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Revista Agropecuária Catarinense - Nº33 MARCO 1996

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Revista RAC da EPAGRI sobre pesquisa agropecuária e extensão rural

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Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados não expressamnecessariamente a opinião da revista e são de inteira

responsabilidade dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento, mesmo que

parcial, só será permitida mediante a citação da fontee dos autores.

S e ç õ e s

Esta edição abre o volume 9 da revista Agropecu-ária Catarinense, ou seja, estamos entrando no nonoano de circulação.

Neste número estamos com duas reportagens:uma sobre o plantio de triticale no litoral, que vem semostrando promissor, e outra sobre saneamento am-biental, tema cuja importância extrapola os interessesda área agrícola e diz respeito a toda a sociedade.

Na parte técnica, dez artigos sobre assuntos vari-ados apresentam e divulgam os mais recentes resul-tados da pesquisa agropecuária.

Esperamos agradar o amigo leitor e contamos comsuas críticas e sugestões em mais esta etapa.

Agrop. Catarinense, Florianópolis, SC, v.9, n.1, p.1-48, março 1996

Plantas medicinais, aromáticas e fitoprotetorasArtigo de Antônio Amaury Silva Júnior e Valmir José Vizzotto .......................................

Quebra de dormência em sementes de canafístulaArtigo de Airton Rodrigues Salerno, Teresinha Catarina HeckSchallemberger e Henri Stuker .......................................................................................

Resistência do fungo Venturia inaequalis ao fungicida dodineArtigo de Yoshinori Katsurayama e José Itamar da Silva Boneti ...................................

Algumas medidas de controle a lesmas e caracóisArtigo de Dionísio Link ....................................................................................................

Influência da minhoca no manejo de microbacias hidrográficas - 2 plantaArtigo de Masato Kobiyama .............................................................................................

Estimativa da produção de leite pelo pico de lactaçãoArtigo de Amaro Hillesheim e Henri Stuker .....................................................................

Origem e difusão da Metodologia de Extensão Ruralem Microbacias HidrográficasArtigo de Álvaro Afonso Simon ........................................................................................

Efeito de diferentes níveis de sombreamento no palmiteiro em viveiroArtigo de Marcos Vinícius Winckler Caldeira, Paulo Cézar Chitolina,Gerson Luiz Selle, Odilson dos Santos Oliveira e Luciano Farinha Watzlawick ..........

Resistência do endoparasita Haemonchus contortus ao ivermectin e aoalbendazole em um rebanho ovinoArtigo de Antônio Pereira de Souza, Valdomiro Bellato e César Itaqui Ramos ............

Reestruturação econômica - o caso neozelandêsArtigo de Airton Spies ......................................................................................................

T e c n o l o g i a

Planejamento: o primeiro marcoEditorial ..............................................................................................................................

Plantas daninhas na agricultura sustentávelArtigo de Djalma Rogério Guimarães ...............................................................................

TerminologiaArtigo de Glauco Olinger ...................................................................................................

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4 6

4 7

O p i n i ã o

R e p o r t a g e m

21 a 23

24 a 27

Triticale: uma nova (e boa) alternativa de invernoReportagem de Paulo Sergio Tagliari .......................................................................

Saneamento ambiental pretende mudar a realidade das comunidades ruraisReportagem de Paulo Sergio Tagliari .......................................................................

Cartas ................................................................................................................................Novidades de Mercado ...................................................................................................Pesquisa em Andamento ................................................................................................Reflorestar .......................................................................................................................Registro .....................................................................................................................Lançamentos Editoriais ..................................................................................................Agribusiness ....................................................................................................................Flashes ..............................................................................................................................Vida Rural - soluções caseiras ......................................................................................

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1 62 8

29 e 303 04 04 14 8

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4 2

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2 Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDI-ÇÃO: Airton Rodrigues Salerno, Celso Augustinho Dalagnol,Cidinei Cordini, Claudio Granzotto Paloschi, Eliane Rute deAndrade, Elmo Piazza Branco, Eriberto Buchmann, João Afon-so Zanini Neto, Jorge Bleicher, Paulo Sergio Tagliari, PaulRichard Momsem Miller, Rosalino Luiz Buffon, Rubson Ro-cha, Silmar Hemp, Vera Talita Machado Cardoso

JORNALISTA : Homero M. Franco (Mtb/SC 709)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTAS: Jorge Luis Zettermann, Vilton Jorge de Sou-za, Mariza T. Martins, Dilson Ribeiro

CAPA : Arquivo EPAGRI.

PRODUÇÃO EDITORIAL : Daniel Pereira, Janice da SilvaAlves, Marilene Regina Oliveira, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira,Vânia Maria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Selma Garcia Blaskiviski

ASSINATURAS/EXPEDIÇÃO: Luciane Santos Albino, RosaneChaves Furtado, Zulma Maria Vasco Amorim - GED/EPAGRI,C.P. 502, Fones (048) 234-1344 e 234-0066, Ramais 206 e243, Fax (048) 234-1024, 88034-901 - Florianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GED/EPAGRI - Fone (048)234-0066, Ramal 263 - Fax (048) 234-1024 - São Paulo, Riode Janeiro e Belo Horizonte: Agromídia - Fone (011) 259-8566 - Fax (011) 256-4786 - Porto Alegre: Agromídia Fone(051) 221-0530, Fax (051) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) -Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela EPAGRI (1996- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa

Catarinense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC.II. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Difusão deTecnologia de Santa Catarina, Florianópolis, SC.

15 DE MARÇO DE 1996

Impressão: EPAGRI CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação daEPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e ExtensãoRural de Santa Catarina S.A., Rodovia Admar Gonzaga,1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502, Fones (048) 234-1344e 234-0066, Fax (048) 234-1024, Telex 482 242, 88034-901 - Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

EDITORAÇÃO: Editor-Chefe: Afonso Buss, Editor-Técnico:Vera Talita Machado Cardoso, Editores-Assistentes: MaríliaHammel Tassinari, Paulo Sergio Tagliari

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES:PRESIDENTE: Afonso BussSECRETÁRIA: Vera Talita Machado CardosoMEMBROS: Airton Rodrigues Salerno, Celso AugustinhoDalagnol, Eduardo Rodrigues Hickel, Luiz Carlos Gandin,Roger Delmar Flesch

Planejamento: o primeiro marcoPlanejamento: o primeiro marcoPlanejamento: o primeiro marcoPlanejamento: o primeiro marcoPlanejamento: o primeiro marco

Graças a um esforço conjuntoque envolveu a Direção e todos osfuncionários da EPAGRI, além dacolaboração de outros órgãos, téc-nicos e lideranças do setor agríco-la, concluiu-se, ao final do anopassado, a mais importante etapado planejamento estratégico daEmpresa: estão definidos a mis-são, os objetivos fins, os objetivosmeios e diretrizes e as linhas deação que nortearão doravante apesquisa agrícola e a extensãorural em Santa Catarina.

Embora à primeira vista possaparecer que toda empresa, públicaou privada, deva ter sempre bemclaras estas definições, na práticanão é assim que acontece. Muitosdos erros que ocorrem no Brasil,principalmente na área pública,derivam da falta de planejamentoe da conseqüente improdutividadedas ações.

Além da construção propria-mente dita da árvore de objetivosda EPAGRI, vale destacar, nestetrabalho, a forma democrática comque foi conduzido, permitindo a

participação valiosa e imprescindí-vel de todos os interessados e envol-vidos.

Outra grande vantagem destemodelo é que o mesmo deverá ficar -pelos menos assim se prevê e seespera - isento do oportunismo e doimediatismo que muitas vezes acom-panham a alternância do poder po-lítico e a mudança de dirigentes.

Hoje já se sabe, se não com preci-são, pelo menos com grande aproxi-mação, o que a sociedade quer destaempresa pública que é a EPAGRI, ea EPAGRI sabe como agir para con-cretizar este anseio.

Conhecimento, tecnologia e ex-tensão para o desenvolvimento domeio rural em benefício da socieda-de são as palavras chaves que defi-nem a missão da Empresa.

Quanto aos objetivos fins, foramestabelecidos:

• promover a preservação, recu-peração, conservação e utilizaçãosustentável dos recursos naturais;

• buscar a competitividade daagricultura catarinense frente a mer-cados globalizados, adequando os

produtos às exigências dos consu-midores;

• promover a melhoria da qua-lidade de vida do meio rural e pes-queiro.

Notam-se aqui três grandes pre-ocupações: o meio ambiente, acompetitividade (leia-se viabili-dade) do setor e a qualidade devida.

Dentre os objetivos meios e di-retrizes, os destaques vão para:enfoque sistêmico, modernizaçãoda Empresa, parcerias, recursoshumanos, participação da comu-nidade, ampliação dos recursos,gerenciamento profissionalizado,marketing institucional e pesqui-sa e extensão adequadas às neces-sidades das unidades familiares deprodução.

Esta abordagem, que sabe-mos bastante resumida, tem porobjetivo divulgar o êxito que aEPAGRI está obtendo no seu pla-nejamento e, ao mesmo tempo, in-formar a todos os interessados quemaiores detalhes poderão ser soli-citados à Empresa.

REVISTA TRIMESTRAL

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Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996 3

CARTAS

PêssegoPêssegoPêssegoPêssegoPêssegoNa condição de produtor de

pêssego na região de Barbacena,MG, venho através desta solici-tar dessa conceituada empresabibliografias especializadas so-bre o plantio comercial da cultu-ra do pessegueiro.

Gostaria ainda de saber comoadquirir a revista AgropecuáriaCatarinense.

Marco Antônio AraújoMello

Belo Horizonte, MG

Do exteriorDo exteriorDo exteriorDo exteriorDo exteriorEstou trabalhando num pro-

jeto de Agricultura Ecológica comos camponeses daqui no sul-estede Peru. Somos cinco colabora-dores, quatro de Peru e eu, comovoluntário alemão.

Recebi no dia 22 de dezem-bro um fax do Sr. Eli Lino deJesus, AS-PTA, Rio de Janeiro,no qual ele me deu o seu ende-

reço.Queria saber se for possível

me ajudar em comprar um livroque buscamos há muito tempo eque se chama: Plantas de Co-bertura do Solo, ClaudinoMonegat. Queria comprá-lo. Mepoderia informar adonde e omeio do pagamento?

Queria agradecer-lhe ante-cipadamente pela sua gentil co-laboração.

Herwart GrollPuerto Maldonado - Peru

PublicaçõesPublicaçõesPublicaçõesPublicaçõesPublicaçõesA Secretaria Municipal da

Agricultura de Sobradinho, ten-do a necessidade de atualizaçãode dados, bem como da amplia-ção de sua biblioteca agrope-cuária, vem encarecidamentesolicitar o envio de manuais téc-nicos, folders, folhetos, catálogotécnico, entre outros, referenteàs vossas pesquisas, que possu-em excelente embasamento téc-nico, sendo de fácil assimilação,tanto pela parte técnica como

pelos produtores.Salientamos que nosso mu-

nicípio vive exclusivamente daagropecuária, tendo a agricultu-ra como maior fonte de rendaentre os produtores. Para tantogostaríamos de obter conheci-mentos mais aprofundados re-ferente a vossas pesquisas, parapodermos repassá-las aos nos-sos produtores, em eventuaisocasiões.

Luiz Carlos RechSecretaria Mun. Agricultura

Sobradinho, RS

QuiviQuiviQuiviQuiviQuiviVenho por meio desta solici-

tar informações detalhadas arespeito da cultura do quivi.

Pretendo implantar um po-mar desta fruta em meu sítio,situado em Tijucas do Sul, a 50kmao sul de Curitiba, onde o climaé quente no verão e úmido e friono inverno.

Gostaria de informações de-talhadas, desde a escolha damuda e melhor variedade, atésua colheita. Quais os locais, pró-

ximos de minha região, onde pos-so comprar mudas fiscalizadas?Qual o custo de implantação porhectare e a necessidade de mão-de-obra para cuidar de 1 hectarede quivi.

Aproveitando a oportunida-de, peço me enviarem uma rela-ção completa das publicações des-sa instituição.

Desde já agradeço e atençãodispensada e aguardo sua res-posta o mais breve possível.

Julio Cesar AlmeidaCuritiba, PR

IndustrializaçãoIndustrializaçãoIndustrializaçãoIndustrializaçãoIndustrializaçãocaseiracaseiracaseiracaseiracaseira

Pela presente solicito mate-rial ilustrativo sobre industriali-zação rural, veiculado no GloboRural. Gostei da matéria pois vejoque produtor que só produz e nãoindustrializa deixa de ganhar amaior parte da fatia. Esperandoser atendido, subscrevo-me

João Petroni NettoAndradina, SP

A revista Agropecuária Catari-nense aceita, para publicação, artigostécnicos ligados à agropecuária, desdeque se enquadrem nas seguintes nor-mas:

1. Os artigos devem ser originais e en-caminhados com exclusividade àAgropecuária Catarinense.

2. A linguagem deve ser fluente, evi-tando-se expressões científicas e téc-nicas de difícil compreensão. Reco-menda-se adotar um estilo técnico--jornalístico na apresentação da ma-téria.

3. Quando o autor se utilizar de infor-mações, dados ou depoimentos deoutros autores, há necessidade deque estes autores sejam referen-ciados no final do artigo, fazendo-seamarração no texto através de núme-ros, em ordem crescente, colocadosentre parênteses logo após a infor-mação que ensejou este fato. Reco-menda-se ao autor que utilize nomáximo cinco citações.

4. Tabelas deverão vir acompanhadasde título objetivo e auto-ex-plicativo,bem como de informações sobre afonte, quando houver. Recomenda-selimitar o número de dados da tabela,a fim de torná-la de fácil manuseio ecompreensão. As tabelas deverão virnumeradas conforme a sua apresen-

tação no texto. Abreviaturas, quandoexistirem, deverão ser esclarecidas.

5. Gráficos e figuras devem ser acom-panhados de legendas claras e obje-tivas e conter todos os elementos quepermitam sua arte-finalização pordesenhistas e sua compreensão pe-los leitores. Serão preparados empapel vegetal ou similar, emnanquim, e devem obedecer às pro-porções do texto impresso. Dessemodo a sua largura será de 5,7 centí-metros (uma coluna), 12,3 centíme-tros (duas colunas), ou 18,7 centíme-tro (três colunas). Legendas claras eobjetivas deverão acompanhar osgráficos ou figuras.

6. Fotografias em preto e branco de-vem ser reveladas em papel brilhan-te liso. Para ilustrações em cores,enviar diapositivos (eslaides), acom-panhados das respectivas legendas.

7. Artigos técnicos devem ser redigidosem até seis laudas de texto corrido (alauda é formada por 30 li-nhas com70 toques por linha, em espaço dois).Cada artigo deverá vir em duas vias,acompanhado de material visualilustrativo, como tabelas, fotografi-as, gráficos ou figuras, num montan-te de até 25% do tamanho do artigo.Todas as folhas devem vir numera-das, inclusive aquelas que contenhamgráficos ou figuras.

8. O prazo para recebimento de arti-gos, para um determinado númeroda revista, expira 120 dias antes dadata de edição.

9. Os artigos técnicos terão autoria, cons-tituindo portanto matéria assinada.Informações sobre os autores, quedevem acompanhar os artigos, são:títulos acadêmicos, instituições detrabalho, número de registro no con-selho da classe profissional (CREA,CRMV, etc.) e endereço. Na impres-são da revista os nomes dos autoresserão colocados logo abaixo do títuloe as demais informações no final dotexto.

10.Todos os artigos serão submetidos àrevisão técnica por, pelo menos, doisrevisores. Com base no parecer dosrevisores, o artigo será ou não aceitopara publicação, pelo Comitê de Pu-blicações.

11.Dúvidas porventura existentes po-derão ser esclarecidas junto àEPAGRI, que também poderá forne-cer apoio para o preparo de desenhose fotos, quando necessário, bem comona redação.

12.Situações imprevistas serão resolvi-das pela equipe de editoração da re-vista ou pelo Comitê de Publica-ções.

Normas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária CatarinenseNormas para publicação de artigos na revista Agropecuária Catarinense

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4 Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996

NOVIDADES DE

MERCADO

Milho doceMilho doceMilho doceMilho doceMilho doceA Asgrow Sementes trouxe

para o mercado brasileiro se-mentes de milho super doce, in-dicado para o consumo ao natu-ral. Tenro, saboroso e de exce-lente palatabilidade, o produto jáfoi testado em vários supermer-cados brasileiros, com grandeaceitação por parte dos consu-midores. Embalagens com 200gde semente foram introduzidasno mercado para que os produ-tores possam fazer pequenosplantios experimentais.

O cultivo deste milho é umaalternativa interessante para oshorticultores, que podem agre-gar pequenas áreas à sua produ-ção e oferecer um novo produtoaos feirantes e supermerca-dis-tas.

Colhedora deColhedora deColhedora deColhedora deColhedora deforragensforragensforragensforragensforragens

Acaba de ser apresentada ao

mercado brasileiro uma novacolhedora de forragens, que cor-ta duas linhas de plantio simul-taneamente. O equipamento, detecnologia totalmente nacional,tem capacidade de produzir até45t/ha nas culturas de cana-de-açúcar, sorgo e outros capinsforrageiros. Outra vantagem donovo equipamento é que podeser acoplado à plataformarecolhedora de forragens. A má-quina é totalmente automa-tizada, necessitando somente deum operador para fazer todo otrabalho.

Para outras informações, asua revista Agropecuária Cata-rinense fornece o telefone dofabricante (0192)63-3000.

Nova Pick-upNova Pick-upNova Pick-upNova Pick-upNova Pick-upTTTTTurbo Dieselurbo Dieselurbo Dieselurbo Dieselurbo Diesel

A JPX do Brasil está apre-sentando ao mercado a melhorpick-up na relação custo-benefí-cio fabricada no país. Com umadas suspensões mais modernas

Micro-usina de pasteurizaçãoMicro-usina de pasteurizaçãoMicro-usina de pasteurizaçãoMicro-usina de pasteurizaçãoMicro-usina de pasteurização

projeto, sugerem que, em mui-tos casos, pode ser recomendá-vel a associação de um grupo deprodutores.

Uma das principais vanta-gens para os produtores de leiteé o de agregar maior renda à suaprodução, além de poder ofere-cer ao consumidor produtos demelhor qualidade.

A Equilati, empresa de Vár-zea Paulista, SP, representadaem Santa Catarina pela LatesComércio e Representações,com sede em Forquilhinha(Fone/Fax (048) 463-1251), estáofe-recendo ao produtor de leitedo Estado a possibilidade debene-ficiar sua própria produ-ção de leite. Para viabilizar este

do mundo, a Pick-up JPX 4 x 4Montêz Turbo Diesel vem com acredencial de ter se originada doveículo oficial do exército fran-cês. Entre diversas qualidadesdeste veículo, está a do sistemade suspensão, capaz de absorveros choques causados pelo terre-no acidentado a plena carga, semque sejam transferidos para acarroceria e o chassi. Com isso,evita-se a trepidação excessivana caçamba, o que pode ocasio-nar prejuízos durante o trans-porte de carga, além de trazermais conforto para o motorista eo passageiro.

A rede de concessionáriosem Santa Catarina contemplaas cidades de Florianópolis,Brusque e Criciúma.

VVVVVermicida deermicida deermicida deermicida deermicida deamplo espectroamplo espectroamplo espectroamplo espectroamplo espectro

A Schering-Plough Veteri-nária está ampliando sua linhade medicamentos para peque-nos animais com o lançamentodo Endal, um vermicida de lar-go espectro de ação.

Indicado para o combate de

nematódeos e cestódeos de cães,conhecidos popularmente comolombrigas e solitárias, Endal ga-rante um tratamento eficaz eseguro podendo, inclusive, serministrado em fêmeas prenhase em filhotes.

Com apenas uma única dose,Endal elimina os vermes queinfestam o cão e restabelece suacapacidade de absorver todos osnutrientes necessários a umavida saudável. A verminose éuma das doenças que mais debi-litam o organismo dos animais.Ela cria condições favoráveis aosurgimento de infecções secun-dárias e viroses como aparvovirose e a coronavirose.

Outra vantagem do medica-mento é que ele não exige qual-quer tipo de regime alimentarespecial. Ele pode ser ministra-do em jejum, durante ou após asrefeições. Além disso, Endal dis-pensa o uso de remédiosadjuvantes. A dosagem indicadaé de um comprimido, ministradovia oral, para cada 10kg de pesovivo.

Para outras informações quese fizerem necessárias, o leitorde Agropecuária Catarinensepoderá ligar para (011)289-5800ou enviar fax para (011)284-1727.

antiparasitários de amplo espec-tro de ação que, com uma sódose, matam os principais para-sitas internos e externos: ver-mes do estômago, intestino epulmão, carrapatos, bernes,ácaros da sarna e piolhos.

Virbamec é indicado, prefe-rencialmente, para bezer-ros com menos de quatromeses e para animais debi-litados. O seu uso seletivopara estes animais permi-te ao cria-dor obter econo-mia máxima, pois aplica-seo míni-mo para proteger ogado jovem.

Para as outras categori-as de animais (recria, tou-ros, vacas, etc.) é indicado oVirbamax. O seu uso, con-forme indicações técnicasda Virbac, em todo o reba-nho com mais de quatromeses de idade, permiteque o criador obtenha umlucro máximo.

O leitor da AgropecuáriaCatarinense poderá disporde outras informações so-bre estes produtos direta-mente com a Virbac do Bra-sil, pelo telefone (0800)136533 ou pelo fax(011)570-0984.

O laboratório multinacionalfrancês Virbac está lançandono Brasil os produtos Virbamec(Ivermectin) e Verbamax(Abamectin), uma linha inteli-gente de endectocidas injetáveisà base de avermectinas.Virbamec e Virbamax são

Linha inteligente de endectocidasLinha inteligente de endectocidasLinha inteligente de endectocidasLinha inteligente de endectocidasLinha inteligente de endectocidas

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Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996 5

Plantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinais

Plantas medicinais, aromáticas e fitoprotetorasPlantas medicinais, aromáticas e fitoprotetorasPlantas medicinais, aromáticas e fitoprotetorasPlantas medicinais, aromáticas e fitoprotetorasPlantas medicinais, aromáticas e fitoprotetoras

espécies. É comum uma mesma espé-cie apresentar diferentes designações,bem como algumas espécies, até mes-mo de famílias distintas, receberem amesma nominação. A família dasLabiadas, composta de várias espéci-es fito-terápicas, é um dos casos maiscomuns em que várias espécies dife-rentes recebem a generalização dehortelã ou menta (Figura 1). No en-tanto, algumas destas espécies nãosão medicinais ou, quando muito, apre-sentam uma baixa concentração doprincípio ativo. O mesmo ocorre como quebra-pedra, designativo de pelomenos três espé-cies, sendo que umadelas (Euphorbia serpens ) é tóxica.Uma das confusões mais notáveisacontece com a erva--cidreira, nomepopular atribuído a Lippia alba(Verbenacea) e Cymbopogon citratus(Graminea), que além dos contrastesbotânicos e bioquímicos, apresentamcotações diferenciadas no mercado,dando margem a eventuais fraudes(Figura 2). O boldo, uma das espéciesmais utilizadas em fitoperapia, pas-sou a ser o nome genérico de pelomenos três espécies de famílias dis-tintas: Coleus barbatus (boldo-do-rei-no), Vernonia condensata (boldo japo-nês ou fel-de-índio) e Pneumus boldus(boldo do Chile), sendo que este últi-mo, pela dificuldade de adaptação noBrasil, apresenta uma cotaçãopecuniária diferenciada das demais. Ainexistência ou incipiência de infor-mações sobre a caracterização cabalde espécies fitoterápicas tem incorri-do também em coletas equivocadas demateriais nativos ou subes-pontâneos.Neste mister, são prover-biais osequívocos entre a espinheira--santae algumas espécies da famíliaEuphorbiaceae , entre as diferentesespécies de babosa, artemísia,carqueja, malva e tanchagem.

A transformação das plantas, cujovalor terapêutico foi confirmado pelas

brasileiros não tiveram acesso aosmedicamentos (4). Mesmo assim, osbrasileiros desembolsam anualmentecerca de 3 bilhões de dólares com aaquisição de medicamentos, o quecorresponde a 95% de todos osfármacos comercializados no país.

A própria Organização Mundial deSaúde, na 31 a Assembléia, recomen-dou aos países membros o desenvolvi-mento de pesquisas visando a utiliza-ção da flora nacional com o propósitoterapêutico. Cerca de 4 bilhões depessoas dependem das espécies medi-cinais, principalmente das nativas deseus próprios países. Das 119 substân-cias químicas extraídas de plantas eutilizadas na medicina, 74% foramobtidas com base no conhecimentopopular da fitoterapia (5).

A flora brasileira é riquíssima emespécies com princípios ativos pron-tos, esperando apenas serem testa-dos, a custos incomensuravelmentemenores. São cerca de 5.000 princípi-os ativos identificados em ervas nati-vas, porém a falta de equipamentos,de verbas e de recursos humanos temobstado o desenvolvimento desta área.Muitas espécies estão extintas, ou-tras estão em vias de extinção (Gingkobiloba, Smilax sp, Chinchona sp,Psychotria ipecacuanha) (6), a maio-ria é desconhecida e um limitado nú-mero de ervas apresenta comprova-ção científica de suas propriedades,habilitando-se à agroindustrializaçãoou a uso in natura (4). Na AméricaCentral o consumo de plantas medici-nais, em nível familiar, é de cerca de26.000t, movimentando uma soma de34 milhões de dólares, o que represen-ta 7% do valor gasto com os medica-mentos alopáticos convencionais(7).

A rigor, um dos entraves precípuospara o desenvolvimento da área defitoterapia é, sem dúvida, a desenfre-ada plurinomenclatura popular das

busca de plantas com proprieda-des terapêuticas é uma prática

multimilenar, atestada em vários tra-tados de fitoterapia das grandes civili-zações há muito desaparecidas (1). Ouso de espécies medicinais provavel-mente remonte há 2.000.000 de anos,quando se estabeleciam na Terra asprimeiras formas de hominídeos. Ogrande número de espécies medici-nais hoje conhecidas é reflexo do graude antigüidade dos conhecimentosfitoterápicos (2).

Com o advento da química moder-na e da industrialização, os princípiosativos das plantas foram isolados, re-finados e até sintetizados, objetivandouma maior eficácia do produto con-centrado frente à vultosa demanda dapopulação em crescimento geométri-co. Entre-mentes, a planta que pro-porcionou a consecução do princípioativo sintético acabaria, invariavel-mente, no esquecimento. O exemplomais típico é o da árvore conhecidacomo “salso chorão” (Salix spp), daqual se extraía o ácido acetil-salicílico- princípio alopático mundialmenteconhecido por sua comprovada açãoanalgésica e vaso-dilatadora. Nãoobstante, o custo das pesquisas, onível tecnológico e o custo da industri-alização, aliados aos efeitos colateraisdeletérios de muitos medicamentosalopáticos, viriam a depor contra aquimioterapia, especialmente nospaíses de baixa renda. Bilhões de dó-lares são gastos anualmente com pro-jetos que viabilizem o lançamento deuma droga comprovadamente eficaz.De cada 5.000 destas drogas testadasapenas uma consegue entrar no mer-cado (3).

No Brasil, assim como em outrospaíses de baixa renda per capita, asindústrias farmacêuticas multina-cionais invadem e controlam o merca-do. A Organização Mundial da Saúdeconcluiu que, em 1989, 50 milhões de

A

Antônio Amaury Silva Júnior e Valmir José Vizzotto

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6 Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996

Plantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinais

A B C

Figura 1 - (A) Hortelã-branca; (B) hortelã-levante; (C) menta-poejo

A B

Figura 2 - (A) Erva-cidreira brasileira; (B) cana-cidreira

pesquisas farmacológicas, em medi-camentos para a população, esbarrana dificuldade de obtenção da maté-ria-prima na quantidade e qualidadenecessária ao processamento. Nãoobstante a difícil localização de algu-mas espécies, muitas vezes originári-as de locais de difícil acesso, a buscainfrene por panacéias consagradas pelaciência moderna pode resultar numextrativismo desmedido de certas es-pécies da flora, sob pena de extinçãolocal e regional. O extrativismo irra-cional, a poluição ambiental, o usoindiscriminado de agroquímicos, asqueimadas e o monocultivo extensivotêm sido as principais causas que têmafetado a biodiversidade, resultandocom isso em redução drástica ou atéextinção de espécies de valor fito-terápico. Algumas espécies nativasestão sofrendo erosão genética acele-rada, principalmente pela perda deva-riabilidade, conseqüência direta doalto volume de extração em seusambientes naturais. A domesticaçãodestas espécies silvestres é um com-promisso com a preservação da

biodiversidade regional, com a saúdedo ser humano e com a estabilidade doprodutor rural no campo (6). Nãoobstante, para algumas espécies emextinção ou ameaçadas por agressõesambientais, há necessidade da im-plantação de um manejo sustentadopara sobreviverem às condições dedomesticação (6).

