22
1 3. Modelo com preços fixos Taylor (1979, 1980) Hipóteses do modelo Os agentes fixam preços que permanecem em vigor durante 2 períodos. Há dois grupos de empresas que definem alternadamente os preços. Duas pequenas diferenças adicionais face ao modelo anterior: Um indivíduo que fixe o seu preço no período t, fá-lo para os períodos t e t+1 em vez de para os períodos t+1 e t+2 como no modelo anterior. Assume-se que m t segue um processo específico, um passeio aleatório: m t = m t-1 + u t (6.59) onde u t é uma variável de ruído branco (white noise). Assume-se um comportamento de certeza equivalente que leva os produtores a fixar os preços o mais próximo possível do óptimo. Logo, sendo x t o preço escolhido pelos agentes que fixam os preços em t temos: ( ) ( ) [ ] ( ) [ ] { } 1 t t 1 t t t t t * 1 it t * it t p E 1 m E p 1 m 2 1 x p E p 2 1 x + + + φ + φ + φ + φ = + = (6.60) A segunda linha obtém-se usando y c p p * i φ + (6.45) e y = m - p (6.10), que implicam que ( ) p 1 m * p φ + φ = .

Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

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Page 1: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

1

3. Modelo com preços fixos

Taylor (1979, 1980)

Hipóteses do modelo

Os agentes fixam preços que permanecem em vigor durante 2 períodos.

Há dois grupos de empresas que definem alternadamente os preços.

Duas pequenas diferenças adicionais face ao modelo anterior:

• Um indivíduo que fixe o seu preço no período t, fá-lo para os períodos t e

t+1 em vez de para os períodos t+1 e t+2 como no modelo anterior.

• Assume-se que mt segue um processo específico, um passeio aleatório:

mt = mt-1 + ut (6.59)

onde ut é uma variável de ruído branco (white noise).

Assume-se um comportamento de certeza equivalente que leva os produtores a

fixar os preços o mais próximo possível do óptimo. Logo, sendo xt o preço

escolhido pelos agentes que fixam os preços em t temos:

( )( )[ ] ( )[ ]{ }1tt1ttttt

*1itt

*itt

pE1mEp1m21x

pEp21x

++

+

φ−+φ+φ−+φ=

+= (6.60)

A segunda linha obtém-se usando ycpp*i φ+≡− (6.45) e y = m - p (6.10),

que implicam que ( )p1m*p φ−+φ= .

Page 2: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

2

Dado que ( )121

−+= ttt xxp e mt = mt-1+ ut , ou seja Etmt+1=mt

( ) ( ) ( )t1ttt1tt

tt xxE211

21m

21

2xx1

21m

21x +φ−+φ+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ +

φ−+φ= +−

( )( )1tt1tttt xExx2141mx +− ++φ−+φ= (6.61)

Resolvendo em ordem a xt

xt = A (xt-1+ Etxt+1) + (1-2A) mt (6.62)

onde φ+φ−

≡11

21A

De forma a encontrarmos a solução do modelo necessitamos de eliminar Etxt+1.

Para isso, podemos recorrer ao método dos coeficientes indeterminados.

Este método consiste em utilizar a teoria para encontrar uma forma

funcional genérica da solução do problema e depois determinar os valores

que os coeficientes dessa forma funcional devem tomar de forma a

satisfazerem as equações do modelo.

No período t, o stock de moeda (mt) e os preços fixados no período anterior (xt-1)

são conhecidos. Dado que o modelo é linear podemos propor uma solução para

xt em função de mt e de xt-1

xt = μ + λxt-1 + νmt (6.63)

O objectivo é agora determinar se existem valores para μ, λ e ν que solucionem

o modelo. Podemos adivinhar os parâmetros usando o equilíbrio de longo prazo

do modelo:

• No equilíbrio de longo prazo o produto é estável, assim como os preços.

Page 3: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

3

• Dado que mt segue um passeio aleatório os agentes que fixam os preços

no período t não têm qualquer motivo para esperar que mt+1 seja diferente

de mt.

• Mais ainda, os preços escolhidos são iguais aos desejados em cada

período. Recordando (6.45) sabemos que isso acontece quando yt = 0.

Sendo yt=0 (6.10) implica pt = mt em cada período. Se os preços

escolhidos e os desejados em cada período são iguais, (6.60) implica

xt = pt = mt = xt-1 = pt-1 = mt-1, etc.

