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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA – ICHF DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA DCP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA – PPGCP MESTRADO EM CIÊNCIA POLÍTICA A Totalidade da Consciência: um aspecto de cultura e sociedade em tempo presente

Religião e Cultura Jurídico-política Institucional

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A cultura política e jurídica brasileira a ensejar uma abordagem histórica da permanência de culturas em muitas estruturas sociais, porém, não só institucionais, como também individuais, de cada sujeito na gênese de uma base de cunho religioso como ponto de partida

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA – ICHF

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA – DCP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA – PPGCP

MESTRADO EM CIÊNCIA POLÍTICA

A Totalidade da Consciência:

um aspecto de cultura e sociedade em tempo presente

Niterói, 18 de março de 2015.

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA – ICHF

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA – DCP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA – PPGCP

MESTRADO EM CIÊNCIA POLÍTICA

A Totalidade da Consciência:

um aspecto de cultura e sociedade em tempo presente

Professor: Profº. Drº. Gisálio Cerqueira Filho

Aluno: Michael Batista Lima

Niterói, 18 de março de 2015.

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Apresentação:

Trabalho apresentado como requisito obrigatório para a conclusão da cadeira Tópicos

Especiais em Ciência Política I, Subtítulo: História Política das Faculdades de Direito e

Cultura jurídica no Brasil, ministrada pelo Professor Doutor Gisálio Cerqueira Filho no 2º

semestre de 2014.

A cultura política e jurídica brasileira a ensejar uma abordagem histórica da

permanência de culturas em muitas estruturas sociais, porém, não só institucionais, como

também individuais, de cada sujeito na gênese de uma base de cunho religioso como ponto de

partida para todos os elementos participantes possíveis de apreensão pela consciência, é

problemático para a ordem requisitada pelo entendimento da ciência. E, tal ponto de partida

pode corroborar a sintética ideia de que se torna inteligível para todo entendimento que para a

compreensão da cultura política exige a assimilação de uma cultura jurídica, que por sua vez

exige a tomada de consciência histórica da religião e suas instituições eclesiásticas, as quais

dominariam a vida cultural das matrizes que nos originaram como um corpo social por longo

tempo.

Sumário:

Página 1: Cultura política punitiva e sociedade

Pagina 10: Sobre a estrutura da mente religiosa

Página 12: “Para não Concluir”

Página 14: Referências Bibliográficas

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Resumo

Este pequeno estudo buscará analisar a infra-estrutura dos meios de produção de

cultura de nosso tempo e os efeitos causais destas produções sobre a sociedade, por

conseguinte; as “fluidificações” (resultado de transformações dessa interação) entremeadas

nas classes sociais, na forma de uma super-estrutura ideológica pela razão de uma infra-

estrutura constituída por classes cindidas. Pois, parece ser mesmo assim que funciona a

estrutura do sistema de ideologias da cultura geral brasileira, a cultivar uma história de poder

autoritário sobre o desejo de uma nação moderna integrada a valores e técnicas de reprodução

social estrangeiros. Fato é que a cultura da violência generalizou-se por sobre as diferentes

camadas da sociedade, e, a complexidade de sua produção e forma se estruturaria, não

podendo ser diferente, na dimensão do imaginário... Embora de modo ambíguo, em prejuízo

da faculdade de processar criticamente à totalidade, num máximo de consciência possível, os

objetos de pensamento. Por conseguinte, com essa “instabilidade estável”, de um imaginário

estático a atravancar o movimento para a operação da razão, tornar-se-á impossível atingir,

por meio de argumentos, a fundamentação teórica de uma concepção que prescinda de

fundamentação teórica porque se contenta com um sentimento. Por isso, a importância da

investigação sobre questões humanas do sentimento entre as questões políticas, a nosso juízo,

dever ser uma constante desde então.

Palavras chave: cultura, violência, meritocracia, consciência religiosa.

Entendemos modernidade como a época que abrange a segunda metade do século XIX e o início do século XX, e toda a série de mudanças e inovações inauguradas – sobretudo da técnica da produção de mercadorias – neste período. Por sua vez, a contemporaneidade refere-se à nossa época, o século XXI, onde presenciaríamos a radicalização (mas não a ruptura) destes processos. Ver Fisiognomia da Metrópole Moderna, Wille Bolle, EDUSP, 2000.

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Cultura Política Punitiva e Sociedade

“Já existe, felizmente, em nosso país uma consciência nacional

que vai introduzindo o elemento da dignidade humana em nossa

legislação. Essa consciência que está temperando a nossa alma, e há

de por fim humanizá-la, resulta da mistura de duas correntes diversas:

o arrependimento dos descendentes de senhores, e a afinidade de

sofrimento dos herdeiros de escravos.”

