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1 INFORME ECONÔMICO 26 de maio de 2017 No Brasil, a inflação permanece bem comportada, apesar da maior pressão de alimentos e energia elétrica no curto prazo. O IPCA-15 de maio registrou alta de 0,24%, e ficou acima da nossa projeção e da mediana das expectavas de mercado, que eram respecvamente 0,19% e 0,20%. O desvio em relação à nossa expectava deve-se a maior inflação de alimentos, transportes e a alta sazonal de vestuário. Apesar disso, as medidas de núcleo indicam um cenário de inflação bem comportado. A média móvel de três meses dessazonalizada dos núcleos recuou de 3,1% para 2,9%, na passagem de abril para maio, e angiu o patamar mínimo da série recente. O índice de difusão excluindo alimentos também teve dinâmica favorável e recuou para 56,2% em maio, e angiu um patamar cerca de 10 pontos percentuais (p.p.) abaixo da sua média histórica para esse período. A inflação de serviços também registrou queda na margem e desacelerou para 5,8% no acumulado em 12 meses até maio. Essas indicações sinalizam para um cenário de inflação benigno no curto prazo, e apesar da deterioração da taxa de câmbio recente, a contaminação deverá ser conda. Em maio, o IPCA deverá registrar alta de 0,49% devido ao impacto do fim do desconto das tarifas de energia elétrica, que deverá contribuir para 35 pontos base (p.b.) no índice. Para o mês de junho, o anúncio do desconto do preço da gasolina em 5,4%, que deverá ter um impacto deflacionário de 0,07%. Além disso, a mudança da bandeira tarifária da energia elétrica, que também foi anunciada, deverá reduzir o IPCA em 0,21 p.p. Portanto, a nossa projeção para o IPCA de junho, foi revisada de alta de 0,12% para deflação de 0,16%. Os riscos para essa projeção são o comportamento do preço dos itens ligados à carne bovina, pois a forte queda do preço da arroba do boi poderá ter impactos deflacionários ao longo dos próximos meses. RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS No Brasil, o cenário de inflação segue benigno. Nos EUA, FED reafirma intenção de prosseguir com aperto de juros. Fonte: IBGE, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 26 de maio de 2017

No Brasil, a inflação permanece bem comportada, apesar da maior pressão de alimentos e energia

elétrica no curto prazo. O IPCA-15 de maio registrou alta de 0,24%, e ficou acima da nossa projeção e da

mediana das expectativas de mercado, que eram respectivamente 0,19% e 0,20%. O desvio em relação à

nossa expectativa deve-se a maior inflação de alimentos, transportes e a alta sazonal de vestuário.

Apesar disso, as medidas de núcleo indicam um cenário de inflação bem comportado. A média móvel de

três meses dessazonalizada dos núcleos recuou de 3,1% para 2,9%, na passagem de abril para maio, e

atingiu o patamar mínimo da série recente. O índice de difusão excluindo alimentos também teve

dinâmica favorável e recuou para 56,2% em maio, e atingiu um patamar cerca de 10 pontos percentuais

(p.p.) abaixo da sua média histórica para esse período. A inflação de serviços também registrou queda na

margem e desacelerou para 5,8% no acumulado em 12 meses até maio. Essas indicações sinalizam para

um cenário de inflação benigno no curto prazo, e apesar da deterioração da taxa de câmbio recente, a

contaminação deverá ser contida. Em maio, o IPCA deverá registrar alta de 0,49% devido ao impacto do

fim do desconto das tarifas de energia elétrica, que deverá contribuir para 35 pontos base (p.b.) no

índice. Para o mês de junho, o anúncio do desconto do preço da gasolina em 5,4%, que deverá ter um

impacto deflacionário de 0,07%. Além disso, a mudança da bandeira tarifária da energia elétrica, que

também foi anunciada, deverá reduzir o IPCA em 0,21 p.p. Portanto, a nossa projeção para o IPCA de

junho, foi revisada de alta de 0,12% para deflação de 0,16%. Os riscos para essa projeção são o

comportamento do preço dos itens ligados à carne bovina, pois a forte queda do preço da arroba do boi

poderá ter impactos deflacionários ao longo dos próximos meses.

RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil, o cenário de inflação segue benigno. Nos EUA, FED reafirma intenção de prosseguir com

aperto de juros.

