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Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ensino de Português e das Línguas Clássicas no 3º Ciclo e no Ensino Secundário realizado sob a orientação científica das Professoras Doutoras Maria do Céu Caetano e Maria do Rosário Laureano Santos, Professoras Auxiliares da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.

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Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à

obtenção do grau de Mestre em Ensino de Português e das Línguas Clássicas no 3º

Ciclo e no Ensino Secundário realizado sob a orientação científica das Professoras

Doutoras Maria do Céu Caetano e Maria do Rosário Laureano Santos, Professoras

Auxiliares da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço às minhas duas orientadoras do Relatório de

Estágio, a Professora Doutora Maria do Rosário Laureano Santos e a Professora Maria

do Céu Caetano pelo apoio e profissionalismo. Agradeço também aos professores

cooperantes, a Professora Carmo Soares (Escola Secundária com 3º Ciclo de Pedro

Nunes) e o Professor Mário Martins (Escola Secundária de Camões), pela sua

disponibilidade, empenho, encorajamento, sugestões e correções que contribuíram

para a minha evolução profissional e pessoal.

Deixo o meu sincero agradecimento aos alunos do 9º A, da Escola Secundária

de Pedro Nunes, aos alunos do 11º L da Escola Secundária de Camões e a toda a

comunidade escolar pela hospitalidade e disponibilidade para o desenvolvimento de

todas as atividades relacionadas com o tema do meu relatório de PES.

Por fim, agradeço às minhas três colegas de Mestrado com quem contactei de

forma mais próxima, Adriana Aboim, Leonor Moura e Tânia Figueiredo, pela sua

disponibilidade, auxílio e colaboração.

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A PROMOÇÃO DA LEITURA NAS AULAS DE PORTUGUÊS E DE LATIM

READING PROMOTION IN PORTUGUESE AND LATIN CLASSES

CLÁUDIA FÁTIMA PEREIRA DE ABREU LOPES

RESUMO

ABSTRACT

PALAVRAS-CHAVE: leitura, promoção da leitura, competência leitora, formação do

leitor.

KEYWORDS: reading, reading promotion, reader´s competence, reader formation.

Este relatório de estágio refere-se à minha Prática de Ensino Supervisionada na Escola Secundária c/ 3º Ciclo de Pedro Nunes e na Escola Secundária de Camões, no ano letivo de 2014/2015. Valorizando o pressuposto teórico de que o professor deve funcionar como um mediador de leitura, o presente relatório de estágio contém dois momentos principais: a descrição sumária do trabalho desenvolvido nas duas escolas cooperantes e a reflexão sobre a pertinência do tema selecionado, ilustrando-o com as atividades letivas e extracurriculares realizadas.

This report covers my Supervised Teaching Practice (STP) at Escola Secundária c/ 3º Ciclo de Pedro Nunes and at Escola Secundária de Camões, throughout the academic year 2014/2015. Valuing the theoretical assumption that the teacher should act as a mediator reading, this internship report is divided into two main stages: a brief description of the work developed in each school and the reflexion on the chosen topic. Both stages in this report are illustrated with the academic and extracurricular activities realized.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

CAPÍTULO I: ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL .......................................... 3

I. 1. Integração na escola cooperante – PES de Português ..................... 3

I. 1.1. Escola Secundária com 3º Ciclo de Pedro Nunes .................... 3

I. 2. Integração na escola cooperante – PES de Latim ............................. 5

I. 2.1. Escola Secundária Camões ……………………………………………….. 6

CAPÍTULO II: ENQUADRAMENTO TEÓRICO ..................................................... 7

II. 1. A leitura na Antiguidade ................................................................... 7

II. 2. Conceção atual de leitura . ............................................................... 12

II. 3. Hábitos de leitura em Portugal …………………………………………………. 13

II. 4. Medidas de política educativa e cultural …………………………………….14

II. 5. O papel da escola/professor na formação do leitor …………………….16

II. 6. Promoção da leitura nas aulas de Português ………………………………17

II. 7. Promoção da leitura nas aulas de Latim ……………………………………..19

CAPÍTULO III: O ESTÁGIO DE PORTUGUÊS ..................................................... 21

III. 1. Caracterização da turma (9º A) ..................................................... 21

III. 2. Observação das aulas . ................................................................... 26

III. 3. Aulas lecionadas ............................................................................. 28

III. 4. Atividades extracurriculares .......................................................... 34

III. 5. Avaliação ………………………………………………………………………………….38

III. 6. Reuniões …………………………………………………………………………………..39

Capítulo IV: O ESTÁGIO DE LATIM ................................................................. 40

IV. 1. Caracterização da turma (11º L ) ................................................... 40

IV. 2. Observação das aulas ……………………………………………………………… 44

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IV. 3. Aulas lecionadas ………………………………………………………………………45

IV. 4. Atividades extracurriculares …………………………………………………….48

IV. 5. Avaliação …………………………………………………………………………………50

IV. 6. Reuniões ………………………………………………………………………………….51

CONCLUSÃO ……………………………………………………………………………………………. 53

BIBLIOGRAFIA …………………………………………………………………………………………..56

ANEXOS …………………………………………………………………………………………………...59

Anexo 1 - Inquérito sobre os hábitos de leitura ……………………………………60

Anexo 2 - Ficha de trabalho I…………………………………………………………………62

Anexo 3 - Ficha de trabalho II ……………………………………….………………………64

Anexo 4 – Ficha de trabalho III ……………………………………………………………..66

Anexo 5 – Ficha informativa I ………………...................................................68

Anexo 6 – Exercício de produção escrita I …………………………………………….72

Anexo 7 – Plano de aula I …………………………………..…………………………………73

Anexo 8 – Exercício de produção escrita II ……………………………………………74

Anexo 9 – Fotos da exposição ……………………...………………………………………75

Anexo 10 – Desdobrável do Dia Mundial do Livro …………………………………76

Anexo 11 – Grelha de avaliações das apresentações orais ……………………78

Anexo 12 – Teste de avaliação ……………………………………………………………..79

Anexo 13 – Plano de aula II ………………………………………………………………….82

Anexo 14 – Ficha de trabalho IV ……………………………………………………………83

Anexo 15 – PowerPoint ………………………………………………………………………..86

Anexo 16 – Ficha informativa II ……………………………………………………………89

Anexo 17 – Cartaz de divulgação da palestra ……………………………………….92

Anexo 18 - Contributo no Boletim Confluências ………………………………….93

Anexo 19 – Ficha de avaliação do trabalho realizado …………………………..94

Anexo 20 – Tratamento dos resultados: 9º A ……………………………………….95

Anexo 21 – Tratamento dos resultados : 11º L …………………………………….96

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LISTA DE ABREVIATURAS

BNP – Biblioteca Nacional de Portugal

CITI - Centro de Investigação para Tecnologias Interativas

EFA - Educação e Formação de Adultos

EPE – Ensino do Português no Estrangeiro

ESC – Escola Secundária de Camões

ESPN – Escola Secundária de Pedro Nunes

FCG – Fundação Calouste Gulbenkian

FLUL – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

MNAR – Museu Nacional de Arte Romano

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

PAM - Plano de Ações de Melhoria

PES – Prática de Ensino Supervisionada

PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos

PNL – Plano Nacional de Leitura

RNBP – Rede Nacional de Bibliotecas Públicas

SIBUL – Sistema Integrado das Bibliotecas da Universidade de Lisboa

SPO – Serviço de Psicologia e Orientação

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Lemos para compreender ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler.

Ler quase tanto como respirar é uma das nossas funções vitais.

Alberto Manguel, Uma História da Leitura

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INTRODUÇÃO

A minha Prática de Ensino Supervisionada (PES) decorreu, a nível do Português,

na Escola Secundária com 3º Ciclo de Pedro Nunes (ESPD), sob orientação da

professora Carmo Soares. Por seu turno, a PES de Latim realizou-se na Escola

Secundária de Camões (ESC), sob orientação do professor Mário Martins.

O tema escolhido como fio condutor para o trabalho desenvolvido durante o

ano letivo de 2014/2015: “Promoção da leitura nas aulas de Português e de Latim”

consolidou-se a partir da minha formação na área das Ciências Documentais (variante

Biblioteca/Documentação) e da análise dos objetivos e iniciativas do Plano Nacional de

Leitura (PNL), enquadrando-se em opções pedagógicas por mim valorizadas. Essa

análise permitiu-me concluir que a promoção da leitura é fundamental em contexto

escolar e o próprio Ministério da Educação produz documentos que alertam para a

importância dessa temática. Além disso, do ponto de vista pedagógico, é pertinente

refletir sobre a promoção da leitura, pois é necessário compreender os fatores que

suscitam a aceitação ou rejeição da leitura e encontrar as melhores estratégias de

estímulo à leitura.

Numa sociedade em que as famílias muitas vezes não têm oportunidade de

estimular os filhos para a leitura é impreterível uma reflexão sobre o papel da

escola/professor na promoção da leitura e a aplicação de estratégias, nesse âmbito.

Foi, aliás nesse sentido, que procurei conciliar o papel de professora com o papel de

mediadora da leitura. Primeiramente, optei por elaborar um inquérito sobre os hábitos

de leitura dos alunos (Anexo 1) a que lecionei as aulas. Esse estudo permitiu-me passar

para a segunda etapa do meu percurso (enquanto mediadora de leitura) que consistiu

na adoção de estratégias/atividades de estímulo à leitura, como as fichas informativas

com sugestões de leitura. Para complementar o trabalho em sala de aula, desenvolvi

atividades extracurriculares de promoção do livro e da leitura. A par com o que foi

anteriormente descrito, fez igualmente parte da minha metodologia de trabalho a

realização de uma avaliação do meu desempenho, em termos profissionais. Deste

modo, os alunos responderam anonimamente a um inquérito (Anexo 19) para

avaliarem o meu trabalho como mediadora da leitura, o que me permitiu tirar

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conclusões (Anexos 20 e 21) sobre o meu desempenho como futura profissional da

educação.

A partir das leituras teóricas realizadas e da aplicabilidade de iniciativas de

promoção da leitura pretendo fazer, no presente relatório, uma reflexão crítica, assim

como dar conta das questões levantadas relativas ao reajustamento do papel do

professor e das estratégias a adotar.

O relatório está estruturado em quatro capítulos. Em primeiro lugar, refiro a

minha integração nas duas escolas onde lecionei aulas – Escola Secundária com 3º

Ciclo de Pedro Nunes e Escola Secundária de Camões - e procedo à caracterização das

mesmas, tendo em conta alguns aspetos como a história, o espaço físico e a

comunidade escolar. Num segundo momento apresento os fundamentos teóricos do

meu trabalho, estabelecendo a ponte com o relato da minha experiência didática e

pedagógica nas duas disciplinas – Português e Latim. Tive em conta as planificações, a

metodologia utilizada, as atividades desenvolvidas em aulas e as atividades

extracurriculares, nomeadamente as que mais se relacionam com o tema focado. Por

último, reservei algumas páginas do relatório para a análise e reflexão crítica da PES,

tendo em vista uma perspetiva global do trabalho realizado.

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CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL

I. 1. Integração na Escola Cooperante – PES de Português Através da Professora Doutora Antónia Coutinho, tive conhecimento de que a

minha Prática de Ensino Supervisionada de Português decorreria na Escola Secundária

com 3º Ciclo de Pedro Nunes (ESPN). Eu e a minha colega, Adriana Aboim tivemos a

nossa primeira reunião, no dia 10 de setembro de 2014, com a Professora Carmo

Soares (professora cooperante). Neste primeiro encontro, fiquei a conhecer as

instalações da escola (sala de professores, secretaria, biblioteca, cantina, entre outros

espaços) e também fui apresentada a alguns professores. Deste modo, senti que

estava num espaço acolhedor e agradável, o que me conferiu uma maior segurança

para iniciar uma nova etapa da minha vida.

I. 1.1 Escola Secundária Com 3º Ciclo de Pedro Nunes1

A Escola Secundária com 3º Ciclo de Pedro Nunes situa-se na freguesia de Santa

Isabel, mais precisamente na Avenida Álvares Cabral. Se recuarmos no tempo,

constatamos que a instituição referida teve várias denominações. A sua construção

remonta ao início do século XX (1906), sendo-lhe atribuída a designação de Liceu

Central da Lapa, pois estava localizado na Rua do Sacramento da Lapa. A 17 de

novembro de 1911, passou a denominar-se Liceu Central de Pedro Nunes. Em outubro

de 1930, passou a ser designado por Liceu Normal de Pedro Nunes, pois adquirira uma

nova competência – apoiar a formação de professores. Porém, com a reforma de

Carneiro Pacheco (1936) adquiriu a designação de Liceu Nacional de Pedro Nunes. Em

1978, o liceu passa a designar-se Escola Secundária de Pedro Nunes. Desde a abertura

da instituição referida, verificou-se um aumento substancial do número de alunos e

professores. Em 1906, o liceu contava com 243 alunos e 18 professores, no edifício da

Lapa. Todavia, em 1973/74, o liceu tinha 1540 alunos e 180 professores. A título de

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A caracterização da ESPD baseia-se nas informações presentes na obra, Liceu Pedro Nunes: no centenário da sua criação: 1905-1906; no Projeto Educativo 2010-2013, disponível no sítio da Escola e nas minhas impressões resultantes da interação com a comunidade educativa.

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curiosidade a instituição está classificada desde 2012 como Monumento de Interesse

Público.

A formação de professores distinguia o Liceu Pedro Nunes dos restantes, pois

entre 1930 e 1936 era o único liceu do país que tinha a função de formar professores.

O percurso deste liceu também ficou marcado pela inovação, pela qualidade do ensino

e pelas experiências pedagógicas desenvolvidas pelos professores, pelos metodólogos

e pelos estagiários que contavam com a colaboração dos alunos. Eram dinamizadas

conferências pedagógicas pelos diferentes grupos de estágio ou por professores

universitários. O relato das experiências e das conferências pedagógicas era divulgado

no Boletim do Liceu (1906 a 1939) e a partir de 1957, na Revista Palestra. Esta foi

publicada até 1971, obtendo um grande êxito em virtude do seu elevado interesse

científico e pedagógico.

Podemos assim verificar que a ESPD desde muito cedo teve um forte carisma,

resultante de vários aspetos positivos: os professores do antigo liceu foram sempre

reconhecidos pelo nível do seu ensino, era salutar a ligação do liceu à formação de

professores, assim como o desenvolvimento de dinâmicas pedagógicas. A ESPD teve

alunos notáveis que atualmente se destacam nas mais variadas áreas, como por

exemplo: na política (Jorge Sampaio), no Direito (Marcelo Rebelo de Sousa), no Teatro

(Simone de Oliveira), na Matemática (Nuno Crato) e na Arquitetura (Pedro Botelho),

entre outros.

Com o passar dos anos, as condições físicas do liceu deterioraram-se, o que

levou o Parque Escolar a dar início às obras de requalificação da escola (em 2008). O

projeto foi da autoria dos arquitetos Pedro Viana Botelho e Maria do Rosário Beija.

Houve a preocupação de preservar a história, o que resultou numa conjugação

harmoniosa entre o antigo e o moderno. As áreas foram conservadas e apenas

alteraram os tetos e renovaram os espaços. Atualmente deparamo-nos com uma

escola moderna, espaçosa, com boa iluminação e acolhedora. Inclusive, é uma das

escolas mais frequentadas da sua área geográfica.

Os professores e alunos dispõem de cinquenta e uma salas equipadas com um

computador e um videoprojector; algumas salas têm ainda um quadro interativo e

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inclui-se ainda cinco laboratórios de Ciências, cinco salas de Informática, quatro salas

de Artes Visuais e duas salas de Tecnologias.

No ano de letivo de 2014/2015, a escola era frequentada por 1186 alunos e

tinha cento e dois docentes, distribuídos por nove departamentos (Português e Latim,

Línguas Estrangeiras, Ciências Sociais e Humanas, Ciências Geoeconómicas,

Matemática, Ciências Experimentais, Expressões, Educação Física e Tecnologias). A

escola dispõe de um Serviço de Psicologia e Orientação (SPO), no qual duas psicólogas

desenvolvem atividades de orientação escolar e profissional.

A Direção é constituída por quatro elementos: Dr. Pedro Abrantes Pimentel

(Diretor), Dr. Eduardo Gomes (Subdiretor), Dr. Paulo Marques e Dr. Sérgio Miranda

(Assessores). Relativamente ao pessoal não docente, destacam-se os seguintes

elementos: duas técnicas superiores, uma coordenadora operacional, dezasseis

assistentes operacionais, uma coordenadora técnica e sete assistentes técnicos.

Em relação à oferta educativa da escola, distinguem-se quatro áreas: Ciências e

Tecnologias, Ciências Socioeconómicas, Línguas e Humanidades e Artes Visuais. A

escola desenvolve também alguns projetos e atividades de âmbito extracurricular.

Deste modo, destacam-se atividades relacionadas com a educação sexual, a língua e

cultura latina (curso livre de latim), o desporto escolar, entre outras.

I. 2. Integração na Escola Cooperante – PES de Latim

Foi com alguma ansiedade que aguardei o contacto da Professora Leonor Santa

Bárbara sobre o local a realizar a PES de Latim, pois apenas uma escola pública na área

de Lisboa - a Escola Secundária de Camões - lecionava a disciplina de Latim.

Felizmente, no início do mês de setembro, obtive a confirmação que seria

precisamente na escola já referida que efetuaria a minha PES de Latim, juntamente

com três colegas de estágio (Adriana Aboim, Leonor Moura e Tânia Figueiredo). Deste

modo, no dia 11 de setembro, assisti à reunião geral de professores, no auditório e à

reunião de Departamento de Estudos Portugueses, que me permitiu ficar a conhecer

os docentes do grupo. No dia seguinte, eu e as minhas colegas tivemos a nossa

primeira reunião de trabalho com o professor cooperante, a fim de traçar algumas

linhas de trabalho, no âmbito da PES. Além disso, o Professor Mário Martins (professor

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cooperante de Latim) mostrou-nos alguns locais de interesse, como: a antiga sala do

reitor, o ginásio, a biblioteca, a sala dos professores, o anfiteatro e o bar, entre outros.

I. 2.1 Escola Secundária de Camões2 A Escola Secundária de Camões (ESC) situa-se na freguesia de São Jorge de

Arroios, mais especificamente na Praça José Fontana. O antigo Lyceu Camões é uma

das mais antigas e prestigiadas escolas de Lisboa e está classificada como Monumento

de Interesse, desde 2012. O projeto de criação do liceu foi da autoria do arquiteto

Ventura Terra, sendo o edifício inaugurado a 16 de outubro de 1909.

Atualmente, as condições físicas não são as melhores. Efetivamente, as obras

de requalificação têm sido insuficientes, dado o elevado grau de degradação da

instituição. A requalificação do edifício chegou a estar agendado para agosto de 2011,

mas o Ministério da Educação cancelou as obras, sem anunciar uma nova data para

avançar. Porém, os esforços e iniciativas para reverter essa situação têm sido notáveis.

Em novembro de 2013, o Coliseu dos Recreios em Lisboa foi palco de uma gala que

permitiu angariar algum dinheiro para a reparação urgente das janelas e do escudo

que estava sobre a porta principal. Diante de tanta adversidade, a direção da escola

socorreu-se da página inicial do site da escola, para apelar à recuperação do edifício

através de donativos.

Apesar destas vicissitudes, a Escola Secundária de Camões continua a ser alvo

de preferência por muitos alunos que sentem orgulho em estudar numa instituição

com uma forte identidade histórica, social e cultural. Convém realçar que entre a

plêiade de estudantes que passaram pela ESC, constam personalidades que se

destacaram no nosso panorama histórico e cultural, como: Álvaro Cunhal, Marcelo

Caetano, Nuno Júdice, Virgílio Ferreira, entre outros.

