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Secretaria Federal de Controle Interno Unidade Examinada: PREFEITURA MUNICIPAL Introdução 1. Introdução O presente relatório comporta o resultado das ações de fiscalização conjunta da CGU-R/MA e Ministério Público do Estado/MA no âmbito do serviço de transporte escolar ofertado pelo município de Sítio Novo/MA, inicialmente compreendido entre janeiro de 2014 e outubro de 2015. Pela Resolução CD/FNDE nº 02/2012 foi instituída como obrigatória, a partir de 2012, a utilização do Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SigPC), “... desenvolvido pelo FNDE, para o processamento on line de todas as fases relacionadas ao rito de prestação de contas de recursos repassados a título de Transferências Voluntárias e Obrigatórias/Legais..." Após levantamentos qualitativos dos gastos do período (2014 e 2015) e fazendo correlação de informações com dados extraídos do SigPC, os exames foram estendidos para os exercícios de 2011, 2012 e 2013, dado o ambiente de criticidade surgido após levantamento prévio de informações. As análises foram feitas tendo os seguintes parâmetros: a) Os dados de execução financeira do PNATE Fundamental, com detalhamento de pagamentos, período e beneficiários foram extraídos do SigPC; b) Os procedimentos licitatórios verificados tiveram por origem extrações feitas diretamente do portal do TCE/MA e Prefeitura Municipal; Relatório de Demandas Externas Número do relatório: 201505602

Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

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Page 1: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

Secretaria Federal de Controle Interno

Unidade Examinada: PREFEITURA MUNICIPAL

Introdução

1. Introdução

O presente relatório comporta o resultado das ações de fiscalização conjunta da CGU-R/MA

e Ministério Público do Estado/MA no âmbito do serviço de transporte escolar ofertado pelo

município de Sítio Novo/MA, inicialmente compreendido entre janeiro de 2014 e outubro de

2015.

Pela Resolução CD/FNDE nº 02/2012 foi instituída como obrigatória, a partir de 2012, a

utilização do Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SigPC), “... desenvolvido pelo

FNDE, para o processamento on line de todas as fases relacionadas ao rito de prestação de

contas de recursos repassados a título de Transferências Voluntárias e Obrigatórias/Legais..."

Após levantamentos qualitativos dos gastos do período (2014 e 2015) e fazendo correlação de

informações com dados extraídos do SigPC, os exames foram estendidos para os exercícios

de 2011, 2012 e 2013, dado o ambiente de criticidade surgido após levantamento prévio de

informações.

As análises foram feitas tendo os seguintes parâmetros:

a) Os dados de execução financeira do PNATE Fundamental, com detalhamento de

pagamentos, período e beneficiários foram extraídos do SigPC;

b) Os procedimentos licitatórios verificados tiveram por origem extrações feitas diretamente

do portal do TCE/MA e Prefeitura Municipal;

Relatório de Demandas

Externas

Número do relatório: 201505602

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c) Os processos licitatórios analisados tinham por fonte de custeio tanto recursos do PNATE

Fundamental quanto do FUNDEB.

d) Os processos licitatórios analisados foram aqueles dos exercícios de 2011 a 2015.

e) Os gastos no âmbito do serviço de transporte escolar podem ocorrer frente a diversos tipos

de insumos, como terceirização, combustível, peças, materiais, serviços de manutenção, etc.

Este relatório teve o escopo voltado para o item de gasto de maior representatividade

financeira, regra geral. Assim, os exames foram feitos em face da contratação de terceiros

prestadores dos serviços de transporte de alunos, principalmente.

De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas

abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de gestão do PNATE – Fundamental. Quadro 01 – Responsáveis no período

Cargo Período Nome abreviado

Prefeito 13/05/2009 a 24/01/13 C. J. M. S.

Prefeito 01/01/2013 a 2016 J. C. dos R. Fonte: FNDE/SigPC.

No período teriam sido realizadas os seguintes gastos no âmbito da execução do serviço de

transporte de alunos.

Tabela 01 – Perfil do gasto no período

Ano PNATE -

Pagamento Objeto de gasto Licitação

2011 286.832,48 Terceirização. P.Física Concorrência 05/11

2012 283.562,14 Terceirização. P. Física Concorrência 01/12

2013 265.750,00 Rio Mulato. Terceirização. PP 13/13

62.009,00 Auto Motor Diesel. Peças/Serviços PP 27/13

2014

211.880,00 Rio Mulato. Terceirização. PP 05/14, 16/14

39.330,20 Auto Motor Diesel. Serviços/Peças PP 23/14 e 24/14

77.921,95 J.I. Posto de Combustíveis. Combustível PP 01/2014

2015 55.029,85 Rio Mulato. Terceirização PP 14/15

39.912,50 Auto Motor Diesel. Peças/Serviços PP 23/14 e PP 24/14

65.794,21 J.I.Posto de Combustíveis. Combustível PP 12/15

244.763,88 JD AutoPeças Serv.Locações. Peças/Terceirização PP 23/15 e 24/15

1.632.786,21 Fonte: FNDE/SigPC.

Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao

Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e

registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de

questionários.

O resultado dos exames se inicia pelos procedimentos licitatórios até a execução físico-

financeira.

Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,

mas não se manifestaram sobre as constatações. Cabe ao Ministério supervisor e demais

órgãos interessados, nos casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à

consecução das políticas públicas, bem como à apuração das responsabilidades.

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1.1. Informações sobre a Ação de Controle

Ordem de Serviço: 201505602

Número do Processo: 00209.000803/2015-12

Município/UF: Sítio Novo/MA

Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO

Instrumento de Transferência: Não se Aplica

Unidade Examinada: PREFEITURA MUNICIPAL

Montante de Recursos Financeiros: R$ 1.632.786,21

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito responsável pela

tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela existência

de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.

2.1 Parte 1

Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de

medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.

2.2 Parte 2

Nesta parte, a competência primária para adoção de medidas corretivas dos fatos

apresentados a seguir pertence ao executor do recurso federal descentralizado. Esclarece-

se que as situações relatadas são decorrentes de levantamentos necessários à adequada

contextualização das constatações relatadas na primeira parte.

Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de

recursos federais, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas

ministeriais. Destinam-se, ainda, para ciência dos Órgãos de Defesa do Estado com vistas à

tomada de providências no âmbito das respectivas competências. Esta Controladoria não

realizará o monitoramento isolado das providências saneadoras relacionadas a estas

constatações.

2.2.1. Transporte escolar. Vícios na licitação. Simulação e direcionamento. Exercícios

de 2011 e 2012.

Fato

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A Prefeitura Municipal de Sítio Novo/MA, para a oferta do serviço público de transporte de

escolares, vem ordinariamente promovendo contratos em ambiente de irregularidades

insanáveis nas licitações e contratos, em violação aos princípios da legalidade, isonomia,

ampla competitividade e julgamento objetivo.

Para os exercícios de 2011 e 2012, cuidou em deflagrar as Concorrências nº 05/2011 e nº

01/2012, cujo denominador comum, para além das irregularidades apontadas adiante, foi a

contratação de pessoas físicas, em ambiente de ausência de competitividade e direcionamento

nas contratações.

1. Concorrência 05/2011.

Com edital datado de 05 de janeiro de 2011, consignou que no dia 09 de fevereiro de 2011

seria realizada a sessão de recebimento e abertura dos envelopes de documentação e proposta

dos licitantes.

Da análise dos termos do procedimento, apontam-se:

a) Participação viciada de licitantes.

O edital do certame estipulou, dentre várias condições de participação, o seguinte:

Fig. 01 – Recorte de trecho do edital da Concorrência nº 05/2011

Apesar da condição impeditiva destacada acima – subitem 6.5.2, principalmente – em 09 de

fevereiro de 2011 teria sido realizada sessão em que, ao final, declaram-se vencedoras

propostas de 35 pessoas físicas participantes. Ou seja, teriam participado do certame apenas

pessoas naturais, inicialmente proibidas no subitem 6.5.2 do edital.

Acrescente-se que não há nenhuma evidência de que as pessoas que supostamente

participaram da sessão teriam, de fato, obtido o edital do certame – não havia, por exemplo,

comprovação de retirada do termo, que estava condicionada ao pagamento de R$ 50,00.

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Também não se verificou, pelas propostas apresentadas, verdadeira disputa entre os

participantes. É que a licitação teria sido do tipo menor preço, por item. Para cada um dos 35

itens que especificava rota, distância e tipo de veículo, coincidentemente foi ofertada apenas

uma proposta, o que autoriza considerar que, efetivamente, não houve disputa entre os

supostos participantes. Tal fato sinaliza para a existência de possível direcionamento na

contratação com o uso de simulado procedimento licitatório.

b) Objeto inapto para o certame.

A licitação tem na escolha e definição do objeto sua fase mais importante na etapa de

planejamento. Com base na escolha feita é que se definirá, por exemplo, a modalidade

licitatória a ser adotada, o regime de execução e a estimativa de preço, que servirá de

parâmetro para a contratação. No caso de serviços que exijam qualificação específica (de

motoristas) e “equipamentos” certificados (veículos), por força de disposições do Código de

Trânsito Brasileiro (arts. 136 a 138), não tem o gestor a liberdade de definir um objeto que

não esteja aderente às normas de ordem pública que circundam o serviço de transporte de

escolares, sob pena de atuação contrária e violadora aos princípios da legalidade e julgamento

objetivo.

Na Concorrência nº 05/2011 não se verificou que a definição do objeto tenha atendido aos

critérios de adequação e precisão (art. 55, I da Lei 8.666/1993), pois em nenhuma passagem

do edital e seus anexos se verifica referência às normas de segurança e qualidade exigidos

pelo Código de Trânsito Brasileiro, de observância obrigatória no certame.

Conforme TCU:

“A definição precisa e suficiente do objeto licitado constitui regra indispensável da

competição, até mesmo como pressuposto do postulado de igualdade entre os licitantes, do

qual é subsidiário o princípio da publicidade, que envolve o conhecimento, pelos

concorrentes potenciais, das condições básicas da licitação. Na hipótese particular da

licitação para compra, a quantidade demandada e essencial a definição do objeto do pregão.

TCU. Súmula 177”.

Não é lícita a contratação pública que recaia sobre objeto cujas exigências legais de atualidade,

segurança e qualidade não sejam observadas. Ao deixar de observar as normas do CTB sobre

a prestação de serviços de transporte de alunos, o gestor violou o Primado da Legalidade, com

o agravante de dispensar tratamento favorecido aos contratados, pois acabou por adequar as

exigências administrativas àquilo que poderia ser oferecido pelos futuros contratados.

c) Orçamentação do objeto baseado em critério não objetivo.

Além disso, não há qualquer informação acerca do método utilizado pelo gestor no

levantamento de preços que serviram de base ao certame. Não se sabe, por exemplo, se fez

uso de efetiva pesquisa de mercado para delimitar o valor a ser contratado.

Não é possível estipular orçamento da referida contratação sem estipulação das variáveis de

custos envolvidos, de maneira analítica. Assim, custos com combustível, lubrificantes, peças

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e acessórios, rodagem, pessoal (motorista e monitor, por exemplo), depreciação, IPVA,

DPVAT e seguro de responsabilidade civil, deveriam ser apresentados e apurados pela

Administração, mediante pesquisa própria e junto a terceiros.

Segundo o TCU:

“Não é possível licitar obras e serviços sem que o respectivo orçamento detalhado, elaborado

pela Administração, esteja expressando, com razoável precisão quanto aos valores de

mercado, a composição de todos os seus custos unitários, nos termos do art. 7º, § 2º, inciso

II, da Lei nº 8.666/1993, tendo-se presente que essa peça é fundamental para a contratação

pelo preço justo e vantajoso, na forma exigida pelo art. 3º da citada lei. Acórdão 2014/2007

Plenário (Sumário). ”

“Os orçamentos em uma licitação devem ser elaborados da forma mais cuidadosa possível,

de forma que reflitam adequadamente os preços de mercado, para que a Administração tenha

segurança de estar adquirindo produtos/serviços a preços justos. Acórdão 85/2007 Plenário

(Voto do Ministro Relator). ”

A irregular definição do objeto a ser licitado, bem como a ausência de critérios de justificativa

de preços e quantitativos não se adere à busca da proposta mais vantajosa para a

Administração, muito menos à garantia da impessoalidade, uma vez que inviabilizam a

ocorrência de efetivo ambiente de disputa. A ausência do cumprimento de tais preceitos, no

caso concreto, evidencia o uso do processo licitatório para direcionar a futura contratação.

2. Concorrência 01/2012.

Com edital expedido em 25 de janeiro de 2012, a Concorrência nº 01/2012 teve a sessão de

abertura e julgamento marcada para o dia 28 de fevereiro de 2012.

Também nesta Concorrência se evidenciam os mesmos vícios apontados na Concorrência nº

05/2011, analisada anteriormente, razão pela qual se tomam de empréstimos as narrativas

relacionadas à: i) participação viciada de licitantes, todas pessoas físicas e previamente

direcionadas a ofertar um único item; ii) objeto inapto para o certame, pela absoluta

inadequação entre o esperado normativamente e aquilo que fora licitado; e iii) orçamentação

do objeto baseado em critério não objetivo.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

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##/AnaliseControleInterno##

2.2.2. Transporte escolar. Execução físico-financeira inadequada. Exercícios de 2011 e

2012. Aplicação irregular de R$ 558.376,28.

Fato

De acordo com a Lei 4.320/1964, art. 62, o pagamento da despesa só será efetuado quando

ordenado após sua regular liquidação.

Liquidação é ato de análise e confirmação de dados e fatos que tem disciplina legal nas

disposições dos §§1º e 2º do art. 63 da Lei 4.320/1964 e, às vezes, por regramento específico

criado pelo órgão supervisor da execução de Programas de governo, como por exemplo o

FNDE, no âmbito da educação.

A liquidação é condição necessária para o pagamento e pressuposto de sua regularidade. Sua

validade, porém, está condicionada à análise de documentos apresentados e, com base neles,

ao grau de pertinência e adequação da execução física com as disposições contratuais e legais

existentes.

No caso de gastos relacionados ao transporte de escolares, para além da confirmação de

quantitativos executados, é da essência da legalidade do gasto que os serviços sejam ofertados

atendendo às exigências do Código de Trânsito Brasileiro (arts. 136 a 138), principalmente e,

também, às normas contidas nas Resoluções do FNDE sobre o tema.

Nesse sentido, destacam-se abaixo as Resoluções CD/FNDE 12/2011 e 05/2015 que

explicitam critério de elegibilidade de gastos no âmbito do Programa.

Resolução CD/FNDE 12, de 17 de março de 2011 (vigente à época)

“IV – DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS

(...)

Art. 15 Os recursos repassados à conta do PNATE destinar-se-ão:

(...)

II – a pagamento de serviços contratados junto a terceiros, obedecidas, por parte do

prestador de serviço, as exigências previstas nos artigos 136 e 138, da Lei nº 9.503, de 1997,

e observados os seguintes aspectos:

a) o veículo ou embarcação a ser contratado deverá obedecer às disposições do Código de

Trânsito Brasileiro ou às Normas da Autoridade Marítima, assim como às eventuais

legislações complementares no âmbito estadual, distrital e municipal;

b) o condutor do veículo destinado ao transporte de escolares deverá atender aos requisitos

estabelecidos no Código de Trânsito Brasileiro e quando de embarcação, possuir o nível de

habilitação estabelecido pela autoridade competente;

c) a despesa apresentada deverá observar o tipo de veículo e o custo, em moeda corrente no

país, por quilômetro ou aluno transportado; ” (Sem destaques no original)

Resolução CD/FNDE 5, de 28 de maio de 2015

“IV – DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS

(...)

Art. 14 Os recursos repassados à conta do PNATE destinar-se-ão a:

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(...)

III – pagamento de serviços contratados junto a terceiros, obedecidas, por parte do prestador

de serviço, as exigências previstas nos artigos 136 e 138, da Lei nº 9.503, de 1997, desde que

utilizados para cobrir despesas realizadas na contratação de veículos adequados para o

transporte de escolares, que estejam em conformidade com as disposições do Código de

Trânsito Brasileiro ou às Normas da Autoridade Marítima, assim como às eventuais

legislações complementares no âmbito estadual, distrital e municipal.” (Sem destaques no

original)

A execução físico-financeira do Pnate em 2011 e 2012 pode ser resumidamente apresentada

nas tabelas seguintes.

Tab. 01 – Perfil de Gasto. PNATE 2011.

