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palavras-chave
Periodontite, PCR em tempo real, Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Treponema denticola e Prevotella intermedia, polimorfismos, IL-1A(C-889T), IL-1B(C+3953)
resumo
O presente estudo visa optimizar a metodologia de PCR em tempo real para a identificação de 5 bactérias que contribuem para a iniciação e/ou progressão de diversas formas de periodontite. Nos pacientes com periodontite foram ainda estudados os polimorfismos do gene IL-1, que têm vindo a ser relacionados com uma maior susceptibilidade de desenvolvimento da doença.
Foram analisadas, por PCR em tempo real, amostras da placa bacteriana infragengival de indivíduos doentes (n=14) e indivíduos saudáveis (n=6), no sentido de identificar diferenças respeitantes à presença de Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Treponema denticola e Prevotella intermedia. Todas as bactérias analisadas foram identificadas por PCR em tempo real, que mostrou ser uma técnica mais sensível e económica quando comparada com um kit de Hibridização comercial (Micro-Ident). Observou-se uma elevada prevalência dos microrganismos periodontais em todos os pacientes, não tendo sido detectada a bactéria A. actinomycetemcomitans em cerca de 50% dos casos analisados. Nos indivíduos saudáveis foram detectados T. forsythia, T. denticola e P. intermedia, mas nunca P. gingivalis. Alguns destes indivíduos apresentavam níveis detectáveis de A. Actinomycetemcomitans.
Nos pacientes com periodontite foram também analisados os polimorfismos IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3953T), pela metodologia de PCR-RFLP,verificando--se que cerca de 50% dos indivíduos estudados eram homozigóticos para o alelo 1 do polimorfismo IL-1B(C+3953T). Os restantes 50% possuíam o alelo 2 (associado à periodontite agressiva), 21% dos quais em homozigotia. No caso do polimorfismo IL-1A(C-889T), 42,9% dos pacientes eram homozigóticos para o alelo 1 e os restantes possuíam o alelo 2 (14,3% em homozigotia).
O PCR em tempo real mostrou ser uma técnica de elevada sensibilidade que permite a rápida identificação dos microrganismos associados à doença periodontal. A população estudada apresenta diferenças relativamente aos polimorfismos IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3953T).
keywords
Periodontitis, real-time PCR, Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Treponema denticola e Prevotella intermedia, polymorphisms, IL-1A(C-889T), IL-1B(C+3953)
abstract
The aim of this study was to develop a real-time polymerase chain reaction (PCR) methodology for the detection of 5 bacterial species that have been correlated with several periodontitis forms. We also intended to study the IL-1 gene polymorphisms in patients with confirmed periodontitis, since some studies suggest that host genes are important for disease susceptibility.
The presence of Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Treponema denticola and Prevotella intermedia was analyzed by real-time PCR in order to identify differences between subgingival plaque samples of patients with periodontitis and healthy individuals. 14 patients with periodontitis and 6 healthy individuals were included in the study. All bacterial species were identified by real-time PCR, which was shown to be a more sensitive and less expensive technique, when compared with a commercial hybridization kit (Micro-Ident). A high prevalence of the periodontal microorganisms was found in all patients studied; however A. actinomycetemcomitans was not present in about 50% of these patients. In healthy individuals, T. forsythia, T. denticola and P. intermedia were detected, but P. gingivalis was not found. Some of these individuals showed detectable levels of. A. Actinomycetemcomitans.
Gene polymorphisms IL-1A(C-889T) and IL-1B(C+3953T) were analyzed in all the patients diagnosed with periodontitis, by the PCR-RFLP methodology. About 50% of the individuals were homozygous for allele 1 of the polymorphism IL-1B(C+3953T), while the remaining 50% presented allele 2 (21% being homozygous), which has been correlated with severe periodontitis. For IL-1A(C-889T) polymorphism, about 42,9% of the individuals were homozygous for allele 1, while the remaining presented allele 2 (14,3% being homozygous)
Real-time PCR was found to be a highly sensitivity technique allowing the rapid identification of periodontal microorganisms. In the present work we found significant differences regarding gene polymorphisms IL-1A(C-889T) and IL-1B(C+3953T), in the studied population.
i
ÍÍNNDDIICCEE GGEERRAALL
LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS ........................................................................................................................................................................................ IIIIII
LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS ............................................................................................................................................................................................ VV
LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS .......................................................................................................................................................................... VVII
LLIISSTTAA DDEE BBAACCTTÉÉRRIIAASS .................................................................................................................................................................................. VVIIII
II.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO ............................................................................................................................................................................................ 11
I.1. A Doença Periodontal......................................................................... 2
1.1. Aspectos Gerais .............................................................................. 2
1.2. Caracterização microbiológica .......................................................... 3
1.2.1. Flora saudável ........................................................................ 3
1.2.2. Gengivite ............................................................................... 4
1.2.3. Periodontite ............................................................................ 5
1.3. Factores de Virulência ..................................................................... 6
1.4. Susceptibilidade genética ................................................................. 8
1.5. Patologias Sistémicas ..................................................................... 10
I.2. Diagnóstico Bacteriano ..................................................................... 13
I.3. Objectivos do Trabalho ..................................................................... 17
IIII.. MMAATTEERRIIAALL EE MMÉÉTTOODDOOSS .................................................................................................................................................................... 1188
II.1. Selecção de Pacientes ....................................................................... 19
II.2. Colheita de amostras ........................................................................ 19
II.3. Extracção de DNA de Amostras Infragengivais ..................................... 20
3.1. Com o kit QIAamp® DNA Mini Kit ..................................................... 20
3.2. Com a matriz InstaGeneTM Matrix .................................................... 21
II.4. Extracção de DNA de Amostras de saliva ............................................. 21
II.5. Quantificação de DNA ....................................................................... 21
II.6. Reacções de Amplificação por PCR Convencional .................................. 22
II.7. Reacções de Amplificação por PCR em Tempo Real ............................... 23
II.8. Digestão do DNA com Enzimas de Restrição ........................................ 24
8.1. Digestão com NcoI......................................................................... 24
8.2. Digestão com TaqαI ....................................................................... 24
II.9. Concentração das Amostras .............................................................. 24
II.10. Electroforese em Gel de Agarose ........................................................ 24
II.11. Electroforese Capilar ........................................................................ 25
II.12. Análise de DNA por Hibridação Reversa (Kit micro-IDent®) .................... 25
ii
IIIIII.. RREESSUULLTTAADDOOSS EE DDIISSCCUUSSSSÃÃOO ........................................................................................................................................................ 2266
III.1. Selecção do Tipo de Amostra e do método de extracção de DNA ............ 28
III.2. Detecção de microrganismos periodontais ........................................... 31
III.3. Análise dos polimorfismos IL1A (C-889T) e IL1B (C+3953T).................. 39
III.4. Caracterização microbiológica e susceptibilidade genética dos pacientes
estudados ................................................................................................ 47
IIVV.. CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS EE PPEERRSSPPEECCTTIIVVAASS FFUUTTUURRAASS .......................................................................................................................... 5522
BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA .................................................................................................................................................................................................. 5555
AANNEEXXOOSS ................................................................................................................................................................................................................ 7799
iii
LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS
Figura 1 – Recolha de placa bacteriana infragengival. ...................................... 20
Figura 2 – Programa de amplificação por PCR convencional para a detecção dos
microrganismos periodontais. ......................................................................... 22
Figura 3 – Programa de amplificação por PCR convencional para a detecção
conjunta dos polimorfismos IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3953T). .......................... 23
Figura 4 – Programa de amplificação por PCR em tempo real para a detecção dos
microrganismos periodontais. ......................................................................... 23
Figura 5 – Diagrama para implementação de dois novos testes no laboratório de
diagnóstico molecular e respectivo faseamento (Etapas A, B, C e D). Análise 1 –
Detecção de microrganismos periodontais. Análise 2 – Análise dos polimorfismos
IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3954T). .................................................................. 27
Figura 6 – Electroforese em Gel de Agarose 2% corado com brometo de etídio. (a)
A presença dos fragmentos de 80pb e 99pb é indicativa da presença de A.
actinomycetemcomitans e P. intermedia. (b) Os fragmentos de 127pb, 67pb e
122pb são indicativos da presença de T. forsythia, P. gingivalis e T. denticola,
respectivamente. M – Marcador de DNA 50bp; 1,2 e 3 – Amostras; Aa – A.
actinomycetemcomitans; Pi – P. intermedia; Tf – T. forsythia ; Pg – P. gingivalis ;
Td – T. denticola. ......................................................................................... 33
Figura 7 – Análise dos microrganismos periodontais com o kit Micro-IDent® da
HAIN Lifescience. 1, 2 e 3 – Amostras; NTC – Amostra controle em que foi
analisada água em vez de amostra; CC – Controlo conjugado; CA – Controlo de
Amplificação; Aa – A. actinomycetemcomitans; Pi – P. intermedia; Tf – T. forsythia;
Pg – P. gingivalis; Td – T. denticola; IC – Indicador colorido. ............................. 33
Figura 8 – Curvas de amplificação (a) e de dissociação (b) dos agentes
Porphyromonas gingivalis (Pg), Tannerella forsythia (Tf), Actinobacillus
actinomycetemcomitans (Aa), Treponema denticola (Td) e Prevotella intermedia
(Pi), por PCR Tempo Real no AB 7300. (c) Electroforese em Gel de Agarose 2%
corado com brometo de etídio. A presença dos fragmentos de 80pb, 99pb, 127pb,
67pb e 122pb confirmam a presença de Aa, Pi, Tf, Pg e Td, respectivamente. M –
Marcador de DNA 50bp.................................................................................. 36
iv
Figura 9 – Análise de produtos de amplificação relativos aos polimorfismos IL1A-
889 e IL1B+3953 em gel de Agarose 2% corado com brometo de etídio. (a) Após
amplificação com Ta=56ºC. (b) Após amplificação com Ta=52ºC. M – Marcador de
DNA 50pb. A presença do fragmento de 99pb é indicativa do polimorfismo IL1A-889
e o fragmento de 200pb do polimorfismo IL1B+3953. ....................................... 41
Figura 10 – Análise de produtos de amplificação relativos ao polimorfismo IL1A-
889 em gel de Agarose 2% corado com brometo de etídio, resultantes de diferentes
misturas de reacção. M – Marcador de DNA 50bp; Ai – 10µL de Amostra; A’i – 20µL
de Amostra. Em ambos os casos com i=1, 2 e 3, correspondendo a uma
concentração dos primers na mistura de reacção de 15µM, 30µM e 45µM,
respectivamente. A presença do fragmento de 99pb é indicativa do polimorfismo
IL1A-889. .................................................................................................... 42
Figura 11 – Esquema representativo dos fragmentos obtidos após digestão com
NcoI dos alelos 1 e 2 para o polimorfismo IL1A-889. ......................................... 43
Figura 12 – Esquema representativo dos fragmentos obtidos após digestão com
TaqααααI dos alelos 1 e 2 para o polimorfismo IL1B+3953. ..................................... 44
Figura 13 – Análise por PCR-RFLP do polimorfismo IL1B+3953 em gel de agarose
2% corado com brometo de etídio. M – Marcador de DNA 50bp; D – Amostras de
pacientes com periodontite; C – Amostras controlo de indivíduos saudáveis. A
presença do fragmento de 182pb é indicativa do alelo 2 (Amostras D1 e D4),
enquanto que o conjunto dos fragmentos de 85pb e 97pb indica a presença do alelo
1 (todas as amostras da figura). As amostras D1 e D4 são heterozigóticas e as
restantes são homozigóticas para o alelo 1. ..................................................... 44
Figura 14 – Análise por PCR-RFLP do polimorfismo IL1A-889 por electroforese num
bioanalisador Agilent 2100 Bioanalyzer. L – Marcador de DNA 15bp; Samplei –
Amostra; linha verde – primeiro pico/fragmento do marcador (15pb); linha lilás –
último pico do marcador (1500pb). ................................................................. 46
v
LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS
Tabela 1 – Complexos bacterianos (tabela adaptada de Socransky et al29). ......... 5
Tabela 2 – Tabela com a sequência dos primers utilizados no presente estudo para
a detecção de Actinobacillus actinomycetemcomitans (Aa), Prevotella intermedia
(Pi), Tannerella forsythia (Tf), Porphyromonas gingivalis (Pg) e Treponema
denticola (Td). F – Primer directo, R – Primer Reverso, Tm – Temperatura de fusão.
.................................................................................................................. 31
Tabela 3 – Temperaturas de dissociação dos fragmentos de amplificados de cada
bactéria, resultantes da análise individual por PCR Tempo Real. ......................... 37
Tabela 4 – Tabela com a sequência dos primers utilizados no presente estudo para
a análise dos polimorfismos. F – Primer directo, R – Primer reverso, Tm –
Temperatura de fusão. .................................................................................. 40
Tabela 5 – Enzimas de restrição utilizadas na detecção dos polimorfismos IL1A-
889 e IL1B+3953 e respectivas condições de reacção. ...................................... 43
Tabela 6 – Resumo dos resultados referentes à frequência dos agentes
patogénicos nos indivíduos estudados. ............................................................ 47
Tabela 7 – Resumo dos resultados referentes à frequência dos polimorfismos IL1A-
889 e IL1B+3953. ........................................................................................ 50
vi
LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS
BSA Albumina de soro bovino
CDT Toxina de distensão citoletal
DNA Ácido desoxirribonucleico
dNTP Trifosfato Desoxirribonucleótido
g Abreviatura que representa a Força centrífuga relativa (RCF), que não
tem unidades.
IL Interleucina
LPS Lipopolissacarídeo
min Minutos
mL Mililitro
mm Milímetro
n Número de indivíduos
ng Nanograma
MgCl2 Cloreto de magnésio
MPM Metaloproteinases de matriz
NTC Amostra controle em que foi analisada água em vez de amostra (No
Template Control)
Pb Pares de bases
PCR Reacção de polimerase em cadeia
PGE2 Prostaglandinas E2
RFLP Restriction Fragment Length Polymorphism
RNA Ácido ribonucleico
rpm Rotações por minuto
TNF-α Factor de necrose tumoral alfa
TAE Tris-Acetate-EDTA
Ta Temperatura de annealing
U Unidades
V Volts
µL Microlitros
ºC Graus célcius
vii
LLIISSTTAA DDEE BBAACCTTÉÉRRIIAASS
No decorrer do presente trabalho, e de forma a facilitar a leitura do mesmo, as
bactérias serão referidas sob a(s) forma(s) abreviada(s):
A. actinomycetemcomitans (Aa) – Actinobacillus actinomycetemcomitans
A. georgiae – Actinomyces georgiae
A. israelli – Actinomyces israelli
A. naeslundii – Actinomyces naeslundii
A. viscosus – Actinomyces viscosus
C. concisus – Campylobacter concisus
C. ochracea – Capnocytophaga ochracea
C. rectus – Campylobacter rectus
E. corrodens – Eikenella corrodens
E. nodatum – Eubacterium nodatum
F. nucleatum – Fusobacterium nucleatum
M. micros – Micromonas micros
P. gingivalis (Pg) – Porphyromonas gingivalis
P. intermedia (Pi) – Prevotella intermedia
P. micros – Peptostreptococcus micros
P. nigrescens – Prevotella nigrescens
T. denticola (Td) – Treponema denticola
T. forsythia (Tf) – Tannerella forsythia
T. socranskii – Treponema socranskii
S. anginosus – Streptococcus anginosus
S. constellatus – Streptococcus constellatus
S. gordonni – Streptococcus gordonni
S. intermedius – Streptococcus intermedius
S. mitis – Streptococcus mitis
S. noxia - Selenomonas noxia
S. oralis – Streptococcus oralis
S. sanguis – Streptococcus sanguis
V. parvula – Veillonella parvula
W. recta – Wolinella recta
1
I. Introdução
“Temo o que desconheço. E, por uma
questão de orgulho e por ter consciência
de que o desconhecido é perigoso,
esforço-me por apreender o máximo possível.”
