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Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL– Outão Página 1 UVW 4 5 8 11 14 RESUMO NÃO TÉCNICO DO ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DA CO-INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS PERIGOSOS NA FÁBRICA DA SECIL–OUTÃO -Dezembro 2007- Índice: O que é o resumo não técnico?....................................................................... 2 Quem é que propõe e licencia o projecto? ........................................................ 3 Porque é necessário o Projecto da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL–Outão? .......................................................................... Onde se localiza o projecto? ........................................................................... Como é o Projecto?....................................................................................... Antecedentes do Projecto ............................................................................ Elementos afectados pelo projecto ................................................................

RESUMO NÃO TÉCNICO DO ESTUDO DE IMPACTE … · O projecto, objecto do presente Estudo de Impacte Ambiental, visa permitir à Fábrica da SECIL-Outão proceder à valorização energética

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RESUMO NÃO TÉCNICO DO ESTUDO DE

IMPACTE AMBIENTAL DA

CO-INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS

INDUSTRIAIS PERIGOSOS NA FÁBRICA

DA SECIL–OUTÃO

-Dezembro 2007-

Índice:

O que é o resumo não técnico?....................................................................... 2

Quem é que propõe e licencia o projecto? ........................................................ 3

Porque é necessário o Projecto da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos

na Fábrica da SECIL–Outão? ..........................................................................

Onde se localiza o projecto?...........................................................................

Como é o Projecto?.......................................................................................

Antecedentes do Projecto ............................................................................

Elementos afectados pelo projecto ................................................................

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O QUE É O RESUMO NÃO TÉCNICO? Este Resumo Não Técnico faz parte do Estudo de Impacte Ambiental (EIA),

referente ao Projecto da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na

Fábrica da SECIL–Outão, tendo este estudo sido realizado entre os meses de Junho

e Outubro de 2007.

O Projecto encontra-se já aprovado ao abrigo do Decreto-Lei 85/2005 e do

Decreto-lei 194/2000, estando contemplado na Licença de Exploração 10/2006/INR

e da Licença Ambiental 37/2006. Devido à discussão sobre a dispensa de Avaliação

de Impacte Ambiental a SECIL-Outão decidiu proceder à sua apresentação

voluntária.

No sentido de melhorar a qualidade pretende-se apresentar um plano de melhorias

à operação da fábrica, não propondo a introdução de quaisquer alterações

substantivas

Este EIA teve como objectivo caracterizar a situação actual da área de

implementação do projecto e sua envolvente, e analisar as possíveis alterações

directas ou indirectas sobre o ambiente durante as fases de construção e operação

do projecto em estudo. Foram também apontadas medidas para reduzir ao mínimo

as desvantagens do projecto e maximizar as suas vantagens,.

No caso de pretender obter informações mais aprofundadas sobre os efeitos que o

projecto poderá ter sobre o ambiente e a população deverá consultar o EIA que se

encontra disponível na Câmara Municipal de Setúbal, na Comissão de Coordenação

Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) e na Agência Portuguesa do

Ambiente em Lisboa.

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QUEM É QUE PROPÕE E LICENCIA O PROJECTO? O proponente do projecto é a empresa SECIL, S.A. sita em Outão.. A entidade que

licenciou o projecto foi a Direcção Regional da Economia de Lisboa e Vale do Tejo

(DRE-LVT). No âmbito do procedimento de impacte ambiental, a autoridade de

Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) competente é a Agência Portuguesa do

Ambiente (APA).

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PORQUE É NECESSÁRIO O PROJECTO DA CO-INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS PERIGOSOS NA FÁBRICA DA SECIL–OUTÃO? O projecto, objecto do presente Estudo de Impacte Ambiental, visa permitir à

Fábrica da SECIL-Outão proceder à valorização energética de Resíduos Industriais

Perigosos, em substituição parcial do combustível tradicional (coque de petróleo e

carvão). Tal é importante essencialmente por duas razões, a saber a) não existe

em Portugal soluções para uma gama importante de Resíduos Industriais Perigosos

e b) o uso de RIP como combustíveis alternativos contribuirá para uma aumento da

competitividade da industria cimenteira portuguesa em relação às suas congéneres

estrangeiras que recebem os resíduos de Portugal.

