Resumos Maria João Estorninho

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1 lioModelo clssico de contrato adm em Portugal

Noo clssica de contrato admO cdigo Adm de 1940 optou por atribuir a diversos contratos a natureza de contratos adm, consideram-se como tais unicamente os contratos de empreitada e de concesso de obras pblicas, os de concesso de servios pblicos e os de fornecimento contnuo e de prestao de servios celebrado entre a adm e os particulares para fins de imediata utilidade pblica. Freitas do Amaral defende a possibilidade da existncia de outros contratos adm, para alm dos expressamente consagrados.A essncia do conceito reside na prevalncia do interesse pblico, o que conta a ambincia global do contrato e esta decorre no de por ele se realizar o interesse pblico; o legislador optou por uma noo estatutria de contrato adm inspirada na lei alem: adm o contrato que incide sobre uma relao jurdica regulada pelo dtoa dm.

2 lioDto europeu dos contratos pblicosTratado de Roma e a contratao pblicaVrios nveis de influncia dos princpio contidos no tratado: em primeiro lugar em nome desses princpios (livre circulao de capitais, trabalhadores, no discriminao em razo da nacionalidade, livre circulao de mercadorias, supresso de restries liberdade de estabelecimento, livre prestao de servios) que se elaboram as directivas em matria de contratao pblica; em segundo lugar os referidos princpios marcam o contexto sistemtico para a interpretao das directivas; em terceiro lugar e aps o acrdo Telaustria, reconhece-se que os princpios tm relevncia autnoma relativamente a contratos no abrangidos pelas directivas. No referido acrdo o TJ considerou que do tratado, decorrem implicaes procedimentais para a formao dos contratos de concesso de servioes pblicos, apesar de estes no estarem contemplados em qualquer directiva especfica.

Europeizao e internacionalizao dos contratos pblicosVrias so as razes que explicam esta tendncia. Em primeiro lugar desnacionalizao do regime jurdico aplicvel aos referidos contratos e a perda de domnio dos Estados sobre o regime dos seus contratos pblicos; em segundo lugar a tendncia para a emergncia de um modelo internacional de contratao pblica, procurando uma harmonizao sob a gide de princpios de transparncia, de publicidade e de concorrncia; finalmente, a influncia que as regras externas provocam nos ordenamentos jurdicos, ao ponto de bulir com os modelos clssicos de contratao pblica de diversos pases

Geraes de sucessivas directivas comunitrias em matria de contratao pblica1. Alargamento progressivo do universo dos contratos abrangidos primeiro fornecimentos e obras, mais tarde prestaes de servios; primeiro apenas contratos de sectores clssicos, depois tambm as dos sectores excludos; primeiro apenas entidades adjudicantes pblicas, depois tambm entidades privadas;2. Constante aprofundamento das regras trs objectivos tero sido determinantes: garantir maior transparncia nos procedimentos adjudicatrios, aperfeioando as solues anteriormente existentes; garantir efetivos direitos de recurso, introduzindo mecanismos de superviso pela Comisso; estender o regime comunitrio a sectores inicialmente excludos, nomeadamente o da prestao de servios. vale A pena ter presente nesta fase a directiva 88/295 CEE e a 89/440 CEE. No que diz respeito segunda gerao de directivas relativas a fornecimentos e obras vale a pena salientar alguns dos aspectos da evoluo: o alargamento do mbito subjectivo de aplicao, uma vez que abrangem no apenas entidades pblicas clssicas, mas tb ODP sobre os quais aqueles exercem influncia dominante e entidades subconvecionadas; a hierarquizao de procedimentos e mtodos de seleco; a maior exigncia em termos de prazos e de transparncia. Outro momento importante marcado pela directiva 90/531 CEE relativa aos procedimentos de adjudicao do contratos nos sectores da gua, da energia, transportes e telecomunicaes, ou seja, aos at a chamados sectores excludos. Entretanto surge a directiva 89/665 CEE chamada directiva recursos. Nesta mesma linha surge a directiva 92/13 CEE sobre coordenao das disposies legais, regulamentares e adm referentes aplicao de normas comunitrias nos procedimentos de celebrao de contratos das entidades que operem nos sectores da gua, energia, transportes e telecomunicaes.3. Movimento de codificao das regras

Direito Europeu dos contratos pblicos: princpios gerais Princpio da concorrncia, princpio da igualdade e o da no discriminao, princpio da transparncia e o princpio da publicidade, princpio da estabilidade, etc.

Directivas europeias de 2004 em matria de contratos pblicos: processo de elaboraoSob o signo da simplificao e melhoria do actual regime, a comisso prope a aprovao de duas novas directivas nesta matria: uma directiva geral relativa coordenao dos processos de adjudicao de fornecimentos pblicos, de prestao de servios pblicos e de empreitada de obras pblicas e uma directiva sectorial relativa coordenao dos processos de adjudicao nos sectores da gua, da energia e dos transportes. Do ponto de vista da simplificao prope-se a unificao das directivas, unificao da nomenclatura e a expresso em euros de todos os limiares.

Directivas de 2004: principais novidades e implicaesA nova directiva muito mais que uma compilao de textos. Vem actualizar e modernizar o regime anterior, tem subjacente uma nova filosofia que procura compatibilizar o regime da contratao pblica com as novas preocupaes comunitrias, assumindo definitivamente que a contratao pblica um instrumento privilegiado de execuo de polticas estruturais e sectoriais da unio europeia, nomeadamente polticas sectoriais e ambientais.O mbito material de aplicao tem vindo a ser definido de acordo com o elemento da natureza do contrato e as quantias nele envolvidas.Por seu lado a directiva sectores especiais continua a reconhecer que a previso de regras especiais para a coordenao dos processos de adjudicao se justifica pelo facto de subsistirem diferentes formas pelas quais as autoridades nacionais podem influenciar o comportamento das entidades que operam nestes sectores atravs de participaes no seu capital social ou de uma representao nos respectivos rgos da adm, de gesto ou de fiscalizao mas tb pela natureza fechada dos mercados em que operam, devido concesso, pelos estados-membros, de direitos especiais ou exclusivos de fornecimento, a abertura ou a a explorao de redes de prestao de servios em questo. O aspecto mais inovador na directiva sectores especiais a incluso dos contratos relativos a servios postais, na sequncia da abertura progressiva concorrncia das actividades postais. Um dos aspectos mais importantes nas novas directivas prende-se com os critrios de adjudicao e com o incentivo prossecuo de polticas secundrias, de natureza social ou ambiental (permite s entidadea adjudicantes satisfazerem as necessidades pblicas em causa, incluindo no domnio ambiental e/ou social, desde que aqueles critrios estejam ligados ao objecto do contrato, e no confiram entidade adjudicante liberdade de escolha ilimitada, sejam expressamente indicados e respeitem os princpios fundamentais. Uma das preocupaes destas directivas prende-se com anecessidade de clarificar a forma como as entidades adjudicantes podero contribuir para a proteco do ambiente e a promoo do desenvolvimento sustentvel, garantindo ao mesmo tempo a possibilidade de obterem, para os seus contratos, a melhor relao qualidade/preo. Do ponto de vista das preocupaes sociais, entende-se que as condies de execuo sero compatveis com a directiva desde que no sejam directa ou indirectamente discriminatrias e venham indicadas no anncio de concurso ou no caderno de encargos, podendo, assim, nomeadamente, ter por objecto fomentar a formao profissional prtica, o emprego de pessoas com dificuldades especiais de insero, a luta contra o desemprego ou a proteco do ambiente. Uma das principais novidades, na nova directiva dos sectores clssicos o procedimento de dilogo concorrencial o qual visa introduzir maior flexibilidade em contratos ou montagens financeiras complexas (com este procedimento permite-se o dilogo com cada um dos concorrentes, para melhor conhecer das socluoes tcnicas oferecidas pelo mercado). Tambm na nova directiva se aceitam no sector clssico acordos-quadro, para poupar tempo e recursos, evitando, no caso de compras repetidas, a necessidade de um novo procedimento para cada fornecimento. Outra novidade importante, no sentido da busca de flexibilidade a que diz respeito introduo, em qualquer fase do procedimento, de sistemas eletrnicos de compra (leiles eletrnicos e sistemas de compras dinmicas).

