a análisede política e, cada vez mais, para a previsão nosbancos centrais e organizações de política. Parafacilitar a construção do novo Modelo para Todaa Área, o BCE estabeleceu um fórum paracooperação com a Assembleia de Governadoresdo Sistema da Reserva Federal e com o FMI,instituições envolvidas na construção eutilização de modelos similares. O BCE e oSistema da Reserva Federal cooperam atravésdo International Research Forum on MonetaryPolicy (Fórum de Investigação Internacionalsobre Política Monetária), uma iniciativa quepromove os estudos sobre questões de políticamonetária relevantes numa perspectivamundial. Prevê-se a continuidade do trabalhotécnico relativo ao Modelo para Toda a Área nodecurso de 2005, e que os resultados finais sejamtornados públicos numa conferência aberta.

6 Os especialistas do Eurosistema têm dado um contributo crucialnesta área. Ver F. Smets e R. Wouters, “An estimated stochasticdynamic general equilibrium model of the euro area”,Documento de Trabalho do BCE n.º 171, publicado no Journalof the European Economic Association, vol. 1, edição5, 2003, pp. 1123-1175. Este trabalho foi galardoado com aprestigiosa Medalha Hicks-Tinbergen para estudosexcepcionais, da Associação Económica Europeia.

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117BCE

Relatório Anual2004

6 OUTRAS ATRIBUIÇÕES E ACTIVIDADES

7 Em conformidade com o Protocolo relativo a certas disposiçõesrelacionadas com o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlandado Norte anexo ao Tratado, o n.º 4 do artigo 105.º do Tratado e oartigo 4.º dos Estatutos do SEBC não se aplicam ao ReinoUnido. Por conseguinte, a obrigação de consultar o BCE não seestende às autoridades nacionais do Reino Unido.

8 CON/2004/16; CON/2004/35.

6.1 CUMPRIMENTO DAS PROIBIÇÕES DEFINANCIAMENTO MONETÁRIO E DE ACESSOPRIVILEGIADO

Nos termos da alínea d) do artigo 237.º doTratado, o BCE tem a função de acompanhar ocumprimento por parte dos 25 BCN da UE e peloBCE das respectivas obrigações estipuladas nosartigos 101.º e 102.º do Tratado e nosRegulamentos (CE) n.ºs 3603/93 e 3604/93 doConselho. O artigo 101.º proíbe a concessão decréditos sob a forma de descobertos ou sobqualquer outra forma pelo BCE ou pelos BCNem benefício de governos e instituições ouorganismos da Comunidade, bem como acompra directa de títulos de dívida a essasentidades. O artigo 102.º proíbe quaisquermedidas, não baseadas em considerações deordem prudencial, que possibilitem o acessoprivilegiado às instituições financeiras por partedos governos e instituições ou organismos daComunidade. A par do BCE, a ComissãoEuropeia acompanha o cumprimento por partedos Estados-Membros das disposições atrásreferidas.

O BCE acompanha igualmente a compra pelosbancos centrais da UE no mercado secundário detítulos de dívida emitidos quer pelo sectorpúblico nacional, quer pelo sector público deoutros Estados-Membros. Nos termos dosconsiderandos do Regulamento (CE) n.º 3603/93do Conselho, a aquisição de títulos de dívidado sector público no mercado secundário nãodeve servir para iludir o objectivo visado noartigo 101.º do Tratado. Tais aquisições não sedeverão tornar uma forma de financiamentomonetário indirecto ao sector público.

6.2 FUNÇÕES CONSULTIVAS

O BCE, de acordo com o disposto no n.º 4 doartigo 105.º do Tratado e no artigo 4.º dosEstatutos do SEBC, deverá ser consultado pelainstituição da Comunidade relevante ou pelasautoridades nacionais competentes7, conforme ocaso, sobre qualquer proposta de legislaçãocomunitária ou nacional, no domínio das suas

atribuições. Os limites e condições que seaplicam às consultas a efectuar ao BCE pelasautoridades nacionais sobre propostas delegislação encontram-se fixados na Decisão doConselho 98/415/CE, de 29 de Junho de 1998.Todos os pareceres do BCE são publicados noseu site. A partir de Janeiro de 2005, ospareceres sobre as propostas de legislaçãonacional são, em geral, publicados imedia-tamente após a sua adopção e posteriortransmissão à autoridade consultiva, tal como jásucedia com os pareceres sobre propostas delegislação da UE.

No total, em 2004, iniciaram-se 41 consultas,das quais 32 foram iniciadas por uma autoridadenacional e 9 pelo Conselho da UE. Uma lista dospareceres adoptados em 2004 é incluída numanexo a este Relatório Anual. Os seguintespareceres, adoptados a pedido de autoridadesnacionais, merecem referência específica:

O BCE foi consultado por vários Estados--Membros, em particular a Hungria e a Itália,sobre propostas de legislação que, na opinião doBCE, exigiam modificação, de modo a asseguraro cumprimento por parte dos estatutos dos BCNdas disposições relativas à independência dosbancos centrais estabelecidas no Tratado e nosEstatutos do SEBC, incluindo a independênciapessoal dos membros dos órgãos de decisão dosBCN8.

O BCE foi consultado pela Itália, PaísesBaixos e Eslováquia sobre reformas legislativassignificativas do quadro de supervisãofinanceira. O BCE examinou projectos depropostas de legislação na Itália e nosPaíses Baixos, baseadas num modelo desupervisão financeira do tipo “twin peaks” (duasautoridades de supervisão), no qual o BCN seriaresponsável pela supervisão prudencial detodo o sector financeiro e uma autoridade

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9 CON/2004/16; CON/2004/21.10 CON/2004/31.11 CON/2004/34.12 CON/2004/20.

responsável pelos mercados financeirosnacionais asseguraria a supervisão da condutado mercado9. O BCE acolheu com agrado oquadro institucional proposto em ambos ospaíses, salientando no seu parecer sobre aproposta neerlandesa que esta abordagemreconhecia o carácter distinto dos doisobjectivos de estabilidade financeira eprotecção dos investidores, tendo emconsideração o aumento do risco sistémico,devido às ligações mais próximas entreinstituições de crédito, sociedades de seguros,sociedades de investimento e fundos de pensões.O BCE considerou que a proposta de legislaçãoda Eslováquia, que alargaria os poderes desupervisão do BCN tornando-o directa etotalmente responsável pela supervisão detodo o mercado financeiro da Eslováquia,estabeleceria uma estrutura de supervisão que –embora actualmente única na UE – seriatotalmente compatível com as atribuiçõesrelacionadas com o SEBC de um BCN10.

O BCE foi consultado pela Bélgica sobre umaproposta de “taxa Tobin”, que tomaria a formade um imposto sobre todas as transacçõescambiais na Bélgica, caso fosse introduzidalegislação comparável por outros Estados--Membros ou a nível comunitário11. Embora oBCE tenha reconhecido as boas intençõessubjacentes ao projecto de lei, concluiu que autilidade económica e monetária de um impostodesse tipo era altamente questionável. Alémdisso, segundo a forma proposta no projecto delei belga, o imposto seria incompatível com odisposto no artigo 56.º do Tratado relativamenteà livre circulação de capitais e pagamentos entreEstados-Membros, e entre Estados-Membros epaíses terceiros.

O BCE foi consultado pela França sobre umaproposta de legislação destinada a autorizar aconcessão de empréstimos indexados à inflaçãopor instituições de crédito12. O BCE manifestoua sua compreensão quanto ao objectivo dealargar a liberdade de contrato e permitir aosagentes económicos a cobertura contra o risco deinflação, mas salientou que a utilizaçãogeneralizada da cláusula de indexação daria

origem a preocupações consideráveis, uma vezque a indexação generalizada na fixação desalários e preços poderia gerar excessiva rigidezno sistema de preços relativos, podendo haver orisco de desencadear espirais de inflação.

O BCE também emitiu um parecer, nos termosda alínea b) do n.º 2 do artigo 112.º do Tratado edo artigo 11.º-2 dos Estatutos do SEBC, relativoa uma recomendação do Conselho da UE sobre anomeação de um novo membro da ComissãoExecutiva do BCE.

6.3 ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES ACTIVASE PASSIVAS DA COMUNIDADE EUROPEIA

Nos termos do n.º 2 do artigo 123.º do Tratado edo artigo 9.º do Regulamento (CE) n.º 332/2002do Conselho, de 18 de Fevereiro de 2002, o BCEcontinua a ser responsável pela administraçãodas operações activas e passivas da ComunidadeEuropeia ao abrigo do mecanismo deAssistência Financeira a Médio Prazo. Em 2004,o BCE não realizou quaisquer atribuiçõesadministrativas desta natureza. Não existiaqualquer saldo por liquidar no final de 2003 enão se iniciaram novas operações durante 2004.

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Relatório Anual2004

Caixa 11

SERVIÇOS DE GESTÃO DE RESERVAS DO EUROSISTEMA

Em 2004, o Eurosistema concluiu o trabalho iniciado em 2003 sobre um novo enquadramentopara a disponibilização de um conjunto abrangente de serviços de gestão de reservas em eurosaos bancos centrais, autoridades monetárias e agências governamentais localizados fora daárea do euro e organizações internacionais. O novo enquadramento, desenvolvido para darresposta ao uso continuamente crescente do euro como moeda de reserva internacional, baseia--se nos serviços de gestão de reservas bem estabelecidos e na experiência dos bancos centraisdo Eurosistema a nível individual. Os serviços abrangem desde a disponibilização de contas deguarda de títulos e outros serviços de custódia relacionados (guarda de valores) e de liquidaçãoa serviços de numerário e investimento. Exemplos de serviços-chave abrangidos pelo novoenquadramento incluem (i) a disponibilização de uma facilidade de investimento overnightautomática que permite aos clientes investir fundos directamente com o respectivo prestadorde serviços e/ou no mercado a taxas de remuneração atractivas, (ii) a facilitação de programasautomáticos de empréstimo de títulos e (iii) a execução de ordens e instruções permanentes deacordo com as preferências de investimento específicas dos clientes.

Um dos aspectos-chave do novo enquadramento consiste na prestação de serviços de elevadaqualidade para os activos de reserva denominados em euros de clientes através de um ponto deacesso único na área do euro. Este conceito é comparável à forma como os serviços de gestão dereservas são oferecidos pelos principais bancos centrais em todo o mundo. Os bancos centraisdo Eurosistema que funcionam como pontos de acesso único são conhecidos por “prestadoresde serviços do Eurosistema” e oferecem o conjunto completo de serviços de gestão de reservasabrangidos pelo novo enquadramento. Em consequência da implementação do conceito deponto de acesso único, os clientes podem agora liquidar e deter em custódia um conjuntoextensivo de títulos de rendimento fixo denominados em euros, emitidos em toda a área doeuro, utilizando uma única conta de guarda de títulos. Foi estabelecido um elevado grau deharmonização, com cada prestador de serviços do Eurosistema a oferecer o mesmo leque deserviços de gestão de reservas, sujeitos a termos e condições harmonizados e em conformidadecom os padrões gerais do mercado.

Existem actualmente seis prestadores de serviços do Eurosistema, nomeadamente, DeutscheBundesbank, Banco de España, Banque de France, Banca d’Italia, Banque centrale duLuxembourg e De Nederlandsche Bank. Os restantes bancos centrais do Eurosistema podemoferecer alguns dos serviços abrangidos pelo novo enquadramento. Além disso, quer osprestadores de serviços do Eurosistema quer os outros bancos centrais do Eurosistema podemoferecer serviços de gestão de reservas adicionais em euros, numa base individual. O BCEdesempenha um papel de coordenação global, assegurando o bom funcionamento doenquadramento.

Em linha com a forma como os serviços de gestão de reservas têm sido disponibilizados hámuitos anos, o novo enquadramento baseia-se nos princípios básicos da gestão de reservasoficiais, tais como segurança financeira e jurídica e, principalmente, confidencialidade. Osserviços de gestão de reservas ao abrigo do novo enquadramento são oferecidos aos clientestradicionais dos bancos centrais, satisfazendo assim as necessidades e preocupações especiais

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120BCERelatório Anual2004

dessas instituições, que operam na mesma área de actividade de banca central como o próprioEurosistema.

O novo enquadramento, lançado em 1 de Janeiro de 2005, será flexível e terá constanteevolução, seguindo de perto os últimos desenvolvimentos no sector financeiro e respondendocom prontidão às necessidades dos clientes relativamente a serviços de gestão de reservasdenominados em euros abrangentes e actualizados.

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ArtistaJacob DahlgrenTítuloKrakow, 2002MaterialCopos de iogurte empilhados em alumínioFormato184 × 148 × 10 cm© VG Bild-Kunst, Bona 2005

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CAPÍTULO 3

ESTABILIDADE EINTEGRAÇÃOFINANCEIRAS

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124BCERelatório Anual2004

1 ESTABILIDADE FINANCEIRA

1 Em 2004, o BCE publicou, pela primeira vez, um relatório sobrea estabilidade do sistema financeiro da área do euro intitulado“Financial Stability Review”. Também publicou a terceiraedição da publicação intitulada “EU banking sector stability”,que apresenta as principais conclusões tiradas pelo BSC doacompanhamento regular da estabilidade do sector bancário.Estas publicações estão disponíveis no site do BCE.

O Eurosistema contribui para a boa conduçãodas políticas desenvolvidas pelas autoridadesnacionais competentes no que se refere àsupervisão prudencial das instituições decrédito e à estabilidade do sistema financeiro.Também dá o seu parecer a estas autoridades e àComissão Europeia sobre o âmbito e a aplicaçãoda legislação comunitárias nestas áreas.

1.1 ACOMPANHAMENTO DA ESTABILIDADEFINANCEIRA

O BCE, em colaboração com o Comité deSupervisão Bancária (BSC) do SEBC,acompanha os riscos para a estabilidadefinanceira por forma a avaliar a capacidade deabsorção de choques por parte do sistemafinanceiro1. Incide essencialmente sobre osbancos, dado que estes continuam a ser osprincipais intermediários no encaminhamentode fundos dos depositantes para os mutuários naárea do euro e, deste modo, constituem um canalimportante através do qual os riscos se podemalastrar ao resto do sistema financeiro. Porém,devido à crescente importância de outrasinstituições e mercados financeiros e às suasinterligações com os bancos, a vulnerabilidadedessas componentes do sistema financeiropode estender-se aos bancos. Assim, oacompanhamento também abrange a evoluçãodestas outras componentes.

EVOLUÇÃO CÍCLICAEm 2004, a capacidade do sistema financeiro daárea do euro para absorver choques melhorou.As instituições financeiras beneficiaram de umfortalecimento melhor do que o esperado daactividade económica mundial, da melhoriados balanços de empresas de grande dimensãoe da persistência da apetência pelo risco porparte dos investidores. Em resultado, arendibilidade dos bancos e das sociedadesde seguros registou uma melhoria. Porém,persistiram sinais anteriores de fragilidadedos sistemas financeiros mundiais, emconsequência da percepção dos riscos da subidadas taxas de juro de longo prazo face a níveismuito baixos.

No sector bancário da área do euro, os bancos degrande dimensão consolidaram a tendênciainiciada em 2003, continuando a mostrar sinaisde uma melhor rendibilidade. As principaisfontes de melhoria em 2004 consistiram numacontinuação da redução de custos e na reduçãoda constituição de provisões para perdas comempréstimos. Os aumentos de rendibilidadeforam generalizados, tendo os bancos compiores resultados conseguido também melhorara rendibilidade dos capitais próprios.

De modo a suportar a sua rendibilidade, ocontrolo de custos constituiu uma prioridadepara os bancos. O principal método utilizadopara cortar custos consistiu na redução dadimensão das redes de sucursais e do número defuncionários. A constituição de provisões paraperdas com empréstimos caiu em 2004, àsemelhança de 2003. O principal factorsubjacente terá sido uma avaliação maisfavorável do risco de crédito por parte dosbancos devido à recuperação económica. Estareapreciação pareceu reflectir expectativas deuma consolidação da rendibilidade dasempresas e de um novo fortalecimento dosbalanços por parte de empresas de grandedimensão da área do euro. Porém, existiramindicações de que as perspectivas para aspequenas e médias empresas continuavam a sermenos favoráveis do que para as empresas degrande dimensão.

Não obstante as melhorias na rendibilidade, osrendimentos líquidos dos juros – a principalcomponente da rendibilidade do sector bancário– continuaram a descer em 2004. Tal sucedeunão obstante sinais iniciais de uma recuperaçãodo crédito a empresas e a continuação dodinamismo do crédito às famílias para aquisiçãode habitação. A descida dos rendimentoslíquidos dos juros resultou principalmente da

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2 Está disponível uma análise mais pormenorizada da evoluçãoestrutural no relatório do BSC intitulado “Review of structuraldevelopments in the EU banking sector”, Novembro de 2004.

conjuntura de taxas de juro baixas e da menorinclinação das curvas de rendimentos domercado que, embora tenham impulsionado aprocura de empréstimos, afectaram as margensdo crédito e dos depósitos dos bancos da área doeuro. No que se refere aos rendimentos dosbancos à excepção das receitas de juros, oslucros comerciais excepcionais registados pormuitas instituições em 2003, devido aodinamismo dos mercados bolsistas e à reduçãodos diferenciais de crédito, não se repetiram em2004. Surgiram indicações de que alguns dosprincipais bancos da área do euro aumentaram oseu risco de mercado ao longo de 2004. Osbancos obtiveram rendimentos com comissõesmais elevados, principalmente devido aoaumento da actividade associada aos mercadosfinanceiros, quer por conta própria quer nagestão de patrimónios.

Os principais rácios de solvabilidaderegulamentares dos grandes bancos da área doeuro registaram uma nova melhoria em 2004. Éde salientar que os bancos com os rácios desolvabilidade mais fracos conseguiram colocar asua solvabilidade numa posição mais sólida. Amelhoria da capacidade de absorção de choquespor partes destes bancos contribuiu positiva-mente para a estabilidade do sistema financeirona área do euro.

O desempenho financeiro das sociedades deseguros também registou uma nova melhoria em2004. No sector não vida, o principal factor foi odinamismo das receitas de prémios líquidas,impulsionado por uma fixação de preços maissensível ao risco e condições de subscrição maisrigorosas. Esta melhoria nas actividadesessenciais tornou possível um novo fortale-cimento da já confortável posição desolvabilidade das empresas do ramo não vida.As sociedades de seguros do ramo vida na maiorparte dos países registaram um crescimento dasreceitas de prémios, sustentado pelo aumento daprocura de produtos cujo desempenho estáligado ao mercado bolsista. Em conjunto com ocrescimento dos rendimentos de investimentolíquidos, tal contribuiu para uma melhoria dasua posição de solvabilidade. Porém, as

sociedades de seguros do ramo vidafinanceiramente mais fracas permanecem aindasob pressão.

O sector mundial dos fundos de coberturacontinuou a crescer em 2004. Não obstante adescida das receitas registada em 2004, não seobservaram sinais claros de que os investidoresretiraram o seu capital. As implicações para aestabilidade financeira do crescimento destesector têm origem principalmente nas suasligações com o sector bancário. Uma forteconcorrência entre os principais corretoresmelhorou o acesso ao crédito dos fundos decobertura. Os principais corretores sãotipicamente bancos e empresas de títulos queproporcionam financiamento, corretagem eoutros serviços para a cobertura de fundos, comalguns intervenientes importantes da área doeuro. A gestão do risco de contraparte por partedos principais corretores, que melhorou após oquase colapso do fundo Long-Term CapitalManagement em 1998, beneficiou da utilizaçãoalargada de medidas de valor em risco e testes deesforço.

EVOLUÇÃO ESTRUTURALAlterações estruturais do sector bancário podemter consequências significativas para aestabilidade financeira no longo prazo. Asopções estratégicas feitas pelos bancos afectamo compromisso entre risco e rendibilidade,influenciando, em última instância, acapacidade de absorção de choques do sistemafinanceiro. Para além das alterações àconjuntura regulamentar e de supervisão (ver aSecção 2 do presente capítulo), a evoluçãoestrutural mais importante em 2004 continuou aenvolver a consolidação, internacionalização,intermediação e contratação externa2.

O sector bancário da área do euro foicaracterizado por um processo continuado deconsolidação nos últimos anos. No período entre1997 e 2004, quase 2 300 instituições de crédito

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desapareceram. Esta consolidação deveu-se emparte a fusões e aquisições, mas também àreestruturação interna de grupos bancários. Areestruturação poderá ajudar os bancos a manterou melhorar a sua rendibilidade, o que, emúltima instância, deverá dar origem a um sistemabancário mais resistente. Porém, na medida emque tal conduz à criação de instituiçõesfinanceiras complexas e de grande dimensãosistemicamente relevantes, o impacto finalpoderá mais ambíguo. Tal sublinha anecessidade de melhores mecanismos no âmbitodo controlo do risco interno e de uma supervisãoeficiente.

A actividade de fusões e aquisições restringiu-sesobretudo a negócios domésticos. Ao longo dosúltimos dez anos, os negócios entre bancostransfronteiras na Europa representaram apenas15% do volume total de fusões no sectorbancário, face a uma média de cerca de 40% nosector industrial. Esta orientação domésticapersistente poderá dever-se, entre outrosfactores, à possibilidade de obter maioressinergias de custos através da consolidaçãodoméstica, bem como diferenças nas normasfiscais, padrões de protecção dos consumidorese culturas empresariais.

Não obstante a actividade de fusões e aquisiçõestransfronteiras relativamente reduzida, oprocesso de internacionalização prossegue. Osactivos detidos pelos bancos da área do euro nassuas sucursais e filiais em outros países da árearepresentam agora mais de 10% dos activosbancários não consolidados da área. Além disso,os bancos têm vindo cada vez mais a prestarserviços financeiros numa base transfronteiras

sem terem um estabelecimento local no paísonde o destinatário se encontra sediado. Osprogressos têm sido mais visíveis no que dizrespeito aos domínios interbancário e porgrosso, sendo o volume da actividade retalhistatransfronteiras ainda muito reduzido.

A importância das operações a retalho cresceuao longo dos últimos anos, em particular devidoà rápida ascensão da procura de empréstimospara aquisição de habitação. Tal dá ênfase aofacto de que é importante que os bancos da áreado euro se centrem nas actividades fundamentaise melhorem o conhecimento dos seus clientes.

Em 2004, o recurso à contratação externacontinuou a ganhar importância. Observam-sedois tipos de contratação externa: contrataçãoexterna de fornecedores externos e contrataçãoexterna intra-grupo. Tipicamente, recorre-se amão-de-obra externa para as actividades deapoio e logísticas, enquanto as actividadesfundamentais são ainda realizadas pelo banco.No contexto dos maiores grupos, algumasactividades fundamentais são efectuadas porfiliais especializadas e os seus produtos sãodistribuídos por outras entidades do grupo. Acontratação externa é motivada principalmentepelo desejo de reduzir os custos, mas a aquisiçãode serviços profissionais de gestão eespecializados e a libertação de recursos paraactividades fundamentais são frequentementemotivos adicionais. É necessário acompanhar asimplicações desta evolução para a estabilidadefinanceira, em particular nos casos em que acontratação externa por parte de váriasinstituições financeiras se concentra num únicoprestador de serviços.

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1.2 COOPERAÇÃO EM SITUAÇÕES DE CRISE

O quadro para a cooperação entre os bancoscentrais e as autoridades de supervisão bancáriana área da gestão de crises continuou a sermelhorado. Em Junho de 2004, os bancoscentrais e os supervisores bancários dos novosEstados-Membros concordaram em aderir aoMemorando de Acordo (MdA) sobre coope-ração na gestão de situações de crise, que foiratificado pelos outros bancos centrais esupervisores bancários da UE em Março de2003. Este MdA consiste num conjunto deprincípios e de procedimentos para a cooperaçãotransfronteiras entre estas instituições emsituações de crise.

Além disso, o BSC e o Comité das AutoridadesEuropeias de Supervisão Bancária criaram umgrupo de trabalho conjunto sobre gestão decrises, constituído por representantes de todosos supervisores bancários e bancos centrais daUE. A sua missão consiste em desenvolverpropostas no sentido de melhorar a cooperação,particularmente em termos de identificação dasmelhores práticas para a resolução de crisesfinanceiras num contexto transfronteiras.Contribuirá também para o trabalho do ComitéEconómico e Financeiro no domínio da gestãode crises.

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2 REGULAMENTAÇÃO E SUPERVISÃO FINANCEIRAS

2.1 SECTOR BANCÁRIO

Na área da supervisão bancária, a reforma doquadro de adequação dos fundos próprioscontinuou a ser uma questão importante em2004. Em Junho, os governadores dos bancoscentrais e os presidentes das autoridades desupervisão bancária dos países do G10aprovaram o novo quadro, conhecido por NovoQuadro de Capital de Basileia ou Basileia II.Tal constituiu um sucesso importante, dado quepraticamente conclui o esforço de cinco anos porparte do Comité de Basileia de SupervisãoBancária (CBSB) e das autoridades que delefazem parte nesta área. O novo quadro seráaplicado a partir do final de 2006. Porém, autilização das abordagens mais avançadas para ocálculo dos requisitos de capital dos bancosapenas será permitida um ano depois.

Na sequência da aprovação do novo quadro, aincidência das actividades internacionais eeuropeias nesta área passou para questões deaplicação e para o trabalho do Grupo deAplicação do Acordo do CBSB. Vários países,membros do G10 e outros, deverão elaborarum quarto estudo de impacto quantitativo(conhecido por “QIS4”). Os resultados deverãoser disponibilizados no final de 2005 e poderãodar origem a novos ajustamentos quantitativosdo quadro em 2006. O CBSB tambémidentificou áreas técnicas que exigem algumtrabalho adicional. O BCE continuará a apoiar ea contribuir para este processo de aplicaçãoatravés da sua participação, na qualidade deobservador, no CBSB e nas suas principaissubestruturas, incluindo o Grupo de Aplicaçãodo Acordo.

A nível europeu, o novo quadro de adequaçãodos fundos próprios da UE, que terá por baseBasileia II, será introduzido na legislação da UEatravés da alteração à Directiva BancáriaCodificada e à Directiva relativa à adequaçãodos fundos próprios. Em contraste comBasileia II, que se aplica apenas a bancos comactividade internacional, o quadro de capital daUE aplicar-se-á a todas as instituições de créditonuma base consolidada e individual, bem como

às sociedades de investimento. O quadro da UEprevê a melhoria da cooperação e coordenaçãoentre as autoridades de supervisão bancária aoreforçar o papel da “autoridade de supervisãoconsolidante”. Esta, em regra, consiste naautoridade de supervisão nacional do Estado--Membro onde a instituição-mãe do gruporecebeu a sua licença bancária e que éresponsável pelo nível mais elevado desupervisão de um grupo bancário transfronteirasda UE. O papel deste supervisor seria reforçadoao torná-lo responsável pela coordenação doprocessamento e da aprovação do pedido deum grupo transfronteiras da UE no sentido deutilizar as abordagens mais sofisticadas paracalcular requisitos de capital. O reforço do papelda autoridade de supervisão consolidantereduziria assim o encargo global de supervisãodesse grupo bancário.

Após ter sido consultado pelo Conselho da UE,o BCE emitiu um parecer sobre o novo quadrode capital da UE, através do qual se mostroufavorável, em geral, à linha de orientação donovo conjunto de regras. O BCE sublinhou aaplicação paralela do novo quadro da UE e doquadro de Basileia revisto, que é fundamentalpara garantir a igualdade nas condições dosbancos europeus e dos seus concorrentes deoutros países. O BCE também sublinhou anecessidade de uma melhor cooperação entreas autoridades de supervisão no sentidode prosseguir uma transposição e aplicaçãoconsistentes da legislação da UE às leis e práticasnacionais. No que respeita a este último ponto, oComité das Autoridades Europeias deSupervisão Bancária deverá desempenhar umpapel importante.

2.2 VALORES MOBILIÁRIOS

Uma das medidas mais significativas do Planode Acção para os Serviços Financeiros (PASF)foi a adopção pelo Conselho da UE em Maiode 2004 da Directiva relativa aos Mercadosde Instrumentos Financeiros, que substituiu oregime estabelecido pela Directiva relativaaos Serviços de Investimento de 1993. A nova

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3 A carta, em conjunto com o anexo que apresenta as principaisconclusões da análise empírica, está disponível no site do BCE.

Directiva estabelece um conjunto abrangente deregras aplicáveis a todas as infra-estruturas denegociação, nomeadamente aos mercadosregulamentados, aos sistemas de negociaçãomultilateral e aos intermediários que executaminternamente ordens de clientes. Esta Directivareforça a cooperação entre os reguladoresfinanceiros com o objectivo de obter umenquadramento de supervisão eficaz em todaa UE.

Estão em curso trabalhos no sentido deharmonizar as regras de divulgação deinformação aplicáveis às empresas com títuloscotados em mercados de capitais europeus. EmMaio de 2004, o Conselho da UE chegou a umacordo político sobre uma nova directiva,conhecida por Directiva relativa àTransparência. A introdução de normas dedivulgação de informação melhores eharmonizadas terá efeitos benéficos sobre aeconomia europeia.

Tendo em conta a sua importância para aintegração dos mercados financeiros europeus ea melhoria da estabilidade financeira, oEurosistema apoia totalmente ambas asiniciativas regulamentares e tem vindo aacompanhar de perto o processo legislativorelacionado com esta questão. O BCE tambémcontribuiu para o processo através da suacolaboração com o Comité Europeu de ValoresMobiliários.

2.3. CONTABILIDADE

O Eurosistema está interessado nodesenvolvimento de um quadro contabilísticoharmonizado na UE devido ao seu potencialimpacto sobre os bancos e, em última instância,sobre a estabilidade financeira. O Eurosistematambém apoia o desenvolvimento das novasnormas, na medida em que estas promovem acontinuação da integração financeira econtribuem para uma maior eficiência dosmercados financeiros na Europa. Durante 2004,o International Accounting Standards Board(IASB) prosseguiu o seu trabalho sobre as novas

normas de contabilidade, e em particular aNorma Internacional de Contabilidade 39(IAS 39) relativa à utilização de justosvalores para instrumentos financeiros, os quaisrepresentam uma grande parte dos balançosdos bancos.

As preocupações relativas a potenciaisimplicações para a estabilidade financeiramanifestadas principalmente pelo Conselho doBCE e pelos supervisores prudenciais levou oIASB a emitir um projecto de normas revistosobre a IAS 39, que introduziu determinadasrestrições à utilização opcional de justos valorespara instrumentos financeiros. A avaliação doprojecto de normas pelo Conselho do BCE, quetambém teve por base elementos quantitativos,foi globalmente favorável a esta iniciativa,partindo do pressuposto que os bancos aplicam aopção do justo valor de forma prudente. Estaavaliação foi apresentada numa carta enviadapelo Presidente do BCE ao IASB em Setembrode 2004, na qual também requereu que a opçãodo justo valor fosse limitada de modo a reduzir avolatilidade artificial3. O diálogo com o IASBprosseguirá em 2005.

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3 INTEGRAÇÃO FINANCEIRAO SEBC está empenhado na integração dosmercados financeiros europeus e das infra--estruturas de mercado, devido ao papelfundamental destes na transmissão de políticamonetária e na estabilidade financeira. Mais, aintegração dos mercados financeiros deverácontribuir para promover a igualdade nascondições de concorrência entre todos osagentes económicos, independentemente da sualocalização na UE. Além disso, o artigo 105.º doTratado estabelece que, sem prejuízo doobjectivo da estabilidade dos preços, o SEBCapoiará as políticas económicas gerais naComunidade, entre as quais a integraçãofinanceira ocupa lugar de destaque. Este apoioassume a forma de acção directa e catálise daacção colectiva pelos participantes no mercado.

CONTRIBUTO PARA A POLÍTICA DE SERVIÇOSFINANCEIROS DA UEO Plano de Acção para os Serviços Financeiros(PASF), lançado pela Comissão Europeia emMaio de 1999, destina-se a completar o quadrolegislativo necessário ao exercício efectivo daliberdade do mercado de serviços financeiros emtoda a UE. A adopção de 39 das 42 medidascomunitárias apresentadas no PASF até ao finaldo mandato do Parlamento Europeu em meadosde 2004 levou a um melhoramento substancialda regulamentação do sector financeiro da UEe representa um importante passo em frenteno processo de integração dos mercadosfinanceiros europeus e das infra-estruturas demercado. Em Junho de 2004, o BCE deu o seucontributo para a conferência de alto nível sobreintegração financeira europeia, organizada pelaComissão Europeia, e que constituiu umaprimeira avaliação das realizações do PASF. Oponto de vista do BCE, amplamente partilhadopor outros participantes, defende que a medidaem que o PASF contribui para o estabelecimentoefectivo de um mercado financeiro únicodepende da aplicação e do cumprimentoconsistente das suas medidas pelos Estados--Membros. É provável que o impacto do PASFnas instituições e nos mercados financeiros levealgum tempo a fazer-se sentir em pleno, uma vezque só recentemente foi adoptado um númerosignificativo de medidas-chave, sendo que a

maior parte ainda não foi implementada a nívelnacional.

No que respeita ao trabalho futuro, o BCEconsidera que deve ser dada prioridade aodesenvolvimento de um quadro regulamentarpara as instituições financeiras. Esse quadroregulamentar deverá ser mais harmonizado emtodos os Estados-Membros do que o actual esuficientemente flexível de modo a adaptar-se auma conjuntura em mudança. Esse projectodeverá ser complementado por um esforçoconsiderável de convergência das práticas desupervisão, que deve ser alcançada através damaior cooperação entre as autoridades nacionais,nomeadamente, nos comités do Nível 3. Alémdisso, o projecto deve ser acompanhado poruma análise pormenorizada da relação entre aintegração e a estabilidade financeiras. Emparticular, o impacto do desenvolvimento dabanca transfronteiras sobre a abordagem docontrolo pelo país de origem, que é fundamentalpara o quadro regulamentar da UE, deve serobjecto de nova análise. A política deconcorrência deve igualmente fazer parte docenário pós-PASF, dado que é fulcral para odesenvolvimento de um mercado pan-europeu.O desenvolvimento da integração pode tambémser induzido através de um maior papel do sectorprivado, através da auto-regulamentação. OBCE contribuirá para a definição de iniciativaspós-PASF. Esse contributo beneficiará daactividade de investigação do BCE sobrequestões relacionadas com a integraçãofinanceira (ver Caixa 12).

INICIATIVA STEPO sector privado pode contribuir para aintegração financeira através de acção colectivadestinada a promover a convergência daspráticas do mercado. Neste processo, o BCEpode actuar como catalisador, como mostra oseu papel na iniciativa STEP (Short-TermEuropean Paper). A ACI, a Associação dosMercados Financeiros, lançou esta iniciativapara encorajar a convergência das práticas edos padrões prevalecentes nos fragmentadosmercados de títulos de curto prazo europeus.Essa convergência será alcançada através do

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Relatório Anual2004

Caixa 12

REDE DE INVESTIGAÇÃO SOBRE MERCADOS DE CAPITAIS E INTEGRAÇÃO FINANCEIRA NAEUROPA

Em 2002, o BCE e o Center for Financial Studies – CFS (Centro de Estudos Financeiros)lançaram uma rede de investigação destinada a promover a investigação sobre os mercados decapitais e a integração financeira na Europa. Inicialmente, a rede foi criada por um período dedois anos, que terminou em Maio de 2004 com um simpósio organizado sobre cinco áreasprioritárias.

A investigação apresentada sobre a área prioritária relativa aos mercados obrigacionistaseuropeus foi particularmente elucidativa. A introdução de uma plataforma electrónica pan--europeia comum de negociação (Euro MTS) reduziu substancialmente os custos detransacção. Não só melhorou a integração deste segmento de mercado, como conseguiu maiorliquidez e menores taxas de rendibilidade, em particular para os bilhetes do Tesouro emitidosregularmente. Contudo, mantêm-se algumas diferenças entre os países relativamente aosdiferenciais das taxas de rendibilidade, nomeadamente das obrigações de mais longo prazo,largamente explicadas por um factor de risco internacional. Os diferenciais de liquidez sódesempenham um papel em conjunto com este último factor. O mercado obrigacionista dasempresas, com um desenvolvimento dinâmico, apresenta um nível relativamente elevado deintegração, enquanto os factores relacionados com o país onde é emitida uma obrigação apenasrepresentam uma pequena parte dos diferenciais das taxas de rendibilidade das obrigações deempresas.

O trabalho efectuado pela rede de investigação nos seus dois primeiros anos ajudou aidentificar três áreas-chave de política: (i) abordando os aspectos estruturais dos sistemas decompensação e liquidação que impedem uma maior integração, (ii) utilizando de forma activaos políticas de concorrência para evitar práticas discriminatórias contra os prestadores deserviços financeiros estrangeiros e (iii) eliminando as diferenças existentes na regulamentaçãofinanceira nacional que tornam a prestação de serviços financeiros pan-europeusdesnecessariamente mais onerosa.

Após a conclusão bem sucedida da primeira fase, o BCE e o CFS decidiram que as actividadesda rede continuarão até 2007. O âmbito da rede foi alargado aos novos Estados-Membros da UEnesta segunda fase. Possíveis áreas de estudo nesta segunda fase são os efeitos iniciais doPASF sobre o funcionamento do sistema financeiro europeu, bem como algumas áreas que nãoforam abordadas na primeira fase. As principais prioridades da rede foram alargadas de modo aincluir três áreas que não tinham sido abordadas na primeira fase: (i) relação entre integraçãofinanceira e estabilidade financeira, (ii) adesão à UE, desenvolvimento financeiro e integraçãofinanceira, e (iii) modernização do sistema financeiro e crescimento económico na Europa1.

1 Foram publicados resumos alargados dos resultados da primeira fase da rede no relatório intitulado “Research Network on capitalmarkets and financial integration in Europe: Results and experiences after two years”, BCE e CFS, 2004, e numa edição especial daOxford Review of Economic Policy, vol. 20(4), 2004, sobre “European financial integration”, produzida em cooperação com a rede.

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4 “Progressos realizados no sentido de uma área única depagamentos em euros – Terceiro Relatório de Progresso”, BCE,Dezembro de 2004.

cumprimento voluntário por parte dosintervenientes no mercado dos padrõesestabelecidos numa convenção do mercado, queabrangem a divulgação de informação,documentação, liquidação e disponibilização dedados ao SEBC para a produção de estatísticas.A ACI atribuirá uma classificação STEP aosprogramas de emissão que cumpram essespadrões. Contudo, a classificação não se referiráà solidez financeira do emitente, à liquidezdos activos ou ao rigor das informaçõesdisponibilizadas no memorando de informação.Além disso, continuarão a ser aplicadas asregras nacionais respeitantes aos títulos dedívida. Os promotores da iniciativaapresentaram as suas recomendações numrelatório publicado em Março de 2004, quetambém incluiu algumas recomendaçõesdirigidas ao SEBC.

