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Caderno de Resumos - Semana de Filosofia Uefs 2015

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COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenação Geral do Evento

Laurenio Leite Sombra

Jorge Alberto da Costa Rocha

Comissão Organizadora do Evento

Brenda Oliveira do Espírito Santo

Bruna Torlay

Delmer Vinícius da Silva Lisboa

Jorge Luiz Nery de Santana

José Américo Soares Neto

Luciene Braga Ramos Borges

Ricardo Ferreira Rocha

Samuel Marcílio Lopes de Oliveira

Desenho e Edição

Delmer Vinícius da Silva Lisboa

Priscila Leal Bispo Lopes

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Comissão Avaliadora dos Trabalhos

Adriana Santos Tabosa (UEFS)

Antonio Janunzi Neto (UEFS)

Caroline Vasconcelos Ribeiro (UEFS)

Charliston Pablo do Nascimento (UEFS)

Jorge Alberto da Costa Rocha (UEFS)

Jorge Luiz Nery de Santana (UEFS)

José Portugal dos Santos Ramos (UEFS)

Julio Celso Ribeiro de Vasconcelos (UEFS)

Laurenio Leite Sombra (UEFS)

Malcom Guimarães Rodrigues (UEFS)

Nilo Henrique Neves dos Reis (UEFS)

Rodrigo Ornelas França (UEFS)

Wagner Teles de Oliveira (UEFS)

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ISSN 2318-0773

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Em abril de 2013, realizamos a I Semana de Filosofia da UEFS, numa parceria bem sucedida do Colegiado com o Diretório Acadêmico de Filosofia. O resultado naque-le momento já foi além do esperado, com cerca de 500 ouvintes e com 76 trabalhos apresentados em mesas-redondas e comunicações por professores, graduandos e pós-graduandos, sempre com um público expressivo de alunos e professores de di-versas áreas da UEFS, da comunidade e de outras Universidades.

Desde 2014, alunos e professores reuniram-se para encampar novamente esse desafio e realizar a II Semana de Filosofia da UEFS. Novamente, nos surpreendemos com os resultados. Dessa vez, tivemos 127 trabalhos aprovados, com inscritos (mais uma vez, alunos e professores, graduandos e pós-graduandos) de toda a parte da Bahia e mesmo de alguns outros estados do Nordeste e fora da nossa região. Da Bahia, origem da maior parte dos trabalhos, houve inscrições significativas de todas as outras uni-versidades públicas (UNEB, UESC, UESB, UFBA, UFRB...), de algumas faculdades particulares, além dos nossos próprios professores e alunos. Nesse evento, consegui-mos manter aspecto que foi fundamental para o sucesso do anterior: a pluralidade de temáticas. Além de discussões de diversos campos do saber filosófico, também foram aprovados trabalhos fronteiriço em diálogo com questões políticas, artísticas, religio-sas e com a ciência. Esse Caderno de Resumos pretende retratar essa riqueza, que só poderá ser vivida em toda a sua extensão na participação das comunicações e debates.

A II Semana de Filosofia pretende consolidar espaço em Feira de Santana, onde o pensamento rigoroso e dinâmico possa aflorar, frutificar e difundir-se num debate profícuo com a vida acadêmica e com a comunidade.

Colegiado de Filosofia

Comissão Organizadora

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Sabemos que a construção do conhecimento - na Universidade - se dá em seus mais diversos espaços e, não apenas na sala de aula. É dessa maneira que a II Semana de Filosofia enriquece a nossa formação, ao propiciar contato com uma grande diver-sidade de temas e pessoas de toda a Bahia e do Brasil. Nesse sentido, o Diretório Acadêmico de Filosofia apoia e incentiva sua realização e convida todxs a participar conosco desse momento.

Diretório Acadêmico

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Conferência de Abertura:

Prof. Dr. Manfredo Araújo de Oliveira (Universidade Federal do Ceará).

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Minicursos

Prof. Dr. Mauro Castelo Branco de Moura (UFBA): Introdução à leitura do d’O Ca-pital de Marx (Total: 9 horas)

Profa. Juliana de Orione Arraes Fagundes (UESB): Dos autômatos à cultura: Dennett e a proposta de um novo olhar sobre a mente (Total: 7,5 horas)

Prof. Charliston Pablo do Nascimento (UEFS): O problema da crítica na arte contem-porânea (Total: 4 horas)

Profs. Rodrigo Ornelas (UEFS) e Tiago Medeiros (IFBA): Interpretação do Brasil através da canção: duas abordagens (Total: 6 horas)

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SUMÁRIO

Adriana Santos Tabosa - A necessidade como fundamento da unidade da sociedade segundo Aristóteles. P. 17

Aislan Alves Bezerra- Friedrich Schiller: a percepção do sublime (sob o criticismo de Kant) . P. 18

Aletuza Gomes Leite - O conceito heideggeriano de Dasein: uma discussão à luz de Ser e tempo e de Ontologia: Hermenêutica da Faticidade. P. 19

Amanda Ataíde dos Santos - Primeira meditação cartesiana: uma investigação acerca da dúvida metódica. P. 20

Ana Figueiredo Bomfim Matos - O mito da queda no Gênesis, uma formulação da fêmea – mulher. P. 21

Ana Lúcia dos Santos e Santos - O retorno aos gregos à luz do pensamento de Martin Hei-degger. P. 22

Ana Rita Ferraz - Aprender a brincar de pensar: Psicologia da Aprendizagem para Estu-dantes de filosofia. P. 23

Ana Rita Santos Tabosa - O Romance Gótico e o Cinema: o que podem nos ensinar as imagens do medo. P. 24

Andrey Sá Barreto Souza - Significar-se na negação: A recusa como elemento fundamental para o homem em Eudoro de Sousa. P. 25

Anísia Gonçalves Dias Neta - Práticas de resistência em Foucault: um olhar a partir da mulher. P. 26

Antonia Iracema Menezes Santos Cerqueira e João Carlos Soares da Paixão - Nietzsche: a religião como a moléstia da humanidade. P. 27

Antônio Ismael da Silva Lima - São Francisco de Assis e a moral schopenhaueriana. P. 28Antonio Janunzi Neto - Natureza comum e abstração em Tomás de Aquino. P. 29Antonio P. Rebouças - A teoria do senso moral na filosofia de David Hume. P. 30Aryane Raysa Araujo dos Santos - Considerações acerca dos exercícios espirituais na filo-sofia de Sêneca. P. 31Aylton Fernando Andrade de Brito - Ocasionalismo, poder e movimento: uma leitura dos Six discours sur la distiction et l’union d’âme et du corps de Cordemoy. P. 32

Aylton Fernando Andrade de Brito - Perfeição: entre a gradação e completude. P.33Bruna Torlay - O imaginário de Francis Bacon para uma Filosofia da natureza. P. 34 Caio Leone de Almeida Moura Filho - Sigmund Freud e a filosofia: considerações sobre as contribuições do pensamento freudiano para a filosofia contemporânea. P. 35

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Carla Oliveira - A Erfahrung de Hegel nos caminhos da destranscendentalização. P. 36

Carol Ane Mutti Pedreira - O excesso de significação na hermenêutica de Paul Ricoeur. P. 37

Caroline Vasconcelos Ribeiro - O processo de objetificação do real e o imperativo da medicalização: um diálogo entre Heidegger e as ciências dos fenômenos psíquicos. P. 38

Celeste Costa - Há um melhor caminho na formação de pensadores? Reflexão acerca da formação filosófica brasileira. P. 39

César Augusto Vaz Sampaio Filho - O método na descoberta do Cogito. P. 40

Clóvis Pires Teixeira Filho - Por uma educação libertária a partir do conceito de anar-quia em Bakunin. P. 41

Crislane Barreto Santana – Uma aproximação à noção de fala em Heidegger. P. 42

Cristiane Silva Villa Flor - Imagens e Metáforas na escrita leibniziana. P. 43

Cristiano Bonneau – Considerações sobre a noção de certeza nos escritos filosóficos de Wittgenstein. P. 44

Cristina Moreira Jali - Escolha e atribuição de sentido na ontologia de Jean-Paul Sar-tre. P. 45

Daiane Soares dos Santos - Estado de Inocência: angústia como possibilidade da li-berdade. P. 46

Daniel Nery da Cruz - A relevância da vida e sua relação com as noções de economia e política em Agamben, leitor de Hannah Arendt. P. 47Denis Perrin - Indexicais puros e a mudança semiótica. P. 48

Diego Carmo de Sousa - As distintas concepções de prazer em Platão e Aristóteles P. 49

Diego Grecco Pereira - O ser louco em Michel Foucault e Machado de Assis. P. 50

Diego Medeiros Farias - Esquizoanálise: o delírio como método de criação? P. 51

Edcleide da Rocha Silva - A Importância das aulas em regências pelos estagiários de filosofia: uma aproximação do aluno às obras filosóficas. P. 52

Edcleide da Rocha Silva - Filosofia que ensina: “Em cena e encena”. P. 53

Eliene Ferreira dos Santos - Educação em Rousseau: caminho para emancipação do homem. P. 54

Érica Lopes de Oliveira - O controle dos afetos por uma ação ética na filosofia de Spi-

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noza. P. 55

Evanildo Couto dos Santos - Foucault e a estética da existência. P. 56Fabrício Santana Lacerda - Análise da amizade como categoria ética em Aristóteles. P. 57Fernanda de Jesus Almeida - Uma análise da epistemologia freudiana à luz da filosofia heideggeriana. P. 58

Flora Rocha Cardoso - O modelo teleológico na ética contemporânea. P. 59Francis Mary S. C da Rosa - Um povo por vir: a literatura indígena na construção de uma identidade étnico-literária no pós-indianismo. P. 60Franklin Deluzio Silva Junior - Individualidade, subjetividade e relativismo: uma aná-lise sobre o discurso de Protágoras. P. 61Gabriel da Silva Silveira - A concepção de Deus na visão de Descartes. P. 62George da Silva dos Santos, Girlene Andrade de Assis e Aline Silva Reis - A prova da existência do Deus racional na terceira meditação de René Descartes. P. 63Girlene Andrade de Assis, George da Silva Santos e Sônia Cristina Soares da Silva - Pro-blematização de Foucault: “será que houve avanços na forma de julgar o indivíduo judicialmente?” P. 64Grace Carla Fonseca de Oliveira Costa – O Dasein como abertura originária. P. 65Hilton Leal Da Cruz - O Debate entre Rorty e Davidson e uma possível superação das divergências entre os dois. P. 66James Jesuino de Souza - A noção de política na modernidade: o uso racional do poder em Maquiavel. P. 67Janaína Emanuelle da Silva Santos Ribeiro - Uma análise entre o conceito de felicidade aristotélico e a insatisfação do homem em Freud. P. 68Jezer Hezrom Lima de Oliveira - Dualismo Cartesiano e a noção de Trialismo proposta por John Cottingham. P. 69Jilvania de Jesus Barbosa - Heidegger e a crítica à teoria freudiana das pulsões: breves considerações. P. 70João Claudio da Conceição - Deus e a razão na filosofia de Guilherme de Ockam. P. 71Jociel Nunes Vieira - 1, 2, 3, Cultura – Uma investigação semiótica pierceana. P. 73

Joedson Silva dos SantoS - Hilorrealismo científico. P. 74

Jonas Rodrigo Lima de Moraes - O contínuo processo revolucionário como um prejuí-zo à liberdade individual. P. 75Jorge Alberto da C. Rocha - Foucault e os “homens infames”: dossiê. P. 76

Jorge Campelo de Albuquerque e Melo – Frei Dom O.F.M.Conv - Um conceito filosó-fico de obra de arte subjacente nos “ready mades” e em experimentações artísticas contemporâneas. P. 77

Jorge Luiz Nery de Santana - A Ontologia pós-estruturalista e a Democracia radical e

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plural em Laclau/Mouffe e suas possibilidades para investigações no campo educa-cional. P. 78

José Américo Soares Neto - Entre a Filosofia e a Educação: um breve diálogo entre a liberdade e o educando (Uma introdução ao pensamento de Jean Paul Sartre e Paulo Freire). P. 79

Jose Fernando Ramos Junior - Projeto humanístico: reflexões a partir da concepção de Peter Solterdijk. P. 80José Luis Sepúlveda - A liberdade como processo e oportunidades na perspectiva de Amartya Kumar Sen. P. 81

José Marcos Menezes Santos - Pensar além do imediato na intensificação do próprio existir na perspectiva nietzschiana. P. 82José Portugal dos Santos Ramos - Apresentação do Curso Conimbricense (1592-1606). P. 83Júlio Celso Ribeiro de Vasconcelos - Sobre um anacronismo que desonra Galileo P. 84 Karine Boaventura Rente Santos - O conceito de evidência em Husserl. P. 85Karolini Batzakas - A simbólica da religião: a coisa para além de si mesma. P. 86Laiane Almeida Teles - Sobre existir e escrever: a literatura como escolha filosófica. P. 87Laurenio Sombra - Identidades sociais: cambiantes e narrativas. P. 88Leidiane Coimbra - O Perigo da técnica e o esquecimento da liberdade. P. 89Leliana Vieira Silva - A concepção de educação em Nietzsche e os desafios atuais. P. 90Leliana Vieira Silva, José Marcos Menezes Santos e Érica Lopes de Oliveira - A impor-tância do diálogo filosófico para a emancipação do sujeito. P. 91Liamar Francisco - O cogito tácito e a má ambiguidade. P. 92Lívia Karla Lima Leite - Breves considerações sobre a linguagem nas Investigações Filosóficas a partir da noção de “jogos”. P. 93Luciana Lima Fernandes - Sartre e Husserl: apropriações para uma ontologia feno-menológica. P. 94Luciene B. R. Borges - A partícula vaihingeriana do como se e a psicanálise de Freud. P. 95Luize Santos de Queiroz - Da percepção, da música e do cinema a partir de Merleau--Ponty. P. 96Malcom Guimarães Rodrigues - Sartre, a psicanálise existencial e a literatura. P. 97Mara Margarida Barbosa Machado - Os conceitos de historicidade e historiografia no pensamento de Heidegger: breves considerações. P. 98Marconi Venancio Feitosa - A concepção existencialista do homem: breve introdução. P. 99Marcos da Silva da Rosa - Da disciplina ao controle: reflexões sobre a avaliação pro-

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cessual e continuada. P. 100Marcos Fellipe Costa Marques - Filosofia e Literatura: a morte de Deus e a morte do homem em Friedrich Nietzsche e José Saramago. P. 101Margareth R. Coelho Vaz - Introdução ao conceito de redistribuição em Nancy Fraser. P. 102Mariana Moreira da Silva - A condição humana e animal no Tratado dos Animais de Condillac. P. 103Milene Fontes de Menezes Bispo - Kierkegaard e uma concepção moderna para a heroína grega Antígona. P. 104Nailton Fernandes da Silva - O Estágio Supervisionado como aprofundamento da ex-periência vivida e reflexão. P. 105Najla Peixoto dos Santos - O conceito do Outro na filosofia levinasiana. P. 106Nária Araújo de Freitas - A concepção de prazer sob a perspectiva epicurista. P. 107Natan Luiz Neri de Sousa – A relação entre o ente e o nada em Heidegger. P. 108Nathalia Gleyce dos Santos Salazar - A falseabilidade: um “novo” critério científico. P. 109Nilo Reis - Do Princípio de obrigação mútua: uma perspectiva na pesquisa envolven-do seres humanos. P. 110Ornélia Araújo da Rosa Lemos e Nária Araújo de Freitas - Educação para a cidadania na perspectiva de Jean-Jacques Rousseau. P. 111Paloma Amorim de Brito - Relação do trabalho em Marx e o trabalho docente. P. 112Pedro Henrique Ciucci da Silva - A Ciência buscada em Aristóteles. P. 113Priscila Leal Bispo Lopes - Cotidianidade e hermenêutica em Ser e tempo: breves considerações. P. 114Priscila Sousa Lopes e Fabrício Santana Lacerda- A questão do gosto em Hume e Burke. P. 115Rafael Azevedo dos Santos - A relação corpo e poder em Michel Foucault. P. 116Ramires Fonseca Silva - Descontinuidade do Aprender: uma Abordagem no Ensino de Filosofia. P. 117Rangele Leite Campos - A experiência onírica enquanto heterotopia. P. 118Reijane dos Santos Ferreira - Análise do conceito de prazer na obra A história da se-xualidade, de Michel Foucault. P. 119Reinaldo Batista dos Santos Filho. - O caráter instrumental da violência e o poder em Hannah Arendt. P. 120Rodrigo Araújo - Avenida verdade ou qual a forma da exposição filosófica. P. 121Rodrigo Ornelas - Preservação e Atualização na experiência antropófaga cultural. P. 122 Rodrigo Silva Santos - A crítica de Walter Benjamin à reprodução em massa da obra de arte. P. 124Rosa Ilana Santos - Má-fé: fundamento para subsistência e subterfúgio da responsa-

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bilidade, no existencialismo sartreano. P. 125Rummenigge Santos da Silva - Inspiração e caracterização do ser inspirado no Íon de Platão. P. 126Samuel Marcílio Lopes de Oliveira - “Meu mundo é hoje”: O conceito de passado, em Martin Heidegger, e seu diálogo com os fragmentos do presente no romance O Aman-te, de Marguerite Duras. P. 127Samuel Marcílio Lopes de Oliveira - “No morro da casa verde a raça dorme em paz”: entre o samba de morro e o surgimento do funk, o que a cor nos diz sobre a violência. P. 128Samuel Sepulveda Teixeira Leite - Filosofia para Crianças: Uma abordagem da Meto-dologia de ensino de Mathew Lipman e Walter Kohan e sua aplicação com crianças indígenas na Aldeia Indígena Massacará. P. 129Sérgio Santos Sena - A noção de ser-com-os-outros a partir de Ser e Tempo: breves considerações. P. 130Solange Nery Alves - Conhecimento sensível em Tomás de Aquino em Suma Teológica - Questão 84, artigo1. P. 131Thiago Araujo Borges El-Chami - A visão do absoluto: regras para a intuição na Intro-dução à Metafísica, de Bergson. P. 132 Thiago Araujo Borges El-Chami - O olho e a mão: panorama da gnosiologia e da epistemologia na Introdução à Fenomenologia do Espírito. P. 133 Thyale Coelho de Oliveira e Diego Medeiros Farias - Crítica da representação: o sen-tido midiático como prática de subjetivação. P. 134

Vinicius Pimentel Ferreira - O Homem Ético, uma reflexão através de Wittgenstein e Nietzsche. P. 135Wagner Teles de Oliveira, Antonio Janunzi Neto e Eduardo Chagas Oliveira - Mesa: lin-guagem e conhecimento. P. 136Yves Marcel de Oliveira São Paulo - Em defesa de um cinema puro. P. 137 Simone Freitas Santos - Aproximações ao termo “história”a partir de Ser e Tempo. P. 138

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A necessidade como fundamento da unidade da sociedade segundo Aristóteles.

Adriana Santos Tabosa1

No texto da Ética a Nicômaco, V, 5, Aristóteles inicia uma investigação sobre a posi-ção exata que a necessidade/utilidade e o dinheiro ocupam em relação à medida. Em algumas passagens do texto Aristóteles supõe que a medida comum tanto pode ser a necessidade quanto o dinheiro. Em cada passagem do texto em que a necessidade e o dinheiro são mencionados em relação à medida, uma determinação particular lhes é atribuída. A necessidade é o que une a comunidade, e o dinheiro é um substituto con-vencional. A partir dessas considerações abordaremos em que sentido a necessidade é o fundamento da unidade da sociedade.

Palavras-chave: Aristóteles; necessidade; dinheiro.

1 Doutora em Filosofia pela UNICAMP e professora da Universidade Esta-dual de Feira de Santana – UEFS.

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Friedrich Schiller: a percepção do sublime (sob o criticismo de Kant)

Aislan Alves Bezerra2

O filósofo, poeta e dramaturgo alemão Friedrich Schiller (1759-1805), sob grande influência da filosofia crítica de Kant, desenvolve uma profunda investigação filosó-fica acerca do conceito de ‘’sublime’’, presenteando o campo de estudo da Estética com uma original sistematização do entendimento deste conceito. Nesta comunica-ção, utilizando como referência principal o ensaio filosófico “Do Sublime ao Trágico” (1793), analisaremos este conceito, os princípios psicológicos subjacentes, bem como o caráter de elevação moral inextricavelmente coadunado à representação artística do sofrimento.

Palavras-chave: sublime; estética; trágico.

2 Graduando do curso de Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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O conceito heideggeriano de Dasein: uma discussão à luz de Ser e tempo e de Ontologia: Hermenêutica da Faticidade

Aletuza Gomes Leite3

A presente comunicação propõe uma incursão no conceito heideggeriano de Dasein, limitando-se a lançar bases que permitam uma compreensão deste conceito e de sua relação com a proposta de uma analítica existencial enquanto caminho preparatório para retomada da questão do ser. Para tanto, teremos como guia a obra cardeal de Hei-degger, Ser e Tempo. Contudo, com o objetivo de indicar como o conceito de Dasein é formulado nos primórdios do pensamento heideggeriano, nos serviremos também da obra Ontologia: Hermenêutica da Facticidade. À luz destas duas obras preten-demos tematizar e inter-relacionar os conceitos de existência, facticidade e mundo circundante.

Palavras-chave: Heidegger; Dasein; ser.

3 Especialista em Teologia e Cultura/FBB e aluna da Pós-Graduação em Filosofia da UEFS.

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Primeira meditação cartesiana: uma investigação acerca da dúvida metódica

Amanda Ataíde dos Santos4

René Descartes, filósofo do século XVII considerado o pai da filosofia moderna, em busca de um princípio seguro para o verdadeiro conhecimento e que sirva como fun-damento para as ciências, estabelece um método matemático que segundo ele é o único meio capaz de atingir o conhecimento verdadeiro. Para encontrar esse meio, de acordo com o autor em sua obra Meditações sobre a filosofia primeira, é preciso rejeitar os princípios frágeis e duvidosos com opiniões confusas que podem enganar e que há muito tempo serviram de alicerce para as opiniões, e fiar-se em objetos simples e indubitáveis, capazes de alcançar a ciência perfeita, a razão. O presente trabalho pretende uma investigação sobre a primeira meditação cartesiana, discorrendo sobre alguns importantes conceitos do autor como caminho para discutir o papel da dúvida metódica na busca pelo verdadeiro conhecimento através do método cartesiano.

Palavras-chave: Método; Dúvida; Meditação.

4 Graduanda do curso de filosofia da UEFS.

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O mito da queda no Gênesis, uma formulação da fêmea – mulher

Ana Figueiredo Bomfim Matos5

O mito da “queda” no Gênesis bíblico é uma formulação da tomada de consciência de bem e mal pelo humano. Esta consciência, segundo o mito, teria afastado o humano de sua original inocência e pureza, colocando-o na condição de conhecimento equiva-lente ao divino, a não ser pelo limite encontrado na morte, castigo consequente desta consciência para o humano. Este mito, referido como A tentação de Eva e a queda do homem, em sua tradução para o português de João Ferreira de Almeida, confere uma conotação negativa ou má para a consciência de bem e mal no humano, uma vez que todo sofrimento e dor para a natureza e para a humanidade decorrem dela. É relevante destacar que como Pandora desencadeia os males de que sofre a humanidade, Eva também o faz, ao comer do fruto proibido e despertar a consciência humana para a sua nudez, discernimento de bem e mal. No Volume I da obra O Segundo Sexo: Fatos e Mitos, Simone de Beauvoir faz uma crítica à visão psicanalítica segundo a qual as imagens de um simbolismo universal como os das alegorias míticas estariam presentes no “inconsciente coletivo”. Para a filósofa, tal compreensão está mais pró-xima de um determinismo e é contraditória à liberdade da escolha humana em sua perspectiva existencialista. Todavia, ela não nega que o humano se defina, também, na generalidade refletida de uma coletividade. Em vista do exposto, neste trabalho, é proposto pensar: em que implica para o ser humano ser uma fêmea (mulher)? Como o ser fêmea (mulher), pôde ter se tornado uma situação de ser inessencial? Tendo em vista o abandono da má-fé e a nudez da consciência qual o significado da formulação de dualidades entre macho e fêmea, bem e mal?

Palavras-chave: Mito; gênero; Beauvoir.

5 Mestranda em Desenho Cultura e Interatividade pela Universidade Esta-dual de Feira de Santana – UEFS e pesquisadora (CAPES).

