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Resumo Exame - Sociologia Geral II

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Page 1: Resumo Exame - Sociologia Geral II

Sociologia Geral II

Formas de Poder: Monarquia, Ditadura, Democracia, República (Federal), Poder Tradicional

(Max Weber). As formas de poder, fundamentais para o entendimento das sociedades, podem

ser combinadas, no caso do Reino Unido, o governo é influenciado pela aristocracia, ou seja, a

monarquia influencia a democracia. Em Portugal privilegia-se a representatividade do

parlamento em detrimento da estabilidade política (maioria absoluta). A diarquia está

associada a situações em que 2 presidentes reivindicam o poder soberano sobre a totalidade

do território. A classificação das formas de poder tem sofrido uma evolução desde o

pensamento clássico até ao pensamento contemporâneo, caminhando até à actualidade.

Segundo Platão a classificação tripartida das formas de poder é feita da seguinte forma:

A classificação é sustentada por 2 critérios: número de governantes e bem comum (formas

puras: bem comum; formas degeneradas: ofendem o bem comum e são desrespeitados os

interesses das minorias).

Cada forma de poder, ao fim de algum tempo, degenera numa espiral decrescente. A

monarquia, na sua forma mais pura, é levada a cabo por uma só pessoa e por isso mesmo (e

com base na previsão política) degenera em tirania, em que o único governante se torna num

tirano, que passa por cima das leis, ao serviço dos seus interesses pessoais.

Ao degenerar, cada forma de governo dará origem a uma nova forma pura de governo.

Formas puras – formas degeneradas: degeneração é um ciclo que culmina no fim do mundo; a

única forma de combater este ciclo seria combinar as melhores características das 3 formas

puras de poder – constituição mista. Esta constituição garantiria um funcionamento saudável

do regime combinado.

Manutenção do funcionamento das instituições democráticas: equilíbrio entre as funções do

poder (executivo, legislativo e judicial) e exercício das formas combinadas de poder no sistema

representativo – constituição mista do poder.

Tipos de Poder:

1 – Poder Tradicional: sociedade simples, assente numa longa tradição. O poder é regenerado

com base na tradição, ou seja, a estrutura é estabelecida pelo princípio da hereditariedade.

2 – Poder Burocrático/nacional/legal: rege-se por um conjunto de normas impessoais que são

impostas a todos os indivíduos; caracteriza-se pela falta de afecto pois a aplicação das normas

baseia-se num sistema imparcial.

3 – Poder Carismático: carisma em termos de poder político; está relacionado com o conjunto

das qualidades reunidas por um indivíduo, sendo intransmissíveis; a sucessão do líder

carismático é ditada por ele próprio e escolhe o indivíduo com apetência suficiente para lhe

suceder.

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Dimensões/Perspectivas do Poder:

- Unidimensional: a causa antecede o efeito, A exerce poder sobre B, caracteriza-se pela

coercibilidade e visibilidade;

- Bidimensional: o efeito antecede a causa, a causa o objectivo, a coercibilidade está

subentendida;

- Tridimensional: assenta na persuasão, B beneficia A pensando que se esta a beneficiar a si

próprio.

Poder: capacidade de obrigar outrem a assumir determinado comportamento, assistido de

protecção coactiva ou através de sanções, se necessário (carácter compulsório e coercitivo).

Autoridade: capacidade de induzir em outrem, determinados comportamentos sem recurso a

sanções materiais. Os comportamentos induzidos são adoptados pela sociedade pois as

medidas que vão sendo tomadas têm em conta o interesse da sociedade e vão de encontro

aos seus valores.

Influência: efeito de exercício de poder e autoridade. Por serem exercidos de forma

determinante, o efeito final do poder e da autoridade é a influência.

Estado: sociedade perfeita, politicamente organizada; tem por objectivo a satisfação das

necessidades materiais e não materiais de toda a população.

Sociedades perfeitas: intuito de satisfazer integralmente todas as necessidades, materiais e

não materiais da população.

Sociedades imperfeitas: satisfação de apenas uma parte das necessidades

Componentes do Estado:

1. Elementos: território, população, governo.

2. Fins: conservação, justiça, bem comum, segurança.

3. Funções: legislativa, executiva, judicial

Diferença entre sociedades modernas e primitivas: organização do estado.