Os resíduos que a SECIL-Outão pretende valorizar através da sua utilização como

combustíveis, não podem, nem devem, ser reencaminhados para outros destinos

como a sua colocação em aterro e a sua inertização (nos futuros CIRVER, por

exemplo), porque estas soluções envolvem problemas técnicos complicados. Assim,

devido às suas propriedades são geralmente enviados para tratamento e

valorização por incineração ou co-incineração em outros países da Comunidade

Europeia pondo em causa o princípio da auto-suficiência e diminuindo a

competitividade do País. (Veja-se por exemplo das lamas de fundo de tanque

provenientes das refinarias está a ser enviada para co-incineração em Espanha com

custos acrescidos para os produtores nacionais e diminuição da competitividade da

indústria cimenteira nacional comparativamente à de outros países).

Por outro lado, parte dos resíduos que se pretendem tratar provêm do tratamento e

reciclagem de resíduos. Do tratamento e reciclagem resultam, para além dos

produtos que se podem reutilizar, produzem-se também “resíduos de resíduos” que

não podem ser mais recuperados. Esses resíduos de resíduos tem geralmente o

mesmo destino que os assinalados acima (i.e., exportação para valorização

energética), com as mesmas implicações que já foram descritas.

Em suma no projecto em estudo, pretendem tratar-se resíduos que não possuem

alternativa de tratamento, ambientalmente correcta e economicamente viável, nos

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centros de tratamento e reciclagem e que várias estimativas referem como

constituindo 10 a 20% dos Resíduos Industriais Perigosos produzidos em Portugal.

A SECIL-Outão não se pretende constituir como gestor de resíduos mas sim receber

e valorizar resíduos provenientes de gestores autorizados (como os CIRVER e

outros) e não dos produtores.

ONDE SE LOCALIZA O PROJECTO? O projecto insere-se administrativamente no distrito de Setúbal, concelho de

Setúbal e freguesia da Nossa Senhora da Anunciada, como se pode observar na

figura seguinte. A um nível macro, pertence à NUT II da Região de Lisboa e à NUT

III da sub-região Península de Setúbal.

Figura 1– Localização do Projecto ao nível das NUTS

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Figura 2 – Localização do Projecto – Concelho de Setúbal, freguesia de N. Sr.ª da

Anunciada

No desenho EIA-RF.00-RNT-01 e possível perceber o enquadramento geográfico da

fábrica relativamente ao Parque Natural da Arrábida.

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Figura 3 – Fotografias aéreas das instalações da SECIL – Outão com a localização dos equipamentos (silos para

armazenamento de RIP (Resíduos Industriais Perigosos)) no contexto da Fábrica e da região.

A planta mais especifica encontra-se no desenho EIA-RF.00-RNT-02.

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COMO É O PROJECTO? O projecto em análise no presente Estudo de Impacte Ambiental (EIA) diz respeito

à operação de valorização energética de Resíduos Industriais Perigosos (RIP),

usando os mesmos como combustíveis (Combustíveis Alternativos Líquidos - CAL)

nos queimadores principais dos dois fornos de cimento da Fábrica da SECIL-Outão,

em substituição do combustível tradicional (Carvão e/ou Coque de petróleo) num

máximo de 40%.

De acordo com as orientações da Convenção de Basileia e a de Estocolmo, os

fornos reúnem características que levam à sua recomendação como possíveis

instalações para a eliminação de resíduos perigosos e não perigosos.

Os Combustíveis Alternativos provenientes dos gestores autorizados de Resíduos

Industriais Perigosos (como os futuros Cirver) chegarão à fábrica em camiões

cisterna.

O Projecto de valorização energética de RIP na Fábrica SECIL-Outão, uma vez que

irão ser usadas as infra-estruturas já existentes para o armazenamento dos

Combustíveis Líquidos, não implicará qualquer alteração tecnológica, operacional ou

mudança de dimensão, verificando-se apenas uma alteração de combustível..

Os Combustíveis Alternativos Líquidos serão primeiro colocados em dois depósitos

cilíndricos verticais (silos) com capacidade aproximada de 55m3 cada, ligados a dois

grupos de bombagem, um sistema de tubagens de transporte dos produtos para os

queimadores dos fornos e um sistema de controlo e comando centralizado.

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Silos em inox

Bacia de retenção

Figura.4 – Perspectiva da instalação dos silos inox para armazenamento de resíduos

líquidos, dentro de bacia de retenção.