A escola é constituída por um edifício principal e por outros edifícios

autónomos. Destacam-se assim os seguintes espaços: trinta e nove salas de aula, dois

edifícios com laboratórios de Física e Química, quatro salas de Informática, uma

biblioteca antiga, um arquivo (um dos mais antigos arquivos escolares do país), um

222

A caracterização da ESC baseia-se nas informações presentes no Projeto Educativo 2014/2017, disponível no sítio da Escola, e nas minhas impressões resultantes da interação com a comunidade educativa.

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museu, o auditório Camões e o pavilhão gimnodesportivo professor Mário Moniz

Pereira, entre outros espaços destinados a docente e discentes.

Atualmente, a escola acolhe aproximadamente 1798 alunos (1100 do ensino

diurno e 698 do ensino noturno). A população escolar é constituída maioritariamente

por jovens do sexo feminino, originários de todos os estratos sociais e de diversos

países. Em relação à docência, a escola integra 140 docentes (107 do quadro de

nomeação definitiva, 6 do quadro de zona pedagógica e 16 contratados). O pessoal

não docente distribui-se por duas categorias: 13 assistentes técnicos e 37 assistentes

operacionais. Ao longo do ano letivo, verifiquei que o número de funcionários é

insuficiente para o desempenho das tarefas que lhe são atribuídas. A direção da escola

é constituída por cinco elementos: Dr. João Jaime Pires (diretor), Dra. Adelina

Precatado (subdiretora), Dr. José Madureira, Dr. Manuel Beirão dos Reis e Dra. Paula

Abrantes (Adjuntos).

A ESC só abarca o Ensino Secundário, mas possui cursos diurnos e noturnos. Os

alunos podem ingressar nos cursos científico-humanísticos (Ciências e Tecnologias,

Ciências Socioeconómicas, Línguas e Humanidades e Artes Visuais) ou nos cursos

profissionais (Técnico de Serviços Jurídicos, Técnico de Informática de Gestão e

Técnico de Apoio à Gestão Desportiva). Em relação ao ensino noturno, a escola tem o

ensino Recorrente de nível secundário, o EFA (Educação e Formação de Adultos), o EFA

Básico e os Cursos Extraescolares.

A Escola Secundária de Camões é muito dinâmica em termos de atividades e

projetos, destacando-se as seguintes iniciativas: Boletim Escolar Confluências;

Concurso literário de Conto, poesia; projeto Ler para Viver; cursos livres de alemão,

Camosicando, grupo de teatro da escola secundária de Camões, entre outros.

Capítulo II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

II. 1. A Leitura na Antiguidade

Atualmente, a leitura é uma ferramenta indispensável para a aquisição de

conhecimento e a sua utilização é amplamente difundida em vários contextos (escolar

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e profissional). Porém, para que a leitura fosse um bem acessível a todos foi necessário

percorrer um longo caminho. Se compararmos a leitura na Antiguidade com a leitura

dos nossos dias, encontraremos diferenças substanciais, nomeadamente ao nível da

própria conceção, das formas de leitura, do público-leitor, entre outros aspetos. Torna-

se, assim, pertinente questionar: Como era a leitura, por exemplo, no mundo greco-

romano?

Há registos da leitura grega, desde 2000 a.C. a partir da escrita silábica e

posteriormente (cerca de mil anos depois) assinala-se a presença do alfabeto

completo, com consoantes e vogais. Contudo, só a partir do século V a. C houve uma

difusão da leitura que saiu do monopólio oligárquico. Esta expande os seus horizontes

com a produção do papiro em grande escala, em Alexandria. No século III a.C., o

aumento das cópias despoletou o crescimento do comércio dos livros.

No ensino, a leitura assumiu um papel preponderante, pois entre os sete anos e

os dezanove ou vinte anos, os jovens dedicavam-se aos estudos. O ensino incluía três

graus (primário, médio e superior). No início, os alunos tomavam conhecimento das

letras junto do mestre de gramática a que se juntava outros dois mestres: o de música

e o de ginástica. O processo de ensino de leitura era moroso, pois incluía a

aprendizagem do alfabeto grego, a aquisição de termos técnicos e médicos e a

memorização de excertos famosos de Homero e Eurípedes, por exemplo. Também,

desde muito cedo se formou o hábito de constituir bibliotecas, por exemplo, era

famosa a biblioteca de Eurípides. Contudo, Aristóteles teve mais êxito, pois a coleção

de obras que reuniu, no século IV a.C., serviu de núcleo principal à mais opulenta

biblioteca de toda a Antiguidade: a de Alexandria. Outro centro cultural de grande

importância foi a Biblioteca de Pérgamo. Sublinhe-se que o fenómeno da criação de

bibliotecas não despoletou um universo de leitores e os livros eram objetos de

circulação limitada na Antiguidade Grega.

Se nos reportarmos a Roma, verificamos que a leitura esteve presente,

primeiramente, no ensino, contudo assumiu outras formas de propagação, com as

recitationes (leituras públicas) e as bibliotecas. Até ao século III a. C a responsabilidade

de ensinar as crianças a lerem era dos pais. Posteriormente (nos últimos anos da

República e durante o Império), a instrução do romano nascido de uma família

abastada passava por três etapas: a do litterator (ensino primário), a do grammaticus

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(ensino médio) e a do rethor (ensino superior). Destaque-se que no ensino médio (com

início aos 11 ou 12 anos), os jovens contactavam com os autores clássicos, gregos e

latinos, discutiam os seus textos, quer a nível do conteúdo quer a nível dos aspetos

formais. Sendo assim, a educação do jovem romano estava intrinsecamente ligada à

divulgação da cultura e ao contacto com a literatura. Porém, a principal forma de

circulação do texto literário assentava nas recitationes. Estas consistiam na prática da

leitura pública e em voz alta de um novo trabalho literário proferida pelo próprio autor

ou por um liberto, diante de uma plateia de amigos e outros convidados. As leituras

públicas podiam ocorrer nos teatros, nos banquetes e em salões privados. A criação da

recitatio (leitura pública) deveu-se, em Roma, a Asínio Polião (75 a.C-4 d.C) e teve um

papel preponderante na criação e circulação de textos/obras em Roma, desde a

República até ao fim do Império. Contudo, a leitura em voz alta surgiu também como

uma necessidade, visto que a adoção da scriptio continua (o costume antigo de

escrever textos literários sem colocar espaços entre as palavras) conduzia à

necessidade de ler em voz alta para que o texto fizesse sentido. Inclusive, Johnson

(2010, p. 5) defende que:

“The ancient reader reads aloud by necessity: faced with an undifferentiated sequence

of letters, the ancient reader finds it difficult, if not impossible, to see the word shapes, and

thus for all but extraordinary readers sounding the letters aloud is the only way to make sense

of the text.”

A leitura silenciosa ocorria paralelamente à leitura em voz alta, pois não era

possível um autor ler todo o seu acervo literário em voz alta. Entre os séculos I a II d.C.,

as recitationes e as “publicações” eram as principais formas de divulgação de textos

literários. A edição do texto era um passo crucial para divulgar a obra: “The editio, the

sending out of copies after the recitatio, thus moving the new work from the author´s

private sphere into the public domain, was clearly a big and irrevocable step to take

(…)” (Winsbury, 2009, p.110).

Quanto ao número de cópias que eram produzidas e colocadas à venda poderia

chegar a mil, conforme o interesse que a obra despertasse no leitor. Sublinhe-se que,

em Roma, desde o século I a.C. existia um grande número de livrarias. A

comercialização de livros também foi beneficiada pela criação de bibliotecas públicas.

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Essas eram fundadas a partir dos incentivos dos imperadores ou por meio de donativos

particulares.

Entre os séculos IV e V d.C., os leitores romanos tinham à sua disposição obras

no formato de rolo ou códice, escritas em pergaminho ou papiro, com um aspeto

luxuoso ou simples, que tratavam assuntos diversos e com tamanhos variados.

Podemos assim, verificar que os romanos podiam aceder às obras através da compra

ou da consulta do acervo de uma biblioteca pública ou privada.

Outra questão a colocar relaciona-se com a taxa de literacia em Roma. Segundo

Hanoune & Scheid (2003, p. 112): “Até ao século II a.C., o número de pessoas

alfabetizadas não ultrapassa os 5%.” A população que sabia ler e escrever concentrava-

se nas cidades e incluía a elite social e económica, alguns artesãos, uma baixa

percentagem de mulheres de elevada posição social e um número variável de escravos

e libertos que cuidavam das tarefas administrativas. A maioria da população tinha a

denominada “literacia funcional”, o nível adequado para ler inscrições nos

monumentos ou em documentos oficiais colocados em locais públicos.

Constatamos, assim, que a leitura não fazia parte do quotidiano da maioria da

população. Apenas compravam livros, aqueles que eram detentores de uma instrução

escolar acima do ensino primário e que revelavam interesse literário ou técnico. De

facto, existiam algumas condicionantes ao acesso à leitura, como o défice de

escolaridade e a localização das livrarias e bibliotecas que se concentravam nas

maiores cidades. A leitura era um hábito exclusivo das classes privilegiadas e originou a

criação das bibliotecas particulares, símbolos de uma sociedade culta.

A leitura no Oriente Antigo também assumiu um grande relevo, pois alguns

estudiosos defendem que até metade do século XVIII d. C, mais livros haviam sido

publicados em chinês que em todos os outros idiomas do mundo juntos. Houve um

interesse crescente pela produção de materiais de escrita que incluíam as cascas de

árvore, bambu e madeira; entalhados em pedra, osso ou cascos de tartaruga, os

moldados em bronze, a seda e por fim, o papel. Contudo, a leitura ainda não tinha a

importância que hoje detém, porque pretendia apenas colmatar algumas necessidades

e não fazia parte do dia-a-dia da população. Como afirma Fisher (2006, p. 91): “ China,

Coreia, Japão, Américas e Índia: todas essas e muitas outras regiões adotaram a leitura

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porque o milagre da escrita havia sido concretizado e adaptado para atender às

necessidades locais.”

A escrita e a leitura estavam inicialmente restritas a um número reduzido de

cidadãos. A China e a Coreia restringiram a produção de literatura apenas à realeza e

elite feudal. O mesmo sucedeu nas América, dado que apenas os aristocratas por

ascendência aprendiam e ler e a escrever. Na Índia, também a leitura até há pouco

tempo atrás estava circunscrita a um grupo de eruditos e a maior parte da literatura

indiana era quase exclusivamente masculina. Além disso, os orientais por oposição aos

europeus não souberam tirar partido das vantagens da leitura, pois assistiu-se na

Europa (no final da era medieval) a uma valorização da leitura que desencadeou o

mercado comercial, as associações de impressores, a sinergia entre comércio e

produção, o enriquecimento financeiro e progressos na sociedade. É de frisar que a

China e a Coreia inventaram, implementaram e aperfeiçoaram a impressão, mas foi o

Ocidente que soube explorar essa grande invenção. Todavia, os chineses com a difusão

da alfabetização tornaram-se o maior público leitor do mundo. O ensino da leitura

estendeu-se às classes mais baixas da sociedade e era entendida como algo benéfico a

todos. No Japão, o interesse pela leitura foi de tal modo crescente que atualmente têm

o maior índice de alfabetização e o maior consumo per capita de textos publicados do

mundo. Deste modo, verificamos que o reconhecimento/valorização da leitura e a

preocupação com a sua difusão são problemáticas atuais, mas concomitantemente nos

remetem para um passado longínquo.

Em suma, se compararmos a leitura na Antiguidade com a leitura dos nossos

dias encontraremos algumas semelhanças, mas também diferenças substanciais,

nomeadamente, nas formas de leitura e no público-leitor.

Ao nível das semelhanças, verificamos que os nossos ancestrais já associavam a

leitura a um momento de deleite, tal como muitos de nós. Além disso, os imperadores

romanos reconheceram que a abertura de bibliotecas e livrarias contribuíam para

difundir a cultura, o que nos remete para a atual promoção do acesso às bibliotecas

públicas. Em relação às recitationes constatamos que elas perduram, mas sob outras

formas. O lançamento de livros e as declamações de poemas tem alguns pontos de

convergência com as leituras públicas, pois são ferramentas rápidas e não

dispendiosas de tornar pública uma obra perante um auditório.

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Ao nível das diferenças, é de realçar contrariamente ao que sucede nos nossos

dias, apenas uma pequena parcela da população se constitua como leitores, pois não

havia a preocupação atual de elevar os índices de literacia. A conceção da leitura, na

Antiguidade também se distancia da atual, porque a leitura era encarada como uma

habilidade a serviço da grandiosa tradição oral.

II. 2. Conceção atual de leitura

Podemos definir a leitura como um processo que implica a descodificação de

símbolos gráficos e concomitantemente é um processo interativo de construção de

interpretação que supõe a inter-relação de três fatores: o leitor, o texto e o contexto.

Como defende Giasson (1993, p. 19): “Hoje, concebe-se que o leitor cria o sentido do

texto, servindo-se simultaneamente dele, dos seus próprios conhecimentos e da sua

intenção de leitura.”

A leitura surge como uma atividade que origina a descodificação do texto e a

interação com o mesmo, envolvendo técnica, capacidade intelectual, experiência,

sensibilidade e postura crítica. Sendo assim, a leitura implica ação, autoconhecimento,

tomada de posição e construção de um saber:

“Acção na medida em que envolve o sujeito-leitor, dele exigindo um agir constante,

uma escolha pertinente; autoconhecimento, porque o sujeito-leitor defronta-se consigo

próprio, questiona-se e torna-se consciente do que já sabia sobre o assunto em causa, tomada

de posição, já que perante o que aprende no acto de leitura, o sujeito-leitor reflecte e assume

uma atitude mental (…), o sujeito-leitor constrói um novo conhecimento (…).” (Lamas, 2000,

p.267).

Durante o processo de leitura intervêm as estruturas cognitivas

(conhecimentos sobre a língua e conhecimentos sobre o mundo) e as estruturas

afetivas (atitude face à leitura e aos interesses desenvolvidos pelo leitor) do leitor.

Deste modo, as pessoas podem sentir atração, indiferença ou aversão pela leitura e

essa atitude manifesta-se sempre que surge uma atividade que remete para a

compreensão do texto. Daí que seja necessário os professores apostarem no ensino

explícito de estratégias de leitura que permitam que o leitor compreenda o que leu. Só

assim, será possível estimular o gosto pela leitura nos alunos e fazer com que estes a

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utilizem em contextos profissionais e na sua interação com a sociedade. Como defende

Colomer (Lamas, 2003, p. 174):

“A condição fundamental para um bom ensino da leitura é a de lhe outorgar o sentido

de prática social e cultural que possui, de tal modo que os alunos entendam a sua

aprendizagem como um meio de aumentar as possibilidades de comunicação, fruição e acesso

ao conhecimento.”

A missão da escola é formar leitores proficientes, autónomos e críticos que

leiam uma variedade de textos com facilidade e interesse. Este tipo de leitor reflete

acerca dos textos, constrói conhecimento, revela competências de leitura que lhe

permitem ler com eficácia em situações do quotidiano e revela bons hábitos de leitura.

Com efeito, os hábitos de leitura intervêm positivamente na competência de leitura e

esta, por sua vez, é determinante para a criação de hábitos de leitura.

II. 3. Hábitos de leitura em Portugal

O reconhecimento da importância dos hábitos de leitura para o

desenvolvimento dos cidadãos e das sociedades tem desencadeado uma série de

políticas de promoção da leitura. Estas têm sustentação nos estudos sobre literacia e

hábitos de leitura, realizados a nível internacional e nacional. Esses estudos revelam

que Portugal regista os valores mais baixos nos diversos indicadores.

No PISA 20123 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), Portugal obteve

em literacia da leitura 488 pontos, distanciando-se da média de todos os países da

OCDE, 496 pontos. Deste modo, ficou em 25º lugar em 34 estados membros daquela

organização. Convém sublinhar que em 2009, Portugal teve 489 pontos e a média da

OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) era de 493, ou

seja, se compararmos o ano de 2012 com o de 2009 verificamos que houve um claro

retrocesso. Todavia, devemos ter em conta que houve uma evolução desde que

Portugal começou a ser avaliado. O nosso país está entre os treze que mais

melhoraram o seu desempenho desde 2000, pois nessa data apresentava apenas 477

pontos.

3 Os resultados do PISA estão disponíveis in:

http://www.oecd.org/pisa/keyfindings/PISA2012_Overview_ESP-FINAL.pdf

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O estudo “A leitura em Portugal” (2007), encomendado pelo ISCTE, no âmbito

do Plano Nacional de Leitura demonstra que entre 1997 e 2007 houve um crescimento

das percentagens dos leitores de jornais, revistas e livros. Em relação aos perfis sociais

dos leitores dos três suportes, verificamos o seguinte: os leitores de livros têm um

perfil feminizado (64% dos leitores são mulheres e 49% são homens), juvenilizado e

escolarizado; já os leitores de jornais têm um perfil masculinizado (91% dos leitores

são homens e 76% são mulheres) com especial incidência nos grupos de idade situados

entre os 25 e os 54 anos e com níveis de escolarização a partir do básico. Quanto aos

leitores de revistas têm em comum com o dos leitores de livros o caráter feminizado e

juvenilizado, mas aproximam-se do dos leitores de jornais pelas qualificações escolares

e académicas. Convém realçar que há uma correspondência entre o aumento da

escolarização e o aumento dos índices de leitura.

Constatamos que os hábitos de leitura em Portugal, segundo os estudos mais

recentes, têm vindo a melhorar devido a uma série de fatores como: a melhoria das

condições económicas; a adoção de medidas de política educativa e cultural e o

incremento de projetos e atividades relacionadas com a promoção da leitura. Contudo,

não podemos descurar alguns dados preocupantes, como à medida que se progride na

escolaridade, aumenta o desinteresse pela leitura.

II. 4. Medidas de política educativa e cultural

O sector educativo e o sector cultural têm tido um papel decisivo no

incremento de práticas de promoção da leitura4. No sector cultural, destacamos o

alargamento dos concelhos abrangidos pela Rede Nacional de Bibliotecas Públicas

(RNBP) e do número de bibliotecas públicas. A nível de projetos, sobressaem o

Programa de Promoção da Leitura; o Plano Nacional de Leitura (PNL); o Projeto Casa

da Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e o Plano de Incentivo à Leitura –

EPE (Ensino do Português no Estrangeiro).

4 Podemos definir práticas de promoção da leitura do seguinte modo: “A noção de práticas de promoção

(ou de fomento) da leitura relaciona-se com a criação, junto de uma dada população, de competências do código escrito (alfabetização), com a elevação dos níveis de leitura em geral ou relativamente a um suporte em particular (designadamente o livro), em quantidade e/ou em qualidade, com a elevação dos níveis de compreensão do texto escrito e da sua utilização (literacia) ou ainda com o enraizamento dos hábitos e do gosto pela leitura. “ (Neves, 2007, p. 10)

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O Programa de Promoção da Leitura foi criado em 1997 e tem por objetivo criar

e consolidar os hábitos de leitura e elevar os índices de literacia dos portugueses. Para

tal, promove projetos e ações de difusão do livro e promoção da leitura.

O Plano Nacional de Leitura surgiu como uma resposta institucional aos baixos

níveis de literacia da população (em particular entre os jovens). Este projeto assenta

num conjunto de medidas que visam promover o desenvolvimento de competências

nos domínios da leitura e da escrita, assim como o alargamento e aprofundamento dos

hábitos de leitura, entre a população escolar. Sublinhe-se que o PNL prevê um

conjunto de iniciativas, como: a conceção e a divulgação de listas de obras

recomendadas, a promoção de concursos literários, a semana da leitura e

passatempos.

O projeto Casa da Leitura da FCG tem por objetivo fornecer (através de um

portal online) a recensão de títulos de literatura para a infância e juventude,

desenvolver temas, biografias e bibliografias. O público-alvo é os pais, educadores,

professores e bibliotecários.

