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Relatório Inicial
Pró-Mestre
Programa de Pós-graduação em
Saúde Coletiva
Universidade Estadual de Londrina
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
1
EQUIPE
Docentes
Alberto Durán González
Arthur Eumann Mesas
Edmarlon Girotto
Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Mara Solange Dellaroza
Marcos Aparecido Sarriá Cabrera
Selma Maffei de Andrade
Pós-graduandos
Alessandra Domingos Silva
Ana Luisa Dias
Denise Andrade Pereira Meier
Douglas Fernando Dias
Flávia Lopes Sant'Anna
Francine Nesello
Marcela Maria Birolim
Michelle Damasceno Moreira
Natalia Paludeto Guerreiro
Renne Rodrigues
Alunos de Graduação
Alana Fernandes Nascimento
Beatriz Queiroz Ribeiro
Camila de Souza Oliveira
Elizangela Santana dos Santos
Elton Luis Azuma
Fabio Montagna Sekiyama
Gustavo Kendy Camargo Koga
Izabela Nayara Ricardo
Jéssica Goncalves Ferraz
Leticya Hellen Cardoso Dias
Marlow Xavier Rodrigues
Mayara Cristina da Silva Santos
Pamella Rossi Minanti
Renan Diego Americo Ribeiro
Thales Felipe Castro Rolin
Uly Nayara Carvalho Ceolis
Yuri Kenji Cavalcanti Yoshizawa
Colaboradores externos
Ana Carolina Bertin de Almeida Lopes
Bruna Maria Bragante
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
2
Cézar Eumann Mesas
Marina Meda Dearo
ESCOLAS PARTICIPANTES
Adélia Dioníso Barbosa
Albino Feijó Sanches
Antônio de Moraes Barros
Carlos de Almeida
Centro Estadual Educacional Prof. Maria do Rosário Castaldi
Hugo Simas
Instituto Educacional Estadual de Londrina (IEEL)
José Aloísio Aragão (Aplicação)
José Carlos Pinotti
José de Anchieta
Lucia Barros Lisboa
Marcelino Champagnat
Maria José Balzanelo Aguilera
Newton Guimarães
Nossa Senhora de Lourdes
Olympia Morais Tormenta
Polivalente
Roseli Piotto Roehrig
Ubedulha Correia Oliveira
Vicente Rijo
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
3
APRESENTAÇÃO
O projeto de pesquisa “Saúde, estilo de vida e trabalho de professores da rede pública
do Paraná – PRÓ-MESTRE” vem sendo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual de
Londrina (UEL), e conta com a participação de docentes de diversas áreas da saúde
(Medicina, Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva), pesquisadores e estudantes de pós-
graduação e de graduação em Medicina e Enfermagem da UEL. O PRÓ-MESTRE foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da
Universidade Estadual de Londrina e conta com o apoio do Núcleo Regional de
Educação de Londrina para a sua realização.
O objetivo geral do projeto é analisar as relações do estado de saúde e do estilo de vida
com aspectos subjetivos do processo de trabalho em professores da educação básica da
rede estadual de Londrina.
A população de estudo incluiu 1079 professores atuantes nas 20 maiores escolas
públicas estaduais de Londrina, e os dados foram coletados em entrevistas pessoais pré-
agendadas, realizadas nas escolas e com duração aproximada de 40 minutos. Outras
informações sobre a metodologia utilizada e resultados do estudo podem ser
encontradas na página do PRÓ-MESTRE (www.uel.br/projetos/promestre) ou
solicitadas diretamente aos coordenadores do projeto (Tel.: 43-33712254 ou E-mail:
A primeira coleta de dados ocorreu entre os meses de agosto de 2012 e junho de 2013.
Assim, este relatório apresenta resultados preliminares que permitem obter uma
caracterização geral da população de estudo segundo aspectos sociodemográficos, do
processo de trabalho, do estilo de vida e da saúde. No entanto, é importante destacar que
análises mais aprofundadas já vêm sendo realizadas e, ao longo dos próximos meses,
darão origem a inúmeros trabalhos acadêmicos (iniciação científica, mestrado e
doutorado). Os resultados provenientes dessas pesquisas serão divulgados
oportunamente, de modo a contribuir para que a discussão dos assuntos abordados
ocorra de forma ampliada, envolvendo toda a sociedade, e possa repercutir em
benefícios para as condições de saúde, no estilo de vida e no trabalho dos professores da
rede pública estadual.
