Resenha Crítica Do Livro O Caso dos Exploradores de Cavernas

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  • 8/12/2019 Resenha Crtica Do Livro O Caso dos Exploradores de Cavernas

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    Resenha crtica do livro O caso dos exploradores de caverna

    Bruno Carvalho

    Apresentao do caso:

    No comeo de maio do ano 4299, cinco membros de uma organizao

    de exploradores de cavernas adentram uma caverna. Ocorre ento um

    desmoronamento e eles ficam presos no local, se instalando na parte mais

    prxima sada. Monta-se uma misso de resgate com homens e mquinas,

    demandando grandes gastos.

    Houve medo de que os exploradores morressem de inanio, uma vez

    que dentro da caverna no havia substncia animal ou vegetal que pudesse

    suprir as necessidades deles at a difcil misso de resgate ser concluda. Eles

    haviam levado consigo um rdio que permitiu comunicao com os presentes

    do lado de fora.

    Atravs da comunicao com especialistas, os exploradores ficam

    sabendo que a probabilidade de sobrevivncia com o que lhes restava de

    provises era muito baixa. Aps um tempo sem comunicao entre as partes,

    um dos explorados com nome Roger Whetmore, representando todos os

    outros, volta com uma indagao: se seria possvel a sobrevivncia caso eles

    se alimentassem da carne de um entre os cinco.

    Recebendo uma afirmao os cinco questionam se o melhor a ser feito

    seria, atravs da sorte, escolher um para ser sacrificado. Com nenhuma

    autoridade querendo dar opinio sobre radical atitude, silencia-se a

    comunicao. Quando os exploradores so resgatados sabe-se que no

    trigsimo terceiro dia aps o desmoronamento Whetmore tinha sido sacrificado,

    e servido de alimento a seus companheiros.

    Presidente Truepenny, C. J.

    O presidente do jri de segunda instancia toma como base o depoimento

    dos rus, que alegaram que a ideia havia sido do prprio Whetmore, e que

    aps a aceitao da parte dos outros o idealizador teria desistido da proposta,

    os demais no aceitaram essa quebra de contrato e decidiram jogar os dados

    (meio utilizado para a escolha). A vtima no fazendo mais objees teve a

    sorte como inimiga, sendo ento morto.

    Houve um julgamento na primeira instancia, no qual o jri votou pela

    condenao dos rus, sendo que aps a dissoluo o mesmo jri e o juiz

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    O juiz Tatting se encontra dividido entre a simpatia e pena dos rus e o

    sentimento de repugnncia com o ato radical cometido pelos mesmos.

    Positivista como , fica em posio contrria em relao aos argumentos dados

    pelo juiz Foster, demonstrando dvida sobre quando a jurisdio da lei local

    passou para a da lei de natureza. Ele afirma tambm que se o caso foi

    designado a eles porque deve-se aplicar a lei do pas, j que no lhes cabia

    autoridade para transformar o tribunal em um tribunal da natureza.

    Voltando aos fatos ocorridos no interior da caverna, o juiz relembra que

    a vtima tentou rescindir o contrato, no sendo aceito pelos outros, o que tornou

    este contrato irrevogvel e autoritrio a ponto de ser executado fora. Porm

    ele defende a excludente da legitima defesa, afirmando que a lei referente ao

    homicdio requer um ato intencional e que o homem que atua para repelir uma

    ameaa agressiva a sua prpria vida no age intencionalmente, mas em

    resposta a um impulso profundamente enraizado na natureza humana.

    Ele deixa claro que a excludente da legitima defesa que acabou de

    defender no pode ser usada no caso por analogia aos fatos, mas que poderia

    reduzir a distino a uma questo de grau, sem destru-la completamente.

    Sendo assim, pode-se perceber claramente que o Juiz Tatting, decidiu

    seu voto observando a lei, e a condio natural de cada integrante que

    infortuitamente no teve alternativa a no ser manter-se vivo, demonstra

    claramente neutralidade em seu voto. Absteve-se do julgamento. Embora seja

    positivista, suas emoes orientadas pelo Direito Natural no permitiram umjulgamento imparcial.

