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www.fb/leandroquadrosnt 1 Resposta a Kennyo Ismail, autor do livro Desmistificando a Maçonaria Por Leandro Quadros. INTRODUÇÃO Uma das coisas mais gratificantes para quem trabalha com a propagação da mensagem bíblica é receber a confirmação de que seu trabalho foi bastante útil e relevante para a vida do telespectador, ouvinte e internauta. Após o programa veiculado na noite de 8/4/2014, o judeu e maçom Diego Cohen afirmou em nossa página no Facebook que, além de ver “luz na Igreja Adventista do Sétimo Dia”, o que foi dito [no programa, sobre a maçonaria] é verdade e dou fé!. Entretanto, o mesmo não foi dito por Kennyo Ismail, maçom, autor do livro Desmistificando a Maçonaria e moderador do blog www.noesquadro.com.br . Para ele, “as acusações conspiratórias [contra a Maçonaria] foram apenas reforçadas [pelo “Na Mira da Verdade], tomando por base dois autores não maçons [...]” 1 (p. 8). A presente tréplica tem o objetivo de esclarecer algumas das afirmações de Ismail, bem como demonstrar que o referido autor, infelizmente, não compreendeu o propósito principal do programa, nem mesmo uso que foi feito das fontes citadas. Antes, quero agradecer a Kennyo Ismail pela forma educada como questionou meu programa. Todavia, não posso fazer o mesmo em relação a alguns comentários aprovados em seu blog. Lamentavelmente, alguns que aparentemente são maçons, se deixaram levar pela paixão ao ponto de usarem pensamentos e frases que não condizem com a polidez que percebi em alguns Maçons com quem tive contato. Frases como: “o papel que se lê hoje servirá para limpar o traseiro amanhã”; “não perca tempo com estes ‘crentes’” e “a falta de cultura e de respeito é latente em tais seres”, apenas 1 Kennyo Ismail, “Mirando na Verdade: Resposta ao programa ‘Na Mira da Verdade’ – TV Novo Tempo”. Disponível em: http://www.noesquadro.com.br/2014/04/resposta-ao-programa-na-mira-da-verdade.html Acessado em 17/4/2014

Resposta a Kennyo Ismail, autor do livro Desmistificando …novotempo.com/namiradaverdade/files/2014/06/Resposta_Kennyo_Maçom1...A Maçonaria é, portanto, identificada com a religião;

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Resposta a Kennyo Ismail, autor do livro Desmistificando a Maçonaria

Por Leandro Quadros.

INTRODUÇÃO

Uma das coisas mais gratificantes para quem trabalha com a propagação da mensagem

bíblica é receber a confirmação de que seu trabalho foi bastante útil e relevante para a vida do

telespectador, ouvinte e internauta.

Após o programa veiculado na noite de 8/4/2014, o judeu e maçom Diego Cohen afirmou

em nossa página no Facebook que, além de ver “luz na Igreja Adventista do Sétimo Dia”, o que

“foi dito [no programa, sobre a maçonaria] é verdade e dou fé!”.

Entretanto, o mesmo não foi dito por Kennyo Ismail, maçom, autor do livro

Desmistificando a Maçonaria e moderador do blog www.noesquadro.com.br . Para ele, “as

acusações conspiratórias [contra a Maçonaria] foram apenas reforçadas [pelo “Na Mira da

Verdade], tomando por base dois autores não maçons [...]”1(p. 8).

A presente tréplica tem o objetivo de esclarecer algumas das afirmações de Ismail, bem

como demonstrar que o referido autor, infelizmente, não compreendeu o propósito principal do

programa, nem mesmo uso que foi feito das fontes citadas.

Antes, quero agradecer a Kennyo Ismail pela forma educada como questionou meu

programa. Todavia, não posso fazer o mesmo em relação a alguns comentários aprovados em seu

blog. Lamentavelmente, alguns que aparentemente são maçons, se deixaram levar pela paixão ao

ponto de usarem pensamentos e frases que não condizem com a polidez que percebi em alguns

Maçons com quem tive contato.

Frases como: “o papel que se lê hoje servirá para limpar o traseiro amanhã”; “não perca

tempo com estes ‘crentes’” e “a falta de cultura e de respeito é latente em tais seres”, apenas

1 Kennyo Ismail, “Mirando na Verdade: Resposta ao programa ‘Na Mira da Verdade’ – TV Novo Tempo”. Disponível

em: http://www.noesquadro.com.br/2014/04/resposta-ao-programa-na-mira-da-verdade.html Acessado em 17/4/2014

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demonstram o preconceito existente em relação a muitos cristãos que não deveriam ser

comparados com pessoas fanáticas, que gratuitamente falam mal da maçonaria.

Além de não contribuir para o bom debate, esse tipo de palavreado não condiz com os

ensinamentos morais transmitidos pela maçonaria em sua simbologia. Por exemplo, Albert G.

Mackey informa que o maçom em sua fase iniciante é representado por uma pedra bruta e

áspera, “símbolo do estado natural do homem – ignorante, não desenvolvido [...]”2, e que precisa

ser lapidado até chegar a se transformar numa superfície lisa.