O Plano de Incentivo à Leitura – EPE foi lançado pelo Camões – Instituto da

Cooperação e da língua – e tem por missão difundir a língua e cultura portuguesas,

recorrendo à sua literatura e às literaturas que se expressam em português.

No setor da Educação, a promoção da leitura surge de forma paralela e

complementar ao sistema de ensino e prende-se com o trabalho desenvolvido pelas

bibliotecas escolares e com a indicação de atividades/estratégias a desenvolver na sala

de aula. O Programa de Português do 3º Ciclo, na tentativa de promover a leitura,

acrescentou um domínio de referência – Educação Literária - que pretende valorizar a

literatura junto dos alunos. No domínio da Educação Literária foi definida uma lista

anual de obras e textos literários. Além disso, para promover a leitura autónoma são

indicadas as listagens do Plano Nacional de Leitura (PNL). No âmbito da Educação

Literária inclui-se ainda a leitura contratual, em que o professor estabelece a leitura

(por ano) de duas a três obras de literaturas portuguesa ou traduzidas para português

que se articula com outros domínios: Oralidade e/ou Escrita, conforme decisão do

professor. Podemos encontrar uma medida semelhante no Programa de Português do

Ensino Secundário que também inclui no domínio da Educação Literária, o projeto de

leitura. Este projeto determina a leitura, por ano, de uma ou duas obras de literaturas

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portuguesa ou traduzidas para português e que devem ser selecionadas a partir da

lista apresentada no Programa. O projeto de leitura permite a relação com outros

autores e a intertextualidade, como podemos verificar no Programa e Metas

Curriculares de Português do Ensino Secundário:

“Este Projeto tem em vista diferentes formas de relacionamento com a Educação

Literária, tais como: confronto com autores coetâneos dos estudados; escolha de obras que

dialoguem com as analisadas; existência de temas comuns aos indicados no Programa. Podem

ainda ser exploradas várias formas de relacionamento com o domínio da Leitura,

nomeadamente a proposta de obras que pertençam a alguns dos géneros a estudar nesse

domínio (por exemplo, relatos de viagem, diários, memórias).” (Buescu, 2014, p. 29)

A nível cultural e educacional têm sido adotadas várias estratégias, contudo os

educadores e professores continuam a lidar com grupos de alunos que recusam a

leitura e menosprezam os seus benefícios. Desta forma, torna-se legítimo refletir sobre

a eficácia das medidas e atividades adotadas; a adequação de algumas das obras nas

listas dos Programas de Português e do PNL e o papel do docente na formação do

leitor.

II. 5. O papel da escola/professor na formação do leitor

As políticas recentes de promoção da leitura estão a desencadear resultados

positivos, porém há fatores de ordem social e histórica que são oponentes às políticas

praticadas. Efetivamente vivemos num país onde muitas crianças e jovens não veem os

pais lerem, os avós são analfabetos e o interesse pela cultura é escasso. Diante deste

cenário, a escola tem uma responsabilidade acrescida na formação de leitores fluentes

e críticos.

O professor tem um papel fundamental na aquisição da competência leitora e

literária. Este deve ser visto como um mediador de leitura que direciona, aconselha e

induz a escolhas, no âmbito da leitura. Para tal, terá que possuir conhecimentos na

área da formação de leitores de forma a adotar atitudes, estratégias e recursos que

estimulem o gosto pela leitura. Como defendem Ribeiro & Viana (2009, p. 36):

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“Todos os professores – e não apenas os de Língua Portuguesa – deverão possuir os

conhecimentos necessários nesta área, dado que são corresponsáveis pelo desenvolvimento

de hábitos de leitura, em diversos suportes e em diversos tipos de textos.”

Relativamente à atitude, o aluno deverá ver o seu professor como um leitor

que partilha o seu gosto pela leitura, inclusive Pennac (1993, p. 77) questiona: “… E se

em vez de exigir leitura o professor decidisse partilhar o seu prazer de ler?” As aulas de

Português são, por excelência, as que mais propiciam o estímulo para a leitura. Sendo

assim, cabe ao professor a tarefa de transformar a leitura num momento prazeroso,

em que os alunos dialogam com o texto e manifestam as suas opiniões.

O docente deverá formar leitores proficientes e para tal deverá criar momentos

de leitura integral dos textos e utilizar técnicas que permitam aos alunos desenvolver a

sua autonomia leitora, a sua capacidade crítica, reflexiva e interpretativa em qualquer

tipo de texto e em qualquer contexto. É nesse sentido que Duarte & Morão (2006, p.

73) apresentam a sua opinião sobre a melhor forma de tornar os alunos em leitores

para toda a vida:

“Como se consegue tornar o aluno leitor compulsivo? Creio que dando-lhe a ler tudo,

de todas as maneiras, não desistindo, lendo-lhe, multiplicando as estratégias, os momentos de

leitura na aula, diversificando as actividades, recusando a repetição, até à náusea, dos mesmos

questionários estereotipados depois da “leitura” de cada texto, amando a leitura e falando

dessa experiência única.”

II. 6. Promoção da leitura nas aulas de Português

A leitura em contexto escolar deve ser encarada de duas formas distintas: como

atividade e como objetivo de ensino-aprendizagem. Constatamos, assim, que a leitura

tem um papel central nas aulas e cabe ao professor promover as várias modalidades

de leitura (leitura funcional, leitura analítica e crítica e leitura recreativa) para que o

aluno alcance um bom entendimento dos textos.

A leitura na sala de aula (leitura funcional e leitura crítica-analítica) deve ser

orientada pelo professor para que se torne uma atividade interessante e prazerosa. Os

alunos não devem percecionar a leitura como um labirinto e a compreensão como

uma porta intransponível. Sendo assim, o professor deve incluir atividades de pré-

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leitura, atividades durante a leitura e atividades após a leitura. As atividades de pré-

leitura consistem na exploração de elementos paratextuais (capa, título, ilustrações) e

no diálogo à volta do livro/texto, o que ativa o domínio da oralidade. Tudo isto tem por

objetivo fulcral a ativação e construção de uma competência enciclopédica, o

despertar da curiosidade dos alunos e a consequente motivação para a leitura. As

atividades durante a leitura permitem que os alunos utilizem estratégias de

compreensão, focando a sua atenção no(s) tema(s), acontecimentos, ideias-chave,

personagens e outros elementos pertinentes. Além disso, esta etapa da leitura permite

que o aluno direcione a sua atenção para a estrutura do texto, linguagem e construção

de sentidos e interpretações. É durante a leitura que o aluno sente uma maior

envolvência com o texto. As atividades após a leitura promovem a reflexão; a

organização, a análise, a síntese de ideias e a partilha de conhecimentos e opiniões.

Para além das estratégias referidas anteriormente, o professor de Português do

3º ciclo e do Secundário deve promover outras atividades que visem estimular o gosto

pela leitura. Em primeiro lugar, deve fornecer sugestões de leitura, pois como já foi

referido anteriormente, o aluno deverá ver o professor como um leitor, que está

sempre acompanhado de livros e que revela gosto em partilhar as suas experiências de

leitura. O docente deve, assim, mostrar algumas obras e sugerir leituras para que os

alunos não contactem unicamente com excertos contidos nos manuais. A finalidade é

proporcionar um contacto físico com as obras e suscitar o interesse pela leitura das

mesmas. Além disso, podem ser estabelecidas conversas sobre as leituras realizadas.

Esta atividade traduz-se no convite (realizado pelos professores) aos encarregados de

educação e a outros membros exteriores à comunidade escolar (escritores, políticos,

artistas, entre outros) no sentido de partilharem as suas experiências de leitura. Outra

atividade que poderá ser adotada é o projeto de leitura que consiste na exposição oral

e individual, realizada pelo aluno e perante a turma, de uma obra escolhida pelo

mesmo. Esta estratégia tem por objetivo fomentar a leitura, o espírito crítico e a

expressão oral. As obras são escolhidas pelos alunos que podem aconselhar-se com o

professor ou consultar a lista do PNL. Por último, temos o recurso às atividades

extracurriculares que englobam, por exemplo, as visitas guiadas a locais como: as

bibliotecas locais, arquivos, editoras e livrarias que permitem a aquisição de

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informação e a pesquisa sobre a elaboração, edição, distribuição e circulação de livros

e outras publicações.

II. 7. Promoção da leitura nas aulas de Latim

As aulas de Português constituem o espaço ideal para promover a leitura e

desenvolver a competência leitora dos alunos, porém esse objetivo também pode

enquadrar-se noutras disciplinas, como é o caso do Latim.

A leitura é uma estratégia básica de aprendizagem do Latim. Como defende

Rodrigues (1992, p. 224):

“ … o principal objetivo do ensino/aprendizagem do Latim e do Grego consiste na

aquisição duma competência linguística recetiva, ou seja, na criação da capacidade de

entender a tradição escrita das línguas clássicas. Tal capacidade adquire-se e desenvolve-se

essencialmente pela leitura … ”.

Durante o processo de leitura do texto latino, há dois aspetos a ter em conta: a

reprodução por meio da voz do que se vê escrito (tendo em conta a correta pronúncia

e acentuação) e a descodificação da mensagem ou compreensão do conteúdo do

texto. O último aspeto é alcançável através da leitura funcional do texto. O professor

de latim deve estruturar a leitura por várias etapas. Em primeiro lugar, fará uma

pequena introdução que permita o enquadramento histórico-cultural do texto, como

forma de motivar para a leitura do mesmo. Nesta introdução, poderá fornecer alguns

dados sobre a vida e obra do autor. Em seguida, deverá proceder à leitura em voz alta

(com ritmo e expressividade), para depois partir para a formulação de questões que

permitirão verificar se os alunos apreenderam a ideia sumária do texto lido.

Posteriormente, o professor retomará a leitura mas por partes (períodos ou frases),

explicitando os termos ou expressões novas para os alunos. Por fim, o texto preparado

e compreendido será reproduzido em português (tradução).

Como podemos verificar, a leitura auxilia na compreensão do texto, contudo

também pode ser uma ferramenta que possibilita a pesquisa e o aprofundamento dos

conteúdos de cultura e civilização. Deste modo, os livros e as atividades ligadas à

leitura podem ser utilizados como recursos para manterem vivo o interesse pela

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disciplina de Latim. Inclusive, no Programa de Latim A do 10º ano, são mencionados

algumas obras/revistas e sites como recursos auxiliares.

A questão que se coloca é: Que estratégias e atividades poderão ser

desenvolvidas para estimular o interesse dos alunos pela Literatura Latina e por obras

contemporâneas que remetem para o mundo greco-romano? O professor de Latim, tal

como o professor de Português, poderá fornecer sugestões de leitura que abordem o

mundo greco-romano. Inclusive, pode levar para a sala de aula algumas obras de

autores latinos ou obras contemporâneas (Literatura Portuguesa ou Estrangeira) que

suscitem o interesse dos alunos pelo mundo romano Antigo. Em segundo lugar, pode

promover momentos de recitação/declamação de poemas ou excertos de obras

latinas. A leitura dos textos deverá ser realizada em Latim, pelos alunos, e

acompanhada da respetiva tradução. Outra estratégia que poderá ser adotada

consiste na realização de trabalhos de investigação/pesquisa relacionados com a

Literatura Latina e com os autores latinos. O professor de Latim poderá propor a

elaboração de trabalhos sobre escritores ou outras personalidades que se tenham

destacado em Roma Antiga. Este tipo de trabalho permite que o aluno contacte com

livros e outras fontes que poderão despertar o gosto pela leitura. Por último, temos a

participação dos alunos em iniciativas culturais (visitas de estudo à biblioteca e

visualização de peças de teatro). Em relação ao teatro, sublinhe-se que muitas

tragédias e comédias gregas e latinas que são encenadas permitem estabelecer um

paralelo entre a obra e a encenação.

Constatamos, assim, que na disciplina de Latim é oportuno estimular os jovens

para a leitura, dado que são tratados textos literários e temas culturais. Esses

conteúdos de caráter literário e cultural normalmente suscitam a curiosidade, o

interesse e a pesquisa e podem ser aprofundados através da leitura. Cabe ao professor

de Latim dar a conhecer a vida e obra dos autores latinos indicados no programa do

ano que leciona e destacar a presença e a influência da cultura clássica na literatura

portuguesa e estrangeira.

Concluindo, verificamos que a leitura é, atualmente, um fator decisivo para o

desenvolvimento individual e coesão social. Verificamos que já na Antiguidade a

leitura se tornou uma atividade imprescindível no processo educacional. Todavia,

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estava inicialmente restrita a uma elite, contrariamente ao que sucede nos nossos dias

e que resultou da democratização e massificação do ensino.

Os estudos realizados sobre a leitura em Portugal revelam que é necessário

apostar na promoção do livro e da leitura. Nesse sentido, verificamos que as medidas

aplicadas aos setores da educação e cultura têm dado “frutos”, mas é necessário

repensar o papel da escola/professor na formação de leitores autónomos e

competentes. A motivação para a leitura está dependente da compreensão do texto e

da atitude dos docentes. Para formar bons leitores é fundamental que o docente

revele a sua paixão pela leitura, estimulando, entusiasmando, orientando,

acompanhando e fazendo com que os alunos descubram e interiorizem o prazer pela

leitura.

Por último, depreendemos que a promoção da leitura não deve restringir-se

apenas às aulas de Português. Na disciplina de Latim é oportuno propiciar o contacto

com os livros e desenvolver estratégias/atividades que estimulem o gosto pela leitura,

porque os livros podem ser utilizados como recursos para o aprofundamento dos

textos e temas culturais e civilizacionais abordados nas aulas.

CAPÍTULO III – O estágio de Português

III. 1. Caracterização da turma (9ºA) Em Português, tive oportunidade de lecionar aulas a uma turma de 9º ano de

escolaridade. A turma era composta por vinte e oito alunos, dos quais quinze eram do

sexo feminino e treze do sexo masculino e a média da idade estava entre os catorze e

os dezasseis anos. Apenas um aluno tinha ficado retido no 9º ano e uma aluna estava

sinalizada com necessidades educativas especiais, pois apresentava dislexia. Os alunos

residiam em freguesias próximas da escola, tais como: Campo de Ourique, Santa Isabel

e Avenidas Novas. O nível de escolaridade dos pais era elevado, pois 52% dos pais e

57% das mães tinha, pelo menos, o grau de licenciatura.

Os alunos revelaram que as suas disciplinas preferidas eram Matemática,

Educação Física e Ciências. As disciplinas em que sentiam mais dificuldades eram

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Alemão e Matemática. Em relação ao tempo de estudo, a maior parte revelou que era

suficiente, elegendo a sua residência como o local de estudo predileto. Os alunos

revelaram interesses variados para ocupar os tempos livres, desde praticar desporto a

conviver com os amigos.

Numa apreciação global e pessoal da turma considero o 9º A uma turma

interessada, participativa, afável e muito disponível para trabalhar em sala de aula.

Logo, no início do ano letivo e tendo em conta o tema do meu relatório de PES,

considerei fundamental conhecer os alunos enquanto leitores e elaborei um

questionário (Anexo 1) que tinha por objetivo apurar os hábitos de leitura e perceções

sobre a mesma. A escolha deste instrumento também se prendeu com o facto de

pretender aceder às representações que os alunos tinham da leitura e com as quais

me iria confrontar durante o ano letivo. Além disso, pretendia compreender o modo

como os alunos encaram a leitura, o que os motiva e o que os afasta dela. Também se

revelou fundamental, descobrir a dimensão do papel da escola/professor no estímulo

à leitura.

Gráfico 1

Gráfico 2

No gráfico 1, verificamos que a maior parte dos alunos (82%) gosta de ler. De

entre os alunos que responderam afirmativamente, (cf. gráfico 2) cerca de metade dos

respondentes assinalam que a principal razão se prende com o desenvolvimento da

imaginação e logo a seguir surgem os que assumem que a leitura é uma forma de

prazer. Há ainda a considerar aqueles que realçam que os professores os incentivaram

Sim 82%

Não 18%

Gosta de ler?

48%

8% 13%

22%

9%

Indique as razões?

Desenvolve a imaginação

É pedido pelos professores

Os professores incentivaram-me a ler

É uma forma de prazer

Outras

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a ler, os que leem porque os professores solicitam e os que apontam outras razões,

por exemplo: permite relaxar e é um passatempo.

Gráfico 3

Em relação às pessoas que incentivam os alunos para a leitura, verificamos que

a família assume um papel relevante, porém cerca de um quarto dos respondentes

frisa que ninguém os estimula para a leitura. Só depois surgem os professores e os

amigos/colegas como agentes de estímulo à leitura.

Gráfico 4

A maioria dos alunos assinala a sua preferência pela “Aventura”, seguindo-se

outros géneros de livros como a “Ficção Científica” e o “Romance”. Depois, há uma

grande dispersão de respostas, em que os “Policiais” e a “Banda Desenhada” têm

37%

24%

12%

27%

Quem o/a incentiva a ler?

Família

Professores

Amigos/colegas

Ninguém

6

1

9

7

2 2 1

Que género de livros prefere ler?

Romance

Contos

Aventuras

Ficção Científica

Policiais

Banda Desenhada

Biografias

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iguais percentagens, a que se segue as “Biografias” e os “Contos”. Sublinhe-se que os

alunos não demonstraram interesse por géneros como a “Poesia” e o “Teatro”.

Cerca de metade dos alunos assume que só lê de vez em quando. Surgem

depois os que leem todos os dias, os que leem apenas nas férias e com uma

percentagem reduzida, os que assumem que não leem.

Gráfico 7

Gráfico 8

Uma maioria bastante expressiva assinala que já leu um livro em formato

digital, todavia verificamos que muitos ainda não exploraram essa nova forma de

leitura. De entre os que responderam afirmativamente, pouco mais de metade dos

requerentes prefere os livros digitais. Porém, a leitura tradicional (com livros em

suporte papel) não se distancia muito da leitura digital, em termos percentuais.

29%

46%

21%

4%

Com que frequência lê?

Todos os dias

Só de vez em quando

Nas férias

Não leio

29%

36%

32%

3%

Quantos livros lê por ano?

1 a 2

Até 6

Mais de 6

Nenhum

61%

39%

Já leu um livro em formato digital?

Sim

Não

41%

59%

Qual a sua preferência?

Livro tradicional Livro digital

Gráfico 5

Gráfico 6

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Gráfico 9

A quase totalidade do universo dos inquiridos indicou que os adultos têm

hábitos de leitura em casa.

Gráfico 10

Em relação à promoção da leitura, uma maioria bastante expressiva dos alunos

considera que os professores desempenham de forma eficaz a tarefa mencionada. No

inquérito, também foi solicitada a fundamentação da resposta, surgindo opiniões

muito interessantes e diversificadas. A maioria dos requerentes referiu que os

professores sugeriam leituras e explicitavam as vantagens da leitura.

Sim 89%

Não 11%

Na sua casa, os adultos têm o hábito de ler?

86%

14%

Acha que os professores promovem de forma eficaz a leitura?

Sim

Não

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Gráfico 11

A maior parte dos alunos considera que a leitura é um passatempo e, logo a

seguir, assume-a como uma forma de envolvência com o mundo. Há ainda aqueles que

veem a leitura como uma competência essencial e os que a consideram um requisito

escolar. Por último, constata-se que é residual a percentagem dos que percecionam a

leitura como uma atividade aborrecida.

III. 2. Observação das aulas

Considero que a observação das aulas é um poderoso instrumento para a

obtenção e/ou melhoria da qualidade das práticas pedagógicas. Além disso, gera uma

conjuntura favorável à inovação, ao desenvolvimento pessoal e profissional e

consequentemente à melhoria das estratégias conducentes a uma aprendizagem

eficaz.

No âmbito da observação das aulas de Português, tive a oportunidade de

assistir às aulas de quatro turmas (9º A, 9º B, 10ºB e 10ºD), o que me permitiu

contactar com contextos de ensino-aprendizagem distintos que abarcavam o Ensino

Básico e o Ensino Secundário.

