[REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    1/16

    FOUCAULT, Michel. Aula de 8 de fevereiro de 1978. In: Segurana, territrio,populao. So !aulo: Mar"in# Fon"e#, $%%8. &.1''(18%.

    AULA DE 8 DE FEVEREIRO DE 1978

    Por que estudar a governamentalidade? O problema do Estadoe da populao. Relembrando o projeto geral tr!pli"edeslo"amento da an#lise em relao $a% & instituio, $b% & 'uno,$"% ao objeto. Objeto do "urso deste ano. Elementos para uma(istria da noo de )governo). Seu "ampo sem*nti"o do s+"ulo ---ao s+"ulo . / id+ia de governo dos (omens. Suas 'ontes $/% /organi0ao de um poder pastoral no Oriente pr+1"risto e "risto.$2% / direo de "ons"i3n"ia. Primeiro esboo do pastorado. Suas

    "ara"ter!sti"as espe"!'i"as $a% ele se e4er"e sobre umamultipli"idade em movimento $b% + um poder 'undamentalmenteben+'i"o que tem por objetivo a salvao do reban(o5 $"% + um poderque individuali0a. O)ne# e" #in*ula"i). O parado4o do pastor. /institu"ionali0ao do pastorado pela -greja "rist.

    +ou lhe# &edir ue )e de#cul&e) &orue ho-e vou #er u) &ouco )ai# confu#oue de co#"u)e. #"ou *ri&ado, no )e #in"o /e). Ma# eu achava cha"o, "inha cer"oe#cr0&ulo e) deiar voc2# vire) aui e lhe# di3er na 0l"i)a hora ue no ia dar )eucur#o. n"o vou falar do -ei"o ue &uder, e voc2# ho de )e &erdoar "an"o &elauan"idade co)o &ela ualidade.

    4o#"aria de co)e5ar a*ora a &ercorrer u) &ouco a di)en#o do ue eu cha)eico) e#"a feia &alavra ue 6 *overna)en"alidade. Su&ondo(#e &or"an"o ue*overnar no #e-a a )e#)a coi#a ue reinar, no #e-a a )e#)a coi#a ueco)andar ou fa3er a lei #u&ondo(#e ue *overnar no #e-a a )e#)a coi#a ue #er#o/erano, #er #u#erano, #er #enhor, #er -ui3, #er *eneral, #er &ro&rie"rio, #er )e#"re(e#cola, #er &rofe##or #u&ondo(#e &or"an"o ue ha-a ;&.1'

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    2/16

    a/ordar o &ro/le)a do #"ado e da &o&ula5o. Se*unda ue#"o: "udo i##o 6 )ui"o/oni"o, )a# o #"ado e a &o&ula5o "odo o )undo #a/e o ue #o, e) "odo ca#o i)a*ina#a/er o ue #o. A no5o de #"ado e a no5o de &o&ula5o "2) #ua defini5o, #uahi#"ria. O do)Bnio a ue e##a# no5>e# #e refere) 6, grosso modo, )ai# ou )eno#

    conhecido, ou, #e "e) u)a &ar"e i)er#a e o/#cura, "e) u)a ou"ra vi#Bvel. !orcon#e*uin"e, co)o #e "ra"a de e#"udar e##e do)Bnio, na )elhor @ ou na &ior @ da#hi&"e#e# #e)i(o/#curo do #"ado e da &o&ula5o, &or ue uerer a/ord(lo a"rav6# deu)a no5o ue 6 &lena e in"eira)en"e o/#cura, a de *overna)en"alidadeE !or uea"acar o for"e e o den#o co) o fraco, o difu#o, o lacunar

    !oi# /e), vou lhe# di3er a ra3o di##o e) dua# &alavra# e recordando u) &ro-e"ou) &ouco )ai# *eral. Guando no# ano# &receden"e# falva)o# da# di#ci&lina#, a

    &roi"o do e6rci"o, do# ho#&i"ai#, da# e#cola#, da# &ri#>e#, falar da# di#ci&lina# era,no fundo, uerer efe"uar u) "rB&lice de#loca)en"o, &a##ar, &or a##i) di3er, &ara oe"erior, e de "r2# ;&.1'7= )aneira#. !ri)eiro, &a##ar &ara o e"erior da in#"i"ui5o,de#cen"rar(#e e) rela5o H &ro/le)"ica da in#"i"ui5o, ao ue #e &oderia cha)ar dein#"i"ucional(cen"ri#)o. To)e)o# o ee)&lo do ho#&i"al iui"rico. Claro, &ode)o#

    &ar"ir do ue 6 o ho#&i"al iui"rico, e) #eu dado, e) #ua e#"ru"ura, e) #ua den#idadein#"i"ucional, &ode)o# "en"ar encon"rar #ua# e#"ru"ura# in"erna#, iden"ificar anece##idade l*ica de cada u)a da# &e5a# ue o con#"i"ue), )o#"rar ue "i&o de &oder)6dico #e or*ani3a nele, co)o #e de#envolve nele cer"o #a/er iui"rico. Ma#