Além disso, a coleta de ervas nati-vas da flora pode resultar na obtençãode produtos de distintas composiçõesbioquímicas, dadas as diferentes situ-ações edafoclimáticas. Na AméricaCentral, os indígenas Bribis selecio-naram uma variedade de Lippia albaque possui aroma mais pronunciadoque todas as demais variedades daregião (6). As variedades sul-america-nas de quina - árvore donde se extraio quinino - apresentam o mais altoconteúdo deste princípio ativo entretodas as demais variedades do planeta(6). A variação de concentração dosprincípios ativos, a má qualidade dosprodutos colhidos e o seu inadequadoacondicionamento, muitas vezes emlocais impróprios, são os principais Figura 3 - Alfazema

obstáculos à exportação de espéciesbrasileiras para o exterior. Os maio-res importadores mundiais de espéci-es medicinais e aromáticas são Ale-manha, USA, Japão e Itália. Entre asespécies mais procuradas na floradestacam-se a salsaparrilha (Smilaxsp), a ipeca (Psychotria ipecacuanha),a quina (Chinchona spp), a espinheirasanta (Maytenus ilicifolia), a embaúba(Cecropia glaziovise ), o barbatimão(Stryphonodendron barbadetiman), acaapeba (Pothomorphe umeballata), ofel-de-índio (Vernonia condensata), acarqueja (Baccharis trimera), a erva-baleeira (Cordia verbenacea ), ojaborandi (Pilocarpus microphyllus),a pata-de-vaca (Bauhinia forficata), opacová (Renealmia exalata) o chapéu-de-couro (Echinodorus macrophy-llum), a fáfia (Pffafia spp), entre ou-tras, ameaçadas por um conjunto de

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Plantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinais

macal, traqueal e de contato aos inse-tos. Níveis de rotenona de 0,000001%,na água, são considerados tóxicos aospeixes. Entre as 20 espécies de timbóconhecidas na América, a espécie au-tóctone brasileira (Lonchocarpusnicoi) é a que apresenta o maior teorde rotenona (15 a 17%), cuja extraçãoé feita com o tetracloreto de carbono(8). Outras espécies como o tabaco, aarruda, a samambaia, a urtiga, o cra-vo-de-defunto, a cabaça, a losna, aalamanda, o cinamomo, a pimenta, aalfavaca, a hortelã, o alecrim, a catin-ga-de-mulata, o tomilho e a borragemsão relatadas como tendo ação inseti-cida e/ou insetífuga. Há indicações douso da manjerona para acentuar oaroma das plantas em cultivo, da mil-folhas em acentuar o teor de óleosessenciais, da arnica brasileira eminibir a germinação de plantas dani-nhas e da camomila e raiz forte emcontrolar alguns fungos fitopato-gênicos (1). A procura por estas plan-tas tem crescido ultimamente, princi-palmente devido ao uso indiscriminadode agrotóxicos que tem resultado emcontaminação ambiental, ressurgên-cia e resistência de pragas, intoxica-ção humana, sem falar no alto custodos agrotóxicos (5).

Os princípios ativos existentes nasplantas, sejam eles terapêuticos outóxicos, podem estar espalhados portoda planta, ou ainda concentrarem-se em algum órgão dela. Os alcalóides,que são substâncias de proteção, re-serva e de crescimento das plantas,localizam-se preferencialmente nacasca do caule e nas raízes, enquantoos óleos essenciais acumulam-senotadamente nas folhas e flores. Fa-tores ambientais como a fertilidade eumidade do solo, pH, temperatura,altitude e estações climáticas afetamdecisivamente a expressão de deter-minados princípios ativos. Deste modo,o alecrim, em solo muito argiloso erico em matéria orgânica, não produztanto óleo essencial quanto a mesmaplanta cultivada em solo arenoso (1).A alfazema não floresce em SantaCatarina, inviabilizando a colheita dassumidades florais, as quais encerramo maior teor de princípios ativos (Fi-gura 3). A natureza química de umamolécula possibilita sua localizaçãonas mais diferentes substâncias bio-químicas (proteína e peptídeos,

lipídeos, carboidratos, fenóis e ou-tros) existentes nos vegetais. Isto exi-ge a utilização de diferentes sistemasde extração que, por sua vez, podemgerar uma multiplicidade de frações aserem caracterizadas, demonstrandoo grau de dificuldade de obtenção ecaracterização de um princípio ativode origem vegetal. Não obstante, comos equipamentos e técnicas analíticasdisponíveis atualmente, pode-se, comrelativa facilidade, identificar equantificar os principais componen-tes bioquímicos que ocorrem nos ve-getais.

O controle de qualidade e quanti-dade dos princípios ativos, bem comoa proteção das espécies que os encer-ram, poderão ser viabilizados atravésde técnicas de cultivo sistemático emáreas agricultáveis, como já ocorrecom o jaborandi, no Nordeste brasi-leiro. Esta espécie é rica empilocarpina - um alcalóide imidazólicoque está sendo industrializado e ex-portado pelo Brasil para o tratamentode glaucomas e como tônico capilar(6). Neste mister, é necessário a for-mação de um banco de germoplamapara estudos fenológicos, fitotécnicose fitoquímicos das plantas visandoobservar formas de propagação dasespécies, manejo cultural, composi-ção bioquímica, sua variabilidade ge-nética e a devida preservação. A pro-dução sistemática de mudas de plan-tas medicinais reduz ou elimina osriscos de agressão ao meio ambiente,contribui com a saúde e a economia doconsumidor e constitui-se uma alter-nativa rentável àqueles produtoresque optarem por esta atividade. Porser uma atividade de alta densidadeeconômica, o cultivo de plantas medi-cinais adequa-se à estrutura fundiáriado Estado de Santa Catarina, forma-da, essencialmente, de pequenos emicroprodutores. Alie-se a isso o gran-de consumo destas ervas nas áreasrurais do Estado e a crescente procu-ra dos produtos da flora medicinal nosgrandes centros urbanos (9), seja naforma in natura ou processada porlaboratórios e indús-trias de cosméti-cos, refrigerantes e alimentos. Naregião metropolitana de Curitiba, oconsumo de plantas medicinais abran-ge cerca de 70% da população, queconsome aproximadamente 60 espé-

ações antrópicas. Grande parte des-tas espécies ainda podem ser encon-tradas crescendo espontaneamenteem matas tropicais úmidas doneotrópico.

Muitas das espécies com possíveispropriedades fitoterápicas, tanto asnativas no Brasil como as exóticas,aliam ainda propriedades peculiaresque as habilitam a categoria de maté-ria-prima industrial para a fabricaçãode aromatizantes, flavorizantes, con-dimentos, corantes, edulcorantes,conservantes, antioxidantes e vitami-nas. É ostensiva a procura por aditivosalimentares, medicamentos e cosmé-ticos de origem natural nos últimosanos, conseqüência, principalmente,dos efeitos colaterais, alguns até des-conhecidos, dos princípios ativos sin-téticos. Muitas destas espécies con-têm princípios bioquímicos, como ofenol, a cucurbitacina, os terpenóides,entre tantos outros, em quantidadesapreciá-veis o suficiente para preve-nir a infecção de doenças e repelir ouatrair insetos. O extrato vegetal dealgumas destas plantas pode ser usa-do como inseticida, insetífugo, tônicovegetal e/ou nematicida, com baixatoxicidade ao homem, aos animais eaos organismos inimigos naturais daspragas domésticas e da agricultura. Acitronela (Cumbopogun nardus) pro-duz um óleo essencial que repele inse-tos. A Ryania speciosa contém aryanodina, princípio ativo vegetal comreconhecida ação inseticida, da mes-ma forma que algumas espécies dogênero (Chrysanthemum, que encer-ram o piretro - inseticida natural deeficiência comprovada (6). O piretro,também conhecido como pó da Pérsia,é 30 vezes mais tóxico que o arseniatode chumbo, porém é inócuo ao ho-mem, sendo até utilizado comodesinfestante intestinal para animais(8). Um sinergismo positivo é obser-vado quando o piretro é associado asesamina, componente bioquímicoexistente no gergelim (Sesamumindicum).

Algumas leguminosas, dos gêne-ros Derris (timbó), Ponyamia,Mundulea, Lonchocarpus, Miletia eTephrosia, bem como algumas espéci-es da família das sapindáceas,euforbiáceas e simaru-báceas, encer-ram o alcalóide conhecido comorotenona, que tem ação tóxica esto-

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propagação, tanto sexuada comoassexuada, têm sido micropropagadasatravés de ápices caulinares, gemaslaterais, microestacas e/oumeristemas, visando a regeneraçãodas plântulas in vitro, conforme ates-tam vários trabalhos (10, 11 e 12). Ummaior índice de formação de brotos deipeca foi obtido através do meioMurashigue & Skoog (MS)suplementado com o 0,01mg/litro deácido naftaleno acético (ANA) + 3mg/litro de benzil adenina (BA). Narizogênese, o melhor tratamento con-sistiu na diluição dos sais do meio MSa 50% e suplementação com 3mg/litrode ácido indol acético (AIA). Para asalsaparrilha, obtiveram-se índices desobrevivência de 70 a 80% e maiornúmero de brotos, a partir de excisõesde gemas axilares desinfectadas com1g de sulfato de estreptomicina + 1 gde benomil, por litro d’água, durante20 minutos. As gemas, com um com-primento padrão de 3mm, eram lava-das três vezes com água destiladaestéril antes de serem cultivadas invitro em meio MS com 3 a 4mg de BAe 1mg de ANA por litro. Os brotosformados enraizaram melhor em meioMS diluído a 50% e suplementado com0,5g de AIB por litro d’água (13)

Literatura citada

01. CORREA JÚNIOR, C.; MING, L.C.;SCHEFFER, M.C. Cultivo de plan-tas medicinais, condimentares e aro-máticas. Curitiba: EMATER, 1991.162p.

02. HARLAN, J.R. Crops and managers.Wisconsin: American Society ofAgronomy, 1975. 295p.

03. Ervas e temperos. O centro do poder.São Paulo: Ed. Abril, 1991. p.8-36.(Ed. especial do Guia Rural).

04. CERRI, C. Farmácia da terra. GloboRural, São Paulo, v. 6, n. 66, p.40-50, 1991.

05. EMBRAPA/CENARGEN. A naturezaé uma grande farmácia. CENAR-GEN Informa, Brasília, p.16, jun.1992.

06. OCAMPO, R.A. Domesticación de plan-tas medicinales en Centro-américa.Turrialba, Centro Agro-nómico Tro-pical de Investigación y

ensenanaza, 1994. 132p.

07. CEPAL, Centroamérica: fomento de laproducción de plantas medici-nalesy su industrialización. Turrialba,1993. 128p. (Mimeo-grafado).

08. CAMINHA FILHO, A. Timbós erotenonas - uma riqueza nacionalinexplorada . Rio de Janeiro: Servi-ço de Informação Agrícola, 1940.14p.

09. BARROS, I.B.I, de; IKUTA, A.R.Y.;ALVAREZ PARDO, V. Multi-plicidade de usos e potencial agrí-cola da marcela (Achyroclinesatureoides (Lam.) D.C. Compo-sitae ). In: CONGRESSO BRASI-LEIRO DE OLERICULTURA, 33.,1993, Brasília, DF. Resumos. Cu-ritiba, PR: SOB, 1993. n.p. ref. 18.

10. CHANG, C.I.P.H.; SCHEPHERD,S.L.K. Micropropagação deDigitalis lanata Ehrh através deápices caulinares. In: CONGRES-SO BRASILEIRO DE OLERI-CULTURA, 33., 1993, Brasília,DF. Resumos. Curitiba, PR: SOB,1993. n.p. ref. 56.

11. IKUTA, A.R.Y.; BARROS, I.B.I. de.Estudos sobre micropropagação demarcela: assepsia dos explantes.In: CONGRESSO BRASILEIRODE OLERICULTURA, 33., 1993,Brasília, DF. Resumos. Curitiba,PR: SOB, 1993, n.p. ref. 108.

12. MARQUES, F.C.; FORTES, G.R.L.;BARROS, I.B.I. Micropropaga-çãode marcela (Achyrocline satureoides(Lam.) D.C.): II. Teste com diferen-tes suportes físicos. In: CONGRES-SO BRASILEIRO DE OLERI-CULTURA, 33., 1993, Brasília,DF. Resumos. Curitiba, PR: SOB,1993. n.p. ref. 140.

13. PALMA, T.; HIDALGO, N.Biotecnología - elemento importan-te en la domesticación de plantasmedicinales. In: O CAMPO, R.A.(Ed.). Domesticación de plantasmedicinales en Centroa-mérica .Turrialba: Centro Agronó-mico Tro-pical de Investigación yEnsenanaza, 1994. p.99-107.

Antônio Amaury Silva Júnior, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. no 3.161-D, CREA-SC,EPAGRI - Estação Experimental deItajaí, C.P. 277, Fone (047) 346-5244, Fax(047) 346-5255, 88301-970 - Itajaí, SC eValmir José Vizzotto, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. no 777-D, CREA-SC, EPAGRI- Estação Experimental de Itajaí, C.P.277, Fone (047) 346-5244, Fax (047) 346-5255, 88301-970 - Itajaí, SC.

cies, entre cultivadas e espontâ-neas.No município de Mandirituba, próxi-mo à Curitiba, 90 produtores dedi-cam-se à produção de camomila, per-fazendo uma área de 200ha de cultivo,a maior do país. O Paraná destaca-setambém como o maior coletor decarqueja e espinheira-santa do Brasil(1).

Não obstante, um dos grandes en-traves na produção sistemática deplantas medicinais, aromáticas efitoprotetoras é a dificuldade de ob-tenção de sementes viáveis, em espé-cies muito exigentes em baixas tem-peraturas durante o estádioreprodutivo, como a alfazema, o ale-crim, a babosa, a cânfora, o confrei, osabugueiro, o poejo, a losna, entreoutras. Algumas espé-cies, emboraproduzam sementes, apresentamdormência genética e fisiológica quedificulta sobremaneira sua propaga-ção. Neste grupo incluem-se as espé-cies arbustivas e arbóreas, amiúdecoletadas na Mata Atlântica na formade mudas, rebentos e estacas. Com oadvento da biotecnologia, tem-se lo-grado superar dificuldades na obten-ção de plantas de difícil acesso, muitosensíveis ao estresse biótico (pragas edoenças) ou em vias de extinção. Ouso da técnica da micropropagaçãotem permitido acelerar a multiplica-ção de um grande número de espéciesde plantas livres de doenças e pragas,num curto período de tempo, o queviabiliza a produção de mudas de plan-tas medicinais, aromáticas efitoprotetoras.

As espécies com dificuldades de

Plantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinaisPlantas medicinais

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ReflorestamentoReflorestamentoReflorestamentoReflorestamentoReflorestamento

Quebra de dormência em sementes de canafístulaQuebra de dormência em sementes de canafístulaQuebra de dormência em sementes de canafístulaQuebra de dormência em sementes de canafístulaQuebra de dormência em sementes de canafístula

A

apresenta, no caso de algumas espé-cies, como bracatinga (Mimosascabrella ), excelentes resultados norompimento do tegumento resistentedas sementes (6). Com a canafístula

Airton Rodrigues Salerno,Teresinha Catarina Heck Schallenberger e Henri Stuker

canafístula é uma árvorenativa da América do Sul,

ocorrendo no Brasil, Argentina,Paraguai e Uruguai. No nossopaís vegeta naturalmente na Ba-cia do Rio Paraná, desde a Bahiaaté o Noroeste do Rio Grande doSul. Em Santa Catarina é encon-trada apenas na Região Oeste,mas tem apresentado crescimen-to rápido no Litoral e Vale doItajaí, em pesquisas da EPAGRIainda em andamento.

Pertence à família dasCesalpiniáceas e seu nome cien-tífico é Peltophorum dubium(Sprengel) Taubert. Seu tronco écilíndrico e reto, sendo a árvoreesbelta, frondosa, alta, atingin-do de 25 a 40m de altura e diâme-tro do tronco entre 60 a 80cm naaltura do peito (1). A espécie éclassificada como oportunista (2),desenvolvendo-se bem em plan-tios a pleno sol.

No oeste do Paraná, num ex-perimento em condições de cam-po aberto, a canafístula apresen-tou, aos oito anos de idade, altu-ra de 10,6m; diâmetro de troncode 12,0cm; incremento médioanual em volume equivalente a13,0m3/ha/ano e sobrevivência de 99%(3). O trabalho foi conduzido emLatossolo Roxo, argiloso, profundo ebem drenado, condições essas aprecia-das pela espécie.

A canafístula sofre com temperatu-ras um pouco abaixo de zero (-1oC), es-pecialmente nos anos seguintes ao plan-tio, mas rebrota vigorosamente depoisdo inverno, tornando-se resistente como passar dos anos (3). A folhagem étenra e densa proporcionando sombrafechada no período quente do ano, sen-do que no inverno as folhas caem.

A madeira é pesada, apresentando

densidade de 0,8 a 0,9g/cm 3; ocerne é róseo ou avermelhadocom listas ou manchas de tona-lidade variada. É adequada paramúltiplas aplicações, com desta-que para serrarias, confecçõesde móveis, tacos de assoalho edecoração de interiores, sendomuito durável em lugares secos(1 e 3).

Em Santa Catarina a canafís-tulafloresce de outubro a fevereiro, apre-sentando por longo tempo vistosasinflorescências amarelas. Os frutosamadurecem no fim do outono, consti-

tuindo-se em vagens achatadasindeiscentes (que não abrempara liberação das sementes)medindo de 5 a 9cm de compri-mento por 1 a 2cm de largura econtendo 1 a 2 sementes.A formação de mudas desta es-

pécie é fácil pela abundante pro-dução de sementes. Essas, noentanto, não germinam com fa-cilidade devido à presença deenvoltório (tegumento) rígidoque impede a penetração da águae o conseqüente desencadea-mento dos processos metabóli-cos inerentes à germinação.Sabe-se que o ácido sulfúrico

concentrado, quando misturadoàs sementes de canafístula por 4a 20 minutos (4 e 5), resulta emexcelente método para romper otegumento e promover a germi-nação. Esse sistema, no entanto,é inacessível aos viveiristas de-vido ao perigo no manuseio doácido, além do custo elevado.Por outro lado, a água quente

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esse método foi testado, sem sucesso(4), com água aquecida a temperatu-ras entre 50 a 90oC. Esses resultadosforam obtidos no Paraná com semen-tes colhidas nas condições climáticasdaquele Estado. Sabe-se, no entanto,que sementes de uma mesma espéciepodem apresentar rigidez diferencia-da em seus tegumentos quando colhi-das de árvores localizadas em climasdiferentes (7). Assim, realizou-se umexperimento testando temperaturase volumes de água em sementes decanafístula colhidas dia 31/05/94, emGravatal, no Litoral Centro-Sul deSanta Catarina.

Metodologia doexperimento

O experimento foi conduzido entre24 de junho e 8 de julho de 1994, noLaboratório de Análises de Sementesda Estação Experimental de Itajaí,pertencente à EPAGRI. Os tratamen-tos constaram da combinação de trêstemperaturas de água: 80, 90 e 100oCe três volumes de água em relação àssementes: quatro, oito e doze partesde água para uma de semente. Aágua, já com volume adequado aorespectivo tratamento, era previa-mente aquecida e retirada da fonte decalor assim que atingia a temperatu-ra desejada.

Imediatamente as sementes eramcolocadas na água quente até o seuresfriamento e aí permanecendo por18 horas em condições de temperatu-ra ambiente. Cada tratamento foi apli-cado a 90 sementes, sub-divididas emtrês repetições de 30 unidades. A ger-minação foi avaliada em rolo de papelcolocado em germinador regulado paratemperatura de 30oC e fotoperíodo de10 horas.

Discussão dosresultados

Verifica-se na Figura 1 que houveaumento na porcentagem de germi-nação à medida que aumentaram as

temperaturas da água. A média deporcentagem de germinação indepen-dente da relação volume de água/volume de sementes, foi de 76,73% a100oC; 59,24% a 90oC e 29,25% a 80oC,sendo a diferença significativa (P <0,05) pelo teste de Duncan.

A proporção de água em relação àssementes resulta, na verdade, emmaiores ou menores tempos de apli-cação dos tratamentos porque os volu-mes maiores de água gastam maistempo para atingir a temperaturaambiente do que os volumes meno-res. Na Figura 1 observa-se tambémque a proporção oito partes de águapara uma de sementes propiciou osmelhores percentuais de germinaçãonas três temperaturas. Isso indicaque acima dessa proporção a alta tem-peratura da água pode ser prejudicialàs sementes e também pode-se inferirque não é possível usar temperaturasrelativamente baixas, próximas a 80oC,por tempo prolongado.

O trabalho mostra que as semen-tes de canafístula necessitam de altastemperaturas de água por tempos re-lativamente curtos. Esse efeito é se-melhante ao provocado pelo ácido sul-

fúrico e confirma os dados obtidos emoutros trabalhos (4), que mostrarambons resultados com o ácido e poucoefeito com a água aquecida a tempera-turas relativamente baixas (50 a 90oC).

Vale acrescentar que a água nastemperaturas de 95 a 100oC, em pro-porções de seis a onze partes parauma de sementes, foram testadas pre-liminarmente pelos autores desse tra-balho, também num lote de sementescolhidas na mesma época, mas nomunicípio de Trombudo Central,locali-zado na Região do Alto Vale doItajaí. Os resultados foram muito se-melhantes aos obtidos com as semen-tes colhidas em Gravatal, mostrandoque esse sistema de quebra dedormência pode ser viável tambémpara sementes produzidas em outrasregiões do Es-tado. É preciso, noentanto, conti-nuar esses estudosaplicando os tratamentos em semen-tes de procedên-cias diferentes e poralguns anos. Isso porque pode havervariabilidade na resistência dotegumento em fun-ção das condi-ções climáticas no período de forma-ção das sementes. Por outro lado se-ria recomendável verificar o efeito

Figura 1 - Porcentagem de germinação de sementes de canafístula,previamente imersas em água pré-aquecida a 80, 90 e 100oC, nas proporções de quatro,

oito e doze partes de água para uma de semente

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dos tratamentos no vigor das plântulas.

Recomendações

Enquanto a pesquisa procura re-sultados mais conclusivos, e com basenas avaliações já feitas na EPAGRI, épossível recomendar aos viveiristasde Santa Catarina que adotem o se-guinte procedimento para quebra dedor-mência em sementes decanafístula, no dia anterior à semea-dura:

• Verificar o volume, isto é, oespaço ocupado pelas sementes decanafístula que se deseja semear. Issopode ser feito usando um copo ou umalata. Ex.: 5 copos de sementes.

• Juntar água equivalente a oitovezes o volume ocupado pelas semen-tes numa vasilha (latão ou balde dealumínio) e aquecer, sem as semen-tes, até a fervura. No caso do exemploé preciso aquecer 40 copos de água: 8x 5 = 40.

• Tirar a vasilha do fogo e colocarde imediato as sementes na água quen-te, deixando-as em repouso na mes-ma água até a semeadura.

• Depois é só semear e esperar aemergência, o que ocorre num perío-do de 7 a 14 dias. Não se deve enterrarmuito as sementes e nem deixar fal-tar água (sem encharcar).

Literatura citada

1. REITZ, R.; KLEIN, R.M.; REIS, A. Pro-

jeto madeira de Santa Catarina.Separata de Sellowia: Anais Botâ-nicos do Herbário BarbosaRodrigues, n. 28, Itajaí, 320p. 1978.

2. REIS, A. Manejo e conservação das flo-

restas catarinenses. Trab. apres.para concurso Prof. Titular daUFSC. Florianópolis, SC, 1993.137p.

3. EMBRAPA. Centro Nacional de Pes-quisa de Florestas. Zoneamento eco-

lógico para plantios florestais no

Estado de Santa Catarina. 1988.113p. (EMBRAPA-CNPF. Docu-

mentos, 21).

4. BIANCHETTI, A.; RAMOS, A. Compa-ração de tratamentos para supe-rar a dormência de sementes decanafístula (Peltophorum dubium

(Sprengel) Taubert). Boletim de

Pesquisa Florestal, Curitiba, n. 4,p.101-111, 1982.

5. GUERRA, M.P.; NODARI, R.O.; REIS,A.; GRANDO, J.L. Comportamen-to da canafístula (Peltophorum

dubium (Sprengel) Taubert) em vi-veiro, submetida a diferentes mé-todos de quebra de dormência esemeadura. Boletim de Pesquisa

Florestal, Curitiba, n. 5, p.1-18,1982.

6. ZANON, A.M. Método para superar adormência de sementes de bra-catinga para plantio com má-quina. Boletim de Pesquisa Flores-

tal , Curitiba, n. 16, p.31-36, 1988.

7. EIRA, M.T.S.; FREITAS, R.W.A.;MELO. C.M.C. Superação da dor-mência de sementes de Entero-lobium contortisiliquum (Vell.)Morong - Leguminosae. RevistaBrasileira de Sementes, v. 15, n. 2,p.177-181, 1993.

Airton Rodrigues Salerno, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. no 10.002-D, CREA-SC,EPAGRI/Estação Experimental de Itajaí,C.P. 277, Fone (047) 346-5244, Fax (047)346-5255, 88301-970 - Itajaí, SC;Teresinha Catarina Heck Schallen-berger, enga. agra., M.Sc., Cart. Prof. no

13.313-D, CREA-SC, EPAGRI/EstaçãoExperimental de Itajaí, C.P. 277, Fone(047) 346-5244, Fax (047) 346-5255,88301-970 - Itajaí, SC e Henri Stuker,eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. no 42.785-D,CREA-RS, EPAGRI/Estação Experimen-tal de Itajaí, C.P. 277, Fone (047) 346-5244, Fax (047) 346-5255, 88301-970 -Itajaí, SC.

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Fi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidade

Resistência do fungo Resistência do fungo Resistência do fungo Resistência do fungo Resistência do fungo VVVVVenturia inaequalis enturia inaequalis enturia inaequalis enturia inaequalis enturia inaequalis aoaoaoaoaofungicida dodinefungicida dodinefungicida dodinefungicida dodinefungicida dodine

s primeiras pulverizações contraa sarna da macieira foram reali-

zadas há mais de 70 anos, com osfungicidas inorgânicos, ou seja, com acalda bordalesa e com o enxofre(fungicidas de primeira geração). En-tretanto, foi somente em meados desteséculo, com a introdução dos fungicidasprotetores orgânicos (de segunda gera-ção), tais como folpet (1949), mancozeb(1950), captan (1953) e dodine (1956),que a doença começou a ser controladamais eficientemente.

No final da década de 60, foramintroduzidos os fungicidas de terceirageração, assim considerados devidoapresentarem modo de ação curativasobre a doença, em contraste aosfungicidas tradicionais, que atuam evi-tando a ocorrência da mesma. Osfungicidas do grupo dos benzimidazóis(benomyl, tiofanato metílico,tiabendazole etc.) modificaram radical-mente o método de controle da sarnarecomendado na época, que era essen-cialmente protetor. E, no início da dé-cada passada, foram desenvolvidos osfungicidas inibidores da biossíntese deergosterol (IBEs), ou seja, os fungicidasdo grupo das piperazinas, triazoles epirimidinas, entre outros. Atualmenteestes fungicidas são muito utilizadosno controle da sarna da macieira.

Uma das maiores virtudes dosfungicidas curativos é a sua capacidadede translocação, mais comumentetranslaminar, o que permite matar opatógeno no interior da folha ou dofruto após o início do processo infeccio-so. Em outras palavras, o fungicidaentra na planta (ação sistêmica) atra-vés das folhas ou frutos e destrói opatógeno, sem causar dano à planta. Jáos fungicidas protetores convencionais,que atuam formando uma capa prote-

tora sobre o órgão suscetível da plan-ta, são inespecíficos e, portanto, seri-am muito tóxicos se penetrassem naplanta.

Se, por um lado, a alta especificidadedo fungicida ao fungo pode ser consi-derada uma virtude, por ser menostóxico à planta, ao homem e ao ambi-ente, por outro lado é também umdefeito, pois pode resultar facilmentena perda da eficiência devido ao de-senvolvimento de resistência, comoaconteceu com dodine (1), benzimi-dazóis (2 e 3) e, mais recentemente,com os fungicidas IBEs.

O problema da resistênciaao dodine

Os fungicidas protetores orgâni-cos, por apresentarem largo espectrode ação sobre o fungo, isto é, atuaremem vários pontos do seu ciclo biológi-co, dificilmente estarão sujeitos aoproblema de resistência.

O dodine, um produto muito usadono controle da sarna da macieira, fogea esta regra porque apresenta altaespecificidade em relação a V.inaequalis , o que tem resultado noaparecimento de resistência. Este pro-blema foi, pela primeira vez, detecta-do nos EUA, após dez anos de usoininterrupto (3) e, mais tarde, foi cons-tatado também na África do Sul (3) eno Canadá (3).

Sabe-se que a resistência a umdeterminado fungicida ocorre natu-ralmente, mesmo num pomar onde apopulação do fungo nunca foi subme-tida à ação deste fungicida. No caso dododine, um indivíduo em cada milhãoapresenta um certo grau de resistên-cia a este produto (4). A aplicaçãocontínua do dodine apenas seleciona eaumenta a freqüência destes indiví-

duos, em detrimento dos indivíduossensíveis.

