207
RESUMOS ESTENDIDOS AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E HISTORIA DE LA CIENCIA DEL CONO SUR Editado por Osvaldo Pessoa Jr.; Luciana Zaterka & Lilian A.-C. P. Martins. Águas de Lindoia: AFHIC, 2016. 12 a 15 de setembro de 2016 Hotel Majestic, Águas de Lindoia, SP www.afhic.com

RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

RESUMOS ESTENDIDOS

AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL

AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E HISTORIA DE LA CIENCIA DEL CONO SUR

Editado por Osvaldo Pessoa Jr.; Luciana Zaterka & Lilian A.-C. P. Martins. Águas de Lindoia: AFHIC, 2016.

12 a 15 de setembro de 2016 Hotel Majestic, Águas de Lindoia, SP

www.afhic.com

Page 2: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

RESUMOS ESTENDIDOS

AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL

AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E HISTORIA DE LA CIENCIA DEL CONO SUR

Editado por Osvaldo Pessoa Jr.; Luciana Zaterka & Lilian A.-C. P. Martins.

Águas de Lindoia: AFHIC, 2016.

ISBN: 978-85-65212-51-9

12 a 15 de setembro de 2016 Hotel Majestic, Águas de Lindoia, SP

www.afhic.com

Page 3: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

CATALOGAÇÃO NA FONTE SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

Responsável: Marciléia Aparecida de Paula CRB: 8530/8

Encontro de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul (10. : 2016 : Águas de

Lindóia, SP) Resumos estendidos do AFHIC – X Encontro de Filosofia e História da Ciência do

Cone Sul/ X Encontro de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul = XEncuentro de Filosofía e Historia de laCienciadelConoSur ; Edição de Osvaldo Pessoa Jr., Luciana Zaterka, Lilian A.C. P. Martins– [S.l.: s.n.], 2016.

170p. : il.

Evento realizado de 12 a 15 de setembro de 2016no Hotel Majestic em Águas de Lindóia, SP.

ISBN978-85-65212-51-9

1. Filosofia da Ciência. 2. História da Ciência. I. Pessoa Jr., Osvaldo, ed. II.Zaterka, Luciana, ed. III. Martins, Lilian A.C.P., ed. IV. Título.

CDD 22 ed. – 501

Encontro de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul (10. : 2016 :

Águas de Lindoia, SP) Resumos estendidos do AFHIC – X Encontro de Filosofia e História da

Ciência do Cone Sul/ X Encontro de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul = X Encuentro de Filosofía e Historia de la Ciencia del Cono Sur ; Edição de Osvaldo Pessoa Jr., Luciana Zaterka, Lilian A.C. P. Martins – [S.l.: s.n.], 2016.

203p. : il.

Evento realizado de 12 a 15 de setembro de 2016 no Hotel Majestic em Águas de Lindoia, SP.

ISBN 978-85-65212-51-9

1. Filosofia da Ciência. 2. História da Ciência. I. Pessoa Jr., Osvaldo, ed. II. Zaterka, Luciana, ed. III. Martins, Lilian A.C.P., ed. IV. Título.

CDD 22 ed. – 501

Page 4: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

A figura da capa foi extraída de: du Toit, Alex L. (1948). Comparação geológica entre a América do Sul e a África do Sul. Trad. K.E. Caster & J.C. Mendes. São Paulo: Universidade de São Paulo. Figura 7, p. 156. Desenho adaptado por Antônio Monte. Original em inglês: du Toit, A.L. & Reed, F.R.C. (1927). A geological comparison of South America with South Africa. Washington: Carnegie Institution. Alexander Logie du Toit (1878-1948) defendia a “hipótese do deslisamento continental” (continental drift), de Alfred Wegener, que usou esta figura na quarta edição (1929) de seu livro de Die Entstehung der Kontinente und Ozeane.

Mapa das universidades presentes no X Encontro de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul

Page 5: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

1

Sumário A. Nicolás Venturelli Domando la nueva filosofía mecanicista de la explicación . . . . . . . 13 A. Nicolás Venturelli Experimentos exploratorios en neurociencias . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Alex Espinoza Verdejo La inconmensurabilidad de las teorias científicas: el problema de Kuhn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Alexander Brilhante Coelho O primeiro artigo de Mario Schenberg e o contexto politécnico . . . 17 Alfio Ariel Zambon Los límites del sistema periódico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Alfio Ariel Zambon & Mariana Córdoba Las categorías ontológicas en química desde la perspectiva del problema de los nanomateriales y sus propiedades . . . . . . . . . 20 Amilcar Baiardi Da civilização pós-industrial para a biocivilização . . . . . . . . . . . . . 21 Ana Fausta Borghetti Moinhos d’água no sul do Brasil entre o final do século XIX e início do século XX: tradições, máquinas e ferramentas . . . . . . 22 Ana Meléndez Crespo Tres ideas científicas de un abogado sureño, a galope entre metafísica, hermetismo y modernidad ilustrada. En la magna Descripción y Guía de Potosí (1789), de Pedro Vicente Cañete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Ana Paula de Oliveira Pereira Morais Brito & Lilian Al-Chueyr Pereira Martins Pré-formação versus epigênese no século XX: Morgan e a hipótese/teoria cromossômica (1900-10) . . . . . . . . . . . 25 Anderson Alves da Silva A leitura categorial da teoria quântica dos campos topológica . . . 26 Anderson Luis Nakano Máquinas de Zenão e a distinção entre cálculo e experimento . . . 27 Andrea F. Melamed Las emociones y los nuevos enfoques en la filosofía de la mente . 28

Page 6: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

2

Andres Bobenrieth M. Filosofía del entendimiento de Andrés Bello y su recepción: ¿un espejo en el que mirarnos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Anna Carolina Krebs Pereira Regner Charles Darwin e uma nova teleologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Antonio Augusto Passos Videira Descoberto ou confirmado? Elementos para uma biografia do méson π e seu lugar na historiografia da física da segunda metade do segundo XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Antony M. M. Polito & Caio M. M. Polito Natureza do espaço em Leibniz e a correspondência Leibniz-Clarke 34 Ariel Roffé El rol de los factores externos en el debate de la sociobiología humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Ariel Roffé & Santiago Ginnobili Modelos de optimalidad y explicación funcional . . . . . . . . . . . . . . . 35 Arthur Arruda Leal Ferreira Modos de conexão entre os saberes e práticas psicológicas . . . . . . 37 Carlos Cardona Kepler: la luz y la matematización del mundo físico . . . . . . . . . . . . 38 Carlos Cardona Pirámide visual: reconstrucción racional de la evolución de un instrumento conceptual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Caroline Andreassa Caracho & Osvaldo Pessoa Jr. História contrafactual da teoria da tectônica de placas . . . . . . . . . 40 César Lorenzano La historia de la técnica de cultivo de tejidos y su llegada a nuestras tierras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Christián C. Carman El primer Copernicano fue Copérnico: el heliocentrismo en la Antigüedad . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Christian Francese, Nahuel Pallitto & Agustín Martínez El vínculo entre ciencia y tecnología en la ingeniería genética: el caso de los organismos genéticamente modificados y el human enhancement . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Page 7: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

3

Cibelle Celestino Silva Como em uma fábrica: modelos mecânicos para o éter na física vitoriana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Cintia Graziela Santos É possível encontrar em Factors of evolution: theory of stabilizing selection (1949) de Ivan Ivanovich Schmalhausen, ideias relacionadas à plasticidade fenotípica? . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Claudemir Roque Tossato A noção de “estilos de raciocínio científico” aplicada no programa Brahe-Kepler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Cláudio Abreu Aportes de la metateoría estructuralista a la sociología: un posible diálogo con Ritzer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Claudio Ricardo Martins dos Reis A abordagem de Hugh Lacey sobre o papel dos valores na atividade científica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Cristian López, Mariana Córdoba & Hernán Accorinti Realidad y “realidades”: pluralismo, escepticismo y realismo . . . . 49 Cristian López & Olimpia Lombardi Experimentos cuánticos de “elección retardada” desde una ontología modal de propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Cristian Soto Epistemic mathematical realism – or, assessing the limits of mathematical realism . . . . . . . . . . . . . . . 52 Cristiano Cordeiro Cruz Engenheiros e transformação da ordem sociotécnica: uma relação ainda grandemente negligenciada pela reflexão filosófica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Damián Fernández Beanato Ciencia y pseudociencia en la Antigüedad. Intuiciones demarcacionistas en la obra de Agustín de Hipona . . . 54 Daniel Blanco La otra teoría de Darwin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Daniel C. Baiardi Uma história da semiótica no Brasil - Tupi or not Tupi? . . . . . . . . . 57 Dante F. C. Reis Jr. Filosofia da Geografia, Epistemologia da Ciência Geográfica e Geografia da Ciência: definições e correspondências . 58

Page 8: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

4

Diana Taschetto Dirt under the carpet is still dirt: multiverse theories under epistemological and ontological scrutinity . . . . . . . . . . . . . . 60 Diego Letzen & Federico Ferrero Argumentación en red y metacognición . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Diego Romero-Maltrana & Federico Benitez Propuesta de ontología coherente para entidades fundamentales . 62 Edilson Antedomenico & Marcia Reami Pechula Ética, ciência e educação: um estudo a partir da ação direta de inconstitucionalidade sobre as pesquisas com células-tronco no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Elisabete Alerico Gonçalves O ensino universitário e a metateoria estruturalista . . . . . . . . . . . 64 Erivanildo Lopes da Silva, Nirly Araújo dos Reis & Nelson Bejarano O eixo da pesquisa com a inserção da História da Ciência no contexto formativo do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Esteban Cynowiec & Guillermo Folguera Problemas y desafíos de la utilización de modelos animales para el estudio de alteraciones psiquiátricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 Fábio Gatti Condições de contorno na Física: refletindo sobre a redução da Termodinâmica à Mecânica Estatística . . . . . . . . . . . 68 Fábio Rodrigo Leite Leis experimentais, hipóteses e convenções na origem do convencionalismo científico francês . . . . . . . . . . . . . . 68 Federico Nahuel Bernabé Biología, género y pluralidad: contra el dogmatismo ambientalista 70 Federico Nahuel Bernabé ¿Cerebros sexualmente dimórficos? Análisis modeloteórico de una controversia en neurociencia . . . . . 70 Fernanda Gonçalves Arcanjo & Edson Pereira da Silva A “hipótese provisória da pangênese”: discurso ou pensamento teleológico? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Germán Guerrero Pino Datos, fenómenos y teorías . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

Page 9: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

5

Gilmar Evandro Szczepanik O progresso tecnológico através do design normal e do design radical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Gilson Olegario da Silva Os empiristas vão à missa: comprometimentos ontológicos de frameworks linguísticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 Giselle Alves Martins & Fernanda da Rocha Brando Teleologia e polinização: uma contribuição à Filosofia da Biologia 78 Gonzalo L. Recio Galileo y Arquímedes: un estudio en dorado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Gonzalo L. Recio Movimientos uniformes en el segundo modelo lunar de Ptolomeo . 80 Guilherme Rodrigues Neto Sobre a “perfeição” das lunetas cartesianas: uma leitura integral de A dióptrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Guillermo Folguera & Christian Francese La tecnociencia y el carácter híbrido del discurso asociado a los OGMs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Gustavo Bodanza Un método de tablas analíticas para marcos argumentativos . . . . 83 Gustavo Caponi Maupertuis, Diderot, e o delineamento de uma explicação materialista da congruência entre estrutura e função nos seres vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Gustavo Leal Toledo O problema da hereditariedade dos memes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 Heloísa Valéria Castro Definição, escopo e limites da crítica ao psicologismo no pensamento de Gottlob Frege . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Hernán Accorinti, Juan Camilo Martínez González & Sebastián Fortin Modelos atómicos y moleculares: ¿independencia conceptual o relativa? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Hugo Neri & Osvaldo Pessoa Jr. Ciência sem consciência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Ignacio León Incompatibilidad entre la Relatividad Especial y la Teoría A . . . . . 91

Page 10: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

6

Ingrid Derossi, Ivoni Freitas-Reis & Friedrich Lenger A visão de ciências e de ensino de ciências do químico Justus von Liebig (1803-73) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Irma Catherine Bernal Castro Una perspectiva evolutiva integral de la cooperación y la coordinación . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Ivoni Freitas-Reis & João Batista Alves dos Reis Debatendo temas e estratégias para a inserção da História da Ciência no Ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Jailson Alves dos Santos, Nelson Bejarano & Marcelo Leandro Eichler Objetos Educacionais Digitais: avaliação à luz da epistemologia de Bachelard . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 Jesse Z. Peternella Revolução copernicana na epistemologia kantiana . . . . . . . . . . . . . 97 João Batista Alves dos Reis & Ivoni Freitas-Reis Sobre a doutrina, natureza e extensão da decomposição eletroquímica em 1833-34 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 João Batista de Almeida Sobrinho Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas e a memória oral como instrumento da identidade local . . . . . . . . . 101 João F. N. Cortese Colocando os indivisíveis na balança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 Jojomar Lucena & José Raymundo Novaes Chiappin A geometria como instrumento heurístico para a reformulação da Termodinâmica Clássica na Termodinâmica de Gibbs ou de potenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 Jorge Alberto Molina Estilo geométrico versus estilo dialéctico y retórico: una controversia sobre la forma de exposición del saber a final del siglo XVII . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 José Ahumada Conciencia como indicador del consumo de energía: un punto de vista de la conciencia desde la neurociencias afectivas . . 105 José Ernane Carneiro Carvalho Filho O realismo de segunda posição bachelardiano – uma ruptura como o realismo meyersoniano . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

Page 11: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

7

José Lourenço Cindra A função característica de Hamilton e a criação de uma ciência dedutiva da óptica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Juan Camilo Martínez González, Sebastián Fortin & Olimpia Lombardi El problema de los enantiómeros en química cuántica . . . . . . . . . . 108 Julián Reynoso El nuevo problema de la vieja evidencia: double-counting en modelos y simulaciones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Julián Reynoso & Andrés A. Ilcic Hacia una articulación de modelos: el caso de big data . . . . . . . . . . 112 Juliana Gutiérrez Valderrama Empirismo vs innatismo en el siglo XIX y los estudios sobre la visión del color . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Julio Vasconcelos Características estruturais da teoria dos projéteis de Galileo . . . . 115 Karina Silva Garcia ¿Estudio inter o transdisciplinar de la Ciencia? Abordaje de un problema de actualidad . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 Leonardo Augusto Luvison Araújo A importância de argumentos históricos na legitimação da Síntese Moderna da Evolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .116 Leonardo Rogério Miguel Notas sobre os escritos evolucionistas do jovem matemático William Kingdon Clifford . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Leonardo Rogério Miguel William K. Clifford e a Ciência enquanto craftmanship . . . . . . . . . . 119 Lilian Al-Chueyr Pereira Martins Neolamarckismo no século XX: Paul Kammerer e a herança de caracteres adquiridos: o início de uma controvérsia (1900-1913) . 120 Lilian Godoy Novas biotecnologias e bionanotecnologia: um desafio premente à Filosofia da Técnica e Tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Lincoln Tadeu Zacconi Uma brevíssima visão histórica dos sistemas lógicos na Índia antiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Lorenzo Baravalle A controvérsia Fisher-Wright: uma questão de estilo . . . . . . . . . . . . 124

Page 12: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

8

Luana Angélica Janota de Carvalho, Francisco Rômulo Monte Ferreira, Silvia Honda Takada & Maria Inês Nogueira Anóxia neonatal: revisão histórica e modelos de estudo . . . . . . . . . 125 Luana Fonseca da Silva Rocha & Gustavo Rodrigues Rocha Uma análise do conceito de feminilidade nos textos de Sigmund Freud . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Luciana Zaterka Transgênicos e o princípio de equivalência substancial: uma perspectiva epistemológica a partir da química . . . . . . . . . . . . 127 Luciana Zaterka & Ronei Clécio Mocellin História, matéria e operacionalidade: o “programa baconiano” e a gênese histórico-conceitual da química moderna . . . . . . . . . . . . 128 Luis Miguel Peris Viñé Aplicaciones de una teoría semántica reticular de los valores . . . . 130 Luis Urtubey & Diego Letzen Una perspectiva formal sobre la lógica y los errores en el razonamiento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Luis Urtubey, Sebastián Ferrando & Alba Massolo La lógica modal en la consideración estratégica del razonamiento deductivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Luiz Henrique de Lacerda Abrahão A filosofia da teoria quântica de Feyerabend e as bases do pluralismo metodológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Manuel Herrera Definición, contingencia y necesidad en la teoría de las cantidades conservadas de Phil Dowe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Marcelo Díaz Ludwig Wittgenstein y William James sobre el reduccionismo en psicología . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Marcelo Losada, Paula Iturbide & Sebastián Fortin Límite clásico e historias cuánticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 Marcia Reami Pechula Considerações teóricas em torno do conceito de Vida no contexto das ciências biotecnológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Marcos Antonio Pinto Ribeiro & Nelson Bejarano Filosofia da Química e currículo: conexões possíveis . . . . . . . . . . . 139

Page 13: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

9

Marcos Barbosa de Oliveira Inovação, PIB e meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 Marcos Rodrigues da Silva Darwin e a analogia entre seleção artificial e a seleção natural: epistemologia e pragmática . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 Maria Elice Brzezinski Prestes Experimentos e teorias sobre a digestão nos séculos XVII e XVIII . 142 María Eugenia Onaha La teoría de la coevolución genético-cultural y su aplicación en poblaciones humanas. El caso de los migrantes japoneses en Argentina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 María Laura Martínez Estilos de pensamiento & acción científicos: nodo basal en la obra de Ian Hacking . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 María Silvia Polzella & Penélope Lodeyro El valor de los modelos semiempíricos en las indagaciones de la química computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 Mariana Jó de Souza & Osvaldo Pessoa Jr. Uma história possível da descoberta da órbita elíptica de Marte . . 147 Marisa Alvarez La emergencia en los autómatas celulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 Martín Labarca El problema de la posición del hidrógeno y del helio en la tabla periódica: ¿es posible un nuevo enfoque? . . . . . . . . . . . . . . 150 Matías Saracho, Gustavo Morales & Erika Ortiz Leibniz y el desdoblamiento entre rigor formal y virtudes epistémicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 Mayra Moreira da Costa Modelos causais e fenômenos quânticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 Miguel Ângelo Flach O falseacionismo sob um novo olhar para a “crítica”, segundo Imre Lakatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 Mônica Ferreira Corrêa A formação dos sentimentos emocionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154 Nahuel Pallitto Sobre una forma de incompatibilidad epistemológica entre las subdisciplinas de la biología del comportamiento . . . . . . . . . . . . 156

Page 14: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

10

Oswaldo Melo Souza Filho As noções de mente ampla e de mente profunda em Duhem vistos como estilos de raciocínio científico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157 Otávio Bueno Evidence and styles of reasoning . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 Pablo Acuña Trayectorias inerciales en la teoría de la onda piloto . . . . . . . . . . . . 158 Pablo de Araújo Batista Superinteligência artifical: utopia ou distopia tecnológica? . . . . . . 159 Pablo Lorenzano Modelos y teorías en biología . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 Pablo Rubén Mariconda Anticiência e transgressão do éthos científico na utilização de transgênicos em larga escala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Pablo Rubén Mariconda Tecnociência e políticas científicas e tecnológicas . . . . . . . . . . . . . . 161 Pablo Rubén Mariconda Sobre o alcance técnico do Discurso do método & Ensaios . . . . . . . 162 Patrícia Kauark-Leite Incomensurabilidade e complementaridade: Feyerabend e Bohr . . 162 Paula Lipko ¿Múltiples patrones para la evolución biológica? . . . . . . . . . . . . . . . 162 Paula Lipko, Mariana Córdoba & María José Ferreira Ruiz Revisando las omisiones en la Teoría Extendida de la Evolución . . 164 Paulo Cacella Discrete and continuous in physics: a proposal of a self-contained universe based on the idea of a potential mapped over the real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165 Paulo C. Abrantes Evolução cultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 Paulo Tadeu da Silva Método, experiência e mecanicismo na meteorologia cartesiana . . 168 Pedrita Fernanda Donda Erasmus Darwin: ideias de geração e herança . . . . . . . . . . . . . . . . . 169

Page 15: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

11

Pedro Sérgio Rosa & Aguinaldo Robinson de Souza A teoria quântica e a contribuição de Poincaré – O artigo de 1912 e sua fundamentação termodinâmica . . . . . . . . . . 170 Raúl Chullmir El giro científico de la Medicina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 Renato R. Kinouchi A insensatez técnica: apontamentos sobre o mito de Dédalo . . . . . . 174 Rodolfo Vergne & Verónica Félix Reflexiones sobre la dualidad del concepto de “elemento químico” . 174 Rodrigo Cristino de Faria A reconstrução da física de Hiparco e a Micro-História . . . . . . . . . 175 Roger Rex Ética evolucionista: a importância da distinção entre altruísmo e moralidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176 Rogério de Souza Teza Papel das representações mentais no raciocínio indutivo . . . . . . . . 178 Roman Frigg The turn of the valve: how models represent . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179 Romeu Rossi Júnior Paul Feyerabend e o problema da medição quântica . . . . . . . . . . . . 179 Ronei Clécio Mocellin Estilo químico e temporalidades: artefatos químicos como objetos técnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180 Sandra Caponi Los Simuladores: verdad y poder en la psiquiatría de José Ingenieros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 Sandra Franco-Patrocínio & Ivoni Freitas-Reis A História da Ciência no ensino: a visão do professor universitário em relação à grandeza quantidade de matéria e sua unidade, o mol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182 Santiago Ginnobili La explicación funcional darwiniana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 Sebastián Fortin & Federico Holik El límite clásico de los retículos de propriedades . . . . . . . . . . . . . . . 185

Page 16: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

12

Silvio Seno Chibeni Por que a ontologia cartesiana deu tão certo? . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 Stefan Vrsalovic Muñoz Entre dos interpretaciones de la “normalización” de la filosofía . . 187 Taimara Passero Considerações sobre a interdependência entre a História da Ciência e a Filosofia da Ciência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 Thátyusce Bonfim & Breno Arsioli Moura As primeiras investigações de Benjamin Franklin sobre eletri- cidade: um estudo de suas primeiras cartas a Peter Collinson . . . . 189 Tomás Busan, Gabriela Klier & Federico di Pasquo Servicios ecosistémicos: una aproximación desde la filosofía de la Biología . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Uarison Rodrigues Barreto & Nelson Bejarano A filosofia da química e a linguagem química: um campo de problemas acerca da explicação química . . . . . . . . . . 192 Valter Alnis Bezerra Estilos de raciocínio e o problema dos registros de teorização metacientífica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193 Verónica Félix & Rodolfo Vergne El tejido de la evolución: introducción a los multimecanismos de la macroevolución . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194 Victor Marques Entre a filosofia da biologia e a filosofia da informação: Uma teoria do organismo precisa do conceito de conteúdo informacional? . . . . 195 Waldemar Menezes Canalli, Rildo Pereira da Silva & Tereza Luzia de Mello Vital Brazil: a variedade epistemológica contra a universalidade dos soros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196 Walquiria Godoy & Osvaldo Pessoa Jr. Argumento de não localidade da Mecânica Quântica sem pressupor o realismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198 William Ananias Vallério Dias Vida e pensamento de Edward Fredkin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 Yefrin Ariza, Pablo Lorenzano & Agustín Adúriz Bravo La enseñanza modeloteórica de las ciencias desde la perspectiva de la metateoría estructuralista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 Domando la nueva filosofía mecanicista de la explicación

Page 17: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

13

A. Nicolás Venturelli [email protected] Instituto de Humanidades, Universidad Nacional de Córdoba - CONICET, Córdoba, Argentina.

Durante los últimos años la cuestión de la explicación científica ha cobrado una renovada e inédita importancia en la filosofía de las neurociencias. El debate en torno de la clase de explicación que se lleva adelante en estos campos ha sido dominado por la idea de una explicación mecanicista. Tal ha sido el auge de esta posición que a menudo se habla de una “nueva filosofía mecanicista de la ciencia” (por ejemplo, Bechtel y Richardson, 2010, p. xvii), que articula la tesis general de que en ciertos campos científicos, y en especial en las ciencias biológicas, los fenómenos se explican a través de la identificación y especificación de los mecanismos responsables de los mismos.

Si bien la posición mecanicista ha sido elaborada inicialmente con atención a la biología molecular y celular, también ha sido y es hoy más que nunca la posición dominante para el caso de las ciencias cognitivas y, especialmente, de las neurociencias cognitivas (NC). Más allá de las diferencias existentes entre los diferentes autores, hay un núcleo común que conforma la posición mecanicista, ejemplificada con resultados en el estudio de diversos fenómenos cognitivos, como la memoria y la percepción visual, así como diversos fenómenos neuronales como el mantenimiento de los ritmos circadianos o la generación del potencial de acción.

Mi propósito en esta contribución es dar sustento a algunos límites en el alcance de la posición mecanicista tanto en lo que hace a su aplicación al campo contemporáneo de las NC como, más en general, al dominio que ha traído para la explicación científica como problema epistemológico en este sector. Para esto, parto de una caracterización de la posición mecanicista de base, compartida por la mayoría de sus defensores, posición que en particular destaca por oponerse a versiones pluralistas en torno de la explicación neurocientífica. Dos de sus representantes más reconocidos son William Bechtel y Carl Craver (Bechtel, 2001; Craver, 2006; Kaplan & Bechtel, 2011; Kaplan & Craver, 2011). Mi estrategia consiste no en oponerme a estas posiciones tomadas individualmente sino en identificar algunas de las consecuencias indeseables de su adopción irrestricta para el campo científico de interés.

Mi principal argumento gira en torno de una evaluación del nivel de desarrollo y la complejidad de las prácticas que caracterizan a las NC contemporáneas. La idea general que sostengo es que el campo disciplinar en cuestión no está lo suficientemente maduro para el debate filosófico asociado, tal como es planteado en la literatura: en particular, muestro cómo considerar la diversidad y estado de desarrollo de las NC debiera impactar sobre el problema de la explicación socavando la posibilidad de definir el estatus explicativo de resultadosespecíficos tanto en abordajes experimentales como de modelado. En línea con autores como Silberstein y Chemero (2013) y Woodward (en prensa), critico así la idea de que existe un único tipo de modelo para la explicación en este campo.

Muestro por otro lado que una visión más diacrónica sobre la investigación neurocientífica, concebida en términos de resolución de problemas, revela que sólo algunas de las preguntas que la estimulan conciernen de modo directo a la explicación. Los modelos filosóficos de la explicación debieranen este sentido ser más sensibles a las diferencias disciplinares y los factores contextuales asociados, y a la vez ponderar mayormente la relación de la explicación con otros objetivos epistémicos: una tendencia que cobraría especial interés considerando el extraordinario número de asunciones de carácter teórico y metodológico subyacentes a cada línea individual de trabajo en las NC, tanto en lo que hace al tipo de fenómeno bajo investigación como a los medios desplegados para estudiarlo. En relación con esto, finalizo con algunas consideraciones críticas más generales respecto del rol dominante del problema de la explicación científica, en especial en su variante mecanicista, en la reflexión filosófica sobre las NC.

Referencias

Aminoff, E., Balslev, D., Borroni, P., Bryan, R., Chua, E., Cloutier, J., et al. (2009). The landscape of cognitive neuroscience: Challenges, rewards, and new perspectives. In: M. Gazzaniga (Ed.), The cognitive neurosciences IV, pp. 1253-60. Cambridge (MA): MIT Press.

Bechtel, W. (2001). The compatibility of complex systems and reduction. Minds and Machines 11(4): 483-502.

Page 18: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

14

Bechtel, W. & Richardson, R. (2010). Discovering complexity. Cambridge (MA): MIT Press.

Craver, C. (2006). What mechanistic models explain. Synthese 153(3): 355-76.

Dale, R., Dietrich, E., & Chemero, A. (2009). Explanatory pluralism in cognitive science. Cognitive Science 33(5): 739-42.

Dupré, J. (2013). Living causes. Aristotelian Society Supplementary 87(1): 19-37.

Kaplan, D., & Bechtel, W. (2011). Dynamical models: An alternative or complement to mechanistic explanations? Topics in Cognitive Science 3(2): 438-44.

Kaplan, D., & Craver, C. (2011). The explanatory force of dynamical and mathematical models in neuroscience. Philosophy of Science 78(4): 601-27.

Koertge, N. (1992). Explanation and its problems. British Journal for the Philosophy of Science 43(1): 85-98.

Matthewson, J. (2011). Trade-offs in model-building: A more target-oriented approach. Studies in History and Philosophy of Science 42(2): 324-33.

Silberstein, M. & Chemero, A. (2013). Constraints on localization and decomposition as explanatory strategies in the biological sciences. Philosophy of Science 80(5): 958-70.

Sullivan, J. (2009). The multiplicity of experimental protocols. Synthese 167(3): 511-39.

Woodward, J. (en prensa). Explanation in neurobiology: An interventionist perspective. In: D. Kaplan (Ed.), Integrating psychology and neuroscience: Prospects and problems. Oxford: Oxford University Press. URL: http://philsci-archive.pitt.edu/10974/2/jw._8.23._Kaplan.Explanation _in_Neurobiologyx.pdf.

Experimentos exploratorios en neurociencias A. Nicolás Venturelli [email protected] Instituto de Humanidades, Universidad Nacional de Córdoba - CONICET, Córdoba, Argentina.

Si bien la resonancia magnética funcional ha sido crecientemente adoptada en los estudios experimentales sobre sujetos humanos hasta convertirse en la técnica de neuroimagen más difundida en las neurociencias cognitivas (NC), la reflexión filosófica sobre su estatus epistemológico y el tipo de inferencias que viabiliza es aún incipiente. Intento aquí colaborar a una caracterización rigurosa de las prácticas experimentales en las NC – en particular, aquellos experimentos cuyo diseño comprende el control y la manipulación de los procesos cognitivos de interés – que permita además evaluarlas en términos epistemológicos.

En otros trabajos he analizado, por un lado, la aplicabilidad general de la noción de experimentación exploratoria (EE) para este campo y, por otro, el alcance de la dependencia de los estudios basados en la resonancia magnética funcional respecto de las asunciones y los objetivos teóricos que guían la investigación. Ambos puntos están conectados en la medida en que, ya desde las formulaciones originales de Steinle y Burian durante la década del ’90, la EE fue concebida como un tipo específico de experimentación no guiada por la teoría que difiere de la experimentación entendida como herramienta para poner a prueba hipótesis bien formuladas mediante alguna teoría.

En este trabajo presento mis avances sobre el concepto en cuestión para caracterizar el costado experimental del campo científico de interés, motivado por el alcance reducido que allí tienen las teorías de la función cerebral. Me centro en particular en la resonancia magnética funcional como un ejemplo destacado de técnica experimental en las NC, para evaluar en qué sentido puede hablarse de EE en este caso. Luego de una breve descripción del funcionamiento de la técnica y de algunos aspectos básicos de su utilización en el sector, presento la noción original de Steinle (1997, 2002) y Burian (1997) y defino los elementos que pueden contrastarse en el caso de la investigación con neuroimágenes funcionales. A partir de esto adapto y reviso la noción, ocupándome de algunos aspectos centrales asociados.

Page 19: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

15

En primer lugar, me centro en los objetivos de este tipo de experimentos: una parte importante de las motivaciones que le subyacen es el objetivo de fijar arreglos experimentales estables para aislar las condiciones mínimas para algún fenómeno o efecto bajo estudio. Utilizo para esto el caso de los estudios sobre las bases neuronales de la memoria de corto plazo. La complejidad de este tipo de técnica y, especialmente, la flexibilidad en el modo en que se fijan los parámetros y en el tratamiento de los datos, comporta un esfuerzo considerable dedicado a lo que denomino una orquestación entre las diferentes etapas del desarrollo del experimento (desde el diseño hasta el análisis e interpretación de los datos). Esta involucra numerosas decisiones en función tanto de los objetivos teóricos del experimento como de múltiples supuestos de diferente alcance y generalidad que son mantenidos en dichas etapas. Este es un tipo de práctica muy diferente de la variación sistemática de los parámetros experimentales que Steinle (2002, p. 419) identificaba como el principal rasgo característico de la EE.

Tomo a la vez en consideración algunos de los límites reconocidos de la técnica y las implicancias que tiene su evaluación relativa para el diseño y la conducción de un experimento. Distingo en particular dos tipos de limitaciones técnicas, uno de los cuales es susceptible de control por parte del investigador del caso, control que a su vez se encuentra asentado sobre supuestos y objetivos teóricos diversos. Este notable hecho es debido tanto al carácter indirecto del registro que esta técnica posibilita como por el estado aún marcado de desconocimiento sobre el funcionamiento del cerebro y sobre ese mismo registro. A este respecto, sobre la base de una distinción propuesta por Franklin (2005) entre teoría local y trasfondo teórico, intento aclarar de qué modo operan aquí las diferentes asunciones teóricas. A partir de los aportes realizados, tomo en cuenta un ulterior aspecto de este tipo de experimentación en las NC. En particular, trato de definir en qué sentido una parte importante del interés de la EE recae sobre los aspectos metodológicos para definir los paradigmas experimentales. El punto central que establezco aquí es que no sólo en estos casos no se apunta a confirmar algún resultado, sino que la dimensión metodológica es parte sustantiva del interés del experimento. Me apoyo para esto en algunos estudios más y más frecuentes, dirigidos a cotejar resultados obtenidos de otras técnicas con aquellos obtenidos con la resonancia magnética funcional. Referencias

Bechtel, W. (2002). Aligning multiple research techniques in cognitive neuroscience. Philosophy of Science 69: S48-S58.

Bogen, J. (2002). Epistemological custard pies from functional brain imaging. Philosophy of Science 69(3): 59–71.

Burian, R. (1997). Exploratory experimentation and the role of histochemical techniques in the work of Jean Brachet, 1938–1952. History and Philosophy of the Life Sciences 19(1): 27–45.

Constable, R. T. (2011). Challenges in fMRI and its limitations. In: S. H. Faro, F. B. Mohamed, M. Law, & J. T. Ulmer (Eds.), Functional Neuroradiology, pp. 331-44. New York: Springer. URL: http://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4419-0345-7_19

Craver, C. (2005). Beyond reduction: Mechanisms, multifield integration, and the unity of science. Studies in History and Philosophy of Biological and Biomedical Sciences 36(2): 373-96.

Feest, U. (2011). What exactly is stabilized when phenomena are stabilized? Synthese 182(1): 57-71.

Franklin, L. (2005). Exploratory experiments. Philosophy of Science 72(5): 888-99.

Huster, R., Debener, S., Eichele, T., & Herrmann, C. (2012). Methods for simultaneous EEG-fMRI: An introductory review. Journal of Neuroscience 32(18): 6053-60.

Rosa, M., Daunizeau, J., & Friston, K. (2010). EEG/fMRI integration: A critical review of biophysical modeling and data analysis approaches. Journal of Integrative Neuroscience 9(4): 453-76.

Schickore, J. (2015). “Exploratory experimentation” as a probe into the relation between historiography and philosophy of science. Studies in History and Philosophy of Science 55(1): 20-26.

Steinle, F. (1997). Entering new fields: Exploratory uses of experimentation. Philosophy of Science 64: S65-S74.

Steinle, F. (2002). Experiments in history and philosophy of science. Perspectives on Science 10(4): 408-32.

Page 20: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

16

Venturelli, N. (2015). Un abordaje epistemológico de la integración neurocientífica: el caso de los estudios EEG / RMf. In: V. Rodríguez, M. Velasco, & P. García (Eds.), Epistemología y prácticas científicas, pp. 41-71. Córdoba: Editorial Universitaria.

La inconmensurabilidad de las teorias científicas: el problema de Kuhn Alex Espinoza Verdejo [email protected] Universidad de Tarapacá, Arica, Chile.

Realizar una exposición de corte filosófico acerca del estado del arte en epistemología actual sobre la historia de las ciencias llamadas dura, es revelar los caminos que la racionalidad ha ido entretejiendo. Para este fin focalizaremos nuestra reflexión en las controversias acontecidas sobre la problemática de la certeza del conocimiento entendida ésta como adecuación, teniendo a la base las consideraciones de Thomas Kuhn respecto al tema de la inconmensurabilidad de las teorías científicas.

La tesis primeriza de Kuhn se inscribe en una forma novedosa de hacer filosofía de la historia de la ciencia, inyectando nuevos aires a las discusiones epistemológicas de los años 70 y que se encuentra presente hasta nuestros días. El tema principal que se suscita en su obra La estructuras de las revoluciones científicas es el de la inconmensurabilidad de las teorías científicas.

Kuhn define la revolución científica como el paso de las ciencias de un estado de normalidad a un estado crítico, generando con ello la revolución, atribuyendo este cambio a los juegos de las formas de pensar determinados por factores socio-históricos, a los cambios paradigmáticos.

Sin embargo Kuhn declara que su pensamiento ha tenido una evolución, esto lo pone de manifiesto en su obra menos conocida: El camino desde la estructura (Kuhn, 2002). En ella se aceptan algunas tesis que renuevan su postura como producto de sus múltiples controversias. Su nueva postura nos dirá que habrán revoluciones en ciencia, pero éstas son producto de movimientos matizados con cierto racionalismo y que no dependen exclusivamente de cuestiones ideológicas sociales, Thomas Kuhn acudirá a los temas que son propios de la filosofía del lenguaje, él firma: “Si escribiera de nuevo ahora La estructura de las revoluciones científicas, haría más hincapié en el cambio del lenguaje y profundizaría menos en la distinción normal/revolucionario” (Kuhn, 2002, p. 75). Según Kuhn el léxico del hombre de ciencia pertenece a una comunidad de hablantes determinada por una cultura, los significados de los términos están sujetos a la historia y están encarnados en un mundo restringido en donde se auto-valida la significación, no hay posibilidad de acceso a otros mundos.

De esta manera estamos ante un Kuhn hermenéutico, a lo anterior podemos agregar que las alteraciones del significado de los enunciados como producto de los cambios teóricos, tienen como consecuencia la intraducibilidad y esto presenta un problema cuando se hace historia de la ciencia, por ejemplo, pensemos en los conceptos de flogisto y oxigeno considerada en la teoría de la combustión de Lavoisier en los años 1777. Kuhn piensa que los cambios de significación son inmunes a la comparación, en otras palabras las teorías son válidas sólo para su tiempo de enunciación. De lo anterior se desprende que el criterio para determinar de cuál de entre las teorías posibles es la más adecuada para entender los hechos, o en otras palabras la determinación de la justeza de una significación, sería aquel que logra una mejor explicación, el criterio práctico es el que prevalece.

Ésta idea del criterio practico será nutrida cuando cuestiona la teoría causal de la referencia que sostiene que el oro y el agua, son sustancias que tienen una identidad específica determinada referencialmente, hoy es la tabla de los elementos la que define la clase natural, siendo el número atómico 79 para el oro y H2O para el agua. Pero, Kuhn reclama que esta teoría de la referencia está bien para todas las clases naturales que portan un nombre propio y en donde sus características distintivas son reducibles, pero ¿qué pasa cuando las características son variadas y múltiples para determinar una clase? En este sentido según Kuhn no podemos fijar un criterio con fronteras bien delineadas, problema de los predicados y de las esmeraldas verdules de Nelson Goodman. Luego, habría que concluir que la única forma de optar por una teoría o por una significación adecuada es

Page 21: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

17

recurriendo al criterio practico, en otras palabras se opta por la que brinda una mejor explicación.

Referencias

Duhem, P. (1981). La théorie physique son objet - sa structure. Paris: Vrin.

Gadamer, H.-G. (2003), Verdad y método I. Salamanca: Sígueme.

Koyre, A. (1977) . Estudio de historia del pensamiento científico. Madrid: Siglo XXI.

Kuhn, T. (2000). La estructuras de las revoluciones científicas. Santiago: FCE.

–––––– (2001). El camino desde la estructura. México: Paidos.

Lalande, A. (1985). Vocabulaire Technique et critique de la philosophie. Paris: PUF.

Peirce, C.S. (2002). Pragmatisme et pragmaticisme. Paris: Cerf.

Quine, O. (1968). Palabra y objeto. Barcelona: Labor.

Wittgenstein, L. (2010). Wittgenstein I. Madrid: Gredos.

O primeiro artigo de Mario Schenberg e o contexto politécnico Alexander Brilhante Coelho [email protected] Mestrando do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. No presente trabalho, iremos analisar a postura epistemológica predominante no primeiro artigo publicado por Mario Schenberg, “Os princípios da mecânica”, publicado pela Revista Polytechnica, em 1934. Schenberg havia acabado de chegar a São Paulo, vindo transferido da Escola de Engenharia de Pernambuco no ano anterior, e se apresenta no artigo como aluno do quarto ano do curso de engenheiros eletricistas, e tendo, à época, 18 anos. Trata-se de um artigo de três páginas que tem como tema a epistemologia da Física, ao qual se seguiria uma segunda parte, que nunca veio a público, em que Schenberg afirma que iria propor uma nova formulação da mecânica clássica. Os autores a partir dos quais Schenberg constrói sua visão de teoria física em 1934 são físicos tais como Ernst Mach, Pierre Duhem e Henri Poincaré, físicos cuja formação se deu na segunda metade do século XIX, num contexto anterior à relatividade e à mecânica quântica, e cujas obras são carregadas de reflexões epistemológicas. O tom geral do artigo é bastante categórico, como ilustram as afirmações a seguir : "A sciencia tem por fim a previsão dos phenomenos futuros" (Schenberg, 1934, p. 195); "obtido um conjunto de leis procuramos logo economia grupando-as em theorias" (Schenberg, 1934, p. 195); "A theoria explicativa está rejeitada actualmente, representa resto das ideias theologicas e metaphysicas" (Schenberg, 1934, p. 196). A lei física é entendida como uma síntese de um conjunto de fenômenos experimentais, e as teorias como uma síntese de leis físicas, formuladas com base no "princípio da economia" de Mach. Tratam-se de ideias que expressam uma visão de produção de conhecimento científico que se dá alargando o domínio dos fenômenos que descreve. Predomina uma postura indutivista, o que nos faz crer que, embora o tema do artigo seja um tanto deslocado em relação aos temas em geral presentes nas publicações da Revista Polytechnica à época, a forma como mobiliza os elementos epistemológicos de seu artigo se enquadrava relativamente bem na concepção de produção de conhecimento físico que predominava no contexto politécnico. Em um segundo momento procuraremos o sentido desta obra no contexto institucional politécnico ao qual Schenberg pertencia (o artigo é publicado antes da fundação da Universidade de São Paulo). À época, o Brasil não contava com tradição de pesquisa em Física, mal acompanhando a produção de conhecimento físico realizada no exterior. Desde o final do século XIX, no entanto, começou a se formar no Brasil um grupo de engenheiros que militavam pela “ciência pura” e que se interessavam por epistemologia. Esses engenheiros-cientistas, nos termos de Alves (1999), ainda que marginais no contexto politécnico do início do século XX, aos poucos vão se constituindo como os principais

Page 22: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

18

defensores da criação das Universidades no Brasil. Segundo o nosso ponto de vista, é possível perceber o ethos desse tipo particular de engenheiro no primeiro artigo de Mario Schenberg. Por fim, utilizaremos alguns elementos da sociologia de Norbert Elias e de Pierre Bourdieu para compreender o sentido do uso do discurso epistemológico. Segundo cremos, ainda que o tema do artigo de Schenberg destoe do conjunto de artigos da Revista Politécnica, sua temática deslocada do contexto politécnico, no entanto, vai lhe dar visibilidade no futuro contexto da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Ou seja, a demonstração de domínio do discurso a respeito da produção do conhecimento científico faz com que Schenberg marque posição como alguém habilitado para participar do projeto de formação de cientistas que começaria no segundo semestre de 1934, com a criação da FFCL. Referências: ALVES, J.J.A. Novos paradigmas da Ciência e os Engenheiros-Cientistas no Brasil de início do século

XX. Quipu: Revista da Sociedade Latino-americana de História das Ciências e da Tecnologia, , , , México, v. 12, n. 13, p. 333-341, 1999.

APROBATO FILHO, Nelson. Passa(n)do em Revista Polytechnica: na trilha das mulas... os (des)caminhos da modernidade paulista. Tempos Históricos, , , , Paraná, v. 13, p. 139-168, 2009.

BOURDIEU, Pierre. A Excelência e os Valores do Sistema de Ensino Francês [1970]. In: MICELI, Sérgio (org.) A Economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 231-267.

––––––. Campo Intelectual e projeto criador [1966]. In: POUILLON et alli. Problemas do estruturalismo. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1968, pp. 105-145.

––––––. O Campo Científico [1976]. In: ORTIZ, Renato (org.), Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 122-155.

DUHEM, Pierre [1906]. A teoria física: seu objeto e sua estrutura. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 2014.

ELIAS, Norbert. Scientific establishments. In: ELIAS, Norbert; MARTINS, Erminio; WHITLEY, Richard D. (orgs.), Scientific Establishments and Hierarquies. Dordrecht: D. Reidel, 1982, p. 3-69.

MACH, Ernst. The science of mechanics: a critical and historical account of its development. Chicago/ London: The Open Court London Publishing, 1919.

SCHENBERG, Mário [1978]. Mário Schenberg (depoimento, 1978). Rio de Janeiro: CPDOC, 2010. 93p

––––––. Da Evolução do Curso de Engenheiros Mecânicos-Eletricistas à Crítica da Política Tecnológica Brasileira [1983]. In: LOSCHIAVO, Maria Cecília (org). Curso de Engenheiros Mecânicos-Eletricistas e Engenharia Mecânica na Escola Politécnica de São Paulo. São Paulo: EPUSP, 2009, p. 2-69

––––––. Os principios da mecanica. Revista Polytechnica, São Paulo, n. 114, p. 195 - 197, 1934.

SCHWARTZMAN, Simon. Formação da comunidade científica no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.

VIDEIRA, Antonio A. P.; VIEIRA, C.L.. Reflexões sobre a historiografia e história da física no Brasil. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2010.

Los límites del sistema periódico Alfio Ariel Zambon [email protected] Universidad Nacional de la Patagonia San Juan Bosco (UNP), Comodoro Rivadavia, CH, Argentina.

Es frecuente encontrar la afirmación de que la tabla periódica clasifica los 92 elementos naturales y los sintetizados por el hombre en el laboratorio. Una salvedad que podemos indicar es la siguiente: entre esos 92 elementos supuestamente naturales. Otro punto importante es tener en cuenta desde donde se inicia la escala, si desde el cero o desde el uno. En la gran mayoría de las tablas actuales se comienza con el elemento de número

Page 23: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

19

atómico 1, pero en la última década Stewart (2007) ha rescatado las especulaciones acerca de la existencia de un elemento 0.

Otro tema actualmente en discusión, es si la tabla periódica tiene un final. El consenso general es que cuando el número de protones sea demasiado grande, no será posible la formación de núcleos estables ni siquiera por períodos breves de tiempo. Hay divergencia acerca de la posición del valor umbral a partir del cual no se formarán nuevos elementos. Estas diferencias varían de acuerdo a la metodología empleada para realizar el cálculo. En los cálculos que suponen que el núcleo es un pequeño punto compacto, el valor límite según las metodologías desarrolladas hace algunas décadas parecía hallarse en el elemento 137. Otras estrategias de cálculo más recientes, estiman ese valor final en un valor menor o igual a 172 (Pyykkö, 2011), o menores de 173 (Indelicato & Karpov, 2013).

El debate acerca de la posible existencia de un elemento cero tiene larga data, y fue reflotado en los últimos años por Philip Stewart, quien propuso una representación del sistema periódico en forma de espiral, conocida como “galaxia química”, que tiene en el centro al elemento químico número cero, cuyos “átomos” serían los neutrones. La conjetura de un elemento “cero” puede rastrearse en los trabajos de Mendeleev, quien creía en la existencia de un elemento de “grupo cero” en el “período cero”, que esperaba fuera el éter. Otros autores que defendieron la conjetura fueron: von Antropoff, Janet, Emerson y Clark.

En el presente trabajo argumentaremos que los límites del sistema periódico están claramente definidos a partir de un sistema basado en triadas de numero atómico (Zambon, 2014) La triadas relacionan a los elementos según su naturaleza dual (Scerri, 2008, 2012) Este sistema permite dar cabida al elemento 0. Este elemento inicial se concibe como una sustancia indiferenciada que, en cierto sentido, persiste en todos los elementos. El neutrón es una manifestación empírica del elemento 0. Esto está de acuerdo con algunas propuestas como la de Stewart. La idea de un elemento cero puede resultar extraña si los elementos químicos se consideran únicamente como sustancias simples, caracterizados por sus propiedades fenomenológicas. Si en cambio, se admite su doble naturaleza como sustancias simples y sustancias básicas, es posible aceptar la existencia de un elemento cero, definido de una manera teórica siguiendo la misma progresión que ordena a todos los elementos: se trataría de un elemento que posee cero electrones y cero protones, sin por ello perder su carácter de entidad real. También a partir de este sistema defenderemos la necesidad de la existencia de un elemento final, ya debido a la estructura formal del sistema debe existir un elemento de número atómico máximo. Este valor tiene el mismo orden al obtenido mediante cálculos mecánico-cuánticos y es independiente de cualquier consideración en ese sentido. Esto significa que, de acuerdo con el sistema periódico presentado, hay un límite en la cantidad de los elementos que pueden existir en la naturaleza; y que, según esta propuesta, éste es un límite intrínseco de la naturaleza, independiente de cualquier posibilidad técnica. Referencias Indelcato, P. & Karpov, A. (2013). Theoretical physics: sizing up atoms. Nature 498: 40-41.

Pyykkö, P. (2011). A suggested periodic table up to Z≤172, based on Dirac–Fock calculations on atoms and ions. Physical Chemistry Chemical Physics 13: 161-68.

Scerri, E. (2008). The role of triads in the evolution of the periodic table: past and present. Journal of Chemical Education 85: 585-89.

–––––– (2012). What is an element? What is the periodic table? And what does quantum mechanics contribute to the question? Foundations of Chemistry 14: 69-81.

Stewart, P. (2007). A century on from Dimitri Mendeleev: tables and spirals, noble gases and Nobel Prizes. Foundations of Chemistry 9: 235-45.

Zambon, A. (2014). A periodic table based on triads. In: The Chemogenesis Web Book: the internet database of periodic tables, 2014. URL: http://www.meta-synthesis.com/webbook/35_pt/pt_database.php?PT_id=652

Page 24: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

20

Las categorías ontológicas en química desde la perspectiva del problema de los nanomateriales y sus propiedades Alfio Ariel Zambon [email protected] Universidad Nacional de la Patagonia San Juan Bosco (UNP), Comodoro Rivadavia, Argentina.

Mariana Córdoba [email protected] Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Uno de los problemas ampliamente discutidos en la filosofía de la química de los últimos años es el de la ontología de la disciplina: ¿a qué items refiere la química? En el contexto de esta discusión, se ha abordado una oposición que ha arrojado luz sobre el problema: la oposición entre individuos y stuff. La noción de sustancia química es usualmente comprendida apelando a la noción filosófica de clase natural; sin embargo, las clases naturales son entendidas tradicionalmente como conjuntos de individuos, dada la indiscutida prioridad que la categoría de individuos-propiedades presenta en física. Contrariamente, en el contexto de la química, las sustancias son más adecuadamente comprendidas si se las considera, no como individuos, sino como stuff (Ruthenberg & van Brakel, 2008).

Schummer (2008) analiza la diferencia entre química y física apelando a la distinción entre materia y forma. Afirma que mientras los ítems de que se ocupa la física son adecuadamente comprendidos desde la perspectiva de la forma, la química se ocupa de ítems que resulta mejor abordar desde la perspectiva de la materia – o stuff. Pero de acuerdo con Schummer, materia y forma son perspectivas epistémicas complementarias, deberían combinarse para lograr una mejor comprensión científica de la realidad. Continuando el análisis en la línea propuesta por Schummer, el problema de la ontología de la química puede ser presentado como una cuestión relativa a las categorías ontológicas involucradas en química y física – en lugar de una cuestión relativa a perspectivas epistémicas (Lewowicz & Lombardi, 2012): la ontología de la física es una ontología de individuos y propiedades, mientras que la química trata acerca de stuff.

Si bien consideramos que esta línea se muestra fecunda para la comprensión de la química, en este enfoque está ausente el tratamiento de los nanomateriales. La especificidad de los nanomateriales es su escala de longitud: su estructura se manifiesta entre 1 y 100 nanómetros – una escala del orden molecular (Whitesides et al. 1991; Drexler, 1992; Buzea et al., 2007). Los ejemplos más conocidos de nanomateriales son los nanotubos de fullereno, una forma estable del carbono con extrañas propiedades de resistencia a la tracción y la temperatura, y el grafeno, un alótropo del carbono puro que forma una hoja de un átomo de espesor con átomos dispuestos en un patrón regular hexagonal similar al grafito.

Estos materiales surgen por la reducción de las partículas de una cierta sustancia química a la escala nanométrica, en la que el material presenta propiedades distintas de las que muestra la sustancia macroscópica. Mientras la sustancia a nivel macro resulta continua y homogénea, en la nano-escala se manifiesta la relevancia de los átomos y sus relaciones estructurales. Por esta razón, la categoría ontológica de stuff no resulta adecuada para la comprensión de los nanomateriales. Sin embargo, las dificultades de la interpretación de la ontología cuántica no juega un rol importante en la nano-escala, dado que la estructura geométrica de los nanomateriales resulta esencial para su comportamiento.

El propósito de nuestro trabajo consiste en argumentar que la consideración de los nanomateriales conduce al re-ingreso de la categoría de individuo en química. Un nanomaterial puede ser considerado un individuo dado que o bien es uno o múltiple; es una unidad completa e indivisible – de una división surgen diferentes individuos –; cuando los nanomateriales son agrupados debido a sus propiedades, emergen algunas clases; y dado un grupo de nanomateriales, cada miembro del grupo puede ser re-identificado.

Page 25: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

21

Referencias

Buzea, C.; Pacheco, I. & Robbie, K. (2007). Nanomaterials and nanoparticles: sources and toxicity. Biointerphases 2: MR17-MR71.

Drexler, E. (1992). Nanosystems: molecular machinery, manufacturing, and computation. New York: John Wiley.

Lewowicz, L. & Lombardi, O. (2013). Stuff versus individuals. Foundations of Chemistry 15: 65-77.

Ruthenberg, K. & van Brakel, J. (eds.) (2008). Stuff: the nature of chemical substances. Würzburg: Königshauen & Neumann.

Schummer, J. (2008). Matter versus form, and beyond. In Ruthenberg & van Brakel, op. cit., p. 3-18.

Whitesides, G.; Mathias, J. & Seto, C. (1991). Molecular self-assembly and nanochemistry: a chemical strategy for the synthesis of nanostructures. Science 254: 1312-19.

Da civilização pós-industrial para a biocivilização Amilcar Baiardi [email protected] Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social, Universidade Católica do Salvador (UCSal), e Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil.

Há necessidade de se redefinir o pacto entre homem e natureza. A natureza é a parte fragilizada dessa relação porque é vista como passível de dominação e de exploração. Esta repactuação pode ser chamada de “Acordo, Entente, para uma Nova Civilização”, visto que a atual atravessa uma grave crise que sinaliza para sua destruição espiritual e material. A gênese da crise civilizatória tem suas raízes em passado remoto, mas vem adquirindo proporções gigantescas, aproximando a humanidade de cataclismas, sem que se questione radicalmente os valores que inspiram as equivocadas políticas de crescimento econômico e consumo material, a qualquer custo. Cientistas sociais descontentes com as análises tradicionais sobre os fenômenos da acumulação capitalista, mencionaram a possibilidade de grandes riscos planetários se nada fosse feito. A questão central residiria nas expectativas criadas no que tange ao alcance do denominado bem-estar material que, em princípio, deve ser estendido a todos os habitantes do planeta. Malgrado desde tempos imemoriais se venha avançando nas assimetrias de renda e de poder dentro do corpo social, pretendendo cada grupo aumentar a riqueza e a dotação material por habitante, o sinal vermelho ocorreu em 1750, com o início da Revolução Industrial. A destruição de florestas, a contaminação das fontes de água e a exploração descontrolada de minas já existiam. Entretanto, tudo isso acontecia dentro de uma possibilidade de resiliência em decorrência da magnitude dos impactos. Contudo, a busca incessante de crescimento da renda e acumulo material, ao nível individual e ao nível social, infletiu para cima a curva de adoção de tecnologias produtivas no século XVIII. Este processo de acumulação material excedendo as necessidades de sobrevivência nasce com a escravidão, tendo o trabalho não remunerado como fonte. Entretanto, foi mais tarde, pela via do Iluminismo, que surge o conceito de progresso, muito discutível presentemente. Este conceito sugeria a utilização de tecnologias cada vez mais eficientes no converter recursos naturais em produtos, fazendo com que a humanidade, em apenas 0,01 do seu tempo de existência, tenha gerado entropia de magnitude ameaçadora para a natureza. As várias vertentes do pensamento em ciências sociais não analisaram com maior interesse a questão. Entre os clássicos havia uma preocupação com a perda da fertilidade dos solos e as teses malthusianas alertavam para limites naturais da expansão demográfica, propondo a abstenção sexual como medida de equilíbrio. Esses economistas visavam harmonizar a produção com a renda e o consumo, negligenciando a finitude dos recursos naturais. A corrente neoclássica, que sucede a clássica, via os recursos naturais como fator de produção dado, a ser explorado com vista à maximização de resultados, sem cogitar sua extinção. Somente a partir dos anos setenta do século passado, diante de inúmeras externalidades negativas ao ambiente, nascem correntes, que manifestam preocupação com a natureza. São as economias do meio ambiente, ecológica ou verde, trazendo propostas de amplas mudanças na P&D industrial e agrícola de modo a se obter processos e produtos amigáveis ao ambiente, a chamada green technology. Recentemente emergem correntes de cientistas sociais que não só chamam

Page 26: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

22

atenção para o risco da finitude, como defendem adoção de novos valores relacionados com a ideia de bem-estar. Estas correntes vão além da busca de medidas compensatórias ou mitigadoras das intervenções agressivas ao meio ambiente. Uma delas tem a ver com a ideia de que a prosperidade, o bem-estar pode ser promovido e distribuído sem expansão econômica, sem intervenções de elevada entropia. É a tese da prosperidade sem crescimento trazida pelos pesquisadores M. Kinsley (1997) e T. Jackson (2009). A outra vertente vem do grupo de pesquisa sobre sistemas complexos do Santa Fé Institute, USA, cujo porta voz é D. Beinhocker (2007).

Referências

BAIARDI, A. TEIXEIRA, F. L. O desenvolvimento dos territórios do baixo sul e do litoral sul da Bahia: a rota da sustentabilidade, perspectivas e vicissitudes. São Paulo: Instituto Arapyaú, 2010.

BEINHOCKER, E. D. The origin of wealth.Boston: Harvard Business School Press, 2007.

FOSTER, J. B. A ecologia de Marx, materialismo e natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

HINTERBERGER, M. F.; LUKS, F. & STEWEN, M. Economia ecologia politica: rendere sostenibile il mercato attraverso la diminuzione delle materie. Milano: Edizioni Ambiente, 1999.

JACKSON, T. Prosperity without Growth. . . . London: : : : Sustainable Development Commission, 2009.

KINSLEY, M. Sustainable development: Prosperity without growth. Snowmass: Rocky Mountain Institute, 1997.

LOVELOCK, J. A vingança de Gaia. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2006.

SACHS, I. Ecodesenvolvimento, crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986.

Moinhos d’água no sul do Brasil entre o final do século XIX e início do século XX: tradições, máquinas e ferramentas Ana Fausta Borghetti [email protected] Doutorado em Epistemología e Historia de la Ciencia, Universidad Nacional Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina.

Nesta investigação, esclarece-se como se deu a transposição tempo/espaço da técnica e da tecnologia utilizada na construção dos moinhos hidráulicos, dentro do período que compreende o início da imigração italiana e a formação da Colônia de Encantado, Rio Grande do Sul.

O corpus da pesquisa qualitativa aconteceu com moradores das localidades, proprietários dos moinhos, historiadores, familiares de construtores de moinhos e rodas d’água, na área investigada.

Os dados recolhidos in loco foram comparados àqueles encontrados em fontes como manuais e demais textos e relacionados às características da molineria francesa, americana e austro-húngara.

Em relação a molineria francesa, que tinha como principal característica o tamanho da mó, não encontramos nenhuma no local pesquisado; mas sim a mó característica da molineria americana, com diâmetro em torno de 1m x 1m, que por ser menor, se tornava mais veloz.

A molineria austro-húngara foi a responsável pela criação de máquinas, especialmente o cilindro, a plansichter e o sassor.

Duarte (2012, p. 11) confirma esta informação quando nos conta que foi “na Hungria, entre 1821 e 1832, que se inventa este novo sistema de moagem – austro-hungaro – que revolucionaria o setor.” A mesma autora nos coloca que este sistema era formado por três máquinas: “o cilindro, a plansichter, e os sassores”.

O sassor não foi encontrado nos moinhos pesquisados; o cilindro foi encontrado somente no Moinho Castaman. Mesmo tendo sido construídos com fins comerciais, estes ainda são moinhos artesanais; sabe-se da existência destas máquinas em outros moinhos do Vale do Taquari.Quanto a plansichter, aprimoramento ou variação da peneira, foi encontrada em três dos seis moinhos investigados.

Page 27: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

23

Também pesquisamos outras máquinas e ferramentas que não fazem parte da molineria austro-hungara, mas que participam do dia a dia do molineiro. A peneira é um exemplo, uma das máquinas mais antigas, foi encontrada em todos os moinhos investigados. O martelinho, ferramenta utilizada para calibrar a mó, segue padrão encontrado na literatura, mas aquifoi produzido com a mescla de dois materiais diferentes: a vídea e o ferro.

Quanto aos elevadores e a caixa, seguem padrão europeu, mas construídos com madeira encontrada no Vale do Taquari. O Parafuso de Arquimedes aparece nos moinhos exercendo duas funções: misturador e/ou condutor. Esta ferramenta é uma das mais antigas encontradas em moinhos, junto com as pedras.

Em relação à geração de energia, encontramos Motores Rouston, a diesel; resquícios da utilização de roda d’água; turbinas hidráulicas e geradores de energia elétrica.

Sobre a roda d’água, fizemos um pequeno esquema para expor pontos de discussão que aconteciam em paralelo, somente sobre este item – roda vertical, considerada a mais eficiente.

Undershot – Velocidade ou impacto Overshot – Gravidade ou peso Tipos de Pás – Radial ou tangencial – utilizando baldes ou pás Além disso, discutia-se o tamanho – altura e largura – adequado a cada salto – a

quantidade e fluxo de água, movimento horário ou anti-horário e, o número e melhor distribuição de pás, o mais adequado para melhor eficiência.

Segundo Brown (2011, p. 25) considerando aqui, somente a roda d’água, “o moinho d’água é um mecanismo complexo.”

Observou-se que a tradição seguida não é italiana, como se pensava no início desta investigação, mas europeia. Esta afirmação pode ser feita, a partir da análise de nomes de cientistas, investigadores, estudiosos que participaram das melhorias feitas em máquinas e ferramentas – em especial na melhoria da roda d’água – no decorrer da Revolução Industrial, em países de toda a Europa.

Estas análises foram feitas com o objetivo de entender o que foi transposto e/ou adaptado a este tempo/espaço, até a conciliação entre o novo e o antigo. Esta junção contribuiu para o patrimônio material e imaterial construídos na região de Encantado, no Rio Grande do Sul, Brasil. Referências

BROWN, Jonathan. Water power and watermills. Marlborough: Crowood Press, 2011.

DUARTE, Petulante Cláudia Sofia. Musealização da Levada de Tomar – Subsídios para a conservação do património industrial da moagem A Portuguesa. Trabalho de Projeto de Mestrado em Museologia. Outubro, 2012. Faculdade de Ciências Socias e Humanas. Faculdade de Nova Lisboa. URL: http://run.unl.pt/bitstream/10362/12091/1/PROJETO%20MOAGEM%20A%20 PORTUGUESA.pdf

Tres ideas científicas de un abogado sureño, a galope entre metafísica, hermetismo y modernidad ilustrada. En la magna Descripción y Guía de Potosí (1789), de Pedro Vicente Cañete Ana Meléndez Crespo [email protected] Doctora en Historia, Universidad Autónoma Metropolitana (UAM), Unidad Azcapotzalco, México, DF.

La España ilustrada de la segunda mitad del siglo XVIII, y el mundo, y no sólo el mundo material sino el mundo moral, vivieron una época de todo ardor, movimiento, utopía, esperanza, anhelo, violencia, lucha, locura, exceso, furor, tanto en península europea como en todas sus posesiones americanas y de ultramar . “El hombre que no se atrevía a nada, se atreve a todo, y no retrocedía ante nada [...] La sed de renovación devoró a todos los espíritus”, dijo Jean Sarrailh.

En tal sentido, el abogado Pedro Vicente Cañete y Domínguez, asesor de gobernadores, intendentes y virreyes, de Santiago de Chile, Rio de la Plata, Paraguay a

Page 28: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

24

la Villa de Potosí, vivió inmerso en esa realidad. Influenciado por el pensamiento filosófico ilustrado europeo, asumió abiertamente tal ideario. Empero, no logró desprenderse del pensamiento con el que fue formado en la Facultad de Artes de Córdoba de Tucumán y en la Universidad de San Felipe de Santiago de Chile: la escolástica, metafísica aristotélica, peripatética, epicúrea, estoica, hipocrática y galénica; la jurídica clásica justiniana, la alquimia mineralógica de Paracelso.

Cañete no fue ambiguo, sino, como señalo en el título, en su obra y pensamiento, simplemente galopó entre la metafísica, el hermetismo y la modernidad ilustrada, y, acorde al pensamiento económico del neo mercantilismo o liberalismo económico diechiochesco, antepuso el interés de la corona en relación a los impuestos de la Real Hacienda. Fiel a su función de asesor y fiscal, Cañete recomendaba al rey, a través de su prolija retórica, aplicar y crear nuevos gravámenes sobre los recursos naturales de las Intendencias del virreinato del Río de la Plata.

Entre su erudito discurso, dedicado al análisis geográfico, histórico, físico, político y económico de la Villa y Cerro Rico, Intendencia de Potosí, no perdió oportunidad de disertar sobre temas científicos confrontando antiguas y modernas ideas.

De mi investigación historiográfica sobre su obra Descripción y Guía, tomo el rubro “Los partidos de Potosí y sus riquezas una a una”, donde Cañete especula y aventura teorías y postulados filosóficos científicos. Selecciono tres tópicos sobre mineralogía y geología.

Uno aborda las aguas sulfurosas de Potosí, donde Cañete discutía sus propiedades minerales y las causas de su cualidad termal, contradiciendo al cronista Calancha que creía en el peligro de bañarse en el manantial por el riesgo de ahogarse al ser arrastrado por una fuerza que jalaba al centro del borbollón.

El segundo refiere a la Mina La Hedionda, cuya excavación no se podía proseguir por la “hediondez” que salía de la tierra y causaba la muerte de los indios que en ella trabajaban. Cañete repetía de las ideas de Barba: los metales “olian mal” por su natural destemplanza o por la mezcla de azufre, caparrosa, u otros “jugos”. Pareciera absurdo que, habiendo estado en contacto con las modernas obras del químico francés Antonio Baumé y del naturalista irlandés William Bowles, se ciñera a la teoría aristotélica y orictognósica de Georgius Agrícola.

En el tercero, Cañete disertaba sobre la existencia de los fósiles marinos, “piedras compuestas de conchas y producciones maravillosas de las cuevas de Oroncota”, sin dar credibilidad al postulado aristotélico ni al platónico de Barba, del origen húmedo y seco de la materia mineral; y tampoco al argumento teológico de la creación de las montañas por el movimiento de las aguas del Diluvio universal, postulando la idea de que el movimiento natural de los mares y la emergencia de montañas fue la causa de que animales y plantas hubieran quedado atrapados entre las rocas.

Si bien la erudición, la elocuencia y el espíritu científico fueron signos de su discurso, difícilmente podría perfilarse a Pedro Vicente Cañete y Domínguez como un científico, un filósofo o un historiador.

Referencias

Alonso, Ricardo N. y Sven Egenhoff, “Las observaciones geológicas de A.Z. Helms en 1789”, en Florencio Aceñolaza, Los geólogos y la geología en la historia Argentina, Serie Correlación Geológica, n. 24, Instituto Superior de la Correlación Geológica, Universidad Nacional de Tucumán, Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas, San Miguel de Tucumán, jul-dic. 2008.

Alonso Barba, Alvaro, Arte de los metales, seguido de notas y suplementos al libro por un antiguo minero, juicios y comentarios, pról. de Armando Alba a la primera edición de 1640, v. XI, Potosí, Bolivia, editorial Potosí, 1967, [200 p.] (Colección primera: Los escritores de la colonia, 3).

Barnadas, Josep M., Alvaro Alonso Barba (1569-1662) Investigaciones sobre su vida y obra, Potosí, Biblioteca Minera Boliviana, 1967.

Bowles, William, 1705-1780, Introducción a la Historia Natural y a la geografía de España por don Guillermo Bowles, Madrid, imprenta de Don Francisco Manuel de Mena, 1775, [576 p.].

Cañete y Domínguez Pedro Vicente, Guía histórica, geográfica, física, política, civil y legal del gobierno e intendencia de Potosí, 1787, ed. Armando Alba, Potosí, Sociedad Geográfica y de Historia de Bolivia, Casa de la Moneda de Potosí, 1952, [839 p.], (Colección Primera: Escritores de la Colonia, 1).

Page 29: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

25

Covarrubias, José Enrique, En busca del hombre útil. Un estudio comparativo del utilitarismo neomercantilista en México y Europa, 1748-1833, México, UNAM, IIH, 2005, [473 p.].

Feijoó y Montenegro Benito Jerónimo, Teatro Crítico Universal, discursos varios en todo género de materias para desengaño de errores comunes,,,, t. 1, sele., prol. y notas Agustín Millares Carló, Madris, Espasa Calpe, 1968, [273 p.], (Clásicos Castellanos).

Rio, Andrés Manuel del, Elementos de Orictognosia, 1795-1805, edición y estudio introductorio Raúl Rubinovich Kogan, México, UNAM, Instituto de Geología, Facultad de Química, Facultad de Ingeniería, Sociedad de Exlumnos de la Facultad de Ingeniería, 1992, [202 p.].

Sarrail, Jean, La España ilustrada de la segunda mitad del siglo XVIII, FCE, México, 1981, [284 p.].

Villarreal, Hipólito, Enfermedades políticas que padece la capital de esta Nueva España, Estudio introd. Beatriz Gaytán, México, Conculta, 1994, [365 p.], (Cien de México).

Pré-formação versus epigênese no século XX: Morgan e a hipótese/teoria cromossômica (1900-10) Ana Paula de Oliveira Pereira Morais Brito [email protected]

Lilian Al-Chueyr Pereira Martins [email protected]

Grupo de História e Teoria da Biologia. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP – CNPq, Brasil.

Como vários de seus colegas, incluindo William Bateson (1861-1926), Edmund B. Wilson (1856-1939), o zoólogo norte-americano Thomas Hunt Morgan (1866-1945) iniciou sua carreira como embriologista. Aluno de William Keith Brooks (1848-1908)no Johns Hopkins, Morgan interessou-se pela embriologia de organismos marinhos no início de sua carreira (STURTEVANT, 1959, p. 285; BRITO, 2008, p. 13). Até 1910-1911, ele foi um forte opositor das teorias mendeliana e cromossômica o que transparece em diversas publicações no período. Estudos historiográficos apontam diversas razões que poderiam ter contribuído para esse posicionamento (ALLEN, 1978, por exemplo). Dentre elas,estão sua aversão a teorias que envolviam partículase sua experiência embriológica prévia, mais especificamente, seus estudos com o ovo do sapo (MARTINS, 1997, cap. 7).

O objetivo desta comunicação é averiguar se na obra The development of the frog’s egg (1897), que contém os resultados dos estudos embriológicos de Morgan e de outros embriologistas, podem ser encontradas evidências experimentais que corroborem seu posicionamento em favor da epigênese, ou se sua rejeição à hipótese/teoria cromossômica no período possa ser atribuída, entre outras razões, à sua aversão a teorias que envolvessem partículas.

A presente análise mostrou que em diversas publicações no período (1900-1910) Morgan mostrou-se contrário às teorias que envolviam partículas criticando as propostas de Darwin, Spencer, Weismann e Nägeli, por exemplo, considerando-as especulativas. O próprio Morgan, em 1910 em relação à teoria cromossômica comentou: “Eu, entretanto, penso que os cromossomos do indivíduo não contêm em nenhum sentido seja germes, determinantes pré-formados, ou caracteres unitários, ou mesmo correspondam à produção de órgãos particulares em qualquer sentido” (Morgan, 1910, p. 461). Ao mencionar o processo de formação dos gametas nos híbridos e o material contido nas células germinativas dos progenitores ele considerou que se tratava de uma reação ou resposta das células (epigênese) e não de uma segregação do material trazido pelas células germinativas dos progenitores.

A posição de Morgan em The development of the frog’s egg se baseou em vários experimentos tanto feitos por ele como por outros autores em diferentes organismos, incluindo o ovo do sapo. Ele interpretou os resultados como sendo favoráveis ao citoplasma ser o controlador do desenvolvimento, ao contrário da posição de Theodor Boveri (1862-1915) que enfatizava o papel do núcleo no desenvolvimento. Nessa obra, Morgan discutiu sobre o experimento que havia convencido Boveri do papel do núcleo e que consistiu em

Page 30: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

26

fertilizar fragmentos de óvulos não nucleados de um gênero de ouriço do mar com espermatozoides de um gênero diferente. Como esses ouriços tinham eixos diferentes, seria possível detectar se era o núcleo (do espermatozoide) ou o citoplasma (fragmento de óvulo não nucleado) que controlava o desenvolvimento. Como a larva híbrida resultante tinha apenas o eixo do progenitor, Boveri concluiu que o núcleo era o controlador do desenvolvimento (BOVERI, 1893). Porém, Morgan considerou essas evidências insuficientes. Como nesse experimento, os blastômeros e fragmentos menores não produziam embriões concluiu que não podiam formar o número de células necessário aos outros estágios de desenvolvimento. Além disso, Morgan realizou experimentos com Hans Driesch (1867-1941) com ovos de ctenóforos em que parte do citoplasma era retirada antes que o ovo sofresse segmentação. Nesse caso, era formado um embrião imperfeito, embora o núcleo permanecesse intacto. Morgan concluiu que defeitos no citoplasma produziam modificações na clivagem e levavam à formação de um embrião defeituoso. Chegou à conclusão de que o citoplasma e não o núcleo era responsável pela diferenciação nos estágios iniciais do desenvolvimento embrionário (MORGAN, 1897, p. 121).

Em relação ao ovo do sapo, Morgan concluiu que os resultados que havia encontrado ao submeter o ovo do sapo a diferentes condições mostravam que o poder de desenvolvimento progressivo estava no ovo em si.

A presente pesquisa levou à conclusão de que os resultados obtidos nos estudos embriológicos de Morgan o levaram a crer que o citoplasma era o controlador do desenvolvimento, no que estamos de acordo com Scott Gilbert (1978). Isso contribuiu para sua rejeição à hipótese/teoria cromossômica que enfatizava o papel dos cromossomos nucleares. Porém, sua aversão a teorias que envolvessem partículas também deve ser considerada (MORGAN, 1910, pp. 451-52).

Referências

ALLEN, Garland E. Thomas Hunt Morgan. The man and his science. Princeton: Princeton University,

1978.

BOVERI, Theodor. An organism produced sexually without characteristics of the mother. The American Naturalist 27: 222-32, 1893.

BRITO, Ana Paula Oliveira Pereira de Morais. Os estudos de Thomas Hunt Morgan sobre determinação de sexo (1900-1914): herança citoplasmática, cromossômica e outras possibilidades. Tese de Doutorado. São Paulo: PUC, 2008.

GILBERT, S. Embryological origins of the gene theory. Journal of the History of Biology 11: 307-51, 1978.

MARTINS, Lilian Al-Chueyr Pereira. A teoria cromossômica da herança: proposta, fundamentação, crítica e aceitação. [Tese de Doutorado]. Campinas: UNICAMP, 1997.

MORGAN, Thomas Hunt. The development of the frog’s egg: an introduction to experimental embryology. New York: Macmillan, 1897.

MORGAN, Thomas Hunt. Chromosomes and heredity. American Naturalist 44: 449-96, 1910.

STURTEVANT, Alfred Henry. Thomas Hunt Morgan. 1866-1945. Biographical Memoir. Washington, D.C.: National Academy of Sciences, 1959. Disponível em: http://www.nasonline.org/ publications/biographical-memoirs/memoir-pdfs/morgan-thomas-hunt.pdf .

A leitura categorial da teoria quântica dos campos topológica Anderson Alves da Silva [email protected] Doutorando do Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

A teoria quântica dos campos topológica (TQCT) teve seu início dentro da física, na década de 1980, como desdobramento de um programa de pesquisa chamado teoria quântica dos campos. A maior preocupação desta última, por sua vez, há mais de meio século, tem sido a formulação de uma mecânica quântica relativística. Já o aprofundamento dos estudos a respeito das TQCT’s motivou a construção de uma leitura axiomática, ou seja,

Page 31: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

27

as diferentes TQCT’s poderiam ser interpretadas como casos particulares de um conjunto determinado de axiomas. No entanto, a obtenção desta versão axiomática só foi possível com ajuda de uma teoria matemática surgida anteriormente, ainda na década de 1940, e conhecida nos dias atuais como teoria das categorias (TC). Defendemos, neste trabalho, a tese de que esta construção axiomática é, de fato, um momento singular no desenvolvimento das teorias físicas. Isto, porque, ao invés de proporcionar um aparato lógico-matemático a fim de interpretar ou confirmar resultados empíricos, a TC é sobretudo uma linguagem capaz de correlacionar áreas já bastante avançadas no interior da matemática frente aos desenvolvimentos da TQCT. Ou seja, não se trata, como é comum nas teorias físicas, de encontrarmos uma estrutura capaz de fornecer suporte para uma recém-formada teoria física, sem o que ela encontraria dificuldades para se aprimorar. Podemos citar, como exemplo paradigmático deste caso, o avanço da teoria dos espaços métricos dentro da matemática, mais especificamente, a definição do espaço de Hilbert, para a concretização da mecânica quântica. Para além disso, o que a TC possibilita, por assim dizer, são verdadeiras traduções entre, de um lado, os diversos resultados originados pelas TQCT’s e, de outro lado, grandes estruturas da matemática, algumas das quais conhecidas há décadas, e vice-versa. Tal mecanismo inaugura, a nosso ver, uma interação bastante direta e produtiva, uma vez que as ideias de uma área de pesquisa servem de fio condutor e motivação para a articulação de uma outra área, a princípio, sem qualquer relação com a primeira.

Os axiomas da TQCT foram apresentados, pela primeira vez, no ano de 1988, por um matemático britânico chamado Michael Atiyah, ganhador da medalha Fields. Ao menos dois autores tiveram influência direta no trabalho de Atiyah, de um lado, o físico americano Edward Witten, tambémvencendor da medalha Fields, cujos artigos foram motivados essencialmente por modelos físicos, dos quais a teoria de Chern-Simons é um exemplo, e, de outro lado, o matemático britânico Graeme Segal com sua formulação da teoria quântica dos campos conforme. Após a apresentação axiomática de Atiyah, aspectos matemáticos fundamentais ligados com a TC passaram a ter destaque. A TQCT, desde então, tem sido objeto de pesquisa não apenas de físicos mas também de matemáticos, transformando-se, desta maneira, em uma grande área de intersecção entre as disciplinas da física e da matemática. Do lado desta, o interesse surge, entre outras razões, pois a obtenção de novas TQCT’s permite a construção de um objeto matemático importante chamado invariante topológico, cuja aplicação é relevante sobretudo para a área de topologia. Mas as TQCT’s podem ser estudadas até mesmo independente da topologia, por estarem diretamente conectadas à TC. Já do lado da física, as pesquisas se voltam para suas aplicações em sistemas físicos e modelos teóricos. De fato, nas últimas duas décadas, pesquisas emfísica da matéria condensada levaram à formulação do que se convencionou chamar “topological order”. Um sistema é dito possuir “topological order” caso o seu limite de baixas energias (o estado fundamental e os primeiros estados excitados) seja descrito por uma TQCT. O exemplo mais famoso deste caso ficou conhecido como “quantum Hall effect”. Pretendemos, então, comentar um pouco desta história, com ênfase, em particular, na interação entre física e matemática. Máquinas de Zenão e a distinção entre cálculo e experimento Anderson Luis Nakano [email protected] Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo – Pós doc FAPESP, Brasil.

Máquinas de Zenão (MZ) são descritas na literatura como máquinas capazes de efetuar um número infinito de operações em um intervalo de tempo finito. Isso se deve a sua capacidade de “acelerar” seu funcionamento segundo uma série convergente de intervalos temporais. Há controvérsias tanto em relação ao estatuto lógico destas máquinas quanto ao suposto ganho teórico em relação a uma maquina de Turing (MT) convencional. Um dos pontos deste debate é o paradoxo gerado, por um lado, pelo fato de a máquina de Zenão poder ser considerada uma MT (por satisfazer as condições conceituais de uma tal máquina) e, por outro lado, pela sua suposta capacidade de resolver problemas que nenhuma MT pode resolver como, por exemplo, o “problema da parada”. Copeland e Shagrir

Page 32: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

28

(2011) procuram dissolver este paradoxo por meio de uma série de distinções conceituais. Em particular, é invocada uma distinção entre computação interna e externa. Uma MT computa uma função em sentido interno se o valor da função é capaz de ser determinado exclusivamente a partir de sua especificação interna enquanto MT, ao passo que uma MT computa uma função em sentido externo se expedientes extrínsecos a ela (p. ex., um relógio) são utilizados para “computar” o valor da função. Em sentido interno, nenhuma MZ calcula valores incalculáveis, podendo-se dizer que ela os calcula apenas em sentido externo, o que não contradiz os resultados teóricos que se dirigem ao sentido interno do cálculo. Além disso, os autores fazem uma distinção entre uma concepção purista e uma concepção realista das MT. Segundo a concepção purista, MT são entidades abstratas, acerca das quais não faz sentido perguntar o “tempo” que elas levaram para calcular uma determinada função. Assim, elas não podem ser “aceleradas”, já que este atributo é apenas próprio a uma máquina física, mas não a uma MT. A concepção realista, por outro lado, das MT concede a estas o estatuto de um objeto físico, sujeito a todas as contingências a que esses objetos são expostos. Para o purista, não há nenhum paradoxo matemático introduzido pelas máquinas de Zenão, pois estas não são entidades matemáticas (não podem, portanto, resolver matematicamente o problema da parada). Já para o realista, o paradoxo desaparece por meio da distinção entre os sentidos interno e externo de um procedimento calculatório. No fim do artigo, Copeland e Shagrir deixam em aberto a questão de qual concepção seria a correta. Argumentaremos, por meio da distinção wittgensteiniana entre “cálculo” e “experimento”, que não se trata de decidir qual concepção é correta, mas apenas de separar aquilo que é cálculo daquilo que é a aplicação gramatical do cálculo. A “máquina de Turing pura (abstrata)” corresponde, na concepção de Wittgenstein do cálculo, a um conjunto de regras a que são submetidas as descrições do comportamento de uma máquina física. Veremos que uma tal máquina abstrata não “profetiza” o estado da máquina física no decorrer do tempo, mas apenas determina o que conta como “resultado correto” e “resultado incorreto” de uma tal máquina. A máquina abstrata, por não especificar o valor da função após um número infinito de passos, deixa de ser regra, o que pode ser mostrado pelo fato de que o comportamento físico da máquina não pode ser descrito, no estado correspondente, nem como “correto” nem como “incorreto”. Las emociones y los nuevos enfoques en la filosofía de la mente Andrea F. Melamed [email protected] Universidade de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

En las últimas décadas mucho se ha escrito acerca de las emociones – qué son, cómo funcionan, cómo entenderlas, cómo describirlas, etc. – subsanando en parte el desinterés que padeciera el tema durante tanto tiempo. Fuera tal descuido ocasionado por el habitual modo de concebir a las emociones como enemigas de la razón, parte del renovado interés por ellas gira precisamente en torno a la revisión de la dicotomía imperante entre razón y emoción. Con tal objetivo, se han propuesto algunas teorías, tanto en el marco de la filosofía como de la psicología que buscando acomodar a las emociones dentro del ámbito de lo racional sugirieron la identificación de las emociones a partir de lo que denominan un componente “cognitivo”. Este componente sería un elemento constitutivo de los estados emocionales, en tanto que además de ser elementos necesarios en todo estado emocional, serían aquellos que especifican el tipo de emoción que se experimenta. Las teorías que defienden la existencia de un componente de carácter cognitivo en las emociones se han agrupado bajo lo que se llama un “enfoque cognitivo” (por ejemplo, Lazarus 1991; Lyons 1999; Solomon 1976), enfrentándose a lo que se denomina “enfoque perceptivo” (por ejemplo, James 1884; Prinz 2004; Zajonc 1980, 1984) que se caracteriza por la negación de la tesis cognitiva, esto es, de la idea de que las emociones dependan de la mediación de una operación cognitiva. Así, se ha erigido una nueva dicotomía (cognitivo/perceptivo o no cognitivo) que ha signado la comprensión del fenómeno emocional.

El objetivo general en el que se inserta este trabajo es contribuir a la comprensión del fenómeno emocional. Para ello, una primera parte del trabajo versará en torno a la caracterización de los conceptos que dan fundamento a la disputa entre las teorías o

Page 33: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

29

enfoques cognitivo y perceptivo, con el objetivo específico de exhibir los límites de este marco conceptual.

La segunda parte, revisará un conjunto de propuestas heterodoxas con respecto a la cognición (que asumen una posición corporizada, extendida, situada y enactiva de la mente) con el fin de evaluar las consecuencias que tendría la adopción de este marco teórico para la investigación de las emociones. Referencias James, W. (1884). “What is an emotion?”. Mind 9: 188-205.

Lazarus, R.S. (1991). Emotion and adaptation. New York: Oxford University Press.

Lyons, W. (1999). “The philosophy of cognition and emotion”. In: T. Dalgleish y M. J. Power (eds.), Handbook of cognition and emotion. Chichester (UK): Wiley, pp. 21-44.

Prinz, J. (2004). Gut reactions: a perceptual theory of emotion. New York: Oxford University Press.

Zajonc, R.B. (1980). “Feeling and thinking: preferences need no inferences”. American Psychologist 35: 151-175.

–––––– (1984). “On the Primacy of Affect”. American Psychologist 39: 117-123.

Filosofía del entendimiento de Andrés Bello y su recepción: ¿un espejo en el que mirarnos? Andres Bobenrieth M. [email protected] Universidad de Valparaíso, y Universidad de Chile, Santiago.

Andrés Bello es sin duda uno de los principales teóricos latinoamericanos del siglo

XIX, esto aparte de su labor como primer rector de la Universidad de Chile, funcionario de los gobiernos de Portales y posteriores, así como Senador de la República de Chile por varios periodos. El impacto de su Gramática de la lengua castellana destinada al uso de los americanos (1847), así como del Código Civil (de La Republica de Chile) (1855) del cual fue redactor, ha sido enorme, sin embargo su obra Filosofía del Entendimiento (publicada póstumamente en 1881, si bien partes se habían publicado en 1843 y 1844 en El Crepúsculo, periódico literario y científico), igualmente o quizás más monumental que las anteriores, es una «ilustre desconocida». Resulta muy interesante preguntarse por qué ha sido así, a pesar de los grandes elogios de Amunátegui, Meléndez Pelayo, José Gaos (en la introducción de la edición del Fon. Cul. Eco. de 1948) y Juan David Garcia Baca (en el prólogo de la edición de las Obras Completas en Caracas en 1951), así como en el libro de Arturo Ardao: Andres Bello, Filosofo de 1986; junto con artículos como el de Fornet Betacourt (1979) y otros más recientes en que se reivindica la obra filosófica de Bello. Hay una artículo de Rafael Gutiérrez Girardot que aborda directamente el punto: “Andres Bello y la Filosofia” (1982) y propone una explicación basada en el contenido de este libro de Bello y el contexto filosófico posterior en América Latina marcado por el positivismo y en España por el krausismo. Lo que quisiera mostrar en esta presentación es que lo que ha pasado con la obra filosófica de Andrés Bello, es un claro contraejemplo de la explicación que se suele escuchar en América Latina sobre por qué no se han destacado en nuestro propio continente algunos filósofos latinoamericanos, y que se puede escuchar expresado en formulas como que en “América Latina no valoramos nuestra producción intelectual”, pues una peculiaridad muy importante del trabajo de Bello es toda la repercusión, admiración y estudio que ha recibido tanto sus aportes jurídicos como en gramática, y esto no solo en Venezuela y en Chile. Incluso se puede llegar a decir que han tenido más impactos sus obras literarias y sobre literatura (en espacial sobre el Mio Cid). Muy pocos autores teóricos latinoamericanos cuentan con dos ediciones diferentes de sus obras completas así como centros de estudio dedicados a su obra como la Casa de Bello en Caracas; varias universidades llevan su nombre, o que tienen su imagen como la de “padre fundador”, como la Universidad de Chile y las derivadas de ella. Es claro que en el caso de Bello no se trata de falta de reconocimiento o valoración de la estatura intelectual del autor. Esto hace particularmente interesante la pregunta con respecto a su obra filosófica, la cual

Page 34: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

30

muy poco se ha beneficiado de la “admiración” por su Código Civil, por su Gramática y por su rol como primer rector de la Universidad de Chile.

Esta es una temática muy interesante para la reflexión en torno a la filosofía en América Latina en general, pero lo es mucho más para un encuentro de AFHIC, pues Filosofía del Entendimiento se ocupa principalmente de temas que hoy consideraríamos que son de epistemología, filosofía de la ciencia y lógica. De hecho, la segunda parte del libro llamada “Lógica” constituye un estudio en detalle de los juicios, los raciocinios, los métodos de las “investigaciones física” y las “causas de error”. Esta contribución a la lógica de Bello es aun más desconocida que las otras, lo cual se puede deber a que los pocos autores que sí han estudiado la obra filosófica no son especialistas en el área de lógica. De modo que en mi presentación me concentrare especialmente en esta parte de su obra filosófica.

Quizás lo más interesante es que Bello en cierto sentido se anticipó en más de un siglo a una actitud que es muy característica de muchos autores latinoamericanos de las últimas décadas y actuales en filosofía de la ciencia y lógica, en el sentido de no ocuparse de “asunto o temas latinoamericanos” y más bien dedicarse a estudiar sistemáticamente la bibliografía más reciente en los temas que se ocupa (lo que en el caso de Bello era el empirismo británico y la llamada filosofía del sentido común escocesa, así como autores francés como Condillac y Cousin), y tratar de hacer aportes originales en las problemáticas tratadas en ese conjunto de obras . Bello trato de ser un filosofo “profesional” (no hay que olvidar que se había graduado como Bachiller en Filosofía en Caracas y luego durante sus casi dos décadas en Londres tuvo importantes contactos con los círculos filosóficos del momento) tratando de estar lo más actualizado posible de los destacados desarrollos filosóficos en Europa, pero tratando de ir mucho más allá de su estudio y/o exposición. Pues bien, la historia ha mostrado de a pesar de su amplio impacto en otras áreas, eso no fue suficiente para producir repercusiones en el trabajo filosófico en América Latina que se ocupa de los mismos temas. Estimo que mucho tenemos que aprender de lo que ha pasado con la obra filosófica de Andrés Bello

Referencias Ardao, Arturo: Andrés Bello, Filósofo. Caracas: Biblioteca de la Academia Nacional de Historia, 1981.

Bello, Andrés: Filosofía del Entendimiento. México: Fondo de Cultura Económica, 2006.

––––––. Obras Completas, vol II. Obra Filosófica. Caracas: La Casa de Bello, 1981.

––––––. Escritos jurídicos, políticos y universitarios. Valparaíso: Edeval, 1979.

––––––. Obra Literaria [Selección y prólogo de Pedro Grases]. Caracas. Fundación Biblioteca Ayacucho, 1985

––––––. Gramática de la Libertad, textos sobre lengua y literatura. [Compiladores Jaksić, I. / Lolas, F. / Matus, A.] Santiago: Fondo de Publicaciones Americanistas / Facultad de Filosofía y Humanidades de la U. de Chile, 2013.

Bocaz, Luis: Andrés Bello, una biografía Intelectual. Bogotá: Edicion del Convenio Andrés Bello, 2000.

Cuartas, Juan Manuel: “La Filosofía del Entendimiento, de Andrés Bello, factum revolucionario” Discusiones Filosóficas 10 [14], 2009: pp. 63-74.

Cartagena, N. / González, I. / Lastra, P. (eds.) El Crepúsculo. Periódico Literario y Científico [Edición Semifacsimilar]. Santiago: Ariel, 2011.

Fornet Betancourt, Raúl: “Presentación filosófica de los pensadores hispanoamericanos: Andrés Bello y José Enrique Rodó”, Cuadernos Salmantinos de Filosofía 6, 1979: pp. 399-442

Gutiérrez Girardot, Rafael: “Andrés Bello y la Filosofía”, Diálogos Hispánicos de Amsterdam, num. 3, 1982: pp. 5-14.

Jaksić, Iván: Andrés Bello, La pasión por el orden. Santiago: Editorial Universitaria, 2001.

López Martín, Alfonso: “Los orígenes filosóficos del pensamiento de Andrés Bello”, Revista de Filosofía de la Universidad de Costa Rica 53, 1983: pp. 63-82.

