69
1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO AS NOVAS COMPETÊNCIAS DA JUSTIÇA LABORAL: ampliação a partir da Emenda Constitucional n°. 45/2004 STEPHANY AMORIM Itajaí, julho de 2006

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

1

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

AS NOVAS COMPETÊNCIAS DA JUSTIÇA LABORAL:

ampliação a partir da Emenda Constitucional n°. 45/2004

STEPHANY AMORIM

Itajaí, julho de 2006

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

i

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO

AS NOVAS COMPETÊNCIAS DA JUSTIÇA LABORAL:

ampliação a partir da Emenda Constitucional n°. 45/2004

STEPHANY AMORIM

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. MS. Clóvis Demarchi

Itajaí, julho de 2006

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

ii

AGRADEÇO

Ao meu Professor Clóvis Demarchi,

que me ajudou na elaboração desse trabalho,

e por ser um excelente profissional.

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

iii

DEDICO

Primeiramente a Deus, por está sempre presente e me dar força

e superação em todos os obstáculos da vida.

À minha família, principalmente a minha Mãe e ao meu Pai,

pessoas batalhadoras que abriram mão de alguns de seus ideais para que eu pudesse concluir a faculdade, e por me ensinarem a encarar a vida

com presteza e honestidade.

Por isso que admiro e amo muito a minha família.

Ao meu irmão Wendell por ser uma pessoa forte, determinada e vencedora,

não desanimando por um só instante de seus sonhos e objetivos.

A minha namorada Ana por aturar o meu mau humor no transcorrer da monografia,

e me dar muita força nos momentos ruins.

Ao meu amigo e irmão Juliano, que me obrigou a fazer o vestibular,

e me levou até a sala onde seria realizada a prova, o meu muito obrigado.

E a todos os meus amigos e alguns professores.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

iv

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do

Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o

Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, Junho de 2006

__________________________________ Stephany Amorim

graduando

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

v

PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Stephany Amorim, sob o título “As

Novas Competências da Justiça Laboral: ampliação a partir da Emenda

Constitucional nº. 45/2004”, foi submetida em 27.06.2006 à banca examinadora

composta pelos seguintes professores: Clóvis Demarchi Presidente da Banca,

Zenildo Bodnar e Rogério Ristow, e aprovada com a nota 7,5 (sete e meio).

Itajaí, Junho de 2006

_______________________________ Prof. Clovis Demarchi

Orientador e Presidente da Banca

______________________________ Prof. Antônio Augusto Iapa

Coordenação da Monografia 1

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

vi

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CC/1916 Código Civil Brasileiro de 1916

CC/2002 Código Civil Brasileiro de 2002

CC Conflito de Competência

CD Câmara dos Deputados

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CPC Código de Processo Civil

DC Dissídio Coletivo

DJU Diário da Justiça da União

DOU Diário Oficial da União

EC Emenda Constitucional

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

HD Habeas Data

HC Habeas Corpus

INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

MD Mandado de Segurança

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

MIN. Ministro

N. Número

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

P. Página

PEC Proposta de Emenda à Constituição

SF Senado Federal

STF Supremo Tribunal Federal

STJ Superior Tribunal de Justiça

TST Tribunal superior do Trabalho

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

vii

ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que o autor considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Competência

“Nesse sentido se diz que a competência é a medida da jurisdição atribuída a

cada juiz, ou seja, a área geográfica e o setor do Direito dentro dos quais o juiz

pode decidir”1.

Direito Processual do Trabalho

“É o conjunto das normas que regem o procedimento adotado pelos órgãos da

Justiça do Trabalho para conciliar, instruir e julgar os dissídios individuais e

coletivos, bem como as demais controvérsias oriundas das relações de trabalho”2.

Emenda Constitucional

“Emendas à Constituição são leis que modificam parcialmente a Constituição”3.

“Alteração do texto da Constituição Federal mediante proposta da Câmara dos

Deputados ou do Senado Federal, do Presidente da República ou de mais da

metade das Assembléias Legislativas das unidades da federação, não podendo

ser objeto de deliberação a proposta tendente a abolir a forma federativa de

Estado, o voto direito, secreto, universal e periódico, a separação dos poderes, os

direitos e garantias individuais. Veja art. 60, da Constituição Federal4”.

Jurisdição

“Trata-se, assim sendo, de um poder inerente a todo e qualquer juiz, posto que é

da essência da atividade do julgador dizer o direito. Não há, nem seria possível

1 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do Trabalho. 13 ed. São Paulo: Saraiva 2003. p. 25-26. 2 FALCÂO, Ismael Marinho. Teoria e Prática do Direito Processual Trabalhista. 1 ed. Rio de Janeiro: Revista Forense, 1999. p. 09. 3 FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo; FUHRER, Maximilianus Roberto Ernesto. Resumo do Direito Constitucional, 2001. p. 42. 4 DICIONÁRIO Jurídico. Disponível em: <www.direitonet.com.br/dicionario_juridico/ - 5k>. Acesso em: julho/2006.

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

viii

conceber, a existência de um juiz que não tivesse jurisdição”5

Justiça do Trabalho

“Parte da jurisdição do Estado, que aplica a jurisdição laboral, tendo como órgão o

Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho e as Varas do

Trabalho”6.

Poder Judiciário

“Constituído pelo conjunto de autoridades, que se investem no poder de julgar, é

a designação que seda aos órgãos, a que, como delegado do Poder Público, se

comete à atribuição de administrar a Justiça”7.

Relação de Trabalho

“Refere-se a todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação

essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada em labor

humano. Refere-se, pois, a toda modalidade de contratação de trabalho humano

modernamente admissível”8.

Relação de Emprego

“Relação jurídica de natureza contratual entre empregado e empregador que tem

como objeto o trabalho subordinado, continuado e assalariado”9.

Trabalhador

”Aquele que emprega sua energia pessoal, em proveito próprio ou alheio, visando

a um resultado determinado, econômico ou não”10.

5 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do Trabalho. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 25. 6 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 2002. p. 470. 7 SILVA, de Plácido e. Vocábulo Jurídico, 1989. p. 382 8 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 3º. ed. São Paulo: Ltr, 2004. p. 285-287. 9 MARTINS, Ives Gandra da Silva Filho. Manual Esquemático de Direito e Processo do Trabalho. 4º. ed. São Paulo, 2002.p. 27. 10 BASSALHO Pereira, Adilson. A Subordinação como objeto do contrato de trabalho. São Paulo: LTr, 1991, p.34.

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

ix

SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................xi INTRODUÇÃO....................................................................................................1 CAPÍTULO 1 ......................................................................................................4 DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO .........................................4 1.1 ASPECTOS GERAIS....................................................................................4 1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS ...........................................................................7 1.3 CONCEITO ...................................................................................................9 1.4 ESPÉCIES DE COMPETÊNCIAS ................................................................11 1.4.1 Competência em razão da Pessoa .........................................................14 1.4.2 Competência em razão da matéria .........................................................17 1.4.3 Competência em razão do lugar .............................................................18 1.4.4 Competência Funcional...........................................................................20 CAPÍTULO 2.......................................................................................................22 DA COMPETÊNCIA CONFORME A ESPÉCIE ................................................22 2.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA COMPETÊNCIA MATERIAL ..........22 2.2 A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO E A DIVISÃO DOS DISSÍDIOS COLETIVOS......................................................................24 2,2.1 Dissídio individual entre trabalhador rural e empresa rural.................25 2.2.2 Dissídio individual entre trabalhador doméstico e empregador doméstico............................................................................26 2.2.3 Dissídios entre o trabalhador avulso e o tomador dos serviços .........26 2.3 CONTRATOS DE PEQUENA EMPREITADA ..............................................27 2.4 ACIDENTES DE TRABALHO ......................................................................28 2.5 AÇÕES POSSESSÓRIAS............................................................................28 2.6 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA..................................................29 2.6.1 Trabalhadores eventuais .........................................................................29 2.6.2 Servidores públicos e trabalhadores sujeitos ao regime especial......30 2.7 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR....................................................32 2.7.1 Prorrogação de competência..................................................................32 2.7.2 Determinação da competência ...............................................................33 2.8 COMPETÊNCIA FUNCIONAL......................................................................34 2.8.1 Nas juntas de Conciliação e Julgamento...............................................34 2.8.2 Do Juiz Presidente do Tribunal Regional do Trabalho .........................35 2.8.3 Do Tribunal Pleno – do Tribunal Superior do Trabalho........................35 CAPÍTULO 3 ......................................................................................................37 AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO ..................37 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................37

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

x

3.2 RELAÇÃO DE TRABALHO .........................................................................39 3.3 DIREITO DE GREVE ....................................................................................41 3.4 REPRESENTAÇÃO SINDICAL....................................................................44 3.5 AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DECORRENTE DA RELAÇÃO DE TRABALHO ...46 3.6 ACIDENTE DE TRABALHO.........................................................................47 3.7 AÇÕES RELATIVAS ÀS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS..................50 3.8 PARA EXECUTAR CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ......................51 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................52 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ...........................................................55

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

xi

RESUMO

Trata a presente monografia da análise da competência na

Justiça do Trabalho frente à Emenda Constitucional 45/2004. para fazer esta

análise, dividiu-se o trabalho em três capítulos.Trata dos aspectos gerais, do

conceito de competência e jurisdição e das diversas espécies de competência na

Justiça do Trabalho. Também refere-se às espécies de competência existentes na

Justiça Obreira, dentre elas pode-se citar competência em razão da matéria,

competência em razão do lugar, competência em razão da pessoa e competência

da Justiça do trabalho que antes estava restrita à solução de litígios entre

empregados e empregadores e a poucas outras demandas, quando

expressamente autorizadas, e aborda a ampliação da competência da Justiça do

Trabalho com o advento da EC n. 45/2004, e a mudança do dispositivo

constitucional 114 e seus parágrafos. Com relação à metodologia, utilizou-se o

método indutivo, na Fase de Tratamento de Dados o Método Cartesiano, e, o

Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base

lógica Indutiva. Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do

Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica. Ao

final, constatou-se as modificações da competência da Justiça Laboral após a

promulgação da EC 45/2004.

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

1

INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto o estudo acerca da

modificação da competência da Justiça Laboral após o surgimento da EC nº.

45/2004.

O seu objetivo é que, com o advento da EC nº. 45/2004, a

competência da Justiça do Trabalho foi modificada trazendo ao mundo Jurídico

mais precisamente no Processo do Trabalho, uma modificação consubstanciada.

Pretendo com este trabalho realizar uma analise no que tange a competência da

Justiça Obreira, observando as orientações doutrinarias, as mudanças dos

dispositivos legais e a jurisprudência.

Sendo seu objetivo institucional a produção de uma

monografia para obtenção do grau de bacharel em Direito pela Universidade do

Vale do Itajaí – UNIVALI.

Optou-se por este tema, por ser atual e pelo mesmo ter

sofrido significativas alterações por ocasião da Emenda Constitucional em estudo,

o que incentivou a busca de um melhor discernimento sobre o tema.

Para tanto, dividiu-se a presente monografia em três capítulos:

No primeiro capitulo foi abordado sobre os aspectos gerais e

históricos, juntamente com os conceitos operacionais de competência e jurisdição

e os tipos de competência existentes na Justiça do Trabalho.

No segundo capítulo foi tratado sobre a competência

conforme a espécie, existentes na Justiça do Trabalho, dentre essas os dissídios

coletivos e as espécies de trabalhadores contidos em cada espécie de

competência.

O capítulo 3, trata da ampliação da Competência da Justiça

do Trabalho, com o advento da EC n. 45/2004, e as mudanças acerca do

dispositivo constitucional 114, o qual ampliou a competência para dirimir litígios

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

2

que até então não eram apreciados pela Justiça Obreira.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, aduzindo-se sobre a confirmação ou não das hipóteses

trabalhadas, seguidas da estimulação à continuidade dos estudos e de reflexões

sobre A Competência da Justiça Laboral: ampliação a partir da Emenda

Constitucional n. 45/2004.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes

hipóteses:

� Acerca da competência da Justiça do Trabalho, esta

sofreu profunda mudança, a partir da mudança do

dispositivo constitucional 114 e com o advento da EC

nº. 45/2004, mas será que realmente está sendo

aplicada?

� Será que a EC nº. 45/2004 está tendo eficácia no

mundo jurídico?

� No que tange a competência da Justiça do Trabalho,

será que houve ou não a ampliação da competência no

que tange os dissídios individuais e coletivos.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase

de Investigação foi utilizado o Método Indutivo11, na Fase de Tratamento de

Dados o Método Cartesiano12, e, o Relatório dos Resultados expresso na

presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

11 Segundo Pasold (2002, p.110) o referido método trata de “pesquisar e identificar as partes de um

fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral”. 12 O referido método pode ser resumido em quatro preceitos que são: 1. ". . . nunca aceitar, por

verdadeira, cousa nenhuma que não conhecesse como evidente (...)" ; 2. . . . dividir cada uma das dificuldades que examinasse em tantas parcelas quantas pudessem ser e fossem exigidas para melhor compreendê-Ias"; 3. ". . . conduzir por ordem os meus pensamentos, começando pelos objeto mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo certa ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros"; 4. . . . fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais, que ficasse certo de nada omitir" (grifo no original). In: PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 106-107.

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

3

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as

Técnicas do Referente13, da Categoria14, do Conceito Operacional15 e da

Pesquisa Bibliográfica.

Devido ao elevado número de categorias fundamentais à

compreensão deste trabalho monográfico, optou-se por listá-las em rol próprio,

contendo seus respectivos conceitos operacionais.

