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Sociologia Geral II
Formas de Poder: Monarquia, Ditadura, Democracia, República (Federal), Poder Tradicional
(Max Weber). As formas de poder, fundamentais para o entendimento das sociedades, podem
ser combinadas, no caso do Reino Unido, o governo é influenciado pela aristocracia, ou seja, a
monarquia influencia a democracia. Em Portugal privilegia-se a representatividade do
parlamento em detrimento da estabilidade política (maioria absoluta). A diarquia está
associada a situações em que 2 presidentes reivindicam o poder soberano sobre a totalidade
do território. A classificação das formas de poder tem sofrido uma evolução desde o
pensamento clássico até ao pensamento contemporâneo, caminhando até à actualidade.
Segundo Platão a classificação tripartida das formas de poder é feita da seguinte forma:
A classificação é sustentada por 2 critérios: número de governantes e bem comum (formas
puras: bem comum; formas degeneradas: ofendem o bem comum e são desrespeitados os
interesses das minorias).
Cada forma de poder, ao fim de algum tempo, degenera numa espiral decrescente. A
monarquia, na sua forma mais pura, é levada a cabo por uma só pessoa e por isso mesmo (e
com base na previsão política) degenera em tirania, em que o único governante se torna num
tirano, que passa por cima das leis, ao serviço dos seus interesses pessoais.
Ao degenerar, cada forma de governo dará origem a uma nova forma pura de governo.
Formas puras – formas degeneradas: degeneração é um ciclo que culmina no fim do mundo; a
única forma de combater este ciclo seria combinar as melhores características das 3 formas
puras de poder – constituição mista. Esta constituição garantiria um funcionamento saudável
do regime combinado.
Manutenção do funcionamento das instituições democráticas: equilíbrio entre as funções do
poder (executivo, legislativo e judicial) e exercício das formas combinadas de poder no sistema
representativo – constituição mista do poder.
Tipos de Poder:
1 – Poder Tradicional: sociedade simples, assente numa longa tradição. O poder é regenerado
com base na tradição, ou seja, a estrutura é estabelecida pelo princípio da hereditariedade.
2 – Poder Burocrático/nacional/legal: rege-se por um conjunto de normas impessoais que são
impostas a todos os indivíduos; caracteriza-se pela falta de afecto pois a aplicação das normas
baseia-se num sistema imparcial.
3 – Poder Carismático: carisma em termos de poder político; está relacionado com o conjunto
das qualidades reunidas por um indivíduo, sendo intransmissíveis; a sucessão do líder
carismático é ditada por ele próprio e escolhe o indivíduo com apetência suficiente para lhe
suceder.
Dimensões/Perspectivas do Poder:
- Unidimensional: a causa antecede o efeito, A exerce poder sobre B, caracteriza-se pela
coercibilidade e visibilidade;
- Bidimensional: o efeito antecede a causa, a causa o objectivo, a coercibilidade está
subentendida;
- Tridimensional: assenta na persuasão, B beneficia A pensando que se esta a beneficiar a si
próprio.
Poder: capacidade de obrigar outrem a assumir determinado comportamento, assistido de
protecção coactiva ou através de sanções, se necessário (carácter compulsório e coercitivo).
Autoridade: capacidade de induzir em outrem, determinados comportamentos sem recurso a
sanções materiais. Os comportamentos induzidos são adoptados pela sociedade pois as
medidas que vão sendo tomadas têm em conta o interesse da sociedade e vão de encontro
aos seus valores.
Influência: efeito de exercício de poder e autoridade. Por serem exercidos de forma
determinante, o efeito final do poder e da autoridade é a influência.
Estado: sociedade perfeita, politicamente organizada; tem por objectivo a satisfação das
necessidades materiais e não materiais de toda a população.
Sociedades perfeitas: intuito de satisfazer integralmente todas as necessidades, materiais e
não materiais da população.
Sociedades imperfeitas: satisfação de apenas uma parte das necessidades
Componentes do Estado:
1. Elementos: território, população, governo.
2. Fins: conservação, justiça, bem comum, segurança.
3. Funções: legislativa, executiva, judicial
Diferença entre sociedades modernas e primitivas: organização do estado.
Área Cultural:
Modelo Grego: Há uma grande área cultural dividida por várias formas de poder político. Ex:
Esparta, Atenas, Macedónia – em Esparta existia um governo de constituição mista.