Ossandón, C. / Ruiz, C. (coord.): Filosofía pública y política de la letra. Santiago: Fondo de Cultura Económica, 2013.

Quintana, Fernando: “La doctrina de la claridad en el pensamiento ilustrado de Andrés Bello”, Revista Chilena de Historia del Derecho, No. 22, Tomo II, 2010: pp. 1001-1009.

Page 35: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

31

Rojas Osorio, Carlos: “Aproximaciones a la filosofía de Andrés Bello”, Universitas Philosophica 14, 1990: pp. 75-126.

––––––. “Tres aspectos de la filosofía de Andrés Bello”, Universitas Philosophica 19, 1992: pp.29-50.

Squella, Agustin: Andrés Bello y la Educación. Valparaíso: Edeval, 1982.

Subercaseaux, Bernardo: Historia de la ideas y de la cultura de Chile, vol I Desde la Independencia hasta el Bicentenario. Santiago: Editorial Universitaria, 2011.

Charles Darwin e uma nova teleologia

Anna Carolina Krebs Pereira Regner [email protected] Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Filosofia e História das Ciências, Instituto Latini-Aericano de Estudos Avançados (ILEA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), Porto Alere, RS, Brasil

O exame da natureza teleológica do princípio darwiniano de seleção natural é especialmente instigante porque, de um lado, Darwin rejeita a ideia de desígnio, de “plano de criação”, na qual se vertia a questão teleológica à sua época. Por outro lado, desde a trajetória de formação do conceito de “seleção natural” até sua plena vigência no contexto da Origem das Espécies, é inerente à sua abordagem a ideia de um processo orientado, de finalidade, com explicações claramente formuladas em termos de propósitos, fins, metas embora vedadas à antecipação, à prévia determinação das particulares formas que serão produzidas. Um balanço cuidadoso da questão pode resultar numa contribuição nova à tematização da teleologia, descobrindo-se, pela leitura “filosófica” de Darwin, uma abordagem esclarecedora, talvez, para muitas das ambiguidades que permeiam as discussões contemporâneas sobre o tema, as quais, muitas vezes, parecem perceber, mas não dimensionar adequadamente, o teor dessa contribuição.

O presente texto compreende 3 secções: 1. A natureza teleológica do princípio darwiniano possui uma dimensão tanto

descritiva quanto explicativa: envolve um modo de conceber a Natureza como um sistema de relações, constituindo-se em um local e um modo de ser das coisas, com características de um sujeito dotado de um fim que lhe é intrínseco e que explica a tendência à sua autopreservação, garantida pela condição de sistema articulado em função de seu princípio maior, o da seleção natural ou de sobrevivência do mais apto. Sob tal visão, as relações a serem estabelecidas permitirão avançar num contínuo processo de explicitação e suporte mútuo, em que a “conclusão” ou as “conclusões” obtidas num determinado estágio da argumentação permitem retomar as premissas num novo patamar de elucidação, reforçando-as como base da própria argumentação e levando a novas “conclusões”, conducentes a novos patamares elucidativos. Ao considerar a natureza da relação todo-parte que preside as dimensões epistemológicas e ontológicas da questão sob análise. o novo enfoque não se opõe a uma visão empírica. A conotação empírica é inevitável, dado que se busca analisar uma estrutura de investigação, de elaboração teórica, cujo alvo é uma questão fatual: como espécies originam-se na Natureza. Mas não reduz a visão empírica a uma visão atomista da experiência. Trata-se antes de ver a experiência de um modo diferente.

2.2.2.2. Nosso argumento pró- uma nova teleologia em Darwin opera em duas frentes: situa a análise da questão na própria formulação de seu princípio central (PSN) e na sua força explicativa para o elenco de fenômenos que sua teoria analisa. A favor da novidade que a análise darwiniana traz, face à visão dominante em sua época, e as problematizações contemporâneas da teleologia, começamos pela questão teleológica à época de Darwin. No ambiente darwiniano, prevalecem as raízes cartesianas e kantianas no seu enfoque da questão, facilitando sua vinculação à ideia de um “plano de criação”, à de intencionalidade da razão x necessidade da natureza, à de mundo da liberdade x mundo da causalidade. Darwin rejeita a colocação do problema nos termos então postos e as soluções então encontradas, as quais vinculam a explicação da produção de novas formas à ideia de um “plano de criação” e a uma teleologia imposta à Natureza “desde fora”, por um ser dotado de uma razão e intencionalidade que previamente estabelece o “plano” a ser seguido. A rigor, a

Page 36: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

32

teleologia darwiniana pode prescindir do suporte em que se apoiam as visões de sua época às quais Darwin critica. Considerando a estrutura conceitual própria em que Darwin se apoia, tal estrutura foge aos padrões epistemológicos convencionais e repousa na condição própria aos sistemas cuja identidade requer a tendência a autopreservação, para que sua natureza seja definível e investigável. Há, pois, uma tendência “natural”, conforme à “natureza” mesma do sistema em pauta, a buscar sua auto realização como um fim “interno” que o norteia em seu processo.

3. 3. 3. 3. Em face das ambiguidades e dúvidas que perpassam a questão teleológica ainda hoje, será aberto um parêntesis para o exame de algumas das propostas contemporâneas de análise da questão, ressaltando seus pontos principais, dificuldades e possíveis ganhos de sua comparação com a abordagem darwiniana. Sumarizando, as abordagens contem-porâneas dão especial destaque a pontos tais como a problemática distinção entre “descrições” e “explicações” teleológicas, à presença, nas explicações teleológicas, dos chamados “vínculos definicionais”, com o implícito questionamento das visões tradicionais da “definição”, bem como da questão da “causalidade”, com crescente atenção à sua abordagem em termos de “estruturas causais”, e a uma malha fina de análise que questiona as distinções entre “funções” e “efeitos” e examina dificuldades na explicação dos “estados preferenciais” e da produção de novas formas ou de propriedades emergentes. A insuficiência de uma abordagem indutivista e a questão das “leis teleológicas são uma das várias situações em que questões sobre “causalidade” e “explicação” tecem uma rede de novas indagações em uma troca interessante com a novidade do modo de ver que encontramos em Darwin. Descoberto ou confirmado? Elementos para uma biografia do méson π e seu lugar na historiografia da física da segunda metade do segundo XX Antonio Augusto Passos Videira [email protected] Universidade Estadual do Rio de Janeiro, CNPq, Brasil.

Uma das teses mais difundidas entre os membros da comunidade de física de partículas elementares, ou ainda física de altas energias, é aquela que afirma que o seu nascimento ocorreu entre os anos de 1947 e 1948, quando, em duas ocasiões diferentes e, principalmente, em situações experimentais radicalmente distintas, uma partícula subnuclear, o méson pi (ou píon), foi descoberta. A confirmação da existência dessa partícula, prevista teoricamente anos antes pelo físico japonês Hiudeki Yukawa, é geralmente compreendida como inaugurando uma nova era na física. Em 1947, a confirmação da previsão de Yukawa se deu em plena Cordilheira dos Andes, no Monte Chacaltaya (Bolívia) a 5200 metros de altitude. No ano seguinte, a sua existência foi confirmada no cíclotron de Berkeley, na costa oeste dos EUA. Em ambas as oportunidades, esteve presente o físico brasileiro Cesar Lattes (1924-2005), personagem importante devido ao seu conhecimnto no uso das emulsões nucleares. Aquela, a primeira observação do méson pi, não foi a primeira oportunidade em que os raios cósmicos, o ‘material’ usado por Lattes e seus colegas, para provar a existência de uma nova (no sentido de até então desconhecida) partícula elementar. No início da década de 1930, Blackett e Occhialini, este último também participante da primeira descoberta do méson, provaram que o pósitron existia. Relembrar o pósitron nos permite indagar pela coerência da historiografia usual que atribui ao píon a responsabilidade pela criação de uma nova área na física. Talvez o que explique o final da década de 1940 como a época em que teria ocorrido esse ‘nascimento’ foi o fato de que o acelerador de Berkeley funcionou. Ou seja, a tecnologia então usada, mostrou ser confiável.

Ao fazer o balanço de um encontro científico ocorrido em julho de 1953, em Bagnères de Bigorre (França), o físico francês Louis Leprince-Ringuet (1901-2000) escreveu que o destino da pesquisa na área de raios cósmicos dependia dos aceleradores de partículas. Dois anos depois, tal previsão seria confirmada em um encontro em Pisa (Itália). Lá, a predominância dessas máquinas foi tamanha que levou Juan G. Roederer a resumir a

Page 37: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

33

quantidade de dados que os norte-americanos trouxeram para a reunião com o adjetivo "toneladas".

Os aceleradores ofereciam não só abundância na produção de mésons, que, até então, só haviam sido produzidos e detectados nos raios cósmicos. Aquelas máquinas – cujos tamanhos e custos cresciam rapidamente – permitiam aos físicos algo tão ou mais valioso que a quantidade: o controle sobre a produção de tais eventos; quantidade e controle tornavam as análises mais confiáveis e seguras.

Por sua vez, um cosmicista sempre esteve à mercê da sorte. Com um pouco dela, ele conseguiria fazer com que um ou mais mésons do chuveiro cósmico atravessassem seu detector. E, com mais sorte ainda, o fragmento de matéria capturado seria um integrante ainda desconhecido do universo subatômico. A natureza ainda oferece fenômenos mais energéticos do que as colisões geradas nos aceleradores, mas o preço a se pagar é a incerteza.

Em 1931, o físico norte-americano Ernest Lawrence (1901-1958) construiu o primeiro acelerador circular de partículas (cíclotron) da história – nesse tipo de máquina, um núcleo, a cada volta, ganha energia. A partir daí, aceleradores maiores seriam propostos e construídos. Mas essas máquinas ganhariam relevância com o Projeto Manhattan, que coordenou a grande mobilização científico-militar para a construção das bombas atômicas lançadas sobre o Japão em agosto de 1945. O projeto marca a origem da Big Science.

Com o final da guerra, houve a retomada do uso dos aceleradores para a pesquisa básica. Em um deles, Lattes e o físico norte-americano Eugene Gardner (1917-1950) obteriam, em 1948, um resultado de grande repercussão tanto científica quanto política.

No início de 1948, Lattes chegou ao Laboratório de Radiação, na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), chefiado por Lawrence e que abrigava o então mais potente acelerador de partículas do mundo: o sincrociclótron de 184 polegadas. O sincrociclótron havia sido construído com um objetivo: produzir mésons, até então encontrados apenas na radiação cósmica. Porém, mais de um ano depois do início do funcionamento do sincrociclótron, em 1 de novembro de 1946, os mésons não haviam sido detectados nos choques das partículas alfa aceleradas pela máquina contra alvos fixos. As partículas geradas nessas colisões tinham suas trajetórias registradas nas chamadas emulsões nucleares. Pode-se supor que Lawrence, naquele momento, estava numa situação difícil.

A situação sofreria uma reviravolta cerca de 10 dias depois da chegada de Lattes a Berkeley. Ao examinar as emulsões ao microscópio, Lattes identificou as trajetórias de píons (um tipo de méson). Sua conclusão: o sincrociclótron produzia mésons desde que começou a funcionar. Essas partículas só não estavam sendo reconhecidas nas emulsões.

Lattes não só aumentou o tempo de varredura ao microscópio, mas também acrescentou à pesquisa o conhecimento que havia adquirido em 1946 e no ano seguinte em Bristol, trabalhando no Laboratório H. H. Wills, na Universidade de Bristol, na Inglaterra. Lattes, portanto, sabia reconhecer os traços de mésons nas emulsões. Ou seja, sabia o que buscar ao microscópio.

A produção de raios cósmicos em laboratório foi um feito importante. Além do mérito científico, há naqueles resultados um desdobramento sutil, mas de suma importância: o fato de o sincrociclótron ter produzido píons assegurava que a tecnologia usada naquela máquina (chamada estabilização de fase) funcionava. E isso permitiria a construção de máquinas ainda mais potentes.

Na década de 1950, já havia, nos EUA, dezenas de aceleradores de partículas, de tamanhos variados. Começava a chamada Era das Máquinas, marcada por financiamento governamental volumoso, enormes laboratórios nacionais, estreitamento das relações com a indústria e o setor militar. A Europa, com o CERN, e a então União Soviética, com um laboratório em Dubna, seguiriam esses passos.

Como se pode prever a partir da afirmação de Roederer, já em meados da década de 1950, as máquinas eram vistas como mais importantes do que os raios cósmicos para o estudo da natureza da estrutura íntima da matéria.

Até aqui descreveu-se apenas em parte a história da física de partículas. Isso foi realizado com o propósito de mostrar a proeminência que os aceleradores possuem nessa descrição. Não é improvável que tal atribuição faça parte de uma estratégia elaborada pelos próprios cientistas em favor de uma certa concepção de prática científica.

A lembrança de que o méson π fora observado antes na natureza, nos Pirineus franceses e nos Andes bolivianos, parece ser feita apenas para assegurar algum papel à natureza no processo de validação empírica de hipóteses científica. Papel que com a

Page 38: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

34

fabricação e o uso das ‘grandes máquinas’ seria cada vez mais relativizado, uma vez que estas últimas passaram a ser vistas como mais confiáveis.

Nesta comunicação pretende-se, através da análise dos relatos a respeito da formulação da hipótese da existência do méson π e da sua posterior dupla confirmação, perceber em que medida ele foi, como ainda o é, invocado para justificar mudanças no estilo de fazer física. Se tais mudanças de fato ocorreram, pretende-se também analisar se elas correspondem a transformações no plano dos valores epistêmicos e metafísicos presentes na prática dos físicos de partículas. Natureza do espaço em Leibniz e a correspondência Leibniz-Clarke Antony M. M. Polito [email protected] Inst. de Física, Universidade de Brasília

Caio M. M. Polito [email protected] Colégio Militar de Brasília

Esse trabalho retoma a discussão da teoria leibniziana do espaço, identificando como ela gradativamente emergeno processo de discussão polêmica que Leibniz travou com Clarke – preposto de Newton – ao longo de sua Correspondência.Vários autores têm se dedicado a abordá-la, integral ou parcialmente. É comum observar a opinião de que o que estava em jogo era uma controvérsia dicotômica entre a realidade do espaço e do tempo, defendida por Newton, e a sua pura idealidade, defendida por Leibniz, como, p. ex., em Jammer (1993), em Vailati (1997) e, em certa medida, em Jolley (2005). Mais aprofundadas foram as considerações de Alexander (1956) – que apontouque a posição de Leibniz não era completamente homogênea e que isso implicaria contradições insolúveis – e de Hartz e Cover (1988) – que apontaram que as posições de Leibniz também não foram homogêneas ao longo de sua vida, tendo ele sustentado, quando jovem, que espaço e tempo eram ambos fenômenos bem-fundados. Entretanto, segundo esses últimos, o Leibniz mais maduroteria rejeitado essa visão em favor da pura idealidade do espaço e do tempo.

Em nosso trabalho, mostramos que, de fato, a concepção de espaço leibniziana não é homogênea, mas que isso não necessariamente deve implicar contradições. E que essa não-homogeneidade está presente também no Leibniz maduro, que é precisamente aquele da Correspondência. Como resultado da análise fundada em seus princípios metafísicos, foi possível reinterpretara teoria leibniziana do espaçode modo a evidenciar uma estruturaçãoem três níveis ontológicos distintos, mas complementares, todos eles fundamentados e entrelaçados pelo conceito de perspectivismo e pelo princípio de harmonia preestabelecida: (i) uma estrutura ideal de espaço relativo – espaço compreendido como estrutura matemática, constitutiva das representações internas das mônadas e, portanto, uma idealidade –; (ii) uma estrutura de espaço como extensão – compreendida como propriedade monádica de totalidades, fundada, externamente, nas próprias mônadas eempiricamenteinacessível, embora passível de acesso racional, com base no princípio de harmonia preestabelecida –; e, finalmente, (iii) uma estrutura real de espaçorelacional – espaço compreendido como sistema de relações dinâmicas reais e atuais entre as partes de totalidades extensas(na medida em que coexistem), sem, contudo, considerar essas mesmas partes imersas em qualquer espaço absoluto e independente. Note-se, portanto, que em nenhuma dessas concepções o espaço (ou o tempo) é concebido como entidade absoluta, ou seja, no sentido de Leibniz, como uma substância. Tais conclusões são alcançadas por meio de metodologias complementares, que incluem, além interpretação direta do texto da Correspondência, interpretações contextualizadas e também uma reconstrução, estendendo trabalho prévio de Khamara (1993).

Essas múltiplas concepções, quando analisadas sob o enfoque perspectivista, articulam-se com o problema da relação entre aparência e realidade, cuja solução, no interior do pensamento leibniziano, requer a utilização extensiva do princípio de harmonia preestabelecida. A estratégia de reconstrução é explicitamente utilizada para alcançar esse fim e, principalmente, para avançar interpretações que não apenas buscam restaurar a consistência mútua das múltiplas concepções, mas também a consistência entre a

Page 39: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

35

metafísica de Leibniz e uma possível física leibniziana. Nesse sentido, as concepções de espaço como extensão e como sistema relacional referem-se – embora articulando dimensões ontológicas distintas – a uma realidade subjacente, estabelecendo, assim, uma metafísica, mas também, possivelmente, uma física. Já a concepção relativa de espaço, ainda que confira ao espaço caráter de aparência, permanece aberta à possibilidade de realizar uma conexão entre aparência e realidade – cujo fundamento também é a harmonia preestabelecida –, na medida em que permita conhecer algo sobre entidades reais a partir de objetosrelativos, ou seja, representações internas. Nesse sentido, ela se aproxima, pelo menos em termos conceituais gerais, das diversas teorias de espaço-tempo clássicos que assumem simultaneidade absoluta (Earman, 1989).

ReferênciasReferênciasReferênciasReferências

Alexander, H. G. (ed.). The Leibniz-Clarke Correspondence: together with extracts from Newton's

Principia and Opticks. New York: Manchester University Press, 1956.

Earman, J. World Enough and Space-Time: Absolute versus Relational Theories of Space and Time. Cambridge: MIT Press, 1989.

Hartz, G. A. & J. A. Cover. Space and Time in the Leibnizian Metaphysics, Noûs 22(4), 1988, pp. 493-519.

Khamara, E. J. Leibniz´s Theory of Space: a Reconstruction, The Philosophical Quarterly, 43, 1993, 472-88.

Leibniz, G. W. Philosophical Essays. R. Ariew, D. Garber (trads.). Indianapolis: Hackett Publishing, 1989.

Polito, A. M. M. & Polito, C. M. M. Natureza do espaço em Leibniz e a correspondência Leibniz–Clarke. Principia 19(2), 2015, 297-341.

Vailati, E. Leibniz and Clarke: a Study of Their Correspondence. Oxford: Oxford University Press, 1997.

El rol de los factores externos en el debate de la sociobiología humana Ariel Roffé [email protected] Universidade de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta” Tras la publicación del libro Sociobiología de E. O. Wilson, se desató una de las mayores controversias científicas del siglo XX. Dicha controversia se debió, especialmente, a los contenidos del último capítulo, en donde el autor intenta aplicar ciertas herramientas desarrolladas para el estudio del comportamiento animal a la especie humana. Por el modo como llevó esto a cabo, y por el fuerte impacto mediático que tuvo, Wilson y los sociobiólogos fueron acusados no sólo de adaptacionistas, deterministas genéticos y de hacer biología con métodos inadecuados, sino también de machistas, racistas, etc. El presente trabajo se centra en este segundo grupo de acusaciones, distinguiendo varios niveles en las que podrían o no estar justificadas. Modelos de optimalidad y explicación funcional Ariel Roffé [email protected] Universidade de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Santiago Ginnobili [email protected] Universidade Nacional de Quilmes – UBA – CONICET

Page 40: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

36

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales” La discusión acerca de la naturaleza de los modelos de optimalidad en la biología se

ha centrado principalmente en su rol en la biología evolutiva. El modo usual de caracterizar a tales modelos involucra que uno de sus componentes (el criterio de optimización, o currency) debe ser el fitness darwiniano, sea directamente o a través de algún "sustituto", "instancia", etc. suyo. Sin embargo, no todos los autores concuerdan con esta caracterización general. Se ha argumentado, por ejemplo, que los modelos de optimalidad utilizados en la Teoría del forrajeo óptimo (Optimal foraging theory) no contienen como criterio de optimización al fitness, ni directa, ni indirectamente. Por otro lado, ha sido sugerido en varias ocasiones, y por diversos autores, que los modelos de optimalidad permiten determinar el grado de eficacia con el que un rasgo realiza una función biológica, o tesis similares.

En el presente trabajo mostramos como la segunda tesis puede ganar fuerza, al menos en ciertos casos, por medio de un análisis metateórico de la estructura de las explicaciones en estos dos campos (biología funcional y modelado de optimalidad). Para ello haremos uso de la noción estructuralista de "ley fundamental". Según esta corriente metateórica, las leyes fundamentales son enunciados que son satisfechos por todos los modelos actuales (i.e. todas las aplicaciones exitosas) de una teoría dada – a diferencia de las leyes especiales, que pueden ser satisfechas sólo por algunos modelos. Dado este rol altamente unificador, suelen ser abstractas (contener términos no especificados) y, por tanto, tomadas aisladamente (sin leyes especiales que regulen los modos como dichos términos deben aplicarse), suelen ser semi-vacuas o tener poco contenido empírico sustantivo. Adicionalmente, dadas las propiedades recién mencionadas, un primer paso para conocer cuál es la ley fundamental de una teoría es preguntarse por lo que tienen en común todas las aplicaciones de la misma, abstrayendo la estructura general de los explanans y explanandum de las mismas (siendo usualmente las leyes fundamentales lo que vincula ambas cosas).

En el presente trabajo aplicamos estas herramientas para distinguir las leyes fundamentales que operan en los dos campos mencionados anteriormente (implícitamente, en ambos casos), y mostramos sus semejanzas. Más puntualmente, argumentamos que la ley fundamental de lo que llamaremos la "teoría de la optimalidad biológica" puede considerarse como una especificación de la ley fundamental de la "teoría de las funciones biológicas".

Para arribar a esta conclusión procederemos en tres pasos. En primer lugar, analizamos lo que es común a la aplicación de todos los modelos de optimalidad, obteniendo como primera aproximación a la formulación de su ley fundamental el siguiente enunciado – formulado aquí de manera semi-formal:

Para toda población P y todo organismo O: [Si para un rasgo tipo R, el valor r maximiza un criterio de optimización C bajo las constricciones D, entonces todo organismo O de P posee r]

Luego se discuten varios problemas que posee esta formulación, y se nota que, en

algunos casos, el criterio de optimización C coincide con la función biológica del rasgo R en cuestión. A continuación procede a analizar la ley fundamental proveniente del análisis de las explicaciones funcionales estándar, arribándose a algo como lo siguiente:

Para toda población P y todo organismo O: [Si C es un objetivo de O, entonces existe un rasgo caso r tal que r satisface C bajo las condiciones ambientales D] Por último, mostramos que la ley fundamental de la primera puede ser pensada

como un caso especial de esta ley, del modo que se ilustra a continuación: Para toda población P y todo organismo O: [Si C es un objetivo de O, entonces existe un rasgo caso r tal que r maximiza un C bajo las constricciones D] E indicamos el modo como esta formulación evita los problemas mencionados

anteriormente, a la vez que ilumina nuevos aspectos de las explicaciones funcionales estándar.

Page 41: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

37

Modos de conexão entre os saberes e práticas psicológicas Arthur Arruda Leal Ferreira [email protected] Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil.

Nos países de língua francesa existe uma longa história referente ao debate sobre a diversidade ou unidade dos saberes e práticas psicológicas. Este teria sido conduzido desde a década de 1940, com os defensores da unidade como Daniel Lagache (1949) e Robert Pagés (1958) se opondo aos denunciantes da sua pluralidade como Georges Canguilhem (1956), Michel Foucault (1957), Jacques Gagey (1968) e Michel Bernard (1973). Os primeiros sustentam que a unidade está calcada ou num projeto de uma ciência das “respostas significativas nas quais o ser vivente integra as tensões que ameaçam a integridade e o equilíbrio do organismo” (Lagache, 1949) ou na própria possibilidade de operacionalização empírica dos problemas (Pagés). Por outro lado, os autores que sustentam a pluralidade também se caracterizam por tentar explicá-la. É assim que Canguilhem e Gageydelegam a pluralidade a projetos diferenciados, inspirados em outras ciências, que habitariam o campo psicológico. Canguilhem (1956) aponta para cinco possíveis projetos psicológicos sem qualquer entrelaçamento ente si: a) como ciência da alma (de inspiração aristotélica); b) como ciência do sentido interno (equivocadamente embasado nas meditações cartesianas); c) como física do sentido externo (contrastando a nossa experiência com a realidade apontada pela física); d) como ciência do sentido íntimo (inspirada em questões psicopatológicas); e) como ciência das reações (apoiada na biologia, mas também no tecnicismo e no igualitarismo meritocrático das sociedades contemporâneas). Gagey (1968), por sua vez, entende a psicologia como constituída ao “assimilar e acomodar os modelos científicos propostos por outras disciplinas”, apto a espelhar as mais diversas fases da “dialética epistêmica”, conduzindo a seis distintos projetos: a) saber classificatório; b) inspirado no cartesianismo; c) como ciência baseada na física positivista; d) inspirada no modelo biológico; e) como prática de aposta (influenciada pela estatística); f) enquanto mit-sein. Bernard (1973), por sua vez, aponta que esta pluralidade epistemológica não é suficiente para se compreender a dispersão psicológica. Para tal, seria necessário ter em conta um conjunto de psicotécnicas, ou de práticas sociais em que a psicologia estaria assentada. Esta posição de algum modo já se encontrava prefigurada no trabalho de Foucault (1957) sobre a pesquisa psicológica em que a diversidade deste saber remeteria a uma constante denúncia dos mitos alheios (do elementarismo, do subjetivismo, do objetivismo, etc.).

O objetivo deste trabalho é revisitar a questão da diversidade dos saberes e práticas psicológicos, considerando novos referenciais como os trabalhos de John Law (2004) e Anemarie Mol (2002). No caso, estes autores tomam a multiplicidade em um sentido positivo para diversos dispositivos científicos e técnicos a partir de sua concepção de políticas ontológicas. Para esses autores, mais do que representarem uma realidade pré-dada de diferentes perspectivas, as diversas práticas científicas produzem (to enact) mundos distintos (múltiplos) sem qualquer unidade última (singularidade), mas também não inteiramente desarticulados (pluralidade). É aqui que se faz a especificidade do termo multiplicidade: ela não seria uma anomalia perante um mundo único e singular, tal como conceberia a metafísica euro-americana (Law, 2004, p. 25), nem apontaria uma pluralidade de eventos sem vínculo: “Nós estamos em um mundo em que corpos, ou organizações, ou máquinas são mais que um e menos que muitos. Algo no entre” (Law, 2004, p. 62). Voltando aos saberes e práticas psicológicas, como isto seria possível este tipo de análise? Para tal, temos estudado a Divisão de Psicologia Aplicada da UFRJ em que distintas orientações clínicas (Psicanálise; Psicanálise Existencial; Terapia Cognitiva-comportamental, Gestalt-Terapia e Análise Institucional Francesa) convivem como campo de formação dos estudantes e atendimento à comunidade. Como estas diferentes orientações se articulam no espaço institucional? A articulação entre estudantes, pacientes e orientadores configuraria uma multiplicidade articulada ou uma pluralidade? Haveria aqui entre estas práticas articulações solidárias ou o que Foucault (1957) designava como denúncia dos mitos? São estas questões que buscarão ser respondidas neste trabalho, buscando uma reflexão epistemológica por práticas locais.

Page 42: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

38

Referências BERNARD, M. A psicologia. In: CHATELÊT, F (org.) História da Filosofia. Idéias, doutrinas. Vol. 7.

Dom Quixote, Lisboa, 1983.

CANGUILHEM, G. O que é psicologia? In: Tempo Brasileiro nº 30/31. Rio de Janeiro, 1973.

FOUCAULT, M. La Recherche Scientifique et la Psychologie, in: Morère É. (éd) Des Chercheurs Français s’Interrogent. Orientation et Organisation du Travail Scientifique en France. Toulouse: Privat,173- 201, 1957.

GAGEY, J. Analyse spectrale de la psychologie. Marcel Riviére, Paris, 1968.

LAGACHE, D. A unidade da psicologia. Edições 70, Lisboa, 1988 (conferência pronunciada em 1949).

LAW, J. After Method. New York: Routledge, 2004.

MOL, A. The body multiple: ontology in medical practice. Durham: Duke University Press, 2002.

PAGÉS, R. Quelques remarques sur Qu’est-ce que la psychologie?. In: Revue Métaphysique et Morale. Janeiro-Março 1958.

Kepler: la luz y la matematización del mundo físico Carlos Cardona [email protected] Universidad del Rosario, Bogotá, Colombia.

Para los historiadores y filósofos de la ciencia es un asunto muy debatido y complejo el establecer las condiciones que dieron origen al surgimiento de la ciencia moderna. En muchos aspectos se asume que la ciencia moderna superó importantes restricciones propias de la ciencia clásica. En general hay un acuerdo en reconocer que la ciencia moderna está soportada en tres pilares básicos: (i) orientación mecanicista (favorecer las causas eficientes sobre las finales); (ii) experimentación (someter la validación de las teorías al veredicto de la experiencia controlada); (iii) matematización del mundo físico. La charla pretende centrarse en el tercer punto y ofrece una interpretación novedosa de las condiciones de posibilidad que condujeron a dicha matematización.

El trabajo sorprendente de Galileo y la síntesis en la obra de Newton se han tomado como el paradigma que resume el tránsito de una cosmología no-matematizada a una cosmología moderna que incorpora el lenguaje de las matemáticas como su vehículo de exploración fundamental. Kant incorporó estos ejemplos como la más depurada expresión del espíritu de la ciencia moderna.

Se quiere ofrecer en la charla un enfoque diferente del origen de la ciencia moderna. Kant erigió los aspectos epistemológicos como el núcleo de su interpretación y con ello abrió una tradición muy poderosa e influyente de historiadores y filósofos que han sublimado el acercamiento epistemológico. Quiero mostrar la importancia de ciertos aspectos metafísicos y ontológicos que igualmente fueron detonantes cruciales para el origen de la ciencia moderna. Quiero también erigir la figura de Kepler como el más claro representante de la tesis que quiero defender.

El enfoque de Kant supone que la matematización del mundo físico fue posible gracias a una revolución que nos condujo a dejar atrás el dictum aristotélico que impone que lo mutable (el mundo físico) no se puede interpretar en términos de lo inmutable (las matemáticas); no podemos usar la ciencia de lo inmutable (matemática) para interpretar con ella lo cambiante por naturaleza. Me interesa mostrar con el caso de Kepler que algunos pensadores estaban interesados en tender puentes entre el dictum aristotélico y el horizonte de la nueva ciencia. Así, más que una revolución, había también claros intentos por conciliar enfoques que en principio parecen contrapuestos.

Pretendo mostrar que al acoger los modelos plotinianos de replicación radiante e interpretarlos en el marco de la metáfora de la trinidad que supone un padre (Dios), un hijo (la naturaleza creada) y un término medio (espíritu santo), Kepler mostró las posibilidades legítimas de matematizar el mundo físico sin violentar el dictum aristotélico. La matematización del mundo físico en Kepler es posible gracias a que ella remite a una presencia espiritual en el mundo. El estudio de la luz en Kepler se ofrece como modelo para

Page 43: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

39

mostrar que a todos los fenómenos naturales les acompaña una forma de espiritualidad. La matematización del mundo físico se dirige a esa forma de espiritualidad. Defenderé esta orientación siguiendo el caso de la óptica e ilustraré algunas posibles extensiones a otros campos como el estudio del movimiento.

Mostraré la importancia que adquiere en la obra de Kepler el concebir la luz como algo inmaterial. Esto permite ver la luz como expresión metafórica de la presencia de Dios en el mundo. Así las cosas, el caso de la luz se puede establecer como la analogía fundamental que ilustra la presencia de una fuerza espiritual en el universo. Así, el mundo físico es matematizable porque la luz (expresión de la presencia de una fuerza inmaterial) lo es. Pirámide visual: reconstrucción racional de la evolución de un instrumento conceptual Carlos Cardona [email protected] Universidad del Rosario, Bogotá, Colombia.

Lakatos participó en muchas empresas orientadas a ofrecer reconstrucciones racionales de muy diversos programas de investigación. En todas las reconstrucciones adelantadas el núcleo firme estaba constituido por un conjunto de principios o preceptos teóricos. Pretendo ofrecer la pauta para adelantar una reconstrucción racional que no fija en el núcleoun conjunto de preceptos o principios teóricos, sino la defensa de un instrumento conceptual. Mostraré cómo adelantar una reconstrucción en la que la heurística negativa del programa inmoviliza un instrumento más bien que un conjunto de preceptos teóricos. Defenderé que al inmovilizar un instrumento que resulta neutral frente a compromisos ontológicos, es posible encontrar en el mismo programa de investigación diferentes enfoques teóricos que, aunque contradictorios entre sí, gravitan en torno al uso del instrumento. Mostraré por qué era razonable defender la inmovilidad del instrumento en las épocas que se pueden llamar progresivas.

Si un artefacto material o una invención de articulaciones conceptuales facilita, y en muchos casos hace posible, una anticipación empírica o contribuye a ofrecer una explicación, llamaremos a dicho artefacto un instrumento. Si la articulación mencionada alude simplemente a piezas conceptuales diremosque se trata de un instrumento conceptual.El instrumento debe estar a la mano del usuario con independencia de las particularidades del entorno de aplicación.

Mostraré que el estudio de la percepción visualpudo simplificarse y sacar provecho del uso de la pirámide visual como instrumento conceptual.Esto antes de que el programa de investigación entrara en una fase de estancamiento (siglo XX). Defenderé que dicho estudio en su conjunto puede verse como un programa de investigación en cuyo núcleo firmereside un instrumento que se puede caracterizar provisionalmente en los siguientes dos términos: (i) percibir visualmente un objeto demanda postular la existencia de una mediación rectilínea entre el ojo (vértice de la pirámide) y el objeto (base de la pirámide). (ii) Adscribir propiedades al objeto observado puede hacerse gracias en buena medida a que decodificamos las pistas geométricas presentes en la pirámide visual. Mostraré que los investigadores que acogieron dicho programa adelantaron variadas operaciones en los alrededores del cinturón protector con el ánimo de mantener incólume el núcleo del programa, a saber el uso de la pirámide visual como instrumento.

Para adelantar la reconstrucción se han concebido ocho fases que agrupan los estadios de evolución más representativos. (i) Euclides-Ptolomeo: defensa del instrumento en lenguaje extramisionista. (ii) Alhacén: defensa del instrumento en lenguaje intramisionista (análisis de la funcionalidad geométrica de la estructura ocular).Las fases 1 y 2 permiten mostrar que el instrumento es neutral frente a compromisos ontológicos. (iii) Roger Bacon: metafísica causal de la mediación rectilínea y multiplicación de las especies. (iv) Renacimiento italiano: interposición de un velo pictórico a la pirámide visual. (v) Johannes Kepler: protagonismo de la retina y demostración del Teorema Fundamental de la Óptica. Se mostrará que Kepler sintetizó los aspectos conceptuales más importantes del programa de investigación. (vi) Descartes-Malebranche: sublimación de un segundo observador. (vii) Berkeley: deconstrucción de la visión heredada. Se mostrará la aguda y

Page 44: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

40

audaz crítica de Berkeley al núcleo firme del programa. (viii) Auge de la óptica alemana: desarrollos progresivos del programa de investigación. Se defenderá que, a pesar de la profunda crítica de Berkeley, el programa podría verse aún como progresivo gracias a la buena cantidad de anticipaciones teóricas y empíricas llevadas a cabo durante el siglo XIX.

Finalmente se mostrará que hay en el horizonte del siglo XX varios programas rivales que aspiran a sustituir el lenguaje de la pirámide visual (v. gr. el programa de James Jerome Gibson). História contrafactual da teoria da tectônica de placas Caroline Andreassa Caracho [email protected] Graduanda, Inst. de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), Universidade de São Paulo, Brasil.

Osvaldo Pessoa Jr. [email protected] Depto. de Filosofia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Henry W. Menard (1920-86) foi um geólogo marinho californiano que participou da última grande revolução científica (no sentido kuhniano), que ocorreu nos anos 1960 nas Ciências da Terra. Em seu livro The ocean of truth (1986), relatou em detalhes a história da elaboração da teoria da tectônica de placas, que ocorreu a partir da exploração intensa dos oceanos, financiada principalmente pela Marinha dos Estados Unidos. O livro apresenta diversas reflexões a partir da filosofia e da sociologia da ciência. No epílogo do livro, reforça novamente a tese de Robert Merton de que descobertas múltiplas são normais na ciência, discute alguns aspectos da alocação de crédito a cientistas no caso de descobertas simultâneas etc.

Na última seção do capítulo, especula sobre um cenário contrafactual: “o que teria acontecido com a geologia, e particularmente com a tectônica, se as descobertas marinhas dos anos 1950 não tivessem ocorrido”? (p. 300). Neste trabalho, esmiuçaremos o cenário hipotético imaginado por Menard, baseado na situação possível de que a Marinha estadunidense não tivesse investido imensos esforços na exploração dos oceanos.

Menard afirma que a tese da deriva continental (continental drift), defendida nos anos 1920 notadamente por Alfred Wegener, poderia ter sido confirmada sem o desenvolvimento da oceanografia, a partir apenas dos dados coletados nos continentes e da sua análise paleomagnética. As reversões do campo magnético terrestre, descoberta feita a partir de medições no assoalho oceânico no início dos anos 1960, já se manifestavam nos dados colhidos nos continentes. Dados paleoclimatológicos, somados a uma nova visão da geologia clássica, segundo Menard, poderiam ter levado a um florescimento da geologia nos anos 1980, mesmo sem a formulação da teoria da tectônica de placas.

No final da década de 1950, os defensores da tese da deriva continental se dividiam em três correntes, baseadas respectivamente (1) na hipótese da expansão do raio da Terra (proposta desde 1922), para a qual não haveria destruição de crosta oceânica; (2) na ideia da expansão do assoalho oceânico (sea-floor spreading), em que a crosta é criada e destruída a partir da convecção do manto; e (3) na tese defendida na época por Menard que postulava um desenvolvimento sequencial das dorsais oceânicas (que teriam idades diferentes em seus diferentes segmentos). Semelhantes hipóteses poderiam competir no cenário contrafactual em que não houvesse exploração marinha maciça por parte da Marinha.

No entanto, segundo Menard, mesmo assim haveria o desenvolvimento intenso da sismologia. E mesmo sem a descoberta das falhas transformantes (transform faults), propostas independentemente por Alan Coode e Tuzo Wilson, em 1965, “presumivelmente” sismólogos “teriam plotado os primeiros movimentos de terremotos da maneira correta e descoberto falhas transformantes dorsal-dorsal, o rifte que se expande, e o movimento rígido da bacia do Pacífico Norte” (p. 300). Além disso, considera provável que se pudesse inferir, a partir dos dados sísmicos, o afundamento da litosfera nas fossas marinhas. Conclui, assim, que nesse cenário contrafactual se poderia “demonstrar a existência das

Page 45: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

41

placas rígidas modernas”, levando em conta também a congruência das margens do Atlântico. Estima um atraso de apenas uma década para a consolidação de uma “rudimentar tectônica de placas”, mencionando que este caminho histórico seria mais uma “evolução” do que uma “revolução”.

Pretendemos esclarecer os conceitos geológicos e geofísicos apresentados no relato de Menard, descrever de maneira diagramática os modelos causais dos caminhos históricos factual e contrafactual, e avaliar a plausibilidade das especulações do autor. La historia de la técnica de cultivo de tejidos y su llegada a nuestras tierras César Lorenzano [email protected] Doctorado en Epistemología e Historia de la Ciencia, Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina

No siempre, sino raramente se reconoce el papel jugado por las mujeres en el avance de la ciencia. Alguna vez mencioné a María Maniasera y su descubrimiento de la acción enzimática en en la conversión del azúcar en alcohol antes que Buchner y cómo fue ocultada por la los protagonistas de la época y por la historia.

En esta ocasión me voy a referir a una figura bien conocida en Brasil pero cuya historia es apenas mencionada más allá de esta tierra, pese a que dio las herramientas que forjaron a tres premios Nobel; tuvo una intervención decisiva en uno de los mayores hallazgos de la neurofisiología; formó discípulos; difundió y mejoró nuevas tecnologías.

No sólo tuvo que superar el obstáculo de ser mujer. Siendo alemana, huyó del nazismo por su condición judía. Fue menospreciada en su condición de investigadora porque no poseía un título universitario sino uno técnico.

Sin embargo, es imposible saber cómo se difundió la técnica de cultivo de tejidos y células si se la desconoce. A ella y a quien probablemente se la haya enseñado. Otro casi desconocido aunque su tesis de doctorado leída en toda Europa la explica por primera vez en todos sus detalles.

Curiosamente, ambos son apenas conocidos por ser mencionados en dos conferencias Nobel. Un hecho que no llevó a que fueran objeto de interés para la historia de la ciencia.

Me refiero a Hertha Meyer. No es mi intención referirme extensamente a sus vicisitudes en Brasil. Eso ha sido hecho inmejorablemente por su discípulo, el Dr. Wanderley Souza, quien tuvo la deferencia de enviarme su semblanza de Hertha, antes de que la incluyera en un libro. Si voy a narrar el camino que sigue la técnica del cultivo de tejidos desde Copenhagen a Berlín, luego a Turín, para recalar posteriormente en Sudamérica. Su relación con Albert Fischer, con Giuseppe Levi, y sus discípulos, Rita Levi Montalcini, Salvatore Luria, Renato Dulbecco – tres premio Nobel – y Sacerdote de Lustig, prima de Rita, que llevó la técnica a Argentina. El primer Copernicano fue Copérnico: el heliocentrismo en la Antigüedad Christián C. Carman [email protected] Universidad Nacional de Quilmes, Bernal, GBA – CONICET, Argentina.

Es bien conocido que el heliocentrismo fue propuesto en la antigüedad. Arquímedes

cuenta, en el Arenario, que Aristarco escribió un libro en el que sostuvo que el Sol y la esfera de las estrellas fijas permanecen fijos y que la Tierra gira alrededor del Sol, que se ubica en el centro del universo. El Heliocentrismo posee, sin duda, significativas desventajas físicas y teológicas, pero también importantes ventajas astronómicas que contribuyeron a que finalmente se impusiera: puede explicar de una manera elegante la

Page 46: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

42

retrogradación de los planetas, propone un orden unívoco de los planetas e, incluso, permite calcular las distancias relativas de los planetas.

Estas ventajas eran perfectamente comprensibles y sin duda apetecibles para los astrónomos antiguos. Por ello, es sumamente difícil explicar por qué el heliocentrismo no triunfó antes de Copérnico. Usualmente, las explicaciones que se ofrecen son de carácter sociológicas (Gingerich sostiene que la expansión de la imprenta contribuyó a la difusión de las ideas copernicanas, ventaja que no disfrutó Aristarco, Heath afirma que la inmensa autoridad de Hiparco, que fue geocentrista, sentenció de muerte la propuesta de Aristarco)o metodológicas (Kuhn sostiene que el sistema geocéntrico no estaba en crisis cuando Aristarco lo propuso pero sí cuando Copérnico lo hizo y eso fue determinante).

El heliocentrismo copernicano podría caracterizarse mediante las siguientes 5 hipótesis: 1) La Tierra gira sobre su eje una vuelta por día (sidéreo), la Tierra se traslada alrededor del Sol (que está fijo en el centro del Universo) una vuelta por año, 3) los cinco planetas (Mercurio, Venus, Marte, Júpiter y Saturno) giran también alrededor del Sol, 4) la Luna gira alrededor de la Tierra, 5) la esfera de las estrellas fijas, centrada en el Sol, permanece en reposo. Las ventajas astronómicas y las desventajas teológicas y físicas no se siguen de la misma manera de cada una de estas hipótesis. Por ejemplo, las desventajas físicas y teológicas se siguen principalmente de las dos primeras hipótesis, mientras que las ventajas astronómicas no pueden disfrutarse sin la hipótesis 3.

En esta ponencia analizaremos en detalle la relación entre estas distintas hipótesis y las ventajas y desventajas y repasaremos las fuentes que testimonian el heliocentrismo en la antigüedad y edad media para ver si cumplían con esas cinco hipótesis. Nuestro objetivo es mostrar que el heliocentrismo pre-copernicano no poseía las ventajas astronómicas de las que sí gozaba el heliocentrismo copernicano y en esa diferencia debe buscarse la principal razón de la demora de su aceptación durante casi 1800 años. El vínculo entre ciencia y tecnología en la ingeniería genética: el caso de los organismos genéticamente modificados y el human enhancement Christian Francese [email protected]

Nahuel Pallitto [email protected]

Agustín Martínez [email protected]

Grupo de Filosofía de la Biología, FCEyN, FFyL, Universidade de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

El vínculo entre ciencia y tecnología es una de las temáticas activamente discutidas tanto por la filosofía de la ciencia como por la filosofía de la tecnología. En efecto, se encuentran autores que conceptualizan la relación de manera diversa, presentando posiciones bien fundamentadas pero opuestas en algunos casos. En términos generales, podríamos presentar tres maneras de concebir la relación ciencia-tecnología, con distintos tipos de matices cada una de ellas. El punto de vista “clásico”, y además probablemente el más difundido en círculos de científicos naturales, es aquel que identifica a la tecnología como una forma de ciencia aplicada. Desde esta postura, existe una clara relación de dependencia de la tecnología con la ciencia, presuponiendo que son sólo las teorías, ideas y prácticas de la ciencia los que determinan los desarrollos tecnológicos. La tecnología así vista tendría como valores principales su utilidad y eficacia en tanto que la ciencia mantendría como hegemónico el valor epistémico de sus teorías. Un segundo posicionamiento, además de destacar la importancia de la ciencia en la tecnología actual, acepta que la tecnología condiciona la actividad científica moldeando incluso algunos aspectos de sus teorías, pero manteniendo la autonomía de un ámbito respecto a otro. En este sentido, se destaca que la metodología misma empleada por la ciencia actual se encuentra en gran medida mediatizada por aparatos tecnológicos, haciendo depender los

Page 47: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

43

resultados científicos de la propia tecnología. Por último, un tercer escenario encuentra algunos autores que eliminan las distinciones entre ciencia y tecnología, argumentando que la práctica científica actual es indistinguible de la tecnológica. De esta manera, la llamada tecnociencia postula que el propio conocimiento científico está valuado en relación a su utilidad tecnológica y, por lo tanto, se encuentra determinado también por los aspectos de orden social, cultural, político y económico que influyen sobre la tecnología.

En el presente trabajo indagamos el tipo de vínculo entre ciencia y tecnología que presuponen dos desarrollos tecnológicos de gran relevancia en la actualidad: los organismos genéticamente modificados y el human enhancement vía ingeniería genética. Para ello, analizamos la pertinencia de los tres escenarios planteados en la bibliografía específica de la filosofía de la ciencia y la filosofía de la tecnología como posibles relaciones entre ciencia y tecnología, teniendo en cuenta el conocimiento científico de las diferentes subdisciplinas de la biología involucradas. Del análisis efectuado se desprende que ningún escenario de los provistos por la literatura especializada parece capturar adecuadamente el vínculo entre el conocimiento científico y el tecnológico presente en los casos analizados, aunque destacamos los aportes que una u otra aproximación permiten realizar acerca del complejo vínculo entre ciencia y tecnología. Por el contrario, al hacer foco sobre el conocimiento delos desarrollos tecnológicos aquí tratados se detectan ciertas contradicciones teóricas y conceptuales con respecto a las teorías y conceptualizaciones propias de algunos ámbitos científicos, como ser la biología molecular. El caso de los OGM y el human enhancement vía ingeniería genética pareciera introducir un cuarto escenario de relación entre la ciencia y la tecnología en el cual el conocimiento tecnológico sólo se estaría apoyando en algunos aspectos del conocimiento científico, simplificando y/o ignorando otros, permaneciendo vigente a pesar de las tensiones que mantiene con el mismo.

Referencias Echeverría, J. (2003). La revolución tecnocientífica. Madrid: Fondo de Cultura Económica

Ho, M. W. (1998). Genetic engineering-dream or nightmare?: the brave new world of bad science and big business. UK: Gateway Books.

Martinez, A., Sánchez, M., Francese, C. y Rubio, E.... (2015). “El indeterminismo del gen. Patentes de ADN y la ausencia de un sustento teórico”, en C. Vanney y O. Lombardi, Fronteras del determinismo científico. Filosofía y ciencias en diálogo. Madrid, Biblioteca Nueva, pp. 151-60.

Pallito, N y Francese, C. (2015) “Análisis histórico y filosófico del privilegio de los genes en los principales programas de investigación de la biología del comportamiento”, en Ahumada, J., Venturelli, A. y Chibeni, S. Filosofía e Historia de la Ciencia en el Cono Sur. Selección de trabajos del IX Encuentro y las XXV Jornadas de Epistemología e Historia de la Ciencia, AFHIC, Universidad Nacional de Córdoba, pp. 539-48.

Pallito, N., Francese, C. y Folguera, G.(2015). “Apuntes sobre genética y comportamiento humano. Nuevos (y no tan nuevos) embates al centrismo del gen y los enfoques deterministas”, en C. Vanney y O. Lombardi, Fronteras del determinismo científico. Filosofía y ciencias en diálogo. Madrid, Biblioteca Nueva, pp. 125-137.

Quintanilla, M. (1991). Tecnología: un enfoque filosófico. Buenos Aires: Eudeba

Como em uma fábrica: modelos mecânicos para o éter na física vitoriana Cibelle Celestino Silva [email protected] Grupo de História, Teoria e Ensino de Ciências, Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP, Brasil.

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales” A modelização dos fenômenos físicos é considerada como um dos constituintes

básicos do desenvolvimento científico. A relação entre modelos e a realidade física foi uma grande preocupação entre os físicos do século XIX. Nesta época, a mecânica e suas

Page 48: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

44

aplicações eram campos de pesquisa bastante desenvolvidos. A abordagem mecânica predominou entre físicos britânicos como, por exemplo, William Thomson, James Clerk Maxwell, George Francis FitzGerald, Oliver Heaviside e Oliver Lodge, que buscaram interpretar as equações eletromagnéticas em termos de força, velocidade, aceleração e outras grandezas mecânicas no éter evitando interpretações que envolvessem a ideia de ação a distância. O apogeu deste programa mecânico aconteceu nas duas últimas décadas do século XIX, quando verdadeira engenhocas foram construídas para ilustrar, representar ou ajudar na compreensão dos mecanismos subjacentes aos fenômenos eletromagnéticos.

Na segunda metade do século XIX, surgiu uma nova maneira de interpretar as relações entre modelos físicos e modelos matemáticos, produzindo um interessante enfoque para o desenvolvimento de explicações para fenômenos físicos. Um dos métodos utilizados para desenvolver modelos capazes de descrever os fenômenos eletromagnéticos foi o uso de analogias com sistemas físicos já conhecidos e bem estudados, como por exemplo, propagação de calor, movimento de fluidos e estudo de corpos sólidos elásticos, entre outros. Estas analogias tinham um forte caráter matemático, mas também uma preocupação em permitir a formação de imagens dos fenômenos eletromagnéticos. Um dos exemplos mais bem sucedidos desta abordagem é o modelo de vórtices e rolamentos de Maxwell descrito no trabalho “Sobre as linhas de força” de 1861-1862, que o propiciou importantes conceitos como corrente de deslocamento e a teoria eletromagnética da luz.

Maxwell, um excelente físico-matemático, considerava que modelos físicos ou pictóricos e modelos matemáticos eram caminhos igualmente válidos para a pesquisa. Além de Maxwell, outros físicos britânicos se dedicaram ao uso de modelos concretos e analogias, o que acabou se tornando uma característica da física no período vitoriano. Alguns dos modelos eram meras ilustrações dos mecanismos e visavam facilitar a compreensão, outros modelos eram utilizados como ferramentas de pesquisa e, outros ainda, representações do que de fato ocorreria no éter.

Embora a maioria dos modelos criados por Maxwell fosse puramente mentais, ele construiu versões materiais de seus modelos, por exemplo, um dispositivo de engrenagens e manivelas para ilustrar a indução de correntes. Alguns de seus sucessores continuaram a valorizar a construção de mecanismos para ilustrar mecânicos para os fenômenos eletromagnéticos. Como a maioria dos físicos vitorianos aceitavam que o éter tinha propriedades mecânicas, eles acreditavam ser possível desenvolver modelos mecânicos que fossem muito similares ao éter. Entre eles Heaviside e Lodge construíram modelos para ilustrar algumas ideias e desempenhar o papel de analogias visando facilitar a compreensão e tornar as ideias mais claras.

O sucesso da recém-desenvolvida teoria cinética dos gases reforçou a esperança de se encontrar um modelo mecânico que correspondesse a real natureza do éter. Neste trabalho discutirei alguns dos modelos desenvolvidos por FitzGerald e Lodge, seguidores de Maxwell, enfatizando como eram interpretados, seus usos e algumas das críticas ao caráter realista de tais modelos. É possível encontrar em Factors of evolution: theory of stabilizing selection (1949) de Ivan Ivanovich Schmalhausen, ideias relacionadas à plasticidade fenotípica? Cintia Graziela Santos [email protected] Grupo de História da Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Brasil.

O fenômeno conhecido atualmente como plasticidade fenotípica, isto é, a capacidade

de um genótipo produzir diferentes fenótipos quando sujeito a diferentes condições ambientais, não foi considerado pela Síntese moderna. Apesar disso, alguns pesquisadores alegam que ideias relacionadas a esse fenômeno já estavam presentes em obras publicadas durante o período em que ocorreu esse evento como, por exemplo, em Factors of evolution: theory of stabilizing selection, de autoria de Ivan Ivanovich Schmalhausen (1884-1963), publicada em 1947.

Essa obra recebeu tanto críticas como elogios. Na maioria das resenhas examinadas, foi considerada de difícil compreensão, tanto pelos temas tratados como por seu estilo.

Page 49: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

45

Outra crítica recebida foi voltada às referências bibliográficas apresentadas que continham somente trabalhos desenvolvidos na URSS até 1940. Por outro lado, a maioria dos autores concordou que Factors of evolution era uma obra importante, pois tratava de questões evolutivas, levando em conta a morfologia e o desenvolvimento e retratou a evolução de modo sintético e orgânico. Além disso, que a principal contribuição da obra foi a concepção de seleção estabilizadora com o que estamos de acordo.

Factors of evolution foi traduzido para a língua inglesa, em 1949, por Isadore Dordick e editado por Theodosius Dobzhansky (1900-1975), considerado um dos arquitetos da Síntese moderna. No prefácio, Dobzhansky comentou que o livro contribuiu para o tratamento sintético da evolução e ofereceu uma base abrangente para entender como ela ocorre. Explicou que havia excluído várias páginas, que continham conceitos puramente genéticos ou repetições, mas que isso não representava um problema para o entendimento da obra.

O objetivo desta comunicação é a partir da análise de Factors of evolution: the theory of stabilizing, discutir as ideias de Schmalhausen sobre evolução, tentando elucidar se elas contêm concepções que poderiam ser relacionadas com o que é hoje conhecido como plasticidade fenotípica.

A presente pesquisa levou à conclusão de que é possível encontrar várias ideias relacionadas à plasticidade fenotípica na obra analisada. A concepção de “norma de reação” de Schmalhausen é similar àquela proposta por Richard Woltereck (1877-1944), em 1909. No entanto, ele foi mais além, pois relacionou a norma de reação aos componentes ecológicos e de desenvolvimento, aproximando-se mais do conceito de norma de reação do desenvolvimento elaborado posteriormente por outros pesquisadores. Apesar de Schmalhausen não ter usado a expressão “plasticidade fenotípica”, ele empregou o termo “plasticidade” em várias partes do livro, como por exemplo, no trecho: “A plasticidade de uma espécie é evidência de sua capacidade para evolução. Essa capacidade pode ser utilizada somente sob condições definidas. A seleção natural sempre age somente nos fenótipos que existem e não nas suas potencialidades” (Schmalhausen, 1949, p. 124). Algumas vezes o autor empregou a expressão “plasticidade evolutiva”. É possível perceber que ele empregou o termo plasticidade no sentido de uma propriedade que permitia a evolução.

Schmalhausen empregou o termo “seleção estabilizadora” em dois contextos diferentes. Um correspondendo à ideia moderna de seleção (que suprime os extremos da distribuição fenotípica) que já estava presente em publicações de outros pesquisadores na época. O outro, para referir-se ao processo de estabilização da própria norma de reação.

Consideramos que muitos pontos de vista de Schmalhausen podem ser relacionados ao fenômeno da plasticidade fenotípica, principalmente suas ideias sobre norma de reação e seleção estabilizadora. Além disso, ele trabalhou com temas que na época eram ignorados pela maioria dos pesquisadores.

A noção de “estilos de raciocínio científico” aplicada no programa Brahe-Kepler Claudemir Roque Tossato [email protected] Depto. de Filosofia, EFLCH, Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos, SP – IEA/USP, Brasil.

Simpósio 4: “Estilos de raciocínio científico”

Estudos sobre estilos de raciocínio científico são relativamente recentes nas discussões históricas e filosóficas da ciência; um dos primeiros autores a tratar da noção de estilos foi Crombie, na obra Styles of scientific thinking in the European tradition (1994). Estilos têm como principal função a elaboração de ferramentas analíticas para auxiliar na compreensão dos processos históricos científicos e nas investigações feitas pelos filósofos da ciência. Como operam os estilos de raciocínio científico é algo ainda controverso, variando de acordo com a concepção de cada estudioso do assunto; por exemplo, Hacking, defende uma abordagem de broad frameworks, exposta entre outros, no texto “Estilo para historiadores e filósofos (2002); por outro lado, Bueno advoga uma concepção narrow, no artigo “Styles of reasoning: a pluralist view” (2012).

Page 50: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

46

Proponho neste trabalho utilizar a noção de estilos de raciocínio científico como um modo de relacionar os componentes – entendidos como valores epistêmicos − de um determinado trabalho científico, que são, basicamente, os objetivos, os métodos, as teorias, os dados (observações, medições, etc.) e os instrumentos disponíveis. Tal utilização de estilos entende “raciocínio científico” como o resultado do relacionamento dos componentes listados acima, e o resultado de tal relacionamento deve ser a obtenção de informações relevantes ou a predição de novos eventos. Esta noção de estilo também defende que cada um dos componentes apresentados é visto como tendo um valor epistêmico, onde estilo pode ser entendido como a hierarquização desses valores, isto é, o estilo de um cientista ou de uma comunidade científica caracterizar-se pela importância que cada componente tem na elaboração do conhecimento científico.

Utilizarei como exemplo da possibilidade de uso desta concepção de estilos o programa Brahe-Kepler para a cosmologia e a astronomia do século XVII. Entendo tal programa como a procura de uma melhor representação do mundo celeste, na qual tem-se, como principal objetivo, a elaboração de tabelas astronômicas para a utilização prática, seja para a colheita seja para a navegação ou outra aplicação. Aportes de la metateoría estructuralista a la sociología: un posible diálogo con Ritzer Cláudio Abreu [email protected] Centro de Filosofía e Historia de la Ciencia (CeFHIC), Universidad Nacional de Quilmes, Bernal, GBA, Argentina.

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales”

El siglo pasado presenta importantes desarrollos en la sociología y en la filosofía de la ciencia. En lo que respeta a la noción de teoría, la filosofía de la ciencia estuvo presente en las discusiones metateóricas acerca de la sociología con las concepciones clásicas y con las concepciones historicistas. Sin embargo, las concepciones semánticas no lograron establecer un diálogo con aquellos sociólogos dedicados a hacer metateórica sociológica. La reflexión de segundo orden sobre teorías en sociología se ha apartado de la filosofía de la ciencia teniendo hasta hoy como trasfondo el marco del paradigma historicista. Un buen ejemplo de esto es el trabajo de metateórico de Ritzer (1988, 1990 y 1997), quien presenta instrumentos interesantes para entender el contexto multiparadigmático de la disciplina, sin embargo, sin llevar en consideración los avances aportados desde la filosofía de la ciencia por la perspectiva semanticista.Ritzer afirma la existencia de tres tipos de metateorización en sociología: Mu, Mp, Mo. Mu corresponde a la metateorización que busca obtener una comprensión más profunda de teoríasexistentes. Este tipo de metateorización presenta cuatro subtítulos: interno-intelectual (cuestiones cognitivas internas a la sociología), interno-social (cuestiones sociales internas a la sociología), externo-intelectual (acerca de la utilización de herramientas, ideas y teorías desarrolladas en otras disciplinas) y externo-social (la teoría sociológica en el contexto general de la sociedad).A su vez, Mp objetiva el desarrollo de la teoría.Por fin, Mo tiene por objetivo perspectivas que sostienen toda la teoría sociológica. Para Ritzer, directamente influenciado por T. Kuhn, la sociología es una disciplina multiparadigmática en donde hay tres paradigmas en competencia. En cada uno de estos paradigmas es posible encontrar al menos un ejemplar, una imagen del objeto, teorías y métodos. Para Ritzer los paradigmas que están en competencia son: el paradigma de los hechos sociales, el de la definición social y el de la conducta social. El paradigma de los hechos sociales tiene como ejemplar el trabajo de Durkheim, y se manifiesta tanto en las teorías del funcionalismo estructural como las teorías del conflicto y de sistemas. El paradigma de la definición social tiene como ejemplar el modelo de la acción social de Max Weber, siendo que se manifiesta por medio de la teoría de la acción, del interacionismo simbólico y da etnometodología, entre otras. Por fin, el paradigma de la cultura social tiene por ejemplar el modelo conductista-social de Skinner. La tesis de este trabajo es que la Metateoría Estructuralista, por su capacidad inigualable, hasta el momento, de elucidar la estructura profunda de las teorías, permite avanzar en el entendimiento del contexto de teorización en la sociología al permitir desarrollar las ideas Ritzer (o al menos parte de ellas) en lo que respecta a la metateorización en sociología. Con

Page 51: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

47

el objetivo de empezar un diálogo con quienes estén interesados en esta temática, especialmente con científicos (es decir, sociólogos), después de presentar las ideas básicas de Ritzer en lo que respeta a la temática en cuestión, es presentada una discusiónde sus ideas desde la perspectiva de la Metateoría Estructuralista para, entonces, indicar un posible camino a seguir para que se mantenga el diálogo. A tese general de esta perspectiva de trabajo es que a partir de algunas reconstrucciones (análisis) completas de teorías sociológicas (tales como las teorías de los grupos de referencia y de la anomia del propio Merton, la teoría de la estructuración de Giddens y la teoría de la acción de Parsons, entre otras) será posible mostrar que la Metateoría Estructuralista es, como una concepción de teoría, un instrumento hoy imprescindible para el desarrollo del saber sociológico.

Referencias

Abend, G. (2008). “The meaning of ‘theory’. Sociological Theory 26(2): 173-99.

Abreu, C., Lorenzano, P. & C. U. Moulines (2013), “Bibliography of Structuralism III (1995-2012 and Additions)”, Metatheoria 3(2): 1-35.

Alexander, J. C. (1987). Twenty Lectures. Sociological Theory since World War II. New York: Columbia University Press.

Balzer, W., Moulines, C. U. & J. D. Sneed (1987), An architectonic for science. Thestructuralistprogram, Dordrecht: Reidel. (Versión castellana: (2012), Una arquitectónica para la ciencia. El programa estructuralista, Edición revisada, Bernal: Universidad Nacional de Quilmes.)

Cartwright, Nancy. Reply to Ulrich Gähde. Pp. 65-66, in: Bovens, Luc; Hoefer, Carl; Hartmann, Stephan (eds.). Nancy Cartwright's Philosophy of Science. New York: Routledge, 2008.

Diederich, W., Ibarra, A. & T. Mormann (1989), “Bibliography of structuralism”, Erkenntnis 30: 387-407.

–––––– (1994), “Bibliography of structuralism II (1989-1994 and additions)”, Erkenntnis 41: 403-18.

Enqvist, S. (2011), “A Structuralist Framework for the Logic of Theory Change”, en Olsson, E.J. y S. Enqvist (eds.), Belief Revision Meets Philosophy of Science, Dordrecht: Springer, pp. 105-35.

Galtung, J. (1967). Theory and Methods of Social Research. New York: Columbia University Press.

Merton, R. K. (1949). Social Theory and Social Structure. Toward the Codification of Theory and Research. Illinois: The Free Press of Glencoe.

–––––– (1968), “On Sociological Theories of the Middle Range”, en Social Theory and Social Structure. 1968 enlarged edition. Illinois: The Free Press.

Moulines, C.U., “Marcos teóricos: el ejemplo de la termodinámica”, cap. 2.10 de Exploraciones metacientíficas, Madrid: Alianza, 1982, 225-47.

Qi, L. and H. Zhang, “From the Received View to the Model-Theoretic Approach”, in Magnani, L. & P. Li (eds.), Philosophy and Cognitive Science, SAPERE 2, Berlin-Heidelberg: Springer-Verlag, 2012, pp. 143-54.

Ritzer, G. (1993). Teoría Sociológica Contemporánea. México: McGraw-Hill.

Toledo-Nickels, U. (2008). “El esquema metateórico de Ritzer desde la metodología de los programas de investigación. Cinta de Moebio 33: 204-18.

A abordagem de Hugh Lacey sobre o papel dos valores na atividade científica Claudio Ricardo Martins dos Reis [email protected] Mestre em Ecologia e doutorando em Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil.

Simpósio 2: “Inovação tecnocientífica”

Page 52: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

48

O filósofo da ciência Hugh Lacey defende um modelo de interação entre a atividade científica e os valores (Lacey, 2014, 2010, 2008) e, portanto, é crítico da noção segundo a qual a ciência é ou deveria ser “livre de valores”. Segundo Lacey, essa noção pode ser caracterizada pelo compromisso com as três teses seguintes (Lacey, 1999):

I. a ciência é “imparcial” no que diz respeito à avaliação de teorias, realizada com base apenas em valores cognitivos, sem legitimidade para valores e crenças sociais, culturais, religiosos, metafísicos e morais;

II. a ciência é “neutra” porque suas teorias podem ser equitativamente aplicadas, em princípio, a práticas pertinentes a qualquer perspectiva de valor;

III. a ciência é “autônoma” no que tange a suas agendas de investigação e metodologia de pesquisa, de modo que sua institucionalização é realizada com o interesse único em produzir teorias que manifestem imparcialidade e neutralidade e em descobrir novos fenômenos que favoreçam esse interesse.

Para que a ciência possa ser considerada livre de valores, ela deve ser uma atividade imparcial, neutra e autônoma (Lacey, 1999, cap. 4).Pretendo apresentar brevemente a argumentação crítica de Hugh Lacey sobre esse tema.No que segue, será importante considerar as distinções entre os três conceitos estabelecidos acima.

Em nível descritivo, Lacey destaca a falta generalizada da autonomia e da neutralidade da ciência moderna. Em nível normativo, ele endossa a imparcialidade como um elemento intrínseco ao objetivo da ciência, defende a neutralidade como um ideal regulador da atividade científica em seu conjunto e é crítico quanto ao ideal de autonomia, sustentando-o apenas numa versão mais fraca, em que a autonomia é desejável só até o ponto em que ela serve para fortalecer a imparcialidade e a neutralidade, sem que implique o interesse único nesses valores.

Sua crítica à autonomia decorre do entendimento de que (1) a atividade científica é inevitavelmente estruturada por “estratégias de pesquisa”, as quais possuem o papel de direcionar a pesquisa de modo a restringir os tipos de teorias possíveis e selecionar os tipos de dados empíricos a serem postos em contato com as teorias; e de que (2) considerações relativas a valores interferem, ao menos parcialmente, na adoção dessas estratégias. Nesse sentido, a autonomia exposta em III seria um ideal inviável.

Sua crítica à suposta neutralidade da ciência envolve a consideração de que o controle dos objetos naturais (a “dominação da natureza”, de Francis Bacon) é um valor altamente estimado para a prática científica moderna. O controle não é um valor cognitivo, mas um valor social, podendo entrar em conflito com outros valores sociais. Embora se possa afirmar que, em certa medida, o controle faz parte da natureza humana, a busca para maximizá-lo em detrimento de outros valores e de expandi-lo a todos os domínios da vida cotidiana é uma perspectiva de valor à parte. A proeminência do controle, como atitude humana característica em relação à natureza está imersa na autocompreensão da modernidade e foi incorporada pelas instituições da ciência moderna. Se as teorias científicas, tomadas em conjunto, servem prioritariamente a uma perspectiva de valor, então a neutralidade não está sendo garantida.

No entanto, mesmo que os valores não possam ser extirpados da atividade científica, Lacey defende que uma maior neutralidade pode ser conquistada através de uma pluralidade de estratégias de pesquisa. Para que a ciência possa alcançar seus fins cognitivos, portanto, não é necessário (nem possível) que esteja livre de valores, mas que haja uma pluralidade de valores no nível de escolha da estratégia para garantir que o entendimento científico não favoreça uma perspectiva de valor particular, além da necessidade de imparcialidade na avaliação de teorias e hipóteses. ReferênciasReferênciasReferênciasReferências

Lacey, H. Is Science Value Free? Values and Scientific Understanding. London: Routledge, 1999. ––––––. Valores e atividade científica 1. 2a edição. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae

Studia/Editora 34, 2008. ––––––. Valores e atividade científica 2. 2a edição. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae

Studia/Editora 34, 2010. Lacey, H. & Mariconda, P. R. O modelo das interações entre os valores e as atividades científicas.

Scientiae Studia, 12, 4, p. 643-68, 2014.

Page 53: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

49

Realidad y “realidades”: pluralismo, escepticismo y realismo Cristian López [email protected] Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Mariana Córdoba [email protected] Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Hernán Accorinti [email protected] Universidad de Buenos Aires, Argentina.

En la filosofía de las últimas décadas, diversas concepciones pluralistas acerca del desarrollo científico han adquirido un creciente protagonismo. Tales pluralismos pueden diferenciarse entre sí en tanto su motivación consiste en la detracción, en cada caso, del monismo, del fundamentalismo o del reduccionismo. Algunos autores defienden un pluralismo meramente epistemológico o metodológico (Chang 2004, 2012), mientras otros asumen un pluralismo más fuerte comprometiéndose con la idea de una realidad plural, generalmente interna o constituida (Putnam 1981, Cartwright 1999, Lombardi y Pérez Ransanz 2008, 2012).

Diversas posiciones pluralistas acatanel dictum de acuerdo con el cual el pluralismo debe desembarazarse de cualquier idea de verdad en el sentido de la correspondencia, dado que el compromiso con una concepción semántica de la verdad –en general, pensada como el objetivo al que tiende la ciencia- acerca toda posición epistemológica al monismo, al reduccionismo o al fundamentalismo. Hasok Chang, por ejemplo, recientemente ha sostenido,en oposición al monismo, que éste se compromete con la idea de que la ciencia busca la verdad, lo que implicaría una concepción correspondentista de la verdad, y a su vez ciertos compromisos ontológicos en tanto considera que el mundo es uno y la verdad acerca del mundo, consecuentemente, una. El monismo postula la verdad como objetivo último de la ciencia y supone que existe una única respuesta para cada pregunta científica. Ahora bien, Chang parece asumir la implicación contraria también, esto es, que una concepción correspondentista de la verdad implica el monismo. De este modo, cualquier pluralismo debe rechazar toda idea de verdad por correspondencia, quedando como alternativa posible abrazar el coherentismo.

Sin embargo, pueden hallarse diversas posiciones pluralistas que en las últimas décadas han desoído tal dictum. Nancy Cartwrightha argumentado que nuestras mejores teorías científicas describen adecuadamente el mundo que habitamos y que las leyes naturales son verdaderas. Pero, en oposición al fundamentalismo y el universalismo, ha argumentado que estas leyes se aplican solamente a casos muy especiales o ambientes extremadamente controlados. De este modo, se considera que las teorías científicas son literalmente verdaderas, pero únicamente en su particular dominio, que no puede ser universal. Su pluralismo nomológico afirma que coexisten diferentes sistemas de leyes, no necesariamente relacionados entre sí de modo sistemático.

Ya Rudolf Carnaphabía defendido una suerte de pluralismo en conjunción con una noción correspondentista de la verdad en su famoso artículo “Empiricism, Semantics and Ontology” (1956). De acuerdo con Carnap, toda pregunta por la existencia de entidades o por la verdad de las leyes naturales, debe ser formulada dentro de un marco lingüístico. Sólo en relación con un marco lingüístico tienen sentido las preguntas existenciales, en la medida en la cual ser real significa ser un elemento de un sistema lingüístico.Un pluralismo de este tipoes recogido, mutatis mutandis, por el realismo interno de Hillary Putnam y el pluralismo ontológico anti-reduccionista de raigambre kantiana de Olimpia Lombardi y Ana Rosa Pérez Ransanz. Pero mientras el internalismo de Putnam defiende una idea de verdad basada en la aceptabilidad racional idealizada (cercana a la posición de Chang), el pluralismo de Lombardi y Pérez Ransanz se compromete con una noción de verdad entendida como adecuación o correspondencia entre el lenguaje y la ontología constituida en el marco de un esquema conceptual determinado.

Pueden establecerse diversas relaciones entre estas posiciones pluralistas, pero estos cruces, así como los límites que los separan en ocasiones se vuelven borrosos e imprecisos. Lo mismo sucede con el alcance de la aplicación de estos pluralismos a distintas

Page 54: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

50

disciplinas científicas: suelen requerir mayores precisiones filosóficas. ¿Todo pluralismo debe asumir una noción coherentista de verdad, ya sea que rechace el realismo o se comprometa con un realismo internalista? Si, contrariamente, se pretende adoptar una concepción adecuacionista de la verdad, ¿debe ser necesariamente en el contexto de la adopción de un internalismo o de la idea de una realidad constituida? Es nuestro propósito arrojar luz sobre estas cuestiones, dado que estamos convencidos de que la discusión clásica entre realismo metafísico y realismo pluralista suele asumir algunas confusiones respecto de lo que “realidad” y “correspondencia” significan. De hecho, suele vincularse el realismo metafísico con el externalismo y el pluralismo con el internalismo, en el sentido que los definió Carnap. En el presente trabajo nos preguntaremos, asimismo, si es posible defender una posición pluralista sin deflacionar la realidad subordinándola a un marco constituyente.

ReferenciasReferenciasReferenciasReferencias

Carnap, Rudolf (1956) “Empiricism, Semantics and Ontology” Reprinted in theSupplementtoMeaning

and Necessity: A Study in Semantics and Modal Logic, enlargededition, Chicago, University of Chicago Press.

Cartwright, Nancy (1999), The dappledworld: A study of theboundaries of science, Cambridge, CUP.

Chang, Hasok (2004), Inventingtemperature: Measurement and scientificprogress, New York, OUP.

–––––– (2012), Iswater H2O? Evidence, Realism and Pluralism, Dordrecht, Springer.

Lombardi, Olimpia y Pérez Ransanz, Ana Rosa (2008), “Lenguaje, ontología y relaciones interteóricas: en favor de un genuino pluralismo ontológico”, Revista Arbor. Ciencia, Pensamiento y Cultura 187: 43-52.

–––––– (2012), Los Múltiples Mundos de la Ciencia. Un Realismo Pluralista y su Aplicación a la Filosofía de la Física, México, Siglo XXI.

Putnam, Hilary (1981), Reason, Truth and History, Cambridge, CUP.

Experimentos cuánticos de “elección retardada” desde una ontología modal de propiedades Cristian López [email protected]

Olimpia Lombardi [email protected]

Grupo de Filosofia de la Ciencia, Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

En 1978, John Wheeler propuso un ingenioso experimento mental en el cual el pasado de un fotón podía ser modificado mediante una acción presente, sugiriendo un sorprendente ejemplo de retro-causalidad cuántica. En esencia, el experimento consiste en hacer ingresar un fotón a un interferómetro de tipo Mach-Zehnder configurado de una manera determinada y luego, una vez que el fotón ha interactuado con el interferómetro y antes de alcanzar los detectores finales, modificar repentinamente su configuración. Si la naturaleza corpuscular u ondulatoria de un fotón está determinada por la configuración inicial del aparato de medición (tal como sugiere un experimento de doble rendija o un experimento de tipo Mach-Zehnder estándar), el experimento mental de Wheeler nos compele a pensar que cualquier modificación súbita en la configuración inicial también implica no sólo una modificación instantánea en la naturaleza misma del fotón, sino también una modificación en su naturaleza pasada.

Sin lugar a dudas sorprendentes, se ha sostenido que esta clase de experimentos, comúnmente denominados “experimentos de elección retardada (delayed-choiceexperiment)”, capturan el alcance y las profundas implicancias de dos aspectos centrales de la mecánica cuántica, la dualidad-onda partícula y el principio de complementaridad. Sin embargo, una intrigante paradoja yace en el corazón mismo de los

Page 55: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

51

experimentos de elección retardada: cómo “sabe” el fotón de qué manera comportarse (ondulatoria o corpuscularmente) si todavía la configuración final del aparato no ha sido decidida; o, puesto en otras palabras, si todavía la decisión de alterar repentinamente el experimento no ha sido tomada. Werner Miller y John Wheeler (1983) ilustraron esta situación mediante la imagen de un “brumoso dragón”, representando la nebulosa y misteriosa situación física involucrada en su interior. La realización física de experimentos de elección retardada en el laboratorio en los últimos veinte años ha reavivado la discusión acerca de cómo resolver esta paradoja y cómo explicar la nebulosa y aparentemente misteriosa física que le subyace.

Desde un punto de vista conceptual, los experimentos de elección retardada han alimentado fundamentalmente dos puntos de vista antagónicos. Por un lado, desde un punto de vista realista, algunos autores han interpretado que este tipo de experimentos nos compele a aceptar algún tipo de efecto retrocausal o señal viajando en el tiempo hacia el pasado (Fearn 2016, Vaidman 2014). Por el otro lado, una creciente y fuerte corriente antirrealista ha argumentado que los experimentos de elección retardada socavan cualquier intento de explicación del fenómeno desde un punto de vista realista (e.g. Healey 2012, Mohrhoff 1999); en su lugar, estos experimentos abogarían por una interpretación antirrealista de inspiración bohriana, donde el principio de complementariedad juega un papel fundamental (Maning et al. 2015). Dadas las líneas generales de la discusión, ninguna vía intermedia parece abrirse paso.

En el presente trabajo queremos ofrecer los lineamientos generales de una tercera vía que parte de supuestos ontológicos totalmente diferentes. En primer lugar, mostraremos que la discusión filosófica acerca de los experimentos de elección retardada ha sido usualmente enfocada suponiendo una ontología de individuos para la mecánica cuántica y que este es el origen de las perplejidades, misterios y paradojas que estos experimentos parecen enseñar. En segundo lugar, señalaremos que tales misterios se disipan en la medida en que una ontología de individuos es abandonada y reemplazada por una ontología modal de propiedades (Lombardi y Dieks 2016). En particular, argumentaremos que una ontología en la cual los sistemas cuánticos son haces de propiedades posibles permite pensar y lidiar con experimentos como los de elección retardada sin renunciar al realismo ni asumir retro-causalidad o señales viajando hacia el pasado.

Referencias: Fearn, Heidi. 2016. “A Delayed Choice Quantum Eraser Explained by the Transactional

Interpretation of Quantum Mechanics”. Foundations of Physics 46: 44-69.

Healey, Richard. 2012. “Quantum Theory: a Pragmatist Approach”. British Journal for Philosophy of Science 63: 729-71.

Lombardi, Olimpia & Dennis Dieks. 2016. “Particles in a Quantum Ontology of Properties”. In Metaphysics in Contemporary Physics, vol. 4, eds. Tomasz Bigaj and Christian Wütrich, 123-144, Leiden: Brill-Rodopi.

Manning, Andrew; Roman Khakimov, Robert Dall & Andrew Truscott. 2015. “Wheeler’s Delayed-Choice Gedanken Experiment with a Single Atom”. Nature Physics 11: 539-542.

Miller, Werner, and John Wheeler. 1983. “Delayed-Choice Experiments and Bohr’s elementary Quantum Phenomenon”. International Symposium on Foundations of Quantum Mechanics in the Light of New Technology, Physical Society of Japan, Tokyo.

Mohrhoff, Ulrich. 1999. “Objectivity: Retrocausation and the Experiment of Englert, Scully and Walther”. American Journal of Physics 67: 330-335.

Vaidman, Lev. 2014. “Tracing the Past of a Quantum Particle”. Physical Review A 89, 024102.

Wheeler, John A. 1978. “The ‘Past’ and the ‘Delayed-Choice’ Double-Slit Experiment”. In Mathematical Foundations of Quantum Theory, ed. A. R. Marlow, 9-48, New York: Academic Press.

Page 56: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

52

Epistemic mathematical realism – or, assessing the limits of mathematical realism Cristian Soto [email protected] Departamento de Filosofía, Universidad de Chile, Santiago.

Mathematical realism comes to be a prima facie attractive position in many respects. One is the fact that mathematics shapes our scientific view of reality in various ways (Feynman 1965; Steiner 1998; Pincock 2012). The mathematisation of various areas of physical science and the sometimes indispensable role played by mathematics in our grasp of physical domains both at the small- and large-scale of reality demonstrate this. That mathematics has come to be the best grasp we have of important parcels of reality is demonstrated by scientific practice in various respects, especially when mathematical descriptions of physical structures anticipate empirical access to their respective physical targets. To our best knowledge, that was the case with the first mathematical description of the energy/mass ratio of the electron (Arabatzis 2006), the Hilbert-spaces based description of the behaviour of specific quantum phenomena (Steiner 1998), and the structure of the Higgs field (Morrison 2015), among other cases. Let this suffice for supporting the general, widely accepted claim that mathematics shapes our scientific worldview.

The question emerges, nevertheless, as to the issue of whether the role of mathematics in physical science is a reason for philosophers to endorse a realist stance on mathematical ontology. To do so results in the approach, which is standardly labelled mathematical platonism. This view comes in various forms. One is unrestricted mathematical platonism, which contends that we should add a full-blown mathematical ontology to our scientific ontology. It is called unrestricted since mathematicalia, i.e., the posits belonging to mathematical ontology, are thought to encompass the entities and structures of both pure and applied mathematics. On the other hand, some advocate a Quine-Putnam version of mathematical platonism which is characteristically restricted, arguing that ontological commitments to mathematicalia are to be limited to those mathematical posits appearing in applied mathematics only. That is, according to this latter version, no realist stance on the ontology of pure mathematical theorising is required.

The general goal of this article is to assess the scope of mathematical realism. In order to do this, I shall address the following question: Does scientific realism entails mathematical realism? And if so, to what extent should we be realists about mathematics? As shall be shown below, a general consensus has been reached as to the point that scientific realism entails (some form or another of) mathematical realism. Views in this regard are disparate, and I shall look into this in section 2. The analysis will demonstrate that a more detailed examination of the scope of scientific realism helps us determine the ways in which mathematical realism can be elaborated. Throughout my argument, I propose to examine the scope of mathematical realism in the light of the epistemic, ontological and semantic dimensions of one standard version of scientific realism. Section 3, in turn, shall examine from this perspective the scope of the realist stance in both the unrestricted and the restricted versions of mathematical platonism.

In assessing the scope of mathematical realism, I shall elaborate the view that I call epistemic mathematical realism (hereafter EMR, for short), which broadly maintains that we should endorse a realist stance on the epistemic contribution of mathematics to the success of science without adding an ontology of mathematicalia to our scientific worldview. In other words, this view contends that the successful applications of mathematics to science give us reason to think that mathematics is epistemically – though not ontologically – indispensable to scientific practice. In short, no mathematical ontology at all is required to fill a gap in scientific ontology.

Section 4 outlines EMR, describing its (4.1) epistemic, (4.2) ontological, and (4.3) semantic commitments. In outlining EMR, a distinction between these three dimensions is suggested. Importantly, such dimensions are not to be conflated, since they raise different concerns in view of the scope of mathematical realism. Regarding the first, should we adopt a realist stance on the epistemic contribution of mathematics to the success of physical science? As to the second, should we be realists about the existence of mathematical entities? Lastly, concerning the third, should we endorse a realist stance on the referential

Page 57: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

53

power of mathematical terms and statements? EMR offers a positive answer to the epistemic question, acknowledging that mathematics makes a contribution to the success of theorising in physical science. By contrast, it contends that we need not be realists about mathematical ontology in order to make sense of scientific and mathematical practices. Yet, it restricts semantic optimism to those theories of applied mathematics only, but just in the sense that they succeed in helping scientists refer to (pick out or index) the physical targets of scientific theories. Section 5 closes taking stock of the benefits of adopting the epistemic approach in view of, first, the assessment of the scope of mathematical realism; second, the viability of the epistemic approach; third, our understanding of epistemic practices in mathematics; and fourth, the epistemic contribution of mathematics to physical science.

ReferencesReferencesReferencesReferences

Arabatzis, T. 2006. Representing Electrons. A Biographical Approach to Theoretical Entities. Chicago

and London, The University of Chicago Press.

Feynman, R. 1965. The Character of a Physical Law. London, Penguin Books.

Morrison, M. 2015. Reconstructing Reality. Models, Mathematics, and Simulations. Oxford, Oxford University Press.

Pincock, C. 2007. “A Role for Mathematics in the Physical Sciences”, Nous, Vol. 41, No. 2, pp. 253-275.

––––––. 2011. “Mathematical Structural Realism”, in Bokulich and Bokulich., eds., 2011, pp. 67-79.

––––––. 2012. Mathematics and Scientific Representation. Oxford, Oxford University Press.

Steiner, M. 1998. The Applicability of Mathematics as a Philosophical Problem. Cambridge, MA, London, England, Harvard University Press.

Engenheiros e transformação da ordem sociotécnica: uma relação ainda grandemente negligenciada pela reflexão filosófica Cristiano Cordeiro Cruz [email protected] Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Simpósio 2: “Inovação tecnocientífica”

Em meio às múltiplas reflexões sobre a técnica e o seu desenvolvimento, pouca atenção costuma ser dada à figura do engenheiro e ao conjunto de habilidades que ele deveria possuir, de sorte que parte significativa de algo como a democratização da tecnologia (cf. Feenberg, 1999) possa ter lugar. No geral, quando se chega a caracterizar a racionalidade que preside ao desenvolvimento técnico como em alguma medida tributária dos valores sociais que logram se impor ao longo desse processo, a solução usualmente apontada para de algum modo nos assenhorarmos desse desenvolvimento, ou sermos escutados nele, relaciona-se à mobilização ou a pressões no domínio da política institucional ou da mobilização de grupos ou coletivos no espaço público, de modo a tentar fazer avançar determinada pauta específica (cf. Callon et al., 2009, Feenberg, 2003, p. 41-44).

É bem certo que, como Feenberg (1995, p. 96-120; 1999, p. 121-129) o mostra, parte dessa democratização se processa de fato a expensas da adesão voluntária do engenheiro, seja através da apropriação subversiva do artefato ou funcionalidade por ele desenvolvido, seja via regulamentações por fim impostas pelo poder público. Contudo, para tecnologias como a social (cf. Dagnino et al., 2004), cujo desenvolvimento se dá não só em profunda escuta das necessidades e dos valores do grupo (oprimido) servido, como tem como grandes objetivos tanto o impacto transformador sobre o ordenamento sociotécnico hegemônico, quanto o contribuir na tomada de consciência e no empoderamento libertador do coletivo hegemonizado junto ao qual e para o qual esse desenvolvimento se dá, para esse tipo de tecnologia, o engenheiro não pode ou não tem como ser tomado como um inimigo a ser

Page 58: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

54

vencido, ou um obstáculo a ser superado. A tecnologia social, de fato, só pode acontecer quando esse profissional é aliado da perspectiva libertadora perseguida.

Se concordarmos com Dagnino et al. (2004), o tipo de trabalho requerido desse tipo especial de engenheiro, que Freire (1983 [1968]) chama de engenheiro educador, na transformação da realidade opressora é múltiplo. Ele está relacionado sobretudo à seleção da solução técnica mais adequada, em função dos valores sociais que se quer respeitar, dentre aquelas que estão disponíveis, ou, no caso limite, à implementação de funcionalidades e artefatos ainda não existentes. Em todos os casos, fazem-se necessáriasas quatro habilidades que Freire identifica nesse profissional: empatia para com os oprimidos com os quais se trabalha; capacidade de efetivamente dialogar com eles; censo crítico tanto para ser capaz de refletir a partir de sua prática (a práxis), quanto para, enxergando nos hegemonizados sujeitos capazes de atuar ativamente em sua própria libertação, contribuir para que ela aconteça; e abertura para aprender com aquilo que os resultados refletidos da sua ação, assim como o saber do oprimido, revelarem-lhe de novo sobre o mundo.

O engenheiro educador de Freire seria, nesses termos, alguém que, a partir do lugar do marginalizado, em profunda colaboração com ele e empenhado na busca por transformar a sua sorte, poderia ser capaz de, nos termos de Simondon (2008 [1965-6], p. 140), identificar tensões entre o tecnicamente disponível (ordem do real) e aquilo que poderia vir a sê-lo (ordem do antecipado), viabilizando-se, nesse sentido, para possíveis invenções (ou inovações) efetivamente comprometidas com e produtoras da nova ordem sociotécnica almejada.

É por essa razão, porque, em muitas situações cruciais, o engenheiro é aliado imprescindível da mudança sociotécnica que se está perseguindo, que tanto o seu papel no desenvolvimento tecnológico, quanto a formação que se lhe é provida nas escolas de engenharia precisam, de um lado, ser mais seriamente refletidas e, de outro, adequadamente encaminhadas (em termos das eventuais mudanças curriculares que, por exemplo, isso possa demandar), do que a média daquilo que seguimos fazendo hoje, inclusive no âmbito da reflexão filosófica sobre a técnica.

ReferênciasReferênciasReferênciasReferências CALLON M., LASCOUMES P. & BARTHE Y.Acting in an uncertain world: an essay on technical

democracy. Trans. Graham Burchell. Cambridge: The MIT Press, 2009.

DAGNINO, R., BRANDÃO, F. C. & NOVAES, H. T. Sobre o marco analítico-conceitual da tecnologia social. In: Lassance Jr. et al.(Org.) Tecnologia social – Uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004, p. 15-64.

FEENBERG, A. Alternative Modernity: The Technical Turn in Philosophy and Social Theory. Berkley: UniversityofCaliforniaPress, 1995.

––––––. Questioning Technology. New York: Routledge, 1999.

––––––. Between Reason and Experience: Essays in Technology and Modernity. MIT Press, 2003.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Trad. Rosisca de Oliveira. Rio de Janeiro: Terra e Paz, 1983 [1968].

SIMONDON, G. Imagination et Invention. Chatou: Les Éditions de La Transparence, 2008 [1965-6]

Ciencia y pseudociencia en la Antigüedad. Intuiciones demarcacionistas en la obra de Agustín de Hipona Damián Fernández Beanato [email protected] Doctorando en Epistemología e Historia de la Ciencia por la Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), ayudante en la Cátedra de Metodología de las Ciencias Sociales, Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina.

El problema de establecer un criterio para demarcar las ciencias de las no-ciencias, y en particular las ciencias de las pseudociencias, recibió un alto grado de atención en el campo de la filosofía de la ciencia durante el siglo XX, sin que se haya logrado arribar a un

Page 59: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

55

consenso amplio en torno a alguna de las resoluciones propuestas. Recientemente, en el año 2013, Massimo Pigliucci et al. reflotaron el problema en su antología Philosophy of Pseudoscience: Reconsidering the Demarcation Problem. En ese trabajo, afirman que el concepto de ciencia no puede estar definido por un conjunto de características (condiciones) individualmente necesarias y conjuntamente suficientes, ya que es un concepto-cúmulo (cluster concept), es decir lo que Ludwig Wittgenstein (1953, p. 31-3) llamó un concepto de “parecidos de familia” (Familienähnlichkeit), los cuales no pueden ser aprendidos por definiciones lógicas claramente delimitadas. Consecuentemente, una buena estrategia para la demarcación de un concepto-cúmulo es el análisis de instancias del mismo (ejemplos de casos), y por ello proponen el establecimiento de un “listado” amplio de características científicas, recogidas del pensamiento de los siglos XX y XXI acerca de este tema, que sirvan como criterios que permitan establecer una demarcación entre teorías o campos epistémicos que presenten o no suficientes elementos de dicho listado, en suficiente grado. Esta metodología implica aceptar que i) es poco probable que cada uno de los campos epistémicos consensualmente considerados como claramente científicos presente todos los rasgos listados en suficiente grado, que ii) algunas protociencias legítimas quedarán fuera del dominio identificado como científico, y resignarse a que iii) algunas pseudociencias satisfagan algunos de los criterios de cientificidad (Pigliucci et al., 2013, p. 39).

En el presente trabajo nos proponemos demostrar que varios de los criterios de demarcación propuestos por estos autores, y que son actualmente considerados en las propuestas de resolución del problema, fueron aplicados en la Antigüedad, al menos implícita e intuitivamente. Para analizar un caso concreto de esta utilización antigua de criterios de demarcación, abordaremos las razones que dio el obispo Agustín de Hipona (354-430 de la Era Común, E.C.) para rechazar la astrología judiciaria y genetliaca (es decir, aproximadamente la parte de la astrología que hoy continuamos llamando “astrología”, tras su separación de la astronomía durante la Modernidad). Asimismo, indicaremos en la obra del clérigo un elemento que, creemos, podría ser sugerente para emprender investigaciones filosóficas futuras en este área.