Como pretendia que a minha experiência de observação fosse enriquecedora,

tive em conta um leque alargado de indicadores na observação das aulas de português

do 9º A, a turma que selecionei para lecionar. Os aspetos que se revelaram pertinentes

17%

17%

37%

23% 6%

Qual a sua perceção sobre a leitura?

Competência essencial Requisito escolar

Passatempo Forma de envolvência com o mundo

Atividade aborrecida

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na observação foram: a gestão e o clima da sala de aula, a interação, o discurso da

professora, o discurso dos alunos e as dificuldades dos alunos. Devo frisar que tive em

especial atenção as atividades de leitura que a professora Maria do Carmo aplicou nas

aulas, pois estavam mais direcionadas para o tema do meu relatório.

No primeiro dia de aulas, ficou estipulado que um dos itens da avaliação

consistia na leitura contratual, que era composta por duas atividades. A primeira

atividade assentava na leitura de uma obra por período e na realização de uma ficha

de leitura sobre a mesma. As obras selecionadas, pela docente, foram: As aventuras de

João sem medo, de José Gomes Ferreira (1º Período), O meu pé de laranja lima, de

Mauro Vasconcelos (2º Período) e a Pérola, de John Steinbeck (3º Período). A segunda

atividade consistia na leitura de uma obra (selecionada pelo aluno) e na apresentação

oral da mesma, seguindo alguns tópicos propostos pela docente: apresentação do(a)

autor(a), apresentação de uma personagem e a sua importância para o desenrolar da

ação, leitura de um excerto e justificação da escolha e apreciação crítica da obra. Esta

atividade seria aplicada no 1º e 2º Períodos, enquanto no 3º Período os alunos teriam

que ler/analisar um poema e apresentá-lo também oralmente à turma.

Quando tomei conhecimento que a escola/docente adotava este tipo de

iniciativas para promover a leitura senti um grande entusiasmo, interesse e

curiosidade. Deste modo, pude observar este tipo de atividades, ao longo do ano

letivo, e tirar as minhas conclusões. Constatei que, quando se aproximava a data de

realização da ficha de leitura, os alunos demostravam previamente a sua opinião em

relação à obra; enquanto uns demostravam interesse e satisfação, outros revelavam

algum desagrado, chegando mesmo a criticar a obrigatoriedade da leitura. Contudo,

como a realização da ficha de leitura decorreu no tempo de aula pude verificar que os

alunos (no geral) não sentiram dificuldades, pois muitos terminaram antes do tempo

previsto (50 minutos) e os resultados foram sempre positivos.

Fiquei um pouco desapontada com algumas apresentações orais, pois alguns

alunos revelaram um conhecimento superficial das obras, um certo desinteresse e

pouca reflexão sobre as mesmas. Muitos dos alunos apresentaram a obra escolhida de

forma incompleta, por exemplo, não pesquisaram a vida e obra do autor ou não

selecionaram o seu excerto preferido. Além disso, revelaram dificuldades ao nível da

argumentação e juízo crítico, pois não justificaram a escolha do excerto e não

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apresentaram a sua opinião crítica sobre a obra e consequentemente não conseguiram

estimular os colegas para a leitura das obras. No 3º Período, as apresentações

melhoraram de forma significativa, provavelmente devido à extensão do texto a

analisar.

No que se refere ao clima da sala de aula, diria que existia, de uma forma geral,

uma tranquilidade que favorecia a aprendizagem, o que se refletiu no interesse e

entusiasmo que a professora e os alunos demonstraram ao longo do ano letivo.

III. 3. Aulas lecionadas

O período de lecionação de aulas iniciou-se, no dia 7 de outubro de 2014, com

uma aula sobre Etimologia e Genealogia Linguística. Importa referir que a aula foi

lecionada à turma que selecionei (9º A), mas também à outra turma a que assistia às

aula (9º B). Primeiramente optei por projetar um PowerPoint de forma a expor alguns

conceitos nucleares (família de palavras, étimo, etimologia, palavras convergentes e

palavras divergentes) e a fornecer alguns exemplos. De forma a que os alunos

consolidassem os conhecimentos adquiridos, direcionei-os para a realização de alguns

exercícios, por exemplo, tendo em conta o étimo e a forma das palavras indicadas,

classificar como palavras divergentes ou convergentes [alguns exercícios foram criados

por mim e outros constavam do manual (Para)Textos 9]. Enquanto os alunos

realizavam os exercícios, circulei por toda a sala para esclarecer eventuais dúvidas que

surgissem. Pude, então, constatar que os alunos não revelaram dificuldades e

demonstraram interesse e empenhamento na realização da atividade proposta. Deste

modo, avancei para a correção dos exercícios, solicitando a participação oral dos

alunos. No final, fizemos em conjunto uma breve síntese dos conteúdos apreendidos.

Em ambas as turmas, os alunos demonstraram-se participativos, atentos e motivados.

Além disso, revelaram interesse e curiosidade pela proximidade linguística entre o

Latim e o Português, o que me permitiu frisar a importância do estudo do Latim para o

conhecimento da nossa língua. Considero que as duas aulas decorreram de forma

tranquila, o que colmatou alguma insegurança derivada da minha primeira experiência

de lecionação de aulas.

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A primeira sequência didática que lecionei enquadrou-se no estudo da obra

Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. O meu trabalho começou com a preparação

da planificação e dos materiais didáticos (PowerPoint e fichas de trabalho) que me

permitiram ter a noção do encadeamento das atividades e concomitantemente

forneceram uma maior segurança para o decurso das aulas. Convém frisar que uma

das minhas preocupações no momento de lecionação de aulas consistiu em não

planificar aulas demasiado expositivas, optando por “caminhar” com os alunos no

sentido de os levar a discutir e a tirarem eles próprios as suas conclusões.

Assim, as duas primeiras aulas do conteúdo referido anteriormente, que

ocorreram a 18 de Novembro de 2015 centraram-se na leitura e análise da “cena” do

Enforcado. Comecei por solicitar a alguns alunos a leitura em voz alta da “cena” para

depois proceder à exploração do texto (centrada nos alunos e mediada por mim),

salientado aspetos como a caracterização da personagem, os símbolo cénicos e a sua

simbologia, os argumentos de defesa e o percurso cénico. Em seguida, remeti os

alunos para a resolução de alguns exercícios (Educação Literária/Leitura) do manual de

forma a consolidar conhecimentos sobre a “cena” do Enforcado. Por último, procedi à

correção dos exercícios, solicitando a intervenção oral dos alunos que depois redigiram

as respostas no quadro. Na segunda aula ainda, corrigiram-se alguns exercícios do

manual. Posteriormente distribuí uma ficha de trabalho que visava a comparação

entre o Enforcado (personagem do Auto da Barca do Inferno) e o Senhor Scrooge,

personagem do conto: “O Natal do avarento” (in Um Conto de Natal, de Charles

Dickens). Pretendi, com a ficha, estabelecer relações de sentido entre as personagens

(intertextualidade) e também despertar o interesse dos alunos para a leitura da obra:

Contos de Natal de Charles Dickens. A ficha de trabalho foi corrigida preferencialmente

através das intervenções orais e voluntárias dos alunos, pois considero que o treino da

oralidade permite desbloquear possíveis dificuldades e oferecer uma melhor

compreensão dos excertos analisados. Na última parte da aula, optei por abordar um

conteúdo de certa forma relacionado com o domínio da escrita, de forma a diversificar

as competências contempladas. Deste modo, recorri à projeção de um PowerPoint

sobre citações e referências bibliográficas, em que foram abordados vários aspetos:

conceito de citação, tipos de citação e respetivos exemplos. A terceira e quarta aula

ocorreram a 21 de Novembro de 2014 e permitiram-me concluir o estudo do conteúdo

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abordado na aula anterior (citações e referências bibliográficas). Deste modo, realcei a

importância das referências bibliográficas nos trabalhos escolares, os tipos de normas

existentes e demonstrei, com exemplos, as normas APA, na redação de referências

bibliográficas de livros, verbetes de enciclopédia/dicionário e de páginas de Internet.

Em seguida, distribuí uma ficha de trabalho (Anexo 2) que incluía o conteúdo abordado

anteriormente e uma pesquisa sobre a biografia de Charles Dickens. Sublinhe-se que a

aula decorreu numa sala anexa à biblioteca escolar que dispõe de vários

computadores. O objetivo fulcral destas aulas consistiu na realização de um trabalho

de pesquisa, com recurso à Internet e às enciclopédias da biblioteca escolar. Enquanto

alguns alunos ficavam na sala anexa à biblioteca a pesquisar na Internet (orientados

pela professora Maria do Carmo Soares), outros deslocavam-se para a biblioteca, mais

especificamente para a seção de enciclopédias, para realizarem a pesquisa (orientados

por mim). Esta experiência permitiu-me concluir que os alunos preferem

indubitavelmente a pesquisa com recurso à Internet, em detrimento da pesquisa na

biblioteca e com obras físicas. Na ficha de trabalho, solicitava a elaboração de

referências bibliográficas de alguns livros que constam do Plano Nacional de Leitura e

que apontei como sugestões de leitura de forma a promover a leitura em contexto de

sala de aula. No final da aula, passei à correção da ficha de trabalho no quadro,

contando com a participação dos alunos e dialogamos um pouco sobre as obras

sugeridas para leitura extensiva.

Na quinta aula, abordei um novo conteúdo – o retrato - que de certa forma

remetia para a ficha de trabalho (realizada na segunda aula), pois continha um excerto

com a caracterização física e psicológica de uma personagem (Sr. Scrooge). Passei à

visualização de um PowerPoint para expor os vários aspetos relacionados com o

retrato (conceito, tipos de retrato e estrutura). O tempo final foi destinado à

planificação e execução de um exercício de produção escrita relacionado com o estudo

do retrato. Enquanto os alunos realizavam a atividade proposta, fui circulando pela

sala no sentido de esclarecer possíveis dúvidas. Para avaliar as produções escritas dos

alunos elaborei uma grelha para o efeito. A leitura dos textos produzidos pelos alunos

permitiu-me fazer o levantamento de alguns erros e dificuldades dos alunos, no

âmbito da produção escrita, como por exemplo, a falta de pontuação e de acentuação.

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Em jeito de balanço, as aulas lecionadas sobre o Auto da Barca foram

extremamente importantes para mim, pela novidade, pelo sentido de

responsabilidade e pelas informações que pude reter e analisar sobre o desempenho

dos alunos. Sublinho que os alunos de um modo geral mostraram-se interessados,

curiosos, empenhados, participativos e trabalhadores.

A segunda sequência didática enquadrou-se no estudo dos Lusíadas, de Luís de

Camões e abrangeu três episódios: Adamastor, Ilha dos Amores e Lionardo. As aulas

que lecionei sobre o Adamastor foram sempre precedidas de apresentações orais.

Efetivamente ficou estabelecido que entre 24 de fevereiro e 16 de março de 2015, os

alunos procederiam à apresentação oral da leitura de uma obra, no âmbito da leitura

contratual. Assim, a primeira aula sobre o episódio do Adamastor ocorreu a 3 de

março de 2015 e após as apresentações orais, comecei por tentar rebuscar alguns

conhecimentos dos alunos sobre o Cabo das Tormentas (associado à figura do

Adamastor). Tendo em conta o espírito participativo dos alunos, fiquei a saber que o

Cabo referido já tinha sido abordado nas aulas de História. Houve muita interação

entre mim e os alunos que partilharam os conhecimentos prévios sobre o Gigante

Adamastor. Posteriormente, e após a leitura em voz alta do episódio, realizada por

alguns alunos, voltei a estabelecer um diálogo com os alunos para que demonstrassem

as suas impressões sobre o texto. Constatei que as opiniões eram díspares, alguns

criticavam a atitude do Gigante que dificultava a vida dos marinheiros portugueses e

outros sentiam pena do Adamastor, derivada da desilusão amorosa de que foi alvo. Em

seguida, procedeu-se à exploração de algumas das estâncias (cf. Est. 37-48, manual

Paratextos) salientando aspetos como a descrição física do Adamastor, os vários

momentos do seu discurso aos portugueses e as profecias anunciadas pelo Gigante. O

tempo final da aula foi destinado à síntese dos aspetos abordados nessa aula.

Nas duas aulas de 6 de março de 2015, continuamos a analisar o episódio, mas

debruçamo-nos sobre as estâncias seguintes (est. 49-60) focando-nos no discurso

autobiográfico do Adamastor, no caráter circular de episódio e na simbologia dos

Adamastor. Trabalhámos igualmente alguns aspetos gramaticais e foi feito o

levantamento de recursos expressivos presentes no episódio. Sublinhe-se que procurei

sempre formular questões e estabelecer um diálogo que conduzisse os alunos à

compreensão eficaz do texto. Como era habitual, finalizei a aula com uma síntese de

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todo o episódio analisado e com a entrega de uma ficha de trabalho (Anexo 3) sobre os

aspetos analisados em aula, que funcionaria como trabalho de casa. Na aula seguinte

(09.03.2015) iniciamos com as apresentações orais e passamos depois à correção da

ficha de trabalho sobre o episódio do Adamastor. Nem todos os alunos realizaram o

trabalho proposto, mas mostraram-se muito participativos na correção. Constatei que

revelaram mais dificuldade na identificação de recursos expressivos, o que me levou a

explicitar alguns dos recursos e a fornecer exemplos. Tive sempre a preocupação de

ouvir de forma atenta os alunos e esclarecer as suas dúvidas. Julgo que esta atitude foi

fundamental para construir uma boa relação com os alunos, alicerçada sobretudo no

respeito mútuo.

Para finalizar o estudo do episódio do Adamastor, procurei estabelecer uma

relação de intertextualidade com outros textos que evocam a figura do Gigante ou de

personagens presentes no episódio. Para tal, elaborei uma ficha de trabalho (Anexo 4)

em que constavam dois textos: o poema “Mostrengo” de Fernando Pessoa e um

excerto do Naufrágio do Galeão Grande de São João, depois publicado na História

Trágico-Marítima sobre o naufrágio de Manuel de Sousa Sepúlveda e a sua esposa.

Deste modo, na aula do dia 10 de março entreguei a ficha já referida e depois de

realizar a leitura dos textos, analisamos os textos no sentido de estabelecer uma

relação de intertextualidade. Como a ficha continha questões que permitiam comparar

os textos, disponibilizei algum do tempo da aula para a reflexão e elaboração das

respostas. Em seguida, procedemos à correção da ficha. Dado que o episódio do

Adamastor remete-nos para temas como as viagens, naufrágios e o espírito

aventureiro, entreguei uma ficha informativa (cf. Anexo 5) com sugestões de leitura

nesse âmbito. Tive a preocupação de pesquisar obras adequadas à faixa etária dos

alunos, socorrendo-me, por vezes, das listas do PNL. Na ficha informativa, constava a

sinopse das obras e uma pequena biografia dos autores. Desta forma, foi possível

estabelecer um diálogo agradável sobre as obras e também estabelecer um contacto

próximo com as mesmas. Todas as vezes que sugeri leituras tive o cuidado de levar

algumas obras para a aula para permitir o contacto físico com os livros e estimular os

alunos para a leitura dos mesmos.

No 3º Período, continuamos com o estudo d’ Os Lusíadas, mais precisamente

com a leitura/análise do episódio da Ilha dos Amores. Após a leitura expressiva e a

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troca de impressões sobre o texto lido, foquei aspetos essenciais como: a intenção de

Vénus, a caracterização da ilha; a expedição de Cupido e a glorificação do herói d´Os

Lusíadas. Em seguida, propus aos alunos a realização de alguns exercícios do manual.

Como disponibilizei algum tempo para a realização dos exercícios, só foi possível

realizar a correção dos mesmos na aula seguinte. Deste modo, na aula do dia 13 de

março comecei por ouvir algumas respostas dos alunos e tentamos, em conjunto,

encontrar um cenário de correção para os exercícios. Como a frase passiva surgiu no

episódio referido, procedi a uma sistematização sobre a transformação frase ativa para

a voz passiva e vice-versa. Para tal, distribui uma ficha de gramática com o intuito de

consolidar os conhecimentos revistos na aula. Depois de disponibilizar algum tempo

para a realização da ficha, passamos à correção da mesma e verifiquei que os alunos

tinham algumas dificuldades na identificação dos tempos verbais. No final da aula, a

professora Maria do Carmo também manifestou a sua preocupação e decidiu que

dedicaria uma das suas aulas à revisão dos tempos verbais. Para terminar o estudo do

episódio da Ilha dos Amores e promover a reflexão sobre o tema abordado,

estabelecendo relações entre os episódios, solicitei aos alunos que elaborassem um

texto de opinião (cf. Anexo 6). Nesse texto teriam que expressar a sua opinião sobre o

tema do amor, comparando a presença desse sentimento no episódio da Ilha dos

Amores e no episódio do Gigante Adamastor. Tive o cuidado de fornecer uma ficha em

que explicitava as várias etapas a seguir (planificação, textualização e revisão) e

coloquei uma grelha de revisão da elaboração do texto de opinião. Finalizei a aula

ouvindo o texto dos alunos e dialogando sobre a importância dos textos de opinião.

Recolhi os trabalhos realizados e posteriormente atribui uma nota qualitativa que se

situou entre o Suficiente e o Muito Bom.

As últimas aulas que lecionei centraram-se no episódio Lionardo, o que

permitiu que aprofundasse mais o domínio da Oralidade e da Educação Literária

(Anexo 7). Como era habitual, começamos pela leitura expressiva e em voz alta do

episódio. Contudo, nessa aula (14.04.2015) optei por solicitar aos alunos menos

participativos que lessem, pois o professor deve estimular os alunos mais reservados

para a prática da oralidade. Em seguida, projetei um PowerPoint em que resumia os

aspetos mais importantes do episódio (caracterização e argumentação de Lionardo, o

casamento simbólico entre nautas e ninfas e o significado simbólico da ilha) e, assim,

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fui estabelecendo um diálogo com os alunos para desenvolver os conteúdos

visualizados. Para consolidar os conhecimentos apreendidos entreguei uma ficha de

trabalho com algumas questões, disponibilizando algum tempo para a sua realização. A

hora seguinte da aula foi dedicada à correção da ficha de trabalho. Nas duas últimas

aulas sobre o episódio do Lionardo, optei por uma atividade diferente, em que os

alunos visualizaram o documentário televisivo “Grandes livros” sobre Os Lusíadas. Em

seguida, entreguei uma ficha de trabalho em que os alunos tinham que identificar se

as afirmações (relacionadas com o documentário) que lá constavam eram verdadeiras

ou falsas. Para finalizar a aula indiquei algumas sugestões de leitura, tendo por base o

tema do amor. Levei para a aula algumas obras e possibilitei, mais uma vez, que os

alunos folheassem os livros para, assim, despertar o gosto pela leitura. A aula terminou

com um diálogo muito vivo em torno dos livros abordados e dos seus autores, pois

alguns alunos conheciam as obras e/ou os autores.

Concluindo, as aulas que lecionei permitiram-me estabelecer a relação entre

todos os domínios (Oralidade, Leitura, Escrita, Educação Literária e Gramática) e tratar

o tema proposto no meu relatório.

III. 4. Atividades extracurriculares

No sentido de complementar o trabalho realizado nas aulas, desenvolvi várias

atividades extracurriculares, assim como participei em atividades desenvolvidas pelos

professores cooperantes. Algumas dessas tarefas permitiram-me tratar o tema

proposto no relatório e diversificar/enriquecer a minha experiência de aprendizagem.