Joaquim Nabuco, 1883

O presente trabalho propõe encontrar os possíveis efeitos causais do caráter de

nossa cultura política pela observação da cultura jurídica, e, por sua vez, não sem

considerações sobre sua causalidade religiosa. Em uma tentativa de descrever tal

percurso, cabe ressaltar que a mídia televisiva produz um sentido acerca do estado, da

“desgastada” representação política em relação à corrupção (desvio de dinheiro público,

formação de quadrilhas, etc.), para uma meta: o Estado mínimo. Com efeito,

sinteticamente tudo isso por meio de um aparato capaz de materializar ações (a começar

por consensos) a custar o atravancamento do movimento natural da consciência como

um pólo na necessidade de uma unidade através da complementação com o seu oposto.

A emasculação política, a nosso juízo sempre com infusão de graus de objetividade, é

uma espécie de perinde ac cadáver1. Segundo Pedro Demo, a castração política é o

comportamento de aceitar tudo sem reclamar2, neste sentido, como um “cadáver”, sem

vida. Logo, sem valores e sem gosto e sem sentido, pelo menos por um momento. É

problemático para todos nós a crença no Estado como elemento capaz de solucionar os

nossos problemas. É o maior obstáculo a que tenhamos sucesso na obra de consolidar as

instituições do sistema representativo, por conseguinte, sendo ainda mais agravante o

estágio de crença, da consciência em que responda por um hábito de indiferença ou

mesmo de desesperança para com esta arte de organização social.

1 Termo latino que, traduzindo, significa “obedecer como um cadáver”.

2 Ver DEMO, P. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1995.

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O século XIII com suas mudanças políticas e principalmente com efeitos da

manufatura, canalizadas a uma “política criminal”, como recorte aqui neste trabalho, e

de um novo desenho de poder punitivo estabelecido através de uma relação entre as

noções de delito e de castigo, instauraria os conceitos de infração e de pena pública. A

partir da Inquisição teríamos aí o primeiro modelo integrado de política em matéria de

“ações criminosas”. Tal procedimento de controle produziria um eficiente dispositivo de

controle social e assujeitamento coletivo. O ano de sua instituição, 1215, era também o

da perseguição dos cátaros em Languedoc e da Carta Magna na Inglaterra3. O novo

modelo inquisitorial, centralizado e burocratizado, articulando os saberes / poderes

médico-jurídicos produziria o fenômeno (tão discutido na criminologia depois de

Foucault, diga-se de passagem) de expropriação do conflito em favor do Estado

embrionário.

A gestão comunitária é banida e a “vítima” (que só recobrará importância no

século XX), passando a ser figurante de um poder que se alimenta de seu próprio

método: não resolve o conflito, mas põe em funcionamento o mecanismo que vai unir

simbolicamente a culpa com o castigo. Esse mecanismo vai constituir e demandar um

corpo “profissional” permanente, formado na intersecção do jurídico com o religioso. É

possível para a consciência até então perceber a evidência de verossimilhanças entre

escolástica e direito penal. Como no início do processo de objetificação infundido por

esse poder a ensejar à criação de seu “antípoda”, o seu inimigo. Por exemplo, o corpo

humano na concepção dos eclesiásticos medievais como fonte de malefícios – e uma

relação estúpida e incompreensível a partir de regras da razão à santidade – com

respeito de nossa parte em relação ao anacronismo –; as bruxas que representavam para

estas consciências a tentativa de controle dos ritos de fertilidade, os partos, o poder

feminino, assim como as ideias erradas dos hereges.

No tratamento da Inquisição aqui, como primeiro discurso criminológico

moderno, pois, foi onde todo um aparato foi estabelecido para a investigação sobre as

causas do mal, as formas em que se apresentava e também o método para combatê-lo.

Pois então, será de nossa importância aqui seguir o curso dos discursos para possível

indício de permanência dessa maneira de pensar e agir para a observação das atividades

de criminalização que ocorrem nos dias de hoje. Nada mais parecido com a figura do

3 FOUCAULT, M. História da Sexualidade I, cit. apud, ELIACHEFF, C.; LARIVIÈRE, D. S. Le Temps des Victimes. Paris: Albin Michel, 2007.

