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julho 2014 VOZ DO CAMPO 32 REPORTAGEM Investir hoje no pinheiro bravo é Levar as pessoas a apostarem novamente no pinheiro bravo passa por incentivar a resinagem. Pelo menos é assim que pensa o presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Paulo Catarino, onde até quase ao final do século passado houve resineiros no ativo e que tem um Centro de Ciência Viva onde foram já ministradas várias ações de formação neste segmento. João Paulo Catarino, presidente da Câmara de Proença-a-Nova está ao lado dos que acreditam e defendem que através da resinagem o pinhal português pode voltar a tornar-se um bom negócio. O Centro de Ciência Viva da Floresta é um espaço interativo de divulgação científica, que tem como tema principal a floresta. Agora a autarquia quer fazer um “upgrade” e para isso procurou um novo conteúdo âncora. É assim que nasce a ideia de um novo parque temático, projetado para a área adjacente ao CCVF e que tem os insetos, em particular a abelha, como tema central. A apicultura e a abelha foram os escolhidos, primeiro pela importância que têm para a região, depois como sistema organizacional e por todas as vantagens da presença dos insetos na floresta e na agricultura. No fundo é usar a abelha e a colmeia como mais um conteúdo, com uma abrangência muito maior, sempre ligado ao CCVF e aos seus recursos. O projeto está em desenvolvimento e vai procurar financiamento no próximo quadro comunitário de apoio, porque só desta forma será possível a sua construção, embora os terrenos já sejam propriedade da autarquia. Parque temático programado para as imediações do Centro de Ciência Viva da Floresta Estando inserido na chamada zona do Pinhal, durante muitos anos as gentes do município de Proença-a-Nova (proprietários florestais) tiveram na resina uma das suas principais fontes de rendimento. Entretanto, aqui, como no resto do país, a atividade entrou em declínio (por altura das décadas de 80 e 90 do século passado) sobretudo por dois motivos, a entrada em Portugal de resina proveniente dos mercados chinês e brasileiro (essencialmente sintética) e devido aos incêndios florestais. Mas, há agora uma vontade crescente de fazer renascer este setor que detém várias virtudes, entre as quais aquela que possibilita um rendimento periódico anual ao proprietário florestal. Ou seja, sendo uma árvore de crescimento lento, o pinheiro bravo demora pelo menos 20 anos até “ser adulto” e poder ser cortado para madeira. “Se a isso juntarmos a incerteza dos mercados e o perigo dos incêndios florestais, não é exigível que alguém invista neste setor”, assume o autarca de Proença, João Paulo Catarino. A resina surge nesta equação como o elemento constante que poderá dar nova dinâmica ao pinhal (bravo) português. E, olhando para o panorama florestal português, o autarca vê bons exemplos, como é o caso do sobreiro, do pinheiro manso e até do eucalipto. Para que o pinheiro bravo entre neste patamar, e tendo em conta que ocupa 1/3 do território nacional, “é preciso atenção do Estado, com linhas de apoio montadas em articulação com os agentes locais (autarquias e associações de produtores) de forma a que seja possível intervir nos povoamentos e conduzi-los para produção de resina ou para outro tipo de produtos”. “A região do pinheiro bravo tem todas as vantagens com esta revitalização” Ciente deste panorama e conhecedora das propostas da Resipinus (ver páginas anteriores) a autarquia foi anfitriã de uma RESINAGEM 1: Descarrasque 2: Montagem do serviço 3: Montagem do serviço 4: Abertura da ferida com eco

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julho 2014 VOZ DO CAMPO32

REPORTAGEM

Investir hoje no pinheiro bravo é Levar as pessoas a apostaremnovamente no pinheiro bravopassa por incentivar aresinagem. Pelo menos é assimque pensa o presidente daCâmara de Proença-a-Nova,João Paulo Catarino, onde atéquase ao final do séculopassado houve resineiros noativo e que tem um Centro deCiência Viva onde foram jáministradas várias ações deformação neste segmento.

João Paulo Catarino, presidente da Câmara deProença-a-Nova está ao lado dos que acreditam edefendem que através da resinagem o pinhalportuguês pode voltar a tornar-se um bomnegócio.

O Centro de Ciência Viva da Floresta é um espaço interativo de divulgação científica, quetem como tema principal a floresta.

Agora a autarquia quer fazer um “upgrade” e para isso procurou um novo conteúdo âncora.É assim que nasce a ideia de um novo parque temático, projetado para a área adjacente aoCCVF e que tem os insetos, em particular a abelha, como tema central. A apicultura e a abelhaforam os escolhidos, primeiro pela importância que têm para a região, depois como sistemaorganizacional e por todas as vantagens da presença dos insetos na floresta e na agricultura.No fundo é usar a abelha e a colmeia como mais um conteúdo, com uma abrangência muitomaior, sempre ligado ao CCVF e aos seus recursos.

O projeto está em desenvolvimento e vai procurar financiamento no próximo quadrocomunitário de apoio, porque só desta forma será possível a sua construção, embora osterrenos já sejam propriedade da autarquia.