Richard Bach em Estranho à TerraEstranho à TerraEstranho à TerraEstranho à Terra
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 2
II.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO
II..11.. AA DDOOEENNÇÇAA PPEERRIIOODDOONNTTAALL
11..11.. AAssppeeccttooss GGeerraaiiss
A doença periodontal é uma das principais causas de perda dentária na população
humana a nível mundial. Trata-se de uma infecção crónica dos tecidos periodontais
(gengiva, ligamento periodontal, cemento radicular e osso alveolar), decorrente de
acumulação de placa bacteriana com níveis de prevalência elevados de bactérias
Gram-negativas.1
Esta patologia, contrariamente a outras doenças infecciosas, apresenta uma
evolução descontínua, resultante da resposta inflamatória e imune do hospedeiro à
presença das bactérias e seus produtos.
Em termos gerais, actualmente a doença periodontal pode ser classificada em
diversas formas distintas, tais como as doenças gengivais, de entre as quais se
destaca a gengivite, diversas formas de periodontite, os abcessos do periodonto, as
deformidades adquiridas ou desenvolvidas, entre outras.2
A gengivite é uma inflamação superficial da gengiva em que o epitélio de união se
mantém unido ao dente, não havendo perda de inserção. Esta manifesta-se
clinicamente por alteração da cor (edema), da textura (flacidez) e por hemorragia
espontânea (ou ao escovar os dentes) da margem gengival. A principal causa é a
acumulação de bactérias (placa) entre a gengiva e o dente, sendo que, as
estruturas do periodonto se encontram fragilizadas, possibilitando um maior acesso
dos agentes bacterianos agressores e/ou dos seus produtos às áreas subjacentes.3
A periodontite, por sua vez, ocorre quando as alterações verificadas na gengivite
progridem até haver migração apical do epitélio de união, formando cavidades
profundas entre a raiz do dente e o osso subjacente (bolsas periodontais), propícias
à acumulação de placa bacteriana ao nível dos tecidos mais profundos. Nesta fase
os dentes podem apresentar mobilidade e, em casos extremos, podem ser
avulcionados. Dentro da periodontite podem ainda ser distinguidos dois tipos,
consoante o modo de progressão: a periodontite agressiva, que afecta indivíduos
saudáveis e é caracterizada por uma perda severa de inserção clínica associada à
rápida destruição óssea alveolar, e a periodontite crónica, caracterizada pela
inflamação dos tecidos de suporte dos dentes e perda progressiva de inserção
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 3
conjuntiva. O início da periodontite crónica pode ocorrer em qualquer idade,
todavia, esta patologia é mais frequente em adultos.4
Alguns autores consideram que a periodontite é uma das infecções mais invulgares
do organismo humano.5 Não só existem diferenças microbiológicas qualitativas e
quantitativas entre os pacientes, como estas diferenças são mediadas por uma
série de factores de risco, que podem modificar a resposta de cada paciente frente
aos agentes patogénicos.6-10
A idade, a higiene oral, o tabagismo, o stresse, o défice de imunocompetência
(neutropenia), a susceptibilidade genética e algumas doenças sistémicas, como a
diabetes mellitus, são factores de risco que, quando combinados, parecem estar
relacionados com a progressão da doença periodontal.9-11
No presente trabalho será dada prioridade à caracterização microbiológica
associada à patologia, uma vez que a presença de determinados microrganismos na
flora bacteriana infragengival tem vindo a ser relacionada com a periodontite.12-16
Será dado ainda ênfase ao papel da susceptibilidade genética e de algumas
patologias sistémicas na patogénese da periodontite.
11..22.. CCaarraacctteerriizzaaççããoo mmiiccrroobbiioollóóggiiccaa
1.2.1. Flora saudável
A cavidade oral humana é um ecossistema complexo habitado por,
aproximadamente, 700 espécies de bactérias.17 Em parte, esta diversidade deve-se
à variedade de estruturas anatómicas da cavidade oral, como os dentes, estruturas
rígidas que não sofrem descamação, e as mucosas. A implantação dos dentes na
gengiva cria, pelo menos, dois habitats diferentes no periodonto: infragengival e
supragengival. Do mesmo modo, as mucosas das diversas regiões da boca
apresentam características diferentes, originando distintos habitats e, em
consequência, uma flora microbiana indígena de constituição diversa.18,19
Na região periodontal, os microrganismos formam um biofilme denso denominado
de placa bacteriana, cuja composição é variável, de acordo com a região onde se
forma e com a sua própria evolução.20,21
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 4
A placa bacteriana que caracteriza a flora saudável é constituída
predominantemente por cocos e bacilos Gram-positivos; tais como o S. sanguis, S.
mitis, S. oralis, S. gordonni, A. viscosus, A. naeslundii e pequenas quantidades de
P. intermédia e F. nucleatum; em equilíbrio dinâmico com o sistema de defesa do
hospedeiro.22 Estes aderem à superfície dentária através de complexos proteicos,
as adesinas, que reconhecem e se ligam aos receptores proteicos aí presentes.
Outras bactérias ainda, como a Actinobacillus viscosus, possuem uns apêndices
finos na sua superfície, denominados de fímbrias, que auxiliam no processo de
aderência.23
Estas bactérias ocupam locais específicos e produzem produtos que dificultam a
permanência e potencial colonização por parte de outras espécies não nativas e
potencialmente patogénicas. Por exemplo, a S. sanguis, a V. parvula e a C.
ochracea, são reconhecidas como sendo bactérias protectoras ou benéficas ao
hospedeiro, por inibirem o crescimento de bactérias periodontopatogénicas como a
A. actinomycetemcomitans.24 Apesar disso, muitas das bactérias indígenas são
potenciais parasitas ou patogénicos oportunistas que, no caso de entrarem na
circulação sanguínea, poderão provocar infecções graves em órgãos vitais como o
coração ou o cérebro.
1.2.2. Gengivite
A placa bacteriana aumenta com o contínuo crescimento dos organismos aderidos,
com a adesão de novas bactérias e, com a síntese de polímeros extracelulares. Os
resíduos do metabolismo destas bactérias e as próprias bactérias acabam por
afectar a gengiva, causando a sua inflamação.
A gengivite está associada a uma população bacteriana diversificada (10 a 20 vezes
maior à encontrada na flora saudável) com um ligeiro aumento de bactérias Gram-
negativas que, na sua maioria, aderem às bactérias preexistentes na placa
supragengival bacteriana.25
As bactérias Gram-positivas mais predominantes são A. viscosus, A. naeslundii,
S. sanguis, S. mitis e P. micros. Em indivíduos com gengivite foram ainda
encontrados níveis reduzidos de A. actinomycetemcomitans, presença de C.
gingivalis e E. corrodens e um aumento expressivo de F. nucleatum, P. intermedia,
V. parvula e W. recta.24,26,27 Foram observadas ainda nos quadros de gengivite, as
presenças de S. anginosus, C. concisus, T. socranskii, A. naeslundii III e S. sanguis
I.26 Segundo Tanner, Kent e Maiden,28 as bactérias A. georgiae, A. naeslundii, A.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 5
israelli, Actinomyces IG, V. parvula, C. ochracea, S. noxia e P. nigrescens
encontram-se directamente associadas com a gengivite.
1.2.3. Periodontite
À medida que a espessura da placa bacteriana continua a aumentar vão sendo
criadas condições anaeróbicas nas camadas mais profundas. Condições estas
responsáveis pelo crescimento e multiplicação de bactérias Gram-negativas nestas
camadas, cujas fontes de nutrientes provêm dos tecidos periodontais e sanguíneo.
Deste modo, e à medida que a placa bacteriana envelhece e se torna madura,
ocorrem mudanças ecológicas que promovem a colonização secundária por
bactérias Gram-negativas anaeróbias estritas.
Socransky et al.,29 identificaram cerca de 30 espécies de bactérias, organizadas em
5 “complexos bacterianos”, que parecem coexistir numa relação favorável (Tabela
1).
Complexo vermelho
Complexo laranja
Complexo verde
Complexo amarelo
Complexo púrpura
P. gingivalis
T. denticola
T. forsythia
P. intermedia
P. nigrescens
P. micros
F. nucleatum
Campylobacter spec. (rectus,
showae, gracilis)
E. nodatum
S. constellatus
E. corrodens
C. concisus
Capnocytophaga spec.
(gingivalis, ochracea, sputigena)
Streptococcus spec. (sanguis, oralis, mitis, gordonii,
intermedius)
Actinomyces odontolyticus
Veillonella parvula
Tabela 1 – Complexos bacterianos (tabela adaptada de Socransky et al29).
A. actinomycetemcomitans, devido ao seu elevado potencial patogénico, foi
posteriormente associada ao complexo vermelho.30
Segundo Feng et. al.31, os complexos verde e amarelo não estão associados a
doenças periodontais, enquanto que o complexo púrpura está associado à
hemorragia à sondagem e em estreita relação com os complexos laranja e
vermelho, fortemente associados com a doença periodontal.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 6
As bactérias constituintes do complexo vermelho e A. actinomycetemcomitans, são
consideradas as mais virulentas e com maior poder de destruição do que qualquer
outra espécie do biofilme dental. Estas são capazes de colonizar a placa
infragengival, invadir o organismo e produzir uma elevada carga de proteases e
exotoxinas, capazes de induzir respostas imunitárias altamente destrutivas.31,32
Estas bactérias estão geralmente associadas à forma localizada e generalizada da
Periodontite Agressiva, estando presentes em amostras de placa infragengival e
supragengival, células epiteliais e tecido conjuntivo de pacientes periodontalmente
comprometidos.25
Na Periodontite Crónica, por sua vez, a microbiota é descrita como sendo de maior
diversidade, podendo ser constituída por mais de 150 espécies de bactérias, de
entre as quais se encontra um elevado número de espécies Gram-negativas.
Segundo Moore et al. as bactérias mais predominantes nesta patologia são
P. gingivalis, P. intermedia, T. forsythia, A. actinomycetemcomitans, W. recta,
E. corrodens, T. denticola e P. micros.33
11..33.. FFaaccttoorreess ddee VViirruullêênncciiaa
Aparentemente o grau de virulência das bactérias presentes na flora oral é um
factor basilar no carácter destrutivo da patologia no hospedeiro. Este é determinado
por uma série de características microbiológicas, de entre as quais a capacidade de
penetrar e aderir às diferentes superfícies,34 a capacidade de interacção com o meio
ambiente, activando ou desactivando determinados factores de virulência35 e a
capacidade de subjugar ou de evitar os mecanismos de defesa do organismo.36,37
De um modo geral, as bactérias Gram-negativas possuem uma parede celular
composta por uma camada de peptidoglicano e três outros componentes que a
envolvem externamente: uma lipoproteína, a membrana externa e um
lipopolissacarídeo (LPS).38 O LPS é uma endotoxina de carácter patogénico, que
activa desproporcionadamente o sistema imunitário e a vasodilatação, induzindo a
produção de moléculas biologicamente activas, tais como as metaloproteinases de
matriz (MPM), as prostaglandinas E2 (PGE2) de monócitos ou macrófagos que, por
sua vez, induzem a libertação de citocinas, como a interleucina 1 beta (IL-1β), a
interleucina 6 (IL-6) e o factor de necrose tumoral alfa (TNF-α).39-41
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 7
Enquanto que a activação local das MPM latentes produz uma inflamação acelerada
e a destruição do tecido conjuntivo, a libertação de IL-1β, IL-6 e TNF-α são
intermediários importantes na reabsorção óssea local.42
Existem, no entanto, particularidades associadas a determinadas espécies, como as
identificadas no complexo vermelho, que lhes confere um carácter mais virulento. A
A. actinomycetemcomitans, por exemplo, tem uma virulência tal que é capaz de
produzir uma diversidade de factores nocivos ao hospedeiro. De entre os quais a
leucotoxina A, uma toxina capaz de matar os neutrófilos e os macrófagos humanos
por lise celular,43,44 a epiteliotoxina,45 que auxilia o microrganismo a penetrar nas
barreiras epiteliais, a toxina indutora de reabsorção óssea,36 a toxina de distensão
citoletal (CDT),46 conhecida por interromper o ciclo celular bem como por induzir a
apoptose dos linfócitos T e B,47,48 a toxina indutora de apoptose,49 a bacteriocina,
capaz de destruir outras espécies bacterianas e, a colagenase, responsável pela
destruição do colagénio. 22
A A. actinomycetemcomitans também produz o péptido 2-kDa, que induz
directamente a expressão de IL-6 pelos fibroblastos através da estimulação directa
da transcrição do gene IL-6, levando à rápida reabsorção óssea.50
A A. actinomycetemcomitans é um microrganismo Gram-negativo anaeróbio
facultativo.51 A P. gingivalis, por sua vez, é um bacilo Gram-negativo anaeróbio
estrito assacarolítico que possui fímbrias na sua superfície, que a auxiliam na
aderência a células epitéliais,52 fibronectina e fibrinogénio,53 bem como a
componentes salivares, como as proteínas ricas em prolina.54 Existem ainda
registos de que as suas fímbrias se ligam às integrinas αvβ3- e α5β1-, impedindo a
normal resposta e reparação das células, amplificando portanto os danos do tecido
gengival na doença periodontal.55,56 A P. gingivalis também possui a capacidade de
aderir a outras bactérias comensais para formar o biofilme, tal como a S.
gordonii.57 Sabe-se ainda que esta bactéria produz diversas proteases, como a
fosfolipase A, que induz a reabsorção óssea58 e a gingipaína, que degrada
facilmente as proteínas protectoras do hospedeiro, como as imunoglobinas.59,60
Curiosamente, a P. gingivalis possui um LPS com estrutura e interacção pouco
comum, capaz de bloquear o reconhecimento dos agentes patogénicos pelo sistema
imunitário.61-63
A T. denticola possui uma elevada capacidade de aderir a uma grandiosa
diversidade de proteínas celulares e proteínas da matriz, como a fribronectina64 e o
colagénio,65 bem como às células epitéliais,66 à hidróxiapatite (película adquirida)67
e aos fibroblastos.68 Capacidade esta, resultante de uma maior superfície de
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 8
aderência das suas proteínas.65,69 A T. denticola também tem a capacidade de se
mover em fluidos viscosos, o que, aparentemente, lhe confere vantagem ecológica
uma vez que possibilita a sua penetração nas bolsas periodontais e nos tecidos
adjacentes.70
Diversas espécies da microbiota oral interagem ainda em relações sinergísticas,
facilitando a agregação de outras espécies ou, em relações antagonistas,
prevenindo a agregação ou eliminando a(s) bactéria(s) em causa. Por exemplo, Ali
et al.71 verificaram a presença de P. intermedia em sítios que também albergavam
F. nucleatum, sendo que a presença deste microrganismo favorecia também o
crescimento de P. gingivalis e T. forsythia. Davey et al.72 identificaram ainda uma
relação sinergística entre T. denticola e P. gingivalis, em que ocorria uma
cooperação para o crescimento de ambas durante a formação do biofilme dentário.
Por outro lado, diversos autores afirmam que existe uma relação antagonista entre
A. actinomycetemcomitans e S. sanguis, na medida em que A.
actinomycetemcomitans produz uma bacteriocina que inibe o crescimento de S.
sanguis e esta, por sua vez, produz peróxido de hidrogénio, que destrói a A.
actinomycetemcomitans.73-75
Esta capacidade que a S. sanguis possui em inibir o crescimento da A.
actinomycetemcomitans faz com que seja reconhecida como sendo uma bactéria
protectora ou benéfica ao hospedeiro no seu habitat natural.24
Outros microrganismos também parecem desempenhar papel importante na
patogénese da doença periodontal, apesar de que esse papel não está tão claro
quanto para as espécies descritas acima.76,77 Entre eles destacam-se P.
intermedia,78,79 F. nucleatum,78,80 C. rectus,81,82 Eikenella corrodens,82 M. micros, S.
intermedius80 e espécies de Capnocytophaga.83
11..44.. SSuusscceeppttiibbiilliiddaaddee ggeennééttiiccaa
Apesar de se acreditar que os factores microbiológicos e outros factores ambientais
exercem um papel fundamental na iniciação e progressão da doença periodontal,
existem fortes evidências de que os factores genéticos, na medida em que
modulam a forma como os indivíduos respondem à sua microflora, também
possuem um papel determinante na predisposição e progressão desta
patologia.84-90
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 9
Entre os factores hereditários reconhecidos como responsáveis por um aumento da
susceptibilidade encontram-se os polimorfismos ao nível da interleucina-1 (IL-1),
uma citocina pro-inflamatória importante na iniciação e mediação das respostas
inflamatórias agudas.91 A IL-1 é produzida por macrófagos activados, células
endoteliais, células epiteliais, fibroblastos e condrócitos. Além de actuar como
mediadora da inflamação local, também pode ter efeitos sistémicos, produzindo
alterações neurológicas, metabólicas, hematológicas e endócrinas. Por isso, para
que da sua actividade não resulte o desenvolvimento de patologias, é importante
que a sua produção se encontre mediada por uma regulação adequada.92
Acredita-se que a IL-1 seja a citocina crucial na patogénese da doença
periodontal.93 Diversos autores observaram níveis elevados desta citocina em
tecidos gengivais de pacientes com periodontite,94-96 facto este que suporta a teoria
de que a produção local desta interleucina contribui para a destruição dos tecidos
periodontais.
