188
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II, UNAÍ-MG BEATRIZ RAMOS DA COSTA 2009

Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II, UNAÍ-MG

BEATRIZ RAMOS DA COSTA

2009

Page 2: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II, UNAÍ-MG

BEATRIZ RAMOS DA COSTA

Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de mestrado em Arqueologia, Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Arqueologia.

Orientadores: Tania Andrade Lima

Renato Rodriguez Cabral Ramos

Rio de Janeiro Julho de 2009

Page 3: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

FICHA CATALOGRÁFICA

Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio de Janeiro: UFRJ/MN/MArq, 2009. xviii, 169f, il.; 31 cm. Orientadora: Tania Andrade Lima Dissertação (mestrado): UFRJ/MN/MArq, 2009. Referências Bibliográficas: f. 78-82 1. Resíduos de lascamento. 2. Análise de distribuição espacial. 3. Tratamento térmico. 4. Magnetismo I. Lima, Tania Andrade. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Mestrado em arqueologia III. Título

Page 4: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II, UNAÍ-MG

Beatriz Ramos da Costa

Orientadores: Tania Andrade Lima

Renato Rodriguez Cabral Ramos

Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de mestrado em Arqueologia, Museu

Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em Arqueologia.

Aprovada por:

_________________________________________

Presidente, Prof.ª Drª. Tania Andrade Lima

_________________________________________

Profª. Drª. Sibeli Aparecida Viana

_________________________________________

Profª. Drª. Glaucia Aparecida Malerba Sene

Rio de Janeiro Julho de 2009

Page 5: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

Resumo

RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II, UNAÍ-MG

Beatriz Ramos da Costa

Orientadores: Tania Andrade Lima

Renato Rodriguez Cabral Ramos

O sítio arqueológico Gruta do Gentio II foi localizado na cidade de Unaí, MG, no decorrer do Programa de Pesquisas Arqueológicas do Vale do São Francisco no Estado de Minas Gerais (PROPEVALE), coordenado pelo Prof.. Dr. Ondemar Dias Junior. As escavações se deram em quatro etapas de campo, ao longo das décadas de 1970 e 1980. Foram identificadas quatro camadas ocupacionais relacionadas a dois horizontes distintos, um caçador-coletor e outro horticultor. Uma grande variedade e quantidade de remanescentes arqueológicos foi recuperada, e vem sendo trabalhada desde então por diversos pesquisadores. No presente trabalho, os resíduos de lascamento de 14 dos 32 setores escavados foram pesados e quantificados e, a partir desses dados, foram feitas análises estatísticas de similaridade e de distribuição espacial. Em relação à escolha da matéria-prima, foi possível identificar conjuntos de associações entre as diferentes camadas. O primeiro é formado apenas pela camada IV, o segundo pelas camadas III e II, e o terceiro pela camada I. Em relação à distribuição espacial dos resíduos, também foi possível identificar duas mudanças de padrão, que coincidem com aqueles registrados para a escolha da matéria-prima. O primeiro registro de mudança ocorre entre as camadas IV e III, quando deixam de ocorrer áreas especializadas. E o segundo entre as camadas II e I, quando um padrão mais disperso se estabelece. No decorrer do presente trabalho surgiu a oportunidade de investigar a origem do comportamento magnético registrado em parte dos resíduos líticos. Foram conduzidas medidas investigativas e experimentais, que sugerem que as rochas que apresentam o magnetismo localizado nas porções originalmente mais externas foram aquecidas a altas temperaturas antes do lascamento. Isto permite formular a hipótese de que a atividade magnética apresentada nas faces externas, talões e córtex das lascas e estilhas de silexito é a assinatura arqueológica do tratamento térmico realizado nestas rochas.

Palavras Chave: resíduos de lascamento; análise de distribuição espacial; magnetismo; tratamento térmico.

Page 6: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

ABSTRACT

RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II, UNAÍ-MG

Beatriz Ramos da Costa

Orientadores: Tania Andrade Lima

Renato Rodriguez Cabral Ramos

The archaeological site Gruta do Gentio II was located in the city of Unaí, MG, during the Programa de Pesquisas Arqueológicas do Vale do São Francisco no Estado de Minas Gerais (PROPEVALE), under the coordenation of Professor Ondemar Dias Junior. The excavations were developed in four stages of field work, between the years of 1970 and 1980. It was identified four ocupational layers, related to two distinct horizons, one of hunther-gatherers groups, and the other of horticultural ones. A large number and variety of archaeological remains was recovered, and are worked since them by several researchers. In the current work, the debris from 14 of the 32 excavated sectors were weighted and quantified, and, from this data, statistical analysis of similarity and spatial distribution was made. In relation to raw material preferences, it was possible to identify sets of linkage between the different layers. The first is formed only by the layer VI, the second by the layers II and III, and the third by the layer I. In relation to the spatial distribution of the debris, it was also possible to identify two changes in pattern, that matches with those registered for the raw material preferences. The first register of changing is between the layers IV and III, when it stops to occur specialized areas. And the second, between the layers II and I, when a more scattered pattern was established. During the current work, the opportunity of investigating the origin of magnetic behavior registered in part of the stone flakes raised. Were made investigative and experimental measurements, the results suggests that the stone flakes that shows magnetism in the originally external portions were heated at high temperatures before the flaking happened. This led us to formulate the hypothesis that the magnetic activity shown in the external faces, striking surfaces and cortex of the flint debris is the archaeological signature of a heat treatment developed in those rocks.

Key words: flaking debris, spatial analysis, magnetism, heat treatment.

Page 7: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

Lista de figuras Figura 1 - Mapa de localização do município de Unaí – MG...........................................4

Figura 2 - Perfil estratigráfico da Gruta do Gentio II, setores NA 1-2-3-4.......................5

Figura 3 - Reprodução de painéis de arte rupestre em Minas Gerais com representações

de vegetais.....................................................................................................10

Figura 4 - Coleta de material fecal do Enterramento n° 10.............................................11

Figura 5 - Mapa das principais bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais............14

Figura 6 - Planta topográfica do solo original da Gruta do Gentio II..............................15

Figura 7 - Mapa geológico do Noroeste de Minas Gerais...............................................16

Figura 8 - Mapa da costa sul americana até 9.000 anos..................................................18

Figura 9 - Mapa da costa sul americana após 9.000 anos................................................18

Figura 10 - Planilha de análise dos resíduos de lascamento............................................28

Figura 11 - Planta de setorização da Gruta do Gentio II.................................................30

Figura 12 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor LB1.............31

Figura 13 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor LB1............................................31

Figura 14 -Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor LC0..............32

Figura 15 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor LC0............................................33

Figura 16 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NA1............34

Figura 17 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NA1...........................................35

Figura 18 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setorNA3.............36

Figura 19 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NA3...........................................36

Figura 20 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB0.............37

Figura 21 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB0............................................38

Figura 22 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB2.............39

Figura 23 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB2............................................39

Figura 24 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB4.............40

Figura 25 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB4............................................41

Figura 26 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NC1.............42

Figura 27 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NC1............................................42

Figura 28 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NC3.............43

Figura 29 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NC3............................................44

Figura 30 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor ND2............45

Page 8: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

Figura 31 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor ND2...........................................45

Figura 32 ¬-Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OA0...........46

Figura 33 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OA0...........................................47

Figura 34 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OA2............48

Figura 35 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OA2...........................................48

Figura 36 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OB3.............50

Figura 37 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OB3............................................50

Figura 38 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor ND4............51

Figura 39 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor ND4...........................................52

Figura 40 – Análise de clusteres com base nos dados de quantidade de lascas e

fragmentos líticos da Gruta do Gentio II-MG...............................................54

Figura 41 - Análise de clusteres com base nos dados de peso dos resíduos líticos da

Gruta do Gentio II-MG Peso.........................................................................54

Figura 42 - Ocorrência das camadas ocupacionais na Gruta do Gentio II......................56

Figura 43 - Teste de mapa de contorno da camada III, utilizando o método estatístico

Kriging...........................................................................................................57

Figura 44 - Preparação da amostra para medidas no SQUID..........................................66

Figura 45 - Resultado da difração de raios X na amostra de sílex oolítico.....................67

Figura 46 - Resultado da difração de raios X na amostra de sílex maciço......................67

Figura 47 - Silexito arqueológico (amostra 1) sendo medido com a técnica da difração

de raios X.......................................................................................................67

Figura 48 - Experimentação com aquecimento da amostra 1A no medidor de

suscetibilidade magnética Bartington MS2, sob a coordenação do Prof. Dr.

Miguel Novak................................................................................................68

Figura 49 - Gráfico da medida magnética da amostra 1A durante a experimentação com

aquecimento...................................................................................................69

Figura 50 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada IV,

com base na quantidade de fragmentos.........................................................84

Figura 51 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada IV,

com base no peso total do material................................................................84

Figura 52 - Clusteres por tipo litológico da camada IV, Gruta do Gentio II...................85

Figura 53 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada IV........86

Figura 54 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada

IV...................................................................................................................87

Page 9: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

Figura 55 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada

IV...................................................................................................................88

Figura 56 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada IV.....89

Figura 57 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos de sílica na

camada IV......................................................................................................90

Figura 58 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada IV........91

Figura 59 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada IV.......92

Figura 60 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na

camada IV......................................................................................................93

Figura 61 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na

camada IV......................................................................................................94

Figura 62 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada III,

com base na quantidade de fragmentos.........................................................95

Figura 63 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada III,

com base no peso total do material................................................................95

Figura 64 - Clusteres por tipo litológico da camada III, Gruta do Gentio II...................96

Figura 65 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexitos na camada III......97

Figura 66 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada

III...................................................................................................................98

Figura 67 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência dequartzo leitoso na camada

III...................................................................................................................99

Figura 68 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada III...100

Figura 69 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na

camada III....................................................................................................101

Figura 70 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada III......102

Figura 71 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada III.....103

Figura 72 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na

camada III....................................................................................................104

Figura 73 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na

camada III....................................................................................................105

Figura 74 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II

inferior, com base na quantidade de fragmentos.........................................106

Figura 75 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II

inferior, com base no peso total do material................................................106

Page 10: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

Figura 76 - Clusteres por tipo litológico da camada II inferior, Gruta do Gentio II.....107

Figura 77 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II

Inferior.........................................................................................................108

Figura 78 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II

Inferior.........................................................................................................109

Figura 79 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II

Inferior.........................................................................................................110

Figura 80 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II

Inferior.........................................................................................................111

Figura 81 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na

camada II Inferior........................................................................................112

Figura 82 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II

Inferior.........................................................................................................113

Figura 83 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na

camada II Inferior........................................................................................114

Figura 84 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na

camada II Inferior........................................................................................115

Figura 85 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II

média, com base na quantidade de fragmentos...........................................116

Figura 86 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II

média, com base no peso total do material..................................................116

Figura 87 - Clusteres por tipo litológico da camada II média, Gruta do Gentio II........117

Figura 88 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II

Média...........................................................................................................118

Figura 89 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II

Média...........................................................................................................119

Figura 90 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II

Média...........................................................................................................120

Figura 91 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II

Média...........................................................................................................121

Figura 92 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na

camada II Média..........................................................................................122

Figura 93 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II

Média...........................................................................................................123

Page 11: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

Figura 94 – Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II

Média...........................................................................................................124

Figura 95 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na

camada II Média..........................................................................................125

Figura 96 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na

camada II Média..........................................................................................126

Figura 97 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II

superior, com base na quantidade de fragmentos........................................127

Figura 98 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II

superior, com base no peso total do material...............................................127

Figura 99 - Clusteres por tipo litológico da camada II superior, Gruta do Gentio II....128

Figura 100 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II

Superior.......................................................................................................129

Figura 101 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada

II Superior....................................................................................................130

Figura 102 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada

II Superior....................................................................................................131

Figura 103 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II

Superior.......................................................................................................132

Figura 104 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica

na camada II Superior..................................................................................133

Figura 105 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II

Superior.......................................................................................................134

Figura 106 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II

Superior.......................................................................................................135

Figura 107 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na

camada II Superior.......................................................................................136

Figura 108 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na

camada II Superior.......................................................................................137

Figura 109 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II

associadas, com base na quantidade de fragmentos....................................138

Figura 110 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II

associadas, com base no peso total do material...........................................138

Page 12: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

Figura 111 - Clusteres por tipo litológico das camadas II associadas, Gruta do Gentio

II...................................................................................................................139

Figura 112 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II

Associadas...................................................................................................140

Figura 113 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada

II Associadas................................................................................................141

Figura 114 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada

II Associadas................................................................................................142

Figura 115 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II

Associadas...................................................................................................143

Figura 116 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica

na camada II Associadas..............................................................................144

Figura 117 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II

Associadas...................................................................................................145

Figura 118 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II

Associadas...................................................................................................146

Figura 119 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na

camada II Associadas..................................................................................147

Figura 120 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na

camada II Associadas..................................................................................148

Figura 121 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I

inferior, com base na quantidade de fragmentos.........................................149

Figura 122 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I

inferior, com base no peso total do material................................................149

Figura 123 - Clusteres por tipo litológico da camada I inferior, Gruta do Gentio II.....150

Figura 124 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada I

Inferior.........................................................................................................151

Figura 125 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada I

Inferior.........................................................................................................152

Figura 126 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada I

Inferior.........................................................................................................153

Figura 127 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada I

Inferior........................................................................................................154

Page 13: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

Figura 128 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos de sílica na

camada I Inferior.........................................................................................155

Figura 129 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada I

Inferior.........................................................................................................156

Figura 130 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada I

Inferior.........................................................................................................157

Figura 131 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na

camada I Inferior.........................................................................................158

Figura 132 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na

camada I Inferior.........................................................................................159

Figura 133 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I

superior, com base na quantidade de fragmentos........................................160

Figura 134 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I

superior, com base no peso total do material...............................................160

Figura 135 - Clusteres por tipo litológico da camada I superior, Gruta do Gentio II....161

Figura 136 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada I

Superior.......................................................................................................162

Figura 137 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada I

Superior.......................................................................................................163

Figura 138 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada I

Superior.......................................................................................................164

Figura 139 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada I

Superior.......................................................................................................165

Figura 140 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica

na camada I Superior...................................................................................166

Figura 141 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada I

Superior.......................................................................................................167

Figura 142 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada I

Superior.......................................................................................................168

Figura 143 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na

camada I Superior........................................................................................169

Figura 144 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência total de tipos litológicos na

camada I Superior........................................................................................170

Page 14: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

19

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Ocorrência de variabilidade dos tipos litológicos no setor LB1, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................31

Tabela 2 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor LC0, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................32

Tabela 3 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NA1, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................34

Tabela 4 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NA3, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................35

Tabela 5 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB0, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................37

Tabela 6 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB2, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................38

Tabela 7 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB4, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................40

Tabela 8 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NC1, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................41

Tabela 9 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NC3, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................43

Tabela 10 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor ND2, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................44

Tabela 11 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OA0, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................46

Tabela 12 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OA2, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................47

Tabela 13 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OB3, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................49

Tabela 14 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor ND4, Gruta do

Gentio II – MG...........................................................................................51

Tabela 15 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos por camada ocupacional

da Gruta do Gentio II – MG.......................................................................52

Tabela 16 - Graduação da massa média dos tipos litológicos.................................57

Page 15: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

xv

À minha pequena grande família. Lucas e Adriano.

Ao meu querido pai, Dr. Orlando Silvestre da Costa, e sua esposa, Sandra Carvalhaes,

por todo o apoio e incentivo.

Page 16: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

xvi

Agradecimentos

Gostaria de agradecer àqueles que contribuíram para a realização deste trabalho:

Ao CNPq pelo apoio financeiro durante parte do curso.

Ao curso de mestrado em Arqueologia do Museu Nacional, pela oportunidade de uma

formação profissional de alto nível, oferecida graças a seu excelente quadro de

docentes, com a ótima contribuição de professores convidados, e afirmação de

convênios internacionais.

À Profª. Tania Andrade Lima, pela insubstituível orientação constante, pelas inúmeras

oportunidades oferecidas, e pela exemplar atuação à frente da coordenação do curso,

sempre buscando a excelência deste.

Em especial, ao Instituto de Arqueologia Brasileira, pela oportunidade de desenvolver

esta pesquisa no âmbito do curso de mestrado em Arqueologia, bem como pelo

oferecimento da infra-estrutura necessária à análise e quantificação do material.

Ao Profº Paulo R. G. Seda, diretor científico do referido Instituto, pela prontidão no

atendimento em todas as questões burocráticas, e à Profª Rosangela Menezes pelo

acompanhamento do trabalho e inúmeras explicações.

À Dr. Glaucia M. Sene pela colaboração nas pesquisas documentais e pelo imenso

conhecimento a respeito da gruta do Gentio II.

Ao Profº. Renato R. C. Ramos, co-orientador, sempre acolhendo prontamente as

questões a respeito da gruta, sedimentação do solo e petrologia dos resíduos.

À secretária Claudine Leite, pela eficiência e gentileza na resolução de diversas

questões ao longo do curso.

Ao Profº André Prous, responsável pela excelente disciplina “Tecnologias históricas e

pré-históricas: análise de material lítico”, durante o qual os questionamentos levantados

pela Profª Tania Andrade Lima a respeito do tratamento térmico em rochas em muito

estimularam meu olhar investigativo, cujo resultado pode ser observado no quinto

capítulo desta dissertação.

Ao Prof. Miguel Novak, pelos ensinamentos, e principalmente pelo entusiasmo com o

qual abraçou esta investigação. E à Profª. Elis Sinnecker, pelas pacientes e detalhadas

explicações, sempre com muito bom humor.

Page 17: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

xvii

A todos os professores do curso de mestrado em Arqueologia do Museu do Museu

Nacional.

Ao Profº Marcelo Carvalho, do curso de especialização em Geologia do Quaternário do

MN-UFRJ, pelas pacientes explicações a respeito dos métodos estatísticos e do software

utilizado neste trabalho.

Ao doutorando da COPPE Edson Cardoso, pela aplicação da técnica da difração de

raios X e figuras com os resultados.

À graduanda em geologia Amanda Menezes, pelo auxílio na identificação e

quantificação dos resíduos em dois dos setores analisados.

A todos os colegas, estagiários e pesquisadores do IAB, que acompanharam esta

pesquisa, e que, não raro, colaboraram gentilmente, sempre com bom humor e

entusiasmo, fazendo com que o trabalho se tornasse mais alegre.

Ao geólogo, mestrando e marido Lucas Costa, companheiro em todas as horas, por

ensinar o uso do software Surfer 8, pelo auxílio na quantificação das peças, pelas

explicações geológicas, discussões e muitas outras pequenas contribuições, sem as quais

este trabalho não teria chegado a sua forma final.

A todos aqueles que contribuíram com o desenvolvimento deste trabalho e que, por um

lapso de minha parte não foram aqui citados, meus agradecimentos e sinceras desculpas.

Page 18: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

xviii

Sumário

Introdução..........................................................................................................................1

Capítulo 1 – A Gruta do Gentio II.....................................................................................4

1.1. Histórico das pesquisas arqueológicas na Gruta do Gentio II........................4

1.2. Contexto geológico e paleoambiental...........................................................14

Capítulo 2 – Fundamentação teórica...............................................................................21

2.1. As ciências humanas e o cientificismo.........................................................21

2.2. Processo de formação de sítios arqueológicos..............................................22

2.3. Estudos de distribuição espacial intrassítio..................................................25

2.4. Métodos estatísticos......................................................................................26

Capítulo 3 – Os resíduos de lascamento da Gruta do Gentio II......................................27

3.1. Levantamento dos Dados..............................................................................27

3.2. Resultados.....................................................................................................30

3.3. Análise estatística da exploração da matéria prima......................................52

Capítulo 4 – Análise espacial..........................................................................................55

4.1. Distribuição espacial das camadas................................................................55

4.2. Distribuição espacial dos resíduos................................................................56

Capítulo 5 – Estudo da atividade magnética dos resíduos...............................................65

5.1. Medidas investigativas..................................................................................65

5.2. Experimentação com alta temperatura..........................................................68

5.3. Tratamento térmico: uma hipótese...............................................................69

Capítulo 6 – Interpretação dos resultados........................................................................72

Referências bibliográficas...............................................................................................78

Anexos.............................................................................................................................82

Page 19: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

1

Introdução

Resíduos de lascamento são comumente subestimados nas análises e

interpretações arqueológicas. Na dissertação que ora apresentamos, contudo, eles são o

centro das atenções. Procuramos explorar sua potencialidade informativa,

principalmente com técnicas alternativas à análise lítica tecnológica, buscando resolver

questões que se apresentaram a respeito desse material.

O interesse em desenvolver um trabalho focado em resíduos líticos surgiu

durante o trabalho de curadoria no material lítico proveniente do sítio arqueológico

Gruta do Gentio II, coordenado pela Prof. Rosangela Menezes, e do qual esta autora

participou ao longo dos anos de 2005 e 2006. É manifesto o grande volume dos resíduos

e a sua representatividade, em termos de proporção, sobre o total do material lítico

recuperado do sítio. Um estudo tecnológico deste material é sem dúvida desejável,

porém abordagens alternativas se mostram também muito interessantes e são

potencialmente informativas, de tal modo que propusemos neste trabalho algumas

análises paralelas e complementares.

Nesta dissertação procuramos desenvolver um trabalho efetivamente

interdisciplinar. Através do diálogo com a antropologia, estatística, física, geografia,

geologia e química, levantamos dados, trabalhamos e interpretamos os resíduos líticos.

Cada disciplina desenvolve seus métodos e técnicas exclusivos, porém suas aplicações

não devem ser restritas, sendo a interação com outras disciplinas muito desejável e

frutífera

O projeto desenvolvido aqui teve origem na monografia final apresentada no

curso de especialização em Geologia do Quaternário, do Departamento de Geologia e

Paleontologia do Museu Nacional, UFRJ. Naquele trabalho (COSTA 2007), definimos e

quantificamos os tipos litológicos ocorridos nos resíduos líticos recuperados do setor

NB4 do sítio arqueológico Gruta do Gentio II. Sob a orientação da Profª. Tania Andrade

Lima, foram selecionados quinze fragmentos de resíduos que, com a colaboração do

Prof. Renato Cabral Rodriguez Ramos, e auxílio do então graduando Lucas Araujo

Costa, foram laminados e descritos petrograficamente, sendo possível identificar sete

tipos de silexitos (bandado, oolítico, jaspe, maciço castanho e negro, hidrotermal e

estratificado), além de ortoquartzitos e metaquartzitos. Também foram registradas as

ocorrências de arenito, calcário, quartzo hialino e leitoso, e sílica com outras estruturas

Page 20: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

2

cristalinas, como opala e calcedônia. Através da quantificação dos resíduos foi possível

identificar algumas tendências em termos de seleção de matéria prima. Contudo,

questionava-se a representatividade dessas tendências no total do sítio

Para o ingresso no curso de mestrado em arqueologia, apresentamos então um

projeto que visava aprofundar o estudo monográfico, registrando a ocorrência e a

variabilidade dos tipos litológicos dos resíduos recuperados em outros setores do sítio

arqueológico gruta do Gentio II. Através desses dados pretendíamos analisar e

interpretar a distribuição espacial desses resíduos, no sentido de identificar diferentes

padrões relacionados a horizontes temporais distintos. No decorrer das análises surgiu a

possibilidade de irmos além das questões previamente levantadas e investigarmos a

origem do comportamento magnético registrado anteriormente em parte deste material.

