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CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 17 (02): 2607.1-13 2019 2607.1 RESISTÊNCIA MICROBIANA: UMA ANÁLISE DOS CASOS DE TUBERCULOSE RESISTENTE 1 MICROBIAN RESISTANCE: AN ANALYSIS OF CASES OF RESISTANT TUBERCULOSIS Tais Sá Teles, Caio Michel de Souza Almeida, Carine Souza Lucena, Jéssica Simas Pedrosa, Lara de Oliveira Rodrigues da Silva, Leidiane Cavalcante Tupinambás, Marcielle dos Santos Silva e Rita Terezinha de Oliveira Carneiro Universidade Estadual de Feira de Santana; E-mail: [email protected] Resistência microbiana é um fenômeno de grande preocupação para saúde pública mundial devido a três principais motivos: i) número elevado de notificação; ii) gravidade dos casos e iii) dificuldade de conter a disseminação dos agentes etiológicos causadores das respectivas infecções. Esse fenômeno resulta primordialmente de alterações que ocorrem no genoma dos micro-organismos causadores das doenças (resistência primária). Não obstante, má qualidade de vida, a vulnerabilidade socioeconômica e a negligência com o tratamento farmacológico pelo ser humano contribuem fortemente para sua ocorrência (resistência secundária). Dados atuais divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelaram que a tuberculose (TB) é considerada como a principal causa de óbito por doença infectocontagiosa por único agente microbiano, e os registros das formas de TB resistentes têm crescido no curso de poucas décadas. Contraditoriamente, a tuberculose é uma doença passível de cura obtida por meio da fidelização ao tratamento com os fármacos anti-TB, que são distribuídos gratuita e universalmente pelos programas municipais de controle e prevenção da doença. Todavia, o que se observa é um aumento expressivo nos índices de morbimortalidade em decorrência da tuberculose de resistência secundária. Esse fato justifica a realização desse trabalho cujo objetivo é descrever as características da tuberculose resistente, ressaltando as possíveis formas de prevenir a sua ocorrência. Trata-se de uma revisão da literatura, abordando aspectos de interesse para saúde pública, pois suscita informações valiosas no tocante ao tratamento e prevenção da tuberculose, especialmente à doença causada por isolados resistentes aos fármacos anti-TB. PALAVRAS-CHAVE: Epidemiologia. Fármacos. Resistência microbiana. Saúde pública. Tuberculose CONTEXTUALIZAÇÃO A resistência microbiana surge no decorrer de tratamento farmacológico incorreto e se caracteriza pela ineficiência nos mecanismos de ação dos fármacos sobre a fisiologia e proliferação dos micro-organismos, os quais até então eram susceptíveis aos seus efeitos [DUARTE et al., 2019]. Nesse contexto, e de maneira indireta, o tratamento farmacológico pode atuar como fator que seleciona as linhagens microbianas capazes de resistir aos efeitos adversos à sua sobrevivência impostos pela terapia farmacológica [DALMANN-SAUER et al., 2018; DUARTE et al., 2019]. A resistência microbiana configura-se como um dos piores agravantes relacionados a doenças infectocontagiosas pois: i) seus registros são mundialmente expressivos; ii) dificulta o tratamento e agrava seus casos e iii) a dispersão das linhagens resistentes é intensificada pelo trânsito de seres humanos em nível continental [WHO, 2012]. Apesar desse cenário desfavorável, há possibilidades de mitigar e até mesmo erradicar a resistência microbiana por meio do uso racional dos fármacos, pela adoção de hábitos saudáveis de vida (i.e.: alimentação balanceada, eliminação de vícios como alcoolismo entre outras) e com melhorias na 1 Anais da XV Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, 15 a 21 de Outubro de 2018, UEFS, Feira de Santana.