A família da interleucina-1 é constituída por 9 genes localizados em cluster no
cromossoma 2. Duas citocinas, IL-1α e IL-1β, resultantes da acção de 2 destes
genes, IL-1A e IL-1B, são responsáveis pelas actividades pro-inflamatórias da
IL-1.97,98 Enquanto que a IL-1α parece concentrar-se na membrana celular, a IL-1β
é secretada para o meio extracelular e parece ser a principal responsável pelas
actividades da IL-1.92 Na família da IL-1 existe ainda um terceiro gene, o IL-1RN,
que controla a síntese da proteína antagonista à IL-1A, a IL-1ra.99,100
Foram estudados alguns polimorfismos da IL-1 relativamente ao risco que estes
podem representar no desenvolvimento e progressão da doença periodontal.101 De
entre esses polimorfismos destacam-se o IL-1A(C-889T) e o IL-1B(C+3954T),
também referido na literatura como +3953.
IL-1A(C-889T) representa o polimorfismo do gene IL-1A que ocorre na posição
-889 do promotor do gene IL-1A, caracterizado pela substituição de uma base
citosina (C) por uma base timina (T), originando dois tipos de alelos possíveis: o
alelo C e o alelo T, também referidos como alelo 1 e alelo 2, respectivamente.102 A
IL-1B(C+3953T), por sua vez, representa o polimorfismo na posição +3953 do
exon 5 do gene IL-1B, caracterizado pela substituição de uma base C por uma T,103
igualmente identificados como o alelo 1 e alelo 2, respectivamente.
Shirodaria et al.104 verificaram que pacientes que possuíam o alelo 2 do
polimorfismo IL-1A(C-889T) apresentavam elevados níveis da proteína IL-1α.
Sendo este aumento 4 vezes maior que o normal em pacientes fumadores com
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 10
periodontite agressiva. Kornman et al.97 realizaram um estudo com pacientes
europeus fumadores para os polimorfismos IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3953T) e
verificaram que o alelo 2, em ambos os polimorfismos, era significativamente mais
frequente em pacientes com periodontite num estado mais avançado (67%), do
que em pacientes saudáveis ou num estado inicial da patologia (22%). Di Giovani
et al.,105 por sua vez, mostraram que, enquanto os pacientes homozigóticos para o
alelo 1 do gene IL-1B(+3953) produziram cerca de 5,2 ng/ml de IL-1β, quando
estimulados por componentes bacterianos, os pacientes homozigóticos para o
polimorfismo associados à periodontite (alelo 2) produziram cerca de 4 vezes mais
IL-1β do que o normal (19,9 ng/ml). E que os indivíduos em heterozigotia para o
mesmo polimorfismo produziram, aproximadamente, duas vezes mais IL-1β (12,4
ng/ml).
Existem ainda evidências de que a presença simultânea dos dois alelos 2 dos
polimorfismos IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3953T) em pacientes com doença
periodontal, não só aumenta o risco de uma progressão mais agressiva da
patologia, como também proporciona o aumento de microrganismos
patogénicos.97,106 Em ambos os polimorfismos a presença do alelo 2 foi ainda
relacionada à severidade e/ou progressão de algumas doenças. Nomeadamente, a
artrite reumatóide juvenil102 e a doença de Alzheimer107, no caso do polimorfismo
IL-1A(C-889T) e, a asma108 e complicações hepáticas109, para o polimorfismo
IL-1B(C+3953T).
11..55.. PPaattoollooggiiaass SSiissttéémmiiccaass
Como resultado da resposta do tecido local a enzimas e toxinas das bactérias
periodontais no biofilme infragengival, ocorre a ulceração do epitélio da bolsa,
criando uma significativa porta de entrada das bactérias para a circulação
sanguínea. Em condições normais, a entrada de bactérias ou dos seus produtos na
corrente sanguínea, raramente causa sintomas sistémicos, com excepção de um
possível aumento da temperatura do corpo.110 No entanto, em condições
patológicas, em que o sistema imunitário se encontre fragilizado, a presença das
bactérias periodontais pode provocar infecções graves em órgãos vitais.
Segundo Willians e Offenbacher, a Medicina Periodontal é um novo ramo da
Periodontia que relaciona as doenças sistémicas com a doença periodontal,
procurando descrever a forma como a doença periodontal pode influir a saúde
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 11
sistémica de um indivíduo ou, por outro lado, como o comprometimento sistémico
pode influenciar a saúde periodontal.111
11..55..11.. DDooeennççaass CCaarrddiioovvaassccuullaarreess
Deshpande et. al112 demonstraram que a P. gingivalis pode invadir o coração e as
células endoteliais da aorta de bovinos, assim como as células endoteliais da veia
umbilical do ser humano. As enzimas proteolíticas da P. gingivalis libertadas em
grandes quantidades, podem activar o factor X, a protrombina e a C-Reactina,
aumentando a tendência de trombose. Além disso, esta bactéria apresenta na sua
superfície um antígeno semelhante ao colagénio, capaz de activar e aglutinar
plaquetas e, desse modo, contribuir para uma hipercoagulação e trombose.113 Para
além da P. gingivalis, foram ainda detectadas a presença de P. intermedia, T.
forsythensis e A. actinomycetemcomitans em placas de ateroma.114
Outros estudos demonstraram ainda que indivíduos com periodontite têm maior
probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares115-121 como, por exemplo, a
doença coronária116,119, o enfarte do miocárdio120 e complicações cérebro-
vasculares.115,121
Pensa-se que muitos mecanismos podem contribuir para a associação entre a
doença periodontal e as doenças cardiovasculares, tais como: a acção directa dos
agentes infecciosos na formação do ateroma, a predisposição genética e outros
factores de risco em comum para estas patologias.122,123 No entanto, não está ainda
determinado, com exactidão, qual o mecanismo que as relaciona.
11..55..22.. DDiiaabbeetteess MMeelllliittuuss
A diabetes mellitus é uma deficiência metabólica caracterizada pela hiperglicemia
(elevada taxa de açúcar no sangue), que resulta da diminuição ou ausência de
secreção de insulina. A longo prazo as complicações podem afectar os olhos, os
rins, os nervos, os vasos sanguíneos e o periodonto.124
Diversos estudos revelam que indivíduos com diabetes mellitus não só têm um
elevado risco de sofrer de Doença Periodontal, como também, quando presente,
esta patologia apresenta-se na vertente mais rápida e agressiva.11,125,126
Outros estudos demonstraram ainda que, ao submeter pacientes diabéticos a um
tratamento periodontal, não só se verificaram melhorias no estado periodontal,
como também estas melhorias estavam associadas a uma diminuição da
necessidade de insulina até 50%.127-129 Especialmente nos casos de pacientes
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 12
diabéticos mal controlados, o tratamento periodontal resultou numa melhoria do
controlo metabólico.11
11..55..33.. IInnffeeccççõõeess RReessppiirraattóórriiaass
As doenças respiratórias infecciosas, tal como a pneumonia e a bronquite são
doenças comuns de elevado custo, principalmente em pacientes hospitalizados e
idosos. Pensa-se que a infecção respiratória esteja associada, pelo menos em
parte, à aspiração de bactérias orofaríngeas para o trato respiratório inferior e falha
do mecanismo de defesa do hospedeiro, no que respeita à eliminação das bactérias
contaminantes.130
Terpenning et. al131 demonstraram que, quando a P. gingivalis estava presente na
placa bacteriana e na saliva de pacientes idosos, existia um risco maior sofrerem de
pneumonia por aspiração.
Outros estudos evidenciam ainda a existência de uma relação entre a Doença
Periodontal e o risco acrescido de desenvolver pneumonia bacteriana, bem como o
risco de desenvolver uma Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica.132-134
11..55..44.. PPaarrttoo PPrreemmaattuurroo
O nascimento de bebés de baixo peso continua a ser a principal causa de
morbilidade perinatal. Muitos são os factores que podem estar relacionados com o
nascimento de bebés prematuros com baixo peso, como a idade, o peso, o
tabagismo, as infecções genitourinárias, a hipertensão, etc.
Os produtos bacterianos como o lipopolissacarídeo, presente na membrana
bacteriana, e os produtos da reacção inflamatória do próprio paciente, como o
TNF-α e a PgE2, têm sido identificados como os principais elos de ligação entre a
doença periodontal e o parto prematuro.135
Trabalhos realizados em animais revelaram que a presença de P. gingivalis
aumentava o número de mortes fetais e diminuía o peso do recém-nascido.136 De
igual modo, grande parte dos estudos clínicos realizados em humanos tem apoiado
esta teoria de que a doença periodontal pode ser um factor significante para o
nascimento de uma criança prematura.137-140 No entanto, existem outros estudos
que não confirmam esta associação.141-144
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 13
Resumidamente, numa perspectiva de cuidados de saúde, a prevenção e o
tratamento da periodontite pode revelar-se importante, não só no que respeita à
saúde oral, como à prevenção no agravamento de patologias sistémicas.
II..22.. DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO BBAACCTTEERRIIAANNOO
Existem 3 passos fundamentais na Medicina Dentária: o diagnóstico, o tratamento
e os procedimentos de reabilitação oral.145
O diagnóstico tradicional da doença periodontal é normalmente realizado através da
análise de uma série de informações recolhidas do paciente durante a realização do
exame periodontal. De entre as quais os dados pessoais (idade, sexo, etc.), o
historial médico, o historial de eventuais complicações periodontais, a sondagem
periodontal (isto é, a medição da profundidade clínica das bolsas periodontais, da
perda de inserção clínica, hemorragia à sondagem, etc.), a visualização radiográfica
do nível de suporte ósseo periodontal e, outras observações consideradas
importantes, como por exemplo, o grau de inflamação, a presença de placa
bacteriana, de cálculos dentários, a mobilidade dentária, etc.146
O tratamento consiste na remoção mecânica da placa supra e infragengival, higiene
oral e, em alguns casos, cirurgia periodontal e tratamento com agentes
antimicrobianos locais ou sistémicos.145
A reabilitação oral é feita apenas quando a saúde oral é restabelecida. Nesta etapa
recorre-se à regeneração periodontal com a utilização, entre outros, de enxertos
ósseos e à colocação de implantes dentários para compensar as perdas
dentárias.147
A identificação das bactérias presentes na flora bucal do doente, mais
especificamente nas bolsas periodontais, pode tornar-se numa ferramenta, não só
de extrema importância na selecção do tratamento mais adequado ao indivíduo,
como também, de grande interesse no acompanhamento da evolução do
tratamento aplicado ao paciente. Consoante as espécies de bactérias detectadas
pode ser aplicada uma terapia mais dirigida com antisépticos ou antibióticos
específicos mais adequados ao tratamento, aumentando assim a eficácia.147 Por
exemplo, sabe-se que a A. actinomycetemcomitans não é susceptível à terapia com
clindamicina,148 pelo que quando é necessário erradicar este agente existem outros
antibióticos, como a amoxicilina, que revelam maior eficácia.149-154
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 14
O diagnóstico bacteriano pode ser especialmente útil antes de definir qual o
tratamento a aplicar a um doente com periodontite agressiva, ou no
acompanhamento de familiares de pacientes com periodontite agressiva, uma vez
que podem ser susceptíveis de contrair a mesma patologia em tenra idade, bem
como nos casos de periodontite refractária, ou seja nos casos em que ocorre a
perda rápida de inserção clínica e reabsorção óssea mesmo sob terapia intensiva.
Pode ainda ser útil realizar um diagnóstico bacteriano, especialmente em pacientes
com um historial de periodontite, antes de aplicar implantes dentários, de forma a
garantir a eliminação das bactérias exógenas e reduzir a possibilidade de infecção
peri-implantária, que pode vir a resultar na perda do implante.
Em pacientes com recorrência da patologia pode-se ainda efectuar ao diagnóstico
bacteriano, a qualquer momento do tratamento, de forma a fazer um ponto de
situação da etiologia e readaptar, se necessário, o tratamento às necessidades do
paciente.147
Existe uma elevada diversidade de métodos que podem ser utilizados na detecção
e/ou identificação de bactérias. Temos, por exemplo, as técnicas microscópicas, a
cultura bacteriana, os testes imunológicos, as técnicas moleculares, entre outros.
As técnicas microscópicas de fundo escuro e de contraste de fase permitem
distinguir diferenças de tamanho, forma e mobilidade dos microrganismos
presentes na placa bacteriana, no entanto não permitem diferenciar entre as
espécies bacterianas.155-159 A cultura bacteriana, por sua vez, é capaz de identificar
os diversos microrganismos periodontais, podendo também ser utilizada em
estudos de susceptibilidade bacteriana aos diferentes antibióticos.160-162 Por outro
lado, o facto de muitas bactérias serem de difícil cultivo,163 desta técnica incluir
inúmeros passos, de ser de custo elevado e de ser necessário 10 ou mais dias para
obter os resultados finais,164 faz com que esta metodologia não seja de eleição
quando se pretende um método sensível e rápido para a análise simultânea de um
elevado número de amostras.
Os testes imunológicos, como a imunofluorescência, a reacção de ELISA e a
citometria de fluxo, baseiam-se na utilização de anticorpos específicos contra
antigénios do microrganismo a identificar. São métodos mais rápidos e sensíveis
que a cultura bacteriana,165,166 no entanto, a principal desvantagem prende-se com
o facto de poderem existir reacções cruzadas que levam à existência de falsos
positivos. Por exemplo, sabe-se que as bactérias do grupo Haemophili ligam-se aos
anticorpos utilizados para a detecção de A. actinomycetemcomitans. 167
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 15
Em contrapartida, as técnicas moleculares, baseadas sobretudo na análise de DNA
e RNA, permitem identificar com maior sensibilidade os microrganismos
periodontais. Estas metodologias não requerem que as bactérias estejam vivas
para a sua detecção, pelo que não são necessárias condições especiais de
transporte de amostras para manter viáveis as bactérias. De entre as diversas
técnicas moleculares existentes, a reacção em cadeia de polimerase (PCR, do inglês
Polimerase Chain Reaction) é uma metodologia que merece destaque. Esta permite
a amplificação enzimática in vitro de fragmentos específicos de DNA, explorando a
capacidade de duplicação do DNA. Nesta reacção é usada uma cadeia simples de
DNA como molde para a síntese de novas cadeias complementares sob a acção de
uma enzima termoestável, a Taq polimerase do DNA. Esta enzima é capaz de
adicionar os nucleótidos presentes na reacção, segundo a cadeia molde, na
presença de iniciadores ou primers específicos (sequências de DNA de cadeia
simples), desenhados de modo a serem complementares às extremidades 3’ das
cadeias do fragmento de DNA alvo.168
Recentemente foi desenvolvida uma variante da reacção de PCR, a metodologia de
PCR em tempo real que, por sua vez, combina no mesmo aparelho, a amplificação
e a detecção dos segmentos específicos do DNA, pelo que dispensa a necessidade
de visualização dos amplicons em sistemas de gel. Esta técnica baseia-se sobretudo
na monitorização dos produtos de amplificação através da utilização de um
fluorócromo, ao ligar-se às moléculas de DNA de cadeia dupla amplificada, emite
fluorescência, permitindo a sua detecção e visualização no sistema computacional
acoplado ao aparelho. Este aumento de fluorescência é proporcional à quantidade
de DNA amplificado.169
A reacção de PCR em tempo real destaca-se por ser uma técnica rápida, específica
e de elevada sensibilidade (limite de detecção de 5 cópias), que requer apenas um
processamento simples da amostra. Para além de que não são necessárias análises
pós-PCR para a detecção dos microrganismos, o que diminui a possibilidade de
existir uma contaminação cruzada dos produtos de PCR.170 Estas vantagens são
especialmente importantes em situações de diagnóstico, onde o resultado tem que
ser rápido e específico.