O Conselho do BCE avaliou as recomendaçõesda ACI assumindo uma atitude globalmentefavorável relativamente às mesmas. No querespeita às recomendações dirigidas ao SEBC,foi decidido que dentro de certas condições oSEBC dará apoio técnico às actividadesrelacionadas com a introdução de umaclassificação STEP durante os dois primeirosanos após o seu lançamento. Contudo, o Comitéde Mercado STEP será o responsável pelaclassificação STEP. Esse contributo técnicopara o processo de classificação não levará oSEBC a actuar, nomeadamente, proibindo oususpendendo a emissão, se um emitente nãocumprir os requisitos da convenção. Nesse caso,a única consequência será que a ACI retirará aclassificação STEP do programa de emissões.O Conselho do BCE também decidiu seguira recomendação de produzir e publicarestatísticas sobre taxas de rendibilidade emontantes, sujeitas a uma verificação quanto àeficácia do processo de recolha. A ACI estáactualmente a levar a cabo o projecto STEP,tendo em consideração as decisões do Conselhodo BCE.

ÁREA ÚNICA DE PAGAMENTOS EM EUROSO BCE também desempenha um papelcatalisador na criação de uma área única de

pagamentos em euros (Single Euro PaymentsArea – SEPA), um projecto que foi lançado pelosector bancário europeu em 2002. O seuobjectivo consiste em permitir que pagamentostransfronteiras possam ser efectuados a partir deuma única conta bancária em toda a área do eurocom a mesma facilidade e segurança dospagamentos domésticos. Todos os pagamentosdevem atingir um nível de segurança e eficiênciapelo menos igual ao dos melhores sistemasde pagamentos nacionais. O BCE participacomo observador no Conselho Europeu dePagamentos (European Payments Council –EPC), criado pelo sector bancário europeupara orientar este projecto. Ao longo de 2004,o Eurosistema continuou a colaborar estreita-mente com os participantes no mercado atravésdo Grupo de Contacto sobre a Estratégiade Pagamentos em Euros, tendo tambémtrabalhado em estreita colaboração com aComissão Europeia, face aos papéiscomplementares desempenhados pela Comissãoe pelo Eurosistema no que respeita a facilitar aSEPA.

Num terceiro relatório de progresso sobre aSEPA, o Conselho do BCE avaliou formalmenteos objectivos alcançados pelo sector bancárionesta área4. O Eurosistema acolheu favoravel-mente o objectivo do sector bancário de ter umainfra-estrutura SEPA completa até ao final de2010 e recomendou que, já em 2008, deve serconcretizada uma SEPA para os cidadãos,oferecendo-lhes e às empresas a oportunidade deutilizar instrumentos e padrões pan-europeustambém para os pagamentos nacionais. O EPCé responsável pela definição dos objectivose da estratégia global da SEPA, mas aimplementação pode diferir, dependendodas condições locais. Para conduzir aimplementação nacional, o Eurosistemaconvidou comunidades bancárias da área doeuro para apresentar ao EPC ao longo de 2005planos nacionais para a transição gradual para aSEPA antes do final de 2010.

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Relatório Anual2004

5 ePSO é uma plataforma para a partilha de informação sobrepagamentos electrónicos, cujo endereço na Internet é:www.e-pso.info.

6 “Communication on clearing and settlement – the Eurosystem’sresponse”, BCE, Julho de 2004.

PAGAMENTOS ELECTRÓNICOSOs pagamentos electrónicos são pagamentosgerados e tratados de forma electrónica. Asactividades do Eurosistema relacionadascom os pagamentos electrónicos incluema promoção da cooperação e a formação deconsensos no mercado de pagamentoselectrónicos, acompanhando o seu desen-volvimento, fomentando a sua segurança emelhorando as informações estatísticas com elesrelacionadas. Em 2004, o BCE continuou aoperar o site do e-Payment Systems Observatory(ePSO)5, tendo realizado uma conferênciaintitulada “Pagamentos electrónicos semfronteiras”, em Novembro de 2004, antes daqual foi publicado um documento de trabalhopara comentários públicos. Embora, de ummodo geral, tenham sido realizados algunsprogressos, ainda são necessários esforçosconsideráveis para conseguir sistemas depagamentos electrónicos transfronteirasseguros, fáceis de utilizar e eficientes. Trata-se,em particular, do caso das transacçõeselectrónicas de pagamentos de retalho, cujosaspectos operacionais, encargos e regulamentosainda diferem substancialmente.

SISTEMAS DE PAGAMENTO COM CARTÃOO Eurosistema atribui grande importância aoscartões de pagamento como sendo um dosmais importantes instrumentos de pagamentoescriturais, em particular num contextotransfronteiras. O BCE efectuou um inquérito afim de obter mais informações sobre a estruturado negócio dos pagamentos com cartão naEuropa e sobre as diferentes formas de osprocessar e liquidar. O inquérito cobriu aspectosrelacionados com a gestão, emissão e aquisição,infra-estrutura técnica geral, bem como gestãodo risco e enquadramento jurídico. O BCEtambém organizou uma Mesa Redonda sobreCartões de Pagamento, que reuniu os principaisinteressados e intervenientes nesta área. NessaMesa Redonda, o Eurosistema expressou o seuinteresse crescente neste domínio, como partedas suas acções de promoção da SEPA, tendoidentificado várias questões que requerem umanova abordagem, tais como comissões de troca,

aceitação de cartões, quadro regulamentar eprevenção da fraude.

INFRA-ESTRUTURA DE COMPENSAÇÃO E DELIQUIDAÇÃO DE TÍTULOSEm Abril de 2004, a Comissão Europeia lançouuma consulta pública sobre compensação eliquidação, salientando as medidas que tencionatomar para promover a integração europeia e aeficiência nesta área. O Eurosistema respondeupositivamente a esta consulta6.

O BCE encoraja a integração e a reforma daliquidação e compensação de valores mobiliáriosatravés da sua participação no Grupo consultivoe de acompanhamento em matéria decompensação e liquidação, criado pela ComissãoEuropeia em 2004. Desta forma, contribui para acoordenação de iniciativas do sector público eprivado e estabelece uma ligação com o mercado,de modo a apoiar a supressão dos obstáculostécnicos identificados pelo Grupo Giovannini,um fórum de especialistas financeiros queaconselha a Comissão Europeia sobre questõesdo sector financeiro. Além disso, o BCE realizouuma reunião conjunta com a associação decentrais de depósito de títulos europeia e aassociação de centrais de depósito de títulosda Europa Central e de Leste, que se centrouna integração do sector de liquidação ecompensação da UE. O BCE acolherá comagrado novos passos no sentido da criação deuma única associação europeia de centrais dedepósito de títulos.

O processo de consolidação da infra-estruturaeuropeia de valores mobiliários prosseguiu em2004 com a fusão entre as centrais de depósito detítulos finlandesa e sueca. O plano de longoprazo do novo grupo consiste na utilização deuma plataforma tecnológica comum.

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Caixa 13

INTEGRAÇÃO FINANCEIRA NO MERCADO DE CRÉDITO DA ÁREA DO EURO

A comparação das taxas de juro entre países fornece uma indicação importante da integraçãono mercado da banca a retalho. À medida que aumenta a integração, é esperada uma reduçãodos diferenciais entre países das taxas de juro para produtos bancários semelhantes. Contudo,diferenças nos produtos e nas instituições dificultam a verificação, na prática, se osdiferenciais efectivamente diminuem. Tal acontece especialmente na banca a retalho, uma vezque os mercados continuam a ser predominantemente locais na área do euro. Além das barreirasgeográficas, existem muitas outras razões subjacentes aos diferenciais entre países, tais comofactores económicos, estruturais e institucionais. Estes factores estão relacionados, porexemplo, com diferenças na regulamentação, concorrência, relações banco-cliente e com aevolução global do sistema financeiro.

As estatísticas harmonizadas de taxas de juro do BCE podem ser usadas para medir a integraçãono mercado de crédito da área do euro. Contudo, na interpretação desses dados, deve ser tidoem consideração que, dentro de cada categoria de taxa de juro, ainda pode haver significativaheterogeneidade entre as séries nacionais. Tal deve-se, por exemplo, à agregação de váriosinstrumentos dentro das bandas de maturidade actualmente definidas e à agregação deempréstimos garantidos e não garantidos dentro da mesma categoria. Tendo em conta aslimitações dos dados, várias medidas da integração, baseadas na dispersão das taxas de juroentre países da área do euro, indicam que o grau de integração varia significativamente entrediferentes segmentos do mercado. Por exemplo, este parece ser mais elevado para osempréstimos às famílias para compra de habitação e para os empréstimos de curto prazo asociedades não financeiras e menos elevado para os descobertos bancários de sociedades nãofinanceiras e para os empréstimos às famílias para consumo.

ACOMPANHAMENTO DA INTEGRAÇÃO FINANCEIRAO BCE tem desenvolvido vários indicadorespara medir o grau de integração financeira naárea do euro. Um conjunto desses indicadoresfoi incluído num Documento de TrabalhoOcasional do BCE, publicado em 20047. Osindicadores servem de base à avaliação dosprogressos realizados na integração em vários

mercados financeiros. A Caixa 13 apresentamais informações sobre a integração do mercadode crédito da área do euro. O BCE tencionacontinuar a medir os progressos realizados nofuturo em matéria de integração financeira.

7 Ver L. Baele et al., “Measuring financial integration in the euroarea”, Documento de Trabalho Ocasional do BCE N.º 14, Maiode 2004.

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Relatório Anual2004

4 SUPERINTENDÊNCIA DE INFRA-ESTRUTURASDE MERCADO

Um dos papéis estatutários do Eurosistema é oexercício da superintendência dos sistemas depagamentos e de compensação. Esta função temcomo objectivo assegurar que a organizaçãogeral dos fluxos de pagamentos na economiaseja eficiente e segura. Além disso, oEurosistema tem um interesse generalizadonoutras infra-estruturas utilizadas para atransferência de títulos, tais como sistemas deliquidação e de compensação de títulos, dadoque falhas durante a liquidação de garantiaspoderiam pôr em perigo a execução da políticamonetária e o bom funcionamento dos sistemasde pagamentos.

4.1 SUPERINTENDÊNCIA DE INFRA--ESTRUTURAS E DE SISTEMAS DEPAGAMENTOS DE IMPORTÂNCIASAVULTADAS EM EUROS

O papel de superintendência do Eurosistemaabrange todos os sistemas de pagamentos emeuros, incluindo os que são geridos pelo próprioEurosistema. O Eurosistema aplica os mesmospadrões de superintendência quer aos seuspróprios sistemas quer aos sistemas operados anível privado. Esses padrões são os “PrincípiosBásicos para Sistemas de PagamentosSistemicamente Importantes”, adoptados peloConselho do BCE em 2001, como base para a suapolítica de superintendência dos sistemas depagamentos sistemicamente importantes.

TARGET E OUTROS SISTEMAS DE PAGAMENTOS DEIMPORTÂNCIAS AVULTADAS EM EUROSO quadro de superintendência do TARGETcontinuou a ser desenvolvido através dadefinição de requisitos metodológicos mínimosque devem ser cumpridos por todos os BCN epelo BCE na condução da superintendência doTARGET. Os superintendentes do TARGETtambém começaram a analisar o TARGET2numa perspectiva de superintendência.

Em 2004, os sistemas de pagamentos deimportâncias avultadas em euros foramavaliados face aos Princípios Básicos com basena situação observada em meados de 2003. Os

resultados globais foram publicados em Maio de2004, tendo sido concluído que todas ascomponentes do TARGET apresentam umelevado grau de cumprimento dos PrincípiosBásicos. Foram identificados alguns aper-feiçoamentos a fazer nas áreas da eficiênciaeconómica e nos acordos de continuidade dasoperações. Estas questões serão alvo de novasanálises pelos superintendentes e operadoresdo TARGET. Os superintendentes doTARGET reconheceram o papel importantedesempenhado pelos operadores do TARGETem assegurar a operação segura do TARGETatravés da gestão do risco. A avaliação que ossuperintendentes fizeram do relatório sobre oponto de situação preparado pelos operadores doTARGET sobre a situação de risco no TARGETfoi geralmente positiva. A análise dos sistemasde pagamentos de importâncias avultadas emeuros operados a nível privado não revelouquaisquer insuficiências importantes.

EURO 1A superintendência do EURO 1 concentrou-senos planos da EBA Clearing (EBA) (AssociaçãoBancária do Euro), a operadora do EURO 1, paracontinuar a desenvolver o Mecanismo deLiquidação Flexível, que permite aos bancosliquidar as suas posições STEP 2 no EURO 1sem se tornarem membros/accionistas directosdo EURO 1. O STEP 2 é o sistema depagamentos de retalho da EBA. Sujeito aaprovação do BCE, na qualidade desuperintendente, a EBA tenciona expandir estafunção, que actualmente se encontraespecificamente limitada a “participantes pré--fundo” no EURO 1, de modo a permitirque todos os membros do EURO 1 transfirammoeda do banco central para o EURO 1 atravésdo sistema TARGET, a fim de aumentar arespectiva capacidade de processamento noEURO 1.

SISTEMA DE LIQUIDAÇÃO EM CONTÍNUOO sistema de Liquidação em Contínuo(Continuous Linked Settlement – CLS) liquidatransacções cambiais numa base de pagamentocontra pagamento, eliminando assim emgrande parte o risco de liquidação cambial.

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Actualmente liquida transacções em 15 moedastransaccionadas internacionalmente, incluindo,desde Dezembro de 2004, o dólar de Hong Kong,o dólar neozelandês, o won coreano e o rand daÁfrica do Sul.

Em Dezembro de 2004, o CLS processou, emmédia, 69 000 transacções por dia, com um valormédio diário de USD 960 mil milhões8. Deacordo com um inquérito realizado pelo BIS emAbril de 2004, o CLS cobria cerca de um quartode todo o mercado cambial à data do inquérito.Depois do dólar dos EUA, o euro é a moeda deliquidação mais importante. Em Dezembrode 2004, as liquidações em euros no CLSascenderam, em média, a €309 mil milhões pordia, representando 22% das liquidações totaisem termos de valor (as liquidações em dólaresdos EUA representavam 46%). A percentagemdo euro diminuiu ligeiramente em comparaçãocom 2003, devido ao número mais elevado demoedas liquidadas no CLS, bem como a efeitosde valorização.

O BCE desempenha um duplo papel noque respeita ao CLS. Está envolvido nasuperintendência do sistema e presta serviçosde liquidação. O BCE participa nasuperintendência cooperativa do CLS,efectuada pelos bancos centrais dentro e fora doG10 das moedas liquidadas no sistema, onde oSistema da Reserva Federal tem o papel desuperintendente principal. Em 2004, o BCEdedicou a maior parte da sua atenção em termosde superintendência ao reforço da resistência doCLS e a assegurar o desenvolvimento de umquadro objectivo para a inclusão de novasmoedas.

O BCE considera que o CLS é uma soluçãomuito convincente para a redução do risco deliquidação cambial nas transacções em euros.Contudo, no CLS apenas é liquidada umaminoria das transacções cambiais por grossoenvolvendo o euro. Por conseguinte, os bancosforam convidados a analisar as suas práticas deliquidação no que respeita às transacçõescambiais e a avaliar se os seus métodos parareduzir este risco são adequados.

SWIFTA SWIFT (Society for Worldwide InterbankFinancial Telecommunication – SWIFT) operauma rede de troca de mensagens que facilita atroca segura de mensagens financeiras entreinstituições financeiras. Embora não seja umbanco ou uma instituição financeira, está sujeitaà superintendência dos bancos centrais devido àsua importância para o bom funcionamento dosistema financeiro mundial. O BCE contribuipara a superintendência da SWIFT, que éefectuada através da cooperação entre os bancoscentrais do G10, sendo o Nationale Bank vanBelgië/Banque Nationale de Belgique osuperintendente principal. Em 2004, os acordosde superintendência foram reforçados, de modoa assegurar o envolvimento adequado de todosos superintendentes do G10 e permitir umamaior uniformização no reporte e comunicaçãoentre a SWIFT e os seus superintendentes. Asuperintendência concentrou a sua atenção naresistência da SWIFT às crises, nos processosinternos de gestão do risco e na substituição daantiga rede de transmissão de mensagensSWIFT pela SWIFTNet, uma infra-estruturabaseada na tecnologia da Internet.

CORRESPONDENTE BANCÁRIOOs bancos dispõem frequentemente de acordosdestinados à prestação mútua de pagamentos eserviços relacionados, principalmente parapagamentos transfronteiras. Estes acordos sãoconhecidos por acordos de correspondentebancário. Em 2004, o Eurosistema realizou oseu quarto inquérito sobre a actividade decorrespondente bancário, o qual confirmou que aactividade de correspondente bancário em eurosestá muito concentrada num pequeno número deoperadores na UE. De momento, esta situaçãonão coloca qualquer risco sistémico imediato;contudo, o Eurosistema continuará aacompanhar os desenvolvimentos nesta áreaface ao seu interesse na estabilidade do sistemafinanceiro no seu todo.

8 Cada transacção consiste em duas transacções, sendo cada umanuma das moedas envolvidas. Assim, em Dezembro de 2004, oCLS liquidou transacções com um valor médio diárioequivalente a USD 1 920 mil milhões.

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Relatório Anual2004

9 Na falta de padrões de superintendência harmonizados na UE,os padrões do utilizador foram considerados como padrõescomuns de facto para os SLT da UE e, como tal, são analisadosneste capítulo. Não obstante, os padrões do utilizador não sedestinam a ser um conjunto abrangente de padrões desuperintendência ou supervisão dos SLT.

4.2 SERVIÇOS DE PAGAMENTOS DE RETALHO

SUPERINTENDÊNCIA DOS SISTEMAS DEPAGAMENTOS DE RETALHOTendo por base os “Padrões de Superintendênciapara os Sistemas de Pagamentos de RetalhoOperando em Euros”, adoptados pelo Conselhodo BCE em 2003, foi efectuado um exercício declassificação em 2004, que identificou 15sistemas de pagamentos de retalho operando emeuros que se enquadram na superintendência doEurosistema. Seis foram classificados comotendo importância sistémica, pelo que têm decumprir todos os dez Princípios Básicos. Seteforam considerados de grande importância, peloque têm de cumprir os Padrões de Retalho doEurosistema (um subconjunto dos PrincípiosBásicos). Dois não se enquadraram em nenhumacategoria, ficando sujeitos aos padrões desuperintendência como e quando definidospelo respectivo superintendente. Os sistemascom importância sistémica e grande importânciasão avaliados tendo em conta os padrõesde superintendência pelo respectivo BCN,enquanto o BCE é responsável pela avaliação dosistema STEP 2 da EBA. O exercício deavaliação global e consistência entre países écoordenado a nível do Eurosistema.

SISTEMAS DE MOEDA ELECTRÓNICANa sequência da definição dos objectivos desegurança dos sistemas de moeda electrónica em2003 e tendo por base as avaliações voluntáriasde alguns sistemas de moeda electrónica, em2004 o Eurosistema começou a aperfeiçoar osrequisitos metodológicos e os termos dereferência para a avaliação dos sistemasrelevantes, planeada para 2005.

4.3 SISTEMAS DE COMPENSAÇÃO E DELIQUIDAÇÃO DE TÍTULOS

O Eurosistema desempenha dois papéisrelativamente ao bom funcionamento dossistemas de compensação e de liquidação detítulos e respectiva superintendência. Primeiro,o Conselho do BCE avalia o cumprimento dosnove padrões do utilizador específicos9 por parte

dos sistemas de liquidação de títulos (SLT) daUE. Segundo, o Eurosistema coopera com outrasautoridades responsáveis pela regulamentação esuperintendência dos sistemas de compensaçãoe de liquidação de títulos a nível da UE. Nestecontexto, o BCE encorajou o debate acerca dodesenvolvimento de um quadro pan-europeurelativo à compensação e liquidação de títulosatravés da sua participação no Grupo Consultivoe de Acompanhamento em matéria deCompensação e Liquidação da ComissãoEuropeia. A cooperação do SEBC com o Comitédas Autoridades de Regulamentação dosMercados Europeus de Valores Mobiliários(Committee of European Securities Regulators– CESR) tem sido fundamental para odesenvolvimento de padrões pan-europeusque serão aplicados à compensação e àliquidação. Para além disso, o BCE contribuiupara o Grupo dos Trinta, um órgão de reflexãointernacional, com o objectivo de assegurarque as recomendações do Grupo relativas àcompensação e à liquidação, publicadas em2003, fossem implementadas de forma a seremconsistentes com as iniciativas da UE. O BCEtambém deu forma à iniciativa da Comissãode actualizar a Directiva relativa ao carácter

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10 Estes padrões podem ser encontrados no documento intitulado“Standards for the use of EU securities settlement systems inESCB credit operations”, Janeiro de 1998.

11 Disponível no site do BCE.

definitivo da liquidação, adoptada pela primeiravez em 1998. Por último, o BCE contribuiu paraas recomendações para as contrapartes centraisdesenvolvidas pelo Comité dos Sistemas dePagamentos e de Liquidação (CPSS) e pelaOrganização Internacional das Comissões deValores Mobiliários (IOSCO-OICVM).

AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE LIQUIDAÇÃODE TÍTULOSTodas as operações de crédito do Eurosistematêm de estar adequadamente garantidas poractivos elegíveis. Entre estes incluem-se títulosque são disponibilizados no Eurosistema atravésdos SLT, ou seja, prestadores de serviçosespecializados na transferência da propriedadelegal, ou de direitos equivalentes, de títuloselegíveis de uma parte para outra. OEurosistema, para assegurar que neste processonão se encontra exposto a riscos desnecessários,avalia anualmente o SLT que utiliza tendo emconta nove padrões do utilizador10. O exercíciode avaliação de 2004 abrangeu 18 SLT, tendoconcluído que o cumprimento dos padrões doutilizador por parte destes SLT era elevado e queestavam a ser realizados esforços no sentido deserem introduzidos novos melhoramentos.Alguns sistemas aumentaram a sua fiabilidadeoperacional, tendo sido tomadas medidas paramelhorar a solidez financeira dos operadoresdo sistema. O Eurosistema acompanha todos osesforços realizados para melhorar a eficiênciae a segurança dos SLT utilizados nas suasoperações de crédito e congratula-se com osmesmos.

COOPERAÇÃO COM O COMITÉ DAS AUTORIDADESDE REGULAMENTAÇÃO DOS MERCADOSEUROPEUS DE VALORES MOBILIÁRIOSEm 2001, o Conselho do BCE aprovou umquadro de cooperação para os sistemas decompensação e de liquidação de títulos entre oSEBC e o CESR. Foi criado um grupo detrabalho, constituído por um representante decada banco central do SEBC e de cadaautoridade de regulamentação de valoresmobiliários no CESR. Este grupo de trabalhopreparou um relatório sobre “Standards forsecurities clearing and settlement in the

European Union”11, aprovado quer peloConselho do BCE quer pela CESR em Outubrode 2004. Utilizando como base asrecomendações para os SLT feitas pelo CPSS epela IOSCO (conhecidas por “RecomendaçõesCPSS-IOSCO”), o relatório SEBC-CESRcontém 19 padrões destinados a aumentar asegurança, a solidez e a eficiência dacompensação e da liquidação de títulos na UE(ver Caixa 14). Em comparação com asRecomendações CPSS-IOSCO, os padrõesSEBC-CESR procuram aprofundar e reforçar osrequisitos em algumas áreas devido a algumascaracterísticas específicas dos mercadoseuropeus. O objectivo global dos padrõesSEBC-CESR consiste em promover a integraçãodos mercados de capitais da UE, colocandoassim maior ênfase nas soluções comuns e nainteroperabilidade. O trabalho da Comissãonesta área foi tomado em consideração.

O grupo de trabalho tem conduzido o seutrabalho de forma aberta e transparente. Osinteressados na área da compensação e daliquidação de títulos foram convidados acomentar o trabalho em várias ocasiões. Oscontributos recebidos foram cuidadosamenteconsiderados e o grupo de trabalho tem feito omáximo esforço para assegurar que as opiniõesexpressas são contempladas nos padrões. Ospadrões poderão ser aplicados logo que estejadesenvolvida a metodologia de avaliação dossistemas, no seguimento do relatório. DesdeOutubro de 2004, o grupo tem prosseguido o seutrabalho nos quatro domínios seguintes: (i)desenvolvimento da metodologia de avaliaçãopara os padrões dos SLT, (ii) desenvolvimentode padrões e de uma metodologia para aavaliação das contrapartes centrais, (iii) análisede questões relacionadas com custodiantes comimportância significativa, e (iv) análise dematérias com interesse para a cooperação entreautoridades de regulamentação, de supervisão ede superintendência.

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Relatório Anual2004

Caixa 14

PADRÕES PARA A COMPENSAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS NA UNIÃOEUROPEIA

Padrão 1: Enquadramento legalOs sistemas de compensação e de liquidação de valores mobiliários e as ligações entre si devemter uma base legal bem fundamentada, clara e transparente nas respectivas jurisdições.

Padrão 2: Confirmação das transacções e concordância (matching) das instruções deliquidaçãoA confirmação das transacções entre participantes directos no mercado deve ocorrer o maisrapidamente possível após a execução da transacção, mas nunca após a data da transacção(T+0). Nos casos em que é exigida a confirmação de transacções por participantes indirectos nomercado (como por exemplo, investidores institucionais), esta deve ocorrer o maisrapidamente possível após a execução da transacção, de preferência no dia T+0, mas nuncaapós o dia T+1.Deve ser assegurada a concordância (matching) das instruções de liquidação o maisrapidamente possível e, no caso de ciclos de liquidação que ultrapassam T+0, o matching deveser feito o mais tardar no dia anterior à data de liquidação especificada.

Padrão 3: Ciclos de liquidação e horários de funcionamentoDeve ser adoptada uma liquidação por ciclos (rolling settlement) em todos os mercados devalores mobiliários. A liquidação definitiva não deve ocorrer após T+3. Devem ser avaliadosos custos e os benefícios de ciclos de liquidação a nível da UE inferiores a T+3.As CDT e, quando relevante, as contrapartes centrais devem harmonizar os seus horários e diasde funcionamento, estando abertas, pelo menos, no horário de funcionamento do TARGETpara transacções denominadas em euros.

Padrão 4: Contrapartes centraisDevem ser avaliados os custos e os benefícios de estabelecer uma contraparte central. Noscasos em que é introduzido um mecanismo deste tipo, a contraparte central deve controlarrigorosamente os riscos que assume.

Padrão 5: Empréstimo de títulosO empréstimo de títulos (ou acordos de recompra e outras transacções equivalentes em termoseconómicos) deve ser encorajado como método de evitar falhas de liquidação e acelerar aliquidação de títulos. Devem ser suprimidos os obstáculos que inibem a prática do empréstimode títulos com este objectivo. Os acordos de empréstimo de títulos devem ser sólidos, segurose eficientes.

Padrão 6: Centrais de depósito de títulos (CDT)Os títulos devem ser imobilizados ou desmaterializados e transferidos de forma escritural nasCDT, sempre que possível. Para salvaguardar a integridade das emissões de títulos e osinteresses dos investidores, as CDT devem assegurar que a emissão, detenção e transferênciade títulos são conduzidas de forma adequada e apropriada.

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Padrão 7: Entrega contra pagamento (DVP)O risco do capital deve ser eliminado ligando as transferências de títulos às transferências defundos, de forma a obter a entrega contra pagamento.

Padrão 8: Momento da definitividade da liquidaçãoO carácter definitivo da liquidação intradiária deve ser conseguido através do processamentoem tempo real e/ou do processamento em lotes múltiplos, a fim de reduzir os riscos e permitir aliquidação efectiva entre sistemas.

Padrão 9: Controlos de risco de crédito e de liquidezPor razões de estabilidade sistémica, é importante que as CDT operem sem interrupção. Porconseguinte, as CDT, quando autorizadas pela legislação nacional a conceder crédito, devemlimitar as suas actividades de crédito exclusivamente às que são necessárias ao regularfuncionamento da liquidação de títulos e serviço dos activos. As CDT que concedem crédito(incluindo crédito intradiário e overnight), sempre que possível, devem assegurar que a suaexposição ao crédito se encontra completamente garantida. O crédito não garantido deve serrestringido a um número limitado de casos bem identificados e sujeito a medidas adequadas decontrolo de risco de crédito, incluindo limites à exposição ao risco, qualidade da contraparte eduração do crédito.A maior parte dos custodiantes encontra-se sujeita à regulamentação bancária da UE. No querespeita aos custodiantes que operam mecanismos significativos para a liquidação detransacções de títulos, e de modo a conter os riscos sistémicos relacionados com a suaactividade de liquidação de títulos, as autoridades de regulamentação nacionais de valoresmobiliários, os supervisores bancários e os superintendentes devem examinar as políticas degestão de risco aplicadas pelos referidos custodiantes para avaliar se as mesmas estão emconformidade com os riscos criados para o sistema financeiro. Em particular, deve serinvestigada a possibilidade de aumentar o nível de garantia das exposições do crédito,incluindo do crédito intradiário.Os operadores de sistemas de liquidação pelos valores líquidos devem instituir controlos dorisco que, no mínimo, assegurem a liquidação atempada no caso do participante com a maiorobrigação de pagamento se encontrar impossibilitado de efectuar a liquidação. O conjunto decontrolos mais fiável consiste numa combinação de requisitos a nível da garantia e dos limitesdo crédito.

Padrão 10: Activos para a liquidação financeiraOs activos utilizados na liquidação de obrigações de pagamento resultantes de transacções detítulos devem ter pouco ou nenhum risco de crédito ou liquidez. Se não for usada moeda dobanco central, devem ser tomadas medidas para proteger os participantes no sistema de perdaspotenciais e de pressões de liquidez, resultantes de falha do agente da liquidação financeira,cujos activos são utilizados para esse fim.

Padrão 11: Fiabilidade operacionalAs fontes de risco operacional resultantes do processo de compensação e de liquidação devemser identificadas, acompanhadas e regularmente avaliadas. Este risco deve ser minimizadoatravés do desenvolvimento de sistemas adequados e de controlos e procedimentos eficientes.Os sistemas e as funções com eles relacionadas devem (i) ser fiáveis e seguros, (ii) ser baseadosem soluções técnicas de confiança, (iii) ser desenvolvidos e mantidos de acordo com

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Relatório Anual2004

procedimentos reconhecidos, (iv) ter capacidades adequadas e passíveis de expansão, (v) serdotados de capacidade de continuidade operacional e de acordos de recuperação em caso dedesastre e (vi) estar sujeitos a auditorias frequentes e independentes dos procedimentos quepermitem a recuperação atempada de operações e a conclusão do processo de liquidação.

Padrão 12: Protecção dos títulos de clientesAs entidades que detêm títulos em custódia devem utilizar práticas contabilísticas eprocedimentos de guarda de valores que protejam integralmente os títulos dos clientes. Éessencial que os títulos dos clientes estejam protegidos contra as reclamações dos credores detodas as entidades envolvidas na cadeia de custódia.

Padrão 13: GestãoOs acordos de gestão para as CDT e as contrapartes centrais devem ser concebidos de modo acumprir os requisitos de interesse público e a promover os objectivos dos seus detentores e dosparticipantes no mercado.

Padrão 14: AcessoAs CDT e as contrapartes centrais devem ter critérios objectivos e públicos quanto àparticipação, que permitam um acesso justo e aberto aos seus sistemas. As regras e osrequisitos que limitem o acesso devem ter em vista o controlo do risco.

Padrão 15: EficiênciaExecutando as operações de uma forma fiável e segura, os sistemas de compensação e deliquidação de títulos devem simultaneamente ser eficientes.

Padrão 16: Procedimentos de comunicação, padrões de mensagens e processamentocontinuado (STP)As entidades que oferecem serviços de compensação e liquidação e os participantes nos seussistemas devem utilizar ou acomodar os procedimentos de comunicação internacionaisrelevantes, mensagens-padrão e dados de referência, a fim de facilitar a compensação e aliquidação eficientes em todos os sistemas. Desta forma, será promovido o processamentocontinuado (straight-through processing) ao longo de todo o processo de transacções de títulos.Os prestadores de serviços devem evoluir no sentido do processamento continuado paraconseguirem um processamento atempado, seguro e eficiente em termos de custos, incluindo aconfirmação, concordância, compensação pelos valores líquidos, liquidação e custódia.

Padrão 17: TransparênciaAs CDT e as contrapartes centrais devem disponibilizar aos participantes no mercado ainformação necessária para identificar e avaliar com rigor os riscos e custos associados aosserviços de compensação e liquidação de títulos.Os custodiantes de importância significativa devem disponibilizar informação suficiente, demodo a permitir que os seus clientes identifiquem e avaliem com rigor os riscos associados aosserviços de compensação e liquidação de títulos.

Padrão 18: Regulação, supervisão e superintendênciaAs entidades que oferecem serviços de compensação e liquidação de títulos devem estarsujeitas, no mínimo, a uma actividade de regulação e supervisão transparente, consistente e

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eficiente. Os sistemas/mecanismos de compensação e liquidação de títulos devem estarsujeitos, no mínimo, a uma actividade de superintendência transparente, consistente e eficientepor parte de cada banco central. Os bancos centrais, as autoridades de regulamentação dosvalores mobiliários e os supervisores bancários devem colaborar entre si, a nível nacional etransfronteiras (em particular dentro da UE), de uma forma eficiente e transparente.

Padrão 19: Riscos em ligações entre sistemas1

As CDT que estabelecem ligações para liquidar transacções transfronteiras devem conceber eoperar essas ligações de modo a reduzir os riscos associados às liquidações entre sistemas.

1 Este padrão não cobre as ligações estabelecidas por contrapartes centrais. Esta questão será incluída no trabalho futuro do SEBC--CESR sobre contrapartes centrais.

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ArtistaAna Luísa RibeiroTítuloSem título, 2002MaterialÓleo sobre telaFormato150 × 230 cm© Banco Central Europeu

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CAPÍTULO 4

RELAÇÕES EUROPEIAS EINTERNACIONAIS

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146BCERelatório Anual2004

1 QUESTÕES EUROPEIAS1.1 QUESTÕES DE POLÍTICA

O PACTO DE ESTABILIDADE E CRESCIMENTOEm 2004, verificou-se que dois países da área doeuro, a Grécia e os Países Baixos, e seis dos deznovos Estados-Membros da UE, nomeadamenteChipre, Eslováquia, Hungria, Malta, Polónia eRepública Checa, se encontravam numasituação de défice excessivo (ver também aSecção 2.5 do Capítulo 1). Os procedimentosrelativos aos défices excessivos lançados em2003 para a França e a Alemanha continuaram aser aplicáveis, embora tenham sido, de facto,suspensos, na sequência das conclusões doConselho ECOFIN de 25 de Novembro de 2003.De acordo com estas conclusões, a França ea Alemanha deveriam corrigir os déficesexcessivos até 2005, e não 2004, como previstonas recomendações para estes países emitidaspelo próprio Conselho ECOFIN, nos termos don.º 7 do artigo 104.º do Tratado. O procedimentorelativo aos défices excessivos para Portugal foirevogado.

Em Julho de 2004, o Tribunal de Justiça dasComunidades Europeias anulou as conclusõesdo Conselho ECOFIN de 25 de Novembro de2003 relativas à França e Alemanha, na medidaem que estas continham a decisão de suspenderos procedimentos relativos aos déficesexcessivos e modificar as recomendaçõesanteriores para os dois países. O Tribunalsalientou que as regras e procedimentosprevistos no Tratado e no Pacto de Estabilidadee Crescimento e o direito de iniciativa daComissão teriam de ser sempre respeitados.

O BCE expressou a sua satisfação pelo facto de oacórdão confirmar a necessidade de uma totalaplicação das regras e procedimentos previstosno Tratado e no Pacto e solicitou às instituiçõesenvolvidas que tomassem as medidasnecessárias para assegurar esta aplicação.

Em Setembro de 2004, a Comissão emitiu umacomunicação relativa ao reforço da governaçãoeconómica e à clarificação da aplicação doPacto de Estabilidade e Crescimento. Esta

comunicação estabeleceu diversas propostasde reforma do Pacto. As propostas relativasà vertente preventiva do Pacto incluíamassegurar acções antecipadas para corrigirdesenvolvimentos inadequados através de umautilização mais atempada e activa de alertasrápidos, redefinir os objectivos de médio prazopara os saldos orçamentais de modo a acomodarcircunstâncias específicas de cada país edar maior ênfase à dívida e à sustentabilidadena supervisão das posições orçamentais. Aspropostas relativas à vertente correctivaincluíam modificar a definição dascircunstâncias excepcionais nas quais um ráciodo défice superior ao valor de referência de 3%do PIB não é considerado excessivo, alterar atrajectória de ajustamento para a correcção deum défice excessivo e clarificar o critério dadívida.

No debate sobre a reforma do Pacto deEstabilidade e Crescimento, o Conselho do BCEexprimiu a opinião de que melhorar a aplicaçãodo Pacto seria possível e benéfico. Nestesentido, foram úteis as propostas da ComissãoEuropeia para melhorar a aplicação da vertentepreventiva do Pacto. Ao mesmo tempo, oConselho do BCE preveniu contra alteraçõesao Pacto e, em particular, ao procedimentorelativo aos défices excessivos, por considerara credibilidade do limite de 3% para o déficeessencial para ancorar expectativas dedisciplina orçamental.

Em Setembro de 2004, a Grécia apresentouvalores do défice e da dívida para o período de2000 a 2003 consideravelmente acima dosanteriormente divulgados. O rácio do déficeultrapassou o valor de referência de 3% do PIB.Posteriormente, foram divulgados valores parao período de 1997 a 1999 que tambémapresentavam défices superiores a 3% do PIB(ver também a Secção 2.5 do Capítulo 1). O BCEconsidera a compilação fiável e o reporterigoroso e atempado de estatísticas das finançaspúblicas de importância vital para acredibilidade da supervisão orçamental e daUEM em geral. As normas de contabilidade

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Relatório Anual2004

europeias terão de ser totalmente respeitadas noregisto de todos os tipos de despesa e receita eaplicadas de forma consistente e estável aolongo do tempo e homogénea em todo osEstados-Membros.