O tipo de palavras usadas por algumas pessoas no blog “No Esquadro” demonstra que

elas ainda se encontram na fase da pedra bruta, o que indica ser necessário elas também

adotarem em suas vidas o conceito moral transmitido pelo simbolismo do prumo, um símbolo da

retidão de conduta que, com certeza, os ajudaria na construção do próximo com suas palavras e

atos. Seguindo esse princípio, tais pessoas andariam em linha reta e não se desviariam do

caminho da virtude, nem para a direita nem para a esquerda, de modo que tratariam o próximo

com respeito.

METODOLOGIA E USO DE FONTES

Se Ismail tivesse assistido atentamente ao programa, não teria afirmado que me baseei

nas obras de J. Scott Horrel (Maçonaria e Fé Cristã) e William Schnoebelen (Maçonaria por

trás da fachada de luz).

Na verdade, adotei o livro de Horrel como metodologia, não simplesmente como fonte

primária. Achei bem didática a abordagem dele em sugerir perguntas essenciais com respostas

na Bíblia, que nos ajudam a compararmos os ensinamentos bíblicos com as crenças maçônicas

(veja-se minhas afirmações no vídeo disponível no blog do programa a partir dos 6min16s e

6min58s).

Sobre a obra de Schnoebelen, a partir dos 20min11s afirmo que, mesmo extraindo

algumas informações importantes do referido livro, afirmei que “neste livro percebi algumas

coisinhas que acho um pouco exageradas”, de modo que Ismail não possui provas para afirmar

que esse material serviu de “base” para minha pesquisa.

2 Albert G. Mackey, O Simbolismo da Maçonaria: Descubra e Entenda Seus Símbolos, Lendas e Mitos (São Paulo:

Universo dos Livros: 2008), p. 185 (da versão digital comercializada na App Store)

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Sugeri no programa diversas fontes primárias, inclusive a editora Pensamento, para que o

telespectador e ouvinte interessado aprofunde-se no tema “Maçonaria”, reconhecendo que há

muito mais fontes para pesquisa daqueles que realmente quiserem se aprofundar no assunto.

QUESTÕES APARENTEMENTE REFUTADAS

O autor da obra Desmistificando a Maçonaria afirmou que a citação de Mackey,

(autoridade maçônica) que mencionei no programa, em que ele reconhece ser a maçonaria uma

religião, “não faz parte da Enciclopédia de Mackey” (p. 2). Entretanto, Kennyo Ismail está

bastante equivocado:

“Freemasonry is a religious institution, and hence its regulations

inculcate the use of prayer ‘as a proper tribute of gratitude,’ to borrow the

language of Preston, ‘to the beneficent Author of Life’.”3

Veja-se a tradução como se segue (os grifos foram acrescidos):

“A Maçonaria é uma instituição religiosa e, por tanto, seus regulamentos

inculcam o uso da oração ‘como uma homenagem adequada de gratidão’,

e usando a linguagem de Preston, ‘para o Autor beneficente da Vida’”.

Já na página 1559 do arquivo em Pdf da obra de Mackey, vemos que outra citação

mencionada por Horrel em seu livro Maçonaria e fé Cristã realmente existe, ao contrário do que

imaginou Ismail em sua resposta ao programa “Na Mira da Verdade”. Veja:

The tendency of all true Freemasonry is toward religion. If it make any

progress, its progress is to that holy end. Look at its ancient landmarks, its

sublime ceremonies, its profound symbols and alle gories - all inculcating

religious doctrine, commanding religious observance, and teaching religious

truth, and who can deny that it is eminently a religious Institution? But,

besides, Freemasonry is, in all its forms, thoroughly tinctured with a true

devotional spirit. We open and close our Lodges with prayer; we invoke the

blessing of the Most High upon all our labors; we demand of our neophytes a

3 Albert Gallatin Mackey, Encyclopedia of Freemasonry And its kindred Sciences, p. 1468. Disponível em:

http://www.themasonictrowel.com/ebooks/freemasonry/eb0091.pdf Acessado em: 17/4/2014. Veja-se o verbete “Prayer”.

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profession of trusting belief in the existence and the superintending eare of God;

and we teach them to bow with humility and reverence at His awful name, while

His Holy Law is widely opened upon our altars. Freemasonry is thus identified

with religion; and although a man may be eminently religious without being a

Freemason, it is impossible that a Freemason can be "true and trusty" to his Order

unless he is a respecter of religion and an observer of religious principle.

A tradução vem a seguir (os grifos foram acrescentados):

A tendência de toda verdadeira Maçonaria é em relação à religião. Se ela faz

qualquer progresso, o seu progresso é para esse fim santo. Olhe para seus

monumentos antigos, suas cerimonias sublimes, seus símbolos profundos e

alegorias - tudo inculcando doutrina religiosa, ordenando observância religiosa

e ensinando a verdade religiosa. Quem pode negar que ela é eminentemente

uma instituição religiosa? Mas, além disso, a Maçonaria é, em todas as suas

formas, completamente tingida com um verdadeiro espírito devocional. Nós

iniciamos e concluímos todas nossas cerimonias com oração; invocamos a

benção do Altíssimo sobre todos nossos trabalhos; exigimos de nossos neófitos

uma profissão de fé confiante na existência e no superintendente cuidado de

Deus; e os ensinamos a se curvar com humildade e reverencia perante Seu

terrível nome, enquanto Sua Santa Lei é amplamente aberta sobre nossos altares.

