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Nossa Cidade, Nossos Bairros! Revelando a História do Bonsucesso e Região REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO – NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!

Revelando a História REVELANDO A HISTÓRIA … de Souza, Eduardo Calabria Martins, Mauro Rodrigues, Alecsandra Nóbrega, Francisca Inácia de Alencar Carvalho Barros; diretor do Departamento

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Nossa Cidade, Nossos Bairros!

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO

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Revelando a História doBonsucesso e Região

Nossa Cidade, Nossos Bairros!

Antônio Ferreira de OliveiraCelso Luiz Pinho

Daniel Carlos de CamposElton Soares de Oliveira

José Abílio FerreiraLuciana da Silva

Irmã Lucila Martina Martendal Padre Renato Bernardes Duarte

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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!

Copyright © 2010 by Noovha América Editora

Editor ResponsávelNelson de Aquino Azevedo

Projeto Gráfi co, Capa e DiagramaçãoBraz Cardoso Junior

AutoresAntônio Ferreira de OliveiraCelso Luiz PinhoDaniel Carlos de CamposElton Soares de OliveiraJosé Abílio FerreiraLuciana da SilvaIrmã Lucila Martina Martendal Padre Renato Bernardes Duarte

RevisãoCaroline Franco

MapasDaniel Carlos de Campos

FotosAgradecimentos especiais a Stefani Martini e Márcia Pinto pela cessão de uso de imagens, bem como a todas as pessoas e entidades que colaboraram com textos, depoimentos e fotos para que essa publicação fosse concluída.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

_________________________________________________________

Revelando a História do Bonsucesso e Região : nossa cidade, nossos bairros! / [fotos Stefani Martini]. – São Paulo : Noovha América, 2010 – (Série saberes locais)

Vários autores. Vários colaboradores. Bibliografi a ISBN 978-85-7673-231-0

1. Bairros – Guarulhos (SP) – Descrição 2. Bairros – Guarulhos (SP) – História 3. Guarulhos (SP) – História I. Vários autores II. Série

10-07004 CDD-981.612_________________________________________________________

Índices para catálogo sistemático:

1. Bairros : Guarulhos : São Paulo : Estado : História 981.612

Todos os direitos desta edição reservados à

Noovha América Editora Distribuidora de Livros Ltda.

Rua Lincoln Albuquerque, 319 - Perdizes

São Paulo/SP - CEP 05004-010

Telefax: (0xx11) 3675-5488

Site: www.noovhaamerica.com.br

e-mail: [email protected]

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO

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Preocupada com a importância do registro his-tórico dos bairros de Guarulhos, sem perder de vista o contexto nacional, regional e a história da cidade, a Secretaria de Educação de Guarulhos, em parceria com a Diretoria Norte de Ensino e a Paróquia de Nos-sa Senhora do Bonsucesso, além de grupos, pessoas e organizações da sociedade civil, por ocasião das comemorações dos 60 anos de criação da Paróquia do Bonsucesso e dos 450 anos de fundação de Gua-rulhos, tomou para si a responsabilidade de organizar publicações nos gêneros escritos e audiovisuais so-bre as localidades onde os munícipes habitam, sendo a região do Bonsucesso a primeira experiência.

Refl etindo sobre a importância do registro da his-tória local, são bastante signifi cativas as palavras de Ca-pistrano de Abreu: ...Isolado, qualquer fato parece in-signifi cante por mais importante que seja na realidade; mas, ligado a seus congêneres, oposto a seus contrá-rios, preso a seus antecedentes, toma grave importân-cia fi losófi ca, fi lia-se a um todo, compõe um sistema, é regido por princípios e leis que se patenteiam ao estudo consciencioso de um espírito investigador.

A iniciativa da Secretaria de Educação de Gua-rulhos não é consoante apenas com as palavras do pesquisador Capistrano de Abreu, mas também uma ação pedagógica prevista na proposta curricular “Sa-beres Necessários”, elaborada pelos educadores da Rede Municipal de Ensino no transcorrer de 2009. É deles a seguinte frase: Os saberes escolares, fun-damentais para o processo de humanização, são de-rivados dos saberes de referência das Ciências, das Artes e da Filosofi a, e do tratamento pedagógico que terão na escola. Para isto, o trabalho com projetos, temas geradores, estudo do meio, experimentação, problematização, são alternativas signifi cativas. (Proposta Curricular – Quadro de Saberes Necessá-rios, p. 19).

Esta publicação não será única, pois ao todo registraremos a história de mais sete regiões de Gua-rulhos: Jardim São João, Pimentas, Centro, Vila Gal-vão, Cabuçu, Taboão e Cumbica.

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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!

Imagem acima – Lagoa situada em frente ao Cemitério do Bonsucesso (Natal de 1981). Antiga cava de areia quepertenceu a Felipe Romano.Imagem abaixo – Foto da mesma localidade atualmente.

AgradecimentosNão conseguiríamos o resultado em nossa pesquisa histórica realizada sobre a região do Bon-

sucesso, não fosse pela participação de todos citados a seguir, a quem agradecemos: à diretora do Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas, Sandra Soria e equipe; em especial aos senhores Maria Aparecida Contin, Nery Nice Osmondes Travassos, Maciel Nascimento, Maria de Fátima Ximenez, Maria Iraldina Pires, Maria Arlete Bastos Pereira, Alessandra Apa-recida de Souza, Eduardo Calabria Martins, Mauro Rodrigues, Alecsandra Nóbrega, Francisca Inácia de Alencar Carvalho Barros; diretor do Departamento de Manutenção de Próprios da Educação, Luiz Fernando Sapun e equipe, em especial, ao arquiteto José Severino Sobrinho; Jandira Aparecida da Silva, coordenadora pedagógica da Escola Manoel Resende da Silva; Kátia Cacilda Lima, coordenadora do Orçamento Participativo; Adalberto Patero Mathias Pin-to, da Coordenadoria de Assuntos Aeroportuários; Luiz Gonzaga Rael, geógrafo e cientista político da Prefeitura de Guarulhos; Vanterli Gomes Fialho, da Casa Brasil Ponte Alta; Roseli Silva Teixeira, da Secretaria de Obras; Ana Maria Melo, diretora do Curso de Comunicação Social da Universidade Guarulhos; Antônio Manoel dos Santos Oliveira e William de Queiroz, do Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Guarulhos; arquitetas Adriana Fuga e Laura Maria da Silva Matos.

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ColaboradoresElio de Assis, da Diretoria Estadual de Ensino Norte; Edith Alves de Souza e Guilherme

Gonçalves, diretores do Centro de Convivência Educacional do Colégio Paulo Freire; Sandra Lúcia dos Santos Abreu, do Núcleo de Relações Comunitárias; historiador Benedito Antônio Prezia; padre Antônio Carlos Frizzo; biólogo David de Almeida Braga.

Diretores(as) das escolas municipais: Andrea Paixão, Robson Rodrigues, Rita de Cássia Xavier, Célia Regina de Araújo, Lhoco Okamura Goto, José Edson da Silva, Kátia Matias da Silva, Manoel Rodrigues Português, Adriana Sanches Valença, Luciana Giandeli Malecka, Cristina Hernandez Calciolari, Heloisa Helena Santos Jacobini, Lucinda de Oliveira Janoni, Gislene Zadres Limão e Cecília Marta.

Diretores(as) das escolas estaduais: Francisco Vanderlei da Silva, Valdenilton dos Santos Ferreira, Adriana Maura Sanavio Santos, Glauria Dias de Carvalho, Nivaldete de Souza Ra-malho, Maria Eunice dos Santos Pereira, Levindo David dos Santos, Creivacim Silva, Mirtes Abreu Silva, Marli Lina de Freitas, Adson Mota Bastos, Edna Molitor Ferreira de Lima, Edna Antunes Dória Stelmo, Leila Rodrigues da Silva, Rosilene Ávila, Elaine dos Reis Nunes, Fran-cisca Rosana Pinto, Kátia Mayumi Taseti, Elio Fortunato, Rosângela de Cássia Fernandes e Maria Ângela Abude e demais gestores e funcionários da rede municipal e estadual.

Paulina Cardinali Adler, presidente da Instituição Allan Kardec – Alice Pereira e Mozard Siqueira, seu coordenador pedagógico; Gláucia Garcia de Carvalho, Cristina Maria dos Santos e Maria Zélia de Brito Souza, do Arquivo Histórico Municipal; Maria Cláudia Vieira Fernan-des; Conceição de Maria do Ó’Medeiros; Levindo David dos Santos; freira irmã Marilene Dias da Rocha, da Congregação das Irmãs Paroquiais de São Francisco; Márcia Pinto, fotógrafa.

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO

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SUMÁRIO

1 - Nossa Cidade, Nossos Bairros 11

2 - Localização Geográfi ca 15

3 - Paisagens Naturais 21

4 - Origens 33

5 - Formação Socioeconômica 41

6 - Lutas Populares 63

7 - História dos Bairros e suas Escolas 67

8 - Diversidade Étnica, Cultural e Religiosa 99

9 - Circuitos Turísticos 103

10 - Desafi os 109

11 - Símbolos Ofi ciais 113

Referências Bibliográfi cas 120

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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!Cerimônia de abertura do seminário Saberes do Bonsucesso (12/4/2010).

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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO

Com cerca de 1,3 milhão de habitantes, Guarulhos está completando 450 anos de fundação em 2010. Em comum com algumas importantes cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Fortaleza, Sertãozinho, Petrópolis e Belo Horizonte, Guarulhos tem algo de muito especial: o bairro do Bonsu-cesso, o mais antigo de nossa cidade.

Quando nos perguntamos por onde deveríamos começar nosso trabalho envolvendo o Projeto Saberes Locais levamos em consideração exatamente a história e a tradição deste bairro, com seu comportamento empresarial e festas culturais e religiosas que envolvem todo seu povo, além de boa parte da cidade.

Nossa cidade conta com centenas de bairros e cada um tem suas particularidades. A Vila Gal-vão é diferente do Cabuçu, do Jardim Presidente Dutra, que é diferente do Inocoop, do Cecap e do Centro, que por sua vez difere do Bonsucesso.

Foi pensando nisso que surgiu o Projeto Saberes Locais, que de Bonsucesso já caminha para o Jardim São João. Enquanto trabalhamos no projeto, em muitos momentos temos a sensação que estamos revelando as fotos de um fi lme que fi cou perdido durante muitos anos.

Nosso objetivo com este trabalho é organizar o maior volume possível de informações sobre o bairro, porém, não apenas para documentar e sim para ser usado em favor da própria comunidade a partir dos ensinamentos proporcionados às nossas crianças.

A rede municipal tem 126 escolas, um Centro de Educação Unifi cado – o CEU Guarulhos Pimentas, 110 mil alunos e cerca de 5 mil educadores. Até 2012 serão construídas mais 40 novas escolas, sendo 10 CEUs, o que aumentará substancialmente o número de alunos e professores.

O volume de informações que circula diariamente numa rede com as proporções da nossa é quase imensurável, porém, estamos convencidos de que as escolas da Prefeitura precisam se apropriar do conhecimento da comunidade instalada no seu entorno, até porque a unidade escolar é parte da comunidade local.

A linha do Projeto Saberes Locais tem sua origem no Quadro de Saberes Necessários (QSN), a nova proposta curricular da rede municipal que, entre muitas outras abordagens, preocupa-se com o que os alunos da rede municipal, da Creche ao Ensino Fundamental, devem aprender.

O grupo de trabalho responsável pelo levantamento de dados deste projeto é formado por pro-fessores das redes municipal, estadual e particular, representantes da igreja, moradores e lideranças locais, ou seja, gente que conhece a fundo a história do bairro em que moram. Para reunir as informa-ções, diversas reuniões e seminários foram realizados com todos os atores envolvidos no processo.

Com os dados, a Secretaria de Educação, além deste livro, também vai elaborar um vídeo. Este material será disponibilizado para as escolas da Prefeitura, para as escolas estaduais e particulares e bibliotecas públicas da cidade.

Com o Projeto Saberes Locais oferecemos mais uma contribuição para a melhoria da qualidade social da educação em nosso município, a partir da formação de alunos críticos, cidadãos autônomos que representam a possibilidade real de dias melhores num futuro próximo.

Prof. Moacir de SouzaSecretário de Educação

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO

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1NOSSA CIDADE,

NOSSOS BAIRROS

Dia 8 de dezembro de 2010, Guarulhos festejará, ofi cialmente, 450 anos de fundação. A colonização portuguesa no território começou em 1560, portanto, 60 anos após o desembarque da frota de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, Bahia.

Em 1560, sem documentação histórica que comprove a data, o padre fundador, os indígenas aldeados e os memorialistas guarulhenses levantam a possibilidade que Guarulhos tenha sido fundada na segunda metade do século XVI com o nome de Aldeia de Nossa Senhora da Conceição dos Guaru-lhos. Aldeia, capela e cemitério indígena situados nas proximidades do atual Centro Expandido (Vila Moreira), quadra localizada entre as ruas Silvestre Vasconcelos Calmon, José Esperança da Concei-ção, Barão de Mauá e Avenida Guarulhos.

A aldeia teria permanecido no referido lo-cal certo período, em seguida foi transferida para a colina do centro, localidade onde se encontra atualmente a Igreja Matriz, na Praça Tereza Cris-tina. Com base nas conclusões dos memorialistas, em 1983, a Câmara de Vereadores votou a lei no 2.789/83 ofi cializando o nome do padre Manuel de Paiva como fundador de Guarulhos, revendo o nome do padre João Álvares citado no Hino a Guarulhos, tido até então, como o padre fundador da cidade.

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Para o pesquisador de história indígena, Benedito Antônio Prezia, baseado na documenta-ção jesuítica (Serafi m Leite, Hist. Comp. Jesus, v. 6, p. 503-504) e nas Atas da Câmara de São Paulo (ACSP, V), Guarulhos foi fundada com o nome de Nossa Senhora da Conceição dos Maromomi, por volta de 1607, sendo que este nome indíge-na foi mudado para Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, entre 1630 e 1640.

Após a expulsão dos jesuítas da cidade de São Paulo, em 1640, esses indígenas abandona-ram em massa a missão, indo para a região de Atibaia, fi cando apenas alguns poucos morando em volta da Capela da Conceição [atual Igreja Matiz], que era um local de romaria.

Benedito Prezia

Para saber mais1. Guarulhos Tem História. Vários Autores.

Estante do Escritor, Biblioteca Monteiro Lobato, 2008.2. Os Indígenas do Planalto Paulista.Benedito A. Prezia. Humanitas, 2000.

3. Guarulhos - Cidade Símbolo. 1560 – 1960. Adolfo de Vasconcelos Noronha. Estante do Escritor –

Biblioteca Monteiro Lobato, 1960.

Garimpo de ouro do Jardim Hanna – Bacia Sedimentar de São Paulo (Agregados de cascalho).Provável local de mineração de Geraldo Correia Sardinha.

PRIMEIRAS NOTÍCIAS SOBRE O BOM SUCESSO VELHO

Os primeiros registros acerca do Bom Su-cesso Velho retrocedem ao período do ciclo do ouro em Guarulhos. Em um mapa da Capitania de São Vicente (1553–1597), pode-se observar o território situado entre São Miguel Paulista e a Serra do Jaguamimbaba, atual Serra do Itaberaba. No contexto da busca ao ouro, Afonso Sardinha, o Velho, e o seu fi lho homônimo foram os primeiros a descobrir ouro na cidade, em 1597. Em 1612,

outro bandeirante paulista, desta vez Geraldo Cor-reia Sardinha, recebe uma carta de sesmaria nas margens do Rio Maquirobu (atual Rio Baquirivu Guaçu), também para exploração mineral.

Em 1666, o sertanista Francisco Cubas Preto, um dos primeiros donos da Fazenda do Bonsucesso, participa de expedição, provavel-mente à Serra da Mantiqueira (Jaguamimbaba), trazendo para sua propriedade um grupo de ín-dios aprisionados. Em 1670, fundou uma capela de fazenda que conserva como de Bonsucesso até os dias de hoje.

O topônimo “Bom Sucesso” encontra-se em muitas porções do Território Nacional e em Por-tugal. Na Guarulhos colonial, duas estradas com nomes de santas tiveram grande importância na época, Estradas de Nossa Senhora da Conceição e de Nossa Senhora do Bom Sucesso, ambas con-fl uíam para a região das lavras de ouro. A relação histórica entre a cidade de Guarulhos e a região do Bonsucesso é o que veremos nessa publicação.

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MAPA DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS – 1938(Modifi cado pelo Instituto Geográfi co e Geológico do Estado de São Paulo)

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2LOCALIZAÇÃOGEOGRÁFICA

A região do Bonsucesso abrange os bairros de Jardim Presidente Dutra, Parque São Luiz, Jardim Maria Dirce, Parque Residencial Cumbica (Inocoop), Jardim Fátima, Jardim Álamo, Vila Nova Bonsuces-so, Vila Bonsucesso, Jardim Triunfo, assentamento Anita Garibaldi, Jardim Santa Paula, Jardim Hanna, Ponte Alta I e II, Jardim Campestre, Vila Carmela I e II, Sítios do Recreio Rober, Parque Residencial Bam-bi, Mato das Cobras, Água Azul, Jardim Orquidiama, Morro Grande e Tomé Gonçalves. Está localizada na porção leste – nordeste do município de Guarulhos, cidade inserida a nordeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) que agrega 39 municípios, sendo uma das maiores conurbações do mundo. As principais referências geográfi cas que estabelecem os limites de Bonsucesso são: a Rodovia Presidente Du-tra; o Ribeirão das Lavras; a Estrada Ary Jorge Zeitu-me e a divisa com o município de Arujá.

Em 2008, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Guarulhos (SDU), mediante o Decreto Municipal no 25.303, estabeleceu 11 Unidades de Planejamento Regional (UPR) no município, com o objetivo de descentralização da gestão do espaço público. Os critérios adotados para estabelecer esta divisão foram o sistema viário, relevo e uso do solo.

A partir dessa divisão, a Comissão Saberes Bonsucesso, tendo como objetivo o resgate da his-tória local, tanto humana como geológica, adotou um novo critério e estabeleceu uma nova divisão.

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De acordo com os crité-rios da SDU, a região do Jaguari passa a ser uma UPR, que não atende aos objetivos do Projeto Saberes Locais, uma vez que a referida região é caracterizada por áreas ambientalmente prote-gidas e com uma insipiente ocu-pação urbana (somente o Jardim Orquidiama) tendo, desta forma, uma rica história do ponto de vista das atividades econômicas extrativistas no fi nal do século XIX e começo do XX, porém com pouco a se dizer sobre sua ocupação humana.

Desta forma, a Comis-são Saberes Bonsucesso passa a considerar a porção leste do Jaguari a Bonsucesso e a por-ção oeste a São João. Assim, é possível estabelecer uma rela-ção sistêmica entre as ativida-des humanas e o meio ambiente “natural”, ou seja, as relações da população local com a rica vegetação e a biodiversidade animal existente na região.

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REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

GUARULHOS

ROSA DOS VENTOS

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BAIRROS, VILAS E JARDINSÁgua AzulÁlamoAnita Garibaldi (em processo de regularização)BonsucessoCampestreCarmela ICarmela IIFátima

HannaMaria DirceMato das CobrasMorro GrandeNova BonsucessoOrquidiamaParque Residencial BambiParque Residencial Cumbica (Inocoop)

Parque São LuizPonte AltaPresidente DutraRecreio RoberSadokimSanta PaulaTomé GonçalvesTriunfo

BAIRRO E JARDIMBairro é defi nido como cada uma das partes

em que se costuma dividir uma Cidade ou Vila. O termo Bairro é uma herança da época da coloni-zação portuguesa. Os bairros mais antigos de São Paulo e Guarulhos, por exemplo, são originários das antigas cartas de sesmarias.

Jardins são considerados por alguns pes-quisadores como uma segunda fase da fundação das cidades infl uenciadas pelo desenvolvimento industrial. Os bairros “jardins” foram implanta-dos obedecendo a um estilo anglo-saxão e em São Paulo tinham como público-alvo a burgue-sia industrial. (Historia dos bairros de São Paulo – Livro Aclimação). Acreditamos que a palavra “Jardim” foi empregada em alusão ao Jardim do Éden, defi nido como paraíso terrestre, local da primitiva habitação do homem. A palavra “jar-dim” provém do hebreu “gan”, que signifi ca pro-teger, defender, e “éden” que signifi ca prazer.

SesmariaA ocupação das terras brasileiras pe-

los capitães descobridores, em nome da Coroa, trouxe o modelo português de pro-priedade para o Brasil. Os registros de ter-ras surgiram no País logo após o estabele-cimento das Capitanias Hereditárias, cujos documentos mais antigos datam de 1534, com as doações de sesmarias.

Uma sesmaria media aproximadamen-te 6.500 metros quadrados. Muitas dessas terras estavam sob a jurisdição eclesiástica da Ordem de Cristo e lhes eram tributárias, sujeitas ao pagamento do dízimo para a pro-pagação da fé. Cada uma das partes da área dividida levava o nome de sesmo. O vocá-bulo sesmaria derivou-se do termo sesma, e signifi cava 1/6 do valor estipulado para o terreno. (Revista Histórica do Arquivo do Es-tado – Edição no 2 de 6 de junho de 2005).

Entrada do Sítio das Rosas, de onde originou-se a Vila Carmela.

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Área de Guarulhos: 320 quilômetros qua-drados aproximadamente.Área de Bonsucesso: 71,2 quilômetros qua-drados aproximadamente.População de Guarulhos: 1.236.192 habi-tantes (IBGE-2007).População estimada de Bonsucesso: 135.414 habitantes (IBGE e SEADE, 2002; citado por S.D.U. 1/5/2002, 2009).Renda: Número total de responsáveis pela renda por domicílio: 28.784 habitantes.Número de responsáveis pela renda pordomicílio com renda: 24.774 habitantes.Número de responsáveis pela renda pordomicílio sem renda: 4.010 habitantes.Até 3 salários mínimos: 11.876 habitantes.3 a 5 salários mínimos: 6.348 habitantes.5 a 10 salários mínimos: 5.152 habitantes.10 a 15 salários mínimos: 837 habitantes.

DADOS GERAIS

Existe, entre os simpatizantes da história do Bonsucesso, conversas informais para implantação de um polo cultu-ral situado na Vila do Bonsucesso Velho. As propostas convergem para um trabalho que integra o resgate histórico, preservação do patrimônio, cultura, religiosidade popular e meio ambiente. A Vila de Nossa Senhora do Bonsucesso Velho funcionaria como centro catalisador da região. Entre os militantes da região que discutem a proposta encon-

tram-se a Associação Ururaí Arte e Cultura, representantes do Movimento Guarulhos Tem História, Comissão Saberes Locais e representantes da Paróquia do Bonsucesso, contando também com a participação pessoas da Secretaria de Cultura e da arquiteta Marli Araújo. (Imagem: Proposta – redesenho. Trabalho de Graduação Interdisciplinar/87).

15 a 20 salários mínimos: 370 habitantes.20 salários mínimos: 191 habitantes.Nível de instrução:Responsáveis por domicílios, segundo os anos de estudo.Sem instrução ou menos que 1 ano:2.608 habitantes.Com anos de estudo não determinado:40 habitantes.1 a 4 anos de estudo: 10.428 habitantes.5 a 8 anos de estudo: 9.641 habitantes.9 a 11 anos de estudo: 5.139 habitantes.12 a 16 anos de estudo: 869 habitantes.17 ou mais anos: 59 habitantes.Principais atividades econômicas:industrial e agriculturaEstabelecimentos de Saúde: 11 unidadesEstabelecimentos de Educação: Municipais – 21Estaduais - 16

Redesenhando Bonsucesso

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3PAISAGENS NATURAIS

Ao longo da história humana, o homem drenou pântanos, cortou árvores, desviou rios, construiu moradas, aldeias, vilarejos, bairros e ci-dades inteiras, modifi cando profundamente a pai-sagem, da maneira que julgou necessária para seu desenvolvimento. O relacionamento do homem com a natureza, conforme apontou Karl Marx, é uma relação fundamental, não para que ele perma-neça nela, mas ao contrário, pois ele luta contra ela. É uma relação dialética. No decorrer desta luta, o homem arranca da natureza aquilo que necessita para manter sua própria vida e para superar uma vida simplesmente natural.

No presente trabalho chamaremos de paisa-gem natural aquela que começou a evoluir há bi-lhões de anos, muito, muito antes da chegada dos Maromomi, povo indígena descendente do chama-do homem primitivo que migrou de outras regiões do planeta para o litoral do sudeste brasileiro e, posteriormente, para a região de Guarulhos.

As peculiaridades da paisagem natural de cada região – os eventos geológicos ocorridos há bilhões de anos, a formação do relevo e dos tipos de solo, a cobertura vegetal e os recursos hídricos – determinam a presença da fauna e a maneira como o homem promoveu a ocupação do terri-tório. É esta paisagem, portanto, que orientou as ações humanas neste território. M

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Desde a formação do planeta Terra, há 4,6 bilhões de anos, continentes inteiros surgiram e foram destruídos várias vezes. A América e a África, por exemplo, eram unidos e só se sepa-raram há cerca de 65 milhões de anos, graças ao constante movimento das chamadas placas tectô-nicas que se deslocam de 1,3 a 18,3 centímetros por ano. Parece pouco, mas numa escala de tem-po de bilhões de anos esse processo possibilitou o surgimento dos continentes e dos oceanos tal como os conhecemos hoje.

Da separação entre a América e a África formou-se o Oceano Atlântico e no atual lito-ral brasileiro os terrenos se elevaram ao longo de uma extensa faixa entre os atuais Estados do Paraná, de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em seguida, o topo dessas elevações sofreu o afun-damento de blocos de rochas, num processo cha-mado de “rifte”.