Geralmente as cidades de grande projecção tinham as suas colónias espalhadas pela bacia do
mediterrâneo que detinham um poder político próprio, reproduzindo o modelo político e
ideológico da pátria-mãe.
Modelo Romano: O poder está distribuído pelas várias áreas culturais. A partir do ano I, Roma
deixou de olhar para os restantes povos italianos como aliados e passou a vê-los como
cidadãos romanos. Os Lusitanos, Gauleses e Germanos tiveram sempre culturas bastante
diferentes porém, em alguns casos, por haver a junção de diferentes culturas na mesma área,
o modelo romano evolui para o modelo de estado-nação.
Modelo Estado-Nação: O poder político aplica-se numa área cultural por inteiro. Portugal, por
exemplo, é um estado-nação com dialectos locais e zonas regionais diferenciadas (“tripeiros”,
“mouros”, alentejanos) – no entanto a área cultural é comum. Espanha, por outro lado, não é
um estado-nação devido à divisão ideológica, ou seja, está dividida em várias áreas culturais
(Catalunha, País Basco, Galiza) e pode ser conotada com o modelo romano - o poder dividido
pelas diversas áreas. Itália, na época do fascismo de Mussolini, o chefe pretendia levar a cabo
o modelo romano em relações às diferentes áreas culturais, convergindo numa unificação pela
nação. Como se pode verificar, na Europa o modelo de estado-nação não é um padrão típico.
População homogénea: usos, costumes e valores comuns – fomento da coesão social, da
governação e da paz social – só há estado-nação quando há coesão e não há divergências
sociais, existe uma cultura partilhada pela população unificada.
Poder Soberano: associado à definição de estado; caracteriza-se por não reconhecer igualdade
na ordem interna, nem superioridade na ordem internacional; braço executivo do estado:
governo (elemento que significa mais que o próprio estado); por não reconhecer igualdade no
poder interno, o poder político não está submetido a qualquer poder económico ou religioso;
por não reconhecer qualquer poder superior, o estado é igual a qualquer outro estado
soberano, consagrado no princípio de igualdade soberana.
Critério Ocidental de Bodin: o poder soberano não reconhece igualdade na ordem interna
Poder popular: os chefes chegam ao poder por intermédio ou por decisão do povo.
Elites: grupos ou agregados que por deterem poder e/ou autoridade, exercem influência,
criando, modificando ou extinguindo condutas socialmente relevantes; são referentes a
actividades e não a condições; conceito que se aplica a todas as áreas da sociedade; o conceito
é objectivo e independente de juízos de valor ou opiniões pessoais.
Grupo: instituição caracterizada pela durabilidade, conhecimento entre os membros, partilha
de ideologias de forma organizada e estruturada, distribuição de tarefas e funções, orientação
para um motivo racional.
Agregado: elementos separados em termos de organização e de proximidade
Teoria das Elites: em todas as formas de estado existe sempre uma liderança e um grupo que
obedece, o grupo que lidera é minoritário e designa-se por elite, o grupo que obedece é
maioritário e designa-se por massa. Decorre das necessidades próprias dos indivíduos que
compõem a estrutura social. Finais do séc. XIX – teoria abordada por vários autores.
- Caetano Mosca (liberal, assumiu um forte posicionamento contra o fascismo de Mussolini):
Fórmula Política – criou o conceito de “classes políticas” que considerava como sendo as elites,
estas procuravam legitimar o seu poder político face às massas e conquistar-lhes uma
obediência consentida.
- Vilfredo Pareto (conservador, não simpatizante do fascismo, anti-marxista): Circulação de
Elites – criou o conceito de “elite política”, em todos os sectores da sociedade existiam elites e
estas eram formadas por indivíduos com capacidades acima da média; a teoria da circulação
de elites preconiza que as elites se renovam ao longo do tempo e que podem ser elites de
Raposa (astúcia – as elites agem de uma forma mais retórica, com base na manipulação
ideológica) ou elites de Leões (força); há homogeneidade na classe dirigente, um grupo coeso
que assume um sentido de conspiração, deve desenvolver estratégias para a defesa dos
respectivos interesses; no âmbito do governo, a circulação de elites é ajustada às necessidades
sociais.