Fonte: IBGE, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 26 de maio de 2017

Os indicadores de crédito de abril registraram aumento do ritmo de concessões e índices de

inadimplência mais favoráveis. O ritmo de contração do crédito seguiu moderando em abril, e passou

de queda de 2,6% para recuo de 2,2%, na comparação anual, entre março e abril. A concessão de crédito

acelerou para as pessoas físicas, e pela primeira vez desde o final de 2014, houve crescimento de 2,7% em

termos anuais da média móvel de três meses até abril, como pode ser visto no gráfico abaixo. Os maiores

crescimentos das concessões para pessoa física ocorreram nas modalidades de veículos e crédito pessoal,

que são linhas de melhor qualidade e custo menor. As concessões para pessoa jurídica recuaram 12,2% na

comparação anual nos últimos três meses até abril. Porém, houve uma moderação do ritmo de contração.

Os indicadores de inadimplência também registraram estabilidade na margem, e o índice de inadimplência

do credito para pessoa física ficou estável em 5,9% em abril. No caso do crédito para pessoa jurídica, a

inadimplência ficou estável em 5,6%, mas os atrasos até 90 dias, que são um indicador antecedente da

inadimplência, tiveram queda para 4,3% em abril. A mudança nas regras do rotativo do cartão de crédito

impactaram as taxas de juros médias dos empréstimos às pessoas físicas que registaram recuo de 4,6 p.p.

e atingiram 68,1% a.a. No caso das taxa de juros médias às pessoas jurídica também houve recuo e

atingiram 26,3% a.a. A melhora dos indicadores de crédito é um elemento importante de confirmação do

nosso cenário de recuperação gradual da atividade.

Os dados do setor externo seguem robustos e reforçam a capacidade da economia para lidar com

choques. A conta corrente registrou superávit de US$ 1,2 bilhão em abril, sendo o segundo mês

consecutivo de resultado positivo. O forte superávit da balança comercial tem sido responsável por esses

resultados. No acumulado em 12 meses até abril, o déficit em conta corrente recuou para US$ 19,9

bilhões, que representa 1,1% do PIB. Simultaneamente, o forte fluxo de entrada de investimento direto no

país (IDP) tem permitido o financiamento com folga desse déficit em conta corrente. Em abril, os

investimentos diretos no país somaram US$ 5,6 bilhões e acumulam entrada de US$ 29,5 bilhões no ano.

Além disso, houve a entrada de US$ 3,6 bilhões de investimentos estrangeiros no mercado de capitais em

abril. As entradas de investimentos estrangeiros no mercado de renda fixa local foram de US$ 4,4 bilhões,

o que mais que compensou as saídas de US$ 774 milhões do mercado local de ações. O ajuste da conta

corrente combinado com a forte entrada de recursos pela conta de capital permite que a economia reaja

Fonte: BCB, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 26 de maio de 2017

melhor a choques adversos, o que permite correções mais ordenadas da taxa de câmbio.

Com relação às contas públicas, após dois meses de déficit, as contas públicas voltaram a registrar

superávit. O setor público consolidado registrou superávit de R$ 12,9 bilhões em abril após déficit de R$

11 bilhões em março e superávit de R$ 10,2 bilhões em abril de 2016. O resultado foi melhor que a nossa

expectativa (R$ 12 bilhões) e do mercado (R$ 9,0 bilhões). No ano, o setor público totaliza superávit de R$

15,1 bilhões, com o governo central registrando déficit de R$ 2,7 bilhões enquanto os governos regionais e

as empresas públicas acumulam superávit de R$ 17,8 bilhões. No acumulado em 12 meses, o setor público

totaliza déficit de R$ 145,1 bilhões ou 2,3% do PIB, estável frente o mês passado. O resultado nominal, que

inclui o pagamento de juros, totaliza déficit de R$ 582,2 bilhões, ou 9,2% do PIB nos últimos 12 meses. A

dívida bruta avançou para 71,7% do PIB, alta de 1 ponto percentual (p.p.) frente o mês anterior, atingindo

o maior valor da história. Por sua vez, a dívida líquida recou para 47,7% do PIB de 47,8% no mês anterior.

Para o encerramento do ano, projetamos déficit de R$ 143 bilhões para o governo central, isto é,

resultado ligeiramente acima da projeção do governo (R$ 139 bilhões).

Fonte: BCB, BRAM

Fonte: IBGE, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 26 de maio de 2017

Nos EUA, a ata da última reunião do FED manteve o sinal de aperto na reunião de junho e a revisão do

PIB do primeiro trimestre indicou maior crescimento da economia. A ata da reunião do FED de abril

avaliou que os dados de curto prazo de inflação e atividade foram mais fracos que o esperado na média.

