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nº1 junho.07 revista trimestral gratuita
REVISITAR PESSOA
ARQUITECTURA DE LISBOA
INTERIORES MODERNOS
ODE MARITIMA
staff | DC Junho 2007
4089| Bárbara Campos
4183| Miguel Soares
3840| Paulo Ribeiro
3878| Vasco Antunes
04 ODE MARITIMA
04 INTERIORES MODERNOS
ARQUITECTURA 06ALFACINHA
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Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho prò lado da barra, olho prò Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos detrás dos navios que estão no
porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh’alma está com o que vejo menos.
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma
náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Olho de longe o paquete, com uma grande independên-
cia de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente.
Os paquetes que entram de manhã na barra
Trazem aos meus olhos consigo
O mistério alegre e triste de quem chega e parte.
Trazem memórias de cais afastados e doutros momentos
Doutro modo da mesma humanidade noutros pontos.
Revisitar Fernando Pessoa
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Todo o atracar, todo o largar de navio,
É - sinto-o em mim como o meu sangue -
Inconscientemente simbólico, terrivelmente
Ameaçador de significações metafísicas
Que perturbam em mim quem eu fui...
Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
E quando o navio larga do cais
E se repara de repente que se abriu um espaço
Entre o cais e o navio,
Vem-me, não sei porquê, uma angústia recente,
Uma névoa de sentimentos de tristeza
Que brilha ao sol das minhas angústias relvadas
Como a primeira janela onde a madrugada bate,
E me envolve com uma recordação duma outra pessoa
Que fosse misteriosamente minha.
Ah, quem sabe, quem sabe,
Se não parti outrora, antes de mim,
Dum cais; se não deixei, navio ao sol
Oblíquo da madrugada,
Uma outra espécie de porto?
Quem sabe se não deixei, antes de a hora
Do mundo exterior como eu o vejo
Raiar-se para mim,
Um grande cais cheio de pouca gente,
Duma grande cidade meio-desperta,
Duma enorme cidade comercial, crescida, apopléctica,
Tanto quanto isso pode ser fora do Espaço e do Tempo?
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Superior Técnico pretende propor-cionar aos estudantes que desejam obter uma formação naquele ramo profissional uma preparação eficaz para a vida activa.
cada vez mais alargado, sem que no entanto isso conduza à perda da essencial natureza integradora da sua aptidão. Mais do que espe-cialidades, definem-se claramente “vocações” ou áreas de excelência.
O Instituto Superior Técnico é uma Escola de Engenharia, mas tem também desta um entendimento alargado como o demons-tra em particular a variedade de licenciaturas que tem criado com apoio do DEC. Tem assim perfeito cabimento a criação de uma Li-cenciatura em Arquitectura, no entendimento de que esta não é concebida como um especial ramo da Engenharia, mas sim como um complemento e articulação com as formações no do-mínio da Construção e do Planeamento Territorial como acon-
O exercício da profissão de Arquitecto, como decorre até da sua gé-nese e evolução, não tem um carácter unívoco: os campos de activi-dade em que o Arquitecto é chamado a intervir formam um espectro
A R Q U I T E C T U R AALFACINHA
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O Departamento de Engenharia Civil do IST congrega, nas suas disciplinas, na sua docência, nos seus laboratórios e centros de inves-tigação, valências fundamentais a uma sólida formação de base técnica ne-cessária à profissão de Arquitecto. Por outro lado, mais do que quaisquer ou-tros profissionais, os Engenheiros Civis e do Território têm contacto directo com os profissionais de Arquitectura, e a proximidade, e
experiência de for-mação nestas áreas mostram que há um domínio dis-ciplinar comum e vasto envolvendo tecnicidades e es-pecialidades que
nenhum curso pode já abarcar por si só.
Por outro lado, tem o Departamento consciência de que a diferença entre licenciaturas em Engenharia Civil e Arquitectura deve manter-se e que a formação neste do-mínio justifica um es-paço diferenciado e selectivo, em termos de vocação e ensino.
No âmbito do Ins-tituto Superior Téc-nico podem assim encontrar-se recur-sos de ensino e in-
vestigação e um am-biente de sinergias académicas e profis-sionais adequados ao ensino da Arqui-tectura no seu sen-tido mais completo.
A criação de uma li-cenciatura em Arqui-tectura correspon-derá naturalmente à colaboração e inte-gração de áreas hu-manísticas e outras próprias da prática da Arquitectura, que constituem necessi-dades já constatadas e que nesse sentido enriquecerão o De-partamento e o IST em termos culturais. Essa abrangência justificará que o De-partamento passe a acolher, enquanto necessário, a Arqui-tectura, designando-se de Departamento
de Engenharia Ci-vil e Arquitectura.
tece com as licenciaturas já criadas em Engª Civil e do Território.
A observação da prática profissional no domínio da construção e da utilização do território e do espaço em geral, mostra que existe entre nós não só a oportunidade, mas sobretudo a necessidade de uma formação em Arquitectura com sólidas preocupações técnicas.
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Rastos do passado modernista no
moderno
A Finlândia do
novo milénio é
uma sociedade
de informação
moderna, onde a
competitividade
industrial é com-
plementada, pe-
las capacidades
criativas em mui-
tas áreas.
A localização do
país no extremo
Norte da Euro-
pa, os escassos
recursos naturais
e a reduzida den-
sidade popula-
cional, já não
são obstáculos
para a Finlândia.
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Há cada vez mais
ramos de indús-
tria podem or-
gulhar-se do su-
cesso do design
finlandês, que
tem sido alvo de
um considerável
interesse inter-
nacional. Os pro-
dutos de sucesso
são fruto de um
design inovador,
capaz de abrir as
portas do merca-
do mundial. Sen-
do assim, não
existem motivos
para admiração
com o suces-
so obtido pelos
Delenibh et lut enim doluptat velent
Delenibh et lut enim doluptat velent
Delenibh et lut enim doluptat velent
produtos finlan-
deses, como por
exemplo, os te-
lemóveis da mar-
ca A construção
naval, os trans-
portes públicos,
a segurança la-
boral, a saúde,
as actividades de
lazer, os despor-
tos, a comunica-
ção e a electróni-
ca, são áreas que
demonstram a
atenção dada pe-
las empresas ao
design, é a cha-
ve da produção
de sucesso e da
atenção interna-
cional crescente.
Os designers tra-
balham em co-
operação, com
especialistas téc-
nicos de todas
as áreas relevan-
tes, contribuindo
desta forma para
novas estraté-
gias de evolução
dos produtos,
atingindo assim,
um bom am-
biente material
e qualidade de
vida. O designer
tem que ter em
c o n s i d e r a ç ã o,
tanto as quali-
dades funcionais
e ergonómicas,
como os aspec-
tos estéticos e
ecológicos dos
produtos. Foi a
arte industrial
que criou o con-
ceito de Design
Finlandês e fez
com que o vidro,
a cerâmica, os
móveis e os têx-