Contratados (CPFs

descaracterizados)

Valor

contratado

(R$)

Pago (R$) Registro de veículo em

nome do contratado CNH

***.006.003-**(1) 11.809,79 11.809,79 NÃO AB

***.294.163-** 8.316,27 8.316,27 D20/KBM3085 NÃO

***.694.303-** 2.715,68 2.715,68 D20/HOL5690 AB

***.030.870-** (1) 9.230,88 12.314,46 NÃO NÃO

***.598.593-** (1) 7.594,23 10.359,89 D20/BZO8016 AB

***.975.893-** (1) 1.947,44 1.947,44 NÃO AB

***.761.343-** (1) 23.508,97 12.707,42 NÃO NÃO

***.304.233-** 11.595,50 9.561,29 NÃO NÃO

***.127.953-** (1) 2.458,64 5.663,74 D20/KCF6988 NÃO

***.589.393-** 1.191,10 1.191,10 D20/KBB8902 NÃO

***.126.603-** (1) 13.278,36 7.816,06 D20/GQF2718 B

***.812.842-** (1) 21.895,65 21.895,65 D20/HOO4578 NÃO

***.016.842-** 1.511,03 1.511,06 Bandeirante/HOQ4862 NÃO

***.167.962-** (1) 8.672,69 8.672,69 D20/NEL9444 NÃO

***.315.473-** (1) 9.134,64 9.134,64 D20/GNE1122 NÃO

***.228.282-** (1) 13.128,42 13.128,42 D20/KCP8827 NÃO

***.194.302-** (1) 6.894,93 9.444,01 NÃO NÃO

***.506.033-** (1) 6.058,87 3.707,33 D20/BIQ4811 NÃO

***.569.633-** 2.833,60 868,00 D20/HOO1702 NÃO

***.371.993-** (1) 9.424,59 11.872,52 NÃO AB

***.543.253-** 3.863,93 3.863,93 NÃO AD

***.650.803-** (1) 7.796,71 11.191,68 NÃO AC

***.634.611-** (1) 9.824,56 16.259,34 F350/MVT2371 AD

***.163.063-** (1) 10.157,14 10.157,14 D20/HZH1427 NÃO

***.527.121-** (1) 21.350,88 21.350,88 Strada/JID3453 AB

***.275.682-** 5.465,43 5.465,43 D20/KNF5082 A

***.709.753-** (1) 3.447,78 3.447,78 Saveiro/HPB1571 B

***.792.623-** 1.798,52 5.003,62 D20/CCQ5048 AD

***.733.253-** 3.654,52 3.654,52 CG/NHD7841 AB

***.014.623-** (1) 2.157,23 2.157,23 D20/AFA7358 AD

***.317.533-** (1) 1.164,80 1.811,47 D20/KDB3758 AB

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***.225.413-** (1) 18.743,78 18.743,78 D20/MVM1315 AD

***.455.443-** (1) 2.287,28 2.287,28 D20/GUB2451 NÃO

***.829.023-** (1) 9.946,36 9.946,36 F350/NXH1142 AD

***.589.403-** (1) 4.395,97 6.854,61 NÃO NÃO

286.832,51

Fonte: SigPC/FNDE., consulta MacrosAtiva e Infoseg.

(1) Contratados que também figuraram em 2012, prestando os mesmos serviços.

Tab. 02 – Perfil de Gasto. PNATE 2012.

Contratados (CPFs

descaracterizados)

Valor

contratado

(R$) Pago (R$)

Registro de veículo em

nome do contratado CNH

***.006.003-** (1) 12.034,56 12.034,46 NÃO AB

***.030.870-** (1) 5.633,83 5.633,83 NÃO NÃO

***.598.593-** (1) 10.972,94 11.039,98 D20/BZO8016 AB

***.685.013-** 2.212,00 2.212,00 CG125/NMZ7434 NÃO

***.975.893-** (1) 22.668,48 22.668,48 NÃO AB

***.761.343-** (1) 16.068,47 16.068,47 NÃO NÃO

***.127.953-** (1) 1.495,19 14.905,19 Strada/NWS6248 NÃO

***.120.793-** 11.039,98 11.039,98 NÃO NÃO

***.126.603-** (1) 16.210,82 16.210,82 D20/GQF2718 B

***.812.842-** (1) 7.320,13 3.831,88 D20/HOO4578 NÃO

***.167.962-** (1) 5.025,86 5.025,86 D20/NEL9444 NÃO

***.315.473-** (1) 12.911,79 12.911,79 D20/GNE1122 NÃO

***.228.282-** (1) 7.914,83 7.914,83 D20/KCP8827 NÃO

***.194.302-** (1) 8.315,88 0,00 NÃO NÃO

***.506.033-** (1) 9.939,02 9.939,02 D20/BIQ4811 NÃO

***.371.993-** (1) 8.875,46 8.875,46 NÃO AB

***.650.803-** (1) 13.267,61 0,00 NÃO AC

***.433.343-** 2.302,30 2.302,30 D20/KCL7390 NÃO

***.634.611-** (1) 11.560,20 11.560,20 F350/MVT2371 D

***.163.063-** (1) 7.682,13 9.897,52 D20/HZH1427 NÃO

***.028.293-** 5.932,65 5.932,65 NÃO AB

***.527.121-** (1) 16.813,77 16,813,77 Strada/JID3453 B

***.546.683-** 3.074,71 3.074,71 D20/MNH0568 AB

***.144.452-** 9.040,62 9.040,62 NÃO NÃO

***.709.753-** (1) 6.432,14 6.432,14 Saveiro/HPB1571 B

***.014.623-** (1) 5.663,25 5.663,25 D20/AFA7358 AD

***.317.533-** (1) 6.761,19 6.761,19 D20/KDB3758 B

***.225.413-** (1) 12.767,09 8.974,50 D20/MVM1315 AD

***.455.443-** (1) 6.488,71 6.488,71 D20/GUB2451 NÃO

***.829.023-** (1) 17.960,90 17.960,90 F350/NXH1142 D

***.130.703-** 8.646,49 8.646,49 HONDA/HPD8611 AB

***.589.403-** (1) 8.496,54 8.496,54 NÃO NÃO

271.543,77

Fonte: SigPC/FNDE., consulta MacrosAtiva e Infoseg.

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Observações relevantes sobre os dados das tabelas acima:

a) Em 2011, dezessete, de 35 contratados para prestar o serviço, não tinham carteira nacional

de habilitação (CNH). Em 2012, verificou-se o mesmo na relação dezesseis para 32

contratados;

b) Nenhum daqueles que possuíam CNH se apresentaram com qualificação profissional

específica para o transporte de escolares. A desconformidade se dá em face da categoria

inadequada e/ou despreparo técnico pela ausência de curso de formação específica, conforme

exigência do CTB;

c) Em 2011, dez pessoas contratadas para prestar o serviço de transporte não possuíam

histórico de registro de propriedade de veículos no período (vide a quarta coluna das tabelas).

Onze pessoas estariam na mesma situação, para o exercício de 2012;

d) Nenhum dos veículos vinculados aos contratados atendia aos critérios de adequação,

qualidade e segurança exigido pelo CTB para o transporte de escolares. Em decorrência disso,

não poderiam ser autorizados pelo órgão de trânsito responsável para uso em tal serviço;

e) Em 2011, dez registros de pagamentos apontam, em preliminares, montantes maiores que

aqueles contratados, conforme se verifica da segunda coluna das tabelas acima. A mesma

situação se verificou em dois registros, para o exercício de 2012;

f) Vinte e cinco contratados em 2011 também o foram para prestar o serviço de transporte de

alunos em 2012, nas mesmas condições de irregularidade em relação a veículos e condição

profissional para prestar o serviço;

Na forma do art. 39, VIII da Lei nº 8.078/1990, é considerada prática abusiva e vedada pelo

dispositivo mencionado

“colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas

expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho

Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); ”

É condição de legitimidade que a despesa realizada no âmbito do transporte escolar guarde

vinculação e compatibilidade com a marca, modelo e ano do veículo ou embarcação, e tenha

relação de atendimento às normas de ordem pública constantes no Código de Trânsito

Brasileiro, arts. 136 a 138.

Uma vez atendidas as referidas regras é que se poderia considerar que a execução da despesa

tenha ocorrido em atendimento ao interesse público, que no caso seria a prestação de serviço

de transporte de escolares com qualidade, adequação e segurança a seu usuário – alunos da

rede municipal de ensino.

O inciso II, alíneas “a” e “b” do art. 15 da Resolução FNDE 12/2011, por sua vez, considera

que o pagamento de serviços ajustados junto a terceiros deve ocorrer no contexto em que os

veículos “contratados” devam obedecer às disposições do Código de Trânsito Brasileiro

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(CTB) para o transporte de escolares e seus condutores estejam além de habilitados, cumprido

demais requisitos estabelecidos pela autoridade de trânsito.

Logo, por vício na licitação e nos contratos decorrentes, pela ilicitude do objeto e ausência de

adequação e pertinência entre aquilo que era necessário e os gastos incorridos, não se pode ter

por válida, no contexto das regras de contratação e comprovação para a finalidade do

programa, as despesas apresentadas que, à época, totalizaram R$ 286.832,51 e R$ 271.543,77,

exercícios 2011 e 2012, respectivamente.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.2.3. Transporte escolar. Vícios na licitação.Simulação e direcionamento. Exercício de

2013. Pregão Presencial 13/2013.

Fato

Sob nova gestão municipal, em 2013 o perfil da prestação dos serviços sofreu alteração apenas

na formalização, uma vez que a ilegalidade na contratação em relação aos tipos de veículos e

qualificação de motoristas permaneceu. No caso, a alteração se deu apenas em relação ao

beneficiário dos gastos feitos com a contratação. Diferentemente dos exercícios de 2011 e

2012, o gestor municipal optou por contratar uma pessoa jurídica, Rio Mulato Construções e

Empreendimentos Ltda.

Importa destacar que em relação às contas da gestão municipal de 2013, o Tribunal de Contas

do Estado do Maranhão (TCE/MA) recebeu representação de vereadores que, em síntese,

indicavam a possível existência de irregularidades na execução do contrato com Rio Mulato

Construções e Empreendimentos Ltda. De acordo com Relatório de Informação Técnica (RIT)

6996/2015 do TCE/MA, as seguintes constatações foram apontadas.

Fig. 01 – Trechos do RIT TCE/MA nº 6996/2015

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Fonte: TCE/MA. RIT 6996/2015.

Além das constatações apontadas pelo TCE/MA, apresentam-se as seguintes análises e

conclusões quanto à conformidade do procedimento licitatório e a aplicação dos recursos

recebidos.

Em 25 de fevereiro de 2013 o prefeito de Sítio Novo/MA autorizou a abertura de procedimento

licitatório – Pregão Presencial 13/2013, cujo objeto era a “Locação de veículos, destinados às

atividades das diversas secretarias deste Município, conforme especificado neste Edital e no

Termo de Referência. ” (Fls. 33)

Para o transporte escolar, o Anexo II do Edital estipulou a necessidade de 42 veículos nos

tipos e quantidades abaixo.

Quadro 01 – Descrição geral de tipos de veículos. PP 13/2013

Tipos de veículos Quant

Veículo utilitário 18 passageiros 33

Veículo utilitário 25 passageiros 09

Fonte: Anexo do Edital.

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De acordo com o art. 96 da Lei n º 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro), os veículos se

classificam, quanto à espécie, em: a) de passageiros; b) de carga; e c) mistos. Na última

categoria se enquadrariam os veículos do tipo utilitários, definido como “veículo misto

caracterizado pela versatilidade do seu uso, inclusive fora de estrada”.

O art. 136 do mesmo diploma prescreve, no inciso I, que veículos para o transporte de

escolares devem ser aqueles necessariamente registrados como de passageiros. Trata-se de

norma de ordem pública, imperativo que deve ser observado pelos prestadores do serviço e

contratante. Ademais, do art. 136 a 138 do CTB se verificam séries de requisitos a serem

observados para que se possa ter por legal e legítima a execução dos serviços.

Apesar da existência das normas referidas acima, em nenhuma passagem do edital e seus

anexos há indicação expressa acerca de seu cumprimento. Além disso, analisando a proposta

de preços apresentada pela Rio Mulato Construções e Empreendimentos Ltda. verifica ser

impossível identificar, de fato, os veículos a que estariam vinculados o contrato a ser assinado,

bem como os condutores – há apenas descrição genérica “veículo tipo utilitário”, variando a

lotação.

O procedimento teria sido instruído com suposta pesquisa de preços junto a três pessoas

jurídicas. Rio Mulato Construções e Empreendimentos Ltda., CNPJ 13.344.941/0001-94;

Ribeirão Empreendimentos e Construções Ltda., CNPJ 11.398.399/0001-27; e Serra Grande

Construções Ltda., CNPJ 12.554.582/0001-37 teriam sido as fornecedoras de preços que

balizariam o orçamento do certame.

Não obstante a juntada de referidas peças de pesquisa de preços, é de se considerar seu caráter

precário e, até mesmo, inservível, pelas razões seguintes:

A prestação de serviços de transporte de escolares, de acordo com a Comissão Nacional de

Classificação (Concla) é serviço especializado, cuja classificação CNAE é 4924-8/00. Diz-se

especializado por que a oferta de tal serviço requer a existência de insumos (veículos e

motoristas) que atendam a certos requisitos técnicos e de segurança, relacionados a

características dos veículos, como também pela formação dos condutores, conforme arts. 136

a 138 do CTB. Resumindo, somente veículos certificados pelo órgão de trânsito e condutores

treinados para o serviço podem fazer o transporte de escolares.

Após análise de dados cadastrais das referidas sociedades, evidenciou-se que nenhuma das

pessoas referidas poderia ter feito as cotações de preços, uma vez que não seria próprio do

ramo negocial delas a prestação de serviços de transporte de escolares. Acrescentem-se os

achados adiante para reforçar o caráter irregular da participação das sociedades no processo.

a) Serra Grande Construções Ltda., CNPJ 12.554.582/0001-37.

Estabelecida na cidade de Imperatriz/MA, teria sido aberta em 14 de setembro de 2010 com

capital social de R$ 200.000,00.

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Em consulta às bases cadastrais da Secretaria da Receita Federal e Jucema não se evidencia a

presença da atividade de locação de veículos para o transporte de alunos, CNAE 4924-8/00.

Por outro lado, verifica-se que nos exercícios de 2013, 2014 e 2015 referida pessoa manteve

constantes atos negociais com a Prefeitura de Sítio Novo/MA, na forma sintetizada abaixo:

i) Em 16 de abril de 2013 foi publicado no Diário Oficial do Estado do Maranhão (DOE/MA)

extrato de contrato entre a sociedade e a Prefeitura de Sítio Novo/MA tendo por objeto

mediato o gerenciamento, manutenção e funcionamento da limpeza pública de Sítio

Novo/MA. Valor de R$ 787.147,00. Pregão Presencial 11/2013.

ii) Em publicação no DOE/MA de 17 de março de 2014, novamente contratada pela Prefeitura

de Sítio Novo/MA para executar serviços de limpeza urbana de ruas e avenidas do município.

Valor de R$ 792.350,30. Pregão Presencial 07/2014.

iii) No DOE/MA de 09 de março de 2015 há referência de contratação pela Prefeitura de Sítio

Novo/MA para construção de 111 módulos sanitários domiciliares em Sítio Novo/MA.

Referida sociedade empresária tem por sócias L. S.de A. G., CPF ***.062.423-**,

administradora, e M. O. G. P., CPF ***.706.511-**, cotista de 10% do capital social.

M. O. G. P teria por irmão O. G. P., CPF ***.209.453-**, contador da Serra Grande

Construções e da R.G. Construções e Empreendimentos Ltda., esta última com sede no

município do Governador Edison Lobão/MA, cujo telefone de contato na base cadastral de

contribuintes – 99 ****-3137 – é o mesmo encontrado nos dados da Ribeirão

Empreendimentos e Construções Ltda., outra sociedade contumaz em contratações no

município e também fornecedora de pesquisa de preços no procedimento sob exame.

É conveniente informar que referida sociedade, apesar de ter apresentado pesquisa de preços

no certame, não manifestou interesse em participar da disputa no procedimento.

b) Ribeirão Empreendimentos e Construções Ltda., CNPJ 11.398.399/0001-27.

Referida sociedade empresária tem por sócios E. P. dos R., CPF ***.994.573-**, sócio-

administrador, e E. G. de S., CPF ***.458.433-**, cotista de 5% do capital social de R$

100.000,00.