    &ode)o# @ e aui eu )e refiro )ui"o e#&ecifica)en"e H o/ra eviden"e)en"efunda)en"al, e##encial, ue "e) de #er lida o/ri*a"oria)en"e, de o/er" Ca#"el #o/re /ordem psiqui#tri"a6@, &ode)o# &roceder do e"erior, i#"o 6, )o#"rar de ue )aneira o

    ho#&i"al co)o in#"i"ui5o # &ode #er co)&reendido a &ar"ir de al*o e"erior e *eral, ue6 a orde) iui"rica, na &r&ria )edida e) ue e##a orde) #e ar"icula co) u) &ro-e"oa/#olu"a)en"e *lo/al, ue vi#a "oda a #ociedade e ue &ode)o# cha)ar,grosso modo,de hi*iene &0/licaJ. !ode)o# )o#"rar @ 6 o ue fe3 Ca#"el @ co)o a in#"i"ui5o

    iui"rica concre"i3a, in"en#ifica, aden#a u)a orde) iui"rica ue "e)e##encial)en"e &or rai3 a defini5o de u) re*i)e no con"ra"ual &ara o# indivBduo#de#valori3ado#'. nfi), &ode)o# )o#"rar co)o e##a orde) iui"rica coordena &or #i)e#)a "odo u) con-un"o de "6cnica# variada# rela"iva# H educa5o da# crian5a#, Ha##i#"2ncia ao# &o/re#, H in#"i"ui5o do &a"rona"o o&errioe#, de &on"o# dea&oio. Lo*o, &ri)eiro &rincB&io )e"odol*ico: &a##ar &or fora da in#"i"ui5o &ara#u/#"i"uB(la &elo &on"o de vi#"a *lo/al da "ecnolo*ia de &oder7.

    ;&.1'8= ) #e*undo lu*ar, #e*unda defa#a*e), #e*unda &a##a*e) ao e"eriore) rela5o H fun5o. Se-a, &or ee)&lo, o ca#o da &ri#o. !ode(#e, 6 claro, fa3er aanli#e da &ri#o a &ar"ir da# fun5>e# e#&erada#, da# fun5>e# ue fora) definida# co)ofun5>e# ideai# da &ri#o, da )aneira "i)a de eercer e##a# fun5>e# @ o ue en"ha)

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    3/16

    haviagrosso modofei"o e) #euPanpti"o8@ e de&oi#, a &ar"ir daB, ver uai# fora) a#fun5>e# real)en"e &reenchida# &ela &ri#o e e#"a/elecer hi#"orica)en"e u) /alan5ofuncional do #aldo &o#i"ivo e ne*a"ivo, enfi), e) "odo ca#o do ue era vi#ado e do uena verdade foi alcan5ado. Ma#, ao e#"udar a &ri#o &elo vi6# da# di#ci&lina#, "ra"ava(#e,

    aB "a)/6), de cur"o(circui"ar, ou )elhor, de &a##ar &ara o e"erior e) rela5o a e##e&on"o de vi#"a funcional e re##i"uar a &ri#o nu)a econo)ia *eral de &oder. co) i##o#e &erce/e ue a hi#"ria real da &ri#o #e) d0vida no 6 co)andada &elo# #uce##o# efraca##o# da #ua funcionalidade, )a# ue ela #e in#creve na verdade e) e#"ra"6*ia# e""ica# ue #e a&ia) a"6 )e#)o no# &r&rio# d6fici"# funcionai#. !or"an"o: #u/#"i"uir o

    &on"o de vi#"a in"erno da fun5o &elo &on"o de vi#"a e"erno da# e#"ra"6*ia# e ""ica#.nfi), o "erceiro de#cen"ra)en"o, a "erceira &a##a*e) ao e"erior 6 e) rela5o

    ao o/-e"o. A##u)ir o &on"o de vi#"a da# di#ci&lina# era recu#ar(#e a ado"ar u) o/-e"o -&ron"o, #e-a ele a doen5a )en"al, a delinN2ncia ou a #eualidade. ra recu#ar(#e auerer )edir a# in#"i"ui5>e#, a# &r"ica# e o# #a/ere# co) o )e"ro e a nor)a de##e o/-e"o

    - dado. Tra"ava(#e, e) ve3 di##o, de a&reender o )ovi)en"o &elo ual #e con#"i"uBaa"rav6# de##a# "ecnolo*ia# )ovedi5a# u) ca)&o de verdade co) o/-e"o# de #a/er.!ode)o# di3er #e) d0vida nenhu)a ue a loucura no ei#"e9, )a# i##o no uer di3erue ela no 6 nada. Tra"ava(#e, e) re#u)o, de fa3er o inver#o do ue a feno)enolo*iano# "inha en#inado a di3er e a &en#ar, a feno)enolo*ia ue di3ia ;&.1'9=grosso modo: aloucura ei#"e, o ue no uer di3er ue ela #e-a al*u)a coi#a1%.

    ) #u)a, o &on"o de vi#"a ado"ado e) "odo# e##e# e#"udo# con#i#"ia e) &rocurarde#"acar a# rela5>e# de &oder da in#"i"ui5o, a fi) de anali#(la# ;#o/ o &ri#)a= da#"ecnolo*ia#, de#"ac(la# "a)/6) da fun5o, &ara re"o)(la# nu)a anli#e e#"ra"6*ica e

    de#"ac(la# do &rivil6*io do o/-e"o, a fi) de &rocurar re##i"u(la# do &on"o de vi#"a dacon#"i"ui5o do# ca)&o#, do)Bnio# e o/-e"o# de #a/er. ##e "ri&lo )ovi)en"o de

    &a##a*e) ao e"erior foi "en"ado a &roi"o da# di#ci&lina#, e 6 )ai# ou )eno# i##o, nofundo, 6 e##a &o##i/ilidade ue eu *o#"aria de e&lorar e) rela5o ao #"ado. Ser ue#e &ode &a##ar &ara o e"erior do #"ado, co)o #e &Dde &a##ar @ e, afinal de con"a#,corno era /a#"an"e fcil &a##ar @ &ara o e"erior e) rela5o a e##a# diferen"e#in#"i"ui5>e# aver, e) rela5o ao #"ado, u) &on"o de vi#"a a/ran*en"e, co)o era o