Parque temático programado paraas imediações do Centro de CiênciaViva da Floresta

Estando inserido na chamada zona doPinhal, durante muitos anos as gentes domunicípio de Proença-a-Nova (proprietáriosflorestais) tiveram na resina uma das suasprincipais fontes de rendimento. Entretanto,aqui, como no resto do país, a atividade entrouem declínio (por altura das décadas de 80 e 90do século passado) sobretudo por doismotivos, a entrada em Portugal de resinaproveniente dos mercados chinês e brasileiro(essencialmente sintética) e devido aosincêndios florestais.

Mas, há agora uma vontade crescente defazer renascer este setor que detém váriasvirtudes, entre as quais aquela que possibilitaum rendimento periódico anual aoproprietário florestal. Ou seja, sendo umaárvore de crescimento lento, o pinheiro bravodemora pelo menos 20 anos até “ser adulto”e poder ser cortado para madeira. “Se a issojuntarmos a incerteza dos mercados e operigo dos incêndios florestais, não é exigívelque alguém invista neste setor”, assume oautarca de Proença, João Paulo Catarino. Aresina surge nesta equação como o elementoconstante que poderá dar nova dinâmica ao

pinhal (bravo) português.E, olhando para o panorama florestal

português, o autarca vê bons exemplos, comoé o caso do sobreiro, do pinheiro manso eaté do eucalipto. Para que o pinheiro bravoentre neste patamar, e tendo em conta queocupa 1/3 do território nacional, “é precisoatenção do Estado, com linhas de apoiomontadas em articulação com os agenteslocais (autarquias e associações deprodutores) de forma a que seja possívelintervir nos povoamentos e conduzi-los paraprodução de resina ou para outro tipo deprodutos”.

“A região do pinheiro bravotem todas as vantagens comesta revitalização”

Ciente deste panorama e conhecedora daspropostas da Resipinus (ver páginasanteriores) a autarquia foi anfitriã de uma

RESINAGEM

1: Descarrasque

2: Montagem do serviço

3: Montagem do serviço

4: Abertura da ferida com eco

Page 2: REPORTAGEM Investir hoje no pinheiro bravo éresipinus.pt/wp-content/uploads/2017/11/201407_vozdocampo2.pdf · O projeto está em desenvolvimento e vai procurar financiamento no próximo

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REPORTAGEM

vo é um negócio muito arriscado

INOVA Startup apoia novas ideias de negócio

A INOVA Startup Proença marcou presença nas festas do Municípiode Proença-a-Nova, que decorreram entre 12 e 15 de junho. A par daapresentação desta incubadora de empresas, decorreu ainda umconcurso de ideias de negócio com três premiados. Concorrerammais de 20 ideias, tendo sido eleitos: Andreia Gonçalves (produtoscosméticos naturais); João Mendonça (valorização de matéria orgânicaanimal e vegetal) e Alexandre Leal Freitas (novas aplicações e formasde utilização para o mel). Estes serão, assim os primeiros incubadosda INOVA Startup Proença.

João Paulo Catarino adianta que está a ser depositada muita esperançaneste projeto, quer pelo espaço, que já está criado, quer pelas parceriasinstitucionais que têm vindo a ser desenvolvidas, nomeadamentecom Startup Lisboa e com o Instituto Pedro Nunes, de Coimbra.

Mas, acima de tudo, pelos mentores que foi possível trazer para o projeto e que podemacompanhar quem tem ideias de negócio e quer concretizá-las.

reunião de um grupo de trabalho, de ondesaiu uma proposta com a qual se querconsciencializar o Estado para a necessidadede apoiar a resinagem. E motivos para isso

não faltam, assegura Catarino. “Primeiroporque quando falamos em resinagem jáestamos a pensar conduzir o povoamentoflorestal para pinhal adulto, com todas asvantagens que daí advêm em termos debiodiversidade, de paisagem (...). Depoisporque, uma vez na floresta, os resineirostambém podem fazer vigilância”.

Não é de menosprezar ainda a situação dePortugal ter instaladas indústrias de primeirae segunda transformação mas, mesmo assimimportar mais de 80% da matéria-primanecessária. Se a produção desta matéria-primaaumentar há todas as vantagens até em termosde redução das importações e, além disso,dizem os entendidos, os produtos derivadosda resina natural, como é o caso da extraídado pinheiro bravo, têm agora mais procuraem detrimento da resina sintética (que foi umdos carrascos da atividade em Portugal).

“Sem apoios há muitospovoamentos que nuncaserão lucrativos”

As vantagens de revitalizar a resinagemestão mais que definidas, todavia, no entenderdeste grupo de trabalho, tal só acontecerá seos produtores forem apoiados nos primeiros20 anos do povoamento, quando não produzpraticamente nada, mas precisa serintervencionado para depois resultar num bompinhal adulto.

Hoje a área florestal deste município émarcada essencialmente por povoamentos deregeneração natural, resultante dos váriosincêndios ocorridos em 2003 e 2005.Povoamentos esses que precisamurgentemente de ser intervencionados, mas,compreensivelmente, entende João PauloCatarino, pelos motivos já apresentados, osproprietários florestais não investem porqueas probabilidades de virem a obterrendimentos são muito reduzidas. Admitemesmo que sem apoio estes povoamentosnunca serão bons pinhais.

Procura-se também conseguir uma floresta maiscuidada

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5: Aplicação da pasta ácida

6: Recolha

7: Acondicionamento

8: Transporte

9: Raspagem