Coordenação do Pró-Mestre:
Prof. Dr. Arthur Eumann Mesas
Prof. Dr. Alberto Durán González
Profa. Dra. Selma Maffei de Andrade
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
4
RESULTADOS
O primeiro resultado a ser apresentado refere-se à elevada taxa de resposta entre os
professores convidados a participar das entrevistas. Entre os 1126 professores que
atuavam em sala de aula ao menos um período por semana, apenas 5,6% se recusaram a
participar, 5,8% encontravam-se em licença e 1,8% não foram entrevistados por outros
motivos. Da mesma forma, foram consultados 125 professores readaptados (que já não
atuam em sala de aula, ocupando outras funções na escola), entre os quais 5,6% não
aceitaram participar, 10,4% estavam em licença e 3,2% não puderam ser entrevistados
por outras razões.
Assim, 978 (86,8%) dos professores atuantes em sala de aula e 80,8% dos professores
readaptados participaram do estudo, o que demonstra um real interesse pelas questões
que envolvem a sua profissão e a sua saúde, e que reforça a validade e a importância de
um estudo com a abordagem proposta no PRÓ-MESTRE.
Neste primeiro momento, os dados a seguir referem-se apenas aos 978 professores
atuantes em sala de aula. Isso se justifica pelo fato de que a correta interpretação das
informações sobre os professores readaptados ainda dependem de um maior
aprofundamento a ser obtido mediante o método qualitativo de pesquisa, a ser realizado
em um futuro próximo.
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA
As figuras abaixo indicam que entre os professores entrevistados houve predominância
de mulheres (69%) e de pessoas com idade entre 30 e 59 anos. A idade média foi de
41,5 anos, variando entre 19 e 68 anos.
Mais de 50% dos entrevistados vivem com um companheiro(a) e têm renda familiar
média de até R$ 5.000,00. Com relação à formação acadêmica, a grande maioria
concluiu especialização (72,4%, incluindo o PDE) ou mestrado (12,8%).
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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ATIVIDADE PROFISSIONAL
O desejo de ser professor quando do ingresso na profissão foi referido por 3 de cada 4
entrevistados, seja entre aqueles que iniciaram a profissão recentemente, ou seja, nos
últimos 3 anos (74%), ou entre aqueles que o fizeram há mais 20 anos (76%).
Ao serem questionados quanto a se sentirem realizados com a carreira de professor,
44,7% sentem-se realizados, 34,6% parcialmente realizados e 22,7% não estão
realizados com a profissão.
Os principais motivos positivos citados entre os professores que se sentem realizados ou
parcialmente realizados (n=776) foram gostar da profissão (52%) e gostar de trabalhar
com crianças e adolescentes (13,8%) (Observação: era permitido referir mais de um
motivo ou não responder).
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
7
Por outro lado, entre os motivos negativos referidos pelos professores que não se
sentem realizados ou que se sentem parcialmente realizados (n=560) foram as
dificuldades nas relações com os alunos (35,9%), os baixos salários (20,1%), falta de
reconhecimento social (17,4%) e problemas nas relações de trabalho (17%).
Com referência ao tipo de vínculo de trabalho, 69% dos professores têm ao menos 1
vínculo como estatutário e os 31% restantes atuam com contrato por tempo determinado
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
8
(PSS). A idade média dos professores com vínculo estatutário (QPM) foi de 44,0 anos
sendo 68,9% mulheres, enquanto que entre os professores com vínculo temporário
(PSS) a média de idade foi de 35,9 anos, com 67,6% de mulheres.
Período de trabalho
Quanto ao período de trabalho, destacou-se a maior frequência da atuação profissional
nos turnos matutino e vespertino (38,3%), além de um expressivo contingente atuando
nos três turnos (16,6%).