E. P. dos R., apesar da condição de sócio-majoritário da “empresa”, apresenta registro na base

cadastral RAIS vinculado ao CNPJ 00.090.700/0008-82, município de Ribamar Fiquene/MA,

na condição de Segurado Especial, CBO 6231-10, cujo detalhamento no site do Ministério do

Trabalho e Emprego é de:

“Trabalhador da pecuária (bovinos corte). Ajudante de boiadeiro, Ajudante de vaqueiro,

Arrebanhador, Auxiliar de vaqueiro, Batedor de pasto, Campeiro (bovinos de corte), Peão de

pecuária, Tocador de gado - na pecuária, Trabalhador rural, Vaqueiro, Vaqueiro (bovinos

corte), Vaqueiro - na agropecuária - exclusive conta própria e empregador, Vaqueiro

inseminador (bovinos corte).”

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Referido sócio mantinha e mantém vínculo empregatício com empregador pessoa física,

contrato de trabalho indeterminado regido pela Lei nº 5.889/1973, 44 horas semanais, no

município de Ribamar Fiquene/MA.

E. G. de S. se evidencia também em condição social incompatível com a situação de sócia de

“empresa” do ramo de engenharia. Segundo dados do Cadastro Único para Programas Sociais

do Governo Federal, referida pessoa mantém registro ativo, na condição de pessoa de baixa

renda, declarada em R$ 0,00, junto à Prefeitura de Ribamar Fiquene/MA, inclusive tendo

recebido benefícios do Bolsa Família nos períodos de 2014 a 2016.

Breve levantamento acerca da efetiva capacidade de serviço, em preliminares, revela que a

sociedade empresária, apesar de constituída desde 11 de dezembro de 2009, não possui um

único registro de empregados na RAIS e CAGED. Quanto a veículos, seria detentora da posse

de um veículo pick up, apenas, que inclusive é objeto de busca e apreensão em petição

distribuída em 07 de outubro de 2013, conforme processo nº 10881-09.2013.8.10.0040,

tramitando no Juízo Cível da Comarca de Imperatriz/MA.

Em consulta às bases cadastrais da Secretaria da Receita Federal e JUCEMA não se evidencia

a presença da atividade locação de veículos para o transporte de alunos, CNAE 4924-8/00.

Também se verifica relação direta entre Ribeirão Empreendimentos e Construções Ltda. e

Serra Grande Construções Ltda. que sugere combinação de esforços, ajustes e burla na

participação do procedimento sob análise. Em pesquisa de extratos de contratos de Ribeirão

Empreendimentos e Construções Ltda. no DOE/MA, verificou-se que N. D. da C. J. se

apresenta como administrador da mesma - (DOE/MA, Terceiros, 06/09/2013, pág. 05).

Referida pessoa revelou-se como sócio administrador de N.S. Medicamentos Ltda.-ME, cujo

telefone na base de informações cadastrais da Receita Federal – 99 8122 5063 -é o mesmo de

Serra Grande Construções Ltda.

N.D. da C. J. também figura como mandatário de Campo Alegre Empreendimentos Ltda.,

contratada pela Prefeitura de Sítio Novo/MA no contexto da Tomada de Preços nº 10/2013,

para construção de quadra poliesportiva – PAC2.

Ainda que fora do escopo principal deste trabalho, pertine informar que Ribeirão

Empreendimentos também tem histórico de vários atos negociais com a Prefeitura de Sítio

Novo/MA, em que um se destaca pela evidente situação irregular, ainda que em breve análise,

conforme se verifica da imagem abaixo.

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Fig. 02 – Extrato contrato Ribeirão para fornecimento de “petróleo”

Fonte: DOE/MA, Terceiros, 06/09/2013, pág. 05

Observa-se que Ribeirão Empreendimentos e Construções Ltda., foi contratada para fornecer

“petróleo” à Prefeitura, no valor de R$ 1.215.690,00. De acordo com a Portaria ANP –

Agência Nacional de Petróleo - nº 116/2000, art. 3º, a atividade de revenda varejista de

combustível só é permitida à pessoa jurídica constituída que possui registro na ANP e dispor

de posto revendedor com tancagem para armazenamento e equipamento medidor de

combustível automotivo.

Em consulta ao site da ANP - consulta posto web - utilizando-se do CNPJ de Ribeirão

Empreendimentos e Construções Ltda., não se encontrou qualquer referência a registro da

referida sociedade empresária, o que evidencia o caráter ilícito da provável negociação feita

e, consequentemente, os gastos porventura realizados. A gravidade do fato também é suscitada

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pela eventual adequação ao tipo definido no art. 1º, I, da Lei nº 8.176/1991, assim como ao

art. 39, VIII do CDC.

É conveniente informar que referida sociedade, apesar de ter apresentado pesquisa de preços

no certame, não manifestou interesse em participar da disputa no procedimento.

Da publicidade ineficaz e consequente ausência de competitividade no Pregão Presencial.

O Edital do certame foi datado de 26 de fevereiro de 2013. O resumo do edital teria sido

publicado em 06 de março de 2013, Seção Terceiros, pág. 08, DOE/MA.

Apesar da natureza comum dos serviços a serem contratados, do volume de recursos

financeiros envolvidos e do grande parque empresarial da cidade adjacente de Imperatriz/MA,

os responsáveis pela condução do procedimento – pregoeiro e equipe - consideraram não dar

maior publicidade ao certame, muito menos cuidaram em convidar possíveis interessados,

como ordinariamente ocorre em ambiente efetivo de disputa.

Seria esperado, pela natureza comum do objeto licitado, que mais de uma pessoa jurídica

manifestasse interesse. A publicação oficial é condição necessária, mas não suficiente para

que o procedimento tenha publicidade, no sentido de que, efetivamente, muitos tenham

conhecimento dele e possam, querendo, participar da disputa. Ademais, o inciso I, art. 4º da

Lei 10.520/2002, ao disciplinar a divulgação do edital considerou a possibilidade da

convocação por meio da imprensa oficial, jornal de circulação local ou de grande circulação

e meios eletrônicos. A melhor exegese para a aplicação da norma veiculada no referido

preceito é aquela que se aproxima ao máximo do primado da ampla competitividade, só

alcançável pelo uso de demais instrumentos de veiculação e chamamento postos à disposição

da Administração, fato não verificado no caso.

Nesse sentido, em caso similar em que se abordou a eficácia do princípio da publicidade,

pode-se apresentar trecho de decisão do TCE/SP:

“a ausência de divulgação do edital em jornal de circulação no Município ou região, na

forma do artigo 21, inciso III, da Lei de Licitações, constituiu omissão grave, pois, em face

das peculiaridades inerentes ao mercado fornecedor de transporte escolar, a divulgação local

é de extrema importância na atração de maior universo de propostas para tal objeto.

(TCE/SP, TC nº 001288/010/04, Rel. Cons. Eduardo Bittencourt Carvalho, DOE de

21.12.2004.). ”

Como decorrência do ambiente restrito criado, apenas uma pessoa teria manifestado interesse

no certame – Rio Mulato.

Da evidência indireta de simulação de assinatura.

No dia 12 de março de 2013 é apresentada proposta pela Rio Mulato, em valor total de R$

2.419.500,00, assinada pelo representante A. E. do N.. Sobre a assinatura aposta no

documento, ainda que em juízo precário, não definitivo, é possível questionar sua

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autenticidade gráfica, do confronto entre assinatura obtida em documento oficial e aquela

existente na proposta de preços. As imagens a seguir evidenciam a discrepância de padrões.

Fig. 03 – Assinatura em documento oficial Fig. 04 – Assinatura em proposta de preços

Da impossibilidade jurídica de participação e contratação de Rio Mulato.

A primeira alteração contratual apresentada de Rio Mulato trouxe atualizações nos ramos de

atuação da licitante. Com chancela da Junta Comercial de janeiro de 2013, a alteração ficou

caracterizada na forma apresentada a seguir, com destaque para os serviços relacionados ao

transporte.

Fig. 03 – Ramo negocial da licitante. Destaque para serviços relacionados a transportes. Contrato social.

Como já mencionado neste relatório, o CNAE relacionado ao transporte de escolares,

conforme classificação oficial, é o de nº 4924-8/00, codificação não encontrada na relação

acima.

Da existência de relacionamento pessoal entre sócio da contratada e alta escalão da Prefeitura

Municipal de Sítio Novo/MA.

Rio Mulato Construções e Empreendimentos Ltda. CNPJ 13.344.941/0001-94 é sociedade

empresária aberta em 01 de fevereiro de 2011, atualmente com capital social de R$

200.000,00. A sede do estabelecimento também seria o endereço residencial de seus sócios,

A. E. do N., CPF ***.713.893-**, e M. L. F. do N., CPF ***.999.921-**. A distribuição do

capital seria de 60% e 40%, respectivamente.

Apesar de aberta em 2011, somente a partir de 2013 apresenta registro de massa salarial. Na

ocasião, a sociedade começa a travar atos negociais com a Prefeitura de Sítio Novo/MA.

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De 2009 a 2011, o sócio majoritário teria sido assistente administrativo, regime celetista, em

Posto de Combustíveis em Imperatriz/MA.

Nas eleições de 2012, aparece como doador de campanha de J. C. dos R., CPF ***.460.442-

**, atual prefeito de Sítio Novo/MA.

M. L. F. do N., outra sócia, também figura com doadora de campanha do atual prefeito nas

eleições de 2012. Também surge como pessoa com registro em Sítio Novo/MA no Cadastro

Único para Programas Sociais do Governo Federal, portanto de baixa renda, fato incompatível

com sua condição de sócia da Rio Mulato.

Esta sócia seria irmã de B. H. F. N., CPF ***.243.013-**, que manteve vínculo de trabalho

com a Prefeitura de Sítio Novo/MA em 2013 e 2014, ocupando cargo não efetivo – Secretário

municipal. Filiado a partido político em Sítio Novo/MA, foi doador de campanha para o atual

prefeito nas eleições de 2008.

Evidencia-se comunhão de interesse de natureza político-partidária entre os sócios da Rio

Mulato e o gestor do município, pela doação de campanha ao atual gestor municipal, ocorrido

nas eleições de 2012, assim como pela manutenção de parente de sócios em cargo de secretário

municipal no período de 2013 a 2014.

Da impossibilidade formal de habilitação.

O subitem 4.2.3 do Edital exigiu, quanto à qualificação econômico-financeira dos

participantes, a apresentação de balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último

exercício social. A sessão de abertura e julgamento do Pregão teria ocorrido em 12 de março

de 2013. A licitante teria sido aberta em 1º de fevereiro de 2011. Logo, o balanço e

demonstrativo contábil a ser apresentado deveriam ser relativos ao exercício de 2012. Apesar

disso, a licitante apresentou apenas balanço de abertura, datado de 7 de julho de 2011, e não

apresentou demais demonstrativos contábeis, situação incompatível com a exigência editalícia

e impeditiva de habilitação. Apesar da grave omissão, o Pregoeiro considerou habilitada a

licitante, declarando-a vencedora em Ata de julgamento, no valor total de R$ 2.419.500,00,

sendo R$ 1.852.000,00 relativos ao Lote I, para os serviços de transporte escolar.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.2.4. Transporte escolar. Execução físico-financeira inadequada. Exercício 2013.

Aplicação irregular de R$ 303.331,50.

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Fato

Segundo Demonstrativo de Receita e Despesa, extraído do SigPC/FNDE, em 2013 o

município teria recebido R$ 328.016,57. Deste total, R$ 327.759,00 fora liquidado e R$

303.331,50 pagos.

A distribuição do gasto ficou assim caracterizada:

Tabela 01 – Execução financeira. PNATE 2013

NF-

e

Data

emissão R$

Objeto de

gasto Beneficiário

Data

pagto

Pago

41 17/10/13 195.750,00

Terceirização

Rio Mulato

Const. Empr.

Ltda.

18/10 185.962,50

53 17/12/13 70.000,00 19/12 70.000,00

265.750,00

3953

13/11/13

14.219,00

Peças Auto Motor

Diesel Ltda. 13/11

14.219,00

3947 14.072,00 14.072,00

3952 9.960,00 9.960,00

3948 9.118,00 9.118,00

348 14.640,00 Terceirização

62.009,00

Fonte: SigPC/FNDE.

Não há ressalvas quanto à maneira em que os pagamentos foram realizados. Os extratos

indicam que os pagamentos foram feitos por transferência, identificável. A despeito dessa

aparente regularidade, pertine trazer à análise as considerações já feitas neste relatório acerca

da fase de liquidação da despesa pública, art. 62 e 63 da Lei 4.320/1964.

Já se estabeleceu que é pressuposto de regularidade da execução da despesa pública a sua

regular liquidação e que tal regularidade está condicionada à análise de documentos

apresentados e, com base neles, ao grau de pertinência e adequação da execução física com as

disposições contratuais e legais porventura existentes.

No caso de gastos relacionados ao transporte de escolares, para além da confirmação de

quantitativos executados, é da essência da legalidade do gasto que os serviços sejam ofertados

atendendo às exigências do Código de Trânsito Brasileiro (arts. 136 a138), precipuamente, e

também às normas contidas nas Resoluções do FNDE sobre o tema.

Nesse sentido, destacam-se as Resoluções CD/FNDE 12/2011 e 05/2015 (arts. 15 e 14,

respectivamente) que explicitam critério de elegibilidade de gastos no âmbito do Programa,

traduzido pela necessidade de os serviços de transporte escolar serem prestados por veículos

vistoriados/autorizados e motoristas capacitados por órgão de trânsito, situação não verificada

também no exercício de 2013, conforme detalhamento a seguir:

Quadro 01 - Transporte Escolar em 2013

Veículos de terceiros para o transporte de escolares em Sítio Novo/MA

Dados prestação de contas enviada ao TCE/MA Dados levantados em diversas fontes oficiais

Placa Tipo Proprietário CNH

2013 Tipo ano

Município Placa

2013

Proprietário

domicílio

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CJY7814 D-20 N. L. N. NÃO D20/91 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

MVS7054 F-350 I. L. da S. C F-350/02 Augustinópolis/TO Imperatriz/MA

MWA7089 F-350 R. M. R. B F-350/05 Palmas/TO F.Nova MA

GOV5967 D-20 G. de C. M. AB D20/94 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

GML6219 F-1000 D. M. da S. NÃO F1000/98 Santa Inês/MA Santa Inês/MA

HOQ5585 D-20 R. de M. F. D D20/93 Sítio Novo/MA Xinguara/PA

JTE1191 D-20 A. F. L. AB D20/93 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KCB4930(1) D-20 A. de O. F. N. AB D20/94 Sítio Novo/MA Tocantinópolis/TO

KCA3040 D-20 L. M. F. F. NÃO D20/94 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JYA8581 D-20 J. J. da S. B. AB D20/93 F.Serra Negra/MA Redenção/PA

JEC2386 D-20 J. dos S. S. F. AB D20/94 Grajaú/MA Tocantinópolis

KCM4069 D-20 V. M. da S. AD D20/90 Tocantinópolis Tocantinópolis

JEB3459 D-20 A. F. de A. D D20/94 Barra do Corda/MA Barra do Corda

AER5368 D-20 E. da C. R. R. NÃO D20/94 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JTH7751 D-20 R. T. de O. B D20/93 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KCN1284 D-20 E. da S. S. NÃO D20/95 Sítio Novo/MA Lajeado Novo

HUV2115 F-4000 A. V. B. C F4000/96 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

NHB7885 F-350 J. C. de M. F. A F350/06 Imperatriz/MA Grajaú/MA

NXD3289 F-350 L. G. B. G. C F350/11 Imperatriz/MA Imperatriz/MA

GPF3995 D-20 E. C. R. NÃO D20/93 Grajaú/MA Colinas/MA

JYO0641 D-20 J. R. S. da L. NÃO D20/91 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JLD2957 D-20 A. C. M. F. AD D20/93 Tocantinópolis Tocantinópolis/TO

HUR0824 D-20 J. A. N. D. D D20/94 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KDL8620 D-20 O. J. A. de S. AD D20/88 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JLP3848 D-20 J. de A. D. C. B D20/94 Porto Franco/MA Tocantinópolis/TO

NXI7461 F-350 J. B. C. AB F350/11 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KBT3317 D-20 J. da P. B. NÃO D20/94 Tocantinópolis/MA Sítio Novo/MA

KEB6373 D-20 V. P. de C. AB GOL/99 Ipora/GO Ipora/GO

HVQ9934 D-20 E. do C. V. AB GM6100/00 D.Iraupuan P./CE Crato/CE

GQI0203 D-20 V. V. do C. AB D20/93 Barrolândia/TO Barrolândia/TO

MVL5764 D-20 Z. de O. B. AB D20/97 Tocantinópolis Tocantinópólis/TO

NWS4486 F-4000 P. de T. C. V. C F4000/10 Sítio Novo/MA Imperatriz/MA

BLW3540 D-20 S. R. C. AB D20/94 F.Nogueiras/MA Redenção/PA

MWA3850 F-350 E. A. de O. AB F350/00 S.J.Paraíso/MA D.Eliseu/PA

BNJ5339 D-20 J. M. P. L. AB D20/89 Sítio Novo/MA Tocantinópolis

BXN8005 D-20 G. D. R. AD D20/96 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KBE5495 D-20 R. C. de S. NÃO D20/91 Grajaú Sítio Novo/MA

NWZ2277 F-350 A. C. S. D F350/11 Sítio Novo/MA Grajaú/MA

MVM4321 D-20 F. de A. C. da S. D D20/96 Tocantinópolis Tocantinópolis

HPW7655 L200 F. D. L. da S. D L200/05 Imperatriz/MA Sítio Novo/MA

Fonte: Demonstrativo 17 da IN 09/2005/TCE-MA. Arquivo 1 08 06. Processo 2685/2014; Consulta MacrosAtiva; Infoseg.