Dado que a solução proposta foi

xt = μ + λxt-1 + νmt (6.63)

temos

mt = μ + λmt + νmt (6.64)

Para que esta igualdade se verifique para todos os valores de mt,

ν = 1 - λ e μ = 0

Substituindo em (6.63),

xt = λxt-1 + (1-λ) mt (6.65)

Dado que (6.65) se verifica em todos os períodos, no período seguinte

xt+1 = λxt + (1-λ) mt+1

Et xt+1 = λEt(xt) + (1-λ)Et mt+1

Et(mt+1) = mt porque m segue um passeio aleatório.

Et(xt) = xt se nos lembrarmos da solução de longo prazo.

Logo,

Et xt+1 = λxt + (1-λ) mt

Page 4: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

4

Substituindo (6.65) nesta expressão

Et xt+1 = λ[λxt-1 + (1-λ) mt] + (1-λ) mt = λ2 xt-1 + (1-λ2) mt (6.66)

Substituindo xt e Et xt+1 em (6.62) e usando (6.65), temos

λxt-1 + (1-λ) mt = Axt-1 + A[λ2 xt-1 + (1-λ2) mt] + (1-2A) mt

Se encontramos a solução para o modelo esta igualdade deve verificar-se, pelo

que podemos igualar os coeficientes de ambos os lados da equação:

λ = A + Aλ2 (6.68)

1-λ = A (1-λ2) + (1-2A) (6.69)

Usando a fórmula resolvente em (6.68):

A2A411 2−±

=λ (6.70)

Substituindo o valor de A dado em (6.62), e depois de alguma álgebra, obtemos

os 2 valores possíveis de λ

φ+φ−

=λ11

1 (6.71)

φ−φ+

=λ11

2 (6.72)

Só a primeira solução é razoável. Quando λ=λ1 , |λ|<1 e a economia é estável.

Quando λ = λ2 , |λ|>1 e a economia é instável: um pequeno distúrbio leva o

produto para mais ou menos infinito.

Assim os valores que solucionam o problema são:

μ = 0 , φ+

φ−=λ

11

1 , ν = 1 - λ1

Page 5: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

5

Podemos agora descrever o comportamento do produto agregado adoptando

estas soluções:

yt = mt - pt

yt = mt - (xt-1 + xt)/2

Dado (6.65): xt = λxt-1 + (1-λ) mt

( )[ ] ( )[ ]{ }

( ) ( ) ( )⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ +λ−++λ−=

λ−+λ+λ−+λ−=

−−−

−−−

t1t1t2ttt

t1t1t2ttt

mm211xx

21my

m1xm1x21my

(6.73)

Dado que mt = mt-1 + ut e (xt-1 + xt-2)/2 = pt-1

( ) ( )

( )

t1tt

t1t1tt

t1t1tt1tt

u2

1yy

u2

1pmy

u211m1pumy

λ++λ=

λ++−λ=

⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ λ−+λ−+λ−+=

−−

−−−

(6.74)

Ilações:

Desde que λ1 seja positivo, choques na procura agregada têm efeitos de longo

prazo no produto, efeitos que perduram mesmo após todos os produtores terem

ajustados os seus preços. Sabemos de (6.48) que φ é positivo e menor que 1, por

conseguinte, λ1 é positivo.

Page 6: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

6

Intuição:

• Quando se verifica um choque positivo na procura, um grupo de

produtores não pode alterar os seus preços, pelo que o produto sobe.

• Por razões competitivas, ao grupo de produtores que pode ajustar os

preços não convém que os seus preços sejam muito diferentes dos do

outro grupo.

• No período seguinte, o outro grupo ajusta os preços mas também está

limitado pelo facto de não querer preços relativos muito diferentes.

• Os preços ajustam-se lentamente, não se deslocam imediatamente e

completamente para o novo nível de equilíbrio de longo prazo.

• O produto retorna lentamente ao normal com yt =λyt-1 em cada período.

Choques na procura têm efeitos no produto que perduram ao longo do

tempo.

Neste modelo a rigidez nos preços é maior que no anterior e, em consequência, o

impacto de um choque na procura agregada é mais persistente.