Durante milhões de anos as erosões* foram desgastando as montanhas e depositando mate-riais nessa parte afundada, chamada de Bacia Se-dimentar de São Paulo, situada entre as Serras do Mar, da Mantiqueira e da Cantareira.

A porção ao sul do território de Bonsuces-so, onde fi cam os bairros Ponte Alta, Parque Re-sidencial Bambi e a Estrada do Itaberaba, é ca-racterizada pela presença de rochas sedimentares

BONSUCESSO HÁ BILHÕES DE ANOSdepositadas sobre as rochas cristalinas (embasa-mento cristalino), que podem ser encontradas a até 250 metros de profundidade. Numa parte dessa área baixa (bacia sedimentar), formaram--se os rios, córregos e ribeirões que hoje conhe-cemos como Rio Tietê, Paraíba do Sul, Araçau, Lavras e Baquirivu Guaçu. Na porção norte da região, que inclui Mato das Cobras, Água Azul, Jardim Orquidiama e Morro Grande, predomi-nam rochas mais duras e antigas, conhecidas como rochas cristalinas.

Esses acontecimentos fazem parte da evolu-ção do planeta e são estudados por uma ciência co-nhecida por Geologia. Recebem, por consequên-cia, o nome de eventos geológicos. A ocorrência de terremotos e a presença de muitos vulcões são os eventos geológicos mais antigos da região de Guarulhos. Desses eventos resultaram, há pouco mais de 1,5 bilhão de anos, derrames de lavas que foram sendo depositadas no fundo de um oceano então existente na região.

Garimpo de ouro do Ribeirão das Lavras, em Guarulhos. Rochas que se dobraram decorrentes da compressãoe de altas temperaturas das atividades vulcânicas há bilhões de anos.

_______________________________________* Em condições naturais, a erosão consiste na degradação, remoção e transporte de partícu-las de solo ou fragmentos de rochas pela ação, combinada ou não, da gravidade com a água, o vento, o gelo, organismos vivos e posterior sedimentação.

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RELEVOOs eventos geológicos resultam na formação

do relevo que, de um modo geral, é constituído por cordilheiras, serras, montanhas, planaltos e planí-cies. A Geomorfologia é a ciência que estuda essas formas, observando a associação da amplitude to-pográfi ca (diferença de altitude entre os pontos mais altos e os mais baixos) e a declividade das encostas (maior ou menor inclinação) de um terreno.

A porção norte da região do Bonsucesso apresenta grandes altitudes e altas declividades,

sendo composta por morros altos e morros bai-xos. A parte sul é composta por relevos mais baixos e de pouca declividade conhecidos por morrotes, colinas e planícies, praticamente coin-cidentes com as rochas sedimentares.

Fato curioso é que a leste dos sítios do Recreio Rober, nas nascentes do Rio Jaguari, ocorrem as me-nores altitudes de Guarulhos, com 660 metros acima do nível do mar. Por outro lado, as áreas mais altas de Bonsucesso encontram-se no Morro Grande.

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Vista do relevo da região de Bonsucesso.

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TIPOS DE SOLOS

Os três tipos de solos presentes na região do Bonsucesso são: Latossolo vermelho-escuro (distrófi co, de pouca fertilidade natural) e proe-minente textura argilosa, sendo encontrado em re-levo ondulado, suave ou não; o Argissolo verme-lho-amarelo (também distrófi co), que apresenta argila de atividade baixa, pode ser encontrado em relevo moderado ou fortemente ondulado ou em relevo fortemente ondulado e montanhoso; Gleis-solos que, no geral, corresponde a solo orgânico superfi cial com textura argilosa. São encontrados nos fundos de vales e nas várzeas, sob condições de encharcamento.

O solo é, ao lado dos recursos hídricos, o elemento natural mais determinante da maneira como uma região é ocupada e transformada pelo homem. É um recurso fi nito, também formado pelos eventos geológicos, que pode levar milha-res de anos para tornar-se produtivo.

Os solos, estudados por uma ci-ência conhecida como Pedologia, são corpos dinâmicos naturais, cujas ca-racterísticas decorrem das infl uências combinadas de clima (chuva e tempe-ratura, principalmente) e de atividades bióticas e físicas. Sua formação tem início com o intemperismo, conjunto de fenômenos físicos e químicos que degradam as rochas, formando uma cobertura ainda não consolidada. Esse material pode permanecer no mesmo lugar (solos residuais) ou ser transpor-tado pela água ou pelo vento, sofrendo infl uência das chuvas e de mudanças de temperatura, recebendo materiais orgânicos, como vegetais e animais em decomposição, tendo, enfi m, mo-difi cadas as suas características físicas e químicas, para, depois de um tempo relativamente longo, constituir-se do ponto de vista pedológico no verda-deiro solo.

Terra vermelha (Latossolo) no Jardim Triunfo,tradicionalmente utilizada na Festa da Carpição.

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BACIAS HIDROGRÁFICAS E RECURSOS HÍDRICOSA região do Bonsucesso possui uma rica

rede de lagos, rios, córregos e ribeirões, associada a uma densa vegetação, a uma grande diversidade de animais e inserida nas bacias hidrográfi cas do Alto Tietê e do Rio Paraíba do Sul.

Bacia Hidrográfi ca do Alto Tietê: a por-ção do território ao sul do Água Azul e dos sítios de Recreio Rober. As águas de chuva que caem neste local seguem em direção ao Ribeirão Gua-

raçau ou ao Ribeirão do Lavras, afl uentes da mar-gem direita do Rio Baquirivu Guaçu que, por sua vez, segue para o Rio Tietê.

Bacia Hidrográfi ca do Paraíba do Sul: é a porção norte do Bonsucesso, onde as águas de chuva escoam para o Rio Jaguari. Este é afl uen-te do Paraíba do Sul, que segue para o Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de uma área de mata densa, com uma grande quantidade de cursos

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d’água. O único bairro neste território é o Jar-dim Orquidiama.

Rio Baquirivu Guaçu: inserido na Bacia Hidrográfi ca do Alto Tietê, tem suas nascentes no Município de Arujá. Quando chega em Guarulhos atravessa, no sentido leste-oeste, uma ampla planí-cie ocupada pelos bairros do Jardim Álamo, Jardim Nossa Senhora Aparecida, Jardim Fátima, Inocoop e Jardim Presidente Dutra. O Rio Baquirivu Gua-çu segue paralelo à Avenida Jamil João Zarif até o Bairro do Taboão, onde muda o seu curso para o sul, passando sob as rodovias Presidente Dutra e Ayrton Senna até chegar ao Rio Tietê.

Além das águas superfi ciais (lagos, rios, cór-regos e ribeirões), a região do Bonsucesso conta com a oferta de um manancial subterrâneo conhecido como aquífero, formado pelas águas que se acumu-lam no subsolo. Os espaços vazios existentes entre as rochas, conhecidos como gráben, são resultado de movimentos geológicos favorecidos pelo tipo de solo, que promove o acúmulo de água de ótima qua-lidade. A infi ltração no solo é favorecida também pela cobertura vegetal que, por meio de suas raízes, abre caminho para a água alcançar o subsolo. Além disso, as folhagens da cobertura vegetal retardam a chegada da água ao solo, liberando-a lentamente e propiciando melhores condições para a infi ltração.

A densa mata existente na porção norte do Bonsucesso favorece muito a recarga de água no subsolo, onde se podem encontrar dois tipos de água subterrânea: o Sistema Aquífero Cristalino (água acumulada entre as rochas mais duras) e o Sistema Aquífero Sedimentar (água acumulada entre areias e cascalhos). Esta reserva de água é utilizada para o consumo da população em pouca escala, mas muito utilizada nas atividades comer-ciais e industriais da região, por meio da perfura-ção de poços profundos.

Rio Baquirivu Guaçu, trecho Guarulhos.

HISTÓRIA AMBIENTAL EDA BIODIVERSIDADE

O tipo de vegetação do Bonsucesso é de Mata Atlântica, uma fl oresta tropical úmida e densa, exposta aos ventos que sopram do oceano, que se constitui num dos mais ricos ecossistemas do mundo. Essa fl oresta, encontrada ao norte da região, integra os últimos remanescentes da Re-serva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV), outorgada em 1994 pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanida-de. Esta densa vegetação promove a amenização do clima, controla a poluição atmosférica e pos-sui uma marcante beleza natural, além de abrigar centenas de espécies animais e vegetais.

Historicamente, Bonsucesso é a região onde foram desenvolvidas as principais atividades eco-nômicas verifi cadas em Guarulhos. Os diferentes ciclos de desenvolvimento (a mineração de ouro, a agricultura, a extração de areia e a produção de ti-jolos, a produção em pequenas chácaras e granjas, a extração de lenha, a implantação das primeiras indústrias e o processo de urbanização) trouxeram consequências ambientais negativas para a região.

Exemplo disso é o desaparecimento das araucárias produtoras do pinhão, um dos itens de alimentação que atraíram os indígenas Maro-momi para a região de Guarulhos. A exploração dos recursos fl orestais de forma irracional pelo homem branco em seu processo “civilizatório” extinguiu não só as araucárias, mas quase todas as matas de Guarulhos.

As parcelas de fl orestas que restaram ou as que foram se regenerando ao longo das décadas continuam até hoje sob forte pressão de devasta-ção. Estabeleceu-se uma paisagem com um gran-de número de fragmentos fl orestais de diferentes

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idades, estágios de regeneração e tamanhos, além de vários padrões de distância entre eles. Parte desses fragmentos começa nos sítios de Recreio Rober, segue a porção nordeste do Água Azul e alcança os bairros do Jaguari e Tomé Gonçalves. Recobrem toda a Serra de Itaberaba, estenden-do-se ainda para outras regiões do município, no sentido Tanque Grande – Cabuçu.

Na área urbana, por sua vez, na porção sul do Bonsucesso, há porções menores de vegeta-ção, mas de grande importância ambiental. As áreas verdes em sítio urbano, segundo o geógrafo João Carlos Nucci e o agrônomo Felisberto Ca-valheiro, exercem resumidamente três funções.

Função ecológica: entre outras, a ameni-zação do superaquecimento de áreas pavimen-tadas e concretadas (efeitos da “ilha do calor”), proteção dos recursos hídricos, tanto qualitativos como quantitativos, incluindo as águas subter-

râneas, diminuição da poeira, proteção do solo (evitando erosões e escorregamentos), atenuação do vento e suporte da fauna.

Função estética: os benefícios relacionados aos sentimentos que as áreas verdes propiciam.

Função de lazer: envolvem todo tipo de utilização relacionado ao descanso, passeio, en-tretenimento e recreação.

O Mapa de Cobertura Vegetal do Bonsuces-so evidencia o chamado “efeito de borda”, que faz com que o perímetro da área desmatada, provo-cado pela expansão urbana, vá progressivamente tirando da vegetação ainda existente a sua integri-dade. No entanto, há fragmentos remanescentes distribuídos em diferentes porções da área urbana do Bonsucesso, em que se destacam a capoeira, que é o estágio inicial e intermediário da regene-ração natural, e a vegetação de várzea, ainda pre-sente nas planícies do Rio Baquirivu Guaçu.

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FLORAA Secretaria de Meio Ambiente do Estado

de São Paulo planeja criar um Sistema de Áreas Protegidas do Contínuo da Cantareira, que abran-ge as serras de Itapetinga e Itaberaba. Por isso re-alizou estudos que identifi caram entre as espécies arbóreas mais comuns e representativas presentes na Serra de Itaberaba, ao norte do Bonsucesso, o capixinguí (Croton fl oribundus), a canela-toiça (Endlicheria paniculata), a capororoca (Rapanea umbellata), a maria-mole (Guapira opposita), a caxeta (Psychotria vellosiana), a embaúba--vermelha (Cecropia glaziovi), a aroeira-mansa (Schinus terebinthifoli), o jacarandá-bico-de-pato (Machaerium nyctitans), a fruta-de-faraó (Allo-phylus edulis), a carne-de-vaca (Clethra scabra), a peroba-vermelha (Aspidosperma olivaceum), o tamanqueiro (Alchornea glandulosa), o angico-rajado (Leucochloron incuriale), o pau-de-gaiola (Aegiphila sellowiana), a canjarana (Cabralea canjerana), o pessegueiro-do-mato (Prunus myr-tifolia), o café-do-mato (Amaioua intermedia), o canassu (Bathysa australis), a guaçatonga (Ca-

searia sylvestris), o guatambu-de-leite (Chry-sophyllum marginatum), a peloteira (Solanum pseudoquina), a embaúba-branca (Cecropia ho-loleuca) e a copaíba (Copaifera langsdorfi i).

Outras espécies arbóreas que podem ser fa-cilmente encontradas nos remanescentes fl ores-tais da região são o ingá-ferradura (Inga sessilis), o manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis), o pau--jacaré (Piptadenia gonoacantha), o guapuruvu (Schizolobium parahyba), o tapiá (Alchornea tri-plinervia), o jerivá (Syagrus romanzoffi ana) e o açoita-cavalo (Luehea divaricata), entre outras.

Algumas espécies, como o cedro-rosa (Ce-drela fi ssilis) e o jacarandá-paulista (Machaerium villosu), estão ameaçados de extinção, já que as fl orestas onde são encontradas vêm sofrendo se-vera diminuição e perda de qualidade de habitat. Entre as espécies ameaçadas de extinção há ainda a canela-cheirosa (Ocotea odorífera), a canela--burra (Ocotea nectandrifolia) e o palmito juçara (Euterpe edulis), todas com histórico de explora-ção predatória intensiva.

Remanescente de Mata Atlântica, região nordeste do Bonsucesso.

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FAUNAEstudos da Secretaria de Meio Ambiente

de Guarulhos, desenvolvidos dentro do progra-ma Guarulhos tem Biodiversidade, revelam que a região nordeste do município, onde se inclui a porção norte do Bonsucesso, está entre as áreas de maior prioridade municipal para a conserva-ção ambiental. Pesquisas de campo realizadas na Serra de Itaberaba já identifi caram mais de 260 espécies de animais, entre aves, mamíferos, rép-teis, anfíbios e borboletas, número que cresce a cada ano, à medida que os estudos avançam.

Relatos de moradores e trabalhadores do Jaguari e de Tomé Gonçalves, confi rmados em pesquisas de campo, dão conta da existência de ta-maduá-mirim (Tamanduá tetradactyla) e de cateto (Pecari tajacu) na região. O conhecimento popular sobre as espécies da fauna local oferece uma rique-za de detalhes que muitas vezes não é encontrada nos livros. Por exemplo, moradores mais antigos mencionam espécies como o macuco (Tinamus solitarius), que já não são mais vistas na região,

Sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita).

Suçuarana (Puma concolor).

Jaguatirica (Leopardus pardalis).

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Para saber mais

1. Atlas Escolar Histórico e Geográfi co de Guarulhos. César Cunha Ferreira, Daniel Carlos de Campos e Elton Soares de Oliveira. São Paulo: Noovha América, 2010.

2. Caracterização do Meio Físico do Bairro Água Azul. Mariza Viana Mesquita. Guaruhos:

Universidade Guarulhos, 1998.3. Os Domínios de Natureza no Brasil. Aziz Ab’Saber.

Ateliê Editorial, 2003.

Sauá (Callicebus nigrifrons).

ou espécies como a asa-branca (Patagioenas pi-cazuro), que só agora estão mais evidentes. Esses apontamentos podem ser um refl exo das mudan-ças ambientais da região nas últimas décadas.

Na lista de espécies da fauna silvestre com ocorrência no Município de Guarulhos, publicada em 2009, foram divulgados pela primeira vez os animais ameaçados de extinção, registrando 31 espécies. Entre elas estão o sagui-da-serra-escu-ro (Callithrix aurita) – encontrado apenas numa pequena parte do Brasil, entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, incluindo o município de Guarulhos –, o sauá (Callicebus nigrifrons) – primata não encontrado em nenhum outro ecos-sistema que não a Mata Atlântica, presente entre a Bahia e o Estado de São Paulo –, a jaguatirica (Leopardus pardalis) – o maior dos pequenos felí-deos brasileiros –, e a suçuarana (Puma concolor), o segundo maior felídeo das Américas, menor ape-nas que a onça-pintada, e predador de animais de médio porte, como veados e capivaras.Textos: História Ambiental e da Biodiversidade, Fauna e Flora – Autoria de David de Almeida Braga (biólogo).

Garça (Egretta thula).

Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris).

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4ORIGENS: DO BOM

SUCESSO VELHO À VILA NOVA BONSUCESSO

Por muito tempo “Bom Sucesso” foi es-crito separadamente. É provável que a forma atual da escrita seja coincidente com a reconfi guração da fazenda que se transformou em loteamento ur-bano a partir da segunda metade do século XX, quando surge a “ Nova Bonsucesso”.

Não são necessárias muitas explicações para se perceber o signifi cado da palavra “Bom Sucesso” nos dias de hoje, mas qual teria sido a origem e o sig-nifi cado do termo nos primórdios da colonização?

Recorremos a dois pesquisadores guarulhen-ses, especialistas da história de Bonsucesso, e am-bas as explicações retratam o imaginário do bran-co colonizador da época em questão. De acordo com Washington Ribeiro de Macedo: O título de Nossa Senhora do Bonsucesso, enquadra-se na-queles atribuídos à piedade popular ou à mística dos religiosos conventuais, como “Nossa Senhora Da Boa Morte”, “Nossa Senhora das Graças”, “Nossa Senhora do Bom Parto”, “Nossa Senhora da Boa Viagem”, “Nossa Senhora Aparecida” (no Brasil), invocações essas usadas pelos fi éis para atendimento de necessidades imediatas.

Para Maurício Pinheiro: Nossa Senhora do Bonsucesso também era invocada como protetora dos bens terrenos, devido ao êxito de uma das primeiras “bandeiras”, que foi responsável por descobrir as

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ricas jazidas de ouro no sopé de Itacolomi, atual ci-dade de Ouro Preto. [Descoberta]... a qual tornou a santa muito popular, como nos conta Megale: seu culto tomou grande incremento, espalhando-se pelo Vale do Paraíba e na região das Minas Gerais. Essa mistura de religiosidade e artimanhas para posse de terras, controle de índios e riquezas nos leva a com-preender o fato de a capela ter tido, em sua história, alguns benfeitores que mantiveram e conservaram de tempos em tempos, como é o caso da família Cubas e, posteriormente, da família Bueno, entre outras.

Como visto, a formação do “Bom Sucesso Velho” foi fortemente infl uenciada pela extração de ouro nas margens do Rio Baquirivu Guaçu e no conhecido garimpo do Campo dos Ouros, Morro Nhanguaçu e Ribeirão Tomé Gonçalves, além disso, por ser acesso para as principais la-vras de ouro da antiga aldeia e Freguesia de Nos-sa Senhora da Conceição dos Guarulhos e de Mi-nas Gerais, no início do século XVIII.

Três aspectos foram fundamentais para a formação da antiga vila rural da fazenda: a exis-tência do Rio Baquirivu Guaçu, a Estrada Geral e a localização da primitiva capela de fazenda no sopé da Serra do Itaberaba (antiga Jaguamimbaba).

Na origem da Fazenda do Bonsucesso apa-recem os sobrenomes das famílias Bueno e Cubas. Os documentos mais antigos localizado por nós são as citações da carta de sesmaria dos Buenos, de 1611, o testamento e o inventário de Francisco Cubas Preto, respectivamente de 1672 e 1673.

O sobrenome “Cubas”, na pesquisa sobre a extração de ouro, também aparece várias vezes. Ini-cialmente, em 1560, quando Braz Cubas descobre ouro na sua vasta sesmaria, que compreende as atu-ais cidades de Mogi das Cruzes e Biritiba Mirim. Em 1599, d. Francisco ordena que Pedro Cubas assista com carne, pescado, azeite, farinha e todo necessário ao capitão Diogo Lopes de Castro, os ofi ciais e sol-dados de sua companhia. No mesmo ano, d. Francis-co de Souza se dirige a Braz Cubas chamando-o de provedor da fazenda sediada na Vila de Santos.

Como se vê, alguns membros da família Cubas, além de manterem trabalhos de explora-ção de ouro, participavam da administração de d. Francisco de Souza.Cascalho “lavado” de mineração de ouro – Jardim Hanna.

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Dom Francisco exerceu respectivamente os cargos de 7o Governador Geral do Brasil e da Re-partição do Sul, além de superintendente das minas de ouro do Brasil. A Repartição do Sul abarcava as capitanias de São Vicente, Espírito Santo e Rio de Janeiro, atuais Estados de Minas Gerais, Rio de Ja-neiro, São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Espírito San-to, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Após o ciclo do ouro e das atividades típicas de uma grande fazenda, Bonsucesso passou por uma reconfi guração, o que antes era rural se trans-formou em urbano, época em que surge a expres-são “Nova Bonsucesso”. Sobre essa fase recente comenta o imigrante japonês Morio Sakamoto: Cheguei a Bonsucesso em 1929. No início dos anos 1930, dava para contar nos dedos da mão o número de famílias que morava na região. Eram seis ou sete no máximo que viviam da lavoura. Nessa época, o bairro era só mato e tinha apenas a Estrada Velha (atual Avenida Papa João Paulo I). A construção da Dutra foi a melhor coisa que podia acontecer para o bairro. A partir de 1935,

começaram a chegar muitas famílias para morar no bairro, atraídas pela boa terra e pela possibi-lidade de trabalhar com lavouras e granjas. Mas, o bairro, até então, não tinha nenhuma infraes-trutura para abrigar tanta gente. Foi a partir de 1951 que começaram aparecer as vilas, como o Jardim Presidente Dutra, por exemplo. Não havia fronteira e Bonsucesso se confundia com São Mi-guel Paulista. Os primeiros pontos de iluminação pública e telefone chegaram ao bairro em 1958. Televisão e rádio, muitos nem sabiam da existên-cia”. (Trechos de entrevista publicada pelo Jornal Folha Metropolitana, em 8/12/2006).

O Jardim Presidente Dutra foi inaugurado e os lotes postos à venda em 1958. Dos lotea-mentos existentes no antigo território da fazen-da, a Vila Nova Bonsucesso, que é de 1955, foi o primeiro loteamento da região. De acordo com mapa do município, até 1938, “Bonsucesso” era escrito separadamente. Sobre a data, bem como o motivo da mudança da escrita, não constam nos documentos por nós consultados.

TRECHOS DO TESTAMENTO E INVENTÁRIO DE FRANCISCO CUBAS PRETO

A localização mais próxima ao Bonsucesso seria a cabeceira de Jaguari. Testamento de 1672 einventário de 1673, de Francisco Cubas Preto (Arquivo do Estado – Vol. 18).

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Para saber mais1. A Igreja e a Festa de Nossa Senhora do Bonsucesso: Patrimônios Históricos e Culturais de Guarulhos. Wa-shington Ribeiro de Macedo. Trabalho de conclusão de

curso – Faculdades de Guarulhos, 2005. 2. Santuário de Nossa Senhora de Bonsucesso: Uma Lon-ga Tradição Profana. Mauricio Pinheiro. Dissertação de

Mestrado – UNESP, 2004. 3. Redesenhando Bonsucesso. Marli de Almeida Araújo.

Universidade de Guarulhos, 1987.

Antigo Jardim Maringá, bairro que era vizinho ao Jardim Presidente Dutra e que foi totalmente suprimido pela

construção do Aeroporto. Foto de 1979, cedida por um morador do Jardim Presidente Dutra.

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O lado paulista da Serra da Mantiqueira era conhecido, nos primórdios do Brasil, como Jaguamimbaba, cuja tradução em dicionários da língua Guarani registra “jaguá”, que signi-fi ca cachorro e “mimbá”, animal domesticado.

Já na língua Tupi, “Jaguapeba” se-ria cachorro pequeno e “Jaguará” traduz-se tanto por onça como cachorro, sendo que “mimbaba” equivale a animal de criação ou doméstico. Assim, a tradução mais próxima seria de cachorro domesticado ou de criação, carecendo, no entanto, de novos estudos para relacioná-lo com a tradução para onça.

Com certeza nestas regiões existiram em abundância tanto os cachorros-do-mato como as onças. Estando isso claro em nossa região em dois nomes, “Jaguary” (antiga Bragan-ça Paulista), como Rio das Onças, e o nome “Lopo”, que vem do Latim lupus e signifi ca lobo, possivelmente alusivo à quantidade destes ani-mais (lobos-guará e outros) na região.

O nome “Lopo” também pode advir do sobrenome de antigas famílias que ha-bitavam a região pois, em 1771, surge um personagem nas cercanias com o nome de Lopo dos Santos Serra. No entanto, há mui-to tempo já havia referência ao nome desta serra, pois em 1601 a expedição de Francis-co de Souza passou pela região conhecida como Morro do Lopo. Na antiga Conceição

JAGUAMIMBABA E MANTIQUEIRA: ORIGENS E SIGNIFICADOS

do Jaguary (Bragança Paulista), Nelson Sil-veira Martins e Domingos Laurito (Bragança 1763 a 1942) falam de aldeias enfeitadas de penas, por volta de 1765, na Serra do Lopo: Em 1791 Lino José de Morais obtém meia légua por uma, no Bairro de Jacareí e Cachoeira, no sertão do Morro do Lopo. Quanto à Serra da Mantiqueira (do Tupi “a água verte ou goteja”). O nome Jaguamimba-ba é citado na fundação de Guarulhos (1560), observando que as minas foram descobertas em 1590 por Afonso Sardinha. “...Em 1560, o Governador Geral Mem de Sá, tendo ex-pulsado os franceses da Baía de Guanabara, deteve-se na Capitania de São Vicente (...), os sertanistas percorrem trezentas léguas de sertão em busca de ouro e prata. Partin-do de São Paulo e passando por Mogi das Cruzes, desceram o Rio Paraíba, guiados pe-los índios até a paragem de Cachoeira, onde encontraram o caminho que atravessava do litoral para a serra acima e tomando por esse caminho subiram a Serra de Jaguamimbaba (Mantiqueira). Não sei precisar quando estes nomes se fundiram, ou melhor, quando toda a montanha passou a chamar-se Mantiqueira”.