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Carga horária semanal total (como professor e em outras atividades)
A carga horária em todas as atividades laborais (horas de atuação como professor em
todos os vínculos somadas às demais atividades desenvolvidas pelo entrevistado) foram
predominantes entre 40 e 49 horas por semana (42%).
Carga horária com alunos
Analisando-se todos os vínculos nos quais o professor atua diretamente com alunos, a
carga horária com alunos predominante ficou entre 27 e 36 horas semanais (49,6%).
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Perfil do ambiente e Condições de trabalho
Algumas perguntas foram feitas com o intuito de caracterizar o perfil do ambiente e das
condições de trabalho segundo a percepção dos professores, conforme se apresenta na
tabela a seguir. Foram considerados com maior frequência como excelentes ou boas as
condições de relacionamento com supervisoras, colegas ou alunos, a oportunidade de
expressar opiniões, a motivação para chegar ao trabalho e o equilíbrio entre a vida
profissional e pessoal. Por outro lado, foram referidas como regulares ou ruins pela
maioria dos professores a remuneração em relação ao trabalho realizado e a quantidade
de alunos por sala de aula. Com relação à percepção de alguns aspectos da infraestrutura
e instalações das escolas, metade dos professores os considera de maneira positiva e a
outra metade de maneira negativa.
Condição analisada Excelente
%
Boa
%
Regular
%
Ruim
%
Relacionamento com supervisores 40,9 51,4 7,1 0,6
Relacionamento com colegas 39,3 57,0 3,6 0,2
Oportunidade de expressar suas opiniões 29,2 52,2 15,5 3,1
Motivação para chegar ao trabalho 23,6 57,5 16,1 2,9
Equilíbrio entre sua vida profissional e pessoal 14,2 57,8 22,8 5,2
Remuneração em relação ao trabalho realizado 2,4 34,8 45,6 17,2
Quantidade de alunos por sala de aula 3,7 27,9 39,0 29,4
Manutenção e conservação dos materiais,
mobiliários 5,9 43,4 39,0 11,8
Infraestrutura da escola disponível para
descanso/preparo 6,3 41,1 40,3 12,2
Infraestrutura predial da escola (iluminação,
ventilação...) 6,3 42,1 40,5 11,0
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Cargas de trabalho
Quando questionados se determinadas cargas de trabalho afetam ou não o desempenho
de suas atividades, a maioria dos professores referiu que praticamente todas as cargas
analisadas influenciam ao menos um pouco o seu trabalho, segundo consta na próxima
tabela apresentada.
Tipo de cargas de trabalho Não Afeta
%
Afeta
%
Cargas Psíquicas
Ritmo e intensidade do seu trabalho 12,3 87,7
Número de tarefas realizadas no seu trabalho e a atenção e
responsabilidade que elas exigem 15,4 84,6
Tempo disponível para o preparo das atividades 11,1 88,9
Cargas Fisiológicas
Tempo em que permanece em pé 15,1 84,9
Condições para escrever no quadro 21,5 78,5
Posição do corpo em relação ao mobiliário e equipamentos 30,4 69,6
Outras Cargas de Trabalho
Exposição a ruídos dentro da sala de aula 5,1 94,9
Exposição a ruídos na escola 15,2 84,8
Exposição ao pó de giz 21,8 78,2
Condições de higiene do local de trabalho 39,8 60,2
Condições para carregar o material didático 26,8 73,2
Tempo disponível
Ao responder à pergunta “Como você avalia o tempo disponível para desempenhar as
seguintes atividades?”, a maioria dos professores considerou o tempo como regular ou
insuficiente para o aperfeiçoamento profissional, para a família e ao lar, para a
alimentação, cultura, lazer e saúde física.
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Absenteísmo
Os afastamentos por motivos de saúde nos últimos 12 meses foram referidos por 51,9%
dos professores, apresentando-se na sequência a frequência do total de dias afastados
por esses motivos ao longo do último ano.