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herege do que o traficante que quer dispor da alma das nossas crianças, como disse Nilo

Batista4. Sobremaneira, todo esse poder em formação não foi etéreo e nem ontológico,

como algo suprasensível. Pois, ele se relacionaria, intimamente, com o processo de

acumulação de capital em curso. Então, todo esse movimento material, admiravelmente

estudado por Braudel, vai fazer emergir uma nova classe social, a burguesia, composta

por todos aqueles setores nos interstícios entre o clero, a nobreza e os pobres.

O próprio Delumeau analisa como o medo recaía sobre os mouros, judeus, os

hereges, as bruxas, os leprosos, os loucos, as mulheres em geral. Anitua aponta como

nesse percurso histórico veremos caminhos distintos, da ciência política do conflito em

Maquiavel ao consenso lupino de Hobbes. O grande eixo ordenador será em torno da

propriedade. Em torno do pensamento liberal surgirá a noção moderna de lei e de

direitos individuais. O contrato transforma-se na grande metáfora das relações sociais,

conforme Pashukanis. Os Estados absolutistas que aparecem nessa conjuntura

racionalizariam o sistema de castigo e adestrariam intelectuais e funcionários para esses

misteres: aprimorariam o controle da população, as técnicas de governo, o utilitarismo

social e econômico. No campo da criminologia, Anitua situa aí o começo da ideia de

prevenção, associada a uma averiguação da motivação culpável, que pode ser

conseguida através da tortura, com o objetivo final da confissão5.

Com efeito, “as curvas” de sua forma, que a definem, estão proporcionalmente

ligadas ao momento histórico determinado em que os indivíduos estão passando.

Baseado em um ditado árabe, o professor Marc Bloch disse o seguinte:

“O Homem se parece mais com seu tempo que com seus pais.”6

A respectiva importância em discorrer sobre Cultura está na possibilidade de um

percurso histórico, cuja observação e análise, ensejam à proporção da tomada de

consciência de permanências de valores de matriz européia na predominância de nossa 4 Ver BATISTA, N. Matrizes ibéricas do sistema penal brasileiro – I. Rio de Janeiro: Instituto Carioca de Criminologia / Revan, 2000.

5 Ver BATISTA, V. M. Introdução Crítica à Criminologia Brasileira. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Revan, 2012.

6 Ver BLOCH, M. Introducion a la História. Traducción de Pablo González Casanova y Max Aub. México: Fondo de Cultura Económica, 1952.

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forma religiosa e de nossa forma jurídica e política. As mudanças políticas e

principalmente nos seus efeitos para a manufatura de uma “política criminal” do século

XIII, como já foi dito no início, guardam significativa verossimilhança com conceitos

de infração e de pena pública. Com efeito, as ideias que bem sucedem (que convencem

e fortalecem a crença determinada de um indivíduo) à adequação de uma política de

guerra à criação de uma imagem de cidade pacificada dentro de modos de produção

cindidos socialmente, por exemplo, resulta de um processo de uma lógica de segurança

a capilarizar-se na sociedade civil por uma avassaladora promoção e naturalização de

uma cultura da violência.

O discurso de defesa social voltado para legitimar ações letais, da prática de

nossa polícia “não cidadã”, por exemplo, encontra amparo não só nas palavras dos

promotores de justiça criminal, mas, também em uma cultura punitiva já em forma de

sociabilidade. Parece ser mesmo assim que funciona o sistema de denegações

ideológicas “objetivas” e políticas na simbólica cultura geral brasileira, cultivado em

uma história profunda de terrores e vitórias sistemáticas do poder autoritário sobre o

desejo de uma nação moderna integrada. Fato é que a cultura da violência generalizou-

se por sobre as diferentes camadas da sociedade. Por exemplo: o uniforme preto e a

“faca na caveira” na farda do BOPE7 não são símbolos que proliferaram no universo de

uma subcultura juvenil e “extremista”, mas sim de produtos da cultura de massa

voltados para o público em geral8. O processo de pacificação em áreas da cidade do Rio

de Janeiro, acaba por alimentar o argumento da violência como forma de resistência ao

próprio processo de civilização, fazendo com que a pacificação acabe por operar

mecanismos de guerra no interior da própria sociedade através da manutenção de

aparelhos ideológicos.

Quando dizemos que nossos índices sociais são, em alguns casos, africanos, que

nossa polícia é a polícia que mais mata – e morre – que o desrespeito aos direitos

humanos e a tortura são endêmicos em nossas delegacias e presídios, que a

concentração de renda brasileira continua sendo a maior do universo econômico

7 Sobre uma instituição policial de operações táticas comumente acionadas para processos de pacificação de áreas tidas como segregadas do município do Rio de Janeiro.