Área Cultural:

Modelo Grego: Há uma grande área cultural dividida por várias formas de poder político. Ex:

Esparta, Atenas, Macedónia – em Esparta existia um governo de constituição mista.

Geralmente as cidades de grande projecção tinham as suas colónias espalhadas pela bacia do

mediterrâneo que detinham um poder político próprio, reproduzindo o modelo político e

ideológico da pátria-mãe.

Modelo Romano: O poder está distribuído pelas várias áreas culturais. A partir do ano I, Roma

deixou de olhar para os restantes povos italianos como aliados e passou a vê-los como

cidadãos romanos. Os Lusitanos, Gauleses e Germanos tiveram sempre culturas bastante

diferentes porém, em alguns casos, por haver a junção de diferentes culturas na mesma área,

o modelo romano evolui para o modelo de estado-nação.

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Modelo Estado-Nação: O poder político aplica-se numa área cultural por inteiro. Portugal, por

exemplo, é um estado-nação com dialectos locais e zonas regionais diferenciadas (“tripeiros”,

“mouros”, alentejanos) – no entanto a área cultural é comum. Espanha, por outro lado, não é

um estado-nação devido à divisão ideológica, ou seja, está dividida em várias áreas culturais

(Catalunha, País Basco, Galiza) e pode ser conotada com o modelo romano - o poder dividido

pelas diversas áreas. Itália, na época do fascismo de Mussolini, o chefe pretendia levar a cabo

o modelo romano em relações às diferentes áreas culturais, convergindo numa unificação pela

nação. Como se pode verificar, na Europa o modelo de estado-nação não é um padrão típico.

População homogénea: usos, costumes e valores comuns – fomento da coesão social, da

governação e da paz social – só há estado-nação quando há coesão e não há divergências

sociais, existe uma cultura partilhada pela população unificada.

Poder Soberano: associado à definição de estado; caracteriza-se por não reconhecer igualdade

na ordem interna, nem superioridade na ordem internacional; braço executivo do estado:

governo (elemento que significa mais que o próprio estado); por não reconhecer igualdade no

poder interno, o poder político não está submetido a qualquer poder económico ou religioso;

por não reconhecer qualquer poder superior, o estado é igual a qualquer outro estado

soberano, consagrado no princípio de igualdade soberana.

Critério Ocidental de Bodin: o poder soberano não reconhece igualdade na ordem interna

Poder popular: os chefes chegam ao poder por intermédio ou por decisão do povo.

Elites: grupos ou agregados que por deterem poder e/ou autoridade, exercem influência,

criando, modificando ou extinguindo condutas socialmente relevantes; são referentes a

actividades e não a condições; conceito que se aplica a todas as áreas da sociedade; o conceito

é objectivo e independente de juízos de valor ou opiniões pessoais.

Grupo: instituição caracterizada pela durabilidade, conhecimento entre os membros, partilha

de ideologias de forma organizada e estruturada, distribuição de tarefas e funções, orientação

para um motivo racional.

Agregado: elementos separados em termos de organização e de proximidade

Teoria das Elites: em todas as formas de estado existe sempre uma liderança e um grupo que

obedece, o grupo que lidera é minoritário e designa-se por elite, o grupo que obedece é

maioritário e designa-se por massa. Decorre das necessidades próprias dos indivíduos que

compõem a estrutura social. Finais do séc. XIX – teoria abordada por vários autores.

- Caetano Mosca (liberal, assumiu um forte posicionamento contra o fascismo de Mussolini):

Fórmula Política – criou o conceito de “classes políticas” que considerava como sendo as elites,

estas procuravam legitimar o seu poder político face às massas e conquistar-lhes uma

obediência consentida.

- Vilfredo Pareto (conservador, não simpatizante do fascismo, anti-marxista): Circulação de

Elites – criou o conceito de “elite política”, em todos os sectores da sociedade existiam elites e

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estas eram formadas por indivíduos com capacidades acima da média; a teoria da circulação

de elites preconiza que as elites se renovam ao longo do tempo e que podem ser elites de

Raposa (astúcia – as elites agem de uma forma mais retórica, com base na manipulação

ideológica) ou elites de Leões (força); há homogeneidade na classe dirigente, um grupo coeso

que assume um sentido de conspiração, deve desenvolver estratégias para a defesa dos

respectivos interesses; no âmbito do governo, a circulação de elites é ajustada às necessidades

sociais.

