24
RESENHA CRÍTICA Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática RESENHA CRÍTICA elaborado por Profa Dalena Nascimento 1. Para entender: COMO FAZER RESENHA Obras literárias Resenha é um trabalho de síntese que revistas e jornais científicas publicam geralmente logo após a edição de uma obra, com o objetivo de divulgá-la. Não se trata de um simples resumo. O resumo deve se limitar ao conteúdo do trabalho, sem qualquer julgamento de valor. Já a resenha vai além, resume a obra e faz uma avaliação sobre ela, apresentando suas linhas básicas, deve avaliá-la, mostrando seus pontos fortes e fracos. A resenha pode ser de um ou mais capítulos, duma coleção ou mesmo dum filme. Apresenta falhas, lacunas e virtudes, explora o contexto histórico em que a obra fora elaborada e faz comparações com outros autores. Conhecida como resumo crítico, a resenha só pode ser elaborada por alguém com conhecimentos na área. Se o resumo do conteúdo da obra não está bem feito, o leitor que não a conhece encontrará dificuldades em acompanhar a análise crítica. Se, por outro lado, o escritor se limita a relatar o conteúdo, sem julgá-lo criticamente, ele estará escrevendo um resumo e não uma recensão crítica. Finalmente, se ele não sustenta ou ilustra seus julgamentos com dados extraídos da obra recenseada, ele não dá ao leitor a oportunidade de formar os próprios julgamentos. Resenhas de diferentes tipos podem ser encontradas nos catálogos das editoras; nos jornais, podem ser encontradas nos cadernos infantis, de variedades e em suplementos especiais; nas revistas, nas seções dedicadas a comentar lançamentos. Deve-se mostrar a professores e alunos a importância do adjetivo na descrição e no julgamento de uma obra. Afinal, o leitor crítico é aquele que dialoga com o texto. Para escrever uma resenha, é preciso que seu autor olhe para o texto com olhos de quem quer enxergar, exercitando seu poder de análise e poder de crítica. Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem. O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade ou textos e obras culturais. A importância do que se vai relatar numa resenha depende da finalidade a que ela se presta. 2. Numa boa resenha devem constar: a) A referência bibliográfica da obra, preferencialmente seguindo a ABNT; b) Alguns dados biográficos relevantes do autor (titulação, vínculo acadêmico e outras obras, por exemplo); c) O resumo da obra, ou síntese do conteúdo, destacando tema, idéias principais e partes ou capítulos em que se divide o trabalho. d) A avaliação crítica, nos termos já referidos anteriormente no item 1. Este é o ponto alto da resenha, onde o deverá mostra seu conhecimento, dialoga com o autor e/ou com leitor, dá-se ao direito de proceder a um julgamento. A crítica pode ser interna (quando fala da obra pela obra) ou externa (contextualiza a obra com outros trabalhos do autor ou ainda, compara com os aspectos históricos ou geográficos). Finalmente, devemos lembrar que o recensor deve preocupar-se com a obra em sua totalidade, sem perder-se em detalhes e em passagens isoladas que podem distorcer idéias. Deve-se certamente apresentar e comentar pontos específicos, fortes ou fracos do trabalho, mas estes devem ser relevantes. 3. Passo a passo a) Lembre-se que a resenha vai além, resume toda a obra e faz uma avaliação sobre ela, apresentando suas linhas básicas. Deve-se avaliá-la, mostrando seus pontos fortes e fracos. b) Nunca use a primeira ou segunda pessoa para redigir uma resenha. Sua opinião não deve atingir diretamente o leitor. c) Amarre as idéias de forma que a pessoa que esteja lendo tenha uma visão geral da obra. d) Se for resenha de livro solicitado por faculdade, comece falando sobre as origens do autor. e) Se possível, leia obras anteriores do autor, ou pelo menos pesquise na internet. f) Ao colocar citações que você precise grifar, coloque entre parênteses um "grifo meu". g) Não se importe com a quantidade, mas sim com a qualidade que irá apresentar. h) Se há palavras que desconhece no livro, pesquise no dicionário antes de transcrevê-la para evitar mal entendidos. i) Não distorça o que o autor quis passar com suas opiniões. Seja crítico, não mentiroso j) Atenção: Ao usar citações alheias, coloque a fonte. A lei ampara a propriedade intelectual e plágio dá cadeia! 4. Tipos de resenha: A resenha pode ser puramente descritiva, isto é, sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador, ou crítica, pontuada de apreciações, notas e correlações estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou. A resenha descritiva consta de: a) uma parte descritiva em que se dão informações sobre o texto:- nome do autor;- título completo e exato da obra;- nome da editora e, se for o caso, da coleção de que faz parte a obra;- lugar e data da publicação;- número de volumes e páginas. b) No caso de uma obra estrangeira, é útil informar também a língua da versão original e o nome do tradutor. c) uma parte com o resumo da obra:- indicação sucinta do assunto global da obra e do ponto de vista adotado pelo autor;- resumo que apresenta os pontos essenciais do texto. Na resenha crítica, além dos elementos já mencionados, entram também comentários e julgamentos do resenhador sobre as idéias do autor, o valor da obra, etc.

Resenha Critica Etapas e Modelo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

manual

Citation preview

Page 1: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

RESENHA CRÍTICA – elaborado por Profa Dalena Nascimento

1. Para entender: COMO FAZER RESENHA – Obras literárias Resenha é um trabalho de síntese que revistas e jornais científicas publicam geralmente logo após a edição de uma obra, com o objetivo de divulgá-la. Não se trata de um simples resumo. O resumo deve se limitar ao conteúdo do trabalho, sem qualquer julgamento de valor. Já a resenha vai além, resume a obra e faz uma avaliação sobre ela, apresentando suas linhas básicas, deve avaliá-la, mostrando seus pontos fortes e fracos. A resenha pode ser de um ou mais capítulos, duma coleção ou mesmo dum filme. Apresenta falhas, lacunas e virtudes, explora o contexto histórico em que a obra fora elaborada e faz comparações com outros autores. Conhecida como resumo crítico, a resenha só pode ser elaborada por alguém com conhecimentos na área. Se o resumo do conteúdo da obra não está bem feito, o leitor que não a conhece encontrará dificuldades em acompanhar a análise crítica. Se, por outro lado, o escritor se limita a relatar o conteúdo, sem julgá-lo criticamente, ele estará escrevendo um resumo e não uma recensão crítica. Finalmente, se ele não sustenta ou ilustra seus julgamentos com dados extraídos da obra recenseada, ele não dá ao leitor a oportunidade de formar os próprios julgamentos. Resenhas de diferentes tipos podem ser encontradas nos catálogos das editoras; nos jornais, podem ser encontradas nos cadernos infantis, de variedades e em suplementos especiais; nas revistas, nas seções dedicadas a comentar lançamentos. Deve-se mostrar a professores e alunos a importância do adjetivo na descrição e no julgamento de uma obra. Afinal, o leitor crítico é aquele que dialoga com o texto. Para escrever uma resenha, é preciso que seu autor olhe para o texto com olhos de quem quer enxergar, exercitando seu poder de análise e poder de crítica. Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem. O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade ou textos e obras culturais. A importância do que se vai relatar numa resenha depende da finalidade a que ela se presta.

2. Numa boa resenha devem constar: a) A referência bibliográfica da obra, preferencialmente seguindo a ABNT; b) Alguns dados biográficos relevantes do autor (titulação, vínculo acadêmico e outras obras, por exemplo); c) O resumo da obra, ou síntese do conteúdo, destacando tema, idéias principais e partes ou capítulos em que se divide o

trabalho. d) A avaliação crítica, nos termos já referidos anteriormente no item 1. Este é o ponto alto da resenha, onde o deverá

mostra seu conhecimento, dialoga com o autor e/ou com leitor, dá-se ao direito de proceder a um julgamento. A crítica pode ser interna (quando fala da obra pela obra) ou externa (contextualiza a obra com outros trabalhos do autor ou ainda, compara com os aspectos históricos ou geográficos). Finalmente, devemos lembrar que o recensor deve preocupar-se com a obra em sua totalidade, sem perder-se em detalhes e em passagens isoladas que podem distorcer idéias. Deve-se certamente apresentar e comentar pontos específicos, fortes ou fracos do trabalho, mas estes devem ser relevantes.

