Resenha Do Livro a Creche Em Busca de Identidade

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  • 7/22/2019 Resenha Do Livro a Creche Em Busca de Identidade

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    RESENHA DO LIVRO A CRECHE EM BUSCA DE IDENTIDADE

    Ericka Marcelle Barbosa de Oliveira1

    A obra A Creche em Busca de Identidade apresenta de forma valiosa as perspectivas

    e os conflitos na construo coletiva de um projeto educativo da creche, entre os anos 1984 e

    1986 no municpio de So Paulo. O livro fruto da Dissertao de Mestrado da autora Lenira

    Haddad, Psicloga, Doutora em Educao pela Universidade de So Paulo e professora

    adjunta do Centro de Educao da Universidade Federal de Alagoas, e que poca era

    diretora da creche. Para o conhecimento da obra sero enfatizadas a perspectiva histrica da

    creche e da educao infantil, a perspectiva terico-metodolgica que orientou a realizao da

    pesquisa na creche, os conflitos na relao creche-famlia, as concepes originrias da creche

    e a construo de uma identidade profissional das pajens.

    A creche da Vila Alba o cenrio que d vida ao livro. Este cenrio no esttico,

    sem movimento, pois ele adquire o sentido de estar todo em transformao. Trata-se de uma

    minicreche ligada Secretaria do Bem-Estar Social (SEBES), com capacidade de

    atendimento a setenta crianas na faixa etria de 0 a 3 anos e 11 meses. Haddad explica queao completar os quatro anos de idade as crianas atendidas pela creche seriam encaminhadas

    s Escolas Municipais de Educao Infantil (EMEIs). No entanto, no existiam locais

    prprios para atendimento da criana que completasse a idade limite de atendimento e nem a

    creche atuava de forma completa. Havia vagas ociosas e baixo nmero de profissionais

    trabalhando. Tal problemtica aponta questes cruciais e histricas que marcam a trajetria

    histria da creche em mbito mundial.

    Em um trabalho publicado em 20072

    , Haddad aponta que a trajetria da EducaoInfantil se delineia no Brasil e no mundo em quatro ciclos: o surgimento das instituies de

    cuidado e educao infantil, no Primeiro Ciclo; a Guerra Fria e a ciso entre cuidado e

    educao, no Segundo Ciclo; a revoluo cultural ocidental e a expanso das polticas de

    atendimento infncia, no Terceiro Ciclo; a globalizao e o retorno aos programas

    compensatrios, no Quarto Ciclo. Podemos identificar que os trabalhos de interveno na

    1 Estudante do Mestrado em Educao do Programa de Ps-Graduao em Educao (PPGE) da UniversidadeFederal de Alagoas.2 HADDAD, Lenira. A trajetria da educao infantil em quatro ciclos. In: XAVIER, Maria Elizabete. Questesde Educao. Campinas, SP: Alnea, 2007.

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    creche se deparam com elementos que refletem ainda algumasperspectivas presentes nos trs

    primeiros ciclos.

    Numa perspectiva histrica, a autora em A creche em busca de identidade aponta

    que a origem das instituies de educao e cuidado da criana pequena tem ligao com a

    funo de combate pobreza e mortalidade infantil, com frmulas higienistas delineadas

    ainda no final do sculo XIX. O objetivo da creche era atender s crianas filhas de mes

    trabalhadoras, mas a perspectiva que predominava era a de reforar o papel da mulher no lar

    cuidando das crianas, uma ideologia que privilegiava a vivncia em famlia. A creche tinha a

    funo de guardar a criana e de orientar as mes sobre os cuidados com os filhos e filhas,

    destacando o importante papel da maternidade. Destacam-se tambm associaes e

    organizaes religiosas e filantrpicas comandadas por mulheres de classes abastadas, vivasou abandonadas, que faziam filantropia por no terem alternativas a no ser trabalhar no

    atendimento de crianas filhas de mes incompetentes. Esses aspectos pertencem ao

    Primeiro Ciclo da trajetria da Educao Infantil.