    &on"o de vi#"a da# di#ci&lina# e) rela5o H# in#"i"ui5>e# locai# e definida# Creio uee##a ue#"o, e##e "i&o de ue#"o, no &ode deiar de #er colocado, ne) ue #e-a co)o

    re#ul"ado, co)o nece##idade i)&licada &or auilo ue aca/o de di3er. !orue, afinal decon"a#, e##a# "ecnolo*ia# *erai# de &oder ue &rocura)o# recon#"i"uir &a##ando fora dain#"i"ui5o, #er ue afinal ela# no e#"o na de&end2ncia de u)a in#"i"ui5o *lo/al, deu)a in#"i"ui5o "o"ali3an"e ue 6, &reci#a)en"e, o #"ado Ser ue, #aindo de##a#in#"i"ui5>e# locai#, re*ionai#, &on"uai# ue #o o# ho#&i"ai#, a# &ri#>e#, a# fa)Blia#, no#o)o# #i)&le#)en"e re)e"ido# a ou"ra in#"i"ui5o, de #or"e ue # #airBa)o# da anli#ein#"i"ucional &ara #er)o# in"i)ado# a en"rar nu) ou"ro "i&o de anli#e in#"i"ucional ounu) ou"ro re*i#"ro, ou nu) ou"ro nBvel de anli#e in#"i"ucional, &reci#a)en"e auele e)ue e#"aria e) &au"a o #"ado !orue 6 )ui"o /o), &or ee)&lo, #alien"ar o

    n"re a#&a# no )anu#cri"o.M. Foucaul" re&e"e: do &on"o de vi#"a

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    4/16

    encerra)en"o co)o &rocedi)en"o *eral ue envolveu a hi#"ria ;&.1e#,

    a# f/rica#, o e6rci"o. Po 6 aca#o o #"ado ue 6 final)en"e re#&on#vel e) 0l"i)ain#"Qncia &or #ua a&lica5o *eral e local A *eneralidade e"ra(in#"i"ucional, a*eneralidade no(funcional, a *eneralidade no(o/-e"iva alcan5ada &ela# anli#e# de ueeu lhe# falava h &ouco @ &oi# /e), &ode #er ue ela no# &onha e) &re#en5a dain#"i"ui5o "o"ali3adora do #"ado.

    ;&.1e# de &oder. e)&lo do e6rci"o: &ode(#e di3er ue o di#ci&lina)en"o do e6rci"o #edeve H #ua e#"a"i3a5o. &lica(#e a "ran#for)a5o de u)a e#"ru"ura de &oder nu)a in#"i"ui5o &elain"erven5o de ou"ra in#"i"ui5o de &oder. O cBrculo #e) e"erioridade. Ao &a##o ue e##e di#ci&lina)en"o;&o#"o K= e) rela5o, ;no= co) a concen"ra5o e#"a"al, )a# co) o &ro/le)a da# &o&ula5>e# flu"uan"e#,a i)&or"Qncia da# rede# co)erciai#, a# inven5>e# "6cnica#, o# )odelo# ; v#rias palavras ileg!veis= *e#"ode co)unidade, 6 "oda e##a rede de alian5a, de a&oio e de co)unica5o ue con#"i"ui a *enealo*iaE dadi#ci&lina )ili"ar. Po a *2ne#e: filia5o. !ara e#ca&ar da circularidade ue re)e"e a anli#e da# rela5>e#de &oder de u)a in#"i"ui5o a ou"ra, # a&reendendo(a# onde ela# con#"i"ue) "6cnica# co) valoro&era"rio e) &roce##o# )0l"i&lo#.

    /. Re#in#"i"ucionali3ando e de#funcionali3ando a# rela5>e# de &oder, &ode(#e ;ver= e) ue e &orue ela# #o in#"vei#.

    ( !er)ea/ilidade a "oda u)a #6rie de &roce##o# diver#o#. A# "ecnolo*ia# de &oder no #o

    i)vei#: no #o e#"ru"ura# rB*ida# ue vi#a) i)o/ili3ar &roce##o# vivo# )edian"e #ua &r&riai)o/ilidade. A# "ecnolo*ia# de &oder no ce##a) de #e )odificar #o/ a a5o de nu)ero#o# fa"ore#. ,uando u)a in#"i"ui5o de#)orona, no 6 nece##aria)en"e &orue o &oder ue a #u#"en"ava foi &o#"o forade circui"o. !ode #er &orue ela #e "ornou inco)&a"Bvel co) a1*u)a# )u"a5>e# funda)en"ai# de##a#"ecnolo*ia#. e)&lo da refor)a &enal Kne) revol"a &o&ular, ne) )e#)o &re##o e"ra&o&ular.

    ( Ma# "a)/6) ace##i/ilidade a lu"a# ou a a"aue# ue encon"ra) nece##aria)en"e #eu "ea"ro nain#"i"ui5o.