Estes equipamentos encontram-se na área de abastecimento, constituída por uma

bacia de retenção, junto ao ponto de descarga. Essa bacia permite o controle total

de eventuais derrames, durante a operação de abastecimento dos depósitos, que

se efectua por ligação de mangueiras aos veículos de transporte.

O processo de fabrico sofrerá uma alteração ao nível dos combustíveis com a

introdução dos RIP ao nível do queimador principal dos fornos rotativos como

mostra a figura seguinte. O projecto consiste, assim na substituição de parte dos

combustíveis tradicionais utilizados (coque de petróleo e carvão) por resíduos

industriais perigosos líquidos e pastosos.

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Figura.5– Esquema da injecção de combustível no queimador principal no forno (3

– fluxo das meterias primas; 4 – queimador principal com vários alimentadores de

combustível, 5 – arrefecedores de satélite) (Fonte:SECIL)

O quantitativo máximo de RIP a co-incinerar é de 52 mil toneladas discriminadas no

quadro seguinte. De sublinhar que poderá haver variações nos quantitivos por tipo

de resíduos de acordo com a produção do país mas permanecerá inalterado o

volume total

Quadro 1 – Capacidade instalada da SECIL-Outão, relativa aos RIP a valorizar

energeticamente

Resíduo/Fileira Código LER Designação

Capacidade

Instalada

(toneladas/ano)

05 01 03 Lamas de fundo dos depósitos.

05 01 06

Lamas contendo hidrocarbonetos

provenientes de operações de

manutenção das instalações ou

equipamentos. Lamas oleosas

19 02 05

Lamas de tratamento físico-

químico contendo substâncias

perigosas.

40 000

13 02 05

Óleos minerais não clorados de

motores, transmissão e

lubrificação

Óleos usados

19 02 07 Óleos e concentrados da

12 000

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separação

19 11 03 Resíduos líquidos aquosos.

Outros resíduos 19 02 11 Outros resíduos contendo

substâncias perigosas 4 000

ANTECEDENTES DO PROJECTO Desde há cerca de vinte anos que Portugal tem tentado resolver o problema do

tratamento dos resíduos industriais perigosos.

Em meados dos anos 90 foram tentadas a construção de uma incineradora e a

construção de dois aterros para o tratamento e deposição de resíduos. Após a

avaliação de cinco localizações para a incineradora e quatro para os dois aterros

chegou-se à conclusão que não existiam em Portugal suficientes resíduos para

manter uma incineradora e o projecto, incluindo a construção dos aterros, foi

abandonado (1995).

Em Maio de 1997 foi assinado entre as cimenteiras CIMPOR e SECIL e o Ministério

do Ambiente um Memorando de Entendimento no qual estas se dispunham a

constituir-se operador de gestão de resíduos, como destinatários autorizados a

proceder à valorização energética de RIP. Em Julho de 1998 foi constituída a

Comissão de Avaliação de Impacte Ambiental tendo o Estudo de Impacte

Ambiental, relativo à valorização energética de RIP nas fábricas da CIMPOR e

SECIL.

Em Dezembro de 1998 foi emitido o parecer da Comissão de Avaliação de Impacte

Ambiental. Em 1999, por decisão governamental, foi criada a CCI (Comissão

Cientifica Independente) com o objectivo de controlar e fiscalizar a co-incineração

(Decreto-Lei n.º 120/99). A CCI emitiu o seu primeiro parecer relativo à co-

incineração de RIP em Dezembro de 2000, indicando como alternativas mais

favoráveis à realização de co-incineração de RIP, Souselas e o Outão.

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Em 2001/2002 as cimenteiras procederam às alterações tecnológicas no seu

processo, de forma a responder às medidas recomendadas pelo EIA, como seja a

instalação de Filtros de Mangas a montante dos Electrofiltros.

Em 2002 a SECIL procedeu a testes (entre 22 de Fevereiro e 11 de Março), com

valorização de RIP (Lamas de fundo de tanque das lagoas de Sto André/Sines). A

caracterização das emissões atmosféricas, durante o período de testes, foi realizada

pelo laboratório Alemão ERGO com acompanhamento da CCI período de testes.