A ESTRATÉGIA DE LISBOANa sua reunião em Lisboa em Março de 2000, oConselho Europeu estabeleceu uma estratégia adez anos – a estratégia de Lisboa – a qualdeveria, até 2010, transformar a UE no “espaçoeconómico mais dinâmico e competitivo domundo baseado no conhecimento e capaz degarantir um crescimento económico sustentável,com mais e melhores empregos, e com maiorcoesão social”. Os resultados atingidos até 2004no âmbito da estratégia de Lisboa foramvariados. Fizeram-se progressos em algumasáreas, por exemplo, a nível dos mercados detrabalho. Contudo, o progresso foi medíocre namaioria dos casos. Tornou-se evidente que oritmo de reforma teria de ser consideravelmenteintensificado caso se pretendesse atingir osobjectivos de Lisboa até 2010.

Neste contexto, na reunião da Primavera de2004, o Conselho Europeu decidiu efectuar umaanálise intercalar da estratégia de Lisboa. Comoprimeira medida, convidou a Comissão aestabelecer um grupo de alto nível – presididopor Wim Kok – que levasse a cabo umaavaliação independente dos progressosefectuados no âmbito da estratégia de Lisboa, aqual serviria de base para a revisão intercalar daComissão e do Conselho da UE. Prevê-se queesta revisão esteja concluída a tempo doConselho Europeu da Primavera de Março de2005.

O grupo de alto nível apresentou o seu relatório,intitulado “Facing the challenge” (“Enfrentar odesafio”), em Novembro de 2004. O relatóriosublinhou que, face aos desafios gémeos daconcorrência mundial e do envelhecimento daspopulações, a manutenção do status quo não éopção para a UE, especialmente se quisersalvaguardar o seu modelo social. O relatórioconcluiu que os objectivos ambiciosos daestratégia de Lisboa, bem como o prazo limite de

2010 para os atingir, deveriam ser mantidos,pelos motivos referidos. Apelou a uma melhoratribuição de prioridade aos objectivos e àactuação urgente em cinco áreas-chave depolítica: sociedade do conhecimento, mercadointerno, clima empresarial, mercado de trabalhoe sustentabilidade ambiental.

O BCE aprovou repetidamente as ambições daestratégia de Lisboa, tendo manifestado o seuapoio aos esforços empreendidos por governos eparceiros sociais. Apelou ainda a uma aplicaçãomais célere das medidas necessárias e a umaaferição mais eficiente do progresso da reforma.A reforma é essencial para assegurar ocrescimento e oportunidades de emprego nofuturo, bem como reforçar a capacidade deajustamento da área do euro a choqueseconómicos. As reformas nos mercados detrabalho, capitais, bens e serviços, emparticular, podem promover o investimento ereduzir a persistência da inflação através doaumento da concorrência. A UE deverá tirarpartido da revisão intercalar para revitalizar aestratégia de Lisboa e aumentar o ritmo dareforma estrutural.

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1 CON/2003/20.

1.2 QUESTÕES INSTITUCIONAIS

A CONSTITUIÇÃO EUROPEIANa reunião final da Conferência Inter-governamental (CIG) de 17-18 de Junho de2004, os Chefes de Estado ou de Governochegaram a acordo sobre o Tratado queestabelece uma Constituição para a Europa(a Constituição Europeia). A ConstituiçãoEuropeia foi assinada em Roma no dia 29 deOutubro de 2004. Após a ratificação pelos 25Estados-Membros em conformidade com osrespectivos procedimentos nacionais, entraráem vigor no dia 1 de Novembro de 2006. Emalguns Estados-Membros, os procedimentos deratificação envolvem a realização de umreferendo.

O BCE acompanhou de perto a CIG e deucontributos formais e informais para asnegociações sobre assuntos de relevo para asatribuições e mandato do BCE, Eurosistema eSEBC. Nos termos do artigo 48.º do Tratado daUnião Europeia, o BCE foi consultado e, em19 de Setembro de 2003, o Conselho do BCEadoptou um parecer relativo ao projecto deTratado que estabelece uma Constituição para aEuropa1. Além disso, o Presidente do BCEenviou cartas ao Presidente do Conselho da UEem Novembro de 2003 e Abril de 2004 com vistaa aprofundar este parecer.

O BCE acolheu com satisfação os esforços feitospela Convenção Europeia sobre o Futuro daEuropa e pela CIG subsequente no sentido desimplificar, ajustar e clarificar o quadro jurídicoe institucional da UE. Tornou também claroque as disposições existentes aplicáveis àUEM eram sólidas em termos quer dosseus objectivos, quer da atribuição deresponsabilidades.

Em particular, o BCE considerou essencial que aestabilidade de preços permanecesse não só oobjectivo primordial do BCE e do SEBC, mastambém um objectivo declarado da UE. AConstituição Europeia confirma em pleno estaopinião.

O BCE também considerou indispensável para odesempenho eficaz das suas atribuições apreservação das características institucionaisespeciais do BCE e do SEBC, as quaisdistinguem o BCE de outras instituiçõeseuropeias. A Constituição Europeia preservaestas características institucionais especiais,confirmando a independência do BCE, do SEBCe dos BCN, bem como a personalidade jurídica epoderes regulamentares do BCE. Sublinhatambém a natureza especial do BCE,classificando-o como uma das “outrasinstituições e órgãos consultivos da União”.O BCE é, assim, indicado separadamentedas “Instituições da União”, nomeadamente oParlamento Europeu, o Conselho Europeu, oConselho de Ministros, a Comissão Europeia e oTribunal de Justiça das Comunidades Europeias,classificados no “quadro institucional” da UE.

A pedido específico do BCE, o termo“Eurosistema” foi introduzido na ConstituiçãoEuropeia. Este termo, que se refere ao BCE e aosBCN da área do euro, tendo sido adoptado peloConselho do BCE em 1999, ajuda a distinguirentre o SEBC, composto por todos os bancoscentrais da UE, e o sistema de bancos centrais daárea do euro. O termo “Eurosistema” tambémreflecte adequadamente o facto de o BCE e osBCN da área do euro serem partes integrantes deum sistema (ver também o Capítulo 8).

Face ao acima exposto, o BCE consideraque a Constituição Europeia confirma oenquadramento monetário existente na UE eacolherá com satisfação a conclusão bemsucedida do processo de ratificação.

OS NOVOS MÉTODOS DE TRABALHO DOEUROGRUPODurante a reunião informal do ConselhoECOFIN de 10-11 de Setembro emScheveningen (Países Baixos), os ministros daeconomia e finanças da área do euro chegaram aacordo relativamente aos novos métodos detrabalho para o Eurogrupo, os quais pretendemmelhorar a eficiência e eficácia do Eurogrupo.

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Relatório Anual2004

Os novos métodos incluem discussõesestratégicas mais prospectivas, em particularsobre reforma estrutural, e a criação de umapresidência estável do Eurogrupo, por umperíodo de dois anos, ao invés de umapresidência rotativa de seis meses. O Presidentedo Eurogrupo é eleito por maioria simples dosmembros do Eurogrupo. Em Scheveningen, oprimeiro-ministro e ministro das finanças doLuxemburgo, Jean-Claude Juncker, foi eleito oprimeiro Presidente do Eurogrupo, por umperíodo de dois anos de 2005 a 2006.

O BCE, sendo regularmente convidado a tomarparte nas reuniões do Eurogrupo, participou naavaliação dos seus métodos de trabalho. Naopinião do BCE, estes novos métodos detrabalho, incluindo a criação de uma presidênciaestável do Eurogrupo, contribuirão para umfuncionamento mais eficiente e eficaz doEurogrupo. Os novos métodos não implicamquaisquer alterações na afectação de atribuiçõesentre o BCE e os ministros das finanças da áreado euro, no contexto da UEM. No entanto,sublinham a responsabilidade comum dosgovernos pela condução de políticasorçamentais e estruturais sólidas, necessáriaspara a continuação do sucesso da moeda única.

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2 QUESTÕES INTERNACIONAIS

2 Os países do EMEAP são a Austrália, China, Coreia, Filipinas,Hong Kong R.A.E., Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia,Singapura e Tailândia.

2.1 DESENVOLVIMENTOS IMPORTANTES NOSISTEMA MONETÁRIO E FINANCEIROINTERNACIONAL

SUPERVISÃO DAS POLÍTICAS MACROECONÓMICASNA ECONOMIA MUNDIALAs políticas macroeconómicas na economiamundial, em particular as políticas conduzidaspelos principais países industrializados, são umelemento essencial da conjuntura internacionalque o BCE tem de considerar na condução da suapolítica monetária e outras atribuições. OEurosistema participa na supervisão destaspolíticas macroeconómicas por instituições efóruns financeiros internacionais, a qual temlugar sobretudo nas reuniões do Conselho deAdministração do FMI, da Organização para aCooperação e Desenvolvimento Económico(OCDE), dos ministros das finanças egovernadores dos bancos centrais do G7 e dosgovernadores dos bancos centrais do G10. Oobjectivo do BCE é o intercâmbio de opiniões e aanálise de opções de política conducentes a umaconjuntura macroeconómica estável, políticasmacroeconómicas sólidas e estabilidade depreços na área do euro.

A conjuntura de política mundial em 2004caracterizou-se por um forte crescimentoeconómico e pressões inflacionistas em largamedida contidas. Registou-se uma recuperaçãopositiva no produto em muitas economiasavançadas, bem como na América Latina,coincidente com a continuação de taxas decrescimento fortes nos mercados emergentes naÁsia e Europa de leste. No sentido descendente,contudo, os desequilíbrios mundiais – incluindodesequilíbrios externos da economia dos EUA –persistiram, chegando mesmo a aumentar aindamais.

Em diversas ocasiões, o BCE sublinhou osriscos e incertezas relacionados com acontinuação destes desequilíbrios. Em termosgerais, o BCE partilha a opinião da comunidadeinternacional de que existem três requisitos--chave para o processo de ajustamento: fazerface à diferença entre poupança e investimentonos países com défices; fomentar um maior

crescimento sustentável através de reformasestruturais nos países com um crescimentopotencial relativamente baixo; e promover aflexibilidade cambial para os principais países eregiões em que esta não existe. No que respeita àevolução cambial, os comunicados do G7 em2004 e Fevereiro de 2005 enfatizaram que astaxas de câmbio deveriam reflectir fundamentoseconómicos e que a volatilidade excessiva emovimentos desordenados das taxas de câmbioeram indesejáveis para o crescimentoeconómico.

A relevância cada vez maior dos países da ÁsiaOriental para a economia mundial, reflectida noseu considerável contributo para o crescimentodo produto mundial e o comércio mundial, foiuma questão fundamental em 2004. O BCEacompanhou de perto os desenvolvimentosnestes países e reforçou as relações directas comos bancos centrais asiáticos, organizando,juntamente com a Autoridade Monetária deSingapura, um seminário ao mais alto nível, quereuniu os 11 governadores da Executives’Meeting of East Asia-Pacific Central Banks(EMEAP – Reunião de Executivos dos BancosCentrais da Ásia Oriental-Pacífico)2, osgovernadores dos BCN da área do euro e oPresidente do BCE. O evento, que teve lugar emSingapura em Julho de 2004, centrou-se no pesoeconómico crescente de muitos países da ÁsiaOriental, no papel das moedas internacionais ena integração e cooperação a nível regional.

Os fluxos de capitais para as economias dosmercados emergentes, que o BCE acompanhacontinuamente devido à sua relevância paraa estabilidade financeira internacional,mantiveram-se robustos em 2004, à semelhançado comportamento económico destes países emgeral. Os factores cruciais foram as condiçõesfavoráveis de financiamento externo, os preçosinternacionais de exportação de matérias--primas elevados e uma recuperação da procurade importações por parte das economias

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3 FMI: “Euro Area Policies: Staff Report” (“Políticas da Área doEuro: Relatório do Corpo Técnico”), Agosto de 2004; OCDE:“Economic Survey – Euro Area 2004” (“Análise Económica –Área do Euro 2004”), Julho de 2004.

avançadas. Consequentemente, registaram-seexcedentes da balança corrente e os níveis dadívida externa diminuíram, no geral, embora oendividamento tenha permanecido elevado emdiversos países. Condições de financiamentoacomodatícias induziram os mutuários públicose privados dos mercados emergentes a recorrerfortemente aos mercados obrigacionistasinternacionais, contratando a taxas de jurobaixas. Tendo aumentado temporariamente nosegundo trimestre de 2004, no final do ano osdiferenciais das obrigações dos mercadosemergentes retomaram níveis baixos quandocomparados com padrões históricos.

Por último, a própria área do euro foi analisada,como parte dos exercícios de supervisão dapolítica internacional. Tanto o FMI como aOCDE realizaram as suas análises regulares daspolíticas monetária, financeira e económica daárea do euro, para além das suas análises dospaíses da área do euro a nível individual. Asconsultas ao abrigo do Artigo IV do FMI e aanálise do Comité de Exame das SituaçõesEconómicas e dos Problemas de Desenvol-vimento da OCDE proporcionaram umaoportunidade para um intercâmbio proveitoso deopiniões entre estas organizações internacionaise o BCE, a presidência do Eurogrupo e aComissão Europeia. Na sequência destasdiscussões, tanto o FMI como a OCDEproduziram um relatório contendo umaavaliação das políticas da área do euro3. Ambasas análises realizadas em 2004 prestaramespecial atenção à adesão de dez novos Estados-Membros à UE a 1 de Maio de 2004.

ARQUITECTURA FINANCEIRA INTERNACIONALFace ao elevado grau de integração da UE naeconomia mundial, o SEBC e o Eurosistema têminteresse no funcionamento regular do sistemafinanceiro mundial. Por conseguinte,contribuem activamente para as discussões emcurso sobre a arquitectura financeirainternacional, inclusivamente através daparticipação em instituições e fórunsinternacionais relevantes. O BCE participadirectamente em alguns destes fóruns einstituições, e noutros foi-lhe concedido

estatuto de observador. O SEBC tambémparticipa nestes trabalhos a nível europeu, emparticular no Comité Económico e Financeiro.

No contexto dos trabalhos dos ministros dasfinanças e governadores dos bancos centraisdo G10, o BCE congratulou-se pela maiorinclusão de cláusulas de acção colectiva (CAC)– disposições contratuais com o objectivoprincipal de facilitar a restruturação regular dedívidas em situação de incumprimento – nasemissões de obrigações soberanas. Em menos dedois anos, a utilização de CAC tornou-se opadrão do mercado para a emissão de obrigaçõessoberanas ao abrigo da legislação nova--iorquina, embora não cumprindo na íntegra asrecomendações do G10.

O BCE também discutiu outros aspectos doenvolvimento do sector privado na resolução decrises financeiras e examinou a experiência comdiversos instrumentos para a promoção desteenvolvimento. Além disso, acompanhou oprogresso no desenvolvimento dos “Principlesfor Stable Capital Flows and Fair DebtRestructuring in Emerging Markets”(“Princípios para Fluxos de Capitais Estáveis eReestruturação Justa da Dívida em MercadosEmergentes”), divulgados em Novembro de2004 por um grupo de emitentes soberanos dosmercados emergentes e credores do sectorprivado. Anteriormente designados por “Códigode Conduta”, estes princípios visam promover adivulgação de informação sobre endividamento,um diálogo regular entre devedores e credores,negociações para a restruturação da dívida deboa fé e igualdade de tratamento para todos oscredores afectados. Estes princípios, acolhidosfavoravelmente pelos ministros das finanças egovernadores dos bancos centrais do G20, vêmcolmatar algumas lacunas remanescentes naarquitectura financeira mundial. Uma vezimplementados, deverão contribuir de modosubstancial para os esforços a mais longo prazode construção de um sistema que promova a

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cooperação, o crescimento e a estabilidadefinanceira a nível mundial.

Um outro tópico acompanhado pelo BCE foi asituação financeira do FMI. Na reuniãorealizada em Outubro de 2004, os ministros dasfinanças e governadores dos bancos centrais doG10 referiram que a situação financeira sólidado FMI, que era essencial para o cumprimentodas suas responsabilidades, enfrentaria algunsdesafios, no contexto de uma economia mundialem evolução. Fazer face a estes desafios exigiriadiversas medidas de política, entre as quais oreforço da supervisão, um maior ênfase nasustentabilidade da dívida nas decisões decrédito, a adesão rigorosa ao quadro de acessoexcepcional recentemente acordado, bem comooutras alterações possíveis à estrutura financeirado FMI para promover a amortização atempada emenos acordos sucessores.

INTEGRAÇÃO E COOPERAÇÃO A NÍVEL REGIONALDado que a própria UE é o resultado de um longoprocesso de integração económica regional, oBCE tornou-se um parceiro natural dasautoridades monetárias em diversos gruposregionais no mundo, que lhe solicitam quepartilhe a sua experiência com os decisores depolítica e, por vezes, com os académicos. Nestecontexto, o BCE está interessado não só emexplicar o caso europeu, especialmente no

domínio da cooperação monetária, comoconsidera igualmente importante compreender aintegração económica regional fora da UE.

Em Setembro de 2004, realizou-se em Pequimum encontro de trabalho do G20 sobreintegração económica regional num contextomundial, organizado pelo Banco Popular daChina e pelo BCE. Entre os assuntos analisadosincluíram-se as condições prévias para acordosde cooperação regional, a sequência óptima dosprocessos de integração e cooperação monetáriae financeira e a compatibilidade entre aintegração regional do comércio e as regras daOrganização Mundial do Comércio.

Em 2004, o BCE também reforçou as suasrelações com instituições monetárias regionaisem África. Neste contexto, o BCE, juntamentecom alguns BCN da área do euro, estendeu aassistência técnica ao Instituto Monetário daÁfrica Ocidental (com sede em Acra, no Gana),organismo que está a levar a cabo ospreparativos técnicos para a integraçãomonetária entre os países de língua oficialinglesa da África Ocidental.

PAPEL INTERNACIONAL DO EUROEm 2004, o papel do euro manteve-seamplamente estável nos mercados cambiais e decapitais internacionais e como moeda de âncora,de reserva e de intervenção. Houve algumaevidência de uma maior utilização do euro comomoeda de facturação e de liquidação nocomércio internacional de alguns países da áreado euro. Na maioria destes países, a utilizaçãodo euro parece ser mais generalizada no caso dasexportações do que das importações e, a níveldas exportações, é mais elevada nos bens do quenos serviços. Na maioria dos novos Estados--Membros da UE e nos países candidatos,observou-se igualmente um aumento notório dapercentagem do euro no comércio internacional(com base em dados de 2003). O aumento dautilização do euro ultrapassou em muitos casos oaumento das relações comerciais com a área doeuro, sugerindo que esta moeda está a ser cada

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Relatório Anual2004

vez mais utilizada no comércio internacionaldestes países com parceiros comerciais nãoparticipantes na área do euro4.

O BCE continuou a desenvolver a coberturaestatística necessária para a análise que efectuado papel internacional do euro. Com base emestudos anteriores, foram construídos doisnovos conjuntos de dados para identificarcaracterísticas de relevo do mercado deobrigações denominadas em euros emitidas pornão residentes na área do euro.

2.2 COOPERAÇÃO COM PAÍSES FORA DA UE

O Eurosistema continuou a desenvolvercontactos na comunidade de bancos centrais forada UE, principalmente através da organizaçãode seminários e encontros de trabalho, mastambém através de assistência técnica. Oobjectivo consiste na recolha de informação eintercâmbio de opiniões sobre a evoluçãoeconómica e monetária em diferentes regiões domundo com potencial influência na conjunturaeconómica mundial ou na evolução na área doeuro.

O projecto de assistência técnica doEurosistema com o Banco Central da FederaçãoRussa (BCR), financiado pela UE no âmbito doseu programa de Assistência Técnica àComunidade de Estados Independentes(TACIS), está a ser implementado conformeplaneado. Lançado em Novembro de 2003, oobjectivo do projecto de dois anos consiste nummaior reforço da função de supervisão bancáriado BCR como medida-chave para promover umclima financeiro mais estável na Rússia. O planode formação do projecto, acordado em Janeirode 2004 entre o BCR, por um lado, e nove BCNda área do euro, três autoridades de supervisão eo BCE, por outro, tem previstos 64 cursos, oitovisitas de estudo e quatro seminários ao maisalto nível. Até ao final de 2004, tinham-serealizado 34 cursos, quatro visitas de estudo edois seminários. Aproximadamente 400funcionários do BCR participaram neste planode formação. Para além do projecto TACIS, em

Maio de 2004 o Eurosistema realizou o seuprimeiro seminário bilateral ao mais alto nívelcom o BCR, que teve lugar em Helsínquia,coordenado pelo Suomen Pankki – FinlandsBank e o BCE. Este seminário centrou-se naspolíticas monetária e cambial, na livremobilidade de capitais, nas ligações económicasentre a UE e a Rússia, incluindo políticascomerciais, bem como na evolução do sistemabancário e em questões de estabilidade do sectorfinanceiro.

O Eurosistema estabeleceu um quadro para acooperação com os bancos centrais na região doMediterrâneo. Em Janeiro de 2004, teve lugarem Nápoles o primeiro seminário ao mais altonível do Eurosistema com governadores dosbancos centrais dos países parceiros no quadrodo Processo de Barcelona5, numa organizaçãoconjunta do BCE e Banca d’Italia. Na sequênciade um encontro de trabalho técnico em Setembrode 2004, realizou-se em Cannes, em Fevereirode 2005, o segundo seminário ao mais alto nível,organizado conjuntamente pelo BCE e o Banquede France. Este seminário centrou-se naevolução monetária e financeira recente naregião do Mediterrâneo, nas ligaçõeseconómicas entre a área do euro e os países doMediterrâneo (com especial incidência nasremessas dos trabalhadores), bem como naindependência dos bancos centrais.

Nos Balcãs Ocidentais, o BCE iniciou relaçõescom os bancos centrais a nível dos órgãos degestão, através de diversas visitas, incluindo aoBanco Central da Bósnia e Herzegovina e aoBanco Nacional da Sérvia. Estas visitas tiveramcomo objectivo desenvolver o diálogo entre oBCE e os bancos centrais destes países, uma vezque estes são potenciais países candidatos à UE.

Um dos objectivos do Eurosistema foi tambémmelhorar o seu conhecimento da evolução daseconomias sistemicamente importantes naAmérica Latina. Com este propósito, o BCE,

4 Ver “Review of the international role of the euro“ (“Análise dopapel internacional do euro”), BCE, Dezembro de 2004.

5 Argélia, Autoridade Palestiniana, Egipto, Israel, Jordânia,Líbano, Marrocos, Síria, Tunísia e Turquia.

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juntamente com o Banco Central do Brasil,o Banco de Portugal e o Banco de España,organizou o segundo seminário ao mais altonível dos bancos centrais do Eurosistema e daAmérica Latina, que teve lugar no Rio de Janeiroem Novembro de 2004, tendo sido precedido deum encontro de trabalho técnico preparatório emLisboa. Os participantes discutiram as possíveisrestrições à condução da política monetáriaresultantes das políticas orçamentais, vulne-rabilidades da dívida e características dossistemas financeiros.

No Médio Oriente, o BCE desenvolveuadicionalmente as relações com o SecretariadoGeral do Conselho de Cooperação do Golfo(CCG) e com os organismos monetários ebancos centrais dos estados-membros do CCG,dado o plano para a introdução de uma moedaúnica nestes estados-membros6 até 2010.

6 Os seis estados-membros do CCG são: Arábia Saudita, Barém,Catar, Emirados Árabes Unidos, Koweit e Omã.

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ArtistaXenia HausnerTítuloTraumspiel, 2004MaterialCromolitografia sobre papel de fabrico manual (ed. 16/25)Formato96 × 129 cm© VG Bild-Kunst, Bona 2005

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CAPÍTULO 5

RESPONSABILIZAÇÃO

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1 RESPONSABILIZAÇÃO PERANTE O PÚBLICO EMGERAL E O PARLAMENTO EUROPEU

A responsabilização pode ser entendida como aobrigação jurídica e institucional de um bancocentral independente explicar as suas decisõesde forma clara e rigorosa aos cidadãos e aosseus representantes eleitos, responsabilizando,assim, o banco central pela realização dos seusobjectivos. Deste modo, a responsabilizaçãoconstitui uma contraparte importante daindependência de um banco central.

Desde o seu início, o BCE reconheceu aimportância fundamental das suas obrigaçõesde responsabilização, mantendo um diálogoregular com os cidadãos e os seus representanteseleitos. O Tratado prevê vários requisitos dereporte para o BCE, que incluem desde apublicação de um relatório anual, de umrelatório trimestral e da situação financeiraconsolidada semanal até à comparência noParlamento Europeu. O BCE cumpreintegralmente estes requisitos e até os excede,uma vez que publica, por exemplo, um BoletimMensal, e não apenas um relatório trimestral,realiza conferências de imprensa mensais e,desde Dezembro de 2004, divulga, numa basemensal, as decisões tomadas pelo Conselho doBCE para além das decisões sobre taxas dejuro (ver também a Secção 1 do Capítulo 6). Anível institucional, o Tratado atribui um papelproeminente ao Parlamento Europeu no querespeita à responsabilização do BCE.

Durante 2004, os membros do Conselho do BCEcontinuaram a proferir inúmeros discursos emtoda a área do euro, a fim de explicar ao públicoas políticas do BCE. Em conformidade com odisposto no artigo 113.º do Tratado, o BCEcontinuou a comunicar regularmente aoParlamento Europeu as decisões tomadas emmatéria de política monetária e restantesatribuições. Como nos anos anteriores, asaudições trimestrais do Presidente do BCE naComissão dos Assuntos Económicos eMonetários constituíram o principal fórum paraa troca regular de opiniões. O Presidentetambém apresentou o Relatório Anual do BCEde 2003 à Comissão e na sessão plenária doParlamento Europeu.

A Comissão dos Assuntos Económicos eMonetários também convidou outro membro daComissão Executiva para apresentar a opiniãodo BCE sobre a conjuntura económica e sobre asquestões fundamentais no domínio das reformasestruturais. Além disso, o BCE participou numaaudiência organizada pela Comissão sobre aÁrea Única de Pagamentos em Euros.

Para além das obrigações que lhe são impostaspelo Tratado, o BCE continuou a práticavoluntária de responder a questões escritasapresentadas por membros do ParlamentoEuropeu sobre assuntos relativos aocumprimento do mandato do BCE. Além disso eà semelhança de anos anteriores, uma delegaçãoconstituída por membros da Comissão dosAssuntos Económicos e Monetários visitou oBCE para discussões informais sobre váriasquestões com os membros da ComissãoExecutiva.

De acordo com o disposto no artigo 112.º doTratado, o Parlamento Europeu dará o seuparecer sobre os candidatos para a ComissãoExecutiva antes da sua nomeação de comumacordo pelos Chefes de Estado ou de Governodos Estados-Membros que adoptaram o euro. Nasequência de uma recomendação pelo Conselhoda UE, o Parlamento Europeu convidou JoséManuel González-Páramo a comparecer perantea Comissão dos Assuntos Económicos eMonetários para apresentar os seus pontos devista e responder a questões de membros daComissão. Na sequência desta audição, oParlamento Europeu aprovou, em sessãoplenária, a sua nomeação como sucessor deEugenio Domingo Solans na ComissãoExecutiva.

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Relatório Anual2004

Durante as audições do Presidente noParlamento Europeu foram discutidas diversasquestões, sendo o principal tema abordado aavaliação da evolução económica e monetária ea condução da política monetária do BCE. Aseguir são discutidas algumas das questõeslevantadas pelo Parlamento Europeu durante atroca de opiniões com o BCE e na sua resoluçãosobre o Relatório Anual de 2003, adoptada emOutubro de 2004.

CONTRIBUTO DA POLÍTICA MONETÁRIA ÚNICAPARA AS POLÍTICAS ECONÓMICAS GERAIS NACOMUNIDADEO contributo da política monetária única para aspolíticas económicas gerais na Comunidade foiuma questão-chave abordada durante asaudiências do Presidente no ParlamentoEuropeu. Enquanto alguns membros daComissão dos Assuntos Económicos eMonetários expressaram a opinião de que amanutenção da estabilidade de preços não erasuficiente para apoiar o crescimento e o empregoe que existia um compromisso entre inflação edesemprego, outros membros da Comissãoconsideraram que as disposições do artigo 105.ºdo Tratado eram perfeitamente adequadas e quea manutenção da estabilidade de preços deveriacontinuar a ser o objectivo primordial da políticamonetária única.

O Presidente salientou que, ao prosseguir deforma credível a estabilidade de preços e aoproporcionar uma âncora sólida para asexpectativas de inflação a médio e longo prazo,o BCE dá o seu melhor contributo para a criaçãode um cenário económico conducente aocrescimento sustentável. Na sua resolução sobreo Relatório Anual do BCE de 2003, oParlamento Europeu aprovou esta opinião eelogiou o BCE por se concentrar na manutençãoda estabilidade de preços.

REGULAMENTAÇÃO E INTEGRAÇÃO FINANCEIRASNo âmbito das audiências trimestrais, osmembros da Comissão dos AssuntosEconómicos e Monetários tambémquestionaram o Presidente sobre a opinião doBCE sobre questões relacionadas com a

2 OPINIÕES DO BCE SOBRE QUESTÕESESPECÍFICAS ABORDADAS NAS REUNIÕES COM OPARLAMENTO EUROPEU

regulamentação e integração financeiras. Emparticular, o Parlamento Europeu prestouespecial atenção às actividades do SEBC e doComité das Autoridades de Regulamentação dosMercados Europeus de Valores Mobiliários(Committee of European Securities Regulators– CESR) em matéria de compensação eliquidação de valores mobiliários. Maisespecificamente, a resolução sobre o RelatórioAnual do BCE de 2003 exprimiu a preocupaçãode que os padrões propostos pelo SEBC e peloCESR pudessem afectar o próximo processolegislativo nesta área.

O Presidente salientou que os padrões propostosnão se destinavam a condicionar futuros actoslegislativos, tendo afirmado que, se numa faseposterior for adoptada uma directiva relativa àliquidação e compensação, os padrões terão deser avaliados do ponto de vista da suaconformidade com as disposições de taldirectiva e, se se justificar, serão adaptados emconformidade (ver também a Secção 4 doCapítulo 3).

RESPONSABILIZAÇÃO E TRANSPARÊNCIA DO BCENa sua resolução sobre o Relatório Anual doBCE de 2003, o Parlamento Europeu considerouo diálogo com o BCE um sucesso, uma vez queas trocas regulares de opiniões tornam a políticamonetária do BCE mais transparente e acessívelao público. Em simultâneo, o BCE e oParlamento Europeu continuaram a ter opiniõesdivergentes sobre algumas questõesrelacionadas com a responsabilização e atransparência. Na sua resolução, o ParlamentoEuropeu reiterou o seu pedido para que sejampublicadas as actas e a relação dos votos nasreuniões do Conselho do BCE.

No que respeita ao pedido de publicação dasactas, o Presidente salientou que os canais decomunicação escolhidos pelo BCE são maiseficientes em termos de disponibilização emtempo oportuno. Em particular, as conferênciasde imprensa mensais, realizadas imediatamenteapós as reuniões do Conselho do BCE dão, emtempo real, uma visão abrangente das razõessubjacentes às decisões do Conselho do BCE,

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pelo que, na essência, servem o mesmoobjectivo que as actas. Para além disso, asrazões subjacentes às decisões do Conselho doBCE são disponibilizadas ao público muito maiscedo do que seriam no caso de actas adoptadasformalmente. Estas conferências de imprensa,em conjunto com instrumentos de comunicaçãoadicionais, tais como o Boletim Mensal e acomunicação mensal das decisões do Conselhodo BCE, para além das decisões sobre as taxasde juro, fazem do BCE um dos bancos centraismais transparentes do mundo.

No que respeita ao pedido de divulgação deinformações sobre o comportamento de voto dosmembros do Conselho do BCE, o Presidentelembrou que, face ao cenário institucionalespecífico no qual opera a política monetáriaúnica, a publicação dos votos corre o riscode exercer pressão desnecessária sobre osmembros do Conselho do BCE para sedesviarem da perspectiva da área do euro.Por conseguinte, o BCE prossegue a sua políticade não dar quaisquer indicações sobre opiniõesou comportamentos de voto individuais. Estaabordagem contribui para que a atenção dopúblico se concentre sobretudo nos fundamentoseconómicos subjacentes às decisões e nãono comportamento individual de voto, sendoconsistente com a natureza colegial do Conselhodo BCE e com a sua perspectiva da área do euro.

CONTRAFACÇÃO E SEGURANÇA DAS NOTAS DEBANCOOs membros da Comissão dos AssuntosEconómicos e Monetários também abordaram aquestão da contrafacção do euro. Na suaresolução sobre o Relatório Anual do BCE de2003, o Parlamento Europeu solicitou ao BCEque estivesse muito atento à contrafacção e quetenha em consideração a experiência adquiridaquando for concebida uma nova geração denotas de banco.

Quando compareceu perante a Comissão dosAssuntos Económicos e Monetários, oPresidente salientou que o BCE leva muito asério a questão da contrafacção e que tentacontinuamente melhorar as suas políticas contra

a contrafacção. Neste particular, foramcelebrados acordos de cooperação na luta contraa contrafacção com várias autoridades nacionaise internacionais. Para além disso, a experiênciacom a contrafacção de notas está a orientaro estudo e o desenvolvimento de novascaracterísticas de segurança para a nova geraçãode notas. As informações sobre todas as notas deeuros falsas é guardada numa base de dados doBCE, à qual têm acesso todos os bancos centraisda UE e as autoridades nacionais responsáveispela aplicação da lei (ver também a Secção 3 doCapítulo 2).

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ArtistaPhilippe CognéeTítuloFoule, Place St Pierre de Rome, Pâques, 1999MaterialEncáustica sobre telaFormato154 × 153 cm© VG Bild-Kunst, Bona 2005

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CAPÍTULO 6

COMUNICAÇÃO EXTERNA

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1 POLÍTICA DE COMUNICAÇÃOA comunicação é uma parte integrante dapolítica monetária do BCE e do desempenho dassuas outras atribuições. Dois elementos-chave –abertura e transparência – orientam asactividades de comunicação do BCE. Amboscontribuem para a eficácia, eficiência ecredibilidade da política monetária do BCE etambém apoiam os seus esforços para participarna íntegra todas as suas acções, como explicadomais pormenorizadamente no Capítulo 5.

Na área da comunicação, o BCE estabeleceupadrões mais elevados. As decisões de políticamonetária são explicadas em conferência deimprensa imediatamente após terem sidotomadas pelo Conselho do BCE. É proferidauma declaração introdutória abrangente eo Presidente e o Vice-Presidente estão àdisposição dos meios de comunicação pararesponder a questões. O conceito de explicaçãoregular, em tempo real e pormenorizada dasavaliações e decisões de política monetária doBCE, introduzido em 1999, representa umaabordagem única de abertura e transparência dacomunicação dos bancos centrais.

Além disso, tem sido melhorada a comunicaçãorelativa a outras decisões. Desde Dezembro de2004 é publicado todos os meses nos sites dosbancos centrais do Eurosistema um texto queapresenta decisões tomadas pelo Conselho doBCE, para além das decisões relativas às taxasde juro.

Como parte do enquadramento institucional daUE, o BCE tem de disponibilizar a sualegislação e as suas publicações estatutárias emtodas as línguas oficiais da Comunidade, cujonúmero aumentou de 11 para 20 com oalargamento da UE em 1 de Maio de 2004. Aspublicações estatutárias são o Relatório Anual, aversão trimestral do Boletim Mensal, a situaçãofinanceira consolidada semanal do Eurosistemae o Relatório de Convergência. Para efeitos deresponsabilização e transparência face aoscidadãos europeus e aos seus representanteseleitos, o BCE também publica outradocumentação em todas as línguas oficiais,em particular comunicados sobre decisõesde política monetária, projecçõesmacroeconómicas elaboradas por especialistasdo Eurosistema e posições de política derelevância para o público em geral. Aelaboração, publicação e distribuição dasversões das línguas nacionais das principaispublicações do BCE são levadas a cabo emcooperação com os BCN.

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Relatório Anual2004

2 ACTIVIDADES DE COMUNICAÇÃOA comunicação do BCE assenta em váriaspublicações e ferramentas, as quais sãoconstantemente aperfeiçoadas, por forma ainformar da forma mais eficaz o público emgeral e as partes interessadas.

O Relatório Anual apresenta uma análiseabrangente das actividades do BCE no anoanterior, contribuindo para a responsabilizaçãodo BCE pelas suas acções. O Boletim Mensaldisponibiliza uma actualização contínua daavaliação do BCE da evolução económica emonetária e informação pormenorizadasubjacente às suas decisões. Também contémartigos sobre tópicos gerais sobre a bancacentral. O BCE contribui para a disseminaçãodos resultados da investigação ao publicarDocumentos de Trabalho e DocumentosOcasionais e organizar conferências acadé-micas, seminários e encontros de trabalho.

Em conjunto com o BIS e os bancos centrais doG10, o BCE lançou uma nova publicaçãointitulada “International Journal of CentralBanking” em 2004. Esta apresenta artigosrelevantes em termos de política sobre teoria eprática da banca central, com particular ênfasenos estudos relacionados com política monetáriae estabilidade financeira. A primeira ediçãotrimestral será publicada em 2005.

Todos os membros do Conselho do BCEparticipam directamente nos esforços paramelhorar o conhecimento público e acompreensão das atribuições e políticas do BCEatravés de testemunhos perante o ParlamentoEuropeu e os parlamentos nacionais, dediscursos públicos e dos meios de comunicação.Em 2004, os seis membros da ComissãoExecutiva proferiram cerca de 220 discursos,deram numerosas entrevistas e os seus artigosforam publicados em revistas e jornais. Asvisitas efectuadas pelo Presidente e pelos outrosmembros da Comissão Executiva a Estados--Membros da UE e outros países no decurso de2004 contribuíram para fazer chegar amensagem do BCE directamente aos cidadãosda Europa e mais além. Os esforços decomunicação do BCE dirigiram-se de formacrescente a audiências nos novos Estados--Membros da UE, quer anteriormente à suaadesão à UE em 2004, quer na sequência desta.

Os BCN da área do euro também desempenhamum papel importante na comunicação,assegurando a disseminação a nível nacional dainformação relativa ao euro e às actividades doEurosistema ao público em geral e às partesinteressadas, e dirigindo-se a uma diversidadede audiências regionais e nacionais nas línguas econtextos próprios.

