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7/29/2019 Relaxamento - Lucas e Leoni
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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____. VARA DA
COMARCA DE QUIXAD, ESTADO DO CEAR.
Francisco Xavier Ferreira e Silva, brasileiro, casado, mecnico, titular de carteira de
identidade Registro Geral n. 2003041054187, inscrito no Cadastro de Pessoas Fsicas sob o
n. 05437401874, domiciliado em Quixad, Estado do Cear, onde reside Rua Santa Isabel,
n. 587, Bairro Puti, por seus advogados e bastantes procuradores (procurao anexa - Doc.01), Leoni Pinheiro Sousa, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, seo Quixad, sob
n. 19874, e Lucas Brito de Oliveira, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, seo
Quixad, sob n. 19702, ambos com escritrio Rua Castelo Branco, n. 125, nesta cidade,
onde recebem notificaes e intimaes, vem, respeitosamente, presena de Vossa
Excelncia requerer o
RELAXAMENTO DE PRISO EM FLAGRANTE
com fulcro no artigo 5, LXV, da Constituio Federal, pelas razes de fato e de direito seguir
expostas:
IDOS FATOS
1. O requerente encontra-se preso por supostamente ter ajudado seu irmo AntnioSergio Ferreira e Silva a praticar o homicdio que vitimou Gilberto Sousa Viana no dia
20 de Agosto de 2013, crime previsto no Art. 121 do Cdigo Penal.
2. No dia do crime, como era de costume, o requerente convidou seu irmo AntnioSrgio Ferreira e Silva e seus amigos Gilberto Sousa Viana, vulgo Gil, e Joaquim
Bezerra Mota, vulgo Beb, para um jogo de baralho a ser realizado em sua
residncia.
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3. Feito o convite, apareceram para a jogatina por volta das 14h30min daquele dia. O Sr.Joaquim Bezerra Mota, por motivo que no cabe aqui explanar, disse no poder
comparecer no horrio mencionado, mas que, se desse certo, iria mais tarde.
4. A Sr. Malieuda de Jesus e Silva, esposa do requerente, encontrava-se na casa de suasogra. Assim, at aquele momento, encontravam-se na casa apenas o requerente, seu
irmo Srgio e seu amigo Gil.
5. O Sr. Antnio Srgio Ferreira, irmo do requerente, e o Sr. Gilberto Sousa Vianabebiam enquanto jogavam. Disputavam nas cartas pequenos valores em dinheiro.
Ressalte-se que apesar de o requerente beber ocasionalmente, este estava impedido defaz-lo por motivo de sade.
6. Passadas duas horas de jogo, por volta das 16h30min, o Sr. Antnio Srgio Ferreira eSilva teve profunda desinteligncia com o Sr. Gilberto Sousa Viana, sendo que este
acusava aquele de estar trapaceando. Neste momento, chega casa do suplicante seu
amigo Sr. Joaquim Bezerra Mota, vulgo Beb. Tanto o requerente quanto o amigo
recm chegado, ante a celeuma, pediram calma ao Sr. Antnio Srgio Ferreira e Silvae ao Sr. Gilberto Sousa Viana, dizendo que aquilo era o lcool falando por eles.
7. Depois de extensas acusaes de ambas as partes, parecendo mais calmo, o Sr.Antnio Srgio Ferreira e Silva, irmo do suplicante, disse que iria pegar mais cerveja
para o grupo.
8.
Ocorre que o suplicante, por j ter sua oficina mecnica assaltada diversas vezes,conseguiu a permisso da autoridade competente (DOC) para possuir uma arma de
fogo calibre 38 e transportar a arma de sua residncia ao trabalho e deste para aquela.
A arma, infelizmente, encontrava-se na residncia do requerente, sobre seu guarda-
roupas.
9. O irmo do suplicante sabia o local onde este guardava a arma, j que, por uma nicavez, o viu guard-la. Ento, pegou a arma e a escondeu na cintura, de modo que no
era possvel saber estar ele armado.
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10.Aps 05 (cinco) minutos, o irmo do suplicante retornou ao quintal da casa, ondeacontecia o jogo, trazendo a cerveja que tinha prometido. Logo recomearam o jogo.