3. Passo a passo a) Lembre-se que a resenha vai além, resume toda a obra e faz uma avaliação sobre ela, apresentando suas linhas

básicas. Deve-se avaliá-la, mostrando seus pontos fortes e fracos. b) Nunca use a primeira ou segunda pessoa para redigir uma resenha. Sua opinião não deve atingir diretamente o leitor. c) Amarre as idéias de forma que a pessoa que esteja lendo tenha uma visão geral da obra. d) Se for resenha de livro solicitado por faculdade, comece falando sobre as origens do autor. e) Se possível, leia obras anteriores do autor, ou pelo menos pesquise na internet. f) Ao colocar citações que você precise grifar, coloque entre parênteses um "grifo meu". g) Não se importe com a quantidade, mas sim com a qualidade que irá apresentar. h) Se há palavras que desconhece no livro, pesquise no dicionário antes de transcrevê-la para evitar mal entendidos. i) Não distorça o que o autor quis passar com suas opiniões. Seja crítico, não mentiroso j) Atenção: Ao usar citações alheias, coloque a fonte. A lei ampara a propriedade intelectual e plágio dá cadeia!

4. Tipos de resenha: A resenha pode ser puramente descritiva, isto é, sem nenhum julgamento ou apreciação do resenhador, ou crítica, pontuada de apreciações, notas e correlações estabelecidas pelo juízo crítico de quem a elaborou. A resenha descritiva consta de: a) uma parte descritiva em que se dão informações sobre o texto:- nome do autor;- título completo e exato da obra;-

nome da editora e, se for o caso, da coleção de que faz parte a obra;- lugar e data da publicação;- número de volumes e páginas.

b) No caso de uma obra estrangeira, é útil informar também a língua da versão original e o nome do tradutor. c) uma parte com o resumo da obra:- indicação sucinta do assunto global da obra e do ponto de vista adotado pelo

autor;- resumo que apresenta os pontos essenciais do texto. Na resenha crítica, além dos elementos já mencionados, entram também comentários e julgamentos do resenhador sobre as idéias do autor, o valor da obra, etc.

Page 2: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

Como Fazer Resenha – Normas da ABNT

Digitação do Documento

Os trabalhos devem ser apresentados de modo legível, através de documento digitado em espaço dum e meio (1,5) (exceto as referências, que devem ter espaço um (1), ocupando apenas o anverso da página. Recomenda-se a utilização da fonte arial ou times new roman, tamanho 12. Tipos itálicos são usados para nomes científicos e expressões estrangeiras.

Alinhamento do Documento

Para efeito de alinhamento, não devem ser usados barras, travessões, hífens, asteriscos e outros sinais gráficos na margem lateral direita do texto, que não deve apresentar saliências e reentrâncias.

Impressão do Documento

A impressão deve ser feita exclusivamente em papel branco formato A4, de boa qualidade, que permita a impressão e leitura.

Margens do Documento

As margens devem permitir encadernação e reprodução corretas.

Margem esquerda: 3.0 cm

Margem direita : 2.0 cm

Margem superior : 3.0 cm

Margem inferior : 2.0 cm

Digitação dos trabalhos:stuff on a new page

a)Espaçamento entre Linhas utilizando Word: Menu -» Formatar -» Parágrafo -» Espaçamento -» Entre linhas:

Page 3: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

stuff on a new page

b) Fonte no Word: Menu -» Formatar -» Fonte:

Page 4: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

stuff on a new page

3) Alinhamento do Documento: Para efeito de alinhamento, não devem ser usadas barras, travessões, hífens, asteriscos e outros sinais gráficos na margem lateral direita do texto, o qual não deve apresentar saliências e reentrâncias e sim, estar “Justificado”. No Word: Menu -» Formatar -» Parágrafo -» Alinhamento -» Justificado:

Page 5: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

OUTROS:

Fundamentos para a prática de resenhas científicas: Referência Bibliográfica: Autor. Título da Obra. Elementos de imprensa (local de edição, editora, data). Número de Páginas. Formato. Credenciais do Autor:

Informações sobre o autor, nacionalidade, formação universitária, títulos, livro ou artigo publicado. Resumo da Obra): Resumo das idéias principais da obra. De que trata o texto? Qual sua característica principal? Exige algum conhecimento prévio para entendê-la? Descrição do conteúdo dos capítulos ou partes da obra. Conclusões da Autoria: Quais as conclusões a que o autor chegou? Quadro de referência do autor:

Que teoria serve de apoio ao estudo apresentado? Qual o modelo teórico utilizado? Crítica do Resenhista (apreciação): Julgamento da Obra. Qual a contribuição da obra? As idéias são originais? Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Idealista? Realista? Indicações do resenhista: A quem é dirigida a obra? A obra é endereçada a que disciplina? Pode ser adotada em algum curso? Qual? A resenha não é, pois, um resumo. Este é apenas um elemento da estrutura da resenha. Além disso, acrescente-se: se, por um lado, o resumo não admite o juízo valorativo, o comentário, a crítica; a resenha, por outro, exige tais elementos. Em alguns casos, não é possível dar resposta a todas as interrogações feitas; outras vezes, se publicada em jornais ou revistas não especializados, pode-se omitir um ou outro elemento da estrutura da resenha. Numa publicação científica, porém, observar com rigor os pontos salientados. Acrescente-se: se bem redigida, a resenha é um valioso instrumento de pesquisa; se, no entanto, a crítica apresentada é impressionista (gosto/ não gosto), a resenha deixa de ter interesse para o pesquisador. Fonte: www.educare-br.hpg.com.br

Page 6: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

EXEMPLO DE RESENHA CRÍTICA DE OBRA

RESENHA CRÍTICA

ALVES-MAZZOTTI, Alda J.; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. ed. São Paulo, Pioneira, 1999. 203 p.

1 CREDENCIAIS DOS AUTORES

Alda Judith Alves Mazzotti é bacharel licenciada em Pedagogia, bacharel em Psicologia, Psicóloga, mestre em Educação, doutora em Psicologia da Educação, professora titular de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e leciona a disciplina de Metodologia da Pesquisa em cursos de graduação e pós-graduação desde 1975. Outras obras: ALVES-MAZZOTTI, Alda J., (1994). Do trabalho à rua: uma análise das representações sociais produzidas por meninos trabalhadores e meninos de rua. In Tecendo Saberes. Rio de Janeiro: Diadorim-UFRJ / CFCH. _________ . (1996). Social representations of street children, resumo publicado nos Anais da Terceira Conferência Internacional sobre Representações Sociais, realizada em Aix-em- Provence. Fernando Gewandsznajder é licenciado em Biologia, mestre em Educação, mestre em Filosofia e doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Outras obras: GEWANDSZNAJDER, Fernando. O que é o método científico. São Paulo: Pioneira,1989. _________. A aprendizagem por mudança conceitual: uma crítica ao modelo PSHG. Doutoramento em Educação. Faculdade de Educação da UFRJ, 1995.

2 RESUMO DA OBRA

O livro é constituído de duas partes, cada uma delas sob a responsabilidade

de um autor, traduzindo sua experiência e fundamentação sobre o método científico,

em abordagens que se complementam.

Na primeira parte, GEWANDSZNAJDER discute, em quatro capítulos, o

método nas ciências naturais, apresentando conceitos básicos como o da lei, teoria

e teste controlado.