    O ue uer di3er ue 6 &erfei"a)en"e &o##Bvel a"in*ir efei"o# *lo/ai# no # &or enfren"a)en"o#concer"ado#, )a# i*ual)en"e &or a"aue# locai#, ou la"erai#, ou dia*onai# ue &>e) e) -o*o a econo)ia*eral do con-un"o. A##i): o# )ovi)en"o# e#&iri"uai# )ar*inai#, a# )ul"i&licidade# de di##id2ncia#reli*io#a#, ue no #e vol"ava) de for)a nenhu)a con"ra a I*re-a ca"lica, aca/ara) #ola&ando noa&ena# "odo u) #e*)en"o da in#"i"ui5o ecle#i#"ica, )a# a &r&ria )aneira co)o #e eercia no Ociden"eo &oder reli*io#o...

    !or cau#a de##e# efei"o# "erico# e &r"ico#, "alve3 valha a &ena dar con"inuidade H e&eri2nciainiciada.

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    5/16

    )oderno, &rocura)o# in"erro*ar o# &rocedi)en"o# *erai# de in"erna)en"o e #e*re*a5o,&a##ando a##i) &or "r# do a#ilo, do ho#&i"al, da# "era&ia# e da# cla##ifica5>e#, a##i)co)o no ca#o da &ri#o &rocura)o# &a##ar &or "r# da# in#"i"ui5>e# &eni"enciria#

    &ro&ria)en"e di"a#, &ara "en"ar)o# de#co/rir a econo)ia *eral de &oder, #er ue, no

    ca#o do #"ado, 6 ;&.1e#, #eu de#envolvi)en"o, #eu funciona)en"o Serue #e &ode falar de al*o co)o u)a *overna)en"alidade, ue #eria &ara o #"ado oue a# "6cnica# de #e*re*a5o era) &ara a iuia"ria, o ue a# "6cnica# da di#ci&linaera) &ara o #i#"e)a &enal, o ue a /io&olB"ica era &ara a# in#"i"ui5>e# )6dica# i# u)

    &ouco o o/-e"o ;de#"e cur#o=.o), e##a no5o de *overno. !ri)eiro, va)o# no# #i"uar /reve)en"e na &r&ria

    hi#"ria da &alavra, nu) &erBodo e) ue ela ainda no havia aduirido o #en"ido&olB"ico, o #en"ido e#"a"al ue co)e5a a "er de for)a ri*oro#a no# #6culo# ?+I(?+II.+alendo(no# #i)&le#)en"e de dicionrio# hi#"rico# da lBn*ua france#a11, o ue ve)o#+e)o# ue a &alavra *overnar a/ran*e na realidade, no# #6culo# ?III, ?I+ e ?+, u)a)a##a con#idervel de #i*nificado# diver#o#. !ri)eiro, encon"ra)o# o #en"ido

    &ura)en"e )a"erial, fB#ico, e#&acial de diri*ir, de fa3er ir e) fren"e, ou a"6 o #en"ido de a&r&ria &e##oa ir e) fren"e nu) ca)inho, nu)a e#"rada. 4overnar 6 #e*uir u)ca)inho ou fa3er #e*uir u) ca)inho. +oc2# encon"ra) u) ee)&lo di##o e) Froi##ar",nu) "e"o co)o e#"e: U) ;...= ca)inho "o e#"rei"o ue ;...= doi# ho)en# nele no

    &oderia) *overnar(#e1$, i#"o 6, no &oderia) andar lado a lado. Te) "a)/6) o #en"ido)a"erial, &or6) )ui"o )ai# a)&lo, de #u#"en"ar ;&.1

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    6/16

    Te)o# a*ora o# #i*nificado# de orde) )oral. 4overnar &ode uerer di3ercondu3ir al*u6), #e-a no #en"ido, &ro&ria)en"e e#&iri"ual, do *overno da# al)a# @#en"ido en"o &lena)en"e cl##ico, ue vai durar e #u/#i#"ir &or )ui"o, )ui"o "e)&o @,#e-a de u)a )aneira li*eira)en"e defa#ada e) rela5o a i##o, *overnar &ode uerer

    di3er i)&or u) re*i)e, i)&or u) re*i)e a u) doen"e: o )6dico *overna o doen"e,ou o doen"e ue #e i)&>e cer"o n0)ero de cuidado# #e *overna. A##i), di3 u) "e"o:U) doen"e ue, de&oi# de #air do ho#&i"al D"el(Rieu, e) con#eN2ncia do #eu )au*overno, foi(#e de#"a &ara a )elhor.17le no o/#ervou u) /o) re*i)e. 4overnar ouo *overno &ode #e referir en"o H condu"a no #en"ido &ro&ria)en"e )oral do "er)o:u)a )ulher ue era de )au *overno18, i#"o 6, de ) condu"a. 4overnar &ode #ereferir "a)/6) a u)a rela5o en"re indivBduo#, rela5o ue &ode a##u)ir vria# for)a#,#e-a a rela5o de )ando e de chefia: diri*ir al*u6), con"rol(lo. Ou "a)/6), "er u)arela5o co) al*u6), u)a rela5o ver/al: *overnar al*u6) &ode uerer di3er falarco) al*u6), en"re"er no #en"ido de ue &e##oa# #e en"re"2) nu)a conver#a. A##i),u) "e"o do #6culo ?+ di3: le re*alava )e#a far"a a "odo# o# ue o *overnava)duran"e #eu -an"ar.194overnar al*u6) duran"e #eu ;&.1e# do &ro/le)a. +e)o# ue a &alavra *overnar, an"e# deaduirir #eu #i*nificado &ro&ria)en"e &olB"ico a &ar"ir do #6culo ?+I, a/ran*e u)va#"B##i)o do)Bnio #e)Qn"ico ue #e refere ao de#loca)en"o no e#&a5o, ao )ovi)en"o,