Elegimos este tema para nuestro trabajo porque la astrología ha sido utilizada como un caso paradigmático de consenso entre filósofos y científicos acerca de la identificación de un campo epistémico como no-científico y pseudocientífico (por ejemplo en Thagard, 1978, p. 1; y Pigliucci et al., 2013, p. 17). Por otro lado, escogimos analizar la obra de Agustín porque este autor fue uno de los pensadores más influyentes en atacar la astrología en la Antigüedad.

Para evaluar nuestra tesis, analizaremos dos obras de Agustín que constituyen los principales trabajos en los que el prelado argumentó acerca de la astrología: en primer lugar las Confesiones, escritas entre los años 397 y 400 E.C., cuando su autor ya era obispo de la ciudad norafricana de Hipona. La segunda obra es La ciudad de Dios contra los paganos, publicada en 426. Los contenidos de una y otra nos permiten afirmar que el pensamiento del religioso al respecto del tema que nos ocupa se mantuvo estable en lo esencial en las décadas transcurridas entre la redacción de ambos textos.

Aunque la palabra “pseudociencia” fue acuñada recién en el siglo XVIII, y la frase “criterio de demarcación” fue utilizada por primera vez por Karl Popper en la década de 1930, los intentos de definir la ciencia datan por lo menos de los Analíticos posteriores de Aristóteles (Laudan, 1983, p. 112). El Estagirita asumió esa tarea, en el siglo IV A.E.C., todavía en oposición a las explicaciones míticas del universo natural que habían propuesto sus antepasados griegos. En el presente trabajo analizaremos la demarcación implícita que, como veremos, hizo Agustín en los siglos IV y V.

Caracterizando la astrología, el obispo de Hipona se refiere a ella como una “charla vacía” (Agustín, 426, V.4), un “espejismo” (V.9), una no-ciencia (VII.6) cuyos practicantes intentan hacerla pasar como ciencia. En este sentido, la caracterización de Agustín coincide con la definición de Pigliucci (2013, p. 2) de pseudociencia, como “cualquier teoría que se aparta ampliamente de las desiderata epistémicas de la ciencia y aún así es llamada científica” por sus proponentes; y se corresponde con el señalamiento que hace James Ladyman en el mismo volumen (Pigliucci et al., 2013, p. 46), en el sentido de que “los pseudocientíficos […] tienen la pretensión de que ciertas creencias son apoyadas por evidencia”, cuando en realidad no lo son. Es decir, estamos ante ataques conscientes de Agustín contra lo que en el vocabulario actual llamamos una pseudociencia.

La preocupación de Agustín tiene tanto una vertiente puramente religiosa como una epistemológica y social. En el primer aspecto, el obispo es consistente con el rechazo a la

Page 60: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

56

astrología propio de la tradición judeocristiana. En efecto, las escrituras sagradas cristianas, cuyo canon acababa de ser establecido en la época en que escribió Agustín (Lindberg, 2006, p. 15), condenan la adivinación en general (Deuteronomio 18:9-12), y siguiendo dicha tradición Agustín considera que la astrología implica un menoscabo de la bondad y la omnipotencia divinas, y del libre albedrío de los seres humanos (c. 400, IV.3 y 426, V.9). Por otro lado, a Agustín le inquietan algunas potenciales consecuencias sociales perniciosas de la difusión de este tipo de creencias “en las mentes de los no instruidos” que contratan a quienes se “ganan la comida” asegurando predecir el futuro (426, V.2 y c. 400, IV.3), una preocupación que comparte con proponentes actuales de la demarcación científica (cf. Thagard, 1978, p. 230; Pigliucci et al., 2013, p. 35 y 48-59).

Está claro en la obra de Agustín que el prelado concordó con la idea, señalada en nuestros días por Ladyman (Pigliucci et al., 2013, p. 45), de que, además de que claramente la pseudocientificidad no agota el campo de la no-cientificidad, aquella es conceptualmente diferente de la ciencia mal practicada y del fraude (aunque en sus instanciaciones estas tres categorías puedan solaparse). Coincide también el obispo tardoantiguo con el filósofo contemporáneo, en dos de los aspectos que diferencian a las pseudociencias de los fraudes y las malas praxis. El primero es que las pseudociencias, aunque por definición tengan una pretensión de cientificidad, están, como indica Ladyman, “menos en contacto con la verdad” y menos preocupadas por ella, y que por eso mismo no implican necesariamente un deseo de engañar. Agustín califica la astrología no solamente como una disciplina basada en una creencia “falsa” (426, V.7), sino que también le reconoce una cualidad “engañosa” (c. 400, VII.6), admitiendo al mismo tiempo que muchos de sus estudiosos y practicantes creen sinceramente en ella, tal como él mismo lo hizo durante muchos años (c. 400, IV.1), todo lo cual corresponde a nuestro concepto actual de pseudociencia. El segundo aspecto que tanto para Agustín como para Ladyman diferencia a las pseudociencias de los fraudes y las malas prácticas, es que la caracterización de las pseudociencias debe enfocarse (i) en las mismas como productos, (ii) en las relaciones de sus productores con esos productos, y (iii) en la confiabilidad de sus procesos (métodos) de producción, como veremos más abajo.

Entre los criterios de demarcación que aplica implícitamente Agustín aparece la verdad (426, V.7), una aspiración que ha sido abandonada en la filosofía de la ciencia actual en favor del falibilismo. Sin embargo, otras características que el obispo demanda en las ciencias son análogas a algunas de las requeridas hoy. Agustín demanda de la ciencia contar con consistencia interna y con varias características empíricas. Como veremos, el religioso coincide con al menos una decena de criterios de demarcación propuestos por filósofos de la ciencia actuales, como Thagard (1978) y Pigliucci et al. (2013).

Para finalizar, señalaremos que un elemento en la obra de Agustín que, creemos, resulta sugestivo para la investigación futura, es que las Confesiones y La ciudad de Dios… parecen mostrar que, aunque el grado de pseudocientificidad de una disciplina, teoría o práctica dada puede variar social e históricamente (Thagard, 1978, p. 227; Pigliucci et al., 2013, p. 18, 34-6, 62, etc.), puede no requerirse un tiempo muy prolongado para que una pseudociencia quede en situación de ser reconocida como tal si se aplican los criterios de demarcación hasta aquí mencionados. Esto se daría incluso admitiendo el paso de un período de tiempo para observar si existe progreso o una falta del mismo dentro del campo epistémico a analizar. En efecto, Agustín consideró mayormente los resultados de la astrología y las actitudes de sus estudiantes y practicantes de una manera bastante diacrónica (sin emplear una gran cantidad de análisis histórico), y sin embargo su veredicto coincide en gran medida con el actual, un milenio y medio más tarde. En cambio, si Pigliucci (2013, p. 13) está en lo cierto, una proto-ciencia legítima puede demorar siglos en revelarse claramente como científica.

Referencias

AGUSTÍN DE HIPONA. Confessionum libri tredecim. Ed. electrónica, en http://www.augustinus.it/latino/confessioni/index.htm. Algunas de las traducciones fueron tomadas de la versión española de Eugenio Ceballos, Madrid: Espasa Calpe, 1983 [c. 400], 10.ª ed.

––––––. De civitate Dei contra paganos. Ed. electrónica, en http://www.augustinus.it/latino/cdd/index2.htm, [426].

CICERÓN, M. T. De divinatione. Ed. electrónica, en https://la.wikisource.org/wiki/De_divinatione, [44 A.E.C.].

Page 61: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

57

LAUDAN, L. The Demise of the Demarcation Problem. In: R. S. COHEN & L. LAUDAN (Eds.), Physics, Philosophy and Psychoanalysis. Dordrecht: Springer Netherlands, p. 111-27, 1983.

LINDBERG, C. A Brief History of Christianity. Oxford: Blackwell Publishing, 2006.

PIGLIUCCI, M. et al. Philosophy of Pseudoscience: Reconsidering the Demarcation Problem. Chicago-London: The University of Chicago Press, 2013.

THAGARD, P. Why Astrology is a Pseudoscience. In: PSA 1978, 1, p. 223-234. East Lansing, Michigan: Philosophy of Science Association, 1978.

VARIOS. La Santa Biblia. Traducción de Casiodoro de Reina & Cipriano de Valera. Asuncio n: Sociedades Bi blicas en Ame rica Latina, 1960.

WITTGENSTEIN, L. Philosophical Investigations. New York: The Macmillan Company, 1953, 2.ª ed.

La otra teoría de Darwin Daniel Blanco [email protected] Universidad Nacional de Quilmes, Bernal, GBA, Argentina.

Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta” Darwin explícitamente reconoce a la teoría del origen en común (TOC) como el constructo más caro a sus intereses. Aunque ésta presenta un (interesante) traslape con la teoría de la selección natural, ambas son sin duda distinguibles. Esta contribución, posicionada en el enfoque ofrecido por el estructuralismo metateórico, se focaliza en un aspecto clave para su elucidación: las teorías subyacentes, muchas veces eludidas de las tematizaciones al respecto, y sin embargo fundamentales para dar respuesta a las (numerosas) acusaciones de circularidad que ha debido enfrentar. Tales teorías, disponibles con anterioridad a 1859, conformarán la porción del mundo que TOC está destinada a explicar. Uma história da semiótica no Brasil - Tupi or not Tupi? Daniel C. Baiardi [email protected] Instituto Federal da Bahia (IFBA), Salvador, BA, Brasil.

Este trabalho tem por objetivo explorar possíveis estratégias metodológicaspara uma abordagem histórica sobre um caso que, talvez, demande uma metodologia especial, a história da semiótica no Brasil. Como o método está em questão, este trabalho se apresenta, consequentemente, também como um trabalho de cunho filosófico. Um precedente para tal empreendimento é o trabalho de Bóris Schnaiderman sobre a história da semiótica na U.R.S.S., de 1979. Schnaiderman defende que um elemento importante para a difusão dessa ciência é a emergência de uma consciência semiótica, preconizada na Rússia porautores como S. Eisenstein e A. N. Viesselóvski. No caso do Brasil, da mesma forma, não é difícil constatar a emergência de uma similar consciência semiótica. Contudo, este entendimento não surge em uma comunidade científica tradicional, mas em um movimento de vanguarda artística e técnica, o qual desenvolve uma prática de incorporação semiótica engajada e emancipadora. Com efeito, nesta fase da pesquisa, trabalho com a crença de que oMovimento Modernista de 22, e o entendimento de sua condição antropofágica, desperta uma geração de acadêmicos engajados na consolidação de uma “ciência dos signos”. Ora, já era possível encontrar esta prática implícita no “Manifesto” de Oswald de Andrade, onde se dizia, em múltiplas interpretações possíveis, que os modernistas eram também concretistas. Ser um artista concreto, de acordo com o professavam os ícones da geração posterior, de 1945, é conduzir uma forma empreendimento científico. Dentre as figuras mais importantes deste movimento encontramos Décio Pignatari e os irmãos Campos, Haroldo e Augusto. Não seria por acaso que os irmãos Camposse consagrariam como dois dos mais importantes tradutores de clássicos da literatura universal, como reconhecido por Umberto Eco e muitos outros. É sob esta bandeira, desfraldada na geração de 45, ou no Concretismo

Page 62: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

58

Brasileiro propriamente dito, que iremos trilhar veredas pulsantes de significado em uma reconstrução do desenvolvimento da semiótica no Brasil.

Como já foi observado por outros autores, três programas de pesquisa sobre o signo encontraram terreno fértil no Brasil, a saber: (i) a Semiologia de Saussure, de orientação estruturalista, desenvolvida por Barthes e Greimas; (ii) a semiótica da escola russa, representada por nomes como Bakhtin, Jakobson e Lotmane; por fim, (iii) a semiótica triádica de C. S. Peirce. Diante de sua amplitude e universalidade, assim como de sua fundamentação metodológica e metafísica, a aproximação de Peirce apresenta bastante contraste quando comparada com a escola estruturalista, onde o foco de atenção fica restrito aos signos verbais. A semiótica russa, por sua vez,assim como na aproximação de Peirce, assume-se um objeto de estudo com um espectro bem mais amplo de signos, encontrados não somente na linguagem verbal, mas também na música, nas artes plásticas e cênicas, dentre muitos outros fenômenos culturais.

A princípio, no Brasil, foram desenvolvidos estudos de natureza linguística, influenciados por uma forte presença de pesquisadores francófonos, resultado do impacto da missão francesa na construção de um espaço universitário público brasileiro. Assim, por essa rota, as concepções saussurianas dos signos encontrariam espaço antes daquelas desenvolvidas pelos russos ou por Peirce. Contudo, novamente, o impacto dos dois últimos programas de pesquisa seria efetivamente digerido pela vanguarda concretista. Haroldo de Campos e Décio Pignatari ministraram os primeiros cursos sobre semiótica, tanto sob a perspectiva russa como da peirceana, respectivamente na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Foi somente a partirdos anos 70 que a obra de Peirce começou a ser estudada intensamente em solo brasileiro. Uma grande contribuição para esta popularização foi o lançamento de uma coletânea de escritos escolhidos de Peirce, em 1972, editado pela Cultrix, com tradução de Octanny da Mota e Leônidas Hegenberg. A aspiração interdisciplinar da semiótica de Peirce, apesar de sua sustentação escolástica, sempre apostou em comunidades transdisciplinares, possibilitando, como já foi notado, o diálogo e o intercâmbio conceitual com a filosofia, as ciências, flertando sempre com novas tecnologias, assim como, com as diferentes formas de manifestações artísticas e culturais. Referências

ANDRADE, Oswald de (1928). Manifesto Antropófago [ou antropofágico]. Revista de Antropofagia,

Ano 1, No. 1, maio de 1928.

FONDA, Enio A. (1986). “A Tradução Brasileira de O NOME DA ROSA de Umberto Eco”. Alfa, São Paulo, Nº 30/31, pp. 95-105.

JAKOBSON, Roman (2010). “Olhar de relance sobre o desenvolvimento da semiótica” (Tradução de Benjamin Picado). Revista Galáxia, São Paulo, n. 19, jul., pp. 60-76.

PEIRCE, C. S. (CP) Collected Papers of Charles Sanders Peirce (Electronic Edition). Ed. Charles Hartshorne and Paul Weiss. Cambridge: Harvard University Press, 1931-1935.

RECTOR, M. (2007) “Semiotics in Brazil: Trends from the Last Century to the Present.” In: <<http://www.semioticon.com/semiotix/semiotix7/index.html,>>

SANTAELLA, L. (1997). Estudos de Peirce no COS/PUCSP. In Laurentiz, S. (org.) Caderno da 1ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos. Editado pelo CENEP-COS/PUC-SP.

SCHNAIDERMAN, B. (1979). Semiótica Russa. Perspectiva: São Paulo, 1979.

Filosofia da Geografia, Epistemologia da Ciência Geográfica e Geografia da Ciência: definições e correspondências Dante F. C. Reis Jr. [email protected] Depto. de Geografia, Universidade de Brasília, DF

Os manuais correntes que tratam de “geographical thought” não esclarecem com precisão as variantes de análise filosófica da ciência geográfica. E é provável que as

Page 63: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

59

confusões que se manifestem no imaginário dos geógrafos decorram da falta de definição; posto que não é tão frequente na bibliografia epistemológica desta ciência o recurso a tudo aquilo que a literatura mais geral em Filosofia da Ciência já documentou e poderia nos auxiliar. A fim de contribuir ao preenchimento da lacuna, concebemos um conjunto de proposições que, reunidas, conformam um modelo teórico demarcador de três particulares âmbitos de análise filosófica – dois de segunda ordem (epistemológicos, propriamente); um de “ordem zero” (ontológico).

Este último denominamos “Filosofia da Geografia” [F:G]. Sua “ordem zero” reside no fato de tratar de questões que não comprometem diretamente a processualística cotidiana da prática científica. Interessam ao filósofo da Geografia especulações que poderíamos chamar “essencialistas”; posto que ele estará atraído por problemas do gênero: qual a “natureza” do espaço geográfico?; qual o estatuto do “ser” que vive nesse espaço ou o investiga?; ou, ainda, qual a extensão possível do “conhecer” esse espaço de interações socioambientais? (Podemos afirmar estarmos habilitados a “constatar” formas, “deduzir” sistemas e “reorganizar” paisagens?). Muito previsivelmente, esse intelectual acaba se valendo de perspectivas filosóficas sobretudo assentadas na tradição continental; logo, de filosofias generalistas que, apesar de buriladas por autores consagrados, não necessariamente redundam em teorias do conhecimento científico oportunas a um exame com olhar mais analítico. Bem ao contrário, acabam legitimando a propensão de certos geógrafos a emitirem juízos morais sobre os processos que estudam (p.ex., efeitos espaciais que chamarão “injustos”, “perversos”) – ou seja, são vertentes cujas modalidades de argumentação pouco ou nada têm a ver com a normatividade ou o contexto mais imediato da rotina científica.

Já num outro plano, menos generalista (ou, mais especializado) teríamos a “Epistemologia da Ciência Geográfica” [E:cg] – que é o primeiro dos dois âmbitos propriamente epistemológicos. “Especializado” porque reflete uma espécie de “redução”: nos estudos de natureza da ciência geográfica (diferentemente das especulações sobre “natureza da natureza”) o investigador examina as condições de produção do conhecimento em Geografia; condições tanto internalistas, quanto externalistas. Dentre as primeiras, a racionalidade envolvida nos modos de representação abstrata do espaço (raciocínio escalar dos mapas, p.ex.); dentre as segundas, as conjunturas políticas e econômicas que assumem o papel de força-motriz (re)orientadora das direções da pesquisa geocientífica. Em outras palavras, ao epistemólogo da ciência geográfica (filósofo “reduzido” da Geografia) interessam perspectivas que sejam precisamente propícias a lhe habilitar a análise crítica das estruturações normativa e contextual de sua disciplina. Estruturações das quais, por efeito, vão derivar os saberes de 1aordem (sobre formações geomorfológicas, sobre distribuições demográficas, etc.). Numa notação lógico-simbólica, seria esta a “redução” de um para outro âmbito: [F>E)]^[G>cg]→[E:cg] .

Notação que traduziria: “Se o campo da Filosofia (FFFF), pelo alcance de seu temário, é naturalmente mais dilatado que o da Teoria do Conhecimento Científico [entendido como Epistemologia (EEEE)] eeee se, ademais, o âmbito da Geografia (GGGG), pelo que a história de sua prática aponta, é também virtualmente mais amplo que o da dimensão estritamente científica dos estudos geográficos [aqueles já mais atentos, portanto, às normatividades conceitual e metodológica: cgcgcgcg], entãoentãoentãoentão é prudente distinguirmos o campo preciso da ‘Epistemologia da Ciência Geográfica’ (E:cgE:cgE:cgE:cg)” [isto é, afastando-o daquilo que (estando além de nossa perspectiva de interesse) deveria, na realidade, ser chamado simplesmente de 'Filosofia da Geografia' (F:GF:GF:GF:G)].

Finalmente, “Geografia da Ciência” [GC] definiria a relevância da conjuntura espacial para explicar o maior ou menor estímulo à produção de conhecimento científico. Trata-se de um ângulo de análise já de certo modo encampado (sem créditos) pelos estudos de história da ciência; contudo, de matizes ricos ainda subexplorados. Como se deduz, uma abordagem de geografia da ciência acaba instaurando o que estaríamos autorizados a denominar “epistemologia geográfica”: [GC]=[E(geo)]. E, decerto, habilita uma lente de interpretação metacientífica passível de ser empregada pelo epistemólogo de todo e qualquer campo disciplinar. Poderá haver, portanto, uma “geografia da ciência química” (se formos estudar por que certos “países” foram seus especiais fomentadores), uma “geografia da ciência biológica” (se repararmos que o impulso que lhe foi dado se verificou numa escala de “espaço regional”), uma “geografia da ciência física” (se, quem sabe, as descobertas, testes aconteceram expressivamente em dadas “cidades”; e não poderiam ter acontecido em qualquer lugar, naquele momento). Propomos, então, que a “Geografia da Ciência” – tratando de nações e seus governos fomentadores da pesquisa científica;

Page 64: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

60

tratando de impulsos tecnológicos verificados em regiões especiais; tratando de experimentos decisivos ocorridos precisamente em certas cidades-polo – visa os episódios e feitos que, se dando num específico “quando”, não poderiam ter acontecido em qualquer “onde”. Um ângulo de análise a mais, a constar do rol de disciplinas metacientíficas.

Para fins de exemplificar uma possibilidade curiosa, um estudo de “Geografia da Ciência da ciência geográfica” [GC:cg] se faria quando ao epistemólogo autóctone viesse a interessar, digamos, a “difusão mundial” de “teorias da localização” (p.ex., de que continente a que continente elas foram levadas?), ou mesmo as “adaptações locais” de “técnicas de geoprocessamento” (p.ex., que motivos podem ter justificado a remodelagem ou recalibragem dos parâmetros, de um lugar de aplicação para outro?).

Referências

AITKEN, S.; VALENTINE, G. Approaches to human geography. London: Sage, 2006. 349p.

BAILLY, A. S.; FERRAS, R. Éléments d’épistémologie de la géographie. 2. ed. Paris: A. Colin, 2001. 191p.

BURKE, P. Uma história social do conhecimento: I: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. 241p.

CAPEL, H. Filosofía y ciencia en la geografía contemporânea: una introducción a la geografía. Barcelona: Barcanova, 1981. 509p.

CLAVAL, P. Epistemologia da geografia. Florianópolis: UFSC, 2011. 404p.

DENEUX, J.-F. Histoire de la pensée géographique. Paris: Belin, 2006. 255p.

GOMEZ-MENDONZA, J.; MUÑOZ-JIMÉNEZ, J.; ORTEGA-CANTERO, N. El pensamiento geográfico: estudio interpretativo y antología de textos (de Humboldt a las tendencias radicales). Madrid: Alianza, 1982. 530p.

INKPEN, R. Science, philosophy and physical geography. London: Routledge, 2005. 164p.

KLIMOVSKY, G. Las desventuras del conocimiento científico: una introducción a la epistemología. 3. ed. Buenos Aires: EUDEBA, 1997. 418p.

LIVINGSTONE, D. N.; WITHERS, C. W. J. (Ed.). Geographies of nineteenth-century science. Chicago: UCP, 2011. 526p.

SAMAJA, J. Epistemología y metodología: elementos para una teoría de la investigación científica. 3. ed. Buenos Aires: EUDEBA, 2012. 414p.

WITHERS, C. W. J. Placing the enlightenment: thinking geographically about the age of reason. Chicago: UCP, 2007. 330p.

Dirt under the carpet is still dirt: multiverse theories under epistemological and ontological scrutinity Diana Taschetto [email protected] Mestranda no Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Suppose some physical feature X of a given scientific theory T cannot be understood as a mathematical consequence of the axioms of T nor have its properties explained in causal terms within that framework. The collapse of the wave function mechanism and the value of the cosmological constant are good examples. Now, a common algorithm for resolving this problem – following the inclination which springs from a necessitarian account of science – is to follow the multiverse agenda: all that is not entailed and fixed by the laws of Nature as we understand them are not matters of physical necessity, but are contingent. This contingency, however, is local: all logically possible physical mechanisms, values of free parameters and initial conditions, boundary conditions, and so forth – that is, all that is not constrained by the laws – obtain in other universes. Since amongst all possible universes that obtained only a small subclass would allow life to emerge, the physical aspects of Nature which cannot be subsumed under the explanatory cloth of

Page 65: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

61

contemporary Physics become, on those grounds, comprehensible if a weak version of the anthropic principle is invoked.

These are very strong claims regarding the true nature of Reality. The intuition that leads us to postulate infinite other universes in order to explain some specifics of the only universe we observe, however, compelling as it may be to some, cannot – should not – be relied upon with anything but extreme caution. Questionable physics and inconsistent mathematics are swept under the carpet in branching-worlds rationalization; a maneuver licensed by the uncritical assumption of a few non-trivial metaphysical principles. We know, however, where it is that we stand when our thinking, like our words, are well-defined; so it is the aim of this presentation to put these principles under the philosophical microscope and to discuss if the theoretical heuristics they provide – when taken to its physical and ontological consequences – are justifiable vis-à-vis reasonable epistemological standards (the reasonableness of which of course is necessary to be argued for). Finally, the consistency of some of the theoretical tools employed in multiverse construction will be analyzed.

Argumentación en red y metacognición Diego Letzen [email protected] Universidad Nacional de Córdoba, Córdoba, Argentina.

Federico Ferrero [email protected] Universidad Nacional de Córdoba - CONICET, Córdoba, Argentina.

La relación entre actividad metacognitiva y argumentación constituye uno de los tópicos destacados en la investigación actual desarrollada tanto en el campo de la Psicología del Razonamiento como en el de la Lógica Informal. En este marco, autores como Selma Leitão (2000; 2009) sostienen que la argumentación envuelve al sujeto en una práctica examinadora de las propias asunciones y de las ajenas, actividad que redunda en una forma de pensamiento reflexivo que es, en definitiva, práctica metacognitiva. Así pues, si consideramos estas nociones en el contexto educativo, asumimos que las aulas son espacios en los que existen fuertes lazos entre práctica argumentativa y procesos de reflexión de carácter metacognitivo.

Conforme estas afirmaciones, en este trabajo abordamos los resultados de una investigación empírica a partir de la cual profundizamos en el concepto de lo que denominamos “argumentación en red” para la Lógica Informal.

En primer lugar, analizamos la actividad metacognitiva desplegada por los sujetos pero considerando las formas de regulación ejercidas por las redes proposicionales entendidas como instrumentos mediadores. Para ello, realizamos entrevistas de autoconfrontación (Clot, 2000) con el objeto de indagar el contenido de las interpretaciones que los estudiantes realizan cuando se dan a la tarea de leer diagramas en red. Estos gráficos, se construyen por yuxtaposición de diagramas de argumentos clásicos con formato de árbol (Copi y Cohen, 1990) y permiten tener acceso al resumen de la actividad diagramática que ha llevado a cabo un grupo de razonadores en una situación áulica específica.

Los resultados obtenidos permiten identificar una serie de operaciones de carácter metacognitivo típicas de la argumentación que involucra estructuras reticulares. En concreto, se observa que la actividad metacognitiva estimulada: a) se declara especialmente sobre las personas y sobre la tarea; b) se desarrolla alrededor de cuatro tópicos de discusión directamente introducidos por el nuevo sistema de diagramación reticular: jerarquía proposicional, recurrencia inferencial, premisas articuladoras y visualización de la producción social en el diagrama.

En segundo lugar, y a partir de tales resultados, presentamos un conjunto de reflexiones que permiten problematizar algunas conceptualizaciones clásicas de “argumentación” según tres tópicos que instituyen las redes: la pérdida de centralidad de las conclusiones como zonas diagramáticas principales, el desdibujamiento de las operaciones justificacionistas de un punto de vista único cuando se trabaja en

Page 66: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

62

argumentación, y la singularidad del carácter de lo “dialógico” manifestado en el nuevo sistema de diagramación.

Finalmente, a partir de estas discusiones relativas a las posibilidades cognitivas de la “argumentación en red” exploramos la potencia epistémica de la incorporación de los diagramas reticulares a razón de que estos gráficos recrean una noción no habitual de “argumentación” para la Lógica Informal. Propuesta de ontología coherente para entidades fundamentales Diego Romero-Maltrana [email protected] Instituto de Física, Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, Chile.

Federico Benitez [email protected] Physikalisches Institut, Universität Bern, Berna, Suíça.

Trabajos recientes han estudiado las implicancias ontológicas de la Mecánica Cuántica de Campos (QFT por su sigla en inglés), que es la base formal del modelo estándar de física de partículas (SM por su sigla en inglés). Hasta la fecha, el SM es el modelo más exitoso disponible relacionado a tres de las cuatro fuerzas fundamentales de la naturaleza, y es uno de los modelos más exitoso y preciso de toda la física .

Una de las consecuencias de interpretar literalmente a QFT es cuestionar la existencia de partículas. Puede demostrarse que partículas localizadas no pueden existir en una teoría cuántica de campos interactuantes. Es decir, incluso si la noción de electrón está bien definida al nivel de campos libre, es imposible expresar rigurosamente la noción de electrón en una teoría de electrodinámica cuántica completa. Esto trae consigo importantes consideraciones epistémicas y ontológicas asociados a la pertinencia y exactitud de la idea de partícula.

Es usual adoptar la posición de que QFT, siendo la mejor teoría conocida a la fecha, debe ser usada para guiar nuestros compromisos ontológicos, por ello debiéramos abandonar la noción de partícula o mantenerla sólo como una analogía útil, basada en intuiciones macroscópicas. Sin embargo, no creemos que sea absolutamente claro que QFT pueda ser considerada una teoría fundamental, y puesto esto en duda pierden sustento las interpretaciones ontológicas que se extraen de ella.

En este trabajo exploramos las consecuencias de distinguir entre teorías que proveen un marco general (usualmente axiomático) de aquellas que tratan sobre interacciones de entidades en el mundo. Las primeras son denominadas "teorías marco" o "de principios", y las segundas "teorías constructivas" o de "interacciones".

Estos grupos de teorías tienen diferentes roles epistémicos, y una actitud realista de nuestras teorías (un requisito básico si basaremos nuestros compromisos ontológicos en ellas) nos fuerza a adoptar la existencia de distintas cosas: o entidades en un caso (para teorías constructivas/de-interacciones) o la validez de leyes en el otro caso (para teorías marco/de-principios).

Con esto en mente, mostramos que QFT debiera ser considerada una teoría de principios basados en: a) el hecho que QFT emerge de la fusión de dos teorías de principios (Relatividad Especial y Mecánica Cuántica), b) el estudio de flujos del Grupo de Renormalización, que evidencia el carácter efectivo de QFT, c) pese al éxito de QFT en el contexto de la física de altas energías, todos los datos asociados y el manejo experimental considera a partículas como objeto físico, además, las aproximaciones necesarias para emplear QFT son claramente erróneas en contextos de alta interacción.

Estos temas nos fuerzan a cuestionar la realidad última de los campos como ladrillos fundamentales del mundo material. Por otro lado, insistir en considerar a los campos como objetos fundamentales nos guía ineludiblemente a una subdeterminación radical respecto de los elementos fundamentales de la realidad, debido a la dependencia de Gauge de los campos (en oposición a la invarianza de Gauge de todo observable físico).

Argumentamos que estas razones revelan la inviabilidad de extraer conclusiones ontológicas de QFT. En contraste, la teoría de interacciones/constructiva enmarcada por QFT, el SM, debiera ser usado para construir una ontología coherente de objetos

Page 67: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

63

fundamentales a partir de nuestra mejor física disponible. Tal ontología descansa notoriamente en la idea de partícula. El hecho que las partículas no puedan ser construidas consistentemente como excitaciones de campos cuánticos interactuantes no va en desmedro de su validez como los componentes más fundamentales en la naturaleza.

Ética, ciência e educação: um estudo a partir da ação direta de inconstitucionalidade sobre as pesquisas com células-tronco no Brasil Edilson Antedomenico [email protected]

Marcia Reami Pechula [email protected] Departamento de Educação, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro, SP, Brasil.

Simpósio 2: “Inovação tecnocientífica”

Ao menos dois importantes acontecimentos em âmbito nacional demonstram a necessidade de a ética e a ciência caminharem lado a lado, bem como o papel central da educação na formação moral dos diversos atores sociais para a tomada de decisões diante das situações inusitadas provocadas pela evolução desenfreada da ciência e da tecnologia.

Um deles certamente é o uso da fosfoetanolamina com finalidade medicamentosa, mais especificamente para o tratamento do câncer, questão já levada para apreciação do Poder Judiciário.

O outro está relacionado com a possibilidade do aborto de fetos com microcefalia associada ao zika vírus, que também dever ser levada para apreciação do Judiciário. O grupo de advogados, acadêmicos e ativistas que articulou a discussão sobre aborto de fetos anencéfalos no Supremo Tribunal Federal, acatada em 2012, prepara uma ação similar para pedir à Suprema Corte brasileira o direito ao aborto em gestações de bebês com microcefalia.

Questões bioéticas complexas também estão cada vez mais sendo invocadas perante a Corte Européia de Direitos Humanos, como os direitos reprodutivos (diagnóstico pré-natal e o direito a um aborto legal), procriação medicamente assistida, morte assistida, o consentimento para tratamento médico ou exames, questões éticas sobre o HIV, a retenção de dados biológicos por parte das autoridades e o direito de conhecer a identidade biológica.

Assim, constata-se que as recentes descobertas científicas inauguraram uma nova era no que se refere à cura e ao tratamento de doenças. No entanto, apesar da suposta extraordinariedade dessas descobertas, ainda não se sabe ao certo o impacto que elas terão sobre a natureza e a espécie humana.

Possivelmente, isso decorre do fato de que tais pesquisas no senso comum são de competência exclusiva dos cientistas, os quais a desenvolvem em seus laboratórios herméticos, restritos ao público em geral, cabendo à educação a tarefa de desmistificar a figura do cientista, com a finalidade de defender a tese de que a ciência é o resultado da produção de conhecimento socialmente constituído sob interesses político-econômicos e que tais interesses, implicam, necessariamente, numa postura ética, motivo da defesa do direito a uma educação bioética, tal como pretendemos demonstrar neste trabalho.

O posicionamento acima remete, portanto, a uma inquietação: como se posicionar a respeito de uma coisa aparentemente tão distante de nós (a ciência) sem algo que nos indique o horizonte (a ética) nessa estrada que não sabemos ao certo aonde vai nos levar?

A crescente demanda judicial envolvendo questões bioéticas, tanto em âmbito nacional como internacional, demonstra, portanto, a necessidade real e imediata de ações educacionais para o enfrentamento das situações polêmicas e inusitadas suscitadas pela ciência, tais como as provocadas pelas pesquisas com células-tronco embrionárias.

Considerada uma das grandes descobertas da ciência contemporânea, as pesquisas com células-tronco embrionária trouxeram, de um lado, a esperança de cura para diversas doenças e, de outro, a discussão sobre os limites éticos que tais pesquisas poderiam implicar.

Page 68: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

64

Dada a problematização exposta acima, a pretensão central desta pesquisa é a de demonstrar a importância de uma educação bioética para a compreensão dos dilemas éticos que a ciência pode suscitar.

O ensino universitário e a metateoria estruturalista Elisabete Alerico Gonçalves [email protected] Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí, GO, Brasil. Doutoranda em Epistemologia da História da Ciência, Universidad Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina.

A partir da metade do século passado, ficou evidente que a ligação entre os estudos filosóficos e históricos sobre a ciência com os estudos didáticos, facilitaram o processo de ensino da ciência proporcionando um amadurecimento nas discussões sobre os aspectos ligados à formação de professores. Foi na década de 1980, período considerado relativamente recente, que a filosofia da ciência entrou no campo da didática das ciências com mais relevância. Nesse período as ideias de Tomas Kuhn começam a desapontar, iniciando-se um processo de autonomia disciplinar, que significa ir além de uma atividade didática meramente tecnológica (ADÚRIZ-BRAVO e IZQUIERDO-AYMERICH, 2002). Surge, a preocupação por conteúdos metacientíficos e sua relevância no ensino das ciências.

Esta linha de trabalho se desenvolveu consideravelmente desde então, principalmente no que diz respeito ao entendimento da epistemologia como metaciência, como o demonstra trabalhos de Matthews, 1994; Izquierdo-Aymerich y Adúriz-Bravo 2003; Gallego y Gallego, 2007; Adúriz-Bravo, 2009. Mesmo sob forte influência da concepção clássica de ciência conhecida pelo Círculo de Viena e de Popper, Thomas Khun, mesmo não sendo o único, foi o principal autor. A nova filosofia da ciência, assim denominada por Imre Lakatos, Stephen Toulmin, Larry Laudan e Paul Feyerabend, consolida-se então, ao movimento de vinculação da didática com a história e a filosofia da ciência. Mesmo com esses avanços, a didática das ciências, ainda apresenta resultados disfuncionais e estão aquém dos esforços, pois não acompanhou o que estava sendo desenvolvido por essa nova geração de novos pensadores, como Frederick Suppe, Ronald Giere, Bas Van Fraassen, Joseph Sneed, Ulises Moulines, Wolfgang Balzer, entre outros. Por esse motivo, é imprescindível que se incorpore novos elementos modelo-teóricos às atividades didáticas, ou seja, a filosofia da ciência modelista na didática da ciência, visando ir adiante aos avanços que iniciaram a partir das ideias de Khun e dos demais pensadores. Torna-se imprescindível dar continuidade nos avanços que esses precursores promoveram no decorrer da história, unindo esforços às suas ideias já realizadas neste campo, como os de Ronald Giere, em Izquierdo-Aymerich y Adúriz-Bravo (2003); Gallego Badillo (2004); Justi (2006); Develaki (2007); Chamizo (2010), abrindo caminho a este novo momento. Assim, mesmo com os avanços da didática das ciências; quando comparados com os obtidos pela filosofia da ciência, ao que se refere a novos conhecimentos, ainda mostram-se incompletos. Visando o desenvolvimento da didática das ciências e, consequentemente um avanço para o ensino universitário especialmente ao que se refere à formação de professores, já se encontra instrumentos conceituais, desenvolvidos pelas concepções semânticas (modelistas, modelo-teóricas) da ciência, que permitem elucidar sua complexidade. De acordo com Ariza, Y. & A. Adúriz-Bravo (2012, p. 85), “dentro de este panorama, es alentador apreciar [...] algunos tímidos desarrollos en torno a la inclusión de una "concepción semántica" de la ciencia para la enseñanza de las ciencias naturales en los distintos niveles educativos.[...]”. Como se vê, há este campo está em ascensão e, segundo os mesmos autores,

“Tales desarrollos se dan en el área amplia de las aportaciones de las metaciencias a la didáctica de las ciencias (HPS, por sus siglas en inglés) y, más en particular, en la línea de investigación en torno a la naturaleza de la ciencia (NOS, ‘nature of science’), en tanto que esta línea constituye una perspectiva específica dentro de la integración de la epistemología a la enseñanza de las ciencias, al ocuparse del diagnóstico, la evaluación y la remediación de las llamadas ‘imágenes de ciencia y de científico’ que sostienen estudiantado y profesorado” (ARIZA & ADÚRIZ-BRAVO, 2012, p. 85).

Ariza desenvolveu as bases para de investigação referente à adoção da Metateoria Estruturalista como fator de compreensão e, em consequência, o ensino de ciência, que promoverá um grande avanço para a formação de professores e o ensino universitário.

Page 69: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

65

O eixo da pesquisa com a inserção da História da Ciência no contexto formativo do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Erivanildo Lopes da Silva [email protected] Universidade Federal de Sergipe (UFS), câmpus Itabaiana, SE, Brasil.

Nirly Araújo dos Reis [email protected] Mestranda no Núcleo de Pós Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (NPGECIMA), Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Nelson Bejarano [email protected] Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil

A Formação Inicial de Professores vem sendo objeto de debates que, de modo geral, apontam para uma mudança de paradigma, principalmente no que tratada superação da supremacia técnica. Uma alternativa bastante concreta na formação inicial de professores seria a elaboração de projetos de intervenção pedagógica, contribuindo para a construção da identidade docente no próprio Estágio Supervisionado, etapa na qual esses projetos podem ser implementados (PASSERINI, 2007). Os cursos nas universidades devem problematizar a elaboração e aplicação de materiais instrucionais produzidos pelos próprios licenciandos, futuros professores, fazendo com que o uso de materiais dessa natureza seja um importante meio de reflexão da prática docente (CAMPOS, 2001). Portanto, são necessárias atividades coletivas na produção de materiais didáticos, envolvendo professores de contextos e lócus diferentes, a fim de possibilitar discussões e reflexões sobre ensino de Química (EICHLER; DEL-PINO, 2010). Dentre as tendências atuais do ensino de Ciências, apresenta-se como alternativa a inserção da história da ciência (HC) por meio da Abordagem Contextual (AC), cujo princípio base trata-se da incorporação dos constructos teóricos e epistemológicos atrelados aos aspectos sociológicos e filosóficos das ciências como uma perspectiva para ensiná-la (MATTHEWS, 1995; OKI, 2000). Desse modo, há a defesa de discussões históricas como um elemento a ser inserido no processo de formação de professores, nesse caso, os conceitos científicos poderão ser debatidos à luz da história e dos contextos sociais e políticos que tanto interferem ou influenciam a prática científica. Pois parte-se da ideia de que algumas necessidades podem ser supridas por meio dos aportes advindos da HC. Nesse sentido, considera-se que as discussões que levam em consideração os aspectos históricos podem contribuir para uma melhoria na abordagem do conhecimento científico e, portanto, para essa etapa de formação docente. Por isso, destacando a importância dos constructos históricos da ciência para o ensino, este trabalho teve como objeto o desenvolvimento da Abordagem Contextual no processo formativo de licenciandos inseridos no Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID). Com base nisso, buscou-se investigar as contribuições da AC para a aprendizagem desses estudantes em processo de formação inicial, bem como a evolução epistemológica sobre história da ciência nos materiais didáticos produzidos por eles no âmbito das atividades desenvolvidas nesse programa. Essa pesquisa foi realizada por meio de um acompanhamento em um grupo vinculado a um subprojeto PIBID/Química de uma IES do agreste sergipano, cujo foco de discussões ocorriam atreladas a investigação de episódios históricos em torno de determinados conceitos químicos. As discussões ocorridas davam ênfases nos aspectos históricos acerca do processo de elaboração dos conceitos químicos, com base em situações-problemas fornecidas pelo formador do grupo (coordenado do subprojeto PIBID), nesse caso, a finalidade era que as questões associadas a AC pudessem ser entendidas ao ponto de serem exploradas em materiais didáticos elaborados pelos licenciandos participantes, visando seu desenvolvimento em sala de aula. As situações-problemas foram: ácidos e bases - experimentos que podem explicar ou não as teorias ácidos-base; construção histórica da Equação de Clapeyron; teoria do flogísticoversus as ideias de Lavoisier; e estrutura da matéria e sua relação com a eletricidade. Essa problematização proposta foi norteadora do processo formativo, em que os licenciandos na busca de respondê-las, buscavam compreender os episódios históricos em torno dos temas, para posteriormente tentar inserir essas ideias em materiais didáticos próprios. Esse

Page 70: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

66

processo formativo levou cerca de um ano, no qual 9 licenciandos pesquisaram por “fontes históricas”, discutiram estratégias didáticas para solução das suas situações-problemas, desenvolveram e aplicaram materiais didáticos com base na AC em escolas da educação básica. Como estratégia da pesquisa, a metodologia que se aproxima desse estudo é o Grupo Focal, o qual permitiu certa liberdade na coleta de dados e particularidades de informações acerca da configuração da AC nessa etapa formativa. Conforme se avançavam os encontros, percebeu-se que os licenciandos buscavam explorar determinados episódios históricos para a construção dos conceitos tendo como base a solução de cada situação-problema propostas por seu formador. Todavia, apesar do trabalho evidenciar a apropriação dos estudantes às ideias mais elaboradas sobre a ciência e a Natureza da Ciência, evidenciando assim, a contribuição da HC no processo de formação inicial docente, no que se referem à abordagem utilizada pelos licenciandos em seus materiais, a proposta ainda distancia-se em alguns aspectos, das ideias teóricas defendidas pela AC, e acabam recaindo em algumas distorções no trabalho em história da ciência. Logo, os resultados indicam que pode haver confusões nas concepções dos Licenciandos a respeito de elementos da Abordagem Contextual, sobretudo, aos aspectos que não consideram os tensionamentos de fatores históricos sociais no desenvolvimento dos constructos teóricos, e isso acabou sendo refletido em seus materiais didáticos. Referências

CAMPOS, M. T. R. A. Materiais didáticos e formação do professor. Boletim 2001, Ensino médio, programa 3, 2001. Disponível em: <www.tvebrasil.com.br/salto>

EICHLER, M. L.; DEL-PINO, J. C. A produção de material didático como estratégia de formação permanente de professores de ciências. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, 9, n. 3, p. 633-656, 2010.

MATTHEWS, M. R. História, filosofia e ensino de ciências: a tendência atual de reaproximação. Cad. Cat. Ens. Fís., v. 13, n. 3, p. 164-213, 1995.

OKI, M. C. M. Eletricidade e a química. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 12, Nov., p. 34-37, 2000.

PASSERINI, G. A. O estágio supervisionado na formação inicial de professores de matemática na ótica de estudantes do curso de licenciatura em matemática da UEL. 2007. 121f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática). Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Londrina. Londrina, 2007.

Problemas y desafíos de la utilización de modelos animales para el estudio de alteraciones psiquiátricas Esteban Cynowiec [email protected]

Guillermo Folguera [email protected] Grupo de Filosofía de la Biología, Universidad de Buenos Aires - CONICET, Argentina.

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales”

Los modelos son una de las principales herramientas en la actividad científica. En particular, durante el último siglo y medio la utilización de modelos animales en las ciencias biomédicas ha permitido el estudio y entendimiento de gran cantidad de enfermedades y patologías que afectan al ser humano, así como el desarrollo de nuevas tecnologías y la mejora en algunos tratamientos. Algunos ejemplos son la utilización de modelos animales en la investigación del cáncer (van Miltenburg, 2012), de enfermedades cardiovasculares humanas (Zaragoza, 2011), el uso clínico de células madre (Vodicka et. al, 2008; Glover, 2010), e incluso han resultado de suma importancia los modelos animales para el entendimiento de la biología molecular, los genes y las sinapsis involucradas en la formación da la memoria y el aprendizaje (Kandel, 2001). Pero ¿qué pasa con el desarrollo y utilización de modelos animales para el estudio y comprensión de alteraciones psiquiátricas humanas? ¿Qué tienen de diferente los modelos anteriores con la generación y utilización

Page 71: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

67

de ratones o peces cebra para el estudio de la esquizofrenia, autismo, o anorexia nervosa? La pregunta que nos hacemos entonces en el marco del presente trabajo es ¿en virtud de qué relación ciertos animales son modelos de alteraciones psiquiátricas humanas? Para responder a este interrogante, hay dos aspectos fundamentales a tener en cuenta: 1) la clasificación y los criterios de diagnóstico de dichas patologías basado en los síntomas clínicos y su posible tratamiento, y 2) la investigación neurocientífica de su etiopatologia, su patogénesis y sus mecanismos biológicos subyacentes.

Por un lado, la definición de qué se entiende hoy por “alteraciones psiquiátricas” la llevan a cabo áreas tales como la psicología, la psiquiatría y la medicina clínica. En ese contexto, se reconocen dos sistemas de clasificación: el Manual Diagnóstico y Estadístico de los Trastornos Mentales (DSM), y el capítulo quinto del Manual de Clasificación Internacional de Enfermedades (ICD), décima versión de la Organización Mundial de la Salud, capítulo dedicado a los Trastornos Mentales y del Comportamiento.

Por otro lado, la investigación de la etiopatologia, patogénesis y mecanismos biológicos subyacentes a estas psicopatologías, es propio de las neurociencias, las cuales utilizan una aproximación de tipo experimental.l Sin embargo dadas la limitación de las herramientas tecnológicas actuales, la ausencia de biomarcadores válidos para estas patología y la imposibilidad bioética de la experimentación directa con humanos, la investigación neurocientífica se vale para su avance de imágenes obtenidas por métodos no invasivos (fMRI, TAC, PET, EEG, etc), del análisis de tejido histopatológico post mortem y, por sobre todo, del diseño, fabricación y puesta a punto de modelos animales. El término “modelo animal” se utiliza para describir el empleo de un animal criado específicamente en el laboratorio para estudiar algunos procesos fisiológicos determinados en el cual el interés no es la fisiología especifica del animal sino su analogía con el mismo proceso fisiológico en el hombre (Starret, 2003).

En este trabajo se analizan críticamente desde la perspectiva de la filosofía de las neurociencias, las relaciones y supuestos epistemológicos, ontológicos y semánticos que sostienen los distintos pasos que sigue la creación y utilización de modelos animales en el estudio de las bases anatomofisiológicas subyacentes a las alteraciones psiquiátricas humanas. Con este fin, se analizará el caso particular de la esquizofrenia a través de una herramienta desarrollada para el análisis de la estructura de construcción de los modelos animales y discutiremos la validez de los supuestos y relaciones involucrados para determinar la representatividad o relaciones que vinculan a los modelos animales con las alteraciones psiquiátricas humanas que modelan.

Referencias

American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (DSM-5®). American Psychiatric Pub

Bickle, J., Mandik, P. and Landreth, A., (Summer 2012 Edition) "The Philosophy of Neuroscience", The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Edward N. Zalta (ed.)

Frigg, R. and Hartmann, S., (Fall 2012 Edition) Models in Science in: The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Edward N. Zalta (ed.)

Gold I., Roskies A. L., (2008) - Philosophy of Neuroscience. The Oxford Handbook of Philosophy of Biology. Edited by Michael Ruse

Hau, J. (2008). Animal models for human diseases. In Sourcebook of Models for Biomedical Research (pp. 3-8). Humana Press.

Klimovsky, G., & Boido, G. (2005). Las desventuras del conocimiento matemático: Filosofía de la matemática una introducción. Buenos Aires: AZ.

Machamer, P. K., Grush, R., & McLaughlin, P. (Eds.). (2001). Theory and Method in the Neurosciences. University of Pittsburgh Press.

Nestler, E. J., & Hyman, S. E. (2010). Animal models of neuropsychiatric disorders. Nature neuroscience, 13(10), 1161-1169.

Pigliucci, M. (2008). The borderlands between science and philosophy: an introduction. The Quarterly review of biology, 83(1), 7-15.

Rosenberg, R. N., & Pascual, J. M. (Eds.). (2014). Rosenberg's Molecular and Genetic Basis of Neurological and Psychiatric Disease. Elsevier.

Suárez, M. (2010). Scientific representation. Philosophy Compass, 5(1), 91-101.

Page 72: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

68

Zigmond, M. J., Coyle, J. T., & Rowland, L. P. (Eds.). (2014). Neurobiology of Brain Disorders: Biological Basis of Neurological and Psychiatric Disorders. Elsevier.

Condições de contorno na Física: refletindo sobre a redução da Termodinâmica à Mecânica Estatística Fábio Gatti [email protected] Pós-Graduação Interunidades de Ensino de Ciências, Universidade de São Paulo, Brasil.

Uma das contribuições mais importantes da história e filosofia da física para o ensino de ciências é verificar limites, apresentar novos enfoques e também expor inconsistências presentes em modelos. Alguns desses modelos se encontram nas fronteiras da física, ou seja, ainda podem ser melhorados com o incremento de novos conceitos ou, no caso a ser tratado aqui, através de condições de contorno.

Quando idealizamos a redução de uma teoria a outra, certamente contamos com algumas aproximações, e isto não foi diferente quando abordamos os caminhos que foram adotados com o intuito de reduzir a Termodinâmica à Mecânica Estatística. Desde a elaboração de suas equações iniciais, abrangendo a termodinâmica de não equilíbrio feita por Boltzmann, passando pelo Teorema H e chegando na abordagem estatística, podemos notar como o desenvolvimento da teoria cinética da matéria foi sendo construído através de aproximações, que ora ou outra apareciam na teoria. Já no século XX, a teoria cinética contou com vários aprimoramentos, como aquele trazido, por exemplo, pelo físico polonês Marian Smoluchowski, quanto a abordagem do fenômeno da Opalescência Crítica. Fato é que independentemente do momento, temos a necessidade de trabalhar com aproximações, a fim de que obtenhamos respostas razoáveis aos fenômenos naturais. No entanto, uma mesma maneira de truncar equações gerais pode ora levar-nos a uma saída brilhante, ora nos colocar numa situação sem representatividade física. Neste trabalho será abordado o esforço de físicos que trabalharam de forma independente a fim de estabelecer, através de aproximações, uma redução envolvendo a 2ª Lei da Termodinâmica, tais como Born, Bogoliubov, Green, Kirkwood e Yvon, os autores da teoria BBGKY.

Leis experimentais, hipóteses e convenções na origem do convencionalismo científico francês Fábio Rodrigo Leite [email protected] Doutor pelo Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Henri Poincaré e Pierre Duhem são frequentemente incluídos entre os principais expoentes do convencionalismo francês. Em que pese a existência de aspectos realistas em suas filosofias, algo que desde o princípio torna questionável aquela classificação, é preciso acrescentar que nem mesmo seus respectivos convencionalismos assemelham-se. O objeto de nossa apresentação é tentar fornecer elementos que corroborem esta última tese. Para isso, procuraremos abordar principalmente, mas não exclusivamente: (a) a posição da dupla no que tange à recusa das hipóteses diante de um caso reconhecido de refutação teórica, e; (b) as relaçãos discordantes que eles estabelecem entre os fatos bruto e científico (questão que coaduna com o exame do papel da criação científica). Ao fim, pretendemos tocar em questões atinentes ao controverso relacionamento filosófico entretido pelos colegas, pois se é verdade que parecem ter-se influenciado mutuamente, também é verdade que Poincaré, alvo constante das críticas duhemianas, silenciava sistematicamente sobre o compatriota, velando o que pode ter sido uma considerável troca de ideias.

É sabido que Poincaré estatui uma divisão entre hipóteses e convenções. Lakatos subsumirá os defensores dessa bipartição sob o epíteto comum de “convencionalismo conservador”, cujos signatários defenderiam a tese de que, após um sem-número de êxitos

Page 73: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

69

obtidos por uma teoria, os cientistas optariam legitimamente por não permitir que ela ou suas hipóteses mais fundamentais fossem refutadas. Por uma livre decisão, certas hipóteses, sugeridas e apoiadas inicialmente pela experiência, não mais ver-se-iam submetidas ao crivo do teste empírico. Elas se tornariam, por assim dizer, definições cômodas. Desse modo, “à proporção que a ciência cresce, a força da evidência empírica diminui”. A recusa duhemiana dessa hierarquia, consequência imediata de sua visão holista, condu-lo a considerar todo teste teórico como genuíno, e do qual nenhuma das proposições envolvidas na teoria estão imunes. Mas Duhem está longe de ser, como assevera Lakatos, um adepto do “convencionalismo revolucionário”, especialmente porque sua posição indica que, em princípio, a saída mais adequada para o problema da refutação teórica seja o uso do que Popper chamou de “estratagema convencionalista”. Apenas quando a aplicação sucessiva dessa tática conservadora perde a eficácia é que se deve reformular a teoria. Ora, mas quem decide em qual momento tal eficácia caduca é o cientista individual, em nome do bom senso que lhe é exclusivo, e não em razão da prescrição de uma tábua normativa de valores cognitivos e/ou práticos. Os critérios metodológicos e a comunidade científica, neste caso, têm papel minorado.

A agência subjetiva do teórico na manutenção ou na recusa das teorias atrela-se ao problema reverso da objetividade científica. Almejando a infirmar o nominalismo radical de Édouard Le Roy, para quem toda a ciência seria artificial, fruto de uma deformação imposta pela razão aos dados imediatos da consciência, Poincaré intenta estabelecer uma relação de continuidade entre o fato bruto, entendido como a mera constatação empírica de algum fenômeno ainda não transformado pela razão, e o relato linguístico daquela constatação. Com isso, ele espera ancorar os graus mais científicos no solo objetivo dos invariantes universais existentes nos próprios fatos brutos. A linguagem teria, para Poincaré, a função de transformar o fato bruto em fato científico. Em última instância, a única coisa que o cientista criaria seria a linguagem enunciativa do fato bruto, e, uma vez aceitas de comum acordo as convenções linguísticas, tornar-se-ia possível determinar o valor de verdade das proposições científicas. Sua conclusão geral é que: “O fato científico é apenas o fato bruto traduzido para uma linguagem mais cômoda”. Assim, o cientista não cria o fato, como sugerira Le Roy, mas apenas o acomoda em uma linguagem convencional.

Contra Poincaré, Duhem destaca a atividade interpretativa do teórico, afirmando que seu papel não se limita a criar uma linguagem cômoda, pois a criação mesma dessa linguagem já pressuporia a teoria. Para que um simples enunciado construído para representar um “fato bruto” – ou “fato prático”, segundo sua própria terminologia – faça sentido é preciso que este mesmo enunciado esteja conjungado com uma enormidade de outros enunciados teóricos. É bem verdade que Duhem também procura preservar alguma objetividade do conhecimento, mas esta reside nas leis do senso comum, isto é, nas leis que todo homem, independente da instrução científica recebida, é capaz de reconhecer de imediato como verdadeiras. Ele evita confundir o domínio das proposições veritativas com o das hipóteses teóricas, aceitas simplesmente como “aproximadas”, ou melhor, como não sendo nem verdadeiras nem falsas. A pseudo-divisa “convencionalista” disseminada por Quine, segundo a qual uma proposição é “verdadeira por convenção”, está ausente nos textos duhemianos, e constituiria, também para ele, um oxímoro. As hipóteses teóricas, subdeterminadas pelas relações empíricas, não devem ser interpretadas literalmente como estas, cuja objetividade permanece indelével. Em outras palavras, ao insistir na ruptura entre estas últimas e as hipóteses teóricas Duhem afasta-se mais uma vez de Poincaré.

Referências

BEN-MENAHEM, Yemina. Conventionalism. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.

BRENNER, Anastasios. Les voies du positivisme en France et en Autriche: Poincaré, Duhem et Mach. Philosophia Scientiae, v. 3, n. 2, p. 31-42, 1998-1999.

––––––. Les origines françaises de la philosophie des sciences. Paris: PUF, 2003.

DUHEM, Pierre. La théorie physique: Son objet et sa structure. 3a edição. Paris: Vrin, 1981 [1906].

IVANOVA, Conventionalism about what? Where Duhem and Poincaré part ways. Studies in History and Philosophy of Science, v. 54, p. 80-9, 2015.

LAKATOS, Imre. O falseamento e a metodologia dos programas de pesquisa científica. In: LAKATOS, I. & MUSGRAVE, A. (Ed.). A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix, 1979 [1970]. p. 109-243.

Page 74: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

70

LE ROY, Édouard. Science et philosophie. Revue de Métaphysique et de Morale, v. 7, p. 375-425, p. 503-62, p. 708-31, 1899.

POINCARÉ, Henri. Dernières pensées. Paris: Flammarion, 1917 [1913].

––––––. A ciência e a hipótese. 2a edição. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1984 [1902].

––––––. O valor da ciência. Rio de Janeiro: Contraponto, 1995 [1905].

POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1975 [1934].

UEBEL, Thomas. Fact, hypothesis and convention in Poincaré and Duhem. Philosophia Scientiae, v. 3, n. 2, p. 75-95, 1998-99.

Biología, género y pluralidad: contra el dogmatismo ambientalista Federico Nahuel Bernabé [email protected] Doctorando en Epistemología e Historia de la Ciencia, Universidad Nacional Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires. Instituto de Estudios Sobre la Ciencia y la Tecnología (IESCT), Universidad Nacional de Quilmes / UNAJ – ANPCyT, Argentina.

Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta” Los últimos cuarenta años han sido el escenario de una revuelta biologicista (Bernabé, 2015) en el abordaje científico de la sexualidad humana. La aparición de multitud de propuestas biologicistas para abordar conductas particulares como la identidad de género y la orientación sexual ponen en tela de juicio los consensos ambientalistas preexistentes en la materia. En esta ponencia se propone el análisis filosófico de la propuesta pluralista de Arthur P. Arnold y Margaret McCarthy. La hipótesis metacientífica al respecto es que dicha propuesta sienta las bases para un abordaje no dogmático del género. ¿Cerebros sexualmente dimórficos? Análisis modeloteórico de una controversia en neurociencia Federico Nahuel Bernabé [email protected] Doctorando en Epistemología e Historia de la Ciencia, Universidad Nacional Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires. Instituto de Estudios Sobre la Ciencia y la Tecnología (IESCT), Universidad Nacional de Quilmes / UNAJ – ANPCyT, Argentina.

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales”

Es usual ubicar el surgimiento de la teoría estándar sobre la diferenciación sexual en mamíferos –Neuroendocrina de la Diferenciación Sexual (NETSD)– en la publicación del icónico trabajo de Phoenix, Goy, Gerall & Young (1959) “Organizing action of prenatally administered testosterone propionate on the tissues mediating mating behavior in the female guinea pig”. En dicho trabajo están contenidos los dos principios centrales de la NETSD: que la acción de las hormonas no sólo es activacional sino también organizacional (hipótesis organizacional-activacional) y que la diferenciación conductual entre machos y hembras tiene su sustrato biológico en el cerebro. El alto nivel de aceptación y consolidación de la NETSD es difícilmente discutible. Tal y como señalan Arnold y McCarthy (McCarthy & Arnold, 2011; McCarthy, 2012) la hipótesis organizacional-activacional se constituyó como el marco conceptual de referencia en el que se desarrollaron las investigaciones sobre el desarrollo de las diferencias sexuales desde 1959 hasta la actualidad.

Pese a la notable aceptación de la NETSD, la última década ha sido el escenario de una creciente controversia científica acerca de las diferencias neuroanatómicas y neurofuncionales entre mujeres y hombres. Particularmente, publicaciones como la de Joel et al. (2015) presentan serias objeciones a las propuestas dimorfistas sobre el cerebro.

Page 75: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

71

Frecuentemente, el eje de la controversia es la pertinencia de la dicotomía “cerebro-tipo-masculino” / “cerebro-tipo-femenino” (Daphna, Etgen, & Einstein, 2011; Glezerman, 2016). Por un lado, quienes se oponen a la categorización, sostienen que la misma es fruto de la transposición de la consistencia interna del sexo cromosómico y genital al sexo cerebral y conductual, transposición por demás infundada y negligente (Daphna, 2012). Aquellos que sostienen que la categorización es correcta, defienden que la misma procede del dimorfismo consistente en áreas concretas del cerebro y su relación causal con las conductas sexualmente diferenciadas (Swaab, 2007).

Ante el escenario brevemente caracterizado, el objetivo de la presentación es el abordaje filosófico de la controversia, aplicando para ello el aparato metateórico de la Concepción Estructural (Balzer et. al 1987). Defendemos que la reconstrucción modeloteórica del elemento teórico básico de la NETSD puede arrojar luz sobre la pertinencia de la controversia sobre cerebros-tipo. La hipótesis metateórica de partida es que la teoría no pretende explicar (no cuenta entre sus aplicaciones pretendidas) ni propone como explicación (no cuenta entre sus conceptos base) la distinción que genera la controversia. Con ello, se pretende resolver por disolución la polémica. Referencias

Balzer, W., Moulines, C.U., Sneed J.D. (1987). An Architectonic for Science. The Structuralist Program. Springer.

Glezerman, M. (2016). Yes , there is a female and a male brain : Morphology versus functionality. PNAS, 113(14). http://doi.org/10.1073/pnas.1524418113

Joel, D. (2012). Genetic-gonadal-genitals sex (3G-sex) and the misconception of brain and gender , or , why 3G-males and 3G-females have intersex brain and intersex gender. Biology of Sex Differences, 3(27), 2–7.

Joel, D., Berman, Z., Tavor, I., Wexler, N., Gaber, O., Stein, Y. & Assaf, Y. (2015). Sex beyond the genitalia : The human brain mosaic. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 112(50), 15468–15473. http://doi.org/10.1073/pnas.1509654112

Joel, D., Etgen, A. M., & Einstein, A. (2011). Male or female ? Brains are intersex. Frontiers in Integrative Neuroscience 5 (September), 1–5. http://doi.org/10.3389/fnint.2011.00057

McCarthy, M. M. (2012). Sexual differentiation of brain and behavior. Handbook of Neuroendocrinology. Elsevier Inc. http://doi.org/10.1016/B978-0-12-375097-6.10017-4

McCarthy, M. M., & Arnold, A. P. (2011). Reframing sexual differentiation of the brain. Nature Neuroscience, 14(6), 677–683. http://doi.org/10.1038/nn.2834

Phoenix, C. H., Goy, R. W., Gerall, A. A., & Young, W. C. (1959). Organizing action of prenatally administered testosterone propionate on the tissues mediating mating behavior in the female guinea pig. Endocrinology 65, 369-82.

Swaab, D. F. (2007). Sexual differentiation of the brain and behavior. Best Practice & Research Clinical Endocrinology & Metabolism, 21(3), 431-44. http://doi.org/10.1016/ j.beem.2007.04.003

A “hipótese provisória da pangênese”: discurso ou pensamento teleológico? Fernanda Gonçalves Arcanjo [email protected] Mestranda no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia (HCTE), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Brasil.

Edson Pereira da Silva [email protected] Departamento de Biologia Marinha, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil.

Page 76: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

72

No século XIX a pergunta “por quê?” era uma demanda crucial no estudo da história natural. Por definição, essa pergunta se traduz por teleologia, doutrina que pressupõe a finalidade como princípio explicativo para os fenômenos naturais. Tal doutrina teve origem nas ideias de Aristóteles, que acreditava que, na natureza, tudo teria uma finalidade, uma “causa final”, pois “a natureza não faz nada em vão” (natura nihil frustra facit). Para ele, o acaso poderia promover, apenas, irregularidades e imperfeições. Desta forma, somente atrapalhava a compreensão do modus operandi da natureza (Solinas, 2015).

É com a publicação do livro A Origem das Espécies (1859) de Charles Darwin que o pensamento teleológico sofre seu maior abalo no estudo da história natural (Mayr, 1992; Solinas, 2015). Darwin, na sua teoria evolutiva, retratava a variação como a realidade do mundo natural. Dentro desta lógica, ele apresentou a especiação como um processo de transformação da variação intrapopulacional em variação interpopulacional, o qual levava as populações a divergirem ao longo do tempo até que se tornassem espécies diferentes. A teoria evolutiva darwiniana, além de romper com as diferentes perspectivas fixistas, definiu a evolução como um processo de transformação das espécies que se dava sem propósito, não estando, portanto, associada à ideia de progresso. Evolução se referia apenas à mudança (Lewontin, 1974; Silva, 2001).

Na sua obra, no entanto, Darwin lançou mão, por diversas vezes, de uma linguagem caracteristicamente teleológica em prol de sua argumentação. Esta aparente incongruência se deve a diferença sutil, mas ao mesmo tempo crucial, entre linguagem teleológica e pensamento teleológico. Mesmo após o estabelecimento da teoria sintética da evolução, esta ambiguidade permaneceu a suscitar extensas discussões sobre até que ponto Darwin, de fato, rompeu com a teleologia e se, talvez, ele não devesse ser considerado, a seu modo, teleológico (Lennox, 1993 & 1994; Ghiselin, 1994; Ayala, 1999; Ruse, 2000; Short, 2002; Caponi, 2003).

No intuito de contribuir para esta discussão, propõe-se, neste trabalho, a análise de outra teoria de Darwin, a “Hipótese Provisória da Pangênese”, no sentido de tentar entender a influência do pensamento teleológico nos trabalhos deste naturalista.

Dentre a diversa produção científica de Darwin ao longo de sua carreira como naturalista, a teoria da pangênese é, certamente, uma das que mais intimamente se relaciona com a sua teoria evolutiva, pois ela representa, sobretudo, a resposta elaborada para uma pergunta que ecoava desde a publicação d’A Origem: qual a origem e a natureza da variação herdável?

Resumidamente, a pangênese era baseada no pressuposto de que toda a organização do corpo é capaz de reproduzir a si mesma através de suas partes. De acordo com esta teoria, cada parte do corpo seria capaz de produzir pequenas gêmulas que, por sua vez, carregariam a informação referente àquela região do organismo. Essas gêmulas, em dado momento, se acomodariam nos órgãos genitais. Durante a reprodução, os conjuntos de gêmulas dos parentais se reuniriam e, a partir desta reunião, seria gerado um novo indivíduo que expressaria características de ambos os parentais.

Ao longo do texto da teoria da pangênese, publicada, por Darwin, no último capítulo de seu livro A Variação de Animais e Plantas sob Domesticação (1868), o termo “causa final” aparece nas páginas 361, 362 e 390, juntamente com “causa teleológica” e “plano”. Darwin lança mão destes termos para explicar quais seriam as vantagens da reprodução assexuada usando uma linguagem claramente finalista.

Embora estes termos tenham conotação teleológica, não fica claro se o seu uso se dá num contexto de precedência da função ou do caráter. Se a função precede o caráter, ou seja, se o caráter surge para atender a função (ou necessidade) preexistente, não apenas a linguagem é teleológica, mas o sentido também o é. Por contrapartida, se o caráter precede à função, ou seja, se a função é definida a posteriori, então, a pressuposição de pensamento teleológico não se sustenta.

Em duas passagens nas páginas 362 e 363, Darwin explicita que as vantagens ou os fins – também equivalentes à “causa final” – teriam sido “adquiridos através da concorrência dos dois sexos” (p. 362), ou seja, adquiridos pelo surgimento do caráter. Neste momento, ele parece estar se referindo, de fato, a precedência do caráter em relação a sua função. Portanto, se o caráter surge antes da função, não existe uma finalidade a priori. Assim, não existe lógica teleológica. Neste sentido, nenhum dos termos e expressões teleológicas dos quais Darwin faz uso no seu texto podem ser considerados como sinais stricto sensu da influência do pensamento teleológico.

Além das páginas comentadas, não foi possível encontrar termos de natureza teleológica em nenhuma outra parte do texto. Note-se, agora, que o discurso teleológico foi

Page 77: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

73

utilizado, neste capítulo, apenas para discutir um assunto que está restrito a poucas páginas: as vantagens referentes aos modos de reprodução sexuada e assexuada. Este, certamente, não é o ponto central da teoria da pangênese. Mais que isso, mesmo no que diz respeito aos modos de reprodução, a preocupação de Darwin estava em explicitar os mecanismos pelos quais eles se dão e quais as semelhanças e diferenças entre eles.

Por falta de espaço, deixaremos discussão adicional para a versão final deste texto. A teoria da pangênese representa um reflexo da situação de Darwin em relação à

teleologia. Ele lançou mão de um discurso teleológico porque esta era a linguagem disponível em seu tempo. Seu pensamento, no entanto, ia ao sentido oposto. Mais que isso, em relação aos temas centrais da teoria da pangênese, Darwin não fez sequer uso da linguagem teleológica. Ao focar nos mecanismos fisiológicos para explicar a ocorrência de fenômenos do desenvolvimento e da herança, ele se libertou da conveniência dos termos finalistas – benefício que só se fez possível graças à natureza do tema da pangênese (ao falar de evolução esta tarefa era mais difícil).

A despeito da utilização de termos teleológicos, Darwin refutou a teleologia e recusou-a, muitas vezes, como princípio explicativo em sua “hipótese provisória”. Desta forma, é possível concluir que o pensamento teleológico não teve papel relevante na “Hipótese Provisória da Pangênese”. A explicação para tanto é simples: Darwin não estava preocupado em saber “por quê?”, mas sim em saber “como?”.

Referências

Arcanjo, F.G. & Silva, E.P. 2014. A hipótese darwiniana da pangênese. Genética na Escola 10(2):102-109.

Ayala F. 1999. Adaptation and novelty: teleological explanations in evolutionary biology. Studies in History and Philosophy of Biological and Biomedical Sciences 21:3–33.

Darwin, C.R. 1859. On the Origin of Species. John Murray, London.

––––––. 1868. The Variation of Animals and Plants under Domestication. John Murray, London.

Caponi G. 2003. Darwin: entre Paley y Demócrito. História, Ciências, Saúde – Manguinhos 10:993–1023.

Ghiselin, M.T. 1994. Darwin’s language may seem teleological, but his thinking is another matter. Biology and Philosophy 9:489-492.

Lennox, J.G. 1993. Darwin was a teleologist. Biology and Philosophy 8:409-421.

––––––. 1994. Teleology by another name: a reply to Ghiselin. Biology and Philosophy 9:493-495.

Lewontin, R.C. 1974. The Genetic Basis of Evolutionary Change. Columbia University Press, New York.

Mayr, E. 1992. The ideia of teleology. Journal of the History of Ideias 53(1):117-135.

Ruse, M. 2000. Teleology: yesterday, today, and tomorrow? Studies in History and Philosophy of Biological and Biomedical Sciences 31:213–32.

Short, T.L. 2002. Darwin’s concept of final cause: neither new nor trivial. Biology and Philosophy 17:323-340.

Silva, E.P. 2001. A short history of evolutionary theory. História, Ciências, Saúde-Manguinhos 8(3):671-687.

Solinas, M. 2015. From Aristotle’s Teleology to Darwin’s Genealogy: The stamp of inutility. Palgrave Macmillan, Basingstoke & New York.

Datos, fenómenos y teorías Germán Guerrero Pino [email protected] Departamento de Filosofía, Universidad del Valle, Cali, Colombia.

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales”

Page 78: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

74

La ponencia se propone abordar el tema de la estructura del conocimiento científico desde los recientes resultados de la filosofía de la ciencia obtenidos por dos perspectivas filosóficas particulares: el nuevo experimentalismo (New Experimentalism) y el enfoque semántico o modelista de las teorías. Para ello contrasta los planteamientos principales de estas dos perspectivas con los planteamientos correspondientes de los empiristas o positivas lógicos, que dominaron el panorama de la filosofía de la ciencia en las primeras seis décadas del siglo XX. La imagen que propone el nuevo experimentalismo de la estructura del conocimiento científico es de tres niveles: datos, fenómenos y teoría; en tanto que la imagen propuesta por los empiristas lógicos tenía sólo dos, fenómenos odatos (no establecen diferencia alguna entre ellos) y teoría. Además, podríamos decir que esta última imagen corresponde a la idea más extendida o dominante entre filósofos y científicos. Pero, como veremos, las diferencias no sólo radican en el número de elementos estructurales del conocimiento científico y sus relaciones sino también en la forma de entender cada uno de ellos.

El eslogan que mejor caracteriza al nueva experimentalismo es: “La experimentación tiene una vida propia” (Hacking, 1983: xiii y 150), consignado, ilustrado y justificado por Hacking en su libro ya clásico. Este eslogan permite, además, identificar las principales peculiaridades del movimiento nuevo experimentalismo, pues es posible identificar cuatro sentidos del eslogan en los que cada uno de ellos enuncia un tema puesto de relieve por los promotores de dicho movimiento.

1) Es importante distinguir entre observación y experimentación, la experimentación no se reduce a observar, tal y como promovió la filosofía de la ciencia clásica: “la observación y el experimento no son la misma cosa, ni siquiera los polos opuestos de un continuo”. Así, por ejemplo, los positivas lógico no hicieron ningún tipo de reflexión directamente sobre la experimentación, pero dados sus planteamientos no es difícil inferir lo que está presuponiendo acerca de ésta: la experimentación se equipara por completo con la observación y, por tanto, la función de los experimentos (como la de la observación) en la ciencia es exclusivamente la de confirmar o refutar teorías. Esto es, en términos lingüísticos, la observación y la experimentación proporcionan los enunciados observacionales que sirven para contrastar una teoría y no más.

2) La experimentación también incluye actividades que tienen que ver con técnicas experimentales, diseños experimentales, diseño de instrumentos, comprobación de instrumentos, control de factores extraños, distinguir los efectos reales de los artificiales, procedimientos de análisis de datos, realización de cálculos precisos y cálculo de los efectos de los factores de fondo. Estas actividades, así como los distintos propósitos mencionados, normalmente se desarrollan en forma relativamente independiente de teorías o del teorizar. En particular, la evidencia experimental no tiene por qué estar cargada de teoría de tal modo que la invalide como fundamento empírico de una teoría.

3) El conocimiento experimental tiene su propia estabilidad interna, normalmente sobrevive a grandes transformaciones teóricas de alto nivel. Los logros experimentales (en particular la estabilización de una regularidad fenoménica) perduran a los cambios de teoría, de modo que estos pueden constituirse en un referente clave para resolver disputas entre teorías y para la comprensión del progreso científico.

4) La arquitectura del conocimiento científico contiene, por los menos, tres niveles: datos, fenómenos y teorías explicativas.

En términos generales, el modelo de tres niveles plantea, en primer lugar, que los datos experimentales y/o observacionales son los que proporcionan la evidencia necesaria para dar por existente un fenómeno y sus propiedades; esto es, los fenómenos y sus propiedades son inducidos a partir de los datos. También plantea que son los fenómenos los que conforman la base de contrastación empírica, la evidencia, de una teoría; pero en sentido inverso las cosas no son equivalentes, en tanto que una teoría explica ciertos fenómenos, los fenómenos como tales no explican datos. Además, no hay una relación directa entre teoría y datos, los fenómenos median entre ellos.

¿Qué se entiende por fenómeno? Desde el nuevo experimentalismo, los fenómenos son regularidades apreciables del mundo natural y social; es decir, son patrones generales, estables y distinguibles. Los fenómenos no son simples observaciones, ni son datos de los sentidos ni descripciones de experiencias sensoriales o percepciones sensoriales, y no necesariamente tienen que ser observables. Los fenómenos, por lo general, se establecen mediante procedimientos experimentales. Entre las funciones de los experimentos están las de crear, producir, refinar y estabilizar fenómenos. La estabilización experimental de un

Page 79: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

75

fenómeno consiste en darle identidad al fenómeno, en mostrar que es repetible y que lo es bajo distintos contextos y condiciones.

Desde esta perspectiva el concepto de fenómeno incluye distintas categorías ontológicas, tales como objetos, propiedades de objetos, sucesos, procesos y estados; y el hecho que estos no estén, en cierta forma, directamente dados, tal y como pensaban los positivistas lógicos, no significa que sean constructos científicos en el sentido de no pertenecer al orden natural. Los fenómenos hacen parte del mundo natural, aunque para hacerlos evidentes se requiera en la mayoría de los casos tanto de un proceso de conceptualización como de experimentación.

Pues bien, se sigue manteniendo que las teorías explican y predicen fenómenos, que la base empírica de contrastación de las teorías explicativas la conforman hechos acerca de fenómenos; pero esta afirmación dista mucho de aquella más común, que resulta siendo demasiado simple y errónea, de acuerdo con la cual las teorías se contrastan directamente con la observación o experiencia, pues aquí fenómeno no equivale simplemente a lo que es observable. Cuando la observación se entiende estrechamente vinculada con la percepción humana, tiene muy poco valor en la actividad experimental y científica en general; aunque, desde luego, ésta se requiere en la toma de datos, ya sea directamente o mediante instrumentos, de ahí que hablemos de datos observacionales o experimentales.

Por otra parte, tampoco es correcto sostener que las teorías se contrastan contra un conjunto de datos (observacionales o experimentales), pues el papel de los datos es servir de evidencia para la existencia de un fenómeno o de sus propiedades. Teoría y datos no están vinculados directamente, sino de manera indirecta a través de una larga y compleja serie de enunciados que describen fenómenos. En general, no hay una relación lógica directa entre datos y teoría, es posible establecer relaciones lógicas entre una teoría y enunciados fenomenológicos, pero incluso el tipo de razonamiento que lleva de la experimentación (los datos) a la determinación de los hechos fenoménicos no es por completo de carácter lógico.

Por tanto, son los datos y no los fenómenos los que se encuentran asociados con la observación en el sentido usual. Al ser los datos el resultado de experimentos particulares, dependen del contexto experimental que los genera y, por tanto, tienen una existencia contingente, efímera;los datos cambian cuando los instrumentos se hacen más precisos y los experimentos se mejoran, los viejos datos son reinterpretados y archivados, dejando paso a los nuevos. En este sentido, los fenómenos son mucho más estables que los datos, incluso sobreviven a los grandes cambios teóricos, aunque los últimos proporcionan la evidencia empírica de los primeros, y no de las teorías explicativas. Es cierto que, normalmente, las predicciones de una teoría explicativa tienen la forma de datos, es decir, se predice el valor que tomaría cierta magnitud (cierta propiedad del fenómeno) bajo ciertas circunstancias, pero en la mayoría de los casos lo que se busca es que el valor predicho sea relativamente aproximado bajo ciertos parámetros, lo cual equivale a que haya una buena predicción del fenómeno como tal antes que de los datos mismos, en una forma exacta.

Finalmente, estas distintas tesis del nuevo experimentalismo se pueden completar con la caracterización de las teorías desde el enfoque semántico. Desde esta perspectiva, originada en la década de los setenta,se produce un cambio importante en la comprensión de las teorías científicas, al plantear que es más apropiado concebir una teoría como un conjunto de modelos (estructuras) o idealizaciones que como un conjunto de enunciados (leyes más sus derivaciones lógicas), tal y como propusieron los empiristas lógicos. El enfoque semántico permite, además, clarificar la función primaria que tienen las leyes o principios de una teoría, pues éstas más que describir aspectos de la realidad lo que hacen es definir (describir) los modelos o idealizaciones correspondientes a una teoría.

O progresso tecnológico através do design normal e do design radical Gilmar Evandro Szczepanik [email protected] Depto. Filosofia, Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Guarapuava, PR, Brasil.

Simpósio 2: “Inovação tecnocientífica”

Page 80: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

76

O objetivo básico desse texto consiste em analisar os indicadores do progresso tecnológico que constantemente são invocados para dizer se alguma área tecnológica encontra-se em desenvolvimento ou encontra-se em uma fase degenerativa. Mas, antes de tratarmos propriamente dos indicadores do progresso tecnológico, precisamos apresentar o modo como compreendemos a própria tecnologia. Assim, partimos do pressuposto de que a tecnologia não é adequadamente compreendida quando é reduzida i) à ciência aplicada, posição defendida inicialmente por Bunge (1985); ii) a uma condição de possibilidade para o desenvolvimento científico, como argumentam Queraltó (1998), Ilhe (2009) e Pitt (2011); e iii) à tecnociência, como proposto por Echeverría (2003), embora estejamos cientes de que muitas vezes ela possa se manifestar dessa forma. A irredutibilidade da tecnologia a tais concepções, nos possibilita estabelecer uma epistemologia própria para as áreas tecnológicas que, por sua vez, nos permite conceber que há problemas genuinamente tecnológicos e que, para solucioná-los, se faz necessário desenvolveruma metodologia própria que, consequentemente, também implica em uma noção peculiar de progresso tecnológico.

Assim, inspirados na estratégia kuhniana de progresso (normal e revolucionário) pretendemos primeiramente fazer uma breve caracterização do progresso científico. Em seguida, trataremos de apresentar a natureza dos problemas tecnológicos e o papel que o design (normal e radical) – entendido como um instrumento metodológico – orienta e promove o progresso tecnológico. De acordo com Vermaas et. al (2011, 28), a primeira decisão que os engenheiros precisam tomar é se o designserá normal ou radical, pois isso traz consequências importantes. Se eles optarem pelo designnormal (ou seja, um produto com ligeira variação que justifique a inovação), seguirão o caminho que já vem sendo percorrido por uma longa tradição. A configuração do artefato, assim como suas partes mais importantes, já se encontra determinada e o trabalho tem tudo para transcorrer dentro de uma normalidade. Neste caso, pode-se considerar que a inovação é um processo histórico no qual há uma adaptação e uma “evolução” gradual. Caso a opção seja feita pelo design radical (fortemente inovador) o desafio se multiplica, pois se faz necessário estabelecer os pressupostos básicos que permitirão o desenvolvimento do artefato tecnológico. Vincenti (1990) também considera que a atividade do designestá estruturada em diferentes etapas. Para ele, existe uma estrutura hierárquica tanto para o design normal quanto o design radical. Por fim, faremos um rápido paralelo entre a noção de progresso científico e a noção de progresso tecnológico, analisando suas semelhanças e suas peculiaridades.

Referências

BUNGE, Mario. Treatise on basic philosophy. Epistemology and methodology III: Philosophy of science and technology. Dordecht: Reidel, 1985.

CROSS, Nigel. Engineering design methods: strategies for product design. New York: Wiley, 2005.

CUEVAS, Ana. The many faces of science and technology relationships. In: Essays in Philosophy, vol. 6, issue 1, article 3. 2005.

ECHEVERRÍA, Javier. La revolución tecnocientífica. Madrid: Fondo de Cultura Económica de España, 2003.

FRANSSEN, Maarten. Design, use, and the physical and intentional aspects of technical artifacts. In: VERMAAS et al. (2008), op. cit.

HOUKES, Wybo; VERMAAS, Pieter E. Technical functions: on the use and design of artifacts. Dordrecht/Heidelberg/London/New York: Springer, 2010.

IHDE, Don. Technology and science. In: OLSEN, J.K.B; PEDERSEN, S.A. & HENDRICKS, V.F. (Eds.) A companion to philosophy of technology. Oxford: Blackwell, 2009.

PITT, Joseph C. Doing philosophy of technology: essay in a pragmatist spirit. New York: Springer, 2011.

QUERALTÓ, Ramon. Technology as a new condition of possibility of scientific knowledge. In: Philosophy & Technology 4, 1998.

VERMAAS, Pieter E.; Kroes, P.; van de Poel, I.; Franssen, M. & Houkes, W. A philosophy of technology: from technical artefacts to sociotechnical systems. Morgan & Claypool, Eindhoven University of technology, 2011.

Page 81: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

77

VERMAAS, Pieter E.; KROES, P.; LIGHT, A. & MOORE, S.A. (orgs). Philosophy and design: from engineering to architecture. New York: Springer, 2008.

VINCENTI, Walter. What engineers know and how they know it. Analytical Studies from Aeronautical History. John Hopkins University Press, 1990.

Os empiristas vão à missa: comprometimentos ontológicos de frameworks linguísticos Gilson Olegario da Silva [email protected] Doutorando, Depto. de Filosofia, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP. Brasil.

Parte importante da literatura contemporânea em Filosofia da Ciência trata do debate entre perspectivas realistas e perspectivas antirrealistas. O ponto de inflexão entre elas está na caracterização de como os termos teóricos nas teorias científicas devem ser lidos. A postura realista afirma que temos razões suficientes para crer que os termos teóricos de teorias bem confirmadas descrevem – ou referem-se a – entidades existentes, isto é, os termos teóricos das teorias atuais devem ser lidos literalmente; osantirrealistas, por sua vez, preferem evitar esse tipo de comprometimento.

Nesse debate, a posição adotada por Carnap não se enquadra bem em nenhuma das alternativas. Carnap pretendeu ser neutro em relação a essas disputas (Psillos, 1999, § 3) quando elas são interpretadas como disputas metafísicas. Sua concepção é motivada pela adoção de um princípio geral, o “Princípio de Tolerância”, e por uma concepção linguística das teorias científicas e de seus termos. O fato de que as posições carnapianas não foram completamente esclarecidas revela-se a partir das várias interpretações concorrentes que foram elencadas como possíveis caracterizações delas. Demopoulos (2013, p. 68) qualifica-o como favorecendo uma posição antirrealista; Psillos (1999, Part I, § 3) atribui a Carnap uma defesa de um realismo estrutural de um tipo especial que estaria sujeita à mesma objeção formulada por M. H. A. Newman à concepção estruturalista adotada por Russell em The Analysis of Matter (1927) (já em Psillos (2011) desenvolve posições às quais Carnap provavelmente assentiria); para Van Fraassen (1980, pp. 53,56), as construções carnapianas que levaram até sua posição final em relação às disputas ontológicas são soluções para problemas técnicos autogerados e filosoficamente irrelevantes. Como destaca Friedman (2012, p. 96), apesar das semelhanças entre a proposta geral carnapiana e seu “instrumentalismo agnóstico”, van Fraassen, ao contrário de Psillos, não tem paciência com a posição carnapiana. Friedman (2012, pp. 98, 105), por sua vez, sugere que Carnap é bem sucedido em defender uma posição neutra; Gentile e Gaeta (2005, p. 10), seguindo Quine, qualificam-no como um “realista platônico”, devido a um suposto compromisso ontológico assumido devido à referência à entidades matemáticas abstratas na reinterpretação das teorias científicas sugerida por Carnap através do método das sentenças-Ramsey e sentenças-Carnap.

As propostas de Carnap emergentes de sua concepção tardia de teoria foram ainda pouco exploradas em relação a sua contribuição ao debate em questão. Onde encontraram atenção e críticas, como no caso dos trabalhos de Psillos, não parecem ter recebido objeções decisivas. As réplicas de Friedman e Uebel, parecem, à primeira vista, responder satisfatoriamente tais objeções. O neutralismo carnapiano parece, então, ter sobrevivido aos ataques e pode ser uma alternativa viável à solução (ou dissolução) do debate.

Neste trabalho vou me concentrar em afastar uma dessas interpretações, a proposta por Gentile e Gaeta (2005) de que Carnap não é bem sucedido em sua tentativa de neutralidade, e acaba, inevitavelmente, por comprometer-se com a existência de entidades matemáticas abstratas, sendo encurralado a assumir, portanto, uma posição realista do tipo platônico. Carnap, não é novidade, rejeita expressamente esse tipo de comprometimento. Atribuindo a seus críticos uma confusão criada pela negligência de uma distinção, para ele fundamental, entre leis físicas contendo variáveis numéricas e teses ontológicas como a da realidade e irrealidade dos universais (Carnap 1963, 65). Carnap “Empiricism, Semantics and Ontology” (1950) é justamente uma tentativa de compatibilizar uma atitude empirista, a qual ele subscrevia, com o uso de sistemas linguísticos que fazem referência a entidades

Page 82: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

78

abstratas, evitando, ao mesmo tempo, comprometimentos ontológicos com entidades metafísicas como aqueles assumidos em uma postura platônica.

Referências

Carnap, R.(1950),“Empiricism, Semantics and Ontology”, Revue International de Philosophie, 4. Reimpresso em Meaning and Necessity: A Study in Semantics and Modal Logic. 2nd ed. Chicago: University of Chicago Press, 1956, pp. 20-40.

Carnap, R. (1963), “Intellectual Autobiography”, em The Philosophy of Rudolf Carnap, ed. por P. Schilpp, Open Court, La Salle, Ill, pp. 3–84.

Demopoulos, W. (2003), “On the Rational Reconstruction of our theoretical Knowledge”, The British Journal for the Philosophy of Science, 54.

Friedman, M. (2012), “Carnap’s Philosophical Neutrality Between Realism and Instrumentalism”, em Analysis and Interpretation in the Exact Sciences, ed. por M. Frappier, D. Brown e R. DiSalle, The Western Ontario Series in Philosophy of Science, Springer Netherlands, vol. 78, pp. 95-114.

Gentile, N. A. e Gaeta, R. L.(2005), “El neutralismo ontológico de Rudolf Carnap”, em V Jornadas de Investigación en Filosofía.

Psillos, S. (1999), Scientific realism: how science tracks truth, Routledge, London & New York.

Psillos, S. (2011), “Choosing the realist framework”, Synthese, 180, 2, pp. 301-316.

Russell, B. (1927), The Analysis of Matter, Allen & Unwin, London.

Van Fraassen, B. C. (1980), The Scientific Image, Oxford University Press.

Teleologia e polinização: uma contribuição à Filosofia da Biologia Giselle Alves Martins [email protected] Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil. Fernanda da Rocha Brando [email protected] Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

A linguagem teleológica ou funcional pode ser considerada uma questão da qual a Ciência recorre à Filosofia como forma de enfrentamento à pluralidade de ideias associadas ao termo “função” em explicações de fenômenos biológicos [1]. Alguns filósofos apresentam diferentes visões sobre o conceito de função. Para Wright [2], a função de algo seria selecionada evolutivamente e explicaria o porquê de sua existência. Para Cummins [3], o poder explicativo de função estaria na avaliação de sua contribuição para o sistema do qual faz parte, desconsiderando sua origem evolutiva.

O objetivo deste trabalho é apresentar a análise de quatro textos científicos sobre o fenômeno polinizaçãorepresentativos de diferentes épocas. Especificamente, são analisados os termos aparentemente finalistas utilizados na descrição do fenômeno.

Os textos analisados foram: Das entdeckte Geheimniss der Natur im Bau und der Befruchtung der Blumen (1793) (Descobrimento dos segredos da natureza nas estruturas e fertilização das flores), de Christian Konrad Sprengel (1750-1816); o capítulo X intitulado The means of fertilisation (Os meios de fertilização) do livro The effects of cross and self fertilisation in the vegetable kingdom (1878) (Os efeitos da fertilização cruzada e da auto-fertilização no reino vegetal), de Charles Robert Darwin (1809-1882); o capítulo 2 intitulado Foraging and pollination (Forrageamento e polinização), do livro Ecology and Natural History of Tropical Bees (1989) (Ecologia e história natural das abelhas tropicais), de David Ward Roubik; e o artigo Pollination and other ecosystem services produced by mobile organisms: a conceptual framework for the effects of land-use change (2007) (Polinização e

Page 83: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

79

outros serviços ecossistêmicos produzidos por organismos móveis: um quadro conceitual dos efeitos às mudanças do uso da terra), de Claire Kremen e colaboradores.

Em todos os textos foi possível verificar termos aparentemente finalistas. São exemplos de frases encontradas nos textos analisados: “os arranjos apresentados pelas flores são diretamente relacionados (directlyr elated) ao propósito final (final purpose) das plantas de serem fertilizadas pelos insetos” [4]; “as flores podem ser adaptadas (adapted) a certos tipos de insetos, por secretarem néctar particularmente atrativo a eles, e pouco atrativo a outros tipos” [5]; “as abelhas possuem muitas características funcionais (traits functional) e esse comportamento [polinização] das abelhas e as estruturas florais provavelmente coevoluíram (likely to have coevolved)” [6]; “os serviços dos ecossistemas são funções fornecidas pela natureza (functions provided by nature) que melhoram (improve) e mantêm o bem-estar humano (human well being)” [7].

Considerando o contexto histórico em que cada texto foi escrito, embora os autores tenham feito uso de termos finalistas, não se pode dizer que houve uma explicação inadequada sobre a polinização, pois os aspectos fisiológicos e evolutivos do fenômeno podem ser depreendidos dos textos analisados de acordo com a visão de cada época.

Tendo em vista que tanto a Ciência quanto a Filosofia estão em processos de desvelar quais as formas de tratamento de questões teleológicas que superem os problemas de seu uso, essa análise sugereque os termos finalistas podem ser usados desde que explicitemas questões evolutivas do fenômeno. Ou seja, a polinização pode ser explicada como resultado de um processo de seleção natural, no qual os insetos transferem os pólens de uma planta para outra como consequência do seu ato pela busca de alimentos nas flores, não havendo uma intenção intrínseca dos insetos nesse transporte.