Apesar de a resistência ao dodineenvolver poucos genes (5) e, portanto,teoricamente ser facilmente quebra-da, na prática ela evolui lenta e gradati-vamente, de modo semelhante ao queocorre com os IBEs.

Na região sul do Brasil, o dodineestá sendo usado intensivamente há20 anos, devido principalmente ao seuefeito supressor da produção deconídios de V. inaequalis.

Conseqüentemente, cada vez queocorrem insucessos no controle dasarna, são levantadas suspeitas sobrea ocorrência da resistência.

Deste modo, foi iniciado, em 1992,um trabalho de monitoramento naregião de São Joaquim e Fraiburgo,SC, com o objetivo de comprovar aocorrência da resistência ao dodine e,em caso positivo, elaborar estratégiaspara prolongar a vida útil destefungicida.

Material e métodos

Tolerância in vitro dos isoladosde V. inaequalis ao dodine

Entre 1992 e 1994 foram coletadasnas regiões de Fraiburgo e São Joa-quim, SC, folhas de macieira comlesões de sarna para se obter os isola-dos do fungo causador da sarna.

A suspensão de conídios, produzi-dos em meio de cultura, foi depositadaem placas de Petri contendo agar-água e dodine nas concentrações de 0;0,1; 0,5; 1,0; 5,0 e 10,0 ppm. Após doisdias a 20oC, determinou-se a porcen-tagem de germinação em 50 conídios/dose/repetição.

Determinou-se também o cresci-mento de V. inaequalis em BDA con-tendo dodine nas mesmas concentra-

A

Yoshinori Katsurayama e José Itamar da Silva Boneti

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(A) São apresentados somente alguns isolados de cada local. Os isolados com asmesmas iniciais procedem de um mesmo pomar.

(B) Considerou-se a porcentagem de germinação de conídios da testemunha (dose 0)como sendo igual a 100.

Fi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidadeFi tossanidade

ções acima e mantido a 20oC, durante28 dias.

Com os índices obtidos calculou-sea Dose Efetiva Mediana (ED50), que éa dose do fungicida necessária parareduzir a germinação dos esporos ouo crescimento do fungo pela metadedo observado no meio de cultivo semo fungicida (dose 0).

Avaliação da eficiência do dodineem casa de vegetação

Macieiras da cultivar Fuji, planta-das em vasos, foram inoculadas comisolados de V. inaequalis com diferen-tes níveis de tolerância ao dodine.Foram utilizados dois isolados tole-rantes ao dodine (ED50>1,0 ppm) e umsensível (ED50<1,0 ppm) coletados emSão Joaquim e Fraiburgo, SC. Após ainoculação, as plantas foram mantidasem câmara úmida a 20oC durante umdia e, então, pulverizadas com osfungicidas.

Resultados e discussão

Germinação de conídios emagar-água mais dodine

Foram encontrados isolados comdiferentes graus de sensibilidade aododine dentro de um pomar (Tabela1). Este fato deve-se à variabilidadeque ocorre naturalmente na popula-ção de V. inaequalis. Vários estudosdemonstram que, mesmo numa áreaem que o dodine nunca foi aplicado,encontram-se alguns isolados resis-tentes entre a maioria sensível. Estafreqüência seria em torno de um indi-víduo para cada grupo de 1 milhão (4).

Foi encontrada, também, variaçãona sensibilidade de um pomar paraoutro da mesma região (Tabelas 1 e3). Como o desenvolvimento da resis-tência ao dodine ocorre gradual econtinuamente, influenciadas pelomanejo rea-lizado pelo produtor du-rante vários anos, é natural que sedetectem diferenças na resistênciaentre os pomares.

Houve redução na germinação deconídios já na concentração de 0,12ppmde dodine. Sabe-se que, no campo, aeficiência do dodine não é afetada

Tabela 1 - Germinação (%) dos isolados monospóricos de Venturia inaequalis em meiode BDA com o fungicida dodine. São Joaquim, SC, 05/1994

0,12 0,25 0,5 1,0

DOD 1.1 82 73 82 60DOD 3.1 100 100 100 93MAR 2.3 100 100 100 90MAR 4.1 80 83 81 6HO 2.1 100 97 75 0HO 3.1 100 85 88 13HO 5.1 100 98 100 46AF 1.1 84 73 37 0AF 1.2 83 73 56 2PG 5.1 92 68 37 0PG 6.1 90 95 64 1FI 1.2 90 100 64 5FI 3.1 94 100 33 15PB 2.2 100 92 82 3PB 2.3 100 100 86 22PF 2.3 71 47 30 11PF 6.2 91 94 82 0REN 3 100 94 67 18CON 4 90 - 65 25CON 5 85 - 75 85VIN 1 90 - 55 10VIN 2 85 - 80 15TAN 1 50 - 50 45TAN 2 100 - 100 55SON 1 95 - 80 20SON 2 95 - 65 25RE 1 66 - 54 4RE 2 56 - 38 1

Isolado(A)

pelos isolados com este nível de sensi-bilidade.

Por outro lado, alguns isoladosapresentaram 50% ou mais de germi-nação dos conídios a 1,0ppm. Algunsestudos mencionam que isolados comeste nível de resistência afetam aeficácia do dodine. No caso específico

da série DOD, coletada em São Joa-quim, após dez aplicações consecuti-vas do dodine, obteve-se germinaçãomédia de 70% a 1,0ppm. Neste caso, aeficácia do dodine (39g i.a./100 litros)foi inferior à do captan (120g i.a./100litros).

A germinação média da série MAR,

Tabela 2 - Germinação de isolados monospóricos de V. inaequalis coletados em SantaCatarina. Ciclo 1992/93

Proporção(%)

0 a 0,1 ppm 0 00,1 a 0,5 ppm 9 33,30,5 a 1,0 ppm 16 59,31,0 a 5,0 ppm 2 7,4

Total 27 100,0

ED50 Número de isolados

Germinação (%) relativa (B) em dodine (ppm)

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também coletada em São Joaquim, deum pomar com suspeita de resistên-cia, foi de 19% a 1,0 ppm, valor seme-lhante ao da série HO (13%), coletadade um pomar aparentemente semproblema de resistência. Em outrospomares com controle eficiente dasarna também foram encontrados iso-lados com alta porcentagem de germi-nação a 1,0 ppm. Vários trabalhosrealizados nos EUA também mostramque nem sempre a presença de indiví-duos resistentes está relacionada coma redução da eficiência do produto.

Considerando-se um grupo de 27isolados (Tabela 2), quase 60% dosisolados apresentaram ED50 entre 0,5e 1,0 ppm de dodine. Sabe-se queisolados que apresentam alta germi-nação de conídios na dose de 0,7 ppmou mais podem causar falha no con-trole da sarna, quando se usa exclusi-vamente o dodine.

Mesmo na presença da resistênciano pomar, a queda na eficiência dotratamento fitossanitário dependetambém de outros fatores, tais comoa quantidade de inóculo (pressão doinóculo), a proporção de isolados re-sistentes no pomar, as condiçõesmeteorológicas (principalmente dafreqüência e duração da chuva), aresistência da cultivar à sarna e atecnologia utilizada na aplicação dofungicida (pulverizador, volume decalda, dose/ha etc.). Deste modo, combase nos dados acima, é difícil afirmarque a severidade da sarna dos poma-res estudados é devida exclusivamen-te ao problema da resistência aododine. É necessário, neste caso, ummonitoramento mais amplo da popu-lação de V. inaequalis no pomar, parase determinar a freqüência de isola-dos resistentes.

De um grupo em torno de 50 isola-dos, coletados em cada um dos trêspomares estudados, foi observada me-nor proporção de isolados resistentesno pomar 2, em que historicamentehouve problema severo de sarna (Ta-bela 3). Neste pomar, no ciclo 1989/90, o dodine fora aplicado doze vezes,entretanto apenas 17,3% dos isoladosapresentaram ED50 acima de 1,0ppm.Já nos pomares 1 e 3, localizadospróximos ao pomar 2, a proporção deisolados resistentes ficou acima da

Tabela 3 - Germinação em dodine a 1ppm. São Joaquim, SC. Ciclo 1994

Pomar 1 Pomar 2 Pomar 3(%) (%) (%)

Germinação nula 67,3 76,9 66,60 a 50% de germinação 8,3 8,3 4,2Germinação acima de 50% 33,3 17,3 29,2

Isolados testados 48 54 48

Nota: Monitoramento realizado na Comunidade de Boava, São Joaquim.

expectativa. Provavelmente a freqüên-cia de aplicação do dodine nos últimoscinco anos tenha afetado a proporçãode isolados tolerantes nestes poma-res.

Crescimento micelial em meio deBDA mais dodine

O crescimento da colônia de V.inaequalis em meio de cultura conten-do dodine é outro método de avaliaçãoda resistência. Alguns isolados mos-traram-se sensíveis a 0,1 ppm, en-quanto outros cresceram mesmo a10,0 ppm, apresentando diferentesgraus de tolerância ao dodine. A mai-oria dos isolados apresentou dose efe-tiva mediana (ED

50) entre 0,5 e 1,0

ppm, muito acima de 0,2 ppm encon-trada nas populações selvagens de V.inaequalis (Tabela 4).

O valor relativamente alto encon-trado neste levantamento se deve, emparte, à procedência e ao momento decoleta dos isolados. A maioria destesfoi coletada de pomares com sarnaapós, no mínimo, duas aplicações con-secutivas do dodine. Portanto, estesdados indicam a tendência observadanos pomares com manejo inadequadoda sarna. Em grande parte dos poma-res do Estado, o dodine, quando usadocorretamente, é ainda um fungicidaimportante no manejo da sarna.

Como medida preventiva, recomen-da-se limitar o número de aplicaçõesdo dodine, restringindo-se às épocas

Tabela 4 - Crescimento das colônias de V. inaequalis (ED50

) em meio de BDA contendododine. São Joaquim, SC, 1994

Isolado RE4 CO4 EMP1 RE1 VIN1 CO3 SON4 RE9 CO6 SON2ED50 1,0 1,3 0,5 0,4 0,8 0,3 2,0 0,9 <0,1 <0,1

Nota: Estão apresentados apenas alguns isolados estudados.

mais críticas e não submeter o produ-to à alta pressão de doença.

O uso do dodine em mistura comum fungicida curativo, com base nosavisos fitossanitários, é também ou-tra medida altamente recomendável.

Ensaio em casa de vegetação

Na primeira bateria de testes foiobservada alta eficiência do dodine,principalmente quando as plantas fo-ram inoculadas com o isolado sensívelde V. inaequalis (Tabela 5). Não foidetectada diferença entre as doses de39g e 58,5g/100 litros de dodine, ambasdosagens sendo muito eficientes, mes-mo com os isolados resistentes.

Na segunda bateria de testes tam-bém se observou a tendência de osisolados tolerantes causarem maiorgrau de severidade em relação aoisolado sensível. Nesta bateria, foiobservada a tendência de a dose maisalta do dodine (58,5g/100 litros) sermais eficiente, mesmo com osisolados resistentes. Esta tendêncianão foi tão nítida na primeira ba-teria.

Considerando-se os resultados ob-tidos nas duas baterias de testes, podese dizer que houve uma tendência deos isolados mais tolerantes ao dodine(IR1 e IR2) causarem mais doença nasfolhas de macieira. Deste modo, éprovável que, em alguns pomares co-mer-ciais, isolados com tolerância si-milar à dos isolados IR1 e IR2 sejam

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da sarna.• Nestes pomares, o dodine deve

ser usado no aparecimento das pri-meiras manchas de sarna e em núme-ro limitado por ano, para reduzir apressão de seleção.

• Além disso, recomenda-se a mis-tura de tanque de dodine com umfungicida curativo (IBEs) para tam-bém reduzir a pressão de seleção.

Literatura citada

1. SZKOLNIK, M.; GILPATRICK, J.D.Apparent resistance of Venturiainaequalis to dodine in New Yorkapple orchards. Plant DiseaseReporter, Beltsville, v.53, n.11, p.861-864, 1969.

2. AKUTSU, M.; TANAKA, H. Controlequímico da sarna da macieira. Flori-anópolis: EMPASC, 1977. 9p.(EMPASC. Comunicado Técnico, 2).

3. JONES, A.L.; WALKER, R.J. Toleranceof Venturia inaequalis to dodine andbenzimidazole fungicides inMichigan. Plant Disease Reporter,Beltsville, v.60, n.1, p.40-44, 1976.

4. MACNEILL, B.H.; SCHOOLEY, J. Thedevelopment of tolerance to dodinein Venturia inaequalis. CanadianJournal Botany, Ottawa, v.51, p.379-382, 1973.

5. POLACH, F.J. Genetic control of dodinetolerance in Venturia inaequalis.Phytopathology, Saint Paul, v.63,p.1.189-1.190, 1973.

Yoshinori Katsurayama, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. n o 54.463-D, CREA-SP,EPAGRI, Estação Experimental de SãoJoaquim, C.P. 81, Fone (0492) 33-0324,88600-000, São Joaquim, SC e JoséItamar da Silva Boneti, eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. no 3.527-D, CREA-SC, EPA-GRI, Estação Experimental de São Joa-quim, C.P. 81, Fone (0492) 33-0324, 88600-000 - São Joaquim, SC.

Tabela 5 - Eficiência do dodine aplicado antes da inoculação com V. inaequalis nocontrole da sarna da macieira, em casa de vegetação. São Joaquim, 1994

Severidade da sarnaDosagem (%)

(g i.a./100 litros)IR1 IR2 IS

Primeira bateria

Dodine 39,0 9,5a 2,4a 0aDodine 58,5 3,6a 5,9a 1,2aDithianon 70,0 3,6a 7,1a 10,7bTestemunha - 66,6b 78,6b 83,3c

Segunda bateria

Dodine 60,0 22,2ab 28,6b 19,0aDodine 90,0 16,6a 10,7a 11,9aDithianon 100,0 30,9b 30,9b 36,9bTestemunha - 66,6c 70,2c 73,8c

Nota: IR1 e IR2 = isolados resistentes e IS = isolado sensível

Tratamento

responsáveis pela redução da eficiên-cia do dodine.

Por outro lado, em pomares ondehouve uso racional do dodine, é espe-rado que a dose atualmente recomen-dada de 26 a 39g i.a./100 litros resulteem bom nível de controle da sarna.Nestes pomares, a presença da doen-ça, na maioria das vezes, deve estarrelacionada com fatores alheios à re-sistência.

Os três isolados utilizados nestetrabalho foram selecionados, ao aca-so, com base apenas na sua sensibili-dade ao dodine. Sabe-se que os isola-dos resistentes variam na sua capaci-dade de se adaptar e competir com osisolados sensíveis. Deste modo, é ne-cessário que mais isolados sejam sele-cionados e testados para se obter in-formações epidemiológicas maisabrangentes.

Conclusão erecomendações

• A sensibilidade de V. inaequalisao dodine diferiu de um pomar paraoutro, provavelmente influenciada pe-las condições do ambiente e manejoda sarna empregado.

• O monitoramento mostrou quehouve uma mudança na sensibilidadeao dodine. Entretanto, a proporção deindivíduos resistentes no pomar é bai-xa. Portanto, ainda é possível tomarmedidas corretivas para minimizar oproblema.

• Em ensaio em casa de vegetação,os isolados mais resistentes causa-ram mais doença em plantas pulveri-zadas com o dodine.

• Na maioria dos pomares de San-ta Catarina, o dodine ainda é umproduto muito eficiente, no controle

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PESQUISA EM

ANDAMENTO

Irrigação emIrrigação emIrrigação emIrrigação emIrrigação embatata-inglesabatata-inglesabatata-inglesabatata-inglesabatata-inglesa

Com resultados de dois anos já se podeobservar que a irrigação proporciona au-mento de produção na cultura da batata-inglesa.

Segundo o engenheiro agrônomo DarciAntônio Althoff, verificou-se, neste perío-do, que os acréscimos pró-irrigado foram de94% para a cultivar Baronesa, 83% para aBaraka, 73% para a Elvira e 72% para aAchat.

Este experimento está sendo conduzidona Estação Experimental de Urussanga, emsolo Podzólico Vermelho Amarelo (Morro daFumaça), com adubação recomendada peloROLAS, irrigação por aspersão e manejo dairrigação pelo método do Tanque Classe A.

Além dessa cultura, estão sendo tam-bém avaliados: milho (duas cultivares e doisespaçamentos), feijão (quatro cultivares),gorga e triticale, sob forma de um sistema,os quais fazem parte do projeto “Estudoseconômicos e de manejo de sistemas deirrigação em culturas anuais para o sul deSanta Catarina”, com término previsto para1996.

Herbicidas pré-emergentesHerbicidas pré-emergentesHerbicidas pré-emergentesHerbicidas pré-emergentesHerbicidas pré-emergentespós-plantio na cultura dapós-plantio na cultura dapós-plantio na cultura dapós-plantio na cultura dapós-plantio na cultura da

mandiocamandiocamandiocamandiocamandioca

No Estado de Santa Catarina são plan-tados aproximadamente 57 mil hectares demandioca, com produtividade média de 17,9t/ha. Um dos fatores que contribuem parabaixar a produtividade é a competição cau-sada pelas plantas daninhas, sendo que aeliminação ou diminuição desta competiçãoé dificultada pela morosidade do crescimen-to inicial da mandioca, a qual leva de 60 a 120dias para cobrir o solo. A eliminação dasinvasoras ocupa atualmente cerca de 56%da mão-de-obra necessária ao cultivo, re-presentando 30% do custo total da produção.Objetivando identificar os herbicidas pré-emergentes pós-plantio mais eficientes eseletivos para a cultura, foi instalado umexperimento no município de Morro daFumaça,SC, nos anos de 1993/94 e 1994/95,sendo conduzidos pelos pesquisadoresIdelson José de Miranda e Mauro LuizLavina, da EPAGRI de Urussanga. O prepa-ro do solo para o plantio foi tradicional, comaração e gradagem, em solo Podzólico Ver-melho Amarelo. Após o plantio das manivasforam aplicados os herbicidas através depulverizador costal de pressão constante(CO

2) munido de barra com bicos “teejet”. O

delineamento experimental utilizado foi deblocos ao acaso, com oito tratamentos e três

repetições. A cultivar utilizada foi a MandimBranca, no espaçamento de 0,75 x 0,60m, comárea total da parcela de 18,0m2. Os tratamen-tos foram: 1 - Clomazem (Gamit 2,0 l/ha); 2 -Atrazine + Metolachlor (Primestra 5,0 l/ha); 3- Oxyfluorfen (Goal Br 2,0 l/ha); 4 - Diuron +Alachlor (Diuron 2,0 l/ha + Laço 2,0 l/ha); 5 -Metolachlor + Metribuzin (Corsum 3,0 l/ha);6 - Metolachlor (Dual 3,3 l/ha); 7 - Testemu-nha com capina; 8 - Testemunha sem capina.Foram avaliadas a porcentagem de eficiênciae fitotoxidade dos herbicidas aos 30, 60 e 90dias após a aplicação do produto, de acordocom a escala “Alam” adaptada, e a produção deraízes. Nestes dois anos de avaliação os trata-mentos 2 (Primestra) e 5 (Corsum) foram osmelhores em relação à eficiência, com 89 e83%, respectivamente, não necessitando, por-tanto, de capinas durante todo o ciclo dacultura. A eficiência dos tratamentos 1(Clomazem), 3 (Goal Br) e 6 (Dual) foisatisfatória até aos 60 dias, necessitando decapina a partir dos 90 dias após a aplicação dosherbicidas. Com relação à fitotoxidade, so-mente nos tratamentos 2, 3 e 4 observou-seuma pequena descoloração das folhas, mascom recuperação aos 60 dias. O tratamento 1(Gamit) foi o que apresentou a maior produ-ção de raízes no ano de 1993/94.

Avaliação de cultivares deAvaliação de cultivares deAvaliação de cultivares deAvaliação de cultivares deAvaliação de cultivares deaipim nas diversas épocas deaipim nas diversas épocas deaipim nas diversas épocas deaipim nas diversas épocas deaipim nas diversas épocas de

colheita, em dois tipos decolheita, em dois tipos decolheita, em dois tipos decolheita, em dois tipos decolheita, em dois tipos desolosolosolosolosolo

É de conhecimento dos consumidores queo aipim colhido no período de outubro atémarço normalmente leva mais tempo paracozinhar ou não cozinha no período adequa-do. Esta irregularidade na qualidade culináriadas raízes é o fator que mais restringe aexpansão do consumo de aipim. A literaturasobre o assunto tem lançado algumas hipóte-ses que podem explicar o fato. Dentre estas afertilidade e o tipo de solo, bem como ascondições climáticas, são citados como fatoresque podem influenciar diretamente na quali-dade do aipim. Com o objetivo de identificar ascultivares mais adequadas para o cozimentonas diversas épocas de colheita e observarpossíveis causas que afetam a qualidade doaipim, instalaram-se em outubro/95 dois ex-perimentos exploratórios, sendo um no Cam-po Experimental de Jaguaruna, em AreiasQuartzosas, e o outro na Estação Experimen-tal de Urussanga, no solo Podzólico VermelhoAmarelo Cascalhento (solo Morro da Fuma-ça). Os experimentos, conduzidos pelos pes-quisadores Mauro Lavina, Augusto CarlosPola e Antonio Carlos Ferreira da Silva, cons-tam de cinco cultivares (Taquari, Mantiqueira,Apronta Mesa, Pioneira e Vassourinha) ava-liadas em doze épocas de colheita (maio/96 à

abril/97).As avaliações constarão do peso e con-

servação das raízes comerciais, teor de ácidocianídrico e amido, tempo de cocção e qua-lidade da massa cozida. Durante o desenvol-vimento da cultura se observará a incidên-cia de doenças e pragas. Será feito umacompanhamento das condições climáticasocorridas através dos dados coletados nasEstações de Meteorologia em Urussanga eJaguaruna.

Substituição da proteínaSubstituição da proteínaSubstituição da proteínaSubstituição da proteínaSubstituição da proteínavegetal por colágeno navegetal por colágeno navegetal por colágeno navegetal por colágeno navegetal por colágeno naalimentação de carpasalimentação de carpasalimentação de carpasalimentação de carpasalimentação de carpas

A proposta deste projeto é investigarqual a melhor proporção que o colágenopoderá entrar em uma dieta para alevinosde carpa comum (Cyprinus carpio L.), emsubstituição à soja. O colágeno é umsubproduto de origem animal, oriundo daraspa do couro e é considerado resíduoindustrial (RI) pelas empresas deprocessamento de couros. De toda pele queentra nos curtumes brasileiros, 50% termi-nam gerando RI e, destes, 10% geram ocolágeno. A análise deste RI, realizada noLaboratório de Nutrição Animal/EPAGRI,forneceu como resultado na amostra desi-dratada: proteína bruta = 78,1%, Divmo =99,7% o que resulta em proteína digestívelde 77,8%.

Os experimentos estarão sendo condu-zidos junto à Estação de Piscicultura daEPAGRI/Caçador, por um período de trêsanos, em 40 caixas de amianto com capaci-dade para 40 litros de água. O delineamentoexperimental é inteiramente ao acaso comquatro tratamentos (0, 33, 66 e 100% desubstituição), dez repetições e quatro peixespor parcela, usado o Teste de Duncan a 5%para aferir diferenças entre as médias dostratamentos. Os peixes, neste primeiro ano,foram estocados com peso médio de 0,67g ecomprimento médio de 3,45cm e 55 dias deidade, e alimentados com dietas formuladascom 34% PB e 3.000 Kcal de energiametabolizável fornecidas diariamente naquantidade de 5% do peso vivo. Os resulta-dos do primeiro ano indicam possibilidade desubstituir a proteína vegetal pela animal ematé 66%, mas dependem de confirmação nospróximos anos.

Pesquisadores da EPAGRI, AlvaroGraeff e Evaldo N. Pruner, são executoresdeste trabalho, que é financiado peloCurtume Viposa S/A Indústria e Comércio,em convênio de parceria.

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Controle de lesmasControle de lesmasControle de lesmasControle de lesmasControle de lesmas

Algumas medidas de controle a lesmas e caracóisAlgumas medidas de controle a lesmas e caracóisAlgumas medidas de controle a lesmas e caracóisAlgumas medidas de controle a lesmas e caracóisAlgumas medidas de controle a lesmas e caracóis

ocorrência de lesmas e caracóis,nas mais diversas situações -

pátios, hortas caseiras, estufas e la-vouras - tem levado muitos agriculto-res a instituições de pesquisa e órgãosde as-sistência técnica e extensão ru-ral, procurando soluções para esteproblema.

Para o controle de lesmas e cara-cóis, pode-se lançar mão de uma sériede medidas que permitirão uma redu-ção rápida da população infestante,atendendo às necessidades do agricul-tor.

A catação manual é viável em pe-quenos canteiros, estufas e estufins.Para facilitar o trabalho de coleta,recomenda-se colocar nos locais demenor iluminação (sombrios), à tardi-nha, sacos de aniagem umedecidos e,pela manhã, fazer o recolhimento dosexemplares ali abrigados, sendo pos-teriormente eliminados com águaquente, salmoura forte1 ou esmaga-mento. Em pátios e pequenas hortascaseiras, as lesmas e caracóis costu-mam abrigar-se sob montes de detri-tos, pilhas de lenha, restos de cons-trução e madeiras espalhadas peloterreno; para encontrá-las deve-se re-mover estes materiais e fazer o con-trole utilizando uma das opções acimaexpostas.

Pátios e gramados com vegetaçãorústica podem ser tratados com regade salmoura fraca1; a vegetação sofre-rá efeito fitotóxico no ápice das folhas,mas se recuperará em pouco tempo,enquanto que as lesmas e caracóisserão quase que totalmente elimina-dos. Preferencialmente, este trata-mento deve ser feito em locais úmidose sombrios, onde estas pragas se abri-gam.

A presença de lesmas e caracóisem valos e xaxins, além do mau aspec-to que as plantas atacadas apresen-tam, dificulta o controle, visto osmesmos ficarem abrigados junto às

raízes. Neste caso, a recomendação écolocar o vaso ou xaxim submerso emágua potável, deixando apenas algu-mas folhas fora d’água. Necessitandode ar, estes pulmonados sobem paraas folhas não submersas, o que ocorreem, no máximo, quatro horas, facili-tando a captura e o controle.

Em canteiros maiores, sementei-ras comerciais de hortaliças, fumo ouessências florestais, a recomendaçãobásica é a utilização de uma faixa deproteção em torno do canteiro, colo-cando-se uma faixa de pelo menos20cm de cal em pó, cinza ou serragemfina de madeira (pó de serra). Apóscada chuva, ou semanalmente, repe-tir o tratamento. A rega com salmou-ra fraca não é recomendada devido àalta suscetibilidade das plântulas aosal.

O controle químico atualmente estáconcentrado na aplicação de iscas, aquase totalidade à base de metaldeído,para espécies terrestres, utilizando-se de 10 a 50g do produto comercialpor metro quadrado de área a serprotegida. Testes preliminares de-monstraram que, mesmo nestas situ-ações, os resultados de proteção decanteiros comerciais ficaram aquémdo desejado. Somente em pátios egramados, a dose de 50g/m2 foi ade-quada, com mais de 80% de redução dapopulação infestante.

As indicações de uso de iscas co-merciais registradas para esta finali-dade nem sempre apresentam os re-sultados esperados, devido a uma sé-rie de fatores, entre os quais desta-cam-se: a idade das iscas, muitas ve-zes já vencidas devido à baixarotatividade dos estoques, o desco-nhecimento da quantidade por unida-de de área (caso de lavouras), o uso desubdoses devido ao alto custo das iscase o desconhecimento da bioecologiade lesmas e caracóis.

A formulação de iscas pelo próprioagricultor é desaconselhada, porque agrande maioria dos inseticidas sãopouco ou nada eficientes para estas

pragas e além do não controle, háriscos de intoxicação durante o manu-seio e de animais domésticos, nasáreas próximas às construções ru-rais.

A aplicação de fungicidas cúpricos,especialmente a calda bordalesa, con-trola com eficácia, tanto espécies ter-restres como aquáticas. A aplicaçãode produtos cúpricos em cursos d’água,tanques ou açudes deve ser evitada,pois além de eliminar lesmas ecaramujos, também mata os peixes.

A conservação de pátios e grama-dos limpos e aparados regularmentedificulta a ocorrência de populaçõeselevadas destas pragas, além de serecologicamente mais adequada, tantodo ponto de vista estético, como desaúde pública, visto que os produtosquímicos podem ser perigosos, espe-cialmente quando ingeridos por cri-anças e/ou animais domésticos.

Literatura citada

1. BRICENO, A. Control químico de babosas(Pulmonata: Limacidae) en alcachofa(Cynara scolymus L.). Revista de laFaculdad de Agronomia, Maracaibo, v.2, n. 1, p. 7-15, 1972.

2. COSTA, R.G. Alguns insetos e outros pe-quenos animais que danificam plantascultivadas no Rio Grande do Sul. PortoAlegre: Sec. Agric. Ind. Com., 1958.196p.

3. MARICONI, F.A.M. Inseticidas e seu em-prego no combate às pragas. 2: Pragasdas plantas cultivadas e dos produtosagrícolas armazenados. 3. ed. S. Paulo:Nobel, 1976. 466p.

