Requinte, Elegância e Bodoni

GIAMBATTISTABODONI

e sua simpleshistória

A TIPOGRAFIAdo Século XX

MODERNAuma tipografia

menosorgânica

TIPÓGRAFOS e seus

negócioslucrativos

Sumário

03 PERFIL

Tipografia

04 PANORAMA

O mundo dos designers

07 CAPA

E se fez Bodoni

História de Giambattista Bodoni

10 ANATOMIA

Caixa AltaCaixa baixa, números, símbolos

12 CLASSIFICAÇÃO

Classificação Século XIX

13 FAMÍLIA

Família Bauer Bodoni

14 COMPARATIVO

Bodoni X Didot

15 APLICAÇÕES

Logotipos

Requinte, Elegância e Bodoni | 3

Perfil

A tipografia é a arte e o processo de criação na composição de um texto, física ou digi-talmente. Assim como

design gráfico em geral, o objetivo principal da tipografia é dar ordem estrutural e forma à comunicação impressa. Tipografia também é um termo usado para a gráfica que usa uma prensa de tipos móveis (pro-cesso gráfico criado por Johannes Gutenberg no século XV. Inicial-mente a prensa era usada para produção de livros mas a partir do século XVIII, foi usada para impri-mir jornais, então os únicos veículos jornalísticos existentes.)

TIPOGRAFIA

CO

RO

FL

OT

Marina Del Freo


Panorama

O MUNDODOS DESIGNERS

A imagem que muito de nós fazemos dos tipó-grafos é a de um velho trabalhador debruçado sobre um montão de le-

tras metálicas esparramadas sobre uma mesa alta, ocupado naquela tarefa meio insana, de transformar pedacinhos de metal em palavras e impressos. Nada mais equivocado:

este é o tipógrafo dos tempos da es-pecialização mecanicista, não o ti-pógrafo antigo e tampouco o tipó-grafo contemporâneo.

Claudio Ferlauto

ISTOCKPHOTO


Panorama

É bom lembrar que no período que Bodoni trabalhou – final do sé-culo18, início do século 19, segun-do Argan, nasceu “uma nova ordem hierárquica das atividades culturais: a distinção entre artes liberais e ar-tes mecânicas.Liberais sãos as ativi-dades que pressupõe princípios filo-sóficos e conhecimentos históricos: mecânicas são atividades manuais, que pressupõem uma experiência técnico-operacional”.

Os tipógrafos, como John Basker-ville e a familia Caslon na Inglater-ra, Bodoni na Itália e os da família Didot na França eram, antes de ar-tistas ou designer, empresários que

controlavam um negocio complexo e lucrativo assim como a Adobe, a ITV ou a Font Font fazem nos dias de hoje, Além de desenhar, de es-culpir e de imprimir, estes homens de negócios precisavam vendes suas matrizes para o maior numero de imperadores, príncipes, empresas e países. Também precisavam ter clientes que os contratassem para imprimir seus documentos e livros, ou de bons títulos que vendessem o suficiente para pagar os custos e dar lucro. Eles foram os primeiros designers pois não existia a profis-são e sequer a palavra design. Mas eles faziam o trabalho de um desig-ner ao criar produtos sofisticados e de alta tecnologia. Não eram paenas técnicos especialistas, eram mes-tres e compositores. Mestres, porque orientavam e guiavam a percepção visual do seu tempo. Compositores, porque compunham suas paginas com intenções que iam alem daque-las de atender questões de legibili-dade. Aliás para eles, como para os designers contemporâneos, a legibi-lidade não era tudo em seus traba-lho.

O que é certo é que não eram, como imaginamos romanticamente, profissionais solitários, pois depen-

Os tipógra-fos, antes de artistas ou desig-ner, eram empresá-rios que controla-vam um negocio complexo e lucrativo.

IST

OC

KP

HO

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diam de diversos fornecedores, es-cultores [punchcutter], fabricantes de papel, de impressores, etc.

