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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CAMPUS ITAJAÍ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ SETOR DE MONOGRAFIAS RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA EM RELAÇÃO AO SÓCIO BRUNO DA SILVA PEIXER Itajaí, 23 de maio de 2011 DECLARAÇÃO DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PÚBLICA EXAMINADORA ITAJAÍ, 23 DE MAIO DE 2011 ________________________________ Professor Orientador

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CAMPUS ITAJAÍ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ SETOR DE MONOGRAFIAS

RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA

EM RELAÇÃO AO SÓCIO

BRUNO DA SILVA PEIXER

Itajaí, 23 de maio de 2011

DECLARAÇÃO

DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PÚBLICA EXAMINADORA

ITAJAÍ, 23 DE MAIO DE 2011

________________________________ Professor Orientador

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CAMPUS ITAJAÍ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ SETOR DE MONOGRAFIAS

RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA EM RELAÇÃO AO SÓCIO

BRUNO DA SILVA PEIXER

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor MSc. Roberto Epifanio Tomaz

Itajaí, 23 de maio de 2011

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AGRADECIMENTO

Primeiramente a Deus, que me protege e ilumina a todo momento;

À minha família, principalmente aos meus pais Antônio e Joelma, meus avós paternos Adevelar e Madalena, maternos Juca e Laura, que sempre me deram amor, educação e força;

À minha namorada, Daniela, por me apoiar em todos os momentos e me ajudar a crescer pessoal e profissionalmente;

Aos meus amigos, principalmente Paulo e Felipe, que estiveram ao meu lado nesses cinco anos de faculdade;

Ao meu professor orientador MSc. Roberto Epifanio Tomaz, pela dedicação, paciência e ajuda no decorrer desta pesquisa.

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DEDICATÓRIA

À minha mãe Joelma, meu pai Antônio, minha irmã Camila, meus avós paternos Adevelar e Madalena e avós maternos Juca e Laura, por todo o amor, carinho, compreensão e apoio em toda a minha vida;

À minha namorada Daniela, por ser minha companheira e me dar apoio em todos os momentos.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte

ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do

Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de

toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, 23 de maio de 2011

Bruno da Silva Peixer Graduando

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do

Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Bruno da Silva Peixer, sob o título

Resolução da sociedade limitada em relação ao sócio, foi submetida em 06 de junho

de 2011, à banca examinadora, composta pelos seguintes professores: Msc.

Roberto Epifanio Tomaz (orientador), Márcio Staffens e Valdir Francisco Colzani

(examinadores), e aprovada com a nota ____.

Itajaí, 06 de junho de 2011.

Professor MSc. Roberto Epifanio Tomaz Orientador e Presidente da Banca

Professora MSc. Maria Cláudia da Silva Antunes de Souza Coordenação da Monografia

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ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CRFB Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 CC Código Civil CPC Código de Processo Civil LSA Lei das Sociedades Anônimas IN Instrução Normativa DNRC Departamento Nacional de Registro do Comércio CTN Código Tributário Nacional art. Artigo MSc. Mestre CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica n. Número p. Página v. Volume

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SUMÁRIO RESUMO........................................................................................... 12 INTRODUÇÃO .................................................................................. 13 1 – SOCIEDADE LIMITADA .............................................................. 15 1.1 HISTÓRICO ................................................................................ 15 1.1.1 CONCEITO ................................................................................................. 17 1.1.2 PREVISÃO LEGAL...................................................................................... 21 1.2 CONSTITUIÇÃO ......................................................................... 21 1.2.1 ELEMENTOS GERAIS ................................................................................ 22 1.2.2 ELEMENTOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 24 1.2.3 CLÁUSULAS OBRIGATÓRIAS ................................................................... 25 1.3 DIREITOS E DEVERES DOS SÓCIOS ....................................... 27 1.4 RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE E DOS SÓCIOS .......... 31 2 – RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE .................................................. 38 2.1 RESOLUÇÃO, DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO ....... 38 2.2 VIAS DE RESOLUÇÃO ............................................................... 40 2.2.1 CONSENSUAL ............................................................................................ 40 2.2.2 JUDICIAL .................................................................................................... 41 2.2.3 LEGAL ......................................................................................................... 42 2.2.4 ADMINISTRATIVA ...................................................................................... 42 2.3 RESOLUÇÃO TOTAL DA SOCIEDADE ....................................... 44 2.3.1 VONTADE DOS SÓCIOS ............................................................................... 44 2.3.2 DECURSO DO PRAZO DE DURAÇÃO ...................................................... 46 2.3.3 EXTINÇÃO DA AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAR ................................ 48 2.3.4 FALTA DE PLURALIDADE ENTRE OS SÓCIOS ....................................... 49 2.3.5 ANULAÇÃO DO ATO DE CONSTITUIÇÃO ................................................ 51 2.3.6 EXAURIDO O FIM SOCIAL OU VERIFICADA SUA INEXEQUIBILIDADE . 52 2.3.7 FALÊNCIA DA SOCIEDADE ....................................................................... 54 2.3.8 OUTRAS CAUSAS PREVISTAS NO CONTRATO ..................................... 56 2.4 LIQUIDAÇÃO TOTAL .................................................................. 58 2.5 EXTINÇÃO TOTAL ...................................................................... 63 2.6 RESOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE .................................. 64

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2.6.1 LIQUIDAÇÃO PARCIAL .............................................................................. 66 2.6.2 EXTINÇÃO PARCIAL .................................................................................. 67 3 – RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA EM RELAÇÃO AO SÓCIO ............................................................................................... 69 3.1 MORTE (ART. 1028 CC) ............................................................. 69 3.2 DIREITO DE RETIRADA (ART. 1029 CC) ................................... 74 3.3 SÓCIO REMISSO (§ ÚNICO, 1004 CC) ...................................... 79 3.4 FALTA GRAVE (ART. 1030 CC) ................................................. 83 3.5 INCAPACIDADE SUPERVENIENTE (ART. 1030 CC) ................ 84 3.6 FALÊNCIA DO SÓCIO ................................................................ 86 3.7 EXECUÇÃO DE CREDOR PARTICULAR DE SÓCIO (ART. 1026 CC) .................................................................................................... 88 3.8 JUSTA CAUSA (ART. 1085 CC) ................................................. 90 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 94 REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS ......................................... 96

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Contrato Social: “As sociedades empresárias são constituídas através de um

instrumento chamado contrato social ou estatuto. Através deste documento, que

deverá ser arquivado no Registro Público de Empresas Mercantis, os sócios

organizam as regras básicas de funcionamento da sociedade, tais como o montante

do capital social e a contribuição devida por cada um dos sócios, a forma de

administração da sociedade, o objeto social, o prazo de sua duração, etc” 1.

Dissolução Parcial: “A dissolução parcial (resolução) não dissolve a sociedade,

porque esta continua com os sócios remanescentes, sua personalidade jurídica

permanece intacta, a empresa preservada; apenas opera-se o rompimento do pacto

originário em relação aos sócios que deixam a sociedade. Só para estes a

sociedade dissolve-se” 2.

Dissolução Total: “Ao termo dissolução a doutrina empresta dois sentidos

diferentes. Temos a dissolução lato sensu ou dissolução-procedimento, que é o

conjunto de atos necessários para que se ponha fim à sociedade empresária[...],

com três etapas distintas: a dissolução (stricto sensu), a liquidação e a extinção” 3.

Resolução da Sociedade: “Se a sociedade empresária ganha vida no momento em

que duas ou mais pessoas se reúnem e a constituem com o objetivo de exploração

de alguma atividade econômica, ela se extingue quando verificada a ocorrência de

algum fato que impeça sua continuidade. Sua extinção se dá através do ato

chamado dissolução” 4.

1 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial. 3.ed – São Paulo: Revista dos

Tribunais, 2006, p.142 2 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. 3.ed. – São Paulo: Atlas S/A, 2003, p.184-

185 3 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.338 4 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.183

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Sociedade Empresária: “[...] são as organizações econômicas, dotadas de

personalidade jurídica e patrimônio próprio, constituídas ordinariamente por mais de

uma pessoa, que têm como objetivo a produção ou a troca de bens ou serviços com

fins lucrativos” 5.

Sociedade Limitada: “Um conceito síntese que contempla a sociedade limitada

como a pessoa jurídica constituída por sócios de responsabilidade limitada à

integralização do capital social, individualizada por nome empresarial que contém o

adjuntivo limitada” 6.

5 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.140 6 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.194

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RESUMO

A presente monografia tem como objetivo conhecer as

modalidades previstas no ordenamento jurídico nacional que podem levar a

resolução em relação a sócio na sociedade empresária mais usual em nosso país, a

sociedade limitada. Para tanto, a pesquisa foi subdividida em três capítulos: o

primeiro trata do histórico das sociedades limitadas, bem como, de sua constituição

na forma da lei, direitos e deveres, além da sua responsabilidade juntamente com a

dos sócios; o segundo capítulo conceitua as hipóteses de dissolução existentes em

no ordenamento jurídico brasileiro, tratando das modalidades de ocorrência em sua

totalidade, em conjunto com as vias de resolução que há previsão legal; o terceiro

capítulo trata da dissolução parcial da sociedade limitada, denominada de resolução

da sociedade em relação ao sócio, na qual se mantém os vínculos contratuais dos

sócios remanescentes.

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto de estudo a resolução

da sociedade limitada em relação ao sócio.

O seu objetivo é analisar as formas de resolução existentes no

ordenamento jurídico brasileiro, bem como, as regras gerais previstas na legislação,

no que tange aos sócios retirantes, excluídos e falecidos.

Para tanto, a pesquisa inicia apresentando o histórico, forma de

constituição e particularidades inerentes aos direitos e deveres dos sócios da

sociedade limitada, além de classificar a responsabilidade da sociedade e de seus

sócios.

Após a abordagem inicial, no capítulo 2 tratam-se das formas

da sociedade se dissolver totalmente, desde a sua dissolução stricto sensu, até a

extinção de direito, elencando as hipóteses existentes no Código Civil e suas vias de

resolução, além de iniciar o estudo da resolução da sociedade em relação ao sócio.

Por fim, no capítulo 3 trata-se com maior ênfase, das

possibilidades da sociedade limitada se resolver em relação à parcela de seus

sócios, suas vantagens e desvantagens, bem como, quando esse fato acarreta a

dissolução total desse tipo societário.

O presente relatório de pesquisa se encerra com as

considerações finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados,

seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a

resolução da sociedade em relação ao sócio.

Para a presente monografia foram levantados dois problemas:

a atual regência legal acerca das sociedades limitadas permite a resolução deste

tipo societário apenas em relação a um sócio, permitindo a continuidade do

empreendimento econômico? Em sendo afirmativa a resposta, quais as modalidades

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previstas no ordenamento jurídico nacional que podem levar à resolução da

sociedade limitada apenas em relação a um sócio?

Tendo em vista os problemas apontados, se propôs as

seguintes hipóteses: a legislação brasileira admite a resolução das sociedades

apenas em relação a sócio, modalidade também aplicável para as sociedades

limitadas, podendo ser ela exercida, principalmente, na ocasião do exercício do

direito de retirada de sócio, em caso de exclusão ou ainda morte de um dos sócios.

Quanto à metodologia empregada, registra-se que, na fase de

investigação7 foi utilizado o método indutivo8, na fase de tratamento de dados e no

relatório dos resultados expresso na presente monografia é composto na base lógica

indutiva.

Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as técnicas

do referente9, da categoria10, do conceito operacional11 e da pesquisa bibliográfica12.

7 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente

estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed. Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008, p. 83.

8 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática, p. 86.

9 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática, p. 54.

10 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática, p. 25.

11 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática, p. 37.

12 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática, p. 209.

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CAPÍTULO 1

SOCIEDADE LIMITADA

Para analisar-se a possibilidade de resolução da

sociedade limitada em relação ao sócio, mister se faz conhecer, ainda que de

forma sumária, o regime jurídico atual que rege este tipo societário, seu

conceito, evolução histórica e suas principais características, alvo de estudo do

presente capítulo.

1.1 HISTÓRICO

De acordo com os ensinamentos de Tomazette13:

Até o século XIX, podia-se dividir as sociedades existentes em dois grupos, as sociedades de pessoas de simples constituição, mas de responsabilidade ilimitada, e as sociedades anônimas de responsabilidade limitada, mas de constituição e funcionamento complexos.

Devido aos avanços que a revolução industrial trazia para

a economia, impunha-se o surgimento de um novo tipo societário que

preenchesse ao hiato legislativo que existia no ordenamento jurídico, que

atendesse aos anseios das pequenas e médias empresas.

Conforme ensina Requião14:

[...] desde 1882, se procurava remediar, na Alemanha, o mal de que se dizia ressentir-se o comércio do país, pela falta de uma forma de sociedade que, sem o aparato e as dificuldades de constituição das sociedades anônimas, pudesse reduzir a responsabilidade de seus associados à importância do capital social.

13 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário. 2.ed. – São Paulo: Editora Juarez de Oliveira,

2004, p.155 14 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 26.ed. V.1. – São Paulo: Saraiva, 2005,

p.478

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Neste norte, surge na Alemanha, criada pela Lei de 20 de

Abril de 1892, a chamada sociedade de responsabilidade limitada, atualmente

conhecida como Sociedade Limitada.

Por isso, fica evidente a criação de um novo tipo

societário, que limitaria a responsabilidade dos sócios, sem a complexidade

que a sociedade anônima oferecia aos empresários da época, sendo

futuramente adotada por países como Portugal e Brasil.

Anteriormente ao surgimento na Alemanha, Inglaterra e

França já demonstravam interesse em uma sociedade com responsabilidade

limitada ao capital, limitando a responsabilidade dos sócios, similar a já

existente sociedade anônima.

Ainda de acordo com Requião15, a legislação inglesa em

1862, através da limited by shares, secundada pela legislação francesa de

1863, na société à responsabilité limitée, não criaram um tipo societário novo,

mas, uma subdivisão da sociedade anônima, chamada pelos juristas da época

como sociedade anônima simplificada, a qual não obteve seguimento nesses

países, sendo posteriormente revogada.

No Brasil, em 1865, o Conselheiro Nabuco de Araújo

tentou introduzir as regras da sociedade anônima simplificada, inspirada na lei

francesa de 1863. Seu projeto não foi aprovado pelo Conselho de Estado

Brasileiro que o rejeitou16.

Coube ao Professor Herculano Inglês de Souza, em 1912

ao elaborar a revisão do Código Comercial Brasileiro, e, inspirando-se no

recente tipo societário alemão, utilizando como base teórica a recente Lei de

Portugal, adotar a sociedade por quotas de responsabilidade limitada em seu

projeto.

Utilizando como base o projeto de Inglês de Souza, foi

aprovado o Decreto 3.708 de 10 de Janeiro de 1919, criando a sociedade por

15 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p. 476-477 16 Op cite, p. 479

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quotas de responsabilidade limitada como um tipo societário na legislação

brasileira.

De acordo com Negrão17:

Fruto do projeto de Inglês de Souza, o Decreto nº 3.708/19, até a promulgação do Código Civil, era o único diploma que trazia as regras para a criação da sociedade por quotas de responsabilidade limitada, cuja característica principal é a responsabilidade de seus sócios limitada ao capital social, solidariamente entre eles. Com o advento da nova legislação civil, a sociedade passou a denominar-se, simplesmente, sociedade limitada.

Neste sentido, a sociedade limitada desde sua origem, na

Alemanha, no século XIX, não perdeu sua essência, ou seja, a

responsabilidade de seus sócios limitada ao montante do capital social, sendo

atualmente, a sociedade mais comum em território brasileiro, ganhando a

preferência dos empresários para desenvolver sua atividade empresarial.

1.1.1 Conceito

Ao entrar em vigor, o Código Civil de 2002 modificou a

sociedade por quotas de responsabilidade limitada, dando-lhe nova

denominação, chamando-a de sociedade limitada.

Adentrando nos ensinamentos de Fiuza18:

O Decreto nº 3.708/19 não conceituava, objetivamente, a sociedade limitada, tal como agora vem ela a ser definida pelo art. 1.052 do novo Código Civil. A norma dessa disposição define a sociedade limitada como aquela em que a responsabilidade de cada sócio é restrita ou limitada ao valor de suas quotas, que se encontram representadas no capital social.

Neste norte, qualquer conceito dessa sociedade, terá

como base o seu traço mais marcante, sua limitação da responsabilidade dos

17 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa. 5.ed. V.1 – São Paulo:

Saraiva, 2007, p.351 18 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado. 3.ed. atual – São Paulo: Saraiva, 2004,

p.548

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sócios, na qual respondem solidariamente pela integralização do capital social,

conforme disposto no Artigo 105219 do Código Civil Brasileiro.

Na mesma linha de raciocínio, expõe Mazzafera20, que a

sociedade limitada é o “tipo de sociedade onde os sócios contribuem para a

formação do capital social, mas com responsabilidade limitada ao valor da

contribuição individual”.

Fazzio Junior21 conceitua a sociedade limitada como a

“pessoa jurídica constituída por sócios de responsabilidade limitada à

integralização do capital social, individualizada por nome empresarial, que

contém o adjuntivo limitada”.

Dentro do conceito de sociedade limitada, enquadra-se

cum intuitu personae ou cum intuitu pecuniae, ou seja, este tipo societário

possui a simplicidade da sociedade de pessoas com as vantagens da

sociedade de capital.