3 LioDas directivas de 2004 actualidade: o processo de reviso das directivas sobre contratos pblicosDirectivas posteriores a 2004: directiva n 2007/66 CE (directiva recursos)Lema da melhoria da eficcia do recurso em matria de adjudicao de contratos pblicos. Com esta directiva se fecha um ciclo na evoluo do dto europeu dos contratos pblicos correspondente a um perodo de progressivo aprofundamento e de crescente exigncia dos regimes jurdicos aplicveis contratao pblica, acompanhando o processo de aprofundamento da prpria integrao europeia. Atravs desta directiva pretendeu-se resolver essencialmente dois problemas: os fenmenos de corrida assinatura dos contratos e os casos de ilegal adjudicao directa de contratos. Para obviar tais problemas esta directiva estabeleceu duas medidas fundamentais: reviso de um perodo mnimo de suspenso entre a deciso de adjudicao e a celebrao do contrato e, a previso de privao de efeitos como sano para adjudicao ilegal de contratos mediante ajuste directo. Esta directiva vem tb reconhecer a necessidade d garantir aos interessados a efectiva possibilidade de impugnar a adjudicao antes da celebrao do contrato, evitando-se, se for caso disso, a prpria celebrao de contrato. Esta directiva prev tb que a comunicao da deciso de adjudicao seja acompanhada da indicao do prazo suspensivo aplicvel. Uma das principais preocupaes subjacentes directiva a luta contra a adjudicao ilegal de contratos por ajuste directo, para tal a directiva estabelece a necessidade de prever uma sano efectiva, proporcionada e dissuasiva para casos de ilegal adjudicao de contrato por ajuste directo.Directiva 2009/81 CE, relativa a contratos nos domnios da defesa e da seguranaNela se refere que se tomam em considerao as especificidades destes sectores prevendo-se a flexibilizao dos procedimentos de adjudicao, admitindo-se a utilizao do procedimento negociado sem publicao prvia de anncio num nmero alargado de contratos; regras sobre a proteco de confidencialidade de determinadas informaes; a excluso de contratos de investigao e desenvolvimentos; a introduo de adaptaes em matria de recursos.O processo de reviso das directivas de 2004Assenta em 3 prioridades: desenvolver uma economia baseada no conhecimento e na inovao, promover uma economia hipocarbnica que utiliza eficazmente os recursos e seja competitiva e fomentar uma economia com nveis elevados de emprego e que assegure a coeso social e territorial. No quadro desta estratgia da Europa 2020 os contratos pblicos so encarados como um instrumento relevante para alcanar estes objectivos, atravs do incentivo a uma maior utilizao dos contratos pblicos ecolgicos, favorecendo a transio para uma economia hipocarbnica e eficiente. O livro veerde de 27 de Janeiro de 2011 sobre a modernizao da poltica de contratos pblicos da UE estabelece como objectivos prioritrios na reflexo e consulta pblica e realizar: a simplificao de procedimentos, a criao de condies que facilitem o acesso s oportunidades de contratao, o fomento de utilizao dos contratos pblicos para a prossecuo de polticas ambientais e sociais; o combate ao favorecimento e corrupo.Sob o signo da flexibilizao e sustentabilidade: as propostas de novas directivas sobre contratos pblicosSo duas as novas propostas de directivas em paralelo com as de 2004, uma para os sectores clssicos e outra para os sectores especiais. Um dos objectivos expressamente assumidos nas referidas propostas o de permitir que as entidades adjudicantes utilizem melhor os contratos pblicos para apoiar objectivos sociais comuns, como a proteco do ambiente, a maior eficincia na utilizao dos recursos e da energia, a luta contra as alteraes climticas, a promoo e inovao, do emprego e da incluso social e a criao das melhores condies possveis para a prestao de servios pblicos de elevada qualidade.

6 lioTransposio nacional das sucessivas geraes de directivas europeias sobre formao de contratos pblicosA obrigao de transposio das directivas de 2004 serviu de ocasio para a elaborao de um CCP o qual procurou repensar globalmente toda a legislao em matria de procedimentos pr-contratuais a qual, para alm de dispersa, estava recheada de incoerncias, uma vez que correspondia a momentos de elaborao legislativa cronologicamente desfasados e, por isso, tambm fruto de opes tericas e, muitas vezes, incompatveis.Transposio da directiva recursos e o DL 134/98 de 15 de MaioForam trs as principais novidades introduzidas pelo referido DL, relativamente formao dos contratos de empreitada de obras pblicas, de prestao de servios e de fornecimento de bens. A segunda novidade deste DL consistia na possibilidade de serem requeridas medidas provisrias destinadas a corrigir a ilegalidade ou a impedir que sejam causados outros danos aos interesses em causa, incluindo medida destinadas a suspender o procedimento de formao do contrato.Transposio das directivas comunitrias de 2004 sobre contratos pblicos e a elaborao do CCP: apreciao crticaAgora so os regimes substantivos da contratao pblica que esto desactualizados e desfasados em relao ao contencioso, tornando-se necessrio rever as normas previstas no CPA. Em Maio de 2006, foi apresentado publicamente um Anteprojecto do CCP. O resultado era um regime jurdico disperso, incompleto, recheado de contradies e desfasado da realidade. Era chegada a altura de avanar para a elaborao de um verdadeiro CCP que procurasse regular aspectos decisivos como os princpios gerais da contratao pblica, os procedimentos pr-contratuais, os critrios adjudicatrios. Tal cdigo deveria conter uma parte geral relativa a todo o universo do contratos pblicos e tb uma parte especial relativa ao regime jurdico aplicvel a determinados contratos. Importava repensar luz da reforma do contencioso adm, o regime que havia sido consagrado no CPA, nomeadamente introduzindo uma noo de contrato pblico, um elenco de princpios gerais da contratao pblica, normas relativas responsabilidade pr-contratual e um novo regime de invalidade.De entre muitas questes a regente aponta 5 problemas em relao ao referido processo: a noo de contrato pblico e a delimitao do mbito de aplicao do futuro cdigo; o elenco de princpios gerais da contratao pblica; a assuno da contratao pblica como instrumento de polticas sociais e ambientais; a panplia de procedimentos adjudicatrios; a desmaterializao dos procedimentos.Do CCP actualidade: a transposio da directiva 2007/66 CEEsta alterou a directiva recursos. As novas circunstncias da actual crise financeira, econmica e social contrastam fortemente com o ambiente de euforia que, poca da aprovao da referida directiva, rodeava a crescente europeizao dos mercados pblicos. Esta nova directiva alterou a directiva recursos, com esta directiva se fecha um ciclo na evoluo do direito europeu dos contratos pblicos, correspondente a um perodo de progressivo aprofundamento e crescente exigncia dos regimes jurdicos aplicveis contratao pblica. Com estas pretendeu-se resolver dois problemas: os fenmenos da corrida assinatura dos contratos e os casos de ilegal adjudicao directa de contratos. Para obviar tais problemas esta directiva estabeleceu duas medidas fundamentais: a previso de um perodo mnimo de suspenso entre a deciso de adjudicao e a celebrao do contrato e, por outro lado, a privao de efeitos como sano para a adjudicao ilegal de contratos mediante ajuste directo. Foi para o efeito das garantias de transparncia e de no discriminao que a referida directiva estabeleceu uma srie de exigncias, que devem ser entendidas como mnimas, deixando aos Estados Membros a possibilidade de ir mais longe. De entre as novidades, destaquem-se a introduo do mecanismo do anncio voluntrio de transparncia, as alteraes ao regime do perodo de suspenso e as modificaes ao regime de invalidade contratualAlteraes ao CCP em tempos de crise, na sequncia do memorando de entendimento com a TroikaEm Maio de 2012 o Governo aprovou alteraes ao CCP: eliminao das excepes aplicao integral do regime de contratao pblica de que beneficiam as instituies pblicas de ensino superior constitudas sob a forma de fundao, os hospitais constitudos sob forma de entidade pblica empresarial, as associaes de dto privado que tenham como principal finalidade a cincia e a tecnologia e os laboratrios do Estado, passando todas estas entidades a submeter-se, em pleno, ao regime jurdico de contratao pblica, regulado no CCP.O DL 11/2012 veio tb concretizar compromissos assumidos no referido memorando de entendimento com a Troika, introduzindo modificaes ao regime jurdico aplicvel preparao, lanamento, execuo e alterao de parcerias pblico-privadas, como por exemplo: alargamento do mbito subjectivo e objectivo de aplicao do regime jurdico; reforo do controlo das decises do arceio pblico no lanamento e na execuo do contrato e a criao da unidade tcnica de acompanhamento de projectos.