Apesar disso, os membros do comitê julgaram que o cenário prospectivo da economia teve poucas

alterações. Essa avaliação se baseou na percepção que os dados foram impactados por eventos de curto

prazo, como o desconto de tarifas de telefonia no caso da inflação mais baixa. Assim, os membros do

comitê avaliaram que se a economia continuar a evoluir de acordo com as suas expectativas é apropriado

retomar o processo de aperto da taxa juros logo, o que sinalizou com muito provável uma alta de juros na

reunião do dia 14 de junho. Nosso cenário, segue com altas de juros nas reuniões de junho e setembro

desse ano, e com o início da redução do balanço do FED a partir da reunião de dezembro. A revisão do

resultado do PIB do primeiro trimestre indicou um desempenho da economia melhor que a primeira

estimativa divulgada. O crescimento do PIB do primeiro trimestre foi revisado de 0,7% para 1,2% na

margem em termos anualizados. A revisão deveu-se a melhora do crescimento do consumo, que passou de

0,3% para 0,6% na margem, devido à reestimativa do consumo de bens duráveis e serviços. Além disso, os

investimentos também foram revisados para cima, em especial, os investimentos não residenciais que

incluem máquinas e estruturas. Esse resultado confirma que parte da desaceleração do crescimento no

primeiro trimestre foi pontual e devido ao resíduo sazonal, e a tendência da economia é acelerar no

segundo trimestre para uma expansão na faixa de 3,0% na margem em termos anualizados. Nossa

expectativa é crescimento de 2,3% da economia americana em 2017.

Na Europa, os indicadores de confiança mantêm a percepção de forte crescimento da economia. O PMI

composto da Zona do Euro foi estável em 56,8 pontos em maio, mas o PMI da Alemanha e da França

atingiram o patamar máximo dos últimos seis anos. O PMI da Alemanha subiu 0,6 ponto e atingiu 57,6

pontos. Da mesma forma, o PMI da França registrou alta de 1,0 ponto e atingiu 57,3 pontos. Além da

leitura favorável do PMI, outros índices de confiança da Alemanha (IFO) e da França (INSEE) também

atingiram os patamares máximos no histórico recente. Essa dinâmica favorável da confiança, em especial

das maiores economias da Zona do Euro, indicam que o crescimento do segundo trimestre deverá ter

mantido o ritmo forte de crescimento de 0,6% na margem.

Fonte: Bloomberg, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 26 de maio de 2017

Na próxima semana, na agenda interna, teremos dois principais destaques. A reunião do Copom que

ocorre na quarta-feira, em que nossa expectativa é pela manutenção do corte de 100 p.b. e a divulgação do

PIB do primeiro trimestre, que projetamos um crescimento de 0,5%. Além disso, ainda serão divulgados os

dados de balança comercial e produção industrial. Nos Estados Unidos, as atenções se voltam para o Payroll

e a taxa de desemprego, na sexta-feira. Na Zona do Euro, destaque para os dados de taxa de desemprego,

com expectativa de mercado de nova queda (9,5% para 9,4%), além da divulgação do núcleo do CPI e o PMI

industrial.

Fonte: Markit, BRAM

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INFORME ECONÔMICO 26 de maio de 2017

CALENDÁRIO E PROJEÇÕES

¹ Sob Revisão

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INFORME ECONÔMICO 26 de maio de 2017

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As opiniões, estimativas e previsões apresentadas neste relatório constituem o nosso julgamento e estão sujeitas a mu-

danças sem aviso prévio, assim como as perspectivas para os mercados financeiros, que são baseadas nas condições

atuais de mercado. Acreditamos que as informações apresentadas aqui são confiáveis, mas não garantimos a sua exati-

dão e informamos que podem estar apresentadas de maneira resumida. Este material não tem intenção de ser uma ofer-ta ou solicitação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro. BRAM - Bradesco Asset Management é a em-

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Material produzido em 26/05/2017 às 16h20

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MARCELO CIRNE DE TOLEDO

Economista Chefe [email protected]

ANA PAULA DE ALMEIDA ALVES

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DANIEL XAVIER FRANCISCO [email protected]

DANILO OLIVEIRA IMBIMBO

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HUGO RIBAS DA COSTA [email protected]

JOSE LUCIANO DA SILVA COSTA [email protected]

MARIANNE KOMORI GEHRINGER

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