    Haddad destaca que o perodo ps-guerra tambm marcante para o desenvolvimento

    de concepes voltadas ao atendimento infantil em creches. Discursos psicolgicos defendiam

    a relao prxima entre a me e a criana como elemento fundamental para o seu

    desenvolvimento emocional, fsico, mental e social, e que a ausncia dessa relao na infnciaacarretaria perdas irreversveis, podendo gerar personalidades delinquentes e psicopatas. A

    autora aponta duas questes principais dessa concepo: a centralidade na relao entre me e

    criana para um desenvolvimento saudvel desconsiderava propostas que reconheciam o

    benefcio da amplitude de relaes propiciadas em um ambiente de coletividade; a promoo

    de um modelo nico de relao entre me e criana colocava a creche em uma posio de

    substituta materna, que desvaloriza o trabalho profissional da creche e a posicionava como um

    mal menor e no como um local especfico de educao da criana. nesse perodo,caracterizado pelo Segundo Ciclo, que se tem o questionamento da responsabilidade entre a

    famlia e o Estado na educao da criana pequena.

    Com a virada cultural nas dcadas de 1960 e 1970, Haddad evidencia que surgem

    propostas de creche decorrentes das lutas dos movimentos sociais em vrias partes do mundo.

    Esse perodo compreende o Terceiro Ciclo da trajetria da Educao Infantil, marcado por

    uma revoluo de perspectivas de atendimento e cuidado da criana pequena nas creches.

    Ganham destaque os estudos empricos sobre interaes entre crianas, as reivindicaes e a

    conquista da creche enquanto espao de direito da criana e das mulheres trabalhadoras, os

    questionamentos sobre os modelos educacionais adotados para a educao das crianas, a

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    incluso da creche no sistema educativo do Estado. Este ltimo aspecto possibilitou uma

    perspectiva de futuro para a creche, em especfico no Brasil. O atendimento em creches e pr-

    escolas foi legitimado posteriormente, em 1988, na Constituio brasileira e seguiu um rumo

    para a superao do carter assistencialista que compunha a Educao Infantil, principalmente

    com a formulao de polticas nacionais voltadas para a EI.

    a partir dessas perspectivas que os trabalhos na creche Vila Alba se desenvolvem no

    sentido de conferir legitimao creche enquanto espao de educao e desenvolvimento de

    crianas pequenas. Haddad demonstra que a aplicao do modelo de creche substituta materna

    proposto por diversas correntes da psicologia do desenvolvimento infantil era impossvel e

    impraticvel. Ao mesmo tempo, afirmar a identidade da creche era atitude ousada, que se

    traduzia em desafios e incertezas, no sentido em que as concepes histricas originrias dacreche e de sua negao identitria eram fortemente estabelecidas institucionalmente.

    A autora destaca que a creche sempre foi objeto de variados tipos de discriminao,

    no sendo reconhecida como rea legtima de educao e desenvolvimento infantil. Terra de

    ningum, como assinala Haddad, a creche tampouco era campo legtimo de pesquisa3. A

    autora evidencia assim a urgncia de pesquisas que objetivem contribuir com propostas

    educacionais para a creche, que visem o desenvolvimento da criana em seus variados

    aspectos. Para tanto, seria necessrio a desconstruo terica de vrios mitos sobre a creche.Isso o que a autora faz, principalmente a partir da reflexo do objeto de estudo.

    Haddad destaca que nas pesquisas da poca de 1960 e 1970 sobre creches

    predominava os temas que objetivavam investigar o papel da creche no enfraquecimento do

    apego entre a me e a criana, ou se a creche resultaria no prejuzo do desenvolvimento

    cognitivo e afetivo infantil. Tais pesquisas apontavam como premissas que o cuidado no lar

    seria sempre melhor para a criana. Havia o predomnio do empirismo, do controle de

    variveis, de estudos comparativos e de questes ideolgicas nas metodologias e objetivosadotados nas pesquisas. Demorou quase vinte anos para que as pesquisas finalmente

    evidenciassem que a creche no enfraquece o vnculo afetivo com a me ou ameaa o

    desenvolvimento da criana.