Aos produzirem os primeiros li-vros, a partir de projetos ti-pográficos ex-cepcionalmente bem planeja-dos, trabalha-vam com todos os elementos que segundo o historiados ita-liano Renato de Fusco são os requisitos para a existência do desenho indus-trial, ou seja “o projeto, a pro-dução, a venda e o consumo”. Estima-se que por volta de 1500 já haviam sido produzidos vinte milhões de livros entre os quais alguns muito famosos como os da coleção de Manutius, a Bíblia de Erasmo, o Novo Testamento de Lutero (1522) De Imitatione Christi

(primeiramente editado em 1471), sem falar na Bíblia de 42 linhas de Gutenberg de 1456 etc.

Bodoni e muitos outros impres-sores iniciaram a tradição tipográ-fica de adoção e uso de uma única fonte como mé-todo e estilo de trabalho. Tradi-ção que dominou por décadas o de-sign modernista pr imeiramente na Europa [espe-cialmente na Su-íça], depois nos Estados Unidos, e em seguida pelo o mundo afora. Massimo Vignelli, na Itália e nos Es-tados Unidos foi um usuários com-pulsivo e autor de uma Bodoni. No Brasil os exem-plos estão na Uni-

vers usada pela Cauduro & Martino e na Helvetica por muitos designers e especialmente por Alexandre Woll-ner, ambos de São Paulo.

Panorama

BBodoni e muitos outros

impressores iniciaram a tradição tipográfica de

adoção e uso de uma única fonte como método e estilo

de trabalho.


Capa

E SEFEz

BODONI

Um pouco dehistoria é necessário para entendermos e

apreciarmos Bodoni,o tipo.


Capa

GIAMBATTISTABODONI

Uma historia simples e curta, repetida emquase todas as fontes disponíveis, quer em livros,

quer em sites especializados.

Claudio Ferlauto

AR

TE

MA

GA

ZIN

E


Capa É importante saber que ele viveu na passagem do

século 18 para 19. Foi contemporâneo de Wolf-

gang Mozart, de Johann Sebastian Bach, convi-

veu com o início da Revolução Industrial e com

a instalação dos primeiros altos fornos da Ingla-

terra. Bodoni não era um simples criador de tipos. Segundo

Allan Haley, cronista de tipografia da revista Step-by-Step

“era em primeiro lugar impressos e tipógrafo, e em segundo

um designer de tipos. Seu principal objetivo profissional era

fazer livros, não tipos. Bodoni desejava criar bela paginas e

seus tipos eram simplesmente meios para atingir este fim”.

Esta historia começa com a origem do alfabeto oci-

dental formado pelas antigas letras romanas. Estas,

apesar de serem chamadas romanas tem outra origem.

Os romanos as copiaram dos gregos que haviam

colonizado o sul da Itália. Não foi uma adapta-

ção simples e direta, os romanos tiveram que

adaptar algumas delas para simbolizar os

sons romanos.

As chamadas romanas

ganham sua anatomia cerca de 100 anos de-

pois de Cristo e um de seus mais belos exemplos estão

gravados na Coluna de Trajano em Roma, São conhecidas

pelo nome de capitalis romana, tem cerca de dez centíme-

tros de altura, foram pintadas com cinzel, segundo o tipó-

grafo Jan Tschichold e muitos historiadores.

É nesse filão romano-italiano que localizamos as ori-

gens das bodonis. Suas formas são também originárias do

gestual que por 200 anos guardou em seus traços as carac-

terísticas determinadas pelo pincele pela pena caligráfica.

Bodoni adotou de Barkesville o uso dos espaços vazios

e das grandes margens das paginas. Entretanto, para al-

guns cronistas da tipografia, foi Firmin Didot quem criou

o primeiro alfabeto moderno em 1784.As características

deste tipo são a geometrização das serifas, o eixo vertical

[contrariando a natural tendência à inclinação do desenho

manuscrito] e a oposição marcante entre as hastes finas e as

grossas.A elegância formal de Bodoni, que pode ser entendida

com uma ponte cultural entre o Renascimento e o mun-

do moderno, antecipa as transformações que a Revolução

Industrial vai provocar na sociedade. Hoje devemos olhar

para ela com respeito e curiosidade, de modo que possamos

entender que todo desenho e todo design representa com

precisão a sensibilidade do seu tempo.

el

eg

ân

cia


Anatomia

ABCDEFGHIJkLMNOPqRSTUVWXyz

Vertice retoacimada linha caixa-alta

Serifas retas com junções e cantos retos Serifas Simétricas Serifas com inclinaçõesdiferentes