8 Esse imaginário se tornou brinquedo de criança. Ver “Dias das crianças tem ‘caveirão’ de brinquedo no Rio”, G1, 7 out. 2010. Disponível em: <http://g1.globo.com/especiais/dia-das-criancas/noticia/2010/10/dia-das-criancas-tem-caveirao-de-brinquedo-no-rio.html>; acesso em 28 jan. 2015.

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conhecido – ou que os bárbaros, assassinos e torturadores da ditadura militar brasileira

não foram minimamente punidos, nem sofreram algum constrangimento público ou

político e estão muito bem, obrigado, aposentados, condecorados e premiados, de

chinelo em casa ou ainda na ativa no Exército –, quando elencamos o rosário face a

barbárie de nossa vida social real, nunca resgatada, o que é o único papel histórico

verdadeiro da esquerda, a posição ideológica predominante e a defesa subjetivante da

política hegemônica que se observa é a recusa generalizada em “tornar esses fatos de

fato plenamente conscientes”9.

Com o auxílio da mídia e suas campanhas de alarme social, inculcaram-se as

teorias do senso comum, ampliando o espectro punitivo, impondo penalidades mais

severas, flexibilizando as garantias, mas, principalmente fortalecendo o dogma de

estirpe “escolástica” da pena como solução para os conflitos. Nilo Batista demonstra as

relações entre mídia e sistema penal no capitalismo de barbárie denunciando o seu

protagonismo. Com efeito, as agências do sistema penal, segundo o advogado e

professor de direito penal, seriam pautadas pelo monopólio global da mídia no Brasil10.

Monopólio produtor de discursos e de discursos com emoção. Tema já carregado de

significativa pesquisa o qual, particularmente, os professores Gizlene Neder e Gisálio

Cerqueira Filho concebem-no entre a política através de uma interposição do

autoritarismo jurídico e suas relações com a família patriarcal brasileira. Pois, ambos os

autores traduziram lato sensu o paradigma indiciário de Carlo Ginzburg para trabalhar

as estratégias de neutralização, criminalização e barbárie do povo brasileiro nos seus

detalhes secundários, nos refugos e nos detritos do discurso dos vencidos pelo controle

social formal e informal11. Além de outros tais como o historiador Domenico Losurdo12.

9 Ver TELES, E.; SAFATLE, V. O Que Resta da Ditadura: a exceção brasileira. São Paulo: Boitempo, 2010. (Estado de Sítio).

10 Ver BATISTA, N. “Mídia e sistema penal no capitalismo tardio”. In: discursos Sediciosos – Crime, Direito e Sociedade, nº 12. Rio de Janeiro: Instituto Carioca de Criminologia / Revan, pp. 271-288.

11 Ver NEDER, G. Iluminismo Jurídico-Penal Luso-Brasileiro: obediência e submissão. 2ª ed. Rio de Janeiro: Instituto Carioca de Criminologia / Revan, 2007.; ______. Emoção e Política: (a)ventura sociológica para o século XXI. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris E., 1997.; e CERQUEIRA FILHO, G. Autoritarismo Afetivo: a Prússia como sentimento. São Paulo: Escuta, 2005.

12 A esse respeito, ver João Novaes e Rodolfo Machado, “Losurdo: produção das emoções é novo estágio do controle da classe dominante”, Opera Mundi, 4 Out. 2015. Disponível em: <http://adm.operamundi.com.br/conteudo/entrevistas/31615/losurdo+producao+das+emocoes+e+novo+estagio+do+controle+da+classe+dominante.shtml>; acesso em 5 Jan. 2015.

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Como diz Passetti13, a pena ou o castigo não estão só no sistema penal; eles

seriam um dispositivo que produz assujeitamentos e verticalizações na pedagogia, na

psicologia, na família. Tratando-se de uma lógica instaurada a partir da escolástica,

sendo, talvez, a fundadora da lógica penal. A ação de uma criminalização com a

aplicação da pena e do castigo administradas por nossas agências de segurança pública

parece levar ao extremo o significado da neutralização das populações pobres e

inimpregáveis em tempos neoliberais. Para um Estado que, como destaca Vera

Malagutti Batista, “carrega dentro de si o princípio da desigualdade legítima”, o

prejuízo está naquilo que é inerente ao projeto do Estado democrático, a saber, a

razoabilidade do princípio da proporcionalidade para a justiça.