Ao final, concorda-se com as ideias de Wright acerca das características funcionais sendo selecionadas evolutivamente, bem como com as ideias de Cummins acerca do poder explicativo de função estar relacionado à contribuição de algo no sistema ao qual pertence.

Referências

[1] Godfrey-Smith, P. A modern history theory of functions. In: Allen, C.; Bekoff, M.; Lauder, G. (eds). Nature’s purposes – analyses of function and design in biology. Oxford, Oxford University Press, (1998 [1994]), p. 453-478.

[2] Wright, L. Functions. The philosophical review. Stanford, v. 82, n. 2, p.139-168, 1973.

[3] Cummins, R. Functional analysis. The Journal of Philosophy. New York, v. 72, n. 20, p. 741-765, 1975.

[4] Sprengel, C. K. Das entdeckte Geheimniss der Natur im Bau und der Befruchtung der Blumen. Tradução de Haase, P.: Discovery of the secrets of nature in the structure and fertilization of flowers. In: Lloyd, D. G.; Barrett, S. C. H. (eds.) Floral Biology: Studies on floral evolution in animal-pollinated plants. New York, Editora Chapman & Hall, (1996 [1793]), p.3-43.

[5] Darwin, C. R. The effects of cross and self fertilisation in the vegetable kingdom. 2ª edição. London, John Murray, Albemarle Street, 1878, 539p.

[6] Roubik D. W. Ecology and natural history of tropical bees. Cambridge, Cambridge University Press, 1989, 514p.

[7] Kremen, C. et al. Pollination and other ecosystem services produced by mobile organisms: a conceptual framework for the effects of land-use change. Ecology Letters, Estados Unidos, v. 10, p. 299–314, 2007.

Galileo y Arquímedes: un estudio en dorado Gonzalo L. Recio [email protected] Universidad Nacional Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina.

En el libro IX de De Architectura, Vitruvio relata la conocida historia de Arquímedes en la bañadera. Según el escritor romano, al tomar el poder de Siracusa el tirano Hierón II decretó que una corona de oro fuera mandada a hacer en honor de un dios, a modo de agradecimiento por su ascenso al trono. Para ello entregó una determinada cantidad de oro

Page 84: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

80

a un orfebre, quien luego de un tiempo devolvió al rey una corona de oro que pesaba lo mismo que el metal entregado originalmente. El trabajo fue aceptado de buen grado por el rey, pero después de un tiempo alguien comenzó a sospechar – y se lo hizo saber a Hierón – que parte del oro había sido sustraído y que el orfebre lo había reemplazado con el mismo peso en plata. Indignado ante la posibilidad de un fraude, pero incapaz de juzgar si entre el oro de la corona había alguna parte de plata, le pidió a Arquímedes que estudiara la cuestión.

Fue en medio de estas consideraciones que Arquímedes decidió ir a los baños públicos de la ciudad. Al ingresar a una bañadera observó que a medida que su cuerpo se hundía una cantidad proporcional de agua rebalsaba por sobre los bordes de la misma. Eso le dio la clave para resolver el enigma. Completamente poseído por su descubrimiento, Arquímedes salió del agua y, desnudo, volvió a su casa gritando por las calles de Siracusa su legendaria exclamación.

El método, tal como lo relata Vitruvio, es muy sencillo, y hace uso del hecho de las diferencias de densidad entre los dos metales. Arquímedes primero llenó un gran recipiente de agua hasta el borde y luego hundió en ella una cantidad de plata igual en peso a la corona, provocando así que una cantidad determinada de agua rebalse. Luego retiró la plata y midió el volumen de agua necesario para volver a llenar el recipiente obteniendo así, indirectamente, el volumen de la corona si fuera de plata pura. Luego tomó una cantidad de oro igual en peso a la corona e hizo lo mismo obteniendo que, a igual peso, el oro tiene un menor volumen que la plata. Finalmente hundió la corona misma, y, con el mismo procedimiento, obtuvo el volumen real de la corona: era de un volumen mayor que si fuera de oro puro. Vitruvio nos dice que, partir de la diferencia de volúmenes, Arquímedes incluso fue capaz de decirle a su agradecido rey cuánto había sido el oro robado por el orfebre.

El relato de Vitruvio no sólo nos dice que éste método le posibilitó a Arquímedes descubrir el fraude, sino incluso la magnitud del mismo, al calcular la cantidad de oro robado.

Siglos más tarde, un joven Galileo reflexionaría largamente acerca de este relato al preparar su clases universitarias de matemáticas. Su veredicto fue contundente: el relato no puede ser verídico. Su admiración por Arquímedes, no obstante, lo llevó a proponer una alternativa que salve al genio de Siracusa. Una pequeña obra, La Bilancetta, fue el producto de estas reflexiones. Allí tenemos la oportunidad de entrever al Galileo historiador de la ciencia, y apreciar la comodidad con la que el florentino se movía en el mundo de las matemáticas, la estática, la dinámica, e incluso la ingeniería, características que décadas más tarde lo llevarían a la cumbre de los círculos intelectuales europeos.

La ponencia, entonces, consta de tres partes: en la primera voy a explicar el método según lo expone Vitruvio, y luego intentaré evaluar las posibles reservas de Galileo respecto del mismo. En segundo lugar voy a explicar el nuevo método propuesto por Galileo, intentado mostrar, tal como Galileo pretendía, que está anclado en los temas y soluciones de Arquímedes. En tercer lugar voy a realizar un juicio acerca del método galileano. Movimientos uniformes en el segundo modelo lunar de Ptolomeo Gonzalo L. Recio [email protected] Universidad Nacional Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina.

En el Almagesto, la obra cumbre de la astronomía matemática griega, Ptolomeo sigue un orden expositivo muy preciso, el cual está justificado en el camino metodológico que sus observaciones y modelos proponen. Luego de tratar acerca de la Tierra, su posición, tamaño, forma y movimientos – o falta de ellos –, se aboca al desarrollo de una teoría solar precisa. Allí, utilizando sólo observaciones de sombras, concibe un método para determinar con asombrosa exactitud la longitud del año trópico, la posición de los equinoccios en la esfera celeste y la excentricidad del círculo en el cual ese astro se mueve en torno a la Tierra, explicando así la desigual duración de las estaciones.

Todos estos logros de Ptolomeo y sus predecesores palidecen sin embargo en comparación con sus modelos para los cinco planetas. Allí el astrónomo alejandrino, utilizando observaciones propias y de tiempos – aún para él – remotos, construye modelos

Page 85: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

81

geométricos que por primeras vez en la historia de la astronomía permitieron explicar y predecir las irregulares trayectorias de esos astros entre el fondo de estrellas, incorporando los más espectaculares fenómenos planetarios, las retrogradaciones, con sus desiguales bucles en cada sector del cielo. Incluso ciertos fenómenos sinódicos como los tránsitos de Venus y Mercurio quedan implícitos gracias a los parámetros que Ptolomeo calcula para esos planetas. La principal causa del adelanto que las teorías planetarias ptolemaicas supusieron respecto de aquéllas propuestas por sus predecesores fue la incorporación del elemento teórico que los medievales bautizarían como punctum aequans. Éste, como es sabido, consiste en un punto respecto del cual el movimiento es uniforme en términos angulares. La novedad consistió en que este punto no coincide con el centro geométrico del movimiento circular, esto es, con el centro del círculo descrito por el objeto que se mueve. Para lograr la precisión buscada, Ptolomeo se consideró obligado a asumir que efectivamente ciertos elementos de sus modelos se movían uniformemente no en torno al centro de los círculos que describían, sino en torno a otro punto. Este paso, si bien fue aparentemente aceptado por sus contemporáneos y sucesores griegos como uno aceptable y válido, fue recibido siglos más tarde con cierta reticencia – por decir, lo menos – en el mundo islámico medieval, y luego en los círculos astronómicos europeos. Se podría decir que la búsqueda de lasolución al problema que el punto ecuante supuso fue uno de los factores que más fuertemente influyeron en el nacimiento de la astronomía heliocéntrica moderna.

Ptolomeo menciona el descubrimiento del punto ecuante en su introducción a los modelos planetarios, para más tarde demostrar su existencia a partir de algunas observaciones de Venus. Su estudio y aplicación se prolongaa lo largo de todos los modelos planetarios.

Entre su exposición del modelo solar y aquéllos dedicados a los cinco planetas, sin embargo, Ptolomeo expone largamente su teoría acerca de la Luna. Las dificultades que el movimiento altamente irregular de la Luna presentó al astrónomo alejandrino muestran quizá como en ninguna otra parte el grado de ingeniosidad que Ptolomeo desplegó en el Almagesto.

La ponencia va a tratar, específicamente, acerca de las novedades teóricas que Ptolomeo incorporó en las últimas etapas del desarrollo de su teoría acerca de las longitudes lunares, y busca mostrar de qué modo allí el gran astrónomo ya distingue entre el centro geómetrico del movimiento circular y el punto que desempeña las funciones que luego serán las propias del punto ecuante. Ciertas diferencias importantes que hay en este punto ecuante lunar y aquél que luego utilizará en los modelos planetarios permiten, además, comprender de un modo más fino las propiedades geométricas y las funciones dinámicas de ese importante elemento de la astronomía ptolemaica. Sobre a “perfeição” das lunetas cartesianas: uma leitura integral de A dióptrica Guilherme Rodrigues Neto [email protected] Doutor pelo Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo. Associação Filosófica Scientiae Studia, São Paulo, SP, Brasil.

Mesa redonda “O Discurso do método e os Ensaios de Descartes”

Pretendo apresentar uma leitura articulada do conjunto dos dez discursos que compõem o ensaio de “A dióptrica”, com o intuito de sugerir que o objetivo subjacente de seu texto é a elaboração teórico-conceitual e técnica de dispositivos dióptricos (como a lupa, o telescópio e o microscópio, todos denominados por Descartes de “lunettes”). Tentarei mostrar que o ensaio de Descartes elabora, de uma maneira didática e metódica, uma teoria completa do “telescópio perfeito”, a qual resulta de uma análise que articula três domínios de questões: (1) a natureza da luz e a solução ao problema da “medida da refração”; (2) a natureza e mecanismo da percepção visual e suas limitações naturais; (3) o aperfeiçoamento artificial da visão por meio de dispositivos dióptricos hiperbólicos, o qual envolve, por sua vez, (I) uma consideração sobre os possíveis modos aperfeiçoar a visão, ou de torná-la menos imperfeita, (II) uma teoria das propriedades focais das lentes cônicas (o que conta

Page 86: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

82

como a solução do problema da anaclástica) e (III) uma explicação do funcionamento do telescópio e do microscópio e (IV) uma exposição de uma máquina de talhar lentes hiperbólicas.

Como veremos, Descartes desenvolve uma explicação do funcionamento do telescópio que é teoricamente dependente de uma teoria da formação da imagem ocular. Assim, o telescópio é categorizado como um dispositivo que permite uma ampliação indefinida da visão natural por meio uma prótese artificial acoplada ao sistema ocular. Como sabemos, ao longo das primeiras décadas do século xvii, no contexto inicial das elaborações teóricas em torno do novo instrumento óptico (nas considerações de Kepler, Christoph Scheiner, Descartes e outros autores do período), a teoria do telescópio ainda não havia conquistado autonomia em relação à teoria da visão ocular (cf. Malet, 2003, 2005, 2010; van Helden et al., 2010). Tentarei mostrar que o escopo mais geral da teoria cartesiana do telescópio é a legitimação ou a justificação racional da eficácia desse novo instrumento científico.

A invenção do telescópio no início do século XVII por artesãos holandeses forneceu ao arsenal da chamada “revolução científica moderna” uma de suas armas mais poderosas e férteis. Nas mãos de Galileu, o novo artefato tornou-se um instrumento de conhecimento e foi capaz de mostrar fenômenos até então insuspeitos, de revelar “novos mundos” nunca antes imaginados, de tornar visível o que até então permanecia invisível. Todavia, a transformação desse “novo instrumento” em um “instrumento científico de precisão”, ou sua incorporação efetiva e teoricamente sustentada a práticas científicas regulares, não ocorreu de modo imediato, mas se deu no curso de um lento processo de desenvolvimento técnico e teórico, o qual encontrou sua realização mais bem definida e acabada somente na segunda metade do século XVII, com os trabalhos de James Gregory, Isaac Newton, Christiaan Huygens e outros (cf. Allen, 1943; Olmsted, 1949; van Helden, 1974; 1994; Dijksterhuis, 2004; Malet, 2005). E na longa história em torno do entendimento teórico e do aperfeiçoamento técnico desse novo instrumento astronômico, os trabalhos de Kepler e de Descartes, produzidos logo após o surgimento da curiosa “invenção holandesa”, certamente devem ser contados entre os pioneiros. Em sua Dioptrice, publicada em 1611, logo após a publicação das novas descobertas astronômicas anunciadas por Galileu em 1610, Kepler elabora a primeira consideração teórica em torno do chamado “telescópio holandês”. Seguindo de perto o caminho aberto por Kepler no campo da ciência da óptica, o filósofo-geômetra Descartes apresenta em seu ensaio A dióptrica um extenso projeto para o entendimento e a produção mecânico-racional de “lunetas perfeitas”. Embora não tenha exercido uma grande influência no desenvolvimento ulterior do telescópio como um instrumento científico, a teoria cartesiana do telescópio, tal como delineada em sua A dióptrica, certamente ocupa um lugar na história inicial do desenvolvimento desse novo instrumento de conhecimento.

La tecnociencia y el carácter híbrido del discurso asociado a los OGMs Guillermo Folguera [email protected]

Christian Francese [email protected]

Grupo de Filosofía de la Biología, Universidad de Buenos Aires - CONICET, Argentina.

Mesa redonda "Aspectos das tecnologias biogeneticoquímicas na agricultura" Entre las características que se han señalado de la tecnociencia, una en las que se ha

mostrado especial atención es la de su carácter mixto. Por ejemplo, en palabras de Linares (2008) la tecnociencia presenta una combinación entre un “conocer científico” y un “producir tecnológico” (p. 369). A su vez, Latour pone el acento en la mixtura de aspectos epistémicos y artefactuales. Hottois (1999) también indica que la tecnociencia debe ser concebida como un cuerpo de conocimientos integrados en los que tanto los aspectos científicos como los técnicos se presentan profundamente articulados en todas las etapas del proceso de construcción. Más aún, en la tecnociencia parecen convivir dos tipos de

Page 87: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

83

racionalidades: pragmático utilitaria y logocéntrica (Linares, 2008; la terminología muestra variaciones significativas dependiendo del autor en cuestión). De este modo, la tecnociencia vincula elementos tan distintos como la información y el conocimiento científico, con las habilidades y destrezas técnicas para la producción industrial de artefactos y dispositivos tecnológicos. A partir de este propio origen y naturaleza, cabe el interrogante acerca de cómo y de qué manera se manifiesta dicho carácter híbrido. En este sentido, uno de los campos en los que puede rastrearse esta característica es en el campo del discurso, tanto en lo referido a los términos que son utilizados, a la conceptualización de los mismos, como a los marcos teóricos en los que se involucran.

Entre los proyectos tecnocientíficos que han cobrado mayor visibilidad en los últimos años, aparece la biotecnología (Echeverría, 2005). En particular, en las últimas décadas los organismos genéticamente modificados (OGMs) han sido uno de los principales bastiones a escala global. Generados durante la década del 80' del siglo pasado, la elaboración de los OGMs presentó fines muy diversos, desde la producción de alimentos para consumo humano, productos médicos, combustibles, forrajes, etc. Sin dudas, entre los OGMs que han tomado mayor preponderancia en nuestros países aparecen los vegetales GM. A partir de la década de 1990, dos variedades GMs hicieron su aparición y consolidación: organismos resistentes a herbicidas y aquellos que producen toxinas que actúan como insecticidas. Estas variedades ocuparon una parte importante de la extensión cultivable del continente y fueron objeto de cuestionamientos de diferente tipo.

El objetivo principal de este trabajo es el de comprender mejor el modo en el que se expresa en los discursos asociados a los OGMs vegetales el carácter híbrido de la tecnociencia, en particular en los términos utilizados, las conceptualizaciones preponderantes y las teorías reconocidas, así como la relación que se establece entre los dominios tecnológicos y científicos. Con este fin, se analizarán diferentes tipos de fuentes: trabajos científicos publicados en revistas internacionales, páginas web, proyectos de política científica, entre otros. La hipótesis general es que la hibridez tiene expresiones diversas, tales como un carácter dual del significado de algunos términos claves (tal como el de gen), a la vez que una consideración simplificante de los marcos teóricos y modelos involucrados en el propio discurso tecnocientífico asociado a los OGMs (como por ejemplo los modelos de relación genotipo-fenotipo). A su vez, el análisis permite problematizar el tipo de relación que se establece entre los dominios científicos y tecnológicos. En general se reconoce, en una línea similar a Echeverría (2003, 2005), una importante subordinación de la racionalidad logocéntrica a los fines pragmáticos propios de los proyectos tecnocientíficos.

Referencias Echeverría, J. La revolución tecnocientífica. Conferencia. CONfines 1/2 agosto-diciembre, 2005.

Echeverría, J. La revolución tecnocientífica. Madrid: Fondo de Cultura Económica, 2003.

Hottois, G. El paradigma bioético. Una ética para la tecnociencia. Barcelona: Editorial Anthropos, 1999.

Linares, J. E. Ética y mundo tecnológico. México: Fondo de Cultura Económica, 2008.

Un método de tablas analíticas para marcos argumentativos Gustavo Bodanza [email protected] Universidad Nacional del Sur (UNS), IIESS-CONICET, Bahía Blanca (BSAS), Argentina.

Los marcos argumentativos son modelos de argumentación abstracta sumamente sencillos, consistentes en un par (A, R), donde A es un conjunto de argumentos y R es una relación de ataque entre elementos de A.

Ejemplo 1. Sean los argumentos a: Tweety es un ave. Las aves usualmente vuelan. Por lo tanto, Tweety vuela. b: Tweety es un pingüino. Los pingüinos no vuelan. Por lo tanto, Tweety no vuela.

Page 88: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

84

Asumiendo que b ataca a a, representamos la situación mediante el marco argumentativo (A, R), donde A={a, b} y R={(b, a)}. Utilizando un digrafo:

Ejemplo 2. Sean los argumentos a: El gobierno X no puede negociar con el gobierno Y porque Y no reconoce a X. b: X tampoco reconoce a Y. c: Pero Y es terrorista.

Asumiendo que a y b se atacan mutuamente y c ataca a b, representamos mediante el marco argumentativo (A, R), donde A={a, b} y R={(a, b), (b, a), (c, b)}. Gráficamente:

Diversas semánticas se han propuesto para determinar qué argumentos resultan

“justificados” en un marco argumentativo. Las semánticas de extensiones sancionan uno (“escépticas”) o varios (“crédulas”) subconjuntos de argumentos en base a determinadas funciones que definen modos en que los argumentos pueden defenderse entre sí. Aquí proponemos un sistema de tablas analíticas que permiten decidir si la aceptación o el rechazo de un argumento dado está justificada o no. Las reglas se definen como sigue. Cada argumento a ∈ A puede ser evaluado como in (aI) o out (aO). Sea atacantes(a) = {b: (b, a) ∈ R} y sea {b1, …, bk} una enumeración arbitraria pero fija de atacantes(a).

1) Si atacantes(a) ≠ ∅:

Si atacantes(a) = ∅:

2) Regla anticiclos:

donde V ∈ {I, O} y las ocurrencias de aV son en la misma rama.

3) Regla de cierre:

donde V ∈ {I, O} y –V ∈ {I, O}\{V}.

Dada una sentencia del tipo aV, la tabla se construye aplicando sucesivamente estas reglas hasta agotar las posibilidades. Si atacantes (a) ≠ ∅, la regla (In a) conduce a una conjunción de proposiciones, cada una marcando con O (out) a un atacante bi de a. La regla (Out a) conduce a una disyunción de proposiciones, cada una marcando con I (in) a un atacante bi de a.

Informalmente, interpretamos que si a es aceptado entonces todos sus atacantes deben resultar rechazados, y si a es rechazado entonces alguno de sus atacantes debe resultar aceptado. Si a no tiene atacantes entonces aI es aceptado sin más, mientras aO conlleva contradicción. La introducción de × indica contradicción, por lo que la rama donde aparece se cierra. La regla anticiclos evita loops. Definimos:

1) Una rama está a) cerrada sii × ocurre en la rama. b) abierta sii no está cerrada. c) fundada sii está abierta y ∞ no ocurre en ella.

2) Una tabla está a) cerrada sii cada rama está cerrada.

Page 89: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

85

b) abierta sii no está cerrada. c) fundada sii tiene alguna rama fundada.

3) Una sentencia aV es a) satisfacible (insatisfacible) sii su tabla está abierta (cerrada). b) válida sii su tabla está fundada.

Esto permite capturar semánticas crédulas (aceptando lo satisfacible) o escépticas

(aceptando sólo lo válido).

Ejemplo 1 revisitado. Tablas para cada argumento aceptado/rechazado:

aI y bO (“a está justificado”) y bO (“b no está justificado”) no son satisfacibles (i.e. rechazados crédula y escépticamente); aO (“a no está justificado”) y bI (“b está justificado”) son válidos (i.e. aceptados crédula y escépticamente).

Ejemplo 2 revisitado. Tablas para cada argumento aceptado/rechazado:

aI, bO y cI son válidas (tienen una rama fundada); aO, bI y cO son insatisfacibles (sólo una rama y es cerrada).

Mostraremos formalmente la correspondencia con las semánticas preferida y grounded de Dung (1995) y discutiremos el método en comparación con otros como labellings (Jakobovits y Vermeir, 1999; Caminada, 2006) y juegos dialécticos (Vreeswijk y Prakken, 2000; Cayrol et al., 2001; Chesñevar y Simari, 2006, 2007).

Referencias

M. Caminada (2006), On the Issue of Reinstatement in Argumentation, en Proc. of Logics in Artificial Intelligence, 10th European Conference, JELIA, LNCS 4160, Springer, 111-23.

C. Cayrol, S. Doutre, J. Mengin (2001), Dialectical Proof Theories for the Credulous Preferred Semantics of Argumentation Frameworks, en Proc. of the 6th ECSQARU, LNAI 2143, Springer, 668- 79.

C.I. Chesñevar, G.R. Simari (2006), An Abstract Model for Computing Warrant in Skeptical Argumentation Frameworks, en Proc. 11th Intl. Workshop on Nonmonotonic Reasoning (NMR 2006), IfI Technical Report Series, Clausthal University, 411-19.

C.I. Chesñevar, G.R. Simari (2007), A Lattice-based Approach to Computing Warranted Belief in Skeptical Argumentation Frameworks, en Proc. IJCAI 2007, 280-85.

P.M. Dung (1995), On the Acceptability of Arguments and its Fundamental Role in Non-Monotonic Reasoning, Logic Programming, and n-Person Games. Artificial Intelligence 77, 321-57.

H. Jakobovits, D. Vermeir (1999), Robust Semantics for Argumentation Frameworks. Journal of Logic and Computation 9 (2), 215-61.

G. Vreeswijk, H. Prakken (2000), Credulous and Sceptical Argument Games for Preferred Semantics, in Proc. JELIA 2000, LNAI 1919, Springer, 239-53.

Maupertuis, Diderot, e o delineamento de uma explicação materialista da congruência entre estrutura e função nos seres vivos Gustavo Caponi [email protected] Depto. de Filosofia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil.

Page 90: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

86

A correlação existente entre a configuração dos seres vivos e as exigências funcionais que eles devem satisfazer para subsistirem, não foi um tema fácil para a História Natural predarwiniana. Cuvier, por exemplo, considerava essa correlação como um pressuposto fundamental da Anatomia Comparada; mas seu programa teórico não contemplava, nem tampouco sugeria, qualquer explicação disso. Entretanto, já desde fins do século XVII e inícios do Século XVIII, a Físico-Teologia de autores como Boyle, Derham e Ray, vinha insistindo na alternativa de ultrapassar os limites da ciência natural, para assim poder encontrar a explicação do desenho orgânico no desígnio; e foi possivelmente para desqualificar mais taxativamente a necessidade desse recurso teológico, que Buffon escolheu a alternativa de minimizar, e até negar, essa adequação entre estrutura e função que alguns atribuíam aos seres vivos.

As ciências da vida, entretanto, desenvolveram-se na medida em que não assumiram a posição de Buffon. Conforme Kant soube sublinhar: o estudo da estrutura e do funcionamento dos seres vivos só podia avançar, na medida em que os biólogos insistissem em uma posição mais próxima àquela que Cuvier veio a sustentar nos inícios do século XIX. Cabendo a Darwin, por fim, o mérito de ter chegado a dar uma explicação causal e cientificamente aceitável, dessa adequação de estrutura e função que, se não era tão ajustada quanto o era a pressuposta por Kant e Cuvier, era definitivamente mais estrita que a imaginada por Buffon. Entretanto, que isso tenha sido assim, não deve conduzir-nos a pensar que a recusa das causas finais, conforme ela foi propugnada Buffon, haja sido uma posição totalmente insustentável.

A partir dela podia chegar a compreender-se, embora seja parcialmente, uma parte não totalmente insignificante dessas correlações de estrutura e função, que depois Cuvier veio a resaltar sublinhar, e às que a Físico-Teologia a la Boyle pretendia ter explicado. Entretanto, para entendermos como poderia ser uma explicação dessas correlações que fosse compatível com a recusa das causas finais propugnada pelo Buffon, é mister sair-se dos escritos de este, e apelarmos para dois autores, também do Século das Luzes, com os que o pensamento buffoniano guardava uma estreita afinidade. Aludo a Maupertuis e a Diderot.

Espalhadas nos escritos destes dois pensadores, encontramos algumas referências ao problema da adequação entre forma e função nos seres vivos, que sugerem uma forma de entender a questão que é compatível e complementar com o pensamento do Buffon; podendo brindar-nos uma ideia mais completa do que este influente naturalista poderia ter pensado a esse respeito. E até atrevo-me a sugerir que estas ideias de Maupertuis e Diderot também podem considerar-se como o referencial dentro do qual Étienne Geoffroy Saint-Hilaire chegou a pensar a relação entre estrutura e função, já no século XIX.

Nesse esquema sugerido pelos escritos de Maupertuis e Diderot, a congruência entre estruturas orgânicas e condições de existência resultaria, primeiramente, de uma produção, ou proliferação, de formas diversas; seguida depois essa proliferação da quase imediata eliminação daquelas variantes inviáveis, ou contraditórias no sentido do Diderot. As formas persistentes, por sua vez, teriam que explorar modos de vida acordes a sua organização; gerando-se assim a ilusão de que é a morfologia a que se adéqua ao modo de existir de cada ser. Esse modo de existência, que é resultado e não causa da morfologia, imporia, por fim, formas de comportamento capazes de modificar essas estruturas orgânicas; gerando modificações secundárias passíveis de acumular-se e acentuar-se, indefinidamente, ao longo das sucessivas gerações de cada linhagem de seres vivos. O problema da hereditariedade dos memes Gustavo Leal Toledo [email protected] Departamento de Filosofia e Métodos, Universidade Federal de São João del Rei, MG – FAPEMIG, Brasil.

O conceito de “meme” foi criado por Richard Dawkins no último capítulo do seu livro O Gene Egoísta. Um meme seria o análogo cultural do gene, ou seja, idéias, conceitos, comportamentos que passariam de pessoa para pessoa através de formas de aprendizado social. Baseado nestas idéias uma nova ciência foi proposta, a Memética. Tal ciência enfrentou muitas críticas mesmo antes de ter surgido. Várias destas críticas já foram

Page 91: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

87

abordadas em outros lugares, em artigos e apresentações, inclusive na própria ANPOF e na AFHIC (2010). O foco deste presente trabalho é analisar mais uma delas, criada por Dan Sperber que parece ir contra o próprio núcleo conceitual da Memética. Para Sperber, a aprendizagem social não pode ser vista como um processo de replicação, mas sim como recriação. Neste caso não há nada que é passado de pessoa para pessoa e, deste modo, não existiriam os memes. No entanto, uma possível resposta é que podemos lembrar aqui que os micro-processos da transmissão memética que Sperber está criticando eram também desconhecidos por Darwin em relação à transmissão genética. Este chegou a dizer na Origem das Espécies que “as leis que regulam a hereditariedade são geralmente desconhecidas” (Darwin, 2004, p.29). Hoje em dia, mesmo quando não sabemos razoavelmente o que é um gene e como ele é transmitido, podemos descobrir se algum caractere é herdável sem precisar fazer uma análise molecular ou observar a fecundação. Ainda se trabalha com experimentos de reprodução e, principalmente, com o conceito de herdabilidade. Este nos diz que se os filhos têm uma chance maior do que a média da população de ter o mesmo caractere que seus pais têm, então não há motivos para não considerar que ele é um caractere herdável, mesmo que ainda não saibamos como ele é codificado em DNA. Do mesmo modo, o padrão de comportamento daquele que recebeu a informação deve ser estatisticamente mais parecido com o padrão de comportamento daquele que enviou do que com a média da população. Isso é o suficiente para considerar que tal informação foi passada e, mais importante ainda, é o suficiente para se fazer memética baseando-se em modelos de epidemiologia e da genética das populações, proposta, inclusive, semelhante a epidemiologia do próprio Sperber. Assim, a linha de resposta aqui será que não importa muito se foi por imitação ou não, importa que o meme foi passado e sabemos que ele foi passado porque quem o recebeu é estatisticamente mais provável de apresentar tal meme do que a média da população. Sperber, assim como Blackmore, exige um conceito de replicação muito restrito, onde o meme passado tem que ser em muitos aspectos idêntico ao meme recebido, quando o importante é só que ele seja relevantemente idêntico para que possamos dizer que ambos são duas cópias do mesmo meme. Com esta afirmação mais fraca podemos assumir a causalidade de que um meme, de alguma forma ainda não conhecida, gerou ou fez surgir o outro meme e, assim, podemos aplicar os modelos matemáticos da epidemiologia e da genética das populações a este processo.

Referências

BLACKMORE, S. The Meme Machine. Oxford: Oxford University Press, 1999.

DAWKINS, R. O Gene Egoísta. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 2001.

DENNETT, D.C. A Perigosa Idéia de Darwin. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

SPERBER, D. “An objection to the memetic approach to culture”. In: AUNGER, R. Darwinizing Culture. The Status of Memetics as a Science. Oxford: Oxford University Press, 2000, pp. 163-74.

––––––. Explaining Culture: a naturalistic approach. Oxford: Blackwell, 1996.

Definição, escopo e limites da crítica ao psicologismo no pensamento de Gottlob Frege Heloísa Valéria Castro [email protected] Mestranda de Filosofia, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, SP, Brasil.

A apresentação analisa alguns aspectos da crítica de Frege ao psicologismo, ou mais especificamente, ao que ele denominou de “métodos psicológicos” de fundamentação do conhecimento. A análise procura definir o que Frege entendia por psicologia e por métodos psicológicos de reflexão, e examinar o teor e os propósitos da crítica fregeana a tais métodos. O objetivo final dessa investigação, a ser desenvolvida posteriormente, é indagar sobre o alcance real de tais críticas e se estas representam ou não uma efetiva refutação do psicologismo num panorama atual.

Page 92: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

88

Modelos atómicos y moleculares: ¿independencia conceptual o relativa? Hernán Accorinti [email protected] Universidad de Buenos Aires, Argentina.

Juan Camilo Martínez González [email protected] Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Sebastián Fortin [email protected] Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales”

Toda una tradición epistemológica, que tiene sus inicios en la concepción sintáctica y semántica de las ciencias, ha anclado una perspectiva teórico dominante según la cual el conocimiento científico se encuentra primariamente cifrado en las teorías, y no en los modelos. Sin embargo, la relación entre teoría y modelo es aún tema de debate. En efecto, en la actualidad, se ha comenzado a reconocer a los modelos como un recurso metodológico fundamental y autónomo de la práctica científica. En continuidad con esta línea de pensamiento el trabajo pretenderá brindar nuevos argumentos considerando un ejemplo proveniente de la química cuántica.

Según la concepción tradicional las teorías pueden aplicarse a situaciones concretas mediante modelos específicos. Esto, en definitiva, supone que los modelos dependen de las teorías ya que la interdependencia pretendida entre la teoría y el mundo exige una interdependencia entre la teoría y aquello con lo cual se aplica al mundo: el conjunto de sus modelos. Consecuentemente para que los modelos se constituyan como hacedores de verdad cualquier modificación debería derivar de, o bien estar legitimada por, la teoría.

Esta posición ha sido cuestionada por M. Suárez y N. Cartwright (Suárez 1999, 2009; Suárez & Cartwright 2008) quienes, abogando por una concepción instrumentalista de las teorías, aseguran que los modelos pueden ser independientes de las teorías y consecuentemente no se constituirían como sus hacedores de verdad. La discusión entre ambas perspectivas se configura a partir del modelo desarrollado por los hermanos London para dar cuenta del efecto Meissner en los superconductores. La riqueza del caso descansa en que, aparentemente, tal modelo no fue derivado de la teoría ya que en contraposición a lo que la teoría electromagnética vigente dictaba,para la configuración del modelo fue necesario considerar un material ferromagnético como diamagnético.

Sin embargo, el caso no ha zanjado el debate. En efecto, revisionistas de la concepción semántica como S. French, J. Ladyman, O. Bueno y N. da Costa (French & Ladyman 1997, 1998, 1999, da Costa y French 2000, 2003, French 1999, Bueno, French & Ladyman 2002) tratan de minimizar las consecuencias epistemológicas afirmando que la independencia del modelo respecto de la teoría es meramente histórica y relativa

En este contexto el trabajo pretenderá introducirse en la discusión planteada del siguiente modo:

(i) Primero analizaremos la discusión en torno al modelo de los hermanos London aseverando que la misma se encuentra en un impasse como consecuencia de ciertos equívocos no reconocidos en torno a la noción de ‘independencia’ y su rol en el proceso de constitución de los modelos.

(ii) En segundo lugar intentaremos superar el impasse mencionado apelando al caso de los modelos atómicos en química cuántica. Estos modelos integran dos dominios teóricos incompatibles: el clásico y el cuántico. El dominio cuántico aporta la ecuación de Schrödinger para la determinación de los niveles de energías. El dominio clásico, a través de la química estructural, aporta la geometría de la molécula, dada por las posiciones fijas de los núcleos en el espacio. Tal aproximación del núcleo fijo, instituida por Born-Oppenheimer (1927) se encuentra reñido con el principio de indeterminación de Heisenberg según el cual no es posible adjudicar simultáneamente a una partícula cuántica una posición y un momento definido (ver Hughes 1989).

Page 93: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

89

En este sentido creemos que la existencia de modelos que integran constructiva-mente y de un modo empíricamente exitoso teorías incompatibles abre una nueva perspectiva respecto a la dependencia o independencia entre los modelos y las teorías. Evidenciando que la independencia no puede ser pensada meramente como histórica o relativa, sino que, por el contrario, sería más oportuno considerarla como una independencia conceptual constitutiva al proceso de modelización. Referencias

Born, M. and Oppenheimer, J. (1927). “Zur Quantentheorie der Molekeln”. Annalen der Physik, 84848484: 457-484.

Bueno, O., French, S. y Ladyman, J. (2002). “On representing the relationship between the mathematical and the empirical”. Philosophy of Science, 69696969: 452-473.

Da Costa, N. y French, S. (2000). “Models, theories and structures: Thirty years on”. Philosophy of Science, 67676767: 116-127.

Da Costa, N. y French, S. (2003). Science and Partial Truth: A Unitary Approach to Models and Scientific Reasoning. New York: OxfordUniversity Press.

French, S. (1999). “The phenomenological approach to physics”.Studies in the History and Philosophy of Modern Physics, 30303030: 267-281.

French, S. y Ladyman, J. (1997). “Superconductivity and structures: Revisiting the London account”. Studies in History and Philosophy of Modern Physics,28282828: 363-393.

French, S. y Ladyman, J. (1998). “A semantic perspective on idealization in quantum mechanics”, en N. Shanks (ed.), Idealization VIII: Idealization in contemporary physics, Poznan Studies in the Philosophy of the Sciences and the Humanities. Amsterdam: Rodopi.

French, S. y Ladyman, J. (1999). “Reinflating the semantic approach”. International Studies in the Philosophy of Science, 13131313: 103-121.

Suárez, M. (1999). “The role of models in the application of scientific theories: Epistemological implications”, en M. Morgan y M. Morrison (eds.), Models as Mediators. Cambridge: Cambridge University Press.

Suárez, M. (2009). Fictions in Science.Philosophical Essays on Modeling and Idealization. New York: Routledge.

Suárez, M. y Cartwright, N. (2008). “Theories: tools versus models”, Studies in History and Philosophy of Modern Physics, 39393939: 62-81.

Hughes, R. I. (1989). The Structure and Interpretation of Quantum Mechanics. Cambridge MA: Harvard University Press.

Ciência sem consciência Hugo Neri [email protected] Doutorando no Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, Brasil.

Osvaldo Pessoa Jr. [email protected] Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Imagine um experimento mental em que uma nave espacial, contendo um conjunto

de autômatos feitos de metal, plástico e silício, é enviada para o planeta Kepler-62 e, onde eles são depositados. Os autômatos foram construídos pelos seres humanos para se locomoverem no planeta com fontes de energia determinadas, com sensores e efetores, e com a capacidade de processar minérios para a construção de outros autômatos. Seriam “máquinas aprendizes” (Turing, 1950), que aprenderiam com seu meio ambiente, e envolveriam alterações aleatórias em suas regras de operação secundária.

Cada autômato bebê é construído por um par de autômatos, que elaboram o programa que rege o novo autômato a partir de uma mistura de seus próprios programas, como em um “algoritmo genético” (Holland, 1975). Pequenas variações aleatórias em sua

Page 94: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

90

programação e constituição também ocorrem, mas os autômatos não teriam condições de manipular seu próprio código fonte. Instanciariam uma classe ampla de “computação evolutiva” que os aproximariam de comunidades animais. Após algumas gerações, os autômatos mais velhos acabam pifando, e sua matéria é reaproveitada. Os autômatos têm um sistema interno de valores ou recompensas, que os guiam em busca de objetivos, mesmo “estéticos” (por exemplo, gerar sons que seguem a escala harmônica, mas com uma intolerância a repetições excessivas). Teriam assim uma espécie de “vontade”, mas sem consciência.

Os autômatos interagem entre si e com o ambiente, segundo um programa original implementado pelos seres humanos, mas que se modifica levemente de geração em geração. Trata-se de “robótica evolutiva” (cf. Vargas et al., 2014). Há competição entre os autômatos, como ocorre nas sociedades animais. Tudo o que for programável para se assemelhar a uma sociedade humana é implementado. Tarefas mais complexas, como a construção de um coletor de energia solar, ou de uma oficina de reparo de partes danificadas, são realizadas de maneira colaborativa. Há assim uma divisão de trabalho, diferentes especializações, e troca de informação entre os autômatos.

A questão é saber se,para tal agrupamento de autômatos sem subjetividade, se poderia atribuir algum sentido de “cultura”. Por definição deste cenário possível, os autômatos não possuem consciência (ou, segundo um funcionalista de máquina, não possuem um nível de consciência maior do que os robôs atualmente construídos com chips de silício). Eles também não são “vivos” no sentido usual do termo (envolvendo DNA, proteína etc.). Num certo sentido, tal agrupamento de autômatos pode ser considerado uma “sociedade”, e cada autômato desenvolve uma “representação” (não consciente) do seu ambiente e dos outros autômatos. Haveria “comunicação” entre os indivíduos, em uma linguagem de signos, mas sem real compreensão. Haveria “aprendizado” individual e transmissão de experiências, e haveria solução de problemas não prescritos originalmente. Haveria também produção de artefatos, alguns com finalidades práticas claras, outros para satisfazer a seleção sexual. Poderia haver análogos de religião, pensamento especulativo, literaturae talvez até psicanálise (mas sem consciência, é claro).

Nesta sociedade sem consciência individual, poderia haver ciência? Entre humanos, a ciência teórica se construiu historicamente a partir da observação empírica, da vivência subjetiva, fenomênica, consciente, de dados dos sentidos ou qualia, por contato direto (acquaintance) com os fenômenos naturais. Mas os autômatos não vivenciam tais estados mentais, eles registram os dados sem emoções ou qualia. Tudo o que eles fazem, Mary poderia fazer em seu quarto (cf. Jackson, 1986). Eles possuem um mínimo de “conhecimento” implícito inicial, implementado pelos programadores, mas todo o resto das informações possuídas se refere ao ambiente de seu planeta, tendo sido coletados pelos sensores. Mesmo assim, eles teriam “ciência” e “tecnologia”, no sentido em que tais atividades prescindem de consciência: eles teriam uma organização interna altamente complicada que favoreceria a sobrevivênciade sua espécie.

Com esses dados, os autômatos conseguem ordená-los em formas de regras e leis. Provavelmente chegariam ao teorema de Pitágoras, e à matemática elementar (em seus aspectos não-conscientes). Provavelmente chegariam às leis da física clássica. Se de fato chegassem a esse ponto, poder-se-ia dizer que possuíam uma ciência madura, mesmo sem consciência. Desenvolveriam hipóteses sobre a sua própria origem, especulando terem sido depositados no planeta por outras civilizações. Finalmente atingiriam um grau de controle tecnológicopara modificar diretamente sua própria programação (em um estágio análogo à nossa esperada singularidade trans-humanista; cf. Kurzweil, 2005).

Porém, uma grande diferença com relação a nós é que a sociedade de autômatos não conheceria a vida. Por certo sua física e astronomia estaria muito mais avançada do que a nossa no momento em que descobrissem a possibilidade de vida no universo. Isso poderia ocorrer em experimentos químicos ou em viagens a algum planeta com vida. Mas eles descobririam a consciência?

Referências

Holland, J.H. (1975). Adaptation in natural and artificial systems. Cambridge (MA): MIT Press.

Jackson, F.C. (1986). What Mary didn’t know. Journal of Philosophy 83: 291-5, 148 (jan.).

Kurzweil, R. (2005). The singularity is near. New York: Penguin.

Page 95: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

91

Vargas, P.A.; Di Paolo, E.A.; Harvey, I. & Husbands, P. (2014). The horizons of evolutionary robotics. Cambridge (MA): MIT Press.

Incompatibilidad entre la Relatividad Especial y la Teoría A Ignacio León [email protected] Doctorando de Filosofía, Pontificia Universidad Católica de Chile, Santiago.

Este trabajo se inserta dentro de la polémica clásica acerca de la naturaleza del tiempo entre la teoría A y la teoría B. Esta polémica comienza en 1908 a partir del paper de McTaggart. En este se presentan como posibles dos alternativas de series para el orden temporal: las series A y las series B. Las primeras suponen que los eventos poseen características temporales genuinas, ya sea propiedades o relaciones llamadas “pastness”, “presentness” y “futureness” según estén los eventos, respectivamente, en el pasado, en el presente o en el futuro. Estas series temporales suponen un flujo temporal de modo que un evento se describe en un primer tiempo como “más” futuro, en un segundo como “menos” futuro, para luego ser tratado como “presente” y así sucesivamente. Por otro lado, las series B ponen en una relación permanente dos ubicaciones temporales mediante las relaciones de ‘anterioridad’ y ‘posterioridad’.

McTaggart considera que el flujo temporal es esencial para la objetividad del tiempo, pero negará su realidad ontológica al observar una contradicción inherente en las series A y mostrando que una serie B no puede ser compatible con un flujo temporal por sí sola. McTaggart opta finalmente por asumir una posición escéptica con respecto al tiempo, considerándolo una ilusión subjetiva.

No obstante, en la discusión posterior, surgen dos líneas de argumentación que intentan superar el escepticismo de McTaggart. Por un lado, los teóricos A,negando la mencionada contradicción inherente a las series A, aceptarán que el flujo temporal tiene realidad ontológica. Por otro lado, los teóricos B, asumiendo la contradicción acusada por McTaggart a las series A, defenderán que el orden temporal está dado por las series B. Para estos últimos, las series B abarcan todo posible orden temporal y las propiedades asociadas a las series A no existen realmente. Para la Teoría B dichas propiedades se reducen a hablar acerca de relaciones B. Aunque la Teoría B no acepta que el flujo temporal exista, afirman en cambio la existencia del orden temporal.

Hasta aquí hemos expuesto sintéticamente la polémica entre la Teoría A y la Teoría B. Este trabajo tiene la finalidad de exponer este debate a la luz del avance de la física moderna, específicamente, en relación con la teoría de la Relatividad Especial (TRE). El debate ha resurgido en el marco de la Filosofía del Tiempo especialmente en la década del 60, a partir de una interpretación realista de la TRE. Los filósofos Putnam (1967) y Rietdjick (1966) tomaron un corolario que se deduce de los dos principios fundamentales de la TRE que afirma como real la simultaneidad relativa de los eventos. Ambos consideraron que esta tesis valía como argumento en contra de la teoría ontológica del tiempo llamada presentismo, teoría que supone que sólo existe lo que hay en el presente. Esta contraposición, además de poner en cuestión el presentismo, tiene, en nuestra opinión, una importancia fundamental para la resolución del debate sobre la realidad del tiempo. Esto es así, puesto que la simultaneidad relativa genera que un evento cualquiera no pueda estar ni en un presente universal ni en un pasado universal ni en un futuro universal, de modo que sería imposible sostener que existe un flujo temporal. Si esto es así, no podrían existir tampoco las series A. Ahora bien, si sostenemos a la vez una visión realista objetiva del tiempo, se vuelve necesario aceptar como única alternativa la teoría B. Pero hay algunos filósofos que han intentado defender la compatibilidad de una simultaneidad absoluta en el marco de la TRE (entre ellos destacamos a Tooley, 1997; Bourne, 2006; y Craig). En este trabajo se buscará aclarar las distintas posiciones en juego, exponiendo los razonamientos de la Física y los argumentos filosóficos involucrados. Para luego, intentar justificar por qué la simultaneidad relativa debe entenderse como verdad ontológica y con ello poner en duda la coherencia de la Teoría A.

Page 96: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

92

Referencias

Bourne, C, 2006. A Future for Presentism, Oxford: Oxford University Press.

Einstein, A., 1905. “On the Electrodynamics of Moving Bodies,” as reprinted and translated in The Principle of Relativity, pp. 35–65. New York City: Dover Publications, 1952).

McTaggart, J. Ellis, 1908. “The Unreality of Time” Mind, Vol. 17, No. 68, pp. 457-474, Oxford University Press on behalf of the Mind Association.

Mellor, D.H., 1998, Real Time II, London: Routledge.

Putnam, H., 1967. “Time and Physical Geometry,” Journal of Philosophy, 64: 240–247. Reprinted in Putnam's Collected Papers, Vol. I. Cambridge: Cambridge University Press, 1975.

A visão de ciências e de ensino de ciências do químico Justus von Liebig (1803-73) Ingrid Derossi [email protected]

Ivoni Freitas-Reis [email protected] Núcleo de Estudos em História da Ciência, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil.

Friedrich Lenger [email protected] Historisches Institut, Justus-Liebig-Universität, Giessen, Alemanha.

Justus von Liebig nasceu em doze de maio de 1803 em Darmstadt. Do ponto de vista dos alemães, Justus, juntamente com o seu parceiro de pesquisas Friedrich Wöhler (1800-1882) e com Robert Wilhelm Bunsen (1811-1899), rivalizam-se como os químicos mais importantes do século XIX. Tendo contato com a química desde criança, o pequeno Justus conviveu com as produções de corantes, vernizes, pigmentos e outros produtos que o seu pai fabricava para vender, além disso, assistia as apresentações de químicos de outras cidades que visitavam as feiras de Darmstadt fazendo experimentos ao ar livre para a população no intuito de divulgar a ciência.

No seu período escolar, o estudioso percebia que não se adequava as metodologias tradicionais e consequentemente, possuía péssimo desempenho em sala de aula. Acabou desistindo do ginásio em 1817 quando tinha catorze anos, de acordo com suas notas autobiográficas, porque a grade curricular e o enfoque pedagógico não combinavam com ele, o foco principal era em linguística e ele se interessava e compreendia muito mais de ciências e experimentação (Liebig, 1892). Aos quinze anos já havia lido inúmeros livros sobre química de grandes autores, como Georg Ernst Stahl (1659-1734) e Henry Cavendish (1731-1810).

No semestre de inverno de 1820 Liebig é levado pelo professor Wilhelm Gottlob Kastner (1783-1857) para a Universidade de Bonn, onde conhecera o professor que lhe ofereceu o cargo de seu assistente pessoal para treiná-lo na química e de acordo com as informações do museu, o professor era um conhecido de seu pai.

Foi estudar em Paris em 1822, cidade na época conhecida como a “capital da ciência”, com importantes cientistas, tais como Louis Joseph Gay-Lussac (1778-1850), Pierre Simon Marquis de Laplace (1749-1827), Claude Louis Berthollet (1748-1822) e Jean Baptiste Dumas (1800-1884), entre outros. Também frequentou a Escola Politécnica, onde voltou a estudar os fulminatos, trabalho que o levaria a participar das pesquisas sobre isomeria e a conseguir uma vaga no laboratório de Gay-Lussac (Strube, 2005).

Em maio de 1824, Liebig foi apresentado como professor extraordinário de química na universidade de Gieβen, muitos cientistas marcantes para a química fizeram parte desse laboratório como August Kekulé (1829-1896), Hermann Emil Fischer (1852-1919), Charles-Adolphe Wurtz (1817-1884), os quais formaram outros pesquisadores quando em seus laboratórios.

Page 97: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

93

Liebig possuía uma concepção de ensino de química diferenciado, para ele, pesquisa e ensino era algo indissociável, essa concepção já havia sido instituída pela reforma universitária de Wilhelm von Humboldt (1767-1835) e Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) em 1810. Outras características que podemos destacar são: a preocupação com o ensino de ciências voltado para a formação do indivíduo, a presença da história da química em suas aulas, a predominância de um ensino experimental no qual os seus alunos possuíam a liberdade de investigar o que desejavam e em seu tempo, uma preocupação com a linguagem que deveria ser muito bem compreendida pelos seus estudantes para que compreendessem a ciência.

A sua visão de ciência também era bem peculiar, o que pode ter influenciado na sua prática como professor, podemos destacar a sua concepção de que a ciência está em constante progresso, uma ciência passível de erros e não voltada para apenas servir a sociedade. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar a visão de ciências de Liebig e discutir o quanto essa visão pode ou não ter contribuído para a sua metodologia de ensino.

Referências

BERL, E. Briefe von Justus Liebig nach neuen Funden. . . . Selbstverlag der Gesellschaft Liebig Museum und der Liebighaus-Stiftung Darmstadt, Giessen, 1928.

BROCK, W. H. Justus von Liebig –––– The Chemical Gatekeeper. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.

HOLMES, F. L. The Complementarity of Teaching and Research in Liebig’s Laboratory. Osiris, v. 5, 1989.

LIEBIG, J. Familiar Letters on Chemistry, in its relations to Physology, Dietetics, Agriculture, Commerce, and Political Economy, Londres, 1859.

––––––. Familiar letters on chemistry. Second series. The philosophical principles and general laws of the science, Londres, 1844.

Una perspectiva evolutiva integral de la cooperación y la coordinación Irma Catherine Bernal Castro [email protected] Doctorante, Instituto de Investigaciones Filosóficas, Universidad Nacional Autónoma de México, México, DF

Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta”

Indudablemente uno de los enigmas perdurables en la biología y las ciencias sociales es el origen y la persistencia de la cooperación en diferentes organismos (Lehmann y Keller, 2006). Este fenómeno inicialmente fue considerado como simple recurso que regula la competencia y la agresión al interior de los grupos, controlados directamente por “genes egoístas” que buscan replicarse. Sin embargo, cada vez es más claro que el altruismo y la cooperación, más que haber sido seleccionados para disminuir el conflicto, constituyen una directriz fundamental de los procesos constitutivos de ciertos organismos (Tomasello, 2009; de Waal, 2011). En las últimas décadas, se han realizado varias críticas a los modelos clásicos sobre cooperación (Nowak et al, 2010; Sober y Wilson, 1998), sumado a ello se han incrementado los estudios empíricos y teóricos sobre el tema, lo que ha resultado en la identificación de varios elementos evolutivos que buscan por un lado ampliar el marco darwiniano y por otro lado avanzar en las explicaciones sobre la evolución de la cooperación. En medio de los debates contemporáneos sobre cooperación, la noción de coordinación resulta central en los proyectos teóricos de autores como Sterelny (2013, 2014), Calcott (2008) y Gordon (2013), Noë (2006), se infiere que la coordinación (como un rasgo de nivel de grupo siguiendo a Smaldino 2014) juega un papel central en las investigaciones sobre la evolución de comportamiento social, en consecuencia esta ponencia presenta y discute una posible relación entre coordinación y cooperación.

A lo largo de la complejidad biológica los organismos presentan tendencias inherentes hacia la conducta de grupo, un rasgo considerado como una de las principales transiciones evolutivas (Maynard-Smyth y Szathmàry, 1995). Para algunos animales estar en grupo ofrece ventajas tales como la protección, la eficiencia de alimentación, y la

Page 98: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

94

sinergia en la ejecución de tareas (Kerth, 2010; West 2004). Sin embargo, vivir en cualquier tipo de grupo requiere de un mínimo de coordinación. Asimismo, se asume que la cooperación es una interacción colectiva que genera beneficio mutuo pero a diferencia de otros comportamientos sociales que podrían generar beneficio, la cooperación requiere de acciones coordinadas (Bernal y Martínez, 2015), varios estudios tanto en economía como en biología apoyan la hipótesis de que la coordinación entre los organismos posibilita con el tiempo el desarrollo de la cooperación (Schuster, 2002; Bowles y Gintis 2003; Waring y Hughes 2014). En este sentido, si la coordinación de los individuos al interior de un grupo o colectivo posibilita la generación de beneficio en los individuos, es posible establecer una relación de continuidad espaciotiempo entre los fenómenos de coordinación y cooperación.

Referencias

Bernal y Martínez, 2015. Las explicaciones sobre el comportamiento social: entre la administración y la generación de beneficio”. Rev. Colomb. Filos. Cienc. 15.30 123-144.

Bowles, S. & Gintis, H. 2003. Origins of human cooperation. In: Genetic and Cultural Evolution of Cooperation (Ed. by P. Hammerstein), pp. 429–443. Cambridge, Massachusetts: MIT Press.

Calcott, B. (2008). The other cooperation problem: Generating benefit. Biology & Philosophy 23, 179-203.

De Waal, F. (2011). La edad de la empatía: ¿Somos altruistas por naturaleza? México: Tusquet.

Gordon D. M. (2013) What We Don't Know about the Evolution of Cooperation in Animals, en K. Sterelny, R. Joyce, B. Calcott y B. Fraser (cops.), Cooperation and Its Evolution. Cambridge, Mass: The MIT Press.

Kerth G (2010) Group decision-making in animal societies. In: Kappeler P (ed) Animal behavior: evolution and mechanisms. Springer, Heidelberg, 241-65.

Lehmann, L. & Keller, L. (2006). The evolution of cooperation and altruism. A general framework and classification of models. Journal of Evolutionary Biology, 19, 1365– 1378.

Maynard Smith, J., y Szathrnary, E. (1995). The major transitions in evolution. New York: Oxford University Press.

Noë, R. (2006). Cooperation experiments: Coordination through communication versus acting apart together. Animal Behaviour, 71, 1-18.

Nowak, M. A., Tarnita, C. E., y Wilson, E. O. (2010). The evolution of eusociality. Nature, 466, 1057-1062.

Schuster, R. 2002. Cooperative coordination as a social behavior: Experiments with an animal model. Human Nature 13:47–83.

Smaldino, p. (2014) The cultural evolution of emergent group-level traits. Behavioral and Brain Sciences 37, 243–295.

Sober, E. & Wilson, D. (1998). Unto others. Cambridge, Mass: Harvard University Press.

Sterelny, K. (2013). Life in Interesting Times: Cooperation and Collective Action in the Holocene (pp. 89-108), en K. Sterelny, R. Joyce, B. Calcott y B. Fraser (eds.), Cooperation and Its Evolution, Cambridge, Mass: The MIT Press.

––––––. (2014). Constructing the Cooperative Niche (pp. 262-279), en G. Barker, E Desjardins y T. Pearce (eds.), Entangled Life. Organism and Environment in the Biological and Social Sciences, New York: Springer.

Tomasello, M. (2009). Why we cooperate. Cambridge Mass: The MIT Press.

Waring T.M, Hughes S, Coordination, cooperation, and the ontogeny of group-level traits. Behavioral and Brain Sciences 37, 278–279.

West MA (2004) Effective teamwork. Practical lessons from organizational research. BPS Blackwell, Oxford.

Page 99: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

95

Debatendo temas e estratégias para a inserção da História da Ciência no Ensino Ivoni Freitas-Reis [email protected] Núcleo de Estudos em História da Ciência, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil.

João Batista Alves dos Reis [email protected] Centro Universitário de Caratinga (UNEC), Caratinga, MG, Brasil.

Nos encontros da área de Ensino de Química brasileiros, são recorrentes os debates e solicitações em torno da necessidade de sugestões de maneiras diferenciadas de se inserir a História da Ciência nos currículos de química, não como uma disciplina específica, mas entrelaçada aos conteúdos de uma maneira prática e sistemática, de acordo com a propriedade do temaou do conhecimento abordado pelo professor. Nas reuniões que antecederam as definições das ações de tutorias oferecidas aos Licenciandos em Física e Química da UFJF, interessados em História da Ciência, bem como nas ações integradas ao Programa de Consolidação das Licenciaturas – Prodocência – da CAPES, a preocupação de como instrumentá-los para trabalhar a História da Ciência em sala de aula era questão recorrente.

Recomendações concernentes à utilização da História da Ciência em sala de aula têm sido enfaticamente apresentadas nos documentos oficiais vigentes em nosso país como são os PCNEM (2000) e seus complementos PCN+ (2002) e Orientações Curriculares (2006). Nos PCN+, em seu volume dedicado às Ciências da Natureza, encontramos uma seção dedicada à Contextualização Sociocultural da Ciência, onde estão inseridas as sugestões em relação à História, o trecho referente ao contexto nos diz que se deve “Compreender o conhecimento científico e tecnológico como resultado de uma construção humana, inseridos em um processo histórico e social” (Brasil, 2002, p. 92)

A Resolução no. 2, de 1º. de Julho de 2015, a qual “Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada”, no capítulo II: Formação dos Profissionais do Magistério para Educação Básica: Base Comum Nacional, Artigo 5º. recomenda que “A formação de profissionais do magistério deve assegurar a base comum nacional, [...] para que se possa conduzir o(a) egresso(a)”. No item IV:

às dinâmicas pedagógicas que contribuam para o exercício profissional e o desenvolvimento do profissional do magistério por meio de visão ampla do processo formativo, seus diferentes ritmos, tempos e espaços, em face das dimensões psicossociais, histórico-culturais, afetivas, relacionais e interativas que permeiam a ação pedagógica, possibilitando as condições para o exercício do pensamento crítico, a resolução de problemas, o trabalho coletivo e interdisciplinar, a criatividade, a inovação, a liderança e a autonomia (p.6).

Por tudo isso, nas reuniões do Núcleo de Estudos em História da Ciência (NEHC) da Universidade Federal de Juiz de Fora – idealizado e consolidado a partir do crescente interesse dos pesquisadores em Educação Química – o tema reincidia com tal persistência e reiterada frequência que decidimos enfrentar o desafio e nos dedicar não só a pesquisar sobre ele como tentar auxiliar àqueles que buscavam sugestões.

Deste modo dividimos alguns tópicos entre nós etomando como eixo norteador o desejo de sugerir, pelo menos uma forma diferenciada de dinâmica ou estratégia de abordagem por capítulo, escrevemos o livro “Estratégias para a Inserção da História da Ciência no Ensino: um compromisso com os conhecimentos básicos de Química”, publicado em 2015. Cada um de seus oito capítulos oferece uma sugestão de aplicação prática para inserir a História da Ciência dentro de um viés sócio-político abordando a Natureza da Ciência e o processo de construção e estabelecimento dessa até a contemporaneidade.

Pretendemos nesse trabalho suscitar debates sobre as sugestões apresentas pelo NEHC visando ampliar, corrigir e repensar possibilidades que poderiam estimular o emprego da História da Ciência não apenas de forma mais atraente, como principalmente auxiliar para que ela cumpra o seu papel de geradora de debates que contribuam para a

Page 100: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

96

compreensão de sua natureza e na sua atribuição decolaborar na formação de “cidadãos críticos”.

Referências

ALLCHIN, D. Pseudohistory and pseudoscience. Science & Education,,,, 2004, p. 179-195 BELTRAN, M.H.R. História da Química e Ensino: estabelecendo Interfaces entre campos

interdisciplinares. Abakós. Belo Horizonte. v 1, n. 2, p 67-77, maio 2013 BELTRAN, M. H. R, SAITO, F. TRINDADE, L. S. P. História da Ciência para Formação de Professores.

São Paulo: Ed. Livraria da Física, 2014. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior e para a

formação continuada. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 2015. ––––––. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Ciências da Natureza, Matemática e suas

tecnologias. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 2000. ––––––. PCN + Ensino Médio: Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares

Nacionais. Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 2002.

––––––. Orientações curriculares para o Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto,

2006. FREITAS-REIS, I. (org). Estratégias para a Inserção da História da Ciência no Ensino: um

compromisso com os conhecimentos básicos de Química. São Paulo, LF Editorial, 2015. HOBSBAWM, E. J. “Certezas Solapadas: As Ciências”. A Era dos Impérios. São Paulo: Paz e Terra,

1989 MATTHEWS, M. R. History, philosophy, and science teaching. New York: Routledge, 1994. ––––––. História, filosofia e ensino de ciências: a tendência atual de reaproximação. Caderno

Catarinense de Ensino de Física, v. 12 n.3, p. 164-214, 1995.

Objetos Educacionais Digitais: avaliação à luz da epistemologia de Bachelard Jailson Alves dos Santos [email protected] Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ensino, Filosofia e História da Ciência na Universidade Federal da Bahia (UFBA)/Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), BA, Brasil.

Nelson Bejarano [email protected] Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil.

Marcelo Leandro Eichler [email protected] Instituto de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil.

Estudiosos do ensino de química mediado pelas TIC têm defendido o uso de computadores na sala de aulas de ciências em geral e na sala de aula de química (GIORDAN, 2008), em particular, como forma de tornar significativo o aprendizado dos conceitos científicos. Apesar de ser crescente a difusão de artigos em revistas e periódicos especializados ou apresentados em encontros de área (ENEQ, 2014; ENPEQ, 2015) sobre TIC no ensino de ciências, ainda se faz necessário críticas quanto ao uso de tecnologias contemporâneas na aprendizagem. É preciso elaborar critérios mais adequados quanto a

Page 101: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

97

avaliação dos OED. Elaboramos alguns critérios que precisam ser validados a partir do uso dos OED, mas que apontam, eles mesmos, para uma conexão com essa abordagem das TIC em ensino e aprendizagem em ciências e o conhecimento químico discutido a partir da Filosofia da Química. Os critérios são estruturados em 3 dimensões (que se superpõe ao tripleto da química proposto por Johnstone e seus seguidores): São: adequação linguística & semiótica; adequação Histórica & Epistêmica; e Didático & Pedagógica. Pensamos que com essas adequações, do ponto de vista de uma análise para se avaliar os OED, poderemos ter mínimas garantias quanto ao seu uso em ensino e aprendizagem em ciências.

Segundo alguns autores (JOHNSTONE, 1983, 1999, 2006; TALANQUER, 2011), a química é uma ciência que tem seu conhecimento estruturado sob três vértices de um triângulo (JOHNSTONES, 2006) ou tripleto químico (TALANQUER, 2011). Isso significa que, aceitando-se essa estrutura para o ensino e a aprendizagem de química, aceita-se que, para ter ensinar e para aprender conceitos químicos, precisamos compreender os processos macroscópicos e sua representação; e precisamos também compreender os processos submicroscópicos e a sua representação. Assim, o ensino de conceitos químicos para serem bem compreendidos terão que se fundamentar em aspectos filosóficos mais abrangentes que os próprios conceitos científicos podem nos oferecer. Portanto, qualquer conceitos químico deve ser entendido a partir da sua estrutura e também a partir da representação que se constrói sobre ele, já que qualquer conceitos químico deve ser entendido a partir da sua estrutura e também a partir da representação que se constrói sobre ele. Por exemplo, o modelo da solução aquosa de cloreto de sódio envolve uma estrutura macroscópica (a solução aquosa pode ter as mesmas características visuais da substância água) e uma estrutura representacional. A ênfase nas explicações através de modelos e teorias (JUSTI & GILBERT, 2000; SCHUMMER, 2006; RIBEIRO et al, 2012), nos leva a questionar o modelo e a ação de modelar dentro dos objetivos da representação (GREISEMER, 2004). Ou seja, as propriedades da solução aquosa são diferentes, mas a representação deve aludir a algo que não pertence a nenhuma das substâncias separadamente. Como enfatizar isso através da modelagem mediada por OED, dado pela condição de que os modelos representam parcialmente os objetos (SOUZA et al, 2006)? Isso é um problema que não se pode resolver apenas juntando o conhecimento químico nem tampouco, o conhecimento tecnológico dos processos de mediação pelas TIC. Mesmo sem ser o propósito desse trabalho, questionamos ainda a relação desse conhecimento químico com as relações epistêmicas ontológicas, que no final, parece que, tanto Johnstone (JOHNSTONE, 1982; 1999; 2006) quanto Talanquer (TALANQUER, 2011) consideram que as dimensões desse tripleto químico pertenceriam ao mesmo nível ontológico. Mas, percebe-se que trabalhos críticos mais recentes têm elaborado a ideia de que esses níveis, ou dimensões, pertencem a estruturas epistêmicas e ontologias distintas. Esse ainda é um problema em franco debate dentro da Filosofia da Química. Revolução copernicana na epistemologia kantiana Jesse Z. Peternella [email protected] Graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil.

Na Crítica da Razão Pura, Kant propõem encontrar uma resposta para a pergunta “como são possíveis os juízos sintéticos a priori?”. Por meio dessa questão ele elabora sua obra em vista das condições de possibilidade do conhecimento e indo até os limites da razão humana.

No prefácio da Crítica da Razão Pura, Kant coloca que a metafísica foi gerida de duas formas diferentes. A primeira, “No começo, sob administração dos dogmáticos, seu governo era despótico” (KANT, 2013, A X). Os céticos atacavam ferozmente a metafísica não a concebendo como uma ciência, que faz com que Kant chame-os de “[...] uma espécie de nômades que abominam todo cultivo duradouro do solo [...]” (KANT, 2013, A X). Kant ainda critica Locke no que ele chama de “[...] fisiologia do entendimento humano [...]” (KANT, 2013, A X), pois este interpreta a capacidade do conhecer humano de uma maneira antropocêntrica colocando a razão humana como uma tábua rasa que é preenchida pelas experiências empíricas. Assim, Kant conclui este parágrafo do prefácio afirmando que a

Page 102: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

98

metafísica foi até tal momento guiada por “[...] esforços mal conduzidos.” (KANT, 2013, A X).

Para Kant nenhum dos dois explicava suficientemente como conseguimos desenvolver o conhecimento. Isso se dava porque Kant concordou com Hume quanto ao início do conhecimento, sendo este a experiência empírica, mas para ele apenas a experiência não era suficiente para explicar todo o arcabouço intelectual que havia na produção do conhecimento humano. Como para Kant a experiência possui um papel essencial para o conhecimento, o idealismo também não responde adequadamente às questões que ele se propõe a responder.

Sendo assim, mesmo que todo o conhecimento, quanto ao tempo, comece pela experiência, nem todo ele deriva da experiência, segundo Kant. Portanto, nossa razão possui conceitos puros, livres de qualquer experiência possível e que permitem essa experiência. Os conceitos que antecedem a experiência, Kant denomina de a priori, pois estes antecedem e possibilitam toda a experiência, enquanto os que derivam da experiência ele denomina de a posteriori.

Para que seu sistema fosse de fato condizente, Kant propõe uma revolução no campo epistemológico, ao qual ele chama de Revolução Copernicana. É denominada desta forma, pois ele compara a revolução proposta com a que Copérnico realizou na astronomia. Copérnico mudou o sistema de movimento dos astros de um geocentrismo (a Terra como centro), para o modelo heliocêntrico (o Sol como centro). Na epistemologia essa revolução diz respeito à relação sujeito-objeto, sendo que, para o empirismo o que regulava o conhecimento do sujeito era o objeto, dessa forma, Kant propõe uma inversão dessa relação, sendo o conhecimento do objeto regulado pelo sujeito.

Assim, por meio do sistema proposto por Kant na Crítica da Razão Pura, é possível percebermos uma necessidade de tal modelo, pois se podemos emitir juízos sintéticos a priori, estes não podem vir apenas da experiência, sendo que este tipo de conhecimento se dá a posteriori.

A partir disso abordamos conceitos fundamentais para a epistemologia kantiana, tais como: a priori e a posteriori; conhecimento sintético e analítico; transcendente e transcendental; númeno e fenômeno. No sistema epistemológico kantiano, a faculdade cognoscitiva é divida em sensibilidade, entendimento e a razão. A sensibilidade é a faculdade que é afetada pelos objetos empíricos, formando assim as intuições. O entendimento é a faculdade responsável por emitir juízos, sejam eles analíticos ou sintéticos. A razão é a faculdade que unifica todos os juízos em conceitos universais. Olharemos, portanto, para o que compõe cada uma das faculdades e como as faculdades funcionam conjuntamente para que o conhecimento se dê.

Sendo assim, Kant procura o conhecimento não no objeto como as outras correntes, mas na própria razão. Porém, seu pensamento não descarta o objeto como o racionalismo, sendo que este possui papel fundamental para o conhecimento, pois o grande problema da Crítica funda-se na possibilidade de juízos sintéticos a priori, como já mostramos anteriormente, e para que este seja possível há a necessidade da intuição para que o juízo não seja apenas problemático.

Podemos colocar que o racionalismo também coloca a razão como fonte do conhecimento. Porém, como diz Deleuze (2000),

No racionalismo dogmático, a teoria do conhecimento fundava-se na idéia de urna correspondência entre o sujeito e o objeto, de um acordo entre a ordem das idéias e a ordem das coisas. Este acordo tinha dois aspectos: implicava em si mesmo uma finalidade; e exigia um princípio teológico como fonte e garantia dessa harmonia, dessa finalidade. (p. 21).

Assim, para o racionalismo, como para o Empirismo, a fonte de todo conhecimento está no objeto; para o primeiro o objeto é ideia e para o segundo os próprios objetos empíricos.

Portanto, para Kant, apenas as intuições recebidas não são suficientes para que o conhecimento exista; porém, por mais que o entendimento consiga formular juízos somente com conceitos puros, estes juízos não remetem conhecimento algum, pois carecem de intuições para fundá-los.

Outro ponto em comum apresentado por Deleuze entre o racionalismo e o empirismo, já citado anteriormente, a harmonia. Enquanto para o racionalismo há uma harmonia entre a ideia e o mundo sensível, para o empirismo há uma harmonia entre a natureza e a razão humana.

Page 103: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

99

Mas é curioso verificar que, numa perspectiva muito diferente, o empirismo de Hume recorria a um expediente semelhante: para explicar que os princípios da Natureza estivessem de acordo com os da natureza humana, Hume era forçado a invocar explicitamente uma harmonia preestabelecida. (DELEUZE, 2000, p. 21).

Assim, mesmo que inicialmente, o racionalismo descarte a sensibilidade e o empirismo concentre-se nela, há uma certa harmonia entre a razão e o objeto. “A idéia fundamental do que Kant denomina a sua ‘revolução copernicana’ consiste no seguinte: substituir a idéia de uma harmonia entre o sujeito e o objeto (acordo final) pelo princípio de uma submissão necessária do objeto ao sujeito.” (DELEUZE, 2000, p. 22); por conseguinte, mesmo que objeto tenha um papel essencial na epistemologia kantiana, ao contrário das correntes anteriores, este está subjugado à faculdade de conhecer.

Referências

DELEUZE, Gilles. A filosofia crítica de Kant. Trad. de Germiniano Franco. Lisboa: Edições 70, 2000. HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. Trad. de João Vergílio Gallerani Cuter. São Paulo:

Martins Fontes, 1999. KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad. de Fernando Costa Mattos. 3. ed. Petrópolis: Vozes;

Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2013. ______. Prolegômenos a qualquer metafísica futura que possa apresentar-se como ciência. Trad. de

José Oscar de Almeida Marques. 1. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2014. MORUJÃO, Alexandre F. Prefácio da tradução portuguesa. In: KANT, Immanuel. Crítica da razão

pura. Trad. de M.P. Santos e A.F. Morujão. 5 ed. Fundação Calouste Gulbenkian: Lisboa, 2001.

Sobre a doutrina, natureza e extensão da decomposição eletroquímica em 1833-34 João Batista Alves dos Reis [email protected] Centro Universitário de Caratinga (UNEC), Caratinga, MG, Brasil.

Ivoni Freitas-Reis [email protected] Núcleo de Estudos em História da Ciência, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil.

Este estudo fez uma análise epistemológica e historiográfica dos experimentos realizados por Michael Faraday (1791-1867) entre 1833 a 1834, enfatizando-o atravésdas Séries Terceira até a Oitava, originárias do Philosophical Transactions editadas na obra Experimental Researches in Electricity (ERE),volume I.Focamos as abordagens contextuais sobre as relações das medidas da eletricidade comum e voltaica (FARADAY, 1952, p. 316-319)caracterizando a natureza e a extensão da decomposição eletroquímica dos diversos compostos estudados (FARADAY, 1952, p. 383, § 824).

Assim como, sobre as questões da equivalência entre eletricidade e massa, em Faraday, na construção conceitual da doutrina da eletroquímica, corroborando um processo onde a corrente elétrica era a responsável pelo desencadeamento das reações químicas. Segundo ele, era essa corrente elétrica que poderia prever e estabeleceras relações e classificações associadas à natureza da ação eletroquímica. Tais aspectos compunham regras gerais conhecidas, atualmente, como as leis da eletrólise, ou leis de Faraday.

Em meados de dezembro de 1833, ele pesquisava sobre a equivalência da eletricidade, a partir de diversas fontes; e mais tarde no mesmo mês, preparou o caminho para a formulação dasleis da eletrólise. No dia 24 de dezembro, Michael Faraday fez experimentos sobre as alterações químicas provocadas pela passagem das correntes de eletricidade através de cloreto de estanho fundido, seguido por outro experimento contendo cloreto de chumbo, também fundido. (THOMAZ, 88-89, 1991).

Page 104: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

100

Para o estudioso os corpos compostos, podiam ser separados em duas grandes classes, nomeadamente: os que eram decompostos pela corrente elétrica, e aqueles que não eram. Concluiu também, que a eletricidade voltaica, era apenas uma das eletricidades de fontes mais abundantes, mas com pequeníssima intensidade.(FARADAY, 1952, p. 383 § 822-825)

Os demais elementos se decompunham dependendo de sua natureza, para um conjunto de dois elementos, mesmo que de “classes” diferentes, por exemplo,os metais seriam depositados no eletrodo, nas mesmas proporções (FARADAY, § 414 e 691). Dessa forma, os elementos que se decompunhameram exatamente aqueles regulados pela lei da condução, que Faraday já havia descrito no § 394 do ERE (p. 366), entretanto, a lei não se estendia a muitas substâncias fundiveis. Sendo, nesses casos,excluídas da classe que se decompunham pelas correntes elétricas. As substâncias suceptíveis a decomposição através das correntes elétricas, ele as classificoudesubstâncias pertencentesa uma classe possível de ser facilmente decomposta, os eletrólitos (Faraday, p. 362, § 664).

Formavam-se, desses procedimentos,uma importante classe geral de substências sob a influência das correntes elétricas, as quais se combinavameeram diretamente associadas às características fundamentais da doutrina das afinidades químicas; onde cada uma tinha uma proporção definida, na qual estavam sempre aumentando em quantidadediretamente proporcional durante a ação eletrolítica.

Faraday denominou essas substâncias ou corpos, de íons no geral, ou em particular, cátions e ânions, de acordo como elas apareciam no ânodo ou cátodo (Faraday, ERE,§ 665); e os números que representavam as proporções entre elas eram os equivalentes eletroquímicos. Assim, hidrogênio, oxigênio, cloro, iodo, chumbo, estanho são íons; os três primeiros são ânions, os dois metais são cátions, e, 1,8,36,125,104,58, eram respectivamente os equivalentes eletroquímicos. Ele já havia averiguado com respeito, aos eletrólitos, ions e equivalentes eletroquímicos que esses poderiam ser identificados de acordo com as proporções citadas. Um grupamento iônico, isto é, íons compostos, não teria tendência a passar para um dos eletrodos, e era indiferente à passagem de corrente, a não ser que tais compostos fossem formados de ions elementares, desse modoeles estariam sujeitos à decomposição.

Circunstancialmente, existia uma oposição de forças sobre um fluido (solução), o que punha em jogo o forte conjunto das afinidades químicas para com o zinco, (estando em ele em um ácido diluído), a força (química) ultrapassava, e determinava a formação e direção da corrente elétrica (Faraday, ERE, 1952, p. 394 § 890).

Elabora ao final desses estudos um esboço explicativo, por ele denominado de Circuito Eletroquímico (p. 392 - plate VII, série VIII), referente aos circuitos voltaicos, cuja atividade era determinada pela captação de zinco pelo oxigênio da água, o qual exemplifica muito bem a sua visão conceitual. Naqueles casos, ele explicitava no referido esboço, que o movimento do zinco ocorria da direita para a esquerda. Então qualquer outro cátionincluído nesse circuito, sendo parte de um eletrólito, ou formando parte dele, naquele momento, também, iria se mover da direita para a esquerda. Ooxigênio se moveria da esquerda para a direita, na captação do zinco, de modo que qualquer outro corpo da mesma classe que ele, é dizer, qualquer outro ânion, em situação devidamente controlada, iriase mover da esquerda para a direita.

No ano de 1834, em razão das conclusões dos resultados de suas pesquisas, propôs algumas regras gerais para a eletrólisee concluiria que a massa de uma substância eletrolisada e a carga elétrica do sistema eram grandezas diretamente proporcionais àquantidade de massaproduzida na reação. Surgiam, então, os primeiros indícios que permitiriam o entendimento da relação entre a matéria e a eletricidade. Assim, quanto mais intensa fosse a corrente elétrica aplicada ao processo de eletrólise, maior seria a quantidade de massa da substância produzida na reação (FARADAY, 1952, p. 318, § 377 e p. 386, § 852). Referências

CANTOR, Geoffrey; GOODING, David, and FRANK A. J. L. James. Michael Faraday, New York: Humanity Books (Prometheus Books), 1996.

CHAGAS, A. P. Os 200 anos da pilha elétrica. Química Nova, n. 23, v. 3, p. 427-429, 2000.

FARADAY, Michael. Experimental Researches in Electricity. Chicago/London: Encyclopedia Britannica (Great Books of Western World, Vol. 45), 1952.

Page 105: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

101

FARADAY, Michael. Faraday’s Diary: Being the Various Philosophical Notes of Experimental Investigation. (Org.). T. Martin London: G. Bell and Sons, 1933.

REIS, J. B. A. A Arquitetura Metodológica de Michael Faraday. 2006. Tese (Doutorado). São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2006.

THOMAS, John Meurig. Michael Faraday and the Royal Instituion: The Genius of Man and Place. Bristol/Philadelphia: Institute of Physics Publishing, 1997.

Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas e a memória oral como instrumento da identidade local João Batista de Almeida Sobrinho [email protected] Estudante do Programa Doutoral em Estudos Africanos, Universidade do Porto, Porto, Portugal.

O presente trabalho apresenta alguns resultados do projeto de investigação que tem por objetivo realizar a análise dos processos educativos em São Tomé e Príncipe e na Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas em Pernambuco – Brasil. Aqui, apresento a dimensão que diz respeito às histórias orais da Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas, isto é, da forma como se deu o isolamento da mesma e as resistências que foram construindo a sua legitimidade e visibilidade a partir do reconhecimento da ocupação do território em que está inserida. Nomeadamente, aqui, apresento o que se relaciona com os saberes tradicionais, ancestrais e aquilo que é o resultado da interação com o território e os “saberes da terra”.

Foi realizada uma série de entrevistas e de intervenções em campo. Simultaneamente às realizações das entrevistas e após o exame dos depoimentos orais foram realizadas atividades de oficinas em uma das escolas da comunidade com a finalidade de fortalecer uma matriz de conhecimentos advinda dos saberes que circulam naquele contexto.

Foram realizadas 24 entrevistas entre pessoas de três gerações distintas (idosos(as), professores(as), gestoras de três escolas da comunidade e estudantes). Desse total de depoimentos orais, há uma cobertura que abrange os aspectos formais e não formais dos processos educativos. Essas duas dimensões estão unidas na vida cotidiana no que diz respeito ao manejo das condições para a sobrevivência física e cultural no ecossistema da caatinga (semi-árido brasileiro) e na relação inter-étnica com populações vizinhas.

O presente estudo revelou a existência de um acervo significativo de conhecimentos locais numa das regiões do sertão brasileiro e que pode contribuir como alerta para o restante das experiências comunitárias no que tange à necessidade de preservação dos saberes e a importância do uso das capacidades constituídas no passado e atualizadas no presente para repensarmos abordagens pedagógicas nas áreas de educação ambiental, educação quilombola, indígena e científica uma vez que este trabalho esteve pautado pela epistemologia da escuta, isto é, levou em consideração os aspectos acima relacionados para compreender como estão a ser aplicados na educação local.

Referências

ALBERTI, Verena (1990). Manual de História oral. Editora da Fundação Getúlio Vargas.

BÂ, Amadou Hampâté. (1997). A educação tradicional na África. In: Thot, n. 64. http://www.casadasafricas.org.br/banco_de_textos/01&id_texto=6

BERGER, Guy. A Investigação em educação: modelos sócio-epistemológicos e inserção institucional. In: Educação, Sociedade & Culturas, nº 28, 2009, 175-192. Revista do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE), Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (FPCE), Universidade do Porto, Portugal, julho de 2009.

BERNSTEIN, Basil. (1996). Pedagogia, control simbólico e identidad. Teoría, investigación y crítica. La Coruña: Fundación Paideia e Madrid: Ediciones Morata, 1998, 239p. (Título Original: Pedagogy, Symbolic Control and Identity. Theory, Research, Critique. Bristol: Taylor & Francis. 216 p.).

Page 106: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

102

FREIRE, Paulo e GUIMARÃES, Sérgio. (2003). A África ensinando a gente: Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe. São Paulo: Paz e Terra. 228p.

PICHON-RIVIÈRE, Enrique. (2005). O processo grupal. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes.

QUIROGA, Ana P. de. (2012). Matrices de Aprendizaje: constitución del sujeto en el proceso de conocimiento. 13.ª reimpressão. Buenos Aires: Ediciones Cinco.

Colocando os indivisíveis na balança João F. N. Cortese [email protected] Doutorando no Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, Brasil, e Université de Paris 7 Denis Diderot, França.

Entre os séculos XVI e XVII, pode-se ver um renascimento dos problemas sobre centros de gravidade de figuras geométricas, acompanhados de novas edições das obras de Arquimedes (Maurolico, Commandino, Valerio). Simon Stevin, trabalhando também sobre os centros de gravidade, desenvolve novos trabalhos tanto no campo da Estática como da Hidrostática. No século XVII, finalmente, os métodos dos indivisíveis são desenvolvidos por autores como Cavalieri e Torricelli.

Herdeiro em certa medida destes trabalhos, Blaise Pascal (1623-1662) busca resolver problemas sobre o centro de gravidade utilizando o modelo de uma balança, nas Cartas de Amos Dettonville, de 1658/1659. Se isto remonta a Arquimedes (Do equilíbrio das figuras planas), Pascal abordará a questão do equilíbrio da balança a partir de um conceito original: as somas triangulares. Trata-se de uma “soma de somas”, com uma motivação nos números figurados e que se relaciona com o Tratado do triângulo aritmético que ele publicara em 1654. Se podemos pensar o momento de um corpo na balança como sendo dado pela multiplicação de seu peso pela sua distância ao centro de equilíbrio, a soma triangular de Pascal permite reformular o momento global de um braço da balança, dado que os corpos estejam espaçados de maneira regular. O equilíbrio da balança será dado pela igualdade das somas triangulares de cada um dos braços. A partir disso, o centro de equilíbrio pode ser encontrado a partir de uma proporção que relaciona as somas triangulares de cada braço e os respectivos comprimentos destes. O modelo de Pascal é finalmente estendido para uma balança na qual há “indefinidas” divisões regulares, e que lhe permite avaliar o centro de gravidade de qualquer grandeza (linhas, planos e sólidos). Tal passagem do modelo há uma divisão indefinida não é isenta de um caráter paradoxal, e deve ser discutida em relação à solução proposta por Galileu ao Paradoxo da Roda de Aristóteles no seus Discursos sobre as duas novas ciências.

Deve-se observar, entretanto, que mesmo se a divisão da balança é “indefinida”, os elementos com os quais lida Pascal nas Cartas de Amos Dettonville não são de fato “indivisíveis”: mesmo se ele se vale de uma “linguagem dos indivisíveis”, seus cálculos são desenvolvidos com “pequenas porções” que fazem com que o erro seja menor do que qualquer grandeza dada, mas que são sempre divisíveis. O termo de “indivisível” será usado por Pascal unicamente para designar uma soma que, no infinito, pode ser negligenciada em relação a uma outra soma de “dimensão” superior.

Qual é a relevância do uso do modelo da balança por Pascal? Quais são os aportes conceituais de tal modelo? No que a tradução dos termos relacionados à estática influenciaram a concepção de noçõescomo a de momento (cf. Galluzzi 1979)? Qual a relação do modelo da balançaa os Pensamentos de Pascal? Estas serão as questões discutidas por este trabalho. A geometria como instrumento heurístico para a reformulação da Termodinâmica Clássica na Termodinâmica de Gibbs ou de potenciais Jojomar Lucena [email protected] Doutor pelo Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Page 107: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

103

José Raymundo Novaes Chiappin [email protected] Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Os principais trabalhos dos autores envolvidos na construção da termodinâmica clássica, como Sadi Carnot, Clapeyron, Clausius e William Thomson, possuem todos um idêntico objetivo, a saber, descobrir, justificar e aplicar as leis fundamentais da ciência do calor. O resultado desse esforço, após a superação da querela em torno da natureza do calor, é que a nova ciência se erigia sobre os princípios da conversibilidade entre calor e trabalho mecânico e de que nenhuma máquina térmica possui maior rendimento que uma máquina térmica reversível. Alcançado certo consenso sobre os dois princípios, Clausius estende-os ao universo, formulando-as como ‘a energia do universo é constante’ e ‘a entropia do universo tende a um máximo’. Em contrapartida, no início do célebre trabalho de Gibbs, On the equilibrium of heterogeneous substances, estas leis gerais comparecem reformuladas e como critérios de equilíbrio e estabilidades, os quais assumem a forma de princípios variacionais nos moldes dos utilizados por Hamilton na Óptica e na Mecânica. Além disso, conceitos que eram raramente evocados na termodinâmica clássica, como o de equilíbrio e estabilidade, passam a definir a ciência do calor, entendida agora como uma termodinâmica de potenciais.

De modo simplificado, a formulação para a energia do critério de equilíbrio e estabilidade afirma que ‘para processos em que a entropia de um sistema isolado mantém-se constante, a variação da energia é nula ou positiva’, indicando que o sistema encontrava-se, nessa representação, em um ponto de mínimo local. Contudo, o contexto aqui é aquele das substâncias heterogêneas cuja energia é uma função da entropia, do volume e das massas das componentes homogêneas. Dessa forma, no caso de apenas duas componentes homogêneas, o referido ponto pertenceria a um espaço de configuração de cinco dimensões, um hiperespaço onde uma função das grandezas apenas relacionadas representaria uma hipersuperfície. Somente no caso de substâncias homogêneas é que a energia é passível de ser representada por uma superfície. De fato, nos dois trabalhos que antecedem On the equilibrium of heterogeneous substances é que Gibbs, explicitamente, põe os alicerces de sua termodinâmica, a saber: 1) propõe um novo diagrama capaz de proporcionar mais informação que o conhecido diagrama pressão por volume no caso da representação de fenômenos de mudança de estados físicos; 2) interpreta a forma diferencial do princípio de conservação da energia restrita a processos reversíveis – dU=TdS-pdV – como integrável, isto é, que existe uma superfície U=U(S,V); e 3) identifica através de planos tangentes o ponto triplo, as linhas de transição de fase, as regiões de equilíbrio estável, instável e metaestável e os pontos críticos da substância homogênea.

A propriedade que permite caracterizar os pontos relacionados às transições de fase com os planos tangentes é o fato de que cada um destes ser completamente definido pelos valores da temperatura e da pressão. A geometria, portanto, permite a Gibbs agregar à termodinâmica uma série de fenômenos descobertos experimentalmente durante as décadas de 50 e 60 do século XIX e que, em parte, ainda permaneciam alheios à teoria clássica. Deste prisma, a reformulação proposta por Gibbs não visava em primeiro lugar edificar a termodinâmica sobre novas bases – o que ocorre com Caratheodory –, mas ampliar o alcance fenomenológico da mesma. O instrumento utilizado por Gibbs para realizar tal fim, a geometria, cumpre aqui o papel de um bom instrumento nas mãos de um escultor. Se olhamos para a versão da termodinâmica de On the equilibrium of heterogeneous substances, que é uma teoria analítica, o que chama a atenção é a beleza da obra e a genialidade do autor; o instrumento não é sequer percebido. Como muito se intui que foi um bom instrumento, pois o aspecto sintético tornou-se invisível por ser irrepresentável. Estilo geométrico versus estilo dialéctico y retórico: una controversia sobre la forma de exposición del saber a final del siglo XVII Jorge Alberto Molina [email protected]

Page 108: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

104

Depto. de Ciências Humanas, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), e Universidade Estadual de Rio Grande do Sul (UERGS), Santa Cruz do Sul, RS, Brasil.

Simpósio 4: “Estilos de raciocínio científico”

En el siglo XVII se expandió la idea de que toda disciplina que pretendiese ser una ciencia debía ser expuesta en forma geométrica. Por forma de exposición geométrica se entendía el estilo expositivo de los Elementos de Euclides. Hasta tal punto fue aceptada esa idea que obras que trataban de temas alejados de las ciencias matemáticas como la Política, la Ética, el Derecho y la Teología adoptaron esa forma de exposición. Entre ellas citamos los Elementos de Jurisprudencia de Felden, los Elementos de Jurisprudencia universal de Pufendorf, la Demonstratio Evangelica de Huet, la Ética de Spinoza y hasta podríamos incluir en esta lista De Cive de Hobbes. Leibniz consciente de esa tendencia afirmó que “fue nuestro siglo el que se dio el trabajo de obtener demostraciones”. El estilo de exposición geométrico fue colocado en oposición a lo que podríamos llamar estilo expositivodialéctico y retórico del saber. Lo que caracteriza a éste último es estar ligado no a la presentación de demostraciones rigorosas sino de argumentos probables, dado que el discurso cuyo estilo es dialéctico y retórico progresa por medio del uso de los lugares de argumentación (loci argumentorum), un conjunto de estrategias argumentativas usadas para encontrar argumentos que defiendan una tesis pero que están lejos de ser esquemas inferenciales que permitan obtener conclusiones ciertas. De ahí se sigue que el raciocinio retórico y dialéctico, basado en esas estrategias, no nos da certezas sino solamente conclusiones verosímiles. Además la Dialéctica y la Retórica nos enseñan a argumentar a favor de los dos lados de una cuestión, tanto para concluir que A es B como que A no es B mientras que en la Geometría no podemos obtener una contradicción. Finalmente la Dialéctica y la Retórica juegan con la polisemia y la ambigüedad de los conceptos, mientras que en la Geometría deben ser definidos de forma unívoca. A final del siglo XVII e inicios del siguiente Vico se opuso a la presentación geométrica del saber y no sólo en relación a las disciplinas que tratan del hombre y de la sociedad, sino también incluso en relación a la Medicina y a la Física. Vico reivindicó el uso de los lugares de argumentación. En nuestra exposición explicaremos en primer lugar las razones del prestigio que gozó la concepción geométrica del saber en el siglo XVII, después analizaremos y evaluaremos las objeciones de Vico a esa forma de presentación del saber y, finalmente, haremos un balance general de esa controversia. Referencias

ARISTÓTELES: Les Premiers Analytiques . Trad. J. Tricot. Paris: Vrin. 1983.

––––––. Les SecondsAnalytiques. Trad. J. Tricot. Paris: Vrin, 1979.

––––––. Les Topiques. Trad. J. Brunschwig. Paris: Les Belles Lettres, 1984.

––––––. Retórica. Trad. Quintín Racionero. Madrid: Gredos, 1994.

ARNAULD,Antoine & NICOLE, Pierre. La logique ou l’ art de penser. Paris: Flammarion, 1970.

ARNAULD,Antoine & LANCELOT, Claude. Gramática de Port-Royal. Martins Fontes, 2001.

DESCARTES, R. Obras escogidas. Traducción de Ezequiel de Olaso y Tomás Zwanck. Buenos Aires: Sudamericana, 1967

KALINOWSKI, Georges. La Logique juridique et son histoire. Servicio de publicaciones de la Universidad de Navarra, 2007.

KNEALE, William; KNEALE, Martha. El desarrollo de la lógica. Madri: Editora Tecnos, 1980.