(Titulo original: Jaguamimbaba, Man-tiqueira e Lopo - por Valter Cassalho. Texto cedido a Fernando Emanuel Mamede em 2/6/2005).

Capitania de São Vicente e adjacências no século XVI (1553-1597).

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A FESTA DA CARPIÇÃODO BONSUCESSO

A devoção de Nossa Senhora do Bonsu-cesso surge num contexto de exploração mineral. Convém lembrar que o início da ocupação da re-gião do Bonsucesso está ligado à descoberta de ouro no Ribeirão Maquirobu ou Maquirivu, atual Rio Baquirivu Guaçu, feita por Geraldo Correia Sardinha, em 1612. Deste período conservam-se alguns topônimos regionais que indicavam este garimpo, como Lavras do Geraldo ou Lavras Ve-lhas do Geraldo.

Em 1666, estas terras passaram a fazer parte da propriedade de Francisco Cubas Preto, neto de Manoel Preto. Este paulista casou-se com Martha de Miranda e, em 1670, construiu uma capela em honra à Nossa Senhora do Bonsuces-so, certamente em agradecimento a alguma des-coberta de mina ou pedindo proteção para que se descobrissem minas de ouro.

Esta invocação aparecerá em outras regiões do Brasil, como em Minas Gerais, num contexto também mineiro. Em 1730, foi criada a Vila de Nossa Senhora da Graça do Bom Sucesso das Mi-nas Novas de Araçuaí, que se desmembrou da Vila do Fanado de Minas Novas. Há nome semelhante num distrito do Município de Patos e em duas ser-ras, certamente ligados à exploração do ouro.

No Estado de São Paulo, além de Guarulhos, este nome está presente num distrito do Município de Itapeva e aparece em capelas de vários municí-pios do Vale do Paraíba, como Jacareí, Pindamo-nhangaba e São José dos Campos, sendo que neste último a igreja dedicada à Nossa Senhora do Bon-sucesso é popularmente conhecida como Capela de Nossa Senhora da Carpição, com festa no dia 15 de agosto. A existência desta tradição no Vale do Paraíba é bastante emblemática, pois foi uma região de pessoas ligadas à exploração do ouro.

Quanto ao Bonsucesso de Guarulhos, a partir de 1741 há referências sobre esta festa co-memorada em 15 de agosto, Dia de Assunção de Maria, assim como ao Dia da Carpição.

O que foi a carpição e que signifi cado teria, chegando a substituir a invocação principal?

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Este ato está ligado à tradição de se carpir o mato em torno da cape-la, num sistema de mutirão, que é de origem indígena, tendo em vista a So-lenidade Mariana. Aquela santa, tão poderosa e capaz de descobrir ouro, deveria ser igualmente poderosa em alcançar alguma outra graça, como a cura de doenças ou prevenção de al-gum mal. Ao se limpar o terreno em volta da capela, removia-se a terra, le-vando-a para casa, como se faz com outros sacramentais católicos, como a água benta, o óleo e até mesmo o pão bento. É o que acontece também com o ramo bento, originalmente usado para aclamar Jesus por sua entrada triunfal em Jerusalém, no Domingo de Ramos, sendo levado para casa para se colocar atrás da porta principal, visando a pro-teção contra diversos males e contra os raios e trovões.

Na década de 1960, o pesquisador Alceu Maynard Araújo relata: esta tradi-ção, ocorrida em São José dos Campos, usada também para os animais, quando via-se o cão arrastado pelo dono, fazen-do três percursos com a terra das ancas para que não tenha nambiuvu; é o ca-valo a carregar um picuá no lombo ou na cernelha [espinhela] para não ter ou curar-se de pisaduras [equimose]; é o terneiro, como repre-sentante do rebanho, puxado por uma peia, indo e vindo com um saquinho de terra para que o resto do gado não apanhe bicheiras.

A terra, desde a mais remota antiguidade, está associada à vida, à procriação e à regene-ração. Para alguns povos da América, como os incas, a terra é mãe, Pacha Mama, e a ela se fa-ziam oferendas pedindo boa colheita. Para ou-tros, como os astecas, a terra é ambivalente: mãe que alimenta, oferecendo-nos vegetais e caça e, ao mesmo tempo, ventre voraz que devora os hu-manos, que nela são enterrados.

Na tradição dos indígenas das terras baixas do Brasil é a mulher que se relaciona com a terra,

sendo responsável pelo plantio dos alimentos, já que no seu ventre a criança é gerada. Esta neces-sidade de sinal concreto em nosso culto religioso remonta à antiguidade, basta ver o simbolismo do fogo, da água, do sangue em quase todas as religiões. Mas a terra, como elemento de cura re-ligiosa, tal como um amuleto, é inédita no Brasil e certamente em outras partes da América.

Seguramente herdamos de nossos ances-trais indígenas e africanos a necessidade de se ter símbolos materiais eloquentes e efi cazes para acompanhar nossa vida. Mas a maior efi cácia do efeito terapêutico da terra da carpição está na fé das pessoas que vão ali buscar um auxílio para suas necessidades do corpo e da alma.

Texto de Benedito Prezia

Assim como na Capela de São Miguel Paulista, o altar da igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso revela-se como documento arquitetônico que

registra com fi delidade a arquitetura religiosa em São Paulo. Fonte: Pro-posta para restauro da Igreja Nossa Senhora do Bonsucesso –

Helena Saia (Fev/2007).

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5FORMAÇÃO

SOCIOECONÔMICA

A economia guarulhense atual represen-ta 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e o parque industrial localizado em Bonsucesso é responsável por parte desse resultado, participando do seleto grupo das 10 cidades brasileiras respon-sáveis por 25% desse produto. O tamanho de sua economia se explica, principalmente, pela quanti-dade de unidades produtivas industriais presentes em seu território. Já são mais de 2.890 indústrias e 54 unidades em meio rural, com 6.662 prestadores de serviço e 11.835 estabelecimentos comerciais. O parque industrial localizado em Bonsucesso integra esse processo. Mas como foi que ele começou?

Bem antes dos 500 anos de dominação, ex-propriação dos territórios indígenas e exploração da sua força de trabalho, prevaleciam as atividades dos indígenas coletores Maromomi. Com o adven-to da chegada dos brancos colonizadores, instau-rou-se a escravidão para a extração de ouro e para o transporte de carga.

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Durante a transição do trabalho escravo para o trabalho “livre”, caracterizado pelo fi m do tráfi co de negros africanos e pela chegada dos imigrantes estrangeiros, Guarulhos reencontrou o seu espaço na economia paulista, com a produção em larga escala de tijolos, telhas, areia, verduras, lenha e frutas. A industrialização ganhou forte impulso no início do século XX, após as duas grandes guerras mundiais.

Com exceção do primeiro momento da industrialização da cidade, quando foram edi-fi cadas as primeiras indústrias ao longo da Es-trada de Ferro Tramway da Cantareira (1911 a 1946), a região do Bonsucesso foi palco dos

principais acontecimentos econômicos verifi -cados no município. A partir do segundo mo-mento da industrialização, a região passou a ser fortemente infl uenciada pelo setor fabril e pela consequente expansão urbana que modifi cou a paisagem natural.

Para saber mais1. Guarulhos: Espaço de Muitos Povos – Prefeitura de Guarulhos. Vários Autores. Editora Noovha América. 2. Identidade urbana e globalização. A formação dos

múltiplos territórios em Guarulhos / SP. Carlos José Fer-reira dos Santos – Simpro Guarulhos. Editora Annablume. 3. Revirando a História de Guarulhos. Elói Pietá. Caja, 1992.

Antiga olaria do Bairro Água Azul, em 2010.

Criança transportando mandioca colhida no antigo Bairro dos Fontes (atual bairro

Jardim Álamo).

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OS INDÍGENAS COLETORES E A POLÊMICA SOBRE UMA ALDEIANO BONSUCESSO VELHO

Uma das várias polêmicas da história de Guarulhos reside na questão da localização dos primeiros indígenas aldeados pelos jesuítas. Para os memorialistas João Ranali, Adolfo de Vas-concelos Noronha e Gasparino José Romão, que escreveram sobre a história local, os indígenas aldeados em 1560 foram os Guarulhos.

Diferentemente dos memorialistas, possui outra tese o pesquisador de história indígena Be-nedito Antônio Prezia. Para ele, os indígenas são os Maromomi, aldeados pelo jesuíta Manoel Vie-gas no fi nal do século XVII. Para Prezia, baseado na documentação jesuítica (Serafi m Leite, His-tória da Companhia de Jesus, v. 6, p. 503-504) e nas atas da Câmara de São Paulo (ACSP, v,), Guarulhos foi fundada com o nome de Nossa Se-nhora da Conceição dos Maromomi por volta de 1607, sendo que este nome indígena foi mudado para Guarulhos na década de 1630, passando a al-deia a ser chamada de Nossa Senhora da Concei-ção dos Guarulhos, situada onde hoje se encontraa catedral.

Com a expulsão dos jesuítas da cidade de São Paulo, em 1640, esses indígenas abandona-ram em massa a missão, indo para a região de

Atibaia, fi cando apenas alguns poucos morando em volta da capela, que era um local de romaria.

O memorialista João Ranali admite que Nossa Senhora da Conceição fosse a padroeira dos Guarulhos e dos Maromomi. Para ele, a aldeia dos Maromomi se localizava entre São Miguel e a antiga região do Bonsucesso; e a dos Guarulho, fi cava na região central do município. Ranali, com base nessa constatação, escreveu: Manuel Viegas, desde o Colégio de São Paulo, onde era mestre de meninos, assegurava a catequese da aldeia dos Moromomi que fundara, e onde ia de visita, mas aspirava a residência estável. A resi-dência abriu-se entre 1607 e 1610.(Serafi m Lei-te). E esta residência, aberta em 1607, quarenta e sete anos após o surgimento da Conceição dos Guarulhos, só podia referir-se a outra Concei-ção indiática, entre a de São Miguel e a nossa, lá pelas bandas de Bom Sucesso ou Pimentas. (Ranali, Repaginando a História, páginas 31 e 32). Uma coisa é certa: a aldeia que existiu no Bairro dos Pimentas, em território guarulhense, também se chamava São Miguel, já pela proximi-dade, já pela dependência para com os padres do aldeamento homônimo.

Indígenas coletores (Família Puri) aparentando os Maromomi.

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Segundo Benedito Prezia: não há nenhuma documentação que confi rme a existência de al-deia no Bairro dos Pimentas. É uma leitura fan-tasiosa da documentação dizer que havia duas aldeias com o nome de São Miguel. Sobre os pon-tos de vista acima mencionados, concordamos com Benedito Antônio Prezia.

Acreditamos que seja necessário aprofun-dar os estudos sobre a data de formação da aldeia na Vila Moreira, que pode ser anterior a 1607, inclusive podendo ser em 1560.

Outra informação preciosa que merece destaque é sobre a existência da sesmaria real de Ururaí (atual São Miguel Paulista), criada em 1580. Levando em consideração o tamanho médio das sesmarias, 6.500 metros quadrados, medida que vigorou em Portugal e foi transplan-tada para as terras colonizadas pelos portugueses além-mar, conclui-se que parte do atual Bairro dos Pimentas fi cava na sesmaria dos indígenas de São Miguel Paulista.

Sobre a presença dos indígenas Guarulhos, é importante levar em consideração a escraviza-ção de indígenas na mineração de ouro em São Paulo, em fi ns do século XVI, bem como, sobre a distribuição de força de trabalho de cativos trazi-dos do Espírito Santo para trabalhar nas minas de ouro de São Paulo: Serra do Jaguamimbaba (Gua-rulhos), Pico do Jaraguá, Paranaguá, Parnaíbae Sorocaba.

Para tanto, recorremos aos pesquisadores, Adolfo de Vasconcelos Noronha e Pedro Taques de Almeida Paes Leme. Segundo Noronha: (...) d. Francisco de Souza, governador geral do Bra-sil, entusiasmado com as descobertas de Afonso Sardinha, determinou ao capitão Arias, em de-zembro de 1598, que conduzisse duzentos índios para São Paulo (Guarulhos - Cidade Símbolo. 1880-1980 – página 43).

Sobre o mesmo fato escreveu Pedro Ta-ques: Da Bahia saiu o senhor Francisco de Sou-za para a Capitania do Espírito Santo, de onde enviou duzentos índios para o lavor das Minas de São Paulo... (Notícias das Minas de São Paulo – página 34).

Na informação dada por Noronha, faltou di-zer que os indígenas eram do Espírito Santo. De acordo com nossa pesquisa, os indígenas Guaru-lhos habitavam o vasto território do Vale do Rio Paraíba do Sul, entre, os municípios de Campos dos Goitacazes, São Fidelix e parte do Espírito Santo. Em 1598, Guarulhos pode ter recebido in-dígenas para trabalhar nas lavras de ouro trazidos dessa região.

Sobre a polêmica acerca dos indígenas Gua-rulhos ou Goarulho, constatamos que os mesmos são originais do litoral norte do Rio de Janeiro.

Reconstrução e crânio de Luzia.Lagoa Santa – Minas Gerais.

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Em visita ao Município de Campos dos Goitaca-zes, verifi camos que lá existiu o Distrito de Santo Antônio dos Guarulhos, criado pela decisão epis-copal de 3 de janeiro de 1759. Em 1890, o Distri-to foi elevado à condição de Freguesia, receben-do o nome de Santo Antônio dos Guarulhos. Na cidade de Campos dos Goitacazes existe também o Distrito dos Guarus, como observa um pesqui-sador de história local: A origem do nome Guarus advém dos índios Guarulhos, tribo que habitava a região no século XVII. A mudança de nome de Guarulhos para Guarus ocorreu há alguns anos, por decisão dos poderes municipais, para pode-rem diferenciar da denominação da cidade de Guarulhos, no Estado de São Paulo. (Herbson Freitas, pesquisador da história de Campos).

Ranali, refl etindo sobre o etnônimo Gua-rulhos esclarece: E por que o nome Guarulhos? O professor João Mendes Júnior diz: “(...) terem sido eles trazidos” para estas paragens, procuran-do esclarecer-lhes o nome, assim: Gu-arú-bo, que signifi ca trazidos, composto de gu (recíproco), aru (trazer) e bo (breve) para formar o supino.

Guarulhos, indicativo do modo de estar. E alicerça a sua assertiva no fato de não haver, em Tupi-Guarani, a letra L e muito menos o dígrafo lh (...) Sobre a defi nição, cabe destacar que o pro-fessor João Mendes Júnior não era linguista. Com o advento da colonização portuguesa no território e a disseminação da Língua Geral Paulista, mis-tura de Tupi, Guarani e Português, e que foi fa-lada pelos bandeirantes, verifi ca-se também uma expansão da língua e cultura Tupi em regiões do sertão antes dominadas por indígenas de língua Jê. Como esta língua foi falada até o fi nal do sé-culo XVIII em toda a região paulistana, ainda hoje podem ser encontrados vocábulos Tupis em território guarulhense, como Itaberaba, Cabuçu, Guaraçu, Capuava, Pirucaia e Baquirivu Guaçu, entre outros.

O processo de migração campo-cidade, derivado da industrialização do Brasil, trouxe, nestas últimas décadas, para o município mais de uma dezena de etnias indígenas, sobretudo originários do Nordeste, como os Pankararu, os Pankararé, os Xukuru, os Wassu-Cocal, além de

Tupi-Guarani, totalizando cerca de 1.500 habitan-tes indígenas, alguns deles organizados em torno da organização não-governamental Arte Nativa, criada em 2006.

Sobre os indígenas Maromomi e a relação com os primeiros habitantes do território brasi-leiro, com base nas pesquisas de Benedito Prezia e do arqueólogo Walter Neves, concluímos que os Maromomi foram expulsos do litoral norte paulista pelos povos Tupi. Esses indígenas Tupi migraram para a costa leste, por volta do século XIV, num movimento de expansão que lhes era próprio. Os Moromomi, depois da expulsão, pas-saram a viver num território entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira.

Ao contrário dos Tupi, que eram grandes ceramistas, os Maromomi eram de tradição co-letora, não dominavam a técnica da cerâmica. Falavam uma língua da família Puri, que era do tronco linguístico Macro-Jê.

Estudos recentes chamam atenção para o fato de que os Maromomi, por serem de tradição coletora, podem ser descendentes de povoadores do território brasileiro que viveram em Minas Gerais, o chamado “homem da Lagoa Santa”, etnia de origem africana que chegou ao Brasil há mais de 12 mil anos atrás. Dessa primeira cor-rente migratória, o fóssil mais antigo encontra-do é o de uma mulher, batizada com o nome de Luzia, para lembrar um outro fóssil importante encontrado na África e que recebeu o nome de Lucy. Estes “primeiros brasileiros” espalharam-se pelo território nacional, em um processo de migração que levou, inclusive, a ocupar deter-minadas regiões do litoral paulista, como Ca-raguatatuba, que era conhecida no século XVII com o nome de Enseada dos Maromomi.

Para saber mais1. Repaginando a História. João Ranali. SOGE –

Faculdades Integradas de Guarulhos, 2002.2. Conversão dos Cativos. Benedito A. Prezia. Nhanduti

Editora, 2009.3. Guarulhos: 1880 – 1980. Adolfo de Vasconcelos Noro-nha e Gasparino José Romão. Prefeitura de Guarulhos e

Academia Guarulhense de Letras,1980.

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A MINERAÇÃO DE OURO EM BONSUCESSOAs histórias, os mitos e as lendas estão

presentes nos espaços físicos e humanos da atu-alidade. Já se disse que por trás de uma lenda existe alguma verdade. Se pensarmos nos nomes das localidades da cidade de Guarulhos pode-mos fi car curiosos pelas coincidências com a sua história. Partindo de antigos caminhos e dos cursos fl uviais utilizados no período colonial, pode-se encontrar algumas pistas sobre sua ori-gem e formação.

O Rio Tietê, seus afl uentes e tributários, como é o Rio Baquirivu Guaçu, guardam lem-branças que ajudam a entender algumas pecu-liaridades do passado colonial dessa e de outras cidades paulistas.

Os rios, percorrendo longos caminhos até desaguar no mar, ou em outros rios, sulcam o relevo, as entranhas dos solos e das rochas, atravessam galerias subterrâneas, arrastando os mais diversos minerais. Dentre estes, os mi-nerais metálicos [ouro] que, por serem mais pe-sados do que a água e a areia, são carregados mais lentamente pelas águas, deixando boa parte desses minerais no fundo dos rios, formando de-pósitos de sedimentos que, no primeiro século da história colonial, eram ricos em ouro de aluvião. (José Elmano de Medeiros Pinheiro, Guarulhos Tem História, página 74.)

São muito esclarecedoras as palavras do geógrafo José Elmano, membro do Movimento Guarulhos Tem História. Em que pese o fato de que muitas lendas sejam apenas lendas, no caso da mineração de ouro em Guarulhos e na região do Bonsucesso a realidade confi rma a lenda, a começar pela toponímia do território.

Nossa Senhora do Bonsucesso, por exem-plo, foi a santa protetora dos mineradores de ouro na Serra do Itacolomi, em Minas Gerais, atividade iniciada há mais de 100 anos após a descoberta de ouro em Guarulhos e na região do Bonsucesso. Conforme Pedro Taques de Almeida Paes Leme, a descoberta de ouro em Guarulhos aconteceu em 1597. Afonso Sardi-

nha e seu fi lho do mesmo nome, foram os que tiveram a glória de descobrir ouro de lavagem nas serras de Jaguamimbaba e de Jaraguá, em São Paulo, na de Voturuna, em Parnaíba e na Biracoiaba, no Sertão do Rio Sorocaba, ouro, prata e ferro, pelos anos de 1597. (Arquivo da Câmara de São Paulo. Quadro de Ref. ttº. 1.600, página 36 v.).

Além do etnônimo Bonsucesso são bas-tante expressivas outras palavras da época da mineração de ouro. Em Vila Carmela existe a Rua Serra do Ouro; na Água Azul a Estrada Morro Grande; o Morro Nhanguaçu; os Ribei-rões Tomé Gonçalves, Guaracau, Pedregulho, Jaguari, Tuiá e das Lavras, o Campo dos Ouros, além do garimpo de ouro do Jardim Hanna, por exemplo, localizado entre o Rio Baquirivu Gua-çu e o Ribeirão das Lavras.

O segundo parágrafo dos escritos de El-mano relata a importância dos caminhos e dos cursos fl uviais para a mineração de metais pesa-dos [ouro]. Nesse sentido, a história da região do Bonsucesso é das mais ricas em exemplos. O Rio Baquirivu Guaçu, afl uente do Tietê, recebe todas as águas das nascentes da Serra do Itaberaba. Os cursos d’água mais conhecidos são: os ribeirões das Lavras, Tanque Grande e Tomé Gonçalves.

O ouro de lavagem depositado nas vazan-tes dos rios Baquirivu Guaçu, Baquirivu Mirim e Tietê, no trecho entre Guarulhos e São Paulo, é originário da região aurífera de Guarulhos. As informações mais antigas sobre a mineração de ouro de lavagem em São Paulo datam de 1526, quando da incursão de Aleixo Garcia. Em 1531, ocorreu a segunda expedição ofi cial comandada por Pero Lopes.

A partir de 1552, cartas do bispo d. Pero Fernandes Sardinha e dos padres Manoel da Nó-brega e José de Anchieta citam achados em Ja-raguá, Pirapora do Bom Jesus, Sorocaba e Gua-rulhos. Aureliano Leite também relata que Braz Cubas encontrou ouro na margem esquerda do Rio Tietê, em 1560.

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O primeiro caminho dos colonizadores rumo à América do Sul foi o mar. O segundo fo-ram os rios, vias de acesso mais seguras em bus-ca das jazidas de ouro. Guarulhos possui em seu território três rios: o Tietê, o Baquirivu Guaçu e o Cabuçu de Cima. Duas das maiores riquezas his-tóricas da região do Bonsucesso são: o Rio Ba-quirivu Guaçu e as antigas estradas que interliga-vam a região aos atuais Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e as cidades paulistas.

O ouro das minas de Guarulhos e São Paulo era transportado para Santos ou pelo Vale do Pa-raíba. Nas margens das estradas existiam as para-das dos tropeiros. Arujá, Bonsucesso, Capelinha, Sete Pontes [Parque Cecap] e Córrego dos Cava-los eram algumas das paradas da Estrada Geral.

Desde a antiguidade, as cidades, as vilas e os bairros se formaram às margens das estradas e dos locais de fácil abastecimento de água. A vila rural do Bonsucesso se benefi ciou dos dois fatores para se constituir em uma das localidades mais antigas da história de Guarulhos. O Rio Ba-quirivu Guaçu e a Estrada Geral foram essenciais para a formação e consolidação rural e urbana.

Segundo Noronha: (...) para se aquilatar o valor histórico dos caminhos guarulhenses, basta

Para saber mais

1. Genealogia Geográfi ca e História no Espaço Paulista: O Bairro de Itaquera – As Minas de São Paulo. José Elmano de Medeiros Pinheiro Trabalho de Graduação – USP. 2000. 2. Estradas Reais – Introdução ao Estudo dos Caminhos

do Ouro e dos diamantes no Brasil. Márcio Santos.Editora Estrada Real.

3. Tropas e Tropeiros na Formação do Brasil.José Alípio Goulart. Temas Brasileiros.

saber que foram os primeiros e, até princípios do século XIX, os únicos da zona norte, pelos quais se ia para Juqueri [Mairiporã], Atibaia, Nazaré, Bragança, Cuiabá (Mato Grosso), Minas Gerais, Goiás, Vale do Paraíba, Rio de Janeiro.

“A Estrada Geral (de Guarulhos a Bonsu-cesso) também foi aberta por volta de 1600, pois servia às minas de ouro. A princípio, houve três grandes ramos, tributários da Estrada Geral: o ca-minho das Lavras Velhas do Geraldo, que partia de Bonsucesso; o das Catas Velhas, que ligava a Estrada Geral em meio ao trajeto Guarulhos- Bonsucesso; e deste último, à esquerda, nascia o terceiro ramo, que ia para o Tanque Grande, na Serra do Bananal”.

Atualizando as citações de Noronha, ve-mos que o trecho da Estrada Geral de Guarulhos a Bonsucesso corresponde à Rua Dom Pedro II e às

Jornal “A Gazeta” de 15 de abril de 1958. Reportagem sobre as lavras de ouro de Guarulhos.

CAMINHOS

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Com a abertura do Caminho Novo, por Magé e Petrópolis, na Capitania do Rio de Janei-ro, a ligação entre Guaratinguetá e o Caminho Velho, para Minas Gerais, fi cou obsoleta. Entre-tanto, em Santa Anna e em Conceição (Guaru-lhos), ainda era praticado um caminho por São Pedro, Sapucaí e a Serra de Mogi-Açu, percurso mais curto para os paulistas atingirem as Minas Gerais e as trilhas para Goiás e Mato Grosso.

O chamado Caminho Geral do Sertão, Caminho dos Paulistas ou Caminho de São

AVENIDA PAPA JOÃO PAULO I E MONTEIRO LOBATO – TRECHOS DAANTIGA ESTRADA GERAL, LIGANDO AS LAVRAS DE OURO.

Paulo, era a mais antiga via de acesso ao sertão das Minas Gerais, à época do Brasil Colônia, através da qual haviam passado as inúmeras bandeiras até os afl uentes superio-res do Rio São Francisco.