Para Mazzafera22:

As sociedades de pessoas, são, no geral, formadas por parentes e/ou amigos, e fundamentadas na confiança; nelas prepondera o que chamamos affectio societatis, que tem o significado de afeição, confiança, mas que no final se traduz pelo desejo de trabalho em grupo onde deverá prevalecer a sinceridade e a lealdade entre os sócios.

Na sociedade de capital, “o importante é o capital

investido, ou seja, o quantum com que cada sócio compareceu para a

formação do capital inicial, com o qual a sociedade vai iniciar sua atividade” 23.

19 Art. 1.052 CC - Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao

valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

20 MAZZAFERA, Luiz Braz. Curso básico de direito empresarial. São Paulo:Edipro, 2003, p.100

21 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.194 22 MAZZAFERA, Luiz Braz. Curso básico de direito empresarial, p.86 23 Op cite, p.86

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Com isso, nas sociedades de capital, não impera o

affectio societatis, devido à importância que o capital investido terá para a

sociedade.

Não existe na legislação brasileira atual, menção sobre a

sociedade limitada ser classificada como sociedade de pessoas ou de capital,

havendo até divergência doutrinária sobre o assunto, porém, segundo

ensinamentos de Requião24, será de pessoas quando:

a) à cessão, livre ou condicionada, das quotas;

b) à penhorabilidade ou não das quotas;

c) Ao destino das quotas no caso de falecimento do sócio;

d) Ao destino da sociedade, no caso de retirada de um dos sócios.

Deste modo, caso não se enquadre em nenhuma dessas

hipóteses, terá uma configuração mais próxima da sociedade de capital.

Ainda segundo Requião25, “estas disposições podem

apontar para o caráter personalíssimo da sociedade limitada, embora em

alguns casos se tenha que examinar as previsões do contrato para se verificar

qual será o enquadramento efetivo da sociedade”.

Tomazette26 explica que “a sociedade limitada pode ser

tida como uma sociedade híbrida, isto é, de acordo com o caso concreto ela

poderá ter um caráter de sociedade de pessoas ou de capital”.

Sobre o tema, Fazzio Junior27 explica que:

A liberdade contratual e a autonomia da vontade revelam-se bem nítidas na possibilidade de escolha dos tipos societários, na amplitude ensejada para elaboração do pacto social e na possibilidade sempre presente de desfazimento do vínculo societário, sem prejuízo da manutenção da empresa.

24 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p. 488 25 Op cite, p.489 26 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.160 27 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.162

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Desta forma, como não há previsão legal sobre a

classificação da sociedade limitada, são os sócios que definirão o caráter da

sociedade, em seu próprio contrato, respeitando os princípios da liberdade

contratual e autonomia da vontade.

Neste norte, estará previsto no contrato social à menção

sobre o caráter personalíssimo ou não que a sociedade terá, dentro da

regência supletiva das sociedades simples (pessoas), ou regência supletiva

das sociedades anônimas (capital), sendo que, na omissão do contrato social,

caberá a regência supletiva das sociedades simples.

Atualmente, a Sociedade Limitada é o tipo societário de

maior presença e crescimento na economia brasileira, sendo adotada por mais

da metade das sociedades empresárias brasileiras.

De acordo com Coelho28, “deve-se o sucesso a duas de

suas características: a limitação da responsabilidade dos sócios e a

contratualidade”.

Há uma segurança jurídica aos empresários e

investidores que podem limitar suas perdas, no caso da empresa não obter o

sucesso esperado, bem como, rege-se pela disposição de vontade dos sócios,

possibilitando maiores negociações entre eles, além da forma de constituição

ser menos burocrática do que a sociedade anônima oferece.

Em suma, conceitua-se a sociedade limitada como

pessoa jurídica de direito privado, formada por uma ou mais pessoas naturais

ou jurídicas, constituída na forma da lei, dotada de personalidade jurídica

própria, com responsabilidade dos sócios limitada ao capital social, para

persecução dos seus fins econômicos, podendo ser uma sociedade de

pessoas ou de capital.

28 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa. 22,Ed – São

Paulo:Saraiva, 2010, p.152

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1.1.2 Previsão legal

De acordo com Bertoldi29:

Com o Código Civil de 2002, a sociedade limitada passa a ser regrada pelos seus artigos 1.052 a 1.087, sendo que, naquilo que tais disposições legais forem omissas, aplicar-se-ão as normas da sociedade simples, salvo se o contrato social vier a prever a regência da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima[...].

Segundo leciona Coelho30, além da incidência supletiva

das normas da sociedade anônima, se houver previsão no contrato, há uma

outra forma de aplicação dessas regras na sociedade limitada, como forma de

colmatagem do sistema legal mediante sua aplicação por analogia, nos termos

do artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil.

Para Coelho31, “sendo o Código Civil lacunoso, poderá o

juiz aplicar a LSA, mesmo que o regime de regência supletiva da limitada seja

o das sociedades simples”.

Portanto, a Sociedade Limitada é disciplinada em capítulo

próprio dentro da Lei 10.406/02 (Código Civil), nos artigos 1.052 ao 1.087;

sendo aplicáveis também devido ao imenso leque de questões jurídicas

envolvendo essa sociedade e na omissão do contrato social, as normas da

sociedade simples (também previstas no Código Civil), nos artigos 997 ao

1.038; ou na preferência dos sócios e lacuna do Código Civil, as normas da

sociedade anônima (dentro da Lei 6.404/76).

1.2 CONSTITUIÇÃO

A Sociedade Limitada é constituída através de um

Contrato Social, que conforme Mazzafera32 “[...] é o suporte jurídico da

29 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.183 30 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.152 31 Op cite, p. 152 32 MAZZAFERA, Luiz Braz. Curso Básico de Direito Empresarial, p.89

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sociedade empresarial ou mercantil. Ele estabelece os direitos e obrigações

dos sócios e o objeto da empresa”.

Coelho33 explica que, “as normas gerais de direito civil,

pertinentes aos contratos, não podem, pura e simplesmente, ser aplicadas à

disciplina do contrato social, em razão mesmo de suas particularidades”.

Neste sentido, antes de adentrar nas cláusulas

obrigatórias da sociedade limitada, serão analisados os elementos gerais

inerentes aos contratos e elementos específicos referentes à sociedade

empresária.

1.2.1 Elementos gerais

A validade do contrato de sociedades empresárias está

vinculada à observância do disposto no Art. 104 do Código Civil Brasileiro:

Art. 104 CC - A validade do negócio jurídico requer: I- agente capaz; II- objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III- forma prescrita ou não defesa em lei. Conforme ensina Fazzio Junior34 “agente capaz, aqui, é a

pessoa civilmente capaz, seja porque maior; seja porque emancipada; seja

porque, se incapaz, devidamente assistida”.

Implicitamente ao conceito de agente capaz, está o

consenso entre as partes. De acordo com Requião35 “o Contrato é fruto de

vontade. A pessoa para se obrigar deve manifestá-la livremente. Precisa, além

disso, ser capaz de manifestar essa vontade”.

Coelho36 esclarece ainda que:

É importante ressaltar que a contratação de sociedade limitada por menor, devidamente representado ou assistido, tem sido

33 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.129 34 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.167 35 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p. 397 36 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.29

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admitida pela jurisprudência, desde que não tenha poderes de administração e o capital social esteja totalmente integralizado.

Por isso, somente pessoas capazes e de forma

consensual, poderão constituir uma sociedade.

No que tange ao objeto lícito, expõe Tomazette37 que “é o

conjunto de atos que a sociedade se propõe a praticar”, sempre de natureza

lícita.

Para Negrão38, “lícito é tudo aquilo que não contraria a lei

e está conforme o ordenamento jurídico”.

Coelho39 exemplifica:

[...] a validade do contrato social, depende da possibilidade e licitude da atividade econômica explorada, sendo inválida, por exemplo, uma sociedade formada para a exploração de jogo do bicho.

O objeto social deve ter natureza lícita, não contrariando a

legislação regulamentadora.

Além de licitude, o objeto deve ser possível, determinado

ou determinável, ou seja, deve ser possível física e juridicamente, compatível

com as leis da natureza e com o ordenamento jurídico.

No tocante a forma do contrato, Negrão40 a define como a

que “dá existência ao ato jurídico. Sem ela, não passará de uma ação humana

estranha à vida jurídica”.

Segundo Tomazette41:

A forma das sociedades comerciais é livre, sendo imposta a forma escrita tão somente para o gozo de certas vantagens. Portanto, a constituição de uma sociedade pode decorrer de um acordo expresso ou tácito, verbal ou escrito, desde que

37 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.33 38 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.289 39 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.131 40 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p..290 41 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.37

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presentes os elementos específicos da configuração de uma sociedade.

O ordenamento jurídico brasileiro, não estabelece uma

forma específica de contrato social, mas, para que a sociedade obtenha

personalidade jurídica, com vantagens legais, é necessário sua elaboração

através de um contrato solene, público ou particular, que deve ser arquivado no

órgão competente, a cargo das Juntas Comerciais ou Registro Civil de Pessoas

Jurídicas.

1.2.2 Elementos específicos

Além de características genéricas, inerentes a todos os

contratos, há elementos específicos das sociedades empresárias que são:

pluralidade dos sócios; affectio societatis; contribuição para o capital social e

participação nos lucros e nas perdas.

A pluralidade dos sócios e o affectio societatis conforme

leciona Ulhoa Coelho42, “são pressupostos fáticos de existência de qualquer

sociedade comercial”.

Em regra geral, é obrigatória a existência de dois sócios

ou mais, pessoas naturais ou jurídicas, para a validade do contrato social,

exceto as chamadas subsidiárias integrais (art. 251 da LSA) e a

unipessoalidade temporária (art. 1033 CC).

No que tange ao affectio societatis ou ânimo societário, de

acordo com Fazzio Junior43, “é a vontade de constituir sociedade, de correr o

risco inerente à atividade empresarial, ou ainda, é a aceitação dos deveres

comuns que se comprometem no desenvolvimento da atividade empresarial”.

Neste sentido, o affectio societatis e a pluralidade dos

sócios, comprometem diretamente a existência da sociedade, acarretando a

sua dissolução44.

42 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.132 43 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.170 44 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.133

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Tomazette45 ensina que “as sociedades existem para o

exercício de uma atividade econômica, e por isso, necessitam de um

patrimônio inicial que será composto, pelas contribuições dos sócios”.

Essa contribuição chama-se capital social, sendo

obrigatoriamente em moeda corrente nacional ou qualquer outro bem

suscetível de avaliação pecuniária.

No tocante ao último requisito, é ilícita a exclusão da

participação dos sócios nos lucros e nas perdas da sociedade, podendo essa

participação ser igual ou desigual.

Mazzafera46 leciona que “a lei proíbe a sociedade leonina,

onde um dos sócios fica com o lucro ou com o prejuízo”.

Após a verificação dos pressupostos genéricos e

específicos, faz-se necessário analisar as cláusulas obrigatórias de constituição

da sociedade limitada.

1.2.3 Cláusulas obrigatórias

O contrato social, desde que haja previsão legal, poderá

dispor de qualquer tema que seja de interesse de seus sócios, chamadas

cláusulas dispensáveis, entretanto, deve-se atentar para as cláusulas

obrigatórias relacionadas no artigo 997 do Código Civil Brasileiro, no Decreto

1.800/96 em seu artigo 53, III e na Instrução Normativa nº 98/03 do

Departamento Nacional do Registro do Comércio, que são:

a) tipo de sociedade empresária adotada é a sociedade limitada;

b) nome empresarial;

c) declaração precisa e detalhada do objeto social;

d) nome e qualificação dos sócios e administradores da sociedade, se eles forem nomeados no próprio contrato social;

45 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.33

46 MAZZAFERA, Luiz Braz. Curso Básico de Direito Empresarial, p.89

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e) capital social, sua divisão entre os sócios e a participação deles nos lucros e nas perdas;

f) endereço da sede e das filiais da sociedade;

g) declaração de tratar-se de sociedade de prazo indeterminado ou determinado, sendo determinado, qual o prazo de duração;

h) indicação de número, espécie e valor das quotas sociais.

Para Bertoldi47, “o contrato social deverá conter cláusulas

que mencione ser limitada a responsabilidade dos sócios à integralização total

do capital social”.

É importante mencionar no contrato social, a

responsabilidade limitada dos sócios, sob pena de responderem de forma

ilimitada e solidária nas obrigações sociais.

De acordo com o Código Civil Brasileiro e pela Instrução

Normativa nº 98/03 do Departamento Nacional do Registro do Comércio, são

exemplos de cláusulas facultativas do contrato social:

a) regras das reuniões de sócios (art. 1.072 CC/2002);

b) previsão de regência supletiva da sociedade pelas normas da sociedade anônima (art. 1.053, parágrafo único CC/2002);

c) exclusão de sócios por justa causa (art. 1.085 CC/2002);

d) autorização de pessoa não sócia ser administrador (art.1.061 CC/2002);

e) instituição de conselho fiscal (art. 1.066 CC/2002).

É mister afirmar que mesmo na omissão do contrato,

aplicar-se-ão as previsões legais do Código Civil.

Após a menção de todas as cláusulas contratuais,

obrigatórias e dispensáveis, o contrato social é levado para registro nas Juntas

47 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.187

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Comerciais (Registro Público de Empresas Mercantis) ou Registro Civil de

Pessoas Jurídicas (art. 1150 CC)48, do respectivo Estado da sede da empresa,

onde será registrado, concedendo publicidade e personalidade jurídica à

sociedade.

Vale ressaltar que, toda e qualquer alteração que o

contrato social da sociedade limitada precisar, acordada entre os sócios, desde

mudança no quadro societário até supressão de cláusula dispensável, deverá

seguir o mesmo rito administrativo, para após, ser arquivada na Junta

Comercial ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

Neste interím, ao analisar os elementos de constituição da

sociedade limitada, constata-se porque é vastamente procurada pelos

empresários, devido à praticidade para ser constituída em relação às

sociedades anônimas e sua limitação de responsabilidade do capital social.

1.3 DIREITOS E DEVERES DOS SÓCIOS

Os sócios, desde a assinatura do contrato social,

estabelecem obrigações para com a sociedade e reciprocamente entre si,

antes mesmo do seu ato constitutivo ser levado para registro na Junta

Comercial ou Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

A partir desse momento, os sócios se comprometem com

as cláusulas estipuladas em seu contrato, contraindo deveres essenciais,

sendo o primordial contribuir para o capital social.

Nas sociedades limitadas, a integralização do capital

social, somente será efetuada em moeda corrente nacional ou qualquer bem

48 Art. 1.150 CC - O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público

de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.

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de avaliação pecuniária, sendo impossível a realização do capital com

prestação de serviços ou lucros futuros49.

De acordo com Negrão50:

[...] obrigam-se a ingressar com os aportes estabelecidos, na forma e prazo previstos no contrato social, sob pena de serem considerados remissos e, consequentemente, se sujeitarem à caracterização da mora [...].

Negrão51 afirma ainda que ao verificar a mora do sócio

remisso, se sujeita a três soluções distintas que são:

a) cobrança do valor devido à integralização subscrita, acrescida da indenização devida pelo dano emergente;

b) exclusão do sócio remisso;

c) redução de sua participação na sociedade ao montante já realizado.

Nessa hipótese, o sócio considerado remisso, responde

até o limite de suas quotas, acrescido dos respectivos juros legais ou

contratuais, todavia, deve ressarcir à sociedade as despesas decorrentes da

cessão e as que houverem feito com a cobrança, com fulcro no artigo 296 do

Código Civil Brasileiro52.

O sócio remisso terá mais ênfase no decorrer do presente

trabalho, onde será melhor exposto no capítulo da resolução da sociedade em

relação ao sócio.

Para Tomazette53, implícito na obrigação de integralizar o

capital, está o dever da lealdade e cooperação recíproca entre os sócios, que é

49 IN 98 DNRC - Poderão ser utilizados para integralização de capital quaisquer bens, desde

que suscetíveis de avaliação em dinheiro[...]. Não poderá ser indicada como forma de integralização do capital a sua realização com lucros futuros que o sócio venha a auferir na sociedade.

50 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.310 51 Op cite p.310 52 Art. 296 CC - Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do

devedor. 53 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.118

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inerente à constituição e a sobrevivência da sociedade, pois, jamais o interesse

individual do sócio deve sobressair e causar prejuízos à empresa.

Neste norte, os sócios se obrigam mutuamente com todas

as cláusulas acordadas em seu contrato social, devendo ter boa-fé e probidade

em todos os seus atos na empresa.

Ao celebrar o seu contrato, mesmo na omissão do mesmo

e escolherem o tipo jurídico das sociedades limitadas, os sócios obtém vários

direitos básicos, segundo Fazzio Junior54 são:

a) direito de participar nos lucros sociais;

b) direito de fiscalizar a escrituração social;

c) direito de recesso;

d) direito à prestação de contas dos administradores;

e) direito de votar nas deliberações sociais nas sociedades contratuais.

A sociedade empresária objetiva o lucro. Devido a essa

incansável busca, os sócios possuem a consciência do seu direito-dever de

participar nos lucros e nas perdas que a sociedade obtiver, na proporção de

suas quotas.

Negrão55 leciona que “é possível que o contrato estipule

outros valores, distintos da participação societária, mas em hipótese alguma

pode prever a não-participação de algum sócio nos lucros e/ou perdas”.

Nesta esteira, há previsão legal que proíbe a não

distribuição dos lucros e/ou perdas, sendo obrigatória inclusive aos sócios

minoritários.