4. PRANDO, H.F.; BACHA, R.E. Ocorrênciae controle de moluscos gastrópodes emarroz irrigado, no sistema pré germina-do, em Santa Catarina. In: REUNIÃODA CULTURA DO ARROZ IRRIGA-DO, 21., Porto Alegre, 1995. Anais.Porto Alegre: IRGA, 1995. p. 229-231.

Dionísio Link, eng. agr., Professor Titulardo Departamento de Defesa Fitossanitária,Universidade Federal de Santa Maria/UFSM,97119-900 - Santa Maria, RS.

A

Dionísio Link

1. A diluição de até duas colheres de sopa de sal num litro d'água é considerada salmoura fraca. Acima de cinco colheres, considera-se salmouraforte.

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18 Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996

Manejo do soloManejo do soloManejo do soloManejo do soloManejo do solo

Influência da minhoca no manejo de microbaciasInfluência da minhoca no manejo de microbaciasInfluência da minhoca no manejo de microbaciasInfluência da minhoca no manejo de microbaciasInfluência da minhoca no manejo de microbaciashidrográficas - 2 plantahidrográficas - 2 plantahidrográficas - 2 plantahidrográficas - 2 plantahidrográficas - 2 planta

Tabela 1 - Média mensal da altura da bracatinga e sua sobrevivência nos quatrotratamentos

Altura Sobrevivência(cm) (%)

Out./93 Nov./93 Dez./93 Jan./94 Fev./94 Fev./94

00 24 a 63 a 142 a 207 a 249 b 86,25 a30 23 a 70 a 156 a 226 a 278 ab 92,50 a60 23 a 75 a 165 a 237 a 291 a 93,75 a90 27 a 76 a 165 a 236 a 283 ab 90,00 a

Nota: Médias, da mesma coluna, seguidas pela mesma letra não diferem estatisti-camente entre si, pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade.

Tratamento

objetivo desta série de três arti-gos é demonstrar como as mi-

nhocas influenciam o manejo do solo echamar a atenção para a possibilidadeda sua utilização, em microbaciashidrográficas. O primeiro trabalho des-ta série mostrou que a minhoca me-lhorou as propriedades físicas do solo,o que sugere seu uso prático no mane-jo de microbacias hidrográficas (1).Neste segundo trabalho, será discuti-da a influência da minhoca sobre asplantas.

É normalmente dito que as minho-cas exercem influência positiva sobreas plantas, por causa do seu desempe-nho ao melhorar o solo. Os efeitosbenéficos de minhocas sobre as plan-tas têm sido extensivamente estuda-dos e provados nas áreas agrícolas epastoris. Entretanto, há poucas evi-dências diretas de seus efeitos sobre ocrescimento de árvores (2). Além dis-so, as pesquisas sobre este efeito fo-ram realizadas todas em vasos e nãoem condições de campo.

Já foi mencionado que os estudosrealizados em vasos não reproduzemos resultados obtidos pelas pesquisasde campo com taxas reais de aplicaçãode minhocas (3). O presente trabalhoconsistiu na avaliação do crescimentode árvores, sob diferentes populaçõesde minhocas e em condições de campo.

A espécie de árvore utilizada nestetrabalho foi a bracatinga (Mimosascabrella Benth.). Ela é da família le-guminosa e nativa da região sul doBrasil, de rápido crescimento, pionei-ra e pouco exigente, em fertilidade dosolo, apresentando também um papelimportante na sucessão vegetal deáreas desmatadas (4).

Material e métodos

O material e os métodos utilizadosjá foram descritos em forma geralanteriormente (1). Assim, aqui serãoapenas brevemente indicados.

No campus do Setor de CiênciasAgrárias da Universidade Federal doParaná, Curitiba, PR, num cambisso-lo, foi empregado o seguinte delinea-mento experimental: (a) foram reali-zados quatro blocos e cada bloco tevequatro diferentes tratamentos; (b) cadaparcela era de 1,5m x 1,8m.

Os tratamentos foram constituí-dos pela aplicação na superfície dosolo de quatro diferentes populaçõesde minhocas (Amynthas spp): 0, 30, 60e 90 unidades/m2 (Tratamento 00, 30,60 e 90, respectivamente) em maio de1993. Em setembro de 1993, 20 mudasda bracatinga, cuja altura média erade 12,3cm, foram plantadas com 30cmde distância (30x30cm), em cada umadas parcelas.

Depois do plantio das mudas, foirealizada medição de altura de todas

as plantas, a cada 30 dias, até feverei-ro de 1994. Essa medição foi feita apartir do nível do solo até o ápice dasplantas. No último dia desta medição,as plantas foram cortadas, rente àsuperfície do solo, e a parte aérea foicolocada em estufa, à temperatura de70oC, por quatro dias, para secagem.Após a secagem, a planta foi separadamanualmente em folhas e caules, eforam medidas suas respectivas mas-sas.

As médias dos dados obtidos detodas plantas foram comparadas peloteste de Duncan ao nível a 5% deprobabilidade.

Resultados ediscussão

A Tabela 1 apresenta os valoresmédios, em cada mês, da altura dabracatinga, de outubro de 1993 a feve-reiro de 1994 (idade de três a setemeses), e sua sobrevivência até feve-reiro de 1994.

Masato Kobiyama

O

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Manejo do soloManejo do soloManejo do soloManejo do soloManejo do solo

cas podem ser associados às melhoriasgeradas por estas em alguns fatoresdo solo, como a aeração e o volume daágua disponível para plantas.

A Figura 2 demonstra as relaçõesda altura média da bracatinga, emfevereiro de 1994, com a aeração dosolo e com a água disponível do solo.Estas duas propriedades do solo fo-ram avaliadas no primeiro trabalhodesta série (1).

Pode-se observar que estas rela-ções são positivas, ou seja, mostra-seuma tendência de que quanto melhora aeração e as condições hídricas dosolo, ocorre maior crescimento dabracatinga.

Conclusão

O crescimento da bracatinga, emaltura e em biomassa, foi maior napresença de minhocas do que na au-sência delas.

Considerações

O uso da combinação de minhocase plantas é uma boa alternativa pararecuperar áreas degradadas (5), e épositivo também para melhorar o solonas microbacias hidrográficas.

As minhocas melhoram as propri-edades físicas do solo e conseqüente-mente favorecem o crescimento dasplantas. Neste estudo, a minhoca e aárvore utilizada são nativas e pos-suem bastante resistência sob con-dições naturais. Portanto, pode-se con-siderar positiva a utilização das espé-cies nativas de minhocas e plantaspara o manejo de microbaciashidrográfi-cas.

O presente trabalho observou ainfluência da ação da minhoca sobre ocrescimento da bracatinga somentepor cinco meses. Outros trabalhosprecisariam observá-la mais tempo.

Além disto, houve uma superiori-dade, em alguns parâmetros referen-tes ao crescimento da bracatinga, notratamento com 60 minhocas/m2. En-tretanto, em nenhum outro momen-

Figura 1 - Crescimento da bracatinga em altura de três até sete meses de idade

Tabela 2 - Peso seco da parte aérea da bracatinga

Peso/parcela Peso/árvore(g) (g)

TratamentoCaule Folha Total Caule Folha Total

00 1.047,20 b 266,95 a 1.314,15 b 61,18 a 16,20 a 77,38 a30 1.454,85 ab 427,15 a 1.882,00 b 78,60 a 22,95 a 101,55 a60 1.714,69 a 499,91 a 2.214,60 a 92,13 a 26,81 a 118,94 a90 1.488,71 a 472,46 a 1.961,17 ab 82,17 a 26,04 a 108,21 a

Nota: Médias, da mesma coluna, seguidas pela mesma letra não diferem estatistica-mente entre si, pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade.

Embora não tenha havido diferen-ça estatística significativa quanto àsobrevivência e à altura, exceto parao mês de fevereiro, pode-se observarque as plantas cresceram mais quan-do a população de minhocas foi maior.

Graficamente, a Figura 1 mostraque, nos últimos dois meses de obser-vação, as plantas do Tratamento 60apresentaram maior crescimento den-tre os quatro tratamentos. Este dadopode indicar ser esta a melhor popula-ção para o crescimento do vegetal.

Os pesos secos de caule, folha etotal (caule + folha) de todas as mudasde bracatinga foram tomados na últi-ma medição de altura, em fevereirode 1994, e calculados de forma seme-lhante ao peso/parcela e ao peso/árvo-

re (Tabela 2).Usando-se o teste de Duncan, ao

nível de 5% de probabilidade, verifica--se uma influência significativa dasminhocas sobre os pesos secos decaule e do total/parcela. Há tambémuma relativa diferença, apesar de es-tatisticamente não significativa, parao peso de folhas e também para asavaliações por árvore.

A relação entre os pesos secos e ostratamentos mostra a mesma tendên-cia que foi observada entre às alturasdas plantas e os tratamentos. Istoconfirma a relação positiva entre opeso seco e a altura da bracatinga.

Os maiores valores de altura e deprodução de biomassa observados nostratamentos com aplicação de minho-

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Manejo do soloManejo do soloManejo do soloManejo do soloManejo do solo

Figura 2 - Relação da altura média da bracatinga em fevereiro de 1994 com(A) aeração do solo; (B) água disponível do solo

to, inclusive na análise da influênciada minhoca sobre o solo, tal populaçãose diferenciou das demais (1). Tal fato,aponta para a necessidade de novosestudos, analisando de forma detalha-da o assunto.

Literatura citada

1. KOBIYAMA, M. Influência da minhoca nomanejo de microbacias hidrográficas:1. Solo. Agropecuária Catarinense, Flo-rianópolis, v.8, n.4, p.42-44, dez. 1995.

2. LEE, K.E. Earthworms: Their ecology and

relationships with soils and land use.Sydney: Academic Press, 1985. 411p.

3. LOGSDON, S.D.; LINDEN, D.R.Interactions of earthworms with soilphysical conditions influencing plantgrowth. Soil Science, Baltimore, v.154,p.330-337, 1992.

4. EMBRAPA-CNPF. Manual técnico da

bracatinga (Mimosa scabrella Benth.).

Curitiba: EMBRAPA-CNPF, 1988. 70p.(Documentos, 20).

5. KOBIYAMA, M.; USHIWATA, C.T.;BARCIK, C. Recuperação de áreas de-gradadas; Conceito, um exemplo e umasugestão. BIO, Rio de Janeiro, v.2, n.6,p.95-102, 1993.

Masato Kobiyama, Pesquisador, Doutor,Departamento de Engenharia Sanitária eAmbiental/Universidade Federal de SantaCatarina, C.P. 476, Fone (048) 231-9597, Trin-dade, 88070-910 - Florianópolis, SC.

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B

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

TTTTTriticale: uma nova (e boa) alternativa de invernoriticale: uma nova (e boa) alternativa de invernoriticale: uma nova (e boa) alternativa de invernoriticale: uma nova (e boa) alternativa de invernoriticale: uma nova (e boa) alternativa de inverno

produtor rural já sabe que o Pla-no Real trouxe dissabores à agri-

cultura, pois enquanto os preços dosalimentos se estabilizaram ao nívelde consumidor, os preços recebidospelos agricultores, salvo exceções, nãoconseguem cobrir os custos de produ-ção. A saída, então, para o agricultoré usar a criatividade e também arrojo,buscando alternativas viáveis do pon-to de vista técnico e também econômi-co, com vistas a diminuir o seu dispên-dio de dinheiro.

No Litoral Sul de Santa Catarina aEstação Experimental de Urussanga,da EPAGRI, vem, há alguns anos,testando sistemas de rotação paratrês importantes culturas na região:fumo, mandioca e batatinha. O siste-ma de rotação e sucessão de culturaspermite aproveitar melhor a terra aolongo do ano, já que é cultivada mes-mo no inverno, na entressafra, com-portando o solo cultivado três cultu-ras anuais, ao invés de uma, comonormalmente acontece. Por exem-plo, no cultivo do fumo, hoje em dia jáexistem agricultores que, colhido ofumo no mês de dezembro, semeiam,em seguida, milho ou feijão na mes-ma área. E no inverno, após a colheitade feijão, semeiam a espérgula, aduboverde da família botânica cariofilácea,também conhecida como gorga. Sob aresteva da gorga, transplanta-se ofumo, em cultivo mínimo. No verão,entre as filas do fumo, semeia-se acrotalária, outro adubo verde que aju-da a fertilizar a terra com nitrogênio,protegendo-a, também, contra a ero-são. Antes de colher o fumo, acrotalária é roçada, formando umapalhada sobre o solo, evitando o apa-recimento de ervas daninhas. E, logoapós a colheita do fumo, é semeado,em plantio direto, o feijão. Essa suces-são de culturas pode continuar ano

Triticale vai bem também na areia

O

Triticale surpreende técnicos e agricultores ese dá muito bem nas areias quartzosas do

Litoral Sul de Santa Catarina. O cerealdemonstra ser uma ótima alternativa contrao desestímulo e a descapitalização que assola

a agricultura.

após ano e também pode mudar paraoutros vegetais, ocorrendo a rotação.

A rotação, o plantio direto, o culti-vo mínimo, os adubos verdes, tudoisso contribui para melhorar o solo,poupando adubo, agrotóxicos e com-bustível no preparo do solo, e o que émais importante, economizando di-

nheiro. Uma alternativa que começaa animar os produtores no sul doEstado é o cultivo do triticale no in-verno e que entra no esquema derotação de culturas. A reportagem daRAC foi visitar uma lavoura de propri-edade do Sr. Otávio Budni, no municí-pio de Içara, vizinho de Criciúma no

Reportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

sul do Estado. O Sr. Otávio, que traba-lha com a ajuda de dois filhos, possui83ha próprios e arrenda terras paraplantar, possuindo ao todo, no ano de1995, cerca de 101,5ha cultivados (46hade feijão, 25ha de milho, 10ha detriticale, 12,5ha de fumo e 8ha demandioca), além de produzir algumashortaliças para consumo próprio ealguns bovinos para comercializareventualmente.

Cultivando na praia

A lavoura de triticale foi semea-da no dia 20/06/95 e foi colhida porvolta do dia 17/10/95, perfazendo120 dias de ciclo total. Um aspectosurpreendente da planta é a sua capa-cidade de se adaptar aos solos areno-sos do litoral, ou seja, uma parte dalavoura (praticamente metade) foisemeada a 300m do mar. O Sr. Otávio,que plantou pela primeira vez o cere-al, comentou: “Eu me lembro, quandocriança, que existiam agricultores queplantavam trigo aqui na região, hávários anos atrás. Mas o trigo era umacultura considerada cara, não era paraqualquer um. Eu arrisquei com otriticale e penso que me dei bem”,exultou o produtor ao mesmo tempoque arrancava uns pés do cereal, exi-bindo o vigor e a produtividade dacultura. Budni teve ainda outro moti-vo para comemorar. É que ao colher o

Produtor Otávio Budni contente com o triticale

cereal, além de reservarsemente própria, acertoua comercialização do ex-cedente com uma casaagropecuária e uma coo-perativa da região.

Os pesquisadores daEPAGRI, o engenheiroagrônomo Jack EliseuCrispim, especialista emprodução de sementes, eo engenheiro agrônomoEnilto Neubert, especia-lista em conservação emanejo do solo, tambémestão otimistas com o cul-tivo do triticale que foisemeado logo após a co-lheita do feijão desafrinha, sendo seguidopelo cultivo da mandioca.Outro fato interessantecomentado pelos técnicosé a capacidade que estecereal tem de afastar er-vas-daninhas (efeitoalelopático), como a po-pular roseta, muito abun-dante em terras do lito-ral. E, além disso, por sermais rústico que o trigo,é mais resistente às do-enças. “Não useiagrotóxico, nem adubo químico nestacultura”, revelou o Sr. Otávio queconfirma ter adubado o feijão comesterco de aviário (7t/ha), e aproveita-do o efeito residual do adubo orgânicono cultivo do triticale. Segundo ostécnicos, foi realizada uma análise dosolo para verificar a necessidade decorreção com calcário e adubofosfatado, antes do plantio do feijão,sendo feita a correção previamente.

Crispim e Neubert ressaltaram ou-tra característica positiva do triticale.É que no inverno os solos da regiãoficam descobertos, sujeitos à erosãopor ventos, muito freqüentes no lito-ral. Com o cultivo do cereal, a terrafica coberta e posteriormente suapalha-da vai proteger e se decomporna su-perfície do solo, melhorandosuas características físicas, químicase biológicas.

A boa performance do triticale nãosurgiu por acaso. A Estação Experi-

mental de Urussanga vem testando aplanta já há três anos na região, inclu-sive em outros tipos de solos e, semexceção, o cereal tem se portado mui-to bem. Na prática, porém, o Sr. Otá-vio Budni é o primeiro agricultor aexperimentar na “areia do mar” esteparente próximo do trigo. O Sr. Otá-vio resume o sentimento de técnicose agricultor em relação ao triticale:“Vou cultivá-lo de novo ano que vem”.

O Sr. Otávio, por fim, reclamou dopreço dos insumos que aumentaramao longo do Plano Real, ao passo queo preço dos produtos agrícolas estag-naram. “No início eu comprei a uréiaa 9 reais, hoje ela está a 18 reais (aentrevista foi feita no mês de outubrode 95), além disso”, continua o produ-tor, “o calcário que estava a 17 reais,já passou para 22 e o adubo 5-20-10que era 8,30 reais, hoje custa 13 reais.Enquanto isso, e o que é pior, a man-dioca eu vendi a 7 e 8 reais o saco de

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Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996 23

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

farinha (50kg/saco) e hoje estão mepagando entre 6 e 6,5 reais. A tonela-da da raiz era 30 a 31 e agora só dão 25a 28 reais”, reclamou o produtor queainda apontou as culturas de milho efeijão como igualmente deficitárias.Só o fumo é que ficou de receber umreajuste a mais, por conta do acertoque as fumageiras fizeram com osagricultores de pagarem a T.R. + 5%,o que daria, de dezembro de 94 adezembro de 95, em torno de 25% dereajuste.

Triticale: características evantagens

O triticale é um cereal resultantedo cruzamento do trigo com centeio.É bem mais rústico que o trigo, apre-senta resistência às ferrugens e aooídio e boa tolerância às manchasfoliares (septoriose, helmintosporiosee giberela).

O Centro Nacional de Pesquisa deTrigo da EMBRAPA, o Centro de Ex-perimentação e Pesquisa da FECO-TRIGO e o Instituto Agronômico doParaná são as Instituições de Pesqui-sa que vem desenvolvendo intensostrabalhos de pesquisa com esta espé-cie.

A principal utilização do grão detriticale é na alimentação animal.Substitui até 100% o milho na formu-lação de rações balanceadas, sem qual-quer prejuízo no rendimento. O teorde proteína bruta está ao redor de11%, enquanto o do milho varia de 8 a9%. A farinha do triticale pode substi-tuir totalmente a de trigo na fabrica-ção de massas, biscoitos e bolachas epode ser misturada à farinha de trigona fabricação de pão, nas proporçõesde 25 a 50%, respectivamente, parafarinha de trigo nacional e farinha detrigo estrangeira.

A área de plantio do triticale vemaumentando ano após ano no Brasil.Em Santa Catarina, o maior incentivoao plantio vem sendo feito pelasagroindústrias do oeste, objetivandosuprir o déficit do milho no Estado,que chega a 30%. Os integrados daSadia atualmente estão plantando emmédia 11,17ha de milho e estão sendoincentivados a semear 3,4ha do

triticale, como estratégia para evitara importação de 30% de milho.

A produtividade do triticale, emnível de lavoura, tem chegado a sur-preendentes 7.000kg, bem maior quea do trigo. Ressalta-se ainda que estaprodução é obtida no inverno, períodoem que, geralmente, as áreas ficamociosas. A colheita é feita bem naentressafra do milho, possibilitandoao agricultor obter um bom retornoeconômico, sem considerar que oscustos da lavoura representam me-nos da metade da do milho.

O cultivo do triticale, no inverno,dá uma excelente proteção ao solo epossibilita o plantio direto ou o cultivomínimo do milho, diminuindo sensi-velmente os custos e minimizando osproblemas da erosão.

Os trabalhos de rotação de cultu-ras desenvolvidos na Estação Experi-mental de Urussanga, sob a coordena-ção do pesquisador engenheiro agrô-nomo Simião Alano Vieira, encontra-ram no triticale uma boa alternativade inverno nos sistemas de cultivo demandioca, fumo e batatinha. Além deuma produtividade média de 3.620kg/ha de grãos, a resteva do triticale vempermitindo fazer os cultivos mínimosdo milho sem necessidade de capina ecom excelente controle da erosão. Ocultivo mínimo da mandioca, napalhada do triticale, diminui significa-tivamente a prática de controle deplantas invasoras e dá boa proteção aosolo.

Um dos objetivos mais importan-tes do Programa de Microbacias de-

senvolvido pela EPAGRI e com o apoiodas Prefeituras, cooperativas e em-presas privadas, é a proteção do solo.Em todo sistema de cultivo é impor-tante que as espécies participantes,além de propiciarem uma boa cober-tura do solo, também tragam um re-torno econômico direto para o produ-tor, de maneira que o custo-benefícioseja positivo. No inverno, como asalternativas com essas característi-cas são poucas, excetuando asforrageiras (azevém, aveia), acredita-se que o triticale é a melhor entre asespécies produtoras de grãos.

Vantagens do triticale

• É uma planta rústica, resistentea doenças.

• Sua farinha pode substituir a dotrigo na panificação.

• É utilizado muito hoje na alimen-tação animal. Seu teor de proteína éde 11%, maior do que o do milho, queé de 8 a 9%.

• É cultivado no inverno, época emque normalmente as terras estão oci-osas.

• Protege o solo contra a erosão esua palhada também abafa plantasinvasoras, propiciando o cultivo míni-mo do milho, mandioca, etc.

• Incorporado ao solo, melhora assuas propriedades físico-químicas ebiológicas.

• Tem alta produtividade.• Seu custo-benefício é positivo,

trazendo um bom retorno ao produ-tor.

No dia 5 de janeiro passado faleceu emFlorianópolis o engenheiro agrônomo Pedrode Alcântara Ribeiro, antigo colaborador darevista Agropecuária Catarinense, ora comoautor, ora como revisor.

Pedro era funcionário da Secretaria daAgricultura, pesquisador da antigaEMPASC, que ajudou a criar, e estavaexercendo atividades profissionais naEPAGRI, na Estação Experimental de SãoJoaquim, da qual foi chefe por diversosanos. Era também produtor rural e líderpolítico e comunitário em São Joaquim.

Por sua vida pessoal íntegra e por suacompetência profissional, Pedro Ribeiroserá sempre um exemplo para todos quetiveram a sorte de conhecê-lo e que lamen-tam sua perda prematura.

Os editores

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24 Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Saneamento ambiental pretende mudar a realidadeSaneamento ambiental pretende mudar a realidadeSaneamento ambiental pretende mudar a realidadeSaneamento ambiental pretende mudar a realidadeSaneamento ambiental pretende mudar a realidadedas comunidades ruraisdas comunidades ruraisdas comunidades ruraisdas comunidades ruraisdas comunidades rurais

Reportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari

A poluição dosrios e córregos

em SantaCatarina

atinge umvolume muito

grande epreocupa as

comunidadesrurais

A falta de cuidados com omeio ambiente, a poluiçãodas águas e a contamina-ção do homem por doen-ças e parasitas levou aEPAGRI, em função dademanda crescente dascomunidades rurais, a

criar um curso de forma-ção em saneamento ambi-ental. O que é, como funci-

ona, os seus objetivos,conteúdo e importância

são os aspectos apresenta-dos nesta reportagem.

o planeta Terra, do total de maisde 5 bilhões de habitantes, atu-

almente 1,2 bilhões de pessoas sobre-vivem em condições subumanas, nãotendo acesso às necessidades básicasde saneamento, e 1,5 bilhões não dis-põem de água potável. De toda a popu-lação brasileira, somente 22,23% sãoatendidas por rede de esgoto e 59,12%fazem uso de água tratada, sendo agrande maioria nos centros urbanos.Em Santa Catarina, 64,59% da popu-lação recebem água tratada e apenas5,22% são atendidos por rede de esgo-to. Além disso, aproximadamente 80%das águas utilizadas pelas famíliasrurais catarinenses apresentam con-taminação por coliformes fecais devi-do ao não tratamento dos dejetos hu-manos e animais. Como conseqüên-cia dessa falta de saneamento, é gran-de o número de infecções por parasi-tos e doenças no Brasil e em SantaCatarina, afetando milhões de sereshumanos e forçando os governos ainvestirem elevadas somas de dinhei-

ro e esforço no combate ao problemade saúde humana.

Enfoque conservacionista

Para tentar minorar os efeitos dafalta de saneamento ambiental e suasdesastrosas conseqüências, a EPAGRIcriou, em março de 1993, o CursoProfissionalizante de Formação emSaneamento Ambiental que, até oúltimo mês de dezembro, capacitou404 lideranças rurais, envolvendo agri-cultores e pescadores, líderes, profes-sores, técnicos da saúde, educação eagricultura, agentes e fiscais, numtotal de 33 cursos realizados. A coor-denadora estadual do Curso é aextensionista Bernardete Panceri einforma que as pessoas interessadasem participar dos cursos podem serindicadas pelos Conselhos de Desen-volvimento Municipal - CDM, ou pelosextensionistas da EPAGRI. Ela diztambém que os cursos são realizadosem Centros de Treinamento da

EPAGRI, na média de cinco cursosanuais por Centro (Tabela 1).Bernardete relata também que o Cur-so de Saneamento, ao contrário doque muita gente pensa, não trata sóde fossas sépticas e saneamento bási-co, como pode parecer inicialmente,mas é bem mais abrangente,enfocando aspectos e conceitos sobreo meio ambiente, ecologia, conserva-ção e desenvolvimento sustentado. “Aparte inicial, que trabalha itens comoecologia, ecossistema e conservaçãoda natureza chama muito a atenção,principalmente dos agricultores quegostam do enfoque dado pelo Curso”,ressalta Bernardete, e explica que afilosofia e também o objetivo principaldo Curso é sensibilizar os participan-tes sobre a importância da preserva-ção e melhoria do meio ambiente.Neste sentido, a coordenadora revelaum dado preocupante e, ao mesmotempo, um desafio. Trata-se da polui-ção causada no Oeste Catarinense,principalmente pelos dejetos de suí-

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Tabela 1 - Endereços dos Centros de Treinamentos e ministrantes dos Cursos deSaneamento Ambiental da EPAGRI

Centro detreinamento Endereço MinistranteEPAGRI

CETRE - Centro de Rodovia Admar Gonzaga, Marisa ColomboTreinamento de km 3 - Bairro Itacorubi Arlene BoosFlorianópolis Caixa Postal 1.391 Ursula Ludwig

88010-970 - Florianópolis, SC Marta CorreiaFone (048) 234-0944 Bernardete PanceriFax (048) 234-2575 (Coord. Estadual)

CETRAG - Centro Rua 6 de Junho, s/no Marisa Mortaride Treinamento de 89161-000 - Agronômica, SC Marlene SchmidtAgronômica Fone/Fax (0478) 42-0141 Sonia Maria Abatti

Elinir TambosiMarli Eggers (traba-lha em Itajaí e minis-tra os cursos de Flo-rianópolis e Agronômica)

CETRAR - Centro BR 101, km 412 - Bairro Maristela Scarabelotide Treinamento de Cidade Alta Maristela BorgnetiAraranguá Caixa postal 208 Gisela Stainer Scaini

88900-000 - Araranguá, SC Salete Maria C. PereiraFone (048) 522-0894Fax (048) 522-1677

CETRAC - Centro Distrito Marechal Bormann Ivanete Massonde Treinamento de Caixa Postal 701 Maria Helena DottoChapecó 89801-970 - Chapecó, SC Nadir Bampi

Fone/Fax (0497) 22-2131 Ivanda MassonValquíria Müller Mich

cerca de 70tde terra comapenas umachuva.