    Em contraponto a esses procedimentos de pesquisa, mas no os desmerecendo,

    Haddad, a partir de um referencial terico, confronta perspectivas estticas difundidas na

    creche e leva novas possibilidades para o campo de pesquisa. Por meio da pesquisa-ao, a

    autora desconstri e reconstri paradigmas vigentes na creche, considerando o mtodo de

    3Cabe destacar que o contexto dessa pesquisa se insere na primeira metade da dcada de 1980, e a legitimao

    da Educao Infantil enquanto direito constitucional no Brasil s acontece no final da dcada, em 1988.

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    importncia fundamental para trilhar o caminho da interveno. Este era um campo at ento

    pouco explorado na poca nas pesquisas sobre creches, e tambm uma excelente oportunidade

    de atuao nele. A diferena fundamental entre o mtodo adotado pela autora e os ento

    praticados em outras pesquisas sobre creches compreende dois aspectos: a pesquisa-ao

    possibilita no apenas a anlise de problemas sociais, mas principalmente a reflexo e ao

    direta para a superao de uma determinada problemtica; est mais direcionada para a

    compreenso do problema e de seu contexto do que para testar hipteses. um trabalho

    conjunto entre o pesquisador e os sujeitos do contexto da ao, no qual a interao favorece a

    aprendizagem mtua entre os envolvidos.

    A partir da pesquisa-ao a autora realizou desconstrues tericas fundamentais para

    os trabalhos na creche. Os conflitos na relao entre creche-famlia experimentados pelasprofissionais da Vila Alba eram em muitos parecidos com os apresentados nos instrumentais

    tericos utilizados por Haddad. Esses instrumentos apontavam a influncia da psicologia na

    concepo do modelo de creche como substituta materna, que evidenciava o porqu de as

    mes se sentirem culpadas por abandonar suas crianas e a relao de rivalidade entre essas

    mes e as pajens. Segundo a autora, este era apenas um aspecto da complexidade da creche,

    que aumentava medida que a pesquisadora se aprofundava nos estudos tericos. A partir

    desses estudos e da observao da rotina da creche foi possvel, junto aos demaisprofissionais, superar fatores como: a vertente assistencialista da creche, considerando em seu

    lugar a funo educativa; a vertente hospitalar, caracterizada pela preocupao restrita e

    excessiva com a sade e higiene da criana; o modelo da creche substituta materna,

    inadequado para o desenvolvimento infantil, pois acarretava dependncia do adulto e espera

    prolongada da criana que tinha que dividir a ateno das pajens com outras crianas. Em

    lugar da creche como substituta da me e da famlia, a autora passa ento a conceber a creche

    enquanto equipamento educacional, e trabalhar para que a instituio ganhe tal identidade.Os conflitos na relao creche-famlia constituram-se de grande preocupao por

    parte da autora. Existam reclamaes por parte da creche e das mes das crianas atendidas,

    relacionadas insatisfao com a higiene e sade da criana. Por parte da creche, as

    reclamaes giravam em torno de a criana vir suja de sua casa ou com piolhos. J as famlias

    reclamavam sobre roupas que se perdidas, resfriados ou machucados. Havia muita vigilncia

    sobre o trabalho das pajens por parte das mes, que muitas vezes inventavam acusaes de

    maus tratos sobre as profissionais da creche. Sentindo-se injustiadas, as pajens diziam que as

    mes no eram competentes para cuidar de suas crianas. A autora descreve que esses so

    fatores do distanciamento entre a creche e a famlia, que precisava ser superado aproximando

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    os dois polos dessa relao. O desafio era ento como fazer essa aproximao. Foi aplicado

    ento um Questionrio de Avaliao do Trabalho da Creche para as funcionrias e uma

    Entrevista de Rematrcula para as mes cujas crianas permaneceriam na creche no ano

    seguinte. Os resultados das anlises dos questionrios e das entrevistas foram positivos e

    oportunizaram o conhecimento das impresses que mes e funcionrias tm sobre a creche.