11.Ante a demora do Sr. Antnio Srgio Ferreira e Silva em trazer a cerveja que haviaprometido, o Sr. Gilberto Sousa Viana, o Sr. Joaquim Bezerra Mota e o requerente
brincaram, perguntando se o Sr. Antnio Srgio Ferreira e Silva tinha mandado fazer
a cerveja. Disse o irmo do requerente ter ido ao banheiro, motivo pelo qual
demorou.
12.Por volta das 17h45min, o Sr. Antnio Srgio Ferreira e Silva e seu amigo Sr. GilbertoSousa Viana voltaram a discutir, pelo mesmo motivo da contenda anterior (supostatrapaa no jogo de cartas), porm, a discusso desta vez foi mais acalorada, sendo que
o Sr. Gilberto Sousa Viana, vulgo Gil, disse que na famlia dos Ferreira e Silva s
tem ladro que no sabe perder.
13.Novamente, o suplicante e seu amigo Beb pediram calma aos outros dois, natentativa de dar prosseguimento ao jogo e, mais ainda, tentando evitar resultado mais
gravoso, como agresses fsicas. Infelizmente tanto o requerente quanto Beb noobtiveram sucesso em seus desideratos.
14.Depois de contundentes acusaes injuriosas entre o Sr. Antnio Srgio Ferreira eSilva e o Sr. Gilberto Sousa Viana, aquele, para surpresa de todos, sacou a arma de
fogo de seu irmo e efetuou 02 (dois) disparos contra o Sr. Gilberto Sousa Viana, que
de imediato veio a bito.
15.Transtornado pelo ocorrido, o suplicante, em tentativa desesperada, entrou emconfronto com seu irmo, a fim de tomar a arma do crime. Neste interim, o Sr.
Joaquim Bezerra Mota tentava reanimar seu amigo morto naquele instante.
16.S depois de certo tempo, conseguiu o requerente tomar o revolver calibre 38 do Sr.Antnio Srgio Ferreira e Silva, que agora esbravejava para o corpo sem vida do Sr.
Gilberto Sousa Viana, dizendo: Eu lhe disse que sou homem rapaz! Lhe disse! T a
o que voc queria!. Certo que parecia profundamente desnorteado e comeava a
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falar coisas desconexas, talvez pelo lcool que havia ingerido durante toda aquela
tarde.
17.O requerente jogou a arma de fogo para longe de seu irmo, prximo cadeira em queele prprio usava para jogar.
18.Neste momento, vrios vizinhos adentraram residncia do suplicante, encontrando lo cadver do Sr. Gilberto Sousa Viana ao lado da mesa usada no jogo. O Sr. Antnio
Srgio Ferreira e Silva encontrava-se encostado na parede aos fundos do muro da
residncia, pondo as mos na cabea, incrdulo no que havia feito. O requerente ao
lado de seu irmo, falava-lhe da besteira que havia feito. Beb, a esta altura, j
havia desistido da reanimao, j conformado com a morte da vtima. A arma estava
prxima do requerente, a dois metros deste.
19.Passados poucos minutos, o suplicante, ante o fatdico, ligou para sua mulher erelatou-lhe o ocorrido. A Sra. Malieuda de Jesus e Silva, esposa do requerente,
percebendo a gravidade dos fatos, e a pedido de seu esposo, informou polcia os
fatos e o endereo de sua casa, local do homicdio.
20.Aps 10 (dez) minutos, por volta das 17h45min, a polcia j encontrava-se no local.
21.Constatando tratar-se de homicdio, os policiais prenderam em flagrante delito o Sr.Antnio Srgio Ferreira e Silva, e depois de perguntar se a arma era do suspeito j
preso, e tendo por reposta pertencer a arma ao requerente, para surpresa dos presentes,
o Sr. Francisco Xavier Ferreira e Silva, requerente, tambm foi preso em flagrante
por ter, nas palavras do policial que conduziu os irmos Ferreira e Silva, ajudado no
crime, j que emprestou a arma usada.