- Roberto Michels (pertenceu ao partido social democrata alemão mas acabou como
conselheiro de Mussolini): Lei de Ferro das Oligarquias/ Oligarquias Partidárias.
Os vários autores revelam um posicionamento político disperso, não tendo base numa política
de direita conservadora. Actualmente a teoria de elite política, classe política, entre outras,
constitui uma ideia determinante no estudo sociológico.
Tipos de elites:
Políticas: governantes (excelência, exerce poder, PSD actualmente), não governantes
(excelência, exerce autoridade, PS actualmente – elite que aspira a ser governante e que tem
como objectivo principal a conquista do poder).
Não políticas: elites tradicionais (assentam no costume, tradição e sucedem-se
tradicionalmente), tecnocráticas (organizam-se segundo os fins que desejam alcançar, adopta
meios para chegar aos fins), simbólicas (influência simbólica no domínio social), económicas
(grupos que exercem pressões ou interesses que visam influenciar o exercício do poder
político), religiosas, militares, etc.
Mousnier – afirma que em todas as sociedades há uma tendência para natural para a
estratificação social em ordens que preconizam a endogamia.
Hierarquização Social: por não existirem sociedades igualitárias, estas estão divididas
hierarquicamente; estas desigualdades resultam do facto de sermos diferentes uns dos outros.
Tradição Europeia: resultante do marxismo; identifica duas classes sociais (capital e
trabalho), a dos detentores dos meios de produção (burguesia) e o proletariado – é a
posse dos meios de produção que determina a posição na hierarquia social; a
sociedade não preconiza situações de mobilidade social, há uma cristalização de
classes; esta hierarquia que divide capitalistas e trabalhadores, pode culminar numa
luta de classes (como aconteceu na revolução soviética). Segundo Karl Marx, o
proletário é dominado pelo capitalista que detém o capital fixo e móvel, e deste modo,
não pode prescindir dessa subordinação para poder alimentar a sua família.
Tradição Americana: são identificados vários estratos sociais que possibilitam uma
mobilidade social flexível e aberta; neste sistema existem vários estratos sociais e não
há cristalização; não há conflitos nem distinções de classes a priori; a sociedade está
dividida numa infinidade de estratos; o que importa é a posse de riqueza e não a
detenção dos meios de produção; há mérito próprio na ascensão social, é dada
importância à capacidade individual – sistema relacionado com o “american dream”.
Não existe uma diferença por natureza mas sim de grau, o que distingue o Bill Gates de
um sem-abrigo é o grau de riqueza, ambos são possuidores de algo pois se este sem-
abrigo tiver aptidões (mérito e talento) pode ascender a um estrato diferente.
Exemplo de Barack Obama: provém de uma família pobre e humilde e ascendeu ao
limite da estratificação por mérito próprio, através da via académica - foi eleito
presidente dos EUA em 2009.
O sistema de Marx foi, progressivamente, perdendo fulgor devido à terciarização da sociedade
em detrimento da classe operária.
Universalidade da hierarquia social: resulta da convergência dos estudos dos sociólogos
americanos com os europeus, o que culminou na convergência da teoria da estratificação
americana com o sistema tradicional de classes europeu. A sociedade americana é composta
por elites fechadas (elites hereditárias). Actualmente, o fenómeno universal da hierarquização
social está presente em todas as sociedades e baseia-se em critérios e factores.
Evolução das sociedades – alteração dos critérios e factores da hierarquização, tornam-se mais
complexos e sofisticados.
Factores de Hierarquização Critérios de Hierarquização
- Género 1 – Diferenciação Social
- Idade 2 – Avaliação Social ou funcional
- Poder económico
- Ideologia
- Status
1 – Diferenciação Social: ocorre e cresce à medida que as sociedades se desenvolvem, passam
a ser tidos em conta outros factores para além da idade ou do género.
2 – Avaliação Social: avaliação feita por todos os outros membros da sociedade sobre o
papel/posição/função desempenhada no âmbito de determinada profissão ou ocupação. São
pois juízos de valor que atribuem maior prestígio, o que contribui para a diferenciação de uma
profissão em relação a outra.
Engraxador: base da hierarquia das profissões
Político: base da hierarquia das profissões, devido ao baixo índice de confiança social, fruto de
juízos de valor negativos sobre a classe política, no geral. Todavia, individualmente, cada
membro do governo é alvo de avaliação com base no seu desempenho – existem dois tipos de
avaliação:
1 – Actividade (ramo da actividade no geral);
2 – Desempenho Pessoal (avaliação pessoal de acordo com factores que distinguem entre ser
óptimo e péssimo).