    Um aspecto comum encontrado nas opinies das mes e das funcionrias referia-se a baixa ou

    pouco proveitosa tanto as reunies entre famlia e creche como a participao das famlias no

    trabalho da instituio. Alm disso, o descontentamento das pajens por no haver

    reconhecimento das famlias sobre o seu trabalho era evidente e causava mgoas nas

    profissionais. Houve queixas tambm por parte das profissionais sobre a equipe dirigente da

    creche e desconhecimento das tarefas desenvolvidas pela equipe.Com base nessas informaes, aps frias coletivas a equipe da creche organizou um

    Encontro de funcionrios para discusso das sugestes e propostas apresentadas nos

    questionrios, com vistas a dar incio a um plano de metas e um plano de aes a serem

    desenvolvidos durante o ano. Os resultados da dinmica propiciada no Encontro foram muito

    favorveis e deu incio ao processo de arrumao da casa, como enfatiza Haddad, que

    compreende a definio de regras bsicas de organizao da creche. Foi preciso a adoo de

    medidas que superassem o carter domstico da creche, principalmente capacitaes defuncionrios para que cada um compreenda sua funo dentro do espao educativo que se

    delineia. Novas bases organizaes foram adotadas e foi possvel dar incio ao processo de

    reflexo sobre as prticas das pajens, das cozinheiras, da equipe de limpeza, o que

    progressivamente possibilitou avanos dos trabalhos pedaggicos da creche. Nas reunies

    com as pajens, a autora ajuda-as a refletir sobre os problemas existentes na relao entre as

    profissionais e as mes, e como poderiam atuar para resolv-los. Aos poucos vo surgindo

    propostas de reunies entre mes e pajens, que, ao se efetivarem, oportunizaram odesenvolvimento de um contato mais direto entre si.

    No entanto, ao longo do desenvolvimento da rotina da creche, as novas prticas

    baseadas nas propostas construdas coletivamente sobre a entrada das mes na creche

    apresentaram reclamaes e retrocessos. A autora questiona junto s profissionais o mpeto de

    retrocesso ordem anteriormente estabelecida, j que a abertura tinha trazido ganhos para

    ambos os lados. Aos poucos a aproximao entre pajens e famlia foi retomada, com a visita

    peridica das mes creche para conhecer os trabalhos da instituio. Algumas tinham

    impresses errneas sobre a creche, de que as crianas ficavam de castigo ou que passavam

    muito tempo com a fralda molhada. Ao conhecerem a rotina na creche as mes se mostraram

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    surpresas e satisfeitas com o trabalho educativo proporcionado aos seus filhos e filhas. Isso se

    traduzia em crianas bem cuidadas e alimentadas, sadias e felizes. O trabalho das pajens

    tambm foi reconhecido pelas mes, que ao conhecerem-no mais de perto se solidarizaram

    com as pajens, algumas at se oferecendo a ajud-las. Tinha incio a experimentao real do

    trabalho construdo pela autora e os/as profissionais da creche.

    As concepes originrias da creche apresentam caractersticas que seriam

    incompatveis com o modelo de famlia contempornea, assim como afirma Haddad.

    Historicamente, a responsabilidade pela educao e cuidado da criana pequena foi vista

    como tarefa exclusiva da famlia, com a exaltao da relao famlia-criana, dos cuidados

    pela me dentro do lar, retirando da creche sua importncia educativa no processo de

    desenvolvimento da criana pequena. A autora observa que, durante o sculo XX, a influnciadesse modelo padro de famlia acabou por conferir a negao da identidade da creche

    enquanto espao coletivo caracterizado por pessoas de ambos os sexos, de funes e idades

    variadas. No lugar desta perspectiva de ambiente educativo, tm-se a ideia da creche como

    uma substituta da famlia, com padres maternais tidos como ideais para as crianas.

    Partindo deste sentido, a construo da identidade da creche prev uma reviso sistemtica

    dos conceitos de infncia, educao, famlia e sociedade, e permite recuperar as qualidades

    que a creche pode oferecer para o atendimento educativo da criana. Haddad destaca tambmque creche e famlia so instituies complementares, e assim devem ser compreendidas.