A Maçonaria é, portanto, identificada com a religião; e apesar de que um

homem pode ser eminentemente religioso sem ser maçom, é impossível que um

maçom possa ser “verdadeiro e fiel” a sua Ordem a menos que ele seja um

respeitador da religião e um observador do principio religioso.

Simplesmente a citação que apresentei no programa era de outra edição da obra, a de

1898, publicada pela Louis H. Everts. Independente da página ou da edição da obra, vê-se que a

afirmação de Kennyo Ismail, de que “esse texto não faz parte da Enciclopédia de Mackey” (p. 2),

não possui fundamento.

Outra citação relevante dessa autoridade maçônica encontra-se na mesma Enciclopédia

(p. 1559), onde Mackey é taxativo:

But the religion of Freemasonry is not sectarian. It admits men of every creed

within its hospitable bosom, rejecting none and approving none for his peculiar

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faith. It is not Judaism, though there is nothing in it to offend a Jew; it is not

Christianity, but there is nothing in it repugnant to the faith of a Christian. Its

religion is that general one of nature and primitive revelation—handed down to

us from some ancient and Patriarchal Priesthood—in which all men may agree

and in which no men can differ. It inculcates the practise of virtue, but it supplies

no scheme of redemption for sin. It points its disciples to the path of

righteousness, but it does not claim to be "the way, the truth, and the life." In so

far, therefore, it cannot become a substitute for Christianity, but its tendency

is thitherward; and, as the handmaid of religion, it may, and often does, act as

the porch that introduces its votaries into the temple of divine truth. Freemasonry,

then, is indeed a religious institution; and on this ground mainly, if not alone,

should the religious Freemason defend it.

Agora, a tradução:

Mas a religião da Maçonaria não é sectária. Ela admite homens de todas as

crenças no seu seio hospitaleiro , rejeitando nenhum e aprovando nenhum por sua

fé peculiar. Não é judaísmo , embora não há nada nela para ofender um judeu ;

não é o cristianismo4, mas não há nada nela repugnante para a fé de um cristão.

Sua religião é aquela geral da natureza e da revelação primitiva - transmitida

a nós através de algum antigo Sacerdócio Patriarcal - em que todos os homens

podem concordar e em que nenhum homem pode ser diferente. Ela inculca a

prática da virtude, mas não fornece esquema algum de redenção para o pecado.

Ela aponta aos seus discípulos o caminho da justiça, mas não tem a pretensão de

ser "o caminho, a verdade e a vida." Sendo assim, portanto, a Maçonaria não

pode tornar-se um substituto para o cristianismo, mas sua tendência é para

lá; e, como a serva da religião, ela pode, e muitas vezes age, como a entrada que

introduz seus adeptos no templo da verdade divina. A Maçonaria, então, é de

fato uma instituição religiosa [...]

4 Mesmo Mackey acreditando não haver algo de “repugnante” para o cristão na maçonaria, ele foi sincero em

reconhecer que a maçonaria não é cristianismo, de modo que todo cristão maçom deveria reavaliar seus conceitos quanto à relação entre a Maçonaria e a fé cristã, segundo o princípio de Mateus 6:24: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro” (Ver também 2 Coríntios 6:14-17).

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Após comprovar que esse (entre outros que poderia citar) autor maçom cria sim ser a

Maçonaria uma religião, espero que Kennyo Ismail reconheça que negar isso é ignorar o que os

próprios autores maçons (reconhecidos) afirmam.

Depois de ler esses trechos da Encyclopedia of Freemasonry And its kindred Sciences, de

Albert Gallatin Mackey, o leitor poderá se perguntar se Kennyo Ismail não tinha a seu dispor as

referidas citações, ou se a negação de que a maçonaria seja uma religião é fruto da própria

tendenciosidade, com o intuito de esconder os propósitos ecumênicos da maçonaria, como sugere

William Schnoebelen em sua obra Maçonaria por trás da fachada de luz5. Entretanto, não é o

objetivo da presente tréplica analisar essa questão.

Os Illuminatis e a maçonaria

Nesse tópico, Kennyo Ismail afirmou que citei sua obra, juntamente com a de William

Schnoebelen, para apoiar a ligação entre Maçonaria e os Illuminatis. Afirmou esse irmão

maçom:

“O professor que comenta a questão ainda fala que percebeu que essa

ligação dos Illuminatis com a Maçonaria apontada por Schnoebelen é

realmente verdade quando comparou com outras obras maçônicas como a

minha obra [...]” (p. 3).

Porém, mais uma vez se percebe que o referido escritor, talvez por desatenção, não

percebeu que partir do minuto 22min50s afirmei algo totalmente diferente. Na verdade, a

comparação da obra de Schnoebelen com a de Ismail me ajudou a ver que há coisas escritas por

William Schnoebelen que são exageradas. Em hipótese alguma afirmei que ambos os autores

(um ex-maçom e outro maçom) pensam o mesmo a respeito dos Illuminatis.

