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REVISITANDO A
HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO PARA A
SEXUALIDADE
Antes de começarmos a revisitar a
história da educação para a
sexualidade, consideramos importante
pensarmos como os entendimentos
sobre os diversos termos referentes
à sexualidade foram sendo
construídos.
EDUCAÇÃO DA SEXUALIDADE
EDUCAÇÃO EM SEXUALIDADE
EDUCAÇÃO SEXUALIZADA
Educação Sexual: começa na família, pois ela
constitui o primeiro grupo social no qual o indivíduo
toma contato com o mundo. O contato cotidiano da
criança com os pais, o processo de socialização que se
segue, a influência da mídia e dos grupos sociais – faz
parte da educação sexual. É um processo de vida, que
permite ao indivíduo se modificar, e só termina com a
morte.
Sexo se aprende na escola - GTPOS
Orientação Sexual: é um processo formal e
sistematizado que se propõe a preencher lacunas de
informação, erradicar tabus e preconceitos e abrir
discussão sobre emoções e valores que impedem o uso
dos conhecimentos. À orientação sexual cabe também
propiciar uma visão mais ampla, profunda e
diversificada acerca da sexualidade.
Sexo se aprende na escola - GTPOS
Orientação Sexual: busca-se considerar a sexualidade como
algo inerente à vida e à saúde, que se expressa no ser humano,
do nascimento até a morte. Relaciona-se com o direito ao prazer
e ao exercício da sexualidade com responsabilidade. Engloba as
relações de gênero, o respeito a si mesmo e ao outro e à
diversidade de crenças, valores e expressões culturais
existentes numa sociedade democrática e pluralista. Inclui a
importância da prevenção das doenças sexualmente
transmissíveis/Aids e da gravidez indesejada na adolescência,
entre outras questões polêmicas. Pretende contribuir para a
superação de tabus e preconceitos ainda arraigados no contexto
sociocultural brasileiro.
Parâmetros Curriculares Nacionais
Educação Sexualizada: engloba não só a
informação sexual, mas também a discussão de valores
do domínio socioafetivo que vão emergindo no processo
de socialização que se faz através da família, da escola e
de toda a sociedade, valores que são veiculados de
forma explícita ou implícita desde o nascimento.
CORTESÃO; SILVA; TORRES
Educação da Sexualidade: remetemos para
um conceito ampliado de sexualidade entendida numa
perspectiva humanista e personalista. A sexualidade
humana integra componentes sensoriais e emotivos-
afetivos, cognitivos e volitivos, sociais, éticos e
espirituais. Adquire sentido no contexto de um projeto
de vida que promova o conhecimento e aceitação de si
próprio e o conhecimento e aceitação do outro.
RAMALHEIRA DIAS
EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE: visa a acionar
elementos mais abrangentes como prazer, desejos, não
se restringindo ao sexo como ato. Nesse sentido, essa
perspectiva pretende refletir sobre discursos
naturalizados e sacralizados culturalmente,
relativizando-os, pondo-os sob suspeita e vigilância,
provocando a dúvida de algumas certezas, na tentativa
de ampliar olhares em outras direções e possibilidades.
XAVIER FILHA
O Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola, a
partir de seus pressupostos teóricos, utiliza
educação para a sexualidade por considerar
que esse termo é uma das possibilidades de
romper com as visões essencialistas e
deterministas, ampliando o entendimento da
sexualidade.
A discussão sobre a inclusão da
sexualidade no currículo escolar vem
ocorrendo desde o início do século XX
pela influência das concepções médico-
higienistas do século XIX.
Primeiras ideias sobre educação sexual:
combate à masturbação, às doenças
venéreas e o preparo da mulher para ser
esposa e mãe.
Década de 20, o
movimento feminista,
liderado por Berta Lutz,
tentou a implantação da
educação sexual nas
escolas, com o objetivo
de proteção à infância e
à maternidade.
No Congresso Nacional de Educadores, em 1928,
discutiu-se a aprovação de um Programa de Educação
Sexual, mas somente para crianças acima de 11 anos.
Em 1938, o autor Osvaldo Brandão Silva escreveu o
livro Iniciação sexual - Educacional (leitura reservada),
o qual se destinava apenas aos meninos, já que as
meninas perderiam a inocência se o lessem e só deveriam
ser iniciadas no sexo por seus maridos.
Nas décadas de 40 e 50, não se tem conhecimento
de trabalhos ou iniciativas de educação sexual, devido
ao controle do tema pela Igreja Católica, que dominava
o sistema educacional.
Foi no início da década de 60 que algumas escolas
públicas e particulares dos estados de São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais tentaram a implantação de um
programa de educação sexual. Porém, devido às
mudanças políticas geradas pelo golpe de 64, essas
experiências foram interrompidas, em consequência da
repressão e do moralismo vigente.
Em 1968, a deputada federal
Júlia Steinbruck apresentou um
projeto de lei propondo a
introdução obrigatória da
educação sexual em todas as
escolas do ensino fundamental e
médio do país.
A Comissão Nacional de Moral e Civismo do
Ministério da Educação e Cultura foi radicalmente
contra o projeto e o rejeitou. Os pareceres
mostravam um caráter conservador e defendiam a
inocência, a pureza e a castidade das crianças.
“A expressão educação sexual deveria ser substituída por ‘educação
da pureza’; ‘a inocência é a melhor defesa para a pureza e castidade’;
‘não ensinar materialmente como a procriação se procede para o
homem e para a mulher, mas antes exaltar o que caracteriza o sexo
masculino: caráter, coragem, respeito e amor que, sem egoísmo, mais
dá do que recebe; e o sexo feminino: a delicadeza, a bondade, a
pureza, a confiança, indo até a doação, ao casamento, à
maternidade.”
Dentre os pareceres, destaco os do Almirante Benjamim
Sodré e do General Moacir Araújo Lopes,
respectivamente, que ilustravam os posicionamentos da
época com relação à educação sexual:
“Não se abre à força um botão de rosas e, sobretudo,
com mãos sujas.” (WEREBE, 1998, p. 173).
Na segunda metade da década de 70, com o
processo de reabertura política e o conseqüente
abrandamento da censura, ressurge o interesse pela
educação sexual, motivado pelos movimentos feministas,
pelos movimentos de controle populacional, pela
mudança no comportamento sexual do jovem, devido à
pílula como método anticoncepcional, e também pelo
avanço da medicina no controle das doenças
sexualmente transmissíveis.
No início da década de 80 surgiram as primeiras
publicações que “encaram a Educação sexual como meio de
transformações sociais, portanto, como uma atividade
política”. Essas publicações pautaram-se em escritos de
Foucault, Freud, Reich, Marcuse, Donzelot e Politzer.
FOUCAULT
MARCUSE
POLITZER
DONZELOT
REICH
FREUD
Nesta década, muitas escolas abriram espaço
para a discussão da sexualidade através de
palestras, encontros, debates a cargo de médicos
e/ou de psicólogos e/ou pela abordagem dos
conteúdos relativos à reprodução humana nas
disciplinas de ciências e biologia .
Esse espaço teve como
principais motivações as
questões vinculadas à
gravidez indesejada na
adolescência, às doenças
sexualmente transmissíveis e
à AIDS.
Nessa época a AIDS (re)colocou
a educação para a sexualidade na
escola.
Ao longo da década de 90, várias prefeituras
implantaram projetos de orientação sexual nas
escolas, destacando-se os trabalhos desenvolvidos
nas redes municipais de São Paulo e Porto Alegre.
Nesse período, várias instituições não
governamentais (ONG) como ABIA,
ECOS, GTPOS, entre outras, passaram
a produzir materiais educativos (vídeos,
manuais, guias, etc.) para o trabalho de
orientação sexual, de prevenção das
doenças sexualmente transmissíveis e da
AIDS, como também para o preparo de
educadores.
Foi na última década
do século XX que a
educação sexual passou
a ser instituída através
de políticas públicas
educacionais
normatizadas nos PCN.
Novas Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio,
foram incluídas orientações
para a inclusão de Orientação
Sexual, Identidade de Gênero,
bem como os temas do
programa Saúde e Prevenção
nas Escolas nos projetos
político-pedagógicos das
escolas.
NA CONTEMPORANEIDADE...
O projeto político-pedagógico das escolas de Ensino
Médio deve considerar:
valorização e promoção dos direitos humanos mediante
temas relativos a gênero, identidade de gênero, raça e
etnia, religião, orientação sexual, pessoas com
deficiência, entre outros, bem como práticas que
contribuam para a igualdade e para o enfrentamento de
todas as formas de preconceito, discriminação e
violência sob todas as formas.