No capitulo inicial há uma visão geral do método nas ciências naturais e um

alerta sobre a não concordância completa entre filósofos da ciência sobre as

Page 7: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

características do método científico. Muitos concordam que há um método para

testar criticamente e selecionar as melhores hipóteses e teorias. Neste sentido diz-

se que há um método cientifico, em que a observação, a coleta dos dados e as

experiências são feitas conforme interesses, expectativas ou idéias preconcebidas, e

não com neutralidade. São formuladas teorias que devem ser encaradas como

explicações parciais, hipotéticas e provisórias da realidade.

O segundo capítulo trata dos pressupostos filosóficos do método científico,

destacando as características do positivismo lógico, segundo o qual o conhecimento

factual ou empírico deve ser obtido a partir da observação, pelo método indutivo,

bem como as críticas aos positivistas, cujo objetivo central era justificar ou legitimar

o conhecimento científico, estabelecendo seus fundamentos lógicos e empíricos.

A partir das críticas à indução, o filósofo Karl Popper (1902- 1994) construiu o

racionalismo crítico, sua visão do método cientifico e do conhecimento em geral,

dizendo que ambos progridem através de conjecturas e refutações, sendo que a

tentativa de refutação conta com o apoio da lógica dedutiva, que passa a ser um

instrumento de crítica.

Apoiados em sua visão da história da ciência, Thomas Kuhn ( 1922- 1996) ,

Lakatos e Feyerabend, entre outros, criticam tanto Popper quanto os indutivistas,

alegando que sempre é possível fazer alterações nas hipóteses e teorias auxiliares

quando uma previsão não se realiza.

Kuhn destaca o conceito de paradigma como uma espécie de “teoria

ampliada”, formada por leis, conceitos modelos, analogias, valores, regras para a

avaliação de teorias e formulação de problemas, princípios metafísicos e

“exemplares”. Tais paradigmas orientam a pesquisa cientifica; sua força seria tanta

que determinaria até mesmo como um fenômeno é percebido pelos cientistas, o que

explica por que as revoluções cientificas são raras: em vez de abandonar teorias

refutadas, os cientistas se ocupam com a pesquisa cientifica orientada por um

paradigma e baseada em um consenso entre especialistas.

Nos períodos chamados de “Revoluções Cientificas”, ocorre uma mudança de

paradigma; novos fenômenos são descobertos, conhecimentos antigos são

abandonados e há uma mudança radical na prática cientifica e na “visão de mundo”

do cientista.

A partir do final dos anos sessenta, a Escola de Edimburgo, defende que a

avaliação das teorias cientificas e seu próprio conteúdo são determinados por

Page 8: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

fatores sociais. Assume as principais teses da nova Filosofia da Ciência e conclui

que o resultado da pesquisa seria menos uma descrição da natureza do que uma

construção social.

O terceiro capítulo busca estimular uma reflexão crítica sobre a natureza dos

procedimentos utilizados na pesquisa cientifica. Destaca que a percepção de um

problema deflagra o raciocínio e a pesquisa, levando-nos a formular hipóteses e a

realizar observações.

Importantes descobertas não foram totalmente casuais, nem os cientistas

realizavam observações passivas, mas mobilizavam-se à procura de algo, criando

hipóteses ousadas e pertinentes, o que aproxima a atividade cientifica de uma obra

de arte.

Visando apreender o real, selecionamos aspectos da realidade e construímos

um modelo do objeto a ser estudado. Mas isto não basta: há que se enunciar leis

que descrevam seu comportamento. O conjunto formado pela reunião do modelo

com as leis e as hipóteses constitui a teoria cientifica.

A partir do modelo, que representa uma imagem simplificada dos fatos, pode-

se corrigir uma lei, enunciando outra mais geral, como ocorreu com Lavoisier, que

estabeleceu os alicerces da química moderna.

No quarto capitulo, GEWANDSZNAJDER conclui a primeira parte da obra,

comparando a ciência a outras formas de conhecimento, mostrando que tal distinção

nem sempre é nítida e, que aquilo que atualmente não pertence à ciência, poderá

pertencer no futuro.

Apresenta críticas a áreas cujos conhecimentos não são aceitos por toda a

comunidade cientifica, como: paranormalidade, ufologia, criacionismo, homeopatia,

astrologia.

Na maioria das vezes, o senso comum, formado pelo conjunto de crenças e

opiniões, limita-se a tentar resolver problemas de ordem prática.

Assim, enquanto determinado conhecimento funcionar bem, dentro das

finalidades para as quais foi criado, continuará sendo usado. Já o conhecimento

cientifico procura sistematicamente criticar uma hipótese, mesmo que ela resolva

satisfatoriamente os problemas para os quais foi concebida. Em ciência procura-se

aplicar uma hipótese para resolver novos problemas, ampliando seu campo de ação

para além dos limites de objetivos práticos e problemas cotidianos.

Page 9: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

Na segunda parte do livro, Alves-Mazzotti discute a questão do método nas

ciências sociais, com ênfase nas metodologias qualitativas, analisando seus

fundamentos. Coloca que não há um modelo único para se construir conhecimentos

confiáveis, e sim modelos adequados ou inadequados ao que se pretende investigar

e que as ciências sociais vêm desenvolvendo modelos próprios de investigação,

além de propor critérios para orientar o desenvolvimento da pesquisa, avaliar o rigor

dos procedimentos e a confiabilidade das conclusões que não prescindem de

evidências e argumentação sólida.

O capítulo cinco analisa as raízes da crise dos paradigmas, situando

historicamente a discussão sobre a cientificidade das ciências sociais. Enfatiza fatos

que contribuíram para estremecer a crença na ciência, como os questionamentos de

Kuhn, nos anos sessenta, sobre a objetividade e a racionalidade da ciência e a

retomada das críticas da Escola de Frankfurt, referentes aos aspectos ideológicos

da atitude cientifica dominante.

Mostra que os argumentos de Kuhn, relativos à impossibilidade de avaliação

objetiva de teorias cientificas, provocaram reações opostas, a saber: tomados às

ultimas conseqüências, levaram ao relativismo, representado pelo “vale tudo” de

Feyerabend e pelo construtivismo social da Sociologia do Conhecimento. De outro

lado, tais argumentos foram criticados à exaustão, visando indicar seus exageros e

afirmando a possibilidade de uma ciência que procure a objetividade, sem confundi-

la com certeza.

E ainda, diversos cientistas sociais, mobilizados pelas críticas à ciência

tradicional feitas pela Escola de Frankfurt, partindo de outra perspectiva, procuravam

caminhos para a efetivação de uma ciência mais compromissada com a

transformação social.

Em tal contexto, adquirem destaque nas ciências sociais, os modelos

alternativos ao positivismo, como a teoria crítica, expondo o conflito entre o

positivismo e a visão dialética. Esgotado o paradigma positivista, adquire destaque,

na década de setenta, o paradigma qualitativo, abrindo espaço para a invenção e o

estudo de problemas que não caberiam nos rígidos limites do paradigma anterior.

Page 10: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

A discussão contemporânea propõe compromisso com princípios básicos do

método cientifico, como clareza, consenso, linguagem formalizada, capacidade de

previsão, conjunto de conhecimentos que sirvam de guia para a ação(modelos).

A análise das posições indica flexibilização dos critérios de cientificidade,

preocupação com clareza do discurso cientifico permitindo crítica fundamentada,

explicação e não apenas descrição dos fenômenos.

O capítulo seis apresenta aspectos relativos ao debate sobre o paradigma

qualitativo na década de oitenta.

Inicialmente, caracteriza a abordagem qualitativa por oposição ao positivismo,

visto muitas vezes de maneira ingênua.