7 lioUniverso dos contratos pblicos no CCPDelimitao do universo dos contratos pblicosO contrato pblico um acordo de vontades, resultando os efeitos jurdicos que ele produz necessariamente do encontro ou da fuso das declaraes de vontade das partes. Continua-se a viver uma poca de crise e indefinio em matria de actividade adm contratual. Esta situao de indefinio tanto mais grave e inaceitvel quanto maior tende a ser a relevncia da actividade contratual adm nos dias de hoje.Existem actos informais da adm, que so actos que no correspondem a modelos pr-definidos e que no so expressa e especificamente regulados pelo dto.Do ponto de vista dos sujeitos os contratos pblicos podem ser celebrados tanto por entidades pblicas como por entidades privadas, o que significa que o universo dos contratos pblicos no delimitado em funo de um critrio puramente orgnico. A regente no acompanha a posio que defende que contratos pblicos e contratos da Adm pblica ou com participao pblica no podem confundir-se pq h contratos da Adm que so privados e pq nem todos os contratos pblicos so contratos da Adm ou contratos com participao pblica.Para a qualificao de um contrato como pblico decisivo o critrio do interesse, nos termos do qual sero contratos pblicos aqueles que visam a prossecuo de fins de interesse pblico ou, em alguma medida, possam afectar a prossecuo desses mesmos fins. Isto no significa que no possa existir contratos nos quais se conciliem interesses pblicos e interesses privados, mas nesses casos o que justifica a qualificao como contrato pblico o facto de em alguma medida o contrato bulir com interesses pblicos.Do ponto de vista dos meios, os contratos pblicos implicam, em regra, a utilizao de dinheiros pblicos ou de outros meios pblicos.Em termos de regime jurdico aplicvel, sero contratos pblicos aqueles que se submetem a uma disciplina de dto pblico.Do ponto de vista do controlo, os contratos pblicos encontram-se submetidos a controlos pblicos e o respectivo contencioso atribudo jurisdio de tribunais adm.Contrato pblico: categorias e classificaesClassificaes que resultam da aplicao de critrios orgnicos: do ponto de vista da natureza jurdica dos sujeitos, no universo dos contratos pblicos existem quer contratos celerados entre entidades pblicas e particulares, quer contratos celebrados entre entidades pblicas entre si (chamados contratos de coordenao), quer ainda contratos celebrados entre particulares (casos de subconcesso ou do trespasse de uma concesso)Do ponto de vista do nmero de partes do contrato pode haver contratos bilaterais e contratos plurilaterais.De acordo com o critrio do fim ou da causa-funo, distinguem-se contratos de colaborao (visam associar o co-contraente, geralmente um particular, ao desempenho regular de atribuies administrativas ex: concesso de servios pblicos), contratos de atribuio (investem o co-contraente de uma posio jurdica favorvel ou facilitam o cumprimento de certas obrigaes que sobre ele impendem) e contratos de coordenao (celebrados entre entidades pblicas, no mbito da prossecuo das respectivas atribuies).Segundo o critrio do objecto, nos contratos pblicos pode estar em causa a solicitao de produtos e servios ao mercado, a delegao de funes ou servios pblicos e afins ou o exerccio de poderes pblicos.Do ponto de vista da funo que desempenham na vida da relao jurdia, os contratos podem ser primrios e constitutivos, regulando directa ou indirectamente as situaes da vida jurdico-poltica e criando tais relaes, ou secundrios versando sobre anteriores contratos.Segundo o critrio a relao com outras formas de actuao, so de distinguir relaes de alternatividade e relaes de complementaridade.Do ponto de vista da intensidade da regulamentao legal, possvel distinguir contratos tpicos e atpicos, consoante estejam ou no definidos e caracterizados na lei.Segundo um critrio dos efeitos, ou seja, do ponto de vista da natureza da regulamentao que resulta do contrato, pode haver contratos decisrios (so os que produzem imediatamente efeitos constitutivos numa dada relao jurdica adm) e contratos obrigacionais (uma ou duas partes assumem obrigaes, adquirindo a contraparte o dto de exigir o respectivo cumprimento).mbito objectivo de aplicao das directivas comunitrias sobre contratos pblicosO mbito material de aplicao das directivas tem vindo a ser definido tendo em ateno dois elementos: a natureza dos contratos e as quantias neles envolvida. Em relao ao mbito de aplicao objectivo da directiva 2004/18 CE relativa aos sectores especiais a grande novidade reside na excluso dos que dizem respeito rea das telecomunicaes e, em contrapartida na incluso dos contratos relativos aos servios postais. Esta directiva aplica-se, assim, aos contratos dos sectores da gua, energia, transportes e servios postais.Alargamento do mbito subjectivo de aplicao do CCP, na sequncia do memorando de entendimento com a TroikaO universo das entidades pblicas adjudicantes foi inicialmente definido pelo CCP no art. 2 (sectores clssicos) e art. 7 (Sectores especiais). No art. 3 esto definidos os contraentes pblicos e ainda so importantes nesta matria o art. 5 onde so referidos os contratos in house.

8 lioPrincpios gerais da contratao pblica e os procedimentos adjudicatrios no CCPPrincpios gerais da contratao pblica e procedimentos adjudicatriosOs princpios constitucionais da adm pblica vinculam sempre as entidades pblicas e o regime jurdico da formao dos contratos pblicos tem de procurar o equilbrio entre tais princpios e os princpios de inspirao europeia. O princpio da legalidade exige, desde logo, o cumprimento de regras relativas competncia, subjectiva e objectiva, quer na vertente estritamente administrativa quer na vertente financeira. Do mesmo princpio da legalidade decorrem, os fins de interesse pblico, para cuja prossecuo a prpria celebrao do contrato se justifica. Especialmente importante nestes procedimentos tb o princpio da boa-f, o qual impe especiais deveres de proteco e de lealdade. O dto comunitrio preocupa-se tradicionalmente sobretudo em garantir a concorrncia e em assegurar que a celebrao de contratos pblicos no cause entraves realizao do mercado nico.

9 lioGreen Public ProcurementCritrios de adjudicao: do critrio do preo mais baixo s consideraes sociais e ambientais na contratao pblica. Mais do que nunca as entidades pblicas enquanto entidades adjudicantes t obrigao de exercer o seu poder de compra de modo social e ambiental responsvel. Nos ltimos anos, foi lanado um conjunto de iniciativas polticas especficas, tanto a nvel europeu como nacional, para incentivar a utilizao dos contratos pblicos em apoio aos objectivos polticos referidos, com destaque para os trabalhos em curso no domnio da promoo dos contratos pblicos ecolgicos, da incluso das consideraes sociais nos contratos pblicos e do fomento da inovao. Para alm do aperfeioamento do regime jurdico, as entidades europeias tm investido em aces de formao, de divulgao e de esclarecimento das entidades adjudicantes. Ao celebrar contratos pblicos ecolgicos, as entidades adjudicantes pblicas podem/devem reduzir o impacto ambiental das suas prprias actividades e, ao mesmo tempo, podem/devem incentivar a inovao, influenciando o mercado no sentido de este passar a fornecer produtos, obras e servios mais ecolgicos. A sustentabilidade da contratao pblica no pode deixar de ser vista nas suas diversas dimenses, sustentabilidade financeira, sustentabilidade ecolgica e social. Em poca de crise, a interao entre estas diversas dimenses da contratao pblica coloca novos e difceis desafios. No se podem ignorar os riscos de que a introduo de critrios verdes na contratao pblica redunde em prticas discriminatrias ou em fenmenos de corrupo. No so tolerveis quaisquer desperdcios. Uma contratao pblica sustentvel exige que a introduo d critrios ambientais ou sociais num procedimento pr-contratual seja acompanhada de mecanismos de preveno do desperdcio e da corrupo.

Livro verde de Janeiro de 2011 Crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo e apresenta propostas no sentido de fomentar que as entidades adjudicantes utilizem melhor os contratos pblicos para apoiar objectivos sociais comuns, incluindo a proteco do ambiente. Nesse contexto, os contratos pblicos so encarados como um dos instrumentos para: estimular a inovao empresarial, apoiar a transio para uma economia hipocarbnica e fomentar uma utilizao o mais eficiente possvel dos fundos pblicos. importante optimizar os resultados dos contratos pblicos atravs de procedimentos eficazes. Trs prioridades: desenvolver uma economia baseada no conhecimento e na inovao, promover uma economia hipocarbnica, que utilize os recursos e seja competitiva, e fomentar uma economia com nveis elevados de emprego e que assegure a coeso social e territorial. Reconhece que as autoridades pblicas podem dar um grande contributo para a consecuo dos objectivos da estratgia Europa 2020, utilizando o seu poder de aquisio para contratar bens e servios com valor acrescentado para a sociedade em termos de promoo da inovao, respeito pelo ambiente e luta contra as alteraes climticas, reduo d consumo energtico, melhoria do emprego, da sade pblica e das condies sociais, assim como da igualdade, incrementando simultaneamente o nvel de incluso do grupos desfavorecidos. Salienta-se que a procura por parte das autoridades pblicas, de bens e servios mais ecolgicos, com baixas emisses de carbono, mais inovadores e socialmente responsveis, poder orientar as tendncias em termos de produo e de consumo nos prximos anos. A Parte 4 do livro verde (utilizao estratgica dos contratos pblicos para responder aos novos desafios) acentua a necessidade de eu tal no signifique uma menor eficcia dos contratos pblicos. Prope-se para alm das regras procedimentais que as directivas abram porta imposio de requisitos obrigatrios s entidades adjudicantes ou previso de incentivos para orientar as suas decises sobre os bens e servios a contratar. Durante muito tempo as consideraes sociais e ambientais na contratao pblica foram vistas meramente como aspectos secundrios. Admitidas sempre de forma limitada e com muitas cautelas.As Comunicaes Interpretativas da Comisso de 2001 sobre as possibilidades de integrar consideraes sociais e ambientais na contratao pblica Desde 1998 que se tem vindo a desenvolver na UE uma estratgia global para a aplicao do princpio da integrao ambiental do art. 11 dos Tratados. lcito ter em conta consideraes ambientais para efeitos da escolha da proposta mais vantajosa no plano econmico global, na medida em que a prpria entidade que lanou o concurso retira uma vantagem directa das propriedades ecolgicas do produto. A par das preocupaes econmicas devem ser tomadas em considerao preocupaes ambientais, de devem ser levadas em conta na definio do projecto do contrato e de especificaes tcnicas, ou na fase de seleco, ou ainda na fase da avaliao da proposta economicamente mais vantajosa. Do ponto de vista dos custos a Comisso salienta que as directivas permitem avaliar todos os custos envolvidos ao longo do ciclo de vida do produto, incluindo os custos de manuteno e reciclagem, bem como as externalidades. A importncia da poltica social europeia na construo da economia europeia e como pilar do desenvolvimento sustentvel. Lembram-se os princpios da igualdade e da no discriminao e salienta-se a necessidade de incentivar a prossecuo de objectivos sociais atravs da imposio de condies de execuo dos contratos pblicos que passem, p.e.,pela obrigao de garantir emprego a determinadas categorias de pessoas, favorecendo a reinsero social de pessoas desfavorecidas, o combate ao desemprego, a promoo da igualdade entre homens e mulheres ou a diversidade tnica.

Green PublicProcurement: consideraes ambientais e sociais na contratao pblica. Do acrdo Concordia Bus s propostas de novas Diretivas sobre contratos pblicos. O TJUE declarou que a entidade adjudicante, para determinar a proposta economicamente mais vantajosa, livre de escolher os critrios de adjudicao do contrato O caso subjacente ao acrdo concordia bus tratava-se de um contrato de aquisio de servios de transporte pblico municipal. O caso remonta a 97, quando por um anncio publicado no Jornal oficial das comunidades europeias os servios de aprovisionamento da cidade de Helsnquia anunciaram a aceitao de propostas para a gesto da rede de autocarros urbanos da cidade de Helsnquia. Segundo o referido anncio de concurso, o adjudicatrio seria a empresa que apresentasse a proposta mais vantajosa para o municpio no plano econmico global, tendo em conta 3 critrios: o preo global pretendido pela explorao, a qualidade do material e a gesto da qualidade e do ambiente por parte do empresrio. A concordia interps recurso de anulao da deciso da comisso dos servios comerciais para o conselho da Finlndia. Neste processo foram colocadas 3 questes prejudiciais sobre a interpretao dos arts. 2/1 al a), n2 al. c), n4 e art. 34/1 da directiva 93/38 CEE do Conselho. So importantes as consideraes acerca do dever de respeitar o princpio da igualdade de tratamento. O carcter inovador deste acrdo reside na defesa da compatibilidade entre a introduo de exigncias ambientais em termos de critrio de adjudicao e o princpio da no discriminao. Concluso do Tribunal: quando a entidade adjudicante decida adjudicar um concurso ao proponente que apresente a proposta economicamente mais vantajosa, pode tomar em considerao critrios ecolgicos, como o nvel de emisses de xido de azoto ou o nvel sonoro dos autocarros, desde que esses critrios estejam relacionados com o objecto do concurso, no confiram referida entidade adjudicante uma liberdade de escolha incondicional, estejam expressamente mencionados no caderno de encargos no anncio de concurso e respeitem os princpios fundamentais do dto comunitrio, designadamente o princpio da no discriminao. Facto de um dos critrios fixados pela entidade adjudicante a fim de identificar a proposta economicamente mais vantajosa s pode ser satisfeito por um reduzido nmero de empresas no , s por si, susceptvel de constituir uma violao do princpio da igualdade de tratamento.

Directiva de 2004 Uma das preocupaes prende-se com a necessidade de clarificar a forma como as entidades adjudicantes podero contribuir para a proteco do ambiente e para a promoo do desenvolvimento sustentvel, garantindo ao mesmo tempo a possibilidade de obterem, para os seus contratos, a melhor relao qualidade/preo. Relativamente aos princpios e critrios de adjudicao, declara-se que a adjudicao deve basear-se em critrios objectivos que assegurem o respeito dos princpios de transparncia, da no discriminao e da igualdade de tratamento e que garanta a apreciao das propostas em condies de concorrncia efectiva. Admite-se a aplicao de 2 critrios de adjudicao, o preo mais baixo e a proposta economicamente mais vantajosa. (art. 53/1). Do ponto de vista das preocupaes sociais, entende-se que as condies de execuo dos contratos sero compatveis com a directiva, desde que no sejam directa ou indirectamente discriminatrias e venham indicadas no anncio de concurso ou no caderno de encargos, podendo ter por objectivo fomentar a formao profissional prtica, o emprego de pessoas com dificuldades especiais de insero, a luta contra o desemprego ou a proteco do ambiente. Em Agosto de 2004 a Comisso apresenta a Hand book onenvironmental public procurement: a escolha de um ttulo verde para o contrato, que d a conhecer aos possveis interessados os objectivos da entidade adjudicante em termos de desempenho ambiental; a tomada em considerao de factores como a durabilidade dos materiais e a sua reciclagem; o uso de variantes verdes; o uso de rtulos ecolgicos.

Comunicao interpretativa da Comisso (2008) Fixou metas para a utilizao dos contratos pblicos ecolgicos nos Estados Membros e lanou o processo de definio a nvel europeu de critrios comuns voluntrios no domnio dos contratos ecolgicos.

Directiva 2009/33 CE Estabelece que as entidades adjudicantes quando compram veculos de transporte terrestre devem optar por estabelecer especificaes tcnicas para o comportamento energtico e ecolgico dos veculos ou por incluir os impactos energtico e ambiental na deciso de compra. Esta directiva obriga a utilizar os custos do consumo de energia durante a vida til, as emisses de CO2, entre outros, como critrios de adjudicao na compra de veculos para transportes pblicos.

