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Bruno da Silva Ghirardi, clarinete UMA BREVE HISTÓRIA DA MÚSICA – Roy Bennet Resumo para Vestibular Componentes básicos da música: Melodia – sequência de notas, de diferentes sons, organizadas numa dada forma de modo a fazer sentido musical para quem escuta. Harmonia – quando duas ou mais notas de diferentes sons são ouvidas ao mesmo tempo, produzindo um acorde. Dois tipos: consonantes (as notas concordam entre si) e dissonantes (notas dissoam, tensão). Ritmo – modo de agrupamento dos sons do ponto de vista da duração. Referência: pulsação. Timbre – particularidade característica do som de cada instrumento Forma – projeto ou configuração básica de que um compositor pode valer-se para moldar ou desenvolver uma obra musical. Tessitura – “trama” da organização dos sons na música: o Monofônica: uma linha melódica o Polifônica: duas ou mais linhas melódicas ao mesmo tempo (contrapontística) o Homofônica: uma linha melódica com acompanhamento de acordes. Basicamente, mesmo ritmo em todas as vozes. Estilo: maneira pela qual compositores de épocas e países diferentes apresentam esses elementos (como eles são tratados, equilibrados e combinados). Períodos da História da Música: Música Medieval – até cerca de 1450 Música Renascentista – 1450 a 1600 Música Barroca – 1600 a 1750 Música Clássica – 1750 a 1810 Romantismo do século XIX – 1810 a 1910 Música do Século XX – de 1900 em diante Música Medieval – até cerca de 1450 (2ª metade do séc. XV) Cantochão Monofônica (sem acompanhamento) Intervalos pequenos (de preferência um tom) dentro de uma oitava Ritmos irregulares de acordo com a acentuação das palavras e natureza das palavras em latim Alguns em estilo antifônico (coros se alternando), outros em responsório (coro responde solista(s)).

Revisão História Da Música

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Bruno da Silva Ghirardi, clarinete

UMA BREVE HISTÓRIA DA MÚSICA – Roy Bennet

Resumo para Vestibular

Componentes básicos da música:

Melodia – sequência de notas, de diferentes sons, organizadas numa dada forma de modo a fazer sentido

musical para quem escuta.

Harmonia – quando duas ou mais notas de diferentes sons são ouvidas ao mesmo tempo, produzindo um

acorde. Dois tipos: consonantes (as notas concordam entre si) e dissonantes (notas dissoam, tensão).

Ritmo – modo de agrupamento dos sons do ponto de vista da duração. Referência: pulsação.

Timbre – particularidade característica do som de cada instrumento

Forma – projeto ou configuração básica de que um compositor pode valer-se para moldar ou desenvolver

uma obra musical.

Tessitura – “trama” da organização dos sons na música:

o Monofônica: uma linha melódica

o Polifônica: duas ou mais linhas melódicas ao mesmo tempo (contrapontística)

o Homofônica: uma linha melódica com acompanhamento de acordes. Basicamente,

mesmo ritmo em todas as vozes.

Estilo: maneira pela qual compositores de épocas e países diferentes apresentam esses elementos (como eles são

tratados, equilibrados e combinados).

Períodos da História da Música:

Música Medieval – até cerca de 1450

Música Renascentista – 1450 a 1600

Música Barroca – 1600 a 1750

Música Clássica – 1750 a 1810

Romantismo do século XIX – 1810 a 1910

Música do Século XX – de 1900 em diante

Música Medieval – até cerca de 1450 (2ª metade do séc. XV)

Cantochão

Monofônica (sem acompanhamento)

Intervalos pequenos (de preferência um tom) dentro de uma oitava

Ritmos irregulares de acordo com a acentuação das palavras e natureza das palavras em latim

Alguns em estilo antifônico (coros se alternando), outros em responsório (coro responde solista(s)).

Page 2: Revisão História Da Música

Modos (até o século XII): é dado pela nota final ou pelo âmbito da melodia, ou seja, sua nota mais

alta e mais baixa. Formas autêntica e plagal (começa uma quarta abaixo – prefixo “hipo”). Um modo

para cada grau da escala:

I. Jônio

II. Dório

III. Frígio

IV. Lídio

V. Mixolídio

VI. Eólio

VII. Lócrio

Neumas: sinais gráficos desenhados sobre as palavras indicando sem muita precisão o contorno

melódico.

Organum Paralelo (século IX)

1ª música polifônica

Vox organalis: adicionada para duplicar a vox principais

Intervalos de 4ª ou 5ª inferiores

Podia-se duplicar uma delas na oitava.

Organum Livre (século XI)

Adição dos movimentos: Paralelo

Contrário

Oblíquo Direto

Escrita acima

Nota contra nota

Organum Melismático (início do século XII) A voz principal (tenor, do latim manter) passa a sustentar a melodia longamente

Melisma: grupo melodioso de notas cantadas numa única sílaba na voz mais alta.