Das informações constantes no quadro acima, pode-se concluir:

a) Nenhum dos tipos de veículos tinham condições legais para uso no âmbito do Pnate. Os

veículos utilizados seriam para transporte de carga, e não passageiros. Naturalmente, não

estavam autorizados, pelo órgão de trânsito, ao uso para o transporte de alunos. As imagens

abaixo ilustram os tipos de veículos.

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Fig. 01. Ilustração de tipos de veículos utilizados no transporte escolar

Fonte: Internet. Imagens livremente distribuídas.

b) Nove supostos prestadores de serviço de transporte sequer tinham habilitação para o

serviço;

c) Nenhum dos supostos prestadores tinha a obrigatória e necessária certificação, pelo órgão

de trânsito, para o transporte de alunos;

d) Os veículos utilizados não poderiam atender ao critério de atualidade e segurança exigidos

no âmbito do Pnate. Segundo Guia do Transporte Escolar do FNDE, pág. 07, um pré-requisito

de segurança para a oferta do serviço de transporte escolar é que os veículos tenham idade

máxima de sete anos de uso. Pela tabela acima se verifica que esse fator não foi observado

pelo gestor municipal;

e) Alguns veículos possuem/possuíam registro em outra unidade da federação (Tocantins,

Pará, Goiás, Ceará), apesar da suposta prestação de serviços no Maranhão durante todo o

exercício. Isoladamente, o fato em si não enseja graves considerações. Entretanto, a

circunstância de se verificar que também não se compatibiliza o domicílio do proprietário

com o do registro do veículo, em preliminares, indica irregularidade documental de veículos.

É importante informar que a transferência de domicílio ou propriedade de veículo é fato que

sofre a incidência de normas que visam proteger a segurança no uso e legitimar a propriedade

dos veículos, conforme trecho da Resolução Denatran n. 466/2013, art. 2º, detalhado abaixo:

“§2º A vistoria de identificação veicular tem como objetivo verificar

I - a autenticidade da identificação do veículo e da sua documentação;

II - a legitimidade da propriedade;

III - se os veículos dispõem dos equipamentos obrigatórios, e se estes estão funcionais;

IV - se as características originais dos veículos e seus agregados foram modificados e, caso

constatada alguma alteração, se esta foi autorizada, regularizada e se consta no prontuário

do veículo na repartição de trânsito”.

Pela inteligência dos art. 72, caput, e art. 78, VI da Lei 8.666/1993, a cessão total do objeto

ou a parcial, esta quando não prevista e/ou não autorizada pela Administração contratante, é

prática ilícita, violadora do princípio licitatório, atingindo a legalidade, a moralidade, a

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impessoalidade e o tratamento isonômico, vetores administrativos inafastáveis nas

contratações por órgãos/entidades públicas.

Observa-se, em análise preliminar, que a execução do serviço de transporte de escolares se

deu ou por subcontratação total do objeto licitado ou por contratação direta e irregular, sem

atenção às exigências de licitação prévia: primeiro, pela possibilidade de Rio Mulato ter

firmado contratos com as pessoas acima; segundo, pela possível inexistência de qualquer

relação jurídica entre aqueles que efetivamente prestaram os serviços e a suposta vencedora

de um procedimento licitatório viciado. Tanto uma como outra situação transborda no campo

do ilícito e, aliado ao fato da simulação do procedimento licitatório, abordado neste Relatório,

deslegitima os gastos feitos.

O TCU, sobre cessão de contratos e regularidade da execução, assim se posicionou:

“19. De outro lado, a gravidade dessas duas irregularidades [veículos impróprios e

sublocação ilícita do objeto] justifica, a meu ver, a apenação dos gestores municipais com

multa, na linha do que decidiu este Tribunal no já mencionado Acórdão 771/2013 - Plenário,

ao se deparar com situação semelhante, em que a forma como os serviços de transporte foram

prestados foi considerada como infração grave à lei e como evidente risco à segurança de

crianças e adolescentes que fazem uso do serviço de transporte escolar municipal contratado

com recursos públicos do Pnate.” (Acórdão TCU 3618/2013-1ª)

Geraldo Ataliba, fazendo considerações gerais sobre a atributividade do direito, em sua obra

aduziu preciosas lições:

“Tudo que temos é-nos atribuído pelo direito, segundo normas jurídicas.

É legítimo o recebimento de um bem (dinheiro ou outra coisa), e a sua incorporação ao nosso

patrimônio se opera validamente, se em conformidade com o direito e na medida em que este

o autoriza ou determina. O que se receba contra o direito não é legítimo, e não se incorpora

ao nosso patrimônio. É indevido. (Hipótese de Incidência Tributária. 15ª ed. São Paulo,

Malheiros, p. 27). ”

Assim, impugna-se o total de R$ 303.331,50, pela impossibilidade jurídica de ser justificada

– liquidação regular, na forma do art. 62 e 63 da Lei 4.320/1964 - dada a violação ao art. 15

Resolução CD/FNDE 12/2011 c/c arts. 136 a 138 do Código de Trânsito Brasileiro. Ademais,

em relação aos gastos havidos com Rio Mulato - R$ 255.962,50 – deve ser acrescida a parte

final do disposto no parágrafo único do art. 59 da Lei 8.666/1993, também como fundamento

para impugnação do gasto.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

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2.2.5. Transporte escolar. Vícios na licitação.Simulação e direcionamento. Exercício de

2014.

Fato

Em 2014 Rio Mulato Construções e Empreendimentos Ltda. continua sendo beneficiária de

vários contratos com a Prefeitura de Sítio Novo/MA.

Tomando como referência informações prestadas pelo próprio município ao Tribunal de

Contas do Estado do Maranhão (TCE/MA), destacadas a seguir, evidencia-se a continuidade

de atos negociais com a municipalidade.

Fig. 01 – Contratação vigente em 2014. Rio Mulato e Prefeitura Sítio Novo/MA

Fonte: TCE/MA. Prestação de Contas Anual Prefeito 2014 (1509/2015). Arquivo 5 01. Tomada de Preço.

Fonte: TCE/MA. Prestação de Contas Anual Prefeito 2014 (1509/2015). Arquivo 5 01. Pregão.

Fonte: TCE/MA. Prestação de Contas Anual Prefeito 2014 (1509/2015). Arquivo 5 01. Pregão.

Fonte: TCE/MA. Prestação de Contas Anual Prefeito 2014 (1509/2015). Arquivo 5 02. Concorrência.

Fonte: TCE/MA. Fundeb 2014 (1516/2015). Arquivo 5 01. Pregão.

Um dado comum, por simples observação das informações apresentadas, deve ser destacado:

em todos os processos que Rio Mulato participou não teria havido verdadeira disputa entre

licitantes, pois se apresentou nos procedimentos como única interessada e, por decorrência

lógica, declarada vencedora.

Dois procedimentos licitatórios teriam sido ultimados para prover as ações do transporte

escolar: Pregão Presencial 05/2014 e 16/2014, para os quais se apresentam as seguintes

constatações:

1) Pregão Presencial 05/2014.

O objeto da licitação foi definido como “locação de veículos”. O termo de referência do

procedimento revelou se tratar de fretamento com condutores, ficando a cargo da

municipalidade o fornecimento de combustível (subitens 3.1 e 7.1). Já a minuta do contrato

trouxe na cláusula segunda a informação de que a contratada deveria assumir todas as

despesas, inclusive combustível.

Quanto às demais obrigações da contratada, destacam-se “... manutenção, lubrificação,

emplacamento, licenças especiais e outras necessárias para a consecução dos serviços.” Além

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disso, era obrigatório “... manter o motorista devidamente habilitado para operar o veículo”,

para todos os veículos colocados à disposição da contratante.

Aqui se fez presente, também, os vícios apontados na Concorrência 05/2011, Concorrência

01/2012, e Pregão Presencial 13/2013 pelas seguintes razões:

a) Cotação de preços junto a prestadores fora do ramo do objeto a ser contratado.

O procedimento teria sido instruído com suposta pesquisa de preços junto a três pessoas

jurídicas, as mesmas apontadas no Pregão Presencia 13/2013: Rio Mulato Construções e

Empreendimentos Ltda., CNPJ 13.344.941/0001-94; Ribeirão Empreendimentos e

Construções Ltda., CNPJ 11.398.399/0001-27; e Serra Grande Construções Ltda., CNPJ

12.554.582/0001-37 teriam sido as fornecedoras de preços que balizariam o orçamento do

certame.

Após análise de dados cadastrais das referidas sociedades, evidenciou-se que nenhuma das

pessoas referidas poderia ter feito as cotações de preços, uma vez que não seria próprio do

ramo negocial a prestação de serviços de transporte de escolares.

Não obstante a juntada de referidas peças de pesquisa de preços, é de se considerar seu caráter

precário e, até mesmo, inservível, pelas razões já expostas neste Relatório, quando da análise

do Pregão Presencial 13/2013 em que ficou demonstrado combinação ilegal de esforços entre

as sociedades empresárias ao apresentarem cotação de preços de área de atuação estranha a

suas atividades empresariais.

b) Objeto da prestação juridicamente impossível de ser contratado.

No Pregão Presencial 05/2014 também não se verificou que a definição do objeto tenha

atendido aos critérios de adequação e precisão (art. 55, I da Lei 8.666/1993), pois em nenhuma

passagem do edital e seus anexos se verifica referência às normas de segurança e qualidade

exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro e de observância obrigatória no certame.

Conforme TCU:

“A definição precisa e suficiente do objeto licitado constitui regra indispensável da

competição, até mesmo como pressuposto do postulado de igualdade entre os licitantes, do

qual é subsidiário o princípio da publicidade, que envolve o conhecimento, pelos

concorrentes potenciais, das condições básicas da licitação. Na hipótese particular da

licitação para compra, a quantidade demandada e essencial a definição do objeto do pregão.

TCU. ” Súmula 177.

Não é lícita a contratação pública que recaia sobre objeto cujas exigências legais de atualidade,

segurança e qualidade não sejam observadas. Ao deixar de observar as normas do CTB sobre

a prestação de serviços de transporte de alunos, o gestor violou o Primado da Legalidade, com

o agravante de dispensar tratamento favorecido aos contratados.

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Logo, a irregularidade na definição do objeto, na forma apontada, é vício insanável e

impeditiva da busca da melhor proposta pela Administração, maculando toda a regularidade

do procedimento e dos contratos que lhe sucederam.

c) Orçamentação do objeto baseado em critério não objetivo.

Procedeu-se com irregularidade também na definição do orçamento a servir de referência para

o certame. Igual aos outros procedimentos analisados, não há qualquer informação acerca do

método utilizado pelo gestor no levantamento de preços que serviram de base ao certame. As

cotações constantes nos autos do procedimento, de acordo com análise apresentada acima,

revelaram-se inaproveitáveis por se revelar como verdadeiro simulacro.

Não é possível estipular orçamento da referida contratação sem estipulação das variáveis de

custos envolvidos, de maneira analítica. Assim, custos com combustível, lubrificantes, peças

e acessórios, rodagem, pessoal (motorista e monitor, por exemplo), depreciação, IPVA,

DPVAT e seguro de responsabilidade civil, deveriam ser apresentados e apurados pela

Administração, mediante pesquisa própria e junto a terceiros.

Segundo o TCU:

“É imprescindível a fixação, no edital, dos critérios de aceitabilidade de preços unitários e

globais, em face do disposto no art. 40, inciso X, c/c o art. 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993.

“Não é possível licitar obras e serviços sem que o respectivo orçamento detalhado, elaborado

pela Administração, esteja expressando, com razoável precisão quanto aos valores de

mercado, a composição de todos os seus custos unitários, nos termos do art. 7º, § 2º, inciso

II, da Lei nº 8.666/1993, tendo-se presente que essa peça é fundamental para a contratação

pelo preço justo e vantajoso, na forma exigida pelo art. 3º da citada lei. ” Acórdão 2014/2007

Plenário (Sumário)

“Os orçamentos em uma licitação devem ser elaborados da forma mais cuidadosa possível,

de forma que reflitam adequadamente os preços de mercado, para que a Administração tenha

segurança de estar adquirindo produtos/serviços a preços justos. Acórdão 85/2007 Plenário.

” (Voto do Ministro Relator)

A irregular definição do objeto a ser licitado, bem como a ausência de critérios de justificativa

de preços e quantitativos não se adere à busca da proposta mais vantajosa para a

Administração, muito menos à garantia da impessoalidade, uma vez que inviabilizam a

ocorrência de efetivo ambiente de disputa. A ausência do cumprimento de tais preceitos, no

caso concreto, evidencia o uso do processo licitatório para direcionar a futura contratação.

d) Da publicidade ineficaz e consequente ausência de competitividade no Pregão Presencial.

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O aviso da licitação teria sido publicado no DOE/MA, seção Terceiros, pág. 24, do dia 17 de

janeiro de 2014, com abertura da sessão marcada para o dia 30 de janeiro de 2014.

No dia 21 de janeiro de 2014 o aviso teria sido divulgado no Jornal Oficial dos Municípios,

periódico administrado pela Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem).

Referida publicação, pertine informar, não tem valor jurídico, uma vez que somente com o

advento da Lei Municipal nº 394/2015, de 30 de novembro de 2015 é que o Poder Executivo

local aderiu, na forma do art. 6º, XIII da Lei 8.666/1993, ao Jornal Oficial administrado pela

Famem.

Ainda, o art. 4º da Lei Municipal considerou que a publicação no referido Jornal não excluiria

a necessidade de outras publicações em face de exigência de legislação federal ou estadual.

Apesar da natureza comum dos serviços a serem contratados, do volume de recursos

financeiros envolvidos e do grande parque empresarial da cidade adjacente de Imperatriz/MA,

os responsáveis pela condução do procedimento – pregoeiro e equipe - consideraram não dar

maior publicidade ao certame, muito menos cuidaram em convidar possíveis interessados,

como ordinariamente ocorre em ambiente efetivo de disputa.

Seria esperado, pela natureza comum do objeto licitado, que mais de uma pessoa jurídica

manifestasse interesse pelo certame. A publicação oficial é condição necessária, mas não

suficiente para que o procedimento tenha publicidade, no sentido de que, efetivamente, muitos

tenham conhecimento dele e possam, querendo, participar da disputa. Ademais, o inciso I, art.

4º da Lei 10.520/2002, ao disciplinar a divulgação do edital considerou a possibilidade da

convocação por meio da imprensa oficial, jornal de circulação local ou de grande circulação

e meios eletrônicos. A melhor exegese para a aplicação da norma veiculada no referido

preceito é aquela que se aproxima ao máximo do primado da ampla competitividade, só

alcançável pelo uso de demais instrumentos de veiculação e chamamento postos à disposição

da Administração, fato não verificado no caso.

