RESENHA DO LIVRO DE LEANDRO KONDER: O QUE É DIALÉTICA. SÃO PAULO: BRASILIENSE, 2008

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 RESENHA DO LIVRO DE LEANDRO KONDER: O QUE DIALTICA. SO PAULO: BRASILIENSE, 2008.

    1/5

  • 7/25/2019 RESENHA DO LIVRO DE LEANDRO KONDER: O QUE DIALTICA. SO PAULO: BRASILIENSE, 2008.

    2/5

    Portanto a dialtica +oi suprimida temporariamente da 1istria, mas no +oi e7tinta.

    Aristteles #(;$'( a.).*, depois de uase meio sculo da morte de 8erclito, reintroduziu as

    concep6es dialticas, embora menos radical do ue seu antecessor, mas a ele ue deve'se a

    sobreviv!ncia da dialtica, o lado dinBmico e mutvel da realidade.

    2a Cdade Mdia +icou praticamente esuecida, pois a ideologia dominante da poca

    era monopolizada pela Cgre5a. Mesmo nos mosteiros os padres levavam uma vida muito

    parada e montona, en+rauecendo os escritos sobre a dialtica. Assim a dialtica teve ue

    lutar para permanecer no campo +ilos+ico. 8ouve +ilso+os ue tentaram mudar esse

    paradigma como Guil1erme de Occam #D;:'D($%*, impondo uma nova viso a partir do

    sculo ECF, sacudindo os 1bitos +eudais.

    A partir do sculo EF, por conseu!ncia da revoluo comercial, o sculo EFC +oi apoca do enascimento e das descobertas. As artes e as ci!ncias comearam a repensar a

    uesto do movimento como re+le7o, assim surgiram ideias como do astr?nomo 2icolau

    )oprnico #D$H('D:$(*, ue contrariou a ideia de Ptolomeu ue a 4erra no era imvel e nem

    o centro do universo, ela girava em torno do -ol. Galileu #D:$'D$* e /escartes #D:%'

    D:&* descobriram ue as condi6es ideais dos corpos era o movimento e no o repouso. Pico

    della Mirandolla #D$('D$%$*, sustentou ue o 1omem era um ser inacabado, di+erente dos

    deuses e an5os ue eram per+eitos e imutveis. Giordano Iruno #D:$;'D&&* en+atizou ohomo faber, o 1omem capaz de ter dom3nio sobre as +oras naturais e consegue modi+icar o

    mundo.

    A dialtica se encontra em vrios se encontra em vrios autores do sculo EFCC como

    0eibniz #D$'DHD*, -pinoza #D('DHH*, 8obbes #D:;;'DH%* e Pierre IaJle #D$H'DH&*.

    A partir da segunda metade do sculo EFCC as concep6es dos +ilso+os comearam a mudar,

    tanto pelo amadurecimento do processo 1istrico, devido a evoluo Krancesa, como as

    condi6es dos +ilso+os tiveram trans+orma6es sociais. O Cluminismo no trou7e tantascontribui6es para o avano da dialtica.

    2o entanto, podemos considerar ue /enis /iderot #DHD('DH;$* teve uma parcela de

    contribuio para a dialtica. L-ou como sou porue +oi preciso ue eu me tornasse assim. -e

    mudarem o todo, necessariamente eu tambm serei modi+icado. O todo est sempre

    mudando N escreveu ele. Ao lado de /iderot, ean'acues ousseau #DHD'DHH;* deu uma

    grande contribuio para a dialtica na poca, pois observava a estrutura da sociedade do seu

    tempo e as contradi6es ue ocorriam em classes dominantes e dominadas.

    2os sculos EFCCC e ECE, com a revoluo +rancesa, e7pandiu os con+litos pol3ticos

    na es+era social, e isso se instaurou na +iloso+ia tambm. 2a Prssia oriental, surge um dos

  • 7/25/2019 RESENHA DO LIVRO DE LEANDRO KONDER: O QUE DIALTICA. SO PAULO: BRASILIENSE, 2008.

    3/5

    maiores meta+3sicos da 1istria, Cmmanuel Qant #DH$'D;&$*. O centro do pensamento de

    Qant +oi sobre a uesto do con1ecimento. O ue con1ecimento> O +ilso+o coloca uma

    re+le7o da razo pura onde e7istem certas contradi6es no pensamento. Outro +ilso+o

    contemporBneo de Qant, +oi 8egel #DHH&'D;(D*, ue sustentava a ideia da uesto central da

    +iloso+ia era o ser mesmo e no o do con1ecimento. 8egel prop6e uma superao da dialtica,

    ue nada mais do ue uma negao da realidade, a conservao de algo ideal para realidade

    e a elevao dela para um n3vel superior. Por e7emplo com o trabal1o< a matria prima

    uebrada, mas ao mesmo tempo conservada, e assume uma nova +orma. 8egel

    considerado idealista, dei7ando de lado os movimentos da realidade material.