A cisão entre vida pública e vida privada se manifesta com excepcional clareza

no testemunho de Samuel Pepys, que, como secretário do Almirantado britânico,

membro do Parlamento e presidente da Sociedade Real, era um homem respeitável,

perfeitamente adaptado às tradições e convenções da Inglaterra do século 17. No

entanto, deixou-nos um Diário14 escrito em código (só decifrado e publicado em 1825),

que narra com franqueza incomum a sua vida íntima, e na qual nos aparece um Pepys

cuja imagem é de difícil conciliação com a do político e discreto cortesão.

A cisão entre a vida pública e a vida privada, já bem agravada pelo modo de

produção capitalista, leva os ideólogos da burguesia à crença de que, em face da

falsidade da vida pública, a verdade se refugia na vida privada. Heidegger formulou isso

declarando que a vida pública não é “ontologicamente verdadeira”. A ilusão destes

ideólogos, porém, está no imaginarem eles que o refúgio na vida particular possa

preservar a verdade. Entretanto, numa sociedade reificada – aqui, cabe a menção a

aparelhos de cultura que estão no movimento de “infusão” do medo público nos

“ânimos” reduzido por uma visão maniqueísta – e intolerante em quantidade gigantesca

de relações sociais – de guerra do bem contra o mal. Por conseguinte, em capilarização

através de aparelhos de cultura, a violência e a mentira penetrar-se-ão na intimidade dos

sentimentos – distanciados por muitos pela ciência e pelo senso comum dos assuntos

políticos15 – na vida familiar e na estrutura afetiva; não se limitando ao comportamento

especificamente político.

13 Ver PASSETTI, E. Anarquismos e Sociedade de Controle. São Paulo: Cortez, 2003.

14 Confira The Diary of Samuel Pepys. Disponível em <http://www.pepysdiary.com/>; acesso em 15 mar. 2015.

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No Brasil estabeleceu-se uma Constituição que foi entregue, precisamente, aos

que são mais tentados a violá-la na tarefa de manter a sua supremacia16, inclusive a

partir de concepções religiosas no que tange a reivindicações de algumas minorias, em

movimentos sociais ou em todas as esferas das casas de lei da federação brasileira 17. Se

os militares juntamente com concepções religiosas (os dogmáticas) são os garantes da

ordem, pois, na razão direta proporcional terminam sendo organizadores da vida política

e fonte de estímulo para uma cultura baseada na culpa e na punição – a partir e somente

da pobreza, cujo único conteúdo seja o combate ao crime – o que caracteriza um tipo de

mito ao se doar sentido com uma fraseologia militar ou teológica precisamente distante

do cerne de toda a estrutura de poder que organizam a sociedade politicamente. Os

constituintes usaram um procedimento democrático para conferir às Forças Armadas um

papel que pode tornar-se incompatível com os direitos liberais e com a vontade da

maioria18.

Nosso país e o Rio de Janeiro continuam sendo uma sociedade excludente e

fortemente autoritária, com controles particulares do espaço público, o que confirma a

hipótese de autores renomados sobre o tema, de que possui uma incapacidade profunda

de reparar a clivagem social radical de sua origem19: escolástica e patriarcal. E a

15 Ver CERQUEIRA FILHO, G. Autoritarismo Afetivo: a Prússia como sentimento. Escuta: São Paulo, 2005.

16 Ver ZAFFARONI, E. R. Poder Judiciário. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1995.

17 Podemos citar aqui o caso de um parlamentar, do novo e atual presidente da Câmara dos Deputados do Congresso Nacional brasileiro, chamado Eduardo Cunha. Réu em diversos processos e líder evangélico, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é autor de projetos polêmicos como o que estabelece o Dia do Orgulho Heterossexual. Cunha tem como padrinhos políticos Fernando Collor e Anthony Garotinho. Ver Redação Pragmatismo, “Conheça Eduardo Cunha, novo presidente da Câmara dos Deputados”, Pragmatismo Político, 3 fev. 2015. Disponível em: <http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/02/conheca-eduardo-cunha-o-novo-presidente-da-camara-dos-deputados.html>; acesso em 10 mar. 2015.

18 Após o comício de João Goulart na Central do Brasil, o chefe do Estado Maior do Exército, general Castello Branco, em 13 de março de 1964, escreveu um comunicado aos seus subordinados lembrando que “os meios militares nacionais e permanentes não são para propriamente defender programas de governo, muito menos a sua propaganda, mas para garantir os poderes constitucionais, o seu funcionamento e a aplicação da lei”. Ver mais a esse respeito LIRA, Neto Castello: a marcha para a ditadura. (São Paulo, Contexto, 2004), p. 239.