Trêsgrandesdívidas

Como senão bastas-sem os pro-blemas men-c i o n a d o s ,M a r i s aC o l o m b o ,uma das mi-nistrantes doCurso noCETRE emFlorianópo-lis, apontaainda os ris-cos causadospela má apli-cação dosagrotóxicosque, muitasvezes, se sa-be, é feita

sem as mínimas condições de segu-rança. As embalagens são jogadas nosrios e alguns produtos permanecemno solo por longo período, destruindosua vida, e outra parte, através dasenxurradas, vai diretamente para oscursos de água e fica como resíduo nosalimentos. “Em verdade, as própriaspessoas tornam-se depósitos finais deresíduos tóxicos”, alerta Marisa. Etem mais. A questão do desmatamentoé também assustadora, pois SantaCatarina apresenta um déficit anualde 200.000ha de florestas, “e a tendên-cia é aumentar este número”, afirmaa extensionista. A situação da água émuito preocupante. Aproximadamen-te 80% das águas utilizadas pelas fa-mílias rurais apresentam contamina-ção por coliformes fecais devido aonão tratamento dos dejetos humanose animais. Esse índice de contamina-ção chega a 100% nas regiões Serranae Litoral Leste, confirma Marisa. Porúltimo, e não menos prejudicial, apoluição dos ecossistemas de SantaCatarina ocorre também em decor-

nos, que, das 3,5 milhões de cabeçasdo rebanho estadual, cerca de 86% seconcentram numa área de 30.000km2,abrangendo mais de 60 municípiosdaquela região. A maior parte do volu-me de dejetos suínos não recebe umtratamento adequado e, em vez de seconstituir em fator de recuperação davida e fertilidade dos solos, reduzindogastos com adubação química e au-mentando a produtividade da terra,acaba se constituindo num terrívelpoluente das águas e do próprio solo.Menos mal que, no ano passado, asprefeituras do Oeste, com o apoio daEPAGRI e do Centro Nacional de Pes-quisa de Suínos e Aves - CNPSA daEMBRAPA, iniciaram um grande pro-grama de aproveitamento e manejodos dejetos, com recursos do BNDES.As perdas de solo por erosão, por faltade um melhor manejo, também sãoum fator muito preocupante. Em umexperimento conduzido no Centro dePesquisa para Pequenas Proprieda-des - CPPP da EPAGRI verificou-seque o solo descoberto chega a perder

rência dos rejeitos industriais. No Suldo Estado as mineradoras despejamnos rios uma média de 1,2 milhões dem3/mês de rejeitos do carvão. NoNorte do Estado, as indústrias degalvanoplastia lançam diariamentenos cursos de água grandes quantida-des de materiais pesados, especial-mente chumbo e mercúrio. No Valedo Rio do Peixe, as indústrias de papele celulose, os frigoríficos, os curtumes,as indústrias de óleo e vinhos consti-tuem-se nas principais fontespoluidoras. A carga de efluentes dealgumas empresas, jogados diaria-mente nos rios, equivale a uma cidadecom população de 1.200.000 habitan-tes.

Isto tudo, destacam as extensio-nistas Bernardete Panceri e MarisaColombo, implica uma grande dívida,separada em três aspectos: ecológico,econômico e social. Sem dúvida ne-nhuma, os custos financeiros, sociaise ambientais são bem maiores do quea solução mais adequada, ou seja, aprevenção.

Transformando acomunidade

O Curso Profissionalizante de For-mação em Saneamento Ambiental éministrado num total de 52 horas-aula, em duas etapas de três e três emeio dias cada, respectivamente. CadaCentro realiza o seu curso com umaequipe de três a quatro professores,compostos da coordenadora regionaldo Programa de Economia Domésti-ca, reforçada pelas extensionistas do-mésticas locais. Além do objetivo ge-ral, que é a capacitação em sanea-mento ambiental, visando a mudançade atitude frente à situação existente,o Curso também tem objetivos especí-ficos, como estudar como se formamos ciclos na natureza, os ecossistemas,o que é desenvolvimento sustentado,e conhecer como se relacionam asdoenças infecto-contagiosas, parasi-tárias e intoxicações com a falta desaneamento. Além disso, a par dosconhecimentos teóricos adquiridos, osalunos identificam e buscam soluçõesambientais ligadas ao saneamento emsituações individuais e coletivas emágua, dejetos e lixo. Os assuntos mi-nistrados nos cursos estão resumidosna Tabela 2.

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Tabela 2 - Conteúdo programático do Curso Profissionalizante de Formação em SaneamentoAmbiental - EPAGRI

Unidade Subunidade Etapa

I - Relação identidade x • Biosfera 1 a

ambiente • Ecossistema• Conservação da natureza• Desenvolvimento sustentado

II - Aspectos antropológicos, • Relação histórica dos hábitos, costumes, etnias, 1 a

sociais, econômicas e valores e conhecimento empírico em saneamentoculturais do saneamento • Política de saneamentoambiental

III - Fundamentação científica • Ciclo da água, oxigênio e nitrogênio 1 a

dos recursos: solo, água e ar • Solo: tipo, estrutura, teste de percolação

IV - Doenças relacionadas • Doenças: hepatite, verminose, leptospirose, diarréia, 1 a

com o saneamento cólera, febre tifóide• Ciclo de contaminação e infestação das doenças• Custo x benefício

V - Ferro cimento • Construção de ferro cimento artesanal 1 a

• Análise de custo 2 a

VI - Dejetos, água e lixo • Dejetos: 2 a

- caracterização;- alternativas de tratamento de dejetos humanos;- custo x benefício.• Lixo e vetores: 2 a

- caracterização;- sistema de tratamento e disposição;- vetores (mosca, borrachudo, pernilongo, barata, rato, piolho, pulga);- custo x benefício.• Água: 2 a

- caracterização;- características físicas, químicas e biológicas;- proteção de mananciais;- alternativas de tratamento;- custo benefício.

VII - Avaliação final • Avaliação do curso e encerramento 2 a

A extensionista doméstica ruralArlene Boos, uma das professoras docurso no CETRE/EPAGRI, em Floria-nópolis, destaca que um dos aspectosmais preocupantes em relação ao sa-neamento é a questão da proliferaçãodas doenças e a má qualidade da ali-mentação. Segundo Arlene, em le-vantamento do Serviço de ExtensãoRural (ex-ACARESC) em SantaCatarina, relacionando peso com aidade de 2.268 crianças de 0 a 6 anos,na área rural, revelou que 41,63%apresentavam problemasnutricionais. Além disso, em funçãoda contaminação das águas, em 10.836exames parasitológicos realizados,78,8% apresentaram contaminaçãopor coliformes fecais, e em outrosexames, envolvendo adultos e escola-res, num total de 11.188 amostras,verificou-se que a infestação de para-sitos chegou a 58,71%, com incidênciade um a cinco tipos de vermes porindivíduo. Como se isto não bastasse,existe ainda a intoxicação do homemrural pelos agrotóxicos, que, de acor-do com 12.780 exames colinesterásicos(detecta a ação da enzima colinesteraseque atua nos impulsos nervosos)efetuados, em 59,56% dos indivíduosamostrados verificou-se redução daatividade colinesterásica, afetando sig-nificativamente a capacidade produti-va das pessoas. Em função dessesdados alarmantes, Arlene mostra queos gastos do governo no tratamentodesses problemas de saúde são enor-mes. Por exemplo, somente em 1992,os cofres públicos, através do Institu-

A falta de saneamento tem aumentado acontaminação das águas por coliformes fecais

to Nacional de Assistência Médica ePrevidência Social - INAMPS, emSanta Catarina, pagaram 45.141internações por doenças infecciosas e

parasitárias, gastandocentenas de milhares dereais ou mesmo milhõesde reais, sem contar ou-tros males não classifica-das na categoria acima edecorrentes dos proble-mas na zona rural, comocontaminação poragrotóxicos, doenças ner-vosas, a incapacitaçãopara o trabalho por aci-dentes e a extrema inco-modação pelas picadas dosborrachudos, insetos quelembram pequenas mos-cas e que proliferam devi-

do ao desmatamento e poluição dosrios e córregos. Em quase todo oEstado, os borrachudos estão se tor-nando uma praga, impedindo, muitasvezes, o trabalho diário do agricultor,tal a intensidade do seu ataque aohomem.

O Curso de Saneamento daEPAGRI possui um aspecto práticomuito acentuado, com os participan-tes testando e aprendendo em mode-los reduzidos de equipamentos de sa-neamento e, eles mesmos, construin-do estes equipamentos em escala real,como é o caso das fossas sépticas, deacordo com os últimos requisitos daAssociação Brasileira de Normas Téc-nicas - ABNT.

Além dos equipamentos de ferro ecimento, a EPAGRI está difundindoum novo método de tratamento do

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

esgoto, utilizando plantas aquáticas,como o junco e aguapés. É um métodobiológico, eficiente e barato, podendoser adptado a vários locais e condi-ções. Inclusive, a Empresa já possuidois sistemas funcionando, um noCETRE, em Florianópolis, e outro emAgronômica, no CETRAG.

Cirley Hofmann, agricultora e lí-der rural na comunidade de Oliveira,no município de Tijucas e participan-te de um dos últimos cursos noCETRE, em Florianópolis, revela queseus vizinhos agricultores ainda jo-gam muito lixo e sujeira no rio, edesmatam também. “Porém estamos,com a ajuda da Terezinha(extensionista doméstica local daEPAGRI) e da Prefeitura, organizan-

do uma Associaçãode Moradores pararesolvermos emconjunto nossosproblemas especí-ficos”, conta ela, eagrega, “realiza-mos recentementeuma Semana Mu-nicipal de Sanea-mento Ambientalpara mobilizar aspessoas, entidadeslocais e empresasprivadas, alertandosobre o granded e s m a - t a m e n t onas margens dosrios e o apareci-mento dos insetos

borrachu-dos e também aler-tando so-bre as fossas que jogam os dejetoshumanos e animais diretamente nosrios. A Prefeitura tem nos ajudado,inclusive fornecendo fossas e a comu-nidade em mutirão faz o trabalho”.

Prefeituras ajudam

Janete Pedrini, participante doCurso, é diretora na escola municipalda mesma comunidade de Cirley. “Aescola tem ajudado na campanha desaneamento iniciada na comunidade,as crianças são muito entusiasmadas,mas agora, com o curso da EPAGRI,tenho mais informação e capacidadepara transmitir e educar melhor nos-sos alunos infantis”, assinala e conti-

nua, “as crianças trans-mitem aos pais o queaprenderam e isto facili-ta na mudança de atitudedas pessoas frente à ques-tão do saneamento ambi-ental”.Mas não são só os partici-pantes dos cursos que es-tão entusiasmados paramudar e melhorar suascomunidades. É o casotambém de alguns prefei-tos, como o do municípiode Iraceminha, no OesteCatarinense. Diante dointenso êxodo das famíli-as rurais da localidade eadjacências, ele reuniu li-deranças, técnicos, polí-

Participantes do Curso de Saneamento observam oprocesso biológico de tratamento de esgoto

ticos e produtores rurais do municípioe vizinhanças para discutirem possí-veis saídas para a crise da agricultura.Conforme relata Bernardete Panceri,que estava presente na reunião, aconclusão geral de todos foi a de que odesenvolvimento sustentável é a al-ternativa mais viável para o setorrural. O meio ambiente deve ser maisrespeitado pelo homem, já que eledepende totalmente da natureza. Osdesmatamentos, a poluição por dejetoshumanos e animais, o manejo inade-quado dos solos, causando a erosão ea contaminação por pesticidas, tudoisso tem levado ao esgotamento daterra, da água, das plantas, diminuin-do a produtividade das lavouras e dascriações e, por conseguinte, a rendado agricultor. No desespero, ele pro-cura fugir desta realidade, engrossan-do a fileira dos favelados nas cidades.O Curso de Saneamento Ambiental,observa Bernardete, “não tem a pre-tensão de salvar a agropecuária cata-rinense, mas queremos educar o ho-mem para que o futuro seja melhorpara as próximas gerações”. Ela acres-centa ainda que, “a nossa perspectivaé, pela importância do assunto, que oscursos de capacitação em saneamen-to ambiental possam ser realizadosnos municípios, e que cadaextensionista doméstica local, com aajuda dos técnicos da região, possadesenvolver plenamente o treinamen-to de acordo com as necessidades lo-cais”.

Modelos reduzidos facilitam a compreensão dos processos

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REFLORESTAR

Flora ilustrada catari-Flora ilustrada catari-Flora ilustrada catari-Flora ilustrada catari-Flora ilustrada catari-nensenensenensenensenense

O cedro é conhecido comumente comocedro-rosa, cedro-batata, cedro-vermelho,cedro-branco, cedro-da-várzea, acaju ca-tinga, basálkina (aborígenes Ohipaias),vencutanema (aborígenes curuaés),iaporaissib (aborígenes guaranis), cedroblanco (Argentina e Uruguai), cedro-colorado, cedro-pinta (Paraguai). Seu nomecientífico é Cedrela fissilis Velloso, e per-tence à família das Meliáceas. É uma árvorede 25 a 35m de altura e diâmetro de 60 a90cm na altura do peito. Possui tronco cilín-drico, longo, reto ou um pouco tortuoso,fuste longo, casca grisácea ou castanhogrisácea, com longas fissuras longitudinaisprofundas (muito típico). Apresenta copaarredondada muito típica, folhagem densae verde escura acima e mais clara por baixo,em virtude do densoindumento. As folhassão curvadas, parcial-mente pendentes,deciduais (que caem nooutono e inverno), al-ternadas, compostaspinadas, grandes, de 60a 120cm de comprimen-to por 20 a 30cm de lar-gura. Cada folha con-tém geralmente de 24 a30 folíolos, medindo de7 a 14cm de comprimen-to por 3 a 4cm de largu-ra.

A inflorescência éum tirso amplo (5 a 30cmde comprimento), den-so e geralmente maiscurto que as folhas. Asflores, de 7 a 12mm decomprimento, sãounissexuais por aborto.As flores masculinas são mais longas que asfemininas, amadurecendo em tempos dife-rentes. Os frutos são cápsulas septifragas,lenhosas, de cor castanho-escura, abrindo-se abaixo da metade por cinco valvas eapresentando um eixo com cinco septosangulados e várias sementes longamentealadas.

Nos meses de primavera e verão estaespécie é facilmente reconhecida na matapela brotação nova, verde e vigorosa dafolhagem. Floresce durante os meses desetembro até dezembro, amadurecendo osfrutos após a queda das folhas no inverno(julho e agosto).

A dispersão desta espécie se dá em todoo Brasil. Em Santa Catarina ela ocorre em

todas as matas do Estado, aparecendo maisfreqüentemente nas matas subtropicais dorio Uruguai e afluentes.

Foi sem dúvida uma das madeiras de leimais comuns em todas as matas do Oeste doEstado e aparecia também nos sub-bosquesmais desenvolvidos de pinhais, juntamentecom as Lauráceas, principalmente imbuia.

É importante saber que o cedro-rosa éuma espécie heliótita, isto é, exigente quantoà luminosidade, e por isso pode ser plantadaem áreas abertas a pleno sol. É também umaespécie higrófita, que necessita ou preferesolos com bastante umidade. Por isso, reco-menda-se plantios em locais de fundo de valesou no início das encostas, onde geralmente osolo é úmido e profundo.

O cedro representa, ao lado do louro-pardo, uma das árvores mais comuns e carac-terísticas do interior da floresta latifoliada,principalmente na mata do rio Uruguai, ondese constatam elementos jovens, adultos evelhos, o que demonstra encontrar-se esta

espécie em regeneraçãonatural. Em áreas de co-bertura florestal em iní-cio de regeneração (capo-eira e capoeirão) esta es-pécie é muito encontrada,possivelmente em funçãoda maior ocorrência de luz.

O cedro cresce rapida-mente, principalmenteem locais úmidos e comluminosidade.

Em função dessasqualidades e também porproduzir anualmenteabundantes frutos e se-mentes sem problemas degerminação, esta espécieé considerada muito im-portante para plantios deenriquecimento de capo-eiras e capoeirões.

O cedro é atacado pelalarva Hypsipyla grandella Zall, que destróianualmente os brotos novos. Por ser umaespécie com grande capacidade de pega erebrote, as plantas atacadas mesmo assim vãocrescendo, mas com grande defeito de fuste.

A madeira do cedro apresenta alburnobranco a rosado, cerne variando do bege-rosado-escuro ao castanho e do castanho-claro-rosado, mais ou menos intenso, atécastanho-avermelhado. A superfície é lustro-sa com reflexos dourados e o cheiro é carac-terístico e agradável, com gosto levementeamargo e a textura é grosseira. A madeira éleve e moderadamente pesada (0,50 a 0,60g/cm 3), macia ao corte e resistente aos agentesexteriores, salvo quando enterrada ou

submersa, quando apodrece facilmente, eresistente a bichos. O emprego da madeirado cedro é bastante grande em função daqualidade de madeira que apresenta, larga-mente empregada em contra-placados, com-pensados, obras de talha, esculturas, moldu-ras e modelos de fundição. É usado tambémpara confecção de móveis em geral, marce-naria, esquadrias, postes, janelas, caixilhos,venezianas, construção civil, naval e aero-náutica. A madeira também é muito procu-rada para capa de lápis, caixas de charuto einstrumentos musicais. Destilando a madei-ra, obtém-se um óleo de cheiro desagradá-vel.

Sementes florestaisSementes florestaisSementes florestaisSementes florestaisSementes florestaisA conservação de espécies florestais na-

tivas é uma das formas de manter opatrimônio natural, de importância inesti-mável. Para garantir a qualidade genéticadesse patrimônio, o Ministério do MeioAmbiente, dos Recursos Hídricos e da Ama-zônia Legal (MMA), por intermédio da Se-cretaria de Coordenação para Assuntos deMeio Ambiente, deu início ao projeto Progra-ma Nacional de Sementes Florestais Nati-vas.

Um importante objetivo do programa éa produção de sementes com garantia dequalidade, primeiro passo para possibilitar atransformação do recurso sementes flores-tais em um produto florestal de qualidade,concorrendo para viabilizar tanto a conser-vação como um processo silvicultural conse-qüente com essências nativas.

A produção de sementes com qualidadegarantida depende do emprego de tecnologi-as apropriadas e de fatores associados, den-tre os quais destacam-se o zoneamento paradefinição de locais adequados para garantiro desenvolvimento das espécies, a seleção dematrizes de qualidade e tecnologias adequa-das para colheita de sementes.

O programa atua como catalizador deum processo de articulação inter eintrainstitucional, envolvendo a iniciativaprivada, ONGs, cooperativas, comunidadesagrícolas e extrativistas, prefeituras, uni-versidades e órgãos estaduais e federais,objetivando consolidar a organização da pro-dução de sementes.

O sucesso do programa pressupõe, entreoutros fatores, a execução descentralizadadas ações. Desta forma implantar-se-á uma“Rede Nacional de Banco de Sementes” queserá composta por “Redes Regionais”, crian-do uma base de dados que oferecerá infor-mações tecnológicas e comerciais, possibili-tando a integração do usuário em nível local,regional e nacional.

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REGISTRO

As florestas na ArgentinaAs florestas na ArgentinaAs florestas na ArgentinaAs florestas na ArgentinaAs florestas na Argentina

A Argentina, nossa vizinhamercossulista, possui legislaçãopertinente à conservação de bos-ques e florestas nativas há 47 anos.O reflorestamento é facilitado, emparte, porque no território daquelepaís as áreas agrícolas estão perfei-tamente definidas: a agricultura sefaz na Pampa Úmida, 700 mil quilô-metros quadrados de planície abso-luta, dentro da exuberante baciahidrográfica dos rios Paraná, Uru-guai e Paraguai.

A província de Missiones, umadas últimas a ser colonizada, inclusi-ve porque havia uma questão delimites com o Brasil, apesar de umaespantosa semelhança topográficacom o Oeste Catarinense, não é con-siderada uma área agrícola devidoao relevo ondulado. Em Missionesprosperam alguns bons projetos flo-restais, notadamente com pínus eerva-mate.

Por ser muito mais fácil e econô-mico plantar na Pampa Úmida, osagricultores concentram ali os seusesforços agrícolas, enquanto pou-pam a derrubada de árvores nativas,de um lado, e investem em flores-tas produtivas, de outro, naquelaszonas onde a topografia é ondulada.Por isso fica de fora das áreas decultivo toda a borda da Cordilheirados Andes, mais de um terço doterritório argentino.

É por este motivo, também, quesó em Missiones já podemos encon-trar 20 mil, dos 30 mil quilômetrostotais da província, completamentearborizados por florestas preserva-das ou cultivadas.

Há um problema, porém, já de-tectado pelas autoridadesmissioneiras, segundo conta o pes-quisador do Instituto Nacional deTecnologia Agrícola-INTA, RobertoAntonio Fernandez, sediado emMonte Carlo: “a fiscalização não éeficiente e começam a surgir algu-mas explorações clandestinas den-tro das florestas nativas,notadamente nas áreas de frontei-ras com os Estados brasileiros doParaná, Santa Catarina e Rio Gran-

de do Sul, com a presença de agricul-tores brasileiros”.

Diz Fernandez que nem mesmo alei dos estrangeiros pode ser invocada,porque os estrangeiros costumamapresentar documentos de sua uniãoconjugal com nativos guaranis habi-tantes das matas preservadas, poden-do, inclusive, apresentar certidões denascimento de filhos nascidos eregistrados na Argentina.

Apoio

O governo argentino incentiva efinancia florestas desde 1965, quandoderam entrada no país os Pinus taedae P. elliotti e quando se cultiva-ram cerca de 1.000ha com cinamomo.As árvores se destinam aos progra-mas industriais de grandes empresas,notadamente papeleiras. Os peque-nos produtores, segundo Fernandez,não plantam árvores porque nãocompensa a entrega da produção quan-do efe-tuada em pé ou no estaleiroapenas. “O ideal, diz o pesquisador, ébeneficiar a madeira em pequenasserrarias comunitárias e vendê-la emforma de tábua, caibros ou para diver-sos outros fins.”

Os preços da madeira bruta giramem torno de 13 a 45 dólares por tone-lada, sendo menos cotadas as torinhasprovenientes de desbastes e mais co-tadas as toras com 40 ou mais centí-metros de diâmetro na ponta fina.

O reflorestamento com cinamomo,muito próspero nos anos 60, já estádesativado devido a problemasfitossanitários.

Iniciado projetoIniciado projetoIniciado projetoIniciado projetoIniciado projetoagroecológico da cebolaagroecológico da cebolaagroecológico da cebolaagroecológico da cebolaagroecológico da cebola

Já está sendo instalado na EstaçãoExperimental de Ituporanga, no AltoVale do Itajaí, o Projeto deAgroecologia da Cebola, um convênioque envolve extensionistas e pesqui-sadores da EPAGRI, agricultores eprofessores do Centro de CiênciasAgrárias-CCA/UFSC. O projeto obje-tiva desenvolver, em escala de campo,manejos alternativos na cultura dacebola sob o enfoque da agroecologia.Deseja-se, no final, produzir cebolas

com ótima qualidade evitando-se autilização de agroquímicos e comisso oferecendo um produto que estámuito em demanda pelo consumi-dor. As técnicas agroecológicas per-mitem reduzir bastante os custos deprodução, e, assim, o agricultor podeoferecer um produto mais barato aosconsumidores.

Enfoque sistêmico

A pesquisa é feita sob a forma deparcelão, uma área maior do que anormalmente utilizada para os en-saios de pesquisa, e que representamelhor as condições reais do agricul-tor, esclarece o professor RichardMiller, do CCA/UFSC, um dos res-ponsáveis pelo projeto. Ele informatambém que estão sendo instaladosoutros parcelões em propriedades deagricultores envolvidos, os quais par-ticipam ativamente no projeto. Isto,segundo o professor, permite o acom-panhamento simultâneo da pesqui-sa em locais diferentes e com carac-terísticas próprias. A pesquisa temum enfoque não só por componen-tes, mas também sistêmico, ou seja,globa-lizante, onde se levam em con-ta todos os processos ao mesmo tem-po, esclarece ainda o professor Miller.Os ensaios com os componentes sãodenominados ensaios-satélites ou sa-télites dos parcelões.

Segundo o chefe da Estação Expe-rimental de Ituporanga, engenheiroagrônomo Arno Zimmermann Fi-lho, já estão sendo implantados osseguintes ensaios-satélites: aduba-ção verde para sementeiras,leguminosas para cobertura morta eexperimento de solarização (consis-te em cobertura de plástico sobre asementeira para matar as ervas da-ninhas). Está também iniciando aimplantação da compos-tagemtermofílica e a vermi-compostagem.O próximo passo, segundo o enge-nheiro Arno, é deixar preparado ocomposto e a biomassa dos adubosverdes para o próximo ciclo da cultu-ra de cebola.

O endereço da Estação Experi-mental de Ituporanga é: EstradaGeral s/n, Lageado Águas Negras,Caixa Postal 98, 88400-000,Ituporanga, SC. Fones (478) 33-1409e 33-1364, Fax (0478) 33-1364.

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Teores de nutrientes emTeores de nutrientes emTeores de nutrientes emTeores de nutrientes emTeores de nutrientes emerva-mateerva-mateerva-mateerva-mateerva-mate

O engenheiro agrônomo Eduar-do Giovannini, professor da EscolaAgrotécnica Federal de Bento Gon-çalves, RS, Curso de Tecnologia emViticultura e Enologia, realizou umtrabalho com erva-mate que podecontribuir com outros estudos quetratem do valor nutritivo do chimar-rão e da adubação desta cultura.

Segundo ele, os teores em nutri-entes minerais da erva-mate, pro-cessada para chimarrão, são os se-guintes, de acordo com o manual doIBDF: Ca = 1,063% de CaO; Fe =0,020%; P = 0,214% de P 2O5 e Mn =0,352%. Outros autores (EMBRAPA-CNPF) dão a seguinte composição, apartir da colheita no mês de julho:na folha : N = 1,92%, P = 0,17%, K =1,59%, Ca = 0,61% e Mg = 0,42%; noramo: N = 1,01%, P = 0,052%, K =0,98%, Ca = 0,88% e Mg = 0,34%.

Sendo a colheita da erva matefeita, em geral, nesta época, a com-posição do produto levado ao consu-

mo, varia em função da proporção defolhas/ramos utilizada.

No referido trabalho foram deter-minados os teores em N, P, K, Ca, Mg,S, Cu, Fe, Mn e Zn de uma erva-mateadquirida no comércio da cidade deBento Gonçalves, RS. A erva enqua-dra-se na categoria Tipo PN 1, 100%Ilex paraguariensis, 70% folhas e 30%palitos, produzida em Venâncio Aires,RS.

As análises químicas foram proce-didas de acordo com a metodologiautilizada pela ROLAS RS-SC. Foramfeitas 24 repetições para cada deter-minação. O trabalho foi realizado noLaboratório de Análises de Solo doCentro Nacional de Pesquisa de Uva eVinho da EMBRAPA, em Bento Gon-çalves, RS, em julho de 1994. Os teo-res de nutrientes encontrados foram:N = 1,67%; P = 0,07%; K = 2,04%; Ca= 0,70%; Mg = 0,38%; S = 0,10%; Cu =15ppm; Fe = 147ppm; Mn = 1.480ppme Zn = 46ppm

Ainda que os teores observadostenham sido oriundos de análise deuma única amostra, é possível notar-se que a proporção da mistura folha/

ramo é o que determina os teoresminerais da erva-mate posta ao con-sumo. Exceto para o Ca, em maiorconcentração no ramo do que nafolha, os nutrientes encontram-seem teores mais elevados na folha.

Os valores observados nesse tra-balho indicam que a composição daerva-mate estudada está de acordocom o esperado, pois supera os teo-res indicados para ramo e fica abaixodo indicado para folha, tendo umvalor em geral próximo a uma médiadestes. Faz exceção a isso o Mn, cujovalor é alto, superando em três ve-zes o indicado na bibliografia. A pro-vável explicação deste fato é que aerva-mate cresce em solos ácidos doRio Grande do Sul, onde este ele-mento químico é abundante, haven-do conseqüentemente alta absorçãodo mesmo pelas plantas.

Apesar de ter sido utilizada so-mente uma marca de erva-mate, oque restringe o valor dessa pesquisa,os dados obtidos poderão servir debase para a elaboração de maiores emais detalhados estudos sobre o va-lor nutritivo do chimarrão e da prá-tica de adubação dessa espécie.

LANÇAMENTOS

EDITORIAIS

Estas e outras publicações da EPAGRI podem ser adquiridas na Sede da Empresa em Florianópolis, ou mediante solicitação ao seguinte endereço: GED/EPAGRI, C.P.502, Fone (048) 234-0066, 88034-901 - Florianópolis, SC. Para maiores detalhes solicite também o Catálogo de Publicações da EPAGRI (gratuito).

Do bife à parmegiana aopastelão, a carne ovina é um ali-mento saboroso e nutritivo.

Evolução da fertilidade dosolo nas mesorregiões Serra-na e Oeste Catarinense. Docu-mentos no 163. 99p.

Com base nas análisesefetuadas pelo laboratório de so-los do Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades - CPPP/EPAGRI, em Chapecó, duranteos anos de 1979 a 1992, foi avali-ada nesta publicação a evoluçãoda fertilidade do solo ao longo dosanos.

Aspectos práticos do ma-nejo de dejetos suínos. Livro.106p.

Este trabalho, elaborado peloCentro Nacional de Pesquisa deSuínos e Aves/EMBRAPA e pela

EPAGRI, é composto de nove ca-pítulos, todos visando o melhoraproveitamento dos dejetos suí-nos e a preservação do solo, daágua e do meio ambiente.

Tabela de composição quí-mico-bromatológica e ener-gética dos alimentos para ani-mais ruminantes em SantaCatarina. Documentos no 155.333p.

Este documento apresenta acomposição média em proteína,energia e minerais da maior partedos alimentos consumidos na bo-vinocultura de corte, leite e mistade Santa Catarina.

Utilização de esterco deperu na produção de mudasde tomateiro. Boletim Técnicono 73. 28p.

Com base em pesquisas

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Normas técnicas para ocultivo de pessegueiro emSanta Catarina . Sistemas deProdução n o 23, 38p.