    ue #e refere H #u/#i#"2ncia )a"erial, H ali)en"a5o, ue #e refere ao# cuidado# ue #e&ode) di#&en#ar a u) indivBduo e H cura ue #e &ode lhe dar, ue #e refere "a)/6) aoeercBcio de u) )ando, de u)a a"ividade &re#cri"iva, ao )e#)o "e)&o ince##an"e,3elo#a, a"iva, e #e)&re /en6vola. efere(#e ao con"role ue #e &ode eercer #o/re #i)e#)o e #o/re o# ou"ro#, #o/re #eu cor&o, )a# "a)/6) #o/re #ua al)a e #ua )aneira dea*ir. , enfi), refere(#e a u) co)6rcio, a u) &roce##o circular ou a u) &roce##o de"roca ue &a##a de u) indivBduo a ou"ro. Co)o uer ue #e-a, a"rav6# de "odo# e##e##en"ido#, h al*o ue a&arece clara)en"e: nunca #e *overna u) #"ado, nunca #e*overna u) "erri"rio, nunca #e *overna u)a e#"ru"ura &olB"ica. Gue) 6 *overnado #o

    #e)&re &e##oa#, #o ho)en#, #o indivBduo# ou cole"ividade#. Guando #e fala da cidadeue #e *overna, ue #e *overna co) /a#e no# "ecido#, uer di3er ue a# &e##oa# "ira)#ua #u/#i#"2ncia, #eu ali)en"o, #eu# recur#o#, #ua riue3a, do# "ecido#. Po 6 &or"an"o acidade co)o e#"ru"ura &olB"ica, )a# a# &e##oa#, indivBduo# ou cole"ividade. O# ho)en# 6ue #o *overnado#.

    ;&.1

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    7/16

    inicial)en"e, funda)en"al)en"e, &elo )eno# a"rav6# de##a &ri)eira &e#ui#a, #o o#ho)en#. Ora, a id6ia de ue o# ho)en# #o *overnvei# 6 u)a id6ia ue cer"a)en"e no6 *re*a e ue no 6, "a)&ouco, creio eu, u)a id6ia ro)ana. Claro, a&arece co) )ui"are*ularidade, &elo )eno# na li"era"ura *re*a, a )e"fora do le)e, do "i)oneiro, do

    &ilo"o, dauele ue "e) o le)e, &ara de#i*nar a a"ividade dauele ue e#" H fren"e dacidade e ue "e), e) rela5o a ela, cer"o n0)ero de encar*o# e de re#&on#a/ilidade#.e&or"e)(#e #i)&le#)en"e ao "e"o do7dipo rei$1. Po7dipo rei, v2(#e )ui"a# ve3e#, oure&e"ida# ve3e#, e##a )e"fora do rei ue "e) a #eu encar*o a cidade e ue, "endo a #euencar*o a cidade, deve condu3i(la /e), co)o u) /o) &ilo"o *overna devida)en"e #eunavio, e deve evi"ar o# e#colho# e condu3i(lo# ao &or"o$$. Ma# e) "oda e##a #6rie de)e"fora#, e) ue o rei 6 a##i)ilado a u) "i)oneiro e a cidade a u) navio, o ueconv6) no"ar 6 ue o ue 6 *overnado, o ue ne##a )e"fora 6 de#i*nado co)o o/-e"odo *overno, 6 a &r&ria cidade, ue 6 co)o u) navio en"re o# e#colho#, co)o u) navioe) )eio H "e)&e#"ade, u) navio ue 6 o/ri*ado a /orde-ar a fi) de evi"ar o# &ira"a#, o#ini)i*o#, u) navio ue "e) de #er levado a /o) &or"o. O o/-e"o do *overno, auilo#o/re o ue recai o a"o de *overnar, no #o o# indivBduo#. O ca&i"o ou o &ilo"o donavio no *overna o# )aru-o#, *overna o navio. da )e#)a )aneira ue o rei *overnaa cidade, )a# no o# ho)en# da cidade. A cidade e) #ua realidade #u/#"ancial, e) #uaunidade, co) #ua #o/reviv2ncia &o##Bvel ou #eu de#a&areci)en"o even"ual, i##o 6 ue 6o o/-e"o do *overno, o alvo do *overno. O# ho)en#, de #eu lado, # #o *overnado#indire"a)en"e, na )edida e) ue "a)/6) e#"o e)/arcado# no navio. 6 &orin"er)6dio, &or )eio do ;&.1

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    8/16

    ca-ado do &a#"or e declara) ue ele 6 efe"iva)en"e o &a#"or do# ho)en#. O "B"ulo de&a#"or do# ho)en# fa3 &ar"e da "i"ula5o real do# )onarca# /a/ilDnico#. ra i*ual)en"eu) "er)o ue de#i*nava a ;&.1e# en"re Reu# e #eu &ovo 6 ue #o definida# co)o rela5>e#en"re u) &a#"or e #eu re/anho. Penhu) rei he/reu, co) ece5o de Ravi, fundador da)onaruia, 6 no)inal)en"e, e&lici"a)en"e de#i*nado co)o &a#"or$9. O "er)o 6re#ervado a Reu#%. Si)&le#)en"e, cer"o# &rofe"a# #o vi#"o# co)o "endo rece/ido da#)o# de Reu# o re/anho do# ho)en#, ue a ele deve) devolver1 e, &or ou"ro lado, o#)au# rei#, o# ue #o denunciado# co)o "endo "raBdo #ua )i##o, #o de#i*nado# co)o

