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RELATÓRIO DE PESQUISA Relatório de Pesquisa apresentado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) Pontifícia Universidade Católica PUC-Rio Departamento de Educação BOLSISTAS: Lilia dos Santos de Lima Marcelly Matos Galvão Freitas Dias Ramon Bahiense de Melo Thaís Serrato Cortez Diniz Rocha Lima Vivian Alves Marques da Silva ORIENTADORA: Profa Dra Patrícia Coelho da Costa Rio de Janeiro 2015

RELATÓRIO DE PESQUISA...Paulo. Entre as obras publicadas é possível citar Psicologia Experimental de Henri Piéron (1927) e a Escola e a Psicologia Experimental de Ed. Claparede

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  • RELATÓRIO DE PESQUISA

    Relatório de Pesquisa apresentado ao Programa Institucional

    de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC)

    Pontifícia Universidade Católica

    PUC-Rio

    Departamento de Educação

    BOLSISTAS: Lilia dos Santos de Lima

    Marcelly Matos Galvão Freitas Dias

    Ramon Bahiense de Melo

    Thaís Serrato Cortez Diniz Rocha Lima

    Vivian Alves Marques da Silva

    ORIENTADORA: Profa Dra Patrícia Coelho da Costa

    Rio de Janeiro

    2015

  • Departamento de Educação

    2

    Projeto de Pesquisa

    a) Título: A Universidade do ar: um programa radiofônico dedicado aos nossos

    mestres (1940-1945)

    Área do conhecimento: Educação

    b) Área de concentração do programa de pós-graduação do departamento:

    Educação brasileira

    c) Linha de pesquisa: História das idéias e instituições educacionais

    d) Resumo: O tema da pesquisa é a Universidade do ar, programa educacional

    radiofônico direcionado aos nossos mestres, irradiado entre 1941 e 1944 pela

    Rádio Nacional. Organizada pela Divisão do Ensino Secundário do Ministério

    da Educação, esta programação contou com a participação Francisco Venâncio

    Filho, Lourenço Filho, Jonathas Serrano, Carlos Delgado de Carvalho entre

    outros intelectuais que acreditavam na capacidade do rádio de disseminar o

    conhecimento metodológico das disciplinas, desenvolvido na Faculdade de

    Filosofia, situada a cidade do Rio de Janeiro, para os professores que

    trabalhavam nas regiões mais distantes do país. A elaboração de tal pesquisa

    exige a localização, classificação e interpretação de fontes escritas e orais tais

    como ofícios, livros, periódicos, cartas de ouvintes, scripts e gravações de

    programas, disponíveis no Museu da Imagem e do Som, na Casa de Rui

    Barbosa, na Academia Brasileira de Letras, na Associação Brasileira de

    Educação, na Biblioteca Nacional, na Sociedade Amigos da Rádio MEC, na

    Biblioteca Regional da Glória, no Arquivo Nacional e no Centro de Memória da

    Rádio Nacional. O objetivo deste trabalho é analisar através das fontes citadas a

    concepção, a realização e a recepção, assim como os conteúdos da Universidade

    do ar, Desta forma, pretendo colaborar com novas visões sobre o ensino pelo do

    rádio, a história da formação de professores e das disciplinas escolares.

  • Departamento de Educação

    3

    I) Introdução

    O objetivo desta etapa da pesquisa foi analisar os scripts elaborados por Jonathas

    Serrano e Manoel Lourenço Filho para a Universidade do ar, programa radiofônico

    dedicado à formação de professores secundários, irradiado entre os anos de 1941 e

    1944. Especificamente, pretendeu-se identificar como estes radieducadores definiam

    seus professores ouvintes ao escreverem seus textos para leitura ao microfone.

    Nos 1930, o ensino secundário no Brasil passou por um processo de

    regulamentação. A partir do Decreto n. 19.890, 18/04/1931 de Francisco Campos, as

    Faculdades de Filosofia Ciências e Letras passaram a ser as únicas responsáveis pela

    formação de mestres para este segmento de ensino. Nesta década, estas faculdades se

    situavam no Rio de janeiro, a Universidade do Distrito Federal (UDF), entre 1935 e

    1939, e Universidade do Brasil (UB), a partir de 1937. Em São Paulo, a Universidade de

    São Paulo (USP) criada em 1934.