Os principais motivos para os afastamentos foram: problemas respiratórios (alergias,
resfriados e gripes) e problemas osteomusculares (dores, fraturas e lesões em músculos,
articulações e tendões).
Entre os 503 professores que faltaram ao menos 1 dia no ano anterior, aqueles que
faltaram 16 dias consecutivos ou mais (16,9%) nos últimos 12 meses destacaram como
motivos para esses afastamentos do trabalho, principalmente, cirurgias diversas (30,0%)
e problemas psicológicos (24,7%).
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Violência sofrida pelo professor em sua atividade profissional
A tabela a seguir apresenta a frequência de relatos de situações de violência sofrida
diretamente pelo professor no ambiente escolar nos últimos 12 meses. Destacam-se
entre os dados os elevados percentuais de professores que relataram ter sido vítimas de
insultos ou gozações por parte de seus alunos (54,2%) e que mencionaram ameaças à
sua integridade física ou de seus familiares (20,3%).
Tipo de violência referida pelo professor
Sim, há
menos de
12 meses, %
Insultos ou gozações de seus alunos 54,2
Ameaças à integridade física, a familiares, etc. 20,3
Insultos ou gozações de outros professores,
funcionários ou superiores 17,8
Assédio sexual 13,4
Roubo ou furto 11,0
Agressão física ou tentativa de agressão física com objetos ou
mobília 7,7
Agressão ou tentativa de agressão com faca ou outro objeto cortante 0,8
Agressão ou tentativa de agressão com arma de fogo 0,5
Estilo de Vida
Informações sobre certas características do estilo de vida dos professores entrevistados
também foram coletadas, observando-se baixa frequência de pessoas que consomem
bebida alcoólica mais de 1 vez na semana (10%) e um elevado consumo de café, pois
67,2% toma café diariamente (20,9% tomam café 4 ou mais vezes ao dia). Destaca-se a
baixa frequencia de fumantes (8%) quando comparado com a frequência apresentada
estudo realizado com maiores de 18 anos nas 26 capitais brasileiras e Distrito Federal
(14,8%).
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Dois outros aspectos do estilo de vida que apresentam estreita relação com o estado de
saúde são a prática de atividade física no lazer (tempo livre) e a qualidade do sono.
Após analisar as respostas dos professores quanto ao tipo, frequência e duração de
atividades físicas realizadas durante uma semana, para fins dessa pesquisa, foram
considerados inativos no tempo livre os professores que não praticavam nenhuma
atividade moderada ou intensa, insuficientemente ativos os que praticavam atividade
física até 149 minutos e suficientemente ativos no tempo livre aqueles professores que
praticaram ao menos 150 minutos/semana de atividade física de intensidade moderada
e/ou vigorosa. A inatividade física foi referida por 56% dos entrevistados, 16% foram
classificados como insuficientemente ativos e 28% como suficientemente ativos. Os
resultados mostram-se semelhantes aos obtidos em estudo realizado em 2010 nas
capitais brasileiras e do DF com população maior de 18 anos em que a freqüência de
atividade física suficiente foi de 30,3%.
A qualidade do sono foi considerada ruim ou muito ruim por 1 de cada 3 professores. A
má qualidade do sono constitui outro fator com potencial para comprometer a saúde do
professor, pois pode ter repercussões no humor, na memória, na atenção, nos registros
sensoriais, no raciocínio e nos aspectos cognitivos que relacionam uma pessoa ao seu
ambiente e que determinam a qualidade de seu desempenho e de sua saúde.
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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A frequência com a qual os professores realizam certas condutas alimentares também
foi perguntada, seja por se tratarem de condutas alimentares saudáveis ou
recomendadas, e também outras condutas que poderiam acarretar malefícios à saúde,
como o aumento de peso ou do risco de doenças cardiovasculares. Alguns exemplos
são apresentados a seguir, evidenciando-se um consumo de frutas, verduras e legumes
comparável à população geral, além de reduzida frequência de consumo de doces,
salgadinhos e refrigerantes entre as refeições e da elevada proporção de professores que
sempre retiram a gordura visível da carne vermelha e a pele de frango.
