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SUPER-REVISÃO DIREITO PENAL PARA DELEGADO DE POLÍCIA PCDF - 2015 PARTE 01/02 Professor e Delegado: Lúcio Valente Colaboração e contribuição gráfica: Dalmo F. Arraes Jr

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SUPER-REVISÃO

DIREITO PENAL PARA DELEGADO DE POLÍCIA PCDF - 2015

PARTE 01/02

Professor e Delegado: Lúcio Valente

Colaboração e contribuição gráfica: Dalmo F. Arraes Jr

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Direito Penal

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PARTE GERAL

Princípio da Insignificância

INSIGNIFICÂNCIA STF STJ

Habitualidade, reiteração

e antecentes

Não se aplica (maioria)

Não se aplica (maioria)

Crimes Tributários

Aplica-se se o valor

devido for inferior a

R$20mil

Maioria aplica se o valor

devido for inferior a

R$10Mil (3ª Seção)

Apropriação indébita

previdenciária (art.168-A)

e Estelionato

Previdenciário (art. 173, §

3º)

Não se aplica (maioria)

Tem aplicado dentro do

limite de R$10.000,00

(maioria)

Contrabando Não se aplica Não se aplica

Descaminho

Aplica-se se o valor

devido for inferior a

R$20mil

Aplica-se se o valor

devido for inferior a

R$10mil, conforme

entendimento da 3ª

Seção.

Crimes de Droga (porte e

tráfico)

Não se aplica (maioria) Não se aplica (maioria)

Estatuto do

Desarmamento

Não se aplica Não se aplica

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Falsificação de moeda Não se aplica Não se aplica

Crimes funcionais Aplica-se Não se aplica (maioria)

Crimes ambientais Aplica-se Aplica-se

Teoria da dupla imputação

Antiga e pacífica posição do STJ foi contestada pelo STF na aplicação da

responsabilidade penal da pessoa jurídica.

a. STF 1ª TURMA: é admissível a condenação de pessoa jurídica

pela prática de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas

físicas ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão

responsável pela prática criminosa.

b. STJ: no cometimento de delito ambiental, devem ser

denunciados tanto a pessoa jurídica como a pessoa física (sistema

ou teoria da dupla imputação). Isso porque a responsabilização

penal da pessoa jurídica não pode ser desassociada da pessoa

física - quem pratica a conduta com elemento subjetivo próprio (STJ,

RMS 37.293/SP, DJe 09/05/2013).

Em resumo: STJ adota a teoria da dupla imputação e o STF (1ª Turma) adotou a teoria

da imputação unitária.

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Dolo eventual

Assunto sempre cobrado em provas é a possibilidade de aplicação do dolo eventual

em determinados crimes.

Arrependimento posterior (art. 16): a reparação deve ser integral ou pode ser parcial?

A posição majoritária na doutrina é que não (LFG, Masson, Zaffaroni etc.). Essa

também é a posição majoritária no STJ atualmente (STJ, REsp 1302566/RS, DJe

04/08/2014) (no mesmo sentido: STJ, REsp 1282696/RS, DJe 13/12/2013).

Dolo eventual e homicídio

com “supresa” (recurso que

impossibilita a defesa)

Dolo eventual e motivo torpe Dolo eventual e tentativa

STF: incompatível (pacífico)

STF: compatível (informativo

553)

Zaffaroni, Aníbal Bruno, Flávio

Monteiro de Barros, Damásio,

Bitencourt, STF (RHC 67342) e

STJ (RHC 6.797/RJ):

compatível.

STJ: incompatível (há

divergência) (REsp 1277036/SP,

DJe 10/10/2014)

STJ: compatível (HC 58.423/DF) Rogério Greco e Mirabete:

incompatível (minoritário)

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O STF, contudo, possui precedente no sentido de que pode ser parcial (STF, HC 98658,

julgado em 09/11/2010).

Em provas, geralmente se cobra a posição da doutrina majoritária, que exige

reparação integral. A rapidez com que há reparação influi na mensuração da

diminuição.

A reparação se comunica (aproveita) aos coautores?

Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa de

diminuição de pena do arrependimento posterior, prevista no art. 16 do CP, estende-se

aos demais coautores, cabendo ao julgador avaliar a fração de redução a ser

aplicada, conforme a atuação de cada agente em relação à reparação efetivada.