Sistema de Castas: sistemas tradicionais, hereditários ou sociais de estratificação, ao abrigo da
lei ou da prática comum, com base em classificações tais como a raça, a cultura, a ocupação
profissional, etc.
O sistema de castas (Varna) indiano é dividido de acordo com a estrutura do corpo de Brahma.
As quatro principais castas são:
Brâmanes: casta mais elevada; sacerdotes, filósofos e professores; nasceram da “boca
de Deus” - Poder Religioso
Kshátrias: militares, governantes, administradores públicos; nasceram dos “braços de
Deus” – Poder Temporal e da Governação
Vaihshyas: comerciantes, agricultores, proprietários; nasceram das “pernas de Deus” –
Poder Económico
Sudras: os artesãos, operários e camponeses; nasceram dos “pés de Deus” - Servos
Intocáveis: os Dalit (ou párias) são constituídos por aqueles (e seus descendentes) que
violaram os códigos das castas a que inicialmente pertenciam e não deixam de fazer parte do
sistema de castas. São considerados impuros e, por isso, ninguém ousa tocar-lhes. Fazem os
trabalhos considerados mais desprezíveis: recolha de resíduos, coveiros, talhantes, etc.
Invisíveis: fazem parte dos intocáveis; não podem ser vistos pelos outros sob risco de punição.
Quando morrem, os indivíduos reencarnam e vão descendo na hierarquia das castas.
Aspectos fundamentais da religião hindu associados ao sistema de castas:
- Dharma: regras estipuladas à casta à qual ele pertence;
- Karma: destino – o indivíduo nasce numa determinada casta, sendo esse o seu destino;
- Yati: subcastas, cada castas tem yati (existem cerca de cinco mil na Índia).
Purificação: vivência de forma mais pura (ex: ser vegetariano: Brâmane); permite subir de yati.
Panchayat: Tribunal de Casta – determina os castigos quando os indivíduos não respeitam o
deu Dharma e o seu Karma.
Características das castas: endogamia (os indivíduos casam dentro da casta) e hereditariedade.
Sociedade de Ordens: A sociedade do antigo regime era hierarquizada e caracterizada por
estar dividida em vários estratos sociais (estratificada). Era uma sociedade de ordens e
símbolos; cada ordem possuía um símbolo que a caracterizava e a distinguia das restantes, a
nobreza utilizava ouro e prata; sociedade de privilégios; a categoria social é definida pelo
nascimento e pelas funções sociais desempenhadas. Cada classe tinha um estatuto jurídico
próprio. Esta sociedade divide-se, em três estados ou ordens: o clero, a nobreza e o povo,
também chamado de Terceiro Estado.
Clero: único estatuto que não é adquirido ao nascimento; usufruem de isenção fiscal e militar;
desempenham cargos que lhe dão elevado grau de prestígio e consideração social,
essencialmente os cargos religiosos; beneficiam do direito de cobrança do dízimo; vasta
erudição – Poder Espiritual
Nobreza: peça crucial para o regime monárquico; grupo fechado, só é nobre quem nasce
nobre; funções militares; desempenham cargos administrativos que lhes dão poder, riqueza e
prestígio – Poder Temporal e Governativo
Povo/Terceiro estado: classe dos trabalhadores que alimentavam as outras classes; estrato
dos camponeses; estrato da burguesia que englobava mercadores, banqueiros, cambistas,
advogados, médicos, letrados; estrato composto pelos artesãos e trabalhadores assalariados –
Poder Económico e do Trabalho
Paralelismo entre o sistema de ordens e o sistema de castas
Semelhanças:
Possibilidade de perder ou abandonar a posição social ocupada;
Casamentos endogamicos;
Pureza relativa, como critério de hierarquização social;
Cada casta/ordem tem uma função atribuída;
Grau de prestígio específico atribuído a cada casta/ordem.
Diferenças:
Maior rigidez e menos mobilidade social nas castas;
Ordens mais heterógenas;
As ordens não constituem um grupo cultural e linguístico uniforme;
Sistema de castas baseia-se num sistema religioso enquanto que no sistema de ordens
pesa um status jurídico.