19 A consciência crítica dessa imensa repetição material da exclusão brasileira é de difícil estabilização conceitual, porque é essencialmente de caráter político e ideológico. Afora os clássicos trabalhos de Caio prado Jr. e Luiz Felipe de Alencastro, há também trabalhos significativos do professor

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conseqüência disso é a subserviência possível a uma meritocracia de vestígios

calvinistas, na qual seus conteúdos, opacos (conteúdo incapaz de proporcionar

historicidade a qualquer consciência), contribuem para a maior reprodução de violência

e desigualdade do planeta. E, sobre a estrutura dessa desigualdade, as práticas

clientelistas devem ser coibidas pela consciência de dever em atuar junto ao respectivo

representante através de algum meio de participação popular. Já por outro lado, há que

se suprimir a atividade lobista, a qual garante “doações faraônicas” aos principais

candidatos que disputam algum posto representativo em cada uma das esferas do

Estado.

O primeiro item necessário à política urbana brasileira com projeto de ampliação

da cidadania hoje é a reforma política, em especial o financiamento de campanhas

eleitorais a ensejar a entrada do cidadão comum nestes postos. Com efeito, uma reforma

política que inclua a regulação das comunicações que se encontram no registro da

manipulação do medo, na infusão de uma histórica cultura punitiva na divisão entre bem

e mal, típico de religiões monoteístas de estirpe européia – hoje neopentecostais com

cada vez mais incremento de novos devotos – a moldar as formas de uma formação

política inadequada no que respeita à relação com os representantes, a fim da garantia

possível à participação popular capaz de agregar mais vozes ao debate público20. O

déficit na representação política dos parlamentos, acrescido do bloqueio histórico de

vozes a este debate e a conseqüente corrupção da opinião pública praticado pelos

oligopólios empresariais dessa mídia, já velha, paralelo ao tema da laicidade do Estado,

são uma questão de valor para a sociedade e sua organização política.

A Reforma Política Democrática, contudo, é urgente porque o país assiste ao

profundo desgaste vivido pelas instituições ocupadas por representantes do povo, o

acordo implícito entre eleitor e eleito. A proposta da Coalizão Pela Reforma Política

Democrática e Eleições Limpas, liderada pela OAB e pela CNBB, é a que reúne as

melhores condições para construir a unidade das forças progressistas: foi amplamente

discutida entre as 103 entidades da sociedade civil que a integram e ataca as maiores

do IESP – UERJ, Adalberto Cardoso, a saber, “Escravidão e sociabilidade capitalista: um ensaio sobre inércia social”. In: Novos Estudos Cebrap, São Paulo: Cebrap, n. 80, mar. 2008. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/nec/n80/a06n80.pdf> acesso em 2 mar. 2015.

20 Ver DE LIMA, V. A. “Mídia, rebeldia urbana e crise de representação”. In: MARICATO, E. [et. al.]. 1ª Ed. Cidades Rebeldes: manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo / Carta Maior, 2013. p. 93-4.

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vulnerabilidades do sistema político-partidário conforme seu funcionamento real. Em

torno dela, as entidades se mobilizam para coletar assinaturas e transformá-la num

projeto de iniciativa popular, que já chegara no Congresso com a chancela de 1,5 milhão

de assinaturas.

Em face de medidas excepcionais tomadas pelo Estado dito democrático, cabe

aqui lembrarmos do princípio da proporcionalidade, na esteira da laicidade que deve

constituir todo Estado moderno. A primeira vez que ele foi aplicado no campo do

processo penal foi na Alemanha com réus jornalistas que se recusaram em ser

testemunhas de um processo criminal. Então, por essa razão, a Corte Alemã pretendeu

aplicar a estes as mesmas penas de crimes objetos dos processos os quais os mesmos

negaram depor21. O termo proporcionalidade deriva do latim proportionalis, o qual traz

a correspondência entre os meios e fins, entre as partes e o todo. No plano legislativo

sugere a compatibilidade entre o meio empregado pelo legislador e os fins visados, bem

como a aferição da legitimidade dos fins22. Uma dimensão desse princípio é também

conhecida como “proibição do excesso”, inerente ao Estado de Direito cuja marca é a

racionalidade (razoabilidade / proporcionalidade) de seus atos. Há quem sustente que é

um “superprincípio” que condiciona os demais princípios a ponto de poder ser usado

para superar aporias. Em suma, o princípio da proporcionalidade carreia um parâmetro

de valoração dos atos do Poder Público à aferição sobre o valor de todo ordenamento

jurídico: a justiça.