Deve-se referir ainda que, numa perspectiva de procurar garantir a eficácia do
tratamento periodontal, o diagnóstico microbiano pode ainda ser complementado
com dados relativos ao grau da resposta imunitária de cada paciente, revelador da
susceptibilidade do indivíduo para uma progressão mais agressiva ou mais
controlada da doença. Desta forma, a associação do diagnóstico microbiano à
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 16
detecção de polimorfismos genéticos relacionados com a progressão da
periodontite, pode vir a ser uma mais-valia para a adequação do tratamento e
acompanhamento posterior do paciente.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO INTRODUÇÃO
TESE DE MESTRADO 17
II..33.. OOBBJJEECCTTIIVVOOSS DDOO TTRRAABBAALLHHOO
Dada a importância da análise microbiológica nos pacientes com periodontite,
pretende-se optimizar um método molecular que permita, através da análise de
ácidos nucleicos, identificar os microrganismos patogénicos presentes na cavidade
bucal dos pacientes. Para isso, pretende-se utilizar uma metodologia de PCR em
tempo real para a identificação de 5 bactérias que contribuem para a iniciação e/ou
progressão de diversas formas de periodontite, nomeadamente a Porphyromonas
gingivalis, a Tannerella forsythia, a Actinobacillus actinomycetemcomitans, a
Treponema denticola e a Prevotella intermedia. Estas bactérias, em particular as
que fazem parte do complexo vermelho, são consideradas por vários autores como
sendo as mais virulentas e com maior poder de destruição do que qualquer outra
espécie do biofilme dental.31,32
Por outro lado, o trabalho desenvolvido tem também como intuito estudar dois
polimorfismos do gene IL-1, nomeadamente os polimorfismos IL-1A(C-889T) e
IL-1B(C+3954T), que têm vindo a ser relacionados com uma maior susceptibilidade
de desenvolvimento da doença.
18
II. Material e Métodos
“Não existem erros. Os acontecimentos que atraímos a nós,
por mais desagradáveis que sejam, são necessários para aprendermos
o que necessitamos de aprender. Todos os passos que damos
são necessários para chegarmos aonde escolhemos chegar.”
Richard Bach em A Ponte para a EternidadeA Ponte para a EternidadeA Ponte para a EternidadeA Ponte para a Eternidade
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TESE DE MESTRADO 19
IIII.. MMAATTEERRIIAALL EE MMÉÉTTOODDOOSS
IIII..11.. SSEELLEECCÇÇÃÃOO DDEE PPAACCIIEENNTTEESS
As amostras infragengivais foram obtidas de indivíduos que recorreram às
consultas de Estomatologia da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de
Coimbra, após consentimento informado (Anexo 1).
O projecto de investigação foi submetido à comissão de ética para a saúde dos
Hospitais da Universidade de Coimbra, tendo sido aprovado.
Foram seleccionados um total de 20 indivíduos para o estudo, tendo em conta os
critérios de inclusão e exclusão previamente definidos (Anexo 2). No grupo teste
(n=14) todos os indivíduos evidenciaram a presença de bolsas periodontais com
profundidade de sondagem>5mm, com perda de inserção clínica e com hemorragia
à sondagem, em pelo menos um dente em cada quadrante. O grupo de controlo
(n=6) foi constituído por indivíduos não afectados por periodontite.
Nenhum dos doentes ou controlos possuíam doenças sistémicas que pudessem
afectar a situação periodontal nem tiveram terapêutica antibiótica há menos de 6
meses e terapêutica periodontal há menos de 1 ano.
As amostras de saliva foram obtidas por auto-colheita de 4 voluntários saudáveis,
após consentimento informado.
IIII..22.. CCOOLLHHEEIITTAA DDEE AAMMOOSSTTRRAASS
As amostras infragengivais foram colhidas recorrendo a pontas de papel #45
esterilizadas da Unidente. Para cada indivíduo seleccionado foram utilizadas cerca
de 8 pontas para a colheita, duas por quadrante, tendo em conta o local mais
afectado e tentando evitar locais muito hemorrágicos, no caso dos doentes.
Para evitar contaminação cruzada, a colheita foi feita após a limpeza e secagem da
superfície supragengival. De seguida a ponta de papel esterilizada foi colocada na
bolsa periodontal em toda a sua profundidade e deixada ficar por 10 segundos
(Figura 1). Após remoção da ponta, foi colocada uma outra ponta no mesmo local
por mais 10 segundos. As pontas foram depois colocadas num único tubo
esterilizado e transportadas à temperatura ambiente para o laboratório. Sempre
que as amostras não eram processadas de imediato armazenavam-se a -20ºC.
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TESE DE MESTRADO 20
Figura 1 – Recolha de placa bacteriana infragengival.
Na colheita de amostras de saliva os indivíduos realizaram uma auto-raspagem das
bochechas com os dentes durante um minuto antes de colher a saliva (mínimo
5mL) para um tubo estéril.
IIII..33.. EEXXTTRRAACCÇÇÃÃOO DDEE DDNNAA DDEE AAMMOOSSTTRRAASS IINNFFRRAAGGEENNGGIIVVAAIISS
33..11.. CCoomm oo kkiitt QQIIAAaammpp®® DDNNAA MMiinnii KKiitt
A extracção de DNA das amostras infragengivais com o kit QIAamp® DNA Mini Kit
da QIAGEN foi efectuada de acordo com as indicações do fabricante, utilizando o
protocolo para sangue e fluidos corporais, com ligeiras modificações.
Combinou-se, por amostra, 180µL de Tampão ATL e 20µL de Proteinase K num
tubo e misturou-se. Adicionou-se 200µL dessa solução um novo tubo contendo as
pontas de papel e, após homogeneização por 30 segundos, a mistura foi incubada a
70ºC por 10 min. Posteriormente foi adicionado 200µL de Tampão AL, a mistura foi
homogeneizada durante 15 segundos e incubada a 95ºC por 5min. Adicionou-se
200µL de Etanol a 99%, homogeneizou-se por 15 segundos e fez-se um spin breve.
A mistura foi depois transferida para uma coluna identificada. Após centrifugação a
6000g durante 1min, a solução foi descartada e a coluna foi reinserida num novo
tubo. Procedeu-se à adição de 500µL de Tampão AW1 e nova centrifugação a
6000g durante 1min. A solução foi descartada, a coluna reinserida num novo tubo,
foi adicionado 500µL de Tampão AW2 e, procedeu-se à centrifugação da coluna à
velocidade máxima por 3min. Foi descartado o tubo de recolha e a coluna
reinserida num novo tubo para centrifugar 1min à velocidade máxima. O tubo foi,
de novo, descartado e a coluna foi colocada num novo tubo identificado. Foi
adicionado Tampão AE (200µL para a extracção de DNA a partir de 1 ou 2 pontas
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TESE DE MESTRADO 21
de papel e 400µl para a extracção de DNA a partir de 3 ou 4 pontas), deixou-se
incubar à temperatura ambiente por 1min e centrifugou-se a 6000g durante 1min.
A coluna foi descartada e a amostra de DNA foi armazenada a -20ºC até à sua
análise.
33..22.. CCoomm aa mmaattrriizz IInnssttaaGGeenneeTTMM MMaattrriixx
A extracção de DNA das amostras infragengivais com a matriz InstaGeneTM Matrix
da BIO-RAD foi realizada de acordo com as indicações do fabricante, utilizando o
protocolo para a preparação de DNA de bactérias, com algumas modificações.
As pontas de papel (2 a 8) foram colocadas em 1mL de água estéril autoclavada
num tubo identificado, homogeneizadas num vortex e centrifugadas durante 1min a
11.000rpm. O sobrenadante e as pontas foram removidos, adicionou-se 200µL de
Matriz InstaGeneTM Matrix ao precipitado e o produto foi incubado a 56ºC durante
30min. Homogeneizou-se durante 10 segundos e colocou-se o tubo a incubar a
100ºC durante 8 min. Voltou-se a homogeneizar a amostra por 10 segundos e
centrifugou-se a 11.000rpm durante 3min. Foi retirado o sobrenadante para um
novo tubo identificado e a amostra de DNA foi guardada a -20ºC até à sua análise.
IIII..44.. EEXXTTRRAACCÇÇÃÃOO DDEE DDNNAA DDEE AAMMOOSSTTRRAASS DDEE SSAALLIIVVAA
A extracção de DNA das amostras de saliva foi realizada recorrendo ao método de
extracção com a matriz InstaGeneTM Matrix da BIO-RAD, consoante descrito no
ponto anterior para a extracção de DNA de amostras infragengivais (3.2), com a
excepção de que, no primeiro passo, a saliva era logo centrifugada a 11.000rpm
durante 3min.
IIII..55.. QQUUAANNTTIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDEE DDNNAA
A quantidade e a pureza das amostras de DNA foram determinadas pela leitura da
densidade óptica a 260nm e 280nm num espectrofotómetro NanoDrop® ND-1000
UV-Vis da ThermoScientific, de acordo com as especificações do fabricante.
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TESE DE MESTRADO 22
IIII..66.. RREEAACCÇÇÕÕEESS DDEE AAMMPPLLIIFFIICCAAÇÇÃÃOO PPOORR PPCCRR CCOONNVVEENNCCIIOONNAALL
As reacções de amplificação por PCR convencional foram realizadas num
termociclador AB 9800 Fast PCR da Applied Biosystems.
Os primers utilizados para a detecção dos microrganismos e para a detecção dos
polimorfismos foram sintetizados pela empresa alemã MWG GmbH e encontram-se
descritos nos capítulos III.2 e III.3, respectivamente.
Para a detecção dos microrganismos periodontais (Aa, Pi, Pg, Td e Tf) foram
misturados sequencialmente num tubo apropriado, 5µl de tampão de PCR sem
MgCl2 (10x), 4µL de dNTPs com dUTP (stock 2,5mM), 2µL de MgCl2 (stock 50mM),
0,5µL de cada primer (stock 30µM), 0,3µL de Taq platina (5U/µL) da Invitrogen e
20µL de amostra de DNA. O volume final da reacção de amplificação foi de 50µL.
As condições de amplificação foram as descritas na Figura 2. Um passo inicial de
5min de desnaturação a 95ºC, seguido por 10 ciclos de desnaturação a 95ºC por
30s e annealing a 58ºC por 2min, mais 20 ciclos de desnaturação a 95ºC durante
25s, annealing a 53ºC a 40s e a extensão a 70ºC durante 40s. No final, a extensão
a 70ºC foi prolongada por 8min.
95ºC 95ºC 95ºC 05:00 00:30 0:25 70ºC 70ºC
58ºC 0:40 8:00
02:00 53ºC
00:40
x 10 ciclos x 20 ciclos
Figura 2 – Programa de amplificação por PCR convencional para a detecção dos
microrganismos periodontais.
Para a detecção dos polimorfismos IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3953T), regra geral,
foram misturados sequencialmente num tubo apropriado, 5µl de tampão de PCR
sem MgCl2 (10x), 4µL de dNTPs com dUTP (stock 2,5mM), 2µL de MgCl2 (stock
50mM), entre 0,5 e 1,5µL de cada primer (stock 30µM), 0,3µL de Taq platina
(5U/µL) da Invitrogen e 20µL de amostra de DNA, num volume final de 50µL.
As condições de amplificação foram as que se encontram na Figura 3. Um passo
inicial de 3min de desnaturação a 94ºC, seguido por 45 ciclos de desnaturação de
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TESE DE MESTRADO 23
94ºC durante 30s, annealing a 52 ou 56ºC por 40s e extensão a 72ºC durante
1min. No final a extensão a 72ºC foi prolongada por 5min.
94ºC 94ºC 03:00 00:30 72ºC 72ºC 52 ou 56 ºC 01:00 5:00
00:40
x 45 ciclos
Figura 3 – Programa de amplificação por PCR convencional para a detecção conjunta dos
polimorfismos IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3953T).
Para a detecção do polimorfismo IL-1A(C-889T) foram ainda testadas as seguintes
condições de amplificação: um passo inicial de desnaturação a 96ºC durante 1min,
seguido por 40 ciclos de desnaturação a 96ºC por 1min, annealing a 46ºC por 1min
e extensão a 72ºC durante 1min. No final a extensão a 72ºC foi prolongada por
4min.171
IIII..77.. RREEAACCÇÇÕÕEESS DDEE AAMMPPLLIIFFIICCAAÇÇÃÃOO PPOORR PPCCRR EEMM TTEEMMPPOO RREEAALL
As reacções de amplificação por PCR em tempo real foram efectuadas num sistema
AB 7300 real time PCR da Applied Biosystems.
Num volume final de 25µL foi adicionado, sequencialmente, 12,5µl da mistura
reaccional Power SYBR Green® da Applied Biosystems (2x) e 0,25µL de cada primer
(stock 10µM) e 5 a 6µL de DNA.
As condições de amplificação usadas estão apresentadas na Figura 4. Um passo
inicial de 10min de desnaturação a 95ºC, seguido por 35 ou 50 ciclos a 95ºC por
15s e a 60ºC por 1min. No final dos ciclos de amplificação foi acrescentado um
programa para a curva de dissociação, tal como indicado na figura.
95ºC 95ºC 95ºC 95ºC
10:00 00:15 60ºC 00:15 60ºC 00:15
01:00 01:00
x 35 ou 50 ciclos Curva de dissociação
Figura 4 – Programa de amplificação por PCR em tempo real para a detecção dos
microrganismos periodontais.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO MATERIAL E MÉTODOS
TESE DE MESTRADO 24
IIII..88.. DDIIGGEESSTTÃÃOO DDOO DDNNAA CCOOMM EENNZZIIMMAASS DDEE RREESSTTRRIIÇÇÃÃOO
88..11.. DDiiggeessttããoo ccoomm NNccooII
A 20µL de amostra adicionou-se 3µL de tampão de enzima 10x concentrado e
0,2µL de enzima NcoI (10 U/µL) da New England Biolabs. A esta mistura foi
adicionada água ultra pura para um volume final de 30µL. A reacção decorreu a
37ºC durante 1h30min e terminou com a inactivação da enzima a 65ºC durante
20min.
88..22.. DDiiggeessttããoo ccoomm TTaaqqααααααααII
A 20µL de amostra adicionou-se 3µL de tampão de enzima 10x concentrado, 0,3µL
de BSA (100µg/mL) e 0,3µL de enzima NcoI (20 U/µL) da New England Biolabs. A
esta mistura foi adicionada água ultra pura para um volume final de 30µL. A
reacção decorreu a 65ºC durante 1h30min e terminou com a inactivação da enzima
a 80ºC durante 20min.
IIII..99.. CCOONNCCEENNTTRRAAÇÇÃÃOO DDAASS AAMMOOSSTTRRAASS
As amostras foram colocadas num concentrador a vácuo Savant DNA120 da
Thermo Electron Corporation e deixadas a concentrar (~10x) durante,
aproximadamente, 10min, com uma taxa de secagem (dry rate) de 43ºC.
IIII..1100.. EELLEECCTTRROOFFOORREESSEE EEMM GGEELL DDEE AAGGAARROOSSEE
A electroforese em gel de agarose foi realizada da seguinte forma: Para um gel de
2%, dissolveu-se 1g de agarose em 50ml de TAE 1x (40mM Tris/acetato; 1mM
EDTA) e deixou-se arrefecer. Juntou-se 5µL de brometo de etídeo (10mg/mL) e
colocou-se a solução no suporte de electroforese, deixando a agarose polimerizar.
Preparou-se depois a tina de electroforese, enchendo-a com tampão TAE 1X até
cobrir o gel. Retirou-se o pente cuidadosamente e aplicou-se as amostras e os
marcadores de peso molecular conhecido. Ao preparar as amostras adicionou-se
1/10 do seu volume de tampão 10x concentrado (0,1 M EDTA pH 8,0; 1% SDS;
20% Ficoll 400; 0,25% azul de bromofenol; 0,25% xileno cianol). Este tampão
confere a densidade à amostra e permite controlar a migração das amostras no
UNIVERSIDADE DE AVEIRO MATERIAL E MÉTODOS
TESE DE MESTRADO 25
decorrer da electroforese. Para um gel de agarose de cerca de 90cm2, aplicou-se
uma diferença de potencial de 120V durante 30min.