Wolcott denuncia a confusão na área, Lincoln e Guba denominam o novo

paradigma de construtivista e Patton capta o que há de mais geral entre as

modalidades incluídas nessa abordagem, indicando que seguem a tradição

compreensiva ou interpretativa.

Na Conferência dos Paradigmas Alternativos, em 1989, são apresentados

como sucessores do positivismo:

Construtivismo Social, influenciado pelo relativismo e pela fenomenologia,

enfatizando a intencionalidade dos atos humanos e privilegiando as

percepções. Considera que a adoção de teorias a priori na pesquisa turva

a visão do observado.

Pós – positivismo - Defende a adoção do método científico nas ciências

sociais, preferindo modelos experimentais com teste de hipóteses, tendo

como objetivo último a formulação de teorias explicativas de relações

causais..

Teoria Crítica, onde o termo assume, pelo menos, dois sentidos distintos:

(1)Análise rigorosa da argumentação e do método; (2)Ênfase na análise

das condições de regulação social, desigualdade e poder.

Os teóricos – críticos enfatizam o papel da ciência na transformação da

sociedade, embora a forma de envolvimento do cientista nesse processo de

transformação seja objeto de debate. Ao contrário dos construtivistas e dos pós-

Page 11: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

positivistas, questionam a dicotomia objetivo/subjetivo, implicando oposições,

declarando que esta é uma simplificação que, em vez de esclarecer confunde.

Para eles subjetividade não é algo a ser expurgado da pesquisa, mas que precisa

ser admitido e compreendido como parte da construção dos significados inerente às

relações sociais que se estabelecem no campo pesquisado. Tem que ser entendida

como sendo determinada por múltiplas relações de poder e interesses de classe,

raça gênero, idade e orientação sexual. Conceito que deve ser discutido em relação

à consciência e às relações de poder que envolvem tanto o pesquisador como os

pesquisados.

Como organizador da citada conferência, Guba retratou as ambigüidades,

confusões e discordâncias existentes, visando estimular a continuação das

discussões. A diferença entre as três posições reside na ênfase atribuída e,

especialmente, nas conseqüências derivadas dessas questões:o papel da teoria,

dos valores e a subdeterminação da teoria.

Na prática, observa-se com freqüência a coexistência de características

atribuídas a diferentes paradigmas.

No capítulo sete estuda-se o planejamento de pesquisas qualitativas,

discutem-se alternativas e sugestões, acompanhadas de exemplos que auxiliam o

planejamento e desenvolvimento de pesquisas.

Ao contrário das quantitativas, as investigações qualitativas não admitem

regras precisas, aplicáveis a uma infinidade de casos, por sua diversidade e

flexibilidade. Diferem também quanto aos aspectos que podem ser definidos no

projeto. Enquanto os pós-positivistas trabalham com projetos bem detalhados, os

construtivistas sociais defendem um mínimo de estruturação prévia, definindo os

aspectos referentes à pesquisa, no decorrer do processo de investigação.

Para a autora, um projeto de pesquisa consiste basicamente em um plano

para uma investigação sistemática que busca uma compreensão mais elaborada de

determinado problema.

Seja qual for o paradigma em que está operando, o projeto deve indicar: o que

se pretende investigar; como se planejou conduzir a investigação; porque o estudo é

relevante.

Encerrando a obra, o capítulo oito trata da revisão da bibliografia, destacando

dois aspectos pertinentes à pesquisa: (1) análise de pesquisas anteriores sobre o

mesmo tema e ou sobre temas correlatos; (2) discussão do referencial teórico.

Sendo a produção do conhecimento uma construção coletiva da comunidade

Page 12: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

científica, o pesquisador formulará um problema, situando-se e analisando

criticamente o estado atual do conhecimento em sua área de interesse, comparando

e criticando abordagens teórico-metodológicas e avaliando o peso e confiabilidade

de resultados de pesquisas, identificando pontos de consensos, controvérsias,

regiões de sombra e lacunas que merecem ser esclarecidas. Posicionar-se-á quanto

ao referencial teórico a ser utilizado e seguirá o plano estabelecido.

3 CONCLUSÃO DA RESENHISTA

De um modo geral, os autores apóiam-se em diversos estudiosos para

emitir suas conclusões. Numa das poucas oportunidades em que declara suas

próprias idéias, GEWANDSZNAJDER nos lembra que a decisão de adotar uma

postura crítica, de procurar a verdade e valorizar a objetividade é uma decisão

livre. Alerta-nos que determinadas escolhas geram conseqüências que poderão

ser consideradas indesejáveis pelo sujeito ou pela comunidade. Supondo, num

exemplo extremo, que se decida “afrouxar” os padrões da crítica a ponto de

abandonar o uso de argumentos e a possibilidade de corrigir-se os próprios erros

com a experiência, não mais distinguiríamos uma opinião racional, conseqüência

de ponderações, críticas e discussões que consideram diferentes posições, de um

simples preconceito, que se utiliza de conceitos falsos para julgar pessoas pelo

grupo a que pertencem, levando a discriminações.

Também aqui sua conclusão apóia-se em um autor: “Finalmente como diz

Popper, se admitimos não ser possível chegar a um consenso através de

argumentos, só resta o convencimento pela autoridade. Portanto, a falta de

discussão crítica seria substituída por decisões autoritárias, soluções arbitrárias e

dogmáticas – e até violentas – para se decidir uma disputa” (pág 64).

Com este discurso, incentiva-nos a reagir à acomodação e falsa

neutralidade, mostrando nossa responsabilidade em tudo que fazemos e criamos,

pois a decisão final será sempre um ato de valor e pode ser esclarecida pelo

pensamento, através da análise das conseqüências posições de determinada

decisão.

Respaldando, ainda, suas opiniões em autores de peso, destaca que a

história da ciência mostra que nas revoluções científicas não há mudanças

Page 13: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

radicais no significado de todos os conceitos, sendo utilizada uma linguagem

capaz de ser compreendida por ambos os lados.

Enfatiza que a maioria dos problemas estudados pelos cientistas surge a

partir de um conjunto de teorias científicas que funciona como um conhecimento

de base. E é este conhecimento de base que procura nos fornecer, deixando

claro que a formulação e resolução de problemas só podem ser feitas por quem

tem um bom conhecimento das teorias científicas de sua área. Completa dizendo

que um bom cientista não se limita a resolver problemas, mas também formula

questões originais e descobre problemas onde outros viam apenas fatos banais,

pois “os ventos só ajudam aos navegadores que têm um objetivo definido”.(pág.

66).

Alves – Mazzotti, esclarece que os teórico-críticos enfatizam o papel da

ciência na transformação da sociedade, apesar da forma de envolvimento do

cientista nesse processo de transformação como objeto de debate. Complementa

com a posição de diferentes autores sobre cientistas sociais, parceiros na

formação de agendas sociais através de sua prática científica, sendo esse

envolvimento e a militância política questões distintas. Enfatiza que a diferença

básica entre a teoria crítica e as demais abordagens qualitativas está na

motivação política dos pesquisadores e nas questões sobre desigualdade e

dominação que, em conseqüência, permeiam seus trabalhos.

Coerente com essas preocupações, a abordagem crítica é essencialmente

relacional: busca investigar o que ocorre nos grupos e instituições relacionando as

ações humanas com a cultura e as estruturas sociais e políticas, procurando

entender de que forma as redes de poder são produzidas, mediadas e

transformadas. Parte do pressuposto de que nenhum processo social pode ser

compreendido de forma isolada, como instância neutra, acima dos conflitos

ideológicos da sociedade. Ao contrário, estão sempre profundamente ligados,

vinculados, às desigualdades culturais, econômicas e políticas que dominam

nossa sociedade.