Sobre a Estrutura da Mente Religiosa

Em nossa sociedade capitalista, cuja infra-estrutura atua por ações sociais de

escravidão (na razão da divisão do trabalho guardar igualdade com a propriedade

privada, em que o primeiro seja a condição dessa escravidão e o segundo o produto da

mesma, a resultar em fetiches23 de ambas as partes cindidas e limitadas em seu ser de

classe), parece que aos homens dessa última sociedade alienada não lhes ocorrem que o

21 Ver CASARA, R. R. R. Prisão e Liberdade. Prisão e Liberdade. Marcelo Semer e Marcelo Sotelo Felippe (orgs.). 1ª edição. São Paulo: Estudio Editores.com, 2014.

22 BARROSO, L. R. “Princípio da Proporcionalidade”. In: Revista Forense, v. 336, Rio de Janeiro: Forense, 1996.

23 Uma relação social pautada em uma objetividade ilusória. A esse respeito, ver mais em Marxismo e Alienação, Leandro Konder, Expressão Popular, 2009.

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melhor “mérito” – na crítica sobre a base meritocrática, consenso responsável pela pior

e maior desigualdade social planetária – seria o de servir à divindade que se sustenta a

própria crença, paralelo à promoção da felicidade de todas as criaturas. O que

significaria homens emancipados de seus limites de classe, viável para uma perspectiva

universal humana sobre os outros. Apesar disso, a concepção de realidade meritocrática

tende a levar os seus “devotos”, “empejados” de espírito capitalista, a esperarem por

uma assistência mais imediata do respectivo ser supremo, a fim de diminuir os terrores

que o oprimem. Qualquer prática que lhe recomende a sua doutrina, ainda que não lhe

apresente à primeira evidência na consciência ou ofereça a mais forte resistência às suas

inclinações naturais, tende a abraçá-la logo, graças àquelas mesmas circunstâncias que

deveriam fazer com que ele a rejeitasse completamente.

Por sua causa sacrifica boa parte de seu bem-estar e de sua tranqüilidade, crê que

seus méritos aumentem conforme se manifesta seu fervor e sua devoção. Mas, o fator

aqui é que o maior dos crimes – quando uma vida passa a se tornar matável – pode se

dignar de consideração a partir do momento em que uma piedade e uma devoção

supersticiosas se impõem sobre a ação e a representação de uma alteridade de uma

realidade social distinta. As atrocidades mais estúpidas e desumanas têm sido

apropriadas para a produção de terrores supersticiosos e para aumentar a paixão

religiosa. Bomilcar, por exemplo, tendo formado uma conspiração para assassinar de

uma só vez todo o senado de Cartago e violar as liberdades de seu país, perdeu a

oportunidade por causa de uma preocupação contínua com os presságios e com as

profecias. Pois, os que empreendem as ações mais criminosas e mais perigosas são, em

geral, os mais supersticiosos, como observa um historiador da antiguidade24. Pois sua

devoção e sua fé espiritual aumentariam, em uma razão direta, com seus temores.

A rigor, dentro de condições sociais típicas do escravismo, do feudalismo e do

capitalismo, nas épocas posteriores, a religião continuava a corresponder a uma

necessidade socialmente sentida. Talvez, se possa dizer que a consciência religiosa é a

forma por excelência do pensamento alienado25. A religião é, na realidade, a

consciência e sentimentos próprios do homem que, ou, ainda não se encontrou ou então

já se perdeu, diz Marx... Apesar de não se constituir em enfermidade a sua estrutura 24 HUME, D. História Natural da Religião. Tradução de Jaimir Conte. São Paulo: Unesp, 2005. p. 119.

25 KONDER, L. Marxismo e Alienação: contribuição para um estudo do conceito marxista de alienação. São Paulo: Expressão Popular, 2009. p. 80.

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mais “pura”26. A religião é apenas o sol ilusório em torno do qual se move o homem

enquanto não se move em torno de si mesmo27.

Fato é que o reflexo religioso do mundo real só poderá desaparecer quando as

condições de trabalho e vida prática mostrarem cotidianamente aos homens relações

mais transparentes e racionais não apenas dos homens entre eles, mas também dos

homens com a natureza. A vida social cuja base está formada pela produção material e

pelas relações em que esta implica, não será libertada da nuvem mística que a encobre

senão no dia em que nela, na vida social, venha a se manifestar a obra de homens

livremente associados, atuando conscientemente e como senhores do seu próprio

movimento social28. A questão do sentido da vida, desde o seu primeiro equacionamento

mais ou menos conseqüente, encontrou nas condições sociais vigentes uma resposta

pronta de tipo religioso. Como escreveu o filósofo polonês Adam Schaff: “Quando se é

crente, a questão se resolve de maneira muito simples: a vida tem sempre um sentido

(quer dizer, vale a pena viver, quaisquer que seja as circunstâncias), pois mesmo o

sofrimento, a dor e a morte, são conformes à intenção do Ser Supremo, que nos prepara,

em compensação, uma recompensa na outra vida, ou que nos aplica um castigo terreno

pelos nossos pecados”29.