O Caminho de São Paulo foi objeto de muitos relatos, entre eles o Itinerário de Glim-mer e o Roteiro do Padre Faria, que o deno-mina como Estrada Real do Sertão. Originado numa antiga trilha indígena, percorrida pelos índios Guaianases, era primitivamente co-nhecida como Trilha dos Guaianases.

O trajeto iniciava-se na altura da atual Jundiaí, passava por São Paulo de Piratinin-ga e alcançava as margens do Rio Paraíba do Sul, onde, em função do garimpo, se cons-tituíram diversos arraiais - Mogi das Cruzes (que posteriormente declinaria em favor de Guarulhos, gerando uma variante do per-curso), Jacareí, Taubaté, Pindamonhangaba e Guaratinguetá, que até ao século XVIII se constituiu o maior entroncamento viário da re-gião Centro-Sul da Colônia.

Avenidas Monteiro Lobato e Papa João Paulo I. O caminho das Lavras Velhas do Geraldo é a Estrada do Morro Grande. O caminho das Catas Velhas, em Cumbica, que atravessava a Base Aérea e o Aeroporto, saindo no Jardim São João, correspon-de à Estrada Guarulhos-Nazaré. O ramal à esquer-da, no Jardim São João, tem o nome de Rua Juarez Távora (via de ligação da Estrada do Saboó).

Os acessos para Minas Gerais, Mato Gros-so e Goiás se davam pela Estrada do Saboó e pela Estrada Velha de Nazaré Paulista, por cima da Serra da Mantiqueira, ramais que se encontravam no Portão, conforme mapa da mineração ao lado.

O acesso para o Rio de Janeiro e demais ci-dades do Vale do Rio Paraíba era a Estrada Geral, passando pelos atuais municípios de Arujá e Santa Izabel, entre outros. Para o litoral paulista, passa-va-se por Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes. Em Itaquaquecetuba ainda existe um trecho da Estrada Velha do Bonsucesso. Achamos bastante apropria-

da a defi nição de um morador de Planaltina.(...) Estrada Geral era aquela que ninguém

se perdia, já que o seu trajeto sempre chegava a um povoado ou vila. (A Estrada Geral na Histó-ria, de Erasmo de Castro).

Assim, nos primórdios da mineração de ouro, a história de Guarulhos e da região do Bonsuces-so andam juntas. Devido à importância que teve a mineração de ouro em Guarulhos, e especialmente em Bonsucesso, encontra-se em discussão em Gua-rulhos e em São Paulo a implantação do Geopar-que do Ciclo do Ouro de Guarulhos, bem como o tombamento do Sítio Arqueológico do Garimpo de Ouro do Ribeirão das Lavras, pelo Condephaat.

Na economia fi duciária, a riqueza de um país se media pela quantidade de ouro que pos-suía. Em 1447, na cidade de Gênova, na Itália, de-cidiu-se que todos os pagamentos fossem efetua-dos em ouro. Teria sido esse o principal elemento propulsor da mineração no Período Colonial.

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FAZENDA DO BONSUCESSO: NOTÍCIAS SOBRE OSNOVOS E ANTIGOS PROPRIETÁRIOS

De fazenda a pequenos lotes urbanos, ter-ritório tantas vezes modifi cado por diferentes personagens. Quais fatores foram determinantes para tamanha mudança e quais as implicações so-ciais, culturais e ambientais desse processo? Em que ano teria começado a formação da fazenda?

Como vimos no tópico sobre a mineração, a história da região do Bonsucesso foi muito in-fl uenciada pelo ciclo do ouro em São Paulo e em Minas Gerais. Aos caçadores de ouro não im-portava tanto o tamanho da propriedade, mas a quantidade e o controle das riquezas minerais, muitas vezes contidas em uma pequena gleba chamada garimpo.

Com o passar do tempo, o conceito de rique-za no Brasil foi mudando. Rico passou a ser aquele que tinha grandes extensões de terras rurais. Por meio da distribuição das cartas de sesmaria, de 1534 a 1822, teve início a formação dos latifúndios no Brasil. A Fazenda Bonsucesso foi um deles.

Entre os ex-proprietários da Fazenda do Bonsucesso encontramos os nomes de Francis-co Cubas Preto, Amador Bueno da Veiga, João Álvares de Siqueira Bueno, Antônio Xavier D’Ávila, Felício Marcondes Munhoz e Estevam Dias Tavares.

Francisco Cubas Preto e os Bueno – Em 1710, consta que os indígenas escravizados, bem como a capela de Nossa Senhora do Bonsucesso, encontravam-se sob o poder de Amador Bueno da Veiga, controle obtido após a morte de Brígida Sobrinha, a última fi lha de Francisco Cubas Pre-to. Sobre a presença da família Cubas na história da fazenda e também sobre a criação das chama-das “aldeias reais”, relata John Monteiro:

Por volta de 1660, a Câmara de São Paulo passou a permitir a ocupação das terras da Ses-maria de Ururaí, que havia sido dada pela Coroa portuguesa como propriedade à aldeia indígena de São Miguel, desde 1580. A partir daí, passou a ser ocupada por colonos de origem portugue-sa e por bandeirantes... O fazendeiro Francisco Cubas, proprietário de muitas terras e índios nesta região, mandou construir a primeira Cape-la de Nossa Senhora do Bonsucesso por volta de 1670.... (Negros da Terra, página 141).

Em 1612, Geraldo Correia Sardinha recebeu uma carta de sesmaria para explorar ouro nas pro-ximidades do Ribeirão Baquirivu Guaçu. Sobre esse assunto, quem nos orienta é Sílvio Bontem-pi: Aquelas terras eram muito procuradas e para a sua direção voltaram-se muitos colonos, atraí-

Quadro que retrata a casa de Felício Marcondes Munhoz.

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dos em 1612 pelo prosperar de Geraldo Correia Sardinha, então empenhado na exploração das minas de ouro descobertas nas proximidades do Ribeirão Maquirobu, atual Baquirivu.

Bontempi informa também que um cer-to Bartolomeu Bueno tornou-se confrontante de Correia Sardinha também em São Miguel, com título transladado em 15 de março de 1611. É dessa mesma data o traslado da carta de sesmaria de Amador Bueno, concedida pelo Capitão Gas-par Coqueiro em fevereiro de 1611....

Em consulta ao testamento de Francisco Cubas Preto, datado de 1672, como também ao seu inventário (1673), não encontramos o nome de Brígida Sobrinha, citada como fi lha de Cubas na disputa da Fazenda do Bonsucesso contra Amador Bueno da Veiga, em 1710. Quanto aos Bueno mencionados por Bontempi, são eles: Bartolomeu Bueno da Ribeira e Amador Bueno da Ribeira. O primeiro foi casado com Maria Pi-res, tataraneta do cacique Piquerobi, o maioral de Ururaí; o segundo chegou a ser aclamado rei de São Paulo, em 1641.

João Álvares de Siqueira Bueno – Em seu testamento, datado de 1904, consta que era herdeiro de extensa propriedade que ia além de Bonsucesso e chegava ao Parque Cecap (antigo Sete Pontes), englobando a Base Aérea de Cum-bica, o Aeroporto, a Cidade Satélite Industrial de Cumbica e as fazendas Bananal (atual casa da Candinha) e Tanque Grande.

João Álvares nasceu em Guarulhos no dia 12 de julho de 1834. Foi eleito deputado provincial por São Paulo em 1880. Há relatos de que traba-lhou nos bastidores para a elevação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos à condição de Vila, ocorrida nesse mesmo ano. Atuou como fabriqueiro (mantenedor) da Igreja do Bonsucesso, tal como seu pai, Bonifácio de Siquei-ra Bueno (1806-1880). Faleceu em 1912.

Antonio Xavier D’Ávila – Um informativo sobre a história da Paróquia do Bonsucesso dá conta de que, em 1800, a atual Igreja de mesmo nome, bem como a Capela de São Benedito dos Homens Pretos, foram construídas a mando de Antônio Xa-

Casa de D. Neiza (à direita da Igreja), antigo espaço da casa de Felício Marcondes Munhoz.

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vier D’Ávila. Após consulta a livros e trabalhos acadêmicos, encontramos apenas duas menções ao seu nome: uma menciona que foi Juiz de Paz de Guarulhos, a outra, que era fazendeiro na região.

Felício Marcondes Munhoz e Estevam Dias Tavares – Sobre Felício Marcondes Mu-nhoz, ouvimos o relato de sua neta, d. Neiza, moradora há mais de 80 anos na Praça de Nossa Senhora do Bonsucesso:

O meu avô tinha plantações de uvas, fazia vinhos, fazia plantações de mandioca para fazer farinha de mandioca. Aqui, era grande a fábrica de farinha, era toda de madeira. Lembro quan-do eu trabalhei lá... Meu avô tinha também um alambique para produzir pinga.

A vila foi construída junto com a Igreja de São Miguel. O meu pai dizia que a festa aqui era do tempo do meu avô e durava o mês todo. Tinha também no mês de abril a Festa de São Benedi-to... os festeiros daqui eram famílias ricas...

Era muito bonito e bom aqui pra viver. Não tinha ladrão, a casa fi cava aberta, janela aberta, todo mundo até meia-noite, vizinhos, pai, mãe, con-versavam na rua, as crianças brincavam, brinca-deiras de anel, pular corda... Tudo com as crianças com 10, 11 anos... Só depois vendeu uma parte do terreno, em tantas vezes, a perder de vista, que a gente tinha de ir buscar a prestação de bonde, lá na

Rua Direita [São Paulo]. (Infor-mativo Sincomércio, nº. 16 – junho de 2007. Entrevista concedida por Neiza Marcondes Munhoz e seu fi lho Fábio Marcondes Menino).

Com a Proclamação da Re-pública, em 1889, e a dissolução das Câmaras de Vereadores em todo o País, uma junta de quatro intendentes (equivalente na épo-ca para o cargo de prefeito) foi nomeada pelo governo provisó-rio para administrar a então Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos. Felício Marcon-des Munhoz era um desses in-tendentes. Restabelecido o fun-

cionamento das Câmaras, foi eleito vereador em oito ocasiões e escolhido pelos próprios colegas vereadores para ser presidente da Casa, cargo que exerceu entre 1892 e 1919.

Na época do meu bisavô, conta Fábio, a Fazenda do Bonsucesso tinha 100 alqueires. Estevam Dias Tavares era professor da Vila do Bonsucesso Velho e dono de uma pequena chá-cara, que fi cava do lado da Capela de São Be-nedito. Até hoje existem os alicerces da casa de taipa dos Tavares onde eu brincava.

Tudo leva a crer que a fazenda loteada pela Família Marcondes Munhoz era muito maior. A partir das décadas de 1940 e 1950, foi dividida em pequenos sítios, chácaras e lotes urbanos. Quanto aos impactos sócioambientais causados pela transformação das terras indígenas em fa-zenda e posteriormente em bairros, basta lembrar das consequências da escravidão indígena e dos negros africanos, o aquecimento local e global, as enchentes e as raízes da violência urbana.

Para saber mais1. O bairro de São Miguel Paulista. Silvio Bontempi.

2. Testamento e Inventário de Braz Cubas Preto.Arquivo do Estado Vol. XVIII.

3. Negros da Terra. Índios e Bandeirantes nasOrigens de São Paulo. John Manuel Monteiro. 1994.

Rodão manual de ralar mandioca da antiga fazenda ondesitua-se o atual Jardim Álamo.

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O guardião da Igreja de Nossa Senhora do BonsucessoA Igreja de Nossa Se-

nhora do Bonsucesso tem uma característica especial: é a única igreja em Guaru-lhos que ainda abriga restos mortais humanos, prática co-mum no Período Colonial e Imperial e abolida em 1820. Trata-se dos despojos de Bonifácio de Siqueira Bueno (1806-1880), rico fazendei-ro, professor primário, “fa-briqueiro”, mantenedor da igreja e antigo morador da Fazenda Bananal. Sua ge-nealogia é ligada à história de São Paulo e vale a pena ser conhecida.

Nascido em 19 de julho de 1806, Boni-fácio era fi lho do guarda-mor Antônio Bueno da Silveira, nascido em 1766, e de dona Anna Joaquina de Castro (1768-1836), e sobrinho–neto de Amador Bueno da Veiga (1650-1719), que por sua vez, foi bisneto de Amador Bue-no da Ribeira (1584-1649), o homem que em 1641 foi aclamado “rei de São Paulo”.

É interessante salientar que seu hep-ta–avô (7o), Bartolomeu Bueno da Ribeira, conhecido como O Sevilhano, foi casado com Maria Pires, fi lha da índia paulista Mecia-Assu, depois batizada pelo padre José de Anchieta (1533-1597) como Mécia Fernandes.

Mecia-Assu era bisneta do cacique Pi-queroby, chefe dos índios Ururays que habita-vam a margem esquerda do Rio Tietê, na re-gião entre os bairros de São Miguel e Penha. Mecia-Assu também era prima em terceiro grau da índia Bartira, fi lha do cacique Tibiriçá (irmão de Piqueroby) e mulher de João Rama-lho (1493-1580), o fundador de Santo André.

Também merece destaque a genea-logia descendente de Bonifácio de Siqueira Bueno. Foi ele pai do doutor João Álvares de Siqueira Bueno (1834-1912), deputado provincial de São Paulo e um dos principais responsáveis pela elevação de Guarulhos à categoria de Cidade, em 1880.

Bonifácio também foi avô de Olegário de Almeida Barbosa (1878-1932), marido de

Cândida Rodrigues Barbosa (1902-1970), mais conhecida como dona Candinha, perso-nagem muito conhecida na região do Jardim São João e que será melhor estudada em outro volume desta coleção.

Bonifácio de Siqueira Bueno faleceu em 4 de feve-reiro de 1880, sendo sepulta-do junto ao altar-mor da igre-ja. Posteriormente, em 1903, seu fi lho, João Álvares, por ocasião de reforma da igre-ja, mandou erigir uma capela

(Capela de São Bonifácio) ao lado do altar-mor, onde até hoje repousam os despojos de seu pai. Embora a capela esteja inativa há um projeto para reativá-la.

Fonte: LEME, Luiz Gonzaga da Silva, Ge-nealogia Paulistana, Editora Duprat, 1905.

Bonifácio de Siqueira Bueno.

João Álvares de Siqueira Bueno.

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ITALIANOS E ALEMÃES NA HISTÓRIA DO BONSUCESSOCertamente a geração de hoje nunca ouviu

falar da olaria de Felipe Romano, local de fabri-cação de tijolos que fi cava em frente ao Cemitério do Bonsucesso. Ou da olaria do Zé Italiano, que existiu em frente à entrada da Vila Carmela. Ou mesmo da olaria de Valadar Dehin. É a presença dos descendentes italianos e alemães na história do Bonsucesso.

Quando se olha de frente do Cemitério do Bonsucesso, avista-se uma lagoa e a ocupação Anita Garibaldi. O que teria sido aquele lago no passado e qual a sua serventia? O que esses fato-res, a cava de areia que virou lago e as olarias têm a ver com a história de modo geral, e especial-mente, com a região do Bonsucesso?

Uma das muitas formas de se revelar a his-tória de uma localidade é a leitura que pode ser feita, partindo da observação dos materiais e do uso das técnicas construtivas, adotadas nas edifi -cações de casas, igrejas, Câmaras de Vereadores, cemitérios e fábricas, por exemplo. Nesse senti-do, Bonsucesso constitui uma raridade na história do Brasil.

No transcorrer dos quatro primeiros sécu-los da história de São Paulo, as construções eram feitas, basicamente, de taipa de pilão. A taipa foi adotada em São Paulo por quase 400 anos pe-los colonizadores portugueses, por ser um modo construtivo muito barato e duradouro. A constru-ção em taipa demanda: terra, água, capim, madei-ra e pedra, essencialmente.

Das três técnicas construtivas mais usadas nos últimos séculos no Brasil, Bonsucesso pode ser incluído como estudo de caso. Em seu con-junto arquitetônico percebe-se, construções em taipa de pilão, tijolos cozidos e materiais à base de argamassa de concreto armado.

Das muitas edifi cações de taipa de pilão, que existiram na região do Bonsucesso, ainda se en-contram a Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso e a parede da frente da Igreja de São Benedito dos Homens Pretos. Igrejas dos brancos colonizadores e dos negros escravizados, que em comum tinham apenas a taipa de pilão e as coberturas com telhas.

No casario da vila é possível observar residên-cias de tijolos cozidos, certamente os mais antigos

Bonsucesso Velho. Casa de tijolo e taipa de mão situada na Praça de Nossa Senhora do Bonsucesso.Foto: AHCG - Data indefi nida.

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do território guarulhense. O período industrial modi-fi cou a confi guração social da região, bem como, os materiais construtivos, aspectos que trabalharemos no período industrial e na migração nacional.

A primeira notícia a respeito da instalação de uma olaria em São Paulo data de 1575, produzia--se basicamente telhas. A produção de tijolos cozi-dos em larga escala teve início por volta de 1870, a partir da chegada dos imigrantes italianos no inte-rior paulista, nas fazendas de café. Em Guarulhos, o primeiro exemplar de tijolo consta de 1884.

Na época, os barões enfrentavam proble-mas com a destruição do terreiro de secagem do café. Os terreiros se estragavam constantemente com as chuvas. Veio dos imigrantes italianos a solução do uso do tijolo cozido como piso de re-vestimento. Do uso nos terreiros às construções de paredes não levou muito tempo.

Quanto à importância do tijolo cozido em São Paulo, veja as palavras da pesquisadora Clara Correia D’Alembert:

A expansão ferroviária na década de 1860 e a imigração estrangeira trazem, principalmen-te, alemães e italianos que colaboraram muito para a difusão do uso da alvenaria de tijolos no Estado de São Paulo. As fazendas de café do in-terior paulista foram pioneiras na utilização do tijolo em suas instalações, principalmente nos terreiros de secagem de café na primeira meta-de do século XIX. Os cafeicultores importaram para as cidades a novidade tecnológica do tijolo, que tão bem solucionaram problemas técnicos e construtivos nas suas fazendas.

Água, argila, areia, madeira e pedra, condi-ções naturais existentes nas várzeas dos rios Tiete, Cabuçu de Cima e no Baquirivu Guaçu em Gua-rulhos e na Região do Bonsucesso, bem como a proximidade com São Paulo e o Vale do Paraíba, possibilitou a diversifi cação das atividades eco-nômicas no Bonsucesso, tendo como produtos, a extração de areia e a produção de tijolos cozidos.

O uso do tijolo cozido no município e nas demais cidades do entorno, largamente utilizados em construções de casas, galpões industriais, vi-las operárias, igrejas, prédios públicos, pontes e etc., fez surgir muitas olarias em Guarulhos.

Pipa de amassar barro, movida a tração animal.Olaria do Valadar, em 2010.

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Para saber mais

1. O tijolo nas Construções Paulistanas do Século XIX.Clara Correa D´alambert. 1993.

2. Os Antônios. A História da Imigração no Estado de São Paulo.Levi Araújo. 2006. (Capítulos sobre os Imigrantes Italia-

nos e Alemães). 3. Fragmentos da Memória de uma Cidade – Guarulhos.

João Machado e Antonio Cerveira Moura, 2005.

Na região do Bonsucesso, através de rela-tos orais e imagens fotográfi cas, percebe-se que foram muito signifi cativas as atividades oleiras e a extração de areia. Os fornos de olarias melhor preservados de Guarulhos se encontram na região do Bonsucesso, na margem esquerda do Ribeirão das Lavras na Ponte Alta, Bairro Água Azul e na Estrada Albino Martelo. O lagoão existente em frente ao Cemitério do Bonsucesso era uma cava de areia, propriedade do oleiro Felipe Romano. No Jardim Presidente Dutra existiu um dos maio-res portos de areia de Guarulhos.

Analisando a constituição dos solos da região, observa-se que é farto em argilossolo e latossolo, tipo de recurso natural rico em argila e areia.

As olarias diversifi caram as atividades eco-nômicas em Guarulhos e também a composição social da região do Bonsucesso que, em processos anteriores, contava com as presenças indígenas, dos brancos colonizadores, dos negros trazidos da África e, a partir de então, com os imigrantes euro-peus, como visto italianos e alemães.

Lagoa do Bonsucesso, antiga cava de extração de areia e argila para produção de tijolos e telhas em olaria.

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OS JAPONESES NA HISTÓRIA DO BONSUCESSOAo entrar no Cemitério do Bonsucesso po-

dem ser observadas muitas lápides com nomes japoneses. Ushi Higa, Fakeshi Motonaga e sobre-nomes como: Izumi, Fushimi, Matsushita, Naka-ta, Sugahora, Mori, Moshizuki, Koguti, Legouri, Jyuzan, Yogi, Nakamura, Maeda, entre outros.

O mais velho sepultado é o senhor Ushi Higa, que nasceu em 5 de abril de 1891 e faleceu em 22 de junho de 1981. Por que os japoneses vieram para Guarulhos e depois para o Bonsuces-so? Quais suas principais contribuições na eco-nomia, no esporte, na gastronomia, nas questões religiosas e culturais dos bairros da região?

Em 2008, a comunidade nipônica radicada no Brasil comemorou 100 anos da chegada dos primeiros imigrantes ao Porto de Santos. Foram muitos eventos comemorativos aos pioneiros da imigração asiática que desembarcaram do navio Kasato Maru na baixada santista. Entre essas pri-meiras famílias se encontrava um jovem chamado Naoê Sonoda, que na época viajou na condição de fi lho adotivo, por isso seu nome não consta da lis-ta dos passageiros de 1908. Do Porto de Santos, Naoê e as demais famílias, inicialmente, foram

trabalhar em fazendas no interior de São Paulo. Em 1923, Naoê Sonoda, vindo de Andradina,

chegou a Guarulhos e se estabeleceu no Bairro do Macedo, onde comprou uma gleba de terra. O se-gundo fl uxo de imigração japonesa do interior de São Paulo para Guarulhos aconteceu em 1927. Em 1932, já com mais de 50 familias radicadas em Gua-rulhos, é fundada a Nipponjinkai Associação Cultu-ral Japonesa, com objetivo de ensinar a língua aos fi lhos de japoneses e reunir os jovens para diversão.

Pouco tempo depois, Tatsukiti, pai do fo-tógrafo Massami Kishi, funda outra Associação Cultural Japonesa, justifi cando ter sido discrimi-nado na Associação Nipponjinkai. Em 1934, cer-ca de dez famílias produtoras de tomate, mora-doras do Jardim Santa Francisca, imediações da atual Praça IV Centenário, criaram uma coopera-tiva de pequenos agricultores.

No contexto da economia brasileira, no início da década de 1930, a região metropoli-tana paulista começa ganhar força no mercado de consumo urbano. A proximidade do Cintu-rão Verde com a Capital e demais cidades, bem como o pequeno avanço nas técnicas agrícolas

Primeiras famílias japonesas cultivando hortaliças no Bonsucesso. Foto: AHCG (data indefi nida).

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empregadas nas plantações nas várzeas dos rios Baquirivu Guaçu, Cabuçu de Cima e Tietê, ele-varam a produção que passa a abastecer o mer-cado com hortifrutigranjeiros. Tomate, batata, uva, alface, ovos, carne, passam a fazer parte das refeições dos moradores das novas centralidades urbanas. Principalmente, imigrantes asiáticos e muitos portugueses, benefi ciaram-se desse mer-cado paulistano em expansão.

Sobre a presença, certamen-te, da primeira família japonesa em Bonsucesso, relata Massami Kishi:

Sakamoto chegou ao Brasil em 1926... Sakamoto comprou... uma charrete em que levava seus fi lhos Tadayoshi, Katsumi, Mo-riô e os do vizinho para a escola. (Kishi, página 172).

Naquela época, a falta de tecnologia obrigava o agricultor a plantar a batata num determi-nado espaço apenas uma vez, se quisesse uma colheita saudável. Os agricultores procuravam, então, terras que nunca haviam recebido uma plantação de ba-tata. Na procura por terra nova,

Sakamoto comprou um sítio de três alqueires na região de Bonsucesso, na margem da Estrada de São Miguel. Construiu uma casa e uma venda, onde oferecia querosene para lampião, ferra-mentas e comida. Vendia para todos os caboclos da região. Com os lucros obtidos na venda, foi comprando terras vizinhas e acumulou respeitá-veis 65 alqueires. (Kishi, página 172).

Cerimônia em frente à Casa Paroquial, na Praça Nossa Senhora do Bonsucesso. Presença dopadre Carlos “Espanhol”, prefeito Waldomiro Pompêo e Môrio Sakamoto.

Esportistas que disputaram as Olimpíadas Colegiais Guarulhenses, em 1975.

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Para saber mais

1. Os Antônios. A História da Imigração no Estado de São Paulo. Levi Araújo. 2006.

2. Guarulhos Século XX - Imagens e História.Massami Kishi. 2007.

3. Corações Sujos. Fernando Morais. Cia. das Letras, 2009.

De acordo com Moriô Sakamoto, em sua entrevista ao Jornal Folha Metropolitana, citada no capítulo sobre as Origens do Bonsucesso, a fa-mília Sakamoto chegou a Bonsucesso em 1929.

No início da década de 1930, Guarulhos tam-bém passa a ser conhecida pela produção de batatas. Antes da chegada dos primeiros imigrantes asiáti-cos à cidade o mercado era abastecido com batatas importadas da Argentina. Famílias como Morita, Norimatsu, Miyahara, Tokunaga, Fugita, Iemoto, Kida, Nakagima e Sakamoto foram as pioneiras na produção de batata, tomates e hortaliças nas proxi-midades da várzea do Rio Baquirivu Guaçu.

A presença dos japoneses em Bonsucesso pode ser observada em nomes de escolas, templos religiosos, pontos comerciais, nomes de ruas, de bairros e no esporte, por exemplo.

Ao observarmos imagens fotográfi cas das olimpíadas ginasiais guarulhenses é perceptível a presença da juventude nipônica de Bonsucesso no vôlei, xadrez e tênis de mesa.