Respeitosamente sugiro que o irmão (o chamo assim com sinceridade de coração)

Kennyo reveja meu programa e reconheça humildemente que não usei seu livro de forma

indevida. Tanto que ao falar sobre os Illuminatis, citei apenas as páginas 152 e 153 do livro

Maçonaria por trás da fachada de luz e não fiz menção alguma à página do livro de Ismail,

sendo que esse assunto não foi abordado por ele (pelo menos não o percebi).

5 William Schnoebelen, Maçonaria por trás da fachada de luz (Brasília: Propósito Eterno, 2006), p. 27.

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A Maçonaria e a Bíblia

Ismail afirmou que minha abordagem – em que apontei contradições significativas entre a

Maçonaria e a Bíblia – “é incabível” (p. 4), considerando que as igrejas vêm buscando um

caminho ecumênico. O problema é que Ismail, bem como os cristãos que buscam o ecumenismo,

não consideram as diferenças entre o bom e o mau ecumenismo.

O bom ecumenismo é aquele em que pessoas de diferentes religiões se aproximam com o

intuito de dialogar, respeitar diferenças e, acima de tudo, unir-se para amenizar o sofrimento da

humanidade. Nisso, cristãos, maçons, espíritas, ateus, agnósticos, precisam se unir para aliviar a

dor que o pecado causou à raça humana.

Todavia, o mau ecumenismo defendido por Ismail é antibíblico. Se ele supõe que o

diálogo inter-religioso existe para negar verdades essenciais das Escrituras em nome da

“união”, está bastante enganado. Jesus disse que deveríamos ser unidos assim como Ele é unido

com o Pai (Jo 17:22, 23). Porém, essa união deve ser firmada na Verdade:

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade [...] Eu lhes tenho

transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos;

eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o

mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.”

(Jo 17:17; 22-23).

O ecumenismo defendido por Tony Palmer e sugerido por Kennyo Ismail, segundo o qual

doutrinas estão em “segundo plano”, não encontra respaldo bíblico e, portanto, precisa ser

rejeitado por quem realmente segue o cristianismo.

Que base bíblica a Maçonaria tem para colocar a fé individual acima daquilo que a Bíblia

manda? (ver Pv 30:5, 6). Se as Escrituras ensinam doutrinas essenciais negadas pela maçonaria

(veja o quadro comparativo entre a Bíblia e maçonaria clicando aqui); se a Bíblia diz que

devemos orar em nome de Jesus (Jo 14:13; 15:16; 1Tm 2:5), como faremos diferente apenas para

agradarmos “A” ou “B”? Como deixar de orar invocando o nome sagrado de Jesus “em respeito

à fé de cada [pessoa] presente” (p. 5), se apenas através de Cristo os presentes na loja maçônica

(e em qualquer outro lugar do mundo) podem ser salvos da morte eterna? (Jo 3:36; At 4:12; Rm

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6:23). Não estaria a Maçonaria caindo exatamente no erro apontado por Jesus Cristo em Mateus

10:32 e 33?

“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o

confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar

diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos

céus.”

Além disso, a afirmação de Ismail de que “a presença de um ou mais livros sagrados é

exatamente em respeito às crenças de cada membro [...]” vai contra um princípio filosófico

importantíssimo que diz ser impossível “duas coisas contraditórias serem verdadeiras ao mesmo

tempo”. Se a maçonaria busca a Verdade, como pode relativizar livros sagrados tão

contraditórios entre si e, ao mesmo tempo, levar seus membros à Verdade absoluta? A meu ver,

isso é no mínimo contraditório. Afinal, verdade não é o que eu penso que é: é aquilo que Deus

diz ser:

Deus (o Deus Triúno da Bíblia) é a Verdade: “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito; tu

me remiste, SENHOR, Deus da verdade.” (Sl 31:5)

Jesus Cristo é a Verdade: “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a

vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6)

O Espírito Santo é a Verdade: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos

guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver

ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.” (Jo 16:13)

A Lei de Deus é a Verdade: “A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o

testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.” (Sl 19:7)

A Bíblia é a Verdade: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” (Jo 17:17)

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Definitivamente, Deus não relativiza a Verdade, adaptando-a ao gosto de criaturas

pecadoras como nós, cuja lógica não pode ser ao menos comparada à lógica divina (cf. Is 55:8,

9). No campo espiritual, usamos sim nossa lógica (Rm 12:1, 2), porém submetendo-a à lógica de

Deus. Ou, colocamos os nossos achismos humanos em contraposição à Bíblia. Não há meio

termo.

O Deus da Maçonaria

O que vimos anteriormente nos mostra que o Deus apresentado pela Maçonaria nada tem

a ver com o Deus Triúno da Bíblia, por mais sinceros e nobres que sejam nossos irmãos maçons.

Porém, darei sequência a esse tópico para detalhar um pouquinho mais o assunto.

Ismail argumentou que não existe o “Deus da Maçonaria” e sim um único Deus,

independente de qual nome seja utilizado para Ele. Porém, se ele atentar para o que afirmei no

programa, não neguei que os maçons buscam conhecer o Grande Arquiteto do Universo.