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Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996 31

Gado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiro

Estimativa da produção de leite pelo pico de lactaçãoEstimativa da produção de leite pelo pico de lactaçãoEstimativa da produção de leite pelo pico de lactaçãoEstimativa da produção de leite pelo pico de lactaçãoEstimativa da produção de leite pelo pico de lactação

Estado de Santa Catarina se ca-racteriza por apresentar cerca

de 90% dos produtores rurais comáreas inferiores a 20ha (1). A produ-ção de leite é encontrada em pratica-mente todas propriedades formandoum grande número de pequenos reba-nhos. Neste contexto, estes pequenosprodutores também não têm o hábitode fazer qualquer tipo de controle daprodução de leite das vacas individu-almente, o que inviabiliza estudosmais detalhados sobre estes rebanhose até programas de melhoramentogenético. Neste conjunto de peque-nos rebanhos torna-se muito difícilobter controles individuais da produ-ção de leite, especialmente com con-troles leiteiros oficiais. No entanto,há necessidade de se conhecer o de-sempenho produtivo nestes rebanhospara orientar qualquer programa demelhoramento animal.

Estudos para determinar contro-les da produção de leite obtiveramcorrelações de 80% entre as produ-ções acumuladas até 40 ou 70 dias delactação e a produção acumulada até305 dias (2). Esta correlação aumen-tou para 99% com determinações daprodução até 280 ou 304 dias. O con-trole leiteiro com freqüências men-sais oferece estimativa com aceitávelcorrelação com a produção real (3 e 4).Assim, controle leiteiro diário, duran-te toda lactação, é o método absolutopara determinar a produção de leitede uma lactação. Porém, tal exatidãonem sempre é necessária. Assim, paraa maioria das finalidades e com con-troles leiteiros bem mais racionais seconseguem estimativas com alta cor-relação com a produção verdadeira.

Não se tem conhecimento sobre apossibilidade de utilizar uma única

amostragem por lactação. Técnicosde alguns países utilizam o pico deprodução como um indicador para es-timar a produção de uma lactaçãoequiva-lente ao padrão de 305 dias,como previsão.

Isto seria um instrumento de rápi-da aplicação prática para uso onde osmétodos mais precisos fosseminviáveis, ou para recuperar informa-ções de campo onde o produtor temcerta facilidade de conhecer os picosde lactação em seu rebanho.

Este estudo foi desenvolvido com oobjetivo de confrontar o método “picode produção x 200” com métodos tra-dicionais de estimar a produção deleite nos rebanhos leiteiros do Lestede Santa Catarina.

Materiale métodos

Foram utilizadas 1.092 observa-ções obtidas de produtores de leite doLeste de Santa Catarina coletadasmensalmente em visitas de técnicosda ex-EMPASC/ACARESC, no perío-do 1980 a 1991. Até 1984 eram trêsprodutores e em torno de 25 a partirde 1985. Todas eram pequenas propri-edades com área média aproximadade 15 a 20ha, com cinco a quinzevacas, se concentrando em maior nú-mero no Vale do Itajaí. Estes produto-res foram escolhidos utilizando-se téc-nicas de amostragem estatística paraque representassem de forma fidedig-na o estrato de produtores de leite quetinham nesta atividade uma expressi-va fonte de renda e incluindo em tornode cinco produtores em que esta ativi-dade fosse a única fonte de renda.

Foram contrastados dois métodospara estimar a produção de leite: pro-

dução real (PLreal) e produção pico.200(PL200). Estes ainda foram compara-dos com um padrão, produção ajusta-da para 305 dias (PL305) (5).

A produção real foi obtida atravésde controle leiteiro com freqüênciamensal durante toda extensão dalactação. Foram utilizadas apenas aslactações encerradas naturalmente.Nas mesmas lactações obteve-se oPL200 multiplicando a maior produ-ção de cada lactação, pico de produ-ção, por 200. Os picos de lactaçãoocorreram com maior freqüência noprimeiro e segundo mês de lactação,porém todos se situaram entre o déci-mo e o centésimo dia de lactação.

Os métodos de estimar a produçãode leite foram submetidos à análise devariância pelo método de quadradosmínimos, considerados os métodoscomo tratamentos. Primeiramente,se fez uma análise de todas observa-ções e posteriormente outra análisepara duração da lactação curta, médiae longa. Também foram estabelecidosos coeficientes de correlação entreestes métodos.

Resultados ediscussão

Na Tabela 1 constam as médias dacomparação dos métodos de estimar aprodução de leite. Na análise global seobserva que não houve diferença sig-nificativa (P >0,05) entre os métodosde estimar a produção. Na particu-larização da análise, quando consi-derada a duração da lactação, os mé-todos foram iguais (P >0,05) para oconjunto de lactações de duraçãomédia (275 a 336 dias), em torno de305 dias, porém, para lactações curtas(menores do que 275 dias) ou longas

Amaro Hillesheim e Henri Stuker

O

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32 Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996

Gado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiroGado leiteiro

(maiores do que 336 dias), a diferençaentre os métodos foi altamente signi-ficativa (P <0,01).

É natural que nas lactações curtase longas a PLreal tenha médias dife-rentes, pois a PLreal considera a pro-dução ao longo de toda extensão dalactação, seja curta ou longa, e aPL200 é um valor de extensão delactação fixa que ignora a real exten-são da lactação, a exemplo do padrãode ajuste para 305 dias.

Na Tabela 2 constam os coeficien-tes de correlação entre os métodos deexpressar a produção de leite. Obser-va-se que todas três correlações tive-ram coeficientes altamente significa-tivos (P < 0,001). O coeficiente de 0,82entre o “pico de produção” e a produ-ção obtida com observações mensaisdurante toda a lactação ainda foi mai-or que o valor determinado com asproduções acu-muladas até 40 ou 70dias e a produ-ção com 305 dias (2).No presente estudo, a correlação dopico de produção com a produção ajus-tada para 305 dias foi de 0,92, o quepode ser classificada como uma corre-

lação muito boa ou até ótima.Por isso, se a finalidade for relatar

a produção de uma lactação ocorrida,o método PLreal, quando este métodoé possível ser empregado, ainda é omais indicado, porém, se o interessefor uma previsão ou uma simplesavaliação do potencial de produção, ométodo PL200 pode perfeitamente serutilizado.

A correlação de 0,82 entre o pico dalactação e a produção real revela queo método PL200 raramente apresen-tou valores idênticos à produção realnas lactações isoladas. Porém, os va-lores estiveram muito próximos eguardando uma boa relação entre si.Assim, já num conjunto de váriaslactações, tem-se médias estatistica-mente iguais, como se pode observarna Tabela 1. No entanto, a correlaçãode 0,92 com a produção ajustada con-firmou a constatação de que os valo-res obtidos através do método PL200eram bem mais idênticos à produçãoajustada para 305 dias, mesmo emlactações individuais, ou num peque-no conjunto de lactações.

Conclusões

Para um grande número de obser-vações, o pico de produção multipli-cado pelo fator 200 apresenta resulta-dos idênticos às estimativas do con-trole leiteiro com freqüência mensalao longo de toda lactação. Paralactações individuais este método podeser utilizado como um indicador, esomente deve ser utilizado quandonão for possível o emprego de méto-dos mais precisos. O pico é útil emlevantamen-tos, onde não se faz con-trole leiteiro, e também quando esteé feito, possibilitando, ao atingir opico, projetar-se uma provável produ-ção naquela lactação.

Literatura citada

1. IBGE. Censo agropecuário. Rio de Janeiro:1983. (Recenseamento geral do Brasil1980, 9. v.2, t.2, n.21, 1. e 2. partes.

2. POWELL, R.L.; CASSEL, B.G.; NORMAN,H.D.; BODOH, G.W. Variation in cowevaluation from records in progress.Journal of Dairy Science, Baltimore,v.61, n.6, p.788-793, 1978.

3. MARTINEZ, M.L.; FREITAS, A.F.;MADALENA, F.E. Comparação de mé-todos para estimar a produção de leitecom base em controles mensais. Pes-

quisa Agropecuária Brasileira, Brasília,v.14, n.2, p.117-122, 1979a.

4. MARTINEZ, M.L.; MADALENA, F.E.;FREITAS, A.F. Freqüência dos regis-tros na seleção para a produção de leite.Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasília, v.14, n.3, p.243-250, 1979b.

5. MILAGRES, J.C. Melhoramento animal

(Seleção). Viçosa: Imp. Univ., 1980. 77p.

Amaro Hillesheim, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. no 1.783-D, CREA-SC, EPAGRI/Esta-ção Experimental de Itajaí, C.P. 277, Fone(047) 346-5244, Fax (047) 346-5255, 88301-970 - Itajaí, SC e Henri Stuker, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. no 42.785-D, CREA-RS,EPAGRI/Estação Experimental de Itajaí, C.P.277, Fone (047) 346-5244, Fax (047) 346-5255,88301-970 - Itajaí, SC.

Tabela 2 - Coeficientes de correlação entre os picos de produção (Pico) e asrespectivas produções obtidas por observações mensais durante toda a lactação

(PLreal) e as produções ajustadas para 305 dias (PL305)

PLreal PL305

Pico 0,82 ** 0,92 **PL305 0,93 **

Nota: ** = altamente significativo (P<0,001).

Tabela 1 - Médias da comparação da produção de leite (kg) obtida porobservações mensais durante toda a lactação (PLreal), a produção obtida por estimati-

va do “Pico.200” (PL200), e as produções ajustadas para 305dias (PL305)

Médias Padrão

PLreal PL200 PL305

Geral 1.092 2.565a 2.529a 2.556aLactações curtas (<274 dias) 298 1.800b 2.261a 2.142aLactações médias (275 a 336dias) 580 2.670a 2.663a 2.693aLactações longos (>337 dias) 214 3.346a 2.540c 2.761b

Nota: As letras comparam na linha pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Situação Númeroanalisada observação

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Extensão ruralExtensão ruralExtensão ruralExtensão ruralExtensão rural

Origem e difusão da Metodologia de Extensão RuralOrigem e difusão da Metodologia de Extensão RuralOrigem e difusão da Metodologia de Extensão RuralOrigem e difusão da Metodologia de Extensão RuralOrigem e difusão da Metodologia de Extensão Ruralem Microbacias Hidrográficasem Microbacias Hidrográficasem Microbacias Hidrográficasem Microbacias Hidrográficasem Microbacias Hidrográficas

difusão das inovações na árearural geralmente revela um pro-

cesso amplo, porém facilmenteidentificável. Neste estudo verifica-seespecificamente como se deu o pro-cesso de difusão das tecnologias agrí-colas por meio da Extensão Rural,tendo as microbacias hidrográficascomo unidade de planejamento.

Analisa-se aqui especificamente aforma como se originou a Metodologiade Manejo dos Recursos Naturais emMicrobacias Hidrográficas e a suatransformação em uma nova formade Extensão Rural, tecendo algumascomparações com o modo como foiabsorvida em outros locais, por vezesmuito distantes, e com realidades di-versas do ponto de origem.

Para tratar sobre manejo de recur-sos naturais em microbacias torna-senecessário contextualizar sua origemno Paraná, abordando de forma muitorápida aspectos referentes à moderni-zação da agricultura que acabaraminfluenciando o surgimento da Exten-são Rural em Microbacias.

Falência da agriculturamoderna

Em síntese, o que provocou essa“forma de extensão” foi um conjuntode acontecimentos que se iniciou coma ocupação do solo e a intensa trans-formação técnico-produtiva do cam-po, que, por um processo multiforme,retirou o tecido social do meio rural,transformando-o num setor especi-alizado (1).

As tecnologias que foram impostaspela “Revolução Verde” exerceramuma função desagregadora, violen-tando as comunidades rurais, obri-gando-as a um ajuste de suas estrutu-ras socioeconômicas, provocando mi-

grações internas bruscas, desajustesculturais, desintegração social eautoritarismo político (2).

O estímulo à exportação e o siste-ma de crédito vinculado ao uso deinsumos modernos consolidaram omodelo de desenvolvimento que emcurto espaço de tempo causou a dete-rioração do ambiente e submeteu asociedade rural a um crescenteendividamento. Por outro lado, o im-pacto da modernização da agriculturaprovocou questio-namentos, principal-mente sobre as características de sus-tentabilidade.

Tais questionamentos apontarampara a necessidade de mudançacomportamental em relação à utiliza-ção dos recursos naturais e ao ajustedas metodologias utilizadas como ins-trumentos de participação comu-nitária. Entretanto, uma observaçãoatual expõe a timidez das formas deatuação que buscam a participaçãodeliberada das comunidades,objetivando o seu desenvolvimento demodo sustentado, principalmente porparte das instituições públicas.

As metodologias de planejamentorural, utilizadas pelas instituições pú-blicas, não conseguiram fugir até hojedo conceito tradicional que, na maio-ria das vezes, desconsidera as aspira-ções das comunidades e o conheci-mento da realidade que se propõemmodificar. Em especial, a ExtensãoRural insiste em ter o solo agrícolacomo equação dos problemas doecossistema humano, sem levar emconta os sistemas político, social, cul-tural, jurídico e ambiental, quandolida com metodologias como a de ma-nejo dos recursos naturais emmicrobacias.

Pensando sob o enfoque sistêmico,a Extensão em Microbacias pode arti-

cular a integração de esforços entre opoder público e a sociedade. Entretan-to, deve-se tomar essa ação como umprocesso democrático, e não uma for-ma de utilizar o desenvolvimento decomunidade como estratégia capaz deensejar maior rendimento aos recur-sos do Estado ou municípios, por meioda utilização gratuita da força de tra-balho local (3).

Difusão de tecnologiasagrícolas em microbaciashidrográficas

Os primeiros trabalhos desenvol-vidos pela Extensão Rural nasmicrobacias hidrográficas têm comoponto de origem o Estado do Paraná,cujo processo se deu principalmentede duas maneiras: “difusão por ondas”e “difusão descontínua” (4). A primei-ra acontece quando o indivíduo rece-be a informação e transmite-a ao vizi-nho e assim sucessivamente, tam-bém conhecida pela Extensão Ruralpor método de irradiação. Seria, emresumo, difusão tipo mancha que seespalha continuamente.

A difusão descontínua, por sua vez,apresenta, como característica, se-guir uma hierarquia, atingindo noseu processo pontos dispersos peloespaço, geralmente onde há maiorprobabilidade de aceitação da mensa-gem inovadora. Os extensionistasmais experientes utilizam-se destatécnica quando instalam as unidadesde demonstração em propriedadescujos agricultores são mais recepti-vos e revelem uma certa liderançalocal.

Do ponto de vista do difusor, entre-tanto, há duas formas de difusão: por“extensão”, quando a mensagem ino-vadora se espalha por contágio, sem o

A

Álvaro Afonso Simon

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34 Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996

deslocamento da sua fonte; por“relocação”, quando o próprio difusorse desloca para levar a mensagem.

Tipos de entraves queocorrem no processo dedifusão

No processo de difusão de tecnolo-gias encontram-se, por vezes, algu-mas barreiras que as inovações têmdificuldade de ultrapassar, assim clas-sificadas: barreiras completamente ab-sorventes, aquelas que drenam toda aenergia da difusão e impedem o pros-seguimento da inovação; barreiras re-flexivas, aquelas que impedem a pe-netração da inovação, mas reorientama difusão para um outro sentido; bar-reiras permeáveis, aquelas que per-mitem a penetração das inovações,mas com certa dificuldade.

Deve-se ter em conta, entretanto,que o processo de difusão articula-seno tempo e no espaço. Este entendi-mento reforça a consideração do con-texto formado não apenas pelas modi-ficações físicas que ocorrem nasmicrobacias, mas pelas influênciassociais, econômicas, culturais, políti-cas, psicológicas e jurídicas, que tam-bém fazem parte do processo, auxili-ando em seu avanço em um dadomomento e atuando como barreiraem outro.

De modo semelhante à difusão dasinovações, as atividades de ExtensãoRural em microbacias hidrográficasderam-se inicialmente por ondas oumanchas, que se espalharam pelaspropriedades vizinhas ao ponto deorigem (no Paraná), até atingirem oslimites da microbacia pioneira, so-frendo neste estágio principalmentebarreiras permeáveis. Logo que o pro-cesso alcançou relativo sucesso e tor-nou-se conhecido em lugares distan-tes, muito além da comunidade emque se originou, a difusão descontínuatorna-se dominante, trazendo consi-go todos tipos de barreiras.

Constatam-se, na fase descontínuada difusão, as excursões de agriculto-res e técnicos que, vindos de outroslocais, convergem ao ponto de ori-gem, observando as inovações e trans-mitindo-as posteriormente a outras

comunidades. Deve-se ter em contaque o contato do agricultor (fonte)com outro agricultor para a troca deinformações tem dado bons resulta-dos, principalmente na diminuição dasbarreiras psicológicas, em relação àsinovações.

Na realidade, os tipos de difusãonão acontecem em seqüência e orde-nadamente, mas intercalam-se e inte-gram-se deixando evidente, no entan-to, a dominância de um sobre o outrodurante um determinado tempo. Des-ta forma, os diversos tipos de difusãose confundem constantemente no de-correr do processo como mostra aFigura 1. Este esquema se desenhatambém nos processos de absorção daMetodologia de Extensão emMicrobacias.

As experiências têm demonstradoque, mesmo dentro de umamicrobacia, há uma seleção de áreas

e de agricultores onde as inovaçõessão aceitas com menor resistência.Somente depois de experimentadasem algumas propriedades é que osdemais agricultores iniciam o proces-so de assimilação. Alguns proprietári-os, entretanto, jamais aceitam taisinovações, gerando a necessidade dacriação e/ou utilização de dispositivoslegais, para interferir em alguns ca-sos como queimadas, construção deesterqueiras, etc.

Os agricultores que são mais re-ceptivos às inovações, entretanto, sãovisitados com mais freqüência pelosextensionistas, e embora muitas ve-zes não representem uma liderançanatural, a difusão das tecnologias agrí-colas se processa com a sua efetivaparticipação. Tal procedimento podeser confundido, muitas vezes, comuma forma de assistência seletiva.

Em certas microbacias sequer é

Figura 1 - Formas de absorção da metodologia

Extensão ruralExtensão ruralExtensão ruralExtensão ruralExtensão rural

PO = Ponto de origem

Processo de Difusão dos Traba-lhos de Extensão Rural em

Microbacias

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Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996 35

Extensão ruralExtensão ruralExtensão ruralExtensão ruralExtensão rural

necessária a presença dos técnicospara acompanhar a execução das prá-ticas conservacionistas, caracterizan-do aqui a difusão por contágio. Nestescasos os próprios agricultores se orga-nizam, planejam e executam os traba-lhos de contensão da erosão numaforma essencialmente participativa eautônoma. Esses casos são muito ra-ros, porém já são observados no Paranáe Santa Catarina.

Absorção da Metodologiade Extensão Rural emMicrobacias no Estado deSanta Catarina

Observou-se, por ocasião da pri-meira visita dos técnicos catarinensesao Estado do Paraná, que os trabalhosrealizados pela Extensão Rural nasmicrobacias obedecia a uma metodo-logia operacional. Esta, uma vez absor-vida, foi estrategicamente espalhadapelo território de Santa Catarina.

Os primeiros passos da ExtensãoRural em Microbacias envolviam acomunidade rural em todas etapas doprocesso de planejamento, reforçan-do os dispositivos de participação co-munitária. Sua absorção em SantaCatarina, no entanto, aconteceu commaior ênfase no manejo adequado dosolo e de modo hierarquizado. Asetorização e a priorização das pri-meiras microbacias não foram basea-das somente em fatores técnicos, massob forte influência política da época(5).

Verifica-se, portanto, uma diferen-ciação metodológica na origem dosdois processos. No Paraná, os traba-lhos da Extensão Rural em microbaciaresultaram de uma criseparadigmática que oportunizou umamplo debate com as comunidadesrurais, colocando os agricultores comosujeitos da história. Em SantaCatarina, as mudanças espa-ciais, so-ciais e econômicas propostas pelaMetodologia de Manejo do Solo emMicrobacias, pelo menos em seu iní-cio, partiram de um agente externo àcomunidade, cujas decisões foram to-madas sob forte influência política.

Nestes termos, mais uma vez apossibilidade de os agricultores cata-rinenses dirigirem seu destino e deci-direm sobre seu futuro foigradativamente marginalizada pelos

processos pseudo-participativos ela-borados pela Extensão Rural. Emboraa Metodologia de Manejo dos Recur-sos Naturais em Microbacias (ProjetoMicrobacias/BIRD) valorize um certonúmero de variáveis sócio-ambientais,está longe de considerar a totalidadedos problemas sociais do meio rural.

Deve-se considerar, ainda, que ostrabalhos da Extensão Rural nasmicrobacias foram, e ainda são, namaioria das vezes, maquiados pelaspráticas mecânicas (murundu, terra-ço e patamares etc.), que ao recorta-rem o verde das lavouras oferecemum belo visual. Não se pode negar aeficiência destas práticas no controleda erosão, porém há que se consideraro estreitamento tecnicista dos proble-mas do campo e o continuísmo dosserviços tradicionais de extensão, que,sob a égide de um novo paradigma,insiste em exercer o papel de trans-missão dos interesses dominantes.

O enfoque reducionista que aMetodologia de Manejo dos RecursosNaturais em Microbacias incorporouem Santa Catarina reduziu aabrangência do tratamento que sepoderia dar às relações sócio-ambientais. Os extensionistas absor-veram a metodologia como um proje-to específico de conservação do solo,enquanto que os agricultores, por suavez, como um “novo” projeto de vida.

O planejamentoparticipativo emmicrobacias

A Metodologia de Manejo dos Re-cursos Naturais em Microbacias cer-tamente possibilita um tratamentomais abrangente, considerando-se aforma como foi concebida inicialmen-te. O alinhamento aos serviços daExtensão Rural tradicional, entretan-to, impôs uma visão mais específica dosignificado original da metodologia.Em algumas microbacias, de acordocom observações de campo, é possívelperceber os trabalhos da ExtensãoRural como um processo metodológicointegrador e participativo, que resul-ta em uma forma inteiramente novade fazer extensão.

Nestes casos, pode-se dizer que oprocesso de aprendizagem acontece apartir dos problemas levantados pelaspróprias comunidades, passando a ser

essencialmente participativo,oportuni-zando ao agricultor o conhe-cimento da sua realidade e a constru-ção da sua própria história. Estasexperiências tendem a se transfor-mar grada-tivamente em ExtensãoRural em Microbacias.

As constatações acima são maisvisíveis a partir da elaboração do Pro-jeto Microbacias/BIRD em 1988, en-tretanto, em sua metodologiaoperacional, percebe-se uma clara di-minuição da interface social. Tal fatoretira a possibilidade de constituir-seem uma Metodologia de Desenvolvi-mento Rural, que oportunize um novopapel (missão) para a Extensão Rural.

Uma revisão (oportuna) nametodologia operacional do ProjetoMicrobacias/BIRD em andamento, tor-nando-a mais abrangente eparticipativa, permitirá o surgimentoda Extensão que a sociedade exige.Orientada sob uma visão maisholística, a Extensão dos anos 90 po-derá, então, colocar-se como “parte-ativa” no processo de Desenvolvimen-to Rural de Santa Catarina.

Este esforço institucional é exigidotanto pela diversidade de atividadesque os extensionistas vêm desenvol-vendo cotidianamente nas microbaciaspor força da realidade local, comopelas características que o processode municipalização vem assumindo.

Literatura citada

1. SILVA, A.L. Gestão do território pelo Gru-po Sadia no município de Concórdia.Florianópolis: UFSC, 1991. 226p. TeseMestrado.

2. BUARQUE, C. A desordem do progresso:o fim da era dos economistas e a cons-trução do futuro. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1990. 186p.

3. AMMAMM, S.B. Ideologia de desenvolvi-mento comunitário no Brasil. 5.ed. SãoPaulo, Ed. Cortez & Cortez, 1985. 176p.

4. DINIZ, J.A.F. Geografia da agricultura.São Paulo, Ed. Difel, 1984. 280p.

5. SIMON, A.A. Análise histórico-crítica dostrabalhos em microbacias em SantaCatarina - 1984/1990. Florianópolis:UFSC, 1993. 304p. Tese Mestrado.

Álvaro Afonso Simon , eng. agr., M.Sc.,Cart. Prof. no 39.471-P, CREA-RS, EPAGRI,C.P. 502, Fone (048)234-1344, Fax (048)234-1024, Telex 482 242, 88034-901 - Florianópolis,SC.

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PalmitoPalmitoPalmitoPalmitoPalmito

Efeito de diferentes níveis de sombreamento noEfeito de diferentes níveis de sombreamento noEfeito de diferentes níveis de sombreamento noEfeito de diferentes níveis de sombreamento noEfeito de diferentes níveis de sombreamento nopalmiteiro em viveiropalmiteiro em viveiropalmiteiro em viveiropalmiteiro em viveiropalmiteiro em viveiro

palmito, produto comercial dopalmiteiro (Euterpe edulis

Mart.), apresenta grande importân-cia econômica, constituindo-se em umarenda adicional para aqueles que ex-ploram a madeira.

Entretanto, o conhecimento sobrea espécie é bastante restrito, inclusi-ve no que se refere às suas condiçõesedafo-climáticas.

A espécie Euterpe edulis Mart., porsua intensa forma de exploração empráticas predatórias e de modoindiscriminado, tende a atingir aextinção em passos rápidos.

Palmeiras encontradas a “céu aber-to” diminuem o crescimento em altu-ra e aumentam o crescimento emdiâmetro, destacando-se a “cabeça”ou colmo, possibilitando maior rendi-mento da matéria-prima para conser-va e reduzindo o tempo de abate. Issoprova que o palmito após certa idadedeve receber maior luminosidade e,em certos casos, até radiação solardireta (1). O sombreamento e o altoteor de umidade do ar e do solo têmgrande influência no desenvolvimen-to inicial de Euterpe edulis Mart. (2).

No que se refere à fase inicial dedesenvolvimento do palmito, os dadosrelacionados ao crescimento estãosempre associados ao aspectoluminosidade, condição de extremaimportância no desenvolvimento dasmudas, em função do seu caráterumbrófilo (3).

Os palmiteiros necessitam de umbom sombreamento, principalmenteno que se refere à fase inicial docrescimento. O sombreamento idealestá em torno de 50% (4).

Para tanto, é preciso de que ossilvicultores se conscientizem da ne-cessidade de seu florestamento e re-

florestamento, procurando manteruma importante fonte de renda, nãosó para o Estado como também paraos agricultores, assim como é impor-tante a procura de uma boa basegenética da espécie. Entretanto, oconhecimento da espécie é bastanterestrito, principalmente no que dizrespeito ao seu crescimento e desen-volvimento, informações que são ne-cessárias para o manejo da espécie.

Neste estudo objetivou-se obser-var o desenvolvimento em altura dasmudas de palmiteiro sob diferentesníveis de sombreamento, bem como asua percentagem de sobrevivência.

Material e método

O trabalho foi realizado no ViveiroFlorestal do Departamento de Ciên-cias Florestais da Universidade Fede-ral de Santa Maria, no município deSanta Maria, RS.

As sementes utilizadas foramcoletadas de árvores matrizes na re-gião de Santa Maria, RS. As mesmasforam escarificadas e depois semeadasem sementeiras no viveiro.

Após as plântulas atingirem cercade 7,0cm de altura foi feita a repicagempara recipientes plásticos sanfonados,com dimensões de 23,0cm x 19,0cmcontendo substrato a base de soloPodozólico Vermelho-Amarelo.

As mudas ficaram por 30 dias nacasa de vegetação do viveiro, parauma melhor adaptação. Após as mes-mas foram colocadas em campânulasde sombrite com diferentes níveis desombreamento, de acordo com os tra-tamentos que se seguem:

T1 - sem sombreamento (testemu-nha).

T2 - com 50% de sombreamento.

T3 - com 80% de sombreamento.Depois de caracterizar os níveis de

sombreamento, as mudas foram dis-postas estatisticamente em 4 blocosde 3 tratamentos, sendo que cadatratamento continha 30 mudas intei-ramente casualizadas.

As avaliações de percentagem desobrevivência e incremento em altu-ra foram analisadas mensalmente.

Os resultados médios foram anali-sadas estatisticamente através da aná-lise de variância e suas médias com-paradas pelo teste de Tukey ao nívelde 1% de probabilidade.

Resultados e discussões

Pode-se verificar na Figura 1 queas mudas que permaneceram a céuaberto, portanto sem sombreamento(testemunha), foram morrendogradativa-mente, não resistindo à in-tensidade luminosa aliada aos ven-tos fortes e altas temperaturas. Aossete meses de idade a percentagemde sobrevivência deste tratamento foide 10,0% e a média do incremento emaltura foi de 7,43cm. Já quanto aostratamentos T2 e T3, as mudas tive-ram uma alta percentagem de sobre-vivência, chegando a atingir 82,0% e88,0%, respectiva-mente.

Quanto ao incremento em altura,dos três aos seis meses, a média geraldo experimento foi de 3,72cm (Figura2) e dos três aos onze meses foi de12,72cm (Figura 3).

Em relação à média do incrementoem altura, por tratamento, observou-se que os tratamentos T2 e T3 tive-ram, respectivamente, uma média de17,77cm e 18,25cm, não havendo dife-rença significativa ao nível de 1% deprobabilidade, para o teste de compa-ração das médias de Tukey.

Marcos Vinícius Winckler Caldeira, Paulo Cézar Chitolina, Gerson Luiz Selle,Odilson dos Santos Oliveira e Luciano Farinha Watzlawick

O

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Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996 37

PalmitoPalmitoPalmitoPalmitoPalmito

se da testemunha T1 (sem sombrea-mento). As mudas da testemunha nãotiveram um bom desenvolvimento du-rante o experimento, pois no decorrerdo tempo não resistiram à intensida-de luminosa e foram morrendo grada-tivamente. Desta forma, tanto o tra-tamento T2 como o T3 apresentaramum bom desenvolvimento na fase deviveiro. Do experimento deduz-se queas mudas do palmiteiro necessitam,na fase inicial, de um bom sombrea-mento, sendo ideal de 50% a 80%.Recomenda-se refazer o experimentonovamente com sombreamentos maisdiferenciados.

Literatura citada

1. PEDROSA MACEDO, J.H. O palmito noreflorestamento. Revista Floresta,Curitiba. v.4, n.2., p.57-59, 1973.

2. YAMAZOE, G.; NETO, B.V.M.; DIAS, A.C.Comportamento de Euterpe edulisMart. plantado sob diferentes intensi-dades luminosas. Boletim Técnico Ins-tituto Florestal, São Paulo, v.40, n.2,p.133-141, 1986.

3. REGIS, M.S.; NIDARI, R.O.; GUERRA,M.P. et al. Desenvolvimento dopalmiteiro: I. Caracterização até aos 18meses de idade sob diferentes níveis desombreamento. In: ENCONTRO NA-CIONAL DE PESQUISADORES SO-BRE PALMITO, 1987, Curitiba, PR.Anais. Curitiba: EMBRAPA-CNPF,1987. p.141-148.

4. LEÃO, M.; CARDOSO, M. Instruções paracultura do palmiteiro (Euterpe edulisMart.) Campinas, IAC, 1974. 18p. (IAC.Boletim Técnico).

Marcos Vinícius Winckler Caldeira, eng.florestal, acadêmico do curso de pós-gradua-ção em Agronomia-UFRRJ, Fones (021) 682-1210, (021) 682-1308, Rio de Janeiro, RJ;Paulo Cézar Chitolina, eng. florestal, Uni-versidade Federal de Santa Maria, CampusUniversitário, CEV II, apto. 1.331. 97119-900,Santa Maria, RS; Gerson Luiz Selle, eng.florestal, M.Sc., Departamento de CiênciasFlorestais/Centro de Pesquisas Florestais/Universidade Federal de Santa Maria, Fone(055)226-1616 (Ramal 2.444), Fax (055)226-2347, 97119-900, Santa Maria, RS; Odilsondos Santos Oliveira, eng. florestal, M.Sc.,Prof. Adjunto de Silvicultura, Departamentode Ciências Florestais/Universidade Federalde Santa Maria. 97119-900, Santa Maria, RSe Luciano Farinha Watzlawick, acadêmi-co do curso de Engenharia Florestal, Univer-sidade Federal de Santa Maria, 97119-900,Santa Maria, RS.

Conclusões

Depois de analisar os resultadossobre o desenvolvimento de mudas deEuterpe edulis Mart. sob diferentesníveis de sombreamento, em viveiro,

onde foram analisados a percentagemde sobrevivência e o incremento emaltura, conclui-se que os tratamentosT2 (com 50% de sombreamento) e T3(com 80% de sombreamento) forammuito semelhantes e diferenciaram-

Figura 3 -Incremento emaltura dos três aosonze meses deidade depalmiteiro(Euterpe edulisMart. )

Figura 2 -Incremento emaltura dos três aosseis meses de idadede palmiteiro(Euterpe edulisMart .)

Figura 1 -Percentual desobrevivência detrês tratamentosde palmiteiro(Euterpe edulisMart.)

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Sanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animal

Resistência do endoparasita Haemonchus contortus aoivermectin1 e ao albendazole2 em um rebanho ovino

1. Ivomec - Merck Sharp & Dhome.2. Albendazole concentrado 5% - Tortuga.

Tabela 1 - Média da redução do número de ovos por grama de fezes (OPG) da ordemStrongilida em ovinos tratados com ivermectin e albendazole

OPGTratamento Redução

Dia zero Dia + 10 %

Testemunha 1.620 3.400 -Ivermectin 1.560 400 74,36Albendazole 1.460 500 65,75

verminose é conhecida como umdos maiores problemas sanitá-

rios na produção de ovinos, fazendocom que o seu controle esteja entre asmais importantes práticas.

Sabe-se que os ovinos podem estarcontaminados por diferentes tipos devermes os quais se localizam em di-versos órgãos, como estômago, intes-tino, fígado e pulmão. Os danos poreles causados vão desde a menor pro-dução de lã, carne e cordeiros, até amortalidade alta.

A maioria dos produtores de ovi-nos têm consciência da importânciada verminose e com freqüência utili-zam anti-helmínticos para o trata-mento. Porém, o uso intensivo destesmedicamentos no controle dasparasitoses em épocas inadequadas,muitas vezes em subdoses, aliado aproblemas de manejos, tem selecio-nado estirpes resistentes a vários pro-dutos. Isto é observado principalmen-te em Haemonchus spp,Trichostrongylus spp e Ostertagia sppde origem ovina localizados no estô-mago (coagulador), destacando-se oHaemonchus spp por ser hematófago(alimenta-se de sangue) e se reprodu-zir com maior intensidade.

No Rio Grande do Sul já se temconfirmado a ocorrência de estirpesde Haemonchus contortus resisten-tes ao tiabendazole e ao levamisole (1,2 e 3).

Observações feitas com base nacontagem de ovos e cultura de larvas,em 31 propriedades de criação de ovi-nos no Rio Grande do Sul, onde foramutilizados anti-helmínticos de largo

espectro, mostraram 38,7% de resis-tências aos benzimidazóis, 25,8% aosimida-zotiazóis, 19,4% de resistênciamúltipla e que em apenas 16,1% oshelmintos eram totalmente sensíveis(4).

Encontram-se também registrosde resistência deste parasita aivermectin e a netobimin com eficáciade 17,5% e 38,9% respectivamente (5).Em outro rebanho ovino foi observadaresistência de H. contortus aoivermectin, constatando uma eficáciade 85,7% para larvas de quinto estádioe de apenas 59,4% para adultos (6).

As observações de falhas na eficá-cia do albendazole e do ivermectin emHaemonchus spp, constatadas atra-vés de exames de fezes e culturas delarvas de ovinos no município deLages, motivaram a realização do pre-sente trabalho com o objetivo de com-provar a resistência a estes produtose alertar técnicos e criadores para oproblema.

Metodologia utilizada

Foram utilizados quinze cordeiroscom aproximadamente seis meses deidade, da raça Hampshire Down, osquais receberam tratamento supres-sivo, com levamisole 7,5mg/kg PV por

via subcutânea a cada sete dias, atéficarem completamente livres dehelmintos. Após, foram levados a umapropriedade com suspeita da existên-cia de Haemonchus spp resistente aoivermectin e a albendazole, onde per-maneceram durante 20 dias em umaárea de pastagem nativa com aproxi-madamente 1ha, para adquirirem in-fecção natural.

Após a infecção os animais foramestabulados e receberam alimenta-ção e água livres de formas infectantesde parasitas durante 30 dias, quandoforam então avaliadas as cargas para-sitárias por contagem de ovos porgrama de fezes (OPG) e formados trêsgrupos de cinco cordeiros cada comparasitismo similar.

O grupo I recebeu albendazole porvia oral, na dose de 5mg/kg PV, ogrupo II, ivermectin, também por viaoral, na dose de 0,2mg/kg PV e ogrupo III não recebeu tratamento (tes-temunha). Após dez dias, os animaisforam necropsiados para coleta, con-tagem e identificação dos helmintos,segundo as suas característicasmorfológicas (7).

Resultados obtidos

Na Tabela 1, observa-se uma redu-

A

Antônio Pereira de Souza, Valdomiro Bellatoe César Itaqui Ramos

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Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996 39

Sanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animal

Tabela 2 - Total de espécies de helmintos recuperados nas necrópsias dos ovinos, dez dias após a aplicação do ivermectin ealbendazole

Ivermectin Redução Albendazole Redução0,2mg/kg PV % 5mg/kg PV %

H. contortus 340a 640a 0,0 230a 32,35O. circumcincta 9.539a 0a 100,0 3.545a 62,83T. axei 1.150a 0b 100,0 90c 92,17T. colubriformis 47.930a 0b 100,0 5.160c 89,23N. spatigher 1.170a 0b 100,0 1.870a 0,0

Nota: Total de espécies de helmintos recuperados seguidos por letras iguais não diferiram entre si.

Espécie Testemunha

ção semelhante do OPG da ordemStrongylida em ovinos tratados comivermectin e albendazole. Todavia,na Tabela 2 observa-se um númerobem maior de helmintos recuperadosno grupo tratado com albendazole,porém o número de Haemonchuscontortus foi maior no grupo tratadocom ivermectin. Os resultados obti-dos podem ser explicados pela altapostura diária do H. contortus e pelamenor postura dos demais gênerosrecuperados.

Na Tabela 2 verifica-se que nãohouve diferença estatística a nível de5% nas quantidades de H. contortusrecuperados nos três grupos de ovi-nos. No grupo tratado com ivermectinobservou-se eficácia de 100% nos de-mais helmintos. Estes resultados sãosemelhantes aos observados no RioGrande do Sul quanto à resistência deH. contortus ao ivermectin (6), o quepermite afirmar tratar-se de resistên-cia do H. contortus a este anti-helmíntico.

No grupo albendazole observou-seuma baixa eficácia para O.circumcincta, T. axei, T. colubriformise nenhuma eficácia para Nematodirusspatigher, apesar de se ter conheci-mento da eficácia desta formulação aestas estirpes (8 e 9). Isto leva asuspeitar que o produto utilizado nopresente trabalho apresentava falhana sua formulação, não sendo possí-vel confirmar a suspeita porque oslaboratórios credenciados não esta-vam mais realizando tais provas.

Verificou-se também a presen-ça de Ostertagia trifurcata,Oesophagostomum venulosum,

Cooperia punctata, Trichuris spp,Capillaria spp e Moniezia spp em nú-mero insuficiente para análise de efi-cácia dos anti-helmínticos em estudo.

Os resultados permitiram concluirque o Haemonchus contortus apre-sentou resistência ao ivermectin, napropriedade trabalhada, no municípiode Lages, SC, não sendo possível com-provar resistência ao albendazole,devido à impossibilidade de análisedeste produto.

Literatura citada

1. SANTOS, V.T.; FRANCO, E.G. O apareci-mento de Haemonchus resistente aoradical benzimidazole em Uruguaiana,RS. In: CONGRESSO LATINOAME-RICANO DE PARASITOLOGIA, 1.,1967, Santiago, Chile. Anais. Santiago:Federacion Latinoamericana deParasitólogos, 1967. p.105.

2. SANTOS, V.T.; GONÇALVES, P.C. Verifi-cação de estirpes de Haemonchus

contortus resistentes ao thiabendazoleno Rio Grande do Sul (Brasil). Revista

da Faculdade de Agronomia e Veteri-

nária. Porto Alegre, v.9, p.201-211, 1967/68.

3. SANTIAGO, M.A.M.; COSTA, V.C. Resis-tência de Haemonchus contortus,

Trichostrongylus colubriformis eOstertagia spp ao levamisol. Revista do

Centro de Ciências Rurais, Santa Ma-ria, v.9, n.3, p.315-318, 1979.

4. ECHEVERRIA, F.A.M.; PINHEIRO, A. Le-vantamento de resistência anti-helmíntico em rebanhos ovinos. In:

SEMINÁRIO DO COLÉGIO BRASI-LEIRO DE PARASITOLOGIA VETE-RINÁRIA, 5., 1987, Belo Horizonte, MG.Anais. Belo Horizonte: 1987. p.42

5. VIEIRA, L.S.; BERNE, M.E.A.; GONÇAL-VES, A.C.R. Resistência deHaemonchus contortus ao netobimin eivermectin em ovinos. In: SEMINÁRIOBRASILEIRO DE PARASITOLOGIAVETERINÁRIA, 6., 1989, Bagé, RS.Anais. Bagé: 1989. p. 57.

6. ECHEVARRIA, F.A.M.; TRINDADE,G.N.P. Anthelmintic resistance byHaemonchus contortus to ivermectinin Brazil: a preliminary report.Veterinary Record. Londres, v.124, p.147-148, 1989.

7. UENO, H.; GONÇALVES, P.C. Manualpara diagnóstico das helmintoses deruminantes. Tokio: Japan Internacio-nal Cooperation Agency, 1988. 165p.

8. BARRAGRY, T. Anthelmintics-review; partII. New Zealand Veterinary Journal.Wellington, v.32, n.11, p.191-199, 1984.

9. DONALD, A.D.; SOUTHCOTT, W.H.;DINEEN, J.K. The epidemiology andcontrol of gastrointestinal parasites ofsheep in Australia. Melbourne: Divisionof Animal Health, 1978. 153p.

Antônio Pereira de Souza, méd. vet., Ph.D.,CRMV no 0219, bolsista do CNPq, Professor,Centro de Ciências Agroveterinárias/CAV/UDESC, Avenida Luiz de Camões, 2.090,Fone (0492) 25-2866 e Fax (0492) 25-3401,88520-000 - Lages, SC.; Valdomiro Bellato,méd. vet., M.Sc., CRMV no 0390, Professor,Centro de Ciências Agroveterinárias/CAV/UDESC, Avenida Luiz de Camões, 2.090,Fone (0492) 25-2866 e Fax (0492) 25-3401,88520-000 - Lages, SC e César Itaqui Ra-mos , méd. vet., M.Sc., CRMV no 0217,EPAGRI, Estação Experimental de Lages,C.P. 181, Fone (0492) 22-4400, Fax (0492) 22-1957, 88502-970 - Lages, SC.

Page 41: Revista Agropecuária Catarinense - Nº33 MARCO 1996

40 Agrop. catarinense, v.9, n.1, mar. 1996

AGRIBUSINESS

Soja transgênicaSoja transgênicaSoja transgênicaSoja transgênicaSoja transgênica

A Monsanto Argentina vemrealizando testes de campo comsementes de soja transgênicasresistentes ao herbicida glifosato(Roundup). As pesquisas, queestão sendo feitas com a empre-sa de sementes Nidera, se en-contram em estágio avançado e,em breve, o produto estará dis-ponível para o mercado agrícola.

As sementes de soja melho-radas, através da engenharia ge-nética, permitirão ampliar o usodo herbicida Roundup, que po-derá ser aplicado também emregime de pós-emergência, prin-cipalmente em culturas que uti-lizam o sistema de plantio direto.

O engenheiro agrônomoJulio Eduardo Delucchi, daMonsanto Argentina, afirmouque as características doglifosato, como herbicida, podemser tomadas como o primeiroexemplo do que o controle deplantas daninhas poderá signifi-car no futuro. Com apenas umherbicida que não deixe resíduosno solo, tenha baixa toxicidade,nenhuma volatilidade e semapresentar o risco de gerar resis-tência, será possível controlarum grande número de plantasdaninhas.

Os resultados obtidos pelasubsidiária argentina poderãoser de grande utilidade para aMonsanto brasileira. Com a apro-vação da Lei de Biossegurança ecom a regulamentação da Co-missão Técnica Nacional deBiossegurança (CTNBio), a em-presa planeja introduzir no paísos mais avançados produtos de-senvolvidos através dabiotecnologia, informa Luiz A.Abamides do Val, responsávelpela área de desenvolvimento deprodutos da Monsanto do Brasil.

Informática naInformática naInformática naInformática naInformática naaviculturaaviculturaaviculturaaviculturaavicultura

O controle da coccidiose aca-ba de ganhar mais um aliado,com o desenvolvimento de umsoftware que executa o controlesanitário em granjas. Estesoftware, recentemente implan-tado nas granjas dos EstadosUnidos, foi desenvolvido peloespecialista Steve Davis, daHoffmann La-Roche. O Sistemade Gerenciamento e Informa-ção de Necrópsia (NIMS) faz umacompanhamento periódico doestado das aves, através de da-dos coletados por amostragem.O programa informa ao criadoros dados de sanidade, como le-

sões intestinais, musculatura, pro-blemas nas pernas e vermes. Comesses dados, o software faz umacomparação das diferentes pato-logias relacionando com idade,sexo e granja, atribuindo notasaos itens avaliados.

A coccidiose é um dos princi-pais problemas de produção namoderna indústria avícola mun-dial. Estudos realizados pela Uni-versidade da Georgia em 1992mostram que, de 971 aves de corteavaliadas, 83% tinham coccidiose.Estima-se que as despesas comcoccidiose em todo o mundo giremem torno de US$ 500 milhõesanuais, quando calculados os cus-tos e as perdas.

Selo de advertênciaSelo de advertênciaSelo de advertênciaSelo de advertênciaSelo de advertência

Um novo modelo de selo deadvertência passou a acompa-nhar, desde outubro último, a pro-paganda comercial, peçaspromocionais e folhetos técnicosde defensivos agrícolas, tendocomo modificação fundamental aênfase na sentença “produto peri-goso à saúde humana, animal e aomeio ambiente”. Criado a partirde estudos conduzidos por força-tarefa constituída pela Associa-ção Nacional de Defesa Vegetal -ANDEF, o novo selo representauma atualização que visa elimi-nar qualquer possibilidade de máinterpretação quanto aos cuida-dos que devem ser tomados ao semanipular produtos fitossa-nitários.

Legislação deLegislação deLegislação deLegislação deLegislação deagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicosagrotóxicos

Uma coletânea de leis e porta-rias que regem o uso deagrotóxicos no Brasil foi lançadarecentemente em Brasília, peloMinistério da Agricultura, do Abas-tecimento e da Reforma Agrária.O livro “Legislação Federal deAgrotóxicos e Afins” deverá con-tribuir para aprofundar os conhe-cimentos sobre a legislação brasi-leira, uma das mais modernas erigorosas do mundo em relação àsquestões de saúde pública e meioambiente.

Elaborada com a participaçãoda Secretaria de Defesa Agrope-cuária, Departamento de Defesae Inspeção Vegetal e apoio dasindústrias Monsanto do Brasil,Hoechst, Bayer e Zeneca, a obratorna-se fonte de consulta obriga-tória para todos os setores quenecessitam de informações sobre

os procedimentos administrativose requisitos técnicos indispensá-veis para a autorização legal douso de defensivos no país.

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A Vallée, uma das maioresprodutoras brasileiras de proteí-na animal, lançou em todo o Brasilo Guia Vallée pela Saúde Animal.Trata-se de uma iniciativa pionei-ra da empresa, que pretende dis-tribuir o livreto a pecuaristas emtodo o Brasil.

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têm todas as informações, emlinguagem simples, sobre o tra-to com o rebanho no dia-a-dia,vacinação, alimentação, contro-le estratégico e nutrição dosanimais. Contém ainda um fi-chário com explicações sobre as50 doenças mais comuns, emtrês fases: como evitar, comocontrolar e como tratar as doen-ças.

Na sua parte final, o usuáriovai encontrar algumas tabelasúteis com estimativa de peso,duração de gestação, necessida-de diária de água, quantidademáxima de melaço e aspectos denutrição, entre outros.

O leitor da Agropecuária Ca-tarinense pode obter outras in-formações pelo telefone (011)816-2344 ou pelo fax (011) 815-7602.

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Para outras informações, oleitor da Agropecuária Catari-nense deverá entrar em contatocom a ProSat Comunicações,através do telefone (011) 280-2870.

Page 42: Revista Agropecuária Catarinense - Nº33 MARCO 1996

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FLASHES

MicrobaciasMicrobaciasMicrobaciasMicrobaciasMicrobacias

Os projetos executados pelaEPAGRI na área de microbaciashidrográficas (componente Ex-tensão Rural) têm obtido exce-lente repercussão internacional.Prova disto é o trabalho intitulado“A microbacia hidrográfica comounidade de planejamento emprojetos de conservação do soloe da água no serviço de extensãorural” e apresentado pelo eng.agr. Valdemar Hercílio de Freitasno Seminário “An InternationalWorkshop on Farmer-ledApproaches to AgriculturalExtension, realizado no ano pas-sado nas Filipinas. A EPAGRIestará recebendo nos próximosmeses um grupo de especialis-tas e técnicos em extensão ru-ral, da África do Sul, tambémpreocupados com a melhoria dascondições ambientais e commanejo, recuperação e conser-vação do solo e da água, estudosestes em que a EPAGRI vem seempenhando, com a colabora-ção do Projeto Microbacias/BIRD.

AgriculturaAgriculturaAgriculturaAgriculturaAgriculturasustentávelsustentávelsustentávelsustentávelsustentável

Está previsto para o períodode 18 a 22 de março, em PontaGrossa/PR, o I Congresso Brasi-leiro de Plantio Direto para umaAgricultura Sustentável, promo-vido pelo IAPAR, pela Universi-dade Estadual de Ponta Grossae pela Federação Brasileira dePlantio Direto na Palha. Os inte-ressados poderão fazer contatopela Caixa Postal 129, em PontaGrossa, PR.

Centro Nacional daCentro Nacional daCentro Nacional daCentro Nacional daCentro Nacional daEMBRAPAEMBRAPAEMBRAPAEMBRAPAEMBRAPA

comemora 20 anoscomemora 20 anoscomemora 20 anoscomemora 20 anoscomemora 20 anos

O Centro Nacional de Pes-quisa de Suínos e Aves-CNPSAda EMBRAPA, localizado emConcórdia,SC, festejou no últi-mo mês de dezembro, 20 anos deexistência. Neste período, o Cen-tro desenvolveu mais de 300 tec-nologias, contribuindo significa-tivamente para o aumento daprodutividade da suinocultura eavicultura brasileira.

Entre as principais tecnolo-gias, destacam-se: vacina con-tra rinite atrófica, produção de

suínos livres de doenças (SPF),tabela de composição de alimen-tos para suínos e aves, poedeiraEMBRAPA-011, transferência deembriões em suínos, produção deantígenos para monitoramento demicoplasmas aviários, bebedouroem nível para suínos, Atepros(software para gerenciamento dapropriedade suinícola) e diagnós-tico pioneiro no Brasil dapleuropneumonia suína.

O CNPSA tem sempre desen-volvido um trabalho integrado comos serviços de extensão rural, co-operativas, associações de criado-res, agroindústrias, universida-des e outras instituições de pes-quisa e assistência técnica.

Dicas para evitarDicas para evitarDicas para evitarDicas para evitarDicas para evitarintoxicaçõesintoxicaçõesintoxicaçõesintoxicaçõesintoxicações

alimentares poralimentares poralimentares poralimentares poralimentares porSalmonellaSalmonellaSalmonellaSalmonellaSalmonella

A pesquisadora Fátima Regi-na Jaenish, do Centro Nacionalde Pesquisa de Suínos e Aves/EMBRAPA, alerta para o elevadonúmero de casos de salmoneloseocorridos durante o verão. Se-gundo a pesquisadora, alimentosricos em proteína, contendoumidade e a temperaturasambientais elevadas, podem facil-mente tornar-se um ótimo “meiode cultura” para determinadasbactérias, como por exemplo as dogênero Salmonella sp.

Com a chegada do verão, de-vido ao aumento da temperaturaambiente, é necessário tomarmoscertos cuidados na manipulação epreparo dos alimentos.

Carnes em geral, laticínios eovos têm nutrientes e umidadeque favorecem o crescimentobacteriano. Através do consumode alimentos contaminados porSalmonella, ocorremtoxinfecções alimentares que secaracterizam por cólicas abdomi-nais, náuseas, vômitos, diarréiase febre. Pessoas com o sistemaimunológico deprimido, bebês eidosos podem apresentar sinto-mas mais graves. É importantesalientar que mesmo após a recu-peração dos sintomas clínicos, aspessoas contaminadas continuama eliminar a bactéria durante vá-rias semanas. Dessa forma suge-rem-se os seguintes cuidados:

• Observar rigorosamente cui-dados básicos de higiene, tais comolavar as mãos com água limpa esabão após ir ao banheiro, pois aSalmonella é eliminada pelas fe-

zes.• A água pode veicular Sal-

mo-nella, portanto utilizar somen-te água tratada ou fervida, tantopara consumo quanto para lavarfrutas, verduras e no preparo dealimentos.

• Manter os alimentos sobrefrigeração, (2 a 5oC), uma vezque em condições ideais o númerode bactérias pode duplicar a cada20 minutos e de um únicomicroorganismo pode-se obter até1 milhão em 6 horas.

• Cozinhar, assar ou fritarcompletamente os alimentos emtemperaturas acima de 71oC porno mínimo três minutos, para eli-minar a bactéria.

• Utilizar equipamentos eutensílios limpos, usando facas etábuas diferentes para cortar osalimentos crus (que podem estarcontaminados) e cozidos, evitan-do a contaminação desses.

Sugere-se não reutilizar astábuas de cortar carnes depois deum longo período de desuso, prá-tica muito comum nos veraneios.

• Em relação aos ovos, reco-menda-se a aquisição somente deovos limpos, não trincados e ar-mazenados sob refrigeração.

Durante o preparo de pratosem que se utilizem ovos, deve-seevitar o contato da casca com o

conteúdo desse.Uma vez que a gema do ovo

é um substrato rico, e portantocom grande potencial para mul-tiplicação bacteriana, nesse pe-ríodo de grande calor é indicadoo cozimento das gemas no pre-paro de pratos como suflês emusses. Esses cuidados são vá-lidos para o preparo de maione-ses, com especial atenção quan-do utilizadas batatas, que deve-rão estar frias para serem mis-turadas à massa de ovos (maio-nese), pois também a batata érica em nutrientes que facili-tam o crescimento bacteriano.Quando for preparada grandequantidade de maionese, reco-menda-se dividi-la em recipien-tes menores, para baixar rapi-damente a temperatura inter-na da massa.

Mesmo após esses cuidadosé imprescindível manter os ali-mentos sob refrigeração, o quedeve ser feito imediatamenteapós o preparo.

Finalmente lembramos queadquirindo alimentos de forne-cedores idôneos e observandocuidados básicos de higiene nomanuseio dos alimentos, pode-se usufruir do calor do verãosem o problema da Salmone-lose.

O Brasil mantém a EstaçãoAntártica Comandante Ferraz,que desenvolve pesquisas nasáreas das ciências da terra, domar e do ar. A Epagri participa,portanto, por meio deste técni-co, no Projeto de Ciências At-mosféricas.

O retorno da missão estáprevisto para o dia 12 de dezem-bro e é a terceira temporadadeste técnico brasileiro na ilhade Rei George, onde está a basebrasileira na Antártica.

Epagri no pólo sulEpagri no pólo sulEpagri no pólo sulEpagri no pólo sulEpagri no pólo sulEmbarcou no final de janeiro

para mais uma temporada deonze meses na Antártica o geó-grafo da Epagri, HomeroHaymussi, que juntamente comtécnicos do Instituto Nacional dePes-quisas Espaciais - INPE,desenvolve pesquisasmeteorológicas no pólo sul. Otrabalho de Haymussi é o estudoda climatologia daquela regiãogelada do planeta e a suapossível inter-relação com o cli-ma de Santa Catarina.

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Economia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícola

Reestruturação econômica - o caso neozelandêsReestruturação econômica - o caso neozelandêsReestruturação econômica - o caso neozelandêsReestruturação econômica - o caso neozelandêsReestruturação econômica - o caso neozelandês

s reformas que estão sendo pro-movidas na economia brasileira

têm gerado muita incerteza e ansieda-de em praticamente todos os setores dasociedade. A agricultura não está isen-ta deste processo e também sofre asconseqüências dos ajustes que estãosendo promovidos. Com a abertura daeconomia para mercados externos, no-vos concorrentes terão que ser enfren-tados e, com a redução dos subsídiospara o setor, a rentabilidade das ativi-dades a curto prazo pode diminuir. Ospreços dos produtos agrícolas em cons-tante queda são uma ameaça adicional.Para muitos, o desafio parece e talvezseja pesado demais. Algumas pergun-tas que devem estar na cabeça de mui-tos são: Para onde isto vai nos levar?Existem experiências de outros paísesque já passaram por este processo?Como eles o fizeram? Quais foram asconseqüências e os resultados da aber-tura e desregulamentação da econo-mia?

Pois bem, a Nova Zelândia é umdestes exemplos. Neste artigo, faze-mos uma análise do histórico e dasconseqüências para a agricultura doprocesso de desregulamentação de suaeconomia, iniciado em 1984. O traba-lho é resultado de um estudo piloto querealizamos naquele país, investigandodocumentos, e de uma pesquisa decampo, entrevistando agricultores paracaptar os seus pontos de vista sobre oprocesso. Com esta reforma, a NovaZelândia mudou da posição de econo-mia mais regulamentada daOrganization for Economic Co-operation and Development - OECD,para a posição de economia mais liberale aberta deste grupo de países.

Método do estudo de casocom os agricultores

O método de pesquisa qualitativautilizado para a obtenção de informa-

ções sobre o impacto da desre-gulamentação da economia sobre osagricultores foi baseado em entrevis-tas, de uma amostra estratificada dedoze agricultores da região deAshburton, Província de Canterbury,Ilha Sul da Nova Zelândia. As entre-vistas foram transcritas e os resulta-dos foram codificados e analisados,para identificar as principais tendên-cias.