    Ao longo de quatro anos, Universidade do ar irradiou aulas de vinte disciplinas

    eram elas: Língua e Literatura Espanhola e Hispano-Americana, Geografia Geral, Org.

    do Ensino Secundário, Lingua e Literatura Francesa, Física, Estatística Educacional,

    Sociologia, História Geral, Ciências Físicas e Naturais e Química, Introdução à

    Filosofia, Fundamentos Biológicos da Educação, Língua e Literatura Latina, Biologia,

    História do Brasil (proferida por Jonathas Serrano), Língua e Literatura Inglesa,

    Matemática, Psicologia Educacional (proferida por Lourenço Filho), Língua e

    Literatura Luso-Brasileira, Geografia do Brasil e Filosofia da Educação. As aulas eram

    semanais, distribuídas de segunda a sábado e duravam quinze minutos.

    Os cursos tinham a duração de um ano, eram gratuitos e qualquer professor

    poderia inscrever-se por meio de cartas. Ao longo do período letivo, os rádioalunos

    recebiam resumos para o acompanhamento das aulas. Ao longo do período letivo os

    professores ouvintes interagiam com os mestres responsáveis pelos cursos por meio de

    missivas. Ao final, os alunos da Universidade do ar deveriam elaborar um trabalho com

    a finalidade de verificar o aproveitamento, sendo este um pré-requisito para obtenção do

    certificado de conclusão.

  • Departamento de Educação

    4

    Entre os professores da Universidade do ar estavam Manoel Lourenço Filho,

    Carlos Delgado de Carvalho, Jonhatas Serrano, Cândido de Melo Leitão e Francisco

    Venâncio Filho que tinham em comum a participação nas primeiras experiências

    radiofônicas em nosso país e os investimentos no desenvolvimento de métodos

    pedagógicos para o Ensino Secundário. Estes intelectuais acreditavam no potencial da

    radiofonia para a divulgação de conhecimentos sobre metodologias, conteúdo e

    avaliação desenvolvidos nas Faculdades de Filosofia Ciências e Letras localizadas no

    Rio de Janeiro e em São Paulo para os professores que residiam nos lugares mais

    distantes e isolados do nosso país. Como já foi citado, o foco desta etapa recaiu sobre os

    trabalhos de Jonathas Serrano e Lourenço Filho.

    Disciplina PROFESSORES DA UNIVERSIDADE DO AR

    1941 1942 1943 1944 Biologia Cândido Melo Leitão Cândido Melo Leitão Cândido Melo Leitão Cândido Melo Leitão

    Ciências

    Físicas

    Naturais e

    Químicas

    Francisco Venâncio

    Filho

    Francisco Venâncio

    Filho

    João Pecegueiro do

    Amaral

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Estatística

    Educacional

    Fernando Silveira Fernando Silveira Fernando Silveira XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Física XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    F. Venâncio Filho XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Geografia

    Geral e do

    Brasil

    Carlos Delgado de

    Carvalho

    Carlos Delgado de

    Carvalho

    José Veríssmo da

    Costa

    José Veríssimo da

    Costa

    História do

    Brasil

    Jonathas Serrano Jonathas Serrano Jonathas Serrano Américo Jacobina

    Lacombe

    História Geral J.B. Melo e Sousa J.B. Melo e Sousa J. B. Melo e Sousa J.B. Melo e Sousa

    Sociologia XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Alceu de Amoroso

    Lima

    Alceu de Amoroso

    Lima

    Didática XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Helder Câmara

    História

    Natural

    Cândido Melo Leitão Cândido Melo Leitão XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Matemática J.C.Melo e Souza J.C.Melo e Souza XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Língua e Lit.

    Espanhola

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Antenor Nascentes XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Organização

    do Ensino

    Secundário

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Lúcia Magalhães e

    assistentes

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Língua e Lit.

    Francesa

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Maria Junqueira

    Schmidt

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Introdução à

    Filosofia

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    José Barreto Filho XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Fundamentos

    Biológicos da

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Alair Antunes XXXXXXXXXXXX

    XXX

  • Departamento de Educação

    5

    Educação

    Língua e Lit.

    Latina

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Fernando Barata XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Língua e Lit.