RESISTÊNCIA MICROBIANA: UMA ANÁLISE DOS CASOS DE ...dfisweb.uefs.br/caderno/vol17n2/S6Artigo07-TaisCaioCarine-SNCT_7... · caderno de fÍsica da uefs 17 (02): 2607.1-13 2019 2607.1

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CADERNO DE FÍSICA DA UEFS 17 (02): 2607.1-13 2019

2607.1

RESISTÊNCIA MICROBIANA: UMA ANÁLISE DOS CASOS DE

TUBERCULOSE RESISTENTE1

MICROBIAN RESISTANCE: AN ANALYSIS OF CASES OF RESISTANT TUBERCULOSIS

Tais Sá Teles, Caio Michel de Souza Almeida, Carine Souza Lucena, Jéssica Simas Pedrosa, Lara de Oliveira

Rodrigues da Silva, Leidiane Cavalcante Tupinambás, Marcielle dos Santos Silva e Rita Terezinha de

Oliveira Carneiro

Universidade Estadual de Feira de Santana; E-mail: [email protected]

Resistência microbiana é um fenômeno de grande preocupação para saúde pública mundial devido a três principais

motivos: i) número elevado de notificação; ii) gravidade dos casos e iii) dificuldade de conter a disseminação dos agentes

etiológicos causadores das respectivas infecções. Esse fenômeno resulta primordialmente de alterações que ocorrem no

genoma dos micro-organismos causadores das doenças (resistência primária). Não obstante, má qualidade de vida, a

vulnerabilidade socioeconômica e a negligência com o tratamento farmacológico pelo ser humano contribuem fortemente

para sua ocorrência (resistência secundária). Dados atuais divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

revelaram que a tuberculose (TB) é considerada como a principal causa de óbito por doença infectocontagiosa por único

agente microbiano, e os registros das formas de TB resistentes têm crescido no curso de poucas décadas.

Contraditoriamente, a tuberculose é uma doença passível de cura obtida por meio da fidelização ao tratamento com os

fármacos anti-TB, que são distribuídos gratuita e universalmente pelos programas municipais de controle e prevenção da

doença. Todavia, o que se observa é um aumento expressivo nos índices de morbimortalidade em decorrência da

tuberculose de resistência secundária. Esse fato justifica a realização desse trabalho cujo objetivo é descrever as

características da tuberculose resistente, ressaltando as possíveis formas de prevenir a sua ocorrência. Trata-se de uma

revisão da literatura, abordando aspectos de interesse para saúde pública, pois suscita informações valiosas no tocante ao

tratamento e prevenção da tuberculose, especialmente à doença causada por isolados resistentes aos fármacos anti-TB.

PALAVRAS-CHAVE: Epidemiologia. Fármacos. Resistência microbiana. Saúde pública. Tuberculose

CONTEXTUALIZAÇÃO

A resistência microbiana surge no decorrer de tratamento farmacológico incorreto e se caracteriza pela

ineficiência nos mecanismos de ação dos fármacos sobre a fisiologia e proliferação dos micro-organismos, os

quais até então eram susceptíveis aos seus efeitos [DUARTE et al., 2019]. Nesse contexto, e de maneira

indireta, o tratamento farmacológico pode atuar como fator que seleciona as linhagens microbianas capazes de

resistir aos efeitos adversos à sua sobrevivência impostos pela terapia farmacológica [DALMANN-SAUER et

al., 2018; DUARTE et al., 2019].

A resistência microbiana configura-se como um dos piores agravantes relacionados a doenças

infectocontagiosas pois: i) seus registros são mundialmente expressivos; ii) dificulta o tratamento e agrava

seus casos e iii) a dispersão das linhagens resistentes é intensificada pelo trânsito de seres humanos em nível

continental [WHO, 2012]. Apesar desse cenário desfavorável, há possibilidades de mitigar e até mesmo

erradicar a resistência microbiana por meio do uso racional dos fármacos, pela adoção de hábitos saudáveis de

vida (i.e.: alimentação balanceada, eliminação de vícios como alcoolismo entre outras) e com melhorias na

1 Anais da XV Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, 15 a 21 de Outubro de 2018, UEFS, Feira

de Santana.