Visita de estudo à Biblioteca Nacional

A primeira atividade que organizei enquadrou-se na semana da leitura5 e

consistiu numa visita de estudo à Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) para que os

alunos conhecessem a maior biblioteca do país. A visita decorreu no dia 16 de março

de 2015 (das 10.30 às 12.00 h) e para além de mim teve como professoras

acompanhantes: a professora Carmo Soares (professora cooperante), a professora Ana

Águia (professora de Matemática e diretora de turma), a professora Helena Pereira

5 A Semana da Leitura decorreu entre 16 e 20 de março de 2015 e assentou na realização de várias

atividades, visando desenvolver o gosto pela leitura e pelos livros nos alunos.

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(professora de História) e a minha colega de estágio, Adriana Aboim. Esta visita de

estudo teve como principais objetivos dar a conhecer a biblioteca e os serviços da

mesma e promover a leitura.

Como se tratava de uma visita guiada com uma turma numerosa, as

responsáveis pela visita (Dr.ª Conceição Chambel e Dr.ª Isabel Évora) decidiram dividir

a turma em dois grupos de forma a garantir o silêncio e tranquilidade dos leitores da

BNP. Os locais visitados foram a área de leitura para deficientes visuais, a área de

referência e a área de leitura e microfilmes. Na área de leitura para deficientes visuais

fomos recibos pelo Dr. Carlos Ferreira e outros funcionários que nos mostraram alguns

serviços e equipamentos: o serviço de leitura assistida; um posto de leitura adaptado

com um computador devidamente equipado com programa leitor de ecrã, linha

braille, scanner; o equipamento de ampliação; as fonocópias de livros em registo

sonoro; os livros em braille a título de empréstimo e a publicação trimestral, “Ponto e

Som”. Na área de referência, os alunos tiveram oportunidade de conhecer o catálogo

da BNP e realizar algumas pesquisas. Na área de leitura geral e microfilmes, os alunos

ficaram a conhecer o elevador de entrega de obras e o serviço de reproduções, nas

modalidades de fotocópia ou digitalização. Por fim, as guias explicaram os cuidados de

conservação das obras e algumas das regras da BNP. No final da visita de estudo, notei

que os alunos estavam surpreendidos com a dimensão da biblioteca e motivados para

lá voltarem quando atingirem a idade mínima (18 anos) que possibilita a

entrada/consulta das obras. Posteriormente realizei uma ficha de avaliação da visita de

estudo para apurar o grau de satisfação, as expetativas e opiniões sobre a atividade.

Os alunos revelaram que as suas expetativas iniciais eram baixas, pois como referiu

uma aluna: “No início, achei que a visita iria ser muito simples e pouco interessante.”

(in Ficha de avaliação da visita de estudo). Em relação ao ambiente em que decorreu a

visita, a turma realçou a hospitalidade, tranquilidade e simpatia das guias/funcionárias.

As opiniões foram muito positivas, pois os alunos revelaram que adquiram novos

conhecimentos e consideraram a visita interessante e agradável.

Hora do Conto

Ainda na semana da leitura (16 a 20 de março), achei pertinente desenvolver

outra atividade que promovesse o gosto pela leitura. Como tinha conhecimento da

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existência do projeto Voluntários de Leitura, entrei em contacto com os mesmos e

solicitei o desenvolvimento de uma atividade de voluntariado. O projeto Voluntários

de Leitura é promovido pelo CITI (Centro de Investigação para Tecnologias Interativas)

– Universidade Nova de Lisboa em parceria com a AVL – Associação para o

Voluntariado de Leitura e tem por objetivo fulcral desenvolver uma rede nacional de

voluntariado na área da promoção da leitura. Essa rede visa o apoio a iniciativas que

conduzam ao desenvolvimento da literacia e gosto pela leitura nas escolas, bibliotecas

e outras organizações. O único requisito exigido consistiu na inscrição da escola no

projeto. Sendo assim, com a colaboração da professora bibliotecária preenchi a ficha

de inscrição e passada uma semana recebemos a voluntária que iria desenvolver a

atividade. Acertamos o tipo de atividade a desenvolver, o dia/hora e outros detalhes.

Deste modo, no dia 17 de março, os alunos tiveram oportunidade de assistir à Hora do

Conto, dinamizada por Fabiane Rodrigues. A atividade decorreu no auditório, onde

estavam presentes os alunos do 9º A e do 9ºB. Estes ouviram alguns contos de autores

brasileiros e tiveram oportunidade de participar, pois alguns alunos

leram/dramatizaram alguns excertos dos contos. Para além disso, no final foi

estimulada uma reflexão sobre os contos que desencadeou o diálogo sobre a moral

das histórias. Os objetivos da Hora do Conto consistiram em despertar o gosto pela

leitura e ao mesmo tempo exercitar a expressão oral, a capacidade de retenção de

ideias e a criatividade. No final, alguns alunos comentaram que a dinamizadora estava

pouco à vontade com o público. Devo frisar que a atividade mencionada foi a primeira

experiência da dinamizadora, enquanto voluntária de leitura. Porém, a maioria

manifestou o seu agrado, destacando-se que foi um momento lúdico e descontraído

em que puderam ouvir algumas histórias e retirar alguns ensinamentos.

Exposição sobre o dia do livro

A fim de celebrar o dia do livro (23 de abril), organizei uma exposição com

citações sobre a leitura e o livro, algumas eram da autoria dos alunos e outras de

autores conhecidos, como: Umberto Eco, Fernando Pessoa, Jorge Luís Borges. De

forma a tornar a exposição mais atrativa, pesquisei imagens relacionadas com o tema

da exposição e afixei-as junto das citações. Em relação às citações dos alunos, como

tinha solicitado um exercício de produção escrita sobre a leitura (cf. Anexo 8)

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37

aproveitei alguns dos seus pensamentos/opiniões, como por exemplo: “Ler um livro é

uma atividade que requer mais tempo e esforço. Sendo, por isso, tentador sentarmo-

nos no sofá a descansar e a apreciar um programa televisivo.” e “Devíamos ler mais

livros, porque para além de nos dar mais imaginação, ajuda-nos a ler melhor.”

(citações de alunas do 9º A). A exposição foi montada com a ajuda da professora

cooperante que afixou alguns trabalhos dos alunos sobre a leitura da obra, O meu pé

de laranja lima, de Mauro Vasconcelos. Deste modo, a exposição permitiu que os

alunos e a comunidade escolar conhecessem os pensamentos/citações e trabalhos de

alguns escritores e alunos do 9º A, no âmbito da leitura e livros (cf. Anexo 9).

Desdobrável e marcadores sobre a leitura

Para o dia do livro preparei ainda um desdobrável informativo (cf. Anexo 10),

cuja finalidade consistia em alertar para os benefícios da leitura, incluindo a leitura

digital. Inclusive indicava ainda alguns sites com ebooks gratuitos e algumas

curiosidades sobre livros. Entreguei o desdobrável aos alunos da turma de Português e

procedemos à sua leitura, abrindo espaço para um diálogo interessante sobre os livros

e a leitura. Além disso, preparei alguns marcadores com citações sobre os livros e a

leitura, que foram distribuídos pelos alunos e comunidade escolar da Escola

Secundária com 3ºciclo de Pedro Nunes.

Em jeito de balanço, diria que a maior parte das atividades propostas, no início

do ano letivo, foram realizadas e os alunos demonstram interesse e entusiasmo no

decurso e no final da realização das mesmas. Porém, tive outras iniciativas

relacionadas com o tema do meu relatório que não puderam ser concretizadas devido

a limitações de tempo. Destaco assim algumas das atividades que foram apresentadas

à professora coordenadora: a criação de um clube de leitura, a participação dos alunos

no concurso “Faça lá um poema, 2015” (concurso no âmbito do PNL) e uma visita de

estudo à Feira do Livro de Lisboa.

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III. 5. Avaliação

O meu contributo na avaliação do 9º A esteve presente em vários momentos,

durante o ano letivo de 2014/2015. Todas as vezes que lecionei aulas realizei uma

avaliação que se baseou na observação direta, pois considero indispensável ter-se em

conta na avaliação dos alunos fatores como a participação, as atitudes e a

pontualidade. Inclusive, preenchia uma grelha, elaborada por mim no início do ano

letivo, que contemplava os seguintes itens: empenho, autonomia, participação,

cooperação, organização e respeito. Além disso, ao longo do ano, solicitei a realização

de três exercícios de produção escrita: a elaboração do retrato físico e psicológico de

um amigo/colega ou familiar; a redação de dois textos de opinião, um sobre um

cartoon relacionado com o tema do meu relatório e um outro texto sobre o tema do

amor, nos episódios Adamastor e Ilha dos Amores. De forma a avaliar a competência

escrita dos alunos socorri-me de uma grelha que foi entregue à professora cooperante

e constituiu um dos elementos de avaliação periódica dos discentes.

A professora Carmo Soares deu-me oportunidade de contribuir para a avaliação

das apresentações orais das obras (leitura contratual), no 1º e 2ºperíodos.

Efetivamente elaborei uma grelha (cf. Anexo 11) para atribuir uma classificação aos

alunos e debati com a professora cooperante os resultados, aferindo assim a

classificação mais justa para cada um dos alunos.

No 3º período, a professor Carmo Soares solicitou a elaboração de uma prova

escrita que teria que abarcar os conteúdos lecionadas no 2º Período e inícios do 3º

Período. A organização teria que obedecer ao modelo estabelecido pelo exame

nacional de 9º ano. Constatei que elaborar um teste é um trabalho difícil e moroso,

pois é complexo gerir o grau de dificuldade a aplicar na prova. O teste elaborado não

foi aplicado (cf. Anexo 12), pois os alunos já tinham realizado dois testes de avaliação

sobre Os Lusíadas. Porém, foi enriquecedor construir uma prova escrita, distribuindo

de forma equilibrada os conteúdos programáticos e os objetivos definidos, assim como

distribuir de forma justa a cotação a atribuir às perguntas conforme o seu grau de

dificuldade.

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III. 6. Reuniões

No âmbito da PES de Português, tive oportunidade de assistir às reuniões de

orientação de estágio e às reuniões de escola, mais especificamente as reuniões de

Conselho de Turma.

As reuniões de orientação de estágio, as observações e os conselhos da

professora Carmo Soares foram muito enriquecedores. As reuniões referidas foram de

extrema importância para o meu percurso profissional. Efetivamente pude apresentar

e discutir as minhas planificações e respetivos materiais, receber orientação para as

aulas que lecionei, dialogar sobre os alunos e receber sugestões para melhorar o meu

trabalho. O apoio, as opiniões positivas e os comentários tecidos pela professora

cooperante permitiram-me progredir como professora dia após dia.

Relativamente às reuniões de Conselho de Turma, a primeira (a 06.11.2014)

que assisti conduziu-me a uma reflexão mais profunda e minuciosa da turma de 9º ano

que acompanhei ao longo do ano letivo. Nessa reunião, foi traçado o perfil da turma,

destacando os aspetos positivos (por exemplo, a participação) e negativos (por

exemplo, a falta de autonomia) da mesma. Os professores decidiram por unanimidade

alterar a planta da turma para colmatar as distrações e conversas entre alunos. Na

reunião sobre a avaliação do 1º Período (17/12/2014), conclui-se que os alunos

revelavam um défice de trabalho fora da sala de aula. Os professores procuraram, em

conjunto, encontrar uma solução que consistiu em alertar os pais para a problema. A

reunião de Conselho de Turma para a avaliação do 2º Período decorreu a 23 de março

e os professores vincaram que tinham sido verificados progressos, sendo o

aproveitamento global da turma satisfatório. No último período, a reunião de

avaliação ocorreu a 9 de junho, tendo os docentes concluído que o trabalho

desenvolvido ao longo do ano fora positivo. Todos os alunos transitaram para o 10º

ano, não havendo retenções. Ao nível do Português, a média final dos alunos situou-se

nos 3 valores (numa escala de 1 a 5) e apenas uma aluna obteve negativa.

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CAPÍTULO IV – ESTÁGIO DE LATIM

IV. 1. Caracterização da turma (11º L) O 11º L da Escola Secundária de Camões era da área de Línguas e

Humanidades, tinha nove alunos matriculados na disciplina de Latim, oito do sexo

feminino e um aluno de sexo masculino. Os alunos tinham idades compreendidas

entre os 17 anos e os 19 anos. Apenas uma aluna ficou retida no 11º ano.

O nível de escolaridade dos pais não era muito elevado, pois a maioria (dos pais

e mães) tinha uma escolaridade até ao 12º ano. Os alunos revelaram que as suas

disciplinas preferidas eram Literatura Portuguesa, Latim e História. As disciplinas que

sentiam mais dificuldades eram Filosofia e Literatura Portuguesa. A maior parte dos

alunos elegeu a residência como o local de estudo preferido e revelaram interesses

variados para ocupar os tempos livres, destacando-se a leitura, a escrita e a música.

Numa apreciação global e pessoal, considero o 11º L uma turma participativa e

motivada. Contudo, era muito percetível a falta de estudo e a não realização constante

dos trabalhos de casa, o que tinha reflexos na dinâmica das aulas e na aprendizagem.

Devo realçar que era uma turma afável, disciplinada e de trato fácil.

Tal como fiz com a turma de Português (9º A), procurei apurar os hábitos de

leitura dos alunos de Latim do 11º L e conhecê-los como leitores.

Gráfico 12

Gráfico 13

Sim; 9

Não; 0 0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Sim Não

Gosta de ler?

37%

8% 4%

38%

9%

Indique as razões?

Desenvolve a imaginação

É pedido pelos professores

Os professores incentivaram-me a ler

É uma fonte de prazer

Permite a aquisição de conhecimentos

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Na turma 11º L, verificamos que a totalidade dos alunos gosta de ler. Em

termos percentuais, há duas razões que estão muito próximas: “Desenvolve a

imaginação” e “É uma fonte de prazer”. Outras razões são apontadas, mas com

percentagens significativamente inferiores, como: “Permite a aquisição de

conhecimentos”; “É pedido pelos professores” e “Os professores incentivaram-me a

ler”.

Gráfico 14

É notória a existência de dois conjuntos: o dos que declaram que os professores

é que os incentivam a ler e o dos que afirmam que ninguém os incentiva para a leitura.

Surgem depois os que realçam o papel da família e dos amigos/colegas no estímulo à

leitura.

Gráfico 15

2

3

1

3

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

Família Professores Amigos/colegas Ninguém

Quem o/a incentiva a ler?

4

1

0

1 1

0

1 1

0 0

0,5 1

1,5 2

2,5 3

3,5 4

4,5

Que género de livros prefere ler?

Romance

Contos

Aventuras

Ficção Científica

Policiais

Banda Desenhada

Biografias

Poesia

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42

Em relação ao género preferido, a maioria destaca o Romance, mas depois as

opiniões dispersam-se por outros géneros, como “Contos”, “Ficção Científica”,

“Policiais”, “Biografias” e “Poesia”. Sublinhe-se que “Aventuras”, “Banda Desenhada” e

“Teatro” foram preteridos pelos requerentes.

Gráfico 16

Gráfico 17

A quase totalidade dos inquiridos afirmou ler todos os dias (excluindo as

leituras obrigatórias) e apenas um aluno revelou ler só de vez em quando e outro

aluno confessou ler apenas nas férias. É de realçar que todos os alunos vincaram que

leem mais de 6 obras por ano.

Gráfico 18

Gráfico 19

7

1 1

0 0

1

2

3

4

5

6

7

8

Todos os dias

Só de vez em

quando

Nas férias Não leio

Com que frequência lê?

0 0

9

0 0

2

4

6

8

10

1 a 2 Até 6 Mais de 6 Nenhum

Quantos livros lê por ano?

0

1

2

3

4

5

6

Sim Não

Já leu em formato digital?

0

1

2

3

4

5

6

Livro tradicional

Livro digital

Qual a sua preferência?

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Em relação à leitura em formato digital, cinco dos alunos já leram, mas quatro

dos alunos ainda desconhece essa forma de leitura. De entre aqueles que

experimentaram a leitura em formato digital, constatamos que a totalidade prefere a

leitura tradicional (em suporte papel).

Gráfico 10

A maioria dos alunos assinala que na sua casa, os adultos têm o hábito de ler.

Apenas dois alunos confessam que os adultos que vivem na sua casa não leem.

Gráfico 21

A quase totalidade dos requerentes considera que os professores promovem

de forma eficaz a leitura e como foi solicitada a fundamentação da resposta, apontam

como principal argumento a sugestão de leituras, por parte dos docentes. Contudo,

um aluno vincou que os professores não promovem de forma eficaz a leitura, porque

não revelam “paixão” pela mesma e não a conseguem transmitir aos alunos.

0

5

10

Sim Não

Sim; 7

Não; 2

Na sua casa, os adultos têm o hábito de ler?

0

10

Sim Não

7

1

Acha que os professores promovem de forma eficaz a leitura?

Sim

Não

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Gráfico 22

Relativamente à perceção sobre a leitura, destacam-se dois conjuntos de

alunos: aqueles que a assumem como uma competência essencial e aqueles que a

consideram um passatempo. Segue-se os requerentes que veem na leitura uma forma

de envolvência com o mundo e apenas um aluno a perceciona como um requisito

escolar.

IV. 2. Observação das aulas

A partir do dia 19 de setembro de 2014, pude assistir às aulas da turma 11º L

que era a única turma de Latim do professor Mário Martins. A fase de observação foi

de extrema importância para a minha atividade docente na disciplina de Latim.

Efetivamente direcionei a minha atenção para alguns pontos como: gestão do tempo;

relação pedagógica, metodologias utilizadas e estratégias de motivação para o estudo

do Latim.

Ao longo do ano letivo, verifiquei que o professor centrou-se na abordagem dos

conteúdos presentes no manual Noua Itinera (Martins, 2014), procedendo, em

conjunto com os alunos, à análise /tradução dos textos e à realização de exercícios.

Convém sublinhar que alguns conteúdos gramaticais foram aprofundados através de

fichas informativas e fichas de trabalho elaboradas pelo professor. Este também

procedeu à projeção de alguns vídeos do Youtube relacionados com a cultura e

civilização romana. Realço também que a utilização do quadro foi essencial para a

explicitação e sistematização de alguns conteúdos. Constatei que o professor

demonstrava cuidado em seguir o ritmo de trabalho dos alunos. Inclusive, iniciou o ano

3

1

3 2

0 0 1 2 3 4

Competência essencial

Requisito escolar

Passatempo Forma de envolvência

com o mundo

Atividade aborrecida

Qual a sua perceção sobre a leitura?

Percepção sobre a leitura

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letivo com uma revisão e aprofundamento dos conteúdos do 10º ano e não avançou

sem que os alunos sistematizassem os conteúdos revistos.

Relativamente à relação pedagógica, o professor foi compreensivo e agradável

para com os alunos, pois recorria ao humor para desanuviar os momentos de tensão e

desmotivação. Sublinho também a sua constante preocupação com a avaliação dos

alunos, alertando os mesmos para a realização do exame nacional no final do ano

letivo. Disponibilizou, inclusive, fotocópias dos exames nacionais dos anos anteriores e

sugeriu a realização/correção dos mesmos, como forma de preparação para a

avaliação final.

Como partilhei a turma do 11º L com três colegas de Mestrado, tive a

oportunidade de acompanhar o trabalho de cada uma delas. Por um lado, tive

oportunidade de observar e confrontar metodologias distintas. Por outro lado, foi

enriquecedor (para a minha prática pedagógica) trocar impressões sobre as aulas

observadas, o desempenho dos alunos e o meu desempenho enquanto professora

estagiária.

Em jeito de balanço, diria que a observação das aulas de Latim me permitiu

aferir a importância da motivação, pois alguns alunos demonstravam mais interesse

pela realização das tarefas após a aplicação de estratégias de motivação. Constatei

ainda que o processo de leitura/análise do texto latino requer muita minúcia e

dedicação para que os alunos alcancem um bom nível de interpretação. A observação

das aulas conferiu-me, assim, uma maior segurança para partir para as fases de

planificação e execução das aulas.