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O retorno aos gregos à luz do pensamento de Martin Heidegger

Ana Lúcia dos Santos e Santos6

Nesta comunicação pretendemos analisar, à luz do pensamento de Martin Heideg-ger, o sentido de retorno aos gregos, de retorno à origem do pensamento ocidental. Para tanto, tomamos como obra norteadora a conferência do filósofo intitulada Que é isto – a Filosofia? A palavra philosophia, diz Heidegger, nos convoca a penetrar, de forma profunda, na história de sua origem grega. Para o filósofo, esta palavra está na certidão de nascimento da nossa própria história e a ela devemos retornar. Visamos, com esta comunicação, apontar que a proposta heideggeriana de retorno aos gregos não entende o passado como algo soterrado, ou seja, como algo pronto e acabado que, para acessar, basta recorrer a registros. Sendo assim, o passado não consiste em algo que pode ser conhecido por meio de dados, como algo que ficou para trás, mas como uma origem que impera e vigora por já ter sido. Ao refletirmos sobre o “retorno aos gregos” pretendemos pensar sobre o conceito de passado tal como exposto pelo pensamento heideggeriano.

Palavras-chave: Heidegger; passado; retorno aos gregos.

6 Licenciada em Filosofia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB e aluna do programa de pós graduação em Filosofia pela Universidade Esta-dual de Feira de Santana – UEFS.

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Aprender a brincar de pensar: Psicologia da Aprendizagem para Estudantes de filosofia

Ana Rita Ferraz7

Trata-se de apresentar a experiência da disciplina Psicologia da Aprendizagem no curso de Licenciatura em Filosofia da UEFS, vivida durante três semestres letivos. São abordados os modos como questões de didática transversalizaram as aulas, na medida em que o aprendizado foi considerado desde a necessidade de “aprender a pensar filosoficamente”. O “como aprender” implicou na investigação do método de leitura dos textos disponibilizados, e na produção das aulas como experiência de problematização, ou seja, experimentação do pensamento divergente das faculdades – sensibilidade, memória e imaginação. Partindo do pressuposto de que só se pensa “com o outro, contra o outro ou a partir do outro”, o encontro foi, pois, o motor da ação para “brincar de pensar” – estar aberto às conexões, ao intempestivo -, portanto, um modo de aprender pelo contágio, pelo corpo e pelo riso. As aulas foram livremen-te registradas em diários que davam notas do aprendizado. Tais registros serão utiliza-dos para dar a conhecer como o objeto da disciplina Psicologia da Aprendizagem foi produzido e problematizado por estudantes de Licenciatura de Filosofia.

Palavras-chave: aprendizado; experimentação; agenciamento coletivo.

7 Doutora em Educação e Contemporaneidade e professora da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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O Romance Gótico e o Cinema: o que podem nos ensinar as imagens do medo

Ana Rita Santos Tabosa8

Os filmes de horror mexem com o temor do desconhecido e com nossos medos de violência e morte. Essas películas parecem despertar nas plateias o prazer de assistir a cenas que supostamente fariam parte de nossos pesadelos. Entre as principais in-fluências que permearam esse tipo de filme estão os romances góticos britânicos dos séculos XVIII e XIX e o Romantismo Alemão do final do século XVIII e início do século XIX. A chamada literatura gótica utilizava o universo sobrenatural como uma representação alegórica da realidade social característica desse período de transição. O horror funcionava como um resgate da magia e do sobrenatural, do irracionalismo em contraposição ao avanço da ciência e a crescente valorização da razão. Vampiros, lobisomens, mortos-vivos e fantasmas podem caracterizar variáveis essencialmente humanas e, por isso, cravadas no espírito de cada um. Os monstros e os fantasmas ganham o terreno do sobrenatural e alçam um lugar à parte na memória coletiva de um povo. Não se pode ignorar e nem subestimar o imaginário porque nele se alojam os recantos ocultos de um passado que exige idealizações temporais, fruto de bus-cas profundas, detalhadas e de remições. O imaginário se integra ao desejo e ambos constroem sonhos e fantasias que se vão acumulando por entre vivências próximas ou muito distantes. As clássicas histórias de horror dos romances góticos britânicos, Drácula, Frankenstein e O Médico e o Monstro, são exemplos claros dessa síntese entre a crítica ao racionalismo e à supervalorização da ciência. Demonstram também uma angustiante busca pela verdadeira essência do ser humano.

Palavras-chave: Horror; Romantismo; Imaginário.

8 Mestre em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e profes-sora/técnica do NUPAIP CENTRAL na Secretaria de Educação do Estado da Bahia.

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Significar-se na negação: A recusa como elemento fundamental para o homem em Eudoro de Sousa

Andrey Sá Barreto Souza 9

A proposta desse trabalho é refletir acerca do conceito de recusa, utilizado pelo filóso-fo Eudoro de Sousa, a partir de sua aplicação para definir o homem enquanto “animal que se recusa a aceitar o que gratuitamente lhe deram e gratuitamente lhe dão”. Para tal, foi realizada uma analise do primeiro capítulo, “O triangulo da complementari-dade e do simbólico”, do livro Mitologia. Nesse sentido, procuro situar o objeto de recusa do homem – a gratuidade – demarcando como, e em quais circunstâncias, a mesma é estabelecida, e porque o ato de negá-la faz da recusa o elemento fundamen-tal no reconhecimento do homem enquanto homem.

Palavras-Chave: Homem; Recusa; Gratuidade.

9 Aluno do curso de licenciatura em História da Universidade Estadual de Feira de Santana– UEFS.

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Práticas de resistência em Foucault: um olhar a partir da mulher

Anísia Gonçalves Dias Neta10

Em meio a tantas relações de poder nas quais a mulher está inserida, e por muitas ve-zes, atingida em seu corpo pelas marcas, inscrições e registros, resta-lhe a resistência. Porém, diante de um poder que se apropria do saber para aumentar suas malhas de controle, eis que surge a questão de como resistir a essa rede, formada pelo poder-sa-ber, visto que até mesmo as formas de resistência podem já estar programadas pelo poder dentro de um horizonte possível de ação. Assim, proponho analisar, a partir de Foucault, como se dão as práticas de resistência, livres das malhas do poder-saber, inscritas na superfície do corpo da mulher. Para tanto, propõe-se um saber da prática da resistência, que se mantém distinto daquele que será usado pelo poder, e, portanto, um saber que não se pretende poder. Propõem-se práticas de resistência acessíveis à mulher e livres das redes do poder-saber.

Palavras-chave: resistência; poder-saber; mulher.

10 Especialista em Filosofia Contemporânea - UEFS e Professora de Filosofia – IFPI.

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Nietzsche: a religião como a moléstia da humanidade

Antonia Iracema Menezes Santos Cerqueira

João Carlos Soares da Paixão11

Este artigo trata de uma pequena apresentação da debilidade e fragilidade do homem, a partir do momento em que o próprio interiorizou uma moralidade cristã como fun-damento para sua vida, e desta forma passou a perder seus instintos e até mesmo sua identidade para se aprofundar numa esfera social nociva, mas que o tornou uma “besta – humana”. Tal posicionamento se coaduna com o pensamento do filósofo Friedrich Nietzsche, o qual defende que o homem optou por suprir o vazio e a angús-tia existentes nele aderindo aos conceitos e as regras, ditas por uma doutrina religiosa fundamentada num Deus ditador. A crítica nietzschiana em relação ao cristianismo está pautada na sua concepção de vida, religião e auto descoberta do homem, por-tanto neste exposto consideremos a vida como um valor supremo e a religião como destruidora da vida.

Palavras–chave: Moralidade, cristianismo, homem.

11 Alunos do curso de Filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia- UFRB.

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São Francisco de Assis e a moral schopenhaueriana

Antônio Ismael da Silva Lima12

Este trabalho tem como objetivo apresentar diferenças existentes entre a moral kantia-na e a moral schopenhaueriana, buscando relacionar esta última com o estilo de vida praticado por São Francisco de Assis. Num primeiro momento, exponho característi-cas da moral defendida por Kant, que tem como base o dever e efetiva-se na ideia de Bem, determinada pelo próprio individuo. Em contraposição a Kant, Schopenhauer acredita que o sentido moral dado ao mundo só pode ser encontrado na arte e na com-paixão, servindo-se esta última de base para toda ação justa e caridade autêntica. Para ele, a moral kantiana é fria, pois se ajuda o outro apenas por obrigação, indiferente ao seu sofrimento, e visando uma recompensa futura, enquanto que somente a compai-xão é desinteressada e livre do egoísmo. No segundo momento deste trabalho, após uma primeira exposição, quer-se encontrar vestígios da moral schopenhaueriana no estilo de vida franciscano. Santo bastante venerado pelos cristãos, Francisco carrega em seu modo de vida o que parece assemelhar-se bastante com a caridade que resulta do sentimento de compaixão apresentado por Schopenhauer. Tomamos, portanto, o santo de Assis como exemplo real e possível desta moral descritiva, empírica, que tem por base os fatos. Reconhecendo-se nos outros, Francisco desfaz a ilusão do princípio de individuação, e se coloca no aqui e no agora, não tratando assim de algo já dado pela razão. O que é defendido pelo nosso último filósofo. Toda a moral deve tomar por base aquilo que acontece de fato, sendo, portanto, a posteriori, pois nossas respostas só podem ser conhecidas diante dos acontecimentos.

Palavras-chave: moral; compaixão; Schopenhaeur.

12 Graduando em Filosofia pela Universidade Federal do Cariri.

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Natureza comum e abstração em Tomás de Aquino

Antonio Janunzi Neto13

Pode-se encontrar no Corpus Thomisticum várias passagens que fazem menção à na-tura communis. Esta noção possui uma amplitude de aplicações, pois se encontra afirmada em questões diversas como o conhecimento de Deus sobre as coisas criadas, a relação lógica entre gênero e espécie na ordem dos conceitos, a individualização da natureza nas coisas materiais, entre outras. Em sentido delimitativo, considerar-se-á aspectos sobre a questão de se a natura communis possui alguma existência logica-mente independente do intelecto humano ou não. Parte-se da premissa de que em To-más de Aquino não seria possível afirmar algum princípio comum ou de comunidade como constitutivo das coisas materiais. Admitindo-se que a intelecção de algo envol-ve todos os elementos expressos em sua definição, segue-se que não importando a instância na qual esse algo ocorra, isto é, no próprio intelecto ou na natureza material, ele deve possuir as mesmas propriedades expressas em sua intelecção e definição. Com isso, se alguma propriedade for dita da intelecção de algo, mas não for encon-trada nesse algo enquanto existente fora da mente, haverá falsidade em sua definição – qualquer definição deve expressar os elementos compositivos da essência de algo. Portanto, se este algo for composto essencialmente de forma e matéria, a sua defini-ção deve conter tanto referência à forma quanto à matéria. Esse é o caso da substância material, tal como afirma o Aquinate. Na referência acima, Tomás parece negar que a propriedade de “comunidade” pertença à intelecção de uma substância material, pois se assim fosse, deveria se encontrar metafisicamente a “comunidade” como princípio constitutivo dessa mesma substância material. Ora, não seria o caso, pois o próprio autor afirma que tudo na substância material é individualizado em razão dela possuir a matéria como um dos princípios de sua composição essencial e, com isso, ela não poderia ser dita como comum.

Palavras-chave: Tomás de Aquino; abstração; natureza comum.

13 Mestre em Filosofia e professor assistente – UEFS.

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A teoria do senso moral na filosofia de David Hume

Antonio P. Rebouças14

Nosso texto tem por objetivo analisar se David Hume está comprometido com algu-ma forma de racionalismo deontológico inconsciente, tal qual percebido por Kant ao despertar de seu sono dogmático. A filosofia emotivista de Hume não se acha tão dis-tante do racionalismo moral como afirma a maioria de seus intérpretes. Minha meta é descobrir no Tratado da Natureza Humana se o “emotivismo moral” do escocês não esconde um racionalismo inconsciente.

Palavras-chave: Hume; moral; emotivismo.

14 Pós-Graduando em Filosofia – UEFS. 

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Considerações acerca dos exercícios espirituais na filosofia de Sêneca

Aryane Raysa Araujo dos Santos15

Este texto tem como propósito analisar o conceito de exercício espiritual na filosofia de Sêneca, mais especificamente na sua obra Cartas a Lucílio. Sêneca é um filosofo da condição humana. Nas suas obras podemos perceber a confluência entre teoria e prática e os exercícios espirituais são entendidos como um modo de aplicação diária para que os homens possam se fortalecer interiormente frente às adversidades advin-das do destino. Na filosofia antiga, a vida filosófica e o discurso filosófico são insepa-ráveis, isto é, não existe a separação entre teoria e prática: o que é visto nas teorias é constituinte da vida filosófica. Nesse sentido, há uma prática comum na filosofia clás-sica e no período helenístico: os exercícios espirituais, que são um modo de vivenciar os discursos filosóficos. Esses exercícios podem ser identificados desde os pensadores pré-socráticos, embora não existam muitos fragmentos a respeito desse tema e os fragmentos conservados sejam muito difíceis de ser interpretados. No estoicismo, por conta da perda da maior parte dos escritos dos fundadores da escola, temos muito menos testemunhos dos exercícios espirituais do que no caso do estoicismo tardio, como ocorre com o próprio Sêneca, Epicteto, Marco Aurélio e Cícero. Na filosofia de Sêneca a prática dos exercícios é nada mais que um esforço para alcançar a virtude, seja revisando o que foi visto durante o dia para fazer a mediação sobre o que deve-ríamos ter feito (exame de consciência) ou escrevendo sobre tudo o que poderíamos ter evitado e o modo como deveríamos agir (escrita de si) ou voltar o olhar para si mesmo e se afastar de todas as coisas que convidam aos vícios (conversão do olhar).

Palavras-chaves: Sêneca; exercícios espirituais; firmeza de alma.

15 Mestranda pela Universidade Federal do Piauí – UFPI.

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Ocasionalismo, poder e movimento: uma leitura dos Six discours sur la distic-tion et l’union d’âme et du corps de Cordemoy

Aylton Fernando Andrade de Brito16

O presente trabalho tem por finalidade tratar sobre a concepção de movimento pre-sente nos Six discours sur la distiction et l’union d’âme et du corps, do médico e filósofo ocasionalista Gerauld de Cordemoy (1620-1684). Neste tratado, especifica-mente no discurso II, “do movimento e do repouso dos corpos”, Cordemoy explicita sua concepção de movimento através de uma análise dos graus de efetivação e níveis de mudança ocorridos nos corpos. Assim sendo o filósofo distingue, de maneira cres-cente pelo menos três tipos de movimento: quantidade, qualidade e forma; a partir dos quais são efetuados um maior ou menor poder, de maneira a efetuar uma menor ou maior modificação nos corpos. Assim sendo, para Cordemoy o movimento enquanto quantidade está relacionado ao crescimento ou à diminuição da força manifesta nos corpos; o de qualidade, está relacionado a alterações internas dos corpos que os fazem diferenciar de outros corpos; e, por fim, o movimento referente à forma, que se cons-titui na geração e corrupção dos corpos, ou seja, na sua gênese. Ora, a concepção de movimento de Cordemoy perfaz uma aproximação da explicação física e metafísica tendo como pano de fundo a explicação ocasionalista fundada em Deus como fonte de todos os movimentos citados.

Palavras-chave: Cordemoy; ocasionalismo; movimento.

16 Aluno do curso de Filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC.

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Perfeição: entre a gradação e completude

Aylton Fernando Andrade de Brito17

O presente trabalho tem por finalidade problematizar a definição metafísica de perfei-ção (perfectus/ τελειότητα) no embate entre duas concepções: aquela que defende a perfeição com relação aos chamados transcendentais e a outra a qual define perfeição enquanto a completude do seu próprio ser. Para isso, terei como referência, por um lado, Santo Agostinho, Descartes e Leibniz e por outro, Espinoza. Assim sendo, os primeiros defendem a concepção de perfeição ontológica enquanto gradação tendo como referência o Summum Ens (Deus), que é caracterizado pelo acréscimo ou priva-ção de bens, ou seja, a noção de perfeição perpassa desde o Ser que tem mais atributos e em maior grau até aqueles que não tem certos atributos e os tem em menor grau; ora, entre o ser finito e o infinito. Por outro lado, temos Espinoza, que no apêndice da primeira parte da sua Ética defende a concepção imanente de perfeição (perfec-tus), ou seja, a perfeição é entendida naquilo que em si mesmo é completo, ou seja, consiste em tão somente cumprir aquilo que é devido à sua essência. Assim sendo, em Espinoza, os modos enquanto tais tem características próprias nas quais não se pode ter como referência algo externo à sua essência. Neste sentido, para Espinoza, a explicação metafisica está inteiramente ligada à epistemologia e à ética; e a diferen-ciação entre as duas concepções perfaz a diferenciação entre filosofia da imanência espinosiana e da filosofia da transcendência agostiniana, cartesiana e Leibniziana.

Palavras-chave: essência; completude; gradação.

17 Aluno do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC.

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O imaginário de Francis Bacon para uma Filosofia da natureza

Bruna Torlay18

Esta comunicação compila e apresenta figuras e símiles usados ou criados por Francis Bacon ao longo de seus escritos para caracterizar a Filosofia que advoga. Depreende-mos deste conjunto de imagens a noção de “ciência” que por meio delas se evidencia. O uso do termo “ciência” está indicado entre aspas porque, nos escritos do pensador, inclui-se sob a designação abrangente de conhecimento. Contudo, não pretendemos analisar um determinado conjunto de imagens para dali depreender a sua noção geral de conhecimento; mas, sim, a sua noção particular de filosofia da natureza, campo do conhecimento considerado por Bacon praticamente inexplorado na época em que apresenta o seu célebre recenseamento dos saberes humanos. O interesse deste traba-lho reside, por um lado, na exposição sintética de um ideal específico de “ciência”; e por outro, na explicitação do laço entre ideia e invólucro, conceito e imagem, na literatura elisabetana – lição preliminar a uma leitura decorosa de escritos filosóficos concebidos nesta cultura.

Palavras-chave: Filosofia da natureza; conhecimento; retórica.

18 Mestre em Filosofia e professora substituta da UEFS.

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Sigmund Freud e a filosofia: considerações sobre as contribuições do pensa-mento freudiano para a filosofia contemporânea

Caio Leone de Almeida Moura Filho19

Freud foi, sem dúvida, uma das grandes figuras do século passado. Considerado por muitos estudiosos como o pai da psicanálise, fez importantes descobertas sobre a mente humana, sendo a principal delas a do inconsciente. Antes disso, a psiquiatria clássica não levava em consideração o inconsciente. Na verdade, ainda não existia uma teoria sobre ele. Desde René Descartes, com o cogito cartesiano - “penso, logo existo” – centrava-se a existência do sujeito no pensamento, na consciência. Nesse contexto, os sonhos eram vistos de maneira negativa pela psiquiatria clássica. So-mente a partir de Freud que o conceito ganhou uma dimensão teórica, pois deslocou o psiquismo dos registros da consciência e do eu que pensa. Mas quais são as principais implicações dessa descoberta para a filosofia? Quais as principais contribuições de Freud para o pensamento filosófico contemporâneo? Essas são algumas questões que este trabalho pretende responder. Para tanto, faremos uma abordagem geral sobre a descoberta do inconsciente, porém, seguindo uma ordem cronológica do tempo, den-tro de um panorama histórico da filosofia, passando por Nicolau Copérnico, Charles Darwin e, por último, Sigmund Freud. Depois explicaremos nossas considerações a respeito das contribuições de Freud para a filosofia e para o desenvolvimento do pensamento filosófico contemporâneo.

Palavras-chave: Sigmund Freud; consciência; inconsciente.

19 Aluno do curso de Filosofia na Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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A Erfahrung de Hegel nos caminhos da destranscendentalização

Carla Oliveira20

A comunicação proposta tem como objetivo apresentar o conceito de Erfahrung em Hegel a partir de uma abordagem prática no contexto da apropriação contemporâ-nea desse conceito. Para tanto, elegemos como referência paradigmática a produção filosófica de Habermas, especialmente a sua obra Verdade e Justificação (1999). A compreensão da experiência tematizada por Hegel através de aportes teóricos que a dimensionam em planos de imanência é verificada em Habermas quando este autor discorre acerca da destranscendentalização do sujeito cognoscente e considera He-gel o precursor desse movimento. Por destranscendentalização, Habermas significa o deslocamento do sujeito de conhecimento do plano transcendental para o plano imanente, no tempo histórico e no espaço social. Esse movimento se realiza também enquanto crítica ao mentalismo e aponta para uma noção intersubjetiva do espírito. Nesse sentido, a experiência seria estruturada através de “meios”, a saber, a lingua-gem, o trabalho e a interação, conforme Habermas. A noção de um espírito estrutural-mente interacionista é observada por Habermas na dialética senhor e escravo, a qual é parte fundamental no processo da experiência, da Erfahrung.

Palavras-chave: Erfahrung; destranscendentalização; Hegel.

20 Mestranda de Filosofia pela UFBA.

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O excesso de significação na hermenêutica de Paul Ricoeur

Carol Ane Mutti Pedreira21

No presente trabalho procuramos empreender esforços para analisar se é viável con-frontar interpretações diversas de um mesmo texto apontando qual delas pode ser avaliada como melhor do que a outra. Ou, melhor dizendo, trata-se de examinar, pelo uso de certos conceitos propostos por Ricoeur, os modos, sentidos e justifica-ções possíveis de uma tal avaliação. Nesse sentido, a dialética entre a compreensão e a explicação é o caminho importante que devemos percorrer nos estudos acerca dos problemas de excessos de significação que um texto pode apresentar. Conforme explicita Ricoeur, o “texto é mudo”, compreendê-lo é atribui-lhe sentido verbal ou conjecturá-lo. Nesta tarefa enfrentaremos a discussão da plurivocidade dos textos em geral caracterizados por alguns problemas de linguística como a polissemia das pala-vras e ambiguidade das frases. O escopo específico é analisar se é possível submeter as interpretações ao que Ricoeur denomina de validação, no sentido de apreender o objeto do texto não o concluindo verdadeiramente, mas verificando um sentido que seja mais aceitável.

Palavras-chave: interpretação; plurivocidade; validação.

21 Graduada em Direito e Discente em Filosofia da Universidade Estadual de

Feira de Santana – UEFS.

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O processo de objetificação do real e o imperativo da medicalização: um diálo-go entre Heidegger e as ciências dos fenômenos psíquicos

Caroline Vasconcelos Ribeiro22

Com a modernidade, afirma Heidegger em O que é uma coisa?, o sujeito conver-te-se no elemento caracterizador do que está dado para a representação: o objeto. A representação, a partir da ótica heideggeriana, não é uma mera apreensão do que se apresenta, ao invés, consiste em um asseguramento que faz com que o ente se domestique às regras de apreensão clara e objetiva. De acordo com o processo de objetificação (Vergegenständlichung) do real nada pode advir, vir à luz, que não seja determinado como objeto. E tudo advém para um sujeito inquiridor, senhor de sua racionalidade, cuja tarefa é nivelar, catalogar e explorar tudo que a ele se contrapõe. Este tipo de homem, gestado pelo pensamento moderno, encontrará na ciência e na técnica contemporâneas o emblema de seu tempo. Na era do domínio planetário da técnica, afirma Heidegger, o sábio, o homem que pensa, cede lugar ao pesquisador engajado em programas de pesquisa, avaliado pela apresentação de resultados, desde a ótica da “eficiência pilotada”. Na medida em que o homem que pensa cede lugar ao homem calculador, testemunhamos a transformação do conhecimento em insumo econômico, a imposição do produtivismo, a regulação das formas de vida pelas leis de mercado, a apologia ao mérito, enfim, testemunhamos a funcionalização do existir. Almejamos, com essa comunicação, problematizar a onipresença do dispositivo téc-nico-científico em todas as esferas da vida e o imperativo de sua racionalidade domes-ticadora. Visamos, ainda, discutir a catalogação e medicalização dos comportamentos humanos reverberada pelacrescente psiquiatrização do cotidiano. Quer dizer: à luz da filosofia heideggeriana pleiteamos discutir a relação entre a objetificação do humano e o imperativo de medicalização dos comportamentos que inter-ferem e ferem o ideal de funcionalização das formas de vida. Com isso almejamos estabelecer um diálogo entre a filosofia de Heidegger e o campo “psi”.

Palavras-chave: Era da técnica; Heidegger; medicalização.

22 Doutora em Filosofia pela UNICAMP e professora Titular da UEFS.

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Há um melhor caminho na formação de pensadores? Reflexão acerca da forma-ção filosófica brasileira

Celeste Costa23

O texto é fruto de inquietações que surgiram ao se procurar entender como a Filosofia é praticada e ensinada no Brasil. Uma vez que o método estruturalista de interpretação dos sistemas filosóficos é o método adotado na academia brasileira. O presente texto analisará a influência desse método na formação dos profissionais de filosofia, desde seu surgimento em nosso país, com Um departamento Francês de Ultramar, de Paulo Arantes e o principal problema que, segundo Porchat, possivelmente dele decorre: a esterilização da reflexão filosófica e, como diz Ernst Tugendhat, em A Filosofia como exercício na universidade, uma formação em que não se aprende a pensar, já que ficamos reduzidos à história da filosofia. Sendo assim, o trabalho examinará se há um melhor caminho e/ou método na formação de um pensador filosófico e como a investigação sobre os problemas filosóficos podem contribuir para fazermos Filosofia.

Palavras-chave: Filosofia no Brasil; Formação; Método.

23 Graduanda em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia e bolsista do Programa de Educação Tutorial, PET-Filosofia.

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O método na descoberta do Cogito

César Augusto Vaz Sampaio Filho 24

O tema do Cogito como princípio fundador da filosofia de Descartes é de grande rele-vância nos debates atuais da história da filosofia. O objetivo da investigação é mostrar como tal princípio é constituído no interior do sistema filosófico do pensador francês. Nas Regulae, Descartes afirma que o método é necessário para a busca da verdade e que antes não buscá-la que fazê-la sem método. Tal afirmação nos dá uma noção da grande importância que o método terá na filosofia de Descartes. Resta-nos saber qual a estrutura do método proposto e como opera, bem como sua relação com o Cogito. Os raciocínios de “ordem” e “medida” são fundamentais na operacionalização do método tanto quanto na sua constituição. Os raciocínios de “ordem” tratam de pre-ceitos lógicos onde se destacam as vias de análise e síntese. Os raciocínios de medida tratam dos objetos da aritmética e geometria. Interessa-nos aqui, particularmente, os raciocínios de ordem, sobretudo a analise, por ser a via pela qual Descartes descobriu o Cogito. Uma vez estabelecido o Cogito como a primeira verdade encontrada – via método -, segue-se uma série de deduções que conduzem a razão no caminho da ver-dade e permitem descobrir outras verdades fundamentadas na primeira.

Palavras–chave: método; cogito; Descartes.

24 Discente em Filosofia da UEFS (bolsista PIBIC).

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Por uma educação libertária a partir do conceito de anarquia em Bakunin

Clóvis Pires Teixeira Filho25

A conferência tratará sobre a escola, hierarquia de poder estabelecida por professores que se intitulam donos do saber e ignoram ou desesperam os educandos em sala de aula. Como melhorar o aprendizado e quais mudanças podem ser feitas na educação? Busca-se a criação de modos para facilitar o caminho do desenvolvimento das ideias sobre a educação libertária a partir do conceito de anarquia em Bakunin (Educação libertária trata de um ensino reciproco, em que estudantes e professores não se dis-tinguem no aprender, e sim, estão completamente interagidos ao dinamismo escolar e ao ensino), baseado no livro O Socialismo Libertário do pensador russo, citando-o e montando analogias ao entendimento da anarquia geral para o âmbito escolar, fa-zendo comparações de uso sobre o modo de poder relacionado entre o proprietário da fábrica (comparado a professores e diretores de escola) e suas arrogâncias, onde o/a estudante são como os proletariados e ficam subjugados ao poder estabelecido na escola. E assim, desenvolver as intenções de poder existente na escola, criticando o sistema atual escolar e mostrando como funciona o anarquismo escolar.

Palavras-chaves: Educação libertária; relações de poder; Bakunin.

25 Aluno do curso de Filosofia UESB e bolsista do PIBID.

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UMA APROXIMAÇÃO À NOÇÃO DE FALA EM HEIDEGGER

Crislane Barreto Santana26

Este texto se propõe a uma aproximação à noção de fala (Rede) em Ser e Tempo, abordando, em especial, os parágrafos 32 e 34. Nosso fio condutor será a noção de compreensão (Verstehen) como poder ser. A compreensão será tomada como possi-bilidade de interpretação, compreendendo o ser-no-mundo como abertura. A fala é co-originária à disposição do ser-aí, tornando-se compreensibilidade. Desta forma, a fala pode ser vista como a base de todo pensar originário acerca da linguagem. Assim, em um primeiro momento, investigaremos a fala como elemento constitutivo do ser-aí, uma vez que este existencial fundamental perfaz a constituição existencial de sua abertura. Para Heidegger, a fala é a característica de poder compreender o ser--no-mundo em seu modo de convivência ocupada com os outros entes. Num segundo momento, trataremos do modo de ser da linguagem, sendo que ela assume a forma existencial da fala e se relaciona com tudo aquilo que se mostra no mundo, ou seja, os fenômenos.

Palavras-chaves: Fala; linguagem; compreensão.

26 Aluna em Filosofia - Universidade Estadual de Feira de Santana – DCHF/UEFS.

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Considerações sobre a noção de certeza nos escritos filosóficos de Wittgenstein

Cristiane Silva Villa Flor27

O objetivo central desta comunicação é analisar a noção de certeza apresentada pelo filósofo Ludwig Wittgenstein nos escritos reunidos especificamente no Da Certeza. Estes escritos parecem indicar o berço desta importante noção na filosofia wittgenstei-niana, mas, principalmente, nos situam no contexto das razões que a levam a um lugar central na filosofia de maturidade de Wittgenstein. Esperamos que as considerações expostas neste trabalho nos conduzam à constituição desta relevante noção elaborada por este influente filósofo contemporâneo. Neste sentido, pretendemos inicialmente, de maneira breve, esclarecer em que medida Wittgenstein dialoga nos manuscritos reunidos no Da Certeza com certas concepções do filósofo G. E. Moore, um dos mais influentes filósofos analíticos, e a sua argumentação sobre como provar a existência de objetos exteriores à mente com independência da percepção, ou mesmo, se Witt-genstein estaria de fato refutando ou debatendo com a obra mooreana. Pretendemos, também, de maneira pontual, evidenciar as razões pelas quais ao tratar da noção de certeza de maneira detida, o filósofo estaria apontando para o primado da prática na constituição do sentido. Dessa forma, a análise da noção de certeza nos conduz ao entendimento desta noção, situando-a, como nos aponta Wittgenstein, como sendo uma “questão de atitude”. Assim, este instigante filósofo nos levará pelos meandros da certeza a compreendê-la distintamente de um tom de voz que usamos ao falar, ou de um dado estado de espírito, mas situá-la como elaborada no interior das próprias práticas de uso da linguagem.

Palavras-chave: Atitude; certeza; Wittgenstein.

27 Aluna do curso de Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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Imagens e Metáforas na escrita leibniziana

Cristiano Bonneau28

Esta comunicação constitui-se em uma investigação em torno dos escritos de Leibniz, especificamente sobre os modos como sua filosofia se apresenta. O estilo da escritura leibniziana representa o universo barroco e a capacidade de exposição dedutiva de suas ideias. É um recurso importante para compreender em grande parte os filóso-fos modernos, em especial o pensamento de Leibniz na sua forma de interpretar e escrever sobre o mundo. Textos considerados herméticos e densos, tais como a Mo-nadologia e os Princípios da Natureza e da Graça Fundados na Razão, são ricos de recursos para o entendimento deste estilo e constituem importantes portas de entrada da filosofia de Leibniz. Outros escritos longos e que trazem inúmeras temáticas, como a Teodicéia e os Novos Ensaios, são também plenos de imagens, analogias e metáfo-ras e demonstram como Leibniz explicita os seus mais diversos pontos de vista sobre o conhecimento, o mal, a liberdade e Deus. Apresentaremos nossos argumentos em dois momentos bem distintos. O primeiro momento consiste em especular se é possí-vel na filosofia de Leibniz supor um método de apresentação que se apoie sobre uso de metáforas. Para tanto, propomos uma reflexão sobre este uso partindo de Foucault, Cassirer e Couturat. O segundo momento está ligado diretamente aos Princípios. Neste texto em especial, nos interessa localizar, apontar e, na medida do possível, analisar as imagens e cenários construídos pelo discurso de Leibniz. Analisaremos duas ideias - imagens importantes para a compreensão da mônada em Leibniz: a pri-meira refere-se à mônada como um ser vivente e a segunda refere-se à mônada como um espelho do universo, seu repraesentatio mundi.

Palavras-chave: Leibniz; imagens; metáforas.

28 Professor da Universidade Federal da Paraíba- UFPB e Doutorando em Filosofia pela Universidade de São Paulo – USP.

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Escolha e atribuição de sentido na ontologia de Jean-Paul Sartre

Cristina Moreira Jalil29

A noção de escolha em Sartre, embora não seja formalmente apresentada pelo filósofo como um conceito, está expressa e presente em toda obra O Ser e o Nada, especial-mente na quarta e última parte, na qual o filósofo desenvolve seu pensamento acerca da liberdade e da ação. A proximidade da escolha com estes conceitos e com a própria compreensão sartreana de ser, nos sugere a relevância do esclarecimento desta noção. Para o filósofo, o ser do Para-si – termo utilizado por ele para designar a realidade humana – é liberdade, indeterminação e impossibilidade de fechamento. Assim, o ser de cada Para-si, por não contar com qualquer determinação ou identidade a priori, se dá por um fazer-se contínuo – o que significa, em outras palavras, escolher-se, a cada momento, através das ações e experiências concretas no mundo. A escolha apre-senta-se como inevitável e necessária, visto que não é possível não escolher – o não escolher já implica em uma escolha. As investigações acerca desta noção nos levaram à questão do sentido, na medida em que é a partir da escolha de um modo de ser que o próprio ser e seu mundo são iluminados e significados. Nosso objetivo nesta comuni-cação é apresentar a noção de escolha – localizando-a em um cenário compreensivo, em articulação com os demais conceitos citados –, a fim de buscar esclarecer o modo como ela se dá, se faz possível, e apontar para uma compreensão da escolha e do pró-prio movimento existencial enquanto atribuição de sentido de si e do mundo.

Palavras-chave: Escolha; Sentido; Sartre.

29 Graduada em Psicologia pela UFBA e mestranda no Programa de Pós-gra-

duação em Filosofia da UFBA.

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Estado de Inocência: angústia como possibilidade da liberdade

Daiane Soares dos Santos30

Diferente do medo, a angústia parece não se referir a algo específico, determinado. Ela diz respeito ao modo de ser da existência do indivíduo. Todavia, falar de an-gústia é algo que cria interesse e repulsa simultaneamente, afinal quem não gostaria de saber a causa de sensações que nos comprimem, nos desconcertam? Da mesma forma, é muito cômodo fingir não perceber sua presença e se fazer de indiferente. E é justamente, por se tratar de um estado de espírito tão enigmático, perturbador e, por que não dizer, interessante e instigante que pretendemos apresentar o conceito de angústia, tendo como teórico para guiar nosso trabalho Sören Aaby Kierkegaard, di-namarquês do século XIX que é conhecido, sobretudo, por ser o precursor da filosofia da existência. Nosso principal recurso bibliográfico é o livro datado de 1844, O Con-ceito de angústia, que é apresentado sob o pseudônimo de Vigilius Haufniensis. Este adota a figura de Adão e a possibilidade do pecado como recursos para refletir sobre o homem e as problemáticas que o perpassam. Na obra supracitada, já no primeiro capítulo, a angústia aparece como “realidade da liberdade como possibilidade antes da possibilidade”. Ainda neste capítulo, nos são apresentados os primeiros elementos de uma possível definição de indivíduo, termo importantíssimo numa pesquisa que pretende perscrutar a existência humana, a saber, “o homem é indivíduo e, como tal, ao mesmo tempo ele mesmo e todo o gênero humano, de maneira que a humanidade participa toda inteira do indivíduo, e o indivíduo participa de todo o gênero humano”.

Palavras-chave: Angústia; pecado; Sören Kierkegaard.

30 Aluna de Filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia- UFRB.

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A relevância da vida e sua relação com as noções de economia e política em Agamben, leitor de Hannah Arendt.

Daniel Nery da Cruz31

Com a intenção de verificar até que ponto a filosofia política de Agamben depende e encontra sua fonte nas ideias políticas de H. Arendt levantamos o problema de que essa dependência com o pensamento arendtiano é evidente na filosofia política de Agamben. Entretanto, apenas essa influência não é suficiente para explicar as impli-cações do seu pensamento de como o biopoder contemporâneo reduz a vida humana a uma sobrevida, à vida nua. Além disso, apesar de trabalhar com metáforas oriundas do pensamento arendtiano, Agamben busca superar lacunas do pensamento políti-co daquela pensadora que, embora tivesse identificado o processo que leva a vida biológica a ocupar o cenário político moderno, não deu seguimento à relação desse processo com o poder totalitário. Na verdade, ao se servir de algumas teses de Arendt, Agamben vem dar completude à obra daquela pensadora, ao relacionar e desenvolver os temas do poder totalitário com a vitória do animal laborans e com a biopolítica. É precisamente a partir desse elemento que levanto a hipótese central para esta comuni-cação: a questão da vida no pensamento político de Agamben relacionando-a com as noções de economia e de política, tal como utilizadas por ele e por H. Arendt, apon-tando as semelhanças e as diferenças de usos que cada um deles faz desses termos, através de um estudo comparativo entre eles a respeito do conceito de economia e sua relação com a política. Agamben salienta que Hannah Arendt entendeu os campos de concentração, que ele os chama de vida nua, como laboratórios para experimen-tação do poder totalitário, do domínio total, mas na verdade, a situação é o inverso do apresentado por ela, pois foi a transformação radical da política em espaço da vida nua (em um campo), que legitimou e tornou necessário o domínio total. A política na contemporaneidade, até então conhecida como totalitária, transformou-se, nesta perspectiva, integralmente em biopolítica.

Palavras – chave: Agamben; Arendt; vida nua.

31 Mestre em filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISI-NOS e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS e da Faculda-de Maurício de Nassau. Pesquisador do Núcleo Avançado de Estudos da Contempo-raneidade – UESB.

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Indexicais puros e a mudança semiótica

Denis Perrin32

A minha apresentação reporta-se ao estatuto semiótico das expressões chamadas “in-dexais puros” (“eu”, “agora” e “aqui”) na filosofia da linguagem e a relação do valor semiótico delas com o seu valor “semântico”. Por “semiótica” designo o estudo geral das várias maneiras segundo as quais uma coisa pode ser o sinal de uma outra (aliquid stat pro aliquo). Por “semântica” designo o estudo da relação entre a linguagem e a realidade que uma convenção linguística estabelece. A noção da indexicalidade foi elaborada primeiro como uma categoria semiótica (Peirce, 1994; Bühler, 1934). Ela estava destinada a mostrar que algumas expressões não são sinais apenas pela associa-ção com uma convenção linguística. Ainda que a indexicalidade seja um tópico cen-tral da filosofia analítica da linguagem, essa tradição esqueceu o significado semiótico original da indexicalidade. Ela aceita implicitamente essas duas pressuposições: (1) indexicais têm o mesmo valor semiótico que (por exemplo) as descrições definidas ou os próprios substantivos; (2) para os indexicais como para as outras expressões todas, há a possibilidade ser usado com um valor semiótico diferente do valor simbólico (i.e. o valor semiótico dado por uma convenção linguística) mas esse valor nunca é codifi-cado na semântica das expressões. Contra essas pressuposições defendo uma posição inspirada de Bühler e Wittgenstein. Segundo ela (1) as propriedades perceptivas das expressões indexicais já têm um valor semiótico antes da associação delas com uma convenção linguística. (2) A regra semântica associada com essas expressões inclui o estatuto semiótico especial delas: ela exige uma mudança semiótica. Para defender essas teses, primeiro eu proponho uma crítica da concepção de J. Perry (1997, 2001; Korta & Perry, 2011). Segundo, eu proponho uma revisão da teoria de Bühler e de-fendo uma concepção (“a concepção normativa”) que integra mais satisfatoriamente a especificidade semiótica dos indexicais.

Palavras-chave: Indexicalidade; semiótica; semântica.

32 Doutor em Filosofia e pesquisador (Institut Universitaire de France (Paris) / Laboratoire “Philosophie: pratiques et langages” (Grenoble)).

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As distintas concepções de prazer em Platão e Aristóteles

Diego Carmo de Sousa33

Para os historiadores que dividem as obras platônicas em diálogos da juventude, ma-turidade e velhice, o Filebo se inseriria nos chamados diálogos da velhice. Embora muitos estudiosos vejam neste diálogo uma colcha de retalhos, com várias transições, pode-se dizer que o tema central da referida obra seja discutir a natureza do prazer, eis que ocupa sua maior parte. Ao se analisar mais atentamente os diálogos platôni-cos, vê-se uma evolução no pensamento de Platão em relação ao prazer: no Fédon pode-se extrair o desprezo pelo prazer, porque conspurca a alma; na República há um entendimento de que o prazer que provém da alma é o verdadeiro, sendo certo que o prazer da alma racional é a sua forma superior; já no Filebo, Platão desenvolve a questão afirmando que nem todo prazer é bom, mas somente os prazeres não-mescla-dos é que seriam verdadeiros e puros. Aristóteles analisará o prazer sobre outra forma. Em sua Ética à Nicômaco o prazer é objeto do desejo e como tal precisa ser educado para que se possa sentir prazer com o que, quando e como se deve. O objeto da ética aristotélica é a busca pela felicidade e para o estagirita a vida daqueles que são felizes é prazerosa, pois a vida virtuosa é em si mesma prazerosa. Afirma o filósofo que a felicidade envolve necessariamente o prazer, e a pessoa virtuosa sente prazer ao rea-lizar a ação virtuosa.

Palavras-chave: Prazer; virtude; felicidade.

33 Graduando em Filosofia - UESB e bolsista do PIBID/Filosofia.

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O ser louco em Michel Foucault e Machado de Assis

Diego Grecco Pereira34

O termo anormalidade surgiu no campo da medicina no séc.XVIII, pelo médico fran-cês Phillip Pinel. A anormalidade e a loucura foram um dos primeiros temas observa-dos e analisados por Foucault por ter trabalhado por certo tempo na psiquiatria de um hospital. Suas inquietações eram em torno da tentativa da justiça de atribuir ao sujeito tido como criminoso o conceito de anormalidade apenas por seus comportamentos morais, deixando a verdadeira avaliação do crime de lado, tornando o conceito de jus-tiça algo indefinido. A loucura não é algo que foi pensado e discutido apenas na época em que Foucault escreveu Os anormais. Há algum tempo, os loucos eram esquecidos e abandonados por membros das famílias ou eram considerados como seres do mal que precisavam de alguma forma ser exorcizados e o foco obtido não era através da ciência, ou seja, no campo psiquiátrico. Seguindo na mesma linha, tendo um pensa-mento bem à frente de seu tempo, o escritor brasileiro Machado de Assis, em sua obra O alienista, que retrata a vida do personagem Simão Bacamarte, um psicólogo jovem e renomado que foi morar fora da sua cidade em busca de uma formação profissional, ao retornar à sua cidade natal começa uma pesquisa científica com a principal meta de entender e avaliar as pessoas intitulando-as como loucas por seus comportamen-tos. Sendo assim, tanto para um quanto para o outro, o homem é visto em sociedade como produto da loucura, utilizando-se de mecanismos como o discurso de verdade que faz as pessoas acreditarem que são “anormais” numa sociedade cercada de leis e normas a serem seguidas. O principal objetivo do artigo é entender e discutir o con-ceito de “anormalidade” julgado como formas únicas de justiça através de situações observadas por um olhar da ciência, eliminando o verdadeiro pensamento nos campos jurídicos, citadas entre as duas obras.

Palavras-chaves: Anormalidade; Sujeito; Sociedade.

34 Graduando da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e pesquisador pelo PIBIC/CNPQ.

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Esquizoanálise: o delírio como método de criação?

Diego Medeiros Farias35

A presente comunicação tem como objetivo fazer diálogos com a esquizofrenia sob um olhar paradigmático ético-estético-político da crítica clínica e da diferença em relação ao conceito de loucura criado pela medicina. Busca-se aqui investigar através de uma genealogia dos discursos como se deu o processo de exclusão do louco, de como este se constitui como o ser da des-razão ao ser trancafiado atrás dos muros manicomiais, sendo atravessado por um modelo de inconsciente configurado pelas representações de linearidade neurótica do complexo de Édipo. Como contraponto, busca-se aqui fazer uso do conceito de inconsciente maquínico-artístico-revolucio-nário: a singularidade que não se contém em um drama familiar. Deleuze e Guattari não trabalham conceitos a partir das representações, mas invocam na esquizoanálise a completa aniquilação do complexo de Édipo ao suscitarem problemáticas trabalha-das por Nietzsche: o estilhaçamento do conceito de sujeito, o extermínio da moral, a ética da vontade de potência, a moral do desejo, a dança dionisíaca e, sobretudo, a transgressão de todos os valores. Deste modo, segundo Deleuze e Guattari, a con-cepção do inconsciente como produção de novas coisas é uma produção emanada do desejo e é, também, desejante, pois quem observa o objeto de criação delirante (o inconsciente esquizofrênico no que nos diz respeito), lança por sobre este seu desejo. A interpretação não existe, o que existe é a projeção acentuada do desejo sobre a experimentação – neste caso, o objeto produzido pelo esquizofrênico (esquizoarte) e seus desdobramentos esquizo-subjetivos entre perceptos e afectos: procura-se verifi-car como o delírio se conecta com a dimensão do real e suas multiplicidades, de forma a conceber o esquizofrênico como criador de uma subjetividade nômade e produtor de novas coisas ao reconhecer neles as potencialidades para serem inseridos no registro social como seres do devir: verdadeiros artistas da existência.

Palavras-chave: esquizoanálise; inconsciente; criação.

35 Graduando em Psicologia - Faculdade Nobre (FAN).

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A Importância das aulas em regências pelos estagiários de filosofia: uma apro-ximação do aluno às obras filosóficas

Edcleide da Rocha Silva36

O presente trabalho busca descrever, analisar e demonstrar a experiência do Estágio Supervisionado 4 e a importância relevante da preparação do professor/estagiário, com base na metodologia MELO (modelo de plano de aula), partindo da valorização do uso da leitura de trecho de textos filosóficos, uma forma de valorizar o contado direto do aluno com a área de ensino aqui descrita em experiência. Tem o intuito de mostrar a importância das regências das aulas após uma boa preparação com o con-tato educacional de forma qualitativa, para a formação docente do aluno em preparo, mostrando a importância dessa ponte que é feita a partir do contato entre Universida-de, mundo acadêmico (UFAL) e escolas estaduais de Alagoas. É importante ressaltar que o preparo do estagiário em contato com os alunos é de extrema importância, principalmente quando este possui um bom planejamento e sabe fazer uso do mes-mo de forma que não deixe de lado a vida e o cotidiano dos alunos. Tendo sempre a consciência de que o estagiário deve se adaptar ao mundo da escola e dos alunos e não o contrário. Portanto, desejo poder descrever uma realidade vivenciada durante este ano letivo 2014.2, em contato com o aprender ao ensinar, e o ensinar ao apren-der, enfatizando o uso e a importância de se levar trechos das obras filosóficas para o ensino médio. Assim, colocar uma aproximação direta da Filosofia com o ensino e o aprendizado.

Palavras- chaves: Estágio supervisionado; ensino de filosofia; relato de experiência.

36 Graduanda do curso de Filosofia da UFAL.

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Filosofia que ensina: “Em cena e encena”.

Edcleide da Rocha Silva37

Este trabalho tem por intuito base descrever uma maneira diferenciada da tradicional aula de se ensinar filosofia no ensino médio, valorizando a filosofia ao invés de só visar a história da filosofia, sendo fruto da experiência obtida através do PIBID (Pro-grama Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência). Foi realizado Juntamente com a experiência obtida em 2013, pelos “Pibidianos” de Filosofia. O Projeto recebeu o nome de “Filosofia em cena” e atua com a união do contato íntimo da Filosofia com a arte teatral. O principal motivo do projeto é trabalhar filosofia de modo que não se tor-ne apenas uma mera reprodução, mas que o conhecimento fique presente e marque a vida dos alunos. Este se desenvolve da seguinte maneira: durante a atuação do PIBID, os alunos em graduação recebem a tarefa, juntamente com o professor supervisor da Escola em contato, para levar trechos de obras filosóficas para a sala. Deste modo, vão sendo trabalhados pequenos recortes dessas obras, com a intenção de que os alunos despertem curiosidade pelas obras clássicas e pelo ato de filosofar. Em 2014, foram trabalhados diversos trechos filosóficos, como Meditações 1 e 2, de Descartes, e Ética a Nicômaco, de Aristóteles. A parte de encenar ao ensinar, e ensinar com as cenas, foi feita da seguinte maneira: foi escolhido a obra Édipo Rei, escrita por Sófocles e sua execução aconteceu nos dias 25, 26 e 27 de novembro no horário matutino. Até sua execução, a obra foi lida pelos alunos das segundas séries do ensino médios e relacionada ao seu cotidiano, depois foi reescrita pelos próprios alunos e bolsistas e adaptada, obtendo assim a participação e o conhecimento de forma ampla, que é o intuito do projeto.

Palavras- chaves: Relato de experiência; filosofia em cena; ensino.

37 Graduanda em Filosofia da UFAL.

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Educação em Rousseau: caminho para emancipação do homem

Eliene Ferreira dos Santos38

O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma proposição que corrobore com a proposta do filósofo Jean Jacques Rousseau de que a Educação é um dos cami-nhos, se não o único, para a emancipação do homem. Emancipação, dependendo do contexto, pode abarcar outros significados como: ato de tornar livre e independente. Esse conceito é aplicado também em contextos que visem a emancipação de meno-res, mulheres e até mesmo a emancipação política. Aqui, tentaremos utilizar o termo tendo em vista a liberdade do homem, tendo como suporte a educação. É sabido que desde a antiguidade o homem busca e sonha com a liberdade, mas um dos maiores obstáculos é entender em que medida ela é benéfica. Neste trabalho, pretendemos também mostrar que o conceito de liberdade emancipatória é defendido por alguns pensadores que fazem parte da nossa história. Um dos maiores exemplos de educador que compreendia este conceito foi Paulo Freire. Com ele pretendemos dialogar na tentativa de aproximar a sua filosofia educacional da do filósofo Jean Jacques Rousseau. Buscaremos subsídios que nos ajudem a entender o processo emancipatório como o momento de liberdade para o homem e ainda que este se constitui tão somente através da educação. É pensando neste conceito que pautaremos nosso trabalho, e o registraremos aqui através da obra O Emílio, do filósofo Rousseau. Sabendo que a educação busca, dentre outras coisas, aprimorar o homem para viver em sociedade e que é através desta educação que ele se desvela enquanto participante atuante em nossa sociedade é que procuraremos mostrar que o caminho para a emancipação do homem se constitui e aprimora-se com a educação.

Palavras-chave: Educação; liberdade; Jean Jacques Rousseau.

38 Aluna da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.

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O controle dos afetos por uma ação ética na filosofia de Spinoza

Érica Lopes de Oliveira39

A presente comunicação tem por finalidade fazer uma reflexão acerca da afetividade e das ações humanas, a partir do filósofo holandês Baruch Spinoza. Para este filósofo, pensamento e extensão são dois atributos de uma única substância que é Deus. O primeiro compreende a mente e o segundo compreende o corpo. Ambos os atributos formam uma unidade, na medida em que quando a mente opera o corpo opera, quando a mente padece o corpo também padecerá. Os afetos são produzidos a partir das afec-ções, em que o corpo, ao sofrer modificações, quando atingido por outro corpo, faz surgir os afetos que é uma variação da nossa potência de agir. Spinoza define três afe-tos primários: o desejo, a alegria e a tristeza, os demais são produzidos a partir destes. Existem então afetos que beneficiam e outros que constrangem o indivíduo. Quando o indivíduo não administra bem seus afetos, poderá transformar suas ideias em ina-dequadas e, com isso, as causas externas controlam o seu intelecto. Sendo assim suas ações não são fruto da razão e segundo a sua natureza, mas de uma paixão externa a si. Em outras palavras, quando o indivíduo permite que objetos exteriores determi-nem suas ações, estará agindo passivamente, mas se suas decisões são definidas por si próprio estará agindo ativamente. Podemos afirmar então que para Spinoza, as ações do indivíduo dependerão do controle que ele mesmo exerce sobre seus afetos. A ação ética é o resultado da correta harmonização dos afetos.

Palavras-chaves: Atributos; Corpo; Mente.

39 Aluna do curso de Filosofia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

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Foucault e a estética da existência

Evanildo Couto dos Santos40

A partir das relações suscitadas por Foucault entre os sujeitos, pretende-se apresentar com base na obra História da sexualidade, vol. 2 a noção de estética da existência na cultura greco-romana tendo como ponto de partida elementos como o cuidado de si, o sujeito do desejo, a sexualidade, além de descortinar o que Foucault nomeou por uma moral cristã da carne, envolvendo o sexo e suas formas de prazer, bem como práticas de exercício do poder disciplinar e da biopolítica. Para elucidar a problemática que envolve o sujeito desde as civilizações antigas, é preciso pensar em que momento esse ser que se refere Foucault percebeu-se enquanto sujeito de uma sexualidade a se decifrar, se reconhecer e estabelecer uma relação com ele próprio, capaz de revelar no desejo a verdade do seu próprio ser. A partir disso, será preciso, nos determos aos jogos de verdade que consistem, de acordo com Foucault, em uma das formas mais precisas de produção de verdade que conduz por vias das suas regras e princípios, de-terminar se certos acontecimentos podem ser válidos ou não. Esses jogos de verdade são, para Foucault, produzidos por interdições e controle, e no que dizem respeito à conduta dos sujeitos, estas ações tornam-se por vezes um problema ético. O ser ético apresentado pelo filósofo se estabelece na maneira pela qual cada sujeito se constitui em si enquanto sujeito moral integrante do conjunto de valores e regras que são in-termediados por diferentes prescrições e que tem por base as instituições, a exemplo: família, instituições educativas e igrejas. Isso nos leva a crer que, na cultura greco-ro-mana, para se atingir a estética da existência, era preciso levar uma vida pautada na ética, podendo transformá-la em uma obra de arte.

Palavras- chave: Estética da existência; sujeito de desejo; cuidado de si.

40 Aluno de Filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.

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Análise da amizade como categoria ética em Aristóteles.

Fabrício Santana Lacerda41

O objetivo principal dessa comunicação é analisar a categoria da amizade e o lugar que ela ocupa dentro da concepção da ética em Aristóteles, especialmente no livro VIII da obra Ética a Nicômaco. Se a amizade, como ele afirma, é superior à justiça e se a justiça enquanto equidade é o fundamento da ética, dever-se-ia no contexto da filosofia priorizar a amizade e sua relação interna com a ética. Contudo, o que se cons-tata é que ela tem sido pouca explorada na reflexão filosófica em torno do Estagirita e em torno da própria ética. O problema que constitui e justifica a comunicação con-siste em estabelecer as relações entre a amizade e a constituição de caráter, a saber: liberdade (a escolha) e o amor recíproco. A relevância dessa comunicação consiste em dialogar com Aristóteles em relação à constituição da amizade como forma de excelência de vida moral, pois se a tese do autor de Ética a Nicômaco estiver correta, a amizade é possivelmente a categoria que implica necessariamente na excelência da moralidade ou é concomitante com a própria excelência da moralidade e, dessa forma, torna-se a categoria fundamental do exercício e da fundamentação da própria ética. É relevante ainda o estudo da amizade enquanto constituinte da ética em Aris-tóteles e sua contextualização para os dias atuais confrontando-a com questões como o amor, a sexualidade, o comprometimento ou engajamento social, pois, consoante o autor, a amizade promove por gratuidade o que a justiça ou o direito determinam me-diante a lei, sendo esta, superior a todas as outras formas ou categorias que embasam a constituição da ética.

Palavras- Chave: Aristóteles; ética; amizade.

41 Aluno de Licenciatura em filosofia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB e bolsista do PIBID/FAPESB/UESB.

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Uma análise da epistemologia freudiana à luz da filosofia heideggeriana

Fernanda de Jesus Almeida42

Com essa comunicação pretendemos apresentar os resultados parciais obtidos com a pesquisa intitulada “Freud e a querela dos métodos: uma investigação à luz da filosofia de Martin Heidegger”, cujo apoio institucional é da FAPESB. O objetivo da pesquisa consiste em uma investigação acerca do estatuto epistemológico da psicanálise, mais especificamente, sobre seu lugar epistêmico em relação à distinção entre ciências hu-manas e ciências naturais. Segundo Paul Laurent Assoun, essa distinção se refere à “querela dos métodos”, movimento que surgiu no final do séc. XIX. Ao se engajarem nesse movimento, pensadores ligados à investigação de fenômenos tipicamente hu-manos reivindicaram uma metodologia específica para tratar tais fenômenos, ou seja, um modo de se fazer ciência que não estivesse sob o julgo das ciências naturais. A distinção entre ciências naturais e ciências humanas, de acordo com Dilthey, delimi-tou duas maneiras de se debruçar sobre os fenômenos: a explicação e a compreensão. Enquanto as ciências naturais visam explicar, isto é, estabelecer uma conexão causal entre os fenômenos, as ciências humanas visam à apreensão de seus sentidos, ou seja, visam compreendê-los. O filósofo alemão Martin Heidegger, em sua obra Seminários de Zollikon, afirma que a psicanálise freudiana está enraizada no solo das ciências naturais e, portanto, destina ao psiquismo pretensões de explicabilidade típicas das ciências da natureza. Para Heidegger, ao postular o conceito de inconsciente, Freud busca pelas causas dos acontecimentos psíquicos, ou seja, visa a explicar o funciona-mento do psiquismo a partir de leis gerais. A partir dessa posição heideggeriana, al-mejamos explanar de que maneira o conceito de inconsciente alinha-se com preceitos da filosofia moderna e das ciências da natureza e analisar se é possível encontrar na obra freudiana argumentos que confirmam a posição assumida pelo filósofo.

Palavras-chave: Querela dos métodos; Heidegger; Freud.

42 Graduanda em Psicologia pela Universidade Estadual de Feira de Santana- UEFS.

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O modelo teleológico na ética contemporânea

Flora Rocha Cardoso43

O modelo teleológico apresentado na ética aristotélica tem uma base metafísica de-clarada que, em virtude de suas concepções de natureza e função próprias dos seres humanos, estabelece um vínculo indissociável entre essa teleologia e alguns aspectos de sua psicologia moral. Nesse esquema conceitual, a felicidade é admitida como o bem supremo da vida humana, relacionado à função que lhe é singular, a racio-nalidade. Em Depois da Virtude (1981), além de ressaltar a importância do resgate desse modelo, Alasdair MacIntyre propõe uma adaptação do seu teor metafísico às exigências de uma discussão ética contemporânea, tais como o resgate de algum tipo de unidade narrativa no que diz respeito à identidade moral do agente, ou ainda, a sua compatibilização com a necessidade de que haja um núcleo mínimo de princípios éticos que possam ser consensualmente aceitos. Com base nessas demandas, a comu-nicação apresentará a tentativa macintyriana de reabilitação desse modelo.

Palavras-chave: MacIntyra; Aristóteles; modelo teleológico.

43 Doutoranda PPGF-UFRJ e profa. Substituta DCHF-UEFS.

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Um povo por vir: a literatura indígena na construção de uma identidade étni-co-literária no pós-indianismo

Francis Mary S. C da Rosa44

Este artigo procura situar a questão da literatura indígena como produtora de iden-tidades étnicas no século XXI, por meio prioritariamente do conceito deleuziano de literatura menor e do processo de formação da identidade cultural no mundo pós--colonial, no qual um dado modelo de globalização tende a eliminar as diferenças culturais. Serão discutidas a especificidade da formação identitária nativa, a situação da produção literária indígena frente ao cânone literário nacional e como a literatura se constitui como um devir revolucionário, assim como sua possibilidade de atuação como dispositivo maquínico produzindo linhas de fuga que deslocam política e este-ticamente uma dada razão nacional de cidadania. Espera-se com essa reflexão com-preender que desmontagens e agenciamentos coletivos de enunciação a apropriação/deslocamento do universo gráfico, quiçá semiótico, do mundo ocidental pela palavra escrita indígena propiciam na afirmação de novas subjetividades e outras experiências de devir-menor.

Palavras-chaves: literatura; devir; menoridade.

44 Mestranda em Crítica Cultural/Pós-Crítica –UNEB e docente (UEFS)/ pesquisadora dos Grupos Lingua(gem) e Crítica Cultural e Teorias contemporâneas: recepção, mapas e poiéticas (UNEB).

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Individualidade, subjetividade e relativismo: uma análise sobre o discurso de Protágoras

Franklin Deluzio Silva Junior45

O presente trabalho pretende trazer uma análise sobre o discurso de Protágoras, que alcançou uma acentuada referência no tocante ao individualismo, subjetivismo e re-lativismo, demonstrando características essenciais que fundamentam sua teoria do conhecimento. Logo, percebemos que essas três características são traços do pensa-mento de Protágoras, que é baseado em três ideias que são centrais no entendimento do tema: homem-medida, o paradoxo de discursos contraditórios e a transformação de um discurso fraco em discurso forte. De acordo com Protágoras, todo enunciado opinativo é fundamentado nas percepções e sensações, e o homem com sua indivi-dualidade é capaz de trabalhar a percepção, julgando, medindo, pois ele é o critério fundamental para designar se uma sensação é ou não é, surgindo assim diversas sen-sações em cima de uma mesma ação, criando nesse contexto através da subjetividade um mundo privativo a nós mesmo. Nesse ponto, Protágoras defende um relativismo, que, para fundamentar, foi apresentado no Teeteto que numa mesma ação o sujeito pode ter sensações diferentes, logo a nossa natureza empirista é pessoal de forma que eu percebo umas características de uma determinada ação e outro sujeito percebe outras, consequentemente um poderá sentir frio e outro calor na ação de um mesmo vento. Este postulado vem contextualizado, porquanto na Grécia os cidadãos discu-tiam nas assembleias os assuntos da cidade, onde todos os cidadãos tanto alfaiates, mercadores, guerreiros, etc., se manifestavam com os inúmeros pontos de vistas con-traditórios e eram aceitos aqueles discursos que convenciam a maioria dos cidadãos. Então, o relativismo subjetivista nos apresenta uma posição segundo a qual só existe o que cada um percebe, sendo que é através da individualidade das sensações e do subjetivismo que pode ser gerado o conhecimento, sendo nós o juiz de nossas per-cepções.

Palavras-chave: Individualidade; relatividade; subjetividade.

45 Discente em Filosofia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

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A concepção de Deus na visão de Descartes

Gabriel da Silva Silveira46

O presente texto é uma breve explanação da terceira parte das meditações do livro Meditationes de Prima Philosophia, do filósofo francês René Descartes. Nessa me-ditação, Descartes traz a ideia de pensamento como algo que está no indivíduo e que somente o próprio pensamento poderia lhe dar a veracidade de todas as coisas que o indivíduo percebe, já que, para Descartes, as percepções através dos sentidos são en-ganadoras. Então, Descartes passa a considerar a aritmética e a geometria como sendo as únicas coisas indubitáveis, exatas. Contudo, o mesmo alega que, se posteriormente julgou que essas coisas pudessem ser postas em dúvida, foi por conta de algum Deus, que lhe teria concedido uma natureza que lhe enganasse, até mesmo acerca das coisas as quais considerava indubitáveis. Descartes coloca, por conseguinte, a existência de Deus em dúvida, mas diz que a opinião que o faz errar/duvidar é metafísica. Contudo, ele “aceita” a existência de Deus e a atribui a uma natureza perfeita e como a única coisa que não poderia provir dele (Descartes enquanto homem). Para Descartes, ele era uma natureza imperfeita e para que ele existisse necessariamente deveria haver uma natureza perfeita (Deus) que o criasse. Para ele, a ideia de Deus não poderia estar na natureza imperfeita, porque era da natureza do perfeito não ser entendido pelo imperfeito. Descartes exclui, ainda, a ideia de que Deus o estivesse enganando, já que toda fraude e todo engano provém de um defeito e isso não poderia ser atribuído a uma natureza perfeita.

Palavras-chave: Deus; Descartes.

46 Aluno de Psicologia da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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A prova da existência do Deus racional na terceira meditação de René Descar-tes

George da Silva dos Santos47

Girlene Andrade de Assis

Aline Silva Reis

Esta comunicação versa sobre a questão do Deus racional, dentro da obra Meditações metafísicas, do filósofo francês René Descartes. Abordaremos o tema apresentando as vias que o autor percorre até chegar à consideração da importância da figura do Deus para a fundamentação do todo das meditações. Partindo da primeira certeza “penso, logo existo”, o filósofo René Descartes poderá estabelecer na terceira medi-tação a existência de um Deus perfeito e sua importância para a fundamentação do conhecimento verdadeiro. Partiremos das primeiras certezas até chegar às provas da existência de Deus através da razão. Para tanto, iremos explicar porque o autor preci-sava trazer à tona este conhecimento, a saber, a soberana perfeição de Deus, além de mostrar em que sentido o conhecimento acerca deste ser se faz imprescindível no que tange ao entendimento da obra supracitada. É na terceira meditação que chegaremos ao ponto principal da nossa reflexão, a saber, Deus como a razão pela qual podemos conhecer algo como verdadeiro e indubitável.

Palavras-chave: Descartes; existência de Deus.

47 Alunos de Filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.

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Problematização de Foucault: “será que houve avanços na forma de julgar o indivíduo judicialmente?”

Girlene Andrade de Assis48

George da Silva SantosSônia Cristina Soares da Silva

Em Vigiar e Punir, Foucault relata nos capítulos “O Corpo dos Condenados” e “Os Recursos para o Bom Adestramento” o processo pelo qual passou a configuração de julgar o indivíduo judicialmente. Ele problematiza um falso avanço na forma com que julgamos, a partir do momento em que vislumbramos a passagem das torturas para a punição como algo positivo. Foucault suscita ainda, em sua genealogia do sujeito, o fato de que cada condenado era julgado pelo ato, enquanto que na contemporaneidade se julga o meio no qual o réu está inserido, suas paixões, seus comportamentos. O crime propriamente dito quase que não é mais levado a julgamento, principalmente porque houve a inclusão da medicina, que com sua contribuição gera discursos do saber e do poder. Tanto que a justiça outorga o seu poder para a psiquiatria que, em muitos casos, detém mais poder de decisão do que o dos juízes. Foucault continua sua crítica com relação a esse tipo de distribuição de poder, tendo em vista que o saber médico inerente aos psiquiatras no seu entendimento não teria elementos suficientes para um julgamento justo. Entretanto, antes das reformas na constituição das leis cri-minalistas, o sujeito que cometesse algum crime seria julgado e condenado ao suplí-cio, açoitado em praça pública até a morte. Mas, com as reformas políticas no fim do século XVIII, o sujeito sai da condição de supliciado, passando a ter não mais o seu corpo marcado, mas sobretudo esse corpo será privado do convívio familiar e social, tendo a punição o objetivo maior de atingir a alma, o intelecto e as suas disposições. Diante disso, torna-se pertinente as seguintes indagações: houve realmente avanço na mudança da lei penal? Em que medida podemos classificar este fato como progresso social?

Palavra- chave: Indivíduo; progresso; genealogia.

48 Alunos de Filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.

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O Dasein como abertura originária

Grace Carla Fonseca de Oliveira Costa49

Nesta comunicação procuramos nos aproximar da noção de abertura (Erschlosse-nheit) em Ser e Tempo. Um dos temas que mais brevemente se põe no horizonte desta noção é o Dasein como ser-no-mundo. Assim, num primeiro momento, nos dedica-mos à análise dos conceitos de “ser-em” e de “mundo” enquanto espacialidade origi-nária. Em seguida, passamos ao tratamento do Dasein como existência, ressaltando a relação que a abertura guarda com o modo de existir desse ente, o ente que existe como “estado de aberto”. Logo, nossa investigação procura entender a relação entre Dasein e abertura possibilitando pensá-lo como condição de possibilidade de todo ente, como horizonte de comparecimento dos entes. Esta abordagem se põe como parte de uma pesquisa em andamento que procura alcançar o entendimento do Dasein como âmbito de manifestação, isto é, como âmbito do lógos.

Palavras- chave: Dasein; abertura; ser-no-mundo.

49 Bolsista PIBIC/FAPESB - Filosofia/UEFS.

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O Debate entre Rorty e Davidson e uma possível superação das divergências entre os dois.

Hilton Leal Da Cruz50

Um dos aspectos mais controversos da filosofia de Richard Rorty é o modo como ela incorpora de modo seletivo as ideias de outros autores. Esse aspecto, que o próprio Rorty denomina de “redescrição”, também representa uma das estratégias argumen-tativas mais utilizadas pelo filósofo e talvez a mais importante. Um dos autores cujas ideias foram objeto da “redescrição” rortyana foi o filósofo também norte- americano Donald Davidson. Minha comunicação vai apresentar alguns dos aspectos do debate entre Davidson e Rorty, tomando como ponto central as questões relativas à natureza da verdade e a distinção entre o mental e o físico. Tais questões se tornam relevantes porque embora Rorty subscreva com entusiasmo a maioria das doutrinas davidso-nianas, a discordância sobre esses dois tópicos parece representar um obstáculo à tentativa rortyana de “alistar” Donald Davidson como um companheiro pragmatista que estaria, como ele mesmo, interessado em borrar a linha que separa a ciência da não-ciência. Minha comunicação vai explorar os pontos de divergência entre ambos os autores em relação a esses dois tópicos, bem como a tentativa de conciliação entre as duas propostas por Bjorn Ramberg. No final ofereço um balanço do “ônus realista” que essa conciliação custaria para Rorty.

Palavras-chave: Rorty; Davidson; verdade.

50 Mestre em Filosofia / UFBA, doutorando do PPGF/UFBA e professor Filosofia – IFBA – Valença.

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A noção de política na modernidade: o uso racional do poder em Maquiavel

James Jesuino de Souza51

O poder se constitui elementarmente como uma inovação no pensamento político mo-derno. Esta novidade se fundamenta na dicotomia entre a moral individual, herdada da tradição cristã, e a ética política laica, determinada pelas circunstâncias do real. Assim, a busca da compreensão entre ética e política moderna elabora a noção de virtù e de fortuna, conceitos essenciais para esta nova compreensão de política. Tais elementos servem para determinar a capacidade humana de controlar e de antecipar os efeitos do ato de governar. Não existem, contudo, métodos específicos ou prontos, mas há, sim, uma maneira de se apropriar tanto da fortuna como da virtù, fazendo uso racional do poder. Desse modo, é no mundo real que se estabelece no aqui e no agora, e não no ideal, que Maquiavel descobre que há em cada situação uma política adequa-da. A política adequada é aquela que se concilia e descreve que o desafio do príncipe é manter o equilíbrio do Estado independente do recurso que seja usado. Assim, na modernidade a proposta política é baseada em algo que sirva de manual, capaz de reger o Estado. Evidentemente, a existência da política pressupõe unidade, concórdia e para isso se faz necessária a tomada do poder por um príncipe que reúna estas duas características, a força e a coragem. Logo, chegar ao principado na modernidade com a ajuda dos grandes mantém-se com mais dificuldade, porém quem chegar ao governo com o favor popular encontra-se sozinho e não tem em torno de si ninguém e terá que lutar com as próprias forças.

Palavras-chave: Política; poder; força.

51 Aluno do curso de especialização em Docência do Ensino Superior pela UNOPAR e professor da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais (Disciplina Filo-

sofia).

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Uma análise entre o conceito de felicidade aristotélico e a insatisfação do ho-mem em Freud

Janaína Emanuelle da Silva Santos Ribeiro52

Para Aristóteles, a felicidade é uma atividade política, se dá na vida social, coletiva. Na sua obra Ética a Nicômaco, ele relata que o Bem buscado pelo homem está as-sociado à felicidade, que é finalidade última e para alcançá-la é preciso viver e agir bem. Ela é o resultado de atos virtuosos. Freud, em contrapartida, afirma que a vida coletiva é um conflito para a humanidade. Para ele, a coletividade será um eterno des-conforto para a humanidade, por conta de estruturas psíquicas já formuladas quando somos ainda crianças. Esse trabalho tem como objetivo identificar a concepção de felicidade para Aristóteles, bem como avaliar a explicação de Sigmund Freud para o mal-estar na civilização, ou a insatisfação e infelicidade dos homens na vida social. O artigo apresenta um breve recorte da ética aristotélica que é referência para a ética contemporânea, e um recorte da obra de Freud, O Mal-Estar na Civilização, como contraponto para o argumento de felicidade em Aristóteles.

Palavras- chave: Ética; instinto; infelicidade.

52 Aluna de Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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Dualismo Cartesiano e a noção de Trialismo proposta por John Cottingham

Jezer Hezrom Lima de Oliveira53

René Descartes concebe em seu sistema filosófico duas substâncias distintas, res cogitans e res extensa. Reconhece o atributo e as faculdades de cada uma delas, e percebe que duas faculdades particulares do pensamento (cogito), a sensação e a ima-ginação, não são imputáveis somente à substância pensante, mas surgem da relação com a substância extensa. Partindo desse problema, o comentador inglês Jonh Cottin-gham argumenta que, para uma melhor compreensão da filosofia cartesiana, devemos admitir a possibilidade de uma terceira substância. O objetivo desse texto é expor a argumentação de Cottingham e esclarecer se tal proposta do comentador é viável.

Palavras- chave: Dualismo cartesiano; Cottingham.

53 Aluno de Psicologia da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS.

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Heidegger e a crítica à teoria freudiana das pulsões: breves considerações

Jilvania de Jesus Barbosa54

No artigo metapsicológico A pulsão e seus destinos, Freud apresenta o conceito de pulsão como uma força motriz que age no interior do aparelho psíquico. Na obra Seminários de Zollikon, o filósofo Martin Heidegger argumenta que este conceito metapsicológico é determinado por uma objetividade não-humana e, por isso mesmo, atesta a favor do cientificismo natural da psicanálise freudiana. Para Heidegger, con-ceber o psiquismo a partir de um jogo de forças antagônicas equivale à tentativa de explicar a complexidade do existir humano a partir de leis fisicalistas. Em função dis-so, Heidegger afirma que Freud, ao admitir que o psíquico funciona no molde de uma máquina impulsionada por uma força constante (pulsão), ancora-se numa ciência cuja matéria não é o homem, mas a mecânica. Será que tais argumentos heideggerianos tem fundamento, visto que, no texto Ansiedade e Vida Pulsional, o pai da psicanáli-se se refere à teoria das pulsões como sua mitologia e à pulsão como uma entidade mítica? Se Freud nos fala que a teoria das pulsões é imprecisa e mitológica, como as-sociá-la à lógica da pesquisa das ciências da natureza? Como pode Heidegger acusar Freud de estar a serviço de uma objetividade não humana? Com esta comunicação pretendemos analisar tais questionamentos e examinar as assertivas heideggerianas a respeito do constructo “pulsão”, buscando investigar se tal conceito estaria mesmo a serviço da naturalização e objetificação do psiquismo, conforme advoga Heidegger. Em suma, almejamos explanar os resultados parciais obtidos com nosso projeto de iniciação científica intitulado “O conceito freudiano de pulsão: uma análise heidegge-riana”. Tal pesquisa conta com o financiamento da FAPESB.

Palavras-chave: Freud; Heidegger; pulsão.

54 Aluna de Psicologia pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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Deus e a razão na filosofia de Guilherme de Ockam

João Claudio da Conceição55

Nilo Cesar Batista da Silva56

Claudio Dionizio Rocha Santos57

O problema de Deus na filosofia medieval permanece inalterado até o surgimento da visão trazida por Ockam antecipando posições que serão desenvolvidas pelos autores da filosofia moderna. Esta perspectiva conhecida como a navalha de Ockam mostra que o período da filosofia medieval não foi assim tão homogêneo. Para Ockam as provas da existência de Deus, apresentadas por Anselmo e Tomás, são persuasiones e não demonstrationes, isto é, são argumentos prováveis, mas não são capazes de excluir toda e qualquer sombra de dúvida. A ratio na filosofia de Ockam não deve sair em busca de concepções universais. Estas não passam de meros nomes, que não podem ser considerados dissociados dos indivíduos. É nisto que consiste o nominalis-mo de Ockam, isto é, a ratio pode apenas se aproximar das qualidades, dos acidentes das coisas, e não pretender individuar uma substância precedente e originária. O no-minalismo de Ockam lança em desuso a noção tão utilizada pelos escolásticos, que consiste na abstração. Se aquilo que temos é apenas o existente, a ratio não possui mais a difícil tarefa de separá-los para alcançar uma essência universal. Na concepção de Ockam, o papel do teólogo não é aquele de demonstrar racionalmente aquilo que é aceito pela fé. Do alto hemisfério da fé, o teólogo deve mostrar a insuficiência da ratio para alcançar determinadas compreensões. Podemos aqui identificar ao menos

55 Doutorado pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino (Roma)/ Universidade Tiradentes / Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe (FA-NESE).

56 Doutorado pela Universidade do Porto (Portugal)/Universidade Federal de Sergipe.

57 Doutorado pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino (Roma)/Se-minário Maior Nossa Senhora da Conceição.

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duas antecipações filosóficas presentes na perspectiva de Ockam, uma moderna e outra contemporânea. A primeira diz respeito à sucessiva construção kantiana segun-do a qual podemos contar apenas com o fenômeno e não com um conhecimento do noumeno. A segunda se desdobra na formulação do pensamento frágil, defendido por Gianni Vattimo, que compreende a ratio como parte e não como única e última pala-vra sobre o todo.

Palavras-chave: Deus; ratio; nominalismo.

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1, 2, 3, Cultura – Uma investigação semiótica pierceana

Jociel Nunes Vieira58

A cultura faz parte de uma das áreas da vida humana que mais se utiliza de linguagens e símbolos para criar outros signos e fenômenos, demonstrar sua intenção e realizar seus feitos numa constante relação com o mundo. Os seres viventes desenvolvem seus aspectos biofisiológicos, e os seres humanos, desenvolvem, também, seus aspec-tos cognitivos. A primeira condição de um ser humano em relação a outro é a comu-nicação, atividade que lhe garantirá expressar o que sente e compreender o que lhe é dito, promovendo um bom viver; essa função possibilita o conhecer, o compartilhar, o descobrir e o ensinar (Categoria 1). Nesse processo, uns vão se percebendo seme-lhantes a outros, no que diz respeito ao seu modo de vestir, falar, crer e, inclusive, pensar; são essas similaridades que aglomeram os indivíduos em grupos (Categoria 2). A unidade da coletividade atuará em torno das mesmas percepções de mundo, ou melhor dizendo, percepção dos fenômenos que acontecem no mundo (tudo que é pas-sível de ser conhecido ou descrito) e dos signos que os compõem (Categoria 3). Com o objetivo de entender a cultura sob as três formas investigativas da capacidade huma-na do entendimento, de averiguar logicamente algo e dele produzir signos, aplica-se as categorias do conhecimento de Charles Sanders Peirce: 1- Primeiridade (momento espontâneo, em que há vontade ou sentir, possibilidade do que pode vir a acontecer), 2- Secundidade (conflitos e experimentos, ação-reação, condução à verdade com base nos conhecimentos adquiridos) e 3- Terceiridade (compreensão dos signos, interpre-tação dos conceitos, representação do mundo). Assim, numa análise das linguagens, de como elas produzem signos e como estes são interpretados pelo sujeito-intérprete na relação mente-mundo, a cultura também será um dentre os demais fenômenos que ocorrem em 1, 2, 3 níveis de observação, experimentação e realidade fenomênica.

Palavras-chave: Peirce; semiótica; cultura.

58 Discente da UFRB/CFP.

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Hilorrealismo Científico

Joedson Silva dos Santos59

O presente trabalho está tematicamente circunscrito à investigação sobre o Hilor-realismo Científico de Mario Bunge. Esse tipo de realismo é uma nova versão do realismo científico. Nele está contida a combinação do materialismo, realismo e cien-tismo; essa tríade proporciona ao realismo científico permanecer mais sóbrio, testá-vel, efetivo e aberto para novas ideias. O que se propõe é um exame sobre cada item desse tema, como se dá essa fusão e qual a importância da sua conexão. O realismo bungeano, ou realismo filosófico integral, tem sete componentes principais no seu sistema filosófico: ontológico, epistemológico, semântico, metodológico, axiológico, ético e praxiológico. O realismo, ao fundir-se com o cientismo, ao mesmo tempo atrai o materialismo. O cientismo é a tese de que a pesquisa cientifica é a melhor estratégia cognitiva. Quando é mesclada com realismo e materialismo se torna o melhor sistema para desmascarar a pseudociência. O materialismo, não o físicalista (vulgar), mas sim o emergentista, não elimina o mental, mas nega a existência autônoma das ideias. Porém, sem os outros dois componentes, o materialismo se torna dogmático, porque somente a investigação da realidade pode corroborá-lo.

Palavras-chave: Materialismo; realismo; cientismo.

59 Aluno da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC.

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O contínuo processo revolucionário como um prejuízo à liberdade individual

Jonas Rodrigo Lima de Moraes60

Tentando compreender qual a melhor forma de governo para o filósofo francês Ben-jamin Constant, encontramos em seus textos suas fortes opiniões acerca do processo revolucionário na França. Mais que simples ou vagas opiniões, Constant demonstra--se um defensor do fim do processo revolucionário. Nas palavras do filósofo: “[...] a revolução é uma rota; é tempo de desviar nossos olhares da rota para ver, enfim, aonde chegamos”. Tentaremos aqui expor que, na defesa da liberdade individual feita por Constant, o contínuo processo revolucionário torna-se um tormento aos cidadãos e um perigo para as liberdades já alcançadas. “Desejo ardentemente ver terminar a Revolução, porque doravante ela só pode ser funesta à liberdade”. Constant não deseja uma contrarrevolução ou uma reforma revolucionária e ele condena aqueles que a desejam, pois, segundo Constant estes “não se dão conta de que essa contrarre-volução apenas seria ela mesma uma nova revolução”. Como encontramos nos textos de Constant, sua defesa das liberdades, em especial da liberdade individual, é a pers-pectiva quase sempre adotada por este filósofo para analisar seu momento político. Sob essa perspectiva, Constant começa a perceber que o processo revolucionário e contrarrevolucionário são danosos à liberdade individual e, por isso, faz um esforço para que se finde esse processo revolucionário.

Palavras-chave: liberdade individual; revolução; formas de governo.

60 Aluno de Licenciatura em Filosofia da Universidade Federal de Alagoas - UFAL (Pesquisador CNPQ).

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Foucault e os “homens infames”: dossiê.

Jorge Alberto da C. Rocha61

Há textos filosóficos que, mesmo a despeito de não entrarem na conta daqueles em que o filósofo estabelece a sua teoria central, figuram como incontornáveis. Eles re-velam intuições ainda indiscerníveis, questões em crisálida, desenvolvimentos reto-mados por outrem, marcando aí a fertilidade do texto em causa. Um dos exemplos disso foi “La vie des hommes infâmes”, publicado em 1977 para Les cahiers du che-min. Nas palavras de Gilles Deleuze, um dos textos mais violentos de Foucault e, ao mesmo tempo, o mais engraçado também. Violência, riso, inquietação, esses esta-dos páticos já demonstram, por si só, a virilidade dos escritos. O objetivo da nossa comunicação é justamente acercar-se um pouco desse horizonte do referido artigo foucaultiano, buscando entender a sua contribuição para a questão do poder, talvez até como caso privilegiado especificamente em que o “poder normativo”, não mais tanto o “disciplinar”, encontra aí ampla expressão.

Palavras-chave: Foucault; poder normativo.

61 Doutor em filosofia pela UFBA e professor de filosofia da UEFS.

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Um conceito filosófico de obra de arte subjacente nos “ready mades” e em expe-rimentações artísticas contemporâneas

Jorge Campelo de Albuquerque e Melo – Frei Dom O.F.M.Conv.62

Considerada uma das obras de arte mais influentes do século XX, “A Fonte”, de Marcel Duchamp, assim como outros “ready mades”, pretende se afastar da “arte retínica”, voltada para os olhos. O artista propõe uma arte mais cerebral, que instiga a busca do sentido e provoca uma ampliação dos anteriores limites que estabeleciam o que era considerado arte. A fundamentação teórica que subsiste nas experimentações artísticas influenciadas por Duchamp, como o Dadaísmo, o Surrealismo, o Expressio-nismo abstrato e a Arte Conceitual, aponta para uma identificação com uma concei-tualização hegeliana de obra de arte. No Plano geral da Estética, Hegel indica que o sensível concreto da arte só tem por fim despertar um eco na nossa alma e no nosso espírito e que a distinção entre a arte e a natureza exterior é que o concreto sensível da natureza não existe só em vista de ser um apelo dirigido às almas e aos espíritos. Este critério esclarecedor pode sustentar um posicionamento filosófico dentro do debate contemporâneo acerca do que é ou não obra de arte.

Palavras-chave: Duchamp; obra de arte.

62 Aluno de Licenciatura em Filosofia na UEFS; Bacharel em Filosofia pelo Instituto São Boaventura – ISB; Bacharel em Teologia pela Pontificia Facoltà Teologica

San Bonaventura – Seraphicum; Ordem dos Frades Menores Conventuais.

Page 78: Caderno de Resumos - Semana de Filosofia Uefs 2015

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A Ontologia pós-estruturalista e a Democracia radical e plural em Laclau/Mou-ffe e suas possibilidades para investigações no campo educacional.

Ms. Jorge Luiz Nery de Santana63

Entre os ventos de modernização e o vislumbre de uma universidade “administrada”, pautadas numa democracia guiada pela técnica de gestão, com sua consequente des-politização do campo educacional, buscaremos dialogar com a teoria do discurso de Laclau/Mouffe, e sua concepção de radicalização democrática na tentativa de com-preender as variadas estratégias e tensionamentos das diferentes posições de sujeito no interior da Universidade. Num primeiro momento, procura-se discutir a compreen-são de uma Ontologia pós-estruturalista para, em seguida, explicitar os traços da teoria do discurso de Laclau/Mouffe e seu conceito de radicalização democrática; e, por fim, anotar as condições e possibilidades de investigações nas dinâmicas do platô da educação vista nessa perspectiva.

Palavras-chaves: pós-estruturalismo; democracia; educação; universidade.

63 Mestre em História (UEFS) e professor substituto do DEDU/UEFS.

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Entre a Filosofia e a Educação: um breve diálogo entre a liberdade e o educando (Uma introdução ao pensamento de Jean Paul Sartre e Paulo Freire).

José Américo Soares Neto64

Jean Paul Sartre (1905-1980) certamente não escreveu nada direcionado à educa-ção. Porém, podemos perceber que sua filosofia existencialista influenciou diversos autores, em várias áreas do mundo. A pedagogia de Paulo Freire (1921-1997), que tem como base o esclarecimento e a conscientização da liberdade de cada sujeito, fazendo com que ele possa vivenciar algo pleno e próprio, aproxima-se muito da maneira como Sartre percebe o homem. Se para Sartre e a sua filosofia existencialista o homem é condenado a ser livre, de forma análoga, a pedagogia freiriana coloca o educando em face de sua liberdade educacional, possibilitando a esse sujeito ser o construtor do seu conhecimento, da sua realidade social, mediado pelo ato de liber-dade, seja enquanto indivíduo que está para a educação, seja enquanto indivíduo que está para o “fazer-se”. E é neste ponto que podemos examinar, entre esses pensadores contemporâneos, um diálogo entre a filosofia existencialista, de Jean Paul Sartre, e a educação como manifestação da liberdade, de Paulo Freire. Pensando que a educação está para o homem como principal agente de si mesmo, sendo responsável pelas suas escolhas e seu fazer, como, então, induzir o sujeito a se realizar no processo de trans-formação do seu eu e do mundo através da filosofia sartreana e da pedagogia de Frei-re? Como respaldo teórico, utilizar-nos-emos das obras intituladas O existencialismo é um humanismo (1945), de Jean Paul Sartre, e Educação como prática da liberdade (1989) e Conscientização – Teoria e prática da libertação (1979), de Paulo Freire. Essa pesquisa é bibliográfica e de caráter exegético.

Palavras-chave: Sartre; Freire; liberdade.

64 Aluno de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual de Feira de Santana- UEFS e bolsista do Programa de Iniciação à Docência Escolar – PIBID.

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Projeto humanístico: reflexões a partir da concepção de Peter Solterdijk.

Jose Fernando Ramos Junior65

A temática acerca do processo ou mecanismo de humanização tem sido debatida há séculos na tradição filosófica. Poder-se-ia dizer que, desde os primeiros pensadores gregos, a exemplo de Sócrates, a problemática em torno do homem ganhou importan-te atenção nesse novo cenário do pensamento humano. A partir da leitura de alguns filósofos e, especificamente, a obra Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger acerca do humanismo, de Peter Sloterdijk, pretendo, nesse tra-balho, fazer uma reflexão acerca do assunto. O ponto ou problema central diz res-peito ao processo de humanização ao longo dos séculos e como se tem configurado na sociedade hodierna. Peter Sloterdijk lança, no cenário filosófico, uma polêmica, ao apresentar uma conferência intitulada “Regras para o parque humano” falada em um colóquio sobre Heidegger e Lévinas, em 1999. O ponto de partida do filósofo é uma frase de Jean Paul, poeta romântico alemão, que afirma que “livros são cartas dirigidas a amigos, apenas mais longas”. Diante dessa ideia, Sloterdijk expõe sua caracterização de humanismo como algo que se estabelece na amizade pela escrita. O livro é entendido como uma carta enviada a um destinatário que se encontra distante, capaz de promover amizade aos que leem ao seu redor. Em outras palavras, são cartas dirigidas a leitores que ainda que desconhecidos, estabelecem uma forma de sociabi-lidade entre os homens. O processo de humanização do ser humano na Antiguidade, à maneira da humanitas de Cícero, teria sua base na sociabilidade através da leitura. Nesse sentido, serviria como oposição à selvageria e à brutalidade que faziam parte dos espetáculos no anfiteatro romano. Portanto, a tarefa do humanismo é tomar par-tido nessa luta, proporcionando uma humanização em oposição ao embrutecimento do ser humano.

Palavras-chave: Humanismo; domesticação; sociabilidade.

65 Especializando em Filosofia pela Universidade Estadual de Santa Cruz--UESC.

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A liberdade como processo e oportunidades na perspectiva de Amartya Kumar Sen.

José Luis Sepúlveda66

O objetivo desta comunicação é mostrar o conceito amplo de “liberdade-real”, se-guindo as análises e comentários de um autor notável, como Amartya Kumar Sen. Este conceito inspira a maioria das obras e artigos de nosso autor. Reflete-se, princi-palmente, em uma de suas obras mais importantes dos últimos anos: Desenvolvimento como liberdade. Analisamos os dois pontos de vista do conceito de “liberdade” neste artigo. Eles são o papel constitutivo e o instrumental. No primeiro papel, incluem-se três conceitos: a liberdade como um valor universal, Processos e Oportunidades, e a Liberdade como um compromisso social. No segundo papel, compararemos liberda-des instrumentais com a teoria de bens primários de Rawls. Nesta obra, Development as Freedom, Sen faz uma constatação e denúncia desde a atual situação social, injus-ta e contraditória, fruto de um modelo de desenvolvimento centrado na riqueza, na renda real e nas taxas de crescimento. Um modelo que não leva em consideração o desenvolvimento humano em sentido lato, entendido como expansão das liberdades fundamentais e da democracia. O objetivo agora é apresentar um novo enfoque, que não passa por substituir o liberalismo, o reinado da liberdade, senão de transformá-lo desde a ética e a reflexão sobre a justiça, que é fundamentalmente liberdade, mas liberdade real. Amartya Sen entende que com estas modestas propostas se pode cons-truir uma teoria da justiça social e econômica que desde a idéia da liberdade possa se converter na base teórica do desenvolvimento humano, que inspire a prática política e econômica das instituições e dos povos com a finalidade de conseguir uma situação mundial de justiça, no qual todos os seres humanos possam usufruir dela.

Palavras-chave: Ética; economia; liberdade.

66 Mestre e doutorando em Filosofia pela Universidade Complutense de Ma-dri- Espanha e professor de Filosofia na Universidade Católica do Salvador-UCSAl.

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Pensar além do imediato na intensificação do próprio existir na pers-pectiva nietzschiana.

José Marcos Menezes Santos67

Esta comunicação tem a finalidade de investigar de que maneira Nietzsche articula vontade de poder e existência, especialmente na construção do existir enquanto sin-gularidade. Existir implica a vontade de poder, de afirmação da própria existência para superar o estado de niilismo, de decadência e senilidade, na qual se evidenciam as várias formas de compreender a vontade. Nietzsche é um ferrenho crítico da cul-tura ocidental. Ao diferenciar a moral do rebanho ou moral do escravo, ele questiona as razões e os motivos dos homens permanecerem resignados e passivos diante da existência. Porém, propõe a vontade de poder como vontade de afirmação da própria existência. Como isso se processa? O que Nietzsche entende por vontade? Vontade é sempre vontade de alguma coisa, que coisa é essa para Nietzsche? Essas questões fazem com que o pensamento de Friedrich Nietzsche continue atual, merecendo ser estudado e investigado como possibilidade de encontrar respostas para um mundo sem sentido e que pode transformar o homem em senhor de si mesmo ou num es-cravo do sistema. Considerando a tese exposta por Nietsche de que o homem é uma corda estendida entre o animal e o super-homem, a justificativa desta comunicação é analisar e investigar como ocorre este processo de aprofundamento ou elaboração de si mesmo que faz com que o homem deixe a escala de animal para transformar-se em senhor de si mesmo, demonstrando que esse aprofundamento ocorre no interior da existência e não numa perspectiva metafísica ou para além do mundo como ele costuma distinguir.

Palavras- chave: Existir; vontade; poder.

67 Aluno do curso de Licenciatura em Filosofia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, Bolsista do PIBID/FAPESB/UESB.

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Apresentação do Curso Conimbricense (1592-1606)

José Portugal dos Santos Ramos 68

O Curso Conimbricense é uma Doutrina fundamental da Segunda Escolástica, edita-do a partir de 1592, com o título de Comentários do Colégio Conimbricense da Com-panhia de Jesus (1592-1606). Este Curso amplia o esforço de comentário e também de edição latina dos textos de Aristóteles. Embora sem incidência relevante sobre a metafísica, privilegia sobretudo os campos da física, da lógica e da ética, dele se tendo encarregado privilegiadamente os padres Sebastião do Couto, Baltasar Álvares Ma-nuel de Góis. Destaco, pois, o nome de Manuel de Góis, como o redator dos Proêmios dos Físicos e de Pedro da Fonseca, como o principal mentor do Curso Conimbricense. Ademais, o Curso Conimbricense busca estabelecer o ideal de “método” e “ciência”.

Palavras-chave: Curso Conimbricense; método; ciência.

68 Doutor em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e professor Assistente da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

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Sobre um anacronismo que desonra Galileo.

Júlio Celso Ribeiro de Vasconcelos69

A comunicação pretende trazer razões para que se entenda que a teoria dos movimen-tos “naturalmente acelerados” de Galileo Galilei (1564-1642), apresentada em seus Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuove scienze, de 1638, não é uma cinemática stricto sensu mas uma dinâmica que pode e deve ser confrontada com as teorias de Lagrange e Hamilton, na medida em que Galileo não discute movimentos meramente possíveis, mas descreve e explica movimentos que observa ocorrer efeti-vamente na Natureza, fazendo-o, tal como o fazem aqueles outros dois cientistas, sem necessidade de operar com o conceito de força, lidando, outrossim, com instrumentos físico-matemáticos que prenunciam a dinâmica das energias cinética e potencial. A comunicação quer, assim, criticar interpretação que se denunciará como anacrônica, pois enxerga a teorização de Galileo com os olhos do tratamento dos movimentos conforme efetivado na dinâmica newtoniana de forças e, dessa perspectiva, encontra, nos escritos do italiano, formulações que são vistas como rascunhos canhestros e eivados de erros do magnífico trabalho de Newton. Colocando a física-matemática de Galileo em outra linhagem histórica, aquela que redundará na dinâmica das energias, a comunicação tem a pretensão de fazer justiça à completude e à grandeza do trabalho pioneiro do cientista pisano.

Palavras-chave: Galileo; dinâmica; energia.

69 Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo e professor Titular da Universidade Estadual de Feira de Santana.

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O conceito de evidência em Husserl

Karine Boaventura Rente Santos70

O conteúdo desenvolvido a ser apresentado tem por intuito fornecer ao ouvinte um esboço da trajetória que permitiu a Husserl construir uma ideia de evidência distinta da vigente. Com essa proposta, dá-se no presente trabalho, uma exposição da crítica aos conceitos anteriores por ele dirigida como justificativa do rompimento, tal como o esforço para aclarar aspectos da abordagem fenomenológica vitais para indicar a pertinência da inovação.

Palavra-chave: evidência; apoditicidade; Husserl.

70 Aluna de Filosofia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e bol-sista de Iniciação Cientifica pela FAPESB.

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A simbólica da religião: a coisa para além de si mesma.

Karolini Batzakas71

A proposta para esta comunicação está assentada na ideia do simbólico a partir do filósofo português Eudoro de Sousa. Na obra que irei discutir, Mitologia, o autor se propõe a pensar no entrelaçamento do homem e do mundo, trazendo o mito enquanto experiência. Assim, ele dissocia o mito da mitologia. Para tal filósofo, a mitologia é a narrativa do mito, nela está disposta a cronologia e o lógos, enquanto o mito faz parte de uma experiência indizível. Mas não é o mito, propriamente dito, que fará parte de nossa comunicação. O que propomos a estudar é o que está disposto no percorrer mí-tico: o símbolo, que diante do movimento de negação do homem, imergiu no mundo do diabólico e tornou-se “coisa”.

Palavras-chave: simbólico; mitologia; Eudoro de Sousa.

71 Aluna do curso de História da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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Sobre existir e escrever: a literatura como escolha filosófica

Laiane Almeida Teles72

Dante Di Domizio Fróes73

Na trajetória percorrida pela literatura e pela filosofia, podemos identificar o quanto elas estão ligadas. Ambas trouxeram contribuições significativas e se relacionam, en-tre outras coisas, por retratar dimensões do conhecimento, discutir ou tentar oferecer respostas para os enigmas acerca da existência e dos conflitos humanos e, sobretudo, por compor uma linguagem de questionamento. Partindo desse pressuposto, o obje-tivo deste trabalho é analisar a relação existente entre a filosofia e a literatura. O que nos interessa aqui não é a delimitação entre uma e outra, e mesmo que quiséssemos estabelecer um limite entre elas, esta é no mínimo uma tarefa difícil e até mesmo in-viável em alguns casos. Então, por que separá-las já que podem ser complementares? Explorando a trajetória percorrida por ambas e as contribuições trazidas, este trabalho procura entender melhor como se dá essa vizinhança comunicativa à luz da maneira como Sartre pratica a relação entre filosofia e literatura, e mesmo entre sua filosofia e sua literatura, isto é, através da filosofia de Jean-Paul Sartre, marcar o modo pelo qual ele compreende a importância da literatura no desvelar-se da atividade humana face à atividade filosófica.

Palavras-chave: Literatura; Filosofia; Sartre.

72 Aluna de Licenciatura em Filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.

73 Aluno de Licenciatura em Química da Universidade Federal Recôncavo da Bahia – UFRB.

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Identidades sociais: cambiantes e narrativas

Laurenio Sombra74

Paul Ricoeur mostra que o termo identidade, para além de uma representação estática como algo “igual” ou “parecido”, pode representar algo que seja próprio em contra-posição ao estranho. Nessa segunda acepção, a minha identidade é o que me constitui como tal, em oposição ao que me é alheio. Parte do pensamento contemporâneo, a partir de questionamentos a fundamentos essencialistas, rejeitou cada vez mais pen-sar essa identidade como se pensa uma substância, isto é, como atributos essenciais que permanecem no tempo. Ricoeur propõe, ao contrário, pensar numa “identidade narrativa”, uma identidade que se constrói justamente a partir de uma história de vida, história que é constituída no bojo de uma temporalidade complexa, na qual presente, passado e porvir se entremeiam em um nexo indissociável (Heidegger). Temos, então, um conceito cambiante de identidade, que já não traz em si a fixidez das definições anteriores. Esse conceito pode ser mais bem compreendido à luz das diversas relações de reconhecimento (Hegel) e de classificação entre identidades antagônicas (Laclau e Mouffe), identidades que se conformam a partir de disputas discursivas e pragmáticas por sua consolidação, a partir de relações de parceria, enfrentamento, dominação e submissão em relação aos outros. Esse trabalho visa, justamente, bosquejar conceitos fundamentais para a consolidação de uma teoria cambiante e narrativa da identidade.

Palavras-chave: Identidade; Reconhecimento; Identidade narrativa.

74 Mestre em Filosofia pela Universidade de Brasília e professor assistente da Universidade Estadual de Feira de Santana.

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O Perigo da técnica e o esquecimento da liberdade.

Leidiane Coimbra75

Considerando-se que o grande perigo imposto pela técnica moderna refere-se à sub-missão do homem a um modo de ser, o do técnico, este trabalho pretende estabelecer um pano de fundo para pensar a questão da liberdade humana, tendo em vista, que a liberdade, é também a “essência da verdade”, segundo Martin Heidegger, e, como tal, refere-se ao movimento de ser que se desvela como técnica na contemporaneidade.

Palavras-chave: Técnica; homem; liberdade.

75 Mestre em Filosofia pela UFBA e professora substituta na Universidade Federal da Bahia.

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A concepção de educação em Nietzsche e os desafios atuais

Leliana Vieira Silva76

O principal objetivo dessa comunicação é analisar a concepção de educação em Niet-zsche, pretendendo estabelecer se ocorre uma evolução em seu pensamento em rela-ção à concepção de educação. Nesse sentido, justifica-se essa análise por considerar que o que permite a superação do homem animal em direção ao super-homem é a educação. A ponte estendida entre a besta e o super-homem é a educação enquanto compreendida no interior e na dinâmica da vontade de poder, que é a afirmação do sentido da existência e da vontade enquanto poder de transformar a si mesmo. Dessa forma, a educação pode ser entendida como o percurso que possibilita ao homem concretizar a si mesmo enquanto se mantém fiel ao sentido da terra. Educar é possi-bilitar a afirmação da vontade de poder contra toda forma de dominação, quer seja ela moral, religiosa, política. Nesse sentido, pretende-se contextualizar a concepção de educação em Nietzsche com as questões atuais da educação brasileira permitindo dessa forma uma reflexão contextualizada e original ao invés de debruçar-se somente sobre a sua concepção de educação, evitando-se dessa forma a mera reprodução do filósofo alemão. Nietzsche é, ao lado de Sócrates, uma inspiração para os educadores, especialmente os que estão em processo de formação. Sua atitude crítica perante as instituições e aos valores estabelecidos é favorável aos jovens que querem superar as concepções estabelecidas socialmente enquanto adestradores e ajustadores do siste-ma, criando jovens com concepções subservientes e indiferentes às questões vitais da existência. A principal finalidade é procurar compreender como Nietzsche concebe a educação e qual é a importância na afirmação da vontade de poder que torna o homem senhor de si e não membro do rebanho, e como elas podem ser confrontadas com os desafios da educação brasileira na atualidade.

Palavras-chave: Nietzsche; educação; poder.

76 Aluno de Filosofia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e bol-sista do PIBID.

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A importância do diálogo filosófico para a emancipação do sujeito.

Leliana Vieira Silva77

José Marcos Menezes Santos

Érica Lopes de Oliveira

Fundamentados na perspectiva de que a filosofia apresenta características importantes para a construção do caráter do sujeito como honestidade, compromisso social, res-ponsabilidade, pretendemos neste artigo abordar como se constrói a reflexão filosófica numa perspectiva ética, visto que a sua tarefa é desconstruir o já dado para construir o novo, de forma que possa permitir ao discente questionar a busca do novo. A filosofia tem essa capacidade e a possibilidade de nos tirar de nossa acomodação e nos arre-messar para coisas novas, para mudanças de pensamentos, nos dando abertura para expressarmos as nossas opiniões por meio do diálogo reflexivo, pois é através deste que aprendemos a superar e respeitar as diversidades culturais, sociais e econômicas, já que a forma de pensar que possuímos depende do contexto histórico e cultural em que vivemos, ou seja, a nossa realidade, a realidade existencial do outro. Pautados na obra Pensar com os Sentimentos, de Álvaro B. Márques-Fernández, almejamos esboçar a relação do educador e do educando no processo de libertação de si mesmos e do meio social em que estão inseridos. A iniciativa do educador é de fundamental importância para esta emancipação, propiciada pelo diálogo reflexivo, provocando no sujeito um discernimento crítico da vida de uma maneira geral. Por meio dos temas que são discutidos, que eles saibam refletir sobre decisões que necessitam tomar du-rante a vida. A comunicação é indispensável para a atividade reflexiva e a abertura do diálogo é formada por meio das palavras, de como nos comunicamos conjuntamente, fazendo o sujeito situar-se e sentir-se no mundo.

Palavras-chave: Diálogo; reflexão; emancipação.

77 Bolsistas PIBID/FAPESB e alunos de Filosofia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB.

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O cogito tácito e a má ambiguidade

Liamar Francisco78

O filósofo Merleau-Ponty percebeu que a sua obra Fenomenologia da percepção (1954), não obstante pretende mostrar a unidade expressiva do mundo da percepção e do mundo da cultura, não resistiu à tentação de voltar a figuração de um em Si, que é a solidão do cogito. A este tropeço chamou de má ambiguidade, que inicialmente surge como uma solução diante da necessidade de explicar como é possível a consciência de si mesmo para além da consciência das coisas, como possibilidade do surgimento da subjetividade, sem recorrer à teoria do intelectualismo e cair na armadilha do so-lipsismo.

Palavras- chave: Cogito; linguagem; percepção.

78 Mestranda pelo UFSC e professora do IFBA-Camaçari.

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Breves considerações sobre a linguagem nas Investigações Filosóficas a partir da noção de “jogos”

Lívia Karla Lima Leite79

As questões tratadas por Wittgenstein perpassam os limites impostos por uma es-trutura interna da linguagem. Parte-se do pressuposto de que suas concepções filo-sóficas consistiam em uma crítica da linguagem, na qual se pudesse compreender a estrutura e os limites do pensamento a partir do estudo da estrutura e dos limites da linguagem. Nas Investigações Filosóficas, os limites da linguagem se apresentam de modo mais complexo, evidenciando uma abordagem que absorve a concepção que temos da realidade e a maneira como percebemos as coisas. Por sua vez, a linguagem se apresenta nas diversas relações, ligações e aproximações com os “jogos” e suas regras. Este trabalho pretende tratar de algumas breves considerações de como nas Investigações Filosóficas Wittgenstein apresenta a “essência” de qualquer linguagem numa abordagem voltada ao “uso”, numa perspectiva voltada ao “valor semântico”, introduzida a partir da noção de “jogos de linguagem”. Como também, apoiado na crítica positiva à concepção de linguagem particular que Wittgenstein anuncia no prefácio das Investigações Filosóficas, ele traz o significado para o curso contextual, ou seja, não é algo dado estritamente a priori. Em suma, a linguagem representada nas proposições factuais absorve as práticas linguísticas de caráter relevante em seus “uso” e “regras” próprias.

Palavras- chaves: Investigações filosóficas; linguagem; jogos de linguagem.

79 Graduanda do curso de Filosofia da UEFS.

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Sartre e Husserl: apropriações para uma ontologia fenomenológica

Luciana Lima Fernandes80

O presente trabalho enseja pensar alguns elementos relacionados à ontologia feno-menológica elaborada por Jean-Paul Sartre (1905–1980) em O ser e o nada (1943), partindo de sua concepção da fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938). Ini-cialmente, buscam-se elucidar de modo breve alguns pontos relevantes da fenomeno-logia husserliana, sobretudo aqueles apropriados por parte de Sartre. Vale esclarecer logo de início que aqui não se busca criticar ou estabelecer parâmetros de validade da leitura husserliana empreendida pelo autor francês, ou seja, não se pretende realizar um julgamento da leitura feita por Sartre, se foi coerente ou verdadeira ou se ela se desviou ou deturpou os ensinamentos de seu mestre. Procura-se compreender, em vez disso, quais as principais apropriações feitas pelo autor para que este pudesse formular sua ontologia fenomenológica e como chegou, a partir dessa leitura crítica de Husserl, a radicalizar seu conceito de intencionalidade da consciência e a abando-nar seu método de redução fenomenológica – o que será central para compreender o desenvolvimento da filosofia sartriana, sobretudo em sua obra principal O ser e o nada (1943).

Palavras-chave: Sartre; Husserl; fenomenologia.

80 Mestranda em Filosofia - Universidade Federal do Ceará.

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A partícula vaihingeriana do como se e a psicanálise de Freud

Luciene B. R. Borges81

No texto A máquina no homem, Zeljko Loparic aponta a influência do neokantiano Hans Vaihinger e de sua teoria do como se na formulação freudiana do conceito de aparelho psíquico, um conceito metapsicológico. Segundo Loparic, quando Freud compara a mente com uma máquina aproxima a sua teoria do aparelho à teoria do como se de Vaihinger, posto que, na verdade, não afirma que a mente é uma máquina, mas que ela age como se fosse uma em determinadas circunstâncias. Hans Vaihinger aborda a partícula como se em sua obra A Filosofia do como se – sistema de fic-ções teóricas, práticas e religiosas da humanidade, sobre a base de um positivismo idealista. São mais de setecentas páginas abrangendo vários aspectos do uso desta “partícula” e defendendo que o caráter ficcional desta pode ser encontrado em vários sistemas filósofos. Vaihinger reafirma a posição kantiana acerca do uso de ideias pu-ras da razão como um princípio meramente regulador, portanto não empírico. Tais ideias podem ser chamadas de ficções heurísticas, conceitos racionais sem objetos, meras entidades de pensamentos, servindo para guiar nossa razão em alguns aspec-tos, portanto, não pressupõem algo real. O caráter principal da ficção, ou seja, das representações auxiliares, é a utilidade no ordenamento de fenômenos observáveis. Objetivamos, com esta apresentação, explanar sobre a maneira como o pensamento de Vaihinger está presente na formulação de conceitos metapsicológicos de Freud. Al-mejamos, ainda, indicar como a influência vaihingeriana sobre a psicanálise de Freud reforça sua identidade epistêmica enquanto uma ciência natural. Por fim, aspiramos comunicar resultados parciais provenientes de nossa pesquisa de iniciação científica financiada pelo CNPQ, cujo título é “Psicanálise freudiana e hermenêutica: uma in-vestigação à luz da filosofia de Martin Heidegger e de Paul Ricoeur”.

Palavras-chave: Freud; metapsicologia; Vaihinger.

81 Bacharel em Filosofia pela Universidade Estadual de Feira de Santana- UEFS e aluna de licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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Da percepção, da música e do cinema a partir de Merleau-Ponty.

Luize Santos de Queiroz 82

Podemos compreender o cinema como uma forma temporal ou unidade melódica de som e imagem, pois é um exemplo concreto de tudo o que a nova psicologia Gestalt pode dizer sobre a percepção. A Gestalt implica uma grande influência no modo com que Merleau-Ponty concebe o cinema, e por isso, ele começa a distinguir a psico-logia clássica da teoria Gestalt através da análise da percepção do mundo segundo exemplos concretos da audição e visão. O seu interesse pelo cinema, enquanto algo percepcionado, se dá a partir do que foi posto pela fenomenologia da percepção, do olhar e também a partir de uma aproximação do outro à intersubjetividade. No cine-ma, essa caráter em que o espectador compreende de um modo excessivo aos dados do sentido, é de suma importância. Tal como no sistema da percepção em que o todo antecede as partes, também o cinema é percepcionado assim, onde o som, a imagem e o diálogo se encontram em um todo alcançando uma forma temporal. O olhar de quem percepciona torna-se um olhar cinematográfico, um olhar que coincide e co-existe com o próprio filme. O vidente coexiste com o visível. O olhar no cinema é reinventado a si próprio como olhar visível. Por isso, o potencial filosófico do cinema será o de mostrar de que modo estamos imersos no mundo e nos outros, e principalmente de que modo a própria intencionalidade se manifesta. O exterior dos corpos, nos seus comportamentos e gestos, são manifestação de uma consciência intencional, de uma consciência que toca. O filme, em sua forma temporal, não con-siste apenas em anexar som e imagens. A relação entre esses é primordial, pois há um sincronismo entre eles que cria uma realidade envolta na relação visível e invisível. É a partir disto que sucederá a nossa discussão.

Palavras-chave: Percepção; cinema; intencionalidade.

82 Aluna de Filosofia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.

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Sartre, a psicanálise existencial e a literatura.

Malcom Guimarães Rodrigues83

Àqueles que acompanham a leitura de L’être et le néant, há um desfecho que paira no ar: a obra parece terminar com um convite a uma análise mais elaborada no plano da psicanálise. Sartre, cujas preocupações extravasam o campo puramente teórico deste plano (e, pode-se dizer, sequer permanecem nele) e se situam à margem de uma análi-se moral, quer que esta psicanálise seja “existencial”. Esta psicanálise, afirma Sartre, “é uma descrição moral, já que nos oferece o sentido ético dos diversos projetos humanos”. Certamente não é uma simples descrição: é um método hermenêutico, e o termo “sentido” não aparece naquelas palavras por acaso. Não se trata simplesmente de determinar o valor, nem de achá-lo “pronto” nalgum céu inteligível. Sou o “fun-damento sem fundamento” dos valores que, enquanto estou em situação, apontam à minha escolha original. Só que esta escolha é representada ou, se preferirmos, sim-bolizada, desde as mais insignificantes condutas; está em cada gosto, em cada gesto, em cada ato. Se o objetivo da psicanálise existencial é desvendar o sentido da escolha original, será que, como a psicanálise freudiana, ela poderia almejar minimizar o sofrimento psíquico oriundo dos atos que revelam tal escolha? Uma breve análise de algumas obras literárias de Sartre, e particularmente de alguns de seus personagens, talvez possa nos guiar nesta questão.

Palavras-chave: Psicanálise existencial; literatura sartriana; reflexão ética.

83 Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e professor de Filosofia – UEFS.

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Os conceitos de historicidade e historiografia no pensamento de Heidegger: breves considerações.

Mara Margarida Barbosa Machado84

A presente comunicação tem como objetivo explanar e tematizar sobre os caminhos percorridos pelo filósofo Martin Heidegger para construir a diferença entre os concei-tos de historicidade (Geschichtlichkeit) e historiografia (Historie). Almejamos, ainda, indicar como esta diferenciação se relaciona com os conceitos de tempo (Zeit) e de temporalidade (Zeitlichkeit). Para tanto, tomaremos como referência de análise o ca-pítulo intitulado “Temporalidade e historicidade” da obra Ser e Tempo e a conferência Que é isto – a filosofia?.

Palavras-chave: Heidegger; historicidade; historiografia.

84 Licenciada em história – FUNESO – PE e aluna da Pós-Graduação em Filosofia-UEFS.

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A concepção existencialista do homem: breve introdução

Marconi Venancio Feitosa85

Em seu livro O existencialismo é um humanismo, o filósofo Jean-Paul Sartre, dentre outros objetivos, procura esclarecer conceitos deturpados de sua filosofia, desenvol-vida em grande parte em O Ser e o Nada: Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Muitas são as acusações: de estimular as pessoas a certo quietismo por meio de uma filosofia contemplativa; de expor aos quatro ventos o que há de sórdido e suspeito no homem, ignorando o que há de belo e o lado luminoso do humano; de suprimir os mandamentos de Deus e, portanto, permitir que cada um faça o que quiser de maneira gratuita. Neste trabalho, sinalizaremos de maneira breve que as acusações feitas contra Sartre não tem fundamento real em sua própria filosofia, mas são uma interpretação equivocada. Em tempo, mostraremos que, para Sartre, o existencialista geralmente declara que o homem é angústia. Isto quer dizer que o homem que se dá conta da sua total e profunda responsabilidade não poderia se furtar do sentimento de angústia. E se este não se sente angustiado diante de tamanha responsabilidade, é porque está mascarando a sua angústia ou agindo de Má-Fé (enganando a si mesmo). Sendo assim, faz-se necessário entender os “mecanismos” pelos quais agimos de Má--Fé. Em outras palavras, qual o paradoxo que nos leva a enganarmos a nós mesmos?

Palavras-chave: Sartre; existencialismo; essência.

85 Graduando em Filosofia pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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Da disciplina ao controle: reflexões sobre a avaliação processual e continuada.

Marcos da Silva da Rosa86

A presente comunicação tem por objetivo analisar o sistema de avaliação processual e continuada, no qual a verificação da aprendizagem acontece de modo constante ao longo das aulas, não apenas em momentos específicos e pré-determinados, relacio-nando-a com os conceitos de sociedade disciplinar, cunhado por Michel Foucault e sociedade de controle, desenvolvido por Gilles Deleuze. A intenção é demonstrar que este sistema de avaliação, que inicialmente traz a ideia de proporcionar mais autonomia ao aluno, como também ampliar as possibilidades de manifestação de seu aprendizado, pode, por outro lado, revelar-se um instrumento aperfeiçoado das ava-liações tradicionais e disciplinares, ao passo que permite ao professor multiplicar seus instrumentos de controle.

Palavras-chave: avaliação processual; sociedade disciplinar; sociedade de controle.

86 Aluno do curso de Direito da Universidade Estadual de Feira de Santana- UEFS e especialista em filosofia contemporânea (UEFS) Professor de História da Rede Municipal de Ensino de Feira de Santana.

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Filosofia e Literatura: a morte de Deus e a morte do homem em Friedrich Niet-zsche e José Saramago.

Marcos Fellipe Costa Marques87

A crítica da ideia de Deus é recorrente nas obras do escritor José Saramago. Tal crítica chega ao ápice em seus romances Evangelho Segundo Jesus Cristo e, especialmente, em Caim. Neste último, é expresso o desejo do humano em matar Deus para superar a realidade moral criada e consolidada sobre essa ideia. Em Caim a incapacidade de matar Deus leva à morte de toda a humanidade. A morte de Deus em Friedrich Niet-zsche consolida sua crítica aos valores fundamentais que sustentam a cultura moderna e é caminho para a superação do humano. Portanto, este trabalho pretende analisar os temas da morte de Deus e da morte do homem presentes no romance Caim de José Saramago a partir dos conceitos de morte de Deus e de além-do-homem presentes em Assim falou Zaratustra e em A Gaia Ciência de Friedrich Nietzsche, assim como analisar as possíveis relações entre os projetos de nova humanidade de Saramago e do além-do-homem de Nietzsche.

Palavras-chave: Filosofia e literatura; morte de Deus; além-do-homem.

87 Licenciado em Letras e em Filosofia / UEFS e FBB e professor de Filosofia / Secretaria Municipal de Lauro de Freitas.

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Introdução ao conceito de redistribuição em Nancy Fraser

Margareth R. Coelho Vaz88

Face às demandas sociais e econômicas atuais, a Teoria Crítica foi reconfigurada por Kant, Marx, Hegel, Freud. Como parte destas reformulações, a analista feminista e teórica crítica Nancy Fraser tenta recuperar a teoria social crítica em defesa da igual-dade, legitimando práticas democráticas na esfera pública. A proposta desta apresen-tação, de modo introdutório, é apresentar os pressupostos e justificativas de Nancy Fraser para o projeto de renovação da teoria crítica com foco na emancipação social e perspectiva de radicalização da democracia. Inserida no contexto da Teoria Crítica pós-habermasiana, a autora resgata a categoria redistribuição como referência filosó-fica e política, propondo articulá-la à categoria de reconhecimento amplamente defen-dida por Axel Honneth. Criticando concepções de justiça de viés monista ela propõe o paradigma bidimensional: reconhecimento e redistribuição. Tais categorias devem ser simultaneamente integradas e interdependentes. Nesta articulação, entre tensão e aproximação, ela propõe a adoção de um “núcleo normativo” que é a “paridade participativa”. O projeto de emancipação e teoria social é pautado nas perspectivas de “afirmação” e “transformação”, buscando estruturar uma práxis justa diante da reali-dade plural, complexa e antagônica das reinvindicações atuais. A sua proposta brota do contexto da relação entre gênero e justiça em meio ao pós-socialismo, neolibera-lismo e globalização. Preocupa-se com grupos sociais que sofrem simultaneamente de injustiça de ordem cultura-simbólica e econômica. Herdeira de um vocabulário filosófico- político destranscendentalizante, parece aproximar-se e afastar-se das teo-rias explicativas da democracia fundadas em interesse substantivos e ontologizantes, priorizando os pressupostos filosóficos da contingência e optando por um valor moral que permeia as relações sociais humanas: a igualdade e a liberdade.

Palavras-chave: Redistribuição; paridade participativa; teoria social crítica.

88 Mestranda em Filosofia (UFBA).

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A condição humana e animal no Tratado dos Animais de Condillac.

Mariana Moreira da Silva89

No Tratado dos Animais, obra que se contrapõe à posição de Descartes e de Buf-fon no que tange à questão da sensibilidade dos animais, Condillac considera que estes, assim como os seres humanos, igualmente providos de corpo e alma, elemen-tos necessários para a sensibilidade, constituem-se cognitivamente e orientam seu comportamento pelas sensações de prazer e dor. Esta consideração sugere uma apro-ximação entre as condições humana e animal, tendo em vista a capacidade de sen-tir. No entanto, embora homem e animal compartilhem do pressuposto da sensação, a concepção de Condillac, no que diz respeito à continuidade e ruptura entre am-bas as condições, não fica claramente definida. Ao decorrer do texto, o filósofo nos apresenta capacidades e conhecimentos que os animais, limitados ao âmbito das suas necessidades básicas, não são capazes de adquirir; a saber, a capacidade deliberativa, a aquisição da linguagem articulada, os conhecimentos de Deus e dos princípios da moral, o que introduziria um afastamento radical dos homens em relação àqueles. Assim, apresenta-se um impasse, pois Condillac, que aparentemente argumenta em prol de uma posição continuísta, declara uma distância infinita, que parece inaugurar uma ruptura radical entre homens e animais. Trata-se de saber, portanto, qual a posi-ção condillaciana no que diz respeito às condições humana e animal e, caso continui-dade e ruptura procedam, como fazer para conciliá-las?

Palavras-chave: Condillac; animais; continuísmo e ruptura.

89 Graduada/ Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestranda/ Universi-dade Federal da Bahia (UFBA).

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Kierkegaard e uma concepção moderna para a heroína grega Antígona.

Milene Fontes de Menezes Bispo90

O presente trabalho possui o intuito de investigar a releitura kierkegaardiana da he-roína trágica Antígona, do dramaturgo grego Sófocles. A interpretação do filósofo dinamarquês revela características do trágico moderno, as quais demonstram a in-fluência da tradição judaico-cristã na personagem, mas que carregam particularidades do trágico antigo. O distanciamento temporal entre a Antígona sofocliana e a heroína de Kierkegaard são observados nas consequências do processo de subjetivação do indivíduo, mediante o contraste entre os trágicos antigo e moderno, o que nos permite identificar a insuficiência do indivíduo, que o direciona ao isolamento.

Palavras-chave: Antígona; trágico; subjetivação; isolamento.

90 Discente em Filosofia – UESC/BA e bolsista de Iniciação Científica – FAPESB.

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O Estágio Supervisionado como aprofundamento da experiência vivida e refle-xão

Nailton Fernandes da Silva91

Com o intuito de descrever a experiência vivida na atividade de Estágio Supervisio-nado em Filosofia 3, no segundo semestre de 2014, em uma escola periférica no Esta-do de Alagoas, entendendo-se aqui a experiência vivida em termos fenomenológicos como condição pré-reflexiva para se refletir os conteúdos e dados apresentados nas circunstâncias presenciadas na qualidade de observador. Este trabalho, em termos gerais, mostra a necessidade do graduando de se “viver” a experiência de estágio, observando os pontos positivos e negativos de sua futura atividade profissional como docente, e, sobretudo, oferecendo ao estagiário uma oportunidade de deliberar, opinar e produzir ideias, enquanto facilitador e parceiro da escola envolvida nessa atividade de aprofundamento e construção da experiência docente.

Palavras-chave: Estágio supervisionado; experiência vivida.

91 Graduando em Filosofia pela UFAL e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID.

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O conceito do Outro na filosofia levinasiana

Najla Peixoto dos Santos92

Enquanto o homem não ampliar sua visão, o seu modo de ser no mundo, admitindo a sua decadência enquanto ser individualista, esse será permanentemente sufocado por seus próprios anseios egocêntricos, na busca de atingir uma plena satisfação. Este trabalho tem como objetivo apresentar o conceito do Outro, na filosofia levinasiana. Pretende-se com ele realizar um estudo na perspectiva do filósofo Lévinas sobre o problema do outro na relação intersubjetiva, com o intuito de alcançar possíveis res-postas para a proposta a ser discutida. Em Lévinas, a existência do outro é algo que deve ser assumido para que o eu possa dar sentido à sua própria vida. É nesse contex-to, que ao estabelecer uma relação interpessoal, o outro deve ser compreendido na sua exterioridade, percebendo-o não numa relação de totalidade, onde o outro é reduzido ao mesmo, mas numa abertura à sua complexidade e diferença. Deste modo, o tema será desenvolvido por meio de exposição de ideias, argumentação e questionamentos, utilizando-se como base para diálogo a obra Totalidade e Infinito, buscando expor de maneira clara os pensamentos pertinentes à nossa temática. Em Lévinas veremos que a relação do Eu consigo mesmo, que na tradição filosófica era primordial, perde espaço para a intersubjetividade, esta em sua filosofia ganha maior relevância, tendo o Outro e não o Mesmo (eu) como fator principal. Este Outro, que se releva na relação face-a-face, convoca à responsabilidade da ética da alteridade. Desse modo, a preten-são aqui é desenvolver uma pesquisa que discuta a problemática do Outro com base na fundamentação teórica do autor.

Palavras-chave: O Outro; alteridade; Lévinas.

92 Graduanda do Curso de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Fede-ral do Recôncavo da Bahia – UFRB

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A concepção de prazer sob a perspectiva epicurista

Nária Araújo de Freitas93

Ornélia Araújo da Rosa Lemos

O presente trabalho trata de uma proposta no campo da ética que visa abordar o conceito de prazer na concepção do filósofo e pensador grego Epicuro, também deno-minado o filósofo do jardim. Tal denominação lhe foi atribuída pelo fato de ter sido ele fundador de uma escola filosófica cujo nome era jardim e era famosa também por cultivar a amizade. Na sua doutrina, encontramos uma ética voltada para ensinar a evitar ou suportar a dor, o medo e o sofrimento. Para os epicuristas o supremo bem a ser buscado na vida é o prazer (em grego, hedonê). Ele afirma que a felicidade só é alcançada quando se vive uma vida prazerosa. Em outras palavras, trataremos aqui do prazer como principal objetivo para uma vida feliz, não o prazer imediato subor-dinado às sensações como, por exemplo, paixões, medos, receios e, sim, o prazer ligado ao bom uso da razão, que, segundo o pensamento do filósofo, leva o homem a ter como meta principalmente a tranquilidade de espírito e a serenidade da alma, que, consequentemente, o levará à realização de seu principal objetivo que consiste em alcançar a felicidade e o bem viver. Para o filósofo, a total aquisição da ausência de perturbação da alma só é alcançada quando o homem liberta-se de três preocupações: dos deuses, da morte e da atividade política. Não há razão para se temer aos deuses, pois eles, enquanto seres perfeitos, não se preocupam com as coisas desse mundo. Quanto à morte, não há motivo para temê-la, pois quando ela está presente, nós é que não estamos. No que diz respeito à vida política, deve-se afastar dela, pois ela é cheia de preocupações.

Palavras-chave: Ética; prazer; Epicuro.

93 Discentes de Filosofia- UFRB.

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A relação entre o ente e o nada em Heidegger

Natan Luiz Neri de Sousa94

O texto a ser apresentado tem por objetivo recompor o fio condutor da argumentação heideggeriana sobre o conceito de nada e o seu papel fundamental no movimento de vir a ser do ente. Para isso, retomamos o estudo de Heidegger sobre a noção grega de physis, procurando mostrar o modo como o ser se dá (es gibt) a partir do entendi-mento de “natureza” como o vigor dominante que brota e permanece. Nesse itinerário lançaremos mão de alguns textos de Heidegger que tratam do tema, tais como: Ser e tempo (1927), Que é metafísica? (1929) e Introdução à metafísica (1935). Nesta abordagem pretendemos nos aproximar do próprio fenômeno de manifestação do ente com o intuito de investigar a relação que ele mantém com o nada.

Palavras- chave: ser; ente; nada.

94 Bolsista PIBIC/FAPESB e Graduando em Filosofia pela Universidade Esta-dual de Feira de Santana – UEFS/DCHF.

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A falseabilidade: um “novo” critério científico

Nathalia Gleyce dos Santos Salazar 95

Comunicação acerca do problema da demarcação em Karl Popper. Problematiza-se qual o critério a ser utilizado para a caracterização de uma teoria científica. A solução formulada por Popper é a de que uma hipótese só se constitui como teoria científica quando é falseável. Tal critério denomina-se falseabilidade o qual também abarca o escopo de demarcação entre ciência e não–ciência. Desta forma, o sistema apresen-tado por este físico e filósofo da ciência contrapõe-se a tudo que estava sendo feito até então, principalmente ao que o renomado grupo do Círculo de Viena apresentava como método científico. Para o desenvolvimento desta abordagem, recorre-se à obra Conhecimento objetivo, especificamente o capítulo intitulado “Conhecimento conjec-tural”, no qual encontramos a solução para o problema da indução, e à obra A lógica da Pesquisa científica, capítulos 4 e 5, os quais apresentam a proposta de falseabili-dade e os problemas que constituem a base empírica.

Palavras-chave: Demarcação; falseabilidade; indução.

95 Mestranda de Filosofia – UFPI.

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Do Princípio de obrigação mútua: uma perspectiva na pesquisa envolvendo seres humanos

Nilo Reis96

As ciências não podem renunciar à ética como um pressuposto de suas atividades, sobretudo as que requerem pesquisas com seres humanos. Esta observação resulta da Carta Magna, ao reconhecer o direito à dignidade do indivíduo como valor supremo a ser preservado. A partir desta imposição legal e, ao mesmo tempo, buscando o apoio filosófico às estreitezas das leis, recomenda-se o princípio de obrigação mútua como um elemento a mais a ser colocado no conjunto da ética principialista com a intenção de garantir o desiderato constitucional. Trata-se de um componente compatível para lidar com os dilemas postos pelos problemas da existência. Estes devem conviver com o sucesso das ciências e com os frutos das tecnologias. As exigências objetivas das ciências, aliadas à sua produção e ao seu uso, devem estar comprometidas com o engajamento ético dos indivíduos que a produzem, máxime com a responsabilidade do devido direito à dignidade do sujeito que participa dos protocolos de pesquisa. Não obstante, é preciso que o cuidado ético com a pessoa humana não seja apenas abali-zado em normas previstas na legislação, mas sim em uma ideia sublime do respeito com o outro. Esta condição é imprescindível ao trabalho livre dos cientistas. Em razão disso, defende-se a adição do princípio de obrigação mútua àqueles propostos na ética principialista. Nesta perspectiva, esta comunicação propõe-se a apresentar e discutir a relevância deste elemento.

Palavras-chave: Ética; pesquisa; obrigação mútua.

96 Doutor em Filosofia – PUC-SP e professor de Filosofia – UEFS.

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Educação para a cidadania na perspectiva de Jean-Jacques Rousseau

Ornélia Araújo da Rosa Lemos

Nária Araújo de Freitas97

Partindo do pressuposto de que a educação molda os homens, o teórico Jean-Jacques Rousseau segue defendendo, na obra Emílio, que a educação deve iniciar-se já na infância. Segundo o autor, o estado da infância é importante para o amadurecimen-to do homem. Desta forma, para o desenvolvimento da educação deve-se levar em conta a necessidade da aproximação dos conhecimentos da vida aos conhecimentos científicos. Assim sendo, o seguinte trabalho trata de uma proposta filosófico-educa-cional, visando refletir o processo de desenvolvimento de uma Educação voltada para a cidadania na perspectiva de Rousseau, o qual considera que a humanidade tem seu lugar nas ordens das coisas. Dessa forma, a educação rousseauniana tem sua origem na infância e perdura por um longo período, e seu desenvolvimento não depende uni-camente de uma pessoa, ou apenas de um tipo de educação, mas exige apoio das rela-ções sociais para qualificação da formação humana. O presente trabalho busca com-preender como se dá o método de educação natural, realizada por meio dos sentidos e da liberdade, bem como verificar quais os fatores decorrentes da vivência diária que interfere na constituição humana e cidadã. Como é sabido, educar não só é instruir, mas contribuir para a formação do cidadão. Para tanto, faz-se necessário entender o lugar da criança na ordem da vida do ser humano, uma vez que, o desenvolvimento infantil perpassa por etapas evolutivas a fim de constitui-se de maneira formadora para o processo de maturação e ampliação do homem em sociedade.

Palavras-chave: Educação; cidadania; Rousseau.

97 Discentes de Filosofia – UFRB.

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Relação do trabalho em Marx e o trabalho docente

Paloma Amorim de Brito98

O trabalho é condição de existência do homem, pois ele necessita de se apoderar da natureza para sobreviver; e na medida em que ele transforma a natureza para atender às suas necessidades se transforma simultaneamente, sendo ambos indissociáveis do trabalho ser uma apropriação da natureza, bem como a apropriação de si, de forma genética com centralidade no sentido ontológico. Este é o modo pelo qual os seres humanos produzem a sua humanidade e a sua existência. A presente comunicação tem por objetivo tecer reflexões sobre a concepção de trabalho elencada por Karl Marx, bem como o conceito da alienação do trabalho e da mais-valia em seus escritos filosóficos, e reconhecer as relações do trabalho docente. De acordo com o pensa-mento marxista a questão do trabalho e suas implicações envolvem o capitalismo e a inferência dos aspectos sociais, econômicos e políticos. Marx enfatiza que o trabalho também deve ser norteador do processo revolucionário de superação do capitalismo, ou seja, mais uma vez ele reafirma a transformação radical da natureza através do tra-balho. É nesse sentido que o homem se apresenta no contexto de produção enquanto ser humano e também ser social. Torna-se necessária uma formação inicial sólida, que possibilite delinear o senso crítico do profissional acerca da sociedade capitalista com os conceitos especificados pelo autor. O estudo foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, realizada em artigos da Revista Educação e Sociedade, na base de da-dos do Scielo, selecionados a partir das seguintes palavras-chave: Marx, trabalho e trabalho docente, além das literaturas do próprio autor. Partindo desse pressuposto, a reflexão que se segue é de suma importância para compreender a concepção do traba-lho em Marx, deslocando esta para o trabalho docente.

Palavras-chave: Trabalho; educação; trabalho docente.

98 Graduanda em Pedagogia – UEFS.

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A Ciência buscada em Aristóteles

Pedro Henrique Ciucci da Silva99

Sem dúvida, não é exagero dizer que a investigação de Aristóteles obteve como obje-tivo principal responder aos sofistas: a polêmica contra os sofistas é presente, por toda parte, em sua obra, não somente em seus escritos lógicos, mas também na Metafísica e mesmo na física, e ela é encontrada em numerosas passagens em que a sofística não é visada expressamente. Ao ver-se a insistência com a qual Aristóteles retoma os argumentos que aparentemente despreza, pressente-se a importância real, embora inconfessa, da corrente de pensamento sofístico na constituição de sua filosofia. To-das as outras são suas relações com o platonismo: a polêmica antiplatônica é mais claramente circunscrita e é conduzida com uma segurança e um contentamento de si que levam a pensar que Aristóteles estava bem perto de considerar sua crítica como definitiva. Ao contrário, as aporias suscitadas pelos sofistas renascem muito pouco re-solvidas; impõem-se como uma obsessão e suscitam esse “espanto” sempre renovado que deixa, tanto para Aristóteles como para Platão, o ponto de partida da ciência e da filosofia. Por fim, a sofística não é para Aristóteles uma filosofia dentre outras. Ela é, em um sentido, muito menos que isso, pois o sofista não é filósofo e contenta-se em “cobrir-se com o mesmo manto que o filósofo”: sua sabedoria não é senão aparente e sem realidade. Mas se a sofística não é uma filosofia, ela é aparência da filosofia e, desse modo, o gênero de realidade em que ela se move é o mesmo que para a filosofia. Enfim, o que diferencia o sofista do filósofo é menos a natureza mesma dos problemas que a intenção com a qual eles são abordados: intenção de verdade de um lado, busca de um proveito do outro.

Palavras- Chaves: Metafísica; Filosofia; antiplatonismo.

99 Mestrando- PUC-SP.

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Cotidianidade e hermenêutica em Ser e tempo: breves considerações

Priscila Leal Bispo Lopes100

A necessidade de retomar a questão sobre o sentido do ser aparece na obra Ser e tempo em razão do esquecimento deste pela metafísica tradicional. Heidegger afirma que essa é a questão fundamental da filosofia. Sua retomada implica em uma tarefa basilar: a investigação sobre o ente para quem o ser se dá, a saber, o ente que nós mesmos somos, denominado por Heidegger de Dasein (ser-aí). Na perspectiva heideggeriana, para re-colocar a questão do ser é necessário realizar uma analítica dos modos de ser do Dasein. A primeira via de acesso a esse ente se concretiza pela análise de seu modo de ser cotidiano, marcado pela ocupação com os entes que ele encontra no modo da manualidade (Zuhandenheit), ou seja, marcado pelo manuseio do que se abre a partir do uso. Esta forma de abordagem da cotidianidade coloca o conhecimento como um modo derivado de ser do Dasein, como uma ação que pres-supõe a abertura de mundo realizada pela ocupação. É na cotidianidade mediana do Dasein, em seus modos fáticos de existir, que encontraremos o horizonte para uma hermenêutica heideggeriana. Nessa comunicação, pretendemos tematizar em que me-dida o campo de sentidos aberto pela lida cotidiana é a fonte para a discussão herme-nêutica em Heidegger.

Palavras- chave: Hermenêutica; cotidianidade; facticidade.

100 Graduanda em Filosofia – UEFS.

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A questão do gosto em Hume e Burke

Priscila Sousa Lopes101

Fabrício Santana Lacerda

Como critério pelo qual se julgam os objetos, nasce o gosto, tema abordado por Da-vid Hume e Edmund Burke. Em sua obra Do padrão do gosto, Hume questiona a existência de um padrão de gosto, visto que há uma enorme variedade de avaliações sobre a beleza, a qual só existe no espírito que as contempla. A beleza não é uma qua-lidade das próprias coisas. Cada espírito infere uma beleza diferente e para discernir as belezas consideradas mais elevadas é necessária a delicadeza do sentimento. Quem a possui estabelece o verdadeiro padrão de gosto e da beleza. Para Hume, tentar esta-belecer uma beleza real seria tão leviano quanto buscar determinar um amargo real ou uma doçura real, já que, de acordo com as disposições do órgão do corpo, o mesmo objeto pode ser tanto doce como amargo. Burke, diferentemente de Hume, propõe que as percepções e os gostos podem ser praticamente os mesmos, considerando as faculdades inatas do homem: sentido, imaginação e juízo. O que se quer, de maneira especial com a apresentação dessa comunicação, é apontar para a questão que se sus-cita diante dos argumentos destes filósofos: será que o gosto possui tanto o aspecto individualista, subjetivo, quanto a dimensão mais objetiva, universalizada?

Palavras-chave: Gosto; Hume; Burke.

101 Aluno de Filosofia - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB e bolsista PIBID/FAPESB.

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A relação corpo e poder em Michel Foucault.

Rafael Azevedo dos Santos 102

O presente trabalho busca compreender como o corpo tem sido alvo de investimen-to do poder disciplinar a partir das investigações foucaultianas. O corpo não é um tema explícito nas obras de Foucault, entretanto o filósofo francês demonstra interes-se numa noção de corpo produzida pelos investimentos do poder e do saber, que se torna recorrente em suas obras. Assim, diz Foucault no livro Microfísica do Poder: “O poder penetrou no corpo, encontra-se exposto no próprio corpo...”. A investigação da noção de corpo é importante na medida em que se constitui como conceito chave para a compreensão da materialidade da ação do poder. Cada parte do corpo é penetrada pelo poder de tal forma que as ações do poder disciplinar se tornam imperceptíveis. Não só nas prisões, mas através das escolas, da medicina, etc., o poder torna os indi-víduos disciplinados, isto é, dociliza os corpos mesmo que esses indivíduos estejam alheios à sua condição. Tal poder, segundo Foucault, produz também um saber sobre os corpos, a exemplo da medicina e da psicanálise, que ditam o que é normal e o que é anormal. Uma visão de um corpo orgânico, ou mesmo a pergunta por um ‘eu nor-mal’ produzem um corpo determinado, isto é, negligenciam o corpo como um palco de possibilidades.

Palavras-chave: Corpo; poder; disciplina.

102 Graduando em Filosofia pela UEFS.

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Descontinuidade do Aprender: uma Abordagem no Ensino de Filosofia.

Ramires Fonseca Silva103

A comunicação visa analisar como as propostas curriculares elaboradas pela Secre-taria de Educação do Estado da Bahia, direcionadas ao ensino de filosofia na modali-dade de ensino “Educação de Jovens e Adultos”, são assimiladas pelos estudantes no Colégio Estadual Ruth Pacheco em Salvador-Ba. Observa-se que a implementação dos eixos temáticos, sugeridos pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, não contempla uma abordagem de assuntos filosóficos significativos. Ao contrário, si-naliza em direção de práticas inclinadas a reproduzirem as condições institucionais de passividade do alunado. E mais, tem produzido generalizações que vem servindo para deslegitimar experiências de professores, consolidando, assim, contextos que não condizem com procedimentos didáticos assimiláveis, evidenciando apenas pro-postas que engessam o fazer docente. Uma postura mais reflexiva do professor não contribuiria para gerar uma valorização do saber trazido pelos estudantes-trabalha-dores? E, consequentemente, não produziria um espaço de aprendizagem propício à provocação filosófica efetiva? Trata-se de compreender a produção teórica feita pela filosofia francesa contemporânea, mais especificamente por Gilles Deleuze, quando trata o ensino de filosofia como uma experiência do pensamento na resolução de pro-blemas, operando um deslocamento no pensamento filosófico tradicional que estaria, ainda, calcado na representação, isto é, segundo ele, na ‘tradução’ do pensamento do filósofo, onde predomina, em certa medida, uma repetição de um caminho já trilhado. Este procedimento ‘paralisa’ o pensamento. O movimento surge a partir da ideia do ‘problema’ a ser resolvido ou não, debatido, refletido e na tentativa de solucioná-lo, dentro de um formato que cause o movimento do pensamento. Analisado sob este ân-gulo, a estratégia criativa prevê um trabalho plausível, que possibilite ao estudante um ambiente pedagógico construtivo, no qual o alunado esteja sempre inserido, dentro de um contexto peculiar, com suas experiências de vida, as quais serão motivadoras e os levarão a enfrentar questões do seu tempo.

Palavras-chave: Docência; filosofia; problema.

103 Bacharel e Licenciado em Filosofia, Universidade Católica do Salvador e professor da Rede Estadual de Educação e Supervisor do PIBID/Filosofia/UFBA.

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A experiência onírica enquanto heterotopia.

Rangele Leite Campos104

A partir do conceito de heterotopia, formulado pelo filósofo Michel Foucault, inau-gurado no campo da história pela historiadora Marta Mega de Andrade e relacionan-do-o com o conceito de não-lugar do antropólogo francês Marc Augé, neste trabalho buscaremos abordar este campo (das heterotopias), enquanto um não lugar, ou como indica o próprio título da obra de Michel Foucault, Outros espaços, a experiência oní-rica. No entanto, aqui trataremos da experiência onírica situando-a na Grécia da An-tiguidade Tardia, sobre a qual acessaremos através da obra de Artemidoro de Daldis, Onirocrítica. No caso em questão, os não-lugares abarcam o sonho, o pensamento, o sentimento, o que se constrói cotidianamente e como é construído o cotidiano que os envolve. A experiência onírica se torna campo de estudo do historiador quando este vê a temática do espaço para questionar aquilo que é naturalizado. Como, por exem-plo, o que cabe no escopo do historiador? Os sujeitos históricos de uma época podem ser estudados através dos registros de seus sonhos? Ou ainda, se a história estuda a ação do homem no espaço e no tempo, se o homem grego consegue situar o sonho em sua vida cotidiana não seria também um trabalho do historiador refletir sobre isto? Se jogarmos aquilo que nos inquieta para o “colo” das outras ciências, pois somente a elas compete a lida com este ou aquele objeto, estaremos concordando com uma prá-tica unilateral que afirma que a cada campo de conhecimento cabe um tipo específico de terreno. O presente trabalho se trata, desta forma, de uma reflexão transdisciplinar.

Palavras-chave: Sonho; Grécia; heterotopia.

104 Graduanda em História pela Universidade Estadual de Feira Santana- UEFS.

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Análise do conceito de prazer na obra A história da sexualidade, de Michel Fou-cault

Reijane dos Santos Ferreira105

Esta proposta de trabalho pretende refletir a noção de prazer no pensamento foucaul-tiano. Trata-se de analisar os movimentos deste conceito na modernidade confrontan-do-o com a noção de prazer no entendimento dos filósofos antigos. Para tal, teremos as seguintes questões norteadoras: por que, na modernidade, o prazer se transforma em moeda de troca, ganhando por vezes um sentido de utilidade e em algumas situa-ções, de negatividade? Qual o papel da ciência na conformação desse novo entendi-mento da noção de prazer? De acordo com o pensamento foucaultiano, perdemos a prática do prazer, tal como a entendia os antigos, no momento em que a reduzimos ao desejo. O prazer não é mais uma prática própria do campo ético, mas está envolto como uma coisa que eu consigo problematizar. Agora o prazer configura um pro-blema e se apresenta como uma negatividade, colocando em questão a relação do sujeito com a moral vigente e por consequência com seu bem-estar na coletividade. A busca pelo prazer vai dizer quem eu sou, apresentando-se como algo que eu preciso alcançar, algo por vir e não mais como algo que eu posso alcançar em uma atividade: Pratico algo para ter prazer ao invés de buscá-lo na minha prática. Estas serão as abordagens centrais da apresentação.

Palavras- chaves: Ética; prazer; resistência.

105 Graduanda em Filosofia - Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

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O caráter instrumental da violência e o poder em Hannah Arendt

Reinaldo Batista dos Santos Filho106

Esse Trabalho se propõe a compreender o conceito de Violência no pensamento de Hannah Arendt. Há de se ter como enfoque a inequivocável distinção feita por Hannah Arendt entre poder e violência, e de que maneira a violência se constitui como sendo de caráter instrumental – uma vez que por instrumental entende-se todo armamento bélico em potencial para fazer a guerra – enquanto que o poder pressupõe ação em grupo. O implemento de armas é a condição necessária para a constituição da violência. O progresso ilimitado, defendido pelos hommes de lettres do século XIX, é o desenvolvimento do que já temos em algo melhor, maior, etc. E, segundo essa concepção, a história é considerada como um processo cronológico contínuo, em que o progresso é ademais inevitável. Porém, as imprevisíveis consequências do desenvolvimento bélico – como a destruição dos que se engajam no aperfeiçoamento de armas – coincidem com o progresso da ciência e estão em muitos casos levando ao desastre. Temos por objetivo responder, a partir dos elementos conceituais arendtianos, a seguinte questão: haveria alguma maneira de interromper o processo cronológico contínuo da história? Levando-se em conta a instrumentalização bélica e o progresso técnico do século XX, buscar-se-á, por intermédio desta investigação, um diálogo entre a obra da pensadora semita Hannah Arendt e a realidade política da atualidade.

Palavras-chave: Violência; poder; tecnologia.

106 Graduando em Filosofia - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

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Avenida verdade ou qual a forma da exposição filosófica.

Rodrigo Araújo107

Sabemos que a filosofia beneficiou-se dos imperativos que governam a ciência para transformar-se em “profissão”. Acredita-se haver aí algo de refratário ao engano, imu-ne às interpolações de qualquer tipo de subjetividade. Uma aproximação da filosofia com a arte, ou melhor, do tratamento dado à filosofia como um gênero literário ainda parece constranger parte significativa da comunidade filosófica, tanto no âmbito na-cional quanto internacional. A proposta desta comunicação é refletir sobre a forma de apresentação da filosofia, qual o gesto que lhe molda e quais as razões que a justificam enquanto tal. Três autores são fundamentais em nossa argumentação: W. Benjamin, T. Adorno e A. Danto.

Palavras-chave: Filosofia; ciência; arte.

107 Professor de filosofia do IFBA e doutorando em filosofia pela UFBA.

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Preservação e Atualização na experiência antropófaga cultural

Rodrigo Ornelas108

A partir de 1928, com o “Manifesto Antropófago” e as Revistas de Antropofagia, ela-borando Antropofagia como conceito, Oswald de Andrade oferece um horizonte teó-rico-filosófico para o modernismo brasileiro, que queria emancipar e dar identidade ao país, preservando, porém, seu hibridismo cultural formador e atualizado. Oswald caracteriza a atitude antropófaga indígena como uma Weltanschauung, para além do ato literal de alimentação, baseado na observação de Montaigne, em seus Essais, de que a cultura canibal é uma visão de mundo autônoma. O modernismo artístico bra-sileiro problematizou a questão de como criar uma arte própria e ao mesmo tempo moderna. Seus atores reivindicavam para a arte brasileira identidade e atualidade; sua consequência seria uma arte de exportação, proposta que aparece no “Manifesto da Poesia Pau Brasil” (1924). A amarração conceitual da possibilidade emancipatória de uma cultura espacial e temporalmente híbrida dá-se, enfim, na perspicaz escolha por Oswald da antropofagia como conceito a um só tempo próprio – pois está em sua identidade ameríndia – e definidor – pois torna seu hibridismo identitário – da cultura brasileira. Nessa perspectiva, antropofagia é, precisamente, um tipo de apropriação dessacralizadora-emancipatória da cultura, o que ressoa como importante ferramenta para a permanente (re)construção identitária de uma cultura híbrida, como no caso das sociedades pós-coloniais, particularmente o Brasil. A metáfora apropriacionista da antropofagia oswaldiana encerra o aspecto sempre atualizado dessa convergên-cia. O indígena não comia o inimigo por gula, num processo de destruição do outro, mas por assimilação e preservação do outro. É desse modo que o antropofagismo responde à nossa demanda modernista: Antropofagia, nesse contexto, é uma radica-lização da exigência de identidade brasileira, onde confluem tradição e atualidade. Ela é Apropriação como um traço cultural brasileiro progressista, onde é também característica identitária. Mas a característica de identidade cultural chave torna-se a própria hibridação, repetidamente atualizada (e atualizável) – na atitude apropriacio-

108 Mestre (UFBA), doutorando (UFBA) e professor de Filosofia - (UEFS).

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nista-antropófaga.

Palavras-chave: Identidade; antropofagia; modernismo.

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A crítica de Walter Benjamin à reprodução em massa da obra de arte

Rodrigo Silva Santos109

Nesta comunicação pretendemos abordar a teoria do Filósofo alemão Walter Benja-min (1892-1940) acerca da obra de arte em seu período de reprodutibilidade técnica. O desenvolvimento dos processos industriais ocasionou profundas mudanças na ma-neira de conceber e produzir obras de arte, inclusive através de novas manifestações artísticas como a fotografia e o cinema, que inauguram um novo paradigma no campo das artes. Os novos meios de reprodução técnica coincidem com o período de emer-gência da cultura de massas, o que permite levantar uma série de questões sobre o estatuto da obra de arte. Afinal, podemos considerar o filme cinematográfico e até mesmo a fotografia como legitimas obras de arte? Qual a diferença entre um ator de teatro e um intérprete em cinema? Podemos indagar se com as novas manifestações artísticas, que permitem a realização de ensaios prévios e montagens de imagens com sobreposição de som e dublagem através de técnicas e aparelhos sofisticados, não se perde algo do que caracterizava a arte como tal, a saber, o “aqui e agora”, e essência que seria captada por meio da arte tradicional. Com efeito, esse aspecto que confere certa “autenticidade” à obra de arte é valorizado pelo filósofo, ao passo que estaria au-sente na fotografia e no cinema, uma vez que intervém a reprodução técnica nas obras assim produzidas. É por isso que se faz necessário, primeiramente, discutir o conceito de “aura” para avaliar em seguida como é que a reprodutibilidade técnica destrói a aura da obra de arte. Isso nos permitirá também examinar algumas consequências do modelo capitalista de produção, sobretudo, no campo social e político em que opera uma verdadeira revolução.

Palavras-chave: Arte; aura; sociedade.

109 Aluno de Filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.

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Má-fé: fundamento para subsistência e subterfúgio da responsabilidade, no existencialismo sartreano

Rosa Ilana Santos110

O presente trabalho tem o intuito de expor o primeiro capítulo monográfico, que tem como tema, Má-fé: fundamento para subsistência e subterfúgio da responsabilidade, no existencialismo sartreano. O existencialismo representado pelo filósofo Jean-Paul Sartre apresenta alguns conceitos que são caros ao seu pensamento, os quais, no de-correr desta comunicação, trataremos de demonstrar. Dentre estes conceitos, pode-mos citar a Consciência, o Ser, o Nada, a Liberdade, a Angústia, a Responsabilidade e a Má-fé, que são embasamentos principais para identificarmos o que é o homem e de que modo ele se situa no mundo. Contudo, atentarei para Má-fé, uma vez que ela se encontra muito presente no homem, estabelecendo-se enquanto tentativa de camuflar a angústia e a liberdade, entendendo-a assim, como elemento basilar para busca de sentido de vida, bem como uma possibilidade de fuga da responsabilidade que lhe compete, a responsabilidade de si e do outro.

Palavras-chave: Existencialismo; responsabilidade; má-fé.

110 Aluna de Filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB.

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Inspiração e caracterização do ser inspirado no Íon de Platão

Rummenigge Santos da Silva111

A comunicação tem por objetivo analisar o conceito de inspiração presente no diálogo Íon de Platão, pondo em evidência os aspectos da “força divina” (theía dýnamis) no discurso poético e na rapsódia. Primeiramente será evidenciada a definição dada por Sócrates de um bom rapsodo (530 b-c), definição essa que também será relacionada com a do bom poeta, presente na República (X, 598 d-e), mas também presente no próprio diálogo Íon (531 a-c), quando Sócrates trata dos aspectos comuns do con-teúdo presente nos poemas de Homero, Hesíodo e Arquíloco. Com isso, tenho por objetivo expor uma análise crítica contida em cada atribuição. Dessa forma, quando Sócrates diz que o bom rapsodo é um interprete (hermenéa) do pensamento (dia-noías) dos poetas, deverá ser analisado que tipo de pensamento é este contido no conteúdo poético, para só então ser verificado se tal interpretação é possível. Com isso, passar-se-á a entender a especificidade da “força divina” dentro da inspiração e da composição poética, bem como o papel da Musa inspiradora em cada um dos momentos em que essa força atua.

Palavras-chave: Rapsodo; força divina; musa.

111 Mestrando em Filosofia - Universidade Federal do Ceará.

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“Meu mundo é hoje”: O conceito de passado, em Martin Heidegger, e seu diálogo com os fragmentos do presente no romance O Amante, de Marguerite Duras.

Samuel Marcílio Lopes de Oliveira112

Martin Heidegger (1889-1975) é um dos filósofos mais polêmicos e com ricas contri-buições para a Filosofia no século XX, investigando aspectos fenomenológicos e on-tológicos, na labuta de questionar a metafísica e a sua compreensão acerca do ser. Já Marguerite Duras (1914-1996) é uma das escritoras e cineastas francesas que mudou as estruturas da escrita e da imagem cinemática mundial. De um lado, temos um filó-sofo preocupado com questões que nortearam a tradição filosófica e como conduzir uma ruptura e trazer novos conceitos para pensar a filosofia e o mundo moderno. Do outro, uma escritora cheia de imagens e fragmentos sobre a sua infância, os primei-ros amores e os acontecimentos histórico-políticos de sua época. Então, que relações podemos pensar entre filosofia e literatura, Heidegger e Duras? Relações diversas. O que essa pesquisa tem como escopo é investigar um conceito primordial na filosofia heideggeriana, o conceito de passado, a partir da sua conferência O conceito de tempo (1924), tendo como perspectiva a relação entre tempo e Dasein. E, na medida, mostrar nos fragmentos do presente, do romance O Amante (1984), de Marguerite Duras, uma possível relação com o passado entendido como algo que ainda está vigente, algo não findado. A pesquisa, cujo resultados almejamos apresentar, é de caráter bibliográfico.

Palavras-Chave: Tempo; passado; ter sido.

112 Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Alu-no do Programa de Pós-Graduação (Especialização) de Filosofia da Universidade Es-tadual de Feira de Santana (UEFS).

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“No morro da casa verde a raça dorme em paz”: entre o samba de morro e o sur-gimento do funk, o que a cor nos diz sobre a violência

Samuel Marcílio Lopes de Oliveira113

A nossa cor percorre todo o Brasil, todo o contexto histórico, político e econômico. O objetivo dessa comunicação é investigar a cultura negra e a violência a partir de dois períodos histórico-políticos, pelo viés da música: o samba de morro, nos anos 70, e o funk carioca, no começo dos anos 90, tornando a música um meio de denunciar as manifestações de violências contra a população negra e pobre no Brasil. Tanto o sam-ba de morro quanto o funk são expressões artísticas de resistência contra as violações do Estado e da sociedade. Na perspectiva fenomenológica, temos como análise o que Hannah Arendt (1906-1974) vem romper com a tradição filosófica e com o pensamen-to ocidental, acerca das definições da violência, e trazer um novo conceito, no qual esta é uma manifestação que sempre almeja um fim determinado e é uma ação contra a politicidade do homem e sua pluralidade. Temos como respaldo teórico, na pesquisa sobre cultura e resistência negra, as obras de dois antropólogos, intituladas As duas faces do gueto, de Loïc Wacquart, e “Não me bate doutor”: funk e criminalização da pobreza, de Adriana Facina; e na investigação e diálogos filosóficos, a obra Sobre a violência, de Hannah Arendt. A metodologia dessa pesquisa tem o caráter bibliográ-fico de forma exegética.

Palavras-Chave: Cultura negra; violência; Hannah Arendt

113 Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Aluno do Programa de Pós-Graduação (Especialização) de Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

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Filosofia para Crianças: Uma abordagem da Metodologia de ensino de Mathew Lipman e Walter Kohan e sua aplicação com crianças indígenas na Aldeia Indí-

gena Massacará

Samuel Sepulveda Teixeira Leite114

Ângelo de Oliveira França

A presente comunicação propõe discutir a possibilidade do ensino de Filosofia para criança, pressupondo que a infância é um devir, logo a experiência do pensamento nela também se faz possível, já que o período infantil é um momento de intensa criação e constante questionamento sobre a realidade. Exploraremos incialmente o programa de Filosofia para Crianças elaborado por Mathew Lipman e, ampliado no Brasil por Walter Kohan, como suporte teórico justificável de um ensino de Filosofia. Em seguida, analisaremos uma experiência de intervenção desta metodologia com crianças indígenas da Aldeia Massacará, da etnia Kaimbé, no município de Euclides da Cunha – Bahia, realizada por estudantes da licenciatura de Filosofia da UEFS. Apesar da crítica feita ao uso do Ensino de Filosofia para Crianças, pretendemos de-monstrar no presente trabalho que tanto o filósofo mais consagrado como uma crian-ça, nos seus inícios possuem o pathos instaurador da atitude filosófica, ou seja, são capazes de propor uma experiência do pensamento filosófico e respostas para ela. O uso de ensino de filosofia para crianças é importante na medida em que visa um “pen-sar bem”, ou seja, um uso cada vez mais refinado da razão.

Palavras-chave: Crianças; filosofia; indígenas.

114 Alunos de Licenciatura em Filosofia da UEFS.

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A noção de ser-com-os-outros a partir de Ser e Tempo: breves considerações

Sérgio Santos Sena115

Em seu tratado filosófico Ser e Tempo, Martin Heidegger apresenta como principal empreitada a retomada da questão acerca do sentido do ser, a qual, segundo o pen-sador da floresta negra, foi esquecida desde a antiguidade grega. Heidegger propõe, então, a análise daquele ente especial que, segundo ele, é o único ao qual pode ser dirigida tal questão. Tal ente somos nós mesmos e, na linguagem da obra em questão, foi denominado de Dasein ou ser-aí. Entretanto, para que o principal propósito de Heidegger obtenha sucesso o Dasein deve ser acessado no modo de ser pelo qual ele se mostra de início e na maioria das vezes. Tal modo de ser caracteriza-se por uma imersão do homem em seus afazeres cotidianos ou na lida diária com os entes intra-mundanos que vêm ao seu encontro no mundo circundante. Ocorre que, para além desta modalidade de relação com os demais entes intramundanos, o Dasein encontra--se também na presença de outros entes que possuem um modo de ser idêntico ao seu. Dito de outra forma, o Dasein encontra-se num horizonte de incessantes relações com outros seres-aí. O pensador alemão afirma que esta presença dos outros, denominada de co-presença, não desaparece em nenhum instante do existir do Dasein. Ou seja, o ser do ser-aí é sempre um ser-com os outros entes que possuem o seu mesmo modo de ser. Mesmo quando isolado dos demais homens, e isto no sentido destes estarem fora do seu alcance perceptivo mais imediato, o Dasein é ser-com, ainda que num modo deficiente. Com este trabalho nos propomos a discutir, à luz de Ser e Tempo, o conceito de ser-com os outros e, além disso, tematizar em qual medida este ser-com se afasta da concepção de um “eu” de caráter egóico e isolado, concepção esta que impregnou toda uma tradição filosófica.

Palavras-chave: Ser-com; Dasein; mundo.

115 Graduado em Filosofia pela UEFS e aluno do Programa de Pós-Graduação em Filosofia pela UEFS.

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Conhecimento sensível em Tomás de Aquino em Suma Teológica - Questão 84, artigo 1

Solange Nery Alves116

Por que às vezes se pensa o homem em termos dualistas, como se fosse composto por duas substâncias separadas, o corpo e a alma? Tomás de Aquino retoma de Aris-tóteles a concepção da alma como forma do corpo: toda substância corpórea vem explicada, na perspectiva de Aristóteles, nos termos de uma composição unitária de dois princípios, um de atualidade, que confere identidade, e um de potencialidade, que possibilita mudança. Aquino afirma que a alma vegetativa é a forma substancial dos vegetais e atualiza as funções vegetativas (nutrição, crescimento, reprodução); a alma sensitiva é a forma substancial dos animais e atualiza as funções vegetativas e sensitivas (reprodução sexuada, conhecimento sensitivo, instinto). A alma racional é a forma substancial dos seres humanos e atualiza as funções vegetativas, sensitivas e racionais (conhecimento racional e intelectual; livre vontade, espiritualidade, etc.).

Palavras-chave: Tomás de Aquino; Aristóteles; alma.

116 Aluna de Licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual de Feira de Santana.

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A visão do absoluto: regras para a intuição na Introdução à Metafísica, de Ber-gson.

Thiago Araujo Borges El-Chami117

Na coletânea de artigos intitulada O pensamento e o movente, Bergson explora de diversas maneiras a distinção entre Metafísica e Ciência, a qual, para ele, reside na diferença entre os modos de pensamento da Intuição e da Análise. Contudo, é no texto “Introdução à Metafísica”, deste volume, que ele mais aprofunda a distinção meto-dológica entre uma e outra. Assim, a meditação sobre este texto constitui a melhor via de acesso à compreensão da difícil doutrina bergsoniana da Intuição. É o que a presente comunicação tentará apresentar, mediante um duplo procedimento: pela ob-servação daquilo que Bergson diz diretamente acerca dela, bem como por inferência transversa a partir do que ele preceitua acerca da Análise. Serão vistas regras como: “não confundir o metafísico e o científico numa questão”; evitar relacionar, comparar ou medir; distinguir o material e o espiritual; observar a temporalidade específica do fenômeno; preferir o conhecimento da coisa ao conhecimento sobre a coisa; reduzir pontos de vista e referência a símbolos; mirar o absoluto em vez do relativo.

Palavras-chave: Bergson; metafísica; intuição.

117 Bacharelando em Filosofia – Universidade Estadual de Feira de Santana.

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O olho e a mão: panorama da gnosiologia e da epistemologia na Introdução à Fenomenologia do Espírito

Thiago Araujo Borges El-Chami118

A presente comunicação visa compartilhar algumas reflexões acerca do panorama da Teoria do Conhecimento tal como fora traçado por Hegel na sua Introdução à Feno-menologia do Espírito. Com este fim, serão analisados os quatro primeiros parágra-fos desta Introdução, na tentativa de evidenciar o modo como Hegel, sob alegorias aparentemente genéricas como “o instrumento”, o “meio”, “a refração”, “o visgo”, “as nuvens do erro”, “os céus da verdade” e outras, alude a áreas, correntes, autores, conceitos e temas essenciais da Filosofia Moderna, como a Epistemologia, a Gnosio-logia, o método e o objeto, o Racionalismo e o Empirismo, o Criticismo Kantiano e o Idealismo de Fichte e Schelling. Para tanto, serão feitas considerações contextuali-zastes acerca da distinção entre o “Prefácio ao Sistema da Ciência” e a “Introdução à Fenomenologia do Espírito”, acerca da importante disjunção entre Realidade (Reali-tät) e Realidade Efetiva (Wirklichkeit), e sobre o papel estruturante da diferença entre Representação e Conceito nos quadros do sistema hegeliano.

Palavras-chave: Hegel; gnosiologia; epistemologia.

118 Bacharelando em Filosofia – Universidade Estadual de Feira de Santana.

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Crítica da representação: o sentido midiático como prática de subjetivação

Thyale Coelho de Oliveira119

Diego Medeiros Farias120

A presente comunicação tem como objetivo abordar a representação inserida no sen-tido midiático como uma prática de subjetivação do sujeito. Através de uma pers-pectiva multifacetada, tecemos uma crítica tanto à representação quanto ao sentido midiático capitalista. Fundamentamo-nos da teoria do filósofo Gilles Deleuze e do psicanalista-militante Félix Guattari para contrapor tanto a representação platônica quanto a edipianização capitalista do sujeito, auxiliados também com as análises pro-postas pelo sociólogo Pierre Bordieu e pelo escritor Guy Debord, argumentando que a significação midiática é uma ferramenta de subjetivação e produtora de normativida-de comportamental inserida como modelo do padrão identitário, no qual toma-se por base um pensamento-imagem criado por uma entrada linguística configurada sobre o pragmatismo do consumo.

Palavras-chave: Representação; mídia; subjetivação.

119 Graduanda em letras vernáculas (UEFS);

120 Graduando em Psicologia - Faculdade Nobre (FAN).

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O Homem Ético, uma reflexão através de Wittgenstein e Nietzsche

Vinicius Pimentel Ferreira121

Diante dos limites da linguagem e do mundo, muitos julgam, erroneamente, serem detentores de conhecimentos de valor absoluto, tais como as proposições da ética. Uma breve investigação sobre os limites do nosso pensamento nos mostra que muitas de nossas elucubrações sobre tais juízos carecem de sentido. Desse modo, muitas das qualidades que cremos ter, não podemos saber se de fato a possuímos, ou se determi-nados fenômenos os possuem. Esta comunicação investiga a possibilidade de haver um homem ético, partindo das noções de ética apresentadas por Wittgenstein e Niet-zsche, uma vez que o objeto necessário à ética, o Bem, está para além dos limites de nossa linguagem, ou melhor, para além dos limites do homem. Investiga-se também o fim e o princípio da ética na sociedade, e a separação de juízos de valor absoluto dos juízos do psicologismo, muitas vezes confundidos entre si.

Palavras - Chave: Ética; Nietzsche; Wittgenstein.

121 Aluno de Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santa-na (UEFS).

Page 136: Caderno de Resumos - Semana de Filosofia Uefs 2015

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Linguagem e Conhecimento

Wagner Teles de Oliveira, Antonio Janunzi Neto e Eduardo Chagas Oliveira122

A linguagem sempre significou um desafio à reflexão filosófica, mesmo porque é nela e através dela que as questões filosóficas são formuladas e enfrentadas. A exploração das relações entre linguagem e conhecimento assume diversas formas, que vão desde a formulação de uma teoria do juízo até a investigação de mecanismos pelos quais são possíveis o convencimento e a persuasão, tão importantes nalguns domínios científi-cos. Em ambos os casos, direta ou indiretamente, estão em jogo questões relativas às condições gerais do sentido do discurso ou às condições de assertabilidade. Por essa perspectiva, trata-se então de explorar, do ponto de vista de tradições diferentes e, por vezes, até opostas, questões concernidas na relação entre linguagem e conhecimento.

Palavras-chave: linguagem; conhecimento.

122 Resumo da Mesa Redonda.Professores de Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

Page 137: Caderno de Resumos - Semana de Filosofia Uefs 2015

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Em defesa de um cinema puro.

Yves Marcel de Oliveira São Paulo123

Usualmente pensada como sendo a junção de todas as artes, alguns cineastas ainda no período mudo do cinema, desenvolveram o pensamento referente a um “cinema puro”. Partindo das particularidades do cinema, os filmes passariam a ser feitos de modo a se distanciarem das demais artes para que pudessem buscar uma expressão própria desta nova forma artística. Quais seriam as implicações estéticas deste modo de enxergar o cinema? Num primeiro momento se daria o distanciamento da palavra escrita, uma vez que o cinema mudo se expressava por meio da interrupção do fluxo das imagens na tela para que aparecessem legendas que interrompiam o desenrolar dos eventos. Sendo este meio – de colocação de legendas – considerado pouco criati-vo, os cineastas deste período buscaram modos de driblar as fragilidades da nova arte partindo daquilo que ela lhes proporcionava. Mas como este cinema puro sobrevive depois do advento do cinema falado? Os filmes passam a se fazer em torno das falas dos personagens deixando de lado a “obsessão” pelas imagens que tinham outrora seus criadores. Há ainda – depois do cinema falado – quem defenda este cinema puro, a exemplo de Alfred Hitchcock. O sucesso do mestre do suspense é reconhecido por seu trabalho imagético de saber contar uma história “cinematograficamente”. Seus personagens falam, mas não é devido a suas palavras que o filme se faz entendido, e sim por suas imagens em movimento – poderia se retirar o som de seus filmes que seu impacto seria semelhante. Numa relação próxima com a filosofia, o trabalho possui como ponto de partida o questionamento das bases representativas de uma forma artística, dando espaço a um questionamento ontológico (uso de espaço e tempo pelo cinema) e estético (o molde de suas propriedades ontológicas) no desenvolvimento de uma obra cinematográfica.

Palavras-chave: Cinema; estética; filosofia da arte.

123 Graduando pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

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Aproximações ao termo “história”a partir de Ser e Tempo

Simone Freitas SantosGraduanda em Filosofia - UEFS

Orientadora: Tatiane Boechat A. Zunino

Este texto visa compreender o conceito de história (Geschichte/Historie) tratado por Heidegger na obra Ser e Tempo (1927). O que propriamente Heidegger pretende ao tratar deste termo se o que move suas investigações é o problema do sentido do ser? Trataremos inicialmente da crítica que o filósofo dirige ao termo história como his-toriografia. Em seguida, procuramos nos aproximar dos conceitos de história do ser (Seinsgeschichte), indicando um homem histórico que “ek-siste”. Logo, pretendemos alcançar o entendimento acerca de que o Dasein é “histórico” e que seu questiona-mento acerca do ser também é histórico. Ressaltamos que esta comunicação é parte de uma pesquisa que se encontra em desenvolvimento e busca pensar através desse Dasein histórico a apropriação da tradição cultural de uma comunidade.

Palavras chave: História; historiografia; Dasein.