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qualidade de vida do ser humano [BRASIL, 2011; BRITES e GAGNEUX, 2015; DUARTE et al., 2019].

Todavia, essa ainda não é a realidade.

A atualização nos registros da tuberculose (TB) no ano de 2017 impactou negativamente a saúde

pública mundial, haja vista que a doença é passível de cura, mas na atualidade se configura como a principal

causa de óbito por infecção causada por único agente [BRASIL, 2018; WHO, 2017]. A preocupação é ainda

maior quando consideramos o crescente fenômeno da resistência aos fármacos anti-TB, manifestado por

diferentes linhagens de Mycobacterium tuberculosis (Mtb), que, por sua vez, é o agente causador da doença

[GHAZAEI, 2018; WHO, 2017].

A resistência aos fármacos anti-TB é produto de mudanças na composição e/ou na regulação gênica

dos isolados de Mtb, podendo ser classificada como primária (quando surge em virtude de mutações em seu

genoma), ou secundária (adquirida por meio da pressão ambiental que seleciona linhagens mais bem

adaptadas às condições hostis que lhes são impostas) [BRASIL, 2011; BRITES e GAGNEUX, 2015].

Mutações em genes de resistência, bem como a ocorrência de epistasia, nos isolados de Mtb, são

consensualmente descritas como causa primordial para a sua capacidade de neutralizar a ação dos fármacos

utilizados no tratamento da tuberculose [BORREL et al., 2013]. Não obstante, o uso irracional dos

antimicrobianos, a não adequação e/ou abandono ao regime de tratamento, estilo inadequado de vida como

uso de drogas injetáveis e abuso de álcool, presença de comorbidade, além das condições de vulnerabilidade

socioeconômica do portador da doença contribuem para que os isolados de Mtb evoluam para formas

resistentes [DALMANN-SAUER et al., 2018].

A classificação da tuberculose como mono, poli, multi e extensivamente resistente aos fármacos anti-

TB se fundamenta na quantidade e na classe dos fármacos que a linhagem infectante do M. tuberculosis

consegue neutralizar [GARRIDO, 2009]. Ressaltamos que todas as formas de tuberculose resistente

necessitam de vigilância, todavia a tuberculose multi-droga resistente (TBMR) despende de maior atenção

devido aos seus expressivos índices de notificação mundial, os quais, em 2017, atingiram a marca de 480.000

novos casos [WHO, 2017].

A TBMR consiste numa infecção causada por linhagem de M. tuberculosis capaz de resistir

concomitantemente aos efeitos da rifampicina (R) e isoniazida (H), que, por sua vez, são os fármacos

utilizados na primeira linha de tratamento anti-TB [BRASIL, 2011; WHO, 2017]. No Brasil, a quase

totalidade dos casos de TBMR é do tipo secundária e o uso indiscriminado de antimicrobianos, o abandono do

tratamento, estilo de vida ou a re-infecção de pacientes são apontadas como suas principais causas [BRASIL,

2014]. Esse dado justifica a realização desse trabalho, que consiste numa breve revisão, cujo objetivo é

debater sobre a tuberculose resistente, além de estimular a sensibilização para adoção dos bons hábitos de

saúde e, especialmente enfatizar a importância do diagnóstico prévio e adesão ao tratamento contra a

tuberculose, visando à cura e à minimização dos registros da tuberculose.

TUBERCULOSE NO CONTEXTO DA SAÚDE PÚBLICA

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2607.3

Em 2017, foram registrados 10,4 milhões de novos casos mundiais de tuberculose, adicionalmente os

óbitos notificados em decorrência exclusiva da TB foram de 1,4 milhões de pessoas. Apesar de expressivos,

esses números podem estar subestimados devido à inconsistência na notificação dos casos da doença em

países como África e Ásia [WHO, 2017].