Nesse sentido, em caso similar em que se abordou a eficácia do princípio da publicidade,

pode-se apresentar trecho de decisão do TCE/SP:

“A ausência de divulgação do edital em jornal de circulação no Município ou região, na

forma do artigo 21, inciso III, da Lei de Licitações, constituiu omissão grave, pois, em face

das peculiaridades inerentes ao mercado fornecedor de transporte escolar, a divulgação local

é de extrema importância na atração de maior universo de propostas para tal objeto. ”

(TCE/SP, TC nº 001288/010/04, Rel. Cons. Eduardo Bittencourt Carvalho, DOE de

21.12.2004.)

Como decorrência do ambiente restrito criado, apenas uma pessoa teria manifestado interesse

no certame – Rio Mulato.

e) Da impossibilidade jurídica de participação e contratação de Rio Mulato.

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A primeira e segunda alterações contratuais apresentadas de Rio Mulato trouxeram

atualizações nos ramos de atuação da licitante. Da mesma forma que no Pregão Presencial

13/2013, também aqui não se verificou adequação entre a prestação de serviços a ser

executada – CNAE 4924-8/00 e aquilo que a sociedade empresária poderia fazer, em face dos

ramos negociais discriminados em seu contrato social.

f) Da existência de relacionamento pessoal entre sócio da contratada e alta escalão da

Prefeitura Municipal de Sítio Novo/MA.

Rio Mulato Construções e Empreendimentos Ltda. CNPJ 13.344.941/0001-94 é sociedade

empresária aberta em 01 de fevereiro de 2011, com capital social de R$ 200.000,00. A sede

do estabelecimento também seria o endereço residencial de seus sócios, A. E. do N., CPF

***.713.893-**, e M. L. F. do N., CPF ***.999.921-**. A distribuição do capital seria de

60% e 40%, respectivamente.

Apesar de aberta em 2011, somente a partir de 2013 apresenta registro de massa salarial. Na

ocasião, a sociedade começa a travar atos negociais com a Prefeitura de Sítio Novo/MA.

De 2009 a 2011, o sócio majoritário teria sido assistente administrativo, regime celetista, em

Posto de Combustíveis em Imperatriz/MA.

Nas eleições de 2012, aparece como doador de campanha de J. C. dos R., CPF ***.460.442-

**, atual prefeito de Sítio Novo/MA.

M. L. F. do N., outra sócia, também figura com doadora de campanha do atual prefeito nas

eleições de 2012. Também surge como pessoa com registro em Sítio Novo/MA no Cadastro

Único para Programas Sociais do Governo Federal, portanto de baixa renda, fato incompatível

com sua condição de sócia da Rio Mulato.

Esta sócia seria irmã de B. H. F. N., CPF ***.243.013-**, que manteve vínculo de trabalho

com a Prefeitura de Sítio Novo/MA em 2013 e 2014, ocupando cargo não efetivo – Secretário

municipal. Filiada a partido político em Sítio Novo/MA, foi doadora de campanha para o atual

prefeito nas eleições de 2008.

Evidencia-se comunhão de interesse de natureza político-partidária entre os sócios da Rio

Mulato e o gestor do município, pela doação de campanha ao atual gestor municipal, ocorrido

nas eleições de 2012, assim como pela manutenção de parente de sócios em cargo de secretário

municipal no período de 2013 a 2014.

2. Pregão Presencial 16/2014.

O procedimento se inicia com planilhas orçamentárias que supostamente materializariam uma

pesquisa de preços. Novamente se apresentam Ribeirão Empreendimentos e Construções

Ltda., Serra Grande Construções Ltda. e Rio Mulato Construções e Empreendimentos Ltda.

A pesquisa que seria de Rio Mulato, apresenta-se datada de 20 de dezembro de 2014, momento

incompatível com o período de realização do certame. O procedimento foi autorizado pelo

gestor em 06 de janeiro de 2014.

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O certame tinha por objeto “... a contratação de empresa especializada para executar serviços

de locação de veículos para o Transporte Escolar...”

Foram estabelecidas quarenta e cinco rotas, traduzidas em itens da licitação. A estimativa de

preço apurada ficou em R$ 2.162.492,64, para execução no período de nove meses.

O resumo do edital foi publicado no DOU. 33, Seção 3, pág. 243, do dia 17 de fevereiro de

2014, com previsão de abertura para o dia 27 de fevereiro de 2014. Também o foi no

DOE/MA., Terceiros, do dia 17 de fevereiro de 2014, pág. 6. Finalmente, há publicação no

jornal da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem) do dia 14 de fevereiro

de 2014.

Apenas Rio Mulato Construções e Empreendimentos Ltda. novamente, teria retirado o edital.

A seguir, os principais achados de fiscalização:

a) Cotação de preços junto a prestadores fora do ramo do objeto a ser contratado.

O procedimento teria sido instruído com suposta pesquisa de preços junto a três pessoas

jurídicas, as mesmas apontadas no Pregão Presencia 13/2013.

Rio Mulato Construções e Empreendimentos Ltda., CNPJ 13.344.941/0001-94; Ribeirão

Empreendimentos e Construções Ltda., CNPJ 11.398.399/0001-27; e Serra Grande

Construções Ltda., CNPJ 12.554.582/0001-37 teriam sido as fornecedoras de preços que

balizariam o orçamento do certame.

Após análise de dados cadastrais das referidas sociedades, evidenciou-se que nenhuma das

pessoas referidas poderia ter feito as cotações de preços, uma vez que não seria próprio do

ramo negocial a prestação de serviços de transporte de escolares.

Não obstante a juntada de referidas peças de pesquisa de preços, é de se considerar seu caráter

precário e, até mesmo, inservível, pelas razões já expostas neste Relatório, quando da análise

do Pregão Presencial 13/2013 em que ficou demonstrado combinação ilegal de esforços entre

as sociedades empresárias ao apresentarem cotação de preços de área de atuação estranha a

suas atividades empresariais.

b) Objeto da prestação juridicamente impossível de ser contratado.

No Pregão Presencial 05/2014 também não se verificou que a definição do objeto tenha

atendido aos critérios de adequação e precisão (art. 55, I da Lei 8.666/1993), pois em nenhuma

passagem do edital e seus anexos se verifica referência às normas de segurança e qualidade

exigidos pelo Código de Trânsito Brasileiro e de observância obrigatória no certame.

Conforme TCU:

Page 31: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

“A definição precisa e suficiente do objeto licitado constitui regra indispensável da

competição, até mesmo como pressuposto do postulado de igualdade entre os licitantes, do

qual é subsidiário o princípio da publicidade, que envolve o conhecimento, pelos

concorrentes potenciais, das condições básicas da licitação. Na hipótese particular da

licitação para compra, a quantidade demandada e essencial a definição do objeto do pregão.

TCU. ” Súmula 177.

Não é lícita a contratação pública que recaia sobre objeto cujas exigências legais de atualidade,

segurança e qualidade não sejam observadas. Ao deixar de observar as normas do CTB sobre

a prestação de serviços de transporte de alunos, o gestor violou o Primado da Legalidade, com

o agravante de dispensar tratamento favorecido aos contratados.

Logo, a irregularidade na definição do objeto, na forma apontada, é vício insanável e

impeditiva da busca da melhor proposta pela Administração, maculando toda a regularidade

do procedimento e dos contratos que lhe sucederam.

c) Orçamentação do objeto baseado em critério não objetivo.

Procedeu-se com irregularidade também na definição do orçamento a servir de referência para

o certame. Igual aos outros procedimentos analisados, não há qualquer informação acerca do

método utilizado pelo gestor no levantamento de preços que serviram de base ao certame. As

cotações constantes nos autos do procedimento, de acordo com análise apresentada acima,

revelaram-se inaproveitáveis por sua natureza de simulacro.

Não é possível estipular orçamento da referida contratação sem estipulação das variáveis de

custos envolvidos, de maneira analítica. Assim, custos com combustível, lubrificantes, peças

e acessórios, rodagem, pessoal (motorista e monitor, por exemplo), depreciação, IPVA,

DPVAT e seguro de responsabilidade civil, deveriam ser apresentados e apurados pela

Administração, mediante pesquisa própria e junto a terceiros.

Segundo o TCU:

“É imprescindível a fixação, no edital, dos critérios de aceitabilidade de preços unitários e

globais, em face do disposto no art. 40, inciso X, c/c o art. 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993.

Não é possível licitar obras e serviços sem que o respectivo orçamento detalhado, elaborado

pela Administração, esteja expressando, com razoável precisão quanto aos valores de

mercado, a composição de todos os seus custos unitários, nos termos do art. 7º, § 2º, inciso

II, da Lei nº 8.666/1993, tendo-se presente que essa peça é fundamental para a contratação

pelo preço justo e vantajoso, na forma exigida pelo art. 3º da citada lei. Acórdão 2014/2007

Plenário (Sumário)

Os orçamentos em uma licitação devem ser elaborados da forma mais cuidadosa possível, de

forma que reflitam adequadamente os preços de mercado, para que a Administração tenha

Page 32: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

segurança de estar adquirindo produtos/serviços a preços justos. Acórdão 85/2007 Plenário.

” (Voto do Ministro Relator)

A irregular definição do objeto a ser licitado, bem como a ausência de critérios de justificativa

de preços e quantitativos não se adere à busca da proposta mais vantajosa para a

Administração, muito menos à garantia da impessoalidade, uma vez que inviabilizam a

ocorrência de efetivo ambiente de disputa. A ausência do cumprimento de tais preceitos, no

caso concreto, evidencia o uso do processo licitatório para direcionar a futura contratação.

d) Da publicidade ineficaz e consequente ausência de competitividade no Pregão Presencial.

O aviso da licitação teria sido publicado no DOE, seção Terceiros, pág. 24, do dia 17 de janeiro

de 2014, com abertura da sessão marcada para o dia 30 de janeiro de 2014.

No dia 21 de janeiro de 2014 o aviso teria sido divulgado no Jornal Oficial dos Municípios,

periódico administrado pela Federal dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem).

Referida publicação, pertine informar, não tem valor jurídico, uma vez que somente com o

advento da Lei Municipal 394/2015, de 30 de novembro de 2015 é que o Poder Executivo

local aderiu, na forma do art. 6º, XIII da Lei 8.666/1993, ao Jornal Oficial administrado pela

Famem.

Ainda, o art. 4º da Lei Municipal considerou que a publicação no referido Jornal não excluiria

a necessidade de outras publicações em face de exigência de legislação federal ou estadual.

Apesar da natureza comum dos serviços a serem contratados, do volume de recursos

financeiros envolvidos e do grande parque empresarial da cidade adjacente de Imperatriz/MA,

os responsáveis pela condução do procedimento – pregoeiro e equipe - consideraram não dar

maior publicidade ao certame, muito menos cuidaram em convidar possíveis interessados,

como ordinariamente ocorre em ambiente efetivo de disputa.

Seria esperado, pela natureza comum do objeto licitado, que mais de uma pessoa jurídica

manifestasse interesse pelo certame. A publicação oficial é condição necessária, mas não

suficiente para que o procedimento tenha publicidade, no sentido de que, efetivamente, muitos

tenham conhecimento dele e possam, querendo, participar da disputa. Ademais, o inciso I, art.

4º da Lei 10.520/2002, ao disciplinar a divulgação do edital considerou a possibilidade da

convocação por meio da imprensa oficial, jornal de circulação local ou de grande circulação

e meios eletrônicos. A melhor exegese para a aplicação da norma veiculada no referido

preceito é aquela que se aproxima ao máximo do primado da ampla competitividade, só

alcançável pelo uso de demais instrumentos de veiculação e chamamento postos à disposição

da Administração, fato não verificado no caso.

Nesse sentido, em caso similar em que se abordou a eficácia do princípio da publicidade,

pode-se apresentar trecho de decisão do TCE/SP:

“A ausência de divulgação do edital em jornal de circulação no Município ou região, na

forma do artigo 21, inciso III, da Lei de Licitações, constituiu omissão grave, pois, em face

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das peculiaridades inerentes ao mercado fornecedor de transporte escolar, a divulgação local

é de extrema importância na atração de maior universo de propostas para tal objeto. ”

(TCE/SP, TC nº 001288/010/04, Rel. Cons. Eduardo Bittencourt Carvalho, DOE de

21.12.2004.)

Como decorrência do ambiente restrito criado, apenas uma pessoa teria manifestado interesse

no certame – Rio Mulato.

e) Da impossibilidade jurídica de participação e contratação de Rio Mulato.

A primeira e segunda alterações contratuais apresentadas de Rio Mulato trouxeram

atualizações nos ramos de atuação da licitante. Da mesma forma que no Pregão Presencial

13/2013, também aqui se verificou adequação a prestação a ser executada – CNAE 4924-8/00

e aquilo que a sociedade empresária poderia fazer, em face dos ramos negociais discriminados

em seu contrato social.

f) Da existência de relacionamento pessoal entre sócio da contratada e alta escalão da

Prefeitura Municipal de Sítio Novo/MA.

Rio Mulato Construções e Empreendimentos Ltda. CNPJ 13.344.941/0001-94 é sociedade

empresária aberta em 01 de fevereiro de 2011, atualmente com capital social de R$

200.000,00. A sede do estabelecimento também seria o endereço residencial de seus sócios,

A. E. do N., CPF ***.713.893-**, e M. L. F. do N., CPF ***.999.921-**. A distribuição do

capital seria de 60% e 40%, respectivamente.

Apesar de aberta em 2011, somente a partir de 2013 apresenta registro de massa salarial. Na

ocasião, a sociedade começa a travar atos negociais com a Prefeitura de Sítio Novo/MA.

De 2009 a 2011, o sócio majoritário teria sido assistente administrativo, regime celetista, em

Posto de Combustíveis em Imperatriz/MA.

Nas eleições de 2012, aparece como doador de campanha de J. C. dos R., CPF ***.460.442-

**, atual prefeito de Sítio Novo/MA.

M. L. F. do N., outra sócia, também figura com doadora de campanha do atual prefeito nas

eleições de 2012. Também surge como pessoa com registro em Sítio Novo/MA no Cadastro

Único para Programas Sociais do Governo Federal, portanto de baixa renda, fato incompatível

com sua condição de sócia da Rio Mulato.

Esta sócia seria irmã de B. H. F. N., CPF ***.243.013-**, que manteve vínculo de trabalho

com a Prefeitura de Sítio Novo/MA em 2013 e 2014, ocupando cargo não efetivo – Secretário

municipal. Filiada a partido político em Sítio Novo/MA, foi doadora de campanha para o atual

prefeito nas eleições de 2008.

Evidencia-se comunhão de interesse de natureza político-partidária entre os sócios da Rio

Mulato e o gestor do município, pela doação de campanha ao atual gestor municipal, ocorrido

Page 34: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

nas eleições de 2012, assim como pela manutenção de parente de sócios em cargo de secretário

municipal no período de 2013 a 2014.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.2.6. Transporte escolar. Execução físico-financeira inadequada. Vícios materiais na

prestação e no uso de insumos. Absoluta impropriedade da prestação. Gastos não

legitimados. Aplicação irregular de R$ 316.638,15.

Fato

Segundo Demonstrativo de Receita e Despesa, extraído do SigPC/FNDE, em 2014 o

município teria recebido R$ 329.139,83. Deste total, R$ 329.132,15 fora liquidado e R$

316.638,15 pagos.

A distribuição do gasto ficou assim caracterizada, desconsiderados os pagamentos com

impostos:

Tabela 01 – Execução financeira. PNATE 2014

NF-

e

Data

emissão R$

Objeto de

gasto Beneficiário

Data

pagto

Pago

97 11/07/14 83.000,00

Terceirização

Rio Mulato

Const. e Emp.

Ltda.

14/07 83.000,00

117 19/09/14 50.000,00 19/09 50.000,00

125 09/10/14 9.000,00 22/10 8.550,00

133 30/10/14 9.000,00 -- --

137 19/11/14 42.880,00 02/12 40.736,00

146 09/12/14 9.000,00 10/12 8.550,00

156 19/12/14 9.000,00 23/12 8.550,00

199.386,00

671 14/04/14 9.197,48

Combustíveis

e

lubrificantes

J.I. Posto de

Combustíveis

Ltda.

15/04 9.197,48

687 21/05/14 8.912,96 21/05 8.912,96

703 18/06/14 8.495,50 25/06 8.495,50

722 11/07/14 9.497,94 14/07 9.497,94

739 15/08/14 7.798,84 19/08 7.798,84

758 22/09/14 9.572,40 23/09 9.572,40

767 10/10/14 5.589,21 10/10 5.589,21

784 14/11/14 8.048,79 14/11 8.048,79

800 16/12/14 8.899,67 17/12 8.899,67

806 30/12/14 1.909,16 30/12 1.909,16

77.921,95

5309 23/05/14 8.224,00

Peças em

geral

Auto

MotorDiesel

Ltda.