- Roberto Michels (pertenceu ao partido social democrata alemão mas acabou como

conselheiro de Mussolini): Lei de Ferro das Oligarquias/ Oligarquias Partidárias.

Os vários autores revelam um posicionamento político disperso, não tendo base numa política

de direita conservadora. Actualmente a teoria de elite política, classe política, entre outras,

constitui uma ideia determinante no estudo sociológico.

Tipos de elites:

Políticas: governantes (excelência, exerce poder, PSD actualmente), não governantes

(excelência, exerce autoridade, PS actualmente – elite que aspira a ser governante e que tem

como objectivo principal a conquista do poder).

Não políticas: elites tradicionais (assentam no costume, tradição e sucedem-se

tradicionalmente), tecnocráticas (organizam-se segundo os fins que desejam alcançar, adopta

meios para chegar aos fins), simbólicas (influência simbólica no domínio social), económicas

(grupos que exercem pressões ou interesses que visam influenciar o exercício do poder

político), religiosas, militares, etc.

Mousnier – afirma que em todas as sociedades há uma tendência para natural para a

estratificação social em ordens que preconizam a endogamia.

Hierarquização Social: por não existirem sociedades igualitárias, estas estão divididas

hierarquicamente; estas desigualdades resultam do facto de sermos diferentes uns dos outros.

Tradição Europeia: resultante do marxismo; identifica duas classes sociais (capital e

trabalho), a dos detentores dos meios de produção (burguesia) e o proletariado – é a

posse dos meios de produção que determina a posição na hierarquia social; a

sociedade não preconiza situações de mobilidade social, há uma cristalização de

classes; esta hierarquia que divide capitalistas e trabalhadores, pode culminar numa

luta de classes (como aconteceu na revolução soviética). Segundo Karl Marx, o

proletário é dominado pelo capitalista que detém o capital fixo e móvel, e deste modo,

não pode prescindir dessa subordinação para poder alimentar a sua família.

Tradição Americana: são identificados vários estratos sociais que possibilitam uma

mobilidade social flexível e aberta; neste sistema existem vários estratos sociais e não

há cristalização; não há conflitos nem distinções de classes a priori; a sociedade está

dividida numa infinidade de estratos; o que importa é a posse de riqueza e não a

detenção dos meios de produção; há mérito próprio na ascensão social, é dada

importância à capacidade individual – sistema relacionado com o “american dream”.

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Não existe uma diferença por natureza mas sim de grau, o que distingue o Bill Gates de

um sem-abrigo é o grau de riqueza, ambos são possuidores de algo pois se este sem-

abrigo tiver aptidões (mérito e talento) pode ascender a um estrato diferente.

Exemplo de Barack Obama: provém de uma família pobre e humilde e ascendeu ao

limite da estratificação por mérito próprio, através da via académica - foi eleito

presidente dos EUA em 2009.

O sistema de Marx foi, progressivamente, perdendo fulgor devido à terciarização da sociedade

em detrimento da classe operária.

Universalidade da hierarquia social: resulta da convergência dos estudos dos sociólogos

americanos com os europeus, o que culminou na convergência da teoria da estratificação

americana com o sistema tradicional de classes europeu. A sociedade americana é composta

por elites fechadas (elites hereditárias). Actualmente, o fenómeno universal da hierarquização

social está presente em todas as sociedades e baseia-se em critérios e factores.

Evolução das sociedades – alteração dos critérios e factores da hierarquização, tornam-se mais

complexos e sofisticados.

Factores de Hierarquização Critérios de Hierarquização

- Género 1 – Diferenciação Social

- Idade 2 – Avaliação Social ou funcional

- Poder económico

- Ideologia

- Status

1 – Diferenciação Social: ocorre e cresce à medida que as sociedades se desenvolvem, passam

a ser tidos em conta outros factores para além da idade ou do género.

2 – Avaliação Social: avaliação feita por todos os outros membros da sociedade sobre o

papel/posição/função desempenhada no âmbito de determinada profissão ou ocupação. São

pois juízos de valor que atribuem maior prestígio, o que contribui para a diferenciação de uma

profissão em relação a outra.

Engraxador: base da hierarquia das profissões

Político: base da hierarquia das profissões, devido ao baixo índice de confiança social, fruto de

juízos de valor negativos sobre a classe política, no geral. Todavia, individualmente, cada

membro do governo é alvo de avaliação com base no seu desempenho – existem dois tipos de

avaliação:

1 – Actividade (ramo da actividade no geral);

2 – Desempenho Pessoal (avaliação pessoal de acordo com factores que distinguem entre ser

óptimo e péssimo).