É também direito de todos os sócios fiscalizar a situação

da sociedade, ter conhecimento da gestão dos administradores da empresa,

bem como, a situação contábil atual.

54 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.175. 55 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.312

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Fazzio Junior56 diz que, “o sócio tem o direito de saber o

que está sendo feito, quem está fazendo, por que está sendo feito e como”.

Com isso, os administradores (sócios ou não sócios), são

obrigados a prestar contas de sua gestão e expor a escrituração social aos

demais sócios, no momento estipulado em contrato e de conhecimento dos

mesmos.

Outro direito de suma importância é o direito de recesso,

ou seja, o direito de retirar-se da sociedade.

Negrão57 expõe duas modalidades: a) comum: nas

sociedades por prazo indeterminado, mediante notificação simples com

antecedência de 60 dias aos sócios; b) extraordinário: nas sociedades por

prazo determinado, onde dependerá da anuência de todos os sócios.

Para Fazzio Junior58, “é um direito que decorre da

liberdade contratual e da autonomia da vontade”.

Devido à análise desses princípios, bem como, do Código

Civil, ninguém é obrigado a permanecer na sociedade, podendo ceder sua

quota a outro sócio que tenha interesse, e, na recusa destes, para terceiros

interessados, nas sociedades com intuito pecuniae.

Sobretudo, é direito essencial aos sócios, votar nas

deliberações sociais, respeitado o quorum exigido na legislação.

Mamede59 explica que “os sócios deliberam sobre a

sociedade limitada simples ou empresária, em reunião ou em assembleia,

conforme previsto no contrato social”.

Algumas deliberações implicam em modificação do

contrato social, devendo ser aprovada pelos sócios para ser levada a registro

56 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.175. 57 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.314 58 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.176. 59 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. São Paulo: Atlas S/A, 2005, p.106

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nas Juntas Comerciais ou Registro Civil de Pessoas Jurídicas, para obter

validade jurídica.

Mamede60 expõe sobre o quorum das deliberações

sociais:

75% do capital, para a modificação do contrato social e para aprovação de incorporação, fusão e dissolução da sociedade; mais da metade do capital para designação dos administradores, quando feita em ato separado, para sua destituição e para a definição de sua remuneração, mesma quantidade para aprovar o pedido de recuperação da empresa ou ratificá-lo; pela maioria de votos do presentes, nos demais casos previstos em lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada.

Com isso, nos demais casos em que não houver previsão

legal, será decidido pela maioria dos presentes, exceto se o contrato dispuser

de forma mais elevada.

Em suma, os direitos e obrigações pertinentes aos sócios,

iniciam com a assinatura do contrato social e cessam com a dissolução da

sociedade, onde serão liquidadas as suas quotas, quitadas as dívidas e

divididos os valores dos seus haveres, na proporção de sua parte no montante

total do capital social.

Depois de analisar a os direitos e deveres inerentes aos

sócios, estuda-se a seguir a responsabilidade da sociedade e dos sócios.

1.4 RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE E DOS SÓCIOS

A principal característica de uma sociedade limitada, é a

sua responsabilidade ser limitada ao total do capital social integralizado.

Nesse sentido, Fazzio Junior61 expõe que:

60 Op cite, p. 108 61 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.197

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Limitada é a responsabilidade do cotista, não da sociedade, é claro. Na verdade, trata-se de uma sociedade empresária com a totalidade dos sócios de responsabilidade limitada. A responsabilidade da sociedade perante terceiros é plena, posto que dotada de autonomia jurídica.

Neste norte, a sociedade limitada responde

ilimitadamente com seu patrimônio perante terceiros, deixando o patrimônio

pessoal dos sócios intactos, razão que faz esse tipo jurídico ser o mais usual

em nosso país.

Fazzio Junior62, explica que “nuclear é que contenha

cláusula expressa, declarando que a responsabilidade dos sócios é limitada à

importância do capital social”.

Sendo omisso o contrato social, desconsiderar-se-á o tipo

jurídico de sociedade limitada, caracterizando uma sociedade em nome

coletivo, na qual os sócios respondem solidariamente de forma ilimitada,

embora de forma subsidiária ao patrimônio da sociedade.

Em relação à responsabilidade dos sócios, Coelho63 diz

que “o limite da responsabilidade dos sócios, na sociedade limitada, é o total do

capital subscrito e não integralizado”.

Exemplificando essa teoria, caso a sociedade limitada

tenha dois sócios, com capital subscrito de 50% para cada um, sendo que, o

sócio A integralizou o total previsto e o sócio B somente 25%, já que o restante

seria integralizado a prazo. Caso a sociedade não suporte as dívidas e venha a

sucumbir, os sócios respondem solidariamente pelas dívidas sociais, até o

limite dos 25% não integralizados64.

62 Op cite, p.197 63 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.155 64 Op cite, p.155

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Bertoldi65 expõe que devido a essa regra, caberá aos

sócios que já integralizaram sua parte, o direito de regresso ao sócio remisso

que não o fez, como prometido em contrato.

Devido a essa previsão, o tipo jurídico das sociedades

limitadas permite que o sócio responda com seu patrimônio, apenas no que ele

se obrigou a integralizar e não o fez em tempo hábil.

Por isso, “os sócios, na limitada, possuem

responsabilidade solidária pela integralização do capital social” 66, ou seja, os

credores da sociedade poderão cobrar do patrimônio pessoal de qualquer dos

sócios, o valor que não estava integralizado (pago) no montante do patrimônio

social.

Nesta senda, quando o capital social está totalmente

integralizado, os credores poderão cobrar somente o montante do patrimônio

da sociedade, ficando o patrimônio dos sócios, em regra, imunes as obrigações

sociais.

Essa regra, a primeira vista parece injusta perante

terceiros, porém, como o risco desse tipo jurídico é possível, como em qualquer

outra sociedade, o direito deve estabelecer mecanismos de limitação de

perdas, possibilitando cada vez mais empreendedores e investidores,

explorarem a atividade empresarial67.

Por outro lado, quanto maior o risco, maior a possibilidade

de rentabilidade que o negócio pode apresentar. Sem as regras limitadoras da

responsabilidade, o lucro das empresas deveria ser maior, elevando o custo do

produto final que seria levado ao mercado, não sendo competitivo perante o

comércio internacional, pois, as sociedades estrangeiras possuem regras de

limitação 68.

65 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.184 66 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.155 67 Op cite, p.156 68 Op cite, p.156-157

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No que tange aos credores, ao negociarem com as

sociedades limitadas, poderão fixar uma taxa de risco ao preço exigido,

associada à perda decorrente da falência da sociedade. Inclusive os bancos ao

emprestarem dinheiro a esse tipo jurídico, devem exigir garantias adicionais,

como fiança ou aval, para a possibilidade da sociedade falir, executar os bens

dos avalistas e fiadores, compensando o prejuízo que seria iminente69.

Neste sentido, essa limitação das sociedades limitadas,

serviu como estímulo aos empresários, para explorarem suas atividades, com

menos riscos de sofrerem perdas no seu patrimônio pessoal, já que atinge

somente o patrimônio da empresa.

Porém, apesar da regra geral, há hipóteses em que o

sócio responde subsidiariamente, mas de forma ilimitada, perante terceiros

pelas obrigações sociais. Excessões que devem ser esclarecidas, conforme

nos enumera Coelho70:

a) quando os sócios agirem de forma contrária à lei ou ao contrato social;

b) na sociedade marital, no regime da comunhão universal de bens ou separação obrigatória, razão que tem explícito no artigo 977 do Código Civil Brasileiro, sendo taxativa a proibição de contraírem sociedades entre si;

c) nas relações de emprego, a Justiça do Trabalho tem protegido o empregado, sendo a jurisprudência favorável a execução dos bens dos sócios, deixando de aplicar as regras de limitação da responsabilidade;

d) nas fraudes contra credores, usando da separação patrimonial, para obter vantagens por meios fraudulentos, poderá ser responsabilizado ilimitadamente, adotando a teoria da desconsideração da pessoa jurídica.

Fazzio Junior71, sobre o tema explica que:

Se os sócios atuarem contra legem, não poderão beneficiar-se da limitação da responsabilidade patrimonial. Se os sócios, por exemplo, extinguirem a sociedade sem deixar bens suficientes

69 Op cite, p.157 70 Op cite, p.157-158 71 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.199

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para o pagamento das dívidas contraídas por ela, certamente deverão responder com seu próprio capital por esses débitos.

Nesse sentido, agindo de forma ilegal, a responsabilidade

limitada perderá eficácia no caso concreto, respondendo com seu próprio

patrimônio.

Bertoldi72 nos ensina que:

A teoria da desconsideração da personalidade jurídica passa a ser recepcionada em nosso ordenamento jurídico não somente em situação específicas, como é o caso do abuso da utilização da pessoa jurídica, nas relações de consumo, tutela do livre mercado ou meio ambiente, mas em todas as relações indistintamente.

Neste sentido, quando o sócio praticar atos que sejam

lesivos aos interesses dos consumidores, da concorrência e do meio ambiente,

deverá sofrer com as consequências da desconsideração da personalidade

jurídica, sendo responsabilizado de forma ilimitada pelo ato lesivo.

Bertoldi73, além das excessões acima mencionadas,

expõe que “nos créditos relativos às dividas fiscais (art. 135, III CTN) ou

oriundas da Previdência Social (art 13 da Lei 8.620/93), o legislador criou

mecanismos que possibilitam a responsabilização pessoal dos sócios”.

Uma forma dos credores cobrarem suas dívidas de forma

eficaz será através do processo de falência, respeitada a hierarquia dos

credores.

De acordo com Fazzio Junior74, “em caso de falência, se

o capital social não está completo, qualquer sócio poderá ser compelido a fazê-

lo”.

Neste norte, após o exaurimento dos bens da sociedade,

os sócios responderão ilimitadamente pelas dívidas contraídas por ato contrário

à lei ou ao contrato social.

72 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.146 73 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.184 74 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.218

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36

O instituto da falência será melhor explanado nos

próximos capítulos da presente monografia.

Somente nos casos acima mencionados, que não vigora

a limitação da responsabilidade dos sócios, ou seja, o sócio não poderá ter seu

patrimônio pessoal atingido por obrigações oriundas da sociedade, além do

limite legal do capital não integralizado75.

Fazzio Junior76, entende que:

Pelo artigo 1.032 do CC de 2002, a saída, morte ou exclusão do sócio não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade. A retirada e a exclusão do sócio, não o isentam de responder pelas obrigações posteriores a sua saída até dois anos, enquanto não requerer a averbação.

No mesmo entendimento, Almeida77 ressalta que “a

exclusão do sócio da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores a

sua saída, só ocorre dois anos após a averbação do ato de exclusão, na Junta

Comercial”.

De acordo com os ensinamentos de Mamede78:

Até que a retirada ou exclusão do ex-sócio seja devidamente disposta no registro público, os atos por ele praticados em nome da sociedade, ainda que indevidamente, são válidos, desde que reflitam os poderes do outorgado no contrato social. Tem-se aqui também, a aplicação dos princípios da aparência e da publicidade, reconhecendo-se a função do registro público de orientar a atuação de terceiros, dando-lhes a conhecer a situação jurídica da sociedade. A sociedade, porém, poderá processar o ex-sócio para dele haver o que indevidamente perdeu.

Neste sentido, decai a responsabilidade do sócio que se

retira da sociedade, somente após dois anos a contar da data do arquivamento

no Registro Público de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas 75 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.158 76 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.186 77 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais. 15ª.ed – São Paulo:

Saraiva, 2005, p.133 78 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.81

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Jurídicas, da alteração contratual que deu publicidade e autenticidade à sua

saída.

Estudado os conceitos básicos acerca da sociedade

limitada, mister ainda entender o instituto da resolução da sociedade, tema de

estudo do próximo capítulo.

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CAPÍTULO 2

RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE

A resolução da sociedade em relação a sócio está

inserida num contexto maior que envolve as modalidades de resolução de

forma completa, tema tratado no presente capítulo.

2.1 RESOLUÇÃO, DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E EXTINÇÃO

As sociedades, através de seu contrato social, adquirem

personalidade jurídica com seu registro na Junta Comercial ou no Registro Civil

das Pessoas Jurídicas. A Resolução da sociedade, por sua vez, conforme

ensina Almeida79, “é o processo pelo qual se extingue a sociedade comercial”.

De acordo com Bertoldi80:

Ao termo dissolução a doutrina empresta dois sentidos diferentes. Temos a dissolução lato sensu ou dissolução-procedimento, que é o conjunto de atos necessários para que se ponha fim à sociedade empresária[...], com três etapas distintas: a dissolução (stricto sensu), a liquidação e a extinção.

Já Tomazette81 explica que:

O processo de encerramento da sociedade deve ter um marco inicial, isto é, deve ocorrer um fato para desencadear todo o processo. Esse fato é o que denominamos dissolução stricto sensu, que pode ser entendido como a causa do encerramento da sociedade.

A dissolução stricto sensu, é o primeiro passo para

extinguir a sociedade, sendo o estopim que desencadeará na resolução da

sociedade.

Coelho82 ensina que:

79 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.77 80 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.338 81 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.195

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A dissolução, assim, não será da pessoa jurídica, propriamente, mas dos vínculos contratuais que a originaram. Se houver dissolução de apenas parte desses vínculos, permanecendo a sociedade por força dos demais não dissolvidos, estar-se-á diante da dissolução parcial. Se, ao revés, dissolverem-se todos os vínculos contratuais e, por isso, a sociedade deixar de existir, então será o caso de dissolução total.

Destarte, percebe-se que há duas formas de dissolução

da sociedade, parcial e total, sendo a parcial denominada como resolução da

sociedade em relação ao sócio. As duas formas serão tratadas com maior

ênfase no decorrer do presente trabalho.

Fazzio Junior83 conceitua a liquidação como “a fase final

de extinção da sociedade, consistente em realizar o ativo e solucionar o

passivo social, podendo processar-se judicialmente ou não”.

No mesmo entendimento, Almeida84, expõe que

liquidação “é a operação que segue à resolução de dissolução, objetivando a

apuração do ativo, a fim de que, pago os débitos, seja o remanescente

distribuído entre os sócios, na medida de suas respectivas partes”.

Nessa fase verifica-se o ativo da sociedade, que será

pago os débitos, sendo que, o valor restante será distribuído entre os sócios.

Por fim, extinção na concepção de Fazzio Junior85, “é o

término da personalidade jurídica da sociedade, o desfazimento de todos os

vínculos pactuados e o fim da conjugação paralela de intenções em torno do

objeto social”.

Na mesma linha de raciocínio, Tomazette86 diz que “se a

pessoa jurídica começa a existir com o registro no órgão competente, é com

outro registro nesse mesmo órgão que ela deixará de existir”.

82 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.171 83 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.189 84 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.78 85 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.192 86 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.205

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Extinção é, portanto, o ato final, onde se leva a registro, o

distrato social da sociedade, que para ter eficácia jurídica, deverá ser

registrado no órgão competente (na Junta Comercial ou no Registro Civil das

Pessoas Jurídicas).

Assim sendo, para a sociedade deixar de existir, passará

pelo processo de dissolução, que envolve três etapas distintas, dissolução

stricto sensu, liquidação e extinção.

2.2 VIAS DE RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE

O marco inicial da resolução da sociedade é a sua

dissolução stricto sensu, como anteriormente conceituado, dividindo-se,

conforme entendimento de Negrão87 e Fazzio Junior88, em quatro vias distintas:

consensual, judicial, legal e administrativa.

2.2.1 Consensual

Há previsão legal no artigo 1033 II e III do Código Civil

Brasileiro89, sendo uma forma de resolução total da sociedade, decorrente do

consenso entre os sócios, onde não há mais interesse recíproco de manter a

sociedade, não existindo mais intenção de manter o affectio societatis.

Negrão90 menciona que a forma “consensual, também

denominada distrato social, decorrente da vontade dos sócios”.

Tomazzete91 diz que “a dissolução consensual,

convencional ou amigável que se opera pelo comum acordo entre os sócios, é

o distrato comum aos contratos em geral”.

87 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.468-469 88 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.186-189 89 Art. 1.033 CC - Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: II - o consenso unânime dos sócios; III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado 90 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.468

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Mamede92 leciona sobre o tema o seguinte:

Diferente será a hipótese de deliberação da maioria absoluta, para a qual se coloca o problema da minoria vencida. Se a sociedade foi contratada por prazo determinado, ainda não vencido, não tem a maioria o poder de deliberar sua dissolução, já que obrigada para com a minoria a manter a contratação pelo período ajustado. Em se tratando de prazo indeterminado, a dissolução da sociedade pode ser deliberada pela maioria absoluta dos sócios, salvo outro quorum específico, previsto no contrato social.

Neste sentido, há de se frizar que somente com acordo

entre os sócios é que poderá ocorrer o distrato social nas sociedades por prazo

determinado, sendo que no tipo de sociedade por prazo indeterminado, poderá

ocorrer por maioria absoluta ou outro quorum estabelecido em contrato,

ressalvada a possibilidade do sócio remanescente, provar que pode manter as

atividades da sociedade, preservando a pessoa jurídica.

2.2.2 Judicial

Dissolução Judicial é a dissolução por sentença. Para

Fazzio Junior93, “o caminho judicial será seguido sempre que houver conflito de

pretensões entre os sócios sobre a dissolução ou quando sobrevier a falência

da sociedade”.

Contrariando a dissolução consensual, na qual os sócios

entram em consenso, nessa via de resolução, há litígio entre as partes,

ocasionando a resolução por meio da sentença judicial.

Está elencada nos artigo 1034 e 1035 do Código Civil

Brasileiro, as hipóteses de dissolução judicial:

− pela anulação de sua constituição;

− pela impossibilidade de preencher o fim social;

− falência;

− exaurimento do objeto social;

91 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.198 92 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.81-82 93 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.188

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− qualquer outra causa estipulada em contrato

Negrão94 ensina que será judicial “se houver litígio e

impuser o conhecimento e a constituição dessa situação por sentença judicial.”

As hipóteses de dissolução judicial terão maior

abrangência no decorrer da presente monografia.

2.2.3 Legal

A dissolução legal ou como é conhecida por Negrão95 de

“pleno direito”, ocorrerá nas hipóteses previstas nos incisos I, e IV do drtigo

1033 do Código Civil Brasileiro96:

O referido autor menciona que é de “pleno direito quando

se opera pela ocorrência de situação prevista em lei, com ou sem necessidade

de vir a ser declarada por sentença judicial” 97.

Neste sentido, a lei trás hipóteses que não respeitadas,

ensejam na dissolução total da sociedade, havendo exceções quando couber o

princípio da continuidade da empresa, como será melhor exposto em tópico

específico.

2.2.4 Administrativa

Existem sociedades que de acordo com Mamede98:

[...] dependem de autorização do Poder Executivo Federal para funcionarem. Um exemplo são as instituições financeiras, que dependem de autorização do Banco Central para funcionar, transferir controle acionário e promover reorganização societária.

94 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.468 95 Op cite, p. 470 96 Art. 1.033 CC - Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio,

não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; 97 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.468 98 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.34

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Neste sentido, a dissolução administrativa ocorrerá

quando o Poder Público observar que determinada empresa está agindo de

forma contrária à lei, como por exemplo, no caso de autorização para

funcionamento, onde sua autorização para funcionamento é cassada, quando

infrigir disposição de ordem pública ou praticar atos contrários aos fins sociais.

Estas disposições estão previstas no inciso V do Artigo

103399 e no Artigo 1125100, do Código Civil Brasileiro, sobre isso Fiuza101

explica que:

Uma das características inerentes ao regime de autorização é que o Poder Público exerce sobre a sociedade autorizada, a todo tempo, sua competência fiscalizadora, de modo a assegurar o permanente cumprimento das leis e regulamentos a que ela se encontra submetida. Por isso que, verificado, mediante atividade de fiscalização, que a sociedade nacional ou estrangeira esteja a violar ou infringir princípio de ordem pública, assim definido em lei, ou esteja a exercer sua atividade em desconformidade com o objeto previsto em seu estatuto ou contrato social, poderá a autorização ser cassada, a qualquer tempo, assegurada, obviamente, a observância do devido processo legal e o exercício do direito de defesa (CF, Art. 5º, LIV e LV).

Neste norte, quando o Poder Público verificar que

determinada sociedade que possui autorização governamental para

funcionamento, infringir determinadas disposições legais, poderá cassar sua

autorização a qualquer tempo, observado os princípios constitucionais da

ampla defesa e contraditório, como bem ensina Mamede102: “a concessão, a

negativa de concessão e a cassação de autorização para registro e/ou

funcionamento são atos administrativos que devem atender aos requisitos

constitucionais e legais para a sua validade [...]”.

99 Art. 1.033 CC - Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. 100 Art. 1.125 CC - Ao Poder Executivo é facultado, a qualquer tempo, cassar a autorização

concedida a sociedade nacional ou estrangeira que infringir disposição de ordem pública ou praticar atos contrários aos fins declarados no seu estatuto.

101 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.583 102 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.36

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Vistos os tipos existentes de vias de resoluções das

sociedades, faz-se uma análise sobre as hipóteses de resolução na sua forma

total.

2.3 RESOLUÇÃO TOTAL DA SOCIEDADE

Negrão103 distingue as formas de resolução em dois

grandes grupos, que são as resoluções extrajudiciais e judiciais, conforme

exposto abaixo:

1. Extrajudicial:

− vontade dos sócios (art. 1033, II e III);

− decurso do prazo de duração (art. 1033 I);

− extinção da autorização para funcionar (art. 1033, V);

− Falta de pluralidade entre os sócios (art. 1033, IV e art. 206, I, d da LSA);

2. Judicial

− dissolução por anulação do ato de constituição (art. 1034, I);

− falência da sociedade (art. 1044);

− exaurido o fim social ou verificada a sua inexequibilidade (art. 1034, II);

− outras causas definidas em contrato social (art. 1035).

Estas modalidades serão analisadas com maior amplitude

nos tópicos seguintes.

2.3.1 Vontade dos Sócios

Como já mencionado anteriormente, o consenso entre os

sócios para sua extinção, está elencado no art. 1033 II e III do Código Civil

Brasileiro.

103 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.470-477

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Coelho104, explica que “para que se opere a dissolução

total da sociedade por prazo determinado, é necessária a unanimidade”.

Devido a isso, nas sociedades por prazo indeterminado

não há necessidade da unanimidade, sendo suficiente a deliberação por

maioria absoluta dos sócios.

Negrão105, explica que “a maioria absoluta se obterá pelo

voto de, no mínimo, três quartos do capital social (Arts. 1076 I e 1071 VI)”.

Havendo unanimidade entre os sócios, a sociedade

passará pelo processo de dissolução, sem maiores problemas. Todavia no que

tange a dissolução por maioria absoluta dos sócios, Bertoldi106 tece o seguinte

comentário:

[…] muito embora a disposição do Código Civil seja pela extinção da sociedade mediante a sua dissolução, doutrina e jurisprudência, a exemplo do que ocorria com a norma revogada, certamente entenderão pela possibilidade de se dar continuidade à sociedade, desde que o sócio, ou os sócios remanescentes efetuem o reembolso aos demais sócios retirantes e, se for o caso, no prazo de 180 dias seja recomposta a pluralidade dos sócios (art 1033, IV).

Neste sentido, o referido autor é claro ao afirmar que ao

haver divergência sobre a dissolução da sociedade, os sócios que pretenderem

continuar com a empresa, poderão arcar com o reembolso dos demais sócios

retirantes, ou até mesmo continuando a sociedade com apenas um sócio, no

prazo legal estipulado em lei, respeitando o princípio da continuidade da

empresa.

Tomazette107 é a favor dessa medida ao mencionar que “a

melhor solução é a que privilegia a continuação da empresa, se viável”.

Em suma, a única formalidade exigida perante terceiros,

para a efetiva dissolução da sociedade que se deu de forma unânime, é o 104 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.172 105 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.471 106 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.148 107 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.198

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arquivamento do distrato social, na Junta Comercial ou Registro Civil de

Pessoas Jurídicas. Nas sociedades na qual houve divergência e a deliberação

se deu de forma nâo unânime, pode haver dissolução judicial, na medida em

que pode haver discordância entre os sócios, discutindo a extinção ou não da

sociedade, bem como, a sua liquidação e apuração de haveres108.

2.3.2 Decurso do Prazo de Duração

No que tange ao decurso do prazo de duração, usando

como base o artigo 1033 I do Código Civil Brasileiro, Bertoldi109, explana que:

[…] para que ocorra a dissolução da sociedade pelo decurso de seu prazo de duração, é necessário que, além de escoado referido prazo, a sociedade efetivamente venha a ser liquidada; caso contrário, a sociedade tornar-se-á automaticamente por prazo indeterminado.

Bertoldi110 conclui ainda que:

[…] dentro de um prazo razoável, os sócios deverão providenciar a alteração do contrato social, determinando um novo prazo de término da sociedade ou então a transformando por prazo indeterminado, sob pena de o contrato social não mais refletir a realidade.

Tomazette111 tem o mesmo pensamento, quando

menciona que “com o advento do Código Civil de 2002, a ausência de oposição

e a continuação da atividade social implicam automaticamente a prorrogação

do contrato social por prazo indeterminado”.

De acordo com o pensamento de Fiuza112:

O inciso I do art. 1.033, todavia, prevê uma hipótese inovadora, segundo a qual, não havendo oposição de qualquer dos sócios no tempo previsto para o início da dissolução, a sociedade continuará válida e presente. Neste caso, por abstenção ou omissão em iniciar o processo de dissolução, o prazo de

108 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.472 109 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.149 110 Op cite, p.149 111 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.198 112 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.540

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existência da sociedade será automaticamente prorrogado, agora por tempo indeterminado.

Essa norma tem como finalidade, atenuar as sociedades

com prazo de duração por tempo determinado, que por lapso, tiveram o seu

prazo escoado, não sendo mais necessária a sua liquidação e consequente

criação de nova sociedade, levando em consideração o princípio da

continuidade da empresa.

Para Coelho113:

A sociedade, contudo, não estará em situação regular e, embora não deva se dissolver, ficará sujeita à aplicação analógica das regras da sociedade em comum. Tanto a exploração da atividade antes do registro na Junta Comercial como a posterior ao encerramento do prazo de duração constante deste são irregulares.

Coelho114 sobre o mesmo assunto explica que, para

ocorrer à continuidade de forma regular da sociedade com prazo determinado,

deve-se arquivar alteração contratual, anteriormente a expiração do prazo,

prorrogando-o pelo tempo almejado.

Ainda no pensamento de Coelho115:

O decurso do prazo determinado de duração de uma sociedade contratual é, também, causa de sua dissolução. Os sócios podem concordar quanto ao decurso e firmar distrato, operando-se a dissolução extrajudicial. Se, no entanto, um dos sócios entender que não decorreu o prazo de duração da sociedade, e, negar-se a firmar o distrato, os demais poderão recorrer ao judiciário, pleiteando a dissolução judicial.

Nesse caso, doutrina e jurisprudência são pacíficas no

que tange ao princípio da preservação da empresa, sendo que a decisão será

favorável a continuidade da sociedade, desde que haja possibilidade do sócio

remanescente suprir o valor das quotas dos sócios retirantes, fator que será

melhor explanado no último capítulo da presente monografia.

113 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.173-174 114 Op cite, p. 173 115 Op cite, p.173

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2.3.3 Extinção da Autorização para Funcionar

Quando a sociedade necessitar de uma autorização do

Estado para desenvolver sua atividade fim e essa autorização cessar por

qualquer motivo, será extinta de pleno direito, como bem observa Bertoldi116 :

[...] se houver necessidade de autorização estatal para o seu funcionamento e se esta autorização deixar de existir, das duas uma: ou a sociedade se extingue mediante sua dissolução e liquidação ou então deixa de explorar aquela atividade específica. Negrão117 tece comentários sobre a cassação da

autorização para funcionamento:

Cassada a autorização ou extinta por decurso do prazo de concessão sem que tenha havido prorrogação, essas sociedades deverão ser dissolvidas e liquidadas. Eventualmente, pode ocorrer disputa no âmbito judicial, visando afastar as causas que motivaram a extinção da autorização concedida.

Na mesma linha de raciocínio, Fiuza118 nos expõe que:

Nas sociedades constituídas sob regime de autorização, isto é, dependentes de autorização governamental para funcionar, quando extinta ou cassada tal autorização, deve ela ser dissolvida. Essa hipótese, todavia, somente se aplica às sociedades sujeitas a regime jurídico de controle e fiscalização por parte do Estado quando tenham por objeto a execução de atividades consideradas, por lei, de interesse público ou social.

Neste norte, as sociedades que tiverem sua autorização

cassada ou extinta, deverão sofrer o rito da dissolução, podendo ser discutido

judicialmente as causas da cassação.

Tomazette119 trás alguns exemplos desse tipo de

sociedade dependente de autorização, “como as que atuam com aviação

comercial, mineração, operação de planos de saúde entre outras”.

116 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.150 117 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.474 118 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.540 119 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.199

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Temos também como exemplo as sociedades

estrangeiras, que independentemente de seu objeto social, dependerá de

autorização de autoridade brasileira, tendo como base legal do art. 1123 até o

art. 1141 do Código Civil Brasileiro.

Para Almeida120, “a autorização para funcionar pode, a

qualquer tempo, ser cassada, na ocorrência de violação a disposição de ordem

pública ou atos contrários aos fins declarados no estatuto”.

Tomazette121, diz que “neste caso, a dissolução é de

pleno direito, pois independe de decretação judicial, e inclusive independe de

um novo ato dos sócios”.

Negrão122 complementa mencionando que:

A hipótese, tratada pelo art. 1.033, V, do Código Civil, pode ser completada pelos casos em que não apenas a autorização foi extinta, mas naqueles nos quais o Poder Público determinar a liquidação extrajudicial da sociedade, como ocorre, por exemplo, com as instituições financeiras, que, incidindo em ocorrências, que comprometam sua situação financeira e outras violações graves, são liquidadas administrativamente.

Há previsão legal na Lei das S/As em seu art. 206, I123,

mencionando sobre a dissolução da sociedade, mediante término da

autorização para funcionamento.

Em suma as sociedades de dissolvem, ao expirar o prazo

de autorização para o funcionamento da empresa, na ocorrência de qualquer

ato que imponha essa expiração ou cassação.

2.3.4 Falta de Pluralidade entre os Sócios

A unipessoalidade é outra forma de dissolução total da

sociedade. No caso das sociedades em que apenas um sócio remanesce na

120 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.78 121 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.198 122 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.474 123 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.189

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empresa, este tem um prazo legal, estipulado no artigo 1033 IV do Código Civil

Brasileiro para acrescentar outra pessoa na sociedade.

Negrão124 ao mencionar sobre a unipessoalidade, explica

que:

Atento à tendência jurisprudencial e sobmetendo-se ao ideal empresarial e não mais à doutrina individualista, o Código Civil previu a não-dissolução se a sociedade for reconstituída no período de cento e oitenta dias. Esse prazo conta-se da data da ocorrência da perda da pluralidade.

Coelho125 explica que existe uma exceção a regra, “visto

que o direito brasileiro só admite uma hipótese de sociedade com um único

sócio, a subsidiária integral, necessariamente uma sociedade por ações”.

Para Bertoldi126, “o prazo é de 180 dias, contados do

momento em que se verificou a unipessoalidade”.

Devido a essa orientação, as sociedades que por ventura

ficarem unipessoais, deverão no prazo estabelecido em lei, excetuando-se as

subsidiárias integrais, acrescentar outra pessoa ao quadro social da sociedade,

sob pena de dissolução total, como bem orienta Tomazette.127: “não havendo a

reconstituição da pluralidade de sócios, a sociedade entra de pleno direito em

processo de dissolução, podendo haver a continuação da atividade

individualmente, mas não por meio daquela sociedade”.

Essa afirmação, vem de encontro a Lei Complementar

128/08128, que acrescenta o § 3º ao artigo 968 e o parágrafo único ao artigo

124 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.472 125 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.175 126 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.150 127 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.199 128 Art. 968.§ 3º CC - Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao

Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.

Art. 1.033.Parágrafo único CC - Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira no Registro Público de Empresas Mercantis a transformação do

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966 do Código Civil Brasileiro, que permite a transformação das sociedades em

empresário individual e vice-versa, permitindo as empresas que se encontram

na unipessoalidade de continuar as atividades com o mesmo CNPJ, porém,

individualmente.

Em suma, por qualquer motivo que a sociedade se

obrigue a ficar unipessoal, os sócios tem o prazo legal de 180 dias para

reformularem o quadro de sócios, sob pena de ocorrer a dissolução de pleno

direito da sociedade. Não havendo pessoa habilitada para acrescentar, poderá

a sociedade ser transformada em empresário individual conforme prerrogativa

da Lei Complementar 128/08.

2.3.5 Anulação do ato de constituição

Tomazette129 expõe que:

Para a existência da sociedade é necessária a obediência a um processo de constituição, o qual se estivar eivado de vícios pode ser anulado. Se a sua constituição for anulada, a sociedade tem que ser dissolvida. Para a anulação da constituição da sociedade, é necessário o ajuizamento de uma ação contra a sociedade e contra os demais sócios, daí tratar-se de uma causa de dissolução judicial.

Negrão130 esclarece que “o legislador refere-se, no art.

1.034, I, às sociedades personalizadas e reporta-se, necessariamente, ao

parágrafo único do art. 45 do Código Civil” 131.

Neste norte, após a inscrição da Junta Comercial ou

Registro Civil de Pessoas Jurídicas, os sócios poderão requerer a dissolução

por anulação do ato de constituição, decorrentes de defeitos do contrato, de

acordo com os casos admitidos em lei.

Negrão132 expõe ainda que:

registro da sociedade para empresário individual, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.

129 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.199 130 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.474 131 Artigo 45 Parágrafo Único CC - Decai em três anos o direito de anular a constituição das

pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

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Há, por certo, casos de violação da ordem pública, em razão de ser ilícito seu objeto ou serem incapazes os agentes que a contrataram, e, neste caso, a sociedade não pode subsistir.[...] Buscando minimizar as graves consequências da nulidade, não somente em virtude da natureza especial de contrato plurilateral, mas também porque seus efeitos atingem direitos de terceiros não participantes do ato constitutivo, a sociedade não poderá ser registrada se presentes os vícios acima mencionados[...], e, se o for, poderá ser regularizada em algumas hipóteses que atingem, tão somente, a relação entre um ou alguns sócios para com a sociedade, retirada de sócios ou sócios incapazes ou sua correta representação, ou dos sócios para com a sociedade, sem resultar em prejuízo para terceiros.

Neste sentido, caso haja nulidade que não possa ser

sanada, poderá ser objeto da dissolução da sociedade, através de uma ação

de anulação de contrato de constituição, para preservar os direitos de terceiros

contratantes.

Neste interím, caso os sócios omitirem informações

imprescindíveis para a nulidade de um contrato de constituição de sociedade,

poderão sofrer o ajuizamento de uma ação civil, bem como, a constituição será

anulada.

2.3.6 Exaurido o fim social ou verificada a sua inexequibilidade

Sobre o exaurimento da atividade empresarial, Coelho133

diz que “trata-se de hipótese rara, em que a sociedade é contratada

exclusivamente para realizar uma determinada obra, operação ou serviço. Uma

vez atendido o seu objetivo determinado, não há mais razão para continuar a

pessoa jurídica”.

Bertoldi134, expõe que “exaure-se o objeto social,

naquelas sociedades de propósito específico, constituídas com um objetivo

claro e delimitado”.

132 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.474 133 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.175 134 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.150

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Negrão135, exemplifica as formas de exaurimento do fim

social, quando:

[...]a atividade tornou-se proibida por lei, a empresa explora recursos naturais e houve esgotamento da reserva, acarretando a inviabilidade de seu exercício naquele lugar ou época, a sociedade dispõe de tecnologia ultrapassada, não possuindo recursos ou meio legais para a modernização necessária, o contrato de franquia não foi renovado, etc.

Essa forma de dissolução da sociedade, tem maior

amplitude nas sociedades com propósito específico, como por exemplo, para a

construção de uma determinada obra, onde não havendo mais o objetivo que a

criou, ocorrerá a dissolução total.

Tomazette136 ensina sobre o exaurimento do fim a que se

destina a sociedade: “o código civil de 2002 exige, para o reconhecimento de

tal fato, uma decisão judicial, sendo necessário o ajuizamento de uma ação,

por isso também é uma hipótese de dissolução judicial”.

Negrão137, sobre o assunto, expõe que:

[...] perda total ou insuficiência do capital social, são exemplos de inexequibilidade do fim social. Se não há mais capital e tampouco possibilidade de seu aumento, o fim para a qual foi constituída a sociedade, torna-se inatingível, levando os sócios a admitirem sua dissolução.

Havendo divergência entre os sócios, deverá a lide ser

resolvida por via judicial.

Sobre a inexequibilidade do objeto da empresa,

Tomazette138 exemplifica diversos fatores como “um grande prejuizo, que

reduza a tal ponto o patrimônio social, que se torna impossível atingir o objetivo

almejado; ou uma discordância grave entre os sócios que impeça a

continuação da atividade”.

135 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.476 136 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.200 137 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.476 138 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.200

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Almeida139 comenta sobre a impossibilidade de preencher

o fim social. “O intuito e fim social de uma sociedade comercial é um só, o

lucro. Inexistindo este, com a comprovação da impossibilidade lucrativa,

facultado é a qualquer dos sócios, requerer em juízo a dissolução da

sociedade”.

Bertoldi140 trás comentário sobre a irrealização do objeto

da sociedade:

Sempre que se verifique a impossibilidade da realização do objeto social, seja por falta de capital ou de mercado para os produtos ou serviços oferecidos pela sociedade, seja por desinteligência entre os sócios que comprometa a continuidade da sociedade, caberá a dissolução.

Neste sentido, as sociedades que não tiverem mais

mercado disponível ou capital para manter-se, serão dissolvidas totalmente.

Em suma, exaurindo o fim social ou ocorrendo a

inexequibilidade do objeto social, ocorrerá a dissolução da sociedade, que

derivará do meio judicial para ser concretizada, seja por qualquer proibição

legal, término de prazo ou proveniente de impossibilidade física dos sócios.

2.3.7. Falência da sociedade

Bertoldi141 ensina que “a falência efetivamente enseja a

dissolução, que ocorrerá, no entanto, somente com o encerramento do

processo de falência”.

Ulhoa Coelho142, explica que a falência “trata-se de

hipótese de dissolução necessariamente judicial, cuja caracterização e

processamento são específicos, disciplinados por legislação própria”.

Negrão143, tece comentários sobre a falência:

139 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.77 140 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.150 141 Op cite, p.150 142 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.174

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A falência não extingue a pessoa jurídica, mas a mantém num estado de letargia, com a perda da administração de seus bens (art. 103 da Lei Falimentar) e a proibição da prática de atos de administração em geral (art. 102 da Lei Falimentar). Durante o pedido e processamento da falência, é possível reverter a situação de perda do exercício da empresa em duas situações: a) na constituição provisória das atividades do falido (art. 99, XI), determinada na sentença de quebra, com o administrador judicial; b) na recuperação judicial incidental, prevista no art. 95 desse mesmo diploma legal, no prazo da contestação ao pedido de falência.

Nesta senda, o referido autor expõe a possibilidade da

reversão de perda do exercício legal da sociedade, que derivará na

constituição provisória das atividades do falido ou na recuperação judicial

incidental.

Sobre a falência, Tomazette144 explica que as sociedades

se dissolvem, caso ocorra à falência:

As sociedades empresárias também se dissolvem se falirem, isto é, se tiverem contra si uma execução coletiva, que vise o pagamento de todos os credores. A ausência de patrimônio suficiente para honrar o pagamento de todos os credores da companhia, é um traço normalmente ligado à falência, e por isso, o fim do processo de falência leva ao fim do patrimônio social, e consequentemente a inexequibilidade de qualquer objetivo a que se tenha proposto a sociedade.

Negrão145 leciona ainda que:

Na tutela jurisdicional cujo objeto é a dissolução, o pedido visa à extinção da sociedade. Seu objeto é a própria dissolução, e, portanto, correto seria intitulá-la de dissolução judicial própria. Na falência, a dissolução é uma das consequências ou dos efeitos daquela execução coletiva. A dissolução judicial não é a pretensão inicial do autor, embora esteja potencialmente implícito no pedido. Trata-se, portanto, de dissolução judicial imprópria ou consequente de outra tutela judicial.

Ainda haverá casos em que a falência sucederá à

dissolução, quando for constatado a impossibilidade do pagamento aos

143 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.477 144 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.200 145 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.478

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credores, resolvendo o liquidante requerer a autofalência da empresa. Neste

norte, o processo liquidatório ocorrerá no processo falimentar146.

Em suma, o processo de falência, implicitamente, trás a

dissolução da sociedade como uma de suas consequências, ocorrendo

obrigatoriamente pela via judicial.

2.3.8 Outras causas previstas no contrato

Segundo ensina Almeida147:

A inabilidade de um dos sócios, tomada essa expressão como sinônimo de falta de aptidão, incapacidade, ausência de talento necessário ou conhecimentos indispensáveis, incapacidade civil (interdição) ou moral (incontinência de conduta), estas últimas necessariamente julgadas por sentença, são motivos de dissolução judicial da sociedade.

Fazzio Junior148 entende que é legal “que o sócio procure

o amparo judiciário sempre que sofra ou esteja na iminência de sofrer lesão a

direito individual”.

Negrão149 menciona que “o Código dispõe sobre outras

causas, de livre desígnio dos sócios pertinentes a aspectos internos da sociedade:

objeto social, qualidade dos sócios, interesses comuns, etc, que uma vez ocorridas,

acarretarão a dissolução da sociedade”.

Os fatos, supra mencionados, não poderão ferir regras

legais ou sociais, como ensejadores de dissolução da sociedade.

O Código Civil Brasileiro, dispõe sobre outras causas de

livre iniciativa dos sócios, pertinentes a aspectos internos da sociedade, como

por exemplo, objeto social, qualidade dos sócios, interesses comuns, que uma

146 Op cite, p.478 147 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.79 148 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.188 149 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.476

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vez ocorridos, poderão acarretar em dissolução da sociedade, desde que não

violem regra legal ou social150.

Sobre o assunto, Coelho151 menciona que:

[...] o próprio contrato social poderá prever outras formas, relacionadas com a particularidade do negócio ou da vontade dos sócios. Destas são exemplos: não obtenção de determinado patamares mínimos de lucro, redução do número de sócios a limites prefixados, etc.

Fiuza152 tece os seguintes comentários a respeito do

tema:

Caso algum dos sócios conteste a ocorrência da causa que ensejou a dissolução total da sociedade, pode ele se opor à dissolução por meio de ação judicial, devendo a causa ser apreciada pelo juiz competente. Assim, mesmo que haja previsão expressa no contrato social, a constatação, ou não, da causa ou motivo da dissolução dependerá de sentença judicial.

Nesta senda, sempre que houver desconformidade com o

contrato social ou qualquer outra hipótese que ocasione ferimento ao direito

individual do sócio, deve-se procurar o judiciário para a resolução do litígio, que

ocasionará a resolução total ou parcial da sociedade.

Na dissolução judicial, pode haver riscos dos bens sociais

serem depreciados ou extraviados pelo sócio responsável pela sua guarda.

Nestes casos, Almeida153 com base no artigo 659 do Código de Processo Civil

Brasileiro154, afirma que “pode o sócio requerente da dissolução postular o

sequestro daqueles bens”.

O referido autor menciona ainda que “outra hipótese de

exclusão judicial é aquela em que não há previsão no contrato social para o

afastamento por justa causa de sócio minoritário”.

150 Op cite, p.476 151 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.175 152 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.541 153 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.79 154 Art. 659 CPC - A penhora deverá incidir em tantos bens quantos bastem para o

pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios.

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Neste caso, os demais sócios devem procurar o judiciário,

para excluir o sócio que cometer falta grave, respeitando o seu direito de

defesa, conforme será visto quando o tema for a resolução da sociedade em

relação ao sócio.

2.4 LIQUIDAÇÃO TOTAL

Após o marco inicial que é a dissolução stricto sensu,

tem-se iniciada a fase da liquidação dos haveres, onde será realizado todo o

ativo da sociedade, liquidado as dívidas com os credores, sendo que o restante

do ativo será dividido entre os sócios.

Para Bertoldi155, “nessa fase a sociedade, muito embora

ainda exista, não poderá praticar normalmente os atos que vinha exercendo,

mas tão somente aqueles necessários para levar a cabo a liquidação”.

Tomazette156, explica que existem duas formas de

liquidação, a amigável e a judicial, sendo que a amigável ocorre quando há

consenso entre os sócios; em relação a judicial, poderá ocorrer a requerimento

de qualquer sócio, na omissão dos demais sócios em promover a referida

liquidação.

Fazzio Junior157, “não constando do contrato social a

indicação do liquidante, os sócios poderão escolher pessoa estranha ao quadro

social”.

Conforme Almeida158 “a investidura do liquidante dá-se ou

por sua prévia designação no contrato social, ou, posteriormente, pelo

consenso dos sócios, ou por nomeação do juiz”.

155 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.151 156 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.201 157 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.189 158 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.81

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Poderão os sócios, buscar a autoridade judicial para

requerer a liquidação da sociedade. Fazzio Junior159, diz que “na dissolução

judicial, na própria sentença que decretar a dissolução, o juiz nomeará o

liquidante conforme o contido no ato constitutivo da sociedade ou o disposto na

lei de regência”.

Na omissão tanto dos administradores, quanto dos sócios,

o Ministério Público terá legitimidade subsidirária para intentar a liquidação. Se

o Ministério Público não se pronunciar, caberá a autoridade competente para

conceder a autorização de nomear um interventor para requerer a medida e

administrar provisoriamente a sociedade em liquidação, até a nomeação de

pessoa responsável para fazê-la160.

Sobre a destituição do liquidante, Fazzio Junior161

menciona que:

O liquidante poderá ser destituído pelo juiz, de ofício, ou mediante postulação de qualquer sócio, se ocorrer justa causa. Por exemplo, em caso de inobservância dos deveres legais, de retardamento injustificado do andamento do processo, de procedimento doloso ou de defesa de interesse adverso ao da liquidação.

Em suma, haverá destituição nos atos que sejam

contrários as atribuições do liquidante, inclusive podendo ser destituído a

qualquer tempo, caso seja uma pessoa alheia a sociedade, escolhida pelos

sócios, conforme artigo 1038 § 1º, I162 do Código Civil Brasileiro.

Para Almeida163:

No interregno da nomeação do liquidante, se o contrato ou estatuto não dispuser a respeito, havendo fundado receio de rixa, crime ou extravio ou danificação de bens sociais, o juiz

159 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.189 160 Op cite, 189 161 Op cite, 189 162 Art. 1.038 CC - Se não estiver designado no contrato social, o liquidante será eleito por

deliberação dos sócios, podendo a escolha recair em pessoa estranha à sociedade. § 1º O liquidante pode ser destituído, a todo tempo: I - se eleito pela forma prevista neste artigo, mediante deliberação dos sócios; 163 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.82

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poderá, a requerimento do interessado, decretar o sequestro daqueles bens, nomeando depositário idôneo.

A medida cautelar do sequestro, consiste na apreensão

da coisa que está em litígio, no caso das sociedades, do bem que encontra-se

disposto no patrimônio da empresa.

Sobre a identificação da empresa, Fazzio Junior164,

explana que “na fase liquidatória, a sociedade empresária, assina-se com a

adição da expressão em liquidação, representada pelo liquidante”.

Por isso, distingue-se das demais sociedades, sendo que

somente fará uso em operações relacionadas à liquidação da empresa.

Fazzio Junior165 menciona os deveres do liquidante que

são:

− arquivar e publicar a ata da assembleia geral, sentença ou instrumento que tiver deliberado ou decidido a liquidação;

− arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam;

− levantar, de imediato, em prazo não superior ao fixado pela assembleia geral ou pelo juiz, o balanço patrimonial da sociedade;

− ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente entre os acionistas;

− exigir dos sócios, quando o ativo não bastar para a solução do passivo, a integralização de suas participações;

− convocar a assembleia geral, nos casos previstos em lei ou quando o julgar necessário;

− apresentar prestação de contas semestrais;

− confessar a falência e pedir concordata, nos casos previstos em lei,

− finda a liquidação, submeter aos sócios relatório dos atos e operaçãoes da liquidação e suas contas finais;

164 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.189 165 Op cite, p. 189

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− arquivar e publicar a ata de assembleia geral ou instrumento social que houver encerrado a liquidação.

Sobre a extensão dos poderes do liquidante, Tomazette166

explica que:

Para a realização do ativo em espécie, tem o liquidante mais poderes que os administradores, podendo alienar bens móveis e imóveis, transigir e dar e receber quitação. Todavia, o liquidante não pode, sem estar autorizado pelo contrato social ou pelo voto da maioria dos sócios, gravar de ônus reais os bens móveis ou imóveis da sociedade, nem contrair empréstimo, salvo quando indispensáveis ao pagamento dos credores sociais (Art. 1105 Código Civil de 2002). A extensão dos poderes do liquidante é determinada pela sua função, no sentido de realização do pagamento do passivo e da partilha do eventual saldo.

Compete ao liquidante representar a sociedade,

promovendo o pagamento do passivo e a partilha do eventual saldo.

O liquidante prestará contas de suas atividades a cada

seis meses, como bem leciona Fazzio Junior167:

O liquidante convocará a assembleia geral a cada seis meses, para prestar-lhe contas dos atos e operações praticados no período e apresentar-lhe o relatório e o balanço do estado da liquidação. A assembleia geral pode fixar, para essas prestações de contas, períodos menores ou maiores que, em qualquer caso, não serão inferiores a três nem superiores a doze meses.

Tomazette168 explica que “a lei exige que o liquidante, se

possível, proceda nos 15 (quinze) dias seguintes à sua investidura, ao

levantamento do balanço geral do ativo e do passivo da sociedade, bem como

do inventário dos bens pertencentes a esta”.

Nesta senda, o liquidante fará a individualização dos bens

da empresa, de forma a melhorar a análise do balanço do ativo e passivo da

sociedade.

O referido autor menciona ainda que: 166 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.203 167 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.190 168 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.203

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No curso da liquidação judicial, o juiz convocará e presidirá as assembleias gerais necessárias para deliberar sobre os interesses da sociedade, dirimindo, sumariamente, as dúvidas e litígios suscitados. As cópias autenticadas das atas das assembleias gerais serão apensadas ao processo judicial169.

Portanto, o liquidante deverá sempre manter clara a real

situação da sociedade, prestando contas aos sócios sobre as operações

praticadas para a referida dissolução.

Nesta senda, a sociedade que tiver iniciado a sua

liquidação, não poderá desenvolver suas atividades como anteriormente,

somente os assuntos inerentes a realização do ativo e a satisfação do passivo.

Tomazette170 explica que:

Caso o ativo não seja suficiente ao pagamento de todos os credores sociais, o liquidante deve em primeiro lugar pagar as obrigações preferenciais, isto é, aquelas dotadas de prioridade no caso de concurso de credores, como por exemplo, as obrigações trabalhistas, e as tributárias. Caso ainda restem recursos para os credores quirografários, o liquidante deverá pagar proporcionalmente as dívidas sociais, vencidas e vincendas, em relação a estas com desconto (Art. 1106).

Essa medida mantém em critério de igualdade todos os

credores quirografários, que receberão pelo menos uma parte do valor devido.

Nos casos do passivo ser maior que o ativo, Tomazette171

explica que “é dever do liquidante reconhecer o estado de insolvência da

sociedade, e requerer o estado de insolvência da sociedade, e requerer

conforme o caso, a falência [...]”.

Após esse trâmite, o restante que sobrar do ativo, será

dividido entre os sócios, de acordo com a sua parte no capital social.

Almeida172 ensina que:

169 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.191 170 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.203 171 Op cite, p. 205 172 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.84

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A partilha deve ser feita na forma e no percentual estabelecido no contrato social. Na ausência de qualquer disposição a respeito, far-se-á na proporção das quotas de cada sócio. Nela se computarão todos os bens, móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos.

Neste norte, o liquidante deve tomar todas as precauções

possíveis, para não ferir direito dos sócios e nem dos credores, agindo

imparcialmente e de acordo com a legislação vigente.

2.5 EXTINÇÃO TOTAL

Após realizado todo o procedimento da liquidação, leva-se

a registro o ato da extinção da sociedade, que bem leciona o autor Fazzio

Junior173: “Arquivado o ato de dissolução no Registro Público de Empresas

Mercantis, extingue-se a pessoa jurídica”.

Após a extinção da sociedade, buscando resguardar

eventuais discussões, devem os sócios manter em seu poder toda a

escrituração da sociedade, enquanto não estiverem prescritas todas as

obrigações decorrentes dos atos nela consignados174.

Coelho175, tece alguns comentários a respeito do mesmo

assunto:

O instrumento de distrato ou a ata da assembleia ou reunião em que a dissolução foi aprovada, deverá declarar as importâncias repartidas entre os sócios e indicar a pessoa ou pessoas responsáveis pelo ativo e passivo social remanescente, bem como informar os motivos da dissolução.

Os credores que após o ato de extinção ter sido

registrado na Junta Comercial, poderão ingressar com ação de perdas e danos

contra o liquidante que agir com dolo ou culpa nas suas atribuições, inclusive

podendo ajuizar ação contra os sócios, que serão obrigados somente com sua

173 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.192 174 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.206 175 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa, p.173

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participação no rateio final. Cabe ao sócio que arcar com despesas perante

terceiros, exercer o seu direito de regresso perante os demais sócios176.

Após o procedimento liquidatório, ocorre a chamada

extinção, que é dar publicidade ao ato de dissolução da sociedade, através do

distrato social.

2.6 RESOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE

Após análise das causas de dissolução total da sociedade

limitada, há de se verificar as possibilidades da sociedade não se extinguir e

manter sua personalidade jurídica, chamada de resolução da sociedade em

relação ao sócio.

Tomazette177 entende que “com o advento do Código Civil

de 2002, há de vez a consagração da ideia da resolução da sociedade em

relação a apenas um sócio, reconhecendo-se a função social da sociedade e o

princípio da preservação da empresa”.

Fazzio Junior178 leciona que “a dissolução parcial foi

construída pela doutrina e adotada pela jurisprudência, precisamente para

resguardar a estabilidade da empresa contra eventual instabilidade dos

interesses dos sócios”.

O referido autor expõe que “se não faz mais presente o

affectio societatis, nem por isso se desfaz a sociedade, para o bem dela

mesmo, dos sócios que ficam e da coletividade que usufrui da empresa” 179.

Com isso, a sociedade mantém suas atividades e a sua

personalidade jurídica intactas, continuando suas atividades com os sócios

remanescentes que assim desejarem.

176 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.206 177 Op cite, p.135 178 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.184 179 Op cite, p. 184

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Tomazette180 aborda a ideia de que:

A construção do contrato plurilateral, permite que se atenda também ao princípio da preservação da empresa, pelo qual, sempre que possível há que se manter a empresa como organismo econômico produtor de riquezas, tendo em vista os inúmeros interesses envolvidos, como os dos trabalhadores, do fisco e dos consumidores.

Neste sentido, consagra-se a hipótese da sociedade se

dissolver parcialmente em relação ao sócio, preservando a continuidade da

atividade laborativa da empresa, mesmo que a resolução acarrete a

unipessoalidade temporária, como bem nos ensina Tomazette181:

Doutrina e jurisprudência consagraram a figura da dissolução parcial, na qual a sociedade se resolve apenas em relação a um sócio, continuando a existir normalmente, mesmo que isso acarrete uma unipessoalidade temporária, que é admitida por 180 dias pelo Código Civil de 2002.

Portanto, mesmo ocorrendo a unipessoalidade, a lei

faculta um prazo para o remanescente reorganizar e ingressar um novo sócio

para a continuidade da sociedade.

Há diversos entendimentos doutrinários que elencam as

hipóteses de resolução da sociedade em relação ao sócios. Neste sentido

usando os ensinamentos de Negrão:182, são causas de dissolução parcial da

sociedade:

− Morte do sócio

− Retirada do sócio

− Sócio remisso

− Falta Grave

− Incapacidade superveniente

− Falência de sócio

− Liquidação da quota a pedido de credor do sócio

− Justa Causa

180 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.134 181 Op cite, p.134 182 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.331

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As hipóteses de resolução da sociedade em relação ao

sócio serão foco do terceiro capítulo da presente monografia, por ora, resta

ainda tratar acerca da liquidação e da extinção parcial da sociedade.

2.6.1 Liquidação parcial

Como visto alhures, a dissolução total leva a uma

liquidação, e, por conseguinte a extinção total da sociedade, mas a dissolução

parcial levará a uma liquidação e extinção parcial da sociedade.

A etapa final para ocorrer a resolução da sociedade em

relação ao sócio é a apuração dos seus haveres perante a sociedade,

recolhendo o que tem direito, como bem nos leciona Fazzio Junior183.“Esse

direito de crédito refere-se ao valor patrimonial das quotas que titulava”.

Tomazette184 ao comentar a liquidação parcial, expõe:

Para este mister, são necessários dois procedimentos, a determinação do patrimônio da sociedade e a definição do quinhão que toca a cada um dos sócios, e consequentemente do quinhão do sócio que se afastou da sociedade, ou de seus herdeiros.

A determinação do patrimônio da sociedade será feita por

meio de balanço patrimonial, que é um procedimento contábil que definirá a

situação patrimonial da sociedade na data da resolução, e, a divisão do

quinhão, levará em conta o capital efetivamente realizado, com fulcro no artigo

1.031 do Código Civil Brasileiro185.

Após o levantamento do quinhão em balanço patrimonial,

“deverá ser pago no prazo de 90 (noventa) dias contados da liquidação da

quota, salvo disposição em contrário do contrato social” 186.

Ainda nos ensinamentos de Tomazette187:

183 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.185 184 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.135 185 Art. 1031 § 2º CC A quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a

partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário. 186 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.143

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Feito o pagamento do sócio que não faz mais parte da sociedade, a princípio deve ser operada a redução do capital social na proporção das quotas que ele possuía, pois, não mais existe a contribuição que justificava a existência das quotas. Entretanto, admite-se que os demais sócios supram o valor da quota, mantendo íntegro o capital social.

Nesta senda, em regra geral, ocorrendo a resolução da

sociedade em relação ao sócio, liquidar-se-á a sua quota, devendo ser operada

a redução do capital, salvo se os demais sócios suprirem o valor por si ou

permitindo ingresso de terceiro na sociedade.

2.6.2 Extinção parcial

Após o procedimento de liquidação e apuração dos

haveres dos sócios que saíram da sociedade, a ata de reunião ou de

assembleia geral de sócios, bem como, a alteração contratual com

consentimento de todos os sócios, deverá ser levada a registro na Junta

Comercial, para obter validade jurídica.

Mamede188 nos ensina sobre o tema:

A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação.

Nesse sentido, os herdeiros somente responderão pelas

obrigações anteriores a liquidação, enquanto o sócio que se retirou ou foi

excluído, a responsabilidade residual se estende às obrigações posteriores, no

mesmo lapso temporal de dois anos, exceto se a averbação da alteração

contratual, se arquive de imediato ao procedimento da liquidação189.

Com base nos ensinamentos do referido autor, somente

após averbado na Junta Comercial, é que de fato, se efetuará a resolução da

sociedade em relação ao sócio. 187 Op cite, p. 143 188 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.80 189 Op cite, p. 80-81

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Por fim, verifica-se que as sociedades podem se dissolver

de forma total ou em relação ao sócio, analisadas todas as causas que incidem

na dissolução, bem como, nos diversos tipos de dissolução existentes em

nosso ordenamento jurídico. Constata-se que para haver a dissolução, deve

passar pela liquidação e posteriormente a extinção, arquivando na Junta

Comercial ou Cartório de Registro Civil para haver a eficácia jurídica.

Após a análise dos aspectos principais, bem como, das

formas de dissolução da sociedade em geral, adentra-se com maior ênfase no

objeto principal do estudo ora abordado, nas possibilidades de resolução da

sociedade limitada em relação ao sócio.

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CAPÍTULO 3

RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA EM

RELAÇÃO AO SÓCIO

Conforme estudado nos capítulos anteriores, inicialmente

vale-se dizer que as sociedades limitadas são regidas supletivamente pelas

regras das sociedades simples, conforme dispõe artigo 1053 do CC, portanto,

aplicam-se a ela todas as modalidades estudadas acerca da dissolução total ou

parcial das sociedades, mediante as quatro vias de resoluções existentes em

nosso ordenamento jurídico (consensual, judicial, legal e administrativa).

Destarte, resta-nos o estudo das hipóteses de resolução

parcial da sociedade em relação ao sócio apontadas alhures conforme os

ensinamentos de Negrão190, que serão o foco do presente capítulo.

3.1. MORTE (art. 1028 CC)

Com fulcro no art. 1784191 do Código Civil Brasileiro,

ocorrendo o evento morte, os bens são transmitidos de forma imediata aos

sucessores (herdeiros e legatários).

Devido a essa previsão legal, as quotas do falecido,

incorporam a herança, fator que possibilita aos herdeiros ingressar na

sociedade ou receber os seus haveres, promovendo a dissolução parcial.

De acordo com os ensinamentos de Negrão192:

A inevitabilidade do evento morte pode ser objeto de cláusula social que defina, de antemão, a sucessão do sócio pré-morto, a forma de apuração e liquidação de sua participação e a

190 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.331 191 Art. 1.784 CC - Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros

legítimos e testamentários. 192 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.331

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dissolução total ou não da sociedade. Num contrato bem elaborado os itens referentes a essas circunstâncias, por mais dolorosas que sejam, devem ser previamente acertados, evitando-se disputas futuras que comprometam o andamento dos negócios sociais

Portanto, é aconselhável na feitura do contrato social,

incluir cláusula dispondo sobre o falecimento dos sócios, para evitar

desavenças e disputas judiciais, comprometendo o andamento da sociedade.

Na visão de Bertoldi193, usando como base legal o Código

Civil Brasileiro:

Na hipótese de falecimento de qualquer dos sócios (CC, art. 1.028), na falta de disposição especial no próprio contrato social, as quotas que pertenciam ao de cujus deverão ser liquidadas e o resultado econômico da liquidação deverá compor o espólio.

Na mesma linha de raciocínio, Fiuza194 explica que “na

hipótese do falecimento de sócio, a regra geral é a da liquidação de suas

quotas no capital social, com o pagamento aos herdeiros, com redução do

capital social, se for o caso, mas sem prejuízo da continuidade da sociedade”.

Devido a esse dispositivo, a regra geral aplicada, será da

liquidação das quotas do sócio falecido no capital social, pagando os haveres

aos herdeiros, com a devida redução do capital social, conforme o caso.

Tomazette195 comenta que “deve-se apenas apurar o que

seria devido ao sócio, caso a sociedade fosse extinta, e transferir os valores

aos herdeiros, em virtude do direito de crédito inerente à qualidade de sócio,

que lhes é transferido”.

Ensina-nos Fiuza196, que “a liquidação das quotas implica

o pagamento dos haveres e créditos do sócio falecido em favor de seus

193 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.153 194 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.537 195 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.135 196 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.537

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herdeiros, impossibilitando a participação destes, conseqüentemente, como

membros da sociedade”.

Neste norte, após a liquidação das quotas e pago os

haveres dos herdeiros, não haveria lógica em ingressá-los na sociedade, pois,

já receberam o que era seu por direito. Entretanto, há possibilidades do

contrato social estipular outras previsões para reger o falecimento do sócio.

Negrão197 exemplifica as hipóteses previstas em lei que

são facultadas aos sócios:

Falecido um dos sócios, e no silêncio do contrato social, podem os demais optar por: a) dissolver a sociedade (art. 1028, II); b) acordar, com os herdeiros, sua substituição no quadro social (art. 1028, III); ou c) pagar o valor da quota aos herdeiros, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, que coincide com a do evento morte, verificada em balanço especialmente levantado (art. 1031).

Fiuza198 expõe claramente sobre o tema que:

O contrato social pode estipular outro procedimento nesse caso, assim como os sócios remanescentes podem decidir pela dissolução da sociedade. A quota do sócio falecido também não será liquidada na hipótese de os herdeiros decidirem por sua substituição.

No entendimento de Tomazette199:

A natureza personalística da sociedade pode impedir o prosseguimento da empresa, diante da importância que o sócio falecido possuía na vida da sociedade. Nesse caso, os sócios podem deliberar a dissolução total da sociedade, que agora não é consagrada como a regra, mas como uma exceção que depende da manifestação dos sócios em assembleia, ou no próprio contrato social.

Nesta senda, ocorrendo o falecimento de algum sócio,

não existindo interesse dos sucessores, os sócios remanescentes poderão

consentir sobre a dissolução total da sociedade, caso entendam que não

haverá possibilidade de continuação da empresa.

197 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.331 198 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.537 199 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.136

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Destarte, poderá haver a substituição do sócio falecido

pelo seu herdeiro, previsão que Bertoldi200 também discorre:

O Código Civil prevê a possibilidade de os herdeiros do sócio falecido virem a compor os quadros sociais em sua substituição, desde que assim sejam deliberados pela maioria dos votos dos sócios presentes, se o contrato não previr maioria mais elevada (CC, art. 1.076, III).

Tomazette201 ainda explica que “a natureza personalística

da relação entre os sócios impede que haja de pleno direito a transmissão da

condição de sócio aos herdeiros do sócio falecido, pois não é indiferente para a

vida da sociedade quem adquire a qualidade de sócio”.

Coelho202, expõe sobre o tema:

[...] se desejarem os sucessores do sócio morto ingressar na sociedade (e, se esta for “de pessoas” e nenhum dos sócios se opuser), não há nenhuma razão para a dissolução, sequer parcial, da sociedade. Nem cláusula contratual dissolutória poderá sobrepor-se à vontade dos interessados (sucessores e sócios sobreviventes) e ao princípio da permanência da empresa.

Portanto, se a sociedade possuir intuito pecuniae, o

ingresso do herdeiro independe da vontade dos sócios remanescentes,

diferentemente das sociedades com intuito personae, na qual o ingresso

depende de consentimento dos demais sócios.

Neste norte, caso o contrato tenha previsão para a

continuação da sociedade com o falecimento do sócio, deverá haver

consentimento por parte dos demais sócios, para ser efetuado de fato o

ingresso do herdeiro na empresa, respeitando o princípio do affectio societatis,

que deverá prevalecer para a continuidade da mesma.

Almeida203 entende que os herdeiros podem recusar-se a

ingressar na sociedade, mas, “jamais impor a uma empresa, hoje verdadeira

200 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.153 201 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.136 202 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa. p.173 203 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.136

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instituição social, os seus interesses pessoais, pugnando pela dissolução e

respectiva liquidação”.

O autor supra citado, ainda explica que no desinteresse

dos herdeiros em ingressar na sociedade, deverão receber seus quinhões, no

limite dos haveres do de cujus, continuando a sociedade com os sócios

remanescentes, sendo uma solução adequada até mesmo nos casos de

omissão no contrato e os sócios optem pela continuidade204.

Nesta esteira, o Código Civil Brasileiro, rejeita a

dissolução total da sociedade em face do falecimento do sócio, conforme nos

bem ensina Requião205:

A morte provoca a liquidação da quota de capital pertencente ao sócio, salvo disposição contrária do contrato, podendo ainda regular-se a substituição do sócio falecido por acordo com os herdeiros. Os sócios remanescentes é que poderão, em face da morte, preferir a dissolução da sociedade.

Por isso, deve-se levar em conta o princípio da

continuidade da empresa, evitando a dissolução total da sociedade, salvo não

haver interesse dos demais interessados em manter as atividades

anteriormente exercidas.

Tomazette206 explica que:

A sorte da sociedade independe da sorte dos sócios, de modo que causas pessoais ligadas a um sócio, não podem de pleno direito influir na vida da sociedade, ainda que não haja cláusula contratual nesse sentido.

Nesta interím, ocorre a dissolução parcial como forma de

compatibilizar os interesses que por ventura são conflitantes dos sucessores do

sócio pré-morto que não desejam participar da sociedade ou quando os sócios

remanescentes impedem o ingresso destes. Havendo discordância, deverá

seguir o trâmite judicial para resolver o litígio e, caso haja concordância,

seguirá o trâmite extrajudicial.

204 Op cite, p.136 205 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.341 206 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.135

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As quotas do sócio falecido serão liquidadas em balanço

especialmente levantado, conforme preceitua o artigo 1031 do Código Civil

Brasileiro207, salvo nas hipóteses do contrato social dispor contrariamente; os

sócios optarem pela dissolução da sociedade ou de acordo com os herdeiros,

optarem pelo ingresso destes na sociedade. Após esse tramite, deverá ser

arquivado na Junta Comercial ou Registro Civil de Pessoas Jurídicas, para

haver eficácia jurídica.

3.2 DIREITO DE RETIRADA (art. 1029 CC)

De acordo com o inciso XX, do artigo 5º da CRFB,

“ninguém será obrigado a associar-se ou a permanecer associado”.