De fato, trata-se de circunstância comunicável, em razão de sua natureza objetiva.

Deve-se observar, portanto, o disposto no art. 30 do CP, segundo o qual "não se

comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando

elementares do crime" (STJ,REsp 1.187.976-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado

em 7/11/2013).

O arrependimento posterior somente é cabível em crimes patrimoniais?

Em decisão recente, o STJ entendeu que os crimes contra a fé pública, assim como

nos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do

arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do

dano causado ou a restituição da coisa subtraída (STJ, Esp 1242294/PR, DJe

03/02/2015).

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Entretanto, a doutrina não faz tal limitação, tanto que o CESPE já considerou correto o

seguinte item:

O instituto do arrependimento posterior pode ser aplicado ao crime de lesão corporal

culposa (CESPE - 2014 - TJ-CE - Analista Judiciário)

PARTE ESPECIAL

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

Estupro e Atentado ao Pudor antes da nova lei

Importante salientar que a jurisprudência pacífica do STJ considera que, no estupro e

no atentado violento ao pudor contra menor de 14 anos, praticados antes da

vigência da Lei 12.015/2009, a presunção de violência é absoluta. Desse modo, é

irrelevante, para fins de configuração do delito, a aquiescência da adolescente ou

mesmo o fato de a vítima já ter mantido relações sexuais anteriores (EREsp 1.152.864-

SC, Terceira Seção, DJe 1º/4/2014 e EREsp 762.044-SP, Terceira Seção, DJe 14/4/2010).

Experiência sexual

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Em se tratando de crime sexual praticado contra menor de 14 anos, a experiência

sexual anterior e a eventual homossexualidade do ofendido servem para justificar a

diminuição da pena-base a título de comportamento da vítima?

O STJ entendeu que ainda que o comportamento da vítima possa ser considerado de

forma favorável ao réu, tratando-se de crime de atentado violento ao pudor contra

vítima menor de 14 anos, a experiência sexual anterior e a eventual homossexualidade

do ofendido não servem para justificar a diminuição da pena-base a título de

comportamento da vítima. A experiência sexual anterior e a eventual

homossexualidade do ofendido, assim como não desnaturam o crime sexual

praticado, com violência presumida, contra menor de 14 anos, não servem para

justificar a diminuição da pena-base a título de comportamento da vítima. REsp

897.734-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 3/2/2015, DJe 13/2/2015 (Informativo

555).

Vítima temporariamente desacordada é vulnerável?

Segundo o art. 225 do CP, o crime de estupro, em qualquer de suas formas, é, em

regra, de ação penal pública condicionada à representação, sendo, apenas em

duas hipóteses, de ação penal pública incondicionada, quais sejam, vítima menor de

18 anos ou pessoa vulnerável. A própria doutrina reconhece a existência de certa

confusão na previsão contida no art. 225, caput e parágrafo único, do CP, o qual, ao

mesmo tempo em que prevê ser a ação penal pública condicionada à

representação a regra tanto para os crimes contra a liberdade sexual quanto para os

crimes sexuais contra vulnerável, parece dispor que a ação penal do crime de estupro

de vulnerável é sempre incondicionada. A interpretação que deve ser dada ao

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referido dispositivo legal é a de que, em relação à vítima possuidora de incapacidade

permanente de oferecer resistência à prática dos atos libidinosos, a ação penal seria

sempre incondicionada. Mas, em se tratando de pessoa incapaz de oferecer

resistência apenas na ocasião da ocorrência dos atos libidinosos – não sendo

considerada pessoa vulnerável –, a ação penal permanece condicionada à

representação da vítima, da qual não pode ser retirada a escolha de evitar o strepitus

judicii. Com este entendimento, afasta-se a interpretação no sentido de que qualquer

crime de estupro de vulnerável seria de ação penal pública incondicionada,

preservando-se o sentido da redação do caput do art. 225 do CP. HC 276.510-RJ, Rel.

Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/11/2014 (Informativo 553).

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Competência

Não havendo lesão prejuízo a bens, serviços ou interesses da União, suas autarquias

ou empresas públicas, é da Justiça Comum Estadual.

Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsificação e uso de

documento relativo a estabelecimento particular de ensino (STJ, Súmula 104).