Os autores concluem que coexistem atualmente diferentes linhas

filosóficas acerca da natureza do método cientifico, o que também é válido em

relação aos critérios para avaliação das teorias cientificas. Concordam, também,

que a pesquisa nas ciências sociais se caracteriza por uma multiplicidade de

Page 14: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

abordagens, com pressupostos, metodologias e estilos diversos.

Finalmente, deixam claro que o uso do método científico não pode ser

considerado de maneira independente dos conceitos ou das bases teóricas,

implícita ou explicitamente, envolvidos na pesquisa.

4 CRÍTICA DA RESENHISTA

A obra fornece subsídios à nossa pesquisa científica, à medida que trata dos

principais autores/protagonistas da discussão/construção do método cientifico na

história mais recente, reportando-se a esclarecimentos mais distantes sempre que

necessário.

Com sólidos conhecimentos acerca do desenrolar histórico, os autores

empenham-se em apresentar clara e detalhadamente as circunstâncias e

características da pesquisa cientifica, levando-nos a compreender as idéias básicas

das várias linhas filosóficas contemporâneas, bem como a descobrir uma nova

maneira de ver o que já havia sido visto, estudado.

É uma leitura que exige conhecimentos prévios para ser entendida, além de

diversas releituras e pesquisas quanto a conceitos, autores e contextos

apresentados, uma vez que as conclusões emergem a partir de esclarecimentos e

posições de diversos estudiosos da ciência e suas aplicações e posturas quanto ao

método científico.

Com estilo claro o objetivo, os autores dão esclarecimentos sobre o método

cientifico nas ciências naturais e sociais, exemplificando, impulsionando reflexão

crítica e discussão teórica sobre fundamentos filosóficos. Com isso auxiliam

sobremaneira a elaboração do nosso plano de pesquisa.

Os exemplos citados amplamente nos auxiliam na compreensão da atividade

científica e nos possibilitam analisar e confrontar várias posições, a fim de

chegarmos à nossa própria fundamentação teórica, decidindo-nos por uma linha de

pesquisa. Mostram-nos a imensa possibilidade de trabalhos que existe no campo da

ciência, além de nos encaminhar para exposições mais detalhadas a respeito de

determinados tópicos abordados, relacionando autores e bibliografia específicas.

Page 15: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

Finalmente, com o estudo dessa obra, podemos amadurecer mais, inclusive

para aceitar e até solicitar crítica rigorosa, que em muito pode enriquecer nosso

trabalho.

5 INDICAÇOES DA RESENHISTA

A obra tem por objetivo discutir alternativas e oferecer sugestões para

estudantes universitários e pesquisadores, a fim de que possam realizar, planejar e

desenvolver as próprias pesquisas, na graduação e pós-graduação, utilizando-se do

rigor necessário à produção de conhecimentos confiáveis. É de grande auxilio,

principalmente, àqueles que desenvolvem trabalhos acadêmicos no campo da

ciência social.

Não se trata de um simples manual, com passos a serem seguidos, mas um

livro que apresenta os fundamentos necessários à compreensão da natureza do

método científico, nas ciências naturais e sociais, bem como diretrizes operacionais

que contribuem para o desenvolvimento da atitude crítica necessária ao progresso

do conhecimento.

Joana Maria Rodrigues Di Santo é Psicopedagoga experiente, com atuação significativa em Psicopedagogia Institucional, Coordenadora de Ensino Médio e Fundamental, Supervisora aposentada do Município de São Paulo, Mestre em Educação, profere palestras e assessora diversas escolas.

Page 16: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

EXEMPLO DE RESENHA CRÍTICA DE TEMA(S):

favor observar que o título não é a cópia do(s) tema(s), mas uma criação do autor em função de seu olhar crítico sobre os temas resenhados a partir de obras (livros, artigos, sites) lidos.

TÍTULO1

Sub-título

Fulano de tal2

Orientador: Prof. Milton Sampaio 3

RESUMO

A instabilidade experimentada pelas pessoas, na transição do final da carreira profissional para o pós-carreira, tem causado preocupação tanto a empresas interessadas em estimulá-la, como fator de renovação de seus quadros, como para indivíduos que buscam enfrentar este episódio com tranqüilidade e segurança quanto à manutenção do padrão de vida. As abordagens de alternativas econômicas, contextuais e comportamentais são o escopo do presente artigo.

Palavras-Chave: Pós-carreira, Carreira, Aposentadoria, Padrão de Vida, Qualidade de Vida, Terceira Idade, Quarta Idade, Velhice, Renovação de Quadros, Rotatividade da Mão-de-Obra, Renda de Sobrevivência, Planejamento de Vida.

A globalização da economia exige organizações dinâmicas, em constante evolução e transformação de seus paradigmas e que consigam atuar dentro de um mercado altamente competitivo. Sendo as organizações as pessoas que nela labutam, necessitam, cada vez mais, de profissionais jovens, talentosos e com ambição intelectual o que contribui para o desenvolvimento do seu potencial, adaptação às novas situações, poder de criatividade e de geração de novas idéias que não só solucionem problemas, mas que agreguem valores aos

1 Resenha crítica entregue como avaliação parcial do curso de Administração 2010.1, matutino na

UNIJORGE.

2 Estudante de Administração pela UNIJORGE, estagiário da empresa X.email

3 Mestre em Informação Estratégica pela Universidade Federal da Bahia – UFBA, Especialista em

Administração pela Universidade Salvador – UNIFACS, Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Professor de cursos de Extensão, Graduação e Pós-graduação na Universidade Salvador – UNIFACS, Faculdade de Tecnologia Empresarial – FTE, UNIJORGE. Consultor nas áreas de gestão estratégica, gestão do conhecimento, inteligência competitiva. [email protected]

Page 17: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

resultados desejados por essas organizações. Da mesma forma, os jovens de talento necessitam ser orientados por líderes educadores, formando, assim, uma cadeia sucessória objetivando a continuidade das organizações.

Muitas organizações, entretanto, defrontam com um problema: colaboradores veteranos, com estilos de atuação profissional muitas vezes já ultrapassados, quer por contingência natural à idade quer por já terem os seus anseios realizados, são conduzidos a uma baixa automotivação e, conseqüentemente, não correspondendo às expectativas das mesmas.

Esses colaboradores, intrinsecamente, vivem preocupados em manter a sua vida laborativa e, por não terem planejando a sua aposentadoria, a sua vida pós-carreira. Retardam o início dessa nova etapa de vida por receio da ruptura de paradigmas que certamente ocorrem nessa transição.

Na visão da ruptura de paradigmas, defrontam com questionamentos: O que fazer com o tempo livre? A sociedade o aceitará sabendo que não é mais empregado da organização onde por longos anos se integrou, acostumando-se mesmo a agregá-la ao seu nome?. Quais os riscos de não sofrer perda de renda e qualidade de vida ante a possibilidade de redução ou interrupção no recebimento da aposentadoria da previdência oficial (INSS)?. Enfrentará redução no nível de qualidade de vida?

Este último questionamento advém, sobretudo, pela falta do planejamento financeiro. Poucos se preocupam em constituir reservas, ao longo de sua vida laborativa, que lhes possibilitem a manutenção do padrão de vida e, apenas com a renda da aposentadoria paga pelo INSS, é inviável às pessoas que auferem renda superior a 20 salários mínimos manterem o padrão de vida. É uma renda que cobrirá uma parte de suas necessidades sem considerar os gastos que passarão a ter com assistência à saúde, à medida que envelhecem.

Considerando, assim, a falta de planejamento financeiro como o fator de maior impacto na aposentadoria, a proposta desse artigo é conscientizar as pessoas para elaboração de plano de vida pós-carreira, enfocando os aspectos mais relevantes, inclusive como estimar uma renda de sobrevivência.

Pós-carreira no Brasil e no Mundo

Estimar a renda de sobrevivência necessária no pós-carreira é bastante complicado.