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Sistema de Castas: sistemas tradicionais, hereditários ou sociais de estratificação, ao abrigo da

lei ou da prática comum, com base em classificações tais como a raça, a cultura, a ocupação

profissional, etc.

O sistema de castas (Varna) indiano é dividido de acordo com a estrutura do corpo de Brahma.

As quatro principais castas são:

Brâmanes: casta mais elevada; sacerdotes, filósofos e professores; nasceram da “boca

de Deus” - Poder Religioso

Kshátrias: militares, governantes, administradores públicos; nasceram dos “braços de

Deus” – Poder Temporal e da Governação

Vaihshyas: comerciantes, agricultores, proprietários; nasceram das “pernas de Deus” –

Poder Económico

Sudras: os artesãos, operários e camponeses; nasceram dos “pés de Deus” - Servos

Intocáveis: os Dalit (ou párias) são constituídos por aqueles (e seus descendentes) que

violaram os códigos das castas a que inicialmente pertenciam e não deixam de fazer parte do

sistema de castas. São considerados impuros e, por isso, ninguém ousa tocar-lhes. Fazem os

trabalhos considerados mais desprezíveis: recolha de resíduos, coveiros, talhantes, etc.

Invisíveis: fazem parte dos intocáveis; não podem ser vistos pelos outros sob risco de punição.

Quando morrem, os indivíduos reencarnam e vão descendo na hierarquia das castas.

Aspectos fundamentais da religião hindu associados ao sistema de castas:

- Dharma: regras estipuladas à casta à qual ele pertence;

- Karma: destino – o indivíduo nasce numa determinada casta, sendo esse o seu destino;

- Yati: subcastas, cada castas tem yati (existem cerca de cinco mil na Índia).

Purificação: vivência de forma mais pura (ex: ser vegetariano: Brâmane); permite subir de yati.

Panchayat: Tribunal de Casta – determina os castigos quando os indivíduos não respeitam o

deu Dharma e o seu Karma.

Características das castas: endogamia (os indivíduos casam dentro da casta) e hereditariedade.

Sociedade de Ordens: A sociedade do antigo regime era hierarquizada e caracterizada por

estar dividida em vários estratos sociais (estratificada). Era uma sociedade de ordens e

símbolos; cada ordem possuía um símbolo que a caracterizava e a distinguia das restantes, a

nobreza utilizava ouro e prata; sociedade de privilégios; a categoria social é definida pelo

nascimento e pelas funções sociais desempenhadas. Cada classe tinha um estatuto jurídico

próprio. Esta sociedade divide-se, em três estados ou ordens: o clero, a nobreza e o povo,

também chamado de Terceiro Estado.

Clero: único estatuto que não é adquirido ao nascimento; usufruem de isenção fiscal e militar;

desempenham cargos que lhe dão elevado grau de prestígio e consideração social,

Page 7: Resumo Exame - Sociologia Geral II

essencialmente os cargos religiosos; beneficiam do direito de cobrança do dízimo; vasta

erudição – Poder Espiritual

Nobreza: peça crucial para o regime monárquico; grupo fechado, só é nobre quem nasce

nobre; funções militares; desempenham cargos administrativos que lhes dão poder, riqueza e

prestígio – Poder Temporal e Governativo

Povo/Terceiro estado: classe dos trabalhadores que alimentavam as outras classes; estrato

dos camponeses; estrato da burguesia que englobava mercadores, banqueiros, cambistas,

advogados, médicos, letrados; estrato composto pelos artesãos e trabalhadores assalariados –

Poder Económico e do Trabalho

Paralelismo entre o sistema de ordens e o sistema de castas

Semelhanças:

Possibilidade de perder ou abandonar a posição social ocupada;

Casamentos endogamicos;

Pureza relativa, como critério de hierarquização social;

Cada casta/ordem tem uma função atribuída;

Grau de prestígio específico atribuído a cada casta/ordem.

Diferenças:

Maior rigidez e menos mobilidade social nas castas;

Ordens mais heterógenas;

As ordens não constituem um grupo cultural e linguístico uniforme;

Sistema de castas baseia-se num sistema religioso enquanto que no sistema de ordens

pesa um status jurídico.