O modelo de Taylor e inércia na inflação

No modelo de Taylor existe inércia nos preços:

• O nível de preços só se ajusta totalmente a um choque monetário após um

afastamento do produto do seu nível normal durante um período alargado

de tempo.

• Em consequência, alguns autores defendem, erradamente, que este

modelo envolve inércia na inflação.

Page 7: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

7

C) Os Novos Keynesianos (Romer, cap. 6 – parte C)

O modelo de Lucas e os modelos de ajustamento alternado dos preços não são

satisfatórios para estudar os efeitos reais de choques na procura agregada porque

se baseiam na existência de imperfeições nominais facilmente ultrapassáveis.

1. Serão as pequenas fricções suficientes?

Considerações genéricas

A economia é composta por muitas empresas, com poder de mercado, que

tomam as acções das demais como dadas.

A economia está inicialmente no seu nível de equilíbrio com preços flexíveis.

Após a definição dos preços, a procura agregada é determinada. A empresa

poderá então optar por alterar o preço do seu bem ou não. Se a empresa alterar o

preço suporta um custo de menu.

Que circunstâncias levarão as empresas a alterarem os preços dos seus bens

quando a procura não corresponde ao antecipado?

Page 8: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

8

Suponhamos que a procura é inferior ao esperado (Figura 6.3):

• A empresa está disposta a manter o preço se o lucro adicional que resulta

de o alterar for inferior ao custo de menu.

• Aspecto crucial: os lucros perdidos por não ajustar o preço podem ser

pequenos, mesmo que a empresa tenha sido muito afectada pela

diminuição da procura.

As recessões são encaradas como o resultado de uma falha do mercado: a

incapacidade de ultrapassar externalidades causadas pelo problema do borlista.

A ideia de que as recessões têm custos elevados não é contraditória com a

hipótese de que estas são causadas por quebras na procura agregada e pequenas

barreiras ao ajustamento dos preços.

Este modelo admite concorrência imperfeita, o equilíbrio ocorre num ponto

abaixo do óptimo. Logo, as expansões aumentam o bem-estar, enquanto as

recessões o reduzem. Políticas de estabilização são portanto defensáveis.

Page 9: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

9

Um exemplo quantitativo

Recordando o modelo de concorrência imperfeita da secção 6.4. A condição de

primeira ordem para a maximização da utilidade descreve o comportamento da

oferta de trabalho (6.42) )1/(1

i PWL

−γ

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=

Por simetria, em equilíbrio, cada indivíduo trabalha e produz a mesma

quantidade, pelo que Li=Y. De acordo com (6.43),

ν=1

YPW

11−γ

=ν = elasticidade da oferta de trabalho em relação ao salário real.

Cada produtor enfrenta uma função procura η−

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=

PPYQ i

i

O lucro real de cada empresa é dado por

( )i

iii QPW

PP

PQWP

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −=

−=π

Fazendo as devidas substituições, temos

⎟⎟

⎜⎜

⎛−⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛=π ν

η− 1ii

i YPP

PPY

Page 10: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

10

Porque Y = M/P

η−νν+η−

νη−η−

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛−⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛=π

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛−⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛=π

PP

PM

PP

PM

PM

PP

PM

PP

PM

i

11i

i

1

i1

ii

(6.88)

Quais as consequências ao nível do lucro de não ajustar os preços quando a

procura agregada (M) varia?

Lucros quando os preços não são ajustados:

Por hipótese (simetria), no equilíbrio com preços flexíveis, todas as empresas

estão a praticar o preço P (Pi = P).

Face a uma alteração em M, se a empresa i não alterar o preço, então Pi continua

igual a P e os lucros da empresa i são

νν+

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛−=π

1

PM

PM

sPreçosFixo (6.89)

Lucros quando os preços são ajustados:

A empresa escolhe o preço que maximiza os lucros. Assim, temos

ν⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

−ηη

=

1

iPM

1PP

Page 11: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

11

Substituindo em (6.88) temos:

η−

ννν+η−

ν

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

−ηη

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛−

⎥⎥⎥

⎢⎢⎢

⎡⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

−ηη

1111

11 PM

PM

PM

PM

tadosPreçosAjus

νη−ν+η−

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛⎟

⎞⎜⎝

⎛−ηη

−η=π

1

111

PM

tadosPreçosAjus (6.90)

Para comparar os lucros da empresa nas duas situações convém atribuir valores

aos parâmetros do modelo:

• elasticidade da oferta de trabalho: ν = 0.1;

• elasticidade da procura: η = 5.