Precisa de critérios, exige planejamento financeiro que, por sua vez, exige a elaboração de um orçamento doméstico que deve ter acompanhamento metódico das despesas realizadas x previstas. É muito comum ouvir de analistas ou corretores de seguros que uma boa estimativa gira em torno de 70% da última renda profissional obtida. GARCIA e EID JR (2001) comentam:

“Certos números parecem mágicos. Surgem em algum lugar e, de tanto serem repetidos, acabam tornando-se verdades absolutas. Um desses números é o redutor de despesas com a aposentadoria. Costuma-se dizer que uma boa estimativa dos gastos no período de aposentadoria é de 70% dos gastos ao final do período de trabalho. Fácil, mas enganoso, principalmente porque a rigidez desse número pode prejudicar suas contas e impedi-lo de realizar um bom planejamento.”

Percentuais aproximados a 70% têm sido utilizados com bastante freqüência, tanto no Brasil como em outros países. No Brasil, as práticas na concessão da renda podem ser vistas sobre três focos: (1) na previdência oficial, o maior valor de aposentadoria paga é R$ 1.561,56 o que equivale a 78% e 52% da última renda daqueles que ganhavam, respectivamente, 10 ou 15 salários mínimo (R$ 2.000,00 e

Page 18: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

R$ 3.000,00 em janeiro/2003); (2) nas entidades que administram fundos de pensão fechados, os números são bastante variados. Citando as práticas de algumas dessas entidades, em relação ao último salário em atividade: a Metrus garante renda até 60%, a Faelba até 85%, a Fabasa até 92% e a Bases até 64%, em média; e, (3) nas entidades administradoras de fundos de pensão abertos registra-se, também, uma diversidade de práticas. Como exemplos: o Icatu, ao negociar planos com seus clientes, sugere a formação de uma renda de sobrevivência equivalente a 60% do último salário; a Mony sugere algo em torno de 70%; o Bradesco Previdência entre 70-80% e o Real Previdência, em torno de 70%.

Em entrevista concedida à revista Você S.A. (OUT.2002), o economista americano THALER, professor de Behavioral Economics (economia comportamental) na Universidade de Chicago, ao ser questionado sobre a existência de níveis adequados de poupança, em relação à renda total de uma pessoa, para lhe garantir uma aposentadoria suficiente, respondeu: “Esse é um cálculo que varia muito de pessoa para pessoa. Há um consenso que diz que, ao se aposentar, você deve ter pelo menos ¾ de sua renda pré-aposentadoria.”

É voz corrente que a aposentadoria exige menos recursos financeiros (filhos criados, educação completada, imóvel quitado, baixo custo com vestuário, etc. etc.). O artigo “Cai a dependência do idoso no Brasil”, publicado na revista Fundos de Pensão (MAI.2002), desmistifica esta premissa, ao comentar os resultados de uma pesquisa realizada pelo IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, em que se delineia uma atuação mais forte do idoso na composição da renda familiar. Nos últimos 20 anos, passaram de 17,5% para 26,8% o número de filhos adultos, maiores de 21 anos, morando com os pais idosos, em famílias chefiadas por homens. Naquelas chefiadas por mulheres, a proporção aumentou de 18% para 28,8% no mesmo período.

Segundo CAMARANO (2002),

“... o idoso tem assumido papéis não esperados nem pela literatura nem pelas políticas. Esta situação pode ser explicada à luz das transformações pelas quais passa a economia brasileira levando a que os jovens estejam experenciando grandes dificuldades em relação à sua participação no mercado, o que tem repercutido, dentre outras formas, por altas taxas de desemprego, violências de várias ordens, gravidezes precoces e outras. Um destes papéis é a responsabilidade pelo orçamento doméstico, onde a sua renda de sobrevivência passa a ser a única fonte de sobrevivência de toda a família.”

Segundo a ONU (FIBRANOTICIAS, 1999) a realidade no Brasil vai mudar ainda mais: “... as cabeças brancas vão ser cada vez mais freqüentes nas cidades do Brasil. No batente”.

O que pensa a população brasileira sobre o pós-carreira

Planejamento financeiro visando à vida pós-carreira ainda não assumiu a posição de assunto importante na vida de grande parte dos brasileiros. Há muita desinformação e persiste, ainda, certa insegurança quanto a um dos investimentos de poupança mais sugerido no regime: a previdência complementar.

A pesquisa 1500 Brasil (JAN/2002), realizada pelo IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa, para o cliente a ABRAPP - Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, retrata bastante este quadro. Com o objetivo de traçar um perfil do que pensa a população brasileira sobre aposentadoria, investimentos, futuro e fundos de pensão no Brasil, a pesquisa

Page 19: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

entrevistou 1.500 pessoas na faixa etária superior a 18 anos, pertencentes às classes sociais A, B e C, em todas as regiões do país e com instrução a partir do ensino médio.

Os resultados publicados na revista Fundos de Pensão (ABR.2002, p.11), destaca que há muitas contradições nas respostas dos entrevistados e constatou-se que:

“os brasileiros não têm a sua aposentadoria garantida, conforme resposta de 78% dos pesquisados de nível superior e 87% dos de nível médio. Cerca de 31% das pessoas situadas nos mesmos níveis de instrução consideram já ter uma aposentadoria garantida: a do INSS. Mesmo na classe A é alto o percentual daqueles ainda sem garantia de uma renda de sobrevivência: 75%.”

Segundo Marcos Antonio Souza Aguiar, Estatístico do IBOPE, na apresentação dos resultados desta pesquisa durante o 23º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão (OUT.2002), 87% dos pesquisados consideram a aposentadoria um assunto para se preocupar desde jovem, mas 64% afirmam que nunca pensou em fazer plano visando à complementação de renda!...

Há, por outro lado, uma crença generalizada de que a aposentadoria pelo INSS é liquida e certa e a poupança é o melhor investimento. Outro dado relevante: 72% dos pesquisados não têm qualquer informação sobre o quanto receberá do INSS embora 69% consideram que o valor da aposentadoria pago pelo INSS não é suficiente para cobrir suas despesas.

As pessoas têm consciência de que um dia irão se aposentar, mas ainda não se conscientizaram sobre o que é preciso fazer para ter uma aposentadoria ou uma vida pós-carreira com segurança, tranqüilidade, preservando ou buscando recursos financeiros que viabilizem melhoria na sua qualidade de vida.

O que pensam os Fundos de Pensão

Segundo José Cechin, Ministro da Previdência (DEZ/2002, p.55), o regime das EFPC - Entidade Fechada de Previdência Complementar engloba atualmente 2,3 milhões de participantes, com 359 fundos de pensão. Em Jul.2002, estavam pagando 560 mil benefícios, no valor médio de R$ 3.698,00, acima do teto da previdência oficial, que é R$ 1.561,56. Somando-se, isto significa que a renda de sobrevivência de pessoas no pós-carreira que possuem um plano de previdência complementar, na média, gira em torno de R$ 5.259,00.

Substituir gerações é uma necessidade das organizações e como as pessoas não estão estruturando o planejamento da sua vida pós-carreira, as patrocinadoras de fundos de pensão estão, paralelamente à oferta de planos de previdência complementar aos seus integrantes, assumindo, também, a responsabilidade pelo desenvolvimento e implantação de programas desta natureza.

A empresa Mercer Investment Consulting (OUT.2002), do grupo William Mercer, ao realizar a 2ª Pesquisa sobre Investimentos de Fundos de Pensão fez uma abordagem sobre como as empresas estão conduzindo o assunto. A pesquisa, que contou com a participação de 102 entidades de previdência complementar fechada, equivalente a 28% desta indústria no país, levantou duas questões sobre programa de preparação para aposentadoria: 12,4% dos fundos de pensão os vinculam a patrocinadoras que possuem plano de preparação para a aposentadoria para seus empregados há 6,2 anos em média; 24% de não possui este tipo de programas, porém pensa em desenvolvê-lo. Quanto ao conteúdo que o programa deve abordar os itens mais relevantes são, na ordem de grandeza: projeto de vida na

Page 20: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

aposentadoria, a administração de finanças pessoais, cuidados com a saúde, quantificação do beneficio, informações sobre a previdência social, tempo livre, lazer e bem-estar.