Não obstante, os dados apresentados acima contribuíram para que a tuberculose se configurasse, na

atualidade, como a principal causa de morte por infecções causadas por único agente infeccioso, superando

inclusive a taxa de morbimortalidade pelo vírus HIV (human immunodeficiency virus) [BRASIL, 2018].

De maneira geral, mas não exclusivamente, a tuberculose é uma doença que afeta países

superpopulosos e sua ocorrência é fortemente associada à condição de pobreza, aqui caracterizada por

agregados de casebres com baixa ventilação, responsáveis por abrigar uma população semianalfabeta e de

baixa renda salarial, durante um intervalo constante de tempo [ERAZO et al., 2014; GOMES et al., 2016].

Essa população tem acesso restrito aos serviços de saúde, o que explica a ocorrência de diversas situações de

agravo (AIDS, alcoolismo, diabetes, desnutrição, tabagismo e uso de drogas ilícitas, por exemplo) e que,

indiretamente, contribuem para disseminação e evolução dos isolados dos Mtb [BRASIL, 2014; SOUZA et

al., 2015].

Os fatores descritos acima fazem da tuberculose uma doença prioritária para a saúde pública e,

portanto, requer o diagnóstico precoce e, principalmente, adesão ao tratamento farmacológico pelos seus

portadores [WHO, 2017].

TRATAMENTO ANTI-TB

O tratamento da tuberculose é realizado a partir de esquemas padronizados com fármacos que são

distribuídos universal e gratuitamente por unidades básica de saúde (UBS) e acompanhado por profissionais

filiados aos programas municipais de controle de prevenção da tuberculose [BRASIL, 2011]. Há uma

expressiva recomendação para que os fármacos anti-TB sejam ingeridos/administrados pelos pacientes sob

observação dos profissionais de saúde que os acompanham (tratamento diretamente observado – TDO),

justificada como forma de reduzir a taxa de abandono ao tratamento e/ou uso irracional dos fármacos anti-TB

[BRASIL, 2011; WHO, 2017].

No Brasil, os esquemas de tratamento são preconizados pelo Programa Nacional de Controle da

Tuberculose (PNCT), que também estabelece as bases, princípios e as possibilidades de mudanças no

esquema de tratamento da doença [BRASIL, 2011]. De maneira geral, a escolha do esquema poli terapêutico

utilizado contra a tuberculose é realizada com base em dois parâmetros: status metabólico do paciente e da

localização do bacilo [BRASIL, 2011; GARRIDO, 2009].

Para atender as demandas específicas de cada tratamento no tocante à aquisição da resistência pelos

isolados de Mtb ou para adequar o regime farmacológico às necessidades fisiológicas dos pacientes de

tuberculose é que os fármacos anti-TB são classificados como sendo de 1ª e 2ª linha, os quais,

respectivamente, são empregados durante a fase inicial do tratamento e são empregados quando há falhas

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2607.4

terapêuticas com os fármacos de primeira escolha [ARBEX et al 2010a; 201b; GARRIDO, 2009; RABAHI et

al., 2017]

Os fármacos utilizados no tratamento da tuberculose e seus respectivos mecanismos de ação são

descritos na Tabela 1.

Tabela 1: Identificação dos fármacos anti-TB e seus respectivos mecanismos de ação e indicação, utilizados

no Brasil.

FÁRMACOS MECANISMO DE AÇÃO INDICAÇÃO

Grupo 1: Fármacos de primeira linha

isoniazida (H) Inibe a síntese do ácido micólico

Tratamento de todos os tipos de tuberculose,

pode ser administrada em combinação com

outros fármacos, caso haja comprovação da

resistência aos seus efeitos pelos isolados

infectantes.

rifampicina (R)

Inibe a atividade da RNA

polimerase

DNA-dependente

Indicada para o tratamento inicial da TB

pulmonar, e nas situações em que haja

resistência do Mtb pelos demais fármacos

anti-TB.

etambutol (E)

Bloqueia a síntese de

arabinogalactano (principal

carboidrato da parede celular do

Mtb)

Tem ação bacteriostática sobre isolados de

Mtb com crescimento rápido, encontrados nos

ambientes intra e extracelular.

pirazinamida (Z)

Supostamente, pode induzir a

acidose celular após ser assimilado

pelo Mtb inativando seu

metabolismo devido à desnaturação

enzimática

Tratamento de todos os tipos de tuberculose

em associação com a rifampicina e isoniazida.