IV. 3. Aulas lecionadas

A minha primeira experiência de lecionação, no âmbito do estágio de Latim,

aconteceu em dezembro de 2014. O professor solicitou que cada uma das professoras

estagiárias preparasse dois epigramas de Marcial. Deste modo, selecionei os

epigramas e preparei um pequeno guião de aula, pois tratar-se-ia apenas de um

momento de experimentação e não de uma aula de noventa minutos. Na aula, procedi

à leitura em voz alta do primeiro texto, solicitando depois o mesmo tipo de tarefa a

uma aluna. Analisamos, depois, o vocabulário, os casos, as funções sintáticas e as

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formas verbais. Findo este procedimento, uma aluna disponibilizou-se para apresentar

a sua versão de tradução que foi melhorada com o contributo dos colegas e mediada

por mim. As mesmas etapas de análise e tradução foram aplicadas ao segundo

epigrama, acrescentando um exercício de conjugação de verbos.

Uma das minhas principais preocupações nas aulas de Latim consistiu em

motivar os alunos para a leitura de obras latinas e obras contemporâneas que

remetessem para o mundo romano. Ao consultar o programa de Latim de 11º ano e o

manual apercebi-me que existiam conteúdos que remetiam para assuntos pertinentes,

no âmbito do tema do meu relatório de estágio, como a unidade do Otium (Ócio).

Além disso, muitos textos permitiam estabelecer uma ponte para o fornecimento de

sugestões de leitura. Deste modo, perguntei ao professor cooperante se podia guardar

alguns minutos das aulas que lecionaria para fornecer sugestões de leitura e dialogar

com os alunos sobre estas, de forma a estimulá-los para a leitura, o que de facto

aconteceu.

As duas primeiras aulas avaliadas decorreram nos dias 4 e 5 de fevereiro de

2015 e enquadraram-se no tema do Otium et Negotium (Lazer e Trabalho), mais

especificamente as bibliotecas em Roma Antiga. No momento de planificação (cf.

Anexo 13) e criação dos materiais a serem utilizados nas aulas, a minha maior

dificuldade assentou na escolha do texto para tradução. Na verdade, pretendia um

texto que remetesse para o tema da leitura/livros e que fosse adequado aos

conhecimentos dos alunos, naquela fase do seu percurso escolar. Felizmente,

encontrei um texto que preencheu os dois requisitos, abordava a importância da

leitura e tinha uma estrutura e vocabulário acessíveis. Na primeira aula centrei-me,

assim, na leitura, análise e tradução do texto latino “Não basta ler muitos livros” de

Séneca (Borregana, 2005, p. 210). Comecei por abordar a vida e obra do autor do texto

latino e permiti que os alunos consultassem/folheassem Cartas a Lucílio 6(tradução das

Epistulae Morales ad Lucilium), fazendo uma sinopse da obra. Em seguida, passamos à

leitura em voz alta do texto e formulei algumas questões que permitiram uma primeira

abordagem (tema, vocabulário (re)conhecido, entre outros aspetos). O próximo passo

para a compreensão/tradução do texto assentou na análise morfossintática, a que se

seguiu a tradução realizada pelos alunos e auxiliada por mim, pois os alunos revelavam 6 Séneca, L. A (2014). Cartas a Lucílio. 5ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

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alguma dificuldade a esse nível. Optei por traduzir apenas metade do texto que estava

contido numa ficha de trabalho (cf. Anexo 14). Esta era composta por questões de

análise morfossintática, identificação de tempos verbais e exploração etimológica de

alguns vocábulos e uma retroversão. Como trabalho de casa, solicitei que os alunos

realizassem a tradução da segunda metade do texto e a retroversão (presente na ficha

de trabalho). Na segunda aula, recuperamos o texto da ficha de trabalho e finalizámos

a tradução que teve mais vivacidade, pois os alunos tinham realizado o trabalho de

casa. Depois coloquei algumas questões de compreensão e interpretação do texto e

constatei que os alunos tinham apreendido a mensagem do texto. Passamos,

posteriormente à retroversão que também foi pautada por dinamismo, existindo um

verdadeiro trabalho de grupo. Depois seguiu-se a aprendizagem da conjugação de

alguns verbos irregulares (volo, nolo e malo). Para tal, utilizei uma ficha de

sistematização do conteúdo e outra de aplicação de conhecimentos. É pertinente

referir que a escolha do conteúdo gramatical referido foi propositada, pelo facto de

surgir no texto em estudo. O mesmo sucedeu com o PowerPoint (cf. Anexo 15) que

elaborei em torno do tema da leitura e das bibliotecas em Roma, pois permitiu

aprofundar o texto traduzido. Deste modo, abordei as recitationes (leituras públicas) e

a criação de bibliotecas públicas e privadas em Roma. Para finalizar a aula, entreguei

uma ficha informativa com notas biográficas sobre alguns autores latinos (cf. Anexo

16) e sugeri a leitura de algumas das obras desses autores. Mostrei algumas das obras

e deparei-me com o interesse e a curiosidade por parte dos alunos. Aliás a intenção

era mesmo essa – despertar o interesse e estimular os alunos para a leitura de obras

de autores latinos.

No terceiro período, a unidade estudada foi a Expansão e Alargamento do

Império. Nesse período, lecionei apenas uma aula que consistiu na aplicação de uma

ficha de trabalho para rever alguns conteúdos gramaticais e que teria que se direcionar

para a unidade referida anteriormente. Como os alunos realizariam o exame nacional

de Latim em julho, as fichas de trabalho revelavam-se de grande utilidade, porque

permitiam o treinamento, a revisão de conteúdos e o esclarecimento de dúvidas. No

momento de preparação da aula, elaborei a ficha de trabalho e a respetiva matriz, um

PowerPoint com um enquadramento histórico e uma ficha informativa com sugestões

de leitura que remetiam para o tema do texto presente na ficha (A Romanização na

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Hispânia). Desta forma, no dia 20 de maio comecei por entregar a ficha de trabalho e

falei um pouco da vida e obra do autor do texto presente na ficha - Tito Lívio. Em

seguida, passamos à leitura em voz alta do texto latino e à exploração dos aspetos

mais pertinentes, como o tema, personalidades presentes e vocabulário conhecido.

Optei por mostrar um PowerPoint com o enquadramento histórico do texto, realçando

alguns aspetos pertinentes para uma melhor compreensão do texto, nomeadamente a

divisão da Hispânia e os seus povos e a apresentação de dois procônsules romanos

(presentes no texto analisado): Aulo Terêncio Varrão e Públio Semprónio Longo.

Regressamos depois ao texto para o analisarmos do ponto de vista gramatical e para

tal os alunos tiveram que responder a algumas questões (presentes na ficha). Além

disso, destaquei a presença de uma expressão que se encontrava no ablativo absoluto.

Finda esta etapa, passamos à tradução do texto que se revelou um pouco morosa, pois

mais uma vez verifiquei que os alunos revelavam dificuldades no exercício de

tradução, pelo que tive que auxiliar. No final, conseguimos, em conjunto, encontrar

um cenário de tradução para o texto e passamos à resolução dos restantes exercícios

da ficha. Estes incidiam sobre a declinação de uma expressão latina, a passagem de

uma frase na passiva para a voz ativa e a retroversão de uma frase. Neste tipo de

exercício, notava que os alunos ficavam mais descontraídos, participativos e não

revelavam dificuldades como sucedeu com a tradução. Para finalizar a aula, entreguei

uma ficha informativa com sugestões leitura em que era notório o espírito guerreiro,

aventureiro e conquistador do povo romano. Levei algumas das obras para a aula e

conversamos um pouco sobre as sugestões apresentadas. Deste modo, consegui

estabelecer um fio condutor entre os conteúdos abordados em aula e o tema do meu

relatório, pois possibilitei o contacto físico e o diálogo com as obras sugeridas para

estimular o gosto pela leitura.

IV. 4. Atividades extracurriculares

Palestra “A leitura na Antiguidade Greco-Romana” Para complementar os conteúdos culturais que explorei na aula do dia 5 de

fevereiro decidi organizar uma palestra sobre a leitura na Antiguidade Greco-Romana

(cf. Anexo 17). Deste modo, no dia 19 de março (das 10.00 às 11.30) decorreu a

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palestra que teve como intervenientes a Professora Doutora Leonor Santa Bárbara e a

Professora Doutora Maria Rosário Santos. Na primeira parte da palestra, a professora

Leonor destacou essencialmente a figura do “aedo” (poeta que cantava os feitos

heroicos) na Grécia Antiga. Na segunda parte da palestra, a professora Rosário Santos

abordou os materiais de escrita, as bibliotecas públicas e privadas e as recitationes

(leituras públicas), em Roma Antiga. Os objetivos fulcrais da palestra consistiam em

realçar que o gosto pela leitura nos foi veiculado pelos nossos ancestrais Gregos e

Romanos e concomitantemente despertar o interesse dos alunos pelas Literaturas

Grega e Latina.

Visita de estudo a Mérida

No final do segundo período (20.03.2015), tive oportunidade participar numa

visita de estudo interdisciplinar a Mérida, organizada pela professora Leonor Borralho

e pelo professor Mário Martins. Deste modo, acompanhei, em conjunto com oito

docentes, quarenta alunos das disciplinas de Latim (11º L) e de História da Cultura e

das Artes (10º F e 11º F). Os alunos e docentes puderam visualizar algumas

manifestações culturais e artísticas da civilização romana e visitar os principais

monumentos do centro histórico/arqueológico de Mérida, como: a Casa de Mitreu, o

templo de Diana e respetivo pórtico, as ruínas do Forum, o Teatro e anfiteatros

romanos. Um local que cativou muito a atenção dos participantes foi, sem dúvida, o

Museu Nacional de Arte Romano (MNAR). Esta instituição contém muitas peças

recuperadas dos campos arqueológicos de Mérida que remetem para a Romanização

da Hispânia. No final, os alunos demonstraram-se agradados e surpresos com a

exuberância e riqueza arqueológica de Mérida.

Visita de estudo à biblioteca da Biblioteca da Faculdade de Letras de Lisboa (FLUL) No 3º Período, organizei uma visita de estudo para os alunos da turma de

Latim, tal como fizera com a turma de Português. A visita teve como objetivo dar a

conhecer uma biblioteca, incentivar a frequência do meio, promover a leitura, a que

acrescentei um outro objetivo - suscitar o interesse pela Literatura Latina. A visita

decorreu, no dia 24 de abril de 2015 (das 15.30 às 17.00), na Biblioteca da Faculdade

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de Letras de Lisboa (FLUL). A Dr.ª Isabel Rebolho (Bibliotecária) disponibilizou-se para

conduzir os alunos do 11º L e os docentes, que acompanharam a turma, por algumas

secções da biblioteca. Na sala de formação, foi dado a conhecer o Catálogo SIBUL

(Sistema Integrado das Bibliotecas da Universidade de Lisboa) e a biblioteca digital. No

depósito, os alunos tiveram oportunidade de contactarem com obras antigas e

verificar o tratamento documental das mesmas. Por fim, os alunos percorreram a sala

de leitura, mas centraram-se mais na área dos Estudos Clássicos a fim de pesquisarem

algumas obras de Literatura Latina. Ao longo da visita, os discentes colocaram

questões e exploraram os diversos recursos existentes, de forma a compreender a sua

função. A visita decorreu de uma forma tranquila e agradável e os alunos revelaram-se

motivados e muito interessados.

Em jeito de balanço, constatei que a maioria das atividades propostas foram

realizadas, permitindo colocar em prática a parte teórica do tema do meu relatório.

Realço que a palestra e a visita de estudo à biblioteca da FLUL foram noticiadas no

Boletim Confluências7 (cf. Anexo 18).

Porém, tal como acontecera na PES de Português, algumas atividades não

puderam ser realizadas devido a limitações de tempo e também porque éramos

quatro estagiárias para uma única turma. Realço, assim, as iniciativas propostas: uma

sessão de declamationes (declamações) de poemas/excertos de textos de autores

latinos e um trabalho de investigação sobre um escritor romano.

IV. 5. Avaliação

À semelhança do que aconteceu na PES de Português também adotei uma

grelha de observação que era preenchida no final de cada aula, de forma a orientar a

minha intervenção com os alunos nas aulas seguintes.

No 3º período, tive oportunidade de elaborar um teste de avaliação sobre a

unidade em estudo: Expansão e alargamento do Império - A romanização da Hispânia

(A herança clássica em território português). A prova escrita teria que obedecer à

estrutura do exame nacional de 11º ano, excetuando o grupo de expressão escrita. O

teste que elaborei não foi aplicado, pois as minhas três colegas de estágio também

7 Boletim escolar da Escola Secundária de Camões.

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realizaram um teste e não seria possível aplicar todos os testes. Contudo, o teste

elaborado foi uma mais-valia para os alunos, porque o professor cooperante o

entregou, no final do ano letivo, como forma de preparação para o exame nacional.

IV. 6. Reuniões

As reuniões de orientação de estágio foram de suma importância para a

preparação das aulas lecionadas. Estas permitiam distribuir as aulas e atividades pelas

quatro estagiárias e serviam para a apresentação e discussão das planificações e

materiais. Após a lecionação de cada aula, reunia-me com o professor cooperante para

refletirmos sobre o que correra bem e menos bem, de forma a melhorar o meu

desempenho futuro. O professor Mário Martins realçava a importância da reflexão

como processo de crescimento e amadurecimento profissional. Inclusive, solicitou uma

reflexão individual escrita para identificar o potencial de evolução e desenvolvimento

profissional nos vários domínios da atividade docente: vertente profissional e ética;

desenvolvimento do ensino e da aprendizagem; participação na escola e relação com a

comunidade escolar; aplicação de saberes da formação didática. Essa reflexão

permitiu-me tomar consciência dos pontos fortes e dos aspetos a melhorar na

lecionação das aulas de Latim.

Das várias reuniões de escola que existiram ao longo do ano letivo, assisti à

Reunião Geral de Professores, às reuniões de Departamento e às reuniões de Conselho

de Turma.

A reunião Geral de Professores realizou-se a 11 de setembro de 2014 e

permitiu-me compreender o modo de funcionamento da escola e verificar que se

tratava de uma instituição muito dinâmica, em relação a projetos, iniciativas e

atividades extracurriculares. As reuniões de Departamento foram enriquecedoras, pois

fiquei a conhecer os docentes do Departamento de Estudos Portugueses e de Latim e

deparei-me com uma equipa repleta de ideias e vivacidade. Destaco a reunião do dia

10 de dezembro, em que foi aprovado o Plano Anual de Atividades e Visitas de Estudo.

De seguida, foi abordada a Avaliação do Desempenho Docente e o Plano de Ações de

Melhoria (PAM). Por último, passou-se à reflexão da docente Lídia Teixeira sobre a

Direção de Turma.

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A primeira reunião de Conselho de Turma realizou-se no dia 18 de dezembro de

2014, tendo como ponto principal a avaliação final do 1º período. Salientaria que os

professores se mostraram desagradados com a turma, apontando que alguns alunos

tinham comportamentos desadequados e que estavam quase a atingir o limite de

faltas. Em relação aos resultados das disciplinas foram positivos, não se verificando

discrepâncias notórias entre a disciplina de Latim e as restantes. A reunião de

Conselho de Turma para avaliação do 2º período decorreu no dia 19 de março de

2015. No que toca ao rendimento dos alunos de Latim, é importante referir que a

média de classificações se manteve nos catorze valores, em comparação com o

período anterior, não se verificando resultados negativos. Na reunião de Conselho de

Turma para avaliação do 3º período (08.06.2015), os professores chegaram à

conclusão que o envolvimento dos alunos nas várias atividades extracurriculares da

escola era prejudicial, em termos de assiduidade e de rendimento. Porém, o

aproveitamento global da turma foi bom. Relativamente ao rendimento dos alunos de

Latim, a média de classificações manteve-se nos catorze valores, não havendo

negativas nem retenções.

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CONCLUSÃO

Concluo este relatório com o meu parecer sobre a importância das práticas de

promoção da leitura, em contexto escolar e com uma reflexão final sobre a minha

Prática de Ensino Supervisionada.

Os estudos realizados sobre a leitura em Portugal revelam que é necessário

apostar na promoção do livro e da leitura. Muitas famílias não têm disponibilidade

para estimular o gosto pela leitura nos jovens e a escola tem uma responsabilidade

acrescida. A instituição referida é o lugar privilegiado de ensino e de fomento da

leitura e a sala de aula é o espaço que possibilita o “desabrochar” da competência

leitora e do prazer pela leitura. É necessário implementar estratégias que

desencadeiem um reforço afetivo com os livros e a leitura, como os concursos

literários, as visitas de estudo e as semanas da leitura, uma vez que proporcionam

experiências agradáveis com a leitura. Este tipo de iniciativas não fazem da leitura um

fim, mas um meio para atingir um fim. Efetivamente, a consciência das vantagens

advindas do exercício de leitura é um ponto de partida. Os hábitos de leitura cultivam-

se essencialmente através da leitura propriamente dita, daí a importância das

atividades de leitura que decorrem na sala de aula e que são orientadas pelos

docentes. O objetivo central das práticas de promoção de leitura consiste em

introduzir a leitura no dia-a-dia, interiorizando a sua necessidade, promovendo a

motivação intrínseca e contribuindo para a formação de leitores.

Tendo por base o objetivo anteriormente referido e centrando-me na relação

entre a lecionação e o meu trabalho de mediadora da leitura, importa referir que a

atitude dos alunos relativamente à leitura progrediu como consequência das

atividades que lhes fui propondo. Nesse sentido, o mais estimulante foi o facto de os

próprios alunos manifestarem a sua opinião sobre as minhas sugestões de leituras e

indicarem outras sugestões de leitura aos seus colegas, sem qualquer indicação da

minha parte. Os alunos demonstraram-me que a leitura estava presente nas suas vidas

e que era possível manter um diálogo vivo e enriquecedor sobre obras e autores.

A partir da investigação que realizei e da reflexão sobre o meu percurso

enquanto professora estagiária, concluí que o professor tem um papel decisivo na

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aquisição e desenvolvimento da competência leitora e dos hábitos de leitura.

Efetivamente, os alunos não conseguem apreciar a leitura se não se tiverem

competência leitora. A isto acresce o papel do professor enquanto mediador da

leitura, ou seja, aquele que, segundo a minha opinião, partilha o seu gosto fervoroso

pela leitura e serve de elo de ligação entre os alunos e as obras. Durante o ano letivo,

procurei desempenhar de forma eficaz o meu papel de mediadora da leitura. Com

efeito, tentei conhecer o melhor possível quer o perfil dos alunos enquanto leitores,

quer um acervo significativo de obras que respondessem adequadamente à

curiosidade e à competência leitora dos alunos. Para tal, apliquei um inquérito sobre

os hábitos de leitura, cuja análise me permitiu avançar para a realização de fichas

informativas com sugestões de leitura e para a dinamização de atividades

extracurriculares que possibilitaram o contacto físico com obras literárias (por

exemplo, visita de estudo à biblioteca e Hora do Conto). Paralelamente, promovi

atividades de leitura (inclui atividades de pré-leitura, atividades durante a leitura e

atividades após a leitura) em torno dos textos abordados nas aulas que lecionei.

Convém sublinhar que tive o cuidado de não encaminhar sistematicamente os alunos

para a realização dos exercícios presentes no manual, pois preparei os meus próprios

materiais, como é o caso da realização de uma ficha de trabalho em que estabelecia a

intertextualidade entre o episódio do Adamastor e outros textos de autores

portugueses que referi anteriormente.

A experiência mostrou-me que é possível cultivar o gosto pela leitura não só

nas aulas de Português, mas também nas aulas de Latim. Constatei que é pertinente

estimular o interesse dos alunos pela Literatura Latina e por obras contemporâneas

que remetam para o universo romano, pois possibilitam um aprofundamento dos

textos e temas culturais.