O desenvolvimento das pesquisas foi muito prazeroso e enriquecedor. Mais de

um caminho foi aberto, e todos se mostraram certamente promissores e atraentes. Esta

dissertação apresenta o que foi produzido ao longo dos anos de curso, no qual

recebemos formação teórica e prática em diversas interfaces da arqueologia.

No primeiro capítulo desta dissertação é apresentado o objeto deste trabalho, o

sítio arqueológico Gruta do Gentio II. Foi revisado sucintamente o histórico das

pesquisas arqueológicas aí realizadas e do contexto geológico e paleoambiental da

região onde ela se localiza, inserindo o sítio no âmbito das recentes discussões acerca do

processo de povoamento da região central do Brasil e do chamado gap do arcaico

(ARAUJO et al. 2005-2006).

O segundo capítulo apresenta as bases teóricas do trabalho. A fundamentação

do pensamento é muito importante para a prática consciente e consequente da pesquisa

arqueológica. Foram apresentados os princípios sobre os quais o trabalho e

interpretações foram construídos. Discutimos a relação entre as ciências humanas e o

cientificismo, as questões acerca dos processos de formação de sítios arqueológicos,

segundo SCHIFFER (1976, 1996). Por fim, foi esclarecida a posição dos estudos de

distribuição espacial intrassítio e da aplicação de métodos estatísticos no contexto da

arqueologia.

O método de levantamento dos dados, os resultados e a definição adotada das

características dos tipos litológicos são apresentados no terceiro capítulo. Com o

objetivo de permitir uma boa compreensão e visualização dos dados, os resultados da

quantificação do material relacionado a cada um dos setores foram expostos em forma

de tabelas e gráficos. Foi feita também uma análise estatística da exploração da matéria-

Page 21: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

3

prima, através da observação das associações de tipologia e intensidade de ocorrência

dos resíduos líticos referentes a cada segmento temporal

A distribuição espacial dos resíduos é tratada no capítulo IV. Através da

análise de clusteres e da observação de mapas de contorno construídos com dados

referentes aos tipos litológicos de cada uma das camadas, foi possível identificar

diferentes padrões de distribuição espacial.

Ao longo das análises, foram identificados inúmeros fragmentos de sílex que

apresentavam atividade magnética. A investigação a respeito da razão deste

comportamento é o tema do capítulo V. Sob a coordenação do professor da disciplina de

Física aplicada à Arqueologia, do Mestrado em Arqueologia do Museu Nacional, Dr.

Miguel Novak, foram feitas medidas magnéticas e experimentais no Laboratório de

Baixas Temperaturas no Instituto de Física da UFRJ, do qual ele é professor titular. Os

resultados permitem a formulação de uma hipótese de trabalho que relaciona a

suscetibilidade magnética registrada nos resíduos de lascamento com um possível

tratamento térmico realizado nas rochas antes do lascamento.

No último capítulo são analisados e interpretados os resultados obtidos ao

longo do processo analítico.

Page 22: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

4

Capítulo 1 – A Gruta do Gentio II, Unaí, MG

1.1. Histórico das pesquisas arqueológicas na Gruta do

Gentio II

O sítio arqueológico Gruta do Gentio II foi localizado no município de Unaí,

MG (figura 1), no decorrer do Programa de Pesquisas Arqueológicas do Vale do São

Francisco, no Estado de Minas Gerais (PROPEVALE), coordenado pelo Prof. Dr.

Ondemar Dias Junior a partir de 1970. Esse programa visava o reconhecimento inicial

dos padrões de assentamento pré-histórico do Vale.

Figura 1 - Mapa de localização do município de Unaí – MG (fonte:

http://simbolosnacionais.blogspot.com)

As escavações foram realizadas em quatro etapas, ao longo dos anos de 1976,

1977, 1984 e 1987, e envolveram grande número de profissionais do Instituto de

Arqueologia Brasileira, em diferentes equipes. Nesse período, o salão de cerca de 300m²

teve aproximadamente 140m² de solo arqueológico escavado.

A metodologia de setorização adotada foi a de linhas que se cruzavam a cada

dois metros. As paralelas à boca da gruta foram numeradas e as perpendiculares

alfabetadas. Para a escavação, foram empregados níveis artificiais de 10 cm, tendo sido

também respeitados e registrados os limites das camadas naturais. Após a escavação,

Page 23: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

5

cada nível foi documentado através de fichas de setor e/ou enterramento, fotografias e

planos de topo, onde as estruturas e principais vestígios foram plotados.

A estratigrafia do sítio é particularmente complexa e frequentemente interferida

por desmoronamentos das paredes calcárias. Foram decapadas inicialmente sete

camadas, de acordo com a estratigrafia que se apresentava no solo. Posteriormente, com

base na análise do material cultural, as antigas camadas I e II, e III, IV e V foram

associadas entre si, e passaram a ser chamadas, a partir de então, de camada I superior, I

inferior, II superior, II média e II inferior, respectivamente. As camadas III e IV

adotadas neste trabalho correspondem às originais camadas VI e VII.

Foram definidas, portanto, quatro camadas, associadas a dois horizontes

culturais. Um primeiro, que engloba as camadas II, III e IV, se refere a caçadores-

coletores, com datações que variam entre 10.040 e 6.300 anos AP, enquanto o segundo,

que se resume à camada I, é associada a horticultores, com datações entre 3.500 e 400

anos AP.

A definição do perfil estratigráfico se deu através de setores justapostos

escavados até a base (figura 2). As camadas se mostraram bastante irregulares.

Praticamente todas apresentaram desmoronamentos de blocos das paredes calcárias que

por vezes interferiram nas ocupações arqueológicas. Estas interferências foram

localizadas, detalhadamente descritas e contextualmente avaliadas. A modelagem

tridimensional desenvolvida neste trabalho buscou contribuir para um melhor

entendimento da distribuição estratigráfica do sítio.

Figura 2 - Perfil estratigráfico da Gruta do Gentio II, setores NA 1-2-3-4.

Page 24: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

6

A composição estratigráfica foi estruturada da seguinte forma1:

Camada IV: Coloração marrom escura, bastante compacta, com espessura ao

redor de 10cm, foi datada em 10.190 ±120 AP (SI 6837).

Camada III: Coloração avermelhada com intromissões de pequenas lentes

esbranquiçadas e de carvão. Fortemente compactada, está restrita à área mais interna do

sítio, onde logrou atingir 40cm de espessura. Em alguns trechos repousa diretamente

sobre a base rochosa. Cinco datações se inserem entre 9.040±70 AP(BETA 3520 e

8.595±215 AP (SI 5077), sendo as demais intermediárias.

Camada II: Predomina a coloração avermelhada, com lentes espessas de

coloração esbranquiçada nas extremidades superior e inferior. Menos friável que a

camada anterior, com áreas mais compactadas. As lentes mais superficiais

correspondem a níveis de abandono da gruta. Foram obtidas quatro datações, que a

situam entre 8.125 ±120 (SI 2373) e 7.295 ±150 (SI 2372), sendo que as outras duas

apresentaram mais de oito mil anos.

Camada I: Coloração variando do cinzento ao marrom avermelhado próximo à

base, subdivida em superior e inferior. Friável e homogênea. Presente em toda a área

central, atingindo 140 cm junto à boca, adelgaçando-se para o interior. É a mais

abundante em vestígios culturais e para ela foram obtidas oito datações, que a colocam

entre 3.490 ±120 AP (SI 2327) e 410 ±60 AP (SI 2836), sendo seis delas com idade

superior a mil anos.

Segundo BIRD, DIAS JUNIOR E CARVALHO (1991), o sítio apresenta dois

horizontes de povoamento bem definidos cultural e cronologicamente.

O primeiro horizonte compreende as camadas VI. III e II do sítio, e corresponde

às ocupações de caçadores-coletores com predominância de implementos líticos, muitas

fogueiras, restos alimentares e vários enterramentos. O segundo compreende a Camada

I e trata-se de um período mais recente de ocupação. Relaciona-se com uma ocupação

de horticultores ceramistas, vinculada à fase Unaí, cujas características gerais se

enquadram nos padrões da Tradição Una. Apresenta vestígios variados de cestaria,

fiação e tecelagem, utensílios e implementos de materiais variados, como osso, cabaça,

couro e madeira, adornos de plumária, conchas, ossos, líticos, cerâmicas, artefatos de

1 Informações extraídas de BIRD, DIAS JUNIOR E CARVALHO, 1991.

Page 25: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

7

pedra, além de um grande número de enterramentos, muitos dos quais parcialmente

mumificados, e muitos coprólitos.

Um período de abandono do sítio foi registrado através da ausência de carvões

para datação e de vestígios de ocupação humana. Este lapso corresponde a 3.500 anos, e

se coaduna com a noção de gap do Arcaico, que será debatida no tópico referente ao

contexto geológico e paleoambiental.

O potencial arqueológico do sítio tem sido explorado em diversos trabalhos, em

diferentes campos do conhecimento. Já foram empreendidos estudos de arte rupestre,

paleobotânica, paleoparasitologia, rituais funerários e material lítico.

A arte rupestre registrada no sítio foi apresentada por Seda e Carvalho no artigo

“Os sítios com sinalações pesquisados pelo IAB: um guia para cadastramento” no

Boletim do Instituto de Arqueologia Brasileira n° 9, em 1982, e debatida por Seda no

artigo “A arte rupestre de Unaí, Minas Gerais”, na publicação Arquivos do Museu de

História Natural2, de 1981/1982. O primeiro artigo é uma compilação de todos os sítios

com sinalações rupestres pesquisados pelo IAB no Brasil até a ocasião, acompanhados

de uma descrição catalográfica das ocorrências, onde se inclui a Gruta do Gentio II. Já

no segundo artigo, Seda apresenta uma descrição mais detalhada das inscrições que

ocorrem nos sítios da região de Unaí e discute suas possíveis filiações às tradições que

até então vinham sendo delineadas para a região.

Dos sítios de Unaí, a Gruta do Gentio II é o único que apresenta gravuras. Estas

são simples, esquemáticas e feitas por polimento, e têm como motivo traços finos

paralelos ou que se entrecruzam. Há pinturas nas cores vermelha, preta e amarela, com

tratamento tanto esquemático quanto realista, e com a presença de três técnicas; linear,

linear-cheia e silhueta, com predominância da última. Estão identificados cervídeos,

felinos, um lagarto, aves de asas abertas em posição de vôo e outros animais não

identificáveis. As figuras geométricas se constituem de círculos concêntricos havendo

também “figuras de forma triangular feitas em pontos, e outras representações de difícil

identificação” (SEDA, 1982, p. 400). Os antropomorfos são quase sempre filiformes e

“possuem o corpo alongado e os braços voltados para o teto” (SEDA, op. cit.), na forma

de um duplo Y.

Segundo Seda, entre os sítios da região “as sinalações estão geralmente muito

espalhadas, havendo muito poucas composições, e os painéis são normalmente

2 UFMG

Page 26: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

8

pequenos” (SEDA, op. cit., 402). Na Gruta do Gentio II foram consideradas como cenas

três grupos de sinalações: a representação de uma dupla de veados, correndo lado a

lado, porém não se pode “afirmar que seja um casal ou mesmo uma fêmea e um filhote”

(SEDA, op. cit.); “um zoomorfo junto a um grupo de semicírculos, como se fosse um

túnel, o que pode representar uma armadilha, contudo a cena é bastante

discutível”(SEDA op. cit.); e um antropomorfo que parece portar um propulsor.

O autor ressalta que não havia nenhuma datação ou correlação segura para as

sinalações da região, embora Dias Junior (1993) destaque o fato de haver pingos de tinta

vermelha no solo original da gruta, observados após a retirada de todas as camadas

arqueológicas.

Através da observação das suas características, Seda acredita haver imagens que

pertenceriam ao período cerâmico e outras ao período pré-cerâmico, porém nenhum

grupo de sinalações se enquadraria nas tradições Planalto, São Francisco e Sumidouro,

que vêm sendo propostas para a região.

O material arqueobotânico recolhido na Gruta do Gentio II, por sua vez, foi de

grande volume e diversidade, e foi submetido à análise pelo Dr. Robert Mcklevy Bird,

então membro do Institute for the Study of Plants, Food and Man, graças a um convênio

de cooperação internacional entre o Instituto de Arqueologia Brasileira e o Latin

American Archaeological Funds, da Smithsonian Institution. Seus resultados foram

publicados por Bird, Dias Junior e Carvalho, no artigo “Subsídios para a arqueobotânica

no Brasil: o milho antigo em cavernas de Minas Gerais”, na Revista da Sociedade de

Arqueologia Brasileira, em 1991. Em 1983, Dias Junior já havia publicado “As origens

da horticultura no Brasil” na Revista de Arqueología Americana, do Instituto

Panamericano de Geografía e Historia, uma discussão sobre a domesticação dos

vegetais e início do plantio, onde foram traçadas hipóteses sobre o tema e divulgados

resultados sobre materiais de sítios tanto do interior quanto do litoral, entre eles o

Gentio II.

Para os estudos Paleobotânicos foram analisadas 1.269 amostras, compostas de

14.048 peças arqueobotânicas do Sítio Gruta do Gentio II. Entre elas figuravam:

cabaças (Lagenaria siceraria); cuias (Crecentia cujete L.); gavinhas de cucurbitaceae,

possivelmente de melão de São Caetano (Nomordica charantia) ou de abóbora

(Cucurbita pepo); melancia (provavelmente uma intrusão recente devido a sua

superficialidade, no nível 10/20 cm); sementes, divididas entre 120 especimens; três

tipos de amendoim (Arachis hypogea); inúmeras folhas conservadas de leguminosas e

Page 27: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

9

palmáceas; 120 amostras de flores secas; 181 peças de frutos inteiros, fragmentados e

cascas, tendo sido identificados exemplares de tingui (Magonia glabarata), pequi

(Caryocar brasiliensis) e jatobá ou jataí (Hymeneae sp.), guazuma (Sterculiaceae),

localmente conhecido como mutamba ou xixá; cogumelos secos não identificados

especificamente; um tubérculo não identificado; restos de taquara, inclusive sementes

de bambu (Phalaris camariensis); algodão (possivelmente Gossypium barbadense), em

peças, fios trançados e tecidos; nozes de palmácea (coquinhos), agrupados em quatro

tipos, tendo sido dois deles identificados entre buriti (Mauritia vinífera) e guariroba

(Syagrus olerácea); e milho, agrupado em quatro tipos diferentes, sendo o tipo 1

pertencente ao “Amazonian Interlocked Flour” e o tipo 2 ao sub-complexo “Moroti

Camba”, do complexo “Tropical Lowland Flour”. Os outros dois tipos não se

enquadram em nenhuma categoria já definida, e, segundo Dias Junior, são “muito

provavelmente os mais antigos da coleção, de pequenas dimensões, não são conhecidos

nem para essa região, nem para qualquer outra da América”. (DIAS JUNIOR 1991)

As informações arqueobotânicas permitem especulações a respeito da economia

das comunidades que ocuparam as grutas já ser plenamente horticultora, de estarem elas

em estágio de experimentação, ou simplesmente aproveitarem os recursos naturais sem

alterações de caráter cultural.

Deve ser levado em consideração que as datações obtidas para esse possível

processo são notadamente posteriores às propostas para os inícios dos cultivos em

outras partes da América. Porém Dias Junior argumenta que “parte do processo deve ter

sido desenvolvido localmente, sobretudo em função da maior antiguidade dos sítios em

relação a outros exemplos brasileiros, e pelo fato, pelo menos válido até agora, da

existência de evidências de atuações sobre plantas locais.” (DIAS JUNIOR op. cit.)

O argumento de que a comunidade explorava recursos locais pode induzir à

idéia de que se tratasse apenas de um estágio de aperfeiçoamento da coleta, porém a

presença do algodão, do amendoim e especialmente do milho, indicam se tratar de um

estágio de experimentação.

Informações obtidas em sítios mais ou menos próximos parecem confirmar esta

última hipótese. Prous relata a exumação de milho em horizontes pré-cerâmicos em

Santana do Riacho, na Serra do Cipó, e mais recentes no norte de Minas Gerais, no

Peruaçu. Sobre a arte rupestre da região também afirma que “somente em Minas Gerais

e Goiás encontramos representações de plantas provavelmente cultivadas” (PROUS

1991), entre raízes e tubérculos.

Page 28: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

10

Figura 3 - Reprodução de painéis de arte rupestre em Minas Gerais com representações de vegetais

(PROUS 1991)

Outro trabalho desenvolvido com material recuperado da Gruta do Gentio foi o

de paleoparasitologia. Esta é uma disciplina que associa o levantamento de dados

históricos e arqueológicos ao exame de restos humanos e fezes fossilizadas contendo

ovos de parasitos. Os pesquisadores Ferreira, Araújo e Confalonieri publicaram o artigo

“Os parasitos do homem antigo” na revista Ciência Hoje, de Novembro/Dezembro de

1982, onde apresentaram resultados de algumas pesquisas paleoparasitológicas em

outras regiões através de fontes variadas, como a bíblia, relatos de viajantes, coprólitos

de lagartos, e coprólitos humanos, no caso da Gruta do Gentio II, do Boqueirão

Soberbo, em Varzelândia, e de múmias de um sítio histórico em Itacambira, todas no

estado de Minas Gerais. Em 1984, em conjunto com Lilia Cheuiche Machado,

publicaram o “Estudo prévio de práticas funerárias e o encontro de parasitos humanos

na Gruta do Gentio II, Unaí – MG”, no Boletim Série Ensaios do Instituto de

Arqueologia Brasileira. Este se restringia apenas aos métodos e resultados obtidos para

o material do Gentio.

Os coprólitos são fezes, humanas ou não, que sofreram processo de

mineralização ou de ressecamento. Apenas o segundo tipo permite a análise

paleoparasitológica. Sir Marc Armand Ruffer foi o pioneiro deste tipo de análise, tendo

Page 29: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

11

observado a presença de ovos de Schistosoma haematobium, um verme causador do

esquistossomose, em tecido renal de múmias egípcias datadas de 1250 a.C. ,

confirmando as referências em papiros à hematúria (presença de sangue na urina).

(MACHADO et al. 1984, p. 19)

Para a análise do material proveniente do Gentio II, os pesquisadores utilizaram

a técnica desenvolvida por Callen e Cameron, que consiste na aplicação de uma solução

de fosfato trissódico para a reidratação do material, que readquire o aspecto e a forma

originais, podendo ser então levados ao microscópio. (CALLEN & CAMERON 1960

apud FERREIRA, ARAÚJO & CONFALONIERI 1982, p. 65)

Um ponto que deve ser observado cuidadosamente é a questão da origem do

material, se humano ou animal. Pesquisas experimentais procuraram definir parâmetros

para essa distinção em relação ao aspecto da solução após a reidratação, porém os

resultados são muito flexíveis e a definição é dada pelos vestígios encontrados no

coprólito, como indicações de alimentação onívora, resíduos de carvão, e parasitos

exclusivos, que comprovariam a origem humana. No caso da Gruta do Gentio II, esta

questão foi minimizada devido à retirada do material diretamente da cavidade

abdominal de um dos corpos mumificados naturalmente, que puderam ser comparados

com os coletados do solo do sítio.

Figura 4 - Coleta de material fecal do Enterramento n° 10 (FERREIRA, ARAÚJO &

CONFALONIERI 1982)

Page 30: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

12

Foram analisadas 66 amostras e “os coprólitos em que se verificou a presença de

parasitos ocorreram com maior freqüência no fundo da caverna, na mesma área em que

foram assinalados inúmeros sepultamentos” (MACHADO et al. 1984, p. 21). “Foram

encontradas as larvas de nematódeos, interpretadas como três estágios evolutivos de um

mesmo parasito, e ovos de Ancilostomídeo e Trichuris trichiura.” (op. cit.)

Devido à excepcionalidade da mumificação natural do enterramento n°10, que

preservava o fardo funerário de tecido vegetal trançado, e da necessidade de sua

conservação, foi utilizado um retosigmoidoscópio e uma pinça de biópsia para coleta de

material que se assemelhava a coprólitos.

Este material foi reidratado e observado ao microscópio. Nele foram encontrados

ovos de nematódeos, (Trichuris trichiura - os mesmos encontrados em diversos níveis

da caverna), e ancilostomídeos, o que confirmou a origem humana das amostras

coletadas diretamente do solo.

Os autores analisaram também material proveniente do sítio Boqueirão Soberbo,

em Varzelândia, distante cerca de 300 km de Unaí, com datações entre 4.905 ± 85 a

1.325 ± 60 anos A.P. onde também foram encontrados ovos de Trichuris trichiura e de

ancilostomídeos.

O material ósseo humano exumado do sítio foi objeto de diversos trabalhos

(MACHADO 1981, 1990, 1992, SILVA 1991, e SENE 1998, 2003, 2007). Porém,

devido à grande complexidade da estratigrafia e da diversidade do material

arqueológico ocorrido do sítio, houve dificuldades na interpretação dos contextos

funerários da Gruta. Em sua tese de doutoramento, Sene (2007) apresentou uma nova

análise laboratorial para todo o material ósseo, que obteve resultados distintos dos

propostos anteriormente, com um número menor de indivíduos e diferenças no modo do

tratamento do corpo e distribuição temporal.

Foram registradas, então, a ocorrência de 23 estruturas funerárias, tanto

individuais quanto duplas e coletivas. Todas se limitam ao horizonte horticultor do sítio,

ou seja, são relacionadas à camada I. Foram identificados um total de 47 indivíduos,

sendo 14 do sexo masculino, 11 do sexo feminino, 20 crianças e 2 adolescentes.

Considera-se também que se tratavam de enterramento primários.

