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Relatório Inicial Pró-Mestre Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva Universidade Estadual de Londrina

Relatório Inicial Pró-Mestre · Marcelino Champagnat Maria José Balzanelo Aguilera Newton Guimarães Nossa Senhora de Lourdes ... Roseli Piotto Roehrig Ubedulha Correia Oliveira

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Relatório Inicial

Pró-Mestre

Programa de Pós-graduação em

Saúde Coletiva

Universidade Estadual de Londrina

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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EQUIPE

Docentes

Alberto Durán González

Arthur Eumann Mesas

Edmarlon Girotto

Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes

Mara Solange Dellaroza

Marcos Aparecido Sarriá Cabrera

Selma Maffei de Andrade

Pós-graduandos

Alessandra Domingos Silva

Ana Luisa Dias

Denise Andrade Pereira Meier

Douglas Fernando Dias

Flávia Lopes Sant'Anna

Francine Nesello

Marcela Maria Birolim

Michelle Damasceno Moreira

Natalia Paludeto Guerreiro

Renne Rodrigues

Alunos de Graduação

Alana Fernandes Nascimento

Beatriz Queiroz Ribeiro

Camila de Souza Oliveira

Elizangela Santana dos Santos

Elton Luis Azuma

Fabio Montagna Sekiyama

Gustavo Kendy Camargo Koga

Izabela Nayara Ricardo

Jéssica Goncalves Ferraz

Leticya Hellen Cardoso Dias

Marlow Xavier Rodrigues

Mayara Cristina da Silva Santos

Pamella Rossi Minanti

Renan Diego Americo Ribeiro

Thales Felipe Castro Rolin

Uly Nayara Carvalho Ceolis

Yuri Kenji Cavalcanti Yoshizawa

Colaboradores externos

Ana Carolina Bertin de Almeida Lopes

Bruna Maria Bragante

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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Cézar Eumann Mesas

Marina Meda Dearo

ESCOLAS PARTICIPANTES

Adélia Dioníso Barbosa

Albino Feijó Sanches

Antônio de Moraes Barros

Carlos de Almeida

Centro Estadual Educacional Prof. Maria do Rosário Castaldi

Hugo Simas

Instituto Educacional Estadual de Londrina (IEEL)

José Aloísio Aragão (Aplicação)

José Carlos Pinotti

José de Anchieta

Lucia Barros Lisboa

Marcelino Champagnat

Maria José Balzanelo Aguilera

Newton Guimarães

Nossa Senhora de Lourdes

Olympia Morais Tormenta

Polivalente

Roseli Piotto Roehrig

Ubedulha Correia Oliveira

Vicente Rijo

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

3

APRESENTAÇÃO

O projeto de pesquisa “Saúde, estilo de vida e trabalho de professores da rede pública

do Paraná – PRÓ-MESTRE” vem sendo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação

em Saúde Coletiva do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual de

Londrina (UEL), e conta com a participação de docentes de diversas áreas da saúde

(Medicina, Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva), pesquisadores e estudantes de pós-

graduação e de graduação em Medicina e Enfermagem da UEL. O PRÓ-MESTRE foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da

Universidade Estadual de Londrina e conta com o apoio do Núcleo Regional de

Educação de Londrina para a sua realização.

O objetivo geral do projeto é analisar as relações do estado de saúde e do estilo de vida

com aspectos subjetivos do processo de trabalho em professores da educação básica da

rede estadual de Londrina.

A população de estudo incluiu 1079 professores atuantes nas 20 maiores escolas

públicas estaduais de Londrina, e os dados foram coletados em entrevistas pessoais pré-

agendadas, realizadas nas escolas e com duração aproximada de 40 minutos. Outras

informações sobre a metodologia utilizada e resultados do estudo podem ser

encontradas na página do PRÓ-MESTRE (www.uel.br/projetos/promestre) ou

solicitadas diretamente aos coordenadores do projeto (Tel.: 43-33712254 ou E-mail:

[email protected]).

A primeira coleta de dados ocorreu entre os meses de agosto de 2012 e junho de 2013.