Green PublicProcurement no actual processo de reviso das diretivas de 2004: a proposta de nova directiva relativa aos contratos pblicos de 20.21.2011 Est em curso um processo de reviso das directivas de 2004. Invocam os desafios referidos na estratgia Europa 2020 (para um crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo assenta em 3 prioridades: desenvolver uma economia baseada no conhecimento e na inovao, promover uma economia hipocarbnica, que utilize eficazmente os recursos e que seja competitiva, e fomentar uma economia com nveis elevados de emprego e que assegura a coeso social e territorial). Um dos objectivos assumidos nas propostas o de permitir que as entidades adjudicantes utilizem melhor os contratos pblicos para apoiar objectivos sociais comuns. Assume-se assim a utilizao estratgica dos contratos pblicos para responder aos novos desafios, baseando-se a proposta de directiva numa abordagem de capacitao que fornece s autoridades adjudicantes os instrumentos necessrios para contriburem para a realizao e tais objectivos, escolhendo adquiri bens e servios que fomentem a inovao, respeitem o ambiente e combatam as alteraes climticas, melhorando simultaneamente o emprego, a sade pblica e as condies sociais. Passagens referidas na proposta no que diz respeito s consideraes sociais e ambientais na contratao pblica: clculo dos custos ao longo do ciclo de vida; procedimento de produo; rtulos; sano das violaes da legislao social, laboral ou ambiental vinculativa; servios sociais e inovao.

Directiva 2009/33 CE de Abril de 2009, relativa promoo de veculos de transporte rodovirio de transporte rodovirio no poluentes e energeticamente eficientesEsta estabelece que as entidades adjudicantes quando compram veculos de transporte terrestre devem optar por estabelecer especificaes tcnicas para o comportamento energtico e ecolgico dos veculos ou por incluir os impactos energtico e ambiental na deciso de compra. Esta directiva obriga a utilizar os custos do consumo de energia durante a vida til de emisses de CO2, como critrios de adjudicao na compra de veculos para transportes pblicos. No CCP: a legislao ambiental condiciona, em diversos casos, as entidades adjudicantes no momento da definio do objecto de determinados contratos e respectivas especificaes tcnicas. O TJUE j se pronunciou e admite que uma razo tcnica relacionada com a proteco ambiental possa justificar o recurso a procedimento negociado sem abertura concorrncia. Mas isto uma excepo ao princpio da concorrncia e, por isso, o conceito de razo tcnica deve ser interpretado de forma restritiva para reduzir o risco de discriminaes encobertas.