    Inglesa

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Abgar Renault XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Psicologia

    Educacional

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Lourenço Filho XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Língua e

    Literatura

    Luso

    Brasileira

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    XXXXXXXXXXXX

    XXX

    Clóvis Monteiro XXXXXXXXXXXX

    Filosofia da

    Educação

    XXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXX Teobaldo Miranda

    Santos

    XXXXXXXXXXXX

    Fonte: Arquivo Jonathas Serrano/Arquivo Nacional

    Jonathas Serrano (1855 - 1944) foi aluno e professor de História do Colégio Pedro

    II e da Escola Normal do Rio de Janeiro. Advogado por formação, dedicou-se aos

    estudos sobre História e metodologia de ensino desta disciplina. Crítico dos métodos de

    ensino do seu tempo escreveu livros didáticos, como Epítome de História Universal

    (1913), História do Brasil (1931), História da Civilização (1935), além de obras

    dedicadas aos professores, como Metodologia da história na aula primária (1917), A

    escola nova (1932) e Como se ensina História (1935)

    As aulas de História do Brasil da Universidade do ar eram divididas em uma parte

    teórica e outra metodológica. As aulas de teoria tinham seu conteúdo baseado nas

    pesquisas e discussões desenvolvidas no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

    (IHGB), do qual Jonathas Serrano era sócio. Já as aulas de metodologia eram elaboradas

    a partir das obras que Serrano publicou dedicada aos mestres de História do Ensino

    Secundário, sendo Como se Ensina História (1935) o maior referencial para suas aulas

    radiofônicas

    Como se ensina História (1935) foi analisado com dedicação, pela natureza do

    seu conteúdo, endereçado aos professores do ensino secundário, com propostas

    metodológicas desenvolvidas a partir da experiência do autor de mais de trinta anos de

    sala de aula. O livro é dividido em onze pequenos capítulos e trata a História desde sua

    concepção como Ciência, os perigos e as seguridades que seu entendimento poderia

    proporcionar, e como deveria ser ensinada. Serrano era contrário às metodologias de

    ensino de História de seu tempo, como, por exemplo, o método de se decorar todas as

    datas e nomes históricos, o que ao seu olhar não levava a disciplina contribuir para o

    desenvolvimento do aluno como ser autônomo e consciente.

  • Departamento de Educação

    6

    Manoel Bergstrom Lourenço Filho (1897-1970) era graduado em Ciências

    Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo. Ainda nos anos 1920,

    desenvolveu estudos sobre Psicologia, e foi nomeado Professor de Pedagogia e

    Psicologia da Escola Normal de Piracicaba, em São Paulo. Em 1922, foi indicado

    Diretor da Instrução Pública do Ceará, quando realizou uma reforma educacional

    baseada nos princípios da Escola Nova. Em 1930, foi indicado Diretor-Geral da

    Instrução Pública de São Paulo, quando criou o primeiro serviço de Psicologia Aplicada

    do país, de caráter oficial. Em 1932, a convite de Anísio Teixeira, dirigiu o Instituto de

    Educação do Rio de Janeiro. Foi professor de Psicologia Educacional da Universidade

    do Distrito Federal (UDF) e da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi).

    Ao longo de sua trajetória, Lourenço Filho trabalhou na divulgação de conteúdos

    pedagógicos aos professores seja por via impressa ou radiofônica. A partir de 1927,

    organizou a coleção Biblioteca da Educação da Companhia Melhoramentos de São

    Paulo. Entre as obras publicadas é possível citar Psicologia Experimental de Henri

    Piéron (1927) e a Escola e a Psicologia Experimental de Ed. Claparede (1928). Como se

    ensina História também foi publicado por esta coleção. No prefácio assinado por

    Lourenço Filho anunciava os principais destinatários da obra:

    Podendo ter composto obra de alta erudição, especialista que é na matéria, e cultor

    apaixonado tanto nas letras históricas como das questões de educação em geral, de que

    não desconhece qualquer dos aspectos, o Professor Jonhatas Serrano conteve-se em

    escrever uma obra simples, ao alcance de todos os nossos mestres, para servir às escolas

    brasileiras, na realidade de suas condições presentes (LOURENÇO FILHO, 1935, p.10).

    No prefácio de Radio e Educação (1934) Lourenço Filho destacou a importância

    do radio para a educação nacional: Se é certo que não se organiza um povo sem intenso

    trabalho de educação, será certo também que o Brasil não se organizará rapidamente

    se lançar mão dos instrumentos modernos de cultura popular, entre os quaes radiofonia

    talvez ocupe hoje um dos primeiros lugares (LOURENÇO FILHO, 1934, p.10) .