IIII..1111.. EELLEECCTTRROOFFOORREESSEE CCAAPPIILLAARR
A análise dos produtos de digestão com a enzima NcoI foi feita, por electroforese
capilar, num bioanalisador Agilent 2100 Bioanalyzer da Agilent Thecnologies,
segundo as instruções do fabricante (protocolo Agilent DNA 1000 Kit Guide),
utilizando 1µL de amostra e o microchip agilent DNA 1000.
IIII..1122.. AANNÁÁLLIISSEE DDEE DDNNAA PPOORR HHIIBBRRIIDDAAÇÇÃÃOO RREEVVEERRSSAA ((KKIITT MMIICCRROO--IIDDEENNTT®®))
A análise de DNA por hibridação reversa foi feita recorrendo ao kit micro-IDent® da
HAIN Lifescience consoante as especificações do fabricante no protocolo
micro-IDent® – Teste de Genética Molecular para a Identificação de Cinco Espécies
Bacterianas Periodontopatogénicas.
O teste micro-IDent® permitiu a identificação genética combinada de cinco espécies
bacterianas periodontopatogénicas, nomeadamente Actinobacillus
actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia,
Tannerella forsythia e Treponema denticola.
O procedimento completo é dividido em 3 passos: extracção de DNA a partir de
amostras infragengivais, uma amplificação multiplex com primers biotinilados e
uma hibridação reversa.
A hibridação inclui os seguintes passos: desnaturação química dos produtos de
amplificação; hibridação dos amplicons, em cadeia única e marcados com biotina,
às sondas ligadas à membrana; lavagem adstringente; adição de um conjugado de
streptavidina/fosfatase alcalina e, finalmente, uma reacção com produção de cor
mediada pela fosfatase alcalina. Um modelo, incluído no kit, assegura uma
interpretação fácil e rápida do padrão de bandas obtido.
26
III. Resultados e Discussão
“Não é o desafio que define quem somos
nem o que somos capazes de fazer.
O que nos define é o modo como enfrentamos esse desafio:
podemos deitar fogo às ruínas, ou construir um caminho através delas,
passo a passo, rumo à liberdade.”
Richard Bach em Nada ao AcasoNada ao AcasoNada ao AcasoNada ao Acaso
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 27
IIIIII.. RREESSUULLTTAADDOOSS EE DDIISSCCUUSSSSÃÃOO
Neste trabalho pretendeu-se optimizar um método molecular – baseado na reacção
de PCR – para detecção de microrganismos patogénicos associados à periodontite e
ainda analisar dois polimorfismos (dos genes IL1A e IL1B) associados à progressão
e severidade da doença.
A metodologia deverá ser utilizada na rotina laboratorial, pelo que a selecção das
técnicas envolvidas nas diferentes etapas irá depender da sensibilidade e
reprodutibilidade analítica das mesmas e ainda de outros factores, tais como:
tempo e facilidade da técnica, a possibilidade de automatização, a minimização dos
riscos de contaminação com moléculas resultantes do PCR e os custos associados.
Para além da parte analítica, inerente às metodologias de análise escolhidas e
respectivas técnicas de detecção (electroforese, fluorescência, hibridação, etc.),
outros aspectos tiveram que ser considerados, nomeadamente o tipo de amostra
biológica que se iria testar, como seria efectuada a extracção dos ácidos nucleicos
da amostra, o número e tipo de testes que se pretendia realizar a partir da mesma
amostra e, finalmente, como é que os resultados dos diferentes testes poderiam ser
integrados (Figura 5). No caso concreto são dois os testes a implementar, a
detecção de microrganismos periodontais (Análise 1) e a análise dos polimorfismos
IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3953T) (Análise 2), que preferencialmente deverão ser
efectuados a partir da mesma amostra biológica e, se possível, recorrendo ao
mesmo método de extracção.
Tipo de amostra
Extracçãodos ácidos nucleicos
Fase analítica
Análise e detecção
Análise 1
Integração de resultados
ETAPA A
ETAPA B
ETAPA C ETAPA D
Análise 2
Tipo de amostra
Extracçãodos ácidos nucleicos
Fase analítica
Análise e detecção
Análise 1
Integração de resultados
ETAPA A
ETAPA B
ETAPA C ETAPA D
Análise 2
Figura 5 – Diagrama para implementação de dois novos testes no laboratório de diagnóstico
molecular e respectivo faseamento (Etapas A, B, C e D). Análise 1 – Detecção de
microrganismos periodontais. Análise 2 – Análise dos polimorfismos IL-1A(C-889T) e
IL-1B(C+3954T).
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 28
Neste trabalho a discussão dos resultados encontra-se estruturada em quatro
capítulos principais: selecção do tipo de amostra e do método de extracção de DNA,
detecção de microrganismos periodontais, análise dos polimorfismos IL-1A(C-889T)
e IL-1B(C+3954T) e caracterização microbiológica e susceptibilidade genética dos
pacientes estudados. Estes capítulos correspondem às etapas A, B, C e D indicadas
na figura acima.
IIIIII..11.. SSEELLEECCÇÇÃÃOO DDOO TTIIPPOO DDEE AAMMOOSSTTRRAA EE DDOO MMÉÉTTOODDOO DDEE EEXXTTRRAACCÇÇÃÃOO DDEE DDNNAA
Existem fortes evidências de que o início da periodontite ocorre nas bolsas
periodontais e que os microrganismos são os principais factores responsáveis pelo
seu desenvolvimento. Deste modo, a monitorização da ocorrência de bactérias
periodontopatogénicas através da análise de amostras das bolsas periodontais é
considerada como uma metodologia razoável no controlo da patologia.78,150,172-176
Assim, optou-se por analisar amostras infragengivais, colhidas com pontas de papel
estéreis para a detecção dos microrganismos periodontais e ainda para o estudo
dos polimorfismos IL1-A(C-889T) e IL-1B(C+3954T), associados à periodontite.
Para além da placa bacteriana, estas amostras deverão também conter células
epiteliais dos pacientes, o que permitirá o isolamento do DNA genómico para a
análise da susceptibilidade genética.
As amostras infragengivais foram obtidas de indivíduos que recorreram às
consultas de Estomatologia da Faculdade de Medicina Dentárias da Universidade de
Coimbra, tendo em conta rigorosos critérios de rejeição e inclusão (Anexo 2).
Foram testados 2 métodos de extracção distintos: o QIAamp® DNA Mini Kit da
QIAGEN e a matriz InstaGeneTM Matrix da BIO-RAD, ambos com diferenças
marcantes no modo e tempo de processamento, bem como nos custos associados.
O kit QIAamp® DNA Mini Kit permite a purificação de mais de 50µg de DNA a partir
de amostras biológicas variadas. A amostra é sujeita a uma lise celular, mediada
pela proteinase K, de seguida passa por uma coluna de sílica, à qual se ligam os
ácidos nucleicos e, após algumas lavagens com um tampão apropriado, o DNA é
finalmente, eluído da coluna. Por outro lado, o método de extracção da BioRad com
a matriz InstaGeneTM Matrix consiste simplesmente numa lise celular por incubação
da amostra na presença da matriz, a diversas temperaturas. Neste método,
relativamente mais rápido e simples que o anterior, os produtos da lise celular, que
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 29
interferem com a amplificação de PCR, ligam-se à matriz, enquanto o DNA
permanece solubilizado no sobrenadante, que posteriormente é separado da matriz.
Uma mesma amostra foi processada em simultâneo, utilizando os 2 métodos de
extracção acima referidos. As pontas de papel, usadas na colheita de amostra
infragengival, foram colocadas num tubo com 1mL de água ultra pura e agitadas
num vortex durante 15 minutos, de modo a libertar todos os constituintes celulares
e bacterianos. Desta mistura homogénea, metade foi extraída com a matriz
InstaGeneTM Matrix e a outra metade foi extraída com o Kit QIAamp® DNA Mini Kit,
de acordo com as indicações dos fabricantes. O volume de amostra de DNA obtido
no final de cada protocolo de extracção foi de 180 µL com a InstaGeneTM Matrix e
400µL com o QIAamp® DNA Mini Kit.
A pureza do DNA, bem como a quantificação das amostras, foi efectuada pela
leitura de absorvância a 260nm e 280nm, tal como descrito no capítulo II.5.
A concentração da amostra de DNA isolada com o QIAamp® DNA Mini Kit foi de
6,16 ng/µL e a razão entre as leituras de absorvância a 260nm e a 280nm foi de
1,11. No caso da amostra de DNA obtida com a matriz InstaGeneTM Matrix a
concentração de DNA foi de 8,68 ng/µL e a razão entre as leituras de absorvância a
260nm e a 280nm foi de 1,36. A razão das absorvâncias a 260nm e a 280nm indica
o grau de pureza do DNA, devendo ser de, aproximadamente, 1,8 para soluções
puras. Em ambas as amostras, a razão 260/280 aponta para que possam estar
presentes proteínas e/ou outras substâncias. A concentração de DNA, apesar de
baixa, é semelhante para os dois casos.
As duas amostras de DNA foram posteriormente analisadas por PCR, quer para a
presença de bactérias periodontais, quer para análise dos polimorfismos genéticos
(capítulos III.2 e III.3), não tendo sido observadas diferenças nas reacções de
amplificação. Desta forma, o método de extracção escolhido, para analisar as
restantes amostras, foi a matriz InstaGeneTM Matrix. Esta metodologia adequa-se
melhor a um trabalho de rotina, não só porque apresenta um custo menos elevado,
mas também porque é de execução mais prática e rápida. Acresce que, o facto de
não ser necessário transferir o sobrenadante inúmeras vezes ao longo do processo,
como acontece com o QIAamp® DNA Mini Kit, reduz ainda a possibilidade de
contaminação entre amostras.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 30
Depois de optimizadas as condições de detecção dos microrganismos periodontais e
dos polimorfismos genéticos em amostras colhidas para pontas de papel (capítulos
III.2 e III.3), foi também estudada a hipótese de realizar outro tipo de colheita,
nomeadamente saliva, de forma a facilitar a colheita deste tipo de amostras e,
quem sabe, equacionar a possibilidade de uma auto colheita para o diagnóstico.
O uso da saliva como método de diagnóstico tem sido alvo de diversas
pesquisas.177 Esta, para além de ser de fácil colheita, contém bactérias de
diferentes partes da boca, incluindo as superfícies mucosas e as placas infra e
supragengivais. Para além disso, existem registos de que a detecção de
determinados microrganismos na saliva pode reflectir a presença destes
microrganismos nas bolsas periodontais e na placa dentária.18,178-182 Umeda et al.181
compararam a detecção em PCR de A. actinomycetemcomitans, P. gingivalis, T.
forsythensis e P. intermedia recorrendo à colheita por saliva e à colheita com
pontas de papel, obtendo respectivamente 20%, 48%, 55% e 43% destes
microrganismos na saliva e, 27%, 48%, 44% e 31%, respectivamente, na amostra
infragengival.
Alguns autores,181,183,184 afirmam mesmo que o facto de se detectarem as mesmas
bactérias periodontais na saliva e na placa infragengival suporta a ideia de que
ocorre uma dispersão das bactérias da placa infragengival para a saliva.
Para o estudo das amostras de saliva foram utilizadas 4 amostras de indivíduos
saudáveis, as quais foram estudadas, quer para a presença das bactérias
periodontais, quer para os polimorfismos genéticos. No entanto, os resultados não
foram tão satisfatórios quanto os resultados obtidos com amostras da placa
infragengival, colhidas com pontas de papel. Na análise por PCR em tempo real dos
microrganismos periodontais resultaram curvas de dissociação pouco definidas,
levantando dúvidas, em alguns casos, quanto à presença de determinados agentes
bacterianos. Na análise por PCR-RFLP dos polimorfismos IL-1A(C-889T) e
IL1B(C+3953T), os resultados também suscitaram dúvidas de interpretação.
Podem ser avançadas diversas razões para as dificuldades observadas quando se
utilizam amostras de saliva, tais como: a existência de uma menor concentração de
bactérias e do DNA genómico na saliva, dificultando a sua análise; a metodologia
de extracção poderia não estar optimizada para o tipo de amostra em questão,
diminuindo a qualidade de DNA genómico e do DNA bacteriano; e, uma vez que
foram analisadas amostras de indivíduos diferentes dos indivíduos estudados com o
método de colheita por pontas de papel, aqueles podiam possuir quantidades
reduzidas de agentes patogénicos, dificultando a sua análise. Serão necessários
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 31
estudos adicionais para avaliar a viabilidade de se utilizar amostras de saliva para
este tipo de análises.
Assim, no decorrer deste trabalho, foram usadas, como referido anteriormente,
amostras da placa infragengival colhidas com pontas de papel para a detecção dos
microrganismos periodontais e análise dos polimorfismos IL-1A(C-889T) e
IL-1B(C+3953T), utilizando como método de extracção de DNA a matriz
InstaGeneTM Matrix da BIO-RAD.
IIIIII..22.. DDEETTEECCÇÇÃÃOO DDEE MMIICCRROORRGGAANNIISSMMOOSS PPEERRIIOODDOONNTTAAIISS
Na detecção de microrganismos periodontais pretendeu-se utilizar um método
baseado na reacção de PCR, de preferência usando um método de amplificação em
tempo-real, pelas vantagens que esta metodologia apresenta relativamente ao PCR
convencional.170
A sequência dos primers utilizados para cada agente em estudo encontra-se na
Tabela 2.
Bactéria Sequencias dos primers Tm (ºC)
Referência
Aa F: 5’-GAACCTTACCTACTCTTGACATCCGAA-3’ 63,4 185
R: 5’-TGCAGCACCTGTCTCAAAGC-3’ 59,4
Pi F: 5’-CGGTCTGTTAAGCGTGTTGTG-3’ 59,8 185
R: 5’-CACCATGAATTCCGCATACG-3’ 57,3
Tf F: 5’-GGGTGAGTAACGCGTATGTAACCT-3’ 62,7 186
R: 5’-ACCCATCCGCAACCAATAAA-3’ 55,3
Pg F: 5’-GCGCTCAACGTTCAGCC-3’ 57,6 187
R: 5’-CACGAATTCCGCCTGC-3’ 54,3
Td F: 5’-CCGAATGTGCTCATTTACATAAAGGT-3’ 60,1 188
R: 5’-GATACCCATCGTTGCCTTGGT-3’ 59,8
Tabela 2 – Tabela com a sequência dos primers utilizados no presente estudo para a
detecção de Actinobacillus actinomycetemcomitans (Aa), Prevotella intermedia (Pi),
Tannerella forsythia (Tf), Porphyromonas gingivalis (Pg) e Treponema denticola (Td). F –
Primer directo, R – Primer Reverso, Tm – Temperatura de fusão.
Embora o objectivo do trabalho seja utilizar na rotina a metodologia de PCR em
tempo real, é importante que o laboratório disponha de uma técnica alternativa de
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 32
análise. Assim sendo, os primers foram testados, quer por PCR em tempo real,
quer por PCR convencional seguido de análise em gel de agarose.
Os resultados obtidos, com ambas as técnicas, foram validados por comparação
com os resultados obtidos nas mesmas amostras, recorrendo a um kit comercial
para detecção molecular de microrganismos periodontais – o kit Micro-IDent® da
HAIN Lifescience.
Para o PCR convencional foram preparadas 5 misturas de reacção (uma por cada
agente a pesquisar) num volume final de 50µL de reacção, tal como indicado no
capítulo II.6. Paralelamente, foram preparadas 5 reacções controle, que serviram
de controlos negativos NTC (No Template Control), nos quais o DNA molde era
substituído por água ultra pura. Foi testado um programa de amplificação único
(descrito no capítulo II.6) para a detecção conjunta dos 5 agentes em estudo (Aa,
Pg, Pi, Td e Tf) em amostras de 3 indivíduos com periodontite. No final da reacção
os produtos de amplificação foram analisados por electroforese em gel de agarose
2%, corado com brometo de etídio.