    Se a creche precisa buscar sua identidade, com caractersticas prprias, tambm a

    identidade das profissionais que educam e cuidam da criana deve ser construda, reforada e

    valorizada. Haddad nos mostra como esse percurso fundamental e primordial para a

    compreenso da funo da creche e do seu trabalho educativo. A autora evidencia que o

    caminho para a construo da identidade da creche enquanto uma coletividade de adultos e

    crianas seria, talvez, implantar de forma efetiva elementos reguladores da relao adulto--criana, mas que privilegiassem o desenvolvimento infantil. Para tanto, foi preciso tambm

    encaminhar mudanas operacionais. Era urgente a necessidade da busca de modelos ou

    referenciais que pudessem subsidiar a construo de uma proposta educativa para a creche,

    que oportunizasse tambm a construo da identidade profissional das pajens, tidas na creche

    como auxiliares, assistentes das crianas.

    Foram implantadas na creche salas ambientes, aps o contato da equipe da Vila Alba

    com a experincia bem sucedida de outra creche municipal. As salas visavam dar mais

    autonomia criana, o que facilitava tambm o trabalho das pajens. A autora procurava

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    tambm refletir junto s profissionais a importncia de se recuperar os princpios e objetivos

    em que se pautava a experincia das salas.

    No incio da pesquisa, muitas vezes as pajens se mostravam descontentes com o

    prprio trabalho e o das colegas. Crises nos berrios eram evidenciadas, por meio de

    reclamaes e protestos das pajens. A autora ento inicia um trabalho de ampliao do

    referencial prtico das funcionrias, com estgios em outras creches, trabalho com

    audiovisuais com propostas pedaggicas alternativas. A partir de mudanas estruturais na

    creche, as pajens passam tambm a construir novas vises acerca do seu papel profissional, de

    sua prtica pedaggica e do desenvolvimento da criana. Haddad afirma que no modelo

    antigo de organizao da creche, as pajens salientaram que a criana era atendida de forma

    assistencialista. No novo modelo, a criana tinha direito de optar sobre quando e o que fazer,o adulto seria auxiliar da criana no desenvolvimento de suas capacidades e a pajem seria

    educadora, uma colaboradora da me, e no sua substituta. A autora destaca que no desenrolar

    desse processo de mudana as pajens demonstraram grande e valiosa reflexo sobre seu papel

    profissional, a partir de questes como quem sou, quem fui at agora e quem posso ser. Tais

    reflexes possibilitaram a abertura de caminhos para a busca processual de uma identidade

    profissional. Com o desenvolvimento dos trabalhos na creche inspirados pelo modelo novo,

    as pajens passaram tambm a compreender e valorizar os progressos das crianas. Aobservao das capacidades e potencialidades da criana oportunizava que as pajens

    auxiliassem o desenvolvimento das crianas com mais entusiasmo e menos desgaste.

    Incentivar a independncia e autonomia da criana, respeitar sua individualidade e facilitar a

    realizao dos projetos infantis so caractersticas fundamentais para a construo da

    identidade do profissional da creche, destaca Haddad. Alm disso, preciso reconhecer a

    creche como um contexto de relaes peculiares, diferente do mbito familiar.

    Por todos os aspectos destacados, fica mais que comprovada a grande relevncia dotrabalho de Haddad evidenciado na obra A creche em busca de identidade, que se traduz em

    um referencial terico para os estudos sobre as creches no contexto contemporneo. Serve

    tambm de aporte terico para o trabalho de educadoras e educadores da rea da educao,

    por se tratar de um modelo real de que possvel transformar os paradigmas da realidade

    educacional brasileira, por vezes to duros. importante destacar ainda que a Educao

    Infantil e sobretudo a creche ainda vivem momentos de afirmao de sua identidade, de luta

    pela garantia de seu lugar legitimado nos sistemas educacionais.

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    REFERNCIA

    HADDAD, Lenira. A creche em busca de identidade. So Paulo: Edies Loyola, 1991.