Assim, este relatório apresenta resultados preliminares que permitem obter uma

caracterização geral da população de estudo segundo aspectos sociodemográficos, do

processo de trabalho, do estilo de vida e da saúde. No entanto, é importante destacar que

análises mais aprofundadas já vêm sendo realizadas e, ao longo dos próximos meses,

darão origem a inúmeros trabalhos acadêmicos (iniciação científica, mestrado e

doutorado). Os resultados provenientes dessas pesquisas serão divulgados

oportunamente, de modo a contribuir para que a discussão dos assuntos abordados

ocorra de forma ampliada, envolvendo toda a sociedade, e possa repercutir em

benefícios para as condições de saúde, no estilo de vida e no trabalho dos professores da

rede pública estadual.

Coordenação do Pró-Mestre:

Prof. Dr. Arthur Eumann Mesas

Prof. Dr. Alberto Durán González

Profa. Dra. Selma Maffei de Andrade

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

4

RESULTADOS

O primeiro resultado a ser apresentado refere-se à elevada taxa de resposta entre os

professores convidados a participar das entrevistas. Entre os 1126 professores que

atuavam em sala de aula ao menos um período por semana, apenas 5,6% se recusaram a

participar, 5,8% encontravam-se em licença e 1,8% não foram entrevistados por outros

motivos. Da mesma forma, foram consultados 125 professores readaptados (que já não

atuam em sala de aula, ocupando outras funções na escola), entre os quais 5,6% não

aceitaram participar, 10,4% estavam em licença e 3,2% não puderam ser entrevistados

por outras razões.

Assim, 978 (86,8%) dos professores atuantes em sala de aula e 80,8% dos professores

readaptados participaram do estudo, o que demonstra um real interesse pelas questões

que envolvem a sua profissão e a sua saúde, e que reforça a validade e a importância de

um estudo com a abordagem proposta no PRÓ-MESTRE.

Neste primeiro momento, os dados a seguir referem-se apenas aos 978 professores

atuantes em sala de aula. Isso se justifica pelo fato de que a correta interpretação das

informações sobre os professores readaptados ainda dependem de um maior

aprofundamento a ser obtido mediante o método qualitativo de pesquisa, a ser realizado

em um futuro próximo.

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA

As figuras abaixo indicam que entre os professores entrevistados houve predominância

de mulheres (69%) e de pessoas com idade entre 30 e 59 anos. A idade média foi de

41,5 anos, variando entre 19 e 68 anos.

Mais de 50% dos entrevistados vivem com um companheiro(a) e têm renda familiar

média de até R$ 5.000,00. Com relação à formação acadêmica, a grande maioria

concluiu especialização (72,4%, incluindo o PDE) ou mestrado (12,8%).

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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ATIVIDADE PROFISSIONAL

O desejo de ser professor quando do ingresso na profissão foi referido por 3 de cada 4

entrevistados, seja entre aqueles que iniciaram a profissão recentemente, ou seja, nos

últimos 3 anos (74%), ou entre aqueles que o fizeram há mais 20 anos (76%).

Ao serem questionados quanto a se sentirem realizados com a carreira de professor,

44,7% sentem-se realizados, 34,6% parcialmente realizados e 22,7% não estão

realizados com a profissão.

Os principais motivos positivos citados entre os professores que se sentem realizados ou

parcialmente realizados (n=776) foram gostar da profissão (52%) e gostar de trabalhar

com crianças e adolescentes (13,8%) (Observação: era permitido referir mais de um

motivo ou não responder).

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

7

Por outro lado, entre os motivos negativos referidos pelos professores que não se

sentem realizados ou que se sentem parcialmente realizados (n=560) foram as

dificuldades nas relações com os alunos (35,9%), os baixos salários (20,1%), falta de

reconhecimento social (17,4%) e problemas nas relações de trabalho (17%).

Com referência ao tipo de vínculo de trabalho, 69% dos professores têm ao menos 1

vínculo como estatutário e os 31% restantes atuam com contrato por tempo determinado

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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(PSS). A idade média dos professores com vínculo estatutário (QPM) foi de 44,0 anos

sendo 68,9% mulheres, enquanto que entre os professores com vínculo temporário

(PSS) a média de idade foi de 35,9 anos, com 67,6% de mulheres.