Margaret Mead: «Sexo e Temperamento em Três Sociedades Primitivas»
Tese: existe uma relação causa - efeito entre a anatomia sexual de um sujeito e o seu
comportamento (relação sexo - comportamento)
Objectivo: descobrir a existência ou não de variação dessa relação.
Estudo: três distintos grupos de uma ilha a Nova Guiné (por aí se observarem costumes
culturais sem influências exteriores): Arapesh, Mundogamor e Tchambuli; observação directa e
Agressividade
Grupo/sexo Masculino Feminino
Arapesh - -
Mundogamor + +
Tchambuli - +
West + -
testemunhal com base nos conhecimentos de antropólogos que tinham visitado
anteriormente o mesmo local.
Arapesh: grupo centrado na entre-ajuda e cooperação; não há registos de agressividade nos
homens nem nas mulheres; mulheres executam os mesmos trabalhos que os homens embora
estes estejam mais direccionados para a guerra, caça e agricultura.
Mundogamor: comportamento agressivo por parte dos homens e das mulheres sendo este
comportamento considerado glorificante e na sociedade. Os homens e as mulheres têm
ambos trabalhos pesados e os conflitos que se geram dentro do grupo são normalmente
resolvidos com recurso à violência.
Tchambuli: comportamento agressivo nas mulheres e ausente nos homens. As mulheres
dominam o grupo, são responsáveis pela organização do comércio, sendo titulares de
propriedades; recrutam escravos para futuras decapitações; escolhem o seu cônjuge. Os
homens têm uma vida de submissão, apenas podem possuir propriedades sob aprovação das
mulheres e não podem estar presentes na guerra.
Conclusões:
- não se pode afirmar que a biologia intervém no temperamento dos sujeitos;
- o social não se explica pelo natural (rompimento com o obstáculo naturalista);
- comportamentos dos sujeitos dependem de condições culturais e sociais da sociedade em
que o sujeito está inserido;
- o social explica-se pelo social;
- em relação aos recém-nascidos: arapesh – do seu ponto de vista, os recém-nascidos sofriam
de um desmame tardio e havia portanto uma enorme cooperação entre os membros para
cuidar as crianças; mundogamor – os bebés eram sujeitos a um desmame brutal, exemplo da
brutalidade aplicada a toda a sua infância; tchambuli – crianças educadas com os preceitos da
sociedade (as crianças do sexo feminino deveriam ser mais fortes física e espiritualmente do
que as do sexo masculino);
- Sociedades reproduzem os padrões, à medida que os sujeitos se desenvolvem (processo
verificado ao longo de todas as gerações).
Explicações pouco consistentes – alvo de críticas – formulação de explicações alternativas
Coulson e Riddel
Explicação materialista: cada povo actuava de acordo com a sua conjuntura económica,
formada pelo estado da agricultura.
Arapesh: boa actividade agrícola; vida em harmonia; sobrevivência garantida.
Mundogamor: necessidade de recurso à agressividade entre homens e mulheres para garantir
a sobrevivência do grupo.
Tchambuli: mulheres com superioridade relativamente aos homens por saberem o segredo
das sedas (principal fonte de rendimento), os homens estavam reduzidos à irrelevância.
Sociobiologia: Estuda os comportamentos sociais tendo por base uma explicação genética;
centra-se na teoria da evolução e dinâmica da população; estas teorias remetem para a
vertente genética do princípio da vida (reprodução de genes, competição individual para criar
o maior número de réplicas possível). Durante o processo competitivo, as diferentes entidades
genéticas criam mecanismos de defesa e ataque que permitam garantir a sobrevivência do
património genético. Surge nos anos 50 com a biologia genética
Aparecimento do um quadro de disputa entre biologia genética e o naturalismo.
1) Edward Wilson (naturalista)
- Estudo sobre a Entomologia, estudo das formigas, de onde extraiu as seguintes conclusões:
•Formigas clavagistas atacavam outros grupos de formigas;
•Algumas formigas analisavam o caminho para chegar a outro grupo de formigas. Durante
esse percurso, libertavam umas substâncias químicas que eram depois seguidas por
«exércitos» de formigas para alcançarem o grupo pretendido.
- Escreveu «Insect Societies»: relato da sociobiologia aplicada a insectos. Concluiu que é
possível explicar as sociedades de animais superiores com através dos mesmos critérios.
