RESUMO O Teatro Epico

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O texto inicia-se abordando o livro da República de Platão que contém a classificação de obras literárias segundo gêneros. No 3.º livro, Sócrates explica que há três tipos de obras poéticas. O primeiro é inteiramente imitação, o segundo é um simples relato do poeta e o terceiro une ambas as coisas.

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RESUMO: ROSENFELD, Anatol. Gneros e traos estilsticos; Os gneros pico e lrico e seus traos estilsticos fundamentais. In: ______. O teatro pico. So Paulo: DESA, 1965 (Coleo Buriti). p. 3-14.

1. GNEROS E TRAOS ESTILSTICOS 1.1 Observaes gerais O texto inicia-se abordando o livro da Repblica de Plato que contm a classificao de obras literrias segundo gneros. No 3. livro, Scrates explica que h trs tipos de obras poticas. O primeiro inteiramente imitao, o segundo um simples relato do poeta e o terceiro une ambas as coisas. H, segundo Aristteles, vrias maneiras literrias de imitar a natureza, ou seja, imitando os objetos numa mesma situao em uma simples narrativa, ou apresentando personagens executados por eles prprios. Nessa citao Aristteles refere-se aos gneros pico (isto , narrativo) e dramtico. Entre duas maneiras de narrar o que se assemelha a poesia lrica o fato de que se insinua o autor dentro da poesia sem que ele intervenha em outro personagem. Quanto forma dramtica, defendida como aquela em que a imitao ocorre com a ajuda de personagens que, eles mesmos, agem ou executam aes. Isto , a imitao executada por personagens em ao diante de ns p.04. A pureza em matria de literatura no necessariamente um valor positivo. Ademais, no existe pureza de gneros em sentido absoluto. O uso da classificao de obras literrias por gneros parece ser indispensvel, pois toda cincia requer a necessidade de se introduzir certa ordem na multiplicidade dos fenmenos. Nos gneros manifestam-se, sem dvida, tipos diversos de imaginao e de atitudes em face do mundo. 2.2 Significado substantivo dos gneros O texto afirma que a teoria dos gneros complicada pelo fato de os termos pico, lrico e dramtico serem empregados em duas acepes diversas. A primeira acepo a que chega mais prxima associada estrutura dos gneros, chamada de substantiva.Em obras literrias pertencer Lrica todo poema de extenso menor; far parte da pica, toda obra que seja poema ou no, de uma extenso maior; j a Dramtica, pertencer toda obra dialogada em que atuarem os prprios personagens sem serem, em geral, apresentados por um narrador. O poema Lrico denotado quando uma voz central sente um estado de alma e o traduz por meio de um discurso rtmico. A pica do gnero narrativo denominada quando contada uma histria em versos ou prosa como, por exemplo, a epopeia, o romance, a novela e o conto. J uma obra pertencente Dramtica constituda quando se localizam dilogos no texto e quando ele destinado a levar a cena por pessoas disfaradas que atuam por meio de gestos e discursos no palco. O texto afirma que essas classificaes so artificiais, porm, necessrio estabelec-las para organizar a multiplicidade dos fenmenos literrios e comparar obras de um contexto de tradio e renovao. 2.3 Significado adjetivo dos gneros A segunda acepo que se distancia mais que a primeira como foi discutido anteriormente, refere-se a traos estilsticos de que uma obra pode impregnar-se em grau maior ou menor, qualquer que seja o seu gnero (no sentido substantivo).Costuma haver, sem dvida, aproximao entre gnero e trao estilstico: o drama tender, em geral, ao dramtico, o poema lrico ao lrico e a pica (epopeia, novela, romance) ao pico (p.07). Diante dessa afirmao o texto afirma a seguir que, apesar de toda obra literria obter traos estilsticos de um gnero em questo, haver tambm traos estilsticos tpicos de outros gneros.Visto que no gnero geralmente se revela pelo menos certa tendncia e preponderncia estilstica essencial (na Dramtica pelo dramtico, na pica pelo pico e na Lrica pelo lrico), verifica-se que a classificao dos trs gneros implica um significado maior do que geralmente se tende a admitir.