Ausência deespora

Cauda afilada, umpouco abaixo da

linha de base

k, U, V, X, y: Serifas superiores com conbinação de junções retas e arredondadas

Junção dupla Vertice um poucoacima da linha de

base

Eixo vertical Junção afiladacurva

Caudacentralcurvada

Perna curva Serifas emângulo reto

Serifas emângulo reto

Hastes cruzadas, com serifas fechadas

Vertices abaixoda linha de base

Serifas com curvatura interna acentuada


Anatomia

abçdéfghijklmñopqrstuvwxyz

$ ¢ %fi fl @§ {} &

(?!1234567890)A tipografia escolhidapara os exemplos foi aBAUER BODONI versãoRoman, desenhada em 1924 por Louis Hoell.

Serifa unilateral na base da

haste

esporas horizontais com saliência côncava

orelhacurvada

para baixo

p, q:espelhados

caudaligeiramenteentortada

Verticesuperioralongadoà direita

Cabeçatriangularcôncava

Cabeçadiagonal

Barra grossa Haste reta e com terminação em

bola

VerticeAberto

Barra e hastes onduladas

Arcos cruzados


Classificação

No século XIX, os impressoresbuscaram analogias entre a historia da arte e a herança de seu próprio oficio,

desenvolvendo um sistema básico declassificação de tipos.

Na classificação então criada no século XIX, consistia em que le-tras humanistas estão intimamente conecta-

das a caligrafia e ao movimento da mão. As fontes transicionais e mo-dernas são mais abstratas e menos orgânicas. Esses três grupos princi-pais correspondem grosseiramente aos períodos renascentistas, barroco e iluminista na arte e na literatura. Desde então, historiadores e críticos de tipografia têm proposto esquemas mais refinados que procuram captu-rar melhor a diversidade das letras existentes. Nos séculos XX e XXI, os designers continuaram a criar novas fontes baseadas em características históricas.

AaEllen Lupton

As fontes desenhadas por Giam-battista Bodoni no final do século XVIII e inicio do XIX são radical-mente abstratas.

Note as serifas finas e retas, o eixo vertical e o forte contraste entre tra-ços grossos e finos.

BODONI ESTáCLASSIFICADA COMO

uMA FONTE Moderna.


Famílias

A idéia de organizar fontes em famíliascombinadas data do século XVI, quando os impressorescomeçaram acoordenar tiposromanos e itálicos.O conceito foiformalizado navirada do século XX.

Bauer Bodoni foi produ-zida na versões Roman, Italic, Bold e Bold Italic, Black, Black Italic, Bold Condensed, Black Con-

densed e Titling. Possui variações com números old Style e small caps. Versaletes e algarismos não alinha-dos são uma cortesia normalmente reservadas a família com versões se-rifadas, então presentes também na família Bauer Bodoni.

Família Bauer BodoniRoman

Família Bauer BodoniItalic

Família Bauer BodoniVersalete

Família Bauer BodoniBold

Família Bauer BodoniBold Italic

Família Bauer BodoniBlack

Família Bauer BodoniBlack Italic

Família Bauer BodoniBold Condensed

Família Bauer BodoniBlack Condensed

Família Bauer BodoniTitling


Comparativo

BODONI DIDOT

GA J WA G J WSerifas retascom junções

Serifas finas

Ausênciade espora

Incisãoondulada

Caudaafilada

Cauda umpouco abaixo

da linhade base

Hastes cruzadas,com serifas fechadas

Junção centraldeslocada parabaixo


Aplicações

Uma das formas que a tipografia pode ser aplicada é emlogotipos, as quais usam a tipografia e a letragem para grafar o nome de

uma organização de um modo memorável.

LOGOTIPOS

Se algumas marcas são fei-tas com símbolos abstra-tos ou ícones pictóricos, um logotipo usa letras para criar uma imagem

distinta.Os logotipos podem ser fei-tos com fontes existentes ou com letras personalizadas. Atualmen-te, muitos deles têm várias versões para uso em situações diversas. Um logotipo faz parte de um programa de identidade visual mais abran-gente que o designer concebe com uma linguagem viva (e mutante) de acordo com as circunstâncias.


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