Além da reavaliação do material ósseo, Sene (op. cit.) buscou identificar

caracterizações de gênero nos registros esqueletais e funerários, tendo sido identificadas

diferentes atividades para indivíduos dos sexos masculino e feminino. Entre os homens

jovens, há recorrência de precocidade na degeneração das facetas articulares dos arcos

Page 31: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

13

neurais, e de vértebras dorsais e lombares, que apresentam sinais de achatamento do

corpo, “reforçando a possibilidade de forte estresse nas costas, vinculado ao

carregamento de peso excessivo”. As mulheres, por sua vez, apresentam “maior estresse

na região do tornozelo (extremidades distais das tíbias e fíbulas, associadas às lesões

articulares nos astrágalos e calcâneos), indicando a recorrência na posição de

hiperflexão ou agachamento, possivelmente relacionadas às atividades cotidianas”

Em relação às diferentes faixas etárias, os acompanhamentos funerários

demonstraram haver registro do “status da idade madura”, principalmente entre as

mulheres, que podem ter passado a desempenhar papeis rituais outrora restritos aos

homens (cf. GILCHRIST 1999 apud SENE 2007). No caso das crianças, o tratamento

funerário dado às crianças até 5 anos de idade indica uma tendência de não apresentar

uma distinção de sexo, sendo que aquelas que ultrapassam essa faixa etária apresentam

algum ítem no aparato funerário que pode potencialmente ser associado a algum dos

sexos quando adultos.

O material lítico recuperado do sítio vem sendo analisado tecnologicamente pela

Dra. Rosangela Menezes e tem previsão de conclusão ao final de 2009. Algumas

informações são acessíveis de modo preliminar na documentação arquivada no Instituto

de Arqueologia Brasileira.

Em nossa monografia apresentada para o curso de especialização em Geologia

do Quaternário (COSTA 2007), apresentamos uma investigação a respeito dos tipos

litológicos que ocorreram no material proveniente do sítio. Também foram registradas

suas intensidades de ocorrência. O universo amostral foi proveniente de apenas um dos

setores escavados do sítio, que foi selecionado por ser considerado representativo do

contexto geral do sítio, conforme aponta a análise tecnológica da Dr. Rosangela

Menezes, ora em desenvolvimento.

O trabalho indica que os tipos litológicos utilizados foram o sílex, de diversas

categorias, o calcário, quartzo hialino, e, em menor quantidade o leitoso, o quartzito e o

arenito. A intensidade de ocorrência de cada um dos tipos e sua combinação apresentou

diferentes valores para cada uma das camadas ocupacionais apresentadas.

A intenção de registrar e melhor compreender esse fenômeno foi a principal

motivação do desenvolvimento do presente trabalho, cuja proposta original foi a

expansão da aplicação da metodologia proposta naquele trabalho aos demais setores do

sítio.

Page 32: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

14

1.2. Contexto geológico e paleoambiental

A gruta do Gentio II é um dos quatro sítios existentes em grutas de um paredão

calcário com cerca de 2,5 km de extensão, em sentido praticamente norte/sul, com a

face mais abrupta voltada para oeste. Ele está a cerca de 10 metros de altura em relação

à dolina fronteiriça, e a cerca de 500 metros do ribeirão Canabrava, tributário do Rio

Preto, que faz parte da Bacia do São Francisco (figura 5).

Figura 5 - Mapa das principais bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais (fonte:

http://simbolosnacionais.blogspot.com)

O salão principal da Gruta é “bem iluminado durante todo o dia e é

absolutamente seco” (DIAS JUNIOR 1993, p. 34), tem cerca de 16 metros de

comprimento por 12 de largura e ocupa relativamente a porção mediana de altura do

pilar externo. Ele se situa abaixo de outras cavernas e túneis, e acima de cavernas

escuras e espaçosas, algumas das quais apresentam vestígios arqueológicos esparsos.

Através da planta topográfica do sítio (figura 6), é possível observar que, na

parte central e na boca da gruta, o solo se encontrava em um nível mais baixo do que

nas demais porções da cavidade rochosa. Na parte central havia um sumidouro e o solo

estava em um plano até 45 cm abaixo do nível zero. A entrada da gruta, por sua vez,

Page 33: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

15

apresentava um declive que alcançava um metro de profundidade, onde também foi

recuperado material arqueológico.

Figura 6 - Planta topográfica do solo original da Gruta do Gentio II.

Esse paredão rochoso está incluso no contexto geológico do craáton do São

Francisco, em sua margem noroeste. Esta região é constituída por extensas áreas de

coberturas sedimentares de idade neoproterozóica, agrupada litoestratigraficamente no

Grupo Bambuí, parte do Supergrupo São Francisco (figura 7). O Grupo Bambuí é a

unidade neoproterozóica mais significativa do cráton do São Francisco, por sua elevada

extensão e pela constância das características de seus litotipos (COMIG 1999). Também

se caracteriza por ser uma das áreas de relevo cárstico mais significativas do Brasil

(Teixeira et al. 2000), com intensiva formação de cavernas e grutas, bem como geração

de dolinas e sistemas de drenagem em subsuperfície.

Page 34: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

16

Figura 7 - Mapa geológico do Noroeste de Minas Gerais

A lapa está situada em um paredão calcário, sobre um bloco crustal alongado no

sentido norte-sul, margeado por falhas de empurrão. As rochas deste bloco são

agrupadas no Subgrupo Paraopeba Indiviso, descrito como uma megasseqüência pelito-

carbonatada plataformal, composta por diversos litotipos carbonáticos, como calcários

Page 35: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

17

puros e argilosos; margas, calcários negros e calcários oolíticos e pisolíticos;

intercalados com unidades siliciclásticas pelíticas, como folhelhos, siltitos e argilitos

(COMIG op. cit.). A formação da gruta do Gentio II está, portanto, relacionada à

dissolução das rochas carbonáticas constituintes do bloco de rochas carbonáticas onde

se encontra o sítio.

Internamente, a gruta possui preenchimento sedimentar complexo, intercalando

horizontes deposicionais a blocos de calcário desabados das paredes e do teto. A

pequena espessura dos sedimentos, associada ao longo intervalo de tempo envolvido,

sugere uma taxa de sedimentação extremamente baixa, que confere, entretanto, com o

comportamento sedimentar em grutas.

Pode-se observar que a Gruta do Gentio II apresenta vestígios com datações

desde cerca de 10.000 até aproximadamente 400 anos AP (com um intervalo de

abandono entre 6.300 e 3.500 anos AP), ou seja, a gruta foi ocupada ao longo de grande

parte do Holoceno.

Em escala global, o Holoceno é um período marcado por mudanças

significativas no clima. A partir do final do Pleistoceno, onde predominava um clima

mais frio e seco relacionado ao último máximo glacial, observou-se um aumento

gradual da temperatura global. Também foi registrado um aumento da umidade

relacionado à liberação de grande quantidade de água, anteriormente retida nas geleiras

de regiões extra-tropicais. O aumento da disponibilidade de água nos corpos oceânicos,

associado à elevação da temperatura, proporcionou uma maior taxa de

evapotranspiração, acarretando um acréscimo nos níveis de pluviosidade. Este processo

culminou há cerca de 6.000 anos com o período chamado de “ótimo climático”.

Entretanto, enquanto a curva de temperatura se comporta de uma forma constante,

positiva em direção ao “ótimo climático” a curva de umidade apresenta alternância de

intervalos de climas mais e menos secos ao longo do período.

Tradicionalmente os pesquisadores conheciam e utilizavam o modelo proposto

para as mudanças ocorridas durante o Holoceno em escala global. Este modelo entendia

que os principais agentes de controle climático do continente eram as correntes

oceânicas de Falkland e do Brasil (SCHMITZ 1981) (figura 8 e 9). A primeira, que

banhava quase completamente a costa brasileira até cerca de 9.000 A.P., criaria

condições rigorosas no interior, com aridez e temperatura relativamente fria. Entre

9.000 e 7.000 anos A.P., a umidade teria diminuído ainda mais e a temperatura teria

começado a se elevar devido ao aumento da influência da Corrente do Brasil, vinda das

Page 36: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

18

regiões equatoriais. No entanto, conforme Prous já ressaltava, “a sedimentação de grutas

no centro brasileiro contradiz localmente esse esquema, deixando supor variações

regionais importantes” (PROUS 1992, p. 146). Entre 7.000 e 4.000 anos A.P. o clima

teria se tornado notadamente mais úmido, seria o “ótimo climático”. Devido à maior

disponibilidade de água, o nível do mar teria subido alguns metros acima do atual.

Discussões sobre esse tema nas últimas décadas do século XX propõem que esta subida

não se deu de maneira homogênea mundialmente, mas sim acompanhando

características locais.

Figura 8 - Mapa da costa sul americana até 9.000 anos (fonte: SCHMITZ 1981)

Figura 9 - Mapa da costa sul americana após 9.000 anos (fonte: SCHMITZ 1981)

Page 37: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

19

Nesse período, nas planícies litorâneas e provavelmente em determinados

lugares de terra firme, esta diversidade de recursos pode ter estimulado as populações

humanas à extensão e criação de cultivos. Porém, teria havido outros lugares que eram

bastante ocupados e se tornaram menos adequados ou mesmo inóspitos.

A esse respeito, Schmitz ressaltou que “assim, notamos que diversos abrigos de

intensa utilização se tornam desertos, provavelmente porque a vegetação antes

diversificada se transformou em mata (no sul do Piauí, Pernambuco, Minas Gerais e

Goiás), ou, quem sabe, porque a construção de abrigos perecíveis substituiu o abrigo

natural. Os abrigos, agora abandonados, geralmente vão ser reocupados milênios mais

tarde por grupos cultivadores”. (SCHMITZ op. cit.)

Pode se notar que as contradições entre o modelo do “ótimo climático” e o

registro arqueológico já vinham sendo apontadas, demonstrando a necessidade de uma

melhor compreensão paleoambiental do continente sul americano. Neste sentido Araujo

et al. (2005-2006) apresentou o trabalho “Ocupação Humana e Paleoambientes na

América do Sul: expandindo a noção de um ‘gap do arcaico’”, no qual é tratada a

questão do abandono dos sítios do interior do continente, num período que se entendia

tradicionalmente como de umidade e temperatura mais altas, quando se poderia esperar

maior abundância de ocupações humanas. Através do cotejamento de informações

paleoambientais e arqueológicas de distribuição continental, os autores propuseram um

modelo explicativo para o “gap do Arcaico”.

Segundo Araujo et al. (op. cit.), os principais agentes climáticos responsáveis

pela distribuição das chuvas no Brasil são o Anticiclone do Atlântico Sul, a Zona de

Convergência Inter-Tropical (ITCZ – Inter-Tropical Convergence Zone) e as Frentes

Polares Antárticas. As regiões sul e sudeste do país são mais afetadas atualmente pelo

Anticiclone do Atlântico Sul e pelas Frentes Polares Antárticas, sendo o clima das

regiões norte e nordeste sujeitos às mudanças anuais da ITCZ.

Para a região do centro e sudeste brasileiro, o autor relata que os registros

apontam para um Último Máximo Glacial e Última Glaciação muito secos, seguidos de

um período de aumento de umidade até cerca de 8.500 A.P.. No Holoceno Médio, o

clima se tornou mais árido entre 8.500 A.P. e 4.000 A.P., e a partir de então tendeu para

as condições atuais.

Em especial para a região do sítio Gruta do Gentio II, Araujo et al. (op. cit.)

ressaltam que apesar dos dados arqueológicos apresentarem o gap do Arcaico, os dados

palinológicos disponíveis mostram uma grande diminuição de palinomorfos, sugerindo

Page 38: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

20

aridez, no período entre cerca de 21.000 A.P. e 7.200 A.P., seguido por um aumento de

umidade com o auge em cerca de 5.600 A.P. Tais dados são provenientes da localidade

Vereda de Águas Emendadas, a cerca de 150 Km a noroeste do Gentio. (Barbieri, et al.

2000). Por outro lado, em Lagoa Bonita, a 10 km de Águas Emendadas, os dados

sugerem um período de aridez entre 19.000 A.P e 13.000 A.P, seguido por um aumento

de umidade, porém de modo oscilatório (BARBIERI 2001 apud ARAUJO et al. 2005-

2006). Entre cerca de 13.000 A.P e 8.400 A.P., havia na região vegetação de savana e

esse período foi sucedido por outro mais seco, entre 8.400 A.P. e 6.300 A.P.. A partir de

então os dados apresentam uma tendência de aumento da umidade local, com evidência

de um período seco há cerca de 5.300 A.P., o que se encaixa um pouco melhor com o

abandono humano da região central, registrado arqueologicamente. As condições

modernas teriam se estabelecido a partir de 3.200 A.P., ressaltando-se que o período de

ausência de registros arqueológicos do sítio se situa entre 6.300 e 3.500 A.P.

Segundo os autores, a discrepância entre os dados paleoambientais e os

arqueológicos pode se dar por problemas relacionados à interpolação dos dados

palinológicos – devido aos perfis segmentados utilizados para os estudos – , ou por

diferenças microclimáticas induzidas por fatores orográficos, ressaltando-se que os

dados são provenientes de pontos localizados a mais de 150 km do sítio.

Evidencia-se, portanto, a necessidade de uma pesquisa paleoambiental que

caracterize especificamente a área onde se situa a Gruta do Gentio, buscando registrar as

variações paleoclimáticas locais, no sentido de permitir a correta interpretação do

período de abandono da gruta pelas populações humanas.

Page 39: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

21

Capítulo 2 – Fundamentação teórica

2.1. As ciências humanas e o cientificismo

Neste trabalho utilizamos métodos como correlações estatísticas, análise de

distribuição espacial através produção de mapas computadorizados, e investigações

químicas e físicas com a ajuda de equipamentos de alta sensibilidade. A estranheza que

pode causar a aplicação desses métodos considerados duros ou científicos em uma

ciência humana está intimamente relacionada com os tradicionais pares dicotômicos

definidos tradicionalmente, como mente/corpo, mente/mundo, indivíduo/sociedade, e

principalmente natureza/cultura, que foi estabelecida a partir de fins do séc. XIX, ao

longo da afirmação da antropologia enquanto disciplina.

Esta estruturação do pensamento está intimamente relacionada ao

estabelecimento do pensamento científico a partir do séc. XVI, que propõe explicar tudo

a partir de um conjunto de métodos e princípios pré-estabelecidos, e tem por

consequência que tudo aquilo que não pode ser coberto por tais métodos, não é

científico. O sucesso do pensamento científico gerou um custo muito alto para as

ciências humanas, no caso, a exclusão do elemento humano do domínio da ciência.

“A suposta onipotência do esquema da ciência física foi alcançada através de um jogo retórico, a afirmação de que a nova ciência cobre tudo e logo, tudo o que ela falha em incluir deve, evidentemente, ficar além do reino científico das coisas. Qualquer coisa resistente aos métodos da nova ciência não poderia, portanto, ser verdadeiramente ‘real’, e a partir de então, teria que, em vez disso, ser puramente subjetiva. Este reino do não-científico veio para abarcar ‘qualidades secundárias’, tais como cor e temperatura, ‘qualidades terciárias’ tais como significado e expressão, e, por fim, nós mesmos, o santuário de todas essas qualidades banidas”. (LEWIS 1964, p. 215, apud COSTALL 2007. Tradução nossa.)

O dualismo psicofisico gerado por esta estruturação pressupõe a oposição

excludente entre mente e matéria, que culminou historicamente no problema da relação

entre pesquisador e objeto, entre os quais sempre há um intermediador, que seriam os

instrumentos, as sensações e, em última instância, o pensamento. (LOVEJOY 1929, p.3,

apud COSTALL op. cit.). Para o campo da arqueologia, esta composição de idéias é

particularmente importante, uma vez que a disciplina se propõe, a partir de

remanescentes materiais, portanto físicos, compreender a atividade humana de uma

Page 40: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

22

forma mais ampla, o que inclui aspectos comportamentais e simbólicos, classificados

por este antigo modelo como não científicos.

Em meados do séc. XX, a tendência geral dos pesquisadores era a de

compreender que, apesar de dicotômicos, natureza e cultura interagiam, tendo suas

abordagens voltadas para conceitos evolutivos, como adaptação ao meio e seleção

(STEWARD 1951, 1955; WHITE 1959; SAHLINS 1960; COHEN 1968). A partir da

década de 1960, de um modo geral, pode se observar que as ciências sociais começaram

a mudar suas perspectivas a respeito dos conceitos de cultura, natureza, ambiente e

adaptação. Diferentes autores do período têm em comum a definitiva mudança do

paradigma de que a cultura se opõe à natureza de modo excludente. (CROLL &

PARKIN 1972; WAGNER 1975; INGOLD 1972; ELLEN 1996). A cultura passa a ser

vista como uma interação relacional entre os diferentes atores que dela participam,

sendo os seres humanos capazes de interpretar esta interação, e participar dela de modos

distintos e particulares.

A arqueologia processual, também chamada de Nova Arqueologia, ou

arqueologia científica, enfrentou as mudanças de paradigma pelas quais passavam as

ciências sociais de um modo diferente. Em um momento inicial, no início da década de

1960, pesquisadores que se engajaram nessa proposta, nortearam seus trabalhos

colocando uma forte ênfase na busca de padrões gerais e na maneira em que os seres

humanos interagem com os seus nichos ecológicos e a eles se adaptam, também

entendendo a cultura em termos evolutivos (BINFORD 1964). Na sequência, houve um

movimento no sentido de entender a existência de uma relação integrada entre três

fatores básicos para a disciplina: a cultura material, o registro arqueológico e os

indivíduos que viveram e produziram os artefatos e demais vestígios encontrados pelos

pesquisadores atualmente. Sugiram, entre outros, os estudos dos processos de formação

dos sítios, da distribuição espacial, das correlações estatísticas e das análises físico-

químicas, como as presentes neste trabalho.

2.2. Processo de formação de sítios arqueológicos

A abordagem proposta por Schiffer (1972) buscou compreender e estabelecer

bases teóricas sobre como se forma o registro arqueológico. O autor argumenta que

diferentes classes de fatores estão presentes no processo de formação de um sítio. Os

Page 41: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

23

fatores naturais (N-transforms), como a tafonomia, que estariam sendo, naquele

momento, os mais trabalhados pela produção científica e normalmente incorporavam

leis de outras ciências como a Química, Física e Geologia. Os fatores culturais (C-

transforms), por sua vez, não vinham sendo trabalhados satisfatoriamente e geralmente

lidavam apenas com aspectos cronológicos.

Dentro desta proposta de abordagem, a teoria dos processos de formação de

sítios arqueológicos se estabeleceu como uma crítica de Schiffer à chamada “Premissa

de Pompéia”, enfoque pelo qual um sítio arqueológico é compreendido como um

“registro fóssil da verdadeira atuação de uma sociedade extinta”, nas palavras de

BINFORD (1964:425). Foi introduzida a idéia de um ciclo de vida para os elementos

culturais, ou seja, sua permanência dentro de um dado sistema cultural. Procurou levar

em consideração a transição destes elementos para o registro arqueológico, avaliando

também os problemas de armazenamento e transporte, que representam o deslocamento

temporal ou espacial.

Através do estabelecimento dos conceitos de Contexto Sistêmico e Contexto

Arqueológico3, o autor propôs um modelo que explica a transição entre um e outro. Ele

divide os elementos culturais em dois tipos, os duráveis e os consumíveis. No modelo, o

ciclo de vida de um elemento durável é composto de cinco estágios, sendo eles a

aquisição, a manufatura, o uso, a manutenção e o descarte, enquanto o ciclo de vida de

um elemento consumível é composto de apenas quatro, pois seu uso é o consumo, e ele

só ocorre uma vez, não havendo manutenção. Esses caminhos na vida de um elemento

não são unilineares, podendo ser reencaminhados a processos ou estágios pelos quais já

passaram. Pode-se chamar esta situação de reutilização, e ela se divide em dois tipos:

reciclagem e ciclagem lateral. A primeira é quando, ao final do uso, o elemento volta

para o processo de manufatura, para se produzir um elemento igual ou diferente do

original. Ciclagem lateral, por sua vez, é quando, ao final da etapa de uso em um

determinado conjunto de atividades, o elemento é utilizado em outro. Como exemplos,

podem ser citados móveis, vestimentas, ferramentas, que são elementos que circulam

entre unidades sociais, classes e castas.

Estes modelos são simplificações, e situações mais complexas podem surgir

como um caleidoscópio a partir deles. Por exemplo, um elemento pode não passar por

3 O contexto sistêmico diz respeito a condição de um elemento que está participando de um sistema

comportamental. Já o contexto arqueológico dá conta dos materiais que passaram através de um sistema cultural e que são agora objeto de investigação pelo arqueólogo.

Page 42: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

24

todas as etapas, ou, como no caso do comércio, não há manufatura no sistema receptor,

ou ainda, pedras de construção, utilizadas brutas, que não tem manufatura.

Outros conceitos que surgem desta discussão, e são particularmente

interessantes para o presente trabalho, são os de resíduo, refugo e refugo de fato.

Resíduo seria um elemento que não passou pelo processo de uso, assim como uma lasca

não utilizada, enquanto refugo é a condição pós-descarte de um elemento (após o uso), a

condição de não mais participar de um sistema comportamental. Já o refugo de fato

seriam os elementos que alcançariam o contexto arqueológico sem o desempenho de

atividades de descarte. Ao lado desses conceitos são estabelecidos também os de refugo

primário e refugo secundário. O primeiro caso trata do material que foi descartado no

mesmo local em que foi utilizado, enquanto o segundo envolveria o transporte do

material para um local distinto.

Em sítios que são submetidos a abandono diferencial, por exemplo, quando um

grupo passa a utilizar apenas uma parte do sítio, matérias primas e elementos usáveis

podem ser removidos da porção abandonada, e poderíamos esperar encontrar

relativamente menos elementos nos processos pré-descarte, ou seja, menos “refugo de

fato”. Já em sítios abandonados repentinamente, como resultado de alguma catástrofe,

como no caso de Pompéia, serão encontrados números relativamente maiores de

elementos em processos de manufatura, uso e manutenção.

Estes comportamentos citados têm implicações espaciais. Por exemplo, dentro

do contexto sistêmico, pode haver um ou mais locais para o desenvolvimento de cada

um dos processos, sendo que o local pode ser um ponto, um conjunto de pontos ou até

mesmo o sítio inteiro. É preciso ter em mente que cada local dentro de um sítio pode ser

utilizado para e por diferentes elementos, ou ainda que um mesmo artefato pode ser

encontrado em diferentes locais de acordo com o processo pelo qual estivesse passando.

Por outro lado, há elementos que, por sua natureza, são manufaturados, usados e

consertados no mesmo local.

Em relação a estas questões, os estudos de distribuição espacial intrassítio

podem oferecer informações relevantes. Ao trabalhar, por exemplo, com grau de

aleatoriedade da deposição, relação entre elementos presentes em conjuntos ou limites

de áreas de atividade, o pesquisador estará, justamente, inferindo o comportamento

humano que gerou, através de seus gestos, o registro arqueológico.

Page 43: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

25

2.3. Estudos de distribuição espacial intrassítio

Os estudos de distribuição espacial intrassítio evoluíram conforme os preceitos

teóricos da arqueologia de um modo geral. O já referido movimento da Nova

Arqueologia da década de 1960, também conhecido como Processualismo, defendia,

através de uma visão sistêmica da cultura, a possibilidade de análises estatísticas dos

registros arqueológicos, em cujos resultados seria possível identificar padrões

comportamentais no processo de desenvolvimento cultural.