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166BCERelatório Anual2004

Outro canal importante para prestar informaçãoaos mercados financeiros é o sistemaautomatizado de informação do BCE. Estesistema presta informação em tempo real aalgumas agências noticiosas, que apresentamnos respectivos écrans informação sobre taxasde juro directoras do BCE, operações demercado e condições de liquidez na área do euro.As páginas são disponibilizadas e actualizadasregularmente pelo BCE. Na sequência de umprocesso de candidatura, o número de agênciasnoticiosas a que foi concedido acesso ao sistemapelo BCE subiu de três para cinco em 2004.

Todos os documentos publicados pelo BCE e assuas várias actividades são apresentados no sitedo BCE (www.ecb.int). Em 2004, foi lançadauma nova versão do site. A sua concepção foimodernizada e os conteúdos restruturados,para os tornar mais fáceis de utilizar. O site doBCE também serve como ponto de contactopara as questões colocadas pelo público e comoplataforma para o lançamento de consultaspúblicas do BCE. Em 2004, foram recebidasatravés de vários canais e tratadas cerca de47 000 questões.

O BCE também pratica abertura num sentidoliteral, recebendo grupos de visitantes nas suasinstalações em Frankfurt. Em 2004, cerca de8 000 visitantes receberam informação emprimeira mão sob a forma de palestras eapresentações realizadas por técnicos doBCE. Os visitantes foram, na sua maioria,estudantes universitários e profissionais dosector financeiro.

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ArtistaJan FabreTítuloSem título, 1987MaterialTinta esferográfica sobre papelFormato200 × 158 cm© VG Bild-Kunst, Bona 2005

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CAPÍTULO 7

ALARGAMENTODA UNIÃOEUROPEIA

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1 ADESÃO BEM SUCEDIDA DE DEZ NOVOSESTADOS-MEMBROS

Em 1 de Maio de 2004, aderiram à UE dez paísesda Europa Central e de Leste e do Mediterrâneo– República Checa, Estónia, Chipre, Letónia,Lituânia, Hungria, Malta, Polónia, Eslovénia eEslováquia. Os BCN dos novos Estados--Membros foram integrados no SEBC e os seusgovernadores tornaram-se membros plenos doConselho Geral do BCE. Os peritos destes BCNgozam do estatuto de membros de pleno direitonas reuniões dos comités do SEBC sempreque são abordadas questões da esfera decompetência do Conselho Geral do BCE.

A integração dos novos membros no SEBCdecorreu sem problemas. Tendo por base o PlanoDirector de Adesão do BCE, estabelecido em2003, foram efectuados preparativos, emespecial nas áreas das operações dos bancoscentrais, sistemas de pagamentos e deliquidação, estatísticas, notas de banco e infra--estrutura e aplicações de TI. A infra-estruturade TI do SEBC foi aperfeiçoada e actualmenteliga todos os 25 BCN e o BCE, proporcionandoserviços com maior fiabilidade e segurança. Atabela de repartição do capital do BCE foialargada e os BCN dos novos Estados-Membrospagaram uma percentagem do capital por elessubscrito como contributo para os custosoperacionais do BCE.

O quinto seminário de alto nível sobre oprocesso de adesão, realizado em Paris emMarço de 2004, marcou a fase final dospreparativos para a adesão. O seminário,organizado conjuntamente pelo BCE e peloBanque de France, reuniu os governadores erepresentantes de alto nível dos bancos centraisdo SEBC, dos dez países aderentes e dos doispaíses candidatos, ou seja, a Bulgária e aRoménia, que estão a finalizar as negociações deadesão à UE. O seminário focou as políticasmonetária e cambial e o funcionamento práticodo MTC II, a disciplina orçamental no contextodo Pacto de Estabilidade e Crescimento equestões relacionadas com padrões financeiros,normas contabilísticas e gestão.

A experiência prática adquirida durante oprocesso de alargamento foi avaliada e será

tida em consideração em futuros alargamentosda UE e da área do euro.

Em 20 de Outubro de 2004, a Comissão Europeiae o BCE publicaram os respectivos Relatórios deConvergência sobre os progressos alcançadosno cumprimento das obrigações relativamente àrealização da UEM pelos Estados-Membrosque beneficiam de uma derrogação, incluindoos novos Estados-Membros. O Relatório deConvergência do BCE concluiu que nenhum dospaíses avaliados cumpria todas as condiçõespara a adopção do euro, incluindo os requisitoslegais para a salvaguarda de independênciaefectiva dos BCN.

Em termos do número de países aderentes, estealargamento foi o mais importante na históriada integração europeia. Contudo, o pesoeconómico dos novos Estados-Membros érelativamente pequeno em comparação comalargamentos anteriores. Em consequência, aadesão dos novos Estados-Membros não mudoufundamentalmente as características-chave daeconomia da UE. Contudo, a diversidadeeconómica na UE aumentou, uma vez que ascaracterísticas institucionais e estruturais dosnovos Estados-Membros são diferentes emmuitos aspectos das dos restantes Estados--Membros. A maioria dos novos Estados--Membros tem estado envolvida num processode transição de uma economia centralplanificada para uma economia de mercado,compreendendo mudanças fundamentais a nívelinstitucional e estrutural nas suas economias.Num horizonte a mais longo prazo, oalargamento deverá contribuir positivamentepara o crescimento económico na UE; naverdade, já foi observado um impacto positivodurante a década de preparação para oalargamento. Esta secção apresenta váriascaracterísticas macroeconómicas-chave da UEantes e depois da adesão dos novos Estados--Membros, bem como dados correspondentessobre os Estados Unidos e o Japão.

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171BCE

Relatório Anual2004

POPULAÇÃO E ACTIVIDADE ECONÓMICAComo ilustrado no Quadro 16, o alargamento de2004 traduziu-se num aumento de quase 20% dapopulação da UE, sendo actualmente a suapopulação total de 457.7 milhões de habitantes.A UE, medida nestes termos, continua a ser amaior entidade do mundo industrializado.

A actividade económica nos países queconstituem a UE25, medida pelo PIB, totalizava€9752 mil milhões em 2003, para os quais, combase em taxas de câmbio correntes, a adesão dosnovos Estados-Membros teve um contributo de4.5%. Numa perspectiva histórica, a dimensãoeconómica deste alargamento foi relativamentelimitada. Por exemplo, a adesão de Espanha ePortugal à Comunidade Europeia em 1986(que na altura era constituída por dez países)aumentou o PIB total da Comunidade num valor

ligeiramente superior a 8%, e o alargamento àÁustria, Finlândia e Suécia em 1995 aumentou oproduto num valor ligeiramente superior a 7%.Tendo por base os dados do PIB e as taxasde câmbio para 2003, a adesão dos novosEstados-Membros levou a um aumento dapercentagem da UE no PIB mundial de 30.4%para 31.8%. Contudo, convém salientar queestas comparações internacionais estão muitoinfluenciadas pela evolução das taxas decâmbio. Uma forma de ultrapassar avariabilidade e distorções potenciais associadasaos preços de mercado consiste em usar umacomparação com base nas paridades do poder decompra (PPC), ainda que estas medidas tenhamas suas próprias reservas. Em termos de PPC ecom base em dados de 2003, o alargamento maisrecente aumentou o PIB da UE em 9.5%,tornando-o superior ao dos Estados Unidos.

Período Estadosde referência Unidade UE15 UE25 Unidos Japão

População 2004 milhões 384.5 457.7 293.9 127.5PIB (percentagem do PIB mundial) 1) 2003 % 30.4 31.8 30.4 11.9PIB 2003 € mil milhões 9 310 9 752 9 673 3 800

2003 PPC mil milhões 9 310 10 193 9 957 3 254PIB per capita 2003 € milhares 24.2 21.3 32.9 29.8

2003 PPC milhares 24.3 22.3 34.2 25.5Exportações de bens e serviços 2003 % do PIB 14.0 12.4 9.3 12.2Importações de bens e serviços 2003 % do PIB 13.3 12.1 13.8 10.6Sectores da produção 2)

Agricultura, pescas, silvicultura 2003 % do PIB 2.0 2.1 0.8 1.2Indústria (incluindo construção) 2003 % do PIB 26.6 26.8 19.7 29.2Serviços 2003 % do PIB 71.4 71.1 79.5 69.6

Taxa de desemprego 2003 % 8.1 9.1 6.0 5.3Taxa de participação da população activa 3) 2003 % 70.0 69.3 75.8 78.2Taxa de emprego 4) 2003 % 64.4 63.0 71.2 68.4Administrações públicas 5)

Excedente (+) ou défice (-) 2003 % do PIB -2.7 -2.8 -4.6 -7.5Despesa 2003 % do PIB 48.5 48.5 34.4 39.1Receita 2003 % do PIB 45.8 45.6 29.8 31.6Dívida bruta 2003 % do PIB 64.2 63.2 63.1 156.9

Depósitos bancários 6) 2003 % do PIB 83.9 82.4 47.8 120.2Stock de empréstimos ao sector privado 7) 2003 % do PIB 99.2 96.3 51.4 118.8Capitalização do mercado bolsista 2003 % do PIB 66.3 65.2 126.7 61.6

Fontes: Eurostat, Comissão Europeia, FMI, BIS, BCE e cálculos do BCE.1) As percentagens do PIB têm por base os PIB dos países em dólares dos EUA correntes.2) Com base no valor acrescentado bruto a preços correntes.3) Def inida como o rácio entre a população activa e a população em idade activa (com idades compreendidas entre 15 e 64 anos).4) Def inida como o rácio entre o número de indivíduos empregados e a população activa (com idades compreendidas entre 15 e64 anos).5) Com base no SEC 95.6) UE15 e UE25: total de depósitos em IFM; Estados Unidos: depósitos à ordem, a prazo e de poupança em instituições bancárias;Japão: depósitos à ordem e a prazo em bancos de depósitos monetários.7) UE15 e UE25: empréstimos de IFM e outros residentes; Estados Unidos: empréstimos de bancos comerciais, caixas económicas ecooperativas de crédito; Japão: empréstimos ao sector privado.

Quadro 16 Pr inc ipa i s ca rac te r í s t i ca s da economia da UE inc lu indo e exc lu indo osnovos E s tados -Membros

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Como os novos Estados-Membros têm umapopulação relativamente elevada em relação aoseu nível actual de actividade económica, a suaadesão implica uma descida do nível médio doPIB per capita na UE. Contudo, esta situaçãodeverá mudar gradualmente em linha com osprogressos no processo de convergência. Emcomparação com os Estados Unidos e o Japão, oPIB per capita na UE25 é relativamente baixo,embora o diferencial face ao Japão seja maislimitado em termos de PPC (com base nosvalores para 2003).

A adesão dos novos Estados-Membros teráigualmente um efeito a mais longo prazo naactividade económica, uma vez que afecta osincentivos e os impedimentos ao fluxo de bens,serviços, capital e pessoas (as “quatroliberdades”) entre os novos Estados-Membros eos restantes países da UE, embora os fluxosmigratórios sejam restringidos durante algunsanos. Por exemplo, a expansão do MercadoÚnico, ao aumentar o âmbito destas quatroliberdades a 25 países, deverá aumentar aconcorrência e criar economias de escala. Oalcance destes efeitos e a rapidez da suaconcretização dependerá, contudo, de muitosfactores, tais como as políticas económicas dosEstados-Membros da UE no futuro.

COMÉRCIO INTERNACIONALNa sequência do alargamento, o comércio daUE15 com os novos Estados-Membros e ocomércio entre estes Estados-Membros énaturalmente registado como comércio intra-UEe não como comércio internacional. Pelocontrário, o comércio entre os novos Estados--Membros e o resto do mundo excluindo ospaíses da UE15 actualmente é registado comocomércio extra-UE25. A adesão dos novosEstados-Membros reduziu ligeiramente aabertura comercial da UE, apesar de a maioriados novos Estados-Membros ter economiasmuito abertas, uma vez que o comércio daUE15 com os novos Estados-Membros é maissignificativo do que o dos novos Estados--Membros com países fora da UE. De acordocom dados relativos a 2003, as exportações debens e serviços representaram 12.4% do PIB da

UE alargada, face a 9.3% e 12.2% nos EstadosUnidos e no Japão, respectivamente.

ESTRUTURA DE PRODUÇÃOA estrutura de produção nos novos Estados--Membros é caracterizada por uma percentagemmaior da agricultura (3.2%) e indústria (31.9%)e por uma percentagem menor dos serviços(64.9%) no PIB do que a média dos restantespaíses da UE. As diferenças entre sectorestendem a ser mais pronunciadas nos novosEstados-Membros do que na UE15 em termos dadistribuição do emprego nestes sectores. Nãoobstante, o alargamento deu apenas origem aligeiras alterações nas percentagens destesgrandes sectores no PIB da UE e na distribuiçãodo emprego. Em relação a outros grandes blocoseconómicos, o sector agrícola da UE é grande emcomparação com o dos Estados Unidos e o doJapão, enquanto o sector industrial da UE émaior do que o dos Estados Unidos, mas inferiorao do Japão. O sector dos serviços da UE é maiordo que o do Japão, mas menor do que o dosEstados Unidos.

MERCADO DE TRABALHOA taxa de desemprego média nos novos Estados--Membros é mais elevada do que nos países daUE15, tendo assim o alargamento levado a umataxa de desemprego média ligeiramente maiorna UE25. Apesar de ter registado uma quedadurante o final da década de 90, a taxa dedesemprego quer na UE15 quer na UE25, que sesituou em 8.1% e 9.1%, respectivamente, em2003, continua a ser significativamente maiselevada do que nos Estados Unidos e noJapão, onde se situou em 6.0% e 5.3%,respectivamente. Nos novos Estados-Membrosda Europa Central e de Leste, as taxas dedesemprego aumentaram e as diferençasregionais do desemprego cresceram ao longoda última década, devido a ajustamentosestruturais associados à transição para umaeconomia de mercado. Contudo, as perspectivasde emprego podem melhorar nos próximos anos,uma vez que se pode verificar um abrandamentodas reduções de emprego associado àrestruturação empresarial. A mais longo prazo, opotencial de convergência dos novos Estados-

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Relatório Anual2004

-Membros em termos de PIB per capita podetambém contribuir para tendências favoráveisno emprego e menor desemprego.

A adesão dos novos Estados-Membros baixou ataxa de emprego na UE em 1.4 pontospercentuais, pelo que esta se situa agora em63.0%. A desagregação da taxa de emprego nosnovos Estados-Membros sugere que a taxa departicipação dos homens, em particular, éconsideravelmente inferior à registada nospaíses da UE15, enquanto o desvio no caso dasmulheres é menos pronunciado. A taxa deemprego dos trabalhadores mais velhos (ou seja,com idades compreendidas entre 55 e 64 anos) étambém significativamente inferior nos novosEstados-Membros do que na UE15. Emcomparação com os Estados Unidos e o Japão, ataxa de participação da população activa da UEé baixa. A combinação de uma taxa departicipação mais baixa e de uma taxa dedesemprego mais alta na UE reflecte-se na taxade emprego, que é inferior à dos Estados Unidose do Japão.

POSIÇÃO ORÇAMENTAL E DIMENSÃO DO SECTORPÚBLICOA adesão dos novos Estados-Membros nãoalterou substancialmente a média ponderada dorácio do défice público na UE, apesar de a maiorparte dos novos Estados-Membros ter déficesorçamentais elevados (ver também Secção 2.5do Capítulo 1). As percentagens da despesa e dareceita públicas no PIB são ligeiramenteinferiores na maior parte dos novos países daUE, embora sejam elevadas em relação aos seusníveis de rendimento. A pequena dimensãodas economias dos novos Estados-Membrossignifica que o peso do sector dasadministrações públicas na UE25 épraticamente igual ao da UE15. Como o rácioda dívida pública nos novos Estados-Membros,em geral, é significativamente inferior ao daUE15, o rácio médio da dívida em relação aoPIB na UE é ligeiramente inferior ao valorregistado antes do alargamento.

O défice das administrações públicas, que sesituava em 2.8% na UE25 em 2003, é

actualmente mais baixo do que nos EstadosUnidos e no Japão. Ao mesmo tempo, o sectordas administrações públicas tem maior peso naeconomia da UE25 do que nos Estados Unidos eno Japão. Na UE25, o rácio da despesa públicasitua-se em quase 49% e o rácio da receitapública num valor ligeiramente inferior a 46%.Nos Estados Unidos, o sector das adminis-trações públicas representa pouco mais de 34%do PIB em termos de despesa e pouco menos de30% do PIB em termos de receita. No Japão, oelevado défice público resulta de um rácio dadespesa pública ligeiramente superior a 39%do PIB e de um rácio da receita pública dequase 32%. A acumulação no passado de déficespúblicos levou a rácios da dívida públicasemelhantes na UE e nos Estados Unidos, sendo,no entanto, significativamente inferiores aos doJapão.

ESTRUTURA FINANCEIRAO alargamento não levou a mudançassignificativas na estrutura financeira doconjunto da UE, embora a intermediaçãofinanceira esteja, em média, mais concentradanos bancos nos novos Estados-Membros do quena UE15. Na maior parte dos novos Estados--Membros, o sector financeiro é relativamentepequeno, medido pelo total dos activos do sectorbancário e pela capitalização no mercado de

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títulos. Contudo, o nível da intermediaçãofinanceira, isto é, a canalização de novos fundosatravés das instituições financeiras parafinanciar o investimento, aumentou ultimamente deforma bastante rápida em alguns dos novosEstados-Membros. Em comparação com osEstados Unidos, o sector financeiro da UEcontinua a estar mais orientado para o sectorbancário, enquanto o papel dos mercadosbolsistas na intermediação financeira é menosimportante. Contudo, em comparação com oJapão, o sector bancário tem um papel menosimportante no sector financeiro da UE, enquantoos mercados bolsistas têm um peso maissignificativo.

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Relatório Anual2004

2 RELAÇÕES COM PAÍSES CANDIDATOS À UEExistem actualmente quatro países com estatutode candidatos à adesão à UE: Bulgária, Croácia,Roménia e Turquia. Após a conclusão com êxitodas negociações de adesão com a Bulgária e aRoménia, o Conselho Europeu em Dezembro de2004 apelou para que o Tratado de Adesão comestes dois países fosse finalizado, com vista àsua assinatura em Abril de 2005. A Bulgária e aRoménia deverão aderir à UE em Janeiro de2007. A Croácia é um país candidato desdeJunho de 2004 e, desde que se verifiqueplena colaboração com o Tribunal CriminalInternacional para a Antiga Jugoslávia, asnegociações de adesão à UE terão início emMarço de 2005. A Turquia recebeu o estatuto depaís candidato no Conselho Europeu deHelsínquia em 1999 e, em Dezembro de 2004, oConselho Europeu decidiu que à luz de umrelatório e de uma recomendação da Comissão, aTurquia preenche suficientemente os critériospolíticos de Copenhaga para poder dar início àsnegociações de adesão, desde que ponha emvigor alguma legislação específica. Nestecontexto, o Conselho Europeu pediu à Comissãoque preparasse uma proposta de quadro denegociações para que as mesmas sejam iniciadasem 3 de Outubro de 2005.

O Eurosistema continuou a acompanhar aevolução económica e monetária nos paísescandidatos, tendo prestado especial atenção aoprocesso de desinflação, às questões do sectorfinanceiro e à convergência estrutural para a UE.

O BCE reforçou as suas relações bilaterais comos bancos centrais da Bulgária e da Roménia. Asprimeiras visitas ao Bulgarian National Bank eao National Bank of Romania por parte do BCE,a nível da Comissão Executiva, tiveram lugar emOutubro. O principal objectivo destas visitasconsistiu na discussão da futura cooperação como Eurosistema, a qual incluirá um diálogo depré-adesão entre o BCE e os bancos centrais dospaíses que estão a negociar a adesão. Apósa assinatura do Tratado de Adesão, osgovernadores destes bancos centrais serãoconvidados a assistir às reuniões do ConselhoGeral do BCE, na qualidade de observadores. Osperitos destes bancos centrais terão o estatuto de

observadores nas reuniões dos comités doSEBC, sempre que forem abordadas questões daesfera de competência do Conselho Geral doBCE. Em Março de 2005 deverá ser efectuadauma visita ao Croatian National Bank.

O BCE prosseguiu o diálogo de política ao maisalto nível com o Central Bank of the Republic ofTurkey, incluindo a realização de reuniõesanuais a nível da Comissão Executiva. Asdiscussões centraram-se no processo deestabilização macroeconómica da Turquia, napolítica monetária e cambial do Central Bank ofthe Republic of Turkey e na situação económicana área do euro. Para além do diálogo sobre aspolíticas, prosseguiu a cooperação técnica entreáreas operacionais do BCE e do Central Bank ofthe Republic of Turkey.

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ArtistaReinhold A. GoellesTítuloSem títuloMaterialAcrílico sobre telaFormato152 × 100 cm© Banco Central Europeu

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CAPÍTULO 8

ENQUADRAMENTOINSTITUCIONAL,ORGANIZAÇÃO ECONTAS ANUAIS

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Relatório Anual2004

1 ÓRGÃO S D E D E C I S ÃO E G E S T ÃO DO B C E

SI

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A

EU

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Banco Central Europeu (BCE)Banco Central Europeu (BCE)

Nationale Bank van België/Banque Nationale de Belgique

Deutsche Bundesbank

Bank of Greece

Banco de España

Banque de France

Central Bank and FinancialServices Authority of Ireland

Banca d’Italia

Banque centrale duLuxembourg

De Nederlandsche Bank

Oesterreichische Nationalbank

Banco de Portugal

Suomen Pankki – Finlands Bank

Co

nse

lho

Ge

ral

Co

nse

lho

Ge

ral

Conselho Comissãodo BCE Executiva

Conselho Comissãodo BCE Executiva

Česká národní banka

Danmarks Nationalbank

Eesti Pank

Central Bank of Cyprus

Latvijas Banka

Lietuvos bankas

Magyar Nemzeti Bank

Central Bank of Malta

Narodowy Bank Polski

Banka Slovenije

Národná banka Slovenska

Sveriges Riksbank

Bank of England

EU

RO

SIS

TE

MA

1.1 O EUROSISTEMA E O SISTEMA EUROPEU DE BANCOS CENTRAIS

O Eurosistema é o sistema de banca central daárea do euro. É composto pelo BCE e pelosBCN dos 12 Estados-Membros cuja moedacomum é o euro. O Conselho do BCE adoptouo termo “Eurosistema” para facilitar acompreensão da estrutura da banca central naárea do euro. O termo enfatiza a identidadepartilhada, o trabalho de equipa e a cooperaçãode todos os seus membros, tendo sido tambémintroduzido no Tratado que estabelece umaConstituição para a Europa, assinado em Romano dia 29 de Outubro de 2004. O Conselhodo BCE também aprovou uma declaraçãosobre a missão do Eurosistema, juntamentecom propósitos estratégicos e princípiosorganizativos para o cumprimento das funçõesdo Eurosistema por todos os seus membros (verCaixa 15).

O SEBC é constituído pelo BCE e pelos BCNde todos os Estados-Membros da UE (25 desde1 de Maio de 2004), ou seja, inclui os BCN dosEstados-Membros que não adoptaram ainda oeuro. Enquanto existirem Estados-Membrosque não tenham ainda adoptado o euro, seránecessário fazer uma distinção entre oEurosistema e o SEBC.

Ao abrigo do direito público internacional,o BCE tem personalidade jurídica. Foiestabelecido como o núcleo do Eurosistema edo SEBC e assegura a realização dasrespectivas atribuições, quer através das suaspróprias actividades, quer através dos BCN.

Cada BCN tem personalidade jurídica nostermos da legislação nacional do respectivo

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1 Para mais pormenores sobre o Regulamento Interno do BCE,ver Decisão BCE/2004/2, de 19 de Fevereiro de 2004, queadopta o Regulamento Interno do Banco Central Europeu,JO L 80, 18.3.2004, p. 33; Decisão BCE/2004/12, de 17 deJunho de 2004, que adopta o Regulamento Interno do ConselhoGeral do Banco Central Europeu, JO L 230, 30.6.2004, p. 61; eDecisão BCE/1999/7, de 12 de Outubro de 1999, relativa aoregulamento interno da Comissão Executiva do Banco CentralEuropeu, JO L 314, 8.12.1999, p. 34. Estes regulamentostambém se encontram disponíveis no site do BCE.

Caixa 15

A DECLARAÇÃO SOBRE A MISSÃO DO EUROSISTEMA

Em Janeiro de 2005 foi publicada a declaração sobre a missão do Eurosistema. A sua adopçãopelo Conselho do BCE, na sequência da adopção pela Comissão Executiva da declaração sobrea missão do BCE em Agosto de 2003, tem por base a experiência desde 1999 com um sistemacomum de banca central para a área do euro e os conhecimentos específicos e contributosindispensáveis de todos os bancos centrais do Eurosistema. A declaração sobre a missão con-siste no seguinte texto:

“O Eurosistema, constituído pelo Banco Central Europeu e pelos bancos centrais nacionaisdos Estados-Membros que adoptaram o euro, é a autoridade monetária da área do euro. NoEurosistema, o nosso objectivo primordial é a manutenção da estabilidade de preços para obem comum. Ao desempenharmos, igualmente, o papel de autoridade financeira de primeiroplano, visamos salvaguardar a estabilidade financeira e promover a integração financeiraeuropeia.

Na prossecução dos nossos objectivos, atribuímos a máxima importância à credibilidade,confiança, transparência e responsabilização. Visamos comunicar eficazmente com os cidadãosda Europa e os meios de comunicação social. Estamos empenhados em conduzir as nossas

país. Os BCN da área do euro, que fazem parteintegrante do Eurosistema, realizam asatribuições que competem ao Eurosistema deacordo com os regulamentos estabelecidospelos órgãos de decisão do BCE. Os BCNtambém contribuem para os trabalhos doEurosistema e do SEBC através da suaparticipação nos diversos comités doEurosistema/SEBC (ver Secção 1.5 do presentecapítulo). Podem exercer funções que não sãoconsideradas funções do Eurosistema, sob asua própria responsabilidade, salvo se oConselho do BCE for de opinião que taisfunções interferem com os objectivos eatribuições do Eurosistema.

O Eurosistema e o SEBC são dirigidos pelosórgãos de decisão do BCE: o Conselho do BCEe a Comissão Executiva. A tomada de decisõesa nível do Eurosistema e do SEBC écentralizada. Contudo, o BCE e os BCN da áreado euro contribuem, em conjunto, estratégicae operacionalmente, para a consecuçãodos objectivos comuns, no devido respeitopelo princípio da descentralização, emconformidade com os Estatutos do SEBC.

O Conselho Geral é constituído como umterceiro órgão de decisão do BCE, enquantoexistirem Estados-Membros que não tenhamainda adoptado o euro. O funcionamento dosórgãos de decisão é regulamentado peloTratado, pelos Estatutos do SEBC e pelosRegulamentos Internos relevantes1. Em 2004,tendo em vista a adaptação destes regulamentosaos desenvolvimentos registados desde 1999e a antecipação das alterações resultantes doalargamento do SEBC, tanto o RegulamentoInterno do BCE como o Regulamento Internodo Conselho Geral do BCE foram objecto derevisão.

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Relatório Anual2004

relações com as autoridades europeias e nacionais em plena conformidade com as disposiçõesdo Tratado e tendo em devida conta o princípio da independência.

Em conjunto, contribuímos, estratégica e operacionalmente, para a consecução dos nossosobjectivos comuns, no devido respeito pelo princípio da descentralização. Estamos empenhadosem seguir os princípios da boa gestão e em desempenhar as nossas funções eficaz e eficientemente,num espírito de cooperação e de equipa. Tirando partido da diversidade e profundidade dasnossas experiências, bem como da troca de conhecimentos, procuramos reforçar a nossaidentidade partilhada, expressar-nos a uma só voz e explorar sinergias, num enquadramentoem que os papéis e as responsabilidades de todos os membros do Eurosistema estão claramentedefinidos.”

Esta declaração sobre a missão define o que os bancos centrais do Eurosistema pretendem atingirem conjunto e a forma como interagem e cooperam com base em valores partilhados. A declaraçãosobre a missão tem por base um conjunto acordado de princípios organizativos e diversospropósitos estratégicos (o site do BCE contém mais informação sobre o assunto). Tem igualmenteem vista fornecer princípios orientadores claros a todo o pessoal e informar o público da formacomo o Eurosistema desempenha as atribuições e atinge os objectivos que lhe são cometidospelo Tratado e pelos Estatutos do SEBC.

1.2 O CONSELHO DO BCE

O Conselho do BCE é composto por todos osmembros da Comissão Executiva e pelosgovernadores dos BCN dos Estados-Membrosque adoptaram o euro. Nos termos do Tratado,as suas principais atribuições são:

– adoptar as orientações e tomar as decisõesnecessárias ao desempenho das atribuiçõescometidas ao Eurosistema;

– definir a política monetária da área do euro,incluindo, quando apropriado, as decisõesrelativas a objectivos monetáriosintermédios, taxas de juro directoras eaprovisionamento de reservas noEurosistema, e estabelecer as orientaçõesnecessárias à respectiva execução.

O Conselho do BCE reúne, regra geral, duasvezes por mês nas instalações do BCE emFrankfurt am Main, na Alemanha. Realiza,nomeadamente, uma análise aprofundada daevolução monetária e económica e toma, em

específico na primeira reunião do mês,decisões relacionadas, enquanto a segundareunião se concentra normalmente emquestões relativas a outras atribuições eresponsabilidades do BCE e do Eurosistema.Em 2004 foram realizadas duas reuniões forade Frankfurt: uma foi promovida pelo SuomenPankki – Finlands Bank em Helsínquia e outrapelo Nationale Bank van België/BanqueNationale de Belgique em Bruxelas.

Quando tomam decisões sobre políticamonetária e sobre outras atribuições do BCE edo Eurosistema, os membros do Conselho doBCE não actuam como representantesnacionais, mas na qualidade de membrostotalmente independentes. Esta actuaçãoreflecte-se no princípio “um membro, um voto”aplicado no Conselho do BCE.

Em conformidade com a “cláusula dehabilitação” do BCE constante do Tratado deNice, o Conselho da UE, reunido a nível deChefes de Estado ou de Governo, com basenuma recomendação do BCE, adoptou por

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unanimidade uma Decisão relativa a umaalteração ao artigo 10.º-2 dos Estatutos doSEBC (procedimentos de votação no Conselhodo BCE) em 21 de Março de 2003. Apósratificação por todos os Estados-Membros, estaDecisão entrou em vigor em 1 de Junho de2004. De acordo com esta Decisão, todos osmembros do Conselho do BCE continuarão aparticipar nas reuniões e nas deliberações. Noentanto, o número de governadores dos BCNcom direito de voto nunca será superior a 15. Apartir da data em que o número de governadoresde BCN no Conselho do BCE se torne superiora 15, estes exercerão o direito de voto com basenum sistema rotativo. Os 15 direitos de votoserão exercidos pelos governadores de acordocom este sistema, segundo regraspreestabelecidas. Os seis membros daComissão Executiva continuarão a ter direitode voto permanente.

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Jean-Claude TrichetPresidente do BCELucas D. PapademosVice-Presidente do BCEJaime CaruanaGovernador do Banco de EspañaVítor ConstâncioGovernador do Banco de PortugalEugenio Domingo Solans (até 31 de Maio de 2004)Membro da Comissão Executiva do BCEAntonio FazioGovernador do Banca d’ItaliaNicholas C. GarganasGovernador do Bank of GreeceJosé Manuel González-Páramo(a partir de 1 de Junho de 2004)Membro da Comissão Executiva do BCEJohn HurleyGovernador do Central Bank and FinancialServices Authority of IrelandOtmar IssingMembro da Comissão Executiva do BCEKlaus LiebscherGovernador do OesterreichischeNationalbankErkki Liikanen (a partir de 12 de Julho de 2004)Governador do Suomen Pankki – Finlands BankMatti Louekoski(de 1 de Abril a 11 de Julho de 2004)Governador em exercício do Suomen Pankki –Finlands BankYves MerschGovernador do Banque centrale duLuxembourgChristian NoyerGovernador do Banque de France

Tommaso Padoa-SchioppaMembro da Comissão Executiva do BCEGuy QuadenGovernador do Nationale Bank van België/Banque Nationale de BelgiqueJürgen Stark (de 7 a 29 de Abril de 2004)Presidente em exercício do DeutscheBundesbankGertrude Tumpel-GugerellMembro da Comissão Executiva do BCEMatti Vanhala (até 31 de Março de 2004)Governador do Suomen Pankki – Finlands BankAxel A. Weber (a partir de 30 de Abril de 2004)Presidente do Deutsche BundesbankNout WellinkPresidente do De Nederlandsche BankErnst Welteke (até 6 de Abril de 2004)Presidente do Deutsche Bundesbank

Em 29 de Setembro de 2004 faleceu MattiVanhala, membro do Conselho do BCE (1998-2004). Em 9 de Novembro de 2004 faleceuEugenio Domingo Solans, membro daComissão Executiva e do Conselho do BCE(1998-2004).

Fila de trás(da esquerda para a direita):Klaus Liebscher, Nout Wellink,Erkki Liikanen,Tommaso Padoa-Schioppa,Antonio Fazio, Jaime Caruana

Fila do meio(da esquerda para a direita):Axel A. Weber, Nicholas C.Garganas, Christian Noyer,Vítor Constâncio, José ManuelGonzález-Páramo, Guy Quaden

Fila da frente (da esquerda para a direita):Gertrude Tumpel-Gugerell,Lucas D. Papademos,Jean-Claude Trichet, Yves Mersch,Otmar Issing, John Hurley

O CONSELHO DO BCE

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1.3 A COMISSÃO EXECUTIVA

Fila de trás(da esquerda para a direita):

José Manuel González-Páramo,Tommaso Padoa-Schioppa,

Otmar Issing

Fila da frente(da esquerda para a direita):

Gertrude Tumpel-Gugerell,Jean-Claude Trichet,Lucas D. Papademos

Jean-Claude TrichetPresidente do BCELucas D. PapademosVice-Presidente do BCEEugenio Domingo Solans(até 31 de Maio de 2004)Membro da Comissão Executiva do BCEJosé Manuel González-Páramo(a partir de 1 de Junho de 2004)Membro da Comissão Executiva do BCE

A Comissão Executiva é composta peloPresidente e pelo Vice-Presidente do BCE e porquatro vogais nomeados de comum acordopelos Chefes de Estado ou de Governo dosEstados-Membros que adoptaram o euro. Asprincipais responsabilidades da ComissãoExecutiva, que, em regra, se reúne com umafrequência semanal, são:

– preparar as reuniões do Conselho do BCE;– executar a política monetária da área do euro

em conformidade com as orientações e

decisões estabelecidas pelo Conselho doBCE, dando, para tal, as instruçõesnecessárias aos BCN da área do euro;

– gerir as actividades correntes do BCE;– exercer certos poderes que lhe tenham sido

delegados pelo Conselho do BCE, incluindoalguns de natureza regulamentar.

O Comité de Gestão, presidido por um membroda Comissão Executiva, aconselha e apoia aComissão Executiva relativamente à gestão doBCE, ao planeamento das actividades e aoprocesso orçamental anual.

Otmar IssingMembro da Comissão Executiva do BCETommaso Padoa-SchioppaMembro da Comissão Executiva do BCEGertrude Tumpel-GugerellMembro da Comissão Executiva do BCE

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Direcção de Auditoria Interna

Klaus Gressenbauer

Direcçãode Planeamento e Controlo

Koenraad de Geest

Direcção-Geralde Economia

Wolfgang SchillAdjunto: Philippe Moutot

Direcçãode Comunicação

Elisabeth Ardaillon-Poirier

Direcção-Geralde Relações Internacionais

e Europeias Pierre van der Haegen

Adjunto: Georges Pineau

Direcção-Geral de Sistemas de Pagamentose de Infra-estruturas de Mercado

Jean-Michel GodeffroyAdjunto: N.N.

Direcção-Geralde Estudos Económicos

Lucrezia ReichlinAdjunto: Ignazio Angeloni

Direcção-Geralde Estatística

Steven KeuningAdjunto: Werner Bier

Direcção-Geralde Administração

Gerald Grisse

Direcçãode Notas de BancoAntti Heinonen

Direcção-Geralde Secretariado

e Serviços Linguísticos Frank Moss

Adjunto: Julio Durán

Direcção-Geralde Operações de Mercado

Francesco PapadiaAdjuntos: Paul Mercier,

Werner Studener

Direcção-Geralde Serviços Jurídicos

Antonio Sáinz de VicuñaDirecção

de Estabilidade e SupervisãoFinanceiras

Mauro Grande

Consultoresda Comissão Executiva

Gilles Noblet

Representação permanentedo BCE em Washington D.C.