22.A imputao feita ao requerente a de participao no homicdio qualificado pormotivo ftil (art. 121, 2., inc. II, combinado com o art. 29, caput, ambos do
Cdigo Penal) praticado no dia 20 de agosto do corrente ano, que teve como
vtima o Sr. Gilberto Sousa Viana, vulgo Gil.
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IIDO DIREITO
Trata-se de flagrante ilegal, devendo ser imediatamente relaxado.
Com efeito, a ordem jurdica instalada no permite as prises ilegais, asseverando o
art. 5o, inciso, LXV, da Carta Cidad que:
A priso ilegal ser imediatamente relaxada pela autoridade
competente.
de verificar-se que o dispositivo mandamental alhures se reveste de verdadeira
garantia fundamental, sendo a liberdade corolrio do Estado Democrtico de Direito, nopodendo ser outra a opo poltica/jurdica da Repblica Federativa do Brasil.
No que diz respeito priso em flagrante, guisa de explicao, necessrio se faz
trazer baila o excelente magistrio de Guilherme de Sousa Nucci que leciona:
Flagrante significa tanto o que manifesto ou evidente, quanto o
ato que se pode observar no exato momento em que ocorre. Neste
sentido, pois, priso em flagrante a modalidade de priso cautelar,de natureza administrativa, realizada no instante em que se
desenvolve ou termina de se concluir a infrao penal (crime ou
contraveno penal). (NUCCI, 2008, p. 587)
Quanto as hipteses autorizadoras da priso em flagrante, veja-se o disposto no art.
302, do Cdigo de Processo Penal, litteris:
Considera-se em flagrante delito quem:
Iest cometendo a infrao penal;
IIacaba de comet-la;
III perseguido, logo aps, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situao que faa presumir ser ele o autor da
infrao;
IV encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos
ou papis que faam presumir ser ele o autor da infrao.
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So estas as restritas hipteses em que possvel a priso em flagrante. Assim, no
aceitvel haja priso em flagrante delito em situao diversa das conjecturas imperativas do
dispositivo supra.
Isto posto, a ilegalidade a que norma constitucional pretende afastar (art. 5 o, inciso,
LXV,CF/88), no que tange a priso em flagrante, pode ser dividida em duas categorias
distintas de vcio, a primeira a dos vcios extrnsecos, que dizem respeito a no observncia
do previsto no caput do art. 304 do Cdigo de Processo Penal, j a segunda categoria, prevista
no 1o do mesmo artigo, a dos vcios intrnsecos, que se concretizam quando a priso em
flagrante feita em hipteses diversas das estritamente previstas no art. 302, do Cdigo de
Processo Penal, se no vejamos:
Art. 304, do Cdigo de Processo Penal:
1o resultando das respostas fundada a suspeita contra o
conduzido a autoridade mandar recolh-lo priso, exceto no
caso de livra-se solto ou prestar fiana, e prosseguir nos atos do
inqurito ou processo, se para isso for competente; se no o for,
enviar os autos autoridade que o seja. (grifo nosso)
Neste ponto, porque indispensvel ao pretendido, salutar explanar que a autoridade
policial, quando da lavratura do auto de priso em flagrante, deve se revestir do mnimo de
certeza quanto a autoria e circunstncias do fato criminoso, dizer, quando as conjunturas
dos fatos e dos depoimentos das vtimas no restarconvencimento suficiente que justifique a
priso em flagrante, deve a autoridade, de imediato, promover a soltura do conduzido, no
o fazendo padece a priso de ilegalidade, por vcio intrnsecos. No h aqui espao parapresunes descabidas ou elasticidade de conceitos, isto porque, por se tratar de restrio a
liberdade do indivduo, a interpretao do dispositivo supra, deve ser, no mais das vezes,
conforme.
Por ser imputado ao Sr. Francisco Xavier Ferreira e Silva, requerente, a participao
no homicdio de que foi vtima o Sr. Gilberto Sousa Viana, insta explanar, em linhas gerais,
alguns aspectos relevantes da participao.