10 lioConsequncias da procedimentalizao: invalidade e irresponsabilidadeProcedimentalizao, invalidade e responsabilidade nos contratos pblicosDistino entre invalidade prpria e invalidade consequente: a primeira resulta de vcios do prprio contrato (art. 284 CPC) e a segunda surge em consequncia de uma invalidade procedimental (art. 283 CPC)Invalidade dos contratos no CPAArt. 185 CPA desadequado em face das novas realidades do universo dos contratos pblicosInvalidade prpria no CCP (Art. 284)Resulta de vcios prprios do contrato, isto , da preterio dos requisitos de validade que dizem respeito celebrao do contrato em si mesmo ou s respectivas clusulas contratuaisRequisitos de validade cuja preterio gera a invalidade prpria: requisitos subjectivos, objectivos e formais. Os primeiros, no que toca aos requisitos relativos s partes, em relao ao contraente particular, h que tomar em considerao as regras do CC, relativas capacidade negocial e manifestao livre e esclarecida da vontade. Para alm disso existem requisitos especficos, na legislao relativa aos contratos pblicos. Quanto aos requisitos relativos forma so de tomar em considerao os arts. 95 a 98. Quanto aos requisitos relativos ao contedo, h que considerar a invalidade que resulta da prpria violao de regras de proibio da utilizao do contrato como forma de actuao adequada em determinada situao. H casos em que a forma do contrato no pode ser usada, pq a lei expressamente no o permite ou pq a natureza das relaes a estabelecer no permitem.As consequncias da invalidade prpria do contrato esto consagradas no art. 284 CPC, o qual determina a anulabilidade dos contratos celebrados com ofensa de princpios ou normas injuntivas. Sero nulos nos termos do n2 do mesmo artigo, os contratos que padeam de vcios aos quais corresponda a nulidade, por aplicao dos princpios gerais de dto adm ou em virtude dos fundamentos previstos no art. 133 CPA (so nulos os contratos aos quais falte qualquer dos elementos essenciais e os contratos para os quais a lei comine expressamente essa forma de invalidade; nos termos do n2 so tb nulos os contratos que padeam de usurpao de poderes, incompetncia absoluta, violao de lei, vcio de forma, etc)No que toca falta de vcios da vontade existe no art. 284/3 CCP uma remisso para o CC. Do ponto de vista dos requisitos relativos formao e formulao da vontade, a soluo tradicional era remisso para o regime da falta e vcios da vontade do CC.Invalidade consequente no CCP (art. 283)No caso de invalidade consequente, a invalidade do contrato resulta, no de vcios do prprio contrato, mas antes de vcios de que padecem actos prvios ao contrato. A invalidade do contrato neste caso consequncia da invalidade de actos procedimentais, isto , actos praticados no procedimento que procede e repara a celebrao do contrato e no mbito do qual se procede escolha do co-contratante. A ocorrncia de uma invalidade deste tipo significa que os mecanismos preventivos falharam e que, apesar da invalidade procedimental se avanou efectivamente para a celebrao do contrato, trata-se agora de saber, uma vez celebrado o contrato, em que casos e at que ponto, devem as invalidades procedimental repercutir-se na validade do referido contrato. Tem de se encontrar um regime equilibrado que permita aproveitar ao mximo os contratos, na medida do interesse pblico a eles subjacente sem que tal aproveitamento signifique pactuar com invalidades procedimentais ou, um estmulo a fenmenos de corrida assinatura dos contratos. Faz sentido exigir que exista uma conexo entre o acto procedimental invlido e o contrato em termos de causa-efeito.A segunda questo que se coloca a de saber qual a relao que existe entre a modalidade de invalidade e do ato pr-contratual e a modalidade de invalidade do contrato. O referido artigo do CCP parte do princpio j subjacente ao regime anteriormente consagrado no CPA e que o princpio da identidade de desvalor jurdico ou o princpio da equiparao entre o tipo de invalidade do acto procedimental e o tipo de invalidade consequente do contrato. nulidade do acto procedimental corresponder a nulidade do contrato, ao passo que nos casos de anulabilidade ou de efectiva anulao do referido acto prvio o contrato ser anulvel.Uma terceira questo a de saber como se repercute a invalidade procedimental na invalidade do contrato, ou seja, saber se opera de modo automtico ou no. H duas opes em relao a esta matria: a lgica francesa tradicional de, aps um recurso de anulao, se exigir a propositura de uma aco para retirar, ao nvel do contrato, as consequncias da invalidade de um acto procedimental; a soluo espanhola, assente no procedimento de que a anulao de um ato procedimental opera automaticamente, entrando o contrato em fase de liquidao. O CCP consagra que o contrato ser nulo se a nulidade de acto procedimental tiver sido judicialmente declarada ou puder ainda s-lo e ser anulvel se os referidos actos procedimentais tiverem sido anulados ou forem anulveis. Nos casos de actos nulos, a nulidade do acto procedimental repercute-se automaticamente no contrato, uma vez que o contrato ser nulo enquanto a nulidade do acto procedimental puder ser judicialmente declarada. Por outro lado no caso de acto declarado nulo, o contrato ser tb ele nulo, o que significa que a declarao da nulidade do acto se repercute automaticamente na validade do contrato. No caso de actos anulveis determina o mesmo artigo que em caso de anulao de acto procedimental o contrato ser anulvel, isto significa eu ser necessrio suscitar a apreciao jurisdicional da invalidade consequente do contrato, a fim de retirar todas as consequncias da anulao do acto procedimental. Ao contrrio dos actos administrativos consequentes de actos anulados judicialmente que nos termos do art. 133 CPA, so nulos, neste caso o contrato consequente do acto anulado meramente anulvel tb ele.A questo mais difcil que se coloca a propsito da invalidade consequente a de se saber se e em que termos ser razovel e adequado desvalorizar a invalidade procedimental em face de um contrato entretanto j celebrado. O legislador do CCP partiu do entendimento de que parece fazer sentido que nem todas as invalidades procedimentais acarretem necessariamente a invalidade do contrato, remetendo para o juiz a ponderao dos diversos aspectos em jogo, a fim de encontrar a soluo que no caso concreto seja a mais adequada. O mais difcil seria determinar ao certo quais os vcios do acto prvio que no podem deixar de provocar a invalidade do contrato. Importa considerar que os casos de vcios formais que geram a nulidade do acto procedimental e perguntar se far sentido preservar intacta a validade do contrato em tal caso. Nos casos de nulidades procedimentais, elas devem acarretar necessariamente a invalidade do contrato consequente.O CCP ocupa-se desta questo da possibilidade de salvar o contrato, apesar da existncia de invalidades procedimentais, no art. 283/4 CCP, no qual se permite que o efeito anulatrio previsto no n2 possa ser judicialmente afastado nas circunstncias nele enunciadas.Transposio da directiva 2007/66 CE e o aditamento do artigo 283-A ao CCPA transposio desta directiva serviu de pretexto para rever o regime da invalidade contratual previsto no CCP. Uma das principais preocupaes subjacentes a esta directiva a luta contra a adjudicao ilegal de contratos por ajuste directo. Para travar essa luta a directiva estabelece a necessidade de prever uma sano efectiva, proporcionada dissuasiva para casos de ilegal adjudicao de contrato por ajuste directo. A novidade do art. 283-A do CCP est na previso da possibilidade de, em certas circunstncia, poder afastar-se o efeito anulatrio, e de, noutras circunstncias, passar a ser possvel afastar o efeito retroactivo da anulao. Uma das verdadeiras novidades no novo regime consiste na possibilidade, prevista no n5, nos termos do qual o juiz pode circunscrever os efeitos da anulao do contrato apenas para o futuro, caso efeito retroactivo se mostre desproporcionado ou contrrio boa-f, ou se verifique uma situao de impossibilidade absoluta ou, ainda, razes imperiosas de interesse pblico. Ao lado da declarao de nulidade do contrato, da deciso de afastar o efeito anulatrio, optando por salvar o contrato, surge agora outra alternativa: a de uma deciso anulatria sem eficcia retroactiva. Em qualquer dos casos a referida deciso judicial deve, em simultneo nos termos do art. 283-A, determinar obrigatoriamente sanes alternativas: ou a reduo da durao do contrato ou a imposio de uma sano pecuniria.Regime de invalidade (art. 285 CCP)Nos termos deste artigo aos contratos com objecto passvel de acto administrativo e a outros contratos sobre o exerccio de