Todas as amostras apresentavam os fragmentos de 99pb, 127pb, 67pb e 122pb
indicativos, respectivamente, da presença das bactérias P. intermedia185, T.
forsythia186, P. gingivalis187 e T. denticola188 e, em apenas uma das amostras
(amostra 3) foi detectada a presença do fragmento de 80pb correspondente a A.
actinomycetemcomitans185 (Figura 6). No caso de P. intermedia (1Pi, 2Pi e 3Pi)
observou-se também a presença de uma banda muito ténue acima de 200pb
(Figura 6.a). No entanto esta banda não interfere com a interpretação dos
resultados, uma vez que a banda específica de cerca de 99pb (característica da
existência de Pi) é bastante mais forte, sendo este resultado inequívoco.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 33
Figura 6 – Electroforese em Gel de Agarose 2% corado com brometo de etídio. (a) A
presença dos fragmentos de 80pb e 99pb é indicativa da presença de A.
actinomycetemcomitans e P. intermedia. (b) Os fragmentos de 127pb, 67pb e 122pb são
indicativos da presença de T. forsythia, P. gingivalis e T. denticola, respectivamente. M –
Marcador de DNA 50bp; 1,2 e 3 – Amostras; Aa – A. actinomycetemcomitans; Pi – P.
intermedia; Tf – T. forsythia ; Pg – P. gingivalis ; Td – T. denticola.
Os mesmos resultados foram obtidos quando as amostras 1, 2 e 3 foram analisadas
com o kit Micro-IDent® da HAIN Lifescience (Figura 7). Note-se, no entanto, que
com o kit Micro-IDent®, a presença das bactérias Pi e Td, na amostra 2, é indicada
por uma linha ténue, enquanto que na análise em gel de agarose 2% dos produtos
de amplificação correspondentes a Pi e Td, os mesmos são facilmente identificados
(Figura 6 - a e b).
Figura 7 – Análise dos microrganismos periodontais com o kit Micro-IDent® da HAIN
Lifescience. 1, 2 e 3 – Amostras; NTC – Amostra controle em que foi analisada água em vez
de amostra; CC – Controlo conjugado; CA – Controlo de Amplificação; Aa – A.
actinomycetemcomitans; Pi – P. intermedia; Tf – T. forsythia; Pg – P. gingivalis; Td – T.
denticola; IC – Indicador colorido.
Apesar ser possível detectar as bactérias periodontais por PCR convencional
seguido de análise em gel de agarose, o facto desta metodologia necessitar de uma
a) b)
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TESE DE MESTRADO 34
análise posterior dos produtos amplificados faz com que o processamento de uma
elevada quantidade de amostras seja um processo moroso e trabalhoso. Deste
modo, e porque se pretende desenvolver uma metodologia rápida e prática de
detecção para utilizar na rotina de um laboratório, interessava optimizar as
condições para a detecção das 5 bactérias periodontais por PCR em tempo-real. Por
outro lado, como já foi referido, a utilização de PCR em tempo real minimiza a
possibilidade de contaminação com amplicons formados durante a amplificação,
uma vez que as placas ou tubos de reacção não são abertos para posterior análise
pós-PCR.
Dos vários sistemas de amplificação em PCR tempo real, foi escolhido um método
que utiliza o composto fluorescente SYBR Green®, uma vez que a sua utilização
permite uma detecção de baixo custo, sensível e de fácil utilização, ideal para a
rotina de laboratório. Este composto tem a capacidade de se intercalar entre a
cadeia dupla de DNA e, com a excitação da luz emitida pelo sistema óptico do
termociclador, emitir uma fluorescência verde.
No início da amplificação, as moléculas livres do fluorocromo apresentam uma
fluorescência fraca, produzindo um sinal mínimo (ruído), que é subtraído durante a
análise instrumental. Após a ligação dos primers, as moléculas de SYBR Green®
começam a ligar-se à dupla cadeia e vão-se intercalando à medida que a enzima
Taq polimerase catalisa a reacção de extensão. Desta forma, a reacção é
monitorizada continuamente, pois o aumento da fluorescência é observado em
tempo real à medida que são produzidas novas moléculas. A detecção da
fluorescência no final de cada ciclo permite monitorizar a quantidade crescente de
DNA amplificado.189-191
Por cada amostra analisada foram preparadas 5 reacções de amplificação num
volume final de 25µL, uma por cada agente bacteriano em estudo, de acordo com o
indicado no capítulo II.7.
A análise de PCR em tempo real permitiu identificar todos os microrganismos
periodontais – Pg, Tf, Aa, Td e Pi.
Uma vez que se observou que as curvas de amplificação começavam a surgir entre
o ciclo 15 e 25, o programa de amplificação foi reduzido para 35 ciclos, em vez dos
50 ciclos inicialmente testados, de forma a diminuir o tempo de análise (Figura
8.a). Esta diminuição do número de ciclos é ainda vantajosa na medida em que
reduz a probabilidade de ocorrer amplificação não específica resultante de ligações
do SYBR Green® com outros produtos de cadeia dupla. Na Figura 8.b estão
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TESE DE MESTRADO 35
seleccionadas as 5 curvas de amplificação (para os 5 agentes em estudo) relativas
à amostra 3. A identificação dos produtos de amplificação é feita através da análise
das curvas de dissociação, que correspondem à temperatura na qual metade da
cadeia de DNA está desnaturada e a outra metade se mantém em cadeia dupla.169
Cada amplicon apresenta uma temperatura de dissociação específica, que varia
com o número de ligações GC, com o comprimento e com a sequência do
fragmento amplificado.192 Neste caso, as temperaturas de dissociação foram de
81,1-82,3ºC para Pg, de 79,4-79,7ºC para Tf, de 76,3-77,4ºC para Aa, de 81,7-
82,3ºC para Td e de 79,4-80,3ºC para Pi (Figura 8.b). Note-se, no entanto, a
presença de uma lomba pouco definida, para além do pico de dissociação de Td,
que poderá corresponder a produtos inespecíficos, mas que não interfere com a
interpretação dos resultados.
Os produtos amplificados por PCR tempo-real foram separados numa electroforese
em gel de agarose 2%, corado com brometo de etídio, que permitiu confirmar a
presença dos fragmentos de 67pb, 127pb, 80pb, 122pb e 99pb, indicativos,
respectivamente, da presença de Pg, Tf, Aa, Td e Pi (Figura 8.c).
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TESE DE MESTRADO 36
Figura 8 – Curvas de amplificação (a) e de dissociação (b) dos agentes Porphyromonas
gingivalis (Pg), Tannerella forsythia (Tf), Actinobacillus actinomycetemcomitans (Aa),
Treponema denticola (Td) e Prevotella intermedia (Pi), por PCR Tempo Real no AB 7300. (c)
Electroforese em Gel de Agarose 2% corado com brometo de etídio. A presença dos
fragmentos de 80pb, 99pb, 127pb, 67pb e 122pb confirmam a presença de Aa, Pi, Tf, Pg e
Td, respectivamente. M – Marcador de DNA 50bp.
O PCR em tempo real provou ser um método sensível, rápido e eficaz na detecção
dos 5 agentes patogénicos descritos, podendo ser facilmente utilizado na rotina de
um laboratório para o diagnóstico destes agentes.
Uma variante da reacção de PCR é o PCR multiplex, no qual dois ou mais
fragmentos específicos são amplificados simultaneamente na mesma reacção,
utilizando dois ou mais pares de primers. O PCR multiplex tem a vantagem de,
numa única reacção, permitir obter informação sobre múltiplos fragmentos de
interesse. Contudo a técnica tem de ser optimizada para que se consiga igual
eficiência e sensibilidade na amplificação de todos os fragmentos, uma vez que os
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 37
diferentes pares de primers podem interferir na eficiência das reacções de
amplificação promovidas por outros pares de primers.
Alguns investigadores têm avaliado a possibilidade de utilizar reacções multiplex
com a técnica de PCR em tempo real, com SYBR Green®.193-195 Fukushima et al.193
testaram inclusive, com sucesso, diversos duplexes para a detecção de bactérias.
Apesar de não existirem registos deste tipo de estudos para agentes patogénicos
periodontais, decidiu-se testar, neste trabalho, uma análise de diversos multiplex,
recorrendo à técnica de PCR em tempo real com SYBR Green®. A escolha recaiu na
detecção simultânea de bactérias, cujos fragmentos de amplificação tivessem
apresentado diferenças nas temperaturas de dissociação aquando da análise
individual por PCR em tempo real (Tabela 3).
Temperatura de Dissociação (ºC)
A. actinomycetemcomitans 76,3 - 77,4
T. forsythia 79,4 - 79,7
P. intermedia 79,4 - 80,3
P. gingivalis 81,1 - 82,3
T. denticola 81,7 - 82,3
Tabela 3 – Temperaturas de dissociação dos fragmentos de amplificados de cada bactéria,
resultantes da análise individual por PCR Tempo Real.
Para o estudo, foi escolhida uma amostra em que estivessem representados os 5
microrganismos. As condições de reacção e o programa de amplificação foram os
mesmos que se encontram descritos neste capítulo para a detecção individual dos
microrganismos.
Foram estudadas as associações Aa/Tf, Pi/Td, Aa/Td e Aa/Pg. Enquanto que na
análise individual de Aa, Tf, Td e Pi as temperaturas de dissociação, após
amplificação dos fragmentos, foram, respectivamente, 77,3ºC, 79,8ºC, 82,3ºC e
80,1ºC, na análise multiplex Aa/Tf e Pi/Td apenas se detectou um pico de
dissociação a 79,8ºC e a 82,3ºC, respectivamente. Nas associações multiplex Aa/Td
e Aa/Pg não se obteve qualquer produto de amplificação, talvez devido a possíveis
interacções entre os primers da mistura.
Ainda pouco se conhece acerca do mecanismo que leva à ligação do SYBR Green®
ao DNA. No entanto, Zipper et al.196 sugerem que a fluorescência, resultante da
interacção de SYBR Green® com o DNA, depende da razão dos complexos
DNA/SYBR Green®. O fluorocromo intercala-se e liga-se ao DNA quando esta razão
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 38
é superior a 0,15. Giglio et al.197 demonstraram ainda que, por PCR em tempo real,
o SYBR Green tem tendência a ligar-se a amplicons maiores e com uma maior
percentagem de ligações G-C, o que faz com que seja difícil detectar múltiplos
amplicons em reacções multiplex.
Tendo em consideração os estudos destes autores, os resultados obtidos para os
multiplexs Aa/Tf e Pi/Td parecem fazer sentido, uma vez que, entre Aa (80pb) e Tf
(127pb) e, entre Pi (99pb) e Td (122pb) apenas são identificados os picos de
dissociação correspondentes aos amplicons de maior tamanho, Tf e Td,
respectivamente. Giglio et al.197 também levantaram a possibilidade de que, para
efectuar uma detecção multiplex por PCR em tempo real, se deverá aumentar a
concentração de SYBR Green na reacção, dado que a saturação deste fluorocromo
pode fazer com que este se ligue também a fragmentos mais pequenos. Assim,
serão necessários estudos adicionais para optimizar a metodologia de PCR em
tempo real por multiplex, para a detecção das bactérias periodontais.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 39
IIIIII..33.. AANNÁÁLLIISSEE DDOOSS PPOOLLIIMMOORRFFIISSMMOOSS IILL11AA ((CC--888899TT)) EE IILL11BB ((CC++33995533TT))
O estudo da susceptibilidade genética pode ser, para além do diagnóstico
microbiológico, uma mais-valia para garantir a eficácia de um tratamento
periodontal. Diversos autores têm referido uma associação entre a progressão e
severidade da doença periodontal com a presença dos polimorfismos IL-1A(C-889T)
e IL-1B(C+3953T).97,104-106 Estes polimorfismos são conhecidos por interferirem
directamente com a resposta inflamatória do hospedeiro, contribuindo para um
aumento da inflamação dos tecidos e, consequentemente, com um aumento do
risco de uma progressão mais agressiva da patologia, devido à maior facilidade de
invasão dos microrganismos. Deste modo, uma identificação do grau de
susceptibilidade genética, ou seja, uma identificação do grau de susceptibilidade
para uma progressão mais agressiva ou mais controlada da doença, pode ser um
factor determinante para o sucesso de um tratamento, uma vez que permite
determinar o grau de acompanhamento de cada paciente, bem como, um
tratamento paralelo numa eventual necessidade de modelar as respostas
inflamatórias do indivíduo. Tratam-se de razões suficientes para a inclusão neste
trabalho da análise dos polimorfismos IL-1A(C-889T) e IL-1B(C+3953T), doravante
denominados de IL1A-889 e IL1B+3953, respectivamente.
A análise dos polimorfismos IL1A-889 e IL1B+3953 foi efectuada por PCR-RFLP
(RFLP, de Restriction Fragment Length Polymorphism). Esta técnica consiste na
amplificação por PCR do fragmento de DNA a analisar, seguida pela digestão do
amplicon usando enzimas específicas de restrição. Os diferentes fragmentos
resultantes da digestão podem ser separados, por exemplo, por electroforese em
gel de agarose de acordo com o seu tamanho e visualizados com brometo de
etídio.168
Neste trabalho foram utilizados primers específicos (Tabela 4), que permitem
amplificar as regiões polimórficas dos genes de interesse (IL-1A e IL-1B), onde
estão localizados os polimorfismos IL1A-889 e IL1B+3953, respectivamente.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 40
Gene alvo
Sequencia do primer Tm (ºC)
Referência
IL-1A F: 5’-TGTTCTACCACCTGAACTAGGC-3’ 62,7 171
R: 5’-TTACATATGAGCCTTCCATG-3’ 53,2
IL-1B F: 5’-CTCAGGTGTCCTCGAAGAAATCAAA-3’ 61,3 198
R: 5’-GCTTTTTTGCTGTGAGTCCCG-3’ 59,8
Tabela 4 – Tabela com a sequência dos primers utilizados no presente estudo para a análise
dos polimorfismos. F – Primer directo, R – Primer reverso, Tm – Temperatura de fusão.
Apesar de na literatura estarem descritas condições de amplificação distintas para
cada um dos polimorfismos,171,198 neste trabalho estudou-se a possibilidade de
utilizar um programa único para a amplificação simultânea dos fragmentos
específicos de cada gene. A utilização de um mesmo programa de amplificação
permite optimizar recursos e reduzir tempo de resposta, factor de elevada
importância quando se pretende introduzir um teste de diagnóstico na rotina de um
laboratório de serviços.
O programa utilizado para a amplificação conjunta de ambos os genes foi adaptado
de programas referidos na literatura171,198, tendo em conta a adequação às
temperaturas de fusão dos primers, e encontra-se descrito no capítulo II.6 (Secção
II. Material e Métodos). As condições de reacção também estão descritas no
capítulo II.6.
Os produtos de amplificação foram analisados por electroforese em gel de agarose
2% corado com brometo de etídio, que permitiu visualizar os fragmentos de 99pb e
de 200pb, correspondentes aos polimorfismos IL1A-889 e IL1B+3953
respectivamente (Figura 9). Numa primeira fase foi testado um programa de
amplificação com temperatura de annealing de 56ºC. No entanto, enquanto que no
caso do polimorfismo IL1B+3953 se conseguiu identificar facilmente o fragmento
de 200pb, correspondente à sequência de interesse, no caso do polimorfismo
IL1A-889 o fragmento de 99pb obtido era muito ténue (Figura 9.a). A reduzida
eficiência da reacção de PCR, no caso do polimorfismo IL1A-889, pode dever-se ao
facto da temperatura de annealing utilizada no programa de PCR (56ºC) ser
superior à temperatura de fusão do primer IL1A_R (53,2ºC), não permitindo um
emparelhamento eficiente deste primer à cadeia de DNA molde e,
consequentemente, dar origem a uma quantidade reduzida de produto. Assim, foi
testado um programa de amplificação com uma temperatura de annealing inferior
(52ºC), o que permitiu aumentar ligeiramente a quantidade de produto amplificado
(fragmento de 99pb) no caso do polimorfismo IL1A-889 (Figura 9.b).
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 41
99pb
200pb
99pb
200pb
M IL-1A IL-1B(a) (b)
99pb
200pb
99pb
200pb
M IL-1A IL-1B(a) (b)
Figura 9 – Análise de produtos de amplificação relativos aos polimorfismos IL1A-889 e
IL1B+3953 em gel de Agarose 2% corado com brometo de etídio. (a) Após amplificação com
Ta=56ºC. (b) Após amplificação com Ta=52ºC. M – Marcador de DNA 50pb. A presença do
fragmento de 99pb é indicativa do polimorfismo IL1A-889 e o fragmento de 200pb do
polimorfismo IL1B+3953.