Como, de modo geral, os resultados eram mais de exceções do que de regras

(BLANKHOLM 1991, p. 40), ao final da década de 1970 os estudos seguiram

basicamente duas linhas (HODDER & ORTON 1976; CARR 1984): uma, buscando a

estruturação de conceitos teóricos adequados a respeito dos processos que formam os

padrões arqueológicos; e outra, que se debruçava sobre o desenvolvimento de novas

metodologias e técnicas, principalmente explorando os recursos de processamento de

dados, cada vez mais acessíveis.

Vemos então que, se com o apogeu da arqueologia dita científica nas décadas de

1960 e 70, os estudos estatísticos e quantitativos eram vistos como um meio de se

verificar padrões gerais no registro arqueológico, a partir dos anos 80 eles passaram a

ser vistos como um método descritivo e investigativo, adequando-se aos novos

conceitos teóricos. Blankholm (op. cit., p. 49) argumenta que os estudos intrassítio

podem e devem ser aproveitados em investigações de questões mais globais.

“Por exemplo, no lugar de questionar ‘Como o espaço e as atividades eram organizadas no sítio X?’ ou ‘qual é o significado cultural do espaçamento dos acampamentos organizados hierarquicamente na região Y?’ Seria provavelmente tão importante perguntar ‘como o espaço era organizado e percebido entre os caçadores-coletores do Pleistoceno?’ ou ‘Como o espaço era organizado e percebido entre os caçadores - coletores do Holoceno?’”. No Brasil, os estudos de distribuição espacial são marcados, sobretudo, pelos

trabalhos de Ian Hodder (HODDER & ORTON 1976; HODDER 1989). Eles apontam

que o valor deste tipo de análise é o de acessar os padrões e relações espaciais que não

seriam percebidos em outros tipos de análise.

Os trabalhos de Irmhild Wüst (WÜST 1983; 1997; WÜST & CARVALHO

1996), Sibeli Viana (VIANA 1996; VIANA et al. 1997), Marcos A. T. de Souza e Luís

C. P. Symanski (SOUZA & SIMANSKY 1996) e Márcia S. Barbosa-Guimarães

(BARBOSA-GUIMARÃES 1999; 2006; BARBOSA-GUIMARÃES & GASPAR

Page 44: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

26

1994) marcam a aplicação dos métodos de análise espacial intrassítio, demonstrando sua

utilização em contextos ceramistas, históricos e sambaquieiros.

2.4. Métodos estatísticos

Os métodos quantitativos, em especial as análises estatísticas, são

tradicionalmente associadas às práticas da teoria processualista, como é caso do

presente trabalho. Contudo, mais recentemente, este tipo de procedimento tem sido

adotado por diversos autores com diferentes perspectivas teóricas. Um dos fatores que

impulsionam essa tendência é a popularização dos microcomputadores, que tornaram

factíveis tarefas que demandariam tempo e recursos proibitivos, caso a tecnologia não

estivesse disponível.

Entretanto, o emprego de tais métodos não deve ser atribuído a uma disposição

passageira para explorar novas ferramentas. O principal fator que conduz a esse tipo de

análise dos objetos da pesquisa arqueológica, conforme já discutimos, é a sua própria

natureza, que faz o pensamento quantitativo ser fundamental para a arqueologia

(SHENNAN 1988). “É impossível não notar que muitos aspectos da informação

arqueológica são numéricos e que a análise arqueológica tem um inevitável componente

quantitativo” (DRENNAN 1996).

Assim, para alcançarmos o objetivo desta dissertação de identificar padrões de

deposição dos resíduos de lascamento lítico do material da Gruta do Gentio II, valemo-

nos da aplicação de métodos estatísticos. Buscamos distinguir fatores naturais (N-

transforms) e culturais (C-trasnforms), bem como aqueles que sugiram a estratégia de

aprovisionamento de matéria prima para ciclagem lateral ou reciclagem. As ferramentas

exploradas em cada caso serão oportunamente descritas.

Do mesmo modo que a aplicação de qualquer outra técnica, a “utilização de

ferramentas estatísticas frequentemente implica fazer julgamentos subjetivos”

(DRENNAN op. cit.). A opção por um determinado método produz resultados que não

são os mesmos se a escolha recair sobre outros métodos distintos. Aí reside a

subjetividade a que se refere Drennan. Em nosso trabalho, cada caso será acompanhado

de explicações que tentarão dar conta de explicitar as alternativas adotadas.

.

Page 45: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

27

Capítulo 3 – Resíduos líticos

3.1. Levantamento dos Dados

O material recuperado do sítio arqueológico Gruta do Gentio II foi classificado

segundo a metodologia tradicional (EMPERAIRE 1967; entre outros). As peças

passaram por uma primeira etapa de classificação ainda em campo, quando os artefatos

e outras categorias de material arqueológico foram coletados e acondicionados

separadamente para uma maior proteção e facilidade de manuseio.

Em um momento posterior, as peças passaram pelo processo de curadoria,

organizado pela Dra. Rosângela Menezes, levado a cabo no Instituto de Arqueologia

Brasileira a partir do ano de 2004 e do qual a autora participou ao longo dos anos de

2005 e 2006. Durante esse processo, as peças eram reavaliadas tecnologicamente,

buscando a correta distinção entre resíduos de lascamento e artefatos.

Para o presente trabalho, o material classificado como resíduo de lascamento foi

analisado de acordo com o método sugerido em trabalho anterior (COSTA 2007), no

qual as lascas foram separadas de acordo com sua classificação litológica e variação de

ocorrência ao longo do perfil registrado. Este método tem como proposta principal uma

análise adicional ao método de descrição tecnológica.

O registro da ocorrência e variabilidade litológica foi feito com o apoio da

planilha mostrada na figura 10, que apresentou alterações em relação àquela proposta

em 2007. As categorias dimensionais das lascas não foram adotadas por não

apresentarem um potencial informativo, e menos ainda interpretativo, que pudesse ser

considerado interessante para os objetivos atuais. Também foram realizadas adaptações

no cabeçalho da planilha, devido à natureza da investigação, que agora se estende por

diversos setores do sítio. Houve uma mudança nas categorias de classificação litológica,

efetuada por conta das discussões decorrentes do trabalho anterior. Por exemplo, a

categoria calcedônia foi alterada para sílica nas estruturas cristalinas amorfa, cripto e

microcristalina.

A análise do material foi feita no Instituto de Arqueologia Brasileira em nível

macro e microscópico, na qual foi utilizada uma lupa binocular Ward’s, modelo S-AL,

com objetivas de 1x e 2x, e oculares de 10x. E, quando necessário, aplicado teste

químico com ácido clorídrico para identificação de carbonatos. As lascas e estilhas

Page 46: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

28

foram divididas de acordo com os tipos litológicos, e o peso de cada grupo foi obtido

por pesagem em uma balança doméstica digital, com capacidade para 2 Kg, graduação

1g e tolerância entre 2 e 5g.

Data da Coleta: Nº de cat:

Tipos Litológicos Quantidade Peso (gr) Observações

CalcárioSilexitosQzo HialinoQzo LeitosoQuartzitoArenitoSiO² mic/crip/amNão Identificado

Total:Obs:

Local: MG-RP- 06 Folha: / Setor:

Nivel: Data: Autor: B.Costa

Figura 10 - Planilha de análise dos resíduos de lascamento.

O tratamento dos dados foi feito a partir do software Microsoft Excel, e produziu

planilhas informativas a respeito da ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos em

cada um dos setores analisados. Este software foi utilizado por ser uma ferramenta de

fácil acesso e com bons resultados no cálculo e apresentação dos dados.

Os tipos litológicos foram classificados de acordo com as categorias definidas

previamente e que, no trabalho de 2007, apresentaram ocorrência significativa. Foram

os seguintes: calcário, silexito, quartzo hialino, quartzo leitoso, quartzito, arenito e sílica

amorfa, cripto e microcristalina. Esses tipos são descritos em mais detalhes a seguir.

Calcário – Foram classificadas como calcários as rochas com coloração

acinzentada, textura geralmente maciça, que reagiam com efervescência ao teste com

HCl.

Silexito – Foram classificadas como silexitos as rochas com elevado teor de

quartzo, com textura muito fina a afanítica e fratura conchoidal. Silexito pode ser

definido como uma rocha silicosa de origem química, composta basicamente por

microquartzo e mega quartzo (Folk 1974). O microquartzo abrange as variedades

microcristalina e criptocristalina de quartzo (calcedônia). Megaquartzo consiste no

Page 47: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

29

quartzo granular. O material não foi separado entre os diferentes tipos silexitos (a saber:

jaspe, oolítico, bandado, estratificado, etc.) pela dificuldade de caracterização em

amostra de mão (ou seja, sem laminação), por se tratarem de pequenas amostras, e por

apresentarem alterações de deposição e térmica.

Quartzito – Foram classificadas como quartzitos as rochas com elevado teor de

quartzo e granulação de areia fina a média, com fratura conchoidal e coloração

avermelhada. Também foi classificado desta forma o ortoquartzito (PETTIJOHN,

POTTER & SIEVER 1987). Este litotipo consiste em um arenito com alto teor de

quartzo (maior que 95%) com abundante cimentação por sílica, preenchendo

praticamente a totalidade da porosidade e conferindo-lhe uma resistência semelhante

aos quartzitos de origem metamórfica.

Arenito – Foram classificadas como arenito as rochas clásticas compostas

basicamente por quartzo, mas com porosidade significativa e apresentando textura

friável. Diferentemente dos ortoquartzitos, que consistem em quartzo arenitos, a

cimentação destes litotipos não se deu de forma tão avançada, mantendo a porosidade

aberta, e não tornando a rocha tão coesa. Assim, as fraturas nestes arenitos se dão como

rupturas intergranulares, enquanto nos ortoquartzitos são intragranulares

Quartzo – Foram encontradas duas variedades de quartzo: o hialino, que

apresenta aspecto transparente; e o leitoso, que apresenta coloração branca, e opacidade

variando do opaco ao translúcido. Ambos possuem fratura conchoidal bem

desenvolvida.

Sílica microcristalina, criptocristalina ou amorfa – Esta categoria foi criada

para englobar as rochas que tradicionalmente podem ser caracterizadas como opala,

ágata ou calcedônia. Todas as três rochas são compostas por sílica em diferentes estados

de estruturação cristalina, a saber, micro e criptocristalina ou amorfa. Foi estabelecida

apenas uma categoria, por ser de muito difícil distinção entre os tipos através de amostra

de mão, ou seja, sem laminação das peças, mesmo com o recurso da análise

microscópica.

Page 48: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

30

3.2. Resultados

Os 14 setores analisados de acordo com a metodologia proposta foram: LB1,

LC0, NA1, NA3, NB0, NB2, NB4, ND4, NC1, NC3, ND2, OA0, OA2 e OB3. (figura

11) Para cada um deles foram produzidos uma planilha e dois gráficos, com os dados

referentes à quantidade e ao peso, respectivamente.

Figura 11 - Planta de setorização da Gruta do Gentio II.

Setor LB1

Este setor, situado na boca da gruta, apresentou vestígios relacionados somente à

camada I Superior, apesar de sua profundidade ter alcançado 110 cm. Nota-se a

ausência de quartzo leitoso e outras formas de sílica, bem como a ocorrência mínima de

quartzo hialino. O registro de sílex foi proporcionalmente menor do que nas outras áreas

do sítio.

Page 49: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

31

Tabela 1 - Ocorrência de variabilidade dos tipos litológicos no setor LB1, Gruta do Gentio II-MG LB1

30-50 2 70 23 221 2 4 3 46950-110 2 13 16 430 1 62 1 6 2 27

I Sup

calcário silexito qz hialino Outrosqzo leitoso qtzito arenito SiO2

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor LB1 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 12 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor LB1.

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor LB1 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 13 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor LB1.

Page 50: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

32

Setor LC0

Localizado próximo à entrada da gruta, o setor LC0 apresentou apenas uma

pequena área de solo passível de ser escavado, pois havia na área um acúmulo de

grandes blocos de calcário. Todos os seus 30 cm de profundidade foram sedimentados

com material relacionado à camada I Superior. Foi registrada uma pequena quantidade

de lascas de silexito e quartzo hialino, bem como dois fragmentos de quartzito.

Tabela 2 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor LC0, Gruta do Gentio II-MG

LB1Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P

30-50 2 70 23 221 2 4 3 46950-110 2 13 16 430 1 62 1 6 2 27

Outrosqzo leitoso quartzito arenito SiO2

I Sup

calcário silexito qzo hialino

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor LC0 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 14 -Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor LC0.

Page 51: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

33

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000 27500 30000 32500 35000 37500 40000 42500 45000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor LC0 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 15 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor LC0.

Setor NA1

O setor NA1 registrou as camadas III, II Média, I Inferior e Superior. Situado na

parte intermediária da gruta, apresentou também uma área perturbada por enterramento

entre os níveis 50 e 80 cm, onde as camadas se encontravam depositadas ligeiramente

inclinadas. Ressalta-se a ausência de quartzo leitoso e arenito em todas as camadas e a

pouca ocorrência de quartzo hialino e outras formas de sílica.

Page 52: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

34

Tabela 3 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NA1, Gruta do Gentio II-MG

NA1Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P

0-10 10 109 118 456 13 21 14 73 1 1 2 190-20 2 14 42 181 2 2 1 17 3 75-20 1 75-20 63 328 6 15 5 45 2 106-12 3 212-20 1 1 7 47 1 1 1 16 1 210-20 1 5 43 222 2 4 2 810-30 3 124 35 423 2 26 2 35 1 120-30 4 136 52 267 7 262 1 4 2 8820-35 1 1 10 80 1 23 1 125-45 12 7830-40 13 51 1 6 1 440-50 2 22 65 480 12 34 4 49 1 5 2 145-60 1 20 3 138 1 460-65 3 30 1 1

II Med 50-60 1 25 41 279 8 1460-80 6 24 2 180-100 70 102 1 3

I Sup

I Inf

III

calcário arenito SiO2 Outrossilexito qzo hialino qzo leitoso qtzito

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NA1 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 16 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NA1.

Page 53: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

35

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NA1 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 17 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NA1.

Setor NA3

Situado no fundo da gruta, o setor NA3 apresentou todas as camadas de

ocupação do sítio em uma estratigrafia relativamente tabular, excetuando-se a camada

IV e a base da camada III, que se mostraram ligeiramente inclinadas. Houve ocorrência

de bastante material como um todo, destacando-se os números do quartzo hialino

referentes à camada III e o registro, ainda que esparso, de quartzo leitoso e outras

formas de sílica.

Tabela 4 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NA3, Gruta do Gentio II-MG

NA3Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q PI Sup 0-10 3 8 55 650 10 18 2 5 3 105I Inf 10-40 2 22 23 38 2 2 1 1 1 2

25-30 3 6 44 398 2 2 2 67 2 650-60 10 10 73 281 2 5 5 2 6 20 1 3 1 2

II Med 60-70 16 66 228 769 9 20 15 120 1 20 6 24 6 23II Inf 70-80 2 12 74 592 1 4 9 387 1 2 3 95

80-90 228 252 11 8 14 14 2 2 3 790-100 6 27 398 392 30 37 3 8 6 25 1 1 3 2

100-110 28 57 832 1241 126 173 10 37 11 17 13 2690-100 39 263 1 1 1 3 4 35 1 1

110-120 3 11 31 81 8 14 1 5

arenito SiO2 Outroscalcário silexito qzo hialino qzo leitoso

II Sup

III

IV

qtzito

Page 54: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

36

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NA3 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 18 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setorNA3.

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NA3 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 19 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NA3.

Setor NB0

Situado na parte central da entrada da gruta, o setor NB0 apresenta algumas

particularidades. Em seus dois metros de profundidade, registrou as camadas IV, III, II

Superior, I Inferior e Superior, em uma estratigrafia relativamente horizontal. Destaca-

Page 55: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

37

se a ocorrência de lascas grandes, demonstradas pela relação entre peso e número de

lascas, principalmente em silexitos, mas também em quartzitos e outras formas de sílica.

Tabela 5 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB0, Gruta do Gentio II-MG NB0

Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P0-10 119 832 91 300 13 18 2 3 3 60 1 2 1 7 3 2910-20 32 130 179 571 19 35 9 40 2 3 8 10620-30 1 39 65 222 11 17 2 10 3 79 3 2720-35 4 5 85 150 8 13 1 1 2 1 1 1 2 730-40 83 392 7 8 3 1640-50 6 134 1 1850-60 36 285 2 360-70 5 29 46 410 3 780-90 5 258 81 579 4 6 5 44 2 11 1 1

100-110 1 17 68 331 3 7 7 587110-120 5 52 111 439 8 6 4 24 2 3 1 45120-130 10 143 296 1975 64 98 1 3 10 175 2 7 3 117 2 17130-140 9 59 92 425 10 20 1 27 1 4160-170 15 17 8 12 1 2 1 4

IV 200 1 31 79 729 14 40 2 25 2 4

I Sup

I Inf

II Sup

III

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NB0 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 20 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB0.

Page 56: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

38

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NB0 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 21 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB0.

Setor NB2

O setor NB2, localizado na área central da porção intermediária da gruta,

proporcionou apenas 30 cm de solo. Situado em meio à drenagem anteriormente

descrita (Figura 6), sua superfície original estava cerca de 45 cm abaixo do nível

topográfico apontado para os setores do fundo da gruta. Apresentou apenas o registro da

camada I Superior, com índices de ocorrência proporcionais aos demais setores.

Tabela 6 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB2, Gruta do Gentio II-MG

NB2Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P

0-5 8 28 58 222 13 21 3 9 3 195-10 15 243 53 240 15 15 4 91

10-20 9 250 79 252 18 30 5 45 2 1520-30 100 385 22 23 4 8 1 5

30-base 2 5 45 287 3 5 3 99 2 14

I Sup

quartzito arenito SiO2 Outroscalcário silexito qzo hialino qzo leitoso

Page 57: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

39

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NB2 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 22 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB2.

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NB2 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 23 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB2.

Setor NB4

Localizado no fundo da gruta, este setor apresentou uma grande quantidade de

material, tanto em termos peso, quanto em número de lascas. Apresentou todas as

camadas ocupacionais, sendo possível observar uma tendência ao aumento da

intensidade das ocorrências.

Page 58: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

40

Tabela 7 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB4, Gruta do Gentio II-MG NB4

Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q PI Sup Sup 4 10 9 79

0-10 62 420 259 1312 76 73 3 5 14 355 7 9210-20 24 40 73 990 34 22 4 3320-30 31 104 168 1007 58 60 11 428 2 34 8 2030-40 18 620 212 806 113 127 7 172 6 6 4 22 14 5340-50 29 163 318 1333 63 92 25 390 5 1450-60 34 115 197 617 58 62 8 50 3 40 6 8755-65 13 567 238 697 60 84 3 6 2 50 2 8 8 160-70 9 52 124 521 58 28 1 1 7 174 1 5 3 770-80 22 126 373 941 57 35 8 12 7 89 12 5030-40 8 87 79 392 18 19 9 141 1 350-60 12 88 138 860 9 9 4 130 1 160-70 1 1 127 451 11 16 1 1 2 44 4 750-60 30 139 1 2 2 4960-70 2 7 56 139 2 7 7 85 3 1380-90 3 9 630 1533 180 229 6 10 5 161 2 44 3 1490-100 70 87 284 512 41 21 2 1 12 115 1 2 22 14100-110 229 523 101 119 2 2 4 3 1 3 4 560-70 1 1 103 179 6 5 1 11

100-110 7 4 59 113 4 10 4 7 1 2100-115 113 133 59 50 2 1 1 3110-120 11 426 1030 2777 488 495 22 39 7 32 1 3 7 28 4 3120-130 1 16130-140 4 82 56 134 18 39 2 1110-120 21 70 721 1364 120 187 8 22 18 29 5 69 2 2 3 10140-148 78 63 46 26 2 3140-160 6 7 33 31 3 3

base 6 1087 6 134

qtzito arenito SiO2 Outroscalcário silexito qz hialino qzo leitoso

III

IV

I Inf

II Sup

II Med

II Inf

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NB4 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 24 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB4.

Page 59: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

41

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NB4 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 25 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB4.

Setor NC1

Localizado na parte intermediária da gruta, no lado leste da área escavada, o

setor NC1 apresentou as camadas III e I Inferior e Superior. Pode ser observada a

ocorrência regular de silexitos e quartzos hialinos, e a pouca quantidade ou ausência de

quartzo leitoso, quartzito, arenito e outras formas de sílica.

Tabela 8 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NC1, Gruta do Gentio II-MG

NC1Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P

0-5 1 16 22 324 3 65-10 93 643 105 417 20 20 1 410-20 250 1871 129 419 20 26 2 6 4 60 4 1620-30 157 1368 108 315 26 45 1 1 8 120 1 18 1 5 7 2730-40 83 1239 106 446 28 66 3 1740-57 85 222 59 122 12 9 2 7 1 1 4 8

III 57-60 9 112 140 644 20 42 4 57 2 7 4 39

I Sup

I Inf

Outroscalcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2

Page 60: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

42

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NC1 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 26 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NC1.

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NC1 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 27 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NC1.

Setor NC3

Situado no fundo da gruta, no lado leste da área escavada, o setor NC3 registrou

apenas as camadas I Superior e Inferior, em um metro de profundidade. Destaca-se a

Page 61: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

43

ausência resíduos em quartzo leitoso e a pouca ocorrência daquelas em quartzito,

arenito e outras formas de sílica.

Tabela 9 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NC3, Gruta do Gentio II-MG NC3

Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P0-20 55 662 79 426 10 17 5 7020 16 412 11 63 1 4 2 17

30-35 3 25 62 526 14 30 4 138 1 7 1 8 1 320-40 33 201 82 466 10 23 5 15545-60 2 27 65 621 14 69 4 96

50 14 141 1 770 3 38

80-95 27 201 10 3080 1 7 9 99 1 185 3 1 1 3

95-105 27 258 5 20100 1 5

I Sup

I Inf

calcário silexito SiO2 Outrosqzo hialino qzo leitoso quartzito arenito

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NC3 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 28 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NC3.

Page 62: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

44

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor NC3 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 29 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NC3.

Setor ND2

Foi escavada apenas a metade sul do setor ND2, que se situa no lado leste da

parte intermediária da gruta. Foram registradas as camadas I Superior e Inferior e II

Superior e Média. Houve pouca ocorrência de material lítico, com ausência de quartzo

leitoso e pouca ocorrência de quartzito, arenito e outras formas de sílica.