Organum de Notre Dame (século XII)

Escola de Notre Dame: refinamento da composição de organa

Léonin (+1201): Mestre do coro da catedral

Técnica: partes longas no tenor e organum (de nome duplum) desenvolvendo-se rápido.

Depois em trecho chamado cláusula, partes melismáticas no tenor em mesmo ritmo do

duplum (técnica de nome descante).

Pérotin (ativo 1200): Sucessor de Léonin . Revisão e enriquecimento dos organa anteriores inclusive

com adição de triplum e quadruplum. Compôs clausulae (cláusulas).

Motetos (século XIII)

Mots = palavras

Vozes mais altas das clausulae (duplum e triplum) recebem palavras independentes. Duplum passa a ser

chamado de motetus.

Surge na Igreja e se seculariza.

Page 3: Revisão História Da Música

Conductus

Conduzir na procissão. O próprio compositor escrevia a melodia (tenor) e adicionava três ou mais vozes

em nota contra nota e com o mesmo texto.

Troca de Vozes: uma voz canta melodia AB enquanto outra canta BA.

Surge na Igreja e se seculariza.

Danças e Canções

Monofônicas

Canções: troubadours e trouvères - clara ideia de tom mas não de ritmo. Não há informação sobre

instrumentos.

Formas de dança:

Estampie – dança sapateada

Saltarello – dança saltitante

Com acompanhamento instrumental.

Instrumentos: Glaubé e tamboril, charamela, corneto, órgão, carrilhão, cítola ou cístre, harpa, viela, rebec,

viela de roda, satério, flautas doces, trompete medieval, alaúde gaitas de fole, percussão.

Ars Nova/Arte Nova (século XIV)

Estilo anterior passa a ser chamado de Ars Antiqua

Maior expressividade e refinamento. Ritmos mais ousados, contraponto desembaraçado e harmonia

começando a se desenvolver.

Guillaume de Machaut (c. 1300 – c. 1377), francês

Maior músico da Ars Nova

Escreveu motetos e canções, alguns baseados em cantochão e outros de criação própria

Messe de Notre Dame

Técnica: escolha de um cantochão para Cantus Firmus (tenor) em Isorritmo – padrão rítmico

prolongado (taleas) – com demais vozes acima e abaixo; e Hoqueto (soluço) – diálogo

sincopado.

John Dunstable (1390 - 1453), inglês

Fauxbourdon: acordes construídos com terças e sextas

Música Renascentista – (1450 até 1600)

Interesse no saber e na cultura, questionamento, observação, homocentrismo.

Interesse na música profana e início da escrita exclusivamente instrumental

Música Sacra

Polifonia coral: música contrapontística para um ou mais coros a cappella.

Principais formas: motetos e missas a no mínimo 4 vozes (adição do baixo – abaixo do tenor)

Utilização de modos, embora de maneira mais livre, com notas estranhas ou acidentais – música ficta.

Utilização de melodias populares para cantus firmus.

Em vez de uma tessitura contrastada, trabalha-se de maneira mais gradativa. Elemento chave: imitação

(introdução, por uma voz, de um trecho melódico que será repetido ou copiado por outra

imediatamente).

Maior consciência da importância harmônica.

Países Baixos e Itália:

Josquin des Prez (1440-1521), holandês

Page 4: Revisão História Da Música

Modo especial de ressaltar o sentido das palavras no canto, criando “climas”.

Motetos, missas e chansons

Música Impressa

Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594), italiano

Música sacra considerada o pináculo do estilo contrapontístico, de sonoridade rica e

flutuante.

Compôs também cerca de 100 madrigais seculares e sacros.

Missa Papae Marcelli

William Byrd (1540-1623), inglês

Refinada técnica contrapontística, principalmente no uso da imitação

Anthems em verso, motetos, canções de consorte e peças instrumentais

Tomás Luis de Victoria (1548-1611), espanhol

Música sacra em latim

Corais Alemães (século XVI)

Igreja Protestante: hinos para serem cantados por toda a congregação. Podiam ser músicas recém

compostas ou canções populares adaptadas

A Música Vocal Profana

Desenvolvimento paralelo

Frótola, madrigal (italianos), Lied (alemão), villancico (espanhol) e canção (francesa).

Madrigais Elisabetanos

Publicação de madrigais italianos em 1588 estimulam a produção de madrigais na Inglaterra

Madrigal tradicional: possui refrão, é contrapontístico, imitativo. Ilustração musical Ballet: Cantado e dançado. Ritmo acentuado, tessitura em acordes, estrófico. Refrão fá-lá-lá.

Ayre (canção) – John Dowland

Música Sacra na Inglaterra

Hinos = motetos, porém em inglês e não latim. Igrejas protestantes. Full anthem: somente coro

Verse anthem: acompanhamento de órgão ou violas e solistas

Veneza no Século XVI

Basílica de São Marcos com dois órgãos e duas galerias para coro. Estímulo ao desenvolvimento do Estilo

Policoral.

Estilo Policoral: música para mais de um coro. Alguns incluíam instrumentos.

Mistura de tessitura homofônica com contraponto imitativo e contrastes de registro, dinâmica, tessitura e

timbre. Giovanni Gabrieli (1554-1612), italiano

Obras policorais para vozes e instrumentos

Compôs também obras para teclado e madrigais

Música Intrumental (século XVI)

A partir do séc. XVI os compositores passam a ter mais interesse em escrever peças exclusivamente

instrumentais.

Divisão (tanto na Id. Média como na Renascença): bas – para música doméstica e haut – para igrejas,

salões e céu aberto.

Page 5: Revisão História Da Música

Instrumentos: alaúde, viola, cromorne, cervelato, sacabuxa, trompete, percussão, flautas, charamelas etc.

Produção em famílias.

Denominação elisabetana: Consort - grupo de instrumentos tocando junto. Whole consorte: mesma família

Broken consorte: famílias diferentes

Formas:

Canzona da sonar (canção para instrumentos) – Itália

Ricercar: semelhante ao moteto

Tocata: genuinamente instrumental Variações e baixo ostinato: variações sobre melodias populares

Fantasia e In nomine: contrapontística e imitativa. O in nomine trazia um cantus firmus em um

cantochão.

Música Elisabetana para Teclado

Virginal

Composições próprias para o instrumento, arranjos, variações.

Música Barroca – (1600 até 1750)

Barroco= pérola ou joia de formato irregular. Designava estilo da arquitetura com emprego excessivo de

ornamentos

1600: Aparecimento da ópera e do oratório. / 1750: Morte de J. S. Bach

Consolidação do sistema tonal (permanecem somente jônio e eólio)

Novas formas:

Ópera

Oratório

Fuga

Suíte

Sonata

Concerto

Violino substitui lentamente as violas e a orquestra barroca vai se configurando com as cordas como

seção mais importante.

Camerata: grupo de músicos que chegaram à conclusão de que o elaborado tecido contrapontístico

obscurecia o sentido das palavras.

Monodia

Uma única linha vocal sustentada por uma linha de baixo instrumental sobre o qual eram construídos

acordes.

Recitativo: estilo meio cantado e meio recitado, em que a melodia se desenvolvia de acordo com o ritmo

natural das palavras. Acompanhamento extremamente simples.

Baixo contínuo ou baixo cifrado: linha do baixo que deveria ser tocada por um instrumento grave de

corda (única parte escrita além da melodia).

Órgão ou cravo executavam os acodes de improviso para preencher a harmonia (havia algumas “pistas”

do que o compositor queria no baixo).

Ideia de acompanhamento contínuo com baixo cifrado permanece no barroco inteiro e serve de base para

a harmonia.

Foi chamada de La Nuove Musiche.

Page 6: Revisão História Da Música

As Primeiras Óperas

1597: Dafne de Jacopo Peri – primeira ópera

Euridice de Peri e Caccini – primeira ópera a chegar aos dias atuais

Incluíam pequenos coros , danças e peças instrumentais. Tessitura de acordes simples e orquestra

pequena.

Longos trechos de recitativo – monotonia.

O Velho e o Novo Estilo

Nova Monodia: melodia construída à base de acordes simples – Stile Moderno

Boa parcela das obras ainda eram escritas em estilo contrapontístico – Stile Antico Claudio Monteverdi (1567 – 1643), italiano

Orfeo (1607): primeira grande ópera. Uso de intervalos cromáticos e espaçados na parte do

canto. Harmonias inesperadas com dissonâncias. Partes recitativas com forte carga

emocional

O compositor foi um elemento de introdução do barroco. Começa compondo madrigais ao

estilo antigo, depois compõe ópera e no fim da vida, ordenando-se padre, se dedica

principalmente à música sacra.

Recitativo e Ária Século XVII: uso do recitativo apenas como maneira de apressar o desenrolar da história. Maior

importância às árias (canções)

Recitativo:

Secco: fala sustentada apenas por acordes simples no contínuo

Stromentato ou accompagnato: acompanhamento orquestral simples de acordo com a emoção.

Recitativos tiravam ritmos do discurso. Árias e coros usavam os da dança.

Itália:

Alessandro Scarlatti (1660 – 1725), italiano

Óperas iniciadas com uma abertura dividida em três partes: rápida-lenta-rápida. Ficou

conhecida como Abertura Italiana e serviu de base para o desenvolvimento da Sinfonia

Clássica.

Árias na forma da capo – ABA (ao final de B tem-se a indicação D.C.). Cantor dá sua

contribuição na volta.

França:

Jean-Baptiste Lully (1632-1687), francês

Músico da corte de Luís XIV, o “Rei Sol”.

Óperas iniciadas com a Abertura Francesa: início lento, majestoso e de ritmo incisivo, seção

mais rápida com emprego da imitação e uma ou mais danças ou repetição do início.

Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764), francês

Compositor francês mais importante do séc. XVIII.

Tratado de harmonia

Óperas francesas incluíam o ballet.

Inglaterra:

Século XVII:

Henry Purcell (1659-1695), inglês

Dido e Enéias

Século XVIII

Haendel chega à Inglaterra e compõe ópera ao estilo italiano.

Page 7: Revisão História Da Música

Oratório

De início eram uma espécie de equivalente religioso e bíblico da ópera. Depois deixaram de ser encendos.

Principais compositores: Carissimi, Schuetz e Haendel. Georg Friedrich Haendel (1685 – 1759), alemão/inglês

Compositor dos maiores oratórios do período: Israel in Egypt, Samson e Messias.

Usa o recitativo para expor o encaminhamento da história, reservando as árias para

momento de introspecção. Algumas vezes dá grande importância aos coros.

Suas óperas devem muito ao estilo popular italiano, com árias líricas e virtuosísticas, escrita

dinâmica para cordas e abordagem simples e firma da progressão harmônica (raízes

germânicas).

Bach compôs Oratório de Natal e três versões para a Paixão (forma de oratório), usando recitativos, árias,

coros e corais (hinos alemães).

Cantata: espécie de oratório em miniatura.

Música Instrumental

Passa a ter pela primeira vez a mesma importância que a música vocal.

Utilização de formas antigas (canzona, ricercar, tocata, fantasia e variações), juntamente com as novas

(fuga, prelúdio coral, suíte, sonata e concerto).

Fuga: peça contrapontística que se fundamenta basicamente na técnica da imitação. Escrita para três ou

quatro vozes (mesmo a instrumental). Sua origem está na música vocal renascentista e na canzona e

ricercar. Se desenvolve com: Tema: melodia razoavelmente curta. Durante a fuga o tema aparece imitado em outras vozes em tonalidades diferentes.

Prelúdio Coral: peça para órgão baseada numa melodia coral. Podia ser tratada como fuga, variações ou

base para outras linhas melódicas. Johann Sebastian Bach (1685 – 1750), alemão

A Suíte

Grupo de peças para um ou mais instrumentos (evolução do conceito de junção de danças na Renascença)

Esquema mais comum para cravo, com danças: Uma allemande

Uma courante ou corrente

Uma sarabanda

Uma giga

Podia-se acrescentar o minueto, a bourrée, a gavota ou o passe-pied. Alguns faziam na forma rondó

(ABACA...)

Denominações: lições, ordem e partita.

Sonatas Barrocas

Sonare = soar. Peça para ser tocada, em oposição à cantata (para ser cantada).

Boa parte escrita para dois violinos e contínuo (baixo e cravo): trio-sonata

Duas espécies: Sonata da câmara: destinada a pequenas salas Sonata da chiesa (da igreja): contínuo é o órgão e fagote.

Quatro movimentos na mesma tonalidade com andamentos contrastantes (lento-rápido-lento-rápido).

Purcell, Corelli, Couperin, Bach e Haendel

Page 8: Revisão História Da Música

Concerto Grosso Concerto = consonância (italiano) ou disputa (latim).

Ideia de concerto remonta à renascença -> obras policorais de Gabrieli. Ideias de oposição e contraste

acentuado.

Pequeno grupo de solistas (concertino) contra uma orquestra de cordas conhecida por ripieno (pleno) ou

tutti (todos juntos). Cravo e órgão contínuo no ripieno.

Corelli (modelo de concerto italiano), Haendel e Bach

Concerto solo: um único instrumento contra a massa da orquestra de cordas. Três movimentos: rápido-lento-rápido Os movimentos rápidos apresentavam-se na forma ritornelo (retorno do tema principal): Tutti 1 :

Solo1 : Tutti2 : Solo2.... Vivaldi: mais de 500 concertos dos dois tipos.

Antonio Vivaldi (1678 – 1741), italiano

Mais celebrado e prolífico dos compositores (concertos, óperas, obras sacras vocais, obras

instrumentais)

A Orquestra

Deixa de ser um conjunto de instrumentos reunidos ao acaso e começa a tomar forma

Aperfeiçoamento dos instrumentos de cordas pelos artesãos -> formação de uma unidade independente

Cordas = núcleo central. Adicionavam-se flautas, oboés, fagotes, por vezes trompas e eventualmente

trompetes e tímpanos.

Traço principal da orquestra barroca: presença do órgão ou cravo contínuo (preenchimento da harmonia,

enriquecimento da tessitura e unidade).

Contrastes de dinâmica e de timbres.

Música Clássica – (1750 até 1810)

Divisão usual: música clássica e música popular. Para o musicólogo: Clássico com C maiúsculo – música do

período que vai de 1750 a 1810.

O estilo clássico começa a desabrochar no final do barroco. Trio-sonata vai sendo substituída pela sonata

clássica e a abertura italiana começa a se transformar na sinfonia clássica.

Filhos de Bach já preferiam um estilo mais homofônico e leve.

Estilo Galante:

primeira fase do período.

Estilo amável, cortês, que visava agradar ao ouvinte.

C. P. E. Bach, J. C. Bach e início da obra de Haydn e Mozart.

Amadurecimento do estilo - valorização dos valores:

Graça e beleza de linha (melódica) e de forma (concepção musical)

Proporção e equilíbrio

Comedimento e domínio da linguagem.

Perfeito equilíbrio entre expressividade e estrutura formal.

Tessitura: basicamente homofônica.

A Orquestra

Pleno desenvolvimento

Contínuo cai em desuso. Emprego de instrumentos de sopros – especialmente trompas – para dar

unidade à tessitura.

No início Base de cordas à qual se acrescentavam duas trompas e uma ou duas flautas ou dois obóes.

Page 9: Revisão História Da Música

No fim do século XVIII: uma ou duas flautas, dois oboés, duas clarinetas, dois fagotes, duas trompas, dois

trompetes, dois tímpanos, cordas.

Música para Piano

As obras para instrumento passam a ter mais importância que as composições para canto.

Invenção do pianoforte (piano) em 1698. Instrumento de teclado dotado de contraste entre forte e suave

e controle das nuances (legato, staccato, cantábile etc.).

Baixo de Alberti: desenho de acompanhamento que consiste em simples acordes quebrados repetidos

pela mão esquerda, mantendo a música em andamento e delineando a harmonia.

No final do século XVIII o cravo cai em desuso substituído pelo piano.

Sonata

Do verbo sonare = soar.

Obra em diversos movimentos (geralmente quatro ou três) para um ou dois instrumentos no máximo

(piano, piano e violino, etc.).

Se fosse para três seria chamada de trio. Para quatro, quarteto. Etc. Esses possuíam quatro movimentos

como as sinfonias.

Sinfonia

Sinfonia = soar em conjunto

Trata-se de uma sonata para orquestra.

Desenvolveu-se a partir da abertura italiana: rápido : lento : rápido.

Seções tornam-se movimentos distintos.

Passa a ter quatro movimentos – adição do minueto e trio (dança da suíte barroca) inseridos entre o

movimento lento e o alegre finale.

Haydn e Mozart que aperfeiçoaram e enriqueceram a sinfonia na segunda metade do século XVIII.

Movimentos:

1º: rápido, forma sonata

2º: mais vagaroso, etilo canção. Forma ternária ABA, variações ou forma sonata.

3º: Haydn e Mozart - minueto e trio. Beethoven - scherzo (brincadeira)

4º (finale): muito rápido, forma rondó (ABACA...), forma sonata ou mistura das duas; as vezes em

variações.

Forma Sonata

Tipo especial de forma ou plano musical usado para compor um único movimento de uma obra –

incluindo sinfonias, quartetos, sonatas, etc. Usada no primeiro movimento de quase todas elas.

Modo de reunir ritmos e melodias contrastantes (barroco: melodias mais fluidas, longas e não

contrastadas; clássico: contraste melódico, de timbre e ritmo bem marcado).

Desenvolve-se de uma forma binária, embora com configuração ternária:

Exposição:

Apresentação da matéria musical. Principais ideias são chamadas de temas (grupo de ideias)

1º tema: aparece na tônica, vigoroso e bem ritmado.

Ponte modulante ou mudança de tonalidade.

2º tema: tonalidades novas mas corretalas (dominante ou relativa maior). Mais

melodioso e menos incisivo.

Geralmente repete-se essa primeira parte

Desenvolvimento:

Abordagem de diferentes tonalidades.

Discussão, desenvolvimento, combinação e oposição de ideias já expostas.

Page 10: Revisão História Da Música

Recapitulação:

Repetição de forma ligeiramente modificada da parte expositiva: 1º tema: na tônica como antes Ponte agora alterada para conduzir ao segundo tema modificado

2º tema agora na tônica

Coda – conclusão

O Concerto Solo instrumental em luta contra a massa de uma orquestra

Origem no concerto solo do período barroco

Três movimentos – moderadamente rápido : lento : rápido. Como a sinfonia, sem o minueto.

Primeiro movimento:

Forma sonata modificada. Começa com dupla exposição (orquestra faz a primeira na tônica e o solo

faz a segunda em tom correlato de maneira mais completa que a primeira).

Segue-se o desenvolvimento e a recapitulação. Ao final da recapitulação vem a cadência do solista.

Coda.

Ópera

Ópera estava se tornando muito estilizada e estereotipada.

Cantores estavam tendo mais importância que o libreto.

Mozart e Gluck.

Reforma na ópera Christoph von Gluck (1714 – 1787), alemão

Orfeu e Eurídice (1762)

A música teria de estar a serviço do enredo, refletindo o drama e a emoção da poesia.

Não deveria haver tanta distinção entre ária e recitativo.

Ação teria de ser contínua, sem interrupções para demonstração vocal.

A escolha dos instrumentos deveria ser de acordo com a história.

Abertura deveria servir para preparar a plateia para a natureza do drama.

Enquanto Gluck reformou a ópera, Mozart a transformou:

As Bodas de Fígaro, Don Giovanni e A Flauta Mágica (singspiel – fala e canto)

Cena final do ato: todos cantam junto, cada qual com sua percepção dos fatos.

Orquestra apresenta papel importante, salientando a importância das vozes,

Primeira Escola de Viena:

Franz Joseph Haydn (1732 – 1809), austríaco

Figura-chave na evolução do estilo clássico

Estabelecimento de formas padrão para a sinfonia (suas 108 obras transformaram de vez a

abertura italiana), a sonata e criação do quarteto de cordas

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791), austríaco

Um dos mais prolixos e bem-sucedidos compositores de todos os tempos em vários veículos.

É na ópera que se apresenta seu estilo essencial.

Fina percepção humana.

Sinfonias, concertos, peças vocais etc.

Ludwig Van Beethoven (1770 – 1827), austríaco

Último dos compositores clássicos e primeiro dos românticos.

Compunha para agradar a si mesmo.

Três fases:

Page 11: Revisão História Da Música

Primeira:

Influência de Haydn e Mozart.

Primeiras sinfonias, três primeiros concertos para piano, seis primeiros quartetos de

cordas e 12 sonatas para piano.

Até os 30 anos de idade, primeiros sinais de surdez

Segunda:

Estilo mais pessoal e sentimental

Terceira à Oitava Sinfonias, Quarto e Quinto Concerto para Piano, Concerto para

Violino, Quartetos Rassumovsky, Sonatas ao Luar, Waldstein e Apassionata e a Ópera

Fidelio.

Terceira:

Nona Sinfonia (coral), Missa em ré, últimos quartetos de cordas e o restante das

sonatas.

Surdez completa e exclusão do universo sonoro exceto pela imaginação.

Modificação e expansão das formas clássicas. Desenvolvimento na forma sonata muito mais

exploratório. Maior importância à Coda. Movimentos lentos com mais intensidade emocional.

Minueto transforma-se em Scherzo.

Drama, conflito e agressividade. Acordes dissonantes, contrastes inesperados.

Aumento do tamanho da orquestra.

Música Romântica – (1810 até 1910)

Novas ideias na pintura e literatura, fim do século XVIII.

Maior liberdade de forma e concepção.

Expressão intensa e vigorosa da emoção.

Inspiração na pintura e literatura.

Temas exóticos e misteriosos

A Orquestra

Âmbito da matéria musical alargado: melodias mais líricas, modulações rápidas e ousadas. Harmonias

mais ricas e profundas, dissonâncias, notas estranhas cromáticas.

Crescimento da orquestra em tamanho e abrangência:

Adição da tuba completando o naipe de metais, que ganha mais importância por causa da invenção do

sistema de válvulas.

Percussão mais variada.

Cordas em maior quantidade para manter o equilíbrio.

Exploração de todas as formações instrumentais.

O Lied Alemão

Florescimento da canção, especialmente do Lied alemão (voz solo e piano). Pl.=Lieder

Dois tipos:

Estrófico: mesma música para cada verso do poema;

Durchkomponiert (inteiramente composta): música diferente para cada verso.

Voz e piano dividem igualmente a responsabilidade da música.

Schubert, Schumann, Brahms, Hugo Wolf e Strauss.

Série de lieder ligados por tema comum = ciclo

Música para Piano

Melhoramento do piano

Schubert, Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e Brahms.

Page 12: Revisão História Da Música

Preferência por peças mais curtas:

Valsa, mazurca, polonaise

Impromptu

Romance

Prelúdio

Noturno

Balada

Intermezzo (interlúdio)

Rapsódia

Etude

Grande evolução da técnica: favorecimento dos “virtuose” (Nicolò Paganini (1782 – 1840), italiano e

Franz Liszt (1811 – 1886), húngaro)

Frédéric Chopin (1810 – 1849), polonês: maior compreensão das possibilidades do piano, melodias de

grande inspiração.

Música Programática (ou de Programa)

Descritiva – ao contrário da música absoluta.

Estreitos laços ligando a música à pintura e à literatura.

Três tipos: Sinfonia descritiva:

Necessidade de correlacionar os movimentos motivo cíclico

Todas as sinfonias românticas, mesmo sem intenção descritiva, evocam emoções e dramas

vividos pelo autor. Abertura de concerto:

Obra para orquestra de sentido descritivo

Um só movimento

Forma sonata

Lembrar da Abertura 1812 de Tchaikovsky

Poema Sinfônico:

Criado por Liszt

Obra para orquestra de sentido descritivo

Um só movimento

Mais longa e de construção mais livre

Transformação temática: tema básico recorrente em contínua transformação, de caráter e de

espírito, de modo a corresponder a cada situação.

Lembrar da Dança Macabra de Saint-Saëns

Música Incidental (ou de cena)

Composta para ser ouvida em certos momentos de representação de alguma peça.

Trilha sonora

Suítes: reunião de diversas peças de música incidental (lembrar de Peer Gynt de Grieg) ou de músicas

selecionadas de balé (lembrar de O Lago dos Cisnes de Tchaikovsky).

O Concerto

Diversas mudanças de caráter e concepção: 1º Mov.: em vez de dupla exposição, apenas uma (solista entra logo de início para, em seguida,

compartilhar os temas com a orquestra). Cadência passa a ser escrita e é colocada antes da recapitulação.

Novas ideias de forma: Mendelssohn – Concerto para Violino (passagens de ligação entre os três

movimentos), Liszt – Segundo Concerto para Piano (um só movimento em transformação temática),

Brahms – Segundo Concerto para Piano (quatro movimentos, scherzo antes do terceiro).

Grandes orquestras.

Page 13: Revisão História Da Música

Partes de solo cada vez mais difíceis

Emocionante e dramático duelo entre duas forças aparentemente desiguais: um único solista contra toda

a massa e o poder de uma grande orquestra. Solista vence cheio de glória.

O Drama Musical de Wagner

Richard Wagner (1813 – 1883), alemão – força musical mais poderosa que surgiu depois de Beethoven.

Quase toda a obra é ópera – lendas germânicas, nórdicas – com libreto escrito por ele próprio.

Em vez de ópera ele chamava de Drama Musical – objetivo de promover a perfeita fusão de todas as artes

cênicas.

Orquestra enorme: grande seção de cordas, madeiras em trios, potente seção de metais.

Melodia ininterrupta (do início ao fim de cada ato).

Leitmotiv: tema motivo de um personagem da história que se desenvolve de acordo com a situação.

Partes vocais em estilo que combina características do recitativo com a ária.

Melodias baseadas em ritmo da fala, passando livremente pelas tonalidades.

Harmonias de rico cromatismo com dissonância.

O Nacionalismo no Século XIX (segunda metade do século)

Até metade do séc. XIX influência germânica.

Outros países (Rússia, Boêmia e Noruega) sentem a necessidade de se libertar dessas influências.

Fortes sentimentos pelo país, ou caráter distintivo através do qual a nacionalidade se torna facilmente

identificável.

Uso de melodias e ritmos do folclore de seu país e de cenas tiradas do dia-a-di, das lendas e histórias de

sua terra como base para obras como óperas e poemas sinfônicos.

Rússia: Glinka (Uma Vida pelo Czar (1836))

1860: Grupo dos Cinco – Balakirev, Borodin, Cui, Mussorgsky e Rimsky-Korsakov. Objetivo de compor

um estilo de caráter genuinamente russo. Trabalhavam juntos.

Boêmia: Smetana e Dvorák

Noruega: Grieg

O Romantismo Tardio

Tradição romântica trazida até o séc. XX – Gustav Mahler (1860 – 1911), austríaco e Richard Strauss

(1864 – 1949), alemão

Grandes orquestras com muitos instrumentos diferentes.

Strauss: harmonia de acordes. Mahler: sinuosa trama contrapontística.

Música do Século XX– (1900 em diante)

Longa história de tentativas e experiências que levaram a uma série de novas e fascinantes tendências,

técnicas e sons.

Reação consciente contra o estilo romântico do século XIX. Música ‘anti-romântica’.

Música anterior possuía um mesmo estilo comum a todos os compositores. Séc. XX mistura complexa

de muitas e diferentes tendências.

Características comuns:

Melodias: grandes diferenças de alturas, intervalos cromáticos e dissonantes. Curtas, fragmentads,

angulosas e pontiagudas. Emprego de glissandos. Possibilidade de inexistência. Harmonias: dissonâncias radicais, menos consonâncias, clusters (aglomerados).

Page 14: Revisão História Da Música

Ritmos: vigorosos e dinâmicos, sincopados, métricas inusitadas, compassos de cinco ou sete tempos

(música folclórica), mudança de métrica de um compasso para outro, polirritmias, artifícios de

ostinatos ou de ritmos motores. Timbres: inclusão de sons estranhos, intrigantes e exóticos. Fortes contrastes. Uso mais enfático da

seção da percussão. Sons desconhecidos de instrumentos comuns, registros extremos. Aparelhagem

eletrônica e fitas magnéticas.

Alguns compositores que não se encaixam em nenhuma estética (william Walton, Samuel Barber e

Benjamin Britten).

Tendência e técnicas mais importantes:

Impressionismo

L’Apres-Midi d’um Faune de Claude Debussy (1862 – 1918), francês – primeira obra

moderna

Termo retirado da pintura – impressão como a que os olhos recebem de relance.

Intenção de Debussy era se afastar do estilo romântico alemão. Uso de som por seu efeito

expressivo, como cores.

Trabalhava harmonias e timbres instrumentais

Acordes dissonantes – nonas ou 13ª - formando cadeias de acordes em movimento paralelo.

Efeito de algo vago, fluídico, bruxelante.

Escalas modais, pentatônica ou de tons inteiros.

Peças orquestrais – inusitadas combinações de timbres, rimos fluidos, tessituras

tremulantes, novos efeitos de luz e sombra sem claro delineamento.

De Debussy: L’Asprès-Midi d’um Faune, Nocturnes, Images e La Mer

Noites nos Jardins de Espanha – Falla e Pinheiros de Roma de Resphighi

Nacionalismo do século XX

Iniciada na segunda metade do século anterior.

Charles Ives (1874 – 1954), americano – uso de canções folclóricas, músicas de dança,

marchas e hinos.

Aaron Copland (1900 – 1990), americano – canções de cowboys

Ralph Vaughan Williams (1872 – 1958), inglês; Béla Bartók (1881 – 1945), húngaro;

Zoltán Kodaly (1882-1962), húngaro abordagem científica, recolhimento de cantos

folclóricos e estudo dos padrões rítmicos e melódicos.

Jean Sibelius (1865 – 1957), finlandês; Dmitri Shostakovich (1906 – 1975), russo

inspirações em temas dos países.

Influências jazzísticas

Vitalidade de ritmos, sincopados, melodias sincopadas em ritmos constantes, blue notes

(bemolização), efeitos de surdina, percussão e registros estridentes.

Ravel, Milhaud, Gershwin, Kurt Weill, Stravinsky, Walton e Copland

Politonalidade

Dois (bitonalidade) ou mais tons ao mesmo tempo

Petruchka e A Sagração da Primavera de Stravinsky; Bolero de Ravel. Atonalidade

Ausência total de tonalidade. Uso livre dos 12 sons.

Nasce dos procedimentos de inserção de notas estranhas e cromatismos, desde Wagner,

Debussy etc.

Expressionismo

Termo da pintura – Viena

Exagero ou distorção do romantismo tardio

Arnold Schoenberg (1874 – 1951), austríaco; Alban Berg (1885 – 1935), austríaco e

Anton Webern (1883 – 1945), austríaco– 2ª Escola de Viena

Page 15: Revisão História Da Música

Atonalidade, harmonias dissonantes, melodias frenéticas, desconjuntadas e extremos de

registro.

Noite transfigurada de Schoenberg Pontilhismo

Tecido sonoro que consiste em timbres instrumentais dardejando minúsculas fagulhas

luminosas.

Webern

Serialismo

Schoenberg – proposta de coerência e unidade à peça atonal

Técnica:

Ordenação das 12 notas da escala cromática – série fundamental – em igual importância Pode ser escrita na forma original, retrógrada (trás pra frente), inversão (de baixo pra

cima) ou inversão retrógrada.

Pode ser transposta começando de qualquer nota.

Webern usava-a de maneira mais livre enquanto Berg misturava técnicas seriais e tonais. Neoclassicismo

Clareza de linhas e tessituras sem expressão de emoções intensas (como no clássico)

Inspiração em Haydn e Mozart, ou mesmo no Barroco.

Denota a reelaboração de estilos, formas ou técnicas dos períodos anteriores ao Romantismo.

Mistura com elementos do século XX.

Microtonalidade

Música concreta

Montagem da gravação de sons

Música eletrônica

Alemanha, década de 1950 Serialismo total

Música aleatória