Em 2002 a SECIL entregou, ao abrigo do definido no Decreto-Lei n.º 239/97, de 9

de Setembro e Portaria 961/98, de 11 de Novembro, um pedido de autorização

prévia para valorização de biomassa vegetal (florestal, agrícola e industrial) e um

para a valorização de resíduos industriais banais. Em Novembro de 2004 a SECIL

obteve autorização para proceder à valorização energética de biomassa vegetal.

Em 28 Abril de 2005 foi transposta para direito nacional a Directiva Europeia

76/2000/CE, pelo Decreto-Lei n.º 85/2005, ficando desta forma regulamentada a

operação de co-incineração.

Em Junho de 2005 a SECIL obteve autorização para proceder à valorização

energética de resíduos industriais banais (Chip’s de pneus, resíduos de tecidos

animais, RDF (VFV’s) e Fluff, válida por 12 meses. Esta licença referia que a

obtenção da autorização prévia definitiva pela SECIL só seria possível se esta

obtivesse, num prazo de um ano, a sua Licença Ambiental.

Em Agosto de 2005 a SECIL requereu a licença ambiental. Em Junho de 2006 a

SECIL solicitou ao INR a inclusão de novos códigos LER na sua Licença de

Exploração, relativos a RIP. Em Julho de 2006 a SECIL requereu dispensa de AIA,

relativa à inclusão na sua Licença Ambiental de RIP, que foi concedida em Agosto

de 2006, por meio da emissão do Despacho n.º16090/2006, de 3 de Agosto.

Em Outubro de 2006 foram concedidas à SECIL a Licença de Instalação e

seguidamente a Licença Ambiental (n.º 37/2006) e a Licença de Exploração (n.º

10/2006/INR), válidas até 20 de Outubro de 2013.

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Em 3 de Novembro de 2006 os municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra

entregaram no tribunal de Almada três processos:

A – Providência cautelar (Processo n.º 994/06.2BEALM-A) pedindo a suspensão de

eficácia do despacho de isenção do Estudo de Impacte Ambiental e a Intimação de

todas as entidades requeridas a absterem-se de licenciar, autorizar ou realizar os

testes e demais operações de co-incineração de resíduos industriais perigosos na

fábrica da SECIL, no Outão.

C – Processo Principal (Processo n.º 994/06.2BEALM) pedindo a anulação do

Despacho n.º 16.090/2006, que determina que o projecto de alteração para co-

incineração de resíduos industriais perigosos na fábrica da SECIL, no Outão, seja

totalmente dispensado do procedimento de avaliação de impacte ambiental; e (ii) A

condenação das Entidades Públicas Demandadas a absterem-se de licenciar a co-

incineração de resíduos industriais perigosos na fábrica da SECIL, no Outão, ou de

licenciar/autorizar a realização de testes e demais operações de co-incineração de

resíduos industriais perigosos na fábrica da SECIL, no Outão. A título subsidiário, os

Autores peticionam, cumulativamente com a impugnação do acto administrativo

identificado na alínea (i) do artigo anterior, a condenação das Entidades Públicas

Demandadas à adopção do seguinte comportamento: promoção de um novo

procedimento de avaliação de impacte ambiental relativo à co-incineração de

resíduos industriais perigosos na fábrica da SECIL, no Outão.

O Tribunal de Almada decidiu, em 24 de Novembro de 2006, pelo levantamento do

decretamento, por entendimento de que não existia especial urgência e indícios de

não aplicação das regras e melhores técnicas.

A SECIL-Outão iniciou a valorização energética de RIP em 30 de Novembro de

2006. Em 24 de Janeiro de 2007, o Tribunal de Almada decidiu a aceitação da

providência cautelar por gradação de interesses e por periculum in mora e, por

isso, suspensão da eficácia do despacho de dispensa de AIA e do processo de co-

incineração de RIPs até decisão em acção principal. A SECIL-Outão suspendeu a

valorização energética de RIP em 24 de Janeiro de 2007.

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Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL–

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Em Julho de 2007, e devido ao facto da decisão sobre a necessidade de EIA só

poder ser tomada aquando do julgamento da acção principal referida, a SECIL-

Outão decidiu elaborar e apresentar, voluntariamente, o presente EIA.

ELEMENTOS AFECTADOS PELO PROJECTO Na definição da análise das vantagens e desvantagens do projecto foram tidos em

consideração tanto os aspectos técnicos como as principais questões que têm

preocupado a população relativamente à temática da co-incineração.