    Lourenço Filho participou da organização da radiofonia educativa em nosso país.

    Na década de 1930, foi membro da Comissão Radio Educativa da Confederação da

    Confederação Brasileira de Radiodifusão. O objetivo desta comissão era:

  • Departamento de Educação

    7

    promover o emprego da radiodifusão como meio de educação direta, pelo meio

    de informações técnicas e profissionais, pelo auxílio ao ensino público, pela

    melhoria da saúde e higiene, pelo apuro do gosto artístico, pelo desenvolvimento

    do espírito de paz e concórdia entre os povos, pela propagação de notícias de

    interesse em geral. (ESPINHEIRA, 1934, p.104).

    Este professor também participou da programação radiofônica Quartos de Hora

    da Comissão Radio Educativa da CBR, ministrando aulas de Psicologia aos nossos

    mestres diariamente. É interessante destacar que outros professores da Universidade do

    ar também atuaram nesta programação como Jonathas Serrano, Maria Junqueira Smith

    e Antenor Nascentes.

    II) Metodologia e fontes

    Como bolsistas do PIBIC, nosso trabalho abarcou a coleta e a seleção de fontes

    em locais como: no Arquivo Nacional, na Biblioteca Nacional, no CPDOC (Centro de

    Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil - Fundação Getúlio

    Vargas) e na biblioteca da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, assim

    como leituras de outros textos para discussões efetuadas quinzenalmente pelo grupo ao

    longo do ano.

    Neste período de pesquisa foram feitas o mapeamento das fontes localizadas do

    acervo pessoal de Jonathas Serrano no Arquivo Nacional, assim como o de Lourenço

    Filho no CPDOC.

    O material encontrado na biblioteca da PUC foi a obra “Cinema e educação” de

    Jonathas Serrano. Outros títulos utilizados como apoio sobre Jonathas Serrano, para a

    pesquisa, foram encontrados na Biblioteca Nacional, são eles: “Contra a corrente”

    (localização I,313,4,16) páginas de 9 a 12, 64 a 68, 132 a 136; “Homens e ideas”

    (localização 342,6,21) páginas de 132 a 138; e “Discursos separata do caderno 19”:

    (localização I, 207,1,21) páginas 24 a 35, 37 a 57.

  • Departamento de Educação

    8

    SCRIPTS – Jonathas Serrano

    1. Aviso preliminar de J.S. em agradecimento a referencias sobre as

    palestras a professora em SP. s/ data;

    2. Aviso prévio de J.S sobre a carta do professor Romão dos Santos de

    Franca em SP e sobre a inscrição de Mario Tavares de Oliveira

    Cavalcanti em 10/06/1943;

    3. 12º aula do ano de 1941 em 13/10/1941;

    4. 13º aula do ano de 1941 em 28/10/1941;

    5. 14º aula do ano de 1947 em 12/11/1941;

    6. 17º aula do ano de 1941 em 30/12/1941;

    7. 1º aula do ano de 1943 realizada em 29/04/43;

    8. 4º aula do ano de 1943 em 20/05/1943;

    9. 16º aula do ano de 1943 em 09/08/1943;

    10. 36º aula de História do Brasil de 30/12/43;

    11. 8º aula em 12/08 s-ano;

    12. 11º aula em 27/09 s-ano;

    13. Relação dos professores aprovados na disciplina História do Brasil;

    14. Relação dos professores aprovados na disciplina História do Brasil

    17/04/44;

    15. Explicação sobre materiais referentes à História Geral para series do

    curso ginasial.

    Em referência a Lourenço Filho, encontramos no arquivo do CPDOC, rolos

    fotográficos dos manuscritos utilizados em suas aulas radiofônicas, são eles:

  • Departamento de Educação

    9

    Código Rolo/ Nº de Fotografia/ Titulo

    LF t UA Rolo7 FOT. 548 à 705

    LF p/Lourenço Filho 1955.04.27 Rolo2 FOT. 803 à 814

    GC b Sousa F. Rolo6 FOT. 243 (2)

    GC g 1937.12.27/2 Rolo49 FOT. 200 à 261

    GC b Amado, G. Rolo 1 FOT. 683 (3) à 683 (4)

    GC g 1936.12.00 Rolo 45 FOT. 1 a 257

    SCRIPTS – Lourenço Filho

    Produção Intelectual (parte) de LF/ LF.MB pi 39.06.25 a LF/LF.MB pi

    58.07.15, reunindo mais de duzentos e sessenta slides.