13 "REFERENTE é a explicitação prévia do motivo, objetivo e produto desejado, delimitando o alcance

temático e de abordagem para uma atividade intelectual. especialmente para uma pesquisa." In: PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito, p. 62.

14 “Categoria é a palavra ou expressão estratégica à elaboração elou expressão de uma idéia" In: PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito, p. 31.

15 "Conceito operacional (=cop) é uma definição para uma palavra e expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos" In: PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito, p. 56.

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

4

CAPÍTULO 1

DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

1.1 ASPECTOS GERAIS

A competência da Justiça do Trabalho é regulada pelo artigo

114 da Constituição da República Federativa do Brasil16 - CRFB, onde se lê:

Art. 114. Compete a Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta das Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.

§1º. Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§2º. Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer normas e condições, respeitas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao trabalho.

§3º. Compete ainda a Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195,I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir.

Para Nascimento17 as leis determinam aos órgãos judiciais o

que deve estar afetas ao seu julgamento determinando assim o princípio da

divisão do trabalho.

Desta forma também, os órgãos judiciais trabalhista têm

traçados em lei quais os seus poderes para terem o conhecimento e a solução

das lides.

16 BRASIL. Constituição Federal. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. (Art. 114). 17 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. Curso de Direito Processual do Trabalho. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p.177-178.

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

5

No caso da competência da Justiça do trabalho, esta se

apresenta em quatro diferentes ordens, segundo Nascimento: “a competência

material, a competência territorial, a competência pessoal e a competência

funcional da Justiça do Trabalho18”.

Como visto, há diversos sistemas jurídicos quanto à

competência material da Justiça do Trabalho. Sem dúvida cada ordenamento

jurídico tem as suas peculiaridades. Não há uniformidade de soluções na

legislação processual trabalhista nos diferentes países. O tema pode ser

analisado sob o ângulo dos setores do direito do trabalho, dos tipos de relações

jurídicas e, especialmente dos dissídios individuais e coletivos”. Já nos sistemas

jurídicos unificados a competência da Justiça do Trabalho é mais dilatado não

compreendendo os parâmetros do direito do trabalho, mas também o direito da

previdência social e acidentes do trabalho.

Diz Nascimento:

São aqueles nos quais a Justiça do Trabalho tem competência mais ampla, abrangendo não só o direito do trabalho propriamente dito mas também o direito de previdência social e acidentes do trabalho. O exemplo é a Espanha; a sala social da justiça comum, que decide controvérsias resultantes das relações de trabalho, aprecia também questões de seguridade social19. Destarte, que os sistemas jurídicos fragmentados, dispõem

acerca da competência da Justiça do Trabalho a ser mais restrita no que tange as

questões entre trabalhadores e empregadores. Já a matéria previdenciária é

comprometida a outros órgãos judiciais, o mesmo ocorre com o acidente do

trabalho, que é confiada aos órgãos próprios, administrativos e judiciais.

Quanto às questões de cunho previdenciários são resolvidos

diretamente na esfera administrativa do INSS, por meios das Juntas de Recursos

e Conselhos de Recursos. Não sendo resolvidas as questões

administrativamente, terão a via judicial por meio da Justiça Federal.

18 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.178. 19 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.178.

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

6

Nesse sentido se manifesta Nascimento20:

São os em que a Justiça do Trabalho tem competência limitada para as questões entre empregado e empregador. A matéria previdenciária é atribuída a outros órgão judiciais. As questões de acidente de trabalho, por sua vez, também são confiadas a órgãos próprios, a administrativo e judiciais. É o caso do Brasil. As controvérsias resultantes das relações de emprego, de trabalho temporário e de empreitadas de operários são decididas pela Justiça do Trabalho. As questões de natureza previdenciária são resolvidas na esfera administrativa pelo INSS, por meio de Justas de Recursos e Conselhos de Recursos; na via judicial pela Justiça Federal. As questões de acidente do trabalho, na esfera administrativa, pelo mesmo contencioso; na judicial, pela Justiça Comum dos Estados. O ramo do poder Judiciário encarregado de dirimir questões

laborais é a Justiça do Trabalho. Todavia a emenda constitucional nº. 20, de 15

de dezembro de 1998, acrescentou um parágrafo terceiro à Constituição, em seu

artigo 114, o qual prevê que a competência ainda da Justiça do Trabalho é

executar, de ofício, as contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus

acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir.

Nestes mesmos termos dispõe Giglio21, ao afirmar que “O

ramo do poder judiciário encarregado de dirimir as questões laborais è a Justiça

do Trabalho, cuja competência é estabelecida pelo art. 114 da CRFB”.

A Emenda Constitucional nº. 20, de 15 de dezembro de

1998, acrescentou um parágrafo terceiro ao texto do art. 114, prevendo que:

Compete ainda a Justiça do Trabalho executar, de oficio, as

contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais,

decorrentes das sentenças que proferir.

A primeira parte do artigo ampliou a competência da Justiça

Trabalho, em razão das pessoas e de todos os trabalhadores, porém na parte

final deixa a competência mais restrita, ao dispor que “outras controvérsias

decorrentes da relação de trabalho” somente ingressam na competência da

Justiça Obreira, quando houver expressado autorização do legislador ordinário,

20 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.178. 21 GIGLIO, Wagner D. O Direito Processual do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p.28.

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

7

ou seja, na forma da lei.

Giglio22 afirma que:

Inicialmente, a primeira parte deste artigo parece entender a jurisdição trabalhista, em razão das pessoas, a todos os “trabalhadores”, palavra cujo o conceito técnico é mais abrangente que o do termo “empregado”. Na parte final do artigo, porém, o texto restringe o entendimento, ao dispor que “outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho” somente ingressam na competência da Justiça do Trabalho quando houver expressa autorização do legislador ordinário, ou seja, “na forma da lei”. Acresce que a abrangência decorrente do conceito de trabalhador restringida pelo de empregador, ou outro pólo da relação. Assim, como visto, ainda que numa das “extremidades” se

encontrem um prestador de serviços não subordinados (como por exemplo o

pequeno empreiteiro e o autônomo), é necessário que na outra ponta do vínculo

esteja o empregador, isto é, uma pessoa física ou jurídica que explore a atividade

econômica utilizando o trabalho alheio e que tenha como propósito a obtenção de

lucro.

1.2 ASPECTOS HISTÓRICOS

No cumprimento do seu mister constitucional de executar a

inspeção do trabalho a União atua através do Ministério do Trabalho e Emprego,

que no âmbito de sua divisão interna abriga a Secretaria de Inspeção do

Trabalho.

Acerca da competência e história da Justiça do Trabalho,

dispõe assim Pinto23:

Não usava o art. 122 da Constituição de 1934 a expressão competência, mas mencionava que, para dirimir questões entre empregados e empregadores, fica instituída a Justiça do Trabalho. Indiretamente verifica-se a competência da Justiça do Trabalho.

22 GIGLIO, Wagner D. op. cit, p.28-29. 23 PINTO, José Augusto Rodrigues. Processo trabalhista de conhecimento. 5. ed. São Paulo: LTR, 2000, p.100.

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

8

A Carta Magna de 193724 tinha disposição semelhante à da

Constituição de 1934, pois o artigo 139 dispunha que a Justiça do Trabalho seria

instituída para dirimir conflitos oriundos as relações entre empregados e

empregadores, reguladas na legislação social.

Estabelecia o artigo 123 da Constituição de 194625 que cabia

à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre

empregados e empregadores, e as demais controvérsias oriundas de relações de

trabalho regidas por legislação especial. Os dissídios relativos a acidente de

trabalho eram de competência da justiça ordinária (§1º).

Dispunha a Constituição de 196726 que a Justiça do

Trabalho tinha competência para conciliar e julgar dissídios individuais e coletivos

entre empregados e empregadores e as demais controvérsias oriundas de

relação de trabalho regidas por lei especial (art. 134). Os dissídios relativos a

acidente de trabalho eram de competência da justiça ordinária (§ 2º do art. 134).

A Emenda Constitucional nº. 1, de 1969, mencionava que a

Justiça do Trabalho tinha competência para “conciliar e julgar os dissídios

individuais e coletivos entre empregados e empregadores e, mediante lei, outras

controvérsias oriundas de relação de trabalho” (art. 142).

O § 2º do art. 142 determinava que os litígios relativos a

acidente de trabalho eram de competência da justiça ordinária dos Estados, do

Distrito Federal e dos Territórios. A emenda constitucional nº. 7/77 acrescentou a

expressão “salvo exceções estabelecidas na Lei Orgânica da Magistratura

Nacional”.

O art. 110 da mesma norma estabelecia que “os litígios

decorrentes das relações de trabalho dos servidores com a União, inclusive as

autarquias e as empresas públicas federais, quaisquer que seja o seu regime

jurídico, processar-se-ão e julgar-se-ão perante os juizes federais, devendo ser

24 CAMPANHOLE, Adriano & CHAMPANHOLE, Hilton. Constituição do Brasil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1992. 25 CAMPANHOLE, Adriano & CHAMPANHOLE, Hilton. op.cit. 26 CAMPANHOLE, Adriano & CHAMPANHOLE, Hilton. op.cit.

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

9

interposto recurso, se couber, par ao Tribunal Federal de Recursos”. Isto queria

dizer que os funcionários celetistas da União, suas autarquias e empresas

públicas federais, como Correio, CEF etc. teriam de propor ação na Justiça

Federal e não na Justiça do Trabalho.

1.3 CONCEITO

Primeiramente deve-se conceituar jurisdição e competência.

Assim dispõem Pinto27: “define-se jurisdição como o poder de que todo juiz é

investido pelo Estado para dizer o direito, nos casos concretos submetidos a sua

decisão. Em termos sintéticos, é o poder de Julgar”.

Do ponto de vista do processo, a inteligência desse sentido

subjetivo da jurisdição torna-se relevante, pois é através dela que o Estado

completa sua função jurídica, concretizando e individualizando atuação da norma

por ele criada, abstrata e genericamente, na função legislativa. Num passa

seguinte, quando lhe obriga o cumprimento, mesmo contra a vontade do sujeito,

sobre o qual a atuação se deu (execução forçada), mostra-se, em seu conjunto,

as funções jurisdicionais, constituídas pela cognição e execução.

Conforme Pinto28:

Tomando do ponto de partida a consciência da amplitude da jurisdição, abrangente de uma das funções do Estado, é de concluir-se que seu exercício se tornaria falho se os órgãos nela investidos tivessem a mesma abrangência de atividade que a caracteriza. Sentiu-se, portanto, a necessidade de fracioná-la para dar funcionalidade à sua realização. Assim, a competência, conforme se entende, é a jurisdição

organizada para alcançar a eficiência de seu exercício.

Sob tais premissas conceituais transparece a distinção entre

as duas figuras, uma distinção de gênero para espécie ou de continente para

27 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.116. 28 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.117.

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

10

conteúdo, ou seja, observa-se que todos os juizes têm jurisdição, tem um espaço

para aa ação, mas nem todos têm a competência para reconhecer determinadas

questões.

Uma ilustração final para mostrar a importância da jurisdição

e da competência no Direito Processual do Trabalho, conforme Pinto29:

a) todo sistema de composição de conflito pelo poder do Estado assenta no binômio organização judiciária-processo. A organização judiciária trata da estruturação do Poder constituído por órgãos destinados a dizer o direito com autoridade. Tal dicção só se fará ouvir e sentir, através de um instrumento de autuação que lhe dê efetividade de ação. Defrontam-se, portanto, com caracteres próprios, que os separam naturalmente, de um lado, a organização judiciária, compreendendo o complexo de órgãos, e, de outro, o processo, compreendendo o complexo de atos. A jurisdição, assim, interliga os dois complexos ao molde de

uma ponte que une as duas margens de um rio, unindo órgãos e instrumento, de

modo a proporcionar uma dinâmica. Sem essa ponte, as duas se manteriam

estáticas e, portanto, sem razão de existir.

Já para Giglio30 a jurisdição:

É palavra composta pela justaposição de suas outras, de origem latina: jus, júris, que quer dizer direito, e dictio, do verbo dicere, que significam, respectivamente, dicção do direito, e consiste no poder de que todo juiz está investido, pelo Estado, de dizer o direito nos casos concretos submetidos a sua decisão. Trata-se, assim sendo, de um poder inerente a todo e

qualquer juiz, posto que é da essência da atividade do julgador dizer o direito.

Não há, e nem seria possível conceber, a existência de um juiz que não tivesse

jurisdição.

Mas é evidente, para Giglio31 que:

um único juiz não poderia dizer o direito, para todos os litigantes, em todo o território nacional. Impunha-se repartir a jurisdição entre vários juizes, para possibilitar-lhes exercer sua missão de aplicar o direito. E essa repartição foi feita adotando-se vários critérios, tais como a extensão

29 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.118. 30 GIGLIO, Wagner D. op. cit, p.28. 31 GIGLIO, Wagner D. op. cit, p.29.