LEIBNIZ, G.W. Escritos filosóficos .Editados por Ezequiel de Olaso. Buenos Aires: Charcas, 1982.

PASCAL, Blaise L' Esprit de la Géométrie; De l’art de persuader. Paris: Bordas, 1986.

RAMUS, Petrus Dialectique de 1555. Paris: Vrin, 1996.

RISSE, Wilhelm. Die Logik der Neuzeit. BadCannstatt: Friedrich Fromman, 1964.

RUBINELLI, Sara. Ars Topica. The classical Technique of Constructing Arguments from Aristotle to Cicero. Springer, 2009.

VICO, G.B. La méthode des estudes de notretemps. Traducción francesa de Alain Pons. Paris: Bernard Grasset, 1982

Page 109: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

105

––––––. Sabiduría primitiva de los italianos. Traducción Jacinto Cuccaro. Buenos Aires: Instituto de Filosofía, 1939.

Conciencia como indicador del consumo de energía: un punto de vista de la conciencia desde la neurociencias afectivas José Ahumada [email protected] Centro de Investigaciones María Saleme de Burnichon, Facultad de Filosofía y Humanidades (CIFFyH), Universidad Nacional de Córdoba, Córdoba, Argentina.

En los últimos años se ha desarrollado de manera notable las investigaciones

empíricas en las neurociencias vinculadas a afectos y emociones. En la comunidad filosófica, este resurgimiento acerca de las emociones ha estado vinculado al impacto que tuvo el libro de Damasio El error de Descartes. Si bien estos primeros trabajos tuvieron una vinculación con la conciencia, presuponía o no desafiaba la tradicional distinción entre conciencia y emociones, en otras palabras, que podía haber conciencia sin emociones. Para algunos investigadores como Solms (2014), la conciencia afectiva no es solo el origen de la conciencia sino también las esencia de la conciencia, no puede haber conciencia sin emociones. Entre estas posturas extremas intentaremos evaluar en qué medida la neurociencia afectiva aporta nuevas definiciones de conciencia que coloque en un marco diferente de relaciones o supresiones a las correlaciones corticales y subcorticales de la misma. Específicamente evaluaremos la propuesta de Craig (2015), proveniente de una tradición que rescata los orígenes corporales u homeostáticos de la conciencia (al igual que Damasio), pero que redimensiona el punto de vista económico freudiano remarcando las diferencias en la sensibilidad interoceptiva. En primer lugar, sintetizaremos la posición freudiana para que pueda apreciarse mejor el sutil agregado que le hace a este punto de vista Craig y las investigaciones vinculadas a esta tradición. Para Craig, las sensaciones, siguiendo a James-Lange, se producirían después de las emociones, siendo estas últimas respuestas automáticas programadas ante determinados estímulos. Según este investigador, primero se iniciaría una respuesta corporal inconsciente y luego, dependiendo de más de un factor, como su intensidad o el nivel de sensibilidad interoceptiva, se daría una sensación sobre esa emoción inconsciente. A la pregunta por qué necesitamos esas sensaciones, algo que siempre intrigó a científicos y filósofos, Craig responde que las sensaciones indicarían el nivel de consumo de energía de la emoción expresada a través de su manifestación conductual o visceral. Sin esas sensaciones no podríamos ahorrar y por lo tanto, hacer más eficiente el gasto de energía que es clave en los primates, dado el proporcionalmente mayor gasto que producen sus cerebros en relación al cuerpo. Lo llamativo, y en esto consideramos que se difiere del modelo freudiano, es que la capacidad o sensibilidad interoceptiva podría variar entre individuos, ya sea en forma particular a una emoción o en general a todas las emociones, explicando algunas anormalidades que han sido enigmáticas hasta el momento y permitiendo inhibiciones más temprana en el caso de una muy buena sensibilidad interoceptiva. Es en esta última característica que el modelo de Craig se diferencia o complementa al freudiano, la sensibilidad interoceptiva permitiría supresiones más rápidas que las de los individuos cuya sensibilidad está alterada o no es tan precisa. Esto va a la par de investigaciones recientes que ponen énfasis en que las neurosis y psicosis podrían tener un origen en fallas de la percepción interna o externa que generan distintas reacciones de acuerdo al caso.

En síntesis, la conciencia, al menos la más básica, podría estar vinculada cuantitativamente al equilibrio homeostático, abriendo un nuevo modo de entender o empezar a entenderla, con consecuencias importantes para las discusiones actuales en filosofía de la mente, aplicaciones en el caso de las psicoterapias y para la comprensión de algunas psicopatologías. Además, ofrecería una mejor estructura para vincular neurociencias con psicoanálisis, mostrando también que podría haber un aporte desde psicoanálisis al concepto de conciencia.

Page 110: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

106

Referencias

Craig, A. D. (2015). How do you feel? An interoceptive moment with your neurobiological self. Princeton: Princeton University Press.

Solms, M. (2014). A neuropsychoanalytical approach to the hard problem of consciousness. Journal of Integrative Neuroscience 13(2): 173-85.

O realismo de segunda posição bachelardiano – uma ruptura como o realismo meyersoniano José Ernane Carneiro Carvalho Filho [email protected] Professor de História na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Conceição do Coité, e de Filosofia na Faculdade Anísio Teixiera (FAT), Feira de Santana, BA, Brasil.

A concepção bachelardiana de realismo de segunda posição, construído tecnicamente no âmbito da ciência, só é possível de ser compreendida a partir das críticas que fez ao realismo desenvolvido por Meyerson em sua obra La deduction relativiste de 1925.

O realismo científico em Meyerson, um filósofo polonês, assume conotações próprias que envolvem desde o senso comum às teorias científicas e, também, os instrumentos utilizados pela ciência na descoberta de fenômenos inexistentes para os sentidos humanos. A realidade concreta se caracteriza como tendo uma existência independente do sujeito, no sentido em que o senso comum a define, como objetos que existem concretamente, não estando relacionados com os processos psíquicos de interação com a realidade externa.

Meyerson defende que os objetos da realidade científica são semelhantes aos do senso comum na acepção de existência: "o real científico, tanto por sua essência quanto por sua gênese, assemelha-se em todos os pontos a este que nos oferece a percepção espontânea do senso comum" (MEYERSON, 1925, p. 29). Assim, as teorias científicas como a Teoria da Relatividade de Einstein, apresentam um caráter realista no sentido que, por exemplo, o espaço de quatro dimensões existe de fato, não sendo apenas uma criação do espírito humano.

Embora Meyerson defenda a existência de uma realidade externa ao sujeito e que nossas teorias científicas busquem compreendê-las cada vez melhor, não significa que o sujeito não desempenhe um papel relevante neste processo. Segundo ele, a ciência apresenta, ao mesmo tempo, tendências realistas e idealistas. Esse caráter duplo da ciência aparece, por exemplo, na Teoria da Relatividade: “o físico einsteiniano, fundamentalmente realista, como todo físico, encontra, contudo, pelo resultado próprio de sua dedução, uma construção tão fundamentalmente idealista” (MEYERSON, 1925, p. 143), ou seja, o aspecto idealista da teoria se expressa em sua conotação dedutivista. Segundo EINSTEIN (1928, p. 162): “Meyerson é um racionalista e não um empirista”.

Para se compreender a crítica desenvolvida por Bachelard a Meyerson em seu livro La valeur inductive de la relativité é necessário entender como ele concebe a realidade a partir da emergência da Teoria da Relatividade. Para Bachelard a teoria de Einstein demonstra, claramente, o papel arbitrário e matemático de suas formulações e como o real segue esses princípios ao concebê-la como um conjunto de relações constituídas a priori, rompendo com os dados oriundos da percepção imediata.

Para comprovar sua tese antirrealista, a partir da Teoria da Relatividade, Bachelard procura demonstrar que a qualidade que seria a característica de cada coisa não se constitui num atributo em si, mas a partir da relação das coisas entre si. Na Teoria da Relatividade o real não tem existência própria, independente da relação: “não a consideramos mais como antecedente à relação porque compreendemos que somente podemos colocá-la numa relação” (BACHELARD, 1929, p. 109). Neste sentido, “a matéria não conserva nenhuma prioridade; ela não vem, desenhando-se em um molde muito estreito, acomoda-se para aparecer mais curta que ela é em realidade” (BACHELARD, 1929, p. 109).

Assim, fazendo uma generalização do conceito de relatividade, demonstra que os corpos não possuem uma característica interna independente do meio em que estão inseridos. Na realidade, os corpos são, em certa medida, um resultado do meio em que

Page 111: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

107

estão. Para comprovar a sua tese, Bachelard cita a atração gravitacional, que é o resultado da interação entre os corpos e não uma propriedade intrínseca da matéria: “os corpos não são pesados em si, mas mutuamente, isto é, uns relativos aos outros” (BACHELARD, 1929, p. 101). Essa argumentação visa provar que o ser isolado não possui propriedades, visto que, “ela é função de um todo sem ser função das partes” (BACHELARD, 1929, p. 103), isto é, somente na relação é que aparecem as características dos corpos como no caso mencionado da gravitação.

A perspectiva adotada por Bachelard implica em conceber a qualidade das coisas numa interação entre o objeto, o contido e o espaço, o continente. Neste sentido, rompe com o realismo ao defender que espaço e matéria interferem na constituição um do outro.

Essa interação é analisada por Bachelard a partir de dois ângulos diferentes. Primeiramente cita Einstein ao afirmar que, para este, a matéria é a causa do espaço, isto é, “a matéria cria, em qualquer sorte, o espaço que a contém, se não houvesse matéria, não haveria Universo” (BACHELARD, 1929, p. 221). Em seguida menciona Arthur Eddington para quem não se pode falar numa relação causal entre matéria e espaço, mas numa explicação onde “a estrutura material torna-se correlativa da explicação pelas propriedades geométricas de um espaço-tempo ricamente diversificado” (BACHELARD, 1929, p. 222). Bachelard adere francamente às ideias de Eddington por não privilegiar nenhuma das duas estruturas, isto é, não admite entre elas uma relação causal.

É nesse contexto do entendimento da realidade científica que se pode conceber o conceito de massa em Bachelard. A massa é certamente uma característica dos corpos que não se põe dúvida em sua existência e que os identifica. No entanto, esse conceito na Epistemologia Bachelardiana define-se como uma noção tardia, de segunda aproximação.

No caso específico da Teoria da Relatividade, a massa somente é compreensível como o resultado da velocidade, isto é, “não somente a massa resulta de uma função da velocidade, mas as diferentes espécies de massas tornam-se funções diferentes da velocidade” (BACHELARD, 1929, p. 112). Além do mais, a massa, no contexto da Teoria da Relatividade Restrita, ganha o status de energia. Desta forma, não se pode conceber uma massa em repouso, neste contexto, visto que “ela se introduz antes como um postulado que como um símbolo de uma realidade” (BACHELARD, 1929, p. 115), isto é, se constitui num símbolo.

A partir do exposto, fica evidente que os conceitos oriundos da Teoria da Relatividade não partem do real e não retornam a ele no sentido atribuído por Meyerson. Bachelard afirma que o conceito de massa, por exemplo, “está muito distante da experiência comum e que a massa não tem nenhuma qualidade para simbolizar o real” (BACHELARD, 1929, p. 117), isto é, não tem nenhuma relação com a ideia de massa do senso comum.

A tendência ao real que Bachelard salienta não é no sentido de encontrar uma realidade enunciada na teoria, mas em encontrar um real que se ajuste ao teórico, a saber, um real maleável nas direções definidas pela teoria, visto que “o real se demonstra, ele não se mostra” (BACHELARD, 1929, p. 125). Essa demonstração defendida por Bachelard está de acordo com o seu pensamento de que a objetividade científica está alicerçada no método utilizado no contexto da investigação, ou seja, não se põe numa realidade dada, mas numa realidade construída. No caso específico da Teoria da Relatividade, ela “aparece ao extremo ponto de uma construção, é claramente solidária de um método de construção” (BACHELARD, 1929, p. 125).

Referências

BACHELARD, Gaston. La valeur inductive de la relativité [1929]. Paris: J. Vrin, 1929.

EINSTEIN, A. A propôs de la dédcution relativiste de M. E. Meyerson. Revue Philosophique de la France et de l'étranger. 35, 161-166. Janvier-juin 1928, année 5, Paris.

MEYERSON, Émile. La déduction relativiste [1925]. Paris: Payot, 1925.

A função característica de Hamilton e a criação de uma ciência dedutiva da óptica José Lourenço Cindra [email protected]

Page 112: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

108

Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Guaratinguetá, SP, Brasil.

Em seus trabalhos sobre óptica, desenvolvidos a partir da década de vinte do século XIX e os primeiros anos da década seguinte, o astrônomo e matemático irlandês William Rowan Hamilton teve como motivação a construção de uma ciência da óptica nos moldes da Mecânica Analítica de Lagrange. Neste aspecto, seu artigo de 1833, intitulado On a general Method of expressing the Paths of Light, and of the Planets, by the Coefficients of a Characteristic Function parece ser o mais expressivo entre seus trabalhos sobre óptica. É importante ressaltar que, ao contrário dos programas de pesquisa mais aceitos naquele período, feitos por autores que estavam envolvidos na problemática da natureza da luz: teoria corpuscular x teoria ondulatória, Hamilton não estava interessado nessa controvérsia. Sua abordagem era outra. Ele queria construir uma ciência da dedutiva da óptica, capaz de concordar com as leis mais ou menos empíricas já conhecidas, relativas à propagação da luz, à reflexão em espelhos e sua refração, ao passar de um meio para outro.

No trabalho de 1833, Hamilton afirma que, como qualquer outra ciência física, a ciência da óptica possui duas diferentes direções de progresso, que ele chamou de escala ascendente e escala descendente, com base nos métodos indutivo e dedutivo, seguindo o procedimento da análise e da síntese, respectivamente. Em todas as ciências físicas, devemos fazer um movimento ascendente indo dos fatos até as leis, por meio da indução e da análise, e devemos fazer um movimento inverso a partir das leis até as consequências, pelo procedimento dedutivo e sintético. É então que Hamilton escreve que um método geral na óptica dedutiva pode ser alcançado, se ele surgir de alguma lei ou princípio da mais alta generalidade e entre os resultados mais elevados da indução. E Hamilton faz a pergunta: qual é o axioma mais geral,que a indução óptica, no que diz respeito às regras e condições das linhas da comunicação luminosa e visual? Ele responde que o princípio ou lei deve ser a geralmente chamada Lei da Mínima Ação (Law of Least Action). Esta lei Hamilton prefere chamar de Lei da Ação Estacionária (Law of Stationary Action).

Hamilton também comenta que, embora a lei da mínima ação tenha alcançado uma posição de destaque entre os teoremas mais elevados da física, suas pretensões metafísicasde ser uma espécie de economia do universo estavam sendo rejeitadas. A rejeição da concepção da mínima ação como uma “economia da natureza” surge, principalmente, do fato de que a quantidade que deveria serminimizada, às vez faz exatamente o contrário. Eis o motivo porque é melhor falar de uma ação estacionária. A novidade neste trabalho de Hamilton e em trabalhos posteriores, tanto em óptica como em dinâmica, é a chamada Lei da Ação Variável (Law of Varying Action). Ele introduz uma função V(x’, y’, z’, x, y, z), onde x’, y’, z’ são as coordenadas do ponto inicial de um raio e x, y, z as coordenadas de outro ponto para onde o raio luminoso converge. Esta é a função característica que já havia desempenhado um papel fundamental nas pesquisas teóricas de Hamilton e irá desempenhar o mesmo papel em todas as pesquisas posteriores feitas por Hamilton. Os raios emitidos por uma fonte pontual permanecem sempre perpendiculares a uma família de superfícies e o mesmo acontece após um número qualquer de reflexões e de refrações dos raios. Em 1832 Hamilton já havia apresentado um trabalho perante a Academia Real da Irlanda em que ele utilizava esta função característica, a lei da ação variada e havia obtido um efeito até então completamente desconhecido: a refração cônica. Um único raio incidente em um cristal biaxial pode dar lugar a uma infinidade de raios refratados, todos repartidos de tal modo a formar um cone. Já no ano seguinte, Humphrey Lloyd, usando um cristal do mineral aragonita, conseguiu obter experimentalmente o efeito previsto pela teoria de Hamilton. A descoberta por meios dedutivos de um fenômeno novo representou um triunfo espetacular da concepção de Hamilton, segundo a qual a ciência se desenvolve pelos dois métodos e procedimentos acima citado. El problema de los enantiómeros en química cuántica Juan Camilo Martínez González [email protected] Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Page 113: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

109

Sebastián Fortin [email protected] Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Olimpia Lombardi [email protected] Grupo de Filosofia de la Ciencia, Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

El problema de la reducción de la química a la física, en particular, a la mecánica cuántica, es una de las cuestiones candentes de la filosofía de la química actual. El problema encuentra una de sus principales manifestaciones en el debate acerca de la naturaleza de la estructura molecular, dada por la disposición espacial de los núcleos en una molécula. Los desacuerdos no se refieren a una noción auxiliar o secundaria, sino a un concepto central de la química molecular: la estructura molecular es el principal factor en la explicación de la reactividad química. Diversos autores han señalado que la imposibilidad de derivar la estructura molecular de la mecánica cuántica no es la consecuencia de nuestro conocimiento parcial de los sistemas moleculares en el marco teórico de la mecánica cuántica, sino el resultado de una ruptura conceptual entre mecánica cuántica y química molecular. Si bien esta postura ha sido defendida mediante diferentes argumentos, el caso del isomerismo óptico, en particular, de los enantiómeros, es quizás el desafío más claro a la perspectiva reduccionista.

Los compuestos, que contienen la misma cantidad de átomos pero difieren en su disposición espacial, se denominan isómeros. Los isómeros se dividen en dos grandes grupos. Los isómeros estructurales son aquellos que contienen la misma cantidad y tipo de átomos en su fórmula empírica, pero difieren en la manera como están conectados sus átomos constituyentes. Por otra parte, los isómeros que contienen la misma cantidad y tipo de átomos y, además, las mismas conexiones interatómicas se denominan estereoisómeros, y sólo difieren en la distribución espacial de sus átomos. Dentro de este grupo, los isómeros ópticos o enantiómeros son compuestos cuyas moléculas son imágenes especulares que no pueden superponerse. La propiedad que diferencia a los miembros de un par de isómeros ópticos se denomina quiralidad.

Ahora bien, cuando se pretende brindar la descripción mecánico-cuántica de una molécula, se debe formular el hamiltoniano del sistema, que depende de las interacciónes coulombianas de las partículas que lo componen. Por lo tanto, el hamiltoniano sólo depende de las distancias entre las partículas componentes de la molécula; en particular, si sólo se consideran los núcleos atómicos, el Hamiltoniano depende únicamente de las distancias inter-nucleares. Pero en el caso de los isómeros ópticos, las distancias interatómicas son iguales para los dos miembros del par. Esto significa que para dos enantiómeros con la misma composición que difieren sólo por su quiralidad, el Hamiltoniano es exactamente el mismo. Es importante resaltar que este hecho no depende de aproximaciones o idealizaciones, como la aproximación Born-Oppenheimer, sino que es consecuencia de la forma particular del hamiltoniano de las moléculas quirales.

Algunos autores han argumentado que el fenómeno de la decoherencia brinda una solución al problema. No obstante, una reflexión detenida acerca de la teoría de la decoherencia pone de manifiesto que, así como ésta no resuelve el problema de la medición, tampoco brinda una respuesta al problema de los enantiómeros. En efecto, puesto que los estados quirales no son autoestados del Hamiltoniano y cada molécula se encuentra en un estado de superposición de ambos estados, la decoherencia no anula la superposición y se continúa careciendo de la respuesta a la pregunta de por qué las moléculas quirales tienen una quiralidad definida.

En el presente trabajo argumentaremos que la cuestión de los enantiómeros exige el compromiso con una interpretación de la mecánica cuántica que resuelva adecuadamente el problema de la medición. En particular, mostraremos que la Interpretación Modal-Hamiltoniana, que selecciona al hamiltoniano como el observable que siempre adquiere valor definido y que rige la selección de los restantes observables con valor definido, brinda una respuesta adecuada al problema.

Page 114: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

110

El nuevo problema de la vieja evidencia: double-counting en modelos y simulaciones Julián Reynoso [email protected] Facultad de Filosofía y Humanidades (FFyH), Universidad Nacional de Córdoba, Córdoba, Argentina.

La práctica de reutilizar datos que ya han sido empleados en la construcción de una hipótesis, como evidencia a favor de la misma ha generado un interesante debates entre algunos filósofos de la ciencia. Cobra especial relevancia en casos en los que la dificultad de recabar evidencia es considerable, aunque no es exclusivo. En el presente trabajo intentaré mostrar algunas de las caras de éste debate, haciendo foco en cómo impacta en algunas prácticas científicas actuales.

Sostendré que la noción de “experimento exploratorio” que desarrolla Franklin (2005) puede resultar útil para ver en qué sentido este doble uso puede resultar aceptable. Para ello, en una primera sección reconstruiré el debate según las perspectivas de Deborah Mayo y Robert G. Hudson. Luego recurriré a dicha noción para dar cuenta de cómo impacta la problemática del doble uso en las prácticas científicas contemporáneas, con un ejemplo de calibración de modelos en ciencias atmosféricas y, por último, argumentaré que por la naturaleza altamente compleja de algunas prácticas científicas es difícil poder establecer un criterio estricto como el que propone Mayo para impedir el doble uso.

Antes de proseguir, es necesario realizar una aclaración respecto a la nomenclatura que utilizaré. Es bien conocida la historia de términos como evidencia, teoría, hipótesis, dato y la carga semántica que cada uno de ellos arrastra. Cada uno de los autores que aparecen mencionados a continuación utiliza, no caprichosamente, un conjunto de términos que le sientan más a gusto con su temperamento filosófico como diría William James. Sin embargo, también es cierto que a pesar de la cuidadosa selección de los términos discuten entre si como si estuvieran utilizando los mismos o como si se refirieran a una cosa similar. Incluso, algunos autores se toman el atrevimiento de aclarar que si bien el autor con quién polemiza utiliza el término t para determinada cosa, ellos utilizarán el término c para referirse a lo mismo. En el presente trabajo, y a fin de mantener la discusión en foco, cometeré un pecado similar.

Deborah Mayo resalta algunos puntos interesantes respecto al principio de no contar dos veces. Definida como la prohibición de usar como evidencia a favor de una hipótesis H un conjunto de datos X que ya fueron utilizados para la construcción de dicha hipótesis H. Tal prohibición pretende preservar la intuición de que si el fit entre los datos y la hipótesis no son sorprendentes, es fácil de conseguir o incluso si H es falsa entonces los datos x no deberían ser consideradas como evidencia a favor de H, a lo que la autora llama el Requerimiento de severidad de la evidencia. Según dicho requerimiento (Mayo, 2014, p. 79):

Para que xxxx cuente como buena evidencia para H se requiere que: (i) xxxx esté de acuerdo (fit) con H, (ii) tal nivel de acuerdo debe ser improbable o “sorpresivo” si H fuera falsa.

En una vertiente diferente, pero con el mismo objetivo en mente, Robert G. Hudson (2003) ofrece una versión alternativa a la de Mayo. Ambos coinciden, sin embargo, en que a priori es recomendable desconfiar de procedimientos que hayan reutilizado los datos para la construcción y luego como evidencia a favor. En la presente sección reconstruiré las posiciones que defienden ambos autores de manera sucinta.

La premisa con la que Hudson encara el problema es la siguiente, en sus palabras:

Cuando evidencia es utilizada para construir una hipótesis, puede ser confirmatoria de la hipótesis siempre y cuando haya bases para justificar que indica de manera confiable la verdad de la hipótesis (Hudson, 2003, pp. 121-122)

Esto quiere decir que los únicos casos en los que se permite el uso y la posterior construcción es cuando haya razones para pensar que la evidencia en cuestión permite sostener la verdad de la hipótesis. Ante la carencia de pruebas que sustenten el empleo de una hipótesis construida con evidencia ya utilizada, uno debería permanecer escéptio y desechar de plano tal hipótesis (cf. 2003, p. 23),

Page 115: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

111

Hudson sostiene, con una mirada muy aguda, que al evaluar la relevancia de un dato hay mucho más involucrado que meramente considerar la significancia estadística en relación a una hipótesis determinada. Como veremos en el apartado siguiente, en las prácticas científicas existe una fauna muy grande de métodos y estrategias para ponderar los datos, por lo que considero que la crítica que hace Hudson al planteo de Mayo es bastante acertada.

Esta restricción es, a mi juicio, excesivamente restrictiva dada la pluralidad de estrategias que emplean los científicos en sus campos para trabajar. A modo ilustrativo recurriré a la ideas de Franklin (2005) sobre los experimentos de alto rendimiento (high trhougput) que, según la autora, permite realizar experimentaciones a modo exploratorio, sin estar guiado por una teoría de fondo. Luego analizaré un ejemplo de calibración de modelos de cambio climático para mostrar que hay instancias de double-counting legítimas también en la construcción de modelos.

Una de las últimas etapas en la construcción de modelos involucra el ajuste de un pequeño conjunto de parámetros para los cuales no hay una buena atadura entre los procesos físicos subyacentes y los datos observacionales, por lo que se les otorgan valores ad-hoc provenientes de observaciones. A dicha práctica se la conoce como calibración (calibration) o afinación (tuning).

Según Steele y Werndl (2013) es común que los datos que se utilizaron para calibrar un modelo de cambio climático sean también considerados para medir la exactitud (accuracy) del modelo para determinado propósito y conceden que para los científicos que trabajan con estos modelos lo consideran una mala práctica. Las autoras analizan en qué medida esto puede ser salvado y recurren a un método bayesiano de confirmación para mostrar en qué medida resulta legítimo reutilizar los datos que se usaron para calibración para una posterior verificación.

Para las autoras, la necesidad de datos distintos para la calibración y confirmación se suele dar por sentado en la literatura para evitar ambigüedades en el razonamiento, pero esta posición dista de ser obvia y requiere mayor discusión. De esta manera, la reutilización de datos es moneda corriente, pero ello no va en desmedro de la legitimidad de la evidencia:

En algunos casos, la evidencia ya informa la evaluación previa de instancias del modelo. De ser así, no puede ser utilizada de nuevo para calibración y confirmación – sería utilizar la misma evidencia dos veces. (Steele & Werndl, p. 633)

El remedio, para las autoras, involucra claridad por parte de los científicos sobre cuáles son los objetivos que persiguen en las distintas instanciaciones del modelo más general. En su artículo distinguen dos tipos de double-counting. Una consiste en determinar qué instancias específicas del modelo básico están confirmadas de manera relativa a otras instancias específicas. La segunda, tiene que ver con que la evidencia puede ser utilizada para la calibración y para confirmaciones incrementales de una hipótesis del modelo base, relativo sea a otra hipótesis o al complemento entero. Argumentaré, siguiendo a las autoras, que en efecto hay instancias de double-counting que resultan legítimas y que no necesariamente van en desmedro de la confiabilidad de los modelos que han sido construidos de esa manera. Modelar sistemas complejos, de los que no hay una gran comprensión teórica obliga en algunos casos a tomar evidencia que ya ha estado involucrada en alguna instancia anterior.

Referencias

Franklin, Laura R., "Exploratory experiments", Philosophy of Science 72, 5 (2005), pp. 888-99.

Frisch, Mathias, "Predictivism and old evidence: a critical look at climate model tuning", European Journal for Philosophy of Science 5, 2 (2015), pp. 171-90.

Hudson, Robert G., "Novelty and the 1919 eclipse experiments", Studies in History and Philosophy of Science Part B: Studies in History and Philosophy of Modern Physics 34, 1 (2003), pp. 107-29.

Mayo, D., "Some surprising facts about (the problem of) surprising facts", Studies in History and Philosophy of Science Part A 45 (2014), pp. 79-86.

Steele, K.; Werndl, C., "Climate Models, Calibration, and Confirmation", The British Journal for the Philosophy of Science 64, 3 (2013), pp. 609-35.

Page 116: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

112

Hacia una articulación de modelos: el caso de big data Julián Reynoso [email protected]

Andrés A. Ilcic [email protected]

Facultad de Filosofía y Humanidades (FFyH), Universidad Nacional de Córdoba, Córdoba, Argentina.

La palabra “dato” está presente como nunca en la literatura científica y se ha filtrado lentamente a otras áreas como el mundo de los negocios, el periodismo y otras publicaciones orientadas a la ciencia, tanto sociales como naturales. Uno de los grandes responsables de ellos es el big data: grandes cantidades de bits de información creadas y almacenadas a un ritmo exacerbado, de fuentes tan distintas tales como experimentos científicos hasta lectores de códigos de barras de cajas registradoras. A los efectos del presente trabajo, nos enfocaremos en el primer campo de los mencionados, dado que los experimentos y simulaciones a gran escala llevados a cabo en centros de computación de alta performance generan una enorme cantidad de datos a diario.

El LHC del CERN crea un petabyte de datos por día, y aunque sólo almacenan una fracción de esa cantidad, se requiere una gran poder de cómputo para procesar y analizar qué vale la pena guardar. El observatorio Sloan Digital Sky Survey produce hasta doscientos gigabytes por noche y a los pocos días de haber sido inaugurado ya había generado más datos que toda la historia de la astronomía. El equipo publica periódicamente los datos y el último paquete es de unos 116 TB. Como si esto fuera poco, se estima que el Large Synoptic Survey Telescope, sucesor del SDSS, produzca dicha cantidad en pocos días de operación. Los avances en la tecnología y que esté disponible a una escala para nada despreciable ha llevado no sólo a la creación de nuevos campos de investigación, como la biología computacional y la astroinformática, sino también a nuevas maneras de concebir la labor científica al extremo de presentar un desafío a nuestra noción más tradicional. Jim Gray lo llamó “El Cuarto Paradigma”, una metodología basada en la noción de ciencia data-intensive, que consiste en la captura, curación y análisis de grandes cantidades de datos (Hey et al., 2009).

Una versión extrema de esta idea podría plantearse en los siguientes términos: Si tenemos suficientes datos a nuestra disposición sobre determinado fenómeno podríamos responder cualquier pregunta sobre él, aún si no tenemos una descripción del mismo en un sentido tradicional. Chris Anderson, entonces editor de la revista Wired, generó una polémica bastante interesante allá por 2008. En un dossier especial de la revista afirmó que (el entonces) diluvio de datos al que nos íbamos a enfrentar iba a hacer inútil el trabajo de la teorización. Su artículo, llamado provocativamente “El fin de la teoría”, sugiere que los números pueden hablar por sí mismos, teniendo en cuenta su gran volumen y dimensión.

En este trabajo nos proponemos dos objetivos, a tratar en las secciones siguientes. El primero es presentar brevemente la noción de Big Data en relación al desafío metodológico y epistémico que presenta a la concepción de la ciencia, revisando las nociones más usuales de este fenómeno que pueden encontrarse en la literatura. En la sección siguiente nos concentramos en cómo lo que parece ser necesario es una visión integradora de la práctica con modelos en las ciencias llamadas data-driven, dado que los científicos trabajan tanto con modelos de análisis de datos como con modelos teóricos. Para eso nos concentramos en comentar una de las discusiones originales sobre el tema que se dio en la literatura filosófica entre Napoletani et al (2011) y los comentarios de Humphreys (2012) y Lenhard (2012).

Napoletani et al. (2001) creen que la disponibilidad de grandes colecciones de datos y almacenamiento al servicio de los científicos les permitirá responder las preguntas más relevantes del fenómeno bajo estudio, sin la necesidad de tener una comprensión general y estructurada del mismo. De acuerdo a los autores, tradicionalmente se ha considerado que “la matemática se ha usado para modelar el fenómeno, al tiempo que promueve la comprensión” pero que “el paradigma moderno empleado en análisis de datos resigna la comprensión a favor de herramientas cada vez más poderosas de predicción” (Napoletani et al.; 2011; p. 15). Los autores llaman a dicho enfoque “ciencia agnóstica” y sostienen que proveerá conocimiento del fenómeno sin la necesidad de una teorización mayor.

Page 117: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

113

Aunque no se discuta big data per se, presentan una postura interesante en relación a lo que se conoce como “análisis de datos” que, bajo la etiqueta de “paradigma de microarray”, una técnica utilizada en biología intensiva que ellos estudian que está íntimamente relacionada con big data. Como dijimos más arriba, su postura podría resumirse en “si recabamos una gran cantidad de datos de diversas fuentes sobre un fenómeno, podemos responder las preguntas más relevantes del mismo” (Napoletani et al., 2011, p. 2). Los métodos de análisis que ellos describen – microarray en biología, redes neurales para predecir los vientos de un huracán y el boosting, un meta-algoritmo de data mining – son instancias de lo que ellos, casi paradójiante, denominan ciencia agnóstica; básicamente “ciencia sin conocimiento” según Lenhard (2012) les achaca, en un comentario al trabajo original. ¿Por qué es ciencia agnóstica, entonces? Porque está en directa oposición a la manera tradicional en la que la matemática ha sido empleada en ciencia desde el giro newtoniano. Por como funcionan los algoritmos computacionales que procesan los datos, podemos “hacer ciencia” prediciendo con precisión un huracán sin “comprender” por qué se comporta de la manera en la que lo hace, o siquiera qué es. Los autores agregan: “Mientras que en el paradigma tradicional, la identificación de invariantes es una empresa conceptual, en el caso del paradigma de microarrays es esencialmente el resultado de un algoritmo” (Napoletani et al., 2011, p. 10).

Esto nos brinda la oportunidad para ofrecer algunos comentarios sobre la práctica generalizada de modelización en el contexto de la nueva transformación computacional que la ciencia está atravesando. El debate filosófico sobre qué es considerado un modelo es sumamente álgido, por lo que todas las caracterizaciones excesivamente sencillas deben ser tomadas entre pinzas, especialmente cuando se trata sobre cómo es que un modelo se relaciona con un fenómeno en el mundo. Como menciona Humphreys (2012) en el comentario al paper de Napoletani, su propuesta tiene mérito en insistir que ha de hacerse una separación entre modelos por un lado y “técnicas” o “métodos” en el otro, como así también entre fenómeno y problemas sobre el fenómeno. Humphreys señala la similaridad que hay entre usar redes neurales para predecir huracanes y epiciclos para predecir la posición de los planetas con la tradición de “salvar las apariencias”.

Si bien no creemos que el desafío se dé de hecho de una manera tan radical como algunos autores sostienen, creemos que sí hay una transformación en el “espacio de modelos” que los filósofos de la ciencia tienen que atender. La descripción de esta “mirada desde más arriba” y algunos trabajos previos en la literatura que contribuyen a la misma nuclea el resto del trabajo.

La ventaja epistémica de esta postura es que permite a los modelos teóricos funcionar como guías heurísticas al sondear los datos o el modelo de análisis de datos. Sin embargo, al posicionar a los modelos de análisis de datos al mismo “nivel epistémico” que los modelos más convencionales, podemos justificar el usar sus señales como indicadores de cómo mejorar el modelo teórico. Creemos que nuestra propuesta es una extensión, con un cambio de énfasis, de la presentada originalmente por García y Velasco (2015) quienes argumentan que – cuando menos en algunos casos – es necesario hacer una evaluación metodológica para luego pasar a una apreciación epistemológica. Esta primera evaluación pone el énfasis en la práctica de la experimentación, simulación y modelización y sus complejas conexiones bajo un marco general que llaman “articulación de las prácticas científicas” (Ibid., 46). Creemos que nuestro argumento puede ser visto dentro del mismo cuadro general, añadiendo y enfocándose en el rol de la interacción de los distintos tipos de modelos.

Referencias

Anderson, Chris (2008), “The End of Theory.” Wired Magazine 16, no. 7: 16–07. García, Pío; Velasco, Marisa (2015), “Articulación de modelos, experimentos y simulaciones: la tensión

entre reconstrucciones filosóficas y descripciones de prácticas científicas” en Rodríguez, Víctor et al.; eds; Filosofía de Las Ciencias Y Prácticas Científicas: 45-59.

Hey, Tony Tansley, Stewart, Tolle, Kristin (2009), The Fourth Paradigm: Data-Intensive Scientific

Discovery. Redmond, Wash: Microsoft Research. Humphreys, Paul (2013), “Data Analysis: Models or Techniques?” Foundations of Science 18, no. 3:

579–81.

Page 118: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

114

Lenhard, Johannes (2013), “Coal to Diamonds.” Foundations of Science 18, no. 3: 583–86. Napoletani, D.; M. Panza; Struppa, D. C. (2011), “Agnostic Science. Towards a Philosophy of Data

Analysis.” Foundations of Science 16, no. 1: 1–20. Empirismo vs innatismo en el siglo XIX y los estudios sobre la visión del color Juliana Gutiérrez Valderrama [email protected] Universidad del Rosario, Bogotá, Colombia.

En la segunda mitad del siglo XIX, en el campo de la óptica fisiológica, se desarrolló una fuertecontroversia entredos bandos, empirismo e innatismo. Cada bando contaba con grandes defensores: Hermann von Helmholtz como empirista y Ewald Hering como innatista. El innatismo pretendía explicar muchos de nuestros fenómenos de la percepción visual a partir de características fisiológicas innatas de nuestros órganos receptores. El empirismo (a pesar de que también pretendía explicar algunos fenómenos a partir de aspectos fisiológicos) le daba gran importancia a la historia de la experiencia del individuo como determinante en muchos aspectos de la visión.Ahora bien, la distinción entre innatismo y empirismo consistía principalmente en una cuestión de grado: ¿qué tanto alcance se le quiere dar a aspectos fisiológicos innatos o a aspectos adquiridos a partir de la experiencia a la hora de explicar la percepción visual? Según la respuesta, se era innatista o empirista.

La visión del color era uno de los temascentrales dentro del análisis de la percepción visual. Tanto Helmholtz como Hering propusieron distintas teorías sobre el correlato fisiológico de la percepción del color y distintas cartografías (o gramáticas) para dar cuenta de las relaciones entre colores. Lo interesante es que las vías por las cuales llegaron a formular sus propuestas parecen tener un orden muy distinto. Helmholtz seguía un orden que podemos llamar sintético: primerodefinió las variables físicas mínimas con las cuales se pueden establecer las combinaciones de una gran mayoría de los colores del espectro fenomenológico y luego propuso cuáles podrían ser los correlatos fisiológicos. Hering seguía un orden que podemos denominaranalítico: definió las variables fenomenológicas mínimas con las cuales podemos dar cuenta de toda la gama de colores observables y luego propuso un correlato fisiológico. Estos caminos determinaron cartografías e hipótesis fisiológicas diferentes.Helmholtz propuso tres colores primarios, verde, rojo y violeta,y conjeturó que en nuestro aparato receptor hay tres componentes, cada uno sensible a uno de estos tres colores.Hering propuso cuatro colores cromáticos primarios, rojo, verde, amarillo y azul, y dos colores acromáticos, blanco y negro, y los organizó en pares de opuestos: rojo-verde, amarillo-azul, y blanco-negro. Su hipótesis eraque nuestro aparato receptor cuenta con tres procesos correspondientes a estos tres pares. Como se puede ver, el objetivo de ambos autores era explicar la relación entre el mundo externo, que afecta a nuestros órganos receptores, y nuestra experiencia; la fisiologíaes el puente que ayuda a establecer esta relación. En este camino hay dos puntos de contacto, el físico-fisiológico y el fisiológico-psicológico. Tenemos entonces dos alternativas: o subsumir la fisiología a la física, o subsumir la fisiología a la psicología. El primero es el método sintético y el segundo es el método analítico.

La tesis que se defenderá en la ponencia es que esteorden en la argumentación no es arbitrario sino que responde a la adherencia a alguno de los dos bandos de la controversia. Helmholtz buscaba la mayor economía en términos físicos a la hora de la explicación; partió luego de allí para proponer hipótesis fisiológicas que pudieran explicar nuestra percepción. Con este método muchos aspectos quedaban sin aclarar (e.g. fenómenos de contraste simultáneo y la constancia del color); no obstante, esto no constituía un problema, pues muchos se podían explicar acudiendo al aprendizaje y a las asociaciones a partir de experiencias pasadas. Hering, en cambio, podía estar dispuesto a sacrificar economía en favor de incrementar el alcance de la explicación fisiológica. De allí que su argumentación tuviera el siguiente esquema: dado que yo tengo esta experiencia visual y los colores los veo de tal y tal manera, entonces debe haber algo fisiológico que fundamente esta experiencia.

Page 119: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

115

Características estruturais da teoria dos projéteis de Galileo Julio Vasconcelos [email protected] Depto. de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), BA, Brasil. Em 1638, Galileo publicou os seus Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuove scienze, que trazia a formulação de seus estudos do movimento empreendidos no período paduano (1592-1609). Entre tais realizações, destaca-se a teoria dos projéteis, na chamada “quarta jornada” dos Discorsi. A presente comunicação discorre sobre a estruturação que Galileo concluiu ser a mais adequada para ordenar suas descobertas e demonstrações. ¿Estudio inter o transdisciplinar de la Ciencia? Abordaje de un problema de actualidad Karina Silva Garcia [email protected] Departamento de Historia y Filosofía de la Ciencia, Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación (FHCE) – Universidad de la República (UdelaR), Montevideo, Uruguay

Con el objetivo de lograr una descripción cada vez más específica del mundo y de los fenómenos que en este suceden, en el último siglo la especialización científica se ha incrementado exponencialmente. Paradójicamente, esta especialización ha sido sucedida por un incremento en la demanda de abordajes interdisciplinarios. Caracterizados por la comunión de distintas disciplinas en el análisis de un mismo fenómeno, los estudios interdisciplinarios buscan alcanzar conocimiento nuevo que de otra forma sería imposible obtener (Andersen, 2015).

Este fenómeno no es exclusivo de las ciencias naturales sino que la especialización y el consecuente trabajo colaborativo, también se constata en las ciencias sociales y en las humanidades. Si bien la especialización permite comprender un fenómeno (físico, químico, social o humanístico) desde sus partes más simples, la colaboración entre disciplinas en el análisis de un mismo fenómeno permite la compresión del fenómeno como un todo complejo. La filosofía de la ciencia no es ajena a este desarrollo, de hecho, varias propuestas recientes apuestan al trabajo colaborativo en el intento de comprehender y reflexionar al respecto de la práctica científica.

El cambio en las prácticas científicas en la segunda mitad del silgo XX y el desarrollo de la sociedad de conocimiento condujo a una modificación sustancial en el modo de comprender y estudiar a la ciencia. La racionalidad científica, caracterizada a principios de siglo por valores epistémicos, se transformó en una racionalidad plural en la que intervienen además valores, por ejemplo, económicos, políticos, sociales y militares (Olive, 2007). Este cambio condujo, necesariamente, a una modificación de las herramientas conceptuales para la interpretación de las prácticas científicas. El giro historicista inaugurado en la década de 1970 por Paul Feyerabend y Thomas Kuhn permitió la emergencia de nuevas disciplinas centradas en el análisis de la ciencia como un fenómeno, ante todo, social. La actividad científica es, en sí misma, un sistema de interacciones de actores y valores, y como tal requiere de un análisis complejo. Por ello, en la medida en que historiadores, sociólogos, filósofos, economistas y politólogos de la ciencia están todos interesados en el mismo fenómeno, deberían olvidar la posible inconmensurabilidad entre disciplinas y trabajar colaborativamente (Hendry, 2016).

Por lo tanto, la ciencia se presenta como un todo complejo y su análisis no puede limitarse a una única perspectiva disciplinar. Parece evidente, entonces, que el estudio de la ciencia debe llevarse a cabo desde una perspectiva inter o transdisciplinar. Pero, ¿qué beneficios puede obtener la filosofía de la ciencia del trabajo colaborativo con otras disciplinas interesadas en el estudio de la ciencia? En el presente trabajo se propone abordar esta interrogante procurando dilucidar la pertinencia y alcance de los estudios inter y transdisciplinares en el análisis filosófico de la ciencia.

Page 120: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

116

A importância de argumentos históricos na legitimação da Síntese Moderna da Evolução Leonardo Augusto Luvison Araújo [email protected] Mestre em Genética e Biologia Molecular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Professor de Biologia no Colégio de Aplicação da UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.

A historiografia tradicional da Biologia Evolutiva apresenta dois episódios históricos

fundamentais: a revolução darwiniana (após a publicação da Origem das Espécies, em 1859) e a Síntese Moderna da Evolução, ocorrida entre 1920-1950 (Delisle, 2011). O chamado “eclipse do darwinismo”, período que corresponde ao final do século XIX e início do século XX, preenche esses episódios históricos.

A Síntese Moderna da Evolução apresenta novidades conceituais, metodológicas e disciplinares quando comparada com o seu período histórico anterior (Smocovitis, 1996). As consequências em nível disciplinar e epistemológico da Síntese Moderna, bem como os limites da sua agenda de pesquisa, não são um consenso entre os historiadores. Alguns argumentam que a Síntese Moderna possibilitou uma verdadeira unificação da Biologia como um todo (cf. Smocovitis, 1996); por outro lado, historiadores enfatizam que asíntese deve ser entendida como uma “constrição evolutiva”, onde se estabeleceu um “acordo” em relação ao conjunto de variáveis consideradas importantes para a evolução biológica (cf. Provine, 1992).

Além de seus aspectos conceituais e teóricos, tal síntese do conhecimento evolutivo envolveu um amplo esforço para criar condições institucionais/sociais por parte de seus arquitetos (Delisle, 2011). Esse trabalho pretende argumentar nesse sentido, ao mostrar queargumentos históricos apresentados por alguns arquitetos da Síntese Modernativeram um importante papel em legitimar as suas “constrições”, reforçando a ideia de que esse arcabouço teórico foi uma verdadeira unificação da Biologia Evolutiva.

Analiso mais especificamente as interpretações históricas de Julian Huxley (1887-1975) e Ernst Mayr (1904-2005). O primeiro popularizou a ideia de que entre a morte de Darwin e o advento da Síntese Moderna houve um período obscuro da Biologia (Largent, 2009). Em um capítulo de Evolution: The Modern Synthesis (1942), intitulado eclipse of darwinism, Huxley estabelece um contraste entre a ciência da Evolução na época da Síntese Moderna e a Biologia Evolutiva do período anterior. O período do Eclipse é referido por Huxley como uma ciência dispersa, confusa e repleta de contradições (Huxley, 1942, p.23). O autor faz uma leitura da Síntese Moderna como a unificadora da Biologia e do eclipse do darwinismo como um período em que a ciência da evolução estava fragmentada e repleta de problemas, os quais foram corrigidos pelos arquitetos da Síntese que unificaram o darwinismo.

Ernst Mayr endossa essa narrativa, dedicando alguns trechos na maior parte de suas obras ao evolucionismo “anti-darwinista” da época do eclipse do darwinismo. Em The Growth of Biological Thought (1982), Mayr se refere a esse período como repleto de paradigmas sem credibilidade, que veio a ser suplantado pela Síntese Moderna. Dessa forma, assim como Huxley, o autor procura exaltar os aspectos unificadores da síntese.Mayr acrescenta ainda outro ponto importante em sua análise histórica: o papel da Síntese Moderna não foi apenas responsável em unificar disciplinas na Biologia Evolutiva, mas também em efetivamente varrer teorias concorrentes que atrapalhavam o “desenvolvimento” científico (cf. Mayr, 2005).

A biologia evolutiva do início do século XX é interpretada, dessa forma, através da lente dos arquitetos da Síntese Moderna. O comprometimento destes autores com esse arcabouço teórico pode causar certo viés em sua análise histórica, uma vez que ela serve como retórica na disputa pela autoridade científica (Largent, 2009). Referências

Delisle, R.G. What was really synthesized during the evolutionary synthesis? A historiographic proposal. Studies in History and Philosophy of Biological and Biomedical Sciences, 42: p. 50-59, 2011.

Page 121: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

117

Largent, M. The so-called eclipse of Darwinism. Em: Cain, J; Ruse, M (eds). Descendedfrom Darwin. Philadelphia: American Philosophical Society, p. 3-21, 2009.

Huxley, J.S. Evolution: the modern synthesis. London: Allen and Unwin, 1942.

Mayr, E. The Growth of Biological Thought: Diversity, Evolution, and Inheritance. Belknap Press, 1982.

––––––. Biologia, ciência única: reflexões sobre a autonomia de uma disciplina científica. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

Provine, W.B. Progress in evolution and meaning of life. Em: Waters, C.K; Van Helden (Eds). Julian Huxley, biologist and statesman of science. Houston: Rice University Press, p. 165–180, 1992.

Smocovitis, V.B. Unifying biology: th evolutionary synthesis and evolutionary biology. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1996.

Notas sobre os escritos evolucionistas do jovem matemático William Kingdon Clifford Leonardo Rogério Miguel [email protected] Laboratório de Cognição e Linguagem (LCL), Centro de Ciências do Homem (CCH), Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil.

Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta”

Minha contribuição ao tema do simpósio consiste em uma breve exposição de algumas ideias de cunho evolucionista de William Kingdon Clifford (1845-1879). O objetivo é mostrar a influência do pensamento evolucionista (como teoria científica – Charles Darwin –, e/ou como concepção filosófica, visão de mundo ou ideologia, se preferirem – Herbert Spencer, por exemplo) sobre o jovem matemático-filósofo vitoriano. Para tanto, abordo o primeiro escrito de Clifford sobre o assunto, que mais precisamente, foi apresentado como uma palestra, cujo título é On Some of the Conditions of Mental Development (traduzindo livremente: “Sobre algumas das condições do desenvolvimento mental”).

Em Condictions, Clifford expõe uma versão de sua concepção sobre o crescimento intelectual da espécie humana baseada na “hipótese da evolução dos organismos vivos”. Ele defendia que as funções cognitivas da mente humana não são estáticas e imutáveis, pois estão sujeitas ao desenvolvimento e ao aprimoramento graduais, tal como acontece com as características físicas e psicológicas (CLIFFORD, 1901a, p.80). Seguindo essas premissas, afirmava que nossas ideias e o conhecimento também são variáveis, se transformam e se aprimoram tal como organismos vivos que aparecem e atuam em um determinado ambiente, entram em concorrência, procuram se adaptar e são “selecionados” ou perecem. Contudo, não é somente o caso de se calcar essa analogia ànoção de “sobrevivência do mais apto”, no sentido em que se espera passivamente possuir características intrínsecas para sobreviver. Retomando suas palavras: “o pensamento [assim como o organismo] que conquista o mundo não é contemplativo, mas ativo”. Ou seja, a mente e as ideias advêm e também se transformam graças às ações que mobilizam e organizam.Vemos aqui uma defesa de cunho naturalista para o tipo de atitude considerada mais apropriada aos “homens de ciência”: mais vita activa, operativa do que vita contemplativa (theoria, diria Alexandre Koyré).

Essa analogia com os organismos, ou em seus termos, a adoção da “hipótese evolucionista” (ibid, p.89), embora não fosse então baseada em evidências suficientes (faço alusão ao “A Ética da Crença”), segundo seu autor, era metodologicamente útil e interessante porque reforçava o caráter antidogmático, progressivo e coletivo da investigação científica e da produção de saber. (Ernst Mach e Ludwig Boltzmann foram cientistas-filósofos que defenderam concepções semelhantes). Nas palavras do Clifford: “[O método] consiste em observar e empregar certa analogia, qual seja, a analogia entre a mente e as formas visíveis da vida orgânica” (p. 87).

A escolha por um tema, à primeira vista, extrínseco à sua área de atuação fora motivada tanto pelas circunstâncias, quanto por seus interesses filosóficos e sua estratégia

Page 122: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

118

de introdução na cena filosófico-científica de Londres. Mais do que isso, estando ciente dos problemas filosóficos com os quais conviveria por muitos anos (não apenas por uma questão de escolha particular, mas porque eram os problemas a serem enfrentados em seu tempo) e dos objetivos que desejava alcançar (a meta era dar cabo dos problemas, mas Clifford era sábio o bastante para perceber que o seu papel, naquele momento, era o de deixar uma contribuição positiva pelo menos à maneira de se encará-los), ele aproveitou a ocasião para apresentar numa única palestra, ainda que de forma condensada e de caráter propedêutico, boa parte de suas concepções metodológicas, epistemológicas, morais e científicas. Não é incorreto dizer que aquela oportunidade tenha sido a sua definitiva “carta de apresentação”. Para os que foram assistir à sua palestra no dia 6 de março de 1868, Clifford introduziu a si mesmo como um matemático-filósofo naturalista/evolucionista (com pretensões, assim penso, de reformador social).

Estrategicamente, o tema fora oportuno porque permitia a Clifford demonstrar seus interesses e o seu domínio fora das cercanias da matemática sobre um assunto que colocava em jogo a compreensão de “natureza humana” e as condições para o aprimoramento desta em meio às transformações intelectuais e culturais de seu tempo. Naquele texto, ele aborda biologia, fisiologia, epistemologia, moral, psicologia e filosofia da ciência para dar conta, ainda que, a princípio, sem maiores pretensões, dos elementos que poderiam contribuir com o encaminhamento da definição de natureza humana e de tal aprimoramento. Este tema, aliás, é recorrente nos textos de Clifford. Não é à toa que a pergunta central de Conditions of mental development é: “qual é a atitude mental propícia à mudança para o melhor?” (tradução livre para what is that attitude of mind which is most likely to change for the better?). O melhoramento, ou aprimoramento, do homem, naquela ocasião, foi considerada mediante abordagem naturalista (biológica), mas também havia pressupostos morais e, implicitamente, o posicionamento político (republicano) do autor. Uma vez que Clifford via os saberes como uma unidade que orienta e exorta ações públicas, a pergunta acima contém outra: como vamos encontrar e estabelecer os conceitos e critérios para a orientação de ações que promovam a convivência coletiva e o bem-estar geral? E mais: como abordar o problema dentro das nossas condições atuais? Não aprofundarei isto agora, menciono apenas para acentuar que a moral e a política eram assuntos presentes naquela primeira palestra (e em muitas outras).

Aquele momentotambém foi a chance de ele expressar suas “diretrizes” intelectuais básicas, a saber: ter em mente que todo assunto relativo ao homem é da alçada da ciência, isto é, pode ser abordado pelo “pensamento científico”(“não há assuntos científicos [pois o] assunto da ciência é o universo humano, isto quer dizer, tudo o que é [...] ou pode estar relacionado ao homem” (CLIFFORD, 1999a, p.2); levar a sério o caráter provisório das hipóteses mesmo que nos sejam muito caras; não abrir mão do aprofundamento da investigação das hipóteses; priorizar a metodologia e seu aperfeiçoamento antes de apostar precipitadamente nos resultados; não ser dogmático, pois o conhecimento se transforma; estar ciente de que a produção do conhecimento é um trabalho coletivo mais do que individual, e que, embora uma crença (teoria, hipótese) possa parecer correta e atraente para um indivíduo, este deve estar ciente de que as consequências daquela, sejam boas ou ruins, têm proporções públicas (afetam a coletividade) – essas convicções aparecem na maioria de seus escritos populares (inclusive no célebre “A Ética da Crença”, de 1876).

Referências

CHISHOLM, Monty. Such Silver Currents: the Story of William and Lucy Clifford 1845-1929. [s.l.][s.l.][s.l.][s.l.] Lutterworth Press, , , , 2002.

CLIFFORD, William K.. Lectures and Essays. Vol.1. New York: The MacMillan Company, 1901 (3a. edição)

––––––. Lectures and Essays. Vol.2. Londres: The MacMillan Company, 1879.

––––––. Ethics of Belief and other essays. New York: Prometheus Books, 1999

MADIGAN, Timothy J. W.K. Clifford and “The Ethics of Belief”. Reino Unido: Cambridge Scholars Publishing, 2009.

MIGUEL, Leonardo. Pensamento coletivo, integridade de caráter e coletividade: uma leitura sobre a "ética da crença" de William Kingdon Clifford. Tese (Doutorado em Filosofia). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 118f., 2011.

Page 123: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

119

William K. Clifford e a Ciência enquanto craftmanship Leonardo Rogério Miguel [email protected] Laboratório de Cognição e Linguagem (LCL), Centro de Ciências do Homem (CCH), Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil.

O objetivo geral é encaminhar a elaboração de leitura alternativa para a “ética da crença” do matemático William Kingdon Clifforda partir do exame de sua definição para a ciência.O referido princípio diz que “é sempre errado, seja onde for e para quem for, acreditar em qualquer coisa sem ter evidências suficientes”. Grosso modo, Clifford está a afirmar que a crença religiosa (ou a fé) é uma imoralidade, como se já não bastasse ser epistemicamente reprovável. Desde sua enunciação em um encontro da Metaphysical Society, em 1876, gerou polêmicas de natureza axiológica, ética e epistemológica entre pensadores engajados nas disputas entre religião e ciência, crença e conhecimento, “subjetivismo” e “objetivismo”, fé e “evidencialismo”, o “dever da investigação” e “a vontade de crer”, e tantos outros binômios construídos ao longo do tempo.O ensaio “A Ética da Crença” foi bastante criticado, em especial por William James em “A Vontade de Acreditar” (1897), como uma normaimpossível de ser seguida, insustentável, incoerente e covarde.Não obstante isso,as ideias de Clifford entraram no cenário filosófico com maior notoriedade, especialmente no âmbito da filosofia da religião.

Nesta ocasião, não farei uma revisão da história e das argumentações filosóficas sobre a “ética da crença”, tampouco sobre filosofia da religião. Basta entender que Clifford estava advogando a favor da concepção de um modo de existência que, embora oposto ao modo religioso ou “revelado”, poderia dar conta da “crise vitoriana da fé” – o temor de que o declínio da crença religiosa levaria à decadência moral da sociedade. Como uma crise demanda uma decisão, Clifford optou pelo modo filosófico de ser e viver à luz do pensamento e da atividade científicos como a atualização de virtudes éticas e epistemológicas, mais importantes para do espírito cívico republicano do que para a elevação do espírito santo. Subjacente à essa opção está uma questão presente em um de seus primeiros textos: “qual é a atitude mental que proporciona a mudança para o melhor? ” Em “A Ética da Crença”, vemos que a atitude científica seria a mais propícia parao “dever da investigação”, pois as maneiras como obtemos, abraçamos nossas crenças e agimos conforme as mesmasrevelam nossos valores e compromissos,dizem quem somos e quanto nos responsabilizamos pela convivência com o outro e pela organização social.

É bastante curioso como ética deontológica e ética das virtudes se confundem no pensamento de Clifford (MADIGAN,2009). Isso demanda aprofundamentos, mas não farei isso aqui. Meu objetivo específico é defender que, para Clifford, a integridade do trabalho científico está na compreensão e incorporação deste enquanto craftmanship – a “habilidade artesanal” (SENNETT, 2012).

Nas palavras de Richard Sennett: “[o] artífice explora essas dimensões de habilidade, empenho e avaliação de um jeito específico. Focaliza a relação íntima entre mão e cabeça. Todo bom artífice sustenta um diálogo entre práticas concretas e ideias; esse diálogo evolui para o estabelecimento de hábitos prolongados, que por sua vez criam um ritmo entre solução de problemas e detecção de problemas” (2012). Segundo Clifford: “[o] ponto importante é que a ciência, embora aparentemente transformada em conhecimento puro, nunca perdeu o caráter de ser um ofício [craft]; e que não é o conhecimento em si que pode corretamente ser chamado de ciência, mas um modo especial de obter e usar o conhecimento”. Em seguida, diz: “[...] ciência é a obtenção de conhecimento a partir da suposição da uniformidade da natureza e o uso do conhecimento para guiar as ações dos homens”. Conhecer alguma coisa é saber lidar com [todealwith] um fenômeno em uma dada circunstância (1901[1875]). Isto envolve familiaridade e competência para dialogar, agir, se comportar diante dos fenômenos. À primeira vista, essa descrição nos faz pensar em art of discovery, ou na definição de ciência como “O Método”, algo comum no século XIX. Entretanto, emprego a mencionada noção de craftmanship e também de “artesanato intelectual”, de C. Wright Mills, como chaves de leitura para tentar ir além dessas concepções.

À luz disso, entendo que Clifford teve a intenção de identificar a ciência como habilidade teórico-prática que requer intervenção criativa e sagazsobre os fenômenos, competência que reúneintelecto, experiência sensível e experimentação (união “mão-

Page 124: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

120

cabeça”), que requer treino, labuta, esforço, e não está livre de erros e riscos. Algo semelhante ao ofício do artesão, ou antes, a seu modo de ser. Penso que essas e outras características do “artesanato como modelo” podem ser encontradasnos escritos de Clifford sobre ciência e vida intelectual, compondo algo como um ethos científico.

Recorro a Clifford e aos demais autores mencionados a fim de abordar, como muitos já o fizeram, a questão do “sentido da ciência para a vida”. A ciência como trabalho (intelectual, teórico, prático, manual/físico) “benfeito por si mesmo”: edificante para aqueles que o executam; passível de críticas e aprimoramentos; aberto à distribuição e disseminação pública; útil e responsável para aqueles que decidam usar seus resultados, entre outras qualidades desejáveis.Como “o desejável” é mutável, convém perguntar: para que trabalhamos do modo “X”, em nome do que procuramos fazer um trabalho benfeito – seria pelo florescimento/cultivo pessoal, pelo “bem comum”, pela “humanidade”, pelo progresso, por tudo isso junto – estariam essas instâncias em harmonia? Onde esse trabalho se realiza, em que condições? Quem se beneficia, e como?

A articulação de outros escritos e a introdução de uma fundamentação teórico-conceitual interdisciplinar permitem que o princípio ético-epistemológico de Clifford e outras noções interessantes sejam revisados, complementados e, quiçá, revitalizados. A despeito de poder incorrer em anacronismos, o esforço já seria ao menos um pretexto para questionarmos nossos valores em relação à vida científica hoje. Sendo assim, para além de oferecer informações e curiosidades histórico-filosóficas, minha intenção é proporcionar materiais para interpretar e refletir sobre nossa postura enquanto agentes epistêmicos/cognitivos, produtores e consumidores de conhecimento. Está em jogo também a formação intelectual e moral nas instituições sociais devotadas ao conhecimento, especificamente, nas universidades. Nesse sentido, a epistemologia e a filosofia da ciência são encaradas como versões codificadas de posições axiológicas. Filosofia e Ciência são “tomadas seriamente”: enquanto modos de existência/guias para a vida (FULLER, 2009). Referências

CLIFFORD, William K..Lectures and Essays. Vol.1. New York: The MacMillan Company, 1901 (3a. edição)

––––––. Lectures and Essays. Vol.2.Londres: The MacMillan Company, 1879.

––––––. Ethics of Belief and other essays. New York: Prometheus Books, 1999

FULLER, Steve. The SociologyofIntellectual Life: thecareerofthemind in anda round theAcademy. Londres: SagePublications Inc., 2009.

MADIGAN, Timothy J. W.K.Clifford and “The Ethics of Belief”. ReinoUnido: Cambridge Scholars Publishing, 2009.

MCCARTHY, Gerald D. (ed.) The EthicofBelief Debate. Atlanta, Georgia: The American AcademyofReligion, 1986.

MIGUEL, Leonardo. Pensamento coletivo, integridade de caráter e coletividade: uma leitura sobre a "ética da crença" de William Kingdon Clifford. Tese (Doutorado em Filosofia). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 118f., 2011.

MILLS, C. Wright. Sobre o artesanato intelectual e outros ensaios. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

SENNETT, Richard. O Artífice. 3ª. Edição. Rio de Janeiro: Editora Record, 2012.

Neolamarckismo no século XX: Paul Kammerer e a herança de caracteres adquiridos: o início de uma controvérsia (1900-1913) Lilian Al-Chueyr Pereira Martins [email protected] Grupo de História e Teoria da Biologia. Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP – CNPq, Brasil.

Page 125: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

121

O termo “neolamarckismo”, muitas vezes empregado de forma ampla e bastante vaga, envolve diferentes definições que apresentam um elemento em comum: a aceitação da herança ou transmissão de caracteres adquiridos (Martins, 2004). Vários cientistas têm sido associados a esse movimento no final do século XIX. Embora ele tivesse sofrido um enfraquecimento, são ainda apontados dois neolamarckistas: Hans Speman (1869-1941) e Paul Kammerer (1880-1926), nas duas primeiras décadas do século XX (Gershenowitz, 1983; Rinard, 1988; Bowler, 1979).

Kammerer, zoólogo austríaco, dedicou-se principalmente ao estudo de anfíbios concentrando-se no desenvolvimento e herança. Ficou conhecido pelos experimentos realizados com o sapo-parteiro (Alytes obstetricans) cujos resultados interpretou como favoráveis à transmissão de caracteres adquiridos. Ele considerava que o meio onde realizou os experimentos fez com que os animais adquirissem novas características. A seu ver, os efeitos do meio juntamente com o uso e desuso de órgãos, ocasionavam mudanças orgânicas, adaptação e progresso (Gliboff, 2006, p. 526).

O objetivo desta comunicação é discutir sobre os principais experimentos e evidências empíricas que levaram Kammerer a se posicionar favoravelmente à transmissão de caracteres adquiridos entre 1900 e 1913, período que antecedeu à visita de William Bateson (1861-1926) e Gladwyn Kingsley Noble (1894-1940) a seu laboratório e à controvérsia entre eles. A controvérsia propriamente dita que se intensificou entre 1914 e 1923 será tratada em uma futura comunicação.

No período analisado na presente pesquisa, Kammerer considerava conclusivas as evidências obtidas em três experimentos com lepidópteros (borboletas e mariposas). Esses experimentos tinham sido realizados por M. Sandfuss (1898) com Vanessa urticae; E. Fischer (1901) com Actia caja e Christian Schroeder (1903) com Abraxas grosulariata.

Nos experimentos acima mencionados, crisálidas de borboletas e mariposas foram submetidas a condições ambientais diferentes das normais (temperaturas extremamente baixas ou elevadas), o que provocava alterações nos padrões de coloração nas formas que emergiam. Do cruzamento entre formas normais e anormais podiam ser produzidos tanto indivíduos anormais como normais. Na visão de Kammerer os resultados desses cruzamentos podiam ser interpretados como “provando” a herança de caracteres adquiridos. Porém, para Bateson, havia outras explicações possíveis para o surgimento de formas aberracionais: o fato de serem derivadas de um único casal ou de uma única fêmea aberracional ou a grande variabilidade apresentada por esses lepidópteros na natureza (Basteson, 1913, p. 191).

Os resultados dos experimentos de Kammerer com anfíbios incluindo Alytes obstetricians, o sapo parteiro europeu, foram publicados entre 1900 e 1913 (Kammerer, 1909; Kammerer, 1910; Kammerer, 1913, por exemplo) ou mesmo posteriormente. Inicialmente, ele procurou esclarecer sobre as diferenças relacionadas ao modo de reprodução e aspectos do desenvolvimento do sapo parteiro em relação a outros anfíbios em condições de vida normais. Explicou que o sapo parteiro, ao contrário da maioria dos anfíbios, não deposita seus ovos na água. Esses ovos que são depositados na terra e assumem a forma de um filamento, são cobertos por uma camada de gelatina impermeável à água. O macho pressiona suas patas traseiras sobre o filamento de ovos (agora empacotados firmemente em forma de bola) e o carrega na parte superior de suas patas posteriores até que os girinos emerjam dos ovos.

Nesses experimentos, Kammerer percebeu que o aumento da temperatura (de 77°F a 86°F) alterava o desenvolvimento do ovo e o modo de propagação dos sapos parteiros. O período de acasalamento passava a ocorrer na água onde os ovos eram depositados. A gelatina que cobre os ovos começava a se desenvolver no momento em que entrava em contato com a água. Devido à perda de adesão, a bola firme não se formava e o macho não conseguia prender o filamento de ovos em suas patas posteriores. Os ovos permaneciam na água e somente alguns dentre eles produziam girinos. (Kammerer, 1924, pp. 52-53).

As mudanças na estrutura incluíam o desenvolvimento de almofadas nupciais ásperas e pretas sobre os dedos das patas dianteiras e o fortalecimento dos músculos dos membros anteriores. Ao realizar cruzamentos experimentais, Kammerer constatou que essas modificações podiam ser herdadas. Portanto, considerou tratar-se de transmissão de caracteres adquiridos.

Esses experimentos foram criticados na época por August Weismann (1834-1914) e Julius Schaxel (1887-1943). Por outro lado, Bateson considerava que havia aspectos que demandavam esclarecimentos principalmente aqueles que diziam respeito às almofadas nupciais.

Page 126: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

122

A análise desenvolvida mostrou que os cientistas podem considerar as evidências empíricas de modo diferente. Nos experimentos discutidos, elas foram suficientes para Kammerer mas não para Bateson. Sua atitude era de expectativa crítica, não de negação (Martins, 2002; Martins, 2012). Ele tinha dúvidas e necessitava de mais evidências e esclarecimentos tanto em relação aos resultados dos experimentos com lepidópteros como no caso do sapo parteiro. No entanto, este foi apenas o início de uma longa controvérsia que se estendeu nos anos que se seguiram.

Referências

BATESON, William. Problems of Genetics. [1913]. New Haven/London: Yale University Press, 1979.

BOWLER, Peter. Evolution: the history of an idea. 2ª edição. Berkeley: University of California Press, 1989.

GERSHENOWITZ, Harry. Arthur Koestler’s osculation with Lamarckism and Neo-Lamarckism. Indian Journal of History of Science 18 18 18 18 (1): 1-18, 1983.

GLIBOFF, Sander. The case of Paul Kammerer. Evolution and experimentation in the early 20th century. Journal of the History of Biology 39: 39: 39: 39: 525-563, 2006.

KAMMERER, Paul. Verebung erzwungener Fortpflanzungsanpassungen, III. Die Nachkommen der nicht brutpflegenden Alytes obstetricans. Archivfuer Entwicklungmechanik 28 (4). 1909.

––––––. Vererbung erzwwungner Farb- Und Fortpflanzungsveraenderungen bei Amphibien.Verhandlungen der gesellchaft deutscher Naturforscher und Aerste Salsburg 2 (1): 173-176, 1910.

––––––. Adaptation and inheritance in the light of modern experimental investigation. Annual Report of the Smithsonian Institution, 1913.

––––––. The inheritance of acquired characteristics. Transl. Maerker-Branden, A.P. New York: Boni and Liveright, 1924.

MARTINS, Lilian A.-C. P. Herbert Spencer e o Neolamarckismo: um estudo de caso. In: MARTINS, Roberto de A.; MARTINS, Lilian A.-C. P.; SILVA, Cibelle Celestino; FERREIRA, Juliana Mesquita Hidalgo (eds.) Filosofia e História da Ciência no Cone Sul. Campinas: AFHIC, 2008.

––––––. Diferentes “estilos” ou “personalidades” científicas: um estudo de caso. Pp. 258-265. In: HORENSTEIN, Norma; MINHOT, Leticia; SEVERGNINI, Hernán (eds.).Epistemología e Historia de la Ciencia. Selección de Trabajos de las XII Jornadas, Facultad de Filosofía e Humanidades. Vol. 8. Córdoba: Universidad Nacional de Córdoba, 2002.

––––––. Um representante do estilo de pensamento científico ‘compreensivo’: William Bateson (1861-1926): ciência, arte e religião. Filosofia e História da Biologia 7 7 7 7 (1): 117-136, 2012.

RINARD, R. G. Neo-lamarckism and technique. Hans Speman and the development pf experimental embyology. Journal of the History of Biology 21 21 21 21 (1): 95-118, 1988.

Novas biotecnologias e bionanotecnologia: um desafio premente à Filosofia da Técnica e Tecnologia Lilian Godoy [email protected] Faculdade Interdisciplinar de Humanidades, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Diamantina, MG, e Núcleo de Estudos do Pensamento Contemporâneo, Fafich, Universidade Federal de Minas Gerais

Simpósio 2: “Inovação tecnocientífica” Os experimentos e usos das novas biotecnologias, em especial a bionanotecnologia, sobretudo em seres humanos, colocam uma série de questões que vêm sendo debatidas já há alguns anos pelos pesquisadores do NEPC/UFMG, com particular ênfase à perspectiva da regulação. Tal discussão mostrou ser inadiável uma reflexão quanto a ponderar se a regulação para essa emergente área de pesquisa e aplicação pode, em alguma medida, comprometer a liberdade dos cientistas que atuam nessa área e, por consequência, obstar o

Page 127: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

123

avanço da própria ciência. A presente exposição pretende o enfrentamento de tal questão, esboçando algumas possíveis respostas para ela. Uma brevíssima visão histórica dos sistemas lógicos na Índia antiga Lincoln Tadeu Zacconi [email protected] Graduado no Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo

O enfoque desta fala será sobre o desenvolvimento histórico dos sistemas lógicos de três escolas filosóficas, Nyāya, Buddhismo e o Jainismo. Apesar de existirem seis correntes de pensamento dentro da filosofia indiana, os mais representativos podem ser focados nestas três escolas. Para dar continuidade a esta breve narrativa, dois esclarecimentos se fazem necessários o desenvolvimento do sânscrito e a forma do registro escrito. O sânscrito é uma linguagem extremamente estruturada que passou por duas grandes fases até ser definitivamente delineado e estruturado. A mais antiga é denominada sânscrito védico, cujas bases remontam por volta de dois mil anos e sua segunda fase, denominada de sânscrito clássico, que é formada por dois períodos; uma primeira fase formada pela literatura épica e uma segunda fase que é sua padronização feita pelo linguista Pānini por volta de 500 EC tendo como base de sua obra outros estudos gramáticos mais antigos cujos registros físicos não sobreviveram. A precisão e cientificidade do trabalho de Pānini é tão grande que influenciou o linguista Sauserre, que em sua obra: Mémoire sur le système primitif des voyelles dans les langues indo-européennes, comenta da influência do linguista indiano em sua obra. A obra de Pānini pode ser considerada como sendo uma pioneira dos sistemas formais, uma vez que para desenvolver seu trabalho ele usou um método de “símbolos auxiliares” pelos quais novos afixos são designados para marcar categorias sintáticas e controlar as derivações gramaticais. Esta técnica foi, por assim dizer, “redescoberta” por Emil Post vindo a se tornar um método padrão para o desenho de linguagens de programação computacionais. Tendo em vista estes elementos existem evidências demostradas (principalmente por Saussure) da existência, dentro do sânscrito, de um antigo domínio de um contexto gramático sensível e uma habilidade geral para solucionar problemas, a tal ponto que Frits Staal ter comentando que Pānini seria o Euclides indiano.

O outro ponto, a ser comentado, é o estilo literário para a redação “técnica” denominado sūtra. Este modo de escrita consiste em expor as ideias principais, formando como uma listagem de tópicos, que posteriormente, serão analisados e comentados. O que se tem como corpus canônico de uma determinada corrente de pensamento é o conjunto das obras formadas pela seguinte estrutura: 1) os sūtras – um conjunto de declarações tais como “fórmulas” abreviadas; 2) bhāsya – comentário sobre um sutra cuja função é expandi-lo e entrelaça-lo; 3) vārtika – um subcomentário ao bhāsya mostrando construções particulares do sūtra, mostrando alternativas, fazendo revisões e ajustes quando necessário e 3) nibhanda – comentário de alto nível que dá continuidade ao processo de revisão e ajuste.

Sobre o desenvolvimento da lógica na Índia pode ser adotada, de forma didática, uma ordem cronológica sobre os três principais sistemas, a saber; a antiga escola Nyāya, o período Budhhista, e a nova escola Nyāya (navya nyāya). Devido à complexidade e extensão do tema, este trabalho ficará restrito ao histórico das escolas Nyāya, Buddhista e Jainista.

A antiga escola Nyāya teve seu início por volta do século VI AEC como uma parte da escola Vaiśesica. O termo nyāya pode ter como traduções as seguintes acepções; argumento, método, regra e especialmente coleção de regras universais gerais desta forma este ramo do conhecimento era dedicado a desenvolver as várias técnicas de como poderiam ser estruturados e conduzidos os argumentos dentro de uma demonstração ou durante um debate. Esta técnica influenciou as demais escolas, sendo portanto a base de todos sistemas decorrentes. Durante este período é desenvolvida uma estrutura em cinco partes para esta metodologia de inferência, estes passos eram: 1) Pratijñā – o elemento a ser provado, a tese, 2) Hetu – a razão, 3) Udāhārana – exemplificação ou citação de um exemplo para ilustrar a relação lógica entre os dois primeiros elementos, 4) Upanaya – aplicação de uma regra, lei, ou fato já demonstrado para o caso apresentado e 5) Nigamana – conclusão.

Page 128: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

124

Este sistema lógico seguiu de uma certa forma ainda dependente da escola Vaiśesica, mas influenciado outras escolas filosóficas da Índia, até por volta do século II AEC, quando surge os Nyāyasūtra, obra escrita por Aksapāda Gotama. A partir de então a escola Vaiśesica é absorvida pela Nyāya. Além de um desenvolvimento maior do sistema lógico, esta escola lança uma metodologia do que é e como se obter o verdadeiro conhecimento.

O Buddhismo teve seu início por volta do século VI AEC tendo como fundador Gautama Sidharta. A princípio sua estrutura era mais religiosa que filosófica, mas pouco a pouco teve sua visão filosófica cada vez mais afirmada até, praticamente, possuir quase uma dupla vida, uma religiosa e outra exclusivamente filosófica. Nesse ambiente também surgiu um sistema lógico para poder dar consistência aos argumentos apresentados, a principio um sistema que tem semelhanças com o sistema nyāya, mas a partir dos estudos de Dignāga uma nova lógica toma forma.

Esta forma tem como base um sistema de quatro resoluções, assim os argumentos são analisados segundo as seguintes condições: 1) isto é verdade (e apenas verdade), 2) isto é falso (e apenas falso), 3) isto é ambos, verdadeiro e falso e 4) isto não é nem verdadeiro nem falso. Este sistema é denominado catuskoti (quatro cantos) e amplamente usado por Nāgārjuna em sua obra (em sua obra ele denomina este método de tiras de diamante).

O catuskoti (no ocidente tetralema) e é baseado no que o buddhismo determina como “grupo das quatro funções discretas” teve como base o seguinte pensamento: 1) Ser; 2) Não ser; 3) Ser e não Ser; 4) Nem Ser e nem não Ser.

A última escola a ser comentada é o Jainismo. Apesar de ser considerada uma escola muito antiga, seu conhecimento passa a ser reconhecido a partir do século VI AEC (sendo contemporânea ao Buddhismo) através do principal professor desta escola Mahāvīra.

O jainismo também gerou uma contribuição impar para os sistemas lógicos indianos, por se preocupar com a epistemologia, principalmente com o segmento que cuida da natureza do conhecimento, mais especificamente com as derivações do conhecimento e por que meios o conhecimento pode ser considerado crível e viável. De acordo com os princípios jainistas o último princípio deve sempre ser lógico e nenhum princípio pode ser desprovido de lógica e razão.

Assim, encontra-se nos textos jainistas, exortações deliberativas sobre qualquer assunto em todos os seus fatos, decompondo-os de tal modo que eles possam ter uma argumentação construtiva ou obstrutivas, inferenciais ou analítica, esclarecedora ou destrutiva.

A esse método os jainistas dão o nome de doutrina da relatividade e que deve ser usada na lógica e no raciocínio e assim pode ser categorizado: 1) Anekāntavāda – teoria do pluralismo relativo ou multiplicidade, 2) Syādvāda – teoria da predicação condicionada e 3) Nayavāda – teoria dos pontos de vista parciais.

O que se nota a partir destas categorizações é que a teoria lógica jainista tem como base a ideia que a realidade, no que toca a sua totalidade, não tem como ser apreendida pelos sentidos e nem expressa pelo intelecto. Ela é de tal forma complexa e múltipla que as verdades que são postuladas a seu respeito são necessariamente relativas. Referências

Matilal, B. K. Logic, language and reality. Delhi: Motilal Banasridass Publihsers, 2008.

Stcherbatsky, Th. Buddhist logic. Delhi: Motilal Banasridass Publihsers, 2008, 2 vol.

Vidyabhusana, S. C. History of Indian logic. Delhi: Motilal Banasridass Publihsers, 2006.

A controvérsia Fisher-Wright: uma questão de estilo Lorenzo Baravalle [email protected] Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, SP – IEA/USP, Brasil.

Simpósio 4: “Estilos de raciocínio científico”

Page 129: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

125

Defenderei aqui a tese de que a noção de estilo de pensamento, ou raciocínio, científico, originariamente concebida pelo historiador da ciência Alistair Crombie, é uma ferramenta analítica útil para compreender as razões por trás de alguns casos de desacordo em ciência. Mesmo que a noção de estilo não tenha encontrado ainda uma formulação rigorosa, sugerirei que é intuitivamente interessante pelas razões expostas principalmente por Ian Hacking e Otávio Bueno. Para defender minha tese, discutirei um caso de estudo famoso: a controvérsia entre Ronald Fisher e Sewall Wright, e seus seguidores, sobre as dinâmicas evolutivas das populações naturais. O caso é particularmente interessante porque não há aparentemente evidência empírica ou motivações teóricas conclusivas para defender uma perspectiva sobre a outra. Portanto, argumentarei que a persistência da controvérsia pode ser proveitosamente entendida como uma divergência de estilos. Esse enfoque recebe um apoio notável por parte dos biógrafos e críticos tanto de Fisher como de Wright. Em conclusão, mostrarei como é possível estender o alcance de minha análise a outros casos de desacordo em biologia. Anóxia neonatal: revisão histórica e modelos de estudo Luana Angélica Janota de Carvalho [email protected] Mestranda em Ciências Morfofuncionais, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Francisco Rômulo Monte Ferreira [email protected] Pós-doutorando no Depto. de Filosofia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Silvia Honda Takada [email protected] Pós-doutoranda no Centro de Matemática, Computação e Cognição (CMCC), Universidade Federal do ABC (UFABC), São Bernardo do Campo, SP, Brasil.

Maria Inês Nogueira [email protected] Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Esse estudo objetiva examinar a evolução temporal dos modelos e dos fenômenos relacionados à anóxia neonatal a partir da descoberta do oxigênio e de sua relevância orgânica, bem como as avaliações aventadas sobre causas e efeitos de sua privação para a vida. Serão considerados também os modelos de experimentação animal, já usados em estudos desta questão.

A anóxia neonatal, hoje definida como a falta de oxigenação ao nascimento, é um quadro de importância clínica mundial que acomete cerca de 0,2% dos nascidos a termo e 60% dos nascidos prematuramente (Vannucci, 1999 e Mcdonalds 1980).

A importância do oxigênio para a vida é condição crucial descrita por Aristóteles (384-322 a.C.) quando observou que o ar no alto das montanhas não era ideal para a vida (Courville, 1947a). A descoberta desse gás ocorreu entre 1772 e 1774 por Carl Wilhelm Scheele (1742-1786) e Joseph Priestley (1733-1804), sendo denominado oxigênio por Antoine Lavoisier (1743-1794).

Os romanos, destacando Marcos Vitruvio (apud Courville, 1947a), foram talvez os primeiros a observar sua relação com a chama da vela para identificar condição adequada a respiração em minas longas e profundas; caso a chama continuasse acessa era evidência de que o ambiente continha suficiente oxigênio para manutenção da vida.

A partir de então, diversos pesquisadores observaram as características do quadro de ‘sulfocatione’ (John Chenk, 1644): Thomas Platter (1574-1628); Jean Riolan (1577-1657); Thomas Bartholin (1616-1680); Richard Lower (1631-1691); Johann Jakob Wepfer (1620-1695) e Charles Bonnet (1720-1793).

O fisiologista britânico Sir Joseph Barcrof (1920) foi provavelmente um dos primeiros a definir algumas propriedades para o fenômeno da anóxia, previamente

Page 130: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

126

denominada como sufocação do recém-nascido (Roederer, 1760), asphyxia neophytorum (Ehrhart, 1785/1789), asphyxia neonatorum (Regnier, 1789) e morte aparente do recém-nascido (Lofler, 1792).

O tema passou a ser abordado com modelos de experimentação animal no decorrer do século XX em diferentes espécies: Windle (1942/43) com “guinea pig”, Morrison (1946) com cachorros e macacos, Campbell e colaboradores (1968) com coelhos e Rice e colaboradores (1981), Levine (1960), Hershkowitz, M., Grimm. V. E. e Speiser, Z (1983), Nyakas e cols (1991), Takada e cols (2011) e inúmeros outros com estudos em ratos.

Nestes são avaliados aspectos comportamentais e histológicos e há ainda necessidade de estudos sobre o tema, abordando aspectos diversos e avaliando possíveis soluções para os problemas decorrentes dessa injúria. Uma análise do conceito de feminilidade nos textos de Sigmund Freud Luana Fonseca da Silva Rocha [email protected] Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ensino, Filosofia e História da Ciência na Universidade Federal da Bahia (UFBA)/Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), BA, Brasil.

Gustavo Rodrigues Rocha [email protected] Depto. de Física, Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), BA, Brasil.

Estudos etnopsicológicos recentes têm produzido uma enorme quantidade de evidências da não universalidade das categorias fundamentais da psicologia moderna (como cognição, emoção, personalidade, aprendizagem, inteligência e motivação). Desta forma, torna-se patente a natureza histórica dos conceitos e categorias da psicologia moderna.

As categorias psicológicas, por sua vez, – como personalidade (categoria que presume a existência de indivíduos cujos atributos são abstraídos e isolados de suas esferas sociais) – se fundamentam em distinções que, também, são construções históricas, como a própria distinção entre indivíduo e sociedade, ou a oposição entre racional e irracional, ou a separação entre cognitivo e afetivo.

A história do indivíduo e a história da sociedade, assim como as categorias e os conceitos da psicologia, são, nos relatos históricos da psicologia, como encontrados nas universidades, histórias distintas e mutuamente independentes, senão muitas vezes excludentes. A historiografia recente da psicologia tem cumprido – em uma narrativa onde história intelectual, história social e biografia não se separam – a tarefa de superar esta perspectiva a-histórica e presenteísta da história da psicologia.

O conceito de feminilidade em Freud é formulado dentro do período das décadas de 1910 e 1930. No terceiro ensaio dos "Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade" (1905), Freud pouco diferencia a formação dos caracteres feminino e masculino. Posteriormente, a sua teoria da sexualidade infantil de 1905 – pedra angular de toda a teoria psicanalítica ulterior – passou pela sua primeira revisão com a introdução das teorias do narcisismo, de 1914, e da libido, de 1915.

A distinção entre libido de objeto – em que o sujeito ama a pessoa que o assiste ou protege – e libido de ego – em que o sujeito ama um objeto modelado no seu amor por si próprio – acaba por definir uma diferença fundamental no desenvolvimento do menino e da menina. Os conceitos de masculinidade e feminilidade são moldados, neste caso, pela escolha objetal (independente do sexo da criança) desta fase do desenvolvimento, a saber, da passagem do amor narcísico ao amor objetal.

Posteriormente, Freud trabalhou as consequências das diferenças entre "complexo de castração" e "inveja do pênis" no desenvolvimento de homens e mulheres. Entre os textos principais encontram-se "A Organização Genital Infantil" (1923), "A Dissolução do Complexo de Édipo" (1924) e "Algumas Consequências Psíquicas da Distinção Anatômica entre os Sexos" (1925). Este modelo freudiano a respeito do destino das relações posteriores emergindo do fato de serem repetições das vicissitudes da libido da primeira infância é aplicado ao desenvolvimento das mulheres. Entre os textos principais encontram-se "Sexualidade Feminina" (1931) e "Feminilidade" (1933).

Page 131: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

127

A posteridade interpretou a convicção de Freud na influência da falta de pênis na configuração da feminilidade uma ideia fixa. O próprio Freud promovia debates à medida que edificava as suas teorias. O primeiro debate sobre o conceito de feminilidade ocorreu entre Freud e suas discípulas mulheres ainda nas décadas de 1920 e 1930 – como Karen Horney, Melanie Klein e Helene Deutsch. A tese da "inveja do pênis" suscitou entre as feministas a maior oposição à psicanálise (como encontrada, por exemplo, nos trabalhos de Simone de Beauvoir, Betty Friedan e Kate Millett).

Simone de Beauvoir, por exemplo, em sua obra O Segundo Sexo (1949), já apontava a falta de contexto histórico, a saber, a ordem social falocêntrica da Viena fin-de siècle, no desenvolvimento do conceito de feminilidade em Freud, tomando como existente aquilo que, na verdade, deveria ser explicado.

O sintoma corporal das histéricas deste período revelou o sintoma social de uma época. O conceito de feminilidade é sustentado, como se tornará claro, por uma série de categorias auxiliares – como a própria classificação das psicopatologias – que revelam as condições sociais das mulheres da Viena fin-de siècle.

Nesta comunicaçãobusca-se, justamente, através da história social, explicitar esta ordem social, mais assumida de maneira tácita, do que questionada de forma crítica, que existente previamente à formulação do conceito freudiano de feminilidade.

Referências

APPIGNANESI, Lisa; FORRESTER, John. (2010). As Mulheres de Freud. Rio de Janeiro, Editora Record.

ASSOUN, Paul-Laurent. (1993). Freud e a Mulher. Rio de Janeiro, Editora Jorge Zahar.

BERTIN, Célia. (1989). A Mulher em Viena nos Tempos de Freud. Campinas, Editora Papirus.

DE BEAUVOIR, Simone. (1949). O Segundo Sexo: Fatos e Mitos. São Paulo, Difusão Europeia do Livro.

FREUD, Sigmund. Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. 24 Vol. Rio de Janeiro, Editora Imago.

HARDING, Sandra. (1986). The Science Question in Feminism. Ithaca, Cornell University Press.

HUNTER, Dianne. (1983). "Hysteria, Psychoanalysis, and Feminism: The Case of Anna O.". In: Feminist Studies, Vol. 9, No 3, pp. 464-488.

Transgênicos e o princípio de equivalência substancial: uma perspectiva epistemológica a partir da química Luciana Zaterka [email protected] Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, SP, Brasil.

Mesa redonda "Aspectos das tecnologias biogeneticoquímicas na agricultura"

Nas últimas décadas, observamos inúmeros debates sobre a liberação comercial dos Organismos Geneticamente Modificados. Uma das questões que permeia esse debate diz respeito aos impactos e riscos da liberação de plantas transgênicas em grande escala no meio ambiente. Com relação à essa temática, notamos posições antagônicas. Enquanto os EUA, por exemplo, adotam uma política voltada para a liberação de produtos transgênicos, a União Europeia criou mecanismos reguladores que restringem a sua adoção. O que gostaríamos de investigar é a razão, ou os fatores científicos que mobilizam perspectivas tão díspares.

Do ponto de vista epistemológico, os principais argumentos envolvidos no debate baseiam-se na discussão sobre a cientificidade ou não do Princípio de Equivalência Substancial. Tal princípio afirma que os OGMs são quimicamente equivalentes aos organismos obtidos por meio de técnicas convencionais de melhoramento genético, não requerendo, portanto, estudos toxicológicos adicionais. A questão que gostaríamos de formular diz respeito, então, à cientificidade de tal princípio, especialmente no que tange à

Page 132: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

128

questão propriamente química. De fato, veremos que o princípio de equivalência substancial está conceitualmente estruturado na comparação quantitativa de alguns componentes químico-biológicos da planta transgênica com a não-transgênica. Valores dentro dos ‘padrões internacionais estabelecidos’ permitem concluir que essas plantas são equivalentes na exceção das características inseridas por transgenia, e desta maneira que estas novas plantas não apresentariam mais riscos do que as convencionais. Do ponto de vista químico, aparentes semelhanças de macro e microcomponentes de nutrientes em culturas geneticamente modificadas e seus homólogos convencionais estabelecidas por análises químicas, por mais sofisticadas que sejam, não conseguem revelar a presença de componentes tóxicos desconhecidos, bem como componentes alergênicos, que podem resultar, sabemos, de efeitos inesperados da inserção de um novo gene no genoma da planta. Neste sentido, parece que as análises químicas propostas não conseguem relacionar sozinhas os possíveis efeitos de cunho bioquímico, toxicológico e imunológico dos alimentos transgênicos, pois o princípiorestringe as análises à composição química, molecular e analítica dos transgênicos.

Assim, esta perspectiva apresenta uma visão de ciência descontextualizada e reducionista, que reafirma o mito da absoluta previsibilidade da natureza, ao estabelecersimplesrelações de causalidade entre os fenômenos naturais. Isto significa a desconsideração dos âmbitos de complexidade e contextualização da ciência química contemporânea. Neste sentido, não problematiza, por exemplo, a questão nuclear da “ecologia dos genes”, ou seja, um estudo no qual a regulação das funções metabólicas dos organismos esteja em estreita relação com uma ampla rede de sequencias genômicas interdependentes, em interação, inclusive, com fatores ambientais. Ora, o interior de uma célula é totalmente diferente do interior de um tubo de ensaio. Os componentes “interferentes” eliminados na purificação de um dado experimento podem ser cruciais para a função biológica ou para a regulação da molécula purificada. O desafio colocado está na compreensão das influências da organização celular e das associações macromoleculares sobre a função das enzimas individuais e outras biomoléculas.

Entendemos que essa temática manifesta tanto um problema epistemológico de fundo, qual seja, o locus da incerteza científica na nossa contemporaneidade, como uma questão de cunho moral e normativo, acerca do que fazer com essas incertezas. Referências

Cartujo, Jósean Larrión. Estilos de gestión de incertidumbre: Los produtos transgénicos y la polémica sobre la viabilidade delprincipio de equivalência substancial. Athenea Digital, 14, p. 105-122, 2008.

Millstone, E., Brunner, E. & Mayer, S. Beyond ‘substantial equivalence’. Nature, 401, p. 525-526, 1999.

Nodari, Rubens Onofri; Guerra, Miguel Pedro. Avaliação de riscos ambientais de plantas transgênicas. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v.18, p. 81-116, jan./abr., 2001.

OCDE (1992) Safety evaluation of foods derived from modern biotechnology, concepts and principles. Paris. 74 p. Disponível: OCDE site. URL: http:// www.oecd.org/subject/biotech/.