Compete à Justiça Federal – e não à Justiça Estadual – processar e julgar o crime

caracterizado pela omissão de anotação de vínculo empregatício na CTPS (art. 297, §

4º, do CP) (Informativo 554).

Moeda Falsa e arrependimento posterior

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Não se aplica o instituto do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa. No

crime de moeda falsa – cuja consumação se dá com a falsificação da moeda, sendo

irrelevante eventual dano patrimonial imposto a terceiros –, a vítima é a coletividade

como um todo, e o bem jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de

reparação. Desse modo, os crimes contra a fé pública, semelhantes aos demais crimes

não patrimoniais em geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento

posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou a

restituição da coisa subtraída. REsp 1.242.294-PR, Rel. originário Min. Sebastião Reis

Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/11/2014, DJe

3/2/2015 (Informativo 554).

Estelionato vs Uso de documento falso

Advogado que, utilizando-se de procurações com assinatura falsa e comprovantes

de residência adulterados, propôs ações indenizatórias em nome de terceiros com

objetivo de obter para si vantagens indevidas, tendo as irregularidades sido constadas

por meio de perícia determinada na própria demanda indenizatória, pratica crime de

estelionato ou uso de documento falso?

Depende:

a) Não se configura o crime de estelionato judiciário (art. 171, § 3º, do CP) quando é

possível ao magistrado, durante o curso do processo, ter acesso às informações que

caracterizam a fraude. Não se desconhece a existência de posicionamento

doutrinário e jurisprudencial, inclusive do STJ, no sentido de que não se admite a

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prática do delito de estelionato por meio do ajuizamento de ações judiciais (RHC

31.344-PR, Quinta Turma, DJe 26/3/2012; e HC 136.038-RS, Sexta Turma, DJe 30/11/2009).

b) Contudo, em recente julgado, a Quinta Turma do STJ firmou o entendimento de

que quando não é possível ao magistrado, durante o curso do processo, ter acesso às

informações que caracterizam a fraude, é viável a configuração do crime de

estelionato (AgRg no HC 248.211-RS, Quinta Turma, DJe 25/4/2013).

CRIMES CONTRA A PESSOA

Morte instantânea da vítima: no homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não

afasta a causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4°, do CP – deixar de

prestar imediato socorro à vítima –, a não ser que o óbito seja evidente, isto é,

perceptível por qualquer pessoa (STJ, HC 269.038-RS, DJe 19/12/2014) (Informativo 554).

A decisão cível acerca da exigibilidade do crédito tributário suspende a prescrição

do crime de apropriação indébita previdenciária?

A prescrição da pretensão punitiva do crime de apropriação indébita previdenciária

(art. 168- A do CP) permanece suspensa enquanto a exigibilidade do crédito tributário

estiver suspensa em razão de decisão de antecipação dos efeitos da tutela no juízo

cível. Isso porque a decisão cível acerca da exigibilidade do crédito tributário

repercute diretamente no reconhecimento da própria existência do tipo penal, visto

ser o crime de apropriação indébita previdenciária um delito de natureza material,

que pressupõe, para sua consumação, a realização do lançamento tributário

definitivo. STJ, RHC 51.596-SP, DJe 24/2/2015 (Informativo 556).

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Nos crimes de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP), o pagamento

do débito previdenciário após o trânsito em julgado da sentença condenatória não

acarreta a extinção da punibilidade (STJ, HC 302.059-SP, DJe 11/2/2015 (Informativo

556).

Homicídio e respiração do nascente

Para configurar o crime de homicídio ou infanticídio, não é necessário que o nascituro

tenha respirado, notadamente quando, iniciado o parto, existem outros elementos

para demonstrar a vida do ser nascente, por exemplo, os batimentos cardíacos

(STJ, HC 228.998-MG, julgado em 23/10/2012).

Professor, quando ocorre o fim da vida?

Ocorre com a cessação do funcionamento cerebral (morte encefálica)(Lei 9.434/97,

art. 3º - Lei de Transplantes). Após esse momento, o crime de homicídio torna-se

impossível por absoluta impropriedade do objeto (art. 17), mesmo que existam

batimentos cardíacos ou atividade pulmonar.

Domínio de violenta emoção

O domínio de violenta emoção é incompatível com premeditação (planejamento do

crime).