Para apreciar a leitura é necessário adquirir conhecimentos sobre vários tipos

de obras. Nesse sentido, os alunos deverão conhecer uma grande variedade de textos,

de assuntos, de autores, porque maiores serão as possibilidades de encontrar o texto

certo na hora certa. Deste modo, procurei dar a conhecer aos alunos obras apelativas

para a sua idade. Inclusive notei que os alunos revelaram curiosidade e agrado pelas

sugestões de leitura que forneci nas aulas que lecionei. Contudo, também me deparei

com algumas limitações e a principal remete-nos para a gestão do tempo. Nas aulas

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que lecionei, a Latim e a Português, senti a pressão de abordar os conteúdos previstos

no Programa. Os motivos prenderam-se com a realização do exame nacional no fim do

ano letivo, para ambas as disciplinas; a marcação do teste de avaliação; a planificação

anual dos professores cooperantes e também porque estava a ser avaliada. Apesar de

me deparar com alguma escassez de tempos letivos para fomentar a leitura, tentei

colmatar essa limitação com uma boa planificação de aulas, com a criação de materiais

e algumas atividades que interligassem os conteúdos programáticos ao tema do meu

relatório de PES.

Partindo do pressuposto de que são várias as possibilidades de abrir as portas

para o mundo da leitura, a leitura tem de ser encarada como forma de prazer e nessa

medida, senti que o meu trabalho deu frutos. Efetivamente realizei uma ficha de

avaliação sobre o meu desempenho enquanto mediadora de leitura, cujos resultados

me permitiram verificar que o balanço do meu trabalho por parte dos alunos era

nitidamente positivo. Os alunos demonstraram consciência das atividades que

desenvolvi, cumprindo os objetivos a que me propus aquando das várias planificações

de aulas e atividades extracurriculares. Termino este relatório com a convicção de que

o professor deve partilhar o seu gosto pela leitura e “contagiar” os alunos com o

prazer que os livros nos proporcionam.

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BIBLIOGRAFIA 8

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8 As referências seguem a norma APA.

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PEREIRA, M. H. R. (2002). Estudos de História da Cultura Clássica. II volume – Cultura

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http://www.espn.edu.pt/images/docs/escola/pee_2010_2013.pdf, acedido a

10.10.2014).

Projeto Educativo da ESC 2014/2017 (Disponível em http://escamoes-

web.sharepoint.com/Documents/PROJETO%20%20EDUCATIVO%20%202014_2017.pdf

acedido em 10.10.2014).

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RIBEIRO, I. S. & VIANA, F. L. (org.) (2009). Dos leitores que temos aos leitores que

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clássicas. Classica - Boletim de Pedagogia e Cultura, nº 18, pp. 223-231. Lisboa:

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Portugal. Lisboa: Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE).

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Outros recursos

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa - http://www.priberam.pt/DLPO/

Dictionnaire des Antiquités Grecques e Romaines - http://dagr.univ-tlse2.fr/

DT (dicionário terminológico para consulta em linha) - http://dt.dge.mec.pt/

E-Dicionário de Termos Literários (de Carlos Ceia) - http://www.edtl.com.pt/

Oxford Classical Dictionary - http://www.oxfordreference.com/

Perseus Digital Library - http://www.perseus.tufts.edu/hopper/

Plano Nacional de Leitura - http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/index1.php

Portal da Língua Portuguesa - http://www.portaldalinguaportuguesa.org/

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ANEXOS

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ANEXO 1 – Inquérito sobre os hábitos de leitura

INQUÉRITO-HÁBITOS DE LEITURA

Dados pessoais

Idade: __________ Sexo: M F

Este inquérito visa a recolha de dados para uma investigação no âmbito do Mestrado em Ensino de

Português e de Línguas Clássicas no 3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário, da Faculdade de Ciências

Sociais e Humanas. Trata-se de um inquérito anónimo que tem por objetivo conhecer os seus hábitos

de leitura. Por favor, responda com sinceridade às questões colocadas.

Obrigada pela sua colaboração!

1. Gosta de ler? Sim Não

2. Se respondeu sim, indique as razões:

Desenvolve a minha imaginação.

É pedido pelos professores.

Os professores incentivaram-me a ler.

A leitura é uma fonte de prazer.

Outras. Indique _______________________________________________________________________

3. Quem o/a incentiva a ler?

a) Família

b) Professores

c) Amigos/colegas

d) Ninguém

4. Que género de livros prefere ler?

Romance Ficção Científica

Contos Policiais

Teatro Banda Desenhada

Poesia Outros

Aventuras Quais? ____________________________________________

5. Com que frequência lê?

a) Todos os dias.

b) Só de vez em quando.

c) Nas férias.

d) Não leio.

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6. Quantos livros lê por ano, excluindo as leituras obrigatórias?

a) 1 a 2

b) Até 6

c) Mais de 6

d) Nenhum

7. Já leu um livro em formato digital? Sim Não

8. Se respondeu sim, qual a sua preferência?

a) Livro tradicional (papel)

b) Livro em formato digital

9. Na sua casa, os adultos têm o hábito de ler? Sim Não

10. Acha que os seus professores promovem de forma eficaz a leitura?

Porquê? _________________________________________________________

_________________________________________________________________

Sim Não

11. Qual a sua perceção sobre a leitura?

a) É uma competência essencial.

b) É um requisito escolar.

c) É um passatempo.

d) É uma forma de nos envolvermos com o mundo que nos rodeia.

e) É uma atividade aborrecida.

Muito obrigada pela sua colaboração.

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ANEXO 2 – Ficha de trabalho I

Ficha de Trabalho

I

Trabalho de pesquisa

1. Faça uma pesquisa sobre o escritor Charles Dickens e preencha a sua ficha biográfica.

Para isso, consulte as orientações de pesquisa abaixo indicadas.

2. Elabore as referências bibliográficas a partir das consultas quer de enciclopédias quer

da Internet.

Biografia de Charles Dickens

Data de nascimento:

Profissões desempenhadas:

Tipos de texto elaborados:

Obras escritas:

Crítica existente na sua escrita:

Data de falecimento:

Sugestões de orientações de pesquisa:

- Internet: Wikipedia e E-Biografias – O portal das Biografias.

- Enciclopédias (disponíveis na biblioteca da escola).

Referências bibliográficas (consultas realizadas, segundo as normas APA)

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

ESCOLA SECUNDÁRIA C/3º CICLO DE PEDRO NUNES Ano letivo 2014/2015

Português - 9º Ano – Turma A

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II

Produção de referências bibliográficas

1. Elabore a referência bibliográfica dos seguintes livros (segundo a norma APA).

A.

Ano: 2014

Local de edição: Lisboa

Editora: Porto Editora

B.

Ano: 2009

Local de edição: Lisboa

Editora: Europa-América

C.

Ano: 2014

Local de edição: Lisboa

Editora: Assírio & Alvim

A. ________________________________________________________________

B. ________________________________________________________________

C. ________________________________________________________________

Bom trabalho.

Nota: Os livros anteriormente mencionados fazem parte da lista de livros recomendados pelo

“Plano Nacional de Leitura” e funcionam como sugestões de leitura. Espero que goste e boas

leituras!

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ANEXO 3 – Ficha de trabalho II

Ficha de Trabalho

1. De entre as palavras/expressões apresentadas, escolhe as que melhor se adequam à

descrição do Gigante Adamastor e de Tétis.

Adamastor: ___________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

Tétis: ________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

2.É possível distinguir dois momentos no discurso do Adamastor.

2.1. Identifica-os, referindo o assunto de cada um.

3. Explicita as profecias enunciadas do Gigante.

4. Escolhe, de entre as palavras indicadas, as que completam o texto que resume a história de

amor do Adamastor.

grande olhos encovados branca

Cor pálida grosso única rosto

cabelos crespos rosto angélico horrendo

fermosa dentes amarelos despida

Olhos belos robusto boca negra

monte Tétis amada Gigante

guerra ninfa Dóris troçar

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O Adamastor apaixona-se pela bela _________________ que o rejeita devido à sua feia figura.

Decide, então, tomá-la pela força das armas e informa __________________, a mãe da bela

ninfa, do seu intento. Esta tenta convencer a filha a aceitá-lo e Tétis promete encontrar uma

maneira de evitar a _________________ . O Gigante desiste então da guerra a troco de um

encontro com a sua _______________. No entanto, na noite combinada, julgando estar a

abraçá-la, apercebe-se de que afinal abraçava um duro __________________. Como castigo

por se ter apaixonado por esta ________________, o _________________ é transformado

num intenso rochedo e Tétis, numa atitude de mulher que se sente muito amada, ousa

________________ de quem ama.

5. Refere o simbolismo do Adamastor.

6. Ao longo do episódio do Gigante Adamastor, deparamo-nos com alguns recursos

expressivos. Nesse sentido, faz corresponder cada excerto textual ao recurso expressivo

correspondente.

Metonímia “ (…) este era o segundo/De Rodes estranhíssimo Colosso.”

(est.40,vv. 2-3)

Assíndeto “Ó gente ousada” (est. 41, v. 1)

Perífrase “Porém já cinco Sóis eram passados” (est. 37, v.1)

Apóstrofe “Abraçados, as almas soltarão/ Da fermosa e misérrima prisão.” (est.

48, vv. 7-8 ).

Hipérbato (…) do húmido elemento,” (est. 42, v. 2)

Eufemismo “À calma, ao frio, ao ar verão despidos (est. 47, v. 6)

Bom trabalho.

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ANEXO 4 – Ficha de trabalho III

Ficha de Trabalho

1. Lê atentamente o poema:

O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar;

A roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?»

E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?

De quem as quilhas que vejo e ouço?»

Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso.

«Quem vem poder o que só eu posso,

Que moro onde nunca ninguém me visse

E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:

«El-Rei D. João Segundo!»

ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DE PEDRO NUNES

PORTUGUÊS – Ano: ______ Turma: _______

Nome: ____________________________ Nº _____ Data: ______________

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Três vezes do leme as mãos ergueu,

Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:

«Aqui ao leme sou mais do que eu:

Sou um povo que quer o mar que é teu;

E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,

Manda a vontade, que me ata ao leme,

De El-Rei D. João Segundo!»

Fernando Pessoa, in Mensagem

1.1 Estabelece uma comparação entre o poema “O Mostrengo”, de Fernando Pessoa, e o

episódio “O Adamastor”, d´ Os Lusíadas, indicando três semelhanças entre ambos.

2. Lê o excerto que se segue, pertencente ao Naufrágio do Galeão Grande de S. João, ocorrido

em 1552, e depois publicado na História Trágico-Marítima sobre o naufrágio de Manuel de

Sousa Sepúlveda e a sua esposa:

“Dizem que ele não fez mais, quando a viu falecida, que apartar as escravas dali e sentar-se

perto dela, com o rosto posto sobre a mão, por espaço de meia hora, sem chorar nem dizer

cousa algua; e no menino fez pouca conta. E acabando este espaço, se ergueu e começou a

fazer ua cova na areia com a ajuda das escravas, e, sempre sem falar palavra, a enterrou, e os

filhos com ela; e, acabando isto, tornou a tomar o caminho que fazia quando ia buscar as

frutas, sem dizer nada às escravas, e se meteu pelo mato e nunca mais o viram.”

2.1 Explicita as semelhanças e as diferenças existentes entre a descrição da parte final do

naufrágio do casal Sepúlveda quer na História Trágico-Marítima quer n’ Os Lusíadas.

Bom trabalho!

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ANEXO 5 – Ficha Informativa I

SUGESTÕES DE LEITURA

“Não há amigo tão leal quanto um livro.”

Ernest Hemingway

O episódio do Gigante Adamastor d´Os Lusíadas, de Luís de Camões, remete-nos para

temas como as viagens, as aventuras dos viajantes e o espírito aventureiro. Nesse âmbito, é

sugerida a leitura de algumas obras.

Ribeiro, A. (2009). A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. Lisboa: Bertrand Editora.

Sinopse: A obra relata as aventuras e desventuras de Fernão Mendes

Pinto e as suas viagens pelo Oriente, ao longo de vinte e um anos.

Contém descrições muito pormenorizadas dos povos, das línguas e das

terras por onde passou. A imagem dos navegadores portugueses que

passa nesta obra é sobretudo a do herói como um anti-herói, ou seja,

capaz das piores façanhas para alcançar os seus objetivos. Os

navegantes roubavam as populações nativas para enriquecer e

regressar à pátria.

Aquilino Ribeiro (1885-1963) nasceu em Sernancelhe, na Beira Alta, e

foi ficcionista, autor dramático, cronista e ensaísta português. A

vastíssima obra de Aquilino Ribeiro abrange domínios variados como o

romance, a novela, o conto, a literatura infantil, entre outros.

ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DE PEDRO NUNES

ANO LETIVO 2014/2015

PORTUGUÊS – 9ºA

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69

Jacques, B. (2005). Os Náufragos do Holandês Voador. Lisboa: Asa.

Sinopse: Nesta obra, é apresentada a lenda de um navio fantasma e

do seu capitão aventureiro, condenado a sulcar os mares para todo o

sempre ao sabor de ventos e tempestades. Náufragos do tempo e do

espaço, Neb e o seu cão Den guiarão os leitores através de uma

assombrosa viagem, recheada de aventuras, perigos, surpresas,

mistérios e feitos prodigiosos: uma autêntica caça ao tesouro, cujo

prémio é a vitória sobre a prepotência e a injustiça.

Brian Jacques (1939-2011) nasceu em Liverpool e abandonou a escola

aos 15 anos para embarcar num navio mercante. Este exímio contador

de histórias é reconhecido em todo o mundo pela sua série de livros

dedicados aos animais da Abadia de Redwall.

Salgari, E. (2010). Viagem sobre o Atlântico em Balão. Lisboa: Sopa de Letras.

Sinopse: A 24 de maio de 1878, o protagonista do romance, o

engenheiro americano Ned Kelly, descola no seu balão da ilha Bretã.

Este vai na companhia do servidor negro Simão e do revolucionário

irlandês Harry O’Donnell. O seu objetivo é dar o grande salto rumo à

Europa ou, pelo menos, à outra margem do oceano. Todavia, o balão

vai parar, empurrado pelas fortes rajadas do vento, no meio das

emaranhadas florestas do arquipélago dos Bijagós, povoadas de

indígenas.

Emílio Salgari (1862-1911) nasceu em Verona (Itália) e era filho de

uma família de modestos comerciantes. Desde muito cedo se

interessou pelas viagens marítimas e decidiu ser capitão. O escritor

notabilizou-se por escrever cerca de 200 novelas de aventuras e de

viagens por regiões como a Malásia, as Antilhas e as Bermudas e ainda

diversos volumes passados no Far West.

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Swift, J. (2009). As viagens de Gulliver. Lisboa: Edições Nelson de Matos.

Sinopse: Lemuel Gulliver, cirurgião e náufrago, acorda em Lilliput,

habitado por minúsculas criaturas humanas. Uma segunda viagem

leva-o até ao reino dos gigantes, onde de novo o tamanho lhe dá uma

nova perspetiva do comportamento humano. Depois, de novo lançado

no mar por piratas, Gulliver visita uma série de ilhas. A última viagem

de Gulliver leva-o à terra dos houyhnhnms, cavalos racionais que

partilham o seu domínio com o feroz Yahoo.

Jonathan Swift (1667-1745) era de origem irlandesa e estudou na

Universidade de Dublin, doutorando-se em Teologia em 1694. Em

1713, foi nomeado Deão da Catedral de S. Patrício, em Dublin. A sua

obra é vastíssima e contempla textos de intervenção, sátiras, ficção e

poemas.

Andresen, S. M. B. (2014). Histórias da terra e do mar. Porto: Porto Editora.

Sinopse: A obra é composta por cinco contos – “História da Gata

Borralheira”, “O silêncio”, “A casa do mar”, “Saga” e “Vila d´Arcos” –

que remetem para o universo da infância. O conto “Saga” relata a vida

e o drama de uma família de marinheiros de Vig, uma pequena

ilha nórdica. A personagem principal, Hans, tem como desejo tornar-

se marinheiro. O pai deste, com a morte dos seus irmãos mais novos,

Gustav e Niels, num naufrágio, proíbe-o de ser marinheiro, contudo

ele foge para o mar.

Sophia de Mello Breyner (1919-2004) nasceu no Porto onde passou a

infância. Autora de catorze livros de poesia escreveu também contos,

histórias para crianças, artigos, ensaios e teatro. Recebeu entre

outros, o Prémio Camões 1999, o Prémio Poesia Max Jacob 2001 e o

Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana.

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Martel , Y. (2011). A vida de Pi. Lisboa: Presença.

Sinopse: Quando Pi tem dezasseis anos, a família decide emigrar para

a América do Norte num navio cargueiro juntamente com os

habitantes do zoo. Porém, o navio afunda logo nos primeiros dias de

viagem. Pi vê-se na imensidão do Pacífico a bordo de um salva-vidas

acompanhado de uma hiena, um orangotango, uma zebra ferida e um

tigre de Bengala. No final, restarão apenas Pi e o tigre.

Yann Martel nasceu em Espanha, em 1963, tendo-se naturalizado

canadiano. Estudou Filosofia na Universidade de Trent, no Canadá,

viajou muito e teve diversos empregos antes de começar a escrever. A

Vida de Pi, publicado em mais de 40 países, valeu-lhe o Man Booker

Prize de 2002, entre outros prémios, e figurou como bestseller do New

York Times durante mais de um ano.

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ANEXO 6 – Exercício de produção escrita I

EXPRESSÃO ESCRITA

O tema do amor é constante ao longo d´Os Lusíadas, assumindo diferentes formas.

Apresente a sua opinião sobre este tema, comparando o amor presente no episódio da

“Ilha dos Amores” (Canto IX) com o amor frustrado no episódio do Adamastor (Canto V).

a) Planificação

Redija, numa folha à parte, o plano do seu texto, que deve contemplar as seguintes

etapas: introdução, desenvolvimento e conclusão.

b) Textualização

Construa um texto de opinião, estruturado e linguisticamente correto, com um

mínimo de 150 e um máximo de 200 palavras.

c) Revisão

No final, não se esqueça de fazer a revisão do texto. Consulte a grelha de

autocorreção.

Revisão da elaboração do texto de opinião Sim Não

Abordei o tema proposto?

Estabeleci a comparação entre os dois episódios?

Respeitei a divisão tripartida do texto?

Utilizei conectores discursivos?

Evitei a repetição de ideias e de palavras?

Marquei bem os parágrafos?

Utilizei as maiúsculas corretamente?

Cumpri as regras de acentuação?

Pontuei corretamente o texto?

Apliquei as regras da translineação?

Escrevi com uma caligrafia legível?

Bom Trabalho!

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ANEXO 7 – Plano de aula I

Escola Secundária com 3º ciclo de Pedro Nunes Ano letivo: 2014/2015 Português-9ª ano-Turma A

Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. 1 aula

Sumário: Leitura e análise do episódio Lionardo. Resolução de uma ficha de trabalho.

Lição nº 120 Data: 14/04/2015 Duração: 50 minutos

Domínios e objetivos

Conteúdos

Atividades/Estratégias

Tempo

Materiais/Recursos

Avaliação

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

-Ler e interpretar textos literários.

LEITURA

- Ler em voz alta.

- Interpretar textos de diferentes

tipologias e graus de complexidade.

ORALIDADE

-Participar oportuna e

construtivamente em situações de

interação oral.

Episódio Lionardo:

- Caracterização de Lionardo;

- Argumentação de Lionardo;

- Casamento simbólico entre nautas

e ninfas;

- Significado simbólico da Ilha dos

Amores.

- Leitura expressiva do episódio Lionardo.

- Diálogo com os alunos sobre as impressões

do texto lido.

-Visualização de um PowerPoint com a

análise do episódio.

-Resolução de uma ficha de trabalho.

5

5

20

15

Manual (Para)Textos-

9ºAno (pp.177-179).