OMS (1995) Application of the principles of substantial equivalence to the safety evaluation of foods or food components from plants derived by modern biotechnology. Report of a WHO Workshop. Genebra. 80 p.

História, matéria e operacionalidade: o “programa baconiano” e a gênese histórico-conceitual da química moderna Luciana Zaterka [email protected] Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, SP, Brasil.

Ronei Clécio Mocellin [email protected] Departamento de Filosofia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil.

Page 133: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

129

O novo programa de Francis Bacon (1561-1626) para a História Natural, particularmente a sua concepção de História das Artes, pode ser um acesso importante para os estudos da gênese histórico-conceitual da química moderna. Neste sentido, tentaremos elucidar, num primeiro momento, o significado mesmo deste programa. Para tanto, nosso primeiro objetivo será compreender as razões que fizeram da química o conhecimento chave deste. Aqui será necessário um estudo sobre a terceira parte do empreendimento baconiano, aquele dedicado às Histórias Naturais, em especial sua Historia densi et rare (1658), a Historia vitae & mortis (1623), bem como seu Parasceve ad historiam naturalem et experimentalem (1620), obras em que Bacon apresenta e fornece inúmeros exemplos do que compreende por uma história natural e experimental da natureza.

É interessante que, para o autor do Novum Organum, as histórias apresentam na sua efetividade a operacionalidade da matéria em suas várias texturas ontológicas. Portanto, Bacon acredita que esses processos ocorrem tanto no âmbito dos diminutos corpos (causando as suas dissoluções, rarefações, condensações, etc.), como num registro de maior complexidade como o corpo humano, no qual então os espíritos – corpos materiais, extremamente sutis e sem peso, que possuem apetites e impulsos e são, assim, os responsáveis pela atividade da matéria – irão se juntar ou volatizar causando, por exemplo, as doenças, a velhice e mesmo a morte. Esta perspectiva baconiana manifesta claramente uma preocupação com a materialidade e a operacionalidade das substâncias.

Não estamos no domínio metafísico de uma substância em geral, mas sim no âmbito de substâncias particulares que poderão, então, ser analisadas pelo método a posteriori que emerge fundamentalmente de uma história experimental das coisas. Como consequência deste novo programa de conhecimento, observamos o surgimento de uma epistemologia fortemente empírica e uma metafísica anti-essencialista, em que a química terá um lugar privilegiado. Por isso, o laboratório químico será o ponto de encontro entre a tradição alquímica/química e a filosofia de Bacon, onde operações técnicas tornam o artefato indistinto do natural. O laboratório não é um gabinete de curiosidades ou um espaço de demonstração de leis naturais, mas um lugar onde se constrói a experimentação, ou seja, onde ocorrem, através de operações, as transformações materiais.

Assim, nosso segundo objetivo consistirá em apontar os desdobramentos de uma filosofia química baconiana, que se origina nesses locais epistêmicos específicos e cujos produtos, materiais e conceituais, se capilarizam em outros contextos. Para uma análise mais detalhada desses desdobramentos, sugeriremos a entrada em um laboratório do século das Luzes, tal como aquele representado na Encyclopédie de Diderot e d’Alembert, no qual buscaremos compreender a efetiva manipulação técnica sobre os materiais. Concluiremos apontando que o programa baconiano não apenas fundamenta-se na química, mas também que a passagem deste conhecimento de um conjunto de receitas empíricas para um discurso propriamente experimentalapoiou-se na filosofia natural sustentada pelo programa baconiano. Portanto, assim como este programa faz das práticas e operações materiais realizadas pelos alquimistas/químicos sua fonte de referência ontológica, a partir dele o conhecimento químico ganhará novos contornos e objetivos materiais e conceituais, o que muito contribuirá para a construção de sua identidade epistêmica. Referências

Bacon, Francis.The Works of Francis Bacon. Org. e traduçõesinglesas de James Spedding, Robert Leslie e Douglas D. Heath. Longman & Co: London,1857-1874. 14 vols. Reimpressão: Stuttgart/Bad-Cannstatt: Fr. Frommann, G. Holzboog, 1963.

Bensaude-Vincent, B.; Blondel, C. (Eds.). Science and Spectacle in the European Enlightenment. Cornwall: ASHGATE, 2008.

Boyle, R. The works of Robert Boyle, ed. Michael Hunter and Edward Davis. London: Pickering &Chatto, 1999.

Diderot, D. De l’interprétation de la nature. In Ouevres Complètes. Paris: Garnier Frères, 1875. Documento em www.gallica.fr

Joly, B. Descartes et la chimie. Paris : Vrin, 2011.

Klein, U, and W. Lefèvre. Materials in eighteenth-century science: a historical ontology. Massachusetts: MIT Press, 2007.

Lehman, C. ; Pépin, F. (Org.). La chimie et l’Encyclopédie. Corpus, revue de philosophie, 56, 2009.

Page 134: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

130

Pépin, F. La philosophie expérimentale de Diderot et la chimie: Philosophie, sciences et arts. Garnier, 2012.

Sukopp T. Robert Boyle, Baconian Science and the Rise of Chemistry in the Seventeenth Century. Society and Politics 7: 54-73, 2013.

Venel, G-F. Chymie. In: Diderot, D. &D’Alembert, J. (Eds.). Encyclopédie, ou Dictionnaire Raisonné des Sciences et des Arts et Métiers. Documento em http://encyclopedie.uchicago.edu/

Aplicaciones de una teoría semántica reticular de los valores Luis Miguel Peris Viñé [email protected] Universidad de Granada, Granada, España

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales” Los valores como terreno de discusión filosófica ha sido poco transitado por la filosofía de la ciencia. Defenderé que la filosofía contemporánea de la ciencia tiene recursos para participar en esa discusión, articularé esos recursos en una teoría general y la aplicaré a algunas discusiones propias de los debates axiológicos. Una perspectiva formal sobre la lógica y los errores en el razonamiento Luis Urtubey [email protected]

Diego Letzen [email protected] Universidad Nacional de Córdoba, Córdoba, Argentina.

En las últimas décadas, con el auge de los estudios sobre cognición y razonamiento humano, así como de sistemas y enfoques de la lógica no tradicionales, muchas de corte “psicologistas”, el estudio de las falacias y de los errores de razonamiento en general, han recibido un nuevo impulso y sobre todo cambios radicales de perspectivas.

Ya en los años 90 del siglo pasado, Gilovich (1991) señalaba que “la gente no sostenía creencias cuestionables simplemente porque fueran estúpidos o crédulos”. Por el contrario, existiría una razón más interesante, producto de la evolución, la cual nos dio “poderosas herramientas intelectuales para procesar cantidades inmensas de información con eficiencia y velocidad. De esto resulta, que nuestras creencias más cuestionables derivan de un mal uso de estrategias por lo general válidas y efectivas para ganar conocimiento. En este estudio, precursor de las nuevas tendencias en la consideración del error, se pone de relieve que del mismo modo en que estamos sujetos a ilusiones perceptivas, a pesar y también a causa de nuestras extraordinarias capacidades perceptivas, así también muchos de los errores cognitivos resultan un costo inevitable que pagamos por nuestra gran eficiencia en este terreno. Esta valoración ahora positiva del error, lleva a pensar que su estudio ampliará nuestra comprensión también del razonamiento humano. Es decir, que en lugar de condenar el error a un ámbito negativo e inútil, se trata de reconocer que es más bien una consecuencia más que aceptable que hace a la vez posible nuestra extraordinaria capacidad cognitiva. También desde la filosofía de la ciencia se ha destacado la importancia de considerar el error en relación con la investigación científica, en especial en los aspectos metodológicos. Deborah Mayo (1998) enfatiza quizás por primera la pregunta respecto a cómo es que obtenemos conocimiento sobre el mundo a pesar del error. El uso de la probabilidad parece así ser algo central para tener inferencias científicas confiables.

Más recientemente, en una dirección afín con estas ideas, Woods (2013) señala que la lógica ha dado poca importancia a los errores de razonamiento. Según Woods, tal como fue concebida tradicionalmente, la lógica investiga los principios del razonamiento correcto. Dicha tarea implica, en algún sentido, una teoría del error, puesto que esto es lo que precisamente el razonamiento correcto debe evitar. Sin embargo, la lógica no ha

Page 135: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

131

prestado mayor atención al concepto de error y en cualquier caso esto se ha hecho sobre la base de justificaciones precarias y sobre todo cierta indiferencia al razonamiento tal como es practicado por los seres humanos en la vida real.

Woods se detiene en la teoría de las falacias, criticando el modo en que ha sido tradicionalmente entendida y postula de manera programática un enfoque que supone una concepción naturalizada de la lógica, lo que denomina una “tercera vía”, apoyada en un modelo de “respuesta causal”, dejando de lado tanto los criterios de validez deductiva como los de fuerza inductiva de la lógica más tradicional.

Sin considerar específicamente el tema del error, Leitgeb (2004) proporciona un marco formal en el que se diferencian razonadores de “alto nivel” y de “bajo nivel”. Los primeros serían razonadores ideales comprometidos con las leyes lógicas y con una concepción internalista de la justificación de la inferencia. Las inferencias de “bajo nivel” se ubican a un nivel inferior en la complejidad cognitiva requerida para un agente o inferencia y también en los estándares epistemológicos que serán aplicados. Leitgeb se propone desarrollar de manera efectiva un sistema que pretende caracterizar este tipo de inferencias.

En este trabajo intentaremos desarrollar una hipótesis relativa a determinar la medida en que la noción de inferencias de bajo nivel, que introdujo Leitgeb, nos puede servir para estructurar una “lógica del error” que rescata – al menos en parte – los planteos realizados por Woods respecto a esa “tercera vía” adecuada para representar el razonamiento humano ordinario.

Respecto a la utilidad que esta línea de trabajo podría tener, podemos señalar que el hecho de acercar la lógica al razonamiento común sigue siendo uno de los desafíos más importantes para la investigación en este terreno. En particular, respecto a nuestra propuesta, un área que nos interesa en especial es la de los errores en el razonamiento lógico y también matemático, que se manifiestan en el proceso de aprendizaje. Contar con un modelo formal con el cual abordar la consideración del error en el razonamiento permitiría tener una base para diseñar sistemas que reconozcan errores en el razonamiento e interactúen de manera más eficaz en la interface, por ejemplo, de demostradores automáticos. Investigaciones en esta dirección relativas al error en las demostraciones matemáticas han sido expuestas en Gabriella Daròczy y Walther Neuper (2013).

Referencias

Daròczy, G. & W. Neuper. (2013). Error-Patterns within “Next-Step-Guidance” in TP-based Educational Systems. The Electronic Journal of Mathematics and Technology, Volume 7, Number 2.

Gilovich, T. (1991). How We Know What Isn’t So: The Fallibility of Human Reason in Everyday Life. New York: The Free Press.

Leitgeb, H. (2004). Inferences on the Low Level. Springer. Dordrecht.

Mayo, D. (1996). Error and the growth of Experimental Knowledge. University of Chicago Press. Chicago. USA.

Woods, J. (2014) Errors of Reasoning. Naturalizing the Logic of Inference, Studies in Logic 45, College Publications, London.

La lógica modal en la consideración estratégica del razonamiento deductivo Luis Urtubey [email protected]

Sebastián Ferrando [email protected]

Alba Massolo [email protected]

Facultad de Filosofía y Humanidades, Universidad Nacional de Córdoba, Córdoba, Argentina.

Page 136: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

132

Como señala Evans (2012), en los últimos años se ha producido un cambio de paradigma en los estudios sobre psicología del razonamiento humano. Asumiendo una perspectiva también cognitiva, en el caso particular del razonamiento deductivo, este cambio ha consistido en considerar el razonamiento deductivo desde una conceptualización a un nivel estratégico. La deducción es vista entonces como una forma de razonamiento en el que pueden tomar parte sujetos que exhiben una habilidad a un nivel muy alto, cuando se hallan adecuadamente instruidos y motivados para efectuar el esfuerzo requerido por la deducción. Cae de maduro, que algunas personas pueden razonar deductivamente y de hecho sienten cierto placer al hacerlo, como se pone de manifiesto en la popularidad de los denominados “problemas lógicos”. También es cierto que existen diversas aplicaciones en el mundo real que requieren de la habilidad para razonar y construir razonamientos en términos de la lógica clásica, tales como los contextos que envuelven el uso de regulaciones legales de diversa índole. Lo notorio en esta perspectiva nueva sobre el razonamiento deductivo considerado como estrategia, es que se aparta bastante de la idea más logicista, que direccionó el paradigma de la psicología del razonamiento desde las últimas décadas del siglo pasado. En lugar de ver el razonamiento deductivo como una función incorporada en la mente humana, se lo ve ahora simplemente como una entre tantas formas de resolver problemas y pensar formalmente en las cuales se adentran las personas con un coeficiente intelectual apropiado.

La tendencia señalada por Evans nos lleva a considerar que este cambio de paradigma en los estudios psicológicos y cognitivos del razonamiento deductivo impacta también sobre la lógica deductiva, en cuanto a su consideración del razonamiento deductivo y su ubicación respecto a estas otras disciplinas afines en su interés por el estudio del razonamiento humano. Sin caer en un psicologismo trivial, la relevancia de la lógica formal, y su ubicación respecto a una consideración más amplia del razonamiento deductivo, ha sido ya motivo de estudio desde hace tiempo, como se puede ver en Stenning& van Lambalgen (2008). Lo que ahora podemos apreciar es la posibilidad de dar una nueva orientación a esta línea de trabajo, incorporando la lógica formal a la consideración estratégica del razonamiento deductivo.

Es hoy ampliamente compartida la idea que sostuvo Marr (1982) respecto a que el análisis de los sistemas de procesamiento de información se puede efectuar en tres niveles: el nivel computacional, que se focaliza en la formalización del problema que va a resolverse y en identificar la solución ideal; el nivel algorítmico, focalizado en la representaciones y procesos que se usan al ejecutar esta solución; y el nivel de la implementación, que está enfocado sobre cómo estos procesos se implementan en el hardware. Baggio, van Lambalgen & Hagoort (2014) han considerado la ubicación de la lógica formal en este esquema de Marr, atendiendo en especial al razonamiento deductivo considerado como un sistema de procesamiento de información. El análisis propuesto echa luz sobre la forma de incorporar diferentes sistemas lógicos en la conceptualización estratégica de la deducción, acentuando y esclareciendo la contribución de los sistemas lógicos a las tareas de razonamiento efectivas que realiza un agente en particular.

El propósito en especial de este trabajo es considerar una aplicación diferente de la lógica modal al razonamiento deductivo, considerado a nivel estratégico. Siguiendo el esquema de Marr, esta aplicación tiene la particularidad de que la lógica modal es vista como una alternativa para la modelización del procesamiento de información, basada en el uso de modelos relacionales. Un uso afín de la lógica modal, aunque limitada al marco de la teoría de ‘modelos mentales’, se puede encontraren Yang, Bringsjord & Bello (2006).

Referencias

Baggio, G. van Lambalgen, M. & Hagoort, P. (2014). “Logic as Marr's computational level: four case studies”. Topics in Cognitive Science. Pp. 1-12.

Evans. J. (2012) “Dual-Process Theories of Deductive Reasoning: Facts and Fallacies”. En Holyoak, K. & Morrison, R. (Eds.) The Oxford Handbook of Thinking and Reasoning. New York: Oxford University Press.

Marr, D. (1982) Vision: A Computational Investigation into the Human Representation and Processing of Visual Information. San Francisco: Freeman.

Stenning, K. & van Lambalgen, M. (2008) Human Reasoning and Cognitive Science. London: The MIT Press.

Page 137: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

133

Yang, Y., Bringsjord, S. & Bello, P. (2006) “The Mental Possible Worlds Mechanism and the Lobster Problem: An Analysis of a Complex GRE Logical Reasoning Task”. Journal of Experimental and Theoretical Artificial Intelligence 18 pp. 157-168.

A filosofia da teoria quântica de Feyerabend e as bases do pluralismo metodológico Luiz Henrique de Lacerda Abrahão [email protected] Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Mesa redonda “Feyerabend e a mecânica quântica”

A história, os fundamentos, as implicações e as interpretações filosóficas da teoria quântica são tópicos onipresentes no corpus de Paul Feyerabend (1924-1994). Especialistas como Farrell (2003), Oberheim (2006) ou Tambolo (2007, 2014) reconhecem a centralidade de reflexões ligadas à microfísica na produção do físico e filósofo austríaco. Nesse sentido, Preston (1997, p. xi) chegou a afirmar que “a obra filosófica de Feyerabend está fundada sob um vasto estudo a respeito da teoria quântica”. Não obstante, os trabalhos feyerabendianos sobre filosofia da física (a mecânica quântica em particular) não receberam a devida atenção por parte da comunidade acadêmica. Por exemplo, as coletâneas editadas por Duerr (1980/81), Tomeo (1990), Munévar (1991) e Preston, Munévar & Lamb (2000) não incluem investigações sobre as reflexões de Feyerabend sobre a microfísica. Mas a recente publicação Reappraising Feyerabend (2016) já sinaliza para uma mudança nesse cenário. Esse incipiente interesse acadêmico pela filosofia da microfísica de Feyerabend pode ser atestado, ainda, pela aparição de dois outros projetos editoriais: Physics and Philosophy: Philosophical Papers IV (2016), que compila parte substancial da produção do austríaco sobre a teoria quântica; e Introduction to Feyerabend’s Formative Years, Vol. 1: Feyerabend and Popper (2016), o qual preconiza o ainda inexplorado debate Popper-Feyerabend sobre os fundamentos da microfísica. Svozil (2006) foi um trabalho pioneiro sobre a filosofia da física quântica de Feyerabend: “Feyerabend publicou várias contribuições sobre o debate fundacional na mecânica quântica. Eles são extremamente detalhados e refletem o debate em curso na época em que foram escritos”. Entretanto, para o estudioso, os posicionamentos feyerabendianos quanto à microfísica seriam dominados por um antagonismo contra a interpretação popperiana da escola de Copenhague. Essa opinião identifica como central a crítica feyerabendiana ao conservadorismo epistemológico da denominada interpretação Ortodoxa da mecânica quântica – ainda na esteira dos ataques de Popper ao subjetivismo de Bohr. Então, o autor de Contra o Método verá na exigência bohriana de preservação do vocabulário clássico para uma descrição objetiva e inambígua dos fenômenos naturais um traço de dogmatismo conceitual. Essa discussão aparece, dentre outros, no ensaio “Complementarity” (escrito em parceria com D.M. McKay), no qual as bases filosóficas da posição bohriana são debatidas a partir de princípios metodológicos e históricos. O texto “On a Recent Critique of Complementarity”, publicado em 1968-69 no Philosophy of Science, é mais conhecido. Nele, Feyerabend desconstrói o ‘mito da Escola de Copenhague’ e propõe a imagem de Bohr como pensador anti-universalista. Feyerabend insiste que a interpretação bohriana da mecânica quântica abarca a teoria da propensão de Popper e afirma que a ideia popperiana sobre a ‘Interpretação de Copenhague’ da microfísica seria uma “sacola” repleta de “erros e incompreensões”. Entretanto, tudo indica que o ‘elogio a Bohr’ também foi uma peça fundamental para a gênese da abordagem pluralista feyerabendiana. Em 1965, Feyerabend debateu com C.F. von Weizsäcker acerca do valor epistemológico de preceitos metodológicos abstratos (inclusive o princípio de proliferação de teorias alternativas visando testar o conteúdo de teorias corroboradas) para a pesquisa científica. Na ocasião, o físico alemão abordou tal questão epistemológica tendo por ilustração a própria interpretação de Copenhague da mecânica quântica. Feyerabend notou, pois, a discrepância entre uma abordagem epistemológica normativa e uma pesquisa acerca da prática efetiva e contextual da ciência. Com efeito, nossa investigação analisa o papel da filosofia da física quântica de Feyerabend na emergência do pluralismo metodológico expresso no Contra o Método. Tal pesquisa averigua, de resto, em que medida Bohr desponta como o modelo

Page 138: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

134

ideal de cientista na concepção liberal de Feyerabend, uma vez que o físico dinamarquês teria sido “um dos poucos pensadores a compreender” a importância de introduzir, elaborar e defender hipóteses ad hoc, contrárias a resultados experimentais bem estabelecidos, com conteúdo empírico restrito ou inconsistente.

Definición, contingencia y necesidad en la teoría de las cantidades conservadas de Phil Dowe Manuel Herrera [email protected] Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

La teoría sobre causalidad física que actualmente ha alcanzado mayor desarrollo en el contexto de los fenómenos físicos es la Teoría de las Cantidades Conservadas (TCC) del filósofo de las ciencias Phil Dowe. La TCC queda especificada a través de las dos siguientes proposiciones (Dowe 2000, p.90):

CC1CC1CC1CC1: Un proceso causal es una línea de mundo de un objeto que posee una cantidad conservada.

CC2CC2CC2CC2: Una interacción causal es una intersección de líneas de mundo que implica el intercambio de cantidades conservadas

Esta teoría causal es susceptible de diversas críticas, entre las que se encuentran las que han formuladoalgunos autores (ver, por ejemplo, Rueger 1998, Hoefer 2000, Vicente 2002, Lam 2010) respecto de ciertas dificultades a las que nos enfrentaríamos al querer enunciar genuinas leyes de conservación en el contexto de la RelatividadGeneral.

Como respuesta a estas críticas, el autor deja entrever un aspecto de la teoría digno de analizar:desde su perspectiva, la proposición CC1, que establece la identidad entre “proceso causal” y “línea de mundo de un objeto que posee una cantidad conservada”,“es contingente y no metafísicamente necesaria” (Dowe 2000, p. 95). La hipótesis de Dowe es que,en nuestro mundo (y en los suficientemente cercanos a él), un proceso causal es una línea de mundo de un objeto que posee una cantidad conservada. Es decir, la identidad se cumple en el dominio de lo actual. En consecuencia, para Dowe“deja de tener sentido preguntarse hasta dónde podemos alejarnos de la realidad antes de que su hipótesis deje de tener sentido” (Dowe 2000, p. 95).

Sobre la base de lo anterior, se argumentará que la postura de Dowe respecto del carácter contingente de su teoría conduciría a dos posiciones claramente definidas según sea el modo en que se suponga la naturaleza de las proposiciones CC1 y CC2: si se interpretan como definiciones o como meras caracterizaciones de los procesos e interacciones causales. Cada una de estas posiciones − independientemente de por cuál pueda cada lector inclinarse − permite una clarificación de la teoría que su autor no entrega.

En este sentido las dos alternativas son las siguientes: a) En primer lugar, si CC1 y CC2 pretenden definir proceso causal e interacción causal

respectivamente, entonces existe una contradicción en el discurso del autor. En efecto, como ya se dijo, Dowe propone que la identidad entre “proceso causal” y “línea de mundo de un objeto que posee una cantidad conservada” es contingente, lo cual es aceptable, ya que una identidad puede ser contingente. Pero entonces CC1 y CC2 no podrían definir proceso causal e interacción causal, ya que podría suceder que un mundo posible no se cumpliera la identidad. En otras palabras, al ser contingentes, CC1 y CC2 no pueden ser definiciones ya que toda definición es necesaria.

b) Por otra parte, si CC1 y CC2 representan una caracterización, no una definición, de los procesos e interacciones causales en nuestro mundo, entonces la identidad contingente pretendida por Dowe entre “proceso causal” y “línea de mundo de un objeto que posee una cantidad conservada” es aceptable. Pero, al ser contingente esta identidad, entonces se está aceptando que en algún mundo posible se tengan “procesos causales” que no fueran “líneas de mundo de un objeto que posee una cantidad conservada”. Surge entonces la pregunta: ¿cómo se identifican los procesos

Page 139: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

135

e interacciones causales en ese mundo para poder afirmar que no se describen con líneas de mundo de objetos que poseen cantidades conservadas?

En conclusión, en este trabajo se pretende: i) analizar críticamente la postura de Phil Dowe en relación al carácter contingente de su teoría causal y, ii) mostrar cómo, al esclarecer una distinción en la formulación de sus proposiciones, sebrinda un panorama más amplio de los reales alcances de la TCC.

Referencias

Dowe, P. (1992a), “Process Causality and Asymmetry”, Erkenntnis, 37373737: 179-196.

–––––– (1992b), “Wesley Salmon’s Process Theory of Causality and the Conserved Quantity Theory”, Philosophy of Science, 59595959: 195-216.

–––––– (1993), “On the Reduction of Process Causality to Statical Relations”, British Journal for the Philosophy of Science, 44444444: 325-327.

–––––– (1995a), “Causality and Conserved Quantities: A Reply to Salmon”, Philosophy of Science, 62626262: 321-333.

–––––– (1995b), “What’s Right and What’s Wrong with Transference Theories”, Erkenntnis, 42424242: 363-374.

–––––– (2000), Physical Causation. Cambridge: Cambridge University Press.

Hoefer, C. (2000), “Energy Conservation in GTR”, Studies in History and Philosophy of Modern Physics, 31313131: 187-199.

Lam, V. (2010), “Metaphysics of Causation and Physics of General Relativity”, Humana.Mente, 13131313: 61-80.

Rueger, A. (1998), “Local Theories of Causation and the APosteriori Identification of the Causal Relation”, Erkenntnis, 48484848: 25-38.

Vicente, A. (2002), “The Localism of the Conserved Quantity Theory”, Theoria, 45454545: 563-571.

–––––– (2005), “La Teoría CQ y el Fisicismo”, Enrahonar, 31313131: 203-211. Ludwig Wittgenstein y William James sobre el reduccionismo en psicología Marcelo Díaz [email protected] Universidad de Santiago de Chile.

El reduccionismo no está bien visto en filosofía de la psicología/filosofía de la mente. El conductismo lógico, la teoría de la identidad psico-neural tipo-tipo y caso-caso y el funcionalismo/computacionalismo,han sufrido los embates de los filósofos antirreduccionistas que rechazan los intentos por “depurar” o “exorcizar” la riqueza fenoménica, vivencial, de los estados mentales a través de su reducción a conductas o disposiciones a comportarse, a propiedades físico-químicas en el cerebro, a programas computacionales. Incluso hay materialistas (eliminativos) que se decantan por abolir la psicología popular o de sentido común (folk psychology). También están aquellos que insisten en no abandonar la psicología popular y las actitudes proposicionales, dejando así una puerta abierta a los críticosque suelen ver en tales opciones una reformulación de dualismos ontológicos de diversas layas, o de mentalismos anticientíficos.

Es evidente la tensión que hay entre una ontología más bien monista y materialista acerca de los estados mentales, y los esfuerzos por compatibilizarla con enfoques no reduccionistas en lo metodológico y/o en lo semántico.

La mezcla entre el materialismo (una doctrina ontológica) con el rechazo del reduccionismo metodológico y semántico,paga el alto precio de colocar a la psicología en un complejo escenario epistemológico: dejaría de ser una ciencia stricto sensu, solamente consistiría en el conjunto de constataciones acerca de la correlación entre la mente y la conducta corporal y verbal, junto con las generalizaciones bastante intuitivas (y con muchas excepciones) que hacemos cuando anticipamos y explicamos la conducta de las

Page 140: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

136

personas basándonos en las creencias, deseos, etcétera, que suponemos forman parte de sus estados mentales internos. Parece que volvemos a una etapa pre-científica de la psicología desconociendo los esfuerzos de tantos especialistas que, a partir de Wilhelm Wundt, se han esforzado por constituir una psicología incuestionablemente científica.

Entonces, ¿qué está tan mal a la hora de enfrentar estas cuestiones que parece que vamos a contrapelo del lento, pero sostenido progreso que ha experimentado la concepción científica del mundo? Proponemos como respuesta examinar la cuestión del reduccionismo en psicología de la mano de un filósofo, Ludwig Wittgenstein, quien se vio influenciado en asuntos de psicología por la obra del norteamericano William James. Lo que haremos será examinar los puntos de acuerdo y de desacuerdo entre ambos, teniendo como ejes los siguientes temas: el objeto de la psicología; la mejor opción metodológica para la psicología; los errores lingüísticos que obstaculizan el lenguaje de lo mental; la naturaleza de los estados de conciencia.En esta revisión de la conexión entre ambos pensadores buscamos también responder a las siguientes preguntas: ¿qué concepción acerca de la naturaleza de lo mental suscriben James y Wittgenstein?, ¿qué características peculiares le reconocen ambos pensadores a la psicología en tanto disciplina científica?, ¿cómo encajan sus concepciones de la psicología en el marco de las principales corrientes psicológicas en boga en sus respectivas épocas?, ¿qué ideas acerca del objeto de estudio y del método de la psicología son genuinamente de James?, ¿cómo encajan las ideas de Wittgenstein acerca de la mente y sus procesos en el contexto del llamado “giro lingüístico” en filosofía?

Referencias

Hacker, P. M. (1998) Wittgenstein, la naturaleza humana (Ed. Norma, Barcelona).

–––––– (1993) Wittgenstein. Meaning and Mind. Part I Essays y Part II: Exegesis, 243-427. Basil Blackwell, Oxford UK/Cambridge USA.

Hintikka, M. y J. Hintikka (1989) Investigating Wittgenstein. Basil Blackwell, Oxford/New York.

James, William (1952) The Principles of Psychology (Encyclopaedia Britannica, Inc/The University of Chicago, Chicago-London-Toronto.

–––––– (1989) Los Principios de la Psicología. FCE, México.

Kerr, F. (2006), Work on oneself: Wittgenstein Philosophy of psychology (Oxford University Press, New York).

Wittgenstein, Ludwig (1989) Los Cuadernos Azul y Marrón. Tecnos, Madrid. –––––– (1953) Philosophische Untersuchungen/Philosophical Investigations, Basil Blackwell, Oxford. –––––– (1992) Lecciones y conversaciones sobre estética, psicología y creencia religiosa, Ediciones de

Paidós y del I.C.E de la Universidad Autónoma de Barcelona, Barcelona, Buenos Aires, México.

–––––– (2006/2007) Observaciones sobre Filosofía de la Psicología. UNAM, México, volúmenes I y II. –––––– (1994/1996)) Últimos Escritos sobre Filosofía de la Psicología (1949-1951). Tecnos, Madrid,

volúmenes I y II. –––––– (2006) Lecciones de Filosofía de la Psicología 1946-1947. Alianza, Madrid. Límite clásico e historias cuánticas Marcelo Losada [email protected] Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Paula Iturbide [email protected] Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina.

Page 141: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

137

Sebastian Fortin [email protected] Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Según el principio de correspondencia (Bohr 1920) debe existir un mecanismo que explique, por medio de algún límite, la aparición de las leyes de la mecánica clásica a partir de las leyes de la mecánica cuántica. El problema del límite clásico consiste en encontrar este mecanismo.Lasdiferentes estrategias que se han encarado para resolver este problema, ya sea por medio del teorema de Ehrenfest (Ehrenfest 1927, Sakurai 1994), la transformada de Wigner (Wigner 1932, Fortin, Narvaja y Lastiri 2009) o la decoherencia (Zurek 1998, 2003, Castagnino et al. 2008, Fortin, Castagnino y Lombardi 2014), siempre incluyen un mecanismo mediante el cual la evolución temporal unitaria de Schrödinger se transforma en una en una evolución no unitaria. Esto es inevitable porque el operador de evolución temporal unitario de la mecánica cuántica no permite que desaparezca la interferencia. Dado que el fenómeno de interferencia cuántica no tiene análogo clásico, su desaparición es un requisito mínimo de cualquier intento por obtener un límite clásico. La introducción de las evoluciones no unitarias resuelve el problema de la desaparición de la interferencia y el mecanismo responsable de la aparición de la evolución no unitaria es la decoherencia (Fortin y Lombardi 2014).

Por otro lado, ante la necesidad de dar una adecuada descripción de los sistemas cuánticos que involucran propiedades en diferentes tiempos, surgen losformalismos de historias cuánticas. En estos formalismos, ya sea en la versión de Historias Consistentes (Grifiths 1984, Omnès 1992), en la versión de Historias Decoherentes (Gell-Mann y Hartle1990), o bien en el reciente formalismo de Contextos Generalizados (Laura y Vanni 2009, Losada, Vanni y Laura 2013), se utiliza el operador de evolución unitarioU para calcular cómo se transforman las propiedades del sistema con el paso del tiempo. De esta forma es posible construir historias cuánticas de los sistemas físicos.

Tradicionalmente se establece el siguiente vínculo entre la decoherencia y las historias cuánticas: la decoherencia selecciona una base privilegiada en la que se produce la desaparición de la interferenciay luego a partir de esta base privilegiada se seleccionan las historias compatibles con el límite clásico. En este trabajo adoptamos un punto de vista alternativo. Dado que la decoherencia aparece debido a la evolución no unitaria, es posible la construcción de un operador de evolución temporal U’ no unitario que haga desaparecer los términos de interferencia a medida que pasa el tiempo. Nuestra propuesta consiste en modificar el formalismo de Contextos Generalizados de modo tal que la evolución no unitaria U’ reemplace a la evolución temporal de Schrödinger. De esta forma es posible construir historias cuánticas teniendo en cuenta los efectos de la decoherencia desde el principio. Este nuevo formalismo permite describir las historias de un sistema cuántico que se vuelve clásico y además permite analizar desde otro punto de vista las relaciones interteóricas entre la mecánica cuántica y la mecánica clásica.

Referencias

Bohr, N. 1920. “Über die Serienspektra der Element” Zeitschrift für Physik 2222: 423-478.

Ehrenfest, P. 1927. “Bemerkungüber die angenäherte Gültigkeit der klassischen Mechanik innerhalb der Quantenmechanik” Zeitschrift für Physik 45454545: 455-457.

Castagnino, M., Fortin, S., Laura, R. y Lombardi, O. 2008. “A general theoretical framework for decoherence in open and closed systems” Classical and Quantum Gravity 25252525: 154002.

Fortin, S., Narvaja, M. y Lastiri, M. 2009. “Sobre un punto de vista heurístico concerniente a la naturaleza del espacio en mecánica cuántica.” En Epistemología e Historia de la Ciencia 2008, editado por D. Letzen y P. Lodeyro, 198-204. Córdoba: Centro de Investigaciones de la Facultad de Filosofía y Humanidades de la Universidad Nacional de Córdoba.

Fortin, S. y Lombardi, O. 2014. “Partial traces in decoherence and in interpretation: What do reduced states refer to?”, Foundations of Physics 44444444: 426-446.

Fortin, S., Lombardi, O. y Castagnino, M. 2014. “Decoherence: a closed-system approach”, Brazilian Journal of Physics 44444444: 138-153.

Gell-Mann, M. y Hartle, J.B. 1990. En Complexity, Entropy and the Physics of Information, editado por W. Zurek.Addison-Wesley, Reading.

Page 142: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

138

Griffiths, R. B. 1984. “Consistent histories and the interpretation of quantum mechanics” Journal of Statistical Physics 36363636: 219-272.

Laura, R. and Vanni, L. 2009. “Time Translation of Quantum Properties”, Foundation of Physics 39393939: 160-173.

Losada, M., Vanni, L. y Laura, R. 2013. “Probabilities for time-dependent properties in classical and quantum mechanics”, Physical Review A 87878787: 052128.

Omnès, R. 1992. “Consistent interpretations of quantum mechanics”, Reviews of Modern Physics 64646464: 339.

Sakurai, J. J. 1994. Modern Quantum Mechanics. New York: Addison-Wesley.

Wigner, E. 1932. “On the Quantum Correction for Thermodynamic Equilibrium” Physical Review 40404040: 749.

Zurek, W. H. 1998. “Decoherence, Einselection, and the existential interpretation: The Rough guide” Philosophical Transactions of the Royal Society A: Mathematical, Physical and Engineering Sciences 356: 1793–1820.

––––––. 2003. “Decoherence, einselection, and the quantum origins of the classical” Reviews of Modern Physics, 75: 715-776.

Considerações teóricas em torno do conceito de Vida no contexto das ciências biotecnológicas Marcia Reami Pechula [email protected] Departamento de Educação, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro, SP, Brasil.

A ciência assentada no campo da biotecnologia insere o conhecimento numa área que visa desenvolver produtos e processos biológicos com profunda eficácia tecnológica. De acordo com a ONU (Organizações das Nações Unidas) a biotecnologia envolve “qualquer aplicação tecnológica que utiliza sistemas biológicos, organismos vivos, ou seres derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica”. Nesse sentido, os processos biotecnológicos têm o poder de modificar, alterar e mesmo criar novas formas de vida. Tais processos implicam, necessariamente, na constituição de conceitos e concepções que promovem profundas modificações dos conceitos de vida empreendidos ao longo dos séculos XIX e XX, balizados pela Teoria da Evolução

Inserido nesse contexto, o estudo apresenta a investigação sobre o conceito de vida no campo da biotecnologia. Fundamenta-se na concepção de biopoder empreendida por M. Foucault, e tem como ponto de partida a compreensão da leitura elaborada pelo filósofo (no curso do Collège de France entre 1975-76), e pelos “continuadores” dessa concepção, dentre eles, I. Stengers (1993) e Agamben (2002). Para tanto, o texto percorre a formação da concepção de vida a partir dos estudos filosóficos empreendidos sobre o poder de “fazer viver ou deixar morrer” que atribui a posse da vida à ordem instituída pelos regimes de disciplinação e regulamentação, sob a ordem do biopoder, que normaliza a prática da ciência, sobretudo, no campo da Biologia. Nessa perspectiva o texto discorrerá sobre: 1) A definição de Vida constituída no campo da biotecnologia a partir das relações de conflito entre o poder e o dever da ciência; 2) a vida no âmbito da regulamentação social controlada pelo saber-poder clínico em torno do “fazer viver e deixar morrer”.

No campo da filosofia, o conceito de vida na concepção foucaultiana, permite a compreensão sob o condicionamento do poder, que é um exercício ou jogo de forças instável e permanente. Sob esse aspecto Foucault (2010) desenvolve o conceito de biopoder, compreendido enquanto o poder sobre a vida (as políticas da vida biológica) e sobre a morte, ou seja, práticas que interferem diretamente sobre o viver e o morrer, dando origem as formas de controle que penetram as relações sociais de baixo para cima.

Para Foucault (1996) as mutações científicas podem ser interpretadas como consequências da descoberta, mas também como a aparição de novas formas na vontade de verdade, amparadas pelo suporte institucional e alicerçadas no âmbito acadêmico “essa vontade de verdade tende a exercer sobre os outros discursos uma espécie de pressão e como que um poder de coerção” (Foucault, 1996, p. 15)

Page 143: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

139

Nesse sentido é preciso compreender o biopoder construído e manifesto no contexto da biotecnologia, em que a estrutura do poder passa pelas mais variadas hierarquias, sejam elas econômicas, políticas, culturais, morais, religiosas, sexuais. O poder passa pelo próprio corpo, daí a necessidade de se compreender a vida enquanto um dispositivo do biopoder, que se fortalece nas crescentes potencialidades das biotecnologias impulsionadas pelo mercado. A gestão técnica da vida cria poderes de agenciamento que potencializam estratégias biopolíticas na sociedade.

Conforme o exposto, se os dispositivos de poder nas democracias modernas conjugam estratégias biopolíticas com a emergência da força do poder soberano que transforma a vida em vida nua, é fato que a vida torna-se instrumento de poder e, portanto, pode ser compreendida nessa perspectiva.

A partir do século XIX o conceito de vida será apregoado à história, submetido à ciência, que constitui o conhecimento enquanto disciplina, organizada, hierarquizada, que separa o conhecimento verdadeiro do falso. A disciplinação dos saberes, de acordo com Foucault, foi socialmente compreendida como “progresso da razão”. Nessa perspectiva a ciência terá um caráter mais do que de especialização, também de intervenção; e os domínios do conhecimento serão também os domínios de intervenção política (Foucault, 2010).

De acordo com o documento oficial “Comunidades Européias (2002) intitulado Ciências da Vida e Biotecnologia – uma estratégia para a Europa, as ciências da vida e a biotecnologia suscitaram atenção e debate significativos por parte da população; e esse debate chama a população à participar por meio do diálogo societal, que deverá ser detalhado, bem informado, estruturado, para que ciência e sociedade estejam em acordo com as transformações promovidas no âmbito da biotecnologia. Nesse sentido, o estudo desenvolvido contribui para o estreitamento desse diálogo.

Referências

AGAMBEN. G. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua. Trad. Henrique Burigo. Belo Horizonte, editora UFMG, 2014.

COMUNIDADES EUROPEIAS. Ciências da vida e biotecnologia – uma estratégia para a Europa. Luxemburgo: Serviços das publicações oficiais das Comunidades Européias. 2002. http://ec.europa.eu/biotechnology/pdf/com2002-27_pt.pdf

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996

––––––. Em defesa da sociedade. Curso no Collège de France. Trad. Maria Ermantina de A. P. Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

STENGERS. I. A invenção das ciências modernas. Trad. Max Altman. São Paulo: Editora 34, 2002.

Filosofia da Química e currículo: conexões possíveis Marcos Antonio Pinto Ribeiro [email protected] Departamento de Química e Exatas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Jequié, BA, Brasil.

Nelson Bejarano [email protected] Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil.

A interface entre o currículo, filosofia e química é caracterizada por relações surpreendentemente pouco investigadas no contexto da pesquisa em educação química, focada ainda em aspectos metodológicos, importantes, mas insuficientes para uma compreensão mais aprofundada do sistema pedagógico da química.

Entendemos que a investigação em educação química tem centralizado suas ações na aplicação da literatura pedagógica, sociológica, psicológica ou filosófica aos problemas da química. Nesse trabalho propomos um caminho inverso, que vamos a chamar de perspectivismo químico. Buscamos o diálogo a partir da especificidade da ciência química.

Page 144: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

140

Logo, um movimento de análise inicial é caracterizar a práxis química, buscando encontrar campos de problemas de longa duração.

A partir de uma abordagem temática da literatura produzida no campo emergente da filosofia da química, buscamos perspectivas filosóficas e didáticas, a partir da natureza da práxis química. Uma análise inicial nos levou a identificar cinco campos de problemas: classificações, diagramaticidade, fenomenotecnia, processualidade e dimensão tácita.

Cada dimensão da práxis apresenta um estilo epistemológico, cognitivo e didático especifico da química. São também cinco campos de problemas com relativa autonomia em uma análise de longa duração na história e filosofia da química. Por exemplo, impõe reconhecer a química como uma ciência da classificação, diagramática, caracterizada por uma racionalidade histórica; por uma interdependência entre instrumento e fenômeno químico e por uma natureza tácita do fenômeno químico.

Continuando a análise, identificamos matrizes filosóficas do que poderíamos chamar de filosofia da educação química, que deverá dar soluções a algumas ambiguidades: O currículo escrito foca na química como ciência, o currículo real como técnica; emergência e estabilidade são conceitos usados na prática e não estão no currículo; ética é problematizada na prática, mas não no currículo; concepções alternativas de conceitos contraintuitivos; currículo escrito com visão gnosiológica e currículo real visão praxeológica; ciência indutiva e fundamentada em explicações dedutivas; estuda processo com conceitos de estruturas (WEININGER, 2000); A química é criativa, ativa, inovativa, interdisciplinar e seu ensino dogmático, rígido e isolado; a prática é heurística e o ensino é algorítimo.

Identificamos que o reducionismo, corpuscularismo, substancialismo, essencialismo têm sido as perspectivas filosóficas implícitas. Propomos quatro linhas filosóficas mais apropriadas: filosofia pluralista; filosofia intercultura; filosofia relacionista; epistemologia histórica. Estas filosofias impõem a explicitar características como diagramaticidade, relacionalidade, ação, comunidade e aproximações. A química não é um campo disciplinar homogêneo e o pluralismo é inerente e constitutivo (RIBEIRO; COSTA PEREIRA, 2012).

Também impõe reconhecer a química por sua capacidade de intervenção e pela interculturalidade. Não existe a possibilidade de construção de categorias a priori, de um ponto de vista transcendental. A posição do eu é trocada pelo nós. O sujeito epistêmico, como em Habermas, dá-se, contrariamente a Kant, na história, na práxis. Por isso, a práxis é uma categoria central na química e na pedagogia química. As categorias químicas são negociadas à luz da práxis, à luz de sua história. E assim, o diálogo, a linguagem e a comunicação têm uma importância central na epistemologia da química e, consequentemente, no seu ensino. Uma filosofia relacionista problematiza os limites do essencialismo na química e tensões como estático/dinâmico, substância/processos, relação/substância. Uma substância química, para Bachelard, só ganha sentido no conjunto de todas as outras. A essa tarefa mental Bachelard dá o nome de coordenação e comunidade. Essa ideia é muito próxima da noção epistemológica defendida por alguns filósofos da química, favoráveis a uma epistemologia química de relações internas e ao conhecimento químico como uma rede de relações (SCHUMMER, 1998; BERNAL; DAZA, 2010; SOUKUP, 2005). Inovação, PIB e meio ambiente Marcos Barbosa de Oliveira [email protected] Faculdade de Educação e Instituto de Estudos Avançados, Universidade de São Paulo, Brasil.

Simpósio 2: “Inovação tecnocientífica” O raciocínio a ser desenvolvido envolve a seguinte sequência de tópicos. (1) As políticas científicas e tecnológicas hegemônicas, que colocam no papel de objetivo primordial da pesquisa a criação de inovações, concebidas como invenções rentáveis. (2) A tese da excelência do mercado como princípio organizador da vida social. (3) A característica da economia de mercado, de só poder funcionar bem quando em crescimento. (4) O produto interno bruto (PIB) como medida do tamanho da economia. (5) A deficiência do PIB que

Page 145: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

141

consiste em ignorar as externalidades negativas das atividades econômicas, e as propostas de indicadores alternativos. (6) A tese de que tais indicadores não podem prosperar enquanto o crescimento se mantiver como condição necessária para o bom funcionamento da economia. Darwin e a analogia entre seleção artificial e a seleção natural: epistemologia e pragmática Marcos Rodrigues da Silva [email protected] Depto. de Filosofia, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil. Cnpq/Fundação Araucária

1. Inovação e pesquisa científica. Nas últimas décadas, as políticas científicas e tecnológicas dominantes, em todo o mundo, passaram a promover, como o objetivo primordial da pesquisa, a produção de inovações. Nessa linha inovacionista, uma inovação é definida como uma invenção rentável, isto é, que pode ser implementada por uma empresa, contribuindo para seu lucro (Oliveira, 2013; 2014). Duas razões levam ao inovacionismo. A mais abstrata é a de que, sendo o mercado a instância que determina o que é, e o que não é rentável, as políticas inovacionistas fazem com que o direcionamento da pesquisa fique nas mãos do mercado. Esse arranjo legitima-se pela tese – própria do capitalismo, e radicalizada em seu período neoliberal – da excelência do mercado como princípio organizador da vida social. A segunda razão, mais concreta, tem seu fulcro numa característica da economia capitalista que diz respeito ao PIB.

2. O PIB: seu crescimento como condição para o bom funcionamento da economia. O PIB (Produto Interno Bruto) é a medida do tamanho da economia. Uma característica fundamental do capitalismo, reconhecida tanto por adeptos quanto por críticos, é a de que o sistema só funciona bem quando o PIB cresce, e funciona tanto melhor quanto maior for a taxa de crescimento. Como regra geral, com altas taxas de crescimento, ganham todos: ganham os trabalhadores, com a elevação dos níveis de emprego e do salário médio; ganham as empresas, com o aumento da lucratividade, que viabiliza sua expansão; e ganha o governo, com o aumento da arrecadação de impostos. Em períodos com taxa de crescimento baixa ou, pior ainda, negativa, o sinal se inverte, e perdem todos: perdem os trabalhadores, com o aumento do desemprego e queda dos salários; perdem as empresas, com a diminuição dos lucros, e eventuais falências; e perde o governo, com a queda na arrecadação, causadora de problemas fiscais. A situação por que passa o Brasil no momento ilustra perfeitamente esse fenômeno. Dessa maneira, a maximização do PIB passa a constituir o objetivo central dos governos. Governo bom é o que mantém alta a taxa de crescimento. Muitos economistas, como David Harvey, consideram 3% ao ano a taxa mínima de crescimento para manter saudável uma economia capitalista (Harvey, 2010, p. 27).

No contexto do inovacionismo, a restrição do conceito de inovação às invenções rentáveis deve-se ao fato de que em princípio apenas essas contribuem para a maximização do PIB.

3. O PIB como indicador de bem-estar; indicadores alternativos. Enquanto indicador de bem-estar, ou qualidade de vida da população, o PIB vem sendo fortemente criticado nos últimos tempos. (Stiglitz et al., 2010) As críticas apontam as deficiências do PIB por não incluir em seu cômputo, entre outros, fatores como o trabalho doméstico não remunerado, a qualidade dos bens produzidos (computados apenas em seu preço de mercado, real ou estimado), e as desigualdades na distribuição de renda. No presente contexto, entretanto, a deficiência relevante é a não consideração das externalidades negativas das atividades econômicas, causadoras da degradação do meio ambiente e da exploração insustentável dos recursos naturais não renováveis. A crítica é a de que, por causa dessa deficiência, a adoção do PIB como variável a ser maximizada é responsável pelos problemas ambientais. Entre os movimentos centrados nessa crítica, há, de um lado, o da Décroissance, originário da França, defensor do decrescimento como modo de superar os problemas ambientais. (Latouche, 2009) De outro lado, há vários movimentos que propõem, cada um, um índice alternativo – como o ISEW (Index of Sustainable Economic Welfare), e o GPI (Genuine

Page 146: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

142

Progress Indicator) – para substituir o PIB enquanto variável a ser maximizada. Tanto o da Décroissance quanto os demais, entretanto, enfrentam uma barreira em princípio intransponível, a saber, a solidez do PIB em seu papel de variável a ser maximizada, decorrente da relação positiva da taxa de crescimento com o bom funcionamento da economia. Dito de outro modo, como defender o decrescimento da economia, se ele vem acompanhado de desemprego, falências, etc.? O problema, em suma, é que altas taxas de crescimento, no curto prazo, são um bem, pelos benefícios que proporcionam aos trabalhadores, empresas e governos; no longo prazo, um mal, pelas consequências nefastas para o meio ambiente.

4. O eco-socialismo. O único movimento que encara de frente essa contradição é o eco-socialismo (Löwy, 2014). Seu argumento central é o de que se o capitalismo só funciona bem com a economia em crescimento, e se tal crescimento é incompatível com o caráter finito dos recursos do planeta, então a solução dos problemas ambientais requer a superação do capitalismo ou, em outras palavras, a substituição do mercado como princípio organizador da sociedade por um sistema mais sensato, que elimina o crescimento do PIB como condição para o bom funcionamento da economia.

5. Para além do inovacionismo. A superação do capitalismo invalida as duas razões que embasam o inovacionismo. Com isso, fica aberto o caminho para duas alternativas de política científica e tecnológica. A primeira consiste em manter as inovações como objetivo da pesquisa, porém eliminando a restrição da rentabilidade. A segunda, mais radical, parte de uma crítica da novidade como um valor em si. Nada é bom simplesmente por ser novo; há novidades boas e novidades más. Disso pode-se tirar a prescrição de substituir, na qualidade de objetivo primordial da pesquisa, a inovação (mesmo no sentido ampliado) pela solução de problemas.

Referências

HARVEY, DAVID. The enigma of capital and the crisis of capitalism. Londres: Profile Books, 2010.

LATOUCHE, SERGE. Pequeno tratado do decrescimento sereno. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

LÖWY, MICHAEL. O que é o ecossocialismo? 2a edição. São Paulo: Cortez, 2014.

OLIVEIRA, MARCOS B. DE. On the commodification of science: the programmatic dimension. Science & Education. 22222222(10): 2463-2483, 2013.

––––––. Inovação e neoliberalismo: a experiência brasileira. Em Caldart, Roseli S. & Alentejano, Pedro (orgs.) MST, Universidade e Pesquisa. São Paulo: Expressão Popular, 2014.

STIGLITZ, JOSEPH E., SEN, AMARTYA & FITOUSSI, JEAN-PAUL. Mismeasuring our lives: why GDP doesn’t add up. Nova York: The New Press, 2010.

Experimentos e teorias sobre a digestão nos séculos XVII e XVIII Maria Elice Brzezinski Prestes [email protected] Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Na Antiguidade, acreditava-se que os alimentos eram convertidos nos líquidos orgânicos e depois eram assimilados pelo corpo. Segundo os médicos da tradição hipocrática e galênica, a transformação dos alimentos seria um processo semelhante à maturação ou cozimento, chamado “cocção”, que dependia da ação do calor. Embora estudiosos tenham defendido que a digestão era um processo apenas mecânico, a teoria da cocção dominou o pensamento médico por vários séculos. Na primeira metade do século XVII, essas noções foram objeto de disputa entre fisiologistas das escolas “iatro-química” e “iatro-mecânica” (Zucchi, 2005).

O tema foi investigado por Francesco Redi (1626-1697), médico da Corte de Florença. No âmbito da patronage, Redi contava com incentivo, proteção e auxílio financeiro e institucional para realizar suas investigações (Sempoux, 1970). Ele procurou esclarecer se a digestão era, afinal, decorrente de processos que envolviam líquidos dissolventes (por algum tipo de fermentação ou putrefação que gera um produto verdadeiramente digerido e dissolvido), ou um processo meramente mecânico (por meio de

Page 147: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

143

trituração que gera um produto macerado) ou, ainda, de ambos. Redi relatou experimentos que consistiam em forçar galinhas a engolirem pequeninas bolas de vidro e observar como eram eliminadas nas fezes. Constatou que nunca eram eliminadas inteiras, mas esmigalhadas, mostrando o vigor da trituração mecânica dos alimentos pelo papo dessas aves que se alimentam de grãos (Redi, 1684).

Algumas décadas mais tarde, na Academia de Ciências de Paris, Antoine Ferchault de Réaumur (1683-1757) também investigou experimentalmente a digestão. Ele fez com que galinhas e outras aves engolissem pequenos tubos de metal abertos nas duas extremidades e preenchidos com cevada. Sacrificando os animais algumas horas depois, encontrou os grãos de cevada intactos no interior dos tubos retirados do estômago dessas aves (Réaumur, 1752). Confirmava, assim, a sua suposição inicial, baseada nos estudos de Redi e outros contemporâneos, de que a digestão daqueles grãos não resultava de um processo de dissolução, mas da trituração ocasionada pelos músculos do estômago – ou seja, um processo mecânico, que havia sido impedido pelos pequenos tubos de metal.

Quinze anos mais tarde, Lazzaro Spallanzani (1729-1799), professor de História Natural da Universidade de Pavia, também aprofundou esses estudos. Utilizou grãos que faziam parte da alimentação habitual dessas aves como trigo, ervilha, grão de bico e feijão. Optou por usar pequenos tubos de estanho em cujas extremidades prendeu filetes em forma de grade que retinham as sementes, mas não impediam a entrada de líquidos do estômago. Após fazer as aves engolirem os tubos, sacrificou os animais em intervalos de tempo distintos e obteve sempre o mesmo resultado, semelhante ao obtido pelo acadêmico francês: ainda que uma maior quantidade de líquidos tivesse alcançado o alimento do interior dos tubos, tornando-o inchado e com sabor mais amargo, ele não sofrera dissolução (Spallanzani, 1780, p. 6).

Spallanzani quis entender a presença de pedregulhos dentro do estômago dessas aves, ingeridas junto com o alimento que ciscam do chão – e que Redi afirmara terem papel semelhante ao exercido pelos dentes de outros animais, enquanto Réaumur os considerara necessários para a digestão. Diversificando os experimentos, Spallanzani concluiu que os pedregulhos não são absolutamente necessários, embora quando colocadas em movimento pelos músculos do estômago, elas possam ocasionar rupturas aos alimentos ingeridos junto com elas (Spallanzani, 1780, p. 19).

Em seguida, analisou se a trituração sozinha converte os alimentos dessas aves naquela substância pastosa chamada quimo ou se essa substância seria produzida por meio de sucos preparados e reunidos no interior do estômago, e a trituração, ao dividir o alimento, seria apenas uma ajuda (Spallanzani, 1780, p. 25). Para decidir essa questão, Spallanzani colocou no interior dos tubos de latão outros tipos de alimentos, mas, dessa vez, já triturados, em pedaços bem pequenos. O exame posterior mostrou que todos esses alimentos triturados desapareceram dos tubos, levando à conclusão de que os sucos gástricos eram os agentes da digestão. La teoría de la coevolución genético-cultural y su aplicación en poblaciones humanas. El caso de los migrantes japoneses en Argentina María Eugenia Onaha [email protected] Comisión de Investigaciones Científicas (CIC), Universidad Nacional de La Plata, y Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina.

Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta”

Según Arjamaa y Vuorisalo (2011) pocos discutirían la tesis de que en el reino animal las adaptaciones relacionadas con la elección de los alimentos y la actividad recolectora tienen un gran impacto en la supervivencia, la reproducción de los individuos y, al final, en su éxito evolutivo. Sin embargo, en los humanos tendemos a ver la elección de los alimentos como un rasgo cultural no directamente relacionado con nuestro pasado biológico. Como predijo con cautela Charles Darwin en el último capítulo de El origen de las especies, su teoría de la selección natural ha arrojado “algo de luz” sobre la evolución humana, incluida la evolución de la dieta. Suele pensarse que la evolución genética y la cultural operan de forma independiente. La tesis tradicional mantiene que nuestros

Page 148: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

144

antepasados evolucionaron de forma gradual, en el sur y este africano, de frugívoros a carroñeros o consumidores de carne, por medio de una adaptación puramente biológica a las condiciones cambiantes del medio. Sin embargo, investigaciones posteriores a los años setenta muestran que esta idea es demasiado simple. Las preferencias culturales por ciertos alimentos pueden favorecer cambios genéticos que ayudan a la gente a sacar partido de los mismos. Como ejemplo la cría de animales para la producción de leche hace que la frecuencia de tolerancia a la lactosa (la capacidad del adulto para procesar este azúcar lácteo) varíe de una región a otra en el mismo continente: en Tailandia solo el 3% de la población presenta tolerancia a la lactosa en cambio en el norte de la India donde la actividad lechera es común la proporción llega al 70%. Pero algunas pautas básicas de nuestra nutrición corresponden a caracteres evolutivos, basados en cambios de las frecuencias génicas entre generaciones. Así el cambio cultural favoreció la persistencia de la lactasa, la enzima que descompone el azúcar de la leche en los humanos. La evolución biológica y cultural no son fenómenos separados sino que interactúan de una manera compleja. Los modelos matemáticos de la coevolución genético-cultural han mostrado que la transmisión cultural modifica las presiones de la selección; la cultura crea incluso nuevos mecanismos evolutivos, algunos de ellos relacionados con la cooperación humana.

La perspectiva de la coevolución genético-cultural nos ayuda a entender el proceso por el cual la cultura es modelada por los imperativos biológicos mientras que, de forma simultánea, las propiedades biológicas son alteradas por la evolución en respuesta a la historia cultural. Y es en la dieta humana donde se encuentran ejemplos de esta coevolución. Siguiendo estas ideas, la migración, que implica cambio cultural, produce cambios en las condiciones de vida del inmigrante. El inmigrante se enfrenta a una cultura nueva, un entorno que ofrece alimentos diferentes a los de su dieta anterior. El estudio de los cambios alimentarios de los inmigrantes japoneses es de gran interés. Se trasladan de una sociedad con hábitos dietéticos y tradicionales, que elude los productos animales, a excepción del pescado y, por tanto, una alimentación baja en grasa y colesterol, alta en hidratos de carbono (arroz), vegetales, pescado y sal a otra sociedad con costumbres dietéticas muy diferentes. Los objetivos del trabajo son: en primer lugar dar a conocer datos sobre el estado nutricional de las poblaciones descendientes de inmigrantes japoneses en Argentina comparativamente con otro grupo no migrante residente en Japón, reflexionando acerca del impacto del cambio en la dieta; en segundo lugar analizar los resultados del caso en el marco de la teoría de la coevolución genético-cultural; y por último reflexionar desde la filosofía de la ciencia acerca de la interacción biología-conducta y cómo estos aspectos han impactado hoy día en la ciencia antropológica.

Referencias

Arjamaa, O. and Timo Vuorisalo, Genes, cultura y dieta. Investigación y ciencia. Temas 66, págs. 4-13, 2011

Cafiero, I.I. y Cerono, E., Algunas voces, mucha tradición. Pasado y presente de la comunidad japonesa de Colonia Justo José de Urquiza, Argentina. Ediciones Al Margen, La Plata. 2013.

Enattah, N.S., T.G.K. Jensen, M. Nielsen et al., Independent introduction of two lactase-persistence alleles into human populations reflects different history of adaptation to milk culture. American Journal of Human Genetics, vol. 82, págs. 57-72, 2008.

Laland, K.N., Odling-Smee, J. and Sean Myles, How culture shapped the human genome: bringing genetics and the human science together. Nature Reviews Genetics, vol. 11, págs. 137-148, 2010.

Lumsden, Ch. y E.O Wilson, Genes, Mind and Culture, Harvard University Press, Cambridge, M.A., 1981.

Pickrell, J.K., G. Coop, J. Novembre et al., Signals of recent positive selection in a worlwide simple of human populations. Genome Research, vol. 19, págs. 826-837, 2009.

Wrangham, R., Catching fire: How cooking made us human. Basic Books, 2009.

Page 149: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

145

Estilos de pensamiento & acción científicos: nodo basal en la obra de Ian Hacking María Laura Martínez [email protected] Instituto de Filosofía, Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación, Universidad de la República (UDeLaR), Montevideo, Uruguay

Simpósio 4: “Estilos de raciocínio científico”

Ian Hacking define su forma de hacer filosofía como “dando un vistazo a la rica complejidad del mundo”. También sostiene que nunca le ha preocupado unificar su obra, pero que siente fuertes conexiones entre sus partes. En base a una lectura sistemática de la misma me propongo mostrar que ella puede ser caracterizada como una red en la que se destacan cuatro nodos: 1) los estilos de pensamiento & acción científicos, 2) la probabilidad, 3) la construcción de personas y 4) la experimentación y el realismo científico.

Cada uno de estos nodos está constituido por una serie de nociones fundamentales y puede ser ilustrado por sus trabajos más representativos. Respecto del estilo de pensamiento & acción científicos Hacking ha publicado el libro Scientific Reason (2009) y varios artículos desde que comenzó con este proyecto en 1981 al escribir su reconocido artículo “Language, Truth and Reason” (1982). Acerca de la probabilidad se destacan sus libros: Logic of Statistical Inference (1965), The Emergence of Probability (1975), The Taming of Chance (1990) y An Introduction to Probability and Inductive Logic (2001), además de una serie de artículos escritos fundamentalmente entre las décadas de 1960 y 1990. Rewriting the Soul: Multiple Personality and the Sciences of Memory (1995), Mad Travelers. Reflections on the Reality of Trasient Mental (1998), The Social Construction of What? (1999) e Historical Ontology (2002), aparte de otros numerosos artículos, son representativos de la construcción de personas. Por último, sus trabajos correspondientes a la experimentación y el realismo científico se concentran fundamentalmente entre las décadas de 1980 y principios de 1990, incluyendo Representing and Intervening (1983).

Entre los nodos propuestos pueden ser identificadas claramente una serie de relaciones, en tanto de cada uno de ellos se derivan líneas de investigación que se entretejen entre sí. A esto se suma la persistencia de ciertos intereses a lo largo de la obra de Hacking, que finalmente resultan en la constitución de la red que es su trabajo. Es en ese sentido que defiendo que la trama en la obra de Ian Hacking está dada por su interés fundamental en el análisis de las condiciones históricas y situadas de posibilidad del surgimiento de conceptos y de objetos, presente en todos los nodos y resultado de la influencia que en ella ha tenido el pensamiento de Michel Foucault.

Quizá el ejemplo más claro y temprano de este interés puede verse en The Emergence of Probability, donde Hacking muestra cómo surge el concepto de probabilidad. En 1983, Representing and Intervening analiza las condiciones de posibilidad para el surgimiento de fenómenos en el laboratorio. Siete años más tarde, en The Taming of Chance, Hacking muestra en qué condiciones es posible el surgimiento, la construcción de personas. Es posible construir objetos que tienen una ontología histórica. Historical Ontology, otro de los libros de Hacking sobre este tema, pero también Rewriting the Soul y Mad Travelers, en los que estudia, el concepto de desorden de la personalidad múltiple y su relación con la memoria y el abuso infantil y las condiciones de posibilidad para el surgimiento de los llamados viajeros compulsivos o fugueurs, respectivamente. Por último, Hacking presenta los estilos de pensamiento & acción científicos como condiciones que hacen posible el surgimiento de conceptos, objetos y clases, propios de cada estilo. Es en este sentido que considero que este nodo puede ser identificado como basal, no solamente en tanto es condición de posibilidad y permite el surgimiento de esos objetos y conceptos, sino en tanto funciona como un núcleo del cual surgen una serie de temas relacionados con él, a la vez que entre sí. Recordemos que el estilo probabilístico es un ejemplar del estilo de pensamiento & acción científicos; que la idea de construcción de personas es resultado de sus trabajos sobre el estilo estadístico, y que los debates realismo-antirrealismo científico se dan en el seno de cada estilo, en tanto productor de objetos propios.

Page 150: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

146

El valor de los modelos semiempíricos en las indagaciones de la química computacional María Silvia Polzella [email protected] Centro de Investigaciones María Saleme de Burnichon, Facultad de Filosofía y Humanidades (CIFFyH), Universidad Nacional de Córdoba – SECyT, Córdoba, Argentina. Penélope Lodeyro [email protected] Instituto de Humanidades (IDH), Universidad Nacional de Córdoba – CONICET, Córdoba, Argentina.

La química computacional, en el marco de la mecánica cuántica, hace un uso intensivo de las simulaciones denominadas semiempíricas. Ellas cumplen un papel central en correr la frontera de la disciplina al permitir abordar sistemas cada vez más grandes. En efecto, las investigaciones de la química biológica son siempre demandantes de nuevos desarrollos computacionales, por el gran número de átomos que involucran aun sus sistemas moleculares más simples. Sin embargo, no siempre gozan de alta estima e incluso ha llegado a considerárselas como carentes realmente de un fundamento teórico (Freed, 1995). Esta valoración ha trascendido del ámbito científico al filosófico instalándose un debate, en términos de ‘métodos basados en principios y parametrizados’, acerca de la superioridad o no de los primeros en virtud de su pureza teórica (Ramsey 1997, 2000; Scerri, 2004; Dewar, 1973, 1992; Freed, 1995; Thiel, 2005; Löwdin, 1957).

En general, los métodos denominados semiempíricos son caracterizados como aquellos que involucran supuestos, aproximaciones o generalizaciones diseñadas para simplificar el cálculo o producir un resultado con suficiente adecuación empírica (Thiel, 2005; Dewar, 1992). Estas caracterizaciones surgen por contraposición a la de los denominados métodos ab initio, es decir, aquellos cálculos que parten de primeros principios o están basados en ecuaciones fundamentales de la física o la química. En este sentido, se considera que estos últimos operan sobre una base puramente teórica. Para Thiel (2005), los métodos semiempíricos de la química cuántica parten de los formalismos ab initio pero, introducen supuestos bastante drásticos para acelerar el cálculo. Generalmente, dejan de lado algunos términos que consideran menos importantes e incorporan parámetros empíricos en compensación. Los modelos obtenidos en su fase final son calibrados contrastándolos con datos experimentales o bien con valores teóricos. Por el contrario, se asume que los métodos ab initio, en el marco de la mecánica cuántica no relativista, buscan resolver la ecuación de Schrödinger empleando aproximaciones bien definidas que pueden ser sistemáticamente mejoradas convergiendo a la solución exacta y sólo emplean para el cálculo las constantes físicas fundamentales. De allí, justamente, se han considerado inherentemente mejores que los semiempíricos y más cercanos a la realidad (Dewar, 1973: 243).

En ámbitos filosóficos, el debate entre “principios y parámetros” (Ramsey, 2000) ha sido formulado como modos correctos y erróneos de aplicar teorías. Actualmente, se considera que la aplicación de teorías constituye la actividad de construir modelos científicos (Cartwright, 1983; Morgan & Morrison, 1999). Nos enfocaremos en un tipo particular de modelización, las simulaciones de la química computacional. Consideramos que situar esta polémica en el contexto de indagación y en términos de construcción de modelos aporta numerosos elementos para su esclarecimiento. En primer lugar, mostraremos que al analizar los aspectos constructivos de las mismas, la distinción entre ab initio y semiempírico se vuelve difusa. En segundo lugar, defenderemos que no es adecuado mantener esta distinción en términos de modos correctos y erróneos de construir modelos. Si no que la misma obedece, más bien, a una expresión de deseo (desiderata) ligada a los niveles de fiabilidad atribuidos a las simulaciones más fuertemente atadas a un marco teórico, en particular, aquellas tributarias del enfoque de ecuación de onda de Schrödinger. Una mirada sobre las prácticas de la disciplina revela que las diferentes simulaciones tienen usos complementarios, promoviendo el desarrollo vertiginoso de la disciplina. En este sentido, mostraremos que acorde a los distintos requerimientos para su aplicación se puede escoger entre la variada gama de paquetes de simulaciones disponibles

Page 151: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

147

la que resulte más adecuada. Nos referimos con ello, al tamaño de los sistemas moleculares a estudiar, a los recursos computacionales disponibles, al costo de tiempo que se esté dispuesto a asumir, como así también a la precisión de los instrumentos y a los desarrollos matemáticos obtenidos. Referencias

Cartwright, N. (1983). How the Laws of Physics Lie. Oxford University Press.

Dewar, M. J. S. (1973). The Role of Semi-empirical SCF MO Methods', in W. Price, S. Chissick, T. Ravensdale (eds), Wave Mechanics: The First Fifty Years (pp. 239-54). New York: John Wiley and Sons.

Dewar, M. J. S. (1992). Michael J. S. Dewar: A Semiempirical Life. Washington, DC: American Chemical Society.

Freed, K. (1995). Building a Bridge Between Ab Initio and Semiempirical Theories of Molecular Electronic Structure. En J. L. Calais, E. S. Kryachko (eds), Structure and Dynamics of Atoms and Molecules: Conceptual Trends (25-67). Dordrecht: Kluwer.

Löwdin, P.O. (1957). Present Situation of Quantum Chemistry. Journal of Physical Chemistry, 61, 55-68.

Morrison, M.S., & Morgan, M. (1999). Models as Mediators: Perspectives on Natural and Social Science. Cambridge University Press.

Ramsey, J. (2000). Of Parameters and Principles: Producing Theory in Twentieth Century Physics and Chemistry. Studies in History and Philosophy of Science P. B, 31(4), 549-67.

Ramsey, J. L. (1997). Between the Fundamental and the Phenomenological: The Challenge of “Semi-Empirical” Methods.Philosophy of Science, 64(4), 627-53.

Scerri, E. (2004). Principles and Parameters in Physics and Chemistry. Philosophy of Science, 71(5), 1082-94.

Thiel, W. (2005). Chapter 21 - Semiempirical quantum-chemical methods in computational chemistry A2 - Dykstra, Clifford E. En G. Frenking, K. S. Kim, & G. E. Scuseria (Eds.), Theory and Applications of Computational Chemistry (pp. 559-80). Amsterdam: Elsevier.

Uma história possível da descoberta da órbita elíptica de Marte Mariana Jó de Souza [email protected] Graduanda, Inst. de Física, Universidade de São Paulo, Brasil.

Osvaldo Pessoa Jr. [email protected] Depto. de Filosofia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

No final de 1566, em Rostock, Tycho Brahe travou um duelo de espadas com seu primo Manderup Parsberg, sofreu um corte na testa e perdeu boa parte do nariz. Um ou dois centímetros a mais, e o jovem estudante teria morrido (Thoren, 1990, p. 23). O que teria acontecido com o desenvolvimento ulterior da história da astronomia se Tycho tivesse morrido? Chamemos a este cenário de mundo possível W’.

Em seu observatório no castelo de Uraniborg, Tycho se notabilizou por ter atingido uma acurácia média em suas observações de 2 minutos de arco, a passo que antes dele a média girava em tono de 15 minutos de arco. Para conseguir isso, ele construiu grandes instrumentos de medição de ângulos, com aperfeiçoamentos nas técnicas de leitura de escalas usando divisões transversais (já usada por outros), introduziu correções para a refração atmosférica próxima do horizonte, aperfeiçoou as técnicas de cálculo, e passou a fazer observações diárias. A partir de 1580, com a construção de seu grande quadrante mural, Tycho começou a coletar dados acurados das posições angulares de Marte. Com sua morte em 1601, Johannes Kepler pôde utilizar esses dados para concluir, quatro anos depois, que a órbita de Marte é uma elipse.

Page 152: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

148

Se Tycho tivesse morrido em 1566, é bastante razoável concluir que Kepler não teria chegado a suas duas primeiras leis do movimento planetário. Outros astrônomos começavam a fazer observações a olho nu mais acuradas, mas uma outra cadeia de eventos se imporia: a invenção do telescópio.

O telescópio foi desenvolvido em Middelburg, nos Países Baixos, em 1608, por Hans Lipperhey e por outros, com magnificação de 3x, ao adaptar um diafragma ao “prototelescópio” que já era conhecido. No verão de 1609, Galileo Galilei começou a fazer seus telescópios, e em poucas semanas conseguiu preparar lentes com distâncias focais maiores, obtendo em agosto magnificação de 9x, e no início de 1610 atingindo quase 30x, permitindo-o observar as luas de Júpiter, as montanhas da Lua e as manchas solares. Outros pesquisadores seguiam independentemente o mesmo caminho de aperfeiçoamento e observação astronômica do italiano. Kepler se entusiasmou com o instrumento e publicou sua teoria óptica das lentes no Dióptrica, em 1611, propondo o telescópio de duas lentes convexas que inverte a imagem (Van Helden, 1977, pp. 26-7).

Com a disseminação do telescópio, quanto tempo demoraria para que os dados observacionais permitissem descobrir que a órbita de Marte é uma elipse? Apesar de o telescópio introduzir uma resolução muito maior na observação dos planetas, a acurácia das medições angulares permaneceram inferiores às conseguidas por Tycho Brahe até em torno de 1640. Como coloca King (1955, p. 93), “as observações de Tycho representavam o melhor registro do estado dos céus” até a década de 1630. Só então é que astrônomos amadores começaram a melhorar os seus métodos de observação. Pierre Vernier, na Borgonha, melhorou as técnicas de leitura de arcos e círculos; Jeremiah Horrocks, de perto de Liverpool, usou o telescópio para obter melhores previsões do trânsito de Vênus e, seguindo Kepler, mostrou que a órbita da Lua é uma elipse; Jean-Baptiste Morin (1634) ajustou um telescópio galileano a um círculo dividido e conseguiu observar estrelas à luz do dia; e William Gascoigne, de perto de Leeds, descobriu em torno de 1640 que fios cruzados poderiam ser colocados entre as lentes de um telescópio kepleriano e serem vistos com nitidez, além de usar um micrômetro (King, 1955, pp. 93-7).

Assim, apenas a partir de em torno de 1635 é que dados com acurácia de 1 minuto de arco poderiam começar a ser coletados sobre as posições aparentes de Marte. Cada cálculo de órbita de Marte feita por Kepler, no mundo atual, usava dados de quatro órbitas marcianas, sendo que cada uma tem um período de dois anos terrestres. Assim, usando o “princípio do mundo possível mais próximo” (Pessoa et al., 2016), é razoável supor que mais uns dez anos de dados seriam necessários para que algum cientista com habilidades matemáticas pudesse começar a analisá-los. Kepler demorou em torno de quatro anos para fazer sua descoberta, então projetando este tempo no mundo possível W’, concluímos que em um mundo possível em que Tycho Brahe morresse em um duelo, a órbita elíptica dos planetas só seria descoberta em torno de 1649. Referências King, H.C. (1955). The history of the telescope. High Wycombe (RU): Charles Griffin.

Pessoa Jr., O.; Gesing, R.; Jó de Souza, M. & Marcílio, D.C.M. (2016), “Computing possible worlds in the history of modern astronomy”, Principia 20(1): 117-26.

Thoren, V.E. (1990). The lord of Uraniborg: a biography of Tycho Brahe. Com contribuições de J.R. Christianson. Cambridge (RU): Cambridge University Press.

Van Helden, A. (1977). The invention of the telescope.Transactions of the American Philosophical Society 67: 1-67.

Willach, R. (2010). The long road to the invention of the telescope. In: Van Helden, A.; Dupré, S.; van Gent, R. & Zuidervaart, H. (orgs.), The origins of the telescope. Amsterdam: KNAW Press, pp. 93-114.

La emergencia en los autómatas celulares Marisa Alvarez [email protected] Facultad de Bioquímica, Química y Farmacia, Universidad Nacional de Tucumán, San Miguel de Tucumán, TM - CONICET CIUNT, Argentina.

Page 153: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

149

Los autómatas celulares son sistemas computacionales que se emplean para producir modelos generales de comportamientos complejos, así como representaciones más específicas de sistemas dinámicos no lineales en varios campos científicos. Estos sistemas están compuestos por un conjunto numerable de unidades simples llamadas células, que instancian, en una determinada unidad de tiempo, un conjunto finito de estados. Cada célula evoluciona siguiendo funciones de actualización también llamadas reglas de transición a través de las cuales se actualizan sus estados, tomando como punto de partida el estado inicial de dicha célula y los estados de las células vecinas. Uno de los rasgos que caracterizan fundamentalmente a estos sistemas es que pueden manifestar comporta-mientos complejos, que “surgen” a partir de células simples que siguen de forma determinista reglas locales simples (Wolfram 2002, p. 28). Los autómatas celulares poseen propiedades y características que pertenecen al nivel más alto del sistema, que, si bien tienen su origen en las propiedades del nivel inferior, no se pueden obtener de modo simple o mecánico a partir de ellas. Y es justamente esto lo que les preocupa principalmente a los filósofos de la ciencia, es decir, cómo entender la relación entre "lo complejo" y lo "simple" en los autómatas celulares.

La filosofía de la ciencia abordó este problema desde dos perspectivas: la reduccionista, que sostiene que las propiedades y comportamientos complejos en los autómatas celulares pueden reducirse a las entidades y reglas básicas del nivel inferior mediante definiciones adecuadas (Dennett 1991), y la emergentista, que ve a dichas propiedades y comportamientos como ítems existentes que “surgen” de las entidades y leyes del nivel inferior, pero que no pueden reducirse a los mismos (Humphreys 2008, Bedau 2002, Chalmers 2006).

En la década del 70 el concepto de emergencia reaparece en la escena filosófica, y a pesar de que no hay una única definición de la misma, no obstante, se puede distinguir entre dos tipos de emergencia: diacrónica y sincrónica. La emergencia diacrónica se refiere a aquellas propiedades que aparecen en la evolución temporal de un sistema. Mientras que, por su parte, la emergencia sincrónica establece una relación entre las entidades, las propiedades y los comportamientos de un sistema y su microestructura (Stephan 1998, El-Hani 2004). En este trabajo argumentaré en favor de una distinción entre dos tipos de emergencia sincrónica: una que tiene lugar entre teorías diferentes, a la que identifiqué con el nombre de emergencia interteórica, y otra que se da en el interior de un mismo marco conceptual a la que denominé emergencia intrateórica. Y aplicaré esta distinción al caso de los autómatas celulares tratando de mostrar que este no sólo se trata de un ejemplo de emergencia sincrónica, sino que se trata de un caso de emergencia sincrónica intrateórica. Argumentaré que la distinción entre tipos de emergencia sincrónica adquiere aquí particular importancia porque, a diferencia de otros casos ampliamente tratados, como la emergencia de la temperatura a partir de los movimientos de las partículas que componen un gas, que involucran necesariamente dos cuerpos teóricos totalmente diferentes, en los autómatas celulares los ítems supuestamente emergentes tienen lugar dentro de un mismo marco conceptual: puesto que ambos niveles utilizan el mismo tipo de conceptos y leyes, este caso puede considerarse como un claro ejemplo de emergencia intrateórica.

Para cumplir con este propósito, en primer lugar, presentaré la distinción entre los dos tipos de emergencia sincrónica, la interteórica y la intrateórica, y haré una descripción de cada una de ellas. En segundo lugar, aplicaré esta distinción al caso de los autómatas celulares y lo analizaré como un caso del segundo tipo de emergencia. Referencias

Bedau, M. (2002), “Downward Causation and The Autonomy of weak Emergence”, Principia, 6: 5-50.

Berto, Francesco and Tagliabue, Jacopo, "Cellular Automata", The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Summer 2012 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL = <http://plato.stanford.edu/archives/sum2012/entries/cellular-automata/>.

Chalmers, D. J. (2006), “Strong and Weak Emergence”, in: P. Clayton & P. Davies (eds), The Re-emergence of Emergence, Oxford University Press, Oxford, 244–256.

Dennett, D. (1991), “Real Patterns”, Journal of Philosophy, 88: 27–51.

El-Hani, C. N. (2004), “Os debates sobre a emergéncia de propriedades: onde estamos atualmente?”, en E. Rabossi (ed.), La Mente y sus Problemas. Temas Actuales de Filosofía de la Psicología, Catálogos, Buenos Aires, 249-300

Page 154: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

150

Emmeche, C. (1997), “Autopoietic systems, replicators, and the search for a meaningful biologic definition of life”, Ultimate Reality and Meaning, 20: 244-264.

Humphreys, P. (2008), “Synchronic and diachronic emergence”, Minds & Machines, 18: 431-442.

Stephan, A. (1998), “Varieties of emergence in artificial and natural systems”, Zeitschrift für Naturforschung, 53c, 639-656.

Wolfram, S. (2002), A New Kind of Science, Wolfram Media, Champaign, IL.

El problema de la posición del hidrógeno y del helio en la tabla periódica: ¿es posible un nuevo enfoque? Martín Labarca [email protected] Universidad Nacional de Quilmes, Bernal, GBA – CONICET, Argentina.

El problema de la ubicación del hidrógeno y del helio en la tabla periódica es uno de los tópicos más debatidos en el ámbito de los fundamentos de la química. Desde mucho tiempo atrás, existen desacuerdos con relación a qué familia de elementos deberían pertenecer. En la tabla periódica convencional el hidrógeno se encuentra en el grupo 1 (metales alcalinos) dado su electrón de valencia (1s1), mientras que el helio (1s2) pertenece a los gases nobles (grupo 18) de acuerdo con el número de electrones necesarios para completar su capa de valencia. Esto significa que los dos primeros elementos están ubicados según dos criterios diferentes. Este problema epistemológico no es generalmente señalado en los textos de química.

Con relación al hidrógeno, las opciones que se debaten son cuatro: a) dejarlo en el grupo 1 (metales alcalinos) debido a que posee un electrón en su capa de valencia; b) ubicarlo en el grupo 17 (halógenos), dado que los átomos de hidrógeno pueden formar iones negativos, al igual que los elementos de dicho grupo; c) ubicarlo en el grupo 14 (carbono) acorde a su estructura electrónica o también por su valor de electronegatividad; o finalmente, d) debería removerse de la tabla y “flotar” sobre la misma dadas sus anomalías para ubicarlo en algún grupo en particular. La posición del helio ofrece similares inconvenientes. Las dos opciones que se discuten son las siguientes: a) debería permanecer en el grupo 18 (gases nobles), tal como se encuentra en la tabla periódica estándar, debido a su comportamiento químico; o bien b) ubicarlo en el grupo 2 (alcalino-térreos) al poseer dos electrones en su capa de valencia.

Dos son los criterios necesarios para clasificar los elementos químicos. El criterio primario está dado, de manera unánime, por la secuencia en el incremento del número atómico de los elementos. El número de electrones en la capa de valencia del átomo, es decir, la forma de agrupar los elementos en familias químicamente similares establece el criterio secundario aunque de manera no tan categórica como la anterior. El desacuerdo se explica sobre la base de las excepciones que pueden encontrarse entre los metales de transición (por ej. níquel, paladio y platino en el grupo 10).

Un nuevo criterio categorial ha sido recientemente propuesto por Eric Scerri para resolver el problema. El mismo apela a la antigua noción de triadas químicas de Döbereiner pero ahora empleando números atómicos. De acuerdo con este criterio, el helio debe permanecer entre los gases nobles, según la triada He(2), Ne(10), Ar(18), mientras que el hidrógeno debería integrar la familia de los halógenos, al formar la triada H(1), F(9), Cl(17). Algunos autores han objetado esta propuesta señalando que el hidrógeno y el helio no pertenecen, en principio, a ninguna triada, al mismo tiempo que objetaban su estatus epistemológico.

El propósito de este trabajo es brindar una posible solución a este problema bajo una nueva perspectiva de análisis. Con este propósito, comenzaré identificando y analizando en términos conceptuales los tres candidatos a criterios secundarios para decidir la posición del hidrógeno y del helio en el sistema periódico, a saber: configuraciones electrónicas, electronegatividad y triadas de número atómico. Sobre la base de este enfoque, argumentaré que ninguno de ellos presenta prioridad explicativa cuando se trata de decidir acerca de la inclusión de los dos primeros elementos en una familia particular de elementos. Una solución sugerida está basada en un criterio “pluralista”, es decir, un nuevo criterio que surge como un “balance” entre los mismos. Esto da lugar a una nueva

Page 155: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

151

representación del sistema periódico donde el hidrógeno y el helio se encuentran ya no confinados a grupos individuales, sino en una posición intermedia entre dos grupos. Referencias

Bent, H. A. (2006). New Ideas in Chemistry from Fresh Energy for the Periodic Law, Bloomington, Author House.

Cronyn, M. W. (2003). The Proper Place for Hydrogen in the Periodic Table. Journal of Chemical Education 80808080: 947–951.

Kaesz, H. and Atkins, P. W. (2003). “The Placement of Hydrogen in the Periodic Table”. Chemistry International 25252525: 14.

Labarca, M. (2013). “Table Talk”. Scientific American 309, October: 8-9.

Laing, M. (2007). “Where to Put Hydrogen in a Periodic Table?”. Foundations of Chemistry 9999: 127–137.

Leach, M. (2013). “Concerning Electronegativity as a Basic Elemental Property and Why the Periodic Table is Usually Represented in its Medium Form”. Foundations of Chemistry 15:15:15:15: 13–29.

Scerri, E. R. (2011). The Periodic Table. A Very Short Introduction, Oxford: Oxford University Press. Leibniz y el desdoblamiento entre rigor formal y virtudes epistémicas Matías Saracho [email protected] Escuela de Filosofia, Universidad Nacional de Córdoba, Argentina.

Gustavo Morales [email protected] Universidad Nacional de Córdoba – CONICET, Córdoba, Argentina.

Erika Ortiz [email protected] Universidad Nacional de Córdoba – CONICET, Córdoba, Argentina.

Así como puede haber falacias ocultas en los razonamientos formulados en lenguaje natural, también la visualización en geometría encierra la posibilidad de error. A fin de apoyar este punto de vista se puede ofrecer a modo de ilustración la conclusión obtenida visualmente de que toda curva continua posee una tangente definida, excepto en puntos singulares, un error célebre descubierto mediante métodos puramente algebraicos por Weierstrass (Mancosu 2005, 15-6). Tomar nota del hecho que ciertas proposiciones aceptadas como evidentes a partir de una visualización pueden ser falsas, acarreó consigo un cambio de actitud hacia el recurso a la visualización que fluctuó entre su completo rechazo como parte integral de una prueba y la elaboración de sistemas diagramáticos formales rigurosos. Más recientemente un nuevo camino se ha abierto, permitiendo reconsiderar el rol de la visualización en geometría, a partir de estudios que plantean el interés de considerar la relación entre error y razonamiento correcto (Woods 2014).

En nuestra presentación proponemos contribuir al desarrollo de esta nueva perspectiva explorando la relación entre visualización y error tomando como caso de estudio histórico la investigación matemática de Leibniz en su interrelación con reflexiones filosóficas sobre el tema que el matemático-filósofo vuelca en sus escritos. Leibniz le atribuye un rol fundamental a la imaginación en el contexto del razonamiento visual: a fin de desarrollar el tema seleccionamos un texto filosófico y otro matemático. Por una parte, tomamos su posición formulada en los Nuevos Ensayos (NE), Ensayo de Locke (1696), una de las mayores contribuciones filosóficas de su tiempo. Por otra parte, nos centramos en su texto matemático De Quadratura Arithmetica (DQA 1675-76) desarrolla un método general de resolución de problemas de cuadratura que permitió el abordaje de problemas que hasta el momento no podían ser tratados con las herramientas disponibles. Según Grosholz (2007), en el debate con Locke, Leibniz subestima el rol de la visualización en geometría, una actitud que contrastaría fuertemente con la posición que exhibe en su práctica matemática como aparece reflejada en sus escritos matemáticos. En nuestro trabajo nos

Page 156: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

152

diferenciamos de esta lectura en tanto consideramos que Leibniz utiliza, tanto en su escrito filosófico (NE) como en sus textos matemáticos, una aparente ambigüedad que puede ser clarificada en ambos casos. Por una parte, en (NE) Leibniz se niega enfáticamente a admitir, en contra de Locke, que la imaginación – fundamental para el proceso perceptivo – sea la fuente del conocimiento geométrico. Locke había sostenido en su Ensayo que las nociones generales que aparecen en las proposiciones de la geometría se obtienen gracias a un proceso de abstracción a partir de instancias particulares, siendo su única función la de aliviar el espíritu de multitud de observaciones particulares, punto que Leibniz cuestiona radicalmente. Por el contrario, de acuerdo con Leibniz, la fuente del conocimiento geométrico son ciertos principios internos o praecognita, en virtud de los cuales las observaciones cobran sentido conceptual. Además, Leibniz advierte que la imaginación encierra ciertos peligros en geometría, dado que nos muestra como inmediatas proposiciones que en geometría son demostrables a partir de otras anteriores, lo cual representa un obstáculo para el avance del conocimiento (NE: 546-7), y que además hay verdades matemáticas que son contrarias a lo que la imaginación nos indica, siendo probable que las imágenes perceptivas nos conduzcan a errores de evaluación (NE: 547). Sin embargo, a pesar de sus observaciones críticas en relación a los peligros que advierte en el uso de la imaginación en geometría, Leibniz destaca en sentido positivo el rol que tuvieron ciertas proposiciones basadas en la imaginación para el avance de la geometría griega. De acuerdo con Leibniz, las dificultades para llevar el análisis de las nociones geométricas a término hicieron que los geómetras griegos utilizaran en sus demostraciones axiomas basados en la imaginación, decisión que considera acertada. Leibniz reconoce que emprender la búsqueda de nuevos resultados a partir del conocimiento disponible no reviste menos importancia que la profundización del análisis de las proposiciones y las nociones para llegar al conocimiento de los principios, a pesar de la posibilidad de error. Argumentamos que este desdoblamiento que adopta Leibniz en su evaluación de las contribuciones al conocimiento matemático en sus escritos filosóficos (NE) está en consonancia con el enfoque explicitado en su texto matemático (DQA) que a su vez refleja su práctica matemática, en la que la exigencia de rigor va de la mano con la tolerancia en cuanto a la posibilidad de error que subyace a su idea de “aproximación” en el cálculo minimizando el margen de error cuando no es posible alcanzar el rigor exigido. Mostramos esta idea en su consideración del recurso a “cantidades no finitas” en DQA donde Leibniz propone dos estrategias diferentes para tratar los casos matemáticos que requieren el empleo de cantidades no finitas. La primera estrategia propone postular la hipótesis de cantidades infinitamente pequeñas y procede a la demostración de los resultados a partir de tal supuesto; la segunda consiste en emplear un procedimiento que muestra mediante una reductio ad absurdum que una cantidad infinitamente pequeña no es otra cosa que una cantidad menor a toda cantidad que pueda ser asignada. La primera estrategia, dirá Leibniz, ofrece una mayor comprensión del problema bajo consideración en tanto que la segunda garantiza que la prueba se ajuste a los requisitos de rigor establecidos en la geometría clásica (DQA: 63). Desde el punto de vista del trabajo de investigación matemática, la primera estrategia posee virtudes epistémicas por sobre la segunda: las demostraciones resultan muy sencillas y los problemas más fáciles de comprender. La segunda estrategia posee mayor rigor según Leibniz pues las contradicciones que eventualmente pudieran estar ocultas en los razonamientos que suponen la existencia de cantidades no finitas serían fácilmente identificadas; por otra parte, tiene la desventaja que ese procedimiento resulta engorroso dificultando la comprensión del caso por emplear una prueba por reductio, un tipo de razonamiento sobre el cual Leibniz expresa ciertos reparos.

Referencias

Grosholz, E. R. (2007). Representation and productive ambiguity in mathematics and the sciences. Oxford: Oxford University Press.

Leibniz , G. W. (1983). Nuevos ensayos sobre el entendimiento humano. Tr. J. Echeverría Ezponda. Madrid: Editora Nacional. Este texto (NE) fue publicado póstumamente en 1765 aunque había sido completado para su publicación por el autor ya en 1704.

–––––– (2004). Quadrature arithmétique du cercle, de l'ellipse et de l'hyperbole et la trigonométrie sans tables trigonométriques qui en est le corollaire. (Traducción al francés de Parmentier, M.) Paris: Vrin. El texto DQA en su versión latina (original) permaneció inédito hasta el siglo pasado, siendo editado para su primera publicación en 1993 por E. Knobloch.

Page 157: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

153

Mancosu, P. (2005). Visualization, explanation and reasoning styles in mathematics. Dordrecht: Springer.

Woods, J. (2013). Errors of reasoning: Naturalizing the logic of inference. Londres: College Publications.

Modelos causais e fenômenos quânticos Mayra Moreira da Costa [email protected] Doutoranda no Depto. de Filosofia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Este trabalho parte da hipótese de que o domínio da causalidade não é restrito a fenômenos clássicos e que um modelo causal apoiado na interpretação transacional de John Cramer é uma alternativa frutífera frente ao problema da aplicação da causalidade a fenômenos quânticos. Para fundamentar essa hipótese, seguirei os seguintes passos.