Tabela 10 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor ND2, Gruta do Gentio II-MG ND2

Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q PI Sup 0-5 13 423 68 524 12 30 6 255

5-15 21 276 46 334 5 24 6 133 1 10020-30 3 22 20 148 3 8 3 28 1 10830-50 1 2 14 188 3 6 1 11 1 1 1 340-50 16 116 1 4

II Sup 50-60 10 47II Med 60-70 4 9 1 1

Outroscalcário silexito qzo hialino qzo leitoso

I Inf

quartzito arenito SiO2

Page 63: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

45

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor ND2 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 30 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor ND2.

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor ND2 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 31 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor ND2.

Setor OA0

O setor OA0 se localiza no lado oeste da boca da gruta, junto aos blocos

calcáreos que formam a parede da cavidade rochosa. Foram registradas apenas as

camadas I Superior e Inferior, que apresentaram uma quantidade medíocre de material

Page 64: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

46

lítico, composto principalmente de silexito e quartzo hialino, tendo sido registrada

pouca quantidade em quartzo leitoso, quartzito, arenito e outras formas de sílica.

Tabela 11 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OA0, Gruta do Gentio II-MG OA0

Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P0-5 4 79 7 112 3 3 1 36

5-10 7 169 14 114 3 3 1 1 1 10 1 310-20 3 33 23 175 4 9 3 34 2 1420-30 6 125 68 976 15 15 2 18 1 130-40 3 620-30 36 102 69 496 8 21 1 15 3 440-50 2 3 30 185 8 5 1 2 1 1450-60 3 19 61 300 11 8 4 51 3 360-70 1 5 17 42 4 1 1 170-80 7 9 96 356 24 22 5 130 4 5 3 7 6 2580-90 22 64 10 12 1 2 2 190-100 2 12

110-120 3 28 2 10

I Sup

I Inf

calcário silexito SiO2 Outrosqzo hialino qzo leitoso quartzito arenito

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor OA0 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 32 -Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OA0.

Page 65: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

47

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor OA0 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 33 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OA0.

Setor OA2

Localizado na parte oeste da porção intermediária da gruta, o setor OA2 contém

todas as camadas ocupacionais do sítio. Sua superfície original era ligeiramente mais

elevada que na maior parte do restante do sítio, sendo considerado o marco zero

topográfico. Apresentou uma quantidade expressiva de material, destacando-se os

números de quartzo hialino das camadas III e IV, sendo que nesta última o tipo

litológico representa uma significativa porcentagem do total amostral.

Tabela 12 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OA2, Gruta do Gentio II-MG

OA2Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q PI Sup 0-10 7 22 306 288 68 24 1 1 7 67 2 2 16 59

10-20 8 28 314 609 58 23 1 1 5 3 1 1 2 9 8 4420-30 17 108 241 746 33 12 8 139 1 11 3 5730-40 6 33 102 414 21 18 4 9 1 8 5 18

II Sup 40-50 1 9 76 371 30 16 2 4 3 9 1 350-60 83 302 12 6 5 13 8 46 3 13 1 260-70 3 6 245 1214 48 51 2 5 6 7 2 3 5 16 10 144

II Inf 70-80 90 172 110 67 5 43 1 1 5 2580-90 216 443 94 71 1 1 13 91 3 190-100 170 321 23 29 15 128 4 8100-110 14 55 979 1290 217 155 1 2 15 87 1 12 3 7 12 20110-120 8 30 493 1122 257 223 4 6 6 37 2 3 7 9120-130 46 275 510 956 228 195 3 2 1 2 6 17 18 50

IV 130-140 17 208 305 412 76 114 4 9 7 13 7 8

arenito SiO2 Outroscalcário silexito qzo hialino qzo leitoso

I Inf

II Med

III

quartzito

Page 66: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

48

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor OA2 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 34 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OA2.

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor OA2 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 35 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OA2.

Setor OB3

O Setor OB3 localizado no lado oeste do fundo da gruta foi o que apresentou a

quantidade mais expressiva de material lítico registrado em todas as camadas

Page 67: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

49

ocupacionais do sítio. Sua estratigrafia se mostrou um pouco inclinada nas camadas

mais antigas. O topo do setor se encontrava também no nível topográfico zero.

Tabela 13 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OB3, Gruta do Gentio II-MG OB3

Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q PI Sup 0-10 453 2358 174 1058 94 213 17 24 16 184 2 11 6 31 8 79

10-20 11 115 85 426 68 61 9 125 2 6 15 22715-25 7 45 80 298 23 26 7 367 1 15 2 19 19 15220-30 93 604 29 74 7 61 2 53 2 1025-35 27 273 113 537 50 123 1 1 9 180 1 26 3 27 2 4625-45 56 74 242 2148 62 107 1 2 29 1108 1 3 22 4535-45 30 287 121 855 9 21 5 134 1 5 1 445-55 26 172 241 1217 7 13 20 291 1 91 2 8555-65 16 122 344 2659 29 54 1 1 26 566 7 7360-70 17 243 79 450 2 7 10 14765-75 45 280 127 721 16 27 2 6 12 237 3 270-80 33 212 218 1450 22 39 1 12 11 207 1 80 5 3375-85 64 223 640 2476 79 101 28 353 1 4 2 14 21 13685-95 10 42 13 279 1 2 3 2890-100 61 281 435 1318 95 171 6 30 2 34 3 2 8 15100-110 21 178 13 210 5 485-95 19 100 458 1781 64 125 1 15 10 41 1 10 7 12 2 7

100-105 3 7 42 113 14 8 1 295-100 21 204 523 1473 46 97 2 42 3 113 1 1 9 171105-110 18 85 34 328 25 37 1 1100-110 3 42 43 146 8 13 6 19 2 23110-120 38 188 270 845 89 145 7 3 1 8 2 6110-120 13 36 660 2606 90 140 6 11 5 19 8 24 8 31115-125 15 32 343 673 45 95 1 1 2 14 7 12 2 3120-130 52 461 124 550 17 25 2 5125-135 1 4 1633 1763 328 309 1 3 8 9 1 1130-140 2 1110-120 13 48 3 4 1 24 1 1135-145 13 48 3 4 1 1145-155 6 78 123 471 30 40 1 2170-180 2 70 1 12

quartzito arenito SiO2 Outroscalcário silexito qzo hialino qzo leitoso

III

IV

I Inf

II Sup

II Med

II INF

Page 68: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

50

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor OB3 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 36 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OB3.

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor OB3 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 37 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OB3.

Setor ND4

O setor ND4 se situa no lado leste do fundo da gruta, próximo à parede da

cavidade rochosa. Apresentou as camadas I Superior, II Superior, II Média e II Inferior,

Page 69: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

51

com ocorrência, principalmente, de silexito e quartzo hialino. Nota-se a ausência de

quartzo leitoso e arenito, e a pouca ocorrência, porém de modo regular, de quartzito e

outras formas de sílica.

Tabela 14 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor ND4, Gruta do Gentio II-MG ND4

Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q PI Sup 0/10 2 12 115 716 11 25 1 6 1 2II Sup 20/30 24 676 82 979 8 36 1 2 1 10

30/40 10 96 130 836 15 38 4 52 1 31 1 340/50 50 907 240 1205 18 21 7 343 1 10 2 2450/60 1 5 153 864 9 19 2 125 1 360/70 10 105 246 1129 18 35 11 401 1 1 12 465

II Med

II Inf

calcário silexito SiO2 Outrosqz hialino qzo leitoso qtzito arenito

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor ND4 - Quantidade (un.)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 38 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor ND4.

Page 70: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

52

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup

II Med

II Inf

III

IV

Cam

adas

Setor ND4 - Peso (gr)

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 39 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor ND4.

3.3. Análise estatística da exploração da matéria p rima

A partir dos dados adquiridos nos setores foi feita uma tabela com o somatório

dos números referentes a cada camada ocupacional (tabela 15), na qual foram aplicados

diferentes métodos estatísticos. O objetivo desta análise foi entender melhor os modos

de exploração da matéria prima referentes a cada segmento temporal, observando suas

associações de tipologia e intensidade.

Tabela 15 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos por camada ocupacional da Gruta do Gentio II-MG. (Q: unidades. P: gramas.)

TiposCam. Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q PI Sup 867 6681 1945 9997 394 595 21 29 103 1872 5 26 16 62 57 671I Inf 1194 9241 5705 28299 957 1490 15 60 304 6306 19 333 38 353 181 4034

II Sup 75 1003 1192 6384 192 296 9 24 35 336 3 17 16 143 9 86II Med 119 1389 1528 6415 182 285 9 60 44 682 3 23 17 95 29 367II Inf 65 365 1229 5560 272 386 7 3 47 1163 8 21 25 616

III 201 1148 6911 12822 1506 1535 20 34 100 523 6 49 45 92 76 200IV 27 328 579 2026 849 209 1 3 10 69 1 24 9 27 12 19

Total 2548 20155 19089 71503 4352 4796 82 213 643 10951 37 472 149 793 389 5993

qtzito arenito SiO2 Outroscalcário silexito qz hialino qzo leit.

Page 71: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

53

A tabela foi dividida entre os dados relacionados à quantidade e aqueles

referentes ao peso do material. Os números foram transformados em porcentagem para

que fosse possível avaliar a contribuição de cada tipo litológico no total analisado. Foi

utilizado o pacote estatístico PAST (Paleontological Statistics), com o método Ward’s

para análise de clusteres. O exame bidirecional permite visualizar quais variáveis

influenciaram mais na conformação dos clados.

Na figura 40, que mostra a análise de clusteres dos dados da quantidade de

lascas e fragmentos, podemos observar três conjuntos de associações e uma disparidade.

Podemos notar associações entre as camadas I Superior e Inferior, seguidas de

associações próximas entre os pares de camadas II Superior e II Media, e II Inferior e

III. A camada IV permanece díspar em relação às demais. Esta observação tem relação

com a intensidade de trabalho em cada tipo litológico, pois entende-se que, apesar das

diferenças tecnológicas adotadas para cada matéria prima, mais lascas representam

maior intensidade de trabalho, e as proporções entre os tipos indicam diferentes

estratégias de exploração de matéria prima.

Estes três conjuntos de associações corroboram a tendência dos demais vestígios

recuperados no sítio. Eles subdividem os horizontes de horticultores e caçadores-

coletores, e ainda apontam que a Camada IV, com sua antiguidade datada de 10.400 AP,

apresenta uma estratégia diferente dos demais caçadores-coletores.

A figura 41 mostra a análise de clusteres com base nos dados de peso dos

resíduos líticos, e podemos observar uma grande subdivisão, coincidente com a

separação entre caçadores-coletores e horticultores. O clado que agrupa as camadas do

horizonte caçador-coletor, por sua vez se apresenta hierarquizada em dois grupos, um

englobando as camadas II Inferior e Média e outro com as camadas IV, III e II Superior.

É importante observar que este último conjunto de associações engloba principalmente

o topo das três camadas de caçadores-coletores e a definição dos clusteres levou em

consideração principalmente as proporções de calcário e silexito. Silexito é sem dúvida

o tipo litológico de maior ocorrência, principalmente em termos de peso, devido ao seu

modo de exploração tecnológica, que produz, em algumas etapas, resíduos grandes. Sua

intensidade de ocorrência foi o principal fator de separação do clado principal. Por outro

lado, o calcário recuperado é proveniente principalmente de desmoronamentos do teto e

paredes da gruta, muito provavelmente aumentando suas concentrações nos períodos de

abandono. Este método de análise, além de apontar para distintas funções da gruta nos

Page 72: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

54

diferentes períodos, pode ainda mostrar períodos de abandono e iluminar os processos

de transição cultural.

Figura 40 – Análise de clusteres com base nos dados de quantidade de lascas e fragmentos líticos da

Gruta do Gentio II-MG.

Figura 41 - Análise de clusteres com base nos dados de peso dos resíduos líticos da Gruta do Gentio

II-MG.

Page 73: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

55

Capítulo 4 – Análise espacial

O que conduziu à analise da distribuição espacial dos resíduos líticos da Gruta

do Gentio II foi o interesse em investigar como as diferenças na ocorrência e

variabilidade registradas em nosso trabalho anterior (COSTA 2007) no setor NB4 se

manifestam nas demais áreas do sítio.

Inicialmente foi observado que algumas camadas não ocorrem em todos os

setores do sítio. Isso pode ser decorrente tanto de fatores deposicionais naturais quanto

culturais, e mais adiante será ressaltado o que os dados apontam em relação a essa

questão.

Posteriormente, a distribuição espacial dos resíduos foi analisada através de

clusteres e de mapas de contorno, com base nos dados de quantidade e peso do material.

Por fim, através da razão entre quantidade e peso, foram observadas áreas com função

específica dentro da gruta.

4.1. Distribuição espacial das camadas

As quatro camadas de ocupação descritas no sítio Gruta do Gentio II não se

apresentam genericamente de modo tabular, ou seja, em superfícies paralelas. A

estratigrafia mostra linhas que variam desde praticamente horizontais até bastante

inclinadas, principalmente onde ocorrem lentes de sedimento, blocos calcários

colapsados do teto da gruta, ou perturbações por enterramentos das camadas superiores.

A figura 42 mostra, esquematicamente, a ocorrência de cada uma das camadas

nos setores analisados. Pode-se observar que a camada IV, a mais inferior, concentra-se

no lado mais a oeste do fundo da gruta. Ela ocorre também no setor NB0, na parte

central da entrada da gruta, de onde foi, entretanto, recuperado menos material do que

nos demais. As outras camadas demonstram uma tendência de ocupação do espaço da

gruta cada vez mais ampla e homogênea, excetuando-se a camada II Inferior, que se

restringe ao fundo da gruta.

Page 74: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

56

Figura 42 - Ocorrência das camadas ocupacionais na Gruta do Gentio II.

4.2. Distribuição espacial dos resíduos

Cada uma das camadas foi examinada através da análise de cluster, com o

objetivo de compreender como se apresentavam as associações entre os tipos litológicos

em cada setor. Foram construídos dois clusteres para cada camada, um com base nos

dados de quantidade de fragmentos e outro no de peso do material.

As associações com base na quantidade de fragmentos apontam a intensidade

de trabalho ou de deposição no caso de descarte. Já aquelas com base nos dados de peso

demonstram o volume de material depositado em cada área. A observação em conjunto

das duas classes de dados permite entender a distribuição espacial dos fragmentos.

Mapas de contorno com base nos mesmos dados foram confeccionados com o

objetivo de melhor definir os limites destas áreas. A produção de tais mapas pode ser

feita à mão, utilizando-se as mesmas técnicas com as quais um topógrafo desenha as

curvas de nível de um terreno, porém esta tarefa foi muito facilitada pelo

desenvolvimento de softwares.

Os mapas deste trabalho foram produzidos no software Surfer 8, que foi

escolhido por ser aquele sobre o qual temos maior domínio. Contudo, praticamente

todos os softwares estatísticos apresentam algumas opções para confecção desse tipo de

gráfico.

Page 75: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

57

Foram testados diversos métodos estatísticos para a tarefa, porém não

produziram resultados satisfatórios. Como exemplo, na imagem abaixo vemos um mapa

gerado pelo método Kriging, que supervalorizou os setores analisados (figura 43), não

definindo as áreas de dispersão.

Figura 43 - Teste de mapa de contorno da camada III, utilizando o método estatístico Kriging.

Em vista disso, o método estatístico escolhido foi o local polynomial. Ele é

utilizado na análise de dados demográficos, no tratamento de imagens de satélite e

fotografias, e no modelamento de superfícies. (MARQUETTI & VIALI 2004). No caso

em tela, a suavização da imagem foi muito eficiente para apontar áreas de distribuição e

não pontos amostrais na superfície analisada.

Foram utilizados também dados da razão entre peso e quantidade (P/Q)

informativos da massa média dos resíduos. Para a obtenção desses dados, dividiu-se o

peso registrado pelo número de fragmentos de cada tipo litológico recuperado por setor,

em todas as camadas. Como os tipos litológicos apresentam diferentes densidades, e

seus modos de exploração produzem diferentes padrões de tamanhos e formas, foi

elaborada uma tabela definindo o que consideramos como massas médias altas, baixas e

intermediárias.

Tabela 16 - Graduação da massa média dos tipos litológicos.

Tipos litológicos

Calcário Silexito Qzo Hial. Qzo Leit. Quartzito Arenito SiO2 Outros

Muito alta >20 >12 >5 >5 >20 >15 >15 >15

Alta 12<19,9 6<11,9 3<4,9 3<4,9 12<19,9 7<14,9 7<14,9 7<14,9

Intermediária 6<11,9 2<5,9 2<2,9 2<2,9 6<11,9 3<6,9 3<6,9 3<6,9

Baixa 1<5,9 0,6<1.9 0,5<1,9 0,5<1,9 1<5,9 1<2,9 1<2,9 1<2,9

Mas

sa m

édia

(g)

Muito baixa <0,9 <0,5 <0,5 <0,5 <0,9 <0,9 <0,9 <0,9

Page 76: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

58

Por fim, foram feitos clusteres e mapas de contorno com os dados de

quantidade, peso e massa média, dos tipos litológicos de cada uma das camadas,

permitindo uma avaliação da distribuição espacial dos fragmentos e identificação de

áreas com especializações.

Camada IV

A Camada IV, como já vimos, apresentou uma estratégia de exploração da

matéria prima distinta do restante do período associado a caçadores-coletores. Também

se apresentou restrita a algumas porções da área escavada, além de ser bastante delgada

em relação às demais.

De um modo geral, os dados apontam três áreas com limites definidos e

características distintas (anexo - figuras 50 a 61). Uma no setor NB4, no fundo da gruta,

distante cerca de cinco metros da parede lateral sul, a qual chamaremos de “área 1”. A

área 2 compreende o setor OB3, localizado no fundo da gruta, junto à parede lateral sul.

E por fim a área 3, no setor NB0, situado na entrada da cavidade rochosa, em uma área

já completamente abrigada pelo teto e fora do declive da boca da gruta. Os outros dois

setores nos quais a camada ocorreu e que foram analisados podem ser entendidos como

setores periféricos ou de transição entre as áreas principais.

Cada uma das áreas apresenta uma combinação diferente entre os tipos

litológicos e suas proporções de quantidade e peso. A mistura de peças grandes e

pequenas e as diferentes ocorrências entre os tipos litológicos excluem a hipótese de que

a disposição dos resíduos tenha sido resultante apenas de carreamento por águas de

chuva ou outros processos deposicionais exclusivamente naturais.

Os tipos litológicos que mais influenciaram as análises nesta camada foram o

silexito e o quartzito, tendo todos os demais apresentado quantidades muito pequenas. O

calcário apresenta uma quantidade muito pequena de fragmentos, porém com grandes

massas, chegando a 35gr em média no setor NB4.

A área 1 apresentou uma quantidade bastante grande de fragmentos de massa

média baixa. Este foi o principal ponto de deposição de silexitos e apesar de apresentar

massa média baixa, seu universo era composto de algumas peças grandes e muitas

pequenas, representando várias etapas do trabalho de lascamento.

Page 77: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

59

A área 2 também apresentou o mesmo padrão, com muitos fragmentos de

massa média baixa, e constituiu o principal ponto de deposição de quartzo hialino entre

os setores analisados desta camada, apresentando um número muito alto de fragmentos

e massa média muito baixa. Em relação ao silexito, apresentou massa média um pouco

maior do que a área 1, e indica vinculação com o setor OA2, que tem grande número de

resíduos e massa média compatível com a área 1. A massa média mais alta está

relacionada com as etapas iniciais e finais do trabalho na matéria prima (lascas de

descorticamento e núcleos).

A área 3, por sua vez, apresenta padrão bastante distinto, com massa média

maior para todos os tipos litológicos. Neste caso, uma análise tecnológica poderá

esclarecer se trata-se de aprovisionamento de matéria prima, ou concentração de

resíduos de alguma etapa específica da cadeia operatória.

De um modo geral, para a camada IV, vemos que o fundo da gruta apresenta

áreas com concentração de resíduos pequenos, enquanto o setor mais à frente da

cavidade exibe resíduos maiores, que possivelmente poderiam ser reaproveitados. Este

padrão indica uma especialização de cada área e, se as partes não escavadas da gruta

apresentarem vestígios relacionados a esse período, possivelmente serão também

especializados. Contudo, só através da associação com os demais vestígios

arqueológicos da camada será possível determinar se as áreas 1 e 2 representam áreas de

trabalho ou descarte.

Camada III

A camada III se apresentou bastante irregular, havendo setores em se

encontrava bastante espessa e em outros mais delgada. Por ora não é possível definir se

isso se deu por motivos deposicionais naturais, pelas irregularidades da superfície

decorrentes da ocupação anterior, por intervenções posteriores como as covas do

período horticultor, ou ainda por erosão natural.

A estratégia de exploração da matéria prima adotada pelos grupos que

ocuparam a gruta neste período foi associada à do período seguinte, das camadas II. A

principal distinção entre estes grupos e aqueles relacionados à camada IV é a

intensidade de uso do quartzo hialino. Ao contrário do período mais antigo, que

apresentou uma grande quantidade de pequenas lascas desta matéria prima, o restante

do período caçador-coletor utilizou proporcionalmente mais o sílex. O quartzito

Page 78: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

60

representou apenas uma pequena porcentagem do total de resíduos, e uma análise

tecnológica específica poderá informar se são fragmentos de batedores, ou se, de fato, se

tratam de resíduos de lascamento.

Mais uma vez, a combinação entre os tipos e tamanhos dos resíduos sugere

uma atuação cultural, e não uma deposição apenas natural. Um estudo do modelamento

da superfície do solo em cada período poderia contribuir para a confirmação destas

questões, uma vez que indicaria direções preferenciais de escoamento de águas, áreas

mais abrigadas ou mais iluminadas e que pudessem representar áreas resultantes de

alguma preferência cultural.

Em termos de espacialidade (figuras 62 a 73), os dados apontam para uma

divisão entre duas grandes áreas, com os setores do fundo se opondo aos da parte frontal

e central da gruta. Na parte mais interior da cavidade, os setores NB4/NA3 e OB3/OA2

formam uma subdivisão da área, apresentam certa distinção entre si, sendo contudo

muito semelhantes em sua composição e massa média. A região da boca da gruta

apresentou quantidade bem menor de material, tendo ela massa média maior que na

outra área, principalmente no setor NC1. O setor NC1 se localiza no limite sul da área

escavada, sugerindo fortemente que esta ocupação se estende para outras porções da

gruta. Possivelmente os grupos deste período ocuparam com o mesmo padrão outras

porções da gruta, ou seja, o fundo em oposição às partes central e dianteira.

Camadas II Associadas

Conforme já esclarecido anteriormente, o solo da gruta foi originalmente

escavado em sete camadas, tendo sido algumas delas, posteriormente, associadas entre

si pelo Prof. Dr. Ondemar Dias Jr, com base na avaliação da cultura material

recuperada. As originais camadas III, IV e V passaram a constituir subdivisões da

camada II, sendo chamadas de camadas II superior, média e inferior, respectivamente.