Sabemos que a história dos japoneses em Bonsucesso é muito mais rica em detalhes do que foi retratado aqui. Nessas breves palavras queremos despertar as gerações do presente e do futuro para a necessidade de ampliar o tema pautado por nós.

Populares na cerimônia em frente à Casa Paroquial.

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OS NORDESTINOS E OS REFLEXOS DA INDUSTRIALIZAÇÃONA HISTÓRIA DO BONSUCESSO

Quando se passa pelas ruas da região do Bonsucesso se depara com muitos traços do nor-deste brasileiro. Forró, xote, baião, por exemplo, é muito comum se escutar os diferentes ritmos mu-sicais que extrapolam as residências e os bares.

Não só isso. Nomes de ruas como: Vitória da Conquista, Anagé, Caculé, além da existência de inúmeras casas do norte que vendem produtos tipicamente do sertão nordestino como farinha, carne seca, fumo, feijão de corda, polvilho entre outras coisas. Por que tantas pessoas saíram do nordeste e vieram para cidades e bairros periféri-cos da Região Metropolitana de São Paulo?

Para iniciar essa refl exão sobre a presença nordestina em Bonsucesso, achamos apropriado transcrever um subsídio elaborado pelo padre Raimundo Forget, pároco da Paróquia de Bon-sucesso. Com isso, queremos prestar uma ho-menagem aos 60 anos de criação da Paróquia do Bonsucesso e ao autor da pesquisa. A Paróquia do Bonsucesso foi criada em 1950, período de grande fl uxo migratório de nordestinos para São Paulo e Guarulhos, relata padre Raimundo:

Se quisesse resumir a realidade de Guaru-lhos em poucas palavras, dir-se-ia o seguinte: é um município industrial com crescimento muito rápido, sem planejamento adequado, composto por uma população migratória, cidade periféri-ca, onde existe uma igreja nova.

Basta passar pela Rodovia Presidente Du-tra para constatar que se trata de um corredor in-dustrial: da Ponte Grande à Aracília, somando os dois lados da Dutra, conta-se na beira da estrada mais de 80 indústrias. Porém, as fábricas não fo-ram construídas apenas às margens da Dutra.

Elas se espalharam por quase todos os bair-ros do município de Guarulhos.

Calcula-se que existem em Guarulhos mais de 924 indústrias entre pequenas, médias e gran-des. As principais são do setor metalúrgico, mas existem outros setores como o de produtos far-macêuticos, borracha, químicos, dentre outros. É bom lembrar como se deu o surgimento de tantas

indústrias. Em 1940, havia apenas 61 estabeleci-mentos, empregando 535 pessoas. Em 1970, os estabelecimentos industriais e comerciais eram 720, com 39.659 pessoas ocupadas no setor.

Crescimento rápido da população – Além do surgimento de muitas indústrias, a população cresceu entre 1970 e 1980 a um ritmo de 7,4 % ao ano. Nos anos 1980 e 1986, com a crise econômi-ca, é de supor que esse ritmo diminuiu um pouco.

População Migrante – É claro que se a po-pulação cresceu tão rapidamente não foi simples-mente porque muitas crianças nasceram aqui no município, mas porque muita gente veio de ou-tras partes do Brasil. Com efeito, se a população cresceu 9% a cada ano de 1940 até 1950, mais de 10% a cada ano entre 1960 e 1970 e, depois 7,4% até 1980, isto signifi ca que a grande maio-ria veio de fora, expulsa muitas vezes do campo e atraídas pela grande cidade e as indústrias. Por isso, em 1980, dos 532.724 habitantes de Guaru-lhos, 379.652 tinham nascido fora do município, isto é, 71,3% das pessoas eram migrantes.

População operária e pobre – A grande parte da população, por ser formada de migran-tes expulsos do campo, são pessoas pobres ou de poucas posses em geral. Dá para verifi car que a população, na grande maioria, consegue apenas sobreviver e ter um pedacinho de terra com mui-to custo. São bem poucos os bairros luxuosos de

Fonte: Guarulhos, Nossa Cidade. Nossa Diocese. Centro de Animação Social Caritas Diocesana, Guarulhos, 1986.

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Para saber mais

1. Guarulhos, Nossa Cidade. Nossa Diocese. 19862. Um Nordeste em São Paulo. Paulo Fontes. FGV Editora. 2008

3. A (Re)produção do Espaço na Área Aeroportuária:o exemplo do Bairro Jardim Presidente Dutra. José

Rogério Correia. USP, 1994.

Guarulhos e são relativamente pequenos: Vila Rosália, Vila Galvão, Parque Renato Maia.

Problemas habitacionais graves – De acordo com dados da Prefeitura, Guarulhos teria uma população de 85 mil pessoas morando em favelas. Mas, há um outro problema: os lotea-mentos irregulares ou clandestinos, pois neles moram muitas famílias que por diversos moti-vos não conseguem o título de propriedade. A cidade cresceu de uma maneira desordenada, com loteamentos espalhados, longe uns dos ou-tros, com muitos espaços vazios.

Nos trechos do Subsídio Guarulhos Nossa Cidade, Nossa Diocese, publicado em 8 de de-zembro de 1986, quanto à migração de nordesti-nos para São Paulo, achamos bastante apropriada a citação de Paulo Fontes: O impacto sobre São Paulo dos migrantes nordestinos, que chegaram à cidade no meio do século XX, foi tão grande quanto os efeitos produzidos pelos imigrantes que vieram da Europa, do Oriente Médio e da Ásia, em décadas anteriores.

Nos dois casos, os que dominavam a cidade incentivaram a vinda desses trabalhadores e suas famílias, cuja mão de obra barata facilitou consi-deravelmente o notável crescimento econômico de São Paulo.

A partir dos anos 1940, São Paulo foi pal-co de uma extraordinária expansão urbana e in-dustrial comparável a poucas cidades em âmbito mundial. O início do grande fl uxo de migrantes nordestinos a Guarulhos começou com a constru-ção da Base Aérea de Cumbica, no começo da década de 1940, data correspondente às infor-mações de Moriô Sakamoto e de Paulo Fontes. Outro dado a se considerar é o início da venda de lotes da Fazenda do Bonsucesso pela Empresa Mateu Bei, em princípios da década de 1950.

Cabem maiores estudos sobre a presença dos imigrantes do Oriente Médio, bem como dos cha-mados bolivianos na região. Sobre os imigrantes do Oriente Médio, encontram-se em Bonsucesso os nomes de Ari Jorge Zeitune, patrono de uma escola estadual, e Naim Jorge Zeitune, nome da estrada que separa a região do Bonsucesso do Jardim São João.

A presença dos migrantes nacionais na re-gião do Bonsucesso pode ser notada em diversos aspectos do cotidiano da população.

Periferia da região, loteamento popular e moradias em favela.

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Matéria do Jornal “O Repórter de Guarulhos”, de agosto de 1979.

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO

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6LUTAS POPULARES

A resistência das populações indíge-nas, negras e dos operários brasileiros e estran-geiros aconteceu, pelo menos, em dois níveis: na preservação de suas culturas como fatores es-senciais de resistência e nas lutas diretas contrao sistema.

A primeira resistência veio dos indígenas, que não aceitaram docilmente a tentativa de alde-amento feita pelos colonizadores. Diante da insis-tência em aldeá-los e escravizá-los, em 1640, os indígenas Maromomi reagiram de forma violen-ta, ateando fogo em duas fazendas e expulsandoseus proprietários.

Com o advento da escravidão da população negra, podemos constatar, no mapa da mineração do município, a existência do Ribeirão dos Qui-lombos, no Pico Itaberaba. É provável que no lo-cal tenha existido um quilombo. A presença da Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, no Centro antigo, e de São Benedito dos Homens Pretos, na vilinha do Bonsucesso Antigo, revelam uma expressiva organização dos afro-brasileiros em Guarulhos.

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A implantação da indústria na cidade trou-xe consigo a formação da classe operária e a ex-pansão urbana de forma desordenada. No perí-odo, surgem as primeiras lutas de bairros e em locais de trabalho. Contrariando o mito de um operariado dócil, os trabalhadores rapidamente amadureceram como classe e se organizaram em comissões de bairro, associações, partidos políti-cos, sindicatos e outras formas.

A partir da década de 1970, aparecem no-vas estratégias de organização entre os trabalha-dores, com movimentos sociais voltados para a defesa dos direitos das mulheres, negros, homos-sexuais, crianças e adolescentes, idosos, meio ambiente, saúde, educação etc, todos com grande representatividade em Guarulhos. Especialmente na região do Bonsucesso, a luta contra a implan-tação do Aeroporto e pelo abastecimento de água tiveram grande destaque, conforme veremos.

Cinco bairros podem ser considerados os núcleos básicos das lutas sociais na região do Bonsucesso: Jardim Presidente Dutra, Jar-dim Triunfo, Vila Carmela, Ponte Alta e Jardim Álamo. Formados a partir do fi nal da década de 1950, esses territórios foram ocupados ao longo do período em que a população urbana brasileira saltava de 45%, em 1960, para 75%, em 1980. Durante esses 30 anos, o campo praticamente se esvaziou, enquanto as cidades explodiram.

Observando-se a forma geográfi ca da re-gião, vemos que esses núcleos se concentram próximos ao Trevo do Bonsucesso, que é cortado pela Via Dutra, no limite com a região dos Pi-mentas, que por sua vez dá acesso a São Miguel Paulista, já em território paulistano. Outro dado a se ressaltar nesse sentido é que as características mais urbanas do território diminuem na medida em que a sua ocupação se distancia da Via Du-tra, sendo substituída por áreas de vegetação mais densa e preservada.

Surpreendido pela explosão demográfi ca que se verifi cou no período, o Poder Público guaru-lhense, marcado por uma tradição de atendimento prioritário aos interesses particulares de uma elite,

MUITAS LUTAS NOS BAIRROS

Em 1979, com o início dos processos de de-sapropriação para a construção do Aeroporto In-ternacional, parte do território habitado, como o Jardim Maringá, desapareceu, assim como alguns dos bairros vizinhos foram parcialmente suprimi-dos. Cerca de 8 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas moradias.

Por conta disso, eclodiu na região um movi-mento social de resistência contra a implantação do Aeroporto, com destaque para a atuação de indiví-duos como o imigrante japonês Kan Kise (vereador da municipalidade na legislatura de 1977/1982), além do senhor Brandão, ambientalistas de São Paulo, entre outros. O movimento foi derrotado.

A LUTA CONTRA A CONSTRUÇÃODO AEROPORTO

Breve histórico da construção do Aeroporto

Em 1940, a área pertencente à em-presa Marillis Ltda. e à família Guinle foi doada para a implantação da Base Aé-rea de São Paulo (BASP), inaugurada em 1945. Sua fi nalidade era proteger o maior centro industrial do Brasil durante a Se-gunda Guerra Mundial.

Em 1968, o Ministério da Aeronáu-tica contratou estudos destinados a resol-ver o grave problema de congestionamen-to aéreo no eixo Rio-São Paulo, visto que os aeroportos do Galeão (Rio de Janeiro) e Congonhas (São Paulo) já se encontra-vam saturados. A solução encontrada foi a construção de um novo aeroporto, tendo como opções as áreas de Campinas, Cotia e Caucaia do Alto, além de Guarulhos.

Finalmente, em 1977, o Ministério da Aeronáutica defi niu o local para a instala-ção do aeroporto, inaugurado no dia 20 de janeiro de 1985, sob a administração da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aero-portuária (Infraero).

viu-se forçado a dar ouvidos a uma população que já se organizava na luta por moradia, transporte, asfalto, escolas, água encanada, esgoto e atendi-mento à saúde, entre outros serviços urbanos.

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ÁGUA ENCANADA: UMA GRANDE VITÓRIA DOS LUTADORES NOS BAIRROS

Aproveitando a visibilidade da Campanha da Fraternidade, organizada anualmente pela Igreja Católica, e cujo tema daquele ano era Para que todos tenham vida, uma assembleia do mo-vimento escolheu como sua principal bandeira a luta por água encanada, uma das mais importan-tes promessas feitas pelo então prefeito Oswaldo de Carlos, durante a campanha eleitoral de 1982.

A mobilização dos moradores da região che-gou ao auge em 1984, momento em que a eles se juntaram instituições de caráter religioso como a

Assembleia em frente à Igreja do Bonsucesso.

Matéria da Folha de São Paulo, de 5 de novembro de 1984.

Assembleia de Deus e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), ligadas à Igreja Católica, e também organizações como o Grupo Fenix Ecologia, além de representantes de alguns partidos políticos.

Em julho de 1984, uma comissão, acompa-nhada de uma manifestação, em frente à Prefeitura, entregou ao prefeito as 8.283 assinaturas que, colhi-das entre abril e junho, representavam as reivindica-ções de mais de 44 mil moradores de toda a região. No dia 4 de novembro, após várias assembleias e visitas frustradas à Prefeitura, cerca de mil manifes-tantes paralisaram a Via Dutra por três horas, com a cobertura dos principais jornais impressos, rádios e emissoras de televisão de São Paulo.

Em dezembro veio a resposta do Serviço Au-tônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Guarulhos: poços artesianos seriam perfurados na região e, até março do ano seguinte, a água encanada chegaria a alguns bairros. Mas, a região do Jardim Triunfo tem uma peculiaridade de ordem geológica: uma enorme rocha existente no subsolo impede que as perfurações alcancem os lençóis freáticos. Durante algum tempo os moradores foram atendidos por caminhões-pipa.

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7HISTÓRIA DOS BAIRROS

E SUAS ESCOLAS

O local onde habita e estuda nossa gente é retratado pelos modernos meios de comunica-ção social como inseguro e feio. As imagens tidas como belas mostram o círculo de convivência dos chamados incluídos no alto mercado de consumo.

Os moradores dos bairros são “bombardea-dos” cotidianamente com notíciais sobre as periferias que só mostram o lado negativo: crimes, enchentes, assassinatos, assaltos, brigas, estupro, etc, raramente divulgando alguns aspectos vistos como positivos. Os programas campeões de audiência nada contribuem para o desenvolvimento de uma política de preserva-ção do patrimônio cultural e ambiental dos locais de moradia dos trabalhadores.

A carência de informações sobre a história dos bairros e das escolas é tão grande que muitos participantes do seminário, evento que originou esta publicação, disseram que se fosse publicado apenas um breve relato histórico sobre os bairros e as esco-las já seria um grande avanço para o início de uma política de educação patrimonial no espaço escolar.

A soma do trabalho de todos permitiu ir além da expectativa daqueles que se contentavam ape-nas com um resumo da história dos bairros e das escolas. Só se respeita aquilo que se conhece!

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ESCOLAS DA REGIÃO

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VILA DO BONSUCESSO VELHO

Avenida Doutor Arthur Marcondes de Si-queira, no 121. Vila do Bonsucesso Velho. Fone: 2436-1446. Decreto de Fundação no 2.969, de 29 de agosto de 1981. É a escola mais antiga da região. O prédio atual foi

construído em 1953. Em 1981, passou a deno-minar-se Estevam Dias Tavares.

Estevam Dias Tavares foi professor, verea-dor da Câmara de Guarulhos e morador do Bonsu-cesso Velho. Veio do Rio de Janeiro para lecionar em Bonsucesso. Seu nome aparece pela primeira vez na Ata da 14o legislatura (1920/1922), depois na 15o, 16o e 17o legislaturas (última participação na legislatura de 1929/1931).

Estevam Dias Tavares e seus familiares mo-ravam em um casarão de taipa de pilão, do lado da Capela de São Benedito dos Homens Pretos.

Vila ou “Vilinha” do Bonsucesso Velho é a expressão recolhida entre os moradores mais antigos da região. A referida “vilinha”, des-de tempos imemoriais, é uma centralidade que compreende atividades religiosas, comerciais e culturais, além de importante acesso viário para a zona leste de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O espaço conhecido como “Vilinha do Bonsucesso Velho”, no seu início, abrigava um ramal da Estrada Geral, certamente a capela da fazenda, o pouso dos tropeiros, posteriormen-te, o Dia da Carpição e a realização da Festa de Nossa Senhora do Bonsucesso, eventos de cunho religioso e cultural realizados desde 1741. Com a construção da atual Igreja de Nossa Senhora

do Bonsucesso e da Capela de São Benedito dos Pretos, em 1800, o perímetro da vila fi cou maior. A construção da escola e da Sala dos Milagres, no meio da vila reduziu o espaço de atividades dos romeiros.

Segundo depoimentos: aqui era dormi-tório, era passagem dos tropeiros... tinha uma bela casa de pau-a-pique, tinha o barracão dos pobres que a Prefeitura tirou, ali d. Pedro per-noitava. Meu pai dizia que ele trazia jarros de prata e depois ia para São Paulo, não era nem no Centro de Guarulhos que passava, era aqui... Informativo Sincomércio, nº 16 – junho de 2007. Entrevista com Neiza e Fábio – familiares de Fe-lício Marcondes Munhoz.

ESCOLA ESTADUAL “ESTEVAM DIAS TAVARES”

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VILA NOVA BONSUCESSOO loteamento de Bonsucesso tem sua ori-

gem no ano de 1955, quando os irmãos Armando e Fábio Bei, juntamente com seu primo, Guilherme Cimere resolveram lotear o antigo “Sítio do For-migueiro Vermelho”, (assim chamado pelo fato de lá existir aqueles enormes formigueiros que mais parecem antigos fornos de barro), proprieda-de essa herdada por força do falecimento de seus pais, que adquiriram a área ainda em 1945.

De início, a região era inóspita e desabita-da, formada integralmente por grandes sítios e chácaras, tendo os irmãos Bei providenciado as primeiras obras de infraestrutura, inclusive a vin-

da, a partir do Bairro de São Miguel, de energia elétrica para a região.

O senhor Carlos Bei, sobrinho-neto de Ar-mando Bei, não soube precisar qual o tamanho da área total do Sítio do Formigueiro Vermelho, mas sabe que as escrituras (ainda hoje) vêm com esse detalhe “...lote número tal da rua tal, parte do antigo Sítio do Formigueiro Vermelho, em Bon-sucesso, Comarca de Guarulhos”.

Na relação de escolas da região, não consta a história da Escola da Prefeitura de Guarulhos “Tia Carmela”, pois esta se encontra desativada para reforma.

ESCOLA ESTADUAL “PROF. ARTHUR MARRET”Rua Itutinga, s/no, Vila Nova Bonsucesso. Fone: 2436-1769. Decreto de Fundação

no 23.102, de 3 de fevereiro de 1954.

É a escola estadual mais antiga da região do Bonsucesso. Inicialmente, funcionava na Praça de Nossa Senhora do Bonsucesso Velho. Em 1976, foi transferida para a Vila Nova Bonsucesso. Foram feitas várias tentativas e não conseguimos informa-ções históricas sobre o patrono Arthur Marret.

Memórias de uma professora – No auge dos meus 19 anos, preparo o que hoje chamo de mochila: marmita, água, sapato velho, agasalho, guarda-chuva e principalmente esperança no cora-ção vibrante. Meu destino? Grupo Escolar “Prof. Arthur Marret” – Bonsucesso – Guarulhos, a 25 quilômetros de São Paulo. Era uma viagem de “Pássaro Marron”, viagem curta, com descida na Via Dutra, com acolhida dos garotos e garotas.

Então pude começar minha jornada frente a 32 queridas crianças, “nisseis”, que com muito

respeito, dedicação e arte, me ofereciam lindos e criativos desenhos de “cryon”, feitos num piscar de olhos, além de todas as lições programadas.

....Não parecia profi ssão ou trabalho, mas uma aventura deliciosa, marcada com os mais variados momentos. E quantas sacolas de verdu-ras ganhávamos das mães dos alunos! Aquelas adoráveis crianças! Os habitantes se dedicavam à agricultura, cultivando belas hortas, e também à olaria.... Lá fi quei durante o ano de 1966.

Profa Layde Terra

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ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “ZUMBI DOS PALMARES”Rua Bom Jesus da Lapa, s/no, Vila Nova Bon-sucesso. Fone: 2438-2792. Decreto de Funda-

ção no 23.776, de 5 de maio de 2006.

Zumbi (1655-1695) nasceu em Palmares, Alagoas. Foi o último dos líderes do famoso Qui-lombo dos Palmares, localizado entre os atuais Estados de Alagoas e Pernambuco.

Um quilombo era uma comunidade autos-sustentável, um reino formado por escravos ne-gros que escapavam das fazendas, prisões e sen-zalas brasileiras.

Zumbi faleceu em 20 de novembro de 1695 em uma emboscada. Zumbi é hoje, para deter-minados segmentos da população brasileira, um símbolo de resistência. Em 1995, a data de sua morte foi adotada como o Dia da Consciência Negra. É também um dos nomes mais importan-tes da capoeira. A partir de 2010, o dia 20 de no-vembro será considerado um feriado nacional.

ESCOLA ESTADUAL “PROF. HÉLIO POLESEL”Rua Cordeiros, no 1.465, Vila Nova Bonsuces-

so. Fone: 2436-2008. Decreto de Fundaçãono 18.371, de 12 de janeiro de 1982.

Hélio Polesel (1946–1987) nasceu na cidade de Quatá e faleceu em São Paulo. Casou-se com Ramires Gonçalves Folha Polesel, e dessa união nasceu a fi lha Heloísa Gonçalves Polesel. Formou--se em Pedagogia, Administração Escolar e Orien-tação Escolar pela Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras de Guarulhos (FIG), além de ter cursado Supervisão Escolar de 1o e 2o Graus na Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras Nove de Julho.

Após ter lecionado como substituto em várias escolas do interior paulista, começou a ministrar aulas, em 1971, na Escola Masculina do Bairro da Capelinha, em Guarulhos, como professor primá-rio efetivo. Assumiu o cargo de diretor da Escola Estadual de 1o Grau Professor Genoefa D’Aquino Pacitti, em Guarulhos, e, posteriormente, o de su-pervisor de ensino na antiga DRECAP I.

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JARDIM PRESIDENTE DUTRAEm 1958, foi inaugurado o loteamento Jardim

Presidente Dutra. Conforme publicação no Jornal Gazeta Panorâmica, de 2001, no dia 10 de julho de 1956, as famílias alemãs Mehler, Neumann, Ratzersdorf, Leipziger e Herzberg registraram no Cartório de Registro de Imóveis de Guarulhos, a cessão dos sítios Olho D’Água, Oliveira, Aterrado Comprido e Scatamachia à S/A Indústrias Reuni-das F. Matarazzo. Foi neles que a empresa abriu loteamento que deu origem ao bairro.

A origem do nome Jardim Presidente Dutra vem da homenagem prestada ao ex-presidente da República Eurico Gaspar Dutra. Foi Dutra o res-ponsável pela inauguração do trecho de 21 quilô-metros da Via Dutra, em Guarulhos, no dia 15 de julho de 1951, e do Loteamento Jardim Presiden-te Dutra, em 1958.

Conforme foto do catálogo de divulga-ção do empreendimento pode-se observar que

o objetivo era a implantação de um loteamento de alto padrão, evidenciado no catálogo de ven-da que trazia o seguinte slogan; “Jardim Pre-sidente Dutra: ontem loteamento, hoje bairro,amanhã cidade!”

O Jardim Presidente Dutra é uma divisão administrativa do Município de Guarulhos, reco-nhecido como Distrito pela Lei Estadual nº 3.198, de 23 de dezembro de 1981.

O Jardim Presidente Dutra, de acordo com José Rogério Correia, estudioso da história do bairro, mais recentemente foi muito infl uencia-do pelo processo de expansão urbana ocorrido no Município de Guarulhos e pela construçãodo Aeroporto.

O ritmo de crescimento urbano e a exis-tência de galpões industriais se deram no fi nal da década de 1960, época em que começou o desmembramento das chácaras em lotes de 250 quilômetros quadrados, para fi ns de moradias e de maior tamanho para atividades produtivas, co-merciais e de prestação de serviços. Na década de 1990, a Prefeitura autorizou o desmembramento dos lotes residenciais de 250 para 125 quilôme-tros quadrados.

Em 1977, com o início do processo de de-sapropriação para a construção do Aeroporto In-ternacional, parte do território habitado, como o Jardim Maringá, desapareceu, assim como alguns dos bairros vizinhos foram parcialmente suprimi-dos. Cerca de oito mil pessoas foram obrigadas a deixar as suas moradias. Mesmo diante das restri-ções impostas pelo zoneamento foram construí-dos vários equipamentos públicos, entre eles as escolas públicas, municipais e estaduais.Foto do catálogo de divulgação do

empreendimento (15/6/1958).

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ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “MARIAZINHA REZENDE FUSARI”Rua Itaparantim, no 1.321, Jardim Presidente Dutra. Fone: 2431-9158. Decreto de Funda-

ção no 23.542, de 9 de dezembro de 2005.

Maria Felisminda de Rezende e Fusari nas-ceu no dia 10 de novembro de 1940 e faleceu em 21 de abril de 1999. Mineira de Belo Horizon-te, viveu desde a infância em São Paulo. Sem-pre quis ser professora, conforme declarou no memorial que fez para efetivar-se na Faculdade de Educação da USP. Percorreu todos os níveis do Magistério, chegando à docência e orientação nos cursos de pós-graduação da FEUSP.

Mariazinha Rezende Fusari, como era mais conhecida, colocou sua sabedoria nos livros e nos artigos que escreveu, divulgando sua visão sobre educação e arte. Parte do seu trabalho também foi dedicada ao Ensino Infantil.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “PERSEU ABRAMO”Rua Bela Vista do Paraíso, s/no, Jardim Presi-

dente Dutra. Fone: 2432-2614. Decreto de Fundação no 22.449, de 9 de janeiro de 2004.