27/05 8.224,00

5316 23/05/14 9.051,98 27/05 9.051,98

5317 23/05/14 8.677,72 27/05 8.677,72

5318 23/05/14 8.956,50 27/05 8.956,50

520 10/07/14 4.420,00 16/07 4.420,00

Page 35: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

39.330,20

Fonte: SigPC/FNDE.

Não há ressalvas quanto à maneira em que os pagamentos foram feitos. Os extratos indicam

que foram realizados por transferência identificável. A despeito dessa aparente regularidade,

pertine trazer à análise as considerações já feitas neste relatório acerca da fase de liquidação

da despesa pública, art. 62 e 63 da Lei 4.320/1964.

Já se estabeleceu que é pressuposto de regularidade da execução da despesa pública a sua

regular liquidação e que tal regularidade está condicionada à análise de documentos

apresentados e, com base neles, ao grau de pertinência e adequação da execução física com as

disposições contratuais e legais porventura existentes.

No caso de gastos relacionados ao transporte de escolares, para além da confirmação de

quantitativos executados, é da essência da legalidade do gasto que os serviços sejam ofertados

atendendo às exigências do Código de Trânsito Brasileiro (arts. 136 a 138), precipuamente, e

também às normas contidas nas Resoluções do FNDE sobre o tema.

Nesse sentido, destacam-se as Resoluções CD/FNDE 12/2011 e 05/2015 (arts. 15 e 14,

respectivamente) que explicitam critério de elegibilidade de gastos no âmbito do Programa,

traduzido pela necessidade de os serviços de transporte escolar serem prestados por veículos

vistoriados/autorizados e motoristas capacitados por órgão de trânsito, situação não verificada

também no exercício de 2014, conforme detalhamento a seguir:

Quadro 01 - Transporte Escolar em 2014

Veículos de terceiros para o transporte de escolares em Sítio Novo/MA

Dados prestação de contas enviada ao TCE/MA Dados levantados em diversas fontes oficiais

Placa Tipo Proprietário CNH

2014 Tipo ano Município Placa

2014

Proprietário

domicílio

CJY7814 D-20 N. L. N. NÃO D20/91 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

ATY0123 D-20 J. R. R.S. NÃO D20/96 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

NNE1516 F350 F. da C. S. S. NÃO F350/10 Sítio Novo/MA Sítio Novo

JWM1316 D-20 E. S. da C. AD D20/86 S.Izabel/PA Mara Rosa/GO

KGV1983 D-20 M. S. da S. B D20/93 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

HOQ5585 D-20 R. de M. F. D D20/93 Sítio Novo/MA Xinguara/PA

JTE1191 D-20 A. F. L. AB D20/93 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KCB4930(1) D-20 A. de O. F. N. AB D20/94 Sítio Novo/MA Tocantinópolis/TO

KCA3040 D-20 L. M. F. F. NÃO D20/94 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JYA8581 D-20 J. J. da S. B. AB D20/93 F.Serra Negra/MA Redenção/PA

NHT2914 F350 R. N. M. de S. NÃO F350/09 Porto Franco/MA Grajaú

JCM4069 D-20 V. M. da S. AD INEXISTENTE

JEB3459 D-20 A. F. de A. D D20/94 Barra do Corda/MA Barra do Corda

AER5368 D-20 E. da C. R. R. NÃO D20/94 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JTH7751 D-20 R. T. de O. B D20/93 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KCN1284 D-20 E. da S. S. NÃO D20/95 Sítio Novo/MA Lajeado Novo

HUV2115 F-4000 A. V. B. C F4000/96 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

NHB7885 F-350 J. C. de M. F. A F350/06 Imperatriz/MA Grajaú/MA

NXD3289 F-350 L. G. B. G. C F350/11 Imperatriz/MA Imperatriz/MA

GPF3995 D-20 E. C. R. NÃO D20/93 Grajaú/MA Colinas/MA

JYO0641 D-20 J. R. S. da L. NÃO D20/91 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JLD2957 D-20 A. C. M. F. AD D20/93 Tocantinópolis Tocantinópolis/TO

HUR0824 D-20 J. A. N. D. D D20/94 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KCY5686 D-20 M. C. M. A. NÃO C20/96 Grajaú/MA Grajaú/MA

NXI7461 F-350 J. B. C. AB F350/11 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

MVL5764 D-20 Z. de O. B. AB D20/97 Tocantinópolis Tocantinópólis/TO

NWS4486 F-4000 P. de T. C. V. C F4000/10 Sítio Novo/MA Imperatriz/MA

BLW3540 D-20 S. R. C. AB D20/94 F.Nogueiras/MA Redenção/PA

MWA3850 F-350 E. A. de O. AB F350/00 S.J.Paraíso/MA D.Eliseu/PA

Page 36: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

KBE5495 D-20 R. C. de S. NÃO D20/91 Grajaú/MA Sítio Novo/MA

NWZ2277 F-350 A. C. S. D F350/11 Sítio Novo/MA Grajaú/MA

MVM4321 D-20 F. de A. C. da S. D D20/96 Tocantinópolis Tocantinópolis

NBK6550 D-20 A. L. de S. NÃO D20/93 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

HPW7655 L200 F. D. L. da S. D L200/05 Imperatriz/MA Sítio Novo/MA

Fonte: Demonstrativo 17 da IN 09/2005/TCE-MA. Arquivo 1 08 06. Processo 1509/2015; Consulta MacrosAtiva; Infoseg.

Das informações constantes no quadro acima, pode-se concluir:

a) Nenhum dos tipos de veículos tinha condições legais para uso no âmbito do Pnate. Os

veículos utilizados seriam para transporte de carga, e não passageiros. Naturalmente, não

estavam autorizados, pelo órgão de trânsito, a uso para o transporte de alunos. As imagens

abaixo ilustram os tipos de veículos.

Fig. 01. Ilustração de tipos de veículos utilizados no transporte escolar

Fonte: Internet. Imagens livremente distribuídas.

b) Doze supostos prestadores de serviço de transporte – considerados os proprietários - sequer

tinham habilitação para tanto;

c) Nenhum dos supostos prestadores tinha a obrigatória e necessária certificação, pelo órgão

de trânsito, para o transporte de alunos;

d) Os veículos utilizados não poderiam atender ao critério de atualidade e segurança exigidos

no âmbito do Pnate. Segundo Guia do Transporte Escolar do FNDE, pág. 07, um pré-requisito

de segurança para a oferta do serviço de transporte escolar é que os veículos tenham idade

máxima de sete anos de uso. Pela tabela acima se verifica que poucos deles tinham idade

inferior à recomendada;

e) Alguns veículos possuem/possuíam registro em localidade diversa da prestação do serviço,

inclusive em outra federação, apesar da suposta prestação de serviços na cidade de Sítio

Novo/MA durante todo o exercício. Isoladamente, o fato em si não enseja considerações.

Entretanto, a circunstância de se verificar que também não se compatibiliza o domicílio do

proprietário com o do registro do veículo, em preliminares, indica irregularidade documental

de veículos.

É importante informar que a transferência de domicílio ou propriedade de veículo é fato que

sofre a incidência de normas que visam proteger a segurança no uso e legitimar a propriedade

dos veículos, conforme trecho da Resolução Denatran n. 466/2013, art. 2º, detalhado abaixo:

“§2º A vistoria de identificação veicular tem como objetivo verificar

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I - a autenticidade da identificação do veículo e da sua documentação;

II - a legitimidade da propriedade;

III - se os veículos dispõem dos equipamentos obrigatórios, e se estes estão funcionais;

IV - se as características originais dos veículos e seus agregados foram modificados e, caso

constatada alguma alteração, se esta foi autorizada, regularizada e se consta no prontuário

do veículo na repartição de trânsito”.

Pela inteligência dos art. 72, caput, e art. 78, VI da Lei 8.666/1993, a cessão total do objeto

ou a parcial, esta quando não prevista e/ou não autorizada pela Administração contratante, é

prática ilícita, violadora do princípio licitatório, atingindo a legalidade, a moralidade, a

impessoalidade e o tratamento isonômico, vetores administrativos inafastáveis nas

contratações por órgãos/entidades públicas.

Observa-se, em análise preliminar, que a execução do serviço de transporte de escolares se

deu ou por subcontratação total do objeto licitado ou por contratação direta e irregular, sem

atenção às exigências de licitação prévia: primeiro, pela possibilidade de Rio Mulato ter

firmado contratos com as pessoas acima; segundo, pela possível inexistência de qualquer

relação jurídica entre aqueles que efetivamente prestaram os serviços e a suposta vencedora

de um procedimento licitatório viciado. Tanto uma como outra situação transborda no campo

do ilícito e, aliado ao fato da simulação do procedimento licitatório, abordado neste Relatório,

deslegitima os gastos feitos.

O TCU, sobre cessão de contratos e regularidade da execução, assim se posicionou:

“19. De outro lado, a gravidade dessas duas irregularidades [veículos impróprios e

sublocação ilícita do objeto] justifica, a meu ver, a apenação dos gestores municipais com

multa, na linha do que decidiu este Tribunal no já mencionado Acórdão 771/2013 - Plenário,

ao se deparar com situação semelhante, em que a forma como os serviços de transporte foram

prestados foi considerada como infração grave à lei e como evidente risco à segurança de

crianças e adolescentes que fazem uso do serviço de transporte escolar municipal contratado

com recursos públicos do Pnate. ” (Acórdão TCU 3618/2013-1ª)

Geraldo Ataliba, fazendo considerações gerais sobre a atributividade do direito, em sua obra

aduziu preciosas lições:

“Tudo que temos é-nos atribuído pelo direito, segundo normas jurídicas.

É legítimo o recebimento de um bem (dinheiro ou outra coisa), e a sua incorporação ao nosso

patrimônio se opera validamente, se em conformidade com o direito e na medida em que este

o autoriza ou determina. O que se receba contra o direito não é legítimo, e não se incorpora

ao nosso patrimônio. É indevido. ” (Hipótese de Incidência Tributária. 15ª ed. São Paulo,

Malheiros, p. 27).

Assim inicialmente se impugna o total de R$ 199.386,00, pela impossibilidade jurídica de ser

justificada – liquidação regular, na forma do art. 62 e 63 da Lei 4.320/1964 - dada a violação

ao art. 15 Resolução CD/FNDE 12/2011 c/c arts. 136 a 138 do Código de Trânsito Brasileiro.

Ademais, em relação aos gastos havidos com Rio Mulato, nos valores apontados acima, deve

ser acrescida a parte final do disposto no parágrafo único do art. 59 da Lei 8.666/1993, também

como fundamento para impugnação do gasto.

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Quanto aos gastos com combustíveis e peças, importa destacar que a gestão não apresentou

controles internos suficientes a vincular os gastos havidos com os veículos que efetivamente

prestaram serviços de transporte de alunos no período. Neste caso, é imperioso informar que

cabe ao gestor demonstrar a boa e regular aplicação dos recursos públicos (art. 93, Decreto-

lei 200/1967), encargo que deve ser feito em atenção às regras de direito financeiro que regem

a matéria, como a liquidação regular (arts. 62 e 63 da Lei 4.320/1964), que exige a prova da

existência de nexo de causalidade entre o desembolso feito e as ações do Programa. Logo,

faz-se também a impugnação dos gastos supostamente realizados com combustíveis e peças

no valor de R$ 117.252,15. ##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.2.7. Transporte escolar. Vícios na licitação.Simulação e direcionamento. Exercício de

2015.

Fato

Em 2015, de acordo com dados constantes no Sistema de Gestão on line de Prestação de

Contas do FNDE, teria havido a contratação das seguintes pessoas jurídicas:

Quadro 01 – Licitações e contratos Pnate 2015

Licitação Contratado Objeto R$

Contratado

PP 14/2015 Rio Mulato Serviços de transporte 28.286,16

PP 23/2014 Auto Motordiesel Ltda. Peças e pneus 655.848,00

PP 24/2014 Auto Motordiesel Ltda. Serviços de manutenção 169.190,00

PP 12/2015 J.I. Posto de Combust. Comb. e lubrificantes 89.860,00

PP 23/2015 JD Autopeças Serv. Peças e pneus 753.120,00

PP 24/2015 JD Autopeças Serv. Serviços de manutenção 224.379,00 Fonte: www.fnde.gov.br/sigap:PNATE2015

A seguir, análise dos principais procedimentos licitatórios deflagrados pela gestão,

relacionados a gastos no exercício de 2015.

1) Pregão Presencial 14/2015 – Serviço de locação de veículos.

O objeto do procedimento recaiu sobre a prestação de serviços de locação de veículos para o

transporte escolar. No dia 12 de dezembro de 2014 o gestor municipal autoriza a realização

do procedimento.

Quanto à regularidade do procedimento, constatou-se:

a) Absoluta impropriedade do objeto para o serviço de transporte de alunos.

Page 39: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

O objeto do contrato dar-se-ia sob a forma de fretamento de veículos, com condutores e

manutenção de responsabilidade da contratada.

Não há no procedimento (edital e anexos), qualquer referência aos requisitos técnicos ou

condições de elegibilidade em relação a veículos e condutores, na forma da Resolução

CD/FNDE 12/2011 e arts. 136 a 138 do CTN.

Os veículos a serem disponibilizados, conforme exigência dos gestores, seriam do tipo

“utilitário”, cuja espécie é tida como mista pelo CTB, art. 96, e destinado ao transporte

simultâneo de carga e passageiro, em direta violação às regras específicas para o transporte de

alunos estabelecida no art. 136, I – veículos de passageiros-, do CTB.

b) Pesquisa de preços simulada.

A pesquisa de preços teria sido realizada junto à Construtora Mearim, CNPJ 09.518.316/0001-

44, estabelecida em Formosa da Serra Negra/MA; Olho D’água Emp. Ltda., CNPJ

18.179.593/0001-60, estabelecida em Governador Edison Lobão/MA; e Rio Mulato Const. e

Emp., CNPJ 13.344.941/0001-94, estabelecida em Imperatriz/MA.

Ocorre que nenhuma das pessoas jurídicas mencionadas, após análise do ramo negocial

principal e secundário de atuação, amoldar-se-ia ao ramo do serviço especializado de

transporte de alunos.

c) Falta de transparência na contratação e publicidade ineficaz.

O procedimento não foi realizado com vistas à obtenção de competitividade, dada a ausência

de publicação do aviso do certame na Internet e em jornal de grande circulação, na forma do

Anexo I, art. 11, I, Decreto n. 3.555/00. Como consequência, apenas uma pessoa apresentou-

se na sessão de disputa, considerada vencedora – Rio Mulato.

Também não se verificou a publicação resumida do resultado do procedimento e do extrato

do contrato, na forma respectiva do Decreto acima referido, Anexo I, art. 21, XII e Lei n.

8.666/93, art. 61, parágrafo único.

d) Vício insanável na habilitação da contratada.

Verificou-se ausência de certidão de regularidade junto ao INSS; e apresentação de certidões

vencidas do FGTS e de regularidade para com a fazenda estadual.

A sessão de abertura e julgamento do procedimento ocorreu no dia 11 de fevereiro de 2015,

às 9h20 em que declarada vencedora Rio Mulato Construções e Empreendimentos., única

participante do procedimento.

2) Pregão Presencial 23/2014 – Fornecimento de peças e pneus.

O objeto do procedimento recaiu no fornecimento de peças e pneus e atenderia ações da

Educação e Saúde. No caso da Educação, foram relacionados 07 veículos, entre ônibus e

micro-ônibus, para os quais os fornecimentos deveriam atender – figura abaixo. No dia 08 de

março de 2014 o gestor municipal autoriza a realização do procedimento.

Page 40: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

Fig. 01 – Relação de veículos do município

Quanto à conformidade dos veículos apontados acima, em preliminares se evidencia que o de

placa LAU 2113 não pertence à municipalidade, mas sim à Guarany Transporte e Turismo

Ltda., sediada em Goiânia/GO.

Quanto à regularidade do procedimento, constatou-se:

a) Pesquisa de preços simulada, dado que realizada com empresas do mesmo grupo

empresarial e em datas incompatíveis.