Devido ao preceito constitucional, Requião208 ensina que:

É claro que o sócio não é obrigado a permanecer, contra sua vontade, numa sociedade a prazo indeterminado. Sua liberdade constitui um direito inalienável e incontestável.[...]Não pode, nem deve, pois, ficar escravizado ao organismo comercial, após falecer-lhe a affectio societatis. Por isso lhe é reconhecido o direito de retomar sua liberdade. Mas o uso desse direito deve ser exercido, regularmente, sem afetar os interesses dos demais, muito menos os da própria coletividade em que vive e prospera.

Neste sentido, todos os sócios possuem livre arbítrio para

se retirarem da sociedade, caso seja de seu interesse pessoal, sendo que para

reger essa livre associação, o Código Civil Brasileiro, em seu artigo 1029209,

regulamenta as formalidades para o sócio exercer o seu direito de retirada da

sociedade.

207 Art. 1.031. CC - Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o

valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.

208 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.345 209 Art. 1.029 CC - Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode

retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.

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Conforme Mamede210, essa retirada pode ser: “(1) nos

casos previstos na lei ou no contrato; (2) se de prazo indeterminado, mediante

notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de 60 dias; (3) se de

prazo determinado, provando judicialmente a justa causa.”

Sobre o tema, Fazzio Junior211, explica que “se o quotista

não assente na modificação do contrato social para alteração do objeto da

sociedade, deve ter a possibilidade de sair daquela sociedade que não mais

lhe interessa”.

O referido autor ainda explica que “o sócio sai porque

quer, não porque seja afastado, mas porque a lei autoriza, não querendo

submeter-se às alterações do contrato social, retira-se da sociedade212.

Negrão213 nos elenca as hipóteses do sócio retirar-se da

sociedade, ao divergir da decisão da maioria, com fulcro no artigo 1077 do

Código Civil Brasileiro214.

a) na modificação do contrato social, em seus elementos essenciais;

b) na fusão da sociedade;

c) incorporação de outra sociedade por ela;

d) incorporação dela por outra sociedade;

e) transformação da sociedade.

Para Bertoldi215:

Trata-se, o direito de retirada, daquela opção dada ao sócio minoritário de retirar-se da sociedade, se porventura venham os termos determinados em lei a sofrer modificações graves e que possam vir a interferir substancialmente no seu interesse

210 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.74 211 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.176 212 Op cite, p. 209 213 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.378 214 Art. 1.077 CC - Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade,

incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade, nos trinta dias subseqüentes à reunião, aplicando-se, no silêncio do contrato social antes vigente, o disposto no art. 1.031.

215 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.152

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em continuar na sociedade. Estabelece o Código Civil, especificamente em relação à sociedade limitada (CC, art. 1.077), como hipóteses ensejadoras do direito de recesso, a modificação do contrato social, a fusão da sociedade, a incorporação de outra, ou dela por outra.

Na mesma linha de raciocínio, Requião216 “prevê o direito

de recesso do sócio da sociedade limitada, no caso de alteração do contrato

social, fusão da sociedade, incorporação de outra sociedade, ou dela por outra,

a ser exercido no prazo de trinta dias seguintes à reunião ou assembleia”.

Neste sentido, após a reunião ou assembléia que decidiu

pelas mudanças supra mencionadas, contrárias ao interesse de qualquer sócio,

poderá este exercer o seu direito de retirada nos trinta dias subseqüentes à

reunião, apurados os seus haveres em balanço especialmente levantado.

Nas sociedades com prazo indeterminado, o direito de

retirada é imotivado e em sentido amplo, exigindo-se apenas uma notificação

aos demais sócios, sem especificar os motivos de sua retirada.

Mamede217, explica que:

Basta notificar os demais sócios com antecedência mínima de 60 dias. O mesmo ocorrerá em se tratando de sociedade constituída com prazo certo, mas que se prorrogou por prazo indeterminado, face a alteração contratual ou por não lhe providenciar a liquidação.

O autor supra mencionado, nos explana que:

O sócio que pretenda retirar-se motivadamente, em face de motivo grave, não precisará utilizar-se da notificação, podendo ajuizar de imediato, ação pedindo a resolução do contrato em relação a si e, mesmo, a antecipação de tutela e/ou medidas cautelares a bem da preservação dos direitos discutidos.218

Neste ínterim, nas sociedades que possuem prazo

indeterminado, em regra geral, os sócios não encontram maiores dificuldades

para exercerem esse direito, diferente das sociedades com prazo determinado,

216 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.351 217 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.75 218 Op cite, p.75

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na qual os sócios que optarem pela retirada, deverão efetuar essa saída,

provando a justa causa judicialmente, conforme explica Fiuza219:

Ser a sociedade for por prazo determinado, o sócio que pretender retirar-se tem de provar, por meio de ação judicial de dissolução de sociedade, a existência de justa causa motivadora para sua saída. Neste caso, o juiz apreciará as razões em que se funda a decisão de retirada antes do tempo previsto para a dissolução da sociedade.

Nas sociedades com prazo determinado, o trâmite legal é

diferenciado, haja vista que o direito de retirada é mais burocrático, conforme

nos ensina Coelho220 “quando a sociedade é contratada por prazo

determinado, o sócio só tem direito de retirada provando justa causa em juízo

ou, se for do tipo limitada, dissentindo de alteração contratual, incorporação ou

fusão deliberadas pela maioria”.

Tomazette221, explana que “o novo código foi um tanto

quanto lacônico, na medida em que não define a justa causa para a retirada

dos sócios nas sociedades por prazo determinado”. Porém, tem-se uma ideia

geral “[...] a quebra da relação de confiança entre os sócios, e da affectio

societatis”.

Procurando exemplificar as hipóteses de justa causa,

Mamede222 explana que:

Se todos consentirem, o sócio poderá retirar-se antes de vencido o prazo; se não há esse consentimento, o sócio somente poderá retirar-se antecipadamente por meio de ação judicial, fundamentando o seu pedido: quebra da affectio societatis, inadimplemento de cláusulas pelos demais sócios, abuso de direito pela maioria, inviabilidade de realização do objeto social, ausência de resultados econômicos que justifiquem a manutenção da sociedade, motivos de força maior, como doença grave, etc.

Sobre o direito de retirada, Coelho223 nos explica que:

219 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.537 220 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa. p.174 221 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.136 222 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.75 223 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa. p.177

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Quando a sociedade é contratada por prazo determinado, o sócio só tem direito de retirada provando justa causa em juízo ou, se for do tipo limitada, dissentindo de alteração contratual, incorporação ou fusão deliberadas pela maioria.

Neste ínterim, somente se provar judicialmente a justa

causa, que o sócio de sociedade limitada por prazo determinado, efetuará o

seu direito de retirada, salvo as hipóteses previstas em lei ou no próprio

contrato.

Para Fazzio Junior224:

Tratando-se de sociedade empresária constituída por apenas dois sócios, se o contrato social prevê a hipótese de retirada de um deles, qualquer dos sócios poderá retirar-se sem que isso implique extinção da empresa, sendo lícito dar-se ao sócio remanescente a faculdade de aguardar a aquisição, por terceiros, das quotas do retirante.

Sobre o assunto, Requião225 menciona que:

A hipótese de dissolução total da sociedade, como consequência de pedido de retirada do sócio, está reservada para a deliberação dos demais sócios, que, no prazo de trinta dias após a ocorrência da notificação, poderão optar, em reunião ou assembleia, pela dissolução social.

Com isso, só seria viável a dissolução total da sociedade,

caso a continuação da atividade seja prejudicada pelo desfalque de capital,

gerado pela saída de algum sócio e não haja possibilidade de retorno do valor,

do contrário, poderão os sócios remanescentes, ingressarem um novo sócio

para continuidade das atividades empresariais.

De acordo com Negrão226:

Sendo o contrato omisso, o sócio pode ceder total ou parcialmente sua quota a outro sócio ou a terceiros. No primeiro caso não dependerá da anuência dos demais sócios, e, no segundo, cessão a não sócio, sujeita-se à não oposição de mais de um quarto do capital social.

224 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.210 225 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.346 226 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.375

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Destarte, respeitado o princípio do affectio societatis, os

demais sócios poderão se opor ao ingresso de terceiro, caso a sociedade seja

de pessoas e não de capital, segundo Negrão227, “cessão a não sócio, sujeita-

se à não oposição de mais de um quarto do capital social”.

No entendimento de Requião228:

Aceito o pedido de retirada, haverá a apuração dos haveres do sócio, nos termos do contrato ou do art. 1.031, culminando com a liquidação da quota do sócio retirante”, dando continuidade as atividades da sociedade.

Para Fazzio Junior229, “o valor do reembolso da quota do

sócio cedente será apurado em balanço específico, denominado de balanço de

determinação, destinado a apurar o valor real atual da quota”.

Em suma, o sócio poderá exercer seu direito de retirada

nos casos previstos em lei ou no contrato, bem como, nas sociedades por

prazo indeterminado, mediante simples notificação ou por prazo determinado,

provando judicialmente a justa causa. Em todos os casos, o sócio receberá

seus haveres através de balanço específico, podendo ceder suas quotas

preferencialmente aos sócios remanescentes e na recusa destes e na omissão

do contrato, a terceiros.

3.3 SÓCIO REMISSO (§ Único, 1004 CC)

Na visão de Fiuza230, “sócio remisso é aquele que não

cumpre sua obrigação principal de integralizar o capital subscrito, que deixa de

pagar as quotas que se comprometeu a adquirir”.

Para Negrão231, sócio remisso “é aquele que deixou de

integralizar as quotas subscritas: não trouxe à sociedade as entradas que

prometeu fazer, nos prazos e condições estipuladas no contrato”. 227 Op cite, p. 375 228 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.346 229 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.209 230 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.524

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Requião232, explica que:

O caso de rompimento do dever de contribuir para a formação do capital pode dar motivo à exclusão , por iniciativa da maioria dos sócios, que podem, entretanto, preferir cobrar a dívida acrescida do dano emergente da mora (art. 1.004 e parágrafo único)233.

Fazzio Junior234 menciona que “se o sócio não integralizar

suas quotas, ficando totalmente ou em parte inadimplente em relação à

sociedade, torna-se remisso”.

Negrão235 sobre o tema, explica que:

Atualmente, a tentativa amigável de composição do capital faltante faz-se por notificação ao sócio remisso, que terá trinta dias para realizá-la, sob pena de ser obrigado a indenizar o dano emergente decorrente da mora, ver sua participação reduzida ao valor já pago ou, ainda, ser excluído da sociedade, pura e simplesmente.

Na mesma linha de raciocínio, Fazzio Junior236 explica

que “caracterizada essa condição, podem os demais sócios cobrá-lo e/ou

excluí-lo, não sem antes constituí-lo em mora, mediante interpelação judicial”.

Neste norte, o sócio remisso não cumprindo o prazo legal

para quitar sua dívida com a sociedade, poderá arcar com indenização

decorrente da mora, bem como, ter sua participação reduzida ou ser excluído

da sociedade.

231 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.375 232 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.350 233 Art. 1.004 CC - Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições

estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora.

Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1º do art. 1.031.

234 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.201 235 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.376 236 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p..201

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No caso de redução ou exclusão, não necessariamente

haverá redução do capital, pois, poderão os sócios remanescentes, suprirem

esse valor, arcando com a recomposição do capital social.237

Não havendo possibilidade de cobrar de forma amigável,

do sócio, herdeiro ou sucessor a soma devida por suas quotas, ou preferindo-

se sua exclusão, os sócios remanescentes poderão adquirir as respectivas

quotas ou transferí-las a terceiros, pagando ao proprietário, seus haveres,

deduzindo-se os juros de mora e demais prestações estabelecidas no contrato

e as despesas.238

Como já foi anteriormente explanado, é dever

fundamental do sócio, integralizar o capital social subscrito em contrato. Caso

não cumpra com o prazo previsto em contrato para integralizar sua quota, o

autor Fiuza239, tece os seguintes procedimentos que devem ser adotados pelos

demais sócios:

Se o sócio não cumpre essa obrigação no prazo previsto, os demais sócios podem, como primeira opção, subscrever e integralizar, entre si, as quotas do sócio remisso, ou, como segunda opção, admitir novo sócio, que assumirá a obrigação de integralizar o capital que faltar. Se o sócio remisso já tiver integralizado, parcialmente, o montante correspondente às quotas subscritas, a sociedade deverá devolver o valor pago, deduzido dos juros moratórios, de outras prestações ou danos que foram assumidos pela sociedade em virtude da inadimplência do sócio remisso, mais as despesas realizadas com a cobrança do pagamento necessário à integralização do capital.

Bertoldi240 menciona as alternativas previstas para a

exclusão do sócio remisso “diante dessa opção, os sócios têm três alternativas:

a) repartem as quotas entre os sócios remanescentes; b) deliberam por

diminuir o capital social; ou c) admitem outro sócio que integralize as quotas do

sócio remisso”.

237 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.376 238 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, p.202 239 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.580 240 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.185

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Em muitos casos, a confiança é afetada com a

inadimplência de outro sócio, não havendo mais animus de manter a

sociedade, facultando aos sócios remanescentes repartirem as quotas entre si,

diminuir o capital ou admitir uma terceira pessoa, que arcará com as quotas do

sócio remisso.

Com a exclusão do sócio, caso já tenha efetuado uma

parcelo do valor total, receberá o valor, deduzido dos encargos provenientes de

seu inadimplemento, como os juros da mora e mais prestações estabelecidas

no contrato, como bem explica Bertoldi241.

Havendo a redução ou exclusão do sócio remisso, com ou

sem redução do capital social da sociedade, “haverá, necessariamente,

modificação do contrato social, e, em ambos os casos, serão necessários os

votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social (art. 1076, I

e 1071, V)”.

Há ainda casos em que o sócio remisso permanece na

sociedade, como bem ensina Bertoldi242:

Se, por ventura, qualquer dos sócios não comparecer com os valores a que se comprometeram quando da subscrição de suas quotas, a sociedade poderá promover a execução forçada da obrigação mediante o ajuizamento de ação de execução de título executivo extrajudicial, nos termos do art. 566 e seguintes do CPC. Com a execução, é retirado do patrimônio do sócio remisso volume de bens suficiente para o pagamento do valor devido a título de integralização das quotas, mais os encargos legais, tais como juros, correção monetária, custas do processo e honorários de advogado. Nesse caso o sócio permanece na sociedade, podendo exercer todos os seus direitos inerentes a essa condição.

Neste sentido, manter-se-á na sociedade o sócio que não

integralizar a sua parte do capital social, porém, arcará com seu patrimônio

pessoal no valor que se comprometeu a pagar, acrescido dos encargos legais.

241 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.185 242 Op cite, p.184

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Portanto, é dever primordial do sócio, integralizar o valor

que subscreveu em contrato, sendo que decorrido o prazo legal de trinta dias

para sanar a dívida, responderá perante a sociedade pelo dano emergente de

mora, facultando aos demais sócios exigirem à indenização, exclusão ou

reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, observados os casos em que o

capital social poderá ser reduzido se não houver reposição dos valores

liquidados ou ingresso de terceiro na sociedade.

3.4 FALTA GRAVE (art. 1030 CC)

Conforme já estudado, ao contraírem sociedade, os

sócios assumem direitos e deveres, sendo que é dever essencial, agir com

probidade e boa-fé nos seus atos perante os demais sócios e a terceiros.

Tomazette243 explica que “a conduta do sócio faltoso

prejudica de tal modo a empresa que a sua exclusão se torna a única forma de

proteger a organização de que a sociedade é titular”.

Para evitar que certas atitudes, prejudiquem o andamento

da sociedade, existem hipóteses do sócio que cometer falta grave, ser excluído

da sociedade, como será exposto a seguir.

Negrão244 descreve sobre as hipóteses de falta grave,

impedindo o prosseguimento da atividade comum da sociedade, que são:

“desídia, incapacidade moral, abuso, prevaricação ou a fuga do sócio”.

As hipóteses supra citadas, deverão ser reconhecidas

judicialmente, com fulcro no artigo 1030 do Código Civil Brasileiro245.

Requião246 expõe que “resolve-se a sociedade de

pessoas em relação ao sócio faltoso, por via de sua exclusão, por

243 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.139 244 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.331 245 Art. 1.030 CC - Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio

ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

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determinação judicial, com pagamento de seus haveres na liquidação de sua

quota, nos termos do art. 1.031”.

De acordo com Fiuza247 “esse processo de exclusão deve

ser feito por via judicial, por meio de ação própria, em que deverá ser

justificada e provada a ocorrência de falta grave.”

A exclusão do sócio no cometimento de falta grave,

poderá recair sobre o sócio majoritário, vislumbrando os ensinamentos de

Mamede248: “frise-se que a lei não exige maioria do capital social, mas a

maioria entre os demais sócios, permitindo, assim iniciativas contra o sócio

majoritário”.

Somente ocorrerá a exclusão por via judicial no

cometimento de falta grave, se o contrato social for omisso, pois, caso

especificamente as sociedades limitadas possuírem previsão em seu contrato,

poderão os sócios minoritários serem excluídos por justa causa, como se verá

em tópico específico.

3.5 INCAPACIDADE SUPERVENIENTE (art. 1030 CC)

Quando falar-se em incapacidade civil superveniente, de

acordo com Mamede249, “pressupõe sentença de interdição; se o sócio já fora

incapaz ao tempo de sua admissão na sociedade, não há de se falar em

exclusão.”

Nesta senda, somente se a incapacidade civil for

superveniente que poderá o sócio ser excluído, através do judiciário. Todavia,

se a incapacidade se deu antes do ingresso na sociedade e os demais sócios

consentiram, não há de se falar em exclusão.