Johannes Onno de Beaufort Wijnholds

Direcção-Geralde Sistemas de Informação

Jim EtheringtonAdjunto: Hans-Gert Penzel

1 Inclui a função de protecção de dados.2 Em questões específicas responde directamente perante a Comissão Executiva.

Divisões de: � Juristes-Linguistes � Serviços Linguísticos � Secretariado � Tradução

Divisões de: � Contas da Área do Euro e Estatísticas Económicas � Estatísticas Externas � Estatísticas Monetárias e de Instituições e Mercados Financeiros � Gestão de Informação Estatística e Serviços ao Utilizador � Desenvolvimento e Coordenação de Estatísticas

Divisões de: � Emissão de Notas de Banco � Impressão de Notas de Banco

Divisões de: � Publicações Oficiais e Biblioteca � Imprensa e Informação � Protocolo e Conferências

Divisões de: � Modelos Econométricos � Estudos de Política Monetária � Estudos Financeiros

Divisões de: � Orçamento e Projectos � Planificação Organizativa 1

Divisões de: � Política de Sistemas de Pagamentos � Política de Sistemas de Liquidação de Títulos � TARGET

Divisões de: � Direito Financeiro � Direito Institucional

Divisões de: � Instituições e Fóruns da UE � Regiões Vizinhas da UE � Relações Multilaterais, Ásia/Pacífico e Américas

Divisões de: � Processamento de Operações � Sala de Operações � Investimento � Análise de Operações de Mercado � Sistemas de Operações de Mercado � Gestão de Riscos 2

Divisões de: � Auditoria do BCE � Auditoria do SEBC

Divisões de: � Estabilidade Financeira � Supervisão Financeira

Divisões de: � Serviços Administrativos � Instalações � SegurançaDirecção de Finanças Internas: Ian IngramDivisões de: � Contabilidade � Informações Financeiras e Política ContabilísticaDirecção de Recursos Humanos: Berend van BaakDivisões de: � Remunerações e Relações com o Pessoal � Recrutamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos

Direcção de Projectos de TI: Magí ClavéDivisões de: � Funções de Gestão de TI � Operações e Apoio a TI

Divisão de Políticas OrçamentaisDirecção de Evolução EconómicaHans-Joachim KlöckersDivisões de: � Evolução Macroeconómica na Área do Euro � Países da UE � Evolução Externa

Direcção de Política MonetáriaPhilippe MoutotDivisões de: � Mercados de Capitais e Estrutura Financeira � Orientação de Política Monetária � Estratégia de Política Monetária

Comissão ExecutivaFila de trás (da esquerda para a direita): José Manuel González-Páramo, Tommaso Padoa-Schioppa, Otmar IssingFila da frente (da esquerda para a direita): Gertrude Tumpel-Gugerell, Jean-Claude Trichet (Presidente), Lucas D. Papademos (Vice-Presidente)

Comissão Executiva

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186BCERelatório Anual2004

1.4 O CONSELHO GERAL

O Conselho Geral é composto pelo Presidente epelo Vice-Presidente do BCE e pelosgovernadores dos BCN de todos os Estados--Membros da UE. Compete-lhe as atribuiçõesanteriormente desempenhadas pelo IME e queo BCE deve ainda levar a cabo devido ao factode nem todos os Estados-Membros terem

adoptado o euro. Em 2004, o Conselho Geralreuniu cinco vezes. Em 17 de Junho de 2004, osgovernadores dos bancos centrais dos novosEstados-Membros, que tinham vindo aparticipar, a partir da data da assinatura doTratado de Adesão, nas reuniões do ConselhoGeral na qualidade de observadores,participaram pela primeira vez na qualidade demembros numa reunião do Conselho Geral.

Jean-Claude Trichet Presidente do BCELucas D. Papademos Vice-Presidente do BCEBodil Nyboe AndersenGovernadora do Danmarks NationalbankLeszek BalcerowiczPresidente do Narodowy Bank PolskiMichael C. BonelloGovernador do Central Bank of MaltaJaime CaruanaGovernador do Banco de EspañaChristodoulos ChristodoulouGovernador do Central Bank of CyprusVítor ConstâncioGovernador do Banco de PortugalAntonio Fazio Governador do Banca d’ItaliaNicholas C. GarganasGovernador do Bank of GreeceMitja Gaspari Governador do Banka SlovenijeLars Heikensten Governador do Sveriges RiksbankJohn HurleyGovernador do Central Bank andFinancial Services Authority of IrelandZsigmond JáraiPresidente do Magyar Nemzeti BankMarián Jusko (até 31 de Dezembro de 2004)Governador do Národná banka SlovenskaMervyn King Governador do Bank of EnglandVahur Kraft Governador do Eesti PankKlaus LiebscherGovernador do Oesterreichische Nationalbank

Erkki Liikanen (a partir de 12 de Julho de 2004)Governador do Suomen Pankki – Finlands BankMatti Louekoski (de 1 de Abril a 11 de Julho de 2004)Governador em exercício do Suomen Pankki –Finlands BankYves MerschGovernador do Banque centrale du LuxembourgChristian NoyerGovernador do Banque de FranceGuy QuadenGovernador do Nationale Bank vanBelgië/Banque Nationale de BelgiqueIlmārs Rimšēvičs Governador do Latvijas BankaReinoldijus ŠarkinasPresidente do Conselho de Administração doLietuvos bankasIvan Šramko(a partir de 1 de Janeiro de 2005)Governador do Národná banka SlovenskaJürgen Stark (de 7 a 29 de Abril de 2004)Presidente em exercício do Deutsche Bundesbank

Zdeněk TůmaGovernador do Česká národní bankaMatti Vanhala (até 31 de Março de 2004)Governador do Suomen Pankki – Finlands BankAxel A. Weber (a partir de 30 de Abril de 2004)Presidente do Deutsche BundesbankNout WellinkPresidente do De Nederlandsche BankErnst Welteke (até 6 de Abril de 2004)Presidente do Deutsche Bundesbank

Fila de trás(da esquerda para a direita):Vahur Kraft, Lars Heikensten,

Reinoldijus Šarkinas,Guy Quaden, Zdeněk Tůma,

Nicholas C. Garganas,Nout Wellink

Fila do meio(da esquerda para a direita):

Christian Noyer, Axel A. Weber,Vítor Constâncio, Ilmārs Rimšēvičs,

Leszek Balcerowicz, Bodil NyboeAndersen, Klaus Liebscher,

Mitja Gaspari, Jaime Caruana,Antonio Fazio

Fila da frente(da esquerda para a direita):

Erkki Liikanen, Zsigmond Járai,Christodoulos Christodoulou,

Michael C. Bonello,Lucas D. Papademos,

Jean-Claude Trichet, Yves Mersch,Marián Jusko, John Hurley

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187BCE

Relatório Anual2004

1.5 COMITÉS DO EUROSISTEMA/SEBC E COMITÉ DE ORÇAMENTO

O Comité de Orçamento, estabelecido aoabrigo do artigo 15.º do Regulamento Internodo BCE, coadjuva o Conselho do BCE nasquestões relacionadas com o orçamento doBCE.

1.6 GESTÃO

Além dos órgãos de decisão, a gestão do BCEinclui o controlo externo e interno a váriosníveis, bem como normas relativas ao acesso dopúblico aos documentos do BCE.

NÍVEIS DE CONTROLO EXTERNOOs Estatutos do SEBC prevêem dois níveis,nomeadamente o auditor externo2, nomeadopara fiscalizar as contas anuais do BCE

Os comités do Eurosistema/SEBC continuarama desempenhar um papel importante no apoioaos órgãos de decisão do BCE na execução dassuas atribuições. A pedido do Conselho doBCE e da Comissão Executiva, os comitésderam apoio em matéria específica da suacompetência e facilitaram o processo dedecisão. A participação nos comités énormalmente restrita aos funcionários dosbancos centrais do Eurosistema. Contudo, osBCN dos Estados-Membros que ainda nãoadoptaram o euro participam nas reuniões doscomités sempre que são discutidas matériasespecíficas da competência do Conselho Geral.Sempre que adequado, podem também serconvidados outros organismos competentes,como autoridades de supervisão nacionais nocaso do Comité de Supervisão Bancária.Actualmente, existem 12 comités doEurosistema/SEBC, todos estabelecidos aoabrigo do artigo 9.º do Regulamento Interno doBCE.

2 Após um procedimento de leilão em 2002, foi nomeada a KPMGDeutsche Treuhand-Gesellschaft AG Wirtschaftsprüfungsge-sellschaft como o auditor externo do BCE, com um mandato decinco anos abrangendo os exercícios de 2003 a 2007.

Comité de Questões Contabilísticas e RendimentoMonetário (AMICO)

Ian Ingram

COMITÉS DO EUROS I STEMA /SEBC , COMITÉ DE ORÇAMENTO E SEUS PRES IDENTES

Comité de Supervisão Bancária (BSC)Edgar Meister

Comité de Notas de Banco (BANCO)Antti Heinonen

Comité de Comunicação Externa (ECCO)Elisabeth Ardaillon-Poirier

Comité de Tecnologias de Informação (ITC)Jim Etherington

Comité de Auditores Internos (IAC)Klaus Gressenbauer

Comité de Relações Internacionais (IRC)Hervé Hannoun

Comité de Questões Jurídicas (LEGCO)Antonio Sáinz de Vicuña

Comité de Operações de Mercado (MOC)Francesco Papadia

Comité de Política Monetária (MPC)Wolfgang Schill

Comité de Sistemas de Pagamentos e de Liquidação (PSSC)Jean-Michel Godeffroy

Comité de Estatísticas (STC)Steven Keuning

Comité de Orçamento (BUCOM)Liam Barron

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188BCERelatório Anual2004

(artigo 27.º-1 dos Estatutos do SEBC), e oTribunal de Contas Europeu, que examina aeficiência operacional da gestão do BCE (n.º 2do artigo 27.º). O relatório anual do Tribunal deContas Europeu, juntamente com a resposta doBCE, é publicado no Jornal Oficial da UniãoEuropeia e no site do BCE.

Em Agosto de 2002, o Conselho do BCEdecidiu que, de modo a transmitir a maiorsegurança pública possível quanto àindependência do auditor externo do BCE,dever-se-ia aplicar o princípio de rotatividadedas empresas de auditoria. Esta decisão foiimplementada como parte do procedimentopara a nomeação do auditor externo do BCE.

NÍVEIS DE CONTROLO INTERNOEm 2004, os auditores internos do BCEcontinuaram a efectuar missões de auditoria,sob a responsabilidade da Comissão Executiva.O seu mandato é definido pela Carta deAuditoria do BCE3. Os auditores internosanalisam e avaliam, numa base ad hoc, aadequação e eficiência do sistema de controlointerno do BCE e a qualidade do desempenhodo BCE na realização das responsabilidadesque lhe são atribuídas. Estas auditorias seguemas International Standards for the ProfessionalPractice of Internal Auditing (NormasInternacionais para a Prática Profissional deAuditoria Interna) estabelecidas pelo Instituteof Internal Auditors (Instituto de AuditoresInternos).

Cabe a um comité do Eurosistema/SEBC, oComité de Auditores Internos, composto pelosresponsáveis pela auditoria interna no BCE enos BCN, a coordenação da cobertura deauditoria de projectos e sistemas operacionaisconjuntos do Eurosistema/SEBC.

A estrutura de controlo interno do BCE tem porbase uma abordagem funcional. Cada umadas unidades organizativas (secção, divisão,direcção ou direcção-geral) é responsável peloseu próprio controlo e eficiência internos. Paratal, as unidades implementam procedimentosoperacionais de controlo dentro da respectiva

área de responsabilidade. Por exemplo, foiestabelecido um conjunto de normas eprocedimentos – conhecido como “muralha daChina” – para evitar que a informaçãoprivilegiada com origem, por exemplo, emáreas responsáveis pela política monetária, sejautilizada por parte das áreas responsáveis pelagestão da carteira de reservas externas e dosfundos próprios do BCE. Além dos controlosimplementados por cada unidade organizativa,a Direcção de Planeamento e Controlo, aDivisão de Gestão de Risco e a Direcção deAuditoria Interna apresentam propostas sobrequestões específicas de controlo que afectamtodo o BCE.

Os membros do Conselho do BCE têm umCódigo de Conduta próprio, que reflecte asua responsabilidade pela salvaguarda daintegridade e da reputação do Eurosistema epela manutenção da eficácia das operaçõesconduzidas no âmbito do Eurosistema4. OConselho do BCE nomeou também umconsultor, para aconselhar os seus membros emalguns aspectos da conduta profissional. Alémdisso, o Código de Conduta do BCE forneceprincípios orientadores e estabelece critériosde referência para o pessoal do BCE e osmembros da Comissão Executiva, esperando--se de todos que observem elevados padrões deética profissional no cumprimento das suasfunções5.

De acordo com as regras respeitantes àsoperações de iniciados, os membros do pessoaldo BCE e da Comissão Executiva estãoimpedidos de tirar partido de informaçãoprivilegiada na realização de actividadesfinanceiras privadas, por conta e risco própriosou de terceiros6. O Consultor de Ética nomeado

3 Esta Carta encontra-se publicada no site do BCE, com oobjectivo de promover a transparência dos acordos de auditoriaem vigor no BCE.

4 Ver o Código de Conduta dos membros do Conselho do BancoCentral Europeu, JO C 123, 24.5.2002, p. 9 e o site do BCE.

5 Ver o Código de Conduta do Banco Central Europeu adoptadoem conformidade com o n.º 3 do artigo 11.º do RegulamentoInterno do Banco Central Europeu, JO C 76, 8.3.2001, p. 12 e osite do BCE.

6 Ver a Parte 1.2 das regras aplicáveis ao pessoal do BCE,respeitante às normas de conduta e segredo profissionais,JO C 92, 16.4.2004, p. 31 e o site do BCE.

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189BCE

Relatório Anual2004

7 Regulamento (CE) n.° 1073/1999 do Parlamento Europeu e doConselho, de 25 de Maio de 1999, relativo aos inquéritosefectuados pela Organização Europeia de Luta Antifraude,JO L 136, 31.5.1999, p. 1.

8 Decisão BCE/2004/11 relativa aos termos e condições para osinquéritos efectuados pelo Organismo Europeu de LutaAntifraude no Banco Central Europeu em matéria de luta contraa fraude, a corrupção e todas as actividades ilegais lesivas dosinteresses f inanceiros das Comunidades Europeias, e que alteraas condições de emprego do pessoal do Banco Central Europeu,JO L 230, 30.6.2004, p. 56. Esta decisão foi adoptada emresposta ao acórdão do Tribunal de Justiça Europeu de 10 deJulho de 2003 no Processo C-11/00 da Comissão v. BCE.

9 JO L 80, 18.3.2004, p. 42.

pela Comissão Executiva garante umainterpretação coerente destas regras.

MEDIDAS ANTIFRAUDEEm 1999, o Parlamento Europeu e o Conselhoda UE adoptaram um regulamento7 relativo aosinquéritos efectuados pelo Organismo Europeude Luta Antifraude (OLAF), com vista aintensificar o combate à fraude, corrupção eoutras actividades ilegais lesivas dos inte-resses financeiros das Comunidades. Este“Regulamento OLAF” prevê, nomeadamente, arealização pelo OLAF de inquéritos internosem caso de suspeitas de fraude a nível deinstituições, órgãos e organismos comuni-tários.

O Regulamento OLAF prevê que estes últimosadoptem decisões que permitam ao OLAFefectuar os seus inquéritos no seio destasinstituições, órgãos e organismos. Em Junho de2004, o Conselho do BCE adoptou umadecisão8 relativa aos termos e condições para osinquéritos efectuados pelo OLAF no BCE, aqual entrou em vigor em 1 de Julho de 2004.O BCE e o OLAF estabeleceram contactos comvista a assegurar o funcionamento adequadodeste enquadramento para os inquéritos doOLAF.

ACESSO DO PÚBLICO AOS DOCUMENTOS DO BCEEm Março de 2004, o Conselho do BCEadoptou a Decisão BCE/2004/3 relativa aoacesso do público aos documentos do BCE9.Esta Decisão visa assegurar que oenquadramento jurídico do BCE está emconformidade com os objectivos e normasaplicados por outras instituições e órgãoscomunitários no que respeita ao acesso dopúblico aos seus documentos. A referidaDecisão reforça a transparência, ao mesmotempo que tem em consideração aindependência do BCE e dos BCN e assegura aconfidencialidade de determinadas matériasespecificamente relacionadas com ocumprimento das atribuições do BCE.

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190BCERelatório Anual2004

2 EVOLUÇÃO ORGANIZACIONAL2.1 RECURSOS HUMANOS

EVOLUÇÃO DO PESSOALO total de postos de trabalho orçamentadospara 2004 foi de 1 362.5 posições equivalentesa tempo inteiro. No final de 2004, o númerode funcionários do BCE com contratospermanentes ou a termo de pelo menos12 meses era de 1 314, o que correspondea 1 309.0 posições equivalentes a tempointeiro, comparativamente a 1 213.5 posiçõesequivalentes a tempo inteiro no final de 2003.O número médio de indivíduos ao serviço doBCE em 2004 era de 1 261, em comparação com1 160 em 2003. Do total de 1 309, 71 sãofuncionários dos dez novos Estados-Membrosda UE actualmente com contratos de trabalhosuperiores a um ano. Em 2004, foramrecrutadas 137 pessoas e 41 deixaram o BCE.O número de posições equivalentes a tempointeiro para 2005 foi fixado em 1 369.5, o querepresenta um aumento de 0.5% face a 2004.

Além disso, 128 técnicos de BCN trabalharamno BCE durante curtos períodos deaproximadamente cinco meses, em média.Destes técnicos, 63 eram provenientes dosnovos Estados-Membros da UE. Estasnomeações de curto prazo mostraram serparticularmente úteis quer para o BCE, querpara os BCN dos novos Estados-Membros, nospreparativos para o alargamento da UE e noapoio à integração destes BCN no SEBC.

Em 2004, o BCE celebrou 123 contratos decurto prazo, inferiores a um ano, para asubstituição de funcionários em licença departo, licença parental e licença semvencimento, em comparação com 113 em 2003.

O BCE proporcionou estágios a 172 estudantese diplomados, na sua maioria da área deeconomia, com uma duração média deaproximadamente três meses. 166 destesestágios foram concedidos em 2003. Em 2004,54 dos estagiários eram provenientes de um dosnovos Estados-Membros e outros seis daRoménia ou Bulgária. Dos 172 estágios, 11(12 em 2003) foram concedidos no âmbito do

Programa de Estudos de Investigação paraLicenciados, que se destina a estudantesinvestigadores de elevado talento numa faseavançada do seu doutoramento.

No âmbito do Programa de InvestigadoresConvidados, que se centra em projectos deinvestigação específicos de alto nível no campoda política monetária, foram recebidos, em2004, 18 investigadores convidados, emcomparação com 24 em 2003.

MOBILIDADE INTERNAEm 2004, 95 funcionários aceitaram posiçõesnovas, depois de se terem candidatado comsucesso a vagas internas. Além disso, o BCEencorajou a mobilidade interna temporária.51 funcionários aceitaram outros postos detrabalho por um período limitado, para ganharexperiência ou fazer face a uma necessidade detrabalho urgente mas temporária, retomandoposteriormente as posições antigas.

MOBILIDADE EXTERNANo âmbito do Programa de ExperiênciaProfissional no Exterior, estabelecido em 2003para apoiar o desenvolvimento do pessoal, osfuncionários do BCE podem ser requisitadospara os BCN e para outras instituiçõesinternacionais e europeias relevantes. Setefuncionários participaram neste programadurante 2004 por um período de quatro a dezmeses. Além disso, o BCE aceita candidaturaspara licenças sem vencimento até três anos defuncionários que queiram aceitar empregonoutras organizações financeiras relacionadas.Em 2004, 12 membros do pessoal utilizaramesta opção. Os princípios organizativos doEurosistema aprovados pelo Conselho do BCEe publicados em Janeiro de 2005 declaram que“o intercâmbio de pessoal, conhecimentos eexperiências é fomentado entre todos osmembros do Eurosistema”.

BCE EM MOVIMENTOEm Outubro de 2003, a Comissão Executivaestabeleceu um gabinete de programaspara o acompanhamento e avaliação daimplementação das medidas que tinha

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191BCE

Relatório Anual2004

aprovado no contexto de um programa demudança organizacional, designado por BCEem Movimento. Esta iniciativa visavamelhorar a eficiência e eficácia da organi-zação, abrangendo gestão, desenvolvimentoprofissional, comunicação interna e questõesde burocracia. Em 2004 foram feitosprogressos significativos nas quatro áreas,tendo o gabinete de programas apresentado oseu relatório final. Dado que o impacto dealgumas medidas apenas será sentido a médioprazo, continuar-se-á a acompanhar osprogressos.

REVISÃO DA ESTRATÉGIA DE RECURSOSHUMANOSDesde 1998 que as prioridades do BCE têmsido o estabelecimento das suas funções, aformulação e execução da política monetáriaúnica e a introdução do euro, o que envolveuinevitavelmente uma incidência especial dapolítica de recursos humanos na competênciatécnica para postos de trabalho específicos.Face a este contexto, foi realizada uma revisãoaprofundada da estratégia de recursoshumanos, tendo as conclusões sido apresen-tadas em 2004.

A principal conclusão foi que as políticas derecrutamento deveriam acentuar competênciasmais alargadas. Adicionalmente, deverão serreforçadas as medidas de mobilidade edesenvolvimento do pessoal de modo aaumentar sinergias e alargar o conhecimentotécnico no BCE. A gestão de recursos humanosfoi flexibilizada dando especial relevo norecrutamento externo a indivíduos em início decarreira com habilitações mais gerais eintroduzindo contratos a termo para todos osnovos funcionários e as novas nomeações paracargos de gestão. Estas medidas serãocomplementadas pelo estabelecimento de umPrograma para Licenciados do BCE em 2005,direccionado para recém-licenciados comhabilitações académicas de teor alargado. Foi

criado um novo nível de gestão, de categoriamais baixa, de forma a estabelecer um temporazoável de controlo após um período de rápidocrescimento do pessoal. As competências deliderança serão desenvolvidas, aumentando aformação e o treino dos responsáveis de gestão.Com base na declaração de missão do BCE,foram identificados seis valores comuns edesenvolvidas declarações a explicar o seusignificado no BCE. Estes valores são:competência, eficácia e eficiência, integridade,espírito de equipa, transparência e respon-sabilização, e trabalho para a Europa. Osvalores desempenharão um papel essencial naspolíticas de recursos humanos, juntamente comum modelo de competência para todo o BCE eperfis de competência que estão a serdesenvolvidos.

GESTÃO DA DIVERSIDADEA gestão da diversidade procura aproveitar asdiferenças entre os membros do pessoal, porforma a criar um ambiente de trabalhoprodutivo e de respeito, no qual os talentossão utilizados em pleno e os objectivosorganizacionais são cumpridos. A gestão dadiversidade é importante para o BCE, uma vezque este tem ao seu serviço pessoal provenientede todos os Estados-Membros da UE, trabalhaem estreita cooperação com os 25 BCN da UE eserve o público europeu. O BCE está, assim, aintegrar a gestão da diversidade nas suasactividades diárias, de modo a que ascompetências individuais do seu pessoal sejamreconhecidas e tenham repercussão no elevadodesempenho necessário para que o BCEdesempenhe as suas atribuições.

2.2 NOVAS INSTALAÇÕES DO BCE

Em 2004, realizaram-se progressos decisivosem termos do planeamento das novasinstalações do BCE. Em Fevereiro, um júriinternacional, presidido pelo Vice-Presidente

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192BCERelatório Anual2004

do BCE, anunciou as três propostas deconcepção vencedoras no concurso dearquitectura. O primeiro prémio foi atribuído aCOOP HIMMELB(L)AU de Viena, o segundoprémio a ASP Schweger Assoziierte de Berlime o terceiro prémio a 54f architekten+ ingenieure de Darmstadt em cooperação comT. R. Hamzah & Yeang de Selangor na Malásia.Dos 12 candidatos pré-seleccionados em 2003,estes arquitectos cumpriram da melhor formaos critérios estabelecidos para o concurso,nomeadamente:

– plano geral urbanístico, arquitectura eenquadramento paisagístico;

– conformidade com as principaiscaracterísticas do programa funcional eespacial;

– viabilidade do projecto em termos deenergia e ambiente e conformidade com asprincipais características dos requisitostécnicos do BCE; e

– observância dos regulamentos aplicáveisneste âmbito, em particular a legislação emmatéria de construção e ambiente.

As novas instalações do BCE serão construídasnos terrenos do Grossmarkthalle, um edifícioclassificado que anteriormente acolheu omercado grossista de fruta e vegetais deFrankfurt. Um dos principais desafios para osarquitectos foi incorporar o edifício de grandesdimensões e de tijolo vermelho numa estruturade escritórios moderna sem alterar, nofundamental, o seu aspecto exterior.

Ao anúncio dos vencedores seguiu-se umaexposição no Deutsches Architektur Museumem Frankfurt, na qual foram apresentadasao público as propostas de concepção dos71 arquitectos que submeteram projectos aconcurso.

Em Março de 2004, o Conselho do BCE decidiuconvidar os três arquitectos vencedores aparticipar numa fase de revisão, cujo principal

objectivo era rever as propostas de concepção,tomando em conta as recomendações erequisitos do júri, do BCE e da CâmaraMunicipal de Frankfurt.

Após a mudança dos grossistas para a sua novasede, as autoridades municipais começaram alimpar as instalações dentro e fora doGrossmarkthalle, que foi comprado pelo BCE àCâmara Municipal de Frankfurt em 2002, empreparação da entrega ao BCE. A entrega tevelugar em Dezembro de 2004. Em linha com asinstruções de conservação, foram tomadasprecauções para assegurar que o edifíciocentral e as alas oriental e ocidentalpermaneciam inalterados. Também foramconservadas as partes do local que seriamadequadas para um memorial e um espaçoinformativo evocando a deportação decidadãos judeus do Grossmarkthalle. O BCE, acomunidade judaica de Frankfurt e a CâmaraMunicipal de Frankfurt concordaram emcooperar estreitamente na realização de umconcurso para a concepção de um memorial.Prevê-se que o concurso seja lançado no finalde 2005.

Em 13 de Janeiro de 2005, o Conselho do BCEtomou uma decisão quanto ao design da futurasede do BCE. Após longas discussões e umaavaliação cuidadosa, com base nos critérios deselecção, dos pontos fortes e das fragilidadesdos três projectos vencedores, o Conselho doBCE concluiu que o projecto arquitectónicorevisto de COOP HIMMELB(L)AU corres-pondeu da melhor forma aos requisitosfuncionais e técnicos especificados pelo BCE,e evidenciava características que reflectiam osvalores do BCE e os traduziam para umalinguagem arquitectónica. Esta decisãoconfirmou a opinião do júri internacional, quetinha atribuído o primeiro prémio a esteprojecto. O próximo passo consistirá numa fasede “optimização”, durante a qual o projectoserá novamente revisto, em particular paraassegurar a utilização óptima de recursos eminimizar os custos. No site do BCE estãodisponíveis mais pormenores relativamente aoconcurso e ao projecto vencedor.

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193BCE

Relatório Anual2004

O Diálogo Social do SEBC é um fórumconsultivo que envolve o BCE e representantesdos trabalhadores de todos os bancos centraisdo SEBC e das federações de sindicatoseuropeus. O seu objectivo é prestar informaçãoe discutir decisões do Conselho Geral e doConselho do BCE, na medida em que estaspossam ter um impacto importante na situaçãode emprego nos bancos centrais do SEBC.

A nona reunião do Diálogo Social do SEBCrecebeu com agrado representantes detrabalhadores dos BCN de sete dos novosEstados-Membros da UE. Os participantesconfirmaram o seu compromisso para com oprocesso de integração no SEBC em geral, e oseu próprio envolvimento no Diálogo Social doSEBC em particular. O BCE encorajou os BCNde todos os novos Estados-Membros a facilitara participação de representantes dos trabalha-dores no Diálogo Social do SEBC.

Os principais pontos da agenda da nona e dadécima reuniões do Diálogo Social do SEBCforam o TARGET2, a produção de notas e oacompanhamento do Plano de Acção para osServiços Financeiros da Comissão Europeia.Também houve discussões sobre tópicos maisgerais, tais como formas de desenvolvimentode uma identidade partilhada e o fomento dacooperação com base em princípios comuns.O BCE realçou que o SEBC está empenhado emprestar serviços de banca central de elevadaqualidade ao menor custo possível, o querequer eficiência e eficácia. Os participantesforam informados que o Conselho do BCEtinha adoptado uma declaração sobre amissão, propósitos estratégicos e princípiosorganizativos para o Eurosistema. Osrepresentantes dos trabalhadores sublinharam aimportância do seu envolvimento nodesenvolvimento destes assuntos e do respeitodas diferenças de cultura entre os bancoscentrais. Por último, na décima reunião doDiálogo Social do SEBC, o BCE e osrepresentantes do pessoal reafirmaram o valordeste fórum consultivo único.

3 DIÁLOGO SOCIAL DO SEBC

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195BCE

Relatório Anual2004

4 CONTA S ANUA I S DO B C E

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196BCERelatório Anual2004

R E L ATÓR I O D E G E S T ÃO R E L AT I VO AO EX ER C Í C I OF I NDO EM 3 1 D E D E Z EMBRO D E 2 0 0 41 ACTIVIDADES PRINCIPAIS

As actividades do BCE em 2004 são descritasem pormenor nos capítulos correspondentes doRelatório Anual.

2 CONTAS FINANCEIRAS

Nos termos do artigo 26.º-2 dos Estatutos doSEBC, as Contas Anuais do BCE são elaboradaspela Comissão Executiva de acordo com osprincípios fixados pelo Conselho do BCE. AsContas são subsequentemente aprovadas peloConselho do BCE, sendo publicadas em seguida.

3 RESULTADOS FINANCEIROS

As Contas Anuais do BCE relativas aoexercício findo em 31 de Dezembro de 2004,publicadas nas páginas 200 a 217, apresentamum prejuízo líquido no valor de €1 636 milhões,em comparação com o prejuízo líquido de €477milhões em 2003. Tal como aconteceu noexercício transacto, o prejuízo ficou a dever-seprincipalmente à continuação da apreciação doeuro, que resultou em amortizações do valorexpresso em euros dos activos denominados emdólares do Estados Unidos detidos pelo BCE. Oprejuízo líquido é contabilizado depois de seter considerado todos os lucros auferidos peloBCE, incluindo o valor de €733 milhões emproveitos relacionados com as notas de eurosem circulação. Em 2004, os rendimentos dejuros do BCE continuaram a ser afectados pelosníveis historicamente baixos das taxas de jurointernas e externas.

Uma vez que a maioria dos activos e passivos dainstituição é objecto de uma reavaliação cambiale a preços de mercado periódica, a rendibilidadedo BCE está muito condicionada pelas variaçõescambiais e, em menor grau, pela sua exposiçãoao risco de taxa de juro. Ambas as situações sedevem, principalmente, ao grande número deactivos de reserva externa do Eurosistemadetidos oficialmente pelo BCE, que sãoinvestidos em instrumentos remunerados.

As políticas contabilísticas harmonizadas parao BCE e para o Eurosistema, descritas nas notasàs Contas Anuais, foram desenvolvidas paraque esses riscos substanciais sejam tidos emconsideração e baseiam-se, sobretudo, noprincípio da prudência. Em particular, têmcomo objectivo assegurar que os ganhos nãorealizados resultantes da reavaliação de activose passivos não sejam reconhecidos comoproveitos, não sendo assim passíveis de seremdistribuídos como lucros. Pelo contrário, asperdas não realizadas originadas pelasreavaliações são lançadas na conta deresultados, no final do exercício.

A maior parte dos activos de reserva externa doBCE é denominada em dólares dos EstadosUnidos, mas também em ienes japoneses, emouro e em DSE. O euro sofreu uma apreciaçãoface ao dólar dos EUA, passando de USD1.2630, em 31 de Dezembro de 2003, para USD1.3621, em 31 de Dezembro de 2004 (cerca de8%), tendo a sua apreciação face ao ienejaponês sido menor. Consequentemente, areavaliação das posições líquidas nessasmoedas traduziu-se numa descida de €2.1 milmilhões do seu valor expresso em euros.

No final de 2004, o BCE tinha ao seu serviço1 309 pessoas (das quais 131 com funçõesde gestão), em comparação com 1 213 noano anterior. Este ano, o aumento deve--se principalmente às consequências doalargamento da UE. Para mais informações,consultar o Capítulo 8 do Relatório Anual,Secção 2 (“Evolução Organizacional”) e asContas Anuais (secção “Notas à Conta deResultados”).

O total dos custos administrativos do BCE,incluindo as amortizações, aumentou 18%,passando de €316 milhões em 2003 para €374milhões em 2004. O principal factor queexplica este aumento foi a subida registada nasobrigações do BCE relacionadas com o fundode pensões, de acordo com o cálculo actuarial,que contribuiu substancialmente para umincremento dos custos com o pessoal, quepassaram de €130 milhões para €161 milhões.

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197BCE

Relatório Anual2004

Em 2004, os emolumentos dos membros daComissão Executiva do BCE totalizaram €2.1milhões (2003: €2.0 milhões).

Cerca de €90 milhões foram investidos emactivos imobilizados. A principal alteração(cerca de €61 milhões), na rubricacorrespondente, foi a capitalização do custo daárea de construção da sede definitiva do BCE,na sequência do pagamento da últimaprestação.

Cobertura das perdas declaradas do BCEreferentes a 2004Em 11 de Março de 2005, o Conselho do BCEdecidiu cobrir as perdas registadas em 2004mediante a utilização (a) do total do fundode reserva geral remanescente, de cerca de€296 milhões, e (b) dos proveitos monetários,no valor de cerca de €1 340 milhões, emconformidade com o disposto no artigo 33.º-2dos Estatutos do SEBC. O montante dosproveitos monetários dos BCN utilizadoscorrespondeu a cerca de 15% do total dosproveitos monetários do Eurosistema. O modocomo os proveitos monetários utilizados foramrepartidos para compensar os prejuízos foiautorizado, em princípio, pelo Conselho doBCE antes de os BCN encerrarem as suasContas Anuais relativas a 2004, tendoconsequentemente afectado também osrespectivos resultados para o referidoexercício. Cada BCN contribuiu com umapercentagem dos seus proveitos monetários deacordo com a respectiva ponderação na tabelade repartição para subscrição do capital doBCE.

4 ALTERAÇÕES À ESTRUTURA DE CAPITAL DOBCE EM 2004

Nos termos do artigo 29.º-3 dos Estatutos doSEBC, a tabela de repartição dos BCN parasubscrição do capital do BCE tem de seradaptada de cinco em cinco anos. A primeiraalteração, após a criação do BCE, teve lugar em1 de Janeiro de 2004. Em 1 de Maio de 2004, foiefectuada uma segunda alteração à tabela de

repartição para subscrição do capital do BCEem consequência da adesão de dez novosEstados-Membros. Estas medidas tiveram, emconjunto, os seguintes efeitos:

(a) uma redução da ponderação global dos BCNda área do euro na tabela de repartição parasubscrição do capital do BCE;

(b) uma redução das posições activas dos BCNda área do euro sobre o BCE resultante dosactivos de reserva externa transferidos parao BCE aquando da integração na área doeuro; e

(c) um aumento das contribuições de capitalrealizado dos BCN fora da área do euro nasequência da adesão de dez novos Estados--Membros, que também reflecte umaumento de 5% para 7% da percentagemmínima de realização do capital subscritopelos 13 BCN fora da área do euro.

Os pormenores relativos a estas alterações sãoapresentados na nota 15 das Contas Anuais.

5 ACTIVIDADES DE INVESTIMENTO E GESTÃO DERISCO

A carteira de reservas externas do BCE écomposta por activos de reserva externa que osBCN do Eurosistema transferiram para o BCE,em conformidade com o disposto no artigo 30.ºdos Estatutos do SEBC, assim como pelosproveitos resultantes. A finalidade é financiaras operações do BCE no mercado cambial,tendo em vista os objectivos estabelecidos noTratado.

A carteira de fundos próprios do BCE reflecte oinvestimento do seu capital realizado, o fundode reserva geral e os proveitos da carteiraacumulados no passado e destina-se aproporcionar ao BCE uma reserva para fazerface a possíveis perdas.

As actividades de investimento do BCE e suagestão dos riscos associados são descritas com

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198BCERelatório Anual2004

maior detalhe no Capítulo 2 do RelatórioAnual.

6 GESTÃO DO BCE

A informação relativa à gestão do BCE éapresentada no Capítulo 8 do Relatório Anual.

7 PESSOAL

A estratégia de recursos humanos do BCE, bemcomo informação adicional, em termos denúmeros, sobre as pessoas ao serviço dainstituição, é descrita no Capítulo 8 doRelatório Anual.

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200BCERelatório Anual2004

BA L ANÇO EM 3 1 D E D E Z EMBRO D E 2 0 0 4ACT I VO NOTA 2 0 0 4 2 0 0 3

€ €

Ouro e ouro a receber 1 7 928 308 842 8 145 320 117

Activos sobre não residentes na área doeuro denominados em moeda estrangeira 2Fundo Monetário Internacional 163 794 845 211 651 948Depósitos e investimentos em títulos,empréstimos ao exterior e outros activos externos 26 938 993 980 28 593 384 857

27 102 788 825 28 805 036 805

Activos sobre residentes na área do eurodenominados em moeda estrangeira 2 2 552 016 565 2 799 472 504

Activos sobre não residentes na área do eurodenominados em euros 3

Depósitos, investimentos em títulose empréstimos 87 660 507 474 743 402

Outros activos sobre instituições de créditoda área do euro denominados em euros 4 25 000 25 000

Activos intra-Eurosistema 5Activos relacionados com a repartição dasnotas de euro no Eurosistema 40 100 852 165 34 899 471 205Outros activos sobre o Eurosistema (líquidos) 3 410 918 324 4 599 894 403

43 511 770 489 39 499 365 608

Outros activos 6Activos imobilizados corpóreos 187 318 304 128 911 950Outros activos financeiros 6 428 319 567 5 573 756 258Acréscimos e diferimentos 770 894 480 590 646 023Contas diversas e de regularização 6 933 022 37 791 421

7 393 465 373 6 331 105 652

Prejuízo do exercício 1 636 028 702 476 688 785

Total do activo 90 212 064 303 86 531 757 873

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201BCE

Relatório Anual2004

PA S S I VO NOTA 2 0 0 4 2 0 0 3€ €

Notas em circulação 7 40 100 852 165 34 899 471 205

Responsabilidades para com outras entidadesda área do euro denominadas em euros 8 1 050 000 000 1 065 000 000

Responsabilidades para com não residentesna área do euro denominadas em euros 9 137 462 706 146 867 501

Responsabilidades para com residentes na áreado euro denominadas em moeda estrangeira 10 4 967 080 0

Responsabilidades para com não residentes naárea do euro denominadas em moeda estrangeira 10

Depósitos, saldos e outras responsabilidades 1 254 905 957 1 452 432 822

Responsabilidades intra-Eurosistema 11Responsabilidades equivalentes à transferênciade reservas externas 39 782 265 622 40 497 150 000

Outras responsabilidades 12Acréscimos e diferimentos 1 136 708 542 1 162 299 071Contas diversas e de regularização 327 802 782 174 890 973

1 464 511 324 1 337 190 044

Provisões 13 110 636 285 87 195 777

Contas de reavaliação 14 1 921 117 190 2 176 464 065

Capital e reservas 15Capital 4 089 277 550 4 097 229 250Reservas 296 068 424 772 757 209

4 385 345 974 4 869 986 459

Total do passivo 90 212 064 303 86 531 757 873

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202BCERelatório Anual2004

CONTA D E R E S U LTADO S DO EX ER C Í C I O F I NDOEM 3 1 D E D E Z EMBRO D E 2 0 0 4

Frankfurt am Main, 4 de Março de 2005

BANCO CENTRAL EUROPEU

Jean-Claude TrichetPresidente

NOTA 2 0 0 4 2 0 0 3€ €

Juros e outros proveitos equiparados de activosde reserva externa 422 418 698 541 294 375Juros e outros proveitos equiparados decorrentesda repartição das notas de euro no Eurosistema 733 134 472 698 245 187Outros juros e proveitos equiparados 1 456 650 188 1 449 963 923Juros e outros custos equiparados 2 612 203 358 2 689 503 485Remuneração dos activos dos BCN relacionadoscom os activos de reserva externa transferidos (693 060 433) (807 683 148)Outros juros e custos equiparados (1 229 369 015) (1 166 693 660)Juros e outros custos equiparados (1 922 429 448) (1 974 376 808)

Resultado líquido de juros e de custos ede proveitos equiparados 18 689 773 910 715 126 677

Resultados realizados em operações financeiras 19 136 045 810 525 260 622Prejuízos não realizados em operações financeiras 20 (2 093 285 109) (3 972 689 560)Transferência para/de provisões para riscosde taxa de câmbio e preços 0 2 568 708 838

Resultado líquido de operações financeiras,menos-valias e provisões para riscos (1 957 239 299) (878 720 100)

Resultado líquido de comissões e de outroscustos e proveitos bancários 21 (261 517) (63 466)

Outros proveitos e ganhos 22 5 956 577 2 911 280

Total de proveitos e ganhos líquido (1 261 770 329) (160 745 609)

Custos com pessoal 23 & 24 (161 192 939) (129 886 988)

Custos administrativos 25 (176 287 651) (153 549 282)

Amortização de imobilizado corpóreo (33 655 824) (30 410 140)

Custos de produção de notas 26 (3 121 959) (2 096 766)

Prejuízo do exercício (1 636 028 702) (476 688 785)

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203BCE

Relatório Anual2004

PO L Í T I C A S CONTAB I L Í S T I C A S 1

FORMA E APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRASAs demonstrações financeiras do BancoCentral Europeu (BCE) foram preparadas parareproduzirem de forma apropriada a situaçãofinanceira do BCE e os resultados das suasoperações. Foram elaboradas de acordo com aspolíticas contabilísticas2, referidas a seguir,consideradas pelo Conselho do BCE comoadequadas à função de banco central.