O pensamento de Santo Tomás de Aquino, por exemplo, com sua a-historicidade

essencial, captando os fenômenos na sua aparência estática e não na sua conexão mútua,

desfigura brutalmente os fatos antes de possibilitar-lhes a compreensão. O pensamento

dialético racionalista contemporâneo, ligado à tradição marxista, reconhece a

negatividade imanente ao processo de desenvolvimento do conhecimento, e identifica

no conhecimento um caráter necessariamente problemático30. A consciência religiosa,

entretanto, é levada a transformar os problemas em mistérios. O problema – escreve

26 Ver WEBER, M. ÉTICA Protestante e Espírito do Capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1999. 27 Ver MARX, K. Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. São Paulo: Expressão Popular, 2010.

28 Ver MARX, K. O Capital: crítica da economia política. Livro primeiro. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

29 Ver Fusées, in Journaux intimes, Charles Baudelaire, éd. G. Grès et Cie., Paris. Disponível em <http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k206339d/f4.image.langEN>; acesso em 15 mar. 2015.

30 VIEIRA PINTO, A. Consciência e Realidade Nacional. ISEB, 1960. Disponível em: <http://www.geraldoaguiar.com.br/apontamentos-sobre-consciencia-e-realidade-nacional-de-alvaro-vieira-pinto-por-geraldo-aguiar/>; acesso em 15 mar. 2015.

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Gabriel Marcel31 – é algo com que a gente se encontra e que nos barra o caminho; ele

está inteiro diante de mim. O problema pode ser resolvido, o mistério não. O problema é

histórico, o mistério é eterno. O problema concerne à vida terrena, o mistério é coisa do

céu (ou do inferno).

A única compreensão que a consciência religiosa sempre comporta é uma

compreensão resultante do fato de que o sujeito seja alcançado por uma luz que vem de

fora. A compreensão ativa, derivada do desenvolvimento da razão humana, derivada da

apreensão crescente, gradativa e ilimitada da racionalidade da objetivação humana, esta

não cabe por inteiro dentro da consciência. Em suma, é exatamente aí que se manifesta

a alienação inerente à consciência religiosa: em nenhuma de suas formas ela pode

reconhecer ilimitadas possibilidades de desenvolvimento para a razão humana. Em

nenhuma de suas formas ela pode reconhecer ilimitadas possibilidades de expansão para

o conhecimento humano.

“Para não Concluir”

Com efeito, é impossível atingir por meio de argumentos a fundamentação

teórica de uma concepção que prescinda de fundamentação teórica a se contentar com

um sentimento. Por isso, a importância da investigação sobre questões humanas do

sentimento entre as questões políticas desde algum tempo em nossa história. Ubuntu

(palavra que oferece dificuldades para a tradução, porém, pertencente ao campo das

línguas bantus, que designa ‘a qualidade inerente ao fato de ser uma pessoa junto a

outras pessoas) vem a ser um termo que aponta para a necessária reintegração de todos

na comunidade humana e política, pressupondo que alguém, independente do credo

cultuado, pode e deve ser uma pessoa humana32. Pois, para uma emancipação humana,

com uma consciência radicalmente superada dos respectivos limites de classe, ao

mudarmos a forma como percebemos o mundo, nós já mudamos o mundo, sem

perceber, porque o real aprendizado é performático, dado que redunda em outras formas

31 Ver MARCEL, G. Being and Having. Translation by Katharine Farrer. Glasgow: Dacre press Westminster, 1949.

32 Ver TELES, E.; SAFATLE, V. O Que Resta da Ditadura: a exceção brasileira. São Paulo: Boitempo, 2010 (Estado de Sítio).

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de agir e de se comportar33 para a transformação de si e até possivelmente de outros. Em

suma, o sentido primordial se acirraria com a divisão social do trabalho e a tarefa de

cada pessoa, sobretudo para aquelas que só dispõem de uma força de trabalho hoje em

dia já até precarizada, estando na tomada de consciência sobre o cerne desta estrutura

para a sua transformação e mutação a superar outro momento histórico e à abertura para

a transvaloração de todos os valores por conseguinte.

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33 SOUZA, J. Ralé Brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. p. 430.

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