Os resultados foram superiores aos obtidos no conjunto da população adulta das 27
cidades estudadas no Vigitel. A frequência de consumo regular de frutas e hortaliças
observadas em 2010 foi de 30,9%, sendo menor entre homens (25,6%) do que entre
mulheres (35,4%). Embora essa análise ainda não tenha sido realizada no Pró-Mestre,
no Vigitel o consumo regular de frutas e hortaliças aumentou uniformemente com a
idade e com a escolaridade.
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Conduta alimentar
Nunca
ou
< 1 x
mês %
De 1 a 3
x mês
%
De 1 a 2
x semana
%
De 3 a 5
x semana
%
Mais de 5
x por
semana
%
Frequência do consumo de
frutas 3,7 11,7 22,7 18,2 43,7
Frequência do consumo de
verduras e legumes 1,1 3,5 15,2 19,3 61,0
Conduta alimentar Nunca
%
Rara-
mente
%
Às
vezes
%
Frequen-
temente
%
Sempre
%
Não se
aplica
%
Retira gordura
visível da carne
vermelha
12,3 9,1 13,2 14,9 46,1 4,3
Retira a pele da
carne de frango 12,6 6,7 11,9 8,9 53,5 6,5
Come salgadinhos
ou doces entre as
refeições principais
27,9 30,5 26,8 10,4 4,3 --
Esses dados são compatíveis com a nota autorreferida pelos professores para a própria
alimentação, sendo que a mediana da amostra estudada foi de 7 em uma escala de zero a
10.
Embora a prevalência de 16,7% de obesidade (IMC≥30 kg/m2) seja relativamente
inferior ao que se é observado na população geral (17,4% em 2012), a soma de
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
17
sobrepeso mais obesidade – excesso de peso (IMC≥25 kg/m2) compreende mais da
metade dos professores entrevistados (51,9%) e é pouco superior ao observado para a
população geral (51,0%). Curiosamente, 67,7% consideram estar acima do peso ideal.
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Estado de saúde
Entre os problemas de saúde mais freqüentes, destacaram-se algumas alterações como a
dor crônica (42%), a ansiedade (22,4%), a enxaqueca (18,1%) entre outras. É
importante ressaltar que essas frequências se referem a condições que os professores
referiram terem sido diagnosticadas por um médico, e não apenas que pensam ter.
Alteração crônica %
Dor crônica 42,0
Ansiedade 22,4
Enxaqueca 18,1
Hiperlipidemia (colesterol alto) 15,4
Hipertensão 15,0
Depressão 14,7
Artrite/artrose/reumatismo 8,6
Insônia 8,3
Diabetes 4,4
Osteoporose 1,6
Infarto do miocárdio 0,9
Acidente vascular cerebral (derrame) 0,5
Dor crônica
Os locais mais frequentemente indicados por aqueles que relataram sofrer algum tipo de
dor crônica (42%) foram as regiões dos ombros e braços (31,4%), cabeça, face e/ou
boca (29,2%) e as costas (cintura e região lombar) (24,6%).
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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A ocorrência de problemas com a voz sempre ou frequentemente também foi referida
por 1 em cada 4 professores entrevistados, e apenas 14,8% nunca têm esse tipo de
problema.
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Comentários finais
Mais do que um veredicto sobre a saúde e o estilo de vida de professores, este projeto
tem como objetivo levantar informações que possam servir de subsídio para a
elaboração de políticas públicas.
O grupo de pesquisa agradece a todos os diretores e professores que apoiaram a
realização da coleta de dados. Em especial, gostaríamos de agradecer a todos os
professores que nos concederam seu tempo para participar da pesquisa. Pouco
conseguiremos avançar rumo à uma Educação de Excelência se não pensarmos que a
educação passa pelo professor e que, como mencionado por Jennifer Nias: “O professor
é a pessoa; e uma parte importante da pessoa é o professor”.
Estimulamos que as questões apresentadas sejam amplamente discutidas por toda a
sociedade, com o compromisso de divulgar todos os resultados e nos colocarmos à
disposição para discussões que permitam apoiar ações com foco na melhoria da
qualidade de trabalho e, principalmente, da qualidade de vida dos professores.