Destas preocupações destacam-se a eventual concordância deste projecto tanto

com os instrumentos de ordenamento do território como com a legislação

internacional, nomeadamente com a Convenção de Estocolmo; e ainda a influência

das emissões gasosas da SECIL-Outão na saúde pública e na ecologia.

A referida análise teve em consideração tanto os aspectos directos da actividade

fabril, isto é, dentro da fábrica, assim como os aspectos da actividade

complementar de transportes e das eventuais consequências no ambiente

envolvente (fora da fábrica).

Sendo assim, ao nível do Ordenamento do Território e Condicionantes foram

analisados todos os Instrumentos de Gestão Territorial (IGT) com incidência na

área de estudo, destacando-se o Plano Director Municipal (PDM) do município de

Setúbal, o Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de

Lisboa (PROTAML), e o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida

(POPNA).

Na Carta de Ordenamento do Plano Director Municipal de Setúbal, a área afecta

à Fábrica de cimento da SECIL encontra-se classificada como espaço de indústria

extractiva. Já na Planta de Síntese do Plano de Ordenamento das Áreas

Protegidas (POAP) – Parque Natural da Arrábida, aparece categorizada como

área de indústria Cimenteira - Área não abrangida por quaisquer regimes de

protecção.

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Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL–

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No PROTAML, a unidade territorial correspondente à área de estudo é a 10 -

Arrábida/Espichel/Matas de Sesimbra:

A unidade Arrábida / Espichel / Matas congrega uma vasta área a sudoeste da

Península de Setúbal e nela se inserem subunidades autónomas, mas com a

característica comum de constituírem espaços fundamentais do ponto de vista

natural. São eles a Serra da Arrábida, o Cabo Espichel, as matas de Sesimbra, a

área agrícola de Azeitão, o eixo urbano Sesimbra / Santana / Lagoa de Albufeira.

A Serra da Arrábida, classificada como Parque Natural, e o Cabo Espichel

correspondem a uma extensa área costeira e serrana compreendendo falésias,

costeira, marinhas, praias, maquis, garrigues, pastagens, florestas e áreas

agrícolas compartimentadas de elevado interesse e diversidade ecológica,

constituindo paisagens e zonas únicas incontornáveis na riqueza patrimonial natural

da AML.”

Em termos de áreas condicionadas, a Fábrica da SECIL - Outão não se localiza em

áreas classificadas de Reserva Agrícola Nacional (RAN) e Reserva Ecológica

Nacional (REN), inserindo-se somente dentro dos limites, quer do Parque Natural

da Arrábida, quer no Sítio de Interesse Comunitário PTCON0010 –

Arrábida/Espichel.

Da consulta efectuada conclui-se que estes Instrumentos de Gestão Territorial não

possuem em termos de conteúdo quaisquer referências específicas relativas à

temática da co-incineração em cimenteiras nacionais. Constata-se, no entanto, que

englobam sistematicamente normas e regras estratégicas referentes à

sustentabilidade/preservação ambiental em territórios importantes do ponto de

vista ambiental (inclusive ao nível da qualidade do ar), como é o presente caso.

Assim, tendo em consideração que as emissões, na esmagadora maioria dos

poluentes, são muito abaixo dos limites legais, e como mais à frente se demonstra

não se considera haver risco ecológico para os receptores na vizinhança da fábrica,

considerando-se que, relativamente à congruência do presente projecto com os

Planos de Ordenamento e Gestão do Território, se verifica a sua conformidade.

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Para a co-incineração de resíduos perigosos em fornos de cimento, existe definido

um conjunto de Melhores Técnicas Disponíveis e melhores práticas ambientais

em documentos desenvolvidos no âmbito da Convenção de Basileia e Convenção de

Estocolmo. Sendo assim, tornou-se fundamental avaliar o ponto da situação da

Fábrica SECIL-Outão, quanto ao cumprimento e instalação destas medidas. Para

tal, foi necessário efectuar uma análise sistemática que mostrou que a Fábrica

actualmente já possui e/ou aplica todas as melhores técnicas disponíveis e

melhores praticas ambientais para a co-incineração de resíduos perigosos

em fornos de cimento. Uma vez que a valorização energética de RIP na Fábrica

SECIL-Outão não implica qualquer alteração tecnológica, operacional ou de

dimensão, não se prevê qualquer alteração aos níveis sonoros emitidos (Ruído).

