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Nome: Antonio V. B. Mota Filho NUSP: 8887220 Texto: Tradição e Artifício: Iberismo e Barroco na Formação Americana 1) Ideias centrais do texto e breve síntese a) Um primeiro ponto abordado no texto é a insuficiência das definições de “Abolutismo” quando levado em consideração o contexto ibérico. O autor inicia seu texto com uma breve revisão das interpretações de absolutismo de Marx e Engels, depois de Perry Anderson e, por fim, de Antonio Hespanha. Tais formulações não dão cabo de explicar as fricções ocorridas entre a tendência centralizadora da Coroa e os particularismo senhoriais. Marx e Engels tomam que o absolutismo seria uma formação política em que haveria algum um equilíbrio entre a burguesia nascente e a nobreza. Já Perry Anderson caracteriza o absolutismo por meio da intensificação da propriedade privada na base e do incremento da autoridade pública no topo, o que acabaria fortalecendo a dominação da aristocracia sobre a sociedade. Por sua vez Hespanha não encontra elementos para caracterizar o fortalecimento do poder real como um elemento constitutivo de um Estado Moderno ou de uma monarquia compósita. Assim, o protagonismo da Coroa em algumas iniciativas não teria significado uma ruptura com a estrutura feudal e tradicional. b) Uma segunda ideia importante no texto é a de que teria predominado na Península ibérica uma “estratégia não- revolucionária ” para sustentar o crescente poder central. O autor com isso busca apontar que, ao contrário da França, prevaleceu na Península Ibérica um longo e tortuoso caminho de avanço do centralismo sem, no entanto, romper com os particularismos. c) Outro ponto relevante é o mecanismo pelo qual avançou o centralismo: a constituição de novos espaços de poder . O autor ressalta dentre esses espaços o padroado régio, o protetorado sobre as universidades e a montagem do Império ultramarino. Esses novos espaços de poder teriam a vantagem de não estarem vinculados ao domínio senhorial. d) Compreender que a consolidação do centralismo por esses novos espaços de poder implica em requalificar a relação que se estabelecia entre colônia e metrópole . Ainda que em Portugal

Resenha Vanda I

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Resenha apresentada à disciplina de História Ibérica I do primeiro semestre do bacharelado em História da USP. Critério de avaliação da disciplina

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Nome: Antonio V. B. Mota Filho NUSP: 8887220Texto: Tradio e Artifcio: Iberismo e Barroco na Formao Americana1) Ideias centrais do texto e breve sntesea) Um primeiro ponto abordado no texto a insuficincia das definies de Abolutismo quando levado em considerao o contexto ibrico. O autor inicia seu texto com uma breve reviso das interpretaes de absolutismo de Marx e Engels, depois de Perry Anderson e, por fim, de Antonio Hespanha. Tais formulaes no do cabo de explicar as frices ocorridas entre a tendncia centralizadora da Coroa e os particularismo senhoriais. Marx e Engels tomam que o absolutismo seria uma formao poltica em que haveria algum um equilbrio entre a burguesia nascente e a nobreza. J Perry Anderson caracteriza o absolutismo por meio da intensificao da propriedade privada na base e do incremento da autoridade pblica no topo, o que acabaria fortalecendo a dominao da aristocracia sobre a sociedade. Por sua vez Hespanha no encontra elementos para caracterizar o fortalecimento do poder real como um elemento constitutivo de um Estado Moderno ou de uma monarquia compsita. Assim, o protagonismo da Coroa em algumas iniciativas no teria significado uma ruptura com a estrutura feudal e tradicional.b) Uma segunda ideia importante no texto a de que teria predominado na Pennsula ibrica uma estratgia no-revolucionria para sustentar o crescente poder central. O autor com isso busca apontar que, ao contrrio da Frana, prevaleceu na Pennsula Ibrica um longo e tortuoso caminho de avano do centralismo sem, no entanto, romper com os particularismos.c) Outro ponto relevante o mecanismo pelo qual avanou o centralismo: a constituio de novos espaos de poder. O autor ressalta dentre esses espaos o padroado rgio, o protetorado sobre as universidades e a montagem do Imprio ultramarino. Esses novos espaos de poder teriam a vantagem de no estarem vinculados ao domnio senhorial. d) Compreender que a consolidao do centralismo por esses novos espaos de poder implica em requalificar a relao que se estabelecia entre colnia e metrpole. Ainda que em Portugal as lutas entre centralismos e particularismo fosse mais acirrada, na colnia o centralismo da Coroa era dominante.2) Ideias tratadas no debate de sala de aulaa) O primeiro ponto do debate em sala de aula foi a descrio em detalhes dos particularismos envolvidos na querela contra o centralismo da Coroa. Quanto questo da Igreja, por exemplo, por meio do padrado rgio, a Coroa consegue deslocar as ordens militares para sua rbita de influncia. O surgimento da nobreza de servio tambm foi uma forma de conseguir deslocar parte da nobreza da rbita dos particularismos para a influncia da Coroa. b) Um segundo aspecto levantado durante o debate em sala foi a questo terica sobre o absolutismo. Dentro da historiografia mais recente foi levantada a teoria da monarquia compsita do historiador britnico John Elliot segundo a qual a Coroa seria uma fora centrpeta que garantiria a unidade do Estado frente s foras centrfugas dos particularismos.c) Um ponto que vai ser desenvolvido na segunda parte do texto o papel da Igreja e do neotomismo como teologia poltica predominante na Pennsula na Ibrica. Estabelece-se uma comparao com a teologia que impulsionara a guerra da Reconquista e a suposta misso dos reinos ibricos em difundir o catolicismo por meio da montagem de seus Imprios. Tendo em vista essa interpretao do neotomismo podemos notar que o autor o coloca em termos de uma teoria moderna e no como uma teoria conservadora.d) Tendo em mente esses pontos, temos evidncias de que a montagem do Imprio portugus e o processo de colonizao foram fundamentais centralizao do poder da Coroa, e no do contrrio.3) Contribuies e comentrios pessoaisO texto apresentado me parece um dos melhores do curso dado que apresenta como num contexto de transio entre feudalismo e consolidao da Modernidade como economia, poltica e religio relacionam-se e moldam as estruturas sociais da Pennsula Ibrica. interessante tambm que o texto apresenta as contradies internas no projeto de centralizao valorizando esse processo histrico como uma disputa poltica de poder.