poderes pblicos, aplica-se o regime de invalidade previsto para o acto administrativo, ao passo que aos demais contratos, o n2 deste artigo manda aplicar o regime de invalidade do CC. Nos termos do n3 deste artigo admite-se para todos estes contratos a susceptibilidade de reduo e converso, nos termos dos arts. 292 e 293 CC, independentemente do respectivo desvalor jurdico, ou seja, inclusivamente nos casos de nulidade.Responsabilidade das entidades pblicas na formao de contratos pblicos e pela desistncia de contratarO CCP veio prever expressamente casos de indemnizao de danos causados nos procedimentos de formao de contratos pblicos. No que diz respeito aos factos possveis de gerar responsabilidade, em alguns casos a responsabilidade emerge do facto de no se chegar a celebrar contrato, noutro do facto de se celebrar um contrato invlido, noutros e independentemente da celebrao de um contrato vlido, de comportamentos lesivos adoptados durante o procedimento pr-contratual. A questo da responsabilidade pode emergir de factos relativos fase anterior adjudicao ou fase que medeia entre a adjudicao e a celebrao do contrato, podendo ainda tratar-se de factos lcitos ou ilcitos. Foi-se progressivamente alargando o elenco das situaes passveis de gerar danos susceptveis de serem indemnizados: a no celebrao de contrato, tendo-se acarretado negociaes que geraram expectativas, ou a celebrao de contrato invlido ou ineficaz, a celebrao de contrato vlido mas no qual se repercutem patologias da fase pr-contratual, a inrcia ou recusa de prosseguir negociaes, a violao dos deveres que impede sobre quem negoceia e celebra um contrato. Vrios obstculos se foram colocando pura e simples afirmao do princpio da reparao integral dos prejuzos causados pelo acto ilcito: a necessidade de distinguir consoante os fundamentos de invalidade do acto; as hipteses de renovao lcita da mesma deciso lesiva; a natural incerteza prvia sobre um dto a ganhar o concurso; as situaes de automatismo de critrios para adjudicao. Foi-se sedimentando a ideia de distinguir 3 situaes: casos de indemnizao zero por ser manifesto que mesmo sem o ilcito cometido nunca viria a ser escolhida a proposta preterida; casos de indemnizao total por ser manifesto que se no fosse a deciso ilcita proferida; casos de indemnizao total (danos emergentes e lucros cessantes), por ser manifesto que, se no fosse a deciso ilcita proferida, deveria vir a ser adjudicada a proposta do concorrente excludo ou preterido; casos de indemnizao em valor intermdio indemnizando-se a perda de oportunidade. Em relao fase adjudicatria foi-se reconhecendo que tb podem ocorrer comportamentos lesivos nessa fase posterior adjudicao e preparatrias da celebrao do contrato: tentativa ilcita de imposio de obrigaes novas ou de diminuio de dtos, levando o adjudicatrio a desistir; imposio de clusulas ilegais provindas ou no do caderno de encargos. Relativamente fase ps-adjudicatria a doutrina foi defendendo solues cada vez mais generosas de indemnizao dos lucros cessantes. Assim tb por maioria de razo nos casos de responsabilidade pela celebrao de contrato invlido ou definitivamente ineficaz por falta de entidade adjudicante.A propsito da desistncia de contratar, a primeira questo que se coloca a de saber se admissvel que a Administrao possa desistir de contratar, distinguindo-se os casos de desistncia lcita dos casos de desistncia ilcita. Em qualquer dos casos coloca-se seguidamente o problema de saber em que medida incorre a entidade adjudicante na obrigao de indemnizar os prejuzos decorrentes de tal desistncia de contratar. A participao num destes procedimentos pr-contratuais no s envolve uma srie de despesas, que com a desistncia da entidade adjudicante, se tornam inteis, como tb gera expectativas que no caso de tal desfecho se frustram. Colocam-se vrias dvidas: at que ponto que tais contratempos se devem considerar ainda cobertos pelo risco inerente participao em qualquer procedimento negocial e, por outro lado, a de saber nestes procedimentos e particular quais as especificidades que decorem da natureza pblica. Situaes: causas lcitas de no adjudicao, casos de revogao da deciso de contratar, causas lcitas de no outorga do contrato aps a adjudicao, casos de revogao da deciso de adjudicao, ou ainda, casos de outorga extempornea do contrato. medida que se vai avanando no procedimento de formao do contrato se vo gerando e consolidando expectativas que vo progressivamente justificando um grau mais exigente de proteco (distinga-se 3 momentos: fase pr-adjudicatria, fase ps-adjudicatria, fase posterior outorga do contrato). O Art. 79 CCP estabelece um elenco de causas de no adjudicao, logo contrario fora destas situaes a entidade adjudicante no pode de forma arbitrria e egosta desistir de contratar. Nos casos enunciados no artigo considera-se a disistncia como actuao lcita, havendo mesmo um dever de no adjudicao, o que deve ser tomado em conta no que toca soluo relativa responsabilidade em que incorre a entidade adjudicante em tais circunstncias. Nos termos do art. 134 b) CCP existe a obrigao de devoluo do preo pago entidade adjudicante pela disponibilizao das peas do concurso e, nos termos do art. 79/4 CCP, em tais casos a entidade adjudicante deve indemnizar os concorrentes cujas propostas no tenham sido excludas, elos encargos em que comprovadamente incorreram com a elaborao das respectivas propostas. O Art. 80 CCP tb importante a este propsito, o qual faz corresponder a deciso de no adjudicao do contrato a uma revogao da deciso de contratar, em qualquer dos casos os fundamentos previstos no art. 79 CCP no esgota as causas possveis de revogao da deciso de contratar (ex: casos de eventual revogao da deciso de contratar com fundamento em ilegalidade).Relativamente fase ps-adjudicatria saber e que casos lcito entidade adjudicante no avanar para a outorga do contrato desistindo de contratar. O art. 104 CCP consagra um dever de outorga do contrato dentro de determinado prazo, findo o qual nos termos do art. 105/3 CCP se permite ao adjudicatrio desvincular-se da proposta (nestes casos o adjudicatrio tem dto a que seja liberada a cauo que haja prestado e tem dto a ser indemnizado por todas as despesas e demais encargos em que comprovadamente incorreu com a elaborao da proposta e com a celebrao do contrato. Em qualquer dos casos tal soluo no significa que no existam tb nesta fase ps-adjudicatria, situaes de desistncia lcita de contratar por parte da entidade adjudicante (a alterao de circunstncias fundamenta um vdd dever de no adjudicao, por outro lados nos termos do art. 335 CCP admite-se a resoluo do contrato j celebrado com fundamento tb em alterao anormal e imprevisvel de circunstncias. No faria qualquer sentido amarrar a entidade adjudicante obg de celebrar o contrato, devendo antes reconhecer-se que do ponto de vista do interesse pblico, determinadas alteraes de circunstncias justificam a no celebrao do contrato). O art. 76 CCP optou por consagrar um dever de adjudicao dentro de determinado prazo, estabelecendo no n 3 que se a celebrao for fora do prazo por motivo justificado, existe o dto de recusar a adjudicao e a entidade adjudicante dever indemnizar o concorrente escolhido pelos encargos em que comprovadamente incorreu com a elaborao da respectiva proposta, soluo que peca por excesso. Para alm destas situaes importa lembrar os casos de desistncia da entidade adjudicante por via da revogao da prpria adjudicao, a qual o CCP no clarificou. Indubitvel a admissibilidade de revogao da adjudicao com fundamento na sua ilegalidade. No caso da adjudicao num procedimento de formao de contrato pblico, pese embora tratando-se de acto constitutivo de dtos, no parece haver como negar a possibilidade da sua revogao, no apenas como fundamento em ilegalidade mas tb em inconvenincia. Esta lgica preventiva obriga a que a entidade adjudicante deva poder revogar a deciso de adjudicao por motivos de interesse pblico.Em tempos de crise torna-se obvio a necessidade de repensar estas solues. As solues progressivamente mais generosa para com os concorrentes e sobretudo para com o adjudicatrio, que foram sendo pensadas ao longo das ltimas dcadas se tornaram inadequadas. Quando as razoes de interesse pblico que justificam a desistncia de contratar da entidade adjudicante se prendem, no propriamente com novas opes, ma antes com situaes de dificuldades financeiras pblicas, dir-se-ia que o mesmo princpio da igualdade na repartio dos encargos pblicos obriga a solues de sentido inverso. Solues pensadas para evitar que as entidades adjudicantes pudessem desistir de nimo leve dos procedimentos pr-contratuais, tornar-se-iam em situaes de crise.