No âmbito deste estudo, foi elaborada uma Análise de Risco que teve por

objectivo avaliar os riscos inerentes às instalações da Fábrica SECIL-Outão

envolvidas no processo de co-incineração de resíduos industriais perigosos e

caracterizar os acidentes graves susceptíveis de ocorrer. Do resultado desta

análise, conclui-se que os riscos identificados são considerados de grau “Menor” ou

“Desprezável”, isto é riscos pequenos.

O transporte dos Resíduos Industriais Perigosos, considerada uma actividade

complementar a este projecto, foi analisado em profundidade principalmente no

que diz respeito ao trajecto dos camiões que transportam os resíduos.

De acordo com a análise do tráfego e dos movimentos dos camiões, conclui-se que

o acréscimo de viaturas previsto não é suficiente para provocar um agravamento da

qualidade do ar nem um agravamento da qualidade do ambiente sonoro (Ruído).

O acréscimo diário de 12 veículos pesados corresponde a um acréscimo aproximado

de 3 veículos pesados por cada 4 horas (horário diurno), o que é muito inferior à

normal variação do de veículos no acesso à fábrica e nas estradas analisadas. Da

Análise de Riscos envolvidos nos Transportes, concluiu-se que com a exclusão

voluntária, por parte da SECIL-Outão do transporte de solventes, os riscos de

acidentes envolvendo o transporte de Resíduos Industriais Perigosos para a Fábrica

são classificados como “Menor”, ou seja pequenos.

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A Qualidade do Ar assume o papel principal na análise das consequências para o

ambiente (saúde publica, ecologia, águas, solos, entre outros) resultantes da

queima de RIP’s, devido às emissões gasosas dos fornos de cimento.

Avaliou-se em profundidade as medições em continuo (i.e. medições feitas sempre

que os fornos estão a produzir clinquer) e as medições pontuais de metais pesados

e dioxinas e furanos da SECIL-Outão. Estas últimas foram feitas num número

incomparavelmente superior a qualquer outra fábrica de cimento, por uma entidade

independente e verificadas, desde 2004, por outra entidade independente. Isto é

todas as medições foram realizadas pela empresa alemã ERGO uma das mais

conceituadas empresas de medições deste género. A Comissão de

Acompanhamento Ambiental da empresa teve a possibilidade de contratar a

empresa SGS Internacional, que respondia apenas à Comissão para analisar os

procedimentos de recolha de amostras e os combustíveis que eram utilizados

durante a recolha das amostras.

Relativamente à análise das medições em contínuo concluiu-se que a fábrica

emite abaixo dos valores a que está legalmente obrigada. Essa situação é ainda

mais evidente no que diz respeito às dioxinas e furanos e metais pesados onde as

emissões são entre 10 e mais de 100 vezes abaixo dos seus limites legais. De

sublinhar que todos estes dados foram analisados desde 2002 e que a estabilidade

das emissões ao longo do tempo é total. Estas conclusões estão expressas, a nível

de exemplo, nas figuras seguintes onde se analisa a variação, pouco significativa e

sempre claramente abaixo do limite legal, de emissões de dioxinas e furanos e de

mercúrio ao longo dos anos e com a utilização de diferentes combustíveis (isto é,

com a utilização ou não de Resíduos Industriais classificados como Banais ou

Perigosos)

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Estudo de Impacte Ambiental da Co-incineração de Resíduos Industriais Perigosos na Fábrica da SECIL–

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UVW

00,010,020,030,040,050,060,070,080,090,1

0,11

0 20 40 60 80

BrancoRIBRIPLimite

Figura.6– Medidas de emissão de dioxinas e furanos ao longo dos anos (desde

2002) de acordo com o tipo de combustível (só uso de combustíveis tradicionais –

Branco-, com uso de Resíduos Industriais Banais – RIB-, e uso de Resíduos

Industriais Perigosos – RIP). É também referido o limite legal de 0.1 ng/Nm3 ou

seja 0,000 000 000 1 g/Nm3 (Grama por Normal Metro Cúbico).