    )au# &a#"ore#, nunca individual)en"e ali#, #e)&re *lo/al)en"e, co)o o# uedila&idara) o re/anho, di#&er#ara) o re/anho, o# ue fora) inca&a3e# de lhe dar #euali)en"o e de lev(lo de vol"a H #ua "erra$. A rela5o &a#"oral, e) #ua for)a &lena e e)#ua for)a &o#i"iva, 6 &or"an"o, e##encial)en"e, a rela5o en"re Reu# e o# ho)en#. u)

    &oder de "i&o reli*io#o ue "e) #eu ;&.1

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    9/16

    u) &oder ue, &or defini5o, #e eerce #o/re u) re/anho, )ai# ea"a)en"e #o/re ore/anho e) #eu de#loca)en"o, no )ovi)en"o ue o fa3 ir de u) &on"o a ou"ro. O &oderdo &a#"or #e eerce e##encial)en"e #o/re u)a )ul"i&licidade e) )ovi)en"o. O deu#*re*o 6 u) deu# "erri"orial, u) deu# intra muros, "e) #eu lu*ar &rivile*iado, #e-a #ua

    cidade, #e-a #eu "e)&lo. O Reu# he/raico, ao con"rrio, 6 o Reu# ue ca)inha, o Reu#ue #e de#loca, o Reu# ue erra. Punca a &re#en5a de##e Reu# he/raico 6 )ai# in"en#a,)ai# vi#Bvel, do ue, &reci#a)en"e, uando #eu &ovo #e de#loca e uando, na errQncia do#eu &ovo, e) #eu de#loca)en"o, ne##e )ovi)en"o ue o leva a deiar a cidade, a#ca)&ina# e o# &a#"o#, ele "o)a a fren"e do #eu &ovo e )o#"ra a dire5o ue e#"e deve#e*uir. Z o deu# *re*o a&arece na# )uralha# &ara ;&.1e# reli*io#a#, )orai# e&olB"ica# do &oder. O ue #eria u) &oder ue no "ive##e &or fun5o, de#"ino e-u#"ifica5o fa3er o /e) Carac"erB#"ica univer#al, )a# co) o de"alhe de ue e##e deverde fa3er o /e), e) "odo ca#o no &en#a)en"o *re*o e creio ue "a)/6) no &en#a)en"oro)ano, no &a##a afinal de con"a# de u) do# co)&onen"e#, den"re )ui"o# ou"ro# "ra5o#,ue carac"eri3a) o &oder. O &oder vai #e carac"eri3ar, "an"o uan"o &or #eu /e)(fa3er,

    &or #ua oni&o"2ncia, &ela riue3a e &or "odo o ful*or do# #B)/olo# de ue #e cerca. O&oder vai #e definir &or #ua ca&acidade de "riunfar #o/re o# ini)i*o#, de derro"(lo#, deredu3i(lo# H e#cravido. O &oder #e definir "a)/6) &ela &o##i/ilidade de conui#"ar e

    &or "odo o con-un"o do# "erri"rio#, riue3a#, e"c., ue "er acu)ulado. O /e)(fa3er 6a&ena# u)a da# carac"erB#"ica# e) "odo e##e feie &elo ual o &oder 6 definido.

    ;&.17%= Sendo o &oder &a#"oral, a )eu ver, in"eira)en"e definido &or #eu /e)(fa3er, ele no "e) ou"ra ra3o de #er #eno fa3er o /e). ue, de fa"o, o o/-e"ivoe##encial, &ara o &oder &a#"oral, 6 a #alva5o do re/anho. Pe##e #en"ido, &ode(#e di3er, 6claro, ue no #e e#" )ui"o di#"an"e do ue 6 "radicional)en"e fiado co)o o o/-e"ivodo #o/erano @ a #alva5o da &"ria @, ue deve #er a le4 suprema do eercBcio do

    &oder'. Ma# e##a #alva5o ue deve #er a##e*urada ao re/anho "e) u) #en"ido )ui"o&reci#o ne##a "e)"ica do &oder &a#"oral. A #alva5o #o, an"e# de )ai# nada ee##encial)en"e, o# )eio# de #u/#i#"2ncia. O# )eio# de #u/#i#"2ncia a/undan"e# e aali)en"a5o *aran"ida #o o# /on# &a#"o#. O &a#"or 6 auele ue ali)en"a e ue ali)en"a

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    10/16

    dire"a)en"e ou, e) "odo ca#o, ue ali)en"a condu3indo H# /oa# ca)&ina#, de&oi#cer"ificando(#e de ue o# ani)ai# de fa"o co)e) e #o ali)en"ado# adeuada)en"e. O

    &oder &a#"oral 6 u) &oder de cuidado. le cuida do re/anho, cuida do# indivBduo# dore/anho, 3ela &ara ue a# ovelha# no #ofra), vai /u#car a# ue #e de#*arrara, cuida da#

    ue e#"o ferida#. , nu) "e"o ue 6 u) co)en"rio ra/Bnico u) &ouco "ardio, )a# uerefle"e )ui"o /e) "udo i##o, e&lica(#e co)o e &or ue Moi#6# foi de#i*nado &or Reu#&ara condu3ir o re/anho de I#rael. ue, uando era &a#"or no *i"o, Moi#6# #a/ia&erfei"a)en"e fa3er #ua# ovelha# &a#"are) e #a/ia, &or ee)&lo, ue, uando che*avanu)a ca)&ina, devia )andar &ri)eiro &ara l a# ovelha# )ai# -oven#, ue # &odia)co)er a relva )ai# "enra, de&oi# )andava a# ovelha# u) &ouco )ai# velha#, e # de&oi#)andava &ara a ca)&ina a# ovelha# )ai# velha#, a# )ai# ro/u#"a# "a)/6), a# ue