Metodologia da Pesquisa

Conforme exposto, costuma-se dizer que os requerimentos de renda dos aposentados são menores do que os dos trabalhadores ativos, justificando que, mundialmente, a maioria das instituições provedoras de aposentadorias calculem os rendimentos dos seus segurados como uma fração da renda percebida durante o período de atividade.

Tentando confirmar esta crença, realizamos uma verificação amostral com a aplicação de dois questionários: um para as pessoas ativas, com atividade laboral e outro para pessoas inativas ou aposentadas. Os questionários cobriram assuntos como dados demográficos (idade, sexo, formação educacional, estado civil, composição familiar), além dos aspectos voltados para a vida social e comunitária, qualidade de vida, seguros (saúde e vida) e econômicos.

A amostra foi formada por 35 pessoas, residindo em Salvador, nível de instrução correspondente igual ao ensino médio ou mais, todos situados na classe B. As idades variaram: entre 30-40 anos (ativos) e acima de 50 anos para os aposentados e amostra foi selecionada aleatoriamente entre os empregados da Organização Odebrecht, representando 9,8% do total de empregados locais. Os questionários foram distribuídos em OUT.2002 e devolvidos em NOV.2002 por, apenas, 11 pessoas, ou seja, 31% da amostra.

Perfis dos Grupos Respondentes

Os trabalhadores ativos foram sete, com idade média de 44 anos, 57% do sexo masculino e 71% casados. 72% têm formação superior completa, enquanto 28% têm o ensino médio. O tempo de serviço na Odebrecht apresentou a média de 23 anos.

Os aposentados foram quatro ex-trabalhadores da mesma Organização com idade média de 61 anos, sendo 75% do sexo feminino, 50% casados, 25% de viúvos e solteiros, respectivamente. Quanto à formação, 25% possuem ensino superior incompleto, 50% o ensino médio completo e 25% o ensino fundamental completo.

Os dois grupos, por constituírem uma amostra limitada, apresentaram resultados, conforme analises abaixo, que foram tratados como indícios para posteriores investigações mais rigorosas.

Aspectos Sociais e Comunitários

Mais de 2/3 (71%) dos trabalhadores ativos residem em imóvel próprio, enquanto os demais se dividem igualmente entre os que ocupam imóvel alugado ou residem com pais. Já os aposentados, na sua totalidade residem em imóvel próprio, os que os liberam da maioria das obrigações deste item de consumo. .

Quanto ao padrão de locomoção, a totalidade dos ativos possui veículo próprio, dos quais 56% tem veículo com menos de dois anos de uso. Dos aposentados, 75% possuem veículo, sendo que 33% possuem veículo com menos de dois anos de uso, podendo-se inferir menor necessidade de rápida locomoção, talvez pelo fato que existir na Bahia, beneficio tarifário do transporte público coletivo para a população idosa.

Page 21: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

Quanto a ocupação do tempo livre na aposentadoria, 57% dos ativos já pensaram no assunto: 50% pretendem se dedicar a pequenos negócios alternativos à atividade anteriormente desenvolvida; 25% pretendem fazer trabalho voluntário (creches, asilos, etc.) e os outros 25% intencionam voltar a estudar. Quanto a trabalho voluntariado, metade dos aposentados o exerce em instituições de benemerência e 42% dos ativos o pratica e pretendem continuar na aposentadoria.

A prática de “hobbies” pelos ativos foi confirmada por 71% (esportes, jardinagem, leitura) e, a exceção de um, por um tempo superior a dez anos. A totalidade os aposentados também os pratica, mas a natureza é mais leve (bordados, jogos de cartas e televisão) por tempos que variam de seis meses a mais de trinta e cinco anos.

Aspectos relativos à saúde, segurança, e cobertura securitária

Tanto entre os ativos quanto os inativos, na sua totalidade, declaram ter hábito de visitar um clínico ou geriatra com regularidade, no mínimo anualmente, demonstrando elevada consciência quanto ao valor da prevenção, em termos de saúde. Todos – ativos e aposentados - possuem plano de saúde subsidiado pela Odebrecht.

Quanto ao seguro de vida, os ativos participam de uma apólice coletiva totalmente custeada pela Odebrecht e 75% responderam positivamente sobre o interesse de manter este tipo seguro quando aposentados. A minoria condiciona esta decisão a algum acerto de detalhes não especificados.

Aspectos Econômicos

Os trabalhadores ativos (71%) não possuem outra fonte de rendimento além do salário proveniente do trabalho na ocupação principal enquanto que 29% possuem outra fonte de rendimento adicional.

Todos os inativos são aposentados pelo INSS, sendo que metade conta com complemento de remuneração: por instituição de previdência complementar, rendimentos de investimentos financeiros e /ou serviço eventual - indício de que a aposentadoria oficial é insuficiente.

71% dos ativos e 50% dos inativos possuem parentes - cônjuge e filhos - que contribuem no sustento do lar.

Todos os ativos, sendo participantes da Odeprev Odebrecht Previdência, contribuem para uma previdência complementar, no entanto, apenas 1/3 já avaliaram se o benefício a ser proporcionado por essa entidade seria suficiente para atender suas expectativas. Os dois participantes que já fizeram tal avaliação, concluíram pela insuficiência, estando empenhados em fazer outras formas de poupança ou desenvolver pequeno negócio, como forma de obtenção de renda suplementar.

86% dos ativos declararam que ao se aposentar gostariam de exercer alguma nova atividade remunerada, enquanto, na realidade, o total dos aposentados não a exerce.

A idade alvo desejada pelos ativos, para início da aposentadoria é, na média, 57 anos. Por outro lado, os inativos se aposentaram pelo INSS com a idade média de 54 anos e pela entidade de previdência complementar, em torno dos 61 anos. Tal disparidade indica que a possibilidade da real aposentadoria está situada mais tarde do que os desejos individuais em cerca de quatro anos, na média.

No que diz respeito às despesas normalmente incorridas e aquelas planejadas para o pós-carreira pelos ativos, apresentaram: (1) reduções significativas nos itens

Page 22: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

Educação/ Informação e Impostos: no primeiro, devem ter considerado que, na aposentadoria, seus filhos já os podem dispensar deste custeio; no segundo é compreensível pelo fato de subitens como os descontos para a previdência - social e complementar - cessam na inatividade e, além disso, sendo a renda como aposentado menor, é de se esperar uma menor tributação; e (2) crescimento no item Lazer, que interpretamos como a predisposição para uma utilização do tempo livre com atividades prazerosas. No item Saúde e Higiene, não consideraram os aumentos nos planos de saúde, muito caro para as faixas mais idosas da população.

Aspecto do Estado Geral da Mente

Propositadamente, foi inserida uma questão genérica sobre o indivíduo estar satisfeito quanto à sua realização, com o objetivo de obter uma visão do estado de ânimo e a disposição ou anseio dos grupos para manter-se em busca de maiores resultados da vida, ainda que de natureza espiritual.

Os ativos, 71% responderam afirmativamente, relatando como os motivos mais importantes, na ordem citada: desfrutar de saúde, ter família bem-constituída, ter tranqüilidade financeira ou gostar da profissão.

Entre os inativos, 2/3 responderam negativamente. Os motivos mais relevantes são: necessidade de busca de novos desafios, desejo de possuir algo mais na vida, desejo de concluir cultivo de imóvel rural. Tal insatisfação indica que a opção pela aposentadoria pode ter sido precipitada por fatores fora do controle pessoal, aliado à falta da “tranqüilidade financeira” relatada pelos ativos.