Alguns resultados merecem ser destacados, ainda que as explicações para sua
ocorrência dependam de análises mais aprofundadas ou novas abordagens da população
de estudo:
1) Três de cada 4 entrevistados escolheram a profissão pelo desejo de se tornarem
professores, tanto os que ingressaram na atividade nos últimos 3 anos como aqueles que
o fizeram há 20 anos ou mais.
2) Cerca de 40% dos professores estão atualmente satisfeitos com a profissão, citando
como principais motivos o fato de gostar da profissão e acreditar no poder da educação.
Por outro lado, 30% estão parcialmente satisfeitos e 20% estão insatisfeitos, sobretudo
devido à dificuldade nas relações com os alunos, baixa remuneração e falta de
reconhecimento social.
3) Insultos e gozações por parte dos alunos (54,2%) e ameaças à integridade física e a
familiares (20,3%) caracterizaram a violência escolar referida pelos professores nos 12
meses anteriores à entrevista. Essas frequências são compatíveis com as observadas em
outros estudos sobre o tema no Brasil.
4) Alguns aspectos do estilo de vida são similares ao que se observa para toda a
população, como a prática de atividade física (apenas 30% são suficientemente ativos) e
a adoção de condutas alimentares (consumo de frutas e verduras). Destaca-se que a
qualidade do sono foi considerada ruim ou muito ruim por 29% dos professores
entrevistados, embora essa frequência seja compatível com a observada na população
geral.
5) Alguns problemas de saúde apresentaram prevalência superior à da população geral,
como a dor crônica (42%) e a ansiedade diagnosticada por um médico (22,4%).
Relatório Inicial Pró-Mestre 2013
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Estes resultados serão mais bem explorados nas iniciações científicas, dissertações e
teses dos alunos de graduação e pós-graduação envolvidos no grupo de pesquisa. As
conclusões desses estudos (já em andamento) serão oportunamente divulgadas, além de
serem disponibilizadas no site do Pró-Mestre.
Condição de trabalho, carga de trabalho e absenteísmo.
Percepção da saúde de professores readaptados.
Violência escolar.
Qualidade de vida e satisfação com o trabalho.
Síndrome de Burnout.
Dor crônica.
Condutas alimentares.
Consumo de café e qualidade do sono
Qualidade do sono.
Atividade física e outros comportamentos saudáveis.
Letramento em Saúde.
Problemas vocais.
As informações apresentadas neste relatório são como uma fotografia de um momento.
Nesta primeira fotografia, alguns personagens importantes não estavam em foco, como
os professores readaptados, aposentados por invalidez e em licença no momento da
coleta de dados na escola e que não retornaram ao trabalho até 30 dias após o
encerramento das entrevistas na escola. Os professores readaptados foram entrevistados,
porém a análise das entrevistas necessita de aprofundamento e, possivelmente, novas
entrevistas deverão ser realizada para melhor compreender sua real condição e os
motivos que os levaram à readaptação. A não inclusão dos professores readaptados ou
em licença foi uma opção metodológica do estudo que considerou os limites da equipe
de pesquisa. No entanto, isso não diminui a importância dos resultados, pelo contrário,
reforça a importancia dos resultados observados e ajuda a refletir o trabalho e vida do
professor em atuação para o planejamento de ações neste grupo específico.
A intenção do Grupo de Pesquisa Saúde, Estilo de Vida e Trabalho é de, no futuro
próximo, coletar informações de modo prospectivo, ou seja, como em um filme onde
poderemos observar e encadear situações hoje vivenciadas e suas repercussões em um
outro momento. O conjunto de informações geradas nessa primeira etapa e nas etapas
seguintes do Pró-Mestre oferece uma grande oportunidade para se trabalhar de forma
coletiva na elaboração de políticas públicas mais efetivas para potencializar ainda mais
o desempenho das funções dos professores na educação fundamental e média e,
sobretudo, que possam repercutir em todo o processo de ensino-aprendizagem e na
qualidade de vida dos professores.