Período de trabalho

Quanto ao período de trabalho, destacou-se a maior frequência da atuação profissional

nos turnos matutino e vespertino (38,3%), além de um expressivo contingente atuando

nos três turnos (16,6%).

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

9

Carga horária semanal total (como professor e em outras atividades)

A carga horária em todas as atividades laborais (horas de atuação como professor em

todos os vínculos somadas às demais atividades desenvolvidas pelo entrevistado) foram

predominantes entre 40 e 49 horas por semana (42%).

Carga horária com alunos

Analisando-se todos os vínculos nos quais o professor atua diretamente com alunos, a

carga horária com alunos predominante ficou entre 27 e 36 horas semanais (49,6%).

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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Perfil do ambiente e Condições de trabalho

Algumas perguntas foram feitas com o intuito de caracterizar o perfil do ambiente e das

condições de trabalho segundo a percepção dos professores, conforme se apresenta na

tabela a seguir. Foram considerados com maior frequência como excelentes ou boas as

condições de relacionamento com supervisoras, colegas ou alunos, a oportunidade de

expressar opiniões, a motivação para chegar ao trabalho e o equilíbrio entre a vida

profissional e pessoal. Por outro lado, foram referidas como regulares ou ruins pela

maioria dos professores a remuneração em relação ao trabalho realizado e a quantidade

de alunos por sala de aula. Com relação à percepção de alguns aspectos da infraestrutura

e instalações das escolas, metade dos professores os considera de maneira positiva e a

outra metade de maneira negativa.

Condição analisada Excelente

%

Boa

%

Regular

%

Ruim

%

Relacionamento com supervisores 40,9 51,4 7,1 0,6

Relacionamento com colegas 39,3 57,0 3,6 0,2

Oportunidade de expressar suas opiniões 29,2 52,2 15,5 3,1

Motivação para chegar ao trabalho 23,6 57,5 16,1 2,9

Equilíbrio entre sua vida profissional e pessoal 14,2 57,8 22,8 5,2

Remuneração em relação ao trabalho realizado 2,4 34,8 45,6 17,2

Quantidade de alunos por sala de aula 3,7 27,9 39,0 29,4

Manutenção e conservação dos materiais,

mobiliários 5,9 43,4 39,0 11,8

Infraestrutura da escola disponível para

descanso/preparo 6,3 41,1 40,3 12,2

Infraestrutura predial da escola (iluminação,

ventilação...) 6,3 42,1 40,5 11,0

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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Cargas de trabalho

Quando questionados se determinadas cargas de trabalho afetam ou não o desempenho

de suas atividades, a maioria dos professores referiu que praticamente todas as cargas

analisadas influenciam ao menos um pouco o seu trabalho, segundo consta na próxima

tabela apresentada.

Tipo de cargas de trabalho Não Afeta

%

Afeta

%

Cargas Psíquicas

Ritmo e intensidade do seu trabalho 12,3 87,7

Número de tarefas realizadas no seu trabalho e a atenção e

responsabilidade que elas exigem 15,4 84,6

Tempo disponível para o preparo das atividades 11,1 88,9

Cargas Fisiológicas

Tempo em que permanece em pé 15,1 84,9

Condições para escrever no quadro 21,5 78,5

Posição do corpo em relação ao mobiliário e equipamentos 30,4 69,6

Outras Cargas de Trabalho

Exposição a ruídos dentro da sala de aula 5,1 94,9

Exposição a ruídos na escola 15,2 84,8

Exposição ao pó de giz 21,8 78,2

Condições de higiene do local de trabalho 39,8 60,2

Condições para carregar o material didático 26,8 73,2

Tempo disponível

Ao responder à pergunta “Como você avalia o tempo disponível para desempenhar as

seguintes atividades?”, a maioria dos professores considerou o tempo como regular ou

insuficiente para o aperfeiçoamento profissional, para a família e ao lar, para a

alimentação, cultura, lazer e saúde física.

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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Absenteísmo

Os afastamentos por motivos de saúde nos últimos 12 meses foram referidos por 51,9%

dos professores, apresentando-se na sequência a frequência do total de dias afastados

por esses motivos ao longo do último ano.