Foram ainda testadas (para o polimorfismo IL1A-889) diferentes condições de
reacção, quer variando a quantidade de DNA molde na reacção (10 e 20µL), quer
utilizando diferentes concentrações de primers (15 µM, 30 µM e 45 µM). No entanto,
não foram observadas diferenças significativas na quantidade de produto
amplificado quando se duplicou a quantidade de DNA na reacção de PCR, apenas se
verificando um ligeiro aumento de produto amplificado nos casos em que foi
utilizada uma concentração dos primers a 45 µM, casos A3 e A’3, que é
independente da quantidade de DNA molde (Figura 10).
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 42
Figura 10 – Análise de produtos de amplificação relativos ao polimorfismo IL1A-889 em gel
de Agarose 2% corado com brometo de etídio, resultantes de diferentes misturas de reacção.
M – Marcador de DNA 50bp; Ai – 10µL de Amostra; A’i – 20µL de Amostra. Em ambos os
casos com i=1, 2 e 3, correspondendo a uma concentração dos primers na mistura de
reacção de 15µM, 30µM e 45µM, respectivamente. A presença do fragmento de 99pb é
indicativa do polimorfismo IL1A-889.
Mesmo utilizando as condições de amplificação do polimorfismo IL1A-889, descritas
na literatura (ver capítulo II.6),171 não se observaram melhorias na quantidade de
produto amplificado.
Deste modo, as restantes amostras foram amplificadas utilizando as condições
optimizadas anteriormente, ou seja, o programa de amplificação conjunto com a
temperatura de annealing de 52ºC, usando primers à concentração de 15µM e
45µM para IL1B+3953 e IL1A-889, respectivamente.
A detecção dos polimorfismos IL1A-889 e IL1B+3953 foi efectuada por análise dos
fragmentos obtidos após digestão dos produtos amplificados com as enzimas de
restrição NcoI e Taq1, respectivamente.171,198 As reacções de digestão foram
efectuadas num volume final de 30µl, utilizando 20µl de produto amplificado. As
condições de reacção, bem como as sequências de DNA reconhecidas pelas duas
enzimas estão indicadas na Tabela 5.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 43
Polimorfismo Enzima Local de clivagem Condições de Reacção
IL1A-889 NcoI 5’…C����CATGG…3’ Incubação: 37ºC, 90 min.
3’…GGTAC����C…5’ Inactivação: 65ºC, 20 min.
IL1B+3953 TaqαI 5’…T����CGA…3’ Incubação: 65ºC, 90 min.
3’…AGC����T…5’ Inactivação: 80ºC, 20 min.
Tabela 5 – Enzimas de restrição utilizadas na detecção dos polimorfismos IL1A-889 e
IL1B+3953 e respectivas condições de reacção.
O polimorfismo IL1A-889 ocorre na posição -889 do promotor do gene IL-1A e
caracteriza-se pela substituição de uma base citosina (C) por uma base timina (T),
originando dois tipos de alelos: alelo 1 e alelo 2, respectivamente.102 No alelo 2, a
substituição de uma base C por uma base T destrói o local de reconhecimento da
enzima NcoI, o que faz com que o fragmento de 99pb obtido na reacção de PCR
não possa ser clivado. O alelo 1, por sua vez, é identificado pela presença de dois
fragmentos de 83pb e 16pb, resultantes da digestão com NcoI (Figura 11).
83pb 16pb
Alelo 1
NcoI
C
99pb
T Alelo 2
83pb 16pb
Alelo 1
NcoI
C
83pb 16pb
Alelo 1
NcoI
C
99pb
T Alelo 2
Figura 11 – Esquema representativo dos fragmentos obtidos após digestão com NcoI dos
alelos 1 e 2 para o polimorfismo IL1A-889.
O polimorfismo IL1B+3953, por sua vez, caracteriza-se pela substituição de uma
base C na posição +3953 (exão 5) por uma base T, igualmente identificados como
o alelo 1 e alelo 2, respectivamente.103 Neste caso, a reacção de PCR origina um
fragmento de 200pb que, após digestão com TaqαI, resulta em fragmentos
distintos, permitindo distinguir entre os alelos. A substituição de uma base C por
uma base T, no alelo 2, destrói um lugar de reconhecimento da enzima TaqαI,
permitindo distinguir os dois alelos (Figura 12).
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 44
97pb 85pb12pb
Alelo 1
TaqαI
C
TaqαI
182pb12pb
T
TaqαI
Alelo 2
97pb 85pb12pb
Alelo 1
TaqαI
C
TaqαI
182pb12pb
T
TaqαI
Alelo 2
Figura 12 – Esquema representativo dos fragmentos obtidos após digestão com TaqαI dos
alelos 1 e 2 para o polimorfismo IL1B+3953.
A análise por PCR-RFLP do polimorfismo IL1B+3953, para algumas das amostras
em estudo, encontra-se na Figura 13. Após a reacção de digestão com a enzima
TaqαI foi possível distinguir claramente os alelos do polimorfismo IL1B+3953 por
separação em gel de agarose 2%. O alelo 1 caracteriza-se pela presença dos
fragmentos 97pb e 85pb (que não se conseguem distinguir neste gel) e o alelo 2
pelo fragmento de 182pb. O fragmento de 12pb, existente em ambos os alelos, é
pouco perceptível, devido ao seu pequeno tamanho.
97pb85pb
M D1 D2 C1D4D3 C2
182pb
97pb85pb97pb85pb
M D1 D2 C1D4D3 C2
182pb
M D1 D2 C1D4D3 C2
182pb
Figura 13 – Análise por PCR-RFLP do polimorfismo IL1B+3953 em gel de agarose 2%
corado com brometo de etídio. M – Marcador de DNA 50bp; D – Amostras de pacientes com
periodontite; C – Amostras controlo de indivíduos saudáveis. A presença do fragmento de
182pb é indicativa do alelo 2 (Amostras D1 e D4), enquanto que o conjunto dos fragmentos
de 85pb e 97pb indica a presença do alelo 1 (todas as amostras da figura). As amostras D1 e
D4 são heterozigóticas e as restantes são homozigóticas para o alelo 1.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 45
No caso do polimorfismo IL1A-889, foi utilizada a enzima de restrição NcoI e os
produtos de digestão foram analisados, numa fase inicial, por electroforese em gel
de agarose 2%, corado com brometo de etídeo. No entanto, devido à pequena
diferença de tamanho dos fragmentos característicos dos alelos 1 e 2, de 83pb e
99pb, respectivamente (Figura 11), não foi possível distinguir os dois alelos.
Assim, os fragmentos de digestão com NcoI foram analisados posteriormente por
electroforese capilar num bioanalisador Agilent 2100 Bioanalyzer. Neste sistema,
que permite analisar 12 amostras em simultâneo, os fragmentos movimentam-se
num gel (constituído por um polímero linear e um fluorocromo) ao longo dos
microcanais do microchip, através da aplicação de elevadas voltagens.199 O
bioanalisador Agilent 2100 Bioanalyzer, ao contrário do sistema convencional de
electroforese em gel de agarose, permite a visualização dos resultados à medida
que vai ocorrendo a migração.
Devido à reduzida quantidade de produto digerido, resultante da reduzida eficiência
da reacção de PCR para este polimorfismo (Figura 9.b), só foi possível efectuar a
análise com o bioanalisador Agilent 2100 Bioanalyzer depois de concentrar as
amostras digeridas, cerca de 10x, num concentrador a vácuo Savant DNA120.
A análise dos produtos digeridos com NcoI no bioanalisador Agilent 2100 permitiu
distinguir o fragmento de 83pb, característico do alelo 1 (amostras 1 a 7), e o
fragmento de 99pb, que caracteriza o alelo 2 (amostras 2, 7 e 8), e assim
identificar as amostras homozigóticas e heterozigóticas (Figura 14).
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 46
Figura 14 – Análise por PCR-RFLP do polimorfismo IL1A-889 por electroforese num
bioanalisador Agilent 2100 Bioanalyzer. L – Marcador de DNA 15bp; Samplei – Amostra;
linha verde – primeiro pico/fragmento do marcador (15pb); linha lilás – último pico do
marcador (1500pb).
A metodologia utilizada para a análise dos polimorfismos IL1A-889 e IL1B+3953
permitiu diferenciar os alelos 1 e 2 de ambos os polimorfismos e identificar o perfil
de susceptibilidade genética dos indivíduos em estudo, resultados apresentados no
capítulo III.4. Porém, antes de implementar estas metodologias na rotina do
laboratório, é necessário realizar um estudo de custo/benefício de forma a avaliar a
viabilidade económica da utilização destas técnicas. No caso do polimorfismo
IL1A-889, a necessidade extra de concentrar as amostras e de recorrer a um
sistema de electroforese capilar para a análise deste polimorfismo, incrementa os
custos da análise, devido aos custos associados aos equipamentos e aos reagentes
específicos deste tipo de electroforese. Torna-se assim necessário equacionar todas
as variáveis, incluindo a dimensão do próprio mercado, antes de introduzir estas
metodologias na rotina.
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 47
IIIIII..44.. CCAARRAACCTTEERRIIZZAAÇÇÃÃOO MMIICCRROOBBIIOOLLÓÓGGIICCAA EE SSUUSSCCEEPPTTIIBBIILLIIDDAADDEE GGEENNÉÉTTIICCAA DDOOSS
PPAACCIIEENNTTEESS EESSTTUUDDAADDOOSS
Foram analisadas, pelas metodologias descritas nos pontos III.2 e III.3 do presente
trabalho, amostras da placa bacteriana infragengival de 14 indivíduos doentes e 6
indivíduos saudáveis. Sendo que, dos indivíduos doentes, 9 eram homens (64%) e
5 eram mulheres (36%), com idade média de 54 anos. Apenas 2 doentes fumavam
à altura da colheita. Nos indivíduos saudáveis, a idade média rondava os 31 anos,
sendo metade destes indivíduos do sexo masculino. O quadro geral dos resultados
da análise microbiológica e da análise dos polimorfismos IL1A-889 e IL1B+3953
encontra-se no anexo 3.
A Tabela 6 resume os resultados relativos à análise microbiológica em termos
percentuais. Realça-se que em 50% dos pacientes com periodontite não foi
detectada a bactéria A. actinomycetemcomitans. No entanto, as bactérias T.
forsythia, T. denticola e P. intermedia foram encontradas em todos os pacientes
com periodontite e em cerca de 86% destes detectou-se P. gingivalis. Nalguns
indivíduos saudáveis foram também detectadas as bactérias T. forsythia, T.
denticola e P. intermedia, mas nunca P. gingivalis. Alguns destes indivíduos
apresentavam também níveis detectáveis de A. actinomycetemcomitans.
Agentes Patogénicos
Aa Tf Pi Td Pg
Indivíduos com periodontite
50,0% 100,0% 100,0% 100,0% 85,7%
Indivíduos saudáveis
66,7% 83,3% 100,0% 66,7% 0,0%
Tabela 6 – Resumo dos resultados referentes à frequência dos agentes patogénicos nos
indivíduos estudados.
Todas as bactérias estudadas têm sido associadas à doença periodontal pois são
encontradas, com maior prevalência e em quantidades superiores, em indivíduos
doentes do que em indivíduos saudáveis.8,28,200-205
A bactéria A. actinomycetemcomitans tem sido referida como um importante
agente etiológico da periodontite agressiva localizada em diversas populações.206-209
Bragd et al.210 e Rams et al.8 sugerem mesmo que a A. actinomycetemcomitans
apresenta uma patogenicidade de tal maneira elevada que, mesmo níveis baixos
dessa espécie poderiam ser danosos ao periodonto. No entanto, curiosamente,
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 48
alguns estudos sugerem que a prevalência desta bactéria encontra-se associada à
idade, decrescendo significativamente com o aumento desta.155,211,212 Sendo que,
num destes estudos, realizado por Slots et al.212 foi registada, em pacientes, uma
prevalência deste agente de 74,4% num grupo com idades compreendidas entre os
15 e os 24 anos, comparativamente com os 38,7% detectados num grupo entre os
25 e os 34 anos de idade.
Alguns investigadores distinguem ainda a bactéria A. actinomycetemcomitans em 6
sorotipos: a, b, c, d, e e f, consoante o polissacarídeo presente na superfície da
bactéria e os seus produtos.51,213-215 Acredita-se que existam diferenças, ao nível da
virulência, entre os vários sorotipos da bactéria. Por exemplo, estudos realizados
demonstraram que o sorotipo b tem uma maior capacidade para induzir a
libertação da interleucina IL-1 do que os sorotipos a e c.216 Sabe-se, no entanto,
que a maioria dos pacientes é afectada por apenas um sorotipo, que se mantém
estável ao longo do tempo, e não por múltiplos sorotipos.214,217-219 Uma limitação do
presente estudo é a impossibilidade de discriminar entre os diferentes sorotipos de
A. actinomycetemcomitans pelo que não é possível tirar conclusões acerca do papel
destas espécies nas diferentes manifestações da doença periodontal.
T. forsythia, P. intermedia e T. denticola foram detectados em todos os doentes do
presente estudo, sendo que P. intermedia foi ainda detectado nos 6 indivíduos
saudáveis. A elevada prevalência destes agentes em doentes pode indicar uma
relação com a periodontite. T. forsythia tem sido relacionada com um aumento do
risco de perda de inserção clínica por um factor de 2.45 - 5.3. 204,220,221 No entanto,
ainda existe pouca informação relativa a esta bactéria e qual o papel que
desempenha na patologia.
Diversos estudos têm ainda sugerido a existência de uma associação entre a
doença periodontal e a presença de P. intermedia e T. denticola.78,155,222,223 No
entanto, P. intermedia tem sido detectada, não só em casos de periodontite
moderada e avançada como também em pacientes já controlados. 155,224 Neste
trabalho não foram observadas diferenças entre os indivíduos doentes e a
população controle (indivíduos saudáveis) quanto à presença de P. intermedia, uma
vez que esta bactéria foi encontrada em todos os indivíduos. Contudo, é importante
sublinhar que o reduzido número de indivíduos incluídos no estudo, não permite
fazer qualquer avaliação com significado estatístico.
Num estudo publicado em 2004, Mayanagi et al.,225 recorrendo a amostras de placa
infragengival, detectaram por PCR a presença de A. actinomycetemcomitans, T.
forsythia, T. denticola e P. intermedia em, respectivamente, 41%, 70%, 23% e
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 49
18% de indivíduos saudáveis. No entanto, não detectaram a bactéria P. gingivalis
na população saudável. Os resultados obtidos no presente trabalho vão de encontro
aos obtidos por Mayanagi et al., no que diz respeito à ausência de P. gingivalis em
indivíduos saudáveis.
P. gingivalis é uma das bactérias periodontais mais investigadas. Diversos autores
afirmam mesmo que existe uma associação entre esta bactéria e a doença
periodontal, entre os quais Mayanagi et al.225 e Ximénez-Fyvie et al.201, que
detectaram o microrganismo em mais de 40% das amostras dos pacientes com
periodontite. Outros autores encontraram ainda uma prevalência de 10-30% em
indivíduos saudáveis adultos.78,226 Sabe-se também que existem diferentes estirpes
de P. gingivalis que exibem graus diversos de capacidade invasiva.227 As estirpes
W83 e W50 foram consideradas de elevada virulência em estudos realizados com
animais, no entanto, não existem evidências convincentes que associem a
periodontite a uma determinada estirpe da P. gingivalis.226,228 P. gingivalis possui
diversos factores de virulência, que desempenham um papel importante no
desenvolvimento da patologia, pelo que é questionável a importância da detecção
de uma estirpe específica para o diagnóstico bacteriano.
No presente estudo a P. gingivalis foi detectada em 85,7% dos pacientes,
acompanhada da presença de T. forsythia, T. denticola e P. intermedia, o que pode
confirmar uma possível correlação entre P. gingivalis e estas bactérias.
A elevada sensibilidade da metodologia de PCR em tempo real pode encontrar-se
directamente relacionada com a detecção de A. actinomycetemcomitans, T.
forsythia, P. intermedia e T. denticola em indivíduos saudáveis neste estudo.