As pesquisas de preços estavam datadas de 17, 21 e 28 de fevereiro de 2014, de autorias

respectivas de Auto Motordiesel Ltda., CNPJ 00.975.911/0001-34; JD Autopeças Serviços e

Locações EIRELI, CNPJ 19.969.621/0001-06; e Cortes Peças e Acessórios Automotivos

Ltda., CNPJ 00.602.691/0001-01.

JD Autopeças teria sido aberta apenas em 28 de março de 2014, data incompatível com

suposta pesquisa de preços nela realizada no dia 21 de fevereiro do mesmo ano. Também se

verifica que Auto Motordiesel Ltda. e JD Autopeças Serviços pertencem ao mesmo grupo

empresarial – Grupo Lira, situação adiante detalhada neste relatório.

b) Falta de transparência na contratação e publicidade ineficaz.

O procedimento não foi realizado com vistas à obtenção de competitividade, dada a ausência

de publicação do aviso do certame na Internet e em jornal de grande circulação, na forma do

Anexo I, art. 11, I, Decreto n. 3.555/00. Como consequência, apenas uma pessoa apresentou-

se na sessão de disputa, considerada vencedora – Auto Motordiesel Ltda.

Também não se verificou a publicação resumida do resultado do procedimento e do extrato

do contrato, na forma respectiva do Decreto acima referido, Anexo I, art. 21, XII e Lei n.

8.666/93, art. 61, parágrafo único.

c) Vício insanável na habilitação da contratada.

O edital exigiu, em seu item 7.0, “b” (Qualificação Técnica), Certificado de Qualificação ISO

9001 e ISO 14001 da empresa fabricante dos produtos.

Apesar da exigência, não se verificou atendimento por parte da vencedora, muito menos

qualquer ressalva ou justificativa do pregoeiro quanto à desconsideração do solicitado.

Page 41: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

Omissão da mesma gravidade se verifica quanto à exigência contida no subitem 7.1.3, “d”.

No caso, O Balanço Patrimonial da empresa não estava acompanhado por fotocópia dos

Termos de Abertura e de Encerramento do Livro Diário autenticado na JUCEMA.

d) A sessão de abertura e julgamento do procedimento ocorreu no dia 03 de abril de 2014, às

9h20 em que declarada vencedora Auto Motordiesel Ltda., única participante do

procedimento.

3) Pregão Presencial 24/2014 – Serviços de manutenção em veículos.

O objeto do procedimento recaiu na prestação de serviços de “...colocação de peças e pneus...”

em veículos vinculados a ações da Educação e Saúde. No dia 06 de março de 2014 o gestor

municipal autoriza a realização do procedimento.

Quanto à regularidade do procedimento, constatou-se:

a) Pesquisa de preços simulada, dado que realizada com empresas do mesmo grupo

empresarial e em datas incompatíveis.

As pesquisas de preços estavam datados de 17, 21 e 28 de fevereiro de 2014, de autorias

respectivas de Auto Motordiesel Ltda., CNPJ 00.975.911/0001-34; JD Autopeças Serviços e

Locações EIRELI, CNPJ 19.969.621/0001-06; e Cortes Peças e Acessórios Automotivos

Ltda.,CNPJ 00.602.691/0001-01.

JD Autopeças teria sido aberta apenas em 28 de março de 2014, data incompatível com

pesquisa de preços nela realizada no dia 21 de fevereiro do mesmo ano. Também se verifica

que Auto Motordiesel Ltda. e JD Autopeças Serviços pertencem ao mesmo grupo empresarial

– Grupo Lira, conforme apontado neste relatório, adiante.

b) Falta de transparência na contratação e publicidade ineficaz.

O procedimento não foi realizado com vistas à obtenção de competitividade, dada a ausência

de publicação do aviso do certame na Internet e em jornal de grande circulação, na forma do

Anexo I, art. 11, I, Decreto n. 3.555/00. Como consequência, apenas uma pessoa apresentou-

se na sessão de disputa, considerada vencedora – Auto Motordiesel Ltda.

Também não se verificou a publicação resumida do resultado do procedimento e do extrato

do contrato, na forma respectiva do Decreto acima referido, Anexo I, art. 21, XII e Lei n.

8.666/93, art. 61, parágrafo único.

c) Vício insanável na habilitação da contratada.

O edital exigiu, em seu item 7.0, “b” (Qualificação Técnica), Certificado de Qualificação ISO

9001 e ISO 14001 da empresa fabricante dos produtos.

Apesar da exigência, não se verificou atendimento por parte da vencedora, muito menos

qualquer ressalva ou justificativa do pregoeiro quanto à desconsideração do solicitado.

Page 42: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

Omissão da mesma gravidade se verifica quanto à exigência contida no subitem 7.1.3, “d”.

No caso, O Balanço Patrimonial da empresa não estava acompanhado por fotocópia dos

Termos de Abertura e de Encerramento do Livro Diário autenticado na JUCEMA.

A sessão de abertura e julgamento do procedimento ocorreu no dia 03 de abril de 2014, às

14h50 em que declarada vencedora Auto Motordiesel Ltda., única participante do

procedimento.

4) Pregão Presencial 12/2015 – Combustíveis e lubrificantes.

O objeto do procedimento recaiu no fornecimento de combustíveis e lubrificantes para

veículos vinculados a ações de diversas secretarias do município, inclusive Educação. No dia

09 de dezembro de 2014 o gestor municipal autoriza a realização do procedimento.

Quanto à regularidade do procedimento, constatou-se:

a) Pesquisa de preços simulada.

Três pesquisas de preços foram acostadas ao procedimento: i) J.O.Posto de Combustíveis

Ltda., CNPJ 10.826.902/0001-35, de 1º de dezembro de 2014; ii) Posto de Combustíveis

Adventure Ltda., CNPJ 09.474.517/0001-97, de 02 de dezembro de 2014; iii) J.I. Posto de

Combustíveis Ltda., de 3 de dezembro de 2014.

J.I. Posto de Combustíveis Ltda., tem por sócios I. F. da S. C., CPF ***.922.573-** e J. S. C.,

CPF ***.683.003-**. Os mesmos também figuram societariamente como administrador e

responsável do Posto de Combustíveis Adventure Ltda., referenciado no parágrafo anterior. J.

S. C., por sua vez, também surge como sócio administrador de J.O. Posto de Combustíveis

Ltda.

b) Falta de transparência na contratação e publicidade ineficaz.

O procedimento não foi realizado com vistas à obtenção de competitividade, dada a ausência

de publicação do aviso do certame na Internet e em jornal de grande circulação, na forma do

Anexo I, art. 11, I, Decreto n. 3.555/00. Como consequência, apenas uma pessoa apresentou-

se na sessão de disputa, considerada vencedora – J.I. Posto de Combustíveis Ltda.

Também não se verificou a publicação resumida do resultado do procedimento e do extrato

do contrato, na forma respectiva do Decreto acima referido, Anexo I, art. 21, XII e Lei n.

8.666/93, art. 61, parágrafo único.

c) Vícios insanáveis na habilitação da contratada.

O edital exigiu, em seu item 7.0, “b” (Qualificação Técnica), Certificado de Qualificação ISO

9001 e ISO 14001 da empresa fabricante dos produtos. Apesar da exigência, não se verificou

atendimento por parte da vencedora, muito menos qualquer ressalva ou justificativa do

pregoeiro quanto à desconsideração do solicitado.

Omissão de mesma gravidade se verifica quanto à exigência contida no subitem 7.1.3, “d”.

No caso, O Balanço Patrimonial da empresa não estava acompanhado por fotocópia dos

Termos de Abertura e de Encerramento do Livro Diário autenticado na JUCEMA e não

Page 43: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

apresentava chancela da mencionada Junta. O mesmo documento não se fez acompanhar,

também, da Declaração de Habilitação Profissional (DHP) do contador.

Ademais, verificou-se ausência de certidão de regularidade junto ao INSS; de comprovação

de contrato do fabricante do óleo cotado junto à ANP; certificado de segurança para

funcionamento emitido pelo corpo de bombeiros; e do alvará ou certificado de funcionamento

expedido pela Secretaria Executiva de Meio Ambiente do município sede da licitante.

A sessão de abertura e julgamento do procedimento ocorreu no dia 09 de fevereiro de 2015,

às 09h40 em que declarada vencedora J.I. Posto de Combustíveis Ltda., única participante do

procedimento.

5) Pregão Presencial 23/2015.

O objeto do procedimento recaiu no fornecimento de peças e pneus para veículos vinculados

a ações de diversas secretarias do município, inclusive Educação. No dia 02 de fevereiro de

2015 o gestor municipal autoriza a realização do procedimento.

Fig. 02 – Relação de veículos do município

Quanto à conformidade dos veículos apontados acima, em preliminares se evidencia que o de

placa LAU 2113 não pertence à municipalidade, mas sim à Guarany Transporte e Turismo

Ltda., sediada em Goiânia/GO. Este fato também se apresentou no Pregão Presencial 23/2014.

Quanto à regularidade do procedimento, constatou-se:

a) Pesquisa de preços simulada, dado que realizada com empresas do mesmo grupo

empresarial.

As pesquisas de preços estavam datadas de 10, 09 e 12 de janeiro de 2015, autorias respectivas

de JD Autopeças Serviços e Locações EIRELI, CNPJ 19.969.621/0001-06; Cortes Peças e

Acessórios Automotivos Ltda., CNPJ 00.602.691/0001-01; Auto Motordiesel Ltda., CNPJ

00.975.911/0001-34.

Verifica que Auto Motordiesel Ltda. e JD Autopeças Serviços pertencem ao mesmo grupo

empresarial – Grupo Lira, conforme apontado adiante.

Observa-se que este fato também ocorreu nos Pregões 23 e 24, ambos de 2014.

b) Falta de transparência na contratação e publicidade ineficaz.

Page 44: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

O procedimento não foi realizado com vistas à obtenção de competitividade, dada a ausência

de publicação do aviso do certame na Internet e em jornal de grande circulação, na forma do

Anexo I, art. 11, I, Decreto n. 3.555/00. Como consequência, apenas uma pessoa apresentou-

se na sessão de disputa, considerada vencedora – Auto Motordiesel Ltda.

Também não se verificou a publicação resumida do resultado do procedimento e do extrato

do contrato, na forma respectiva do Decreto acima referido, Anexo I, art. 21, XII e Lei n.

8.666/93, art. 61, parágrafo único.

c) Vício insanável na habilitação da contratada.

O edital exigiu, em seu item 7.0, “b” (Qualificação Técnica), Certificado de Qualificação ISO

9001 e ISO 14001 da empresa fabricante dos produtos.

Apesar da exigência, não se verificou atendimento por parte da vencedora, muito menos

qualquer ressalva ou justificativa do pregoeiro quanto à desconsideração do solicitado.

Omissão da mesma gravidade se verifica quanto à exigência contida no subitem 7.1.3, “d”.

No caso, O Balanço Patrimonial da empresa não estava acompanhado por fotocópia dos

Termos de Abertura e de Encerramento do Livro Diário autenticado na JUCEMA.

Ademais, verificou-se ausência de certidão de regularidade junto ao INSS; e certidão de

regularidade para com a fazenda estadual referente à dívida ativa.

A sessão de abertura e julgamento do procedimento ocorreu no dia 19 de março de 2015, às

11h30 em que declarada vencedora JD Autopeças Serviços e Locações EIRELI, única

participante do procedimento.

6) Pregão Presencial 24/2015.

O objeto do procedimento recaiu na prestação de serviços de “...colocação de peças e pneus...”

em veículos vinculados a ações da Educação e Saúde. No dia 02 de fevereiro de 2015 o gestor

municipal autoriza a realização do procedimento.

Quanto à regularidade do procedimento, constatou-se:

a) Pesquisa de preços simulada, dado que realizada com empresas do mesmo grupo

empresarial.

As pesquisas de preços estavam datadas de 10, 09 e 12 de janeiro de 2015, autorias respectivas

de JD Autopeças Serviços e Locações EIRELI, CNPJ 19.969.621/0001-06; Cortes Peças e

Acessórios Automotivos Ltda., CNPJ 00.602.691/0001-01; Auto Motordiesel Ltda., CNPJ

00.975.911/0001-34.

Verifica que Auto Motordiesel Ltda. e JD Autopeças Serviços pertencem ao mesmo grupo

empresarial – Grupo Lira, conforme apontado neste relatório.

Observa-se que este fato também ocorreu nos Pregões 23 e 24, ambos de 2014 e 23/2015.

Page 45: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

b) Falta de transparência na contratação e publicidade ineficaz.

O procedimento não foi realizado com vistas à obtenção de competitividade, dada a ausência

de publicação do aviso do certame na Internet e em jornal de grande circulação, na forma do

Anexo I, art. 11, I, Decreto n. 3.555/00. Como consequência, apenas uma pessoa apresentou-

se na sessão de disputa, considerada vencedora – Auto Motordiesel Ltda.

Também não se verificou a publicação resumida do resultado do procedimento e do extrato

do contrato, na forma respectiva do Decreto acima referido, Anexo I, art. 21, XII e Lei n.

8.666/93, art. 61, parágrafo único.

c) Vício insanável na habilitação da contratada.

O edital exigiu, em seu item 7.0, “b” (Qualificação Técnica), Certificado de Qualificação ISO

9001 e ISO 14001 da empresa fabricante dos produtos.

Apesar da exigência, não se verificou atendimento por parte da vencedora, muito menos

qualquer ressalva ou justificativa do pregoeiro quanto à desconsideração do solicitado.

Omissão da mesma gravidade se verifica quanto à exigência contida no subitem 7.1.3, “d”.

No caso, O Balanço Patrimonial da empresa não estava acompanhado por fotocópia dos

Termos de Abertura e de Encerramento do Livro Diário autenticado na JUCEMA.

Ademais, verificou-se ausência de certidão de regularidade junto ao INSS.

A sessão de abertura e julgamento do procedimento ocorreu no dia 19 de março de 2015, às

15h30 em que declarada vencedora JD Autopeças Serviços e Locações EIRELI, única

participante do procedimento.

Sobre JD Autopeças é pertinente informar JD Autopeças Serviços e Locações EIRELI, CNPJ

19.969.621/0001-06, estabelecida em Imperatriz/MA com o nome comercial VEDIESEL. A

imagem abaixo apresenta o local do estabelecimento.

Fig. 03. Imagem da fachada JD Autopeças (Vediesel) e Auto Motor Diesel (Motordiesel). Imperatriz/MA.

Com início de atividade em 28 de março de 2014 teria por atividade principal o comércio a

varejo de peças e acessórios novos para veículos automotores. Dados do CNPJ indicam que

Page 46: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

seus propósitos negociais atingiriam a execução de alguns serviços, mas nenhum vinculado

ao transporte de alunos, em qualquer modalidade.

A despeito de poder exercer atividades relacionadas a serviço, verifica-se que não solicitou

autorização ao fisco municipal para tanto, uma vez que em seu cadastro junto à Secretaria de

Fazenda e Gestão Orçamentária de Imperatriz/MA apresentou atividade secundária “sem

prestação de serviço”. A imagem abaixo destaca recortes de certidão cadastral junto ao fisco

referido.

Fig.04 – Espelho de consulta cadastral junto ao fisco municipal – JD Auto Peças

Formalmente a empresa individual se apresenta como de propriedade de J. D. S. P., CPF

***.415.741-**, com capital social de abertura declarado de R$ 400.000,00.

A aparente regularidade da formação da unidade econômica, após breves pesquisas, revela-se

frágil e aponta, em preliminares, ilicitude, pois:

a) Há evidências que sinalizam que o referido titular seria apenas interposta pessoa para os

verdadeiros donos do empreendimento: em consulta à base RAIS verificou-se que o titular,

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em todo o seu período laboral declarado teria exercido o ofício de motorista de caminhão,

motorista de carro de passeio e cobrador. O gráfico a seguir destaca os vínculos.

Fig. 05. Histórico laboral do empresário.

b) De acordo com informações obtidas na Associação Comercial e Industrial de

Imperatriz/MA Vediesel, nome comercial de JD AutoPeças, na verdade pertenceria ao Grupo

Lira, de propriedade dos irmãos R. e J. L.. Detalhes a seguir.

Page 48: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

Fig. 06 - Proprietários de fato da JD Auto Peças.

c) Ademais, em sua página pública e pessoal no Facebook, J. D. S. P., no trecho em que

referencia local de trabalho, informa trabalhar no Grupo Lira, em que J. B. L., filho de Z. S.

L./E. L. N., seria proprietário. Dados preliminares indicam que J. D. seria primo de J. B. L.