PRINCÍPIOS CONTABILÍSTICOSForam aplicados os seguintes princípioscontabilísticos: transparência e realidadeeconómica, prudência, materialidade,especialização de exercícios, continuidade,consistência, comparabilidade e reconhe-cimento de acontecimentos posteriores à datado balanço.

BASES DE APRESENTAÇÃOA preparação das contas seguiu o princípio docusto histórico, tendo, porém, sido modificadasde modo a incluírem a valorização a preços demercado dos títulos transaccionáveis, do ouro edos outros activos e passivos patrimoniais eextrapatrimoniais denominados em moedaestrangeira. As transacções com activos epassivos financeiros são contabilizadas na datada respectiva liquidação.

OURO, ACTIVOS E PASSIVOS EM MOEDAESTRANGEIRAOs activos e passivos em moeda estrangeira sãoconvertidos em euros à taxa de câmbio em vigorna data do balanço. Os custos e proveitos sãoconvertidos à taxa de câmbio em vigor na datada transacção. A reavaliação dos activos epassivos em moeda estrangeira é efectuadamoeda a moeda, incluindo as operaçõespatrimoniais e extrapatrimoniais.

A reavaliação para o preço de mercado dosactivos e passivos denominados em moedaestrangeira é tratada separadamente dareavaliação cambial dos mesmos.

O ouro é reavaliado ao preço de mercado emvigor no final do exercício, não sendo feita

1 As políticas contabilísticas pormenorizadas do BCE estãodef inidas na Decisão do Conselho do BCE de 5 de Dezembro de2002 (BCE/2002/11), JO L 58, 3.3.2003, pp. 38-59.

2 Estas políticas são compatíveis com o disposto no artigo 26.º-4dos Estatutos do SEBC, que exige a harmonização das regras aaplicar às operações contabilísticas e à prestação de informaçãofinanceira, no contexto do Eurosistema.

qualquer distinção entre a reavaliação a preçosde mercado e a reavaliação cambial. Emalternativa, é efectuada uma única valorizaçãocom base no preço em euros por onça de ourofino, o qual é obtido a partir da taxa de câmbiodo euro face ao dólar dos Estados Unidos em 31de Dezembro de 2004.

TÍTULOSTodos os títulos de dívida negociáveis e outrosactivos semelhantes são valorizados aos preçosmédios de mercado em vigor à data do balançonuma base título a título. Para o exercício queterminou em 31 de Dezembro de 2004, foramutilizados os preços médios de mercado do dia30 de Dezembro de 2004. Os títulos nãonegociáveis são valorizados ao preço de custo.

RECONHECIMENTO DE RESULTADOSOs proveitos e custos são reconhecidos noperíodo em que são obtidos ou incorridos. Osganhos e perdas realizados em vendas de moedaestrangeira, ouro e títulos são levados à contade resultados. Esses ganhos e perdas realizadossão calculados por referência ao respectivocusto médio do activo.

Os ganhos não realizados não são reconhecidoscomo proveitos, sendo transferidosdirectamente para uma conta de reavaliação.

As perdas não realizadas são levadas à conta deresultados caso excedam os ganhos dereavaliação anteriores registados na conta dereavaliação correspondente. As perdas nãorealizadas em qualquer título, moeda ou ouronão são compensadas com ganhos não realizadosem outros títulos, moedas ou ouro. Naeventualidade de, no final do exercício, severificar uma perda não realizada em qualqueractivo, o seu custo médio de aquisição é reduzidopassando a igualar a taxa de câmbio e/ou o preçode mercado em vigor no final do exercício.

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204BCERelatório Anual2004

Os prémios ou os descontos sobre títulosadquiridos são calculados e apresentados comouma parte dos juros, sendo amortizados aolongo do prazo residual desses activos.

OPERAÇÕES REVERSÍVEISAo abrigo de um acordo de recompra, os títulossão vendidos com o acordo simultâneo deserem de novo comprados numa data futura aum preço previamente acordado. Estes acordosde recompra são registados no passivo dobalanço e, por conseguinte, justificam juros ecustos equiparados na conta de resultados. Ostítulos vendidos ao abrigo deste tipo de acordospermanecem no balanço do BCE.

Ao abrigo de um acordo de revenda, os títulossão comprados com o acordo simultâneo deserem vendidos de novo à contraparte numa datafutura a um preço previamente acordado. Estesacordos de revenda são registados no lado doactivo do balanço como empréstimos comgarantia (e não como títulos da carteira), dandoorigem a juros e proveitos equiparados na contade resultados.

As operações reversíveis (incluindo asoperações de cedência de títulos) realizadasmediante um programa automático de cedênciade títulos são registadas no balanço apenasquando a garantia seja prestada ao BCE sob aforma de numerário durante o prazo datransacção. Em 2004, o BCE não recebeuqualquer garantia sob a forma de numeráriodurante o prazo de maturidade de operaçõesdesta natureza.

INSTRUMENTOS EXTRAPATRIMONIAISOs instrumentos de moeda, nomeadamente asoperações cambiais a prazo, as componentes aprazo de swaps cambiais e outros instrumentosmonetários que impliquem a troca entre duasmoedas estrangeiras numa data futura sãoincluídos na posição cambial dessa moeda paraefeitos de cálculo dos resultados cambiais. Osinstrumentos de taxa de juro são reavaliadosoperação a operação. Os futuros de taxa de jurosão registados em contas extrapatrimoniais. As

oscilações diárias das margens de variação sãoregistadas na conta de resultados.

ACONTECIMENTOS POSTERIORES À DATA DOBALANÇOO activo e o passivo são ajustados em funçãodas ocorrências verificadas depois da data deencerramento do balanço anual e da data emque o Conselho do BCE aprova asdemonstrações financeiras, desde que estasafectem materialmente a situação do activo edo passivo à data do balanço.

POSIÇÕES INTRA-SEBC/POSIÇÕES INTRA--EUROSISTEMAAs transacções intra-SEBC são transacçõestransfronteiras que ocorrem entre dois bancoscentrais da UE. Estas transacções sãoprincipalmente processadas através doTARGET – o Sistema de TransferênciasAutomáticas Transeuropeias de Liquidaçõespelos Valores Brutos em Tempo Real (verCapítulo 2) – e dão origem a saldos bilaterais nascontas entre os bancos centrais da UE ligados aoTARGET. Estes saldos bilaterais sãocompensados por novação com o BCE numabase diária, ficando cada BCN com uma únicaposição de saldo bilateral apenas face ao BCE.Nas demonstrações financeiras do BCE, estesaldo representa a posição activa ou passivalíquida de cada BCN face ao resto do SEBC.

Os saldos intra-SEBC dos BCN da área do eurojunto do BCE (excepto os que se referem aocapital do BCE e as posições resultantes datransferência de activos de reserva externa parao BCE) são considerados como activos ouresponsabilidades intra-Eurosistema, sendoapresentados no balanço do BCE como umaúnica posição credora ou devedora líquida.

Os saldos intra-Eurosistema resultantes darepartição de notas de euros no Eurosistema sãoincluídos como uma única posição credora narubrica “Activos relacionados com a repartiçãodas notas de euro no Eurosistema” (ver “Notasem circulação”, nas notas sobre as políticascontabilísticas).

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205BCE

Relatório Anual2004

Os saldos intra-SEBC dos BCN nãoparticipantes na área do euro (o DanmarksNationalbank, o Sveriges Riksbank e o Bank ofEngland) junto do BCE são apresentados narubrica “Responsabilidades para com nãoresidentes na área do euro denominadas emeuros”.

TRATAMENTO DO IMOBILIZADO CORPÓREO EINCORPÓREOActivos imobilizados corpóreos e incorpóreos,com excepção de terrenos, são valorizados aocusto de aquisição, deduzido das respectivasamortizações acumuladas. Os terrenos sãovalorizados a preços de custo. As amortizaçõessão calculadas de acordo com um esquemalinear, com início no trimestre seguinte àaquisição e estendendo-se pelo período de vidaesperado para esse activo, nomeadamente:

Computadores, outro equipamento informáticoe veículos motorizados 4 anos

Equipamento, mobiliário e instalações 10 anos

Custos com edifícios e obras 25 anos

Activos fixos de custo inferior a €10 000 Amortizadosno ano deaquisição

3 Decisão do BCE de 6 de Dezembro de 2001 relativa à emissão denotas de euro (BCE/2001/15), JO L 337, 20.12.2001, pp. 52-54,alterada pela Decisão BCE/2003/23, JO L 9, 15.1.2004, pp. 40-41, e pela Decisão BCE/2004/9, JO L 205, 9.6.2004, pp. 17-18.

4 “Tabela de repartição de notas de banco”: indica as percentagensque resultam de se levar em conta a participação do BCE no totalda emissão de notas de euros e de se aplicar a tabela de repartiçãodo capital subscrito à participação dos BCN nesse total.

5 Decisão do BCE de 6 de Dezembro de 2001 relativa à repartiçãodos proveitos monetários dos bancos centrais nacionais dosEstados-Membros participantes do exercício de 2002 (BCE/2001/16), JO L 337, 20.12.2001, pp. 55-61, alterada pelaDecisão BCE/2003/22, JO L 9, 15.1.2004, p.39.

6 Decisão do BCE de 21 de Novembro de 2002 relativa àdistribuição, pelos bancos centrais nacionais dos Estados--Membros participantes, dos proveitos do Banco CentralEuropeu referentes às notas de euro em circulação (BCE/2002/9), JO L 323, 28.11.2002, p. 49-50.

O período de amortização dos custos comedifícios e obras relacionadas com as actuaisinstalações do BCE foi reduzido de modo aassegurar que estes activos sejam totalmenteamortizados antes de o BCE mudar para a suasede definitiva.

PLANO DE REFORMAS DO BCEOs activos do fundo de pensões, que existemapenas para que possam ser concedidosbenefícios aos participantes no plano e aos seusdependentes, estão incluídos nos outros activosdo BCE e estão identificados separadamente nasnotas ao balanço. Os resultados provenientes dareavaliação dos activos do fundo de pensões sãoreconhecidos como proveitos e custos do planode reformas no ano em que ocorrem. Osbenefícios a pagar através da conta principal,resultantes das contribuições do BCE, dispõemde garantias mínimas que suportam o plano debenefícios estabelecido.

NOTAS EM CIRCULAÇÃOO BCE e os 12 BCN da área do euro, que emconjunto compõem o Eurosistema, emitemnotas de euros3. A repartição pelos bancoscentrais do Eurosistema do valor total de notasem circulação é feita no último dia útil de cadamês, de acordo com a tabela de repartição denotas de banco4. Ao BCE foi atribuída umaparticipação de 8% do valor total das notasde euros em circulação, registada na rubricado passivo “Notas em circulação” porcontrapartida de créditos sobre os BCN. Estescréditos, que vencem juros 5, são apresentadossob a rubrica “Activos intra-Eurosistema:Activos relacionados com a repartição de notasde euro no Eurosistema” (ver “Posições intra--SEBC/posições intra-Eurosistema” nas notassobre as políticas contabilísticas). Os jurossobre estas posições são incluídos na rubrica“Resultado líquido de juros e de custos e deproveitos equiparados”. O Conselho do BCEdecidiu que estes proveitos serão distribuídosseparadamente pelos BCN, sob a forma de umadistribuição intercalar após o final de cadatrimestre.6 A distribuição será feita natotalidade, excepto nos casos em que o lucrolíquido do BCE relativo ao exercício sejainferior aos proveitos referentes às notas deeuros em circulação, e estará sujeita a qualquerdecisão que o Conselho do BCE venha a tomarpara reduzir esses proveitos por forma a cobrircustos incorridos pelo BCE relacionados com aemissão e tratamento das notas de euros.

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206BCERelatório Anual2004

OUTRAS QUESTÕESTendo em consideração o papel do BCE comobanco central, a Comissão Executiva é deopinião que a publicação de uma demonstraçãodos fluxos de caixa não fornece aos leitoresdas demonstrações financeiras qualquer infor-mação adicional relevante.

Em conformidade com o disposto no artigo 27.ºdos Estatutos do SEBC, e com base numarecomendação do Conselho do BCE, oConselho da União Europeia aprovou anomeação da KPMG Deutsche Treuhand-Gesellschaft Aktiengesellschaft Wirtschafts-prüfungsgesellschaft na qualidade de auditoresexternos do BCE por um período de cinco anosaté ao final do exercício de 2007.

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207BCE

Relatório Anual2004

NOTA S AO B A L ANÇO1 OURO E OURO A RECEBER

O BCE detém 24.7 milhões de onças de ourofino (2003: 24.7 milhões de onças). Não foramefectuadas transacções em ouro em 2004. Avariação no balanço, em comparação com2003, deve-se ao processo de reavaliação definal do exercício destas disponibilidades (ver“Ouro, activos e passivos em moedaestrangeira” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

2 ACTIVOS SOBRE NÃO RESIDENTES NA ÁREADO EURO E RESIDENTES NA ÁREA DO EURODENOMINADOS EM MOEDA ESTRANGEIRA

Fundo Monetário InternacionalEste activo representa os Direitos de SaqueEspeciais (DSE) detidos pelo BCE em 31 deDezembro de 2004. Resulta de um acordobidireccional para a compra e venda de DSEcom o Fundo Monetário Internacional (FMI),segundo o qual o FMI está autorizado aefectuar, em nome do BCE, vendas e comprasde DSE contra euros, dentro de um limitemáximo e mínimo, determinado em função dosmontantes detidos. O DSE é definido com basenum cabaz de moedas. O seu valor correspondeà soma ponderada das taxas de câmbio dasquatro moedas mais importantes (euro, ienejaponês, libra esterlina e dólar dos EstadosUnidos). Para efeitos contabilísticos, os DSEsão considerados uma moeda estrangeira (ver“Ouro, activos e passivos em moedaestrangeira” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

Depósitos e investimentos em títulos,empréstimos ao exterior e outros activosexternosActivos sobre residentes na área do eurodenominados em moeda estrangeiraEstes activos consistem em depósitos embancos, empréstimos denominados em moedaestrangeira e investimentos em títulos,denominados em dólares dos Estados Unidos eienes japoneses. Podem ser desagregados doseguinte modo:

A redução nestas posições em 2004 deve-seprincipalmente à reavaliação no final doexercício dos activos do BCE denominados emdólares dos Estados Unidos. A depreciação dodólar dos Estados Unidos face ao euro implicouuma descida significativa do seu contravalorem euros (ver “Ouro, activos e passivos emmoeda estrangeira” e “Reconhecimento deresultados” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

3 ACTIVOS SOBRE NÃO RESIDENTES NA ÁREADO EURO DENOMINADOS EM EUROS

Em 31 de Dezembro de 2004, estes activosconsistiam em depósitos bancários ementidades não residentes na área do euro.

Activossobre não 2004 2003 Variaçãoresidentes na € € €

área do euro

Depósitosà ordem 2 682 171 017 1 365 187 080 1 316 983 937

Aplicaçõesno mercadomonetário 848 227 002 1 197 220 582 (348 993 580)

Acordosde revenda 2 408 046 989 3 834 025 154 (1 425 978 165)

Investi-mentosem títulos 21 000 548 972 22 196 952 041 (1 196 403 069)

Total 26 938 993 980 28 593 384 857 (1 654 390 877)

Activos sobreresidentes na 2004 2003 Variaçãoárea do euro € € €

Depósitosà ordem 26 506 26 740 (234)

Aplicaçõesno mercadomonetário 2 547 022 979 2 799 445 764 (252 422 785)

Acordos derevenda 4 967 080 0 4 967 080

Total 2 552 016 565 2 799 472 504 (247 455 939)

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208BCERelatório Anual2004

4 OUTROS ACTIVOS SOBRE INSTITUIÇÕES DECRÉDITO DA ÁREA DO EURO DENOMINADOSEM EUROS

Em 31 de Dezembro de 2004, estes activosconsistiam num depósito bancário junto de umaentidade residente na área do euro.

5 ACTIVOS INTRA-EUROSISTEMA

Activos relacionados com a repartição dasnotas de euros no EurosistemaEsta rubrica consiste nos activos do BCE sobreos BCN da área do euro relacionados com arepartição de notas de euros no Eurosistema(ver “Notas em circulação” nas notas sobre aspolíticas contabilísticas).

Outros activos sobre o Eurosistema (líquidos)Esta rubrica consiste nos saldos no sistemaTARGET dos BCN da área do euro face ao BCEe nos montantes relativos às distribuiçõesintercalares dos proveitos do BCE referentes anotas. Em 31 de Dezembro de 2004, constouo montante de €536 milhões relativo àsdistribuições intercalares dos proveitos doBCE referentes a notas. Tal representa adevolução subsequente das distribuiçõesintercalares dos referidos proveitos aos BCNda área do euro dos três primeiros trimestres do

ano (ver “Notas em circulação” nas notas sobreas políticas contabilísticas e a nota 18 nas“Notas à conta de resultados”).

6 OUTROS ACTIVOS

Activos imobilizados corpóreosEm 31 de Dezembro de 2004, estes activoseram constituídos pelas seguintes rubricasprincipais:

2004 2003€ €

Créditos sobre BCN daárea do euro relacionadoscom o TARGET 64 024 554 579 49 646 309 854

Responsabilidades paracom BCN da área doeuro relacionadas como TARGET (61 149 859 140) (45 579 175 620)

Posição líquida relativaao TARGET 2 874 695 439 4 067 134 234

Créditos sobre/(responsabilidadespara com) BCN da áreado euro relacionados coma distribuição intercalardos proveitos do BCEreferentes a notas 536 222 885 532 760 169

Outros activos sobreo Eurosistema (líquidos) 3 410 918 324 4 599 894 403

O principal aumento, na rubrica “Terrenos eedifícios”, está relacionado com:

(a) a aquisição de terreno para a construção dasede definitiva do BCE. Com base numaárea de construção previamente definida,foi estabelecido o preço mínimo de compraem €61.4 milhões, a pagar em prestações até31 de Dezembro de 2004, o mais tardar, dataem que o BCE passaria a ser o proprietáriolegal da referida área. Esse valor foi,entretanto, liquidado na íntegra, tendo sidoconsequentemente incluído na rubrica“Terrenos e edifícios”; e

(b) transferências da categoria “Imobilizaçõesem curso” de custos capitalizados comobras de adaptação no terceiro edifício do

Valor de Valor debalanço balanço

líquido em 31 líquido em 31de Dezembro de Dezembro

de 2004 de 2003 Variação€ € €

Terrenos eedifícios 135 997 016 54 929 962 81 067 054

Computadores 43 089 388 45 407 622 (2 318 234)

Equipamento,mobiliário,instalações eveículosmotorizados 3 809 292 2 149 813 1 659 479

Imobilizaçõesem curso 3 215 050 23 259 861 (20 044 811)

Outrasimobilizaçõescorpóreas 1 207 558 3 164 692 (1 957 134)

Total 187 318 304 128 911 950 58 406 354

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209BCE

Relatório Anual2004

BCE, na sequência do início da ocupaçãodestas instalações.

Outros activos financeirosAs componentes mais importantes destarubrica são as seguintes:

(a) Títulos denominados em euros e acordosde revenda em euros constituem oinvestimento dos fundos próprios do BCE(ver também a nota 12).

(b) As carteiras de investimento relacionadascom o fundo de pensões do BCE estãoavaliadas em €120.2 milhões (2003: €91.7milhões). Os activos detidos representam oinvestimento das contribuições acumuladasdo BCE e do respectivo pessoal para ofundo, à data de 31 de Dezembro de 2004, esão geridos por uma sociedade gestora defundos externa. As contribuições regularesdo BCE e dos participantes no plano têmsido investidas numa base mensal. Osactivos do fundo de pensões não sãofungíveis com outros activos financeiros doBCE e o rendimento líquido desses activosnão constitui proveito do BCE, sendoreinvestido nos fundos correspondentes atéao pagamento dos benefícios. A sociedadegestora de fundos externa efectua avalorização dos activos do fundo depensões utilizando os preços de mercado emvigor no final do exercício.

(c) O BCE detém 3 000 acções do Banco dePagamentos Internacionais, que estãoregistadas ao custo de aquisição de €38.5milhões.

Acréscimos e diferimentosEm 2004, esta posição incluía juros corridos nomontante de €197 milhões (2003: €165 milhões)sobre os activos do BCE relacionados com arepartição de notas de euros no Eurosistema doúltimo trimestre (ver “Notas em circulação”nas notas sobre as políticas contabilísticas).

O saldo remanescente correspondeprincipalmente a juros corridos de títulos e deoutros activos financeiros.

Contas diversas e de regularizaçãoEm 2004, a principal componente desta rubricaé um crédito sobre o Ministério Federal dasFinanças da Alemanha relativo a valores arecuperar de imposto sobre valor acrescentadoe outros impostos indirectos suportados. Estesimpostos são reembolsáveis nos termos doartigo 3.º do Protocolo relativo aos Privilégiose Imunidades das Comunidades Europeias, quese aplica ao BCE por força do artigo 40.º dosEstatutos do SEBC.

7 NOTAS EM CIRCULAÇÃO

Esta rubrica consiste na participação do BCEno total de notas de euros em circulação (ver“Notas em circulação” nas notas sobre aspolíticas contabilísticas).

8 RESPONSABILIDADES PARA COM OUTRASENTIDADES NA ÁREA DO EURO DENOMINADASEM EUROS

Esta rubrica inclui depósitos de membros daAssociação Bancária do Euro (ABE),utilizados pelo BCE como garantia para ospagamentos da ABE liquidados através dosistema TARGET.

2004 2003 Variação€ € €

Títulosdenominadosem euros 5 399 222 333 5 276 052 927 123 169 406

Acordos derevenda emeuros 869 977 933 167 100 400 702 877 533

Activosreferentes aofundo depensõesdo BCE 120 243 662 91 727 194 28 516 468

Outros activosfinanceiros 38 875 639 38 875 737 (98)

Total 6 428 319 567 5 573 756 258 854 563 309

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210BCERelatório Anual2004

9 RESPONSABILIDADES PARA COM NÃORESIDENTES NA ÁREA DO EURODENOMINADAS EM EUROS

Estas responsabilidades representamprincipalmente os saldos das contas que osBCN fora da área do euro detêm junto doBCE resultantes de transacções efectuadasatravés do sistema TARGET (ver “Posiçõesintra-SEBC/Posições intra-Eurosistema” nasnotas sobre as políticas contabilísticas).

10 RESPONSABILIDADES PARA COM RESIDENTESE NÃO RESIDENTES NA ÁREA DO EURODENOMINADAS EM MOEDA ESTRANGEIRA

As responsabilidades decorrentes de acordosde recompra celebrados com residentes e nãoresidentes na área do euro, relacionados com agestão das reservas em moeda estrangeira doBCE, são as seguintes:

11 RESPONSABILIDADES INTRA-EUROSISTEMA

Representam as responsabilidades para com osBCN da área do euro, decorrentes datransferência de activos de reserva para o BCE.As responsabilidades são denominadas em euroscom base num valor fixado na data datransferência e são remuneradas à última taxamarginal disponível aplicável às operações derefinanciamento, ajustada de forma a reflectiruma remuneração zero da componente ouro (vera nota 18 nas “Notas à Conta de Resultados”).

Devido à redução nas ponderações dos BCN daárea do euro na tabela de repartição parasubscrição do capital do BCE em 1 de Janeirode 2004 e à sua subsequente adaptação em1 de Maio de 2004 (ver a nota 15), o valorinicial das responsabilidades, no montantede €40 497 150 000, foi reduzido, em duasfases, para €39 782 265 622 por Decisõesdo Conselho do BCE em conformidade como artigo 30.º-3 dos Estatutos do SEBC. Oobjectivo deste ajustamento é proporcionar aosBCN que adiram ao Eurosistema numa datafutura o espaço necessário para poderemtransferir activos de reserva externa naproporção das respectivas ponderações natabela de repartição para subscrição do capitaldo BCE. A redução da responsabilidadedenominada em euros não implicou novastransferências de activos de reserva externaentre o BCE e os BCN.

Responsabili-dades para comresidentes na 2004 2003 Variaçãoárea do euro € € €

Acordos derecompra 4 967 080 0 4 967 080

Responsabili-dades para comnão residentes 2004 2003 Variaçãona área do euro € € €

Acordos derecompra 1 254 905 957 1 452 432 822 (197 526 865)

Até 31 de De 1 de Desde 1 deDezembro Janeiro a 30 de Maio

de 2003 Abril de 2004 de 2004€ € €

Nationale Bankvan België/Banque Nationalede Belgique 1 432 900 000 1 414 850 000 1 419 101 951

DeutscheBundesbank 12 246 750 000 11 702 000 000 11 761 707 508

Bank ofGreece 1 028 200 000 1 080 700 000 1 055 840 343

Banco deEspaña 4 446 750 000 4 390 050 000 4 326 975 513

Banque deFrance 8 416 850 000 8 258 750 000 8 275 330 931

Central Bankand FinancialServicesAuthority ofIreland 424 800 000 512 700 000 513 006 858

Banca d’Italia 7 447 500 000 7 286 300 000 7 262 783 715

Banque centraledu Luxembourg 74 600 000 85 400 000 87 254 014

DeNederlandscheBank 2 139 000 000 2 216 150 000 2 223 363 598

OesterreichischeNationalbank 1 179 700 000 1 150 950 000 1 157 451 203

Banco dePortugal 961 600 000 1 006 450 000 982 331 062

Suomen Pankki –Finlands Bank 698 500 000 714 900 000 717 118 926

Total 40 497 150 000 39 819 200 000 39 782 265 622

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211BCE

Relatório Anual2004

12 OUTRAS RESPONSABILIDADES

Esta rubrica consiste principalmente em jurosdevidos aos BCN resultantes da remuneraçãodos activos de reserva transferidos (ver a nota11). As obrigações do BCE relacionadas com ofundo de pensões, incluindo uma provisãoconstituída por recomendação do relatório doactuário (ver a nota 13), totalizam €148.8milhões (2003: €100.6 milhões). Estão tambémincluídos neste saldo outros acréscimos ediferimentos e operações de recompra porliquidar no montante de €200 milhõesrelacionadas com a gestão dos fundos própriosdo BCE (ver a nota 6).

13 PROVISÕES

Esta posição inclui provisões administrativasreferentes a pensões e despesas com bens eserviços, assim como uma provisão específicadestinada ao cumprimento das obrigaçõescontratuais do BCE de restituir, nas condiçõesiniciais, os edifícios onde actualmente seencontra instalado, quando mudar para a suasede definitiva.

14 CONTAS DE REAVALIAÇÃO

Estas contas representam reservas dereavaliação decorrentes de ganhos nãorealizados em activos e passivos:

15 CAPITAL E RESERVAS

Capital

(a) Alterações à tabela de repartição do capitalsubscrito do BCENos termos do artigo 29.º-3 dos Estatutos doSEBC, as ponderações atribuídas aos BCNdevem ser adaptadas de cinco em cinco anos. Aprimeira alteração após a criação do BCE teveefeitos a 1 de Janeiro de 2004. A 1 de Maio de2004, ocorreu uma segunda alteração, nasequência da adesão de dez Estados-Membros.Com base na Decisão do Conselho de 15 deJulho de 2003 relativa aos dados estatísticos autilizar com vista à adaptação da tabela derepartição para a subscrição do capital doBanco Central Europeu, as participações dosBCN foram adaptadas, a 1 de Janeiro de 2004 ea 1 de Maio de 2004, como se apresenta aseguir:

2004 2003 Variação€ € €

Ouro 1 853 957 106 2 070 968 381 (217 011 275)

Moedaestrangeira 0 1 901 (1 901)

Títulos 67 160 084 105 493 783 (38 333 699)

Total 1 921 117 190 2 176 464 065 (255 346 875)

De 1 deAté 31 de Janeiro a Desde 1 de

Dezembro 30 de Abril Maiode 2003 de 2004 de 2004

% % %

Nationale Bankvan België/Banque Nationalede Belgique 2.8658 2.8297 2.5502

DeutscheBundesbank 24.4935 23.4040 21.1364

Bank of Greece 2.0564 2.1614 1.8974

Banco de España 8.8935 8.7801 7.7758

Banque de France 16.8337 16.5175 14.8712

Central Bank andFinancial ServicesAuthority of Ireland 0.8496 1.0254 0.9219

Banca d’Italia 14.8950 14.5726 13.0516

Banque centraledu Luxembourg 0.1492 0.1708 0.1568

De NederlandscheBank 4.2780 4.4323 3.9955

OesterreichischeNationalbank 2.3594 2.3019 2.0800

Banco de Portugal 1.9232 2.0129 1.7653

Suomen Pankki –Finlands Bank 1.3970 1.4298 1.2887

Total relativoaos BCN daárea do euro 80.9943 79.6384 71.4908

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212BCERelatório Anual2004

(b) O capital do BCEDevido à redução global de 1.3559% nasponderações dos BCN da área do euro (ouseja, os BCN que realizaram integralmenteas subscrições) na tabela de repartição parasubscrição do capital do BCE de €5 000milhões, as respectivas participações nocapital subscrito diminuíram, passando de€4 049 715 000 para um total de €3 981 920 000em 1 de Janeiro de 2004. Em 1 de Maio de2004 foi efectuada uma nova redução para€3 978 226 562, em resultado da adesão de deznovos Estados-Membros.

Nos termos do artigo 49.º-3 dos Estatutos doSEBC, anexado aos Estatutos pelo Tratado deAdesão, o capital subscrito do BCE será, nofuturo, automaticamente aumentado quandoum novo membro adere à UE e o respectivoBCN passa a fazer parte do SEBC. Esse

aumento é calculado multiplicando osrespectivos montantes de capital subscrito emvigor nessa data (no caso, €5 000 milhões) peloquociente, dentro da tabela de repartição docapital alargada, entre a ponderação atribuídaaos BCN dos novos Estados-Membros e aponderação atribuída aos BCN dos países quejá são membros do SEBC. Por conseguinte, ocapital subscrito do BCE ascendeu a €5 565 milmilhões em resultado do aumento de 1 de Maiode 2004.

Aos 13 BCN fora da área do euro é exigida arealização de uma percentagem mínima dasrespectivas participações no capital do BCEcomo contribuição para a cobertura dos custosoperacionais do BCE. Em 1 de Maio de 2004,esta percentagem foi aumentada de 5% para7%. Esta contribuição, que inclui os montantesrecebidos dos dez novos BCN fora da área doeuro, totalizou €111 050 988 na referida data.Ao contrário dos congéneres da área do euro, osBCN fora da área do euro não têm direito aqualquer percentagem dos lucros distribuíveisdo BCE, incluindo os proveitos monetáriosdecorrentes da repartição de notas de euros noEurosistema, nem são obrigados a financiarquaisquer perdas incorridas pelo BCE.

O efeito combinado dos três factos atrásmencionados é a redução do capital realizado,que passou de €4 097 229 250 (em 31 deDezembro de 2003) para €4 032 824 000(em 1 de Janeiro de 2004), tendo aumentadoem 1 de Maio de 2004 para €4 089 277 550,como indicado no quadro a seguir:

Česká národníbanka 0.0000 0.0000 1.4584

DanmarksNationalbank 1.6709 1.7216 1.5663

Eesti Pank 0.0000 0.0000 0.1784

Central Bankof Cyprus 0.0000 0.0000 0.1300

Latvijas Banka 0.0000 0.0000 0.2978

Lietuvos bankas 0.0000 0.0000 0.4425

Magyar NemzetiBank 0.0000 0.0000 1.3884

Central Bankof Malta/BankC.entrali ta’ Malta 0.0000 0.0000 0.0647

NarodowyBank Polski 0.0000 0.0000 5.1380

Banka Slovenije 0.0000 0.0000 0.3345

Národná bankaSlovenska 0.0000 0.0000 0.7147

Sveriges Riksbank 2.6537 2.6636 2.4133

Bank of England 14.6811 15.9764 14.3822

Total relativoaos BCN fora daárea do euro 19.0057 20.3616 28.5092

Total 100.0000 100.0000 100.0000

De 1 deAté 31 de Janeiro a Desde 1 de

Dezembro 30 de Abril Maiode 2003 de 2004 de 2004

% % %

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213BCE

Relatório Anual2004

Capital Capital Capital Capital Capital Capitalsubscrito até 31 realizado até 31 subscrito entre realizado entre subscrito realizado

de Dezembro de Dezembro 1 de Janeiro 1 de Janeiro desde desdede 2003 de 2003 e 30 de Abril e 30 de Abril 1 de Maio 1 de Maio

de 2004 de 2004 de 2004 1) de 2004€ € € € € €

Nationale Bank vanBelgië/BanqueNationale de Belgique 143 290 000 143 290 000 141 485 000 141 485 000 141 910 195 141 910 195

Deutsche Bundesbank 1 224 675 000 1 224 675 000 1 170 200 000 1 170 200 000 1 176 170 751 1 176 170 751

Bank of Greece 102 820 000 102 820 000 108 070 000 108 070 000 105 584 034 105 584 034

Banco de España 444 675 000 444 675 000 439 005 000 439 005 000 432 697 551 432 697 551

Banque de France 841 685 000 841 685 000 825 875 000 825 875 000 827 533 093 827 533 093

Central Bank andFinancial ServicesAuthority of Ireland 42 480 000 42 480 000 51 270 000 51 270 000 51 300 686 51 300 686

Banca d’Italia 744 750 000 744 750 000 728 630 000 728 630 000 726 278 371 726 278 371

Banque centraledu Luxembourg 7 460 000 7 460 000 8 540 000 8 540 000 8 725 401 8 725 401

De Nederlandsche Bank 213 900 000 213 900 000 221 615 000 221 615 000 222 336 360 222 336 360

OesterreichischeNationalbank 117 970 000 117 970 000 115 095 000 115 095 000 115 745 120 115 745 120

Banco de Portugal 96 160 000 96 160 000 100 645 000 100 645 000 98 233 106 98 233 106

Suomen Pankki –Finlands Bank 69 850 000 69 850 000 71 490 000 71 490 000 71 711 893 71 711 893

Total relativo dos BCNda área do euro 4 049 715 000 4 049 715 000 3 981 920 000 3 981 920 000 3 978 226 562 3 978 226 562

Česká národní banka 0 0 0 0 81 155 136 5 680 860

Danmarks Nationalbank 83 545 000 4 177 250 86 080 000 4 304 000 87 159 414 6 101 159

Eesti Pank 0 0 0 0 9 927 370 694 916

Central Bank of Cyprus 0 0 0 0 7 234 070 506 385

Latvijas Banka 0 0 0 0 16 571 585 1 160 011

Lietuvos bankas 0 0 0 0 24 623 661 1 723 656

Magyar Nemzeti Bank 0 0 0 0 77 259 868 5 408 191

Central Bank of Malta/Bank C

.entrali ta’ Malta 0 0 0 0 3 600 341 252 024

Narodowy Bank Polski 0 0 0 0 285 912 706 20 013 889

Banka Slovenije 0 0 0 0 18 613 819 1 302 967

Národná bankaSlovenska 0 0 0 0 39 770 691 2 783 948

Sveriges Riksbank 132 685 000 6 634 250 133 180 000 6 659 000 134 292 163 9 400 451

Bank of England 734 055 000 36 702 750 798 820 000 39 941 000 800 321 860 56 022 530

Total relativo dos BCNfora da área do euro 950 285 000 47 514 250 1 018 080 000 50 904 000 1 586 442 685 111 050 988

Total 5 000 000 000 4 097 229 250 5 000 000 000 4 032 824 000 5 564 669 247 4 089 277 550

1) Cada montante indicado foi arredondado para o euro mais próximo. Os totais podem não corresponder à soma das parcelas devidoa arredondamentos.

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214BCERelatório Anual2004

Futuros de taxas de juro Valor contratualem moeda estrangeira €

Aquisições 1 077 349 366

Vendas 91 770 061

ReservasEsta posição representa o fundo de reservageral do BCE, constituído nos termos do artigo33.º dos Estatutos do SEBC.