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0 20 40 60 80 100

BrancoRIBRIPLimite

Figura.7 – Medidas de emissão de mercúrio ao longo dos anos (desde 2002) de

acordo com o tipo de combustível (só uso de combustíveis tradicionais – Branco-,

com uso de Resíduos Industriais Banais – RIB-, e uso de Resíduos Industriais

Perigosos – RIP). É também referido o limite legal emissão de mercúrio de 0.05

mg/Nm3 ou seja 0,000 000 5 g/Nm3 (Grama por Normal Metro Cúbico).

Foram também realizados estudos de dispersão de poluentes com os dados

meteorológicos e a topografia específicos da zona, e com as emissões da SECIL-

Outão. Tendo em consideração dos dados mencionados foi possível estudar (com

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métodos validados internacionalmente – pela EPA Ministério de Ambiente dos USA)

a influência da fábrica na qualidade do ar da região. Usaram-se para tal as

emissões reais da fábrica, muito abaixo dos valores legais, (cenário 1) como

também se aumentou artificialmente as mesmas partindo do princípio que a fábrica

emitia segundo os limites máximos (cenário 2). A partir desses estudos pôde

avaliar-se os efeitos estimados da fábrica na qualidade do ar e comparar com os

valores recomendados na legislação ou por organizações de referência como a

Organização Mundial de Saúde.

Desse trabalho conclui-se que os impactes para a qualidade do ar na região

enquadram-se perfeitamente nos limites e referências citadas. Particularmente

importantes são as conclusões relativas aos metais pesados e às dioxinas e furanos

e que, nos dois cenários estudados (cenários 1 e 2), indicam uma influência nula na

qualidade do ar.

Mas uma coisa são as emissões ao longo de um período de tempo estimado, um

ano no caso, e outra completamente diferente é o efeito cumulativo dos poluentes

ao longo de toda uma vida. Assim, foi levada a cabo uma análise de risco para a

saúde pública das emissões da fábrica nos piores cenários possíveis (por exemplo,

avaliar o impacte na saúde de toda a vida de uma pessoa que vivesse no ponto

onde todos os poluentes tivessem o seu valor máximo e se alimentasse apenas de

comida produzida no local) e avaliada a probabilidade de desenvolvimento de

doenças cancerígenas e não cancerígenas. A avaliação efectuada, uma das poucas

avaliações de risco multi-exposicional realizadas no nosso país, demonstra que,

mesmo nos piores cenários, a estimativa de risco de doenças como consequência

das emissões da fábrica é considerada insignificante (comparando sempre com os

valores internacionais – da EPA norte-americana, por exemplo).

A área de estudo localiza-se numa das zonas mais relevantes em termos naturais

do território português: a Serra da Arrábida, que possui muitas zonas de grande

importância e naturalidade. Uma das características mais marcantes é a sua

vegetação, estando presentes muitas espécies de plantas raras. A importância

desta Serra levou a que se tenha constituído um Parque Natural (Parque Natural da

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Arrábida) e, mais recentemente, um Sítio de Interesse Comunitário da Rede Natura

2000 (SIC PTCON0010 – Serra da Arrábida).

Para além da riqueza em termos de vegetação, a Serra da Arrábida possui ainda

uma fauna muito variada com algumas espécies raras e ameaçadas, tais como os

morcegos de ferradura.

A área de estudo considerada para o projecto apresenta uma cobertura muito

diversificada, intercalando zonas agrícolas e urbanas nos vales aplanados, com

áreas de floresta e ocupadas com o matagal característico da Arrábida, dominado

por carrascos. Apenas parte dos tipos de vegetação encontrados na área de estudo

pode corresponder a habitats naturais incluídos no Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24

de Fevereiro (transposição das Directiva Aves e Habitats) e encontram-se mais

localizados nas áreas com maiores elevações (Serra da Arrábida, Serra de S. Luís).

No que diz respeito à relação entre os habitats existentes e os animais, as

características dos primeiros condicionam a presença dos segundos, ou seja,

existem habitats com maior importância para a fauna do que outros, quer devido à

disponibilidade de alimento, quer pela disponibilidade de locais de reprodução e

abrigo. Na área de estudo, as zonas mais importantes para os animais

correspondem aos locais que têm vegetação mais natural, como os matos e

matagais, os montados de sobro ou as galerias ripícolas associadas às linhas de

água.