    Keen, J.

    Mesmo sendo a favor de um perdo total por parte do chefe do Poder

    Executivo, alegando que os rus j sofreram o suficiente, ele contrrio ao

    pensamento do presidente Tatting de dizer ao chefe do executivo o que deveria

    ser feito. Ele separa a questo do pensamento dele como cidado e do dever

    que tem como juiz em seguir a lei da commonwalth.

    Keen se coloca em posio contrria ao que dito por Foster, afirmando

    que este fantasiou poro do voto. Ele se mostra seguidor da corrente Exegeta

    ao dizer que no papel de juiz, ele jurou no aplicar suas concepes de

    moralidade, mas sim o direito do pas.

    Para ele o caso se torna bvio a partir do ponto em que a norma afirma

    que Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida ser punido com

    a morte, sendo que foi o ocorrido com os rus. Acusa tanto Foster quanto

    Tatting de no respeitarem as obrigaes de interpretar e aplicar a lei,

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    criticando ainda o fato de o primeiro demonstrar uma averso pessoal lei

    escrita e de ser um juiz vivendo no sculo quarenta.

    Keen volta a criticar fortemente o juiz Foster ao dizer que este est

    sempre a procura de lacunas nas leis, j que essas no o agradam. Ele diz

    tambm que a lei que trata o processo foi criada a partir de uma convicohumana, que torna o assassinato algo injusto, passivo de sano para quem o

    cometesse.

    O juiz refuta a teoria de legtima defesa, que pela aplicao do Tribunal

    se caracteriza pelos casos de resistncia a uma ameaa agressiva prpria

    vida de uma pessoa, fato que no ocorre j que Whetmore no ofereceu

    ameaa a vida dos rus.

    Em outro momento de critica ao juiz Tatting, ele afirma que impossvel

    aplicar a letra da lei ao mesmo tempo em que satisfaz seus anseios pessoais.E para terminar seu voto, diz que o cumprimento rigoroso das leis trs mais

    benefcios em longo prazo do que criar excees aplicao da lei. Sendo

    assim vota pela condenao dos rus.

    Handy,

    O juiz Handy mostra-se como o mais sensato e equilibrado dos juzes,

    no apresentando medidas to extremadas e tendenciosas. No decorrer do seudiscurso acrescenta novas concepes, como a anlise do contrato, o

    pensamento dialtico e as normas e princpios, alm de se mostrar adepto da

    Escola do Direito Livre. Primeiramente ele levanta as valides do acordo feito na

    caverna onde todos aceitaram depois ele levanta a opinio pblica. Ele mostra

    uma pesquisa feita com a populao onde 90% das pessoas acreditam que os

    rus devem ser absolvidos, ento ele fica do lado da opinio pblica.

    Posteriormente, ao afirmar que no se trata de teoria abstrata, mas

    realidade humana filia-se, de certa forma, ao realismo jurdico. Ao referir-se a

    essa teoria, critica o normativismo e a abstratividade que lhe imanente, comosoluo para o caso sub judice. Salientando o contexto a que pertence o caso,

    alude ao fato, to valorizado na escola realista.

    O Juiz Handy, defende que sejam observados tambm vrios outros

    fatores que levaram a fatdica deciso de sacrificar o amigo em funo de

    preservar a vida de outros quatro integrantes, e cita ainda o contrato firmado

    por eles, as lacunas que a lei apresenta, e o forte clamor popular que o caso

    gerou, sugerindo que a lei serve acima de tudo para atender a sociedade que a

    criou, vota pela absolvio dos quatro. O Juiz Handy a favor da reforma da

    sentena, temendo pela opinio dos outros juzes, uma vez que, para Handy aopinio pblica relevante e que converge para a inocncia.

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