Perseu Abramo era sociólogo e jornalista. Nasceu em São Paulo (SP), em 17 de julho de 1929. Morreu em 6 de março de 1996, aos 66 anos. Em 1959, formou-se no curso de Ciências Sociais da então Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, como bacharel e licenciado em Sociologia. Em 1968, obteve o grau de mestre em Ciências Humanas, na Universidade Federal da Bahia.

No plano político-partidário, Perseu Abra-mo também teve intensa participação. Ainda como secundarista, participou das campanhas de anistia e da luta contra a Ditadura Vargas, em 1945/1946. A partir de 1981, passou a ocupar postos no Di-retório e na Executiva Nacional do PT.

Uma fundação do partido, em São Paulo, também leva seu nome.

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ESCOLA ESTADUAL “PROFª. ZILDA ROMEIRO PINTO MOREIRA DA SILVA”Rua Macarani, no 1.750, Jardim Presidente Dutra. Fone: 2431-1901. Decreto de Funda-

ção no 7.517, de 4 de fevereiro de 1976.

Zilda Romeiro Pinto Moreira da Silva (1887 – 1950) nasceu na cidade de Campos do Jordão, fundada por seu avô paterno, mas viveu em várias cidades do interior do Estado de São Paulo.

Formada pela Escola Normal de Campinas, aos 22 anos, em 1911, já era nomeada professora substituta da Escola de Jacareí. No ano seguin-te, transferiu-se para o Grupo Escolar de Mogi Mirim, onde permaneceu até 1918, quando, a seu pedido, foi exonerada.

Depois que retomou sua carreira no Ma-gistério (1925), lecionou nas cidades de Espírito Santo do Pinhal, Franca, Tabatinga, Bariri, Pe-dreira, Bragança Paulista e, por fi m, São Paulo, onde faleceu.

ESCOLA ESTADUAL “PADRE BRUNO RICCO”Avenida Rio Real no 379, Jardim Presidente

Dutra. Fone: 2431-1955. Decreto de Fundaçãono 42.703, de 29 de novembro de 1963.

A escola Bruno Ricco começou a funcionar em 1964 com quatro salas de aula. O local onde funcionava foi desapropriado para a implantação do Aeroporto, sendo transferida para o Jardim Presidente Dutra. Em 1981 foi ampliada para nove salas de aula.

O sacerdote Bruno Ricco nasceu em São Paulo, em 15 de maio de 1915. Fez seus estudos humanísticos e eclesiásticos em Lavrinhas, SP, ordenando-se sacerdote em 8 de dezembro de 1943. Em 1953, foi nomeado vigário do Santu-ário do Coração de Jesus, onde permaneceu até 1957, quando foi elevado à direção do Colégio Salesiano, em Piracicaba. Em 1960, assumiu a direção do Instituto Dom Bosco e a Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora. Faleceu em São Paulo em 23 de outubro de 1961.

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ESCOLA ESTADUAL “PROFª. CACILDA CAÇAPAVA DE OLIVEIRA”

ESCOLAS PARTICULARESE CONVENIADAS

CENTRO EDUCACIONAL UNIFICADO “JARDIM PRESIDENTE DUTRA”

CEU Jardim Presidente Dutra, em construção (2010).

Rua Amélia Rodrigues, s/no, Jardim Presiden-te Dutra. Fone: 2432-4848. Lei no 3.717, de 30

de janeiro de 1967, e Decreto de Fundaçãono 2.957, de 4 de agosto de 1985.

Cacilda Caçapava de Oliveira nasceu em Tietê, SP, em 2 de janeiro de 1889. Cursou a “Escola Modelo Complementar” de Itapetininga, formando-se em 1905. Iniciou a carreira no Ma-gistério em 1907. Lecionou em várias escolas do interior, sendo nomeada em 1912, para a 2a Es-cola Mista de Guarulhos, que funcionava na Rua Direita (atual D. Pedro II) mais ou menos no local onde hoje se localiza as Casas Pernanbucanas.

A professora Cacilda Caçapava de Olivei-ra viveu durante 69 anos na cidade de Guarulhos (1912 a 1981). Morou no casarão da Rua 7 de Setembro, esquina com a Felício Marcondes. Foi casada com José Maurício de Oliveira, cirurgião dentista, vereador, presidente da Câmara, dele-gado de polícia e prefeito municipal, durante 15 anos. O casal teve 6 fi lhos, entre eles, Dr. Heitor Maurício de Oliveira, casado com a professora Zilda Graça M. de Oliveira.

Colégio Garatuja – Jardim Presidente Dutra.

Além das escolas públicas, existem na região vários estabelecimentos particulares e conveniados.

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JARDIM FÁTIMAO loteamento da área hoje chamada de Jar-

dim Fátima, provavelmente porque era local de passagem para a Igreja de Nossa Senhora de Fáti-ma, situada no Jardim Aracília, começou por vol-ta de 1963. Na época habitavam o local cerca de seis famílias, entre elas a de Antônio Rodrigues de Ávila, antigo proprietário da área e descenden-te de Antônio Xavier D’Ávila, construtor da Igre-ja de Nossa Senhora do Bonsucesso, em 1800.

O Jardim Fátima era antes uma chácara de produção de fl ores, frutas e hortaliças, que depois foi transformada num loteamento de uso

misto destinado a moradias e indústrias. Os equi-pamentos e serviços hoje existentes no bairro, como a regularização dos terrenos, a luz elétrica nas residências (1979) e nas ruas (1992), o trans-porte coletivo e a escola municipal, inaugurada em 1994 e ampliada em 2004, quando recebeu o nome de E.P.G. Mônica Aparecida Moredo, são resultado da luta dos próprios moradores, que no entanto ainda enfrentam problemas com o forte cheiro emitido por uma fábrica de tintas presente no bairro, que causa náuseas e doresde cabeça.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “MÔNICA APARECIDA MOREDO”Rua Mônica Aparecida Moredo, no 173,

Jardim Fátima. Fone: 2438-6676. Decreto de Fundação no 18.618, de 2 de julho de 1994.

Mônica Aparecida Moredo (1964–1974) nasceu em São Paulo. Filha de Branca Moredo e Alberto do Nascimento Moredo, empresário de Guarulhos e proprietário da Bonsucesso Mármo-res e Granitos.

Mônica faleceu aos 10 anos de idade, ví-tima de uma doença na medula, causando uma séria anemia.

A Escola da Prefeitura de Guarulhos “Mô-nica Aparecida Moredo” foi inaugurada em 24 de setembro de 1995, data em que a patronesse com-pletaria 30 anos de vida.

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JARDIM MARIA DIRCE

O Jardim Maria Dirce se compõe do Jardim Maria Dirce I e Jardim Maria Dirce II. O Maria Dirce é separado pela Rodovia Presidente Dutra.

Para quem se desloca no sentido São Paulo-Rio de Janeiro, o Maria Dirce I, fi ca do lado esquerdo da Dutra, o Maria Dirce II do lado direito da Rodovia.

Na década de 1960, a Imobiliária Ingaí, com sede na Avenida São João, em São Paulo, por intermédio do corretor Nelo Morganti, come-çou a vender os primeiros lotes. Segundo relatou Dirce dos Santos: Meu marido comprou, em 1969 e em 1973. Quando cheguei do Rio de Janeiro com meus três fi lhos passamos muitas difi culda-des. Aqui só tinham algumas casas e nenhuma escola para as crianças, era quase tudo mato.

Naquela época não tinha passarela na Du-tra, era muito difícil para as crianças atravessarem a rodovia para frequentar uma salinha de aula, que

hoje é a Escola Osvaldo Sampaio Alves. Não tinha água encanada e não tinha iluminação pública.

Sobre o nome “Maria Dirce”, conta que era casada com um dos fi lhos do loteador Nelo Mor-ganti. O nome do loteamento foi dado em home-nagem à nora. Em 1975, Maria Dirce matou o esposo, fato divulgado na imprensa. (Entrevista de Dirce dos Santos, merendeira aposentada da Escola Estadual Vicente Melro).

Uma das auxiliares de limpeza da Escola da Prefeitura de Guarulhos Professor Wilson Pereira da Silva contou que Maria Dirce era dona do sí-tio que deu origem ao loteamento e que era uma mulher muito boa. Dizem que ela doou muitos terrenos para os pobres dos dois lados da Via Du-tra no Maria Dirce. Sobre a origem do nome, não encontramos nenhum documento que comprove nenhuma das duas versões.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “WILSON PEREIRA DA SILVA”Rua Itajuibe, no 531 / Rua Treze de Julho no 421, Jardim Maria Dirce. Fone: 2431-2841.

Decreto de Fundação no 12.615, de22 de janeiro de 1987.

Wilson Pereira da Silva (1921-1995) nas-ceu na Paraíba e era professor de Português e Francês. Chegou ao Jardim Presidente Dutra em 1959, fundando a Escola Particular Presidente Dutra, reconhecida como de utilidade pública.

Irmão efetivo da Fraternidade Rosa Cru-ciana São Paulo, fundou, poucos anos depois, a Escola Dominical Presidente Dutra, que durante muitos anos foi o principal fórum dos aconteci-mentos políticos, religiosos e cívicos da região.

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ESCOLA ESTADUAL “VICENTE MELRO”Rua Belmonte, no 50, Jardim Maria Dirce I.

Fone: 2431-2200. Decreto de Fundaçãono 9.491, de 11 de fevereiro de 1977.

Vicente Melro (1920–1978) nasceu em São Paulo, era presidente do Centro Espírita Nosso Lar – Casas André Luiz.

Vicente Melro, desde pequeno, ajudava a sua família, sem prejudicar os estudos que fazia no Grupo Escolar “São Vicente de Paulo”, próxi-mo de sua residência, no Bairro da Ponte Peque-na, em São Paulo.

Foi um exemplo de dedicação ao trabalho e de renúncia aos bens materiais. Viveu para au-xiliar aqueles que, mais do que ele, necessitavam de assistência, de compreensão e, acima de tudo, amor. As difi culdades fi nanceiras da família o impediram de ter um diploma, mas não de ser um cidadão que deu tudo de si para que a agrura dos menores portadores de necessidades especiais fosse menos sofrida.

ESCOLA ESTADUAL “JARDIMMARIA DIRCE II”

Rua Belmonte, no 88, Jardim Maria Dirce I. Fone: 2433-5015. Decreto de Fundação

no 46.573, de 1o de março de 2002.

ESCOLA ESTADUAL “JARDIMMARIA DIRCE III”

Rua Treze de Julho, no 421, Jardim Maria Dirce I. Fone: 2433-1438. Decreto de Funda-

ção no 46.273, de 13 de novembro de 2001.

Escolas desmembradas a partir da Escola Vicente Melro, para atender a crescente demanda de vagas nas escolas da região.

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JARDIM PONTE ALTAO Jardim Ponte Alta é composto por Ponte

Alta I, II, III e IV. Relata a população que a ori-gem do nome “ Ponte Alta” advém de uma ponte que existia sobre o Córrego Guaraçau. Em épocas de chuvas fortes se levantava a ponte, daí surgiu o nome Ponte Alta. O Ponte Alta localiza-se en-tre os bairros das Lavras e a Vila do Bonsucesso Velho. A principal via de ligação entre essas lo-calidades se dava, antigamente, pela Estrada do Itaberaba, atual Mato das Cobras.

No Período Colonial, o Ponte Alta pertencia à Fazenda Bonsucesso. No século XX, o avanço da urbanização da cidade, rumo às regiões nor-deste e leste, fez com que a fazenda fosse sendo dividida em grandes glebas. Foi nessa época que os Zannotti compraram uma chácara sufi ciente para garantir a sobrevivência da família com ativi-dades agrícolas. Segundo Geraldo Romildo Zan-notti, cujos pais eram imigrantes italianos (Luiz Zannotti, de Veneza e Maria Bertollatti, de Pá-dua), eles chegaram ao “Bairro Jardim” em 1943. A expansão urbana começou se consolidar com a

compra das terras pela família Matarazzo, que, em 1970 as vendeu para a empresa Esquadra, respon-sável pela implantação do loteamento.

No começo era tudo mais difícil, conta Ge-raldo Romildo Zannotti. Escola e armazém, por exemplo, somente em Bonsucesso, São Miguel ou Cumbica. Luz elétrica e água encanada só chega-ram por volta de 1987, antes disso era comum o uso de lampiões e beber água de poço. A história do loteamento Ponte Alta é marcada por famílias que compraram seus lotes e por trabalhadores assalaria-dos que ocuparam os terrenos. Em 2001, aconteceu a última grande ocupação no Ponte Alta, criando o acampamento Anita Garibaldi com mais de mil fa-mílias. Fonte: Documentário, Suor e Sonhos.

A conquista de equipamentos públicos com escolas, água, luz, posto de saúde e transporte só chegou após muita luta dos moradores. Além do Ponte Alta, as crianças, os jovens e os adultos do Jardim Santa Paula e Anita Garibaldi são atendi-das em um centro educacional e em sete escolas púbicas, estaduais e municipais.

Estrutura do antigo projeto do Centro Administrativo e Fórum de Guarulhos, atual Centro Municipal de Educação“Paschoal Lemme”.

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CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO “PASCHOAL LEMME”

Estrada Mato das Cobras, s/no, Jardim Ponte Alta. Fone: 2431-2200.

O prédio que abriga as atividades de edu-cação, cultura, lazer, saúde e orientações do atual Centro Paschoal Lemme era abandonado. As acomodações tinham sido construídas para abrigar o Fórum do Poder Judiciário de Guaru-lhos. A obra foi iniciada em 1988, mas parali-sada por denúncia de favorecimento ao prefeito da época, que possuía grande extensão de terras nas proximidades. Através do orçamento parti-cipativo, os moradores passaram a reivindicar a utilização do equipamento com atividades vol-tadas para suprir as necessidades dos moradores da região.

O Centro de Educação foi implantado dia 20 de março de 2005, com o nome de Centro Mu-nicipal de Educação “Educriança”. Em março de 2007, mediante o Decreto no 24.225, houve alte-ração do nome para Centro Municipal Paschoal Lemme, onde também funciona a Escola da Pre-feitura de Guarulhos “Edson Nunes Malecka”. Todas as escolas municipais, mediante o decre-

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARU-LHOS “EDSON NUNES MALECKA”

Edson Nunes Malecka (1972–2008) era professor de Língua Portuguesa e Inglês. Nos úl-timos anos de sua vida trabalhou como professor efetivo da Rede Estadual de Ensino, atuando em vários bairros da periferia da cidade de Guaru-lhos. Sempre morou no Jardim Paraventi e Santa Clara. Elegeu, como sua grande missão de vida, a evangelização de jovens. Era membro da Igreja Metodista de Guarulhos. Relato feito pela esposa Luciana Malecka.

Estrada Mato das Cobras s/ no, Jardim Ponte Alta. Fone: 2438-1404. Decreto de Fundação

no 26.323, de 23, de abril de 2009.

to municipal no 27.686, de 7 de maio de 2010, passaram a denominar-se Escola da Prefeitura de Guarulhos, seguido do nome do patrono.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (1996), os municípios ganharam autonomia para organizar suas redes de ensino e obrigatoriamente gastar 25% do or-çamento da cidade em educação. Antes de 1996 a Prefeitura tinha poucas escolas e o Estado a maior quantidade.

Paschoal Lemme nasceu no Rio de Janei-ro, em 1904, e faleceu em 1997. Engenheiro de formação e educador, atuou na rede pública de educação como professor e administrador. Ideali-zador de mudanças no sistema de ensino, no fi nal da década de 1920, participou ativamente da re-forma da instrução pública. Pioneiro na educação para adultos.

Em 1934, foi um dos autores do Manifes-to dos Inspetores de Ensino do Estado do Rio de Janeiro, clamando por mudanças estruturais e ideológicas no ensino público. Em 1936, quando dirigia a Superintendência da Educação de Adul-tos, foi preso e acusado de ministrar curso com orientação marxista aos operários. Durante o Re-gime Militar instaurado em 1964, foi perseguido por seu ideário marxista.

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ESCOLA ESTADUAL “ANTÔNIO ROSAS DA SILVA GALVÃO”Rua Zeferino Alves de Oliveira, s/no, Jardim

Ponte Alta. Fone: 2436-2046. Decreto deFundação no 33.244, de 9 de maio de 1991.

É a escola mais antiga do Jardim Ponte Alta. Construída em madeira, em 1991, era co-nhecida popularmente por “Barracão”. Das qua-tro escolas estaduais foi a última a ser construída em alvenaria.

A escola foi reinaugurada com o nome de Antônio Rosas da Silva Galvão, homenagem em vida ao ex-diretor Professor Antônio Rosas da Silva Galvão, que nasceu em Recife, PE, em 18 de junho de 1941, onde estudou até o curso uni-versitário pela Universidade Católica, formando-se em História Natural. No Estado de São Paulo concluiu Pedagogia na Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras de Guarulhos. Lecionou, coor-denou e dirigiu escolas particulares e estaduais.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “CASTRO ALVES”Rua Izabel Camarero Losano, no 141, Jardim

Ponte Alta. Fone: 2436-1667. Decreto de Fundação no 22.080, de 14 de abril de 2003.

Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na Fazenda Cabaceiras, Vila de Nossa Senhora da Conceição de Curralinho, Bahia, em 14 de março de 1847, e faleceu no dia 6 de julho de 1871, em Salvador.

Seus versos mais conhecidos são marcados pelo combate à escravidão, motivo pelo qual é conhecido como “Poeta dos Escravos”. No dia 10 de novembro de 1863, teria recitado as pri-meiras poesias em uma festa no Ginásio, em sa-rau, estilo festa de arte, música, poesia e decla-mação de versos.

Teve fase de intensa produção literária e a do seu apostolado por duas grandes causas: uma, humanitária, e outra política, respectiva-mente, a abolição da escravatura e a implanta-ção da República.

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ESCOLA ESTADUAL “PROF. MÁRIO BOMBASSEI FILHO”Rua Zeferino Alves de Oliveira, no 300. Jar-dim Ponte Alta. Fone: 2436-1614. Decreto de Fundação no 46.498, de 16 de janeiro de 2002.

Por vários anos, Mário Bombassei Filho dividiu seu tempo entre o exercício do cargo de gerente do Banco Holandês do Brasil e o ensino de artes na então Escola Estadual Parque Alvo-rada (hoje E.E. Maria Aparecida Rodrigues), em Guarulhos. Em 1984, decidiu abandonar a car-reira bancária para se dedicar exclusivamenteao Magistério.

Naquela escola a comunidade se reuniu para criar a Biblioteca Cora Coralina, entre ou-tras realizações comunitárias que revelaram o seu poder de mobilização. Ao se transferir para esta escola do Jardim Ponte Alta, a professora Agmália Lopes Ferreira (dona Lia), colaboradora de Bombassei no Jardim Alvorada, sugeriu seu nome como patrono.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “AMÉLIA DUARTE DA SILVA”Rua Maria Quitéria de Jesus Medeiros, no 585, Jardim Ponte Alta. Fone: 2436-0521. Decreto de Fundação no 4.187, de 25 de novembro de 1992.

Amélia Duarte da Silva (1916–1992) é origi-naria do Ceará. Nasceu na Fazenda Riachão, Distri-to de Buriti. No dia 4 de fevereiro de 1947, em uma viagem que durou 23 dias, chegou em Onda Verde, depois tranferiu residência para Nhandeara e Santa Fé do Sul, três localidades no interior de São Pau-lo. Mudou-se para Guarulhos em 7 de setembro de 1955, fi xando residência no Bairro de Gopouva, aos 37 anos, permanecendo até o fi m de sua vida.

Era uma mulher muito preocupada com a es-piritualidade e com a formação religiosa. Em 1948, em Nhandeara, converteu-se à Igreja Presbiteriana e, em Santa Fé do Sul, frequentava a Igreja Presbi-teriana Conservadora. Em 1955, por não existir em Guarulhos a Igreja Presbiteriana, cedeu a casa para realização dos primeiros cultos, fundando a igreja localizada na Avenida Torres Tibagi, no 34.

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ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “VINICIUS DE MORAES”Rua Edmar Bressan, no 149, Jardim Ponte

Alta. Fone: 2438-5840. Decreto de Fundação no 24.305, de 23 de março de 2007.

Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes, nascido no Rio de Janeiro, em 19 de outubro de 1913, faleceu em 9 de julho de 1980, deixando uma extensa obra na literatura, música, teatro e cinema, com parcerias na música brasileira que incluem nomes como Tom Jobim, Toquinho, João Gilberto, Chico Buarque, Carlos Lyra eBaden Powell.

No fi nal de 1968, o AI-5, imposto pelo Re-gime Militar, o destituiu do cargo de diplomata, alegando que a boemia de Vinicius atrapalhava suas funções.

Em 1970, torna-se próximo do músico Toquinho, outra parceria que rende belos frutosà MPB (Música Popular Brasileira).

ESCOLA ESTADUAL “PONTE ALTA III”

Rua Doutor Mário Romeu de Lucca, no 93, Jardim Ponte Alta. Fone: 2438-6319. Decreto

de Fundação no 46.573, de 1o de março de 2002. Alunos do antigo “Barracão”.

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BAIRRO ÁGUA AZULO nome “Bairro Água Azul” tem sua ori-

gem em 1970, ano em que a loteadora Lutfalla começou a implantação do loteamento e fez uma parede de contenção das águas dos córregos que formou o grande lago no centro do bairro. O nome “Água Azul” foi dado em função do refl exo da luz do Sol sobre a água que se mistura com o verde das plantas que envolvem o lago de aproximada-mente 52.000 metros quadrados. Contam os mo-radores que em certas épocas a água fi ca azul.

O atual Bairro Água Azul, antigamente per-tencia à fazenda do senhor Vasco. Depois, ele ven-deu para um japonês de nome Kawaka e foi que junto à Lutfalla que implantou o loteamento, ou

seja, dividiram em chácaras de tamanho mínimo de 900 metros quadrados. O Bairro Água Azul está inserido na zona de proteção e desenvolvimen-to ambiental e sustentável, protegido pela Lei no 6.253 de 2007. As chácaras no bairro eram vendi-das pelo corretor Feliciano. (Informações obtidas junto ao morador Antônio Carlos Batista Bento).

A principal via de acesso para o Bairro Água Azul ainda é pela antiga Estrada do Morro Gran-de, topônimo em alusão ao Pico do Itaberaba.

Está em andamento a implantação do Parque Aquático onde está previsto um lago natural, Centro de Educação Ambiental, playground, jatos d’água, bicicletário, pistas de caminhada e piscina infantil.

Rua Acapulco, s/no, Bairro Água Azul. Fone: 2436-2005. Decreto de Fundação no 31.184,

de 6 de fevereiro de 1990.

José Leme Lopes (1904 – 1990) era médico psiquiatra, professor e autor de diversos livros. Foi presidente da Associação Brasileira de Psi-quiatria e da Academia Nacional de Medicina.

Nasceu no Bairro de Botafogo e foi um re-nomado professor de Psiquiatria do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que obteve reconhecimento nacional e internacional. Em 1954, publicou a sua mais im-portante tese, “As dimensões do diagnóstico psi-quiátrico e contribuição para sua sistematização”. A mesma teve reconhecimento internacional ao ter sua capa original reproduzida no Compêndio de Kaplan & Sadock, o livro de referência mais importante na área da psiquiatria.

ESCOLA ESTADUAL “JOSÉ LEME LOPES”

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JARDIM TRIUNFOO loteamento do Jardim Triunfo, sinônimo

de Bonsucesso, ligado, como tudo indica, à tradi-ção simbólica do Centro Histórico da região teve início em 1975.

Os telefones mais próximos eram o da Paró-quia do Bonsucesso e o do Posto Policial da Ave-nida Armando Bei, limite entre os dois bairros. As únicas escolas da época eram a Estevam Dias Tavares, na Praça Nossa Senhora do Bonsucesso, e a Artur Marret, na Vila Carmela. Não havia es-trada ou transporte para o Centro de Guarulhos.

O acesso mais próximo a algum centro urbano era o Bairro de São Miguel Paulista, no extremo leste da cidade de São Paulo.

Os vereadores na época ainda eram muito atrelados aos poderosos. Foi então que o povo deci-diu se organizar para reivindicar transporte, água, esgoto, luz, telefone e posto de saúde, que também não existiam na região, conta o senhor Paulo Ma-galhães Sales, morador do bairro desde 1977 e pre-sidente da Sociedade Amigos do Jardim Triunfo e Bonsucesso no começo da década de 1980.

Prof. Estevam Dias Tavares (sentado, o segundo da direita para a esquerda), um dos pioneiros da educaçãoem Bonsucesso. De acordo com informações, residia no Jardim Triunfo.

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Rua Santa Cruz do Descalvado, no 346,Jardim Triunfo. Fone: 2436-4355. Decreto de

Fundação no 23.543, de 9 de dezembro de 2005.

Clementina de Jesus da Silva (1901-1987) foi uma cantora carioca de samba. Neta de escra-vos, empregada doméstica por mais de 20 anos, foi revelada para o mercado fonográfi co em 1963, quando passou a fazer sucesso. Além de samba, gravou outros gêneros ainda mais conectados com as raízes afro-brasileiras, como corimás, jongos e cantos de trabalho.

A ternura da negra velha sorridente cati-vou a todos com quem se envolveu e que tinham a compulsão de chamá-la de “Mãe”. O respeito ao peso ancestral de sua voz e a uma África que estava diluída em nossa cultura é evocado na voz e nos cânticos que aprendeu com sua mãe, fi lha de escravos. Clementina surgiu como o elo per-dido entre a moderna cultura negra brasileira e a África Mãe.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “CLEMENTINA DE JESUS”

Rua São Pedro, no 20, Jardim Triunfo.Fone: 2436-1578. Decreto de Fundaçãono 2.174, de 23 de novembro de 1979.