Utilizando a expressão para o preço que maximiza o lucro, recordando que

Y=M/P e impondo a condição Pi = P , temos:

ν⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

−ηη

=

1

iPM

1PP ( )ν

−ηη

=1

11 Y

ν

⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛η−η

=1Y

Usando os parâmetros propostos obtemos o nível de produto de equilíbrio,

assumindo flexibilidade de preços:

Y* = 0.978

Suponhamos agora de M se retrai 3%. Qual o incentivo da empresa para ajustar

o preço, admitindo que as outras empresas não alteram os seus preços?

Page 12: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

12

Usando os valores propostos acima para os parâmetros, temos:

πPreços Ajustados - πPreços Fixos ≈ 0.253

Está implícito que se a empresa não ajustar o seu preço face a uma diminuição

de M de 3%, as perdas nos lucros representam quase 25% das suas receitas.

• O modelo parece implicar que os preços são sempre ajustados, que a

moeda é neutral!

Quando M sobe e P se mantém, o produto aumenta. Para produzir mais é

necessário induzir um maior esforço de trabalho, o salário real tem que

aumentar. Em quanto? Para obter uma variação de 3% na oferta de trabalho, os

salários reais têm que variar 30%. Obviamente seria muito custoso ignorar uma

alteração de 30% nos salários reais, pelo que as empresas preferem ajustar os

preços.

Então como explicar a rigidez observada nos preços e as flutuações económicas

que dela derivam?

2. A necessidade de rigidez real

Considerações gerais

Consideremos novamente uma economia onde se verificou uma diminuição da

procura. A empresa representativa que tem de decidir se deve ou não alterar o

preço do seu bem, admitindo que todas as outras empresas mantêm os preços.

Page 13: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

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Figura 6.4:

• A diminuição da procura afecta a empresa de duas formas: a sua função

lucro contrai-se e o preço óptimo é agora menor.

• O incentivo para a empresa alterar o preço é dado pela distância vertical

entre A e B. Esta distância depende de dois factores: da deslocação da

função lucro e da curvatura da função lucro.

• A distância entre o velho e o novo preço de maximização dos lucros, CD,

é determinada pelo grau de rigidez real. Quanto menos sensível for a

função lucro ao afastamento do óptimo, menor o incentivo da empresa

para alterar o preço.

• Em suma, para que pequenos custos de ajustamento dos preços gerem

grande rigidez nominal é necessária uma combinação de rigidez real e de

insensibilidade da função lucro.

No modelo anterior o incentivo a alterar os preços é grande, existe elevada

flexibilidade real. O preço real de maximização dos lucros é

( )ν−ηη

=1

i Y1P

P

a sua elasticidade em relação ao produto é 1/ν. Se ν = 0.1 então, a

elasticidade de (Pi/P)* em relação ao Y é igual 10!

Page 14: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

14

Fontes específicas de rigidez real

Do lado dos custos, quanto menor for a queda dos custos marginais devida a

uma redução da procura agregada, menor o incentivo da empresa para baixar o

preço. Isto pode acontecer de duas formas:

• uma menor deslocação para baixo da curva de lucro da empresa em

resposta a uma diminuição do produto agregado, o que implica um menor

declínio do preço que maximiza o lucro da empresa, ou seja, maior

rigidez real;

• uma curva de custo marginal menos inclinada implica em simultâneo

maior insensibilidade da função lucro e maior rigidez real.

Do lado das receitas:

• quanto maior a deslocação para baixo da curva da receita marginal devida

a uma redução da procura, menor a diferença entre o custo marginal e a

receita marginal para a empresa representativa que mantém o preço.

• Uma maior deslocação para a esquerda da curva de receita marginal

corresponde a maior rigidez real.

• Uma curva da receita marginal com maior inclinação também faz

aumentar o grau de rigidez real.

Factores que podem tornar os custos menos pró-cíclicos:

• pequenas externalidades de mercado que façam com que seja mais fácil

comprar e/ou vender em períodos de expansão;

• outras economias externas de escala ou de aglomeração que diminuam os

custos quando as outras empresas estão a produzir mais;

• imperfeições no mercado de capitais que tornem os custos de

financiamento maiores em períodos de recessão.