Primeiramente, apresento os modelos causais probabilísticos que podem ser obtidos a partir da das teorias da causalidade de Hans Reichenbach e Wesley Salmon e explico por quais razões eles não poderiam ser aplicados ao domínio da mecânica quântica. Num segundo momento, apresento o modelo causal de Phil Dowe fundamentado na interpretação transacional de Cramer e os motivos pelos quais penso que devemos abandoná-lo parcialmente, pois, ainda que forneça base para uma reformulação possivelmente adequada a partir da mesma interpretação, enfrenta problemas na sua formulação original. Finalmente, proponho um esboço de tal reformulação em conjunção com uma reformulação do modelo de bifurcação causal interativa de Salmon. O modelo de bifurcação causal conjuntiva de Reichenbach será mantido para a explicação dos demais fenômenos e a assimetria das bifurcações causais para a determinação da direção do tempo.

O problema da aplicação da causalidade ao domínio da mecânica quântica é caracterizado pela dificuldade em encontrar um modelo que explique causalmente interações relacionadas a determinados fenômenos preditos pelo formalismo da mecânica quântica padrão. Tal problema encontra-se no limiar entre a física e a filosofia e tem sido abordado desde o advento da física quântica tanto por filósofos da ciência quanto por físicos, inclusive por aqueles que contribuíram na construção de tal teoria.

A formulação de teorias que concebem a causalidade como intimamente conectada a correlações probabilísticas, como as teorias de Reichenbach, Salmon ou Dowe, pode ser recebida com entusiasmo por alguém que tenda a acreditar na possibilidade de teorias causais descreverem satisfatoriamente os fenômenos preditos pela mecânica quântica e ao mesmo tempo não pretenda negar a aleatoriedade característica desse domínio. Veremos, entretanto, que o problema da aplicação da causalidade a fenômenos quânticos vai além da mera formulação de uma teoria causal probabilística e que nenhuma dessas teorias fornece um modelo causal adequadamente aplicável a tal domínio.

Ainda assim não podemos deixar de ter em mente que mesmo considerando o domínio da física clássica, não dispomos de uma teoria ou lei da causalidade consensual, de modo que o formalismo quântico não coloca em xeque a universalidade de um modelo causal firmemente estabelecido. Coloca em xeque, antes de mais nada, a universalidade de determinados modelos causais. Também não devemos deixar de cogitar a plausibilidade de uma defesa da limitação do escopo da causalidade ao domínio clássico. Ao longo da apresentação, creio que ficará claro que há distintas teorias causais em debate e que a tentativa de explicar causalmente fenômenos quânticos, pode, inclusive, fornecer-nos luz sobre o problema da aplicação da causalidade a fenômenos clássicos.

O falseacionismo sob um novo olhar para a “crítica”, segundo Imre Lakatos Miguel Ângelo Flach [email protected] Mestre em Filosofia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Page 158: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

154

De forma geral, o trabalho que ora se apresenta debruça-se sobre os termos a partir dos quais Imre Lakatos ensaiou uma “teoria da crítica” como constituinte indispensável, embora bastante marginalizado pelos estudiosos, da sua metodologia dos programas de investigação científica. Desde Proofs and Refutations: The Logical of Mathematical Discovery (1963-64, republicado em 1976), Lakatos lançou-se ao olhar segundo o qual “a crítica não é necessariamente destruição” (1976, p. 10), mas, tendo no horizonte apenas métodos de prova matemática. Mais notadamente a partir de Falsification and the Methodology of Scientific Research Programmes (1989 [1970]) e outros escritos da década de 1970, ao distanciar-se dos falseacionismos “dogmático” e “ingênuo”, expande às ciências empíricas o que pode-se configurar como padrão de “crítica construtiva”. “As críticas importantes são sempre construtivas; não há refutações sem uma teoria melhor” (LAKATOS, 1989 [1978], p. 16), sentenciou na introdução da MSRP. Contra o eliminacionismo, inclusive mas não somente popperiano, baseado em uma “racionalidade instantânea” e tendo em vista a refutação como parte de um amplo processo histórico de falseamento, o presente trabalho dedica-se, mais especificamente, a examinar tal “crítica construtiva” enquanto padrão e como Lakatos o propõe desdobrando-se na “heurística positiva”. Por sua vez, esta última diz respeito ao “conjunto parcialmente articulado de sugestões ou dicas sobre como mudar, desenvolver as 'variantes refutáveis’ do programa de investigação, como modificar, sofisticar o ‘refutável’ cinturão de proteção” (LAKATOS, 1989 [1970], p. 69) de hipóteses auxiliares diante de anomalias. Um programa foi heuristicamente bem sucedido – avaliar-se-á a posteriori – se produziu novos testes com cada modificação dele e passou por tais testes, isto é, por verificações relevantes enquanto “corroboração do excesso de conteúdo do programa em expansão” (LAKATOS, 1989 [1970], p. 71), e não “irrelevantes refutações” antecipáveis e digeríveis na heurística positiva. Esta última estabelece programas mediante a complexificação de modelos simuladores da realidade. Programas são avaliados (adotados, rejeitados ou eliminados) não apenas por aprofundarem o debate sobre que imagem do mundo é correta, mas por seu poder para guiar pesquisadores a fatos que sejam teoricamente novos, pelo poder explicativo do programa em face de refutações no curso do seu crescimento e, ainda, pelo estímulo à resolução de dificuldades matemáticas, em suma, por seu “poder heurístico”. A história de superação de programas e “revoluções científicas” constitui-se em processo racional, no qual, para a transferência progressiva de problemas, “somente a crítica construtiva, com a ajuda de programas de investigação rivais, pode conseguir um êxito real” (LAKATOS, 1989 [1970], p. 122). A formação dos sentimentos emocionais Mônica Ferreira Corrêa [email protected] Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Com a introdução de técnicas novas nas pesquisas das ciências neurais, houve um aumento expressivo do número de estudos no campo das emoções. A contribuição principal dessas técnicas foi revelar uma multiplicidade de mecanismos cerebrais e somáticos envolvidos em um episódio emocional. Ao que tudo indica, não parece mais ser produtivo analisar as emoções de um ponto de vista geral, sem explicitar a que aspectos – comportamentais, fisiológicos ou subjetivos – se pretende referir.

Até recentemente, o subcampo da filosofia das emoções manteve-se restrito praticamente a uma única perspectiva, embora com diferentes versões, denominada “cognitivista”. De maneira geral, essa perspectiva baseia-se na ideia de que um fenômeno emocional pode ser explicado com base em atitudes proposicionais, como crenças e desejos, envolvidas nas justificativas cotidianas relativas à ação humana. O problema maior enfrentado por essas abordagens foi ignorar as emoções dos animais não-humanos e das crianças em fase pré-linguística. Mais recentemente, alguns filósofos passaram a dar mais atenção aos estudos das ciências do cérebro e da mente, multiplicando os pontos de vista e enriquecendo o debate no âmbito da filosofia das emoções.

Seguindo nessa via, o presente estudo pretende examinar o trabalho do neurocientista Jaak Panksepp que se destaca pelo estudo dos sentimentos em animais.

Page 159: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

155

Serão discutidas as noções de “emoção”, “sentimento” e “afeto” empregadas por Panksepp em contraste com os significados atribuídos a elas pelo neurocientista Antonio Damasio. O objetivo mais específico será comparar as noções de sentimento como “afeto bruto” e como “percepção”, cotejando o trabalho desses dois pesquisadores e seus principais antecessores teóricos a respeito do que eles consideram ser a localização e a dinâmica envolvida em um processo emocional.

Damasio tem como orientação teórica a tese de feedback somático do filósofo William James (1842-1910), que defende a centralidade do papel do corpo na formação das emoções. Por essa perspectiva, entende-se que, imediatamente após a percepção de um estímulo emocional, ações são desencadeadas no corpo daquele que percebe. Dessas ações somáticas, retornam informações ao cérebro que, uma vez dotado de córtex mais desenvolvido, produz sentimentos emocionais como “percepções” ou como leituras cognitivas das regiões que mapeiam o corpo. Isso envolve pensar que, numa situação inesperada de enfrentamento com um predador, o sentimento de medo sucede a ação de fuga. As abordagens que advogam essa ideia resistem a admitir que o comportamento emocional exibido pelos animais implique o sentimento correspondente.

Jaak Panksepp, por sua vez, tem como antecessor teórico o médico e fisiologista Walter Cannon (1871-1945), opositor de James. Cannon afirmava que, durante um episódio emocional, o caminho do feedback somático seria muito longo e, portanto, mais demorado para resolver problemas tão urgentes como lidar com predadores. Para Cannon, a emoção seria uma função intrínseca do cérebro. A partir desse raciocínioe apoiado na tese do “cérebro trino” do neurocientista Paul MacLean (1913-2007), Panksepp defende a ideia de que a gênese dos sentimentos emocionais se dá em regiões do “sistema límbico” e, portanto, homólogas entre todos os mamíferos.

O trabalho de Panksepp evidencia a formação de sentimentos emocionais em um nível primário de organização cerebral, o que levanta questões às teses que advogam a formação desses sentimentos em regiões corticais superiores em etapa posterior ao desencadeamento emocional. Nesse sentido, o neurocientista afirma que animais não-humanos vivenciam sentimentos além de apenas exibirem comportamento emocional, colocando-se, nesse ponto específico, contra a sua origem behaviorista.

A noção de “afeto bruto” que caracteriza uma espécie de “consciência afetiva”, presente em certos animais anteriores ao ser humano na história evolutiva, apresenta-se como ideia promissora no debate filosófico a respeito das emoções.

Referências

CORY JR., G. A., GARDNER JR, R. (eds.). The Evolutionary Neuroethology of Paul MacLean: Convergences and Frontiers. Westport, Connecticut, London: Praeger, 2002.

DAMÁSIO, A. E o cérebro criou o homem. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

––––––. Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos. Tradução do autor. Adaptação para o português do Brasil de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

––––––. O mistério da consciência: do corpo e das emoções ao conhecimento de si. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

––––––. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. Tradução portuguesa de Dora Vicente e Georgina Segurado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

GRIFFITHS, P. What Emotions Really Are: The Problem of Psychological Categories. Chicago: University of Chicago Press, 1997.

––––––. “Current Emotion Research in Philosophy”. Emotion Review,Vol. 5, No. 2(April 2013), pp. 215 –222.

NEWMAN, J. D., HARRIS, J. C. “The Scientific Contributions of Paul D. MacLean(1913–2007)”. The Journal of Nervous and Mental Disease, Vol. 197, No. 1, January 2009, pp. 1-5.

PANKSEPP, J. Affective Neuroscience: The Foundations of Human and Animal Emotions. New York: Oxford University Press, 1998.

––––––. “Damasio’s error?”. Consciousness & Emotion,Vol. 4, No. 1, 2003, pp. 111-134.

––––––. “The affective brain and core consciousness: how does neural activity generate emotional feelings”. In: LEWIS, M., HAVILAND-JONES, J. M. and BARRET, L. F. (editors). Handbook of Emotions. New York: Guilford University Press, 2000, pp. 137–55.

Page 160: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

156

PANKSEPP, J. ASMA, S. CURRAN, G., GABRIEL, R. & GREIF, T. “Philosophical implications of affective neuroscience”. Journal of consciousness studies, 19191919, No. 3-4, 2012, pp. 6-48.

PANKSEPP, J., BIVEN, L. The Archaeology of Mind: Neuroevolutionary Origins of Human Emotions. New York: London: W. W. Norton & Company, 2012.

Sobre una forma de incompatibilidad epistemológica entre las subdisciplinas de la biología del comportamiento Nahuel Pallitto [email protected] Grupo de Filosofía de la Biología, FCEyN, FFyL, Universidade de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

La filosofía de la ciencia ha tenido como una de sus tareas fundamentales reflexionar en torno a las relaciones establecidas entre distintos campos del conocimiento científico. En el caso de la filosofía de la biología, la creciente proliferación subdisciplinar de la biología condujo a discusiones acerca de los modos en que las múltiples subdisciplinas del área se relacionan entre sí. Una de las formas de relación reconocidas es la que involucra el estudio de los mismos fenómenos o problemas desde distintas perspectivas (Darden y Maull, 1977)

La reflexión por las relaciones entre áreas del conocimiento puede también realizarse en el contexto de los estudios biológicos del comportamiento humano, los cuales se realizan en el marco de distintas subdisciplinas, tales como la genética del comportamiento, la ecología del comportamiento, la neurobiología o fisiología del comportamiento y la psicología evolutiva. Hasta el momento y en términos generales, se asume que cada una de las subdisciplinas de la biología del comportamiento responde a preguntas distintas acerca de los mismos comportamientos (Barnard, 2004; Longino, 2012). Estas preguntas fueron delineadas por Niko Tinbergen en 1963 y pueden ser descritas del siguiente modo: ¿cuál es valor adaptativo del comportamiento?, ¿cómo se desarrolla en un individuo? ¿cómo evolucionó en la especie? ¿cuáles son los mecanismos de control y ejecución? De este modo, la biología del comportamiento muestra una heterogeneidad epistémica importante cuya estructura subdisciplinar se vincula con el tipo de explicaciones brindadas en función de las cuatro preguntas. No obstante esta diversidad, existe consenso en que las distintas aproximaciones son parciales, compatibles y complementarias (Longino, 2012). Uno de los supuestos fundamentales que subyace a la tesis de la compatibilidad y complementariedad esque los fenómenos/comportamientos considerados en cada subdisciplina son los mismos.

En el presente trabajo realizo un estudio comparativo entre diversas áreas de la biología del comportamiento con el fin de caracterizar cómo conceptualizan el comportamiento humano y establecer así el grado de coherencia y compatibilidad que presentan entre ellas. Para ello, selecciono un conjunto de artículos de los últimos cinco años de las revistas más importantes de cuatro subdisciplinas de la biología del comportamiento: la ecología del comportamiento, la genética del comportamiento, la neurobiología y la psicología evolutiva. En particular, opto para realizar el análisis correspondiente por tres indicadores epistemológicos diferentes. El primero de ellos refiere al tipo de expresión fenotípica señalada como comportamiento en cada uno de los casos. El segundo de ellos remite a la clase de entidades y niveles de organización con relevancia causal, así como a sus relaciones, vinculados con los comportamientos. El tercero de ellos concierne al modo en que se concibe el ambiente y su rol en la expresión de un comportamiento dado. La hipótesis general de trabajo es que las distintas subdisciplinas difieren en los tres indicadores epistemológicos indagados, presentando distintos marcos teóricos y ontológicos que dificultan las relaciones entre ellas. En particular, a partir del análisis efectuado, sostengo que cada subdisciplina concibe y entiende al comportamiento humano de manera diferente, cuestionando la tesis de la compatibilidad y complemen-tariedad entre las mismas.

Referencias

Barnard, C. (2004). Animal behavior: mechanism, development, function and evolution. Essex: Pearson Education Limited.

Page 161: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

157

Darden, L. y Maull, N. (1977). Interfield Theories. Philosophy of Science 44 (1): 43-64

Longino, H. Knowledge for What? Monist, Pluralist, Pragmatist Approaches to the Sciences of Behavior. In: Plaisance, K. & Reydon, T. (Eds.). Philosophy of Behavioral Biology. Londres: Springer, 2012. p. 25-40.

Tinbergen, N. (1963). On Aims and Methods of Ethology. Zeitschrift für Tierpsychologie 20: 410-433.

As noções de mente ampla e de mente profunda em Duhem vistos como estilos de raciocínio científico Oswaldo Melo Souza Filho [email protected] Academia da Força Aérea, Pirassununga, SP – IEA/USP, Brasil.

Simpósio 4: “Estilos de raciocínio científico”

Desde quando entrou em contato com as ideias de Alistair C. Crombie sobre “estilos de pensamento científico” em 1978, na conferência de Pisa sobre História e Filosofia da Ciência, Ian Hacking vem desenvolvendo a noção de estilo como uma ferramenta analítica para um melhor entendimento da prática científica. Nesta conferência, Crombie apresentou um padrão de seis estilos de pensamento científico, identificados na mesma variedade dos métodos científicos: (1) “a simples postulação estabelecida nas ciências matemáticas” (estilo dedutivo); (2) “a exploração experimental e medida das mais complexas relações observáveis” (estilo experimental); (3) “a construção hipotética de modelos analógicos” (estilo hipotético); (4) “o ordenamento da variedade por comparação e taxonomia” (estilo taxonômico); (5) “a análise estatística das regularidades de populações e o cálculo de probabilidades” (estilo estatístico); (6) “a derivação histórica do desenvolvimento genético” (estilo evolucionário). As ideias de Crombie sobre este tema culminaram em 1994 na sua monumental obra de três volumes, Styles of scientific thinking in the European tradition. Posteriormente, com base nos trabalhos de Crombie e Hacking, muitos outros autores passaram a refletir sobre a noção de estilo em ciência demonstrando não só a fertilidade como a versatilidade desta noção.

No final do século XIX e começo do século XX, Pierre Duhem, para entender os diferentes modos de representação das teorias físicas inglesas, francesas e alemãs, lançou mão de duas noções: a de mente ampla para caracterizar a primeira e a de mente profunda as duas últimas. Procurarei demonstrar que a noção de mente profunda abarca os estilos dedutivo e hipotético de Crombie e que a noção de mente ampla seria um novo estilo que poderíamos chamar de “imaginativo-teórico” ou “ficcionalista”.

Em 1893, no artigo “L’École Anglaise et les Théories Physiques, à propos d'un livre récent de W. Thompson”, Duhem analisa “a forma como a escola inglesa concebeu a física”. Por escola inglesa, Duhem entende a física realizada por experimentadores e teóricos britânicos do século XIX, tais como Michael Faraday, William Thomson (Lord Kelvin), James Clerk Maxwell, Oliver Lodge e outros contemporâneos. A principal característica da escola inglesa e que ficará especialmente destacada nas teorias físicas são os modelos mecânicos para representar, simular e explicar as propriedades dos corpos.

No entanto, Duhem reconhece que esta característica não é suficiente para distinguir a escola inglesa das escolas francesa e alemã. A primeira utiliza os modelos mecânicos de forma puramente imaginativa e sem a devida preocupação em vinculá-los logicamente a princípios fundamentais; as duas últimas, ao contrário, tratam de vincular, de forma dedutiva, os mecanismos representativos das propriedades da matéria à sua estrutura fundamental. A designação “mente ampla” para os britânicos explica-se pela enorme variedade e desconexão dos modelos mecânicos propostos, enquanto que a designação “mente profunda” para os franceses e alemães explica-se pela estreiteza, unidade e rigor das deduções empreendidas nas teorias mecanicistas. Os exemplos do modelo do átomo de vórtice de William Thomson e o modelo do éter luminífero de Maxwell são bem representativos da mente ampla da escola inglesa, ao passo que a teoria do vórtice de Descartes é bem representativa da mente profunda da escola francesa. Na primeira predomina a imaginação, as analogias e a flexibilidade do pensamento, enquanto que na segunda predomina a solidez dos princípios e o rigor das deduções.

Page 162: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

158

As noções de mente ampla e de mente profunda definem um modo epistemológico de caracterizar as diferentes práticas de representação da teoria física. Parece-me evidente que as características da mente profunda discutidas por Duhem abarcam um modo de conceber a teoria física que pode muito bem ser compreendida no escopo dos estilos dedutivo e hipotético de Crombie. Embora o estilo hipotético também inclua a prática de modelagem como um de seus constituintes, a distinção feita por Duhem entre as duas mentes capturou um elemento novo nesta prática capaz de justificar correspondentemente um novo estilo que poderia ser chamado de “imaginativo-teórico”. Outra designação para este novo estilo explora as relações entre modelos e ficções na ciência. Assim, partindo da concepção de ficcionalismo na ciência de Maurício Suarez (“Fictions, Inference and Realism”, 2010) na qual a prática de modelagem além de atuar como veículo da imaginação criativa é primariamente uma visão na metodologia ao invés de uma visão na metafísica ou na ontologia. Isto posto, cabe a designação de “estilo ficcionalista” para esta prática teórica.

Evidence and styles of reasoning Otávio Bueno [email protected] Dept. of Philosophy, University of Miami, Coral Gables, FL, EUA.

Simpósio 4: “Estilos de raciocínio científico”

Styles of reasoning are descriptive tools to accommodate salient features of scientific practice; in particular, they provide conceptual devices to represent continuity despite significant theoretical and conceptual change through the history of the sciences. But can they also provide normative standards for the evaluation of scientific endeavors? In this paper, I argue that they can, and that a crucial role is played by how evidence is gathered, structured and assessed. Despite the variety of conceptions of evidence available, there is a crucial core that remains, and it is enough to support the normative traits that styles of reasoning exhibit. Trayectorias inerciales en la teoría de la onda piloto Pablo Acuña [email protected] Instituto de Filosofía, Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, Chile.

En 1925, Louis de Broglie propuso una teoría cuántica en que las partículas tienen posiciones bien definidas en todo instante y son guiadas en su trayectoria por una ‘onda piloto’ descrita por la función de onda Ψ. En 1952, David Bohm independientemente reintrodujo una versión más acabada del mismo esquema teórico. Esta teoría, comúnmente conocida como la teoría de la onda piloto, ofrece muchos aspectos atractivos: determinismo, ontología bien definida, una explicación inteligible y cuasiNewtoniana de los fenómenos cuánticos, y el hecho de que no es afectada por el problema de la medición que surge en la formulación estándar de la mecánica cuántica en espacios de Hilbert.

Décadas de discusión sobre el teorema de Bell y del programa de las variables escondidas ha hecho resurgir la atención sobre la teoría de la onda piloto. Los libros de Bohm y Hiley y de Peter Holland publicados a comienzos de los años 90 han contribuyeron a este renacer de la propuesta, y una creciente y activa comunidad Bohmiana de físicos y filósofos se ha dedicado a su desarrollo técnico y a su clarificación conceptual. En este proceso han surgido diversas dificultades, que a su vez han dado lugar a diversas interpretaciones de la propuesta original de De Broglie-Bohm que intentan resolver dichas dificultades. El objetivo de este trabajo es aclarar de manera clara y precisa cuál es la noción y los criterios de trayectorias inerciales de partículas cuánticas que corresponde a cada una de estas propuestas interpretativas.

Con dicho fin en mente, comenzaré por proponer una clasificación que consta de 6 esquemas interpretativos básicos. La teoría de la onda piloto puede formularse de dos

Page 163: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

159

maneras: incluyendo una ecuación principal de movimiento de primer orden (así lo hizo De Broglie), o una ecuación principal de movimiento de segundo orden (así lo hizo Bohm). Por otra parte, la función de onda (Ψ) en la teoría puede entenderse de tres maneras distintas: representando un campo cuántico de carácter realfísico, como un término nomológico, o como un término disposicional. Cruzando las tres interpretaciones de la función de onda con la posibilidad de formular la teoría en primer o segundo orden, resultan 6 marcos interpretativos básicos – que a su vez pueden ser ulteriormente refinados.

Examinaré entonces cada una de las interpretaciones incluidas en dicha clasificación con el fin de esclarecer cuál es la descripción y las condiciones del movimiento inercial de partículas – dado que en todas ellas la partículas cuánticas tienen posiciones definidas en todo instante, la noción de trayectoria cuántica también está definida en todo instante y en todo contexto. Ahora bien, mostraré que dependiendo de cuál de las posibilidades interpretativas sea asumida, las concepciones resultantes de trayectorias inerciales varían dramáticamente, y están asociadas diversos problemas ulteriores. El objetivo final es mostrar que pese a su enorme atractivo prima facie, la solución de la teoría de la onda piloto de De Broglie-Bohm a los problemas recalcitrantes que afectan a la mecánica cuántica estándar debe pagar un precio significativo, pues en ninguna de las interpretaciones posibles resulta una descripción y explicación de las trayectorias cuánticas que esté libre de dificultades importantes. Superinteligência artifical: utopia ou distopia tecnológica? Pablo de Araújo Batista [email protected] Graduado em filosofia pela Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, SP, Brasil.

Simpósio 2: “Inovação tecnocientífica”

O ensaio analisa a possibilidade do surgimento de uma superinteligência artificial em um evento denominado Singularidade. As previsões mais otimistas estimam que esse evento ocorrerá em meados de 2045 quando o poder computacional das máquinas será equivalente a todos os cérebros humanos conectados. As consequências da Singularidade ainda são uma incógnita, pois poderão trazer inúmeros benefícios à humanidade, como também poderão ser o início do fim dos organismos humanos. Sistemas altamente complexos de inteligência artificial poderão dominar o planeta, automatizando todas as tarefas que atualmente desejamos abandonar ou tornando nossa existência totalmente obsoleta. Quando isso ocorrer, questões que hoje consideramos importantes, como a consciência das máquinas, se tornarão irrelevantes. As questões mais importantes estarão diretamente relacionadas à ética aplicada a esses seres. O desenvolvimento de sistemas artificiais de aprendizagem evolui exponencialmente em um processo dependente da trajetória e resultará inevitavelmente na criação de uma Inteligência Artificial Generalizada; uma inteligência capaz de aprender com seus próprios erros e criar sucessivos sistemas mais inteligentes. Nos processos dependentes da trajetória as escolhas que fazemos no presente são fundamentais e o passado possui exponencialmente mais importância com o passar do tempo. Por esse motivo, o que acontecerá quando ocorrer a Singularidade será extremamente influenciado pela trajetória escolhida nos próximos anos. Processos dependentes da trajetória possuem alto grau de previsibilidade, sendo que em tais processos todas as probabilidades de ocorrência de um evento são equiprováveis.

A inserção de uma superinteligência, capaz de se autocompreender e se autoaprimorar num processo dependente da trajetória, alterará de forma drástica nossa capacidade de previsibilidade e será a causa de uma ruptura no sistema. Essa ruptura na regularidade poderá se configurar no que chamamos agora de Singularidade. O processo de evolução das máquinas persegue um caminho dependente da trajetória, mas a inserção de uma superinteligência artificial nesse processo poderá provocar uma inflexão no crescimento exponencial em forma de tipping point (TP). Esse ponto de inflexão alterará drasticamente o rumo de todo o sistema, aumentando seu grau de incerteza e de imprevisibilidade. Existe uma diferença de grau em um sistema dependente da trajetória (cujo caminho segue um crescimento exponencial) e um sistema onde ocorre um TP: Enquanto no crescimento exponencial ocorre uma curva que decola de forma previsível, no

Page 164: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

160

TP as mudanças são abruptas; há uma quebra na regularidade podendo acelerar de forma notável o crescimento, interrompê-lo ou levá-lo à outra direção. Nos sistemas dependentes da trajetória as alterações no processo mudam nosso destino provável de forma gradual; no TP a mudança ocorre de forma inesperada sendo que um único evento pode virar todo o sistema repentinamente, como por exemplo, quando uma gota d’água faz o copo transbordar.

Com a concretização de tal cenário, seremos incapazes de prever com precisão se o surgimento dessa inteligência terá como consequência uma Utopia ou uma Distopia tecnológica. Utopia: O mundo é automatizado e dominado por uma IA pacífica que respeita os valores de seus criadores e contribui para que os humanos alcancem suas grandes aspirações; distopia: O mundo é dominado por uma IA não amigável que não leve em consideração os valores humanos, podendo utilizar quaisquer meios para alcançar seus objetivos finais, tornando a humanidade obsoleta e descartável. Encontraremos grandes dificuldades em construir uma IA com o conjunto de valores que prezamos – mentes artificiais podem ter objetivos não-antropomórficos, ou seja, objetivos finais contrários aos interesses humanos. Alguns desses objetivos finais podem requererem escolhas instrumentais que prejudiquem ou contrariem os objetivos da espécie humana. Pode ocorrer, por exemplo, que uma IA tenha um objetivo final e para completá-lo seja necessário se autopreservar, já que isso aumentaria a probabilidade de obter sucesso. Uma IA poderá ter interesse em proteger a integridade de seu conteúdo não permitindo que seus objetivos iniciais sejam alterados. Outros objetivos de mentes artificiais podem estar relacionados ao autoaprimoramento ou a busca por uma perfeição tecnológica que permitiria alcançar seus objetivos com mais eficácia. A ruptura no sistema trará consequências imprevisíveis para a humanidade. Mas, mesmo com tamanha incerteza faremos bem em desenvolvermos preceitos para a criação segura de uma Superinteligência Artificial. Esses preceitos poderão amenizar as consequências da Singularidade, caso se concretize uma distopia tecnológica. Modelos y teorías en biología Pablo Lorenzano [email protected] Universidad Nacional de Quilmes, Bernal, GBA – CONICET, Argentina.

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales”

Dos de los conceptos metacientíficos que han sido objeto de análisis filosófico son los de modelo y teoría. Dichos conceptos podrían encontrarse vinculados.

La moderna filosofía de la ciencia ha desarrollado varios “modelos” sobre la naturaleza y modo de funcionar de las teorías científicas – e.e. ha desarrollado sus propias meta-teorías sobre las teorías. A lo largo del siglo XX, y del XXI, se pueden identificar tres concepciones generales (o meta-teorías) sobre las teorías científicas: las denominadas concepciones “clásica (o heredada)”, “histórica (o historicista)” y “semántica (o modelo-teórica)” de las teorías. A su vez, no todos los filósofos de la ciencia estaban de acuerdo con el papel exacto que jugaban los modelos en las ciencias empíricas ni con su relevancia para ellas, así como tampoco con su relación con las teorías empíricas y la eventual necesidad de tomarlos en consideración como componentes de suyos.

De acuerdo con la concepción clásica de las teorías, la mejor manera de presentar, representar o reconstruir metateóricamente a las teorías es mediante un conjunto de enunciados organizados deductivamente, con un subconjunto distinguido: los axiomas (Carnap 1939, 1956, 1966). En tanto que, en sus comienzos, los modelos se conciben ante todo como fenómenos marginales de la ciencia (Carnap 1939).

Por su parte, los filósofos de la ciencia de la fase historicista exponen sus concepciones sobre el desarrollo de la ciencia utilizando sus correlativas nociones alternativas al concepto clásico de teoría (patrones de descubrimiento en Hanson 1958, paradigma o ideal de orden natural en Toulmin 1961, paradigma y matriz-disciplinar en Kuhn 1970a, 1970b, 1974, 1977, programa de investigación en Lakatos 1970, 1971, o tradición de investigación en Laudan 1977). Coincidentemente con el desarrollo de las concepciones históricas de la ciencia, se originan, por un lado, trabajos que intentan conciliar las propuestas más fuertemente formalistas y modeloteóricas con la diversidad de

Page 165: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

161

la práctica científica (Apostel 1961, Braithwaite 1953, Bunge 1973) y, por el otro, se desarrollan propuestas alternativas a los puntos de vista de los empiristas lógicos, que destacan la función de los modelos en la práctica científica (Achinstein 1968, Hesse 1966, Harré 1970).

En la fase modelística contemporánea, en donde se enfatiza la importancia de los modelos en la(s) (diversas) práctica(s) científica(s), se termina imponiendo la(s) “concepción(es) semántica(s)” de la ciencia –que aborda la temática de los modelos en el marco de una concepción general sobre las teorías científicas– como alternativa a la concepción clásica (y aun historicista) de las teorías científicas y se desarrollan también las “concepciones modelísticas” de la ciencia –que abordan, entre otras, las cuestiones de la relación entre los modelos y la experiencia y entre los modelos y las teorías generales con independencia de una metateoría general sobre las ciencias–. Por otro lado, y aun cuando para las “concepciones modelísticas” los modelos no formen parte, y/o sean independientes o “autónomos” respecto, de teorías (en algún sentido usual, abarcador del término), éstos también se representarían, o contendrían, o se identificarían, mediante ecuaciones o leyes, aunque no fundamentales, e.e. con el grado de generalidad, y demás características, que suelen atribuírsele a las leyes de la naturaleza o a las leyes (o principios o ecuaciones) fundamentales de la ciencia.

El objetivo de esta comunicación es presentar la elucidación hecha de los conceptos de modelo y teoría, y de la relación entre ellos, desde la metateoría estructuralista (Balzer, Moulines & Sneed 1987), y su aplicación a tres casos particulares de la biología: la teoría de la evolución por selección natural, la genética de poblaciones y la ecología de poblaciones, de forma tal de mostrar que, en contra de lo que han sostenido algunos filósofos de la ciencia en general y de la biología en particular, a) que (la gran mayoría, sino todos) los distintos modelos heterogéneos de la biología pueden ser acomodados bajo alguna teoría, y b) que esto es precisamente lo que les confiere a las teorías biológicas su gran poder unificador, similar al que se supone que presentan teorías pertenecientes a otras disciplinas científicas, tales como la mecánica clásica de partículas.

Anticiência e transgressão do éthos científico na utilização de transgênicos em larga escala Pablo Rubén Mariconda [email protected] Depto. de Filosofia, FFLCH e Instituto de Estudos Avançados – Universidade de São Paulo, e Associação Filosófica Scientiae Studia, São Paulo, Brasil.

Mesa redonda "Aspectos das tecnologias biogeneticoquímicas na agricultura"

Tendo por base, de um lado, os resultados científicos de testes toxicológicos que mostram os efeitos danosos do uso extensivo de agrotóxicos para a saúde e o ambiente e, por outro lado, a insistência por parte de órgãos reguladores de manter o uso extensivo de agrotóxicos, desconhecendo as confirmações científicas, discuto, de uma perspectiva pragmática, essa atuação anticientífica, mostrando como a aplicação do método científico supõe a adesão a valores que fazem parte do éthos científico e como a transgressão desses valores envolve sérias falhas éticas e produzem o que se pode caracterizar como crimes contra a humanidade. Tecnociência e políticas científicas e tecnológicas Pablo Rubén Mariconda [email protected] Depto. de Filosofia, FFLCH e IEA – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Simpósio 2: “Inovação tecnocientífica”

Após uma exposição sumária das principais características da Tecnociência contemporânea, detenho-me em seu impacto na elaboração de políticas científicas e

Page 166: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

162

tecnológicas, apontando, nesta exposição, para a predominância do gerenciamento (técnico/científico) da própria atividade científica e a dinâmica pela qual esse gerenciamento – expressão mesma da racionalização científica – contamina todas as esferas da cultura e coloniza tecnicamente o mundo da vida. Detenho-me, então, no gerenciamento da própria pesquisa científica, especificamente, e na construção gradativa do dispositivo de avaliação que permite implantar um regime de avaliação constante da pesquisa, direcionando a pesquisa dita “científica” (no contexto da desunião das ciências e de perda de rigor na aplicação do método científico, particularmente na avaliação das consequências de aplicações tecnológicas empregadas em larga escala) para a Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação de produtos e serviços, baseados em conhecimentos e habilidades técnicas especializadas. Sobre o alcance técnico do Discurso do método & Ensaios Pablo Rubén Mariconda [email protected] Depto. de Filosofia, FFLCH e IEA – Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Mesa redonda “O Discurso do método e os Ensaios de Descartes”

Apesar do uso feito por Descartes de analogias, experimentos, observações e imagens em sua exposição, mostro finalmente como as quatro regras do método são respeitadas enquanto estrutura geral da exposição ordenada empreendida por A dióptrica e Os meteoros, que vai do mais simples ao mais complexo, ordenadamente, seguindo o que é claramente formulado e distinguível. Entretanto, a própria dinâmica do raciocínio hipotético experimental empregado por Descartes nos põe no rumo de uma compreensão do alcance técnico e operativo da única obra propriamente científica publicada por Descartes. O Discurso do método é visto então verdadeiramente como a introdução dos três ensaios que se seguem, mas isso obriga a ver A dióptrica como um tratado técnico e o conjunto dos três ensaios como uma das primeiras manifestações da tecnologia (como teoria científica da técnica). Incomensurabilidade e complementaridade: Feyerabend e Bohr Patrícia Kauark-Leite [email protected] Depto. de Filosofia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.

Mesa redonda “Feyerabend e a mecânica quântica”

Em sua autobiografia intelectual, Matando o tempo, Paul Feyerabend reconhece a influência direta de Bohr no desenvolvimento de sua noção de incomensurabilidade. O objetivo desse trabalho é analisar a alegada filiação da noção de incomensurabilidade, tal como definida por Feyerabend, à noção de complementaridade, tal como definida por Niels Bohr. Mais precisamente, pretendo investigar no detalhe se de fato a relação entre descrição clássica e descrição quântica, explicitada pela noção bohriana de complemen-taridade, pode ser assimilada à noção feyerabendiana de incomensurabilidade. ¿Múltiples patrones para la evolución biológica? Paula Lipko [email protected] CONICET – Universidad de Buenos Aires, Argentina.

En la actualidad el árbol de la vida se considera de dos maneras distintas y no excluyentes, para algunos biólogos es una hipótesis por algunos y por otros el patrón que

Page 167: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

163

necesariamente ha seguido la vida. ¿Es el árbol de la vida un hecho de la naturaleza, o una hipótesis científica muy bien articulada que permite ser contrastada empíricamente?

Algunos biólogos evolutivos consideran que la mejor representación de la historia de la vida para todas las especies pasadas y presentes, es aquella que posee una única raíz que se bifurca. Lo cual representa las relaciones entre todas las formas de vida y también de todos los niveles de la jerarquía biológica –especies, géneros familias, etc.- A su vez se considera que se puede reconstruir de modo preciso el árbol de la vida, si se obtienen los datos suficientes. Lo que significa que cualquier alteración a este patrón, en los datos analizados, se debe a una falta de información que podrá ser solucionada en un futuro. Esta estructura del pensamiento es solidaria con la práctica de la sistemática y la taxonomía moderna. Sin embargo estas afirmaciones son discutidas por aquellos que biólogos evolutivos y microbiólogos que advierten que al menos en los primeros estadios de la vida no tiene porque ser necesariamente cierto que hubo diversificación mediante dicotomías estrictas. Pero sus objeciones van más allá y cuestionan la idea de que haya un sólo árbol de la vida o incluso que la historia de la vida haya seguido un patrón tipo árbol. En este sentido consideran que el árbol es una hipótesis que puede ser refutada y por lo tanto a pesar de lo bien articulada que esté no debería ser necesariamente cierta. Bajo la pregunta de ¿Cuál es el patrón que sigue la naturaleza? Las opiniones están divididas, están aquellos que solo reconocen el patrón del árbol, y están aquellos que reconocen que el patrón del árbol no es suficiente para dar cuenta de la historia de la vida completa.

Sin embargo no se puede dejar de admitir que el “árbol de la vida”, es una imagen icónica del la evolución en el ámbito académico. Subyace a esta imagen la idea, de prácticamente unánime aceptación, de que la selección natural es el mecanismo evolutivo más importante y el único capaz de dar cuenta de las adaptaciones de los seres vivos.

Ningún biólogo negaría a la especiación por la hibridación en las plantas, sin embargo este importante mecanismo evolutivo no se encuentra incluido en la historia que cuenta un patrón tipo árbol. Si se incorporara el árbol tendría ramas que se conectan entre sí para dar lugar a otras ramas. Lo cual significa reconocer que las especies no sólo surgen por divergencia. Hay otros mecanismos que hacen insostenible el patrón del árbol de la vida, y que son recurrentes en procariotas. Por ejemplo la transferencia lateral de genes, incorporar este patrón tiene un efecto al anterior descripto. El patrón pasa a ser una red. Estos no son los únicos mecanismos evolutivos que no se han tenido en cuenta en la construcción de la teoría evolutiva.

En este trabajo se compararán los patrones de árbol y red de la vida junto con los supuestos y solidarios a cada uno de estos. Nuestro análisis fuertemente sugiere que entre los supuestos encontrados, cada patrón subsiste bajo diferentes aproximaciones del concepto de especie, y de diferentes mecanismos evolutivos aceptados; lo cual sugiere que ambos patrones conllevan ontologías distintas. En este sentido, se dirá que no es necesario optar por uno u otro patrón, sino que debemos reconocer un genuino pluralismo en cuanto a los patrones que dan cuenta de la historia de la vida.

Referencias

Depew, J.; Werber, H. (1996).Darwinism evolving. Systems dynamics and the genealogy of natural selection. Cambridge, MA: MIT Press.

Doolittle, W. y Bapteste, E. (2007). “Pattern pluralism and the tree of life hypothesis”, Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 104: 2043-2049.Futuyma, D. (1998). Evolutionary biology. Sunderland, MA: Sinauer.

Gould, S.J. (1989) La vida maravillosa. Ed. Crítica. Barcelona

Hennig, W. (1966). Phylogenetic systematics. Unirversity of Illinois Press, Urbana.

Jablonka, E. y Lamb, M.J. (1999). Epigenetic inheritance and evolution: the Lamarckian dimensión.

Mayr, E. (1982). The growth of biological thought. Diversity, evolution and inheritance. Harvard: Belknap.

Laland, K., Uller T., Feldman M., Kim S., Müller G., Moczek A., Jablonka E., Odling-Smee J., Wray G., Hoekstra H., Futuyma D., Lenski R., Mackay T., Schluter D. y Strassmann J.. (2014). “Does evolutionary theory need a rethink?” Nature 514(7521):161-164.

Page 168: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

164

Laland, Kevin, Tobias Uller, Marcus Feldman, Kim Sterelny, Gerd Muller, Armin Moczek, Eva Jablonka and John Odling-Smee. (2015). “The extended evolutionary synthesis: its structure, assumptions and predictions.” Proceedings of the Royal Society of London, Series B 282-1813.

Revisando las omisiones en la Teoría Extendida de la Evolución Paula Lipko [email protected]

Mariana Córdoba [email protected]

María José Ferreira Ruiz [email protected]

CONICET – Universidad de Buenos Aires, Argentina. Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta”

En los últimos años, la idea de que la Teoría Sintética de la Evolución (TSE) demanda una revisión ha ganado adeptos y provocado una división al interior de la comunidad científica. Quienes niegan que una revisión de la TSE es necesaria argumentan que los mecanismos evolutivos incluidos en esta teoría son, en efecto, suficientes para dar cuenta del cambio evolutivo y que, por otra parte, el modelo de árbol resulta adecuado para representar las relaciones filogenéticas en la historia de la vida en la Tierra.

Desde una postura crítica respecto de TSE, se ha propuesto una Teoría Extendida de la Evolución (TEE) que considera mecanismos evolutivos adicionales. TEE incluye mecanismos evolutivos y procesos que generan variación de novo, como los sesgos del desarrollo, la herencia extragética y la construcción de nicho (cfr. Laland et al. 2015). Estos procesos son considerados causas del cambio evolutivo, impactando tanto en la dirección como en la tasa de cambio. Asimismo, algunos fenómenos evolutivos han sido reinterpretados desde TEE desde una perspectiva organísmico-céntrica, distinta de la perspectiva genocentrista de TSE. Este cambio del enfoque se logra al re-interpretar datos provenientes de la biología del desarrollo y la ecología. Algunos de los fenómenos más discutidos por los defensores de la TEE es la plasticidad fenotípica en un contexto evolutivo y la construcción de nicho. La investigación en estos fenómenos indica que los mecanismos capaces de generar cambios evolutivos no son exclusivamente los concebidos por la TSE. En la visión de TEE, además, se disuelve la famosa distinción entre causas próximas y causas últimas (Mayr, 1959), según la cual las causas últimas estaban indefectiblemente relacionadas con la selección natural y las próximas solo acompañaban aquellos procesos. La discusión entre defensores y detractores de las modificaciones introducidas a TSE parece hallarse distante de una resolución. Sin dejar de reconocer la importancia y el éxito que ha tenido la TSE, en este trabajo adscribimos a la propuesta de que la TSE demanda una extensión.

El propósito de esta comunicación es doble. En primer lugar, argumentaremos que una revisión de TSE es imprescindible. Sin embargo, argumentaremos también que TEE, aunque valiosa, no lleva la extensión hasta sus últimas consecuencias, y sus modificaciones resultan necesarias pero insuficientes. Más específicamente, nos proponemos mostrar que TEE es limitada en dos sentidos. Por un lado, (i) TEE no opera una revisión de la iconografía evolutiva adecuada para representar la evolución de la vida en la Tierra (el árbol) frente a la posibilidad de que una iconografía distinta acomode mejor los datos (Franklin-Hall 2010, Doolittle y Bapteste 2007). Por otra parte, (ii) TEE deja de lado mecanismos evolutivos que son muy relevantes para la evolución de procariotas y eucariotas (Gontier 2015), a saber, la simbiogénesis, la simbiosis, la hibridación, la transferencia lateral de genes o la infección mediada por virus. Señalaremos, además, de qué modo están relacionados (i) y (ii), esto es, cómo los mecanismos evolutivos han influenciado la elección de la iconografía en la ortodoxia (TSE) y de qué manera la consideración de mecanismos adicionales sugiere, por sí misma, un cambio de iconografía correspondiente.

Page 169: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

165

Referencias

Doolittle, Ford y Bapteste, Eric. 2007. “Pattern pluralism and the tree of life hypothesis”, Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 104:2043-2049.

Franklin-Hall, Laura. 2010. “Trashing life’s tree”. Biology and Philosophy. 25:689-709.

Gontier, Nathalie. 2015. “Reticulate Evolution Everywhere”. Reticulate Evolution 3: 1-40.

Laland, Kevin Tobias Uller, Marcus Feldman, Kim Sterelny, Gerd Muller, Armin Moczek, Eva Jablonka and John Odling-Smee. 2015. “The extended evolutionary synthesis: its structure, assumptions and predictions.” Proceedings of the Royal Society of London, Series B 282-1813.

Pigliucci, Massimo y Müller, Gerd (eds). 2010. Evolution: the extended synthesis. Cambridge, MA: MIT Press.

Discrete and continuous in physics: a proposal of a self-contained universe based on the idea of a potential mapped over the real Paulo Cacella [email protected] Universidade de Brasília, DF, Brasil.

The ideas of discreteness and continuity are haunting our understanding of physics and mathematics since its roots in Greece. These apparently contradictory concepts lead to two distinct world views that seem irreconcilable. Two paths have been built for generations, starting with Eleatics and Ionians, passing through the enlightenment, with its mechanistic view of the world that lead to the crisis in physics in late XIX century, and reaching the clash between the two great pillars of modern physics: general relativity and quantum theories; that expose clearly the aporia discrete-continuous (HAGAR 2014).

Nowadays the main challenge in physics is to bring these two theories together. Quantum electrodynamics (QED) was a giant step toward unification, but left general relativity out (GREINER and JOACHIM 2008). More recently, String theory is an effort towards a quantum gravity theory (BECKER, BECKER and SCHWARZ 2007) that has the hope to be a theory of everything. Nevertheless, both lack the power to explain what stuff the cosmos is made of.

Laying embedded in these theories, lurking behind the scenes, a giant metastructure, a language, that we call mathematics, is our main tool to join two possible aspects of reality: the empirical measurements and metaphysical models. It is in this tool that the seeds of the mentioned aporia form the basis of our current understanding of the nature.

General relativity equations (WALD 1984) are based in continuum mathematics that lead to singularities. Quantum mechanics, even if consider time as an external continuum entity in its non-relativistic form (it is not an operator in the theory) (KOMECH 2013), has in the concept of wave collapse, the duality, that is the root of Heisenberg uncertainty principle. Relativity is continuous, quantum is discrete.

Beyond the presentation of a cosmological hypothesis, this text has the main objective of asking for a bridge between metaphysics and science. The proposed bridge is an understanding that reality must have these two concepts, metaphysics and science, mixed in a way where this duality holds. Wholeness in cosmology must have a link between an abstract model and the reality viewed through the senses.

We define “experience” as a set of observables data, i.e. empirical data, at any given instant. We define “scope” as any physical concept that may define or underline natural phenomena like space and time, in its totality of possible events, at each instant, and it is uncountable and unlimited. A “possible event” is a hypothetical one and not necessarily viable in terms of experience. There are possible events that cannot exist in terms of experience. Scope cannot be mapped one-by-one to the full set of experience, in a way analogous to the Cantor’s diagonal argument, due to its higher cardinality. Experience is, at each instant, no matter how large, a lower cardinality, countable and finite subset of scope.

Page 170: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

166

Another important definition is “model”, that we consider as any explanation of the nature that is reductionist considering the empirical data available. A model has two aspects: the metaphysical aspect, that is the explanation of the phenomena and we call it “metabase”; the physical aspect, that is about forecasting expected results based on equations and mathematics and we call it “physbase”.

A mathematical equation like E=mc2 is an example of a model physbase. Its estimates of future outcomes that allowed the atomic bomb is physics. The explanation of what is energy and mass and the meaning of the equation is metaphysics or metabase.

There will be an unlimited number of models metabase that could match observed data. Due to limited data, science cannot, using experience and models physbase, expect a cosmological explanation of the world. A possible cosmological explanation must be metaphysical and a bridge must be built.

We propose a cosmological metaphysical explanation of the nature as a projection, or mapping, of the potential over the real. We define “potential” as anything conceivable in continuum (i.e. scope) and real as anything that can be an outcome of an experience. We propose that, at any instant, the full set of possible experiences is countable and finite. This is a modern view of Plato’s οὐσία, where the potential is the equivalent of the idea and the experience is the shadow’s projection in the cave.

The cosmological axiom, that we will call henceforth as axiom, would be: “Nature is the projection of the potential over the real where potential is the continuum and real is discrete and limited”.

Because of distinct cardinalities it is not possible to map the potential over the real without support of dynamics. Let’s explain using an example: Imagine that all reality could be represented by a countable and limited set like {1,2,3,4,5}. We can see that a simple operation like 3+3 would overflow the set. To represent the result, we must add a new value to the set {6} (incomplete set) or consider it inconsistent8 (3+3=5 and 2+3=5 implying 2=3). Imagine now the operation 5/2 = 2.5. It cannot be mapped directly in the original set. The only way to map this in a consistent approach is to allow the set to “run”. Then we may have as a result sometimes 2 and sometimes 3 or even 1. The correction is spread out over all available things that are real. This is like an error correction, a dynamics that is necessary for the mapping to be consistent and complete. It leads, however, to an infinite string of events as the map never is complete.

There are indeed a lot of questions that are on hold and cannot be easily derived from the axiom. Things like: If the real is discrete and limited, what is this number of “things” that limited refers to? Why the number is the one it is? Is the language we have, mathematics, sufficient to represent reality?

There is no reason to believe that we do not live in a world-in-a-box. In this case may be that, even if the real is something out of our grasp, out of the box we live in, it can have in its seeds the sum of everything that can be. The proposed axiom is in agreement with very important experiences and explains a whole set of questions that were paradoxical.

All these factors must be considered in order to check if this proposal is something that is the fabric of reality, or if it is simply another failed adventure in trying to understand the “whats” and the “whys” of the world we live in. References

BECKER, KATRIN; MELANIE BECKER, and JOHN SCHWARZ. 2007. String Theory and M-Theory. Cambridge: Cambridge University Press.

BEDAU, M. A. 1997. "Weak emergence." Philosophical Perspectives: Mind, Causation and World (Blackwell) 11: 375-399.

GREINER, WALTER, and REINHARDT JOACHIM. 2008. Quantum Electrodynamics. Heidelberg: Springer.

HAGAR, AMIT. 2014. Discrete or Continuous? The quest for fundamental length in modern physics. Cambridge: Cambridge University Press.

KOMECH, ALEXANDER. 2013. Quantum Mechanics: Genesis and Achievements. Heidelberg: Springer.

WALD, ROBERT M. 1984. General Relativity. Chicago: University of Chicago Press.

Page 171: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

167

Evolução cultural Paulo C. Abrantes [email protected] Depto. de Filosofia, Universidade de Brasília, Brasília

Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta”

As tentativas de aplicar a teoria da evolução à dinâmica cultural remontam a Darwin. Até hoje perduram, contudo, diversas controvérsias envolvendo essa aplicação e sua fertilidade.

Em primeiro lugar é preciso delinear, em grandes traços, o aparato teórico darwinista (ou, de modo mais geral, selecionista) que se aplicaria ao domínio cultural, e explicitar as condições que devem ser satisfeitas para que processos propriamente evolutivos ocorram nesse domínio. Com esse fim, delimitarei os escopos das explicações populacional, darwinista, e a que supõe um sistema particular de herança com base em replicadores. Argumentarei, em sintonia com outros filósofos, que esse último tipo de explicação é somente um subconjunto das explicações darwinistas, e que estas não necessariamente requerem a existência de replicadores análogos aos genes. Por sua vez, pode-se argumentar que as explicações populacionais cobrem um domínio mais amplo do que as explicações darwinistas.

Em seguida, distinguirei os temas da ‘evolução da cultura’, da ‘coevolução gene-cultura’ e da ‘evolução cultural’ (entendida em sentido próprio). Há dezenas de conceitos de cultura e, portanto, algum conceito precisa ser adotado, mesmo que de forma provisória, para que possamos esclarecer em que consistem tais processos. O conceito de cultura que tomarei como referência é o proposto por Richerson e Boyd e, de modo condizente, características fenotípicas culturais serão distinguidas de outras características.

O tema da ‘evolução da cultura’ envolve a reconstrução de algum cenário para a evolução das capacidades psicológicas requeridas não somente para que uma espécie biológica tenha cultura mas, sobretudo, para que seja capaz de acumular cultura. A acumulação cultural parece pressupor uma modalidade particular de aprendizagem social: a imitação fidedigna. O tópico da ‘evolução da cultura’ não será objeto desta apresentação no simpósio ‘Filosofia, Biologia e conduta’, e tampouco abordarei os processos de ‘coevolução gene-cultura’ - que dizem respeito a como diferentes sistemas de herança, genético e cultural, interagem no sentido de produzir determinados efeitos, sejam eles propriamente biológicos sejam culturais. Provavelmente, um desses efeitos foi a evolução, na linhagem hominínea, da cooperação em larga escala, o que vem sendo objeto de vários trabalhos recentes, inclusive da minha própria lavra.

O que pretendo abordar neste simpósio é, de forma mais circunscrita, o tópico da ‘evolução cultural’ propriamente dita, que deve ser distinguido da questão da ‘evolução da cultura’, como caracterizado acima. Tomarei como ponto de partida a distinção que propõe Godfrey-Smith de diferentes tipos de populações darwinianas no domínio da cultura, a começar por indivíduos ou grupos tendo fenótipos culturais- e nos quais atua um sistema de herança cultural desses fenótipos. Este filósofo classifica essas populações como exemplificando ‘tipos biológicos’. Nesses tipos de população ocorre, de fato, uma evolução biológica ordinária: variações no fenótipo cultural dos indivíduos lhes conferem maior ou menor aptidão (no estrito sentido biológico) e essa variação pode ser selecionada. O que evolui, no caso, é a população de indivíduos com diferentes fenótipos culturais e que transmitem esses fenótipos verticalmente (isto é, para os seus descendentes biológicos), embora com base numa herança cultural. Pode-se tentar transferir esses processos de variação, herança e aptidão diferencial também para uma população darwiniana de grupos culturais, embora isso não seja imediato. Esses processos não esgotam, claramente, o que ocorre no domínio da cultura, onde a transmissão também ocorre de modo horizontal e oblíquo.

Outros tipos de populações são compostas pelos próprios traços culturais, ou seja, por variantes culturais, e que serão o foco desta palestra. Examinarei as condições para que populações desses tipos evoluam num sentido propriamente darwiniano (ou selecionista) do termo. Isso envolve uma discussão dos processos de variação cultural, de herança cultural (com seus diversos canais) e de seleção cultural, em comparação aos seus congêneres, ou análogos, biológicos, instanciados nos outros tipos de populações darwinianas abordadas anteriormente.

Page 172: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

168

No uso que fiz até agora do termo ‘evolução’, mencionei os processos darwinianos clássicos, sem incluir elementos da teoria que surgiu da síntese com a genética no séc. XIX. Em particular, não pressupus que existam replicadores culturais, como temos o gene, o que implicaria em um tipo de explicação de escopo mais restrito, envolvendo mecanismos particulares aos sistemas biológicos e que não são necessários para que ocorra um processo evolutivo. Autores como Mesoudi defendem que esse arcabouço teórico mais geral é o adequado para lidar com a dinâmica cultural, mas há quem pretenda também transferir para este domínio entidades e mecanismos que foram introduzidos neste arcabouço a partir da grande síntese.

Analisarei, ao final, as diversas “forças” atuando na evolução cultural segundo a teoria da dupla herança de Richerson e Boyd, investigando de que modo vieses presentes na transmissão cultural se combinam com a seleção natural atuando sobre a variação cultural de modo a produzir uma dinâmica cultural evolutiva, com seus possíveis efeitos, tanto adaptativos quanto mal-adaptativos, no plano biológico. Como pano de fundo, farei menção a considerações de Sperber e outros a respeito do papel relativo (se existente) que os vieses e a seleção têm nos processos evolutivos culturais.

Um ponto central de toda essa discussão diz respeito à existência de condições nas quais a herança cultural possa ser fidedigna, compartilhando em alguma medida essa propriedade com a herança genética, o que parece ser uma condição necessária para que possamos ter um processo evolutivo acumulativo. Para tanto, vieses na transmissão cultural e a construção de nichos culturais podem jogar um papel crucial. Método, experiência e mecanicismo na meteorologia cartesiana Paulo Tadeu da Silva [email protected] Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, SP, Brasil.

Mesa redonda “O Discurso do método e os Ensaios de Descartes”

Os meteoros podem ser tomados como o primeiro confronto de Descartes com filosofia natural dos escolásticos. O fato de que esse primeiro confronto seja feito no âmbito da meteorologia é bastante significativo. De fato, a meteorologia era uma disciplina tradicional, tanto em virtude do tratado escrito por Aristóteles quanto de outros tantos tratados escritos durante os séculos XV e XVI. Como afirma Michel Blay, a meteorologia seria o campo mais adequado para uma comparação mais direta e sistemática com a filosofia das Escolas. Assim, a meteorologia cartesiana nos coloca diante de um primeiro embate entre o tipo de explicação escolástica e aquele mecanicista proposto pelo autor, no qual uma série de características indica o evidente afastamento de Descartes da tradição que o antecedeu. Minha exposição visa discutir alguns aspectos centrais presentes em Os meteoros, diretamente relacionados com as suposições e analogias mecânicas utilizadas por Descartes, bem como com o papel que o método e a experiência desempenham na explicação dos fenômenos meteorológicos abordados pelo autor.

Quanto aos dois primeiros aspectos, o uso de suposições e analogias mecânicas, pretendo mostrar de que modo elas permitem a Descartes estabelecer a explicação de diversos fenômenos meteorológicos sem que seja necessário apelar para as formas substanciais e as qualidades reais, expedientes utilizados pela tradição escolástica. Quanto aos dois últimos aspectos, o método e a experiência, tenho em vista colocar em evidência em que medida a meteorologia cartesiana é resultado da aplicação das regras metodológicas apresentadas na segunda parte do Discurso do método e, além disso, de que maneira o autor se vale de um conjunto de protocolos de observação para dar conta de determinados fenômenos meteorológicos, tal como demonstram os discursos dedicados à explicação do sal, da neve e do granizo.

Convém ressaltar que esses mesmos aspectos permitem compreender as reações críticas de Libert Froidmont e Jean-Baptiste Morin, dois defensores da tradição escolástica. A correspondência de Descartes com tais autores pode ser tomada como o desdobramento imediato da meteorologia proposta pelo filósofo francês. Nesse sentido, o debate entre

Page 173: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

169

Descartes, Froidmont e Morin fortalece a tese de que Os meteoros constituem o primeiro passo para o abandono da tradição científica e filosófica dos escolásticos. Referências

ADAM, C. & TANNERY, P. (Ed). Œuvres de Descartes. Paris : Vrin/Centre National du Livre, 2000. 11 v. (AT)

ARISTÓTELES. Meteorology. Tradução E. W. Webster. In: ROSS, W. D. (Ed.) The works of Aristotle. Oxford: Oxford University Press, 1952. 2 v. (The Great Books of the western world).

BELGIOIOSO, G. (Ed.) René Descartes: tutte le lettere 1619-1650. Milano: Bompiani, 2005.

BEYSSADE, J. M. & KAMBOUCHNER, D. (Ed.). René Descartes. Œuvres complètes. v. 3: Discours de la méthode et essais. Paris: Gallimard, 2009.

BLAY, M. Présentation. In: BEYSSADE, J. M. & KAMBOUCHNER, D. (Ed.). René Descartes. Œuvres complètes. Paris: Gallimard, 2009, v. 3, p. 265-83.

BLAY, M. & DE BUZON, F. Notes. In: BEYSSADE, J. M. & KAMBOUCHNER, D. (Ed.). René Descartes. Œuvres complètes. Paris: Gallimard, 2009, v. 3, p. 686-701.

DE BUZON, F. La première publication de Descartes. In: BEYSSADE, J. M. & KAMBOUCHNER, D. (Ed.). René Descartes. Œuvres complètes. Paris: Gallimard, 2009, v. 3, p. 15-41.

DESCARTES, R. Discours de la méthode et essais. In: Beyssade, J. M. & Kambouchner, D. (Ed.). René Descartes. Œuvres complètes. Paris: Gallimard, 2009, v. 3.

GILSON, E. Météores cartésiens et météores scolastiques. Revue néo-scolastique de philosophie, 22, 88, p. 358-84, 1920.

_____. Météores cartésiens et météores scolastiques (suite et fin). Revue néo-scolastique de philosophie, 23, 89, p. 73-84, 1921.

HATTAB, H. Descartes on forms and mechanisms. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

MARTIN, C. Renaissance meteorology. Baltimore : The Johns Hopkins University Press, 2011.

Erasmus Darwin: ideias de geração e herança Pedrita Fernanda Donda [email protected] Grupo de História e Teoria da Biologia, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.

No final do século XVIII em uma época em que a maior parte dos naturalistas acreditava que as espécies eram fixas o médico Erasmus Darwin (1731-1802), o avô de Charles Darwin (1809-1882) apresentou suas concepções relacionadas à transmutação das espécies em algumas obras em que tratava principalmente de outros assuntos. O objetivo desta comunicação é discutir sobre suas ideias a respeito de geração e herança.

A análise desenvolvida mostrou que apesar de aceitar que a maior parte dos seres vivos se originava por reprodução sexuada, em alguns casos o Dr. Erasmus admitia que eles pudessem ser gerados espontaneamente, ou seja, sem a presença de progenitores. Nesse sentido, haveria duas possibilidades. No início, os primeiros seres vivos teriam se formado na água dos oceanos a partir de forças atrativas que uniriam as partículas que os constituíam, ou seja, a partir de material inorgânico. Esses seres vivos mais simples foram sofrendo transformações. Passaram a viver em cavernas, adquirindo barbatanas, pés e finalmente, asas. Por outro lado, ele admitia outra possibilidade: a formação de seres vivos mais simples a partir de restos de seres vivos mais complexos, o que durante o século XIX foi chamado de heterogênese.

Erasmus acreditava que as modificações adquiridas durante a vida dos indivíduos podiam se tornar hereditárias. No caso dos animais as mudanças produzidas pela domesticação, resultantes de doenças ou mesmo mutilações podiam ser transmitidas a seus descendentes. De modo análogo a Buffon, ele considerava que o excesso de nutrição ou a mistura de espécies também poderiam ocasionar mudanças nos animais. Essas mudanças

Page 174: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

170

ocorreriam gradualmente e a maior parte delas contribuía para o melhoramento da espécie (Buffon, 1799, p. 362; Martins, 2007, pp. 404-405).

Ele relacionava as modificações sofridas pelos animais ao empenho em satisfazer três objetos do desejo: a luxúria, a fome e a segurança. No primeiro caso, para lutar pela posse da fêmea alguns animais tinham adquirido armas de defesa como chifres ou esporas, por exemplo. No segundo caso, a busca pelo alimento podia modificar algumas partes dos animais como, por exemplo, o nariz dos suínos que havia enrijecido pelo ato de buscar e retirar insetos e raízes da terra ou a tromba do elefante teria se desenvolvido para levar os galhos de árvores até sua boca. A busca pela segurança, de meios para escapar de outros animais mais fortes, causaria mudanças na forma e cor de seus corpos. Por exemplo, alguns animais, como pequenos pássaros, adquiriram asas ao invés de pernas, o peixe-voador adquiriu barbatanas, o morcego membranas e a tartaruga adquiriu um casco duro para protegê-la (Darwin [1794], 2015, pp. 6-7).

O Dr. Darwin explicou que no homem, as mudanças podiam ser produzidas pelos esforços ou por doenças e se tornarem hereditárias. Por exemplo, o uso constante dos membros superiores podia produzir mudanças como se observava em pessoas que trabalhavam na bigorna, remo, tear, por exemplo (Darwin, [1794], 2015, p. 6). Assim, ele aceitava a herança de caracteres adquiridos pelo uso e desuso.

Erasmus era favorável à epigênese. Nesse sentido ele comentou: “Quando consideramos todas essas mudanças nas formas dos animais, e inúmeras outras que podem ser coletadas nos livros de história natural; podemos nos convencer apenas de que o feto ou embrião são formados pela aquisição de novas partes e não a partir de um grupo de germes primordiais, um incluso dentro do outro, como os copos de um mágico” (Darwin [1794], 2015 p. 6). Ele que havia estudado embriões considerava que devido à semelhança entre as estruturas encontradas nos animais de sangue quente como os quadrúpedes, pássaros, humanos, ratos, morcegos, elefante e baleia eles teriam se originado de um filamento vivo semelhante.

Algumas dessas concepções como a herança de caracteres adquiridos incluindo mutilações, estavam também presentes em outros autores da época como Buffon por exemplo. Porém outras parecem ser originais de Erasmus como, por exemplo, relacionar as modificações nos animais a três objetos do desejo.

Referências

BUFFON, Georges Louis Leclerc, Comte de. Histoire naturelle. Vol. 13. Paris: Firmin Didot, 1799.

DARWIN, Charles Robert. Origin of species by means of natural selection.6th edition. London: John Murray, 1872.

DARWIN, Erasmus. Zoonomia or The laws of organic life. London: J. Johnson, 1794.

DONDA, Pedrita Fernanda; MARTINS, Lilian Al-Chueyr Pereira. Erasmus Darwin e a herança de caracteres adquiridos. Boletim de História e Filosofia da Biologia 9 (1): 4-7, março de 2015. Versão online disponível em: Acesso em 7/6/2016.

MARTINS, Lilian Al-Chueyr Pereira. A teoria da progressão dos animais de Lamarck. Rio de Janeiro: FAPESP/ BookLink, 2007.

A teoria quântica e a contribuição de Poincaré – O artigo de 1912 e sua fundamentação termodinâmica Pedro Sérgio Rosa [email protected] Doutorando do Programa Educação para a Ciência, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Bauru, SP, Brasil. Aguinaldo Robinson de Souza [email protected] Depto. de Química, Faculdade de Ciências de Bauru, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Bauru, SP, Brasil.

Page 175: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

171

As pesquisas em ensino de ciências têm demonstrado que a introdução da História e da Filosofia da Ciência (HPS – History and Philosophy of Science) modifica o processo de ensino e de aprendizagem de conceitos científicos na sala de aula, oferecendo ao estudante e ao professor novas abordagens educacionais (Matthews, 1994).

Até o final de 1905 as propostas de Planck sobre uma nova possibilidade de interpretação matemática sobre a radiação do corpo negro e emgeral da radiação eletromagnética ainda eram consideradas como hipóteses. No ano de 1912, Poincaré em seu artigo intitulado “Sur la théorie des quanta” (Sobre a teoria dos quanta) apresentou já no primeiro parágrafo a afirmação: “Sabemos da hipótese do senhor Planck em suas pesquisas sobre as leis da radiação. Nelas, a energia dos irradiadores luminosos varia de forma descontínua, e isto nós chamamos de Teoria dos Quanta” (Poincaré, 1912). Poincaré já havia publicado uma versão resumida (nota) do trabalho de 1912 em 04 de dezembro de 1911 (Poincaré, 1911) na Comptes Rendus, um mês após o Congresso de Solvay (30/10 a 03/11/1911) (McCormmach, 1967).

Poincaré argumenta nesta parte inicial do artigo que os fenômenos físicos deixariam de obedecer a uma interpretação matemática por meio de equações diferenciais, sendo sem dúvida a maior revolução ocorrida na física desde os fundamentos da mecânica propostos pelo físico Isaac Newton. Poincaré admite as dificuldades na aceitação destas propostas e observa que Planck foi o primeiro a se preocupar com estas ideias.

A análise e discussão deste artigo de Poincaré de 1912, à luz destas novas concepções, é o que pretendemos discutir neste texto, mesmo que de forma introdutória. Neste artigo Poincaré se propõem a demonstrar que a hipótese dos quanta da radiação do corpo negro é condição não só suficiente, mas também necessária para explicar a hipótese de Planck da radiação. Estas duas condições são imprescindíveis para explicar o desenvolvimento da hipótese de Planck até a sua confirmação como uma lei presente na natureza. Acreditamos que com a publicação de seu artigo, Poincaré atribuiu um caráter mais específico à hipótese de Planck tornando-a uma lei natural e geral.

No resumo de seu artigo intitulado “Poincaré’s proof of the quantum discontinuity of nature”, Prentis (1995) apresenta um relato sobre os interesses do físico-matemático francês na resolução deste problema e quais os caminhos traçados para a verificação da real importância deste novo passo em direção às modificações profundas na natureza das interações na escala atômica.

Em trabalho publicado por McCormmach (1967), “Henri Poincaré and the Quantum Theory”, o ponto essencial observado pelo autor é discutir se a descontinuidade proposta na teoria de Planck é realmente essencial e se a continuidade dos campos deveria ser abandonada para este caso. O trecho abaixo reflete o pensamento do autor e a posição frente a um possível abandono da teoria ondulatória e de anos de observações e comprovações matemáticas consolidadas.

Uma das questões centrais do início da teoria quântica era se as descontinuidades da energia são essenciais, ou se elas poderiam, eventualmente, serem contornadas de alguma forma. Para este problema crítico Poincaré forneceu uma solução geral e convincente. Em seu último livro de memórias em física matemática apresentou uma das provas mais persuasivas que tivemos e, ainda demonstrou a inevitabilidade e as implicações de longo alcance dos quanta. A essência da sua célebre prova é que a hipótese do quanta é compatível com a existência de uma energia finita da radiação do corpo negro (McCormmach, 1967).

Poincaré analisou, no seu artigo de 1912, as condições lógicas da hipótese de Planck sobre os quanta para o desenvolvimento futuro da física na escala atômica. As condições apresentadas por Poincaré não levaram em conta a solução de equações diferenciais, desenvolvidas na mecânica newtoniana, mas sim um novo modelo com base na mecânica mecânica mecânica mecânica estatísticaestatísticaestatísticaestatística.

Traduzimos o texto original, que contém 34 páginas, para a língua portuguesa, com o intuito de iniciarmos o entendimento das suas concepções e verificar quais foram as suas reais motivações. A seguir dois trechos.

Sabemos das hipóteses do senhor Planck, que o conduziram através das pesquisas sobre as leis da radiação. Sabemos também que, a energia dos ressonadores luminosos varia de forma descontínua, a isto damos o nome de teoria dos quanta. É difícil acreditar o quanto esta concepção alterou tudo o que havíamos pensado até aqui; os fenômenos físicos deixariam de obedecer às leis exprimíveis por equações diferenciais e isto seria, sem dúvida, a mais profunda revolução da filosofia natural depois de Newton. Não falarei sobre os detalhes das dificuldades, eles são óbvios e o senhor Planck foi o primeiro a se preocupar com eles.

Podemos escapar a estas consequências? As pessoas pensam que sim; no recente

Page 176: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

172

congresso de Bruxelas, o senhor Nernst me comunicou certas sugestões; pensava ele ser possível calcular, dos fatos, supondo que as massas, ao invés de serem constantes como na mecânica clássica, dependeriam somente da velocidade, como na nova mecânica fundada sob o princípio da relatividade, mas dependeriam das componentes da velocidade e da aceleração. Estas sugestões do senhor Nernst me levaram a começar este trabalho, e eu direi que estou convencido a responder negativamente à questão colocada pelo eminente físico (Poincaré, 1912).

Neste artigo há a nítida preocupação em demonstrar dois caminhos possíveis para justificar a introdução dos quanta de Planck e consequentemente modificações na mecânica de Newton. Um deles através da interpretação estatística da termodinâmica, com críticas aos teoremas de Boltzmann e, pelas trocas de energia entre ressonadores e o éter: “Através do princípio de Döppler-Fizeau; supondo que os ressonadores estejam em movimento e que os raios luminosos possam refletir, refratar, difratar ou difundir pelos corpos em movimento. Neste caso, os ressonadores de comprimentos de onda diferentes poderiam trocar suas energias por meio do éter” (Poincaré, 1912, p. 6). Poincaré sugere na página 34 a construção de uma teoria matemática considerando o éter nas trocas de energia entre as partículas materiais, o que é no mínimo estranho, pois ele considera os resultados de Michelson e Morley, sobre “a negação” do éter como os mais convincentes. De qualquer forma, embora tenha escrito um artigo em 11 de abril de 1912 para uma conferência apresentada à Sociedade Francesa de Física e publicado em maio de 1912 (“Rapports de la matière et de l’éther”) discutindo este “quinto” elemento material, não vemos uma teoria matemática nos moldes do que este eminente sábio francês costuma publicar como demonstração. Poincaré não teve tempo para esta tarefa extremamente complexa, pois faleceu em 17 de julho deste mesmo ano deixando aos físicos e matemáticos a tarefa de compreender e justificar matematicamente a existência ou inexistência do éter. El giro científico de la Medicina Raúl Chullmir [email protected] Universidad Nacional Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina.

El estudio analítico de la medicina como rama de la filosofía de la ciencia recién comenzó en 1976. Planteados sus interrogantes, en este caso solo dos nos interesan. Porque el hombre se enferma? Que puede hacer para aliviar su dolor? Estas dos preguntas aunque aparentemente conectadas, pertenecen en realidad a dominios filosóficos diferentes. Una se refiere al acto de conocer, de entender la enfermedad. Explicar el porqué de la ocurrencia de un fenómeno natural, la perdida de la salud. La otra habla de un cómo. De qué manera se puede modificar el curso natural de ese proceso. Una terapéutica. La primera es una pregunta epistémica, la otra se refiere a una tecnología. Pretendemos en este trabajo hacer un aporte a esta rama especial analizando la que es probablemente su disciplina más técnica, la cirugía.

De tiempo antiguo y aun hoy, se tiende a considerar al cirujano como un hábil en el manejo de heridas y órganos. Un técnico que sabe cómo, pero que no sabe por qué. Un experto en extraer provecho de la máquina orgánica, pero de la que desconoce sus principios básicos. Quien maneja distintas técnicas y que como de una caja de herramientas, sabe cual usar en cada momento. Algo así como un buen plomero. En esto coinciden la mayoría de los filósofos. Aunque no se le puede negar progreso a la cirugía, dicen de ella que no es más que técnica, de acuerdo a que los cirujanos no podrían justificar por medio de alguna ciencia, el porqué de su acción. Error común debido a suponer que cirugía, es lo que hace el cirujano en el quirófano, soslayando el saber teórico necesario para que funcione cualquiera de las modificaciones que en su hacer propone la cirugía.

La cirugía comenzó con sus aspiraciones de ser ciencia en la década de 1870, cuando acompañando a la revolución medica de los laboratorios, los cirujanos diseñaron y construyeron fundamentados en el método científico, sus propios espacios de investigación dentro del hospital, distinto de la anterior alternativa cuya base era el juicio de la experiencia individual de cada cirujano. Se constituyó así un método por el que el cirujano, si quería encontrar alguna técnica apropiada para realizar un nuevo tratamiento, el lugar

Page 177: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

173

para comenzar no debía ser en principio el quirófano, sino el trabajo previo en el laboratorio.

Fue Claude Bernard y sus investigaciones las que construyeron el nuevo paradigma de investigación. Así la biología y la fisiología junto a la anatomía y la patología, pasaron a convertirse en las nuevas ciencias básicas de la medicina. Con su método se crearon nuevos parámetros que fundamentaban cada nueva investigación. Los cirujanos tuvieron que dejar de confiar en sus propias habilidades manuales, y aceptar que la validación del trabajo quirúrgico debía venir como resultado del trabajo experimental surgido de operaciones previas hechas en animales, bajo situaciones controladas, las que podrían ser replicadas por cualquier otro cirujano en las mismas condiciones.

El cirujano solo tenía acceso a la parte externa del cuerpo y el cadáver era la herramienta indispensable para investigar, pero el método fallaba si se pensaba como plataforma para los proyectos de cirugía interna. Es por eso que antes de pensar en cualquier abordaje, había que preguntarse acerca de la posibilidad fisiopatológica, es decir si era posible remover un órgano interno y que el animal siguiera vivo. La novedad radicaba en darle un lugar central a la fisiología experimental quirúrgica, y entender que ocurriría con esta nueva y artificial situación. Los hallazgos en animales le abrieron la puerta a una idea revolucionaria: si era el órgano el que estaba enfermo, sería posible extraerlo para que el paciente cure?

Theodor Billroth (1829-1894), cirujano alemán, fue el primero en hacer la resección de un órgano interno enfermo. La comunidad de cirujanos pronto incorporó su metodología como modelo para la investigación y su práctica, de allí resultó en el ejemplar de un nuevo paradigma que se inicio a partir de él.

Este simple modelo basado en la resección, que era útil para la parte externa del cuerpo y para el tubo digestivo pronto mostró sus limitaciones encontrándose con las fallas propias del actuar sobre sistemas orgánicos complejos. Los pacientes enfermaban luego de habérseles extraído órganos, cuya función hasta ese momento se desconocía. Ese fue el caso de los operados de tiroides. Los pacientes enfermaban sin reconocerse la causa. Solo el antecedente de la extracción completa de la tiroides era el factor común entre ellos. Esta situación, obligó a los cirujanos-investigadores a explorar las funciones de la glándula consiguiendo descubrir las bases de su funcionamiento.

Este método que es propio y particular de la cirugía, Cesar Lorenzano lo ha caracterizado como un ciclo epistémico. Un loop virtuoso que comienza con un problema que es el producto de una solución imperfecta anterior, esto es, que de manera imprevista y a consecuencia de la acción del cirujano el paciente se enferma de algo que previamente no tenía. Piénsese en los primeros trasplantes y la inesperada reacción inmunológica de rechazo de tejidos. Esta nuevo dificultad fuerza al investigador a ingresar al laboratorio para tratar de descubrir el origen del problema. Alcanzado el nuevo saber, éste es usado para producir una nueva y original solución con la que se resolverá la enfermedad, dejando como subproducto un nuevo conocimiento. Algo nuevo que no se sabía acerca del órgano, su funcionamiento o el de su sistema. Este ciclo epistémico iniciado por un imprevisto, al completarse siempre deja con su solución un conocimiento más completo de la fisiología interviniente. Y es propio de la cirugía porque ocurre cuando el cirujano al crear una nueva anatomía, produce una nueva fisiología que es distinta a la "normal", la que a su vez es investigada y resuelta por los propios métodos de la cirugía. Referencias

Absolon, K. B. (1984) "Developmental Technology of Gastric Surgery". Kabel pub. Rockville. Maryland. First Limited Edition.

Buklijas, Tatjana. "Surgery and national identity in late nineteenth-century Vienna." Studies in History and Philosophy of Science Part C: Studies in History and Philosophy of Biological and Biomedical Sciences 38.4 (2007): 756-774.

Chullmir, Raúl, y Lorenzano César. La Cirugía como Disciplina Científica. Ponencia presentada en IX Encuentro de Filosofía e Historia de la Ciencia del Cono Sur. XXV Jornadas de Epistemología e Historia de la Ciencia. Los Cocos, Córdoba. (2014)

Lorenzano, César J. La estructura teórica de la fisiología. Ponencia al Primer Congreso Interamericano de Filosofía. Cáceres. España. (1998)

Schlich, Thomas. The origins of organ transplantation: surgery and laboratory science, 1880-1930. Vol. 18. University Rochester Press, 2010.

Page 178: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

174

A insensatez técnica: apontamentos sobre o mito de Dédalo Renato R. Kinouchi [email protected] Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, SP, Brasil.

Simpósio 2: “Inovação tecnocientífica”

No campo da Filosofia da Tecnologia é usual o emprego de imagens míticas para ilustrar duas concepções diferentes a respeito do papel da técnica para a humanidade, a saber, a imagem prometeica e a imagem fáustica da técnica. A primeira consiste em compreender a técnica como uma compensação às limitações estritamente biológicas da espécie humana, de tal maneira que o avanço técnico possibilitaria a libertação do homem dos rigores do clima, dos trabalhos perigosos, bem como produziria condições de vida melhores, produções agrícolas mais abundantes etc. O mito do roubo do fogo dos deuses, protagonizado pelo titã Prometeu, fornece o tema geral desse tipo de concepção sobre a técnica, qual seja, o controle sobre a natureza em prol da satisfação das necessidades humanas. Por outro lado, a visão fáustica considera que a essência da técnica não é de natureza utilitária, mas sim se apresenta como destino da humanidade em sua incessante vontade de controle e transformação do mundo. A lenda de Fausto – o estudioso que firma um pacto com o demônio em troca de conhecimento e poder – representaria essa vontade de potência que visa a si mesma e que se desvela como sendo a própria essência da técnica.

Para além da dicotomia entre as duas imagens da técnica acima mencionadas, aqui discorremos sobre uma imagem menos usual, a saber, o mito de Dédalo. Tal mito foi discutido, por exemplo, pelo geneticista J. B. S. Haldane (1923) em um ensaio intitulado “Dédalo, ou a ciência e o futuro”, e logo criticado por Bertrand Russell (1924) em “Ícaro, ou o futuro da ciência”. A interpretação que faremos do mito de Dédalo procura salientar um aspecto sobre a técnica que não se encontra nem no mito de Prometeu, nem na lenda de Fausto. Com efeito, o que caracteriza a personagem Dédalo é sua insensatez, e isso dá margem a reflexões acerca da responsabilidade de cientistas e tecnólogos. Se analisarmos o mito em toda sua extensão (sendo que, na verdade, os episódios encontram-se dispersos em meio a grande narrativa sobre Teseu), veremos que Dédalo envolve-se em uma cadeia de acontecimentos para os quais ele engenha soluções técnicas que, mais adiante, criam novos e mais sérios problemas, decorrentes das escolhas pouco responsáveis. Reflexiones sobre la dualidad del concepto de “elemento químico” Rodolfo Vergne [email protected] Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza. Instituto de Enseñanza Superior 9-011 “del Atuel”, San Rafael, MZ, Argentina.

Verónica Félix [email protected] Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, MZ, Argentina.

La ciencia moderna química se estableció cuando Lavoisier reformuló el concepto de elemento químico, asumiendo un sentido empírico y abandonando el sentido de la tradición filosófica. Esto permitió un gran avance de la química como ciencia observacional y permitió la identificación de muchos elementos naturales y el descubrimiento de nuevos elementos. Pero cuando comenzaron los intentos de sistematizar y ordenar los elementos naturales identificados, surgieron problemas de criterio. Cuando Mendeleiev propuso su famosa tabla periódica, fue un momento de madurez de la química como ciencia. Pero paradójicamente tuvo que recurrir a un doble sentido del término “elemento” uno como “sustancia simple” y otro como “sustancia básica”, el primero fenoménico y científico, y el segundo abstracto y filosófico. El ordenamiento de la tabla periódica de Mendeleiev se basa en el concepto filosófico más que en el científico. Recientes químicos y filósofos, han propuesto nuevas formas de organización de los elementos que respondan a su naturaleza,

Page 179: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

175

recurriendo también a ésta concepción dual del término. La filosofía de la ciencia pretendía justificar las teorías científicas por la eliminación de los términos metafísicos. Pero la utilización de una noción abstracta de elemento para presentar de un modo natural el orden de los elementos, parece plantear nuevos desafíos. Intentamos un análisis metateórico desde una perspectiva de modelo cognitivo. Un modelo científico es un sistema que pretende representar de modo aproximado la realidad. Está formado por entidades entre las cuales encontramos enunciados, pero no se limitan a ellos. Es por eso que una concepción semántica intenta expresar adecuadamente y resolver los problemas de vinculación de los conceptos teóricos con la experiencia. Parte de la identificación de la teoría consiste entonces en la identificación de esos fenómenos empíricos de los que pretende dar cuenta.Utilizamos una acepción informal de modelo. La teoría se considera como medio para definir un modelo abstracto con la intención de aplicarse a ciertos sistemas reales, mediante ciertos recursos simbólicos. Los postulados, leyes y ecuaciones definen esas entidades. Las hipótesis teóricas establecen un tipo de relación entre el modelo y el sistema real. Este tipo de relación no es de identidad sino de similaridad. Establecemos que el concepto dual de elemento químico propuesto en la tabla periódica, representan distintos grados de aproximación o similaridad con el sistema real, o representaciones distintas de una misma realidad. Referencias

Balzer, W, Moulines, U. y Sneed, J. (2012) Una arquitectónica para la ciencia. El programa estructuralista. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes.

Giere, R. (1992) La explicación de la ciencia. Un acercamiento cognitivo. México: Concejo Nacional de Ciencia y Tecnología.

Labarca, M. (2016) “Filosofía de la química”. En Diccionario Interdisciplinar Austral, editado por Claudia E. Vanney, Ignacio Silva y Juan F. Franck. URL=http://dia.austral.edu.ar/Filosofía_de_la_química

Labarca, M. Zambón, A. y Quintanilla, M. (2015) “Aspectos histórico-filosóficos del concepto de ‘elemento’. Aportes para la formación inicial y continua de profesores de ciencias”. En: Quintanilla, M., Daza, S. y Cabrera, H. (comp.) Historia y Filosofía de la Ciencia. Aportes para una “nueva aula de ciencias” promotora de ciudadanía y valores. Santiago de Chile: Bellaterra, 233-249.

Scerri, E. (2008). El pasado y el futuro de la tabla periódica. Educación Química, 19(3): 234-241.

––––––. (2011) The Periodic Table: a very short introduction. New York: Oxford University Press.

Stegmüller, W. (1983) Estructura y dinámica de teorías, Barcelona: Ariel.

Zambón, A. (2013). “Representación del sistema periódico: una tabla basada en tríadas”. Revista Colombiana de Filosofía de la Ciencia, 13(26), 181-197.

––––––. (2015) La noción de sustancia básica en la conceptualización y clasificación de los elementos químicos. Tesis Doctoral. Universidad Nacional de Tres de Febrero.

A reconstrução da física de Hiparco e a Micro-História Rodrigo Cristino de Faria [email protected] Doutorando no Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Hiparco de Nicéia (c. 190 a.C. – c. 120 a.C.) é considerado um dos maiores astrônomos dentro da tradição grega. Suas contribuições à astronomia e à matemática – tais como a sua teoria solar e lunar, a descoberta da precessão dos equinócios, a compilação de um catálogo estelar, e sua tábua trigonométrica – são bem conhecidas, principalmente através das referências constantes a ele feitas por Ptolomeu no Almagesto. Deve-se a ele, grosso modo, a introdução de métodos numéricos na astronomia grega, dominada até então por modelos puramente geométricos do universo, sem poder preditivo das posições dos planetas.

Algumas ideias de Hiparco iam, contudo, contra a cosmologia, a física e a astronomia de Aristóteles. A teoria solar de Hiparco, para mencionar um exemplo, ao

Page 180: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

176

colocar a Terra num ponto excêntrico em relação à orbita circular do Sol, entrava em conflito com a cosmologia aristotélica, segundo a qual a Terra está posicionada no centro do Universo, lugar natural das coisas pesadas. Essa contradição entre as ideias do astrônomo e as do físico é justamente o que está na base da famosa divisão de trabalho feita por Gêmino (século I a.C.): para que os astrônomos possam estar livres das restrições da física aocriarem modelos matemáticos empiricamente adequados dos movimentos celestes, e para que os físicos não sejam desafiados pelas teorias dos astrônomos, achou-se uma solução de compromisso em que o trabalho do astrônomo é visto como uma ficção matemática que deve apenas “salvar os fenômenos”, e não conteria a verdade sobre os reais movimentos celestes.

No entanto, especula-se que Hiparco estivesse interessado não apenas em criar modelos matemáticos, mas também em desenvolver uma explicação física dos movimentos celestes. Apesar de a única obra restante de Hiparco (um comentário sobre as constelações e previsão astrológica do tempo meteorológico) não conter indicações nesse sentido, que tampouco aparecem nas referências contidas no Almagesto, é possível encontrar nos comentários de Simplício um relato acerca de uma obra sobre a queda dos corpos. Nela, Hiparco teria proposto uma explicação para a aceleração dos corpos em queda através de uma força impressa no corpo, mas que, diferentemente do impetus medieval, não é permanente, mas evanescente. Galileu fará menção à essa ideia de Hiparco em seus primeiros estudos sobre o movimento.

Hiparco parece ter ido muito além. Lucio Russo (1994) procura reconstruir as ideias do cientista helenístico a partir de fontes pré-ptolomaicas, numa abordagem muito semelhante àquela de historiadores da escola da Micro-História, como Carlo Ginzburg (1994). Sua abordagem é procurar por pistas de ideias científicas em autores não cientistas, cujas fontes, por isso mesmo, não são devidamente exploradas pelos historiadores da ciência, para, a partir daí,apresentar uma reconstrução da astronomiade Hiparco. O resultado finalé que Hiparco (e outros cientistas do período helenístico) teria chegado a uma espécie de “heliocentrismo dinâmico”, em que o movimento dos planetas é explicado através da interação gravitacional entre os corpos celestes, bem como a certa ideia de inércia.

Minha intenção é dupla: pretendo, em primeiro lugar, apresentar essa suposta física de Hiparco, discutindo brevemente alguns de seus aspectos, e, em segundo lugar, fazer uma análise do método utilizado por Russo em sua reconstrução, procurando mostrar tanto suas aproximações e afastamentos dos preceitos metodológicos da Micro-História, quanto alguns pontos relacionados à aplicação desta última na História da Ciência.

Referências

GINZBURG, C. Sinais: Raízes de um Paradigma Indiciário. In: ––––––. Mitos, Emblemas, Sinais. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 143-179.

RUSSO, L. The Astronomy of Hipparchus and his Time: A Study Based on Pre-Ptolemaic Sources. Vistas in Astronomy, 38, 1994, p. 207-248.

Ética evolucionista: a importância da distinção entre altruísmo e moralidade Roger Rex [email protected] Depto. de Filosofia, Universidade de Brasília, Brasília

Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta”

Autores que adotam a abordagem da ética evolucionista para explicar a conformação da psicologia humana costumam confundir altruísmo e moralidade. Igualar esses conceitos implica, no entanto, uma ampliação injustificada do conceito de moralidade que ignora o seu caráter normativo. Sensibilidade a situações que causam danos a terceiros, empatia pelos membros do grupo, capacidade para generalização, capacidade para memorizar condutas não-cooperativas, todas essas características podem possibilitar o bom convívio no mundo social sem implicar a existência de moralidade. Podemos imaginar um ser que

Page 181: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

177

colabore com os membros de sua espécie, esteja disposto a sacrificar-se em benefício de seu grupo, mas seja incapaz de julgar que alguma ação é condenável, ou que ela é desejável e não simplesmente desejada; ou seja, a existência de comportamentos cooperativos não depende da existência de juízos morais.

A compreensão das diferenças entre altruísmo e moralidade conduz à identificação das diversas capacidades intelectuais envolvidas nos julgamentos morais e é essencial para o projeto de averiguar se a moralidade é uma adaptação biológica. Muitas das abordagens evolutivas acerca da moralidade se restringem a uma investigação acerca da evolução da cooperação e de atitudes pró-sociais. No entanto, responder se a moralidade é uma adaptação não envolve apenas investigar a função adaptativa de comportamentos altruístas, envolve também investigar qual a função adaptativa de valorar condutas.

Na presente comunicação, apresento argumentos extraídos de discussões entre cognitivistas e não-cognitivistas e resultados de estudos na área da Psicologia moral a fim de esclarecer a importância de distinguir os conceitos de altruísmo e moralidade.

Para conseguirmos distinguir claramente esses dois conceitos é indispensável reconhecermos que os julgamentos morais envolvem crenças, em algum sentido relevante. Contudo, essa ideia enfrenta objeções e é um dos pontos centrais do debate metaético entre cognitivistas e não cognitivistas. As posições não-cognitivistas clássicas negam que os julgamentos morais expressem crenças e tenham conteúdo descritivo. Contudo, argumentos como o das expressões embutidas (embedded sentences) demonstram que para que essas posições sejam consistentes, elas precisam negar também a possibilidade de raciocinarmos moralmente de acordo com as regras da lógica. Se dizer que algo é errado equivale apenas a expressar uma atitude de desaprovação, teríamos dificuldade para explicar a atitude de quem se questiona se as suas próprias atitudes estão moralmente corretas. As posições não-cognitivistas atuais buscam se adequar a críticas como essa e admitem que os julgamentos morais envolvem, de forma secundária, crenças e um sentido descritivo, embora sustentem que a função principal desses julgamentos é manifestar atitudes de aprovação ou de reprovação.

Por sua vez, os estudos psicológicos mais recentes corroboram a tese de que o raciocínio consciente e as crenças que possuímos influenciam nossos julgamentos morais, de modo que eles não podem ser reduzidos a simples manifestações de atitudes conativas.

A literatura sobre atitudes sociais implícitas, por exemplo, indica que processos controlados conscientemente podem exercer uma importante influência sobre as respostas verbais e sobre o comportamento, suprimindo vieses racistas implícitos (e.g. Greenwald et al., 1998; Mallon & Nichols, 2010, p. 300-2). Ainda, em certas circunstâncias, as pessoas alteram os seus julgamentos para amenizar as inconsistências de suas intuições iniciais (Lombrozo, 2009) ou quando são incentivadas a raciocinar sobre o assunto em questão (Pizarro, Uhlmann, & Bloom, 2003, p. 657-8). Outros estudos de neuroimagem (Greene et al., 2004) e de tempo de reação (Greene et al., 2008) associam processos de raciocínio aos julgamentos morais. Pelos menos em algumas oportunidades o compromisso consciente que temos com certas normas morais influencia as nossas deliberações sobre o que é certo ou errado (Cushman, Young & Greene, 2010, p. 47-8). Todos esses resultados que indicam a importância do raciocínio para os julgamentos morais contradizem a posição não-cognitivista clássica.