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O domínio de violenta emoção é compatível com dolo eventual

Ausência de motivo e futilidade

Como é sabido, fútil é o motivo insignificante, apresentando desproporção entre o

crime e sua causa moral. Não se pode confundir, como se pretende, ausência de

motivo com futilidade. Assim, se o sujeito pratica o fato sem razão alguma, não incide

essa qualificadora, à luz do princípio da reserva legal.

Embriaguez e futilidade

STJ, REsp 908.396/MG, DJ 30/03/2009 - Em que pese o estado de embriaguez possa,

em tese, reduzir ou eliminar a capacidade do autor de entender o caráter ilícito ou

determinar-se de acordo com esse entendimento, tal circunstância não afasta o

reconhecimento da eventual futilidadede sua conduta.

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Anterior discussão entre a vítima e autor e futilidade

A anterior discussão entre a vítima e o autor do homicídio, por si só, não afasta a

qualificadora do motivo fútil (STJ, AgRg no REsp 1.113.364-PE, DJe 21/8/2013).

Vingança ou ciúme

Vingança ou ciúme, por si sós, não configuram motivo torpe (STJ, RHC 19.268/RJ, DJ

28/02/2008).

O sentimento de ciúme pode tanto inserir-se na qualificadora do inciso I ou II do

parágrafo 2º, ou mesmo no privilégio do parágrafo primeiro, ambos do art. 121 do CP,

análise feita concretamente, caso a caso (STJ, AgRg no AREsp 363.919/PR, DJe

21/05/2014)

Multiplicidade de atos executórios

A multiplicidade de atos executórios (in casu, reiteração de facadas), por si só, não

configura a qualificadora de meio cruel.

Dolo eventual e homicídio

Dolo eventual é compatível com motivo fútil (STJ, REsp 912.904/SP, DJe 15/03/2012).

O STF (2ª Turma) entende diferente: São incompatíveis o dolo eventual e

a qualificadora da surpresaprevista no inciso IV do § 2º do art. 121 do CP (“§ 2° Se o

homicídio é cometido: ... IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou

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outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”) (Informativo

677).

STF (2ª Turma): O dolo eventual pode coexistir com a qualificadora do motivo torpe do

crime de homicídio (Informativo 577).

Homicídio culposo por imperícia e Bis in idem:

EM RESUMO:

Perdão judicial e vínculo

afetivo

O perdão judicial não pode ser

concedido ao agente de

homicídio culposo que, embora atingido moralmente de forma grave pelas

consequências do acidente, não tinha vínculo afetivo com a vítimanem sofreu

STF STJ

Imperícia não

convive com

inobservância de

regra técnica

Imperícia convive

com a inobservância

de regra técnica

Deve haver duas

condutas: uma

imperita, outra de

quebra de regra, sob

pena de bis in idem

Não há bis in idem

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sequelas físicas gravíssimas e permanentes (STJ, REsp1.455.178-DF, julgado em 5/6/2014

(Informativo nº 542).

Testemunha de Jeová

Em importante decisão recente do STJ, os pais, testemunhas de Jeová foram

absolvidos do crime de homicídio ao não darem o consentimento aos médicos para

transfusão de sangue, tendo eles cedido à vontade dos pais. Nesse caso, a

responsabilidade é exlusiva dos médicos, que responderam pelo crime (STJ, HC

268.459/SP, Rel. DJe 28/10/2014).

HIV e crime contra a pessoa

STF STJ

Supremo Tribunal Federal, no julgamento

do HC 98.712/RJ, Rel. Min. MARCO

AURÉLIO (1.ª Turma, DJe de 17/12/2010),

firmou a compreensão de que a conduta

de praticar ato sexual com a finalidade

de transmitir AIDS não configura crime

doloso contra a vida.

O STJ entendeu que a contaminação

dolosa de HIV consiste no crime do art.

129, § 2, incisoII, do Código Penal

Violência doméstica contra vítima homem

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O aumento de pena do § 9º do art. 129 do CP, alterado pela Lei n. 11.340/2006,

aplica-se às lesões corporais cometidas contra homem no âmbito das relações

domésticas. STJ, RHC 27.622-RJ, julgado em 7/8/2012).

Maus tratos x tortura

Podemos apontar as seguintes distinções (STJ, REsp 610.395/SC, DJ 02/08/2004):

A figura do inciso II do art. 1º, da Lei nº 9.455/97 implica na existência de vontade

livre e consciente do detentor da guarda, do poder ou da autoridade sobre a vítima

de causar sofrimento de ordem física ou moral, como forma de castigo ou prevenção.

O tipo do art. 136, do Código Penal, por sua vez, se aperfeiçoacom a simples

exposição a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob suaautoridade, guarda ou

vigilância, em razão de excesso nos meios de correção ou disciplina.Exemplos: pai

que surra violentamente seu filho como a finalidade de corrigi-lo; ou do carcereiro que

mantém o preso durante longo período sem alimentação com o propósito de aplicar-

lhe uma correção por indisciplina anteriormente cometida.

Na hipótese de maus-tratos, a finalidade é a correção de uma indisciplina, já na

tortura, a finalidade é causar padecimento na vítima, sem qualquer finalidade de

educação.Exemplo: é crime de tortura a conduta da madrasta que inflige intenso

sofrimento à enteada por mero prazer do mal (sadismo), sem qualquer ânimo de

correção disciplinar ou educação.

A exceção da verdade e foro de prerrogativa de função

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Caso o caluniador queira apresentar exceção da verdade contra caluniado com

foro de prerrogativa, isso deverá ser feito no tribunal competente (ex.: José,

Governador de Estado, sentindo-se caluniado por Juca, ingressa com ação penal por

calúnia. Juca poderá apresentar a exceção da verdade no STJ, Tribunal competente

para julgar o Governador).

A exceção da verdade oposta em face de autoridade que possua prerrogativa de

foro pode ser inadmitida pelo juízo da ação penal de origem caso verificada a

ausência dos requisitos de admissibilidade para o processamento do referido

incidente ( STJ, Rcl 7.391-MT julgado em 19/6/2013).

Violação de domicílio e corno

Interessante: O STF entende que não há crime na entrada do amante da esposa infiel

no lar conjugal, com o consentimento daquela e na ausência do marido, para fins

amorosos. (RTJ, 47/734)

Aborto de anencéfalo

STF, ADPF 54 QO/DF – permite aborto de anencefálicos mesmo sem autorização

judicial.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

O furto cometido por trombadinha é considerado qualificado pela destreza?

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O STJ entendeu que não, pois no crime de furto, não deve ser reconhecida a

qualificadora da “destreza” (art. 155, § 4º, II, do CP) caso inexista comprovação de

que o agente tenha se valido de excepcional – incomum – habilidade para subtrair a

coisa que se encontrava na posse da vítima sem despertar-lhe a atenção (STJ, REsp

1.478.648-PR, DJe 2/2/2015 (Informativo 554).

Furto durante repouso noturno

Divergência

a) Aplica-se tal causa de aumento de pena apenas para o furto previsto no caput

do art. 155, e não para suas figuras qualificadas (STJ, REsp 940.245/RS, DJ 13/12/2007).

b) A causa de aumento de pena prevista no § 1° do art. 155 do CP – que se refere

à prática do crime durante o repouso noturno – é aplicável tanto na forma simples

(caput) quanto na forma qualificada (§ 4°) do delito de furto. Isso porque esse

entendimento está em consonância, mutatis mutandis, com a posição firmada pelo

STJ no julgamento do Recurso Especial Repetitivo 1.193.194-MG, no qual se afigurou

possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de

furto qualificado (art. 155, § 4º, do CP), máxime se presentes os requisitos. Dessarte,

nessa linha de raciocínio, não haveria justificativa plausível para se aplicar o § 2° do

art. 155 do CP e deixar de impor o § 1° do referido artigo, que, a propósito,

compatibiliza-se com as qualificadoras previstas no § 4° do dispositivo (STJ, HC 306.450-

SP, DJe 17/12/2014 (Informativo 554).

Roubo e Transporte de valores

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Direito Penal

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Segundo o STJ, a situação não se restringe a dinheiro, como hipótese em que o autor

pratica o roubo ciente de que as vítimas, funcionários da Empresa Brasileira de

Correios e Telégrafos (ECT), transportavam grande quantidade de produtos

cosméticos de expressivo valor econômico e liquidez (STJ, REsp 1.309.966-RJ, Min. Rel.