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

11

geográfica dentro da qual o juiz dirá o direito, o tipo de assunto a ser decidido etc. Já no entendimento consubstanciado de Nascimento32:

o conceito de jurisdição trabalhista é estrito, mas também é formulado de modo extenso para abranger tanto a atuação jurisdicional do Estado como o conjunto de formas de composição dos conflitos trabalhistas, inclusive pelos órgãos administrativos dotados pelos ordenamentos jurídicos de atribuições decisórias ou até mesmo as decisões de tribunais de arbitragem obrigatória não integrante do Poder Judiciário. Daí Cosmópolis33 afirma, que:

não se concebe jurisdição independente do Poder Judiciário, mas também que, não obstante, formaram-se foros especiais, como no Peru, não em razão das pessoas, mas da natureza do objeto, bifurcando, se assim se pode dizer, a jurisdição em duas partes, a administrativa e a judiciária; é o foro administrativo do trabalho, constituído pelo Ministério do Trabalho, atuando na solução das controvérsias de direito e de interesses. Trata-se de uma acepção que excede os limites dessa pesquisa, na qual é dado à jurisdição o seu sentido estrito de atuação do Poder Judiciário, afastados os contenciosos administrativos não integrados por magistrados investidos da jurisdição estatal própria, embora mencionada aquela que pela sua envergadura são considerados, em seu país, verdadeira Justiça do Trabalho, como no México. Assim sendo, é evidente que a competência designa o poder

inerente a todo e qualquer juiz, posto que é da essência da atividade do mesmo,

dizer o direito. Não há como e nem seria possível conceber, a existência de um

juiz que não tivesse jurisdição, isto é, que não tivesse um espaço para dizer do

direito.

1.4 ESPÉCIES DE COMPETÊNCIAS

Acerca das espécies de competências existentes na Justiça

do Trabalho, Nascimento34 faz a seguinte classificação:

32 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.115. 33 COSMOPOLIS, Mário Pasco. Os conflitos trabalhistas no Peru e sua solução. (apud BUEN, Nestor de. coord. A solução dos conflitos trabalhistas. Trad. Wagner Giglio. São Paulo:Ltr, 1986, p.1890. 34 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.217-223.

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

12

1) Competência Material na Justiça do Trabalho, segundo a

qual consiste na competência da Justiça do Trabalho e

os tipos de relações de trabalho, a competência da

justiça do trabalho e a divisão dos dissídios em

individuais e coletivos e os princípios constitucionais da

competência material;

2) Competência Material: abrangendo os dissídios

individuais entre empregado e empregador, dissídio

individual entre trabalhador rural e empresa rural, dissídio

individual entre trabalhador doméstico e empregador

doméstico, dissídios entre trabalhador avulso e o

tomador dos serviços, dissídios entre empreiteiro

operário e empreitador, dissídios entre trabalhador

temporário e empresa de trabalho temporário e

competência executória para as próprias decisões;

3) Competência territorial da Justiça do Trabalho: tendo

como base os conceitos, regras básica e local da

prestação de serviço;

4) Competência Funcional da Justiça do Trabalho, o qual

consiste nas Juntas de Conciliação e Julgamento, a

competência funcional do Juiz Presidente do Tribunal

Regional do Trabalho e do Tribunal Pleno.

Já para Giglio35 a classificação da competência da Justiça

Laboral é a seguinte:

1) Competência ex ratione materiae que consiste em

contratos de empreitada, acidente de trabalho e ações

possessórias;

2) Competência ex ratione persone que abrange os 35 GIGLIO, Wagner D. op. cit, p.27-55.

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

13

trabalhadores eventuais e autônomos, os servidores

públicos e trabalhadores sujeitos a regime especial;

3) Competência ex ratione loci decorrente da prorrogação da

competência, determinação de competência, nos

conflitos coletivos.

O doutrinador Pinto36, possui o mesmo entendimento

doutrinário acerca da competência da Justiça Obreira, e, divide-a desta forma:

1) Competência material;

2) Competência pessoal;

3) Competência territorial;

4) Competência funcional.

O autor Martins37 classifica a Competência nas seguintes

espécies:

1) Competência em razão da pessoa, abrangendo os

servidores de cartório extrajudiciais e atleta de futebol

profissional;

2) Competência em razão da matéria acerca da competência

normativa, contribuições previdenciárias e sua alto

aplicabilidade;

3) Competência em razão do lugar no local da prestação de

serviço, ao empregado brasileiro laborando no

estrangeiro, e a prorrogação da competência em razão

do lugar;

4) Competência funcional aos Juizes de direito, ao Ministro

36 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.118-145. 37 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.118-158.

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

14

Corregedor do TST e Corregedoria Regional.

Já o doutrinador Saad38, assim dispõem sobre o tema:

1) Competência em razão da pessoa;

2) Competência em razão da matéria;

3) Competência em razão do local

4) Modificação da competência.

Como se pode observar a classificação é bastante comum

entre os doutrinadores, que estabelecem uma competência em razão da pessoa,

em razão da matéria, em razão do lugar e a competência funcional.

1.4.1 Competência em razão da Pessoa

Entenda-se logo que a competência pessoal, em princípio,

associa-se a material. Em fase de evidente interação entre a relação jurídica de

direito material e os sujeitos que a constituem.

Assim, a relação entre empregador e empregado deve ser

de emprego39. E, sendo-o, o órgão jurisdicional determinado para conhecer dos

dissídios havidos por força dela é o trabalhista. Isso importa em concluir que a

Justiça do Trabalho deve ser competente, tanto em razão da matéria quanto em

razão das pessoas.

Essa interação natural só é quebrada por excepcional

conveniência da lei em entregar á competência dos órgãos jurisdicionais

trabalhistas matéria que lhes é estranha, atraindo pessoas que, pela sua relação

de direito material, não deveriam sujeitar-se a ela.

38 SAAD, Eduardo Gabriel. Direito Processual do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 1998, p.269-296. 39 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.121.

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

15

Do mesmo modo acontece quando, por desígnio legal,

pessoas que deveriam subordinar – se á jurisdição de certos órgãos, em razão da

matéria de suas relações jurídicas, ganham o privilégio de ser colocadas sob

jurisdição de órgãos distintos e estranhos ao conteúdo dessas relações40.

De referência a Justiça do Trabalho, a Emenda n. 1/69 á

Constituição de 1967 estabeleceu um privilégio dessa ordem, com enxerto do

art.110, que colocou a União, suas autarquias e empresas públicas sob jurisdição

da Justiça Federal, nos dissídios oriundos de relação de emprego com seus

servidores, contrariando a regra geral de subordiná-los á jurisdição trabalhista, em

razão da matéria dessa relação41.

Segundo ainda Pinto42, a exceção constitucional foi ainda

aclarada no art. 125, I, concebido pela mesma Emenda n. 1/69, só ficando

atendida a regara de atribui-se à competência pela matéria, no tocante a falências

e processos de natureza eleitoral e militar.

Tratava-se, então, conforme alude Pinto43, de privilégio

excludente da competência material, em favor da pessoal, jamais compreendido

pelos estudiosos do Direito Processual do Trabalho, pela patente inexplicabilidade

de retirar-se do conhecimento de uma Justiça especializada em Direito do

Trabalho os dissídios formados dentro de sua especialização e entregá-las a

outra esfera jurisdicional não especializada na matéria.

A Constituição de 1988 suprimiu esse privilégio, fazendo até

empenho em explicitar que são “abrangidos” pela competência material da Justiça

do Trabalho ‘’os entes de direito público externo e da administração pública direta

e indireta da União‘’, conforme está inscrito em seu art. 11444.

O art. 114 da Constituição estabelece competência para

dirimir as controvérsias entre trabalhadores e empregadores, que são as pessoas

40 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.121. 41 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.122. 42 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.122. 43 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.123. 44 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.123.

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

16

envolvidas diretamente nos pólos ativo e passivo da ação trabalhista. Trata-se da

competência em razão das pessoas (ex ratione personae).

A Constituição de 198845, porém, não estipula o conceito de

trabalhador, embora a ele faça referência, por exemplo, no caput do art. 7º e no

seu inciso XXXIV, no parágrafo único do mesmo artigo, no inciso II do art. 195 etc.

Conforme Martins46, o § 2º, do art. 15, da Lei nº. 8.036 (Lei

do FGTS) define trabalhador como toda “pessoa física que prestar serviços a

empregador, a locador ou tomador de mão-de-obra, excluídos os eventuais os

autônomos e os servidores públicos civis e militares sujeitos ao regime jurídico

próprio”. Entretanto, tal definição é apropriada para o FGTS, pois o funcionário

público também não deixa de ser um trabalhador, assim como o autônomo, o

eventual, a dona-de-casa, o empresário, o avulso etc.

Assim, é preciso constatar qual é o tipo de trabalhador que a

Justiça do Trabalho tem competência para julgar suas questões.

Na verdade, o trabalhador, quando entra na Justiça do

Trabalho, já é um ex-empregado da empresa e, na maioria das vezes, está

desempregado. O art. 114 da Constituição faz referência a trabalhador, que ele

não deixa de ser.

A Justiça Laboral tem competência para disciplinar as

questões envolvendo empregado (art. 3º da CLT) e empregador (art. 2º da CLT),

que são as envolvidas na maioria dos casos nas ações trabalhistas47.

A Constituição estatuiu os direitos não só dos empregados

urbanos, mas também dos empregados rurais (art. 7º). Outros direitos do

trabalhador rural estão previstos ma Lei nº. 5.889, de 08.06.1973. Competente

para resolver estas questões será a Justiça do Trabalho48.

45 BRASIL. Constituição Federal. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. (Art. 7; 195.). 46 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do trabalho. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 120. 47 MARTINS, Sérgio Pinto. op. cit, p. 121. 48 MARTINS, Sérgio Pinto. op. cit, p. 122.

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

17

1.4.2 Competência em razão da matéria

Trata-se de manifestação jurisdicional delimitativa da

atuação do juiz de acordo com a especialização de conteúdo do direito material

que deu lugar á relação jurídica de processo.

Sendo assim, observa-se que existem várias Justiças’,

querendo significar que órgãos igualmente jurisdicionais se abrem em articulação

com o leque de matérias jurídicas capazes de suscitar conflitos de interesse (se

viu, penais, trabalhistas, comerciais etc.). Levando em conta esse leque,

conforme a Constituição da República Federativa do Brasil no seu artigo 114,

cabe à Justiça do Trabalho as matérias:

[...] os dissídios individuais ou coletivos entre trabalhadores

e empregadores [...] e, na forma da lei, outras controvérsias oriundas da relação

de trabalho.

Esboça-se, por aí, a regra geral da competência da Justiça

do Trabalho: matéria trabalhista.

Entretanto, o próprio Texto Constitucional, do mesmo modo

como ocorria com o anterior (CF/67), abre margem a estabelecerem-se exceções

a essa regra, pela lei ordinária, conduzindo à jurisdição trabalhista matéria não

trabalhista.

Efetivamente, há exemplos da legislação ordinária sobre o

uso da autorização excepcional recebida da Constituição. Um deles, no art. 652,

III, da CLT. “Atribuindo-se competência aos juizes do trabalho para conhecer

julgar dissídios e resultantes de contratos de empreitada (matéria civil) em que o

empreiteiro seja operário ou artífice”.

Outro exemplo dessa mesma inserção de matéria não

trabalhista na órbita da competência da Justiça do Trabalho era encontrado no

art. 643 da CLT, com a redação da Lei nº. 7.494/86, alcançando as relações de:

“[...] trabalhadores avulsos e seus tomadores de serviços, em atividades

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

18

reguladas na legislação social”.

A Constituição de 1988 no capitulo alusivo aos direitos

sociais, garantiu, no art. 7º, XXXIV “a igualdade de direitos com vinculo

empregatício permanente e o trabalhador avulso” criando dentro da ordem jurídica

uma virtual figura de empregado por equiparação.

1.4.3 Competência em razão do lugar

Denomina-se competência territorial ou loci, ou, ainda, de

foro, aquela determinada com base nos espaços geográficos sobre os quais atua

o órgão jurisdicional. Trata-se, portanto, de um modo de delimitação territorial da

jurisdição49.

Os órgãos jurisdicionais trabalhistas50 são distribuídos pelo

território do País, em localizações adequadas para ao atendimento das

demandas, cabendo a cada um deles atuar o poder jurisdicional nos limites da

circunscrição onde estão sediados. Correspondo aos litigantes à observância dos

mesmos limites territoriais em cujo âmbito o seu processo terá desenvolvimento.

Assim, para propor uma ação trabalhista, indispensável é a

verificação das regras de competência territorial, que são instituídas com o visível

e justificável propósito de facilitar o processo para o trabalhador e evitar sua

locomoção e gastos daí decorrentes.

Como determina o art. 651 da CLT, o critério para a fixação

da competência da Justiça do Trabalho em razão do lugar é o da localidade onde

o empregado – como Reclamante ou Reclamado – presta serviços ao

empregador, embora sua contratação haja ocorrido em outro local ou mesmo no

estrangeiro.

49 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.207. 50 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.208.

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

19

Conforme Pinto51 duas são as exceções que a Constituição

abre a essa regra: a primeira refere-se ao caso do empregador que realiza

atividade em lugar distinto do da celebração do contrato. In casu, é licito ao

empregado ajuizar sua reclamatória no local da prestação do serviço ou no da

celebração do contrato. Trata-se de opção a ser livremente exercida pelo

assalariado. A segunda exceção é relativa ao empregado agente ou viajante para

reclamar ser competente a Junta de Conciliação e Julgamento do local do

domicílio do empregador, salvo se o empregado estiver subordinado a uma

agência ou filial, hipótese em que a competência é da Junta em cuja jurisdição se

encontrar a agência ou filial.

Prorroga-se a competência em razão do lugar quando a

parte não argüir a exceção no momento processual apropriado, isto é, antes da

defesa do mérito.