No dizer sempre expressivo de Fernando Capez, diz-se participe aquele que
concorre para que o autor ou coautores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que,
sem praticar o verbo (ncleo) do tipo, concorre de algum modo para a produo do resultado
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(CAPEZ, 2011, p. 365 366). Ainda no entendimento do citado doutrinador, duas
caractersticas so indissociveis participao, quais sejam, a) vontade de cooperar com a
conduta principal, mesmo que a produo do resultado fique na inteira dependncia do
autor; b) cooperao efetiva, mediante uma atuao concreta acessria da conduta principal.
Ao ensejo da concluso deste item, veja-se ainda o que Fernando Capez explica quanto aos
requisitos do concurso de pessoas, do qual a partio espcie:
Pluralidade de condutas: para que haja concurso de agentes,
exigem-se, no mnimo, duas condutas, quais sejam, duas
principais, realizadas pelos autores (coautoria), ou uma principal e
outra acessria, praticadas, respectivamente, por autor e partcipe;Relevncia causal de todas elas: se a conduta no tem relevncia
causal, isto , se no contribuiu em nada para a ecloso do
resultado, no pode ser considerada integrante do concurso de
pessoas; Liame subjetivo ou concurso de vontades:
imprescindvel a unidade de desgnios, ou seja, a vontade de todos
de contribuir na produo dos resultados, sendo o crime uma
cooperao desejada e recproca. Sem que haja um concurso devontades objetivando um fim comum, desaparecer o concurso de
agente [...]; e Identidade de infrao para todos: [...] em regra,
todos, coautores e partcipes, devem responder pelo mesmo crime,
ressalvadas apenas as excees pluralsticas. (grifo nosso)
(CAPEZ, 2011, p. 371 -372).
Emps substancial esclio de cunho didtico.
No caso em tela, o Sr. Francisco Xavier Ferreira e Silva, requerente, foi preso em
flagrante pela hiptese do art. 302, II, do Cdigo de Processo Penal, legitimando, portando a
deteno sem mandato judicial.
Ocorre que, na realidade, inexiste flagrante. O art. 302 do Cdigo de Processo Penal,
em seu inc. II, diz estar em flagrante delito o agente que acaba de cometer a infrao penal, no
entanto, para a caracterizao da hiptese de flagrncia, faz-se cogente, antes de tudo, indcios
mnimos de autoria ou participao do agente no fato, o que no ocorre no presente caso.
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Como ficou sobremaneira cristalino quando da narrao dos fatos ensejadores da
priso em flagrante do requerente, mormente pelo fato de o requerente no saber que seu
irmo Sr. Antnio Srgio Ferreira e Silva adentrou a casa com a finalidade de armar-se, o Sr.
Francisco Xavier Ferreira e Silva em nenhum momento contribui, moral ou
materialmente, para a consumao do crimeprevisto no art. 121, 2., II do Cdigo Penal,
delito praticado no dia 20 de agosto do corrente ano, que teve como vtima o Sr. Gilberto
Sousa Viana, vulgo Gil.
Ora, presente no momento do fatdico estava, alm da vtima, do apontado como
autor do crime e do prprio requerente, por bvio, o Sr. Joaquim Bezerra Mota, vulgo Beb,
que no auto de priso em flagrante testemunha presencial, quando inquerido sobre a
participao do requerente disse que este em momento algum ficou a ss com seu irmo,suspeito, ou mesmo levantou-se da mesa onde o jogo de cartas acontecia, como se extrai das
narrativas dos fatos de n. 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13. Disse ainda Beb, em seu
depoimento, que o requerente a todo o momento, assim como ele prprio, tentou acalmar os
nimos dos contendores.
Outrossim, a Sr. Lucineide Pereira de Medeiros, segunda testemunha do auto de
priso em flagrante, vizinha do requerente, primeira pessoa a chegar na casa deste depois de
consumado o homicdio, corroborou com o descrito na narrativa ftica n. 17, afirmando que orequerente, repetidamente, falava que o irmo tinha feito besteira, que ele tinha acabado
com a vida dele, dentre outras palavras de desaprovao e espanto pelo ocorrido.