Os principais motivos para os afastamentos foram: problemas respiratórios (alergias,

resfriados e gripes) e problemas osteomusculares (dores, fraturas e lesões em músculos,

articulações e tendões).

Entre os 503 professores que faltaram ao menos 1 dia no ano anterior, aqueles que

faltaram 16 dias consecutivos ou mais (16,9%) nos últimos 12 meses destacaram como

motivos para esses afastamentos do trabalho, principalmente, cirurgias diversas (30,0%)

e problemas psicológicos (24,7%).

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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Violência sofrida pelo professor em sua atividade profissional

A tabela a seguir apresenta a frequência de relatos de situações de violência sofrida

diretamente pelo professor no ambiente escolar nos últimos 12 meses. Destacam-se

entre os dados os elevados percentuais de professores que relataram ter sido vítimas de

insultos ou gozações por parte de seus alunos (54,2%) e que mencionaram ameaças à

sua integridade física ou de seus familiares (20,3%).

Tipo de violência referida pelo professor

Sim, há

menos de

12 meses, %

Insultos ou gozações de seus alunos 54,2

Ameaças à integridade física, a familiares, etc. 20,3

Insultos ou gozações de outros professores,

funcionários ou superiores 17,8

Assédio sexual 13,4

Roubo ou furto 11,0

Agressão física ou tentativa de agressão física com objetos ou

mobília 7,7

Agressão ou tentativa de agressão com faca ou outro objeto cortante 0,8

Agressão ou tentativa de agressão com arma de fogo 0,5

Estilo de Vida

Informações sobre certas características do estilo de vida dos professores entrevistados

também foram coletadas, observando-se baixa frequência de pessoas que consomem

bebida alcoólica mais de 1 vez na semana (10%) e um elevado consumo de café, pois

67,2% toma café diariamente (20,9% tomam café 4 ou mais vezes ao dia). Destaca-se a

baixa frequencia de fumantes (8%) quando comparado com a frequência apresentada

estudo realizado com maiores de 18 anos nas 26 capitais brasileiras e Distrito Federal

(14,8%).

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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Dois outros aspectos do estilo de vida que apresentam estreita relação com o estado de

saúde são a prática de atividade física no lazer (tempo livre) e a qualidade do sono.

Após analisar as respostas dos professores quanto ao tipo, frequência e duração de

atividades físicas realizadas durante uma semana, para fins dessa pesquisa, foram

considerados inativos no tempo livre os professores que não praticavam nenhuma

atividade moderada ou intensa, insuficientemente ativos os que praticavam atividade

física até 149 minutos e suficientemente ativos no tempo livre aqueles professores que

praticaram ao menos 150 minutos/semana de atividade física de intensidade moderada

e/ou vigorosa. A inatividade física foi referida por 56% dos entrevistados, 16% foram

classificados como insuficientemente ativos e 28% como suficientemente ativos. Os

resultados mostram-se semelhantes aos obtidos em estudo realizado em 2010 nas

capitais brasileiras e do DF com população maior de 18 anos em que a freqüência de

atividade física suficiente foi de 30,3%.

A qualidade do sono foi considerada ruim ou muito ruim por 1 de cada 3 professores. A

má qualidade do sono constitui outro fator com potencial para comprometer a saúde do

professor, pois pode ter repercussões no humor, na memória, na atenção, nos registros

sensoriais, no raciocínio e nos aspectos cognitivos que relacionam uma pessoa ao seu

ambiente e que determinam a qualidade de seu desempenho e de sua saúde.

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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A frequência com a qual os professores realizam certas condutas alimentares também

foi perguntada, seja por se tratarem de condutas alimentares saudáveis ou

recomendadas, e também outras condutas que poderiam acarretar malefícios à saúde,

como o aumento de peso ou do risco de doenças cardiovasculares. Alguns exemplos

são apresentados a seguir, evidenciando-se um consumo de frutas, verduras e legumes

comparável à população geral, além de reduzida frequência de consumo de doces,

salgadinhos e refrigerantes entre as refeições e da elevada proporção de professores que

sempre retiram a gordura visível da carne vermelha e a pele de frango.