    1. CPDOC LF t UA - (slide 548 à 705 - rolo LF02);

    2. CPDOC LF p/Lourenço Filho 1955.04.27 - (slide 803 à 814 - rolo LF07).

    CPDOC LF t UA - (slide 548 à 705 - rolo LF02) – Trata da melhor escola da América

    e faz uma discussão a partir das suas experiências com colegas professores e congressos

    assistidos como a radio educadora pode promover um satisfatório aprendizado mesmo

    que diferente da educação escolar tradicional.

    Conferiu-se que as escolas são diferentes em tamanho e abordagem de ensino. "[...] as

    escolas americanas são dos mais variados tipos, tamanhos, feitios e resultados."

    Segundo Lourenço Filho, a mais interessante foi uma escola que não cobrava

    freqüência, matrícula e sem aparatos como os que são valorizados materialmente: livros,

    quadro negro, provas e corpo docente fixo. Mesmo com essas características a escola,

  • Departamento de Educação

    10

    que por vezes é próxima a realidade nacional brasileira, segue as aulas (ele trata de

    como as aulas oferecidas pela NBC - National Broadcasting Company, em NY,

    funcionam).

    Lourenço Filho comenta a estrutura do ambiente da Rádio que alcançava cerca de 50

    milhões de pessoas pela irradiação das ondas. Seleção de artistas, conferencistas e

    orgãos de publicidade (radio teatro).

    Relata minuciosamente como as técnicas da apresentação em rádio são rigorosas na

    estética: "Fale mais claro!"; "Afaste-se do microfone!" e "Ria mais devagar". Refere-se

    também a grande dificuldade de encontrar artistas fonogenicos na América dos anos

    1930.

    Reforça a importância da radio educação no Brasil pelo fato do país ser extenso e com

    diferentes culturas. Segundo Lourenço Filho, "Em um país de tão largas distancias,

    como o Brasil, esquecer a utilização do rádio na alma da educação popular

    representaria um delito contra a civilização."

    CPDOC LF p/Lourenço Filho 1955.04.27 - (slide 803 à 814 - rolo LF07) – Trata os

    dados da Secção de Programas e Atividades Extra-Classe pedidos pelo Sm. Diretor do

    IPE. - exemplares vendidos. (Documento de Rio de Janeiro - 16/10/1935)

    Retrata os panoramas dedicados aos programas elaborados às escolas públicas em 1932,

    seu respectivo regulamento oficial de serviço e objetivos aos propósitos de utilização do

    mesmo. Elaboração de programas com muito esforço devido a condições desfavoráveis:

    estruturais e de pessoal.

    Neste último, era necessário ajustar-se a um "auto-preparo" para realizar

    satisfatoriamente o programa exigido que incluía disponibilidade de tempo. Além disso,

    o investimento pessoal na carreira, como: compra de livros, tempo para elaborar

    programas escolares, etc. sem dispor de verba especial. Todo o material utilizado para a

    elaboração do programa (canetas, penas, lápis) era de iniciativa particular (dos

    professores).

    Consta uma breve apresentação da metodologia da disciplina Psicologia Educacional,

    da qual Lourenço Filho elaborara e narrara no programa Universidade do Ar, um

  • Departamento de Educação

    11

    exemplo de prova de raciocínio mental para professores secundaristas e scripts das aulas

    irradiadas.

    Após este mapeamento inicial das fontes e discussões no grupo de estudos surgiram as

    seguintes questões:

    Qual a concepção de ouvinte-modelo definida por Jonathas Serrano e Lourenço Filho

    em suas aulas na Universidade do Ar? Qual foi o diálogo estabelecido entre Jonathas

    Serrano e Lourenço Filho com os professores ouvintes? Como, segundo Eco (1988),

    pode se estabelecer as referencias de conhecimento do speaker com o do ouvinte?

    Desta forma, foram selecionados alguns conceitos que nortearam o diálogo com as

    fontes.

    As análises de um programa de rádio pressupõem duas perspectivas: a escrita e a oral.

    Nesta etapa o grupo realizou estudos a partir da perspectiva escrita, em especial os

    scripts das aulas de Jonathas Serrano e Lourenço Filho com os professores ouvintes.