Para determinar os efeitos do projecto - substituição de 40% do coque de petróleo

actualmente utilizado por resíduos industriais perigosos – foram analisadas as

concentrações esperadas dos poluentes resultantes do processo de fabrico de

cimento nos sistemas naturais (animais, vegetação), tendo sido feito um modelo de

dispersão de poluentes que se baseou num cenário real (tem por base as

concentrações que se verificam actualmente nas emissões da fábrica) e num

cenário de valor limite de emissão (que se baseia naquilo que a fábrica poderia

emitir sem violar a lei). Após este modelo ter sido feito, com base nos resultados

obtido foi elaborada uma análise de risco ecológico, ou seja, uma análise aos

perigos resultantes da deposição de poluentes no solo e vegetação.

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Ou seja a partir da análise de risco multi-exposional foi estimada a influência das

emissões gasosas no solo, em plantas e animais. Daí foi possível comparar as

exposições previstas com os piores cenários possíveis para esses receptores e

avaliar o risco ecológico, com resultados equivalentes (risco insignificante).

Em conclusão, e tendo em consideração os resultados obtidos para a qualidade do

ar, assim como da análise de risco realizada ao nível da saúde pública, ecologia,

solos e águas, pode referir-se que, uma vez que as concentrações de poluentes

emitidos pela instalação fabril se situam muito abaixo dos valores definidos pelas

leis portuguesa, europeia ou recomendados pela Organização Mundial de Saúde, a

valorização energética dos resíduos industriais perigosos na Fábrica da Secil-Outão,

não implica a ocorrência de efeitos negativos ao nível da qualidade do ar e saúde

pública, componente ecológica, solos e águas (subterrâneas e superficiais).

No domínio da Componente Social, procurou-se analisar a substituição do uso de

parte de combustíveis actuais (coque de petróleo e carvão) pelo uso de Resíduos

Industriais Perigosos sob duas perspectivas: a análise das consequências socio-

económicas para o concelho, região e país; e a avaliação das consequências para a

população local ou concelhia.

Ao nível sócio-económico, as consequências relevantes referem-se sobretudo a

ganhos económicos do processo. A possibilidade de co-incinerar os Resíduos

Industriais Perigosos em Portugal permitirá às actividades nacionais produtoras de

resíduos menores custos no encaminhamento dos mesmos (devido a encurtar as

distâncias de percurso dos mesmos desde que saem do gestor autorizado até ao

seu destino na Secil). Por outro lado, também as cimenteiras portuguesas pouparão

na compra de combustíveis, à semelhança do que já acontecia com as outras

cimenteiras na europa que fazem co-incineração, colocando-as assim no mesmo

patamar de competitividade. Deste modo a co-incineração permite um aumento da

competitividade das empresas e do País devido à menor importação de

combustíveis e devido a um sistema de tratamento de resíduos mais robusto e não

dependente da exportação e cumprindo o princípio da auto-suficiência.

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No que respeita ao modo como a população do concelho se adaptará a esta nova

realidade há a referir que, apesar do processo não implicar qualquer alteração

significativa em termos de diferenças palpáveis e visíveis (aspecto que facilita a

adaptação), existem no entanto algumas crenças populares associadas ao processo

que podem contribuir para dificultar a adaptação.

Se de um modo geral se considera que mais de metade da população se adaptará

bem a esta realidade, por reconhecerem mais valias no funcionamento da Secil e

na segurança da unidade industrial; existe uma pequena parte da população que

por possuir já uma predisposição afectiva negativa face à Secil estará sempre

contra o processo e apresentará maiores dificuldades de adaptação.

Para além destes existe um terceiro grupo de pessoas, que apresentando uma

atitude mais neutra face à SECIL e ao processo de co-incineração, para quem o

processo de adaptação será mais facilitado se existir um programa de comunicação

sério que permita o esclarecimento da população sobre o projecto em causa, pelo

que foram propostas no âmbito do estudo um conjunto de medidas para a

elaboração dos programas e dos conteúdos de comunicação, assentes em

experiências de sucesso doutros países. Referem-se nomeadamente a manutenção

da Comissão de Acompanhamento Ambiental existente, da actividade Semana de

Portas Abertas, e da monitorização Psicossocial para informar sobre o sucesso dos

programas de comunicação e avaliar eventuais necessidades de ajustamento dos

mesmos.

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DESENHOS