Há possibilidade de se reportar ao § 1º do art. 795 da CLT

para opor-se àquela prorrogação de competência. O argumento, por sua

inconsistência, não é aceito, porque se tem entendido que aquele dispositivo –

embora de forma imperfeita – faz alusão à incompetência em razão da matéria.

Neste passo, de recordar-se o Enunciado nº. 207 de TST,

cumpre-nos advertir que o inciso II do art. 88 do CPC de 1973 (bem posterior a

CLT) também se harmoniza com o prescrito no art. 651, há pouco citado. Nele se

informa ser competente a autoridade judiciária brasileira quando no Brasil tiver de

ser cumprida a obrigação.

É irrelevante a celebração do contrato no estrangeiro se a

obrigação dele decorrente tiver de ser cumprida no território nacional. Consoante

o art. 90 do CPC, ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz

litispendência nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da

mesma causa e das que lhe são conexas.

51 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.122.

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

20

Exemplifica Saad52:

empregado de uma multinacional ajuíza ação trabalhista contra ela em seu país de origem e, logo depois, é transferido para o Brasil. Nada impede que em território brasileiro proponha ação contra a empregadora, pois o referido dispositivo do CPC declara, de modo expresso, que no caso não se configura a litispendência. Conforme Nascimento53 são três as regras destinadas a

indicar a Junta a qual a questão deve ser movida. A primeira, que é geral, quanto

ao órgão perante o qual o processo será apresentado; será a Junta do local da

prestação do serviço. A segunda, para viajantes e agentes, tendo em que prestam

serviço movimentando-se em localidades diferentes, caso em que será

competente a Junta da localidade em que prestam contas dos seus serviços ao

superior hierárquico. A terceira, para empresas que promovam atividades em

mais de uma localidade, também é específica, diante do deslocamento de

empreendimento patronal; a Junta competente será tanto a do local onde o

empregador estiver exercendo a atividade com a de sua sede.

1.4.4 Competência Funcional

Entende-se, usualmente, por essa expressão a competência

“que deflui da hierarquia dos órgãos judiciários“. É a competência “em razão dos

graus da jurisdição ou das instâncias a que cabe conhecer da matéria54”.

Esse, porém, é apenas um dos aspectos da competência

funcional, identificado com a graduação do poder jurisdicional, sem esgotar-lhe a

manifestação.

O que parece mais importante, porque de irradiação mais

ampla da noção de competência funcional do que a simples hierarquia dos órgãos

reside em seu sentido de atribuições conferidas a cada órgão, assim entendida a

52 SAAD, Eduardo Gabriel. op. cit, p.294. 53 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.208. 54 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.126.

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

21

soma de atos processuais autorizados no exercício de seu poder55.

Na Justiça do Trabalho, dada à peculiaridade desaparecida

com representação de todos os órgãos (exceção de juizes de direito,

funcionalmente estranhos a ela) serem colegiados, a competência funcional

classista ser encarada em relação aos atos que pode praticar todo o órgão e aos

que são reservados a algum de seus integrantes, como o de presidir audiências

em dissídios individuais, só para exemplificar.

Encerrada a instrução e julgado o processo, é ele transferido

para a segunda instância (as Tribunais Regionais do Trabalho), de onde, por meio

de recurso apropriado, pode ir ao Tribunal Superior do Trabalho e mesmo ao

Supremo Tribunal Federal no caso de violação de norma constitucional.

Segundo Saad56, o critério objetivo determina as funções

dos julgadores em dois sentidos: no horizonte e no vertical. No primeiro caso,

temos o presidente da Junta que é substituído por outro, por motivo de doença,

férias, licenças e; no vertical, definem-se as funções da Junta e dos Tribunais

Superiores. Nos vários momentos processuais, diferenciam-se as competências

dos julgadores.

Regem a competência da Juntas e dos Tribunais do

Trabalho as normas da Constituição e da Consolidação das Leis do Trabalho,

bem como as da sua legislação extravagante. No caso especial do Juiz comum,

investido da jurisdição trabalhista, terá ele de atender às disposições da

organização judiciária do Estado que não conflitem com as da legislação

trabalhista.

55 PINTO, José Augusto Rodrigues.op. cit, p.127. 56 SAAD, Eduardo Gabriel. op. cit, p.300.

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

22

CAPÍTULO 2

DA COMPETÊNCIA CONFORME A ESPÉCIE

2.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA COMPETÊNCIA MATERIAL

Os princípios constitucionais de competência material

possuem a delimitação da competência da Justiça do Trabalho apresentando

problemas sobre os quais há certa divergência de ordem teórica, embora, no

plano operacional, não exista muita discussão. É que, sendo muitas as relações

jurídicas que se entrelaçam com o trabalho em suas diferentes manifestações e

inúmeros os conflitos que podem suscitar, desde as diversas relações individuais

até as diferentes relações coletivas, dessa diversidade resultam questões de

competência dos órgãos judiciais e, mais especificamente, na Justiça do

Trabalho, bem como os tipos de lides que não são atribuídas à sua apreciação.

São três as regras constitucionais de competência material

da Justiça do Trabalho previstas pelo art. 114 da Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988, com base nas quais os principais problemas devem

ser equacionais.

A primeira57 é o princípio da competência específica, que se

traduz na atribuição à Justiça do Trabalho do poder para reconhecer e decidir os

dissídios individuais entre trabalhadores e empregadores. Como é inviável falar

em empregador com um dos pólos de uma relação jurídica sem que no outro pólo

o sujeito que se apresenta seja o empregado.

Assim, a Justiça do Trabalho é competente para decidir as

questões entre empregados e empregadores, os quais se acham envolvidos, a

esse titulo, numa relação jurídica de emprego. Não há necessidade de nenhuma

57 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.180.

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

23

outra autorização legal para que ao Judiciário Trabalhista venha a ser confiada a

solução de uma lide entre esses dois sujeitos. Basta, pela sua compreensividade,

a constitucional. Disponível é a determinação da mesma competência por lei

infraconstitucional, e restritiva seria, portanto inconstitucional, lei ordinária

afastando da Justiça do Trabalho um determinado tipo de vínculo empregatício

“celetistas”. Não importa o tipo de relação de emprego: seja a urbana, a rural, a

domestica, o emprego em domicílio etc., no âmbito de competência material da

Justiça do Trabalho, independentemente de lei.

A segunda58 é o principio da competência decorrente, que se

traduz do seguinte modo: para solucionar controvérsias decorrentes de outras

relações jurídicas diversas das relações de emprego, a Justiça do Trabalho só

será competente se presente dois requisitos: a expressa previsão de uma lei

atributiva dessa competência e se a relação jurídica derivar de uma relação de

trabalho.

Esse princípio encontra fundamento na parte final do artigo

114 da Constituição da República, que, depois de situar na esfera da competência

da Justiça do Trabalho os dissídios entre empregados e empregadores, o faz

também na forma da lei, por outras controvérsias decorrentes da relação de

trabalho. Isso quer dizer que não só é incorreto supor que a Justiça do Trabalho

não possa apreciar lides entre outros sujeitos como será inadequado afirmar que

toda e qualquer controvérsia oriunda das relações de trabalho pode ser decidida

pelo Judiciário Trabalhista. As duas afirmações afastam-se dos parâmetros

constitucionais. A primeira, por ser excessivamente restrita; e a segunda, por

expressar uma avaliação excessivamente ampliativa.

A terceira59 é o principio da competência executória das

próprias sentenças. A Justiça do Trabalho pode conhecer litígios que tenham

origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.

58 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.181. 59 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.183.

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

24

2.2 A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO E A DIVISÃO DOS

DISSÍDIOS COLETIVOS

No que tange a competência à Justiça do Trabalho e a

divisão dos dissídios em individuais e coletivos por meio do qual é possível

classificar a competência da Justiça do Trabalho refere-se ao tipo de dissídio,

individual ou coletivo.

Segundo Nascimento60,

Em nosso país, os dissídios coletivos são atribuídos a Justiça do Trabalho e são de competência dos órgãos se segundo grau. Na Espanha também, mas são apreciados pelos órgãos de primeiro e segundo grau, e os dissídios coletivos que são decididos pelos órgãos jurisdicionais são apenas de direito e não os de interesses econômicos. Há, no entanto, em maioria, sistemas nos quais, só os conflitos individuais cabem a Justiça do Trabalho; os coletivos são solucionados mediante mediações, negociações e arbitragem. A Justiça do Trabalho é competente para decidir questões

que envolvam empregados. Não importa o tipo de empregado. Todo empregado é

parte legitima para figurar em processo trabalhista: o urbano, o rural, o domestico,

o em domicilio, o empregado aprendiz, o contatado a prazo determinado e

indeterminado, o braçal, o intelectual, qualquer tipo de empregado, registrado ou

não, com contrato escrito, verbal ou tácito.

A Constituição condiciona a competência da Justiça do

Trabalho para apreciar outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,

alem das relações entre trabalhadores e empregadores, à expressa autorização

da lei. É uma condição imposta pela Lei Magna para que outras controvérsias

possam ser atribuídas ao conhecimento da Justiça Trabalhista: a previa

autorização, a anterioridade da lei para que vínculos de trabalho atípicos possam

ser pela mesma conciliada e julgada, ressaltada na inteireza do texto, que, nesse

ponto, é o seguinte: “... e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da

60 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.180.

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

25

relação de trabalho61...”.

Nessas condições, de acordo com Nascimento62, a Justiça

do Trabalho, é competente para decidir litígios entre empregados e empregadores

e, desde que autorizada por lei infraconstitucional, outros tipos de relações de

trabalho. Por tanto, há uma competência genérica e uma competência especifica.

A CRFB, art. 114, atribuiu, como foi visto, competência á Justiça do Trabalho para

decidir na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho. É

a competência especifica ou atípica; porém, não esclarece se as relações de

trabalho a que se refere serão apenas aquelas que têm como sujeitos

trabalhadores e tomadores dos seus serviços ou, de modo mais amplo, relações

jurídicas entre qualquer tipo de pessoas, físicas ou jurídicas, desde que a

controvérsia resulte de relação de trabalho.

2,2.1 Dissídio individual entre trabalhador rural e empresa rural

Já no que diz respeito aos dissídios individuais entre

trabalhador rural e empresa rural a Justiça do Trabalho para apreciar dissídios

individuais entre empregados e empregadores rurais. A competência é especifica

e está fundamentada na primeira parte do art. 114 da CRFB, que confere ao

Judiciário Trabalhista poderes para decidir questões entre trabalhadores e

empregados. O rural é empregado. O proprietário rural é empregador. Logo, como

se está diante de relação de emprego, embora rural, e autorizada que está a

Justiça do Trabalho para apreciar toda relação de emprego também o vinculo

empregatício rural submete-se á sua jurisdição. A legislação sobre trabalho rural é

aplicável a empregados, mas também a outros trabalhadores (Lei nº. 5.889/73,

art. 1763).

61 BRASIL. Constituição Federal. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 62 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.183-186. 63 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.186.

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

26

2.2.2 Dissídio individual entre trabalhador doméstico e empregador

doméstico

Os dissídios individuais envolvendo trabalhador doméstico e

empregador doméstico, acabam ressaltando que o trabalhador doméstico sempre

será empregado. Fica excluído o doméstico não empregado, que é o eventual. A

Justiça do Trabalho é competente para apreciar o processo entre o empregado

doméstico e seu empregador, que será uma pessoa ou família. O fundamento é a

Constituição Federal, art. 114, que, conferindo ao Judiciário Trabalhista o poder

de julgar dissídios entre empregado e empregadores e não distinguindo entre

tipos de empregados, desde que configurado um vínculo de emprego, ainda que

doméstico, atribuiu-lhe competência para julgar questões dessa natureza64.

2.2.3 Dissídios entre o trabalhador avulso e o tomador dos serviços

Nos dissídios entre trabalhador avulso e o tomador dos

serviços a Justiça do Trabalho é competente para decidir questões de trabalho

avulso. O trabalhador avulso, assim considerado aquele que presta serviços sem

relação de emprego e com a intermediação do próprio sindicato, inconfundível,

embora semelhante com o trabalhador eventual, tem o direito de ação na Justiça

do Trabalho65. A Constituição Federal de 198866, art. 7º, XXXIV, assegurou a

“igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e

o trabalhador avulso”. A CLT67 (art. 643) declara que os “dissídios oriundos das

relações entre empregados e empregadores, bem como de trabalhadores avulsos

e seus tomadores de serviços, em atividades reguladas na legislação social,

serão dirimidos pela Justiça do Trabalho”.

64 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.186. 65 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit. p.189-190. 66 BRASIL. Constituição Federal. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. (Art. 7). 67 BRASIL. CLT. Consolidação das leis do trabalho. São Paulo: Atlas, [s.d], (art.643).

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

27

2.3 CONTRATOS DE PEQUENA EMPREITADA

O Art. 652, a, III, da CLT confere competência às Varas do

Trabalho para “conciliar e julgar os dissídios resultantes de contatos de

empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice”.

O contrato de empreitada não se confunde com o de

emprego, nem o empreiteiro de identifica com o empregado, pois este é, por

definição (art. 3º da CLT), subordinado ao empregador, enquanto o empreiteiro

não se subordina, mas, ao contrário, mantém seus próprios empregados, cujos

serviços contratam, dirige e remunera. Assim, o empreiteiro se aproxima do

conceito de empregador ou até mesmo com ele se confundem do ponto de vista

jurídico.

Por outro lado, segundo Martins68, na empreitada não se

considera quem presta os serviços, mas se contrata o resultado, o produto do

trabalho: locação de obra e não locação de serviços, na linguagem do direito civil

(locatio conductio seu redemptio operis e não locatio operaro).