Os resultados foram superiores aos obtidos no conjunto da população adulta das 27

cidades estudadas no Vigitel. A frequência de consumo regular de frutas e hortaliças

observadas em 2010 foi de 30,9%, sendo menor entre homens (25,6%) do que entre

mulheres (35,4%). Embora essa análise ainda não tenha sido realizada no Pró-Mestre,

no Vigitel o consumo regular de frutas e hortaliças aumentou uniformemente com a

idade e com a escolaridade.

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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Conduta alimentar

Nunca

ou

< 1 x

mês %

De 1 a 3

x mês

%

De 1 a 2

x semana

%

De 3 a 5

x semana

%

Mais de 5

x por

semana

%

Frequência do consumo de

frutas 3,7 11,7 22,7 18,2 43,7

Frequência do consumo de

verduras e legumes 1,1 3,5 15,2 19,3 61,0

Conduta alimentar Nunca

%

Rara-

mente

%

Às

vezes

%

Frequen-

temente

%

Sempre

%

Não se

aplica

%

Retira gordura

visível da carne

vermelha

12,3 9,1 13,2 14,9 46,1 4,3

Retira a pele da

carne de frango 12,6 6,7 11,9 8,9 53,5 6,5

Come salgadinhos

ou doces entre as

refeições principais

27,9 30,5 26,8 10,4 4,3 --

Esses dados são compatíveis com a nota autorreferida pelos professores para a própria

alimentação, sendo que a mediana da amostra estudada foi de 7 em uma escala de zero a

10.

Embora a prevalência de 16,7% de obesidade (IMC≥30 kg/m2) seja relativamente

inferior ao que se é observado na população geral (17,4% em 2012), a soma de

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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sobrepeso mais obesidade – excesso de peso (IMC≥25 kg/m2) compreende mais da

metade dos professores entrevistados (51,9%) e é pouco superior ao observado para a

população geral (51,0%). Curiosamente, 67,7% consideram estar acima do peso ideal.

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

18

Estado de saúde

Entre os problemas de saúde mais freqüentes, destacaram-se algumas alterações como a

dor crônica (42%), a ansiedade (22,4%), a enxaqueca (18,1%) entre outras. É

importante ressaltar que essas frequências se referem a condições que os professores

referiram terem sido diagnosticadas por um médico, e não apenas que pensam ter.

Alteração crônica %

Dor crônica 42,0

Ansiedade 22,4

Enxaqueca 18,1

Hiperlipidemia (colesterol alto) 15,4

Hipertensão 15,0

Depressão 14,7

Artrite/artrose/reumatismo 8,6

Insônia 8,3

Diabetes 4,4

Osteoporose 1,6

Infarto do miocárdio 0,9

Acidente vascular cerebral (derrame) 0,5

Dor crônica

Os locais mais frequentemente indicados por aqueles que relataram sofrer algum tipo de

dor crônica (42%) foram as regiões dos ombros e braços (31,4%), cabeça, face e/ou

boca (29,2%) e as costas (cintura e região lombar) (24,6%).

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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A ocorrência de problemas com a voz sempre ou frequentemente também foi referida

por 1 em cada 4 professores entrevistados, e apenas 14,8% nunca têm esse tipo de

problema.

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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Comentários finais

Mais do que um veredicto sobre a saúde e o estilo de vida de professores, este projeto

tem como objetivo levantar informações que possam servir de subsídio para a

elaboração de políticas públicas.

O grupo de pesquisa agradece a todos os diretores e professores que apoiaram a

realização da coleta de dados. Em especial, gostaríamos de agradecer a todos os

professores que nos concederam seu tempo para participar da pesquisa. Pouco

conseguiremos avançar rumo à uma Educação de Excelência se não pensarmos que a

educação passa pelo professor e que, como mencionado por Jennifer Nias: “O professor

é a pessoa; e uma parte importante da pessoa é o professor”.

Estimulamos que as questões apresentadas sejam amplamente discutidas por toda a

sociedade, com o compromisso de divulgar todos os resultados e nos colocarmos à

disposição para discussões que permitam apoiar ações com foco na melhoria da

qualidade de trabalho e, principalmente, da qualidade de vida dos professores.