    O script só se materializa na voz do speaker. Como nos lembra Vinao Frago (2001), o

    escrito não é o espelho da oralidade. Como sujeito da enunciação, o responsável pela

    irradiação utiliza a entonação expressiva, lançando mão de recursos como, por exemplo,

    as interjeições e a pronúncia, que variam de acordo com o contexto. Para tentar diminuir

    a interferência que compõe a enunciação, o autor, como speaker, conta com outras

    estratégias tais como marcas, palavras sublinhadas, orientações e recados nas folhas das

    aulas. Apenas por meio do contato com o texto utilizado pelo speaker, a saber, o script,

    é possível analisar esta dimensão do formato das programações, uma vez que ele guarda

    as marcas do autor, em seu esforço de orientar a fala.

    Para análise das fontes escritas acima descritas, em especial os scripts, estudamos

    o conceito de leitor-modelo elaborado por Eco (1988). Em seus estudos, o autor afirma

    a produção de um texto envolve a análise do destino interpretativo. Os fatores

    considerados na elaboração do escrito são muitos: a escolha da língua, o patrimônio

    estilístico, sinais de gênero que são fundamentais para tentar compreender o perfil do

    destinatário. Ao estudarmos os scripts nos apropriamos do conceito, pensamos que

    poderíamos identificar nos scripts dos professores da Universidade do ar a ideia de um

    ouvinte-modelo. Desta forma, tentamos perceber como autores dos scripts idealizavam o

    mestre que ouviria a irradiação, dentro do contexto de formação para o ensino superior

  • Departamento de Educação

    12

    daquele período. Observamos os pronomes de tratamento e os recursos estilísticos do

    textos para percebermos qual o destinatário idealizado por Lourenço Filho e Jonathas

    Serrano.

    III) Conclusões

    A análise permitiu conferir as discussões e os processos políticos/pedagógicos da

    educação na década de 1940.

    Segundo Eco (1988), o autor de um texto projeta um modelo de leitor com base em

    suas referências de conhecimento, mesmo que esse leitor, o destinatário, não seja

    conhecido pelo autor.

    Em seus scripts, Jonathas Serrano discursa citando alguns aspectos de sua

    experiência de mais de vinte anos em sala de aula. Ele acreditava que estes relatos

    auxiliariam os professores na devida compreensão da concepção de História,

    fundamental ao ensino da disciplina. Criticava valorização pura e simples da cronologia

    e alertava sobre a necessidade da atualização do professor. Sua metodologia claramente

    mescla elementos da Escola Nova à sua prática pedagógica como, por exemplo, a

    postura do mestre perante seus alunos e a responsabilidade do mesmo fazê-los

    interessados.

    Já Lourenço Filho cita casos hipotéticos e suas possíveis resoluções sob o prisma da

    Psicologia Educacional. Nos seus scripts é possível perceber, que este mestre da

    Universidade do ar acreditava que os professores do nosso Ensino Secundário tinham

    pouco conhecimento sobre Psicologia, o que levava a incompreensão de problemas de

    aprendizagem e de disciplina.

    Os scripts convertidos pela oralidade do speaker eram a forma de comunicação entre

    os professores da Universidade do Ar e ouvintes. Hoje se constituem como fonte para a

    pesquisa sobre a história da formação de professores no Brasil. Os textos mostram que

    Jonhatas Serrano e Lourenço Filho pressupunham que os professores ouvintes tinham

    pouco conhecimento sobre metodologia de ensino. Para estes mestres, isso era

    prejudicial a ampliação do nosso Ensino Secundário. Neste sentido, eles empreendiam

    esforços para divulgar uma metodologia específica para cada disciplina. Nos programas

    era anunciada a importância da associação do conhecimento teórico ao metodológico.

  • Departamento de Educação

    13

    Neste aspecto, é interessante pensar que Serrano e Lourenço Fillho utilizavam o

    conhecimento experiencial dos mestres como estratégia de aproximação dos ouvintes.

    As experiências dos professores ouvintes são sempre citadas nos scripts, mas são

    seguidas de sugestões com base de conhecimentos metodológicos da disciplina.

    IV) Outros:

    Produção do documentário Educadores nas ondas do radio (1920-1950)

    submetido ao comitê de avaliação da Mostra Curta ANPEd 2015: Mostra de

    filmes educativos.

    Referências Bibliográficas

    DO VALLE, L.; BOHADANA, E. Interação e interatividade: por uma reantropolização

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