Grupo 2: Injetáveis

estreptomicina (S)

Inibição irreversível da síntese

proteica nos isolados de Mtb

Quando ocorre falha terapêutica com os

fármacos de 1ª linha, desde que o paciente TB

seja alérgico à sua estrutura e seja confirmada

a sensibilidade dos isolados de Mtb, ou para

atender necessidade particular do paciente

(estado metabólico).

kanamicina (Km)

amikacina (Am)

Grupo 3: Fluoroquinolonas

ofloxacina (Ofx)

Bloqueiam atividade das enzimas

DNA girase ou da topoisomerase II

Quando ocorre falha terapêutica com os

fármacos de 1ª linha, desde que o paciente TB

seja alérgico à sua estrutura e seja confirmada

a sensibilidade dos isolados de Mtb, ou para

atender necessidade particular do paciente

(estado metabólico).

levofloxacina (Lfx)

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2607.5

FÁRMACOS MECANISMO DE AÇÃO INDICAÇÃO

Grupo 4: Bacteriostáticos de segunda linha

etionamida (Et)

Ação análoga à isoniazida, pois

inibe síntese

proteica e impede a biossíntese do

ácido micólico

Quando ocorre falha terapêutica com os

fármacos de 1ª linha, desde que o paciente TB

seja alérgico à sua estrutura e seja confirmada

a sensibilidade dos isolados de Mtb, ou para

atender necessidade particular do paciente

(estado metabólico).

capreomicina (Cap) Supostamente, interfere na síntese

proteica do Mtb

cicloserina (Cs)

Inibição competitiva das enzimas D-

alanil-D-alanina sintetase, alanina

racemase e alanina permeasse

necessárias para estruturação da

membrana celular do Mtb.

ácido p-aminosalicilico

(PAS)

Possivelmente interfere na síntese

de ácido fólico bacilar e por inibição

da captação de ferro pelo Mtb

A cura da tuberculose é garantida, quando os fármacos que constituem o esquema de tratamento são

administrados respectivamente com suas doses e tempo em conformidade com o que foi prescrito pelo

receituário para cada paciente. Essa postura, também, minimiza o risco de desenvolvimento da resistência

medicamentosa pelos isolados de M. tuberculosis [BRASIL, 2011; 2014].

Entretanto, os registros de tuberculose são mundialmente relevantes e adicionalmente representa uma

grande preocupação devido à dificuldade de restringir a dispersão dos isolados resistentes [DALMANN-

SAUER et al., 2018].

A resistência microbiana é considerada como um dos principais problemas de ordem pública para à

saúde mundial, pois onera gastos e dificulta o tratamento e prevenção de infecções, além de afetar, em

especial, uma população carente cujas características contribuem para a aquisição e propagação das linhagens

resistentes [WHO, 2012; 2017]. Dada a sua importância, discutiremos os mecanismos pelos quais os

microrganismos adquirem resistência aos fármacos mais detalhadamente a seguir.

FORMAS DE TB RESISTENTE

A confirmação da tuberculose resistente é realizada por meio de cultura in vitro dos isolados de Mtb e

pelo teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA), utilizando os fármacos anti-TB nas concentrações

preconizadas universalmente. O resultado de ambos os testes determina fenotipicamente o tipo de resistência

da doença, classificando-a das seguintes formas: i) tuberculose mono resistente, quando os isolados, que

causam a infecção, têm resistência a apenas um dos fármacos anti-TB; ii) TB poli resistente, no caso dos

isolados serem resistentes a dois fármacos anti-TB, desde que estes não sejam a combinação de isoniazida e

rifampicina; iii) tuberculose multi-droga resistente (TBMR) que se caracteriza pela infecção causada pelos

isolados capazes de resistir concomitantemente aos efeitos da isoniazida e a rifampicina, podendo ou não

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2607.6

estarem combinados com outros medicamentos e iv) tuberculose extremamente resistente (TBXR), quando os

isolados de Mtb são resistentes a isoniazida e a rifampicina, a qualquer fármaco da classe das

fluoroquinolonas e a pelo menos um dos fármacos injetáveis (i.e.: amikamicina, kanamicina ou capreomicina)

[BRASIL, 2011; GARRIDO, 2009; RABAHI et al., 2017].

MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS E SEUS MECANISMOS PARA AQUISIÇÃO DE

RESISTÊNCIA AOS FÁRMACOS ANTI-TB

O fenômeno da antibiose microbiana (do grego, Anti = “contra”; Bios = “vida”) ocorreu ao acaso e

graças à perspicácia de Alexander Flemming (1928), ao notar a morte de bactérias próximas ao micélio do

fungo contaminante, pertencente ao gênero Penicillium. Surgia, naquele momento, a Penicilina [CARLIXTO

e CAVALHEIRO, 2012; PEREIRA e PITA, 2005].

Inicialmente a descoberta de Flemming teve uma aplicabilidade prática e de grande valia para os

soldados em front de batalha no decorrer da II Guerra Mundial (1943-1945), preservando milhares de suas

vidas contra os inimigos invisíveis e causadores de doenças como: febre tifoide e malária tão comuns e fatais

naquele contexto histórico [PEREIRA e PITA, 2005]. No período pós-guerra, os antimicrobianos foram

levados às cidades e utilizados ampla e irracionalmente por civis, criando o ambiente favorável para evolução

e seleção de micro-organismos resistentes. Já em meados da década de 70, casos de infecções resistentes

começam a ser mundialmente notificados [CARLIXTO e CAVALHEIRO, 2012].

A aquisição de resistência microbiana não é um fenômeno fácil de ser elucidado, no entanto existem

dois mecanismos fortemente associados à sua ocorrência, a saber: mutações genéticas (resistência primária) e

seleção natural (resistência secundária) [ZHANG e YEW, 2015]. Abordaremos a seguir os mecanismos

supracitados, e para uma melhor contextualização, usaremos M. tuberculosis, o agente causador da

tuberculose, considerada como a principal causa de óbito por doença infectocontagiosa de único agente

[BRASIL, 2018].

RESISTÊNCIA PRIMÁRIA

Via de regra, bactérias modificam sua composição gênica por meio dos chamados mecanismos de

transferência horizontal de genes, dentre os quais descrevemos: i) Conjugação – compartilhamento de

plasmídios2 através de estruturas sexuais (i.e.: pili, nas bactérias gram negativa e moléculas adesivas, nas

bactérias gram positivas) entre bactérias compatíveis; ii) Transdução – inserção de genes bacterianos e/ou

virais por meio da infecção por fagos3; iii) Transformação – assimilação de genes disponíveis no ambiente no

qual se encontram as bactérias competentes4. Algumas linhagens bacterianas podem ainda apresentar os

elementos genéticos móveis (transpossomos). Por fim e não menos importante, as bactérias também podem

alterar seu genoma por meio das mutações gênicas [TORTORA et al., 2017].

2Material genético extra cromossômico presente em bactérias doadoras. 3 Vírus capaz de infectar bactérias. 4 Bactérias com poros em suas paredes celulares.

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2607.7

Em particular, o M. tuberculosis não apresenta plasmídio nem transpossomos e sua taxa de

transferência horizontal de genes é baixa em comparação às demais bactérias [COLE et al., 1998]. Esses

dados sugerem que as modificações gênicas no Mtb, inclusive aquelas capazes de promover a resistência aos

fármacos, se devem quase que exclusivamente à ocorrência de mutações [CHEN et al., 2016; COLL et al.,

2015; MISHRA et al., 2015; NAVARRO et al., 2017; WANG et al., 2015].

O genoma do M. tuberculosis é constituído por aproximadamente 4.400 genes organizados em único

cromossomo circular, apresenta composição de 65% de pares de bases G-C e regiões com sequências

repetidas, além claro dos genes codificadores de proteínas que desempenham funções essenciais à vida dessa

bactéria [COLE et al., 1998].

Tabela 2: Descrição das principais mutações que ocorrem em genes que conferem resistência aos fármacos

anti-TB identificadas no genoma de isolados do M. tuberculosis.

Fármacos

1ª linha* 2ª linha**

H R E Z Injetáveis

K, A, S

Fluoroquinonas

Ofx, Lev

Etionamida

Et

Genes que

conferem

resistência

katG,

inhA,

ahpC,

kashA

Ndh

rpoB embB pncA

Rrs

rpsL

tlyA

eis

gyA sem dados***

*Identificação dos fármacos de 1ª linha: H – isoniazida; R – rifampicina; E – etambutol; Z – pirazinamida;

**Identificação dos fármacos de 2ª linha: Injetáveis (K – kanamicina; A – amicanina; S – estreptomicina);

Fluoroquinonas (Ofx – ofloxacina; Lfx – levofloxacina);

***Não foram encontrados dados sobre os genes que conferem resistência ao fármaco Etionamida (Et).

O real efeito dessas mutações ainda perturba alguns estudiosos, tendo em vista que os fármacos anti-

TB interagem farmacodinamicamente com estruturas e/ou com reações essenciais à sobrevivência do M.

tuberculosis [NAIDOO e PILLAY, 2017].

Com o intuito de neutralizar a ação dos fármacos, os isolados de Mtb mutantes alteram drasticamente

suas rotas metabólicas para que não apresentem déficit em suas taxas de reprodução, crescimento e

metabolismo. No entanto, o que se observa em amostras clínicas é o predomínio das linhagens mutantes

muito bem adaptadas e evoluindo em meio aos respectivos grupos populacionais que lhes servem como

hospedeiro [BRITES e CAGNEUX, 2015; DATTA et al., 2016; NAVARRO et al., 2017; PERRIN et al.,

2015; WANG et al., 2015].

Esse contexto favorece o emprego do termo “fitness cost” (i.e.; “custo de aptidão”, em tradução livre),

amplamente utilizado em denotação das vantagens evolutivas que os isolados de Mtb adquirem por meio de

mutações em genes de resistência. O termo “custo” é associado a essas mudanças gênicas que ocorrem nos

isolados, na expectativa de que seus efeitos sejam negativos, contudo os mesmos não são percebidos na

análise fenotípica desses isolados [NAIDOO e PILLAY, 2017; NAVARRO et al., 2017].

Autores como Borrel et al., (2013), Koch et al., (2014), Muller et al., (2013), Salvadore et al., 2016

discutem sobre o fenômeno da epistasia, que corresponde à interação sinérgica de duas ou mais mutações de

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2607.8

maneira que uma neutralize o possível efeito deletério da outra. Apesar de bastante estudado e amplamente

relatado em estudos com isolados clínicos de Mtb, a epistasia é um mecanismo que ainda não foi totalmente

compreendido.

RESISTÊNCIA SECUNDÁRIA

A ocorrência da tuberculose de resistência secundária é fortemente influenciada pela ação do ser

humano e pelas condições ambientais, haja vista que esses fatores criam o cenário favorável para as mudanças

na fisiologia do M. tuberculosis, ao passo que selecionam os isolados mais bem adaptados ao ambiente. Uma

dessas mudanças consistem na modulação genética que resulta na resistência aos fármacos anti-TB [BRITES

e GAGNEUX, 2015; DATTA et al., 2016; PERRIN et al., 2015].

O abandono ao tratamento anti-TB é a principal causa para a ocorrência da tuberculose de resistência

secundária [BRASIL, 2011; 2014]. A descontinuidade espontânea do tratamento favorece a proliferação de

isolados que já entraram em contato com fármacos, e que, ao longo de tempo, foram capazes de estabelecer

mecanismos (genéticos e metabólicos) que neutralizam sua ação [COSCOLLA e GAGNEUX. 2014].

Por sua vez, a não adesão, a inadequação, os efeitos colaterais e o tempo prolongado do tratamento

anti-TB são apontadas como razões para o abandono ao tratamento da doença [ABREU e FIGUEREDO,

2013; BRYANT et al., 2013; BRITES e GAGNEUX, 2015].

O estilo de vida e as condições de habitação dos portadores da tuberculose também contribuem para a

disseminação e evolução dos isolados para formas mais resistentes da doença [ABREU e FIGUEREDO,

2013; PERRIN et al., 2015]. O uso de drogas injetáveis, maus hábitos de vida (alcoolismo, tabagismo por

exemplo), desnutrição e co-morbidades (diabetes, HIV entre outras) são fatores intimamente relacionados

com a TBMR [BRASIL, 2011; 2014].

Erazo e colaboradores (2014) descrevem os chamados “bolsões de pobreza”, caracterizados por

aglomerados de casebres, sem pouca ou nenhuma ventilação e ausência de saneamento básico, que abrigam

diariamente um grande número de pessoas por pelo menos um terço do dia. Esse cenário precário é

consensualmente associado aos altos índices de tuberculose e aos mais agressivos surtos de tuberculose

resistente [BRITES e GAGNEUX, 2015; COSCOLA e GAGNEUX, 2014].

No Brasil, a maioria dos casos da tuberculose resistente é caracterizada como secundária, e a principal

causa para sua ocorrência é o abandono ao tratamento anti-TB [BRASIL, 2018]. Erazo e colaboradores (2014)

destacam que a erradicação da tuberculose extrapola os campos da saúde, pois se tratando de uma doença que

afeta um grupo populacional caracterizado por sua pobreza e limitação em seu nível educacional, é necessário

redirecionar as rendas e aumentar as campanhas de educação e sensibilização para a importância do

diagnóstico precoce da doença, início rápido do tratamento e, principalmente, fidelização e completitude ao

esquema farmacológico prescrito.

O esquema abaixo ilustra as etapas necessárias para obter a cura da tuberculose.

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*sintomas da tuberculose pulmonar

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A resistência microbiana agrava o contexto das infecções, mas é algo que pode ser evitado pelo uso

racional dos fármacos associado às medidas não-terapêuticas, tais como: adoção de bons hábitos de

alimentação e higiene e através de melhorias na qualidade de vida dos seres humanos.

Dentre as doenças infectocontagiosas com maiores índices mundiais destacamos a tuberculose que

continua sendo uma doença de grande preocupação para saúde pública mundial não somente pelos seus

expressivos índices de morbimortalidade, como também pelo aumento nos casos das formas resistentes da

doença.

É consensual que o fenômeno da resistência aos fármacos utilizados no tratamento anti-TB está

fortemente vinculado às alterações que ocorrem no genoma dos isolados de M. tuberculosis, os quais podem

surgir ao acaso (resistência primária), ou para atender as demandas fisiológicas a que esses estão submetidos

(resistência secundária).

A resistência secundária se manifesta como produto de ações negligentes do ser humano frente ao

tratamento da doença, somadas as condições precárias da sua sobrevivência. Nesse sentido, reforçamos a

importância da adesão ao tratamento anti-TB e da busca por melhorias na qualidade de vida dos seus

portadores e familiares.

Também ressaltamos que a tuberculose, apesar de na atualidade se configurar como a principal causa

de óbito por infecção por único agente, é uma doença passível de cura. E, para que a erradicação da

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tuberculose se torne uma realidade, se faz necessário ações educativas sobre a doença, seu diagnóstico

precoce e correto tratamento.

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