INSTRUMENTOS EXTRAPATRIMONIAIS

16 PROGRAMA AUTOMÁTICO DE CEDÊNCIA DETÍTULOS

No âmbito da gestão dos fundos próprios, oBCE concluiu um acordo relativo ao programaautomático de cedência de títulos, segundo oqual um agente nomeado para o efeito efectuaoperações de cedência de títulos em nome doBCE com diversas contrapartes, designadaspelo BCE como contrapartes elegíveis. Nostermos deste acordo, encontravam-se porliquidar em 31 de Dezembro de 2004 operaçõesreversíveis realizadas no âmbito de acordos derecompra e revenda no valor de €1 000 milhões(2003: €0.4 mil milhões) (ver “Operaçõesreversíveis” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

17 FUTUROS DE TAXAS DE JURO

Em 2004 foram utilizados futuros de taxasde juro em moeda estrangeira no âmbito dagestão das reservas externas do BCE. Em 31 deDezembro de 2004, encontravam-se por liquidaras seguintes transacções, contabilizadas aovalor nominal:

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215BCE

Relatório Anual2004

NOTA S À CONTA D E R E S U LTADO S18 RESULTADO LÍQUIDO DE JUROS E DE CUSTOS

E PROVEITOS EQUIPARADOS

Juros e outros proveitos equiparados de activosde reserva externaEsta rubrica inclui juros recebidos, líquidos dejuros pagos, relacionados com os activos epassivos denominados em moeda estrangeira,como apresentado a seguir:

Juros e outros proveitos equiparadosdecorrentes da repartição das notas de euros noEurosistemaEsta rubrica consiste nas receitas do BCEreferentes à sua participação, de 8%, no total denotas de euros emitidas. Os juros relativos aosactivos do BCE referentes à sua participação nototal de notas de euros são remunerados à últimataxa marginal disponível para as operaçõesprincipais de refinanciamento do Eurosistema.Estes proveitos são distribuídos aos BCN, talcomo referido em “Notas em circulação” nasnotas sobre as políticas contabilísticas.

2004 2003 Variação€ € €

Juros relativos adepósitos à ordem 3 744 188 3 679 287 64 901

Juros decorrentesde aplicações nomercadomonetário 49 854 512 45 699 455 4 155 057

Juros de acordosde revenda 63 759 141 66 206 740 (2 447 599)

Juros líquidosem investimentosem títulos 317 073 827 445 357 205 (128 283 378)

Total de juros(activos) 434 431 668 560 942 687 (126 511 019)

Juros e custosequiparadosrelativos adepósitos à ordem (32 020) (73 292) 41 272

Juros de acordosde recompra (11 947 990) (19 575 020) 7 627 030

Outros juros ecustos equiparados(líquidos) (32 960) 0 (32 960)

Juros líquidossobre activosde reserva 422 418 698 541 294 375 (118 875 677)

Com base na estimativa dos resultadosfinanceiros do BCE para o exercício findo em31 de Dezembro de 2004, o Conselho do BCEdecidiu, em Dezembro de 2004:

(a) solicitar a devolução das três distribuiçõestrimestrais intercalares já efectuadas aosBCN ao longo do ano, que totalizam €536milhões;

(b) não proceder à última distribuiçãotrimestral intercalar no montante de €197milhões.

Remuneração dos activos dos BCN relacionadoscom os activos de reserva externa transferidosA remuneração paga aos BCN da área do europelos seus activos sobre o BCE relacionadoscom activos de reserva externa transferidos aoabrigo do artigo 30.º-1 dos Estatutos do SEBC éapresentada nesta rubrica.

Outros juros e proveitos equiparados e Outrosjuros e custos equiparadosEstas rubricas incluem os resultados dos saldosrelacionados com o TARGET e com outrosactivos e passivos denominados em euros.

Em 2004, o resultado líquido de juros e decustos e de proveitos equiparados continuou aser afectado pelos níveis baixos das taxas dejuro internas e externas.

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216BCERelatório Anual2004

2004 2003 Variação€ € €

Perdas nãorealizadasrelativas apreço de títulos (28 485 006) (10 349 709) (18 135 297)

Perdascambiais nãorealizadas (2 064 800 103) (3 962 339 851) 1 897 539 748

Total (2 093 285 109) (3 972 689 560) 1 879 404 451

19 RESULTADOS REALIZADOS EM OPERAÇÕESFINANCEIRAS

Os ganhos realizados líquidos resultantes deoperações financeiras em 2004 foram osseguintes:

2004 2003 Variação€ € €

Ganhos realizadoslíquidos relativosa títulos 94 643 135 528 606 147 (433 963 012)

Ganhos/(Perdas)cambiaisrealizados líquidos 41 402 675 (3 345 525) 44 748 200

Ganhos realizadosem operaçõesfinanceiras 136 045 810 525 260 622 (389 214 812)

20 PREJUÍZOS NÃO REALIZADOS EM OPERAÇÕESFINANCEIRAS

Estes custos devem-se principalmente aprejuízos não realizados relacionados com adiferença entre o custo médio de aquisição dedólares dos Estados Unidos detidos pelo BCE ea respectiva taxa de câmbio no fim doexercício, em 31 de Dezembro de 2004, noseguimento da depreciação desta moeda face aoeuro ao longo do ano.

21 RESULTADO LÍQUIDO DE COMISSÕES E DEOUTROS CUSTOS E PROVEITOS BANCÁRIOS

2004 2003 Variação€ € €

Comissões recebidase outros proveitosbancários 297 964 700 271 (402 307)

Comissões pagase outros custosbancários (559 481) (763 737) 204 256

Resultado líquidode comissões ede outros custose proveitosbancários (261 517) (63 466) (198 051)

Os proveitos resultaram principalmente desanções impostas às instituições de crédito pelonão cumprimento dos requisitos de reservasmínimas. Os custos dizem respeito sobretudo acomissões a pagar relativamente a depósitos àordem e estão relacionados com a execução defuturos de taxas de juro em moeda estrangeira(ver a nota 17 nas “Notas ao Balanço”).

22 OUTROS PROVEITOS E GANHOS

Os outros proveitos diversos do exercícioderivam principalmente da reposição na contade resultados de provisões administrativas nãoutilizadas. A partir de 2004, esta rubrica passa aincluir também a contribuição dos BCN dos deznovos Estados-Membros para o pagamento dastaxas de serviço anuais locais, que decorremdas respectivas ligações locais à infra-estruturade TI do SEBC, aquando da sua adesão. Emprimeira instância, estes custos são suportadosa nível central pelo BCE.

As contribuições dos BCN terminarão aquandoda entrada dos respectivos Estados-Membrosna área do euro.

23 CUSTOS COM PESSOAL

Esta rubrica inclui remunerações, subsídios ecustos com seguros no valor de €120.0 milhões(2003: €108.2 milhões), assim como as

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217BCE

Relatório Anual2004

contribuições do BCE para o fundo de pensões.Os emolumentos dos membros da ComissãoExecutiva do BCE totalizaram €2.1 milhões(2003: €2.0 milhões). Não foram pagas pensõesa ex-membros da Comissão Executiva ou aosseus dependentes durante o exercício. Foramefectuados pagamentos, a título transitório,a membros cessantes da Comissão Executiva.As remunerações e subsídios, incluindo osemolumentos dos órgãos de gestão, são, naessência, baseados e comparáveis com osesquemas de remuneração praticados nasComunidades Europeias.

O aumento registado em 2004 nesta rubricadeve-se principalmente a um acréscimo dasobrigações do BCE referentes ao fundo depensões, de acordo com o cálculo actuarial (vertambém a nota 24).

No final de 2004, o BCE tinha ao seu serviço1 309 pessoas, das quais 131 com funções degestão. No que se refere a alterações no númerode pessoas empregadas, há a registar:

€41.1 milhões (2003: €21.7 milhões). Estemontante inclui uma provisão para as pensõesdos membros da Comissão Executiva novalor de €1.8 milhões (2003: €1.9 milhões) eoutras contribuições suplementares. A taxa decontribuição futura a pagar pelo BCE é de16.5% das remunerações pensionáveis do totaldo pessoal.

25 CUSTOS ADMINISTRATIVOS

Esta rubrica inclui todos os outros custoscorrentes, nomeadamente rendas e manutençãodas instalações, bens e equipamento nãocapitalizáveis, honorários e outros serviçose fornecimentos, bem como despesasrelacionadas com o recrutamento, mudança,instalação, formação profissional e reafectaçãode pessoal.

26 CUSTOS DE PRODUÇÃO DE NOTAS

Em 2004, tal como aconteceu em 2003, estescustos estiveram relacionados com as despesasdecorrentes da transferência transfronteirasdas notas de euros entre BCN para fazerem facea flutuações inesperadas da procura e foramsuportados a nível central pelo BCE.

2004 2003

Em 1 de Janeiro 1 213 1 105

Novos membros 137 149

Demissões 41 41

Em 31 de Dezembro 1 309 1 213

Média de pessoal empregado 1 261 1 160

24 PLANO DE REFORMAS DO BCE

Nos termos do regulamento do plano depensões do BCE, é necessária uma avaliaçãoactuarial trienal. A última avaliação actuarialfoi efectuada em 31 de Dezembro de 2003, combase no pressuposto da total cessação, nessadata, da actividade profissional e fim dacontagem de tempo de serviço.

O custo das pensões relacionado com o plano éavaliado de acordo com o parecer de umactuário qualificado. Para o BCE, o custo totaldas pensões, incluindo uma provisão parasubsídios de invalidez e de pós-reforma, foi de

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218BCERelatório Anual2004

NOTA S OBR E A D I S T R I BU I Ç ÃO DA S P E RDA SEsta nota não é parte integrante dasdemonstrações financeiras do BCE para 2004,sendo publicada no Relatório Anual apenaspara efeitos de informação.

PROVEITOS DECORRENTES DA EMISSÃO DE NOTASDE EUROS PELO BCE

No seguimento de uma decisão do Conselho doBCE, o montante de €733 milhões foi retido peloBCE, para assegurar que a distribuição total delucros relativos ao exercício não excedesse oresultado líquido do BCE para o exercício. Oreferido montante corresponde a todos osproveitos de 2004 referentes à participação doBCE no total de notas de euros em circulação.

COBERTURA DAS PERDAS DO BCE

Nos termos do artigo 33.º-2 dos Estatutos doSEBC, na eventualidade de o BCE registarperdas, estas podem ser cobertas pelo fundode reserva geral do BCE e, se necessário,por decisão do Conselho do BCE, pelosproveitos monetários do exercício financeirocorrespondente, proporcionalmente e até aosmontantes repartidos entre os bancos centraisnacionais, de acordo com o disposto no artigo32.º-5 dos Estatutos1.

Em 11 de Março de 2005, o Conselho do BCEdecidiu cobrir as perdas do exercício findo em31 de Dezembro de 2004 da seguinte forma:

1 Nos termos do artigo 32.º-5 dos Estatutos do SEBC, o total dosproveitos monetários dos BCN participantes será repartido entreos BCN participantes proporcionalmente às participações quetiverem realizado no capital do BCE.

2004 2003€ €

Prejuízo do exercício (1 636 028 702) (476 688 785)

Transferências dofundo de reserva geral 296 068 424 476 688 785

Transferência dosproveitos monetáriosdo exercício 1 339 960 278 0

Total 0 0

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Relatório de Auditoria

Ao Presidente e ao Conselhodo Banco Central Europeu

Frankfurt am Main

Auditámos o Balanço do Banco Central Europeu reportado a 31 de Dezembro de 2004, assimcomo a Conta de Resultados e respectivas notas. A elaboração das contas anuais é daresponsabilidade da Comissão Executiva do Banco Central Europeu. A nossa responsabilidadeconsiste na emissão de uma opinião sobre o referido balanço e conta de resultados, baseada naauditoria por nós efectuada.

A nossa auditoria foi conduzida de acordo com as normas internacionais de auditoria. Estasnormas exigem que planeemos e executemos a auditoria por forma a obtermos um grau desegurança razoável sobre se as referidas contas anuais contêm, ou não contêm, distorçõesmaterialmente relevantes. Uma auditoria inclui o exame, numa base de teste, das evidênciasque suportam os valores e informações constantes nas contas actuais. Uma auditoria incluiigualmente uma apreciação dos princípios contabilísticos utilizados e a avaliação dasestimativas significativas efectuadas pela gestão, bem como a apreciação da apresentaçãogeral do balanço e da conta de resultados. Em nosso entender, a auditoria por nós efectuadaconstitui base suficiente para a emissão da nossa opinião.

Em nossa opinião, o balanço e a conta de resultados, elaborados de acordo com as políticascontabilísticas descritas na primeira parte das notas, reflectem com exactidão a situaçãofinanceira do Banco Central Europeu em 31 de Dezembro de 2004 e os resultados do exercíciofindo naquela data.

Frankfurt am Main, 4 de Março de 2005

KPMG Deutsche Treuhand-GesellschaftAktiengesellschaftWirtschaftsprüfungsgesellschaft

(Wohlmannstetter) (Dr. Lemnitzer)Wirtschaftsprüfer Wirtschaftsprüfer

Marie-Curie-Straße 30 Postfach 50 05 20 Telefon (0 69) 95 87-0D-60439 Frankfurt am Main D-60394 Frankfurt am Main Telefax (0 69) 95 87-10 50

KPMG Deutsche Treuhand-GesellschaftAktiengesellschaft WirtschaftsprüfungsgesellschaftMitglied von KPMG International

Aufsichtsratsvorsitzender:WP StB Dipl.-Kfm.Gerhard Brackert

Vorstand:WP StB Dipl.-Kfm.Axel BergerWP RA StBDr. Bernd ErleWP StB Dipl.-Kfm.Prof. Dr. Gerd GeibWP Dr. Martin Hoyos

RA StBDr. Hartwich LüßmannWP Dipl.-Kfm. Ulrich MaasWP StBProf. Dr. Rolf NonnenmacherWP StB Dipl.-Kfm.Rüdiger ReinkeCPA Kenneth D. RussellWP Dipl.-Oec.Bernd Ulrich SchmidWP Dipl.-Kfm.Prof. Dr. Wienand SchruffWP StB Dr. Peter Wesner

WP RA StBProf. Dr. Harald WiedmannSprecherWP StB CPA Dipl.-Kfm. MScGottfried WohlmannstetterWP StB Dipl.-Kfm.Hans ZehnderWP StB Dipl.-Kfm.Wolfgang Zielkestellv. Sprecher

Zertifiziert nachDIN EN ISO 9001

Sitz: Berlin undFrankfurt am Main

Handelsregister:Charlottenburg (HRB 1077)und Frankfurt am Main(HRB 14345)

Bankverbindung:Deutsche Bank AG,Frankfurt a. M., 096 386 800BLZ 500 700 10

USt.-IdNr.: DE 136 751 547

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220BCERelatório Anual2004

A C T I VO 3 1 D E D E Z EMBRO 31 D E D E Z EMBRO2004 2 0 0 3

1 Ouro e ouro a receber 125 730 130 344

2 Activos sobre não residentes na área do eurodenominados em moeda estrangeira 153 856 175 5792.1 Fundo Monetário Internacional 23 948 29 1302.2 Depósitos e investimentos em títulos, empréstimos

ao exterior e outros activos externos 129 908 146 449

3 Activos sobre residentes na área do eurodenominados em moeda estrangeira 16 974 17 415

4 Activos sobre não residentes na área do eurodenominados em euros 6 849 6 0494.1 Depósitos, investimentos em títulos e empréstimos 6 849 6 0494.2 Facilidade de crédito no âmbito do MTC II 0 0

5 Créditos a instituições de crédito da áreado euro relacionados com operações de políticamonetária denominados em euros 345 112 298 1635.1 Operações principais de refinanciamento 270 000 253 0015.2 Operações de refinanciamento de prazo alargado 75 000 45 0005.3 Operações reversíveis ocasionais de regularização 0 05.4 Operações reversíveis estruturais 0 05.5 Facilidade permanente de cedência de liquidez 109 1345.6 Créditos relacionados com o valor de cobertura

adicional 3 28

6 Outros activos para com instituiçõesde crédito da área do euro denominados em euros 3 763 729

7 Títulos emitidos por residentes na área doeuro denominados em euros 70 244 54 466

8 Crédito à Administração Pública denominadoem euros 41 317 42 686

9 Outros activos 120 479 109 365

Total do activo 884 324 834 796

5 B A L ANÇO CON SO L I DADO DO EURO S I S T EMA EM31 D E D E Z EMBRO D E 2 0 0 4

(EUR M I LHÕE S )

Os totais e subtotais podem não corresponder devido a arredondamentos.

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221BCE

Relatório Anual2004

PA S S I VO 3 1 D E D E Z EMBRO 31 D E D E Z EMBRO2004 2 0 0 3

1 Notas em circulação 501 256 436 128

2 Responsabilidades para com instituições de créditoda área do euro relacionadas com operações depolítica monetária denominadas em euros 138 735 147 3282.1 Depósitos à ordem (incluindo reservas obrigatórias) 138 624 147 2472.2 Facilidade de depósito 106 802.3 Depósitos a prazo 0 02.4 Operações reversíveis ocasionais de regularização 0 02.5 Depósitos relacionados com o valor de cobertura

adicional 5 1

3 Outras responsabilidades para com instituiçõesde crédito da área do euro denominadas em euros 126 257

4 Certificados de dívida emitidos 0 1 054

5 Responsabilidades para com outras entidadesda área do euro denominadas em euros 42 187 39 8655.1 Administração Pública 35 968 34 1065.2 Outras responsabilidades 6 219 5 759

6 Responsabilidades para com não residentes na áreado euro denominadas em euros 10 912 10 279

7 Responsabilidades para com residentes na área doeuro denominadas em moeda estrangeira 247 499

8 Responsabilidades para com não residentesna área do euro denominadas em moeda estrangeira 10 679 11 2058.1 Depósitos saldos e outras responsabilidades 10 679 11 2058.2 Responsabilidades decorrentes da facilidade

de crédito no âmbito do MTC II 0 0

9 Atribuição de contrapartidas de direitos de saqueespeciais pelo FMI 5 573 5 761

10 Outras responsabilidades 51 791 54 757

11 Contas de reavaliação 64 581 67 819

12 Capital e reservas 58 237 59 844

Total do passivo 884 324 834 796

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ANEXOS

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224BCERelatório Anual2004

ANEXOS

INSTRUMENTOS JURÍDICOS ADOPTADOS PELO BCE

Número Título Referênciado JO

O quadro seguinte lista os instrumentosjurídicos que foram adoptados pelo BCE em2004 e no início de 2005 e publicados no JornalOficial da União Europeia. O Serviço dasPublicações Oficiais das Comunidades

Europeias disponibiliza cópias do JornalOficial. Para consultar a lista de todos osinstrumentos jurídicos adoptados pelo BCEdesde o seu estabelecimento e publicados noJornal Oficial, consultar o site do BCE.

BCE/2004/1 Orientação do Banco Central Europeu, de 13 Fevereiro de2004, que altera a Orientação BCE/2003/2 relativa adeterminados requisitos de informação estatística do BancoCentral Europeu e aos procedimentos de reporte de estatísticasmonetárias e bancárias pelos bancos centrais nacionais

BCE/2004/2 Decisão do Banco Central Europeu, de 19 de Fevereiro de2004, que adopta o Regulamento Interno do Banco CentralEuropeu

BCE/2004/3 Decisão do Banco Central Europeu, de 4 de Março de 2004,relativa ao acesso do público aos documentos do BancoCentral Europeu

BCE/2004/4 Orientação do Banco Central Europeu, de 21 de Abril de 2004,que altera a Orientação BCE/2001/3 relativa a um sistema detransferências automáticas trans-europeias de liquidaçõespelos valores brutos em tempo real (TARGET)

BCE/2004/5 Decisão do Banco Central Europeu, de 22 de Abril de 2004,relativa à participação percentual dos bancos centraisnacionais na tabela de repartição para a subscrição do capitaldo Banco Central Europeu

BCE/2004/6 Decisão do Banco Central Europeu, de 22 de Abril de 2004,que estabelece as medidas necessárias à realização do capitaldo Banco Central Europeu pelos bancos centrais nacionaisparticipantes

BCE/2004/7 Decisão do Banco Central Europeu de 22 de Abril de 2004 queestabelece os termos e condições para as transferências departicipações no capital do Banco Central Europeu entre osbancos centrais nacionais e para a adaptação do capitalrealizado

BCE/2004/8 Decisão do Banco Central Europeu, de 22 de Abril de 2004,que estabelece as medidas necessárias para a contribuição parao valor acumulado dos fundos próprios do Banco CentralEuropeu e para a adaptação dos créditos dos bancos centraisnacionais equivalentes aos activos de reserva transferidos,e medidas relativas a aspectos financeiros conexos

JO L 83,20.3. 2004,p. 29

JO L 80,18.3.2004,p. 33

JO L 80,18.3.2004,p. 42

JO L 205,9.6.2004,p. 1

JO L 205,9.6.2004,p. 5

JO L 205,9.6.2004,p. 7

JO L 205,9.6.2004,p. 9

JO L 205,9.6.2004,p. 13

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225BCE

Relatório Anual2004

Número Título Referênciado JO

BCE/2004/9 Decisão do Banco Central Europeu, de 22 de Abril de 2004,que altera a Decisão BCE/2001/15, de 6 de Dezembro de 2001,relativa à emissão de notas de euro

BCE/2004/10 Decisão do Banco Central Europeu, de 23 Abril de 2004, queestabelece as medidas necessárias à realização do capital doBanco Central Europeu pelos bancos centrais nacionais nãoparticipantes

BCE/2004/11 Decisão do Banco Central Europeu, de 3 de Junho de 2004,relativa aos termos e condições para os inquéritos efectuadospelo Organismo Europeu de Luta Antifraude no Banco CentralEuropeu em matéria de luta contra a fraude, a corrupção e todasas actividades ilegais lesivas dos interesses financeiros dasComunidades Europeias, e que altera as condições de empregodo pessoal do Banco Central Europeu

BCE/2004/12 Decisão do Banco Central Europeu, de 17 de Junho de 2004,que adopta o Regulamento Interno do Conselho Geral doBanco Central Europeu

BCE/2004/13 Orientação do Banco Central Europeu, de 1 de Julho de 2004,relativa à prestação, pelo Eurosistema, de serviços em matériade gestão de reservas denominadas em euros a bancos centraise países não pertencentes à União Europeia e a organizaçõesinternacionais

BCE/2004/14 Decisão do Banco Central Europeu, de 9 de Julho de 2004, quealtera a Decisão BCE/2003/15, de 28 de Novembro de 2003,relativa à aprovação do volume de emissão de moeda metálicaem 2004

BCE/2004/15 Orientação do Banco Central Europeu, de 16 de Julho de 2004,relativa aos requisitos de reporte estatístico do Banco CentralEuropeu no domínio das estatísticas de balança de pagamentose posição de investimento internacional, e do modelo dereservas internacionais

BCE/2004/16 Recomendação do Banco Central Europeu, de 16 de Julho de2004, relativa aos requisitos de reporte estatístico do BancoCentral Europeu no domínio das estatísticas de balança depagamentos e posição de investimento internacional, e domodelo de reservas internacionais

BCE/2004/17 Recomendação do Banco Central Europeu, de 30 de Julho de2004, ao Conselho da União Europeia relativa à nomeação doauditor externo do Banca d’Italia

JO L 205,9.6.2004,p. 17

JO L 205,9.6.2004,p. 19

JO L 230,30.6.2004,p. 56

JO L 230,30.6.2004,p. 61

JO L 241,13.7.2004,p. 68

JO L 248,22.7.2004,p. 14

JO L 354,30.11.2004,p. 34

JO C 292,30.11.2004,p. 21

JO C 202,10.8.2004,p. 1

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226BCERelatório Anual2004

Número Título Referênciado JO

BCE/2004/18 Orientação do Banco Central Europeu, de 16 de Setembro de2004, relativa aos procedimentos para a aquisição de notas deeuro

BCE/2004/19 Decisão do Banco Central Europeu, de 14 de Dezembro de2004, relativa à aprovação do volume de emissão de moedametálica em 2005

BCE/2004/20 Orientação do Banco Central Europeu, de 16 de Dezembro de2004, que altera a Orientação BCE/2004/13 relativa àprestação, pelo Eurosistema, de serviços em matéria de gestãode reservas denominadas em euros a bancos centrais e paísesnão pertencentes à União Europeia e a organizaçõesinternacionais

BCE/2004/21 Regulamento do Banco Central Europeu, de 16 Dezembrode 2004, que altera o Regulamento (CE) n.º 2423/2001(BCE/2001/13) relativo ao balanço consolidado do sector dasinstituições financeiras monetárias e o Regulamento (CE)n.º 63/2002 (BCE/2001/18) relativo às estatísticas das taxas dejuro praticadas pelas instituições financeiras monetárias emoperações de depósitos e empréstimos face às famílias e àssociedades não financeiras

BCE/2005/1 Orientação do Banco Central Europeu, de 21 de Janeiro de2005, que altera a Orientação BCE/2001/3, relativa a umsistema de transferências automáticas trans-europeias deliquidações pelos valores brutos em tempo real (TARGET)

BCE/2005/2 Orientação do Banco Central Europeu, de 3 de Fevereiro de2005, que altera a Orientação BCE/2000/7 relativa aosinstrumentos e procedimentos de política monetária doEurosistema

BCE/2005/3 Recomendação do Banco Central Europeu, de 11 de Fevereirode 2005, ao Conselho da União Europeia relativa à nomeaçãodo auditor externo do Banco de Portugal

BCE/2005/4 Orientação do Banco Central Europeu, de 15 de Fevereiro de2005, relativa a determinados requisitos de informaçãoestatística do Banco Central Europeu e aos procedimentos dereporte de estatísticas monetárias e bancárias pelos bancoscentrais nacionais

BCE/2005/5 Orientação do Banco Central Europeu, de 17 de Fevereiro de2005, relativa a requisitos de informação estatística do BancoCentral Europeu e aos procedimentos de troca de informaçõesestatísticas no Sistema Europeu de Bancos Centrais na área deestatísticas de finanças públicas

JO L 320,21.10.2004,p. 21

JO L 379,24.12.2004,p. 107

JO L 385,29.12.2004,p. 85

JO L 371,18.12.2004,p. 42

JO L 30,3.2.2005,p. 21

A publicarno JornalOficial

JO C 50,26.2.2005,p. 6

A publicar

A publicar

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227BCE

Relatório Anual2004

PARECERES ADOPTADOS PELO BCE

(a) Pareceres do BCE na sequência de uma consulta por um Estado-Membro1

Número2 Origem Assunto

O quadro seguinte lista os pareceres adoptadospelo BCE em 2004 e início de 2005, ao abrigodo n.º 4 do artigo 105.º do Tratado e artigo 4.ºdos Estatutos do SEBC, alínea b) do n.º 2 do

artigo 112.º do Tratado e artigo 11.º-2 dosEstatutos. Para consultar a lista de todos ospareceres adoptados pelo BCE desde o seuestabelecimento, consultar o site do BCE.

1 Em Dezembro de 2004, o Conselho do BCE decidiu que os pareceres do BCE emitidos a pedido de autoridades nacionais seriam, emregra, publicados imediatamente após a sua adopção e posterior transmissão à autoridade consultante.

2 As consultas estão numeradas pela ordem da sua adopção pelo Conselho do BCE.

CON/2004/1 Finlândia Medidas que afectam a posição financeira do Suomen Pankki edisposições relacionadas com o seu poder para emitir normas

CON/2004/2 Suécia Comunicação de estatísticas monetárias e bancárias pelas IFM

CON/2004/3 Luxemburgo Estabelecimento de um quadro legal específico para astransacções de titularização

CON/2004/5 Áustria Supervisão complementar num conglomerado financeiro

CON/2004/6 França Cobertura de menos-valias incorridas pelo Banque de France

CON/2004/8 França Quadro legal para a reciclagem de moedas e notas de euros

CON/2004/9 Bélgica Procedimentos em matéria de insolvência e falência deinstituições de crédito, instituições de compensação eempresas de investimento

CON/2004/15 França Títulos de dívida negociáveis

CON/2004/16 Itália Protecção da poupança

CON/2004/17 Suécia Notas e moedas antigas que deixam de ter curso legal

CON/2004/18 Portugal Reorganização e liquidação de instituições de crédito

CON/2004/20 França Empréstimos indexados à taxa de inflação por instituições decrédito

CON/2004/21 Países Baixos Supervisão do sector financeiro

CON/2004/22 França Transferência da titularidade de instrumentos financeiros

CON/2004/23 Alemanha Requisitos de prestação de informação estatística em relaçãoa transacções transfronteiras entre residentes e não residentes

CON/2004/24 Áustria Recolha de estatísticas relativas à importação e exportação deserviços

CON/2004/25 Estónia Autoridades reguladoras das instituições de moeda electrónica

CON/2004/26 Áustria Reporte de dados relativo à balança de pagamentos, comexcepção dos serviços e transferências

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228BCERelatório Anual2004

Número2 Origem Assunto

CON/2004/27 Bélgica Acordos de garantia financeira

CON/2004/28 Suécia Circulação de notas e moedas

CON/2004/29 Malta Isenção do regime de reservas mínimas maltês

CON/2004/30 França Conclusão do quadro legal para os fundos de titularização

CON/2004/31 Eslováquia Supervisão do mercado financeiro pelo Národná bankaSlovenska

CON/2004/33 Hungria Requisitos de prestação de informação estatística para osistema de informação do banco central

CON/2004/34 Bélgica Imposto sobre transacções cambiais

CON/2004/35 Hungria Tomada de decisões de política monetária

CON/2004/36 República Programa de inquéritos estatísticos para 2005Checa

CON/2004/37 República Introdução de instituições de moeda electrónicaCheca

CON/2004/38 Dinamarca Criação de uma base jurídica e de supervisão específica parafundos de cobertura

CON/2004/39 Espanha Nova estrutura de gestão do sistema de compensação dospagamentos a retalho

CON/2005/3 Hungria Processamento e distribuição de numerário

CON/2005/5 Malta Requisitos de prestação de informação estatística do CentralBank of Malta aplicados às instituições de crédito

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229BCE

Relatório Anual2004

3 Também publicados no site do BCE.4 As consultas estão numeradas pela ordem da sua adopção pelo Conselho do BCE.

CON/2004/4 Conselho Elaboração de contas não financeirastrimestrais por sector institucional

CON/2004/7 Conselho Nova estrutura orgânica para os comités daUE no domínio dos serviços financeiros,alargando o processo Lamfalussy a todos ossectores financeiros

CON/2004/10 Conselho Taxas de conversão entre o euro e as moedasdos Estados-Membros que adoptam o euro

CON/2004/11 Conselho Nomeação de um novo membro da ComissãoExecutiva do BCE

CON/2004/12 Conselho Acordo sobre as relações monetárias comAndorra

CON/2004/13 Conselho Medalhas e fichas similares a moedas

CON/2004/14 Conselho Compilação e transmissão de dados sobre adívida pública trimestral

CON/2004/19 Conselho Estatísticas conjunturais

CON/2004/32 Conselho Abertura de negociações no que diz respeito aum acordo sobre as relações monetárias comAndorra

CON/2005/2 Conselho Prevenção da utilização do sistema financeiropara efeitos de branqueamento de capitais efinanciamento do terrorismo

CON/2005/4 Conselho Enquadramento de adequação dos fundospróprios para instituições de crédito eempresas de investimento

JO C 42,18.2.2004,p. 23

JO C 58,6.3.2004,p. 23

JO C 88,8.4.2004,p. 20

JO C 87,7.4.2004,p. 37

JO C 88,8.4.2004,p. 18

JO C 134,12.5.2004,p. 11

JO C 134,12.5.2004,p. 14

JO C 158,15.6.2004,p. 3

JO C 256,16.10.2004,p. 9

JO C 40,17.2.2005,p. 9

JO C 52,2.3.2005,p. 37

(b) Pareceres do BCE na sequência de uma consulta por uma instituição europeia3

Número4 Origem Assunto Referênciado JO

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231BCE

Relatório Anual2004

RELATÓRIO ANUAL“Relatório Anual 2003”, Abril de 2004.

ARTIGOS DO BOLETIM MENSAL“A UEM e a condução das políticas orçamentais”, Janeiro de 2004.“Inquéritos de opinião sobre a evolução da actividade, dos preços e do mercado de trabalhona área do euro: características e utilizações”, Janeiro de 2004.“Medição e análise da evolução dos lucros na área do euro”, Janeiro de 2004.“As economias dos países aderentes no limiar da União Europeia”, Fevereiro de 2004.“Evolução dos balanços do sector privado na área do euro e nos Estados Unidos”,Fevereiro de 2004.“O impacto da contabilização pelo justo valor sobre o sector bancário europeu – umaperspectiva de estabilidade financeira”, Fevereiro de 2004.“Influência da política orçamental na estabilidade macroeconómica e nos preços”,Abril de 2004.“Evolução futura do sistema TARGET”, Abril de 2004.“Os países parceiros no quadro do Processo de Barcelona e as suas relações com a área doeuro”, Abril de 2004.“A economia da UE na sequência da adesão dos novos Estados-Membros”, Maio de 2004.“A taxa de juro real natural na área do euro”, Maio de 2004.“Métodos de atenuação de risco nas operações de crédito do Eurosistema”, Maio de 2004.“Evolução da produtividade do trabalho na área do euro: tendências agregadas e padrõessectoriais”, Julho de 2004.“Razões para a resiliência do sector bancário da UE desde 2000”, Julho de 2004.“A Constituição Europeia e o BCE”, Agosto de 2004.“Características e utilização das contas trimestrais das administrações públicas”,Agosto de 2004.“Notas de euros: a experiência dos primeiros anos”, Agosto de 2004.“Análise monetária em tempo real”, Outubro de 2004.“Integração económica em regiões seleccionadas fora da União Europeia”, Outubro de 2004.“Os preços do petróleo e a economia da área do euro”, Novembro de 2004.“Extracção de informação a partir dos preços dos activos financeiros”, Novembro de 2004.“Desenvolvimentos no quadro da UE para a regulamentação, supervisão e estabilidadefinanceiras”, Novembro de 2004.“The new Basel Capital Accord: main features and implications”, Janeiro de 2005.“Financial flows to emerging market economies: changing patterns and recent developments”,Janeiro de 2005.

DOCUMENTOS PUBLICADOS PELO BANCO CENTRALEUROPEU DESDE JANEIRO DE 2004Esta lista tem como objectivo informar os leitores sobre determinados documentos publicadospelo Banco Central Europeu desde Janeiro de 2004. A lista de Documentos de Trabalho refere-seapenas a publicações divulgadas entre Dezembro de 2004 e Fevereiro de 2005. Estas publicações,que são gratuitas, podem ser obtidas por todos os interessados na Divisão de Imprensa eInformação. As encomendas deverão ser efectuadas por escrito, para o endereço postal indicadono verso da primeira página.

Para a obtenção de uma lista completa dos documentos publicados pelo Banco Central Europeu epelo Instituto Monetário Europeu, consultar o site do BCE (http://www.ecb.int).

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232BCERelatório Anual2004

“Bank market discipline”, Fevereiro de 2005.“Initial experience with the changes to the Eurosystem’s operational framework for monetarypolicy implementation”, Fevereiro de 2005.“Euro area balance of payments and international investment position vis-à-vis maincounterparts”, Fevereiro de 2005.

“STATISTICS POCKET BOOK”Disponível mensalmente desde Agosto de 2003.

SÉRIE “DOCUMENTOS DE TRABALHO OCASIONAIS”9 “Fiscal adjustment in 1991-2002: stylised facts and policy implications”, por M. G. Briotti,

Fevereiro de 2004.10 “The acceding countries’ strategies towards ERM II and the adoption of the euro: an

analytical review”, por uma equipa liderada por P. Backé e C. Thimann e incluindoO. Arratibel, O. Calvo-Gonzalez, A. Mehl e C. Nerlich, Fevereiro de 2004.

11 “Official dollarisation/euroisation: motives, features and policy implications of currentcases”, por A. Winkler, F. Mazzaferro, C. Nerlich e C. Thimann, Fevereiro de 2004.

12 “Understanding the impact of the external dimension on the euro area: trade, capitalflows and other international macroeconomic linkages”, por R. Anderton, F. di Mauroe F. Moneta, Abril de 2004.

13 “Fair value accounting and financial stability”, por uma equipa liderada por A. Enria,incluindo L. Cappiello, F. Dierick, S. Grittini, A. Maddaloni, P. Molitor, F. Pirese P. Poloni, Abril de 2004.

14 “Measuring financial integration in the euro area”, por L. Baele, A. Ferrando, P. Hördahl,E. Krylova e C. Monnet, Abril de 2004.

15 “Quality adjustment of European price statistics, and the role for hedonics”, porH. Ahnert e G. Kenny, Maio de 2004.

16 “Market dynamics associated with credit ratings: a literature review”, por F. Gonzalez,F. Haas, R. Johannes, M. Persson, L. Toledo, R. Violi, M. Wieland e C. Zins, Junho de 2004.

17 “Corporate ‘excesses’ and financial market dynamics”, por A. Maddaloni e D. Pain,Julho de 2004.

18 “The international role of the euro: evidence from bonds issued by non-euro arearesidents”, por A. Geis, A. Mehl e S. Wredenborg, Julho de 2004.

19 “Sectoral specialisation in the EU: a macroeconomic perspective”, por um grupo detrabalho do MPC do SEBC, Julho de 2004.

20 “The supervision of mixed financial services groups in Europe”, por F. Dierick,Agosto de 2004.

21 “Governance of securities clearing and settlement systems”, por D. Russo, T. Hart,M. C. Malaguti e C. Papathanassiou, Outubro de 2004.

22 “Assessing potential output growth in the euro area – a growth accounting perspective”,por A. Musso e T. Westermann, Janeiro de 2005.

23 “The bank lending survey for the euro area” por J. Berg, A. Van Rixtel, A. Ferrando,G. de Bondt e S. Scopel, Fevereiro de 2005.

24 “Wage diversity in the euro area – an overview of labour cost differentials acrossindustries”, por V. Genre, D. Momferatou e G. Mourre, Fevereiro de 2005.