Demonstrei biblicamente que o nome de Deus (seja qual deles for utilizado), por ser Ele um ser

Supremo, não deve ser confundido ou relacionado com nomes de divindades pagãs. Li textos

bíblicos que afirmam ser Deus zeloso para com Seu nome [Sua Pessoa] e que, mesmo podendo

ser chamado de G.A.D.U, utilizar nomenclaturas que não expressam características de Sua

santidade e personalidade é uma falta de respeito para com Ele:

“Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR

não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7).

“Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei

a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura” (Is 42:8).

Agradeço a Ismail pelo esclarecimento quanto ao uso de Jabulon e Abaddon pela

Maçonaria. Porém, uma pergunta ainda persiste: à luz desses textos bíblicos, por que utilizar

como “espécie de senhas”, em dois graus de ritos maçônicos, dois nomes pagãos? Não estariam

esses nomes indicando que há algo do paganismo infiltrado na Maçonaria?

Neutralidade em tais nomes não pode existir. Do contrário, não seriam usados. Pode não

haver um conteúdo ou ensinamento específico relacionado a eles, mas, uma filosofia ou algo a

ser comunicado, sim.

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Se na Bíblia há vários nomes para Deus (como destacou o referido autor maçom), por que

não utilizar como senhas termos que realmente expressem características do caráter Santo de

Deus, do mesmo modo que os nomes bíblicos?

Na p. 4 de sua resposta Kennyo Ismail citou Apocalipse 20:1-3 e afirmou, com base

nesse texto, que o “anjo do abismo” em Apocalipse 9:11 (Abadom ou Apoliom) é uma referência

a um “enviado de Deus, que prendeu o Diabo e o amarrou [...]”.

Tenho curiosidade de saber que tipo de critério exegético Ismail utilizou para chegar a tal

conclusão. Uma leitura simples de Apocalipse 9 e Apocalipse 20 revela que os dois personagens

são antagônicos, mesmo que a identidade do anjo de Apocalipse 20:1 não seja identificada.

Como destaca o erudito Ranko Stefanovic, “em Apocalipse 20:1, o anjo foi visto com a chave

para fechar e selar o abismo, enquanto que em Apocalipse 9:1, à estrela caída foi dada a chave

[apenas] para abrir o abismo”6. Ou seja: enquanto que o ser de Apocalipse 20 tinha autoridade

para fechar e abrir o abismo, o de Apocalipse 9 tinha poder apenas para abri-lo. Perceba que

mesmo havendo similitudes, as diferenças são significativas.

Comentando Apocalipse 9:1, Adela Yarbro Collins, professor na Yale Divinity School e

especialista também no livro do Apocalipse, observa que “a estrela que caiu do céu para a terra

evoca a história da queda de Satanás, um dos anjos mais gloriosos” em sua rebelião contra Deus

(Ap 12:7-10; cf. Is 14:12; Lc 10:18)”7. Ao comentar Apocalipse 8:1, Barclay destaca que para o

povo judeu, as estrelas simbolizam “seres divinos, que pela desobediência poderiam se tornar

demoníacos e do mal”8.

Para identificar o personagem de Apocalipse 9:11 [um “enviado de Deus” ou o Diabo],

também é importante analisar o emprego do termo “abismo” na Bíblia. Vejamos alguns

exemplos: em Gênesis 1:2, se refere à condição caótica de nosso planeta antes da criação. No

livro de Jeremias, 4:23-30 “abismo” é usado para se referir à desolada e inabitada Palestina

durante o Exílio. Em Isaías 24:21-22, o abismo pode ser uma caverna subterrânea profunda para

castigar as hostes do mal, tanto anjos caídos quanto reis ímpios. Por sua vez, o Novo Testamento

6 Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ: Commentary on the Book of Revelation (Berrien Springs, MI:

Andrews University Press, 2009), p. 574. 7 A. Yarbro Collins, The Apocalypse. New Testament Message, vol. 22 (Wilmington, DE: Michael Glazier, 1979), p.

60. 8 William Barclay, The Revelation of John (Philadelphia: Westminster Press, 1960), vol. 2, p. 47.

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emprega “abismo” em referência a uma caótica e escura prisão onde moram os anjos caídos9, os

demônios, que estão sob o controle divino, reservados para o juízo final (Lc 8:31; 2Pe 2:4; Jd 6;

Ap 20:1, 3). Já em Apocalipse 11:7 e 17:8, “abismo” é o lugar de onde surge a besta, poder

antagônico a Deus.

Portanto, não há justificativa bíblica e exegética para a Maçonaria utilizar o nome

“Abadon” – uma clara referência a Satanás – como uma espécie de “senha” em seus graus e ritos

distintos. Por mais que possa não haver algum ensinamento maçom relacionado a tal nome, ele

não é neutro e carrega um significado.

Mesmo que Ismail tenha sido bem intencionado, a forma como tratou o texto bíblico, sem

qualquer critério exegético, revela o papel secundário que a Bíblia ocupa na Maçonaria, o que

nos dá maior evidência de que Maçonaria e Cristianismo não combinam.

Jesus na Maçonaria

Nesse tópico, Ismail foi bastante evasivo em apontar que não citei fonte alguma que

prove ser Jesus, na compreensão dos maçons, não mais que um mestre da moralidade. Uma

consulta ao verbete “Jesus Cristo” na Enciclopédia de Mackey não revela algo que aponte para a

suprema e absoluta divindade do Salvador da humanidade10

. Portanto, o ônus da prova recai

sobre Ismail, a fim de que apresente alguma fonte Maçônica que reconheça a divindade de Jesus

Cristo, tão defendida na Bíblia e parte essencial do verdadeiro cristianismo bíblico (Jo 1:1-3; Cl

2:9; Ap 1:17, etc).

Se houver alguma obra oficial da Maçonaria que ensine ser Jesus Cristo divino, como

apontam as Escrituras, poderemos cogitar a possibilidade de a referida instituição ser um lugar

para cristãos, comprometidos com o evangelho, frequentarem. Do contrário, a advertência de 1

João 5:12, 20 necessita ser levada a sério por Kennyo e outros sinceros maçons que desejarem

aceitar a Cristo como Salvador e Senhor: “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não

tem o Filho de Deus não tem a vida. [...] “Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos

9 Símbolo das trevas morais nas quais eles se encontram, por abandonarem seu estado de pureza original. Cf. 2Pe

2:4. 10

Mackey, Encyclopedia of Freemasonry And its kindred Sciences…, p.p. 1009, 1010. Disponível em: http://www.themasonictrowel.com/ebooks/freemasonry/eb0091.pdf Acessado em: 14/5/2014

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tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu

Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.”

Destaco que, para João, aceitar a Cristo como filho de Deus é aceitar a divindade dEle.

Isso é inegociável em matéria de doutrina e salvação do crente.

A salvação na Maçonaria

O comentário do referido escritor maçom a respeito desse tópico demonstra que a

Maçonaria não prioriza a doutrina da Salvação como o faz a Bíblia, e que o pecado é

perigosamente relativizado.

Na pág. 6 de sua resposta a mim dirigida, ele afirmou: “Se Maçonaria tratasse de

Salvação, aí sim seria uma religião [...] Cada maçom professa sua religião e deve pautar sua vida

e sua postura perante o que é ou não pecado e as formas de salvação conforme sua religião”.

Em primeiro lugar: como visto nas páginas 2-4 do presente artigo, para Albert Gallatin

Mackey, uma das maiores autoridades maçônicas, a Maçonaria é sim uma religião. Isso

demonstra que, por não tratar da salvação da alma como o faz a Bíblia cristã (veja-se Jo 3:16;

3:36; Rm 6:23), Maçonaria e Cristianismo não podem andar de mãos dadas sem que doutrinas

fundamentais do cristianismo sejam rebaixadas.

Em segundo lugar: a Bíblia possui definições muito claras para “pecado”, e não permite

qualquer tipo de relativização para o mesmo. Alguns exemplos:

“Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé;

e tudo o que não provém de fé é pecado.” (Rm 14:23).

“Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” (Tg

4:17)

“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a

transgressão da lei.” (1Jo 3:4).

Se cada pessoa pudesse definir o que é pecado segundo sua religião, isso ocasionaria um

caos de ordem moral sem limites, e a eterna Lei de Deus (cf. Sl 119:152; Êx 20; Dt 5) seria

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adaptada por criaturas falhas e pecadoras como nós. Imagine-se viver numa sociedade onde a leis

de trânsito pudessem ser relativizadas. Imagine então o que seria do Universo se cada um

pudesse definir por si quem ou o quê é Deus, o que é o amor e o que é ou deixa de ser pecado!

Sendo que o pecado é tão grave a ponto de separar as pessoas de Deus (Is 59:2), não

deveria a Maçonaria levar esse assunto mais a sério como o faz a Bíblia, para ajudar aos

participantes da Loja a entenderem não apenas seu papel moral na sociedade, mas sua postura

diante do plano de Salvação estabelecido por Deus através da fé no sacrifício substitutivo de

Jesus Cristo (Jo 3:16; Rm 5:1; 1Pe 1:18-20)?

A ética maçônica

Em resposta à minha afirmação de que na Maçonaria pessoas da alta elite são muito bem

selecionadas para participarem da Loja, Kennyo Ismail destacou que “não há distinção social na

Maçonaria, sendo ela formada por homens de diferentes classes sociais [...]” (p. 6).

Sinceramente, quero acreditar nisso e estou disposto a mudar minha opinião se algum

Maçom me disser que faz parte da Loja sendo uma pessoa sem curso superior ou não possuidora

de alguma influência significativa na sociedade.

Devido a conversas que tive com maçons, percebi que as classes mais simples, mesmo

ajudadas, não tomam parte no alto escalão da Loja. Entretanto, reconheço que isso não significa

muita coisa, e que posso ter me equivocado em minha afirmação feita no programa “Na Mira da

Verdade”. Aguardarei a manifestação de algum participante da Maçonaria que me auxilie a

corrigir essa impressão que tive.

Os juramentos

Se o leitor atentar para o quadro comparativo que disponibilizei no blog (clicando aqui),

bem como à reprise do programa que apresentei na noite de 8/4/2014, não fui contra o juramento

solene, mas contra o teor das palavras usadas nos juramentos Maçons. A citação que

disponibilizei no documento em Pdf mencionado revela que as palavras empregas em tais

juramentos (pelo menos os que são conhecidos) não condizem com o palavreado cristão que

deve ser “árvore de vida” para os que ouvem (Pv 15:4) e “temperado com sal”, para dar sabor

àqueles que nos escutam (Cl 4:6). Transcreverei o juramento, porém, agora, na íntegra:

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“Eu [...] juro e prometo, de minha livre vontade, pela minha honra e pela

minha fé, em presença do Supremo Arquiteto do Universo, que é Deus, e

perante esta assembleia de maçons, solene e sinceramente, nunca revelar

qualquer dos mistérios da maçonaria que me vão ser confiados [...] Se

violar este juramento seja-me arrancada a língua, o pescoço cortado e

meu corpo enterrado nas águas do mar, onde o fluxo e refluxo me

mergulhem em perpétuo esquecimento, sendo declarado sacrílego para

com Deus e desonrado para com os homens. Assim seja”11

.

Essa foi a essência de meu questionamento e não o jurar em si. Sou Adventista do Sétimo

Dia e minha crença a respeito de Mateus 5:34-37 é a mesma do Comentário Bíblico Adventista

que afirma: “Jesus não Se refere ao juramento solene judicial, mas aos juramentos comuns entre

os judeus [...] O decálogo não proíbe juramentos, mas perjúrio (Êx 20:7, 16)”12

. Creio do mesmo

modo que Ellen G. White ao ela aconselhar: “se existe alguém que possa coerentemente testificar

sob juramento, esse é o cristão”13

.

Kennyo Ismail demonstra certo conhecimento a respeito da Maçonaria. Porém, em sua

tentativa de defendê-la, acaba sendo evasivo e levando a discussão para “outro lado”, na maioria

das vezes. Se o leitor comparar a presente resposta com o que ele escreveu, perceberá isso sem

maiores dificuldades.

Símbolos maçônicos

Mais uma vez Ismail foi evasivo ao argumentar: “o símbolo da Nike é cristão? A

bandeira do Brasil é cristã? [...]”. Minha discussão não foi o uso de símbolos distintivos e

informativos por uma instituição, mas a aparência do mal que um símbolo não deve carregar,

segundo o princípio de 1 Tessalonicenses 5:22. O símbolo carrega um conteúdo e ideologia e foi

isso o que destaquei no programa. Kennyo Ismail ainda precisa explicar o porquê de a Maçonaria

ter a Baphomet, o bode de Mendes, deus do Egito, “quase como uma mascote” (p. 8), se o

mesmo não faz parte da simbologia da Loja.

11

Ritual e Instruções do Aprendiz-Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito [São Paulo: Grande Oriente de São Paulo, 1984]. Cf. Aslan, Ritual do Aprendiz Maçom, p. 94-98. 12

Vanderlei Dorneles, ed. (versão em português). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 5 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013), p.p. 350, 351. 13

Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008) , p. 67.

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Entretanto, reconheço que a fonte que utilizei para abordar os símbolos maçons, mesmo

publicada por uma editora séria como a Mundo Cristão, não foi adequada. Na ótima obra (não é

excelente pelo erro que mencionarei a seguir, entre outros que há no livro) Maçonaria e Fé

Cristã de J. Scott Horrell, nas páginas 122 e 123, o símbolo da estrela invertina (usada no

Satanismo) e de Baphomet, deus egípcio, são relacionados à maçonaria injustamente. Por isso,

peço desculpas aos irmãos maçons por essa minha falha.

Aqui convém um breve comentário sobre o texto de 1 Tessalonicenses 5:22 que, segundo

Ismail, foi “distorcido” por mim. Diz o texto: “abstende-vos de toda forma de mal”. O contexto

do capítulo revela que, entre as exortações finais de Paulo à igreja de Tessalônica, o apóstolo

pede que os cristãos evitem qualquer coisa que possa dar aparência do mal, e que os atrapalhe,

obviamente, de dar um bom testemunho do evangelho de Jesus Cristo perante a sociedade.

Todavia, Kennyo Ismail argumenta que no programa distorci o texto, sem ao menos citar-nos

uma fonte com alguma interpretação alternativa válida, exegeticamente falando.

Uns poucos comentários especializados serão suficientes para demonstrar que o cristão

deve sim, com base em 1 Tessalonicenses 5:22, evitar qualquer coisa – inclusive símbolos – que

possam ao menos aparentar algo mau.

O An Exegetical Summary comenta que o texto pode ser entendido como ensinando o

leitor a “evitar qualquer coisa que se parece mal aos outros, embora, por si só, possa não ser

mal”14

. O The New American Commentary explica que “os vários ‘tipos’ de mal, qualquer que

seja a sua forma particular, são o que o apóstolo advertiu a igreja a evitar”15

. Ao comentar o

referido texto, o Holman New Testament Commentary enfatiza que não devemos nem mesmo

“flertar com o mal”16

.

Não tive o propósito de fazer uma exegese (interpretação) do texto, mas apresentar

comentários especializados que se harmonizam com minha explicação dada no programa.

14

Richard C. Blight, An Exegetical Summary of 1 & 2 Thessalonians, 2nd ed. (Dallas, TX: SIL International, 2008), p. 169. 15

D. Michael Martin, 1, 2 Thessalonians, vol. 33, The New American Commentary (Nashville: Broadman & Holman Publishers, 1995), p. 186. 16

Knute Larson, I & II Thessalonians, I & II Timothy, Titus, Philemon, vol. 9, Holman New Testament Commentary (Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers, 2000), p. 76.

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16

Mesmo assim, sugiro que Ismail apresente fontes que corroborem a interpretação que vier a dar

para o texto de 1 Tessalonicenses 5:22.

Em resposta à pergunta de Ismail: “por que não criticam a Academia Naval dos Estados

Unidos, que utiliza o bode como mascote?” a resposta é: porque o assunto tratado no programa é

a Maçonaria e não a Academia Naval norte-americana que, ao contrário da Loja, é secular. Não

discuti o uso de tal símbolo pagão por instituições seculares, e sim por uma Instituição que

abriga cristãos que professam comprometimento com todas as doutrinas essenciais do

cristianismo.

CONCLUSÃO

A presente tréplica teve o objetivo de esclarecer algumas das afirmações de Kennyo

Ismail, moderador do blog “No Esquadro” e autor da obra Desmistificando a Maçonaria (São

Paulo: Universo dos Livros, 2012), a respeito do programa temático que apresentei na noite de

8/4/2014.

Demonstrou-se que o referido autor, infelizmente, não compreendeu o propósito principal

do programa, desconsiderando (ou desconhecendo), entre outras coisas, a citação de Albert G.

Mackey, da edição de 1898 de sua Enciclopédia, onde afirma que a Maçonaria é sim uma

religião. Além disso, verifica-se que Ismail é bastante evasivo, desviando a discussão daquilo

que é essencial e do que realmente foi abordado no programa “Na Mira da Verdade”.

Fiquei contente em receber a réplica de Ismail, porém, senti-me um pouco chateado por

ele não se ater aquilo que houve de positivo em nossa abordagem. Procurei desmistificar a

Maçonaria e o caráter de muitos irmãos maçons sinceros que fazem a diferença na sociedade.

Não tomei parte em “teorias da conspiração” e até fui duramente criticado pelos fanáticos por

não ter dito “mais” sobre a Maçonaria.

Mesmo não sendo irmãos na fé, tratei a todos os maçons como irmãos por sermos criados

pelo mesmo Deus. Tive o objetivo de não acusar ninguém ou mesmo questionar a índole dos

participantes da Ordem, que servem de exemplo para muitos religiosos quanto ao envolvimento

em nobres ações sociais.

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Além disso, o propósito principal do programa foi demonstrar de forma resumida que

Bíblia e Maçonaria não se harmonizam, e que a mesma ocupa um lugar secundário na Loja,

mesmo que esta respeite o Livro Sagrado do Cristianismo e do Judaísmo.

Por que Ismail não usou pelo menos uma linha para falar desse aspecto da abordagem

feita no “Na Mira da Verdade”? Por que não refutou todos os textos bíblicos que mencionei no

quadro comparativo, onde demonstrei que Bíblia e Maçonaria são antagônicos em suas

respectivas crenças? O que levou Kennyo Ismail a não refutar, entre outras citações de autores

maçons, aquela de Albert Pike em Morals and Dogma, p. 819, em que ele afirma ser o iniciado

maçom “[...] deliberadamente enganado por interpretações falsas”, com a intensão não de que ele

as entenda, “mas, sim, pense que as compreende”?17

Não estaria Ismail se atendo apenas ao

aspecto negativo das coisas e ignorando aquilo que é difícil para ele explicar satisfatoriamente?

Tendo como base essa citação de Pike, creio que se pode concluir que Kennyo Ismail

também está “deliberadamente enganado por interpretações falsas”, e que precisa considerar

mais seriamente a Bíblia como regra de fé e prática (Jo 17:17). Será importante para seu

crescimento espiritual, bem como de todo irmão maçom, aceitar o plano de salvação conforme

revelado nas Escrituras, sem relativizar algo tão grave como o pecado, que separa a humanidade

de Deus (Is 59:2) e condena-a a morte eterna (Rm 6:23).

Despeço-me da presente tréplica desejando, de todo coração, que o pedido do rei Davi

dirigido ao Criador seja o mesmo de Ismail e de todos os maçons que são de alguma maneira

influenciados (ou não) por aquilo que Kennyo escreve e ensina: “Desvenda os meus olhos, para

que eu contemple as maravilhas da tua lei.” (Sl 119:18).

E que essas sinceras pessoas jamais se esqueçam de que há somente um caminho para o

verdadeiro progresso espiritual que conduzirá à vida eterna; e que esse Deus-homem voltará

Segunda vez para buscar aqueles que O aguardam para a salvação (Hb 9:28):

17

Albert Pike, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry, p. 819. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=BT4uAAAAYAAJ&pg=PA814&hl=pt-BR&source=gbs_toc_r&cad=3#v=onepage&q&f=false Acessado em 15/5/2014. A tradução parcial do primeiro parágrafo seria mais ou menos como se segue: “Parte dos símbolos são mostrados ali para o Iniciado, mas ele é intencionalmente enganado por falsas interpretações. Não se pretende que ele deva entendê-los; mas pretende-se que ele imagine que os entende. Sua verdadeira explicação é reservada para os Adeptos, os Príncipes da Maçonaria”.

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“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém

vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6).

“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para

retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap 22:12).