Neste trabalho, exploramos os dados dessas camadas tanto em separado quanto

em associação. Entendendo-se que o horizonte II se associa a um evento contínuo,

porém passível de ser subdividido em períodos de acordo com a estratigrafia, temos a

oportunidade de observar as diferenças na distribuição espacial dos resíduos líticos ao

longo do período.

Page 79: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

61

A principal matéria-prima explorada em todos os períodos da Camada II foi o

sílex, secundado pelo quartzo hialino. O quartzito também ocorreu, porém de forma

inexpressiva, e, assim como no caso da camada III, apenas uma análise tecnológica

específica esclarecerá seu modo de exploração.

Os dados espaciais das camadas II associadas (figuras 109 a 120) indicam uma

forma de ocupação que, novamente, opõe a parte central às regiões próximas às paredes

do fundo e lateral da gruta. Neste conjunto, os setores OA2 e NA3 não se apresentam

como periferias dos setores do fundo, porém associados ao setor NB0, o mais central,

que, entretanto, ocorreu somente na camada II superior.

De modo distinto das camadas anteriores, o setor que apresentou a maior massa

média de praticamente todos os tipos litológicos foi o ND4. Esta alternativa pode ter

sido assumida em decorrência de algum impedimento de ocupação neste período do

setor NB0, como, por exemplo, um bloco calcário desprendido do teto. De fato, a área

deixa de apresentar deposição entre o período representado pela camada III e a II

superior.

Observemos as particularidades de cada subdivisão da camada II.

Camada II inferior

A análise de cluster com base nos dados de quantidade de fragmentos desta

camada (figura 74) apresentou o padrão escada, que costuma ser interpretado como uma

deficiência no agrupamento das amostras. Provavelmente isso ocorreu por se tratar de

números consideravelmente baixos, semelhantes entre si, e com muitas ausências.

Porém, a análise dos tipos litológicos individualizados sugere que se trate de um

palimpsesto de áreas especializadas (figuras 76 a 84).

Em termos gerais, observam-se duas áreas principais de ocorrência, nos setores

ND4 e OB3. O primeiro apresentou os maiores índices de massa média de fragmentos,

enquanto o segundo apresentou uma massa média intermediária, indicando variedade de

tamanhos. Ressalta-se que não se pode afirmar se o depósito está relacionado a áreas de

trabalho ou a descarte secundário.

Os demais setores apresentaram índices baixos de resíduos. Por exemplo, o

setor OA2 apresentou um número maior de fragmentos de quartzo hialino do que de

sílex, entretanto, não chegando a ultrapassar os índices de silexito dos demais setores.

Page 80: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

62

Isso parece sugerir uma área de especialização nesta matéria prima, incluindo o setor

OB3 como periférico, principalmente, pois o primeiro apresenta massa média baixa

enquanto o segundo tem esse índice um pouco mais alto.

O silexito, por sua vez, apresentou o maior número de lascas no setor ND4, que

também teve um índice de massa média intermediário, sugerindo que ali se depositavam

fragmentos grandes e pequenos, produtos de diferentes etapas da cadeia operatória. Já

no setor OB3 e OA2, houve presença apenas de lascas menores, enquanto no setor NA3

houve uma concentração de fragmentos grandes sugerindo se tratar de um núcleo

secundário em relação ao trabalho com silexito. Este núcleo representaria uma

reprodução em menor escala do padrão fundo/centro, com o setor NA3 atuando como

área central e os setores OB3, OA2 e NB4 atuando como fundo ou periferia.

Camada II média

Esta camada apresenta um padrão de distribuição semelhante ao anterior

(figuras 85 a 96), com os setores ND4 e OB3 como áreas principais. Também é possível

observar a oposição entre fundo e centro, já que os setores ND2 e NA1 apresentaram

consideravelmente poucos materiais, porém quando o fazem é com massas médias altas.

Em relação ao quartzo hialino, é possível observar uma concentração apenas no

setor NB4, sem presença de áreas periféricas significativas. Sendo que também se trata

da maior concentração de silexito, este dado sugere que o setor NB4 seja a área

preferencial de depósito dos dois tipos litológicos.

O silexito, por sua vez, parece apresentar novamente um pequeno núcleo de

oposição fundo/centro, com o setor OA2 representando o cerne, e os setores OB3 e

NA3 sua periferia. O setor ND4 parece apresentar um segundo centro, entretanto

possivelmente a periferia estaria mais ao norte, fora da área já escavada.

Esta camada apresentou poucos fragmentos dos demais tipos litológicos

registrados no sítio. As poucas amostras estão associadas aos principais núcleos de

deposição, sugerindo que eram exploradas muito excepcionalmente ou ainda que se

trata de intrusões.

Camada II superior

Page 81: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

63

A camada II superior apresenta variações importantes em relação às

antecedentes (figuras 97 a108). Foram recuperados muito poucos fragmentos em

quartzo hialino, indicando que esta matéria prima não era mais amplamente explorada.

Ocorrem silexitos de massa média intermediária, e poucos fragmentos calcáreos com

massa média bastante elevada, provavelmente associados ao período posterior de

abandono do sítio.

Em termos de distribuição espacial, esta camada não apresenta a oposição

fundo/centro. Na verdade, ela apresenta os setores NB4, OB3 e NB0 com concentrações

maiores de lascas e com massa média compatível. O setor que se destaca por apresentar

massa média alta é o ND4, ao fundo da gruta, no limite norte da área escavada.

Vemos, portanto, uma alteração no padrão de distribuição espacial no período

final do horizonte caçador-coletor. A quantidade de material também diminui, enquanto

a massa média aumenta, indicando possivelmente que os fragmentos fossem trabalhados

apenas expeditamente, e não fossem explorados até a exaustão. A análise tecnológica,

tanto dos próprios resíduos, quanto dos artefatos recuperados poderá lançar luz a

respeito deste período de fortes mudanças, que antecedeu o chamado gap do arcaico.

Camada I inferior

Após o abandono do sítio durante o período conhecido como gap do arcaico, a

gruta voltou a ser ocupada, desta vez por populações horticultoras. Uma grande

quantidade de material foi recuperada nesta camada e um resultado interessante foi

obtido com o cálculo da massa média do total de resíduos líticos: praticamente todos os

setores apresentaram média de 2gr por fragmento (figura 132). É evidente que se trata

de mistura de peças grandes e pequenas de diferentes tipos litológicos, porém a

homogeneidade do resultado aponta para uma atividade mais padronizada, apesar de a

intensidade de ocorrência ser concentrada nas mesmas regiões do fundo da gruta.

Nesta camada, podemos observar quatro áreas com características distintas

(figuras 121 a 132). As duas primeiras, nos setores NB4 e OB3, são os pontos de maior

ocorrência de fragmentos, com o primeiro registrando mais de oito quilos de material,

enquanto o segundo ultrapassou o impressionante valor de 15 quilos. As periferias

dessas áreas são os setores OA2 e NA3, que apresentam pouca quantidade de material e

massa média baixa.

Page 82: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

64

Uma terceira área compreende toda a porção central da área escavada, nos

setores NA1, OA0, NB0 e NC1. Eles registram um certo grau de homogeneidade na

distribuição tanto em termos de quantidade quanto de massa média.

A quarta área se localiza nos setores NC3 e ND2, caracterizados por

quantidades menores de fragmentos, porém com massas média ainda maiores do que o

restante da camada. É interessante ressaltar que a massa média dos fragmentos de

silexitos aumentou de cerca de 1,7 gr por fragmento para mais de 5 gr por fragmento.

Mais uma vez, a análise tecnológica poderá iluminar essas mudanças, esclarecendo se

este aumento se deu por resultado de uma tecnologia de lascamento distinta, por se

tratar de aprovisionamento de matéria prima, ou ainda pelo não esgotamento dos

núcleos.

Camada I superior

A camada I superior é bastante delgada e a mais superficial. Foi a única que

abrangeu todo o sítio. Pouca quantidade de fragmentos foi atribuída a este período,

porém o índice de massa média foi bastante elevado, destacando-se principalmente os

silexitos e calcários (figuras 133 a 144).

Em um primeiro contato, é bastante difícil identificar o padrão da distribuição

espacial deste material. Entretanto, após uma observação paciente, é possível identificar

três áreas de concentração de resíduos, com a particularidade de eles apresentarem

menor porte, nos setores NB0, NB2 e OA2. O restante da superfície se apresentou como

área periférica ou de transição, à exceção dos setores NB4/NA3 e LB1/LC0, que

apresentaram poucos resíduos. Distintamente do padrão apresentado nas camadas

associadas a caçadores-coletores, não é possível atribuir nenhuma oposição

fundo/centro, mas sim um padrão radial a partir de um ponto central, aparentemente no

setor NA1.

Seria muito interessante cotejar estes dados das Camadas I inferior e superior,

com a distribuição espacial dos enterramentos, tanto os que fizeram recurso a covas

quanto os que foram apenas depositados. É importante lembrar que, uma vez que

durante o período horticultor o espaço do sítio foi utilizado também com propósitos

funerários, a função e o significado do espaço da gruta mudaram.

Page 83: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

65

Capítulo 5 – Estudo da atividade magnética dos resíduos

Já ao longo da análise anteriormente realizada nos resíduos líticos da gruta do

Gentio II, (COSTA 2007), foi observado que alguns fragmentos e lascas apresentavam

atividade magnética, respondendo a um ímã permanente. Esta particularidade foi

registrada, porém estava além dos objetivos daquele trabalho, não sendo explorada

explanatoriamente nem tampouco interpretativamente.

No decorrer do presente trabalho, entretanto, surgiu a oportunidade de se

desenvolver uma investigação neste sentido, contando com a orientação do Profº Miguel

A. Novak, professor da disciplina “Física aplicada à Arqueologia”, do Mestrado em

Arqueologia do Museu Nacional, e acompanhamento da Profª. Elis Sinnecker, ambos

do Instituto de Física/UFRJ. Foram conduzidas medidas investigativas e experimentais

no Laboratório de Baixas Temperaturas, no referido Instituto, sendo possível chegar à

formulação de uma hipótese em relação à presença deste comportamento em parte do

material lascado recuperado no sítio.

5.1. Medidas investigativas

A primeira medida realizada foi em uma estilha em sílex, com medidas 9 x

6mm, que apresentava atividade magnética. Foi utilizado um sistema baseado em um

sensor SQUID, (Superconducting Quantum Interference Devices), que é um

magnetômetro muito sensível usado para medir campos magnéticos extremamente

pequenos. O que foi utilizado neste procedimento permite controle da temperatura da

amostra, podendo ser realizadas medidas de campos magnéticos em temperatura

ambiente, e seu sistema de refrigeração criogênica permite atingir temperaturas muito

baixas, próximas de zero Kelvin.

Os resultados apontaram um comportamento típico de grãos ferromagnéticos

(ou ferrimagnéticos) muito finos. Estas partículas são o resultado da organização de íons

de metais de transição (provavelmente Fe) dispersos na rocha. Estes íons podem

difundir dentro do material e um movimento de aglutinação pode ocorrer quando a

rocha é aquecida, recebendo a energia necessária para a migração dos íons.

Page 84: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

66

Figura 44 - Preparação da amostra para medidas no SQUID.

Uma vez que a atividade magnética foi associada ao aquecimento da rocha

após sua formação geológica e inúmeros resíduos recuperados da Gruta do Gentio II

apresentavam alterações térmicas sem a ocorrência de magnetismo, restava identificar

porque apenas parte dos resíduos apresenta este comportamento.

No sentido de compreender se esta diferença se encontrava na diferente

composição das rochas, foram selecionadas duas lascas em silexito arqueológico com

gênese geológica distinta, a saber: amostra 1 - de silexito maciço castanho, com

resquício de córtex calcário, e marcas de alteração térmica, incluindo brilho ceroso por

fratura após a queima; amostra 2 - silexito oolítico, que não respondia ao ímã

permanente e apresentava superfície acinzentada registrando alteração térmica.

Estas amostras foram analisadas com a técnica da difração de raios X, aplicada

com o auxílio do doutorando Edson Cardoso no Laboratório de Instrumentação Nuclear

da COPPE, UFRJ, coordenado pelo Prof. Dr. Ricardo Tadeu Lopes, responsável pela

disciplina “Física aplicada à Arqueologia”, do Mestrado em Arqueologia do Museu

Nacional.

Os resultados demonstraram que os silexitos apresentavam cadeias químicas

muito semelhantes, com apenas ligeiras distinções (figuras 45 e 46). Foi adotada uma

angulação de medidas entre 15º e 45º pois é esta é a faixa em que comumente as rochas

silicosas são trabalhadas. No entanto, em desdobramentos futuros desta investigação,

espera-se refazer as medidas, com angulação expandida, pois de acordo com os

objetivos deste trabalho devemos procurar as diferenças e não as semelhanças entres as

duas amostras, e uma angulação maior pode mostrar outros picos, relacionados a outras

cadeias químicas, além do óxido de silício (SiO2).

Page 85: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

67

Figura 45 - Resultado da difração de raios X na amostra de sílex oolítico.

Figura 46 - Resultado da difração de raios X na amostra de sílex maciço.

Figura 47 - Silexito arqueológico (amostra 1) sendo medido com a técnica da difração de raios X.

As mesmas amostras foram analisadas no medidor de suscetibilidade

magnética Bartington, modelo MS2, no Laboratório de Baixas Temperaturas do

Instituto de Física da UFRJ, com o Dr. Miguel Novak. Elas apresentaram resultados

bastante distintos entre si. Enquanto a amostra 1 mostrou comportamento

ferromagnético ou ferrigmagnético, a amostra 2 apresentou comportamento

paramagnético.

Page 86: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

68

Entretanto, apesar de apresentar este tipo de comportamento magnético, foi

observado que, na amostra 1, apenas a parte próxima ao córtex respondia ao ímã

permanente, colocando em dúvida se somente o córtex apresentaria condições para

apresentar atividade magnética.

5.2. Experimentação com alta temperatura

Para responder aos questionamentos acerca do comportamento magnético

restrito ao córtex da amostra 1 foi desenvolvido um experimento no mesmo

equipamento Bartington MS2. Este aparelho possui o acessório modelo MS2WFP, que

consiste em um medidor que aquece as amostras a temperaturas elevadas.

Com autorização do Instituto de Arqueologia Brasileira, a amostra 1 foi

partida, de modo a separar a porção que não apresentava atividade magnética,

denominada de amostra 1A. Ela foi então levada ao aparelho e aquecida gradativamente

até a temperatura de 750º C, considerada compatível com a de uma fogueira aberta, e

depois resfriada (figura 48).

Os resultados das medidas registradas durante a experimentação são

apresentadas na figura 49. É possível observar um aumento do sinal magnético, com um

pico na temperatura de 553º C, seguido por uma queda alcançando valores negativos

(paramagnéticos). Durante o resfriamento da amostra, o sinal voltou a ser positivo,

apresentando valores ainda mais altos do que antes do aquecimento. Após o

resfriamento total, a amostra foi testada com um ímã permanente, e respondeu a ele com

bastante intensidade, demonstrando que o aquecimento daquela porção também resultou

no surgimento da atividade magnética.

Figura 48 - Experimentação com aquecimento da amostra 1A no medidor de suscetibilidade magnética Bartington MS2, sob a coordenação do Prof. Dr. Miguel Novak.

Page 87: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

69

Figura 49 - Gráfico da medida magnética da amostra 1A durante a experimentação com

aquecimento.

5.3. Tratamento térmico: uma hipótese

Para tentarmos uma interpretação comportamental desta propriedade

magnética, pesquisamos quais vantagens poderiam ser obtidas com o aquecimento desse

tipo de rocha. Na Europa há vários estudos que lidam com a questão do uso do

tratamento térmico para a melhoria das propriedades de lascamento e como esta

atividade deixa registro no material arqueológico. Aqui será explorado o potencial de

um recente estudo experimental.

Domanski et al. (2009) realizaram experimentações com tratamento térmico

em três tipos de silexitos, que foram explorados com freqüência pelas populações pré-

históricas da Polônia. Os tipos são o bandado, o oolítico (spotted), e o maciço castanho

(chocolate), aqui informalmente denominado de “doce de leite”. Segundo os autores,

cada tipo foi apropriado para diferentes ferramentas, por conta de suas propriedades

mecânicas e características petrológicas. O oolítico e o maciço foram utilizados para

produção de lâminas, enquanto o bandado foi utilizado preferencialmente para produção

de machados polidos.

Amostras não arqueológicas desses silexitos foram submetidas ao aquecimento

em forno elétrico até uma temperatura de 400º C, e tiveram avaliadas suas alterações de

cor, brilho, dano, lascabilidade e estrutura cristalina. Em relação à cor, as variações em

todos os tipos foram súbitas e variáveis, sendo difíceis de reconhecer sem a comparação

Page 88: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

70

com peças da mesma origem não aquecidas. O brilho, por sua vez, apresentou mudanças

mais consistentes. As superfícies lascadas após o aquecimento mostraram brilho intenso

e ceroso, sendo facilmente reconhecíveis. Os danos foram registrados principalmente

para o tipo oolítico, que está sujeito a explosões durante o aquecimento devido às

inúmeras inclusões de calcita que se expandem de modo distinto da porção silicosa

quando aquecidas.

A diferença no grau de lascabilidade foi associada às alterações na estrutura

cristalina da rocha durante o aquecimento. Foi registrada uma redução na resistência em

todos os tipos de silexito, sendo que o tipo maciço teve sua lascabilidade melhorada e

equiparada à da obsidiana. “Esta redução é causada pela recristalização dos cristais de

sílica dentro do sílex. O índice de cristalinidade do quartzo nos sílex bandados aumenta

substancialmente, refletindo um aumento no tamanho médio do cristal, e as porções de

fibras entrelaçadas de calcedônia dentro dos sílex maciço e oolítico se tornam mais

granulares após o aquecimento. Fraturas podem se propagar mais facilmente em torno

dos cristais de quartzo maiores e mais equigranulares dos sílex tratados termicamente, a

resistência do material aquecido é reduzida.” (DOMANSKI et al. 2009)

Este processo de recristalização também libera íons que, devido à energia

recebida pelo aquecimento, migram e se aglutinam, formando nano e micro partículas,

funcionando como nano-imãs que geram um campo magnético forte o suficiente para

ser percebido por experimentos de baixa sensibilidade (como atração por um ímã

permanente).

Nas amostras selecionadas para este trabalho foi observado que a resposta

magnética se localizava apenas no córtex e superfícies externas das lascas e estilhas,

principalmente junto ao talão. Entendendo que a recristalização ocorre de forma gradual

e é mais intensa na porção mais aquecida, esta atividade, localizada nas porções

originalmente mais externas, sugere que as rochas foram aquecidas a altas temperaturas

antes do lascamento.

A hipótese formulada é que a atividade magnética apresentada nas faces

externas, talões e córtex das lascas e estilhas de silexito é o registro arqueológico do

tratamento térmico nestas rochas. Esta proposta deve ser analisada sistematicamente em

séries de resíduos, tanto da Gruta do Gentio II quanto de outros sítios cujos resíduos

líticos apresentem a mesma propriedade. A literatura especializada, de um modo geral,

não cita atividade magnética relacionada à silexitos, entretanto, como esta

possivelmente se restringe apenas a uma fração dos resíduos, e estes são comumente

Page 89: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

71

tratados com importância secundária nas análises líticas, é possível que o

comportamento já tenha sido detectado, porém sem ter sido ressaltado nas publicações.

Page 90: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

72

Capítulo 6 - Interpretação dos resultados

A criatividade do pesquisador deve sempre deve ser cultivada, ainda mais

quando se lança o olhar para um objeto pouco valorizado, no caso dos resíduos líticos,

ou já abundantemente bem trabalhado, como é o caso do sítio arqueológico Gruta do

Gentio II. Tanto a Gruta quanto os resíduos possuem um valioso potencial informativo,

que pode e deve ser continuamente explorado de formas alternativas.

Ao contextualizar o sítio no âmbito das recentes discussões acerca do processo

de povoamento da América do Sul, formalizadas por Araujo et al. (2005-2006),

podemos observar o papel relevante que este registro arqueológico representa no

cenário continental. Sempre ressaltado em trabalhos que lidam com a atividade humana

no Holoceno inicial, o Gentio ainda carece de uma caracterização paleoambiental

específica, que contemple os períodos de mudanças culturais drásticas e permita uma

inserção nos panoramas mais amplos, ora em debate.

No presente trabalho, foi possível contribuir com inferências a respeito das

continuidades e descontinuidades na escolha da matéria-prima e nos padrões de

distribuição espacial dos resíduos na gruta, sendo possível também a formulação de uma

hipótese acerca da atividade tecnológica de tratamento térmico. Ressaltamos que foram

utilizados dados apenas dos resíduos líticos e que foi adotada uma abordagem não

tecnológica em resposta aos questionamentos formulados em nosso trabalho anterior, no

qual o objetivo principal era a classificação e caracterização dos tipos litológicos, e que

estes métodos se monstraram eficientes e adequados.

Os tipos litológicos encontrados no material analisado foram os mesmos

identificados anteriormente em nosso trabalho de 2007, a saber: sete variedades de

silexitos; quartzo hialino; quartzo leitoso; quartzito (orto e meta); arenito; calcário;

opala/calcedônia/ágata (SiO2). Também ocorreram outras matérias primas, porém de

modo inexpressivo, como foi o caso do quartzo da variedade citrino, identificado em

cerca de quatro fragmentos classificados sob a categoria ‘outros’.

Em relação à escolha da matéria prima pelas populações dos diferentes

períodos, observamos três associações na análise de cluster apresentada no capítulo 3.

Deve-se destacar que a camada que apresentou a maior dissimilaridade em relação ao

conjunto do sítio foi a IV. A principal característica responsável por essa divisão é a

proporção de quartzo hialino no número de lascas, tendo sido registrada uma

Page 91: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

73

porcentagem bem mais alta desta matéria prima na camada IV que nas demais. Os

dados também apontam um alto grau de especialização, pois praticamente não

ocorreram outros tipos litológicos além de sílex e de quartzo hialino.

As demais camadas se associaram de modo a formar dois grupos: um,

exclusivamente com os registros relacionados a caçadores-coletores, e outro com

aqueles de horticultores. É interessante observar que o ordenamento das camadas desta

parte do gráfico de clusteres coincide com a sequência cronológica da estratigrafia. Isto

ocorre pois os dados apresentam tendências de diminuição da proporção de algumas

matérias-primas, como o quartzo hialino e o próprio sílex, e aumento da proporção de

quartzito, e calcário.

Vemos, portanto, que em relação à escolha e utilização da matéria-prima, são

registrados dois momentos de ruptura. O primeiro, entre a camada IV e as seguintes,

datando de cerca de 9.000 A.P., e o segundo, entre as camadas e II e I, marcando o

limite entre os vestígios de caçadores-coletores e horticultores, lembrando que cerca de

3.500 anos separam os dois registros. Outro ponto que deve ser ressaltado a respeito

deste segundo momento é a mudança de função do sítio, pois conforme apontado por

SENE (2008) foi somente entre os horticultores que o espaço da gruta passou a ser

utilizado para fins funerários.

Através da observação da combinação entre os tipos litológicos e tamanhos

dos resíduos foi possível sugerir que fatores culturais são os responsáveis pelo padrão

de distribuição espacial dos vestígios. Entretanto, neste sentido, um estudo do

modelamento da superfície do solo em cada período poderia contribuir para a

confirmação destas questões, uma vez que indicaria direções preferenciais de

escoamento de águas, áreas mais abrigadas ou mais iluminadas e que pudessem

representar áreas resultantes de escolhas culturais. Em relação à distribuição espacial,

foi possível também identificar diferentes padrões para cada camada.

A camada IV apresentou três áreas, duas com fragmentos de pequeno porte,

sendo uma com predominância de silexito, e outra com intensa ocorrência de quartzo

hialino. A terceira área, na parte central da entrada da gruta, apresenta fragmentos de

maior porte, podendo representar aprovisionamento de matéria-prima ou ser o registro

de alguma etapa específica da cadeia operatória. Ressalta-se, entretanto que, sem a

associação com os demais remanescentes arqueológicos, não é possível afirmar se

representam áreas de trabalho ou de descarte.

Page 92: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

74

A camada III apresentou uma característica semelhante à da camada anterior, o

padrão de divisão centro/fundo. Fragmentos de maior porte foram recuperados nos

setores centrais e da entrada da gruta, enquanto nos do fundo, localizaram-se fragmentos

de menor porte, porém em maior quantidade. A diferença da camada III para a que a

antecedeu está na falta de especialização de áreas. A região mais ao fundo se apresentou

como uma grande área de dispersão de resíduos, onde pode se distinguir dois pontos de

concentração nos setores OB3 e NB4.

Ao longo das três divisões que compõem a camada II foi possível observar que

elas não apenas apresentam diferenças entre si em relação ao padrão de distribuição

espacial, como essas mudanças demonstram uma tendência cuja forma final se

assemelha ao padrão registrado mais tarde, entre os horticultores da camada I.

A oposição entre fundo e centro foi registrada, mas, ao invés de fundo com

muitos fragmentos pequenos e centro com poucos fragmentos grandes, o que se

observou foi o fundo com muitos fragmentos de todos os tamanhos e centro com pouca

ocorrência de resíduos. O setor NB0 que representou o ponto mais central nas camadas

anteriores, não ocorreu nas camadas II inferior e média, voltando a ser registrado

somente na camada I superior. O papel de área com fragmentos de maior porte foi

cumprido pelo setor ND4, que se não se situa em área central, mas sim próximo à

parede do fundo da gruta. Observa-se também uma tendência à homogeneidade na

distribuição dos resíduos, bem como no tamanho médio dos fragmentos, sendo mais

difícil a identificação de limites de áreas na camada II superior que na II inferior.

O período horticultor foi marcado pelo significativo aumento do tamanho

médio dos resíduos em sílex. A análise tecnológica poderá esclarecer se este aumento de

cerca de 1,7g para mais de 5g em média por fragmento, se deu por resultado de uma

tecnologia de lascamento distinta, por se tratar de aprovisionamento de matéria-prima,

ou ainda pelo não esgotamento dos núcleos. Em termos de distribuição espacial, pode-

se observar mais uma grande dispersão de fragmentos do que áreas de concentração.

Na camada I inferior foi recuperada uma impressionante quantidade de material e os

setores do fundo apresentaram cerca de quatro vezes mais fragmentos do que os

centrais. Entretanto, há muito material por toda a camada. Isso está relacionado ao longo

período representado por ela, cerca de 3.000 anos de uma ocupação provavelmente mais

frequente e mais densa que as anteriores.

Notamos que, também em relação à distribuição espacial, foi possível

identificar dois momentos de mudanças de padrão, que coincidem com aqueles

Page 93: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

75

registrados para a escolha da matéria prima. O primeiro registro de mudança ocorre

entre as camadas IV e III, quando deixam de ocorrer áreas especializadas, e o segundo

entre as camadas II e I, quando um padrão mais disperso se estabelece. As datações

disponíveis para o sítio permitem situar o primeiro momento entre cerca de 10.190 ±120

(camada IV) e 9.040±70 AP (camada III), e o segundo entre 7.295 ±150 e 3.490 ±120

AP.

Fenômeno semelhante também foi registrado, em escala regional por Bueno

(2007), ao trabalhar com a região do Lajeado, no médio rio Tocantins. Após prospectar

a região no âmbito do Projeto de Resgate do Patrimônio Arqueológico da Usina

Hidrelétrica do Lajeado – TO, inúmeros sítios foram identificados, trabalhados e

datados. As datações apontam para uma ocupação da região durante praticamente todo o

Holoceno, podendo ser definidos quatro períodos, a saber: horizonte 1 (ca. 10.530 +/-

90 e 8.980 +/-70 AP); horizonte 2 (ca. 5.980 +/-50 e 5.010 +/- 70 AP); horizonte 3,

representada por sítios líticos recentes (ca. 2.450 +/- 40 e 1.440+/- 60 AP); período

cerâmico (ca. 1.530 +/-60 e 510 +/-40 AP). Através da análise tecnológica e artefatual o

Autor concluiu que:

“A principal ruptura encontrada na região no que tange à organização tecnológica estaria entre os Horizontes 1 e 2. Apesar de haver algumas diferenças com relação ao conjunto de artefatos produzidos nas indústrias líticas associadas aos Horizontes 2, 3 e cerâmico, no que tange à organização tecnológica, parece haver entre esses Horizontes bem mais indicadores de continuidade do que de mudanças.” E, com base em suas análises e resultados, formulou a seguinte hipótese: “Segundo essa perspectiva, surge uma hipótese bastante interessante para pensarmos as modificações identificadas no registro arqueológico de diferentes partes do Brasil Central, a partir dos 9.000 ou 8.000 anos AP. A desaparição dos artefatos que caracterizamos como toolkit, associada a modificações na forma de uso e ocupação do espaço podem indicar uma alteração ou uma fragmentação nas relações sociais dos diferentes grupos que habitaram essa região no início do Holoceno e que seria responsável pela homogeneidade tecnológica característica desse período.”

Portanto o registro dessa mudança cultural no Holoceno inicial parece ser

coincidente com o desenvolvimento macroregional do Brasil central. O segundo

momento tem seus motivos mais debatidos e se vinculam com o processo de transição

cultural para a horticultura. Ambos os registros estão de acordo com o que foi

observado para as demais categorias de vestígios recuperados do sítio.

Esses resultados confirmam o potencial informativo dos resíduos de

lascamento. Entretanto, o material proveniente do sítio arqueológico gruta do Gentio II,

Page 94: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

76

ao ser analisado atentamente, teve uma de suas características ressaltadas. Parte dos

fragmentos líticos apresentava atividade magnética, e, no decorrer do presente estudo,

surgiu a oportunidade de investigar a origem deste comportamento.

Com a orientação do Prof. Miguel Novak, e acompanhamento da Profª. Elis

Sinnecker, ambos do Intituto de Física da UFRJ, foram conduzidas medidas

investigativas e experimentais em fragmentos arqueológicos de sílex. Foi observada que

a atividade magnética se apresentava principalmente nas faces originalmente externas,

córtex e talões das lascas analisadas. Esta particularidade foi testada fragmentando-se

uma lasca de modo a separar a porção que não apresentava atividade magnética e a

aquecendo à temperatura de 750º C. Durante o aquecimento, as mudanças na atividade

magnética foram registradas no acessório modelo MS2WFP do medidor de

suscetibilidade magnética Bartington MS2. E, após este experimento, o fragmento

passou a responder ao ímã magnético com bastante intensidade.

Esse resultado sugere que as rochas que apresentam esta atividade localizada

nas porções originalmente mais externas foram aquecidas a altas temperaturas antes do

lascamento. O que permite formular a hipótese de que a atividade magnética

apresentada nas faces externas, talões e córtex das lascas e estilhas de silexito é a

assinatura arqueológica do tratamento térmico nestas rochas.

A literatura especializada tradicionalmente não considera a existência de

tratamento térmico no território brasileiro. Entretanto esta visão está baseada nos casos

registrados em outros continentes, como Oceania e Europa, que utilizam fornos e

cozimentos de longa duração. Por outro lado, o registro de material termicamente

alterado em sítios brasileiros parece ser frequente, e o aquecimento das rochas, mesmo

por um período curto, melhora consideravelmente as propriedades de lascamento

(DOMANSKI 2009). Portanto, não há motivos para se desconsiderar a ocorrência de

tratamento térmico em matérias-primas rochosas na pré-história brasileira.

Por tudo aqui apresentado, defendemos que os resíduos líticos devem ter suas

potencialidades mais exploradas. A chave para algumas respostas há muito buscadas

pode estar em abordagens alternativas a vestígios que, por vezes, têm sua relevância

minimizada nas análises e interpretações culturais no âmbito da arqueologia brasileira.

Esperamos que a pesquisa aqui desenvolvida produza desdobramentos futuros.

O estudo da distribuição espacial é uma ferramenta cada vez mais acessível, porém

ainda pouco aplicada, e sua intensificação é muito desejável. As análises físico-

Page 95: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

77

químicas devem ser buscadas através de cooperações interdisciplinares, e, longe de

serem difíceis e intangíveis, são ferramentas práticas e úteis.

Por fim, esperamos ter somado nossa contribuição às muitas já feitas à

arqueologia da Gruta do Gentio II, para conhecermos um pouco mais a respeito dos

diversos grupos que a habitaram em diferentes períodos, e em última instância, um

pouco de nós mesmos, os humanos.

Page 96: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

78

Referências bibliográficas

ARAUJO, A. G. de M.; PILÓ, L. B.; NEVES, W. A.; ATUI, J. P. V. Human

occupation and paleoenvironments in south America: expanding the notion of an “arcaic

gap”. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo. nº 15-16. 2005-2006.

pp. 3-35.

BARBOSA-GUIMARÃES, M. Reconstituição espacial de um assentamento de

pescadores, coletores e caçadores litorâneos no Rio de Janeiro. In: Tenório, M. C. (Ed.),

Pré-História da Terra Brasilis. Rio de Janeiro: EdUFRJ/MN. 1999. p. 132-138.

BARBOSA-GUIMARÃES, M. Análise espacial intra-sítio: Um estudo de caso no

sítio Ilha da Boa Vista IV, Cabo Frio, RJ. Arquivos do Museu Nacional. Rio de

Janeiro. 2006. v. 64, n. 4, p. 271-286.

BARBOSA-GUIMARÃES, M.; GASPAR, M. D. A organização espacial das

estruturas habitacionais e distribuição dos artefatos no sítio Ilha da Boa Vista I, Cabo

Frio, RJ. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. USP. São Paulo. 1994. 4:31-

38.

BINFORD, L. A consideration of archaeological research design. American

Antiquity. 1964. 29:425-441.

BIRD, R. M.; DIAS JUNIOR, O.; CARVALHO, E. T. de. Subsídios para a

arqueobotânica no Brasil: o milho antigo em cavernas de Minas Gerais. Revista de

Arqueologia, São Paulo, v. 6, n. , p.14-31, 1991.

BLANKHOLM, H. P.. Intrasite Spatial analysis in Theory and Practice.

Denmark. Aarhus University Press. 1991. pp .406.

BUENO, L. M. R. Variabilidade tecnológica nos Sítios líticos da região do Lajeado,

médio rio Tocatins. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. Suplemento 4. USP.

São Paulo. 2007. 215 p.

COHEN, Y. A. Culture as adaptation. In: Cohen, Y. A. (ed.) Man in Adaptation .

Chicago, Aldine. 1968. pp.: 40-60.

COSTA, B. R. da. Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos nos resíduos

de lascamento da Gruta do Gentio II, Unai-MG. Monografia (especialização).

Departamento de Geologia e Paleontologia. MN-UFRJ. 2007.

Page 97: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

79

COSTALL, A. On being the right size: affordances and the meaning of scale. In:

LOCK, G.; MOLYNEAUX, B. L. (eds) Confornting escale in archaeology. Issues of

theory and practice. USA. Springer. 2006. pp. 15-26.

CROLL, E., PARKIN, D. (eds.). Bush base: forest farm. Culture, Environment

and Development. London, Routledge, Parte I. 1972. pp.3-36.

CARR, C. The Nature of Organization of Intrasite Archaeological Records and

Spatial Analytical Approaches to their Investigation. Advances in Archaeological

Method and Theory. 1984. pp.:103-222.

DIAS JUNIOR, O. F. Desenvolvimento cultural no horizonte 9000/4000 anos A.P.

no Brasil tropical. Revista de Arqueologia Americana: Instituto Panamericano de

Geografia e Historia, México, n. 4, p.55-87, jul./dez. 1991.

DIAS JUNIOR, O. F. As origens da horticultura no Brasil. Revista de Arqueología

Americana: Instituto Panamericano de Geografia e Historia, México, n. 7, p.7-52,

jan./jun. 1993. Semestral.

DOMANSKI, M.; WEBB, J.; GLEISHER, R.; GURBA, J.; LIBERA, J.;

ZAKOSCIELNA, A. Heat treatment of Polish flints. Journal of archaeological

science. 2009 (no prelo)

DRENNAN, R. D. Statistics for archaeologists: A commonsense approach.

Plenum Press, New York. 1996

ELLEN, R. Introduction. In: ELLEN, R. e FUKUI, K. (eds.) Redefining Nature.

Ecology, Culture and Domestication. Oxford, Berg. 1996. pp.1-36.

FERREIRA, L. F.; ARAÚJO, A. J. G. de; CONFALONIERI, U. E.. Os parasitos do

Homem Antigo. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, Ano 1, n° 3, p.63-67, nov./dez. 1982.

Bimestral.

FOLK, R. L. Petrology of sedimentary rocks. Texas: Hemphill Publishing

Company, 1974. 184 p.

HODDER, I; ORTON, C. Spatial Analysis in Archaeology. Cambridge.

Cambridge University Press. 1976.

HODDER, I. Spatial analysis in archaeology. New York. Cambridge University

Press. 1989.

INGOLD, T. Culture and the perception of the Environment. In: Croll, E. e Parkin,

D. (eds), Bush base: forest farm. Culture, Environment and Development. London,

Routledge, Capítulo 3. 1972. p.39-56.

Page 98: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

80

Laming-Emperaire, A. Guia para o Estudo das Indústrias Líticas da América do

Sul. Manuais de arqueologia. Curitiba, Centro de Ensino e Pesquisas Arqueológicas da

Universidade Federal do Paraná. 1967.

MACHADO, Lilia Maria Cheuiche et al.. Estudo prévio de práticas funerárias e o

encontro de parasitos humanos, na gruta do Gentio II, Unaí, MG. Boletim do Instituto

de Arqueologia Brasileira: Série Ensaios, Rio de Janeiro, n. 2, p.6-32, 1981.

MACHADO, Lilia Cheuiche. Biologia de grupos indígenas pré-históricas do sudeste

do Brasil: As tradições Itaipu e Una. In: MEGGERS, Betty. Prehistoria

Sudamericana: nuevas perspectivas. Chile: Taraxacum, 1992. p. 77-103.

MACHADO, Lilia Cheuiche. Sobre as práticas funerárias de cremação e suas

variações em grutas do Norte e Nordeste e Minas Gerais. Revista do Cepa: Anais da V

Reunião Científica da SAB, Santa Cruz do Sul, v. 20, n. 17, p.235-247, set. 1990.

MARQUETTI, A., VIALI, L. Princípios e Aplicações de Regressão Local. Análise

econômica. UFRGS. Nº 2. Ano 22- Setembro. 2004.

PETTIJOHN, F. J.; POTTER, P. E.; SIEVER, R. Sand and Sandstone. Second

Edition Nova York: Springer-verlag, 1987. 618 p.

PROUS, André. Alimentação e “Arte” rupestre: nota sobre alguns grafismos pré-

históricos brasileiros. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 6, n. , p.1-13, 1991.

PROUS, André. Os instrumentos lascados. Arquivos do Museu de História

Natural , Belo Horizonte, vol. XII , p.229-274, 1991.

PROUS, André. Arqueologia Brasileira. Brasília: Universidade de Brasília, 1992.

613 p.

SAHLINS, M. D. The origin of society. In: Cohen, Y. A. (ed.) Man in

Adaptation.The Biosocial Background. Chicago, Aldine, [1960] 1968. pp. 108-114.

SILVA, L. P. R. O estudo das Harris Lines em esqueletos do sítio arqueológico

MG-RP-06, Gruta do Gentio II, Unaí, Minas Gerais. Monografia (espeialização).

Curso de especialização em paleopatologia e paleoepidemiologia no Brasil. Escola

Nacional de saúde pública, Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro. 1991.

SCHIFFER, M. B. Archaeological Context and Systemic Context. American

Antiquity. 1972. 37:156-165.

SCHIFFER, M. B. Behavioural Archaeology. Academic Press: New York &

London. 1976.

SCHIFFER, M. B. Formation Processes of the Archaeological Record. Univ. of

Utah Press. Austin. 1996.

Page 99: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

81

SCHMITZ, Pedro Ignácio (Org.). Contribuciones a la prehistoria de Brasil. São

Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 1981. 243 p. (Antropologia n° 32).

SEDA, Paulo Gomes. A arte rupestre em Unaí. Arquivos do Museu de História

Natural , Belo Horizonte, n.VII/VIII, p.397-408, 1981-1982.

SEDA, P. R. G., CARVALHO, E.; Os sítios com sinalações pesquisados pelo IAB:

um guia para cadastramento. Boletim do Instituto de Arqueologia Brasleira, Rio de

Janeiro, v. 9, n. , p.23-67, 1982.

SENE, G. A. M. Rituais Funerários e Processos Culturais: Os Caçadores-

Coletores e Horticultores Pré-Históricos do Noroeste de Minas Gerais. 254 f.

Dissertação (Mestrado) - Museu da Arqueologia e Etnologia, Universidade de São

Paulo, São Paulo, 1998.

SENE, G. A. M. Rituais funerários e processos culturais: os caçadores coletores e

horticultores pré-históricos do Noroeste de Minas Gerais. Canindé: Revista do Museu

de Arqueologia de Xingó, Sergipe, n. 3, p.105-134, dez. 2003.

SENE, G. A. M. Indicadores de gênero na pré-história brasileira: contexto

funerário, simbolismo e diferenciação social. O sítio arqueológico Gruta do Gentio

II, Unaí, Minas Gerais. 389 f. Tese (Doutorado) -Museu da Arqueologia e Etnologia,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

SHENNAN, S. Quantifying archaeology. Edinburgh, Edinburgh University Press.

1988.

SOUZA, M. A. T.; SYMANSKI, L.C.P. Análise distribucional intra-sítio em

arqueologia histórica: algumas aplicações. Revista de Arqueologia. Sociedade

Brasileira de Arqueologia. 1996. 9:25-42.

STEWARD, J. H. Levels of sociocultural integration: na operacional concept;

Multilinear evolution: evolution and process. In: Manners, R. e Kaplan, D. (eds.)

Theory in Anthropology: a soucerbook. Chicago, Aldine-Atherton, [1951, 1955]

1968. pp. 127-136, 241-250.

STEWARD, J. H.. The concept and method of cultural ecology, In: Hammond, P. E.

(ed.) Cultural and Social Anthropology. Selected Readings. New York, Macmillan,

[1955] 1964. pp. 427-436.

TEIXEIRA, W. et al. (Org.). Decifrando a Terra. 2ª Reimpressão São Paulo:

Oficina de Textos, 2003. 558 p.

VIANA, S. Análise espacial intra-sítio: o estudo do sítio Lourenço (GO-CA-14).

Revista de Arqueologia. Sociedade Brasileira de Arqueologia. 1996. 9:65-87.

Page 100: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

82

VIANA, S. et al. Análise intra-sítios. In: Resgate dos sítios arqueológicos

Gengibre (GO-CA-27) e Lourenço (GO-CA-14). IGPA. Universidade Católica de

Goiás. Goiânia. 1997. pp. 103-114.

WAGNER, R.. The invention of culture. Chicago. The University of Chicago

Press. Introdução e Cap. 1. [1975] 1981. pp.XI-16.

WHITE, L. Tools, techniques and energy. The evolution of culture. In: Hammond,

P. B. (ed.) Cultural and Social Anthropology. New York, Mc Graw-Hill, [1959] 1964.

pp.: 26-43; 406-426.

WÜST, I.. Aspectos da ocupação pré-colonial em uma área do Mato Grosso de

Goiá:s uma tentativa de análise espacial. Dissertação de Mestrado. USP, São Paulo.

1983a

WÜST, I.; Carvalho, H. B. Novas perspectivas para o estudo dos ceramistas pré-

coloniais do Centro-Oeste brasileiro: a análise espacial do sítio Guará 1 (GO-NI-100).

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo, 1996. 6:47-81.

WÜST, I.. Continuities and discontinuities: archaeology and ethnoarchaeology in

the heart of the Eastern Bororo territory, Mato Grosso, Brazil. Antiquity 1998a

72(277):663-675.

http://simbolosnacionais.blogspot.com/2007/07/estado-de-minas-gerais.html

Page 101: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

83

Anexos

Page 102: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

84

OB

3

NA

3

NB

0

OA

2

NB

4

calcárioquartzitoqzoleitosoarenitoSiO2Outrossilexitoqzohialino

600121125750

341002709

1200027914

174007730576

331810523838169

Camada IV - Q

Figura 50 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada IV, com base na

quantidade de fragmentos.

NB

4

NB

0

OB

3

NA

3

OA

2

calcáriosilexitoquartzitoqzoleitosoSiO2Outrosarenitoqzohialino

11641592292521069216

3172925004040

78541001412440

1134435306015

208412901380114

Camada IV - P

Figura 51 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada IV, com base no

peso total do material.

Page 103: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

85

0 1 2 3 4 5 6IV - Arenito

-50

-25

0

Sim

ilarit

y

NB

4

NA

3

NB

0

OA

2

OB

3

0 1 2 3 4 5 6IV - calcário

-800

-400

Sim

ilarit

y

NB

4

NA

3

NB

0

OB

3

OA

2

0 1 2 3 4 5 6IV - Outros tipos líticos

-9

-6

-3

Sim

ilarit

y

NB

4

OA

2

OB

3

NA

3

NB

0

0 1 2 3 4 5 6IV - Quartzito

-40

-32

-24

-16

-8

Sim

ilarit

y

OA

2

OB

3

NB

4

NA

3

NB

0

0 1 2 3 4 5 6IV - Qzo Leitoso

-30

-20

-10

Sim

ilarit

y

NB

4

NA

3

OB

3

NB

0

OA

2

0 1 2 3 4 5 6IV - Silexito

-1200

-800

-400

Sim

ilarit

y

NB

4

NB

0

OB

3

NA

3

OA

2

0 1 2 3 4 5 6IV - SiO2

-16

-8

Sim

ilarit

y

OA

2

OB

3

NB

4

NA

3

NB

0

0 1 2 3 4 5 6IV - Total

-3000

-2000

-1000

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

4

NA

3

NB

0

OA

2

0 1 2 3 4 5 6IV - Qzo Hialino

-500

-250

Sim

ilarit

y

OB

3

NA

3

NB

0

OA

2

NB

4

Figura 52 - Clusteres por tipo litológico da camada IV, Gruta do Gentio II.

Page 104: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

86

Figura 53 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada IV.

Page 105: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

87

Figura 54 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada IV.

Page 106: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

88

Figura 55 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada IV.

Page 107: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

89

Figura 56 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada IV.

Page 108: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

90

Figura 57 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos de sílica na camada IV.

Page 109: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

91

Figura 58 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada IV.

Page 110: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

92

Figura 59 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada IV.

Page 111: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

93

Figura 60 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada IV.

Page 112: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

94

Figura 61 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada IV.

Page 113: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

95

NA

1

NB

0

NC

1

NA

3

NB

4

OA

2

OB

3

calcárioquartzitoOutrosarenitoqzoleitosoSiO2qzohialinosilexito

010000276

90020218107

94420020140

34301903141671458

158612475651200

68504119148192368

81151218154802762

Camada III - Q

Figura 62 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada III, com base na quantidade de fragmentos.

NA

1

NB

0

NC

1

OB

3

NA

3

NB

4

OA

2

silexitocalcárioqzohialinoarenitoqzoleitosoSiO2Outrosquartzito

1260100003

4425932290800

644112427003957

5593533569115363942

18858421808203576

306050858434028435

413236067312112887345

Camada III - P

Figura 63 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada III, com base

no peso total do material.

Page 114: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

96

0 1 2 3 4 5 6 7 8III - Silexito

-6000

-4000

-2000

Sim

ilarit

y

NA

1

NB

0

NC

1

NA

3

NB

4

OA

2

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8III - SiO2

-32

-16

Sim

ilarit

y

NB

0

NA

1

NC

1

OB

3

NA

3

NB

4

OA

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8III - Total

-6000

-3000

Sim

ilarit

y

NA

1

NB

0

NC

1

NA

3

NB

4

OA

2

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8III - Arenito

-30

-20

-10

Sim

ilarit

y

NB

0

NC

1

OA

2

NA

1

NA

3

OB

3

NB

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8III - Calcário

-600

-400

-200

Sim

ilarit

y

OA

2

NB

4

OB

3

NA

1

NC

1

NA

3

NB

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8III - Outros tipos líticos

-90

-60

-30

Sim

ilarit

y

OA

2

NA

3

NC

1

OB

3

NB

4

NA

1

NB

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8III - Quartzito

-300

-200

-100

Sim

ilarit

y

OA

2

NA

1

NB

0

NB

4

OB

3

NC

1

NA

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8III - Qzo Hialino

-800

-400

Sim

ilarit

y

OA

2

NB

4

OB

3

NA

3

NA

1

NB

0

NC

1

0 1 2 3 4 5 6 7 8III - Qzo Leitoso

-48

-32

-16

Sim

ilarit

y

OA

2

OB

3

NB

4

NA

3

NC

1

NA

1

NB

0

Figura 64 - Clusteres por tipo litológico da camada III, Gruta do Gentio II.

Page 115: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

97

Figura 65 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexitos na camada III.

Page 116: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

98

Figura 66 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada III.

Page 117: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

99

Figura 67 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência dequartzo leitoso na camada III.

Page 118: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

100

Figura 68 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada III.

Page 119: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

101

Figura 69 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica

na camada III.

Page 120: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

102

Figura 70 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada III.

Page 121: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

103

Figura 71 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada III.

Page 122: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

104

Figura 72 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada III.

Page 123: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

105

Figura 73 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada III.

Page 124: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

106

ND

4

OB

3

OA

2

NA

3

NB

4

calcárioOutrosquartzitoqzoleitosoarenitoSiO2qzohialinosilexito

12122000562679

414770097313

05500111090

239001174

82400010162

Camada II inf - Q

Figura 74 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II inf, com base

na quantidade de fragmentos.

OB

3

ND

4

NA

3

NB

4

OA

2

silexitoOutrosquartzitocalcárioqzohialinoSiO2qzoleitosoarenito

9912927230158030

35244656861131521500

59295387124200

292137515000

1722543067100

1,2 2,4 3,6 4,8 6 7,2 8,4 9,6 10,8 12

Camada II inf - P

2,5

5

7,5

10

12,5

15

17,5

20

22,5

Figura 75 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II inf, com base

no peso total do material.

Page 125: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

107

0 1 2 3 4 5 6II inf - Silexito

-3000

-2000

-1000

Sim

ilarit

y

OB

3

ND

4

NA

3

NB

4

OA

2

0 1 2 3 4 5 6II inf - SiO2

-12

-9

-6

-3

Sim

ilarit

y

ND

4

NA

3

OA

2

NB

4

OB

3

0 1 2 3 4 5 6II Inf - Total

-3200

-1600

Sim

ilarit

y

ND

4

NA

3

OB

3

NB

4

OA

2

0 1 2 3 4 5 6II inf - Calcário

-300

-200

-100

Sim

ilarit

y

OA

2

NA

3

NB

4

ND

4

OB

3

0 1 2 3 4 5 6II inf - Outros tipos líticos

-320

-160

Sim

ilarit

y

ND

4

NA

3

NB

4

OA

2

OB

3

0 1 2 3 4 5 6II inf - Quartzito

-600

-400

-200

Sim

ilarit

y

NA

3

ND

4

NB

4

OA

2

OB

3

0 1 2 3 4 5 6II inf - Qzo Hialino

-160

-80

Sim

ilarit

y

NA

3

NB

4

OA

2

ND

4

OB

3

0 1 2 3 4 5 6II inf - Qzo Leitoso

-6

-4

-2

Sim

ilarit

y

OB

3

NA

3

NB

4

ND

4

OA

2

Figura 76 - Clusteres por tipo litológico da camada II inferior, Gruta do Gentio II.

Page 126: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

108

Figura 77 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II Inferior.

Page 127: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

109

Figura 78 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II Inferior.

Page 128: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

110

Figura 79 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II Inferior.

Page 129: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

111

Figura 80 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II Inferior.

Page 130: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

112

Figura 81 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada II

Inferior.

Page 131: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

113

Figura 82 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II Inferior.

Page 132: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

114

Figura 83 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada II

Inferior.

Page 133: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

115

Figura 84 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada II

Inferior.

Page 134: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

116

NB

4

NA

1

ND

2

OB

3

NA

3

ND

4

OA

2

calcárioquartzitoOutrosarenitoqzoleitosoSiO2qzohialinosilexito

75302811073251229

100000841

00000014

394902171557

161561069228

6011300233370

3141127860328

Camada II med - Q

3

6

9

12

15

18

21

24

Figura 85 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II média, com

base na quantidade de fragmentos.

NA

3

NA

1

ND

2

NB

4

OA

2

OB

3

ND

4

silexitocalcárioquartzitoSiO2qzoleitosoarenitoOutrosqzohialino

76966120240202320

279250000014

90000001

28461034135113341378

15166532918314657

18012891141420171134

2041100339541002759

1,6 3,2 4,8 6,4 8 9,6 11,2 12,8 14,4 16

Camada II med - P

3

6

9

12

15

18

21

24

Figura 86 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II média, com

base no peso total do material.

Page 135: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

117

0 1 2 3 4 5 6 7 8II med - Qzo Leitoso

-32

-16

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

4

OA

2

NA

1

NA

3

ND

2

ND

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II med - Silexito

-3000

-2000

-1000

Sim

ilarit

y

NA

3

NA

1

ND

2

OA

2

ND

4

OB

3

NB

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II med - SiO2

-60

-40

-20

Sim

ilarit

y

OB

3

NA

1

ND

2

NA

3

OA

2

NB

4

ND

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II med - Total

-3200

-1600

Sim

ilarit

y

NA

3

NA

1

ND

2

OA

2

OB

3

NB

4

ND

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II med - Arenito

-16

-8

Sim

ilarit

y

NA

3

NB

4

OA

2

NA

1

ND

2

ND

4

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8II med - Calcário

-900

-600

-300

Sim

ilarit

y

OB

3

ND

4

NA

1

ND

2

OA

2

NA

3

NB

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II med - Outros tipos líticos

-160

-80

Sim

ilarit

y

OA

2

OB

3

NA

1

ND

2

NB

4

NA

3

ND

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II med - Quartzito

-480

-320

-160

Sim

ilarit

y

NB

4

ND

4

NA

3

OB

3

OA

2

NA

1

ND

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8II med - Qzo Hialino

-480

-320

-160

Sim

ilarit

y

NB

4

ND

2

NA

1

NA

3

ND

4

OA

2

OB

3

Figura 87 - Clusteres por tipo litológico da camada II média, Gruta do Gentio II.

Page 136: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

118

Figura 88 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II Média.

Page 137: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

119

Figura 89 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II Média.

Page 138: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

120

Figura 90 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II Média.

Page 139: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

121

Figura 91 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II Média.

Page 140: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

122

Figura 92 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada II

Média.

Page 141: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

123

Figura 93 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II Média.

Page 142: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

124

Figura 94 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II Média.

Page 143: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

125

Figura 95 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada II

Média.

Page 144: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

126

Figura 96 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada II

Média.

Page 145: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

127

OB

3

NB

0

NB

4

ND

2

NA

3

ND

4

OA

2

calcárioqzoleitosoarenitoOutrosSiO2quartzitoqzohialinosilexito

2211371078500

1512351472407

2110421538344

000000010

13501384117

2400110882

1201033076

Camada II Sup - Q

Figura 97 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II sup, com

base na quantidade de fragmentos.

NB

0

OB

3

NB

4

ND

4

ND

2

NA

3

OA

2

silexitocalcárioquartzitoqzohialinoqzoleitosoarenitoOutrosSiO2

24141951991043762120

1894107411331510912

1703176315441074

97967603600102

470000000

679168772029

37199164030

Camada II Sup - P

Figura 98 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II sup, com

base no peso total do material.

Page 146: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

128

0 1 2 3 4 5 6 7 8II sup - Calcário

-600

-400

-200

Sim

ilarit

y

ND

4

NA

3

ND

2

OA

2

OB

3

NB

0

NB

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8 II sup - Outros tipos líticos

-60

-40

-20

Sim

ilarit

y

NB

0

ND

2

NA

3

OA

2

ND

4

NB

4

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8II sup - Quartzito

-300

-200

-100

Sim

ilarit

y

NB

0

NB

4

NA

3

ND

2

ND

4

OA

2

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8II sup - Qzo Hialino

-150

-100

-50

Sim

ilarit

y

NB

0

OB

3

NA

3

ND

2

ND

4

OA

2

NB

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II sup - Qzo Leitoso

-10

-5

Sim

ilarit

y

NB

0

OA

2

OB

3

NA

3

NB

4

ND

2

ND

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II Sup - Silexito

-3000

-2000

-1000

Sim

ilarit

y

NB

0

NB

4

OB

3

NA

3

ND

4

OA

2

ND

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8II sup - SiO2

-80

-40

Sim

ilarit

y

NB

0

NA

3

OB

3

NB

4

ND

4

ND

2

OA

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8II sup - Total

-3000

-2000

-1000

Sim

ilarit

y

NA

3

ND

2

OA

2

NB

0

ND

4

NB

4

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8II sup - Arenito

-8

-4

Sim

ilarit

y

NB

0

OB

3

ND

2

ND

4

OA

2

NA

3

NB

4

Figura 99 - Clusteres por tipo litológico da camada II superior, Gruta do Gentio II.

Page 147: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

129

Figura 100 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II Superior.

Page 148: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

130

Figura 101 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II Superior.

Page 149: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

131

Figura 102 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II Superior.

Page 150: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

132

Figura 103 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II Superior.

Page 151: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

133

Figura 104 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada

II Superior.

Page 152: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

134

Figura 105 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II Superior.

Page 153: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

135

Figura 106 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II Superior.

Page 154: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

136

Figura 107 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada II

Superior.

Page 155: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

137

Figura 108 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada II

Superior.

Page 156: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

138

NB

4

ND

4

OB

3

NA

1

ND

2

OA

2

NA

3

NB

0

calcárioquartzitoarenitoqzoleitosoSiO2qzohialinosilexito

1044911193731735

96310081031131

1022111082461370

10000841

00000114

422299200494

3132151014419

151421572407

Camada II ass - Q

Figura 109 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II ass, com

base na quantidade de fragmentos.

ND

4

NB

4

OB

3

NA

1

ND

2

NA

3

NB

0

OA

2

silexitocalcárioquartzitoqzoleitosoarenitoSiO2qzohialino

6544179210810058247

484128473514355437

4686626182601013425

27925000014

56000001

2040945942203531

241419519937120104

20591510522330140

2 4 6 8 10 12 14 16 18

Camada II ass - P

3

6

9

12

15

18

21

24

Figura 110 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II ass, com

base no peso total do material.

Page 157: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

139

0 1 2 3 4 5 6 7 8II ass - Qzo Leitoso

-60

-40

-20

Sim

ilarit

y

NB

4

OA

2

OB

3

NA

3

NA

1

ND

2

ND

4

NB

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8II ass - Silexito

-5000

-2500

Sim

ilarit

y

ND

4

NB

4

OB

3

NA

1

ND

2

NB

0

NA

3

OA

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8II ass - SiO2

-80

-40

Sim

ilarit

y

NB

0

OB

3

NA

1

ND

2

NA

3

OA

2

NB

4

ND

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II ass - Total

-8000

-4000

Sim

ilarit

y

ND

4

NB

4

OB

3

NA

1

ND

2

OA

2

NA

3

NB

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8II ass - Arenito

-16

-8

Sim

ilarit

y

NA

3

ND

4

NA

1

ND

2

NB

4

OA

2

NB

0

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8II ass - Calcário

-1600

-800

Sim

ilarit

y

OB

3

ND

4

NB

0

NB

4

NA

3

ND

2

NA

1

OA

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8II ass - Outros tipos líticos

-480

-320

-160

Sim

ilarit

y

ND

4

OA

2

OB

3

NA

1

ND

2

NA

3

NB

0

NB

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8II ass - Quartzito

-800

-400

Sim

ilarit

y

ND

4

NA

3

NB

4

NA

1

ND

2

OA

2

NB

0

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8II ass - Qzo Hialino

-600

-400

-200

Sim

ilarit

y

NA

1

ND

2

NA

3

NB

0

OA

2

ND

4

NB

4

OB

3

Figura 111 - Clusteres por tipo litológico das camadas II associadas, Gruta do Gentio II.

Page 158: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

140

Figura 112 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II Associadas.

Page 159: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

141

Figura 113 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II

Associadas.

Page 160: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

142

Figura 114 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II

Associadas.

Page 161: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

143

Figura 115 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II Associadas.

Page 162: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

144

Figura 116 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada

II Associadas.

Page 163: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

145

Figura 117 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II Associadas.

Page 164: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

146

Figura 118 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcáario na camada II Associadas.

Page 165: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

147

Figura 119 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada II

Associadas.

Page 166: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

148

Figura 120 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada II

Associadas.

Page 167: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

149

OB

3

NB

4

NC

1

NB

0

OA

2

NA

3

ND

2

NC

3

OA

0

NA

1

silexitocalcárioqzohialinoquartzitoOutrosSiO2qzoleitosoarenito

28444244971821041868

19622425778551101520

402575861715231

4701638205143

657311121716312

232201100

9625111022141

231364290000

29952651216304

3091324246600

Camada I inf - Q

Figura 121 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I inf, com base

na quantidade de fragmentos.

NC

1

ND

2

NA

3

NA

1

NB

0

OA

0

OA

2

NC

3

OB

3

NB

4

silexito

calcário

qzoleitoso

arenito

SiO2

qzohialino

Outros

quartzito

1302

4700

7

18

6

146

51

204

786

300

59

108

5

38

103

172

38

22

0

0

1

2

2

0

2146

309

0

0

24

84

92

445

2503

348

29

12

1

61

34

727

1465

166

0

5

7

69

48

200

1769

169

1

12

17

53

119

151

1830

235

0

0

0

153

0

251

1,565E04

2547

22

178

290

830

739

3834

8224

2207

24

90

75

583

274

1741

Camada I inf - P

Figura 122 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I inferior, com base no peso total do material.

Page 168: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

150

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10I inf - Silexito

-1,5E04

-1E04

-5000

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

4

NB

0

OA

2

NA

1

NC

3

OA

0

NC

1

ND

2

NA

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10I inf - SiO2

-300

-200

-100

Sim

ilarit

y

OB

3

OA

2

NA

1

NB

4

OA

0

NC

1

ND

2

NC

3

NA

3

NB

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10I inf - Total

-1,6E04

-8000

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

4

NA

1

NB

0

NC

3

NA

3

OA

0

NC

1

OA

2

ND

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10I inf - Arenito

-60

-30

Sim

ilarit

y

NA

1

NA

3

NC

3

OA

0

OA

2

NB

0

NC

1

OB

3

ND

2

NB

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10I inf - Calcário

-4800

-3200

-1600

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

4

NC

1

NB

0

NA

1

ND

2

NA

3

NC

3

OA

0

OA

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10I inf - Outros tipos líticos

-500

-250

Sim

ilarit

y

OB

3

NA

3

NC

3

NB

0

OA

0

NC

1

OA

2

NA

1

ND

2

NB

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10I inf - Quartzito

-3200

-1600

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

4

NA

3

OA

0

NC

1

OA

2

ND

2

NC

3

NA

1

NB

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10I inf - Qzo Hialino

-800

-400

0

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

4

NC

1

NC

3

ND

2

NA

3

OA

2

OA

0

NA

1

NB

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10I inf - Qzo Leitoso

-50

-25

0

Sim

ilarit

y

ND

2

OA

2

OA

0

NA

1

NA

3

NC

3

NC

1

NB

4

OB

3

NB

0

Figura 123 - Clusteres por tipo litológico da camada I inferior, Gruta do Gentio II.

Page 169: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

151

Figura 124 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada I Inferior.

Page 170: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

152

Figura 125 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada I Inferior.

Page 171: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

153

Figura 126 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada I Inferior.

Page 172: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

154

Figura 127 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada I Inferior.

Page 173: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

155

Figura 128 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos de silica na camada I

Inferior.

Page 174: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

156

Figura 129 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada I Inferior.

Page 175: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

157

Figura 130 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada I Inferior.

Page 176: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

158

Figura 131 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada I

Inferior.

Page 177: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

159

Figura 132 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada I

Inferior.

Page 178: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

160

OB

3

NB

0

NB

2

OA

2

NA

3

ND

2

NB

4

LB1

LC0

NA

1

ND

4

OA

0

NC

1

NC

3

qzohialinoqzoleitosoarenitoSiO2Outrosquartzitocalcáriosilexito

941726816453174

322131112151270

7100171934335

681021677306

1000032355

12000061368

00000049

201024439

600002029

1500151612160

11001012115

251013720115

230001094127

2501111174152

Camada I sup - Q

Figura 133 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I superior,

com base na quantidade de fragmentos.

OB

3

NB

2

OA

0

ND

2

NC

1

NB

0

NC

3

OA

2

LC0

NB

4

LB1

NA

1

NA

3

ND

4

calcáriosilexitoquartzitoarenitoqzoleitosoSiO2qzohialinoOutros

2358105818411243121379

52613862520059448

4061383980133015

423524255000300

6597410000264

962871100231053135

10991015225708513

22288670122459

077520004170

1079000000

83651531600427

123637970012326

8650500018105

127166002250

Camada I sup - P

Figura 134 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I superior,

com base no peso total do material.

Page 179: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

161

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14I sup - Silexito

-1600

-800

Sim

ilarit

y

OA

2

LC0

NB

4

NB

2

OA

0

ND

2

LB1

NA

3

NA

1

NC

1

ND

4

NB

0

NC

3

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14I sup - SiO2

-32

-16

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

0

NC

3

NC

1

ND

2

LB1

LC0

NA

3

NB

4

NB

2

OA

0

OA

2

NA

1

ND

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14I sup - Total

-3200

-1600

Sim

ilarit

y

OB

3

OA

0

NC

3

NB

0

NB

2

OA

2

LC0

NB

4

NC

1

LB1

ND

2

NA

1

NA

3

ND

4

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14I sup - Arenito

-10

-5

Sim

ilarit

y

LB1

NC

3

OB

3

NB

0

NB

4

NC

1

ND

2

ND

4

OA

0

OA

2

LC0

NA

1

NA

3

NB

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14I sup - Calcário

-3000

-2000

-1000

Sim

ilarit

y

OA

2

LB1

NA

1

ND

2

OA

0

LC0

NA

3

OB

3

NB

2

NC

3

ND

4

NB

4

NB

0

NC

1

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14I sup - Outros tipos líticos

-160

-80

Sim

ilarit

y

OA

0

LB1

NA

1

NC

1

NC

3

LC0

NB

4

ND

2

ND

4

NB

2

OA

2

NB

0

OB

3

NA

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14I sup - Quartzito

-600

-400

-200

Sim

ilarit

y

NA

3

ND

4

NB

4

NC

1

LC0

OA

2

OA

0

NA

1

NB

0

LB1

NB

2

ND

2

NC

3

OB

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14I sup - Qzo Hialino

-300

-200

-100

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

2

NB

4

LB1

LC0

OA

2

NA

3

ND

2

NA

1

ND

4

NC

1

OA

0

NB

0

NC

3

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14I sup - Qzo Leitoso

-30

-20

-10

Sim

ilarit

y

OB

3

NB

0

ND

2

ND

4

OA

0

OA

2

LB

1

LC

0

NA

1

NA

3

NB

2

NB

4

NC

1

NC

3

Figura 135 - Clusteres por tipo litológico da camada I superior, Gruta do Gentio II.

Page 180: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

162

Figura 136 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada I Superior.

Page 181: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

163

Figura 137 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada I Superior.

Page 182: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

164

Figura 138 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada I Superior.

Page 183: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

165

Figura 139 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada I Superior.

Page 184: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

166

Figura 140 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada I

Superior.

Page 185: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

167

Figura 141 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada I Superior.

Page 186: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

168

Figura 142 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada I Superior.

Page 187: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

169

Figura 143 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada I

Superior.

Page 188: Resíduos Líticos da Gruta do Gentio II, Unaí MG · FICHA CATALOGRÁFICA Costa, Beatriz R. da Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa. – Rio

170

Figura 144 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência total de tipos litológicos na camada I

Superior.