Planejando o futuro

Sempre se planeja que haverá bastante tempo até se atingir a plenitude da nossa existência e esta ação vai sendo adiada para o mais longe possível como vimos ao longo deste artigo. A realidade, entretanto, já está impulsionando as médias e as novas gerações para a adoção de uma outra visão: planejar o futuro deve começar hoje! Há, inclusive, em nossos tempos, uma mudança contextual, envolvendo as áreas comportamental e econômica. Essas gerações (1) vivem num cenário político e econômico cheio de incertezas; (2) terão cada vez mais exíguas as oportunidades para serem incorporadas ao mercado produtivo, considerando que o emprego formal está em extinção; (3) não terão, amanhã, filhos que cuidem deles, como acontecia no passado; (4) tenderão a continuar arcando com a

responsabilidade por filhos adultos ou por novos membros das gerações futuras netos, por exemplo; (5) por serem naturalmente independentes, sentem uma forte necessidade de não depender de ninguém do futuro; e (6) buscam a melhoria da sua qualidade de vida, demonstrando maiores preocupações com saúde e hábitos de vida. Planejar o futuro, nos conduz à busca da manutenção do equilíbrio entre os aspectos econômico-financeiros e os sócio-psicológicos.

Nos aspectos econômico-financeiros: é preciso sistematizar as receitas e despesas mensais projetando-as para o futuro. Deve-se ter um cuidado especial com o assunto saúde (gastos com médicos, hospitais, exames, remédios,

tratamentos que necessitam de apoio profissional terapeuta, auxiliar de enfermagem, fisioterapeuta e outros), que na terceira idade, poderão causar impactos maiores nas despesas efetivas. Qual deve ser a renda de sobrevivência? O planejamento financeiro é que permitirá , o levantamento da renda necessária no pós-carreira. Para sua viabilização é necessário destinar uma parte da receita para formar uma poupança que possa assegurar a renda de desejada para garantir um nível de vida adequado. Na Internet é possível acessar programas simuladores de renda de sobrevivência, disponibilizados nos sites de

Page 23: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

instituições financeiras e seguradoras. Estes simuladores possibilitam calcular, mediante a digitação de algumas informações das expectativas pessoais, o quanto deve poupar para alcançar o objetivo desejado. Periodicamente, fazer o acompanhamento do planejamento financeiro e, se necessário, rever as metas.

Qual a melhor alternativa de poupança? Os planos de previdência complementar foram criados com este fim específico, mas existe uma série de investimentos disponíveis no mercado, sendo recomendável a prática da diversificação do portfólio de investimentos pessoais. No processo de seleção da entidade ou instituição para aplicação dos recursos, convém avaliar os seus desempenhos durante, pelo menos, dois ou três últimos anos, analisar as taxas cobradas, a solidez financeira, a que grupo controlador pertence e a sua idoneidade no mercado. Adotar o hábito de acompanhar e analisar os extratos com as posições dos investimentos, comparando-os com as informações disponíveis nos jornais e revistas: no momento em que houver insatisfação com os rendimentos obtidos, as taxas cobradas ou, até mesmo, com ou o atendimento recebido, é só mudar de instituição. Se não possuir habilidade para administração do assunto, utilize os serviços de consultores de investimentos pessoais ou amigos que entendam do assunto.

Abrir um negócio é uma boa saída? O economista João Batista Pamplona, em entrevista para a revista Época (JAN/2003) alerta: “É uma boa alternativa para aqueles que têm um nível de capitalização razoável e capacitação técnica, o que não significa escolaridade mas o conhecimento do ramo e uma rede de relacionamentos que traz aporte financeiro e informação. ... não basta atitude ...”.

Nos aspectos sócio-psicológicos: a dificuldade de escolher uma nova atividade na qual possa aplicar as energias físicas e mentais tem comprometido a qualidade de vida das pessoas na vida pós-carreira, gerando estresses, frustrações e doenças psicossomáticas.

Uns poderão optar pelo ócio, na sua mais pura expressão; outros poderão optar pela busca de novos interesses, resgatando suas potencialidades e sonhos adormecidos,

aplicando suas energias físicas e mentais em atividades prazerosas. Dentro desta visão sugere-se:

1) avaliar e identificar as habilidades, aquilo que faz naturalmente bem. Poderá descobrir uma nova carreira, uma nova área de interesse de acordo com a personalidade individual e, quem sabe, uma nova graduação ou pós-graduação;

2) pensar em exercer o papel de educador em que se poderá utilizar o riquíssimo patrimônio formado ao longo da carreira, transferindo para outrem as experiências vivenciadas e adquiridas;

3) identificar e afiliar-se a associações sociais, culturais ou recreativas;

4) incorporar-se a programas de beneficência que precisam de ajudas administrativa, educacional ou de simples apoio moral e afetivo para as pessoas a que dão assistência; e

5) cultivar, com mais ênfase, o convívio com a família e os amigos.

Considerações Finais

A vida pós-carreira deve ser encarada como algo prazeroso, inevitável e realizador e não como o fim de vida. Deve-se, sobretudo, vislumbrá-la como um novo ciclo de vida em que se poderá desfrutar de novas oportunidades, inclusive, aperfeiçoar o desenvolvimento pessoal.

Page 24: Resenha Critica Etapas e Modelo

RESENHA CRÍTICA – Etapas de Elaboração e modelo para resenha temática

Seja qual for a idade, não se pode ignorar que o pós-carreira um dia vai chegar e quanto mais cedo iniciar o planejamento do futuro, melhor, pois haverá maior retorno na capitalização dos recursos.

REFERÊNCIAS

CAMARANO, Ana Amélia. Envelhecimento da população brasileira: uma

contribuição demográfica. Revista Fundos de Pensão, São Paulo. Ano XXI, n 272. Mai.2002, p.41.

CECHIN, José. Livro Branco da Previdência Social. Brasília. Ministério da Previdência. Dez.2002.

CHAVES, Eduardo. Entrevista de Domenico De Masi no programa Roda Viva de 04.JAN.1999 (on line). Disponível na Internet via WWW.URL.htpp://edutec.net/textos/alia/misc/edmasil.htm, acessado em 09/09/2002 às 13h05m.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. Aurélio Eletrônico Século XXI. Lexikon Informática Ltda. Em parceira com a Editora Nova Fronteira; Versão 3.0. NOV.1999.

FONTANA, Alessandra. Por que é tão difícil poupar? Entrevista de Richard Thaler. Revista Você S.A. São Paulo. Edição 52, ano 5. OUT.2002, p.97.

FRANÇA, Lucia. Preparação para a aposentadoria: desafios a enfrentar. Capítulo do livro Terceira Idade: Alternativas para uma sociedade em transição, organizado por Renato Veras, São Paulo. Editora Relume Dumará /UNATI - Universidade Aberta da Terceira Idade. 1999.

FUNDOS DE PENSÃO (Revista). Cai a dependência do idoso no Brasil. São Paulo.

Ano XXI, n 272, Mai.2002, p.39.

FUNDOS DE PENSÃO (Revista). População brasileira confia nos fundos –

Os participantes ainda mais, São Paulo. Ano XXI, n 271, Abr.2002, p.11.

GARCIA, Fábio Gallo & EID JR, William. Como planejar a aposentadoria. São Paulo. Publifolha. Nov.2001.

FIBRANOTÍCIAS – SUPLEMENTO A. Pesquisas demonstram a crescente força

econômica da terceira idade?. Ano 5, n 31, Jan/Fev.1999, p.1.

MERCER Investment Consulting. 2ª Pesquisa sobre investimentos de fundos de pensão. São Paulo, Out.2002.