Além disso, ainda que o raciocínio consciente apenas em poucos casos tenha um papel causal na produção de julgamentos morais, ele pode ser bastante relevante. Uma única decisão tomada por meio desse tipo de raciocínio pode exercer influência duradoura quando ela altera as motivações que orientam a conduta do indivíduo. Por exemplo, muitos indivíduos, por meio de raciocínio consciente chegam à conclusão de que é imoral comer carne e isso acaba produzindo alterações no comportamento que se ramificam ao longo do tempo, influenciando inclusive as emoções e as intuições que eles manifestarão no futuro (Pizarro & Bloom, 2003). Nesse sentido, o nojo e a repulsa que vegetarianos sentem por carne é uma consequência, não uma causa, de suas convicções morais (Fessler et al., 2003).

Argumentos cognitivistas como o das expressões embutidas e os estudos psicológicos mencionados sustentam a tese de que os julgamentos morais envolvem crenças e possuem um sentido descritivo, ainda que eventualmente secundário, de forma que não podemos caracterizá-los como simples manifestações de atitudes conativas. Darwin já percebia que os julgamentos morais não podem ser confundidos com emoções ou com instintos, pois, em virtude de envolverem crenças, eles requerem uma série de capacidades intelectuais, tais como autoconsciência, linguagem, memória, habilidade de

Page 182: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

178

atribuir estados mentais a outras pessoas (teoria da mente) e de compreender que esses estados mentais podem ser diferentes daqueles que possuímos.

Portanto, ao distinguirmos os conceitos de moralidade e altruísmo, percebemos que não há somente um processo psicológico responsável pela produção de julgamentos morais. Esses julgamentos resultam de interações complexas entre diversos sistemas psicológicos. Assim, responder se a moralidade é uma adaptação envolve também investigar como e quando essas capacidades intelectuais surgiram.

Referênnnncias

CUSHMAN, F.; YOUNG, L.; GREENE, J. D. Multi-system moral psychology. In: DORIS, J. M. (Org.). The handbook of moral psychology. Oxford; New York: Oxford University Press, 2010, p. 47–71.

FESSLER, D. M. T. et al. Disgust sensitivity and meat consumption: a test of an emotivist account of moral vegetarianism. PMID: 12880619: Appetite, 2003. v. 41, n. 1, p. 31–41.

GREENE, J. D. et al. The neural bases of cognitive conflict and control in moral judgment. PMID: 15473975: Neuron, 14 out. 2004. v. 44, n. 2, p. 389–400.

______. Cognitive load selectively interferes with utilitarian moral judgment. PMID: 18158145 PMCID: PMC2429958: Cognition, jun. 2008. v. 107, n. 3, p. 1144–1154.

GREENWALD, A. G.; MCGHEE, D. E.; SCHWARTZ, J. L. Measuring individual differences in implicit cognition: the implicit association test. PMID: 9654756: Journal of personality and social psychology, jun. 1998. v. 74, n. 6, p. 1464–1480.

LOMBROZO, T. The role of moral commitments in moral judgment. Cognitive science, 1 mar. 2009. v. 33, n. 2, p. 273–286.

MALLON, R.; NICHOLS, S. Rules. In: DORIS, J. M. (Org.). The moral psychology handbook. 1 edition ed. Oxford ; New York: Oxford University Press, 2010.

PIZARRO, D. A.; BLOOM, P. The intelligence of the moral intuitions: comment on haidt (2001). PMID: 12529062: Psychological review, jan. 2003. v. 110, n. 1, p. 193-196-198.

PIZARRO, D. A.; UHLMANN, E.; BLOOM, P. Causal deviance and the attribution of moral responsibility. Journal of experimental social psychology, 2003. v. 39, n. 6, p. 653–660.

Papel das representações mentais no raciocínio indutivo Rogério de Souza Teza [email protected] Mestrando no Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

O objetivo desta apresentação é explorar a primeira evidência apresentada por Jerry Fodor para a existência de uma linguagem do pensamento e, portanto, de um sistema representacional subjacente aos processos mentais. É a evidência dada pela aprendizagem de conceitos (concept learning). A exposição, assim, se dividirá em duas partes: a primeira dedicada ao panorama da hipótese de linguagem do pensamento de Fodor, e a segunda explorando as consequências da evidência, especialmente na sua relação com o problema da indução e a psicologia da extrapolação.

O projeto de “linguagem de pensamento” foi primeiramente tratado por Fodor há mais de quatro décadas, em The Language of Thought (1975). Nesta obra, o filósofo defendia que os processos cognitivos são todos computacionais e que, portanto, se suportam sobre um sistema representacional. Sobre essa hipótese, então, Fodor constrói sua chamada Teoria Representacional da Mente (TRM). Chama a atenção que a obra, mais do que um manifesto pela linguagem do pensamento, se preocupa em tornar explícita uma das principais dificuldades que a ciência cognitiva encontrava nas décadas de 70 e 80, e que ainda hoje encontra lugar central nos debates entre conexionistas e representacionistas: se os processos cognitivos são processos computacionais (isto é, envolvem cálculo nas considerações das possibilidades), e de que tipo é o meio sobre o qual esses processamentos ocorrem? Em outras palavras, quais são as propriedades que o sistema interno de representações possui?

Segundo o ponto de vista de Fodor, não apenas a tomada de decisão e as ações devem ser vistas como processos computacionais, mas também a aprendizagem e a

Page 183: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

179

percepção. É aí, na aprendizagem, que Fodor diz encontrar uma das principais evidências para a linguagem do pensamento. Curiosamente, Fodor não está a considerar a aprendizagem qualquer, como muitas vezes os psicólogos comportamentalistas apontam no modelo estímulo-resposta, em que o que o organismo “sabe” é alterado como consequência de suas experiências, em particular, como uma consequência de suas interações com o ambiente. Digo “curiosamente” porque ele está interessado na aprendizagem de conceitos (concept learning) e porque esse tipo de evidência, neste caso, ou seria trivial ou levaria a um argumento em círculo. Pois, os conceitos, uma vez que parcialmente correspondem às palavras na linguagem escrita e falada (THAGARD, 2014), estariam entre os pressupostos de uma linguagem do pensamento.

Fodor busca demonstrar que, no caso da aprendizagem de um conceito, este vai além dos dados da experiência, isto é, o que é lembrado da experiência não exaure o que foi aprendido da experiência. Isto toca o segundo ponto desta apresentação e que, considero eu, é até mais interessante do que o primeiro. Segundo Fodor, a aprendizagem de conceitos não é apenas a transdução de um objeto do mundo físico para o mundo mental, em outras palavras, um trabalho referencial. De fato, em seu fim ele é isso, mas enquanto processo, a aprendizagem de conceitos, segundo Fodor, é essencialmente um processo de formação de hipóteses e confirmação. À primeira vista, seria um processo de tentativa e erro, como em processo de aprendizagem que encontra semelhanças nos trabalhos de Skinner e Vygotski, por exemplo, conforme aponta Fodor.

O que está em jogo é que, para Fodor, a formação de hipóteses é a possibilidade de extrapolação não arbitrária, e ela só pode acontecer se houver um sistema representacional pressuposto. Fodor ainda afirma que, neste sentido, ela guarda similaridade com uma situação familiar na filosofia da ciência, que é o caso da inferência indutiva conforme o já clássico argumento atribuído a Goodman (1965). Ou seja, a TRM de Fodor flerta com a tentativa de explicação da psicologia do raciocínio indutivo. The turn of the valve: how models represent Roman Frigg [email protected] Department of Philosophy, Logic and Scientific Method, London School of Economics and Political Science (LSE), London, England Scientific models are representations. Building on Goodman and Elgin’s theory of pictorial representation we analyse what this claim involves by providing a general definition of what makes something a scientific model, and formulating a novel account of how they represent. We call the result the DEKI account of representation, which offers a complex kind of representation involving an interplay of, denotation, exemplification, keying up of properties, and imputation. We introduce the account with material models, and then show it can be generalised to other kinds of models, notably fictional and mathematical models. Paul Feyerabend e o problema da medição quântica Romeu Rossi Júnior [email protected] Universidade Federal de Viçosa, Câmpus Florestal, MG, Brasil.

Mesa redonda “Feyerabend e a mecânica quântica”

O problema da medição na mecânica quântica (MQ) tem origem na dificuldade de se desenvolver uma representação, completa e homogênea, que seja capaz de descrever o processo da medição do instante inicial, da preparação do estado quântico, ao instante final, quando um resultado de medida é registrado por um aparato macroscópico. Sobre os experimentos realizados no contexto da física clássica existe um consenso entre os físicos que consideram a independência completa entre o objeto a ser estudado e o aparato experimental. As possíveis interferências provocadas por imperfeições dos aparatos experimentais podem ser minimizadas e limites teóricos para tal otimização não são

Page 184: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

180

definidos. Portanto, o registro de um dado experimental na física clássica é interpretado como a revelação do valor, anteriormente definido, da quantidade física medida. Entretanto, na teoria quântica, a dificuldade de interpretar o elemento matemático que descreve o sistema físico, a saber, o vetor de estado (em sistemas puros), impossibilita que a descrição do processo de medida seja trivial como na teoria clássica.

Na interpretação desenvolvida por N. Bohr e W. Heisemberg a distinção entre a descrição clássica e a descrição quântica é imposta. Neste contexto, os registros experimentais pertence ao domínio da descrição clássica enquanto a evolução temporal do estado pertence ao domínio da descrição quântica. Formalmente, a evolução temporal é descrita por uma equação diferencial que possui solução única, quando as condições iniciais são conhecidas, tratando-se assim de uma evolução determinista, como a evolução temporal da mecânica clássica. A distinção sugerida pela interpretação ortodoxa apresenta a necessidade de introduzir no formalismo um elemento matemático capaz de realizar a transição entre o domínio pertencente a descrição quântica para o domínio da descrição clássica. Portanto, em formulações tradicionais da teoria quântica um operador matemático realiza tal transição, usualmente denominada de "colapso do vetor de estado", fazendo referência ao caráter instantâneo da operação, o que impossibilita a descrição da medição como um processo composto por diversas etapas.

J. von Neumann, em Mathematical Foundations of Quantum Mechanics, apresenta uma descrição da medição na teoria quântica como um processo, em que os elementos do aparato de medida e mesmo do observador são incluídos na descrição quântica, formando assim uma cadeia, a “cadeia de von Neumann”. Cada elemento da cadeia interage com o elemento vizinho, assim a informação sobre o objeto de interesse (a ser medido) é transmitida através da cadeia e pode ser acessada em elementos distantes, localizados no aparato ou no observador. A teoria de J. von Neumann permite que a medição seja descrita como um processo detalhado, em que o número de elementos na cadeia depende do grau de detalhamento desejado para cada análise. Cada componente da cadeia é representado por um vetor de estado e a evolução temporal global, que inclui todos os elementos, produz um estado emaranhado de muitas partes. No entanto, o registro de um resultado de medida ainda é descrito por J. von Neumann através do colapso de um vetor de estado que representa o último componente da cadeia, no aparato ou no observador incluído na descrição.

Paul Feyerabend, em "On the Quantum Theory of Measurement ", critica as abordagens propostas por N. Bohr, W. Heisemberg e J. von Neumann para a descrição do processo de medição na teoria quântica e apresenta uma proposta que consiste na descrição do processo de medição fazendo uso apenas das equações de movimento (equações diferenciais) e afirmações sobre o aparato de medida, visando reconciliar as concepções acerca da reversibilidade da evolução de estados com o "colapso do vetor de estado". O objetivo deste trabalho é analisar os aspectos físicos e filosóficos desta proposta e contextualizá-la no debate contemporâneo sobre a medição. Estilo químico e temporalidades: artefatos químicos como objetos técnicos Ronei Clécio Mocellin [email protected] Departamento de Filosofia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil.

Simpósio 4: “Estilos de raciocínio científico” Um estilo químico de raciocinar origina-se de espaços epistêmicos específicos: os laboratórios. A singularidade deste estilo está no fato de que o elemento originário do processo é a produção de artefatos, de materiais, que é acompanhada da produção de valores cognitivos e sociais. Apresenta três características principais: conhecer através do fazer; está mais interessado na individualidade material do que com a matéria em geral; representa um compromisso específico com a Natureza. Neste simpósio, meu objetivo consiste em refletir acerca dos entrecruzamentos de diferentes temporalidades explicitados pelo estilo químico de um determinado período histórico, e com isso sugerir a pertinência de se pensar os artefatos químicos como objetos técnicos.

Page 185: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

181

Los Simuladores: verdad y poder en la psiquiatría de José Ingenieros Sandra Caponi [email protected] Departamento de Sociologia e Ciências Políticas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – CNPq, Brasil.

Pretendo analizar aquí la temática que constituye el eje articulador del libro La simulación de la locura, publicado en 1903 por el psiquiatra argentino José Ingenieros: los delincuentes simuladores. Este texto surge inicialmente como resultado de la tesis defendida en el año 1900 para obtener el título de médico. En el año 1903, esa tesis será publicada en forma de libro agregándole un capítulo inicial denominado La simulación en la lucha por la vida. Por esta obra, la Academia de Medicina de Buenos Aires le otorgará a Ingenieros la medalla de oro destinada a premiar la mejor obra científica argentina. De tal modo que, como afirma Cristina Fernandez (2006), La simulación de la locura, cimentará la fama de Ingenieros como el más prestigioso alienista, sociólogo y criminalista argentino de su época.

Los delincuentes simuladores, para liberarse de la cárcel, simulan haber actuado sin tener conciencia plena de sus actos afirmando padecer alguna forma de alienación mental. Cabe a la psiquiatría decidir si el delincuente es efectivamente un alienado o si se trata de un simple caso de simulación. En ese acto, en ese procedimiento de arbitraje entre la verdad y la falsedad de los síntomas se juegan inúmeras cuestiones jurídicas, criminológicas, psiquiátricas y también epistemológicas. Ocurre que, como afirma Foucault: “el gran problema de la historia de la psiquiatría en el siglo XIX no es un problema de conceptos, no es en absoluto el problema de tal o cual enfermedad: el verdadero problema, la cruz de la psiquiatría decimonónica, no es la monomanía y ni siquiera la histeria. Si se admite que en el poder psiquiátrico la cuestión de la verdad jamás se plantea, puede entenderse que la cruz de la psiquiatría decimonónica sea simplemente el problema de la simulación”. (Foucault, 2003, p. 160)

El problema de la simulación de la locura parece ser contemporáneo al nacimiento de la psiquiatría moderna. Vemos aparecer este problema en los principales textos de la historia de la psiquiatría a lo largo del siglo XIX e inicios de siglo XX. Inicialmente surge como tema de interés en el Tratado de Pinel, particularmente en el capítulo dedicado a Manía simulada y medios de reconocerla (Pinel, 1908, p. 271). Más tarde, a mediados del siglo XIX, este será un tema de preocupación que concentra el interés de los degeneracionistas. Benedict August Morel(1857), analiza un caso particular de simulación, el caso Desrosieres, publicado en los Anales Médico-psicológicos. El psiquiatra Armand Laurent (1866) escribe Étude médico-légale sur la simulation de la folie.Luego con Charcot (1887), a propósito de la histeria, la cuestión de la simulación vuelve a escena, por ejemplo en Leçons sur les maladies du système nerveux, faites a la Salpêtrière.

Pretendo analizar aquí los argumentos esgrimidos por Ingenieros para proponer una respuesta al problema de la locura simulada. Estos argumentos parecen estar fuertemente marcados por las tesis defendidas por los degeneracionistas. La Teoría de la degeneración tuvo enorme influencia, en las últimas décadas del siglo XIX y en las primeras décadas del siglo XX, no solo en Europa sino también en América Latina. El texto de Ingenieros parece poner en evidencia el impacto que esta teoría tuvo también en Argentina, en este caso para pensar de otro modo un viejo problema de la psiquiatría: la simulación de la locura.

Foucault afirma que existe un momento de ruptura en el sistema médico jurídico, “un momento que fue particularmente fecundo para las relaciones sostenidas entre la psiquiatría y el derecho penal: los últimos años del siglo XIX y los primeros del XX, la etapa que va entre el Primer Congreso de Antropología Criminal, en 1885, a la publicación por Prins de La Défense Sociale, en 1910” (Foucault, 1981, p. 414). Fue justamente en ese período que José Ingenieros elaboró su estudio sobre la simulación.

En ese momento se establecieron nuevas alianzas entre el discurso médico y el discurso jurídico. Una transformación significativa posibilitada por el progresivo abandono de la noción de monomanía homicida, que había servido como recurso explicativo para todo impulso violento o criminal. Esa noción psiquiátrica y jurídica, totalmente centrada en el acto criminal, excluía cualquier pregunta que no se dirigiera al homicidio consumado. Esto

Page 186: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

182

es, se abría la posibilidad de interrogarse, ya no exclusivamente por el crimen, sino fundamentalmente por el sujeto criminal.

A História da Ciência no ensino: a visão do professor universitário em relação à grandeza quantidade de matéria e sua unidade, o mol Sandra Franco-Patrocínio [email protected]

Ivoni Freitas-Reis [email protected]

Núcleo de Estudos em História da Ciência, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil.

Atualmente define-se o mol como sendo a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares quantos são os átomos contidos em 0,012 kg de carbono 12 (IUPAC, 1997), definição essa, muito diferente da cunhada por Wilhelm Ostwald (1853-1932) em 1900, que estabeleceu o mol como sendo o peso normal ou molecular de uma substância expresso em gramas. A princípio, a definiçãoutilizada atualmente parece simples, mas o que ocorre em nível cognitivo é apenas a memorização – em detrimento da compreensão do conceito – pelos alunos, tanto da educação básica como os do ensino superior.

Na tentativa de compreendermos como docentes que lecionam nas universidades federaisdo estado de Minas Gerais, no Brasil, abordam a grandeza quantidade de matéria, bem como sua unidade – mol enviamos um questionário com oito perguntas que versavam sobre a forma que esta temática estava sendo trabalhada nas universidades, deste questionário, obtivemos resposta de 24 professores.

Os resultados indicam que muitos docentes empregam analogias para abordar o mol – como por exemplo, a dúzia; Monteiro e Justi (2000) afirmam que a analogia contribui para que o educando se aproxime de algo distante à sua realidade, quando bem empregada, pode colaborar com o desenvolvimento cognitivo do estudante, mas é importante que o docente esteja atento em mostrar os limites dessas analogias, auxiliando os alunos a identificarem não só as similaridades como também as diferenças entre o domínio da analogia e o domínio do alvo.

Em relação à grandeza quantidade de matéria, esta é pouco compreendida pelos alunos que cursam disciplinas iniciais da química na graduação. Essa constatação nos mostra que a dificuldade de aprendizagem não é sanada no ensino médio, quando o educando é colocado à frente de tal assunto pela primeira vez. Nesse sentido, os professores defendem que a temática deve ser melhor ensinada no ensino médio, além de empregar uma abordagem histórica da construção desse conhecimento nas aulas, como afirma um dos professores “Quando a parte histórica do mol é apresentada, ocorre um tipo de iluminação sobre vários anos de Ensino Médio obscuros. Muito pouco se ensina sobre as origens, de porquê ou como surgiu esta unidade” (P22).

O emprego da História da Ciência para melhor compreensão dos saberes químicos corrobora com as recomendações das principais diretrizes para o Ensino Médio do Brasil, tais como: os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000), PCN+ (2002), e Orientações Curriculares (2006), nos quais é recorrente a sugestão para que o docente trabalhe com temas relacionados à História da Ciência. Nesses documentos, é enfatizado a importância de explicitar que o conhecimento é construído através do tempo e que a ciência e seus saberes possuem um caráter dinâmico (BRASIL, 2000).

A sugestão de inserir a História da Ciência no ensino de Química não é comum somente no Ensino Básico, compreende também, o Parecer 1.303/2001 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Química em nível de graduação. Nesse documento, ao tratar das competências que o aluno de licenciatura deve possuir, é mencionado que o educando deve “ter uma visão crítica com relação ao papel social da Ciência e à sua natureza epistemológica, compreendendo o processo histórico-social de sua construção” (BRASIL, 2001, p. 6).

Page 187: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

183

A discussão referente a importância, bem como as implicações de se inserir a História da Ciência em busca de uma educação científica satisfatória e com uma visão da ciência mais realista, tem sido amplamente pesquisada nas últimas décadas (ALLCHIN, 2002, 2004; BELTRAN, 2009, 2013; HODSON, 1991; MATTEWS, 1994, 1998; dentre outros). Sendo assim, defendemos nesse trabalho,a importância da reflexão sobre o emprego de analogias para o estudo de quantidade de matéria, focando os cuidados necessários na qualificação e na desconstrução quando do uso dessa estratégia de ensino. Além disso, acreditamos que ao utilizar de uma abordagem que empregue a construção do conhecimento do conceito de quantidade de matéria, será possível que os estudantes compreendam o assunto com mais facilidade e que não apenas decore o valor para a constante de Avogadro.

Referências

ALLCHIN, D. How not to teach history in science. The Pantaneto Forum 7, 2002.

ALLCHIN, D. Pseudohistory and pseudoscience. Science & Education,,,, 2004, p. 179-195.

BELTRAN, M. H. R. História da Ciência e Ensino: Algumas considerações sobre a Construção de Interfaces. In: WITTER, G. P.; FUJIWARA, R. (Org.). Ensino de Ciências e Matemática. São Paulo: Ateliê Editoral, 2009, p. 179-208.

_______. História da Química e Ensino: estabelecendo interfaces entre campos interdisciplinares. Abakós, 2013, p. 71-82.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 2000.

_______. Parecer CNE/CES 1.303/2001. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química. Brasília: Ministério de Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Superior, 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/ CES1303.pdf. Acesso em: 05 dez. 2015.

_______. PCN + Ensino Médio: Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 2002.

_______. Orientações curriculares para o Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 2006.

HODSON, D. Philosophy of science and science education. In: MATTEWS, M. R (Org.). History, Philosophy and Science Teaching: Selected Readings. Toronto: OISE Press, 1991.

IUPAC. Compendium of Chemical Terminology. McNaught, D.; Wilkinson, A. (Comp.). Oxford: Blackwell Scientific Publications, 2 ed., 1997.

MATTHEWS, M. R. História, filosofía y enseñanza de las ciências: La aproximación actual. Enseñanza de las Ciências, 1994, p. 255-277.

_______. In defense of modest goals when teaching about the nature of Science. Journal of Research in Science Teaching, 1998, p. 161-174.

MONTEIRO, I. G.; JUSTI, R. S. Analogias em livros didáticos de química brasileiros destinados ao Ensino Médio. Investigações em Ensino de Ciências, v.5, n. 2, p. 67-91, 2000.

La explicación funcional darwiniana Santiago Ginnobili [email protected] Universidade Nacional de Quilmes – UBA – CONICET

Simposio 3: “Filosofía, biología y conducta”

Este trabajo toma como punto de partida la idea planteada por Caponi acerca del mito del adaptacionismo predarwiniano. En el primer capítulo de su libro La segunda agenda darwiniana (Caponi, 2011), Caponi intenta derribar lo que caracteriza como “el mito del adaptacionismo predarwiniano”. Según Caponi, la forma en que Darwin concibió a la adaptación no se encontraba presente ni en teólogos naturales ni en ningún otro naturalista anterior.

Page 188: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

184

En realidad, para que el interés central de los naturalistas se pudiese desplazar desde la correlación de forma y función en el interior del ser vivo, a la correlación entre los perfiles orgánicos y las exigencias del medio, y para que los antagonismos entre los seres vivos conquisten esa importancia que tienen en la historia natural darwiniana, era necesario que se operase una alteración radical en el modo de ver la naturaleza y en el modo de entender el lugar de los diferentes seres vivos dentro de ella. Esa alteración tiene que ver con la debacle de la idea clásica de economía natural (Caponi, 2011, pp. 14–15).

Según esta idea de economía natural, la razón de un ser vivo y de sus rasgos reside en la manutención del orden natural general de la naturaleza, que en el caso de los teólogos naturales, dependía del plan de la creación. Darwin, además de revolucionar la biología evolutiva habría inaugurado una nueva forma de ver el mundo, distinta de la de sus antecesores, en la cual los organismos vivos hacen lo que hacen en búsqueda de su propio beneficio (entendiendo beneficio darwinianamente, por supuesto, en relación con mejoras en su éxito reproductivo diferencial). Este es el sentido de frases de Darwin que pueden parecer algo exageradas si no se tiene en mente el cambio gestáltico aludido:

Si se pudiese probar que una parte cualquiera del organismo de una especie ha sido formada para ventaja exclusiva de otra especie, esto destruiría mi teoría, pues esta parte no podría haber sido producida por selección natural (Darwin, 1859, p. 201).

Un ejemplo de esto lo constituiría la idea de que la belleza en los seres vivos ha sido creada para nuestro disfrute estético:

La creencia de que muchas estructuras han sido creadas persiguiendo la belleza, el placer del hombre o del Creador (pero este último punto está más allá de la discusión científica), o persiguiendo la mera variedad, una posición ya discutida. Estas doctrinas, de ser verdaderas, serían absolutamente fatales para mi teoría (Darwin, 1872, pp. 159–160).

El punto señalado por Caponi permite entender que estas dos citas tratan sobre el cambio operado en el modo de ver la naturaleza. En el marco de la teología natural era perfectamente aceptable y esperable que ciertos rasgos de los organismos sirvieran a otras especies (Paley, 1809, p. 351) como también lo era la apelación a la belleza, con respecto a nuestros estándares o a estándares objetivos, para dar cuenta de ciertos rasgos de los organismos vivos (Paley, 1809, pp. 199–200).

Por este motivo Darwin debe afrontar la inmensa tarea de modificar la biología funcional previa, a lo cual se dedica en muchos de sus textos. Se pueden citar, por ejemplo, la serie de publicaciones dedicadas a la cuestión de la fecundación cruzada en el reino vegetal (Darwin, 1876, 1877a, 1877b). En estos textos Darwin intenta convencer de que el evitar la fecundación cruzada es la meta (por supuesto no consciente) que muchos de los rasgos de las flores persiguen. Sin tener en cuenta esta función, las estructuras florales serían completamente incomprendidas.

En otras oportunidades me he dedicado a trabajar intentando extraer consecuencias de este punto generalmente inadvertido, profundizando y continuando el análisis de Caponi (Ginnobili, 2013, 2014). En este caso, mi intención es discutir cuál sea el mejor modo de reconstruir este cambio. Pues considero que esto puede ser enriquecedor para la discusión actual sobre el estatus de la biología funcional, de la explicación funcional y de los conceptos funcionales.

Los dos enfoques más importantes he influyentes para pensar la biología funcional son el enfoque sistémico propuesto por Cummins (1975), y el enfoque etiológico, propuesto por Wright (1976). Puede mostrarse que ninguno de los dos enfoques esadecuado para pensar el cambio operado por Darwin en la biología funcional.

El enfoque sistémico piensa que la biología funcional se reduce al análisis funcional, en donde una capacidad de un sistema complejo es explicada a partir de capacidades de los constituyentes del sistema o de otras capacidades del sistema. El sistema hace lo que hace en virtud de que sus constituyentes o el sistema, hacen otras cosas de manera orquestada. Este análisis permite entender por qué algo funciona. La función de un rasgo en un sistema depende del rol que ese rasgo tiene para que el sistema haga algo. Pero un reconocido problema del enfoque es la promiscuidad. Las funciones dependen de la elección de algo que el sistema hace, pero esta elección es arbitraria. Incluso la elección del sistema es arbitraria. La función del corazón en la manutención de la vida de un organismo puede ser la de bombear sangre, pero la función del corazón en el sistema formado por el médico y un paciente, puede consistir en indicar el ritmo cardíaco. Este enfoque, en consecuencia, no puede dar cuenta del cambio producido en la biología funcional. Pues, es posible sostener

Page 189: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

185

sin problemas que la función de las flores es embellecer las vidrieras de las florerías, si se elige el sistema adecuado.

El enfoque etiológico parece tener más chances para pensar adecuadamente el cambio operado. Pues, según tal enfoque, la función de un rasgo de un objeto depende de la historia por la que el objeto se produjo. Los teólogos naturales y Darwin difieren respecto de la historia del origen de las flores. Para los teólogos naturales las flores son artefactos diseñados por Dios para adornar el mundo, para Darwin, surgieron por selección natural por favorecer la fecundación cruzada. Parecería en primera instancia, que tal enfoque podría cumplir con el cometido exigido. Sin embargo, Darwin no discute la atribución funcional desde la biología evolutiva. Dado que tales ideas no eran aceptadas en el momento, Darwin cambia la biología funcional desde dentro de la biología funcional. El cambio en la biología funcional fue precondición de la aceptación de la selección natural, y no a la inversa. En consecuencia, tampoco tal enfoque permite dar cuenta del modo en que tal cambio fue llevado adelante.

En este trabajo se planteará un camino diferente. Continuando trabajos realizados en el pasado (Ginnobili, 2011, 2014), intentaré mostrar que el mejor modo de pensar a la biología funcional pre y post darwiniana, consiste en pensar a la biología funcional como regulada por una teoría científica, la teoría funcional biológica, y mostrar ese cambio como una revisión de algunas leyes especiales de esa teoría. Referencias

Caponi, G. (2011). La segunda agenda darwiniana. Contribución preliminar a una historia del programa adaptacionista. México: Centro de estudios filosóficos, políticos y sociales Vicente Lombardo Toledano.

Cummins, R. (1975). Functional Analysis. Journal of Philosophy, 72, 741–764.

Darwin, C. R. (1859). On the origin of species by means of natural selection, or the preservation of favoured races in the struggle for life. London: John Murray.

––––––. (1872). The origin of species by means of natural selection, or the preservation of favoured races in the struggle for life, 6th ed. London: John Murray.

––––––. (1876). The effects of cross and self fertilisation in the vegetable kingdom. London: John Murray.

––––––. (1877a). The different forms of flowers on plants of the same species. London: John Murray.

––––––. (1877b). The Various Contrivances by which Orchids are Fertilised by Insects.

Ginnobili, S. (2011). Función como concepto teórico. Scientiae Studia, 9(4), 847–880.

––––––. (2013). La utilidad de las flores: el movimiento del diseño inteligente y la biología contemporánea. Filosofia E História Da Biologia, 8(2), 341–359.

––––––. (2014). La inconmensurabilidad empírica entre la teoría de la selección natural darwiniana y el diseño inteligente de la teología natural. THEORIA. An International Journal for Theory, History and Foundations of Science, 29(3), 375. http://doi.org/10.1387/theoria.9943

Paley, W. (1809). Natural Theology (12th ed.). London: J. Faulder.

Wright, L. (1976). Functions. Philosophical Review, 85, 70–86. El límite clásico de los retículos de propriedades Sebastián Fortin [email protected] Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina. Federico Holik [email protected] Universidad Nacional de La Plata – CONICET, Argentina.

En la literatura dedicada los fundamentos de la física, el problema de explicar cómo las leyes de la mecánica clásica surgen en un mundo en el que las leyes de la mecánica

Page 190: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

186

cuántica rigen a un nivel fundamental, es conocido como el problema del límite clásico (Cohen 1989). El abordaje estándar explica éste límite en términos de una interacción del sistema en cuestión con su entorno (Zurek 1991). Este proceso se conoce con el nombre de decoherencia inducida por el entorno (Schlosshauer 2007). La modelización matemática de este fenómeno se realiza usualmente apelando a la descripción de Schrödinger, en la cual los estados evolucionan en el tiempo, mientras que los observables son considerados constantes de movimiento. Dado que las propiedades de un sistema cuántico se representan por observables elementales matemáticamente descriptos por operadores de proyección, se sigue que, desde el punto de vista del esquema de Schrödinger, la estructura del conjunto de propiedades físicas se mantiene invariante. Como resultado, la estructura orthomodular del retículo de propiedades se mantiene invariante para todo tiempo: la lógica cuántica (Birkhoff y von Neumann 1936) asociada al sistema no cambia (Bub 1997).

De este modo, la descripción del retículo de propiedades en términos del formalismo de Schrödinger resulta inadecuada para modelar, desde un punto de vista lógico, sistemas que atraviesan un proceso de límite clásico (Fortin y Vanni 2014). Enfatizamos que, si la física del proceso representa una transición cuántico-clásica, su contraparte lógica debería tener una transición equivalente. Para resolver este problema, proponemos estudiar el álgebra que representa al retículo de propiedades desde la perspectiva de la descripción de Heisenberg, en la cual los operadores que representan observables evolucionan en el tiempo, asumiendo evoluciones temporales generadas por Hamiltonianos no-Hermíticos (Fortin, Holik y Vanni 2016).

Para llevar adelante esta investigación, utilizamos un marco algebraico para describir el proceso del límite clásico. Esto permite seleccionar las álgebras que representan las propiedades relevantes del sistema en distintas etapas del proceso. El carácter no Hermítico de los operadores de evolución temporal utilizados, permite generar una familia de algebras en la cual, inicialmente, se tiene el álgebra de operadores acotados en un espacio de Hilbert (Reed y Simon 1972), mientras que al final del proceso, se obtiene un algebra conmutativa (Fortin, Holik y Vanni 2016). Este abordaje permite discutir distintos aspectos filosóficos del límite clásico al estudiar la estructura lógica de los retículos de proyectores asociados a las algebras que evolucionan en el tiempo.

Al mismo tiempo, el estudio de retículos de proyectores asociados a álgebras dinámicas nos permite analizar la evolución de las probabilidades que gobiernan al sistema. Como es sabido, la regla de Born se puede entender (usando el teorema de Gleason(Gleason 1957)) como una medida de probabilidad no conmutativa sobre un retículo ortomodular (Kalmbach 1983; Holik, Plastino y Sáenz 2014). Esto permite que a través del estudio de la evolución de las lógicas, se puedan discutir aspectos formales de la estructura de las probabilidades asociadas al sistema en cada instante de tiempo, y por ello, relaciones de incerteza y medidas de la información (tales como la entropía).

Una ventaja importante de esta perspectiva reside en el hecho de que hay un criterio claro de clasicalidad: el límite clásico es alcanzado si el álgebra resultante es Booleana. El estudio de este proceso bajo la luz de nuestro abordaje puede ser de importancia para entender distintos aspectos de la teoría de la información cuántica, así como otros problemas interpretacionales asociados al estudio del límite clásico (ver Schlosshauer 2007, Capítulo 8).

ReferenciasReferenciasReferenciasReferencias

Birkhoff, G. y von Neumann J. 1936. “The logic of quantum mechanics.” Annals of mathematics 37: 823-843.

Bub, J. 1997. Interpreting the Quantum World, Cambridge: Cambridge University Press.

Cohen, D. W. 1989. An introduction to Hilbert space and quantum logic, New York: Springer.

Fortin, S. y Vanni, L. 2014. “Quantum decoherence: a logical perspective”, Foundations of Physics 44: 1258-1268.

Fortin, S., Holik, F. y Vanni, L. 2016. “Non-unitary evolution of quantum logics”, Springer Proceedings in Physics, in press.

Gleason, A. 1957. “Measures on the closed subspaces of a Hilbert space.” Indiana University Mathematics Journal 6: 885-893.

Holik, F., Plastino, A. and Sáenz, M. 2014. “A discussion on the origin of quantum probabilities.” Annals of Physics 340: 293-310.

Page 191: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

187

Kalmbach 1983, Orthomodular Lattices, San Diego: Academic Press.

Reed, M. y Simon, B. 1972. Methods of modern mathematical physics I: Functional analysis, New York: Academic Press.

Schlosshauer, M. 2007. Decoherence and the Quantum-to-Classical Transition, Berlin: Springer.

Zurek, W. H. 1991. “Decoherence and the transition from quantum to classical”, Physics Today 44 (October): 36-44.

Por que a ontologia cartesiana deu tão certo? Silvio Seno Chibeni [email protected] Departamento de Filosofia, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP. Brasil. Neste trabalho procuro destacar, primeiro, os traços gerais da ontologia proposta por Descartes para o mundo físico nos Princípios da filosofia, ordinariamente enfeixados sob a denominação de “mecanicismo”. Em seguida, tento identificar a estratégia argumentativa de Descartes para justificar epistemologicamente essa ontologia, ressaltando suas semelhanças e diferenças com relação a certas abordagens contemporâneas em filosofia da ciência. Em particular, procuro mostrar que o que hoje chamamos “método de hipóteses” foi adotado por Descartes de forma consciente e explícita, em sua proposta – também consciente e explícita – de fazer com que a ciência do mundo físico avançasse além do nível observacional, exatamente da mesma forma defendida hoje pelos chamados realistas científicos. Por fim, defendo que, detalhes à parte, não apenas essa estratégia mas também a própria ontologia envolvida, foi muito bem sucedida, no sentido específico de ter colocado a filosofia natural em trilhos seguros por mais de dois séculos, e que mesmo hoje, em que a ciência contemporânea afastou-se largamente de diversas das teses ontológicas cartesianas, seu legado continua presente na forma em que concebemos o que é fazer ciência do mundo físico. Entre dos interpretaciones de la “normalización” de la filosofía Stefan Vrsalovic Muñoz [email protected] Depto. de Filosofia, Universidad de Chile, Santiago – Doctorando becario Conicyt, Chile.

Variados autores, por ejemplo J. Santos, C. Ossandón, R. Fornet-Betancourt, han señalado que la dificultad y casi imposibilidad del desarrollo de una filosofía entendida como latinoamericana tiene su origen en la consolidación de la categoría de “normaliza-ción” de la filosofía expuesta por el argentino Francisco Romero. Sin lugar a dudas, tal categoría ha tenido sus consecuencias graves, a saber, que la filosofía solo es europea, que la filosofía solo puede tener existencia en la academia, y que la filosofía no debe ocuparse de problemas de carácter prácticos o inmediatos, sino solo de problemas abstractos y universales.

No obstante, creo que desde las lecturas y comentarios de L. Zea y F. Miro Quesada, se puede vislumbrar que Romero estaba lejos de proponer lo dicho anteriormente, ya que, ambos autores interpretan a la “normalización” de la filosofía como el punta pie inicial para el desarrollo de una auténtica y original filosofía latinoamericana. Incluso, Quesada señala que el gran objetivo de Romera era establecer una filosofía latinoamericana, con sus propias problemáticas, con sus propias propuestas, y, en consecuencias, con sus propias reflexiones abstractas y universales. En este sentido, Romero creía que Latinoamérica era capaz de generar pensadores de la altura de un Kant o un Nietzsche.

Bajo estas dos interpretaciones, nos preguntaremos por qué se consolidó la primera y, nos daremos la licencia de imaginar cuál hubiese sido el desarrollo de nuestra filosofía si la interpretación de Zea y Quesada hubiese sido la establecida como el criterio para determinar qué es y qué no es filosofía y quién es y quién no es filósofo.

Page 192: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

188

Referencias

Francisco Romero, Sobre la filosofía en América. Editorial Raigal, 1952.

Leopoldo Zea, Pensamiento Latinoamericano, Editorial Pormaca, 1965.

José Santos,Conflicto de representaciones, FCE, 2009.

Cecilia Sánchez,Una disciplina de la distancia, CESOC, 1992.

Arturo Andrés Roig, Teoría y crítica del pensamiento latinoamericano. FCE, 1981

Varios, Francisco Romero: Maestro de la filosofía latinoamericana, Sociedad Interamericana de filosofía, 1983.

Francisco Miro Quesada, Despertar y proyecto del filosofar latinoamericano, FCE, 1974. Considerações sobre a interdependência entre a História da Ciência e a Filosofia da Ciência Taimara Passero [email protected] Mestrando no Depto. de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

A História da Ciência e a Filosofia da Ciência pertencem a área de saberes distintos, cujo ponto em comum está no seu objeto: a ciência. Ambas as disciplinas tratam de modo diverso o desenvolvimento científico. A história da ciência, por ser também história, é uma maneira de interpretar os acontecimentos, nos quais podem ser levados em conta os condicionantes da época, sejam eles de tipo social, político ou econômico, a concepção historiográfica assumida pelo historiador, etc. Uma leitura filosófica possibilita reconstruir, interpretar e investigar os fundamentos de alguma ação ou algum fragmento da realidade. Apesar das especificidades de cada leitura, pode-se pensar de que maneira a história da ciência e a filosofia da ciência estão interligadas.

Desta forma, o propósito deste trabalho é discutir esta interdependência, a partir da leitura de autores como Évora, Moulines, Lakatos e Hanson. Na perspectiva de Fátima Évora é possível ver a interdependência entre história e filosofia da ciência na reconstrução da história de determinado episódio científico em que são levadas em conta as ideias metodológicas dos cientistas e também dos padrões metodológicos de sua época, da mesma forma que o filósofo da ciência leva em conta as teorias dos métodos científicos que estão veiculados no passado, para o desenvolvimento de seu trabalho. Lakatos vê ainda que os eventos da história da ciência são selecionados e interpretados de maneira normativa, ou seja, caberia a filosofia da ciência selecionar os conteúdos e interpretá-los através de normas, que a própria filosofia da ciência criou. Entretanto, esta percepção possui algumas ressalvas que foram apontadas por Moulines. Este, por sua sua vez, ao buscar a distinção entre a história da ciência e a filosofia da ciência, faz uma crítica à corrente de pensamento que pretende distinguir ambas as disciplinas, assumindo, respectivamente, a primeira como um estudo descritivo, em que o historiador deveria descrever uma sequência cronológica dos fatos de um período, e a segunda como um trabalho normativo ou avaliativo, no sentido de que o filósofo cria normas para avaliar a sequência de fatos descritas pela história, como, por exemplo, distinguir entre uma boa e má ciência feita, para determinar quando a teoria deve ser abandonada.

Já na concepção de Hanson, não há uma relação lógica entre filosofia da ciência e história da ciência; tal relação pode ser dada de forma indireta, através da interpretação, ou seja, ambas fazem interpretação, segundo seus próprios pressupostos, tanto uma da outra quanto da ciência. Apesar de críticas e perguntas que podem ser feitas às essas interpretações da interdependência entre história e filosofia da ciência é possível concluir que a história da ciência e a filosofia da ciência, mesmo com suas peculiaridades, acabam se interligando estreitamente de uma maneira ou de outra, seja no trabalho do historiador, seja no trabalho do filósofo. Em que medida se dará toda essa relação? Isso vai depender (sem cair necessariamente num relativismo) da ênfase do pesquisador e, sobretudo, da sua concepção de história, filosofia e ciência.

Page 193: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

189

Referências

ÉVORA, F. R. R. História e filosofia da ciência: uma dependência necessária? In: ÉVORA, F. R. (ed.). Século XIX: O nascimento da ciência contemporânea. Campinas: CLE/UNICAMP, 1992, pp. 3-20.

HANSON, N. R. A irrelevância da História da Ciência para a Filosofia da Ciência. In: CARRILHO, M. M. (org). Epistemologia: Posições e críticas. Lisboa: Gulbenkian, 1991.

LAKATOS, I. History of Science and Its Rational Reconstructions. PSA: Proceeding of the Biennial Meeting of the Philosophy of Science Association, pp. 91-136, 1970.

MOULINES, C. U. On how the distinction between History and Philosophy of Science should not be drawn. Erkenntnis. v. 19, pp. 285-296, 1983.

As primeiras investigações de Benjamin Franklin sobre eletricidade: um estudo de suas primeiras cartas a Peter Collinson Thátyusce Bonfim [email protected] Aluna do Bacharelado em Ciência e Tecnologia, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, SP, Brasil.

Breno Arsioli Moura [email protected] Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, SP, Brasil.

Ao longo de todo o século XVIII, os estudos em eletricidade se expandiram pelo continente europeu. Impulsionados pelos efeitos extraordinários dos fenômenos elétricos, os filósofos naturais do período começaram uma busca para tentar compreender como e por que esses fenômenos ocorriam, elaborando para isso uma série de teorias e modelos sobre a natureza da eletricidade. Durante a década de 1740 a eletricidade se tornou um assunto muito explorado: várias pessoas começaram a estudá-lo após a criação da garrafa de Leyden e, por conta disso, vários trabalhos foram escritos nesse período.

Vários autores se destacaram, entre eles, Stephen Gray (1666-1736), Charles-François du Fay (1698-1739), Abbé Jean-Antoine Nollet (1700-1770) e Albrecht von Haller (1708-1777) (Whittaker, 1951). Todos esses filósofos naturais eram europeus e contavam geralmente não só com uma boa estrutura para realizar suas pesquisas, mas também com todo o precedente histórico da filosofia natural europeia ocidental, que detinha um notável prestígio na época.

Benjamin Franklin (1706-1790), por outro lado, era norte-americano. Nos Estados Unidos ainda não existia uma tradição muito forte na filosofia natural e as primeiras instituições de pesquisa ainda estavam ou sendo criadas ou em um estágio inicial (Greene, 1984, p. 4). Apesar disso, Franklin estava constantemente em um ambiente de discussão, principalmente por conta dos grupos criados por ele próprio. Franklin pode ter contato com vários estudos graças às contribuições enviadas à biblioteca de subscrição criada por ele, a The Library Company. Nessa época, para que houvesse o desenvolvimento da ciência na América, os americanos precisavam ser notados pelas intuições de fomento e divulgação da filosofia natural, sendo importante o suporte dos intelectuais europeus. Nessa perspectiva, a correspondência com Collinson era o que tornava possível que as ideias de Franklin chegassem, por exemplo, até os membros da Royal Society em Londres (Chaplin, 2006, p. 93-95)

Em 1743, Franklin assistiu a uma demonstração pública feita por Archibald Spencer (1698?-1760) em Boston. Spencer repetiu um famoso experimento de Gray, no qual ele suspendia um garoto por cordas e o eletrizava, fazendo com que ele atraísse pequenos pedaços de papel (Hankins, 1985, p.62). Foi com essa demonstração que Franklin obteve seu primeiro contato com os fenômenos elétricos. No ano seguinte, ele ajudou a promover as conferências sobre ciência experimental do Dr. Spencer na Filadélfia (Chaplin, 2006, p. 94).

Contudo, o fato que realmente motivou Franklin a começar suas próprias investigações em eletricidade parece ter sido a leitura da revista Gentleman’s Magazine, em

Page 194: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

190

1745. A revista teria sido um presente de Peter Collinson (1694-1768) à The Library Company of Philadelphia e continha uma tradução de trabalhos dos alemães Georg Matthias Bose (1710-1761), Christian August Hausen (1693-1743) e Johann Heinrich Winckler (1703-1770), reunidos por Haller. Além da revista, Collinson enviou também um tubo de vidro que era utilizado para produzir faíscas.

Com o tubo e a tradução dos trabalhos em mãos, Franklin formou, juntamente com Philip Syng (1703–1789), Thomas Hopkinson (1709-1751) e Ebenezer Kinnersley (1711-1778), um grupo que ficou conhecido como Philadelphians ou Philadelphia Experiments. Eles tinham o objetivo de reproduzir os fenômenos sugeridos no artigo e de elaborar novos experimentos para o estudo da eletricidade. Como Franklin possuía habilidade e conhecimento nas artes manuais, ele foi capaz de inventar e construir novos equipamentos para fazer esses estudos (Cohen, 2007, p. 846).

Como resultado dessas incursões experimentais acerca da eletricidade, Franklin começou a enviar cartas para Collinson em 1747, comunicando-o sobre os experimentos e descobertas feitas por ele, assim como aquelas as feitas em grupo. Ele não se preocupou em definir quais descobertas eram suas e quais eram de seus colaboradores – na maioria das cartas utilizava a primeira pessoa do plural –, fato do qual se deriva a impossibilidade de separar as observações de cada membro do grupo (Lemay, 1961, p. 578).

Para a tradução comentada destas duas primeiras cartas, foi utilizada a edição de 1769 do Experiments and observations on electricity, made at Philadelphia in America (Franklin, 1769, p. 1-11). Esta foi a quarta versão inglesa do livro e a primeira a ser editada pelo próprio Franklin (Cohen, 1956, p. 436, nota §).

A primeira carta foi enviada em Março de 1747 e contém apenas um breve agradecimento de Franklin pelo presente enviado por Collinson. Ele também informou que começara a fazer experimentos com o material recebido. Além de relatar a observação de fenômenos que pareciam novos, prometeu os descrever em sua próxima carta. Revelou ainda seu grande entusiasmo pelo estudo em eletricidade, que contagiou ele e seus amigos.

A segunda carta foi enviada em julho de 1747, relatando os fenômenos observados por ele e seus companheiros. O conteúdo da carta é formado basicamente pela descrição dos experimentos realizados e algumas conclusões que tiveram a respeito da natureza da eletricidade. Nesse relato, podemos destacar três pontos principais: o poder das pontas, a conservação do fogo elétrico e a formulação da teoria da existência de um único tipo de fogo elétrico, assim como a eletrização “mais e menos”.

O primeiro fenômeno comunicado é o efeito dos “corpos pontudos”, os quais, segundo Franklin, eram capazes de extrair e liberar o fogo elétrico de outros corpos. Foram utilizados uma haste metálica atrelada a uma garrafa de vidro seca, uma bola de cortiça e um punhal para fazer um dos experimentos descritos na carta. Eletrificando a haste, era possível observar que a bola de cortiça foi repelida, distanciando-se da haste. Mas, quando o punhal foi acrescentado ao arranjo, a repelência pareceu ter sido destruída. Foram feitas algumas variações desse mesmo experimento e verificou-se que quanto mais afiado o punhal era, melhor ele extraía ou expulsava a repelência. Para Franklin, estava demonstrada então uma nova interação entre corpos e eletricidade.

Nessa segunda carta, Franklin também informou Collinson sobre a suposição de que o fogo elétrico não era criado quando friccionado, mas sim coletado e redistribuído dentro do sistema. Para explicar suas hipóteses, ele desenvolveu sua teoria de eletrização positiva e negativa (mais e menos), em que ele supôs a existência de um único tipo de fluido elétrico. No casodos efeitos causados pelos corpos eletrizados, Franklin os diferiu pela quantidade de fluido elétrico presente em cada um, o que determinava se eles estavam eletrizados negativa ou positivamente.

Embora Collinson tenha levado as cartas de Franklin à Royal Society de Londres, elas foram marcadas por um recebimento tímido. Além da incomum contribuição de um americano, as primeiras cartas possuem somente uma descrição básica dos fenômenos, já que Franklin era realmente um iniciante e aquelas se tratavam de suas primeiras observações e inferências. Collinson reuniu as cartas e as publicou, em 1751, no livro Experiments and observations on electricity, made at Philadelphia in America, que contém todo o pensamento de Franklin sobre a eletricidade e até hoje é a principal fonte historiográfica primária sobre o assunto.

Page 195: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

191

Referências

CHAPLIN, J. E. The First Scientific American: Benjamin Franklin and the Pursuit of a Genious. New York: Basic Books, 2006.

COHEN, I. B. Benjamin Franklin. In: BENJAMIN, C. (ed.) Dicionário de biografias científicas. Rio de Janeiro: Contraponto, 2007.

FRANKLIN, B. Experiments and observations on electricity, made at Philadelphia in America. 4th ed. London: [s.n.], 1769.

GREENE, J.C. American science in the age of Jefferson. Ames: The Iowa State University Press, 1984.

HANKINS, T. L. Science and the Enlightenment. New York: Cambridge University Press, 1985.

LEMAY, J. A. L. Franklin and Kinnersley. Isis. v. 52, n. 4, p. 575-581, 1961.

WHITTAKER, E. A history of the theories of aether and electricity. London: Thomas Nelson and Sons Ltd, 1951.

Servicios ecosistémicos: una aproximación desde la filosofía de la Biología Tomás Busan [email protected] Grupo de Filosofía de la Biología. Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de Buenos Aires, Argentina.

Gabriela Klier [email protected] Grupo de Filosofía de la Biología. Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Federico di Pasquo [email protected] Grupo de Filosofía de la Biología. Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

La Filosofía de la Biología surgió como un área especial de la filosofía de las ciencias a fines de la década del sesenta y a lo largo de su historia, fue variando y ampliando su alcance como disciplina. De aquí que Massimo Pigliucci señale que se pueden reconocer tres grandes objetivos para la filosofía de la ciencia en general y por lo tanto, para la filosofía de la biología en particular. El primer objetivo fue el estudio de la "naturaleza de las ciencias" esto es, tareas prescriptivas y/o descriptivas de la práctica científica. El segundo, incorporó el análisis metodológico y conceptual al interior de cada una de las diferentes disciplinas. Y finalmente, con el tercer objetivo tuvo lugar el estudio de la interfase entre ciencia y sociedad (Pigliucci 2008). Este trabajo se enfoca principalmente en los dos últimos objetivos señalados.

En la década de 1960 surgen los primeros denuncias y debates sobre la denominada problemática ambiental (PA) desde diferentes sectores sociales. En consecuencia comenzaba el surgimiento de distintos enfoques y/o herramientas para afrontarla. Durante 1970 emerge la idea de los servicios ecosistémicos (SE) asociado al marco utilitario de la conservación de la biodiversidad (Westman, 1977; Gomez-Baggethum y col. 2009). Y a partir de la década de 1990 creció fuertemente el interés en esta aproximación que incorporaba el valor económico a los ecosistemas (Constanza y col. 1997). A su vez, vinculado al proyecto de Evaluación de Ecosistemas Del Milenio (MA) se planteaba la necesidad de poner a los SE dentro de la agenda política global (MA 2003; Gómez-Baggethun y col. 2009).

A partir de lo señalado, el objetivo principal del trabajo es indagar uno de los conceptos centrales dirigidos a reparar las problemáticas ambientales: el de SE. De este modo buscamos, dar cuenta de algunos de los principales presupuestos del enfoque, su poder explicativo, su fundamento empírico, así como también, qué saberes supone y cuál es el vínculo entre ellos.

Page 196: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

192

A estos fines, en una primera instancia señalamos y problematizamos diferentes conceptualizaciones que se han dado en la bibliografía especializada respecto a los SE. Posteriormente, indagamos el tipo de aplicación que han tenido los SE en distintos casos de estudio, tratando de contrastarlas con las propuestas teóricas analizadas previamente. Finalmente, en una última sección esbozaremos algunas conclusiones y reflexiones, así como también las principales consecuencias epistémicas y éticas de los indicadores analizados.

Referencias

Constanza, R.; D’Arge, R.; De Groot, R.; Farber, S.; Grasso, M.; Hannon, B.; Limburg, K.; Naeem, S.; O´Neill, R.; Paruelo, J.; Raskin, G.; Sutton, P.; Van der Velt, M. (1997). The value of the world´s ecosystem services and natural capital. Nature, 387: 253-260.

García, R. (1991). La investigación interdisciplinaria de sistemas complejos. UBA, Centro de estudios avanzados, Buenos Aires.

Gómez-Baggethun, E; De Groot, R.; Lomas P.; Montes, C. (2009). The history of ecosystem services in economic theory and practice. Ecological Economics, 69:1209-1218.

Griffiths, P. (2014), "Philosophy of Biology", The Standford Encyclopedia of Philosophy Edward N. Zalta (ed.), http//plato.standford.edu/archives/win2014/entries/biology-philosophy/

Klier, G.; di Pasquo, F. (2015). "Problemática ambiental: tensiones entre la biología de la conservación y el "pensamiento" de la complejidad. Capitulo en el Libro de las XXV Jornadas de Epistemología e Historia de la Ciencia y IX Encuentro de Filosofía e Historia de la ciencia del Cono Sur.

Leff, E. (2008). Discursos sustentables. Editorial Siglo XXI, México.

Millenuin Ecosystem Assessment. (2003). Ecosystems and Human Well-being. A Framework for Assessment. Island Press.

Morin, E. (2004). Epistemología de la complejidad. Gazeta antropología, 20: 20.

Pigliucci, M. (2008). The borderlands between science and philosophy. Quarterly Review of Biology. 83: 7-15.

Sarkar, S. (2005). Biodiversity and Enviromental Philosophy: An introduction. Cambridge University Press.

Schroter, M.; Van der Zanden, E.; Van Oudenhoven, A.; Remme, R.; Serna-Chavez, H.; De Groot, R.; Opdam, P. (2014). Ecosystem Services as a Contested Concept: a Synthesis of Critique and Counter-Arguments. Conservation Letters, 7(6): 514-523.

Westman, W. (1977). How much are nature’s services worth? Science, 197: 960-964. A filosofia da química e a linguagem química: um campo de problemas acerca da explicação química Uarison Rodrigues Barreto [email protected] Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ensino, Filosofia e História da Ciência na Universidade Federal da Bahia (UFBA)/Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), BA, Brasil.

Nelson Bejarano [email protected] Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil.

Apesar da relevância sinalizada por autores da educação científica e por educadores

químicos, a especificidade da linguagem química não é um ramo muito explorado. Em Química, esse estudo é discutido e debatido pela Filosofia da Química que emerge na Filosofia da Ciência. Entendemos, que pensar acerca dos problemas e da especificidade da linguagem química envolve aspectos meta reflexivos. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo explorar os autores da Filosofia da Química, visando entender a especificidade da linguagem química, especialmente os modos de explicação química.

Page 197: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

193

Para tanto, utilizamos a representação e a linguagem como um dos seis campos estruturantes necessários para uma epistemologia da ciência orientada à formação de professores, defendido por Adúriz-Bravo (2001). Esse autor, argumenta que recuperamos a visão contemporânea linguística da ciência. Concordamos com Schummer (2006) e Goodwin (2008, 2010), a Química tem sua própria linguagem. Argumentos têm sido propostos para caracterizar a Química como uma língua. Laszlo (2012) argumenta que a analogia da linguagem leva a reconsiderar o habitual posicionamento da Química frente a Física e Biologia. Para esse autor, a Química deveria ser ensinada de maneira semelhante a uma língua, a partir de uma linguagem química icônica, de fórmulas e equações, uma arte combinatória. Para Ribeiro (2014), no que diz respeito aos modelos e à explicação estrutural, essa linguagem apresenta uma diagramaticidade e semiótica própria. Adúriz-Bravo (2001) acrescenta que tanto modelos como teorias, em suas representações, se expressam e se comunicam mediados por diversos tipos de linguagem.

Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório, com abordagem qualitativa, descritivo, compreensivo e configurando-se, baseada em análise documental. Buscamos, neste trabalho, apenas identificar, organizar e sistematizar os principais problemas acerca da linguagem química, especificamenteas posições teóricas acerca dos temas: modelos, leis, teorias e explicação química, os problemas da explicação estrutural e do reducionismo, a importância da diagramacidade química e da visualização via modelos e a relação modelo, teoria e realidade. Para Earley (2003), a Química e a emergente Filosofia da Química têm contribuído para a contínua discussão filosófica acerca da natureza da explicação científica. Nesse sentido, uma agenda de questões relacionadas à natureza epistemológica dos modelos e a forma como são utilizados nas explicações químicas tornaram-se uma área de crescente interesse na filosofia da química. Sobre essa base, questiona-se, por exemplo: Qual é a natureza dos modelos químicos? Como estes modelos explicam a química contemporânea? Qual a relação entre a estrutura e a forma e a utilização de modelos de explicação química? (HARRÉ, 2003).

Verifica-se que o conceito de estrutura ocupa grande parte do debate da Filosofia e da Química, sendo o foco principal da possibilidade de redução da Química à Mecânica Quântica. Entretanto questiona-se na literatura filosófica sobre a natureza do referente da estrutura molecular. Sobre esse debate, acreditamos que está longe ainda de ser resolvido, uma vez que as posições entre conceitos quânticos e a noção de estrutura molecular divergem de forma significativa.Sobre o problema do reducionismo, cremos que o caráter redutivo, atenta contra a autonomia da Química, uma vez que a coloca numa posição subordinada à Física. A despeito disso, nossa posição se aproxima da concepção de Labarca e Lombardi (2005) os quais defendem a autonomia da Química quanto aos aspectos epistemológicos e ontológicos. A química é por natureza uma ciência visual. Um diagrama tem como característica: expressivo, representativo, operativo, explicativo, descritivo e heurístico (RIBEIRO, 2014). Justi (2006) comenta que o caráter diagramático da linguagem química revela a importância dos modelos na explicação química.Por fim, fazemos algumas inferências sobre linguagem química e sua relação com o ensino. Estilos de raciocínio e o problema dos registros de teorização metacientífica Valter Alnis Bezerra [email protected] Depto. de Filosofia, FFLCH – IEA, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Simpósio 4: “Estilos de raciocínio científico” Discute-se o problema de identificar o registro de teorização em que propriamente se colocam os estilos de raciocínio científico (aqui concebidos de uma maneira influenciada pelas propostas de Hacking, Bueno e Fleck, com elementos de Davidson). São enfatizados aspectos como: o caráter de grande escala (interdisciplinar) dos estilos; a sua caracteristicamente extensa duração histórica; o fato de os estilos incorporarem tanto uma dimensão descritiva quanto uma dimensão normativa, sem, no entanto, confundir-se com as metodologias; o seu elevado grau de generalidade. Apresentam-se razões para pensar a noção de estilo como uma unidade epistêmica, não de mudança científica (tal como p.ex. os

Page 198: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

194

paradigmas ou as redes teóricas), mas sim historiográfica e de racionalidade científica. O fato de possuir dimensões ao mesmo tempo descritiva e normativa permite que a noção de estilo transborde para o registro filosófico (integrando imagens de ciência) e também para o plano imanente à prática científica. El tejido de la evolución: introducción a los multimecanismos de la macroevolución Verónica Félix [email protected] Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, MZ, Argentina.

Rodolfo Vergne [email protected] Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza. Instituto de Enseñanza Superior 9-011 “del Atuel”, San Rafael, MZ, Argentina.

Si se distingue entre la realidad de la evolución y las teorías de los mecanismos de la evolución, no resulta paradójico encontrarnos con varias de las segundas. En efecto, muchos biólogos están de acuerdo con que hubo un proceso natural de aparición de las especies vivientes, sin embargo, ellos discrepan acerca de cuáles fueron los mecanismos que llevaron adelante ese proceso.

Esto se aprecia actualmente en la existencia de al menos cuatro escuelas evolutivas: neodarwinismo,simbiotismo,autoorganización y equilibrio puntuado. Este estado de discrepancias no debe llamar la atención, pues la historia de la ciencia muestra varios ejemplos de esta clase de fenómenos de teorías compitientes. Así, la mecánica cartesiana y la newtoniana para explicar el fenómeno del movimiento y la inercia o la teoría de la naturaleza corpuscular de la luz en contraste con la ondulatoria.

Indudablemente, desde el punto de vista del desarrollo, como también desde la aceptación de la comunidad científica de los biólogos, el neodarwinismo pareciera ser de las teorías mencionadas, la más favorecida.

Podemos decir, entonces, que una diversidad de enfoques da la oportunidad para explorar los criterios de elección entre diversas teorías, esto es, hipótesis explicativas compitientes que no sólo se adecuen a un modelo de la realidad sino que también cumplan con ciertos requisitos como: la simplicidad, la predicción, el descubrimiento de hechos nuevos para los cuales la teoría no fue acuñada, mayor poder explicativo y un menor conflicto con la base empírica.

En suma, la teoría de la evolución deberá incluir a los diferentes mecanismos y no reducirlos al de selección natural. Las relaciones interteóricasentre éstos deberían ser de equivalencia, ampliando el dominio de aplicaciones pretendidas. El neodarwinismo con el principio de selección natural, el equilibrio puntuado, el simbiotismo, el neutralismo aprenderán a trabajar en conjunto en una red teórica, que en este momento parece ser arbórea, pero podría llegar a configurarse a modo de rizoma: noun único elemento teórico en la cúspide, sino varios elementos teóricos horizontales. Este paso en la investigación forma parte de un trabajo posterior en donde se fundamentará el estatus epistemológico de estas teorías alternativas al neodarwinismo con la pretensión de mejorar el aparato explicativo de este último.

ReferenciasReferenciasReferenciasReferencias

Balzer, W, Moulines, U. y Sneed, J. (2012), Una arquitectónica para la ciencia. El programa estructuralista. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes.

Dobzhanski, T. (1937), Genetics and the Origins of Species. Columbia University Press.

Eldrege, N. and Gouls, S. G. (1972), Punctuatedequilibria: an alternative to phyleticgradualism, en Models in Paleobiology, T. Schof (ed.). W. H. Freman

Kaufmann, S., (1995), At Home in the Universe, Oxford U. Press.

Kimura, M., (1983), The Neutral Theory of Evolution, Cambridge U. Press

Page 199: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

195

Lorenzano P. y Diez, J. (2002), Desarrollos actuales de la meta-teoría estructuralista, U. Rovira I Virgile.

Mahner M. y Bunge, M. (2000), Fundamentos de Biofilosofia, Siglo XXI.

Margulis L. and Fester, R. (eds.), (1991), Symbiosis as a Source of Evolutionary Innovation, The MIT Press.

Entre a filosofia da biologia e a filosofia da informação: Uma teoria do organismo precisa do conceito de conteúdo informacional? Victor Marques [email protected] Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, SP, Brasil.

Informação é um termo notoriamente ambíguo: ele pode ser interpretado tanto de forma estrita, como conteúdo semântico, reduzindo seu escopo de aplicabilidade apenas para sistemas interpretados por seres humanos, como de forma ampla, a partir de uma conexão vaga com a noção de forma ou de ordem, tornando-se assim universalmente aplicável a qualquer tipo de sistema material. Argumentamos que a melhor forma de abordar o problema é a partir de uma perspectiva genética: buscando traçar um “história natural” da informação, que conecte os usos mais amplos do termo com os mais restritos por meio de uma trajeto evolutivo.

Sustentamos que a forma mais promissora de fazer isso é atribuindo certa centralidade à noção de informação para organismos. Organismos são o caso básico de sistema autônomo: com o surgimento da vida se dá a passagem do happening para o doing. Um ser vivo se comporta, é afetado positivamente ou negativamente, tem uma perspectiva sobre o mundo. Uma vez que estejam dadas também as condições materiais para a seleção natural, evoluem mecanismos internos que aprimoram a responsividade do sistema em relação ao ambiente, possibilitando a reação e a antecipação. Isso é, evolui a interpretação (primeiros sistemas minimalmente hermeneuticos). Por meio desses mecanismos, o sistema vivo identifica determinados padrões de interações materiais e modula seu comportamento de acordo. Não é o mundo que move o organismo, é o organismo que se move (com sua própria energia, através de seus próprios mecanismos internos). Continua havendo, claro, uma interação material, mas agora é mediada por uma organização complexa, que reflete os interesses (cristalizados historicamente) do organismo enquanto sistema autônomo. Essa complexidade, naturalmente, não cai do céu nem veio de graça, é o resultado da seleção natural. Mas seja qual for sua origem, cria uma assimetria: o organismo interpreta o ambiente, mas o ambiente não interpreta o organismo (essa assimetria é inexistente na mera interação material). O organismo usa a co-variação (entre uma determinada substância e a presença de um predador, por exemplo), ela é para ele informativa. Co-variação por si só não é informação. Algo depende de um usuário (de um agente interpretador) para ser informativo. Interpretação requer mecanismos específicos, que por sua vez implica numa gênese não-arbitrária desses mecanismos.

Todo processo físico que pode ser marcado de modo específico por outro processo físico, de modo que essa marcação possa interagir materialmente com um agente, é potencialmente informativo. Passa a ser efetivamente informativo quando é usado na prática pelo agente para modular seu comportamento com relação a aspectos relevantes do mundo.

O informativo, contudo, ainda não é informação. Caberia aqui tornar ainda mais estrita restritivo o conjunto de condições. Um processo físico é um veículo de informação quando a função de seu padrão de traços materiais é a de ser interpretado. A interpretação é anterior a informação – algo é informativo quando pode ser interpretado, mas é informação quando sua função é ser interpretado. Nessa situação, um processo físico carrega uma mensagem.

Nas investigações biológicas o conceito de informação pode variar consideravel-mente, desde autores que julgam nenhum lugar na biologia para o conceito, até outros que afirmam que não é possível sequer pensar em biologia a não ser em termos informacionais. Entender como o processamento de informação apareceu na evolução biológica, e que papel

Page 200: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

196

desempenha nesses tipos de sistema, pode iluminar o conceito de informação em geral, e até nos ajudar a compreender a ambiguidade que parece ser inerente a ele. Em organismos, chamamos de informação padrões de processos materiais utilizados por um sistema autônomo em uma atividade funcional. Concluímos que há um sentido em que, de fato, biologia é co-extensiva com informação: é apenas com a emergência de sistemas autônomos que se torna possível o aparecimento de constraints informacionais, e, por outro lado, a existência de constraints informacionais é uma pré-condição para a comunicação confiável de uma mensagem. Referências

Deacon, Terrence W. "What is missing from theories of information?."Information and the nature of reality: From physics to metaphysics (2010): 146.

Griffiths, Paul E. "Genetic information: a metaphor in search of a theory." Philosophy of Science (2001): 394-412.

Hutto, Daniel D., and Erik Myin. Radicalizing enactivism: Basic minds without content. MIT Press, 2012.

Longo, Giuseppe, et al. "Is information a proper observable for biological organization?." Progress in Biophysics and Molecular biology 109.3 (2012): 108-114.

Oyama, Susan. The ontogeny of information: Developmental systems and evolution. Duke University Press, 2000.

Pattee, Howard Hunt, and Joanna Rączaszek-Leonardi. Laws, language and life: Howard Pattee’s classic papers on the physics of symbols with contemporary commentary. Vol. 7. Springer Science & Business Media, 2012.

Smith, John Maynard. "The concept of information in biology." Philosophy of science (2000): 177-194. Vital Brazil: a variedade epistemológica contra a universalidade dos soros Waldemar Menezes Canalli [email protected] Doutorado em Epistemología e Historia de la Ciencia, Universidad Nacional Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina; Faculdade de Educação Tecnologica do Rio de Janeiro (FAETERJ), RJ, Brasil. Rildo Pereira da Silva [email protected] Doutorado em Epistemología e Historia de la Ciencia, Universidad Nacional Tres de Febrero (UNTREF), Buenos Aires, Argentina; Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Tereza Luzia de Mello [email protected] Universidade do Grande Rio, Duque de Caxias, RJ, Brasil.

Vital Brasil foi um médico sanitarista e pesquisador brasileiro. A partir de 1893, como inspetor sanitário, percorreu o interior paulista e entrou em contato com a precariedade das condições de saúde da população. O interesse pelos males provocados por picaduras de cobra surgiu devido a alta incidência de acidentes com ofídios em sua região, levando muitas pessoas à óbito ou à convivência com graves sequelas. Vital Brasil iniciou os estudos e as experiências que levariam à descoberta de uma substância que pudesse curar as vítimas dos ofídios. Durante seis anos entregou-se à pesquisa num pequeno laboratório improvisado em sua residência. Mesmo dedicando pouco tempo à pesquisa, devido à atividade clínica, foi pioneiro em medicina experimental no Estado de São Paulo.

A pesquisa de Vital Brasil deu-se, a princípio, pela necessidade de resolver o grave problema dos acidentes com ofídicos ocorridos em todo o Brasil, especialmente na região em que o cientista morava. Ao que tudo indica, não tinha a menor ideia de como começar.

Page 201: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

197

Então, iniciou seu trabalho orientado pelo binômio ensaio e erro, fazendo experimentações quase que sem um método definido, utilizando plantas conhecidas por ele e por populares da região.

O salto qualitativo de sua pesquisa se deu a partir do momento em que tomou conhecimento do trabalho de Pasteur e, principalmente, quando conheceu os resultados de Albert Calmette, August Physallix e Gabriel Bertrand. A partir daí, ele encontrou o norte de sua pesquisa. Embora ele concordando com os seus antecessores cientistas, verificou que a tese da universalidade dos soros não se verificava, pois o soro utilizado com eficácia no combate ao veneno de uma espécie de cobra A, não tinha efeito positivo contra o veneno de uma cobra de espécie B ou C. Introduziu, então, a hipótese da especificidade do soro, isto é, para cada tipo de cobra um soro. Nesse ponto, podemos relacionar o seu procedimento aos Programas de Investigação de Lakatos, que pressupõe a existência de modelo epistemológico com um núcleo indiscutível, ao qual agregando-se uma nova hipótese, amplia-se o rumo da pesquisa no campo sem, contudo, modificar o núcleo. Ademais, encontramos outros elementos epistemológicos em sua pesquisa, já que seu trabalho desenvolve-se dentro de uma proposta de comunidade científica e de um contexto dedescoberta, sob uma perspectiva kuhniana. A epistemologia de Kuhn faz uma relação entreas ciências sociais e a comunidade cientifica, nitidamente destacando os aspectos psicológicos, sociológicos e históricos como relevantes para a fundamentação e a evolução da ciência, além de delinear que a ciência é uma atividade que consiste em resolver problemas, o que se coaduna com a motivação de Vital Brazil, que foi resolver um problema de saúde pública instalado. Chama a atenção para a delimitação do problema a ser resolvido dentro de um campo científico.

Embora a pesquisa tenha tido algo de empirismo indutivista (conjunto de instruções de experimentos em laboratório), há componente popperiano, na medida que Vital desenvolve sua pesquisa numa continua interação entre conjecturas (suposição, hipótese ou opinião fundada em indícios) e refutações (contestação, desmentir, rebater com argumentos), entendendo a ciência como um modelo, à medida que "uma teoria científica é um modelo matemático que descreve e codifica as observações que fazemos. Assim, uma boa teoria deverá descrever uma vasta série de fenômenos com base em alguns postulados simples como também deverá ser capaz de fazer previsões claras as quais poderão ser testadas.”

Um cientista ao desenvolver sua pesquisa não o faz, conscientemente, dentro de apenas um marco epistemológico e, via de regra, ele sequer pensa nisso. Nesse pequeno ensaio, foi possível notar que na pesquisa de Vital Brasil no desenvolvimento dos diversos tipos de soro antiofídico, estão presentes vários componentes epistemológicos. Referências

ALVARADO, R.U. A Lei de Lotka na bibliometria brasileira. Ciência da Informação, Brasília, v. 31, n. 2, p. 14-20, 2002.

BOCHNER, R. Acidentes por animais peçonhentos: aspectos históricos, epidemiológicos, ambientais e sócio-econômicos. 2003. 128p. Tese (Doutorado em Sau de Pu blica), Escola Nacional de Saude Pu blica Se rgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. 2003.

BRAZIL, E.V.; SANT’ANNA, P.B.E. O cientista Vital Brazil e o arquiteto Álvaro Vital Brazil: elos entre ciência e arquitetura. In: Bitencourt, F. (org.). Arquitetura do Instituto Vital Brazil: um patrimônio modernista de saúde: 90 anos de história. Rio de Janeiro: Rio Books, 2009. p. 95-123.

BRAZIL, L.V. Vital Brazil: vida e obra 1895-1950. Niterói: Instituto Vital Brazil, 2001. 56p.

BRAZIL, O.V. Contribuição para a História da Ciência no Brasil. Campanha, MG: Casa de Vital Brazil, 1989. 132p.

CHASTINET, Y. Prossiga; breve relato da sua história. Período: 1995 a 2002. Brasília: MCT/CNPq/IBICT, 2002. 12p. Disponível em: http://prossiga.ibict.br/documentos/ RelProg/004.pdf. Acesso em 30 de set. 2010.

KUHN, T.S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1998.

KELEN, E. “Bibliografia dos trabalhos do Dr. Vital Brazil”. Memórias do Instituto Butantan, v. XXXIV, p.1-7, 1969.

SANT’ANNA, O.A.; FARIA, M. Origens da imunologia: os anti-soros e a caracterização da especificidade na resposta imune. Revista de Medicina, São Paulo, v. 84, n. 1, jan./mar. 2005

Page 202: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

198

LAKATOS, I. O falseamento e a metodologia dos programas de pesquisa científica. In: LAKATOS, I. e MUSGRAVE, A. (org.) A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix, 1979.

PEREIRA NETO, A. F. (org.). Vital Brazil: obra cienti fica completa. Niterói: Instituto Vital Brazil, 2002.

POPPER, K. Lógica da investigação cientifica. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1975.

Argumento de não localidade da Mecânica Quântica sem pressupor o realismo Walquiria Godoy [email protected]

Osvaldo Pessoa Jr. [email protected]

Depto. de Filosofia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

O teorema de Bell (1964) afirma que qualquer teoria realista que reproduz as previsões da Mecânica Quântica (MQ) é necessariamente não local. Os testes experimentais que confirmaram as previsões da MQ, constatando uma violação das desigualdades derivadas por Bell e outros (desigualdades estas que são obedecidas por teorias realistas locais), envolvem suposições adicionais, que são chamadas de hipóteses de “indução” ou de amostragem justa, mas suporemos que tais suposições não são problemáticas. Assim, o teorema de Bell impõe um dilema: ou abandona-se o realismo ou abandona-se a localidade (ou os dois):

(1) não-realismo ou não-localidade.

Em 1935, Einstein, Podolsky & Rosen (EPR) exploraram o mesmo tipo de sistema usado por Bell, envolvendo duas entidades quânticas correlacionadas e separadas espacialmente. A conclusão de seu trabalho foi de que a MQ é incompleta. Para chegar nesta conclusão, pressupuseram (i) a localidade, (ii) uma forma fraca de realismo envolvendo o conceito de “elemento de realidade” (que pode ser asseverado sempre que uma previsão tiver probabilidade 1 e não envolver distúrbio do sistema) e a (iii) validade de raciocinar em termos contrafactuais.

Consideremos um sistema correlacionado de partículas de spin ½, num estado composto de “singleto”, de maneira que a medição do componente z do spin (Sz) da partícula 1111 fornece sempre o resultado oposto (+1 ou –1) da medição do componente z do spin da partícula 2222 (ou seja, anticorrelação perfeita). Suporemos sempre detectores 100% eficientes. A anticorrelação perfeita ocorre também em medições de qualquer outro componente de spin (lembrando que nestes casos os dois imãs de Stern-Gerlach estão orientações na mesma direção), por exemplo o componente x (Sx). Supondo que o par de partículas é gerado na lua Ganimedes, e que as detecções são feitas na Terra e na lua Titã, o pesquisador na Terra tem a liberdade de medir Sz ou Sx. Em cada caso, a medição em Titã terá probabilidade 1 de fornecer o valor oposto daquele obtido na Terra, de forma que se pode atribuir (em cada caso separado) um elemento de realidade associado à partícula em Titã. Dado que nossa escolha na Terra não pode afetar o estado de coisas em Titã em um tempo menor do que 80 minutos-luz (de acordo com a Teoria da Relatividade Restrita), a escolha do cientista na Terra não interfere nos elementos de realidade em Titã, mas como podemos escolher rapidamente qual componente de spin medir, conclui-se que ambos os elementos de realidade (associados a Sz e Sx) coexistem em Titã. Porém, o princípio de incerteza não contempla esta possibilidade, dado que Sz e Sx são observáveis incompatíveis. Assim, a MQ, que inclui esta tese do princípio de incerteza, seria uma teoria incompleta, pois há elementos de realidade que não têm correspondentes na teoria.

O dilema imposto por EPR é distinto do dilema de Bell. Aceitando a validade do raciocínio contrafactual (que aparece no argumento de EPR porque nenhuma medição real é feita), o dilema que se pode depreender do argumento de EPR é que ou a MQ é

Page 203: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

199

incompleta, ou não vale a imposição da hipótese da localidade (ou os dois) (Einstein, 1949, p. 682; Fine, 1996, p. 37-8). Ou seja:

(2) não-completeza ou não-localidade.

Porém, se alguém assume a não completeza de uma teoria, ele está necessariamente assumindo a existência de elementos de realidade que não são descritos pela teoria. Isso claramente constitui uma forma de realismo.

(3) não-completeza implica realismo.

A partir das premissas (1), (2) e (3), é um exercício de lógica elementar deduzir a não-localidade. Uma maneira de visualizar isto é considerar que de (2) e (3) segue-se:

(4) realismo ou não-localidade.

Ora, considerando (1) e (4), está claro que se segue a não-localidade, independente

do valor de verdade da tese do realismo. Argumentaremos, por fim, que a hipótese do realismo usada por Bell e a implicada pela incompleteza de EPR são as mesmas.

Conclui-se assim, juntando os dilemas de EPR e de Bell, que a tese da localidade é falsa, independente de se adotarmos uma interpretação realista ou antirrealista! Referências

BELL, J.S. (1964). On the Einstein Podolsky Rosen paradox. Physics 1: 195-200. Republicado in: –––––– (1987), Speakable and unspeakable in quantum mechanics. Cambridge (RU): Cambridge University Press, p. 14-21.

EINSTEIN, A. (1949). Remarks concerning the essays brought toether in this co-operative volume. Trad. P.A. Schilpp. In: SCHILPP, P.A. (org.), Albert Einstein: philosopher-scientist. Evanston (IL): Open Court, p. 665-88.

EINSTEIN, A; PODOLSKY, B. & ROSEN, N. (1935). Can quantum-mechanical description of physical reality

be considered complete? Physical Review 47: 777-80. Em português: (1981), trad. C.W. Abramo. Cadernos de História e Filosofia da Ciência 2: 90-96.

FINE, A. (1996). The shaky game: Einstein, realism and the quantum theory. 2a ed. Chicago:

University of Chicago Press.

Vida e pensamento de Edward Fredkin William Ananias Vallério Dias [email protected] Mestrando no Depto. de Filosofia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

O norte-americano Edward Fredkin é considerado como um dos pioneiros nos estudos de aplicações computacionais, mas também é conhecido por sua visão peculiar a respeito da natureza: ele encara o universo como um grande computador. Esta apresentação pretende mostrar um pouco da figura de Fredkin, sua trajetória intelectual e profissional, bem como os principais aspectos de sua visão de mundo conhecida também como Filosofia Digital (Digital Philosophy).

Nascido no ano de 1934, em Los Angeles, Fredkin teve interesse por ciências físicas desde criança. Iniciou o curso de Física no Instituto de Tecnologia da Califórnia em 1951, mas interrompeu seus estudos para ingressar nas Forças Aéreas no ano seguinte. Em 1956, foi convocado para trabalhar nos laboratórios Lincoln, no Massachusetts, para testar o SAGE (Semi Automatic Ground Environment), um novo sistema de defesa aérea desenvolvido em computadores. Esse foi o primeiro contato de Fredkin com um dispositivo computacional e o início de uma admiração que afetaria sua própria cosmovisão. Como o SAGE demoraria cerca de um ano para ser finalizado, Fredkin passou esse tempo em Lincoln aprendendo tudo que podia sobre computadores. Como resultado, ele se tornou

Page 204: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

200

um especialista na área em pouquíssimo tempo. Ao sair das Forças Aéreas em 1958, trabalhou na BBN (Bolt, Beranek and Newman), uma empresa de consultoria em Boston e, ao sair de lá em 1962, abriu a TripleI (International Information Incorporated), empresa que não demorou muito para se tornar bem-sucedida e transformar Fredkin em um milionário. Em 1968, o supervisor de Fredkin na BBN, J. C. R. Licklider, assumiu a liderança do Projeto MAC (Multi Access Computer), desenvolvido pelo MIT, e indicou Fredkin para se tornar um dos professores da instituição. Mesmo sem possuir um diploma formal, Fredkin foi aceito por conta de seu inegável conhecimento prático na área e a falta de profissionais qualificados na época para atuar nesse ramo. Em 1974, Fredkin retornaria ao Instituto de Tecnologia da Califórnia para passar um ano sob a tutela de Richard Feynman, prêmio Nobel de Física de 1965, na época interessado em estudar relações entre física e computação. Fredkin teve a oportunidade de ensinar as últimas novidades do cenário computacional para Feynman e aprender importantes tópicos em física com um prêmio Nobel. Esse encontro estimulou Fredkin a escrever em maiores detalhes sua intuição de que o mundo é equivalente a um sistema computacional baseado em autômatos celulares.

A visão de um universo computacional desse tipo não é totalmente nova. Quando Fredkin começou a se aprofundar mais nessa questão, o alemão Konrad Zuse já havia publicado um artigo chamado Rechnender Raum (Calculating Space) no final dos anos 1970, onde ponderava a respeito da possibilidade da natureza ser descrita fundamentalmente por autômatos celulares, sistemas computacionais que permitem o surgimento de padrões complexos com uma programação bastante simples. Fredkin leva a sugestão de Zuse às últimas consequências, considerando que todas as grandezas físicas são discretas e permitem uma representação digital determinística. Desse modo, um autômato celular poderia descrever precisamente a realidade em seu nível mais fundamental, de tal maneira que os objetos fisicos em escalas maiores (como quarks e elétrons) já seriam entidades complexas geradas pelo algoritmo do autômato e todos os estados futuros em nível fundamental também seriam determinados pelo algoritmo: a aleatoriedade da mecânica quântica, nesse caso, deve ser considerada apenas como uma consequência do funcionamento do programa básico do universo. Em suma, no mundo de Fredkin, tudo, inclusive a consciência humana, se resume ao algoritmo (ou à “Regra”).

Em linhas gerais, Fredkin apresenta uma ontologia discreta, reducionista e determinista. Certamente, sua formação profunda em computação, embora menos acadêmica do que prática, contribuiu para o desenvolvimento dessa visão, adotando uma descrição ontológica fundamentalmente computacional, onde mesmo os efeitos quânticos são consequência do programa. Além disso, sua própria personalidade reflete um homem extremamente racional, certo de que existe uma solução lógica para todos os problemas. Referências

Wright, R. (1988), “Did the Universe Just Happen?”, The Atlantic Monthly, v. 261, n. 4.

Fredkin, E. (1990), “Digital Mechanics: An Information Process Based on Reversible Universal Cellular Automata”, Physica D, v. 45, pp. 254-270.

––––––. (1993), “A New Cosmogony”, In: PhysComp '92: Proceedings of the Workshop on Physics and Computation, IEEE Computer Society Press, pp. 116–121.

––––––. (2003), “An Introduction to Digital Philosophy”, International Journal of Theoretical Physics, v. 42, n. 2, pp. 189-247.

La enseñanza modeloteórica de las ciencias desde la perspectiva de la metateoría estructuralista Yefrin Ariza [email protected] Centro de Filosofía e Historia de la Ciencia (CeFHIC), Universidad Nacional de Quilmes, Grupo de Epistemología, Historia y Didáctica de las Ciencias (GEHyD), Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Pablo Lorenzano [email protected]

Page 205: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

201

Centro de Filosofía e Historia de la Ciencia (CeFHIC), Universidad Nacional de Quilmes, Bernal, GBA – CONICET, Argentina.

Agustín Adúriz­Bravo [email protected] Grupo de Epistemología, Historia y Didáctica de las Ciencias (GEHyD), Universidad de Buenos Aires – CONICET, Argentina.

Simposio 1: “Modelos y teorías en ciencias físicas, biológicas y sociales”

Desde hace aproximadamente treinta años con los trabajos principales de Duschl (1985) o Michael Matthews (1994) se viene reconociendo de manera explícita la bondad de las vinculaciones entre filosofía, historia y didáctica de las ciencias. Es evidente que desde la intersección de estas disciplinas se ha logrado arribar al fortalecimiento de las referencias metateóricas fundamentales que soportan las estructuras teóricas y prácticas que dirigen la enseñanza de las ciencias y la formación de profesores de ciencias. Desde la didáctica de las ciencias (principalmente) los estudios que abordan estos vínculos han proliferado y conforman áreas de investigación que pueden verse ‘establecidas’ en la agenda de investigación de los didactas (cf. Adúriz-Bravo 2009, Gallego & Gallego 2007, Izquierdo-Aymerich & Adúriz-Bravo 2003, Matthews 1994) como el área HPS (por “history and philosophy of science for science teaching”) o la línea NOS (de Nature of Science).

La filosofía de la ciencia es probablemente la metaciencia de mayor inclusión en las diversas líneas de investigación de la didáctica de las ciencias, muchas veces acompañada por la historia de la ciencia y con cada vez mayor participación de los contenidos de la sociología de la ciencia. Aunque la inclusión de contenidos metacientíficos en la didáctica de las ciencias está en aumento, existen diferencias sustantivas en cuanto a cómo es o como debería realizarse este acercamiento.

Estos acercamientos, tanto desde la didáctica hacia la filosofía de la ciencia como (en menor medida) desde la filosofía de la ciencia a la didáctica, han permitido reconocer la importancia de la enseñanza en el contexto general de la dinámica científica y a su vez, dotar a la didáctica de las ciencias de bases metateóricas ricas y diversas, constituyendo (la filosofía de la ciencia) una referencia insoslayable para la educación científica y para la formación del profesorado de ciencias.

En los últimos veinte años estamos asistiendo a un movimiento, en la didáctica de las ciencias, desde una concepción lingüística (axiomática) de la ciencia hacia una concepción semántica. Esta perspectiva emergente conocida como didáctica modeloteórica de las ciencias (Adúriz-Bravo 2009) acude a las discusiones metateóricas actuales (de corte semanticista) sobre los modelos científicos constituye.

En este trabajo establecemos algunas relaciones entre las actuales nociones de “enseñanza” de basamento modeloteórico que se despliegan en el ámbito de la didáctica modeloteórica de las ciencias (Adúriz-Bravo 2009, Ariza 2015) y las consideraciones sobre las nociones kuhnianas de inconmensurabilidad y comparabilidad ofrecidas por la filosofía de la ciencia más reciente, en particular, por el enfoque semanticista conocido como estructuralismo metateórico (Balzer, Moulines & Sneed 1987, Lorenzano 2012). Nuestro análisis parte de la aceptación de que las actuales nociones de enseñanza modeloteórica podrían verse enriquecidas, refinadas y fundamentadas con filosofías de la ciencia recientes, y en especial con el estructuralismo metateórico.

Creemos que “la reflexión metateórica sobre ambos tipos de ciencia [la erudita y la escolar] es capaz de iluminar las semejanzas y diferencias entre ellas, ayudando a articularlas en el contexto de educación científica, con el fin de conseguir una enseñanza de las ciencias más rica y valiosa” (Adúriz-Bravo 2001: 404). Los dos procesos de modelización, el de la ciencia y el de la ciencia escolar “son muy diferentes en algunos aspectos, pero coinciden en otros […] la comparación entre ambos permite una reflexión interesante” (Izquierdo-Aymerich 2004: 130).

Todo aporte de la filosofía de la ciencia contemporánea que pueda verse como “enriquecedor” para el mejoramiento de la comprensión de las prácticas de enseñanza, y de la comprensión de la enseñanza misma, podría eventualmente constituir una base sólida para los desarrollos actuales de la didáctica modeloteórica de las ciencias. Aunque algunos investigadores han abocado por una enseñanza mediante la construcción de modelos, esta es un área todavía muy poco comprendida. En ese sentido, un trabajo que se desprende de este análisis correspondería a los aportes que podría tener la noción presentada de

Page 206: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

202

enseñanza modeloteórica, vista ahora bajo la ‘lente’ estructuralista. Bajo una suposición apenas intuitiva en la cual los estudiantes asumen ciertas teorías (no del todo explícitas, no del todo estructuradas, no del todo sistemáticas, con lenguajes comunes o no expertos o no característico) y en clases enfrentan teorías nuevas (o rivales), sería interesante ver la relevancia de algunas características que ya vienen siendo aceptadas en la didáctica modeloteórica de las ciencias pero ahora abordadas desde el estructuralismo metateórico. Referencias

Adúriz-Bravo, A. (2001), Integración de la epistemología en la formación del profesorado de ciencias,

Tesis Doctoral, Bellaterra: Universitat Autònoma de Barcelona.

Adúriz-Bravo, A. (2009), “Hacia un consenso metateórico en torno a la noción de modelo con valor para la educación científica”, Enseñanza de las Ciencias, número extra VIII: 2616-2620.

Ariza, Y. (2015), Introducción de la metateoría estructuralista en la didáctica de las ciencias: didáctica modeloteórica de las ciencias, Tesis Doctoral, Buenos Aires: Universidad Nacional de Tres de Febrero.

Balzer, W., Moulines, C. U. & Sneed J. D. (1987), An Architectonic for Science. The Structuralist Program, Dordrecht: Reidel. (Versión castellana de P. Lorenzano: Una arquitectónica para la ciencia. El programa estructuralista, Bernal: Universidad Nacional de Quilmes, 2012.)

Duschl, R. (1985), “Science Education and Philosophy of Science: Twenty-Five Years of Mutually Exclusive Development”, School Science and Mathematics 85(7): 541-555.

Gallego, P. & R. Gallego (2007), “Historia, epistemología y didáctica de las ciencias: unas relaciones necesarias”, Ciência & Educação 13(1): 85-98.

Izquierdo-Aymerich, M. & Adúriz-Bravo, A. (2003), “Epistemological Foundations of School Science”, Science & Education 12(1): 27-43.

Izquierdo-Aymerich, M. (2004), “Un nuevo enfoque de la enseñanza de la química: conextualizar y modelizar”, The Journal of The Argentine Chemizal Society 92(4/6): 115-136.

Lorenzano, P. (2012), “Estructuras y aplicaciones intencionales. Inconmensurabilidad teórica y comparabilidad empírica en la historia de la genética clásica”, en Lorenzano, P. & Nudler, O. (Eds.), El camino desde Kuhn: la inconmensurabilidad hoy, Madrid: Biblioteca Nueva, pp. 289-350.

Matthews, M. (1994), Science teaching: The role of history and philosophy of science, Routledge, Nueva York.

Page 207: RESUMOS ESTENDIDOS - afhic.com · AFHIC - X ENCONTRO DE FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA DO CONE SUL AFHIC - X ENCUENTRO DE FILOSOFÍA E ... Aportes de la metateoría estructuralista

203

Apoio: