Revisao Das Pesquisas Brasileiras Em Avaliaçao Psico

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  • 7/25/2019 Revisao Das Pesquisas Brasileiras Em Avaliaao Psico

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    ISSN (verso eletrnica):1678-4669 Acervo disponvel em: www.scielo.br/epsic

    Reviso das pesquisas brasileiras em avaliao psicolgica dehabilidades e inteligncia de condutores

    Fbio Henrique Vieira de Cristo e Silva

    Joo Carlos AlchieriUniversidade Federal do Rio Grande do Norte

    Resumo

    O campo da avaliao psicolgica de motoristas caracterizado por diculdades e limitaes em suafundamentao e exerccio prossional, necessitando de estudos que sistematizem os conhecimentosproduzidos e ofeream sugestes de pesquisas futuras para o seu desenvolvimento. Nesse sentido, oobjetivodeste trabalho foi revisar os estudos empricos brasileiros sobre instrumentos de avaliao psicolgica dehabilidades e inteligncia utilizados nos processos de habilitao para conduzir veculos. Identicaram-se aspublicaes nestas temticas no pas, seus principais temas e mtodos, bem como listaram-se os resultados

    obtidos. Apenas 15 publicaes foram encontradas. Concluiu-se que, em cinqenta anos, as pesquisassobre habilidades e inteligncia de motoristas trouxeram limitadas contribuies questo da validade doprocesso, no sendo constatado um campo de conhecimentos slidos em relao aos construtos e critriosda avaliao do comportamento.

    Palavras-chave: avaliao psicolgica; habilidades; inteligncia; motoristas; psicologia do trnsito

    Abstract

    A review of Brazilian research on psychological assessment of drivers abilities and intelligence. The eld ofpsychological assessment of drivers is characterized by difculties and limitations in both its fundamentalsand professional practice, calling for studies which systematize its developments. In this sense, the objectof this study is to review the Brazilian empirical studies on the instruments for psychological assessmentof the abilities and intelligences adopted in the evaluation processes of drivers. Publications dealing withthis topic in the country, as well as their main themes and methods were identied, and the results obtainedwere listed. Only 15 publications were found. It is concluded that, in fty years, the research on the abilitiesand intelligences of drivers have brought limited contributions to the issue of validity of the process, nothaving been found a solid eld of knowledge in relation to the constructs and assessment criteria of theirbehavior.

    Keywords: psychological assessment; abilities; intelligence; drivers; trafc psychology

    Os automveis tm influenciado decisivamente o

    desenvolvimento das sociedades, aumentando acapacidade e a rapidez da locomoo das pessoas,comercializao de produtos, conhecimentos, tecnologias ecultura. Todavia, observam-se srias e negativas conseqnciasnas questes ambientais e de sade pblica, com altos custossociais e emocionais para os envolvidos (Instituto de PesquisaEconmica Aplicada, Departamento Nacional de Trnsito &Associao Nacional de Transportes Pblicos, 2006; Marn &Queiroz, 2000). No Brasil, ao nal da dcada de quarenta, jera possvel perceber alguns desses aspectos, principalmenteos acidentes de trnsito, levando assim as autoridades adesenvolverem e implementarem, na dcada seguinte, medidaspara conter o aumento nos ndices de mortos e feridos (Spagnhol,

    1985). A obrigatoriedade do processo de avaliao psicolgica

    outrora denominado exame psicotcnico para adquirir a carteira

    de habilitao foi uma dessas medidas, sendo atualmente umaexigncia para todo o territrio nacional (Hoffmann & Cruz,2003; Brasil, 2002). Historicamente, portanto, os psiclogos vmexercendo suas atividades neste processo, coletando e analisandoinformaes para avaliar as habilidades, a inteligncia e apersonalidade dos futuros condutores, a m de denirem comoaptos ou inaptos, na perspectiva de colaborar para a seguranaviria (Campos, 1978a, 1978b; Forbes, 1954; Rothengatter, 1997;Tortosa & Montoro, 2002; Vieira, Pereira, & Carvalho, 1953).

    A literatura em psicologia do trnsito, tanto nacional quantointernacional, tem questionado se avaliar aspectos psicolgicosdos motoristas traz uma efetiva colaborao para a diminuiodos acidentes ou das infraes. Alguns estudos apontam a

    existncia de poucas pesquisas que comprovam a validade

    Estudos de Psicologia 2008, 13(1), 57-64

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    preditiva dos testes psicolgicos em relao aos acidentes detrnsito e a diculdade em se estabelecer critrios vlidos desegurana (Aberg, 2003; Alchieri & Stroeher, 2002; Groeger,2003; Risser, 2003; Silva & Alchieri, 2007). Evidenciam-se,ainda, algumas crticas ao modelo de atuao profissionaldos psiclogos, que enfatiza um enfoque observacional-

    classicatrio, especialmente em vigor no Brasil, cuja raizremeteria aos primrdios da psicologia cientca. Este se limitaa avaliar e classicar as respostas dos avaliados, para decidirse eles devem obter ou renovar sua habilitao, em detrimentode um modelo intervencionista, cuja tnica a intervenonos processos humanos para tentar modic-los, considerandoos fenmenos observados como determinados pelo momentoe pelo ambiente social (Monterde i Bort, 1987; ver tambmRothengatter, 2002).

    Embora as primeiras aplicaes sobre os testes psicolgicosno mbito do trfego datem da dcada de 1920 do sculo passado(Blasco, 1994; Hoffmann & Cruz, 2003; Tortosa & Montoro,2002), a literatura utilizada para embasar esta prtica prossional

    em nosso pas congura-se escassa. Somente na dcada de1950, foram publicadas as primeiras reexes sobre a seleopsicotcnica de motoristas e sua importncia na diminuiodos acidentes de trnsito, bem como, os primeiros resultadosde exames psicotcnicos e normas para a populao brasileiranos diversos testes usados em exames de habilitao, como ostestes de Ateno Difusa, Inibio Retroativa, Viso Noturnae Ofuscamento, Volante Dinamgrafo e PsicodiagnsticoMiocintico - PMK (Campos, 1951, 1973; Vieira et al., 1953). Nadcada de 1980, Spagnhol (1985), ao analisar o desenvolvimentoe as perspectivas da psicologia do trnsito no Brasil, evidenciouque aps trinta anos do estabelecimento da obrigatoriedadedos exames psicolgicos, apenas seis artigos sobre a validadedos exames psicolgicos, estatsticas e reflexes tericassobre a ocorrncia de acidentes tinham sido publicados. Maisatualmente, Alchieri e Stroeher (2002) identicaram diversosproblemas no desenvolvimento da psicologia do trnsi tobrasileira e concluram que, desde o incio da psicotcnicaaplicada ao trnsito, os psiclogos ainda no haviam conseguidoresponder com preciso o que eles observam nos testes quecaracteriza uma indicao ou no habilitao. Em funo dadiversidade de critrios utilizados pelos psiclogos, poucosestudos com evidncias de validade dos instrumentos usadospara avaliar condutores podem ser definidos com clareza.Recentemente, Joly, Silva, Nunes e Souza (2007), analisando

    a produo cientca dos congressos brasileiros de avaliaopsicolgica, identicaram apenas 6 trabalhos em psicologiado trnsito em 2003, 20 trabalhos em 2005 e 10 trabalhos em2007, congurando em apenas 3,9% do total de 934 resumospublicados em todas as edies dos eventos.

    Revises de literatura sobre a inuncia das caractersticasde personalidade na conduo veicular tm sido realizadas emdeterminados momentos. Mira (1984) apresentou resultadosde pesquisas conduzidas fora do pas e realizadas com o PMKem amostras de motoristas pluriacidentados e no acidentados.Mais recentemente, em outra reviso de literatura, Silva eAlchieri (2007) evidenciaram alguns problemas metodolgicosnas pesquisas realizadas at ento, apontando uma ausncia

    de resultados conclusivos que justiquem a manuteno da

    necessidade da avaliao de caractersticas da personalidade paraadquirir/renovar a habilitao. Revises sobre outros aspectosdo comportamento que tambm so denidos no processo dehabilitao so necessrios do ponto de vista terico e prticopara a psicologia, como forma de acompanhar o conjunto deevidncias empricas que sustentam o processo avaliativo,

    administrado compulsoriamente a milhares de pessoas todos osanos no territrio nacional. Assim, na perspectiva de sistematizaros conhecimentos produzidos no campo da avaliao psicolgicade motoristas, oferecendo um panorama complementar aosconstrutos anteriormente revisados, especialmente nos aspectosmetodolgicos, e na perspectiva de oferecer algumas sugestespara ulteriores pesquisas, desenvolveu-seuma reviso dos estudosempricos sobre caractersticas de habilidades e inteligncia decondutores de veculos automotores no Brasil.

    Mtodo

    Procedeu-se identificao e anlise das publicaes

    relativas aos construtos acima referidos, desde a divulgao dosprimeiros artigos sobre os exames psicotcnicos em motoristas narevistaArquivos Brasileiros de Psicotcnica, na dcada de 1950,at os mais atuais, publicados at 2006, nos diversos peridicosde psicologia. As buscas foram realizadas por meio: (a) daBiblioteca Virtual em Sade - Psicologia(BVS-Psi), nas bases dedados eletrnicasIndex Psi Peridicos Tcnico-Cientfcos(commais de 160 revistas brasileiras publicadas desde 1949),PEPsic(com 52 peridicos indexados atualmente) e SciELO(com 207peridicos indexados), a partir das palavras-chaves trnsito,motorista, psicologia do trnsito e avaliao psicolgica demotoristas; (b) das prprias referncias bibliogrficas dosartigos encontrados; e (c) das referncias bibliogrcas detrabalhos de reviso de literatura em psicologia do trnsito(Alchieri & Scheffel, 2000; Alchieri & Stroeher, 2002; Alves,1999; Dagostin, 2006; Hoffman & Cruz, 2003; Mira, 1984;Silva & Alchieri, 2007; Vieira, Amorim, & Carvalho, 1956).Uma vez identicados, quando disponveis online, os artigosforam todos acessados, e quando no, foram solicitados sbibliotecas universitrias que tivessem os peridicos indicadosem seus acervos, por meio do Servio Cooperativo de Acessoa Documentos (SCAD - www.bvs-psi.org.br). Foi necessriorecorrer a estas estratgias uma vez que a literatura da reaindica que os estudos so escassos e dispersos em diversosperidicos, at mesmo alguns fora de circulao. Os artigos

    encontrados foram lidos e caracterizados quanto aos principaistemas estudados, mtodos utilizados, participantes, instrumentose delineamentos de pesquisa.

    Resultados

    Encontrou-se um total de quinze trabalhos de naturezaemprica (14 artigos e um trabalho completo em anais), dosquais trs so da dcada de 1950, trs de 1980, trs da dcadade 1990 e seis so do perodo entre 2000 a 2006. Nenhumtrabalho emprico sobre este contedo foi encontrado em dcadasanteriores a 1960 e 1970. A seguir so apresentados resumosde cada artigo, contemplando suas principais contribuies,conforme Tabela 1.

    F.H.V.C.Silva & J.C.Alchieri

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    Tabela 1Pesquisas empricas em avaliao psicolgica de habilidades e inteligncia de condutores

    Autor/Ano Tema de investigao

    Mtodo

    N Instrumentos Delineamentos

    Vieira et al.(1953)

    Construo de normas de padronizao(tabelas normativas)

    1.044 Teste de Ateno Difusa, Inibio Retroativa,Volante Dinamgrafo, Viso Noturna eOfuscamento

    Descritivo-exploratrio(vericao dosresultados de um grupode participantes nosinstrumentos)

    Avaliao das caractersticas de habilidadese inteligncia de candidatos renovao dahabilitao e responsveis por acidentes

    Vieira et al.(1956)

    Avaliao das caractersticas de habilidadese inteligncia de candidatos renovao dahabilitao e responsveis por acidentes

    4.935 Teste de Ateno Difusa, Tacodmetro, VisoNoturna e Ofuscamento

    Descritivo-exploratrio

    Antipoff(1956)

    Inuncia da idade e da emotividade noexame psicolgico

    110 Ateno Difusa de Lahy Descritivo-exploratrio

    Andrade(1983)

    Estudo sobre o nvel de inteligncia e arelao com conhecimentos para dirigir

    120 Teste de Matrizes Progressivas (Raven) Descritivo-exploratrio

    Miranda et al.(1984)

    Estudo sobre validade e padronizao 535 Aptitude Tester for Automobile Drivers(Simulador TKK)

    Descritivo-exploratrio

    Andrade(1985)

    Anlise e elaborao de modelo para anlisede teste psicolgico

    120 Teste de Inteligncia No-Verbal Forma C(INV-C)

    Pesquisa fatorial(classicao de itensem agrupamentos,vericando o poderexplicativo destes)

    Rozestraten(1990)

    Estudo sobre validade e padronizao 40 Teste de Ateno Difusa, Teste de AtenoConcentrada (AC), Aptido para MotoristaMilitar, Tempo de Reao, Reproduo deFiguras (Freitas), Disco de Walther, GroupEmbedded Figures Test (GEFT), Teste dosTrs Labirintos, Teste de Interesse (Kuder),

    Inteligncia No-Verbal (INV-C)

    Pesquisa comparativa(diviso dos participantesem dois grupos,comparando-os)

    Chiana &Chiana(1999a)

    Construo de normas de padronizao(tabelas normativas)

    1.000 Teste No Verbal de Inteligncia (R-1) Descritivo-exploratrio(vericao dosresultados de umgrupo de sujeitos nosinstrumentos)

    Chiana &Chiana(1999b)

    Construo de normas de padronizao 1.000 Teste de Ateno Concentrada (AC) Descritivo-exploratrio

    Sisto et al.(2005)

    Estudo sobre validade e padronizao 115 Teste Conciso de Raciocnio (TCR) Estudo correlacional (umgrupo de participantes,observando relao entrevariveis)

    Nvel de inteligncia e a relao comconhecimentos para dirigir

    vila &Benczik(2005)

    Relao entre acidentes, infraes evariveis de habilidade, inteligncia epersonalidade

    1 Teste de Ateno Concentrada (AC) e TesteNo Verbal de Inteligncia (R-1)

    Estudo de caso nico

    Montiel et al.(2006)

    Estudo sobre validade e padronizao 139 Teste de Ateno Concentrada Toulouse-Piron e Teste de Ateno Concentrada paraMotoristas Forma A (TACOM-A)

    Estudo correlacional (umgrupo de participantes,observando relao entrevariveis)

    Noronha etal. (2006)

    Estudo sobre validade e padronizao 212 Teste de Ateno Concentrada (AC) e Teste deAteno Sustentada (AS)

    Estudo correlacional

    Sisto et al.(2006)

    Estudo sobre validade e padronizao 65 Teste No Verbal de Inteligncia (R-1) e TesteConciso de Raciocnio (TCR)

    Estudo correlacional

    Rueda(2006)

    Estudo sobre validade e padronizao 51 Teste Conciso de Raciocnio (TCR) e TestePictrico de Memria (TEPIC-M)

    Estudo correlacional

    Revisando habilidades e inteligncia em condutores

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    O primeiro trabalho identicado na literatura foi de Vieiraet al. (1953), divulgando os resultados de exames psicolgicose tabelas de diversos testes de aptido (Ateno Difusa,Inibio Retroativa, Viso Noturna e Ofuscamento, VolanteDinamgrafo). Os autores comentaram crticas sociais feitasao exame psicotcnico, principalmente, relativas ao prejuzo

    imposto aos motoristas avaliados como inaptos, do afastamentodo meio de vida, ao no recebimento de aposentadoria e oelevado custo dos exames.

    Em outro estudo, Vieira et al. (1956) apresentaramresultados de exames de motoristas realizados no antigo Institutode Seleo e Orientao Prossional (ISOP): teste de AtenoDifusa, Tacodmetro, Viso Noturna e Ofuscamento. A amostrafoi aleatria, composta por 4.935 motoristas, divididos emtrs categorias: candidatos a novas matrculas ou renovao,causadores de acidentes, e motoristas de uma empresa. Osautores expuseram tabelas com a porcentagem de reprovaodos sujeitos por testes de aptido, que foi de 5,56% no caso dacategoria de causadores de acidentes.

    Na mesma dcada, Antipoff (1956) estudou em 110 pessoasa inuncia da idade e da emotividade no exame de motoristano teste de Ateno Difusa de Lahy. De acordo com os dados,indivduos mais novos (entre 18 e 24 anos) se saram melhornos exames. Em relao emotividade, 26% resistiram situao do teste e revelaram bastante equilbrio, diminuindoprogressivamente os erros no instrumento.

    Posteriormente, na dcada de 1980, Andrade (1983) realizouinvestigao sobre a capacidade intelectual em 120 motoristasde transporte coletivo, com o grau de instruo at a 4 asrie,com o Teste de Matrizes Progressivas de Raven. Os resultadosapresentaram uma mdia de 29,37 acertos no teste, inferior

    esperada pela populao geral (41,8 acertos), sobre os quaiso autor inferiu que os motoristas caracterizavam-se em fasede aquisio do estgio das operaes concretas denido porPiaget. A partir dos resultados, o autor sugeriu que treinamentose campanhas educativas endereadas a esses motoristas deveriamlevar em conta a adequao ao seu nvel mental, a m de quepudessem ser bem compreendidas.

    Miranda et al. (1984) desenvolveram estudo de padronizaode um simulador para motoristas, oAptitude Tester for AutomobileDrivers (TKK). Este instrumento simulava diversas funesperceptivas, cognitivas e motoras bsicas para a conduo, comocoordenao de movimentos, preciso de reao, distribuio de

    ateno, estabilidade emocional, viso de cores e interfernciada fadiga. A amostra foi composta por 535 brasileiros. Os fatoresavaliados foram trs: (1) Erros na Acelerao, (2) Erros noPercurso e (3) Acerto na Reao Cor. Os autores concluramque, em relao aos fatores 1 e 2, a padronizao brasileira seriaconsiderada mais rigorosa que a amostra de referncia japonesa,enquanto que no fator 3 o parmetro seria menos severo.

    Em outro artigo, Andrade (1985) estudou 120 motoristasde transporte coletivo, buscando testar um modelo de anlisequalitativa da inteligncia com base na teoria de Piaget, utilizandoo Teste de Inteligncia No-Verbal (INV-C). Foram constatadasinadequaes no modelo testado, sendo apresentado um novomodelo e as novas anlises constataram melhor adequao da

    anlise qualitativa dos resultados.

    Na dcada seguinte, Rozestraten (1990) realizou estudopara invest igar a val idade dos instrumentos psicolgicosaplicados em motoristas, procurando identicar elementos quediferenciassem um grupo de no-acidentados e outro de pluri-acidentados. A amostra foi composta por 20 sujeitos, e foramusados vrios instrumentos para medir aptides e personalidade.

    No entanto, foram apresentados apenas os resultados dasseguintes aptides: ateno difusa; ateno concentrada (Testede Cambraia); capacidade visual acuidade esttica, visocromtica e viso noturna (Teste de Aptido para MotoristaMilitar); tempo de reao visual seletiva e auditivo seletivo;coordenao visomotora (Reproduo de Figuras de Freitas);habilidade motora bimanual (Teste de Discos de Walther);estilo perceptivo dependncia-independncia de campo (GroupEmbedded Figures Test- GEFT); orientao espacial (Teste dosTrs Labirintos); interesses (Kuder); inteligncia no-verbal(INV-C) e entrevista. Os resultados no indicaram a existnciade um nico fator importante que diferenciasse claramente osdois grupos. O autor concluiu armando que, se houvesse algumadiferena, ela deveria ser buscada na personalidade.

    Em outro estudo, Chiana e Chiana (1999a) construramtabela padronizada para o Teste de Ateno Concentrada (AC).A amostra foi de 1000 candidatos habilitao, com faixaetria entre 18 e 80 anos, com nvel de instruo entre o 1ograuincompleto (5asrie) e ensino superior. Assim como no estudoanterior, os dados foram coletados em 1995.

    Chiana e Chiana (1999b) desenvolveram ainda umestudo com o Teste No Verbal de Inteligncia (R-1), a m deconstruir uma tabela padronizada para avaliar condutores dacidade do Recife-PE. A amostra foi composta tambm com 1000examinados, com faixa etria variando entre 18 e 64 anos, com

    nvel de instruo entre o 1ograu incompleto (5asrie) e ensinosuperior. De acordo com os autores, os dados foram coletados em1995, sendo o estudo publicado somente quatro anos depois.

    Outros estudos e mais atuais so encontrados na literatura.Sisto, Bartholomeu e Fernandes (2005), por exemplo, realizaramestudo com o Teste Conciso de Raciocnio (TCR) e uma Provade Conhecimentos Sobre Trnsito que abordava conhecimentosdas normas, habilidades e condutas de risco. Os autoresbuscaram identicar possveis relaes entre inteligncia econhecimento para conduzir veculos. A amostra foi de 115estudantes universitrios de psicologia e educao fsica quedirigiam. De acordo com os resultados, os condutores obtiveram

    bom desempenho no TCR, acertando mais da metade dos itens.Todavia, em relao prova de conhecimentos, os condutoresdemonstraram no ter conhecimento das normas de circulao,pouco conhecimento das habilidades necessrias para enfrentarsituaes adversas no trnsito, com freqncia alta de condutasde risco. Os autores concluram que existem evidncias devalidade para o TCR apenas no grupo masculino, sugerindo que,quanto maior a capacidade de raciocnio, maior tendncia parao conhecimento das legislaes e das habilidades para superaras situaes adversas. No foram observadas associaes parao grupo feminino.

    vila e Benczik (2005) realizaram estudo de caso nicode um motorista infrator com 28 anos, solteiro, curso superior

    incompleto, motorista prossional h 10 anos, que se envolveu

    F.H.V.C.Silva & J.C.Alchieri

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    em trs acidentes. Alm da entrevista, foram utilizados os testesAC e R-1 e PMK (formato reduzido). No teste de atenoconcentrada, o candidato apresentou o nvel de ateno dentroda mdia esperada para sua escolaridade. No nvel mental,apresentou bons ndices para solucionar os problemas. No PMK,evidenciaram-se alteraes no Desvio Secundrio Sagital (DSS);

    traado disrtmico em todas as folhas e resultado inadequadono DPS; traos disrtmicos, no sentido especco das chamadasLeses Cerebrais Mnimas. O motorista foi diagnosticado comoportador do Transtorno do Dcit de Ateno e Hiperatividade(TDAH) do tipo combinado.

    Montiel, Figueiredo, Lustosa e Dias (2006), por exemplo,investigaram a evidncia de validade convergente entre oteste de Ateno Concentrada Toulouse-Piron e o Teste deAteno Concentrada para Motoristas Forma A (TACOM-A).Participaram 139 candidatos obteno da Carteira Nacional deHabilitao (CNH) de uma clnica credenciada. O TACOM-Arelacionou positiva e signicativamente apenas com a medida deRapidez no Toulouse-Piron. Em relao medida de Qualidade,os autores no vericaram relaes signicativas e fortes. Osresultados obtidos foram considerados evidncia de validadepara a medida de Rapidez do Teste de Ateno ConcentradaToulouse-Piron.

    Noronha, Sisto, Bartholomeu, Lamounier e Rueda (2006)desenvolveram um estudo para identicar evidncias de validadepara o Teste de Ateno Sustentada (AS) por meio da comparaocom o Teste de Ateno Concentrada (AC), em uma amostrafoi de 212 candidatos CNH. De acordo com os resultados,as correlaes, embora significativas, no foram fortes. Opercentual de comunalidade baixo foi interpretado como sendoum indicador de que a ateno concentrada e sustentada so

    construtos distintos. Os autores comentaram que os gruposformados em funo da sustentao no foram discriminados noTeste de Ateno Concentrada, mas sendo considerados comoevidncia de validade discriminante para a medida de sustentaodo AS. Observando os coecientes encontrados, os autoresinferiram que o termo concentrada, utilizado pelos diferentestestes de ateno, pode estar tendo diferentes conotaes.

    Sisto, Ferreira e Matos (2006) realizaram estudo com 65candidatos CNH buscando encontrar evidncias de validadeentre o R-1 e o Teste Conciso de Raciocnio (TCR). Os resultadosindicaram aceitvel relao entre os instrumentos, sendo que umaparte substancial da varincia de ambos os testes foi comum,

    considerado indicativo de medida de uma quantidade alta deresultados de um mesmo mecanismo psicolgico. Os autoresconsideraram, ainda, que, tanto os nveis mais elementaresquanto os mais elevados de raciocnio, no estariam sendoavaliados da mesma forma pelos dois instrumentos, ou ento,eles estariam avaliando diferentes mecanismos da inteligncia.

    Rueda (2006) desenvolveu estudo com 51 candidatos CNHpara vericar uma possvel relao entre memria e inteligncia.Utilizaram o Teste Pictrico de Memria (TEPIC-M) e o TCR.Os resultados evidenciaram relaes apenas entre um dos trsagrupamentos e a pontuao total do TEPIC-M com o TCR.No foram encontradas diferenas nos resultados dos candidatosem funo da categoria de habilitao pretendida (categorias

    A e B).

    Discusso

    Analisando os resultados das publicaes empricasidenticadas anteriormente, entre 1953 e 2006, quinze trabalhosforam publicados, em mdia um a cada trs anos e meio. Outrasrevises de literatura constataram tambm esta escassez (porexemplo, Alchieri & Stroeher, 2002; Dagostin, 2006; Mira,1984; Silva & Alchieri, 2007; Spagnhol, 1985), at mesmo detrabalhos apresentados em congressos cientcos (Joly et al.,2007). Este aspecto se assemelha bastante aos dados encontradospor Silva e Alchieri (2007), nos estudos sobre personalidade decondutores.

    A maioria das publicaes sete teve como tema principala validade e padronizao dos instrumentos; trs desenvolveramestudo para a construo de normas de padronizao (tabelasnormativas);dois sobre nvel de inteligncia e sua relao comconhecimentos para conduzir veculos; dois sobre a avaliaodas caractersticas de habilidades e inteligncia de candidatos renovao da habilitao e responsveis por acidentes.

    Outros temas apareceram apenas uma vez, conforme a Tabela1. Esses estudos, todavia, por serem poucos, no garantemuma medida com fortes evidncias de validade tanto para osinstrumentos, quanto para a comprovao sistemtica dasrelaes entre as variveis estudadas. Casos cujos participantestm como escolaridade nvel superior incompleto, sem relaesdemogrcas com a populao brasileira, ou mesmo, como interesse de apresentar novos instrumentos de avaliaopsicolgica sem qualquer evidncia de validade, no podemser tomados como parmetros cientcos relevantes para ajusticativa da existncia e da utilizao do processo avaliativocomo atualmente realizado.

    A anlise dos temas tambm evidencia que varias questesde ordem prtica do cotidiano dos psiclogos permanecem aindasem resposta, por exemplo: por que osprocessos relacionados tomada de informao, processamento de informao, tomadade deciso, comportamento, auto-avaliao do comportamento etraos de personalidade, estabelecidos na resoluo do ConselhoNacional de Trnsi to no 267, de 15 de fevereiro de 2008,devem ser especialmente avaliados? Existe associao entreessas caractersticas e o envolvimento em acidentes/infraes?Como devem se apresentar tais caractersticas nos diferentesgrupos de condutores (por exemplo, em motoristas prossionaise no profissionais, ou em motoristas com categorias dehabilitao distintas) de modo que sejam considerados comdesempenho condizente com a conduo veicular segura? oportuno constatar que em nenhum estudo publicado at hoje seestabelecem critrios de avaliao dos candidatos habilitaoe renovao, ou mesmo aos condutores infratores. A ausnciadessas respostas tem favorecido a adoo de critrios aleatriose particularizados de avaliao do candidato CNH, conformeevidenciaram Alchieri e Stroeher (2003), ao identicarem maisde 1.000 indicadores apontados pelos psiclogos para classicarum indivduo apto ou no nos testes de habilidades e 402indicadores para os testes de inteligncia.

    Em relao aos mtodos de investigao utilizados, eespecificamente sobre o nmero de participantes, a maior

    quantidade de amostra encontrada foi de 4.935 participantes

    Revisando habilidades e inteligncia em condutores

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    (Vieira et al., 1956), seguido de 1.044 (Vieira et al., 1953), 1.000(Chiana & Chiana, 1999a, 1999b), 535 (Miranda et al., 1984) e212 sujeitos (Noronha et al., 2006). Nas demais investigaes, aquantidade foi inferior a 140 participantes. A partir desses dados,observa-se que a busca pela representatividade da populaode condutores no tem sido uma meta perseguida nos estudos

    em avaliao psicolgica de condutores. As pesquisas tmsido desenvolvidas sem que critrios demogrcos ou outrosembasem as anlises dos resultados. No obstante, estudiosos damedida em psicologia recomendam a apresentao de normas decomparao de resultados com considervel nmero de sujeitos,representando assim diversas caractersticas como instruo,idade, sexo e escolaridade, que sejam provenientes de vriasregies do pas/estado (Alchieri, Noronha, & Primi, 2003).

    Outro aspecto que chama a ateno a composioda amostra. Os estudos que objetivaram a construo detabelas padronizadas basearam-se em amostras de candidatos habilitao apenas, ou seja, de pessoas no habilitadas.Nesse sentido, ser que as caractersticas psicolgicas ecomportamentais avaliadas, especialmente as habilidades, estosendo bem representadas por estes pequenos grupos normativos?Como avaliar os condutores no ato da renovao da habilitao,com base em uma tabela cujos dados foram obtidos com pessoasno habilitadas? Observa-se que, dos quinze trabalhos, setetiveram apenas candidatos habilitao como amostra nosestudos (Chiana & Chiana, 1999a, 1999b; Miranda et al.,1984; Montiel et al., 2006; Noronha et al., 2006; Rueda, 2006;Sisto et al., 2006). Poucos estudos investigaram motoristasprossionais (Andrade, 1983; 1985; Vieira et al., 1953; 1956),motoristas acidentados e infratores (vila & Benczik, 2005;Rozestraten, 1990; Vieira et al., 1956) e motoristas j habilitados,

    mas no prossionais (Sisto et al., 2005; Vieira et al., 1956).Noutro artigo, no ca clara a denio da composio amostral(Antipoff, 1956).

    Em relao aos instrumentos, foram identificados umtotal de vinte e dois: dezessete testes de habilidade, quatrode inteligncia (R-1, TCR, INV-C, Raven) e um de memria(TEPIC-M). Do total de artigos publicados, quatro realizaraminvestigaes com o AC, trs com o R-1, trs o TCR, trs delesutilizaram o teste de Ateno Difusa de Lahy, dois o INV-C edois utilizaram o Tacodmetro, Viso Noturna e Ofuscamento.Os demais instrumentos s foram usados apenas uma vez nosestudos. Esses dados sugerem uma diversidade de instrumentos

    utilizados em pesquisas para avaliar condutores nos construtos dehabilidade e inteligncia, conforme Alchieri e Stroeher (2003),que identicaram 38 instrumentos (29 de habilidade e nove deinteligncia). Os testes apresentados no contemplam todosos instrumentos de habilidade e inteligncia mais usados noBrasil, como, por exemplo, o TACOM-B, TADIM 1, TADIM 2,TADIS 1, TADIS 2, TRAP-1, conforme identicou o ConselhoFederal de Psicologia (2006) e outros (por exemplo, Alchieri& Stroeher, 2003; Rozestraten, 1984). No caso de alguns dostestes mais usados no pas e identicados neste estudo, (R-1, oTACOM-A e o AC), seu uso foi para identicar e diagnosticarcaractersticas psicolgicas dos sujeitos ou auxiliar a validaode outros instrumentos (validade concorrente, por exemplo).

    Como se pode observar, o foco centra-se nos resultados dos

    testes, sem que comprovem a validade, tanto em relao aoconstruto, quanto em relao ao critrio (diminuio de acidentesou infraes de trnsito). Dados semelhantes foram encontradospor Mira (1984) e Silva e Alchieri (2007) nos instrumentos depersonalidade. Isto evidencia que, no h nada efetivamentevlido para amparar qualquer forma de restrio pautada em

    uma ao criteriosa, mesmo aps deliberaes em diversasreunies e congressos (por exemplo, Rozestraten, 1984). Outroaspecto a ser ressaltado, que a maioria (64%) dos instrumentosidenticados nas publicaes j no mais usada no processo dehabilitao ou ainda no faz parte, at o momento (setembro de2007), da lista de 95 testes recomendados pelo Conselho Federalde Psicologia (www.pol.org.br). o caso dos testes: AtenoDifusa de Lahy, Tacodmetro, Viso Noturna e Ofuscamento,Inibio Retroativa, Volante Dinamgrafo, INV-C, SimuladorTKK, Teste de Aptido para Motorista Militar, Reproduode Figuras de Freitas, Disco de Walther, GEFT, Teste dos TrsLabirintos e Kuder.

    Quanto ao delineamento, as pesquisas foram categorizadasa partir das sugestes de Wainer (2000). A maioria sete, dosquinze estudos desenvolveu pesquisas de carter descritivo-exploratrio (vericao dos resultados de um grupo de sujeitosnos instrumentos); outros cinco estudos desenvolveram estudocorrelacional (investigando um grupo de participantes eobservando relao entre variveis), conforme a Tabela 1. Osoutros delineamentos como: pesquisa comparativa, pesquisafatorial e estudo de caso nico apareceram apenas uma vezcada. Estes dados evidenciam que o foco principal das pesquisasparece estar mais nos resultados dos instrumentos do que narelao entre eles e o comportamento dos motoristas no ambientedo trfego, conforme apontaram Alchieri e Stroeher (2002).

    Pouqussimas investigaes utilizaram estudos de caso nico oucompararam grupos visando estudar as relaes existentes entreaspectos psicolgicos medidos e o comportamento no trnsito.Estas constataes so semelhantes ao que ocorre nos estudos depersonalidade; a diferena que nesses ltimos, o delineamentomais utilizado tem sido a diviso e comparao entre grupos (Silva& Alchieri, 2007). Desse modo, os delineamentos de pesquisaparecem restritos e pouco criativos para serem utilizados em umarealidade atual e continuamente mutvel. Delineamentos maissosticados que comparam resultados dos testes com medidas docomportamento no trnsito, acompanhando os motoristas por umperodo de tempo, poderiam oferecer mais informaes sobre a

    validade de construto e a validade preditiva dos instrumentos.

    Consideraes fnais

    A realizao da avaliao psicolgica em condutores ecandidatos carteira de habilitao se constituiu historicamentena principal atividade do psiclogo no contexto do trnsito emuma grande parcela da categoria. Entretanto, apesar dos esforosempreendidos por estudiosos, a investigao em avaliaopsicolgica de habilidades e inteligncia trouxe limitadascontribuies questo da validade do processo, em relaoaos construtos e critrios de avaliao do comportamento.Revises anteriores de literatura tm registrado isso ao longo do

    tempo em construtos psicolgicos avaliados pelos psiclogos,

    F.H.V.C.Silva & J.C.Alchieri

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    como por exemplo, a personalidade. Atualmente, o panoramapermanece praticamente o mesmo no que diz respei to avaliao das habilidades e da inteligncia em candidatos emotoristas. Nos aspectos metodolgicos, os delineamentospermanecem repetitivos em relao aplicao de instrumentose pouco criativos frente s transformaes e complexidades

    da realidade do trnsito nas atuais metrpoles. O mesmo podeser dito com relao s amostras pouco representativas dapopulao e compostas na totalidade por escolares, e no usode instrumentos sem evidncia de validade. Com base nosresultados observados, evidencia-se ainda que o trabalho dospsiclogos que realizam avaliao psicolgica de motoristas nosDetrans e clnicas credenciadas, salvo algumas poucas excees,consiste basicamente em aplicar a legislao, que estabelece aobrigatoriedade da avaliao de aspectos psicolgicos, sem umconhecimento destes fatores.

    Desafortunadamente, em cinco dcadas, a pesquisa emavaliao psicolgica de trnsito no avanou o suciente pararesponder aos questionamentos e anseios bsicos da sociedadesobre sua obrigatoriedade e sobre os ganhos efetivos com asegurana no trnsito, que justiquem o investimento nanceiroque despendido por milhares de cidados anualmente noprocesso. A avaliao psicolgica de habilidades e intelignciade condutores tem se congurado, portanto, em uma atividadecompulsria e de duvidosa qualidade, do que por uma aocienticamente embasada, que evidencie empiricamente ganhoscom a diminuio de acidentes ou de violaes das leis detrnsito. Assim, continua sendo primordial o investimento empesquisas, conforme vem sendo sinalizado desde as primeiraspublicaes relativas psicologia aplicada ao trnsito, sendonecessrios estudos sobre a validade preditiva dos instrumentos,

    com delineamentos que incluam alm da quantidade da amostrauma descrio verdadeiramente representativa da populaobrasileira, a m de claricar melhor a relao entre os aspectospsicolgicos e o comportamento do motorista.

    Agradecimentos

    Os autores agradecem ao CNPq, pela bolsa de mestradopara o primeiro autor.

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    Fbio Henrique Vieira de Cristo e Silva, graduado e mestrando em Psicologia pela Universidade Federaldo Rio Grande do Norte, coordenador da Comisso de Psicologia do Trnsito no Conselho Regional dePsicologia/CRP-17. Endereo para correspondncia: Av. Rui Barbosa, 1122, Apto. 801-B, Lagoa Nova; Natal,RN; CEP: 59.056-300. Tel.: (84) 3221-2527, 8832-6661. E-mail: [email protected] Carlos Alchieri, doutor em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grandedo Sul, professor no Programa de Ps-graduao em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grandedo Norte. E-mail: [email protected]

    Recebido em 23.set.08Reformulado em 24.mar.08Aceito em 28.abr.08

    F.H.V.C.Silva & J.C.Alchieri