Ary Jorge Zeitune, libanês, nasceu em 1906, estudou no Colégio Carmelitano em Kabayat, Líba-no, onde formou-se e lecionou Francês no mesmo colégio. Chegou em Guarulhos em 1923 e fi xou-se na casa de seu tio Antônio Jorge Zeitune. Passados alguns meses, abriu, por conta própria, um arma-zém de secos e molhados, em Itaquaquecetuba. Em 1937, se estabeleceu no Bairro do Bonsucesso, abrindo outro armazém de secos e molhados.

O comércio expandiu e Ary passou a comer-cializar, também, lenha, areia, tijolos, etc, sempre em Bonsucesso. Foi nomeado por d. Paulo Rolin Loureiro, tesoureiro da Paróquia do Bonsucesso, por 4 anos. Com a renda desses anos, foi feita a Casa Paroquial, onde mora o atual padre. Em 1962, mudou-se para o centro de Guarulhos, onde abriu a Casa da Borracha.

ESCOLA ESTADUAL “PROF. ARY JORGE ZEITUNE”

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JARDIM ÁLAMOA palavra “Álamo” é empregada em duas

situações: uma, como sendo uma árvore; a outra, em uma batalha travada no México pelo controle de um Forte, em 1896. Nossa conclusão sobre a origem do nome “Jardim Álamo” vai ao encontro da primeira defi nição.

Com base na entrevista do morador Adal-to Alves de Almeida concluímos que a origem do nome “Jardim Álamo” é proveniente de um tipo de árvore de grande porte que existia lugar, antigamente. A espécie álamo-preto é defi nida como uma árvore ornamental, de grande porte, da família das salicáceas (Populus nigra), de casca lisa e acinzentada, folhas alternas, com pecíolos vermelhos e madeira útil para marcenaria. (Di-cionário Aurélio).

O Jardim Álamo teve três momentos mar-cantes em sua história. No período em que a localidade pertencia a Arujá se chamava “Bair-ro dos Fontes”. Através do Decreto Estadualno 9.775, de 30 de novembro de 1938, deixou de pertencer a Arujá e passou para Guarulhos. Em seguida, a localidade ganhou o nome de Bairro Sadokin. O loteamento Jardim Álamo começou em 1978. No início foi embargado. Já em janeiro de 1979, a Esquadra retomou a venda dos lotes que pertenciam a Luiz Bocaloto e Delfi no Fac-cini (propriedade comprada em 1952 da família Caraça Oliveira).

O morador mais antigo do Bairro dos Fon-tes, conforme entrevista, foi o senhor Emílio Ca-raça de Oliveira, pai de Benedito de Oliveira e avô paterno de Carmem e Eunice, que relataram: Meu pai [Benedito] nasceu em 1912 e meu avô provavelmente em 1882, ambos no Bairro dos

Fontes. O terreno loteado foi comprado da famí-lia dos meus pais. Eles trabalhavam produzindo farinha de mandioca.

Dona Ana Adélia Marcondes da Silva re-lata: Quando cheguei aqui, em 1973, para ir a Arujá e ao Centro de Guarulhos, o caminho era a Estrada Velha do Bonsucesso (Estrada Geral, atual João Paulo I). Aqui tinha muitas chácaras e muitos japoneses.

Jardim Álamo, década de 1970. Propriedade dafamília de Emílio Caraça.

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Rua José de Souza Abrantes, s/no, Jardim Álamo. Fone: 2436-2332. Decreto de Funda-

ção no 25.004, de 13 de dezembro de 2007.

Teresinha Mian Alves (1954-2006) era professora. Iniciou as atividades no Magistério no começo da década de 1980 na rede pública, como professora eventual.

Foram longos anos dedicados ao Magisté-rio. Sua primeira experiência foi no período de 1983 a 1985, época em que lecionou na Escola Estadual Zilda Romeiro e na Escola da Prefei-tura de Guarulhos “Machado de Assis”, no Par-que Cecap. Passou pelas escolas Cyro Barreiro, Jardim Lenise e Anna Lamberga Zeglio. Entre 2002 e 2003, assumiu, como diretora designada, a Escola Estadual Bairro dos Pimentas V e como coordenadora do Projeto Mova na Prefeitura. A professora Terezinha acreditava na participação da comunidade decidindo os destinos da escola.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “TERESINHA MIAN ALVES”

Rua São Pedro, no 20 / Avenida Yamamoto, s/no, Jardim Álamo. Fone: 2436-1578. Decreto

de Fundação no 2.174, de 23 de novembrode 1979.

A Escola Estadual Dona Chyo Yamamoto teve seu funcionamento inicial, em 1959, em uma pequena sala anexa à Fábrica de Lâmpadas Sa-dokin. A professora d. Chyo Yamamoto, esposa do dono da fábrica, o senhor Katsuto Yamamoto, lecionava gratuitamente para as crianças do bair-ro. Segue relato de Eunice: Eu estudei com dona Chyo e depois trabalhei na Sadokin.

Era uma pessoa muito preocupada com o futuro das crianças, demonstrava carinho e afe-to com todos os seus alunos. Em função do seu trabalho como uma das primeiras professoras do bairro Sadokin, foi homenageada como patro-nesse da escola estadual.

ESCOLA ESTADUAL “DONA CHYO YAMAMOTO”

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VILA CARMELAO local onde hoje se situa a Vila Carmela

era uma fazenda que, posteriormente, passou a se chamar Sítio das Rosas. Em 22 de novembro de 1970, foi comprada de Ulysses Pereira de Mello uma grande área com 391.551 metros quadrados, da gleba A; 362.652 metros quadrados da gleba I; 13.998 metros quadrados gleba II; e 15.000 metros quadrados da gleba III, pelo senhor Pas-choal Thomeu.

Os primeiros lotes começaram a ser vendi-dos em 1980. Em homenagem à genitora do então proprietário deu-se o nome de Vila Carmela. Essa

imensa área foi loteada pela Imobiliária Gabriel Gonçalves Loteamentos e Construções. Relaciona-mos aqui os nomes dos moradores pioneiros, que muito contribuíram para o desenvolvimento deste bairro: Sérgio Garrido, dr. Ademil Gois, Arnô Tes-ta, Oscar Scherer, Clara Olsfki, Severino Manuel de Freitas, Manoel Reis da Silva, José Fernandes, Isra-el, Durval, Lacerda, dentre muitos outros.

(Fonte: Atlas do Bairro. Trabalho realizado pelos alunos da EMEI Jocymara de Falchi Jor-ge, 1999 e depoimento de Antônio Marcussso, da Loja de Material de Construção Rosa e Filhos).

Praça da Amizade, na Vila Carmela. Final da década de 1980.

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Rua Flor da Serra, no 314, Vila Carmela. Fone: 2436-4362. Decreto de Fundação

no 18.981, de 4 de abril de 1995.

Nascida em 10 de maio de 1978, no Bairro da Penha, Jocymara era fi lha única de Mara de Falchi Jorge e de Antônio Jorge, neta de Maria Aparecida Falchi e Giovanni Falchi. Era uma me-nina muito alegre, estudiosa, que cativava a to-dos. Tivera uma infância sadia e muito divertida no sítio da família, no Bairro Água Azul.

Em 1994, estava frequentando o Ensino Médio na Escola Nossa Senhora de Auxiliado-ra, no Bairro do Brás, onde era muito querida pelos professores e colegas. Seu avô, senhor Giovanni Falchi, fora sócio e amigo do ex-pre-feito Paschoal Thomeu.

Jocymara faleceu no dia 31 de março de 1994, de mal súbito, e deixou a todos desconsola-dos, conforme conta a família.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “JOCYMARA DE FALCHI JORGE”

Rua Manoel Reis da Silva, no 493, Vila Car-mela. Fone: 2436-5294. Decreto de fundação

no 43.074, de 2 de janeiro de 1999.

Nasceu em São Paulo e casou-se com Hei-tor Maurício de Oliveira, advogado e professor, com quem teve dois fi lhos: Heitor Maurício de Oliveira Filho e José Arthur Maurício de Olivei-ra e, mais dois fi lhos adotivos, Maria Cristina de Freitas e Luiz Antônio de Freitas.

Formada no Magistério pela Escola Mo-delo Caetano de Campos, em São Paulo, a Profa Zilda Graça Martins de Oliveira era nora de José Maurício de Oliveira, prefeito de Guarulhos de 1919 a 1930 e de 1940 a 1945.

Lecionou nas cidades de Santa Adélia e Ta-tuí, SP, antes de ser transferida, em 1945, para a Escola Estadual Capistrano de Abreu, em Gua-rulhos, onde se aposentou em 1976. Em 2001, o Projeto de Lei no 503 instituiu seu nome como pa-tronesse da Escola Estadual Jardim Carmela II.

ESCOLA ESTADUAL “PROFa ZILDA GRAÇA MARTINS DE OLIVEIRA”

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Rua Manoel Reis da Silva, s/no, Vila Carmela.Fone: 2436-6683. Decreto de Fundação

no 21.214, de 25 de março de 2001.

Celso Monteiro Furtado (1920 – 2004) nasceu em Pombal, PB. Economista, foi um dos mais destacados intelectuais do País ao longo do século XX. Suas ideias sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento divergiram das doutrinas econômicas dominantes em sua época e estimula-ram a adoção de políticas intervencionistas sobre o funcionamento da economia.

Em 1946, ingressou no curso de doutoramen-to em Economia da Universidade de Paris-Sorbonne, concluído em 1948 com uma tese sobre a economia brasileira no Período Colonial. Retornou ao Brasil, tra-balhou no Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e na Fundação Getúlio Vargas. Foi eleito em 7 de agosto de 1997 como oitavo ocupante da cadeira 11, da Acadêmia Brasileira de Letras.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “CELSO FURTADO”

Rua Flor da Serra, s/no, Vila Carmela. Fone: 2436-2066.Decreto de Fundação no 5.888, de 29 de janeiro de 1987.

Rafael Thomeu era fi lho do ex-prefeito Paschoal Thomeu e d. Marina Thomeu. Faleceu em um trágico acidente automobilístico na Via Dutra. Em 29 de janeiro de 1987, a Escola Estadual de 1o Grau (Agrupada) da Vila Carmela passou a denominar-se Rafael Thomeu.

ESCOLA ESTADUAL “RAFAEL THOMEU”

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RESIDENCIAL PARQUE CUMBICA (INOCOOP)Diz Odete Geralda Tavares, enfermeira

aposentada da Prefeitura de São Paulo e uma das primeiras moradoras do Residencial Parque Cumbica, popularmente chamado de Inocoop: As primeiras casas entregues foram as da Rua 7, no dia 7 de março de 1982. Em 1984, com a falência da construtora, foi noticiado no Jornal Nacional que as casas estavam abandonadas e no dia seguinte, houve uma grande invasão. Uma comissão do bairro, juntamente com Carlos Der-man e Elói Pietá, abriu negociação com a Caixa Econômica Federal e nós passamos a pagar as prestações no valor de 52,00 reais, na sede da Caixa, na Praça Getúlio Vargas.

Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais (Inocoop) é uma sigla que desig-na um sistema de cooperativas, muitas vezes utilizada como denominação de bairros. Exis-tem bairros com o nome Inocoop em São Pau-lo, Vitória, Guarulhos e Vitória da Conquista, na Bahia. O Inocoop-SP, confi gurado desde sua criação como uma empresa privada prestadora de serviços, sem fi ns lucrativos, foi credenciado pelo BNH para orientar as cooperativas desde a sua constituição. Foi fundado no dia 20 de de-zembro de 1966 por um grupo de empresários ligados à Associação de Dirigentes Cristãos (ADCE-SP).

Quadra 4 – Rua Ó, no 67, Residencial Parque Cumbica. Fone: 2431-2520. Decreto de Fun-

dação no 22.083, de 15 de abril de 2003.

O local onde foi construída a escola era destinado para uma praça pública. Os moradores do bairro, através do Orçamento Participativo de 2002, conseguiram a aprovação da construção. É considerado como data de fundação o dia 28 de agosto de 2002. Em 2004, a Escola Municipal do Inocoop passou a se chamar “Bárbara Tenório de Lima.

Bárbara faleceu quando tinha cerca de 5 anos de idade, em um acidente de automóvel. Não residia no bairro, mas era conhecida do pre-feito Elói Pietá. Este, em nome dessa amizade, homenageou Waldemar Tenório, pai de Bárbara, colocando o nome de Bárbara na escola.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “BÁRBARA ANDRADE TENÓRIO DE LIMA”

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Rua Carlos Drummond de Andrade, no 350, Residencial Parque Cumbica. Fone: 2431-2244. Decreto de Fundação no 21.921, de

31 de janeiro de 1984.

Antônio Prátici foi vereador e prefeito em Guarulhos nas décadas de 1950 e 1960, prefeito na gestão 1952/1953. Prátici nasceu dia 24 de de-zembro de 1914, na cidade de São Paulo. Era fi lho de Aniello Prátici e Antonieta Gennaro, imigran-tes de origem italiana. Casou-se com d. Catharina Iervolino no dia 25 de janeiro de 1938. Do casa-mento teve um fi lho, Roberto Antônio Prátici.

Antônio Prátici faleceu dia 6 de abril de 1985. Político e admirador da arte cinematográ-fi ca, em 1948 foi suplente de vereador e logo em seguida assumiu a vereança. Após sua gestão como prefeito, foi reeleito vereador no período de 1952/55, tendo exercido a presidência da Câmara de 1956 a 1959 e 1960 a 1963. Antônio Prátici foi o último prefeito nomeado de Guarulhos.

ESCOLA ESTADUAL “PREFEITO ANTÔNIO PRÁTICI”

Rua Elias Dabarian, no 477, Residencial Parque Cumbica. Fone: 2433-3152.Decreto de Fundação no 46.273, de 13 de novembro de 2001.

ESCOLA ESTADUAL “INOCOOP II”

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JARDIM SANTA PAULANo dia 8 de dezembro de 1984, o casal Ma-

rinha de Jesus dos Santos e José Francisco dos Santos instalou-se num terreno acidentado, co-berto por densa vegetação, separado do Jardim Ponte Alta pela Avenida Mato das Cobras, lotea-do e comercializado pela Imobiliária Continental. Iniciava-se, assim, o Jardim Santa Paula.

Ficamos um ano e oito meses sem energia elétrica, lembra José Francisco, o popular Baixi-nho do Bar, dono do estabelecimento que lhe va-leu o apelido. Naquela época, afi rma d. Marinha, eu levava a minha fi lha Viviane, de quatro anos de idade, a pé, todos os dias, até o Estevam Dias Tavares, em Bonsucesso.

O número de salas da antiga Escola Esta-dual Ponte Alta I, conhecida como “Barracão” e

mais tarde reestruturada como Escola Estadual Antônio Rosas da Silva Galvão, foi ampliado.Atualmente, as crianças do Jardim Santa Paula são atendidas pela Escola Estadual Ponte Alta V, bem mais próxima, situada do outro lado da Ave-nida Mato das Cobras.

Santa Paula (347 – 404) nasceu na Itália e é uma santa cristã homenageada pela Igreja Católica no dia 26 de janeiro. É a padroeira das viúvas. Pertencia à nobreza italiana, tendo sido casada com o senador Toxócio, teve cinco fi -lhos, entre eles Santa Eustóquia e Santa Blesila. No ano de 379 d.C., aos 32 anos, fi cou viúva, dedicando sua fortuna e o resto de sua vida ao desenvolvimento espiritual e ao cuidado comos pobres.

ESCOLA ESTADUAL “PONTE ALTA V”Estrada Mato das Cobras, no 1.346, Jardim Ponte Alta. Fone: 2438-7557.

Decreto de Fundação no 46.498, de 16 de janeiro de 2002.

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PARQUE RESIDENCIAL BAMBIO Parque Residencial Bambi, antes de

ser um local de moradia popular, era chamado de Sítio Bambi e pertencia ao senhor Tuji. Pen-sando em lotear o sítio, criou uma imobiliária, mas o negócio não prosperou. Em 1995, após falecimento do senhor Tuji, sua fi lha Masi Tuji, associou-se à Imobiliária Continental e, fi nal-mente conseguiu implantar o loteamento Parque Residencial Bambi.

Contam os moradores que o nome “Bam-bi” tem sua origem no fato de que na região exis-tiam muitos animais dessa espécie, atualmente em menor quantidade, em função da caça. Bam-bi é um animal mamífero, da ordem dos artio-

dáctilos, da família dos cervídeos, desprovidos de chifres e em geral muito tímidos e velozes. (Dicionário Aurélio).

Bambi também é título de uma animação infantil, de 1942. A história acontece numa fl o-resta onde os animais fi cam agitados com a notí-cia do nascimento de um fi lhote de cervo, Bambi, que foi chamado de “Príncipe da Floresta”. Este cresce e descobre o amor, Falina. Após sua mãe ser morta por caçadores, Bambi aprende a viver sozinho com a ajuda de seu pai.

A principal via de acesso ao Sítio Bambi ainda se dá pela antiga Estrada do Morro Grande, topônimo em alusão ao Pico do Itaberaba.

Casarão do Sítio Bambi.

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Rua Benedito Thieso, s/no, Parque Residen-cial Bambi. Fone: 2436-2298. Decreto de

Fundação no 20.238, de 29 de abril de 1998.

Manoel Rezende da Silva (1934-1997) era economista. Na Prefeitura de Guarulhos foi fun-cionário concursado e Secretário de Finanças. Nasceu no município de Avencas, no interior de São Paulo. Aos 18 anos era lavrador e semianal-fabeto. Mudou-se para Campinas, onde trabalha-va e custeava seus estudos. Passou como primei-ro colocado no vestibular da PUC de Campinas, no curso de Economia, em 1936.

Em 1997, após coordenar a campanha vi-toriosa do então candidato a prefeito Néfi Tales, foi convidado a assumir o cargo de Secretário de Serviços Públicos e, em março do mesmo ano, Secretário de Finanças. Em 13 de junho de 1997, foi morto na porta de sua residência, em circuns-tâncias até hoje não esclarecidas.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS “MANOEL REZENDE DA SILVA”

Rua Gabriela Gurgel de Freitas, s/no, Parque Residencial Bambi. Fone: 2438-7639.Decreto de Fundação no 46.573, de 1o de março de 2001.

ESCOLA ESTADUAL “RESIDENCIAL BAMBI”

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Escolas Reunidas Allan Kardec – Alice Pereira, no Jardim Presidente Dutra. O termo “escolas reunidas” tem sua origem na junção dos estabelecimentos de ensino que eram separados por sexo masculino e feminino. Entre os patronos das escolas da região, por exemplo, o Prof. Hélio Polesel, nomeado para lecionar em uma escola masculina, no Bairro Ca-

pelinha, em Guarulhos. Atualmente, a Escola Allan Kardec – Alice Pereira é conveniada à Secretaria Municipalde Educação e, em 2010, completará 52 anos de atividade.

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASILEm relação à história da educação no Brasil,

é importante observar que a primeira grande alte-ração travou-se com a chegada dos portugueses. Cabe ressaltar que a educação que se praticava entre as populações indígenas não tinha as mar-cas repressivas do modelo educacional europeu.

No Período Colonial, a educação no País inicia-se quando começam as primeiras relações entre Estado e educação, por meio dos jesuítas que aqui chegaram em 1549. Em 1640, houve a expulsão dos jesuítas (reformas pombalinas), passando a ser instituído o ensino laico e públi-co, com conteúdos baseados nas Cartas Régias.

Muitas mudanças ocorreram até que se chegasse à Pedagogia dos dias de hoje. É a partir de 1930, início da Era Vargas, que surgem as reformas educacionais mais modernas. A primeira Lei de Diretrizes e Bases é promulgada em 1946 (Lei nº 4.024/61), que instiga o desencadeamento de vá-rios debates acerca do tema. A história da educa-ção no Brasil, como um processo sistematizado de transmissão de conhecimentos, é indissociá-vel da história da Companhia de Jesus. As nego-ciações de d. João III, “o piedoso”, junto a esta ordem missionária católica pode ser considerado um marco.

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8DIVERSIDADE ÉTNICA, CULTURAL E RELIGIOSA

A diversidade étnica, cultural e religiosa que enreda o tecido social da região do Bonsuces-so, urdido com fi os de diferentes cores e textu-ras, revestem o conjunto de textos e imagens que constituem este livro, revelando as contribuições fundamentais para a compreensão do processo de ocupação humana do território guarulhense. A multiplicidade étnica, cultural e religiosa da região do Bonsucesso é um microuniverso do que ocorre não só em Guarulhos, mas também no Estado de São Paulo e em todo o Brasil. Aqui, as três formas iniciais de organizar a vida social e de conceber e expressar a realidade entraram em contato: a dos indígenas, primeiros habitantes do território; a dos portugueses colonizadores; e a dos africanos escra-vizados. Se for verdade que herdamos de nossos ancestrais indígenas e africanos a necessidade de se ter símbolos materiais eloquentes e efi cazes para acompanhar nossa vida, que é o papel da terra na tradicional Festa de Nossa Senhora do Bonsuces-so, também é verdade que os portugueses fi xaram entre nós o “hábito” da organização social em tor-no de uma igreja – lembremos que desde o início do Período Colonial (1532), até a promulgação da primeira Constituição Republicana (1891), a Igreja Católica fazia parte do Poder Público, não havendo separação entre as estruturas civil e eclesiástica.Fe

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Modernamente, o Cristianismo passou a se expressar também por meio das igrejas oriundas do Protestantismo, como a Presbiteriana, a Ba-tista, a Metodista, a Luterana, a Pentecostal, a Messiânica, as igrejas Brasil para Cristo, Congre-gação Cristã no Brasil e Perfecty Liberty, além de segmentos religiosos orientais como o Budis-mo e Seicho-No-Ie. O universo religioso de ma-triz africana, do qual fazem parte a Umbanda e o Candomblé, também permanece. Doutrinas como o Espiritismo ganharam espaço, transformando o Brasil no país com o maior número de espíritas do mundo.

Evento realizado no C.M.E. Paschoal Lemme, julho de 2010.

A partir do século XX, os imigrantes eu-ropeus e asiáticos, os árabes e os libaneses, os paulistas do interior, os mineiros, os cariocas e os nordestinos, entre outros grupos populacionais, acrescentaram com a sua presença novos elemen-tos à já variada gama de ritmos, cheiros, cores e sabores da cultura nacional.

Capela de São Benedito dos Homens Pretos – Bonsucesso.

Congregação Cristã no Brasil – Jardim Fátima.

Instituto Allan Kardec “Alice Pereira” – JardimPresidente Dutra.

As marcas da diversidade, presentes na construção de Guarulhos, podem ser notadas em cada detalhe da cidade, conforme a aborda-gem sobre as olarias de Felipe Romano ou do Zé Italiano, o predomínio de nomes japoneses nas lápides do Cemitério do Bonsucesso, o pionei-rismo de outros povos imigrantes no processo de urbanização de certos bairros e a lembrança de remotas localidades nordestinas nomeandoas ruas.

MARCAS DA IMIGRAÇÃO

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No centro geográfi co do Jardim Presidente Du-tra fi ca a Praça Orobó, palavra indígena que nomeia uma fruta muito utilizada em certos rituais do Can-domblé, mas que também é o nome de um município pernambucano localizado a 112 quilômetros da Ca-pital, Recife. Há também a Serra Orobó, no interior do Estado da Bahia, palco de lutas entre indígenas e bandeirantes à procura de ouro no século XVIII.

Enriquecido por essa carga simbólica, o cen-tro comunitário da Praça Orobó foi transformado, em 2002, num complexo de cultura e lazer com campo de futebol, quadra poliesportiva, pista para caminhada e uma biblioteca para uso da comuni-dade, tornando-se referência para a implantação de outros espaços do gênero na cidade de Guarulhos.

PRAÇA OROBÓ

Em 1987, as reuniões semanais de um time de futebol society, acompanhadas por instrumen-tos de percussão, cuja saudação era O treme-tre-me é raça / O treme-treme é fogo / Se vacilar é treme-treme de novo, deram origem ao Bloco de Carnaval Treme-treme, fundado por Alfrânio Moura, Valmir e Celso Vermelhinho, todos mo-radores de Vila Carmela.

Em 1992, o Treme-treme realizou o seu primeiro desfi le, com cerca de 30 componentes, pelas ruas do bairro. No carnaval de 2010 apre-sentou o samba-enredo 450 anos de Guarulhos, composição de Jaú, Jajá e Celso Vermelhinho.

BLOCO CARNAVALESCO DAVILA CARMELA

Igreja Japonesa Tenrikyo – Vila Carmela.

Casa das Irmãs Franciscanas – Bonsucesso.

Paróquia Santa Cruz e Nossa Senhora Aparecida –Jardim Presidente Dutra.

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Praça Orobó – Jardim Presidente Dutra.

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9CIRCUITOS TURÍSTICOS

PATRIMÔNIOS HISTÓRICOSE AMBIENTAIS

Apresentar um circuito turístico não é a mesma coisa que falar de roteiro turístico. É mais que isso. É algo referenciado na história, na cultu-ra e na história natural.

Jamais poderíamos contar a história da mine-ração em Bonsucesso se em sua formação geoló-gica não houvesse ouro. A história do Bonsucesso poderia ser muito diferente se em seu território não existisse o Rio Baquirivu Guaçu, por exemplo.

A construção de circuitos turísticos exige o diálogo entre diferentes áreas do conhecimento para explicar os tipos de patrimônios materiais e imateriais existentes na região. A realidade é mui-to mais complexa para ser compreendida, apenas, a partir da história social.

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A Sala dos Milagres, localizada nas depen-dências da Paróquia do Bonsucesso, pode ser vis-ta como um dos principais símbolos da diversida-de cultural e religiosa que a região abriga. Nela encontram-se objetos de todo tipo: fotografi as, quadros, cartas de agradecimento, saquinhos com terra da ‘carpição’ e objetos ligados às graças alcançadas (como peças de cera no formato do órgão ou membro do corpo curado), lá deixados como pagamento de ‘promessas’ feitas à Santa em troca do atendimento aos pedidos diversos, incluindo a cura de enfermidades de animais.