Diversos autores já afirmaram que, com técnicas suficientemente sensíveis, podem
ser detectadas espécies patogénicas em indivíduos saudáveis ou em locais da boca
saudáveis de indivíduos doentes.229-231 No entanto, estes resultados confirmam a
ideia de que as bactérias são necessárias, mas não são suficientes, para o
desenvolvimento da patologia. Existem outros factores de risco, como fumar, o
stress, as doenças sistémicas, a susceptibilidade genética, a resposta imunitária,
entre outros, que podem ser cruciais à iniciação e desenvolvimento da periodontite.
Não obstante, colocam-se ainda diversas questões. Será que os indivíduos
saudáveis possuem estirpes menos virulentas das bactérias detectadas? Será que
existe um limite máximo de concentração das bactérias para a iniciação e evolução
da doença? Existindo, será que este limite é fixo por agente ou variável com o
conjunto de bactérias? Trata-se de questões complexas, para as quais ainda não
existem respostas unânimes. Haffajee et al.,232 afirmam por exemplo, que existem
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 50
limites de concentração abaixo dos quais, certos locais do periodonto se encontram
inactivos, mesmo após colonização por um determinado patogénio e, acima dos
quais se observa actividade. Afirmam ainda que este limite é de 5x105 bactérias
para a P. gingivalis e de 1x104 bactérias para a A. actinomycetemcomitans. No
entanto, o valor limite pode não ser independente da presença de outras espécies
virulentas ou, até mesmo, do mecanismo de defesa do hospedeiro. Levanta-se
igualmente a possibilidade das espécies de bactérias encontradas em indivíduos
saudáveis poderem corresponder a subtipos não virulentos ou clones da mesma
bactéria.233
No que diz respeito à susceptibilidade genética, a análise dos polimorfismos
IL1A-889 e IL1B+3953 por PCR-RFLP mostrou que o alelo 1 de ambos os
polimorfismos se encontrava presente em todos os indivíduos saudáveis. No caso
do polimorfismo IL1A-889 em homozigotia em 66,7% dos controlos e para o
polimorfismo IL1B+3953 em cerca de 83% (Tabela 7). Nenhum indivíduo saudável
possuía o alelo 2 (associado à periodontite) em homozigotia para qualquer um dos
polimorfismos.
Polimorfismos IL-1
IL1A-889 IL1B+3953
1\1 1\2 2\2 1\1 1\2 2\2
Indivíduos com periodontite
42,9% 35,7% 14,3% 50,0% 28,6% 21,4%
Indivíduos saudáveis
66,7% 33,3% 0,0% 83,3% 16,7% 0,0%
Tabela 7 – Resumo dos resultados referentes à frequência dos polimorfismos IL1A-889 e
IL1B+3953.
Por outro lado, constatou-se que cerca de 50% dos pacientes eram homozigóticos
para o alelo 1 do polimorfismo IL1B+3953. Os restantes 50% possuíam o alelo 2
deste polimorfismo, 21% dos quais em homozigotia.
No caso do polimorfismo IL1A-889, 42,9% dos pacientes eram homozigóticos para
o alelo 1 e os restantes possuíam o alelo 2 (14,3% em homozigotia).
Em ambos os polimorfismos estudados, a presença do alelo 2 é referida como
responsável pelo aumento da produção de IL-1α e IL-1β, respectivamente, e,
consequentemente pelo aumento da susceptibilidade do indivíduo ao
desenvolvimento e progressão da periodontite.97,104,106
UNIVERSIDADE DE AVEIRO RESULTADOS E DISCUSSÃO
TESE DE MESTRADO 51
O estudo da susceptibilidade genética pode ser uma ferramenta importante no
tratamento da periodontite. Por exemplo, tendo em conta a tabela geral de
resultados (anexo 3), e apesar de ser necessário ter sempre em conta que existem
outros factores importantes para o início e progressão da doença, identifica-se a
necessidade de acompanhar, de uma forma mais frequente, a evolução do
tratamento dos pacientes 9 e 19, homozigóticos para o alelo 2 de ambos os
polimorfismos, bem como do paciente 13, homozigótico para o alelo 2 do
polimorfismo IL-1B(C+3953T) e heterozigótico para o polimorfismo IL-1A(C-889T),
uma vez que estes possuem uma maior susceptibilidade para a evolução da
periodontite.
A análise conjunta dos resultados, da microbiologia e da susceptibilidade genética,
poderá fornecer informações importantes para o médico dentista no que diz
respeito, quer à adequação terapêutica (que dependerá dos microrganismos
presentes e do grau de resposta inflamatória do indivíduo), quer no
acompanhamento posterior do paciente.
52
IV. Conclusões e
Perspectivas Futuras
“Se evitares os problemas,
jamais poderás dizer que os superaste.”
Richard Bach em Uma Aventura de EspíritoUma Aventura de EspíritoUma Aventura de EspíritoUma Aventura de Espírito
UNIVERSIDADE DE AVEIRO CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS
TESE DE MESTRADO 53
IIVV.. CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS EE PPEERRSSPPEECCTTIIVVAASS FFUUTTUURRAASS
Actualmente, em Portugal, o diagnóstico e classificação da doença periodontal
baseiam-se, exclusivamente, nos métodos tradicionais de recolha da história
clínica, de sondagem periodontal, de visualização radiográfica e de outras
observações consideradas importantes. Estes dados nem sempre são suficientes
para alcançar o sucesso no tratamento da periodontite.
O enriquecimento do diagnóstico com a monitorização microbiológica e com o teste
de susceptibilidade genética permite, não só, estabelecer um plano de tratamento
personalizado e compatível com os preceitos terapêuticos periodontais actuais,
como também, definir o acompanhamento médico necessário em cada situação.
A amplificação por PCR em tempo real provou ser um método sensível, rápido e
eficaz na detecção dos 5 agentes patogénicos descritos (Aa, Pi, Td, Tf e Pg),
podendo ser facilmente utilizado na rotina de um laboratório para o diagnóstico
destes agentes.
O PCR em tempo real com SYBR Green não permitiu, no entanto, a detecção dos
microrganismos num sistema multiplex, o que poderia tornar a análise mais
vantajosa e prática de implementar na rotina laboratorial. A optimização de
análises multiplex aos agentes periodontais, por PCR tempo real, deverá ser
considerada no futuro, quer variando a concentração de SYBR Green® nas reacções,
como sugerido por Giglio et al.197, quer utilizando outras abordagens experimentais,
como por exemplo sondas Taqman® Probe, específicas para cada um dos
microrganismos.
A técnica de PCR-RFLP, usada para a análise dos polimorfismos IL1A-889 e
IL1B+3953, permitiu identificar o perfil genético dos pacientes em estudo para
estes polimorfismos. Porém, comparando com a técnica de PCR em tempo real, a
metodologia de PCR-RFLP exige mais tempo e recursos, tanto físicos (equipamentos
e reagentes) como humanos. Seria importante equacionar a possibilidade de
analisar estes polimorfismos por PCR em tempo real utilizando sondas específicas
como, por exemplo, a Taqman® Probe, que permitem fazer descriminação alélica e
identificar polimorfismos/mutações.
Dados os critérios rigorosos de selecção de pacientes para este estudo não foi
possível incluir, no período estipulado para a realização do trabalho, um número
suficiente de indivíduos que permitisse tirar conclusões, com significado estatístico,
acerca das características microbiológicas e genéticas da população portuguesa
UNIVERSIDADE DE AVEIRO CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS
TESE DE MESTRADO 54
relativamente à periodontite. Apesar de diversos autores afirmarem que a presença
das bactérias Aa, Td, Tf, Pg e Pi e dos polimorfismos IL1A-889 e IL1B+3953, se
encontram directamente relacionadas com a periodontite, é necessário realizar um
estudo mais alargado à população portuguesa.
Para além do exposto anteriormente, outras propostas consideradas interessantes,
numa perspectiva de trabalho futuro, são:
- Optimização da detecção de microrganismos e polimorfismos genéticos com
amostras obtidas por outros métodos de colheita mais simples, que facilitem a
auto-colheita (swab, saliva, etc.).
- Estudos quantitativos na detecção das bactérias periodontais (Aa, Td, Tf, Pg e Pi),
de forma a poder tirar conclusões acerca do significado clínico das quantidades
relativas encontradas em doentes e indivíduos saudáveis e determinar o(s) limite(s)
de concentração aceitáveis dos microrganismos na população saudável.
- Investigação, na população portuguesa, de outros agentes microbianos (Exemplo:
P. micros,33 F. nucleatum,70,78 e C. rectus81,82) e outros polimorfismos associados à
periodontite (Exemplo: IL1B-511234 e IL6-174235).
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AnexosAnexosAnexosAnexos
ANEXO 1 – Consentimento Informado
INFORMAÇÕES AO PACIENTE SOBRE O ESTUDO “ Caracterização molecular dos microrganismos associados à periodontite numa população de doentes portugueses” A periodontite é uma doença causada pela presença de bactérias nas superfícies dentárias e que leva à destruição dos tecidos que envolvem os dentes, os quais são responsáveis por manter os dentes fixos nos maxilares. A periodontite é a principal causa de perda dos dentes em indivíduos adultos. Geralmente, a periodontite não provoca dor, mesmo em casos avançados, sendo os sintomas mais frequentes o sangramento gengival e a mobilidade dentária. Se não for efectuado qualquer tratamento, a doença evolui cronicamente e os dentes acabam por cair. O tratamento da periodontite envolve a realização de sessões de raspagem e alisamento das raízes dentárias afectadas pela doença para eliminar as bactérias e os cálculos aí existentes. No entanto, dependendo da extensão da infecção, poderão ser necessários procedimentos cirúrgicos para aceder a locais mais profundos ou, em casos muito avançados, estará indicada a extracção dos dentes afectados. A presença de determinado tipo de bactérias na superfície das raízes dentárias parece estar na origem da periodontite. Tudo indica que estas bactérias possam, em conjunto, ser responsáveis pelo processo da inflamação que causa a destruição dos tecidos que suportam os dentes, daí ser extremamente importante a sua identificação, não só para ajudar no diagnóstico dos diferentes tipos de periodontite, mas também para escolher o tratamento mais adequado e verificar se, depois do tratamento, essas bactérias desapareceram. O objectivo deste estudo é desenvolver um método simples para identificar o(s) tipo(s) de bactérias que estão presentes em volta dos dentes afectados por periodontite. Por outro lado, existem alguns factores que aumentam o risco de um doente desenvolver periodontite mais rapidamente e mais grave. Alguns exemplos desses factores são o tabaco, algumas doenças crónicas como a diabetes e algumas características genéticas do indivíduo, já descritas. Por isso, este estudo também vai analisar a presença de algumas dessas características, para ajudar a identificar os factores de risco associados à periodontite, entre a população portuguesa.
Médica responsável pelo estudo: Doutora Isabel Poiares Baptista …………………………………………………………………………………………………………………………………………………. CONSENTIMENTO INFORMADO * Li e compreendi a informação constante deste documento sobre o estudo molecular da periodontite no qual vou participar. * Compreendo que os resultados deste teste não são diagnósticos, mas apenas irão ser incluídos num estudo de investigação médica. * Autorizo que me seja efectuada uma recolha de amostra para este estudo. Nome:__________________________________________________ Data: ___/___/___ Assinatura:__________________________________ Idade: Fumador: S N Observações:
CÓDIGO:
ANEXO 2 – Critérios de Inclusão e Exclusão
A. DOENTES
Critérios de inclusão:
1. Indivíduos caucasianos, com progenitores caucasianos.
2. Terem periodontite (presença de bolsas periodontais com profundidade de sondagem > 5mm com perda de inserção clínica e com hemorragia à sondagem, em pelo menos um dente em cada quadrante).
3. Sem doenças sistémicas que possam afectar a situação periodontal
4. Possuam pelo menos 20 dentes na cavidade oral, distribuídos pelos quatro
quadrantes.
5. Com idade superior a 20 anos.
6. Sem história de tratamento de doença periodontal. 7. Terem dado o seu consentimento informado.
Critérios de exclusão:
1. Patologias da cavidade oral, excepto cáries ou doença periodontal. 2. Gengivite Ulcerativa Necrosante.
3. Uso de aparelho ortodôntico.
4. Gravidez ou aleitamento. 5. Hepatite. 6. Diabetes.
7. Infecção por HIV.
8. Doenças hematológicas.
9. Quimioterapia.
10. História de doenças que comprometam gravemente a função imune.
11. Condição médica que requeira profilaxia antibiótica.
12. Terapêutica crónica com AAS ou AINES há mais de 3 anos.
13. Terapêutica antibiótica há menos de 6 meses.
14. Terapêutica periodontal há menos de 1 ano.
ANEXO 2 – Critérios de Inclusão e Exclusão
B. CONTROLOS
Critérios de inclusão
1. Indivíduos caucasianos, com progenitores caucasianos.
2. Sem doença periodontal
3. Sem doenças sistémicas que possam afectar a situação periodontal
4. Possuam pelo menos 20 dentes na cavidade oral.
5. Com idade superior a 20 anos.
6. Sem história de tratamento de doença periodontal. 7. Terem dado o seu consentimento informado.
Critérios de exclusão
1. Patologias da cavidade oral, excepto cáries. 2. Gengivite Ulcerativa Necrosante.
3. Uso de aparelho ortodôntico
4. Gravidez ou aleitamento 5. Hepatite 6. Diabetes
7. Infecção por HIV
8. Doenças hematológicas
9. Quimioterapia
10. História de doenças que comprometam gravemente a função imune
11. Necessidade de profilaxia antibiótica
12. Terapêutica crónica com AAS ou AINES há mais de 3 anos
13. Terapêutica antibiótica há menos de 6 meses
14. Terapêutica periodontal há menos de 1 ano.
ANEXO 3 – Caracterização microbiológica e susceptibilidade genética dos pacientes estudados – Quadro Geral
Amostra
Diagnóstico periodontal
Agentes Patogénicos Polimorfismos
N.º Tipo Sexo Fumador? Idade Aa Tf Pi Td Pg IL1A -889
IL1B +3953
1 P M sim 53 Periodontite crónica generalizada avançada + + + + + 1 \ 2 1 \ 2
2 P F Não 46 Periodontite crónica generalizada moderada + + + + + 1 \ 1 1 \ 1
3 P M Não 52 Periodontite crónica generalizada avançada
+ + + + + 1 \ 1 1 \ 1
4 P M sim 56 Periodontite crónica generalizada avançada
+ + + + + 1 \ 1 1 \ 2
5 C M Não - - - + + + - 1 \ 2 1 \ 1
6 C M Não 51 - + + + - - 1 \ 2 1 \ 1
7 C M Não 33 - + + + + - 1 \ 1 1 \ 2
8 P M Não 58 Periodontite crónica generalizada avançada
- + + + + 1 \ 2 1 \ 1
9 P M Não 59 Periodontite crónica generalizada moderada - + + + + 2 \ 2 2 \ 2
10 P M Não - Periodontite crónica localizada moderada - + + + + 1 \ 1 1 \ 1
11 P M Não 51 Periodontite agressiva generalizada avançada
+ + + + + 1 \ 1 1 \ 2
12 P M Não 66 Periodontite crónica generalizada moderada
- + + + + 1 \ 1 1 \ 1
13 P F Não 42 Periodontite crónica localizada ligeira + + + + - 1 \ 2 2 \ 2
14 C F Não 25 - + + + + - 1 \ 1 1 \ 1
15 C F Não 23 - - - + - - 1 \ 1 1 \ 1
16 C F Não 23 - + + + + - 1 \ 1 1 \ 1
17 P F Não 47 Periodontite crónica generalizada avançada + + + + + 1 \ 1 1 \ 1
18 P F Não - Periodontite agressiva localizada avançada - + + + - 1 \ 2 1 \ 1
19 P M Não 64 Periodontite crónica generalizada avançada
- + + + + 2 \ 2 2 \ 2
20 P F Não 55 Periodontite crónica localizada ligeira
- + + + + 1 \ 2 1 \ 2
Resultados referentes à frequência dos agentes patogénicos e dos polimorfismos
IL1A-889 e IL1B+3953 nos indivíduos estudados. P – Indivíduo com periodontite; C –
Indivíduo saudável; F – Feminino; M – Masculino; Aa – A. Actinomycetemcomitans; Pi –
P. intermedia; Tf – T. forsythia; Pg – P. gingivalis; Td – T. denticola.