Margaret Mead: «Sexo e Temperamento em Três Sociedades Primitivas»

Tese: existe uma relação causa - efeito entre a anatomia sexual de um sujeito e o seu

comportamento (relação sexo - comportamento)

Objectivo: descobrir a existência ou não de variação dessa relação.

Estudo: três distintos grupos de uma ilha a Nova Guiné (por aí se observarem costumes

culturais sem influências exteriores): Arapesh, Mundogamor e Tchambuli; observação directa e

Agressividade

Grupo/sexo Masculino Feminino

Arapesh - -

Mundogamor + +

Tchambuli - +

West + -

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testemunhal com base nos conhecimentos de antropólogos que tinham visitado

anteriormente o mesmo local.

Arapesh: grupo centrado na entre-ajuda e cooperação; não há registos de agressividade nos

homens nem nas mulheres; mulheres executam os mesmos trabalhos que os homens embora

estes estejam mais direccionados para a guerra, caça e agricultura.

Mundogamor: comportamento agressivo por parte dos homens e das mulheres sendo este

comportamento considerado glorificante e na sociedade. Os homens e as mulheres têm

ambos trabalhos pesados e os conflitos que se geram dentro do grupo são normalmente

resolvidos com recurso à violência.

Tchambuli: comportamento agressivo nas mulheres e ausente nos homens. As mulheres

dominam o grupo, são responsáveis pela organização do comércio, sendo titulares de

propriedades; recrutam escravos para futuras decapitações; escolhem o seu cônjuge. Os

homens têm uma vida de submissão, apenas podem possuir propriedades sob aprovação das

mulheres e não podem estar presentes na guerra.

Conclusões:

- não se pode afirmar que a biologia intervém no temperamento dos sujeitos;

- o social não se explica pelo natural (rompimento com o obstáculo naturalista);

- comportamentos dos sujeitos dependem de condições culturais e sociais da sociedade em

que o sujeito está inserido;

- o social explica-se pelo social;

- em relação aos recém-nascidos: arapesh – do seu ponto de vista, os recém-nascidos sofriam

de um desmame tardio e havia portanto uma enorme cooperação entre os membros para

cuidar as crianças; mundogamor – os bebés eram sujeitos a um desmame brutal, exemplo da

brutalidade aplicada a toda a sua infância; tchambuli – crianças educadas com os preceitos da

sociedade (as crianças do sexo feminino deveriam ser mais fortes física e espiritualmente do

que as do sexo masculino);

- Sociedades reproduzem os padrões, à medida que os sujeitos se desenvolvem (processo

verificado ao longo de todas as gerações).

Explicações pouco consistentes – alvo de críticas – formulação de explicações alternativas

Coulson e Riddel

Explicação materialista: cada povo actuava de acordo com a sua conjuntura económica,

formada pelo estado da agricultura.

Arapesh: boa actividade agrícola; vida em harmonia; sobrevivência garantida.

Mundogamor: necessidade de recurso à agressividade entre homens e mulheres para garantir

a sobrevivência do grupo.

Tchambuli: mulheres com superioridade relativamente aos homens por saberem o segredo

das sedas (principal fonte de rendimento), os homens estavam reduzidos à irrelevância.

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Sociobiologia: Estuda os comportamentos sociais tendo por base uma explicação genética;

centra-se na teoria da evolução e dinâmica da população; estas teorias remetem para a

vertente genética do princípio da vida (reprodução de genes, competição individual para criar

o maior número de réplicas possível). Durante o processo competitivo, as diferentes entidades

genéticas criam mecanismos de defesa e ataque que permitam garantir a sobrevivência do

património genético. Surge nos anos 50 com a biologia genética

Aparecimento do um quadro de disputa entre biologia genética e o naturalismo.

1) Edward Wilson (naturalista)

- Estudo sobre a Entomologia, estudo das formigas, de onde extraiu as seguintes conclusões:

•Formigas clavagistas atacavam outros grupos de formigas;

•Algumas formigas analisavam o caminho para chegar a outro grupo de formigas. Durante

esse percurso, libertavam umas substâncias químicas que eram depois seguidas por

«exércitos» de formigas para alcançarem o grupo pretendido.

- Escreveu «Insect Societies»: relato da sociobiologia aplicada a insectos. Concluiu que é

possível explicar as sociedades de animais superiores com através dos mesmos critérios.