Nada obstante o legislador, considerando a condição

econômica do pequeno empreiteiro, daquele que trabalha junto com dois ou três

auxiliares, na execução das tarefas contratadas, equiparou-o ao empregado para

o fim de conceder-lhe ação na Justiça do Trabalho.

A caracterização do pequeno empreiteiro nem sempre é

fácil. Claro está que assim não poderia ser considerado aquele que mantém um

empreendimento vultoso, sede própria contratos milionários e grandes números

de trabalhadores. Mas há casos em que o intérprete fica na dúvida se a

empreitada pode ou não ser classificada com pequena. O critério definidor, nesta

última hipótese, segundo Giglio69, não é o valor do contrato ou o número de

trabalhadores, e sim a atividade do empreiteiro: se apenas dirige o serviço, não

pode ser considerado operário ou artífice; para que o seja, deve prestar serviços

junto com seus subordinados. 68 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 69 GIGLIO, Wagner D. op. cit, p.40.

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

28

2.4 ACIDENTES DE TRABALHO

As constituições, desde a de 1946, excluíam da jurisdição

trabalhista expressamente, os litígios relativos a acidente do trabalho, atribuindo-

os a justiça comum.

A controvérsia fundada em acidente do trabalho, contudo, é

sem sombra de dúvida de natureza trabalhista, e não havia como não hà, razão

cientificamente válida para excluí-la da competência da Justiça do Trabalho.

Somente o interesse escuso das companhias seguradoras explicava essa

anomalia, no passado. Hoje, com a integração do seguro social no Instituto de

Previdência, nem mesmo essa explicava subsiste.

A constituição atual adotou outra técnica: atribui aos Juizes

Federais a competência para julgar as causas em que a União for interessada,

mas excepcionou dessa regra as ações de acidente do trabalho (art.109, I). Como

a competência da Justiça do Trabalho esta reservada aos litígios entre

empregados e empregadores e a União não é empregadora típica porque não

exerce precipuamente atividade econômica com intuito de lucro, as ações de

acidente permanecem na competência da Justiça Comum que absorve toda

competência não atribuída as Justiça Especiais.

Tudo o que foi escrito a propósito de acidentes do trabalho,

se aplica, por força do art. 20 da Lei n. 8213, de 24 de julho de 1991, aos litígios

derivados de doença profissional e de doença do trabalho.

2.5 AÇÕES POSSESSÓRIAS

Válida, ainda hoje, é a lição Délio Maranhão a propósito das

ações cabíveis na Justiça do Trabalho. Comentando a antiga redação do art. 134

da Constituição de 1967, dizia o Professor que “as expressões regidas (...) diz

respeito ás relações de trabalho e não ás controvérsias’’, e que, assim sendo, “a

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

29

controvérsia pode ser regulada pelo direito do trabalho70”. Uma ação declaratória,

uma ação de consignação em pagamento, uma ação de prestação de contas,

desde que importem controvérsias oriundas de relação de trabalho regida (a

relação) pelo direito do trabalho, se incluem por certo, na competência da Justiça

do Trabalho71‘’. Já não se discute o cabimento na Justiça do Trabalho, das ações

citadas, bem como das de mandado de segurança, rescisória, de protesto contra

alienação de bens etc.

2.6 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA

2.6.1 Trabalhadores eventuais

Os trabalhadores eventuais, por força da própria definição

do art. 3º da CLT, não são considerados empregados, e como não há lei que os

coloque sob a jurisdição da Justiça do Trabalho, esta é incompetente para dirimir

controvérsias derivadas da prestação de serviços eventuais.

Trabalhador autônomo, por fim, é aquele que “presta serviço

(...) em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego” ou

que “exerce, por conta própria, atividade econômica”, como se extrai dos

conceitos formulados pela Lei nº. 8.212, da Seguridade Social, de 24 de julho de

1991.

A nota definidora do autônomo, de acordo com Giglio72, é a

independência com que exerce sua atividade, não se subordinando ao

empregador. Afastando do conceito de empregado, não usufrui da jurisdição

trabalhista, pois não há lei que lhe estenda esse direito.

70 GIGLIO, Wagner D. op. cit, p.41-42. 71 GIGLIO, Wagner D. op. cit, p.43. 72 GIGLIO, Wagner D. op. cit, p.46-47.

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

30

2.6.2 Servidores públicos e trabalhadores sujeitos ao regime especial

O Estado, segundo Giglio, durante o regime anterior,

vigentes a Constituições de 1946 e de 1967, mantinha três regimes para seus

servidores: o estatutário, o da CLT e o regime especial, este para os “servidores

admitidos em serviços de caráter temporário ou contratados para funções de

natureza técnica especializada” (art.106 da CF de 1967, com a Emenda de 1969).

Com base nesse preceito, a União criou, bem como muitos

Estados e alguns Municípios tentaram criar, um regime especial para seus

servidores, frequentemente dando interpretação elástica ao texto para classificar

como de natureza técnica especializada motoristas, serventes e professores. A

esse pessoal foram dados os curiosos títulos de “extranumerários”, “precários”,

“temporários”, “credenciados” ou “recibados”73.

Frente a diversos abusos que começaram a surgir, a

Constituição de 1988 resolveu estabelecer regime único para os servidores da

administração pública, das autarquias e das fundações. Nada obstante, a Lei nº.

8.112, de 11.12.1990, que veio regular o preceito constitucional, embora haja

adotado o regime estatutário para os servidores federais, tanto assim que

determinou a admissão mediante concurso, estipulando “forma e limites de

remuneração, direitos e deveres dos servidores, planos de carreira investidura em

cargo em comissão e funções de confiança”, teve de manter o regime contratual,

em alguns casos, “apenas par atender as necessidades temporárias de

excepcional interesse público”; mas, no intuito de evitar o retorno à situação

anterior, previu que seria ele “de locação de serviços, ou seja, que este contrato

excepcional deve reger-se pelo direito civil e não pelo direito do trabalho”, na

análise perfeita de Orlando Teixeira da Costa (revista do TRT, 8º Região, 48:13).

Não resta dúvida, portanto, que a competência para dirimir as questões entre os

contratados e a União ficou com a Justiça Comum74.

73 GIGLIO, Wagner D. op. cit, p.47.. 74GIGLIO, Wagner D. Nova competência da justiça do Trabalho: aplicação do processo civil ou trabalhista? Revista LTr Legislação do trabalho. v., n.3, Março de 2005

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

31

A competência da Justiça do Trabalho para conhecer e

julgar as ações em que sejam partes, servidores estatutários da União, porém, foi

matéria das mais controvertidas. Duas correntes se formaram, entre os

doutrinadores, com reflexo na jurisprudência dos tribunais, ambas baseadas em

argumentos ponderáveis, conforme declara Giglio75.

Continuando ainda o embasamento em Giglio, pode-se

afirmar que os que se defendiam a competência da Justiça do Trabalho

argumentavam, basicamente, que o art. 114 a havia ampliado, estendendo-a aos

“entes de direito público externo e da administração direta e indireta”, e que a

referida Lei nº. 8.112/90 a havia previsto, expressamente, no art. 240, verbis: “Ao

servidor público civil é assegurado, nos termos da Constituição Federal, o direito à

livre associação sindical e os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:

(omisssis) d) de negociação coletiva; e) de ajuizamento, individual e

coletivamente, frente à Justiça do Trabalho, nos termos da Constituição Federal”.

Os preceitos das letras d e e do art. 240 foram vetados pelo

Executivo, sob o fundamento de inconstitucionalidade por ofensa ao art. 114 da

Carta Magna, que limita a competência da Justiça do Trabalho às relações

contratuais entre trabalhadores e empregadores, sejam estes últimos

empreendedores privados, sejam autarquias, órgãos estatais ou funções. Mas

acontece que o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional, que sancionou e

validou, portanto, esses dispositivos da Lei nº. 8.112/90.

A corrente contraria insistiu na falta de competência,

louvando-se na inconstitucionalidade da lei, vicio que foi argüido pela

Procuradoria-Geral da República, em ação movida perante o STF. A Corte

Suprema, tendo como relator o Ministro Carlos Velloso, se pronunciou,

inicialmente, apenas sobre a medida cautelar requerida nesta ação, acolhendo-a

parcialmente para suspender, até julgamento do mérito, a aplicação da letra d

(que previa o direito de negociação coletiva) e das palavras “e coletivamente”,

insertas na redação da letra e do art. 240 da Lei nº. 8.112/90. Em 13.11.1992,

75 GIGLIO, Wagner D. op. cit, 2005.

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

32

finalmente, o STF julgou o mérito da ação direta de inconstitucionalidade (nº. 492-

1), acolhendo-a para declarar a “inconstitucionalidade das alíneas d e e do art.

240 da Lei nº. 8.112” (DJU, 16.11.1992, p. 21038). Deixou de vigorar, diante deste

julgamento, o direito do servidor estatutário de mover ação, individual e coletiva,

na Justiça do Trabalho.

A competência para conhecer e dirimir os litígios entre os

funcionários estatutários e a União, suas autarquias e outros órgãos paraestatais

federais passa a ser, inquestionavelmente, da Justiça Federal; e a de funcionários

do Estado e Municípios, com os correspondentes órgãos estaduais e municipais,

da Justiça Ordinária.

2.7 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR

2.7.1 Prorrogação de competência

Tem sido geralmente aceita a prorrogação da competência a

competência em razão do lugar, tida como relativa, apesar da regra do art. 795, §

1º, CLT, que impõe seja declarada ex officio (isto é, sem provocação, por iniciativa

do próprio juiz) a incompetência do foro. Entende-se que a incompetência a que

se refere o art. citado é aquela atinente à matéria. Essa incompetência, bem como

a derivada das pessoas intervenientes no litígio, é absoluta e por isso

improrrogável, acarretando nulidade. O mesmo não ocorre com a incompetência

ex ratione loci: se a parte não argüir entende-se a competência do juízo e este

decide validamente.

Assim, se o empregado prestava serviços em uma

localidade e, entretanto, move ação em juízo de outra, é preciso que o

empregador levante a questão da incompetência deste último juízo em razão do

lugar; se não fizer, prorrogar-se a competência, e a, ação é conhecida e decidida

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

33

pelo juízo que a recebeu, aplicando-se a regra do art. 114 do CPC76.

2.7.2 Determinação da competência

Resta saber quais são os critérios adotados para determinar

a competência dos diversos órgãos componentes da Justiça do Trabalho. Em

outras palavras: diante de um conflito trabalhista concreto, como se apura qual

será o juízo competente para dirimi-lo?

A orientação geral é a de facilitar o acesso do jurisdicionado

a órgão jurisdicional, considerando a insuficiência econômica do trabalhador: se

este tivesse de percorrer longas distâncias para mover ação, ficaria praticamente

impossibilitado de fazê-lo, por não poder enfrentar as despesas de transporte.

Assim, de acordo com Giglio77, presumindo o legislador que

o trabalhador resida perto do local em que presta serviços, foi adotado, com

regra, o critério da competência do órgão com jurisdição sobre o local da

execução do contrato de trabalho.

Nos conflitos coletivos o critério adotado para a fixação da

competência foi o da extensão territorial do conflito e não a base geográfica dos

sindicatos neles intervenientes, como se poderia crer.

Se o conflito não exceder a área de competência ex ratione

loci de um só TRT, é este o competente para conhecer e julgar os dissídios

coletivos. Se, ao contrário, se estender por território compreendido na

competência em razão do lugar de mais de um Tribunal Regional, a tarefa de

dirimir a controvérsia coletiva passar a ser o TST, como reza o art. 702, I, b, da

Consolidação.

Assim, se, apesar de um sindicato ter base territorial que se

estenda por vários Estados, como os do Sul do País, apresentar processo coletivo

76 GIGLIO, Wagner D. op. cit, 2005. p.50. 77 GIGLIO, Wagner D. op. cit, 2005. p.50.

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

34

contra empregadores sediados em apenas um deles (somente os do Paraná, por

exemplo), competente será o Tribunal Regional com jurisdição nesse Estado (o

do Paraná, no exemplo formulado). A competência passará a ser do TST se o

dissídio for movido contra empregadores sediados em Estados pertencentes à

área de mais de um Tribunal Regional, como ocorreria se – preservado o mesmo

exemplo – o dissídio coletivo fosse proposto contra empresas com sede em Santa

Catarina e no Paraná, sujeitas à jurisdição dos TRT das 12º e 9º regiões

respectivamente.

Afirma Giglio78, que uma única exceção a essa regra foi

aberta pela Lei nº. 9.254/96, determinando nova redação ao art. 12 da Lei nº.

7.520/86, que criou o Tribunal Regional da 15º Região: cabe ao Tribunal Regional

da 12º Região (São Paulo) julgar os dissídios coletivos que devam produzir efeitos

“na área territorial alcançada, em parte, pela jurisdição desse mesmo Tribunal e,

em outra parte, pela jurisdição do TRT da 15º Região”.

2.8 COMPETÊNCIA FUNCIONAL

2.8.1 Nas juntas de Conciliação e Julgamento

A competência funcional refere-se a um aspecto do

processo: os atos cabem aos diferentes órgãos e juizes, no mesmo processo.

Pode ser considerado no plano horizontal, significando o critério de determinação

de funções dos juizes num mesmo órgão, e no plano vertical, que é a

enumeração das funções dos magistrados de diversos órgãos pelos quais o

processo, em primeira e segunda instância, tramita79.