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233BCE

Relatório Anual2004

SÉRIE “DOCUMENTOS DE TRABALHO”419 “The design of fiscal rules and forms of governance in European Union countries”,

por M. Hallerberg, R. Strauch e J. von Hagen, Dezembro de 2004.420 “On prosperity and posterity: the need for fiscal discipline in a monetary union”,

por C. Detken, V. Gaspar e B. Winkler, Dezembro de 2004.421 “EU fiscal rules: issues and lessons from political economy”, por L. Schuknecht,

Dezembro de 2004.422 “What determines fiscal balances? An empirical investigation in determinants of changes

in OECD budget balances”, por M. Tujula e G. Wolswijk, Dezembro de 2004.423 “Price setting in France: new evidence from survey data”, por C. Loupias e R. Ricart,

Dezembro de 2004.424 “An empirical study of liquidity and information effects of order flow on exchange rates”,

por F. Breedon e P. Vitale, Dezembro de 2004.425 “Geographic versus industry diversification: constraints matter”, por P. Ehling

e S. Brito Ramos, Janeiro de 2005.426 “Security fungibility and the cost of capital: evidence from global bonds”, por D. P. Miller

e J. J. Puthenpurackal, Janeiro de 2005.427 “Interlinking securities settlement systems: a strategic commitment?”, por K. Kauko,

Janeiro de 2005.428 “Who benefits from IPO underpricing? Evidence form hybrid bookbuilding offerings”,

por V. Pons-Sanz, Janeiro de 2005.429 “Cross-border diversification in bank asset portfolios”, por C. M. Buch, J. C. Driscoll

e C. Ostergaard, Janeiro de 2005.430 “Public policy and the creation of active venture capital markets”, por M. Da Rin,

G. Nicodano e A. Sembenelli, Janeiro de 2005.431 “Regulation of multinational banks: a theoretical inquiry”, por G. Calzolari e G. Loranth,

Janeiro de 2005.432 “Trading European sovereign bonds: the microstructure of the MTS trading platforms”,

por Y. Chung Cheung, F. de Jong e B. Rindi, Janeiro de 2005.433 “Implementing the Stability and Growth Pact: enforcement and procedural flexibility”,

por R. Beetsma e X. Debrun, Janeiro de 2005.434 “Interest rates and output in the long run”, por Y. Aksoy e M. León-Ledesma,

Janeiro de 2005.435 “Reforming public expenditure in industrialised countries: are there trade-offs?”,

por L. Schuknecht e V. Tanzi, Fevereiro de 2005.436 “Measuring market and inflation risk premia in France and in Germany”, por L. Cappiello

e S. Guéné, Fevereiro de 2005.437 “What drives international bank flows? Politics, institutions and other determinants”,

por E. Papaioannou, Fevereiro de 2005.438 “Quality of public finances and growth”, por A. Afonso, W. Ebert, L. Schuknecht

e M. Thöne, Fevereiro de 2005.439 “A look at intraday frictions in the euro area overnight deposit market”, por V. Brousseau

e A. Manzanares, Fevereiro de 2005.440 “Estimating and analysing currency options’ implied risk-neutral density functions for the

largest new EU Member States”, por O. Castrén, Fevereiro de 2005.441 “The Phillips curve and long-term unemployment”, por R. Llaudes, Fevereiro de 2005.442 “Why do financial systems differ? History matters”, por C. Monnet e E. Quintin,

Fevereiro de 2005.

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234BCERelatório Anual2004

443 “Explaining cross-border large-value payment flows: evidence from TARGET andEURO 1 data”, por S. Rosati e S. Secola, Fevereiro de 2005.

444 “Keeping up with the Joneses, reference dependence, and equilibrium indeterminacy”,por L. Stracca e A. al-Nowaihi, Fevereiro de 2005.

445 “Welfare implications of joining a common currency”, por M. Ca’Zorzi, R. A. De Santise F. Zampolli, Fevereiro de 2005.

446 “Trade effects of the euro: evidence from sectoral data”, por R. E. Baldwin, F. Skudelnye D. Taglioni, Fevereiro de 2005.

447 “Foreign exchange option and returns-based correlation forecasts: evaluation and twoapplications”, por O. Castrén e S. Mazzotta, Fevereiro de 2005.

OUTRAS PUBLICAÇÕES“Assessment of accession countries’ securities settlement systems against the standards forthe use of EU securities settlement systems in Eurosystem credit operations”, Janeiro de 2004.“A política monetária do BCE”, Janeiro de 2004.“A execução da política monetária na área do euro: Documentação geral sobre os instrumentose procedimentos de política monetária do Eurosistema”, Fevereiro de 2004.“Guidance notes on the MFI balance sheet statistics relating to EU enlargement as laid downin Regulation ECB/2003/10”, Fevereiro de 2004.“Comments on the communication from the Commission to the Council and the EuropeanParliament concerning a new legal framework for payments in the internal market(consultative document)”, Fevereiro de 2004.“Foreign direct investment task force report”, Março de 2004.“External evaluation of the economic research activities of the European Central Bank”,Abril de 2004.“Payment and securities settlement systems in the accession countries – Addendumincoporating 2002 figures” (“Blue Boook”), Abril de 2004.“Payment and securities settlement systems in the European Union – Addendum incorporating2002 figures” (“Blue Book”), Abril de 2004.“Esquema de compensação do TARGET – Formulário de pedido de compensação”,Abril de 2004.“Letter from the ECB President to the President of the Council of the European Union:negotiations on the draft Treaty establishing a Constitution for Europe”, Abril de 2004.“The use of central bank money for settling securities transactions”, Maio de 2004.“TARGET Annual Report 2003”, Maio de 2004.“Assessment of euro large-value payment systems against the Core Principles”, Maio de 2004.“Credit risk transfer by EU banks: activities, risks and risk management”, Maio de 2004.“Risk management for central bank foreign reserves”, Maio de 2004.“Comparison of household saving ratios, euro area/United States/Japan”, Junho de 2004.“The development of statistics for Economic and Monetary Union”, por P. Bull, Julho de 2004.“Projecções macroeconómicas para a área do euro elaboradas por especialistas do BCE”,Setembro de 2004.“Letter from the ECB President to the Chairman of the International Accounting StandardsBoard of 6 September 2004: Exposure draft of proposed amendments to IAS 39 – the fair valueoption”, Setembro de 2004.“Disposições institucionais: Estatutos do SEBC e do BCE; Regulamentos internos”,Outubro de 2004.“Relatório de Convergência – 2004”, Outubro de 2004.

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235BCE

Relatório Anual2004

“Standards for securities clearing and settlement in the European Union”, Outubro de 2004.“The European Central Bank – History, role and functions”, Outubro de 2004.“E-payments without frontiers”, Outubro de 2004.“European Union balance of payments/international investment position statistical methods”,Novembro de 2004.“Bond markets and long-term interest rates in non-euro area Member States of the EuropeanUnion and in accession countries”, Novembro de 2004.“Report on EU banking structure 2004”, Novembro de 2004.“EU banking sector stability 2004”, Novembro de 2004.“Letter from the ECB President to the President of the European Parliament”,Novembro de 2004.“Letter from the ECB President to Mr. Paolo Cirino Pomicino, Member of the Committee onEconomic and Monetary Affairs”, Novembro de 2004.“Projecções macroeconómicas para a área do euro elaboradas por especialistas doEurosistema”, Dezembro de 2004.“Towards a single euro payments area – third progress report”, Dezembro de 2004.“The euro bond market study 2004”, Dezembro de 2004.“Financial Stability Review”, Dezembro de 2004.“Review of the requirements in the field of general economic statistics”, Dezembro de 2004.“Research network on capital markets and financial integration in Europe – results andexperience after two years”, Dezembro de 2004.“Recycling of euro banknotes: framework for the detection of counterfeits and fitness sorting bycredit institutions and other professional cash handlers”, Janeiro de 2005.“Review of the international role of the euro”, Janeiro de 2005.“Euro area balance of payments and international investment position statistics – Annualquality report”, Janeiro de 2005.“Banking structures in the new EU Member States”, Janeiro de 2005.“Relatório intercalar sobre o TARGET2”, Fevereiro de 2005.“A execução da política monetária na área do euro: documentação geral sobre os instrumentose procedimentos de política monetária do Eurosistema”, Fevereiro de 2005.“Review of the application of the Lamfalussy framework to EU securities markets legislation”,Fevereiro de 2005.“Payment and securities settlement systems in the European Union – Addendum incorporating2003 figures” (“Blue Book”), Fevereiro de 2005.

BROCHURAS INFORMATIVAS“Information guide for credit institutions using TARGET ”, Julho de 2003.“TARGET2 – the future TARGET system”, Setembro de 2004.“TARGET – the current system”, Setembro de 2004.

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237BCE

Relatório Anual2004

8 DE JANEIRO DE 2004

O Conselho do BCE decide que a taxa mínimade proposta das operações principais derefinanciamento e as taxas de juro da facilidadepermanente de cedência de liquidez e dafacilidade permanente de depósito se mantêminalteradas em 2.0%, 3.0% e 1.0%,respectivamente.

12 DE JANEIRO DE 2004

O Conselho do BCE decide aumentar de €15mil milhões para €25 mil milhões o montantede colocação para cada uma das operações derefinanciamento de prazo alargado a realizarem 2004. Este aumento leva em linha de contaas maiores necessidades de liquidez do sistemabancário da área do euro previstas para2004. Contudo, o Eurosistema continuará adisponibilizar a maior parte da liquidezatravés das suas operações principais derefinanciamento. O Conselho do BCE poderádecidir ajustar de novo o montante decolocação no início de 2005.

5 DE FEVEREIRO E 4 DE MARÇO DE 2004

O Conselho do BCE decide que a taxa mínimade proposta das operações principais derefinanciamento e as taxas de juro da facilidadepermanente de cedência de liquidez e dafacilidade permanente de depósito se mantêminalteradas em 2.0%, 3.0% e 1.0%,respectivamente.

10 DE MARÇO DE 2004

De acordo com a decisão do Conselho do BCEde 23 de Janeiro de 2003, o prazo das operaçõesprincipais de refinanciamento do Eurosistemaé reduzido de duas para uma semana, e operíodo de manutenção de reservas é redefinidode modo a ter início, não no dia 24 de cada mês,mas na data de liquidação da operação principalde refinanciamento que se segue à reunião do

CRONOLOGIA DAS MEDIDAS DE POLÍTICA MONETÁRIADO EUROSISTEMA1

Conselho do BCE para a qual se encontra pré-agendada a avaliação mensal da orientação dapolítica monetária.

1 DE ABRIL, 6 DE MAIO, 3 DE JUNHO,1 DE JULHO, 5 DE AGOSTO, 2 DE SETEMBRO,7 DE OUTUBRO, 4 DE NOVEMBRO,2 DE DEZEMBRO DE 2004E 13 DE JANEIRO DE 2005

O Conselho do BCE decide que a taxa mínimade proposta das operações principais derefinanciamento e as taxas de juro da facilidadepermanente de cedência de liquidez e dafacilidade permanente de depósito se mantêminalteradas em 2.0%, 3.0% e 1.0%,respectivamente.

14 DE JANEIRO DE 2005

O Conselho do BCE decide aumentar de €25mil milhões para €30 mil milhões o montantede colocação para cada uma das operações derefinanciamento de prazo alargado a realizarem 2005. Este aumento leva em linha deconta as maiores necessidades de liquidez dosistema bancário da área do euro previstas para2005. Contudo, o Eurosistema continuará adisponibilizar a maior parte da liquidezatravés das suas operações principais derefinanciamento. O Conselho do BCE poderádecidir ajustar de novo o montante decolocação no início de 2006.

1 A cronologia das medidas de política monetária do Eurosistematomadas entre 1999 e 2003 encontra-se, respectivamente, naspáginas 180 a 185 do Relatório Anual do BCE de 1999, naspáginas 223 a 226 do Relatório Anual do BCE de 2000, naspáginas 239 a 241 do Relatório Anual do BCE de 2001, naspáginas 248 e 249 do Relatório Anual do BCE de 2002 e naspáginas 237 a 239 do Relatório Anual do BCE de 2003.

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238BCERelatório Anual2004

3 DE FEVEREIRO E 3 DE MARÇO DE 2005

O Conselho do BCE decide que a taxa mínimade proposta das operações principais derefinanciamento e as taxas de juro da facilidadepermanente de cedência de liquidez e dafacilidade permanente de depósito se mantêminalteradas em 2.0%, 3.0% e 1.0%,respectivamente.

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239BCE

Relatório Anual2004

GLOSSÁRIOO presente glossário contém termos e expressões seleccionados do Relatório Anual. Podeencontrar-se no site do BCE um glossário mais abrangente e detalhado.

Acordo de reporte (repurchase agreement): acordo de venda e de recompra de um activo a umpreço especificado numa data futura pré-determinada ou a pedido. Um acordo deste tipo ésemelhante a um empréstimo garantido, mas difere no que respeita à propriedade do activo quenão é mantida pelo vendedor.

Administração central (central government): administração tal como definida no SistemaEuropeu de Contas 1995, mas excluindo as administrações regional e local (ver tambémadministrações públicas).

Administrações públicas (general government): sector definido no Sistema Europeu deContas 1995 como sendo composto por entidades residentes cuja função principal é a produção debens e serviços não mercantis destinados ao consumo individual e colectivo e/ou a redistribuiçãodo rendimento e da riqueza nacional. Estão incluídas as autoridades da administração central,regional e local, bem como fundos de segurança social. Excluem-se as entidades detidas peloEstado que realizem operações comerciais, como é o caso das empresas públicas.

Análise económica (economic analysis): um dos pilares do quadro do Banco Central Europeupara a condução de uma análise abrangente dos riscos para a estabilidade de preços, que constituia base das decisões de política monetária do Conselho do BCE. A análise económica incideprincipalmente sobre a avaliação da actual evolução económica e financeira e os riscos implícitosa curto e a médio prazo para a estabilidade de preços, na perspectiva da interacção entre a oferta ea procura nos mercados de bens, serviços e factores naqueles prazos. A este respeito, é prestada adevida atenção à necessidade de identificar a natureza dos choques que afectam a economia, osseus efeitos sobre o comportamento de custos e fixação de preços e as perspectivas de curto amédio prazo para a sua propagação na economia (ver também análise monetária).

Análise monetária (monetary analysis): um dos pilares do quadro do Banco Central Europeupara a condução de uma análise abrangente dos riscos para a estabilidade de preços, que constituia base das decisões de política monetária do Conselho do BCE. A análise monetária contribuipara avaliar as tendências de médio a longo prazo da inflação, tendo em conta o estreitorelacionamento entre moeda e preços ao longo de horizontes alargados. A análise monetária levaem consideração a evolução duma vasta gama de indicadores monetários incluindo o M3, as suascomponentes e contrapartidas, nomeadamente o crédito, e várias medidas de excesso de liquidez(ver também análise económica).

Área do euro (euro area): área que abrange os Estados-Membros nos quais o euro foi adoptadocomo moeda única, nos termos do Tratado, e na qual é conduzida uma política monetária únicasob a responsabilidade do Conselho do Banco Central Europeu. A área do euro incluiactualmente os seguintes países: Bélgica, Alemanha, Grécia, Espanha, França, Irlanda, Itália,Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal e Finlândia.

Balança de pagamentos (BdP) (balance of payments (b.o.p.)): demonstração estatística queresume, para um período específico, as transacções económicas realizadas por uma economia como resto do mundo. As transacções consideradas são as que envolvem bens, serviços e rendimentos,as que envolvem créditos financeiros ou responsabilidades financeiras em relação ao resto do

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240BCERelatório Anual2004

mundo e todas as transacções que (tal como o perdão da dívida) são classificadas comotransferências.

Balanço consolidado do sector das IFM (consolidated balance sheet of the MFI sector):balanço obtido através da compensação das posições inter-IFM (por exemplo, empréstimos edepósitos entre IFM) no balanço agregado das IFM. Fornece informação estatística sobre osactivos e passivos do sector das IFM face a residentes na área do euro que não pertencem a estesector (ou seja, administrações públicas e outros residentes na área do euro) e face a nãoresidentes na área do euro. Este balanço consolidado é a principal fonte estatística para o cálculodos agregados monetários, fornecendo a base para a análise regular das contrapartidas do M3.

Banco Central Europeu (BCE) (European Central Bank (ECB)): o BCE é o centro doEurosistema e do Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) e, ao abrigo do DireitoComunitário, é dotado de personalidade jurídica. Assegura que as atribuições cometidas aoEurosistema e ao SEBC sejam executadas, quer através das suas próprias actividades, quer dasactividades dos BCN, nos termos dos Estatutos do SEBC. O BCE é governado pelo Conselho doBCE e pela Comissão Executiva e, enquanto terceiro órgão de decisão, pelo Conselho Geral.

Base de incidência (reserve base): soma das rubricas elegíveis do balanço (em especialresponsabilidades) que constituem a base para o cálculo das reservas mínimas de umainstituição de crédito.

Carteira referencial (benchmark portfolio): relativamente a investimentos, uma carteira ouíndice de referência construído com base nos objectivos de liquidez e risco, bem como deremuneração, dos investimentos. A carteira referencial serve de base de comparação dodesempenho da carteira efectiva.

Central de depósito de títulos (CDT) (central securities depository (CSD)): entidade que detéme gere títulos e permite que as transacções de títulos se processem sob a forma escritural. Ostítulos podem ser titulados (mas imobilizados numa central de depósito de títulos) ou podem serdesmaterializados (ou seja, existirem apenas como registo electrónico). Para além da guarda egestão de títulos, a CDT pode desempenhar funções de compensação e de liquidação.

Comissão Executiva (Executive Board): um dos órgãos de decisão do Banco Central Europeu(BCE). É composta pelo Presidente e pelo Vice-Presidente do BCE e por quatro vogais, nomeadosde comum acordo pelos Chefes de Estado ou de Governo dos países que adoptaram o euro.

Comité Económico e Financeiro (CEF) (Economic and Financial Committee (EFC)): órgãoconsultivo da Comunidade que contribui para a preparação dos trabalhos do Conselho da UE.As suas atribuições incluem o acompanhamento da situação económica e financeira dos Estados--Membros e da Comunidade e a supervisão orçamental.

Conselho do BCE (Governing Council): o órgão de decisão supremo do Banco CentralEuropeu (BCE). É composto por todos os membros da Comissão Executiva do BCE e pelosGovernadores dos BCN dos países que adoptaram o euro.

Conselho ECOFIN (ECOFIN Council): Conselho da UE, quando composto pelos Ministros daEconomia e das Finanças.

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241BCE

Relatório Anual2004

Conselho Geral (General Council): um dos órgãos de decisão do Banco Central Europeu(BCE). É composto pelo Presidente e pelo Vice-Presidente do BCE e pelos Governadores detodos os BCN da UE.

Contraparte (counterparty): parte oposta numa transacção financeira (por exemplo, emqualquer transacção com um banco central).

Contraparte central (central counterparty): entidade que se interpõe entre as contrapartes detransacções, actuando como comprador a todos os vendedores e como vendedor a todos oscompradores.

Crédito de IFM a residentes na área do euro (MFI credit to euro area residents): empréstimosde IFM concedidos ao sector não monetário residente na área do euro (incluindo asadministrações públicas e o sector privado) e detenções por IFM de títulos (acções, outrasparticipações e títulos de dívida) emitidos pelo sector não monetário residente na área do euro.

Disponibilidades líquidas sobre o exterior das IFM (MFI net external assets):disponibilidades sobre o exterior do sector das IFM da área do euro (como ouro, notas e moedasestrangeiras, títulos emitidos por não residentes na área do euro e empréstimos concedidos a nãoresidentes na área do euro), menos responsabilidades para com o exterior do sector das IFM daárea do euro (tais como depósitos e acordos de recompra de não residentes na área do euro, bemcomo as respectivas detenções de acções/unidades de participação em fundos do mercadomonetário e títulos de dívida emitidos por IFM com prazo até dois anos, inclusive).

EONIA (índice overnight médio do euro) (EONIA (euro overnight index average)): medida dataxa de juro efectiva prevalecente no mercado interbancário overnight do euro. É calculada comouma média ponderada das taxas de juro das transacções de crédito overnight sem garantiadenominadas em euros, comunicadas por um painel de bancos contribuintes.

Estabilidade de preços (price stability): a manutenção da estabilidade de preços constitui oobjectivo primordial do Eurosistema. O Conselho do BCE define estabilidade de preços comoum aumento homólogo inferior a 2% do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor para aárea do euro. O Conselho do BCE também tornou claro que, na prossecução da estabilidade depreços, pretende manter as taxas de inflação abaixo, mas próximo, de 2% a médio prazo.

EURIBOR (taxa interbancária de oferta do euro) (EURIBOR (euro interbank offered rate)):taxa à qual um banco principal está disposto a conceder empréstimos em euros a outro bancoprincipal, calculada diariamente para os depósitos interbancários com vários prazos até 12 meses.

Eurosistema (Eurosystem): sistema de banca central da área do euro. É composto pelo BancoCentral Europeu e pelos BCN dos Estados-Membros que adoptaram o euro na Terceira Fase daUnião Económica e Monetária.

Facilidade permanente (standing facility): facilidade do banco central à qual as contrapartestêm acesso por sua própria iniciativa. O Eurosistema disponibiliza duas facilidades permanentespelo prazo overnight: a facilidade permanente de cedência de liquidez e a facilidadepermanente de depósito.

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242BCERelatório Anual2004

Facilidade permanente de cedência de liquidez (marginal lending facility): facilidadepermanente do Eurosistema que as contrapartes podem utilizar para receber crédito pelo prazoovernight de um BCN a uma taxa de juro fixada antecipadamente contra activos elegíveis (vertambém taxas de juro directoras do BCE).

Facilidade permanente de depósito (deposit facility): facilidade permanente do Eurosistemaque as contrapartes podem utilizar para efectuar depósitos à ordem num BCN, remunerados auma taxa de juro fixada antecipadamente (ver também taxas de juro directoras do BCE).

Garantias (collateral): activos usados (por exemplo, por instituições de crédito em bancoscentrais) como caução de reembolso em empréstimos, bem como activos vendidos (por exemplo,aos bancos centrais por instituições de crédito) como parte de acordos de reporte.

Gestão de empresas (corporate governance): procedimentos e processos segundo os quais umaorganização é gerida e controlada. A estrutura de gestão especifica a distribuição de direitos eresponsabilidades entre os diferentes participantes na organização – tais como o conselho deadministração, os gestores, os accionistas e outros participantes – e estabelece as regras eprocedimentos da tomada de decisão.

IFM (instituições financeiras monetárias) (MFIs (monetary financial institutions)):instituições financeiras que, no seu conjunto, formam o sector de emissão de moeda da área doeuro. Incluem o Banco Central Europeu, os BCN dos países da área do euro e instituições decrédito e fundos do mercado monetário localizados na área do euro.

Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) (Harmonised Index of ConsumerPrices (HICP)): medida dos preços no consumidor compilada pelo Eurostat e harmonizada paratodos os Estados-Membros da UE.

Instituição de crédito (credit institution): (i) uma empresa cuja actividade consiste em receberdo público depósitos ou outros fundos reembolsáveis e em conceder crédito por sua própria conta;ou (ii) uma empresa ou qualquer outra pessoa colectiva, que não as incluídas em (i), que emitemeios de pagamento sob a forma de moeda electrónica.

Instituto Monetário Europeu (IME) (European Monetary Institute (EMI)): instituiçãotemporária criada no início da Segunda Fase da União Económica e Monetária a 1 de Janeiro de1994. O IME entrou em liquidação após a criação do Banco Central Europeu em 1 de Junho de1998.

Investimento de carteira (portfolio investment): transacções e/ou posições líquidas deresidentes na área do euro em títulos emitidos por não residentes na área do euro (“activo”) etransacções e/ou posições líquidas de não residentes em títulos emitidos por residentes na área doeuro (“passivo”). Inclui títulos de participação no capital e títulos de dívida (obrigações e outrostítulos de dívida, e instrumentos do mercado monetário), excluindo os montantes registados noinvestimento directo ou activos de reserva.

Investimento directo (direct investment): investimento transfronteiras para efeitos de obtençãode uma participação duradoura numa empresa residente numa outra economia (na prática,assumindo uma participação de pelo menos 10% das acções ordinárias ou do poder de voto).

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243BCE

Relatório Anual2004

M1 (M1): agregado monetário estreito que abrange circulação monetária mais depósitosovernight detidos em IFM e na administração central (por exemplo, Correios ou Tesouro).

M2 (M2): agregado monetário intermédio que abrange o M1 e depósitos reembolsáveis com pré--aviso até três meses, inclusive (ou seja, depósitos de poupança de curto prazo) e depósitos comprazo acordado até dois anos, inclusive (ou seja, depósitos a curto prazo) detidos em IFM e naadministração central.

M3 (M3): agregado monetário largo que abrange o M2 e instrumentos negociáveis, em particular,acordos de reporte, acções/unidades de participação em fundos do mercado monetário e títulosde dívida com prazo até dois anos, inclusive, emitidos por IFM.

Mercado de títulos (equity market): mercado em que os títulos de participação são emitidos etransaccionados.

Mercado monetário (money market): mercado no qual fundos de curto prazo são captados,investidos e transaccionados utilizando instrumentos geralmente com prazo original até um ano,inclusive.

Mercado obrigacionista (bond market): mercado em que os títulos de dívida de mais longoprazo são emitidos e transaccionados.

MTC II (mecanismo de taxas de câmbio II) (ERM II (exchange rate mechanism II)): acordo detaxas de câmbio que constitui o quadro para a cooperação de política cambial entre os países daárea do euro e os Estados-Membros da UE não participantes na Terceira Fase da UniãoEconómica e Monetária.

Opção (option): instrumento financeiro que confere ao seu detentor o direito, mas não aobrigação, de comprar ou vender determinados activos (por exemplo, uma obrigação ou umaacção) a um preço pré-determinado (preço de exercício) até ou numa certa data futura (data deexercício ou de vencimento).

Operação de mercado aberto (open market operation): operação executada no mercadofinanceiro por iniciativa do banco central. Relativamente aos seus objectivos, regularidade eprocedimentos, as operações de mercado aberto do Eurosistema podem dividir-se em quatrocategorias: operações principais de refinanciamento; operações de refinanciamento deprazo alargado; operações ocasionais de regularização; e operações estruturais. Quanto aosinstrumentos utilizados, as operações reversíveis são o principal instrumento de mercado abertodo Eurosistema e podem ser utilizadas nas quatro categorias de operações. Além disso, asoperações estruturais podem ser executadas sob a forma de emissão de certificados de dívida e detransacções definitivas, enquanto as operações ocasionais de regularização podem ser executadassob a forma de transacções definitivas, swaps cambiais e constituição de depósitos a prazo fixo.

Operação de refinanciamento de prazo alargado (longer-term refinancing operation):operação de mercado aberto de carácter regular executada pelo Eurosistema sob a forma deoperações reversíveis. Estas operações são realizadas através de um leilão normal com umafrequência mensal e normalmente com o prazo de três meses.

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244BCERelatório Anual2004

Operação ocasional de regularização (fine-tuning operation): operação de mercado aberto,de carácter não regular, executada pelo Eurosistema especialmente para resolver situações deflutuação inesperada de liquidez no mercado.

Operação principal de refinanciamento (main refinancing operation): operação de mercadoaberto de carácter regular executada pelo Eurosistema sob a forma de operações reversíveis.A partir de 10 de Março de 2004, estas operações são realizadas através de um leilão normal comuma frequência semanal e normalmente com o prazo de uma semana.

Operação reversível (reverse transaction): operação através da qual o banco central compra ouvende activos ao abrigo de um acordo de reporte ou realiza operações de crédito com garantias.

Pacto de Estabilidade e Crescimento (Stability and Growth Pact): é constituído por doisRegulamentos do Conselho, nomeadamente (i) o Regulamento (CE) n.º 1466/97, de 7 de Julho de1997, relativo ao reforço da supervisão das posições orçamentais e à supervisão e coordenaçãodas políticas económicas e (ii) o Regulamento (CE) n.º 1467/97, de 7 de Julho de 1997, relativo àaceleração e clarificação da aplicação do procedimento relativo aos défices excessivos, e poruma Resolução do Conselho Europeu relativa ao Pacto de Estabilidade e Crescimento, adoptadana cimeira de Amesterdão a 17 de Junho de 1997. Pretende-se que o Pacto sirva de meio desalvaguarda da solidez das finanças públicas na Terceira Fase da União Económica e Monetária,de forma a reforçar as condições para a estabilidade de preços e para um crescimento forte esustentável conducente à criação de emprego. Mais precisamente, são exigidas posiçõesorçamentais próximo do equilíbrio ou excedentárias como o objectivo de médio prazo dosEstados-Membros.

Países aderentes (acceding countries): refere-se aos dez países que assinaram o Tratado deAdesão à UE em 2003 antes de terem aderido à UE em 1 de Maio de 2004: República Checa,Estónia, Chipre, Letónia, Lituânia, Hungria, Malta, Polónia, Eslovénia e Eslováquia.

Período de manutenção (maintenance period): período durante o qual se calcula o cumprimentodas reservas mínimas por parte das instituições de crédito. A partir de 10 de Março de 2004, operíodo de manutenção tem início no dia de liquidação da primeira operação principal derefinanciamento após a reunião do Conselho do BCE para a qual está agendada a avaliaçãomensal da orientação de política monetária. O Banco Central Europeu publica um calendáriodos períodos de manutenção de reservas mínimas pelo menos três meses antes do início do ano.

Posição de investimento internacional (p.i.i.) (international investment position (i.i.p.)):valor e composição dos créditos financeiros (ou responsabilidades financeiras) líquidos de umaeconomia em relação ao resto do mundo.

Procedimento relativo aos défices excessivos (excessive deficit procedure): a disposiçãodefinida no artigo 104.º do Tratado e especificada no Protocolo n.º 20 sobre o procedimentorelativo aos défices excessivos exige aos Estados-Membros da UE que mantenham a disciplinaorçamental, define critérios segundo os quais se considera que uma posição orçamental está emdéfice excessivo e regula os passos a dar após a constatação de que os requisitos para o saldoorçamental ou a dívida pública não foram cumpridos. Isso é complementado pelo Regulamento doConselho (CE) n.º 1467/97, de 7 de Julho de 1997, relativo à aceleração e clarificação daaplicação do procedimento relativo aos défices excessivos, uma das partes constituintes do Pactode Estabilidade e Crescimento.

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Relatório Anual2004

Processamento directo (straight-through processing (STP)): processamento automáticodirecto de transferências comerciais/de pagamentos, incluindo a conclusão automatizada degeração, confirmação, compensação e liquidação de instruções.

Projecções (projections): resultados dos exercícios elaborados quatro vezes por ano no sentidode projectar a possível evolução macroeconómica futura na área do euro. As projecçõeselaboradas por especialistas do Eurosistema são publicadas em Junho e Dezembro, enquanto asprojecções elaboradas por especialistas do BCE são publicadas em Março e Setembro. Asprojecções são parte integrante do pilar de análise económica da estratégia de política monetáriado Banco Central Europeu, sendo, por conseguinte, um dos vários elementos considerados peloConselho do BCE na avaliação dos riscos para a estabilidade de preços.

Rácio de reserva (reserve ratio): rácio definido pelo banco central para cada categoria derubricas elegíveis do balanço incluídas na base de incidência. O rácio é utilizado para calcular asreservas mínimas.

Rendimento monetário (monetary income): rendimento que resulta para os BCN nodesempenho da função de política monetária do Eurosistema, proveniente de activosconsignados em conformidade com as orientações estabelecidas pelo Conselho do BCE e detidoem contrapartida de notas em circulação e de depósitos no passivo de instituições de crédito.

Reservas mínimas (reserve requirements): montante mínimo de reservas que uma instituiçãode crédito deve constituir no Eurosistema. O cumprimento é determinado com base na média dossaldos diários ao longo de um período de manutenção de cerca de um mês.

Responsabilidades financeiras a mais longo prazo das IFM (MFI longer-term financialliabilities): depósitos com prazo acordado superior a dois anos, depósitos reembolsáveis com pré--aviso superior a três meses, títulos de dívida emitidos por IFM da área do euro com prazooriginal superior a dois anos e o capital e reservas do sector das IFM da área do euro.

Risco de crédito (credit risk): risco de uma contraparte não liquidar uma obrigação no valortotal, quer na devida data, quer em qualquer data posterior. O risco de crédito inclui o risco docusto de substituição e o risco de capital. Inclui ainda o risco de falha do banco de liquidação.

Risco de liquidação (settlement risk): expressão de carácter geral utilizada para designar o riscode uma liquidação num sistema de transferência não se realizar da forma esperada. Este risco podeincluir tanto o risco de crédito como o risco de liquidez.

Risco de liquidez (liquidity risk): risco de uma contraparte não liquidar uma obrigação pelo seuvalor total na data devida, mas numa data posterior não especificada.

Risco sistémico (systemic risk): risco de a incapacidade de uma instituição cumprir as suasobrigações na devida data dar origem à incapacidade de outras instituições cumprirem as suasobrigações na devida data. Este incumprimento pode conduzir a problemas significativos deliquidez ou de crédito e, em resultado, pode ameaçar a estabilidade dos mercados ou a confiançanos mesmos.

Saldo primário (primary balance): crédito líquido ou endividamento líquido das administraçõespúblicas, excluindo os pagamentos de juros sobre os seus passivos consolidados.

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Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) (European System of Central Banks (ESCB)):constituído pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelos BCN dos 25 Estados-Membros da UE,ou seja, inclui, para além dos membros do Eurosistema, os BCN dos Estados-Membros que aindanão adoptaram o euro. O SEBC é governado pelo Conselho do BCE e pela Comissão Executivado BCE e, enquanto terceiro órgão de decisão do BCE, pelo Conselho Geral.

Sistema Europeu de Contas 1995 (SEC 95) (European System of Accounts 1995 (ESA 95)):sistema de definições e classificações estatísticas uniformes, cujo objectivo consiste em atingiruma descrição quantitativa harmonizada das economias dos Estados-Membros. O SEC 95 é aversão comunitária do Sistema de Contas Nacionais mundial de 1993 (SCN 93).

Sistema de liquidação de títulos (SLT) (securities settlement system (SSS)): sistema quepermite a detenção e transferência de títulos, utilizando procedimentos de entrega sem pagamentoou contra pagamento (sistema de entrega contra pagamento) ou contra um outro activo (entregacontra entrega). Inclui todos os acordos institucionais e técnicos necessários para a liquidação detransacções de títulos e para a guarda de títulos. O sistema pode funcionar com base num sistemade liquidação por bruto em tempo real, de liquidação pelos valores brutos ou de liquidação pelosvalores líquidos. Um sistema de liquidação permite o cálculo (compensação) das obrigações dosparticipantes.

Sistema de liquidação por bruto em tempo real (SLBTR) (real-time gross settlement (RTGS)system): sistema de liquidação no qual o processamento e a liquidação são efectuados instrução ainstrução (sem compensação) em tempo real (em contínuo) (ver também TARGET).

Swap cambial (foreign exchange swap): transacções simultâneas à vista e a prazo de uma moedacontra outra.

TARGET (Sistema de Transferências Automáticas Transeuropeias de Liquidações pelosValores Brutos em Tempo Real) (TARGET (Trans-European Automated Real-time Grosssettlement Express Transfer system)): o sistema de liquidação por bruto em tempo real(SLBTR) para o euro. É um sistema descentralizado composto por 15 SLBTR nacionais, omecanismo de pagamentos do BCE e o mecanismo de interligação.

Taxa mínima de proposta (minimum bid rate): limite mínimo das taxas de juro às quais ascontrapartes podem apresentar propostas nos leilões de taxa variável das operações principaisde refinanciamento. É uma das taxas de juro directoras do BCE que reflecte a orientação dapolítica monetária.

Taxas de câmbio efectivas (TCE) do euro (nominais/reais) (effective exchange rates (EERs)of the euro (nominal/real)): médias ponderadas de taxas de câmbio bilaterais do euro face àsmoedas dos principais parceiros comerciais da área do euro. O Banco Central Europeu publicaíndices da TCE nominal para o euro face a dois grupos de parceiros comerciais: o TCE-23 (queabrange os 13 Estados-Membros da UE não pertencentes à área do euro e 10 principais parceiroscomerciais fora da UE) e o TCE-42 (composto pelo TCE-23 e outros 19 países). Os pesosutilizados reflectem a percentagem de cada país parceiro no comércio da área do euro e ilustram aconcorrência em mercados de países terceiros. As TCE reais são TCE nominais deflacionadas poruma média ponderada de preços ou custos externos em relação aos internos. Constituem, pois,medidas da competitividade dos preços e dos custos.

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Relatório Anual2004

Taxas de juro das IFM (MFI interest rates): taxas de juro aplicadas por IFM residentes,excluindo bancos centrais e fundos do mercado monetário, a depósitos e empréstimosdenominados em euros face a famílias e sociedades não financeiras residentes na área do euro.

Taxas de juro directoras do BCE (key ECB interest rates): taxas de juro fixadas pelo Conselhodo BCE que reflectem a orientação da política monetária do Banco Central Europeu. São a taxamínima de proposta das operações principais de refinanciamento, a taxa de juro da facilidadepermanente de cedência de liquidez e a taxa de juro da facilidade permanente de depósito.

Título de dívida (debt security): promessa por parte do emitente (isto é, o mutuário) de efectuarum ou mais pagamento(s) ao detentor (o mutuante) numa data ou datas futura(s) específica(s).Estes títulos implicam normalmente uma taxa de juro específica (o cupão) e/ou são vendidos adesconto ao montante que será reembolsado na data de vencimento.

Títulos de participação no capital (equities): títulos que representam a detenção de umaparticipação numa empresa. Abrangem acções transaccionadas nas bolsas de valores (acçõescotadas), acções não cotadas e outras formas de participação. Geram habitualmente rendimentossob a forma de dividendos.

Tratado (Treaty): refere-se ao Tratado que institui a Comunidade Europeia (“Tratado deRoma”). Foram introduzidas alterações ao Tratado em diversas ocasiões, em particular peloTratado da União Europeia (“Tratado de Maastricht”), o qual lançou as bases para a UniãoEconómica e Monetária e incluiu os Estatutos do SEBC.

União Económica e Monetária (UEM) (Economic and Monetary Union (EMU)): o Tratadodescreve o processo para alcançar a UEM na UE em três fases. A Terceira Fase (a última) teveinício a 1 de Janeiro de 1999, com a transferência da competência monetária para o BancoCentral Europeu e a introdução do euro. A transição para o euro fiduciário a 1 de Janeiro de 2002concluiu o estabelecimento da UEM.

Valor de referência para o crescimento do M3 (reference value for M3 growth): a taxa decrescimento homóloga de médio prazo do M3 consistente com a manutenção da estabilidade depreços. Actualmente, o valor de referência para o crescimento homólogo do M3 é de 4½%.

Volatilidade implícita (implied volatility): medida da volatilidade esperada (desvio padrão emtermos de variações em percentagem anualizadas) dos preços, por exemplo, de obrigações eacções (ou dos contratos de futuros correspondentes), a qual pode ser obtida através dos preçosdas opções.

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