Quadro;

Canetas;

Apagador;

Caderno;

Material de escrita;

Computador;

Projetor;

Tela de projeção;

Ficha de trabalho.

- Observação direta dos

alunos:

- Empenho.

- Autonomia.

- Participação

- Cooperação.

- Organização.

- Respeito.

Observações Os cinco minutos que não estão previstos na planificação destinam-se, no início da aula, à entrada dos alunos e escrita do sumário.

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ANEXO 8 – Exercício de Produção Escrita II

Exercício de produção escrita

1. Observa atentamente o cartoon.

In galeriacores.blogspot.com

1.1 Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas

palavras, apresenta a tua opinião relativamente ao cartoon.

Bom trabalho

ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DE PEDRO NUNES

PORTUGUÊS – Ano: ______ Turma: _______

Nome: ____________________________ Nº _____ Data: ______________

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ANEXO 9 – Fotos da exposição

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Anexo 10 – Desdobrável do Dia Mundial do Livro

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ANEXO 11 - Grelha de avaliação das apresentações orais

ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DE PEDRO NUNES

Ano letivo: 2014/2015

Disciplina: Português Ano: ________ Turma: ________________ Data: ______________________

Alunos

Apresentação da obra Oralidade

Nota Final

Enre

do

Au

tor

Per

son

agem

Exce

rto

Apreciação crítica

Articulação de ideias

Domínio do vocabulário

Dicção/ Tom de voz

Postura

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12.

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ANEXO 12 – Teste de avaliação de Português

Grupo I – 50 pontos

Leia o texto seguinte.

18

Porém a Deusa Cípria 1, que ordenada

Era, pera favor dos Lusitanos,

Do Padre Eterno 2, e por bom génio 3 dada,

Que sempre os guia já de longos anos,

A glória por trabalhos alcançada,

Satisfação de bem sofridos danos,

Lhe andava já ordenando, e pretendia

Dar-lhe nos mares tristes, alegria.

20

Algum repouso, enfim, com que pudesse

Refocilar 7 a lassa 8 humanidade

Dos navegantes seus, como interesse

Do trabalho que encurta a breve idade 9.

Parece-lhe razão que conta desse

A seu filho 10, por cuja potestade 11

Os Deuses faz decer ao vil terreno

E os humanos subir ao Céu sereno.

19

Despois de ter um pouco revolvido

Na mente o largo mar que navegaram,

Os trabalhos que pelo Deus 4 nascido

Nas Anfiónias Tebas 5 se causaram,

Já trazia de longe no sentido,

Pera prémio de quanto mal passaram,

Buscar-lhe algum deleite 6, algum descanso,

No Reino de cristal, líquido e manso;

21

Isto bem revolvido, determina

De ter-lhe aparelhada, lá no meio

Das águas, algüa ínsula divina,

Ornada d'esmaltado e verde arreio 12;

Que muitas tem no reino que confina 13

Da primeira 14 co terreno seio,

Afora as que possui soberanas

Pera dentro das portas Herculanas 15.

Luís de Camões, Os Lusíadas

Vocabulário:

1. Vénus (adorada em Chipre); Júpiter; 3. anjo da guarda; 4. Baco; 5. Anfioneas Tebas: Tebas foi

edificada por Anfião, filho de Júpiter; 6. prazer, gosto; 7. restaurar as forças; 8. cansada; 9. trabalho que

torna a vida ainda mais curta; 10. Cupido; 11. poder; 12. enfeite; 13. Vénus tinha muitas ilhas no seu

reino; 14. [mãe] primeira: Éden, paraíso da primeira mãe, Eva; 15. colunas de Hércules.

ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO DE PEDRO NUNES

PORTUGUÊS – 9º Ano

Teste de Avaliação – 3º Período – abril 2015

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Responda, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.

1. Identifique o episódio, o plano narrativo e a parte da estrutura interna a que

pertencem as estâncias acima transcritas.

2. Vénus, instruída por Júpiter, pretende recompensar os navegadores portugueses.

2.1 Explique o motivo da intenção da deusa.

2.2 Refira o prémio que Vénus quer atribuir aos nautas portugueses.

3. Indique a quem recorre Vénus para pedir auxílio nos preparativos e na receção aos

nautas. Fundamente a sua resposta com elementos textuais.

4. Caracterize a ilha que Vénus preparou para os navegadores portugueses.

5. Mencione o recurso expressivo presente na expressão “Dar-lhe nos mares tristes,

alegria.” (est. 18, v.8).

Grupo II – 20 pontos

1. Lê as frases seguintes e reescreve-as na passiva, respeitando, na frase que escreves, o

tempo e o modo verbais.

1.1 Vasco da Gama já tinha pedido o auxílio de Deus.

1.2 Vénus recompensará os nautas portugueses.

2. Indique a função sintática de cada um dos elementos sublinhados nas frases seguintes.

2.1 Os nautas portugueses foram premiados pela deusa Vénus.

2.2 As ninfas marítimas receberam os navegadores numa ilha paradisíaca.

3. Classifique a oração sublinhada.

3.1 Se Vasco da Gama não fosse corajoso, não teria chegado à Índia.

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Grupo III – 30 pontos

Converte-se-me a carne em terra dura;

Em penedos os ossos se fizeram;

Estes membros que vês, e esta figura,

Por estas longas águas se estenderam.

Enfim, minha grandíssima estatura

Neste remoto Cabo converteram

Os Deuses; e, por mais dobradas mágoas,

Me anda Thetis cercando destas águas.»

Assi contava; e, cum medonho choro,

Súbito d'ante os olhos se apartou;

Desfez-se a nuvem negra, e cum sonoro

Bramido muito longe o mar soou.

Eu, levantando as mãos ao santo coro

Dos Anjos, que tão longe nos guiou,

A Deus pedi que removesse os duros

Casos, que Adamastor contou futuros.

Luís de Camões, Os Lusíadas

Escreva um texto expositivo, com o máximo de 120 palavras e o mínimo de 100

palavras, no qual explicite o conteúdo das estâncias apresentadas.

O seu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma

parte conclusiva.

Organize a informação que considere mais pertinente, tratando os tópicos a seguir

apresentados.

Episódio e plano narrativos a que pertencem as estâncias.

Indicação dos sinais naturais que marcam o desaparecimento do Gigante.

Referência à reação de Vasco da Gama

Simbologia do Gigante Adamastor.

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ANEXO 13 – Plano de aula II

PLANO DA 1.ª AULA: 4/2/2015

Conteúdos Sumário Materiais Avaliação

- Morfossintaxe latina;

- Verbos no infinitivo presente ativo;

- Pronomes (relativos, demonstrativos, indefinidos);

- Orações subordinadas adjetivas relativas.

Análise e tradução do texto “Não basta ler muitos

livros”, de Séneca.

Resolução de uma ficha de trabalho sobre o texto a

analisar/traduzir.

- Quadro preto, giz, apagador;

- Ficha de Trabalho 1

- Powerpoint;

- Computador com acesso internet;

- Projetor, tela de projeção.

Avaliação formativa:

observação direta (empenho,

participação, …).

Objetivos Atividades Tempo

Ler o texto de forma funcional para apreender o sentido global;

Analisar a morfossintaxe do texto em latim apresentado;

Identificar as orações subordinadas adjetivas relativas

presentes no texto;

Mobilizar os diferentes conhecimentos morfossintáticos para

traduzir com coerência.

Entrada dos alunos e escrita do sumário. 5’

Breve apresentação da vida e obra de Séneca. 5’

Leitura do texto “Não basta ler muitos livros”, de Séneca. 5’

Exploração da temática, partindo do vocabulário (re)conhecido. 10’

Resolução de uma ficha de trabalho com exercícios de análise para apoio à tradução do texto. 15’

Correção da Ficha de Trabalho 1 20’

Tradução da primeira parte do texto.

- Projeção de PowerPoint com análise e tradução do texto.

25’

Trabalho para casa (TPC): Questionário sobre o texto analisado 5’

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ANEXO 14 – Ficha de trabalho IV

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES

Data: .… /02/2015

Nome: N.º Ano: Turma:

Ficha de Trabalho

Texto para tradução

Não basta ler muitos livros

1

2

3

4

5

6

Distringit librōrum multitūdo: satis est habēre quantum legas; noli modo hunc

librum euoluĕre, modo illum. Probātos ităque semper lege. Cotidĭe liber aliquid

auxilii aduersus paupertātem comparat. Ex bonis libris excerpe quod concoquĕre

possis. Hoc ipse quoque facio; ex pluribus, quae legi, aliquid adprehendo. Apud

Epicurum lego: laeta est paupertas. Illa uero non est paupertas, si laeta est. Pauper

est non qui parum habet, sed qui plus cupit.

Séneca, texto adaptado de Epistulae Morales ad Lucilium.

Vocabulário

distringo, -is, -ĕre, -strinxi, -strictum: afastar. euoluo, -is, -ĕre, -uolui, -uolutum: folhear. modo… modo: agora… depois. probatus, -a, -um (adj.): estimado, agradável; aprovado, excelente. cotidie (adv.): todos os dias, sempre. comparo, -as, -are, -aui, -atum: proporcionar. excerpo, -is, -ĕre, -psi, -ptum: tirar, extrair, recolher. concoquo, -is, -ĕre, -coxi, -coctum: compreender, meditar. adprehendo, -is, -ĕre, -di, -sum: apanhar, reter, compreender. parum (adv.): pouco.

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Análise textual

1. Identifique o caso e a função sintática das seguintes palavras e/ou expressões:

1.1. hunc librum (linhas 1-2): _____________________________________ ;

1.2. bonis libris (linha 3): _______________________________________ ;

1.3. paupertas (linha 5): _______________________________________ ;

1.4. qui (linha 6): ___________________________________________ .

2. Reescreva a expressão hunc librum (linhas 1-2) nos seguintes casos:

2.1. Nominativo do singular: _____________________________ ;

2.2. Acusativo do plural: ________________________________ ;

2.3. Dativo do singular: _________________________________ ;

2.4. Ablativo do plural: _________________________________ .

3. Identifique as seguintes formas verbais:

3.1. Legas (linha 1): ___________________________________ ;

3.2. Noli (linha 1): ____________________________________ ;

3.3. Possis (linha 4): ___________________________________ ;

3.4. Habet (linha 6): ___________________________________ .

4. Repare nas formas do infinitivo presente que constam do texto. Agrupe-as na

coluna A e indique o infinitivo perfeito dos mesmos, na coluna B.

coluna A coluna B

Infinitivo Presente Infinitivo Perfeito

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5. Traduza o texto.

6. Apresente palavras portuguesas etimologicamente relacionadas com os seguintes

vocábulos latinos:

6.1. Cotidie (linha 2): _______________________________________________

6.2. Pluribus (linha 4): ______________________________________________

6.3. Paupertas (linha 5): _____________________________________________

7. Escreva em latim:

Nada iguala a sabedoria na vida dos homens. Séneca lia as obras dos grandes

escritores, porque queria ser um homem sábio.

Vocabulário aequo, -as, -āre, -aui, -atum: igualar. opus, -ĕris (n): obra literária.

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

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ANEXO 15 – PowerPoint

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ANEXO 16 – Ficha informativa II

Ficha Informativa

A Literatura Latina reflete a notável influência da cultura grega. Os seus poetas,

dramaturgos, oradores e filósofos constituem, junto com os gregos, o grande binómio

conhecido como a “cultura greco-latina”, que serviu de modelo para a Literatura

Ocidental. Damos-lhe, assim, a conhecer a vida e obra de alguns autores latinos, assim

como algumas sugestões de leitura e sites.

Cícero (106-43 a.C)

Marcus Tullius Cicero, nasceu em Arpino, no Lácio, em 106 a.C. Dedicou-se à eloquência e à filosofia, destacando-se como político, filósofo e grande orador. Na sua obra, distinguem-se cartas publicadas depois da sua morte e agrupadas segundo os destinatários; discursos judiciários (Pro Archia); obras filosóficas (De Amicitia, De Republica, De Senectute) e tratados sobre a oratória (De Oratore). Sugestão de leitura: Cícero (1999). Em defesa do poeta Árquias. Lisboa: Inquérito.

Séneca (4 a.C-65 d.C)

L. Annaeus Seneca, político e filósofo, desde cedo descobriu a filosofia estoica. Em 49, torna-se precetor de Nero. Porém em 65 a. C. suspeitando do seu envolvimento na conspiração de Pisão, o imperador impõe-lhe o suicídio. Da sua vasta obra destacam-se Questiones Naturales, Epistulae Morales ad Lucilium, De Brevitate Vitae, assim como as tragédias Medea, Phaedra, Agamemnon, entre outras. Sugestão de leitura: Séneca, L. A (2003). Fedra. Lisboa: Edições 70.

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Petrónio (?-65 d.C)

Caius Petronius evidenciou-se como magistrado e adepto do epicurismo. Escreveu Satyricon, romance em prosa e verso, que narra as aventuras de um jovem culto e de hábitos livres. Petrónio, pela sua elegância e requinte, recebeu o epíteto de Arbiter Elegantiarum. Sugestão de leitura: Petrónio (2005). Satyricon. Lisboa: Cotovia.

Plauto (254 -184 a.C)

Titus Maccius Plautus nasceu na Úmbria, mas cedo foi para Roma. Dedicou-se ao teatro e imitou a Comédia Nova grega que satirizava tipos (por exemplo, o comilão e o fanfarrão). Das cento e trinta peças que lhe são atribuídas, chegaram até nós apenas vinte e uma, entre as quais se contam Amphitruo, Aulularia e Miles Gloriosus. Sublinhe-se que o cómico de caráter, de situação e de linguagem caracterizam a comédia de Plauto. Sugestão de leitura: Plauto (2003). A comédia dos burros. Lisboa: Edições 70.

Marcial (40-104 d.C)

Marcus Valerius Martialis nasceu na Espanha Terraconense e concluiu os seus estudos em Roma. Na corte do imperador Domiciano conviveu com os escritores do seu tempo, como Séneca, Plínio, O Moço e Juvenal. É o autor dos catorze livros de Epigrammata, crónicas da vida quotidiana de Roma, do palácio imperial às ruas da cidade. Sugestão de leitura: Marcial (2000). Epigramas – volume I. Lisboa: Edições 70.

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Horácio (65 - 8 a.C)

Quintus Horatius Flaccus nasceu em Venúsia e foi um poeta lírico, satírico e filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas de Roma Antiga. A sua obra exerceu uma proeminente influência sobre os autores renascentistas e classicistas em geral. Escreveu obras como Epodes, Ars Poetica e Sermonum liber primum. Sugestão de leitura: Horácio (2008). Odes. Lisboa: Cotovia.

Vergílio (70 -19 a.C)

Publius Vergilius Maro nasceu em Andes, atual Pietole, perto de Mântua. Evidenciou-se como um poeta romano clássico, autor de três grandes obras da Literatura Latina, as Éclogas (ou Bucólicas), as Geórgicas e a Eneida. Em suas obras, Virgílio deu grande destaque às tradições da cultura latina, valorizando a expansão de Roma. Procurou a perfeição estilística e retratou, nos poemas, os seus sofrimentos, angústias e ilusões. O seu estilo foi imitado por todos os grandes poetas épicos dos séculos XVI e XVII, como Camões, Tasso e Milton. Sugestão de leitura: Vergílio (2011). Eneida. Lisboa: Bertrand.

Sugestões de sites onde pode encontrar as obras de autores latinos (em Latim):

Perseus Digital Library : http://www.perseus.tufts.edu/

Classica Digitalia : http://www.classicadigitalia.uc.pt

The Latin Library : http://www.thelatinlibrary.com/

Prof. Cláudia Lopes (Fevereiro 2015)

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ANEXO 17 – Cartaz de divulgação da Palestra

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ANEXO 18 – Contributo no Boletim Confluências

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ANEXO 19 – Ficha de avaliação do trabalho realizado

1. A professora forneceu sugestões de leitura, ao longo do ano letivo?

Sim Não

2. A professora apresentou livros adequados à faixa etária dos alunos?

Sim Não Por vezes

4. A professora permitiu que os alunos manifestassem a sua opinião acerca dos textos

lidos nas aulas?

Sim Não Por vezes

5. A professora realizou atividades extracurriculares para promover a leitura?

Sim Não

6. Se respondeu sim, qual a atividade que mais apreciou?

______________________________________________

7. A professora conseguiu estimular o gosto pela leitura?

Sim Não Por vezes

8. As aulas da professora terão influência sobre os seus hábitos de leitura?

Sim Não Talvez

9. As aulas/iniciativas da professora levaram-no/a a uma reflexão sobre a importância da

leitura?

Sim Não

10. Numa escala de 1 a 5, como avalia o desempenho da professora, enquanto mediadora

de leitura?

1 2 3 4 5

3. A professora proporcionou a prática de momentos de leitura (por exemplo, leitura em

voz alta e leitura silenciosa)?

Sim Não Por vezes

Page 102: Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos ...³rio de PES .pdf · de Pedro Nunes, aos alunos do 11º L da Escola Secundária de Camões e a toda a comunidade escolar

95

ANEXO 20 – Tratamento de resultados: 9º A

Itens Sim Não Por vezes/ Talvez

1. A professora forneceu sugestões de leitura, ao longo do ano letivo?

28 0 -------

2. A professora apresentou livros adequados à faixa etária dos alunos?

22 0 6

3. A professora proporcionou a prática de momentos de leitura (por exemplo, leitura em voz alta e leitura silenciosa)?

28 0 0

4. A professora permitiu que os alunos manifestassem a sua opinião acerca dos textos lidos nas aulas?

24 0 4

5. A professora realizou atividades extracurriculares para promover a leitura?

28 0 -----

6. Se respondeu sim, qual a

atividade que mais apreciou?

Visita à Biblioteca Nacional Hora do Conto

18 10

Nota: As outras atividades mencionadas no relatório não foram selecionadas pelos alunos.

Itens Sim Não Por vezes/ Talvez

7. A professora conseguiu estimular o gosto pela leitura?

20 0 8

8. As aulas da professora terão influência sobre os seus hábitos de leitura?

23 0 5

9. As aulas/iniciativas da professora levaram-no/a a uma reflexão sobre a importância da leitura?

26 2 -----

10. Numa escala de 1 a 5, como avalia o desempenho da professora, enquanto mediadora de leitura?

1 – 0 alunos 2 – 0 alunos 3 – 2 alunos 4 – 20 alunos 5- 6 alunos

Page 103: Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos ...³rio de PES .pdf · de Pedro Nunes, aos alunos do 11º L da Escola Secundária de Camões e a toda a comunidade escolar

96

ANEXO 21 – Tratamento de resultados : 11º L

Itens Sim Não Por vezes/ Talvez

1. A professora forneceu sugestões de leitura, ao longo do ano letivo?

9 0 -------

2. A professora apresentou livros adequados à faixa etária dos alunos?

9 0 0

3. A professora proporcionou a prática de momentos de leitura (por exemplo, leitura em voz alta e leitura silenciosa)?

8 0 1

4. A professora permitiu que os alunos manifestassem a sua opinião acerca dos textos lidos nas aulas?

9 0 0

5. A professora realizou atividades extracurriculares para promover a leitura?

9 0 -----

6. Se respondeu sim, qual a

atividade que mais apreciou?

Palestra Visita de estudo (Biblioteca da FLUL)

2 7

Nota: As outras atividades mencionadas no relatório não foram selecionadas pelos alunos.

Itens Sim Não Por vezes/ Talvez

7. A professora conseguiu estimular o gosto pela leitura?

6 0 3

8. As aulas da professora terão influência sobre os seus hábitos de leitura?

6 0 3

9. As aulas/iniciativas da professora levaram-no/a a uma reflexão sobre a importância da leitura?

9 0 -----

10. Numa escala de 1 a 5, como avalia o desempenho da professora, enquanto mediadora de leitura?

1 – 0 alunos 2 – 0 alunos 3 – 0 alunos 4 – 6 alunos 5- 2 alunos