    &odia) co)er a relva )ai# dura. A##i), cada u)a da# ca"e*oria# de ovelha# "inhaefe"iva)en"e a erva de ue nece##i"ava e ali)en"o #uficien"e. ra ele ue &re#idia e##adi#"ri/ui5o -u#"a, calculada e &en#ada do ali)en"o, e foi en"o ue Zeov, vendo i##o,lhe di##e: Z ue #a/e# "er &iedade da# ovelha#, "er# &iedade do )eu &ovo, e 6 a "i ueeu o confiarei.e# do "e"o /B/lico, do 42ne#i# ao# co)en"rio# ra/Bnico#,"endo &reci#a)en"e, no cen"ro di##o "udo, Moi#6#. Moi#6# 6 auele ue efe"iva)en"e

    acei"ou, &ara ir #alvar u)a ovelha ue #e "inha de#*arrado, a/andonar a "o"alidade dore/anho. le aca/ou encon"rando a ovelha, "roue(a de vol"a no# o)/ro# e viu, ne##e)o)en"o, ue o re/anho ue ele havia acei"ado #acrificar ;&.17= estava salvo,simbolicamente salvo, justamente pelo fato de que ele havia aceitado sacrific-loJ%. Estamos a no centro do desafio, do paradoxo moral e religioso do pastor,enfim do que poderamos chamar de paradoxo do pastor: sacrifcio de um pelotodo, sacrifcio do todo por um, que vai estar no cerne da problemtica crist dopastorado.

    Em suma, podemos dizer o seguinte: a idia de um poder pastoral a

    idia de um poder que se exerce mais sobre uma multiplicidade do que sobreum territrio. um poder que guia para um objetivo e serve de intermediriorumo a esse objetivo. , portanto, um poder finalizado, um poder finalizadosobre aqueles mesmos sobre os quais se exerce, e no sobre uma unidade detipo, de certo modo, superior, seja ela a cidade, o territrio, o Estado, o soberano[...], enfim, um poder que visa ao mesmo tempo todos e cada um em suaparadoxal equivalncia, e no a unidade superior formada pelo todo. Pois bem,creio que as estruturas da cidade grega e do Imprio Romano eram totalmenteestranhas a um poder desse tipo. Vocs diro que existe, no entanto, certo

    nmero de textos na literatura grega em que se faz, de maneira explcita, aPalavra inaudvel.

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    12/16

    comparao entre o poder poltico e o poder do pastor. A est o texto doPoltico,que, como vocs sabem, se empenha precisamente nessa pesquisa, nessetipo de pesquisa. O que aquele que reina? O que reinar? Acaso no exercero poder sobre seu rebanho?

    Bem, escutem, como estou mesmo muito indisposto, no vou me lanar nesseassunto, vou lhes pedir para ficarmos por aqui. Estou cansado demais. Volto afalar disso, do problema doPoltico,da prxima vez, em Plato. Gostariasimplesmente de lhes indicargrosso modo...Bem, se eu lhes dei esse pequenoesquema um bocado mal-ajambrado, que me parece que temos aqui umfenmeno importantssimo, que o seguinte: essa idia de um poder pastoral,completamente alheio, em todo caso consideravelmente [p.174]alheio ao

    &en#a)en"o *re*o e ro)ano, foi in"rodu3ido no )undo ociden"al &or in"er)6dio daI*re-a cri#". Foi a I*re-a cri#" ue coa*ulou "odo# e##e# "e)a# de &oder &a#"oral e))ecani#)o# &reci#o# e e) in#"i"ui5>e# definida#, foi ela ue real)en"e or*ani3ou u)

    &oder &a#"oral ao )e#)o "e)&o e#&ecBfico e au"Dno)o, foi ela ue i)&lan"ou #eu#di#&o#i"ivo# no in"erior do I)&6rio o)ano e ue or*ani3ou, no cora5o do I)&6rioo)ano, u) "i&o de &oder ue, creio eu, nenhu)a ou"ra civili3a5o havia conhecido.!orue 6 de fa"o e#"e, afinal, o &aradoo, #o/re o ual eu *o#"aria de )e de"er na#

    &ri)a# aula#: 6 ue, de "oda# a# civili3a5>e#, a do Ociden"e cri#"o foi #e) d0vida, ao)e#)o "e)&o, a )ai# cria"iva, a )ai# conui#"adora, a )ai# arro*an"e e, #e) d0vida,u)a da# )ai# #an*ren"a#. ) "odo ca#o, 6 u)a da# ue cer"a)en"e &ra"icara) a#)aiore# viol2ncia#. Ma#, ao )e#)o "e)&o @ e 6 e#"e o &aradoo #o/re o ual *o#"aria dein#i#"ir @, o ho)e) ociden"al a&rendeu duran"e )il2nio# o ue nenhu) *re*o #e)

    d0vida -a)ai# "eria acei"ado ad)i"ir, a&rendeu duran"e )il2nio# a #e con#iderar u)aovelha en"re a# ovelha#. Ruran"e )il2nio#, ele a&rendeu a &edir #ua #alva5o a u)

    &a#"or ue #e #acrifica &or ele. A for)a de &oder )ai# e#"ranha e )ai# carac"erB#"ica doOciden"e, auela ue "a)/6) viria a "er a for"una )ai# va#"a e duradoura, creio ue nona#ceu na# e#"e&e# ne) na# cidade#. la na#ceu no Q)/i"o do ho)e) de na"ure3a, nona#ceu no Q)/i"o do# &ri)eiro# i)&6rio#. ##a for)a de &oder "o carac"erB#"ica doOciden"e, "o 0nica, creio, e) "oda a hi#"ria da# civili3a5>e#, na#ceu, ou &elo )eno#in#&irou #eu )odelo no &a#"oreio, na &olB"ica con#iderada a##un"o de &a#"oreio.

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    13/16

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    14/16

    Aron compreendia aHistoire de la folie.1%. Cf. Paul Veyne, "Foucault rvolutionne l'histoire" (1978),in id., Comment on crit l'histoire,Paris,

    Le Seuil, "Points Histoire", 1979, p. 229 [ed. bras.:Como se escreve a histria,Brasilia, UNB, 1998]:"Quando mostrei a Foucault as presentes pginas, ele me disse mais ou menos o seguinte:'Pessoalmente, nunca escrevi quea loucura no existe,mas pode-se escrever isso; porque, para a fe-

    nomenologia, a loucura existe mas no uma coisa, quando se deve dizer, ao contrrio, que a loucurano existe, mas que nem por isso ela nada.'"11. O manuscrito (folha no numerada, inserida entre as pginas 14 e 15) remete aoDictionnaire de

    l'ancienne langue franaise et de tous ses dialectes du IXe au XVe sicle,de Frdric Godefroy, Paris,F.Vieweg, 1885, t. IV.

    1$. "Un petit chemin si estroit, qu'un homme a cheval seroit assez empesch de passer outre, nedeux hommes ne s'y pour-royent gouverner" (Froissart,Chroniques,1559, livro I, p. 72; citado por F.Godefroy,Dictionnaire,p. 326).

    1. "Si y avoit a Paris plus de bl que homme qui fust ne en ce temps y eust oncques voeu de sonage, car on tesmoignoit qu'il y en avoit pour bien gouverner Paris pour plus de 2 ans entiers"(Journal

    de Paris sous Charles VI,p. 77; citado por F. Godefroy,Dictionnaire,p. 325).1J. "Il n'y avoit de quoy vivre ni gouverner sa femme qui estoit malade" (1425, Arch. JJ 173, pea

    186; citado por F. Godefroy,ibid.).1'. "Pour ces jours avait ung chevalier et une dame de trop grand gouvernement, et se nommoit li

    sires d'Aubrecicourt" (Froissart,Chroniques,t. II, p. 4; citado por F. Godefroy,ibid.).1

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    15/16

    prova de loucura e de tolice, / se abandonasse a ti / que, quando meu pas penava na tempestade, /foste o bom vento que o guiou. Ah! novamente, / se tu podes, leva-nos hoje a bom porto." Mas recorrente na obra de Sfocles:Ajax,1082,Antgona,162,190 (cf. P. Louis,Les Mtaphores de Platon, op.cit.,p. 156, n. 18).

    $. Foi a partir da 12 dinastia, sob o Mdio Imprio, no incio do 2 milnio, que os faras foram

    designados como pastores do seu povo. Cf. D. Mller, "Der gute Hirt. Ein Beitrag zur Geschichtegyptischer Bildrede",Zeitschrift fr gypt. Sprache,86, 1961, pp. 126-44.$J.A qualificao do rei como pastor(re'~u)remonta a Hamurabi (c. 1728-1686). A maioria dos reis

    assrios, at Assurbanipal (669-626) e os monarcas neobabilnicos, adotou esse costume. Cf. L. Drr,Ursprung und Ausbau der israelitisch-jdischen Heilandserwartung. Ein Beitrag zur Theologie des AltenTestaments,Berlim, C. A. Schwetschke & Sohn, 1925, pp. 116-20.

    $'. Cf. I. Seibert,Hirt - Herde - Knig. Zur Herausbildung des Knigtums in Mesopotamien,Berlim(Deutsche Akademie der Wissenschaft zu Berlin. Schriften der Sektion fr Altertumwissenschaft, 53),1969.

    $

  • 7/25/2019 [REVISADO] FOUCAULT, M. Aula de 8 de Fevereiro de 1978

    16/16

    $. Cf. Isaas 56,11; Jeremias 2, 8; 10, 21; 12,10, 23,1-3; Ezequiel 34, 2-10 ("Ai dos pastores de Israelque se apascentam a si mesmos. No devem os pastores apascentar o rebanho? Vs vos nutristes deleite, vos vestistes de l, sacrificastes as ovelhas mais gordas, mas no fizestes o rebanho pastar. Nofortificastes as ovelhas fracas, no cuidastes da que estava doente, no curastes a que estava ferida.No trouxestes a que se desgarrava, no procurastes a que estava perdida. Mas vs as dominastes comviolncia e dureza"); Zacarias 10, 3; 11, 4-17; 13, 7.

    .Salmos 68, 8.J.xodo 15,13.'.M. Foucault faz aluso aqui mxima "Salus populi suprema lex esto", cuja primeira ocorrncia

    se encontra - com um sentido bem diferente - em Ccero(De legibus,3, 3, 8, a propsito do dever dosmagistrados de aplicar zelosamente a lei) e que foi retomada a partir do sculo XVI pela maioria dostericos absolutistas. Cf.supra(p. 152, nota 27), a citao doDe officio hominis et civisde Pufendorf.