78 GIGLIO, Wagner D. op. cit, 2005. p.50-51. 79 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. Curso de Direito Processual do Trabalho. 18. ed,. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 2217.

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

35

2.8.2 Do Juiz Presidente do Tribunal Regional do Trabalho

Nos processos, o juiz presidentes dos Tribunais Regionais

do Trabalho preside as reuniões e tem voto de desempate. Nas sessões

administrativas, vota como os demais juizes, alem do voto de qualidade, assim

como nos casos de declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato do poder

público. De elevado significado social é a função do presidente do TRT, de

presidir as audiências de conciliação dos dissídios coletivos.

Fora das sessões, as suas atribuições principais são os

despachos de recursos interpostos pelas partes, à decisão das correições

parciais, a distribuição dos feitos designando os juízes que os devem relatar.

De acordo com Nascimento80, são inúmeras as atribuições

de natureza administrativa do presidente do Tribunal Regional, incluindo-se

designar classistas para as Juntas dentre os nomes indicados em lista tríplice, dar

posse aos juizes presidentes de Juntas, substitutos, funcionários do tribunal etc.,

conceder férias, convocar suplentes dos juizes, nas ausências e impedimentos

dos titulares, dentre os juizes presidentes de Juntas de Conciliação e Julgamento,

observando o critério, alternativo, da antiguidade e da livre escolha

(merecimento), a designação de funcionários para os serviços administrativos etc.

2.8.3 Do Tribunal Pleno – do Tribunal Superior do Trabalho

Embasando-se em Nascimento81 pode-se afirmar que:

É da competência do Tribunal Pleno do Tribunal Superior do

Trabalho (Lei nº. 7.701, de 1988, art. 4º. Resolução Administrativa nº. 26/91 e

Regimento Interno): a) declaração de inconstitucionalidade ou não da lei ou de ato

normativo do Poder Público; b) eleição do presidente, vice, corregedor-geral e

membros das comissões e conselhos previstos no Regimento Interno; c) dar

80 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. 1998, p. 2218. 81 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. 1998, p. 2217-2218.

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

36

posse aos membros eleitos para cargo de direção e demais ministros nomeados

para o tribunal; d) escolha dos integrantes das listas para preenchimento das

vagas de ministros togados do tribunal, com exceção das referentes à

magistratura trabalhista de carreira, da competência do colégio dos ministros

togados; e) proposição ao Poder Legislativo da criação ou extinção de Tribunal

Regional; f) julgamento dos incidentes de uniformização da jurisprudência em

dissídios individuais; g) aprovação, modificação ou revogação de enunciados da

súmula da jurisprudência em dissídios individuais e dos precedentes normativos

em dissídios coletivos; h) aprovação das listas das agraciados com a Ordem do

Mérito Judiciário do Trabalho; i) escolha, mediante escrutínio secreto e pelo voto

da maioria absoluta de seus membros, dos juizes de Regional para substituir

ministros do tribunal; j) julgamento de recurso interposto contra decisão ou ato do

presidente do tribunal, em matéria administrativa de interesse de ministro; l)

julgamentos de mandado de segurança impetrados por ministros do tribunal; m)

opinar sobre proposta de alteração da legislação trabalhista, inclusive processual,

quando o tribunal tiver de ser manifestar oficialmente; n decisão sobre a

composição, a competência ou a extinção do Órgão Especial.

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

37

CAPÍTULO 3

AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A competência da Justiça do Trabalho foi ampliada com o

advento da Emenda Constitucional 45/2004.

O entendimento de Giglio82 acerca da ampliação da Justiça

Laboral é que o ramo do Poder Judiciário encarregado de dirimir questões

laborais é a Justiça do Trabalho, conforme o art. 114 da Constituição Federal, que

sofreu profunda alteração com a Emenda nº. 45/2004, ao estipular competir-lhe

“processar e julgar ações oriundas da relação de trabalho”. O texto completo inclui

na competência “os entes de direito público externo e da administração pública

direita e indireta da União, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. O

trecho da emenda que excepcionava da competência “os servidores ocupantes de

cargos criados por lei, de provimento efetivo ou em comissão, incluídas as

autarquias e fundações públicas dos referidos entes da federação”, foi excluído da

publicação oficial e deu margem a discussão judicial perante o Supremo Tribunal

Federal.

Antes, a Justiça do Trabalho estava restrita à solução de

litígios entre empregados e empregadores e a poucas outras demandas, quando

expressamente autorizadas: caso da pequena empreitada, dos trabalhadores

avulsos e temporários. Com a ampliação da competência decretada pela Emenda

Constitucional nº. 45/2004, esta passou a compreender as ações oriundas da

relação de trabalho, resultantes dos movimentos grevistas, sobre representação

sindical, entre sindicatos, entre estes e trabalhadores, e entre sindicatos e

empregadores; estendeu-a a mandados de segurança, habeas corpus e habeas 82 GIGLIO, Wagner D. op. cit, 2005, p.26.

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

38

data; para dirimir conflitos de competência, ações por dano moral ou patrimonial;

para ações relativas a penalidades administrativas e para execução de

contribuições sociais decorrentes das sentenças; e, mediante lei, para outras

controvérsias, desde que decorrentes de relação de trabalho83.

A referida Emenda Constitucional 45/2004 foi aprovada em

17 de novembro de 2004, sendo promulgada na data de 08 de dezembro de 2004

e posteriormente publicada em 31 de dezembro de 2004 no DOU, após treze

anos de tramitação no Congresso Nacional.

A Emenda Constitucional, como PEC recebeu o número

96/92, quando apresentada na câmara dos Deputados pelo Deputado Hélio

Bicudo, em 26 de março de 199284.

Passados anos, a PEC foi aprovada em dois turnos na

Câmara dos Deputados, tendo como Relatora a Deputada Zulaiê Cobra, sendo

enviada para o Senado Federal, que recebeu o número 29/2000 e o Relator o

Senador, Bernardo Cabral, que emitiu importantes pareceres, nº. 538 e nº.

1.035/2002, ambos aprovados pela Comissão de Constituição, Justiça e

Cidadania (CCJ)85.

O Senado Federal, em razão da multiplicidade de projetos

(17 projetos de Emenda à Constituição) e quantidades de audiências (14)

envolvendo órgãos diferenciados (Ministros do Supremo Tribunal Federal e

Tribunais Superiores, Ordem dos Advogados do Brasil, Ministério Público,

diversos institutos, dentre eles o Instituto Brasileiro do Direito Processual etc.), os

17 projetos foram transformados em 04, conforme Parecer nº. 451/2004 e

Emenda nº. 240 da Comissão de Constituição e Justiça86.

Sobre as quatro Propostas de Emenda a Constituição

enumera Pedro Lenza, senão vejamos:

83 GIGLIO, Wagner D. op. cit, 2005, p.26. 84 LENZA, Pedro. Reforma do Poder Judiciário. Disponível em: <http://jusonline.visaonet.com.br/artigos/reforma.doc>. Acesso em: maio/2006. 85 LENZA, Pedro. op. cit. 86 LENZA, Pedro. op. cit.

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

39

a) A de nº. 29/2000 foi aprovada, transformando-se na EC nº. 45/2004, promulgada em 08 de dezembro de 2004 e publicada no DOU em 31 de dezembro de 2004. b) Uma segunda, desmembrando-se da anterior, levou o nº. 29-A/2000, também aprovada em dois turnos no SF. Na medida em que modificou a redação de artigos da originária PEC nº. 96/92 da Câmara dos Deputados (CD), precisou reformar àquela Casa em prestígio ao princípio do bicameralismo. Na CD, foi reapresentada, em 10 de janeiro de 2005, com o nº. 358/2005, para ser discutida e votada em dois turnos, buscando alterar os seguintes dispositivos da Constituição Federal (CRFB) de 1988: artigos: 21, 22, 29, 48, 93, 95, 96, 98, 102, 103-B, 104, 105, 107, 111-A, 114, 115, 120, 123, 124, 125, 128, 129, 130-A e 134. Acrescenta, ainda, os artigos 97-A, 105-A, 111-B e 116-A e dão outras providências (...). c) Uma terceira PEC, nova, foi apresentada ao próprio SF, levando o nº. 26/2004, que altera o art. 100 da CRFB/88, permitindo o parcelamento de precatórios (chamados de títulos sentenciais) em até 60 parcelas. Como se trata de matéria nova, ainda deverá ser apreciado pelo SF (em dois turnos) para, se aprovada, ir para o CD. d) Nessa mesma situação está uma quarta PEC, de nº. 27/2004 do SF, que autoriza a Lei a instituir Juizados de Instrução Criminal para as infrações penais nela definidas87.

3.2 RELAÇÃO DE TRABALHO

O inciso I do art. 114 alterado pela nova emenda à

Constituição declina competência à Justiça do Trabalho para processar e julgar:

I – As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios88. A vinculação imposta pelo novel inciso constitucional utiliza

como fator determinante da competência as ações oriundas da relação de

trabalho, mas deixa de defini-lo, cabendo a doutrina o fazer.

Segundo Nascimento89 a alteração da competência

87 LENZA, Pedro. op. cit. 88 Inciso I do art. 114 da CRFB/88. Disponível em: <site www.senado.gov.br>. Acesso em: maio/2006. 89 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. op. cit, 1998, p. 26.

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

40

constitucional material da Justiça do Trabalho pela Reforma do Poder Judiciário

quanto aos tipos de vínculos de trabalho que podem ser submetidos à sua

apreciação reside num ponto: a competência que era para dissídios entre

trabalhadores e empregadores, passa a ser ações oriundas da relação de

trabalho, não se limitando mais a questão de trabalho contra empregadores, mas

de todo prestador pessoa física contra todo tomador do trabalho de pessoa física,

o que abrangerá prestações de serviço autônomos, serviços eventuais e outros

tipos, mudança que vai exigir algum tempo para que possa ser devidamente

assimilada.

Acerca da relação de trabalho, ainda, Nascimento90:

Relação de trabalho é um gênero, do qual a relação de emprego ou contrato de trabalho é uma das modalidades, aspecto de fácil compreensão diante das múltiplas formas de atividade humana e que o direito procura regulamentar em setorizações diferentes. Pode-se mesmo falar em divisão jurídica do trabalho com implicações no problema da competência.

Nesse mesmo sentido, Brandão91 (apud COUTINHO,

explica):

Ao fazer o confronto entre relação de trabalho versus relação de emprego, saliente que há nítida distinção entre ambas; a primeira possui um caráter genérico e, por isso, refere-se a todas as relações jurídicas que são marcadas pelo fato de ter como prestação essencial àquela centrada em outra obrigação de fazer, consubstanciada em labor humano; refere-se, assim, a toda modalidade de contratação de trabalho humano modernamente admissível, englobando, portanto, a segunda, a relação de emprego, que é encarada, do ponto de vista técnico-jurídico, apenas como uma de suas modalidades próprias; é um tipo legal e específico, inconfundível com os demais tipos de relação de labor, embora seja considerada, ainda segundo o mesmo autor, como a mais relevante forma de pactuação de prestação de trabalho, do ponto de vista econômico-social. A relação de trabalho seria entendida como toda situação

jurídica, abrangendo a relação de emprego e a prestação civil, que emerge direta

ou indiretamente do serviço prestado por pessoa natural ou jurídica para outra

90 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. 1998, p. 2218. 91 BRANDÃO, Cláudio Mascarenhas. Relação de trabalho: enfim, o paradoxo superado In: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005, p.57.

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

41

pessoa natural ou jurídica, mediante ou sem remuneração92.

Já, Nascimento93, estabelece requisitos básicos a serem

preenchidos para que a Justiça do Trabalho tenha competência para conhecer da

lide, quais sejam:

a) Profissionalidade, o que significa que se trata de um serviço prestado profissionalmente e não com outra intenção ou finalidade, pressupondo, portanto, remuneração; b) pessoalidade para significar que o trabalho deve ser prestado por pessoa física diretamente, sem auxiliares ou empregados, porque, neste caso, teríamos uma figura do prestador um verdadeiro empregador; c) a própria atividade do prestador do serviço como objeto do contrato, ou, no caso de resultados contratados pelos serviços, a preponderância destes aspectos, dos serviços, sobre outros, com o que ficariam fora da competência do judiciário trabalhista os contratos do fornecimento e incluídas as pequenas empreitadas de serviços; d) a subordinação ou passa a não definir a competência, porque o judiciário trabalhista será competente em ambos os casos, influindo, se os serviços forem subordinados, para o enquadramento jurídico diante do poder de direção sobre o mesmo exercido, levando-se para a esfera da relação de emprego e se inexistente a subordinação a questão como prestação de serviços autônomos ou outra; e) a eventualidade ou não, igualdade, passa a não ter importância sob a perspectiva da competência, porque se os serviços forem contínuos ou não eventuais, estar-se-ão no âmbito da relação de emprego, e se forem eventuais estarão na esfera da prestação de serviços eventuais, em ambos os casos competente à Justiça do Trabalho, mudando, apenas o enquadramento jurídico a ser dado ao caso concreto. Conforme o autor, necessário se faz que os requisitos

mencionados sejam estabelecidos para que a Justiça do Trabalho desenvolva sua

competência eficazmente.

3.3 DIREITO DE GREVE

O inciso II no art. 114 da CRFB/88, pela novel emenda

expressa como competência da Justiça do Trabalho conhecer das ações que

envolvam exercício de direito de greve.

Quanto a Lei de greve, o entendimento de Dallagrave

92 COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005, p.57. 93 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. 1998, p. 2217.