Alguns resultados merecem ser destacados, ainda que as explicações para sua

ocorrência dependam de análises mais aprofundadas ou novas abordagens da população

de estudo:

1) Três de cada 4 entrevistados escolheram a profissão pelo desejo de se tornarem

professores, tanto os que ingressaram na atividade nos últimos 3 anos como aqueles que

o fizeram há 20 anos ou mais.

2) Cerca de 40% dos professores estão atualmente satisfeitos com a profissão, citando

como principais motivos o fato de gostar da profissão e acreditar no poder da educação.

Por outro lado, 30% estão parcialmente satisfeitos e 20% estão insatisfeitos, sobretudo

devido à dificuldade nas relações com os alunos, baixa remuneração e falta de

reconhecimento social.

3) Insultos e gozações por parte dos alunos (54,2%) e ameaças à integridade física e a

familiares (20,3%) caracterizaram a violência escolar referida pelos professores nos 12

meses anteriores à entrevista. Essas frequências são compatíveis com as observadas em

outros estudos sobre o tema no Brasil.

4) Alguns aspectos do estilo de vida são similares ao que se observa para toda a

população, como a prática de atividade física (apenas 30% são suficientemente ativos) e

a adoção de condutas alimentares (consumo de frutas e verduras). Destaca-se que a

qualidade do sono foi considerada ruim ou muito ruim por 29% dos professores

entrevistados, embora essa frequência seja compatível com a observada na população

geral.

5) Alguns problemas de saúde apresentaram prevalência superior à da população geral,

como a dor crônica (42%) e a ansiedade diagnosticada por um médico (22,4%).

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Relatório Inicial Pró-Mestre 2013

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Estes resultados serão mais bem explorados nas iniciações científicas, dissertações e

teses dos alunos de graduação e pós-graduação envolvidos no grupo de pesquisa. As

conclusões desses estudos (já em andamento) serão oportunamente divulgadas, além de

serem disponibilizadas no site do Pró-Mestre.

Condição de trabalho, carga de trabalho e absenteísmo.

Percepção da saúde de professores readaptados.

Violência escolar.

Qualidade de vida e satisfação com o trabalho.

Síndrome de Burnout.

Dor crônica.

Condutas alimentares.

Consumo de café e qualidade do sono

Qualidade do sono.

Atividade física e outros comportamentos saudáveis.

Letramento em Saúde.

Problemas vocais.

As informações apresentadas neste relatório são como uma fotografia de um momento.

Nesta primeira fotografia, alguns personagens importantes não estavam em foco, como

os professores readaptados, aposentados por invalidez e em licença no momento da

coleta de dados na escola e que não retornaram ao trabalho até 30 dias após o

encerramento das entrevistas na escola. Os professores readaptados foram entrevistados,

porém a análise das entrevistas necessita de aprofundamento e, possivelmente, novas

entrevistas deverão ser realizada para melhor compreender sua real condição e os

motivos que os levaram à readaptação. A não inclusão dos professores readaptados ou

em licença foi uma opção metodológica do estudo que considerou os limites da equipe

de pesquisa. No entanto, isso não diminui a importância dos resultados, pelo contrário,

reforça a importancia dos resultados observados e ajuda a refletir o trabalho e vida do

professor em atuação para o planejamento de ações neste grupo específico.

A intenção do Grupo de Pesquisa Saúde, Estilo de Vida e Trabalho é de, no futuro

próximo, coletar informações de modo prospectivo, ou seja, como em um filme onde

poderemos observar e encadear situações hoje vivenciadas e suas repercussões em um

outro momento. O conjunto de informações geradas nessa primeira etapa e nas etapas

seguintes do Pró-Mestre oferece uma grande oportunidade para se trabalhar de forma

coletiva na elaboração de políticas públicas mais efetivas para potencializar ainda mais

o desempenho das funções dos professores na educação fundamental e média e,

sobretudo, que possam repercutir em todo o processo de ensino-aprendizagem e na

qualidade de vida dos professores.