246 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.350 247 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.538 248 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.76 249 Op cite, p. 75

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Nesse sentido, Negrão250 enumera as hipóteses de

incapacidade superveniente reconhecida por sentença: “superveniência de

enfermidade ou deficiência mental que retirem do sócio o discernimento para a

prática da atividade social ou de causa transitória ou não, que impeça de

exprimir sua vontade”.

Destarte, para o mesmo autor, alinham-se os casos de

“incapacidade relativa: embriaguez habitual e vício em substância tóxica, bem

como deficiência mental superveniente que reduza seu discernimento e a

prodigalidade”. Hipóteses que se equiparam as demais elencadas

anteriormente, que tornam o convívio da sociedade insustentável e prejudicial.

Quando o sócio perde a sua capacidade de praticar os

atos imprescindíveis para a sua continuidade na sociedade, poderão os demais

sócios, por intermédio do judiciário, excluir o sócio que obtiver essa

incapacidade superveniente ao seu ingresso na empresa.

Tomazette251 sobre o tema tece os seguintes

comentários:

Considera-se incapacidade superveniente, a perda da capacidade de agir por si só. Neste caso, o sócio não pode cooperar para o fim social, não se justificando sua presença em uma sociedade de pessoas. Ademais, em tal tipo de sociedade não se admite a intromissão de um terceiro estranho, tutor ou curador do sócio incapaz, pelo que se justifica a sua exclusão.

Sobre a incapacidade superveniente, Mamede252 explica

que:

É hipótese aplicável apenas às sociedades de pessoas (intuitu personae) e sempre que o trabalho, a atuação pessoal do sócio, seja característica da sociedade. Nas sociedades de capital (intuitu pecuniae), os sócios não têm esse poder.

Devido a isso, nas sociedades de capital, quando ocorre a

incapacidade superveniente, a figura do tutor ou curador, irá substituí-lo no

250 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.332 251 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.139 252 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.75

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decorrer de sua incapacidade, fator que nas sociedades de pessoas, torna-se

impraticável, devido ao caráter pessoal dos sócios.

Portanto, ao se tornar incapaz nas sociedades de

pessoas, respeitando o princípio do affectio societatis, deverá ocorrer à

resolução da sociedade em relação a esse sócio.

Respeitando preceito constitucional da ampla defesa,

“caberá ao sócio demitido, valer-se de ação própria ou defesa nas ações

propostas pela sociedade, visando obstar sua retirada, se a considerar abusiva,

ou simplesmente, para discutir os valores colocados a sua disposição pela

maioria” 253.

Nesta senda, ocorrerá a resolução da sociedade em

relação ao sócio, na hipótese de incapacidade superveniente, reconhecida por

sentença, respeitado o direito a defesa do sócio excluído.

Requião254, explica que a sociedade não se dissolve

totalmente, quando houver incapacidade superveniente, “a sociedade

prossegue, cabendo aos sócios, por maioria, promover a exclusão judicial do

sócio interditado, apurando seus haveres, nos termos do art. 1.031”.

Quando houver casos de incapacidade não permanente,

o juiz poderá avaliar a extensão dos danos causados pela enfermidade e,

ainda, a perspectiva temporal da sua recuperação, antes de decidir se ocorrerá

a resolução da sociedade em relação ao sócio, sobretudo quando decorrentes

de ações involuntárias de sua parte255.

3.6 FALÊNCIA DO SÓCIO

Conforme elenca o parágrafo único do artigo 1.030 do

Código Civil Brasileiro: “Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio

253 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.377 254 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.341 255 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.332

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declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do

parágrafo único do art. 1.026”.

Com o advento da lei falimentar, de acordo com os

ensinamentos de Requião256 “não dá como causa da dissolução da sociedade

a falência do sócio. Esta implica exclusão do sócio do ente social, de pleno

direito, com a apuração de seus haveres, como determina o art. 1.030,

parágrafo único”.

Devido a essa menção legal, a falência do sócio implica

na dissolução parcial da sociedade, conforme nos ensina Ulhoa Coelho257,

“uma vez que a lei, nesse caso, determina a apuração dos haveres do falido

para pagamento à massa”.

Negrão258 leciona que:

Nas sociedades que menciona, a Lei Falimentar procurou preservar o respeito à estrutura social desejada pelos integrantes e, nesse sentido, estabeleceu que a liquidação dos haveres do sócio falido se dê: a) na forma que o contrato ou estatuto social prescreverem; b) judicialmente, se nada dispuser a respeito; ou ainda c) mediante resolução prevista em contrato ou decorrente de determinação legal.

Para Tomazette259:

A exclusão de pleno direito ocorre nos casos em que a quota do sócio é liquidada em virtude da sua falência pessoal, ou da iniciativa de seus credores pessoais. […] Nessas hipóteses, deixa de existir a quota do sócio, isto é, deixa de existir a sua contribuição para o capital social, não mais se justificando a atribuição da condição de sócio a ele.

No primeiro caso, o contrato poderá prever as regras para

a liquidação dos haveres do sócio, que na prática, não ocorre, cabendo na

omissão do contrato a resolução por via judicial, na qual se fará ação proposta

pelo administrador judicial no foro da falência, sendo a apuração dos haveres

com base na data da falência do sócio em balanço especialmente levantado. 256 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.338 257 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa. p.177 258 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.332 259 TOMAZETTE, Marlon. Direito societário, p.138

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Todavia, poderá ocorrer a dissolução total da sociedade, seja porque há

previsão contratual nesse sentido, seja porque a sociedade foi constituída por

dois sócios e não há mais interesse em continuar as atividades empresariais,

ou ainda, se o objeto social se tornar inviável com a ausência daquele

determinado sócio260.

3.7 EXECUÇÃO DE CREDOR PARTICULAR DE SÓCIO (art. 1026 CC)

Sendo representativa de fração do capital social, a quota

conta como expressão econômica, e sua valorização está diretamente ligada

ao desempenho da sociedade, razão pela qual pode interessar aos credores de

seu detentor como garantia para o pagamento de suas dívidas assumidas, ou

ainda indicadas para garantir o juízo da execução, mediante penhora261.

Bertoldi262 sabiamente explana sobre a possibilidade de

haver a liquidação das quotas sociais a pedido do credor: “a referida liquidação

das quotas sociais somente se dará em se verificando que o devedor não

tenha em seu patrimônio mais nenhum outro bem que possa responder pela

dívida”.

Se por ventura as quotas forem revestidas aos credores,

como garantia, implicará em consequências para a sociedade, como bem nos

expõe Bertoldi263:

Mesmo em se tratando de sociedade cujo contrato social estabeleça a intransferibilidade das quotas sem o consentimento dos demais sócios, a caução e a penhora tem cabimento, pois não será obrigatória à sociedade a admissão do credor como sócio.

Com base no artigo 1026 do Código Civil Brasileiro264,

Mamede265 nos expõe que:

260 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.333 261 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.199 262 Op cite, p. 199 263 Op cite, p. 199

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[...] O artigo 1026 do Código Civil, para proteger a própria sociedade, condiciona a penhora sobre as quotas, em primeiro lugar, à insuficiência de outros bens do devedor. Não havendo outros bens livres e desembaraçados, a execução deverá fazer-se, preferencialmente, sobre a participação do devedor nos lucros da sociedade, e não sobre sua quota.

Ainda segundo Mamede266:

Somente se outros bens não são suficientes e se os lucros também não o são, penhoram-se as quotas, leiloam-nas e assegura-se ao arrematante o direito de as liquidar; o valor apurado será depositado em dinheiro, no juízo da execução, até 90 dias após aquela liquidação.

Sobre o mesmo assunto, Ulhoa Coelho267, expõe que:

Neste caso, o valor será apurado com base num balanço patrimonial especial, para ser depositado em dinheiro, pela sociedade, no juízo da execução nos 90 dias seguintes (CC, art. 1.026, parágrafo único). É uma alternativa que se abre ao credor do sócio relativamente à penhora das quotas sociais.

Devido a essa medida, verificada a insuficiência de outros

bens ou lucros do sócio na sociedade, suas quotas serão penhoradas,

leiloadas e ao arrematante, será de pleno direito receber os haveres, após

liquidação das quotas em balanço especialmente levantado.

Neste sentido, a característica do affectio societatis

permanecerá intacta, pois, o credor não ingressará na sociedade.

Para Bertoldi268, neste caso ocorrerá “a avaliação do

efetivo valor das quotas pertencentes ao devedor, valor esse que deverá ser

pago pela sociedade, em dinheiro, ao juízo da execução”.

Devido a esse procedimento, caberá a sociedade

proceder à liquidação das quotas do devedor, efetuando a venda das parcelas

264 Art. 1.026 CC - O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do

devedor, fazer recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em liquidação.

265 MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial, p.72 266 Op cite, p. 72 267 COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa. p.178 268 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.199

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de seu patrimônio, diminuindo o seu capital social, revertendo o valor das

vendas para o referido pagamento, sendo facultado a sociedade promover o

ingresso de terceiro na sociedade, na qual efetuará o pagamento das quotas

sociais e o valor será revertido para o juízo da execução269.

3.8 JUSTA CAUSA (art. 1085 CC)

Almeida270 expõe o seguinte entendimento:

O sócio, além da obrigação de contribuir para a formação do capital social, assume, também, perante a sociedade de que venha a fazer parte, o denominado dever de lealdade, que consiste em contribuir com seus esforços para o bom andamento dos negócios, zelando pelo clima de harmonia entre os partícipes.

Devido ao dever de lealdade, com base no bom

relacionamento entre os sócios, aquele que agir de forma prejudicial aos

interesses da coletividade dos sócios, poderá ser excluído por justa causa.

Ocorrerá de forma administrativa a exclusão do sócio da

sociedade limitada, quando ficar provada a justa causa. Nos ensinamentos de

Bertoldi271, “sempre que o contrato social venha a prever a exclusão de sócio

por justa causa, caberá à maioria deles, à vista da existência de justa causa,

excluí-lo dos quadros sociais”.

Negrão272 reforça o entendimento da previsão em contrato

da exclusão do sócio por justa causa, mencionando que “para o exercício

desse direito por parte dos sócios, é necessário que o contrato social faça

previsão da retirada por justa causa, podendo identificar, de forma

exemplificada, alguns casos de seu cabimento”.

269 Op cite, p. 199 270 ALMEIDA, Amador Paes De. Manual das sociedades comerciais, p.132 271 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.153 272 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa, p.377

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Requião273 na mesma linha de raciocínio, expõe que:

No caso específico da sociedade limitada, o Código autoriza, no art. 1.085274, caso o contrato preveja a exclusão por justa causa, a resolução da sociedade com relação ao sócio que, em virtude de atos de inegável gravidade, ponha em risco a continuidade da empresa, mediante alteração do contrato social, determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada para este fim, com prévio conhecimento do sócio alvo da medida, em tempo hábil para permitir o seu comparecimento e exercício de direito de defesa.

Fiuza275, tece comentários semelhantes sobre o assunto:

Em razão de dissidência ou conflito entre sócios na sociedade limitada, quando o comportamento de um ou algum dos sócios possa colocar em risco a própria existência ou continuidade da empresa, os sócios que sejam titulares da maioria do capital social poderão decidir pela exclusão do sócio que venha a praticar falta grave, se estiver prevista a hipótese de justa causa no contrato social.

Portanto, caso haja previsão contratual, os sócios

minoritários poderão ser excluídos extrajudicialmente, respeitado o seu direito

de defesa.

Bertoldi276, exemplifica as hipóteses de justa causa que

são “os atos graves praticados por sócios que ponham em risco a continuidade

da empresa”.

Neste sentido, somente quando for caracterizada a justa

causa, que o sócio praticante de ato grave perante a sociedade poderá ser

excluído administrativamente, independente de autorização judicial,

respeitando algumas regras que bem explica Bertoldi277:

273 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.350 274 Art. 1.085 CC - Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios,

representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa

275 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.710 276 BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial, p.153 277 Op cite, p.153

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[...] A exclusão administrativa somente poderá ocorrer mediante a realização de assembleia ou reunião de sócios especialmente convocada para esse fim, ocasião em que se dará oportunidade ao acusado de se defender da imputação de falta grave. Registre-se que, se não houver previsão legal contratual, não restará outra alternativa aos sócios senão pleitear a exclusão do sócio desajustado através da via judicial, em obediência ao estabelecido no art. 1.030 CC.

Sobre o tema, Bertoldi278 ainda tece o seguinte

comentário:

Na hipótese de sócio que detém a maioria do capital social, não teria cabimento em falar em exclusão administrativa, razão pela qual não restará alternativa aos demais componentes dos quadros sociais senão a via judicial para pleitear a exclusão do majoritário, através da qual deverão comprovar a alegada falta grave do sócio tido como desajustado.

Requião279 enfatiza que “não havendo, no contrato, a

previsão de exclusão por justa causa, esta só poderá ocorrer por intervenção

judicial, provados os atos de inegável gravidade que ponham em risco a

continuidade da empresa”.

No pensamento de Fiuza280:

[...] A administração da sociedade ou qualquer dos sócios cujo interesse comum esteja ameaçado pela conduta anti-social do sócio que atente e pratique atos contrários às normas do contrato social deverá convocar reunião ou assembléia de quotistas, especialmente realizada para esse fim, ou seja, visando a exclusão do sócio infrator O sócio infrator será notificado não apenas para comparecer à reunião ou assembléia que deverá deliberar a sua exclusão compulsória, mas também para exercer o seu direito constitucional à ampla defesa.

Fiuza281 expõe ainda que “esse processo de exclusão

deve ser feito por via judicial, por meio de ação própria, em que deverá ser

justificada e provada a ocorrência de falta grave”.

278 Op cite, p. 154 279 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, p.350 280 FIUZA, Ricardo. Novo código civil comentado, p.710 281 Op cite, p.710

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Nesta esteira, os sócios deverão obrigatoriamente

promover uma ata ou assembleia para deliberarem sobre a exclusão

administrativa do sócio desajustado, permitindo o seu direito de defesa, como

garantia constitucional. Além dessa particularidade, somente será viável a sua

exclusão, se o contrato social tiver cláusula permissiva de exclusão de sócio

por justa causa, razão pela qual na sua omissão, somente será resolvida a

pendência por via judicial.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo principal analisar

a possibilidade jurídica de aplicar a resolução da sociedade em relação ao

sócio nas sociedades limitadas, suas hipóteses de ocorrência, bem como,

quais as conseqüências jurídicas de cada possibilidade.

Para seu desenvolvimento lógico a pesquisa foi dividida

em três capítulos.

O primeiro capítulo referiu-se ao embasamento teórico da

sociedade limitada, pois, para tratar as formas de dissoluções, é mister

conhecer a sua forma de constituição. Constatou-se que a sociedade limitada

surgiu na Alemanha, no século XIX, sendo implantada no Brasil, no início do

século XX, por Inglês de Souza, através do decreto 3708/1919, que

determinava as regras sobre a sociedade limitada até a promulgação da Lei

10.406/2002 (Código Civil).

O estudo do primeiro capítulo demonstrou ainda que esse

tipo societário se caracteriza como pessoa jurídica constituída por sócios de

responsabilidade limitada à integralização do capital social, individualizada por

nome empresarial, que contém o adjuntivo limitada. Sendo assim, os sócios

têm o seu patrimônio pessoal separado do patrimônio da sociedade,

permanecendo intacto caso a atividade empresarial não seja exitosa. Por ser

uma sociedade de pessoas ou de capital, sendo que a primeira visa o affectio

societatis e a segunda apenas o capital. Observou-se ainda as regras

específicas para sua constituição, aquisição de personalidade jurídica, direitos

e deveres dos sócios e responsabilidade distintas da sociedade e dos sócios.

O que, porém, mais contribuiu a pesquisa foi saber acerca

da sua regência legal, aplicando-se de forma supletiva as regras das

sociedades simples que prevêem as modalidades de resolução das

sociedades, tanto total quanto parcial.

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Já o estudo do segundo capítulo demonstrou as formas

de dissolução das sociedades em geral, e, por conseguinte da sociedade

limitada, além de constatar-se acerca das várias hipóteses da sociedade se

dissolver totalmente, extrajudicial e judicialmente.

Por fim, no terceiro e último capítulo, foram expostas as

diversas hipóteses de resolução parcial da sociedade em relação ao sócio, na

qual se mantém o vínculo contratual da sociedade.

Tendo em vista as constatações da pesquisa, volta-se a

hipóteses estabelecidas para o questionamento norteador do trabalho que

previa: a legislação brasileira admite a resolução das sociedades apenas em

relação a sócio, modalidade também aplicável para as sociedades limitadas,

podendo ser ela exercida, principalmente, na ocasião do exercício do direito de

retirada de sócio, em caso de exclusão ou ainda morte de um dos sócios.

Percebe-se, portanto, que restam totalmente confirmadas.

Neste sentido, mister ressaltar que o presente trabalho

não tem o condão de se predispor a ser exauriente em relação ao tema, mas

de provocar maiores análises e estudos que possam garantir uma aplicação do

Direito de forma mais justa e equitativa.

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COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de direito comercial / direito de empresa. 22.ed. São Paulo:Saraiva, 2010.

FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. 3.ed. São Paulo: Atlas S/A, 2003.

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NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial de empresa. 5.ed. V.1. São Paulo: Saraiva, 2007.

REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 26.ed. V.1. São Paulo: Saraiva, 2005.

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