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

42

Neto94:

Não há maiores alterações, vez que nos termos da Lei de Greve a competência material para julgar as ações que envolvam tanto o exercício do direito constitucional de greve (art. 9º e seu §1º, da CRFB), quanto à responsabilidade civil e trabalhista decorrentes de atos abusivos e elícitos praticados no curso da greve (§ 2º do art. 9º) já eram e continuarão sendo da Justiça do Trabalho. Destarte que o mesmo autor reconhece que o referido inciso

trouxe novidades ao tocante a incumbência da Justiça do Laboral de conhecer

dos litígios decorrentes de atos ilícitos praticados em razão de greve, conforme

explica95:

A novidade efetivamente vislumbrada no art. 114, II, da

CRFB, está na inclusão da competência da Justiça do Trabalho para julgar

eventuais litígios que decorram de atos ilícitos praticados em razão de greve,

tendo como agente o sindicato dos trabalhadores ou mesmo os trabalhadores que

não mantenham vínculo de emprego com a empresa que sofreu danos

patrimoniais ou morais. Nesses casos a competência que antes era da Justiça

Comum – porque fora dos limites da relação de emprego – passa a ser da Justiça

do Trabalho, conforme dicção mais ampla do novo art. 114, II, da CRFB, em

complemento com os incisos I, III, IV e VI do mesmo dispositivo.

Não se inclui no inciso II o direito de greve dos servidores

públicos, como salienta Meireles96:

Interpretando, pode-se afirmar que é certo que esse

dispositivo não atrai para a Justiça do Trabalho as ações que envolvam o

exercício do direito de greve por parte dos servidores públicos ocupantes de

cargo efetivo ou em comissão.

94 DALLAGRAVE, José AFONSO Neto. Primeiras linhas sobre a nova competência da Justiça do Trabalho fixada pela reforma do judiciário (EC nº. 45/2004) IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005, p.204. 95 DALLAGRAVE, José AFONSO Neto. Primeiras linhas sobre a nova competência da Justiça do Trabalho fixada pela reforma do judiciário (EC nº. 45/2004) IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005, p.204. 96 MEIRELES, Edition. A Nova Justiça do trabalho: competência e procedimento. COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005, p.204.

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

43

Já Melhado dispõe acerca no novo inciso constitucional que

se infere ao fixar a competência material, não se importando com as partes

envolvidas, veja-se:

A invocação consiste, também aqui, em fixar a competência

com base no thema júris, não importando que sejam os sujeitos da relação de

direito material envolvido. Assim, as ações alçadas pelo dispositivo constitucional

em questão abrangem os litígios entre empregados e empregadores, entre

sindicatos, entre sindicatos e empregados ou empregadores, entre sindicatos e

administração pública, entre os grevistas e terceiros, etc. não importam os atores,

mas a matéria que deve estar enredada ao exercício do direito de greve97.

Dalazen98 atribui competência funcional às ações relativas

ao inciso em questão, trazendo a lição, in verbis:

Embora questionável, a uma primeira analise parece-me que a competência funcional para as ações de que cogita o art. 114, inciso II da Constituição Federal deva ser reservada ao Tribunal do Trabalho a que competir, em fase, o julgamento do dissídio coletivo de greve. Conquanto omissa a lei a respeito, penso que se impõe essa solução ao menos por duas razões básicas: a um, porque se já instaurado dissídio coletivo decorrente de greve, a lei manda distribuir por dependência causa de qualquer natureza, quando se relacionar por conexão ou continência com outra já ajuizada (CPC, art. 253 inciso I); a dois, porque, de todo modo, a qualquer tempo o dissídio coletivo poderá ser ajuizado, se assim for haveria risco de decisões conflitantes se adotar a cisão da competência entre o Tribunal e a Vara do Trabalho para o exame de aspectos do mesmo exercício do direito de greve em concreto. No entanto, conclui-se que do inciso I do art. 114 da

CRFB/1988, as ações relacionadas direita e indiretamente ao direito de greve,

bem como as ações oriundas dos entes da administração pública, deve-se

processar perante a Justiça do Trabalho.

97 MELHADO, Reginaldo. A dicotomia ao conceito aberto: as novas competências da justiça do trabalho. IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005, p.332. 98 DALAZEN, João Orestes. A reforma do judiciário e os novos marcos da conmpetência material da justiça do trabalho no Brasil. IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005, p.176-177.

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

44

3.4 REPRESENTAÇÃO SINDICAL

O inciso III do dispositivo constitucional, declina acerca da

competência da Justiça do Trabalho para dirimir ações que envolvam

representação sindical nos seguintes termos: “as ações sobre representação

sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e

empregadores99”.

Meireles100 entende que:

O texto constitucional, no entanto, é aparentemente restrito. Fala em sindicato e não, em entidade sindical. Tal opção pode conduzir à interpretação de que, se o litígio envolver outra espécie de entidade sindical (federação, confederação ou mesmo centrais sindicais), a matéria não estará sujeita à competência da Justiça do Trabalho, o que seria, data vênia, uma contradição do sistema. Vale lembrar, inclusive, que o art. 8º da CF também se utiliza da expressão “sindical”, mas se entende que ela quis se referir às “entidades sindicais”, quando tratou das questões ali postadas. Em sentido controverso, temos o entendimento de

Dalazen101:

Ante uma primeira e puramente literal interpretação, a mais indigente de todas, seria tímido, no particular, o avanço: ampliaria a competência material da Justiça do Trabalho apenas para nela inscrever também a disputa intersindical de representatividade. Essa exegese, todavia, não pode prevalecer, porquanto limitaria demasiadamente uma norma bem mais abrangente. Conforme ainda Dalazen102, semelhante exegese restritiva

há de ceder passo ao evidente escopo da norma constitucional de cometer à

Justiça do Trabalho competência não apenas par as lides sobre representação

sindical, como também para quaisquer outras que envolvam o direito sindical,

ainda que não estritamente “sobre representação sindical”, contato que infra-

sindicais, intersindicais, ou entre sindicatos e empregador.

99 Inciso III do art. 114 da CRFB/88. Disponível em: <site www.senado.gov.br>. Acesso em: maio/2006. 100 MEIRELES, Edition. op. cit., p.71-72. 101 DALAZEN, João Orestes. op. cit, p.165. 102 DALAZEN, João Orestes, op. cit, p.165..

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

45

Corroborando a esse entendimento, Melhado103, após

explanar situações referentes ao direito de representação sindical, defende:

Todas essas situações podem ser subsumidas, também, ao inciso I do artigo 114 da Constituição, pois em faixa controvérsias oriundas da relação de trabalho. Afinal, o direito sindical pressupõe a relação de trabalho (como gênero que abrange a relação empregatícia): não à sindicato fora do âmbito da relação de trabalho. Assim, a compreensão adequada do inciso III do artigo 114 exige que se revisite o seu inciso I, analisado anteriormente. Nessa ordem de raciocínio é imperioso concluir-se que

compete a Justiça do Trabalho o julgamento das causas que versem sobre os

atos constitutivos, os processos eleitorais e a atuação das Comissões de

Conciliações Prévias de que tratam os artigos 625-A e seguintes da CLT, por

atuação conjunta dos incisos I e II do artigo 114 da Constituição. Pelas mesmas

razões, estão contidas nessa mesma competência todas as questões

concernentes à gestão dos sindicatos, que são atribuições dos representantes

sindicais.

Desse modo, Simon104 afirma:

A reforma contempla uma antiga reivindicação do meio trabalhista, especialmente sindical. Define-se a Justiça do Trabalho como competente, agora, para julgar as ações relativas não apenas aos litígios decorrentes de convenções ou acordos coletivos (neste ponto, a Lei nº. 8.984/95 já assentava a competência, ainda que envolvidos nos conflitos estivessem apenas os sindicatos ou o sindicato de trabalhadores e o empregador), mas, também, aqueles pertinentes à própria representação sindical. Não pode haver mais dúvida, também, que caberá a Justiça

do Trabalho apreciar as questões envolvendo empregadores e seus respectivos

sindicatos, e – o que talvez venha a se constituir no ponto mais polêmico – ainda

as controvérsias entre os integrantes das categorias econômica e profissional (e

não apenas os associados) e seus respectivos sindicatos, como aqueles, por

exemplo, alusivas às eleições sindicais e a cobrança de contribuições sindicais,

103 MELHADO, Reginaldo. op. cit, p.335-336. 104 SIMON, Sandra Lia. A ampliação da competeência da justiça do trabalho e o ministério público do trabalho IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005, p.346.

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

46

inclusive a estabelecida pelo artigo 578 da CLT (neste particular, sepultadas

estarão as Súmulas ns 04 e 222 do STJ, 114 e 225 do antigo TRF).

Nesses termos deve-se aplicar uma interpretação extensiva

ao inciso III do artigo 114 da CRFB/88, modificado pela relação da EC nº.

45/2004.

3.5 AÇÃO DE INDENIZAÇÃO DECORRENTE DA RELAÇÃO DE TRABALHO

O artigo 114, VI da CRFB/88, alterado pela EC nº. 45/2004,

contempla que as ações de indenização por dano material ou patrimonial

decorrentes da relação de trabalho, é de competência da Justiça do Trabalho.

O entendimento do Supremo Tribunal Federal é105:

Justiça do Trabalho. Competência: Ação de reparação de danos decorrentes da imputação caluniosa irrogada ao trabalhador pelo empregador a pretexto de justa causa para a despedida e, assim, decorrente de relação de trabalho, não importando a controvérsia se dirimida à luz do Direito Civil. Destarte que indenização por dano moral ou material

abrange, segundo Dallagrave Neto106:

Também passa a ser julgado pela Justiça do Trabalho os chamados danos pré ou pós-contratuais decorrentes da relação de trabalho, como por exemplo, aqueles manifestados na entrevista para a vaga de emprego ou mesmo após a rescisão contratual, quando da busca da referência profissional ao ex-empregado. Observa-se que, a partir da nova redação do art. 114, VI, da CF, cai por terra o argumento de que a competência seria da Justiça Comum, na medida em que “no dano pré-contratual a relação de emprego sequer havia se formada e no dano pós-contratual a relação de emprego sequer havia se formado e no dano pós-contratual o contrato já havia se expirado”. É que, se antes da EC nº. 45/2004 a competência da Justiça

do Trabalho se dava apenas para litígios decorrentes da relação de emprego,

105 STF. 1ª T., RE nº. 238/737-4, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, unânime, Diário da Justiça, n. 226, Seção 1,25/11/98, p.22. 106 DALLAGRAVE, José Afonso Neto. Primeiras linhas sobre a nova competência da justiça do trabalho fixada pela reforma do judiciário (EC n. 45/2004) IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005, p.204.

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

47

doravante ela se estende a todas as ações de indenização por dano moral ou

patrimonial decorrentes da relação de trabalho.

3.6 ACIDENTE DE TRABALHO

Há muito tempo já se consagrou no meio jurídico a

possibilidade de responsabilização civil do empregador pela ocorrência de

acidente ou doença do trabalho, com o conseqüente pagamento de indenização

ao obreiro vitimado pelo infortúnio.

No entanto, as inovações recentes no ordenamento jurídico

trouxeram uma nova perspectiva à matéria, tratando-a de forma inovadora

comparativamente ao regramento anterior. As principais mudanças havidas

sobrevieram com o advento do novo Código Civil (Lei 10.406/2002) e da Emenda

Constitucional nº. 45 de 2004.

Portanto, de acordo com a EC nº. 45/2004, a competência

para dirimir os conflitos atinentes a acidente de trabalho e (por força do art. 20 da

Lei nº. 8.213, de 24.07.1991) aos derivados de doença profissional e de doença

do trabalho aparentemente teria passado para a Justiça do Trabalho. Assim não

entendeu o Pleno do Supremo Tribunal Federal, concluindo, que a competência

continua sendo da Justiça Comum107.

Inicialmente, continua afirmando Giglio108, entendeu o

Supremo Tribunal Federal que também as demandas propostas contra o

empregador, para ressarcimento de danos morais e materiais resultantes de

acidente de trabalho, seriam da competência da Justiça Comum, obedecendo ao

principio da “unidade de convicção”. Entretanto, logo reformulou sua posição,

atribuindo tais processos desde que neles não sejam partes o INSS, a União,

suas autarquias ou empresas públicas – à competência da Justiça do Trabalho,

107 GIGLIO, Wagner D. op. cit, 2005. p.42. 108 GIGLIO, Wagner D. op. cit, 2005. p.43.

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

48

acompanhando a opinião majoritária da doutrina laboral.

Na verdade, a demanda contra o empregador, visando

responsabilizá-lo por dolo ou culpa na eclosão do infortúnio, deriva obviamente da

relação de trabalho como afirma Dalazen109, e, mais ainda, encontra apoio

explícito na relação do art. 114, VI, da Constituição Federal.

O que traz divergência de entendimentos é a questão da

competência sobre ações de indenização decorrentes de acidente de trabalho.

Assim, antes da EC nº. 45/2004, a jurisprudência dominante negava a

competência da Justiça do Trabalho para as causas decorrentes de acidente de

trabalho entre empregado e empregador (Súmula 15 do STJ). Nas causas de

dano moral decorrentes de acidente de trabalho, segundo Dalazen110, era negado

pela jurisprudência a competência material da Justiça do Trabalho, mesmo com

reiterada decisões do STF, STJ e TST reconhecendo genericamente essa

competência à Justiça do Trabalho caso o dano moral não adviesse de acidente

de trabalho.