- Publicação de «Sociobiology – The new synthesis»: análise dos animais mais simples até aos

primatas; reflecte sobre o papel da sociobiologia e das ciências sociais nas sociedades

humanas.

- Base do comportamento humano e do espírito humano é explicada atrav+es da genética e

não do social.

- Substituição das ciências sociais pela sociobiologia.

- Publicação de «Genes, Mind and Culture»: explicação do espírito humano através da

sociobiologia (por critérios matemáticos e literários).

2) Herbert Spencer

- Apenas os seres que estão mais aptos e vivem em harmonia com as condições existentes,

sobrevivem, terminando a existência dos menos aptos.

- Homem: ser triunfador (não foi eliminado ao longo do processo evolutivo)

3) Homossexualidade

Pulgão: o pulgão macho acasala com a fêmea por necessidade de reprodução. Porém, também

tem contacto sexual com outros machos – comportamento normal para a sociobiologia

(macho introduz o seu sémen no organismo do outro macho para maximizar o seu património

genético futuramente).

4) Estudo dos Patos

- Existem demasiados machos no grupo: patos machos que não acasalam com as fêmeas e

nunca acasalarão favorecem extinção do património genético – o macho deve ter relações

sexuais com uma fêmea para contrariar a tendência.

- Macho segue o casal e tenta acasalar com a fêmea – confronto entre os dois machos – vence

o mais robusto (o macho noivo)

- Machos solteiros reúnem-se em grupo para violar a fêmea – neste case, o macho noivo

assiste à violação conjunta da fêmea.

- Depois da violação conjunta, o macho noivo viola também a fêmea de forma a promover a

manutenção do seu património genético.

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5) Homem

- Relação paternal com um recém-nascido: tratamento cuidado por representar a continuação

do seu património genético, sendo por isso alvo de especial atenção e cuidado (do ponto de

vista sociológico).

Casos de refutação sociológica da sociobiologia

- Cucos: são aves que colocam os seus ovos em ninhos de outras aves (hospedeiras). O tempo

de gestação dos cucos é inferior ao tempo de gestação das aves hospedeiras, se o cuco nascer

primeiro, este deita fora do ninho os restantes ovos. Se nascer depois, mata as aves que já

nasceram. A ave hospedeira, que alimenta o cuco, atinge um ponto de exaustão pois o cuco

necessita de muito alimento. A sociobiologia não consegue explicar este fenómeno pois a ave

hospedeira e o cuco não partilham os mesmos genes; hipóteses colocadas: 1º - inicialmente as

aves não recebiam os ovos dos cucos e estes debicavam nas aves hospitaleiras o que as levou a

aceitar os ovos; 2º - inicialmente a ave chocava os ovos todos por não os saber distinguir;

quando o cuco nascia, fazia um barulho de tal forma perturbador que a ave o alimentava para

evitar os ruídos que poderiam atrair predadores.

- Casamento Fantasma: quando morrem os filhos varões, deixa de haver continuação na

linhagem então pratica-se o casamento fantasma, celebra-se a união entre uma fêmea da

família e o varão morto. A geração de crianças far-se-á através de um amante não considerado

progenitor (o pai é o marido morto). A sociobiologia afirma ser irrelevante o facto do amante

não ser visto como pai, o que interessa é a multiplicação e sobrevivência do gene.

- Ilhéus Troiband: comunidade de pescadores que quando regressam a casa, depois de

estarem no mar, encontram as suas mulheres grávidas ou com filhos pequenos; por não verem

relação entre relacionamento sexual e procriação, os pescadores não consideram as suas

esposas como infiéis; ter filhos é uma graça divina; os pescadores podem não ser os pais

biológicas criam as crianças como se o fossem.

- Grupos da Polinésia: é frequente o infanticídio dos filhos varões como oferta aos deuses; não

há cuidado com o património genético; os vencedores das batalhas adoptam os filhos

daqueles que morreram – tomam conta de um património genético que não é seu.

- Casos de aborto, adopção e métodos contraceptivos.

A sociobiologia não tem resposta para estes acontecimentos mas são realizados estudos no

sentido de se encontrarem algumas explicações. A sociobiologia designou uma nova definição

de família, mãe-prole, em detrimento da tradicional pai-mãe-prole pois a mãe é, com toda a

certeza, a progenitora.