A presença de tais objetos, entre eles uma imagem de Iemanjá (própria das religiões de ma-triz africana) e outra do padre Cícero (originária da realidade popular nordestina), mostra que as crenças locais não são apenas aquelas que se en-quadram propriamente na tradição católica, fun-dada pelos portugueses no Brasil.

SALA DOS MILAGRES

CIRCUITO 1 – SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DO BONSUCESSOQuando chegamos à Praça de Nossa Senho-

ra do Bonsucesso, temos a sensação de estarmos em um lugarejo, numa pequena cidade do interior do Brasil. Nas partes mais altas da praça estão localizadas duas igrejas, muito próximas. A dos brancos foi chamada de Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso. A dos negros recebeu o nome de São Benedito. Entre os dois templos religiosos fi ca a Sala dos Milagres.

A pequena praça é cortada por um ramal da antiga Estrada Geral, aberta em 1600 para ligar as lavras de ouro do Bonsucesso às da Capitania de São Vicente. A poucos metros da Praça do Bonsu-cesso Velho fi ca o Cemitério, um dos mais antigos de Guarulhos. A praça é cercada por um casario que, apesar de muito modifi cado, guarda traços da época da vila rural da antiga Fazenda do Bonsucesso. Na praça chegou a existir uma Subdelegacia de Polícia. A Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso e a de São Benedito são tombadas como patrimônios históricos da cidade pelo Decreto no 21.143, de 2000.

Celebração do Dia da Carpição (2/7/2010).

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CIRCUITO 2 – PAISAGENS NATURAISPartindo da Vila do Bonsucesso Velho pela

Estrada do Morro Grande, chega-se a uma porção da maior área verde em meio urbano do mundo. Trata-se da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo (RBCV), tombada como patrimônio da humanidade pela Unesco, em 1993, e pela Pre-feitura, mediante o Decreto no 21.143, de 2000.

Localizada nas porções norte, nordeste e leste da região do Bonsucesso, a biodiversidade encanta pela quantidade de nascentes de água, pela variedade de vegetação da Mata Atlântica, pela grande quanti-dade de espécies animais e por suas montanhas. Tra-ta-se de uma região intermediária, onde localizam-se os pontos de maior e menor altitude de Guarulhos. No circuito, pode ser observado o Horto Florestal Municipal Burle Marx, o Lago do Bairro Azul, a Ca-choeira do Parque Orquidiama, o Pesqueiro Ponte Preta e o Mirante do Bairro Água Azul.

Morro Nhanguaçu. Ao fundo, a Serra do Itaberaba, com 1.438 metros de altitude.

Bairro Água Azul. Futuras instalações do Parque Aquático.

Centro de Educação Ambiental – Parque Burle Marx.

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Morro Nhanguaçu, popularmente conhecido como Mirante do Água Azul ou “Morrão”.

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CIRCUITO 3 – VÁRZEA DO RIO BAQUIRIVU GUAÇUDo processo de colonização portuguesa,

ocorrida em Bonsucesso, à industrialização, é possível observar em diversas partes do território as marcas dos distintos períodos de exploração dos recursos naturais da região.

Da exploração do ouro, passando pela pro-dução dos engenhos, chácaras, olarias, portos de areia, aos modernos galpões industriais, a memó-ria econômica pode ser observada, principalmen-te, na várzea do Rio Baquirivu Guaçu.

Modernas instalações industriais do Jardim Fátima.Famílias agricultoras às margens do Baquirivu.

Forno de olaria de “queima” de tijolos.

Aglomerado de cascalho – Antigo garimpo de ouro do Bairro Jardim Hanna.

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10DESAFIOS

As experiências narradas nas páginas deste livro ensinam que o lugar em que hoje vive-mos é apenas um instante da imensa e incessante transformação geológica do planeta. Ensinam tam-bém que o homem, como parte desse movimento, interfere no mundo natural, sendo ao mesmo tempo transformado a cada ação. Trata-se, além disso, de uma ação coletiva, que ganha dimensões épicas no jogo de luz e sombras da história.

Indígenas, portugueses, africanos, imigrantes estrangeiros e brasileiros, todos construíram o Bra-sil, o Estado de São Paulo, a cidade de Guarulhos e a região do Bonsucesso. E, ao longo do tempo, no constante embate entre as forças sociais, alguns de-safi os foram transformados em conquistas, veremos a seguir.

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Saneamento ambiental engloba o esgotamen-to sanitário, resíduos sólidos (coleta, reciclagem e destinação fi nal do lixo), drenagem das águas de chuva e abastecimento de água (este item não será abordado pois o sistema já está universalizado).

Esgotamento Sanitário: O Plano Diretor do Sistema de Esgotamento Sanitário (PDSE), elaborado entre 2003 e 2004, prevê a constru-ção de cinco Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) no Município, a saber: São João, Várzea do Palácio, Cabuçu, Fortaleza e Bonsucesso. Está prevista também a implantação de coletores-tron-co para a condução do esgoto até as ETEs.

Resíduos sólidos: São varridos e coletados perto de 100% do lixo em Guarulhos e encami-nhado ao Aterro Sanitário Quitaúna, no Cabuçu. O desafi o para a região do Bonsucesso e toda Guarulhos é a reciclagem deste lixo.

Enchentes: Quando chove intensamente, as águas nos rios e córregos extravasam para as áreas marginais ou várzeas, num fenômeno natural co-nhecido como enchente ou inundação. As enchentes são agravadas pela ocupação urbana, principalmen-te com a consequente impermeabilização excessiva do solo, por meio de superfícies cimentadas, ruas asfaltadas e telhados das edifi cações, fazendo com que as águas de chuva escoem mais rapidamente para as chamadas várzeas, terrenos baixos e planos. Estes são os espaços que a natureza reservou para as águas, os pontos baixos, aumentando o volume de água acima da capacidade natural dos rios e cór-

SANEAMENTO AMBIENTAL

Durante as nossas pesquisas junto aos mo-radores dos diversos bairros da região do Bon-sucesso, observamos uma constante preocupação com a regularização dos terrenos e com a neces-sidade de obras de melhoria. Centenas de famí-lias que compraram ou ocuparam lotes não con-seguem obter as escrituras ou os títulos de posse das casas. Onde estão as raízes desse problema? Na má fé do loteador que, conhecedor do que o obriga a Lei no 6.766/79 (parcelamento e uso do solo), não cumpre com as suas obrigações legais? Na omissão dos órgãos ofi ciais no processo de fi scalização? Na falta de organização efi ciente da população para exigir os seus direitos?

Todas as alternativas estão corretas. Sem a vigilância das autoridades e sem a pressão orga-nizada dos principais interessados, os responsá-

REGULARIZAÇÃO DE LOTEAMENTOS

Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Bonsucesso.

regos. Para alcançar o desafi o da convivência das águas entre as pessoas, a Prefeitura de Guarulhos elaborou seu Plano Diretor de Drenagem, disponí-vel em www.guarulhos.sp.gov.br

Enchente no Rio Baquirivu Guaçu. Acervo PMG.

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Os bairros mais impactados pela presença do Aeroporto Internacional são o Jardim Presi-dente Dutra, Inocoop, Jardim Triunfo e Jardim Fátima, principalmente. São aproximadamente 250 pousos ou decolagens que diariamente in-comodam os moradores com a poluição sonora provocada pelo tráfego de aeronaves.

De modo geral, os efeitos do ruído aero-náutico são manifestados de forma direta na co-munidade, como os desconfortos e modifi cações no comportamento das pessoas, tais como difi -culdade para dormir, irritação, falta de capacida-de de concentração, além de interferências nos aparelhos eletrônicos e rachaduras nos imóveis, nos casos mais graves. Há consenso sobre os da-nos na capacidade auditiva das pessoas, uma vez que tal impacto é provocado pela incidência de ondas sonoras no aparelho auditivo e, por esta ra-zão, não está relacionado a percepções subjetivas e sim a danos físicos diretos.

A INCÔMODA PRESENÇADO AEROPORTO

Em relação a esse tema, o grande desafi o do município é assumir uma identidade própria, já que o conjunto de seus moradores acostumou-se à ideia de que Guarulhos não passa de um mi-crouniverso de São Paulo.

Entretanto, o reconhecimento do pioneiris-mo da extração de ouro no território e da Serra da Cantareira como um patrimônio ambiental da cidade, a valorização da tradição histórica da Fes-ta do Bonsucesso e o reaproveitamento do espa-ço da antiga Fábrica Adamastor, a construção do Viaduto Cidade de Guarulhos e os esforços de re-paração pela demolição da Igreja do Rosário dos Homens Pretos, são iniciativas de recuperação da diversidade identitária guarulhense.

IDENTIDADEveis por tais loteamentos fi cam mais à vontade para ludibriar a população. Além disso, o poder público fi ca impedido legalmente de implantar infraestrutura em áreas particulares não regulari-zadas perante a justiça.

Ainda existe a problemática de grandes ter-renos desocupados, especulando e não cumprindo o que a Constituição brasileira prevê: o uso social da propriedade, enquando milhares carecem de terrenos para construir suas casas.

Há um consenso na sociedade brasileira de que o Sistema Brasileiro de Ensino está universa-lizado. O grande desafi o é a elevação do aprovei-tamento escolar.

Para tanto, foi criado pelo Governo Federal, o Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb), destinado a subsidiar o aperfeiçoamento das políticas educacionais. Por meio de avalia-ções dos alunos e com escala de 0 a 10, é possível se ter uma ideia da qualidade do ensino.

Na região do Bonsucesso, de modo geral, a média do índice elevou-se nas redes municipale estadual.

ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO BÁSICO (IDEB)

Avião decolando no Jardim Presidente Dutra. Acervo PMG.

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11SÍMBOLOS OFICIAIS

Todos os entes da República Federativa do Brasil têm os seus respectivos símbolos ofi ciais: a Bandeira, o Brasão de Armas e o Hino, no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e também o Selo Nacional, no caso da União. O Selo Nacional reproduz a esfera existente no cen-tro da Bandeira do Brasil e é de uso obrigatório em qualquer ato do Governo e em diplomas e certifi -cados escolares.

Já o Brasão de Armas da União deve estar presente em todos os edifícios-sede dos Três Po-deres (Executivo, Legislativo e Judiciário), bem como nos quartéis militares e policiais de todo o País. Os papéis ofi ciais federais também devem ser timbrados com o Brasão de Armas Nacional.

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OS SÍMBOLOS DE GUARULHOSO Brasão de Armas foi o primeiro símbolo

ofi cial instituído no município, em 1932. A Ban-deira e o Hino vieram 39 anos depois (1971), em-bora o Hino a Guarulhos tenha surgido em 1960, por meio de um concurso realizado como parte das comemorações do IV Centenário de fundação da cidade.

BANDEIRA

Instituída pela Lei no 1.679, de 7 de dezem-bro de 1971, e calcada no trabalho do heraldista Arcinoé Antônio Peixoto Faria, a Bandeira Mu-nicipal simboliza o espírito cristão de Guarulhos (esquartejamento em cruz), a administração mu-nicipal (Brasão) e a sede do governo (losango). As faixas determinam o Poder Municipal a expan-dir-se por todos os quadrantes do território e os quartéis representam as suas propriedades rurais.

O azul simboliza a justiça, a nobreza e a perseverança. O selo, a lealdade, a recreação e a formosura. O branco representa paz, trabalho, amizade, prosperidade e pureza. O amor, a dedi-cação, a audácia, o desprendimento, o valor, a in-trepidez, a coragem e a valentia são simbolizados pelo vermelho.

BRASÃO DE ARMASFoi instituído no dia 1o de fevereiro de 1932,

em ato do major reformado da Polícia Militar Ariovaldo Panadés, prefeito (abril de 1931/agosto de 1932) nomeado pela Ditadura Vargas. Elabo-rado pelo engenheiro Affonso Taunay, o Brasão passou a ser obrigatório em todas as repartições e impressos da municipalidade a partir de setembro daquele ano. Esse símbolo municipal já sofreu três

modifi cações, fato que revela as transformações históricas pelas quais vem passando a cidade.

BRASÃO ORIGINALAcima do escudo por-

tuguês está a coroa privativa das municipalidades. A lua crescente simboliza Nossa

Senhora da Conceição e a cruz representa a pre-sença da instituição católica no município. As três cabeças homenageiam os indígenas, os bandei-rantes e os colonizadores portugueses. As aves ao lado do escudo são anhumas, que outrora empres-taram seu nome ao Rio Tietê (Rio das Anhumas). Abaixo do escudo, há ramos de cana-de-açúcar e de trigo, que Taunay considerou serem as duas mais antigas culturas do município. Na fi ta, a fra-se latina “vere pavlislarvm sangvis mevs” – meu sangue é verdadeiramente paulistano.

Em 1971, Jean Pierre Herman de Morais Barros, nomeado interventor (junho de 1970/ja-neiro de 1973) para substituir o então prefeito Alfredo Antônio Nader (janeiro/junho de 1970), cassado pelo Regime Militar, mandou modifi car, de maneira equivocada, o Brasão.

SEGUNDO BRASÃO

A representação bandeirante foi suprimida e as fi guras indígenas fi caram mais parecidas com os astecas do que com os povos indígenas brasileiros.

No início dos anos 1990, o prefeito Paschoal Thomeu (1989/1992) nomeou uma comissão que, após cuidadoso e exaustivo trabalho, restaurou e melhorou os valores simbólicos do brasão original,

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BRASÃO RESTAURADOValorizou a simbologia original.

BRASÃO ATUAL

Instituído pela Lei no 6.357, de 25 de março de 2008, sintoniza-se com as conquistas demo-cráticas dos últimos anos. Nele foram introduzi-das as fi guras de uma mulher e de um negro.

HINOA letra do Hino a Guarulhos foi escrita

pela professora Nicolina Bispo, com música de Vicente Aricó Júnior e orquestração de Wences-lau Nasari Campos.

HINO A GUARULHOSSob o céu desta Pátria queridamais cem anos de luta e labor

cingem hoje o teu nome Guarulhos,que se ergueu por seu próprio valor.

Chaminés, como lanças erguidas,nos apontam o caminho a seguir

trabalhando, vencendo empecilhos,desfraldando o pendão do porvir.Tuas praças são livros abertos,

onde lemos futuro e glória.Crispiniano e Bueno fulguram

como vultos eternos na História.Que teu nome em mais um centenário

e na língua Tupi proclamado,seja um hino de paz, de esperança,

por teu povo feliz entoado.Pequenina nasceste, João Álvares,

jesuíta, benzeu-te com fé.Tu és hoje cidade progresso,uma terra que vence de pé.

Eia, pois, guarulhenses, avante,com bravura na luta febril,

Por São Paulo e por tudo o que é nosso,e, acima de tudo o Brasil!

trabalho este aprovado pela Câmara Municipal por meio da Lei no 3.761, de 24 de abril de 1991.

Paço Municipal, em 1976 – Antiga Sede da Fazenda Bom Clima.

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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!GALERIA DE PREFEITOS INDICADOS E ELEITOS POR VOTO DIRETO

Capitão GabrielJosé Antônio1908 a 1915

Felício Antônio Alves1915 a 1916

Zeferino Piresde Freitas

1917 a 1919

José Maurício de Oliveira Sobrinho

1919 a 19301940 a 1945

João Eduardoda Silva

1930

Delezino de Almeida Franco

1930 a 1931

Dr. Alberto Cardoso de Melo

1931

Major AriovaldoPanadés

1931 a 1933

Dr. Alfredo Ferreira Paulino Filho

1932

Carlos Panadés1933

Guilhermino Rodrigues de Lima

1933 a 1938

Gentil Bicudo1936, 1938 e 1945

José Saraceni1936

Major José Moreira Matos

1938 a 1940

Dr. Heitor Mauríciode Oliveira1945 a 1947

Vasco Elídio Egidio Brancaleoni

1945

Dulce InsueloMacedo

1947

João MendonçaFalcão1947

Dr. Olivier Ramos Nogueira

1947 a 1948

Fioravante Iervolino1948 a 19521957 a 1961

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Antônio Prátici1952 a 1953

Rinaldo Poli1953 a 1957

Dr. Mário Antonelli1961 a 1966

Francisco Antunes Filho1962

Waldomiro Pompêo1966 a 19701973 a 1977

Alfredo Antônio Nader1970

Jean Pierre Hermann de Morais Barros

1970 a 1973

Prof. Néfi Tales1977 a 19821997 a 1998

Dr. Rafael Rodrigues Filho

1982 a 1983

Dr. Oswaldode Carlos

1983 a 1988

Paschoal Thomeu1988 a 1992

Vicentino Papotto1993 a 1996

Jovino Cândidoda Silva

1998 a 2000

Elói Pietá2001 a 20042005 a 2008

Sebastião Almeida2009 a 2012

Obs.: Não constam nesta galeria as fotos do intendentes (cargo correspondente ao de prefeito) – Capitão Joaquim Francisco de Paula Rebello; Antônio José Siqueira Bueno; Junta de Intendentes (Vicente Ferreira de Siqueira Bueno, Felício Marcondes Munhoz, Antônio Dias Tavares e Luiz Dini); Jesuíno José de Souza; Lúcio Francisco Pereira Paiva; Lúcio Francis-co Pereira; João Francisco da Silva Portilho; Dr. Leonardo Valardi; Capitão João Teófi lo de Assis Ferreira.

Ata de instalação da Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos (Município):

“Aos vinte e quatro dias do mês de janeiro de 1881, nesta Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, comarca da imperial cidade de São Paulo, na casa destinada para sessões da Câmara Municipal da mesma, ao meio-dia, comparecerão os Srs. Presidente e Vereadores da Câmara Municipal da Capital, D. João Mendes de Almeida Junior, Américo Brasiliense, Almada Melho, Antônio Francisco Aguiar Castro, Augusto de Souza Queiróz, TTE Cel. Antônio José Fernandes Braga, para a instalação da Câmara Municipal da Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, e dar juramento e posse aos vereadores eleitos (...)”

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1,5 Bilhões de Anos – Geologia em Guarulhos: A Terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos. Os eventos geológicos mais antigos em Guarulhos retrocedem há um bilhão e quinhentos milhões de anos, época em que o território era coberto por um oceano. Existia vul-cões e terremotos.

65 milhões de Anos – Formação do Relevo: Por ocasião da separação dos conti-nentes, Guarulhos adquiriu as principais carac-terísticas do seu relevo atual.

12 mil anos – Primeiros Brasileiros: Che-gam à “América”, por meio do Estreito de Bering, os primeiros habitantes do território brasileiro.

1400 – Primeiros Habitantes de Guaru-lhos: Expulsos do litoral norte paulista, os indíge-nas Maromomi passam a frequentar mais intensa-mente a região em busca de alimentos.

1444 – Ouro como Moeda: Em Gênova, na Itália, decide-se que todos os pagamentos seriam efetuados em ouro.

1500 – Essa Terra Tinha Dono: Chega-da de Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro, fato que levará à colonização portuguesa e expro-priação das terras indígenas.

1532 – Primeira Vila do Brasil: Fundação das Capitanias e criação da Vila de São Vicente.

1553 – Primeira Vila fora do litoral: Implantação da Vila de Santo André da Bordado Campo.

1554 – Fundação do Colégio São Pau-lo: Com a transferência da Vila de Santo André da Borda do Campo para o povoado de São Paulo dos Campos de Piratininga. Já, em 1560, é criada a Vila de São Paulo.

1560 – Guarulhos Aldeia: Data ofi cial da fundação de uma aldeia indígena em Guarulhos.

1580 – Aldeia de Ururaí: Carta de ses-maria criando a aldeia real de São Miguel Paulis-ta, pelas dimensões, o atual Bairro dos Pimentas estava incluso.

1597 – Ouro em Guarulhos: O bandei-rante paulista Afonso Sardinha e seu fi lho homô-nimo descobrem ouro em Guarulhos (Serra do Jaguamimbaba, atual Itaberaba).

1600 – Estrada Ligando as Lavras de Ouro: Abertura da Estrada Geral, também co-nhecida como Estrada Velha de Bonsucesso.

1612 – Carta de Sesmaria no Baqui-rivu Guaçu: Geraldo Correia Sardinha ganha carta para explorar ouro no Maquirobu (Rio Ba-quirivu Guaçu).

1640 – Nossa Senhora da Conceição: Guarulhos deixa de se chamar “Nossa Senho-

RETROSPECTIVA HISTÓRICA...Memórias nos ajudam a fazer sentido no mundo em que vivemos... embutido em relações com-plexas de classe, gênero e poder, que determinam o que pode ser relembrado (ou esquecido), por quem e para que fi m.

Marilena Chauí

Tropeiro na Vilinha do Bonsucesso Velha. Autoria e data desconhecidas.

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ra da Conceição dos Maromomi” e passa a ser denominada “Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos ou dos Goarulho”. Expulsão dos pa-dres Jesuítas do Brasil.

1660 – Invasão das Aldeias Reais: A partir dessa data, bandeirantes passam a ocu-par as terras das aldeias reais.

1666 – Escravidão Indígena: O bandei-rante Francisco Cubas Preto (um dos primeiros proprietários de terras em Bonsucesso) participa de expedição à Serra da Mantiqueira em busca de força de trabalho indígena.

1670 – Capela de Fazenda: Francisco Cubas Preto manda erguer na fazenda uma cape-la, que até hoje conserva o nome de Bonsucesso.

1675 – Distrito: Guarulhos foi decretado como uma divisão territorial e administrativa li-gada a São Paulo.

1685 – Guarulhos Freguesia e Paró-quia: Guarulhos é elevada à condição de Fre-guesia. Concomitante, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, atual Igreja Matriz, na Praça Tereza Cristina.

1741 – Dia da Carpição: De acordo com a documentação da Igreja Católica, ocorreu pela primeira vez o Dia da Carpição, bem como a fes-ta de Nossa Senhora do Bonsucesso.

1750 – Igreja dos Homens Pretos: De acordo com certidão da Diocese de Guarulhos, a Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Ro-sário dos Homens Pretos foi benta na segunda metade do século XVIII.

1800 – Igreja do Bonsucesso e Capela de São Benedito: São edifi cadas a atual Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso e a Capela de São Benedito, a mando de Antônio Xavier D’Ávila.

1870 – Imigração Estrangeira: O Esta-do de São Paulo passa a receber grande fl uxo de imigrantes europeus. Em 1883, há registro da presença de imigrantes italianos em Guarulhos.

1880 – Guarulhos Município: Median-te a Lei n.º 34 Guarulhos é elevado à condição de Vila (município), desmembrando-se de São Paulo. Ato que permitiu a criação dos Três Po-deres: Legislativo, Executivo e Judiciário.

1884 – Produção de Tijolos: Inicia-se a produção de tijolos cozidos em Guarulhos, exemplar existente no Museu da Cidade.

1885 – Nomeação de Professora: Dia 5 de agosto o intendente capitão Joaquim Fran-cisco de Paula Rebelo nomeia uma professora para lecionar na vila.

1889 – Brasil República: Dia 15 de no-vembro ocorre a Proclamação da República. Por conta desse fato, quatro intendentes foram no-meados para a Câmara de Vereadores: Felício Marcondes Munhoz, Vicente Ferreira de Siquei-ra Bueno e Luiz Dini.

1908 – Imigração Japonesa: Começam a chegar a São Paulo os imigrantes japoneses. En-tre 1923 e 1927, Guarulhos passa a receber muitos japoneses provenientes do interior de São Paulo.

1910 – Imigrantes do Oriente Médio: O libanês Antônio Jorge se estabelece como co-merciante de tecidos na atual Rua Dom Pedro II, loja Dois Irmãos.

1940 – Migrantes Nacionais: Guarulhos passa a receber muitos migrantes nacionais, es-pecialmente do Nordeste, de Minas Gerais e de cidades do interior de São Paulo e do Paraná. População: 13.439 habitantes.

1942 – Segunda Guerra e os japoneses: Assim como em todo o Brasil, os japoneses que resi-diam em Guarulhos sofreram perseguições e reagi-ram boicotando a produção de uniformes militares.

1945 – Base Aérea: Inaugurada a Base Aérea de São Paulo, em Cumbica.

1950 – Paróquia: Criação da Paróquia de Nossa Senhora do Bonsucesso.

1951 – Rodovia Presidente Dutra: É inaugurado no dia 15 de julho o trecho de 21 qui-lômetros da Via Dutra, em Guarulhos. Popula-ção: 35.523 habitantes

1955 – Nova Bonsucesso: Inauguração do loteamento Vila Nova Bonsucesso.

1964 – Regime Militar: Instaurado o Re-gime Militar que duraria 21 anos.

1968 – AI-5: O Ato Institucional nº 5 suspen-de os direitos individuais de todos os brasileiros.

1980 – Auge da Imigração. Lutas Popula-res e Sindicais: A crise econômica e o crescimento repentino das cidades levam os trabalhadores a lutar por aumento de salário e melhores condições de vida. Neste contexto, há o enfraquecimento do Regime Mi-litar e o clamor cresce para a redemocratização do País. No dia 8 de dezembro, Guarulhos comemora 100 anos da criação do Município (1880-1980). Po-pulação. 532.724 habitantes (migrantes 71,3%).

1981 – Diocese de Guarulhos: Em 5 de abril, é criada a Diocese de Guarulhos. Seu pri-meiro bispo d. João Bergese.

1985 – Aeroporto de Cumbica: Dia 20 de janeiro acontece a inauguração do Aeroporto Inter-nacional de São Paulo – Guarulhos (Cumbica).

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REVELANDO A HISTÓRIA DO BONSUCESSO E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!

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2a Ed. São Paulo: Noovha América Editora, 2009.

Consulte também as obras sugeridas ao longo desta publicação, mencionadas nos boxes “Para Saber Mais”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS