Resolução Da Coordenação Nacional Da Insurgência (Tendência Interna Do PSOL)

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  • 8/16/2019 Resolução Da Coordenação Nacional Da Insurgência (Tendência Interna Do PSOL)

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    Resolução da Coordenação Nacional da Insurgência (Tendência interna doPSOL)

     

    1.Estamos vivendo uma profunda crise institucional, a maior e mais profunda desde o início daNova República. A crise atinge em cheio o governo Dilma, hoje paralisado, mas tambm atinge as

    outras institui!"es#pilares da democracia burguesa. $ %ongresso Nacional tem suas principaislideran!as investigadas na $pera!&o 'ava#(ato )com o presidente da %*mara ru do processo+. $spartidos tradicionais, incluindo os da oposi!&o de direita, tm e-poentes citados nas investiga!"es.$ (udicirio v#se dividido em todas as suas esferas. H u!a crise profunda de credi"ilidade dasinstituiç#es tradicionais e do modus operandi da de!ocracia "urguesa $ cu%os pri!eiros sinaisse e&pressara! nas ruas e! '*.

     

    /. A crise política torna#se ainda mais profunda por0ue se combina com uma gravíssima criseecon+!ica, social e a!"iental desemprego, infla!&o, arrocho, colapso dos servi!ospúblicos, desastres e crimes ambientais resultantes de um modelo de desenvolvimentofalido. $ esgota!ento do !odelo de -desen.ol.i!ento/ adotado durante o ciclo lulista,dados os seus pr2prios limites e o agravamento da crise internacional, e agora a aplica!&o deuma política de ajuste neoliberal e recessiva, produ3iram um cenrio de estagna!&o 0uepromete durar. 4ndependentemente do resultado em curto pra3o da crise de governabilidade,estamos diante de uma soma de crises de mdio pra3o 0ue dever manter#se com fortestens"es sociais e políticas.

    5. O ciclo lulopetista agoni0a. Esgotam#se as possibilidades de manuten!&o do modeloneoe-trativista e-portador de crescimento. Ainda 0ue tenha uma sobrevida política pela

    polari3a!&o recente entre os dois campos da guerra institucional, a estratgia articulada pelolulismo, de governar em favor de empreiteiras, agroneg2cio e capital financeiro, n&o temmais 0ual0uer possibilidade política e tica de reali3ar uma infle-&o 6 es0uerda. 7esmoap2s colocar mais de 188 mil pessoas na 9aulista, 'ula segue implorando ao capital 0ue orecondu3a como fiador do pacto de classes. Reeditou em termos mais humilhantes a %artaao 9ovo :rasileiro /88/. ; o fim de um longo ciclo na es0uerda brasileira.

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    respinga! so"re o con%unto das ideias de es2uerda e socialistas: 4e outro lado, de.e sea"rir u! per1odo de reorgani0ação do !o.i!ento de !assas co! possi"ilidade at9!es!o de u! no.o ciclo para a reconstrução de u! pro%eto de es2uerda socialista de!assas: 

    @. ; estratgico seguir buscando construir u! no.o ca!po de es2uerda socialista,

    re.olucionria e de !assas no pa1s, 2ue se separe e supere o petis!o e o lulis!o . 4stosignifica 0ue ser estratgica a no.a geração 0ue foi 6s ruas em junho, com desta0ue para a juventude perifrica e precari3ada, 0ue entra no mercado de trabalho, 0ue n&o est ganha emsua maioria para nem um dos dois projetos 0ue disputam hoje as ruas, nesse la#lu semsaída para os jovens e a classe trabalhadora. )N&o 6 toa, esta juventude ainda n&o foimassivamente 6s ruas nos atos de 15 e 1B de mar!o. Ela vive a realidade concreta dodesemprego, da violncia, da ausncia de políticas públicas e de direitosdemocrticos+.Cambm vale destacar os setores !ais progressistas da sociedade e as "asestra"al8adoras do antigo "loco 8ist3rico, setores e ativistas 0ue ainda s&o polari3ados pelosinstrumentos governistas, mas j nem mesmo apoiam a política governamental como severificou nos atos do dia 1B nas camadas de jovens, mulheres e trabalhador-s 0ue foram 6s

    ruas para defender as liberdades democrticas, com inúmeras críticas ao governo, seja pelacorrup!&o evidente, seja pela política econmica antipopular.

    . >ivemos o auge da crise política, 0ue pode se resolver nas pr2-imas semanas. O cenrio 9!uito dif1cil para a es2uerda anticapitalista e socialista. Fm governo de origem nomovimento operrio e popular est sendo derrubado pela direita, numa conspira!&o em 0ueos principais agentes s&o o (udicirio, a oposi!&o no %ongresso e o baronato da mídialiderado pelas $rgani3a!"es Globo. 9ara complicar, o governo em 0ueda n&o um governoprogressista, mas um governo 0ue aplica uma política de ajuste neoliberal e, 0uanto maisacuado, mais gira 6 direita, como comprova a simb2lica san!&o da 'ei Anti#Cerror e oanúncio de recortes de salrios e benefícios do funcionalismo, da Reforma da 9revidncia ea perspectiva de suspender os reajustes do salrio mínimo. A e-plica!&o mais racional paraesta situa!&o 0ue, de fato, a maior e mais poderosa parte das fra!"es burguesas no país)maior parte da banca, iesp, mídia+ chegou 6 conclus&o 0ue Dilma j n&o capa3 de aplicaros planos de ajuste e garantir a estabilidade necessria a seu neg2cios e 0ue, portanto, melhor substituí#la.

    B. Apesar da rea!&o esbo!ada pelos atos de rua de 1B de mar!o, alguns muito massivos,sobretudo no nordeste onde em algumas cidades foram at maiores 0ue os atos do dia 15 de

    mar!o, o !ais pro..el 8o%e 9 2ue se .ote o i!peac8!ent da presidente:  A amplamaioria da popula!&o est pela saída de Dilma, o governo perdeu sua base de apoio popularmajoritrio devido 6 brutal crise econmica. $ isolamento do governo no %ongressoaumenta com a debandada dos aliados e o desembar0ue j iniciado pelo 97D:. $impeachment pelo %ongresso, seguido pela posse de Cemer com um governo de coali3&ocom o 9HD:, n&o configuram o único cenrio possível numa conjuntura 0ue muda em0uest&o de horas. 7as parece ser este o caminho 0ue a oposi!&o de direita e amplos setoresdo capital est&o pavimentando de forma acelerada.

    I. Não 8 a possi"ilidade, por ora, de golpe de estado no sentido de golpe fascista ou golpe

    c1.ico5 !ilitar nos ter!os de ;

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    peso institucionais de fundamentalistas religiosos, ruralistas, setores ligados 6 indústriablica e for!as policiais, 0ue se unem para negar avan!os em direitos democrticos ehumanos bsicos, recortar con0uistas e fa3er avan!ar projetos retr2grados. No conte-todessa ofensiva do conservadorismo, um setor fascista, cuja m-ima e-press&o a família:olsonaro, ad0uire algum peso de massas e relev*ncia, embora os fascistas ainda n&o sejammajoritrios entre os manifestantes verde#amarelos.

    18. 7 crise institucional prolongada, no entanto, cria u! a!"iente de .ale5tudo 2ue % partidari0ou total!ente a Operação La.a >ato6 7oro, procuradores e a 9olícia ederaloperam aberra!"es judiciais e antidemocrticas contra os acusados identificados com ogoverno num nível de seletividade e com tamanha articula!&o com a grande mídia eoposi!&o de direita 0ue n&o incorreto afirmar 0ue h no cenrio elementos de golpeinstitucional similar ao 0ue levou 6 0ueda de 'ugo no 9araguai. Em outras palavras,apoiadas na indigna!&o geral contra a corrup!&o e o 9C, e no conservadorismo 0ue cresce,forças !a%oritrias do capital estão construindo u!a troca de go.erno, tratando de2ue esta se dê se! !odificação de!ocrtica algu!a do regi!e pol1tico: 

    11. $ período 0ue se abre de difícil transi!&o por0ue n&o h uma es0uerda socialistacom peso suficiente para se tornar protagonista nessa crise e disputar a política com umasaída de es0uerda. Essa enorme limita!&o, no entanto, n&o pode significar n&o ter posi!&o esumir no cenrio. %omo partido principal da es0uerda socialista, 0ue j move alguns milh"esde votos nas participa!"es eleitorais, 0ue tem representa!&o parlamentar, 0ue respeitadonas lutas sociais e tem dilogo com diversos atores sociais oprimidos e com a juventude, o9H$' n&o tem esse direito. Dentro das nossas possibilidades, como parte 0ue somos do9H$', levando em conta a rela!&o de for!as na sociedade, de.e!os afir!ar 2ue oca!in8o para o ?rasil 9 outro pro%eto de pa1s e outra sa1da, !as co! realis!o pol1ticoe algu!a fle&i"ilidade para disputar os setores 2ue se desespera! diante da falta dealternati.as e da a!eaça de retrocessos de todo tipo nu! futuro go.erno, 2ue ser co!certe0a !ais @ direita do 2ue 4il!a: 

    Diante desse 0uadro comple-o, a %oordena!&o Nacional da 4nsurgncia resolve

    1. 4enuncia!os i!placa.el!ente todos os a"usos, !ano"ras e atos 8ostis da direita. N&oaceitamos a l2gica do vale#tudo e nenhum retrocesso no terreno dos direitos democrticos.%riticamos e denunciamos todos os abusos e toda a seletividade da $pera!&o 'ava (ato. Heno início das investiga!"es, a 'ava (ato cumpriu um papel progressivo, ao colocar grandes

    empresrios na cadeia e investigar corruptos da direita como de dentro do governo, agoraescorrega para a l2gica dos fins 0ue justificam 0uais0uer meios, din*mica 0ue pode tra3erlogo adiante um fortalecimento ainda maior dos poderes policiais e judiciais paracriminali3ar as lutas e movimentos sociais. Nesse marco, denunciamos as saídas reacionriascomo um governo Cemer ou de coali3&o 97D:#9HD:, a campanha infame 0ue a grandemídia fa3 para avali3ar todo o vale#tudo da direita, incluindo barbaridades judiciais para tirarDilma.

    /.  Não recua!os u! !il1!etro na locali0ação co!o oposição de es2uerda e e&ercercr1tica i!plac.el ao go.erno 4il!a, sua política econmica, seu modelo, sua covardia emceder sem parar ao capital para ficar no poder. N&o tergiversamos com a corrup!&o 0uedesmorali3ou o 9C e 0ue vai penali3ar a es0uerda com o descrdito das ideias socialistas.N&o somos uma es0uerda 0ue pretende receber privilgios e JpresentesK da classedominante, como o triple- de uso de 'ula. N&o defendemos, portanto, nem Dilma, nem 'ulae nem a cúpula petista 0ue se corrompeu nos jogos do poder do Estado brasileiro.

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    5. Não incorpora!os ao nosso discurso a .ersão do lulopetis!o (e de seus aliados) de 2ueesta!os @s portas de u! golpe fascista. ; com esta estratgia 0ue o 9C pressiona oconjunto da es0uerda a se manter sob sua hegemonia. A estratgia petista visa a silenciar atodos os indignados com corrup!&o. Aas .e!os co!o fato da realidade a conspiração e!curso por u! golpe %ur1dico5institucional, um impeachment 0ue pode vir sem bases

     jurídicas s2lidas, na base de um vale#tudo ou semi#anar0uia jurídica, como as atuaismanobras para impedir a posse de 'ula demonstram.

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    I. Na hip2tese mais provvel, de 0ue o processo transcorra pelos canais JnormaisK do%ongresso Nacional e se imponha o impeachment, n&o aceitamos o Jgrande acordoK emtorno da posse de Cemer e defendermos novas elei!"es gerais )por elei!"es gerais,entendamos para presidente e para o %ongresso+.

    18. Em rela!&o aos atos convocados para o final do ms participaremos com nosso perfilde contra a direita e sua ofensiva reacionria e contra o ajuste fiscal do governo DilmaLnesse sentido caminharemos ao lado dos setores progressistas, lutadores da classetrabalhadora e da juventude se movem para defender as liberdades democrticas, os direitosda classe, da juventude e dos setores mais oprimidos da sociedade, sem com isso apoiar ogoverno. H2 participaremos em atos onde for possível e-pressar esse nosso perfil de formaindependente, ou seja, em resumo contra a direita e em oposi!&o de es0uerda ao governoDilma.

    11. As pautas concretas contra os avan!os conservadores sobre os direitos, contra aviolncia policial, contra o ajuste fiscal, dentre outros, devem continuar sendo transformadasem movimentos reais reivindicat2rios e 0ue fortale!am a organi3a!&o social da es0uerdasocialista. Nesta conjuntura, e nestes novos tempos de reorgani3a!&o ainda poucodelineados, as iniciativas mesmo 0ue transit2rias devem ser trabalhadas no sentido deconstruir novos instrumentos e ferramentas unitrias independentes da oposi!&o de es0uerdaao governo.

    Coordenação Nacional da Insurgência

    Rio de >aneiro, ' de !arço de '