O panorama referente à competência para as ações

resultantes de acidente de trabalho exige a compatibilização de dois preceitos

constitucionais: o comentado art. 114, VI e o art. 109, I, que exclui da

competência da Justiça Federal as causas de acidente de trabalho, cometendo-

as, por exclusão, à Justiça Estadual.

Conforme Dalazen111 é imperativo distinguir duas situações

em matéria de acidente de trabalho para efeito de determinações da competência:

A primeira é a das chamadas ações acidentárias, isto é,

lides previdenciárias derivantes de acidente de trabalho, promovidas em desfavor

do INSS. Assim, se a ação tem por objeto prestações previdenciárias e nela figura

como sujeito passivo o INSS, inequivocamente inscreve-se na competência da

Justiça Comum dos Estados, em face do que estatuem o art. 109, inc. I, da CF/88

109 DALAZEN, João Orestes. op. cit, p.172. 110 DALAZEN, João Orestes. op. cit, p.172. 111 DALAZEN, João Orestes. Boletim Diário. O Trabalho Disponível em: <[email protected]>. Acesso em junho/2006.

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

49

e o art. 19, inc. II, da Lei n. 6.367, de 19.10.1976.

A segunda situação é a das lides entre empregado e

empregador por indenização de dano patrimonial e/ou de dano moral causado

pelo acidente de trabalho.

Para estas últimas lides, a Justiça do Trabalho passou a ser

o juízo natural, apesar de a solução do litígio operar-se, evidentemente, mediante

a aplicação das normas do Direito Civil112.

Uma vez que a pretensão é a de obter uma indenização pelo

dano supostamente advindo da conduta culposa ou dolosa do empregador, ao

provocar o acidente, a hipótese amolda-se plenamente ao novo art. 114, inc. VI,

da Constituição Federal.

Afora isso, o mandamento constitucional em apreço não

distingue a natureza do ato ilícito ou a natureza do pedido de indenização para o

fim de fixação da competência.

Segundo ainda Dalazen113,

A rigor, parece-me que constituiria até um contra-senso admitir-se a competência material da Justiça do Trabalho para causas em geral entre empregado e empregador em que se discuta indenização por danos materiais ou por danos morais e, ao mesmo tempo, negar-se semelhante competência caso o ato ilícito em que se funda a ação fosse o acidente de trabalho. Seria admitir competência da Justiça do Trabalho para o gênero, não para a espécie [...].

De fato, não há mesmo razão jurídica ou lógica para que as

lides decorrentes de acidente de trabalho entre empregado e empregador

transcendam da competência da Justiça do Trabalho.

112 DALAZEN, João Orestes. Boletim Diário. O Trabalho Disponível em: <[email protected]>. Acesso em junho/2006. 113 DALAZEN, João Orestes. Boletim Diário. O Trabalho Disponível em: <[email protected]>. Acesso em junho/2006. p.2-3.

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

50

3.7 AÇÕES RELATIVAS ÀS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS

Com o advento do art. 114 inciso VII da CRFB/88114, é

competente para conhecer das ações relativas às penalidades administrativas

impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de

trabalho.

Afirma Meireles115 que :

Aqui, transfere-se par a Justiça do Trabalho a competência para a execução fiscal das multas respectivas (impostas em face da atuação do Ministério do Trabalho), bem como qualquer ação na qual se discuta essa matéria, inclusive o mandado de segurança contra ato da autoridade fiscal e a ação declaratória de inexistência de débito. Para Dalazen116:

O mandamento constitucional em foco rompe com tradicional entendimento sufragado pela jurisprudência consistente em atribuir tais causas à esfera da Justiça Federal. Doravante, malgrado figure a União em um dos pólos da relação processual, e lide é da competência material da Justiça do Trabalho. Melhado117 acerca das penalidades administrativas aludidas

afirma:

Multas aplicadas pela Previdência Social também estão abarcadas no inciso VII, mesmo relativas às suas contribuições, pois (a) elas são impostas aos empregadores e (b) o auditor fiscal do INSS fiscaliza relações de trabalho (...). Em razão do disposto nos incisos I e VII do art. 114, a

Justiça do Trabalho passa a ter competência para conhecer as ações relativas às

multas impostas aos empregadores em decorrência do descumprimento das

normas do Fundo de Garantia.

114 BRASIL. Constituição Federal. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 115 MEIRELES, Editon. op. cit, p.74-75. 116 DALAZEN, João Orestes. op. cit, p.171. 117 MELHADO, Reginaldo. op. cit, p.336-337.

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

51

3.8 PARA EXECUTAR CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

A Justiça do Trabalho com a promulgação da Emenda

Constitucional nº.45/2004 obteve a extensão da competência com o propósito de

solucionar o problema das arrecadações das contribuições previdenciárias.

Giglio118 acerca do tema afirma que o texto do art. 114, § 3º,

da Constituição Federal, no qual constava a Competência da Justiça do Trabalho

para executar tais contribuições, foi substituído pelo inciso VIII do mesmo art. 114,

com a redação da Emenda nº. 45/2004, ao delegar que: “a execução, de oficio,

das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais,

decorrentes das sentenças que proferir”. Assim, afirma ainda o autor que continua

regulando a espécie a Lei nº. 10.035, de 14 de novembro de 2000, tendo sido

recepcionada pelo atual art. 114 constitucional, inciso IX, em que o mesmo

determina autoriza à extensão da competência a “outras controvérsias

decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei”.

118 GIGLIO, Wagner D. op. cit, 2005. p.34-35.

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

52

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na elaboração desse trabalho cientifico, verificou-se que a

competência da Justiça do Trabalho juntamente com seus dispositivos

constitucionais, sofreram profundas mudanças, ocasionando um reflexo na

sociedade.

A Emenda 45/04 traz em seu arcabouço, algo peculiar à

natureza humana, a evolução, alterando diversos dispositivos da Constituição

Federal de 1988, promulgada pelas mesas da Câmara e do Senado no dia 08 de

dezembro de 2004 e somente no final do ano, em 31.12.04, foi finalmente

publicada no Diário Oficial da União.

Alterou todas as perspectivas dadas à Justiça do Trabalho

quando do início da Reforma do Judiciário, em 1992: de ramo quase extinto ou

fundido com outros àquele com maior gama de competências recebidas, ampliado

para restabelecer o conceito de responsável pela jurisdição das relações de

trabalho, e todos os conflitos e controvérsias decorrentes, e não mais apenas os

conflitos relativas aos vínculos de emprego ou de pequenas empreitadas,

alcançando agora, inclusive, competências especiais no campo parafiscal e da

fiscalização do trabalho, com controle específico da atuação administrativa junto a

empregadores no campo da higiene, segurança e medicina do trabalho.

É certo que perdem os Tribunais do Trabalho parte

significativa do poder normativo que lhes era confiado, mas estabelece-se

premissa de maior significância aos pronunciamentos da Justiça do Trabalho

quando percebida a ampla competência em direito sindical e nos casos

envolvendo o exercício do direito de greve, ou suas conseqüências em relação

aos interesses gerais e maiores da sociedade, numa atuação que deve pautar-se,

ainda mais, pelo equilíbrio em restabelecer as atividades essenciais à

normalidade enquanto conduzam as categorias em litígio à aceitação das

decisões normativas nos casos em que ainda admitidas.

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

53

O artigo 114 da Constituição, a partir da EC 45/2004, revela-

nos a alteração de conceitos seculares, alguns de Direito do Trabalho, outros da

processualística, como ao dispor sobre as ações de garantia constitucional, e

denota a importância que emerge de seus dispositivos não apenas para o âmbito

restrito da jurisdição trabalhista, alcançando também outros ramos do Poder

Judiciário nacional.

Portanto, a aprovação da reforma do judiciário, presente na

Emenda Constitucional n. 45, é uma vitória importante para o país, criando

condições reais para que o Poder Judiciário se fortaleça e seja capaz de atender

a demanda da sociedade sendo que esta anseia por mais e melhores serviços

jurisdicionais.

Enfim, tal emenda, é o resultado do amadurecimento

alcançado a partir do longo processo de tramitação legislativa e do

reconhecimento da sociedade de que o Judiciário precisa se modernizar.

Algumas críticas feitas à emenda já mostram que os

descontentes com as alterações foram buscar nos mínimos detalhes ou em

pequenos deslizes da emenda constitucional que aqui se discute, alguns pontos

para que pudessem discordar dos magistrados e conhecedores do direito que

aprovaram as alterações.

Embora ainda seja cedo para uma avaliação precisa,

espera-se que as mudanças sejam efetivadas e que todos se envolvam nesse

processo, que interessa aos cidadãos comuns, ao governo, e aos profissionais do

direito.

Acerca das hipóteses levantadas, denota-se que a EC nº.

45/2004 ampliou a Competência da Justiça do Trabalho, objetivando com isso

uma justiça mais célere, um órgão mais competente para dirimir questões de

cunho trabalhistas, prestando com isso uma presteza maior no que tange ao

direito individual ou coletivo.

Pode-se considerar alcançados os objetivos inicialmente

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

54

propostos neste estudo, pois, na realização deste foi possível constatar que a EC

nº. 45/2004 ampliou a competência da Justiça do Trabalho, objetivando com isso

uma justiça mais célere, um órgão mais competente para dirimir questões de

cunho trabalhistas, prestando com isso uma presteza maior no que tange ao

direito individual ou coletivo.

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

55

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS

BRANDÃO, Cláudio Mascarenhas. Relação de trabalho: enfim, o paradoxo superado In: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005. BRASIL. Lei nº. 9.987, de 07 de dezembro de 1999. Altera a legislação tributária federal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 dez. 1999. Disponível em< http://www.in.gov.br/mp_leis/,asp?id=LEI%209887. Acesso em 22 dez. 1999. BRASIL. CLT. Consolidação das leis do trabalho. São Paulo: Atlas, [s.d]. BRASIL. Constituição Federal. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Processual Penal. Hábeas Corpus. Constrangimento ilegal. Hábeas Corpus nº. 181.636-1, da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Brasília, DF. 6 de dezembro de 1994. Lex: jurisprudência do STJ e Tribunais Regionais Federais, São Paulo, v. 10, n. 103, p. 236-240, mar. 1998. CAMPANHOLE, Adriano & CHAMPANHOLE, Hilton. Constituição do Brasil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1992. CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 2002. COSMOPOLIS, Mário Pasco. Os conflitos trabalhistas no Peru e sua solução. IN: BUEN, Nestor de. coord. A solução dos conflitos trabalhistas. Trad. Wagner Giglio. São Paulo: Ltr, 1986. COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005. DALAZEN, João Orestes. A reforma do judiciário e os novos marcos da conmpetência material da justiça do trabalho no Brasil. IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005. DALAZEN, João Orestes. Boletim Diário. O Trabalho Disponível em: <[email protected]>. Acesso em junho/2006. DALLAGRAVE, José AFONSO Neto. Primeiras linhas sobre a nova competência da Justiça do Trabalho fixada pela reforma do judiciário (EC nº. 45/2004) IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005.

Page 68: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

56

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Ltr, 2004. DICIONÁRIO Jurídico. Disponível em: <www.direitonet.com.br/dicionario_juridico/ - 5k>. Acesso em: julho/2006. FALCÂO, Ismael Marinho. Teoria e Prática do Direito Processual Trabalhista. Rio de Janeiro: Revista Forense, 1999. FREIRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: formação da família brasileira sob regime de economia patriarcal. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1943. 2v. FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo; FUHRER, Maximilianus Roberto Ernesto. Resumo do Direito Constitucional, 2001. GIGLIO, Wagner D. Direito processual do Trabalho. 13 ed. São Paulo: Saraiva 2003. GIGLIO, Wagner D. Nova competência da justiça do Trabalho: aplicação do processo civil ou trabalhista? Revista LTr Legislação do trabalho. v., n.3, Março de 2005. LENZA, Pedro. Reforma do Poder Judiciário. Disponível em: <http://jusonline.visaonet.com.br/artigos/reforma.doc>. Acesso em: maio/2006. MARTINS, Ives Gandra da Silva Filho. Manual Esquemático de Direito e Processo do Trabalho. 4º. ed. São Paulo, 2002. MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2006. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2004. MEIRELES, Edition. A Nova Justiça do trabalho: competência e procedimento. COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005. MELHADO, Reginaldo. A dicotomia ao conceito aberto: as novas competências da justiça do trabalho. IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005. NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. Curso de Direito Processual do Trabalho. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. PINTO, José Augusto Rodrigues. Processo trabalhista de conhecimento. 5. ed. São Paulo: LTR, 2000.

Page 69: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE ...siaibib01.univali.br/pdf/Stephany Amorim.pdfi universidade do vale do itajaÍ – univali centro de ciÊncias jurÍdicas, polÍticas

57

SAAD, Eduardo Gabriel. Direito Processual do Trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 1998. SILVA, de Plácido e. Vocábulo Jurídico, 1989. SILVA, Ives Gandra da. Pena de Morte para o nascituro. O Estado de São Paulo, 19 set. 1998. Disponível em: http://www.providafamília.org/ pena_mortenascituro.htm. Acesso 19 set. 1998. SIMON, Sandra Lia. A ampliação da competeência da justiça do trabalho e o ministério público do trabalho IN: COUTINHO, Grijalbo Fernandes; FAVA, Marcos. Nova Competência da Justiça do Trabalho, 2005. STF. 1ª T., RE nº. 238/737-4, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, unânime, Diário da Justiça, n. 226, Seção 1,25/11/98. UNGER, Roberto Mangabeira. O Direito na Sociedade Moderna: contribuição à crítica da teoria social. Tradução de Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.