    "ntretanto, surge o alemo Qarl Mar7 #D;D;'D;;(*, materialista, ue concordava com

    o 8egel ue o trabal1o era a mola ue impulsionava o desenvolvimento 1umano, pormcriticou a unilateralidade da concepo sobre o trabal1o intelectual, dei7ando de lado o +3sico

    e material. L/iviso de trabal1o e propriedade privada, so termos id!nticos< um diz em

    relao @ e7plorao do trabal1o escravo a mesma coisa ue o outro diz em relao ao

    produto de e7plorao do trabal1o escravo N dizia Mar7. A contradio ocorria na alienao

    do trabal1ador +rente ao seu trabal1o. Os mar7istas consideram ue uma das +ormas de

    superar a diviso da sociedade em classes dar in3cio a um processo de desalienao do

    trabal1o, por meio da luta de classes promovendo uma revoluo socialista.Mar7 com a5uda de Kriedric1 "ngels #D;&'D;:*, e7aminou a 1istria social e

    escreveu o LMani+esto )omunista em D;$;, onde demonstrou ue toda a 1istria, desde da

    e7ist!ncia do 1omem inserido trabal1o, tin1a sido uma 1istria de luta de classes.

    "7aminando o modo de produo capitalista, Mar7 escreve LO capital, demonstrando a

    e7panso do mercado capitalista e como isso acaba ocupando todos os espaos sociais. 4odos

    os valores vo de deteriorando, se trans+ormando em mercadoria, por meio do din1eiro tudo

    pode ser comprado, comercializado por um preo.2a dialtica mar7ista, o con1ecimento totalizante, e a atividade 1umana um

    processo de totalizao, onde nunca alcana uma etapa +inal. A verdade o todo, como 8egel

    5 dizia. Para en7ergar o todo precisamos ter uma viso do con5unto. A s3ntese a viso do

    con5unto ue permite o 1omem descobrir a estrutura signi+icativa da realidade com ual ele

    en+renta. Para conseguirmos o n3vel da totalizao mais abrangente devemos nos recorrer @

    +iloso+ia da 1istria.

    Para anlise dialtica Mar7 coloca ue precisamos +azer uma viagem do mais

    comple7o #ainda abstrato* ao mais simples e +eito o retorno do mais simples ao mais

    comple7o #5 concreto*, como ele diz< LO concreto concreto porue a s3ntese de vrias

  • 7/25/2019 RESENHA DO LIVRO DE LEANDRO KONDER: O QUE DIALTICA. SO PAULO: BRASILIENSE, 2008.

    4/5

    determina6es, e a unidade da diversidade. Mar7 pretendia escrever um livro sobre dialtica,

    c1egando at anunciar o pro5eto, mas no l1e restaram tempo para isso.

    "ngels +ormulou o ue ele c1amou de Lprinc3pios da dialtica da natureza, ue

    poderia ser reduzida em tr!s< a lei da passagem da uantidade para ualidade #e vice'versa*R

    lei da interpenetrao dos contrriosR lei da negao da negao.

    A primeira re+ere'se ue as coisas no mudam sempre no mesmo ritmo, elas podem

    passar por per3odos lentos #peuenas altera6es uantitativas*, por per3odos de acelerao

    #altera6es ualitativas*R a segunda re+ere'se ue tudo interdependente de tudo, cada aspecto

    depende um do outro, no temo como se no pensar em cone76esR e a terceira uer dizer ue

    no se perde o con+lito com a+irma6es e nega6es, teses e ant3teses, pois como sabemos tanto

    a a+irmao uanto a negao podem e devem ser superadas< a negao da negao. Apesar de"ngels ter proposto esses princ3pios muitos estudiosos +izeram cr3ticas uanto a a concepo

    dialtica dentro de uma tima materialista. /entre eles Iernstein #D;:&'D%(* criticou o

    mar7ismo, voltando'se para o idealismo de Qant, dizendo ue o mar7ismo 1avia sido

    ultrapassado.

    Muitos estudiosos aps Mar7 e "ngels no conseguiram assimilar a dialtica

    materialista, deturpando ou criando novas ideias sobre a dialtica, como por e7emplo -talin

    criando uma de+ormao antidialtica do mar7ismo. Apesar disso surgiram importantesmar7istas na dcada de D%& e (&, como por e7emplo, Georg 0uScs#D;;:'D%HD*, ue voltou

    a temtica da totalidade, para permitir ue a dialtica en7ergue por trs das apar!ncias das

    coisas, Antonio Gramsci #D;%D'D%(H* caracterizou o mar7ismo como absoluto e Talter

    Ien5amim #D;%'D%$&* ue alertou sobre o esp3rito dialtico insiste em Lescovar a 1istria do

    contrapelo.

    =ma das caracter3sticas ess!ncias para a dialtica o esp3rito cr3tico e autocr3tico,

    assim os dialticos devem sempre estar atentos a rever situa6es e reverter interpreta6es uese baseiam na sua atuao, como Mar7 disse a sua +il1a ao entregar um uestionrio

    perguntando ual era o lema ue ele pre+eria< L/uvidar de tudo.

    O mtodo dialtico nos incita rever o passado a luz do presente, uestionando o

    presente em nome do +uturo. A dialtica causa o5eriza nos comodistas, arrepia os

    preconceituosos e causa perturbao nos pragmticos. Mar7 na dcima primeira tese sobre

    Keuerbac1 escreve< LOs +ilso+os t!m se limitado a interpretaro mundoR trata'se, no entanto,

    de transform-lo.

  • 7/25/2019 RESENHA DO LIVRO DE LEANDRO KONDER: O QUE DIALTICA. SO PAULO: BRASILIENSE, 2008.

    5/5