Fig. 07-Detalhe de auto declaração do proprietário da J.D.Autopeças. No destaque, local em que trabalharia.

d) Observa-se que uma das empresas do Grupo Lira – MotorDiesel – mantém longo histórico

de contratações com a prefeitura de Sítio Novo/MA, já apresentado neste relatório. Pertine

destacar, ainda, que o contador de MotorDiesel é o mesmo de JD Autopeças.

Page 49: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

2.2.8. Transporte escolar. Execução físico-financeira inadequada. Vícios materiais na

prestação e no uso de insumos. Absoluta impropriedade da prestação. Gastos não

legitimados. Aplicação irregular de R$ 405.500,44.

Fato

Segundo Demonstrativo de Receita e Despesa, extraído do SigPC/FNDE, em 2015 o

município teria disponível R$ 417.433,30. Deste total, R$ 408.396,755 fora liquidado e R$

405.500,44 gastos.

A distribuição do gasto ficou assim caracterizada, desconsiderados os pagamentos com

impostos: Tab. 01 – Execução financeira. PNATE 2015

NF-

e

Data

emissão R$

Objeto de

gasto Beneficiário

Data

pagto

Pago

265 11/11/15 29.640,00

Terceirização

Rio Mulato

Const. e Emp.

Ltda.

11/11 28.158,00

190 29/04/15 28.286,16 30/04 26.871,85

55.029,85

503 06/07/15 6.190,92

Terceirização JD Auto Peças

08/07 6.190,92

504 06/07/15 2.844,00 08/07 2.844,00

505 06/07/15 4.779,00 08/07 4.779,00

583 19/10/15 4.590,00 19/10 4.590,00

584 19/10/15 4.878,00 19/10 4.878,00

585 19/10/15 3.924,00 19/10 3.924,00

586 19/10/15 3.780,00 19/10 3.780,00

587 19/10/15 4.320,00 19/10 4.320,00

588 19/10/15 5.220,00 19/10 5.220,00

40.525,92

652 23/12/14 2.570,00 Terceirização

Auto

Motordiesel

Ltda.

10/02 2.570,00

1152 03/07/15 21.480,00

Peças JD Auto Peças

08/07 21.480,00

1157 06/07/15 6.318,86 08/07 6.318,86

1158 06/07/15 6.539,46 08/07 6.539,46

1159 06/07/15 8.029,86 08/07 8.029,86

1164 06/07/15 6.085,96 08/07 6.085,96

1165 06/07/15 7.120,97 08/07 7.120,97

1534 15/10/15 25.670,00 19/10 25.670,00

1535 16/10/15 16.186,68 19/10 16.186,68

1536 16/10/15 22.020,57 19/10 22.020,57

1537 16/10/15 18.016,97 21/10 18.016,97

Page 50: Relatório de Demandas Externas · De acordo com dados do SigPC, no período de exame referido acima – 2011 a 2015, as pessoas abaixo teriam sido os responsáveis pelos atos de

1544 19/10/15 21.000,42 19/10 21.000,42

1545 19/10/15 24.002,55 19/10 24.002,55

1546 19/10/15 17.706,47 19/10 17.706,47

1562 21/10/15 4.059,19 21/10 4.059,19

204.237,96

846 13/03/15 7.998,34

Combustível

e lubrificante

J.I.Posto de

Combustíveis

Ltda.

16/04 7.998,34

862 14/04/15 8.847,74 17/04 8.847,74

875 19/05/15 8.659,31 20/05 8.659,31

891 17/06/15 8.122,99 17/06 8.122,99

908 16/07/15 7.912,82 21/07 7.912,82

935 16/09/15 3.348,34 25/09 3.348,34

956 15/10/15 7.899,77 15/10 7.899,77

957 15/10/15 4.707,97 15/10 4.707,97

977 11/11/15 8.296,93 11/11 8.296,93

65.794,21

6990 23/12/14 8.507,87

Peças

Auto

Motordiesel

Ltda.

10/02 8.507,87

6992 23/12/14 9.624,30 10/02 9.624,30

6993 23/12/14 8.881,22 10/02 8.881,22

7002 23/12/14 10.329,11 10/02 10.329,11

37.342,50

Fonte: SigPC/FNDE.

Não há ressalvas quanto à maneira em que os pagamentos foram feitos. Os extratos indicam

que foram realizados por transferência identificável. A despeito dessa aparente regularidade,

pertine trazer à análise as considerações já feitas neste relatório acerca da fase de liquidação

da despesa pública, art. 62 e 63 da Lei 4.320/1964.

Já se estabeleceu que é pressuposto de regularidade da execução da despesa pública a sua

regular liquidação e que tal regularidade está condicionada à análise de documentos

apresentados e, com base neles, ao grau de pertinência e adequação da execução física com as

disposições contratuais e legais porventura existentes.

No caso de gastos relacionados ao transporte de escolares, para além da confirmação de

quantitativos executados, é da essência da legalidade do gasto que os serviços sejam ofertados

atendendo às exigências do Código de Trânsito Brasileiro (arts. 136 a 138), precipuamente, e

também às normas contidas nas Resoluções do FNDE sobre o tema.

Nesse sentido, destacam-se as Resoluções CD/FNDE 12/2011 e 05/2015 (arts. 15 e 14,

respectivamente) que explicitam critério de elegibilidade de gastos no âmbito do Programa,

traduzido pela necessidade de os serviços de transporte escolar serem prestados por veículos

vistoriados/autorizados e motoristas capacitados por órgão de trânsito, situação não verificada

também no exercício de 2015, conforme detalhamentos a seguir: Quadro 01 - Transporte Escolar em 2015

Veículos de terceiros para o transporte de escolares em Sítio Novo/MA

Dados prestação de contas enviada ao TCE/MA Dados levantados em diversas fontes oficiais

Placa Tipo Proprietário CNH

2015 Tipo ano Município Placa

2015

Proprietário

domicílio

HOL5690 D-20 I. da S. R. AB D20/92 Sítio Novo/MA Curionópolis/PA

NNE1516 F350 F. da C. S. S. NÃO F350/10 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KGV1983 D-20 M. S. da S. B D20/93 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

NLT8345 F350 G. de C. M. AB F350/09 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JWM1316 D-20 E. S. da C. AD D20/86 S.Izabel/PA Mara Rosa/GO

NAI2118 D-20 J. E. B. B D20/87 Tocantinópolis/MA Araguatins/TO

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JTE1191 D-20 A. F. L. AB D20/93 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KCB4930 D-20 A. de O. F. N. AB D20/94 Sítio Novo/MA Tocantinópolis/TO

MNH0568 D-20 A. B. B. F. AB D20/90 Sítio Novo/MA Redenção/PA

KCM4069 D-20 V. M. da S. AD D20/90 Tocantinópolis/TO Tocantinópolis/TO

JEB3459 D-20 A. F. de A. D D20/94 Barra do Corda/MA Barra do Corda/MA

AER5368 D-20 E. da C. R. R. NÃO D20/94 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JTH7751 D-20 R. T. de O. AB D20/93 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

KCN1284 D-20 E. da S. S. NÃO D20/95 Sítio Novo/MA Lajeado Novo/MA

HUV2115 F-4000 A. V. B. C F4000/96 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

NHB7885 F-350 J. C. de M. F. AD F350/06 Imperatriz/MA Grajaú/MA

NXD3289 F-350 L. G. B. G. C F350/11 Imperatriz/MA Imperatriz/MA

JYO0641 D-20 J. R. S. da L. NÃO D20/91 Sítio Novo/MA Sítio Novo/MA

JLD2957 D-20 A. C. M. F. AD D20/93 Tocantinópolis/MA Tocantinópolis/TO

KCP9969 D-20 C. L. de M. AD D20/93 São João do Paraíso/MA Tocantinópolis/TO

KCY5686 D-20 M. C. M. A. NÃO C20/96 Grajaú/MA Grajaú/MA

KBT3317 D-20 J. da P. B. NÃO D20/94 Tocantinópolis/TO Sítio Novo/MA

MWA3850 F-350 E. A. de O. AB F350/00 S.J.Paraíso/MA D.Eliseu/PA

BNJ5339 D-20 J. M. P. L. AB D20/89 Sítio Novo/MA Tocantinópolis/TO

MYV0302 D-20 G. D. R. AD D20/88 Sítio Novo/MA Tocantinópolis/TO

HOQ5585 D-20 R. de M. F. AD D20/93 Sítio Novo/MA Xinguara/PA

BNJ4878 D-20 J. O. C. N. B D20/94 Tocantinópolis/MA Tocantinópolis/TO

NAI2118 D-20 S. R. de Ar. J. B D20/87 Tocantinópolis/MA Araguatins/TO

Fonte: Demonstrativo 17 da IN 09/2005/TCE-MA. Arquivo 1 08 06. Processo 2574/2016; Consulta MacrosAtiva; Infoseg.

Fig. 01

Tipos e condições de veículos utilizados no transporte de alunos.

Vistoria em 25 e 26/11/15

F4000/HUV2115

D20/1992-HOL5690

F4000/HUV2115

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D20/KCB6373

F250/MVP7384

F350/NHB7885

D20/MYV0302

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D20/JTE1191

D20/JEB-3459

Das informações constantes no quadro acima, pode-se concluir

a) Nenhum dos tipos de veículos tinha condições legais para uso no âmbito do Pnate. Os

veículos utilizados seriam para transporte de carga, e não passageiros. Naturalmente, não

estavam autorizados, pelo órgão de trânsito, a uso para o transporte de alunos. As imagens

acima apresentam os tipos encontrados no município.

b) Seis supostos prestadores de serviço de transporte – considerados os proprietários - sequer

tinham habilitação para tanto;

c) Nenhum dos supostos prestadores tinha a obrigatória e necessária certificação, pelo órgão

de trânsito, para o transporte de alunos;

d) Os veículos utilizados não poderiam atender ao critério de atualidade e segurança exigidos

no âmbito do Pnate. Segundo Guia do Transporte Escolar do FNDE, pág. 07, um pré-requisito

de segurança para a oferta do serviço de transporte escolar é que os veículos tenham idade

máxima de sete anos de uso. Pela tabela acima se verifica que poucos deles tinham idade

inferior à recomendada;

e) Alguns veículos possuem/possuíam registro em localidade diversa da prestação do serviço,

inclusive em outra federação, apesar da suposta prestação de serviços na cidade de Sítio

Novo/MA durante todo o exercício. Isoladamente, o fato em si não enseja considerações.

Entretanto, a circunstância de se verificar que também não se compatibiliza o domicílio do

proprietário com o do registro do veículo, em preliminares, indica irregularidade documental

de veículos.

É importante informar que a transferência de domicílio ou propriedade de veículo é fato que

sofre a incidência de normas que visam proteger a segurança no uso e legitimar a propriedade

dos veículos, conforme trecho da Resolução Denatran n. 466/2013, art. 2º, detalhado abaixo:

“§2º A vistoria de identificação veicular tem como objetivo verificar

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I - a autenticidade da identificação do veículo e da sua documentação;

II - a legitimidade da propriedade;

III - se os veículos dispõem dos equipamentos obrigatórios, e se estes estão funcionais;

IV - se as características originais dos veículos e seus agregados foram modificados e, caso

constatada alguma alteração, se esta foi autorizada, regularizada e se consta no prontuário

do veículo na repartição de trânsito”.

Pela inteligência dos art. 72, caput, e art. 78, VI da Lei 8.666/1993, a cessão total do objeto

ou a parcial, esta quando não prevista e/ou não autorizada pela Administração contratante, é

prática ilícita, violadora do princípio licitatório, atingindo a legalidade, a moralidade, a

impessoalidade e o tratamento isonômico, vetores administrativos inafastáveis nas

contratações por órgãos/entidades públicas.

Observa-se, em análise preliminar, que a execução do serviço de transporte de escolares se

deu ou por subcontratação total do objeto licitado ou por contratação direta e irregular, sem

atenção às exigências de licitação prévia: primeiro, pela possibilidade de Rio Mulato e JD

Auto Peças terem firmado contratos com as pessoas acima; segundo, pela possível inexistência

de qualquer relação jurídica entre aqueles que efetivamente prestaram os serviços e a suposta

vencedora de um procedimento licitatório viciado. Tanto uma como outra situação transborda

no campo do ilícito e, aliado ao fato da simulação do procedimento licitatório, abordado neste

Relatório, deslegitima os gastos feitos.

O TCU, sobre cessão de contratos e regularidade da execução, assim se posicionou:

“19. De outro lado, a gravidade dessas duas irregularidades [veículos impróprios e

sublocação ilícita do objeto] justifica, a meu ver, a apenação dos gestores municipais com

multa, na linha do que decidiu este Tribunal no já mencionado Acórdão 771/2013 - Plenário,

ao se deparar com situação semelhante, em que a forma como os serviços de transporte foram

prestados foi considerada como infração grave à lei e como evidente risco à segurança de

crianças e adolescentes que fazem uso do serviço de transporte escolar municipal contratado

com recursos públicos do Pnate. ” (Acórdão TCU 3618/2013-1ª)

Geraldo Ataliba, fazendo considerações gerais sobre a atributividade do direito, em sua obra

aduziu preciosas lições:

“Tudo que temos é-nos atribuído pelo direito, segundo normas jurídicas.

É legítimo o recebimento de um bem (dinheiro ou outra coisa), e a sua incorporação ao nosso

patrimônio se opera validamente, se em conformidade com o direito e na medida em que este

o autoriza ou determina. O que se receba contra o direito não é legítimo, e não se incorpora

ao nosso patrimônio. É indevido. ” (Hipótese de Incidência Tributária. 15ª ed. São Paulo,

Malheiros, p. 27).

Assim, impugna-se o total de R$ 98.125,77 (gastos com terceirização), pela impossibilidade

jurídica de ser justificada – liquidação regular, na forma do art. 62 e 63 da Lei 4.320/1964 -

dada a violação ao art. 15 da Resolução CD/FNDE nº 12/2011 c/c arts. 136 a 138 do Código

de Trânsito Brasileiro. Ademais, em relação aos gastos havidos com Rio Mulato e JD

Autopeças deve ser acrescida a parte final do disposto no parágrafo único do art. 59 da Lei

8.666/1993, também como fundamento para impugnação do gasto.

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Quanto aos gastos com combustíveis e peças, importa destacar que a gestão não apresentou

controles internos suficientes a vincular os gastos havidos com os veículos que efetivamente

prestaram serviços de transporte de alunos no período. Neste caso, é imperioso informar que

cabe ao gestor demonstrar a boa e regular aplicação dos recursos públicos (art. 93, Decreto-

lei 200/1967), encargo que deve ser feito em atenção às regras de direito financeiro que regem

a matéria, como a liquidação regular (arts. 62 e 63 da Lei 4.320/1964), que exige a prova da

existência de nexo de causalidade entre o desembolso feito e as ações do Programa. Logo,

faz-se também a impugnação dos gastos supostamente realizados com combustíveis e peças

no valor de R$ 307.374,67.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação da unidade examinada.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a

análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo ‘fato’.

##/AnaliseControleInterno##

3. Consolidação de Resultados

Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está

adequada e exige providências de regularização por parte de todas as instâncias de controle

interessadas na regular aplicação de recursos públicos.

Foi identificado aplicação irregular de recursos no valor de R$ 1.583.846,37, detalhados neste

Relatório.

A partir das inconsistências registradas no presente Relatório, conclui-se que os gestores

municipais do Pnate fizeram a aplicação dos recursos recebidos sem observar as regras de

finalidade e comprovação da boa e regular aplicação de recursos públicos recebidos, na forma

do art. 93 do Decreto-lei nº 200/1967. Especificamente, foi observado:

a) Procedimentos licitatórios eivados de irregularidades e simulação, com restrição à

competitividade; favorecimento a empresas contratadas em evidente manifestação de ajustes

e combinações entre favorecidos e a Administração municipal;

b) ausência de controles internos confiáveis, capazes de vincular os gastos havidos com

insumos (materiais/serviços) utilizados no Programa;

c) Prestação de serviço de transporte escolar por pessoas intermediárias, sem qualificação e

com veículos absolutamente impróprios para o serviço, com prejuízo à população

beneficiária, por violação a seu direito de receber da Administração um serviço atual, com

qualidade, segurança e garantia;

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d) Aplicação de recursos públicos em absoluta desconformidade com os parâmetros

normativos de regência, quer na fase de licitação, quer na fase de execução, tornando ilegal

e ilegítimo os gastos feitos.