Laurita Vaz, julgado em 26/8/2014 (Informativo nº 548).

Folhas de cheques e cartões bancários: em regra não podem ser objeto de furto, uma

vez que desprovidos de valor econômico. Mas, observe:

a) Furto de cheque em branco: atípico (STJ, HC 118.873/SC, 25/04/11).

b) Furto de cheque assinado: típico (STJ, HC 110.587/DF, 24/11/2008).

c) Cheque em branco subtraído e empregado como meio fraudulento para

obtenção de vantagem ilícita: estelionato.

DIVERGÊNCIA: Adulteração de medidor de energia elétrica

STF STJ

Furto mediante fraude (HC 72467,

31/10/1995)

Estelionato (HC, 67.829, 02/08/2007)

Furto e teoria da amotio (aprehensio)

A consumação do furto ocorre no momento em que o agente tem a posse da res

furtiva, cessada a clandestinidade, independente da recuperação posterior do bem

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objeto do delito (STF, HC 95.398/RS, DJ 03/09/2009)(STJ, HC 302.820/DF, DJe

04/11/2014).

Súmula 511-STJ

É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos

de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o

pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva (Súmula 511).

Furto mediante fraude e test drive

Segundo precedente do STJ, para fins de pagamento de seguro, ocorre furto

mediante fraude, e não estelionato, o agente que, a pretexto de testar veículo posto

à venda, o subtrai (STJ, REsp 226.222/RJ, DJ 17/12/99).

Transferência eletrônica fraudulenta

Com base no estudo realizado acima, é possível afirmar que a subtração de valores

de conta-corrente, mediante transferência fraudulenta para conta de terceiro, sem

consentimento da vítima, configura crime de furto mediante fraude. Na hipótese, é

competente o Juízo do lugar da consumação do delito de furto, local onde a vítima

tem a titularidade da conta-corrente (STJ, CC 81.477/ES).

A captação irregular de sinal de TV a cabo configura delito de furto de energia de

valor econômico?

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STF STJ

Não configura (STF,

informativo 623). Reputou-se

que o objeto do aludido

crime não seria “energia” e

ressaltou-se a

inadmissibilidade da

analogia in malam partem

em Direito Penal, razão pela

qual a conduta não poderia

ser considerada

penalmente típica. HC

97261/RS, rel. Min. Joaquim

Barbosa, 12.4.2011. (HC-

97261) .

1ªPOSIÇÃO Não Configura

(minoritária):A captação

clandestina de sinal de

televisão fechada ou a

cabo não configura o crime

previsto no art. 155, § 3º, do

Código Penal. Ademais, a

Lei n. 8.977/95, que dispõe

sobre serviços de TV a

cabo, em seu art. 35, in

verbis, tipifica tal conduta

como crime, sendo

inaplicável o Código Penal

em atenção ao princípio da

especificidade. *Art. 35.

Constitui ilícito penal a

interceptação ou a

recepção não autorizada

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dos sinais de TV a Cabo.

2ª POSIÇÃO Configura

(majoritário no STJ):Ver: STJ,

RHC 30.847/RJ, Rel. Ministro

JORGE MUSSI, QUINTA

TURMA, julgado em

20/08/2013, DJe 04/09/2013

Dano e bem do DF

O Como o CP não menciona o DF, a conduta de destruir, inutilizar ou deteriorar o

patrimônio do Distrito Federal não configura, por si só, o crime de dano qualificado,

subsumindo-se, em tese, à modalidade simples do delito (STJ, HC 154.051-DF, julgado

em 4/12/2012).

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Resumo dos requisitosda apropriação indébita (Masson):

a) Entrega voluntária do bem pela vítima;

b) posse ou detenção desvigiada;

c) boa-fé do agente ao tempo do recebimento do bem;

d) modificação posterior do ânimo do autor.

Dolo Específico (animus hem sibihabendi)

O dolo do crime de apropriação indébita de contribuição previdenciária é a vontade

de não repassar à previdência as contribuições recolhidas, dentro do prazo e das

formas legais, não se exigindo o animus rem sibihabendi, sendo, portanto, descabida

a exigência de se demonstrar o especial fim de agir ou o dolo específico de fraudar a

Previdência Social, como elemento essencial do tipo penal (STF, informativos 402 e

612. No mesmo sentido, STJ, informativo 526, 528).

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Presidente de Casa Parlamentar e função administrativa

O STJ entendeu que o parlamentar quando no exercício da presidência da Casa a

qual pertence, está enquadrado no art. 327, § 2º.

Peculato-apropriação

A consumação do crime de ocorre no momento em que o funcionário público, em

virtude do cargo, começa a dispor do dinheiro, valores ou qualquer outro bem móvel

apropriado, como se proprietário fosse (STJ, REsp 985.368/SP, DJe 23/06/2008).

Peculato-desvio e crime material

O crime de peculato na modalidade desvio (art. 312, caput, segunda parte) é crime

material. Em outras palavras, consuma-se com o prejuízo efetivo para a

administração pública (STJ, HC 114.717/MG, DJe 14/06/2010).

Peculato-desvio e consumação

Compete ao foro do local onde efetivamente ocorrer o desvio de verba pública – e

não ao do lugar para o qual os valores foram destinados – o processamento e

julgamento da ação penal referente ao crime de peculato-desvio (art. 312, "caput",

segunda parte, do CP).

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Peculato de uso

Analogamente ao furto de uso, o peculato de uso também não configura ilícito penal,

tão somente administrativo (STJ, HC 94.168/MG, DJe 22/04/2008).

Peculato de uso: é tido como improbidade administrativa (art. 9º, IV, da Lei

n.8.492/92). (STJ, REsp 812.005/SP, DJe 15/03/2010).

Advocacia Administrativa (exemplo)

O STJ recebeu denúncia por suposta prática de advocacia administrativa perpetrada

por desembargador que, em tese, teria pedido a juízes de primeiro grau para

“amolecerem a mão” (Ap. n. 468/RS, Corte Especial, DJ. 03.09.2007).

Violência arbitrária e revogação

Segundo entendimento do STJ e STF, o crime de violência arbitrária (art. 322 do CP)

não foi revogado pela Lei de Abuso de Autoridade (STF, RHC 95.617/MG, DJ

25/11/2008).

Corrupção ativa e trancamento da ação penal

O reconhecimento da inépcia da denúncia em relação ao acusado de corrupção

ativa (art. 333 do CP) não induz, por si só, o trancamento da ação penal em relação

ao denunciado, no mesmo processo, por corrupção passiva (art. 317 do CP)

(Informativo nº 551-STJ).

Descumprimento de medida protetiva de urgência e desobediência

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O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha

(art. 22 da Lei 11.340/2006) não configura crime de desobediência (art. 330 do CP)

(Informativo nº 538)-STJ).

Descaminho e crime formal

É desnecessária a constituição definitiva do crédito tributário por processo

administrativo-fiscal para a configuração do delito de descaminho (art. 334 do CP).

Situações de contrabando

Vou dar exemplos de situações em que as pessoas acreditam que seja

descaminho, mas é contrabando:

importação ou exportação de determinados produtos alimentícios

dependem de autorização da Anvisa para comercialização no Brasil

(Resolução RDC n. 27/2010);

importação ou exportação de sementes ou mudas devem ter

autorização do Ministério da Agricultura (Lei 10.755/03);

contrabando de gasolina, uma vez que a importação desse

combustível, por ser monopólio da União, sujeita-se à prévia e expressa

autorização da Agência Nacional de Petróleo, sendo concedida apenas aos

produtores ou importadores, de modo que sua introdução, por particulares,

em território nacional, é conduta proibida (STJ, AgRg no REsp 1309952/RR, Rel.

DJe 14/04/2014).

No caso de importação, a aquisição da arma de pressão está sujeita a

autorização prévia da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do

Exército Brasileiro (art. 11, § 2º, da Portaria 6/2007 do Ministério da Defesa) e é

restrita aos colecionadores, atiradores e caçadores registrados no Exército (art.

11, § 3º, da citada portaria), submetendo-se, ainda, às normas de importação

e de desembaraço alfandegário previstas no Regulamento para a

Fiscalização de Produtos Controlados (R-105), aprovado pelo Decreto

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3.665/2000. Portanto, configura contrabando – e não descaminho – importar, à

margem da disciplina legal, arma de pressão por ação de gás comprimido ou

por ação de mola, ainda que se trate de artefato de calibre inferior a 6 mm