- Publicação de «Sociobiology – The new synthesis»: análise dos animais mais simples até aos
primatas; reflecte sobre o papel da sociobiologia e das ciências sociais nas sociedades
humanas.
- Base do comportamento humano e do espírito humano é explicada atrav+es da genética e
não do social.
- Substituição das ciências sociais pela sociobiologia.
- Publicação de «Genes, Mind and Culture»: explicação do espírito humano através da
sociobiologia (por critérios matemáticos e literários).
2) Herbert Spencer
- Apenas os seres que estão mais aptos e vivem em harmonia com as condições existentes,
sobrevivem, terminando a existência dos menos aptos.
- Homem: ser triunfador (não foi eliminado ao longo do processo evolutivo)
3) Homossexualidade
Pulgão: o pulgão macho acasala com a fêmea por necessidade de reprodução. Porém, também
tem contacto sexual com outros machos – comportamento normal para a sociobiologia
(macho introduz o seu sémen no organismo do outro macho para maximizar o seu património
genético futuramente).
4) Estudo dos Patos
- Existem demasiados machos no grupo: patos machos que não acasalam com as fêmeas e
nunca acasalarão favorecem extinção do património genético – o macho deve ter relações
sexuais com uma fêmea para contrariar a tendência.
- Macho segue o casal e tenta acasalar com a fêmea – confronto entre os dois machos – vence
o mais robusto (o macho noivo)
- Machos solteiros reúnem-se em grupo para violar a fêmea – neste case, o macho noivo
assiste à violação conjunta da fêmea.
- Depois da violação conjunta, o macho noivo viola também a fêmea de forma a promover a
manutenção do seu património genético.
5) Homem
- Relação paternal com um recém-nascido: tratamento cuidado por representar a continuação
do seu património genético, sendo por isso alvo de especial atenção e cuidado (do ponto de
vista sociológico).
Casos de refutação sociológica da sociobiologia
- Cucos: são aves que colocam os seus ovos em ninhos de outras aves (hospedeiras). O tempo
de gestação dos cucos é inferior ao tempo de gestação das aves hospedeiras, se o cuco nascer
primeiro, este deita fora do ninho os restantes ovos. Se nascer depois, mata as aves que já
nasceram. A ave hospedeira, que alimenta o cuco, atinge um ponto de exaustão pois o cuco
necessita de muito alimento. A sociobiologia não consegue explicar este fenómeno pois a ave
hospedeira e o cuco não partilham os mesmos genes; hipóteses colocadas: 1º - inicialmente as
aves não recebiam os ovos dos cucos e estes debicavam nas aves hospitaleiras o que as levou a
aceitar os ovos; 2º - inicialmente a ave chocava os ovos todos por não os saber distinguir;
quando o cuco nascia, fazia um barulho de tal forma perturbador que a ave o alimentava para
evitar os ruídos que poderiam atrair predadores.
- Casamento Fantasma: quando morrem os filhos varões, deixa de haver continuação na
linhagem então pratica-se o casamento fantasma, celebra-se a união entre uma fêmea da
família e o varão morto. A geração de crianças far-se-á através de um amante não considerado
progenitor (o pai é o marido morto). A sociobiologia afirma ser irrelevante o facto do amante
não ser visto como pai, o que interessa é a multiplicação e sobrevivência do gene.
- Ilhéus Troiband: comunidade de pescadores que quando regressam a casa, depois de
estarem no mar, encontram as suas mulheres grávidas ou com filhos pequenos; por não verem
relação entre relacionamento sexual e procriação, os pescadores não consideram as suas
esposas como infiéis; ter filhos é uma graça divina; os pescadores podem não ser os pais
biológicas criam as crianças como se o fossem.
- Grupos da Polinésia: é frequente o infanticídio dos filhos varões como oferta aos deuses; não
há cuidado com o património genético; os vencedores das batalhas adoptam os filhos
daqueles que morreram – tomam conta de um património genético que não é seu.
- Casos de aborto, adopção e métodos contraceptivos.
A sociobiologia não tem resposta para estes acontecimentos mas são realizados estudos no
sentido de se encontrarem algumas explicações. A sociobiologia designou uma nova definição
de família, mãe-prole, em detrimento da tradicional pai-mãe-prole pois a mãe é, com toda a
certeza, a progenitora.