11 lioExecuo, inexecuo e responsabilidadePrincpios geraisEste regime moldado pelo princpio da prossecuo do interesse pblico, do qual decorem a ideia de estabilidade e de adaptabilidade. A estabilidade traduz-se em exigncias de respeito pelo contrato e de respeito pelo procedimento pr-contratual e suas implicaes para alm da prpria celebrao do contrato.Interpretao e apreciao da validade do contratoA opinio maioritria tem sido no sentido de recusar Adm publica o poder de interpretao unilateral das clusulas do contrato que celebra. Deste poder autnomo de interpretao deve ser distinguida a actividade de interpretao que est implcita e pressuposto do contrato, aceita-se a existncia dessa actividade subjacente a qualquer acto da adm e discute-se apenas se deve admitir-se a susceptibilidade da adm poder impor unilateralmente ao seu contraente particular o sentido a atribuir a certa clusula contratual, em caso de dvida ou conflito. De acordo com o sistema tradicionalmente vigente entendia-se que as eventuais decises da adm tendo por objecto a interpretao de clusulas contratuais no valiam como actos adm e executrios, devendo as eventuais controvrsias ser resolvidas, nos tribunais adm, atravs da forma da aco e no da do recurso contencioso de anulao.Poderes do contraente pblico de conformao da relao contratualO co contraente pblico dotado de determinados poderes de conformao da relao contratual, nos termos do art. 302 a 310 CCP. Trata-se de poderes-funcionais ou poderes deveres dos quais a adm publica no pode abdicar, uma vez que estes so instrumentais prossecuo do interesse pblico (a adm detm estes poderes em razo do fim de interesse pblico que o contrato visa realizar, como forma de assegurar que no cumprimento do contrato o co-contratante particular executa as prestaes da forma mais adequada realizao desse fim; logo a adm no pode renunciar ao exerccio destes poderes num determinado contrato, uma tal clusula seria ilegal). Nos termos do art. 307/2 CCP os poderes de conformao da relao contratual so exercidos atravs de acto adm do contraente pblico e no de mera declarao negocial. De acordo com o art. 186 CCP quando estejam em causa a interpretao e a validade do contrato, a adm poder proferir apenas meros actos opinativos, o que significa que nessas matrias no caso de no existir acordo com o particular a adm publica dever dirigir-se sempre ao juiz, para que este declare a validade ou invalidade do contrato ou ainda o sentido de interpretao a fazer de certa clusula contratual. Na fase de execuo do contrato o art. 180 CPA atribui certos poderes de deciso unilateral adm pblica em matria contratual.O poder de fiscalizao da execuo do contrato funda-se no interesse pblico cuja prossecuo, estando a cargo da adm realizada atravs da celebrao do contrato. Compreende-se assim que o poder de fiscalizao seja tradicionalmente associado aos contratos de colaborao, de execuo duradoura, mas importante salientar que ele faz sentido em todos os contratos celebrados para a prossecuo de fins de interesse pblico. Distingue-se a fiscalizao tcnica (cumprimentos das obrigaes contratuais em geral) e a fiscalizao jurdica (cumprimento dos deveres do contratante diante de terceiros de actos jurdicos que ele pratica). O poder de fiscalizao um poder de natureza passiva, atravs do qual se permite o acompanhamento do modo de execuo do contrato, a ttulo preventivo. A justificao dos poderes de fiscalizao da adm reside na necessidade de controlar a execuo do contrato, evitando situaes prejudiciais para o interesse pblico, de que a entidade pblica contraente no viesse nunca a tomar conhecimento ou de que s viesse a aperceber-se tarde de mais. Este poder de fiscalizao encontra-se limitado pela ideia de que no se pode atravs dele prejudicar o prprio fim com que ele se pretende atingir e que o de acautelar a defesa do respeito pelo fim de interesse pblico. Este poder serve tb para habilitar a adm a exercer melhor o poder de direco e ou o poder de aplicar sanes. Este exerccio no atenua nem retira as responsabilidades tcnicas e os encargos prprios do co-contratante. A fiscalizao tcnica, financeira e jurdica pode realizar-se atravs de pedidos de informao ou aces de inspeco e deve limitar-se a aspectos que se prendam imediatamente com o modo de execuo do contrato.O poder de modificao unilateral das prestaes est intimamente ligado ao princpio da prossecuo do interesse pblico, subjacente ao contrato pblico, o qual implica simultaneamente uma ideia de estabilidade e uma ideia de adaptabilidade. Este poder, prescindindo do acordo entre as partes, permite entidade pblica contratante, enquanto parte do contrato, com fundamento na lei e mediante sujeio a limites e contrapartidas, modificar as prestaes contratuais, procurando adapt-las a novas exigncias do interesse pblico. A posio dominante entende que o objecto indica os tipos de prestaes contratuais concretamente acordados entre as partes, ao passo que o contedo das prestaes corresponde aos modos tcnicos e jurdicos de execuo dessas prestaes. Entende-se que a adm no possa impor prestaes estranhas ao objecto do contrato ou alteraes que provoquem mudanas na sua economia, mesmo quando tais modificaes fossem compatveis com o modo de gesto ou o tipo de conveno inicialmente adoptados. Outro problema sugre nas alteraes introduzidas pela adm por motivos de interesse pblico e o contraente particular venha a suportar encargos superiores aos que ele tinha previsto, a adm obg a rever a prpria clusula de remunerao ou a pagar a justa indemnizao (nestes casos a adm no se responsabiliza com fundamento na culpa, mas sim no facto de sobre ela recarem os encargos da satisfao das necessidades colectivas. No seria justo que tais encargos se viessem a repercutir exclusivamente na esfera do particular que contrata com a adm e que o interesse pblico fose realizado sua custa).Exceptio non adimpeti contractusA propsito do incumprimento por parte da adm coloca-se a questo de saber se o contraente particular se pode socorrer desta figura. A resposta tradicional era negativa, mas os dias de hoje no justificam que assim seja. Nos termos do art. 327 CCP passou a admitir-se o recurso a essa figura nos contratos bilaterais com fundamento no incumprimento imputvel ao contraente pblico. Nos termo do art. 327 CCP o contraente particular s se pode recorrer a esta figura desde que a sua recusa em cumprir no implique grave prejuzo para a realizao do interesse pblico subjacente relao jurdica contratual.Incumprimento e sanesO poder sancionatrio conferido entidade pblica contraente consiste no poder de impor sanes devido s faltas cometidas pelo co-contraente, na execuo do contrato sejam elas a prpria inexecuo do contrato, o atraso na execuo, a execuo imperfeita, o cumprimento defeituoso ou o trespasse do contrato sem a necessria autorizao da adm. A funo principal e obg o co-contraente a cumprir a prestao a que est obrigado e a assegurar assim a prossecuo do interesse pblico subjacente ao contrato. A sano mais grave que a adm pode impor ao seu co-contraente consiste na prpria resoluo do contrato (esta resoluo-sano implica efeitos punitivos para o contraente particular e tem-se entendido que o poder de a aaplicar vinculado, devendo-se fundar em faltas graves causadoras de danos igualmente graves para a adm. O CCP no art. 180 determinava que o poder sancionatrio depende de expressa estipulao contratual, sem a qual a entidade pblica contraente ficava sem capacidade de reagir, pela via adm, ao eventual incumprimento do contratoResponsabilidade contratual necessrio distinguir entre a responsabilidade contratual por facto lcito e por facto ilcito. No caso de responsabilidade contratual por facto ilcito trata-se de responsabilidade das partes por inexecuo ou m do contrato. A entidade pblica deve participar de boa-f na execuo do contrato. O incumprimento de obrigaes financeiras e/ou tcnicas tb gera responsabilidade por facto ilcito. O caso mais significativo de responsabilidade contratual por facto lcito decorre do exerccio lcito pelo contraente pblico de determinados poderes contratuais, de que resulte dano para o co-contraente ( o caso do exerccio legal dos poderes de modificao unilateral das prestaes ou der resoluo do contrato por motivo de interesse pblico). importante distinguir a responsabilidade pelo exerccio de poderes contratuais, da responsabilidade por danos causados execuo do contrato por acto exterior ao contrato (distinguir entre caso de fora maior, o qual resulta de um facto exterior, imprevisvel e irreversvel que impossibilita o cumprimento das obrigaes. Este facto de fora maior exonera de responsabilidade, o que o permite distinguir do caso imprevisto o qual no exonera o devedor).Responsabilidade por danos causados a terceiros na execuo do contratoAqui h um dilema que resulta da necessidade de procurar um equilbrio entre a tentao de em nome da defesa dos particulares, alargar o regime de responsabilidade patrimonial adm a todas as situaes nas quais exista uma actividade de interesse geral que cause danos a terceiros, independentemente da natureza jurdica do sujeito que os cause, e por outro lado, a necessidade de estabelecer limites razoveis a fim de impedir que a responsabilidade patrimonial da adm publica seja transformada em seguro contra todos os riscos. Colocadas duas questes: saber que danos devem ser ressarcveis e a quem incumbe pagar a respectiva indemnizao.Extino dos contratos possvel identificar diversas causas de extino dos contratos pblicos, devendo-se tb distinguir consoante operem automaticamente, por acordo das partes, por acto unilateral de um dos contraentes ou por acto jurisdicional. Causas normais de extino do contrato: decurso do prazo previsto no prprio contrato ou verificao de qualquer outro facto que opere ipso iuri a extino do contrato o termo e a caducidade so as principais causas de extino do contrato. Tb inclui nestas causas o cumrpimento das prestaes que as partes se tenham obrigado, o qual implica a extino do contrato, quando no haja sido convencionado prazo. H tb os casos de resoluo convencional, a qual pode ser acordada pelas partes art. 330 CCP.Art. 331 CCP a revogao pode ocorrer por acordo entre as partes a qualquer momento.H ainda os casos de revogao do contrato mediante acto jurisdicional. Fundamentos: casos de invalidade (nesses casos a pedido das partes ou de terceiros e a um tribunal que compete declarar a anulao ou declarar a nulidade do contrato.O CCP distingue a resoluo por iniciativa do co-contratante particular (art. 332), a resoluo sancionatria (art. 333), resoluo por razoes de interesse pblico (art. 334 CCP); e a resoluo com fundamento em alterao anormal e imprevisvel das circunstncias (art. 335 CCP).Nos casos de resoluo por razes de interesse pblico tem de se saber os fundamentos admissveis para tal deciso: casos em que a natureza do interesse pblico em causa ou a dimenso dos eventos determinam que j no se justifique a manuteno do contrato (facto que afectam o objecto ou a razo de ser do contrato). importante a exigncia legal de fundamentao da deciso de resciso, ao faz-lo a entidade pblica obg a explicitar expressamente as razes de interesse pblico subjacentes a que no realize o contrato. A resciso por motivos de interesse pblico implica o pagamento de uma justa indemnizao.A resciso sancionatria prevista no art. 333 CCP a mais severa e mais grave sano passvel de ser aplicada ao co-contraente. Tem sempre como fundamento uma infraco, e tal resoluo pode basear-se em factos de verificao objectiva ou em factos que envolvem um juzo valorativo. Juzo para a resoluo sancionatria pode tb constituir o incumprimento de decises judiciais ou arbitrais (nestes casos no h lugar a responsabilidade civil da adm).O contrato pode ainda extinguir-se por factos estranhos vontade das partes. Nos casos de fora maior trata-se de situaes em que se verifica um facto imprevisvel e estranho vontade dos contraentes que impossibilita absolutamente o cumprimento das obg contratuais. Tem de se determinar o que significa imprevisibilidade e irresistibilidade factos cuja verificao no se sabe se ocorrer durante a execuao do contrato e se a acontecerem produziro nela algum efeito; no se trata exactamente da previsibilidade real do acontecimento, uma vez que um acontecimento em si mesmo previsvel pode ter consequncias de amplitude imprevisvel. Ou a adm aceita existncia de caso de fora maior ou necessrio que o tribunal o decrete, havendo a necessidade de demonstrar a ocorrncia do caso de fora maior. Por caso imprevisto entende-se o facto estranho vontade dos contraentes que, determinando a modificao das circunstncia econmicas gerais, torna a execuo do contrato muito mais onerosa para uma das partes do que caberia no risco normalmente considerado; aqui o cumprimento jurdica e materialmente possvel mas economicamente desastroso. Nestes casos entende-se que a adm deve assumir parte dos prejuzos verificados ou rever o contrato por forma a restabelecer o equilbrio financeiro inicial. Situao diferente ocorre nos casos de exerccio do poder de modificao unilateral pela adm publica contraente, nos quais esta em causa a lea adm e do qual resulta a alterao das prestaes inicialmente devidas pelo co-contraente e o agravamento das condies do cumprimento do contrato. Em ambos os casos h reequilibro financeiro do contrato a cargo da adm.