Resenha Analítica - Vida para Consumo

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BAUMAN, Zygmunt Vida para consumo: a transformao das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. Captulos 2 e 3

Resenha

No intuito de revelar a forma mais caracterstica da fragilidade dos vnculos e das relaes sociais na modernidade lquida, Zygmunt Bauman expe o tipo de ideal mais contundente na organizao e desenvolvimento das sociedades capitalistas modernas, o consumo. Em sua obra Vida para Consumo. A transformao das pessoas em mercadorias, o autor discorre a respeito da comodificao - tipo de arranjo social que permeia nas aes e relaes entre indivduos, transformando pessoa e seus corpos em produtos de negociaes. Segundo este autor, o consumo a ignio e o mecanismo das foras de operao das sociedades modernas, coordena a reproduo sistemtica das aes, orienta a integrao das relaes e opera para a estratificao social de indivduos e grupos. A discusso gira em torno da subjetividade individual dos consumidores visibilidade, uma vez que, o consumo tornou-se a forma de mensurao do sucesso, meio de atingir a felicidade e, sobretudo, os desejos individuais como forma de motivao, posicionamento e pertencimento a grupos sociais. Numa viso macro, Bauman demonstra como a prtica de poltica do Estado transforma as pessoas em mercadorias dentro do sistema mundial, uma vez que, a economia o smbolo do sucesso do desenvolvimento dos pases, tendo como fator o produto interno bruto (PIB). Ele observa o emparelhamento do Estado ao sistema econmico, que tende a realizar, cada vez mais, suas manobras sob as prerrogativas do Mercado: a poltica de excluso o princpio de sua aplicao prtica.

O consumo o principal mecanismo da comodificao dos consumidores tarefa que foi, tal como muitas outras tarefas socialmente empreendidas e administradas pelo Estado, desregulamentada, privatizada e terceirizada para os consumidores e deixada sob o cuidado, a administrao e responsabilidade dos indivduos, homens e mulheres.(pg. 83)

Suas consideraes, ao nvel supra individual, eleva a anlise da sociedade como um todo e classifica a prtica do consumo como um fato social, em termos durkheimiano. Segundo Bauman, a cultura consumista o modo peculiar de pensamento, comportamento e possibilidade nica das condies existenciais de orientao no mundo. A estratgia consumista, nas palavras do autor, rejeita todas as opes culturais alternativas. Ela tem seus fins e propsitos prticos orientao dos indivduos no tempo e no espao, pela compra e venda de mercadorias - sejam ela bens, servios ou pessoas (como mo de obra e atores sociais que alavanca a produo e impulsiona o consumo). A condio de afiliao dos indivduos, essa norma cultural, a forma mais vivel e plausvel da representao da histria moderna, explica o autor. O consumo, por ter se tornado a maior vocao individual, funda-se como um direito e dever humano, como escolha aprovada de maneira incondicional que administra o esprito (refletido no corpo), pelo uso de bens que ultrapassam as necessidades bsicas. Neste captulo intitulado Sociedade de Consumidores, no qual ele destaca os aspectos mais explcitos da organizao e distino social, sobre o vis econmico, podemos lembrar do conceito de emulao de Thorstein Veblen, cuja anlise da estrutura econmica se d em moldes darwiniano, na nfase dos usos e costumes sociais como fenmenos explicativos da atividade humana. Ambas perspectivas no atam-se apenas crtica da ostentao das classes mais favorecidas, na visibilidade ou forma de representao mas, apontam para o padro de comportamento em consumo, tendo como nico propsito a performance de distino baseado na fora pecuniria, demonstrao de riqueza como a base (e apelo) do status social.