A agricultura da NovaZelândia

A Nova Zelândia é um país de 275mil km2 (aproximadamente) três ve-zes o tamanho de Santa Catarina),formado por duas ilhas principais ealgumas menores, situado entre 34 e47 graus latitude Sul, rodeado peloOceano Pacífico e o mar da Tasmânia,que o separa da Austrália (Figura 1).Dois terços do país são de topografiaplana ou ondulada, sendo o outro ter-ço de montanhas, majoritariamentecobertas de florestas, rochas e nevepermanente. O clima é temperado,tendo condições favoráveis para a agri-

cultura, principalmente pastagens,fruticultura e cereais. Sua populaçãoé de aproximadamente 3,4 milhões dehabitantes, em sua maioria descen-dentes de imigrantes britânicos e 85%vivem nas cidades, 15% na área rural.A estrutura agrária apresenta 13% depropriedades com até 5ha, 32% de 5 a39ha, 46% de 40 a 399ha, e 9% commais de 400ha. Em 1990, existiam81.000 propriedades, com uma médiade 216ha (1). Uma típica propriedadeleiteira tem 70ha e 170 vacas e as queproduzem gado de corte, ovelhas e lãtêm 400ha em média, com 2.300 ove-lhas matrizes e 200 bovinos. Cerca de5.000 propriedades têm criação deveados de forma intensiva. Os fruti-cultores têm pomares com áreas mé-dias de 10 a 20ha de quivi, maçã, uvas,pêras e outras frutas de caroço. Pro-dutores de grãos têm em média 200hade trigo e cevada. A agricultura atual-mente representa 65% das exporta-ções do país, sendo que 80% da produ-ção do setor é exportada, principal-mente para a Europa, Estados Unidose Japão (2). Como característica ge-ral, na agricultura da Nova Zelândia

Figura 1 -Localização

geográfica daNova Zelândia

A

Airton Spies

FOTO: DAVID HOLLANDER - LINCOLN UNIVERSITY

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Economia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícola

calcula que para cada dólar que osagricultores param de gastar, outrostrês dólares deixam de circular naeconomia (4). Os principais gastoscortados foram com investimentos,fertilizantes, reparos não urgentes econsumo pessoal. Também foi reduzi-do significativamente o nível de mão-de-obra contratada. O efeito foi muitoforte para os mercados das comunida-des rurais, que perderam praticamen-te toda a sua clientela, aumentando odesemprego na área rural. Um outroefeito interessante foi o da redução dopreço dos insumos, serviços e máqui-nas. Como ficou mais difícil vender,estes setores também se ajustaram ànova realidade. Um agricultor entre-vistado disse: “Antes dadesregulamentação da economia, umbalde de 20 litros de herbicida Roundupcustava mais de NZ$ 500,00, agora elecusta NZ$ 360,00”. A constatação deque a indústria “para a agricultura”retinha grande parte dos subsídiosfica clara neste exemplo e foi reforça-da pelas palavras de outro agricultorentrevistado que nos disse: “Acreditoque mais da metade dos subsídiosalocados para a agricultura de fatoficavam com as indústrias e o comér-cio”.

Dois anos após o início do processo,um terço dos agricultores do país mar-charam para a capital, Wellington,para protestar contra o governo epedir mudanças no processo. Entre-tanto o governo mostrou-seirredutível, continuando as reformas,que em 1987 atingiram seu nível maiscrítico. Os agricultores que ainda car-regavam um alto nível deendividamento tiveram maiores difi-culdades. Mais de 3.000 (aproximada-mente 4 a 5% do total) propriedadesnão sobreviveram e os proprietá-riosnão tiveram alternativa senão vender(2). Como agravante, seca e tempesta-de de neve inviabilizaram outras pro-priedades nas áreas atingidas. Comcustos de produção mais altos quepreços de venda, os agricultores seconvenceram de que estavam produ-zindo produtos que o mercado nãoqueria, e a preços que ninguém esta-va disposto a pagar. Milhares de ove-lhas foram sacrificadas e utilizadas

destaca-se o alto grau do uso de tecno-logia moderna e adaptada, além dosaltos índices de produtividade, efici-ência e baixos custos de produção.

Fatos que levaram àreforma da economia

Na década de 60, os neozelandesestinham um dos mais altos padrões devida do mundo. A economia estavafortemente regulada pelo governo, aparticipação do setor público nos in-vestimentos era maciça. O nível desubsí-dios para todos os setores daeconomia era alto, sendo que na agri-cultura chegou a representar mais de50% da renda dos produtores (3). Estasituação foi possível porque a NovaZelândia mantinha um acordo comer-cial com a Inglaterra que compravatoda a produção agrícola excedente,por preços em geral acima das cota-ções do mercado internacional. Comisso estimulou-se o aumento da pro-dução, havendo investimentos maci-ços em agricultura, mesmo em áreasem que ela seria economicamenteinviável, sob condições normais deeconomia e de mercado. Os subsídiosfavoreciam também a agroindústria,tanto de insumos como de transfor-mação.

Em 1974 a Grã-Bretanha aderiu àComunidade Econômica Européia ecom isso a Nova Zelândia perdeu oseu mercado preferencial. A partir deentão, pela primeira vez, o país teveque enfrentar a real concorrência in-ternacional. Este foi definitivamenteo “ponto de virada” da economia. Ospreços dos produtos agrícolas caírame, para manter a rentabilidade daspropriedades rurais e o nível de assis-tência social à população em geral, ogoverno foi buscando empréstimosinternacionais, deteriorando a suasituação com a balança de pagamen-tos. O déficit foi crescendo, principal-mente pelos altos dispêndios com oserviço da dívida pública. Menos in-vestimentos foram feitos e surgiramdificuldades para o controle da infla-ção, que chegou a 17% em 1983, quan-do normalmente se situava abaixo de5% ao ano. O desemprego foi crescen-do e com o agravamento do segundochoque do petróleo, em 1981, a situa-ção atingiu níveis insuportáveis. Opaís passou a ter restrições para o

acesso ao crédito externo (3).Em 1984, a situação ficou insus-

tentável. O país estava exportandosubsídios e os contribuintes não esta-vam mais dispostos a pagar por isso.No caso da produção de cordeiros, ocusto de produção estava 56% acimado que o mercado internacional paga-va pela carne (2). Estava claro de quealguma coisa precisava ser mudada.

As mudanças introduzidasa partir de 1984

Em 1984, o Labour Party (PartidoTrabalhista) ganhou as eleições e en-frentou uma crise imediata. Medidasdrásticas foram adotadas, as quaisincluíam: desvalorização cambial em20%, remoção de controles para depó-sitos externos no país e sobre as taxasde juros, objetivando crescimento amédio prazo. Competição de mercadofoi adotada como princípio para atin-gir mais eficiência e crescimento eco-nômico. A maioria dos sistemas deregulamentação e controle foram der-rubados, incluindo-se as relações deemprego (2).

A agricultura foi o primeiro alvo dareestruturação porque era o maiorsetor exportador. Também porque era“politicamente conveniente”, pois ti-nha menos eleitores. O governo reti-rou rapidamente a assistência e subsí-dios para este setor, reestruturou oserviço de pesquisa e extensão rural,passando a cobrar por estes serviços.Outros setores foram reformados tam-bém, mas seus efeitos foram meno-res. Uma série de medidas práticasforam adotadas, que incluíamprivatizações e formação de SOEs (em-presas de propriedade do governo,mas administradas de forma privada,das quais o governo cobra resultados).O conceito de “user pays” (quem usa oserviço tem que pagar por ele) passoua ser aplicado nos serviços públicos.

Alguns impactos dasreformas e as respostasdos agricultores

Com a queda da renda das propri-edades rurais, a primeira medida dosagricultores foi cortar os gastos. Istoafetou toda a economia, e o MAF(Ministério da Agricultura e Pesca)

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Economia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícolaEconomia agrícola

como adubo e ração, por falta de mer-cado. O nível de estresse pessoal foimuito grande.

Depois de três anos, segundo oMAF, os agricultores descobriram quecerca de 75% do potencial de lucro dapropriedade estava em suas mãos,através de suas decisões gerenciais, eque precisariam trabalhar por isso(2). Numa conferência, um agricultorconvidado a falar disse: “Caros senho-res, o dinheiro acabou, está na horade usarmos as nossas cabeças”, numaalusão ao período de facilidades quehaviam experimentado anteriormen-te. Era preciso encontrar a melhormaneira de se ajustar à nova realida-de para sobreviver e crescer.

Eles organizaram grupos de supor-te e discussão, contrataram consulto-res em administração rural, e nisto ogoverno ajudou parcialmente, compessoal e recursos financeiros. Desteestágio em diante, surgiu uma novamentalidade. Menos paternalismo go-vernamental e mais iniciativa priva-da. A indústria também se ajustou,reduzindo custos e aumentando suaeficiência. Débitos bancários foramrenegociados quando possível. O pre-ço das terras caiu vertiginosamentenos primeiros anos após as reformas,o que fez com que muitas proprieda-des fossem agregadas a outras, au-mentando o tamanho médio das fa-zendas.

Como os agricultoresemergiram dessa situação,após dez anos

As principais mudanças que foramobservadas na agricultura após dezanos do processo podem ser resumi-das em:

• Agora, quem estabelece o quedeve ser produzido é o mercado. Hou-ve grandes ajustes nos sistemas deprodução, alterações na composiçãode atividades, extinção de umas, in-trodução de outras novas ou ajusta-mento do tamanho das existentes, deacordo com o mercado. A populaçãoovina foi reduzida de 70 milhões decabeças em 1984 para 50 milhões em1994, a de gado de corte e de leiteaumentou. Novas culturas de alta

Figura 2 - Criação intensiva de veados: uma nova alternativa econômica para osagricultores da Nova Zelândia. Sua carne é vendida por até três vezes o preço da

carne bovina

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densidade econômica foramintroduzidas, visando mercados de altopoder aquisitivo, como Europa, Japãoe EUA (Figura 2).

• A visão empresarial dos produto-res melhorou, bem como suas técni-cas de administração rural. Eles estãoprocurando mais informações, fazemmais controle, planejamento, cercam-se de todos os cuidados para a tomadadas decisões, com a contratação deconsultores em administração ou par-ticipando de grupos de discussão.

• A eficiência técnica das lavourase da pecuária aumentou consideravel-mente.

• A palavra chave agora é flexibili-dade. Os agricultores estão conscien-tes do mercado e sabem de que não hárazão para a produção se não houverconsumo.

• Os agricultores estão trabalhan-do mais após as reformas: por exem-plo, uma típica propriedade leiteira,com 250 vacas holandesas, num siste-ma de produção utilizando só pasta-gem, é operada por um casal, somen-te. Há menos tempo disponível paralazer.

• Apesar de a mão-de-obra serbasicamente familiar, as proprieda-des rurais estão terceirizando muitas

atividades, visando reduzir custos. Porexemplo, tosquia, fazer cercas, silageme feno.

• Houve uma redução significativano consumo familiar e nos gastospessoais.

• Na área de saúde, passou a serpraticamente uma regra para os agri-cultores adquirir seus planos de saú-de privados (seguro saúde), para si esuas famílias.

• O gasto com educação dos filhosaumentou, pois os agricultores estãoconscientes de que isto é importante,mas não está mais disponível de for-ma gratuita.

• Os agricultores consideram queo nível de risco na agricultura agora émais alto e estão adotando váriasmedidas para diminuir e conviver como risco.

• A intensidade do uso de serviçosde consultoria em administração ru-ral e assistência técnica aumentouapós as reformas, mesmo tendo quepagá-lo.

• A motivação e a determinaçãodos agricultores para atingir o suces-so aumentou.

• Os agricultores consideram queo seu nível de status na sociedade emgeral melhorou após as reformas. “An-

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tes éramos vistos como parasitas, ago-ra nós caminhamos com as nossaspróprias pernas. Não tenho mais ocarro de luxo que eu tinha antes, massou independente agora” disse umagricultor entrevistado.

Algumas conclusões

O processo de abertura edesregulamentação da economia daNova Zelândia foi difícil para os agri-cultores em geral. Inicialmente hou-ve uma fase de desespero e revoltageral contra as medidas, mas três aquatro anos após o início do processoestas foram absorvidas e os agriculto-res procuraram um novo caminho,fazendo os ajustes necessários emsuas propriedades. Conseqüênciasbem visíveis são o aumento da con-centração de terras, a diminuição dapopulação rural e, no geral, a NovaZelândia é hoje o país em que maiscresce o índice de concentração derenda dentro da OECD.

O nível de eficiência da agriculturamelhorou muito e o setor atualmenteopera com níveis próximos dos consi-derados ótimos nas curvas de produ-ção. A agricultura voltou a ser lucra-tiva e hoje os agricultores estão ga-nhando dinheiro, mesmo sem subsí-dios. De forma geral, eles não queremo retorno da situação anterior às re-formas e se sentem mais orgulhososdo que fazem agora. Um agricultorentrevistado disse: “Os subsídios eramcomo uma grande nuvem preta nocéu, pronta para desabar sobre nossascabeças. Sabíamos que algum dia elairia desabar, pois a situação era insus-tentável. Agora que já passamos peloprocesso e nos ajustamos, nos senti-mos mais orgulhosos do que faze-mos”.

Algumas características singula-res da agricultura neozelandesa con-tribuíram para que os agricultores seajustassem mais facilmente às novasregras. Possuíam uma infra-estrutu-ra invejável, com muitas máquinas,terras boas (Figura 3), detinham altatecnologia e apenas para citar algunsexemplos: todos agricultores têm te-lefone em casa; a maioria das estra-das rurais é asfaltada (o leite é coleta-

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Figura 3 - Terras planas, utilizadas intensivamente: uma grande vantagem

do por caminhões tanque, com 30 millitros); em 1993, 25% dos agricultorespossuíam computadores, muitos têmFAX e atualmente o telefone celularestá ficando muito popular entre osagricultores. Todos fazem contabili-dade obrigatória e têm um controlecompleto sobre as atividades. Ou seja,possuem muitos recursos para operaruma propriedade com máxima efici-ência técnica e econômica. Também éimportante considerar que os agricul-tores estavam muito capitalizados noinício das reformas, o que lhes permi-tiu “queimar gorduras” nos primeirosanos mais difíceis após as reformas.Embora o objetivo deste trabalho nãoseja o de comparar, estes são aspectosque diferenciam em muito a situaçãodos agricultores brasileiros dos neo-zelandeses. Desta forma, conclui-seque algumas lições podem ser apren-didas com o exemplo da NovaZelândia, mas definitivamente, o mo-delo não pode ser aplicado em outrasrealidades. O processo mudou a men-talidade dos agricultores, abriu-lhes acabeça para enxergar novas oportuni-dades, superando a chamada “ceguei-ra de paradigma” e reafirmou-lhesque a agricultura acaba para alguns,mas nunca acabará para todos.

Agradecimento

O autor agradece ao Dr. GeraldA.G. Frengley e Prof. Peter Gaul,ambos da Lincoln University, peloapoio recebido nas fases de pesquisade campo e análise dos dados.

Literatura citada

1. NEW ZEALAND MEAT AND WOOLBOARD’S ECONOMIC SERVICE.Compendium of New Zealandproduction statistics. 25th. ed.Wellington: 1993.

2. NEW ZEALAND. Ministry of Agricultureand Fisheries. Aspects of New Zealand’sexperience in agriculture reform since1984. Wellington, 1994.

3. SANDREY, R.; REINOLDS, R. Farmingwithout subsides; New Zealand’sexperience. Wellington, 1990.

4. NEW ZEALAND. Ministry of Agricultureand Fisheries. Farm monitoring report:national report. Wellington: 1988.

Airton Spies, eng. agr., Cart. Prof. no S1-30737-1-D, CREA-SC, EPAGRI, em curso demestrado no Farm Management Department,Lincoln University, PO Box 233, Cantebury,New Zealand, Fone (0064) 3 325 28 11 Ext.8213, Fax 00 64 3 325 3839, Internet [email protected].

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CONJUNTURA

Plantas daninhasPlantas daninhasPlantas daninhasPlantas daninhasPlantas daninhasna agriculturana agriculturana agriculturana agriculturana agricultura

sustentávelsustentávelsustentávelsustentávelsustentável

Djalma Rogério Guimarães

conjunto de plantas superioresque se mantém espontanea-

mente em áreas agrícolas e pecuári-as compreende espécies com carac-terísticas pioneiras, ou seja, plantasque ocupam locais onde, por qual-quer motivo, a vegetação natural foiextinta e o solo ficou total ou parcial-mente exposto. Este tipo de vegeta-ção sempre existiu e, no passado,sua presença foi fortuita e temporá-ria, evoluindo sempre que houvesseuma área despojada de vegetal natu-ral e desaparecendo tão logo a vege-tação original fosse restabelecida.

O surgimento da população hu-mana permitiu a perpetuação dasplantas com características pionei-ras. Não há dúvidas de que foi destavegetação que o homem desenvol-veu a maioria de suas espécies culti-vadas e estabeleceu a base para suaatividade agropecuária. As outrasespécies pioneiras não domesticadasmantiveram-se habitando estas áre-as e recebendo o conceito de plantasdaninhas. Trata-se, no entanto, deplantas com características pionei-ras, as quais encontram nichos dis-poníveis e adequados à perpetuaçãode sua espécie.

As plantas daninhas normalmen-te, possuem agressividade, caracte-rizada por elevada e prolongada ca-pacidade de produção de diásporosdotados de alta viabilidade elongevidade, os quais são capazes degerminar, de maneira descontínua,em muitos ambientes. Já as plantasdomésticas ou plantas de lavourasão altamente dependentes de fon-tes energéticas, nutrientes, água,luz e espaço, pois foi feita seleçãopara altas produções e estas fontestem que estar disponíveis no mo-

mento adequado.As plantas daninhas são responsá-

veis por aproximadamente 10% dasperdas na produção agrícola mundial,e somente nos cereais estes prejuízosrepresentam 150 milhões de tonela-das. Estas perdas são variáveis, sendode 7% na Europa e de 16% no conti-nente africano. Em termos de cultu-ras pode-se citar as perdas no arroz,em 10,6%, cana-de-açúcar, com 15,1%,e no algodão, 5,8%.

Se estabelecemos para o Brasil,país considerado terceiro mundo, umíndice de perdas de 12% na produçãode grãos, atribuído à competiçãoexercida pelas plantas daninhas, adiminuição seria da ordem de 9,7 mi-lhões de toneladas anuais, com basenos dados da última safra (1994/95), de81 milhões de toneladas, produçãoesta que daria para alimentar 19,4milhões de pessoas.

Infelizmente, o Brasil é o quartopaís em nível mundial na utilização deagrotóxicos, vindo apenas após Esta-dos Unidos, França e Japão. O gastoanual com agrotóxicos na agriculturabrasileira está situado na faixa de 1bilhão de dólares, sendo que osherbicidas representam 60% deste to-tal.

Como satisfazer as necessidadesda população com a produção de ali-mentos, sem no entanto prejudicar osrecursos naturais e os meios impor-tantes da produção agrícola, comosolo e água? Ante esta situação, suma-mente comprometedora para as futu-ras gerações, se impõe o desenvolvi-mento de novas formas de produçãoagrícola. O desenvolvimento de umaagricultura sustentável é uma deman-da lógica e necessária no contextoatual ecológico, social e econômico.

Muitas práticas agrícolas devemsofrer mudanças importantes. A cren-ça de que mais fertilizantes e aplica-ções de agrotóxicos iriam resolver osproblemas da produção agrícola, já sesabe, é falsa, além de constituir umelemento degradante do meio ambi-ente.

As plantas daninhas são considera-das atualmente as principais pragasda agricultura. Seu manejo eficiente eadequado deve ser realizado dentro doperfil de desenvolvimento de técnicas

para beneficiar e manter a agricultu-ra dentro do contexto sustentável.

Entre estas técnicas está o Mane-jo Integrado de Pragas (MIP) ou dePlantas Daninhas (MIPD), o qualtem sido definido como “sistema demanejo de pragas que, no contextodo meio ambiente, associado à dinâ-mica da população de espécies depragas, utiliza todas as técnicas emétodos adequados de maneira maiscompatível possível e mantendo apopulação de pragas em níveis abai-xo daqueles que causam prejuízoeconômico”. A adoção do MIP tem setornado a base de todas as atividadesde proteção de plantas da FAO, porcontribuir diretamente na direçãode alcançar a agricultura sustentá-vel.

O manejo integrado de plantasdaninhas, o qual associa diversastécnicas e métodos, tais como pre-ventivo, físico, mecânico, cultural,químico e biológico, tem proporcio-nado o aumento na eficiência decontrole, diminuição do custo de con-trole e principalmente diminuiçãodo impacto prejudicial ao meio ambi-ente.

Os componentes básicos de co-nhecimento para uso eficiente aoMIPD incluem:

• identificação das plantas dani-nhas e seu nível de infestação;

• biologia e ecologia das espéciesde plantas daninhas prevalentes;

• identificação do período em queocorre o efeito competitivo e econô-mico das espécies prevalentes deplantas daninhas;

• métodos de controle que sejamtecnicamente efetivos, economica-mente viáveis e seguros ao meioambiente.

Desta forma, a ciência das plan-tas daninhas estará contribuindopara o desenvolvimento da agricul-tura sustentável, que objetiva aten-der as necessidades do presente semcomprometer a possibilidade de asgerações futuras atenderem suaspróprias necessidades.

Djalma Rogério Guimarães, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. no 1.144-D, CREA-SC,EPAGRI/Estação Experimental de Itupo-ranga, C.P. 98, Fone (047) 833-1409, Fax(047) 833-1364, 88400-000 - Ituporanga, SC.

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OPINIÃO

TTTTTerminologiaerminologiaerminologiaerminologiaerminologia

Glauco Olinger

uando Deus quis castigar osbabilônios, impedindo que eles

construíssem a Torre de Babel, con-fundiu-lhes a linguagem.

Hodiernamente, para explicitaro significado das palavras e evitarque se armem confusões quanto aoseu significado, existem os dicionári-os, enciclopédias, etc. Tanto em pes-quisa quanto na extensãorural, é comum encontrar-se interpretações de pala-vras distantes do seu verda-deiro significado, causa quegera desordem lingüística edificulta o entendimento dosfatos. Quando a extensão ru-ral era implantada no Bra-sil, a Associação Brasileirade Crédito e AssistênciaRural chegou a promoverum encontro nacional, emBelo Horizonte, para definir“Expressões e Termos da Ex-tensão Rural”, visando uni-formizar a linguagem emtodo o país, principalmentequanto aos métodos de ex-tensão, meios de comunica-ção, termos técnicos, etc.

Tem sido freqüente, nãosó entre pesquisadores eextensionistas como até nosmeios acadêmicos, o uso er-rado de certas palavras, dan-do origem, às vezes, a interpreta-ções prejudiciais ao papel das própri-as instituições. Um exemplo é o ter-mo tecnologia. A história da tecno-logia é a história milenar dos esfor-ços do homem para dominar, em seuproveito, o ambiente material.

Durante muito tempo, o progres-so tecnológico realizou-se a custa deexperiências empíricas e de erros. Apartir do século XVIII a tecnologiatornou-se uma ciência aplicada.

Segundo a etimologia, o termotecnologia vem do grego tecne,que significa arte (ofício, indústria)

e logus, que significa estudo, trata-do. Por definição, tecnologia é oestudo ou tratado das artes e ofícios,em geral. O produto da tecnologia é atécnica de ação, do trabalho, da pro-dução, etc. Ainda do grego technikós(técnico), é relativo a arte. É o peritode uma arte ou de uma ciência. Rela-ciona-se a aplicação das ciências eartes. É possuidor dos conhecimentosespeciais de uma ciência ou arte.

Técnica (substantivo) é a maneiracorreta de executar qualquer tarefa.É um conjunto de procedimentos deuma arte ou ciência. É a aplicaçãoprática do conhecimento científico ou

sim, as técnicas que deverão serpostas em execução, na prática decampo. Geralmente, o pesquisadordifunde, transfere, divulga as técni-cas e não as tecnologias, para osagentes de extensão, e estes fazem omesmo para os agricultores, atravésde processos educativos. Isto nãoquer dizer que os pesquisadores nãopossam difundir técnicas de trabalhodiretamente aos produtores, nemque os extensionistas e os própriosagricultores não possam gerar no-vas técnicas, através da tecnologia.O exercício da tecnologia é comumentre os agricultores e os resultadostêm sido altamente significativos

quanto ao aperfeiçoamentodas práticas agropecuárias.Se o pesquisador difundeatravés de métodoseducativos estará exercen-do a função de extensionista.Se não os usa, estará exer-cendo a função de transmis-sor ou difusor de informa-ções e o seu alcance comoeducador é precário. Valerelembrar que ensino é ins-trução, doutrina-mento,transmissão de conhecimen-tos, adestramento. Educa-ção é um trabalho sistemati-zado, seletivo e orien-tadorpelo qual o ser humano éajustado, adaptado à vida,de acordo com as necessida-des, ideais e propósitos do-minantes. É um aperfeiçoa-mento integral de todas asfaculdades do indivíduo.Quando o agente de exten-são difunde uma técnica aoprodutor, explica, também,o porquê da mesma, de for-ma que ele a adote ou não,

com pleno conhecimento de causa eefeito. O verdadeiro extensionista ésempre um educador. Finalmente,difundir, divulgar, disseminar, espa-lhar, extender (de onde vem o termoextensão), propagar, vulgarizar (osportugueses usam esse termo naextensão), são sinônimos. Não háporque armar confusões dando sen-tido diferente ao que não se devenem se pode.

Glauco Olinger, eng. agr., Conselheiro daEPAGRI, Cart. Prof. no 1.516, CREA-SC,EPAGRI, C.P. 502, Fone (048)234-1344, Fax(048)234-1024, Telex 482 242, 88034-901 -Florianópolis, SC.

tecnológico. É arte. Logo, tecnologiaé o estudo das técnicas necessárias àexecução correta de determinado tra-balho. Há tecnologia para os inúme-ros ramos de atividade, a exemplo dacirurgia médica, da mecânica, da agri-cultura, etc. A tecnologia é mais espe-cífica do pesquisador. Através da in-vestigação, dos experimentos, dos es-tudos, enfim, ele gera as técnicascorretas. O pesquisador, normalmen-te, não difunde tecnologia para oextensionista ou para o produtor, por-quanto o estudo das técnicas de traba-lho não é o que mais interessa, mas

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VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

Peneira rotativa para vermicompostoPeneira rotativa para vermicompostoPeneira rotativa para vermicompostoPeneira rotativa para vermicompostoPeneira rotativa para vermicomposto

Nota: Agradecemos a colaboração dosbiólogos Carlosso, S.J.T. eWietham, M.M.S. e dos professo-res Antoniolli, Z.I. e Giracca,E.M.N. do Departamento de So-los da Universidade Federal deSanta Maria-UFSM, que desen-volveram este equipamento e re-digiram esta matéria. Maioresinformações podem ser obtidas:UFSM - Departamento de Solos,Centro de Ciências Rurais, Fax055 226-2347, 97119-900 - San-ta Maria, RS.

peneiragem. A utilização convencio-nal de peneiras simples do tipo vai-vém tem apresentado alguns incon-venientes, como exigência de muitoesforço físico, tempo e mão-de-obra.Além disso, nesse método, overmicomposto é pré-secado, acarre-tando problemas como a perda deminhocas, stress e morte de indiví-duos, devido ao atrito sofrido porestes organismos, durante todo oprocesso de peneiragem.

Com a finalidade de superar esteproblema, o Departamento de Solosda Universidade Federal de SantaMaria desenvolveu uma peneirarotativa com algumas modificações,em relação àquelas existentes. Estapeneira possibilita o peneiramentodo vermicomposto logo após a retira-da dos canteiros, evitando a etapa dapré-secagem, sendo necessário me-nos esforço físico, reduzindo, destaforma, o tempo para realização doprocesso de peneiramento. Uma pe-neira desse tipo pode peneirar 50kgde vermicomposto em aproximada-mente 5 minutos.

A peneira consiste basicamenteem um cilindro com malha de 4 a6mm, com 80cm de diâmetro e 1,5mde comprimento, sustentada por ca-valetes e acionada por uma manivelaou motor elétrico de baixa rotação. Overmicomposto é recolhido jáensacado (Figura 1).

As sobras de material não decom-posto e as minhocas que não foramretiradas com as iscas passam pelocilindro, sendo recolhidas em sacosque voltam para os canteiros, evitan-do assim perda de material (Figura2).

como mão-de-obra, tempo e preço damatéria prima, torna-se cada vez maisnecessário um produto de baixo custoe de boa qualidade.

A redução dos custos de produçãodo vermicomposto pode ser alcançadapor adequação no processo de

A vermicompostagem está se ex-pandindo rapidamente pelo país, sur-gindo a cada dia novos criadores deminhoca, aumentando a oferta dehúmus e de matrizes desses vermesno mercado. Devido à demanda cres-cente desses produtos e a fatores

Figura 2 - Pereira rotativa para verme composto

Figura 1 - Desenho da peneira rotativa

Peneira cilíndrica para separar minhocas de húmus