Cumpre mencionar, o suspeito de autoria do ilcito, irmo do requerente, em seu
depoimento pessoal, reduzido a termo no auto de priso em flagrante, aps confessar o crime,
quando questionado da participao de seu irmo, afirmou veementemente que o suplicante
em nenhum momento lhe deu a arma de fogo, ou mesmo lhe induziu ou instigou a praticar o
crime.No bastasse isso, o policial condutor dos irmo Ferreira e Silva afirmou que deu
voz de priso ao requerente baseado, pura e simplesmente, no fato de a arma de fogo,
instrumento do crime, ser de propriedade deste arma esta que registrada (Doc. 02) e,
conforme as diligncias da prpria polcia, era armazenada de forma corretae por ser ele
irmo do Sr. Antnio Srgio Ferreira e Silva, acusado de ser o autor do homicdio, no
obstante os presentes, incluindo, por certo, o prprio suplicante, protestarem a priso.
Inquerido sobre a atitude do requerente, disse ainda o policial condutor ter o requerente
colaborado.
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Como se nota pelo acima estampado, falta o liame subjetivo entre o requerente e
seu irmo, elemento essencial do concurso de agente, no que fica prejudicada a sua
configurao. Assim, no h se falar em concurso de agentes na modalidade de participao
se nem sequer houve, no caso em tela, concurso de vontades. Ainda, o requerente armazenava
sua arma, repita-se por oportuno, devidamente registrada (Doc. 02), na forma devida, no
tendo agido com negligncia em nenhum momento.
Decorre do exposto que, indubitvel, h ilegalidade na priso em flagrante do
requerente. Com efeito, a autoridade policial, mesmo diante da clareza dos fatos, lavrou o
auto de priso em flagrante baseado em uma presuno que no se sustenta frente aos
depoimentos constantes do prprio auto de priso em flagrante.
Certo que, a priso medida extrema, que s deve ser imposta nas estritashipteses do art. 302 do Cdigo de Processo Penal, e, mesmo nessas hipteses, deve o
conjunto probatrio ensejarfundada suspeita contra conduzido, na dico expressa do art.
304, 1o , do CPP, como j exaustivamente salientado.
Deveria sim a autoridade policial, j que os fatos e circunstncias do fatdico no
comportam presunes elsticas e aberrativas, ter determinado a soltura do suplicante que a
07 (sete) dias suporta priso ilegal. Nessa esteira, renomado mestre Guilherme de Souza
Nucci:
No crvel que a autoridade policial comece, formalmente, a
lavratura do auto de priso em flagrante, sem certificar-se, antes,
pela narrativa oral do condutor, das testemunhas presentes e
at mesmo do preso, de que houve, realmente, flagrante por um
fato tpico. Assim, quando se inteira do que houve e acreditando
haver hiptese de flagrncia, inicia a lavratura do auto.Excepcionalmente, no entanto, pode ocorrer a situao descrita
no 1. do art. 304, isto , conforme o auto de priso em
flagrante desenvolve-se, com a colheita forma dos depoimentos,
observa a autoridade que a pessoa presa no , aparentemente,
culpada. Afastada a autoria, tendo sido constatado o erro, no
recolhe o sujeito, determinando sua soltura. (grifo nosso)
(NUCCI, 2008, p. 598)
Outra no a posio da jurisprudncia:
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Priso em flagrante - Inocorrncia - Agente que no foi
surpreendido cometendo a infrao penal, nem tampouco
perseguido imediatamente aps sua prtica, no sendo encontrado,
ademais, em situao que autorizasse presuno de ser o seu autor."
(TJSP - Cm. Crim. h.c. n 128260, em 3.2.76, Rel. Des. Humberto
da Nova - RJTJESP 39/256)
IIIDO PEDIDO
Por todo o exposto, requer o imediato relaxamento da priso ilegal, com a consequente
expedio de alvar de soltura, aps ouvido o D. Representante do Ministrio Pblico.
O requerente compromete-se a comparecer a todos os atos de persecuo penal, ocasio em
que provar sua inocncia.
Termos em que, colocando-se disposio para maiores esclarecimentos, pede e espera
deferimento.
Quixad, 26 de agosto de 2013.
Lucas Brito de Oliveira19702 OAB/CE
Leoni Pinheiro Sousa19874 OAB/CE