Page 15: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

15

Do lado das receitas alguns factores potenciais são:

• pequenos efeitos de mercado que tornem mais fácil às empresas

disseminar informação e aos consumidores adquiri-la quando a economia

está em expansão;

• informação imperfeita que torne os consumidores actuais mais sensíveis a

aumentos nos preços que consumidores potenciais a diminuições nos

mesmos;

• imperfeições no mercado de capitais que façam com que empresas com

problemas de liquidez aumentem os preços em períodos de recessão;

• aumentos nas vendas que ampliem o incentivo das empresas para

desviarem de acordos de conluio através de diminuições do preço.

Para que a história dos Novos Keynesianos faça sentido é necessário assumir

alguma rigidez nos salários reais, para além da rigidez nos preços. Os salários

reais poderão não ser altamente pró-cíclicos por duas razões fundamentais:

• no curto prazo a oferta de trabalho pode ser relativamente elástica - a

investigação empírica não confirma esta hipótese;

• imperfeições no mercado de trabalho podem fazer com que os

trabalhadores não estejam sobre a sua curva da oferta de trabalho em, pelo

menos, parte do ciclo económico.

Um segundo exemplo quantitativo

O modelo do exemplo anterior com imperfeições no mercado de trabalho.

Suponhamos que as empresas pagam aos trabalhadores salários acima dos que

garantem o equilíbrio de mercado. Suponhamos que o salário real é

β= AYPW (6.91)

Page 16: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

16

Usando (6.91) em vez de (6.43) ao longo do modelo obtemos: β+

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛−=π

1

Fixos PMA

PM (6.93)

( )η−β+η−η− ⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−ηη

−η=π

111

Ajustados PM

111A (6.94)

Se β assumir um valor pequeno, por exemplo β=0.1, os salários reais não são

sensíveis à quantidade de trabalho empregue.

η=5 tal como anteriormente.

O produto de equilíbrio com preços flexíveis é agora

ν⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

−ηη

=

1

iPM

1PP ( )β

−ηη

= AY1

1 β

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡η−η

=1

A1Y

A=0.806 de forma a que o produto de equilíbrio com preços flexíveis seja 0.928.

Face a uma diminuição de 3% em M, e admitindo que as outras empresas não

alteram os preços, o ganho para a empresa i que resulta de ajustar o preço é de

0.000168.

Assim, a combinação de concorrência imperfeita e salários reais rígidos é

suficiente para explicar a rigidez nominal nos preços, mesmo que os custos de

menu sejam pequenos!

Page 17: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

17

Outras fricções

As barreiras ao ajustamento face a perturbações nominais não têm que ser

necessariamente nos preços ou nos salários.

Uma linha de investigação recente analisa as consequências que derivam do

facto dos contratos de dívida não serem em geral indexados. Nestes casos, as

perturbações nominais provocam redistribuições no rendimento.

Se o mercado de capitais for perfeito, essas redistribuições não têm impactos

reais importantes. Mas este mercado não é perfeito:

• A existência de informação assimétrica entre quem pede emprestado e

quem empresta, em conjunto com aversão ao risco ou garantias limitadas,

fazem com que, em geral, o resultado óptimo não seja atingido.

• Há menos investimento e investimento menos eficiente, quando este é

financiado externamente do que quando é realizado com fundos do

próprio investidor.

• Assim, em períodos de recessão o investimento é menor.

Se os contratos de dívida não estiverem indexados, a flexibilidade dos preços e

dos salários aumenta os efeitos na distribuição resultantes de choques nominais,

aumentando, por conseguinte, os seus efeitos reais.

Esta via para os efeitos reais dos choques nominais é conhecida como deflação

da dívida.

Page 18: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

18

3. Testes empíricos A taxa média de inflação e o trade-off produto-inflação Comparação com o modelo de Lucas:

• De acordo com Lucas, os efeitos reais de um choque nominal serão tanto

menores quanto maior a variabilidade da procura nominal. Ball, Mankiw

e Romer (BMR), 1988 estão de acordo.

• BMR concluem que quanto maior for a inflação estacionária (steady

inflation) menores serão os efeitos reais de um choque nominal. Lucas

não faz qualquer predição a este respeito.