2. OS GNEROS PICO E LRICO E SEUS TRAOS ESTILSTICOS FUNDAMENTAIS

2.1 Observaes gerais Aps descrevidos os trs gneros e atribudos os traos estilsticos essenciais, chegar-se- constituio de tipos ideais puros como tais inexistentes, porm, as variaes empricas e a influncia de tendncias histricas nas obras individuais, nunca so inteiramente puras. A pureza dramtica de uma pea teatral no determina seu valor, quer como obra literria, quer como obra destinada cena. Uma pea, como tal pertencente Dramtica, pode ter traos picos to salientes que a sua prpria estrutura de drama atingida, a ponto de a Dramtica quase se confundir com a pica.A constituio de um gnero literrio dramtico ou pico influem peculiaridades do autor e da sua viso do mundo de acordo com o estilo geral da poca ou do pas. 3.4 O gnero lrico e seus traos estilsticos fundamentais O gnero lrico foi anteriormente definido como sendo o mais subjetivo: no poema lrico uma voz central exprime um estado de alma e o traduz por meio de oraes. Trata-se de emoes e disposies psquicas vividas e experimentadas nos gneros estilsticos. A manifestao verbal imediata de uma emoo ou de um sentimento o ponto de partida da lrica. A Lrica tende a ser a plasmao imediata das vivncias intensas de um Eu no encontro com o mundo, sem que interponham eventos distendidos no tempo (como na pica e na Dramtica). A Lrica se configura apenas por meio de expresso de um estado emocional e no a narrao de um acontecimento, ou seja, o poema lrico puro no chega a configurar nitidamente o personagem central, nem outros personagens, embora possam ser evocados de acordo com o tipo do poema. Quanto mais os traos lricos se salientarem, tanto menos se constituir um mundo objetivo, independente das intensas emoes da subjetividade que se exprime. De acordo com o poema de Vinicius de Morais, a treva, o luar, o mar, se fundem por inteiro com o Eu lrico. O universo se torna expresso de um estado interior. O uso do ritmo e da musicalidade das palavras e dos versos associa-se, com a intensidade expressiva e ao carter imediato do poema lrico. 3.5 O gnero pico e seus traos estilsticos fundamentais O gnero pico mais objetivo que o lrico, isso porque a subjetividade do narrador est sempre presente em paisagens imaginrias, mesmo quando os personagens dialogam em voz direta, o narrador que lhes d a palavra.O narrador, muito mais que exprimir a si mesmo (o que naturalmente no excludo) quer comunicar alguma coisa a outros que, provavelmente, esto sentados em torno dele e lhe pedem que lhes conte um caso (p.13). Segundo o texto o narrador no exprime o prprio estado da alma, mas narra histrias que aconteceram com outras pessoas com serenidade e objetividade. A funo mais comunicativa que expressiva da linguagem pica d ao narrador maior flego para desenvolver, com calma e lucidez, um mundo mais amplo. , sobretudo fundamental na narrao o desdobramento em sujeito (narrador) e objeto (mundo narrado). O narrador, ademais, j conhece o futuro dos personagens (pois toda histria j decorreu) e tem por isso um horizonte mais vasto que estes; h, geralmente, dois horizontes: o dos personagens, menor, e o do narrador, maior. Isso no ocorre no poema lrico em que existe s o horizonte do Eu lrico que se exprime. Ao narrar uma histria o narrador imitar talvez quando os personagens falarem com suas vozes e seus gestos, mas no o vivenciando, e sim mostrando ou ilustrando como esses personagens se comportam sem se transformar neles, pois o prprio no poderia se transformar em vrios personagens ao mesmo tempo e manter a mesma distncia e atitude de narrar.