• No modelo de Lucas a variabilidade dos choques reais magnifica os

impactos reais de um choque nominal. BMR chegam ao resultado oposto.

BMR testam a hipótese de que quanto mais elevada for a inflação menores os

efeitos reais de um choque na procura agregada. Para testar esta hipótese

utilizam um método semelhante ao de Lucas.

BMR recolhem dados temporais para 43 países sobre o crescimento real, o

crescimento nominal e a inflação.

Regressão: τi = 0.600 - 4.835 iπ + 7.118 iπ2 (6.95)

(0.079) (1.074) (2.088)

π+−=πδδτ 118.7*2835.4 < 0 desde que iπ < 4.835/[2(7.118)] ≈ 34%

A inflação média afecta o parâmetro de troca, confirmando a posição dos N-K.

Page 19: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

19

Graficamente (figura 6.5):

A taxa de inflação média poderá estar correlacionada com a variabilidade dos

choques na procura nominal (desvio padrão da taxa de crescimento do PNB

nominal - σx). Resultados do teste:

τi = 0.589 - 5.729 iπ + 8.406 iπ2 + 1.241σxi - 2.380σxi

2 (6.96) (0.086) (1.973) (3.849) (2.467) (7.062)

A evidência de que a variabilidade dos choques na procura nominal afecta o

parâmetro de troca é muito menor. Os resultados confirmam a posição dos N-K.

Evidência microeconómica sobre o ajustamento dos preços:

• O ajustamento frequente dos preços é pouco comum.

• O ajustamento dos preços não segue um padrão simples.

• Alguns estudos revelam que os custos de alterar os preços não são triviais.

Page 20: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

20

4. Limitações dos modelos keynesianos

São tão vagos e tão flexíveis que é quase impossível refutá-los. Esta

flexibilidade também caracteriza as suas explicações de episódios específicos.

• É claro que a economia é complicada e que o ajustamento dos modelos

reflecte um maior entendimento da realidade, mas uma teoria que é tão

flexível que nunca pode ser contradita revela falta de conteúdo.

Uma previsão básica dos modelos é que perturbações nominais têm efeitos reais.

Sendo este ponto crucial para a validade dos modelos, é de crucial importância o

seu teste empírico:

• Caso a realidade venha a demonstrar que esta proposição não é correcta,

os modelos devem ser abandonados em vez de alterados.

• O estudo das flutuações deve passar a basear-se nos modelos de rigidez

real não Walrasianos ou nos modelos dos ciclos económicos reais.

Page 21: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

21

Bibliografia

A) Modelos de Ajustamento Alternado dos Preços

Bibliografia obrigatória:

Romer (2001), capítulo 6 - Parte B.

Bibliografia complementar:

Blanchard and Fisher (1989). Capítulo 8.

Fisher, Stanley (1977), "Long Term Contracts, Rational Expectations and the

Optimum Money Supply Rule," Journal of Political Economy, 85 (1), 191-

205

Heijdra and van der Ploeg (2002), capítulo 13.

Minford and Peel (2002). Capítulo 4.

Phelps, Edmund S., and Taylor, John B. (1977), “Stabilizing Powers of

Monetary Policy under Rational Expectations," Journal of Political

Economy, 85 (1), 163-190.

Taylor, John (1979), "Staggered Wage Setting in a Macro Model," American

Economic Review, 69 (2), 108-113.

Taylor, John (1980), "Aggregate Dynamics and Staggered Contracts," Journal of

Political Economy, 88 (1), 1-23.

B) Os Novos Keynesianos

Bibliografia obrigatória:

Romer (2001), capítulo 6 - Parte C.

Page 22: Resumo Capitulo 6 Homer 2006 02 (1)

22

Bibliografia complementar:

Ball, Laurance, Mankiw, N. Gregory, and Romer, David (1988), "The New

Keynesian Economics and the Output-Inflation Tradeoff," Brookings Papers

on Economic Activity, 1, 1-65.

Blanchard and Fisher (1989). Capítulo 8.

Blanchard, Olivier J., and Kiyotaki, Nobuhiro (1987), “Monopolistic

Competition and the Effects of Aggregate Demand,” American Economic

Review, 77 (4), 647-666.

Cooper, Russell W., and John, Andrew (1988), “Coordinating Coordination

Failures in Keynesian Models,” Quarterly Journal of Economics, 103 (3),

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